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Boletim Epidemiológico Secretaria de Vigilância em Saúde − Ministério da Saúde Volume 45 N° 3 - 2014 Monitoramento de Cianobactérias nos Mananciais de Abastecimento de Água para Consumo Humano no Brasil, 2012 Introdução As cianobactérias ocorrem na natureza desde os primórdios da colonização biológica na superfície terrestre. Todavia, a constatação dos problemas de saúde pública relacionados ao crescimento exagerado destes microrganismos em mananciais de abastecimento é relativamente recente. Tais problemas estão associados, principalmente, aos múltiplos usos dos recursos hídricos superficiais, que incluem, entre outros, a recreação, a dessedentação animal e o abastecimento de água para consumo humano. 1 As florações, ou blooms, são caracterizadas pelo crescimento rápido e intenso de cianobactérias em ecossistemas aquáticos, promovendo a formação de escuma na superfície e odores desagradáveis, além da alteração do sabor e da qualidade da água. Tal fenômeno é ocasionado por fatores ambientais que incluem: intensidade de luz, temperatura, pH, concentração de dióxido de carbono, disponibilidade de nutrientes, características físicas da massa d’água (forma e profundidade), estratificação e tempo de retenção da água. 2 Nos últimos anos, diversas florações e/ou identificação de cepas de cianobactérias tóxicas têm sido relatadas em diversos países, incluindo: Argentina, 3 Estados Unidos, 4 México, 5 China, 6 França, 7 Uganda, 8 Polônia, 9 Sérvia, 10 Turquia, 11 Itália, 12 Arábia Saudita, 13 República eca, 14 Alemanha 15 e Brasil. 16,17,18,19 Tal fato demonstra a enorme adaptabilidade destes microrganismos aos mais variados habitats. No Brasil, a ocorrência de florações de cianobactérias tem sido relatada com frequência, em diferentes regiões do país, inclusive em mananciais utilizados para o abastecimento público, em função das características ambientais favoráveis ao desenvolvimento e proliferação destes microrganismos. 20,21 Nesse sentido, ressalta- se a necessidade de atuação do setor saúde no que se refere à prevenção e minimização dos riscos associados à saúde pública em decorrência da presença de cianobactérias e seus metabólitos secundários na água de mananciais destinados ao abastecimento público. Os metabólitos produzidos pelas cianobactérias formam um grupo diferenciado de toxinas naturais, tanto do ponto de vista químico quanto toxicológico. Estas toxinas são metabólitos secundários e apresentam diversos mecanismos de ação e efeitos sobre tecidos, células ou organismos, que variam de hepatotoxicidade (peptídeos cíclicos) a neurotoxicidade (alcaloides) para efeitos inflamatórios e/ou irritação pelo contato dérmico (lipopolissacarídeos). 2 Entre as espécies potencialmente tóxicas, são encontradas linhagens produtoras ou não de toxinas, 19,22 sendo estimado que 50 a 70% das florações de cianobactérias são tóxicas. 23 De acordo com Van Apeldoorn, 24 pelo menos quarenta gêneros distintos incluem espécies com linhagens tóxicas já identificadas. Entretanto, de maneira geral, as espécies tóxicas mais comumente descritas estão incluídas nos seguintes gêneros: Anabaena sp. (Dolichospermum sp.), Aphanizomenon sp. (Cuspidothrix sp.), Lyngbya sp., Microcystis sp., Nostoc sp., Oscillatoria sp. (Planktothrix sp.) e Cylindrospermopsis sp. 25 Destaca-se ainda que, no Brasil, até o momento, os gêneros identificados produtores de cianotoxinas foram Microcystis sp., Radiocystis sp., Cylindrospermopsis sp. e Dolichospermum sp. A Figura 1 apresenta alguns dos principais gêneros e espécies de cianobactérias identificados. O objetivo deste documento é apresentar um diagnóstico do monitoramento de cianobactérias nos mananciais de abastecimento no Brasil, realizado pelos responsáveis pelos sistemas de abastecimento de água para consumo humano (Controle), a partir da análise dos dados inseridos no Sistema de Informação de Vigilância da Qualidade da Água para Consumo Humano (Sisagua), referentes ao ano de 2012, cuja responsabilidade de alimentação compete às Secretarias de Saúde dos estados, do Distrito Federal e dos municípios. Além disso, o documento visa subsidiar o processo de gestão do setor saúde – em âmbito nacional, estadual e municipal – relacionado a esta temática.

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Volume 45N° 3 - 2014

Monitoramento de Cianobactérias nos Mananciais de Abastecimento de Água para Consumo Humano no Brasil, 2012

IntroduçãoAs cianobactérias ocorrem na natureza desde os

primórdios da colonização biológica na superfície terrestre. Todavia, a constatação dos problemas de saúde pública relacionados ao crescimento exagerado destes microrganismos em mananciais de abastecimento é relativamente recente. Tais problemas estão associados, principalmente, aos múltiplos usos dos recursos hídricos superficiais, que incluem, entre outros, a recreação, a dessedentação animal e o abastecimento de água para consumo humano.1

As florações, ou blooms, são caracterizadas pelo crescimento rápido e intenso de cianobactérias em ecossistemas aquáticos, promovendo a formação de escuma na superfície e odores desagradáveis, além da alteração do sabor e da qualidade da água. Tal fenômeno é ocasionado por fatores ambientais que incluem: intensidade de luz, temperatura, pH, concentração de dióxido de carbono, disponibilidade de nutrientes, características físicas da massa d’água (forma e profundidade), estratificação e tempo de retenção da água.2

Nos últimos anos, diversas florações e/ou identificação de cepas de cianobactérias tóxicas têm sido relatadas em diversos países, incluindo: Argentina,3 Estados Unidos,4 México,5 China,6 França,7 Uganda,8 Polônia,9 Sérvia,10 Turquia,11 Itália,12 Arábia Saudita,13 República Theca,14 Alemanha15 e Brasil.16,17,18,19 Tal fato demonstra a enorme adaptabilidade destes microrganismos aos mais variados habitats. No Brasil, a ocorrência de florações de cianobactérias tem sido relatada com frequência, em diferentes regiões do país, inclusive em mananciais utilizados para o abastecimento público, em função das características ambientais favoráveis ao desenvolvimento e proliferação destes microrganismos. 20,21 Nesse sentido, ressalta-se a necessidade de atuação do setor saúde no que se refere à prevenção e minimização dos riscos associados à saúde pública em decorrência da presença de cianobactérias e seus metabólitos

secundários na água de mananciais destinados ao abastecimento público.

Os metabólitos produzidos pelas cianobactérias formam um grupo diferenciado de toxinas naturais, tanto do ponto de vista químico quanto toxicológico. Estas toxinas são metabólitos secundários e apresentam diversos mecanismos de ação e efeitos sobre tecidos, células ou organismos, que variam de hepatotoxicidade (peptídeos cíclicos) a neurotoxicidade (alcaloides) para efeitos inflamatórios e/ou irritação pelo contato dérmico (lipopolissacarídeos).2

Entre as espécies potencialmente tóxicas, são encontradas linhagens produtoras ou não

de toxinas,19,22 sendo estimado que 50 a 70% das florações de cianobactérias são tóxicas.23 De acordo com Van Apeldoorn,24 pelo menos quarenta gêneros distintos incluem espécies com linhagens tóxicas já identificadas. Entretanto, de maneira geral, as espécies tóxicas mais comumente descritas estão incluídas nos seguintes gêneros: Anabaena sp. (Dolichospermum sp.), Aphanizomenon sp. (Cuspidothrix sp.), Lyngbya sp., Microcystis sp., Nostoc sp., Oscillatoria sp. (Planktothrix sp.) e Cylindrospermopsis sp.25 Destaca-se ainda que, no Brasil, até o momento, os gêneros identificados produtores de cianotoxinas foram Microcystis sp., Radiocystis sp., Cylindrospermopsis sp. e Dolichospermum sp.

A Figura 1 apresenta alguns dos principais gêneros e espécies de cianobactérias identificados.

O objetivo deste documento é apresentar um diagnóstico do monitoramento de cianobactérias nos mananciais de abastecimento no Brasil, realizado pelos responsáveis pelos sistemas de abastecimento de água para consumo humano (Controle), a partir da análise dos dados inseridos no Sistema de Informação de Vigilância da Qualidade da Água para Consumo Humano (Sisagua), referentes ao ano de 2012, cuja responsabilidade de alimentação compete às Secretarias de Saúde dos estados, do Distrito Federal e dos municípios. Além disso, o documento visa subsidiar o processo de gestão do setor saúde – em âmbito nacional, estadual e municipal – relacionado a esta temática.

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© 1969. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. É permitida a reprodução parcial ou total desta obra, desde que citada a fonte e que não seja para venda ou qualquer fim comercial. Comitê EditorialJarbas Barbosa da Silva Jr (editor geral), Sônia Maria Feitosa Brito, Carlos Augusto Vaz de Souza, Cláudio Maierovitch Pessanha Hen-riques, Deborah Carvalho Malta, Fábio Caldas de Mesquita, Marcus Vinicius Quito, Elisete Duarte, Marta Roberta Santana Coelho, Eunice de Lima e Carlos Estênio Freire Brasilino.

Equipe EditorialCoordenação-Geral de Desenvolvimento da Epidemiologia em Serviço/SVS/MS: Fernando Antônio Jardim (editor científico), Gilmara Lima Nascimento (editora assistente). ColaboradoresDaniela Buosi Rohlfs (DSAST/SVS), Adriana Rodrigues Cabral (DSAST/SVS), Aristeu de Oliveira Júnior (DSAST/SVS), Demétrius Brito Viana (DSAST/SVS), Fernanda Barbosa de Queiroz (DSAST/SVS), Jamyle Calencio Grigoletto (DSAST/SVS), Mariely Helena Barbosa Daniel (DSAST/SVS), Rodrigo Matias de Sousa Resende (DSAST/SVS) e Tiago de Brito Magalhães (DSAST/SVS).

Projeto gráfico e distribuição eletrônicaNúcleo de Comunicação/SVS. Revisão de textoMaria Irene Lima Mariano (CGDEP/SVS).

NormalizaçãoCoordenação-Geral de Documentação e Informação – Editora MS.

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Legenda: (A) Anabaenopsis sp.; (B) Dolichospermum sp.; (C) Pseudoanabaena sp.; (D) Planktothrix agardhii; (E) Cuspidothrix sp.; (F) Raphidiopsis curvata; (G) Pseudoanabaena sp.; (H) Geitlerinema amphibium; (I) Raphidio psis mediterranea; (J) Cylindrospermopsis raciborskii; (K) e (L) Microcystis wesenbergii.Observação: 1) A maioria dos gêneros Anabaena passaram para o gênero Dolichospermum.2) O gênero Aphanizomenon com células terminais afiladas passou para Cuspidothrix.

Figura 1 – Gêneros e espécies de cianobactérias (Acervo do Laboratório Microalgas de Águas Continentais da Universidade Federal Rural de Pernambuco – UFRPE)

Monitoramento de cianobactérias na água destinada ao consumo humano

A Vigilância em Saúde constitui um processo contínuo e sistemático de coleta, consolidação, análise e disseminação de dados sobre eventos relacionados à saúde, visando ao planejamento

e à implementação de medidas de saúde pública para a proteção da população, com a prevenção e controle de riscos, agravos e doenças.26

Neste sentido, o monitoramento da qualidade da água pode ser entendido como atividade de vigilância ou de investigação. O monitoramento

(A) (B) (C) (D)

(E) (G)(F) (H)

(L)(K)(J)(I)

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de vigilância consiste em avaliar, continuamente, a qualidade da água consumida pela população, permitindo a identificação de fatores de risco e a definição de estratégias de melhoria da situação existente, além do acompanhamento dos impactos resultantes das medidas implementadas. O monitoramento de investigação, por sua vez, visa buscar informações sobre a qualidade da água nos casos de acidentes, eventos de surto ou epidemia de doença de transmissão hídrica, representando uma ferramenta de investigação epidemiológica.27

O exercício da vigilância da qualidade da água para consumo humano pressupõe a realização de importantes ações básicas e estratégicas, segundo consta no Programa Nacional de Vigilância da Qualidade da Água para Consumo Humano. Entre as principais ações relacionadas, podem ser destacadas:28

• identificação, cadastramento e inspeção sanitária permanentes das diversas formas de abastecimento de água;

• monitoramento da qualidade da água para consumo humano;

• análise sistemática dos dados de vigilância e controle da qualidade da água, associando-os, quando pertinente, com dados de agravos e/ou adoecimento por doenças de transmissão hídrica;

• atuação junto ao(s) responsável (is) pela operação de sistema ou solução alternativa de abastecimento de água para correção de situações de risco identificadas; e

• disponibilização à população de informações sobre a qualidade da água para consumo humano.

No que se refere à legislação aplicada à qualidade da água para consumo humano no Brasil, foi estabelecida, a partir da publicação da Portaria GM no 1.469/2000, a obrigatoriedade do monitoramento permanente de cianobactérias nos recursos hídricos superficiais destinados ao abastecimento público no país. Essa medida buscou

normatizar os procedimentos de controle desses microrganismos frente à ocorrência de florações em mananciais de abastecimento, além de prevenir riscos associados às populações expostas.

Atualmente, de acordo com a legislação em vigor – Portaria GM/MS nº 2.914/2011,29 que dispõe sobre os procedimentos de controle e de vigilância da qualidade da água para consumo humano e seu padrão de potabilidade –, cabe aos responsáveis pelos sistemas e/ou soluções alternativas coletivas de abastecimento de água realizar o monitoramento de cianobactérias no manancial de abastecimento, conforme frequência apresentada no Quadro 1.

Em complementação à frequência de monitoramento apresentada no Quadro 1, é recomendada, pela referida norma, a análise de clorofila a no manancial, com frequência semanal, como indicador de potencial aumento da densidade de cianobactérias.

Ressalta-se ainda que, quando a densidade de cianobactérias exceder 20.000 células/mL, deverá ser realizada a análise de cianotoxinas no manancial (no ponto de captação) e na saída do tratamento, com frequência semanal, sendo dispensada a análise na saída do tratamento quando as concentrações de cianotoxinas no manancial forem inferiores ao respectivo Valor Máximo Permitido (VMP) para água tratada. O Quadro 2 apresenta o padrão de potabilidade de cianotoxinas, de acordo com a Portaria GM/MS nº 2.914/2011.

Ainda segundo a Portaria GM/MS nº 2.914/2011, as concentrações de cianotoxinas, referidas no Quadro 2, devem representar as contribuições da fração intracelular e da fração extracelular na amostra analisada. É recomendado que se realize a análise de cilindrospermopsinas e anatoxina-a(s) quando for detectada, durante o monitoramento realizado, a presença de gêneros potencialmente produtores dessas cianotoxinas.

Quadro 1 − Frequência de monitoramento de cianobactérias no manancial de abastecimento de água

Densidade de cianobactérias (células/mL) Frequência

≤ 10.000 Mensal

>10.000 Semanal

Fonte: Brasil (2011).29

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Fonte: Brasil (2011).29 Notas:1 - Valor Máximo Permitido.2 - O valor representa o somatório das concentrações de todas as variantes de microcistinas.

Parâmetro Unidade VMP(1)

Microcistinas µg/L 1,0(2)

Saxitoxinas µg equivalente STX/L 3,0

Quadro 2 − Padrão de cianotoxinas da água para consumo humano

Manejo e Prevenção de Florações deCianobactérias em Mananciais deAbastecimento Público

A prevenção de florações de cianobactérias é a abordagem mais racional a ser adotada para se evitar potenciais problemas de toxicidade, além de gosto e odor desagradáveis na água, causados por essas florações.30

Os métodos e/ou intervenções utilizados para prevenção de florações de cianobactérias devem levar em conta toda a bacia hidrográfica do manancial, e incluem as seguintes ações: (1) manejo da bacia, para minimizar o aporte de nutrientes nos mananciais, especialmente nitrogênio e fósforo; (2) tratamento da água represada com técnicas de aeração e/ou remoção dos nutrientes dissolvidos, criando-se condições de menor disponibilidade desses nutrientes para a população de cianobactérias; e (3) utilização de controle biológico, que modifica a estrutura da comunidade aquática, diminuindo a incidência e a dinâmica das florações.23, 25

No entanto, deve-se avaliar a técnica a ser utilizada, pois nenhuma das mencionadas é de execução simples. Assim, antes da seleção e/ou priorização de quaisquer das opções, é necessário considerar as informações disponíveis sobre as variáveis físicas, químicas e biológicas do ambiente aquático analisado, bem como as condições de uso e ocupação do solo na bacia contribuinte, além das condições hidrodinâmicas do manancial.30

Ressalta-se que a carga de nutrientes (principalmente nitrogênio e fósforo), oriunda de efluentes lançados em corpos d’água sem o devido tratamento, é a principal causa da proliferação de cianobactérias em corpos d’água superficiais. Desta forma, qualquer programa de prevenção à eutrofização, a ser realizado na bacia hidrográfica contribuinte ao manancial, deve priorizar a redução do aporte de nutrientes no ecossistema aquático advindos de fontes externas.

Nesse sentido, ações com abordagem preventiva de risco devem ser realizadas na bacia hidrográfica, para identificação e análise dos perigos causados pela proliferação de cianobactérias, caracterização dos riscos decorrentes e estabelecimento de medidas de controle, tendo em vista a garantia da segurança da água fornecida à população, evitando-se, desta forma, possíveis efeitos adversos à saúde humana.

Destaca-se ainda, de acordo com a Portaria GM/MS nº 2.914/2011, que é vedado o uso de algicidas para o controle do crescimento de microalgas e cianobactérias no manancial de abastecimento ou qualquer intervenção que provoque a lise das células, em função dos riscos à saúde associados às cianotoxinas. As autoridades ambientais e de recursos hídricos definirão a regulamentação das excepcionalidades sobre o uso de algicidas nos cursos d’água superficiais.

Monitoramento de cianobactérias na águadestinada ao consumo humano nos municípios do Brasil

De acordo com a Portaria GM/MS nº 2.914/2011, cabe aos responsáveis pelo sistema e/ou solução alternativa coletiva de abastecimento de água para consumo humano encaminhar à autoridade de saúde pública relatórios com informações sobre o monitoramento de cianobactérias executado. Tais informações são registradas pelas Secretarias Estaduais e/ou Municipais de Saúde no Sisagua.

O Ministério da Saúde (MS), por meio do Departamento de Vigilância em Saúde Ambiental e Saúde do Trabalhador (DSAST), apresenta, a seguir, os dados referentes ao monitoramento de cianobactérias realizado pelos responsáveis pelos sistemas de abastecimento de água para consumo humano no Brasil, no ano de 2012.

Segundo os dados do Sisagua, 2.226 municípios brasileiros (39,9% do total de municípios do país)

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possuem sistemas de abastecimento de água com captação exclusiva em mananciais superficiais, enquanto 994 municípios (17,8%) possuem sistemas de abastecimento de água com captação mista, ou seja, em mananciais superficiais e subterrâneos.

De forma a ilustrar os municípios nos quais os responsáveis pelo abastecimento de água para consumo humano devem realizar o monitoramento de cianobactérias, foi elaborada, a partir dos dados inseridos no Sisagua, a distribuição espacial dos municípios em que mananciais superficiais são utilizados para o abastecimento de água para consumo humano (Figura 2).

Na Figura 3, são apresentados os municípios que possuem resultados referentes ao monitoramento de cianobactérias executado em 2012. É demonstrada a heterogeneidade das ações realizadas nos diversos municípios brasileiros, concentrando-se a maior parte das ações nas regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste, enquanto as regiões Norte e Nordeste apresentam pontos isolados de monitoramento, à exceção dos estados de Tocantins, Ceará e Pernambuco, que realizaram

o monitoramento em grande parte de seus respectivos territórios.

Dos 3.220 municípios que captam água de mananciais superficiais (57,8% dos municípios do país), 1.222 municípios (37,9%) monitoraram a ocorrência de cianobactérias, no ano de 2012, segundo dados inseridos no Sisagua.

A Figura 4 apresenta os percentuais de municípios, de cada Unidade da Federação, que realizaram o monitoramento de cianobactérias em 2012, sendo considerados para o cálculo apenas os municípios que possuem captação em manancial superficial. Os estados do Acre, Alagoas, Amapá, Maranhão, Paraíba, Roraima e Sergipe não executaram o monitoramento de cianobactérias, de acordo com o Sisagua. Ressalta-se, ainda, que o Distrito Federal realizou o monitoramento; no entanto, possui características de um único município, e não de estado.

Corroborando com a Figura 4, a Figura 5 apresenta os percentuais de municípios que realizaram o monitoramento de cianobactérias, por região geográfica, considerando-se o número de municípios abastecidos por mananciais superficiais.

Figura 2 – Distribuição espacial dos municípios que utilizam mananciais superficiais para o abastecimento de água para consumo humano no Brasil, 2012

Fonte: Sisagua, abril/2013.31

Quilômetros

Municípios abastecidos por mananciais superficiais

Legenda

1000 2000 30000

Quilômetros

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Figura 3 – Distribuição espacial dos municípios que realizaram o monitoramento de cianobactérias no Brasil, 2012

1000 2000 30000

QuilômetrosFonte: Sisagua, abril/2013.31

Municípios monitorados

Legenda

Unidades da Federação

Perc

entu

al (

%)

100

AM

Fonte: Sisagua, abril/2013.31

Figura 4 – Percentual de municípios, por Unidade da Federação, nos quais os responsáveis pelo abastecimento de água para consumo humano monitoraram a ocorrência de cianobactérias no ano de 2012

80

60

40

20

0BA CE DF ES GO MG MS MT PA PE PI PR RJ RN RO RS SC SP TO

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Figura 5 − Percentual de municípios, por região geográfica, nos quais os responsáveis pelo abastecimento de água para consumo humano monitoraram a ocorrência de cianobactérias em 2012

Fonte: Sisagua, abril/2013.31

Regiões geográficas

CO

100

80

60

40

20

0NE N SE S

Perc

entu

al (

%)

A Figura 6 apresenta a estratificação dos municípios identificados na Figura 3, segundo as faixas de valores estabelecidas pela Portaria GM/MS nº 2.914/2011, sendo considerado para a classificação o maior quantitativo de células identificado durante o ano de 2012.

Em relação à ocorrência de cianobactérias (densidade de células/mL) nos mananciais dos municípios monitorados em 2012 (Figura 6), observa-se uma preponderância de valores quantificados abaixo de 10.000 células/mL, o que, segundo a Portaria GM/MS nº 2.914/2011, aponta para a continuidade do monitoramento, em frequência mensal.

Para aqueles municípios cujo monitoramento quantificou densidade celular superior a 10.000 células/mL e menor ou igual a 20.000 células/mL, é estabelecida a frequência semanal de monitoramento (Quadro 1), tendo em vista o acompanhamento sistemático da dinâmica destes microrganismos no ecossistema aquático.

Por sua vez, ressalta-se a ocorrência de cianobactérias em densidade celular acima de 20.000 células/mL em municípios dos estados do Rio Grande do Sul, Paraná, Rio de Janeiro, Espírito Santo, Minas Gerais, Tocantins, Bahia, Goiás, Rio

Grande do Norte, Santa Catarina, Pernambuco e Ceará (Anexo I), o que, segundo a Portaria GM/MS nº 2.914/2011, torna obrigatória a realização de monitoramento de cianotoxinas no ponto de captação, bem como na saída do tratamento de água, em frequência semanal.

Considerações finaisA partir da análise dos dados inseridos no

Sisagua, referentes às ações dos responsáveis pelos sistemas de abastecimento de água, foi possível avaliar as ações relacionadas ao monitoramento de cianobactérias, nas diversas Unidades da Federação, em 2012.

De maneira geral, é demonstrada a necessidade de maior atuação dos responsáveis pelos sistemas de abastecimento de água em diversos municípios do país, visando à implementação das diretrizes preconizadas pela legislação vigente (Portaria GM/MS nº 2.914/2011). Destaca-se que os procedimentos definidos na norma visam à prevenção de agravos e promoção da saúde humana, por meio da garantia da qualidade e segurança da água fornecida à população.

O monitoramento foi realizado em 1.222 municípios do país, do total de 3.220 que possuem

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Figura 6 − Ocorrência de cianobactérias nos municípios monitorados em 2012

0≤10000<10000 x ≤ 20000> 20000

Legenda

Densidade de cianobactérias (células/mL

1000 2000 30000

QuilômetrosFonte: Sisagua, abril/2013.31

captação de manancial superficial. Sendo assim, os dados não permitem delinear, de maneira fidedigna e abrangente, o real panorama de ocorrência de cianobactérias no Brasil. No entanto, permitem reconhecer a necessidade de implementação de medidas de controle, além de ações preventivas e/ou corretivas, principalmente nos municípios nos quais foram identificadas elevadas densidades de células de cianobactérias (superiores a 20.000 células/mL). Entende-se ser necessário, ademais, o cumprimento das determinações previstas pela Portaria GM/MS nº 2.914/2011, relativas ao monitoramento e procedimentos a serem adotados em função da concentração celular destes microrganismos, com vistas a assegurar a potabilidade da água, e, consequentemente, prevenir os riscos associados à saúde pela presença de cianobactérias nos mananciais de abastecimento.

Diante do exposto, o Ministério da Saúde, por meio do DSAST, ressalta a importância da realização do monitoramento regular de cianobactérias nos mananciais de abastecimento

público no Brasil, conforme estabelecido na Portaria GM/MS nº 2.914/2011, por parte dos responsáveis pelo abastecimento de água. Além disso, é necessário otimizar as técnicas de tratamento empregadas e, se necessário, implantar técnicas avançadas de tratamento da água para consumo humano, principalmente nos municípios com recorrente histórico de ocorrência de florações, tendo em vista a remoção de cianobactérias e de seus metabólitos secundários durante o processo de tratamento, minimizando, desta forma, os potenciais riscos à saúde da população.

Referências

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10. Simeunovic J, Svircev Z, Karaman M, Knezevic P, Melar M. Cyanobacterial blooms and first observation of microcystin occurrences in freshwater ecosystems in Vojvodina region (Serbia). Fresenius Environ Bulletin.

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10 | Volume 45 − 2014 |

Boletim EpidemiológicoSecretaria de Vigilância em Saúde − Ministério da Saúde − Brasil

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20. Huszar VLM, Silva LHS, Marinho M., Domingos P, Sant’anna CL. Cyanoprokaryote assemblages in eight productive tropical Brazilian waters. Hydrobiologia. 2000 Apr;424(1-3):67-77.

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22. Jardim FA, Resende RMS, Lopes S, Carvalho C, Barreto J. Avaliação da toxicidade de cianobactérias provenientes de uma barragem de rejeitos de mineração. Anais do 24º Congresso Brasileiro de Engenharia Sanitária e Ambiental; 2007; Belo Horizonte.

23. Yoo RS, Carmichael WW, Hoehn RC, Hrudey SC. Cyanobacterial (blue-green algal) toxins: a resource guide. Research Foundation and American Water Works Association; 1995. p. 229.

24. Van Apeldoorn ME, Van Egmond HP, Speijers GJA, Bakker GJI. Toxins of cyanobacteria. Mol Nutr Food Res. 2007 Jan;51(1):7-60.

25. Chorus I, Bartram J. Toxic Cyanobacteria in water: a guide to public health consequences, monitoring and management. World Health Organization. London and New York, 416 p. 1999.

26. Ministério da Saúde (BR). Portaria nº 1378, de 9 de julho de 2013. Regulamenta as responsabilidades e define diretrizes para execução e financiamento das ações de Vigilância em Saúde pela União, Estados, Distrito Federal e Municípios, relativos ao Sistema Nacional de Vigilância em Saúde

e Sistema Nacional de Vigilância Sanitária. Diário Oficial da União, Brasília, p. 48-50, 10 jul. 2013. Seção 1.

27. Ministério da Saúde (BR). Secretaria de Vigilância em Saúde. Diretriz Nacional do Plano de Amostragem da Vigilância em Saúde Ambiental relacionada à qualidade da água para consumo humano. Brasília: Ministério da Saúde; 2006. 60 p. (Série A. Normas e Manuais Técnicos).

28. Ministério da Saúde (BR). Secretaria de Vigilância em Saúde. Programa Nacional de Vigilância em Saúde Ambiental relacionada à qualidade da água para consumo humano. Brasília: Ministério da Saúde; 2005. 106 p. (Série C. Projetos, Programas e Relatórios).

29. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Portaria GM/MS no 2.914, de 12 de dezembro de 2011. Dispõe sobre os procedimentos de controle e de vigilância da qualidade da água para consumo humano e seu padrão de potabilidade. Diário Oficial da União, Brasília, p. 39-46, 2011 dez 14. Seção 1.

30. Ministério da Saúde (BR). Secretaria de Vigilância em Saúde. Fundação Nacional de Saúde. Cianobactérias tóxicas na água para consumo humano na saúde pública e processos de remoção em água para consumo humano. Brasília: Ministério da Saúde; 2003. 56 p.

31. Ministério da Saúde (BR). Secretaria de Vigilância em Saúde. Sistema de Informação de Vigilância da Qualidade da Água para Consumo Humano. Relatórios gerenciais-2012 [Internet]. [citado 2013 abr]. Disponível em: www.saude.gov.br/sisagua

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Boletim EpidemiológicoSecretaria de Vigilância em Saúde − Ministério da Saúde − Brasil

| Volume 45 − 2014 | 11

Anexo I

Relação dos municípios, por Unidade da Federação (UF), nos quais, durante o monitoramento de cianobactérias, realizado em 2012, foram quantificadas amostras com número superior a 20.000 células/mL (Sisagua, abril/2013)

UF Código IBGE Município População estimada Densidade celular (células/mL)

TO 1714203 Natividade 9.021 132.000

TO 1716208 Paranã 10.327 9.320.000

CE 2300150 Acarape 15.673 161.440

CE 2300309 Acopiara 51.768 579.740

CE 2300804 Antonina do Norte 7.056 563.481

CE 2301000 Aquiraz 74.465 276.250

CE 2301208 Aracoiaba 25.592 70.476

CE 2301604 Assaré 22.633 64.236

CE 2301950 Barreira 19.958 267.100

CE 2302057 Barroquinha 14.560 69.970

CE 2302107 Baturité 33.863 67.769

CE 2302206 Beberibe 50.364 46.753

CE 2302701 Campos Sales 26.648 285.773

CE 2302909 Capistrano 17.202 382.167

CE 2303006 Caridade 20.687 232.956

CE 2303501 Cascavel 67.503 209.815

CE 2303600 Catarina 19.228 427.425

CE 2303659 Catunda 10.053 536.764

CE 2303709 Caucaia 336.091 82.147

CE 2303907 Chaval 12.684 167.319

CE 2304004 Coreaú 22.252 83.483

CE 2304103 Crateús 73.102 75.184

CE 2304350 Forquilha 22.435 37.988

CE 2304400 Fortaleza 2.500.194 105.243

CE 2304509 Frecheirinha 13.167 36.035

CE 2304954 Guaiúba 24.727 458.039

CE 2305209 Hidrolândia 19.548 243.789

CE 2305233 Horizonte 58.418 99.801

CE 2305605 Independência 25.620 33.565

CE 2306009 Iracema 13.808 25.840

CE 2306108 Irauçuba 22.742 395.999

CE 2306256 Itaitinga 36.814 22.989

CE 2306405 Itapipoca 119.320 443.441

continua

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12 | Volume 45 − 2014 |

Boletim EpidemiológicoSecretaria de Vigilância em Saúde − Ministério da Saúde − Brasil

continuação

UF Código IBGE Município População estimada Densidade celular (células/mL)

CE 2307007 Jaguaruana 32.614 210.745

CE 2307502 Lavras da Mangabeira 31.073 75.260

CE 2307650 Maracanaú 213.404 105.243

CE 2307700 Maranguape 117.306 165.764

CE 2307908 Martinópole 10.458 176.752

CE 2308377 Miraíma 13.009 54.836

CE 2308500 Mombaça 42.891 41.488

CE 2308609 Monsenhor Tabosa 16.760 587.617

CE 2308807 Moraújo 8.225 265.743

CE 2308906 Morrinhos 21.119 61.743

CE 2309458 Ocara 24.373 44.524

CE 2309508 Orós 21.294 320.390

CE 2309607 Pacajus 64.521 175.620

CE 2309706 Pacatuba 75.411 185.367

CE 2309904 Pacujá 6.037 42.333

CE 2310209 Paracuru 32.255 35.814

CE 2310308 Parambu 31.160 432.134

CE 2310407 Paramoti 11.360 45.686

CE 2310704 Pentecoste 35.823 185.665

CE 2310803 Pereiro 15.838 719.311

CE 2310902 Piquet Carneiro 15.820 38.635

CE 2310951 Pires Ferreira 10.365 222.132

CE 2311207 Potengi 10.448 150.222

CE 2311231 Potiretama 6.181 348.991

CE 2311264 Quiterianópolis 20.158 6.294.645

CE 2311306 Quixadá 82.258 262.917

CE 2311603 Redenção 26.660 162.945

CE 2311702 Reriutaba 19.179 306.454

CE 2311801 Russas 71.723 55.356

CE 2311900 Saboeiro 15.681 146.084

CE 2312205 Santa Quitéria 42.822 824.090

CE 2312403 São Gonçalo do Amarante 45.141 64.090

CE 2312700 Senador Pompeu 26.382 82.900

CE 2312908 Sobral 193.134 106.451

CE 2313203 Tamboril 25.397 7.996.664

CE 2313302 Tauá 56.307 188.805

CE 2313351 Tejuçuoca 17.643 75.872

CE 2313500 Trairi 52.464 148.963

CE 2313757 Umirim 19.023 122.157

CE 2313955 Varjota 17.745 306.454

continua

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Boletim EpidemiológicoSecretaria de Vigilância em Saúde − Ministério da Saúde − Brasil

| Volume 45 − 2014 | 13

UF Código IBGE Município População estimada Densidade celular (células/mL)

CE 2314003 Várzea Alegre 38.952 56.160

RN 2404002 Frutuoso Gomes 4.181 1.669.255

RN 2408102 Natal 817.590 230.391

RN 2410603 Rafael Godeiro 3.080 552.664

RN 2411908 São Francisco do Oeste 3.934 1.200.556

RN 2413557 Serrinha dos Pintos 4.577 25.848

PE 2600104 Afogados da Ingazeira 35.416 52.324

PE 2601102 Araripina 78.270 694.573

PE 2601201 Arcoverde 69.880 96.122

PE 2601706 Belo Jardim 72.996 352.929

PE 2602100 Bom Conselho 45.983 34.527

PE 2602803 Buíque 53.304 100.458

PE 2603900 Carnaíba 18.707 709.620

PE 2604106 Caruaru 324.095 212.459

PE 2605103 Custódia 34.442 30.962

PE 2605400 Feira Nova 20.830 265.894

PE 2606002 Garanhuns 131.169 195.274

PE 2606101 Glória do Goitá 29.241 385.760

PE 2607703 Itapetim 13.748 310.865

PE 2608107 João Alfredo 31.305 82.077

PE 2608453 Lagoa do Carro 16.408 1.713.355

PE 2608503 Lagoa do Itaenga 20.733 281.283

PE 2608909 Limoeiro 55.343 241.442

PE 2609105 Machados 14.109 209.295

PE 2609907 Ouricuri 65.510 79.512

PE 2610806 Pedra 21.050 201.629

PE 2610905 Pesqueira 63.519 46.534

PE 2611200 Poção 11.029 55.145

PE 2611533 Quixaba 6.722 245.888

PE 2612406 Sanharó 22.896 75.921

PE 2612505 Santa Cruz do Capibaribe 91.891 139.359

PE 2612802 Santa Terezinha 11.103 183.475

PE 2613602 São José do Egito 32.186 133.988

PE 2613909 Serra Talhada 80.489 98.023

PE 2614105 Sertânia 34.109 725.693

PE 2615003 Taquaritinga do Norte 25.681 129.271

PE 2615409 Toritama 37.631 60.702

PE 2615904 Tuparetama 7.950 169.283

PE 2616001 Venturosa 16.823 5.808.562

BA 2904852 Cabaceiras do Paraguaçu 17.582 44.231

continuação

continua

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14 | Volume 45 − 2014 |

Boletim EpidemiológicoSecretaria de Vigilância em Saúde − Ministério da Saúde − Brasil

UF Código IBGE Município População estimada Densidade celular (células/mL)

BA 2906501 Candeias 84.121 85.470

BA 2909802 Cruz das Almas 59.470 44.812

BA 2910800 Feira de Santana 568.099 20.598

BA 2922300 Muritiba 28.944 36.752

BA 2927408 Salvador 2.710.968 233.504

MG 3115458 Catuji 6.614 85.063

MG 3124302 Espinosa 31.134 64.000

MG 3127008 Fronteira 14.799 21.905

MG 3130655 Indaiabira 7.316 20.400

MG 3133808 Itaúna 86.762 42.960

MG 3134103 Itueta 5.859 70.144

MG 3135050 Jaíba 34.539 93.240

MG 3135100 Janaúba 67.581 145.316

MG 3140852 Matias Cardoso 10.188 111.240

MG 3141009 Mato Verde 12.609 85.063

MG 3142908 Monte Azul 21.717 985.696

MG 3143450 Montezuma 7.599 168.354

MG 3145059 Nova Porteirinha 7.400 279.747

MG 3151602 Planura 10.700 25.356

MG 3152204 Porteirinha 37.588 51.139

MG 3154309 Resplendor 17.107 61.673

MG 3157005 Salinas 39.550 51.139

MG 3162948 São José da Barra 6.888 706.095

MG 3166956 Serranópolis de Minas 4.484 54.684

MG 3169356 Três Marias 29.036 94.962

MG 3170701 Varginha 125.208 52.353

ES 3200607 Aracruz 84.429 30.802

ES 3201308 Cariacica 352.431 45.686

ES 3201902 Domingos Martins 32.042 140.398

ES 3203163 Laranja da Terra 10.810 41.812

ES 3203502 Montanha 17.938 76.010

ES 3203601 Mucurici 5.619 91.000

ES 3205069 Venda Nova do Imigrante 21.094 45.552

ES 3205101 Viana 66.745 274.665

ES 3205200 Vila Velha 424.948 29.105

ES 3205309 Vitória 333.162 23.943

RJ 3300209 Araruama 116.418 24.848

RJ 3301702 Duque de Caxias 867.067 30.865

RJ 3301801 Engenheiro Paulo de Frontin 13.408 24.005

RJ 3302270 Japeri 97.337 65.047

continuação

continua

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Boletim EpidemiológicoSecretaria de Vigilância em Saúde − Ministério da Saúde − Brasil

| Volume 45 − 2014 | 15

continuação

UF Código IBGE Município População estimada Densidade celular (células/mL)

RJ 3304144 Queimados 140.374 55.072

RJ 3304151 Quissamã 21.234 25.330

RJ 3304557 Rio de Janeiro 6.390.290 198.853

RJ 3305604 Silva Jardim 21.362 24.848

RJ 3306107 Valença 72.679 28.318

PR 4103701 Cambé 98.024 142.282

PR 4105805 Colombo 217.443 180.972

PR 4106902 Curitiba 1.776.761 43.594

PR 4119152 Pinhais 119.379 85.293

PR 4119905 Ponta Grossa 317.339 344.162

PR 4127106 Telêmaco Borba 71.176 33.424

SC 4204301 Concórdia 69.462 38.212

SC 4210803 Meleiro 6.988 50.000

SC 4215075 Riqueza 4.789 734.672

SC 4217204 São Miguel do Oeste 36.908 700.570

RS 4301057 Arroio do Sal 8.113 24.173

RS 4303103 Cachoeirinha 119.896 39.728

RS 4303509 Camaquã 63.124 72.860

RS 4304507 Canguçu 53.533 43.071

RS 4304630 Capão da Canoa 43.783 24.173

RS 4305108 Caxias do Sul 446.911 256.413

RS 4309209 Gravataí 259.138 22.050

RS 4311908 Marcelino Ramos 4.987 25.916

RS 4314100 Passo Fundo 187.298 28.061

RS 4314902 Porto Alegre 1.416.714 207.076

RS 4319000 São Marcos 20.276 51.170

RS 4321436 Terra de Areia 10.070 24.173

RS 4321501 Torres 35.227 35.810

GO 5208707 Goiânia 1.333.767 690.142

GO 5209200 Guapó 13.994 23.289

GO 5213806 Morrinhos 42.135 27.400

GO 5219803 São Domingos 11.520 60.000

Fonte: Sisagua, abril/2013.31