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Seis mil anos de história do céu Cronologia astronômica Gilberto Henrique Buchmann

Seis Mil Anos de História do Céu - Gilberto Henrique Buchmann

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Page 1: Seis Mil Anos de História do Céu - Gilberto Henrique Buchmann

Seis mil anos de história do céu

Cronologia astronômica

Gilberto Henrique Buchmann

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Introdução

Esta cronologia apresenta os principais fatos que, desde os primórdios da civilização até nossos dias, fazem a história da astronomia (e, mais recentemente, também da astronáutica). A presente versão, minuciosamente revisada e em grande parte reescrita, atinge nível profissional. O autor, autodidata em astronomia há cerca de trinta anos, tem experiência suficiente para evitar erros encontrados frequentemente em publicações não especializadas, como, por exemplo, confundir milhões com bilhões e dizer que as sondas Pioneer visitaram Júpiter e Saturno (a Pioneer 10 passou apenas por Júpiter).Os dados numéricos aqui apresentados são os mais atuais disponíveis. Registre-se que, com os avanços tecnológicos dos instrumentos de medição (instalados em telescópios ou a bordo de naves espaciais), muitos valores são corrigidos ou refinados. Isso aconteceu, por exemplo, com a sonda Cassini, que “corrigiu” diversos parâmetros (diâmetro, massa, densidade...) antes considerados corretos para os satélites de Saturno. E, mais recentemente, a missão Dawn fez o mesmo em relação ao asteroide Vesta. Seis Mil Anos de História do Céu inclui agora dados numéricos (no mínimo, diâmetro, período orbital e distância do planeta) relativamente a todos os 171 satélites naturais conhecidos orbitando planetas do Sistema Solar e aos sete satélites que foram descobertos até agora em torno de planetas anões.Apesar de ser uma cronologia, não se trata de uma simples enumeração de fatos: eles são explicados, embora sumariamente. Considerações detalhadas acerca de determinados tópicos extrapolariam os objetivos deste trabalho, mas ele é um guia seguro e confiável para quem pretender conhecer a história da astronomia. As bases estão aqui, podendo servir de pontos de partida para pesquisas mais aprofundadas.Além disso, termos técnicos ou próprios do jargão astronômico são explicados sempre que necessário, a fim de que também leigos possam ler e, muito mais importante, compreender este trabalho. Afinal, se o objetivo é divulgar a astronomia, não se pode, sob nenhuma hipótese, utilizar linguagem restrita ao nível acadêmico. A solução adotada é, portanto, utilizar, sim, termos técnicos, mas torná-los compreensíveis a todos.No que concerne ao conteúdo, esta versão não apresenta alterações. Com o intuito de evitar repetições enfadonhas e tendo em vista manter esta exposição dentro de limites razoáveis, observa-se sempre o critério do interesse histórico ou científico, incluindo-se somente os acontecimentos que trazem novidades e contribuem, efetivamente, para a evolução do pensamento humano e da tecnologia no que concerne à ciência dos astros. Ficam de fora, por esse critério, os inúmeros objetos celestes (galáxias, estrelas, cometas, asteroides, exoplanetas...) descobertos todos os anos, a não ser que a descoberta signifique algo novo ou, por alguma razão, esteja revestida de importância especial. Estão excluídos, pelo mesmo motivo, os milhares de satélites (de telecomunicações, militares, de estudo do clima, etc.) lançados nas últimas décadas, exceção feita àqueles cujo papel é relevante.Ademais, considerando-se que a intenção aqui é ressaltar os fatos, não os cientistas, estão ausentes desta cronologia referências diretas às datas de nascimento ou de morte dos pesquisadores. Contudo, sendo essas informações importantes para uma melhor compreensão e contextualização dos acontecimentos apresentados, elas são colocadas,

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sempre que possível, entre parênteses.Embora o tema tratado aqui seja astronomia, descobertas muito relevantes em outros campos científicos (física e química, por exemplo) podem ser abordadas, desde que contribuam para aprimorar o conhecimento astronômico humano. Um exemplo é a antimatéria, essencial para compreender a estrutura e a dinâmica do Universo. E registre-se que a astronomia e a física estão tão ligadas que denomina-se astrofísica ao estudo do Universo em todos os seus aspectos.Informamos que esta cronologia continuará sendo constantemente atualizada: uma nova versão estará disponível no final de cada ano. Seu único objetivo é divulgar a astronomia entre aqueles que apreciam essa ciência. Assim sendo, a distribuição é totalmente livre, desde que gratuita e desde que sejam mantidos o nome do autor e as fontes de consulta colocadas no final.Considerando que o autor não tem site pessoal nem o menor desejo de criar um, solicita-se a quem puder ou quiser colaborar que coloque este trabalho na internet. E tanto melhor se forem vários os sites, pois assim Seis Mil Anos de História do Céu poderá chegar a mais e mais pessoas, o que é, em essência, a intenção do autor.Agradecimentos a quem divulgar.

Gilberto Henrique Buchmann

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Seis mil anos de história do céu

Cronologia astronômica

Gilberto Henrique Buchmann

Quinto milênio a.C. – Os círculos de pedra de Nabta Playa (localizados no deserto da Núbia, 800km ao sul do atual Cairo) demonstram a importância da astronomia na vida religiosa da antiga civilização egípcia. Pesquisas modernas sugerem que podem ter constituído um calendário pré-histórico, marcando o solstício de verão. Outros estudiosos acreditam ter existido neles um alinhamento com estrelas da constelação de Órion conforme apareciam na configuração celeste da época.

3761 a.C. (7 de outubro) – Esta é, para os judeus, a data da criação do mundo, sendo o calendário judaico (ou hebraico) contado a partir de então, embora tenha sido criado e adotado muito tempo depois, tendo a versão definitiva sido estabelecida no século IV d.C. O ano civil judaico tem de 353 a 355 dias, divididos em 12 meses lunares (os meses começam sempre na Lua nova). Para ajustar esse calendário ao ano solar, intercala-se um mês suplementar nos anos 3º, 6º, 8º, 11º, 14º, 17º e 19º ao longo de 19 anos. Há, assim, um total de 383 a 385 dias no ano da intercalação.Os meses são tishrei, jeshván, kislev, tevet, shevat, adar, nisán, iyar, siván, tamuz, av e elul.

C. 3500 a.C. – Surgem no Egito os relógios de sol, primeiros instrumentos humanos capazes de dividir o dia em partes. Um tipo de relógio de sol encontrado consiste de uma longa haste vertical marcada e uma barra horizontal no topo, a qual projeta sombra sobre as marcas da haste. É orientado para leste pela manhã e voltado para oeste ao meio-dia.Por esta mesma época são construídos os primeiros obeliscos, monumentos alongados de pedra em forma de pilar, quadrados na base e afunilados no topo, que também indicam a passagem do tempo projetando sombra sobre marcas especialmente colocadas; permitem também saber se é manhã ou tarde, bem como determinar os solstícios de inverno e de verão.

3114 a.C.(11 de agosto) – Data mítica a partir da qual é computado o calendário maia. Trata-se, na verdade, de um calendário sagrado ((tzolkin ou Tzolk'in) de 260 dias (dia = k'in), divididos em 13 ciclos (um ciclo = winal ou uinal) de 20 dias, e um calendário civil (haab) de 365 dias, divididos em 18 meses de 20 dias mais cinco dias adicionais (wayeb ou uayeb). O calendário sagrado é utilizado para celebrar cerimônias religiosas, prever a chegada e a duração dos períodos de chuva, determinar os períodos de caça e pesca, prognosticar o destino das pessoas.A cada 18.980 dias (aproximadamente 52 anos solares), ambos os calendários coincidem

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(18.980 é o mínimo múltiplo comum de 260 e 365), fechando um ciclo denominado ciclo calendárico ou roda calendárica.Para períodos de tempo superiores a 52 anos, alguns povos da América Central (maias incluídos) usam a contagem longa, um calendário vigesimal não repetitivo cujas datas são escritas com números de 1 a 20 (ou 1 a 18) separados por pontos. Esses números correspondem aos períodos da contagem longa: 20 k'ins (dias) = 1 winal; 18 winals = 1 tun; 20 tuns = 1 k'atun; 20 k'atuns = 1 b'ak'tun; 20 b'ak'tuns = 1 piktun.Em 21 de dezembro de 2012, tem início um novo b'ak'tun (13.0.0.0.0). O próximo ciclo completo da contagem longa, com mudança de piktun (1.0.0.0.0.0), terá início em 13 de outubro de 4722.

3000 a.C. – Está em vigor no Egito um calendário com 365 dias. Mas o ano propriamente tem apenas 12 meses de 30 dias (360 dias) divididos em três quadrimestres correspondentes às três estações regidas pelo Nilo: Cheia, Plantio e Colheita. No fim do 12º mês, são acrescentados cinco dias suplementares que não entram no cômputo oficial dos dias. Esse é um calendário solar (o primeiro de que se tem notícia), e o mês nele não mantém sincronia com as fases da Lua.A necessidade de elaborar calendários deve-se à descoberta da agricultura: é preciso ser capaz de estabelecer o tempo certo para o plantio e a colheita.

Terceiro milênio a.C. – Na Mesopotâmia, os sumérios inventam o sistema numérico de base sexagesimal (usado, por exemplo, para dividir uma hora em 60 minutos e umminuto em 60 segundos) e a divisão do círculo em 360 graus, cada um deles dividido, por sua vez, em 60 minutos.

Terceiro milênio a.C. – O alinhamento preciso das pirâmides com a estrela polar, que então era Thuban, estrela de brilho fraco da constelação do Dragão distante da Terra 305 anos-luz, demonstra a elevada habilidade dos egípcios para observar o céu. (Para mais informações sobre a estrela polar, ver 2008, 4 de fevereiro.) Alguns templos também têm alinhamentos especiais, como o de Amon-Rá em Karnak, alinhado com o nascer do sol no meio do inverno: nessa época do ano, os primeiros raios solares do dia seguem precisamente ao longo de um corredor.

2636 a.C. (15 de fevereiro) – Data a partir da qual começa a contagem do tempo no calendário chinês. Trata-se de um calendário lunissolar. Cada ano tem doze lunações, num total de 354 dias. Para que não se perca a sincronia com o ciclo solar (de 365,25 dias), a cada oito anos são acrescentados noventa dias (aproximadamente três lunações). Os anos começam sempre em uma lua nova, entre 21 de janeiro e 20 de fevereiro. Considerando um ciclo de doze anos, cada ano é dedicado a um animal: "shu" ? (rato), "neo" (boi), "hu" (tigre), "tu" (coelho), "long" (dragão), "she" (serpente), "ma" (cavalo), "yang" (carneiro), "rou" (macaco), "di" (galo), "gou" (cão), "zhu" (porco).

2317 a.C. – Primeiro registro conhecido da passagem de um cometa, que se encontra nos anais astronômicos chineses.

c. 2000 a.C. – Os chineses descobrem que Júpiter leva cerca de 12 anos para completar uma órbita ao redor do Sol (valor correto: 11,86 anos).

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Segundo milênio a.C. – A ideia de um Sistema Solar heliocêntrico é possivelmente sugerida pela primeira vez na literatura védica da antiga Índia, que com frequência faz referência ao Sol como o “centro das esferas”.

Segundo milênio a.C. – Astrônomos babilônios identificam os planetas interiores Mercúrio e Vênus, e os planetas exteriores Marte, Júpiter e Saturno, que permanecem os únicos planetas conhecidos até a descoberta de Urano, no final do século XVIII.

Segundo milênio a.C. – Alguns rituais de bruxarias e encantamentos praticados pelos sumérios fazem referência à crença daquele povo na existência de vários céus e várias Terras.

c. 1930 a.C. – Termina a construção de Stonehenge (cuja última fase de edificação tem início por volta de 2280 a.C.), possível observatório astronômico megalítico, localizado no condado de Wiltshire, 13km ao norte de Salisbury, na Inglaterra, onde supõe-se terem sido feitas observações do Sol e da Lua. Stonehenge, formado por grandes blocos distribuídos em quatro circunferências concêntricas, é um local envolto em mistério, não tendo ainda sido definida a sua finalidade principal. As três teorias mais aceitas apontam-no como observatório astronômico, templo ou monumento funerário.

Século XVII a.C. – Período provável da elaboração, pelos babilônios, da Tábua de Vênus de Ammisaduqa, o primeiro registro disponível do reconhecimento de que os fenômenos astronômicos são periódicos e podem ser previstos matematicamente. Trata-se de um retângulo de argila com 17,14 x 9,2cm e espessura de 2,22cm, em que estão registradas as observações, ao longo de 21 anos, dos últimos momentos de visibilidade de Vênus no horizonte antes ou depois do nascer ou do pôr do sol (nascer e pôr helíaco de Vênus). O nome deve-se ao fato de ter sido compilada no governo de Ammisaduqa ou Ammizaduga), quarto rei depois de Hamurábi.

Século XVI a.C. – Descrição mais antiga conhecida de um relógio de água, encontrada no túmulo do oficial egípcio Amenemhet, indicado como inventor do instrumento. O relógio de água, que os gregos mais tarde chamarão de clepsidra, funciona por meio do escoamento de água de um recipiente com pequenos orifícios no fundo. Marcas nas laterais do recipiente permitem saber o tempo transcorrido quando a superfície da água está nivelada com elas. Os relógios de água são um grande avanço em relação aos relógios de sol, porque marcam o tempo também durante a noite e os dias nublados.Há ainda as ampulhetas, que usam areia em vez de água.

1361 a.C. – Os anais astronômicos chineses registram a observação de um eclipse solar, o primeiro a ser documentado por qualquer povo de que se tem notícia.Ocorre um eclipse solar quando a Lua passa entre o Sol e a Terra e bloqueia a luz solar, total ou parcialmente. Isso só pode acontecer na lua nova, quando o Sol e a Lua estão em conjunção conforme vistos da Terra. Um eclipse solar pode ser total, parcial ou anular.Um eclipse lunar, por outro lado, ocorre quando a Terra passa entre o Sol e a Lua, impedindo que a luz da estrela chegue ao satélite. Isso pode acontecer apenas quando Sol, terra e Lua estão alinhados, com a Terra no meio. Um eclipse lunar pode ocorrer apenas em

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noites de lua cheia. Contrariamente ao eclipse solar, que é visível apenas ao longo de uma área relativamente pequena do globo terrestre, um eclipse lunar pode ser visto de qualquer lugar do mundo onde seja noite. Um eclipse lunar dura algumas horas, enquanto um eclipse solar dura apenas alguns minutos, devido ao pequeno tamanho da sombra da Lua. Um eclipse lunar pode, diferentemente de um eclipse solar, ser observado sem proteção para os olhos ou qualquer outra precaução.

Século VIII a.C. – Na Babilônia, durante o reinado de Nabonassar (747-734 a.C.), o registro sistemático de fenômenos considerados como mau agouro em diários astronômicos permite que seja descoberto o Saros, intervalo de 323 meses sinódicos, ou 6.585,321 dias (18 anos, 11 dias e 8 horas), após o qual a Terra, o Sol e a Lua retornam, aproximadamente, às mesmas posições relativas. Isso permite prever eclipses do Sol e da Lua: um saro depois de um eclipse, outro eclipse idêntico, ou quase idêntico, ocorre, configurando uma espécie de ciclo de eclipses.

Século VIII a.C. – Na Ilíada e na Odisseia, de Homero (os mais antigos exemplos da literatura grega que se conhecem), são mencionadas as constelações do Cocheiro, de Órion e da Ursa Maior, os aglomerados estelares das Plêiades e das Híades e a estrela Sirius.

753 a.C. – Segundo a lenda, Rômulo e Remo (filhos de Rhea Silvia, filha de Numitor, rei de Alba Longa) fundam a cidade de Roma, iniciando-se, então, o calendário Romano. Conforme esse calendário, o ano civil consta de 304 dias divididos em 10 meses, dos quais seis têm 30 dias e quatro, 31. Março é o primeiro mês do ano, seguindo-se Abril, Maio, Junho, quintilis, sextilis, Setembro, Outubro, Novembro e Dezembro.

Possivelmente 713 a.C. – Numa Pompílio, o segundo rei de Roma (717-673 a.C.), introduz os meses de Janeiro e Fevereiro no calendário Romano e, desse modo, o ano civil passa a ter 355 dias, começando em Março e terminando em Fevereiro.

700 a.C. – Os chineses já têm registros com anotações precisas sobre meteoritos e cometas.

Século VII a.C. – Época provável em que os babilônios dividem o zodíaco (Kyklos zokiakos, do grego, que significa círculo de animais) em um círculo com doze divisões de trinta graus cada uma, ao longo da eclíptica, que é a trajetória aparente do Sol entre as estrelas conforme vista da Terra. Ao longo de um ano, o Sol (visto da Terra) passa pelas constelações que, na esfera celeste, correspondem ao zodíaco. Na época do estabelecimento do zodíaco pelos babilônios, as constelações zodiacais são doze (correspondentes, na astrologia, aos doze signos); atualmente, com o rearranjo dos limites das constelações, este número sobe para treze (entre Escorpião e Sagitário, o Sol passa também pelo Serpentário).É importante observar, portanto, que as datas dos signos astrológicos do zodíaco não correspondem exatamente às datas em que o Sol passa pelas constelações zodiacais.

613 a.C. (julho) – A passagem de um cometa, possivelmente o Halley, é registrada pelos anais astronômicos chineses.

Século VI a.C. – O filósofo grego Tales de Mileto (624-546 a.C.) introduz na Grécia os fundamentos da geometria e da astronomia, trazidos do Egito. Pensa que a Terra é um disco

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plano em uma vasta extensão de água que, para ele, é considerada como substância primordial do Universo.

Século VI a.C. – O filósofo grego Anaximandro de Mileto (610-546 a.C.) concebe os astros (planetas, Sol, Lua, estrelas fixas) como sendo rodas de fogo girando em torno da Terra, considerada como um cilindro que flutua no ar, sem nada a suportá-la, e cuja altura corresponde a um terço de seu diâmetro. Embora rudimentar, este é o primeiro modelo mecânico do Universo que se conhece. Anaximandro também é o primeiro a considerar o Universo eterno (sem começo ou fim) e infinito em extensão.

Século VI a.C. – O filósofo grego Anaxímenes de Mileto (585-528 a.C.), discípulo de Anaximandro, concebe a Terra e todos os corpos celestes como sendo feitos de ar. Acredita que, à medida que a densidade do ar muda, outros elementos vão sendo formados: ar mais rarefeito produz fogo, enquanto ar mais denso gera vento e depois, sucessivamente, água, terra e pedra. Anaxímenes é o primeiro a apresentar a ideia de que as estrelas são fixas, presas a esferas cristalinas que giram em torno da Terra.

Século VI a.C. – O filósofo e matemático grego Pitágoras de Samos (c. 570-c. 495 a.C.) acredita na esfericidade da Terra, da Lua e de outros corpos celestes. Estuda os movimentos dos planetas. Ensina que o número é a essência de todas as coisas e postula que os movimentos dos corpos celestes obedecem a escalas harmônicas, como as notas musicais. Parece haver sido o primeiro a reconhecer que a estrela matutina (Hesperus) e a estrela vespertina (Phosphorus) são o mesmo planeta: Vênus. Alguns estudiosos atribuem a ele uma constatação análoga ao determinar que Apolo (corpo celeste visível pela manhã) e Hermes (visível à tarde) são o mesmo astro: Mercúrio.Os seguidores de Pitágoras exercem grande influência no desenvolvimento da astronomia grega clássica.

Século VI a.C. – O filósofo grego Xenófanes (570-475 a.C.) acredita que a Terra é plana, que o Sol é novo a cada dia e que os corpos celestes (exceto a Lua) são constituídos de aglomerados de fogo.

585 a.C. (28 de maio) – Eclipse do Sol previsto, segundo a tradição, por Tales de Mileto. Trata-se da primeira referência conhecida à previsão de um eclipse solar.

Século V a.C. – O filósofo grego Anaxágoras (c. 500-428 a.C.) ensina que “O Sol é pelo menos tão grande quanto o Peloponeso”. Postula que a Lua é parecida com a Terra e tem montanhas, planícies e vales. Explica os eclipses lunares como sendo causados pela sombra da Terra. Por suas ideias, é acusado de impiedade (ateísmo) e condenado à morte. Contudo, por influência de Péricles, a condenação é convertida em exílio em Lâmpsaco, colônia de Mileto, onde permanece até o fim da vida.

Século V a.C. – O filósofo grego Filolau de Tarento – ou de Crotona – (470-385 a.C.) é o primeiro a sugerir que a Terra não é o centro do universo. Ele elabora a hipótese da existência de um fogo central representando o centro de seu Universo esférico. Esse fogo de Héstia (Héstia era a Deusa da lareira sagrada, nas casas e nos edifícios públicos) é invisível, pois está sempre encoberto pelo Sol. Além do mais, ele é envolvido por dez

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esferas concêntricas representando, respectivamente: Terra, Sol, Lua, Mercúrio, Vênus, Marte, Júpiter, Saturno, antiTerra (antichthon – planeta sempre oculto para os terráqueos e situado do outro lado do Sol) e estrelas. Para Filolau, o Sol (visível) é um reflexo do fogo central (invisível), e cada uma dessas esferas gira de oeste para leste, completando uma revolução no período correspondente ao do astro que ela representa.

Século V a.C. – O filósofo grego Demócrito (460-370 a.C.) postula que a Terra é redonda e que a Via Láctea é composta de estrelas distantes. acredita também haver montanhas elevadas e vales profundos na Lua. Atomista, concebe a matéria como sendo formada por pequenas partículas indivisíveis e indestrutíveis (os átomos) que podem se unir para formar corpos maiores.

Século V a.C. – É compilado o “Gan Shi Xing Jing”, o mais antigo catálogo estelar chinês que se conhece.

432 a.C. – O astrônomo e matemático grego Meton de Atenas propõe um ciclo (ciclo de Meton, ciclo metônico) segundo o qual 19 anos solares (6.240 dias) correspondem a 235 meses lunares. Isso significa que, aproximadamente a cada 19 anos, as fases da Lua se repetem.

413 A.C. (27 de agosto) – Um eclipse lunar causa pânico em uma frota de Atenas e assim afeta o resultado de uma batalha na Guerra do Peloponeso. Os atenienses estão prontos a mover suas forças de Siracusa quando a Lua é eclipsada. Os soldados e marinheiros ficam assustados por este presságio celeste e relutam em partir. O comandante Nícias consulta o oráculo e adia a partida por 27 dias. Esta demora dá uma vantagem a seus inimigos de Siracusa, que então derrotam toda a frota e o exército ateniense e matam Nícias.

Século IV a.C. – O filósofo grego Platão (427-347 a.C.) assenta as bases conceituais sobre as quais se fundamentam os estudos astronômicos durante muitos séculos, sendo as principais: 1. A Terra, que é esférica, é imóvel e está no centro do Universo (geoestatismo e geocentrismo). 2. Todos os movimentos dos astros devem ser circulares e uniformes. 3. Os astros não podem ter outro movimento ou mudança fora desse movimento circular (imutabilidade do céu). Em seus diálogos “Timaeus”, “Phaedo”, “República” e “Epinomis”, argumenta que a Terra, em sua imobilidade absoluta, é envolvida por quatro capas esféricas, sendo a primeira, de espessura igual a dois raios terrestres, composta do elemento água, e a segunda, composta do elemento ar, com a espessura de cinco raios terrestres e constituindo a atmosfera. Em seguida, há uma camada do elemento fogo, de dez raios terrestres, tendo em sua parte superior a quarta capa esférica, na qual se encontram as estrelas. Os sete astros então considerados planetas (Lua, Sol, Mercúrio, Vênus, Marte, Júpiter e Saturno) evoluem entre a atmosfera e as estrelas.

Século IV a.C. – O astrônomo e matemático grego Eudóxio de Cnido (408-355 a.C.), discípulo de Platão, formula um modelo planetário segundo o qual, basicamente, o movimento dos astros no Universo é consequência de um conjunto de 27 esferas homocêntricas à Terra, seguindo o esquema: quatro para cada um dos planetas (Mercúrio, Vênus, Marte, Júpiter e Saturno), três para o Sol, três para a Lua e uma para as estrelas fixas. Essas esferas são assim distribuídas: o planeta se encontra fixo no equador de uma

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esfera que gira em torno da Terra. Por sua vez, os polos dessa esfera são deslocados por uma segunda esfera que gira em torno de um eixo normal ao plano da eclíptica. Uma terceira esfera, exterior às duas antecedentes, dá o movimento do planeta em relação ao céu das estrelas fixas. Por fim, uma quarta esfera é necessária (no caso dos planetas propriamente ditos, para explicar o seu movimento retrógrado, isto é, o movimento no qual o planeta, no céu das estrelas fixas, se move num determinado sentido até um “ponto estacionário”; depois, volta no sentido oposto até outro “ponto estacionário”, retornando então ao primeiro sentido, e assim por diante, formando laços (cúspides). É oportuno registrar que Eudóxio inventa a curva hipópede (resultante da intersecção de uma esfera com um cilindro) com o objetivo de explicar esse modelo planetário. Esta é a primeira teoria geocêntrica de que se tem registro.Eudóxio é o primeiro a fixar a duração do ano em 365 dias e 6 horas.

Século IV a.C. – O filósofo grego Hicetas de Siracusa (c. 400-335 a.C.) modifica o sistema de Filolau, postulando um movimento de rotação diurna da Terra em torno de seu eixo.

Século IV a.C. – O astrônomo babilônio Kidinnu (morto c. 330 a.C.) recalcula o mês sinódico e o mês solar. Supõe-se que tenha descoberto a precessão dos equinócios, decorrente de uma ligeira rotação do eixo da Terra. O equinócio representa o ponto de intersecção da eclíptica (trajetória aparente do Sol entre as estrelas) com o equador celeste (círculo na esfera celeste que coincide com o equador terrestre), no qual os dias e as noites têm a mesma duração.

Século IV a.C. – O grego Heráclides do Ponto (c. 390-c. 310 a.C.) propõe que a Terra gira em 24 horas, de oeste para leste, sobre seu próprio eixo, e que Vênus e Mercúrio orbitam o Sol, e não a Terra. Este é um modelo geo-heliocêntrico que será retomado, no século XVI, por Tycho Brahe.

Século IV a.C. – O filósofo grego Aristóteles de Estagira (384-322 a.C.) apresenta a mais influente de todas as teorias astronômicas gregas, que seria considerada verdadeira por quase dois mil anos. Segundo essa teoria, o Universo está dividido em dois estratos, um sublunar (ou infralunar) e outro extralunar (ou supralunar, ou ainda translunar). Na região abaixo da Lua ocorrem mudanças, estando as coisas e os seres vivos sujeitos à morte e à degeneração. Aí se encontram os cometas, que não passam de fenômenos atmosféricos, visíveis em forma de estrelas cadentes. A outra região estende-se para além da Lua, e nela nada jamais se transforma ou perece. Disso decorre que os planetas e as estrelas fixas pertencentes à região extralunar são regidos por leis distintas das que se aplicam à Terra e aos cometas. Essa região está permeada pelo éter, substãncia de caráter leve que não está sujeita a nenhum tipo de mudança (de temperatura ou de umidade, por exemplo) e para a qual o único movimento natural possível é o circular, porque o círculo representa a perfeição. A imutabilidade do éter se contrapõe à instabilidade dos quatro elementos existentes no mundo sublunar (terra, água, ar e fogo), e Aristóteles o considera, por isso, o quinto elemento, ou quintessência (diz-se também quinta-essência).Aristóteles formula ainda outros conceitos em astronomia. Sustenta que as fases lunares dependem de quanto da parte da face da Lua iluminada pelo Sol está voltada para a Terra. Explica também os eclipses: um eclipse solar ocorre quando a Lua passa entre a Terra e o Sol; um eclipse lunar ocorre quando a Lua entra na sombra da Terra. Aristóteles argumenta

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a favor da esfericidade terrestre, já que a sombra da Terra na Lua durante um eclipse lunar é sempre arredondada. Aperfeiçoa a teoria das esferas concêntricas de Eudóxio de Cnido, acrescentando-lhe outras esferas homocêntricas, perfazendo um total de 56. Ele admite ainda que além da esfera das estrelas fixas existe o Primum Mobile (Primeiro Móvel), acionado por Deus, o motor primordial e imóvel, e que além dele não há nem movimento, nem tempo e nem lugar. No tomo II do seu livro “De Caelo” (Dos Céus), propõe que “o Universo é finito e esférico, ou não terá centro e não pode se mover”.

Século IV a.C. – O astrônomo grego Calipo de Cízico (c. 370-c. 300 a.C.), aluno de Eudóxio, aperfeiçoa o modelo de seu mestre, adicionando mais sete esferas (duas para o Sol, duas para a Lua, uma para Mercúrio, uma para Vênus e uma para Marte), com o objetivo de explicar os complicados movimentos de Mercúrio e de Vênus, já que estes têm um afastamento limitado em relação ao Sol.Ele também propõe uma pequena alteração no ciclo de Meton: segundo este modelo (ciclo de Calipo), a repetição das fases lunares ocorre a cada 76 anos (quatro ciclos de Meton) menos um dia. Contudo, cálculos modernos permitem afirmar que, enquanto o ciclo de Meton tem um erro de cinco minutos para mais na duração de um ano solar, o erro do ciclo de calipo é de onze minutos para menos, sendo, portanto, menos acurado.

Século IV a.C. – O chinês Shi Shen faz o primeiro registro conhecido de manchas solares, que ele interpreta como sendo eclipses que se originam no centro do Sol e se deslocam para as regiões periféricas. Embora esteja errado, Shi reconhece as manchas pelo que são: fenômenos solares.Mancha solar é uma região do Sol com temperatura mais baixa que a das áreas circunvizinhas e com intensa atividade magnética. Uma mancha solar típica consiste em uma região central escura (umbra) rodeada por uma área mais clara (penumbra). Uma única mancha pode medir 12.000km (quase o diâmetro da Terra), mas um grupo de manchas chega a alcançar 120.000km ou mais.

Século IV a.C. – O grego Píteas (c. 350-c. 280 a.C.) é o primeiro a observar que as marés são causadas pela Lua.

386 a.C. – Eudóxio de Cnido compila um elenco das 47 estrelas mais brilhantes do céu, denominando-as conforme a posição que assumem na respectiva constelação. Por exemplo, ele escreve: “A estrela pequena do lado esquerdo da Águia”, “O joelho esquerdo de Ofiúco”, “A estrela no meio da cintura de Órion” e assim por diante.

365 a.C. – O astrônomo chinês Gan De parece haver observado o satélite Ganimedes do planeta Júpiter. Acredita-se ter sido ele também o primeiro astrônomo cujo nome se conhece a compilar um catálogo estelar.

365 a.C. – Aristóteles observa uma ocultação de Marte pela Lua e deduz que o Planeta Vermelho está mais distante da Terra que nosso satélite.Ocorre uma ocultação quando um corpo celeste é temporariamente escondido por outro, que se interpõe entre o primeiro e oobservador. Numa ocultação, o objeto maior (conforme visto da Terra) passa na frente do menor, ocultando-o completamente. É o contrário do trânsito, fenômeno em que um objeto menor passa na frente do maior e causa neste uma

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diminuição de brilho transitória.

Século III a.C. – Os gregos Aristilo (morto c. 260 a.C.) e Timocáris (c. 320-c. 260 a.C.) elaboram um dos primeiros catálogos estelares que se conhecem, utilizado posteriormente por Hiparco para estabelecer a precessão dos equinócios.

Século III a.C. – O astrônomo grego Aristarco de Samos (310-230 a.C.) é o primeiro a propor (c. 260 a.C.) que a Terra se move em volta do Sol (heliocentrismo), antecipando Copérnico em mais de 1.700 anos. No entanto, para defender seu modelo, tem de fazer duas suposições. A primeira delas é no sentido de justificar por que as estrelas parecem fixas, isto é, por que suas posições aparentes não mudam em consequência do movimento da Terra em torno do Sol. Essa imobilidade, afirma Aristarco, decorre da imensa distância em que se encontram as estrelas em relação à Terra. A sua segunda suposição não é original, já que havia sido considerada por Heráclides do Ponto, qual seja, a rotação da Terra em torno de seu eixo.Ademais, desenvolve um método para determinar as distâncias do Sol e da Lua à Terra e mede os tamanhos relativos da Terra, do Sol e da Lua. Chega à conclusão de que a distância Terra-Sol é de 8 milhões de km (valor correto: 149,6 milhões de km) e que a relação entre os diâmetros da Lua e do Sol é de 1/20 (valor correto: 1/400). Aristarco conclui ainda que as relações entre os diâmetros Lua-Terra e Terra-Sol valem, respectivamente, 1/3 e 1/7 (valores corretos: 1/3,67 e 1/109).

Século III a.C. – Astrônomos babilônios desenvolvem modelos matemáticos que lhes permitem prever o movimento dos planetas diretamente, sem recorrer ao registro de observações passadas.A astronomia babilônia exerce influência direta sobre as posteriores realizações astronômicas grega e helenística, da Índia clássica, da Síria, de Bizâncio, islâmica, da Ásia Central e da Europa Ocidental.

Século III a.C. – O grego Eratóstenes de Cirene (276-194 a.C.), diretor da Biblioteca de Alexandria de 236 a.C. até sua morte, é o primeiro a tentar medir (c. 240 a.C.) o diâmetro da Terra, determinando que a distância entre Alexandria e Siena (hoje Assuã, Egito) é pouco superior a 7° e que, levando em conta que um círculo completo mede 360°, a distância entre essas duas cidades corresponde a aproximadamente 1/50 da circunferência total da Terra, redutível depois ao diâmetro mediante a divisão pelo valor numérico de “pi” (3,141592653...). A circunferência terrestre calculada por Eratóstenes é de 39.690km (valor correto: 40.075km).Ademais, Eratóstenes provavelmente é o primeiro a construir (c. 255 a.C.) uma esfera armilar, modelo da esfera celeste concebido para mostrar o movimento aparente das estrelas ao redor da Terra (muitos séculos mais tarde, também ao redor do Sol). O nome vem do latim armilla (círculo, bracelete), uma vez que o instrumento é composto por diversos círculos graduados que mostram a eclíptica, o equador, os meridianos e os paralelos astronômicos. As esferas armilares são empregadas sobretudo no ensino de astronomia.

Século III a.C. – O matemático grego Apolônio de Perga (262-190 a.C.) explica o movimento dos planetas no céu das estrelas fixas, usando para isso o sistema epiciclo-

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deferente, sistema em que o centro de um círculo menor (epiciclo) se desloca ao longo de um círculo maior (deferente). O epiciclo representa o movimento circular do planeta, e o deferente é um círculo em cujo centro situa-se o astro em torno do qual orbita o planeta.

c. 275 a.C. – O grego Arato (310-240 a.C.), nascido na Cilícia, conclui “Fenômenos”, um dos poemas didáticos mais importantes do período helenístico. Em 1.154 versos hexâmetros, “Fenômenos” descreve o firmamento e as constelações então conhecidas.Séculos mais tarde, diversas traduções são feitas para o latim, destacando-se as de Cícero, Varrão e Ovídio.

240 a.C. – Anais chineses fornecem detalhada descrição da passagem de um cometa. Não é certo que as observações se refiram ao cometa Halley, mas, segundo cálculos modernos, ele passa pela Terra em maio.

238 a.C. – Ptolomeu III (faraó de 246 a 222 a.C.) tenta adicionar ao calendário egípcio um dia a cada quatro anos, mas essa medida não chega a ser implementada.

Século II a.C. – O filósofo e astrônomo babilônio Seleuco da Selêucia (c. 190-c. 150 a.C.) ensina a teoria heliocêntrica de Aristarco de Samos e estuda os movimentos dos planetas de acordo com esse modelo. Segundo o geógrafo grego Estrabão (c. 63 a.C.-c. 24 d.C.), Seleuco é o primeiro a afirmar que o universo é infinito, que as marés se devem à atração exercida pela Lua e que a altura das marés depende da posição da Lua relativamente ao Sol.

Século II a.C. – O grego Hiparco de Niceia (c. 190-c. 120 a.C.), considerado o maior astrônomo da era pré-cristã, constrói um observatório na ilha de Rodes, onde faz observações durante o período compreendido entre 162 e 127 a.C. Suas observações lhe permitem compilar (c. 135 a.C.) um catálogo com a posição no céu e a “grandeza” (hoje magnitude) de 850 estrelas, especificando, dessa forma, o seu brilho aparente. As estrelas estão classificadas em seis “grandezas”, correspondendo a 1ª às mais brilhantes e a 6ª àquelas que estão no limite da visibilidade do olho humano. Constrói também um globo celeste, representando as constelações conforme observadas por ele. Além disso, é atribuída a Hiparco (embora essa atribuição seja controversa) a descoberta (147-127 a.C.) da precessão dos equinócios, mudança lenta e gradual na orientação do eixo de rotação da Terra que faz com que a posição que indica o eixo da Terra na esfera celeste se desloque ao redor do polo da eclíptica, traçando um cone e percorrendo uma circunferência completa a cada 25.772 anos. Calcula que a Lua está à distância de 59 raios terrestres (o valor correto é 60,3). Determina a duração do ano com uma margem de erro de 6 minutos. Desenvolve os cálculos mais acurados até então para prever eclipses solares e lunares. Inventa o astrolábio (c. 150 a.C.), instrumento astronômico que mede a posição de um astro em relação ao horizonte. Com isso, é o primeiro a medir latitudes geográficas e a passagem do tempo (hora local) por meio da observação de estrelas. É também o primeiro a determinar com rigor matemático latitudes e longitudes de lugares na Terra.

Século II a.C. – Aglaonike, citada como a primeira astrônoma da Grécia, é tida como feiticeira por sua “habilidade em fazer a Lua desaparecer do céu”, o que sugere ser ela capaz de prever eclipses lunares.

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163 a.C. – O cometa Halley deve ter passado pelo periélio (ponto de maior aproximação ao Sol) em 5 de outubro, e os astrônomos chineses assinalam um cometa nesse período.

Século I a.C. – O filósofo romano Lucrécio (c. 99-c. 55 a.C.), em sua obra “De Rerum Natura” (“Sobre a Natureza das Coisas”), postula que o Universo não foi criado por um ser supremo, mas pela mistura de partículas elementares existentes desde sempre, governadas por algumas leis simples. O Universo de Lucrécio é infinito, preenchido por um número infinito de átomos.

87 a.C. – Observa-se na China um cometa, que parece ser o mesmo a que o naturalista e escritor romano Plínio, o Velho (23-79), faz alusão neste texto: “O cometa é um astro terrível e um sinal de derramamento de sangue. Já tivemos exemplo disso nas desordens civis sob o consulado de Otávio”. Provavelmente, trata-se do cometa Halley, cujo periélio, segundo cálculos modernos, ocorre em agosto.

87 a.C. – Data provável da construção do mecanismo de Anticitera, uma espécie de calculadora mecânica concebida para determinar a posição do Sol, da Lua, de Mercúrio, de Vênus e talvez dos três outros planetas então conhecidos (Marte, Júpiter e Saturno). Mostra as fases lunares e permite até mesmo prever eclipses. É tão complexo que apenas na Idade Média é possível reproduzir instrumentos tecnologicamente comparáveis. O nome deriva da ilha grega de Citera, nas proximidades da qual é descoberto (1901) em meio aos restos de um naufrágio.

46 a.C. – Júlio César (100-44 a.C.) adota um novo calendário, que fica conhecido como calendário juliano, para cuja elaboração consulta o astrônomo Sosígenes de Alexandria. O ano passa a ter 365 dias e 6 horas, iniciando-se em 1º de janeiro (antes começava em 1º de março). Embora o ano civil continue com 365 dias, o novo calendário institui, a cada 4 anos, o ano bissexto, de 366 dias, para recuperar as 6 horas perdidas todos os anos. Os meses, como os atuais, têm 30 ou 31 dias, menos o mês de fevereiro, com apenas 28 ou 29 dias, quando o ano é bissexto. Para corrigir o atraso acumulado ao longo dos séculos, Sosígenes acrescenta 90 dias ao ano 46 a.C., que teve 15 meses e 445 dias. Em 44 a.C., por ordem do General e Cônsul romano Marco Antônio(81-30 a.C.), o mês Quintilis passa a ser chamado de Julius (Julho) em homenagem a Júlio César. Em 8 a.C., por ordem do Senado romano, o mês Sextilis passa a ser chamado de Augustus (Agosto) em homenagem a Otávio Augusto (63 a.C.-14 d.C.), o primeiro imperador de Roma.

44 a.C. (julho) – Um cometa muito brilhante (formalmente, C/43 K1) aparece nos céus de Roma por uma semana e se torna um dos cometas mais famosos de toda a Antiguidade. Os romanos interpretam-no como sinal da deificação de Júlio César, cuja morte ocorrera quatro meses antes. Atinge a magnitude -4 e chega a ser visível durante o dia. É também conhecido como Cometa César ou Grande Cometa de 44 a.C.

28 a.C. – Primeiros registros detalhados conhecidos de observações de manchas solares, feitas por astrônomos chineses, que provavelmente puderam ver os maiores grupos de manchas quando a luz do sol foi filtrada pela poeira deslocada pelo vento nos desertos da Ásia Central.

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12 a.C. – Passagem do cometa Halley (periélio em 10 de outubro). A “História de Roma”, de Dion Cássio (c. 155-c. 235), registra: “Antes da morte de Agripa, viu-se um cometa pairando durante muitos dias sobre a cidade de Roma; ele apareceu em seguida transformado em muitas pequenas tochas”. O mesmo cometa é observado na China, de agosto a outubro, e as observações, bem detalhadas, não deixam dúvidas quanto a ser o cometa Halley. A proximidade desta passagem com a época atribuída pela Bíblia ao nascimento de Cristo faz com que o cometa Halley seja identificado, por vezes, com a Estrela de Belém, a qual, segundo o evangelista Mateus (capítulo 2, versículos 1 e 2), guiou os reis magos até Jesus. “Tendo nascido Jesus na cidade de Belém, na Judeia, no tempo do rei Herodes, alguns magos do Oriente chegaram a Jerusalém, e perguntaram: “Onde está o recém-nascido rei dos judeus? Nós vimos a sua estrela no Oriente, e viemos para prestar-lhe homenagem.””

4 a.C. (12 de março) – Ocorre um eclipse da Lua e, alguns dias depois, de acordo com o historiador judeu Flávio Josefo (37-c. 100), morre Herodes, o Grande (nascido por volta de 73 a.C. e rei da Judeia desde 37 a.C.). O fato de Herodes estar, segundo a Bíblia, ainda vivo quando Jesus nasceu é um dos principais argumentos utilizados para apontar erros na contagem dos anos da era cristã. Investigadores modernos situam o nascimento de Cristo entre os anos 7 e 4 a.C.

Século I d.C. – O filósofo romano Sêneca (c. 4 a.C.-65 d.C.), rejeitando a explicação “atmosférica” dada por Aristóteles acerca dos cometas, propõe uma atitude realmente científica frente ao problema das “estrelas de cabeleira”. Ele salienta a necessidade de se compilar todos os aparecimentos de cometas e chega a levantar a hipótese de que estes possam retornar periodicamente.

Século I – O historiador e biógrafo grego Plutarco (46-120) sugere que na Lua existem reentrâncias onde a luz do Sol jamais chega e que as manchas visíveis em sua superfície são resultantes de sombras de rios ou de abismos profundos. Também cogita a possibilidade de o satélite ser habitado.

66 – Em “A Guerra dos Hebreus contra os Romanos”, o historiador judeu Flávio Josefo escreve: “Aquele povo infeliz... fechou os olhos e cobriu os ouvidos para não ver nem ouvir os sinais seguros pelos quais Deus havia predito sua ruína. Citarei alguns desses sinais e dessas predições: um cometa, do tipo chamado Xiphias, porque sua cauda parece representar a lâmina de uma espada, foi visto sobre Jerusalém durante um ano inteiro...” Os judeus se rebelam contra os romanos em 66 e Jerusalém é destruída em 70. Os chineses também observam um cometa entre os meses de fevereiro e março. Segundo cálculos atuais, o Halley passa pelo periélio em 25 de janeiro.

Século II – O grego Cláudio Ptolomeu (c. 90- c. 168), último grande astrônomo da Antiguidade, compila (127-151) um volume sobre astronomia, dividido em treze seções ou livros (152 páginas numa edição impressa de 1515), conhecido como o “Almagesto” (“grande Tratado”, em árabe), que é a maior fonte de conhecimento astronômico na Grécia e um dos textos científicos mais influentes de todos os tempos. Nessa obra, Ptolomeu inclui um catálogo de estrelas baseado nos trabalhos de Hiparco; lista 48 constelações, cujos nomes prevalecem até hoje; descreve e aperfeiçoa os instrumentos usados pelos

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astrônomos, tendo, inclusive, no livro quinto do “Almagesto”, demonstrado como se constrói e usa um astrolábio; faz também uma descrição matemática detalhada dos movimentos do Sol e da Lua, o que lhe permite calcular com maior precisão as datas dos futuros eclipses solares e lunares.O conteúdo principal dos treze livros do “Almagesto” é o seguinte:I – sumário da teoria cosmológica de Aristóteles, com um firmamento de forma esférica, no centro do qual está a Terra, esférica e imóvel, em torno do qual orbitam os planetas e as estrelas fixas;II – nascer e pôr de objetos celestes, duração da luz do dia, determinação da latitude, pontos onde o sol está a pino, sombras projetadas pelo sol durante os equinócios e os solstícios;III – duração do ano e movimento do Sol; Ptolomeu explica a descoberta da precessão dos equinócios por Hiparco e introduz a teoria dos epiciclos;IV e V – movimento da Lua, paralaxe lunar, tamanho e distância do Sol e da Lua em relação à Terra;VI – eclipses solares e lunares;VII e VIII – movimentos das estrelas fixas (são fixas apenas em relação à Terra), incluindo precessão dos equinócios; catálogo com 1.022 estrelas, nos moldes do catálogo de Hiparco;IX – modelos para os cinco planetas visíveis a olho nu e movimento de Mercúrio;X – movimentos de Vênus e de Marte;XI – movimentos de Júpiter e de Saturno;XII – estações do ano e movimentos retrógrados dos planetas;XIII – movimentos de latitude, ou seja, desvio dos planetas em relação à eclíptica.A cosmologia do “Almagesto” compreende cinco pontos principais: a região celeste é esférica e se move como uma esfera; a Terra é uma esfera; a Terra está no centro do universo; a Terra, em relação à distância das estrelas fixas, não tem dimensões significativas e deve ser considerada como um ponto matemático; a Terra não se move.A contribuição mais importante de Ptolomeu é uma representação geométrica do Sistema Solar, geocêntrica, com círculos e epiciclos, que permite predizer o movimento dos planetas com considerável precisão e que é usada até o Renascimento, no século XVI.

141 – O único registro desta passagem do cometa Halley está nos anais astronômicos chineses. Data do periélio, segundo cálculos modernos: 22 de março.

185 (7 de dezembro) – Primeiro registro conhecido de uma supernova (SN 185), feito nos Anais Astrológicos chineses do Houhanshu. Localizada na constelação do Compasso, a aproximadamente 9.100 anos-luz da Terra, permanece visível por oito meses e atinge a magnitude aparente -7.Em astronomia, magnitude aparente é uma escala para representar numericamente o brilho de um astro conforme é visto da Terra, enquanto magnitude absoluta refere-se ao brilho que teria um astro à distância-padrão de 10 parcecs (32,6 anos-luz).Um ano-luz é a distância percorrida pela luz no vácuo, durante um ano juliano, à velocidade de 299.792,458km/s, ou seja, 9.460.730.472.580,8km (em geral, arredondado para 9,461 trilhões de km).

218 – Os chineses observam a passagem do cometa Halley a partir de 14 de abril (periélio provável: 17 de maio). Dion Cássio escreve: “Pouco antes da morte do imperador Macrinus, uma estrela, que por muitas noites estendeu sua cauda do Ocidente ao Oriente,

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causou grande medo”. Macrinus morreu em junho de 218.

295 – O cometa Halley é observado em maio pelos chineses. Data provável do periélio: 20 de abril.

325 – O primeiro Concílio de Niceia (atual Iznik, província de Bursa, Turquia) estabelece que a Páscoa deve ser celebrada por todos os cristãos no mesmo domingo, mas não determina uma fórmula precisa para calcular a data. Após vários séculos de controvérsias e disputas, a data para a celebração da Páscoa é finalmente determinada como sendo o primeiro domingo depois do início da primeira lua cheia do equinócio da primavera para o hemisfério norte (outono para o hemisfério sul), que a Igreja considera ocorrer em 21 de março (embora muitas vezes ocorra em 20 de março). Dessa forma, a data da Páscoa varia entre 22 de março e 25 de abril.Essa questão tem dupla importância. Primeiramente, a partir da data da Páscoa são determinadas as datas de diversas festas ou feriados móveis: carnaval (sete semanas antes), Pentecostes (sete domingos depois), Corpus Christi (sessenta dias depois). Ademais, é o fato de o calendário juliano então em vigor apresentar uma discrepância (para mais) de aproximadamente três dias a cada quatro séculos, o que provoca desajustes na data da Páscoa, que vai determinar, no século XVI, a reforma que resultará no calendário gregoriano.

363 (27 de junho) – Ocorre o mais longo eclipse solar já observado, com duração de sete minutos e 24 segundos.

374 – Os chineses registram a presença de um cometa, visível de março a maio. A passagem do Halley pelo periélio, conforme cálculos modernos, ocorre em 16 de fevereiro.

393 – Os chineses registram uma supernova (SN 393), visível por cerca de oito meses na constelação de Escorpião. A magnitude mínima é -1, e a distância à Terra é estimada em 3.000 anos-luz.

Século V – O romano Macrobius Ambrosius Theodosius (395-423) atribui aos egípcios a teoria planetária segundo a qual a Terra gira em torno do próprio eixo e os planetas internos (Mercúrio e Vênus) giram em torno do Sol, o qual, por sua vez, orbita a Terra. Tycho Brahe apresentará um sistema muito semelhante no século XVI.

451 – Um cometa é observado na China, nas constelações de Leão e de Virgem. No Ocidente, é visto de junho a agosto (periélio: 27 de junho), e muitos autores relacionam seu aparecimento com a vitória do general romano Aécio sobre Átila, ocorrida na Batalha dos Campos Catalaúnicos (20 de junho de 451). Este cometa deve ter sido o Halley.

499 – O matemático e astrônomo indiano Aryabhata (476-550) usa um modelo geocêntrico para afirmar que o período orbital de Júpiter em torno da Terra é de 4.332,272 dias. Na verdade, o período orbital de Júpiter em torno do Sol é de 4.332,59 dias.Ele também afirma que "A esfera das estrelas fixas é estacionária e a Terra, realizando uma revolução, produz o nascimento e o ocaso diário das estrelas e dos planetas".

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Século VI – O bispo francês Gregório de Tours (c. 538-593) utiliza os escritos do romano Marciano Capella (século V) para desenvolver um método que permite aos monges determinar o tempo das orações noturnas por meio da observação das estrelas.

c. 525 – O monge Dionísio Exíguo (c. 470-c. 544) reorganiza a contagem dos anos, cujo marco inicial deixa de ser a fundação de Roma. Ele estabelece que o ano 1 é o do nascimento de Jesus Cristo (não existe ano 0), mas comete erros nos cálculos, pois os historiadores modernos acreditam que Jesus nasceu entre os anos 7 e 4 a.C. Ele também introduz, para assinalar o período posterior ao nascimento de Cristo, a expressão A.D., “Anno Domini” (Ano do Senhor).

530 – Esta passagem do cometa Halley é observada na China e em Constantinopla, onde, segundo o astrônomo francês Alexandre Guy Pingré (1711-1796), “viu-se do lado do Ocidente, durante 20 dias, um cometa muito grande e assustador estendendo seus raios em direção à parte mais elevada do céu”. Data provável do periélio: 27 de setembro.

607 – Dois cometas aparecem e são observados na China, um em fevereiro e outro em abril. Á época em que surge o segundo coincide com a de uma passagem calculada do cometa Halley (periélio em 7 de março).

622 (16 de julho) – A fuga de Maomé de Medina (Hégira) constitui o ponto de partida do calendário islâmico, ou muçulmano. É um calendário lunar, com ciclos de trinta anos (360 lunações) divididos em dezenove anos de 354 dias e onze anos de 355 dias. Em média, 33 anos do calendário islâmico equivalem a 32 anos do calendário gregoriano.Os meses são nuharram, safar, rabi al-awwal, raby al-thaany, jumaada al-awal, jumaada al-thaany, rajab, sha'aban, ramadan, shawwal, dhu al-qidah e dhu al-hija.

628 – o astrônomo e matemático hindu Brahmagupta (598-668) publica “Brahmasphutasiddhanta”, livro em versos sobre Astronomia, com dois capítulos dedicados à matemática. Nessa obra, há a afirmação de que a Terra e as regiões celestes são esféricas e que a Terra se move. Brahmagupta também apresenta métodos para calcular conjunções e eclipses.Ocorre uma conjunção quando dois astros, observados a partir da Terra, estão na mesma longitude celeste, o que faz com que pareçam próximos um do outro no céu. Convém assinalar que conjunção tripla não é uma conjunção de três astros, mas três conjunções sucessivas de dois astros num curto espaço de tempo.

684 – O historiador chinês Ma-Toan-Lin menciona um cometa observado em setembro e outubro. Anotações japonesas confirmam tais aparecimentos.Passagem do Halley pelo periélio, conforme cálculos modernos: 2 de outubro.

687 – Os chineses fazem o primeiro registro conhecido de uma "chuva de meteoros", fenômeno que consiste na entrada de um grupo de partículas na atmosfera terrestre, observadas numa mesma região do céu. Essas partículas são constituídas de materiais perdidos por cometas (e, em menor escala) asteroides, quando passam perto do Sol.A Terra cruza anualmente regiões onde tais partículas existem em número considerável, resultando em chuvas regulares de meteoros, cujos nomes são derivados das constelações

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em que são visíveis. As principais chuvas de meteoros são Perseidas (agosto), Oriônidas (outubro), Leônidas (novembro) e Gemínidas (dezembro).Convém fazer aqui uma distinção:- meteoroide – corpo menor do Sistema Solar (fragmento de cometa ou asteroide, rocha ejetada por planeta ou satélite) cujo tamanho varia de milímetros a dezenas de metros;- meteorito – meteoroide que não se desintegra completamente ao entrar na atmosfera de um planeta e alcança a superfície. Os meteoritos que caem na Terra variam de partículas milimétricas a objetos com algumas toneladas;- meteoro – fenômeno luminoso que ocorre quando um meteoroide atravessa a atmosfera da Terra. Na cultura popular, os meteoros são chamados de “estrelas cadentes”.

Século VIII – O monge e erudito inglês Alcuíno de York (c. 735-804), ao dirigir em Paris a reforma educacional proposta pelo imperador franco-alemão Carlos Magno (742-814), defende a ideia de um modelo geo-heliocêntrico para o Sistema Solar, nos moldes do que havia sido proposto por Heráclides do Ponto.

723 – O monge inglês Beda, o Venerável (c. 673-735), termina “De temporum ratione” (Sobre o cálculo do tempo”), um texto influente que fornece aos religiosos os conhecimentos astronômicos práticos necessários para calcular a data da Páscoa. Essa obra constitui parte importante da educação dos clérigos até bem depois do surgimento das primeiras universidades, no século XII.

760 – “No vigésimo ano do reinado de Constantino”, escreve Alexandre Guy Pingré, “um cometa muito brilhante, semelhante a uma barra de ferro incandescente, apareceu durante três dias do lado do Oriente, e em seguida durante 21 dias no Ocidente”. Os registros dos chineses não deixam dúvidas: trata-se do cometa Halley.Periélio provável: 20 de maio.

Século IX – Sob o patrocínio do califa al-Mamun (786-833), tem início a observação astronômica sistemática entre os árabes. Em vários observatórios, de Bagdá a Damasco, são realizadas observações detalhadas do Sol, da Lua e dos planetas.

Século IX – Técnicas rudimentares para determinar as posições dos planetas circulam na Europa ocidental. Estudiosos da época reconhecem que elas contêm falhas, mas textos descrevendo essas técnicas continuam sendo copiados, o que reflete interesse nos movimentos dos planetas e no seu significado astrológico.

807 (17 de março) – O monge beneditino Adelmus observa uma grande mancha solar, visível durante oito dias. Ele pensa estar vendo um trânsito de Mercúrio.

c. 820 – O persa al-Khwarizmi (c. 780-c. 850) escreve “Zij al-Sindh”, primeira obra significativa da astronomia islâmica. Contém tabelas dos movimentos do Sol, da lua e dos cinco planetas então conhecidos.O livro é importante porque introduz conceitos ptolomaicos na ciência islâmica e assinala um ponto decisivo na astronomia daquele povo. Até aqui, os astrônomos muçulmanos se limitam a conhecimentos superficiais, traduzindo obras e aprendendo o que já havia sido descoberto por outros. O trabalho de Al-Khwarizmi marca o começo da utilização de

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métodos próprios de estudo e de cálculo.

c. 833 – O persa al-Farghani, conhecido no Ocidente como Alfraganus, escreve “Kitab fi Jawani”, (“Um compêndio da Ciência das Estrelas”), que fornece um resumo do “Almagesto” e faz correções nos valores obtidos por Ptolomeu com base em descobertas de astrônomos árabes anteriores. O livro circula amplamente no Islão e é traduzido para latim no século XII. É popular na Europa até a metade do século XV.

837 – A passagem do Halley desse ano é bem próxima do Sol (periélio em 28 de fevereiro) e dela encontramos vários registros (devidos, provavelmente, a seu grande esplendor), tanto nos anais chineses como em numerosos textos ocidentais, que o assinalam entre 11 de abril e 7 de maio. Cálculos modernos indicam que o Halley passa a 5,1 milhões de km da Terra, a menor distância entre todas as passagens observadas. A cauda pode ter-se estendido ao longo de 90° no céu, mas não há registro astronômico desse fato.

871 – Mercúrio chega a 77,3 milhões de km da Terra, a menor distância em aproximadamente 41.000 anos.

Séculos IX e X – O astrônomo árabe Abu-Abdullah Muhammad ibn Jabir al-Battani, conhecido como Albatênio (c. 858-929), constrói novos instrumentos astronômicos e melhora os existentes, tais como relógio de sol, esfera armilar e quadrante mural (quarto de círculo graduado utilizado para medir a altura dos astros em relação ao horizonte). Com eles, obtém melhores resultados que os de Ptolomeu, estabelecendo a posição correta do afélio terrestre (ponto mais distante do Sol) e obtendo valores mais precisos para o ano solar (erro de 2min22s para menos), para as estações e para a inclinação da eclíptica. Algumas medições que realiza são superiores às obtidas por Copérnico seis séculos mais tarde.

Século X – O francês Gerbert de Aurillac (c. 946-1003), papa Silvestre II a partir de 999, é um dos estudiosos europeus que viajam para a espanha e a Sicília (ambas sob dominação islâmica) à procura dos conhecimentos astronômicos dos povos de língua árabe de que ouvem falar. Lá os estudiosos encontram métodos práticos para contagem de tempo, cálculo de calendários e utilização do astrolábio. Jerbert reintroduz na Europa a esfera armilar, desaparecida do velho continente desde o final da era greco-romana. Além disso, divulga a astronomia e escreve diversos livros sobre o tema voltados para estudantes.

912 – Pingré escreve: “Sob o reinado do imperador Alexandre de Constantinopla, que durou de 11 de maio de 911 a 7 de junho de 912, viu-se por quinze dias um cometa no Ocidente. Chamaram-no de Xiphias, pois tinha a forma de uma espada”. Nesse caso, as observações chinesas e japonesas são contraditórias e por isso é difícil uma clara identificação com o cometa Halley, embora o periélio desta passagem seja calculado como tendo ocorrido em 18 de julho.

964 – O astrônomo persa Abd Al-Rahman Al-Sufi (903-986) estabelece o “livro das estrelas fixas”, que permite à astronomia moderna úteis comparações para a pesquisa das variações de brilho das estrelas. Os nomes árabes de algumas delas, dados por ele, ainda hoje permanecem: Aldebaran, Altair, Betelgeuse, Rigel... Neste livro, Al-Sufi faz o

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primeiro registro conhecido da Grande Nuvem de Magalhães e da galáxia de Andrômeda. São as primeiras galáxias (excluída a Via Láctea) observadas a partir da Terra.

989 – A passagem do Halley é relatada tanto na Europa quanto na China. Os textos chineses falam de dois cometas. O periélio do Halley, segundo cálculos modernos, ocorre em 5 de setembro.

Século XI – O astrônomo árabe Abu Ali al-Hasan Ibn Al-Haytham (965-1040), conhecido no Ocidente como Alhazen ou Alhacen, publica "Sobre A Luz da Lua", obra em que faz estudos sistemáticos do satélite da Terra, aplicando pela primeira vez matemática astronômica ao estudo da física.No livro “Al-Shuku ala Batlamyus” ("Dúvidas sobre Ptolomeu"), publicado em algum momento entre 1025 e 1028, critica vários aspectos da cosmologia do autor do Almagesto. Considera absurdo o fato de Ptolomeu ter tentado explicar movimentos reais dos corpos celestes com pontos, linhas e círculos matemáticos imaginários. Contudo, mantém o modelo geocêntrico da cosmologia ptolomaica.Em "Sobre a Via Láctea, postula que, contrariamente ao que Afirma Aristóteles, a Via Láctea não é um fenômeno atmosférico, mas está distante da Terra.Alhazen é um dos primeiros a desenvolver o método científico experimental em que se baseia a ciência moderna. Distingue a astrologia da astronomia e condena a utilização de teorias exclusivamente empíricas para explicar descobertas científicas.

Século XI – O médico e filósofo persa Abu-Ali al-Husain ibn Abdullah Ibn Sina, conhecido como Avicena (980-1037), critica o conceito aristotélico de que a luz das estrelas provém do Sol e defende a hipótese de que todos os corpos celestes têm luz própria.

Século XI - Hermann de Reichenau (1013-1054) escreve em latim sobre fabrico e usos do astrolábio, e Walcher de Malvern utiliza o astrolábio para observar o tempo dos eclipses, a fim de verificar a precisão dos cálculos da data da Páscoa.

1006 (30 de abril) – Terceiro registro de supernova (SN 1006)observada na Via Láctea, na constelação do Lobo (as anteriores foram as supernovas de 185 e de 393). Os chineses afirmam tê-la avistado durante mais de dois anos. Distante 7.200 anos-luz, chega a atingir a magnitude aparente -7,5, sendo a estrela mais brilhante já observada a olho nu.

1032 (24 de maio) – O astrônomo, médico e filósofo Avicena (c. 980-1037) faz o primeiro registro conhecido de um trânsito de Vênus. Ele conclui que Vênus está mais perto da Terra que o Sol e estabelece que, pelo menos às vezes, a órbita de Vênus é interna à da Terra relativamente ao Sol.Alguns estudiosos modernos põem em dúvida o fato de Avicena ter tido condições de visibilidade para observar este trânsito.Trânsito de Vênus é a passagem deste planeta entre a Terra e o Sol, ocultando uma pequena parte do disco solar. O efeito é semelhante ao de um eclipse do Sol pela Lua, mas em menor escala, devido à distância muito maior do planeta em relação à Terra, comparada com a do nosso satélite. Para que um trânsito desse tipo ocorra, é necessário que Vênus, O Sol e a Terra estejam alinhados.Os trânsitos de Vênus se repetem em ciclos de 243 anos. Ocorrem aos pares, com intervalo

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de oito anos, e cada par separado do seguinte por 121,5 ou 129,5 anos. Atualmente, ocorrem em junho ou em dezembro (essa configuração muda ao longo de uma escala de milhares de anos).

1054 (4 de julho) - Os anais astronômicos chineses registram o aparecimento, na constelação do Touro, de uma supernova tão brilhante (magnitude aparente -6) que é visível de dia (durante 23 dias) e pode ser vista no céu noturno por 653 dias (até abril de 1056). Essa supernova dá origem à nebulosa do Caranguejo, que tem 11 anos-luz (104 trilhões de km) de diâmetro e está distante de nós 6.500 anos-luz. Também é observada por astrônomos árabes, coreanos e japoneses.

1066 – Em abril, um grande cometa aparece na Europa e é considerado o anúncio e a causa da morte do rei anglo-saxão Haroldo II (ocorrida em 14 de outubro, na Batalha de Hastings), conforme foi perpetuado na célebre tapeçaria de Bayeux. Nesse trabalho, encontra-se a primeira representação gráfica de um cometa, observado com terror por um grupo de pessoas. A passagem do Halley é seguida e registrada com precisão na China, com periélio em 20 de março. Registros da época afirmam ter o cometa atingido magnitude aparente quatro vezes superior à de Vênus.

1074 – O poeta, matemático e astrônomo persa Omar Khayyam (1048-1131) monta um observatório e conduz trabalhos visando a compilar tabelas astronômicas, tendo também contribuído para a reforma do calendário Persa. Ademais, ele calcula a duração do ano como sendo de 365,24219858156 dias, valor preciso até a sexta casa decimal.

Século XII – Estudiosos continuam viajando para a Espanha e a Sicília à procura de textos astronômicos e astrológicos mais completos, que eles traduzem do árabe e do grego para o latim, aumentando assim o conhecimento sobre astronomia na Europa ocidental. A chegada desses “novos” textos coincide com o desenvolvimento das universidades na Europa medieval, onde encontram ambiente propício para divulgação.

1106 (2 de fevereiro) – Um grande cometa (formalmente denominado X/1106 C1) torna-se visível, sendo a passagem registrada na Europa (País de Gales e Inglaterra) e na Ásia (Coreia, Japão e China). É observado até a metade de março.

1129 – O monge e cronista inglês John de Worcester (morto c. 1140) descreve observações de manchas solares.

1145 – As observações chinesas assinalam um cometa visível de abril a junho. Na Europa, o astro é observado por um longo período a partir de maio. Uma passagem do Halley ocorre nesse ano, com periélio em 18 de abril.

c. 1150 – O italiano Geraldo de Cremona (c. 1114-1187) traduz o “Almagesto”, de Ptolomeu, do árabe para o latim, o que leva a Igreja Católica a adotar o livro como um "texto aprovado".Praticamente desconhecido no Ocidente nesta época, O “Almagesto” havia sido traduzido para o árabe a partir do século IX, sendo Sahl ibn Bishr (c. 786-c. 845) considerado o primeiro tradutor.

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A tradução de Cremona possibilita a “redescoberta” do “Almagesto” na Europa.

1178 (18 de junho) – Monges ingleses afirmam ter visto uma explosão na Lua, descrita em uma crônica por Gervase de Canterbury (1141-1210).

1181 (agosto) – Os chineses e os japoneses registram uma supernova na constelação de Cassiopeia, que permanece visível durante 185 dias. A magnitude mínima é -1, e a distância à Terra é estimada em 25.000 anos-luz.

1222 – A passagem de um cometa é registrada na China e na Europa entre setembro e outubro. As interpretações ocidentais associam-no à morte, em 1223, do rei francês Filipe II (n. 1165). Esse cometa é, possivelmente, o Halley, cujo periélio ocorre em 28 de setembro.

c. 1230 – O monge (provavelmente inglês, talvez escocês ou irlandês) Johannes de Sacrobosco (c. 1195-c. 1256) publica “Tractatus de Sphaera” (Tratado sobre a Esfera”), livro em quatro capítulos que apresenta elementos básicos de astronomia: conceito de esfera, aplicado inclusive à Terra, movimentos planetários, causas dos eclipses... Inspirado em grande parte no “Almagesto”, de Ptolomeu, e acrescentando ideias da astronomia árabe, torna-se uma das obras mais influentes na Europa antes de Nicolau Copérnico e livro de leitura de todas as universidades importantes da Europa ocidental pelos quatro séculos seguintes.

1235 – No livro “De Anni Ratione”, Johannes de Sacrobosco faz críticas ao calendário juliano, afirmando que há nele um erro de dez dias em relação ao tempo solar real e que algum tipo de correção precisa ser feito. Embora não faça sugestões para corrigir esse erro de dez dias já acumulado, propõe que, no futuro, um dia passe a ser eliminado do calendário a cada 288 anos.Neste livro, Sacrobosco divulga a informação falsa de que o imperador romano Augusto tirou um dia de fevereiro e o incorporou ao mês que leva seu nome (Augustus) para que este mês não tivesse menos dias que aquele que homenageia Júlio César (Iulius).

1252 – São publicadas, com o patrocínio do rei de Castela e Leão Afonso X (1221-1284), as chamadas "Tabuas Afonsinas”, que apresentam cálculos para as posições do Sol, da Lua e dos planetas em relação às estrelas fixas a partir de 1º de janeiro desse ano. Constituem uma revisão e uma melhoria das tabelas Ptolomaicas, tendo sido as melhores tabelas afins disponíveis durante a Idade Média e não são substituídas durante mais de três séculos. Os dados astronômicos acerca da posição e do movimento dos planetas contidos nessas tábuas são compilados em Toledo por aproximadamente cinquenta astrônomos, reunidos pelo rei para esse fim.

1259 – O filósofo, matemático e astrônomo persa Nasir ad-Din at-Tusi (1201-1274) termina, com a ajuda de astrônomos chineses, um observatório construído em Maragheh (Irã). O observatório conta com vários instrumentos, destacando-se um quadrante mural de 4m feito de cobre e um quadrante de azimute inventado por ele mesmo. Usando com precisão os movimentos planetários, ele modifica o modelo do sistema planetário de Ptolomeu, baseado em princípios mecânicos. O observatório e sua biblioteca se tornam um

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centro para um largo alcance de trabalho em ciência, matemática e filosofia.Nasir ad-Din at-Tusi afirma que a Via Láctea é formada por um grande número de estrelas bastante próximas entre si e a distância em relação à Terra confere o aspecto leitoso com que é vista. Isso será confirmado em 1610 por Galileu Galilei, no livro “Sidereus Nuncius”.

1264 (julho) – Um cometa muito brilhante (formalmente, C/1264 N1) aparece na Europa e permanece visível até o começo de outubro. Durante o período de maior esplendor (final de agosto e início de setembro), pode ser visto durante o dia (pela manhã).

Cronistas da época relatam vários eventos significativos ocorridos na Europa nesse tempo e relacionam o surgimento do cometa especialmente à morte do papa Urbano IV (n. c. 1195), que teria se sentido doente no mesmo dia em que o astro foi visto pela primeira vez e morrrido no dia em que ele desapareceu: 2 de outubro. Há registros dizendo que “o prodígio de uma estrela cabeluda” trouxe a doença do papa e saiu sorrateiramente depois da conclusão do trabalho.

Século XIV – No “Livre du ciel et du monde”, o francês Nicole d’Oresme (c. 1320-1385), bispo de Liseux, afirma que nem as Escrituras Sagradas nem os argumentos físicos contra o movimento da Terra são conclusivos e invoca a simplicidade a favor da teoria de que é a Terra que se move, e não o céu. Contudo, ele conclui: “Todo mundo sustenta, e eu mesmo acredito, que o céu se move, não a Terra; porque Deus criou o mundo, que não deve se mover”.

1301 – Vários historiadores relatam a passagem, entre setembro e outubro, de um cometa muito luminoso, que é visto por seis semanas. Provavelmente, essa passagem do cometa Halley (com periélio em 25 de outubro) inspira o pintor Giotto di Bondone (1267-1337) quando retrata o astro em seu afresco Adoração dos Reis Magos, de 1304.

1330 – O matemático e astrônomo judeu francês Levi Ben Gerson (1288-1344) constrói o instrumento denominado balestilha ou "bastão de Jacob", com o objetivo de determinar ângulos para utilização em navegação. O ângulo entre o horizonte e o Sol permite calcular a latitude em que determinado navio está; o ângulo entre o horizonte e a Estrela Polar possibilita aos marinheiros orientar-se durante a noite. O ângulo entre o topo e a base de um objeto fornece uma referência para calcular a distância do objeto em questão.Alguns estudiosos atribuem a invenção da balestilha ao também judeu francês Jacob ben Machir ibn Tibbon (c. 1236-c. 1304).Posteriormente, a balestilha é substituída pelo sextante, cujos resultados são mais precisos.

1378 – Embora seguida tanto na Europa quanto na China por seis semanas, essa passagem do cometa Halley não é tão brilhante quanto a anterior. O periélio ocorre em 10 de novembro.

1424 – O astrônomo e matemático mongol Ulugh Beg (1394-1449) inicia a construção (terminada cinco anos depois) de um observatório em Samarcanda (no atual Uzbequistão). Em suas observações, ele descobre vários erros nos cômputos de Ptolomeu, cujas figuras ainda estavam sendo usadas, e também nos cálculos dos árabes. Seu catálogo estelar de 994 estrelas (1437) é considerado o melhor em todo o período que vai de Ptolomeu (século II) a

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Brahe (século XVI).Ulugh Beg é decapitado por seu filho mais velho, 'Abd al-Latif, e depois disso o observatório cai em ruínas. Escrito em árabe, seu trabalho não é lido pela geração subsequente de astrônomos do mundo. Quando suas tabelas são traduzidas para o latim com o título "Tabulae longitudinis et latitudinis stellarum fixarum ex observatione Ulugbeighi" e editadas em Oxford por Thomas Hyde, em 1665, suas observações pré-telescópicas estão ultrapassadas.

1440 – o astrônomo, matemático e filósofo alemão, Cardeal Nicolau de Cusa (1401-1464), publica o livro "De Docta Ignorantia" (Sobre A Douta Ignorância), no qual afirma que a Terra gira em torno de seu eixo e em torno do Sol, que o Universo é infinito e que as estrelas são outros sóis com planetas habitados. Há ainda nesse livro uma ideia revolucionária: o princípio cosmológico segundo o qual o observador verá o Universo girar em torno de si em qualquer parte dele em que esteja, isto é, no Sol, na Terra, na Lua, em qualquer planeta ou mesmo estrela. Ou seja, o Universo não tem um centro propriamente dito, estando o centro do Universo em qualquer lugar.

1456 – O aparecimento do cometa Halley desse ano ocorre em junho (periélio no dia 9), e o cometa se encontra em posição tal que seu esplendor é extraordinário. As observações são numerosas. Alguns afirmam que o papa Calisto III (1378-1458) pediu a todos os cristãos que orassem para afastar o cometa.

1471 – É inaugurado, em Nuremberg, o primeiro observatório astronômico da Europa. O astrônomo e matemático alemão Johannes Müller von Königsberg, mais conhecido como Regiomontano (1436-1476), responde não apenas por sua construção, mas também pela equipagem do edifício com instrumentos desenhados por ele próprio.

1475 – O papa Sixto IV (1414-1484) pede a Regiomontano para efetuar estudos sobre a reforma do calendário, mas o astrônomo alemão morre no ano seguinte, sem realizar a tarefa.

1478 – O judeu espanhol Abraham Zacuto (1452-c. 1515) conclui “O Grande Livro”, tratado astronômico escrito em hebraico, composto de 65 tabelas detalhadas (efemérides), computadas a partir de 1473. Em 1496, uma tradução em latim é publicada em Portugal com o título “Tabulae tabularum Celestium motuum sive Almanach perpetuum”.Zacuto também inventa um novo tipo de astrolábio, apropriado para medir latitudes em alto-mar, por ser de operação mais simples.Tanto o livro como o astrolábio contribuem para melhorar significativamente a precisão das medições feitas pelos navegantes durante as viagens oceânicas. Em 1497, Vasco da Gama (1469-1524) leva ambos em sua primeira viagem às Índias.Em astronomia, efemérides são tabelas de valores que fornecem a posição de determinados astros no céu durante um tempo dado. Podem ser usadas na previsão de eclipses, conjunções, fases da Lua, etc. Contemporaneamente, as efemérides para o Sistema Solar são essenciais no cálculo das rotas que as naves espaciais devem seguir.

1492 (16 de novembro) – Um meteorito de 140kg cai em Ensisheim, na Alsácia, e é colocado na igreja local, onde é conservado até hoje. Trata-se do primeiro registro “oficial”

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da queda de um meteorito.

1499 - O navegador espanhol Vicente Yáñez Pinzón (c. 1462-c. 1514) observa a Nebulosa do Saco de Carvão, a mais proeminente nebulosa escura de todo o céu, facilmente visível a olho nu, situada na constelação do Cruzeiro do Sul, a aproximadamente 600 anos-luz da Terra. Com diâmetro compreendido entre 30 e 35 anos-luz (280 e 330 trilhões de km), é conhecida desde a pré-história no hemisfério sul e tem papel importante em várias culturas aborígenes australianas. Os incas chamavam esta nebulosa de Yutu, em alusão a um pássaro característico da região andina.

1500 (28 de abril) – Um integrante da esquadra de Pedro Álvares Cabral, João Meneslau, conhecido como "Mestre João" e que acompanha a frota na condição de "cirurgião e físico", envia ao rei Português D. Manuel I, por intermédio de Gaspar de Lemos, uma carta na qual faz referência a suas atividades astronômicas no novo mundo. Refere-se, na mencionada missiva, à "Cruz", nome pelo qual era conhecido o Cruzeiro do Sul, já observado por Hiparco e por Ptolomeu, que o consideravam parte da constelação do Centauro. Na "Cruz", Mestre João assinala o fato de que suas "Guardas", as estrelas alfa e gama, apontam na direção do polo sul celeste, tal qual as "Guardas" ou "Ponteiros" da Grande Ursa em relação ao polo norte celeste. Talvez por querer comparar em excesso é que Mestre João escreve ter visto uma estrela "pequena" e "muito clara", réplica austral da "Polaris" boreal. Mestre João observa ainda as principais estrelas da constelação do Centauro, do Triângulo (alfa, beta e delta) e do Pavão (beta, gama e delta). Bastante curioso é que, em sua carta, não tenha Mestre João feito qualquer menção a objetos já conhecidos de observadores dos céus austrais e que não têm equivalente no hemisfério norte, como as Nuvens de Magalhães, e que nenhuma palavra tenha dedicado ao "Saco de Carvão", nebulosa escura tão nítida no Cruzeiro do Sul.

1501 – O indiano Nilakantha Somayaji (1444-1544) conclui “Tantrasamgraha”, uma das obras mais importantes de toda a astronomia da Índia. Escrito em versos e em sânscrito, o livro (oito capítulos) apresenta uma síntese do conhecimento astronômico indiano então disponível. Ademais, propõe um modelo geo-heliocêntrico do Sistema Solar igual ao que Tycho Brahe apresentará no final do século XVI, em que os planetas (com exceção da Terra) giram em torno do Sol e todos juntos (o Sol inclusive) orbitam a Terra.

1514 – O astrônomo polonês Nicolau Copérnico (1473-1543) apresenta, pela primeira vez, sua teoria heliocêntrica no livro “Commentariolus” (Pequenos Comentários) (40 páginas), que circula apenas entre seus amigos. Escrito provavelmente a partir de 1506, é uma síntese do livro que, três décadas mais tarde, será publicado como “De Revolutionibus Orbium Coelestium”.

1521 (janeiro) – O veneziano Antonio Pigafetta (c. 1491-c. 1534), integrante da expedição dO navegador português Fernão de Magalhães (1480-1521) observa as hoje chamadas Nuvens de Magalhães, duas galáxias-satélites da Via Láctea, durante a primeira viagem bem-sucedida de circum-navegação da Terra.A Grande Nuvem de Magalhães, localizada nas constelações de Monte Mesa e Dourado, é a quarta maior galáxia do Grupo local, depois de Andrômeda (M31), Via Láctea e Triângulo (M33). Tem massa total equivalente a 10 bilhões de massas solares, está a

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157.000 anos-luz da Terra e apresenta magnitude aparente 0,9.A Pequena Nuvem de Magalhães, bem menor, é formada por algumas centenas de milhões de estrelas (A Via Láctea contém entre 200 e 400 bilhões). Localiza-se na constelação de Tucano, dista da Terra cerca de 200.000 anos-luz e apresenta magnitude aparente 2,7.

1524 – O astrônomo germânico Petrus Apianus (1495-1552) publica “Cosmographicus líber”. Apesar de ter pouco conteúdo original, baseando-se sobretudo na cosmologia de Ptolomeu, é uma obra popular até o final do século XVI, com pelo menos trinta edições em catorze línguas. Ricamente ilustrado, ensina técnicas de navegação com utilização de instrumentos e matemática.

1528 – Primeiro registro conhecido, em língua inglesa, da expressão “blue moon” (“lua azul)”, feito Num panfleto que ataca o clero. Originalmente, lua azul era a terceira lua cheia de uma estação do ano com quatro plenilúnios. Atualmente, lua azul é a segunda lua cheia de um mesmo mês, fenômeno que ocorre sete vezes a cada dezenove anos.

1531 – Durante esta passagem do cometa Halley, cujo periélio ocorre em 26 de agosto, Petrus Apianus observa que as caudas dos cometas estão sempre voltadas para a direção oposta à do Sol. Os conhecimentos hoje disponíveis permitem explicar esse fenômeno. Quando estão distantes do Sol, os cometas não têm cauda. À medida que se aproximam da estrela, o vento solar, emissão contínua de partículas eletricamente carregadas provenientes da coroa, empurra para trás parte da poeira e dos gases (coma ou cabeleira) que envolvem o núcleo cometário, formando a cauda. O processo inverso se dá quando, depois de passarem pelo periélio, os cometas se afastam do Sol: o vento solar empurra na direção dos cometas os gases e poeira que eles arrastam consigo, os quais voltam a se juntar ao núcleo, e então a cauda desaparece. As caudas dos cometas são, portanto, fenômenos cíclicos.

1536 – O italiano Marcellus Stellatus Palingenius (c. 1500-c. 1543) publica em Veneza, sob o pseudônimo Pier Angelo Manzolli, "Zodiacus Vitae", poema em latim composto de doze livros, cada um dedicado a um signo do zodíaco. Nessa obra, Palingenius afirma que o Universo é infinito.

1540 – Petrus Apianus publica, em Ingolstadt, "Astronomicum Caesareum", que dedica ao imperador Carlos V (1500-1558). É uma edição ilustrada da concepção cosmológica de Ptolomeu, constituindo-se num dos trabalhos mais importantes antes do aparecimento da obra de Copérnico.

1543 – Nicolau Copérnico publica, editado por Johannes Petreius, com tiragem inicial de quatrocentos exemplares e com a decisiva colaboração do matemático e astrônomo austríaco Georg Joachim von Lauchen, Rheticus (1514-1576), “De Revolutionibus Orbium Coelestium” (“Sobre as Revoluções dos Orbes Celestes”) (405 páginas), um dos livros mais importantes da história da ciência (escrito, provavelmente, entre 1506 e 1530). Nele, o astrônomo polonês propõe o heliocentrismo, que coloca o Sol no centro do Sistema Solar, contrariando o geocentrismo de Aristóteles e de Ptolomeu, e simplifica a compreensão dos movimentos planetários.O conteúdo dos seis livros (ou partes) em que está dividido o “De revolutionibus orbium

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coelestium” é, em essência, o seguinte:I – visão geral da teoria heliocêntrica e exposição resumida da cosmologia de Copérnico (capítulos 1 a 11), introdução básica à matemática trigonométrica (capítulos 11 a 14);II – descrição teórica do princípio da astronomia esférica e uma lista de estrelas, bases para os argumentos desenvolvidos nos livros seguintes;III – movimentos aparentes do Sol e fenômenos correlatos;IV – descrição da Lua, de seus movimentos orbitais e de fenômenos correlatos;V e VI – exposição propriamente dita do novo sistema e explicações sobre como calcular posições de objetos astronômicos com base no modelo heliocêntrico.O universo copernicano é formado por oito esferas. A mais externa compreende estrelas fixas imóveis, com o Sol imóvel no centro. Os planetas conhecidos orbitam o Sol, cada um na sua esfera. A lua também tem uma esfera própria, mas orbita a Terra. O que aparenta ser a revolução diária do Sol e das estrelas fixas ao redor da Terra é, na verdade, a rotação da Terra em torno do próprio eixo.A obra inclui cinco postulados que caracterizam o modelo heliocêntrico copernicano: 1. O princípio metafísico básico é o da perfeição do movimento circular; 2. O centro da Terra não é o centro do Universo, mas apenas o centro da esfera lunar; 3. O centro do mundo é Próximo do Sol; 4. É a Terra, e não a esfera das estrelas fixas, que gira em torno de seu eixo a cada 24 horas; 5. A distância Terra-Sol é muito menor do que a distância Sol-estrelas fixas.As ideias copernicanas abrem o caminho para o início do desenvolvimento da moderna ciência dos astros, contribuindo decisivamente para separar a astronomia da astrologia e da teologia.Juntamente com “De Humani Corporis Fabrica” (Da Organização do Corpo Humano), do holandês Andreas Vesalius (1514-1564), tratado de anatomia publicado também em 1543, “De revolutionibus orbium coelestium” marca o início do que muitos historiadores chamam de “Revolução Científica”, período caracterizado pelo importante desenvolvimento em matemática, física, astronomia, medicina, biologia e química, e que dá origem à ciência moderna.A fase final da Revolução Científica é o Iluminismo, movimento intelectual e cultural europeu com o objetivo declarado de “dissipar as trevas da humanidade por meio das luzes da razão”.

1549 – O teólogo alemão Philipp Melanchthon (1497-1563), principal colaborador de Martinho Lutero (1483-1546), critica Copérnico por escrito. Aponta o aparente conflito entre a teoria heliocêntrica e as Escrituras Sagradas e postula que “medidas severas devem ser adotadas para conter a impiedade dos copernicanos”.

1551 – o matemático alemão Erasmus Reinhold (1511-1553) publica, com base no modelo copernicano, novas tabelas astronômicas – as chamadas prutênicas ou prussianas (“Tabulae prutenicae“, em latim) –, superiores às alfonsinas, que haviam sido publicadas em 1252.

1556 (fevereiro) Um cometa muito brilhante (formalmente, C/1556 D1) aparece na Europa. O diâmetro aparente é igual à metade do da Lua, e a cauda é descrita como “a chama de uma tocha agitada pelo vento”.

A trajetória do cometa é observada por Paul Fabricius (1529-1589), um físico e matemático

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da corte de Carlos V (1500-1558), imperador do Sacro Império Romano Germânico

(1519-1556).

Este cometa é conhecido como Cometa de Carlos V. Ao avistá-lo pela primeira vez, o imperador fica horrorizado e fala: “Por meio deste sinal terrível, o meu destino me chama”. O monarca, que já considerava seriamente a possibilidade de deixar o governo, toma o aparecimento do cometa como um sinal divino e se retira para o mosteiro de Yuste, localizado na atual Província de cáceres, Espanha.

O frei dominicano português Gaspar da Cruz (morto em 1570) relaciona o aparecimento do cometa ao terremoto catastrófico ocorrido em 23 de janeiro deste mesmo ano em Shaanxi, na China, o mais mortífero de todos os tempos: entre 820.000 e 830.000 vítimas fatais. Em um livro de 1569, ele se pergunta se o cometa não teria sido um sinal de calamidade para o mundo inteiro, e não apenas para a China, e se não poderia ser uma indicação do nascimento do Anticristo.

Alguns estudiosos sugerem que o cometa de 1556 é o mesmo de 1264. Contudo, nada comprova essa hipótese.

1561 – O Observatório de Kassel (Alemanha) é erguido por ordem do conde Guilherme IV e funciona ativamente por mais de trinta anos, durante os quais são acumulados numerosos registros sobre planetas.

1563 – O Concílio de Trento (1545-1563) aprova um decreto determinando a correção do erro (de dez dias) acumulado pelo calendário juliano ao longo dos séculos, a fim de restituir à normalidade a fixação da data da Páscoa.

1568 – O papa Pio V (1504-1572) manda publicar um novo Breviário tentando ajustar as tabelas lunares e o sistema de anos bissextos, pois havia uma diferença de dez dias entre os anos trópico e juliano, o que interferia na data da Páscoa.

1570 – O Papa Pio V manda publicar um novo Missal tentando, mais uma vez, ajustar as tabelas lunares e o sistema de anos bissextos.

1570 (15 de fevereiro) – Ocorre uma ocultação de Júpiter por Vênus.

1572 – É inaugurado o Observatório do Colégio Romano, onde o astrônomo e jesuíta alemão Christopher Clavius (1538-1612) inicia observações regulares.

1572 (11 de novembro) – O astrônomo dinamarquês Tycho Brahe (1546-1601) observa uma “estrela nova”. Ele havia descoberto uma supernova, que hoje tem o seu nome, na constelação de Cassiopeia. Oficialmente SN 1572, está distante aproximadamente 8.000 anos-luz e, no momento de brilho máximo, atinge a magnitude -4.Embora tenha feito as observações mais acuradas dessa supernova, Brahe não é o único e nem mesmo o primeiro a registrá-la. A estrela também é vista por Wolfgang Schuler, Thomas Digges (1546-1595), John Dee (1527-1608), Francesco Maurolico (1494-1575) e Cornelius Gemma (1535-1578), entre outros.

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Na Inglaterra, a rainha Elizabeth I (1533-1603) chama o matemático e astrólogo Thomas Allen (1542-1632) “para ouvir o parecer dele acerca da nova estrela que apareceu em Cassiopeia”.Esta supernova é um evento de extraordinária importância na história da astronomia: leva à revisão de modelos cosmológicos antigos e demonstra a necessidade de produzir catálogos estelares mais acurados e, consequentemente, instrumentos de observação mais precisos.

1573 – Tycho Brahe publica o livro intitulado "De Nova Stella", (“Sobre A Estrela Nova”) para registrar a observação por ele feita, no ano anterior, acerca da existência de uma nova estrela nos céus. Em vista desse livro, eventos assim ficam conhecidos como "novas". Ao analisar suas próprias medidas e compará-las com as de outros observadores europeus, como as de Thomas Digges, Tycho Brahe descobre que essa “nova” estrela está muito além da Lua, indicando, portanto, um rompimento com a tradição aristotélica, segundo a qual tal objeto deveria estar na esfera sublunar, já que o céu era imutável. Registre-se que Tycho Brahe recusa o modelo de Copérnico porque ele contradiz a Bíblia e, também, porque não se observam paralaxes anuais das estrelas (diferenças na posição aparente de uma estrela vista de dois lugares distintos), uma consequência natural desse modelo.Em astronomia, “nova” é uma explosão termonuclear causada pela acumulação de hidrogênio na superfície de uma anã branca. Esse fenômeno é tão luminoso que estrelas invisíveis a olho nu passam a ser observáveis e aparecem como um brilho repentino no céu. Brahe pensa tratar-se de uma “estrela nova”, daí o nome. Na verdade, as novas são muito velhas, estrelas prestes a completar seu ciclo de existência. Os astrônomos estimam que cerca de quarenta novas surgem por ano na Via Láctea.Supernovas são explosões mais violentas que as novas, podendo atingir magnitudes absolutas bilhões de vezes superiores à do Sol. São eventos bem mais raros: estima-se que ocorra um deles a cada cinquenta anos na Via Láctea.

1576 – O astrônomo inglês Thomas Digges (1546-1595), o Primeiro a romper com a ideia das esferas fixas de Ptolomeu, considerando-os objetos a diferentes distâncias mas uniformemente distribuídos no espaço, decide escrever e anexar um suplemento a uma obra de seu pai, Leonard Digges (1520-1559), intitulada “Prognostication Everlasting”. O suplemento, escrito para divulgar a teoria heliocêntrica de Copérnico, da qual Thomas Digges é um dos mais apaixonados defensores na Inglaterra, intitula-se “A Perfit Description of the Coelestial Orbits” (Uma descrição Completa das Esferas Celestes) e acaba se tornando um dos trabalhos científicos mais populares na Inglaterra da época, a ponto de merecer pelo menos sete edições entre 1586 e 1605. A remoção das esferas fixas, indicando que as estrelas não se acham sempre à mesma distância do Sol, mas se distribuem pelo espaço infinito, constitui uma ruptura radical, que salta de um Universo medieval, finito, para o Cosmo infinito e uniformemente povoado de estrelas. Efetua-se, dessa maneira, decorridos apenas trinta anos da revolução copernicana, outra revolução, que abre caminho às modernas concepções do Universo.

1576 (8 de agosto) – Tycho Brahe começa a construção do mais importante observatório da era pré-telescópica, chamado Uraniborg (Castelo dos Céus), na ilha de Hven (Suécia). Oito anos mais tarde, Brahe conclui um segundo edifício com dependências subterrâneas, que visam a proteger os instrumentos contra a ação dos ventos da ilha.

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1577 (13 de novembro) – Tycho Brahe observa um cometa (oficialmente, C/1577 V1), visível durante vários meses, e usa a paralaxe para provar (por meio da medida da distância à Terra) que os cometas são objetos distantes e não fenômenos atmosféricos, como postulara Aristóteles. Ao atribuir a esses astros uma órbita elíptica (ovalada), Brahe contraria o pensamento dominante desde a Antiguidade, pois supunha-se até então que as órbitas dos corpos celestes deveriam, necessariamente, ser circulares, a forma mais perfeita, e a perfeição caracterizaria a região extralunar.

1582 (24 de fevereiro) – o papa Gregório XIII (1502-1585), assessorado principalmente por Christopher Clavius (1538-1612), decreta, por meio da bula “Inter Gravissimas”, a reforma do calendário juliano. Cria assim o calendário gregoriano, que vigora até hoje. O novo calendário suprime 10 dias do ano de 1582, saltando imediatamente do dia 4 de outubro (quinta-feira) para o dia 15 (sexta-feira) do mesmo mês. Ainda segundo as reformas instituídas por Gregório XIII, convenciona-se que só são bissextos os anos divisíveis por 4. Adota-se, no entanto, um critério especial para os anos de final de século: são bissextos apenas aqueles cujas centenas são divisíveis por 4 (1600, 2000). O ano de 1900, por exemplo, não foi bissexto, porque 19 não é divisível por 4; já o ano 2000 foi bissexto, porque 20 é divisível por 4. O calendário gregoriano é proposto num momento de grandes conflitos de ordem religiosa. Assim, de início, é aceito apenas nos países católicos: Itália, Espanha, Portugal (incluindo o Brasil), Polônia, França, Bélgica e Luxemburgo. Nos demais países, vai sendo adotado com o tempo.

1584 – A Áustria e partes da Suíça adotam o calendário gregoriano.

1584 – O monge dominicano e filósofo italiano Giordano Bruno (1548-1600), o primeiro a idealizar uma verdadeira construção cosmológica, indo muito além das limitações de Copérnico e lançando as bases da moderna concepção do Universo, em seu diálogo intitulado “De L’Infinito Universo et Mondi” (Do Infinito Universo e Mundos), escreve: “Uno, portanto, é o céu, o espaço imenso, o âmago, o continente universal, a eterna região onde tudo se move. Ali se encontram inumeráveis estrelas, astros, globos, sóis e terras, que, infinitos, argumentam racionalmente entre si. O Universo, imenso e infinito, é o composto resultante de tal espaço e de tantos corpos”. Nessa mesma obra, ao discorrer sobre os sóis e os mundos que povoam o Universo, esforçando-se por não permanecer num nível demasiadamente abstrato, Giordano Bruno se pergunta se tais sóis seriam visíveis de alguma forma. A resposta, um pouco indecisa, demonstra ter ele intuído que os outros sóis não poderiam ser senão estrelas. Esse é um ponto fundamental na história do pensamento científico: pela primeira vez se considera a natureza física das estrelas, vistas como astros semelhantes ao Sol, apenas diferentes entre si em termos de brilho aparente, devido às diferentes distâncias a que se encontram da Terra.

1587 – Tycho Brahe propõe para o Sistema Solar um modelo híbrido, com características heliocêntricas e geocêntricas. Segundo esse modelo, os planetas então conhecidos (Mercúrio, Vênus, Marte, Júpiter e Saturno) giram em torno do Sol, e todos juntos, incluindo o Sol, orbitam a Terra. Sendo Brahe um cientista eminente e tendo convicções religiosas bastante arraigadas, esta é a fórmula que ele encontra para conciliar o geocentrismo bíblico, defendido pela Igreja católica, com o heliocentrismo, cuja realidade

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se torna cada vez mais evidente à medida que os seus estudos em astronomia progridem

1587 – A Hungria adota o calendário gregoriano.

1590 (13 de outubro) – Ocorre a única ocultação registrada de Marte por Vênus, observada, em Heidelberg, pelo astrônomo e físico alemão Michael Maestlin (1550-1631), o mentor de Johannes Kepler.

1596 – No livro intitulado "Precursor dos Tratados Cosmográficos, contendo o Mistério Cósmico das admiráveis proporções entre as órbitas celestes e as verdadeiras e corretas razões dos seus Números, Grandezas e Movimentos Periódicos”, conhecido popularmente apenas como “Mistério Cosmográfico”, o astrônomo alemão Johannes Kepler (1571-1630) publica os primeiros resultados de seu modelo planetário, baseado no sistema copernicano.

1596 (3 de agosto) – É descoberta a primeira variação de brilho numa estrela (excluídas as novas e supernovas), ômicron Ceti, mais conhecida como Mira Ceti, pelo pastor protestante e astrônomo alemão David Fabricius (1564-1617). Fabricius pensa tratar-se de uma “nova”; em 1638, o astrônomo frísio Johannes Holwarda (1618-1651) compreende que a variação de brilho é cíclica. ômicron Ceti é considerada, portanto, a primeira estrela variável descoberta.Distante cerca de 420 anos-luz, seu brilho varia entre as magnitudes 2,0 e 10,1, completando um ciclo em aproximadamente 332 dias.Uma estrela cujo brilho varia contradiz o dogma aristotélico da imutabilidade e da incorruptibilidade do céu. Essa é mais uma descoberta que contribui para a progressiva perda de credibilidade do modelo geocêntrico.Segundo conceitos modernos, estrelas variáveis são estrelas cuja luminosidade apresenta variações ao longo do tempo. Dividem-se, inicialmente, em intrínsecas (aquelas cuja variação se deve a alterações das propriedades físicas da estrela) e extrínsecas (cuja variação no brilho resulta de fatores externos).Simplificadamente, as variáveis intrínsecas subdividem-se em três categorias:- pulsantes – as dimensões do astro aumentam e diminuem como parte de um processo evolutivo natural;- eruptivas – ocorrem erupções em suas superfícies, como labaredas e ejeções de matéria;- cataclísmicas – apresentam mudanças extraordinariamente significativas em suas propriedades físicas (novas e supernovas).As variáveis extrínsicas, por sua vez, classificam-se em dois grupos básicos:- binárias eclipsantes – estrelas duplas em que, conforme vistas da Terra, um componente passa diante do outro e o eclipsa, causando diminuição temporária do brilho estelar;- rotacionais – apresentam grandes manchas na superfície ou então, devido a uma velocidade de rotação extremamente elevada, têm formato ligeiramente elíptico.

1598 – Na obra “Astronomiae INstauratae Mechanica”, Tycho Brahe substitui o cattálogo de estrelas de Ptolomeu, ainda em uso, por um novo catálogo, baseado totalmente em observações independentes.

1600 – O físico inglês William Gilbert (1544-1603) publica "De Magnete", livro em que afirma ser a Terra um imenso ímã e defende a infinitude do Universo.

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Neste livro estão assentadas as bases para futuras teorias sobre magnetismo e eletricidade.

1600 (17 de fevereiro) – Depois de mais de sete anos de prisão (desde 1592) e de um longo julgamento, Giordano Bruno é Condenado pela Inquisição por heresia e queimado vivo no Campo de Fiori, em Roma.Três anos depois, todos os livros dele são colocados no “Index Librorum Prohibitorum” (relação de obras proibidas pela Igreja Católica), criado em 1559 pela Inquisição.

1603 (1º de setembro) – O astrônomo alemão Johann Bayer (1572-1625) publica “Uranometria”, primeiro atlas de toda a esfera celeste. Neste trabalho, introduz a designação das estrelas pela sua constelação e por letras gregas na ordem aproximada de brilho aparente, como, por exemplo, Alfa Centauri. Essa forma de designação estelar é usada até hoje.É importante ressaltar que este texto aparece ainda antes da introdução do telescópio na Astronomia, que só ocorre em 1609.

1604 – O astrônomo e matemático italiano Galileu Galilei (1564-1642) demonstra, no livro “De Moto Acceleratu” (“Sobre O Movimento Acelerado”), que o movimento de um corpo em queda livre é acelerado, crescendo em relação ao tempo. Ele conclui que a gravidade não produz movimento, somente o altera, uma vez que um corpo, livre da ação da gravidade, desloca-se com trajetória retilínea e velocidade uniforme, argumento que justifica o movimento dos astros.

1604 (9 de outubro) – a supernova de Johannes Kepler (oficialmente, SN 1604) é observada na constelação de Ofiúco. Distante cerca de 20.000 anos-luz da Terra, atinge a magnitude -2,5 e permanece visível por dezoito meses (inclusive durante o dia, ao longo de três semanas).Esta é a última supernova observada a olho nu na Via Láctea até hoje.

1607 – Johannes Kepler e Christian Longomontanus (1562-1647, um dinamarquês discípulo de Tycho Brahe, observam a passagem do cometa Halley, cujo periélio ocorre em 27 de outubro.

1608 – O fabricante de lentes holandês Hans Lippershey (1570-1619) tenta patentear um telescópio refrator óptico.

1609 – Johannes Kepler, usando as observações de Tycho Brahe, estabelece, no livro “Astronomia Nova”, suas duas primeiras leis empíricas do movimento planetário: 1. Os planetas descrevem órbitas elípticas, com o Sol num dos focos. 2. O raio vetor que liga um planeta ao Sol descreve áreas iguais em tempos iguais. A primeira lei de Kepler desfaz a crença no movimento circular dos planetas, vigente desde a Antiguidade, por estar o círculo relacionado à perfeição.

1609 (maio) – Galileu Galilei constrói o primeiro telescópio refrator óptico astronômico (perspicillum). Trata-se de uma modesta luneta, capaz de aumentar três vezes os objetos focados. No entanto, o progresso é rápido, a ponto de, no ano seguinte, Galileu dispor de um telescópio com capacidade de 33 aumentos.

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A partir da utilização destes instrumentos ópticos, tem início a astronomia moderna. O olho humano deixa de ser o único meio disponível para observar o céu, passando a receber o auxílio de telescópios cada vez mais potentes.

1609 (26 de julho) – O matemático e astrônomo inglês Thomas Harriot (1560-1621) é o primeiro a fazer desenhos da Lua com o auxílio de um telescópio, antecipando-se a Galileu Galilei em vários meses. Esses desenhos, contudo, são publicados apenas muitos anos depois da morte do autor.

1609 (agosto) – Utilizando seu telescópio, Galileu Galilei observa que a Lua possui vales, montanhas, "mares" e "oceanos".

1610 – Galileu Galilei vê os anéis de Saturno, mas não reconhece que são anéis. Além disso, ele observa as crateras da Lua, distingue as fases de Vênus e descobre que a Via Láctea é formada por estrelas. Com isso, Galileu dá início ao principal ramo da astronomia atual, a astrofísica (estudo da física do universo, incluindo as propriedades físicas dos objetos astronômicos, as interações entre eles e a dinâmica que os envolve).

1610 (7 de janeiro) – Galileu Galilei redige sua primeira carta descrevendo as observações telescópicas das crateras e superfície da Lua feitas por ele usando sua luneta com 20 aumentos. Ele escreve: “... é visto que a Lua não é evidentemente plana, lisa e de superfície regular, como acredita um grande número de pessoas, mas, pelo contrário, é áspera e desigual. Em resumo, ela está cheia de proeminências e cavidades semelhantes, mas muito maiores, que as montanhas e vales esparramados em cima da superfície da Terra”.

1610 (7 de Janeiro) – Galileu Galilei descobre dois dos quatro grandes satélites de Júpiter hoje conhecidos como “galileanos”: Ganimedes e Calisto.Ganimedes - É o maior satélite do Sistema Solar, com diâmetro de 5.268,4km (superior ao de Mercúrio) e período orbital de 7,154 dias, estando, em média, a 1.070.400km do planeta.Dados complementares – Superfície: 87 milhões de km2; volume: 76 bilhões de km3; massa: 148,19 quintilhões de toneladas (45% da de Mercúrio); densidade: 1,936g/cm3; gravidade: 0,146 G (a gravidade da Terra é de 1 G); magnitude aparente: 4,61.Calisto – Diâmetro: 4.820km (segundo maior satélite de Júpiter e terceiro de todo o Sistema Solar); período orbital: 16,689 dias; distância média do planeta: 1.882.700km; superfície: 73 milhões de km2; volume: 59 bilhões de km3; massa: 107,5 quintilhões de toneladas; densidade: 1,834g/cm3; gravidade: 0,126 G; magnitude aparente: 5,65.

1610 (8 de janeiro) - Galileu Galilei compreende que uma "terceira lua" vista na noite anterior era, na verdade, a luz combinada de dois satélites: Io e Europa.Io – Diâmetro: 3.660 x 3.637,4 x 3.630,6km (quarto maior satélite do Sistema Solar); período orbital: 1,769 dia; distância média do planeta: 421.700km; superfície: 41,910 milhões de km2; volume: 25,3 bilhões de km3; massa: 89,319 quintilhões de toneladas; densidade: 3,528g/cm3 (é o satélite mais denso do Sistema Solar); gravidade: 0,183 G; magnitude aparente: 5,02.Europa – Diâmetro: 3.138km (o menor dos “galileanos”); período orbital: 3,551 dias; distância média do planeta: 670.900km; superfície: 30,9 milhões de km2; volume: 15,93 bilhões de km3; massa: 48 quintilhões de toneladas; densidade: 3,01g/cm3; gravidade:

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0,134 G; magnitude aparente: 5,29.

1610 (13 de janeiro) Galileu Galilei vê ao mesmo tempo, pela primeira vez, os quatro satélites recém-descobertos. Ele denomina essas luas jovianas de “Estrelas medicianas”, em homenagem a Cósimo II de Medici (1590-1621), o quarto grão-duque da Toscana. Simon Marius (1573-1624), astrônomo alemão que dá a estes quatro satélites os nomes pelos quais são hoje conhecidos, afirma tê-los observado antes de Galileu, mas a “paternidade” de tal descoberta jamais lhe foi oficialmente atribuída.Trata-se dos primeiros corpos celestes até então observados girando ao redor de outro planeta, o que constitui um grande argumento a favor do heliocentrismo, pois a Terra perde o “status” de único corpo celeste ao redor do qual orbitam satélites.

1610 (março) – Galileu Galilei publica, em Veneza, editado por Tommaso Baglioni e com tiragem inicial de quinhentos exemplares, “Sidereus Nuncius” (“Mensageiro Sideral”) e comunica ao mundo as revolucionárias descobertas que acabara de fazer graças à sua pequena luneta. É um dos livros mais importantes e influentes de todos os tempos, o primeiro tratado científico escrito com base em observações telescópicas. Poucos meses antes, no auge de uma frenética atividade de observação, Galileu escrevera: “Sou infinitamente grato a Deus, que teve a bondade de fazer de mim o primeiro e o único observador de coisas admiráveis e que por séculos permaneceram ocultas”.“Sidereus Nuncius” está dividido em quatro partes, dedicadas, respectivamente, à Lua, às estrelas, à Via Láctea e aos satélites de Júpiter descobertos dois meses antes.No que se refere à Lua, Galileu postula que a superfície é irregular e que o satélite tem montanhas com altitudes superiores a 6.000m, o que contraria a teoria aristotélica da esfericidade perfeita dos corpos celestes que não a Terra.O italiano afirma que, com o telescópio, é possível ver ao menos dez vezes mais estrelas que a olho nu e faz desenhos do cinturão de Órion e das Plêiades de acordo com o que observa. Sustenta também que é capaz de ver estrelas de 12ª magnitude, seis magnitudes mais débeis que as que estão no limite da visibilidade humana à vista desarmada.Outra revelação surpreendente é a de que a Via Láctea, ao contrário do que se pensava, não é um objeto contínuo e nebuloso, mas está formada por miríades de estrelas, muito distantes e fracas para serem distinguidas a olho nu, mas perfeitamente visíveis com o telescópio.Por fim, Galileu oferece uma série de ilustrações e de registros meticulosos das observações das luas de Júpiter feitas entre o final de janeiro e o início de março.A repercussão de “Sidereus Nuncius” é enorme. Ensinamentos tidos como inquestionáveis havia séculos são postos em dúvida, obrigando a uma revisão geral dos conhecimentos sobre Astronomia e sobre a estrutura do universo.

1610 (depois de março) – Num trabalho intitulado “Dissertatio cum Muncio Sidereo” (“Conversação com O Mensageiro Sideral”), Johannes Kepler usa o fato de que o céu é escuro à noite como argumento para provar que o Universo é finito, como que encerrado por uma parede cósmica escura, rejeitando com veemência a ideia de um Universo infinito recoberto de estrelas, que nessa época estava ganhando vários adeptos, principalmente depois da comprovação, por Galileu Galilei, de que a Via Láctea é composta de uma miríade de estrelas. É a primeira formulação daquilo que mais tarde será conhecido como paradoxo de Olbers.

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1610 (setembro) - Galileu Galilei observa Marte, sugerindo, de forma correta, que o planeta não é perfeitamente esférico, embora não lhe seja possível distinguir detalhes da superfície.

1610 (último trimestre) –Thomas Harriot apresenta os primeiros diagramas sobre as manchas solares.Ele também sustenta que as leis de Kepler enunciadas em 1609 são válidas para os cometas, defendendo a ideia de que estes astros orbitam o Sol.

1610 (26 de novembro) – O astrônomo francês Nicholas-Claude Peiresc (1580-1637) descobre a primeira nebulosa gasosa, difusa e brilhante, que é hoje conhecida como nebulosa de Órion (M 42), em torno da estrela Theta Orionis.Situada a aproximadamente 1350 anos-luz da Terra, é visível a olho nu (magnitude 4) e tem diâmetro estimado de 24 anos-luz (227 trilhões de km). Nela se encontra o aglomerado estelar do Trapézio.

1611 (1º de janeiro) – numa carta dirigida a Giuliano de Médici (1469-1516), Galileu Galilei dá conhecimento de suas observações sobre as fases de Vênus, o que é mais um indício a favor do heliocentrismo. O raciocínio de Galileu é o seguinte: De acordo com o geocentrismo, Vênus, assim como todos os planetas e o Sol, gira em torno da Terra. Considerando que Vênus está mais próximo da Terra do que o Sol, ele permanece invariavelmente entre estes dois astros. Dependendo do ângulo em que esteja para um observador aqui na Terra, Vênus pode ser visto ou não, resultando daí que só existem as fases crescente (quando é visível) e nova (quando não é). No modelo heliocêntrico, todos os planetas, inclusive a Terra, giram em torno do Sol e, considerando que Vênus está a uma distância solar menor do que a terrestre, leva menos tempo para completar uma órbita. Por isso, a cada movimento de translação, ultrapassa o nosso planeta, estando às vezes do mesmo lado do Sol que a Terra e às vezes do lado oposto, quando pode ser visto com maior nitidez e atinge a fase cheia. Então, se Vênus tem as quatro fases, como acaba de constatar, e não apenas duas, conforme propõem os aristotélicos, isso significa que ele gira ao redor do Sol, e não em torno da Terra.

1611 (14 de abril) – O matemático grego Giovanni Demisiani (morto em 1614) emprega pela primeira vez a palavra "telescópio", numa festa oferecida pelo Príncipe italiano Federico Cesi (1585-1630). O termo deriva do grego tele (longe) e skopein (ver).

1611 (13 de junho) – O Astrônomo holandês Johannes Fabricius (1587-1616), filho de David Fabricius, é o primeiro cientista a publicar informação sobre observações de manchas solares, em seu “Narração de Manchas Observadas no Sol e a Rotação Aparente delas com o Sol”.

1612 – Galileu Galilei começa a observar Mercúrio, e dos seus escritos deduz-se que ele está convencido de que esse planeta tem fases, embora seu instrumento não lhe permita observá-las diretamente.

1612 (5 de janeiro) – O jesuíta alemão Christopher Scheiner (c. 1573-1650) publica as “Cartas de Apelles”, nas quais expõe o resultado das observações que fizera, a partir do ano

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anterior, de manchas solares, atribuindo-as à sombra projetada no Sol por pequenos corpos opacos que, segundo ele, orbitam a estrela. Portanto, para Scheiner, as tais manchas são apenas uma ilusão de óptica. Este livro dá início a uma violenta polêmica com Galileu Galilei.

1612 (15 de dezembro) – Simon Marius é o primeiro europeu a observar a Galáxia de Andrômeda (M31), distante aproximadamente 2,54 milhões de anos-luz e maior galáxia do Grupo Local (diâmetro de 220.000 anos-luz), do qual faz parte a Via Láctea. Segundo estimativas recentes, Andrômeda contem 1 trilhão de estrelas e possui massa equivalente a 710 bilhões de sóis. Com magnitude aparente de 3,4, as partes centrais da galáxia são visíveis a olho nu.

1612 (28 de dezembro) – Galileu Galilei registra a observação de um astro luminoso que, mais de três séculos depois (1980), é identificado por astrônomos estadunidenses como sendo Netuno. Outra observação semelhante é registrada em 27 de janeiro de 1613.

1613 (abril) – Galileu Galilei publica o livro “Istoria E Dimostrazione Intorno alle Macchie Solare” (“História e Demonstração em Torno das Manchas Solares”), no qual observações das manchas solares são utilizadas com o objetivo de provar a existência da rotação do Sol. Ele assume assim, publicamente, o sistema heliocêntrico de Nicolau Copérnico. Trata-se de uma resposta ao livro de Christopher Scheiner, acirrando uma polêmica que durará anos.Uma novidade em relação a esta obra é que ela está escrita em italiano, e não em latim, como era costume na época. Segundo Galileu, ele pretende que o livro possa ser lido pelas pessoas comuns, não estando restrito a letrados que sabem latim. A partir daí, escreverá em italiano todas as suas obras.No final desse mesmo ano, em carta ao discípulo Benedetto Castelli (1578-1643), afirma que o caráter alegórico das Sagradas Escrituras não autoriza conclusões sérias, visto serem destituídas de qualquer teor científico.

1614 – Simon Marius publica "Mundus Iovialis", descrevendo o planeta Júpiter e suas luas. Na obra, afirma ter descoberto as quatro maiores luas de Júpiter dias antes de Galileu, dando início a uma disputa com o cientista italiano.Neste livro, Marius dá a estes satélites seus nomes atuais: Calisto, Europa, Ganimedes e Io.

1615 – Galileu Galilei escreve a Carta à Grã-Duquesa Cristina, dirigida a Cristina de Lorena (1565-1636) viúva de Ferdinando I de Medici (1549-1609), Grão-Duque da Toscana (1587-1609). A carta, na verdade um ensaio, faz considerações acerca da relação entre as descobertas do autor sobre o heliocentrismo e as Escrituras Sagradas. Galileu afirma que, sempre que uma observação astronômica discordar de uma passagem bíblica, deve-se revisar a interpretação daquele trecho das Sagradas Escrituras, pois é provável que os homens tenham analisado equivocadamente o que Deus lhes quis dizer. Argumenta que, se Deus houvesse pretendido ensinar Astronomia por meio das Sagradas Escrituras, o teria feito. Como não o fez, cabe aos homens desvendar o Universo e interpretar-lhe a estrutura de acordo com a razão. Ele escreve ainda: “Eu afirmo que o Sol está localizado no centro das revoluções dos orbes celestes e não se move, enquanto a Terra gira em torno de si mesma e do Sol. Além disso, eu sustento este ponto de vista não apenas refutando os argumentos de Ptolomeu e de Aristóteles, mas também produzindo muitos que comprovam

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o oposto, especialmente alguns relativos a efeitos físicos cujas causas provavelmente não podem ser determinadas de outra maneira, bem como inúmeras descobertas astronômicas. Essas descobertas contestam claramente o sistema ptolomaico e concordam de modo admirável com esta outra posição, e a confirmam”.A Carta à Grã-Duquesa Cristina é decisiva para a condenação do heliocentrismo pela Igreja Católica, no ano seguinte.

1616 – A repercussão das declarações de Galileu sobre o heliocentrismo é tão violenta, e os ânimos se exaltam a tal ponto que culminam com a inclusão do “De revolutionibus orbium coelestium”, de Copérnico, no “Index Librorum Proibitorum”. Algumas passagens bíblicas são apontadas como "provas" contra o heliocentrismo, estando a mais citada delas em Josué, capítulo 10, versículos 12 e 13: "No dia em que Javé entregou os amorreus aos israelitas, Josué falou a Javé e disse na presença de Israel: "Sol, detenha-se em Gabaon! E você, lua, no vale de Aialon!" E o sol se deteve e a lua ficou parada, até que o povo se vingou dos inimigos. No Livro do Justo está escrito assim: "O sol ficou parado no meio do céu e um dia inteiro ficou sem ocaso".Outras passagens bíblicas usadas para argumentar que a Terra é o centro do Universo:Salmo 93, 1: “Javé é Rei, vestido de majestade, Javé está vestido e envolto em poder: o mundo está firme e jamais tremerá”.Salmo 96, 10: “Digam às nações: Javé é Rei! Ele firmou o mundo, que jamais tremerá. Ele governa os povos com retidão”.Salmo 104, 5: “Assentaste a terra sobre suas bases, inabalável para sempre e eternamente”.I Crônicas, 16, 30: “Terra inteira, trema na presença de Javé! Ele firmou o mundo, que jamais tremerá”.Eclesiastes 1, 4 e 5: “Geração vai, geração vem, e a terra permanece sempre a mesma. O sol se levanta, o sol se põe, voltando depressa para o lugar de onde novamente se levantará”.Em 25 de fevereiro, o cardeal Roberto Bellarmino (1542-1621) intima Galileu Galilei a renunciar à sua afirmação de que a Terra gira em torno do Sol. Ele fica proibido de discutir o heliocentrismo. Em 5 de março, A teoria de Copérnico é condenada oficialmente pela Igreja. A proposição segundo a qual o Sol é o centro imóvel do Universo é declarada falsa, filosoficamente absurda e formalmente herética por uma comissão do Santo Ofício presidida pelo cardeal Bellarmino. O livro de Copérnico, apesar de ser incluído no Index, não é proibido de todo, ordenando-se a elaboração de uma nova edição com a supressão de passagens consideradas contrárias à fé católica.

1616 – O astrônomo e jesuíta italiano Niccolò Zucchi (1586-1670) substitui a lente de um telescópio refrator por um espelho parabólico de bronze, mas não obtém bons resultados. É a primeira tentativa conhecida de construir um telescópio refletor, que Zucchi relata no livro “Optica philosophia experimentalis et ratione a fundamentis constituta", publicado em 1652.

1618 – O jesuíta e geômetra suíço Johann Baptist Cysat (1587-1657), discípulo do também jesuíta Orazio Grassi (1583-1654), é o primeiro a estudar um cometa com um telescópio e fornece a primeira descrição conhecida do núcleo e da coma de um cometa.Instaura-se uma polêmica acerca dos cometas, tendo de um dos lados Galileu Galilei e do outro Johannes Kepler e Orazio Grassi. Enquanto o cientista italiano defende a concepção

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aristotélica da origem atmosférica, o astrônomo alemão e o religioso sustentam, corretamente, que os cometas são corpos celestes e pertencem à região extralunar.

1618 – Johannes Kepler, em seu tratado “Epitome Astronomiae Copernicae” (“Síntese da Astronomia de Copérnico”), fornece uma representação do Universo, segundo a visão de Giordano Bruno, por meio de uma ilustração na qual as estrelas se distribuem uniformemente sobre um fundo escuro, e uma letra M, próxima de uma estrela qualquer, indica a posição não privilegiada do Sol, do nosso mundo (daí a letra M).

1618 (20 de julho) – Plutão atinge o afélio, de acordo com cálculos modernos. Contudo, somente três séculos mais tarde (1930), o astro é oficialmente descoberto.

1619 – Johannes Kepler publica “Harmonices Mundi (“Harmonia do Mundo”) e postula um vento solar para explicar a direção das caudas dos cometas. Ele também estabelece (no quinto e último capítulo) a sua terceira lei empírica do movimento planetário: os quadrados dos períodos de revolução são proporcionais aos cubos das distâncias médias do Sol aos planetas. Isso significa que, quanto mais afastado um planeta está da estrela em torno da qual gira, menor é sua velocidade de translação. Ademais, essa lei kepleriana permite, conhecendo-se o período de translação, estabelecer a distância a que um planeta orbita uma estrela.Considerando que a força de gravidade depende da massa dos corpos e da distância a que estão um do outro, a terceira lei de Kepler será decisiva para a descoberta, várias décadas mais tarde, da Lei da Gravitação Universal.

1620 – Uma versão revisada do “ De revolutionibus orbium coelestium “ é formalmente aprovada pela Igreja. Nove frases que apresentavam o sistema heliocêntrico como correto são omitidas ou modificadas.

1621 – O astrônomo e padre francês Pierre Gassendi (1592-1655) descreve as auroras boreais, cunhando também o nome do evento. Trata-se de um fenômeno óptico composto de um brilho observado nos céus noturnos nas regiões polares, em decorrência do impacto de partículas de vento solar e da poeira espacial encontrada na via láctea com a alta atmosfera da Terra, canalizadas pelo campo magnético terrestre. As auroras boreais ocorrem no hemisfério norte, dando-se aos fenômenos equivalentes do hemisfério sul o nome de auroras austrais.Genericamente, fala-se em auroras polares, observadas também em outros planetas do Sistema Solar (Vênus, Marte, Júpiter e Saturno).

1623 (outugro) – Galileu Galilei publica “Il Saggiatore” (“O Ensaiador”), obra na qual demonstra que as observações astronômicas estão mais de acordo com o heliocentrismo, afirma (erroneamente) que os cometas e as auroras boreais são ilusões ópticas causadas por reflexões em vapores terrestres que atingem o céu além da Lua e elabora um argumento que se torna famoso: “A Filosofia, isto é, a Física, está escrita neste grande livro – refiro-me ao Universo –, que está sempre aberto ao nosso olhar atento, mas que não pode ser entendido, a menos que antes aprendamos a compreender a linguagem e a interpretar os símbolos em que está redigido. Ele está escrito na linguagem da Matemática, e os seus símbolos são triângulos, círculos e outras figuras geométricas, sem as quais é humanamente impossível

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entender uma só palavra. Sem elas, caminhamos a esmo num labirinto escuro. A Matemática é, em suma, a linguagem de Deus”.

1624 – Numa carta dirigida a Francesco Ingoli (1578-1649), um estudioso de Ravenna (Itália), Galileu Galilei escreve: “As estrelas fixas, senhor Ingoli, brilham por si mesmas, como já provei anteriormente, e, portanto, nada lhes falta para poderem ser chamadas sóis”. Galileu concorda, pois, com as ideias acerca das estrelas defendidas quatro décadas antes por Giordano Bruno.

1627 – Johannes Kepler publica seu último trabalho: "Tabelas Rodolfinas", em homenagem ao Imperador do Sacro Império Romano Germânico Rodolfo II (1552-1612) e dedicadas à memória de Tycho Brahe, as quais contêm as observações de Tycho e dele próprio sobre o movimento dos planetas. Em sua confecção, Kepler utiliza um novo método de cálculo matemático (os logaritmos) inventado pelo matemático escocês John Napier (1550-1617), em 1614.

1627 – Johannes Kepler faz a primeira previsão conhecida de um trânsito de Vênus, para o ano de 1631 (o fenômeno ocorre em 7 de dezembro). Contudo, os conhecimentos de que dispõe não permitem prever que o evento não será visível da maior parte da Europa, e consequentemente ninguém é capaz de usar os cálculos de Kepler para observar o trânsito.Ele também prevê um trânsito de Mercúrio, que é observado quatro anos mais tarde.

1631 (7 de novembro) – Pierre Gassendi faz a primeira observação de um trânsito de Mercúrio, o qual havia sido previsto por Kepler.Ocorre um trânsito quando um planeta, visível da Terra, passa entre esta e o Sol, ocultando parte do disco solar. É semelhante a um eclipse, e os três corpos celestes (Terra, planeta e Sol) precisam estar alinhados. Pode haver apenas trânsitos de Mercúrio e de Vênus, os únicos planetas internos à órbita terrestre.Trânsitos de Mercúrio ocorrem em maio e em novembro, com a frequência de treze ou catorze por século.

1632 – Galileu Galilei publica, em Florença, “Dialogo sopra I Due Massimi Sistemi del Mondo” (“Diálogo sobre os Dois Máximos Sistemas do Mundo”), com clara inclinação pelo heliocentrismo, o que contraria uma recomendação expressa do papa Urbano VIII (1568-1644), que havia condicionado a autorização para a publicação da obra a um tratamento igualitário entre os modelos geocêntrico e heliocêntrico. A violação dessa recomendação papal provoca a abertura de um processo da Inquisição contra o cientista.

1632 – É fundado o Observatório de Leiden (Sterrewacht Leiden, em holandês, nos Países Baixos. É o primeiro observatório importante da era pós-telescópica e o mais antigo atualmente em funcionamento.

1633 (22 de junho) – Diante do Santo Ofício, Galileu Galilei, temendo o agravamento da sua situação e para evitar uma condenação por heresia (o que poderia significar a morte na fogueira)se vê obrigado a abjurar (voltar atrás e negar tudo o que escrevera). É considerado “gravemente suspeito de heresia” e condenado a passar os últimos oito anos de sua vida sob prisão domiciliar.

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O “Diálogo sobre os Dois Máximos Sistemas do Mundo” é colocado no Index, de onde só será retirado dois séculos mais tarde.Todas as obras de Galileu são proibidas, sejam elas passadas ou futuras, mas ele viola a proibição ao publicar “Discorsi e dimostrazioni matematiche intorno a due nuove scienze” (“Discursos e demonstrações matemáticas sobre duas novas ciências”), livro publicado em Leiden, em 1638, o qual trata da Física e da Mecânica.

1634 – É publicado, postumamente, o livro "Somnium sive opus postumum de astronomia lunari", de Johannes Kepler, que relata uma viagem à Lua feita pelo adolescente Duracotus, personagem central da narrativa e uma projeção literária do próprio autor. Mescla de autobiografia e de ficção, o livro é considerado precursor e inspirador da futura novela de aventuras siderais.

1635 – O “Diálogo sobre os Dois Máximos Sistemas do Mundo” é traduzido para latim, com o título “Systema cosmicum”, pelo filólogo e astrônomo alemão Matthias Bernegger (1582-1640), e circula clandestinamente na Europa.

1637 – É inaugurado o Observatório de Copenhague, sob a direção de Christian Longomontanus.

1638 – É publicado (postumamente) “The Man in the Moon” (O homem na Lua), do bispo inglês Francis Godwin (1562-1633). Juntamente com “Somnium sive opus posthumum de astronomia lunaris”, de Kepler, é considerado um dos primeiros livros de ficção científica. O enredo gira em torno de uma viagem do protagonista, Domingo Gonsales, à Lua, onde ele encontra cristãos de elevada estatura que vivem felizes e livres de preocupações numa espécie de paraíso pastoral. No prólogo, Gonsales afirma não ser uma viagem à Lua mais fantástica do que era uma viagem à América em tempos passados.

1639 – O astrônomo e jesuíta italiano Zupus – Giovanni Battista Zupi (c. 1590-1650) – consegue distinguir as fases de Mercúrio, demonstrando conclusivamente que este planeta orbita o Sol.

1639 (28 de setembro) – O astrônomo e naturalista alemão George Marcgrave (1601-1644) inaugura, numa das torres do palácio de Friburgo, que Maurício de Nassau (1604-1679) fizera construir na Ilha de Antônio Vaz (Pernambuco), um observatório astronômico, o primeiro do Novo Mundo e do hemisfério austral. Aí são igualmente feitas as primeiras observações astronômicas e meteorológicas sistemáticas do Novo Continente.

1639 (4 de dezembro) – Primeiro registro conhecido de um trânsito de Vênus na Europa, realizado pelos astrônomos ingleses Jeremiah Horrocks (1618-1641) e William Crabtree (1610-1644). Horrocks é o primeiro a compreender que os trânsitos de Vênus ocorrem em pares, com oito anos de intervalo, e, baseado nas observações que realiza, calcula que a distância entre a Terra e o Sol é de 95,6 milhões de km. Embora muito distante do valor real (149,6 milhões de km), é a estimativa mais precisa realizada até este momento. Os registros das observações de Horrocks são publicados em 1661.

1640 (13 de novembro) – Primeiro eclipse da Lua cientificamente acompanhado no novo

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mundo, registrado por George Marcgrave a partir de suas observações, feitas no Brasil.

1641 – O astrônomo alemão de origem polonesa Johann Hevelius (1611-1687) inaugura um observatório (denominado Stellaburgum – “Castelo das Estrelas”) em sua própria casa, em Danzig, equipando-o com um quadrante azimutal de 1,5m de raio, além de um sextante de 1,8m.

1643 - O físico e matemático italiano Evangelista Torricelli (1608-1647) inventa o barômetro, instrumento utilizado para medir a pressão atmosférica, que pode ser definida como a força, por unidade de área, exercida pelo ar contra uma superfície. A pressão atmosférica ao nível do mar (1 atm) é de 101,325 quilopascais (kPa), o que equivale a uma densidade do ar de 1,225kg/m3; ela diminui com a altitude, sendo de 33,597 kPa (0,406kg/m3 a 8.848m, o que corresponde ao pico do Monte Everest, o ponto mais alto da Terra. A variação da pressão atmosférica implica também uma variação proporcional do ponto de fusão e de ebulição dos elementos químicos. A água, por exemplo, que ferve a 100°c ao nível do mar, atinge o ponto de ebulição a 71°c no topo do Everest.

1643 (9 de janeiro) – O jesuíta italiano Giovanni Battista Riccioli (1598-1671) é o primeiro a informar o fenômeno conhecido como Luz Pálida de Vênus (em inglês, ashen light). Trata-se de uma luminescência lânguida no lado noturno do planeta, semelhante ao brilho da Terra na Lua, embora não tão luminoso. A Luz pálida é observada quando Vênus é visto à noite e a face escura do planeta está voltada para a Terra. Estudos são mais tarde tentados por algumas missões espaciais, inclusive pelas sondas Pioneer e pelas sondas russas Venera 11 e 12. O fenômeno ainda permanece esporádico e a explicação, duvidosa.

1644 – Johann Hevelius confirma as fases de Mercúrio observadas cinco anos antes por Zupus.

1644 – O filósofo e matemático francês René Descartes (1596-1650) aventa a hipótese de que o Sol, os planetas e os satélites originaram-se a partir de uma nebulosa primordial. Ele também apresenta, em seu livro “Principia philosophiae” (“Princípios de Filosofia”), a ideia da infinitude do Universo, por não se poder pensar sobre um limite para a sua extensão. Na mesma obra, ele afirma que o espaço é a extensão do que se move em torno dos corpos, como também rejeita a existência do átomo, já que podemos pensar em dividir a matéria ilimitadamente. Rejeita também a ideia de vácuo, ao considerar o espaço como um "plenum", cheio de matéria da mesma espécie e em movimento, movimento esse dado inicialmente por Deus. Como não admite a ideia de força de atração a distância, e considerando que a interação de sistemas físicos só pode ocorrer por contato, Descartes é levado ao conceito de éter – o seu "plenum" – e, em consequência, formula a teoria dos vórtices para explicar a gravitação.

1645 – o cartógrafo e astrônomo holandês Michael Florent van Langren (1598-1675) elabora o primeiro mapa conhecido da Lua.

1647 – Johann Hevelius publica “Selenographia, sive Lunae descriptio” (“Selenografia, Ou Uma Descrição da Lua”), obra pela qual é considerado o fundador da topografia lunar ou selenografia.

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1650 – Giovanni Battista Riccioli é o primeiro a observar uma estrela dupla (ou binária): Mizar-Alcor, na constelação da Ursa Maior. Hoje sabe-se que se trata de um sistema estelar múltiplo, com pelo menos seis componentes (Mizar é quádrupla, e Alcor, dupla). Mizar está distante 82,8 anos-luz da Terra; Alcor, 81,7 anos-luz.Estrelas binárias são sistemas estelares formados por duas estrelas que orbitam em torno de um centro de massas comum (baricentro). Existem também sistemas múltiplos, compostos de mais de cinco estrelas. Pesquisas recentes revelam que grande número de estrelas faz parte de sistemas binários e múltiplos, o que torna cada vez mais importante o estudo deles em astronomia.Outro fator relevante é que o estudo das órbitas das estrelas binárias permite calcular as massas individuais dos componentes e, consequentemente, parâmetros estelares como raio e densidade.

1651 – É editado postumamente o livro "De Mundo nostro Sublunari Philosophia Nova", de William Gilbert, no qual o cientista defende a rotação da Terra, nega a existência de uma esfera de estrelas fixas e nega, também, a finitude do Universo.

1651 - Giovanni Battista Riccioli publica "Almagestum novum", ("Novo Almagesto"), obra enciclopédica em dois volumes, com mais de 1.500 páginas no total, que se torna referência para os astrônomos de seu tempo. Dividido em dez "livros", contempla quase todos os temas estudados na astronomia do século XVII.No quarto "livro" do "Almagestum Novum", Riccioli inclui um mapa da Lua, com observações de seu aluno Francesco Maria Grimaldi (1618-1663), em que são dados às montanhas lunares nomes de formações terrestres (Apeninos, Alpes, Cárpatos...), e as crateras mais notáveis recebem nomes de astrônomos famosos anteriores a ele e contemporâneos. Os “mares” recebem denominações meteorológicas ou abstratas (Mar da Serenidade, da Fecundidade, da Tempestade, dos Humores...). Este sistema perdura até hoje e continua servindo de modelo para a nomenclatura da topografia lunar.

1654 – O siciliano Giovan (Giovanni) Battista Hodierna (1597-1660) publica o primeiro catálogo de nebulosas, relacionando 41 objetos e tentando dar-lhes classificações em termos de fundamentação estelar.Este trabalho é realizado nos moldes do posterior “Catálogo Messier”, mas não desperta grande interesse entre os cientistas da época.

1654 – O religioso irlandês James Ussher (1581-1656), Arcebispo de Armagh, após o exame de fontes históricas antigas e das Escrituras Sagradas, conclui que o mundo foi criado às 9h da manhã do dia 26 de Outubro de 4004 a.C.

1655 (25 de março) – O astrônomo holandês Christiaan Huygens (1629-1695) descobre Titã, primeiro satélite conhecido de Saturno. Ele o chama simplesmente de “Saturni Luna” (ou “Luna Saturni”), forma latina de “Lua de Saturno”. O nome Titã é dado apenas em 1847.Titã, segundo maior satélite do Sistema Solar, tem diâmetro de 5.152km (superior ao de Mercúrio) e orbita Saturno, à distância média de 1.221.870km, em 15,945 dias.Dados complementares: superfície: 83 milhões de km2; volume: 71,6 bilhões de km3;

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massa: 134,52 quintilhões de toneladas; densidade: 1,88g/cm3; gravidade: 0,14 G; magnitude aparente: 7,9.

1656 – Christiaan Huygens identifica os anéis A e B de Saturno como sendo anéis e descobre formações estelares na nebulosa de Órion. Ademais, é o primeiro a observar sulcos na superfície de Marte.

1657 – Christiaan Huygens patenteia o primeiro relógio de pêndulo, que desenvolve para satisfazer a necessidade de uma medida exata de tempo ao longo de suas observações dos céus.

1659 – Christiaan Huygens observa a mancha escura hoje conhecida como Syrtis Major, o primeiro detalhe da superfície marciana a ser identificado. Trata-se de um planalto com 1.500 x 1.000km, localizado no hemisfério norte marciano, próximo ao equador.

1663 – no livro “Optica Promota”, o matemático e físico teórico escocês James Gregory (1638-1675) propõe a construção de um telescópio refletor óptico.Ademais, ele sugere que observações de um trânsito de Mercúrio, feitas a partir de diversos locais da Terra bastante afastados entre si, poderiam ser usadas para determinar a paralaxe solar e, a partir dela, a unidade astronômica, ou seja, a distância entre o nosso planeta e o Sol.

1664 (maio) – O inglês Robert Hooke (1635-1703) registra uma mancha em Júpiter, por muito tempo considerada a Grande Mancha Vermelha, região anticiclônica (sistema de alta pressão) localizada no hemisfério sul do planeta. Contudo, estudos posteriores sugerem que a estrutura avistada por Hooke estava, na verdade, no hemisfério norte.No ano seguinte, Giovanni Domenico Cassini faz uma descrição que se refere, inquestionavelmente, à Grande Mancha Vermelha.

1665 – O astrônomo francês de origem italiana Giovanni Domenico (ou Jean-Dominique) Cassini (1625-1712) determina as velocidades rotacionais de Júpiter e de Vênus.

1665 – O astrônomo amador alemão Johann Abraham Ihle (1627-1699) descobre o primeiro aglomerado globular, M22, em Sagittário. Dista da Terra 10.600 anos-luz e contém pelo menos 70.000 estrelas.Aglomerados globulares são grupos estelares com forma aproximadamente esférica, com dimensões médias de cem anos-luz, em cujo interior há grande concentração de estrelas antigas (podem ser até centenas de milhares). Em geral, estão localizados longe do centro da Galáxia, havendo mesmo aglomerados globulares extragalácticos. Conhecem-se cerca de 150 aglomerados globulares na Via Láctea.Além dos aglomerados globulares, existem os aglomerados abertos, grupos com alguns milhares de estrelas formadas todas na mesma nuvem molecular gigante. A atração gravitacional entre as estrelas é fraca, podendo os aglomerados abertos ser rompidos caso se aproximem demais de outros aglomerados ou de nuvens de gás. Pode ainda haver a “perda” de estrelas, que então passam a ser solitárias. Essa fraca atração gravitacional faz com que aglomerados abertos existam durante poucas centenas de milhões de anos, ao contrário dos aglomerados globulares, que podem sobreviver por muitos milhões de anos.

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Conhecem-se mais de 1.100 aglomerados abertos na Via Láctea.Registre-se que a noção de aglomerados estelares com atração gravitacional entre as estrelas ainda vai demorar um século; terá início com o trabalho de John Michell, em 1767.

1665 – Giovanni Battista Riccioli publica “Astronomia Reformata”, obra de mais de 700 páginas em que são retomados, e às vezes atualizados, temas do “Almagestum Novum”. O autor discute detalhadamente as mudanças na aparência de Saturno ao longo de sua órbita e, na parte dedicada a Júpiter, existe o registro da observação de uma mancha (provavelmente a Grande Mancha Vermelha) feita pelo abade Leander Bandtius, em 1632.

1666 –Giovanni Domenico Cassini determina o período de rotação de Marte, concluindo que é de 24h40min (valor real: 24h37min22,7s).Assinala também a presença de calotas polares em Marte, supondo serem formadas por neve.

1668 – O físico, matemático e astrônomo inglês Isaac Newton (1642-1727) descobre que, fazendo-se um feixe de luz branca atravessar um prisma de vidro, obtém-se sua decomposição nas sete cores do espectro visível (as mesmas do arco-íris): vermelho, laranja, amarelo, verde, azul, anil e violeta. O princípio físico em que se baseia a decomposição da luz é a refração: ao atravessar a superfície de separação entre dois meios transparentes, de índices de refração diferentes, o feixe luminoso sofre um desvio proporcional ao comprimento de onda da luz.

1668 – Isaac Newton constrói o primeiro telescópio refletor óptico, baseado parcialmente em um desenho criado, em 1663, por James Gregory.Os telescópios refletores utilizam espelhos para focalizar a luz e formar imagens. Os telescópios que fazem isso com lentes são chamados refratores.

1668 – O astrônomo italiano Geminiano Montanari (1633-1687) descobre a primeira binária eclipsante: Algol, beta de Perseu. Distante 93 anos-luz, sabe-se hoje que se trata, na verdade, de um sistema triplo.Binárias eclipsantes são duplas de estrelas em que o plano de órbita de ambas se aproxima de tal forma da linha de visão do observador que as componentes passam por eclipses mútuos. São estrelas variáveis, não porque a luz de cada uma varie, mas por causa do movimento eclipsante.

1670 – O astrônomo francês Jean Picard (1620-1682) mede o raio da Terra com uma precisão sem precedentes, obtendo o valor de 6.328,9km (valor correto do raio polar: 6.356,8km). Essa medição mais precisa é usada por Newton no aperfeiçoamento da sua lei da gravitação universal.

1671 – Entra em atividade o Observatório de Paris, cuja construção, idealizada por Jean-Baptiste Colbert (1619-1683) e promovida por Luís XIV (1638-1715), havia tido início em 1667. Por mais de um século (até 1793), o observatório é dirigido pela família Cassini, que faz dele um dos principais centros de estudos astronômicos do mundo.

1671 (25 de outubro) – É descoberto o satélite Jápeto, segundo conhecido de Saturno, por

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Giovanni Domenico Cassini. Diâmetro: 1.492 x 1.492 x 1.424,8km; período orbital: 79,321 dias; distância média do planeta: 3.560.820km; massa: 1,806 quintilhão de toneladas; densidade: 1,88g/cm3.O período de rotação, igual ao período orbital (rotação síncrona), é o maior dentre as luas de Saturno.

1672 – Jean Richter e Giovanni Cassini medem a distância da Terra ao Sol e chegam ao valor de 138.370.000km, mais de 11.000.000 de km abaixo do valor real (149.600.000km).

1672 – O padre francês Laurent Cassegrain (1629-1693) desenvolve o modelo de telescópios que leva o seu nome. Trata-se de uma combinação óptica formada por um espelho primário parabólico côncavo e um espelho secundário hiperbólico convexo, cujo resultado é a captação da luz de forma mais eficiente, o que melhora a qualidade das imagens.

1672 (23 de dezembro) – Giovanni Cassini descobre Reia, terceiro satélite conhecido de Saturno.Diâmetro: 1.532,4 x 1.525,6 x 1.524,4km (segundo maior de Saturno); período orbital: 4,518 dias; distância média do planeta: 527.108km; massa: 2,306 quintilhões de toneladas; densidade: 2,236g/cm3.

1675 – O astrônomo dinamarquês Ole Römer (1644-1710) usa a mecânica orbital dos satélites de Júpiter para estimar que a velocidade da luz é de cerca de 227.000km/s (valor real: 299.792,458km/s).

1675 – Giovanni Cassini verifica que, entre os anéis A e B (mais interno) de Saturno há um vazio, que recebe o nome de “divisão de Cassini”.

1675 (22 de junho) – É fundado o Royal Greenwich Observatory (Observatório Real de Greenwich), com o intuito específico de aperfeiçoar instrumentos e desenvolver novos métodos para a determinação das posições geográficas para a navegação. Projetado por Sir Christopher Wren (1632-1723), sua construção termina no ano seguinte, sendo John Flamsteed (1646-1719) nomeado primeiro astrônomo real, cargo que ocupará até o fim da vida.

1679 – O astrônomo inglês Edmond Halley (1656-1742) publica “Catalogus Stellarum Australium”, um catálogo de 341 estrelas do hemisfério sul, o primeiro levantamento sistemático do céu desse hemisfério.

1680 (14 de novembro) – O astrônomo alemão Gottfried Kirch (1639-1710) descobre C/1680 V1, um dos mais brilhantes cometas do século XVII (segundo alguns, visível durante o dia) e o primeiro a ser identificado por telescópio. Conhecido também como Grande Cometa de 1680 ou Cometa de Kirch, passa a 60 milhões de km da Terra em 30 de novembro. Alcança o periélio (a apenas 898.000km) em 18 de dezembro e, onze dias mais tarde, atinge o brilho máximo. A última observação ocorre em 19 de março de 1681.Este cometa é famoso por ter sido utilizado por Isaac Newton para testar e verificar as leis do movimento planetário de Kepler, fundamentais para a elaboração da sua teoria da

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gravitação universal.

1682 – Edmond Halley observa e calcula a órbita do cometa que mais tarde levará seu nome. O periélio ocorre em 15 de setembro.

1684 (21 de março) – Giovanni Cassini descobre Tétis e Dione, quarto e quinto satélites conhecidos de Saturno.Tétis – Diâmetro: 1.076,8 x 1.057,4 x 1.052,6km; período orbital: 1,887 dia; distância média do planeta: 294.619km; massa: 617,4 quatrilhões de toneladas; densidade: 0,984g/cm3.Dione – Diâmetro: 1.128,8 x 1.122,6 x 1.119,2km; período orbital: 2,736 dias; distância média do planeta: 377.396km; massa: 1,095 quintilhão de toneladas; densidade: 1,478g/cm3.

1687 (5 de julho) – Isaac Newton publica “Philosophiae Naturalis Principia Mathematica” (“Princípios Matemáticos da Filosofia Natural”), em três volumes, esboçando as leis da mecânica e a lei da gravidade (ou da gravitação universal), concebida a partir de 1666, segundo a qual a força de atração entre dois corpos é proporcional ao produto de suas massas e inversamente proporcional ao quadrado da distância que os separa. As três leis da mecânica de Newton são: 1. princípio da inércia: um corpo que esteja em movimento ou em repouso tende a manter seu estado inicial. 2. Princípio fundamental da mecânica: a resultante das forças que agem num corpo é igual ao produto de sua massa pela aceleração adquirida. 3. lei de ação e reação: Para toda força aplicada existe outra de mesmo módulo, mesma direção e sentido oposto. Trata-se de um dos livros mais importantes e influentes de toda a história da ciência.Newton rompe assim, definitivamente, com a concepção de mundo vigente desde a Antiguidade. A partir daí, as mesmas leis da mecânica passam a reger tanto os fenômenos terrestres como os do céu, e o Cosmo deixa de ser fechado – como acreditavam os gregos – para se estender até o infinito.

1690 – Christiaan Huygens publica “Traité de la lumière” (“Tratado da Luz”), em que formula a teoria ondulatória da propagação da luz, elaborando o "princípio de Huygens", no qual expõe sua concepção da luz como onda de energia que se propaga no espaço, teoria que é posteriormente desenvolvida pelo físico francês Augustin Fresnel (1788-1827).

1690 – Giovanni Cassini percebe que a rotação da atmosfera superior de Júpiter não é constante em todos os seus pontos (rotação diferencial). A rotação da região polar da atmosfera do planeta é aproximadamente cinco minutos mais demorada do que a da região equatorial.

1690 – Elizabeth Hevelius (1647-1693), segunda esposa de Johann Hevelius (1611-1687), publica “Prodromus astronomiae”, catálogo de 1.564 estrelas elaborado conjuntamente com o marido. Elizabeth é uma das primeiras mulheres a exercer a astronomia.

1690 - John Flamsteed observa Urano pelo menos seis vezes, mas não reconhece o astro como planeta e o cataloga como sendo a estrela 34 Tauri.

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1698 – Publicação póstuma de “Cosmotheoros”, obra de Christiaan Huygens, na qual o astrônomo holandês expõe sua crença na vida extraterrestre, manifestando a opinião de que a vida em outros planetas deve ser igual à existente na Terra. Ele acredita que a presença de água líquida é essencial à vida e postula que as propriedades da água devem variar de planeta para planeta, uma vez que a água encontrada na Terra congelaria em Júpiter e evaporaria em Vênus, e Huygens defende a existência de vida em ambos os planetas.Consciente de que suas ideias seriam vistas como contrárias à Bíblia, ele não permite a publicação do livro, a não ser postumamente.

1700 – A Alemanha, a Holanda e a Dinamarca (incluindo a Noruega) adotam o calendário gregoriano.

1704 – Isaac Newton publica "Opticks", a sua obra mais importante sobre óptica, na qual expõe suas teorias anteriores e suas ideias acerca da natureza corpuscular da luz, apresentando também um estudo detalhado sobre fenômenos como refração, reflexão e dispersão luminosa.

1704 – O astrônomo e matemático franco-italiano Giacomo Filippo (ou Jacques Philippe) Maraldi (1665-1729) faz um estudo sistemático da calota polar sul de Marte e percebe que ela sofre variações durante a rotação do planeta, indicando que não coincide exatamente com o polo sul marciano. Ele também observa que a calota muda de tamanho ao longo do tempo.

1705 – Edmond Halley publica “Synopsis Astronomia Cometicae”, em que descreve 24 cometas (cujas aparições foram observadas entre 1337 e 1698). Neste livro, utilizando as leis de Newton para estudar as perturbações gravitacionais que Júpiter e Saturno podem provocar nas órbitas cometárias, calcula corretamente o período do cometa que mais tarde levará seu nome como sendo de aproximadamente 76 anos. Suas reaparições (1758 e 1835) confirmam os Cálculos do astrônomo.De fato, quando um cometa passa perto de Júpiter ou de Saturno, as perturbações gravitacionais resultantes podem alterar significativamente o período orbital do astro.

1711 - A Sociedade de Ciências (Societät der Wissenschaften) de Berlim cria um pequeno observattório que, mais tarde, dará origem ao Observatório de Berlim (Berliner Sternwarte), onde Galle observará Netuno pela primeira vez.

1715 – Edmond Halleycalcula a trajetória da sombra de um eclipse solar.

1716 – Edmond Halley sugere, num ensaio publicado pelo Philosophical Transactions of the Royal Society, que trânsitos de Vênus são melhores que trânsitos de Mercúrio para determinar a paralaxe solar e a distância Terra-Sol e que astrônomos deveriam ser enviados a diversas partes do mundo para estudar o fenômeno.

1718 – Edmond Halley descobre o “movimento próprio” das estrelas, que se caracteriza pelo movimento angular, ao longo do tempo, em relação a um observador terrestre. Ele faz essa descoberta ao notar que algumas estrelas haviam mudado de posição, ao comparar suas localizações recentes com as antigas medidas tomadas por Hiparco: Sirius, Arcturus e

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Aldebaran estavam meio grau distantes do lugar apontado pelo grego cerca de 1.850 anos antes.O movimento próprio é medido em segundos de arco por ano (3.600 segundos de arco = 1 grau). A Estrela de Barnard tem o maior movimento próprio dentre todas as estrelas: 10,3 segundos de arco por ano. Numa escala longa de tempo, as estrelas podem inclusive mudar de constelação (ver 1992).

1718 – Todas as obras de Galileu Galilei, com exceção do “Diálogo sobre os Dois Máximos Sistemas do Mundo”, são publicadas em Florença, com autorização do Santo Ofício.

1720 – Edmond Halleypropõe uma forma primitiva do paradoxo de Olbers.

1724 – Daniel Gabriel Fahrenheit (1686-1736), físico e químico germânico, inventa uma escala uniforme de leitura da temperatura, utilizada até os dias de hoje nos países anglo-saxões, em que a temperatura de congelamento da água ou fusão do gelo à pressão de uma atmosfera está a 32°F (0°C) e a de ebulição, ponto máximo, a 212°F (100°C).

1725 – É publicada postumamente a “Historia Coelestis Britannica”, em três volumes, principal obra de John Flamsteed (1646-1719), terminada por seus assistentes e ditada por sua esposa, Margaret. Os dois primeiros volumes contêm os resultados de todas as suas observações, e o terceiro é um catálogo de 2.935 estrelas.

1728 – O astrônomo inglês James Bradley (1693-1762) anuncia a descoberta da aberração da luz estelar, uma leve mudança aparente nas posições das estrelas causada pelo movimento anual da Terra.

1731 – O astrônomo inglês John Bevis (c. 1693-1771) descobre o primeiro resto de supernova, a nebulosa do Caranguejo (M1), originada a partir da supernova de 1054. Contudo, a ligação entre nebulosa e supernova será identificada apenas no século XX.

1733 – É eliminado o maior defeito dos telescópios refratores, a aberração cromática (dispersão produzida por lentes que possuem diferentes índices de refração para diversos comprimentos de onda luminosa), quando o britânico Chester Moor Hall (1703-1771) obtém objetivas acromáticas, combinando diversas lentes.

1734 - No livro (três volumes) "Opera Philosophica et Mineralia" ("Obras Filosóficas e Mineralógicas"), o sueco Emanuel Swedenborg (1688-1772) propõe a primeira hipótese de origem nebular para o Sistema Solar, o qual teria se formado com partículas se projetando do sol em espirais e se juntando para formar os planetas.

1736 – Chega ao Brasil (Estado do Pará) uma equipe de cientistas franceses, da qual faz parte Charles Marie de La Condamine (1701-1774), nomeada pela Academia de Ciências de Paris para determinar, no equador terrestre, um arco de meridiano, incumbência que outra comissão equivalente, chefiada por Pierre Louis Maupertuis (1698-1759) e trabalhando a 70° de latitude norte, trata também de fazer para fins comparativos. Estes cientistas conseguem, por tal processo, demonstrar o achatamento polar da Terra.

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1737 (28 de maio) – John Bevis registra a única ocultação de Mercúrio por Vênus visível da Terra historicamente observada. O próximo fenômeno semelhante ocorrerá em 2133.

1741 – Cai, no Japão, um meteorito que é venerado por 150 anos. Os japoneses veem nele a bela imagem de uma pedra caída do jardim da deusa Shokuyo, situado às margens do grande rio celeste (a Via Láctea).

1741 – Galileu Galilei é "reabilitado" pelo Papa Bento XIV (1675-1758) mediante a concessão do "Imprimatur", uma declaração oficial da Igreja Católica na qual se afirma que determinada obra literária ou similar não é contrária às doutrinas da Igreja e que constitui uma boa leitura para qualquer pessoa de fé católica. É permitida a publicação de todas as obras científicas de Galileu, incluindo uma versão levemente censurada do “Diálogo sobre os Dois Máximos Sistemas do Mundo”.

1742 – Anders Celsius (1701-1744), astrônomo sueco, Idealiza uma escala de termometria na qual o ponto de fusão do gelo marca o 0 e o ponto de ebulição da água o 100. Uma vez marcadas estas duas temperaturas, a distância existente entre ambos os pontos divide-se em 100 partes. Cada uma destas divisões é um grau Celsius (°C) de temperatura. Esta escala recebe o nome de escala centígrada.

1744 (1º de março) – O Grande Cometa de 1744, oficialmente denominado C/1743 X1, descoberto (29 de novembro de 1743) por Jan de Munck e observado independentemente (9 de dezembro) pelo holandês Dirk Klinkenberg (1709-1799) e (13 de dezembro) pelo suíço Jean-Philippe de Chéseaux (1718-1751), chega ao periélio, à distância de 33.300.000km do Sol. Visível a olho nu por vários meses, atinge a magnitude aparente -7. Pouco depois do periélio, um “leque” de seis caudas do cometa é observado no céu, o que configura um fenômeno bastante raro. A última observação ocorre em 22 de abril.Charles Messier, então com treze anos, observa o cometa, que causa nele uma profunda impressão.

1744 – O astrônomo suíço Jean-Phillipe de Cheseaux (1718-1751) propõe uma forma primitiva do paradoxo de Olbers.

1748 (14 de fevereiro) – James Bradley anuncia a descoberta da nutação da Terra, oscilação periódica do eixo de rotação terrestre ao redor de sua posição média na esfera celeste, causada pela força exercida sobre o nosso planeta pela atração gravitacional entre o Sol e a Lua. A nutação provoca um ligeiro desvio no ângulo de inclinação da Terra em relação ao Sol, sendo semelhante ao movimento de um pião que perde força e está prestes a cair.O ciclo de oscilações de uma nutação terrestre demora 18,6 anos. Na verdade, Bradley havia descoberto o fenômeno quase duas décadas antes, mas esperou que se completasse um ciclo para ter certeza da sua descoberta.

1749 – O astrônomo francês Guillaume Le Gentil (1725-1792) descobre a primeira galáxia visível apenas com o telescópio (magnitude 8,08): M32. Trata-se de uma galáxia anã elíptica, distante 2,49 milhões de anos-luz, satélite da Galáxia de Andrômeda (M31). O

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diâmetro estimado de M32 é de “apenas” 6.500 anos-luz.

1750 – O matemático inglês e construtor de instrumentos científicos Thomas Wright (1711-1786) publica um tratado intitulado “An Original Theory on New Hypothesis of the Universe” (“Uma Teoria Original sobre Novas Hipóteses do Universo”), no qual tenta, pela primeira vez, explicar a presença da Via Láctea em nossa Galáxia, vista como um dos infinitos sistemas que povoam o espaço. Via Láctea, neste caso, é a faixa leitosa que atravessa o céu, formando o plano horizontal do nosso sistema galáctico. Contudo, essse aspecto “lácteo”, de onde vem o nome da Galáxia, é apenas ilusão de óptica, pois desaparece se o céu for observado com um simples binóculo.

1752 (2 de setembro) – A Inglaterra e a Irlanda adotam o calendário gregoriano. Neste mesmo mês, também o Canadá o adota.

1753 – O jesuíta e astrônomo croata Rudjer Josip Boscovich (1711-1787) descobre a ausência de atmosfera na Lua.

1753 – A Suécia (que então incluía o território da atual Finlândia) adota o calendário gregoriano.

1755 – O filósofo alemão Immanuel Kant (1724-1804) publica “Allgemeine Naturgeschichte und Theorie des Himmels” (“História Geral da Natureza e Teoria do Céu”), obra na qual imagina as nebulosas como outras vias lácteas, cada uma formada por miríades de estrelas, distribuídas de modo a formar uma estrutura achatada, como um disco. Tais estruturas girariam em torno de um ponto central, do mesmo modo que os planetas giram em torno do Sol. Kant afirma ainda que as manchas elípticas visíveis no céu (as nebulosas) “são mundos iguais ao nosso, a Via Láctea”. A concepção kantiana não se limita à natureza desses sistemas, mas mostra-se muito mais ampla. Abrange mesmo a ordenação de todo o Universo, ao afirmar que as galáxias se agrupam entre si em outros sistemas (hoje dizemos “aglomerados de galáxias”). Esses agrupamentos, por sua vez, formam novos conjuntos (os “superaglomerados de galáxias”, na terminologia atual), e assim por diante.

1758 – A censura à publicação de livros defendendo o heliocentrismo é retirada do “Index Librorum Proibitorum”, à exceção do “Diálogo sobre os Dois Máximos Sistemas do Mundo”, de Galileu, e da obra “De Revolutionibus Orbium Coelestium”, de Copérnico.

1758 – Rudjer Josip Boscovich desenvolve sua teoria de forças, na qual a gravidade pode ser repulsiva a pequenas distâncias. De acordo com ele, estranhos corpos com essas características, similares a "buracos brancos", podem existir, não sendo possível a outros corpos atingir suas superfícies.

1758 (25 de dezembro) – O astrônomo amador e fazendeiro alemão Johann Palitzsch (1723-1788) é o primeiro a observar o retorno do cometa Halley, conforme havia sido previsto pelo astrônomo inglês (o periélio ocorre em 13 de março de 1759). É o primeiro cometa a ter sua periodicidade comprovada (por isso, o nome oficial é 1P/Halley). É o francês Nicolas de Lacaille (1813-1862) quem sugere dar o nome de Halley ao cometa.Cometas periódicos são aqueles que têm período orbital inferior a 200 anos, o que se

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indica, na nomenclatura oficial, pela anteposição daletra P ao nome. Os cometas não periódicos aparecem, em geral, uma única vez, sendo essa característica assinalada pela letra C. Aos cometas extintos, ou seja, àqueles destruídos ou fragmentados numa passagem pelo periélio, reserva-se a inicial D.

1761 (6 de junho) – Ocorre um trânsito de Vênus, observado por várias expedições enviadas a diversas partes do mundo (Sibéria, Noruega, Madagáscar...), conforme sugestão feita por Edmond Halley em 1716. Trata-se da primeira grande colaboração científica internacional, com o objetivo de calcular a paralaxe solar e a distância Terra-Sol. Estima-se que 120 cientistas observaram o evento a partir de 62 localidades diferentes.Durante este trânsito, o escritor e cientista russo Mikhail Lomonosov (1711-1765) obtém a primeira evidência de que Vênus possui uma atmosfera.

1763 – Publicação póstuma de “Coelum Australe Stelliferum”, catálogo elaborado pelo francês Nicolas Louis de Lacaille (1713-1762). Contém quase 10.000 estrelas visíveis no hemisfério sul, além de 42 objetos nebulares (nebulosas e aglomerados estelares). Inclui ainda a descrição de catorze novas constelações.

1764 – O astrônomo francês Charles Messier (1730-1817) descobre a primeira nebulosa planetária, a nebulosa Dumbbell (M27). Com diâmetro de 2,9 anos-luz (27 trilhões de km), localiza-se na constelação da Raposa, a 1.360 anos-luz da Terra.Nebulosas planetárias são objetos constituidos por um invólucro brilhante de gases e plasma, formados por certos tipos de estrelas no período final do seu ciclo de vida. Não estão de todo relacionadas com planetas; o seu nome é originário de uma suposta similitude de aparência com planetas gigantes gasosos.Têm um período de existência pequeno (dezenas de milhares de anos) quando comparado com o tempo de vida típico das estrelas (vários bilhões de anos). As nebulosas planetárias desempenham um papel importante na evolução química das galáxias, libertando material para o meio interestelar, enriquecendo-o com elementos pesados e outros produtos de nucleossíntese (carbono, nitrogênio, oxigênio e cálcio). A associação desses objetos com planetas (1779) é de autoria do astrônomo francês Antoine Darquier ou D'Arquier de Pellepoix (1718-1802), mas a expressão "nebulosa planetária" é cunhada (1784) por William Herschel.

1764 – O astrônomo francês Joseph Jérôme Lalande (1732-1807) publica o “Traité d’astronomie” (“Tratado de Astronomia”), tabelas das posições planetárias que são consideradas as melhores disponíveis para o resto do século XVIII.

1766 – O físico e químico inglês Henry Cavendish (1731-1810) descobre o hidrogênio e constata que esse gás é mais leve do que o ar.

1766 – O matemático alemão Johann Daniel Titius (1729-1796) descobre uma curiosa relação matemática entre as distâncias a que os planetas então conhecidos orbitam o Sol. Se se tomar a progressão geométrica 0, 3, 6, 12, 24, 48 e 96, em que cada número, depois do 3, é o dobro do anterior, e se se somar 4 a cada elemento da sucessão, obtém-se 4, 7, 10, etc., até alcançar 100. Esta última sequência numérica, dividida por 10, reproduz com grande precisão a distância relativa, em unidades astronômicas (uma unidade astronômica equivale

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aproximadamente à distância entre o Sol e a Terra), a que os planetas se encontram do Sol, com Mercúrio à distância 0,4 e Saturno, o planeta mais longínquo que então se conhecia, à distância 10. Titius prevê, então, a existência de um objeto astronômico importante entre Marte e Júpiter, à distância de 2,8 unidades astronômicas do Sol.Outro alemão, Johann Elert Bode (1747-1826), passa a divulgar (a partir de 1672) essa relação numérica, que se torna conhecida como “Lei de Titius-Bode”.

1767 - O geólogo e naturalista inglês John Michell (1724-1793) calcula que a probabilidade de um único grupo estelar como as Plêiades ser o resultado de um alinhamento casual é de 1 em 496.000. A partir daí, os astrônomos compreendem que muitas estrelas fazem parte de grupos de milhares de componentes gravitacionalmente ligados, denominados aglomerados estelares.As Plêiades (M45) são um aglomerado estelar aberto localizado na constelação do Touro, a cerca de 390 anos-luz da Terra. O diâmetro estimado é de 16 anos-luz (aproximadamente 150 trilhões de km), e calcula-se que a massa total seja equivalente a 800 massas solares. O aglomerado é formado por pelo menos mil estrelas, mas esse número deve ser consideravelmente maior, visto essa cifra não incluir componentes individuais de estrelas binárias.

1767 o Observatório REal de Greenwich começa a publicar O Almanaque Náutico, que estabelece a longitude de Greenwich como a linha-base para cálculos de tempo.

1769 – O padre Bachelay apresenta à Academia Real de Ciências de Paris um pedaço de pedra com incrustações. Bachelay testemunhara, um ano antes, a queda desse objeto no céu de Lucé e enriquece sua descrição com detalhes. A Academia nomeia uma comissão, incumbindo-a de esclarecer todos os casos de pedras que caíam do céu. No entanto, as conclusões obtidas (a crosta de fusão do meteorito de Lucé fora produzida pela vitrificação induzida por um raio) servem apenas para retardar a compreensão do fenômeno.

1769 (3 e 4 de junho) – Ocorre um trânsito de Vênus, observado em diversas partes do mundo, entre as quais Baía de Hudson (Canadá), Taiti (Polinésia Francesa), Noruega, São Petersburgo e mais oito localidades do império russo e Filadélfia... Destacam-se as observações feitas a partir do Taiti, durante a primeira viagem de James Cook (1728-1779) ao Pacífico, tendo o navegador inglês iniciado posteriormente a exploração da nOva Zelândia e da Austrália.É interessante registrar a história singular do francês Guillaume Le Gentil (1825-1892). Em março de 1860, ele parte de Paris com destino a Pondicherry, uma colônia francesa na atual Índia, de onde pretende observar o trânsito de Vênus do ano seguinte. Contudo, devido à Guerra dos Sete Anos (1756-1763) entre Inglaterra e França, apenas um ano depois de ter saído de casa consegue um navio para levá-lo a Pondicherry. Passa cinco semanas à deriva por causa de ventos desfavoráveis e, ao chegar, descobre que a cidade está em mãos inglesas, e não lhe é permitido desembarcar. Quando o trânsito acontece, em 6 de junho de 1761, o céu está límpido, mas Le Gentil não pode fazer observações em alto-mar.Decide permanecer na Ásia e esperar pelo próximo trânsito, oito anos mais tarde. Quer observá-lo das Filipinas, mas não obtém autorização, e então volta a Pondicherry (de novo sob controle francês), onde chega em março de 1768 e constrói um observatório. Depois de mais de um mês de bom tempo, em 4 de junho de 1769, dia do trânsito, o céu fica nublado,

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e ele não consegue ver nada.A viagem de volta para casa é atrasada por um surto de disenteria e, depois, por uma parada involuntária nas ilhas Reunião, em decorrência de uma tempestade. Consegue sair de lá num navio espanhol e, de volta a Paris (outubro de 1771), descobre que havia sido declarado morto, seus bens foram distribuídos aos herdeiros, a esposa voltara a se casar e não fazia mais parte da Academia de Ciências da França. São necessários um longo processo judicial e a intervenção do rei para que a vida de Le Gentil volte à normalidade.

1771 - Charles Messier publica a primeira versão do "Catalogue des Nébuleuses et des amas d'Étoiles, que l'on découvre parmi les Étoiles fixes sur l'horizon de Paris" (“Catálogo de Nebulosas e Aglomerados Estelares que se Observam entre as Estrelas Fixas sobre o Horizonte de Paris”), simplificadamente conhecido como “Catálogo Messier, com 45 objetos nebulosos, cuja denominação ainda se encontra em uso, sendo representada por uma letra M (de Messier) seguida, sem espaço, por um número (por exemplo, M31, M42). Nos anos seguintes, Messier adiciona novos objetos ao catálogo, até chegar a 103. Posteriormente, entre 1921 e 1966, astrônomos identificam outros sete objetos nebulosos observados por Messier e seu assistente Pierre Méchain (1744-1804), mas não catalogados. Estes objetos fazem parte, atualmente, do Catálogo Messier, o que eleva o seu número para 110.

1772 – O matemático francês de origem italiana Joseph-Louis Lagrange (1736-1813) sugere que existem cinco pontos na órbita da Terra nos quais os efeitos da gravidade do planeta se anulam em relação ao Sol (situam-se a 1.500.000km da Terra). Dois dos pontos de Lagrange (L4 e L5) são considerados estáveis, uma vez que qualquer material que lá se encontre só pode ser libertado por colisão ou outro tipo de evento catastrófico.Também existem pontos de Lagrange nos locais onde os efeitos gravitacionais da Terra e da Lua se anulam reciprocamente. Eles estão a 60.000km do nosso planeta.Pontos de Lagrange são, em suma, pontos em que o efeito gravitacional entre dois corpos (O Sol e um planeta, um planeta e um satélite) é nulo em relação a um terceiro (um asteroide, uma nave ou um telescópio espacial, etc.). Nos pontos de Lagrange de diversos planetas serão descobertos, mais tarde, asteroides troianos.

1774 (1º de agosto) – Joseph Priestley (1733-1804), ministro presbiteriano e químico britânico, identifica um gás que ele chama de "dephlogisticated air", posteriormente denominado de oxigênio.

1778 – Charles Messier descobre M54, que hoje é sabido ser o primeiro aglomerado globular extragaláctico identificado. Distante 87.000 anos-luz e com diâmetro de 306 anos-luz (2,9 quatrilhões de km), pertence à vizinha Galáxia Anã Elíptica de Sagitário.

1778 – No livro “Les époques de la nature”, O naturalista francês Georges Louis Leclerc, Conde de Buffon (1707-1788), formula uma teoria segundo a qual um corpo massivo (que Buffon acredita ser um cometa) aproximou-se do Sol, arrancando-lhe o material que depois se condensou nos planetas. Ele também sustenta que a Terra surgiu muito antes de 4004 a.C., data estabelecida pelo arcebispo James Ussher (1654). Com base em experiências de laboratório, ele estima a idade do nosso planeta em 75.000 anos, tendo sido severamente criticado por isso, inclusive por integrantes da Sorbonne.

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O valor atualmente aceito para a idade da Terra é 4,54 bilhões de anos.

1779 (janeiro) – Antoine Darquier descobre a nebulosa do Anel (M57) e pela primeira vez compara uma nebulosa planetária com planetas. Esta nebulosa, distante 2.300 anos-luz e localizada na constelação da Lira, tem um diâmetro de 2,6 anos-luz (24,5 trilhões de km).

1780 – O governo imperial lusitano cria o Observatório Astronômico do Rio de Janeiro, que passa a funcionar apartir de uma missão científica oficial dirigida pelo cosmógrafo português Bento Sanches d’Orta (1739-1795).

1781 – Charles Messier e Pierre Méchain descobrem o aglomerado de galáxias de Virgem (Virgo), que eles supõem ser um aglomerado de nebulosas. Com seu centro distante 53,8 milhões de anos-luz da Terra, este aglomerado é formado por pelo menos 1.300 (talvez mais de 2.000) galáxias, com massa total estimada em 1,2 quatrilhão de sóis.O principal componente do aglomerado de Virgem é M87, galáxia supergigante elíptica com diâmetro estimado de 980.000 anos-luz e distância da Terra calculada em 53,5 milhões de anos-luz

1781 (13 de março) – O astrônomo inglês de origem alemã William Herschel (1738-1822) descobre Urano durante um levantamento, feito com telescópio, do céu do hemisfério norte. Herschel pensa tratar-se de uma estrela e dá ao astro o nome de “Georgium Sidus” (Estrela de Jorge), em homenagem a Jorge III (1738-1820), rei da Grã-Bretanha (1760-1801) e posteriormente do Reino Unido (1801-1820). A confirmação de que é um planeta ocorre em 1783, e o nome Urano é oficialmente adotado a partir de 1850.Com diâmetro de 51.118 x 49.946km e volume de 68,33 trilhões de km3 (63,086 vezes superior ao terrestre), Urano é o terceiro maior planeta do Sistema Solar. Tem massa de 86,810 sextilhões de toneladas (14,536 massas terrestres), e a área da superfície é de 8,116 bilhões de km2 (15,91 superfícies da Terra). É o sétimo planeta a partir do Sol, que orbita a uma distância média de 2.876.679.082km (varia entre 2.748.938.461 e 3.004.419.704km). Leva 30.799,095 dias terrestres (84,323 anos), ou 42.718 dias uranianos, à velocidade média de 24.500km/h, para girar em torno do Sol, e 17h14min24s para completar uma rotação. A densidade é de 1,27g/cm3, a gravidade equivale a 88,6% da terrestre, e a velocidade de escape (velocidade necessária para libertar-se de um campo gravitacional) é de 21,3km/s. A menor temperatura já registrada em Urano é de -224°C, o que faz dele o planeta mais frio do Sistema Solar. Os principais componentes da atmosfera são hidrogênio (82%), hélio (15%) e metano (2%). A magnitude aparente varia entre 5,3 e 5,9. O planeta tem 27 satélites conhecidos.Na mitologia, Urano é o deus grego que personifica o Céu, gerado espontaneamente por Gaia (a Terra), com quem tem grande quantidade de filhos: os titãs, os Ciclopes e os Hecatonquiros (seres gigantes de 50 cabeças e 100 braços).1781 (depois de março) – O astrônomo, físico e matemático russo de origem sueca Anders Johan Lexell (1740-1784) é o primeiro a identificar Urano como planeta e, com base nos dados sobre o astro de que dispõe, sugere haver perturbações orbitais que podem ser explicadas pela presença de outros planetas ainda desconhecidos (mas ele não faz nenhum cálculo concreto sobre Netuno). Ademais, com base em cômputos de órbitas dos cometas, ele sugere que o Sistema Solar pode ter diâmetro de cem unidades astronômicas (14,6 bilhões de km), ou até mais.

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1782 – William Herschel apresenta à Royal Society um catálogo com as posições relativas de 269 sistemas estelares binários e múltiplos, observados por ele a partir de outubro de 1779. Outro catálogo, com 434 sistemas estelares binários e múltiplos, é apresentado em 1784. Haverá ainda um terceiro, com 145 dessas estrelas (1821).

1783 – O astrônomo, padre e geógrafo naval francês Alexandre Guy Pingré (1711-1796) publica “Cométographie”, ou “Traité historique et théorique des comètes”, com alusão a um grande número de passagens desses astros e as reações que despertavam no povo e nos estudiosos.

1783 (31 de janeiro) – William Herschell descobre 40 Eridani B e 40 Eridani C, estrelas situadas a 16,45 anos-luz da Terra. No século XX, 40 Eridani B é identificada como a primeira anã branca conhecida.Anãs brancas são remanescentes estelares, formadas quando estrelas de massa menor que 9 ou 10 vezes a solar esgotam o seu combustível nuclear. É uma etapa evolutiva (posterior à de gigante vermelha) pela qual passarão 97% das estrelas que conhecemos, inclusive o Sol. As anãs brancas são estrelas extremamente densas (densidade estimada entre 1 e 10 toneladas por centímetro cúbico) compostas basicamente por carbono e oxigênio, que são os resíduos da fusão do hélio.

1783 (27 de novembro) – Numa sessão da Royal Society, O inglês John Michell postula a existência de objetos astronômicos cuja velocidade de escape (velocidade necessária para sair de um campo gravitacional) é superior à da luz, o que mais tarde passa a ser conhecido como “buraco negro”.

1784 – É encontrado, 35km a noroeste de Monte Santo, na Bahia, por um garoto chamado Bernardino da Motta Botelho, o Bendengó, o maior meteorito já achado no Brasil, com 2,20m x 1,45m x 58cm e 5.360kg, conservado, desde 1888, no Museu Nacional do Rio de Janeiro. Na língua dos índios quiriris, da Bahia, Bendengó significa “vindo do céu”.

1784 – O astrônomo inglês Edward Piggot (1753-1825) descobre Eta Aquilae, a primeira estrela variável Cefeida conhecida, cuja magnitude aparente varia entre 3,5 e 4,4 ao longo de um período de 7,177 dias. Dista da Terra aproximadamente 1.200 anos-luz.

1784 – John Goodricke descobre delta Cephei, protótipo da categoria estelar das variáveis cefeidas. Trata-se de um sistema binário distante 891 anos-luz, cuja magnitude aparente varia entre 3,48 e 4,37 ao longo de um período de 5,336 dias.Cefeidas são estrelas gigantes ou supergigantes cujo brilho varia com regularidade e de forma previsível, sendo um importante referencial na medição de distâncias estelares.

1784 – Após observar a passagem de duas estrelas fracas por trás de Marte sem que o brilho delas tenha sofrido alterações significativas, William Herschel conclui, acertadamente, que a atmosfera marciana é pouco espessa e tem densidade bastante inferior à terrestre.

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1785 – William Herschel elabora um modelo de sistema estelar galáctico no qual o Sol ocupa o centro da Via Láctea. Essa concepção cosmológica é conhecida como “galactocentrismo”.

1786 – William Herschel publica o “Catalogue of One Thousand New Nebulae and Clusters of Stars” (“Catálogo de Mil Novas Nebulosas E Aglomerados Estelares”), primeiros resultados de uma pesquisa sistemática (iniciada em 1782) de objetos não estelares do “céu profundo”, que ele define como “nebulosas”. Nebulosa é, então, o termo genérico usado para qualquer objeto astronômico difuso, inclusive galáxias, termo que permanece em vigor até Edwin Hubble constatar (1924) que estas últimas não fazem parte da Via Láctea. Herschel agrupa os objetos que descobre em oito classes, elaboradas combinando diferentes aspectos de extensão e luminosidade. Ele publica ainda dois catálogos semelhantes, um com mil objetos (1789) e outro com quinhentos (1802).

1786 – É construído o primeiro observatório australiano, perto da atual cidade de Sydney.

1787 – Caroline Herschel (1750-1848), irmã de William Herschel, passa a receber, por determinação do rei inglês Jorge III, um salário anual de 50 libras, sendo nomeada assistente de William, então astrônomo real. É a primeira mulher a exercer a astronomia profissionalmente.

1787 (11 de janeiro) – William Herschel descobre Titânia e Oberon, primeiros satélites conhecidos de Urano.Titânia – Diâmetro: 1.577km; período orbital: 8,706 dias; distância média do planeta: 435.910km; massa: 3,527 quintilhões de toneladas; densidade: 1,711g/cm3.Oberon – Diâmetro: 1.523km; período orbital: 13,463 dias; distância média do planeta: 583.520km; massa: 3,014 quintilhões de toneladas: densidade: 1,63g/cm3.Os nomes das luas de Urano são tirados de personagens das obras dos ingleses William Shakespeare (1564-1616) e Alexander Pope (1688-1744).

1788 – Joseph-Louis Lagrange publica “Mécanique Analytique” (dois volumes). É o tratado mais abrangente sobre mecânica clássica desde Isaac Newton e estabelece os fundamentos para o desenvolvimento da física matemática no século XIX.

1789 (22 de fevereiro) – Em suas anotações, William Herschel diz ter suspeitas de que há um anel em torno de Urano. Não se sabe se os instrumentos de que dispunha lhe permitiram observá-los, mas anéis orbitando Urano serão descobertos em 1977.

1789 (28 de agosto) – Na noite em que estreia seu telescópio óptico refletor, o maior que o mundo havia visto até então, com 1,20m de diâmetro, William Herschel descobre Encélado, sexto satélite conhecido de Saturno. Diâmetro: 513,2 x 502,8 x 496,6km; período orbital: 1,370 dia; distância média do planeta: 237.948km; massa: 108 quatrilhões de toneladas; densidade: 1,61g/cm3.

1789 (17 de setembro) – William Herschel descobre Mimas, sétimo satélite conhecido de Saturno.Diâmetro: 415,6 x 393,4 x 381,2km; período orbital: 0,942 dia; distância média do planeta:

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185.520km; massa: 37,49 quatrilhões de toneladas; densidade: 1,179g/cm3.

1790 (17 de dezembro) – É descoberta, na Cidade do México, uma pedra contendo o calendário asteca. Com 3,7m de diâmetro e pesando 24t, a "Pedra do Sol" contém símbolos astronômicos esculpidos em uma superfície em formato de disco. Baseada nos movimentos das estrelas, reflete o conhecimento dos astecas de astronomia e matemática.Atualmente, está exposto no Museu Nacional de Antropologia, na Cidade do México.

1791 – No poema "The Economy of Vegetation", o médico inglês Erasmus Darwin (1731-1802), avô de Charles Darwin (1809-1882), apresenta a primeira descrição conhecida de um Universo que se expande e se contrai ciclicamente.

1791 – O astrônomo alemão Johann Hieronymos Schröter (1745-1816) publica “Selenotopographische Fragmente zur genauern Kenntnisse der Mondfläche” (“Fragmentos Selenotopográficos de Conhecimentos Exatos da Superfície da Lua”), um importante estudo das informações sobre a topografia lunar então disponíveis.

1792 (22 de setembro) – Entra em vigor o Calendário Revolucionário Francês ou Calendário republicano, instituído pela Convenção Nacional, durante a Revolução Francesa, para simbolizar a ruptura com a ordem antiga. É um calendário solar composto de 12 meses de 30 dias, distribuídos em três semanas de dez dias (decâmeros ou décadas). Os dias de cada década recebem os nomes de primidi, duodi, tridi, quartidi, quintidi, sextidi, septidi, octidi, nonidi e decadi. O dia é dividido em 10 horas de 100 minutos, cada minuto com 100 segundos. Aos 360 dias regulares acrescentam-se, anualmente, cinco dias complementares, e um sexto a cada quadriênio, consagrados à celebração de festas republicanas. O ano começa no equinócio de outono (22 de setembro, no hemisfério norte), data da proclamação da República francesa, e os nomes dos meses são baseados nas condições climáticas e agrícolas das estações na França – outono: Vindimiário, Brumário, Frimário; inverno: Nivoso, Pluvioso, Ventoso; primavera: Germinal, Florial, Pradial; verão: Messidor, Termidor, Frutidor.Este calendário será suprimido em 1º de janeiro de 1806 por Napoleão Bonaparte(1769-1821), que restabelece o calendário gregoriano.

1794 – Baseado em ampla documentação, publicada no livro “Über den Ursprung der von Pallas gefundenen und anderer ihr ähnlicher Eisenmassen und über einige damit in Verbindung stehende Naturerscheinungen” (“Sobre a Origem do Meteorito de Palas E Outros Similares A Ele e Sobre Alguns Fenômenos Naturais Associados”), o físico alemão Ernst Florens Friedrich Chladni (1756-1827) apresenta um trabalho que faz dele o primeiro a reconhecer com exatidão a proveniência celeste dos meteoritos. O mérito de Chladni é ter descrito, com extrema precisão e muito senso crítico, tanto as amostras encontradas como as circunstâncias da queda e da descoberta. Sua descrição, muito convincente, facilita a queda do tabu segundo o qual nada de muito sólido poderia cair do céu.

1795 (8 e 10 de maio) – Jérôme Lalande observa o planeta Netuno e o cataloga como estrela.

1796 – O matemático e astrônomo francês Pierre-Simon Laplace (1749-1827) apresenta sua

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“hipótese nebular” para a formação do Sistema Solar a partir de uma nebulosa de gás e poeira que encerra um núcleo extremamente massivo a altas temperaturas e está em rotação. Esta ideia, originalmente apresentada por Emanuel Swedenborg (1534) e posteriormente ampliada por Immanuel Kant (1755), é desenvolvida por Laplace no livro "du système du monde".Segundo a descrição de Laplace (muito semelhante à de Kant), o Sistema Solar evoluiu a partir de uma nuvem globular de gás incandescente girando em torno de seu centro de massa. À medida que o gás esfriou, a massa se contraiu e diversos anéis foram se desprendendo das margens da nuvem. Os anéis, por sua vez, esfriaram e se condensaram nos planetas, sendo o Sol o núcleo central remanescente da nuvem. De acordo com essa hipótese, os planetas exteriores são mais velhos que os interiores.

1798 – Henry Cavendish divulga a primeira medição, feita por ele, da constante gravitacional, uma constante física fundamental que aparece na lei de gravitação universal de Newton e é desenvolvida posteriormente na teoria da Relatividade geral de Einstein. Seu valor expressa a atração gravitacional que se produz entre dois objetos pesando 1kg cada um, separados por 1m de distância. Com isso, torna-se possível calcular a massa e a densidade da Terra.O valor da densidade média do planeta obtido por ele (5,448g/cm3) é bastante próximo do correto (5,515g/cm3).

1798 – A Royal Society publica um catálogo, elaborado por Caroline Herschel, contendo um índice com todas as observações de todas as estrelas feitas por John Flamsteed, uma errata e uma lista de mais de 560 estrelas que não constam no catálogo original desse astrônomo (publicado em 1725).

1800 – Os astrônomos alemães Johann Hieronymos Schröter (1745-1816) e Karl Ludwig Harding (1765-1834) comunicam ter observado manchas características sobre a superfície de Mercúrio, fornecendo a primeira base para a cartografia do planeta. Schröter estima, erroneamente, que a rotação de Mercúrio é de cerca de 24 horas (valor correto: 58,646 dias).

1800 – William Herschel capta, com um termômetro, as radiações infravermelhas do Sol, separando-as das radiações visíveis com a ajuda de um prisma.

1800 (setembro) – Reúne-se, na cidade alemã de Lilienthal, um grupo de 24 astrônomos, liderado pelo barão alemão de origem húngara Franz Xaver von Zach (1754-1832) e autodenominado Himmelspolizei (polícia celeste), tendo por objetivo iniciar a procura sistemática de um suposto planeta que, de acordo com a “Lei de Titius-Bode”, (aparentemente confirmada com a descoberta de Urano, em 1781), deveria existir entre Marte e Júpiter. A cada astrônomo é atribuída uma região de 15 graus do zodíaco (24 x 15 = 360) para efetuar a busca. Do grupo fazem parte, entre outros, William Herschel, Charles Messier, Johann Elert Bode, Nevil Maskelyne, Barnava Oriani e Heinrich Olbers.

1801 - Johann Elert Bode publica Uranographia, atlas celeste que tem o duplo objetivo de representar as posições de estrelas e outros objetos com precisão científica e fazer uma

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interpretação artística das figuras das constelações. Uranographia marca o clímax de uma tendência a retratar artisticamente as constelações. A partir daí, as figuras vão se tornando cada vez mais raras nos mapas astronômicos, até desaparecerem por completo.

1801 (1º de janeiro) – O astrônomo e jesuíta italiano Giuseppe Piazzi (1746-1826), trabalhando no Observatório de Palermo, descobre, na constelação de Touro, um objeto situado entre as órbitas de Marte e de Júpiter, batizado de 1 Ceres, exatamente no local onde a chamada “Lei de Titius-Bode” previa a existência de um quinto planeta. Essa descoberta causa euforia no meio científico, pois acredita-se verdadeiramente tratar-se do quinto planeta em ordem de distância do Sol. Mais tarde, quando outros objetos são encontrados nas cercanias, compreende-se que a faixa situada entre as órbitas de Marte e de Júpiter contém uma série de pequenos corpos celestes, a que William Herschel dá o nome de asteroides. Hoje Ceres é classificado como planeta anão.Com diâmetro de 974,6 x 909,4km, Ceres orbita o Sol, à velocidade média de 64.375km/h, em 1680,5 dias (4,60 anos); à distância média de 413.832.587km (varia entre 380.995.855 e 446.669.320km) e completa uma rotação em 9h4min27s. A massa é de 943 quatrilhões de toneladas, e a densidade, de 2,077g/cm3. A magnitude aparente varia entre 6,7 e 9,32.Ceres é o nome latino de Deméter, deusa grega da terra cultivada, das colheitas e das estações do ano.

1801 (31 de dezembro) – Graças aos cálculos efetuados pelo matemático alemão Karl Friedrich Gauss (1777-1855), que havia inventado um procedimento conhecido como “método dos mínimos quadrados” e que permite combinar observações e, com base nelas, estimar os parâmetros de uma função (neste caso, uma órbita), o barão Franz Xaver von Zach consegue reencontrar Ceres, cuja trajetória no espaço se perdera logo depois da descoberta de Piazzi.

1802 – O físico inglês William Hyde Wollaston (1766-1828) faz um feixe de luz branca atravessar um prisma de vidro, colocando à frente do prisma uma placa com uma pequena fenda vertical. Nasce o primeiro espectroscópio rudimentar, que permite a ele observar linhas escuras no espectro do Sol.Este estudo será retomado e ampliado por Joseph von Fraunhofer em 1814.

1802 – O diâmetro de Ceres é estimado em 260km (o valor correto gira em torno de 975km), o que faz os astrônomos compreenderem que não se trata de um planeta, mas sim de uma nova classe de objetos, a que William Herschel dá o nome de asteroides.

1802 (28 de março) – O médico e astrônomo alemão Heinrich Wilhelm Olbers (1758-1840) descobre o asteroide 2 Palas. Com a inclusão, em 2006, de Ceres entre os planetas anões, Palas passa a ser o maior asteroide do Sistema Solar em diâmetro, embora tenha menos massa que Vesta. Diâmetro: 582 x 556 x 500km; período orbital: 1.686,044 dias (4,62 anos). Distância média do Sol: 414.737.000km; massa: 210 quatrilhões de toneladas; densidade: 2,8g/cm3; rotação: 7h48min47s; magnitude aparente: de 6,4 a 10,6.Influenciado pela crença na Lei de Titius-Bode, Olbers sugere que Ceres e Palas poderiam ser fragmentos de um planeta que se desintegrou há milhões de anos, devido a uma explosão interna ou ao impacto de um cometa. Contudo, em razão da pequena massa total

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do cinturão de asteroides (4% da massa da Lua) e das diferenças de composição química apresentadas por esses objetos, difíceis de explicar caso tivessem alguma vez sido parte de um planeta único, atualmente os astrônomos creem que jamais um planeta se formou naquela região do Sistema Solar, possivelmente devido às perturbações gravitacionais de Júpiter.

1802 (6 de maio) – William Herschel propõe o termo “asteroide (do grego “asteroeidés”, “semelhante a estrela”) para designar Ceres e Palas. Ele escreve: “Como nem a denominação de planetas nem a de cometas pode aplicar-se a essas duas estrelas, devemos distingui-las por um novo nome. Parecem pequenas estrelas, e é difícil distingui-las destas. Por sua aparência asteroidal, se me permitem essa expressão, sugiro adotar esse nome e chamá-las asteroides”.

1803 – William Herschel publica “Account of the Changes that have happened, during the last Twenty-five Years, in the relative Situation of Double-stars” (“Cômputo das Mudanças Que Ocorreram, nos Últimos Vinte E Cinco Anos, na Situação Relativa de Estrelas duplas”). Neste trabalho, com base em mudanças observadas nas posições relativas de estrelas integrantes de sistemas binários e múltiplos que não podem ser atribuídas à órbita da Terra, ele argumenta (corretamente) que essas estrelas podem estar gravitacionalmente ligadas e constituir sistemas siderais “físicos”, e não apenas “aparentes”, contrariando o pensamento dominante na época.No total, Herschel descobre mais de oitocentos sistemas estelares binários e múltiplos, quase todos “físicos”. O trabalho teórico e observacional realizado por ele constitui a base da moderna astronomia das estrelas binárias.

1803 (26 de abril) – Uma chuva de meteoritos, oriunda do estilhaçamento de um único bólido, cai em L’Aigle, na França. Trata-se de um evento excepcional: são recuperados mais de 2.000 fragmentos. Toda a comunidade científica desperta com o acontecimento. A Academia de Ciências da França apoiara, até então, os resultados da comissão de 1769 – não obstante os dezoito eventos registrados na Europa, naqueles anos. Forçada pelas novas evidências a reconsiderar a questão, a Academia nomeia nova comissão, chefiada pelo físico francês Jean-Batiste Biot (1774-1862), para investigar as pedras de L’Aigle. Esse evento, esclarecido com a contribuição fundamental de Biot, não deixa lugar a dúvidas. Em seu relatório à Academia, a comissão conclui que as pedras de L’Aigle, e igualmente todas as recolhidas em condições análogas, têm proveniência cósmica. Nasce então, oficialmente, a ciência dos meteoritos, reconhecendo-se que os pesquisadores estavam lidando com amostras de material não terrestre.

1804 (2 de setembro) – O alemão Karl Ludwig Harding (1765-1834) descobre o asteroide 3 Juno.Diâmetro: 320 x 267 x 200km; período orbital: 1.595,4 dias (4,37 anos); distância média do Sol: 399.725.000km; massa: 26,7 quatrilhões de toneladas; densidade: 2,98g/cm3; rotação: 7h13min; magnitude aparente: de 7,4 a 11,55.

1807 (29 de março) – Heinrich Olbers descobre 4 Vesta, único asteroide visível a olho nu (a magnitude aparente chega a 5,1).Diâmetro: 572,6 x 557,2 x 446,4km; período orbital: 1.325,15 dias (3,63 anos); distância

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média do Sol: 353.268.000km; massa: 267 quatrilhões de toneladas; densidade: 3,42g/cm3; rotação: 5h21min.

1809 – O Observatório Astronômico do Rio de Janeiro muda-se para a Academia Real Militar com o propósito de atender a necessidades de navegação e conduzir estudos geográficos, geodésicos e astronômicos.

1809 – O francês Honoré Flaugergues (1755-c. 1835) observa “nuvens amarelas” na superfície de Marte. São os primeiros registros conhecidos de tempestades de poeira no planeta.Alguns estudiosos colocam em dúvida essas observações, sob a alegação de que o telescópio utilizado por ele não teria resolução suficiente.

1810 – É erguido, a mando de Frederico Guilherme III (1770-1840), rei da Prússia, o Observatório de Koennigsberg, que tem como um de seus diretores Friedrich Wilhelm Bessel (1784-1846).

1811 – A Imprensa Régia brasileira imprime sua primeira publicação astronômica: as Efemérides Náuticas, calculadas para o meridiano do Rio de Janeiro.

1811 (setembro) – O chamado Grande Cometa de 1811, descoberto em 25 de março pelo astrônomo francês Honoré Flaugergues (1755-c. 1835), chega ao periélio. O astro, que permanece visível durante 260 dias, atinge seu brilho máximo em outubro, e o escritor russo Lev (Liev) Tolstói (1828-1910), numa cena de “Guerra e Paz”, descreve o personagem Pierre observando este cometa.

1814 – O físico alemão Joseph von Fraunhofer (1787-1826) constrói um espectroscópio aperfeiçoado e estuda sistematicamente as linhas escuras no espectro solar. O instrumento apresenta uma fenda de duas lunetas; uma faz com que os raios componentes do feixe luminoso incidam paralelamente sobre o prisma e a outra recolhe os feixes refratados e os focaliza numa tela. Utilizando um feixe de luz solar, ele descobre as primeiras 574 linhas do espectro do Sol, que passam a ser conhecidas como “raias de Fraunhofer” ou “de absorção”.Estudando os espectros da Lua e dos planetas, Fraunhofer constata que são idênticos ao do Sol e demonstra que esses astros apenas refletem a luz solar, conforme sugerido por Galileu Galilei dois séculos antes.

1815 – Manuel Ferreira de Araujo, professor da Academia Real Militar, que com o tempo se transforma em escola politécnica, publica o primeiro livro de astronomia no Brasil: “Elementos de Geodésia”. No ano seguinte, surge outra publicação do mesmo autor: “Elementos de Astronomia”.

1819 – O astrônomo alemão Johann Franz Encke (1791-1865) publica em Correspondance astronomique a descoberta de que o cometa observado em 1786 por Pierre Méchain é periódico, tendo sido registrado também em 1796 e 1805. É o segundo cometa periódico identificado, recebendo a designação oficial 2P/Encke. É o cometa de menor período conhecido, completando uma órbita a cada 3,3 anos. O diâmetro do núcleo é de 4,8km.

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Atualmente, conhecem-se cerca de quinhentos cometas periódicos.

1820 – É fundada a Astronomical Society of London, mais tarde Royal Astronomical Society (RAS). O primeiro presidente é William Herschel.

1821 – O astrônomo francês Alexis Bouvard (1767-1843) detecta irregularidades na órbita de Urano, o que dá início à busca por Netuno.

1821 – É fundada, pelo astrônomo alemão Heinrich Christian Schumacher (1780-1850), e com o patrocínio de Cristiano VIII (1786-1848), rei da Dinamarca (1839-1848), a revista Astronomische Nachrichten (Notas Astronômicas), que afirma ser a mais antiga publicação sobre astronomia ainda editada. Atualmente, é especializada em física solar, astronomia extragaláctica, cosmologia, geofísica, bem como na instrumentação destes campos.

1822 – O papa Pio VII (1742-1823) aprova um decreto da Sagrada Congregação da Inquisição (hoje Congregação para a Doutrina da Fé) mediante o qual a Igreja Católica admite oficialmente que a Terra gira ao redor do Sol, pondo fim à proibição de ensinar a teoria heliocêntrica de Copérnico.

1823 (29 de dezembro - Nell de Bréauté descobre um cometa (formalmente, C/1823 Y1), também observado no dia seguinte, independentemente, por Jean-Louis Pons e Wilhelm von Biela, alternativamente denominado Grande Cometa de 1823 ou Bréauté-Pons. Visível a olho nu, tem a particularidade de possuir duas caudas. Pons é o último astrônomo a observá-lo, em 1º de abril.

1824 – O astrônomo e astrofísico alemão Franz von Gruithuisen (1774-1852) explica a formação das crateras lunares como o resultado de impactos de meteoritos.Para explicar o brilho observado em Vênus, ele propõe que as selvas naquele planeta crescem mais rapidamente do que no Brasil, devido à maior proximidade em relação ao Sol, e que em consequência os venusianos celebram muitos festivais do fogo.

1824 – O físico e matemático francês Jean-Baptiste Joseph Fourier (1768-1830) sugere que a atmosfera terrestre retém parte do calor recebido do Sol, como se estivesse debaixo de um cristal, a exemplo do que acontece numa estufa. É a primeira referência ao fenômeno que, posteriormente, passa a ser conhecido como “efeito estufa”.

1825 – Pierre-Simon Laplace publica o último dos cinco volumes de sua obra “Mécanique Céleste” (os dois primeiros são de 1799), em que completa o seu estudo da gravitação, da estabilidade do Sistema Solar, das marés, da precessão dos equinócios, da libração da Lua e dos anéis de Saturno.

1826 – Heinrich Olbers reformula o paradoxo proposto por ele em 1823 e que leva seu nome, embora ele não tenha sido, nem de longe, o primeiro a propô-lo. O paradoxo de Olbers pode ser assim resumido: se o Universo é infinito, possuindo um número infinito de estrelas luminosas, uniformemente distribuídas, o céu deveria ser inteiramente luminoso porque haveria estrelas em qualquer direção. A escuridão do céu noturno, portanto,

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contradiz a noção de Universo infinito e estático.

1827 – No livro “Mémoire sur les orbites des étoiles doubles and Sur la détermination des orbites que décrivent autour de leur centre de gravité deux étoiles très rapprochées l'une de l'autre”, o francês Félix Savary (1797-1841) é o primeiro a utilizar a observação de estrelas binárias para calcular as órbitas individuais dos componentes do sistema. Ele aplica o seu método à estrela Xi Ursae Majoris, sistema composto de duas estrelas amarelas, distantes entre si 1,5 bilhão de km, que orbitam em torno uma da outra em 59,84 anos. A distância à Terra é de 29 anos-luz.

1827 (15 de outubro) – É criado, por decreto do imperador D. Pedro I (1798-1834), o Observatório Astronômico, hoje Observatório Nacional (ON), instalado no torreão da Escola Militar, na cidade do Rio de Janeiro, tendo como primeiro diretor o professor de matemática Pedro de Alcântara Bellegarde. Os objetivos iniciais são orientar os estudos geográficos do território brasileiro e de ensino da navegação. Hoje o Observatório Nacional é responsável pela geração e divulgação da Hora Legal Brasileira e por diversas pesquisas e estudos em Astronomia, Astrofísica e Geofísica, possuindo cursos de pós-graduação com mestrado e doutorado nas duas áreas.O Observatório Nacional é o mais antigo centro astronômico em funcionamento da América do Sul.

1828 – Caroline Herschel recebe a medalha de ouro da Royal Astronomical Society por seus trabalhos em astronomia. É a primeira mulher a receber essa distinção. A segunda será a estadunidense Vera Rubin, em 1996.

1829 – Os britânicos organizam o Observatório do Cabo da Boa Esperança, em complemento ao de Greenwich.

1830 (6 de dezembro) – É criado o Observatório Naval dos Estados Unidos (EUA), em Washington. Em 1842, torna-se observatório nacional.A partir de 1974, uma casa situada no terreno adjacente ao observatório, antes ocupada pelo superintendente da instituição, passa a ser a residência oficial do vice-presidente dos EUA.

1831 – Surge o primeiro observatório universitário dos EUA, na Universidade da Carolina do Norte.

1831 – Por decreto de Guilherme IV (1765-1837), rei do Reino Unido (1830-1837), a Astronomical Society of London torna-se a Royal Astronomical Society. Os membros dessa instituição são conhecidos como “fellows” (companheiros).Atualmente, é a organização britânica integrante da União Astronômica Internacional.

1832 – O escocês David Brewster (1781-1868) mostra que gases frios produzem linhas de absorção escuras nos espectros contínuos.

1835 – O “Diálogo sobre os Dois Máximos Sistemas do Mundo” e o “De Revolutionibus Orbium Coelestium” são retirados do “Index Librorum Proibitorum”. Com isso, desaparece toda a oposição oficial da Igreja ao heliocentrismo.

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1835 – Cientistas iniciam o estudo físico do cometa Halley. Trabalhando no Observatório de Yale, o naturalista Denison Olmsted (1791-1859) e o matemático Elias Loomis (1811-1839) são os primeiros estadunidenses a observá-lo.O periélio ocorre em 16 de novembro.

1835 – Caroline Herschel (1750-1848) e a escritora científica escocesa Mary Somerville (1780-1872) tornam-se as primeiras mulheres admitidas na Royal Astronomical Society.

1836 – O alemão Friedrich Wilhelm Bessel (1784-1846), após ter observado jatos de vapor durante a aparição do Halley em 1835, sugere que a força do material ejetado pode ser suficiente para alterar significativamente a órbita de um cometa.

1836 – O banqueiro e astrônomo amador alemão Wilhelm Beer (1797-1850), junto com Johann Heinrich von Mädler (1794-1874), prepara o mapa mais completo da Lua de seu tempo, o “Mappa Selenographica”. Primeiro mapa lunar a ser dividido em quadrantes, contém uma representação detalhada da face da Lua voltada para a Terra.

1836 (15 de maio) – O astrônomo inglês Francis Baily (1774-1844) observa as "Contas de Baily" durante um eclipse solar anular. A vívida descrição dele desperta novo interesse no estudo de eclipses.As Contas de Baily são os pontos luminosos de luz que aparecem na extremidade ao redor da Lua durante um eclipse Solar. As contas são criadas por luz do Sol que atravessa os vales da lua. A última conta é a mais luminosa e se assemelha a um brilhante anel de diamantes.

1837 – Johann Franz Encke descobre, no interior do anel A de Saturno, uma lacuna muito tênue, que recebe seu nome.

1837 – O astrônomo russo de origem alemã Friedrich Georg Wilhelm von Struve(1793-1864) publica “Stellarum duplicium et multiplicium mensurae micrometricae”, trabalho em que apresenta medições micrométricas das variações nas posições de 2.814 estrelas binárias entre 1824 e 1837). As estrelas binárias orbitam reciprocamente os centros de massa (baricentros) uma da outra e, por isso, mudam lentamente de posição ao longo dos anos.

1838 – Friedrich Wilhelm Bessel mede as primeiras paralaxes estelares, refutando um dos mais antigos argumentos contrários ao heliocentrismo. A primeira estrela que tem sua distância à terra medida é 61 Cygni. O valor obtido por Bessel é 10,4 anos-luz, bastante próximo do atualmente aceito: 11,41 anos-luz (108 trilhões de km). Hoje sabe-se que 61 Cygni é uma estrela binária (dupla).

1839 – É criado o Observatório de Harvard, graças a uma coleta organizada entre a população local, que soma 3.000 dólares. Seu primeiro diretor, William Cranch Bond (1789-1859), mediante a instalação de instrumentos de sua propriedade, estuda as manchas solares, os planetas, a nebulosa de Órion e a de Andrômeda.

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1839 – O escritor estadunidense Edgar Allan Poe (1809-1849) publica o primeiro conto de ficção científica sobre cometas. Em "A Palestra de Eiros e Charmion", do livro “Novas Histórias Extraordinárias”, encontra-se a descrição da destruição da Terra por um cometa, relatada pela alma de uma das vítimas depois de sua chegada ao céu.

1839 – Friedrich Georg Wilhelm von Struve funda o Observatório de Pulkovo, localizado ao sul de São Petersburgo, que se destaca rapidamente e chega a ser um dos melhores do mundo.

1839 (9 de janeiro) – o processo de fotografia de daguerreótipo, inventado pelo francês Louis Daguerre (1787-1851), é anunciado na Academia francesa de Ciências.Ele tenta fotografar a Lua, mas a imagem produzida não passa de um borrão.

1840 – Dominique François Arago (1786-1853), astrônomo francês, descobre a cromosfera solar, camada localizada acima da fotosfera e abaixo da coroa, com aproximadamente 2.000km de profundidade e composta, essencialmente, de hidrogênio ionizado, hélio e cálcio. A densidade da cromosfera é extremamente baixa: 10.000 vezes menor que a da fotosfera e 100 milhões de vezes inferior à da atmosfera terrestre. Por isso, é visível a olho nu apenas durante eclipses totais do Sol. De dentro para fora, a temperatura diminui de 5.700°C até um mínimo de 3.500°C, quando volta a aumentar, atingindo 35.000°C no limite com a coroa.

1840 - Johann Heinrich von Mädler publica, em colaboração com Wilhelm Beer, o primeiro mapa de Marte, resultado de dez anos de estudos. O ponto de referência utilizado por eles, posteriormente batizado de Sinus Meridiani, é hoje o meridiano zero da cartografia marciana. Mädler e Beer não atribuem nomes às características da superfície, que são indicadas apenas por letras, sendo Sinus Meridiani indicado pela letra A.

1840 (23 de março) – O químico e botânico estadunidense de origem inglesa John William Draper (1811-1882) é o primeiro a obter uma fotografia astronômica (astrofotografia) e fotografa a Lua.

1842 – O físico alemão Julius Robert von Mayer (1814-1878) formula o princípio da conservação da energia, segundo o qual a energia não pode ser criada do nada nem destruída, mas apenas transformada.

1842 – No livro "Über das farbige Licht der Doppelsterne" (“Sobre a Luz Colorida das Estrelas Duplas”), o físico, matemático e astrônomo austríaco Christian Johann Doppler (1803-1853) formula as bases do "efeito Doppler", utilizado na acústica e na astronomia: a cor de um corpo luminoso, do mesmo modo que a altura do som de uma fonte sonora, deve mudar em virtude do movimento relativo do corpo e do observador. Esse efeito é utilizado para determinar o afastamento (desvio do espectro para o vermelho) ou a aproximação (desvio para o azul) de um corpo celeste ou de um sistema galáctico relativamente à Terra. É por meio dele que, posteriormente, Edwin Hubble descobre que o Universo continua se expandindo.

1843 – O matemático e astrônomo britânico John Couch Adams (1819-1892) prevê a

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existência e a localização de Netuno a partir de irregularidades na órbita de Urano.

1843 – O astrônomo amador alemão Samuel Heinrich Schwabe (1789-1875) constata que o número de manchas na fotosfera solar sofre variações periódicas, completando um ciclo em aproximadamente dez anos (periodicidade posteriormente corrigida para onze anos).

1843 – O astrônomo prussiano Friedrich Argelander (1799-1875) publica "Neue Uranometrie” ("Uranometria Nova"), um atlas de estrelas que podem ser observadas a olho nu.

1843 (5 de fevereiro) – É descoberto um grande cometa (C/1843 D1 ou 1843 I), cujo periélio (27 de fevereiro) é o mais próximo observado até então: menos de 830.000km. Em março, torna-se extremamente brilhante, atingindo o ponto de maior proximidade com a Terra no dia 6.

1844 – Friedrich Bessel explica os movmentos oscilantes de Sirius e de Procyon, sugerindo que essas estrelas têm companheiras de baixa luminosidade. Isso será confirmado em 1862 e 1896, respectivamente.

1845 – William Parsons, astrônomo irlandês mais conhecido como Lord Rosse (1800-1867) termina o telescópio refletor óptico de 1,83m do Birr Castle, localizado em Parsonstown, Irlanda. Nesse mesmo ano, observa uma “nebulosa” com uma estranha forma espiral. Ele havia descoberto a natureza espiral da galáxia M51. Mais tarde ele nota a mesma forma espiral em M99 e em mais 13 “nebulosas” que passam então a ser conhecidas como “nebulosas espirais” e que hoje sabemos serem galáxias espirais.

1845 – Na obra “Kosmos” (cinco volumes), o naturalista alemão Friedrich Alexander von Humboldt (1769-1859) introduz a expressão “Universo-ilha”, para designar sistemas estelares análogos ao nosso. À concepção da natureza extragaláctica das nebulosas se opõe outra, segundo a qual o Universo não passa de uma gigantesca Via Láctea, sendo as nebulosas nada mais que objetos pequenos aí contidos. O confronto entre essas duas concepções cosmológicas é conhecido como “Grande Debate”.

1845 (2 de abril) – Hippolyte Fizeau e Léon Foucault obtêm a primeira fotografia do Sol.

1846 – Um decreto altera o nome do Observatório Astronômico do Rio de Janeiro para Imperial Observatório.

1846 – Durante sua aproximação do Sol, o cometa 3D/Biela, registrado pela primeira vez pelo astrônomo francês Jacques Laibats-Montaigne (1716-1788), em 8 de março de 1772, e identificado como periódico pelo militar austríaco Wilhelm Von Biela (1682-1756), em 27 de fevereiro de 1826, desintegra-se em duas partes. Na passagem seguinte (1852), ambos os fragmentos são vistos a 2.400.000km um do outro, e vestígios do que fora outrora o cometa só voltam a ser observados em 27 de novembro de 1872, sob a forma de chuva de meteoros (3.000 por hora), a que se dá o nome de “Andromedídeos” ou "Bielídeos".

1846 (1º de junho) - O astrônomo francês Urbain Le Verrier (1811-1877), a exemplo do

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que fizera John Couch Adams, prevê a existência e a localização de Netuno a partir de irregularidades na órbita de Urano. Em 31 de agosto, ele apresenta previsões ainda mais detalhadas, incluindo trajetória orbital e massa prováveis do objeto.

1846 (23 de setembro) – Com base nos cálculos orbitais feitos por John Couch Adams e, sobretudo, por Urbain Le Verrier, os astrônomos alemães Johann Gottfried Galle(1812-1910) e seu assistente Heinrich Louis D'Arrest (1822-1875), ambos do Observatório de Berlim, localizam o planeta Netuno, na constelação de Aquário, a menos de um grau da posição prevista matematicamente por Lê Verrier.Este é um momento capital para a ciência do século XIX: é a confirmação da teoria gravitacional de Newton.Deve-se a Le Verrier o nome dado ao planeta.Netuno é o mais longínquo dos oito planetas do Sistema Solar, orbitando o Sol a uma distância que varia entre 4.452.940.833 e 4.553.946.490km, numa média de 4.503.443.661km. É o menor dos “planetas gasosos” (os outros são Júpiter, Saturno e Urano), com diâmetro de 49.528 x 48.682km e área superficial de 7.640.800.000km2 (equivalente a 14,98 superfícies terrestres). Ocupa um volume de 62,54 trilhões de km3 (57,74 vezes superior ao terrestre) e tem massa de 102,43 sextilhões de toneladas (o que equivale a 17,147 massas da Terra), resultando numa densidade de 1,638g/cm3. A gravidade é 14% superior à terrestre, e a velocidade de escape é de 23,5km/s. Completa uma órbita em torno do Sol, à velocidade média de 19.550km/h, em 60.190 dias terrestres (164,79 anos), ou 89.666 dias netunianos, e leva 16h6min36s para girar em torno de si mesmo. A temperatura pode chegar a -218° (um pouco superior à de Urano). Os principais componentes da atmosfera são hidrogênio (79%), hélio (19%) e metano (1,5%). A magnitude aparente varia entre 7,78 e 8,0. Tem treze satélites conhecidos.Netuno é o nome latino de Posídon (ou Poseidon, ou, ainda, Possêidon, deus supremo do mar.

1846 (10 de outubro) – William Lassell (1799-1880), astrônomo amador inglês, descobre Tritão, primeiro satélite conhecido de Netuno. Diâmetro: 2.707km; período orbital: 5,877 dias; distância média do planeta: 354.759km; massa: 21,4 quintilhões de toneladas; densidade: 2,061g/cm3; magnitude aparente: 13,47.

1847 – O matemático, astrônomo e fotógrafo inglês John Herschel (1792-1871), filho (único) de William Herschel, publica “Results of Astronomical Observations made at the Cape of Good Hope” (“Resultados de Observações Astronônicas Feitas no cabo da Boa Esperança”), obra em que dá aos sete satélites de Saturno então conhecidos os seus nomes atuais: Mimas, Encélado, Tétis, Dione, Reia, Titã e Jápeto.

1847 – John William Draper observa que sólidos quentes emitem luz em espectros contínuos enquanto gases quentes produzem espectros de linha.

1847 – Num trabalho intitulado “Études d'Astronomie Stellaire: Sur la voie lactee et sur la distance des etoiles fixes”, Friedrich Georg Wilhelm von Struve é um dos primeiros astrônomos a identificar os efeitos da extinção estelar, embora não seja capaz de explicá-los. O fenômeno será descrito apenas em 1930, por Robert Trumpler.

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1848 – O francês Hippolyte Fizeau (1819-1896) Faz as primeiras experiências com o "efeito Doppler", utilizando as raias de Fraunhofer como linhas de referência para determinar os deslocamentos das estrelas na direção da Terra, com o objetivo de medir suas velocidades radiais. Por isso hoje o fenômeno tem o nome de "efeito Doppler-Fizeau".

1848 – Edgar Allan Poe oferece a primeira solução plausível do paradoxo de Olbers em "Eureka: A Prose Poem", ensaio que também sugere a expansão e o colapso do Universo.

1848 - O físico e engenheiro irlandês William Thompson, Lorde Kelvin (1824-1907), desenvolve uma escala de temperaturas que, diferentemente das escalas de Celsius e de Fahrenheit, não parte do ponto de fusão da água, mas sim do zero absoluto, isto é, a menor temperatura a que se pode chegar, caracterizada pela ausência total de qualquer energia térmica, determinada em laboratório como sendo equivalente a -273,15°c. Para obter o valor de uma temperatura em graus Kelvin (K), basta acrescentar 273 ao seu equivalente em graus Celsius. Por exemplo, nesta escala, o ponto de fusão da água, à pressão atmosférica do nível do mar, é de (0+273) 273 K, e o seu ponto de ebulição é de (100+273) 373 K.

1848 (19 de setembro) – Ocorre a descoberta do satélite Hipérion, oitavo conhecido de Saturno, feita simultaneamente pelos estadunidenses William Cranch Bond (1789-1859) e seu filho George Phillips Bond (1825-1865) e pelo inglês William Lassell (1799-1880). Diâmetro: 360,2 x 266 x 205,4km; período orbital: 21,276 dias; distância média do planeta: 1.481.009km; massa: 5,62 quatrilhões de toneladas; densidade: 0,544g/cm3.

1850 – William Cranch Bond (1789-1859) e William Rutter Dawes (1799-1868) – trabalhando nos EUA e na Grã-Bretanha, respectivamente, e sem estarem em contato – anunciam, com poucos dias de diferença, a descoberta de um terceiro anel de Saturno, localizado entre os dois já conhecidos. O anel C é tão transparente que se pode ver o perfil de Saturno através dele, sendo por isso conhecido como “anel de crepe”.

1850 – O astrônomo francês Édouard Albert Roche (1820-1883) descobre que existe uma distância mínima do centro de Saturno – hoje conhecida como “limite de Roche” – abaixo da qual nenhum satélite fluido pode permanecer inteiro, reforçando com isso a hipótese de os anéis do planeta serem formados por material orbitante desagregado.

1850 – O sétimo planeta em ordem de afastamento do Sol passa a se chamar Urano, nome sugerido, muitos anos antes, por Johann Elert Bode. Mantém-se, dessa forma, a tradição de dar aos planetas nomes derivados da mitologia greco-romana.

1850 (16 e 17 de julho) O astrônomo William Cranch Bond (1789-1859) e o daguerreotipista John Adams Whipple (1822-1891) tiram, no Harvard College Observatory, as primeiras fotografias de uma estrela que não o Sol: Vega, alfa de Lira.

1850 (16 de dezembro) – Vênus chega a 39.514.827km da Terra. Outra aproximação semelhante ocorrerá somente em 2101, quando o planeta chegará à distância de 39.541.578km.

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1851 (28 de julho) – Durante um eclipse total do Sol, um daguerreotipista de Caliningrado (Rússia) chamado Berkowski (o primeiro nome jamais é publicado) Obtém a primeira fotografia da coroa solar, Uma espécie de “atmosfera de plasma” (existente também em outras estrelas) que se estende por milhões de km no espaço. A temperatura é elevada, podendo chegar a alguns milhões de graus. Contudo, como a densidade é extremamente baixa (aproximadamente 1 trilhão de vezes menor que a da fotosfera), a sensação térmica é muitíssimo inferior a esse valor.

1851 (24 de outubro) – São descobertos o terceiro e o quarto satélites de Urano, Ariel e Umbriel, por William Lassell.Ariel – Diâmetro: 1.162,2 x 1.155,8 x 1.155,4km; período orbital: 2,520 dias; distância média do planeta: 191.020km; massa: 1,353 quintilhão de toneladas; densidade: 1,66g/cm3.Umbriel – Diâmetro: 1.169km; período orbital: 4,144 dias; distância média do planeta: 266.000km; massa: 1,172 quintilhão de toneladas: densidade: 1,39g/cm3.

1852 – John Herschel dá aos quatro satélites de Urano então conhecidos (Titânia, Oberon, Ariel e Umbriel) os seus nomes atuais.

1852 (6 de abril) – O físico, astrônomo e explorador irlandês Edward Sabine (1788-1883) postula que o ciclo de onze anos das manchas solares é “absolutamente idêntico” ao ciclo de onze anos do campo geomagnético. Isso significa que as perturbações ocorridas na superfície do Sol afetam o campo magnético da Terra.

1852-1859 – Os alemães Friedrich Argelander (1799-1875), Adalbert Krüger (1832-1896) e Eduard Schönfeld (1828-1891) publicam “Bonner Durchmusterung”, último mapa estelar elaborado sem o uso da fotografia. Este catálogo assinala o brilho e a posição de mais de 324.000 estrelas, visíveis sobretudo no hemisfério norte.

1853 – No ensaio “Of the Plurality of Worlds” (“Da Pluralidade dos Mundos”, o filósofo e padre anglicano inglês William Whewell (1794-1866), cético ou no mínimo cauteloso quanto à existência de vida extraterrestre, lembra o conjunto de condições necessárias para o desenvolvimento da vida – luz, temperatura, pressão, água, etc. –, que formam a chamada “zona de habitabilidade”. Muito próximos do Sol, planetas como Vênus e Mercúrio estariam fora dessa zona, acontecendo o mesmo com Saturno, Urano e Netuno, excessivamente distantes.

1854 - O médico e físico alemão Hermann von Helmholtz (1821-1894) propõe (incorretamente) a contração gravitacional como a fonte de energia para o Sol.

1854 (10 de junho) – O matemático alemão Georg Friedrich Bernhard Riemann (1826-1866) propõe que o espaço é curvo. Ele sugere que todas as leis físicas ficam mais simples quando expressas em dimensões mais altas. Einstein, em 1916, usando o trabalho de Rieman em sua teoria da Relatividade Geral, incorpora o tempo como a quarta dimensão.

1856 - O astrônomo britânico Norman Robert Pogson (1829-1891) propõe uma escala de

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magnitudes estelares (vigente até hoje) segundo a qual uma estrela de primeira magnitude é cem vezes mais brilhante que uma de sexta magnitude (cujo brilho está no limite de visibilidade do olho humano). Portanto, uma estrela de primeira magnitude é 2,512 (raiz quinta de 100) vezes mais brilhante que uma de segunda, que por sua vez é 2,512 vezes mais brilhante que uma de terceira, e assim sucessivamente. As magnitudes das estrelas de maior brilho são expressas em números negativos (a de Sirius, por exemplo, é -1,46). Ressalte-se que esta escala refere-se à magnitude aparente, ou seja, o brilho que a estrela apresenta conforme é vista da Terra. Existem ainda dois outros tipos de magnitude:- absoluta – aquela que uma estrela teria se estivesse a uma distância padrão de 10 parsecs (32,6 anos-luz), sem qualquer absorção de luminosidade;- bolométrica – quando não se leva em conta apenas a radiação visível, mas sim toda a radiação produzida por uma estrela (raios gama, raios X, ultravioleta, luz visível, infravermelho, ondas de rádio).

1858 (28 de setembro) – O cometa Donati, descoberto neste mesmo ano por Giovanni Batista Donati (1826-1873), torna-se o primeiro astro celeste desse tipo a ser fotografado. Trata-se de um cometa luminoso, com uma cauda de pó espetacularmente encurvada e duas caudas finas de gás. Sua imagem é capturada pelo fotógrafo comercial inglês William Usherwood.

1859 – Surge a explicação para o mistério das linhas escuras do espectro solar, quando Robert W. Bundsen (1811-1899), químico e físico alemão, e Gustav R. Kirchhoff (1824-1887), físico alemão, descobrem as bases experimentais para a interpretação dos espectros das substâncias químicas. Concluem que cada elemento químico tem seu espectro próprio, uma espécie de “assinatura”. Aplicando o método que acabam de desenvolver ao espectro do Sol, encontram sódio, cálcio, magnésio e ferro, concluindo que nossa estrela é formada pelos mesmos elementos químicos existentes na Terra, o que constitui um achado científico de grande importância. Posteriormente, constata-se que o mesmo vale para as demais estrelas.

1859 – O físico escocês James Clerk Maxwell (1831-1879) ganha o Prêmio Adams oferecido (1857) pela Universidade de Cambridge ao pesquisador capaz de explicar a estrutura e os movimentos dos anéis de Saturno. Descartando matematicamente a hipótese do anel fluido, ele passa a estudar com maior profundidade a teoria do anel desagregado, formado por pequenos corpos orbitantes e independentes. Maxwell chega à conclusão de que aquilo que existe ao redor de Saturno é um sistema composto por anéis finos e concêntricos, com raios diferentes, cada um com sua velocidade de revolução, sem intercâmbio de partículas. O ensaio em que ele apresenta este modelo intitula-se “On the stability of Saturn's rings” (“Sobre a estabilidade dos anéis de Saturno”).

1859 – O físico britânico John Tyndall (1820-1893) descobre que o dióxido de carbono, o metano e o vapor de água bloqueiam a radiação infravermelha. É mais uma etapa na compreensão do efeito estufa.

1859 (setembro) - Na tentativa de justificar características da órbita de Mercúrio que não podem ser explicadas com base nas leis de Newton, Urbain Lê Verrier propõe a existência, entre Mercúrio e o Sol, de um planeta, a que é dado o nome de Vulcano. Nos anos

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seguintes, astrônomos mobilizam-se para encontrá-lo, o que jamais ocorre.

1859 (1º de setembro) – Os astrônomos amadores ingleses Richard Carrington (1826-1875) e Richard Hodgson (1804-1872) descobrem, independentemente, os “flares” solares.Flares são erupções de gás súbitas e violentas, com grande liberação de energia, que ocorrem na superfície das estrelas. Nuvens de íons, elétrons livres e átomos são lançadas ao espaço durante o fenômeno, que pode durar de alguns minutos a dezenas de minutos. Radiação ultravioleta e raios X liberados pelos flares solares podem afetar a ionosfera da Terra e interromper comunicações via rádio a longas distâncias. A frequência dos flares solares vai de vários por dia a um por semana, conforme o Sol está mais ativo ou mais calmo ao longo de um ciclo de onze anos.

1860 (18 de julho) – Primeiro eclipse solar em que se utiliza a fotografia astronômica para estudos. As fotos facilitam a descoberta de que os jatos de gás incandescente conhecidos como proeminências surgem da superfície solar e não externamente a ela, conforme se acreditava na época.

1861 – O astrônomo alemão Friedrich Gustav Spörer (1822-1895) descobre a variação das latitudes das manchas solares durante um ciclo do Sol, fenômeno conhecido como “lei de Spörer”.

1861 – O químico e astrônomo britânico Warren De la Rue (1815-1889) dá início a um estudo detalhado do Sol por meio da fotografia.

1861 (13 de maio) – O astrônomo australiano John Debbutt (1834-1916) descobre um grande cometa (C/1861 J1), visível a olho nu por aproximadamente três meses. Ao longo de dois dias, durante a aproximação máxima com a Terra (19.900.000km), que ocorre em 30 de junho, nosso planeta fica dentro da cauda do cometa, e jatos de matéria convergindo para o núcleo podem ser vistos.1862 – no sul da França, o observatório de Marselha implanta o primeiro telescópio refletor moderno, com um espelho em vidro metalizado, feito pelo físico Léon Foucault (1819-1868).

1862 – O astrônomo sueco Anders Jonas Angström (1814-1874) descobre a presença de hidrogênio na atmosfera solar.

1862 – Analisando as linhas espectrais do Sol e comparando-as às de outras estrelas, o astrônomo e jesuíta italiano Angelo Secchi (1818-1878) determina que o Sol é uma estrela igual às outras.Estrela de tipo espectral (ver 1943) G2 V (amarela), com temperatura superficial de 5.500°c e temperatura central de 15,7 milhões de °C, o Sol é, tecnicamente, de quinta magnitude, com magnitude aparente (como é visto da Terra) -26,74 e magnitude absoluta (que teria se estivesse à distância-padrão de dez parsecs – 308 trilhões de km) +4,83. Situado a aproximadamente 26.000 anos-luz do centro da Via Láctea (cerca de 250 quatrilhões de km), o Sol leva entre 225 e 250 milhões de anos, à velocidade estimada de 220km/s, para completar uma órbita ao redor da região central da Galáxia. O período de rotação varia

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entre 25,05 dias (7.189km/h), no equador, e 34,3 dias, nos polos. Com diâmetro de 1.392.684km (109 vezes o da Terra), área superficial de 6,088 trilhões de km2 (11.990 superfícies terrestres) e ocupando um volume de 1,412 quintilhão de km3 (1.300.000 vezes o volume terrestre), o Sol tem massa de 1,989 octilhão (um octilhão = 1 seguido de 27 zeros) de toneladas, o que equivale a 332.946 vezes a massa da Terra e 99,86% de toda a massa do Sistema Solar e resulta numa densidade média de 1,408g/cm3. A gravidade solar é 27,94 vezes a terrestre (uma pessoa pesando 70kg na Terra pesaria, no Sol, 1.955,8kg), e a velocidade de escape (velocidade necessária para libertar-se de um campo gravitacional) é de 617,7km/s, 55 vezes a da Terra. Os principais elementos componentes do Sol são hidrogênio (73,46%), hélio (24,85%) e oxigênio (0.77%). A cada segundo, o Sol transforma cerca de 620 milhões de toneladas de hidrogênio em hélio.

1862 – O astrônomo holandês Frederik Kaiser (1808-1872) calcula a rotação de Marte em 24h37min22,6s. A diferença em relação ao valor atualmente aceito (24h37min22,6848s) é de menos de um décimo de segundo.

1862 – Começam a ser publicadas as Efemérides Astronômicas, do Imperial Observatório do Rio de Janeiro. A publicação é interrompida em 1870.

1862 (31 de janeiro) – O estadunidense Alvan Clark (1804-1887), astrônomo e fabricante de telescópios, identifica Sirius B, confirmando as previsões de sua existência, feitas em 1844 por Friedrich Bessel.Sirius, localizada na constelação do Cão Maior, é a estrela mais brilhante do céu noturno, com magnitude aparente -1,46. Contudo, esse brilho forte deve-se à proximidade em relação às demais estrelas (está a 8,6 anos-luz), já que a luminosidade de Sirius A é 25,4 vezes superior à solar, o que é pouco se comparada às luminosidades de grande número de estrelas da Via Láctea. A estrela principal do sistema, Sirius A, tem massa equivalente a 2,02 sóis e diâmetro de 2.380.000km. Sirius B, bem mais modesta, é uma anã branca com diâmetro de 11.700km, massa equivalente a 98% da solar, luminosidade igual a 2,6% da do Sol e magnitude aparente 8,30. A distância entre ambas as estrelas varia entre 1,2 e 4,7 bilhões de km, e o período orbital é de 50,9 anos.

1863 – Anders Jonas Angstrom publica seu mapa do espectro solar com a identificação das linhas que correspondem aos elementos químicos.

1863 – Enquanto registra alterações nas posições de manchas solares, Richard Carrington descobre a natureza diferencial da rotação solar. O período de rotação do Sol, devido à sua natureza gasosa, varia de acordo com a latitude, indo de 25,05 dias no equador até 34,3 dias nos polos.

1863 – É fundada, em Heidelberg, na Alemanha, a Astronomische Gesellschaft (Sociedade Astronômica), segunda organização do gênero no mundo, depois da Royal Astronomical Society.

1863 – Ângelo Secchi produz algumas das primeiras ilustrações coloridas de Marte, atribuindo às características da superfície nomes de exploradores famosos.

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1864 – John Herschel publica o “General Catalogue of Nebulae and Clusters of Stars” (Catálogo Geral de Nebulosas e Aglomerados de Estrelas”), conhecido como GC, com 5.079 objetos “nebulosos”. Fazem parte do catálogo os 2.500 objetos descobertos pelo pai, William Herschel, onze observados pela tia Caroline e 1.754 avistados por ele.

1864 – O astrônomo inglês William Huggins (1824-1910) estuda o espectro da nebulosa de Órion e mostra que ela é uma nuvem de gás. Um dos primeiros astrônomos a utilizar o espectroscópio para estudar a natureza física dos astros, Huggins assinala a coexistência de dois tipos de “nebulosas”: as formadas por estrelas e as constituídas por material difuso.É a primeira distinção entre galáxias (como Andrômeda), cujas linhas espectrais são semelhantes às das estrelas, e nebulosas (como Órion), cujas linhas espectrais são características de gás.

1864 (5 de agosto) – Giovanni Batista Donati descobre, estudando o cometa Tempel II, que os espectros desses astros contém linhas de emissão, um dos dois tipos de linhas espectrais existentes (o outro são as linhas de absorção). As linhas espectrais são Finas linhas vistas quando a luz de um objeto se divide em seus componentes de comprimento de onda ou espectro e cujo estudo denomina-se espectroscopia. Como são diferentes para cada elemento, o estudo das linhas espectrais permite estabelecer a composição química de um astro ou de material interestelar analisado.

1865 – O escritor francês Júlio Verne (1828-1905) publica “De la Terre à la Lune” (“Da Terra à Lua”), obra de ficção em que um grupo de homens viaja até o satélite natural terrestre num gigantesco canhão. Curioso observar que o canhão é lançado da Flórida, local de onde partem hoje os veículos espaciais estadunidenses.

1865 – O astrônomo francês Emmanuel Liais (1826-1900), trabalhando no Brasil, argumenta que as manchas escuras de Marte são o resultado da presença de vegetação.

1866 – Giovanni Schiaparelli propõe, corretamente, que as “chuvas” de meteoros ocorrem quando a Terra passa através da órbita de um cometa que deixou restos ao longo de sua trajetória.

1866 – O astrônomo estadunidense Daniel Kirkwood (1814-1895) descobre que, no cinturão de asteroides, há regiões vazias em que estes corpos celestes não conseguem estabelecer órbitas estáveis (devido a perturbações gravitacionais de Júpiter), conhecidas como “lacunas de Kirkwood”.

1866 – Angelo Secchi propõe a primeira classificação espectral das estrelas, dividindo os espectros em três classes, de acordo com a cor: I, estrelas azuis e brancas; II, amarelas; III, laranja e vermelhas.Em 1868, ele acrescenta a classe IV, formada por estrelas de carbono.Em 1877, ele propõe uma quinta classe, formada por estrelas peculiares.A classificação espectral de Ângelo Secchi será gradualmente substituída, a partir do final dos anos 1890, pela de Harvard.

1866 – William Huggins faz as primeiras observações espectroscópicas de uma estrela

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“nova” e descobre linhas de hidrogênio no espectro de T Coronae Borealis. Ele propõe uma explosão cataclísmica como a causa do espectro observado e consegue atrair a atenção dos astrônomos para o estudo dessas estrelas.

1867 – O astrônomo inglês Richard Anthony Proctor (1837-1888) elabora um mapa da superfície de Marte que mostra continentes, mares, baías e outras características geográficas, mas não distingue canais, como faz Schiaparelli mais tarde.

1867 – Anders Jonas Angström é o primeiro a examinar o espectro das auroras boreais.

1867 – Os astrônomos franceses Charles Wolf (1827-1918) e Georges Rayet (1839-1906) descobrem, espectroscopicamente, uma classe de estrelas denominada Wolf-Rayet. Trata-se de estrelas quentes (30.000°C a 200.000°C) e massivas (mais de 20 massas solares no início), que perdem rapidamente sua matéria constituinte em razão de ventos estelares muito fortes (2.000km/s).

1867 – Devido ao grande número de asteroides descobertos, é adotada uma nomenclatura para designá-los, a qual consiste em um nome próprio precedido de um número entre parênteses, em ordem de descobrimento. Assim, temos (1) Ceres, (2) Palas, (3) Juno, (4) Vesta, etc. Essa nomenclatura continua em vigor, sendo hoje opcional o uso dos parênteses.

1868 – Anders Jonas Angström publica sua extensa pesquisa do espectro solar no trabalho clássico "Recherches sur le spectre solaire" (“Pesquisas sobre O Espectro Solar”), com medidas detalhadas de mais de 1.000 linhas espectrais.

1868 – Confirma-se a hipótese de que a coroa solar é um invólucro gasoso, graças ao primeiro estudo espectroscópico de uma proeminência, realizado pelo francês Pierre Jules César Janssen (1824-1907).Proeminências (ou protuberâncias) solares são estruturas enormes e brilhantes que se destacam da superfície do Sol, geralmente em forma de laço. As proeminências partem da superfície e se estendem até a Coroa solar. Atingem milhares de km de altura (a maior já registrada chegou a 800.000km) e ejetam material solar no espaço a velocidades que podem ultrapassar os 1.000km/s. Duram de alguns dias a vários meses.

1868 (18 de agosto) – O astrônomo francês Pierre Jules César Janssen (1824-1907) e o astrônomo britânico Norman Lockyer (1836-1920) descobrem uma linha amarela não identificada nos espectros das proeminências solares e sugerem que ela é proveniente de um novo elemento, que eles chamam de “hélio”.

1869 (7 de agosto) – Um espectro completo da coroa solar é obtido, durante um eclipse, pelo estadunidense Charles Augustus Young (1834-1908).

1870 – É criado o Observatório Nacional de Córdoba, o primeiro da Argentina.

1871 – o astrônomo e físico alemão Hermann Karl Vogel (1841-1907) aplica o efeito Doppler na determinação da velocidade de rotação do Sol.

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1872 – O estadunidense Henry Draper (1837-1882), filho de John William Draper, inventa a fotografia espectral astronômica. Ele obtém o primeiro espectrograma (foto de um espectro) de uma estrela: Vega (Alfa de Lira), em que são visíveis linhas de absorção.

1873 – James Clerk Maxwell publica “A Treatise on Electricity and Magnetism” (“Um tratado sobre Eletricidade E Magnetismo”), em que descreve a sua teoria sobre a natureza eletromagnética da luz, na qual vinha trabalhando havia vários anos, segundo a qual a luz constitui-se de campos elétricos e magnéticos oscilantes, que se propagam juntos no espaço, à velocidade aproximada de 300.000km/s, sob a forma de ondas. A teoria é matematicamente descrita nas quatro equações de Maxwell, as quais expressam, respectivamente, como cargas elétricas produzem campos elétricos (Lei de Gauss), a ausência experimental de cargas magnéticas, como corrente elétrica produz campo magnético (Lei de Ampère), e como variações de campo magnético produzem campos elétricos (Lei da indução, de Faraday).

1873 – O Japão adota o calendário gregoriano.

1873 – O astrônomo francês Camille Flammarion (1842-1925) atribui a cor vermelha de Marte a uma possível vegetação.

1873 – Daniel Kirkwood apresenta uma lista, extraída de várias fontes, de antigos acontecimentos envolvendo quedas de meteoritos.

1873 – Richard Anthony Proctor é o primeiro a sugerir que as crateras lunares são o resultado de impactos de meteoritos e não de ação vulcânica, como tinha sido anteriormente pensado.

1874 (9 de dezembro) – Ocorre um trânsito de Vênus (duração de 4h37min). Dezenas de expedições (oficiais e privadas) são enviadas a diversas partes do mundo para observá-lo.

1875 – O Egito adota o calendário gregoriano.

1876 – William Kingdon Clifford (1845-1879), matemático inglês, escreve “Sobre A Teoria Espacial da Matéria”, cuja ideia tem papel fundamental na Teoria Geral da Relatividade de Einstein. Segundo esse postulado, o movimento da matéria pode dever-se a variações na geometria do espaço.

1876 – O inglês William Huggins (1824-1910) e sua esposa, a irlandesa Margaret Lindsay Huggins (1848-1915) são os primeiros a utilizar chapas fotográficas secas em astronomia, ao efetuarem registros dos espectros de objetos astronômicos.

Embora a astrofotografia seja empregada há já quatro décadas, esse avanço tecnológico constitui uma verdadeira revolução, porque torna possível o uso profissional da fotografia no estudo dos astros. A chapa seca aumenta consideravelmente o tempo de exposição possível (antes limitado ao período em que as chapas permanecem úmidas), o que é fundamental no registro de imagens mais detalhadas e de melhor qualidade.

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1877 – Tem início a polêmica acerca dos canais marcianos. O astrônomo italiano Giovanni Virginio Schiaparelli (1835-1910) elabora um minucioso mapa de Marte, propondo nova nomenclatura para as várias regiões caracterizadas por diferentes valores de albedo (relação entre a luz refletida pela superfície de um planeta e a que este recebe do Sol. Nos mapas de Schiaparelli, aparecem numerosas estruturas lineares, que ele denomina “canais” e que, por anos seguidos, provocam muita discussão: uns afirmam serem características naturais, outros defendem a tese de que se trata de estruturas artificiais construídas pelos habitantes de Marte. Por algum tempo, prevalece a segunda hipótese, sobretudo nos países de língua inglesa, uma vez que a palavra “canali” usada por Schiaparelli é traduzida em inglês por “canals”, que significa “canais artificiais” (o termo para “canais naturais” é “channels”). O desejo comum a toda a humanidade de não se sentir sozinha no Universo sobrepõe-se a esse possível erro de tradução, e cada nova observação “reforça” a existência de marcianos. A hipótese dos canais de Marte só é abandonada na segunda década do século XX.

1877 (12 e 18 de agosto) – O astrônomo estadunidense Asaph Hall (1829-1907) descobre, respectivamente, Deimos e Fobos, os dois satélites conhecidos de Marte.Deimos – Diâmetro: 15 x 12,2 x 10,4km; período orbital: 1,262 dia; distância média do planeta: 23.460km; massa: 1,48 trilhão de toneladas; densidade: 1,471g/cm3.Fobos – Diâmetro: 26,8 x 22,4 x 18,4km; período orbital: 0,319 dia (7h39min); distância média do planeta: 9.377,2km (menor distância conhecida entre um planeta do Sistema Solar e um satélite); massa: 10,72 trilhões de toneladas; densidade: 1,887g/cm3.Fobos está tão próximo de Marte que o seu período orbital é menor que o período de rotação do planeta. Como resultado, um hipotético observador colocado na superfície marciana veria Fobos nascer a oeste, mover-se rapidamente pelo céu (4h15min, ou menos) e se pôr a leste. Esse fenômeno ocorre, em média, duas vezes a cada dia marciano, uma vez que o ciclo completo dura 11h06min. As forças de maré de Marte estão diminuindo o raio orbital de Fobos, que se aproxima do planeta cerca de 20m por século. Estima-se que, em 11 milhões de anos, o satélite se choque com o planeta ou, mais provavelmente, seja fragmentado, formando um sistema de anéis.

1878 – O físico holandês Hendrik Antoon Lorentz (1853-1928) publica um trabalho em que relaciona a velocidade da luz em um meio com a sua densidade e composição.

1878 – O astrônomo inglês George Darwin (1845-1912), filho de Charles Darwin, formula uma das primeiras teorias para explicar o aparecimento da Lua, baseada num mecanismo de fissão. Essa teoria considera que, no início, a Terra e a Lua constituíam um único corpo celeste. Segundo Darwin, a protoTerra girava em torno de seu eixo com altíssima velocidade, suficiente para fazer com que seu corpo se alongasse e assumisse a forma de uma pera. O rompimento e a expulsão do material existente nessa saliência teriam originado a Lua.

1879 – O físico austríaco Josef Stefan (1835-1893) formula a lei de estados da energia radiante de um corpo negro – objeto teórico que absorve toda a radiação que cai sobre ele. Sua lei é um dos primeiros passos importantes para a compreensão da radiação de corpo negro.

1880 – O astrônomo estadunidense Samuel Pierpont Langley (1834-1906) aperfeiçoa um

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medidor de radiação, que depois passa a ser chamado de “bolômetro”.

1880 (30 de setembro) – Henry Draper obtém a primeira fotografia da Nebulosa de Órion (M42).

1881 – William Huggins (1824-1910) e Henry Draper (1837-1882) introduzem a técnica de análise do espectro da luz emitida pelos cometas, abrindo caminho para a identificação de seus elementos constituintes.

1882 (1º de setembro) – Um grande cometa (C/1882 R1) aparece, sendo já visível a olho nu no momento da descoberta. Em 17 de setembro, atinge o periélio, podendo ser visto durante o dia. Permanece visível a olho nu até fevereiro de 1883.

1882 (6 de dezembro) – Ocorre um trânsito de Vênus, o primeiro registrado em fotografias, que são destaque na imprensa de todo o mundo.

1883 – O astrônomo amador inglês Andrew Ainslie Common (1841-1903) utiliza chapas fotográficas secas para obter várias imagens das mesmas nebulosas com um tempo de exposição superior a 60 minutos. Essas imagens mostram, pela primeira vez, estrelas fracas demais para serem captadas pelo olho humano. A observação do céu já não depende mais das noites límpidas e dos momentos em que os astrônomos estão ao telescópio. As imagens podem agora ser armazenadas e analizadas mais tarde, havendo sempre a possibilidade de se descobrir algo que escapou ao observador no primeiro momento.

A partir daí, a astrofotografia começa a ser empregada em larga escala.Contudo, se por um lado as fotografias com longo tempo de exposição trazem avanços extraordinários, por outro lado é preciso resolver problemas técnicos. É necessário construir telescópios suficientemente rígidos para não perderem o foco durante as exposições e encontrar maneiras de fazê-los apontar sempre para o mesmo objeto por longos períodos. Como a Terra está em constante rotação, os telescópios devem girar permanentemente no sentido oposto para seguir o movimento aparente das estrelas. Esse controle, manual a princípio (dependente, portanto, da habilidade do controlador), é hoje totalmente automatizado e está a cargo de computadores.

1884 – O belga Luis Cruls (1848-1908), diretor do Imperial Observatório, representa o Brasil na Conferência de Washington em que se adota o meridiano de Greenwich como meridiano inicial de referência para longitudes e hora internacional (o que ocorre a 13 de outubro).

1885 – É publicado o primeiro volume do Anuário (continuação das Efemérides Astronômicas) do então Imperial Observatório do Rio de Janeiro (hoje Observatório Nacional). Esta publicação continua sendo editada até hoje.

1885 (19 de agosto) – O astrônomo amador irlandês Isaac Ward descobre S Andromedae (ou SN 1885A), primeira (e até agora única) supernova observada na galáxia de Andrômeda e a primeira supernova localizada fora da Via Láctea. Distante 2,6 milhões de anos-luz e atingindo a magnitude 6, é observada no dia seguinte, independentemente, pelo

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astrônomo alemão Ernst Hartwig (1851-1923).

1886 – O físico alemão Heinrich Hertz (1857-1894) produz e detecta ondas eletromagnéticas, do tipo que mais tarde seria chamado “rádio”.

1886 – Luis Cruls lança a Revista do Imperial Observatório, de publicação mensal. É a primeira revista exclusivamente científica produzida no Brasil. A impressão é interrompida em 1891.

1887 – Os físicos estadunidenses Albert Abraham Michelson (1852-1931) e Edward Williams Morley (1838-1923) realizam uma série de complexos experimentos cujo objetivo é demonstrar a influência do éter sobre o deslocamento da luz. Considerado desde a Antiguidade como substância extremamente leve que ocupa todos os espaços vazios do Universo e serve como meio de propagação da luz, assim como a água e o ar permitem a propagação do som, o éter é também chamado de quintessência (ou quinta-essência), sendo característico da região translunar de Aristóteles, em oposição aos quatro elementos (terra, água, ar e fogo) que existem na região sublunar. Para surpresa dos cientistas, nenhum vestígio da influência do éter é encontrado, o que leva a comunidade científica a rejeitar a existência dessa substância.A principal consequência desses experimentos é a formulação do princípio de que a velocidade da luz no espaço é sempre a mesma, independentemente de qualquer movimento da fonte de emissão ou do observador, princípio este que serve de base à teoria da relatividade especial, enunciada dezoito anos mais tarde por Albert Einstein.

1887 – Camille Flammarion funda a Société Astronomique de France.

1887 – Isaac Roberts (1829-1904), um amador inglês pioneiro da fotografia astronômica, descobre a estrutura em espiral de Andrômeda e a presença de dois sistemas-satélites.

1887 (abril) – Ocorre em Paris uma conferência astronômica, cujo objetivo é estabelecer as bases para a compilação de um Atlas fotográfico celeste. Denominado Carte du Ciel (Mapa do Céu) e iniciado sob a coordenação de Amedée Mouchez (1821-1892), diretor do Observatório de Paris, trata-se de um vasto projeto internacional de mapeamento estelar sem precedentes, do qual participam vinte observatórios de diversos países, cujo objetivo é catalogar e determinar as posições de milhões de estrelas, até a 12ª magnitude. Devido à extensão do projeto e aos custos elevados, os objetivos são apenas parcialmente alcançados.

1888 – O astrônomo dinamarquês Johan Ludvig Emil Dreyer (1852-1926). compila o “New General Catalogue of Nebulae and Clusters of Stars” (“Novo Catálogo Geral de Nebulosas e Agrupamentos de Estrelas”), (NGC), inicialmente com 7.840 objetos. Esse catálogo contém todo tipo de objetos do céu profundo (galáxias, nebulosas, aglomerados estelares), e as iniciais NGC são ainda amlamente utilizadas em nossos dias.Posteriormente, Dreyer publica dois suplementos (1895 e 1908), adicionando 5.386 objetos ao catálogo.

1888 – Henry Augustus Rowland (1848-1901), físico estadunidense, publica um atlas do espectro solar.

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1889 (7 de fevereiro) – É fundada a Astronomical Society of the Pacific, Em São Francisco, Califórnia, EUA. Atualmente, conta com membros em mais de quarenta países.

1890 –Após a proclamação da República no ano anterior, o Imperial Observatório do Rio de Janeiro passa a se chamar Observatório do Rio de Janeiro e fica subordinado ao Ministério da Guerra.

1891 –O papa Leão XIII (1810-1903) refunda o Observatório do Vaticano (Specola Vaticana), para mostrar que "a Igreja e seus pastores não se opõem à ciência autêntica e sólida, tanto a humana como a divina, mas a abraça, a impulsiona e a promove com a mais completa dedicação". As palavras de Leão XIII vêm após as várias negações da Igreja sobre descobertas científicas, entre elas as astronômicas, como a translação da Terra ao redor do Sol.

1891 – O físico britânico John Henry Poynting (1852-1914) determina a densidade média da Terra: 5,5g/cm3.

1892 – O astrônomo estadunidense George Ellery Hale (1868-1938) inventa o espectroheliógrafo, um aparelho que permite fotografar o Sol na luz de um elemento apenas, ou seja, na luz de uma única cor espectral. Isso implica analisar somente as linhas mais intensas e características da radiação cromosférica.

1892 – Camille Flammarion publica “La planète Mars et ses conditions d'habitabilité” (“O planeta Marte e suas condições de habitabilidade”), obra em que escreve sobre os canais de Marte e argumenta que uma raça inteligente poderia usá-los para distribuir água num mundo marciano próximo da morte. Acredita na existência dos habitantes de Marte, sugerindo que eles poderiam ser mais avançados que os seres humanos.

1892 (9 de setembro) – É descoberto Amalteia, quinto satélite conhecido de Júpiter, pelo astrônomo estadunidense Edward Emerson Barnard (1857-1923). É o primeiro satélite descoberto em Júpiter depois dos quatro avistados por Galileu Galilei em 1610.Diâmetro: 250 x 146 x 128km; período orbital: 0,498 dia (11h57min); distância média do planeta: 181.365km; massa: 2,08 quatrilhões de toneladas; densidade: 0,857g/cm3.

1894 – O milionário e astrônomo amador estadunidense Percival Lowell (1855-1916) funda em Flagstaff, no Arizona, um observatório particular, que leva seu nome, dedicado essencialmente a tentar provar a existência dos canais de Marte e de um planeta para além da órbita de Netuno.

1895 - Os astrônomos estadunidenses James Edward Keeler (1857-1900) e William Wallace Campbell (1862-1938) deduzem as velocidades das partículas dos anéis de Saturno a partir do seu deslocamento Doppler e descobrem que os anéis giram em torno do planeta com velocidade diferente daquela da atmosfera. Além disso, concluem que as partes internas dos anéis giram mais depressa que as externas. É a comprovação do modelo de James Clerk Maxwell, segundo o qual os anéis de Saturno estão compostos de miríades de partículas com órbitas independentes ao redor do planeta.

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1895 – O termo “multiverso” é utilizado pela primeira vez, cunhado pelo psicólogo e filósofo estadunidense William James (1842-1910). De acordo com as várias teorias existentes sobre o multiverso, o universo em que vivemos é apenas um dentre muitos, cada qual podendo ter leis diferentes e propriedades variadas. As teorias sobre multiverso diferem bastante entre si, não havendo evidências científicas importantes que as apoiem. Por vezes, fala-se também em “universos paralelos”.

1895 (8 de novembro) – O físico alemão Wilhelm Conrad Röntgen (1845-1923) descobre os raios X, que décadas mais tarde passam a ter ampla aplicação na astronomia, permitindo o estudo de radiações eletromagnéticas emitidas nos comprimentos de onda que os caracterizam.

1896 – Pierre Jules Janssen faz o primeiro registro fotográfico dos “grânulos” da fotosfera solar. Trata-se de zonas de convecção, de cujo centro é ejetado gás quente, proveniente do interior do Sol, e em cujas bordas este mesmo gás, resfriado pela menor temperatura da fotosfera em relação às zonas internas solares, volta a cair. Os grânulos são fenômenos temporários, que duram minutos, e o gás ejetado atinge alturas de várias centenas de km.

1896 - O físico e químico sueco Svante August Arrhenius (1859-1927) calcula como o dióxido de carbono atmosférico intercepta a radiação infravermelha que a Terra emite ao espaço e conclui que a duplicação da quantidade desse gás na atmosfera aumentaria a temperatura média do planeta em 5 ou 6°C. Determina também que, num planeta mais quente, é maior a evaporação da água dos oceanos, provocando a elevação da concentração de vapor de água na atmosfera, o que resulta num bloqueio ainda maior da radiação infravermelha.Trata-se do efeito estufa, fenômeno também existente em outros planetas e exoplanetas. No Sistema Solar, é particularmente relevante em Vênus, fazendo com que a temperatura daquele planeta seja superior à de Mercúrio, apesar de este último estar mais perto do Sol.

1896 – Usando dados obtidos durante as observações dos trânsitos de Vênus de 1874 e 1882, o astrônomo e matemático canadense naturalizado estadunidense Simon Newcomb (1835-1909) calcula que a distância Terra-Sol é de 149.189.036km (valor correto: 149.597.887,5km).

1897 – O físico britânico Joseph John Thompson (1856-1940) descobre o elétron, partícula atômica elementar e estável, que circunda o núcleo do átomo e tem carga negativa.

1897 (21 de outubro) – É inaugurado em Williams Bay, Wisconsin, nos EUA, a 58m acima do lago Geneva e a 334m acima do nível do mar, o telescópio refrator de Yerks, cuja objetiva tem 1,01m de diâmetro, o que faz dele o maior do mundo em sua categoria na época.

1898 – O físico alemão Wilhelm Wien (1864-1928) identifica uma partícula positiva igual em massa à do átomo de hidrogênio. Com este trabalho, ele fundamenta a espectrometria de massa.

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1898 (13 de agosto) – O asteroide 433 Eros é descoberto pelo astrônomo alemão Carl Gustav Witt (1866-1946), do Observatório Urania, em Berlim. Mais de um século depois, torna-se o primeiro asteroide em cuja superfície pousa uma sonda espacial (Near-Shoemaker). Diâmetro: 34 x 11,2 x 11,2km. Período orbital: 643,219 dias (1,76 ano); distância média do Sol: 218.155.000km; massa: 6,69 trilhões de toneladas; densidade: 2,67g/cm3; rotação: 5h16min.

1899 (17 de março) – O astrônomo estadunidense William Henry Pickering (1858-1938) descobre Febe, nono satélite conhecido de Saturno, a partir de fotografias tiradas por ele em 16 de agosto de 1898. É a primeira lua de movimento retrógrado descoberta no Sistema Solar.Movimento retrógrado é aquele realizado por um corpo no sentido leste-oeste, oposto ao do movimento normal dos planetas.Febe – Diâmetro: 218,8 x 217 x 203,6km; período orbital: 550,565 dias (1,51 ano); distância média do planeta: 12.955.759km; massa: 829 trilhões de toneladas; densidade: 1,638g/cm3.

1899 (6 de setembro) – É fundada a Astronomical and Astrophysical Society of America, hoje denominada American Astronomical Society (AAS), com sede em Washington.

1900 – O físico teórico alemão Max Planck (1858-1947) introduz o conceito fundamental de quantum de luz, ou fóton. Segundo ele, a luz não é emitida de modo contínuo, mas em "rajadas" descontínuas de fótons. Para Planck, esses são os entes físicos elementares que constituem a luz, e parâmetros tipicamente ondulatórios, como a frequência e o comprimento de onda, os caracterizam.Esta é a teoria quântica, que revoluciona a compreensão humana dos processos atômicos e subatômicos. É uma das descobertas mais importantes para a física do século XX.

1900 – O geólogo irlandês Richard Dixon Oldham (1858-1936) consegue identificar as ondas primárias (longitudinais) e secundárias (transversais) num sismograma terrestre.

1900 – Svante Arrhenius formula a teoria da Panspermia, ideia de que a vida pulsa em todo o Universo e é transportada pela pressão de radiação das estrelas como sementes levadas pelo vento para germinar em ambientes apropriados. Segundo essa hipótese, a vida na Terra poderia ter origem extraterrestre, trazida, por exemplo, na cauda de um cometa.

1901 – Wilhelm Conrad Röntgen recebe o Prêmio Nobel de Física pela descoberta dos raios X.Este é o primeiro ano em que é atribuído o Prêmio Nobel, instituído em testamento, em 27 de novembro de 1895, pelo químico e engenheiro sueco Alfred Nobel (1833-1896).

1902 O meteorologista francês Leon-Philippe Teisserenc de Bort (1855-1913) descobre a estratosfera, segunda região atmosférica a partir do solo.A atmosfera da Terra divide-se em cinco camadas principais:1. Troposfera – Estende-se desde o nível do mar até uma altitude que varia entre 9km (nos polos) e 17km (no equador). Contém aproximadamente 80% de toda a massa da atmosfera.

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A principal fonte de calor é a radiação infravermelha emitida pela Terra, e assim a temperatura diminui com a altitude (os picos das montanhas altas são gelados. O limite superior da troposfera é a tropopausa.2. Estratosfera – Vai da tropopausa até aproximadamente 50km. A temperatura aumenta com a altitude, devido à absorção dos raios ultravioleta pela camada de ozônio. Na estratopausa (50-55km), a pressão atmosférica equivale a um milésimo da pressão ao nível do mar. A estratosfera é relativamente estável, não tem nuvens e apresenta índices bastante baixos de umidade. Por isso, muitos aviões voam na baixa estratosfera.3. Mesosfera – Estende-se da estratopausa até 80-85km. É nesta camada que a maioria dos meteoroides é queimada por atrito ao ingressar na atmosfera. A temperatura decresce com a altitude, e a mesopausa é a mais fria das regiões atmosféricas: média de -80°C, podendo chegar a -100°C. A tais temperaturas, o vapor de água congela e forma as chamadas nuvens noctiluzentes (ou nuvens mesosféricas polares).4. Termosfera – Estende-se até uma altitude que varia entre 500km e 1.000km, dependendo da atividade do Sol. Devido à absorção de radiação solar altamente energética pelo oxigênio residual ainda presente, a temperatura pode atingir 1.500°C. Contudo, o ar é tão rarefeito que não há moléculas suficientes para importantes transferências de calor, e a sensação térmica é inferior a 0°C.5. Exosfera – A mais externa das regiões atmosféricas, confundindo-se com o espaço interplanetário. É composta sobretudo de hidrogênio e hélio. A densidade de moléculas é tão baixa que ocorrem poucas colisões.

1902 – O francês Georges Mélies (1861-1938), um dos pioneiros do cinema, realiza “Voyage dans la Lune” (“Viagem à Lua”), um dos primeiros filmes de ficção científica, que narra uma viagem ao satélite natural da Terra.

1903 - William Henry Pickering publica um atlas fotográfico da Lua.

1903 – O cientista russo Konstantin Eduardovich Tsiolkovsky (1857-1935) publica "A Exploração do Espaço com Equipamentos Reativos", que descreve como os foguetes espaciais poderiam queimar hidrogênio e oxigênio líquido, um princípio utilizado até hoje.

1904 – O astrônomo inglês Edward Walter Maunde (1851-1928) rrepresenta graficamente o primeiro “diagrama borboleta”, indicando a evolução temporal das manchas solares em latitude ao longo de um ciclo de onze anos. A forma do traçado em direção ao equador solar lembra as asas de uma borboleta.

1904 – O astrônomo inglês William Ward constata que somente 35 amostras de meteoritos caídos antes de 1800 são conservadas nas coleções de todo o mundo.

1904 – O astrônomo alemão Johannes Franz Hartmann (1865-1936) descobre a existência, no espaço interestelar, de átomos que não pertencem às atmosferas das estrelas que observa. Ao estudar Mintaka (Delta Orionis), distante aproximadamente 900 anos-luz, ele percebe que parte do cálcio do espectro é absorvido em algum lugar do espaço entre essa estrela e a Terra. É a primeira detecção do que mais tarde será identificado como meio interestelar.Em astronomia, meio interestelar é o material existente no espaço entre os sistemas

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estelares de uma galáxia. Compõe-se de gás (na forma de íons, átomos e moléculas), poeira e raios cósmicos. A energia que ocupa esse mesmo espaço, na forma de radiação eletromagnética, é o campo de radiação interestelar.

1904 (20 de dezembro) – É fundado o Observatório Solar de Monte Wilson (1.742m de altitude), localizado na Califórnia, onde Edwin Hubble faz suas descobertas sobre a expansão do Universo.

1905 (6 de jameiro) – O astrônomo estadunidense Charles Dillon Perrine (1867-1951) anuncia a descoberta, realizada a partir de imagens feitas em 3 de dezembro de 1904, de Himalia, sexto satélite conhecido de Júpiter. Diâmetro: 170km; período orbital: 250,56 dias; distância média do planeta: 11.460.000km; massa: 6,7 quatrilhões de toneladas; densidade: 2,6 g/cm3.

1905 (27 de fevereiro) – Charles Dillon Perrine publica a descoberta de Elara, sétimo satélite conhecido de Júpiter. Diâmetro: 86km; período orbital: 259,64 dias; distância média do planeta: 11.740.000km; massa: 870 trilhões de toneladas; densidade: 2,6g/cm3.

1905 (26 de setembro) – O físico alemão Albert Einstein (1879-1955) publica na revista Annalen der Physik o artigo "Zur Elektrodynamik bewegter Körper" (“Sobre a eletrodinâmica dos corpos em movimento”), em que formula a teoria da relatividade Especial (ou restrita). Esta teoria propõe que a velocidade da luz no vácuo é constante, independente da velocidade da fonte, que a massa depende da velocidade, que há dilatação do tempo durante movimento em alta velocidade, que massa e energia são equivalentes e que nenhuma informação ou matéria pode se mover mais rápido do que a luz. A teoria é especial somente porque está restrita ao caso em que os campos gravitacionais são pequenos, ou desprezíveis. É nesta teoria que aparece a famosa equação relacionando massa e energia: E = mc2, onde E representa a energia, m, a massa, e c2, a velocidade da luz ao quadrado.A teoria da relatividade revoluciona a compreensão humana do tempo e do espaço e, juntamente com a teoria quântica, de Max Planck, constitui uma das teorias fundamentais da física do século XX.

1906 – O astrofísico inglês Arthur Eddington (1882-1944) começa o seu estudo estatístico dos movimentos estelares.

1906 – Com base em observações de Netuno feitas na segunda metade do século XIX, de acordo com as quais perturbações na órbita de Urano indicavam a presença de mais um planeta no Sistema Solar, Percival Lowell dá início a um amplo projeto visando a encontrar este astro, que ele denomina “planeta X”.A busca terminará em 1930, com a descoberta de Plutão.

1906 (22 de fevereiro) – O astrônomo alemão Max Wolf (1863-1932) descobre o primeiro asteroide troiano, 588 Aquiles.Asteroides troianos são grupos de objetos localizados em pontos de órbita estável previstos por Lagrange, grupos estes que precedem ou seguem um planeta (no caso em questão,

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Júpiter), ou um satélite, formando com este corpo celeste e o Sol um triângulo equilátero. Os nomes destes asteroides são todos tirados de personagens da Guerra de Troia.Aquiles – Diâmetro: 135,5km; período orbital: 4.320,083 dias (11,83 anos); distância média do Sol: 776.669.000km.

1908 – George Ellery Hale descobre a separação Zeeman das linhas espectrais provenientes de manchas solares, mostrando com isso que elas devem ser intensamente magnéticas.

1908 – O astrônomo espanhol Josep Comas y Sola (1868-1937) observa o escurecimento das bordas de Titã e conclui, acertadamente, que o satélite tem atmosfera. O escurecimento das bordas (“limb darkening”, em inglês) de um astro indica que a luz refletida por essas regiões percorre um caminho mais longo do que aquela proveniente de zonas centrais.

1908 (27 de janeiro) – O astrônomo inglês de origem belga Philibert Jacques Melotte (1880-1961) descobre Pasífae, oitavo satélite conhecido de Júpiter. Diâmetro: 60km; período orbital: 764,086 dias (2,09 anos); distância média do planeta: 24.094.770km; massa: 300 trilhões de toneladas; densidade: 2,6g/cm3.

1908 (30 de junho) – Um grande bólido, caindo na localidade hoje denominada Krasnoyarsk Krai, na Sibéria, próximo do rio Podkamennaya Tunguska, causa uma tremenda explosão na atmosfera. A onda de choque (5 graus na escala Richter) devasta cerca de 2.150km2 de floresta fechada, derrubando aproximadamente 80 milhões de árvores. O estrondo, conhecido como “evento de Tunguska”, é ouvido a milhares de km, e a perturbação atmosférica ligada ao evento se faz sentir em todo o globo.Embora não se saiba ao certo a causa do fenômeno, a teoria mais aceita afirma tratar-se da explosão de um fragmento de cometa com algumas dezenas de metros de diâmetro, a uma altitude compreendida entre 5 e 10km.

1909 – O astrônomo inglês John Evershed (1864-1956) descobre o efeito Evershed: movimento horizontal dos gases externos dos centros de manchas solares.

1909 (1º de janeiro) – astrônomos de Londres indicam a existência de um planeta para além de Netuno.

1909 (16 de janeiro) – Um grupo de exploradores britânicos liderado por Ernest Shackleton (1874-1922) encontra o Polo Magnético Sul da Terra.

1909 (20 de agosto) – O Observatório de Yerkes tira a fotografia mais antiga conhecida de Plutão. Contudo, o astro só será identificado nesta imagem muitos anos mais tarde. Atualmente, conhecem-se dezesseis imagens de Plutão anteriores ao descobrimento oficial (1930).

1909 (outubro) – Estudando um terremoto com epicentro nos Bálcãs, o astrônomo croata Andrija Mohorovicic (1857-1936) conclui que há descontinuidade em termos de densidade e de composição entre uma camada superficial da Terra, a crosta, e outra inferior, o manto.

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1909 (18 de novembro) – O Decreto nº 7.672 cria a Diretoria de Meteorologia e Astronomia (vinculada ao Ministério da Agricultura), à qual fica subordinado o Observatório Nacional, como passa a se chamar o Observatório do Rio de Janeiro (então formalmente extinto).

1910 – É observado o espectro de 40 Eridani B, distante 16,45 anos-luz, a primeira anã branca identificada.Anãs brancas são estrelas em estágio final de evolução, de pequena massa e altíssima densidade (uma tonelada por centímetro cúbico). Simplificadamente, têm massa comparável à do Sol e volume comparável ao da Terra.

1910 – O astrônomo dinamarquês Ejnar Hertzsprung (1873-1967) e o estadunidense Henry Norris Russell (1877-1957) demonstram esquematicamente que existe uma relação direta entre a luminosidade (magnitude absoluta) e o espectro (cor) das estrelas. Trata-se do “diagrama H-R” ou “diagrama cor-magnitude”.Esse diagrama desempenhará um papel importante na compreensão da evolução estelar.

1910 (12 de janeiro) – Um grande cometa, oficialmente denominado C/1910 A1, é visto por vários observadores de diversos países. A aparição é espetacular e, ao ser registrado pela primeira vez, o cometa já é visível a olho nu. O periélio (19.350.000km) é atingido cinco dias mais tarde e, pouco depois, a luminosidade ultrapassa a de Vênus, fazendo desse astro, observável durante o dia, um dos mais brilhantes cometas do século XX.

1910 (20 de abril) - O Cometa Halley atinge o periélio, numa passagem exaustivamente estudada, com instrumentos e a olho nu. A superstição gera grande medo do "fim do mundo". Os cientistas seguem o Cometa desde o seu aparecimento nas regiões mais internas do Sistema Solar. Com potentes telescópios, é possível estudar o núcleo. Datam dessa ocasião as primeiras fotografias e as primeiras análises espectroscópicas do astro.É curioso o caso do escritor satírico estadunidense Samuel Clemens, conhecido pelo pseudônimo Mark Twain. Nascido em 30 de novembro de 1835, duas semanas depois do periélio anterior do Cometa Halley, ele escreve em sua autobiografia, publicada em 1909: “Eu vim com o Cometa Halley em 1835. Ele voltará no próximo ano, e eu espero ir com ele. Será o maior desapontamento da minha vida se eu não for embora com o Cometa Halley”. Mark Twain morre em 21 de abril de 1910, um dia depois do periélio do Halley.

1910 (18 de maio) - Ocorre a maior aproximação do Halley ao nosso planeta nesta aparição: 22 milhões de km, e a Terra passa por dentro da cauda do Cometa. Após a descoberta, feita espectroscopicamente, de cianogênio (um gás tóxico) na cauda do Halley, Camille Flammarion havia afirmado que, na passagem da Terra por essa região, o gás impregnaria a atmosfera e possivelmente eliminaria a vida do planeta. A divulgação de especulações sensacionalistas como essa faz com que muitas pessoas, em pânico, comprem de charlatães, entre outras coisas, máscaras antigás, pílulas e guarda-chuvas anticometa. Na realidade, o gás é tão difuso que nenhum efeito maléfico ocorre com a Terra devido à sua passagem pela cauda do Cometa.

1911 – O neozelandês Ernest Rutherford (1871-1937), utilizando os fenômenos radiativos no estudo da estrutura atômica, descobre que o átomo não é uma esfera maciça, mas sim

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formada por uma região central, o núcleo, e uma região externa a este, a eletrosfera. No núcleo atômico estão as partículas positivas, os prótons, e na eletrosfera, as partículas negativas, os elétrons. Considerando que os elétrons giram em torno de um centro, assim como os planetas giram ao redor das estrelas, a concepção atômica de Rutherford é por vezes denominada “modelo planetário”.Os nêutrons, também integrantes do núcleo, só serão descobertos em 1932.

1912 – A astrônoma estadunidense Henrietta Swan Leavitt (1868-1921), estudando (desde 1908) a Pequena Nuvem de Magalhães, descobre a relação período-luminosidade das Cefeidas. Como todos os corpos celestes nesta nuvem estão quase à mesma distância da Terra, ela compara o tempo de duração dos ciclos das estrelas variáveis com relação ao seu brilho e chega à conclusão de que as cefeidas variam regularmente e podem fornecer indicações confiáveis acerca da distância a que estão. Mais tarde, Edwin Hubble utiliza os dados de Leavitt para calcular a distância até as galáxias próximas e lança o debate sobre se estas nebulosas espirais são aglomerados de poeira dentro da Via Láctea ou verdadeiras galáxias à parte.

1912 – A astrônoma estadunidense Annie Jump Cannon (1863-1941) estabelece a forma definitiva da classificação estelar de Harvard, cuja elaboração havia sido iniciada nos anos 1890 no Harvard College Observatory.As estrelas são divididas em sete classes indicativas de cor (e de temperatura, das mais quentes às mais frias), usadas ainda hoje: O, azuis; B, branco-azuladas; A, brancas; F, branco-amareladas; G, amarelas; K, laranja; M, vermelhas.É importante registrar que essas cores são aparentes e descrevem a coloração de determinada estrela quando vista a olho nu contra um fundo celeste escuro (céu noturno).

1912 – A China adota o calendário gregoriano.

1912 – O astrônomo estadunidense Vesto Melvin Slipher (1875-1969) descobre que as linhas espectrais das estrelas na Galáxia de Andrômeda (M31) mostram um enorme deslocamento para o azul, indicando que esta galáxia está se aproximando do Sol, a uma velocidade de 300km/s (esta galáxia deve se chocar com a Via Láctea dentro de 4 ou 5 bilhões de anos). Slipher inicia então um trabalho sistemático que leva duas décadas, demonstrando que, das 41 galáxias por ele estudadas, a maioria apresenta deslocamento espectral para o vermelho, indicando que as galáxias estão se afastando de nós. Slipher descobre que quanto mais fraca a galáxia, e portanto mais distante, maior é o deslocamento para o vermelho (velocidade de afastamento ou de recessão) de seu espectro.É a descoberta do desvio para o vermelho (redshift) das galáxias, que Edwin Hubble utilizará na elaboração do modelo da expansão do Universo.

1912 (6 de janeiro) – Aparecem as primeiras publicações acerca da evolução continental da Terra, elaboradas pelo astrônomo, geofísico e meteorologista alemão Alfred Wegener (1880-1930), o pioneiro da moderna teoria da deriva dos continentes.Segundo essa teoria, posteriormente confirmada, os continentes atuais constituíram um dia uma massa única (Pangeia), rodeada por um único oceano (Pantalassa), que se fragmentou após um processo de ruptura. Considerando que os continentes flutuam no magma, a configuração que assumem varia ao longo de escalas de milhões de anos. Wegener

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desenvolve esse argumento com base na complementaridade que observa entre diversos continentes. Ele imagina, por exemplo, que As costas ocidental da África e oriental da América do Sul poderiam “se encaixar”.A teoria da deriva dos continentes levará, décadas mais tarde, à descoberta das placas tectônicas.

1912 (7 de agosto) – O físico austríaco Victor Franz Hess (1883-1964) descobre, a bordo de um balão, que partículas carregadas, principalmente prótons, chamadas de raios cósmicos, altamente energéticas, atingem a Terra vindas do espaço e são produzidas de alguma forma pelos processos mais energéticos no Universo, com energias trilhões de vezes maiores do que se pode obter em nossos laboratórios, e mesmo muito maiores do que as estrelas podem gerar.

1912 (dezembro) – A Albânia adota o calendário gregoriano.

1913 – Aplicando a teoria quântica formulada por Max Planck ao modelo atômico de Rutherford, o físico dinamarquês Niels Bohr (1885-1962) elabora uma nova teoria, na qual Conclui que os elétrons dos átomos não emitem radiações enquanto permanecem numa mesma órbita, mas somente ao se deslocarem de um nível mais energético (órbita mais distante do núcleo) a outro de menor energia (órbita menos distante). A teoria quântica lhe permite formular essa concepção de modo mais preciso: as órbitas não se localizam a quaisquer distâncias do núcleo; ao contrário, apenas algumas órbitas são possíveis, cada uma delas correspondendo a um nível bem definido de energia do elétron. A transição de uma órbita a outra não é gradativa, mas se faz por “saltos”: ao absorver energia, o elétron salta para uma órbita mais externa; ao emiti-la (na forma de um fóton), passa para outra mais interna.

1913 - O explorador e físico norueguês Kristian Birkeland (1867-1917) é o primeiro a predizer que o espaço não é apenas um plasma, mas que contém matéria não visível pelos meios tradicionais. Ele escreve: “Parece uma consequência natural, do nosso ponto de vista, supor que o espaço inteiro está cheio de elétrons e de íons de todo tipo. Supomos que cada sistema estelar em evolução lança corpúsculos elétricos ao espaço. Parece, portanto, razoável pensar que a maior parte da massa do Universo se encontra, não em sistemas solares ou nebulosas, mas no espaço “vazio”.

1913 – É usado pela primeira vez o termo "parsec", surgido da contração das palavras "paralax" (paralaxe) e "second" (segundo. Trata-se de uma unidade de medida astronômica, equivalente à distância do Sol a um objeto cuja paralaxe anual média vale um segundo de arco, isto é, 3,26 anos-luz, ou 206.265 unidades astronômicas (30,857 trilhões de km). Segundo Frank Watson Dyson, a palavra "parsec" é cunhada pelo astrônomo e sismologista britânico Herbert Hall Turner (1861-1930).

1913 – Os físicos franceses Charles Fabry (1867-1945) e Henri Buisson (1873-1944) descobrem a ozonosfera terrestre, camada de ozônio situada sobretudo na baixa estratosfera, entre as altitudes aproximadas de 20km e 40km (a espessura varia sazonal e geograficamente), que contém 90% do ozônio presente na atmosfera terrestre e absorve entre 97% e 99% dos raios ultravioleta de alta frequência provenientes do Sol, que são

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potencialmente perigosos para os seres vivos terrestres.

1914 (17 de setembro) – O astrônomo estadunidense Seth Barnes Nicholson (1891-1963) anuncia a descoberta (imagens feitas em 21 de julho) de Sinope, nono satélite conhecido de Júpiter. Diâmetro: 38km; período orbital: 724,1 dias (1,95 ano); distância média do planeta: 23.540.000km; massa: 75 trilhões de toneladas; densidade: 2,6g/cm3.

1915 – O astrônomo escocês Robert Thorburn Ayton Innes (1861-1933) descobre Proxima Centauri, situada à distância de 4,243 anos-luz (40,16 trilhões de km), o que faz dela a estrela mais próxima da Terra, depois do Sol. Trata-se de uma anã vermelha de magnitude aparente 11,05, integrante de um sistema triplo e distante 2,24 trilhões de km de Alfa Centauri A e Alfa Centauri B, os outros dois componentes do sistema.Alfa Centauri A, principal componente do sistema, é ligeiramente maior que o Sol (1,23 raio solar), 10% mais massiva e 52% mais luminosa. O tipo espectral é igual ao do Sol: G2 V, o que indica tratar-se de uma estrela amarelada. A magnitude aparente é 0,01, sendo Alfa Centauri A a terceira estrela mais brilhante conforme vista da Terra, depois de Sirius e de Canopus.

Alfa Centauri B tem 86,5% do raio, 90,7% da massa e 50% da luminosidade do Sol. É uma estrela alaranjada (tipo espectral K1 v) de magnitude aparente 1,33.

Alfa Centauri A e B orbitam o baricentro (centro de massa comum) em 79,91 anos e estão separadas uma da outra por uma distância que varia entre 1,67 bilhão de km (pouco superior à distância média Sol-Saturno) e 5,3 bilhões de km (pouco inferior à distância média Sol-Plutão).

1915 – O astrônomo estadunidense de origem síria Walter Sydney Adams (1876-1956) vence o obstáculo representado pela intensa luminosidade de Sirius A e consegue registrar o espectro de Sirius B. Trata-se de uma anã branca.

1915 – A Royal Astronomical Society passa a admitir mulheres em seus quadros.

1915 (19 de março) – O Observatório de Flagstaff obtém duas imagens tênues de Plutão, mas o astro não é reconhecido como sendo o planeta procurado desde 1906.

1915 (novembro) – Albert Einstein apresenta na Academia Prussiana de Ciências as equações hoje conhecidas como equações de campo de Einstein. Elas especificam como a geometria do espaço-tempo é influenciada pela matéria presente e constituem o cerne da teoria da relatividade geral, formulada por completo no ano seguinte.

1915 (22 de dezembro) – Numa carta enviada a Albert Einstein, o físico e astrônomo alemão Karl Schwarzschild (1873-1916) descreve as soluções específicas que encontra para as equações einsteinianas do campo gravitacional, dando início à teoria moderna dos buracos negros. Ele evidencia a existência de um limite no espaço e no tempo que impossibilita obter-se do exterior qualquer informação a respeito do que acontece além dele. Esse limite recebe o nome de “horizonte de eventos” e aplica-se às grandes massas

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quando estas se encontram particularmente comprimidas.

1916 - Albert Einstein propõe a teoria da relatividade geral, uma teoria do campo gravitacional e dos sistemas de referência em geral. O nome refere-se ao fato de ser uma generalização da teoria da relatividade restrita, de 1905. Os princípios fundamentais introduzidos nesta generalização são o Princípio da Equivalência, que descreve a aceleração e a gravidade como aspectos distintos da mesma realidade, a noção de curvatura do espaço-tempo e o Princípio geral de Covariância (as leis da Física devem assumir as mesmas formas matemáticas em todos os sistemas de referência).Embora difira pouco da teoria da gravitação de Isaac Newton na Terra, resulta bastante diferente em grandes dimensões e grandes massas, como o Universo. A teoria da relatividade geral é universal no sentido de ser válida mesmo nos casos em que os campos gravitacionais não são desprezíveis. Trata-se, na verdade, da teoria da gravitação, descrevendo a gravidade como a ação das massas nas propriedades do espaço e do tempo, que afeta o movimento dos corpos e outras propriedades físicas. Enquanto na teoria de Newton o espaço é rígido, descrito pela geometria Euclidiana, na relatividade geral o espaço-tempo é distorcido pela presença da matéria que ele contém.

1916 – O teórico alemão Ludwig Flamm (1885-1964) encontra nas equações de Einstein indicações da existência de atalhos entre um ponto e outro do espaço-tempo grandes e estáveis o suficiente para permitir viagens interestelares, popularmente conhecidos como “buracos de minhoca”, ou “buracos de verme”. Partindo da ideia de que é possível curvar o espaço, o cientista Considera a possibilidade de curvaturas produzidas em distantes regiões se tocarem, criando um atalho.Esse conceito é desenvolvido mais detalhadamente pelo matemático e físico teórico alemão Hermann Weyl (1885-1955), em 1921.O nome acadêmico é ponte de Einstein-Rosen, derivado da publicação, em 1935, de um trabalho em qe o tema é abordado, realizada pelo físico estadunidense de ascendência judaica Nathan Rosen (1909-1995), assistente de Albert Einstein no Institute for Advanced Study (Princeton, Nova Jersey).Registre-se que não há evidência observacional dos “buracos de minhoca”, que permanecem em nível teórico.

1916 – Edward Emerson Barnard calcula o movimento próprio (10,3 segundos de arco por ano) da estrela que passa a levar seu nome, a segunda mais próxima da Terra (5,98 anos-luz, 56,57 trilhões de km), depois do sistema triplo de Alfa Centauri. Trata-se de uma anã vermelha situada na constelação de Ofiúco. Estimativas posteriores atribuem à Estrela de Barnard diâmetro de 275.000km e massa equivalente a 14% da solar.

1916 – Kristian Birkeland é o primeiro a predizer, corretamente, que, “do ponto de vista físico, é muito provável que os raios solares não sejam exclusivamente negativos ou positivos, mas de ambos os tipos”. Isto quer dizer que o vento solar é formado por elétrons negativos e íons positivos.

1917 – Albert Einstein publica seu artigo histórico sobre cosmologia, "Kosmologische Betrachtungen Zur Allgemeinen Relativitätstheorie" (Considerações Cosmológicas sobre a Teoria da Relatividade), construindo um modelo esférico do Universo. Como as equações

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da Relatividade Geral não levam diretamente a um Universo estático de raio finito, mesma dificuldade encontrada com a teoria de Newton, Einstein modifica suas equações, introduzindo a famosa constante cosmológica, para obter um Universo estático, já que ele não tem nenhuma razão para supor que o Universo esteja se expandindo ou contraindo. A constante cosmológica age como uma força repulsiva que previne o colapso do Universo pela atração gravitacional.

1917 (a partir de ) – O astrônomo, físico e matemático holandês Willem de Sitter(1872-1934) desenvolve um modelo cosmológico (universo de de Sitter) em que não há matéria mas há movimento, oposto, portanto, ao modelo de Einstein, com matéria mas estático. Nele, o próprio espaço se expande, e dois objetos (grãos de poeira, estrelas...) colocados em dois pontos diferentes do espaço se afastam um do outro com velocidade proporcional à distância entre eles.Pesquisas posteriores mostram que os modelos cosmológicos de Einstein e de de Siter são, na verdade, complementares.

1917 – o telescópio refletor óptico de 2,54m de Monte Wilson entra em operação, localizado em Monte Wilson, Califórnia.

1917 - O físico e astrônomo britânico James Jeans (1877-1946) aventa a hipótese de que os planetas do Sistema Solar se formaram a partir de material arrancado, por força de maré, do Sol e de outra estrela, durante uma aproximação entre ambas. Posteriormente, trabalhos do britânico Harold Jeffreys (1891-1989) e do americano Henry Norris Russell (1877-1957) demonstram a inviabilidade dessa teoria.

1917 – A Bulgária adota o calendário gregoriano.

1917 (julho) – Astrônomos do Observatório de Monte Wilson descobrem uma “nova” na galáxia espiral NGC 6946; outras “novas” são descobertas por Heber Doust Curtis (1872-1942), da equipe do Observatório de Lick. Recorrendo-se à simples hipótese de que essas estrelas, cujo brilho aumenta substancialmente, possuem a mesma natureza e a mesma luminosidade intrínseca daquelas que aparecem na Via Láctea, é possível perceber que as galáxias espirais devem estar muito distantes e, portanto, atingir enormes dimensões.

1918 – O astrônomo estadunidense Harlow Shapley (1885-1972) demonstra que os aglomerados globulares circundam a nossa galáxia como um halo e não estão centrados em volta da Terra. Ele realiza cálculos das dimensões da Via Láctea, atribuindo-lhe um diâmetro de 230.000 anos-luz, mais que o dobro do valor atualmente aceito (100.000 anos-luz, 950 quatrilhões de km). Estabelece ainda que o Sol se encontra a cerca de 30.000 anos luz do centro galáctico (valor atualmente aceito: 26.000 anos-luz), o que significa que está mais próximo da borda do que da região central.A Via Láctea, galáxia espiral barrada, apresenta espessura de 1.000 anos-luz (12.000 anos-luz, incluindo o disco de gás que a rodeia). Tem massa total de pelo menos 700 bilhões de massas solares (algumas estimativas indicam mais de 1 trilhão) e contém de 200 a 400 bilhões de estrelas. É a segunda maior galáxia do Grupo Local, depois de Andrômeda (M31).

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1918 – Max Planck recebe o Prêmio Nobel de Física pela descoberta da energia quântica.

1918 – A Rússia adota o calendário gregoriano.

1919 – É fundada a União Astronômica Internacional (UAI, ou IAU – International Astronomical Union -, na sigla em inglês). Essa organização tem como missão promover a ciência da astronomia em todos os seus aspectos através de cooperação internacional. É a autoridade internacionalmente reconhecida com poder para atribuir designações a corpos celestes e a quaisquer aspectos de sua superfície. As atividades educacionais e relativas à ciência da UAI estão organizadas em 11 divisões científicas e, através delas, em 40 comissões mais especializadas, que cobrem todos os aspectos da astronomia. As divisões científicas são: Astronomia Fundamental, Sol e Heliosfera, Ciências Planetárias, Estrelas, Estrelas Variáveis, Matéria Interestelar, Via Láctea, Galáxias e Universo, Espectroscopia, Radioastronomia e Física de Altas Energias e Técnicas Espaciais. A política de longo termo da UAI é definida por uma Assembleia Geral (trienal) e implementada por um Comitê Executivo. O ponto focal de suas atividades é o IAU Secretariat (permanente), localizado no Institut d’Astrophysique, em Paris, França.

1919 – A Romênia adota o calendário gregoriano.

1919 (29 de maio) – Ocorre um famoso eclipse total do Sol, cuja observação permite confirmar a previsão da Teoria da Relatividade sobre o desvio dos raios luminosos na presença de campos gravitacionais. Organiza-se uma expedição ao Brasil (Sobral, Ceará), coordenada pelo inglês Andrew Claude de la Cherois Crommelin (1865-1939), a qual retorna à Europa com 7 fotografias boas. Medindo a distância entre as estrelas à esquerda e à direita do Sol durante o eclipse, quando elas estão visíveis pelo curto espaço de tempo que ele dura (6min51s), e comparando com medidas das mesmas estrelas obtidas 6 meses antes, quando elas eram visíveis à noite, o chefe internacional deste estudo, o astrofísico inglês Sir Arthur Stanley Eddington (1882-1944), que fotografa o fenômeno a partir de São Tomé e Príncipe, na África, observa que as estrelas parecem mais distantes umas das outras durante o eclipse. Isto implica que os raios de luz destas estrelas são desviados pelo campo gravitacional do Sol, como predito por Einstein. Tais desvios são o que se chama em astronomia de “lentes gravitacionais”.Os resultados dessa pesquisa fazem de Albert Einstein uma celebridade mundial.

1920 – É descoberto em Otjozondjupa, nas vizinhanças de Grootfontein, na Namíbia, o maior meteorito conhecido, o Hoba, uma rocha com peso estimado de 59t composta de ferro (84%) e níquel (16%). Mede 2,7 x 2,7 x 0,9m.

1920 (26 de abril) – A discussão entre os astrônomos sobre a natureza das nebulosas torna-se tão intensa que a Academia Nacional de Ciências de Washington decide formalizá-la, convidando Harlow Shapley (1885-1972) e Heber Curtis (1872-1942) – os dois maiores representantes das tendências antagônicas – para um debate, que seria assistido pelos mais ilustres astrônomos da época. Shapley considera as espirais como parte integrante da nossa galáxia; Curtis permanece fiel à ideia dos Universos-ilha. Desse modo, depois de quase um século e meio, encerra-se o Grande Debate, iniciado por William Herschel no final do século XVIII. Sua conclusão evidencia a genialidade das intuições de Wright e de Kant

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sobre os Universos-ilha, noção “intuitiva” à qual sucessivas gerações de pesquisadores se apegaram. A partir de 1920, entretanto, surgem provas rigorosamente científicas de sua validade. Para muitos astrônomos, a natureza das “nebulosas espiraladas” se apresentava ainda incerta antes daquele ano. Depois do confronto, porém, torna-se clara para todos: Curtis vence o debate.Compreende-se que a Via Láctea é apenas uma de muitas galáxias que compõem o Universo. É o início da astronomia extragaláctica.Surge uma distinção clara entre galáxias e nebulosas (ambos objetos difusos quando vistos da Terra), termos até então muitas vezes usados como sinônimos.Galáxias são sistemas massivos constituídos por componentes gravitacionalmente unidos: estrelas, gás, poeira e matéria escura. Podem ter de 100 milhões a 100 trilhões de estrelas. Os diâmetros variam entre poucos milhares e centenas de milhares de anos-luz, e as distâncias entre elas vão de dezenas de milhares a milhões de anos-luz. Dentro das galáxias há aglomerados estelares, nuvens moleculares e, no centro de muitas delas, buracos negros.Nebulosas são nuvens interestelares de poeira, hidrogênio, hélio e outros gases ionizados. No interior de muitas delas se formam estrelas e planetas. Situam-se dentro das galáxias, e os diâmetros são da ordem de alguns anos-luz.

1920 (13 de dezembro) – O astrônomo estadunidense Francis Gladheim Pease (1881-1938) faz a primeira determinação do diâmetro de uma estrela (Betelgeuse, alfa de Órion, distante 640 anos-luz) com o uso do interferômetro, no Observatório de Monte Wilson. O valor por ele obtido é de 400 milhões de km (valor atualmente aceito: 1,3 bilhão de km).

1922 – O matemático russo Alexander Friedmann (1888-1925) encontra uma solução para as equações de campo de Einstein que sugere uma expansão geral do espaço.

1922 – Ocorre em Roma, Itália, a primeira assembleia geral da UAI.

1922 – A UAI adota como oficial o Central Bureau for Astronomical Telegrams (CBAT), fundado pela Astronomische Gesellschaft, em 1882, em Kiel, na Alemanha, e funcionando, desde a segunda metade da década de 1910, no Observatório de Østervold, na Dinamarca, a cargo da Universidade de Copenhague. A instituição passa a ser o organismo internacional responsável pela catalogação e identificação de eventos astronómicos recentemente descobertos. O CBAT reúne e distribui informações sobre cometas, satélites naturais, novas, supernovas e outros eventos astronômicos recentes. Também estabelece a prioridade das descobertas (a quem devem ser creditadas) e atribui designações provisórias e nomes a novos objetos. Ademais, distribui as circulares da UAI, as quais, desde meados da década de 1980, também estão disponíveis em meio eletrônico.

1922 – O astrônomo estadunidense de origem holandesa Willem Luyten (1899-1994) utiliza pela primeira vez o termo “anã branca” para se referir a estrelas semelhantes a Sirius B. Essa denominação deve-se ao fato de a temperatura de todas as estrelas desse tipo então conhecidas girar em torno de 10.000°C, correspondendo à classe espectral A, constituída por estrelas de cor branca. Hoje, contudo, sabe-se que a temperatura dessas estrelas pode variar entre 3.000°C e 20.000°C, com as cores variando do vermelho ao azul. Isso significa, portanto, que nem todas as anãs brancas são efetivamente brancas.

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1922 – Na gestão de Henrique Charles Morize (1860-1930), o Observatório Nacional é transferido do então Morro do Castelo, agora Esplanada do Castelo, para o Morro de São Januário, no atual Bairro de São Cristóvão (Rio de Janeiro), onde está até hoje.

1922 (22 de outubro) – É publicada a primeira Circular da UAI.

1923 – Todos os países aderem ao calendário gregoriano, pelo menos para regular o ano civil.

1923 (junho) – O físico romeno Hermann oberth (1894-1989) publica “Die Rakete zu den Planetenräumen” (“O Foguete Ao Espaço Planetário”), livro em que descreve como um telescópio poderia ser colocado em órbita terrestre por meio de um foguete. Ele também cunha a expressão "estação espacial" para descrever uma estrutura que serviria como ponto de partida para viagens à Lua e a Marte.

1924 – Arthur Eddington desenvolve a relação massa-luminosidade para as estrelas da sequência principal, ou seja, aquelas que realizam fusão de hidrogênio em hélio no interior de seus núcleos.

1924 (maio) – É fundada, na União Soviética (URSS), a Sociedade para estudos de Viagens Interplanetárias. Entre os membros estão cientistas importantes da época, como Konstantin Tsiolkovsky, Friedrich Zander e Yuri Kondratyuk. A sociedade é dissolvida no ano seguinte.

1924 (23 de novembro) – O astrônomo estadunidense Edwin Powell Hubble (1889-1953) publica no The New York Times os resultados das medições por ele efetuadas no ano anterior. Ao determinar, com o auxílio de variáveis cefeidas, a distância a que estão da Terra M31 (Andrômeda) e M33 (Triângulo), ele conclui que se trata de sistemas estelares semelhantes à Via Láctea e que estão localizados fora dela. A relutância de Hubble em publicar suas conclusões deve-se ao fato de estarem em franca contradição com as medições tomadas, em 1916, pelo astrônomo holandês Adriaan van Maanen (1884-1946), então tidas em alta conta no meio científico. Com a constatação de que estão corretas as medições efetuadas por Hubble, fica provada a natureza extragaláctica das nebulosas em espiral.

1925 – A astrônoma anglo-americana Cecília Payne (1900-1979) estabelece que o hidrogênio é o elemento químico mais abundante na composição das estrelas.

1925 (9 de maio) – O físico alemão Albert Einstein visita o Observatório Nacional (Rio de Janeiro).

1926 – O sismólogo alemão Beno Gutenberg (1889-1960) descobre, no manto terrestre, uma zona de baixa velocidade de ondas sísmicas, a cerca de 100km de profundidade e com espessura de quase 100km. Essa camada recebe a denominação de “astenosfera”.Sua existência passa a ser definitivamente aceita apenas depois da análise das ondas sísmicas do grande terremoto ocorrido no Chile em 22 de maio de 1960

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(o mais forte alguma vez registrado, de magnitude 9,5).

1926 – No artigo “The Internal Constitution of the Stars” (“A Constituição Interna das Estrelas”), Arthur Eddington sugere que o calor do Sol provém de um "reator nuclear" interno.

1926 – O físico estadunidense de origem polonesa Albert Michelson (1852-1931) mede com precisão a velocidade da luz, concluindo que ela é de 299.796+-4km/s. O valor aceito atualmente é de 299.792,458km/s.De acordo com a definição da UAI, ano-luz é a distância percorrida pela luz, no vácuo, ao longo de um ano juliano (exatamente 365,25 dias, ou 31.557.600 segundos), o que corresponde a 9.460.730.472.580,8km.

1926 (16 de março) – Primeiro voo de foguete propelido a combustível líquido (gasolina e oxigênio), construído pelo estadunidense Robert Hutchings Goddard (1882-1945) e lançado em Auburn, Massachusetts.

1927 – O padre e cosmólogo belga Georges-Henri Édouard Lemaître (1894-1966) é o primeiro a propor a teoria da expansão do Universo, dois anos antes de Edwin Hubble. Ele também sugere o que mais tarde será denominado Big Bang. Lemaître imagina que toda a matéria esteja concentrada no que ele chama de átomo primordial e que este átomo se partiu em incontáveis pedaços, cada um se fragmentando sempre mais, até formar os átomos presentes no Universo, numa enorme fissão nuclear.Contudo, o artigo em que expõe sua teoria, "Un Univers homogène de masse constante et de rayon croissant rendant compte de la vitesse radiale des nébuleuses extragalactiques" (“Um universo homogêneo de massa constante e raio crescente considerando a velocidade radial das nebulosas extragalácticas”), publicado no periódico Annales de la Société Scientifique de Bruxelles, permanece obscuro e ignorado pela comunidade científica internacional, o que só se modifica com uma tradução parcial para inglês, em 1931.

1927 – O astrônomo estadunidense Ira Sprague Bowen (1898-1973) explica as linhas espectrais não identificadas provenientes do espaço como linhas de transição proibidas. Ele constata que essas linhas são emitidas por oxigênio ionizado. Com isso, fica descartada a existência do “nebúlio”, elemento químico hipotético que, desde os anos 1860, era tido como responsável por linhas espectrais não identificadas e que se pensava existir apenas no espaço, não na Terra.

1927 – Têm início as atividades do Instituto Astronômico e Geofísico da Universidade de São Paulo (USP).

1927 – O astrônomo holandês Jan Hendrik Oort (1900-1992) analisa movimentos de estrelas distantes, encontrando evidências de uma rotação diferencial, e funda a teoria matemática da estrutura galáctica.

1927 – O geólogo inglês Arthur Holmes (1890-1965), pioneiro no uso dos elementos radioativos para datar as rochas, propõe um mecanismo capaz de explicar o movimento dos continentes. Quando decaem, os elementos radioativos existentes no interior da Terra

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produzem calor e aquecem o manto. Essa camada constitui um meio sólido para a pesquisa sísmica, pois as ondas secundárias propagam-se em seu interior. Num período de milhares de anos, porém, o manto comporta-se como um fluido extremamente viscoso, capaz de transportar por convecção o calor do centro para a superfície. No fenômeno físico da convecção, as porções quentes do fluido ficam ainda mais quentes e tendem a subir, enquanto suas partes frias afundam. Se a diferença de temperatura for suficiente, cria-se uma circulação ordenada, com a formação de células de convecção. Holmes afirma que esse mecanismo é capaz de deslocar os continentes, assim como as correntes marítimas fazem com os “icebergs”.

1927 – O climatologista e geofísico austríaco Victor Conrad (1876-1962) verifica a existência de uma descontinuidade entre a parte superior e a parte inferior da crosta terrestre continental, conhecida hoje como descontinuidade de Conrad.

1927 - No livro “A Conquista do Espaço Interplanetário” (72 páginas), o ucraniano Yuri Kondratyuk (1897-1942) aborda a trajetória de foguetes e as condições de habitação no espaço. Sugere também a utilização da assistência gravitacional para acelerar a velocidade de uma nave espacial.

1927 – O estudante holandês Cyprianus Annius van den Bosch calcula a massa de Marte com um erro de 0,2%. Ele usa os movimentos dos satélites marcianos para chegar a esse valor.

1927 (5 de junho) - É fundada (Breslau, Alemanha), a “ Verein für Raumschiffahrt” (Sociedade para viagens espaciais), organização amadora que chega a contar com aproximadamente quinhentos membros. Realiza experimentos com foguetes, tendo um deles, da série Repulsor, atingido altitude superior a 1km (primavera de 1932).A organização é dissolvida em 1933.

1927 (15 de dezembro) – O cometa Skjellerup-Maristany (formalmente, C/1927 X1), descoberto (6 de dezembro) pelo astrônomo amador austríaco John Francis Skjellerup (1875-1952) e pelo argentino Edmundo Maristany, chega ao periélio e pode ser visto durante o dia. Destaca-se por sua coloração fortemente amarela, causada pela emissão de átomos de sódio. Permanece visível a olho nu por 32 noites.

1928 – O físico teórico britânico Paul Dirac (1902-1984) formula a equação que leva o seu nome (equação de Dirac), a qual descreve o comportamento do elétron e permite ao cientista predizer a existência do pósitron, a antipartícula do elétron. Com esse trabalho, tem início o estudo teórico da antimatéria.Antimatéria é, em Física de partículas, a extensão do conceito de antipartículas à matéria. A antimatéria está, portanto, composta de antipartículas, enquanto a matéria é composta de partículas. Por exemplo, um antielétron (elétron com carga positiva, ou pósitron) e um antipróton (próton com carga negativa) poderiam formar um átomo de antimatéria, da mesma maneira como um elétron e um próton formam um átomo de hidrogênio. Segundo os modelos teóricos, o contato de matéria e antimatéria leva à aniquilação de ambas, dando lugar a fótons de alta energia (raios gama) e a outros pares partícula-antipartícula.

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1928 – O astrônomo inglês William Hunter McCrea (1904-1999) descobre que aproximadamente três quartos da massa do Sol são formados por hidrogênio e aproximadamente um quarto é composto por hélio, com cerca de 1% de outros elementos. Até então, muitos pensavam que o Sol era constituído essencialmente de ferro. A partir dessa descoberta, torna-se claro que o hidrogênio é o principal elemento constituinte da maioria das estrelas.É a confirmação dos resultados obtidos três anos antes por Cecília Payne.

1929 – Edwin Hubble verifica que a velocidade de afastamento (deslocamento para o vermelho) das galáxias é proporcional à distância entre elas, demonstrando que o Universo está em expansão e criando a “constante de Hubble”.Essa constante mede o aumento da velocidade de recessão das galáxias à medida que se distanciam. O valor é objeto de debate desde o seu enunciado, e os parâmetros propostos variam consideravelmente ao longo do tempo. As medidas mais recentes (outubro de 2012) sugerem valores em torno de 74, o que significa que a velocidade a que as galáxias se afastam umas das outras aumenta aproximadamente 74km por segundo para cada megaparsec (3,26 milhões de anos-luz) de aumento na distância entre elas.

1929 – O estadunidense George Antonovich Gamow (1904-1968) propõe a fusão do hidrogênio como a fonte de energia das estrelas.

1929 – Henry Norris Russell conduz os primeiros estudos espectroscópicos para determinar a composição química do Sol.

1929 – O astrônomo e fabricante de instrumentos ópticos Bernhard Voldemar Schmidt (1879-1935) inventa um novo sistema de espelhos para telescópios refletores que supera os problemas anteriores de aberração da imagem. Tais instrumentos são conhecidos como telescópios Schmidt. Para conseguir isso, ele instala uma lente corretora à frente do espelho de um telescópio refletor e obtém excelentes resultados. Seu sistema combina, portanto, os princípios de refração com os de reflexão, dando origem aos instrumentos mistos.

1929 (abril) – O astrônomo estadunidense Clyde Tombaugh (1906-1997) começa a procurar sistematicamente Plutão. Antes que Tombaugh nascesse, Percival Lowell havia lançado uma busca por Plutão (que ele chama de planeta X), um nono planeta cuja gravidade explicaria as divergências nas posições de Urano e Netuno. Lowell não consegue encontrar o planeta, e em seu testamento decreta que a caça deve continuar.

1929 (15 de outubro - Estreia do filme “Frau im Mond” (A mulher na Lua), com direção, produção e roteiro do austríaco Fritz Lang (1890-1976). Considerado por alguns como um dos primeiros filmes "sérios" de ficção científica, mostra pela primeira vez ao público uma viagem em foguete, incluindo o uso de um foguete de múltiplos estágios. É também citado como a primeira ocorrência de uma contagem regressiva (de 10 a 0) antes do lançamento de um foguete.

1930 – O astrônomo estadunidense de origem suíça Robert Trumpler (1886-1956) descobre e calcula a absorção da luz por poeira interestelar, comparando os tamanhos angulares e brilhos de aglomerados globulares.

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Este fenômeno, conhecido em astronomia como “extinção”, pode ser definido como a absorção e a dispersão da radiação eletromagnética pela matéria (poeira e gás) entre um objeto astronômico emissor e um observador. Embora a quantidade de poeira e gás existente no espaço interestelar e intergaláctico seja muito pequena, pode produzir uma redução significativa no brilho de um objeto celeste ao longo de distâncias grandes, da ordem de milhões de anos-luz.Para um observador colocado na Terra, a extinção pode ser causada pelo meio interestelar, pela atmosfera terrestre ou por poeira estelar em torno de um objeto observado. A extinção atmosférica é muito forte em alguns comprimentos de onda, como raios X, ultravioleta e infravermelho, o que torna necessário colocar observatórios no espaço para estudar essas faixas da radiação eletromagnética. Outro efeito digno de nota é uma atenuação bem mais pronunciada da luz azul do que da luz vermelha, o que faz com que objetos observados a partir da Terra apareçam mais avermelhados do que são na realidade.A compreensão desse fenômeno é de importância capital, porque torna possível, pela primeira vez, fazer estimativas verdadeiramente confiáveis das escalas de distância no Universo.

1930 – O astrônomo francês Bernard-Ferdinand Lyot (1897-1952) inventa o coronógrafo, instrumento que permite a observação da coroa solar quando o Sol não está em eclipse.

1930 – O astrônomo grego radicado na França Eugène Antoniadi (1870-1944) publica “La Planète Mars” (“O Planeta Marte”), um tratado que se torna clássico na história das pesquisas sobre Marte, em que ele escreve: “Ninguém jamais observou canais de verdade em Marte, e as linhas mais ou menos retilíneas de Schiaparelli não existem nem como canais nem como formas geométricas. O local onde eles teriam sido observados corresponde a uma superfície com estrias irregulares manchadas, zonas de reflexão não uniformes, terrenos descontínuos ou talvez margens esverdeadas de um lago de morfologia complexa”. Observando os detalhes da superfície marciana com um dos refratores mais aperfeiçoados da época, Antoniadi dá o golpe de misericórdia nos canais.Três décadas mais tarde, a União Astronômica Internacional torna oficiais 128 nomes de características da superfície marciana dados por Antoniadi num mapa incluído neste livro. É o início da nomenclatura oficial para o relevo de Marte.

1930 – A UAI adota a proposta do astrônomo belga Eugène Delporte (1882-1955) e fixa em 88 o número das constelações. São elas: Águia, Altar, Andrômeda, Aquário, Áries (ou Carneiro), Ave do Paraíso, Baleia, Boieiro, Buril (do Escultor), Bússola, Cabeleira de Berenice, Cães de Caça, Camaleão, Câncer (ou Caranguejo), Cão Maior, Cão Menor, Capricórnio, Carena (ou Quilha), Cassiopeia, Cefeu, Centauro, Cisne, Cocheiro, Compasso, Coroa Austral, Coroa Boreal, Corvo, Cruzeiro do Sul, Delfim, Dourado, Dragão, Erídano, Escorpião, Escudo (de Sobieski), Escultor, Fênix, Flecha, Forno Químico, Gêmeos, Girafa, Grou, Hércules, Hidra Fêmea, Hidra Macho, Índio, Lagarto, Leão, Leão Menor, Lebre, Libra (ou Balança), Lince, Lira, Lobo, Máquina Pneumática, Microscópio, Monte Mesa, Mosca, Ofiúco (ou Serpentário), Oitante, Órion, Pavão, Pégaso, Peixe Austral, Peixes, Peixe Voador, Pequena Raposa, Pequeno Cavalo, Perseu, Pintor, Pomba (de Noé), Popa (da nave Argos), Régua, Relógio, Retículo, Sagitário, Serpente (dividida em Cabeça e Cauda), Sextante, Taça, Telescópio, Touro, Triângulo, Triângulo Austral, Tucano, Unicórnio, Ursa Maior, Ursa Menor, Vela e Virgem.

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Registre-se que constelações são regiões celestes conforme vistas da Terra e não refletem, obrigatoriamente, a posição real ocupada pelos astros. Dois objetos astronômicos muito distantes entre si pertencem à mesma constelação se, para um observador terrestre, parecerem próximos um do outro no céu. As constelações não são, portanto, indicadores de distância.Além das constelações, existem agrupamentos estelares que, vistos da Terra, parecem formar figuras, mas que não são reconhecidos oficialmente pela comunidade astronômica. A esses agrupamentos, cujas estrelas não estão gravitacionalmente ligadas e podem pertencer a constelações diferentes, dá-se o nome de asterismos.Três exemplos de asterismos:- Grande Carro, na constelação da Ursa maior, formado pelas estrelas Dubhe, Merak, Phecda, Megrez, Alioth, Mizar e Benetnasch;- Diamante de Virgem: Arcturo, Espiga, Denébola e Cor Caroli;- Três Marias: Mintaka, Alnilan e Alnitaka, que formam o cinturão de Órion.

1930 – O físico indiano naturalizado estadunidense Subrahmanyan Chandrasekhar(1910-1995) descobre e calcula o limite que leva seu nome, o qual representa a máxima massa possível para uma estrela do tipo anã branca (um dos estágios finais das estrelas que consumiram toda a sua energia) suportada pela pressão da degeneração de elétrons, e é de 2,864 octiliões de toneladas, cerca de 1,44 vez a massa do Sol. Acima desse limite, a anã branca entra em colapso, devido ao efeito da gravidade, e dá origem a uma estrela de neutros ou a um buraco negro.

1930 (21 de janeiro) – Clyde William Tombaugh fotografa Plutão, mas não o identifica ainda como planeta. Outras fotografias são tiradas nos dias 23 e 29.

1930 (18 de fevereiro) – Clyde William Tombaugh descobre Plutão, então considerado o nono planeta do Sistema Solar, utilizando o telescópio refrator de 33cm do Lowell Observatory, em Flagstaff, no Arizona.Plutão tem diâmetro estimado de 2.306km e área superficial de 16,65 milhões de km2 (3,3% da terrestre). Ocupa um volume de 6,39 bilhões de km3 (0,59% do volume da Terra) e tem massa de 13,05 quintilhões de toneladas (0,21% da terrestre), o que resulta numa densidade de 2,03g/km3. A força de gravidade equivale a 6,7% da terrestre, e a velocidade de escape é de 1,229km/s. orbita o Sol à distância média de 5,874 bilhões de km (varia entre 4,437 e 7,311 bilhões de km), completando uma órbita, à velocidade média de 16.800km/h, em 90.613,305 dias terrestres (248,09 anos), ou 14.164,4 dias plutonianos. O período de rotação é de 6d9h17min36s, à velocidade de 47,18km/h. Os principais componentes da atmosfera são nitrogênio, metano e monóxido de carbono. A magnitude aparente varia entre 13,65 e 16,3, sendo a média 15,1. Tem cinco satélites conhecidos.Plutão é o nome latino de Hades, deus grego do submundo e das riquezas dos mortos.

1930 (depois de fevereiro) – O astrônomo estadunidense Frederick C. Leonard (1896-1960) sugere que Plutão, recentemente descoberto, pode ser o primeiro de uma série de astros encontrados com órbitas além de Netuno. Seis décadas mais tarde, essa suposição será confirmada com a descoberta dos primeiros objetos conhecidos do cinturão de Kuiper.

1930 (24 de março) – Plutão é oficialmente batizado, tendo o nome sido sugerido por

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Venetia BurneyThe, depois Venetia Phair (1918-2009), uma menina de onze anos vivendo em Oxford. Esta decisão é anunciada em 1º de maio.

1930 (10 de maio) – o primeiro planetário é aberto ao público nos EUA, o Planetário de Adler, em Chicago, Illinois.

1931 – O astrônomo alemão Otto Hermann Leopold Heckmann (1901-1983) afirma que a matéria é, sob alguma circunstância, homogeneamente distribuída ao longo do Universo e é isotrópica, isto é, tem propriedades idênticas em toda direção).

1932 – O físico inglês James Chadwick (1891-1974) descobre o nêutron, partícula atônica com carga elétrica nula, que compõe, juntamente com o próton, o núcleo do átomo.Em 1935, ele recebe o Prêmio Nobel de Física por essa descoberta.

1932 – Estudando as perturbações e as interferências verificadas durante as transmissões radiofônicas, o físico e engenheiro estadunidense Karl Jansky (1905-1950) descobre que parte dessas perturbações se deve a radiações cósmicas que atingem regularmente a Terra e conclui que a fonte contínua dessas radiações deve estar situada na direção da constelação de Sagitário, a mesma em que se encontra o centro da Via Láctea. Trata-se das ondas de rádio, cujo estudo sistemático dá origem à radioastronomia.

1932 – Ao estudar o destino de uma estrela massiva após o esgotamento de todo o seu combustível nuclear, o físico e matemático azerbaijano Lev Davidovich Landau (1908-1968) chega à conclusão de que, na fase de resíduo estelar, a matéria se encontra num estado de elevada densidade, composta basicamente por nêutrons.Este trabalho levará à formulação do conceito de estrela de nêutrons.

1932 – Harlow Shapley (1885-1972) e Adelaide Ames (1900-1932) publicam um levantamento das galáxias com brilho superior à 13ª magnitude, conhecido mais tarde como “Catálogo Shapley-Ames”.

1932 – O astrônomo estoniano Ernst Öpik (1893-1985) postula que os cometas de longo período têm origem numa nuvem localizada nos confins do Sistema Solar. Essa região é hoje conhecida como Nuvem de Oort.

1933 – O astrônomo suíço Fritz Zwicky (1898-1974) postula a existência da matéria escura. Esta é a matéria suplementar necessária para explicar as curvas de rotação das galáxias e as velocidades registradas das galáxias em aglomerados, maiores que as explicáveis através da matéria observável, chamada matéria luminosa (ou matéria visível). Zwicky, trabalhando nos EUA, observando que as velocidades das galáxias em aglomerados são muito maiores do que o esperado, calcula que a massa do aglomerado deve ser pelo menos dez vezes maior do que a massa da matéria visível no próprio aglomerado, isto é, da massa em estrelas e gás pertencentes às galáxias.Numa definição contemporânea, matéria escura é a matéria hipotética de composição desconhecida que não emite ou reflete radiação eletromagnética suficiente para ser observada diretamente com os meios técnicos atuais, mas cuja existência pode ser deduzida a partir dos efeitos gravitacionais que causa na matéria visível (estrelas e galáxias, por

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exemplo). É importante observar que não se deve confundir matéria escura com energia escura, conceito elaborado bem mais tarde (1998). Com base na observação de estruturas maiores do que galáxias, acredita-se que a matéria escura constitui 84% da matéria e 23% da massa-energia do Universo.

1933 – O astrônomo estadunidense de origem alemã Walter Baade (1893-1960) sugere, juntamente com Fritz Zwicky, que as supernovas poderiam ser criadas pelo colapso de estrelas normais para estrelas de nêutrons e são, portanto, uma categoria à parte de objetos astronômicos.Uma estrela de nêutrons típica tem massa compreendida entre 1,4 e 3,2 massas solares e diâmetro de aproximadamente 24km, o que resulta em densidades que variam de 370 a 590 trilhões de toneladas por centímetro cúbico, ou seja, 260 a 410 trilhões de vezes superiores à do Sol. Isso equivale a comprimir a massa de um Boeing 747 ao tamanho de um pequeno grão de areia. Uma colher de chá da matéria de uma estrela de nêutrons tem massa de 5,5 bilhões de toneladas. A força de gravidade resultante é pelo menos 100 trilhões de vezes superior à terrestre, e a velocidade de escape é de 100.000km/s, um terço da velocidade da luz.

1933 – Bernard-Ferdinand Lyot inventa o filtro de Lyot, formado por uma série de lâminas de quartzo separadas por polarizadores e analisadores, a fim de ser possível isolar a luz de um comprimento de onda determinado; permite a observação das protuberâncias e da coroa solar pelo isolamento de uma de suas raias de emissão.

1933 – É fundada a Meteoritical Society, organização sem fins lucrativos cujo objetivo é promover a pesquisa e a educação em ciência planetária, com ênfase em meteoritos e outros materiais extraterrestres. Além de meteoritos, o interesse da organização abrange poeira cósmica, asteroides, cometas, satélites naturais, planetas, impactos e a origem do Sistema Solar.

1933 (17 de agosto) – A URSS lança seu primeiro foguete de propelente líquido (Gird 9), com a importante colaboração do engenheiro russo Sergey Pavlovich Korolev (1907-1966). O artefato alcança 400m de altitude.

1933 (13 de outubro) – É fundada a British Interplanetary Society, organização sem fins lucrativos com sede em Londres.

1934 – O físico estadunidense Richard Tolman (1881-1948) mostra que a radiação de corpo negro em um Universo que se expande esfria mas permanece térmica.

1935 – Nicolas Stoyco (1884-1973) confirma a existência de flutuações no movimento de rotação da Terra, causadas pelo movimento lunar.

1935 (14 de maio) – É inaugurado o Griffith Observatory, em Los Angeles, Califórnia.

1936 – o telescópio refletor óptico Schmidt de 46cm de Palomar entra em operação, localizado em Palomar, Califórnia.

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1936 – No livro "The Realm of the Nebulae" (O Reino das Nebulosas), Edwin Hubble apresenta uma classificação morfológica das galáxias, representada num diagrama que se torna conhecido como "forquilha de Hubble". As galáxias estão divididas em espirais, espirais barradas, elípticas, lenticulares e irregulares, com diversas subcategorias.Nesta obra Hubble formula o conceito de Grupo Local, ainda em vigor para fazer referência ao aglomerado galáctico ao qual pertence a Via Láctea. Com pelo menos 54 galáxias conhecidas (Hubble inclui doze), o Grupo Local tem 10 milhões de anos-luz de diâmetro e pertence ao superaglomerado de Virgem. Os principais componentes do Grupo Local são Andrômeda (M31), Via Láctea, Triângulo (M33) e as Nuvens de Magalhães.

1936 – Raimond Arthur Lyttleton (1911-1995), matemático e físico teórico inglês, apresenta a hipótese de Plutão ter sido, até um período relativamente recente, um satélite de Netuno.

1936 – A sismóloga dinamarquesa Inge Lehmann (1888-1993) interpreta algumas observações anômalas das ondas primárias como indício da presença, no centro da Terra, de um núcleo provavelmente sólido, envolvido por uma parte líquida.O núcleo interno sólido da Terra, cuja existência é posteriormente confirmada, ocupa o centro do planeta e está rodeado por um núcleo externo líquido. Tem raio de aproximadamente 1.220km (situa-se entre 5.150 e 6.370km de profundidade) e compõe-se essencialmente de uma liga de ferro (80%) e níquel. A densidade elevada (de 12,8 a 13,1g/cm3) sugere também a presença de outros metais pesados, como ouro e platina. A temperatura estimada é de 5.430°C, bastante próxima à da superfície do Sol.

O núcleo externo tem aproximadamente 2.260km de espessura (estende-se desde 2.890 até 5.150km de profundidade) e também é composto de ferro e níquel, mas em estado líquido. Oxigênio e enxofre também estão presentes, e a densidade vai de 9,9 a 12,2g/cm3. A temperatura é de 4.400°C nas regiões exteriores, podendo ultrapassar 5.000°C no limite com o núcleo interno.

Em torno do núcleo externo está o manto, camada altamente viscosa que vai desde a crosta até aproximadamente 2.890km de profundidade. A composição é bastante variada, e os diversos minerais presentes agrupam-se em camadas mais ou menos definidas. A temperatura vai de 500°c, nas regiões superiores, até mais de 4.000°C, no limite com o núcleo externo. A densidade está compreendida entre 3,4 e 5,6g/cm3.

A camada mais externa é a crosta, cuja espessura varia de 5 ou 6km, sob o fundo dos oceanos, até 30 ou 35km, nas regiões continentais. Ao conjunto formado pela crosta e a parte superior do manto (até 60km de profundidade) dá-se o nome de litosfera. A litosfera está dividida em placas tectônicas, segmentos rígidos que flutuam sobre o manto e se deslocam lentamente. Terremotos, atividade vulcânica e formação de montanhas são fenômenos característicos de regiões limítrofes entre placas tectônicas. A densidade da crosta vai de 2,2 a 2,9g/cm3.

1936 – Os estadunidenses Victor Franz Hess (1883-1964), de origem austríaca, e Carl David Anderson (1905-1991) recebem o Prêmio Nobel de Física, o primeiro por seus estudos acerca dos raios cósmicos e o segundo pela descoberta (1932) do pósitron, partícula subatômica que tem a mesma carga elétrica de um próton e a mesma massa de um elétron.

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1938 – O físico estadunidense de origem alemã Hans Albrecht Bethe (1906-2005) conclui que as elevadíssimas temperaturas e pressões existentes no centro do Sol podem fazer com que quatro núcleos de hidrogênio (ou seja, quatro prótons) se fundam para formar um único núcleo de hélio. Como a massa total dos quatro prótons equivale a 4,0325 unidades de massa atômica, e a de um núcleo de hélio a 4,0039, a reação libera uma energia correspondente a 0,0286 (ou seja, 0,7% da massa em questão).

1938 – O físico francês Pierre Victor Auger (1899-1993) é o primeiro a observar as faíscas produzidas na atmosfera terrestre pela interação entre a região atmosférica e os raios cósmicos.

1938 – Walter Baade é o primeiro a identificar uma nebulosa como sendo o resto de uma supernova ao estabelecer que a Nebulosa do Caranguejo é formada pelos resíduos da supernova de 1054. Posteriormente, muitos restos de supernovas são identificados.

1938 (6 de julho) – Seth Barnes Nicholson Descobre Lisiteia, décimo satélite conhecido de Júpiter. Diâmetro: 36km; período orbital: 259,20 dias; distância média do planeta: 11.720.000km; massa: 63 trilhões de toneladas; densidade: 2,6g/cm3.

1938 (30 de julho) – Seth Barnes Nicholson descobre Carme, décimo primeiro satélite conhecido de Júpiter. Diâmetro: 46km; período orbital: 702,28 dias (2,045 anos); distância média do planeta: 23.400.000km; massa: 130 trilhões de toneladas; densidade: 2,6g/cm3.

1938 (30 de outubro) – O cineasta estadunidense Orson Welles (1915-1985) realiza, na rádio CBS (Columbia Broadcasting System), uma dramatização intitulada A Guerra dos Mundos, baseada no livro homônimo publicado, em 1898, por H. G. Welles (1866-1946). A obra descreve uma invasão da Terra por marcianos, e a dramatização causa pânico entre a população estadunidense, pois a crença na existência de vida em Marte faz muitas pessoas acreditarem na veracidade da história transmitida pelo rádio.

1939 – O químico alemão Otto Hahn (1879-1968), a física sueca de origem austríaca Lise Meitner (1878-1968) e o químico alemão Fritz Strassmann (1902-1980) descobrem a fissão nuclear: quando um núcleo de urânio absorve um nêutron, ele pode ser “sacudido” até o ponto em que ele se divide em dois fragmentos de tamanhos comparáveis, liberando uma grande quantidade de energia.

1939 – O astrônomo estadunidense de origem alemã Rupert Wildt (1905-1976) nota a importância do ion negativo de hidrogênio para a opacidade estelar.

1939 – O físico estadunidense Julius Robert Oppenheimer (1904-1967) e seu discípulo George Michael Volkoff (1914-2000), físico canadense, estabelecem que a dimensão máxima de uma estrela de nêutrons não ultrapassa algumas dezenas de km.

1939 – Bernard-Ferdinand Lyot faz a primeira imagem em movimento das proeminências

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solares.

1939 – Estudos realizados pelo radioastrônomo estadunidense Grote Reber (1911-2002) confirmam os resultados obtidos em 1932 por Karl Jansky acerca da proveniência cósmica das ondas de rádio que interferem nas telecomunicações terrestres.

1939 (30 de abril) – É produzida a primeira energia elétrica gerada por raios cósmicos, no Planetário de Hayden, Cidade de Nova Iorque.

1941 – O astrônomo canadense Andrew McKellar (1910-1960) usa a excitação das linhas do dubleto CN para medir que a “temperatura efetiva do espaço” é de cerca de 2,3 K.

1941 – O astrônomo alemão Rudolph Minkowski (1895-1976) propõe a primeira classificação das estrelas supernovas. Ele as divide em dois tipos: I, quando não há linhas de hidrogênio no espectro; e II, quando essas linhas aparecem.Essas classes continuam sendo utilizadas.

1942 – Jan Julius Duyvendak (1889-1954), Nicholas Mayall (1906-1993) e Jan Oort (1900-1992) confirmam que a Nebulosa do Caranguejo é um resto da supernova 1054 (observada pelos astrônomos chineses), conforme sugerido quatro anos antes por Walter Baade.

1942 – O engenheiro estadunidense George Clark Southworth (1890-1972) e o astrofísico e radioastrônomo inglês James Stanley Hey (1909-2000) descobrem que o Sol também é uma fonte de ondas de rádio e são os primeiros a registrá-las.

1942 (3 de outubro) - Um foguete militar alemão V-2 (Vergeltungswaffe 2) é o primeiro artefato humano a chegar ao espaço sideral, atingindo a altitude de 100km.

1943 – O astrônomo estadunidense Carl Keenan Seyfert (1911-1960) identifica 6 galáxias espirais com linhas de emissão incomumente largas, conhecidas como "galáxias Seyfert", as quais têm núcleos ativos em seus centros e fornecem ligação entre as galáxias normais e os quasares.

1943 – Os estadunidenses William Wilson Morgan (1906-1994), Philip Childs Keenan (1908-2000) e Edith Kellman, do Observatório de Yerkes, apresentam a classificação estelar atualmente em vigor, conhecida como classificação espectral de yerkes ou sistema MKK, das iniciais dos autores.É complementar à classificação de Harvard e acrescenta duas informações: um número arábico de 0 a 9 indicando o grau de transição de uma classe à seguinte e um número romano de I a VII indicando as dimensões das estrelas: I, supergigantes; II, gigantes brilhantes; III, gigantes (gigantes “normais”); IV, subgigantes; V, estrelas da sequência principal (ou anãs); VI, subanãs; VII, anãs brancas. Assim, a classificação G2V do Sol significa que se trata de uma estrela amarela (G), mais próxima da própria classe G (2) do que da classe seguinte, K, e pertencente à sequência principal (V).

1944 – O astrônomo holandês Hendrik (Henk) Christoffer van de Hulst (1918-2000) prevê

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a linha hiperfina de 21cm do hidrogênio interestelar neutro.

1944 – A teoria da nebulosa primordial formadora do Sol e dos planetas é retomada quando, com base em novos dados sobre a composição solar, o físico alemão Carl Friedrich von Weizsäcker (1912-2007) sugere que a nebulosa teria massa muito maior que a dos planetas e que, submetida a um processo de turbilhonamento interno, promoveria a condensação desses corpos celestes.

1944 – O astrônomo soviético Otto Schmidt (1891-1956) propõe a teoria da nuvem interestelar para a formação do sistema Solar. Segundo essa teoria, o Sol já formado teria atravessado uma densa nuvem interestelar e emergido envolto em uma nuvem de gás e poeira, de onde teriam se formado os planetas. Contudo, trabalhos posteriores do também soviético Victor Safronov (1917-1999) demonstram que o tempo necessário para a formação dos planetas a partir de um envoltório tão difuso seria superior à idade do Sistema Solar.

1944 – Grote Reber, compilador do primeiro radiomapa do céu, escreve: “A fonte mais intensa está na constelação de Sagitário; outras menores se acham no Cisne, em Cassiopeia, no Cão Maior, na Popa e em Perseu”. Pela primeira vez na história, o homem “vê” o céu através de uma janela diferente da tradicional, tendo a possibilidade de descobrir fatos novos e inesperados.

1944 – O astrônomo estadunidense de origem holandesa Gerard Peter Kuiper (1905-1973) detecta metano no espectro de Titã, evidenciando a presença de uma atmosfera naquele satélite de Saturno.

1945 (outubro) – O escritor britânico Arthur C. Clarke (1917-2008) publica, na revista "Wireless World", um artigo científico intitulado "Can Rocket Stations Give Worldwide Radio Coverage?", no qual lança o conceito de satélite geoestacionário como futura ferramenta para desenvolver as telecomunicações.Um satélite é geoestacionário quando está em órbita a uma altitude de 35.786km (em que as forças centrífuga e centrípeta da Terra se anulam reciprocamente), o que faz com que seu período orbital seja equivalente ao da rotação terrestre, permanecendo o satélite parado sobre um ponto determinado do planeta (na maioria das vezes, o equador), característica que permite o seu emprego nas telecomunicações e para observar regiões específicas da Terra.

1946 – O astrônomo estadunidense Lyman Spitzer (1914-1997) escreve um documento intitulado “Vantagens astronômicas de um observatório extraterrestre”. Ele observa as duas grandes vantagens oferecidas por um observatório espacial relativamente aos telescópios terrestres: em primeiro lugar, a resolução óptica (distância mínima de separação entre objetos na qual eles permaneçam claramente distintos) estaria limitada apenas por difração, em oposição aos efeitos da turbulência da atmosfera, que provocam o cintilamento das estrelas, conhecido entre astrônomos como "visão". A segunda grande vantagem seria a possibilidade de observar luz infravermelha e ultravioleta, em grande parte absorvidas pela atmosfera.

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1946 – Com o desenvolvimento da radioastronomia, consolida-se o conceito de “coroa solar muito quente”, com temperatura da ordem de alguns milhões de graus.

1946 – É criada a NIVR (Nederlands Instituut voor Vliegtuigontwikkeling en Ruimtevaart),Agência Holandesa para Programas Aeroespaciais. fundada pelo governo holandês, Ela é uma organização semi-governamental que não visa a lucros e cujo objetivo geral é promover as atividades da indústria aeroespacial na Holanda.

1946 (10 de janeiro) – a equipe do U.S. Army Project Diana lança sinais de radar refletidos à superfície da Lua. Uma pulsação de 180 ondas de ciclo com duração de 0,25 segundo é irradiada pelo Army Signal Corps do Evans Signal Laboratories, Belmar, Nova Jersey. O eco é recebido 2.4 segundos depois. O evento prova que as ondas de rádio podem penetrar a atmosfera da Terra.

1946 (24 de outubro) – São tiradas as primeiras fotos da Terra a partir do espaço. Um grupo de cientistas e militares estadunidenses da base de White Sands, Novo México, acopla uma câmera de 35mm a um foguete alemão V-2, que atinge pouco mais de 100km de altitude. A câmera cai e fica em pedaços, mas o filme é preservado, protegido dentro de uma caixa de aço. A qualidade das fotos é ruim: são granuladas, em tom cinzento e pouco nítidas.

1947 – O físico britânico Bernard Lovell (1913-2012), juntamente com seu grupo, completa o radiotelescópio não dirigível de 66,45m em Jodrell Bank.

1947 – Gerard Peter Kuiper identifica dióxido carbônico na atmosfera de Marte e estabelece que a proporção é significativamente maior do que na Terra.

1947 – É fundado, na Universidade de Cincinnati, o Minor Planet Center, sob a direção de Paul Herget (1908-1981). Posteriormente (1978), transfere-se para o Smithsonian Astrophysical Observatory, onde opera atualmente. É a organização oficialmente responsável por reunir informações acerca de planetas menores (asteroides) e cometas, calculando suas órbitas e publicando os resultados por meio de circulares.

1947 (20 de fevereiro) – Moscas são enviadas ao espaço a bordo de um foguete V-2 lançado pelos EUA. O objetivo é testar os efeitos da exposição à radiação em altitudes elevadas. O foguete chega a 109km da superfície em 3min10s. Então é ejetada uma cápsula, que cai de paraquedas. As moscas (primeiros animais mandados ao espaço) são recuperadas vivas.

1947 (outubro) – O inglês Edward Victor Appleton (1892-1965) é anunciado como ganhador do Prêmio Nobel de Física por suas contribuições para o conhecimento da ionosfera, que levam ao desenvolvimento do radar.A ionosfera é uma região da atmosfera superior, que vai de 85km a 600km de altitude e compreende porções da mesosfera, termosfera e exosfera, permanentemente ionizada pela radiação solar.. Tem importância prática considerável, porque influencia a propagação de ondas de rádio a grandes distâncias na Terra.Outros corpos do Sistema Solar também têm ionosfera, como Vênus, Urano e Titã.

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1948 – Os estadunidenses George Antonovich Gamow (1904-1968), físico de origem russa, Ralph Alpher (1921-2007) e Robert Herman (1914-1997) preveem que um Universo com Big Bang terá um fundo de micro-ondas cósmico de corpo negro com temperatura de cerca de 5 graus Kelvin. Eles sugerem para o Big Bang um modelo com início oposto ao de Lemaître – fusão nuclear. Examinam a síntese de elementos em um Universo que está rapidamente se expandindo e esfriando e sugerem que os elementos foram produzidos por captura de nêutrons rápida. Sugerem também que a proporção de hidrogênio e hélio observável no Universo é compatível com a teoria do Big Bang.

1948 – O matemático anglo-austríaco Hermann Bondi (1919-2005), o astrofísico austríaco Thomas Gold (1920-2004) e o matemático e astrônomo inglês Fred Hoyle (1915-2001) propõem cosmologias do estado estacionário baseadas no princípio cosmológico perfeito. São hipóteses opostas ao Big Bang e propõem um Universo estacionário, em que a matéria é constantemente criada: se as galáxias se afastam umas das outras, matéria continuará surgindo para preencher os espaços vazios, algo semelhante à correnteza de um rio.

1948 – O radioastrônomo australiano de origem inglesa John Gatenby Bolton (1922-1993) sugere que uma fonte de rádio na constelação do Touro nada mais é do que a nebulosa do Caranguejo, um dos objetos mais fascinantes da Galáxia.

1948 – É publicada pela Academia de Ciências da URSS a primeira edição do Catálogo Geral de Estrelas Variáveis, contendo 10.820 objetos. Várias edições são publicadas posteriormente, e a mais recente está disponível na internet.

1948 (16 de fevereiro) – Gerard Peter Kuiper descobre Miranda, quinto satélite conhecido de Urano. Diâmetro: 480 x 468,4 x 465,8km; período orbital: 1,413 dia; distância média do planeta: 129.390km; massa: 65,9 quatrilhões de toneladas; densidade: 1,20g/cm3.

1948 (3 de junho) – O telescópio refletor de 5,08m do Observatório Palomar, na Califórnia, recebe o nome de Hale, em homenagem a George Ellery Hale, que o concebeu, projetou e promoveu, mas morreu (1938) antes que fosse completado. O primeiro estudo com esse instrumento ocorre em 1º de fevereiro de 1949, com observações da constelação de Cabeleira de Berenice.

1949 – Dois telescópios entram em operação em Palomar, na Califórnia: o telescópio refletor óptico Schmidt de 1,2m e o telescópio refletor óptico Schmidt de 5,08m.

1949 – O estadunidense Herbert Friedman (1916-2000) detecta raios X solares.

1949 – J. G. Bolton, G. J. Stanley e O. B. Slee identificam NGC 4486 (M87) e NGC 5128 como radiofontes extragalácticas.

1949 (9 de fevereiro) – É criado o primeiro Departamento de Medicina Espacial, estabelecido na United States Air Force School of Aviation Medicine, em Randolph Field, Texas.

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1949 (28 de março) – Durante uma entrevista na rádio BBC, de Londres, Fred Hoyle usa, pela primeira vez, o termo “Big Bang” para se referir a essa teoria da origem do Universo, que ele contestava. O termo passa à história como tendo sido dito de forma pejorativa, mas Hoyle nega, afirmando ter utilizado uma figura de linguagem para facilitar a compreensão dos ouvintes.

1949 (1º de maio) – Gerard Peter Kuiper descobre Nereida, segundo satélite conhecido de Netuno. Diâmetro: 340km; período orbital: 360,136 dias; distância média do planeta: 5.513.787km; massa: 31 quatrilhões de toneladas; densidade: 1,5g/cm3.

1949 (10 de maio) – É montado o primeiro planetário estadunidense em uma universidade aberta, Chapel Hill, na Carolina do Norte.

1949 (14 de junho) - Albert II é o primeiro macaco no espaço, a bordo de umfoguete V-2 lançado pelos EUA. O foguete atinge 134km, e o macaco morre após uma falha do paraquedas da cápsula que deveria trazê-lo de volta.

1950 – Jan Hendrik Oort sugere a existência de uma nuvem cometária, mais tarde chamada de “nuvem de Oort”. Trata-se de vasta região que envolve o Sistema Solar, à distância estimada de um ano-luz, na qual há grande quantidade de poeira e bilhões de núcleos cometários. Os astrônomos acreditam que muitos dos cometas que ingressam no Sistema Solar, sobretudo aqueles de longo período, têm origem nesta nuvem, de onde são expulsos por perturbações gravitacionais.

1950 – O astrônomo estadunidense Fred Laurence Whipple (1906-2004) afirma que o núcleo dos cometas não passa de “uma bola de gelo sujo”, ou seja, compõe-se principalmente de gelo misturado com matéria rochosa pulverizada.

1951 – Gerard Peter Kuiper defende a existência de um “reservatório” de cometas, em forma de anel, a uma distância de 40 a 100 unidades astronômicas do Sol (valor atualmente aceito: 30 a 50 unidades astronômicas). Essa região é hoje denominada de “cinturão de Kuiper”.O cinturão de Kuiper é semelhante ao cinturão de asteroides, mas é vinte vezes mais extenso e de vinte a duzentas vezes mais massivo. Enquanto os objetos do cinturão de asteroides são formados essencialmente de rochas e metais, os componentes do cinturão de Kuiper são compostos sobretudo por substâncias voláteis congeladas, tais como metano, amônia e água. Conhecem-se mais de mil objetos do cinturão de Kuiper, e acredita-se que existam na região pelo menos cem mil corpos com diâmetro de 100km ou mais. Plutão é o maior astro conhecido do cinturão de Kuiper, onde estão ainda outros dois planetas anões: Haumea e Makemake.

1951 – o astrônomo estadunidense William Wilson Morgan (1906-1994) apresenta a primeira evidência de que a Via Láctea tem braços espirais.

1951 – O astrônomo estadunidense Harold Delos Babcock (1882-1968), juntamente com

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seu filho, Horace (1912-2003), inventa o magnetógrafo solar para observação detalhada do campo magnético do Sol. Com seu Babcocks, mede a distribuição dos campos magnéticos em cima da superfície solar com precisão sem precedente e descobre magneticamente estrelas variáveis.

1951 – Tem início uma renovação quase completa dos equipamentos do Observatório Nacional, quando se introduzem aparelhos eletrônicos e o uso da técnica de exposição fotográfica múltipla.

1951 – Levando em conta a descoberta feita pelo astrônomo holandês Henk Van de Hulst de que o hidrogênio é capaz de emitir radiação no comprimento de onda de 21cm, Ewen e Purcell, em Harvard (EUA), e Oort, Van de Hulst e colaboradores, em Leiden (Holanda), descobrem a “linha espectral de radiofrequência” do hidrogênio.

1951 (28 de setembro) – Seth Barnes Nicholson descobre Ananque, décimo segundo satélite conhecido de Júpiter. Diâmetro: 28km; período orbital: 610,45 dias (1,68 ano); distância média do planeta: 21.280.000km; massa: 30 trilhões de toneladas; densidade: 2,6g/cm3.

1952 – Durante a assembleia da UAI em Roma, Walter Baade anuncia importantes descobertas feitas em anos anteriores. A constante falta de energia elétrica ao longo da Segunda Guerra Mundial diminui a poluição luminosa nas imediações do Observatório de Monte Wilson, na Califórnia, permitindo-lhe estudar, pela primeira vez, estrelas da galáxia de Andrômeda. Percebe que estrelas azuis, jovens e pobres em elementos pesados (que ele chama de população I), existem no disco da galáxia, mas não no halo, onde predominam estrelas vermelhas, velhas e ricas em elementos pesados (população II). Conclui daí que a formação estelar é muito mais frequente nas zonas periféricas das galáxias.Ademais, as mesmas observações permitem-lhe identificar dois tipos de cefeidas, estrelas variáveis usadas para determinar distâncias de corpos celestes em relação à Terra. Com base nessa descoberta, determina com mais precisão a distância de Andrômeda e conclui que o tamanho do Universo conhecido é o dobro daquele estabelecido por Hubble em 1929.

1953 – O geoquímico estadunidense Clair Cameron Patterson (1922-1995) faz a primeira medida precisa da idade da Terra: 4,55 bilhões de anos.

1953 – O astrônomo francês Gérard de Vaucouleurs (1918-1995) descobre que as galáxias situadas num raio de aproximadamente 200 milhões de anos-luz do Aglomerado de Virgem estão confinadas no disco de um aglomerado supergigante.

1953 (14 de maio) – O químico e biólogo estadunidense Stanley L. Miller (1920-2007) consegue simular as condições que seriam as da atmosfera primitiva da Terra, obtendo uma mistura de aminoácidos. Sua descoberta marca o começo do estudo moderno para entender a origem da vida na Terra.

1954 (30 de novembro) – Em Sylacauga, Alabama, um meteorito de 3,9kg quebra um telhado e atinge Elizabeth Hodges dentro da sala de estar. Ela sofre uma contusão séria.

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1955 – Kenneth Linn Franklin (1923-2007) e Bernard F. Burke, astrônomos da Fundação Carnegie em Washington, descobrem que Júpiter emite ondas de rádio, que parecem ser estouros pequenos de estática, semelhantes aos produzidos por temporais em receptores de rádio convencionais. A surpreendente descoberta é feita por completa casualidade enquanto eles estão esquadrinhando o céu para ruídos de galáxias de rádio. É a primeira descoberta desse tipo em planetas do Sistema Solar.

1955 – O Observatório Nacional estabelece 30 estações magnéticas e distribui pelo Brasil uma rede de 3.000 estações gravimétricas, o que o coloca, durante muito tempo, na liderança das pesquisas astronômicas brasileiras.

1955 – O físico italiano Emilio Segrè (1905-1989) e o físico estadunidense Owen Chamberlain (1920-2006), trabalhando na universidade de Berkeley, descobrem o antipróton e o antinêutron, antipartículas previstas com base na Equação de Dirac. Por essa descoberta, ambos são laureados com o Prêmio Nobel de Física de 1959.

1956 – Lyman Spitzer prevê gás coronal em torno da Via Láctea.

1956 – Herbert Friedman detecta evidência de raios X extrassolares.

1956 – Os Astrofísicos britânicos Margaret Burbidge e Geoffrey Burbidge (1925-2010) descobrem, em conjunto com William Fowler (1911-1995) e Fred Hoyle, que há a formação, através de fusão, de elementos mais pesados do que o hidrogênio nas estrelas. Esta afirmação contradiz a teoria anterior de que todos os elementos teriam sido criados durante o Big Bang.

1956 (23 de abril) – É fundada a Associação Brasileira de Astronomia (Rio de Janeiro).

1956 (20 de julho) - Clyde Cowan (1919-1974), Frederick Reines (1918-1998), F. B. Harrison, H. W. Kruse e A. D. McGuir comprovam, em artigos publicados na revista Science, a existência dos neutrinos, partículas subatômicas elementares que viajam a velocidades próximas à da luz, não têm carga elétrica, são capazes de passar através da matéria comum sem sofrer alterações (sendo, por isso, de detecção muito difícil) e possuem massa diminuta (até 1999, pensava-se que não tivessem massa alguma). Os neutrinos haviam sido previstos teoricamente (1930) pelo físico austríaco Wolfgang Pauli (1900-1958).

1956 (8 de outubro) – A China abre seu primeiro centro de pesquisa de mísseis e foguetes, o "Instituto Número 5", subordinado ao Ministério da Defesa e dirigido por Qian Xueshen (1911-2009), um cientista chinês formado nos EUA.

1957 – É criada a Associação de Universidades para Pesquisa em Astronomia (AURA), desenvolvida por um grupo de universidades estadunidenses. Trata-se de um consórcio de universidades e outras instituições educacionais que não visam a lucro e cujo objetivo é operar observatórios astronômicos de alta qualidade.

1957 (21 de agosto) – A URSS lança o primeiro projétil balístico intercontinental. Essa

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tecnologia é empregada, poucas semanas mais tarde, para enviar o primeiro Sputnik ao espaço.

1957 (4 de outubro) – é lançado o primeiro satélite artificial da Terra, o Sputnik 1, do Cosmódromo de Baikonur (base de lançamento de foguetes da URSS), em Tyuratam, no Cazaquistão. Trata-se de uma esfera revestida de alumínio polido, altamente reflexivo, com 58cm de diâmetro e pesando 83,6kg, que dá 1.440 voltas em torno da Terra, à razão de pouco menos de 100 minutos por órbita, durante três meses, queimando no momento da reentrada na atmosfera (4 de janeiro de 1958). Sem função específica, é dotado de dois radiotransmissores com antenas flexíveis, transmitindo em frequências que podem ser captadas por radioamadores do mundo inteiro, o que contribui para conferir grande notoriedade à URSS. Sputnik, em russo, significa "companheiro" ou "satélite". Este acontecimento provoca uma corrida pela conquista do espaço entre a URSS e os EUA, que culmina com a chegada do homem à Lua (1969).

1957 (3 de novembro) – é lançado o Sputnik 2 (508,3kg), o segundo satélite a ser colocado em órbita terrestre e o segundo da URSS. Nele viaja o primeiro ser vivo maior que um micróbio a orbitar a Terra, uma cadela terrier (6kg) inicialmente chamada Kudryavka e mais tarde Laika, que morre poucas horas após o lançamento (o esperado era dez dias) devido ao calor excessivo e ao estresse.O Sputnik 2 detecta a radiação dos cinturões de Van Allen, mas os soviéticos não são capazes de identificá-la.A reentrada na atmosfera ocorre em 14 de abril de 1958, 162 dias e aproximadamente 2.000 órbitas depois do início da missão.

1958 – Evry Schatzman (1920-2010), Kent Harrison, Masami Wakano e John Wheeler (1911-2008) mostram que as anãs brancas são instáveis em relação ao decaimento beta inverso.O decaimento beta é uma das três formas de energia de decaimento ou de desintegração (as outras são alfa e gama), aquela liberada por um decaimento nuclear. Portanto, a energia de decaimento é a diferença de energia existente entre as partículas iniciais e finais de um processo de desintegração nuclear.

1958 – O físico estadunidense Eugene Parker demonstra que a coroa solar, caracterizada por temperaturas acima de 1 milhão de °C, não pode se comportar como um fluido estático. A essa temperatura, o gás que compõe a coroa solar deve se encontrar num estado de contínua e violenta evaporação. Isso implica um fluxo de partículas com densidade próxima de dez átomos por centímetro cúbico e cuja velocidade, nas proximidades da Terra, alcança de 400 a 800km/s. Trata-se do vento solar.

1958 – Tendo como base a curva de luz, o astrônomo russo Boris Vassilievich Kukarkin (1909-1977) propõe a divisão das estrelas variáveis em três classes principais: pulsantes, eruptivas e eclipsantes.

1958 O astrônomo estadunidense George Ogden Abell (1927-1983) publica um catálogo com 2.712 aglomerados de galáxias visíveis no hemisfério norte. Em 1989, um complemento contendo 1.361 objetos visíveis no hemisfério sul é publicado. O Catálogo

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Abell compõe-se, portanto, de 4.073 aglomerados de galáxias visíveis em todo o céu.Aglomerados de galáxias são os maiores objetos gravitacionalmente ligados do Universo. Embora diversos aglomerados de galáxias próximos muitas vezes sejam considerados como pertencendo a superaglomerados de galáxias, não existe atração gravitacional entre um aglomerado de galáxias e o seu vizinho.Os aglomerados de galáxias típicos compreendem de cinquenta a mil galáxias, gás intergaláctico e matéria escura, têm massa entre 100 trilhões e 1 quatrilhão de massas solares e diãmetro entre 7 milhões e 33 milhões de anos-luz. Contudo, esses são apenas valores médios, podendo haver aglomerados de galáxias maiores ou menores.

1958 (31 de janeiro) – É lançado o Explorer 1 (13,97kg), primeiro satélite estadunidense. É a reação dos EUA ao envio para o espaço do Sputnik, marcando a entrada do país na corrida espacial. Suas imagens são decisivas para a descoberta dos cinturões de Van Allen. A missão dura 111 dias (até 23 de maio), e a reentrada na atmosfera, acima do oceano Pacífico, ocorre em 31 de março de 1970, depois de mais de 58.000 órbitas.O Explorer 1 faz as primeiras medições da magnetosfera terrestre, região que envolve a Terra e desvia a maior parte do vento solar, formando um escudo protetor contra as partículas altamente energéticas provenientes do Sol. Estende-se desde 500 até 60.000km da superfície da Terra e contém grande parte da exosfera (camada externa da atmosfera). Mercúrio, Júpiter, Saturno, Urano e Netuno também têm magnetosfera.

1958 (17 de março) - É lançado o Vanguard 1 (1,47kg), segundo satélite estadunidense e quarto colocado em órbita. É o primeiro artefato espacial humano alimentado por energia solar.Os sinais de rádio transmitidos pelo Vanguard 1 permitem determinar que a Terra não é perfeitamente esférica, o que torna possível a elaboração de mapas mais precisos. O estudo da trajetória orbital seguida pelo sátélite possibilita a obtenção de dados acerca da dinâmica e da densidade das camadas superiores da atmosfera.Embora tenha deixado de enviar sinais à Terra em maio de 1964, permanece ainda em órbita (já completou mais de 200.000 voltas em torno do planeta), sendo o satélite mais antigo ainda no espaço.

1958 (19 de março) – É aberto o primeiro planetário da Inglaterra no mme Tussaud, em Londres.

1958 (1º de maio) – Um grupo de pesquisadores dirigido pelo físico estadunidense James Van Allen (1914-2006) descobre o que hoje se conhece como “cinturões de Van Allen”, formados por duas faixas de partículas atômicas, carregadas e muito energéticas, que permanecem presas ao longo das linhas de força mais internas do campo magnético terrestre. Trata-se de duas regiões, dentro da magnetosfera, onde as partículas que chegam à Terra – trazidas pelo vento solar ou pelas radiações cósmicas em geral – se concentram. Ao atingirem o campo magnético terrestre, seu movimento se altera, e elas entram numa trajetória espiralada. O resultado é a formação de dois verdadeiros escudos protetores, que impedem a radiação de atingir a Terra de maneira direta e frontal, o que seria extremamente perigoso para o ser humano. Atuando como enormes filtros, os cinturões deixam passar apenas uma pequena parcela da energia total que chega ao nosso planeta.

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1958 (15 de maio) - É lançada a sonda soviética Sputnik 3, destinada a estudar a atmosfera superior da Terra e a radiação que envolve o planeta. Com massa de 1.327kg, tem objetivos essencialmente científicos e transporta doze instrumentos, os quais obtêm dados sobre pressão e composição da atmosfera superior, concentração de partículas carregadas, fótons e núcleos pesados em raios cósmicos, campos magnético e eletrostático e micrometeoritos.A missão dura 692 dias, e a reentrada ocorre em 6 de abril de 1960 (aproximadamente 10.000 órbitas).

1958 (29 de julho) – O presidente estadunidense Dwight D. Eisenhower (1890-1969) assina o “National Aeronautics and Space Act”, pelo qual é criada a NASA (National Aeronautics and Space Administration), a agência espacial estadunidense, com sede em Washington, D.C. Ela é responsável pela pesquisa e pelo desenvolvimento de tecnologias e programas de exploração espacial.As operações começam efetivamente em 1º de outubro.

1958 (18 de outubro) – É fundada a Liga Latino-Americana de Astronomia (LLADA), em Lima, no Peru, depois transformada na Liga Ibero-Americana de Astronomia (LIADA).

1958 (2 e 3 de novembro) – Nicolas Kozirev observa uma erupção vulcânica na cratera lunar Alphonsus com o auxílio de um espectroscópio adaptado a um telescópio.

1959 – Harold Babcock anuncia que o Sol inverte sua polaridade magnética periodicamente.

1959 (2 de janeiro) – É lançada a sonda soviética Luna 1, primeira astronave a atingir a velocidade de escape e deixar a órbita da Terra. Deveria se chocar com a Lua, mas sobrevoa o satélite (4 de janeiro) à distância de 5.995km e torna-se o primeiro artefato humano a entrar em órbita solar (está entre a Terra e Marte.Medições feitas pela sonda fornecem informações acerca dos cinturões de Van Allen e do espaço sideral. São feitas também as primeiras observações diretas do vento solar.

1959 (1º de março) - É inaugurado o Centro de Voos Espaciais Goddard, Centro de pesquisas e projetos da NASA, construído na cidade de Greenbelt, Maryland, especializado em tecnologia de satélites. Este Centro desenvolve os satélites Explorer, Landsat e outros satélites de comunicação e meteorológicos.

1959 (3 de março) – É lançada a Pioneer 4, que passa a 60.000km da Lua (4 de março) e se torna a primeira nave estadunidense a ser colocada em órbita solar.

1959 (9 de abril) – A Nasa anuncia a seleção dos primeiros sete astronautas da América para o projeto Mercury: Scott Carpenter, Gordon Cooper, John Glenn, Gus Grissom, Walter (Wally) Schirra, Alan Shepard e Donald Slayton. Eles ficam conhecidos como os "Mercury 7" ou "7 originais".

1959 (28 de maio) – Primeiros primatas a voltar com vida do espaço: os macacos Able e Baker completam um voo de dezesseis minutos a bordo de um foguete Jupiter IRBM AM-18. Os macacos atingem a altitude de 579km e são resgatados após a aterrissagem.

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1959 (7 de agosto) – É lançado o satélite estadunidense Explorer 6, que transmite as primeiras fotografias da Terra tiradas em órbita. São realizados estudos sobre geomagnetismo e sobre a propagação das ondas de rádio na atmosfera superior. Os instrumentos a bordo coletam 827 horas de dados digitais e 23 horas de dados analógicos.A missão dura sessenta dias (até 6 de outubro), e a reentrada na atmosfera acontece em 1º de julho de 1961.

1959 (14 de setembro) – A sonda soviética Luna 2, de 390,2kg, lançada no dia 12, torna-se o primeiro engenho humano a se chocar com a Lua, na região do Mar da Serenidade, próximo à cratera Aristides. Trata-se do primeiro impacto de um artefato humano contra a superfície de outro corpo celeste.

1959 (4 de outubro) – É lançada a sonda soviética Luna 3, primeiro artefato humano a contornar a Lua e a obter imagens (7 de outubro) do lado oculto do satélite. As 29 fotografias, tiradas a distâncias que variam entre 63.500km e 66.700km, despertam interesse mundial ao serem divulgadas. As imagens mostram terrenos montanhosos, diferentes do relevo da face visível, e apenas duas regiões escuras e mais baixas, denominadas Mare Moscovrae (Mar de Moscou) e Mare Desiderii (Mar do Desejo).Além disso, a Luna 3 realiza (6 de outubro) um sobrevoo do polo norte da Lua, a uma altitude de 6.200km.

1959 (1º de dezembro) – É feita a primeira fotografia colorida da Terra vista do espaço. A imagem é obtida a partir de uma câmera instalada no nariz de um míssil Thor lançado do Cabo Canaveral, Flórida.

1960 – O físico britânico Martin Ryle (1918-1984) testa a síntese de abertura (ou interferometria) usando a rotação da Terra. A interferometria consiste em combinar a luz proveniente de diferentes receptores (telescópios ou antenas de rádio) para obter uma imagem de maior resolução, sendo utilizada sobretudo na radioastronomia.

1960 – O radiotelescópio com 27m de diâmetro de Owens Valley começa a sua operação, localizado em Big Pine, Califórnia.

1960 – O físico estadunidense John Reynolds (1923-2000) estabelece a idade do Sistema Solar em 4.950.000.000 de anos.

1960 – O geólogo estadunidense Harry Hammond Hess (1906-1969) retoma o modelo de Arthur Holmes e propõe uma teoria segundo a qual a deriva dos continentes resulta da expansão das plataformas oceânicas.

1960 – A UAI estabelece a primeira nomenclatura oficial para características topográficas de Marte, ao adotar 128 nomes retirados do mapa publicado em 1930 por Eugène Antoniadi.

1960 – O inglês William Hunter McCrea (1904-1999) Propõe uma teoria segundo a qual o Sol e os planetas se formaram individualmente a partir da matéria de uma mesma nuvem,

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tendo os planetas sido posteriormente capturados pela força gravitacional superior do Sol.

1960 (11 de março) – É lançada a sonda estadunidense Pioneer 5, cuja missão é realizar a primeira cartografia do campo magnético interplanetário entre a Terra e Vênus. Também efetua o estudo de partículas provenientes de erupções solares e investiga aionização da região interplanetária. Chega a comunicar-se com a Terra (26 de junho) à distância de 36,2 milhões de km, um recorde para a época.O último contato ocorre em 26 de junho.

1960 (1º de abril) – É lançado do Cabo Kennedy, Flórida, o primeiro satélite de observação do tempo, Tiros I. Permanece operacional por 78 dias e envia 22.952 imagens.

1960 (11 de abril)– Tem início a radiopesquisa por civilizações extraterrestres, levada a efeito pelo astrônomo estadunidense Frank Drake – Projeto Ozma.

1960 (13 de abril) – O primeiro satélite de navegação estadunidense, o Transit-1B, é lançado do Cabo Canaveral, Flórida, por um foguete Thor-Ablestar. Permanece operacional até 1996.

1960 (15 de maio) – É lançada a sonda soviética Korabl-Sputnik 1, ou Sputnik 4, a primeira de uma série de espaçonaves utilizadas para investigar a possibilidade de voos espaciais tripulados. Tem massa de 1.377kg e carrega instrumentos científicos, um sistema de televisão e uma cabine de suporte biológico, com o manequim de um homem. Uma falha nos retrofoguetes dirige a sonda para a direção errada, fazendo com que entre numa órbita bem mais alta do que o previsto.A reentrada na atmosfera ocorre de forma não controlada, em 5 de setembro de 1962.

1960 (julho) – A Nasa anuncia sua intenção de colocar astronautas na órbita da Lua, já após o Projeto Mercury. No entanto, o discurso proferido em 1961 pelo presidente Kennedy muda o foco do programa espacial dos EUA para o objetivo de pousar uma nave tripulada na superfície da Lua antes do fim da década de 1960. Ao contrário dos dois projetos anteriores concebidos para manobras na órbita terrestre (o Mercury, com uma nave desenhada para um tripulante, e o Gemini, projetado para dois ocupantes), o Apollo possui uma nave com capacidade para três astronautas, tornando possível atingir órbita lunar e fazer descer um Módulo (designado Módulo Lunar) na superfície da Lua e assegurar o regresso à Terra. Os objetivos do projeto Apollo são: estabelecer a tecnologia para viabilizar os interesses dos EUA no espaço; obter proeminência no espaço para os EUA; Desenvolver um programa de exploração científica da Lua; Desenvolver as capacidades do homem para trabalhar no ambiente lunar. Dos 18 veículos Apollo, 11 são tripulados e 6 pousam na Lua, colocando na superfície do satélite um total de 12 astronautas.

1960 (19 de agosto) – É lançado o Korabl-Sputnik 2, ou Sputnik 5 (4.600kg), levando as cadelas Belka e Strelka, quarenta camundongos, dois ratos e diversas plantas, além de uma câmera de TV que faz imagens dos animais. A espaçonave retorna à Terra no dia seguinte e, diferentemente do que aconteceu com a cadela Laika, do Sputnik II, todos os animais são recolhidos a salvo. A missão testa a possibilidade de enviar seres vivos ao espaço e fazer com que retornem em segurança. São estudadas as reações dos animais à ausência da

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gravidade.Os estudos realizados servem de parâmetro para a Vostok 1, missão que levará o primeiro homem ao espaço. Devido ao fato de um dos cães ter passado mal durante a quarta órbita da Korabl-Sputnik 2, fica estabelecido que o primeiro ser humano a ir ao espaço completará, no máximo, três órbitas.

1960 (24 de outubro) – Um foguete R-16 explode no Centro Espacial Baikonur, no Cazaquistão, deixando mais de 100 mortos.

1960 (dezembro) – Os astrônomos estadunidenses Thomas Mathews e Allan Sandage (1926-2010) anunciam a descoberta da fonte de rádio 3C 48, o primeiro quasar (abreviatura da expressão inglesa “quasi stellar objects”, objetos quase estelares, cunhada pelo astrofísico estadunidense de origem chinesa Hong-Yee Chiu). Quasares são objetos de extrema luminosidade encontrados nos confins do Universo conhecido, mais precisamente a partir de 2 bilhões de anos-luz da Terra (a grande maioria dos quasares, entretanto, está a mais de 10 bilhões de anos-luz). Acredita-se que sejam núcleos ativos de galáxias jovens ou em formação.

1961 – Harold Babcock propõe a teoria de manchas solares com espiralamento magnético.

1961 (12 de fevereiro) – É lançada a sonda soviética Venera 1, a primeira missão interplanetária. É a primeira espaçonave a registrar partículas do vento solar no espaço interplanetário e também a primeira programada para realizar correções de rota durante o voo. Contudo, não consegue atingir Vênus: em 19 de maio, passa a 100.000km do planeta e entra em órbita solar.

1961 (12 de abril) – O piloto da Força Aérea soviética Yuri Alexeievitch Gagárin (1934-1968) é o primeiro homem no espaço, em um voo orbital de 108 minutos (das 9h07min às 10h55min, hora local), a bordo da nave Vostok 1. Neste voo ele diz a famosa frase: “A Terra é azul”. A missão é completamente automatizada, sendo o cosmonauta russo pouco mais que um espectador. A nave, de 4.725kg, completa uma única órbita, com perigeu (ponto mais próximo da Terra) de 169km e apogeu (ponto mais distante da Terra) de 329km. Considerando que a Vostok não é capaz de pousar suavemente, a uma altura de aproximadamente 7.000m, Gagárin é ejetado da nave, completando a volta à Terra num paraquedas. Ele pousa na pradaria do "koljoz" (fazenda estatal) Caminho de Lênin, na aldeia de Smelovka, em Saratskaia, a quase 400km de distância do local onde era esperado pelas brigadas de resgate.Vostok, em russo, significa “oriente” ou “leste”.Esta data marca o centenário do início da Guerra Civil estadunidense, que durou de 12 de abril de 1861 a 9 de abril de 1865.A Terra é o maior dos “planetas terrestres” (os outros são Mercúrio, Vênus e Marte) e o quinto em ordem de tamanho do Sistema Solar. Ocupa um volume de 1 trilhão, 083 bilhões, 207 milhões e trezentos milkm3 e tem um diâmetro equatorial (medido ao longo da linha do equador) de 12.756,274km e um diâmetro polar (de um polo ao outro) de 12.713,504km. Ocupa o terceiro lugar em ordem de afastamento do Sol, que orbita à distância média de 149.597.887,5km (varia entre 147.098.074 e 152.097.701km. Completa uma órbita em 365d5h48min45,97s, à velocidade média de 107.218km/h. Tem uma

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superfície total de 510.072.000km2, dos quais 148.940.000km2 (29,2%) são ocupados por terras emersas e 361.132.000km2 (70,8%) por água. A velocidade de escape é de 11,186km/s. A Terra tem massa total de cinco sextilhões, 973 quintilhões e seiscentos quatrilhões de toneladas e está composta principalmente por ferro (32,1%), oxigênio (30,1%), silício (15,1%), magnésio (13,9%) e enxofre (2,9%). A temperatura varia entre -89,2°C e 57,8°C, com média de 14°C. Os principais componentes da atmosfera, cuja massa total é de 5,148 quatrilhões de toneladas, são nitrogênio (78,08%), oxigênio (20,95%), argônio (0,93%) e dióxido de carbono (0,038%). A idade terrestre estimada é de 4,54 bilhões de anos.Terra é o nome latino de Gaia (ou Geia), segunda divindade grega primordial, nascida depois de Caos. Sozinha, gera Urano, Pontos e as montanhas, sendo cultuada por muitos povos primitivos como “deusa mãe” ou “mãe Terra”.

1961 (5 de maio) – Ocorre o voo da espaçonave Freedom 7, pertencente à missão Mercury-Redstone 3, primeiro voo tripulado do projeto Mercury e de todo o programa espacial dos EUA. O piloto, Alan Shepard (1923-1998), é o primeiro estadunidense a ir ao espaço, numa viagem suborbital de 15min28s (9h34min a 9h49min, orário local(. A sonda pesa 1.830kg, a altitude máxima é 187,5km, e a distância percorrida, 488km.

1961 (21 de julho) – Ocorre o voo da sonda Liberty Bell 7 (missão Mercury-Redstone 4), a segunda tripulada do projeto Mercury, também suborbital, pilotada por Virgil Grisson (1926-1967).Massa: 1.286kg; duração da missão: 15min37s; apogeu, 190,39km; distância percorrida: 486,15km.

1961 (3 de agosto) – Tem início o programa espacial brasileiro. O Presidente Jânio da Silva Quadros (1908-1992) assina o Decreto Nº 51.133, criando o Grupo de Organização da Comissão Nacional de Atividades Espaciais (GOCNAE), com sede em São José dos Campos, São Paulo. Seus pesquisadores participam de projetos internacionais nas áreas de astronomia, geodésia, geomagnetismo e meteorologia. Em abril de 1971, o GOCNAE é substituído pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE).

1961 (6 de Agosto) - A Vostok 2 (4.731kg) é lançada pela URSS com o cosmonauta Gherman Titov (1935-2000), o quarto homem no espaço e o primeiro a protagonizar uma missão longa (25h18min e 17 órbitas em torno da Terra). É o primeiro astronauta a sentir enjoo no espaço. E também é o primeiro a tirar fotografias em órbita do nosso planeta. São três fotos, que mostram um planeta Terra de cor azul, coberto de nuvens brancas, sobre um fundo negro; um tímido amanhecer e uma imagem do guichê a partir do qual o cosmonauta soviético fotografa.

1961 (23 de agosto) - É lançada a sonda estadunidense Ranger 1, cujos objetivos são testar, a partir da órbita terrestre, os diversos componentes necessários a futuras missões lunares e interplanetárias e estudar a natureza das partículas e dos campos interplanetários. Contudo, os resultados obtidos ficam muito aquém da expectativa. O mesmo ocorre com a Ranger 2 (18 a 20 de novembro de 1961).A reentrada ocorre em 30 de agosto.Massa: 306kg; órbitas; 110; apogeu: 446km; perigeu: 179km.

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1961 (19 de dezembro) – É criado o CNES (Centre National d’Études Spatiales – Centro Nacional de Estudos Espaciais), a Agência Espacial Francesa. Seu papel é propor ao governo francês diretivas no que diz respeito à política espacial e realizar, com os seus parceiros industriais, esses programas.

1962 – Riccardo Giacconi, Herbert Gursky (1930-2006), Frank Paolini e Bruno Rossi (1905-1993) formalmente descobrem o fundo de raios X.

1962 – surge um relatório da Academia Nacional de Ciências (EUA) recomendando o desenvolvimento de um telescópio espacial como parte integrante do programa espacial do país.

1962 (26 de janeiro) - É lançada a Ranger 3, primeira sonda estadunidense destinada a se chocar com a Lua. Contudo, devido a uma falha do foguete Atlas-Agena B, erra o alvo e passa a 35.793km do satélite em 28 de janeiro. A nave, de 329,8kg, está agora em órbita solar.

1962 (20 de fevereiro) – ocorre o voo da sonda Friendship 7 (missão Mercury-Atlas 6), a terceira tripulada do projeto Mercury, pilotada por John Glenn (n. 1921). É o primeiro voo orbital estadunidense, com duração de 4h55min23s e três órbitas completadas.Massa: 1.224,7kg; apogeu, 265km; perigeu: 159km; distância percorrida: 121.794km.

1962 (7 de março) – A NASA lança o OSO 1 (Orbiting Solar Observatory), primeiro observatório solar colocado em órbita. Mais oito satélites compõe esta série, lançada entre 1962 e 1975.

1962 (26 de abril) – A Ranger 4, lançada no dia 23, torna-se a primeira sonda estadunidense a atingir outro corpo celeste: choca-se contra a superfície do lado oculto da Lua. Contudo, devido a diversas falhas, não transmite nenhum dado científico.Duração da missão: 64h; massa: 331,1kg.

1962 (24 de maio) – Ocorre o voo da sonda Aurora 7 (missão Mercury-Atlas 7), a quarta tripulada (segunda orbital) do projeto Mercury, pilotada por Scott Carpenter (n. 1925).Massa: 1.350kg; duração da missão: 4h56min05s; órbitas: 3; apogeu: 260km; perigeu: 154km; distância percorrida: 122.344km.

1962 (junho) – Cientistas liderados por Vladimir Kotelnikov (1908-2005), da Academia de Ciências da URSS, são os primeiros a enviar sinais de radar a Mercúrio e recebê-los de volta, dando início à observação por radar do planeta.

1962 (12 de junho) – Um foguete da série Aerobee 150 leva um revelador de raios X a 230km de altitude. Tendo funcionado perfeitamente durante 350 segundos, esse equipamento revela uma intensa fonte de raios X na constelação de Escorpião, provando, assim, que também essa radiação eletromagnética pode ter proveniência extraterrestre.

1962 (22 de junho) – É lançada a Mariner 1, primeira sonda interplanetária estadunidense,

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que falha e acaba no fundo do Oceano Atlântico. Essa primeira missão fracassa, mas sete das dez Mariner obtêm sucesso, realizando missões em Mercúrio, Vênus e Marte.

1962 (10 de julho) – Os EUA iniciam a exploração econômica do espaço lançando o Telstar, primeiro satélite para telecomunicações.

1962 (11 e 12 de agosto) – São lançadas as sondas soviéticas Vostok 3 e Vostok 4, tripuladas, respectivamente, por Andrian Nikolayev (1929-2004) e Pavel Popovich (1930-2009). É o primeiro voo espacial conjunto da História, cujo objetivo principal é verificar o funcionamento do corpo humano em condições de ausência de peso. São monitorados o estado físico e mental dos cosmonautas, os sinais vitais, a capacidade de responder a comandos do controle em terra, a fala e o sono. As sondas chegam a 6,5km uma da outra, tendo havido experimentos de comunicação via rádio (os primeiros no espaço) entre ambas as naves.O retorno ocorre no dia 15.Vostok 3 - Massa: 4.722kg; Duração da missão: 3d22h28min; órbitas: 64; apogeu: 218km; perigeu: 166km.Vostok 4 - Massa: 4.728kg; duração da missão: 2d22h56min; órbitas: 48; apogeu: 211km; perigeu: 159km.

1962 (12 de setembro) – O Presidente estadunidense John Fitzgerard Kennedy (1917-1963) lança os EUA em uma jornada para a conquista da Lua (confirmando o pronunciamento feito perante o Congresso em 25 de maio de 1961). Em seu famoso discurso proferido na Universidade Rice (Houston, Texas), ele lança o desafio de “enviar homens à Lua e retorná-los a salvo” antes que a década termine. E Kennedy diz ainda: “Nós decidimos ir à Lua. Nós decidimos ir à Lua nesta década e fazer as outras coisas, não porque elas são fáceis, mas porque elas são difíceis”.

1962 (3 de outubro) – Ocorre o voo da sonda Sigma 7 (missão Mercury-Atlas 8), a quinta tripulada do projeto Mercury, pilotada por Walter Schirra (1923-2007). O objetivo principal é testar a capacidade das espaçonaves Mercury de realizar uma missão de longa duração.Massa: 1.374kg; duração da missão: 9h13min15s; órbitas: 6; apogeu: 283km; perigeu: 161,01km.

1962 (5 de outubro) – Ocorre a convenção que estabelece o Observatório Europeu do Sul (ESO – European Southern Observatory -, na sigla em inglês). Trata-se de uma organização cujo objetivo é fornecer equipamentos e dar acesso ao céu do hemisfério sul a astrônomos da Europa. Até este momento, todos os grandes telescópios estão localizados no hemisfério norte. Ademais, algumas regiões importantes da esfera celeste, como a parte central da Via Láctea e as Nuvens de Magalhães, são visíveis apenas a partir do hemisfério sul.Os primeiros membros da organização são Bélgica, Alemanha, França, Países Baixos e Suécia. Nos anos seguintes, mais dez países aderem.

1962 (18 de outubro) – Lançamento da Ranger 5, sonda estadunidense que deveria se chocar contra a superfície da Lua, mas erra o alvo e passa (21 de outubro) a 725km do satélite. Está agora em órbita solar.Duração da missão: 64h; massa: 342,5kg.

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1962 (1º de novembro) – Depois de diversos lançamentos fracassados, a URSS consegue fazer com que a sonda Marte 1 deixe a órbita terrestre. Contudo, perde contato com a Terra a 21 de março de 1963, antes de chegar ao ponto de menor distância do planeta vermelho.

1962 (19 e 24 de novembro) – Duas radiomensagens em código Morse contendo as palavras russas para “paz (dia 19) e para “Lênin” e “URSS” (dia 24) são enviadas na direção de Vênus. Trata-se das primeiras transmissões via rádio feitas pelo homem para civilizações extraterrestres. As mensagens dirigem-se agora para a estrela HD131336, localizada na constelação de Libra.

1962 (14 de Dezembro) – A Mariner 2, lançada em 27 de agosto, torna-se a primeira sonda a realizar com êxito uma viagem interplanetária, conseguindo uma passagem bem sucedida por Vênus, a uma distância de 34.773km. Transmite informações que ajudam a confirmar que Vênus é um astro muito quente (425°C, - sabe-se hoje que chega a 480°C), com uma atmosfera coberta de nuvens compostas basicamente de dióxido de carbono.Depois de sobrevoar vênus, a Mariner 2 entra em órbita solar.O último contato com a Terra ocorre em 3 de janeiro de 1963.Massa: 202,8kg; duração da missão: 129 dias.

1963 – É inaugurado o radiotelescópio de Arecibo, nas montanhas da cidade de mesmo nome, ao norte da ilha caribenha de Porto Rico. Trata-se de uma enorme antena, em forma de prato, de 305m de diâmetro, com um receptor suspenso a 137m de altura em uma plataforma móvel de 900t e superfície coletora de 73.000m2. A máquina recebe sinais de rádio de corpos celestes, e o receptor as processa e esquadrinha ou faz mapas de partes do Universo inacessíveis aos telescópios ópticos.

1963 – Fred Hoyle e William Fowler (1911-1995) concebem a ideia de estrelas supermassivas.

1963 – Fred Hoyle e Jayant Narlikar mostram que a teoria do estado estacionário pode explicar a isotropia do Universo, porque afastamentos da isotropia e homogeneidade decaem espontaneamente no tempo.

1963 – Os oceanógrafos britânicos Frederick Vine e Drummond Matthews (1931-1997) sugerem que o magma basáltico é continuamente expulso do centro das cordilheiras meso-oceânicas e que o material em processo de resfriamento magnetiza-se na direção do campo magnético terrestre. As novas rochas são expulsas de modo regular para as duas vertentes das cordilheiras, enquanto o magma novo sobe à superfície, repetindo o ciclo.

1963 – O astrofísico indiano Shiv Kumar é o primeiro a estudar, do ponto de vista teórico, a evolução e as propriedades de corpos celestes com massas muito inferiores às das estrelas então conhecidas. Os objetos desses estudos, chamados por Kumar de anãs negras, correspondem ao que hoje denominamos anãs marrons (nome proposto em 1975).

1963 (14 de fevereiro) – Os EUA lançam o Syncom-1, primeiro satélite em órbita geoestacionária (cerca de 36.000km de altitude, o que o faz mirar sempre um mesmo ponto

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na superfície terrestre).

1963 (5 de abril) – A sonda soviética Luna 4 (1.422kg), lançada no dia 2, passa a 8336,2km da Lua.

1963 (15 e 16 de maio) – ocorre o voo da sonda Faith 7 (missão Mercury-Atlas 9), sexta e última tripulada do projeto Mercury, pilotada por Gordon Cooper (1927-2004). É o voo mais longo da série Mercury, com duração de 34h19min49s e 22 órbitas completadas.Massa: 1.360kg; apogeu: 267km; perigeu: 161km; distância percorrida: 878.971km.

1963 (14 e 16 de junho) – São lançadas as sondas soviéticas Vostok 5 e Vostok 6, tripuladas, respectivamente, por Valery Bykovsky e Valentina Tereshkova, a primeira mulher no espaço. O voo é conjunto, tendo sido usado para comparar os efeitos do ambiente espacial nos organismos de homens e mulheres. As duas naves chegam a 5km uma da outra, permitindo comunicação via rádio.São as últimas missões da série Vostok.O retorno ocorre em 19 de junho.Vostok 5 - Massa: 4.720kg; duração da missão: 4d23h07min; órbitas: 82; apogeu: 131km; perigeu: 130km.Vostok 6 - Massa: 4.713kg; duração da missão: 2d22h50min; órbitas: 48; apogeu: 230km; perigeu: 181km.

1963 (19 de julho e 22 de agosto) – O piloto Joseph (“Joe”) Walker (1921-1966) realiza os dois voos do avião-foguete estadunidense X-15 que excedem a altitude de 100km (considerada pela Fédération Aéronautique Internationale como a fronteira com o espaço exterior): são os voos 90 (106km) e 91 (108km).

1963 (15 de novembro) – O Chile é escolhido como local das instalações do Observatório Europeu do Sul. A República da África do Sul havia sido a primeira escolha, mas oito anos de investigação demonstram que as condições atmosféricas dos Andes sul-americanos são mais propícias para observações astronômicas. O ESO é conhecido por construir e operar alguns dos telescópios mais potentes e tecnologicamente mais avançados do mundo.

1964 – Fred Hoyle e Roger Tayler (1929-1997) chamam a atenção para o fato de que a abundância primordial de hélio no Universo depende do número de neutrinos.

1964 – É fundada por dezoito países a INTELSAT – International Telecommunications Satellite Organization (Organização Internacional de Satélites de Telecomunicação).

1964 – Edwin Ernest Salpeter (1924-2008) e Yakov Borisovich Zel'dovich (1914-1987) propõem a teoria de que os quasares são na verdade galáxias ativas e não apenas objetos associados a estas galáxias. Embora esta teoria seja a mais aceita, já foram encontrados quasares dispersos, isto é, sem galáxias próximas, sugerindo que a relação entre os quasares e as galáxias não é obrigatória e que não se trata de um único objeto.

1964 – O físico e cientista planetário britânico Michael Mark Woolfson propõe uma teoria de captura para a formação do Sistema Solar. De acordo com esse modelo, interações

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devidas à maré entre o Sol e uma protoestrela de baixa densidade teriam resultado na formação dos planetas a partir de material arrancado do outro astro pela gravidade solar. Entretanto, essa teoria pressupõe diferenças muito maiores entre as idades do Sol e dos planetas do que aquelas efetivamente observadas.

1964 (2 de abril) – É lançada a sonda soviética Zond 1, com destino a Vênus. Contudo, perde contato com a Terra em 14 de maio. Em 14 de julho, passa a 100.000km do planeta vizinho.

1964 (8 a 12 de abril) – Missão da sonda estadunidense Gemini 1 (não tripulada), a primeira da série Gemini, desenhada para transportar dois astronautas. Os objetivos da missão são testar a integridade estrutural das espaçonaves Gemini e o sistema de comunicações, além de possibilitar treinamento aos controladores em terra para futuras missões tripuladas.Massa: 3.187kg; duração da missão: 3d23h; órbitas: 64; distância percorrida: 2.789.864km.

1964 (19 de julho) – Um foguete transportando ratos albinos é lançado com sucesso em Gangde, na província chinesa de Anhui.

1964 (31 de julho) – A Ranger 7, lançada no dia 28, torna-se a primeira sonda estadunidense a enviar imagens da Lua para a Terra. São 4.308 fotografias de excelente qualidade, tiradas nos 17 minutos anteriores ao choque (intencional) com a superfície.É o primeiro voo totalmente bem-sucedido do programa Ranger.Massa: 365,7kg; duração da missão: 65h30min.

1964 (12 de outubro) – A sonda soviética Voskhod 1 torna-se a primeira nave a ir ao espaço com mais de uma pessoa a bordo. A tripulação é composta pelos cosmonautas Vladimir Komarov (1927-1967) – piloto –, Konstantin Feoktistov (1926-2009) – engenheiro – e Boris Yegorov (1937-1994)– médico. Esta missão, a primeira em que os tripulantes não usam traje espacial, é filmada e tem cenas transmitidas pela televisão. Em russo, voskhod significa “nascer do sol”.Massa: 5.320kg; duração da missão: 34h17min03s; órbitas: 16; apogeu: 336km; perigeu: 178km.

1964 (5 de novembro) – É lançada a sonda estadunidense Mariner 3 (260,8kg). perde-se ao entrar no espaço interplanetário por falha do mecanismo de ejeção de seu escudo protetor. Impossibilitada de alimentar seus painéis com energia solar, a sonda deixa de transmitir quando suas baterias se esgotam. Está agora em órbita solar. Sua missão original era voar ao redor de Marte com a Mariner 4.

1964 (30 de novembro) – É lançada a sonda soviética Zond 2, com destino a Marte. Contudo, perde contato com a Terra no começo de maio de 1965. Supõe-se que tenha passado a 1.500km do planeta vermelho em 6 de agosto.

1965 – Arno Allan Penzias e Robert Anton Wilson, com a colaboração de Bernie Burke, Robert Henry Dicke (1916-1997) e James Peebles descobrem a radiação de fundo de micro-ondas cósmica, que é o sinal eletromagnético remanescente do Big Bang e

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proveniente das regiões mais distantes do Universo e que havia sido predita em 1948 por Ralph Asher Alpher e Robert Herman, associados de George Gamow, como a radiação remanescente do estado quente em que o Universo se encontrava quando se formou. A radiação cósmica de fundo é um espectro térmico de radiação de corpo negro de 2,725 kelvin que preenche o Universo. Ela tem uma frequência de pico de 160,4GHz, o que corresponde a um comprimento de onda de 1,9mm.

1965 – Têm início atividades regulares de pesquisa no Observatório de Cerro Tololo, localizado no deserto de Atacama, norte do Chile, a 2.200m de altitude.

1965 – O radiotelescópio de 40m de Owens Valley inicia sua operação, localizado em Big Pine, Califórnia.

1965 – Martin Rees e Dennis Sciama (1926-1999) analisam dados da contagem de fontes quasar e descobrem que a densidade de quasares aumenta com o deslocamento para o vermelho.

1965 – O astrônomo britânico Edward Robert Harrison (1919-2007) propõe a solução atualmente aceita para o paradoxo de Olbers: Como o Universo tem uma idade finita, e a luz tem uma velocidade finita, a luz das estrelas mais distantes ainda não teve tempo de chegar até nós. Portanto, o Universo que enxergamos é limitado no espaço, por ser finito no tempo. A escuridão da noite é uma prova de que o Universo teve um início.

1965 – Lyman Spitzer é indicado como dirigente do comitê para a definição de objetivos científicos para um telescópio espacial de grandes dimensões.

1965 – C. J. Cohen e E. C. Hubbard reconstroem em computador as órbitas dos quatro planetas externos e de Plutão nos últimos 120.000 anos, levando em conta todas as perturbações recíprocas. No que diz respeito a Plutão e a encontros com Netuno, o resultado é que não se verificaram passagens próximas: a distância entre os dois astros jamais esteve abaixo de 18 unidades astronômicas, muito maior do que a aproximação de todos os planetas “contíguos”.

1965 – Os estadunidenses Gordon Pettengill e R. Dyce, utilizando o radiotelescópio do Observatório de Arecibo, em Porto Rico, determinam, de modo conclusivo, que o período de rotação de Mercúrio é de aproximadamente 59 dias terrestres, e não de 88 dias, como se acreditava então.

1965 – Duas equipes trabalhando independentemente, lideradas por Antonino Zichichi, do Acelerador Próton-Síncroton, do CERN, e Leon Lederman, do acelerador AGS (Alternating Gradient Synchrotron), do Laboratório Nacional de Brookhaven, em Nova Iorque, conseguem criar, cada uma, um antideutério, átomo formado por um antipróton e um antinêutron. É a primeira vez que o homem obtém antimatéria, durante uma pequena fração de segundo.

1965 (19 de janeiro) – Missão da Gemini 2 (suborbital e não tripulada), cujo objetivo é testar o sistema de proteção térmica da nave. Os resultados são satisfatórios, e a NASA

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decide que a próxima Gemini será tripulada.Duração da missão: 0h18min16s; altitude máxima: 171,2km; distância percorrida: 3.422,4km.

1965 (17 de fevereiro) – É lançada a sonda estadunidense Ranger 8, programada para colidir com a Lua e obter imagens de alta resolução nos minutos antecedentes ao impacto. São tiradas 7.137 fotografias de boa qualidade nos 23 minutos anteriores ao choque, que ocorre em 20 de fevereiro.Massa: 367kg; duração da missão: 65h.

1965 (18 de março) – É lançada ao espaço a Voskhod 2, levando a bordo os cosmonautas Pavel Belyayev (1925-1970) – comandante - e Aleksey Leonov - piloto. No final da primeira órbita, Leonov deixa a astronave pela entrada de ar. Ele é o primeiro homem a sair de uma nave no espaço. Enquanto executa seu “passeio extraveicular”, realiza movimentos físicos e de locomoção fora da astronave durante 12min09s.Problemas na descida fazem com que a nave pouse numa região de difícil acesso da Sibéria, 386km distante do local previsto. Antes de serem resgatados, os cosmonautas passam duas noites na floresta e enfrentam temperaturas de -30°C.Esta é a última missão da série Voskhod.Massa: 5.682kg; duração da missão: 26h2min17s; órbitas: 17; apogeu: 475km; perigeu: 167km.

1965 (23 de março) – Ocorre a missão da Gemini 3, apelidada de “Molly Brown”, primeira sonda tripulada do projeto Gemini. A tripulação é formada por Virgil Grisson (1926-1967) - Comandante - e John Young – Piloto. É a primeira vez que os EUA enviam ao espaço dois astronautas ao mesmo tempo. O objetivo principal é fazer testes de manobra em ambiente espacial, e a Gemini 3 é a primeira espaçonave tripulada a modificar a própria órbita.Massa: 3.236,9kg; duração da missão: 4h52min31s; órbitas: 3; apogeu: 224,2km; perigeu: 161,2km; distância percorrida: 128.748km.

1965 (24 de março) – A Ranger 9, lançada no dia 21, choca-se contra a superfície da Lua. São feitas 5.814 fotografias de boa qualidade antes do impacto. Os objetivos são atingidos.Esta é a última missão do programa Ranger.Massa: 367kg; duração da missão: 64h30min.

1965 (12 de maio) – A sonda soviética Luna 5 (1.474kg), lançada no dia 9, choca-se contra a superfície lunar. O objetivo era pousar no satélite.

1965 (3 a 7 de junho) – Missão da Gemini 4, tripulada por James McDivitt - Comandante - e Edward White (1930-1967) – Piloto. Ainda no dia 3, durante a terceira órbita, White torna-se o primeiro estadunidense a realizar uma atividade extraveicular: faz uma caminhada espacial de 22 minutos. A missão é planejada para permanecer vários dias no espaço, tendo por objetivo avaliar a resistência humana a períodos mais prolongados de ausência de gravidade. A nave completa 62 órbitas em 4d1h56min.Massa: 3.570kg; duração da missão: 4d01h56min12s; órbitas: 66; perigeu: 283km; apogeu: 161km; distância percorrida: 2.590.600km.

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1965 (11 de junho) – A sonda soviética Luna 6, lançada no dia 8, passa a 159.612,8km da Lua e entra em órbita solar. O objetivo era pousar no satélite.

1965 (14 de julho) – A sonda estadunidense Mariner 4, lançada em 28 de novembro de 1964, chega a Marte, sobrevoando o planeta a uma distância de 9.920km e obtendo as primeiras imagens em close da superfície marciana (22 ao todo). A sonda encontra uma atmosfera muito mais tênue do que se pensava anteriormente e composta sobretudo de anidrido carbônico. Muitos cientistas concluem dessa varredura preliminar que Marte é um mundo “morto”, tanto biológica quanto geologicamente. Tal impressão é revista em missões posteriores.O último contato com a Terra ocorre em 21 de dezembro de 1967, e a nave está agora em órbita heliocêntrica.

1965 (20 de julho) – A sonda soviética Zond 3, lançada no dia 18, passa a 9.200km da Lua e obtém 23 fotografias de boa qualidade do satélite, cobrindo 19 milhões de km2 da superfície.

1965 (21 a 29 de agosto) – Missão da Gemini 5, tripulada por Gordon Cooper(1927-2004) - Comandante - e Charles Conrad (1930-1999) – Piloto. Pela primeira vez, são usadas células combustíveis como energia para as naves Gemini, antes movidas a bateria. Isso permite quase dobrar o tempo de permanência no espaço em relação à missão anterior, atingindo 7d22h55min14s (120 órbitas), período considerado suficiente, pelos cientistas e técnicos da NASA, para uma viagem de ida e volta à Lua. Centenas de fotografias em alta definição da Terra são tiradas para o Departamento de Defesa dos EUA. Gordon Cooper, que havia sido piloto da Faith 7, última missão do projeto Mercury, torna-se a primeira pessoa a ir pela segunda vez ao espaço.Massa: 3.605kg; distância percorrida: 5.242.682km.

1965 (7 de outubro) – A sonda soviética Luna 7 (1.504kg), lançada no dia 4, choca-se contra a superfície da Lua. O objetivo era um pouso no satélite.

1965 (11 de outubro) – É inaugurado o centro de lançamento de foguetes de Barreira do Inferno, no Rio Grande do Norte, primeiro local do Brasil a dispor de infraestrutura para esse fim. 1965 (18 de outubro) - O cometa Ikeya-Seki (formalmente, C/1965 S1), descoberto (18 de setembro) pelos astrônomos japoneses Kaoru Ikeya e Tsutomu Seki, atinge a magnitude -10 e aparece como um dos cometas mais brilhantes observados nos últimos mil anos. Visível durante o dia ao lado do Sol, há referências a ele como o Grande Cometa de 1965.O astro se fragmenta em três partes após a passagem pelo periélio, quando chega a 450.000km do Sol.

1965 (4 a 18 de dezembro) – Missão da Gemini 7 (lançada antes da Gemini 6-A), tripulada por Frank Borman - Comandante - e James Lovell – Piloto. É a mais longa missão do programa espacial estadunidense até o início do projeto Skylab, na década de 1970, tendo durado 13d18h35min01s (206 órbitas).

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Massa: 3.670kg; distância percorrida: 9.030.000km.

1965 (6 de dezembro) – A sonda soviética Luna 8 (1.550kg), lançada no dia 3, choca-se contra a superfície da Lua. O objetivo era realizar um pouso no satélite.

1965 (15 e 16 de dezembro) – Missão da Gemini 6-A, tripulada por Walter Schirra(1923-2007) - Comandante - e Thomas (Tom) Stafford – Piloto. A Gemini 6-A é a substituta da Gemini 6, missão cancelada depois da explosão do foguete Agena com o qual deveria se encontrar no espaço. Durante a 4ª órbita da Gemini 6-A, ela inicia com a Gemini 7 o primeiro encontro de duas naves estadunidenses no espaço, que dura 4h30min, tendo a aproximação máxima sido de 30cm. Esta é a primeira missão cujo pouso é transmitido ao vivo, via satélite, pela televisão.Massa: 3.546kg; duração da missão: 25h51min24s; órbitas: 16; distância percorrida: 694.415km.

1965 (16 de dezembro) – É lançada a Pioneer 6, a primeira de quatro sondas (massas entre 138kg e 147kg) colocadas em órbitas heliocêntricas desenhadas para, em conjunto, realizar medições contínuas do ambiente interplanetário a partir de pontos do espaço distantes entre si. As medições incluem vento solar, campo magnético solar, raios cósmicos, fenômenos magnéticos e de partículas em larga escala e campos interplanetários diversos. Formam a primeira rede de estudos a partir do espaço de eventos envolvendo o Sol e fornecem informações práticas acerca de tempestades solares, que influem nas telecomunicações e nos sistemas de energia terrestres. As outras sondas, Pioneer 7, 8 e 9, são lançadas, respectivamente, em 17 de agosto de 1966, 13 de dezembro de 1967 e 8 de novembro de 1968.O último contato ocorre com a Pioneer 6, em 8 de dezembro de 2000.

1966 – Jim Peebles mostra que o Big Bang quente prevê a abundância correta de hélio.

1966 – É identificada a primeira fonte extragaláctica de raios X, localizada na galáxia M87.

1966 (3 de fevereiro) – Três dias depois de sua partida, a sonda soviética não tripulada Luna 9 pousa com segurança no Oceano das Tempestades, na borda ocidental da Lua. É a primeira descida suave em outro corpo celeste, abrindo caminho para as viagens tripuladas para o satélite natural da Terra, já que a alunissagem mostra que a superfície lunar não é uma areia movediça parda e insegura para pousos. O equipamento fotográfico da Luna 9 permite a tomada de 27 imagens (as primeiras feitas a partir da superfície de outro corpo celeste), inclusive visões panorâmicas e visões mais íntimas das rochas próximas, imagens essas enviadas para a Terra até 6 de fevereiro, quando as baterias terminam e o contato com a sonda é perdido.Massa: 1.580kg.

1966 (3 de fevereiro) – Os EUA lançam seu primeiro satélite meteorológico, o Essa-1, que permanece operacional até 6 de outubro.

1966 (27 de fevereiro) A sonda soviética Venera 2, lançada em 12 de novembro de 1965, sobrevoa Vênus à distância de 24.000km, mas não consegue transmitir informações

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científicas.

1966 (1º de março) – A sonda soviética Venera 3, lançada em 16 de novembro de 1965, choca-se contra a superfície venusiana. É o primeiro impacto de uma sonda na superfície de outro planeta.

1966 (15 e 16 de março) – Missão da Gemini 8, tripulada por Neil Armstrong (1930-2012) - Comandante - e David Scott – Piloto. Esta nave realiza a primeira acoplagem em órbita da História, conectando-se a um foguete Agena. Após a acoplagem, ocorre a avaria de um propulsor, fazendo com que a sonda gire ao redor de si mesma descontroladamente. A Gemini 8 faz então o primeiro pouso de emergência da era espacial, amerissando no Oceano Pacífico (e não no Atlântico, como estava previsto), sendo resgatada por paraquedistas. A missão dura apenas 10h41min26s (6 órbitas).Massa: 3.789kg; distância percorrida: 293.206km.

1966 (3 de abril) – A sonda soviética Luna 10, lançada em 31 de março, entra em órbita lunar, à distância de 350km, e se torna o primeiro satélite artificial a orbitar outro corpo celeste que não a Terra. Completa 485 órbitas em dois meses.

1966 (8 de abril) – É lançado o primeiro Orbiting Astronomical Observatory (OAO-1), da NASA. Carrega instrumentos para fazer observações em ultravioleta, raios X e raios gama. As baterias apresentam falhas após três dias, terminando a missão. Mais três serão lançados posteriormente.

1966 (2 de junho) – Pousa no Oceanus Procellarum (Mar das Tormentas) a Surveyor 1, lançada em 30 de maio, primeira sonda de uma série cujo objetivo consiste em enviar espaçonaves não tripuladas para a Lua, com alunissagem suave e sem retorno. Transmite 11.237 imagens da Lua, e o último contato ocorre em 14 de julho.O projeto Surveyor é preparatório para as missões Apollo, pois testa equipamentos e analisa a superfície lunar.

1966 (3 a 6 de junho) – Missão da Gemini 9, tripulada por Thomas Stafford - Comandante - e Eugene Cernan – Piloto. Os objetivos principais são realizar encontros em órbita com um foguete Agena e atividades extraveiculares, feitas por Eugene Cernan (2h07min), com resultados insatisfatórios. Esta é a primeira missão espacial cuja tripulação é composta de astronautas reservas, já que os tripulantes titulares, Elliot See e Charles Bassett, morreram num acidente de avião três meses antes.Massa: 3.750kg; duração da missão: 3d00h20min50s; órbitas: 47.

1966 (1º de julho) – É lançado o satélite estadunidense Explorer 33, originalmente planejado para orbitar a Lua, mas depois, devido a problemas na trajetória em direção ao satélite, redirecionado para uma órbita terrestre excêntrica, com perigeu de 265.679km e apogeu de 480.762km (além da órbita da Lua). O satélite consegue obter informações sobre vento solar, plasma interplanetário e raios X solares.A missão dura até 21 de setembro de 1971.

1966 (18 a 21 de julho) – Missão da Gemini 10, tripulada por John Young - Comandante -

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e Michael Collins – Piloto. É a primeira a realizar dois encontros em órbita com foguetes Agena e utilizar-se dos sistemas propulsores deste lançador de espaçonaves para alterar sua órbita. Michael Collins realiza a primeira caminhada espacial entre duas naves diferentes, para recolher um painel coletor de poeira cósmica instalado na lateral do foguete Agena que deveria ter se encontrado com a Gemini 8. Os astronautas também testam novos sistemas de navegação manual através das estrelas. Estabelecem também que a radiação a altitudes elevadas não constitui um problema sério.Massa: 3.762,6kg; duração da missão: 2d22h46min39s; órbitas: 43; perigeu: 159,9km; apogeu: 168,9km.

1966 (10 de agosto) – É lançada a sonda estadunidense Lunar Orbiter 1, cujo objetivo principal é fotografar regiões pouco acidentadas do relevo da Lua para procurar por locais seguros para o pouso de futuras missões Surveyor e Apollo. São obtidas 42 imagens em alta resolução e 187 imagens em resolução média, cobrindo mais de 5 milhões de km2 da superfície. Em 23 de agosto, a Lunar Orbiter 2 capta as duas primeiras imagens da Terra obtidas a partir da órbita da Lua. Elas mostram a Terra emergindo por trás do satélite, bem como detalhes da superfície lunar.Massa: 385,6kg; duração da missão: 80 dias (até 29 de outubro, quando se choca com o lado oculto da Lua); órbitas: 577; perilúnio (ponto mais próximo da Lua): 40,5km; apolúnio (ponto mais distante da Lua): 1.866,8km.

1966 (27 de agosto) – A Luna 11, lançada em 24 de agosto, é inserida numa órbita com perilúnio de 1.898km e apolúnio de 2.931km. A sonda estuda a composição química e anomalias gravitacionais. Além disso, tira as primeiras fotografias da superfície do satélite a partir da órbita lunar e envia à Terra 137 radiotransmissões.Massa: 1.640kg; duração da missão: 38 dias (até 1º de outubro); órbitas: 277.

1966 (8 de setembro) – Tem início a série de televisão Jornada nas Estrelas (Star Trek) que atrai muitas pessoas para as ciências naturais, em especial para a Astronomia. A série original é constituída de três temporadas e 79 episódios.

1966 (12 a 15 de setembro) – Missão da Gemini 11, tripulada por Charles Conrad (1930-1999) - Comandante - e Richard Gordon – Piloto. É estabelecido o recorde de altitude de uma nave Gemini em órbita: 1.369km. Gordon realiza duas atividades extraveiculares (33min e 2h08min). a missão Gemini 11 é a primeira a ter uma reentrada controlada completamente por computadores, fazendo com que a cápsula amerisse apenas 4,5km fora do ponto de descida designado.Massa: 3.798kg; duração da missão: 2d23h17min09s; órbitas: 44.

1966 (23 de setembro) – A Surveyor 2, lançada no dia 20, choca-se contra a superfície da Lua perto da cratera Copérnico. A missão fracassa, porque não consegue uma alunissagem suave.Massa: 292kg; duração da missão: 62h46min.

1966 (25 de outubro) – A Luna 12, lançada no dia 22, entra em órbita lunar. Envia fotografias e realiza 302 radiotransmissões.Massa: 1.620kg; duração da missão: 89 dias (até 19 de janeiro de 1967); órbitas: 602;

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perilúnio: 1.871km; apolúnio: 2.938km.

1966 (6 de novembro) – É lançada a Lunar Orbiter 2, cujo objetivo principal é fotografar terrenos lisos para a futura alunissagem das missões Surveyor e Apollo. São obtidas 609 imagens em alta resolução e 208 imagens em resolução média. Três impactos de micrometeoritos são registrados.Massa: 385,6kg; duração da missão: 339 dias (até 11 de outubro de 1967, quando a nave se choca com o solo lunar); órbitas: 2.346; perilúnio: 52km; apolúnio: 1.850km.

1966 (11 a 15 de novembro) – Missão da Gemini 12, última espaçonave desta série, tripulada por James Lovell - Comandante - e Edwin Aldrin – Piloto. Aldrin passa 5h30min (2h29min, 2h06min, 0h55min) fora da nave, o período mais prolongado de atividades extraveiculares do projeto Gemini.Massa: 3.762,1kg; duração da missão: 3d22h34min31s; órbitas: 59.O programa espacial estadunidense seguinte é o Apollo.

1966 (15 de dezembro) – O astrônomo e aeronauta francês Audouin Dollfus (1924-2010) Descobre Jânus, décimo satélite conhecido de Saturno. Diâmetro: 203 x 185 x 152.6km; período orbital: 0,695 dia; distância média do planeta: 151.460km; massa: 1,897 quatrilhão de toneladas; densidade: 0,63g/cm3.

1967 – O físico estadunidense John Wheeler (1911-2008) utiliza, pela primeira vez, o termo “buraco negro” (“black hole”).

1967 (27 de janeiro) – Um Incêndio destrói, no solo, a nave Apollo 1, matando 3 astronautas em seu interior: Virgil Ivan Grissom (n. 1926), Edward Higgins White II (1930) e Roger Bruce Chaffee (1935). A missão passa a se chamar Apollo 1 em homenagem póstuma às vítimas do primeiro grande desastre do programa espacial estadunidense. Como resultado desse acidente, toda a programação do projeto Apollo é atrasada em quase 21 meses. Durante esse período, os engenheiros da NASA modificam completamente a cabine do módulo de comando. Cerca de 1.300 alterações são feitas.

1967 (5 de fevereiro) – É lançada a Lunar Orbiter 3, cujo objetivo principal é fotografar locais de pouso seguro para missões Surveyor e Apollo. São feitas 477 imagens em alta resolução e 149 imagens em resolução média. O local de pouso da Sorveyor 1 é fotografado.Massa: 385,6kg; duração da missão: 246 dias (até 9 de outubro, quando a nave se choca com a superfície); órbitas: 1.702.

1967 (20 de abril) – A Surveyor 3, lançada no dia 17, pousa no Oceanus Procellarum. É a segunda nave estadunidense a fazer uma alunissagem suave. Envia 6.315 imagens de TV para a Terra.Massa: 302kg; duração da missão: 65h.

1967 (24 de abril) – Um acidente com a Soyuz 1 causa a morte do cosmonauta Vladimir Komarov (n. 1927), o que atrasa o Projeto Soyuz em 18 meses. Komarov é a primeira vítima fatal soviética da exploração do espaço.

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As naves Soyuz (“união”, em russo) têm capacidade para transportar três astronautas e são sucessoras das sondas Vostok e Voskhod. São formadas por três compartimentos: módulo de serviço, módulo orbital e cápsula de reentrada. Com o tempo, quatro versões das naves Soyuz são desenvolvidas: T, TM, TMA e TMA-M.

1967 (4 de maio) – É lançada a Lunar Orbiter 4, cujo objetivo principal é fazer um estudo fotográfico sistemático do relevo lunar, a fim de entender melhor a natureza das formações selenográficas e determinar regiões de interesse científico para futuras missões orbitais ou de pouso. São feitas 419 imagens em alta resolução e 127 em resolução média, cobrindo 99% do lado visível da Lua.Massa: 385,6kg: duração da missão: 180 dias (até 31 de outubro, quando se choca com a superfície); órbitas: 360; perilúnio: 2.706km; apolúnio: 6.111km.

1967 (30 de junho) – O Major Robert Lawrence (1935-1967) torna-se o primeiro estadunidense negro a entrar no programa espacial dos EUA.

1967 (2 de julho) – Os satélites estadunidenses Vela 3 e Vela 4, desenhados para detectar radiações gama provenientes de supostas experiências nucleares soviéticas no espaço, registram a primeira erupção de raios gama observada pelo homem.Erupção de raios gama (GRB – gamma-ray burst -, na sigla em inglês) é um flash de raios gama associado a explosões extremamente energéticas em galáxias distantes (bilhões de anos-luz). É o fenômeno eletromagnético mais luminoso do Universo e pode durar desde nanossegundos até uma hora, sendo alguns segundos a duração mais comum. Estima-se que uma única erupção de raios gama pode produzir a mesma quantidade de energia que o Sol produz em 10 bilhões de anos. São eventos bastante raros: ocorrem apenas alguns por galáxia a cada milhão de anos.

1967 (17 de julho) – A Surveyor 4, lançada no dia 14, impacta próximo ao Sinus Medii. A meta da missão (uma alunissagem suave) não é alcançada.Massa: 283kg; duração da missão: 65h.

1967 (19 de julho) – É lançado o satélite estadunidense Explorer 35, destinado a realizar estudos, a partir de uma órbita lunar fortemente elíptica, do plasma e campo magnético interplanetários, de partículas energéticas e dos raios X solares.Massa: 104,3kg; duração da missão: 2.167 dias (até 24 de junho de 1973; órbitas: aproximadamente 9.500; perilúnio: 764km; apolúnio: 7.886km.

1967 (1º de agosto) – É lançada a Lunar Orbiter 5 (última da série), desenhada para estudar mais detalhadamente possíveis locais de pouso de missões Surveyor e Apollo e também regiões ainda não fotografadas do lado oculto da Lua. São feitas 633 imagens em alta resolução e 211 imagens emresolução média. No total, as imagens obtidas pelas cinco missões Lunar Orbiter cobrem 99% de toda a superfície da Lua.Massa: 385,6kg; duração da missão: 183 dias (até 31 de janeiro de 1968, quando se choca com a superfície); órbitas: 1.380; perilúnio: 194,5km; apolúnio: 6.023km.

1967 (11 de setembro) – A Surveyor 5, lançada no dia 8, pousa no Mare Tranquillitatis (Mar da Tranquilidade). Uma análise química bastante simplficada permite determinar que

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o solo lunar é composto por rocha basáltica. São transmitidas 19.049 imagens da Lua.Massa: 303kg; duração da missão: 84 dias (até 1º de dezembro).

1967 (outubro) - Hans Albrecht Bethe é anunciado como ganhador do Prêmio Nobel de Física por ter proposto (1938) que as estrelas utilizam a fusão como fonte de energia.

1967 (10 de outubro) – Entra em vigor o Tratado do Espaço Exterior, formalmente Tratado sobre os Princípios Que Regem as Atividades dos Estados na Exploração e Utilização do Espaço Exterior, Incluindo a Lua e Outros Corpos Celestes, que constitui a base da legislação internacional sobre o espaço. Assinado inicialmente por EUA, união Soviética e Reino Unido em 27 de janeiro de 1967, é ratificado hoje por cerca de cem países.Este tratado estabelece que o espaço pode ser explorado por qualquer nação e não está sujeito a reivindicações de soberania nacional. Proíbe também o emprego de armas nucleares no espaço, mas essa proibição não se estende às armas convencionais.

1967 (18 de outubro) – A Venera 4 (1.106kg), lançada em 12 de junho, chega a Vênus e efetua a primeira análise do ambiente de outro planeta, bem como a primeira análise da atmosfera venusiana, descobrindo ser ela composta sobretudo de dióxido de carbono, com quantidades reduzidas de nitrogênio e dióxido de enxofre. Também são obtidas medidas de temperatura e pressão atmosférica, ambas elevadas. A espaçonave demonstra ainda que Vênus tem um campo magnético fraco (3.000 vezes mais fraco que o terrestre) e sem radiação. A uma altitude pouco inferior a 52km, abre-se um paraquedas, guiando a Venera 4 para a primeira descida de uma nave espacial em outro planeta, embora não haja transmissão de dados a partir da superfície (a sonda provavelmente é destruída antes de chegar ao solo). Com diâmetro de 12.103,6km, Vênus é o planeta do Sistema Solar de dimensões mais parecidas com as da Terra. Ocupa um volume de 938 milhões de km3 (85,7% do terrestre), a área da superfície é de 460 milhões de km2 (90,2% da área da Terra) e tem massa de 4,868 sextilhões de toneladas (81,5% da terrestre). A densidade venusiana é de 5,204g/cm3, a gravidade equivale a 90,4% da terrestre e a velocidade de escape é de 10,46km/s. O planeta situa-se à distância média do Sol de 108.208.930km (varia entre 107.476.259 e 108.942.109km), e é o planeta com menor excentricidade orbital (0,0068), isto é, aquele cuja órbita menos se desvia da distância solar média (a excentricidade da Terra é de 0,0167). Vênus tem a velocidade de rotação mais baixa do Sistema Solar (6,52km/h) e leva mais tempo para girar em torno de si mesmo (243d0h27min) do que para completar, à velocidade média de 126.000km/h, uma órbita em torno do Sol (224,701 dias terrestres - 0,615 ano) ou 0,92 dia venusiano. Vênus é o objeto mais brilhante do céu noturno depois da Lua, podendo atingir a magnitude aparente -4,6. Apesar de ser o segundo em distância do Sol, é o mais quente dos planetas (temperaturas superficiais superiores a 460°C), em razão de possuir a atmosfera mais densa do Sistema Solar (a massa total é de 480 quatrilhões de toneladas, e a pressão, 93 vezes superior à da terrestre), composta sobretudo de dióxido de carbono (96,5%), seguindo-se nitrogênio (3%) e dióxido de enxofre (0,015%). O planeta não tem satélites.Vênus é o nome latino de Afrodite, deusa grega do amor e da beleza.

1967 (19 de outubro) – A Mariner 5 (244,9kg), lançada em 14 de junho, sobrevoa Vênus a uma altitude de 3.990km. Obtém dados por rádio-ocultação que ajudam a compreender as

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medidas de temperatura e pressão feitas no dia anterior pela Venera 4. A partir deste momento, não há mais dúvidas de que Vênus é extremamente quente e tem uma atmosfera mais densa do que se esperava. A missão da Mariner 5 termina em novembro.

1967 (30 de outubro) – As sondas soviéticas Kosmos 186 e Kosmos 188 (cada uma pesando 6.530kg) realizam o primeiro acoplamento completamente automatizado da história da exploração espacial. Após voarem acopladas durante 3h30min, são separadas por controle remoto e pousam suavemente em pontos diferentes da URSS.

1967 (9 de novembro) – Missão da Apollo 4, a primeira impulsionada por um Saturno V, o maior foguete já construído, com altura de 110,6m, diâmetro de 10,1m, massa de 3.039t, três estágios e onze motores. Em 8h36min, a Apollo 4 completa três órbitas, com perigeu de 183km e apogeu de 188km.

1967 (10 de novembro) – A Surveyor 6, lançada no dia 7, pousa no Sinus Medii. São transmitidas à Terra 30.027 imagens da Lua.Massa: 299,6kg; duração da missão: 17 dias (até 24 de novembro).

1967 (28 de novembro) – A estudante britânica Jocelyn Bell descobre CP 1919 (posteriormente PSR B1919+21), o primeiro pulsar. Esta fonte extraterrestre de rádio pulsante, localizada na constelação da Raposa, é observada no Mullard Radio Astronomy Observatory, Cambridge University, Inglaterra, com o auxílio de um telescópio de rádio especial, large array, de 2.048 antenas que cobrem uma área de 4,4 acres. A descoberta destes objetos fascinantes abre novos horizontes a estudos tão diversos como o quantum, fluidos degenerados, gravidade relativística e campos magnéticos interestelares.

1967 (24 de dezembro) – A Luna 13, lançada em 21 de dezembro, pousa no Oceanus Procellarum. Com massa total de 1.620kg e módulo de descida de 113kg, a sonda carrega instrumentos para medir a força necessária para penetrar o solo lunar e a densidade do regolito (poeira) superficial. A temperatura no local do pouso é de 117°C, e os níveis de radiação estão dentro dos limites suportados por seres humanos. A Luna 13 envia cinco panoramas lunares, mostrando terrenos mais lisos do que aqueles registrados pela Luna 9.A missão termina em 28 de dezembro.

1968 – O astrofísico austríaco Thomas Gold (1920-2004) propõe que os pulsares são estrelas de nêutrons.

1968 - Paul M. Muller e William L. Sjogren descobrem na Lua concentrações de massa (mascons), ou seja, regiões da crosta de um planeta ou satélite com anomalias gravitacionais fortemente positivas. As concentrações de massa lunares são intensas o suficiente para alterar gravitacionalmente a trajetória de sondas espaciais que orbitam o satélite.

1968 (10 de janeiro) – a sonda Surveyor 7, lançada em 7 de janeiro, faz uma alunissagem suave próximo à cratera Tycho e marca o fim da série estadunidense de explorações não tripuladas na superfície lunar. São transmitidas 21.091 imagens da Lua para a Terra.Massa: 305,7kg; duração da missão: 44 dias (até 20 de fevereiro).

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1968 (9 de fevereiro) – O radioastrônomo estadunidense Antony Hewish publica a notícia da descoberta de um novo tipo de objeto estelar – o “pulsar” (da expressão inglesa “pulsating radio source”, fonte de rádio pulsante). Em junho de 1967, Jocelyn S. Bell, uma astrônoma de sua equipe, começa a observar sinais peculiares nos traços obtidos com o radiotelescópio do Observatório de Mullard, em Cambridge (Grã-Bretanha) – certos impulsos que se repetiam, a curtos intervalos, com surpreendente regularidade. Em novembro, esses sinais são reconhecidos como provenientes de uma nova classe de corpos celestes. O primeiro pulsar é identificado pela sigla CP 1919, substituída posteriormente pela denominação definitiva PSR 1919-21 (os números indicam as coordenadas equatoriais do objeto). Encontra-se na constelação da Raposa, em plena Via Láctea. Seu período – ou seja, o intervalo entre dois impulsos – é de apenas 1,33730115 segundo, mantendo-se constante com extraordinária precisão.

1968 (2 de março) – É lançada a sonda soviética Zond 4, programada para estudar as condições de voo no entorno da Terra e, depois, sobrevoar a Lua. Contudo, uma reentrada na atmosfera (provavelmente não intencional) provoca a destruição da nave.

1968 (10 de abril) – A Luna 14, lançada em 7 de abril, é inserida na órbita lunar. O principal objetivo da missão é estudar a estabilidade dos sistemas de radiocomunicação em diferentes posições orbitais. Os instrumentos a bordo também obtêm dados acerca da interação entre as massas lunar e terrestre, do campo gravitacional e do movimento da lua.Massa: 1.700kg; duração da missão: 8 dias.

1968 (15 de setembro) – É lançada a sonda soviética Zond 5, a primeira a dar uma volta ao redor da Lua (18 de setembro) e depois retornar à Terra (21 de setembro), amerissando no Oceano Índico. Durante a órbita lunar, a menor distância atingida é de 1.950km. São tiradas várias fotografias de boa qualidade da Terra, à distância de 90.000km. A bordo viajam duas tartarugas terrestres, moscas, vermes, plantas, sementes e bactérias. Todas essas criaturas são resgatadas com vida, provando que é possível para os seres vivos ir até as imediações lunares e voltar sãos e salvos.O sucesso da Zond 5 marca um avanço importante da URSS na corrida espacial.

1968 (11 de outubro) – É lançada a Apollo 7, primeira nave tripulada do projeto Apollo. Os três astronautas escalados são Walter M. Schirra, Jr. (1923-2007) – comandante –, Donn F. Eisele (1930-1987) e Walter Cunningham. Com este voo, Walter Schirra torna-se o único astronauta da história a participar de voos dos Projetos Mercury, Gemini e Apollo. A missão consiste em diversas atividades em órbita da Terra para testar o Módulo de Comando e Serviço. O retorno ocorre em 22 de outubro.Massa: 16.519kg; órbitas terrestres: 163; duração da missão: 10d20h09min.

1968 (14 de novembro) – A Zond 6, lançada em 10 de novembro, sobrevoa a lua à distância de 2.420km. Fotografias de ambos os lados do satélite são obtidas, mas são quase todas perdidas, pois um defeito do paraquedas (abre cedo demais) no momento da reentrada faz com que a nave se espatife no solo soviético.

1968 (7 de dezembro) – É lançado o satélite estadunidense OAO-2, que transporta onze

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telescópios para observações em ultravioleta. Realiza diversas descobertas, entre as quais a de que os cometas estão rodeados por halos de hidrogênio com centenas de milhares de km de extensão e a de que o brilho das estrelas novas frequentemente aumenta no ultravioleta à medida que diminui na luz visível.As missões OAO comprovam o papel fundamental que as observações baseadas no espaço podem desempenhar na astronomia. Esta missão termina em janeiro de 1973.

1968 (21 de dezembro) – É lançada a Apollo 8, primeira missão do projeto a levar homens à Lua. Os astronautas Frank Borman – comandante -, James A. Lovell, Jr. e William A. Anders não pousam no solo lunar mas, na noite de 24 de dezembro, eles se tornam os primeiros homens a circum-navegar a Lua (e a ver a face oculta do satélite), enviando fotos inéditas do solo lunar. Além disso, eles são os primeiros astronautas a abandonar a órbita da Terra e estar sob a influência gravitacional de outro corpo celeste. Durante a nona órbita em torno da Lua, os astronautas fazem uma transmissão de TV natalina em que lêem os dez primeiros versículos do Gênesis. Este programa bate recordes de audiência para a época, tendo sido visto (ao vivo ou em retransmissões posteriores) por um quarto da população mundial. Os astronautas registram o “nascer da Terra” a partir da Lua, e esta imagem é escolhida pela revista Life como uma das cem fotografias que mudaram o mundo. Ao todo, são tiradas 700 fotografias da Lua e 150 da Terra.O retorno se dá em 27 de dezembro.Massa total: 28.870kg; massa do módulo lunar: 9.000kg; órbitas lunares: 10; tempo em órbita lunar: 20h10min; duração da missão: 6d3h0min.

1969 – É fundado o Observatório de Las Campanas, localizado no Chile e operado pela Instituição Carnegie, de Washington.

1969 – David Staelin, E. C. Reifenstein, William Cocke, Mike Disney e Donald Taylor descobrem o pulsar da nebulosa do Caranguejo, conectando, deste modo, supernovas, estrelas de nêutrons e pulsares.

1969 – Observações telescópicas de Júpiter feitas a partir de um jato da Nasa mostram que o planeta irradia uma quantidade de calor maior do que a recebida do Sol, pressupondo a existência de uma fonte interna de energia e reforçando os argumentos daqueles que afirmam ser Júpiter uma “estrela que não deu certo”.

1969 – É descoberto o anel D de Saturno, ainda mais interno e transparente que os três até então conhecidos.

1969 – O biólogo britânico James Lovelock apresenta a "hipótese de Gaia" (nome da deusa grega que representa a Terra), a qual sustenta que o nosso planeta, em sua totalidade, deve ser considerado como um organismo vivo e que os processos biológicos estabilizam o meio ambiente.

1969 – É encontrado, na Lua, o “Bench Crater”, primeiro meteorito descoberto num corpo celeste que não seja a Terra.

1969 – A NASA estabelece o Programa Internacional de Patrulha Planetária (International

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Planetary Patrol Program), que consiste numa rede de seis observatórios astronômicos que se propõem coletar imagens ininterruptas de características atmosféricas em larga escala e das superfícies dos planetas. As atividades são coordenadas por William A. Baum, do Observatório Lowell. Em Marte, o programa monitora nuvens e tempestades de poeira, bem como flutuações sazonais do clima; em Júpiter, mudanças na atmosfera, incluindo a Grande Mancha Vermelha; em Vênus, os movimentos da cobertura de nuvens.

1969 (16 de janeiro) – Ocorre a primeira acoplagem (“docking”) de duas astronaves tripuladas, entre as naves soviéticas Soyuz 4 e Soyuz 5. As astronaves formam a primeira “plataforma espacial” do mundo com uma tripulação de quatro cosmonautas. Elas permanecem ligadas por 4h35min – três órbitas da Terra. Os engenheiros de voo Yevgeny Khrunov (1933-2000) e Aleksei Yeliseyev, lançados ao espaço a bordo da Soyuz 5 (15 de janeiro), voltam para a Terra na Soyuz 4 (17 de janeiro), protagonizando a primeira transferência de tripulantes entre duas astronaves. Os comandantes de cada missão permanecem nas respectivas naves: Vladimir Shatalov, Soyuz 4, e Boris Volynov, Soyuz 5. As manobras de acoplagem haviam sido antes treinadas por duas vezes – em 1967 e 1968 – entre naves Soyuz sob controle completamente automático.Soyuz 4 - Massa: 6.625kg; duração da missão: 2d23h20min47s (14 a 17 de janeiro); órbitas: 48; perigeu: 213km; apogeu: 224km.Soyuz 5 - Massa: 6.585kg; duração da missão: 3d00h54min15s (15 a 18 de janeiro); órbitas: 49; perigeu: 196km; apogeu: 212km.

1969 (20 de janeiro) – Astrônomos da Universidade do Arizona estabelecem a primeira identificação óptica de um pulsar.

1969 (fevereiro) – A Nasa lança um programa de exploração voltado para os planetas gigantes do Sistema Solar, cujo projeto mínimo contempla os seguintes objetivos: exploração do meio interplanetário além da órbita de Marte; estudo da região da faixa dos asteroides, com a finalidade de estabelecer os possíveis riscos de uma missão para os planetas exteriores a ela; exploração do ambiente jupiteriano, incluindo a região mais interna da magnetosfera do planeta. Desse programa resultam as missões Pioneer 10, Pioneer 11, Voyager 1 e Voyager 2.

1969 (8 de fevereiro) – Um meteorito pesando mais de uma tonelada é recuperado em Chihuahua, México.

1969 (3 de março) – É lançada a Apollo 9, que tem como principal objetivo testar o sistema de navegação e, principalmente, o Módulo Lunar Spider (Aranha), em órbita da Terra. São feitas várias manobras de separação e acoplamento com os módulos lunar e de comando, tarefa essencial numa futura missão à Lua. A tripulação é formada pelos astronautas James McDivitt – comandante -, David Scott - piloto do módulo de comando - e Russell Schweickart - piloto do módulo lunar. Esta é a primeira missão do projeto que decola completa, com suas três partes: Módulo de Comando, Módulo de Serviço (cujo conjunto é chamado de Módulo de Comando e Serviço Apollo) e Módulo Lunar. Nesta missão, o módulo de comando se chama Gumdrop (bala de goma).O retorno se dá no dia 13 de março.Massa total: 41.376kg; massa do módulo lunar: 14.575kg; órbitas terrestres: 151; duração

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da missão: 10d1h0min.

1969 (25 de março) – É inaugurado o Observatório de La Silla, situado na montanha de mesmo nome, a 2400m de altitude, na extremidade sul do deserto de Atacama, no Chile.

1969 (16 e 17 de maio) – As sondas soviéticas Venera 5 e Venera 6, lançadas, respectivamente, em 5 e 10 de janeiro, penetram na atmosfera do hemisfério escuro de Vênus. Ambas liberam uma cápsula de 405kg (a massa total de cada sonda é de 1.130kg) com instrumentos científicos, que coletam dados durante 53min (Venera 5) e 51min (Venera 6). são feitas medições até a altitude de 17km.

1969 (18 de maio) – É lançada a Apollo 10, planejada para testar o módulo lunar (Snoopy), que pela primeira vez é completamente funcional, em órbita ao redor da Lua. Chega a uma distância de 14,4km do satélite (23 de maio), sem, entretanto, pousar. São testados todos os procedimentos e componentes de um pouso na Lua. O módulo de comando chama-se Charlie Brown. A Apollo 10 faz a primeira transmissão em cores ao vivo do espaço. A tripulação é composta por Thomas P. Stafford – comandante -, John W. Young – piloto do módulo de comando - e Eugene A. Cernan – piloto do módulo lunar. Estes são os astronautas que, em toda a história das viagens espaciais, mais se distanciaram de casa: 408.950km do centro de controle em Houston, Texas.Durante o retorno, que ocorre em 26 de maio, a Apollo 10 atinge o recorde de velocidade de uma missão tripulada: 39.897km/h. A amerissagem ocorre no Pacífico norte.Massa total: 42.771kg; massa do módulo lunar: 13.941kg; tempo em órbita lunar: 2d13h37min23s; duração da missão: 8d0h3min23s.

1969 (16 de julho) – É lançada, a partir do Cabo Canaveral, a Apollo 11, primeira missão tripulada a pousar na Lua. Compõem a tripulação os astronautas Neil Armstrong(1930-2012) – comandante –, Edwin Aldrin – piloto do módulo lunar – e Michael Collins – piloto do módulo de comando. O Módulo de Comando recebe o nome de Columbia, e o Módulo Lunar, de Eagle (Águia). Aproximadamente 850 jornalistas, de 55 países e falando 33 línguas, registram o evento.

1969 (20 de julho) – A Apollo 11 pousa na Lua, num local denominado Mar da Tranquilidade, uma grande área plana, formada de lava basáltica solidificada, na linha equatorial da face brilhante do satélite. Nos últimos 150m, Armstrong assume o controle manual da descida, pousando quando restam 25 segundos de combustível. Às 23h56min (horário de Brasília), Neil Armstrong, de 38 anos, torna-se o primeiro ser humano a pisar na superfície da Lua e pronuncia a frase mais épica da Era Espacial: “Este é um pequeno passo para o Homem... mas um grande salto para a Humanidade”. Edwin Aldrin junta-se a Armstrong na superfície 15min depois e, durante as 2h37min seguintes, os astronautas examinam o Módulo Lunar, montam e colocam para funcionar a câmera de TV, hasteiam a bandeira estadunidense e batem continência, instalam instrumentos científicos (entre eles um sismógrafo e um retrorrefletor para experimentos de radar), dão pulos como cangurus, experimentando a baixa gravidade lunar, tiram cerca de 100 fotografias, coletam amostras do solo e falam ao vivo com o Presidente dos EUA, Richard Nixon (1913-1994). Além disso, os astronautas deixam na Lua uma placa, assinada por eles e pelo presidente Nixon, onde se lê: Here Men From Planet Earth First Set Foot Upon The Moon. July 1969 A.D.

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We Came In Peace For All Mankind. (“Aqui os homens do planeta Terra pisaram pela primeira vez na Lua. Julho de 1969. Viemos em paz, em nome de toda a humanidade.”)Com diâmetro de 3.476,28 x 3.471,94km, área superficial de 37,93 milhões de km2 (7,4% da terrestre) e localizada à distância média de 384.403km (varia entre 363.104 e 405.696km) da Terra, que orbita à velocidade média de 3.680km/h, a Lua é o quinto satélite do Sistema Solar em ordem de tamanho. Como acontece com boa parte dos satélites do nosso sistema planetário, a Lua tem rotação síncrona, isto é, leva exatamente o mesmo tempo para completar uma órbita em torno da Terra e girar ao redor de si mesma: 27d7h43min. Ocupa um volume de 21,95 bilhões de km3 (2% do terrestre) e tem massa de 73,47 quintilhões de toneladas (1,2% da massa da Terra), o que resulta numa densidade de 3,346g/cm3. A gravidade superficial equivale a 16,54% da terrestre (uma pessoa pesando 70kg na Terra pesaria, na Lua, 11,58kg), e a velocidade de escape é de 2,38km/s. A Lua é o objeto mais brilhante do céu noturno: a magnitude aparente varia entre -12,9 e -2,5.

1969 (21 de julho) – Enquanto os astronautas da Apollo 11 ainda estão na Lua, a sonda soviética Luna 15 (5.600kg), lançada no dia 13, depois de ter completado 52 órbitas lunares, choca-se contra a superfície do satélite, no Mar das Crises (Mare Crisium).É o fim da corrida espacial, iniciada com o lançamento do Sputnik 1. É um dos primeiros momentos de cooperação no espaço, uma vez que os russos divulgam o plano de voo da Luna 15, para afastar qualquer possibilidade de colisão com a Apollo 11.

1969 (21 de julho) - Depois do reacoplamento com o módulo de comando e o retorno dos astronautas à Apollo para a viagem de volta, o módulo lunar Eagle (15.095kg) é deixado para trás, em órbita em torno da Lua. Conforme previsões da Nasa, ele deve ter caído na superfície alguns meses depois. Os módulos seguintes também serão deixados em órbita lunar.

1969 (24 de julho) – A Apollo 11 retorna à Terra. A amerissagem se dá no Pacífico norte, a 24km do navio de resgate USS Hornet. No dia 23, a tripulação da Apolo havia feito uma transmissão para a televisão a partir do espaço. Por serem desconhecidos os efeitos de uma viagem à Lua, os astronautas passam 21 dias em quarentena.Massa total: 43.895kg; massa do módulo lunar: 15.095kg; tempo de atividade extraveicular na superfície da Lua: 2h36min40s; tempo total de permanência na superfície lunar: 21h31min20s; massa trazida da Lua: 21,55kg; órbitas lunares: 30; tempo em órbita lunar: 2d11h30min25,77s; duração da missão: 8d3h18min35s.

1969 (31 de julho) – A Mariner 6, lançada em 24 de fevereiro, chega a Marte, com uma aproximação máxima de 3431km. Envia imagens, num total de 75, principalmente da região equatorial. Analisa a atmosfera, a superfície e envia fotos de Fobos.

1969 (final de julho) – Tem início o Lunar Laser Ranging Experiment, que consiste em medir a distância Terra-Lua por meio de raios laser enviados ao satélite e devolvidos pelos retrorrefletores deixados na superfície lunar por missões Apollo (11, 14 e 15). Os veículos lunares soviéticos Lunokhod 1 e Lunokhod 2 também estão dotados de retrorrefletores. As medições continuam ao longo das décadas seguintes, e constata-se que a Lua se afasta da Terra 3,8cm por ano.

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1969 (5 de agosto) – A Mariner 7, lançada em 27 de março, chega a Marte, com uma aproximação máxima de 3430km. Envia 123 fotos e faz estudos semelhantes aos da Mariner 6. Perde temporariamente contato com a Terra poucos dias antes da chegada a Marte, provavelmente devido à fuga de gás de uma das baterias (que depois falha em definitivo).As sondas Mariner 6 e Mariner 7 são idênticas, pesando cada uma 411,8kg.

1969 (7 a 14 de agosto) – Missão da Zond 7, que tira fotografias da Terra (9 de agosto), sobrevoa a Lua (11 de agosto) à distância de 1984,6km e faz um pouso suave ao sul de Kustanai, no Casaquistão.

1969 (15 de agosto)- É criada a Indian Space Research Organisation (ISRO), a agência espacial da Índia, com sede em Bangalore.

1969 (14 e 15 de outubro) – Três espaçonaves e sete cosmonautas realizam uma missão conjunta no espaço. As tentativas de acoplagem e transferência de tripulantes falham, mas diversos experimentos são realizadosSoyuz 6 (missão de 11 a 16 de outubro): tripulada por Georgi Shonin (1935-1997) – comandante – e Valeri Kubasov – engenheiro de voo.Soyuz 7 (12 a 17 de outubro): Anatoly Filipchenko – comandante -, Vladislav Volkov (1935-1971) – engenheiro de voo – e Viktor Gorbatko – engenheiro de pesquisa.Soyuz 8 (13 a 18 de outubro): Vladimir Shatalov – comandante – e Aleksei Yeliseyev – engenheiro de voo.

1969 (14 de novembro) – É lançada a Apollo 12, segunda missão tripulada a descer na Lua e a primeira a fazer um pouso num ponto pré-determinado da superfície, a fim de resgatar partes de uma sonda não tripulada enviada dois anos antes, a Surveyor III, e trazê-las de volta à Terra, para estudos do efeito da permanência em ambiente lunar sobre o material empregado no artefato. O Módulo de comando chama-se Yankee Clipper e o Módulo lunar, Intrepid. A tripulação é formada por Charles Conrad (1930-1999) – comandante –, Alan Bean – piloto do módulo lunar – e Richard Gordon – piloto do módulo de comando.O lançamento ocorre em meio a uma tempestade, e dois raios atingem o foguete Saturno V, que transporta a sonda, 36,5 e 52 segundos após a decolagem. Verifica-se uma pane temporária em grande parte da instrumentação, mas a missão prossegue normalmente.

1969 (19 de novembro) – A Apollo 12 pousa no Oceano das Tormentas, cerca de 1.500km a oeste do Mar da Tranquilidade, local da alunissagem anterior. O pouso ocorre a 185m do local onde está a Surveyor 3. Os astronautas coletam rochas e instalam instrumentos para a observação, a longo prazo, de atividades sísmicas, vento solar e campo magnético.Quando os astronautas deixam a Lua, o sismógrafo recentemente instalado capta a vibração da decolagem por mais de uma hora.

1969 (24 de novembro) – A Apollo 12 retorna à Terra. A amerissagem ocorre no Oceano Pacífico, 800km a leste de Samoa. No momento do impacto com a água, uma câmera de 16cm sai do local onde é armazenada e atinge Alan Bean na testa, deixando-o inconsciente por alguns instantes.Massa total: 44.073kg; massa do módulo lunar: 15.235kg; tempo total das duas atividades

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extraveiculares na superfície da Lua: 7h45min18s; tempo de permanência na superfície lunar: 31h31min11,6s; massa trazida da Lua: 34,35kg; órbitas lunares: 45; tempo em órbita lunar: 3d16h58min11,52s; duração da missão: 10d4h36min24s.

1970 – Arno Penzias e Robert Wilson encontram monóxido de carbono interestelar.

1970 – George Carruthers observa hidrogênio molecular no espaço.

1970 – Roger Ulrich, John Leibacher e Robert Stein deduzem, a partir de modelos solares teóricos, que o interior do Sol pode agir como uma cavidade acústica ressonante.

1970 (11 de fevereiro) – É lançado o Osumi (24kg), o primeiro satélite artificial japonês.A reentrada na atmosfera ocorre em 2 de agosto de 2003.

1970 (11 de abril) – É lançada a Apollo 13, terceira missão tripulada do projeto, que não consegue pousar na Lua devido a um acidente durante a viagem de ida. A tripulação é composta por James Lowell – comandante –, Fred Haise – piloto do módulo lunar – e John Swigert (1931-1982) – piloto do módulo de comando. O módulo lunar chama-se Aquarius, e o módulo de comando, Odissey. Na noite de 13 de abril, quando a espaçonave está a 321.860km da Terra, ocorre a explosão de um tanque de oxigênio do módulo de serviço, causada, segundo os resultados de investigações posteriores da Nasa, por uma mudança de voltagem dos suprimentos de energia da Apollo, feita pelos projetistas do tanque da nave, sem o respectivo reforço da ventoinha de resfriamento do motor. Com o módulo de serviço e também o módulo de comando inutilizados, os astronautas são obrigados a se transferir para o módulo lunar, no qual iniciam o retorno à Terra e onde são submetidos a um rigoroso racionamento de eletricidade, de alimentos e de água. Contudo, a viagem de volta é bem-sucedida e, no dia 17 de abril, cansados, molhados, famintos, desidratados e com frio, eles conseguem amerissar em segurança no Pacífico sul, a sudeste de Samoa.Massa total: 43.982kg; massa do módulo lunar: 15.192kg; aproximação máxima da Lua: 254,3km (14 de abril); duração da missão: 5d22h54min41s.

1970 (24 de abril) – A China se torna o quinto país do mundo a lançar um satélite em órbita, o DFH-1, impulsionado por um foguete "Longa Marcha" e destinado à experimentação científica.

1970 (24 de setembro) – A sonda soviética Luna 16, lançada em 12 de setembro (inserção orbital em 17 de setembro, 36 órbitas completadas e alunissagem em 20 de setembro), retorna à Terra trazendo 101g de basalto lunar, primeira amostra do solo da Lua trazida de volta à Terra por uma espaçonave de forma totalmente automatizada.Massa: 5.600kg.

1970 (20 a 27 de outubro) – Missão da Zond 8, que sobrevoa a Lua (24 de outubro) e, ao reentrar na atmosfera, cai no oceano Índico.

1970 (17 de novembro) – A sonda soviética Luna 17, lançada em 10 de novembro, pousa na Lua transportando o Lunokhod 1, primeiro veículo lunar, com oito rodas e 756kg. Ao longo de 322 dias (até 4 de outubro de 1971), o Lunokhod 1 percorre 10,54km, envia à

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Terra mais de 20.000 imagens de TV e 206 panoramas em alta resolução, faz 25 análises do solo e perfura a superfície lunar em quinhentos lugares.A massa total da sonda é de 5.700kg.

1970 (12 de dezembro) – É lançado o Uhuru (ou Small Astronomy Satellite 1, SAS-1), observatório espacial estadunidense, o primeiro projetado para fazer observações especificamente em raios X. Realiza o primeiro levantamento compreensível de todo o céu nesse comprimento de onda. Descobre diversas fontes extragalácticas de raios X e permite produzir um catálogo com 339 objetos.Uhuru significa “liberdade” em suaíle, nome dado em homenagem ao Quênia, país de onde é lançado.A missão termina em março de 1973.

1970 (15 de dezembro) – A sonda soviética Venera 7, lançada em 17 de agosto, é a primeira a enviar dados da superfície de outro planeta (Vênus) É ainda a primeira a medir diretamente a temperatura na superfície daquele mundo (460°C) e também sua pressão atmosférica (equivalente a mais de noventa vezes a terrestre). Sobrevive durante 35 minutos, sendo depois inutilizada pela pressão e pelo calor venusianos. Os radares da Venera 7 registram ventos de mais de 100km/h.Massa: 1.180kg.

1971 – O britânico Martin Rees propõe que algumas galáxias, como a Via Láctea, têm em seu centro buracos negros supermassivos, ou seja, com massa da ordem de milhões de vezes superior à solar.

1971 (31 de janeiro) – É lançada a Apollo 14, terceira missão da série a pousar na Lua, tendo a delicada tarefa de recomeçar as viagens espaciais tripuladas após o acidente ocorrido com a Apollo 13. A tripulação é composta por Alan Shepard (1923-1998) – comandante –, Edgar Mitchell – piloto do módulo lunar – e Stuart Roosa (1933-1994) – piloto do módulo de comando. O Módulo de Comando chama-se Kitty Hawk e o Módulo Lunar, Antares.

1971 (5 de fevereiro) – A Apollo 14 pousa em Fra Mauro, uma região repleta de crateras e ondulada, o que faz com que o Antares fique inclinado 8° durante sua estada na Lua. O principal objetivo da missão (originalmente atribuída à Apollo 13) é chegar a pé à cratera Cone, localizada numa região elevada em relação ao local do pouso, visando testar a capacidade de caminhar na superfície lunar em regiões não planas. O objetivo não é plenamente alcançado: os astronautas param pouco antes de atingir a borda da cratera. Nessa missão, Alan Shepard dá com sucesso tacadas em duas bolas de golfe.Os astronautas deixam na Lua um pacote contendo a Bíblia em microfilme e o primeiro versículo do Gênesis em dezesseis línguas.Roosa leva centenas de sementes de diversas espécies, as quais são plantadas depois do retorno e dão origem às chamadas “árvores da Lua”.

1971 (9 de fevereiro) – A Apollo 14 retorna à Terra.Massa total: 44.504kg; massa do módulo lunar: 15.264kg; tempo total das duas atividades extraveiculares na superfície da Lua: 9h22min31s; tempo de permanência na superfície

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lunar: 1d9h30min29s; órbitas lunares: 34; massa trazida da Lua: 42,28kg; tempo em órbita lunar: 2d18h35min39s; duração da missão: 9d0h1min58s.

1971 (2 de abril) – É criado o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), cuja sede está localizada em São José dos Campos, São Paulo. Os objetivos do INPE são promover e executar estudos, pesquisas científicas, desenvolvimento tecnológico e capacitação de recursos humanos, nos campos da Ciência Espacial e da Atmosfera, das Aplicações Espaciais, da Meteorologia e da Engenharia e Tecnologia Espacial, bem como em domínios correlatos, conforme as políticas e diretrizes definidas pelo Ministério da Ciência e Tecnologia. As atividades atualmente desenvolvidas pelo INPE buscam demonstrar que a utilização da ciência e da tecnologia espacial pode influir na qualidade de vida da população brasileira e no desenvolvimento do País.

1971 (19 de abril) – É lançada a Salyut 1, primeira estação orbital soviética e primeira estação espacial construída pelo homem. É formada de três compartimentos pressurizados: o de transferência, onde são acopladas as naves Soyuz, o principal, onde vive a tripulação, e outro contendo os equipamentos de controle e comunicações, a fonte de energia, o sistema de suporte de vida e outros equipamentos auxiliares. Há um quarto compartimento, despressurizado, com as instalações do motor e equipamentos de controle associados. A Salyut tem baterias químicas, suprimentos reservas de água e oxigênio e sistemas de regeneração. A energia é fornecida por dois pares de painéis solares.Em russo, Salyut significa “saudação”.

1971 (23 a 25 de abril) – Missão da Soyuz 10, a primeira a ser enviada a uma estação espacial. O acoplamento com a Salyut 1 ocorre, mas não há condições seguras para os cosmonautas entrarem na estação. A tripulação é formada por Vladimir Shatalov – comandante -, Aleksei Yeliseyev – engenheiro de voo – e Nikolai Rukavishnikov(1932-2002) – engenheiro de teste.

1971 (junho) – O observatório espacial Orion 1 (170kg e espelho primário de 28cm) é instalado na Salyut 1, programado para fazer estudos espectroscópicos de estrelas em ultravioleta. O cosmonauta Viktor Patsayev, que faz as observações, é o primeiro ser humano a operar um telescópio a partir do espaço, fora da atmosfera terrestre.

1971 (30 de junho) – A despressurização da Soyuz 11 (lançada em 6 de junho) durante os preparativos para o retorno à Terra mata os cosmonautas Georgy Dobrovolsky (n. 1928), Vladislav Volkov (1935) e Viktor Patsayev (1933), que haviam cumprido uma missão de 24 dias em órbita (e 22 dias de acoplamento à Salyut, de 7 a 29 de junho). Eles protagonizam a primeira ocupação humana de uma estação orbital, a pioneira Salyut 1, e batem o recorde de permanência no espaço para a época.

1971 (26 de julho) – É lançada a Apollo 15, quarta missão da série a pousar na Lua e a primeira a utilizar um veículo lunar (popularmente conhecido como “jipe lunar”). A tripulação é formada por David Scott – comandante –, James Irwin (1930-1991) – piloto do módulo lunar – e Alfred Worden – piloto do módulo de comando. O Módulo de Comando denomina-se Endeavour e o Módulo Lunar, Falcon.

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1971 (30 de julho) – A Apollo 15 pousa em Hadley Rille, uma área de grande interesse do ponto de vista geológico, localizada na orla do Mare Imbrium (Oceano das Chuvas), num pequeno vale rodeado por altas montanhas. O veículo lunar, de quatro rodas (todas com tração elétrica), desmontável e pesando 209kg, dá aos astronautas considerável mobilidade, permitindo-lhes realizar passeios de várioskm. Veículos semelhantes serão utilizados nas duas missões Apollo seguintes.Durante a segunda atividade extraveicular, os astronautas coletam uma rocha que se torna famosa e passa a ser conhecida como Genesis Rock. Análises subsequentes atribuem a ela a idade de 4,5 bilhões de anos, o que faz dela um componente da crosta primária da Lua.Nesta missão também é coletado o Hadley Rille, pequeno meteorito com pouco mais de 1mm e peso de 3mg.No final da terceira atividade extraveicular, David Scott executa um experimento: para comprovar a teoria da queda dos corpos, de Galileu Galilei, ele deixa cair simultaneamente um martelo e uma pluma, constatando que, na ausência de ar, ambos chegam juntos ao solo.Antes de deixar a Lua, quando os três astronautas estão em órbita lunar, um pequeno subsatélite é liberado. O objetivo é fazer medições da gravidade, do campo magnético e do plasma existentes na Lua e no entorno. As medições ocorrem até janeiro de 1973.Um subsatélite semelhante será liberado pela Apollo 16.

1971 (7 de agosto) – A Apollo 15 volta à Terra. Durante o voo de retorno, Alfred Worden torna-se o primeiro homem a executar uma atividade extravveicular no espaço profundo.Massa total: 46.943kg; massa do módulo lunar: 16.600kg; tempo total das três atividades extraveiculares na superfície da Lua: 18h34min46s; tempo de permanência na superfície lunar: 2d18h54min53s; massa trazida da Lua: 77kg; tempo em órbita lunar: 6d1h12min41s; órbitas lunares: 74; duração da missão: 12d7h11min53s.A publicidade negativa da missão fica por conta de 398 selos comemorativos que os astronautas levam sem autorização, com a intenção de vender ao menos uma centena deles depois do retorno. A divulgação do fato pela mídia provoca uma reação amplamente desfavorável por parte do público.

1971 (2 de setembro) –Lançamento da Luna 18 (5.750kg). No dia 7 de setembro, é inserida em órbita lunar e, depois de 54 órbitas e 85 sessões de comunicação com o controle em Terra, dirigida para pousar no satélite. O pouso ocorre em 11 de setembro, num terreno montanhoso perto do Mare Fecunditatis (Mar da Fertilidade). O contato com a Terra é perdido imediatamente.

1971 (3 de outubro) – A Luna 19, lançada em 28 de setembro, é inserida na órbita da Lua. Estuda o campo gravitacional do satélite e as concentrações de massas em determinados locais. Faz imagens panorâmicas de regiões montanhosas compreendidas entre 30° e 60° de latitude sul e 20° e 80° de longitude leste.Massa: 5.700kg; duração da missão: 388 dias (até 20 de outubro de 1972); órbitas: 4.315.

1971 (11 de outubro) – A Salyut 1 faz uma reentrada controlada na atmosfera terrestre, caindo no Oceano Pacífico.Massa: 18.900kg; comprimento: 15,8m; diâmetro máximo: 4,15m; volume pressurizado: 90m3; dias em órbita: 175; dias ocupada: 22; perigeu: 200km; apogeu: 220km; órbitas

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terrestres: 2.929; distância percorrida: 118.602.524km.

1971 (14 de novembro) – A sonda estadunidense Mariner 9 (558,8kg), lançada em 30 de maio, torna-se o primeiro engenho espacial a operar ao redor de outro planeta: Marte. Durante 349 dias (até 27 de outubro de 1972), transmite 7.329 imagens de Marte, cobrindo a totalidade da superfície e obtendo informações sobre o Planeta Vermelho que nenhuma outra sonda antes havia conseguido. Revela grandes vulcões na superfície marciana (entre os quais o Monte Olimpo, o maior de todo o Sistema Solar, com 22km de altura), bem como gigantescos cânions (como o Valles Marineris, com 4.020km de comprimento, 200km de largura e regiões com mais de 7km de profundidade) e indícios de que já houve água na superfície do planeta. A sonda também obtém as primeiras imagens em close das duas pequenas luas de Marte, Fobos e Deimos.Marte é, do ponto de vista climático, o planeta mais parecido com a Terra: tem um ciclo de estações e um período de rotação (24h37min22,6846s)semelhantes aos terrestres, sendo o alvo mais frequente de missões interplanetárias. A temperatura varia entre -170°C, nas regiões polares, e mais de 20°C, no equador, durante o verão marciano. Com diâmetro de 6.792,4 x 6.752,4km, é o sétimo planeta em tamanho e o quarto a partir do Sol, que orbita à distância média de 227.939.100km (varia entre 206.669.000 e 249.209.300km), demorando 686,971 dias terrestres (1,88 ano), ou 668,599 dias marcianos, para completar uma órbita, à velocidade média de 86.675km/h. A área da superfície é de 144.798.500km2 (28,4% da área da Terra), o volume é de 163,18 bilhões de km3 (15,1% do terrestre) e a massa é de 641,85 quintilhões de toneladas (10,7% da massa da Terra). A densidade de Marte é de 3,934g/cm3, a gravidade equivale a 37,6% da terrestre e a velocidade de escape é de 5,027km/s. A atmosfera marciana é tênue, sendo composta sobretudo por dióxido de carbono (95,72%), nitrogênio (2,7%), argônio (1,6%) e oxigênio (0,2%). A magnitude aparente varia entre -2,9 e +1,8. O planeta tem dois satélites.Marte é o nome latino de Ares, deus grego da guerra e da agricultura. A cor avermelhada do planeta talvez tenha sido a responsável pela sua associação à divindade guerreira (que lembra sangue).

1971 (27 de novembro) – A sonda soviética Marte 2, lançada em 19 de maio, é inserida na órbita marciana. A nave é formada por um módulo de descida (358kg) e um módulo orbital (2.265kg). O módulo de descida falha e choca-se contra Marte, sendo o primeiro objeto de fabricação humana a atingir a superfície daquele planeta. O módulo orbital transmite (até 22 de agosto de 1972) dados sobre atmosfera, superfície, magnetosfera, gravidade e temperatura. Fotografa montanhas e detecta a presença de hidrogênio e oxigênio nas partes altas da atmosfera. Completa 362 órbitas até o fim da missão.

1971 (2 de dezembro) – A sonda soviética Marte 3 (idêntica à Marte 2), lançada em 28 de maio, realiza o primeiro pouso perfeito em Marte. O módulo de descida falha depois de transmitir dados durante 14,5 segundos. O módulo orbital Faz medidas (até 22 de agosto de 1972) de temperatura da superfície, da gravidade e da composição atmosférica. Completa apenas 20 órbitas: a trajetória orbital da Marte 3 é bem mais elíptica (211.400 x 1.500km) do que a da Marte 2 (24.940 x 1.380km).Juntas, as duas sondas fazem imagens de altas montanhas, detectam hidrogênio atômico e oxigênio na alta atmosfera, temperaturas superficiais entre -110°C e +13°C, concentrações de vapor de água 5.000 vezes inferiores às da atmosfera terrestre e grãos de tempestades de

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areia a altitudes de até 7km.

1972 – o físico teórico israelense Jacob Bekenstein sugere que buracos negros têm entropia proporcional à área de suas superfícies devido aos efeitos da perda de informação.Entropia é uma grandeza termodinâmica relativa à desordem, que mede a parte da energia que não pode ser transformada em trabalho.

1972 – James Bardeen, Brandon Carter e Stephen Hawking propõem 4 leis da mecânica de buraco negro em analogia com as leis da termodinâmica.

1972 (14 a 25 de fevereiro) – Missão da Luna 20. Após a inserção orbital (18 de fevereiro) e 36 órbitas completadas, pousa (21 de fevereiro) nas montanhas Apollonius, perto do Mar da Fertilidade. No dia 22, uma cápsula contendo 55g de partículas rochosas lunares começa a viagem de volta, pousando 40km ao norte de Dzhezkazgan, no Casaquistão. A cápsula é recuperada em 26 de fevereiro.

1972 (2 de março) – É lançada, com destino a Júpiter, a sonda estadunidense Pioneer 10, primeiro artefato humano enviado às regiões exteriores do Sistema Solar. Em sua fase interplanetária (antes e depois da passagem por Júpiter), os objetivos da missão são: Mapear o campo magnético do meio interplanetário; Verificar as alterações do vento solar ao longo das diversas distâncias analisadas; Medir os raios cósmicos originários do Sistema Solar e de fora dele; Estudar as interações entre o campo magnético interplanetário, o vento solar e os raios cósmicos; Estudar a heliosfera (região sob a influência do vento solar e do campo magnético do Sol); Medir as quantidades de hidrogênio não ionizado no meio interplanetário; Medir as quantidades de partículas; Estudar o cinturão de asteroides. A fase joviana da missão tem por objetivos: Mapear o campo magnético de Júpiter; Mapear as energias dos prótons e dos elétrons ao longo da trajetória da sonda pelo sistema; Verificar a existência de auroras; Obter informação sobre as causas para as ondas de rádio de Júpiter; Mapear a interação entre o campo magnético joviano e o vento solar; Medir a temperatura da atmosfera de Júpiter; Determinar a composição e a estrutura das altas camadas da atmosfera do planeta; Medir a estrutura térmica daquele astro; Obter imagens do sistema; Sondar a atmosfera de Júpiter com ondas de rádio na altura da ocultação e Realizar o mesmo em Io; Investigar as características físicas e químicas dos satélites de Júpiter; Calcular com maior precisão as massas de Júpiter e dos quatro maiores satélites; Fornecer informação mais precisa para o cálculo das efemérides dos principais corpos do sistema. A Pioneer 10, assim como sua gêmea Pioneer 11, tem massa de 258kg e está equipada com dois magnetômetros, um analisador de plasma, um detector de radiação capturada, um radiômetro de infravermelhos, um sensor para a detecção de asteroides e uma placa sensora de impactos de meteoritos, um telescópio de raios cósmicos e outros instrumentos para captação de imagens.Ambas as sondas carregam uma placa dourada (22,9 x 15,2cm) com as figuras de um homem e uma mulher nus e uma série de símbolos que remetem à origem das naves, para o caso de algum dia serem interceptadas por extraterrestres inteligentes.

1972 (16 de abril) – É lançada a Apollo 16, quinta missão tripulada do projeto a pousar na Lua. A tripulação é formada por John Young – comandante –, Charles Duke Jr. – piloto do módulo lunar – e Thomas Mattingly – piloto do módulo de comando. O Módulo de

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Comando chama-se Casper e o Módulo Lunar, Orion.

1972 (20 de abril) – A Apollo 16 pousa na Lua, na região de Descartes, uma área puramente montanhosa. Os astronautas percorrem 26,7km no veículo lunar incluído nesta missão.

1972 (27 de abril) – Retorno da Apollo 16 à Terra.Massa total: 47.014kg; massa do módulo lunar: 16.660kg; tempo total das três atividades extraveiculares na superfície da Lua: 20h14min14s; tempo de permanência na superfície lunar: 2d23h2min13s; massa trazida da Lua: 95,71kg; tempo em órbita lunar: 5d5h49min32s; órbitas lunares: 64; duração da missão: 11d1h51min5s.

1972 (15 de julho) – A Pioneer 10 torna-se a primeira nave espacial a atingir o cinturão de asteroides.

1972 (22 de julho) – A sonda soviética Venera 8, lançada em 27 de março, pousa suavemente no hemisfério iluminado de Vênus, sobrevivendo por 50min11s. As medições fotométricas mostram que a luminosidade na superfície é suficiente para fotografias, podendo ser comparada à de um dia nublado na terra, com visibilidade de 1km. Outro aspecto a destacar é que as nuvens que cobrem o planeta deixam de existir a uma altitude considerável, e a atmosfera é significativamente mais límpida desde esses pontos até o solo.Massa total: 1.180kg; massa do módulo de descida: 495kg.

1972 (21 de agosto) – É lançado o satélite estadunidense OAO-3, último e mais bem-sucedido da série. Depois do lançamento, passa a se chamar Copérnico, para celebrar os quinhentos anos do nascimento do cientista polonês. Obtém espectros em alta resolução de centenas de estrelas e faz observações detalhadas em raios X. Descobre vários pulsares de longo período, com tempos de rotação de vários minutos, em lugar dos tradicionais segundos (ou até menos de 1 segundo).Permanece operacional até fevereiro de 1981.

1972 (15 de novembro) – É lançado o Small Astronomy Satellite 2, ou SAS 2 (EUA), que realiza o primeiro estudo sistemático do céu em raios gama. Dados são transmitidos à Terra até 8 de junho de 1973.

1972 (7 de dezembro) – É lançada a Apollo 17, sexta e última missão tripulada do projeto Apollo para a Lua. A tripulação é formada por Eugene Cernan – comandante –, Harrison Schmitt – piloto do módulo lunar – e Ronald Evans (1933-1990) – piloto do módulo de comando. O Módulo de Comando chama-se America e O Módulo Lunar, Challenger.É o primeiro lançamento noturno de uma nave tripulada estadunidense e o último lançamento de um foguete Saturno V em missões com tripulantes.Pouco mais de cinco horas após o lançamento, e a aproximadamente 45.000km do nosso planeta, é tirada a famosa foto “A Bolinha Azul” (The Blue Marble), em que aparece o disco azulado da Terra de forma nítida. Trata-se de uma das fotografias mais divulgadas de todos os tempos e tem um impacto muito grande para o aparecimento de uma cultura ecológica nos anos seguintes.

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1972 (11 de dezembro) – A Apollo 17 pousa na Lua, na região de Taurus-Littrow, um vale cercado de montanhas no limite do Mar da Serenidade. Nessa missão, Schmitt e Cernan andam 35,9km com o veículo lunar, batendo o recorde de distância percorrida por uma tripulação na superfície do satélite terrestre durante o Projeto Apollo. Schmitt é o primeiro cientista (geólogo) a viajar para a Lua para pesquisar seu solo. Uma das descobertas científicas da Apollo 17 é a existência de solo cor de laranja na Lua. Os astronautas deixam na Lua uma placa que diz: Here Man completed his first exploration of the Moon, December 1972 A.D. May the spirit of peace in which we came be reflected in the lives of all mankind. (“Aqui homens completaram sua primeira exploração da Lua, dezembro de 1972. Possa o espírito de paz no qual viemos refletir-se nas vidas de toda a humanidade.”)

1972 (19 de dezembro) – A Apollo 17 retorna à Terra, encerrando o ciclo de missões tripuladas à Lua deste projeto.Massa total: 47.012kg; massa do módulo lunar: 16.658kg; tempo total das três atividades extraveiculares na superfície da Lua: 22h3min57s; tempo de permanência na superfície lunar: 3d2h59min40s; massa trazida da Lua: 110,52kg; tempo em órbita lunar: 6d3h43min37s; órbitas lunares: 75; duração da missão: 12d13h51min59s.No total, as seis missões Apollo trazem da Lua 381,7kg de material: cerca de 2.000 pedras, cem amostras de terreno, milhares de pedregulhos.A fase seguinte do programa espacial estadunidense é a Skylab.

1973 – Jeremiah Ostriker e James Peebles descobrem que a quantidade de matéria visível nos discos das galáxias espirais típicas não é suficiente para a gravitação Newtoniana impedir os discos de se romperem violentamente ou mudarem drasticamente de forma.

1973 – Por meio de medições do campo magnético interplanetário durante três períodos de rotação solar (cada um deles de 27 dias), descobre-se que ele pode orientar-se tanto na direção do Sol quanto na trajetória oposta. Essa característica significa que no espaço interplanetário se formam, no curso de uma rotação solar, de dois a seis setores onde o campo magnético se mostra alternadamente positivo (orientado para o exterior) e negativo (orientado para o Sol).

1973 - Elizabeth Chesley Baity utiliza, pela primeira vez, o termo arqueoastronomia, ramo do conhecimento que estuda a maneira pela qual povos do passado entendiam os fenômenos celestes e o papel desempenhado pelo estudo do céu nas diversas culturas populares antigas.

1973 (8 de janeiro) – É lançada a Luna 21. Após a inserção orbital (12 de janeiro) e 40 órbitas, pousa (15 de janeiro) na cratera Le Monnier, entre o Mar da Serenidade e as montanhas Taurus. Os objetivos principais são realizar imagens da superfície e testar os níveis de luminosidade, a fim de determinar as condições de visibilidade para observações astronõmicas feitas a partir da Lua.A Luna 21 carrega o veículo de exploração Lunokhod 2 (840kg), que, até 9 de maio, realiza 80.000 imagens de televisão, tira 86 fotos panorâmicas, faz centenas de análises químicas e mecânicas do solo e viaja 37km pela superfície lunar.Massa: 5.950kg; duração da missão: 146 dias (até 3 de junho de 1973).

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1973 (fevereiro) – A União Astronômica Internacional realiza em Varsóvia, Polônia, uma assembleia extraordinária para celebrar os quinhentos anos de nascimento de Nicolau Copérnico. O evento é polêmico, já que pouco antes, nesse mesmo ano, havia ocorrido a assembleia ordinária da UAI, realizada na Austrália.Durante esse evento anterior, é criado o Working Group for Planetary System Nomenclature (WGPSN), com o objetivo de padronizar a nomenclatura utilizada em todos os corpos celestes do Sistema Solar.

1973 (15 de fevereiro) – A Pioneer 10 sai da faixa de asteroides sem ter sofrido qualquer dano, comprovando assim a inexistência da temida concentração de poeira cósmica naquela região.

1973 (3 de abril) – É lançada a estação espacial Salyut 2. Embora oficialmente incluída entre as missões civis Salyut, na verdade faz parte do Almaz (diamante, em russo), programa soviético que envia estações espaciais de reconhecimento de natureza puramente militar. Treze dias após o lançamento, a Salyut 2 começa a sofrer um processo de despressurização, e o controle de altitude apresenta falhas.A reentrada na atmosfera ocorre em 28 de maio, sem que tenha sido ocupada.Massa: 18.900kg; comprimento: 14,55m; diâmetro máximo: 4,15m; volume pressurizado: 90m3; dias em órbita: 54; órbitas terrestres: 866; distância percorrida: 35.163.530km.

1973 (5 de abril) – É lançada a sonda estadunidense Pioneer 11, com destino a Júpiter e Saturno.

1973 (14 de maio) – É lançada, pelos EUA, a Estação Espacial Skylab, composta de cinco partes: um telescópio (ATM); um adaptador para acoplagem múltipla (MDA); um módulo selado (AM); uma unidade de instrumentos (IU); e um espaço de trabalho orbital (OWS).

1973 (25 de maio a 22 de junho) – Missão da Skylab 2, que leva os primeiros tripulantes à estação espacial Skylab, sendo eles Charles Conrad (1930-1999) - Comandante -, Paul Weitz - Piloto - e Joseph Kerwin - Cientista. A principal tarefa dessa tripulação é reparar a Skylab: a proteção contra meteoritos e raios solares e as placas de captação de energia solar haviam sido destruídas durante a decolagem, e o painel solar principal estava travado. Os reparos (os primeiros numa estação em órbita) são realizados com sucesso ao longo de três atividades extraveiculares (5h41min no total). Os astronautas realizam experimentos médicos (392 horas de experimentos ao todo), além de colher informações sobre o Sol (29.000 imagens) e a Terra. Eles dobram o recorde de permanência no espaço, até então pertencente aos tripulantes da Gemini 7. Esta é a primeira tripulação de uma estação espacial a voltar com vida (os ocupantes da Salyut 1 haviam morrido durante o regresso à Terra).Massa: 19.979kg; duração da missão: 28d00h49min49s; órbitas terrestres: 404; apogeu: 438km; perigeu: 428km; distância percorrida: 18.536.730,9km.

1973 (15 de junho) – O satélite estadunidense Explorer 49 (328kg), lançado em 10 de junho, entra em órbita lunar. Durante dois anos (até junho de 1975), realiza medições radioastronômicas dos planetas do Sistema Solar, do Sol e da Galáxia. O último contato com a terra ocorre em agosto de 1977.

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A próxima missão lunar estadunidense será a Clementine (1994).

1973 (28 de julho a 25 de setembro) - Missão da Skylab 3, que leva à estação homônima a segunda tripulação, composta por Alan Bean - Comandante -, Jack Lousma - Piloto - e Owen Garriott - cientista. São realizadas muitas experiências científicas, destacando-se: estudo da saúde dental, adaptação psicológica humana ao espaço, estudo de cobaias de laboratório e de características de células do pulmão humano na microgravidade. São realizadas três atividades extraveiculares, num total de 13h43min, durante as quais ocorre a instalação de protetores solares contra micrometeoritos.Massa: 20.021kg; duração da missão: 59d11h9min01s; órbitas terrestres: 858; distância percorrida: 39.400.000km.

1973 (3 de novembro) – É lançada a sonda estadunidense Mariner 10, (474kg)com destino a Mercúrio. É a primeira espaçonave a visitar dois planetas (Vênus e Mercúrio) e também a primeira a utilizar a força gravitacional de um planeta (Vênus) para ganhar velocidade e se dirigir a outro corpo celeste (Mercúrio). Os objetivos da missão são estudar as características físicas, a atmosfera e o ambiente de Vênus e de Mercúrio, bem como fazer levantamentos acerca do meio interplanetário.É a última sonda da série Mariner.

1973 (16 de novembro) - É lançada a Skylab 4, que leva à estação homônima a sua terceira e última tripulação, composta por Gerald Carr - Comandante -, William Pogue - Piloto - e Edward Gibson – Cientista. É a primeira missão espacial a fazer (13 de dezembro) observações em órbita de um cometa (Kohoutek). Ocorrem quatro atividades extraveiculares, num total de 16h22min. São feitas mais de 75.000 imagens da Terra e do Sol.O retorno à Terra ocorre em 8 de fevereiro de 1974. Mais um recorde de permanência no espaço é batido.Massa: 20.847kg; duração da missão: 84d01h15min30s; órbitas terrestres: 1.214; distância percorrida: 55.500.000km.

1973 (26 de novembro) – A uma distância de 6,4 milhões de km de Júpiter, tem início a missão científica propriamente dita da Pioneer 10. No dia seguinte, a sonda penetra na magnetosfera do planeta.

1973 (3 de dezembro) – A Pioneer 10 passa por Calisto (à distância de 1.392.300km), Ganimedes (446.250km), Europa (321.000km) e Io (357.000km).

1973 (4 de dezembro) – A Pioneer 10 chega a 130.000km da atmosfera externa de Júpiter, o ponto de aproximação máxima. Mais de 500 imagens são enviadas. Esta sonda é a primeira a fazer imagens do planeta.Com diâmetro de 142.984 x 133.708km, Júpiter é o maior planeta do Sistema Solar e o quinto a partir do Sol, que orbita a uma distância média de 778.547.200km (varia entre 740.573.600 e 816.520.800km). Demora 4.332,59 dias terrestres (11,862 anos), ou 10.475,8 dias jupiterianos, para completar uma órbita, à velocidade média de 47.050km/h. Tem a velocidade rotacional mais rápida do Sistema Solar: gira em torno de si mesmo a 45.300km/h (27,05 vezes maior que a da Terra, que é de 1.674,4km/h) e completa uma

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rotação em 9h55min, a mais rápida, inclusive, em números absolutos, apesar das dimensões consideravelmente menores dos demais planetas. Júpiter ocupa um volume de 1 quatrilhão, 431 trilhões e 280 bilhões de km3 (1.321,3 volumes terrestres), tem massa de 1 septilhão, 898 sextilhões e seiscentos quintilhões de toneladas, o que equivale a 317,8 massas da Terra ou 71% da massa de todos os planetas somados. A densidade joviana é de 1,326g/cm3, e a área da superfície, de 62 bilhões, 179 milhões e seiscentos milkm2, o que corresponde a 121,9 superfícies terrestres. A força de gravidade é 2,528 vezes superior à terrestre (uma pessoa pesando 70kg na Terra pesaria, em Júpiter, 176,97kg), e a velocidade de escape é de 59,5km/s (5,32 vezes superior à do nosso planeta. Os principais componentes da atmosfera são hidrogênio (89%) e hélio (10%). A magnitude aparente varia entre -2,9 e -1,6. Tem 66 satélites conhecidos.Júpiter é o nome latino de Zeus, deus grego do Céu e da Terra, o senhor do Olimpo, o deus supremo.

1973 (18 a 26 de dezembro) – Missão da Soyuz 13, tripulada por Pyotr Klimuk – comandante – e Valentin Lebedev – engenheiro de voo. A nave é especialmente modificada para transportar o observatório espacial Orion 2 (240kg, espelho primário de 30cm), que estuda milhares de estrelas em ultravioleta e faz observações do cometa Kohoutek. O Orion 2 volta à Terra com a Soyuz.

1974 – Os estadunidenses Russell Alan Hulse e Joseph Hooton Taylor, Jr. Descobrem o primeiro pulsar binário conhecido. Denominado PSR B1913+16, está localizado na constelação da Águia, a 21.000 anos-luz da Terra, e completa uma rotação em 59 milissegundos (milésimos de segundo).A descoberta desse tipo de pulsar abre novas possibilidades para o estudo da gravitação. Por isso, Hulse e Taylor são os ganhadores do Prêmio Nobel de Física de 1993.

1974 – Robert Wagoner, William Fowler e Fred Hoyle mostram que o Big Bang quente prevê as abundâncias corretas de deutério e lítio.

1974 – O físico teórico inglês Stephen Hawking calcula que buracos negros devem termicamente criar ou emitir partículas subatômicas, conhecidas como "radiação Hawking”.

1974 (5 de fevereiro) – A sonda estadunidense Mariner 10 obtém as primeiras imagens em close da atmosfera de Vênus em ultravioleta, feitas a uma distância mínima de 5.768km da superfície, revelando detalhes ainda desconhecidos da cobertura de nuvens e mostrando, além disso, que todo o sistema de nuvens faz uma volta completa em torno do planeta a cada quatro dias terrestres. A sonda detecta também um campo magnético muito tênue. Nesta missão ocorre a primeira assistência gravitacional da história: a Mariner 10 usa a gravidade de Vênus para ganhar velocidade em sua viagem a Mercúrio.

1974 (10 de fevereiro) – A sonda soviética Marte 4, lançada em 21 de julho de 1973, não consegue entrar em órbita marciana e passa a 2.000km do planeta. Transmite alguns dados de radio-ocultação, a primeira detecção da ionosfera durante a noite marciana.

1974 (12 de fevereiro) – A Marte 5, lançada em 25 de julho de 1973, é inserida numa órbita marciana fortemente elíptica (1.755 x 32.555km) e período orbital (24h53min) quase igual

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ao de rotação do planeta. Cerca de 60 imagens são colhidas ao longo de 22 órbitas, incluindo a área ao sul do Valles Marineris.

1974 (13 e 15 de fevereiro) - Bruce Balick e Robert Brown descobrem Sagittarius A*, uma fonte de rádio brilhante e muito compacta localizada no centro da Via Láctea. Faz parte de um objeto astronômico maior denominado Sagittarius A. Acredita-se que Sagittarius A* abriga um buraco negro supermassivo, como acontece no centro da maioria das galáxias espirais e elípticas. Cálculos feitos por diferentes equipes situam a massa desse buraco negro entre 4,1 e 4,3 milhões de massas solares.

1974 (9 de março) – A Marte 7 (últma da série), lançada em 9 de agosto de 1973, não consegue entrar em órbita marciana e passa a 1.300km do planeta.

1974 (12 de março) – A Marte 6, lançada em 5 de agosto de 1973, entra na atmosfera marciana, mas perde contato antes de chegar à superfície. Contudo, transmite durante 224 segundos. São os primeiros dados coletados a partir da atmosfera de Marte.

1974 (27 de março) – Dois dias antes de a Mariner 10 sobrevoar Mercúrio, instrumentos terrestres detectam a presença de quantidades anormais de radiação ultravioleta nas proximidades do planeta. Alguns astrônomos sugerem a hipótese de se tratar de um satélite, sobretudo porque a velocidade estimada do objeto é de 4km/s, compatível com uma suposta lua girando em torno de Mercúrio. A radiação desaparece no dia seguinte, sendo novamente detectada em 31 de março. Investigações posteriores apontam a estrela 31 Crateris como a origem provável dessa radiação.O satélite de Mercúrio não existe, mas descobre-se que, ao contrário do que se pensava, a radiação ultravioleta não é totalmente absorvida pelo meio interestelar.

1974 (29 de março) – A Mariner 10 sobrevoa Mercúrio pela primeira vez, à distância de 704km, e faz as primeiras imagens (poucas) do planeta.Com diâmetro de 4.879,4km e ocupando um volume de 60,83 bilhões de km3 (5,4% do da Terra), Mercúrio é o planeta mais próximo do Sol e o menor do Sistema Solar. A área da superfície é de 74,8 milhões de km2 (14,7% da terrestre). Tem massa de 330,22 quintilhões de toneladas (5,5% da massa da Terra) e densidade média de 5,427g/cm3 (segundo mais denso do Sistema Solar, depois da Terra). Gira em torno do Sol, à distância média de 57.909.100km (varia entre 46.001.200 e 69.816.900km), em 87,969 dias terrestres (0,241 ano), ou 1,5 dia mercuriano, à velocidade média de 172.300km/h. Completa uma rotação (10,892km/h) em 58d15h30min. Tem a gravidade mais fraca de todos os planetas, equivalente a 37% da terrestre, o que faz com que a velocidade de escape também seja a mais baixa: 4,25km/s. De todos os planetas que orbitam o Sol, Mercúrio é aquele que tem maior amplitude térmica: a temperatura oscila entre -190°C (à noite) e 430°C (durante o dia). A atmosfera mercuriana é muito tênue e está composta sobretudo por oxigênio molecular (42%), sódio (29%), hidrogênio (22%) e hélio (6%). Por estar muito próximo do Sol, Mercúrio pode ser visto apenas ao amanhecer e ao entardecer, e a magnitude aparente varia entre -2,6 e +5,7. O planeta não tem satélites.Mercúrio é o nome latino de Hermes, deus grego dos viajantes e dos comerciantes. Muito veloz, era também mensageiro do Olimpo, sendo esta uma possível razão para o seu nome ter sido dado ao planeta, o mais rápido dentre os astros que orbitam o Sol.

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1974 (16 de abril) – É fundada a Sociedade Astronômica Brasileira (SAB), localizada em São Paulo. Segundo o seu estatuto, suas tarefas são: Congregar os astrônomos do Brasil; Zelar pela liberdade de ensino e pesquisa; Zelar pelos interesses e direitos dos astrônomos; Zelar pelo prestígio da ciência do País; Estimular as pesquisas e o ensino de astronomia no País; Manter contato com institutos e sociedades correlatas no País e no exterior; Promover reuniões científicas, congressos especializados, cursos e conferências.

1974 (19 de abril) – A Pioneer 11 conclui a travessia do cinturão de asteroides.

1974 (2 de junho) – A Luna 22, lançada em 29 de maio, é inserida na órbita da Lua. Faz experiências com mudanças de curso em órbita. É a última missão orbital enviada à Lua pela União soviética ou pela Rússia.Massa: 5.700kg; duração da missão: 521 dias (até 1º de novembro de 1975); órbitas: 3.875.

1974 (25 de junho) – É lançada a estação espacial Salyut 3, integrante do programa militar soviético Almaz. A bordo está um telescópio bastante potente, utilizado em observações terrestres de reconhecimento.A Soyuz 14 (missão de 3 a 19 de julho), tripulada por Pavel Popovich (1930-2009) – comandante – e Yuri Artyukhin (1930-1998) – engenheiro de voo – é a única a se acoplar à Salyut 3 e a primeira missão bem-sucedida da URSS a uma estação espacial.A Soyuz 15 (26 a 28 de agosto), tripulada por Gennadi Sarafanov (1942-2005) – comandante – e Lev Dyomin (1926-1998) – engenheiro de voo -, não consegue se acoplar e volta à Terra.A reentrada (sobre o Oceano Pacífico) ocorre em 24 de janeiro de 1975.Massa: 18.900kg; comprimento: 14,55m; fiâmetro máximo: 4,15m; volume pressurizado: 90m3; dias em órbita: 213; dias ocupada: 15.

1974 (21 de setembro) – A Mariner 10 sobrevoa Mercúrio pela segunda vez, à distância de 48.069km. Nesta passagem, assim como na seguinte, obtém-se um conjunto de imagens (mais de 2.800 ao todo) detalhadas do planeta, mas que, devido à geometria da órbita, apenas permite a observação de menos de metade da superfície total.

1974 (14 de setembro) – O astrônomo estadunidense Charles T. Kowal (1940-2011)descobre Leda, décimo terceiro satélite conhecido de Júpiter. Diâmetro: 20km; período orbital: 240,92 dias (0,65 ano); distância média do planeta: 11.160.000km; massa: 11 trilhões de toneladas; densidade: 2,6g/cm3.

1974 (28 de outubro) – Lançamento da Luna 23 (5.800kg). Depois da inserção orbital (2 de novembro) e de 48 órbitas, pousa (6 de novembro) na porção sul do Mare Crisium (Mar das Crises). Uma cápsula com material lunar deveria voltar à Terra, mas a nave é danificada no momento do pouso.O último contato com a Terra ocorre em 11 de novembro.

1974 (outubro) - O astrofísico britânico Antony Hewish é anunciado como ganhador do Prêmio Nobel de Física (o primeiro a ser concedido a um astrônomo observacional) por ter participado da descoberta dos pulsares (1967), feita essencialmente por Jocelyn Bell. O fato

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de Bell não ter recebido também o prêmio causa grande polêmica, sendo Fred Hoyle um dos maiores críticos.

1974 (2 de dezembro) – A Pioneer 11 sobrevoa Calisto (à distância de 786.500km) e Ganimedes (692.300km).

1974 (3 de dezembro) – A Pioneer 11 alcança o ponto máximo de aproximação de Júpiter: 34.000km.No mesmo dia, passa por Io (314.000km), Europa (586.700km) e Amalteia (127.500km).

1974 (10 de dezembro) – É lançada a sonda Helios-A, uma cooperação entre a NASA e a Alemanha Ocidental, cujo objetivo é estudar o Sol e o ambiente que o cerca. Estabelece a maior velocidade já atingida por uma sonda espacial: 252.792km/h, feito que será posteriormente repetido pela Helios-B.Massa: 370kg; duração da missão: 16 de janeiro de 1975 a 18 de fevereiro de 1985.

1974 (26 de dezembro) – É lançada a Salyut 4, estação espacial soviética com finalidades civis. Entre os instrumentos a bordo estão detectores de raios X e três telescópios.

1975 – investigadores do Instituto de Ciências Planetárias de Tucson e do Instituto Harvard-Smithsonian de Astrofísica propõe a teoria do Big Splash, a qual postula a formação da Lua através do impacto de um planeta desaparecido, conhecido como Theia, com a Terra.

1975 – São feitos os primeiros testes de um protótipo de veículo espacial reutilizável (space shuttle), acoplado a um avião Boeing adaptado a experimentos de voo a grande altitude. O objetivo é testar a aerodinâmica e a dirigibilidade do Ônibus Espacial.

1975 – A astrônoma estadunidense Jill Tarter propõe a denominação anãs marrons para os corpos celestes batizados de anãs negras por Shiv Kumar na década de 1960. Trata-se de objetos com massa subestelar, incapazes, portanto, de manter reações contínuas de fusão de hidrogênio em seus núcleos. Acredita-se que a massa das anãs marrons esteja compreendida entre 13 e 75-80 massas jupiterianas. Esses astros são por vezes chamados de estrelas fracassadas, porque, por um lado, são compostas dos mesmos materiais que estrelas como o Sol, mas têm massa insuficiente para brilhar, e, de outra parte, assemelham-se a planetas gigantes gasosos, como Júpiter. São, pois, uma espécie de elo entre estrelas e planetas.

1975 (11 de janeiro a 9 de fevereiro) – Missão da Soyuz 17, a primeira das duas missões de longa duração enviadas à Salyut 4. Os tripulantes são Aleksei Gubarev – comandante – e Georgi Grechko – engenheiro de voo.

1975 (16 de março) – A Mariner 10 sobrevoa Mercúrio pela terceira e última vez, à distância de 327km.Ao longo dos três sobrevoos, a sonda faz as melhores imagens até então obtidas da superfície mercuriana, revelando algumas semelhanças com a lunar. Descobre que o planeta tem uma atmosfera tênue, um campo magnético e um grande núcleo rico em ferro.

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1975 (24 de março) – A Mariner 10 perde contato com a Terra, e encerra-se assim a missão e o programa homônimo. A sonda está hoje em órbita solar.

1975 (7 de maio) – É lançado o Small Astronomy Satellite 3, ou SAS-3 (EUA), que realiza importantes estudos do céu em raios X. Entre outras descobertas, identifica a ligação entre fontes de raios X e estrelas de nêutrons binárias, determina que a frequência de fontes de raios X aumenta em regiões próximas ao centro de aglomerados globulares e estabelece as posições de grande número de objetos que emitem em raios X.Permanece operacional até abril de 1979.

1975 (24 de maio a 26 de julho) – Missão da Soyuz 18, a segunda de longa duração à Salyut 4, que estabelece o recorde soviético de permanência no espaço até então: 63 dias. Os cosmonautas substituem ou consertam diversos equipamentos. Realizam também experimentos com plantas, insetos e experimentos médicos. São enviadas à Terra cerca de 2.000 fotografias da Terra e 600 do Sol.A tripulação é formada por Pyotr Klimuk – comandante – e Vitali Sevastyanov(1935-2010), engenheiro de voo.

1975 (31 de maio) – É oficialmente criada a Agência Espacial Europeia (ESA – European Space Agency, na sigla em inglês). São dez os países fundadores: Alemanha, Bélgica, Dinamarca, Espanha, França, Itália, Países Baixos, Reino unido, Suécia e Suíça.

1975 (8 e 14 de junho) – São lançadas, com destino a Vênus, as sondas soviéticas Venera 9 e Venera 10, cada uma formada por um módulo orbital e um módulo de descida. A Venera 9 tem massa total de 9.936kg, e a Venera 10, de 5.033kg.

1975 (17 a 19 de julho) – Missão conjunta de uma nave Apollo (por vezes denominada Apollo 18) e uma nave Soyuz (Soyuz 19), a primeira cooperação efetiva entre EUA e URSS no espaço. Durante as 44 horas em que permanecem acopladas, os comandantes Stafford e Leonov trocam um aperto de mãos histórico, e os tripulantes das duas naves trocam bandeiras e presentes (incluindo sementes posteriormente plantadas em ambos os países), realizam experimentos científicos conjuntos, visitam as naves uns dos outros, falam inglês e russo e fazem refeições em comum.NO dia 18, o presidente estadunidense Gerald Ford (1913-2006) fala aos tripulantes de ambas as naves.Depois do desacoplamento, a Apollo manobra de modo a causar um eclipse artificial do Sol, para que os cosmonautas da Soyuz possam tirar fotografias da coroa solar.Apollo (missão de 15 a 24 de julho - 9d01h28min) – Tripulantes: Thomas P. Stafford – comandante -, Vance D. Brand – piloto do módulo de comando – e Donald K. Slayton (1924-1993) – piloto do módulo de acoplamento; massa: 16.768kg; órbitas: 148; perigeu: 217km; apogeu: 231km; distância percorrida: 5.990.000km.É a última missão Apollo, e a última missão tripulada estadunidense até o primeiro voo de um ônibus espacial (1981).Soyuz (missão de 15 a 21 de julho - 5d22h30min); tripulação: Alexei Leonov – comandante – e Valeri Kubasov – engenheiro de voo; massa: 6.790kg; órbitas: 96; perigeu: 218km; apogeu: 231km; distância percorrida: 3.900.000km.

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1975 (9 de agosto) – É lançado o Cos-B, primeiro satélite da ESA, cujo objetivo é estudar o céu em raios gama. O Cos-B descobre cerca de 25 fontes de raios gama e produz um mapa da Via Láctea nesse comprimento de onda.A missão termina em 25 de abril de 1982.

1975 (20 de agosto) – É lançada, do Cabo Canaveral, acoplada a um foguete Titã, a sonda estadunidense Viking 1, com destino a Marte. Compõe-se de um módulo orbital (883kg) e um módulo de descida (572kg).

1975 (9 de setembro) – É lançada a sonda estadunidense Viking 2, com destino a Marte. É idêntica à Viking 1, formada por um módulo orbital e um módulo de descida.

1975 (20 de outubro) – A sonda soviética Venera 9 é inserida na órbita de Vênus, sendo a primeira a orbitar aquele planeta. Dados são transmitidos até 25 de dezembro.

1975 (22 de outubro) – O módulo de descida da Venera 9 pousa, permanece operacional por 53 minutos e transmite as primeiras fotografias da superfície de outro planeta: Vênus. Entre os dados coletados, destacam-se nuvens com 30 a 40km de espessura com as zonas inferiores a altitudes entre 30 e 35km, pressão atmosférica equivalente a noventa vezes a da Terra, temperatura superficial de 485°C e luminosidade superficial comparável à de latitudes médias terrestres num dia nublado de verão. A Venera 9 é a primeira espaçonave a transmitir imagens em preto e branco da superfície de Vênus, mostrando sombras, ar sem sinais aparentes de poeira e rochas de 30 a 40cm em que não se observam marcas de erosão.

1975 (23 de outubro) – A Venera 10 é inserida na órbita de Vênus.

1975 (25 de outubro) – O módulo de descida da Venera 10 pousa a 2.200km da Venera 9 e realiza coleta de dados durante 65 minutos. São detectados ventos a 12,6km/h.

1975 (26 de novembro) – A China lança seu primeiro satélite recuperável, que volta à Terra três dias depois, e se transforma no terceiro país do mundo a conseguir esta façanha.

1976 – É inaugurado o observatório russo Zelenchukskaya, localizado no monte Pastukhov, ao norte do Cáucaso. depois de anos de "domínio" do grande telescópio estadunidense de monte Palomar, o telescópio de Zelenchukskaya passa a ser o maior do mundo, com um espelho de 6m de diâmetro e 65cm de espessura.

1976 – Sandra Faber e Robert Jackson descobrem a relação Faber-Jackson entre a luminosidade de uma galáxia elíptica e a velocidade de dispersão em seu centro.

1976 (15 de janeiro) – É lançada a sonda Helios-B, com o objetivo de estudar o Sol e o entorno. Em 17 de abril, a Helios-B chega a 43.432.000km do Sol, recorde de aproximação que se mantém até hoje.Massa: 370kg; duração da missão: 21 de julho de 1976 a 23 de dezembro de 1979.

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1976 (19 de junho) – O módulo orbital da Viking 1 é inserido com sucesso numa órbita marciana com periastro (ponto mais próximo do planeta) de 320km e apoastro (ponto mais distante do planeta) de 56.000km.

1976 (22 de junho) – É lançada a Salyut 5, última das três estações espaciais integrantes do programa militar soviético Almaz.Duas naves se acoplam à Salyut 5: A Soyuz 21 (missão de 6 de julho a 24 de agosto), tripulada por Boris Volynov – comandante – e Vitaly Zholobov – engenheiro de voo -, que volta à Terra antes do previsto, por razões nunca totalmente esclarecidas, e a Soyuz 24 (7 a 25 de fevereiro de 1977), tripulada por Viktor Gorbatko – comandante – e Yuri Glazkov (1939-2008) – engenheiro de voo -, a última puramente militar a uma estação espacial soviética.A reentrada ocorre em 8 de agosto de 1977.Massa: 19.000kg; comprimento: 14,55m; diâmetro: 4,15m; volume pressurizado: 90m3; dias em órbita: 412; dias ocupada: 67; órbitas terrestres: 6.666; distância percorrida: 270.409.616km.

1976 (20 de julho) – O módulo de descida da Viking 1 pousa nas encostas ocidentais de Chryse Planitia. Logo começa sua procura de microorganismos marcianos e envia para a Terra imagens em cores do cenário à sua volta. É através delas que os cientistas veem que o céu de Marte tem uma cor rosada, e não azul-escura, como eles pensavam anteriormente. (a cor rosa observada é o reflexo da luz solar nas partículas de poeira avermelhadas da atmosfera rarefeita). O módulo desce num local de areia vermelha e rochas soltas, que se estende até onde suas câmeras podem alcançar.É a primeira sonda estadunidense enviada para pousar em Marte e a primeira nave a concluir com sucesso uma missão em solo marciano.

1976 (25 de julho) – A Viking 1 fotografa uma formação rochosa na região marciana de Cydonia, na qual muitos julgam ver um rosto humano esculpido artificialmente. Surgem especulações sobre vida em Marte e acerca de segredos descobertos e não revelados pela Nasa.

1976 (7 de agosto) – O módulo orbital da Viking 2 é inserido numa órbita marciana com periastro de 302km e apoastro de 33.176km.

1976 (9 a 22 de agosto) – Missão da Luna 24, a última da série, que é a terceira (depois das Lunas 16 e 20) a trazer material da superfície da Lua (170g), retirado do Mar da Crise. É a última sonda lunar lançada pela URSS e também a última nave, de qualquer país, a realizar um pouso suave na Lua.

1976 (3 de setembro) – O módulo de descida da Viking 2 pousa em Utopia Planitia. Devido a um erro de interpretação de imagens de radar, o módulo pousa com um dos pés sobre uma rocha, com uma inclinação de 8,2 graus. Realiza basicamente as mesmas tarefas da sonda anterior, exceto que desta vez o sismômetro funciona, registrando um tremor de terra no planeta.

1977 – No livro “O Dragão do Éden”, o divulgador científico e astrônomo estadunidense

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Carl Sagan (1934-1996) apresenta o conceito de calendário cósmico, escala em que todo o tempo de existência do universo é colocado num único ano. O objetivo do cientista é demonstrar quão vasta é, em termos cronológicos, a história do Cosmos. Os dados mais recentes de que dispomos indicam que o Universo foi formado há 13,7 bilhões de anos; assim, um segundo do calendário cósmico corresponde a 434 anos da história do Universo.Algumas datas importantes do calendário cósmico são: 01/01, 0h00min: Big Bang; 11/05: formação da Via Láctea; 1º/09: formação do Sol (logo seguida da formação dos planetas e da Lua); 21/09: vida primitiva na Terra (procariontes); 12/10: fotossíntese; 8 /11: células complexas (eucariontes); 5/12: vida pluricelular: 14/12: animais simples (artrópodes, aracnídeos); 18/12: peixes; 20/12: plantas terrestres; 21/12: insetos e sementes; 22/12: anfíbios; 23/12: répteis; 26/12: mamíferos; 27/12; aves; 28/12: flores; 30/12: extinção dos dinossauros, surgimento dos primatas; 31/12: 14h24min, hominídeos; 22h24min, humanos primitivos, instrumentos de pedra; 11h44min, controle do fogo; 11h52min, humanos modernos; 23h55min, início da última glaciação; 23h59min32s, agricultura; 23h59min47s, surgimento da escrita (fim da Pré-História, início da História); 23h59min55s, cristianismo.

1977 (fevereiro) – R. Brent Tully e J. Richard Fisher descobrem a relação Tully-Fischer entre a luminosidade de uma galáxia espiral isolada e a velocidade da parte achatada de sua curva de rotação, relação esta que permite determinar distâncias de galáxias à Terra.

1977 (3 de fevereiro) – Ocorre a reentrada da Salyut 4 na atmosfera.Massa: 18.900kg; comprimento: 15,8m; diâmetro máximo: 4,15m; volume pressurizado: 90m3; dias em órbita: 770; dias ocupada: 92; órbitas terrestres: 12.444; distância percorrida: 504.772.660km.

1977 (18 de fevereiro) – O primeiro protótipo de ônibus espacial, o Enterprise, realiza o primeiro teste, preso ao topo de um gigantesco jato 747. Inicialmente a nave é denominada Constitution, porém os espectadores de televisão fãs de ficção científica da série Star Trek começam uma campanha de assinaturas, enviadas à Casa Branca, para que o veículo seja rebatizado como Enterprise.

1977 (10 de março) - James L. Elliot (1943-2011), Edward W. Dunham e Douglas J. Mink descobrem cinco anéis em torno de Urano (posteriormente, encontram mais quatro). A descoberta é casual, uma vez que o verdadeiro objetivo da investigação, feita no Kuiper Airborne Observatory, é observar a ocultação da estrela SAO 158687 por Urano, para estudar a atmosfera do planeta.Hoje conhecem-se 13 anéis de Urano.

1977 (20 de agosto) – É lançada a sonda estadunidense Voyager 2 (antes da Voyager 1), com destino a Júpiter, Saturno, Urano e Netuno.

1977 (5 de setembro) – É lançada a sonda estadunidense Voyager 1, que explora Júpiter e Saturno. Assim como sua gêmea, a Voyager 2, a sonda pesa 721,9kg e é equipada com um detector de raios cósmicos, um magnetômetro, um detector de ondas de plasma, um detector de partículas de baixa energia, um espectrômetro de ondas ultravioleta e um detector de ventos solares. Para o caso de serem algum dia interceptadas por alienígenas, ambas as naves carregam um disco (e a respectiva agulha) de cobre revestido a ouro,

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contendo uma apresentação da raça humana, com 116 imagens (entre as quais está a Grande Muralha da China), 35 sons naturais (vento, pássaros, água, canto de baleia, criança chorando...), saudações em 55 línguas (incluindo português) e música (Mozart e Beethoven, entre outros).

1977 (29 de setembro) – É lançada a estação espacial soviética Salyut 6, que apresenta vários avanços em relação às Salyuts anteriores. O principal deles é um segundo ponto de acoplamento, o que permite missões regulares de naves Progress de reabastecimento. Com isso, torna-se possível passar de visitas de curta duração a expedições bem mais longas, marcando o começo da transição para estações espaciais multimodulares de pesquisa de longo período.Ademais, a Salyut 6 conta com um novo sistema de propulsão e com um telescópio multiespectral capaz de fazer observações em vários comprimentos de onda.Ao longo de cinco anos, vários recordes de permanência no espaço são quebrados. Além de russos, a estação hospeda cosmonautas de Hungria, Polônia, Romênia, Cuba, Mongólia, Vietnam e Alemanha Oriental. Doze naves Progress de carga entregam mais de 20t de equipamento, suprimentos e combustível.

1977 (18 de outubro) – Charles T. Kowal (1940-2011) descobre 2060 Quíron (ou Chiron), primeiro componente conhecido de um grupo de objetos com órbitas entre Saturno e Urano chamados Centauros, por apresentarem características tanto de cometa como de asteroide (centauros são criaturas da mitologia grega com torso e cabeça humanos e corpo de cavalo).O nome refere-se a Quíron, centauro famoso por seus conhecimentos e habilidade em medicina.Diâmetro: 233km; período orbital: 18.539 dias (50,76 anos); distância média do Sol: 2,051 bilhões de km (varia entre 1,273 e 2,826 bilhões de km).De acordo com estimativas modernas, existem no Sistema Solar 44.000 centauros com diâmetro superior a 1km.

1977 (11 de dezembro) – Os cosmonautas Yuri Romanenko e Georgi Grechko chegam à Salyut 6 a bordo da Soyuz 26 (lançada no dia anterior) e formam a primeira tripulação residente da estação. Eles voltam à Terra na Soyuz 27, que aterrissa em 26 de março de 1978.

1977 (19 de dezembro) – A Voyager 1, lançada numa trajetória mais direta, ultrapassa a Voyager 2.

1978 – A astrônoma estadunidense Sandra Faber publicA um trabalho no qual mostra que a velocidade de rotação de galáxias espirais corresponde a uma concentração de massa maior do que a inferida por observações da luz emitida pela galáxia. Essa discrepância fica conhecida como O problema da massa faltante.

1978 – Vera Rubin, Kent Ford, N. Thonnard e Albert Bosma medem as curvas de rotação de várias galáxias espirais e encontram desvios importantes relativamente ao que é previsto pela gravitação Newtoniana de estrelas visíveis. Esse fenômeno fica conhecido como “problema da rotação galáctica”.

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1978 (20 de janeiro) – É lançada, por um foguete Soyuz-U, a Progress 1, nave descartável de carga russa (capacidade para 2.300kg) desenhada para levar suprimentos às estações Salyut. Após permanecer acoplada por quinze dias (22 de janeiro a 6 de fevereiro), desintegra-se ao reentrar na atmosfera, dois dias depois. Com algumas modificações, as naves Progress (posteriormente adaptadas para servir a Mir e a ISS) continuam sendo utilizadas.

1978 (26 de janeiro) – É lançado o International Ultraviolet Explorer (IUE), uma missão conjunta da NASA e da ESA. Com massa de 672kg, é colocado numa órbita geoestacionária com perigeu de 26.000km e apogeu de 42.000km. É o primeiro observatório espacial a ser operado em tempo real a partir de estações de controle na Terra. Durante os dezoito anos em que permanece ativo (até setembro de 1996), realiza mais de 104.000 observações, que incluem desde corpos do Sistema Solar até quasares distantes. Entre os principais resultados científicos estão os primeiros estudos em larga escala dos ventos interestelares, medições acuradas da maneira como a poeira interestelar absorve a luz e observações da supernova SN 1987ª que colocam em causa alguns pontos da teoria da evolução das estrelas.

1978 (2 a 10 de março) – Vladimír Remek, da Tchecoslováquia, tripulante da Soyuz 28, visita a Salyut 6 e se torna o primeiro homem que não é soviético nem estadunidense a ir ao espaço. Em 2004, com a entrada da República Tcheca na União Europeia, ele passa a ser considerado o primeiro astronauta da Europa.A ida de Remek ao espaço é proporcionada pelo Interkosmos, programa da URSS iniciado em abril de 1967 e concebido para possibilitar a cooperação de integrantes das forças armadas de países aliados (sobretudo do Pacto de Varsóvia) em missões espaciais tripuladas e não tripuladas. Até 1998, catorze cosmonautas não soviéticos de treze países são levados ao espaço por naves Soyuz.

1978 (22 de junho) – É descoberto Caronte, primeiro satélite conhecido de Plutão, pelo astrônomo estadunidense James Christy, do Naval Observatory, em Flagstaff, Arizona. Com diâmetro de 1.207km, massa de 1,52 quintilhão de toneladas, densidade de 1,65g/cm3 e orbitando Plutão à distância média de 19.571km, Caronte tem uma característica única no Sistema Solar: uma rotação duplamente síncrona, ou seja, além de girar em torno de si mesmo e de Plutão exatamente no mesmo espaço de tempo, esse tempo ainda é igual ao da rotação plutoniana: 6d9h17min36s. Disso resulta que Caronte apresenta sempre a mesma face a Plutão, e sempre ao mesmo hemisfério. Um hipotético observador colocado na superfície de Plutão veria Caronte o tempo inteiro (jamais se poria) se estivesse no hemisfério acima do qual o satélite orbita, ou então nunca o veria, caso estivesse no hemisfério oposto.A descoberta de Caronte permite, pela primeira vez, medir a massa de Plutão (aproximadamente 0,2% da terrestre). As estimativas vinham diminuindo ao longo do século (em 1931, pensava-se que a massa plutoniana era igual à da Terra), e a compreensão das reais dimensões do astro faz com que alguns cientistas comecem a observar mais atentamente as diferenças entre Plutão e os demais planetas do Sistema Solar.

1978 (25 de julho) – Terminam as operações do módulo orbital da Viking 2, tendo sido completadas 706 órbitas marcianas e enviadas à Terra quase 16.000 imagens.

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1978 (12 de agosto) – É lançada a sonda estadunidense International Sun-Earth Explorer 3 (ISEE-3), com o objetivo de estudar a interação entre o campo magnético terrestre e o vento solar. Com massa de 390kg, é o primeiro artefato humano a ser colocado em órbita num dos pontos de Lagrange (L1), regiões caracterizadas pelo equilíbrio gravitacional entre dois corpos (neste caso, o Sol e a Terra), onde as forças recíprocas de ambos se anulam. Mais tarde (10 de junho de 1982), a sonda é rebatizada como International Cometary Explorer (ICE), cujo objetivo primário é investigar a interação entre o vento solar e a atmosfera de um cometa.

1978 (outubro) - Arno Penzias e Robert Wilson são anunciados como ganhadores do prêmio Nobel de Física por terem descoberto (1965) a radiação cósmica de fundo, remanescente do Big Bang.

1978 (outubro) – Stephen M. Larson e John W. Fountain preconizam a existência de Epimeteu, décimo primeiro satélite conhecido de Saturno originalmente observado, em 18 de dezembro de 1966, por Richard Walker, mas então confundido com Jânus. A existência de Epimeteu é confirmada em 6 de março de 1980, graças a imagens feitas em 26 de fevereiro pela Voyager 1, e os três cientistas passam a compartilhar oficialmente a descoberta. Diâmetro: 129,8 x 114 x 106,2km; período orbital: 0,694 dia; distância média do planeta: 151.410km; massa: 526,6 trilhões de toneladas; densidade: 0,64g/cm3.

1978 (4 de dezembro) – A sonda estadunidense Pioneer Venus 1 (ou Pioneer Venus Orbiter), lançada em 20 de maio, é inserida na órbita venusiana. A nave carrega grande variedade de instrumentos e experimentos: um fotopolarímetro de nuvens para medir a distribuição vertical das nuvens, similar ao fotopolarímetro de imagens da Pioneer 10 e da Pioneer 11; um radar mapeador para determinar topografia e características da superfície; um radiômetro infravermelho para medir emissões infravermelhas da atmosfera; um espectrômetro ultravioleta para medir emissões ultravioleta e dispersas da atmosfera; um espectrômetro de massa neutra para determinar a composição da atmosfera superior; um analizador de plasma para medir propriedades do vento solar; um magnetômetro para caracterizar o campo magnético em volta de Vênus; um detector de campo elétrico para estudar o vento solar e suas interações; uma sonda de temperatura de elétrons para estudar as propriedades termais da ionosfera; um espectrômetro de massa de íons para caracterizar a população de íons da ionosfera; um analisador de partículas carregadas para estudar partículas ionosféricas; dois experimentos científicos de rádio para determinar o campo gravitacional de Vênus; um experimento de ocultações de rádio para caracterizar a atmosfera; um experimento de arrasto atmosférico para estudar a atmosfera superior; um experimento de ciência atmosférica de rádio e turbulência do vento solar; Um detector de erupções de raios gama. A Pioneer Venus 1 permanece operacional até agosto de 1992, e o primeiro mapa topográfico total da superfície de Vênus é construído com base nos dados de altimetria fornecidos pelo radar da sonda. Em 1986, realiza estudos do Halley durante a passagem do cometa.

1978 (9 de dezembro) – A Pioneer Venus 2 (ou Pioneer Venus Multiprobe), lançada em 8 de agosto, entra na atmosfera venusiana e inicia a descida. A missão é composta de um

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ônibus que carrega uma sonda grande (315kg) e três sondas pequenas (90kg cada), programadas para transmitir dados até serem destruídas pelo calor do atrito atmosférico. Os objetivos são determinar a estrutura e a composição da atmosfera venusiana desde as camadas superiores até a superfície, a natureza e a composição das nuvens e características da circulação atmosférica. As três sondas menores recebem nomes de acordo com as zonas do planeta onde descem: Norte (altas latitudes norte), Dia (hemisfério iluminado) e Noite (hemisfério escuro). As quatro sondas chegam à superfície, mas apenas a sonda dia continua transmitindo dados (por mais de uma hora) depois do impacto.

1978 (21 de dezembro) – A sonda soviética Venera 12 (4.940kg), lançada em 14 de setembro, pousa em Vênus e transmite dados durante 110 minutos. São registradas descargas elétricas, possivelmente atribuíveis a um raio, e evidências de trovões. É encontrado também monóxido de carbono a baixa altitude.

1978 (25 de dezembro) – A sonda soviética Venera 11 (4.940kg), lançada em 9 de setembro, pousa em Vênus e transmite dados durante 95 minutos. Assim como a Venera 12, também detecta raios e trovões. Os sistemas de imagem falham.

1979 – Dois telescópios entram em operação em Mauna Kea, no Havaí: o telescópio refletor infravermelho de 3,81m UKIRT e o telescópio refletor óptico de 3,55m Canada-France-Hawaii.

1979 – O estadunidense Brian G. Marsden (1937-2010) publica um compêndio em que são relatados os aparecimentos de 1.027 cometas, observados no período compreendido entre os primeiros documentos disponíveis (os anais astronômicos chineses) e o ano de 1978. Essas passagens se referem a 658 cometas diferentes, 113 dos quais têm um período inferior a 200 anos. Destes, 72 foram observados pelo menos duas vezes. Os outros 545 cometas eram de longo período; sua órbita foi calculada com base na única passagem registrada. 285 pareciam mover-se ao longo de uma parábola; 162 descreviam uma elipse; e 98, uma hipérbole.

1979 – Peter Goldreich e Scott Tremaine propõem a ideia de satélites pastores para explicar por que os anéis de Urano são tão estreitos. Trata-se de pequenos satélites que têm sua órbita próxima a anéis planetários e confinam estes anéis através de interações gravitacionais.satélite pastor é uma lua de um planeta que está em órbita lado a lado com um anel daquele planeta. A força gravitacional do satélite confina o anel, dando a ele uma borda nítida. Satélites pastores existem também em Saturno e Netuno.

1979 (6 de janeiro) – A Voyager 1 começa a fase de observação de Júpiter.

1979 (7 de fevereiro) –Plutão passa a estar, por vinte anos (até 11 de fevereiro de 1999), mais próximo do Sol do que Netuno. Isso ocorre uma vez em cada translação de Plutão (248 anos), pois a órbita deste planeta anão é tão elíptica que o leva a uma distância ao Sol inferior à de Netuno.

1979 (5 de março) – A Voyager 1 chega ao ponto de maior aproximação com Júpiter:

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348.890km. No mesmo dia, passa por Amalteia (420.200km), Io (20.570km) e Europa (733.760km). Durante a missão, obtém 19.000 fotografias, num período que vai até abril. A maior parte das observações acerca das luas, dos anéis, do campo magnético e das condições de radiação é realizada durante as 48 horas de máxima aproximação. Também efetua um detalhado estudo da Grande Mancha Vermelha.

1979 (6 de março) – A Voyager 1 passa por Ganimedes (114.710km) e Calisto (126.400km).

1979 (7 de março) – É anunciada a descoberta, feita três dias antes graças às imagens transmitidas pela Voyager 1, de um tênue anel em torno de Júpiter, o qual faz parte de um sistema de anéis de partículas sólidas que circunda o planeta na região equatorial.

1979 (8 de março) – É anunciada a descoberta de atividade vulcânica em Io, satélite de Júpiter. Io é o primeiro astro do Sistema Solar, com exceção da Terra, onde se descobrem vulcões ativos. Hoje sabe-se que os satélites Encélado (de Saturno) e Tritão (de Netuno) também apresentam atividade vulcânica, chamada pelos astrônomos de criovulcanismo (por se tratar de mundos gelados). No momento de sua passagem, a Voyager 1 consegue observar nove vulcões ativos em Io, mas atualmente conhecemos centenas deles (estimativas giram em torno de quatrocentos).

1979 (13 de abril) – A Voyager 1 termina a fase de observação de Júpiter.

1979 (25 de abril) – A Voyager 2 começa a fase de observação de Júpiter.

1979 (8 de julho) – A Voyager 2 sobrevoa Calisto à distância de 214.930km. O satélite mostra uma crosta de gelo antiga, com muitas crateras remanescentes de grandes impactos.

1979 (9 de julho) – A Voyager 2 chega ao ponto de maior aproximação com Júpiter: 721.670km. No mesmo dia, passa por Ganimedes (62.130km), Europa (205.720km), Amalteia (558.370km) e Io (1.129.900km). São fotografados com mais detalhes o sistema de anéis de Júpiter e os vulcões de Io. As câmeras da nave revelam uma atmosfera de hidrogênio e hélio cujas nuvens apresentam uma dinâmica muito mais complexa do que se imaginava, incluindo relâmpagos e auroras. Também é confirmada a hipótese de que Júpiter emite muito mais energia do que recebe, o que poderia justificar uma atividade atmosférica tão intensa que permite a formação de fenômenos como a Grande Mancha Vermelha.Imagens da Voyager 2 revelam que as longas séries de estrias descobertas em Europa pela Voyager 1 são fraturas em uma crosta de gelo que pode abrigar um oceano interior.Ganimedes apresenta dois tipos bem diferentes de terreno, um coberto de crateras e o outro estriado, sugerindo que a crosta gelada do satélite pode ter sofrido fenômenos tectônicos.

1979 (11 de julho) – ocorre a reentrada controlada da estação espacial Skylab na atmosfera terrestre. Ela cai no Oceano Índico, nas proximidades da cidade australiana de Perth.Massa: 77.088kg; comprimento: 26,3m; largura: 17m; altura: 7,4m; espaço pressurizado: 319,8m3; dias em órbita: 2.249; dias ocupada: 171; órbitas terrestres: 34.981; distância percorrida: 1,4 bilhão de km.

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1979 (5 de agosto) – A Voyager 2 termina a fase de observação de Júpiter.

1979 (29 de agosto) – A Pioneer 11 sobrevoa Jápeto (à distância de 1.032.535km) e Febe (13.713.574km).

1979 (31 de agosto) – A Pioneer 11 sobrevoa Hipérion à distância de 666.153km.

1979 (1º de setembro) – A Pioneer 11 chega ao ponto de máxima aproximação com Saturno (21.000km das camadas exteriores de nuvens), torna-se a primeira sonda espacial a visitar aquele mundo e tira as primeiras fotografias a curta distância do planeta.No mesmo dia, sobrevoa Epimeteu (6.676km), Atlas (45.960km), Dione (291.556km), Mimas (104.263km), Jânus (228.988km), Tétis (329.197km), Encélado (222.027km), Calipso (109.916km) e Reia (345.303km).Com diâmetro de 120.536 x 108.728km, Saturno é o segundo planeta em ordem de tamanho e o sexto a partir do Sol, que orbita à distância média de 1.433.449.370km (varia entre 1.353.572.956 e 1.513.325.783km), completando uma órbita, à velocidade média de 34.900km/h, em 10.759,22 dias terrestres (29,471 anos), ou 24.491,07 dias saturnianos. O planeta ocupa um volume de 827,13 trilhões de km3 (763,59 vezes o terrestre) e tem massa de 568,46 sextilhões de toneladas (95,152 vezes a da Terra. A área da superfície é de 42,7 bilhões de km2 (83,7 superfícies terrestres). A gravidade equivale a 91,4% da terrestre, e a velocidade de escape é de 35,5km/s. Saturno tem o maior achatamento polar entre todos os planetas, igual a 9,8% (o da Terra é de 0,33%), e possui também a menor densidade: 0,687g/cm3 (inferior à da água, o que significa que o planeta flutuaria se pudesse ser colocado sobre um oceano como os terrestres); o planeta mais denso é a Terra (5,515g/cm3. A rotação de Saturno, cujo período atualmente é de 10h39min24s, apresenta um mistério que intriga os cientistas: sua velocidade parece variar rapidamente, visto ter sido considerável a diferença (seis minutos) entre os valores obtidos com as medições efetuadas pelas sondas Voyager e Cassini. Os principais componentes da atmosfera são hidrogênio (96%), hélio (3%) e metano (0,4%). A magnitude aparente varia entre -0,24 e +1,47. Tem 62 satélites confirmados, e há mais de 150 pequenos corpos candidatos a satélites.Saturno é o nome latino de Cronos, o mais jovem dos titãs, filho de Urano e de Gaia. Divindade suprema da segunda geração de deuses da mitologia grega, reinava tiranicamente, até ser destronado por seu filho Zeus.

1979 (2 de setembro) – APioneer 11 sobrevoa Titã à distância de 362.962km.

1979 (23 de novembro) –Com base na análise de imagens da Voyager 2 feitas em 8 de julho, David C. Jewitt e G. Edward Danielson Anunciam a descoberta de Adrasteia, décimo quarto satélite conhecido de Júpiter.Diâmetro: 20 x 16 x 14km; período orbital: 0,298 dia; distância média do planeta: 129.000km; massa: 2 trilhões de toneladas; densidade: 0,86g/cm3.

1979 (19 de dezembro) – É lançada a sonda não tripulada Soyuz T-1, a primeira da nova geração Soyuz da série T. No mesmo dia, acopla-se automaticamente à Salyut 6, onde permanece até 23 de março de 1980, voltando em seguida à Terra e sendo recolhida dois dias depois.

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A Soyuz T (com “T” significando “transportny”, transporte) apresenta melhorias no sistema de acoplamento, um novo módulo de serviço, painéis solares (inexistentes na Soyuz), capacidade para mais combustível e maior comodidade para os tripulantes.

1979 (24 de dezembro) – Ocorre o lançamento inaugural do Ariane, o primeiro foguete espacial europeu.

1980 – Um grupo de pesquisadores estadunidenses descobre uma quantidade anômala de irídio (elemento raro na Terra) nas camadas de sedimentos marinhos e aventa a hipótese de que a extinção dos dinossauros, há cerca de 65 milhões de anos, tenha sido causada pelo impacto, sobre a Terra, de um enorme meteorito.

1980 (14 de fevereiro) – É lançado o SolarMax (Solar Maximum Mission), satélite estadunidense (2.315kg) projetado para estudar os fenômenos luminosos do Sol. Em 1984, é reparado no espaço pelos tripulantes do ônibus espacial Challenger (STS-41-C). A partir de 1987, descobre dez cometas rasantes.O SolarMax permanece operacional até 2 de dezembro de 1989.

1980 (1º de março) – P. Laques e J. Lecacheux descobrem Helena, décimo segundo satélite conhecido de Saturno. Diâmetro: 43,4 x 38,2 x 26km; período orbital: 2,736 dias; distância média do planeta: 377.396km.

1980 (18 de março) – Cinquenta técnicos morrem no centro espacial Plesetsk, Rússia, depois da explosão de um propulsor que estava sendo abastecido. O incidente só é relatado em 1989.

1980 (8 de abril) – Imagens das sondas Voyager possibilitam a descoberta de Telesto, décimo terceiro satélite conhecido de Saturno.Com diâmetro de 32,6 x 23,6 x 20km, Telesto orbita Saturno à mesma distância média (294.619km) e no mesmo período (1,888 dia) que Calipso.

1980 (10 de abril) – Os cosmonautas Leonid Popov e Valery Ryumin chegam à Salyut 6 a bordo da Soyuz 35, lançada no dia anterior, e formam a tripulação com permanência mais longa na estação: ficam no espaço 185 dias. Em 19 de julho, durante a cerimônia de abertura dos Jogos Olímpicos de Moscou, participam de uma transmissão ao vivo: aparecem no placar eletrônico e suas vozes são reproduzidas pelos alto-falantes do Estádio Olímpico. Voltam à Terra na Soyuz 37, em 11 de outubro.

1980 (11 de abril) – Devido a uma falha das baterias, terminam as operações do módulo de descida da Viking 2, após 1.281 dias marcianos.

1980 (28 de abril) Com base na análise de imagens da Voyager 1 feitas em 5 de março de 1979, Stephen P. Synnott anuncia a descoberta de Tebe, décimo quinto satélite conhecido de Júpiter.Diâmetro: 116 x 98 x 84km; período orbital: 0,675 dia; distância média do planeta: 221,889km; massa: 430 trilhões de toneladas; densidade: 0,86g/cm3.

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1980 (31 de julho) – Uma equipe liderada por D. Pascu descobre Calipso (fotografado em 13 de março), décimo quarto satélite conhecido de Saturno. Diâmetro: 30 x 23 x 14km; período orbital: 1,888 dia; distância média do planeta: 294.619km.

1980 (17 de agosto) – São encerradas as operações do módulo orbital da Viking 1, tendo sido completadas 1.485 órbitas.

1980 (22 de agosto) – A Voyager 1 começa a fase de observação de Saturno.

1980 (26 de agosto) –Com base na análise de imagens da Voyager 1 feitas em 4 de março de 1979, Stephen P. Synnott publica a descoberta de Métis, décimo sexto satélite conhecido de Júpiter.Diâmetro: 60 x 40 x 34km; período orbital: 0,295 dia; distância média do planeta: 128.000km; massa: 36 trilhões de toneladas: densidade: 0,86g/cm3.

1980 (28 de setembro) – Estreia a série de televisão Cosmos, composta de treze episódios com duração de uma hora, produzida e apresentada por Carl Sagan e filmada, ao longo de 3 anos, em 40 localidades de 12 países. Assistida por mais de 600 milhões de pessoas em todo o mundo, a série Cosmos é um dos maiores êxitos da história da divulgação científica.Ainda no mesmo ano, é publicado o livro homônimo.

1980 (outubro) - A partir de imagens da Voyager 1, são descobertos, por Richard J. Terrile e Stewart A. Collins, os satélites de Saturno Atlas, Pandora e Prometeu, passando a ser 17 o número de luas conhecidas daquele planeta.Atlas - Diâmetro: 40,8 x 35,4 x 18,8km; período orbital: 0,602 dia; distância média do planeta: 137.670km; massa: 6,6 trilhões de toneladas; densidade: 0,46g/cm3.Pandora - Diâmetro: 104 x 81 x 64km; período orbital: 0,628 dia; distância média do planeta: 141.720km; massa: 137,1 trilhões de toneladas; densidade: 0,49g/cm3.Prometeu - Diâmetro: 135,6 x 79,4 x 59,4km; período orbital: 0,613 dia; distância média do planeta: 139.380km; massa: 159,5 trilhões de toneladas; densidade: 0,48g/cm3.

1980 (10 de outubro) – É inaugurado o Very Large Array (VLA), radiotelescópio localizado na planície de San Augustin, norte de Socorro, Novo México, com uma formação em "Y" na qual são dispostas as diversas antenas de recepção.

1980 (12 de novembro) – A Voyager 1 chega ao ponto de maior aproximação com Saturno: 184.300km. No mesmo dia, passa por Titã (6.490km) e Tétis (415.670km). Descobre estruturas complexas no sistema de anéis do planeta e obtém dados acerca da atmosfera de Titã. A fim de estudar mais detidamente a atmosfera de Titã, os controladores da missão decidem realizar outro sobrevoo, o que impede a Voyager 1 de se dirigir a Urano e Netuno. Assim, ela é colocada numa rota que a leva para fora do Sistema Solar.

1980 (13 de novembro) – A Voyager 1 passa por Mimas (88.440km), Encélado (202.040km), Reia (73.980km) e Hipérion (880.440km).

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1980 (13 de dezembro) – A Voyager 1 termina a fase de observação de Saturno.

1981 - A NASA recupera dados de 1978, que mostram um cometa colidindo com o Sol.

1981 – O físico e cosmologista estadunidense Alan Guth propõe a teoria da inflação cósmica, de acordo com a qual o Universo passou, nos instantes iniciais (10 a 33 segundos, conforme cálculos posteriores), por um período de expansão ultrarrápida e exponencial. Pesquisas subsequentes encontram evidências favoráveis, e a inflação cósmica é hoje considerada como parte do modelo cosmológico padrão de Big Bang quente. Esta teoria resolve o chamado “problema do horizonte”, que consiste em determinar por que o Universo parece estatisticamente homogêneo e isotrópico de acordo com o princípio cosmológico. A explicação é o equilíbrio térmico das moléculas, inexistente num modelo de Big Bang sem inflação cósmica.

1981 (12 de abril) – Ocorre o voo inaugural do Columbia (STS-1), o primeiro dos cinco ônibus espaciais construídos pelos EUA. A tripulação é composta por John W. Young – comandante – e Robert Crippen – piloto. O retorno ocorre em 14 de abril, tendo a missão durado 2d6h21min e realizado 37 órbitas em torno da Terra, percorrendo uma distância de 1.728.000km.Os ônibus espaciais são veículos tripulados reutilizáveis, sucessores das naves Apollo, empregadas em viagens que levaram astronautas à Lua. O programa dos ônibus espaciais estadunidenses chama-se oficialmente Space Transportation System, daí as iniciais STS (seguidas de um número) com que são designados os voos.O Columbia recebe este nome em homenagem a um barco que em 1792 passou pelos perigosos bancos de areia na boca de um rio e chegou ao que hoje é a British Columbia, no Canadá, na fronteira de Washington-Oregon, nos EUA.A data de 12 de abril de 1981 marca o vigésimo aniversário do voo de Yuri Gagárin, o primeiro homem no espaço.

1981 (24 de maio) – Harold J. Reitsema, William B. Hubbard, Larry A. Lebofsky e David J. Tholen descobrem Larissa, terceiro satélite conhecido de Netuno.Diâmetro: 216 x 204 x 168km; período orbital: 0,555 dia; distância média do planeta: 73.548km; massa: 4,2 quatrilhões de toneladas; densidade: 1,2g/cm3.

1981 (5 de junho) – A Voyager 2 começa a fase de observação de Saturno.

1981 (22 de agosto) – A Voyager 2 sobrevoa Jápeto à distância de 908.680km.

1981 (25 de agosto) – A Voyager 2 passa por Hipérion (431.370km), Titã (666.190km) e Helena (314.090km).

1981 (26 de agosto) – A Voyager 2 chega ao ponto de maior aproximação com Saturno: 161.000km. No mesmo dia, passa por Dione (502.310km), Calipso (151.590km), Mimas (309.930km), Pandora (107.000km), Atlas (287.000km), Encélado (87.010km), (Jânus (223.000km), Epimeteu (147.000km), Telesto (270.000km), Tétis (93.010km) e Reia (645.260km). As investigações concentram-se sobretudo nas camadas superiores da atmosfera do planeta. São registrados ventos de 1.800km/h, superados em velocidade no

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Sistema Solar apenas pelos ventos de Netuno.

1981 (4 de setembro) – A Voyager 2 sobrevoa Febe à distância de 2.075.640km.

1981 (25 de setembro) – A Voyager 2 termina a fase de observação de Saturno.

1982 – Com base em informações fornecidas pelas duas missões Voyager, a UAI atribui nomes a 22 estruturas geológicas de Encélado, nomes esses retirados de personagens e de lugares mencionados nas lendas árabes das Mil e uma noites.

1982 (janeiro) Durante uma expedição à Antártida, o montanhista estadunidense John Schutt encontra um meteorito pouco usual. O meteorito é enviado a Washington, onde Brian Harold Mason (1917-2009), geoquímico do Instituto Smithsonian, reconhece tratar-se de objeto diferente de todos até então encontrados, cujo material é muito semelhante a algumas rochas trazidas da Lua pelo Programa Apollo. Batizado de Allan Hills 81005, é considerado o primeiro meteorito de proveniência lunar descoberto na Terra.

1982 (1º de março) – A sonda soviética Venera 13 (760kg), lançada em 30 de outubro de 1981, envia as primeiras fotos coloridas de Vênus e imagens panorâmicas da superfície do planeta. A sonda sobrevive por 127 minutos num ambiente com temperatura de 457°C e pressão de 89 atmosferas terrestres.

1982 (5 de março) – A sonda soviética Venera 14 (760kg), lançada em 4 de novembro de 1981, pousa em Vênus (950km a sudoeste da Venera 13) e envia imagens panorâmicas do planeta. Também analisa uma amostra do solo venusiano, composta de basalto. A sonda sobrevive por 57 minutos num ambiente com temperatura de 465°C e pressão de 94 atmosferas terrestres.

1982 (10 de março) – Ocorre um "syzygy", quando todos os oito planetas e também Plutão se alinham no mesmo lado do Sol. Nesta data os planetas estão esparramados pelo céu a mais de 98°.

1982 (19 de abril) – É lançada a Salyut 7, última estação espacial desse programa soviético. É praticamente igual à Salyut 6, pensada para permitir missões de longa duração.

1982 (13 de Maio) – Os cosmonautas soviéticos Anatoli Berezovoy e Valentin Lebedev, a bordo da Soyuz T-5, chegam à Salyut 7 e tornam-se os primeiros tripulantes dessa estação espacial. Ficam lá por 211 dias (até 10 de dezembro) e voltam para a Terra na Soyuz T-7.

1982 (29 de julho) – Ocorre a reentrada da Salyut 6 na atmosfera terrestre.Entre 1977 e 1982, a estação é visitada por seis tripulações de longa e dez tripulações de curta duração.Massa: 19.824kg; comprimento: 15,8m; diâmetro: 4,15m; espaço habitável: 90m3; dias em órbita: 1.764; dias ocupada: 683; órbitas terrestres: 28.024; distância percorrida: 1.136.861.930km.

1982 (agosto) – Num manifesto divulgado no final da assembleia geral da União

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Astronômica Internacional, realizada na Grécia, cientistas de renome – como o astrofísico soviético Iosif Shklovsky (1916-1985), o prêmio Nobel de Química Linus Pauling(1901-1994) e o astrônomo estadunidense Carl Sagan (1934-1996), autor do livro e da série de televisão Cosmos– aceitam fazer parte de uma comissão dedicada à busca de sinais de vida no espaço cósmico. Pela primeira vez, uma entidade científica – a UAI – apoia a realização de pesquisas para tentar comprovar a existência de seres extraterrestres.

1982 (16 de outubro) – Os astrônomos estadunidenses David Jewitt e Edward Danielson, trabalhando no Monte Palomar, avistam o cometa Halley, que se aproxima do periélio, alcançado em fevereiro de 1986.

1982 (11 de novembro) – O módulo de descida da Viking 1 perde contato com a Terra, devido a um comando equivocado enviado desde o centro de controle da NASA. A missão dura ao todo 2.306 dias (ou 2.245 dias marcianos).

1983 (25 de janeiro) – É lançado o IRAS (Infrared Astronomical Satellite), missão conjunta dos EUA, Grã-Bretanha e Países Baixos, que inaugura a astronomia espacial no infravermelho, realizando um sensível levantamento do céu nesta região do espectro eletromagnético. Com massa de 1.083kg e operando numa órbita polar a 900km de altitude, permanece ativo até 22 de novembro de 1983, tendo mapeado 250.000 fontes de infravermelho, cobrindo 96% do céu. Os dados do IRAS também revelam a existência de material sólido em torno das estrelas Vega e Fomalhaut. Ademais, o telescópio permite a descoberta de três asteroides e seis cometas.

1983 (23 de março) – É lançado pela URSS o Astron, maior telescópio ultravioleta da época, colocado numa órbita com Apogeu de 115.000km. Entre as principais observações realizadas, destacam-se a do cometa Halley (dezembro de 1985) e a da supernova SN 1987ª (4 a 12 de março de 1987).Permanece operacional até 1989.

1983 (4 a 9 de abril) – Primeiro voo do ônibus espacial Challenger (STS-6), com o objetivo de lançar o primeiro satélite de comunicações da série Tracking and Data Relay Satellite (TDRS). A tripulação é formada por Paul Weitz - Comandante -, Karol Bobko - Piloto -, Donald Peterson e Story Musgrave.Nesta mssão, ocorre a primeira atividade extraveicular realizada por uma tripulação de ônibus espacial, com duração de 4h10min.

1983 (26 de maio) – Entra em operação o Exosat, primeiro observatório de raios X da ESA, que permanece ativo até 9 de abril de 1986, realizando 1780 observações na banda de raios X de um grupo bastante variado de objetos astronômicos.

1983 (13 de junho) – A nave Pioner 10 cruza a órbita de Plutão, então considerado o limite externo do Sistema Solar.

1983 (18 a 24 de junho) – Missão do Challenger (STS-7), na qual viaja Sally Ride (1951-2012), primeira mulher estadunidense a ir ao espaço. Os demais tripulantes são Robert Crippen - comandante -, Frederick Hauck - piloto -, John Fabian e Norman Thagard.

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Durante a missão, vários satélites são lançados.

1983 (30 de agosto a 5 de setembro) – Missão do Challenger (STS-8), que marca a primeira decolagem e a primeira aterrissagem noturnas de um ônibus espacial. A tripulação é formada por Richard Truly - Comandante -, Daniel Brandenstein - Piloto -, Dale Gardner, Guion Bluford e William Thornton. Bluford é o primeiro afro-americano a ir ao espaço.

1983 (outubro) - O astrônomo indiano Subrahmanyan Chandrasekhar (1910-1995) é anunciado como ganhador do Prêmio Nobel de Física pelos seus importantes trabalhos sobre a teoria da evolução das estrelas.Também recebe o prêmio o estadunidense William Alfred Fowler (1911-1995), por seus estudos acerca da importância das reações nucleares das estrelas para a formação dos elementos químicos no universo.

1983 (10 e 11 de outubro) – As sondas soviéticas Venera 15 e Venera 16, lançadas, respectivamente, em 2 e 7 de junho, chegam a Vênus e produzem um mapa do hemisfério norte do planeta. São idênticas, compostas exclusivamente de módulos orbitais e com massa de 4.000kg. Estas são as últimas missões da série Venera.As sondas Venera conseguem, ao longo de 22 anos (1961-1983), resultados importantes para a história da exploração espacial, destacando-se as seguintes realizações: primeiros artefatos humanos a pousar suavemente em outro planeta e conseguir transmitir informações durante certo tempo; primeiras máquinas criadas pelo homem a entrar na atmosfera de outro planeta que não a Terra; primeiras naves a fotografar e enviar à Terra imagens de outro planeta; primeiras sondas a realizar o mapeamento em radar da superfície de um planeta.

1983 (28 de novembro a 8 de dezembro) – Missão do Columbia (STS-9), a primeira inteiramente dedicada ao Spacelab, laboratório reutilizável levado ao espaço em 25 voos dos ônibus espaciais, construído para realizar pesquisas científicas em microgravidade na órbita terrestre. O Spacelab é formado por diversos componentes, que podem ser montados em configurações variáveis, de acordo com os objetivos das experiências científicas desenvolvidas. É utilizado até 1998. A partir daí, a tecnologia do laboratório começa a ser transferida para a Estação Espacial Internacional, cujo primeiro módulo é lançado naquele ano.Esta é a primeira missão de um ônibus espacial com mais de cinco tripulantes: John Young - Comandante -, Brewster Shaw - Piloto -, Owen Garriott, Robert Parker, Ulf Merbold e Byron Lichtenberg.

1984 – Um artigo publicado na Nature, assinado por R. A. Muller, Piet Hut e Mark Davis, propõe a hipótese de o Sol ser uma estrela binária, com uma companheira pequena e escura, centenas, dezenas ou milhares de vezes mais distante que Plutão. Posteriormente, especula-se que essa companheira poderia ser uma anã marrom ou uma anã vermelha, distante de 1 a 2 anos-luz do Sol. Trata-se de uma tentativa de explicar os intervalos mais ou menos regulares em que ocorrem extinções em massa na Terra, sugeridos pouco antes pelos paleontólogos David Raup e Jack Sepkoski. A cada intervalo de 26 ou 27 milhões de anos, a estrela se aproximaria o suficiente do Sol para causar perturbações na nuvem de Oort, as quais fariam com que grande número de cometas fossem empurrados para as regiões

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interiores do Sistema Solar, aumentando a probabilidade de colisões com a Terra. Esse astro hipotético recebe o nome de Nêmesis, deusa grega da vingança.A questão permanece em aberto, mas a existência de Nêmesis é rejeitada pela maioria dos astrônomos.

1984 – É fundado, na Califórnia, EUA, o Instituto SETI, uma organização privada e sem fins lucrativos cujo objetivo é explorar, entender e explicar a origem, a natureza e a prevalência da vida no universo. SETI é a sigla para "search for extraterrestrial intelligence" (“Busca por Inteligência Extraterrestre”), e o instituto tem duas linhas principais de atividades: 1. utilização de radiotelescópios e telescópios ópticos para procurar por sinais intencionalmente emitidos por seres extraterrestres; 2. pesquisa sobre planetas extrassolares, condições para a existência de vida em Marte e outros objetos do Sistema Solar e zonas de habitabilidade dentro da Via Láctea.

1984 (7 de fevereiro) – Primeira “caminhada” no espaço sem o uso de cabos, feita pelo astronauta estadunidense Bruce McCandless, durante uma missão do Challenger (STS-41-B). Os demais integrantes da tripulação são Vance Brand - Comandante -, Robert Gibson - Piloto -, Ronald McNair (1950-1986) e Robert Stewart.De 1984 até a explosão do Challenger, o número das missões não é sequencial, isto é, não corresponde à ordem dos voos. A STS-41-B é a décima do programa dos ônibus espaciais, vindo após a STS-9. A sequência é retomada depois do acidente com o Challenger, a partir da STS-26. Contudo, como o número da missão é atribuído no agendamento, e não no lançamento, a numeração das missões não segue uma ordem rigorosamente cronológica.

1984 (8 de fevereiro) – Chega à Salyut 7, transportada pela Soyuz T-10, a terceira tripulação, formada por Leonid Kizim (1941-2010), Vladimir Solovyov e Oleg Atkov, cujo período de permanência é de 237 dias (até 2 de outubro), o mais longo da estação. Eles voltam à terra na Soyuz T-11.

1984 (11 de abril) – Astronautas do Challenger (STS-41-C) completam o primeiro conserto de satélite no espaço. George Nelson e James Van Hoften recuperam o satélite defeituoso SolarMax. Os demais tripulantes são rRobert Crippen - comandante -, Francis Scobee (1939-1986) - piloto – e Terry Hart.

1984 (25 de julho) – A cosmonauta soviética Svetlana Savitskaya torna-se a primeira mulher a caminhar no espaço em uma experiência de 3h35min fora da plataforma espacial Salyut Sete. Ela havia sido a segunda mulher a ir ao espaço em 1982, sete meses antes de Sally Ride (1951-2012), a primeira astronauta estadunidense, fazer uma viagem espacial.

1984 (30 de agosto a 5 de setembro) – Primeiro voo do ônibus espacial Discovery (STS-41-D), durante o qual são lançados três satélites de comunicação. A tripulação é composta por Henry Hartsfield, Jr. - Comandante -, Michael Coats – Piloto-, Judith Resnik (1949-1986), Steven Hawley, Richard Mullane e Charles Walker.O nome é uma homenagem ao RRS Discovery (Royal Research Ship Discovery) último barco de madeira de tres mastros construído no Reino Unido, empregado por Robert Falcon Scott (1868-1912) na primeira de suas duas viagens de exploração à Antártida (1901-1904).

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1984 (5 a 13 de outubro) – Missão do Challenger (STS-41-G), primeiro voo de um ônibus espacial com duas mulheres na tripulação - Sally Ride (1951-2012) e Kathryn Sullivan – e o primeiro com sete tripulantes, sendo os demais Robert Crippen - comandante -, Jon McBride - piloto -, David Leestma, Marc Garneau - primeiro canadense no espaço – e Paul Scully-Power.Em 11 de outubro, Sullivan torna-se a primeira mulher estadunidense a realizar uma atividade extraveicular (3h29min).

1984 (15 e 21 de dezembro) – São lançadas, respectivamente, as sondas soviéticas Vega 1 e Vega 2 (4.920kg cada uma), com destino ao cometa Halley. O nome VeGa é decorrente da contração das palavras Venera e Gallei, termos em russo para Vênus e Halley, respectivamente. como instrumentos científicos, são dotadas de câmeras teleobjetiva e grande angular, espectrômetros de três faixas, magnetômetros, sonda para o plasma e uma antena direcional tipo cônica.

1985 – É inaugurado (Morro de São Januário, Rio de Janeiro) o Museu de Astronomia e Ciências Afins (MAST), uma instituição pública federal que trabalha com a história científica e tecnológica do Brasil, ao mesmo tempo em que promove e estuda a divulgação e a educação em ciências.Embora não esteja oficialmente vinculado ao Observatório Nacional, o MAST é responsável pela guarda do acervo histórico daquela instituição, que inclui centenas de instrumentos astronômicos.

1985 (7 de janeiro) – É lançada a sonda japonesa Sakigake ("pioneiro"), com destino ao cometa Halley. Com massa de 138,1kg, transporta instrumentos científicos destinados a medir o espectro do plasma, os íons do vento solar e o campo magnético interplanetário. É a primeira espaçonave japonesa a deixar as imediações da Terra.

1985 (junho) – É oficialmente inaugurado o Observatório de Roque de los Muchachos, numa cerimônia que conta com a presença do rei Juan Carlos e da rainha Sofia, da Espanha, além de sete chefes de Estado europeus. Contudo, o Observatório já operava havia seis anos, desde a instalação, em 1979, do telescópio Isaac Newton, vindo da Inglaterra. Localizado no município de Garafía, em La Palma, uma das Ilhas Canárias, na Espanha, Roque de Los Muchachos está situado a 2.396m de altitude e possui a maior concentração de telescópios do Hemisfério Norte. É Administrado pelo Instituto de Astrofísica das Canárias (IAC), situado na ilha de Tenerife.

1985 (11 e 15 de junho) – As sondas VeGa 1 e Vega 2 chegam a Vênus no seu caminho para o cometa Halley. Cada uma Libera um aterrissador semelhante àqueles das sondas Venera e um balão atmosférico para pesquisar as nuvens de Vênus. O balão flutua na atmosfera durante cerca de 48h a uma altitude de 54km.

1985 (2 de julho) – É lançada a sonda Giotto (582,7kg), da ESA, levada ao espaço por um foguete Ariane-1, com destino ao cometa Halley. Recebe este nome em homenagem a um pintor da época medieval, Giotto di Bondone (1267-1337). Ele havia observado o cometa em 1301, e este fato o inspirou a incluir o astro na sua pintura sobre a história do Natal, um afresco denominado Adoração dos Reis Magos. Os objetivos da Missão são: Obter fotos

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coloridas do núcleo do cometa; Determinar os elementos químicos e os componentes isotópicos da cauda do cometa e de suas moléculas formadoras; Caracterizar os componentes físicos e químicos dos processos que ocorrem na atmosfera do cometa e na sua ionosfera; Determinar os elementos e a composição isotópica das partículas de sua Cauda; Medir a produção total do gás, do fluxo e do tamanho das partículas, a relação entre a produção de gás e de partículas; Investigar o fluxo de plasma, sob o ponto de vista macroscópico, resultado da interação entre o cometa e o Sol. A Giotto carrega dez equipamentos: Uma câmera teleobjetiva, três espectrômetros, de massa, de nêutrons e de íons. Vários detectores de partículas, um fotopolimerizador e um conjunto de experimentos para a análise do plasma.

1985 (18 de agosto) – É lançada a sonda japonesa Suisei ("cometa"), segunda missão nipônica enviada para pesquisar o cometa Halley, inicialmente batizada de Planet-A. Tem massa de 139,5kg e possui um sistema de processamento de imagem para a radiação ultravioleta e um instrumento científico de medição do vento solar. Tal como a Sakigake, esta sonda é feita para testar as tecnologias japonesas para missões em espaço profundo, incluindo comunicações, controle de altitude e a obtenção de dados científicos. O principal objetivo da missão é a obtenção de imagens em ultravioleta da enorme nuvem de átomos de hidrogênio que envolve o núcleo do cometa e de sua grande cauda de cerca de 20 milhões de km de extensão. Fotos são tiradas nos trinta dias anteriores e trinta dias posteriores à passagem do cometa sobre o plano da eclíptica. São medidos parâmetros do vento solar durante um período muito mais longo de tempo do que aquele obtido pela Sakigake.

1985 (11 de setembro) – A sonda International Cometary Explorer (ICE) torna-se a primeira a visitar um cometa, ao passar por dentro da cauda do 21P/Giacobini-Zinner, a 7.800km do núcleo. Devido à sua missão original (estudar a interação entre o campo magnético terrestre e o vento solar), não possui câmeras, mas carrega instrumentos para medir partículas energéticas, ondas, plasmas e campos.O cometa, descoberto (20 de dezembro de 1900) pelo francês Michel Giacobini(1873-1938), e reencontrado, duas passagens mais tarde, em 23 de outubro de 1913, pelo alemão Ernst Zinner (1886-1970), tem núcleo com diâmetro estimado de 2km.

1985 (3 a 7 de outubro) – Primeiro voo do ônibus espacial Atlantis (STS-51-J), que transporta uma carga não revelada para o Departamento de Defesa dos EUA. A tripulação é constituída por Karol Bobko - Comandante -, Ronald Grabe – Piloto-, David Hilmers, Robert Stewart e William Pailes.O nome é uma homenagem ao R/V Atlantis, primeiro navio a realizar pesquisas para o Instituto Oceanográfico de Woods Hole, nos EUA.

1985 (30 de outubro a 6 de novembro) – Missão do Challenger (STS-61-A), dedicada ao Spacelab. É o último voo bem-sucedido do Challenger e a única missão de um ônibus espacial com mais de sete tripulantes: Henry Hartsfield - Comandante -, Steven Nagel - Piloto-, Bonnie Dunbar, James Buchli, Guion Bluford, Reinhard Furrer (1940-1995), Ernst Messerschmid e Wubbo Ockels (primeiro astronauta holandês).

1985 (4 de novembro) – A Voyager 2 começa a fase de observação de Urano.

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1985 (8 de novembro) – Os estadunidenses Stephen Edberg e Charles Morris são os primeiros a observar o Cometa Halley a olho nu na aparição de 1986.

1985 (30 de dezembro) – A partir de imagens da Voyager 2, Stephen P. Synnott descobre Puck, sexto satélite conhecido de Urano.Diâmetro: 162km; período orbital: 0,761 dia; distância média do planeta: 86.004km; massa: 2,9 quatrilhões de toneladas; densidade: 1,3g/cm3.

1986 (3 de janeiro) – A partir de imagens da Voyager 2, Stephen P. Synnott descobre Julieta e Pórcia, sétimo e oitavo satélites conhecidos de Urano.Julieta – Diâmetro: 150 x 74km; período orbital: 0,493 dia; distância média do planeta: 64.358km; massa: 560 trilhões de toneladas; densidade: 1,3g/cm3.Pórcia – Diâmetro: 156 x 126km; período orbital: 0,513 dia; distância média do planeta: 66.097km; massa: 1,7 quatrilhão de toneladas; densidade: 1,3g/cm3.

1986 (9 de janeiro) – A partir de imagens da Voyager 2, Stephen P. Synnott descobre Créssida, nono satélite conhecido de Urano.Diâmetro: 92 x 74km; período orbital: 0,464 dia; distância média do planeta: 61.767km; massa: 340 trilhões de toneladas; densidade: 1,3g/cm3.

1986 (13 de janeiro) – A partir de imagens da Voyager 2, Stephen P. Synnott descobre Desdêmona, Rosalinda e Belinda, passando a ser 12 o número de satélites conhecidos de Urano.Desdêmona – Diâmetro: 90 x 54km; período orbital: 0,474 dia; distância média do planeta: 62.658km; massa: 180 trilhões de toneladas; densidade: 1,3g/cm3.Rosalinda – Diâmetro: 72km; período orbital: 0,558 dia; distância média do planeta: 69.927km; massa: 250 trilhões de km; densidade: 1,3g/cm3.Belinda – Diâmetro: 128 x 64km; período orbital: 0,624 dia; distância média do planeta: 75.256km; massa: 360 trilhões de toneladas; densidade: 1,3g/cm3.

1986 (20 de janeiro) – A partir de imagens da Voyager 2, Richard J. Terrile descobre Cordélia e Ofélia, décimo terceiro e décimo quarto satélites conhecidos de Urano.Cordélia – Diâmetro: 50 x 36km; período orbital: 0,335 dia; distância média do planeta: 49.752km; massa: 44 trilhões de toneladas; densidade: 1,3g/cm3.Ofélia – Diâmetro: 54 x 38km; período orbital: 0,376 dia; distância média do planeta: 53.763km; massa: 53 trilhões de toneladas; densidade: 1,3g/cm3.

1986 (23 de janeiro) – A partir de imagens da Voyager 2, Bradford A. Smith descobre Bianca, décimo quinto satélite conhecido de Urano.Diâmetro: 64 x 46km; período orbital: 0,435 dia; distância média do planeta: 59.165km; massa: 92 trilhões de toneladas; densidade: 1,3g/cm3.

1986 (24 de janeiro) – A Voyager 2 chega ao ponto de maior aproximação com Urano: 81.593km. No mesmo dia, passa por Miranda (29.000km), Ariel (127.000km), umbriel (325.000km), Titânia (365.200km) e Oberon (470.600km). Urano tem uma aparência extremamente monocromática. Curiosamente, verifica-se que seu campo magnético é completamente oblíquo em relação ao eixo rotacional (que já é extremamente oblíquo),

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dando ao planeta uma magnetosfera peculiar. Canais gelados são observados em Ariel. Miranda é uma bizarra colcha de retalhos de diferentes terrenos. Outro anel é observado.

1986 (28 de janeiro) – O ônibus espacial Challenger explode 73 segundos depois do lançamento, em sua décima missão (STS-51L), matando os sete estadunidenses a bordo: Francis R. Scobee (n. 1939) – comandante -, Michael J. Smith (1945) – piloto -, Judith A. Resnik (1949), Ellison S. Onizuka (1946), Ronald E. McNair (1950), Gregory B. Jarvis (1944) e Sharon Christa McAuliffe (1948). A professora Christa McAuliffe é a primeira civil a participar de um voo espacial. A causa da explosão é atribuída à deterioração de um anel de vedação, acarretando um defeito no tanque de combustível.O acidente interrompe os voos dos ônibus espaciais por 32 meses. Um novo ônibus, Endeavour, é construído para substituir o Challenger.Tempo em atividade: dois anos, nove meses e 24 dias; Número de missões: 10; tripulantes: 60; tempo no espaço: 62d7h56min22s; órbitas terrestres: 995; distância percorrida: 41.518.538km; satélites lançados: 10; acoplagens à Mir: 0; acoplagens à ISS: 0.

1986 (9 de fevereiro) – O cometa Halley atinge o periélio: 88 milhões de km do Sol, entre as órbitas de Mercúrio e de Vênus. A Terra e o cometa estão em lados opostos do Sol, o que resulta nas piores condições de observação, nos últimos 2 mil anos, para um observador terrestre. Ademais, a crescente poluição luminosa dos centros urbanos faz com que muitos seres humanos não consigam ver o Halley.A Pioneer-Vênus 1, em órbita venusiana, é posicionada para fazer medições do cometa durante o periélio. O espectrômetro capta a perda de água do Halley num momento em que observações a partir da Terra são difíceis.O próximo periélio deste cometa ocorrerá em 28 de julho de 2061.

1986 (20 de fevereiro) – Um foguete de carga Proton-K, lançado do cosmódromo de Baikonur, no Casaquistão, coloca em órbita o primeiro módulo da estação espacial Mir (Paz, em russo). Nos anos seguintes, outros módulos vão sendo acrescentados (serão sete ao todo). A Mir é concluída em 1996.

1986 (25 de fevereiro) – A Voyager 2 termina a fase de observação de Urano.

1986 (4 de março) – Chegam as primeiras imagens do Halley feitas pela Vega 1, que servem de parâmetro para ajustar o encontro da Giotto com o cometa, permitindo que o sobrevoo se dê a uma distância menor do que a anteriormente prevista. As imagens revelam duas áreas brilhantes, inicialmente interpretadas como sendo um núcleo duplo, mas que na verdade são dois jatos de matéria emitidos pelo Halley. As imagens também mostram que o núcleo é escuro, e o espectrômetro infravermelho indica temperaturas de 300 a 400 K, muito superiores às esperadas para um corpo gelado. A conclusão é de que o cometa tem uma camada de matéria na superfície, cobrindo o núcleo de gelo.

1986 (6 de março) – Ocorre a maior aproximação da Vega 1 com o cometa Halley: 8.889km. São tiradas mais de 500 fotografias, enquanto a sonda passa pela nuvem de gás que envolve a coma.

1986 (8 de março) – A Suisei atinge seu ponto de maior aproximação do cometa Halley:

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152.400km.

1986 (9 de março) – Ocorre a maior aproximação da Vega 2 com o cometa Halley: 8.030km. Durante o encontro, a nave faz 700 imagens do cometa, com resolução melhor do que a obtida pela sonda gêmea Vega 1, em parte devido à menor quantidade de poeira em torno da coma naquele momento.

1986 (11 de março) – A sonda Sakigake atinge seu ponto de maior aproximação do cometa Halley: 6,99 milhões de km.

1986 (14 de março) – A sonda Giotto passa a 596km do cometa Halley. A nave carrega 10 instrumentos, inclusive uma câmera multicor, e transmite informações até um pouco antes de sua máxima aproximação, quando a transmissão é interrompida temporariamente. As imagens mostram que apenas um décimo da superfície do núcleo está ativa, com três jatos de gás observados no hemisfério iluminado pelo Sol. O material ejetado é composto de água (80%), dióxido de carbono (10%), uma mistura de metano e amoníaco (2,5%) e traços de outros hidrocarbonetos, sódio e ferro. O núcleo, irregular e poroso, revela-se mais preto do que carvão, o que sugere uma cobertura espessa de poeira. Os grãos de poeira ejetados são, em sua maioria, do tamanho de partículas de fumaça de cigarro, com massas compreendidas entre 10 atogramas (quintilhonésimos de gramas) e 40 miligramas. Dois tipos de poeira são observados, um contendo carbono, hidrogênio, nitrogênio e oxigênio, o outro com cálcio, ferro, magnésio, silício e sódio. A proporção de elementos cometários leves, excluído o nitrogênio (ou seja, hidrogênio, carbono, oxigênio) é a mesma do Sol, o que significa que os constituintes do Halley estão entre os mais primitivos do Sistema Solar. Os espectrômetros da sonda revelam ainda que o cometa tem uma superfície rica em carbono.A Giotto sofre sérios danos causados por choque com poeira de alta velocidade, durante a passagem pelo cometa, mas, para surpresa dos próprios cientistas, sobrevive ao encontro com o Halley. É colocada em hibernação logo depois, a fim de ser redirecionada, posteriormente, para outro objetivo espacial.Esta é a última das cinco missões que compõem a popularmente denominada “Armada Halley”, formada, além da Giotto, por Vega 1, Vega 2, Sakigake e Suisei.

1986 (15 de março) – A Soyuz T-15, lançada no dia 13, chega à Mir, levando os primeiros tripulantes daquela estação espacial: Leonid Kizim (1941-2010) - Comandante - e Vladimir Solovyov - Engenheiro de voo. Em 5 de maio, ambos os cosmonautas partem para a Salyut 7, realizando a primeira transferência de pessoas entre duas estações orbitais da história, numa viagem de 2.500km e 29 horas. Cinquenta dias mais tarde, em 25 de junho, depois de terem realizado duas atividades extraveiculares, os dois russos iniciam a viagem de volta à Mir, outra vez com duração de 29 horas. A aterrissagem ocorre em 16 de julho, configurando uma missão com duração de 125 dias.

1986 (20 de março) – A sonda estadunidense Pioneer 7, lançada em 17 de agosto de 1966 e posicionada em órbita heliocêntrica, passa a 12,3 milhões de km do Halley e monitora a interação entre a cauda de hidrogênio do cometa e o vento solar.

1986 (final de março) – A sonda International Cometary Explorer passa por dentro da

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cauda do cometa Halley, à distância mínima de 28 milhões de km do núcleo.Esta é a última sonda a transmitir dados sobre o Halley. Uma missão do Challenger estava programada para observar o cometa em março, mas, após o acidente de janeiro, o programa dos ônibus espaciais é temporariamente interrompido.

1986 (11 de abril) – o Cometa Halley atinge seu ponto de maior aproximação da Terra nesta passagem: 63 milhões de km. A menor distância alguma vez registrada entre o Halley e a Terra ocorre em 10 de abril de 837: 5,1 milhões de km. O Halley é, inquestionavelmente, o mais famoso e estudado dos cometas, com trinta passagens registradas ao longo de 2.200 anos. Descreve uma órbita fortemente elíptica (em média, a cada 75,3 anos), que o leva desde regiões internas a Vênus (88 milhões de km do Sol) até zonas além de Netuno (5,250 bilhões de km). O núcleo, com diâmetro de 15 x 8 x 8km, completa uma rotação em 52,8h. O Halley tem densidade de 0,6g/cm3, e a massa é de 220 bilhões de toneladas (27 bilhões de vezes inferior à da Terra). A cada passagem pelo periélio, parte dessa massa é perdida por evaporação causada pelo calor solar.

1986 (21 a 30 de maio) – Missão (não tripulada) da Soyuz TM-1, a primeira da série de naves Soyuz Tm, cuja sigla significa “Transportny Modifitsirovannyi” (“Transporte modificado”). Projetada para transportar astronautas entre a Terra e a Mir, a Soyuz TM também é capaz de se acoplar à ISS. Em relação à Soyuz T, apresenta um novo e melhorado sistema de acoplamento e de comunicações, além de incorporar paraquedas e motores de aterrissagem integrados. Ademais, tem um casco mais resistente e um escudo térmico mais leve.

1987 (23 de fevereiro) – Ian Shelton descobre a supernova 1987 A na Grande Nuvem de Magalhães (constelação do Dourado). É a supernova mais luminosa descoberta no século XX e a primeira visível a olho nu (magnitude aparente 3) desde 1604. Dista da Terra aproximadamente 168.000 anos-luz.

1987 (22 a 29 de julho) – O sírio Muhammed Faris é o primeiro não soviético a visitar a Mir. Ele parte a bordo da Soyuz TM03 e retorna à Terra na Soyuz TM02.

1987 (final do ano) Os americanos Alan Dressler, David Burnstein, Sandra Faber, Gary Wegner, e os ingleses Roger Davis, Donald Lynden-Bell, Robert Terlevich, apelidados de “Os Sete Samurais”, divulgam os resultados de uma pesquisa de quatro anos que leva à descoberta do “Grande Atrator”, uma anomalia gravitacional no espaço intergaláctico distante aproximadamente 250 milhões de anos-luz, na direção do superaglomerado de Hidra-Centauro, que revela a existência de uma concentração localizada de massa equivalente a dezenas de milhares de Vias Lácteas, observável pelo efeito causado nos movimentos de galáxias e aglomerados de galáxias num raio de centenas de milhões de anos-luz ao redor.Nos anos seguintes, são divulgados trabalhos indicando que a massa e a influência do Grande Atrator são menores do que se pensava. A questão permanece em aberto.

1988 – Martin Duncan, Thomas Quinn e Scott Tremaine sugerem que os cometas de curto período vêm principalmente do cinturão de Kuiper e não da nuvem de Oort. Atualmente, aceita-se que a região de onde provêm esses cometas é o disco disperso (descoberto em

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1995).

1988 – Aproveitando a ocultação de uma estrela por Plutão, cientistas conseguem, pela primeira vez, detectar a atmosfera do planeta anão, composta de nitrogênio, metano e monóxido de carbono, em equilíbrio com nitrogênio sólido e gelos de monóxido de carbono na superfície.

1988 (1º de janeiro) – É fundada a Agência Espacial Italiana (Agenzia Spaziale Italiana - ASI), com a finalidade de promover, gerenciar e administrar programas italianos e de colaboração multilateral com vários outros países no estudo científico do espaço.

1988 (1º de abril) – É publicado o livro “Uma Breve História do Tempo” (“A Brief History of Time”), de Stephen Hawking, um dos maiores êxitos de divulgação científica das últimas décadas: mais de 10 milhões de cópias vendidas e quatro anos na lista de mais vendidos do jornal londrino Sunday Times. Com o subtítulo “Do Bib Bang Aos Buracos Negros”, o objetivo da obra é explicar tópicos especializados de cosmologia ao público leigo. A linguagem é simples, e nas 256 páginas aparece apenas uma equação: E = mc2.Um filme homônimo é realizado em 1991, dirigido pelo estadunidense Errol Morris. Contudo, o filme não é baseado no livro, mas na biografia de Stephen Hawking.

1988 (5 e 12 de julho) – São lançadas as sondas soviéticas Fobos 1 e Fobos 2, com destino à lua marciana homônima. Cada uma das sondas pesa 2.600kg.

1988 (2 de setembro) – A Fobos 1 perde contato com a Terra devido a erros na execução da sequência de comandos.

1988 (7 de setembro) – A China lança seu primeiro satélite meteorológico, o FY-1A, da base de lançamento de Taiyuan, norte do país.

1988 (29 de setembro a 3 de outubro) – O Discovery volta ao espaço (STS-26), retomando os voos dos ônibus espaciais (depois de 975 dias), interrompidos após a explosão do Challenger, em janeiro de 1986. A tripulação é formada por Frederick Hauck - Comandante -, Richard Covey - Piloto -, John (Mike) Lounge (1946-2011), George Nelson e David Hilmers.

1989 – Os astrônomos estadunidenses Margaret Geller e John Huchra (1948-2010) descobrem a “Grande Muralha”, uma gigantesca estrutura com mais de 500 milhões de anos-luz de extensão, 300 milhões de anos-luz de largura e 16 milhões de anos-luz de espessura, composta por centenas de milhares de galáxias e distante da Terra cerca de 200 milhões de anos-luz.

1989 – Entra em operação o New Technology Telescope (NTT), localizado no Observatório La Silla (Chile). Com espelho de 3,58m, é o primeiro a contar com a tecnologia denominada “óptica ativa”, que ajusta automaticamente os espelhos durante as observações, a fim de garantir a qualidade das imagens obtidas.A óptica ativa é utilizada nos principais telescópios projetados atualmente.

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1989 – Os russos Boris Chirikov (1928-2008) e Vitaly Vecheslavov analisam 46 aparições do cometa Halley, a partir de registros históricos e simulações em computador. Esse estudo mostra que a dinâmica do Halley é caótica e imprevisível numa escala longa de tempo. Os cientistas também estimam o tempo de vida do cometa em 10 milhões de anos.Trabalhos mais recentes sugerem que o Halley vai evaporar ou se separar em duas partes nas próximas dezenas de milhares de anos, ou então será ejetado para fora do Sistema Solar dentro de algumas centenas de milhares de anos.

1989 (29 de janeiro) – A sonda Fobos 2 entra com sucesso na órbita de Marte, chegando a 800km da lua homônima, mas uma perda súbita de energia provoca o encerramento da missão.

1989 (março) – É fundada a Agência Espacial Canadense, com sede em Saint-Hubert, Quebec.

1989 (4 de maio) – É lançada, a bordo do Atlantis (STS-30), a sonda Magellan (Magalhães), uma missão conjunta da NASA e da Agência Espacial Francesa, com destino a Vênus, cujos objetivos principais são efetuar um levantamento cartográfico e uma análise gravimétrica do planeta. O nome é uma homenagem ao navegante português Fernão de Magalhães (1480-1521), o primeiro a circum-navegar a Terra.Magellan (1.035kg)é a primeira sonda interplanetária a ser lançada a partir de um ônibus espacial. A tripulação da missão é formada por David Walker (1944-2001) - Comandante -, Ronald Grabe - Piloto -, Norman Thagard, Mary Cleave e Mark Lee.

1989 (16 de junho) – A partir de imagens da Voyager 2, Stephen P. Synnott descobre Proteu, quarto satélite conhecido de Netuno. Trata-se da última lua de dimensões consideráveis descoberta no Sistema Solar. Todos os satélites encontrados posteriormente são pequenos, com diâmetro de poucoskm, tendo grande parte deles sido capturada pela força gravitacional dos planetas em torno dos quais giram.Diâmetro: 424 x 396 x 390km; período orbital: 1,122 dia; distância média do planeta: 117.647km; massa: 44 quatrilhões de toneladas; densidade: 1,3g/cm3.

1989 (28 de julho) – A partir de imagens da Voyager 2, Stephen P. Synnott descobre Despina e Galateia, quinto e sexto satélites conhecidos de Netuno.Despina – Diâmetro: 180 x 148 x 128km; período orbital: 0,334 dia; distância média do planeta: 52.526km; massa: 2,1 quatrilhões de toneladas; densidade: 1,2g/cm3.Galateia – Diâmetro: 204 x 184 x 144km; período orbital: 0,429 dia; distância média do planeta: 61.953km; massa: 2,12 quatrilhões de toneladas: densidade: 0,75g/cm3.

1989 (8 de agosto) – É lançado o Hipparcos (High Precision Parallax Collecting Satellite), primeira missão espacial da ESA com objetivo astrométrico: medir posições, distâncias, movimentos, brilhos e cores de estrelas. Hipparcos mede essas variáveis para mais de 100.000 estrelas, obtendo resultados duzentas vezes superiores àqueles até então disponíveis.A missão permanece ativa até março de 1993.

1989 (22 de agosto) – A Voyager 2 revela o primeiro anel de Netuno. Hoje são conhecidos

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cinco, que tem nomes de astrônomos cujos estudos estão ligados ao planeta. De dentro para fora, são eles Galle, Le Verrier, Lassell, Arago e Adams. Os anéis de Netuno são tênues, compostos essencialmente de poeira.

1989 (25 de agosto) – A Voyager 2 chega ao ponto de maior aproximação com Netuno: 4.850km. No mesmo dia, passa por Larissa (60.180km), Proteu (97.860km) e Tritão (39.800km). Diferentemente de Urano, verifica-se que a atmosfera de Netuno é bastante ativa, incluindo-se numerosas formações de nuvens e ventos de até 2.100km/h, os mais velozes do Sistema Solar. Os arcos anelares observados são nódulos brilhantes em um dos anéis.

1989 (8 de setembro) – Plutão atinge o periélio (4.437.000.000 de km do Sol). O próximo periélio de Plutão ocorrerá em outubro de 2237.

1989 (18 de setembro) – Richard J. Terrile descobre Náiade e Talassa, sétimo e oitavo satélites conhecidos de Netuno.Náiade – Diâmetro: 96 x 60 x 52km; período orbital: 0,294 dia; distância média do planeta: 48.227km; massa: 190 trilhões de toneladas; densidade: 1,2g/cm3.Talassa – Diâmetro: 108 x 100 x 52km; período orbital: 0,311 dia; distância média do planeta: 50.075km; massa: 350 trilhões de toneladas; densidade: 1,2g/cm3.

1989 (2 de outubro) – A Voyager 2 termina a fase de observação de Netuno.

1989 (18 de outubro) – É lançada, pelo ônibus espacial Atlantis (STS-34), a sonda estadunidense Galileo (2.380kg), com a finalidade de estudar Júpiter e suas luas. Entre os instrumentos transportados estão: Sistema de detecção de poeira, Detector de partículas energéticas, Espectrômetro ultravioleta, Contador de íons pesados, Magnetômetro, Espectrômetro em infravermelho próximo, Subsistema de plasma, Fotopolarímetro radiométrico e Sistema de medida de plasma.A tripulação desta missão do Atlantis é composta por Donald Williams - Comandante -, Michael McCulley - Piloto -, Franklin Chang-Diaz, Shannon Lucid e Ellen Baker.

1989 (18 de novembro) – É lançado o satélite estadunidense COBE (Cosmic Background Explorer), dedicado à cosmologia. Seus objetivos são investigar a radiação cósmica de fundo e fornecer medições capazes de auxiliar na compreensão da estrutura do Universo. O trabalho do COBE contribui para consolidar a teoria do Big Bang.O Cobe tem massa de 2.270kg, e a missão dura quatro anos.

1990 – As sondas Voyager 1 e Voyager 2 ultrapassam a órbita de Plutão, então considerado o último planeta do Sistema Solar.

1990 (24 de janeiro) - É lançada a sonda Hiten (197,4kg)anteriormente denominada Muses A, primeira missão lunar japonesa. Com ela, o Japão torna-se o terceiro país (depois de URSS e EUA) a enviar uma nave à Lua. Em 19 de março, a sonda é inserida numa órbita lunar fortemente elíptica (262 x 28.600km) e libera um orbitador menor, Hagoromo (12kg), que falha e não transmite dados. Após completar dez órbitas, a Hiten é intencionalmente levada a se chocar contra o solo da Lua (10 de abril de 1993).

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1990 (9 de fevereiro) – A sonda Galileo sobrevoa Vênus, à distância de 16.106km, para assistência gravitacional. Com isso, a velocidade da Galileo aumenta em 8.030km/h.

1990 (14 de fevereiro) – A Voyager 1 faz uma imagem do Sistema Solar conhecida como “retrato de família” (“family portrait”) ou “retrato dos planetas”. Obtida a cerca de 6 Bilhões de km do Sol, mostra Vênus, a Terra, Júpiter, Saturno, Urano e Netuno. Mercúrio, próximo demais do Sol, e Marte, muito tênue, não aparecem, assim como Plutão (ainda considerado planeta), muito pequeno e distante. O Sol é visto como um diminuto ponto luminoso no centro da imagem.

1990 (abril) – A sonda Giotto é reativada. Três dos instrumentos funcionam perfeitamente, 4 estão parcialmente danificados, mas em condições de uso; o restante, inclusive a câmera, está inutilizado.

1990 (24 de abril) – É lançado, pelo ônibus espacial Discovery (STS-31), o Telescópio Espacial Hubble, um projeto conjunto da NASA e da ESA. Com massa de 11.110kg, espelho de 2,4m e colocado em órbita a uma altitude média de 559km, está concebido para observar o céu em luz visível (posteriormente também em ultravioleta e infravermelho). É a primeira missão da NASA pertencente aos Grandes Observatórios Espaciais (Great Observatories Program), que consiste numa família de quatro Observatórios Orbitais, composta também pelos telescópios Compton (raios gama), Chandra (raios X) e Spitzer (infravermelho). Transporta cinco instrumentos científicos: câmera planetária de alcance amplo, espectrógrafo de alta resolução Goddard, fotômetro de alta velocidade, câmera para objetos débeis e espectrógrafo para objetos débeis. O nome é uma homenagem a Edwin Powell Hubble (1889-1953).A tripulação do Discovery é formada por Loren Shriver - Comandante -, Charles Bolden Jr. - Piloto -, Steven Hawley, Bruce McCandless e Kathryn Sullivan.

1990 (20 de maio) – O Telescópio Espacial Hubble envia para a Terra sua primeira fotografia do espaço, uma imagem de uma estrela dupla localizada a 1.260 anos-luz de distância.

1990 (2 de julho) – A Giotto faz uma máxima aproximação com a Terra e é redirecionada para um encontro bem sucedido com o cometa 26P/Grigg-Skjellerup, a 10 de julho de 1992.

1990 (16 de julho) – N. R. Showalter descobre Pã, décimo oitavo satélite conhecido de Saturno.Diâmetro: 34,4 x 31,4 x 20,8km; período orbital: 0,575 dia; distância média do planeta: 133.584km; massa: 4,95 trilhões de toneladas; densidade: 0,42g/cm3.

1990 (16 de julho) – A China testa o foguete lançador "Longa Marcha CZ-2E", projetado para transportar naves espaciais tripuladas.

1990 (10 de agosto) – A sonda estadunidense Magellan, lançada em 4 de maio de 1989, chega a Vênus. Sua missão primária é rastrear Vênus por radar, já que a superfície do

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planeta é obscurecida por nuvens grossas de gás carbônico que a faz invisível para instrumentos ópticos. Mapeia 99% da superfície venusiana em quatro anos. Depois de concluído o mapeamento, a Magellan faz mapas globais do campo de gravidade de Vênus.

1990 (7 de setembro) – Parte de um foguete estadunidense Titan cai do guindaste e explode na Base da Força Aérea Edwards, matando pelo menos uma pessoa.

1990 (6 de outubro) – É lançada, a bordo do Discovery (STS-41), a sonda europeia Ulysses (370kg), com a missão de realizar explorações do Sol em altas latitudes, ou seja, nas regiões dos polos solares. Entre os instrumentos transportados estão: antena de rádio, antena de plasma, detectores de elétrons, íons, gás neutro, poeira, rayos cósmicos e raios X, bem como dois magnetômetros.O nome Ulysses é a tradução latina de Odisseu, protagonista da Odisseia, de Homero, que também faz, a exemplo desta sonda, uma viagem bastante intrincada.Os tripulantes do Discovery são Richard Richards - Comandante -, Robert Cabana - Piloto -, William Shepherd, Bruce Melnicke Thomas Akers.

1991 (7 de fevereiro) – Ocorre a reentrada da Salyut 7 na atmosfera terrestre.A estação recebe, ao todo, doze missões tripuladas (sendo seis de longa duração) e quinze não tripuladas.Massa: 19.824kg; comprimento: 16m; diâmetro: 4,15m; espaço habitável: 90m3; dias em órbita: 3.216; dias ocupada: 816; órbitas terrestres: 51.917; distância percorrida: 2.106.297.129km.

1991 (5 de abril) – É lançado, a bordo do Atlantis (STS-37), o observatório espacial de raios gama Compton, batizado inicialmente de Gamma Ray Observatory (GRO). O nome do telescópio é uma homenagem a Arthur Holly Compton (1892-1962), o ganhador, em 1927, do Prêmio Nobel de Física, por seus estudos da dispersão dos fótons de alta energia pelos elétrons, um processo fundamental nas técnicas de detecção dos raios gama. Com massa de 17t, o telescópio é colocado numa órbita a 450km de altitude e permanece operacional até junho de 2000.A tripulação do Atlantis é formada por Steven Nagel - Comandante -, Kenneth Cameron - Piloto -, Jerry Ross, Jay Apt e Linda Godwin.

1991 (18 de maio) – Helen Sharman torna-se a primeira britânica a ser lançada ao espaço, com dois cosmonautas, a bordo da Soyuz TM-12, que se acopla à Mir. Ela volta à Terra na Soyuz TM-11, em 26 de maio.

1991 (11 de julho) – Um eclipse total do Sol lança uma faixa escura que se estende por 14.500km, do Havaí até a América do Sul, e dura quase sete minutos em alguns lugares. Esse fenômeno fica conhecido como "eclipse do século".

1991 (30 de agosto) – É lançado o observatório solar de raios X japonês Yohkoh (“raio de sol”), inicialmente denominado Solar-A. Colocado numa órbita terrestre quase circular, o Yohkoh estuda a coroa solar em detalhes ao longo dos dez anos seguintes (até 14 de dezembro de 2001, quando deixa de funcionar).Em 12 de setembro de 2005, é queimado ao reentrar na atmosfera, acima do sul da Ásia.

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1991 (29 de outubro) – A sonda Galileu sobrevoa 951Gaspra à distância de 1.600km e obtém as primeiras imagens detalhadas (57 ao todo) de um asteroide. As imagens feitas pela Galileo cobrem 90% da superfície do astro.Descoberto em 30 de julho de 1916 pelo astrônomo russo Grigory Nikolayevich Neujmin (1886-1946), Gaspra tem diâmetro de 18,2 x 10,5 x 8,9km, período orbital de 1.199,647 dias (3,28 anos) e orbita o Sol à distância média de 330.544.000km.

1992 – O Governo da China anuncia que os voos tripulados são um de seus principais projetos estatais, e cria o nome "Shenzhou" ("Barco Divino") para os veículos espaciais desse programa específico.

1992 – O satélite Cobe revela flutuações de intensidade da radiação de fundo a 3 K, origem possível da formação das galáxias.

1992 – É criada a Agência Espacial Federal Russa, mais conhecida como Roskosmos, derivada da antiga Agência Espacial e de Aviação Russa, extinta com o fim da URSS e após a dissolução do então programa espacial soviético. A sede fica em Moscou.

1992 – Devido ao movimento próprio das estrelas (descoberto em 1718 por Edmond Halley), Rho Aquilae muda de constelação: passa da Águia para o Delfim. É a primeira vez que isso acontece desde a confirmação da existência do movimento próprio.Com magnitude aparente 4,94, Rho Aquilae dista da Terra cerca de 150 anos-luz.

1992 (22 de janeiro) – O astrônomo polonês Aleksander Wolszczan anuncia a descoberta dos primeiros dois planetas encontrados fora do Sistema Solar (exoplanetas, ou planetas extrassolares). Ambos orbitam o pulsar PSR B1257+12, localizado na constelação de Virgem, a 980 anos-luz da Terra. PSR B1257+12B tem massa 3,9 vezes superior à da Terra e completa uma órbita em 66,54 dias, à distância média de 54 milhões de km do pulsar. PSR B1257+12C, com massa equivalente a 4,3 vezes a terrestre, completa uma órbita em 98,21 dias, à distância média de 68,5 milhões de km.

Este é um marco na história da astronomia. Fica comprovado que o Sol não é a única estrela em torno da qual orbitam planetas. Tem início uma busca por exoplanetas, e nas duas décadas seguintes são encontradas várias centenas deles.

1992 (8 de fevereiro) – A sonda Ulysses recebe impulso gravitacional de Júpiter e torna-se a primeira a ser inserida numa órbita polar ao redor do Sol.

1992 (7 a 16 de maio) – Primeiro voo do ônibus espacial Endeavour (STS-49), construído para substituir o Challenger. A tripulação é formada por Daniel Brandenstein - Comandante -, Kevin Chilton - Piloto -, Pierre Thuot, Kathryn Thornton, Richard Hieb, Thomas Akers e Bruce Melnick. Thuot, Hieb e Akers realizam a primeira atividade extraveicular com três astronautas, e também a mais longa até o momento (8h29min).O nome é uma homenagem ao His Majesty’s Bark Endeavour, navio da Marinha Real Britânica comandado por James Cook (1728-1779) na primeira das suas três viagens ao Pacífico sul (1768-1771).

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1992 (10 de julho) – A sonda Giotto obtém êxito em seu encontro com o cometa 26P/Grigg-Skjellerup, Chegando à máxima aproximação de 200km. Para esta nova jornada de pesquisa, os equipamentos da sonda são ligados na noite de 9 de Julho, e os operadores da missão ficam surpresos com a boa resposta que obtêm da nave. Mas não há imagens, visto a câmera da Giotto ter sido danificada no encontro com o cometa Halley. O diâmetro estimado do núcleo do Grigg-Skjellerup é de 2,6km. A descoberta deste cometa data de 1902, realizada pelo astrônomo neozelandês John Grigg (1838-1920. Em sua passagem seguinte (1922), é redescoberto pelo australiano John Francis Skjellerup (1875-1952).Resultados da Giotto: É a primeira missão de espaço profundo da Europa. É a primeira sonda a encontrar de perto dois cometas. É a primeira missão de espaço profundo que faz uso da assistência gravitacional para mudar seu curso de volta à Terra. Descobre o tamanho e as características morfológicas do núcleo do cometa Halley. Consegue obter dados de um cometa a uma pequena distância (200km do cometa Grigg-Skjellerup), algo nunca conseguido anteriormente. Descobre uma crosta negra e jatos de gás brilhantes do núcleo do Halley. Mede a dimensão, a composição e a velocidade das partículas de poeira de dois Cometas. Mede a composição do gás produzido por dois cometas. Descobre ondas magnéticas incomuns próximas ao cometa Grigg-Skjellerup.A missão da Giotto é oficialmente encerrada em 23 de julho.

1992 (30 de agosto) – É descoberto, pelo astrônomo canadense David Jewitt e pela astrônoma vietnamita Jane X. Luu, o primeiro objeto transnetuniano (que orbita além da órbita de Netuno), denominado 1992 QB1 e ainda sem designação definitiva.Com diâmetro de 160km, este astro orbita o Sol à distância média de 6,542 bilhões de km (varia entre 6,115 e 6,970 bilhões de km), demorando 289,225 anos para completar uma órbita, à velocidade média de 16.200km/h. Este é também o primeiro corpo celeste encontrado no cinturão de Kuiper, uma região do Sistema Solar que se estende de aproximadamente 30 a 50 unidades astronômicas (4,5 a 7,5 bilhões de km) do Sol, caracterizada, assim como o cinturão de asteroides, pela presença de grande número de pequenos astros, chamados KBOs (Kuiper Belt Objects), numa referência a Gerard Peter Kuiper, o proponente dessa região. Hoje conhecem-se mais de mil componentes do cinturão de Kuiper, e estimativas sugerem que bem mais de 100.000 objetos (talvez centenas de milhares) devem existir nesta região, tendo ao menos 70.000 deles (talvez mais de 100.000) diâmetro superior a 100km. O cinturão de Kuiper é 20 vezes mais extenso e de 20 a 200 vezes mais massivo do que o cinturão de asteroides.

1992 (31 de outubro) – Durante um discurso na Pontifícia Academia das Ciências, por ocasião dos 350 anos da morte de Galileu Galilei, João Paulo II (1920-2005) afirma que foram cometidos erros na forma como o processo contra o cientista foi conduzido e reconhece “oficialmente” que a Terra não está imóvel. Dizendo que a fé não deve entrar nunca em conflito com a razão, o Papa utiliza as palavras que o próprio Galileo empregou em sua defesa: “As Escrituras nunca erram, mas os teólogos podem errar em sua interpretação”. João Paulo II diz também que a Igreja lamenta que o caso de Galileu tenha contribuído para um trágico e mútuo mal-entendido entre a religião e a ciência. Além disso, qualifica o cientista de “físico genial” e “crente sincero”.

1993 – O telescópio refletor óptico-infravermelho de 10m Keck I entra em operação,

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localizado em Mauna Kea, Havaí.

1993 (22 de abril) – É criada a "China National Space Administration" (CNSA), a agência espacial chinesa, com sede em Pequim.

1993 (30 de abril) – um astronauta recebe uma infusão de teste durante uma missão do Columbia (STS-55). O Físico alemão Hans Schlegel tem uma solução salina à temperatura corporal bombeada nele por uma agulha. A experiência fornece os meios para evitar a desidratação e outros problemas espaciais comuns, como face inchada e pernas fracas.Os demais tripulantes da missão (26 de abril a 6 de maio) são Steven Nagel – comandante -, Terence Henricks – piloto -, Jerry Ross, Charles Precourt, Bernard Harris Jr. E Ulrich Walter.

1993 (21 de agosto) – A sonda estadunidense Mars Observer (1.018kg), lançada em 25 de setembro de 1992, perde contato com a Terra três dias antes de entrar na órbita de Marte.

1993 (28 de agosto) – A nave Galileo fotografa Dactyl, satélite do asteroide 243 Ida. É a primeira vez que se observa uma lua orbitando um asteroide. Ida, descoberto em 29 de setembro de 1884 pelo astrônomo austríaco Johann Palisa (1848-1925), tem diâmetro de 53,6 x 24,0 x 15,2km, com período orbital de 1.767,724 dias (4,84 anos) e dista do Sol, em média, 428.025.000km (varia entre 408.207.000 e 447.843.000km. Sua lua, Dactyl, tem diâmetro de 1,4km e orbita Ida em 1,54 dia, à distância de 108km. Atualmente, conhecem-se mais de cem satélites de asteroides.

1993 (2 de setembro) – Formalmente, os EUA e a Rússia terminam décadas de competição pela conquista do espaço em um acordo com o objetivo de construir uma plataforma espacial.

1993 (outubro) - Os estadunidenses Russell Alan Hulse e Joseph Hooton Taylor Jr. São anunciados como ganhadores do Prêmio Nobel de Física pela descoberta de um novo tipo de pulsar, abrindo novas possibilidades no estudo da gravitação.

1993 (2 de dezembro) – É lançado o ônibus espacial Endeavour (STS-61), com o objetivo de realizar a primeira missão de manutenção do telescópio Hubble, uma das mais sofisticadas da astronáutica estadunidense, na qual são empregados mais de 100 instrumentos especializados. A tripulação é composta por Richard Covey - Comandante -, Kenneth Bowersox - Piloto -, Story Musgrave, Kathryn Thornton, Claude Nicollier, Jeffrey Hoffman e Thomas Akers.

1993 (4 de dezembro) – O suíço Claude Nicollier conduz a manobra de captura do Hubble, a fim de colocá-lo dentro do compartimento de carga do Endeavour.

1993 (5 de dezembro) - É realizada a primeira das cinco caminhadas espaciais previstas. Story Musgrave e Jeffrey Hoffman substituem dois giroscópios, duas unidades de controle elétricas e oito fusíveis.

1993 (6 de dezembro - Thomas Akers e Kathryn Thornton substituem os dois painéis

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solares do Hubble.

1993 (7 de dezembro) - Story Musgrave e Jeffrey Hoffman substituem a câmera planetária de alcance amplo do Hubble por outra, mais moderna, especialmente na faixa ultravioleta, que inclui seu próprio sistema de correção de aberração esférica. São também trocados os dois magnetômetros, dispositivos que permitem ao telescópio orientar-se relativamente ao campo magnético da Terra.

1993 (8 de dezembro) - Thomas Akers e Kathryn Thornton substituem o fotômetro de alta velocidade do Hubble por um dispositivo denominado Costar (acrônimo para “Corrective Optics Space Telescope Axial Replacement”), desenhado para corrigir um defeito de foco que impedia o telescópio de operar com toda a sua capacidade.

1993 (10 de dezembro) – A primeira missão de reparos do telescópio Hubble é concluída com sucesso. O Endeavour aterrissa no dia 13.

1994 – A Nasa lança o Programa Discovery, com a finalidade de desenvolver missões espaciais num tempo menor e a um custo mais baixo. Para isso, estimula o desenvolvimento de novas tecnologias e a participação de empresas privadas. As primeiras missões planejadas e executadas pelo Programa Discovery são: NEAR, Mars Pathfinder, Lunar Prospector, Stardust, Genesis, Contour, Messenger e Deep Impact.

1994 (25 de janeiro) – É lançada a sonda Clementine (227kg), uma missão conjunta da Ballistic Missile Defense Organization e da NASA, para uma missão de mapeamento da Lua com duração de 2 meses. A sonda tem como metas a obtenção de várias fotos em diversos comprimentos de onda, que incluem a luz visível, o infravermelho e o ultravioleta, a medição de altimetria a laser e a medição de partículas eletricamente carregadas. Os instrumentos a bordo incluem formadores de imagens, do ultravioleta ao infravermelho médio, inclusive um radar laser infravermelho formador de imagens com capacidade para obter dados altimétricos para as latitudes médias da Lua.

1994 (3 a 11 de fevereiro) – Missão do Discovery (STS-60), dedicada ao Spacelab. A tripulação é formada por Charles Bolden Jr. - Comandante -, Kenneth Reightler Jr. - Piloto -, Jan Davis, Ronald Sega, Franklin Chang-Diaz e Sergei Krikalev. Krikalev é o primeiro russo a viajar num ônibus espacial, dando início a um processo de cooperação que se amplia ao longo do tempo.

1994 (10 de fevereiro) – É criada a Agência Espacial Brasileira (AEB), por meio da lei nº 8.854, sancionada pelo presidente Itamar Franco (1930-2011). A AEB, com sede em Brasília e subordinada ao Ministério de Ciência e Tecnologia, tem por finalidade promover o desenvolvimento das atividades espaciais brasileiras de forma descentralizada.

1994 (20 de fevereiro) – A sonda Clementine é inserida numa órbita lunar elíptica (2.162 x 4.594km). Até o final da missão (junho de 1994), completa 360 órbitas em torno do satélite.

1994 (maio) – O telescópio espacial Hubble fornece algumas evidências de que no núcleo da galáxia M87 poderia estar um buraco negro supermassivo, equivalente a 3 bilhões de

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massas solares. Essas evidências constituem um passo decisivo rumo à confirmação da existência de buracos negros.

1994 (maio) – O físico teórico mexicano Miguel Alcubierre descreve a dobra espacial (warp drive, em inglês), forma de viagem no espaço que, teoricamente, permite deslocamentos acima da velocidade da luz sem violar a teoria da relatividade. pelo modelo, uma fonte energética produz uma bolha ao redor da espaçonave. A bolha expande o espaço na traseira, enquanto o contrai na frente, impulsionando a nave. Portanto, mudanças provocadas no espaço-tempo gerariam forças capazes de deslocar a nave, enquanto para um tripulante ela pareceria imóvel.

Alguns cientistas contemporâneos acreditam que, ao contrário do buraco de minhoca, outra forma teórica de atalho entre duas regiões do espaço, a dobra espacial é viável e pode ser usada. Até o momento, porém, continua sendo apenas uma teoria.

1994 (7 de maio) – A Clementine deveria ter sido enviada para fora da órbita lunar para um encontro com o asteroide Geographos, mas uma falha impede que isso aconteça. Os controladores de terra retomam o controle da nave.

1994 (16 a 22 de julho) – O cometa Shoemaker-Levy 9, Descoberto em 24 de março de 1993 por Eugene Shoemaker (1928-1997), sua esposa, Carolyn, e David Levy, dividido em 21 fragmentos (com dimensões entre algumas centenas de metros e 2km), choca-se contra o hemisfério sul de Júpiter à velocidade aproximada de 216.000km/h. É a primeira vez que os cientistas têm a oportunidade de ver, via telescópio, um evento como esse. A sonda Galileo, que se aproxima de Júpiter, faz excelentes imagens do choque. Imagens também são feitas pelo Hubble e pelas sondas Ulysses e Voyager 2.

1995 – Imagens realizadas pelo Hubble mostram que o asteroide 4 Vesta tem uma superfície complexa, com uma geologia semelhante à dos planetas terrestres (como a Terra ou Marte). Trata-se de um mundo surpreendentemente diversificado, com um manto exposto, formado de lava antiga que fluiu de bacias de impacto.

1995 – O cometa 73P/Schwassmann-Wachmann, descoberto (2 de maio de 1930) pelos astrônomos alemães Arnold Schwassmann (1870-1964) e Arno Arthur Wachmann (1902-1990), começa a desintegrar-se, dividindo-se em cinco fragmentos. Desde março de 2006, pelo menos oito partes do astro são conhecidas, devendo fragmentar-se por completo, a exemplo do que ocorreu com o cometa Biela no século XIX.

1995 – Astrônomos espanhóis descobrem Teide 1, a primeira anã marrom identificada. Trata-se de uma estrela de magnitude aparente 17,76, massa equivalente a 5% da solar e luminosidade mil vezes inferior à do Sol. Está localizada no aglomerado estelar das Plêiades, na constelação de Touro, a 400 anos-luz da Terra.

1995 (3 a 11 de fevereiro) – Missão do Discovery (STS-63), preparatória para o primeiro acoplamento de um ônibus espacial com a Mir. Eileen Collins torna-se a primeira mulher a pilotar um ônibus espacial. Os demais integrantes da tripulação são James Wetherbee - Comandante -, Michael Foale, Janice Voss (1956-2012), Bernard Harris e Vladimir Titov.

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1995 (16 de março) Norman Thagard torna-se o primeiro estadunidense a visitar a Mir, onde chega a bordo da Soyuz TM-21 (lançada dois dias antes). Retorna À Terra no Atlantis (STS-71), em 7 de julho.

1995 (22 de março) – O cosmonauta Valeri Poliakov volta à Terra depois de 437 dias e 18 horas a bordo da Mir (desde 8 de janeiro de 1994), recorde de permanência que se mantém até hoje.

1995 (27 de junho a 7 de julho) – Missão do Atlantis (STS-71), a primeira a realizar um acoplamento com a Mir. A tripulação é composta por Robert Gibson - Comandante -, Charles Precourt - Piloto -, Ellen Baker, Bonnie Dunbar e Gregory Harbaugh. Ocorre a primeira troca de tripulantes num ônibus espacial: Anatoly Solovyev e Nikolai Budarin são deixados na Mir, enquanto Norman Thagard, Vladimir Dezhurov e Gennady Strekalov, que estavam na estação, são trazidos de volta à Terra. Esta missão também marca o centésimo voo tripulado do programa espacial estadunidense.

1995 (6 de outubro) – Michel Mayor e Didier Queloz, do Observatório de Genebra, anunciam na revista Nature a descoberta do primeiro planeta extrassolar orbitando uma estrela da sequência principal (semelhante ao Sol), denominado 51 Pegasi b (informalmente, é também chamado de Belerofonte). Localizado na constelação de Pégaso, está a 50,9 anos-luz da Terra e completa uma volta ao redor de sua estrela, à velocidade de 490.000km/h, em 4,231 dias, à distância média de 7,89 milhões de km. A massa é aproximadamente 150 vezes superior à da Terra, e a temperatura estimada é de 1.000°C.

1995 (15 de outubro) - A Astrônoma Arianna E. Gleason, do Projeto Spacewatch (gerenciado pela Universidade do Arizona), descobre 48639 1995 TL8, primeiro objeto identificado como pertencente ao disco disperso, uma região situada nos confins do Sistema Solar povoada por corpos celestes gelados denominados SDOs (abreviatura, em inglês, para "scattered disc objects", objetos do disco disperso). A porção interna do disco disperso penetra nos domínios do cinturão de Kuiper, mas os limites externos prolongam-se para muito além de cem unidades astronômicas.O objeto 1995 TL8 tem diâmetro de 350 x 160km e orbita o Sol em 137.907 dias (377,57 anos), à distância média de 7,815 bilhões de km (varia entre 5,986 e 9,643 bilhões de km). Possui um satélite, denominado S/2002 (48639) I, com diâmetro estimado de 160km e, embora a órbita correta não tenha sido determinada, estava a apenas 420km de 1995 TL8 no momento da descoberta (9 de novembro de 2002).

1995 (15 de novembro) – Os controladores da Sakigake perdem contato com a sonda, encerrando a curta fase de sua missão estendida, que pretendia observar o cometa Honda-Mrkos-Pajdusakova em 3 de Fevereiro de 1996 e o cometa Giacobini-Zinner em 29 de novembro de 1998.

1995 (17 de novembro) – É lançado o ISO (Infrared Space Observatory), telescópio da ESA com massa de 2.498kg, colocado numa órbita geocêntrica fortemente elíptica (1.000km x 70.600km). A missão obtém resultados relevantes: detecção de vapor de água em regiões de formação estelar, nas vizinhanças de estrelas em estágios finais de evolução,

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em fontes bastante próximas do centro galáctico, nas atmosferas de alguns planetas do Sistema Solar e na Nebulosa de Órion; observação de formação planetária em torno de estrelas velhas, em fase final de existência, contrariando a teoria de que planetas podem se formar somente ao redor de estrelas jovens; primeira detecção dos estágios iniciais da formação de uma estrela, com estudo detalhado do núcleo protoestelar L1689B; descoberta de grandes quantidades de poeira cósmica em espaços intergalácticos, até então considerados vazios; observação de diversos discos protoplanetários; estudo da composição química de atmosferas de planetas do Sistema Solar.O ISO permanece operacional até 8 de abril de 1998.

1995 (30 de novembro) – Últimos sinais recebidos da Pioneer 11.

1995 (2 de dezembro) – É lançado o SOHO (Solar and Heliospheric Observatory), missão conjunta da ESA e da NASA projetada para estudar a estrutura interna do Sol, sua extensa atmosfera mais externa e a origem do vento solar. Com massa de 1.850kg, opera a partir de uma órbita heliocêntrica a 1,5 milhão de km da Terra. O legado científico do SOHO revela-se importante. Pela primeira vez os cientistas têm uma visão ininterrupta do Sol, vendo as mudanças que ocorrem em sua superfície e presenciando fenômenos jamais observados anteriormente.

1995 (7 de dezembro) – Depois de viajar por 3,7 bilhões de km, durante um período de seis anos, a sonda Galileo chega a Júpiter e se torna o primeiro artefato humano a orbitar aquele planeta. Por um período de 57,6min, uma pequena sonda (339kg) que se desprende da Galileo (a primeira a entrar na atmosfera de um planeta gasoso) atravessa as densas e ácidas nuvens do planeta, transmitindo para a Terra dados sobre a composição química, a pressão, a temperatura e a densidade atmosférica.

1995 (18 a 28 de dezembro) – Ocorre o experimento conhecido como Campo Profundo do Hubble, cujo resultado é uma imagem, feita a partir de 342 exposições, tomadas consecutiva e ininterruptamente pela Wide Field and Planetary Camera 2 desse telescópio espacial, que mostra uma pequena região da constelação da Ursa Maior, com diâmetro de 144 segundos de arco, equivalente, em tamanho angular, a uma bola de tênis à distância de 100m. Dos aproximadamente 3.000 objetos visíveis, a maioria são galáxias, algumas das quais estão entre as mais jovens e distantes que se conhecem. Trata-se de uma forte evidência a favor do princípio cosmológico, que postula ser o Universo, a grande escala, homogêneo. O Campo Profundo do Hubble é um estudo de referência, que dá origem, nos anos seguintes, a várias centenas de artigos científicos.

1996 – Entra em operação, no Havaí, o telescópio Keck II. Ele forma, com o Keck I, um conjunto que se converte no maior telescópio do mundo, arrebatando esse título ao telescópio de Zelenchukskaya. ao invés de um único e gigantesco espelho, os telescópios de Keck possuem 36 espelhos sextavados montados de forma a equivalerem a um espelho de 10m de diâmetro.

1996 (17 de fevereiro) – É lançada a sonda estadunidense Near Earth Asteroid Rendezvouz-Shoemaker (NEAR-Shoemaker), batizada após a largada em homenagem a Eugene Merle Shoemaker (1928-1997). Os objetivos científicos primários da NEAR são

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recolher dados sobre propriedades, composição, mineralogia, morfologia, distribuição interna da massa e campo magnético do asteroide Eros. Os objetivos secundários incluem interações com o vento solar, possível atividade sugerida pela existência de poeira ou gás e o estado da sua rotação. a nave carrega um espectrômetro de raios X/raios gamma, um espectrógrafo de infravermelho, uma câmera multi-espectro equipada com um detector de imagem CCD, um laser localizador e um magnetômetro. A sonda pesa 487kg.

1996 (7 de março) – São feitas as primeiras fotografias da superfície de Plutão, obtidas com o telescópio Hubble.

1996 (23 de abril) – É lançado por um foguete Proton o Priroda (Natureza, em russo), sétimo e último módulo pressurizado da Mir. O acoplamento ocorre três dias depois.

1996 (1º de maio) - A sonda Ulysses passa, inesperadamente, por dentro da cauda do cometa Hyakutake, descoberto, em janeiro deste mesmo ano, pelo astrônomo amador japonês Yuji Hyakutake (1950-2002). O diâmetro estimado do núcleo é de 2km.

1996 (6 de agosto) – A Nasa afirma haver fortes evidências da presença de vestígios de microorganismos, sob a forma de pequenos cristais com propriedades magnéticas, no interior do meteorito ALH84001 (1,93kg), supostamente proveniente de Marte e encontrado na Antártida em 27 de dezembro de 1984. Isso reacende uma vez mais a polêmica em torno da existência de vida no planeta vermelho, havendo quem defenda entusiasticamente essa possibilidade.As evidências apontadas pela NASA serão contestadas em maio de 2002.

1996 (7 de novembro) – É lançada a sonda estadunidense Mars Global Surveyor, marcando o regresso de missões a Marte após quase duas décadas. Com massa de 1.030,5kg, a sonda está equipada com seis instrumentos científicos: Uma câmera de alta resolução, um espectrômetro de emissão térmica, um altímetro laser, um magnetômetro-refletômetro de elétrons, um oscilador ultra-estável e um sistema de retransmissão rádio.

1996 (19 de novembro) – É lançada a sonda russa Marte 96, primeira missão interplanetária da Rússia após a dissolução da União Soviética. O foguete que carrega a sonda levanta voo com sucesso, mas ao entrar em órbita há uma falha, enviando a sonda (6.180kg) para uma queda no Oceano Pacífico, entre a costa do Chile e a Ilha de Páscoa. Afunda com 27g de plutônio radioativo, usado como fonte de energia.

1996 (4 de dezembro) – É lançada a sonda estadunidense Mars Pathfinder (264kg), Levando a bordo um pequeno veículo de seis rodas, denominado Sojourner, capaz de se deslocar autonomamente e tendo por objetivo analisar o solo marciano nas redondezas do local de pouso. O Sojourner pesa 10,5kg, tem 62cm de comprimento, 47cm de largura e 30cm de altura.

1996 (4 de dezembro) - O presidente chileno, Eduardo Frei, e o rei sueco, Carlos XVI Gustavo, inauguram, simbolicamente, o Observatório Paranal, operado pelo European Southern Observatory (ESO) e localizado no Cerro Paranal, no deserto de Atacama, norte do Chile, a 130km de Antofagasta e à altitude de 2.635 m.

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1997 (17 de janeiro) – A sonda Galileo capta as primeiras imagens da lua Europa de Júpiter.

1997 (11 a 21 de fevereiro) – Segunda missão de manutenção do telescópio Hubble, realizada por astronautas do Discovery (STS-82), cuja tripulação é formada por Kenneth Bowersox - Comandante -, Scott Horowitz - Piloto -, Mark Lee, Steven Hawley, Gregory Harbaugh, Steven Smith e Joseph Tanner. São instalados dois novos instrumentos, um Imageador Espectrográfico e uma Câmera Infravermelha e Espectrômetro para MultiObjetos, os quais aumentam significativamente a gama de comprimentos de onda em que o telescópio é capaz de operar. Além disso, outros equipamentos são trocados ou removidos: Sensor Fino de Orientação, Kit de Reparo do Controle de Óptica Eletrônico, Engrenagens de Controle de Posição e Dispositivo de Movimentação dos Painéis Solares.

1997 (23 de fevereiro) – Ocorre um incêndio a bordo da Mir, com duração de aproximadamente 7 minutos, obrigando os tripulantes a usar máscaras. Os reparos aos danos causados pelo fogo começam em abril, pois é necessário levar ferramentas da Terra.

1997 (28 de fevereiro) – O satélite italiano BeppoSax, lançado em 30 de abril de 1996, detecta uma erupção de raios gama (GRB 970228) cuja análise permite determinar que esses fenômenos têm origem extragaláctica, pondo fim a uma polêmica de três décadas. A partir daí, aumenta significativamente a compreensão acerca da natureza das erupções de raios gama.

1997 (1º de abril) – O cometa Hale-Bopp (formalmente, C/1995 O1), descoberto em 23 de julho de 1995, independentemente, pelos estadunidenses Alan Hale e Thomas Bopp, chega ao periélio. Este cometa permanece visível a olho nu durante 569 dias (de maio de 1996 a dezembro de 1997), superando amplamente o Grande Cometa de 1811, observável por 260 dias. O brilho permanece mais intenso que a magnitude 0 durante oito semanas, tempo jamais igualado por qualquer cometa de que se tenha registro.O período orbital é calculado em 2.533 anos, com afélio a 55,47 bilhões de km. O diâmetro do núcleo é estimado em 60km, e o período de rotação é de 11h46min.O Hale-Bopp recebe ampla cobertura da mídia, e a Internet desempenha um papel-chave para o enorme interesse despertado no público pelo cometa. Sites que mostram imagens do astro atualizadas diariamente se tornam muito populares. E não faltam seitas radicais e ufólogos, que levantam todo tipo de especulação e fazem lembrar tempos antigos, quando cometas despertavam pânico na população. Em 26 de março, a polícia da Califórnia encontra os corpos de 39 integrantes da seita Heaven's Gate, que haviam cometido suicídio com a intenção de serem transportados para uma espaçonave que, acreditavam, seguia o Hale-Bopp. Nancy Lieder, que diz manter contato com alienígenas por meio de um implante colocado no cérebro dela, sustenta que o Hale-Bopp não passa de uma ficção, concebida para distrair o povo da chegada iminente de "Nibiru" ou “Planeta X”, astro gigantesco cuja aproximação modificará a rotação da Terra, causando um cataclismo global.

1997 (29 de abril) – O astronauta estadunidense Jerry M. Linenger e o cosmonauta russo Vasily Tsibliyev completam o primeiro passeio russo-americano no espaço, uma excursão

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de 5h feita a partir da plataforma espacial russa Mir.

1997 (25 de junho) – A estação espacial russa Mir, transportando dois astronautas russos e um estadunidense, colide com uma nave de carga Progress. A tripulação escapa da morte por pouco, já que a nave fica temporariamente sem oxigênio.

1997 (27 de junho) – A sonda Near-Shoemaker sobrevoa, à distância de 1.200km, o asteroide 253 Mathilde, descoberto em 12 de novembro de 1885 pelo astrônomo austríaco Johann Palisa (1842-1925). São feitas mais de 500 imagens, cobrindo 60% da superfície, e obtidos dados gravitacionais que permitem cálculos sobre a massa e as dimensões do asteroide.Diâmetro: 66 x 48 x 46km; distância média do Sol: 395.949.000km (varia entre 290.564.000 e 501.334.000km); período orbital: 1572,787 dias (4,31 anos).

1997 (4 de julho) – A sonda Mars Pathfinder pousa na planície de Ares Vallis, no hemisfério norte de Marte. O local exato do pouso é batizado de "Memorial Carl Sagan", em homenagem ao cientista e divulgador científico estadunidense (1934-1996). O robô explorador Sojourner, que viaja a bordo da espaçonave, passeia pela superfície de Marte, nos arredores da Mars Pathfinder (afastamento máximo de 12m), recolhendo informações durante quase três meses terrestres. No total são obtidas 16.500 fotos a partir do módulo de pouso e 550 imagens do Sojourner. O módulo de pouso também faz 8,5 milhões de medições da atmosfera marciana, incluindo pressão, temperatura e velocidade do vento.O último contato com a terra ocorre em 27 de setembro, e a missão é oficialmente encerrada em 10 de março de 1998.

1997 (9 de julho) – A Lei HB 841, promulgada pelo Texas e assinada pelo governador George W. Bush, dá aos astronautas residentes neste Estado estadunidense o direito de votar a partir do espaço. O primeiro a exercer este direito de voto é, ainda em 1997, David Wolf, que está a bordo da Mir.

1997 (6 de setembro) – Usando o telescópio Hale, Philip D. Nicholson, Brett J. Gladsman, Joseph A. Burns e John J. Kavelaars descobrem Caliban e Sicorax, décimo sexto e décimo sétimo satélites conhecidos de Urano.Caliban – Diâmetro: 72km; período orbital: 579,3 dias (1,58 ano); distância média do planeta: 14.462.000km; massa: 250 trilhões de toneladas; densidade: 1,3g/cm3.Sicorax – Diâmetro: 150km; período orbital: 1.288,28 dias (3,53 anos); distância média do planeta: 24.358.000km; massa: 2,3 quatrilhões de toneladas; densidade: 1,3g/cm3.

1997 (12 de setembro) – A sonda Mars Global Surveyor é colocada em órbita ao redor de Marte.

1997 (15 de outubro) – É lançada a missão Cassini-Huygens, projeto conjunto da Nasa e da ESA, destinada a Saturno e suas luas. A nave compõe-se de dois elementos: A sonda Cassine (2.523kg), construída pela NASA para orbitar Saturno, e a sonda Huygens, menor (319kg), concebida pela ESA para pousar em Titã. Os objetivos da missão são os seguintes: determinar a composição das superfícies e a história geológica dos satélites; determinar a estrutura tridimensional e o comportamento dinâmico dos anéis; determinar a natureza e

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origem do material escuro do hemisfério dianteiro de Jápeto; medir a estrutura tridimensional e o comportamento dinâmico da magnetosfera; estudar o comportamento dinâmico das nuvens de Saturno; estudar a vulnerabilidade temporal das nuvens e a meteorologia de Titã; caracterizar a superfície de Titã a uma escala regional. A instrumentação da Cassini é formada por um mapeador de RADAR, um sistema de imagem CCD, um espectrômetro de mapeamento visível/infravermelho, um espectrômetro de infravermelhos composto, um analisador de poeira cósmica, uma experiência de ondas de rádio e plasma, um espectrômetro de plasma, um espectrômetro de imagens ultravioleta, um instrumento de imagens de magnetosferas, um magnetômetro, um espectrômetro de massa de íons e Telemetria para a antena de comunicações, assim como outros transmissores especiais.

1997 (19 de novembro a 5 de dezembro) – Missão do Columbia (STS-87), cujo objetivo é realizar experimentos em microgravidade e que leva ao espaço o primeiro astronauta japonês, Takao Doi. Os demais tripulantes são Kevin Kregel - comandante -, Steven Lindsey - piloto -, Winston Scott, Kalpana Chawla (1961-2003) e Leonid Kadeniuk.

1998 (janeiro) – Durante um congresso da Sociedade estadunidense de Astronomia, cientistas da Universidade de Harvard e do Instituto Max Planck para Física Extraterrestre, da Alemanha, apresentam um estudo no qual afirmam ter encontrado provas da existência de um buraco negro no centro da Via Láctea.

1998 (9 de janeiro) – Duas equipes de cientistas em colaborações internacionais anunciam a descoberta de que as galáxias estão acelerando e separando-se a velocidades cada vez mais rápidas. Esta observação implica a existência de uma misteriosa propriedade do espaço de autorrepulsão, proposta por Albert Einstein, a qual ele chamou de primeira constante cosmológica.Surge o conceito de energia escura (não confundir com matéria escura), forma hipotética de matéria que estaria presente em todo o espaço, produzindo uma pressão negativa, com tendência para aumentar a aceleração da expansão do Universo, resultando numa força gravitacional repulsiva (antigravidade). No modelo cosmológico padrão, a energia escura representa quase três quartas partes da energia-massa total do Universo. A expressão “energia escura”, cunhada nesse mesmo ano por Michael Turner, é vaga e demonstra o quão pouco sabemos sobre o assunto.Esta descoberta dará aos estadunidenses Saul Perlmutter, Brian P. Schmidt (com nacionalidade australiana) e Adam G. Riess o Prêmio Nobel de Física de 2011.

1998 (11 de janeiro) – A sonda estadunidense Lunar Prospector (158kg), lançada em 7 de janeiro, entra em órbita lunar. A missão tem por objetivos mapear a composição da superfície da Lua e possíveis depósitos de gelo nos polos, bem como efetuar medidas dos campos gravitacional e magnético do satélite.

1998 (março) – A sonda Lunar Prospector revela fortes indícios da existência de água congelada nos polos da Lua. As estimativas giram em torno de 3 bilhões de toneladas.

1998 (26 de abril) – Primeira passagem da Cassini pelo planeta Vênus para empurrão gravitacional.

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1998 (28 de maio) - O ESO libera as primeiras imagens captadas no Observatório Paranal. Elas mostram a estrela Eta Carinae e são obtidas pelo telescópio Antu, primeiro dos quatro instrumentos do Very Large Telescope (VLT) a entrar em operação.

1998 (3 de julho) – É lançada a Nozomi (“Esperança”), primeira sonda do Japão para outro planeta. O objetivo da missão é investigar a atmosfera exterior de Marte e sua interação com o vento solar, e os instrumentos a bordo estão programados para estudar: a estrutura, a composição e a dinâmica da ionosfera marciana; os efeitos do vento solar; o escapamento das partículas atmosféricas ao espaço; o campo magnético intrínseco; os efeitos do campo magnético solar; a estrutura da magnetosfera; a existência de poeira na atmosfera e em órbita em torno do planeta.Contudo, a sonda (258kg) fracassa e não consegue realizar sua missão.

1998 (12 de agosto) – O programa estadunidense de foguetes Titan 4 é suspenso quando um deles explode pouco depois do lançamento. É um dos desastres mais caros. O custo do foguete e de sua carga de satélites militares é estimado em mais de 1 bilhão de dólares.

1998 (setembro) – Cientistas estadunidenses divulgam a descoberta, feita pela sonda Galileo, de mais um anel (o terceiro conhecido) em torno de Júpiter.

1998 (24 de outubro) – É lançada a sonda estadunidense Deep Space 1 (373kg). É a primeira de uma série de missões de pesquisa do espaço profundo e de órbita terrestre, sendo parte de um programa da NASA denominado Discovery, que visa a experimentar novas tecnologias no espaço. Seu objetivo principal é o de avaliar 12 novas tecnologias durante a fase primária de sua missão. Tem bastante sucesso em sua empreitada e, na sua fase estendida, encontra-se com o cometa Borrelly e obtém as melhores imagens deste astro até o momento.

1998 (29 de outubro a 7 de novembro) – O astronauta estadunidense John Glenn retorna ao espaço a bordo do Discovery (STS-95) e torna-se o homem mais velho a viajar ao cosmo (77 anos). Nessa segunda viagem, ele completa 134 órbitas em torno da Terra.Os demais integrantes da tripulação são Curtis Brown - Comandante -, Steven Lindsey - Piloto -, Scott Parazynski, Pedro Duque, Stephen Robinson e Chiaki Mukai.

1998 (17 de novembro) – A Voyager 1 ultrapassa a Pioneer 10 e se torna a espaçonave mais distante da Terra. Isso acontece quando as duas sondas estão a 10,4 bilhões de km do nosso planeta.

1998 (20 de novembro) - Tem início a construção da Estação Espacial Internacional (International Space Station - ISS, na sigla em inglês), uma cooperação sem precedentes entre diversos países, projetada para ser a maior estrutura já construída pelo homem no espaço. Participam da construção as agências espaciais canadense, europeia (ESA), japonesa (JAXA), russa (Roskosmos) e estadunidense (NASA).Nesta data, um foguete Proton leva ao espaço o Zarya (“nascente”), primeiro módulo da ISS, de fabricação russa. Conhecido também como bloco funcional de carga, o Zarya tem como função armazenar a energia elétrica consumida na Estação, obtida a partir da energia

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coletada pelos painéis solares. Ademais, serve ainda como depósito de equipamentos e reservatório de combustíveis.

1998 (4 a 15 de dezembro) – Missão do Endeavour (STS-88), cujo objetivo é levar ao espaço o primeiro módulo estadunidense da ISS, denominado Unity, que, no dia 6, é conectado ao Zarya. O Unity tem pontos de entrada, ou adaptadores de acoplamento pressurizados (PMAs), que o ligam a outros módulos e a locais de acoplagem de naves de reabastecimento. É o ponto de passagem entre os módulos de trabalho e de habitação, e os recursos essenciais da Estação (controle ambiental, de dados, de líquidos, elétrico) são distribuídos a partir deste módulo.Esta é a primeira missão de um ônibus espacial à ISS (sem acoplamento), e a tripulação é formada por rRobert D. Cabana – comandante -, Frederick W. Sturckow – piloto -, Jerry L. Ross, Nancy J. Currie, James H. Newman e Sergei K. Krikalev.

1999 (janeiro) – É inaugurado o telescópio óptico infravermelho Subaru, com um espelho de 8,3m de diâmetro, pré-fabricado no Japão e posteriormente transportado para Mauna Kea.

1999 (23 de janeiro) – A sonda NEAR obtém a primeira sequência de imagens da rotação terrestre.

1999 (5 de fevereiro) – Um estudo de autoria do astrônomo estadunidense Robert Carlson, publicado na revista Science, afirma que dados enviados pela sonda Galileo revelam a existência, em Calisto, de uma tênue atmosfera, com cerca de 100km de altitude, composta de gás carbônico.

1999 (7 de fevereiro) – É lançada a sonda estadunidense Stardust (Poeira de Estrelas), com a finalidade de investigar o cometa Wild 2 e o asteroide Annefrank, além de recolher poeira interestelar. Com massa de 300kg, é a primeira missão estadunidense dedicada única e exclusivamente a explorar um cometa com o objetivo de retornar material extraterrestre de regiões além da órbita da Lua. Para isso, conta com uma cápsula no interior da qual há um coletor revestido de aerogel, um material à base de silício, com estrutura semelhante à de uma esponja, em que predominam os espaços vazios. O objetivo é capturar a poeira, fazendo com que fique presa ao aerogel, mesmo à alta velocidade em que se dá o encontro da sonda com o cometa.

1999 (maio) – Pesquisadores da Nasa e do Instituto de Tecnologia de Massachusetts divulgam o primeiro conjunto completo de imagens tridimensionais de Marte, feitas a partir de medições da sonda Mars Global Surveyor. O planeta tem vulcões altíssimos, montanhas em que parece haver neve, vales profundos, platôs e planícies que lembram o contorno de continentes e oceanos.

1999 (18 de maio) – A partir de imagens da Voyager 2, Erich Karkoschka descobre Perdita, décimo oitavo satélite conhecido de Urano.Diâmetro: 30km; período orbital: 0,638 dia; distância média do planeta: 152.834km; massa: 18 trilhões de toneladas; densidade: 1,3g/cm3.

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1999 (27 de maio a 6 de junho) – Missão do Discovery (STS-96), o primeiro acoplamento de um ônibus espacial à ISS. São entregues suprimentos e equipamentos para a Estação.A Tripulação é formada por Kent Rominger - Comandante -, Rick Husband (1957-2003) - Piloto -, Tamara Jernigan, Ellen Ochoa, Daniel Barry, Julie Payette e Valery Tokarev.

1999 (24 de junho) – Segunda passagem da Cassini pelo planeta Vênus para empurrão gravitacional.

1999 (24 de junho) – É lançado o FUSE (Far Ultraviolet Spectroscopic Explorer), tendo por objetivo explorar o Universo usando a técnica de espectroscopia de alta resolução na região espectral do ultravioleta longínquo. É uma missão internacional que envolve EUA, Canadá e França. Com massa de 1.600kg, opera numa órbita circular a 746km de altitude.Permanece ativo até 12 de julho de 2007.

1999 (29 de junho) – É inaugurado o telescópio Gemini norte, com espelho de 8,1m, localizado no Havaí. A primeira foto tirada é da região central da Via Láctea, na direção da constelação de Sagitário.

1999 (9 de julho) – É revelado o texto do discurso fúnebre que Richard Nixon faria caso a missão Apollo 11 falhasse e os astronautas (Neil Armstrong e Edwin Aldrin) tivessem de ser deixados na Lua.

1999 (18 de julho) – John J. Kavelaars, Brett J. Gladsman, Matthew J. Holman, Jean-Marc Petit e Hans Scholl descobrem Stefano, Próspero e Setebos, satélites de Urano, aumentando para 21 o número de luas conhecidas daquele planeta.Stefano – Diâmetro: 32km; período orbital: 677,37 dias (1,85 ano); distância média do planeta: 16.008.000km; massa: 22 trilhões de toneladas; densidade: 1,3g/cm3.Próspero – Diâmetro: 50km; período orbital: 1.978,29 dias (5,42 anos); distância média do planeta: 33.012.000km; massa: 85 trilhões de toneladas; densidade: 1,3g/cm3.Setebos – Diâmetro: 48km; período orbital: 2.225,21 dias (6,09 anos); distância média do planeta: 34.816.000km; massa: 75 trilhões de km; densidade: 1,3g/cm3.

1999 (23 de julho) – É lançado, a bordo do Columbia (STS-93), o observatório de raios X Chandra. É assim chamado em homenagem ao físico indiano Subrahmanyan Chandrasekhar (1910-1995), um dos fundadores da astrofísica. Com massa de 4.790kg, é colocado numa órbita terrestre de 133.000 x 16.000km.A palavra “chandra” significa, em sânscrito, “lua” ou “luminoso”.A tripulação do Columbia é formada por Eileen Collins – comandante -, Jeffrey Ashby – piloto -, Steven Hawley, Catherine Coleman e Michel Tognini. Eileen Collins é a primeira mulher a comandar um ônibus espacial.

1999 (28 de julho) - A sonda Deep Space 1 aproxima-se do asteroide 9969 Braille, descoberto (27 de maio de 1992) por Eleanor F. Helin (1932-2009) e Kenneth J. Lawrence. Durante esta aproximação, à distância de 26km, são obtidas fotos (de baixa qualidade) e medidas as suas propriedades físicas básicas: composição mineral, tamanho, morfologia e brilho.A denominação do asteroide é uma homenagem ao professor francês Louis Braille

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(1809-1852), criador do sistema de escrita para cegos que leva o seu nome.Diâmetro: 2,1 x 1 x 1km; período orbital: 1.311,047 dias (3,59 anos: distância média do Sol: 350.705.000km.

1999 (31 de julho) – A Lunar Prospector é deliberadamente levada a se chocar com a superfície lunar, caindo na cratera Shoemaker, próxima do polo sul, numa tentativa frustrada de detectar a presença de água.O principal resultado da missão é a elaboração do primeiro mapa da composição química de toda a superfície lunar.

1999 (18 de agosto) – A sonda Cassine sobrevoa a Terra, à distância mínima de 500km, para emppurrão gravitacional.

1999 (23 de setembro) – A sonda estadunidense Mars Climate Orbiter, lançada em 11 de dezembro de 1998, é destruída ao entrar na atmosfera de Marte. Investigações posteriores determinam que a perda da sonda deve-se a erros nos comandos: enquanto a equipe de terra utiliza o sistema anglo-saxão de medidas, a nave trabalha com o sistema métrico internacional. Consequentemente, todas as correções de rota tentadas fracassam, fazendo com que a sonda chegue a Marte a uma distância de 57km do planeta, em lugar dos 1.500km previstos, sendo destruída por fricção e superaquecimento na atmosfera marciana.A Mars Climate Orbiter integra, juntamente com a Mars Polar Lander, o programa Mars Surveyor 98, tendo por objetivo estudar as variações atmosféricas marcianas, em especial relacionadas ao dióxido de carbono e à possível existência de água. A sonda (338kg), caso colocada em órbita, também deveria retransmitir à Terra os dados obtidos no solo pela Mars Polar Lander.

1999 (6 de outubro) – É Descoberto Caliroe, décimo sétimo satélite conhecido de Júpiter.Diâmetro: 8,6km; período orbital: 758,77 dias (2,08 anos); distância média do planeta: 24.103.000km.

1999 (19 de novembro) – A China lança a Shenzhou 1, de caráter experimental, que volta com sucesso (no dia seguinte) aos locais desertos da região autônoma da Mongólia Interior, norte do país.Massa: 7.600kg; duração da missão: 21h11min; órbitas: 14; perigeu: 185km; apogeu: 315km.

1999 (3 de dezembro) – A sonda estadunidense Mars Polar Lander, lançada em 3 de janeiro, perde contato com a Terra cerca de 10 minutos antes do momento previsto para o pouso em Marte, que deveria ocorrer a menos de 1.000km do polo sul do planeta. As causas desse fracasso jamais são determinadas com precisão, sendo as mais prováveis a falha do radar (que deveria determinar a posição da sonda relativamente ao planeta) ou do motor de descida.Junto com a Mars Polar Lander (290kg) viajam as duas microssondas (2,4kg cada uma) que compõem a missão Deep Space 2, projetadas para ser os primeiros artefatos humanos a peneetrar o solo de outro planeta. Denominadas Amundsen e Scott, em homenagem ao norueguês Roald Amundsen (1872-1928) e ao inglês Robert Falcon Scott (1868-1912), os primeiros exploradores a atingir o polo sul terrestre, estas sondas, a exemplo da Mars Polar

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Lander, não enviam nenhum dado acerca de Marte.Com a segunda espaçonave perdida em pouco mais de dois meses, fracassa completamente o programa Mars Surveyor 98.

1999 (10 de dezembro) – É lançado, pela ESA, o telescópio espacial XMM-Newton (X-Ray Multi-Mirror Mission - Newton). Programado para realizar observações em raios X, tem como objetivo estudar o céu inteiro e descobrir grande número de fontes dessa radiação eletromagnética. Com massa de 3.800kg, o telescópio é colocado numa órbita fortemente elíptica de 7.000 x 114.000km.

1999 (19 a 27 de dezembro) – Terceira missão de manutenção do telescópio Hubble, realizada por astronautas a bordo do Discovery (STS-103), cuja tripulação é composta por Curtis Brown - Comandante -, Scott Kelly - Piloto -, Steven Smith, Michael Foale, John Grunsfeld, Claude Nicollier e Jean-François Clervoy. São substituídos os seis giroscópios e o computador de bordo, trocado por um vinte vezes mais rápido e memória seis vezes maior, além de serem melhoradas a capacidade e a velocidade do sistema de transmissão de dados à Terra. É trocado o isolamento externo, cuja função é proteger o Hubble do ambiente inóspito do espaço.

2000 – Tem início o Sloan Digital Sky Survey (SDSS), o mais ambicioso levantamento astronômico em andamento. quando concluído, fornecerá imagens ópticas cobrindo mais de um quarto do céu e um mapa tridimensional com cerca de um milhão de galáxias e quasares. À medida que o levantamento progride, os dados são liberados para a comunidade científica (e para o público em geral) em incrementos anuais. O nome faz referência à Alfred P. Sloan Foundation, um dos financiadores do projeto.

2000 (3 de janeiro) – Dados da Galileo revelam fortes evidências de que existe um oceano abaixo da superfície gelada do satélite Europa, de Júpiter.

2000 (23 de janeiro) – A Cassini sobrevoa o asteroide 2685 Masursky à distância de 1.600.000km. As imagens transmitidas não são de boa qualidade. O nome do astro, descoberto em 3 de maio de 1981 por Edward L. G. Bowell, é uma homenagem ao geólogo e astrônomo estadunidense Harold Masursky (1922-1990), que trabalhou nas missões Apollo e Viking.Diâmetro: entre 15 e 20km; período orbital: 1.503,127 dias (4,12 anos); distância média do Sol: 384.170.000km.

2000 (14 de fevereiro) – A sonda Near-Shoemaker entra em órbita ao redor do asteroide 433 Eros. É a primeira vez que um artefato humano orbita um asteroide.

2000 (10 de março) – Com base no mapeamento do subsolo de Marte feito pela Mars Global Surveyor, cientistas da NASA afirmam ter descoberto antigos canais soterrados que, há milhões de anos, podem ter transportado água na superfície do planeta.

2000 (abril) - Entra em operação o Kueyen, segundo dos quatro instrumentos que compõem o VLT, localizado no Observatório Paranal, Chile.

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2000 (6 de abril) – Pesquisadores do Colégio Imperial, em Londres, publicam na revista Nature artigo no qual identificam a maior cauda de cometa já vista: pertence ao Hyakutake, um dos maiores cometas a passar perto da Terra No século XX. Tem 570 milhões de km de extensão, superando amplamente o recorde anterior, do Grande Cometa de 1843: 323 milhões de km.

2000 (6 de abril) – Chega à Mir, a bordo da Soyuz TM-30 (lançada no dia 4), a última tripulação da estação espacial, formada pelos cosmonautas Sergei Zalyotin e Alexandr Kaleri. O regresso à Terra ocorre em 16 de junho.

2000 (maio) – O satélite estadunidense Imager for Magnetosphere to Aurora Global Exploration (IMAGE), lançado em 25 de março, realiza as primeiras imagens globais da plasmosfera terrestre. A plasmosfera é uma parte interna da magnetosfera, que fica além da última subdivisão da atmosfera e se estende por alguns milhares de km. É formada basicamente por plasma, um gás altamente ionizado, composto de cargas positivas e negativas em igual número e, portanto, globalmente neutro.

2000(5 de maio) – Ocorre uma conjunção dos cinco planetas mais luminosos do Sistema Solar: Mercúrio, Vênus, Marte, Júpiter e Saturno. Nada pode ser observado da Terra, porque a linha formada pelos planetas está atrás do Sol e escondida em seu brilho. A última conjunção semelhante acontecera em fevereiro de 1962 e não ocorrerá novamente até abril de 2438.

2000 (19 a 29 de maio) – Missão do Atlantis (STS-101), que leva equipamentos à ISS e realiza um conserto no módulo Zarya. É o primeiro voo de um ônibus espacial com cabine de vidro.Os tripulantes são James Halsell - Comandante -, Scott Horowitz - Piloto -, Mary Weber, Jeffrey Williams, James Voss, Susan Helms e Yuri Usachev.

2000 (4 de junho) – O observatório espacial de raios gama Compton é desativado e se desintegra ao ingressar, de forma controlada, na atmosfera. Seus fragmentos caem no Oceano Pacífico.

2000 (7 de julho) – O telescópio Hubble capta imagens da desintegração, a 120 milhões de km da Terra, do cometa C/1999 S4 (LINEAR), descoberto (27 de setembro de 1999) em sua única aproximação do Sol. É a primeira vez que a morte de um cometa é registrada com tantos detalhes.

2000 (12 de julho) – É lançado, por um foguete Proton, o módulo de serviço russo Zvezda (“estrela”), o terceiro da ISS, que é acoplado ao Zarya no dia 26. Concebido originalmente para ser o núcleo da projetada (e nunca construída) Mir 2, o Zvezda é o centro funcional e estrutural da Rússia na ISS, fornecendo as primeiras habitações, além de sistemas de comunicações, processamento de dados, controle de voo e propulsão. Com a incorporação deste módulo, a ISS passa a ter condições de abrigar uma tripulação permanente.

2000 (16 de julho) – Ocorre o mais longo eclipse lunar do século XX, com duração de 1h47min1s.

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2000 (22 de agosto) – É inaugurado, no Observatório Nacional de Radioastronomia dos EUA, em West Virginia, na cidade de Pocahontas, o Green Bank Telescope. Com uma superfície metálica de reflexão de 100 por 110m, o projeto do mecanismo permite ao instrumento captar sinais a partir de uma altura de 5° acima do horizonte.

2000 (8 a 19 de setembro) – Missão do Atlantis (STS-106), cujo objetivo é instalar baterias e cabos de comunicação, de energia e de dados, além de preparar o módulo Zvezda para a chegada da primeira tripulação da ISS.Os tripulantes do Atlantis são Terrence Wilcutt - Comandante -, Scott Altman - piloto -, Daniel Burbank, Richard Mastracchio, Boris Morukov, Edward Lu e Yuri Malenchenko.

2000 (outubro) – Imagens da Galileo revelam a existência de nuvens de amônia congelada em Io e também indicam que neva enxofre no satélite.

2000 (11 a 24 de outubro) – Missão do Discovery (STS-92), que marca o centésimo voo dos ônibus espaciais. Os astronautas instalam na ISS o segmento Z1 (estrutura destinada a receber os primeiros painéis solares), uma antena de comunicações, giroscópios e um porto para acoplagem.Os tripulantes são Brian Duffy - Comandante -, Pamela Melroy - Piloto -, Koichi Wakata, Leroy Chiao, Peter Wisoff, Miguel (Michael) López-Alegría e William McArthur.

2000 (20 de outubro) – Um estudo publicado na revista Science, cuja principal autora é a estadunidense Caitlin Griffith, afirma que são encontrados os primeiros indícios de que em Titã chove metano, principal componente do gás natural.

2000 (25 de outubro) – São anunciados quatro satélites de Saturno (Paaliaq, Siarnaq, Tarvos e Ymir), que passa a ter 22 luas conhecidas.Paaliaq – Diâmetro: 22km; período orbital: 686,9 dias (1,88 ano); distância média do planeta: 15.200.000km.Siarnaq – Diâmetro: 40km; período orbital: 895,55 dias (2,45 anos); distância média do planeta: 17.531.000km.Tarvos – Diâmetro: 15km; período orbital: 926,2 dias (2,54 anos); distância média do planeta: 17.983.000km.Ymir – Diâmetro: 18km; período orbital; 1.315,14 dias (3,60 anos); distância média do planeta: 23.040.000km.

2000 (2 de novembro) – Chega à ISS, a bordo da Soyuz TM-31, lançada em 31 de outubro, a sua primeira tripulação (Expedição 1), composta pelo astronauta estadunidense William Shepherd e pelos cosmonautas russos Yuri Gidzenko e Sergei Krikalev. A expedição termina em 18 de março de 2001, e Eles voltam à Terra no Discovery (STS-102), três dias mais tarde.

2000 (18 de novembro) – São anunciados dois satélites de Saturno (Ijiraq e Kiviuq), que passa a ter 24 luas conhecidas.Ijiraq – Diâmetro: 12km; período orbital: 451,4 dias (1,24 ano); distância média do planeta: 11.124.000km).

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Kiviuq – Diâmetro: 16km; período orbital: 449,22 dias (1,23 ano); distância média do planeta: 11.111.000km.

2000 (20 de novembro) – Temisto, satélite de Júpiter observado em 30 de setembro de 1975 por Charles Kowal (1940-2011) e Elizabeth Roemer, e posteriormente perdido, é redescoberto por Scott S. Sheppard, David C. Jewitt, Yanga R. Fernández e Eugene A. Magnier. O nome é oficialmente atribuído em 2001. É a décima oitava lua joviana conhecida.Diâmetro: 8km; período orbital: 129,827 dias; distância média do planeta: 7.391.650km; massa: 689 bilhões de toneladas; densidade: 2,6g/cm3.

2000 (30 de novembro a 11 de dezembro) – Missão do Endeavour (STS-97), que instala os primeiros painéis solares da ISS e prepara a chegada do módulo Destiny.Os tripulantes são Brent Jett, Jr. - Comandante -, Michael Bloomfield - Piloto -, Joseph Tanner, Carlos Noriega e Marc Garneau.

2000 (7 de dezembro) – São anunciados quatro satélites de Saturno (Erriapo, Mundilfari, Skathi e Thrymr), que passa a ter 28 luas conhecidas.Erriapo – Diâmetro: 10km; período orbital: 871,2 dias (2,38 anos); distância média do planeta: 17.343.000km.Mundilfari – Diâmetro: 5,6km; período orbital: 928,806 dias (2,54 anos); distância média do planeta: 18.360.000km.Skathi – Diâmetro: 6,4km; período orbital: 725,784 dias (1,99 ano); distância média do planeta: 15.576.000km.Thrymr – Diâmetro: 5,6km; período orbital: 1.120,809 dias (3,07 anos); distância média do planeta: 20.810.000km.

2000 (19 de dezembro) – É anunciada a descoberta de Albiorix, vigésimo nono satélite conhecido de Saturno.Diâmetro: 32km; período orbital: 783 dias (2,14 anos); distância média do planeta: 16.182.000km.

2000 (22 de dezembro) – É anunciada a descoberta de Suttungr, trigésimo satélite conhecido de Saturno.Diãmetro: 5,6km; período orbital: 1.029,703 dias (2,82 anos); distância média do planeta: 19.667.000km.

2000 (30 de dezembro) – A Cassini passa pelo planeta Júpiter para empurrão gravitacional. A sonda efetua diversas medições científicas e produz o retrato colorido global mais detalhado de Júpiter: as características menores têm aproximadamente 60km de diâmetro. A Cassini faz, ao todo, 26.000 imagens de Júpiter ao longo de alguns meses.

2001 (janeiro) – François Spite e Pascale Jablonka, utilizando o telescópio Hubble, são os primeiros a observar estrelas individuais no centro de outra galáxia: Andrômeda.

2001 (5 de janeiro) – É anunciada a descoberta, feita no Observatório de Mauna Kea, no Havaí, de nove satélites de Júpiter (fotografados entre 23 e 26 de novembro de 2000),

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aumentando para 27 o número de luas jovianas conhecidas. Um décimo satélite, S/2000 J 11, chega a ser anunciado, mas não tem a existência confirmada e não é mais considerado candidato a lua jupiteriana. Os satélites descobertos são: Caldene, Calique, Erinome, Harpalique, Isonoe, Jocasta, Megaclite, Praxidique e Taigete.Caldene – Diâmetro: 3,8km; período orbital: 699,327 dias (1,91 ano); distância média do planeta: 22.713.000km.Calique – Diâmetro: 5,2km; período orbital: 721,021 dias (1,97 ano); distância média do planeta: 23.181km.Erinome – Diâmetro: 3,2km; período orbital: 711,965 dias (1,95 ano); distância média do planeta: 22.986.000km.Harpalique – Diâmetro: 4km; período orbital: 624,542 dias (1,71 ano); distância média do planeta: 21.064.000km.Isonoe – Diâmetro: 3,8km; período orbital: 751,647 dias (2,06 anos); distância média do planeta: 23.833.000km.Jocasta – Diâmetro: 5,2km; período orbital: 609,427 dias (1,67 ano); distância média do planeta: 20.723.000km.Megaclite – Diâmetro: 5,4km; período orbital: 792,438 dias (2,17 anos); distância média do planeta: 24.687.000km.Praxidique – Diâmetro: 7km; período orbital: 613,904 dias (1,68 ano); distância média do planeta: 20.824.000km.Taigete – Diâmetro: 5km; período orbital: 687,675 dias (1,88 ano); distância média do planeta: 22.439.000km.

2001 (9 de janeiro) – A Shenzhou 2 é lançada ao espaço, levando um macaco, um cachorro, um coelho, seis camundongos, pequenos animais terrestres e aquáticos e 64 experimentos científicos. aterrissa na Mongólia Interior (16 de janeiro). Não são divulgadas fotografias da aterrissagem, o que levanta especulações acerca do sucesso da missão.Massa: 7.400kg; duração da missão: 7d10h22min; órbitas: 117.

2001 (fevereiro) – Cientistas estadunidenses de diversas instituições afirmam que o impacto de um corpo celeste contra a superfície da Terra foi responsável, há 250 milhões de anos, por uma extinção em massa, eliminando 90% das criaturas marinhas, 70% das espécies vertebradas terrestres e quase todas as formas vegetais. Segundo os pesquisadores, as provas da ocorrência dessa catástrofe, que abriu caminho para o desenvolvimento dos dinossauros, estão nas proporções anormais de isótopos de hélio e de argônio encontradas no interior de rochas sedimentares descobertas no Japão, na China e na Hungria, mais compatíveis com as verificadas nos condritos (comuns em meteoritos e asteroides) do que com aquelas existentes na Terra em qualquer tempo.

2001 (7 a 20 de fevereiro) – Missão do Atlantis (STS-98), cujo objetivo principal é instalar na ISS o módulo estadunidense Destiny, o quarto da Estação. Este módulo é a principal estrutura estadunidense na ISS, e nele são feitas investigações científicas, destacando-se oestudo de materiais, biotecnologia, engenharia, medicina e física em condições de microgravidade.A tripulação do Atlantis é composta por Kenneth Cockrell - Comandante -, Mark Polansky - Piloto -, Robert Curbeam, Thomas Jones e Marsha Ivins.

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2001 (12 de fevereiro) – A sonda Near-Shoemaker pousa no asteroide 433 Eros. É a primeira vez que uma nave espacial chega à superfície desse tipo de corpo celeste.

2001 (28 de fevereiro) – A missão Near-Shoemaker é oficialmente encerrada.

2001 (23 de março) – A Mir volta para a Terra, após uma reentrada induzida em nossa atmosfera. Os restos que não se desintegraram repousam no fundo do Oceano Pacífico, a 2.000km da Austrália. Construída para durar apenas cinco anos, a Mir permanece 15 anos no espaço, a uma altitude média de 365km, realizando uma órbita a cada 91min54s, completando 86.331 voltas em torno da Terra. Entre 1986 e 2000, São acopladas à Mir 39 naves tripuladas (1 Soyuz-T, 29 Soyuz-TM e 9 missões de ônibus espaciais). Torna-se um exemplo de cooperação internacional, ao acolher astronautas de Eslovênia, Bulgária, Afeganistão, Casaquistão, França, Japão, Reino Unido, Áustria, Alemanha, Canadá, EUA e Síria. Entre cosmonautas russos e de outras nações, 104 pessoas estiveram a bordo da Mir. Com a participação de outros 29 países, a estação abriga 24 programas espaciais internacionais, e seus laboratórios testam diversos materiais e substâncias em experiências impossíveis de serem feitas na Terra. Graças a essas pesquisas, é possível desenvolver equipamentos médicos que tornam viável a sobrevivência humana durante longos períodos sem gravidade. São realizados 14.000 experimentos científicos. São também realizadas 80 atividades extraveiculares, sendo a mais longa de 7h16min. O recorde de permanência em órbita é de 437d18h, do cosmonauta russo Valeri Poliakov. A viagem mais curiosa, no entanto, é a de Serguei Krikalev, que sai da Terra como cidadão soviético e regressa, após o colapso da URSS, como cidadão russo.Estatísticas adicionais – Massa: 124.340kg; espaço habitável: 350m3; total de dias em órbita: 5.519; dias ocupada: 4.592; distância percorrida: 3.638.470.307km.

2001 (7 de abril) – É lançada a sonda estadunidense 2001 Mars Odyssey (376kg).O nome é uma referência a 2001: Uma Odisseia no Espaço, filme dirigido por Stanley Kubrick (1928-1999) e baseado no livro homônimo de Arthur C. Clarke (1917-2008).

2001 (19 de abril a 1º de maio) – Missão do Endeavour (STS-100), cujo objetivo principal é iniciar a instalação, ativação e inspeção do braço robótico Canadarm, fundamental para o prosseguimento da construção da ISS (a conclusão se dá na missão STS-111, do Endeavour, em junho de 2002). Ademais, é instalada uma antena de comunicações de alta frequência e são transferidos para a estação suprimentos variados.A tripulação é formada por Kent Rominger - Comandante -, Jeffrey Ashby - Piloto -, Chris Hadfield, Scott Parazynski, John Phillips, Umberto Guidoni e Yuri Lonchakov.Chris Hadfield é o primeiro canadense a realizar uma atividade extraveicular.

2001 (28 de abril) – O bilionário estadunidense de origem italiana Dennis Tito, de 60 anos, viaja à ISS a bordo da Soyuz TM-32 e se torna o primeiro turista espacial. O retorno à Terra ocorre em 6 de maio, na Soyuz Tm-31, depois de 128 órbitas.

2001 (junho) - Entra em operação o Yepun, terceiro dos quatro instrumentos que compõem o VLT, localizado no Observatório Paranal, Chile.

2001 (26 de junho) – O telescópio Hubble observa uma tempestade de areia se formando

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em Hellas Planitia, em Marte. A tempestade cresce extraordinariamente e, no dia seguinte, já é um evento global. Medições de sondas em órbita marciana estabelecem que o fenômeno faz diminuir a temperatura da superfície e aumentar a temperatura da atmosfera em 30°C.Tempestades de areia em Marte podem durar um mês ou mais. Devido à baixa densidade da atmosfera, são necessários ventos de 65km/h a 80km/h para fazer a poeira levantar da superfície. Marte é bem mais seco e frio que a Terra e, por isso, a poeira fica suspensa no ar por muito tempo (na Terra, é devolvida ao solo pela chuva). Devido à tempestade de areia em questão, na estação marciana seguinte (uma estação em Marte dura quase meio ano terrestre), a temperatura diurna no planeta ainda era 4°C inferior à média.

2001 (30 de junho) – É lançada a sonda estadunidense WMAP (Wilkinson Microwave Anisotropy Probe), cujo objetivo é medir as variações da temperatura da radiação cósmica de fundo, a fim de auxiliar nos testes das teorias acerca da natureza do Universo. Com massa de 840kg, é colocada em órbita num dos pontos de Lagrange (L2), a 1,5 milhões de km da Terra.O nome desta sonda, sucessora do Cobe, é dado em homenagem a David Wilkinson(1935-2002), um dos pioneiros no estudo da radiação resultante do Big Bang.

2001 (12 a 24 de julho) – Missão do Atlantis (STS-104), cujo objetivo é instalar na ISS o módulo estadunidense Quest (Quest Joint Airlock). Trata-se de uma câmara de descompressão, usada na preparação de atividades extraveiculares. Permite o uso de trajes espaciais russos e estadunidenses. Antes do Quest, os russos utilizavam para este fim o Zvezda, enquanto os estadunidenses só podiam realizar caminhadas no espaço se um ônibus espacial estivesse acoplado à ISS.Os tripulantes do Atlantis são Steven Lindsey - Comandante -, Charles Hobaugh - Piloto -, Michael Gernhardt, Janet Kavandi e James Reilly.

2001 (agosto) - Entra em operação o Melipal, último dos quatro instrumentos que compõem o Very Large Telescope (VLT), localizado no Observatório Paranal, Chile. O VLT é um sistema composto por quatro telescópios refletores principais, cada um deles com espelho de 8,2m, e quatro instrumentos auxiliares, com espelho de 1,8m. Cada um desses telescópios é capaz de observar objetos de magnitude 30, ou seja, 4 bilhões de vezes menos brilhantes do que aqueles observáveis a olho nu. Embora passem a maior parte do tempo funcionando de forma independente, os quatro telescópios podem, com a ajuda do Very Large Telescope Interferometer (VLTI), ser combinados interferometricamente, adquirindo um poder de resolução equivalente ao de um telescópio com espelho de 16m, o que faz do VLT o maior telescópio óptico do mundo.

2001 (8 de agosto) – É lançada a sonda estadunidense Genesis (494kg), cujo objetivo é coletar amostras do vento solar e trazê-las de volta à Terra.

2001 (13 de agosto) – Matthew J. Holman, John J. Kavelaars, Dan Milisavljevic e Brett J. Gladman descobrem dois satélites de Urano: Trínculo e Fernando. Passa a ser de 23 o número de luas conhecidas do planeta.Trínculo – Diâmetro: 18km; período orbital: 749,24 dias (2,05 anos); distância média do planeta: 17.008.000km; massa: 3,9 trilhões de toneladas; densidade: 1,3g/cm3.

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Fernando – Diâmetro: 20km; período orbital: 2.887,21 dias (7,90 anos); distância média do laneta: 41.802.000km; massa: 5,4 trilhões de toneladas; densidade: 1,3g/cm3.

2001 (16 de agosto) – Os astrônomos estadunidenses Robin Canup e Erik Asphaug publicam na revista Nature um artigo segundo o qual a Lua se originou de um impacto ocorrido há 4,5 bilhões de anos entre a Terra, praticamente formada, e um corpo celeste com dimensões comparáveis às de Marte.

2001 (14 de setembro) – É lançado para a ISS, por um foguete Soyuz-U, o módulo russo Pirs (“cais”), também chamado de "Stikovochny Otsek 1" ou "SO-1" ("módulo de acoplamento). O Pirs é um compartimento de embarque, ligado à escotilha Nadir do módulo de serviço Zvezda. Serve como ponto de acoplagem para naves Soyuz TMA e Progress e possui um despressurizador, utilizado para preparar caminhadas espaciais com trajes russos.

2001 (22 de setembro) – A sonda Deep Space 1 encontra-se com o cometa 19P/Borrelly, Descoberto em 28 de dezembro de 1904 pelo astrônomo francês Alphonse Louis Borrelly (1842-1926), e envia uma série de dados científicos à Terra, incluindo revelações acerca do núcleo e da cauda.O diâmetro estimado do núcleo é de 8 x 4 x 4km.

2001 (24 de outubro) – A Mars Odyssey chega ao seu destino, tendo por objetivos: orbitar Marte por pelo menos três anos para coletar dados sobre quais elementos químicos e minerais predominam na superfície do planeta; obter informações sobre o risco potencial de radiação para futura exploração humana; estudar o clima e ser um possível meio de comunicação com sondas no solo.

2001 (30 de novembro) – Um estudo publicado na revista Science e assinado por Vladimir Krasnopolsky e Paul Feldman, da Universidade Católica da América e da Universidade Johns Hopkins, ambas nos EUA, revela a detecção, por parte do satélite estadunidense Fuse, de hidrogênio molecular (H2) na alta atmosfera de Marte, o que pode indicar a presença, no passado, de grandes quantidades de água no planeta.

2001 (7 de dezembro) – Um estudo conduzido por Michael Malin, Michael Caplinger e Scott Davis, da Malin Space Science Systems (EUA), feito a partir de fotos tiradas pela Mars Global Surveyor e publicado na revista Science, afirma que há diminuição da calota polar sul de Marte, indicando aumento da temperatura global do planeta.

2001 (28 de dezembro) – A sonda Deep Space 1 é desativada.

2002 (18 de janeiro) – É inaugurado em Cerro Pachón, no Chile, o telescópio Gemini Sul. Ele faz parte de um projeto que, como o nome indica, é gêmeo. Compreende um telescópio instalado em Mauna Kea, no Havaí, para observar o hemisfério Norte (em operação desde 1999), e outro no Chile, para as estrelas do Sul.

2002 (1º a 12 de março) – Quarta missão de manutenção do telescópio Hubble, executada pelo Columbia (STS-109), cujos tripulantes são Scott Altman - Comandante -,

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Duane Carey - Piloto -, John Grunsfeld, Nancy Currie, James Newman, Richard Linnehan e Michael Massimino. Os astronautas instalam um novo instrumento científico, a Máquina Fotográfica para Pesquisa (Advanced Camera for Surveys, ACS), novos painéis solares, uma nova Unidade de Controle de Força e um novo Sistema de refrigeração para a Câmera de Multiobjetos Infravermelha e Espectrométrica. O Hubble é desligado (pela primeira vez) durante 4h30min. O procedimento, bem sucedido, aumenta significativamente a potência do telescópio.

2002 (25 de março) – A China lança a Shenzhou 3, não tripulada, que orbita o planeta 107 vezes e retorna à Mongólia Interior em 1º de abril.

2002 (25 de abril) – Os físicos Paul Steinhardt (americano) e Neil Turok (inglês) publicam na revista Science uma teoria segundo a qual o Universo se destrói e se refaz em implosões e explosões separadas por trilhões de anos. Isso significa que o Big Bang não seria um evento único, mas ocorreria ciclicamente.

2002 (maio) – Os astrônomos estadunidenses Edward Scott e David Barber publicam um estudo refutando a presença de vestígios de processos orgânicos no interior de um meteorito proveniente de Marte encontrado na Antártida, como haviam sugerido cientistas da NASA em agosto de 1996. Segundo a dupla de astrônomos, os resultados por eles obtidos "fornecem forte evidência de que a maioria dos grãos de magnetita no ALH 84001, senão todos, são abiogênicos em origem e se formaram pelo calor do choque do meteorito".

2002 (maio) – Cientistas da Nasa e da Universidade do Arizona anunciam a descoberta, feita a partir de imagens da Mars Odyssey, de grandes depósitos de gelo no subsolo dos polos marcianos, alguns deles a apenas 1m da superfície.

2002 (maio) – A câmera infravermelha da Mars Odyssey obtém as primeiras fotos noturnas do solo de Marte.

2002 (16 de maio) – São anunciados mais onze satélites de Júpiter (fotografados entre 9 e 11 de dezembro de 2001), aumentando o número das luas jovianas conhecidas para 38. São eles: Aitne, Autonoe, Cale, Esponde, Euante, Euporia, Euridome, Hermipe, Ortósia, Pasite e Tione.Aitne – Diâmetro: 3km; período orbital: 679,641 dias (1,86 ano); distância média do planeta: 22.285.000km.Autonoe – Diâmetro: 4km; período orbital: 772,168 dias (2,11 anos); distância média do planeta: 24.264.000km.Cale – Diâmetro: 2km; período orbital: 685,324 dias (1,88 ano); distância média do planeta: 22.409.000km.Esponde – Diâmetro: 2km; período orbital: 771,604 dias (2,11 anos); distância média do planeta: 24.253.000km.Euante – Diâmetro: 3km; período orbital: 598,093 dias (1,64 ano); distância média do planeta: 20.465.000km.Euporie – Diâmetro: 2km; período orbital: 538,780 dias (1,48 ano); distância média do planeta: 19.088.000km.Euridome – Diâmetro: 3km; período orbital: 723,359 dias (1,98 ano); distância média do

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planeta: 23.231.000km.Hermipe – Diâmetro: 4km; período orbital: 629,809 dias (1,72 ano); distância média do planeta: 21.182.000km.Ortósia – Diâmetro: 2km; período orbital: 602,619 dias (1,65 ano); distância média do planeta: 20.568.000km.Pasite – Diâmetro: 2km; período orbital: 727,933 dias (1,99 ano); distância média do planeta: 23.307.000km.Tione – Diâmetro: 4km; período orbital: 639,803 dias (1,75 ano); distância média do planeta: 21.406.000km.

2002 (23 de maio) – O geólogo estadunidense Paul Schenk publica na revista Nature um estudo afirmando que o satélite Europa tem um oceano sob uma camada de gelo com 19 a 25km de espessura. Sustenta ainda que Calisto e Ganimedes também possuem oceanos, sob camadas de gelo de cerca de 80km.

2002 (julho) – Chega a cem o número de exoplanetas descobertos.

2002 (3 de julho) – É lançada a sonda estadunidense Contour (Comet NucleusTour), destinada a explorar dois cometas (Encke e Schwassmann-Wachmann 3), com a possibilidade de um terceiro (d’Arrest).Contudo, em 15 de agosto a sonda perde definitivamente contato com a NASA.

2002 (19 de julho) – Os cientistas conseguem, depois de 14 anos, estudar a atmosfera de Plutão, quando o planeta anão oculta a estrela P126A.

2002 (6 de agosto) – A Nasa anuncia, com base em análise de imagens de satélites, que a Terra está mais larga do que o normal na região da linha do Equador e mais achatada nos polos. Tal fenômeno ocorre devido a uma mudança no campo gravitacional.

2002 (13 de agosto) – Matthew J. Holman, John J Kavelaars, T. Grav, W. Fraser e Dan Milisavljevic descobrem Laomedeia e Neso, nono e décimo satélites conhecidos de Netuno.Laomedeia - Diâmetro: 84km; período orbital: 3.171,33 dias (8,68 anos); distância média do planeta: 47.134.000km.Neso - Diâmetro: 60km; período orbital: 9.740,73 dias (26,67 anos); distância média do planeta: 49.285.000km.

2002 (14 de agosto) - Matthew J. Holman, John J Kavelaars, T. Grav, W. Fraser e Dan Milisavljevic descobrem mais dois satélites de Netuno: Halimede e Sao. Passam a ser 12 as luas conhecidas do planeta.Halimede – Diâmetro: 62km; período orbital: 1.879,08 dias (5,14 anos); distância média do planeta: 16.611.000km.Sao – Diâmetro: 44km; período orbital: 2.912,72 dias (7,97 anos); distância média do planeta: 22.228.000km.

2002 (15 de agosto) – A Contour perde, definitivamente, contato com a Nasa, seis semanas após o lançamento.

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2002 (10 de setembro) – É divulgada a informação de que o sucessor do telescópio Hubble, com lançamento previsto para 2018, receberá o nome de James Webb (1906-1992), segundo diretor da NASA (1961-1968), em cuja gestão foi desenvolvido o Programa Apollo.

2002 (outubro) - O estadunidense Raymond Davis Jr. (1914-2006) e o japonês Masatoshi Koshiba são anunciados como ganhadores do Prêmio Nobel de Física pelas contribuições à Astrofísica, em particular pela detecção dos Neutrinos cósmicos. O Prêmio é atribuído também ao físico italiano Riccardo Giacconi, pelas contribuições à Astrofísica que levaram à descoberta dos Raios X cósmicos.

2002 (outubro) – A sonda Cassini obtém a primeira fotografia de Saturno e de Titã, tirada a uma distância de 285 milhões de km.

2002 (17 de outubro) – É lançado o telescópio europeu Integral (International Gamma-Ray Astrophysics Laboratory), que faz parte de um esforço para estudar os fenômenos espaciais de maior energia, normalmente causados por astros como as supernovas, os buracos negros e as estrelas de nêutrons. Os instrumentos a bordo do telescópio são capazes de detectar, além de emissões de raios gama, também raios X. Com massa superior a 4.000kg, o Integral opera numa órbita fortemente elíptica de 10.000 x 153.000km.

2002 (30 de outubro) – É lançada a Soyuz TMA-1, primeira missão da série de naves Soyuz TMA, cuja sigla significa “Transportny Modifitsirovannyi Antropometricheskii” (“Transporte Antropométrico Modificado”). As sondas Soyuz TMA são um redesenho aprimorado das Soyuz TM, projetadas para levar astronautas à ISS e, sobretudo, para servir de local de escape em caso de problemas na Estação. Para isso, incorporam algumas modificações sugeridas pela NASA, visando à maior segurança dos ocupantes, incluindo o aumento do espaço interno (o que permite que astronautas mais altos sejam tripulantes) e um sistema melhorado de paraquedas.Quando do lançamento, a tripulação da Soyuz TMA-1 é composta por Sergei Zalyotin - Comandante -, Frank De Winne e Yuri Lonchakov. Ao longo da missão, ocorre o acidente com o Columbia, que se desintegra ao reentrar na atmosfera. Com a subsequente interrupção temporária dos voos dos ônibus espaciais, as naves Soyuz tornam-se o único meio de transporte de astronautas entre a ISS e a Terra. Assim, a tripulação que retorna na Soyuz TMA-1 não é a mesma do lançamento, estando formada por Nikolai Budarin - Comandante -, Kenneth Bowersox e Donald Pettit. Pela primeira vez, astronautas estadunidenses voltam para casa numa Soyuz.Durante a aterrissagem, ocorrida em 4 de maio de 2003, a nave tem problemas, indo pousar 450km fora do local pré-determinado. A partir daí, todas as missões Soyuz passam a dispor de um telefone por satélite, para permitir contato rápido com equipes de resgate em casos de emergência.

2002 (31 de outubro) –Uma equipe liderada por Scott S. Sheppard descobre Arque, trigésimo nono satélite de Júpiter conhecido.Diâmetro: 3km; período orbital: 746,185 dias (2,04 anos); distância média do planeta: 23.717km.

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2002 (novembro) – Astrônomos do Observatório de Genebra conseguem medir o diâmetro da estrela Proxima Centauri, concluindo ser ele sete vezes menor do que o do Sol. A temperatura superficial encontrada equivale à metade da solar. A estrela tem massa equivalente a 12,3% da solar (129 massas de Júpiter), o que resulta numa densidade de 56,8g/cm3. A luminosidade é aproximadamente 600 vezes inferior à do Sol.

2002 (2 de novembro) – A sonda Stardust sobrevoa o asteroide 5535 Annefrank, descoberto (23 de fevereiro de 1942) pelo astrônomo alemão Karl Reinmuth (1892-1979), à distância de 3.079km. O objetivo é praticar as técnicas de sobrevoo a serem utilizadas na passagem pelo cometa Wild 2. O nome do asteroide, cujo diâmetro é de 6,6 x 5,0 x 3,4km, é uma homenagem a Anne Frank (1929-1945), alemã judia morta no campo de concentração de Bergen-Belsen.

2002 (29 de dezembro) – É lançada a Shenzhou 4, com uma tecnologia que, segundo a China, "já é suficiente para enviar um homem ao espaço". Volta com êxito em 5 de janeiro de 2003, após completar 108 órbitas.

2003 (6 de janeiro) – É divulgada a descoberta de um anel de centenas de milhões de estrelas que rodeiam a Via Láctea e poderiam ser restos do passado violento de nosso sistema galáctico.

2003 (16 de janeiro) – O Columbia é lançado, naquela que seria sua última missão (STS-107). O objetivo desse voo do ônibus espacial é fazer diversos experimentos científicos, sobretudo relativos à microgravidade.

2003 (23 de janeiro) – São captados, pela última vez, sinais transmitidos pela Pioneer 10, à distância de 12 bilhões de km da Terra.

2003 (fevereiro) – Entra em operação o HARPS (“High Accuracy Radial velocity Planet Searcher”, Pesquisador de Planetas por Velocidade Radial de Alta Precisão), espectrógrafo instalado em 2002 no telescópio de 3,6m do Observatório de La Silla. Nos anos seguintes, o HARPS torna-se o maior descobridor de exoplanetas do mundo.Em astronomia, velocidade radial é a velocidade com que um objeto se aproxima ou se afasta de um observador.

2003 (1º de fevereiro) – Explode o ônibus espacial Columbia, sobre o céu do Texas, em sua vigésima oitava missão, quando a tripulação retornava para a Terra após uma permanência de 16 dias no espaço, causando a morte dos sete astronautas a bordo. O Controle de missão perde contato com o ônibus espacial aproximadamente 16 minutos antes de sua chegada À Flórida. A tripulação é composta por Rick Husband (n. 1957) - comandante -, William McCool (1961) - piloto -, Dave Brown (1956), Laurel Clark (1961), Kalpana Chawla (1961), Mike Anderson (1959) e Ilan Ramon (1954) – primeiro astronauta israelense a ir ao espaço e representante da Agência Espacial de Israel.Columbia - Tempo em atividade: 21 anos, oito meses e vinte dias; Número de missões: 28; tripulantes: 160; tempo no espaço: 300d17h40min22s; órbitas terrestres: 4.808; distância percorrida: 201.497.772km; satélites lançados: 8; acoplagens à Mir: 0; acoplagens à ISS: 0.Em 26 de agosto de 2003, uma comissão oficial de treze membros apresenta um relatório

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apontando como causa do acidente um pedaço de espuma isolante que se separou do tanque externo de combustível do Columbia, 81,7s após o lançamento, o que comprometeu a proteção térmica do ônibus espacial e, na reentrada, permitiu que ar superaquecido penetrasse através do isolamento e progressivamente derretesse a estrutura de alumínio da asa esquerda. Várias recomendações são feitas para os próximos voos dos ônibus espaciais, que são retomados em julho de 2005.

2003 (11 de fevereiro) – Com base em dados obtidos pela sonda WMAP, cientistas da NASA estimam a idade do Universo em 13,7 bilhões de anos, com uma margem de erro, segundo eles, de 1%.

2003 (4 de março) – São anunciados sete satélites de Júpiter, que passa a ter 46 luas conhecidas. Apenas três têm nomes definitivos: Aoede, Euquelade e Helique.Aoede – Diâmetro: 4km; período orbital: 714,657 dias (1,96 ano); distância média do planeta: 23.044.000km.Euquelade – Diâmetro: 4km; período orbital: 735,2 dias (2,01 anos); distância média do planeta: 23.484.000km.Helique – Diâmetro: 4km; período orbital: 601,402 dias (1,65 ano); distância média do planeta: 20,540.000km.S/2003 J 2 – Diâmetro: 2km; período orbital: 981,55 dias (2,69 anos); distância média do planeta: 29.540.000km.S/2003 J 3 – Diâmetro: 2km; período orbital: 561,518 dias (1,54 ano); distância média do planeta: 19.622.000km.S/2003 J 4 – Diâmetro: 2km; período orbital: 739,294 dias (2,02 anos); distância média do planeta: 23.571.000km.S/2003 J 5 – Diâmetro: 4km; período orbital: 758,341 dias (2,08 anos); distância média do planeta: 23.974.000km.

2003 (6 de março) – É anunciada a descoberta de Hegemone, quadragésimo sétimo satélite conhecido de Júpiter.Diâmetro: 3km; período orbital: 745,5 dias (2,04 anos); distância média do planeta: 23.703.000km.

2003 (7 de março) – São anunciados quatro satélites de Júpiter, que passa a ter 51 luas conhecidas. Apenas Calicore tem nome definitivo.Calicore – Diâmetro: 2km; período orbital: 717,806 dias (1,97 ano); distância média ao planeta: 23.112.000km.S/2003 J 9 – Diâmetro: 1km; período orbital: 752,839 dias (2,06 anos); distância média do planeta: 23.858.000km.S/2003 J 10 – Diâmetro: 2km; período orbital: 700,129 dias (1,92 ano); distância média do planeta: 22.731.000km.S/2003 J 12 – Diâmetro: 1km; período orbital: 489,72 dias (1,34 ano); distância média do planeta: 17.883.000km.

2003 (2 de abril) – É anunciada a descoberta de Cilene, quinquagésimo segundo satélite conhecido de Júpiter.Diãmetro: 2km; período orbital: 731,099 dias (2,00 anos); distância média do planeta:

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23.396.000km.

2003 (3 de abril) – São anunciados quatro satélites de Júpiter, que passa a ter 56 luas conhecidas. Apenas Core e Herse têm nomes definitivos.Core – Diâmetro: 2km; período orbital: 723,720 dias (1,98 ano); distância media do planeta: 23.239.000km.Herse – Diâmetro: 2km; período orbital: 672,752 dias (1,84 ano); distância média do planeta: 22.134.000km.S/2003 J 15 – Diâmetro: 2km; período orbital: 699,676 dias (1,92 ano); distância média do planeta: 22.721.000km.S/2003 J 16 – Diâmetro: 2km; período orbital: 610,362 dias (1,67 ano); distância média do planeta: 20.744.000km.

2003 (4 de abril) – É anunciada a descoberta de S/2003 J 18, quinquagésimo sétimo satélite conhecido de Júpiter.Diâmetro: 2km; período orbital: 569,728 dias (1,54 ano); distância média do planeta: 19.813.000km.

2003 (8 de abril) – É anunciada a descoberta de Narvi, trigésimo primeiro satélite conhecido de Saturno.Diâmetro: 6,6km; período orbital: 1.006,541 dias (2,76 anos); distância média do planeta: 19.371.000km.

2003 (12 de abril) – É anunciada a descoberta de S/2003 J 19, quinquagésimo oitavo satélite conhecido de Júpiter.Diâmetro: 2km. Período orbital: 699,125 dias (1,91 ano); distância média do planeta: 22.709.000km.

2003 (14 de abril) – É anunciada a descoberta de Carpo, quinquagésimo nono satélite conhecido de Júpiter.Diâmetro: 3km; período orbital: 458,625 dia (1,26 ano); distância média do planeta: 17.145.000km.

2003 (28 de abril) – É lançada a missão estadunidense Galex (Galaxy Evolution Explorer), equipada com lentes ultravioleta para medir a formação de 80% das estrelas surgidas desde o Big Bang. Com massa de 280kg, opera numa órbita quase circular à altitude média de 697km.

2003 (8 de maio) – A Mars Global Surveyor mostra, pela primeira vez, imagens da Terra vista de Marte. Trata-se de uma fotografia em que também é possível ver Júpiter (então alinhado com a Terra) e suas grandes luas.

2003 (9 de maio) – É lançada a sonda japonesa (380kg) Hayabusa ("falcão peregrino"), anteriormente chamada de Muses C, com destino ao asteroide 25143 Itokawa, descoberto em 26 de setembro de 1998.Diâmetro (inferior a 1km): 535 x 294 x 209m; período orbital: 556,355 dias (1,52 ano); distância média do Sol: 198.044.000km.

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O nome é uma homenagem a Hideo Itokawa (1912-1999), pioneiro do programa espacial japonês, popularmente conhecido no Japão como “Doutor Foguete”.

2003 (29 de maio) – É anunciada a descoberta de Mnene, sexagésimo satélite conhecido de Júpiter.Diãmetro: 2km; período orbital: 640,769 dias (2,03 anos); distância média do planeta: 21.427.000km.

2003 (2 de junho) – É lançada, pela ESA, a Mars Express, primeira sonda interplanetária da Europa. Compõe-se de um orbitador, a Mars Express propriamente dita (666kg), e de um módulo de descida, denominado Beagle 2 (33,2kg).

2003 (10 de junho) – É lançado o Spirit, da NASA, veículo de 185kg e seis rodas desenhado para percorrer a superfície de Marte e estudar o solo, as rochas e a composição mineral do planeta à procura de vestígios de água.

2003 (7 de julho) – É lançado para Marte o Opportunity, veículo explorador da NASA semelhante ao Spirit, com os mesmos objetivos.O nome dos dois veículos exploradores é escolhido por estudantes durante um concurso patrocinado pela NASA.

2003 (10 de agosto) – O russo Yuri Malenchenko torna-se a primeira pessoa a se casar no espaço. Comandante da Expedição 7 da ISS (28 de abril a 27 de outubro de 2003), para onde vai a bordo da Soyuz TMA-2, no momento da cerimônia Malenchenko está 386km acima da Nova Zelândia, enquanto a noiva, Ekaterina Dmitrieva, está no Texas, onde casamentos a distância são permitidos.

2003 (13 de agosto) – Matthew J. Holman, John J. Kavelaars, Dan Milisavljevic e Brett J. Gladman descobrem Francisco, vigésimo quarto satélite conhecido de Urano.Diâmetro: 22km; período orbital: 266,56 dias; distância média do planeta: 8.552.000km; massa: 7,2 trilhões de toneladas: densidade: 1,3g/cm3.

2003 (22 de agosto) – Uma explosão destrói o Veículo Lançador de Satélite (VLS-1), na base brasileira de Alcântara, no Estado do Maranhão. A causa do acidente de Alcântara, segundo as conclusões de investigações posteriores, é a ignição espontânea de um dos quatro motores do VLS-1, causada por centelha elétrica. A explosão destrói os equipamentos e mata 21 pessoas da equipe do Centro de Lançamento de Alcântara (CLA).

2003 (25 de agosto) – É lançado o telescópio espacial estadunidense Spitzer, inicialmente chamado de Sirtf (Space Infrared Telescope Facility) e projetado para detectar radiações emitidas no infravermelho. O nome atual (atribuído em 18 de dezembro de 2003) é uma homenagem a Lyman Spitzer (1914-1997), astrofísico estadunidense, um dos primeiros cientistas a sugerir a colocação de um telescópio no espaço. Com massa de 950kg, opera numa órbita heliocêntrica com período de um ano.É o último dos quatro integrantes do Programa dos Grandes Observatórios a ser lançado, depois de Hubble, Compton e Chandra.

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2003 (25 de agosto) – Mark R. Showalter e Jack J. Lissauer descobrem Cupido e Mab, satélites de Urano, que passa a ter 26 luas conhecidas.Cupido – Diâmetro: 36km; período orbital: 0,618 dia; distância média do planeta: 74.392km; massa: 3,8 trilhões de toneladas; densidade: 1,3g/cm3.Mab – Diâmetro: 48km; período orbital: 0,923 dia; distância média do planeta: 97.736km; massa: 10 trilhões de toneladas; densidade: 1,3g/cm3.

2003 (27 de agosto) – Às 6h51min, horário de Brasília, Marte chega ao ponto mais próximo da Terra em quase 60.000 anos: 55,76 milhões de km de distância. A última vez que havia ocorrido tamanha proximidade entre os planetas vizinhos foi em 12 de setembro de 57617 a.C. Naquela ocasião, Terra e Marte estiveram a 55,72 milhões de km, ou seja, 40.200km mais perto do que em 2003. O fenômeno de aproximação só vai se repetir em 28 de agosto de 2287.

2003 (29 de agosto) – Scott S. Sheppard e David C. Jewitt descobrem Margarete, vigésimo sétimo satélite conhecido de Urano.Diâmetro: 20km; período orbital: 1.687,01 dias (4,62 anos); distância média do planeta: 28.690.000km; massa: 5,5 trilhões de toneladas; densidade: 1,3g/cm3.

2003 (final de agosto) – Três telescópios do Observatório Paranal fazem imagens do Halley quando a magnitude aparente do astro é 28,2. Trata-se do cometa mais distante e menos brilhante fotografado até o momento. As observações são feitas com o objetivo de testar um método para localizar objetos transnetunianos muito débeis.Atualmente, o Halley é visível para os astrônomos em qualquer ponto de sua órbita.

2003 (3 de setembro) – Scott S. Sheppard, David C. Jewitt e J. Kleyna anunciam a descoberta de Psámate, décimo terceiro satélite conhecido de Netuno.Diâmetro: 38km; período orbital: 9.074,30 dias (24,84 anos); distância média do planeta: 48.096.000km.

2003 (21 de setembro) – a missão Galileu é intencionalmente encerrada, quando o orbitador é enviado contra a densa atmosfera de Júpiter a 50km/s, para garantir que nenhuma lua local seja contaminada com algum microrganismo da Terra.

2003 (27 de setembro) – É lançada a Smart-1, primeira sonda lunar da ESA, cujo objetivo é estudar a formação e a composição mineralógica da Lua, além de verificar a existência ou não de água no satélite. Trata-se de uma nova geração de sondas, e Smart quer dizer "small missions for advanced research and technology" (pequenas missões para pesquisa e tecnologia avançada). A nave, de 367kg, traz o lema "mais ciência por menos dinheiro". Pela primeira vez, a ESA utiliza um sistema de propulsão iônica (ou helioelétrica), alimentada por eletricidade gerada a partir de painéis solares e que reduz sensivelmente o uso de combustível e permite melhor dirigibilidade da nave.

2003 (outubro) – Astrônomos trabalhando com o telescópio de Parkes, no sudoeste australiano, localizam o primeiro sistema duplo de pulsares que se conhece, batizado de "PSR J07037-3039A e PSR J0737-3039B", situado na constelação da Popa e distante entre 1.600 e 2.000 anos-luz.

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2003 (15 de outubro) – A China torna-se o terceiro país a colocar um homem no espaço, depois da URSS e dos EUA. O astronauta (ou "taikonauta" – do mandarim “taikong”, espaço) Yang Liwei, 38 anos, ex-piloto da força aérea, completa, a bordo da nave Shenzhou 5, 14 órbitas em 21h22min45s e retorna com segurança.

2003 (20 de outubro) – J. Richard Gott III e Mario Juric, da Universidade de Princeton, e colegas, baseados em dados do "Sloan Digital Sky Survey", anunciam a descoberta da "Grande Muralha Sloan" ("Sloan Great Wall"), a maior estrutura já catalogada no Universo, um gigantesco conjunto de galáxias com 1,37 bilhão de anos-luz de extensão, localizado a aproximadamente um bilhão de anos-luz da Terra.

2003 (novembro) – Uma equipe de astrônomos franceses, italianos, britânicos e australianos descobre a Galáxia Anã do Cão Maior, a mais próxima galáxia conhecida, distante 25.000 anos-luz do Sistema Solar. Composta por aproximadamente 1 bilhão de estrelas, com alta percentagem de gigantes vermelhas, acredita-se que esteja sendo fragmentada pelo campo gravitacional da Via Láctea.

2003 (5 de novembro) – O SOHO registra a maior explosão solar já testemunhada pela ciência. Vive-se o período de maior atividade do Sol desde o início da observação científica do astro.

2003 (14 de novembro) - Mike Brown, Chad Trujillo e David Rabinowitz descobrem Sedna (oficialmente, 90377 Sedna), o objeto mais distante já encontrado no Sistema Solar. A órbita é fortemente elíptica (excentricidade de 0,853), como a de um cometa, e a distância ao Sol varia entre 11,423 bilhões e 140,2 bilhões de km (distância média de 77,576 bilhões de km). A distância é tão grande que, para alguns astrônomos, trata-se do primeiro objeto conhecido da região interna da Nuvem de Oort, embora ele seja oficialmente classificado como pertencendo ao disco disperso. O período orbital é de aproximadamente 11.400 anos, completado à velocidade média de 3.745km/h. Sedna está se aproximando do Sol, com o próximo periélio previsto para 2076. O diâmetro é estimado em 995km. A magnitude aparente é 21,8.Sedna é uma das principais divindades do povo inuit. Vive no fundo do mar e reina sobre os animais marinhos. A região onde habita Sedna é escura, como também é escuro o corpo celeste que leva seu nome (em Sedna, a luz do Sol é um pontinho minúsculo e se confunde com a de outras estrelas).

2003 (14 de dezembro) – A Nozomi sobrevoa Marte, depois de terem falhado os esforços realizados para colocá-la em órbita. Desde o lançamento, cinco anos antes, a sonda havia apresentado vários problemas, incluindo perda de combustível por defeito numa válvula, falhas no sistema elétrico e danos causados por uma erupção solar.

2003 (25 de dezembro) – A Mars Express é colocada com sucesso na órbita de Marte, tendo a missão por objetivos enviar imagens de alta resolução para estudo da topografia e morfologia da superfície, elaborar um mapa mineralógico, estudar a composição da atmosfera e servir como meio de comunicação para as demais naves em solo marciano.A Beagle 2, que deveria pousar no planeta e transmitir dados por meio da Mars Express,

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perde definitivamente contato com a Terra antes do início da sua missão.

2004 (janeiro) – Entra em operação o Observatório de raios cósmicos Pierre Auger, situado em Malargüe, província de Mendoza, no oeste da Argentina. Batizado com o nome do físico francês (1899-1993) que, em 1938, foi o primeiro a detectar as faíscas produzidas na atmosfera terrestre por sua interação com os raios cósmicos, o Observatório está equipado com 1.600 detectores de partículas e 24 telescópios, ocupando uma área de 3.000km2.

2004 (2 de janeiro) – A sonda Stardust chega ao Cometa Wild 2 (oficialmente, 81P/Wild), descoberto (6 de janeiro de 1978) pelo astrônomo suíço Paul Wild, fotografa o núcleo cometário com excelente resolução de imagem e colhe amostras de poeira para serem trazidas de volta à Terra. A distância mínima entre a sonda e o núcleo do cometa (diâmetro de 5,5 x 4,0 x 3,3km) é de 237km.

2004 (4 de janeiro) – O veículo explorador Spirit pousa com sucesso em Marte, numa cratera denominada Gusev, cujo diâmetro é de 166km e o nome, uma homenagem ao astrônomo russo Matvei Gusev (1826-1866).

2004 (6 de janeiro) – A Nasa divulga uma série de fotos coloridas tiradas pela câmera de alta resolução do Spirit, as mais detalhadas imagens do solo marciano obtidas até esta data.

2004 (14 de janeiro) – O presidente estadunidense George W. Bush anuncia uma nova política espacial para os EUA, denominada “Vision for Space Exploration” (Visão para a Exploração do Espaço), conhecida também como programa Constellation. Entre os principais objetivos estão: completar a ISS até 2010 (não concretizado); aposentar os ônibus espaciais até 2010 (prazo posteriormente adiado para 2011); desenvolver a espaçonave Orion até 2008 (não concretizado) e realizar a sua primeira missão tripulada até 2014; explorar a Lua com robôs a partir de 2008 (isso só ocorre no ano seguinte) e com seres humanos em 2020; explorar Marte e outros destinos com missões automáticas e tripuladas.O programa Constellation, conforme proposto no governo Bush, é cancelado em fevereiro de 2010.

2004 (23 de janeiro) – A ESA anuncia que imagens feitas pela Mars Express revelam a presença de gelo no polo sul de Marte.

2004 (24 de janeiro) – O veículo explorador Opportunity pousa em Marte, na zona conhecida como Meridianum Plani, no extremo oposto do ponto do planeta onde se encontra seu módulo gêmeo, o Spirit.

2004 (24 de janeiro) – É anunciada a descoberta (a partir de imagens obtidas em 9 de fevereiro de 2003) de Telxinoe, sexagésimo primeiro satélite conhecido de Saturno.Diâmetro: 2km; período orbital: 597,607 dias (1,64 ano); distância média do planeta: 20.454.000km.

2004 (31 de janeiro) – É anunciada a descoberta (a partir de imagens feitas em 6 de fevereiro de 2003) de S/2003 J 23, sexagésimo segundo satélite conhecido de Júpiter.

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Diâmetro: 2km; período orbital: 700,538 dias (1,92 ano); distância média do planeta: 22.740.000km.

2004 (6 de fevereiro) – A ESA dá como perdido o veículo britânico para exploração da superfície de Marte Beagle 2, enviado a bordo da Mars Express.

2004 (6 de fevereiro) – A Mars Express entra em contato com o Spirit, transmitindo ordens fornecidas a partir da Terra e enviando de volta dados colhidos pelo robô da NASA. É a primeira vez que objetos espaciais da ESA e da Nasa mantêm contato em órbita e que uma rede internacional de comunicações funciona em outro planeta.

2004 (10 de fevereiro) – Um estudo publicado na revista Icarus, coordenado pelos astrônomos estadunidenses Bruce Fegley e Laura Schaefer, afirma que a "neve metálica" de Vênus, descoberta em 1995 pela sonda Magellan, é composta principalmente de dióxido de enxofre e de sulfeto de chumbo.

2004 (2 de março) – É lançada a sonda Europeia Rosetta, com o objetivo de estudar o cometa 67P/Churyumov-Gerasimenko, descoberto (20 de setembro de 1969) por Klim Ivanovich Churyamov e Svetlana Ivanovna Gerasimenco, cuja órbita está localizada entre Júpiter e a Terra (a distância ao Sol varia entre 193 milhões e 856 milhões de km) e no qual deverá pousar em novembro de 2014. A nave consiste em duas estruturas: o módulo orbital, denominado Rosetta, e o módulo de pouso, chamado Philae. O nome da sonda é uma homenagem à Pedra da Rosetta, pedra esta que auxiliou o entendimento dos hieróglifos egípcios. O módulo de pouso recebe o nome de Philae, uma ilha no rio Nilo que contém um obelisco, o qual também contribuiu para decifrar os hieróglifos. Os objetivos da missão são: efetuar a Caracterização global do núcleo do cometa, com a determinação de suas propriedades dinâmicas e de sua composição e morfologia; determinar as características químicas, mineralógicas e isotópicas das composições voláteis e refratárias do núcleo cometário; determinar as propriedades físicas e a inter-relação entre as substâncias voláteis e refratárias do núcleo do cometa; estudar o desenvolvimento da atividade do cometa e os processos que envolvem a sua camada superficial com o interior de sua cauda. (analisar a interação entre a poeira e o gás); estudar as características globais deste cometa, suas propriedades dinâmicas, morfologia e a composição de sua superfície.

2004 (19 de março) – Uma equipe de astrônomos liderada por Ben Bussey, da Universidade Johns Hopkins, nos EUA, anuncia que há uma região com "picos de luz eterna" na Lua, onde o sol nunca se põe.

2004 (23 de março) – A Mars Odyssey completa 10.000 órbitas ao redor do Planeta Vermelho.

2004 (26 de março) – A equipe de cientistas da Cassini publica a primeira sequência de imagens de Saturno mostrando nuvens a moverem-se a alta velocidade à volta do planeta. Usando um filtro para ver melhor o vapor de água no topo da cobertura de nuvens densas, movimentos nas regiões equatorial e sul são claramente visíveis.

2004 (8 de abril) – A primeira observação de longo prazo da dinâmica das nuvens da

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atmosfera de Saturno é publicada por cientistas da missão Cassini. Um grupo de fotografias mostra duas tempestades, nas latitudes sul, a aglomerarem-se durante o período de 19 a 20 de Março. Ambas as tempestades tinham um diâmetro de cerca de 1.000km antes de se juntarem.

2004 (20 de abril) – É lançada a sonda estadunidense Gravity Probe B, criada para verificar a veracidade da teoria da relatividade geral, de Albert Einstein. A nave transporta quatro giroscópios sofisticados que compõem um sistema de referência espaço-temporal quase perfeito. Com massa de 3.100kg, opera numa órbita polar a 642km da Terra.A coleta de dados termina em 15 de agosto de 2005. A análise desses dados estende-se pelos anos seguintes.

2004 (maio) – Imagens captadas pelo telescópio espacial Spitzer mostram, pela primeira vez, o processo de nascimento das estrelas, envolvidas por poeira atmosférica, gás e partículas de água congelada. Elas incluem mais de 300 estrelas formadas recentemente na área chamada de RCW 49, distante 13.700 anos-luz da Terra, na constelação do Centauro.

2004 (18 de maio) – A Cassini entra no sistema de Saturno. O efeito gravitacional do planeta começa a sobrepor-se à influência do Sol.

2004 (20 de maio) – É liberada a primeira imagem de Titã realizada pela Cassini, com resolução superior à de qualquer fotografia tirada da Terra, feita quinze dias antes a 29,3 milhões de km.

2004 (1º de junho) – São descobertos, graças às imagens da Cassini, dois pequenos satélites de Saturno, batizados posteriormente de Methone e Pallene. O anúncio da descoberta é feito em 16 de agosto. Passam a ser 33 as luas conhecidas do planeta.Methone – Diâmetro: 3km; período orbital: 1,001 dia; distância média do planeta: 194.440km; massa estimada: 7 bilhões de toneladas; densidade: desconhecida.Pallene – Diâmetro: 2,9 x 2,8 x 2km; período orbital: 1,754 dia; distância média do planeta: 212.280km; massa estimada: 10 bilhões de toneladas: densidade: desconhecida.

2004 (8 de junho) – Ocorre um trânsito de Vênus, fenômeno não observado desde 1882. O evento recebe boa cobertura da mídia, visto ser o primeiro deste tipo a ocorrer depois da invenção da televisão e da internet.O próximo ocorrerá em 5 e 6 de junho de 2012.

2004 (11 de junho) – A Cassini sobrevoa Febe, a 2.068km de distância. Todos os onze instrumentos a bordo operam como esperado e todos os dados previstos são obtidos. Os cientistas planejam usar os dados para criar mapas globais do satélite coberto de crateras e para determinar sua composição, massa e densidade. Partes das superfícies craterizadas mostram-se muito brilhantes, e crê-se que existe uma grande quantidade de gelo no estrato imediatamente inferior à superfície.

2004 (21 de junho) – A nave SpaceShipOne realiza com êxito o primeiro voo privado ao espaço. Mike Melvill, de 62 anos, é o primeiro astronauta a bordo de um veículo não patrocinado com recursos públicos a alcançar os confins da atmosfera (atinge a altura de

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100km). A missão é um projeto da empresa Scaled Composites, dirigida pelo projetista de aeronáutica Burt Rutan e patrocinada pelo multimilionário Paul Allen, co-fundador da Microsoft.

2004 (1º de julho) – A Cassini é inserida com sucesso na órbita de Saturno, numa manobra que dura 96 minutos. É a primeira sonda a orbitar aquele mundo.

2004 (2 de julho) – Primeira passagem da Cassini por Titã, a uma distância de 339.000km. Fotografias mostram nuvens consideradas como compostas de metano e características interessantes da superfície.

2004 (3 de agosto) – É lançada a sonda estadunidense Messenger, destinada a realizar o primeiro estudo integral de Mercúrio (A Mariner 10, trinta anos antes, havia efetuado um levantamento parcial). A sonda (485kg) transporta sete instrumentos científicos e seu objetivo é coletar informação acerca da composição e estrutura da crosta de Mercúrio, da sua história geológica, da natureza de sua atmosfera e seus campos magnéticos, de seu núcleo e de seus polos. MESSENGER é um acrônimo para"MErcury Surface, Space ENvironment, GEochemistry and Ranging" ("Superfície, Ambiente Espacial, Geoquímica e Amplitude de Órbita de Mercúrio"). Depois de sobrevoar o planeta três vezes (14 de janeiro e 6 de outubro de 2008, 29 de setembro de 2009), a sonda será inserida na órbita mercuriana, para uma missão primária de um ano, em 18 de março de 2011.

2004 (9 de agosto) – Com a descoberta de Remo, segundo satélite de 87 Sílvia, este se torna o primeiro sistema triplo de asteroides conhecido. O outro satélite, Rômulo, havia sido identificado em 18 de fevereiro de 2001. Rômulo e remo, fundadores lendários de Roma (753 a.C.), são filhos de Reia Sílvia, a quem faz alusão o nome deste asteroide, descoberto (16 de maio de 1866) por Norman Robert Pogson (1829-1891).Sílvia – Diâmetro: 384 x 262 x 232km; período orbital: 2.381,697 dias (6,52 anos); distância média do Sol: 522.137.000km.Rômulo – Diâmetro: 18km; período orbital: (87h35min; distância média do asteroide: 1.356km.Remo – Diâmetro: 7km; período orbital: 33h05min; distância média do asteroide: 706km.

2004 (8 de setembro) – Uma cápsula contendo partículas do vento solar (coletadas entre 3 de dezembro de 2001 e 1º de abril de 2004) é liberada na atmosfera pela sonda Genesis. Contudo, o paraquedas falha, e a cápsula é freada unicamente pela resistência do ar, caindo, à velocidade de 311km/h, na base militar estadunidense do deserto de Dugway, no Estado de Utah. Com o impacto, a cápsula quebra, mas mesmo assim amostras do vento solar são posteriormente recuperadas. Essas são as primeiras partículas de material extraterrestre não originárias da Lua trazidas à Terra por uma nave espacial.

2004 (24 de outubro) – Imagens da Cassini permitem a descoberta de Polideuces, trigésimo quarto satélite conhecido de Saturno.Diâmetro: 3,5km; período orbital: 2,737 dias; distância média do planeta: 377.396km.

2004 (11 de novembro) – A ESA divulga imagens detalhadas da superfície de Fobos, feitas com a câmera estereofônica de alta resolução da Mars Express, as quais mostram várias

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crateras, que em alguns casos possuem materiais escuros perto do solo, em outros têm pó residual e em outros, ainda, um dos materiais mais escuros do Sistema Solar.Os nomes dos acidentes topográficos de Fobos originam-se de astrônomos que estudaram o satélite e de pessoas e lugares das Viagens de Gulliver, do irlandês Jonathan Swift (1667-1745). A principal estrutura de Fobos é a cratera de impacto Stickney, a qual, com 9km de diâmetro, ocupa uma parcela considerável da superfície do satélite. O nome é uma alusão a Chloe Angeline Stickney Hall (1830-1892), esposa de Asaph Hall, descobridor de Fobos.

2004 (15 de novembro) - A sonda Smart-1 entra em órbita lunar, treze meses e meio depois do lançamento.

2004 (20 de novembro) – É lançado o observatório orbital estadunidense Swift, cujo objetivo é estudar as erupções de raios gama, que constituem o fenômeno mais luminoso conhecido do Universo e podem liberar em poucos minutos energia equivalente à emitida pelo Sol em bilhões de anos. O nome do observatório (Swift significa "rápido", em inglês) é uma referência à velocidade necessária para detectar e estudar essas explosões, que são de curta duração (de um centésimo de segundo a alguns minutos). Com massa de 1.470kg, opera numa órbita a 600km da Terra.

2004 (25 de dezembro) – A sonda Huygens se desprende da Cassini e inicia seu deslocamento até Titã.

2004 (31 de dezembro) – A sonda Cassini sobrevoa Jápeto e descobre a maior estrutura topográfica do satélite. Trata-se de uma extensa cadeia de montanhas, com 1.300km de comprimento, 20km de largura e 13km de altura, localizada no hemisfério escuro (Cassini Regio), paralelamente ao equador. Chega a erguer-se 20km acima das planícies adjacentes, destacando-se de tal modo que distorce até mesmo a forma do satélite. Essa cadeia montanhosa ainda não tem um nome oficial; por convenção, os nomes das características do relevo de Jápeto são retirados de personagens e lugares do poema épico francês A canção de Rolando.

2005 (janeiro) – O robô Opportunity encontra, em Marte, o “Heat Shield Rock”, o primeiro meteorito descoberto em outro planeta e o terceiro fora da Terra (dois outros haviam sido encontrados na Lua. Do tamanho de uma bola de basquete e composto de ferro (93%) e níquel (7%), o objeto recebe da Meteoritical Society, em outubro, o nome oficial de Meridiani Planum.Posteriormente, o Opportunity encontra mais cinco meteoritos em Marte.

2005 (5 de janeiro) – Mike Brown, Chad Trujillo e David Rabinowitz descobrem o objeto 2003 UB313, provisoriamente denominado de "Xena" (hoje Éris), planeta anão que orbita além de Plutão. Ele já havia sido registrado, de forma automática, no dia 21 de outubro de 2003, vindo daí o nome provisório que recebeu, de acordo com os critérios estabelecidos pela UAI. Suas dimensões fazem desse objeto candidato a ser considerado o décimo planeta do Sistema Solar e, concomitantemente, acirram a polêmica em torno de Plutão, reabrindo a discussão sobre se esse corpo celeste deve ou não continuar sendo considerado um planeta.Éris – Diâmetro: 2.326km; período orbital: 203.600 dias (557 anos); distância média do

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Sol: 10,123 bilhões de km (varia entre 5,650 e 14,595 bilhões de km; massa: 16,7 quintilhões de toneladas; densidade: 2,52g/cm3.

2005 (10 de janeiro) – Um grupo internacional de astrônomos divulga a descoberta das três maiores estrelas observadas até o momento, todas com diâmetro superior a 1,6 bilhão de km. São elas: KW Sagitarii (a 9.800 anos luz de distância), V354 Cephei (a 9.000 anos luz) e KY Cygni (5.200 anos luz).

2005 (12 de janeiro) – É lançada a sonda estadunidense Deep Impact (ou Impacto Profundo) com destino ao cometa Tempel 1 (oficialmente, 9P/Tempel), Descoberto (3 de abril de 1867) pelo astrônomo alemão Ernst Wilhelm Leberecht Tempel (1821-1889, que circula entre as órbitas de Marte e de Júpiter. O objetivo da missão (sonda principal pesando 650kg) é lançar um impactador (370kg) contra o cometa, observar a explosão e a partir dela analisar os componentes químicos e físicos internos do astro.Uma campanha publicitária denominada “Envie seu nome a um cometa”, realizada entre maio de 2003 e janeiro de 2004, permite que os visitantes do site do JPL inscrevam seu nome para ser colocado no impactador da sonda. Os 625.000 nomes inscritos são gravados num CD, que é incorporado à missão.

2005 (14 de janeiro) – A sonda Huygens pousa com sucesso em Titã, depois de ter atravessado a atmosfera do satélite de Saturno. Logo depois do pouso, durante 90 minutos, envia as primeiras fotos de Titã à Cassini, que as retransmite à Terra. Este é o primeiro pouso de uma astronave num satélite natural que não seja a Lua.

2005 (21 de janeiro) – Imagens da Huygens revelam que em Titã há chuva de metano líquido tão frequente que é capaz de modelar a superfície do satélite com canais e lagos.

2005 (28 de janeiro) – Uma equipe de astrônomos coordenada por Jean-Loup Bertaux, do Centro Nacional de Pesquisa Científica (CNRS – França), Publica na revista Science Um artigo afirmando que A presença de moléculas de óxido nítrico demonstra que existe luz na noite marciana, segundo registros de instrumentos da sonda europeia Mars-Express.

2005 (fevereiro) – É anunciada a descoberta, pela Mars Express, de evidências de um mar congelado logo abaixo da superfície de Marte, ao norte do equador do planeta, com uma extensão de 900km.

2005 (2 de março) – A sonda Smart-1 inicia suas observações científicas da Lua.

2005 (4 de março) - A sonda Rosetta sobrevoa a Terra pela primeira vez, a uma altitude de 1.954,7km. Os campos magnéticos terrestre e lunar são usados para testar e calibrar os instrumentos.

2005 (16 de março) – A Nasa divulga a descoberta de uma atmosfera em Encélado, que se torna a segunda lua de Saturno (depois de Titã) a ter uma atmosfera conhecida.

2005 (abril) – A Mars Global Surveyor obtém, pela primeira vez, imagens de outras sondas em órbita do mesmo planeta, fotografando a Mars Express e mais tarde a Mars Odyssey.

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2005 (abril) – Astrônomos britânicos calculam que a "Grande Escuridão" – período de escuridão total que se seguiu à explosão cósmica primordial – terminou depois de 200 a 500 milhões de anos, quando as primeiras estrelas nasceram de nuvens comprimidas de hidrogênio.

2005 (16 de abril) – A Cassini detecta, na atmosfera superior de Titã, hidrocarbonetos complexos, elementos básicos na formação da vida, contendo até sete átomos, bem como hidrocarbonetos em que há nitrogênio.

2005 (20 de abril) – A NASA anuncia que, apesar da falha do paraquedas da cápsula da sonda Genesis, amostras de íons de oxigênio provenientes do Sol são recuperadas, permitindo a medição isotópica do oxigênio solar, que é o principal objetivo da missão.

2005 (4 de maio) – Scott S. Sheppard, David C. Jewitt, Jan Kleyna e Brian G. Marsden(1937-2010) anunciam a descoberta de doze pequenos satélites de Saturno, fotografados entre 12 de dezembro de 2004 e 9 de março de 2005. Oito deles têm nomes definitivos: Aegir, Bebion, Bergelmir, Bestla, Farbaute, Fenrir, Fornjot e Hati. Com isso, passam a ser 46 as luas conhecidas do planeta.Aegir – Diâmetro: 6km; período orbital: 1.025,908 dias (2,81 anos); distância média do planeta: 19.618.000km.Bebion – Diâmetro: 6km; período orbital: 820,130 dias (2,25 anos); distância média do planeta: 16.898.000km.Bergelmir – Diâmetro: 6km; período orbital: 1006,659 dias (2,76 anos); distância média do planeta: 19.372.000km.Bestla – Diâmetro: 7km; período orbital: 1.088 dias (2,98 anos); distância média do planeta: 20.192.000km.Farbaute – Diâmetro: 5km; período orbital: 1079,099 dias (2,94 anos); distância média do planeta: 20.291.000km.Fenrir – Diâmetro: 4km; período orbital: 1.260,35 dias (3,45 anos); distância média do planeta: 22.454.000km.Fornjot – Diâmetro: 6km; período orbital: 1.354 dias (3,71 anos); distância média do planeta: 23.609.000km.Hati – Diâmetro: 6km; período orbital: 1.080,099 dias (2,96 anos); distância média do planeta: 20.303.000km.S/2004 S 7 - Diâmetro: 6km; período orbital: 1.140,24 dias (3,12 anos); distância média do planeta: 20.999.000km.S/2004 S 12 – Diâmetro: 5km; período orbital: 1048,541 dias (2,87 anos); distância média do planeta: 19.906.000km.S/2004 S 13 - Diâmetro: 6km; período orbital: 905,848 dias (2,48 anos); distância média do planeta: 18.056.000km.S/2004 S 17 – Diâmetro: 4km; período orbital: 985,453 dias (2,70 anos); distância média do planeta: 18.099.000km.

2005 (6 de maio) – Cientistas da Cassini descobrem Dafne, quadragésimo sétimo satélite conhecido de Saturno.Diâmetro: 8,6 x 8,2 x 6,4km; período orbital: 0,594 dia; distância média do planeta:

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136.505,5km.

2005 (9 de maio) – O telescópio Swift detecta a primeira erupção de raios gama (GRB 050509b) de curta duração alguma vez observada (0,05 segundo).GRB é a abreviatura inglesa para “gamma-ray burst”, erupção de raios gama.

2005 (15 de junho) – Imagens obtidas pelo telescópio Hubble permitem a descoberta de mais dois satélites de Plutão, posteriormente batizados de Nix e Hydra. Esses nomes são escolhidos, em parte, por corresponderem às iniciais da sonda New Horizons, lançada em janeiro de 2006 para Plutão. Nix é a deusa grega da escuridão, e Hydra é a serpente de nove cabeças que guarda o inferno.Nix – Diâmetro: entre 46 e 137km; período orbital: 24,856 dias; distância média do planeta: 48.708km; massa: desconhecida; densidade: desconhecida.Hydra – Diâmetro: entre 60 e 168km; período orbital: 38,206 dias; distância média do planeta: 64.709km; massa: desconhecida; densidade: desconhecida.

2005 (4 de julho) – Após uma viagem de 173 dias e 429 milhões de km, o impactador da Deep Impact (um projétil de cobre pesando 370kg)é lançado contra o cometa Tempel 1, colidindo com ele à velocidade de 37.000km/h. O impacto produz energia equivalente à da explosão de 5t de dinamite e faz aumentar o brilho do cometa em seis vezes. A 700km de distância, a sonda registra o choque e envia as imagens para a Terra. Instrumentos a bordo da Rosetta também fazem observações do impacto. Uma cratera é produzida, mas os cientistas não podem vê-la por causa da nuvem de poeira que se forma. O impactador, que é colocado na trajetória do Tempel 1 para ser atingido por ele, transmite até três segundos antes do choque. Cerca de 4.500 imagens são enviadas pela Deep Impact para a Terra.O telescópio Swift monitora o cometa depois da colisão e observa que material continua sendo expulso durante os treze dias seguintes. No total, o impacto libera aproximadamente 5.000t de água e de 10.000 a 25.000t de poeira.O núcleo do Tempel 1 tem diâmetro de 7,6 x 4,9km, e a massa estimada é de 75 bilhões de toneladas.

2005 (26 de julho) – Dados da Cassini confirmam que há chuva em Titã, composta de metano líquido e, em menores proporções, de nitrogênio.

2005 (9 de agosto) - O ônibus espacial Discovery (STS-114) aterrissa com sucesso na Califórnia (e não na Flórida, como previsto), em meio a tensão e incertezas. Primeira missão de um ônibus espacial depois (907 dias) da explosão do Columbia, em fevereiro de 2003, o Discovery tem problemas desde o lançamento, ocorrido de Cabo Canaveral a 26 de julho, devido a fragmentos de espuma isolante desprendidos da superfície do depósito de combustível externo que alimenta os foguetes propulsores na partida da nave. O ônibus espacial permanece 9 dias (28 de julho a 6 de agosto) acoplado à ISS. Durante esse tempo, os astronautas descarregam suprimentos, substituem um giroscópio e instalam uma pequena plataforma externa.A tripulação é composta por Eileen Collins - Comandante -, James Kelly - Piloto -, Soichi Noguchi, Stephen Robinson, Andrew Thomas, Wendy Lawrence e Charles Camarda.Apesar do êxito da missão, os voos tripulados da NASA continuam suspensos, até ser encontrada uma solução para o problema da espuma isolante. A missão seguinte é a STS-

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121 (Discovery, 4 a 17 de julho de 2006).

2005 (12 de agosto) – Pesquisadores estadunidenses liderados por Mark Thiemens publicam na revista Science um estudo afirmando que O Sol já brilhava há mais de 4,5 bilhões de anos, quando a poeira e o gás ainda não tinham formado os planetas do Sistema Solar. Para eles, trata-se da primeira evidência conclusiva de que o chamado protosSol afetou o desenvolvimento do Sistema Solar ao emitir energia ultravioleta suficiente para catalisar a formação de compostos orgânicos, água e outros elementos necessários à evolução da vida na Terra.

2005 (12 de agosto) – É lançada a sonda estadunidense Mars Reconnaissance Orbiter (MRO), que inclui entre seus objetivos determinar os melhores locais de pouso para futuras missões a Marte e coletar dados geológicos e meteorológicos sobre o planeta. A nave (2.180kg) carrega instrumentos para analisar a atmosfera, a superfície e o subsolo, a fim de conhecer a forma como Marte foi mudando ao longo do tempo. Entre os instrumentos estão a câmera telescópica de maior diâmetro já enviada para estudar um planeta, um espectrômetro, projetado para identificar minerais relacionados à água em áreas do tamanho de um campo de futebol, e um radar fornecido pela Agência Espacial Italiana que penetra no solo e permite a detecção de camadas de rocha, gelo e, se houver, água.

2005 (10 de setembro) – É descoberto um satélite de 2003 UB313 (Éris), provisoriamente designado de S/2005 (2003 UB313) 1, tendo recebido a a alcunha de Gabrielle, a companheira de Xena na série televisiva Xena, A Princesa Guerreira. Mais tarde (setembro de 2006), o astro recebe o nome oficial de Disnomia.Diâmetro: entre 350 e 490km; período orbital: 15,774 dias: distância média de Éris: 37.370km.

2005 (19 de setembro) – A Nasa anuncia sua intenção de colocar outra vez astronautas na Lua, estando a primeira viagem tripulada desse novo programa prevista para 2018.

2005 (19 de setembro) – Uma colônia de vermes da seda mandada ao espaço pela Agência Espacial da China retorna à Terra após uma viagem de 18 dias. Os animais são enviados para que sejam estudados os processos de transformação da crisálida em verme e a consequente produção de seda.

2005 (25 de setembro) – É oficialmente inaugurado o Atacama Pathfinder Experiment (APEX), radiotelescópio localizado a 5.100m de altitude, no Observatório de Llano de Chajnantor, norte do Chile. Com antena principal de 12m, está projetado para fazer observações nos comprimentos de onda de 0,2 a 1,5mm.

2005 (12 de outubro) – Segunda missão tripulada da China ao espaço. Os taikonautas Fei Junlong e Nie Haisheng, a bordo da Shenzhou 6, permanecem 115h33min no espaço, completam 75 órbitas e retornam à Terra no dia 16.

2005 (9 de novembro) – É lançada a Venus Express, primeira sonda europeia com destino a Vênus, cuja missão principal é fazer um estudo a longo prazo da atmosfera daquele planeta. A nave, de 1.270kg, transporta sete instrumentos científicos.

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2005 (25 de novembro) – A sonda Hayabusa pousa no asteroide 25143 Itokawa, permanece por cerca de trinta minutos e estuda a sua morfologia, rotação, topografia, cor, composição, densidade e história. Consegue recolher duas amostras do solo do asteroide Itokawa, as quais são enviadas à Terra dentro de uma pequena cápsula incorporada à nave especialmente para esse fim. É a primeira vez que uma nave pousa num asteroide e deixa o astro mais tarde (A NEAR-Shoemaker pousou em eros, mas permaneceu na superfície do asteroide.Neste momento, os resultados da Hayabusa são bastante incertos. Apesar de ter chegado às proximidades de Itokawa em setembro, apenas dois meses depois consegue pousar, devido a diversas dificuldades de manobra. Ademais, um pequeno módulo de pouso denominado Minerva (10 x 12cm, 590g), que deveria pousar e ficar no asteroide, erra o alvo e perde-se no espaço.

2006 (15 de janeiro) – A sonda Stardust libera na atmosfera terrestre uma cápsula (que pousa no deserto de Utah) contendo milhares de grãos de poeira e de partículas, capturados em janeiro de 2004 e provenientes do cometa Wild 2. É a primeira vez que amostras originárias de um corpo celeste que não seja a Lua são trazidas para a Terra. As amostras da Stardust incluem também poeira e partículas interestelares, fato sem precedentes na história da astronomia.

2006 (19 de janeiro) – É lançada a sonda estadunidense New Horizons, com a finalidade principal de caracterizar globalmente a geologia e a morfologia de Plutão e de Caronte, além de mapear as suas superfícies. Objetivos secundários são estudar a atmosfera neutra de Plutão e a sua taxa de fuga; estudar as variações da superfície e da atmosfera de Plutão e de Caronte ao longo do tempo; obter imagens de alta definição em estéreo de determinadas áreas de Plutão e de Caronte, para caracterizar a sua atmosfera superior, a ionosfera; estudar a composição das partículas energéticas do meio ambiente e a sua interação com o vento solar; procurar pela existência de alguma atmosfera em torno de Caronte; caracterizar a ação das partículas energéticas entre Plutão e Caronte; procurar por satélites ainda não descobertos (além de estudar os já conhecidos) e por possíveis anéis que envolvam Plutão e Caronte. A New Horizons, de 478kg, carrega sete instrumentos científicos principais, bem como uma pequena quantidade de cinzas de Clyde Tombaugh (1906-1997), descobridor de Plutão. A sonda sobrevoará Plutão e Caronte em 14 de julho de 2015.

2006 (3 de fevereiro) – Um estudo publicado na revista Science afirma que o cometa Tempel 1, alvo da sonda Deep Impact em julho de 2005, tem três trechos de gelo em sua superfície. Pela primeira vez, gelo é localizado no núcleo de um cometa.

2006 (21 de fevereiro) – É lançado o satélite japonês Astro-F, desenvolvido em colaboração com a ESA e posteriormente renomeado como "Akari (luz), com o objetivo de fazer um levantamento do céu no infravermelho.

2006 (9 de março) – Cientistas da Nasa afirmam ter encontrado evidências da presença de água líquida em Encélado, satélite de Saturno, vinda do interior e aflorando à superfície em forma de jatos.

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2006 (10 de março) – A sonda Mars Reconnaissance Orbiter entra com sucesso numa órbita elíptica (3.806 x 47.972km) em torno de Marte.

2006 (13 de março) – A Nasa divulga resultados preliminares das análises do material proveniente do cometa Wild 2 trazido à Terra pela Stardust. São encontrados vestígios de temperaturas extremas, tanto baixas quanto elevadas. Os cometas revelam-se mais complexos do que se pensava, não estando sua composição limitada a gelo, poeira e gás. Há no Wild 2 elementos cuja formação requer altas temperaturas: cálcio, alumínio, titânio e peridoto (rocha natural comum na areia de algumas praias, com elevada concentração de ferro e de magnésio).

2006 (29 de março) – É lançada a Soyuz TMA-8, às 23h31min18s (horário de Brasília), que transporta o primeiro brasileiro a ir ao espaço, o tenente-coronel da Força Aérea e engenheiro aeronáutico Marcos César Pontes, de 43 anos, que também é o primeiro lusófono e o primeiro sul-americano a ir ao espaço. Participam também da missão o astronauta estadunidense Jeffrey Williams e o cosmonauta russo Pavel Vinogradov, integrantes da Expedição 13 da ISS. O retorno de Marcos à Terra ocorre em 8 de abril, a bordo da Soyuz TMA-7. Permanece no espaço 9d21h17min e completa 155 órbitas.

2006 (7 de abril) – São liberadas as primeiras imagens em cores de Marte obtidas pela Mars Reconnaissance Orbiter. As fotos mostram crateras, falésias e dunas formadas pelo vento no hemisfério sul de Marte. Segundo os cientistas da NASA, a diversidade dos acidentes geográficos mostra a importância que a água, o vento e impactos de meteoritos tiveram em moldar a superfície do planeta.

2006 (7 de abril) - A New Horizons cruza a órbita de Marte.

2006 (11 de abril) – A Venus Express entra com sucesso na órbita venusiana. No dia seguinte, o espectrômetro Virtis capta as primeiras imagens do polo sul do planeta. A 7 de maio, tendo completado 16 voltas em torno de Vênus, a sonda atinge sua órbita operacional definitiva. (250 x 66.000km)

2006 (11 de abril) – É lançado nos EUA um telescópio construído especialmente para capturar possíveis sinais de luz transmitidos à Terra por extraterrestres. Financiado pela Planetary Society, o equipamento é o primeiro a ser desenvolvido apenas para vasculhar o céu à procura de luz emitida por alienígenas.

2006 (30 de abril) – O sistema de radar da Cassini detecta a região de Xanadu, em Titã, descoberta em 1994 pelo telescópio Hubble, e constata que ela tem características geológicas parecidas com as da Terra. No extremo oeste, há dunas escuras que se transformam em um terreno cortado pelo que parecem ser redes fluviais, colinas e vales. Esses canais fluem em direção a áreas mais escuras, que talvez sejam lagos.

2006 (início de maio) - A New Horizons entra no cinturão de asteroides.

2006 (5 de maio) – Um estudo publicado na revista Science afirma que em Titã existem

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dunas semelhantes às dos desertos da Terra, com até 150m de altura e centenas de km de extensão, não tendo sido possível, ainda, determinar de que material são compostas.

2006 (13 de junho) - A New Horizons passa a 101.867km do asteroide 132524 APL e o fotografa. Diâmetro: 2,3km; período orbital: 1.536,322 dias (4,21 anos); distância média do Sol: 390 milhões de km.

2006 (26 de junho) – Scott S. Sheppard, David C. Jewitt, Jan Kleyna e Brian G. Marsden(1937-2010) anunciam a descoberta de nove satélites de Saturno, cujo número passa para 56. Sete deles têm nomes definitivos: Cari, Greip, Hyrrokkin, Jarnsaxa, Loge, Skoll e Surtur.Cari – Diâmetro: 7km; período orbital: 1243,71 dias (3,41 anos); distância média do planeta: 22.305.100km.Greip – Diâmetro: 6km; período orbital: 906,556 dias (2,48 anos); distância média do planeta: 18.066.000km.Hyrrokkin – Diâmetro: 8km; período orbital: 914,292 dias (2,50 anos); distância média do planeta: 18.168.300km.Jarnsaxa – Diâmetro: 6km; período orbital: 943,784 dias (2,58 anos); distância média do planeta: 18.556.900km.Loge – Diâmetro: 6km; período orbital: 1.314,364 dias (3,60 anos); distância média do planeta: 23.142.000km.Skoll – Diâmetro: 6km; período orbital: 869 dias (2,38 anos); distância média do planeta: 17.560.000km.Surtur – Diâmetro: 6km; período orbital: 1238,575 dias (3,39 anos); distância média do planeta: 22.243.600km.S/2006 S 1 – Diâmetro: 6km; período orbital: 972,407 dias (2,66 anos); distância média do planeta: 18.930.200km.S/2006 S 3 – Diâmetro: 6km; período orbital: 1.142,366 dias (3,13 anos); distância média do planeta: 21.076.300km.

2006 (4 a 17 de julho) – Missão do Discovery (STS-121), cuja finalidade principal é testar os dispositivos de segurança incorporados aos ônibus espaciais depois da explosão do Columbia (STS-107) e dos transtornos da missão anterior (STS-114), também realizada pelo Discovery e concluída 329 dias antes.O astronauta alemão Thomas Reiter é deixado na ISS, onde se junta a Pavel Vinogradov e Jeffrey Williams, integrantes da Expedição 13 (1º de abril a 28 de setembro). Os demais tripulantes são Steven Lindsey - Comandante -, Mark Kelly - Piloto -, Michael Fossum, Piers Sellers, Lisa Nowak e Stephanie Wilson.Entre os equipamentos levados para a ISS, destacam-se um freezer (de fabricação francesa) capaz de atingir a temperatura de -80°C, um novo sistema de fornecimento de oxigênio e uma bicicleta ergométrica.

2006 (22 de julho) – A Mars Express fotografa a formação rochosa da região marciana de Cydonia, onde está localizado o famoso "rosto de Marte". As fotografias mostram uma pequena elevação que sofreu erosão, ficando com um aspecto que lembra vagamente um rosto humano. Contudo, a hipótese de se tratar de um rosto artificialmente esculpido perde

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por completo o sentido.

2006 (15 de agosto) – A Voyager 1 chega a 100 unidades astronômicas (14,96 bilhões de km) do Sol.

2006 (22 de agosto) – Uma resolução da UAI subdivide os então chamados planetas menores em planetas anões e corpos pequenos do Sistema Solar (SMall Solar System Bodies, SSSB, em inglês). Pela resolução, corpos pequenos do Sistema Solar são todos os astros que giram em torno do Sol e que não são planetas, planetas anões ou satélites. Portanto, pertencem a esta categoria asteroides, centauros, troianos, objetos transnetunianos e cometas. Não está claro o status dos meteoroides, (menores corpos macroscópicos em órbita solar) nem dos elementos microscópicos que orbitam o Sol, como poeira interplanetária, partículas do vento solar e partículas de hidrogênio livre. A expressão planetas menores pode continuar sendo usada, mas deve-se dar preferência à nova nomenclatura.

2006 (23 de agosto) – A Nasa anuncia ser Orion o nome da série de veículos de exploração tripulados projetados para substituir os ônibus espaciais e para transportar astronautas em futuras missões à Lua.

2006 (24 de agosto) – A 26ª assembleia da UAI, reunida em Praga, na República Tcheca, aprova pela primeira vez na história da astronomia uma definição para planeta. Segundo essa definição, planeta é um corpo celeste que está na órbita de uma estrela, sem ser ele mesmo uma estrela, que tem massa suficiente para que sua própria gravidade o molde numa forma praticamente esférica e que tenha limpado os arredores de sua órbita. Com isso, Plutão deixa de ser considerado um planeta, passando a ser incluído na categoria de objetos criada na mesma assembleia e denominada de planetas anões. Ceres, até então considerado asteroide, e 2003 UB313 (“Xena”, mais tarde Éris) também passam a ser classificados como planetas anões.

2006 (30 de agosto) – A revista Nature publica quatro artigos nos quais astrônomos afirmam ter acompanhado, pela primeira vez na história, a evolução de uma supernova em todas as suas etapas. A explosão da supernova, batizada de "SN2006aj" e localizada na constelação de Áries, a cerca de 440 milhões de anos-luz da Terra, tem início a 18 de fevereiro de 2006.

2006 (setembro) – A sonda Cassini revela a ocorrência, nos polos de Titã, de chuva ou nevascas de etano, substância que na Terra é um componente do gás natural.

2006 (1º de setembro) – A revista Science publica dados obtidos pelo impactador da sonda Deep Impact que, a 4 de julho de 2005, atingiu o cometa Tempel 1. Os dados revelam que o cometa está envolvido por poeira, como uma fina camada de neve fresca. De forma inesperada, o Tempel 1 dá sinais de ter tido uma atividade geológica no passado, o que prova que um cometa não é, como havia proposto Fred Whipple em 1950, uma massa de neve suja.

2006 (3 de setembro) – A sonda Smart-1 é levada a chocar-se intencionalmente contra o

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polo sul da Lua, após 2.889 órbitas completadas. A poeira resultante do impacto (observado por telescópios terrestres) deve fornecer informações acerca dos elementos químicos presentes no satélite.

2006 (9 de setembro) – O satélite chinês Shijian 8 é lançado ao espaço carregando 215kg de sementes e fungos, que são expostos a nove tipos de radiações cósmicas e à microgravidade. O satélite retorna à Terra no dia 24, e o Ministério da Agricultura da China pretende utilizar os dados obtidos para desenvolver novos cultivos.

2006 (9 a 21 de setembro) – Missão do Atlantis (STS-115), cujo objetivo é retomar a construção da ISS, interrompida desde a explosão do Columbia, em fevereiro de 2003. A tripulação é formada por Brent W. Jett, Jr. - comandante -, Chris Ferguson - piloto -, Steven MacLean, Daniel Burbank, Heidemarie Stefanyshyn-Piper e Joseph Tanner.

2006 (12 de setembro) – A Mars Reconnaissance Orbiter entra em órbita circular em torno de Marte, o que lhe permite iniciar seus estudos do planeta.

2006 (13 de setembro) – O Centro de Planetas Menores, organização oficial que coleta dados sobre asteroides e cometas, passa a considerar o planeta anão Plutão como sendo o objeto 134340. Os três satélites de Plutão então conhecidos, Caronte, Nix e Hydra, são considerados parte do mesmo sistema, mas não ganham números próprios: apenas passam a ser identificados como 134340 I, II e III, respectivamente.

2006 (14 de setembro) – A UAI anuncia que o planeta anão 2003 UB313, conhecido popularmente como "Xena", passa a se chamar oficialmente Éris, nome da deusa grega da discórdia e do conflito. Sua lua, apelidada "Gabrielle", passa a ter a denominação oficial de Disnomia, o demônio do caos e da anarquia, que na mitologia é filha de Éris. Éris recebe esse nome porque a sua descoberta lança a discórdia entre os astrônomos quanto à definição de um planeta e causa, indiretamente, a descida de estatuto de Plutão de "planeta" para "planeta-anão".

2006 (14 de setembro) – Astrônomos do Centro Harvard-Smithsonian de Astrofísica afirmam ter descoberto um planeta gigante, batizado como HAT-P-1b, que é cerca de 30% maior que Júpiter, mas cuja massa corresponde à metade da do maior planeta do Sistema Solar. Gaspar Bakos, um dos cientistas envolvidos na descoberta, diz ter o planeta cerca de 25% da densidade da água, o que faz dele um objeto mais leve do que uma bola de cortiça gigante. A estrela em torno da qual ele gira está localizada a 450 anos-luz da Terra, na constelação do Lagarto.

2006 (18 de setembro) – A empresária de telecomunicações Anousheh Ansari, de 40 anos, nascida no Irã e naturalizada estadunidense, torna-se a primeira mulher a viajar ao espaço na condição de turista. Ela parte para a ISS na Soyuz TMA-9, ao lado do estadunidense Michael Lopez-Alegria e do russo Mikhail Tyurin, para uma viagem de 11 dias. A volta à Terra ocorre em 29 de setembro, na Soyuz TMA-8.

2006 (20 de setembro) – A Nasa anuncia a descoberta, feita pela Cassini, de um anel em Saturno. As câmeras da sonda também revelam imagens de material gelado proveniente da

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lua Encélado.

2006 (22 de setembro) – É lançada a sonda japonesa Hinode (“nascer do sol”), anteriormente denominada Solar-B, cujo objetivo é estudar, a partir de uma órbita terrestre, as enormes explosões que ocorrem na atmosfera do Sol, conhecidas como "chamas solares". Em apenas alguns minutos, essas explosões liberam energia equivalente a milhões de bombas de hidrogênio. A missão pretende obter informações sobre o campo magnético existente na atmosfera solar e entender o mecanismo de ignição das explosões.A massa da sonda é de 700kg.

2006 (27 de setembro) – Uma equipe de médicos franceses, composta de três cirurgiões e dois anestesistas, chefiada por Domenique Martin, realiza, a bordo de um Airbus A300 G-Zero especialmente adaptado, a primeira cirurgia da história em condições de ausência total de gravidade feita num ser humano. O paciente, Philippe Sanchot, um voluntário de 46 anos anestesiado em terra, tem um cisto sebáceo removido do antebraço. O objetivo da experiência é desenvolver tecnologias que permitam realizar cirurgias em astronautas no espaço, em missões futuras.

2006 (3 de outubro) – Os astrofísicos estadunidenses John C. Mather e George F. Smoot são os ganhadores do Prêmio Nobel de Física por suas pesquisas sobre a radiação de fundo das micro-ondas cósmicas e a origem do Universo.

2006 (3 de outubro) – O cientista russo Oleg Korablev, do Instituto de Pesquisa Espacial da Rússia, estabelece a idade de Marte como sendo de 4,65 bilhões de anos.

2006 (5 de outubro) – Cientistas da NASA e da Itália determinam, com o auxílio do telescópio espacial Swift, que as partículas emitidas em forma de jatos pelos buracos negros (descobertas na década de 1970) são compostas de próttons e de elétrons.

2006 (6 de outubro) – São apresentadas imagens da cratera Victoria, em Marte, feitas pelo robô Opportunity. Essas fotografias representam uma das mais ricas fontes de informação geológica sobre o planeta, por conta das camadas de rocha aparentes na encosta da cratera.

2006 (8 de outubro) – Um pequeno meteorito cai sobre uma casa de campo em Troidorf, norte da Alemanha, causando um incêndio que deixa um idoso de 77 anos ferido no rosto e nas mãos.

2006 (11 de outubro) – Mais dois anéis de Saturno, descobertos pela Cassini, são anunciados pela Nasa.

2006 (19 de outubro) – A revista britânica Nature publica um estudo, realizado por astrônomos estadunidenses liderados por Donald Campbell, do Instituto Smithsonian de Washington, contestando a existência de grandes quantidades de gelo no polo sul da Lua, conforme havia sido deduzido a partir de dados coletados pela sonda Clementine.

2006 (25 de outubro) – A Nasa lança a missão Stereo (Solar Terrestrial Relations Observatories), formada por duas sondas, quase idênticas, cada uma pesando 620kg, cujo

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objetivo é estudar as radiações produzidas pelas tempestades solares (mais especificamente, a origem, a evolução e as consequências das explosões que ocorrem na coroa). Como as sondas estão programadas para operar em órbitas opostas, pela primeira vez as medidas do Sol e dos ventos solares serão tomadas em três dimensões.

2006 (final de outubro) - A New Horizons deixa o cinturão de asteroides.

2006 (novembro) – Com base em dados obtidos em três sobrevoos da Cassini realizados em 2005, a Uhnião Astronômica Internacional dá nomes a mais 35 estruturas geológicas de Encélado, também retirados de personagens elugares mencionados nas Mil e uma noites.

2006 (5 de novembro) – A Nasa perde contato com a Mars Global Surveyor, dois dias antes do décimo aniversário do lançamento da sonda. Em órbita marciana desde setembro de 1997, a sonda é dada como perdida no dia 21 de novembro.

2006 (9 de novembro) – Um grupo de cientistas, na maioria espanhóis, publica um trabalho na revista Science, no qual sustenta que as estrelas mais evoluídas da Via Láctea são altamente ricas em rubídio, o que confirma uma teoria de 40 anos sobre a existência desses astros, que têm massa de quatro a oito vezes maior que a do Sol. Segundo esse estudo, tais estrelas teriam "contaminado" a nebulosa da qual surgiu o Sistema Solar, o que poderia ajudar a compreender a evolução química da galáxia.

2006 (22 de novembro) – O presidente mexicano Vicente Fox inaugura o Grande Telescópio Milimétrico, GTM (ou LMT, Large Milimeter Telescope, na sigla em inglês), construído a uma altitude de 4.580m, no pico do vulcão inativo Sierra Negra, no Estado de Puebla, centro do México. Sua antena, de 50m – a maior do mundo –, é o resultado de um esforço conjunto do Instituto Nacional de Astrofísica, Óptica e Eletrônica do México (INAOE) e da Universidade de Massachusetts, dos EUA. Fabricado com projeto alemão, o GTM é o radiotelescópio mais preciso do seu tipo desde o início de sua atividade plena (2008), estando programado para estudar a composição de cometas, as atmosferas dos planetas além do nosso Sistema Solar e as origens do Universo, indo desde a formação das primeiras estrelas e galáxias à radiação cósmica de micro-ondas.

2006 (27 de novembro) – Uma equipe internacional de astrônomos anuncia, em Paris, ter conseguido medir, pela primeira vez, o campo magnético de uma estrela ao redor da qual gravita um dos cerca de 200 exoplanetas conhecidos. Situada a 50 anos-luz da Terra, a estrela Tau Bootis tem um campo magnético de alguns gauss (unidade de medida de indução magnética), apenas um pouco maior que o do sol, apesar de ter uma massa uma vez e meia superior.

2006 (28 de novembro) - São liberadas as primeiras imagens de Plutão feitas pela New Horizons. Devido à grande distância, são pouco nítidas.

2006 (29 de novembro) – São divulgadas as primeiras imagens da superfície de Marte obtidas pela sonda Mars Reconnaissance Orbiter, cuja missão científica teve início em 7 de novembro. As imagens mostram dunas intermináveis, algumas das quais cruzadas por fendas que possivelmente se formaram durante o processo de descongelamento do dióxido

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de carbono e da água pelo efeito dos raios solares. Também mostram crateras de impacto, incluindo o "Endurance", percurso feito no início de 2006 pela sonda Opportunity.

2006 (4 de dezembro) – A Nasa anuncia que a Mars Reconnaissance Orbiter fotografou três sondas na superfície de Marte: a Spirit e as duas Vikings.

2006 (4 de dezembro) – A Nasa anuncia que projeta construir, com cooperação internacional, uma base ocupada de maneira permanente na Lua, provavelmente em um dos polos do satélite.

2006 (6 de dezembro) - Um grupo internacional de astrônomos liderados por Suvi Gezari, do Caltech (Instituto de Tecnologia da Califórnia) anunciam que imagens da sonda Galex permitem à equipe assistir, pela primeira vez, "ao vivo" a todas as etapas da agonia de uma estrela sugada por um buraco negro gigante, localizado a 4 bilhões de anos-luz da Terra.

2006 (6 de dezembro) – A Nasa anuncia a descoberta de evidências de que existe água líquida em Marte na atualidade. Comparações entre imagens feitas pela Mars Global Surveyor ao longo dos últimos anos demonstram a ocorrência de mudanças morfológicas na superfície marciana nesse período, as quais podem ter sido causadas por água fluindo por encostas de crateras.Essa hipótese será contestada em fevereiro de 2008.

2006 (15 de dezembro) – A revista Science publica uma série de artigos, assinados por 183 astrônomos de diversos países, nos quais são colocadas em dúvida as teorias atualmente aceitas acerca da origem do Sistema Solar. As amostras de poeira obtidas durante a passagem da sonda Stardust pelo cometa Wild 2 e trazidas de volta à Terra demonstram, contrariamente ao que se pensava, a existência nos cometas de minerais característicos das regiões internas do Sistema Solar, indicando que, durante o processo de sua formação, deve ter ocorrido interação entre os materiais das regiões interna e externa, o que não está de acordo com as hipóteses formuladas até agora.

2006 (27 de dezembro) – É lançada de Baikonur, no Casaquistão, a missão espacial Corot, desenvolvida sob a liderança da Agência Espacial Francesa (CNES) e envolvendo a participação de mais cinco países (Alemanha, Áustria, Bélgica, Brasil e Espanha) e da ESA. Os objetivos da missão são procurar planetas fora do Sistema Solar (exoplanetas) e tentar compreender a sismologia estelar (asterossismologia), ou seja, o estudo do interior das estrelas com base nas oscilações que ocorrem nelas. Com esse fim, o Corot (630kg) está programado para medir variações na intensidade da luz desses corpos celestes com uma precisão jamais alcançada que, aliada a longos períodos de medição em cada região do céu, deve levar à detecção, pela primeira vez na história, de outros planetas do tamanho da Terra e capazes de abrigar vida superior. O acrônimo CoRot vem da fusão das palavras "COnveccão, ROtação e Trânsitos". Mas também é homônimo de Jean-Baptiste Camille Corot (1796-1875), pintor parisiense que foi um dos grandes nomes da transição entre o classicismo e o impressionismo nas artes plásticas, um nome adequado para uma missão que pretende pintar um novo quadro na astronomia moderna.

2007 (4 de janeiro) – Cientistas europeus e estadunidenses confirmam, num artigo

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publicado pela revista britânica Nature e com base em imagens obtidas em 22 de julho de 2006 pela sonda Cassini, a existência de lagos de metano no hemisfério norte de Titã.

2007 (8 de janeiro) – Uma equipe liderada por S. George Djorgovski, do Observatório W.M. Keck, no Havaí, anuncia a descoberta do primeiro quasar triplo. Denominado LBQS 1429-008, localiza-se na constelação de Virgem e dista da Terra 10,5 bilhões de anos-luz.

2007 (10 de janeiro) – Astrônomos estadunidenses divulgam estudo segundo o qual Andrômeda (M31), a maior galáxia do Grupo Local, é cinco vezes maior do que se imaginava, tendo um diâmetro de, pelo menos, um milhão de anos-luz.

2007 (18 de janeiro) – O cometa McNaught, descoberto em 7 de agosto de 2006, na Austrália, por Robert McNaught, após passar pelo periélio em 12 de janeiro, atinge sua luminosidade máxima (magnitude –6) e pode ser visto a olho nu no hemisfério sul. Trata-se do cometa mais brilhante em 41 anos, superado pelo Ikeya-Seki, visível durante o dia em 1965.

2007 (22 de janeiro) – A Índia torna-se o quarto país do mundo (depois de EUA, Rússia e China) a trazer de volta, com sucesso, uma cápsula enviada ao espaço. O satélite, lançado no dia 10 de janeiro, é dirigido, ao reentrar na atmosfera, para a Baía de Bengala, atingindo-a a 36km/h.

2007 (fevereiro) – O espectrômetro de mapeamento visual e infravermelho a bordo da Cassini obtém imagens de uma nuvem com cerca de 2.400km de diâmetro sobre o polo norte de Titã. É possível que essa formação esteja diretamente relacionada aos lagos descobertos em janeiro na superfície do satélite.

2007 (3 de fevereiro) – A sonda Ulysses faz uma passagem inesperada por dentro da cauda do cometa McNaught, a 250 milhões de km do núcleo.

2007 (6 de fevereiro) – A sonda Opportunity completa 10km percorridos sobre o solo de Marte.

2007 (16 de fevereiro) – Têm início as operações do South Pole Telescope (SPT), telescópio de 10m de diâmetro localizado na estação estadunidense de Amundsen-Scott, na Antártida, projetado para fazer observações em radiação submilimétrica.

2007 (17 de fevereiro) – A Nasa lança os cinco satélites que compõem a missão Themis (cada um deles pesando 77kg), cujo objetivo é investigar as auroras boreais. Themis (“Time History of Events and Macroscale Interactions during Substorms”) é a sigla em inglês para "Histórico de Eventos e Interações a Macroescala durante as Subtempestades", mas também o nome da deusa grega da Justiça.Mais tarde, dois dos cinco satélites (Themis B e Themis C) são enviados para uma órbita lunar e passam a constituir a missão Artemis, acrônimo para “Acceleration, Reconnection, Turbulence and Electrodynamics of the Moon’s Interaction with the Sun”. Os outros três satélites permanecem na magnetosfera terrestre.

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2007 (25 de fevereiro) - A sonda Rosetta chega a 250km de Marte, estuda o campo magnético do planeta, faz diversas imagens e utiliza a gravidade marciana para modificar sua rota.

2007 (28 de fevereiro) – A New Horizons passa por Júpiter e obtém impulso gravitacional, aumentando sua velocidade de 70.000km/h para 84.000km/h. A aproximação máxima é de 2,3 milhões de km, e a sonda aproveita para fazer uma série de imagens do planeta, bem como de suas principais luas. Nesta aproximação, a sonda observa relâmpagos nos polos jovianos, O ciclo de vida das nuvens de amoníaco, aglomerados de rochas viajando através dos fracos anéis que rodeiam o planeta, a estrutura dentro das erupções vulcânicas em Io e a passagem de partículas carregadas, nunca estudadas antes, ao longo da cauda magnética de Júpiter.

2007 (7 de março) – A Câmara dos Deputados do Novo México aprova uma resolução em homenagem a Clyde Tombaugh, que por décadas morou neste Estado, a qual declara que Plutão será sempre considerado planeta quando estiver sobre os céus do Novo México e que 7 de março de 2007 deve ser considerado Dia do Planeta Plutão.Em 2009, o Senado do Illinois aprova uma resolução semelhante, sob o argumento de que aquele Estado estadunidense é a terra natal de Tombaugh.

2007 (26 de março) – Horst Bredekamp e William R. Shea apresentam em Pádua, Itália, cinco páginas contendo desenhos da Lua feitos por Galileu Galilei, recentemente descobertos e originalmente incluídos numa edição do "Sidereus Nuncius", obra publicada em Veneza, em 1610.

2007 (abril) – São divulgados resultados de observações feitas pelo Akari, destacando-se o estudo da evolução do material do meio interestelar através do ciclo de vida das estrelas, a primeira detecção no infravermelho de um remanescente de supernova na Pequena Nuvem de Magalhães, a confirmação de uma taxa elevada de perda de massa em estrelas gigantes vermelhas jovens, o estudo do material à volta de um buraco negro no centro do núcleo ativo de uma galáxia distante e uma visão da formação de galáxias ao longo da história do Universo.

2007 (10 de abril) – O astrônomo estadunidense Travis Barman anuncia a detecção, pela primeira vez na história, de vestígios de água na atmosfera de um planeta extrassolar, o HD209458b, conhecido extraoficialmente como Osíris. Localizado na constelação de Pégaso, a 154 anos-luz da Terra, este planeta, descoberto em 5 de novembro de 1999, orbita a sua estrela em 3,525 dias, à distância média de 6,7 milhões de km.

2007 (12 de abril) – Um boletim da Nasa comunica a primeira observação, feita pelo Chandra, do eclipse de um grande buraco negro por uma nuvem de gás incandescente. O fenômeno, ocorrido na galáxia NGC 1365, a cerca de 60 milhões de anos-luz da Terra, permite aos astrônomos estudar com maior profundidade os buracos negros supermassivos.

2007 (13 de abril) – Scott S. Sheppard, David C. Jewitt, Jan Kleyna e Brian G. Marsden (1937-2010) descobrem Tarqeq, quinquagésimo sétimo satélite conhecido de Saturno.Diâmetro: 7km; período orbital: 894,86 dias (2,45 anos); distãncia média do planeta:

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17.900.000km.

2007 (23 de abril) – São liberadas as primeiras imagens tridimencionais do Sol, obtidas pelas sondas Stereo.

2007 (24 de abril) – Cientistas suíços, franceses e portugueses, liderados por Stephen Udry, do Observatório de Genebra, divulgam a descoberta do então considerado primeiro planeta extrassolar com temperaturas similares às da Terra e capacidade de armazenar água, potencialmente habitável, localizado na constelação de Libra e girando em torno da anã vermelha Gliese 581, a 20,3 anos-luz (192 trilhões de km) da Terra. Diversos estudos posteriores, contudo, contestam os dados iniciais, atribuindo ao exoplaneta temperaturas de várias centenas de graus, comparáveis às de Vênus. Com 1,5 raio terrestre de diâmetro e massa 5 vezes maior que a da Terra, é o menor exoplaneta descoberto até o momento (recorde quebrado em abril de 2009) e completa uma órbita ao redor de sua estrela, à distância média de 11 milhões de km, em treze dias, tendo recebido o nome de Gliese 581c.O nome da estrela central desse sistema planetário deve-se ao astrônomo alemão Wilhelm Gliese (1915-1993), conhecido pelo Catálogo das Estrelas Próximas, originalmente publicado em 1957.

2007 (1º de maio) – São anunciadas mais duas luas de Saturno, cujo número sobe para 59.S/2007 S 2 – Diâmetro: 6km; período orbital: 792,96 dias (2,17 anos); distância média do planeta: 17.560.000km.S/2007 S 3 – Diâmetro: 5km; período orbital: 1.100 dias (3,01 anos); distância média do planeta: 20.518.500km.

2007 (2 de maio) – Cientistas estadunidenses anunciam a descoberta do exoplaneta mais maciço encontrado até o momento, denominado HAT-P-2b. Distante 440 anos-luz da Terra e situado na constelação de Hércules, o astro é ligeiramente maior que Júpiter (1,16 raio de Júpiter), mas tem massa 8,65 vezes superior à joviana, o que resulta numa densidade de 12,5g/cm3.Posteriormente, planetas mais densos são encontrados.

2007 (3 de maio) – É anunciada a detecção, feita pelo Spirit, de traços de uma erupção vulcânica nas proximidades da planície Home Plate, em Marte. Segundo a Nasa, é a primeira vez que se identifica naquele planeta, com alto grau de certeza, um depósito de sedimentos provenientes de uma explosão vulcânica.

2007 (3 de maio) – O CNES anuncia a descoberta (1º de maio) do primeiro exoplaneta feita pelo Corot. Batizado de CoRoT-1b (ou CoRoT-Exo-1b), o astro está a 1.560 anos-luz da Terra e orbita, em 1,501 dia e à distância média de 37,4 milhões de km, Corot-1, uma anã semelhante ao Sol, situada na constelação do Unicórnio. De temperatura elevada (1.600°C), tem diâmetro de 208.000km e massa 1,03 vez superior à de Júpiter.

2007 (9 de maio) – O JPL informa que, com base em dados fornecidos pelo Spitzer, astrônomos estadunidenses conseguem estabelecer, de forma inédita, o clima reinante em dois exoplanetas: o HD189733b, localizado a 60 anos-luz da Terra, atingido por fortes ventos (9.600km/h), e o HF149026b, distante 279 anos-luz, o mais quente encontrado até o

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momento (mais de 2.000°C).

2007 (27 de maio) – O Brasil sai oficialmente do projeto de construção da ISS. Quase uma década depois do lançamento do primeiro módulo, a Agência Espacial Brasileira ainda não havia conseguido entregar nenhuma peça para a estação.

2007 (30 de maio) – Imagens da Cassini permitem a descoberta de Anthe, sexagésimo satélite conhecido de Saturno.Diâmetro: 2km; período orbital: 1,036 dia; distância média do planeta: 197.700km.

2007 (5 de junho) – Em sua viagem para Mercúrio, a sonda Messenger sobrevoa Vênus (distância mínima de 313km), aproveitando a ocasião para testar instrumentos e efetuar medições das nuvens do planeta.

2007 (7 de junho) – A Messenger e a Venus Express, trabalhando em conjunto, obtêm fotografias com detalhes do relevo e da atmosfera de Vênus jamais vistos anteriormente.

2007 (14 de junho) – Uma equipe de astrônomos estadunidenses, liderada por Mike Brown, anuncia que Éris tem massa 27% superior à de Plutão. Isso faz de Éris o maior objeto encontrado no Sistema Solar desde a descoberta de Netuno, em 1846.

2007 (16 de junho) – A estadunidense Sunita Williams torna-se a mulher com mais tempo de permanência contínua no espaço. Ao iniciar a volta para a Terra a bordo do Atlantis, três dias depois, completa 191 dias na ISS.

2007 (3 de julho) – A missão da Deep Impact é estendida e muda de nome, passando a se chamar Epoxi. Os novos objetivos são observar planetas extrassolares já descobertos e sobrevoar (novembro de 2010) o cometa Hartley 2.Também é estendida a missão da Stardust, que passa a se chamar New Exploration of Tempel 1 (Next), cuja finalidade é sobrevoar (fevereiro de 2011) o cometa Tempel 1, já visitado (julho de 2005) pela Deep Impact.

2007 (11 de julho) – Um estudo publicado na revista Nature afirma que uma equipe internacional de astrônomos, utilizando imagens do Spitzer, detecta, pela primeira vez, água (na forma de vapor, em grandes quantidades) na atmosfera de um exoplaneta, o HD 189733b, localizado na constelação da Pequena Raposa e distante 63 anos-luz da Terra.

2007 (23 de julho) – Astrônomos estadunidenses anunciam a descoberta de uma gigantesca estrela, com massa 25 vezes superior à do Sol e luminosidade 500.000 vezes maior, rica em oxigênio e em moléculas necessárias para o desenvolvimento de vida como a que conhecemos na Terra. Batizada de VY Canis Majoris, a estrela localiza-se a 5.000 anos-luz de distância, e ao seu redor há carbono, nitrogênio, fósforo e cloreto de sódio.

2007 (2 de agosto) – Astrônomos trabalhando no Observatório Roque de los Muchachos, localizado na ilha de La Palma, calculam o número de estrelas visíveis a olho nu no céu noturno: 8.479. Levando em conta que as estrelas visíveis em cada hemisfério são diferentes, variando também de acordo com a época do ano, um observador situado num

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ponto específico do planeta pode ver, no máximo, cerca de 2.500 desses astros.

2007 (4 de agosto) – É lançada a sonda estadunidense Phoenix, destinada a pousar no polo norte de Marte. O principal objetivo da missão é procurar por água, supostamente existente naquela região da superfície marciana. A nave, de 350kg, possui um braço robótico capaz de escavar até uma profundidade de 50cm, estando programada para extrair amostras do solo e analisá-las a fim de determinar sua composição. A Phoenix carrega um DVD denominado "Visões de Marte", criado pela Sociedade Planetária em Pasadena, Califórnia. Feito de vidro de sílica, para dar durabilidade, o DVD traz os nomes de cerca de 250 mil pessoas de mais de setenta países, bem como exemplos da literatura, arte e música da Terra.

2007 (6 de agosto) – A Nasa anuncia a detecção, feita pelo Spitzer, de uma das maiores colisões cósmicas já registradas. Trata-se da fusão de quatro galáxias de um grupo chamado CL 0958 4702, situado a quase 5 bilhões de anos luz da Terra. O resultado previsto dessa colisão é a formação de uma única galáxia, com massa 10 vezes superior à da Via Láctea.

2007 (7 de agosto) – Uma equipe internacional de astrônomos anuncia a descoberta de TrES-4b, o maior exoplaneta encontrado até então, com tamanho 70% superior ao de Júpiter (este recorde é quebrado em agosto de 2009 por Wasp-17b). O astro orbita a estrela GSC02620-00648, localizada a 1.435 anos-luz da Terra, na constelação de Hércules.

2007 (15 de agosto) – A Nasa divulga a descoberta, feita pelo Galex, de um longo rastro, de 13 anos-luz de diâmetro, semelhante à cauda de um cometa, deixado pela estrela Mira, da constelação de Cetus. É a primeira vez que se observa um rastro desse tipo vinculado a uma estrela.

2007 (23 de agosto) – Os astrônomos Lawrence Rudnick, Shea Brown e Liliya R. Williams, da Universidade de Minnesota, divulgam estudo no qual afirmam ter encontrado um grande "buraco" no Universo, ou seja, uma região com 1 bilhão de anos-luz de diâmetro, localizada nas proximidades da constelação de Erídano, em que não há qualquer tipo de matéria. Embora as teorias cosmológicas prevejam a existência desses "vazios", todos os modelos elaborados até o momento estabeleciam em 100 milhões de anos-luz o limite de suas dimensões.

2007 (27 de agosto) – É lançado o Google Sky (incluído no Google Earth), aplicativo que permite aos internautas realizar passeios virtuais pelo espaço, visualizar estrelas, constelações e galáxias, seguir as órbitas dos planetas e satélites do Sistema Solar. As imagens são fornecidas por sondas da NASA, pelo telescópio Hubble e pelo Sloan Digital Sky Survey.

2007 (29 de agosto) – A Nasa divulga imagens, feitas pelo Spitzer, que registram o surgimento do sistema estelar NGC 1333-IRAS 4B, localizado na constelação de Perseu e distante 1.000 anos-luz da Terra, onde foi encontrado vapor de água suficiente para encher cinco vezes os oceanos terrestres. Segundo a Agência espacial estadunidense, trata-se da primeira visão direta da forma como a água, elemento crucial na formação de vida, começa a fazer parte dos planetas, inclusive os rochosos como a Terra.

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2007 (31 de agosto) – Um grupo de astrônomos estadunidenses liderado por Steven Tomczyk publica na revista Science um artigo no qual informa a detecção, pela primeira vez, de um tipo de onda de plasma na coroa solar que pode atingir temperaturas maiores do que as encontradas na superfície da estrela. Essas ondas, previstas teoricamente pelo físico sueco Hannes Olof Gösta Alfvén (1908-1995) e que levam seu nome, podem explicar, pelo menos parcialmente, a grande diferença de temperatura existente entre a coroa (cerca de 1 milhão de °C) e a superfície do Sol (pouco menos de 6.000°C). Graças a essa previsão teórica, Alfvén recebe o Prêmio Nobel de Física em 1970.

2007 (4 de setembro) – Na data em que a missão da Venus Express completa quinhentos dias, a ESA divulga imagens enviadas pela sonda, as quais permitem concluir que a estrutura da atmosfera venusiana é inconstante e muda com rapidez, de um dia para o outro. Além disso, a meteorologia do planeta é muito variável, e a intensidade das turbulências muda significativamente em curtos períodos.

2007 (14 de setembro) – É lançada a primeira sonda lunar japonesa, denominada Kaguya (ou Selene – Selenological Engineering Explorer, em inglês). O objetivo da missão é recopilar informação sobre a origem e composição da Lua, além de estudar a eventual possibilidade de uma base humana permanente. A nave, de 2.914kg, carrega 13 instrumentos científicos destinados a colher informação sobre a superfície lunar, como composição mineral, estrutura e geografia, além de obter dados sobre o campo gravitacional e os vestígios do campo magnético. Programada para orbitar a Lua a uma altitude de 100km, a sonda transporta dois pequenos satélites, Okina e Ouna (53kg cada um). A função do Okina é manter a comunicação, via rádio, entre a Terra e a Selene quando a sonda passa pelo lado oculto da Lua, enquanto o Ouna utiliza a interferometria para ajudar a elaborar o mapa gravitacional do satélite.O nome Kaguya refere-se a uma princesa lunar, personagem de um conto infantil japonês.

2007 (15 de setembro) – Um meteorito cai no povoado de Carancas, na província de Chucuito, cerca de 1.300km ao sul de Lima, no Peru, abrindo uma cratera de 30m de diâmetro e 6m de profundidade.

2007 (18 de setembro) – O JPL informa a descoberta, feita por um grupo internacional de astrônomos, de que o polo sul de Netuno é a região mais quente do planeta. Devido ao longo período de translação de Netuno (165 anos terrestres), as regiões polares recebem luz solar de modo contínuo durante 82 anos, sendo possível que, dentro de aproximadamente oito décadas, haja uma inversão térmica, passando o polo norte à condição de zona mais quente.

2007 (21 de setembro) – A Nasa informa a descoberta, feita pela Mars Odyssey, de evidências do que parecem ser sete cavernas, com diâmetros entre 100 e 250m, na encosta do vulcão Arsia Mons, em Marte. Chamadas pelos cientistas de "sete irmãs", essas estruturas constituem as primeiras entradas para regiões interiores de outro corpo celeste encontradas até o momento.

2007 (27 de setembro) – É lançada a sonda estadunidense Dawn (Alvorada), com destino ao asteroide Vesta e ao planeta anão Ceres. O principal objetivo da missão é procurar por

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indícios acerca da origem do Sistema Solar, bem como comparar os elementos constituintes de Vesta e de Ceres com os formadores dos planetas terrestres. Primeira nave programada para viajar a dois corpos celestes diferentes e orbitá-los, a Dawn, de 1.240kg, usa um novo sistema de propulsão: Em vez de foguetes propulsores que queimam combustíveis químicos, emprega um trio de motores elétricos a energia solar, que ionizam e expelem gás xenônio, o que deixa um rastro azul cintilante e proporciona grande economia de combustível. A Dawn orbitará Vesta de julho de 2011 a setembro de 2012, seguindo então para Ceres, em cuja órbita permanecerá de fevereiro a julho de 2015.

2007 (outubro) – É anunciado que SN 2005ap é a supernova mais brilhante já observada, duas vezes mais brilhante que SN 2006gy, então considerada a mais luminosa. Descoberta em 3 de março de 2005 por Robert Quimby, SN 2005ap localiza-se a 4,7 bilhões de anos-luz da Terra, na constelação da Cabeleira de Berenice.

2007 (5 de outubro) – A sonda japonesa Selene entra com sucesso na órbita da Lua.

2007 (10 de outubro) – São inaugurados, no norte da Califórnia, os primeiros 42 (de um total previsto de 350) radiotelescópios do projeto ATA (Allen Telescope Array), cujo objetivo é procurar por vida extraterrestre inteligente. Esse projeto é operado pelo Instituto SETI e pelo laboratório de radioastronomia da Universidade da Califórnia.

2007 (17 de outubro) – Um artigo publicado pela revista Nature informa a descoberta, feita por uma equipe internacional de astrônomos coordenada pelo estadunidense Jerome Orosz, de um buraco negro com 15,7 massas solares, localizado na galáxia do Triângulo (M33), a 3 milhões de anos-luz da Terra. O achado é significativo, pois trata-se do maior buraco negro já observado junto a uma estrela de grande massa e o primeiro conhecido num sistema binário eclipsante.

2007 (19 de outubro) – A estadunidense Peggy Withson, de 47 anos, torna-se a primeira mulher a assumir o comando da ISS.

2007 (23 e 24 de outubro) – Em apenas 42h, o brilho do cometa 17P/Holmes (descoberto em 6 de novembro de 1892 pelo astrônomo inglês Edwin Holmes – 1842-1919) passa da magnitude 17 para a magnitude 2,8, o que representa um aumento de quase 500.000 vezes. Trata-se do maior aumento de brilho já registrado para um cometa, e os cientistas ainda não têm explicação para o fenômeno.

2007 (23 de outubro a 7 de novembro) – Missão do Discovery (STS-120), cujo objetivo principal é instalar na ISS o módulo estadunidense Harmony, fabricado na Itália. É um conector de módulos, com funções semelhantes às do Unity. O Harmony é decisivo para aumentar as dimensões da ISS, pois a ele são posteriormente conectados os módulos Kibo (japonês) e Columbus (Europeu).A tripulação é formada por Pamela Melroy - Comandante -, George Zamka - Piloto -, Scott Parazynski, Stephanie Wilson, Douglas Wheelock, Paolo Nespoli, Daniel Tani – levado para a ISS – e Clayton Anderson – trazido da ISS.

2007 (24 de outubro) – É lançada a Chang’E 1, primeira sonda lunar da China, que parte da

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base de Xichang, na província de Sichuan, no sudoeste do país. Os objetivos da missão são analisar a poeira da Lua e a distribuição dos elementos na superfície do satélite, além de tirar fotografias em três dimensões. Este é o primeiro lançamento do programa espacial chinês aberto ao público, sendo presenciado por mais de 2.000 espectadores. A nave transporta 24 instrumentos e tem massa de 2.350kg.Chang’E é, na mitologia chinesa, uma deusa que viajou à Lua e habita nela.

2007 (30 de outubro) – A Nasa divulga a descoberta, feita por uma equipe de astrônomos liderada pela estadunidense Andrea Prestwich, do maior buraco negro observado até então, com massa entre 24 e 33 vezes a do Sol, localizado na galáxia IC 10, a cerca de 1,8 milhão de anos-luz da Terra.Buracos negros muito maiores são observados posteriormente.

2007 (31 de outubro) – Um estudo publicado na revista Nature e dirigido por Antonio Chrysostomou, da Universidade de Hertfordshire (Reino Unido), demonstra que o campo magnético das estrelas que começam a se formar tem uma estrutura helicoidal.

2007 (5 de novembro) – A sonda chinesa Chang’E 1 entra com sucesso numa órbita circular em torno da Lua, a uma altitude de 200km.

2007 (7 de novembro) – A Nasa anuncia a descoberta de um quinto planeta orbitando a estrela 55 Cancri, o que configura o maior número de planetas extrassolares num único sistema de que se tem notícia (recorde posteriormente quebrado pelo sistema planetário de HD 10180). Localizado na constelação de Câncer e distante 41 anos-luz, este planeta tem cerca de 45 vezes amassa da Terra e é o quarto a partir de sua estrela, a qual orbita, à distância de 116,7 milhões de km, em 260 dias.

2007 (8 de novembro) – Um estudo realizado por 370 cientistas de 17 países (entre eles o Brasil) e publicado na revista Science sustenta que os raios cósmicos, partículas com grande concentração de energia e que se deslocam a velocidades próximas à da luz, atingindo a Terra continuamente, são provavelmente originados de buracos negros gigantes situados em galáxias vizinhas à Via Láctea. A origem desses raios é alvo de investigação há décadas, e a compreensão de sua natureza, bem como dos mecanismos que determinam sua aceleração, pode fornecer aos cientistas pistas na busca de explicação para a origem do Universo.

2007 (13 de novembro) - A sonda Rosetta sobrevoa a Terra pela segunda vez. Cinco dias antes, durante a aproximação, é confundida com um asteroide e chega a receber a designação provisória 2007 VN84, cancelada assim que o equívoco é constatado.

2007 (15 a 27 de novembro) – Ocorre o primeiro dos três estágios do programa Marte-500, cujo objetivo é simular uma viagem tripulada ao planeta vermelho. O experimento tem lugar no Instituto de Problemas Biomédicos da Academia de Ciências da Rússia, em Moscou. Durante essa primeira fase, são testados os equipamentos, as instalações e os procedimentos operacionais de viagem. Os seis voluntários participantes (cinco homens e uma mulher) são russos: Anton Artamonov, Oleg Artemyev, Alexander Kovalev, Dmitry Perfilov, Sergei Ryazan e Marina Tugusheva.

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2007 (21 de novembro) – Um estudo coordenado por Patrick Dufour, do departamento de Astronomia da Universidade do Arizona, e publicado na revista Nature, informa a descoberta de várias anãs brancas com atmosfera de carbono, algo nunca antes visto, o que pode implicar a existência de uma nova categoria de estrelas.

2007 (7 de dezembro) – A revista Science publica, numa seção especial, dez artigos contendo os primeiros resultados da missão da sonda japonesa Hinode. Destaca-se a observação das ondas Alfvén, as quais, juntamente com a liberação de energia que ocorre quando as linhas de campos magnéticos se cruzam e se reconectam, fornecem explicação para as elevadas temperaturas da coroa solar relativamente à superfície. Ademais, são observados diversos tipos de jatos de matéria em alta velocidade, provenientes das erupções solares, que estão na origem do vento solar.

2007 (13 de dezembro) – Um estudo realizado por uma equipe internacional de astrônomos liderada por Daniela Carollo, e publicado na revista Nature, conclui que a Via Láctea não é composta por um único halo, mas por dois, que se movimentam em sentidos contrários e têm velocidades, composições e histórias diferentes.

2007 (20 de dezembro) – Acolhendo uma proposição da Itália, a ONU declara 2009 Ano Internacional da Astronomia, em comemoração aos 400 anos do primeiro uso astronômico de um telescópio, por Galileu Galilei.

2008 (3 de janeiro) – De acordo com estudo publicado na revista Nature, uma equipe de astrônomos do Instituto Max Planck de Astronomia, localizado em Heidelberg, Alemanha, observa, pela primeira vez, a formação de um planeta no interior do disco de poeira e de gás que envolve uma estrela jovem. Com massa 10 vezes superior à de Júpiter, o planeta dista 6 milhões de km da sua estrela, TW Hydrae, localizada na constelação de Hidra, ao redor da qual gira em 3,56 dias. Essa descoberta implica a necessidade de revisão das teorias sobre o tempo de formação dos planetas.

2008 (14 de janeiro) – A sonda Messenger sobrevoa Mercúrio pela primeira vez, à distância de 200km, tornando-se a segunda espaçonave (depois da Mariner 10) a passar por aquele planeta. São feitas as primeiras imagens do hemisfério "oculto" de Mercúrio, ou seja, do lado do planeta não fotografado pela Mariner 10 na década de 1970. As 1.213 imagens obtidas pela Messenger neste primeiro sobrevoo permitem concluir que Mercúrio é menos parecido com a Lua do que se pensava. Entre os acidentes geográficos descobertos, destaca-se uma estrutura batizada de "Aranha", formada por mais de uma centena de saliências com uma cratera de 40km de diâmetro no núcleo, diferente de qualquer forma de relevo jamais observada em Mercúrio ou Na Lua. As imagens são liberadas pela Nasa em 30 de janeiro.

2008 (4 de fevereiro) – A Nasa transmite ao espaço, como parte das comemorações do seu 50º aniversário, a canção "Across the Universe", dos Beatles, composta por John Lennon (1940-1980) e Paul McCartney. Os sinais, viajando à velocidade da luz, levarão 433 anos para chegar a seu destino, a Estrela Polar.Estrela polar é uma estrela visível a olho nu, aproximadamente alinhada com o eixo de

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rotação da Terra, cuja posição aparente situa-se próximo de um dos polos celestes e diretamente acima de um observador colocado num dos polos terrestres. Tradicionalmente, estrela polar refere-se ao polo norte, uma vez que no polo sul não há uma estrela de referência, sendo a orientação celeste, embora com menor eficiência, em geral obtida a partir da constelação do Cruzeiro do Sul. Desde a Antiguidade, a estrela polar tem sido usada para fins de navegação, tanto para encontrar a direção norte quanto para determinar a latitude.Devido à precessão dos equinócios e ao movimento próprio estelar, a estrela polar muda com o tempo. Atualmente, essa posição é ocupada pela alfa da Ursa Menor (magnitude aparente 1,97, massa 7,5 e raio 46 vezes superiores aos do Sol, luminosidade 2.200 vezes maior que a solar). No período de construção das pirâmides egípcias, a estrela polar era Thuban (constelação do Dragão). Por volta do ano 3000, a estrela polar será Gamma Cephei. Em 5200, aproximadamente, será a vez de Iota Cephei. Deneb (alfa do Cisne) será a mais próxima do polo norte em 10000. A alfa da Ursa menor voltará a ser a estrela polar por volta do ano 27800.

2008 (7 a 20 de fevereiro) – Missão do Atlantis (STS-122), cujo objetivo é instalar na ISS o módulo Columbus, primeira base permanente da Europa no espaço. Conectado à Estação no dia 11, o Columbus permite aos europeus realizar experimentos científicos independentemente dos demais parceiros envolvidos no projeto. Com isso, a Europa passa a ser membro de pleno direito da ISS, juntamente com EUA e Rússia.A tripulação da missão é constituída por Stephen Frick - Comandante -, Alan Poindexter (1961-2012) - Piloto -, Leland Melvin, Rex Walheim, Hans Schlegel, Stanley Love, Léopold Eyharts (que fica na ISS) e Daniel Tani (que volta da ISS).

2008 (13 de fevereiro) – A Nasa informa que observações da Cassini revelam a existência, em Titã, de reservas de hidrocarbonetos superiores a todas as de petróleo e gás natural conhecidas na Terra. Segundo cientistas do Laboratório de Físicas Aplicadas da Universidade de Johns Hopkins, esses hidrocarbonetos caem do céu e formam grandes depósitos em forma de lagos e dunas. A temperatura média em Titã é de -179°C e, em vez de água, sua superfície está coberta por hidrocarbonetos na forma de metano e etano. Além disso, suas dunas contêm um volume de materiais orgânicos centenas de vezes maior que as reservas terrestres de carvão.

2008 (14 de fevereiro) – Astrônomos do Observatório de Arecibo, em Porto Rico, anunciam que o asteroide 2001 SN263 (descoberto em 2001) é, na verdade, um sistema triplo, o mais próximo da Terra já encontrado, distante 11 milhões de km.

2008 (15 de fevereiro) – Uma equipe de 70 cientistas de 11 países, liderada por Scott Gaudi, da Universidade do Estado de Ohio, publica na revista Science a descoberta de um sistema planetário que, em escala reduzida, é semelhante ao nosso. Trata-se de dois planetas parecidos com Júpiter e Saturno, orbitando uma estrela distante cerca de 5.000 anos-luz. Esta é a primeira vez que um planeta com massa similar à de Júpiter é detectado junto com planetas adicionais.

2008 (19 de fevereiro) – A Mars Reconnaissance Orbiter detecta, pela primeira vez, avalanches de pó e gelo no polo norte de Marte. A informação é divulgada pela Nasa em 3

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de março.

2008 (21 de fevereiro) – A revista estadunidense Astronomy and Astrophysics publica a informação de que uma equipe internacional composta por 19 astrônomos detecta, graças às imagens do telescópio CFHT (Canadá-França-Havaí), a maior estrutura de matéria escura já observada no Universo, com pelo menos 270 milhões de anos-luz, superando amplamente o recorde anterior, de aproximadamente 100 milhões de anos-luz.

2008 (27 de fevereiro) – É lançado o WorldWide Telescope, aplicativo da Microsoft que permite aos internautas realizar passeios virtuais pelo espaço, visualizar imagens em vários comprimentos de onda, simular eclipses, seguir órbitas de planetas e satélites. As imagens são provenientes do Hubble e mais uma dezena de telescópios. Ademais, é possível visualizar a configuração do Sistema Solar a partir de qualquer local e em qualquer tenpo entre os anos 1 d.C. e 4000 d.C.

2008 (29 de fevereiro) – Um estudo publicado na revista Geology e liderado por Jon Pelletier, da Universidade do Arizona, afirma não estar correta a tese, surgida em 2006 a partir de imagens feitas pela Mars Global Surveyor, de que Marte poderia ter tido água líquida em sua superfície nos últimos dez anos. De acordo com o estudo, novas imagens e simulações computadorizadas indicam fortemente que um deslizamento de areia e cascalho é a explicação mais provável para os depósitos brilhantes em valas, considerados ultimamente como provas da existência de água nesses lugares.

2008 (7 de março) – A revista Science publica fotografias, tiradas em 2005 pela Cassini, nas quais aparece um disco de escombros em torno de Reia, satélite de Saturno, podendo tratar-se de anéis. Se essa hipótese for confirmada, Reia é a primeira lua do Sistema Solar em torno da qual anéis são descobertos.

2008 (9 de março) – A ESA lança o Júlio Verne, primeiro cargueiro espacial europeu, cuja tarefa é abastecer a ISS com alimentos, combustível e outras cargas. Trata-se de um veículo automatizado e descartável: está concebido para, após permanecer por seis meses acoplado à ISS, ser enviado de volta com lixo e carga já inútil para a Estação, queimando em sua reentrada na atmosfera. É o primeiro da série ATV, Automated Transfer Vehicle (veículo de transferência automatizado).A acoplagem ocorre em 3 de abril.

2008 (19 de março) – O telescópio Swift detecta quatro erupções de raios gama num mesmo dia, estabelecendo um recorde. Isso acontece novamente em 16 de março de 2010.

2008 (20 de março) – Um estudo liderado por Mark Swain e publicado na revista Nature anuncia a detecção, feita pelo telescópio Hubble, da primeira molécula orgânica (de metano) na atmosfera de um exoplaneta, o HD189733b, distante 63 anos-luz e situado na constelação da Pequena Raposa.

2008 (15 de abril) – A Nasa anuncia a prorrogação, por mais dois anos, da missão da sonda Cassini, originalmente programada para terminar em 30 de junho de 2008.

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2008 (16 de abril) – Peggy Whitson, comandante da ISS, marca um novo recorde de permanência acumulada no espaço para um astronauta americano, com 374 dias. O recorde anterior pertencia a Michael Foale. O retorno à Terra ocorre no dia 19 de abril.

2008 (maio) - A ESA anuncia a descoberta, feita em 3 de fevereiro pelo Corot, de um objeto celeste ainda não classificado, que parece ser algo entre uma anã marrom e um planeta. Denominado COROT-Exo-3b (mais tarde Corot-3b), o astro é 1% maior que Júpiter e tem 21,66 vezes a massa daquele planeta, o que resulta em uma densidade de 26,4g/cm3. Leva quatro dias e seis horas para orbitar (distância média de 8,5 milhões de km) sua estrela, a qual é um pouco maior do que o Sol e localiza-se a 2.200 anos-luz, na constelação da Águia.Cientistas acreditam que podem ter encontrado, com a detecção do COROT-3b, o elo que faltava entre estrelas e planetas.

2008 (21 de maio) – Um estudo publicado na revista Nature informa que cientistas da Universidade de Princeton liderados por Alicia Soderberg, utilizando o telescópio Swift, captam, pela primeira vez, o momento exato do nascimento de uma supernova, localizada a 90 milhões de anos-luz da Terra, na constelação de Lince.

2008 (25 de maio) – A sonda Phoenix torna-se a primeira a pousar numa região próxima ao polo norte de Marte (Green Valley), após uma viagem de aproximadamente 680 milhões de km. As primeiras 50 imagens são transmitidas duas horas depois do pouso, revelando uma região inexplorada do planeta.

2008 (3 de junho) – Os astronautas Mike Fossum e Ronald Garan, a bordo do Discovery (STS-124), dão início à instalação do o laboratório japonês Kibo (Esperança), o maior da ISS, com 11m de comprimento, 14,5t de peso, duas janelas, um braço robótico e seu próprio compartimento de pressurização. O Kibo conta com 23 plataformas para pesquisas sobre medicina espacial, biologia, observações da Terra, produção de materiais, biotecnologia e comunicações.Os tripulantes da missão (31 de maio a 14 de junho) são Mark Kelly - Comandante -, Kenneth Ham - Piloto -, Karen Nyberg, Ronald Garan Jr., Michael Fossum, Akihiko Hoshide, Gregory Chamitoff (que fica na ISS) e Garrett Reisman (que volta da ISS).A instalação é concluída pela STS-127, em julho de 2009.

2008 (3 de junho) – Robert Benjamin, astrônomo da Universidade de Wisconsin, afirma em entrevista à imprensa que a Via Láctea tem apenas dois braços espirais, e não quatro, como se pensava. Segundo ele, dados fornecidos pelo Spitzer confirmam a existência de Norma e de Sagitário, ao passo que Scutum-Centauro e Perseu são reclassificados como braços menores ou ramificações.Essa teoria será contestada no início de 2009.

2008 (5 de junho) – Astrônomos britânicos e franceses, coordenados por Carl Murray, publicam na revista Nature um artigo afirmando que colisões em grande escala ocorrem quase que diariamente no anel F de Saturno, fenômeno sem paralelo em todo o Sistema Solar. Ademais, são encontradas evidências de pequenas luas no núcleo do anel.

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2008 (8 de junho) - A New Horizons cruza a órbita de Saturno. A órbita de Urano será alcançada em 18 de março de 2011, e a de Netuno, em 1º de agosto de 2014.

2008 (11 de junho) – É lançado pela Nasa o telescópio Glast (do inglês "Gamma-Ray Large Area Space Telescope", ou "grande telescópio espacial de raios gama"), cujo objetivo é buscar indícios que expliquem os mecanismos de aceleração nos pulsares, os vestígios de supernovas e os núcleos ativos das galáxias. O Glast é o sucessor do Observatório de Raios Gama Compton, lançado em 1991 e desativado em 2000. Posteriormente (26 de agosto), este telescópio, que opera numa órbita a 550km da Terra, é renomeado para Fermi, em homenagem ao italiano Enrico Fermi (1901-1954), pioneiro no estudo da física de alta energia.

2008 (11 de junho) – A UAI anuncia a decisão, tomada por seu Comitê Executivo reunido em Oslo (Noruega) de adotar o nome plutoide para os astros com características semelhantes às de Plutão. Pela definição adotada, plutoides são corpos celestes que orbitam o Sol além de Netuno, têm forma esférica e não varreram objetos menores de suas órbitas. Plutoides são, portanto, planetas anões transnetunianos. Plutão e Éris se encaixam nesta categoria, não acontecendo o mesmo com Ceres.

2008 (20 de junho) – A Nasa anuncia a descoberta de gelo em Marte, feita pela Phoenix.

2008 (24 de junho) – Marcelo Magnasco, chefe do Laboratório de Física Matemática da Universidade Rockefeller, e Constantino Baikouzis, do Observatório Astronômico de La Plata, na Argentina, publicam no site da revista Proceedings of the National Academy of Sciences um estudo estabelecendo em 16 de abril de 1178 a.C. o eclipse total do Sol descrito por Homero na Odisseia ("O Sol pereceu do céu e tudo foi envolvido por uma aura demoníaca"), visto por Ulisses no momento em que chega de volta à ilha de Ítaca, após vinte anos de ausência.

2008 (26 de junho) – Três artigos publicados na Nature anunciam terem sido encontradas evidências de que a grande planície lisa que cobre 40% da superfície de Marte, localizada no hemisfério norte do planeta, é uma grande cratera, formada por um impacto com a força de 10 bilhões de bombas de hidrogênio. Trata-se da maior cratera do Sistema Solar, uma elipse com 10.500km de comprimento e 8.500km de largura (maior do que Ásia, Europa e Oceania juntas), formada a partir da colisão de um objeto com diâmetro estimado de 2.000km.

2008 (julho) – Pequenas quantidades de água são encontradas dentro de rochas lunares de origem vulcânica trazidas pela Apollo 15.

2008 (1º de julho) – É divulgada a informação de que o SOHO (Solar and Heliospheric Observatory) atinge uma marca histórica, com a descoberta de seu cometa de número 1.500, o que representa quase a metade dos 3.300 cometas observados até a presente data.

2008 (3 de julho) – Cientistas estadunidenses da Universidade de Michigan publicam na revista Science um estudo no qual afirmam ter determinado, graças a dados enviados pela Messenger, a composição da atmosfera e da superfície de Mercúrio através da medição das

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partículas carregadas em seu campo magnético. Segundo os autores do estudo, essa atmosfera contém silicatos, sódio, enxofre e até vapor de água. Acredita-se que o vapor de água tenha sido formado a partir de hidrogênio proveniente do vento solar e de oxigênio oriundo dos minerais da crosta mercuriana.Ainda em julho, é revelada a existência de uma série de vulcões inativos em Mercúrio.

2008 (3 de julho) – Cientistas liderados por René Breton, da Universidade McGill, de Montreal, no Canadá, publicam na revista Science um estudo que confirma, mediante a observação de um pulsar binário distante da Terra 1.700 anos-luz, a existência do efeito cósmico denominado precessão, previsto por Albert Einstein na Teoria da Relatividade Geral, segundo o qual, em um sistema de dois objetos de massas Muito grandes, como esses pulsares observados, a força gravitacional de um, além de seu movimento de rotação, modifica o eixo de rotação do outro.

2008 (3 de julho) – A partir de dados enviados pela Voyager 2, cientistas liderados por Linghua Wang, da Universidade da Califórnia, publicam na revista Nature um artigo em que afirmam não ser a forma do Sistema Solar arredondada, como se pensava, mas sim assimétrica, pois é amassado pelo campo magnético interestelar. A heliosfera, bolha formada pelo vento solar e que se estende além de Plutão, é empurrada de volta em direção ao Sol pelo campo magnético interestelar, o que faz com que se deforme.

2008 (15 de julho) – Makemake torna-se oficialmente o quarto planeta anão do Sistema Solar (depois de Ceres, Plutão e Éris).Descoberto em 31 de março de 2005, anunciado em 29 de julho do mesmo ano e conhecido como 2005 FY9 ou, informalmente, "Coelhinho da Páscoa", esse objeto localiza-se no cinturão de Kuiper e não possui satélites conhecidos.Makemake é o nome do criador mítico da humanidade segundo os rapanui, nativos da ilha de Páscoa.Diâmetro estimado: entre 1.300 e 1.900km; período orbital: 113.183 dias (309,88 anos); distância média do Sol: 6,850 bilhões de km (varia entre 5,760 e 7,940 bilhões de km.

2008 (24 de julho) – A Nasa informa ter desvendado, graças a dados fornecidos pela missão Themis, o mecanismo pelo qual se formam as auroras polares (boreais e austrais). Segundo os cientistas da Agência, explosões de energia magnética, que ocorrem a um terço da distância Terra-Lua, são responsáveis por esses fenômenos luminosos, de cores vivas, com predominância do verde, e que se produzem nas regiões próximas aos polos. Um processo de "reconexão" entre as cordas magnéticas gigantes que unem a Terra ao Sol e que armazenam a energia dos ventos solares provoca essas tempestades de luzes polares. "A reconexão magnética permite liberar a energia armazenada nessas cordas, dispersando partículas eletrificadas para a atmosfera terrestre".

2008 (30 de julho) – Cientistas da Nasa confirmam a existência de etano líquido num dos lagos de Titã descobertos pela Cassini. Isso faz de Titã o primeiro corpo do Sistema Solar, excluída a Terra, em que é encontrado líquido na superfície.

2008 (31 de julho) – A Nasa divulga a comprovação da existência de água em Marte, obtida em testes de laboratório realizados pela sonda Phoenix.

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2008 (11 de agosto) – O telescópio Hubble completa 100 mil órbitas em torno da Terra.

2008 (11 de agosto) – A sonda Cassini localiza pontos dos quais surgem jatos de gelo na superfície da lua Encélado de Saturno. Os gêiseres emanam de fendas com 300m de profundidade, e em suas encostas há grandes depósitos de um material fino e blocos de gelo que podem ser de vários metros, até do tamanho de uma casa.

2008 (14 a 16 de agosto) – Cientistas contrários e favoráveis à reclassificação de Plutão como planeta anão se reúnem na Universidade Johns Hopkins para um encontro sobre a definição de planeta adotada em 2006 pela UAI. Denominada “Grande Debate sobre Planetas”, a conferência divulga um documento informando que os participantes não haviam conseguido chegar a um consenso acerca da definição de planeta.

2008 (25 de agosto) A ESA anuncia a descoberta, feita pelo observatório astronômico europeu XMM-Newton, do maior grupo de galáxias jamais visto, uma descoberta que pode confirmar a existência da energia escura, supostamente responsável pela aceleração da expansão do Universo. O grupo, batizado de 2XMM J083026+524133, tem massa mil vezes superior à da Via Láctea e localiza-se a 7,7 bilhões de anos-luz da Terra.

2008 (27 de agosto) – Um estudo liderado por Louis Strigari, da Universidade da Califórnia, e publicado na revista Nature, afirma que a massa mínima de uma galáxia equivale a 10 milhões de massas solares.

2008 (5 de setembro) - A sonda Rosetta sobrevoa o asteroide 2867 Steins, descoberto em 4 de novembro de 1969 por Nikolai Chernyk (1931-2004), à distância de 800km. As imagens transmitidas mostram que o astro é de cor cinza e tem conjuntos de até sete crateras. A maior das crateras, com 2,1 km de diâmetro, recebe (11 de maio de 2012) o nome de Diamond.Diâmetro: 6,67 x 5,81 x 4,47km; período orbital: 1.326,736 dias (3,63 anos); distância média do Sol: 353.495.000km.

2008 (10 de setembro) – Entra em funcionamento, para testes, o Grande Colisor de Hádrons (LHC – Large Hadron Collider, na sigla em inglês), o maior acelerador de partículas do mundo, localizado no CERN (Conseil Européen pour la Recherche Nucléaire), na cidade suíça de Meyrin, na fronteira com a França. Com forma circular e perímetro de 27km, o LHC é o mais poderoso e complexo instrumento científico já construído e tem como objetivo recriar, mediante colisões induzidas de partículas, as condições que existiam no Universo imediatamente após o Big Bang. Espera-se confirmar a existência do bóson de Higgs, única partícula elementar do modelo padrão atualmente aceito pela Física ainda não observada, mas que representa a chave para explicar a origem da massa das demais partículas elementares, prevista (1964) pelo físico teórico britânico Peter Higgs.

2008 (15 de setembro) - Cientistas da Universidade de Toronto anunciam ter fotografado, pela primeira vez, utilizando o telescópio Gemini Norte, um planeta orbitando uma estrela semelhante ao Sol, denominada 1RXS J160929.1-210524 e localizada a 500 anos-luz da Terra. O planeta tem massa oito vezes superior à de Júpiter e está tão distante da estrela

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(cerca de 50 bilhões de km) que ainda é necessário determinar se ambos os objetos pertencem, efetivamente, ao mesmo sistema.

2008 (18 de setembro) – Haumea, membro do cinturão de Kuiper conhecido como 2003 EL61, torna-se oficialmente o quinto planeta anão do Sistema Solar. Descoberto em 28 de dezembro de 2004 e anunciado em 29 de julho de 2005, o astro tem dois satélites, Hi’iaka e Namaka, e seu nome é uma homenagem à deusa havaiana do nascimento e da fertilidade.Haumea – Diâmetro estimado: 1.960 x 1.518 x 996km; período orbital: 103.468 dias (283,28 anos); distância média do Sol: 6,452 bilhões de km (varia entre 5,194 e 7,710 bilhões de km.Hi’iaka – Diâmetro: 340km; período orbital: 49,12 dias; distância média de Haumea: 49.880km.Namaka – Diâmetro estimado: 170km; período orbital: 18 dias: distância média de Haumea: 25.657km.

2008 (25 de setembro) – É lançada a Shenzhou 7, terceira missão tripulada da China e a primeira com três astronautas a bordo: Zhai Zhigang (comandante), Liu Boming e Jing Haipeng, todos com 42 anos e membros do Partido Comunista.Em 27 de setembro, Zhai Zhigang torna-se o primeiro chinês a realizar uma caminhada espacial. O passeio dura 22min, e a China é o terceiro país (depois de URSS e EUA) a realizar uma atividade extraveicular no espaço, durante a qual Zhai acena com uma bandeira chinesa. O evento é transmitido ao vivo pela televisão da China, e duas câmeras fornecem imagens panorâmicas.No mesmo dia, o minissatélite Banxing ("satélite companheiro"), com massa de 40kg e diâmetro de 40cm, é liberado, tendo como tarefas monitorar a Shenzhou (fotos da nave são tiradas) e auxiliar no desenvolvimento da tecnologia necessária para futuras acoplagens entre veículos espaciais chineses.Em 28 de setembro, a Shenzhou 7 pousa na região autônoma da Mongólia Interior, no norte da China, após passar 68h em órbita.

2008 (29 de setembro) – A Nasa divulga a detecção, pela Phoenix, de neve nas nuvens marcianas, a cerca de 4km de altitude. Entretanto, os flocos evaporam antes de chegar à superfície.

2008 (29 de setembro) - O cargueiro espacial Júlio Verne reingressa na atmosfera terrestre e se desintegra, conforme previsto. O processo de desintegração é completado a 75km de altitude, e destroços do cargueiro caem no oceano Pacífico. O êxito do Júlio Verne marca o início de uma nova etapa no transporte de carga entre a Terra e a ISS.

2008 (6 de outubro) - A Messenger sobrevoa Mercúrio pela segunda vez, passa a 201km do equador e fotografa regiões ainda inexploradas do planeta.

2008 (7 de outubro) - Um pequeno asteroide de forma alongada, denominado 2008 TC3, com diâmetro de 2m x 5m e massa estimada de 80t, passa pela alta atmosfera da Terra, desintegra-se 37km acima do Sudão e provoca uma bola de fogo visível no norte da África. Segundo a NASA, é a primeira vez que um fenômeno assim é previsto e observado.

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2008 (9 de outubro) – A Cassini passa a 25km de Encélado, o sobrevoo mais próximo de um satélite já realizado, com o objetivo de estudar os jatos de gás e gelo que saem do polo Sul do astro.

2008 (12 de outubro) – É lançada a Soyuz TMA-13, centésima missão tripulada do programa Soyuz. A nave leva ao espaço dois integrantes da Expedição 18, o russo Yuri Lonchakov e o estadunidense Michael Fincke, além de Richard Garriott (filho do ex-astronauta Owen Garriot), turista espacial que retorna no dia 24 de outubro a bordo da Soyuz TMA-12.A aterrissagem da Soyuz TMA-13 ocorre em 8 de abril de 2009.

2008 (19 de outubro) - É lançada a sonda estadunidense de 110kg Ibex ("Interstellar Boundary Explorer", ou "Explorador da Fronteira Interestelar"), cujo objetivo é realizar, a partir de uma órbita terrestre, a primeira cartografia dos confins do Sistema Solar, onde começa, a mais de uma dezena de bilhões de km da Terra, o espaço interestelar. Trata-se de uma zona de turbulências e campos magnéticos mesclados, onde as partículas dos ventos solares quentes se chocam com as partículas interestelares de outras estrelas da Via Láctea.

2008 (21 de outubro) - Apesar de estar temporariamente parado devido a uma pane (ocorrida em 19 de setembro), o LHC é oficialmente inaugurado.

2008 (22 de outubro) - É lançada a Chandrayaan-1, primeira missão lunar da Índia, com duração prevista de dois anos (contudo, a missão termina depois de 312 dias). Entre os objetivos da sonda (de 675kg) estão: examinar a distribuição mineral e química do satélite natural da Terra e criar um atlas dimensional da superfície; procurar por gelo nos dois polos da Lua; detectar hélio-3, bastante raro na Terra e que poderia ser usado como combustível para alimentar reatores de fusão nuclear; mapear a abundância de elementos na crosta lunar para ajudar a responder a questões importantes sobre a origem e a evolução do satélite. Há onze instrumentos a bordo, entre os quais uma sonda de 30 quilos, programada para chegar ao solo e examinar a superfície e a atmosfera lunares.Chandrayaan significa "veículo lunar" em sânscrito.

2008 (24 de outubro) - Um grupo internacional de cientistas liderados por Eric Michel publica na Science importantes observações feitas a partir de dados fornecidos pelo Corot. Pela primeira vez são detectados, em estrelas fora do Sistema Solar, fenômenos de oscilação e granulação semelhantes aos que ocorrem no Sol. As oscilações (sismos), produzidas pelo movimento do plasma que constitui o interior estelar, geram e propagam ondas ressonantes, que provocam alterações periódicas de diversas propriedades que caracterizam a estrela e refletem o que se passa além da superfície. As granulações são reflexos dos movimentos convectivos no interior do plasma, que também fornecem pistas sobre a natureza do campo magnético da estrela e sobre o comportamento de seu interior. A fotosfera solar apresenta grânulos brilhantes rodeados por contornos mais escuros, com cerca de 700km de diâmetro. As estrelas estudadas pelo Corot são HD49933, HD181420 e HD181906.

2008 (7 de novembro) – Cientistas japoneses, liderados por Makiko Ohtake, publicam na revista Science um artigo no qual sustentam ser a atividade vulcânica na Lua bem mais

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recente do que se pensava. Baseados em imagens da sonda Selene, eles afirmam haver evidência de vulcões lunares ativos entre 1,5 e 2 milhões de anos atrás, enquanto os modelos selenológicos tradicionais situam o fim de qualquer atividade vulcânica no satélite da Terra há 3 bilhões de anos.

2008 (8 de novembro) – A Chandrayaan-1 é inserida com sucesso na órbita da Lua, a uma altitude aproximada de 100km.

2008 (10 de novembro) - A NASA dá por encerrada a missão da Phoenix, após oito dias sem comunicação com a nave.

2008 (13 de novembro) - É revelada a informação de que o americano Paul Kalas, da Universidade de Berkeley, Califórnia, consegue captar, com uma câmera do telescópio Hubble, as primeiras (duas) fotografias ópticas de um exoplaneta, denominado Fomalhaut B. Com massa entre 5% e três vezes a de Júpiter, o exoplaneta orbita, à distância de aproximadamente 17 bilhões de km e num período de 821 anos, a estrela Fomalhaut, situada na constelação de Peixe Austral e distante da Terra 25 anos-luz.Novas informações sobre o sistema planetário de Fomalhaut são divulgadas em abril de 2012.

2008 (13 de novembro) – Uma equipe internacional de astrônomos, liderada por Christian Marois, do Instituto Herzberg de Astrofísica do Conselho Nacional de Pesquisas do Canadá, anuncia as primeiras imagens diretas (em infravermelho) de um sistema múltiplo de exoplanetas. Trata-se de três planetas orbitando a estrela HR 8799, distante 130 anos-luz e localizada na constelação de Pégaso.

2008 (14 de novembro) - Uma pequena sonda se desprende da Chandrayaan-1 e é propositadamente levada a se chocar contra o polo sul da Lua. A sonda filma a própria descida e envia imagens para a Terra. A Índia é o quarto país (depois de URSS, EUA e Japão) a ter uma nave tocando o solo lunar e uma bandeira na superfície do satélite.

2008 (16 de novembro) - O Endeavour (STS-126), lançado no dia 14, acopla-se à ISS para dar início a reformas destinadas a permitir, a partir de 2009, que a tripulação do complexo passe de três para seis astronautas. O ônibus espacial transporta mais dois dormitórios, novas instalações para exercícios físicos, a primeira geladeira da estação, um segundo banheiro e um aparelho para reciclar urina e transformá-la em água para consumo geral, inclusive para beber. O aparelho tem capacidade de reciclar 6,8t de água potável por ano. A tripulação do Endeavour é formada por Christopher Ferguson - Comandante -, Eric Boe – Piloto -, Stephen Bowen, Heidemarie Stefanyshyn-Piper, Donald Pettit, Robert Kimbrough, Sandra Magnus (levada para a ISS) e Gregory Chamitoff (trazido da ISS). O retorno ocorre em 30 de novembro.

2008 (24 de novembro) – A NASA anuncia o início da preparação da missão Juno, destinada a estudar Júpiter. O lançamento deverá ocorrer em agosto de 2011, e a chegada ao planeta, em 2016.

2008 (dezembro) – A NASA testa com sucesso a primeira rede de comunicação espacial

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baseada na tecnologia da Internet. Por meio de um sistema chamado de Rede Tolerante a Interrupções (DTN - delay-tolerant networking -, na sigla em inglês), cientistas conseguem receber imagens da sonda Epoxi (situada a 33 milhões de km da Terra) e enviar arquivos de volta. É o início da Internet interplanetária.

2008 (2 de dezembro - É divulgada a informação de que uma equipe liderada por Giovanna Tinetti, do University College London, no Reino Unido, descobre, pela primeira vez, dióxido de carbono na atmosfera de um exoplaneta, o HD 189733b, em cuja atmosfera já havia sido descoberto (2007) vapor de água em grande quantidade.

2008 (18 de dezembro) – Cientistas liderados por Violette Impellizzeri, do Instituto Max Planck de Radioastronomia, publicam na revista Nature um artigo relatando a descoberta, feita com o auxílio do radiotelescópio Effelsberg, localizado na Alemanha, de água no quasar MG J0414+0534, distante 11,1 bilhões de anos-luz da Terra. Isso significa que já existia água mais de 6 bilhões de anos antes do surgimento do Sistema Solar e 2,6 bilhões de anos depois do Big Bang.

2008 (27 de dezembro) – A China anuncia o início da construção de um dos maiores radiotelescópios do mundo, denominado Fast (Five hundred meter Aperture Spherical Telescope - Telescópio Esférico de 500m de Abertura). A inauguração está prevista para 2013, e espera-se que o instrumento seja capaz de captar entre 7.000 e 10.000 pulsares (os maiores radiotelescópios atuais captam 1.700 dessas estrelas).

2008 (30 de dezembro) – A NASA divulga um relatório (quatrocentas páginas) afirmando que os sete tripulantes do Comumbia souberam que iriam morrer quarenta segundos antes de o ônibus espacial explodir, em fevereiro de 2003.

2009 – Ano Internacional da Astronomia, aprovado pela ONU para celebrar os quatrocentos anos do primeiro registro do uso de um telescópio para fins astronômicos, por Galileu Galilei. Sob a coordenação geral da União Astronômica Internacional, um grande número de eventos ocorre ao longo do ano em diversas partes do mundo.

2009 (5 de janeiro) - Elizabeth Humphreys, do Centro Smithsonian-Harvard para Astrofísica, anuncia, durante uma reunião da Sociedade Astronômica dos EUA, a descoberta de três protoestrelas a poucos anos-luz do buraco negro existente no centro da Via Láctea, algo até então considerado impossível em virtude da enorme força gravitacional predominante naquela região, a qual deveria, de acordo com o modelo galáctico atualmente aceito, desagregar as moléculas envolvidas na formação estelar. Segundo a cientista, estas descobertas indicam que o gás molecular no centro da Galáxia deve ser mais denso do que o calculado até agora.

2009 (5 de janeiro) – Uma equipe de pesquisadores do Observatório Nacional de Rádio e Astronomia dos EUA e do Centro de Astrofísica Harvard-Smithsonian apresenta na Sociedade Americana de Astronomia um estudo no qual afirma que a Via Láctea tem 50% mais massa do que se pensava e que gira em órbita a 965.600km/h, quase 161.000km mais rápido que o valor tido como correto até então. Consequentemente, por ser mais veloz e pesada, a Galáxia tem maior força gravitacional, sendo também maiores as possibilidades

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de ocorrer a colisão prevista com Andrômeda, além do risco de choque com galáxias menores. A equipe sugere ainda que a Via Láctea tem quatro braços em espiral, e não dois, conforme estabelecido em junho de 2008 por Robert Benjamin.

2009 (15 e 16 de janeiro) – Ocorre em Paris, na sede da UNESCO, a cerimônia de abertura do Ano Internacional da Astronomia, com a presença de aproximadamente novecentos convidados (cientistas e autoridades) de mais de cem países. No Brasil, a cerimônia acontece dia 20, no Planetário do Rio de Janeiro.

2009 (29 de janeiro) – Uma equipe de cientistas liderada por Gregory Laughlin, da Universidade da Califórnia, emsSanta Cruz, publica na revista Nature a primeira observação de mudança climática num planeta fora do Sistema Solar. O HD 80606b, localizado na constelação da Ursa Maior e distante 190 anos-luz, tem massa quatro vezes superior à de Júpiter e gira em torno de sua estrela em 111 dias. Quando atinge o periastro (ponto de maior aproximação da estrela), a temperatura passa, em apenas 6h, de 525°c para 1.225°C, provocando ondas de choque na superfície possíveis de ser detectadas pelos astrônomos.

2009 (3 de fevereiro) – O Irã coloca em órbita o seu primeiro satélite de fabricação própria, denominado Omid (esperança). O evento marca o trigésimo aniversário da Revolução Islâmica de 1979.

2009 (3 de fevereiro) – A ESA anuncia a descoberta do menor planeta rochoso encontrado fora do Sistema Solar até esta data (recorde quebrado em janeiro de 2011). O astro, denominado Corot-7b (anteriormente Corot-Exo-7b), tem diâmetro pouco superior a 20.100km (1,58 Terra) e orbita, em 20h49min e à distância média de 2,58 milhões de km, uma estrela semelhante ao Sol, localizada na constelação do Unicórnio e distante 489 anos-luz. A temperatura superficial é de 1.300 a 1.800°C.

2009 (10 de fevereiro) – Nove instituições científicas (seis estadunidenses, duas australianas e uma sul-coreana) assinam um acordo para a construção e a operação do Telescópio Gigante Magalhães (GMT, na sigla em inglês), que terá espelho principal de 24,5m (o maior atual, o Gran Telescopio Canarias, tem espelho de 10,4m), será localizado em Las Campanas, nos Andes Chilenos, e poderá fazer observações em luz visível e infravermelho. A inauguração está prevista para 2019.

2009 (10 de fevereiro) – Um satélite ainda operacional da companhia estadunidense Iridium (Iridium 33, 560kg) e um satélite militar russo desativado (Kosmos 2251, 950kg) colidem, no primeiro acidente do gênero da era espacial. O choque ocorre a 42.120km/h, 789km acima da península Taymir, na Sibéria, e gera mais de mil destroços maiores que 10cm, a maior parte dos quais deve ser queimada pela atmosfera.

2009 (12 de fevereiro) – O satélite Okina, enviado a bordo da sonda Selene, é levado a se chocar propositadamente com o lado oculto da Lua, caindo próximo da cratera Mineur D.

2009 (13 de fevereiro) – Uma equipe internacional de pesquisadores, liderada pelo japonês Hiroshi Araki, do Observatório astronômico nacional do Japão, publica na revista Science

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um artigo descrevendo o mapa lunar mais detalhado já elaborado até esta data, com precisão de 15km, obtido com o altímetro a laser a bordo da sonda Selene, o primeiro que vai do polo norte ao polo sul do satélite, englobando tanto a face visível quanto o lado o culto da Lua. O ponto mais alto fica a 11.000m de altitude, na bacia de Dririchlet-Jackson, perto do equador, enquanto o ponto mais baixo fica no fundo da cratera Antoniadi, perto do polo sul, a uma profundidade de 9km. O mapa também revela que a Lua tem pouca água e mostra crateras jamais detectadas nos polos.Um mapa ainda mais detalhado, feito pela Lunar Reconnaissance Orbiter, começa a ser divulgado em dezembro de 2010.

2009 (15 de fevereiro) – Ocorre, no Vaticano, uma missa em homenagem a Galileu Galilei, celebrada pelo arcebispo (mais tarde cardeal) Gianfranco Ravasi, presidente do Pontifício Conselho para a Cultura. Com isso, a Santa Sé torna pública a aceitação do legado do cientista dentro da doutrina católica.

2009 (17 de fevereiro) – A sonda Dawn sobrevoa Marte para assistência gravitacional, à distância mínima de 549km, e fotografa uma região do noroeste do planeta com 55km de diâmetro, na qual podem ser vstas formações rochosas repletas de crateras e cercadas de névoa.

2009 (17 de fevereiro) – Um estudo publicado na revista Science revela a detecção, feita em 16 de setembro de 2008 pelo telescópio Fermi, da mais poderosa explosão de raios gama jamais observada, com potência equivalente à de 9.000 supernovas explodindo simultaneamente, batizada de GRB 080916C, localizada na constelação de Carina e ocorrida a 12,2 bilhões de anos-luz da Terra.

2009 (março) – Dom Gianfranco Ravasi apresenta o livro “Galileu e o Vaticano”, que oferece, segundo suas palavras, “um julgamento objetivo por parte dos historiadores” para compreender a relação entre este astrônomo e a Igreja.

2009 (março) – Começa a operar o University of Tokyo Atacama Observatory (TAO) localizado no Cerro Chajnantor, deserto de Atacama, Chile. Situado a uma altitude de 5.640m, é o observatório mais elevado do mundo.

2009 (1º de março) – Termina, dezesseis meses depois da entrada em órbita, a missão da sonda chinesa Chang’e 1, que é intencionalmente levada a se chocar contra a superfície lunar.

2009 (2 de março) – É divulgado um estudo liderado por Emmanuel Lellouch, do Observatório Europeu do Sul, segundo o qual há grandes quantidades de metano na atmosfera de Plutão, fazendo com que esta seja pelo menos 40°C mais quente do que a superfície planetária. Isso significa que, ao contrário do que ocorre na Terra, em Plutão a temperatura sobe com a altitude.

2009 (3 de março) – A astrônoma estadunidense Carolyn Porco anuncia a descoberta do sexagésimo primeiro satélite conhecido de Saturno, localizado no anel G, denominado Aegaeon e com diâmetro estimado de 0,5km. Orbita o planeta em 0,808 dia, à distância

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média de 167.500km.

2009 (4 de março) – Os americanos Todd Boroson e Tod Lauer, do Observatório Nacional de Astronomia dos EUA, divulgam na revista Nature a descoberta de dois buracos negros orbitando um em torno do outro dentro da mesma galáxia (SDSS J1 53636.221 044127), algo que jamais havia sido encontrado. Os buracos negros estão distantes entre si 3 trilhões de km, possuem massa entre vinte e cinquenta vezes superior à do Sol, e o período orbital é de aproximadamente cem anos.

2009 (7 de março) – É lançado o observatório espacial estadunidense Kepler, cujo objetivo principal é procurar por planetas similares à Terra, potencialmente capazes de abrigar vida. Durante a missão, programada para durar três anos e meio (depois estendida por mais quatro anos), o Kepler deve monitorar mais de 150.000 estrelas das constelações de Lira e do Cisne localizadas entre quinhentos e 3 mil anos-luz da Terra. Inserido numa órbita heliocêntrica que segue a terrestre, o telescópio (1.052kg) jamais apontará na direção em que está o Sol, o que atrapalharia a observação das estrelas. O método de observação é o da transição, ou seja, o estudo da oscilação na luz de uma estrela causada quando um planeta passar entre esta e o Kepler. Depois da detecção, pelo observatório espacial, de planetas semelhantes à Terra localizados na chamada “zona de habitabilidade”, isto é, nem muito próximos nem muito distantes de sua estrela, que não sejam quentes ou frios demais, os telescópios Hubble e Spitzer serão capazes de efetuar observações mais meticulosas desses astros. A missão Kepler é a mais ambiciosa tentativa até o momento de estabelecer, com base em critérios exclusivamente científicos, se existe vida em planetas fora do Sistema Solar. O nome é uma homenagem a Johannes Kepler (1571-1630), astrônomo alemão que, na primeira década do século XVII, determinou serem elípticas, e não circulares, as órbitas dos planetas.

2009 (15 a 28 de março) – Missão do Discovery (STS-119), com o objetivo de instalar o último conjunto de painéis solares da ISS. A capacidade da estação é ampliada para seis ocupantes. Os tripulantes do Discovery são Lee Archambault - Comandante -, Dominic Antonelli - Piloto -, John Phillips, Steven Swanson, Joseph Acaba, Richard Arnold, Koichi Wakata (que fica na ISS) e Sandra Magnus (que volta da ISS).

2009 (26 de março) – Um artigo publicado na revista Nature, cujo principal autor é Peter Jenniskens, do Instituto Seti, na Califórnia, revela a recuperação de 47 fragmentos, do tamanho de punhos ou ainda menores, do 2008 TC3 (com massa total de 4kg, primeiro asteroide a ser identificado ainda no espaço, antes de se desintegrar na atmosfera. A desintegração ocorreu em 7 de outubro de 2008, 37km acima do deserto da Núbia, no norte do Sudão. Posteriormente à publicação deste artigo, novos fragmentos são encontrados, chegando-se a recolher seiscentos deles, com massa total de 10,5kg.

2009 (28 de março) – o americano de origem húngara Charles Simonyi chega à ISS na Soyuz TMA-14 e se torna o primeiro homem a viajar duas vezes ao espaço na condição de turista (a primeira vez havia sido em abril de 2007, a bordo da Soyuz TMA-10). Ele retorna à Terra em 8 de abril de 2009, a bordo da Soyuz TMA-13.

2009 (31 de março) – Seis voluntários, todos homens (quatro russos, um francês e um

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alemão) dão início à parte prática (segunda fase) do projeto Marte-500, da Roskosmos e da ESA, cujo objetivo é trancá-los num contêiner de metal (em Moscou) por 105 dias, numa primeira simulação de viagem a Marte. A experiência pretende analisar as dificuldades psicológicas do isolamento prolongado. Os voluntários ficam com sensores eletrônicos atrelados ao corpo todo o tempo, sem comunicação com o mundo exterior e comendo comida de bebê congelada e barras de cereais. Além disso, são submetidos a simulações de emergências, incluindo o atraso de vinte minutos nas comunicações com o Centro de Controle, conforme aconteceria se estivessem em Marte. Cada um tem direito a levar uma pequena mala com objetos pessoais, livros e DVDs, mas, de forma geral, os aposentos são extremamente funcionais, sem janelas, apertados e pouco ventilados. Os poucos objetos de conforto incluem uma TV, uma chaleira e uma geladeira. Os voluntários podem deixar o experimento a qualquer momento em que desejem, mas são desestimulados a fazê-lo, já que uma desistência pode pôr em risco o projeto. Eles saem do isolamento em 14 de julho. Os participantes do experimento são Oleg Artemyev, Alexei Baranov, Cyrille Fournier, Oliver Knickel, Sergei Ryazansky e Alexei Shpakov.Considerando que uma viagem de ida e volta ao planeta vermelho tem duração prevista de, no mínimo, dois anos, outra experiência similar, com confinamento por 520 dias, começa em 2010.

2009 (9 de abril) – Cientistas da Universidade de Calgary (Alberta, Canadá) divulgam os resultados de medições detalhadas efetuadas com um instrumento chamado “Supra-Thermal Ion Imager” (que mede a direção e a velocidade dos íons) e determinam que o espaço começa 118km acima da superfície terrestre. A fronteira entre a Terra e o espaço sideral é gradual e estende-se por dezenas de quilômetros. Por isso, não há uma delimitação unânime, havendo outros pontos considerados como limites:- A Fédération Aéronautique Internationale estabelece a linha de Kármán (altitude de 100km), fixada pelo físico e matemático estadunidense de origem húngara Theodore von Kármán (1881-1963), como definição de trabalho para a fronteira entre aeronáutica e astronáutica;- Os EUA utilizam o termo “astronautas” para designar as pessoas que viajam até altitudes superiores a 80km;- o controle de missões da NASA considera a altitude de 122km como o ponto de reentrada de uma espaçonave na atmosfera.

2009 (21 de abril) – É anunciada a descoberta do menor exoplaneta já encontrado (recorde quebrado em janeiro de 2011), batizado de Gliese 581 E, com 1,9 massa terrestre, superfície rochosa, temperatura elevada e aparentemente sem atmosfera. Localizado na constelação de Libra, a 20,3 anos-luz da Terra, orbita a estrela Gliese 581 em 3,15 dias, à distância média de 4,5 milhões de km. A descoberta deve-se à equipe liderada pelo suíço Michel Mayor, tendo sido realizada por meio do instrumento Harps, do Observatório La Silla, localizado no norte do Chile. É o quarto planeta encontrado em torno da estrela Gliese 581.

2009 (27 de abril) – Uma equipe internacional de pesquisadores, liderada por Gerta Keller, da Universidade Princeton, nos EUA, publica no Journal of the Geological Society um artigo contestando a teoria, lançada em 1980, de que a queda do asteroide que causou a cratera de Chicxulub, no México, com 180km de diâmetro, tenha sido a responsável pela

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extinção massiva de animais e plantas, incluindo os dinossauros, ocorrida há 65 milhões de anos. Segundo este artigo, o asteroide teria caído trezentos mil anos antes da extinção, tendo esta sido causada por um grande número de erupções vulcânicas ocorridas na atual Índia, as quais teriam liberado na atmosfera grandes quantidades de gases e poeira, bloqueando a luz solar e causando um forte efeito estufa.

2009 (12 de maio) – Termina a fase de ajustes dos instrumentos do Kepler, e o telescópio dá início à busca por planetas.

2009 (13 de maio) – O ônibus espacial Atlantis (STS-125), lançado no dia 11, aproxima-se do Hubble com o objetivo de dar início à quinta (e última) missão de reparação e modernização do telescópio, para a qual estão previstas cinco caminhadas espaciais. A tripulação é composta pelo comandante Scott Altman, capitão aposentado da Marinha de Guerra americana, o piloto Gregory Johnson e os especialistas Michael Good, John Grunsfeld, Andrew Feustel, Megan McArth e Mike Massimino. O braço mecânico do Atlantis, operado pela astronauta Megan McArth, captura o Hubble e o traz para dentro do ônibus espacial.

2009 (14 de maio) – A ESA lança, a bordo de um foguete Ariane-5 e a partir da base de Kourou, na Guiana francesa, os telescópios espaciais Herschel e Planck, destinados a investigar a origem do Universo. Ambos estão programados para trabalhar numa órbita a 1,5 milhão de km da Terra, zona em que há equilíbrio entre as forças gravitacionais solar e terrestre, onde chegam no final de junho. É o primeiro lançamento simultâneo de dois observatórios espaciais.O Herschel é o primeiro telescópio que cobre desde o infravermelho até a faixa submicrométrica do espectro electromagnético e está dotado de um espelho de 3,5m, o maior já fabricado para um observatório espacial, desenvolvido para coletar luz de objetos muito distantes e pouco conhecidos, tais como galáxias recém-nascidas localizadas a centenas de milhões de anos-luz de distância, e jogar esta luz sobre detectores que operam a temperaturas próximas do zero absoluto. Seus objetivos são: Estudar a formação das galáxias no início do Universo e a sua subsequente evolução; investigar a criação das estrelas e de sua interação com o meio interestelar; observar a composição química da atmosfera e da superfície de cometas, de planetas e de suas luas; examinar a química molecular do Universo. Três instrumentos estão a bordo: PACS, uma câmera de média resolução e um espectrômetro capaz de enxergar os comprimentos de ondas de 60 a 210 micrômetros; SPIRE, uma câmera e um espectrômetro sensível a comprimentos de ondas de 200 a 670 micrômetros; HIFI, Um espectrômetro de alta resolução que combina a leitura de ondas com frequência de 480 a 1250 e de 1410 a 1910GHz (correspondendo ao comprimento de onda de 157 a 625 micrômetros). O nome é uma homenagem a William Herschel (1738-1822), astrônomo britânico que, em 1800, descobriu os raios infravermelhos.A sonda Planck tem por objetivos estudar o nascimento do Universo por meio do exame da radiação cósmica de fundo, constituída de micro-ondas, proveniente do Big Bang. A bordo está um telescópio com espelho de 1,5m, cuja missão é captar radiação a ser examinada por dois instrumentos: O Low Frequency Instrument (LFI), aparelho que consiste em 22 receptores que funcionam a -253 °C e devem trabalhar agrupados em quatro canais de frequências, visando a captar frequências entre 30 e 100GHz, sendo os sinais resultantes

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amplificados e convertidos em uma voltagem (diferença de potencial), dados a serem enviados a um computador; e O High Frequency Instrument (HFI), aparelho composto de 52 detectores, os quais trabalham convertendo radiação em calor, cuja quantidade é medida por um pequeno termômetro elétrico, e a temperatura anotada é convertida em dado de computador. Ele deve operar a -273 °C e ser capaz de registrar variações de temperatura da ordem de um milionésimo de grau. Este instrumento está programado para observar duas vezes a totalidade da abóbada celeste e elaborar um mapa preciso deste raio difuso. O nome da sonda é uma homenagem a Max Planck (1858-1947), astrônomo alemão que, em 1918, ganhou o Prêmio Nobel de Física pela descoberta da energia quântica.

2009 (14 de maio) - John Grunsfeld e Drew Feustel substituem, no Hubble, uma câmera (Wide Field Planetary Camera-2), que tem 16 anos, pela mais moderna Wide Field Camera-3. A nova câmera é desenhada para observar o universo de maneira mais profunda, em busca de sinais dos primeiros sistemas estelares e para estudar os planetas mais próximos. Também trocam o computador científico, que apresenta problemas.

2009 (15 de maio) - Michael Good e Mike Massimino substituem os seis giroscópios do Hubble, equipamentos que coordenam os movimentos do telescópio e fornecem dados que ajudam a apontá-lo de maneira precisa para os alvos escolhidos. Efetuam igualmente a troca do primeiro dos dois módulos de baterias, cada um dos quais pesa 205kg e contém três baterias que fornecem energia elétrica para as operações do Hubble durante a porção noturna de sua órbita, quando a sombra da Terra impede que a luz do sol chegue a seus painéis solares.

2009 (16 de maio) - John Grunsfeld e Andrew Feustel instalam no Hubble um Espectrógrafo de Origens Cósmicas, desenhado para detectar a luz de quasares distantes. Com o instrumento, os cientistas esperam avançar no conhecimento de como as galáxias se formaram ou como surgem e mudam os elementos químicos. O espectrógrafo substitui o aparelho conhecido como Costar (sigla em inglês para Substituição Axial de Correção Óptica), instalado em 1993 para corrigir um defeito de um dos espelhos do Hubble, que o tornava míope. Também é reparada a Câmera Avançada para a Prospecção, equipamento instalado em 2002, mas que sofreu um curto-circuito em 2004, impedindo o Hubble de observar as galáxias mais distantes.

2009 (17 de maio) - Michael Massimino e Michael Good consertam o Space Telescope Imaging Spectrograph (STIS), instalado em 1997 (e inativo desde 2004), utilizado pelo hubble para obter informações sobre composição química, temperatura, pressão e velocidade de corpos celestes, bem como para identificar buracos negros.

2009 (18 de maio) - John Grunsfeld e Andrew Feustel trocam o segundo módulo de baterias e um dos três sensores rastreadores de estrelas do Hubble, que são usados para fazer o telescópio mirar alvos celestes. Também instalam um novo sistema de orientação FGS (“Fine Guidance System”)e dois escudos metálicos em torno dos instrumentos do telescópio espacial, para ajudar a protegê-lo do ambiente inóspito do espaço. Com isso, fica concluída a quinta (e última) missão de reparo e modernização do Hubble.

2009 (19 de maio) – O Hubble é recolocado em órbita, e os astronautas do Atlantis se

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preparam para o retorno à Terra. O pouso ocorre no dia 24, na Califórnia.É o último voo de um ônibus espacial que não está relacionado à montagem da ISS.

2009 (23 de maio) – O presidente estadunidense Barack Obama nomeia o astronauta Charles Frank Bolden, Jr. Como administrador da NASA. A nomeação é ratificada pelo Senado em 15 de julho, e ele toma posse dois dias depois. É o primeiro negro a ocupar o posto.

2009 (26 a 30 de maio) –É realizado, em Florença, o congresso internacional de estudos “O Caso Galileu. Uma releitura histórica, filosófica e teológica", organizado pelo Instituto Stensen dos Jesuítas. A cerimônia de inauguração é realizada na Basílica da Santa Cruz, onde está o túmulo do cientista, e o evento de encerramento tem lugar em Il Gioiello (A Joia), sua última residência.

2009 (29 de maio) – A tripulação permanente da ISS é duplicada, passando a ser de seis pessoas. O canadense Bob Thirsk, o russo Roman Romanenko e o belga Frank De Winne chegam, a bordo da Soyuz TMA-15, para dividir o espaço com o russo Gennady Padalka, o americano Michael Barratt e o japonês Koichi Wakata, que já ocupavam a base. pela primeira vez, todos os parceiros da ISS (EUA, Rússia, Europa, Japão e Canadá) estão representados simultaneamente na tripulação.

2009 (4 de junho) - Sébastien Rodriguez, da Universidade de Nantes, na França, e colegas publicam na Nature um estudo demonstrando que as nuvens de Titã, resultantes da condensação de etano e de metano, cobrem o satélite seguindo modelos climáticos, como ocorre na Terra. Resultado dos dados obtidos pela Cassini a partir de 39 sobrevoos de titã, ocorridos entre 2004 e 2007, o trabalho é também o primeiro a descrever evidências observacionais de interação entre marés em Saturno e a atmosfera do satélite.

2009 (9 de junho) – Charles Townes, ganhador do Prêmio Nobel de Física em 1964, e colegas apresentam, numa reunião da Sociedade Astronômica Americana, em Pasadena, um estudo segundo o qual a supergigante vermelha Betelgeuse está encolhendo. O trabalho, publicado também no The Astrophysical Journal Letters, afirma que o diâmetro da estrela diminuiu aproximadamente 15% nos últimos quinze anos, embora o brilho não tenha apresentado queda significativa. Até o momento, não há explicação para o fenômeno.

2009 (10 de junho) – A sonda Selene é intencionalmente levada a se chocar contra o polo sul da Lua, encerrando a missão, cuja duração foi de quase 20 meses.

2009 (18 de junho) – São lançadas, a bordo de um foguete Atlas V, as sondas estadunidenses Lunar Reconnaissance Orbiter, LRO (Orbitador de Reconhecimento Lunar), e Lunar Crater Observation and Sensing Satellite, LCROSS (Satélite Sensor e de Observação de Crateras Lunares), que constituem a primeira etapa do programa “Vision for Space Exploration”, a preparação para a volta de astronautas dos EUA à Lua e para missões tripuladas a Marte. A LRO (1.846kg) tem como objetivos principais cartografar a superfície lunar com um grau de precisão sem precedentes, detectar possíveis locais de alunissagem (para a volta de astronautas ao satélite), buscar a presença de gelo em crateras que permanecem sempre na escuridão e obter outros dados precisos do solo e das radiações

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cósmicas. A tarefa da LCROSS (621kg) é chocar-se com uma cratera que está permanentemente na sombra (sem receber luz do Sol há, pelo menos, 2 bilhões de anos) localizada próximo ao Polo Sul, onde emissões de hidrogênio detectadas previamente podem assinalar a presença de gelo, a partir do qual poderia ser obtida água para uma futura base habitada no satélite.

2009 (18 de junho) – Uma pesquisa liderada por Gaetano Di Achille, da universidade do Colorado, e publicada na revista virtual Geophysical Research Letters, afirma terem sido encontradas as primeiras provas conclusivas da existência, no passado, de um lago em Marte. De acordo com o estudo, o lago existiu há 3,4 bilhões de anos, cobria uma superfície de 200km2 e tinha profundidade máxima de 450m, tendo a água escavado um cânion de quase 50km edepositado sedimentos que formaram um extenso delta.

2009 (19 de junho) – O Kepler transmite os primeiros dados científicos à Terra.

2009 (23 de junho) – A sonda Lunar Reconnaissance Orbiter é inserida com sucesso na órbita da Lua.

2009 (24 de junho) - Jürgen Schmidt, da universidade alemã de Potsdam, e Nikolai Brilliantov, da universidade britânica de Leicester, publicam na Nature um estudo afirmando que á, sob a superfície do polo sul de encélado, a grande profundidade, um oceano salgado, cuja concentração de cloreto de sódio pode ser tão elevada quanto a dos oceanos terrestres. Encélado torna-se, assim, o quarto astro do Sistema Solar (depois de Terra, Europa e Marte) em que a existência de água está confirmada.

2009 (30 de junho) – Termina oficialmente a missão da sonda Ulysses, lançada em outubro de 1990.

2009 (julho) – O Vaticano reedita as atas do processo contra Galileu Galilei, num volume intitulado “I ducomenti vaticani del processo di Galileo Galilei” (“Os documentos vaticanos do Processo de Galileu Galilei”). Um dos objetivos dessa reedição é lembrar que o papa Urbano VIII (1568-1644) nunca assinou a sentença de condenação de Galileu pela Inquisição.

2009 (3 de julho) – O observatório espacial Planck é inserido na sua órbita definitiva, e a temperatura dos instrumentos é ajustada para -273,05ºC (um décimo de grau acima do zero absoluto), tornando o telescópio plenamente operacional.

2009 (4 de julho) O site científico Science Daily informa que pesquisadores da Universidade de Michigan, liderados por Chris Ruf, anunciaram ter encontrado a primeira prova direta da existência de descargas elétricas (raios) em Marte.

2009 (9 de julho) – A NASA e a ESA anunciam um acordo para realizar a prospecção conjunta de Marte por meio da inclusão, nas futuras missões àquele planeta, de módulos de aterrissagem e tecnologia para desenvolver “investigações de astrobiologia, geologia e geofísica, com o objetivo de trazer amostras de Marte à Terra em 2020”.

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2009 (12 de julho) – A sonda Lunar Reconnaissance Orbiter sobrevoa o Mar da Tranquilidade e faz imagens do módulo de pouso da Apollo 11. Equipamentos deixados na Lua também são visíveis. O objetivo das imagens é demonstrar a veracidade do primeiro pouso lunar, muitas vezes contestada ao longo das quatro décadas seguintes à missão.Posteriormente, a LRO também fotografa os módulos de pouso e os vestígios deixados pelas outras cinco espaçonaves Apollo a descer na Lua.

2009 (14 de julho) – A ESA divulga a conclusão do primeiro mapa do hemisfério sul de Vênus, elaborado a partir de mais de mil imagens obtidas pelas câmeras de infravermelho da sonda Venus Express entre maio de 2006 e dezembro de 2007. O mapa indica que, no passado, o planeta teve um oceano e um sistema de placas tectônicas que deu lugar à formação de continentes. Os trabalhos cartográficos são dirigidos pelo cientista alemão Nils Müller.

2009 (15 a 31 de julho) – Missão do Endeavour (STS-127), cujo objetivo é finalizar a instalação do módulo japonês Kibo, iniciada durante a STS-124 (junho de 2008). A tripulação é composta por Mark Polansky - Comandante -, Douglas Hurley - Piloto -, Christopher Cassidy, Thomas Marshburn, David Wolf, Julie Payette, Timothy Kopra (que fica na ISS) e Koichi Wakata (que volta da ISS).

2009 (16 de julho) – A NASA apresenta vídeos restaurados da missão Apollo 11, feitos a partir de imagens televisivas da rede CBS. O engenheiro Richard Nafzger admite que as fitas originais foram perdidas, tendo sido apagadas, involuntariamente, para reutilização, por motivos econômicos. A NASA informa ainda que os vídeos estarão disponíveis ao público, na Internet, a partir de setembro.

2009 (21 de julho) – O JPL, da NASA, revela que um corpo celeste, possivelmente um asteroide (dimensões estimadas de 500m), atingiu a atmosfera de Júpiter, nas proximidades do polo sul do planeta. A descoberta do fenômeno (19 de julho) cabe ao astrônomo amador australiano Anthony Wesley. No dia 23, são divulgadas imagens de alta nitidez do evento, feitas pelo telescópio Hubble.

2009 (22 de julho) – Ocorre o mais longo eclipse total do Sol do século XXI, com duração que chega a 6min39s. É visível num corredor de 200km de largura e 15.000km de comprimento, atravessando Índia, Nepal, Butão, Bangladesh, Mianmar e China, alcançando também as ilhas meridionais japonesas de Ryukyu. O próximo eclipse com duração semelhante ocorrerá em 2132.

2009 (22 de julho) Cientistas do Southwest Research Institute de San Antonio, nos EUA, publicam na Nature um estudo apresentando novas evidências da existência de água líquida em Encélado. De acordo com eles, existem no satélite de Saturno amoníaco, vários componentes orgânicos e deutério, um isótopo estável do hidrogênio abundante nos oceanos da Terra.

2009 (24 de julho) – É inaugurado, na ilha de La Palma (arquipélago das Canárias, Espanha), o GTC (Gran Telescópio Canarias), cuja lente, formada por 36 espelhos, tem uma superfície de 10,4m (com potência igual à visão de 4 milhões de pupilas), o que faz

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dele o maior telescópio óptico do mundo. A solenidade conta com a presença do rei Juan Carlos, da rainha Sofia e de cientistas da Europa e dos EUA.

2009 (26 de julho) – Uma equipe de cientistas sob a liderança da astrônoma estadunidense Carolyn Porco descobre o sexagésimo segundo satélite conhecido de Saturno, denominado provisoriamente S/2009 S 1, que tem diâmetro de 400m e orbita o planeta à distância média de 117.000km. O anúncio da descoberta é feito em 2 de novembro.

2009 (29 de julho) – Cientistas estadunidenses e britânicos calculam o tempo de rotação de Saturno em 10h34min13s, mais de cinco minutos inferior ao oficialmente aceito (10h39min24s).

2009 (29 de julho) – Fotografias divulgadas pelo Observatório de Paris indicam que a estrela Betelgeuse tem uma cauda de gás do tamanho do Sistema Solar, bem como uma gigantesca “bolha” que ferve em sua superfície.

2009 (3 a 14 de agosto) – Ocorre, no Rio de Janeiro, a 27ª assembleia geral da UAI, com a participação de mais de 2.000 astrônomos de oitenta países. É a segunda vez que esta reunião ocorre na América do Sul (a primeira foi em Buenos Ares, em 1991). A próxima assembleia terá lugar em Pequim, em 2012.

2009 (6 de agosto) – Durante uma conferência de imprensa, cientistas da NASA revelam imagens, feitas pelo Kepler, do exoplaneta HAT-P-7b, descoberto em 6 de março de 2008, localizado na constelação do Cisne, a pouco mais de 1.000 anos luz da Terra, com massa 1,8 vez superior à de Júpiter, temperatura de aproximadamente 2.700°C e período orbital de 2,204 dias. As imagens são de qualidade surpreendente, e, de acordo com a NASA, o Kepler funciona suficientemente bem para detectar planetas parecidos com a Terra.

2009 (11 de agosto) – Cientistas britânicos, da universidade de Keele, anunciam a descoberta de WASP-17b, o primeiro exoplaneta de órbita retrógrada que se conhece (ou seja, gira em sentido contrário ao da estrela-mãe). Localizado na constelação de Escorpião, a cerca de 1.000 anos-luz da terra, orbita a sua estrela em 3,75 dias. Com massa equivalente a menos da metade da de Júpiter (0,49) e raio 1,9 vez superior, é um dos astros de menor densidade que se conhece (em torno de 0,14g/cm3) e o maior exoplaneta em diâmetro encontrado até o momento.

2009 (13 de agosto) – O telescópio Planck dá início à sua missão científica propriamente dita e começa a realizar a primeira varredura completa do céu.

2009 (16 de agosto) – É anunciada, numa reunião da Sociedade Estadunidense de Química, em Washington, a descoberta de que nas amostras de material do cometa Wild 2 coletadas em janeiro de 2004 pela Stardust há glicina, um dos 20 aminoácidos conhecidos que formam proteínas, as moléculas fundamentais da vida. De acordo com Jamie Elsila, do Centro de Voo Espacial Goddard, da Nasa, “É a primeira vez que um aminoácido é encontrado em um cometa. Esta descoberta apoia a teoria de que alguns dos ingredientes básicos da vida se formaram no espaço e chegaram à Terra há muito tempo por meio de impactos de meteoritos ou de cometas”.

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2009 (26 de agosto) - Astrônomos da Universidade de Keele, no Reino Unido, publicam na revista Nature um artigo sobre o recentemente descoberto exoplaneta WASP-18b, com massa 10 vezes superior à de Júpiter, localizado na constelação de Fênix, a aproximadamente 325 anos-luz da terra, que está tão próximo de sua estrela (3 milhões de km) que leva menos de um dia (22h35min) para completar uma órbita. Segundo o estudo, o astro sofre tantas deformações gravitacionais que descreve uma espiral para dentro, estando prestes a ser engolido pela estrela-mãe.

2009 (28 de agosto) – Termina, 14 meses antes do previsto, a missão da Chandrayaan-1, depois de a sonda ter perdido o contato com o centro de controle. Nos 312 dias de operação, são completadas cerca de 3.000 órbitas lunares e feitas aproximadamente 70.000 imagens do satélite da terra. Segundo a Agência Espacial Indiana, 95% dos objetivos propostos são atingidos.

2009 (setembro) – A UAI fixa o valor da unidade astronômica (que é aproximadamente, mas não exatamente, igual à distância Terra-Sol) em 149.597.870.700m.

2009 (10 de setembro) – É lançado o HTV-1, primeiro veículo de carga japonês para abastecimento da ISS. Transporta 4.500kg de suprimentos diversos para a estação, e a acoplagem ocorre em 17 de setembro. O retorno se dá em 1º de novembro, quando o HTV-1 reentra na atmosfera com 1.624kg de materiais descartados e se desintegra, conforme previsto.

2009 (14 de setembro) – Durante um Congresso Europeu de Ciência Planetária, que ocorre em Potsdam, Alemanha, uma equipe dirigida por Katsuhito Ohtsuka apresenta um estudo segundo o qual o cometa 147P/Kushida-Muramatsu foi satélite de Júpiter de 1949 a 1961, tendo completado duas órbitas. David Asher, da mesma equipe, assinala que os resultados desse estudo “sugerem que os impactos sobre Júpiter e a captura de satélites temporários podem acontecer mais assiduamente do que se pensava até agora".

2009 (18 de setembro) – São divulgados dados obtidos pelo “Diviner Lunar Radiometer Experiment”, instrumento a bordo da Lunar Reconnaissance Orbiter que está fazendo um mapeamento térmico da Lua, os quais indicam que regiões onde a luz do Sol jamais chega, localizadas no interior do polo sul do satélite, estão entre os lugares mais frios do Sistema Solar, com temperaturas que chegam a -238°C.

2009 (24 de setembro) – De acordo com um artigo publicado na revista Science, a análise de dados fornecidos por três missões espaciais (Deep Impact, Cassini e Chandrayaan-1) revela a existência de moléculas de água nos polos da Lua. As quantidades são pequenas, não sendo suficientes para formar oceanos, lagos ou mesmo poças. Também são encontradas moléculas de hidroxila, substância formada por um átomo de oxigênio e um átomo de hidrogênio.

2009 (25 de setembro) – O jornal espanhol El País publica a notícia, dada pelo compatriota Josep Maria Bosch, de que o asteroide 2009 ST19, de quase 1km de diâmetro, descoberto por ele em 16 de setembro, chega a 600.000km da Terra, a menor distância já registrada

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para este tipo de corpo celeste (recorde quebrado em fevereiro de 2011), seguindo uma órbita paralela à do nosso planeta. De acordo com o astrônomo, uma aproximação ainda maior está prevista para 2038.

2009 (29 de setembro) – A agência oficial chinesa Xinhua anuncia a conclusão do mapa de mais alta resolução da Lua, cobrindo toda a superfície do satélite, elaborado com as imagens feitas pela sonda Chang’e 1. A equipe que elabora o mapa é chefiada por Liu Xianlin.

2009 (29 de setembro) – A sonda Messenger sobrevoa Mercúrio pela terceira e última vez, à distância de 229km. Em 18 de março de 2011, ela entrará em órbita em torno do planeta.

2009 (6 de outubro) – Cientistas da NASA anunciam a descoberta, feita com a ajuda de uma câmera de infravermelho do telescópio Spitzer, do maior anel de Saturno já encontrado, cuja parte mais densa está a 6 milhões de km do planeta, estendendo-se por outros 12 milhões de km. Muito tênue, é formado por uma fina camada de gelo e por partículas de poeira bastante difusas. O material que compõe o anel colide constantemente com Jápeto, o que pode explicar o fato de um dos hemisférios do satélite ser claro e o outro escuro, o que sempre intrigou os astrônomos.

2009 (9 de outubro) – Parte de um foguete (Centauro, segundo estágio do Atlas V), pesando 2,2t, é lançada, à velocidade de 10.000km/h, contra a cratera Cabeus, localizada no polo sul da Lua, na face oculta do satélite. O interior da cratera jamais recebe luz solar, e a temperatura está próxima dos -240°C. O objetivo do impacto é levantar uma nuvem de poeira e rochas lunares, cuja composição é imediatamente estudada pela sonda Lunar Crater Observation and Sensing Satellite (LCROSS), que entra na nuvem e envia grande quantidade de dados à Terra. Quatro minutos depois do foguete, a sonda também se espatifa contra a superfície lunar. Com esse duplo impacto, a NASA pretende determinar se existe água congelada no interior da cratera Cabeus.

2009 (11 de outubro) – o belga Frank De Winne torna-se o primeiro europeu a comandar a ISS. Com a volta à Terra do russo Gennady Padalka, no comando desde abril, ele passa a ser o primeiro não russo ou não estadunidense a assumir o posto, liderando a expedição 21 à estação espacial.

2009 (19 de outubro) – A ESO anuncia, durante a Conferência sobre Exoplanetas realizada na cidade do Porto, em Portugal, a descoberta de 32 planetas extrassolares, feita pelo telescópio Harps, situado em La Silla, no Chile. Com isso, passam a ser 403 os exoplanetas conhecidos, 75 dos quais encontrados pelo Harps.

2009 (10 de novembro) – É lançado, no topo de uma nave Progress modificada impulsionada por um foguete Soyuz-U, o minimódulo Poisk (“pesquisa”), primeira contribuição significativa russa para a ISS desde 2001. Acoplado no dia 12 à escotilha Zênite do módulo de serviço Zvezda, o Poisk é parecido com o Pirs, podendo ser utilizado também para a acoplagem de naves Progress e Soyuz TMA. Ademais, dispõe de espaço para experimentos científicos e está projetado para fornecer energia e pontos de conexão a duas interfaces científicas externas, a serem desenvolvidas pela Academia Russa de

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Ciências.

2009 (13 de novembro) – A NASA confirma a existência de água gelada no interior da cratera Cabeus, localizada no polo sul da Lua. A quantidade de água encontrada é suficiente para encher doze baldes. A descoberta é feita com base nos dados enviados pela LCROSS, após o impacto com a superfície lunar ocorrido em 9 de outubro.

2009 (13 de novembro) – A sonda Rosetta passa pela Terra, para assistência gravitacional, em sua viagem rumo ao cometa 67/P Churyumov-Gerasimenko. A distância mínima, 2.481km, é atingida sobre o Oceano Índico, ao sul da ilha de Java. O empurrão gravitacional da Terra aumenta a velocidade da sonda de 13,3 para 16,8km/s.

2009 (20 de novembro) – O acelerador de partículas LHC volta a operar, após catorze meses de inatividade.As primeiras colisões de partículas ocorrem dois dias depois.

2009 (10 de dezembro) – É inaugurado o telescópio Vista (“Visible and Infrared Survey Telescope for Astronomy”, ou "Telescópio de Pesquisa em Luz Visível e Infravermelha para Astronomia", construído por um consórcio de universidades britânicas e localizado no Observatório Paranal, no deserto de Atacama, Chile. Com espelho de 4,1m de diâmetro, o Vista opera em comprimentos de onda infravermelhos (com possibilidade de trabalhar também em luz visível) e é o maior telescópio do mundo dedicado à cartografia do céu.

2009 (14 de dezembro) – É lançado o telescópio estadunidense Wise (Wide-Field Infrared Survey Explorer, ou “Explorador de Levantamento Infravermelho de Campo Amplo”), cujo objetivo é fazer um mapeamento do céu em infravermelho ao longo de dez meses. Com massa de 750kg e colocado numa órbita a 525km de altitude, espera-se que o Wise identifique asteroides e cometas nunca antes observados. No extremo oposto, deve fotografar aglomerados galácticos distantes bilhões de anos-luz. Outro alvo de estudo são as anãs marrons, objetos maiores e mais pesados do que planetas, mas que não têm massa suficiente para dar início à transformação de hidrogênio em hélio, reação termonuclear responsável pela luminosidade das estrelas nos estágios iniciais da sua existência.

2009 (17 de dezembro) – Cientistas do Instituto de Estudos Planetários de Berlim anunciam a descoberta, em Titã, de um mar de metano líquido cuja superfície pode chegar a 400.000km2 (superior à do Mar Cáspio, que é de 371.000km2). Batizado de "Krake Mare", está localizado no polo norte do satélite, tendo a descoberta sido feita por meio de imagens da sonda Cassini.

2009 (29 de dezembro) – A New Horizons chega a um ponto a partir do qual está mais próxima de Plutão do que da Terra.

2010 (2 de janeiro) – Um estudo coordenado por Junichi Haruyama, da agência espacial japonesa, e publicado na revista Geophysical Research Letters, informa a descoberta, na Lua, de uma “tubulação de lava”, uma estrutura cilíndrica com 80m de profundidade. Trata-se de algo como uma “caverna vertical”, onde poderia ser montada uma base para futuros astronautas.

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2010 (4 de janeiro) – São anunciados os cinco primeiros exoplanetas descobertos pelo telescópio Kepler, batizados de Kepler 4b, 5b, 6b, 7b e 8b. Todos estão muito próximos de suas estrelas (períodos orbitais entre 3,2 e 4,9 dias) e são muito quentes (temperaturas entre 1.200 e 1.650°c). Kepler 7b é o mais incomum, apresentando densidade de 0,18g/cm3, parecida com a do isopor.

2010 (5 de janeiro) – O astrônomo americano Jason Rowe anucia a descoberta, feita a partir de dados do telescópio Kepler, de dois objetos que não pertencem a nenhuma classe de corpos celestes já observados. São pequenos demais para serem estrelas (dimensões parecidas com as de Júpiter) e quentes demais para serem planetas (temperaturas da ordem de 14.400°C). Eles são mais quentes do que as estrelas em torno das quais giram, característca jamais observada antes em um objeto astronômico.

2010 (12 de janeiro) – O telescópio Wise descobre seu primeiro asteroide, batizado de2010 AB78. O astro tem cerca de 1km de diâmetro e órbita elíptica. Segundo a NASA, apesar de se aproximar do Sol tanto quanto a Terra, o asteroide não oferece risco, pois não há nenhuma aproximação prevista para os próximos séculos.

2010 (15 de janeiro) – Ocorre o mais longo eclipse anular do Sol do terceiro milênio, com duração de 11 minutos e 8 segundos. Evento semelhante só voltará a acontecer em 23 de dezembro de 3043. O fenômeno tem início na República Centro-Africana, passando depois por Camarões, República Democrática do Congo, Uganda e Quênia. A seguir, é visível no Oceano Índico (ponto de máxima escuridão) e então se dirige para as Ilhas Maldivas, Índia e Sri Lanka. Os últimos países onde se pode observar o eclipse são Bangladesh, Myanmar e China.Eclipse anular é um eclipse parcial em que a Lua, por estar próxima do apogeu (ponto mais distante da Terra), não consegue cobrir todo o disco solar (como acontece num eclipse total), deixando visível um anel nas bordas desse disco.

2010 (1º de fevereiro) – Barack Obama apresenta a proposta de orçamento federal dos EUA para o ano 2011, excluindo todos os fundos necessários ao programa Constellation. Isso implica o cancelamento do programa e o estabelecimento de novas metas para a NASA. Conforme anúncio feito posteriormente, a cápsula Orion é mantida, embora com modificações em relação à proposta inicial.

2010 (3 de fevereiro) – A missão da sonda Cassini é prolongada mais uma vez, até 2017, tempo do solstício de verão no hemisfério norte de Saturno. A previsão é de mais 155 órbitas em torno do planeta, 54 sobrevoos de Titã e onze de Encélado. Posteriormente, uma aproximação maior com Titã modificará de tal maneira a trajetória da sonda que ela será intencionalmente destruída na atmosfera de Saturno.

2010 (8 a 22 de fevereiro) – Missão do ônibus espacial Endeavour (STS-130), que instala na ISS o Tranquility, módulo europeu fabricado na Itália. O Tranquility conta com um mirante panorâmico (denominado Cupola), constituído por uma cúpula com seis janelas laterais e uma superior, a qual confere uma visão de 360° da ISS e permite avistar a Terra a qualquer momento.

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Os tripulantes do Endeavour são George Zamka – comandante -, Terry Virts – piloto -, Nicholas Patrick, Robert Behnken, Stephen Robinson e Kathryn Hire.

2010 (11 de fevereiro) – É lançado o Solar Dynamics Observatory (“Observatório da Dinâmica Solar”), missão da NASA programada para observar O Sol, a partir de uma órbita geoestacionária, por um período de, no mínimo, cinco anos e três meses (com possibilidade de extensão para dez anos ou mais). O objetivo do SDO, que carrega três instrumentos, é entender a influência do Sol sobre a Terra e espaço adjacente Por meio do estudo da atmosfera solar, em escalas reduzidas de espaço e de tempo, e em vários comprimentos de onda simultaneamente. A sonda está programada para investigar a origem e a estrutura do campo magnético solar, como a energia magnética é convertida e liberada para a heliosfera e o geoespaço (vento solar) e as variações da radiação do Sol.O SDO é a primeira missão do programa Living With a Star (LWS) (Vivendo com uma Estrela), gerenciado pela Divisão de Heliofísica da NASA, cujo propósito é estudar os aspectos do sistema Sol-Terra que afetam diretamente a vida e a sociedade.

2010 (15 de fevereiro) – É divulgada a notícia de que, utilizando o Colisor Relativístico de Íons Pesados (RHIC), um acelerador de partículas com 3,8km de comprimento e que está a 4m abaixo do chão em Upton, pertencente ao Laboratório Nacional de Brookhaven, do Departamento de Energia dos EUA, em Nova Iorque, cientistas criam a temperatura mais alta já obtida em laboratório: 4 trilhões de graus Celsius (este recorde é batido em novembro de 2010). Segundo os pesquisadores, essa temperatura é elevada o suficiente para desintegrar prótons e nêutrons e transformá-los na matéria que existiu milionésimos de segundos depois do nascimento do Universo. Esse estudo pode ter aplicações de ordem tecnológica, como, por exemplo, no campo da "spintrônica", que tem por objetivo desenvolver peças de computador menores, mais rápidas e mais potentes.

2010 (1º de março) – Durante uma conferência sobre ciência planetária realizada no Texas, cientistas da NASA informam a descoberta, feita pelo Mini-Sar, radar estadunidense lançado a bordo da sonda indiana Chandrayaan-1, de depósitos de gelo em mais de 40 crateras do polo norte da Lua. Paul Spudis, do Instituto Lunar e Planetário de Houston, calcula em pelo menos 600 milhões de toneladas a quantidade de gelo existente nessas crateras.

2010 (2 de março) – Uma equipe de cientistas da NASA liderada por Richard Gross anuncia que o terremoto de magnitude 8,8 ocorrido no Chile, no dia 27 de fevereiro, deslocou o eixo da Terra em 8cm e diminuiu em 1,26 milionésimo de segundo o período de rotação do planeta.

2010 (3 de março) – A Mars Express sobrevoa Fobos a 67km de distância. O objetivo principal é fazer um mapa gravitacional do satélite e deduzir detalhes da sua estrutura interna, a fim de investigar a hipótese, levantada em 2009, de que partes da lua marciana são ocas.

2010 (17 de março) – São publicadas as primeiras fotografias feitas pelo telescópio Planck, mostrando concentrações de poeira até uma distância de 500 anos-luz do Sol.

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2010 (30 de março) – Cientistas responsáveis pelo LHC anunciam ter obtido colisões de prótons cuja energia gerada é de 7 trilhões de eletronvolts (TeV), valor três vezes superior ao máximo obtido antes por qualquer acelerador de partículas.

2010 (5 a 20 de abril) – Missão do Discovery (STS-131), último voo dos ônibus espaciais com sete astronautas a bordo. O objetivo é levar 8t de equipamentos e provisões à ISS, entre os quais estão um congelador adicional para preservar amostras das experiências realizadas em microgravidade, uma reserva de amoníaco para o sistema de refrigeração da estação e um mecanismo de exercícios que permite medir a força muscular.A tripulação é formada por Alan Poindexter (1961-2012) - comandante -, James Dutton - piloto -, Richard Mastracchio, Dorothy M. Metcalf-Lindenburger, Stephanie Wilson, Naoko Yamazaki e Clayton Anderson.É a missão mais longa do Discovery (15d2h47min11s) e, pela primeira vez, quatro mulheres se encontram no espaço.

2010 (7 de abril) – uma equipe liderada por Emmanuel Lellouch publica na revista Astronomy & Astrophysics os resultados da primeira análise de infravermelho da atmosfera de Tritão, realizada por pesquisadores do Observatório Europeu do Sul (ESO). A atmosfera contém monóxido de carbono e metano e varia sazonalmente, condensando quando aquecida.

2010 (13 de abril) – Durante o Royal Astronomical Society National Astronomy Meeting, realizado na universidade de Glasgow, na Escócia, é anunciada a descoberta, feita por uma equipe internacional de cientistas, de dois exoplanetas cujas órbitas se dão no sentido oposto ao da rotação das estrelas de seus sistemas. Isso contraria a teoria vigente da formação planetária, segundo a qual os planetas se originam em discos de gás e poeira que giram em torno de estrelas jovens. Acreditava-se que os planetas formados nesse disco sempre orbitassem em planos idênticos, girando na mesma direção da rotação da estrela, como acontece no Sistema Solar.

2010 (13 de abril) – O telescópio Swift detecta a sua 500ª erupção de raios gama.

2010 (15 de abril) – Durante uma visita ao Centro Espacial Kennedy, o presidente estadunidense Barack Obama propõe novas metas para a NASA, depois do cancelamento do programa Constellation, anunciado em fevereiro. Entre as propostas estão o desenvolvimento de uma cápsula Orion menor do que a inicialmente projetada, a ser lançada por foguetes de companhias privadas à ISS, e o desenvolvimento de um lançador pesado, destinado a missões tripuladas para além da órbita terrestre, capaz de levar, a partir de 2025, seres humanos a um asteroide (antes de uma missão a Marte). O asteroide a ser visitado ainda não está definido.

2010 (16 de abril) – Uma equipe de cientistas liderada por Suzanne Smrekar, do Laboratório de Propulsão a Jato, na Califórnia, publica na revista Science um artigo sugerindo que pode haver vulcões ativos em Vênus. Essa possibilidade é levantada por dados coletados pelo Virtis, instrumento a bordo da Venus Express que analisa emissões térmicas, segundo os quais há fluxos de lava jovem na superfície, cuja composição é

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diferente daquela do material do entorno, o que pode ser sinal de atividade vulcânica.

2010 (29 de abril) – Dois estudos publicados na Nature, um deles com participação brasileira, anunciam a detecção de evidências de água e de compostos orgânicos no asteroide 24 Themis, descoberto (5 de abril de 1853) pelo astrônomo italiano Annibale de Gasparis (1819-1892). Segundo os cientistas, toda a superfície do asteroide está coberta por uma fina camada de gelo, e o material orgânico encontrado aparenta ser composto de cadeias extensas e complexas de moléculas. De acordo com os pesquisadores, isso fortalece a teoria de que água e compostos orgânicos originários de asteroides podem ter chegado à Terra há bilhões de anos, tendo contribuído para o surgimento da vida no planeta.Themis - Diâmetro: 198km; período orbital: 2.022,524 dias (5,54 anos); distância média do Sol: 468.226.000km.

2010 (14 a 26 de maio) – Missão do ônibus espacial Atlantis (STS-132), cujo objetivo é instalar na ISS um módulo científico russo, substituir as seis baterias que armazenam a eletricidade gerada pelos painéis solares e transportar alimentos e equipamentos, entre os quais estão uma antena de comunicação e peças para o braço robótico. No dia 18, o módulo russo Rassvet (Aurora ou Amanhecer) é ligado ao topo do também módulo russo Zarya. No Rassvet há um ponto de acoplamento para as naves Soyuz e Progress, encarregadas de todas as viagens à ISS depois da retirada de circulação dos ônibus espaciais estadunidenses.A tripulação do Atlantis é formada por Kenneth Ham - comandante -, Dominic "Tony" Antonelli - piloto -, Garrett Reisman, Michael T. Good, Stephen G. Bowen e Piers Sellers.No momento do pouso, esta é considerada a última missão do Atlantis. Posteriormente, porém, com a extensão do programa dos ônibus espaciais até 2011, o Atlantis é reincorporado à frota, sendo-lhe atribuído o último de todos os voos (STS-135).

2010 (20 de maio) – É lançada a sonda japonesa Akatsuki (Amanhecer), ou Planet C, ou ainda Vênus Climate Orbiter (VCO), com destino a Vênus. Trata-se da primeira sonda enviada pelo Japão a esse planeta e está programada para realizar um mapa tridimensional da atmosfera daquele mundo (incluindo um estudo sobre a incidência de raios e outros fenômenos elétricos), além de tentar confirmar a existência de vulcanismo na superfície venusiana. Os dados recolhidos pela Akatsuki deverão complementar os obtidos pela Venus Express, numa missão prevista para durar, no mínimo, dois anos.O mesmo foguete lança ainda a sonda IKAROS (“Interplanetary Kite-craft Accelerated by Radiation Of the Sun”), programada para sobrevoar Vênus e depois dirigir-se para uma órbita solar. É a primeira nave espacial impulsionada por uma espécie de “vela solar”. Em forma de disco, Ikaros está ligada a uma membrana com 196m2 de superfície, com textura mais fina que a de um fio de cabelo e dotada de células capazes de gerar energia a partir da pressão exercida pela luz do Sol. Esta tecnologia, que dispensa o uso de combustíveis químicos, poderá ser usada, caso seja bem-sucedida, para prolongar a vida útil de satélites em órbita geoestacionária. Entre os objetivos da missão está ainda o estudo de alguns componentes do espaço interplanetário, como o vento solar e a poeira cósmica.

2010 (20 de maio) – Imagens do Hubble mostram o exoplaneta Wasp-12b sendo consumido por sua estrela. É a primeira vez que um evento desse tipo é observado de forma tão nítida.Descoberto em 1º de abril de 2008, distante 871 anos-luz e situado na constelação do

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Cocheiro, Wasp-12b dista, em média, 3,43 milhões de km da estrela Wasp-12, que orbita em 26,19 horas. Devido a essa grande proximidade, as forças de maré da estrela deformam o planeta, dando-lhe o formato de ovo, e arrancam grandes quantidades de matéria da atmosfera. Isso faz com que Wasp-12b seja um dos exoplanetas mais quentes já encontrados, com temperaturas superficiais acima dos 2.200°C.

2010 (3 de junho) – Seis voluntários dão início à última fase do projeto Marte-500, da ESA, durante os quais permanecerão trancados numa cápsula por 520 dias (até 4 de novembro de 2011), com o objetivo de simular uma viagem a Marte, nos mesmos moldes do que foi feito, durante 105 dias, de março a julho de 2009. A simulação compreende 250 dias para a viagem de ida, trinta dias na superfície do planeta e 240 dias para o retorno. A rotina dos participantes inclui trabalhos de manutenção, exercícios diários e problemas simulados, que poderiam ocorrer em uma viagem real a Marte. A comida é enlatada (como a dos astronautas), a comunicação pela Internet com familiares está sujeita a atrasos e quedas (aos quais também estarão sujeitos futuros tripulantes ao planeta vermelho) e o banho só é permitido a cada dez dias.Os integrantes da equipe de voluntários são os russos Alexei Sitev – comandante -, Sukhrob Kamolov – médico - e Aleksandr Suvorov – pesquisador -, o francês Romain Charles – engenheiro de bordo -, o ítalo-colombiano Diego Urbina – pesquisador científico – e o chinês Wang Yue – pesquisador científico.

2010 (3 de junho) – Ocorre um impacto na superfície de Júpiter, sendo o astrônomo amador australiano Anthony Wesley o primeiro a divulgá-lo. Pelas características do evento, cujo aumento de brilho correspondente dura 2 segundos, estima-se que o objeto causador do impacto (provavelmente um asteroide ou um cometa) tenha diâmetro entre 8 e 13m. Em 20 de agosto de 2010, outro impacto é observado.Pensa-se que diversos eventos como estes ocorram em Júpiter todos os anos.

2010 (4 de junho) – É lançado, com sucesso, o Falcon 9, foguete desenvolvido pela empresa privada Spacex com o apoio da NASA. Seguindo a polí´tica da Casa Branca de delegar à iniciativa privada a tarefa de transportar astronautas à ISS, o Falcon 9 carrega um protótipo da cápsula Dragon, de 3,6m de diâmetro, que tem capacidade para abrigar até quatro tripulantes e de levar materiais e equipamentos até a estação espacial.

2010 (8 de junho) – Um estudo liderado pelo geólogo Tais W. Dahl, do Niels Bohr Institute, pertencente à Universidade de Copenhague, e publicado na revista Earth and Planetary Science Letters, afirma que a Terra e a Lua podem ter se formado mais tarde do que se acreditava, isto é, até 120 milhões de anos depois dos 4,537 bilhões de anos atualmente estimados. A datação é realizada por meio da investigação do decaimento de háfnio 182 em tungstênio 182, substância que permite determinar até que ponto se misturaram, no processo de colisão que formou nosso planeta e nosso satélite, o ferro dos núcleos e o material rochoso das superfícies.

2010 (10 de junho) – Segundo informações da Science, uma pesquisa liderada por Sébastien Charnoz, da Universidade Paris Diderot, na França, feita com base em medições da sonda Cassini, indica que sete dos satélites de Saturno se formaram recentemente, nos últimos 10 milhões de anos. Considerando que este processo de formação provavelmente

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continua ocorrendo, Saturno pode ainda estar produzindo luas.

2010 (13 de junho) Um estudo feito por Gaetano Di Achille e Brian Hynek, da Universidade do Colorado, e publicado na Nature Geoscience, sugere que Marte teve, há 3,5 bilhões de anos, um ciclo hidrológico semelhante ao terrestre, com acumulação de água nas regiões subterrâneas, formação de nuvens, chuva, rios e um oceano que cobria mais de um terço da superfície do planeta. Segundo a pesquisa, este oceano tinha um volume de 124 milhões de km3 de água – menos de um décimo dos oceanos terrestres, mas o suficiente para cobrir o planeta inteiro com uma camada de água de 500m.

2010 (13 de junho) – A sonda japonesa Hayabusa, que em 2005 pousou no asteroide 25143 Itokawa, volta à Terra e, como estava previsto, desintegra-se na atmosfera (na qual entra a 44.000km/h), liberando uma cápsula que aterrissa no deserto australiano. A cápsula, do tamanho de uma bola de basquete, é recuperada no dia seguinte, mas, devido a inúmeros problemas ao longo da missão, não há certeza de que ela efetivamente contenha amostras provenientes do Itokawa. A Hayabusa é a primeira sonda espacial que retorna à Terra depois de ter visitado um asteroide.

2010 (15 de junho) – É lançada a nave russa Soyuz TMA-19, centésimo voo tripulado à ISS, numa missão de cinco meses. A tripulação é formada pelo russo Fyodor Yurchikhin - Comandante – e pelos engenheiros de voo estadunidenses Douglas Wheelock e Shannon Walker. A acoplagem à Estação Espacial ocorre no dia 18 de junho, e a aterrissagem, em 26 de novembro.

2010 (15 de junho) – É lançado o satélite francês Picard, programado para estudar a radiação solar, determinar com precisão o diâmetro e a forma do Sol, estudar o interior da estrela por meio da heliossismologia e investigar a influência solar no clima terrestre.O nome é uma homenagem ao astrônomo francês Jean Picard (1620-1682), o primeiro a obter medidas acuradas do diâmetro do Sol.

2010 (15 de junho) – Cientistas da missão Kepler divulgam dados preliminares de 156.000 estrelas observadas por esse telescópio espacial. Das estrelas pesquisadas, 706 apresentam candidatos a exoplanetas, com dimensões que variam desde similares à Terra até maiores que Júpiter.

2010 (23 de junho) – Um estudo liderado por Ignas Snellen, do observatório de Leiden, na Holanda, e publicado na revista Nature, revela a descoberta de grandes tempestades no exoplaneta HD 209458b (Osíris), com ventos cuja velocidade varia entre 5.000 e 10.000km/h. Temperaturas superficiais acima de 1.000°C também contribuem para tornar extremamente rigoroso o clima deste astro.

2010 (1º de julho) – Cientistas estadunidenses publicam no Astrophysical Journal Letters um estudo segundo o qual o Sistema Solar teve origem na explosão de uma supernova, há 4,6 bilhões de anos. De acordo com este modelo, a onda de choque liberada pela explosão deu início ao colapso da nuvem molecular a partir da qual foram formados o Sol e os planetas que o rodeiam.

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2010 (10 de julho) – A sonda Rosetta sobrevoa, à distância mínima de 3.160km, o asteroide 21 Lutetia, descoberto (15 de novembro de 1852) pelo astrônomo alemão Hermann Goldschmidt (1802-1866). São feitas 462 imagens que cobrem aproxmadamente 50% da superfície do astro, sobretudo do hemisfério norte. As imagens revelam 350 crateras, com diâmetros entre 600m e 55km. Entre as crateras há escarpas e estrias, configurando uma superfície bastante irregular.Trata-se do maior asteroide já visitado por uma nave espacial (recorde quebrado em julho de 2011, com a chegada da Dawn a Vesta), e Lutetia é o nome de uma cidade do Império Romano localizada onde hoje é Paris.Diâmetro: 121 x 101 x 75km; período orbital: 1.387,902 dias (3,80 anos); distância média do Sol: 364.277.000km.

2010 (16 de julho) – A NASA informa a descoberta, feita graças a imagens do Hubble, de uma cauda típica de cometas no exoplaneta HD 209458b (Osíris). A temperatura superficial é tão elevada (mais de 1.000°C) que a atmosfera inteira é aquecida, o que faz com que até elementos pesados (como carbono e silício) escapem, contribuindo para formar a cauda, juntamente com os demais gases atmosféricos.O HD 209458b está associado a diversos eventos importantes relacionados à pesquisa de planetas extrassolares: primeiro exoplaneta a ser descoberto pelo método do trânsito planetário; primeiro exoplaneta a ter uma atmosfera detectada; primeiro exoplaneta conhecido em cuja atmosfera há hidrogênio, oxigênio e carbono; um dos dois primeiros exoplanetas observados espectroscopicamente.

2010 (20 de julho) – Cientistas britânicos liderados por Paul Crowther, da Universidade de Sheffield, anunciam a descoberta, feita graças a dados fornecidos pelo VLT e pelo Hubble, da estrela de maior massa e maior luninosidade alguma vez observada. A estrela, batizada de RMC 136a1, pertence ao aglomerado estelar RMC 136a, localizado na Grande Nuvem de Magalhães (constelação do Dourado), a 165.000 anos-luz da Terra. A massa equivale a 265 massas solares, e a luminosidade é 8,7 milhões de vezes superior à do Sol.

2010 (26 de julho) – A NASA divulga o melhor e mais completo mapa de Marte já produzido, elaborado a partir de 21.000 imagens obtidas pela câmera Themis da sonda Mars Odyssey. Uma versão interativa do mapa é disponibilizada no site da agência espacial estadunidense, o que permite ao público dar passeios virtuais pelo planeta vermelho.

2010 (19 de agosto) – A revista Science publica fotos da Lua tiradas pela Lunar Reconnaissance Orbiter, as quais, segundo a NASA, comprovam que o diâmetro do nosso satélite diminuiu 100m no último bilhão de anos. A explicação dada para esta redução de tamanho é o resfriamento interno da Lua ao longo deste tempo.

2010 (24 de agosto) – Cientistas liderados por Christophe Lovis, da Universidade de Genebra, anunciam a descoberta de pelo menos cinco planetas orbitando a estrela HD 10180, localizada a 127 anos-luz da Terra, na constelação de Hidra. Os planetas têm massas entre 12 e 25 vezes a terrestre (comparáveis às de Urano e de Netuno), período orbital entre 6 e 600 dias terrestres e estão a distâncias da estrela que variam entre 9 e 210 milhões de km.Estudos posteriores confirmam um sexto planeta e apresentam evidência de mais um, o que

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faz do sistema de HD 10180 o maior já encontrado, à exceção do solar, ultrapassando 55 Cancri (cinco planetas), o mais complexo conhecido até então.Um novo estudo sobre o sistema planetário de HD 10180 é apresentado em abril de 2012.

2010 (25 de agosto) – Um estudo liderado por Petr Pravec, do Instituto Astronômico da República Checa, e publicado na revista Nature, afirma que asteroides, quando têm velocidades de rotação bastante elevadas, podem dividir-se em dois corpos que orbitam um ao outro e, posteriormente, transformar-se em corpos celestes independentes. Segundo a pesquisa, trata-se de um fenômeno bastante frequente no cinturão de asteroides do Sistema Solar.

2010 (27 de agosto) – Uma equipe liderada por Jean-Louis Le Mouël, do Instituto de Geofísica de Paris, publica no Geophysical Research Letters um estudo sugerindo que as manchas solares (cuja frequência varia ao longo de um ciclo de aproximadamente onze anos) podem ser um dos fatores responsáveis pela pequena flutuação (da ordem de milissegundos) observada na duração dos dias terrestres. Os demais fatores seriam mudanças nos ventos e nas correntes dos oceanos.

2010 (10 de setembro) - O filósofo Daniel Graham e o astrônomo Eric Hintz, da Universidade Brigham Young, nos EUA, afirmam no site da revista New Scientist que documentos gregos assinalam a passagem, entre 4 de junho e 25 de agosto de 466 a.C., de um cometa brilhante, que pode ter sido o Halley. O registro confirmado mais antigo da passagem deste cometa, feito pelos chineses, é do ano 240 a.C.

2010 (29 de setembro) – Uma equipe liderada por Steven Vogt, da Universidade da Califórnia, em Santa Cruz, anuncia a descoberta de Gliese 581g, exoplaneta potencialmente habitável, localizado a 20,3 anos-luz (192 trilhões de km) da Terra, na constelação de Libra. É o sexto planeta encontrado em torno da anã vermelha Gliese 581, a qual orbita, à distância média de 22 milhões de km, em 36,6 dias. A massa, entre 3,1 e 4,3 vezes a terrestre, e o raio, entre 1,3 e 2 vezes o da Terra, indicam composição rochosa. A gravidade estimada oscila de 1,1 a 1,7 vez a do nosso planeta, suficiente para manter uma atmosfera. O planeta apresenta sempre a mesma face à estrela, o que acarreta uma grande variação de temperatura entre a zona permanentemente iluminada e a zona sempre escura. A média de temperatura calculada com base nos dados observados está entre -37 e -12°C, mas no terminador (confluência entre a região iluminada e a região escura) é provável que haja temperaturas semelhantes às terrestres. O conjunto das características deste planeta faz com que seja grande a possibilidade de existência de água líquida na superfície, tornando-o candidato a abrigar vida.Este é o segundo planeta potencialmente habitável encontrado em torno de Gliese 581. O outro, Gliese 581c, foi descoberto em abril de 2007.Mais tarde, a existência de Gliese 581g (bem como a de Gliese 581f) é posta em dúvida por Francesco Pepe, do Observatório de Genebra. Instaura-se a polêmica, e a questão permanece em aberto. Atualmente, Gliese 581g é considerado exoplaneta não confirmado.

2010 (primeira semana de outubro) – O sistema de refrigeração de hidrogênio do telescópio Wise se esgota, determinando o fim da missão principal. Até esta data, o WISE descobre cerca de 33.500 asteroides e cometas. Ademais, aproximadamente 154.000 objetos do

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Sistema Solar são observados.a NASA dá início, então, a uma missão estendida de quatro meses, denominada "Near-Earth Object WISE" (NEOWISE), cujo foco é observar asteroides e cometas próximos da órbita da Terra utilizando a capacidade de detecção pós-criogênica do telescópio qe ainda resta.

2010 (1º de outubro) – É lançada a sonda lunar chinesa Chang’e 2, cuja missão, com duração de oito meses, tem como objetivo principal testar técnicas de alunissagem, a fim de permitir o pouso na Lua da Chang’e 3. Além disso, a nave está programada para enviar à Terra imagens em alta resolução da superfície do satélite.A data escolhida para o lançamento é comemorativa ao 61º aniversário da revolução comunista liderada por Mao Tse-Tung (1893-1976), que, em 1949, resultou na criação da República Popular da China.

2010 (5 de outubro) – A Chang’e 2 é inserida com sucesso na órbita lunar, a uma distância variável entre 16 e 100km. A colocação em órbita ocorre 112 horas após o lançamento, bem menos que os 12 dias gastos pela Chang’e 1.

2010 (5 de outubro) – A NASA aprova a missão MAVEN, “Mars Atmosphere and Volatile EvolutioN” (“Atmosfera de Marte e Evolução Volátil”), com previsão de lançamento em 2013 e entrada em órbita marciana em 2014. São quatro os objetivos principais: determinar o papel desempenhado, ao longo do tempo, pela perda de materiais voláteis da atmosfera marciana; determinar o estado atual da atmosfera superior, da ionosfera e da interação com o vento solar; determinar a proporção atual de escapamento de gases neutros e de íons para o espaço e os processos que os controlam; determinar a proporção de isótopos estáveis na atmosfera de Marte.

2010 (7 de outubro) – É lançada à ISS a Soyuz TMA-01M, primeira sonda da nova série de espaçonaves tripuladas russas, desenhada para substituir a Soyuz TMA, em uso desde 2002. Entre as modificações implementadas, merecem destaque as seguintes: 36 peças são redesenhadas; a massa é reduzida em 70kg; o sistema operacional de controle analógico (Aragon), usado por mais de trinta anos, é substituído por um sistema digital (TsVM-101); o consumo de energia torna-se menor; na estrutura da nave e nos painéis de instrumentos, ligas de magnésio são substituídas por ligas de alumínio, de fabricação mais simples e barata.A tripulação da Soyuz TMA-01M é formada por Alexander Kaleri - Comandante -, Scott Kelly - engenheiro de voo - e Oleg Skripochka - engenheiro de voo.A aterrissagem ocorre em 16 de março de 2011.

2010 (22 de outubro) Uma equipe liderada pelo geólogo planetário Peter Schultz, da Universidade Brown, nos EUA, publica na revista Science cinco artigos anunciando a descoberta, na Lua, de água, gelo, mercúrio, monóxido de carbono, dióxido de carbono, amônia e metais prateados (incluindo pequena quantidade de prata). Este achado deve-se ao impacto da LCROSS na cratera Cabeus, ocorrido em outubro de 2009, que abriu na superfície do satélite um buraco com 25 a 30m de diâmetro e fez levantar quase 2t de fragmentos diversos, poeira e vapor.

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2010 (27 de outubro) – A China anuncia o início da construção da sua própria estação espacial, ainda sem denominação definida. A conclusão está prevista para 2020, e o lançamento dos primeiros módulos pode ocorrer antes de 2016. As informações são da agência oficial Xinhua.

2010 (29 de outubro) – A revista Science publica os resultados do mais amplo censo planetário já realizado, encomendado pela NASA à Universidade da Califórnia. Segundo o estudo, uma em quatro estrelas similares ao Sol existentes na Via Láctea tem planetas de tamanho próximo ao da Terra, o que situa o número destes planetas em vários bilhões.

2010 (3 e 16 de novembro) – A Messenger obtém 34 imagens posteriormente combinadas para produzir um retrato do Sistema Solar, complementar àquele feito pela Voyager 1 em fevereiro de 1990. Aparecem seis planetas (ficam de fora Urano e Netuno), a Lua, os quatro satélites galileanos de Júpiter e parte da Via Láctea.

2010 (4 de novembro) – A sonda Epoxi sobrevoa, à distância de 700km e à velocidade de 44.300km/h, o cometa Hartley 2 (oficialmente, 103P/Hartley), descoberto (15 de março de 1986) pelo estadunidense Malcolm Hartley. O cometa havia atingido a maior proximidade da Terra (18.000.000 de km) em 20 de outubro, e o periélio em 28 de outubro. A passagem da Epoxi revela um astro mais ativo do que se esperava. O núcleo, em forma de amendoim, tem um comprimento de 2,25km e período de rotação de 18h. A massa do cometa é estimada em 300 milhões de toneladas.

2010 (7 de novembro) – O LHC começa a provocar a colisão de átomos pesados (chumbo), indo além da tradicional colisão de prótons, e gera temperaturas de 10 trilhões de graus Celsius, um recorde para experimentos científicos.

2010 (9 de novembro) – É divulgada a descoberta, feita a partir de dados coletados pelo Fermi, de duas bolhas com limites bem definidos e emissoras de raios gama que se estendem por 25 mil anos-luz para o norte e para o sul do centro da Via Láctea e reúnem uma energia equivalente a cem mil explosões de supernovas. Não se conhece a natureza ou a origem das bolhas, mas imagina-se que possam ser remanescentes de uma erupção de um buraco negro ou que são alimentadas por uma sucessão de nascimentos e mortes de estrelas no interior da galáxia.

2010 (9 de novembro) – Astrônomos do Reino Unido anunciam a descoberta do primeiro sistema planetário em torno de uma estrela binária já encontrado (sistema circumbinário). Dois gigantes gasosos, um deles com massa equivalente a seis vezes a de Júpiter e período de translação de 15,7 anos, e o outro com 1,6 massa joviana e período orbital de 7,75 anos, orbitam NN Serpentis, sistema distante 1.670 anos-luz e constituído por uma anã vermelha e uma anã branca que giram em torno uma da outra em 3h7min.

2010 (16 de novembro) – Num comunicado de imprensa, a JAXA anuncia que, das aproximadamente 1.500 partículas rochosas (todas submilimétricas) encontradas no interior da cápsula liberada pela Hayabusa em junho, a maioria pertence ao asteroide 25143 Itokawa. Segundo os cientistas, a composição desses materiais é mais semelhante à de meteoritos primitivos do que de rochas encontradas na Terra.

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Trata-se das primeiras amostras provenientes de um asteroide trazidas à Terra por uma nave espacial.

2010 (17 de novembro) – Cientistas do LHC obtêm 38 átomos de anti-hidrogênio, que conseguem preservar durante 172 milésimos de segundo.Em maio de 2011, serão obtidos resultados bastante superiores.

2010 (26 de novembro) – A NASA anuncia a detecção, pela Cassini, de uma atmosfera tênue (5 trilhões de vezes menos densa que a terrestre) em Reia, contendo oxigênio e dióxido de carbono. Segundo os cientistas, esses elementos podem possibilitar reações químicas complexas na superfície.

2010 (dezembro) – Tem início a tempestade mais longa já registrada em Saturno, com duração superior a duzentos dias. Afeta uma área de 4 bilhões de km2 do hemisfério norte e, nos momentos de maior intensidade, são detectados dez relâmpagos por segundo.Imagens da tempestade são liberadas por cientistas da Cassini em 17 de novembro de 2011.

2010 (1º de dezembro) – Uma equipe liderada por Jacob Bean, do centro Harvard-Smithsonian de Astrofísica, divulga os primeiros dados alguma vez obtidos acerca da atmosfera de uma “superterra”, nome dado pelos astrônomos a exoplanetas com massas superiores à da Terra, mas inferiores a dez massas terrestres. O GJ 1214 b, descoberto em 16 de dezembro de 2009 por David Charbonneau e colegas, pode ser coberto por água (provavelmente em estado gasoso, devido à proximidade entre o exoplaneta e a estrela em torno da qual gira) ou um exoplaneta rochoso em cuja atmosfera predomina o hidrogênio, com nuvens altas ou neblina encobrindo o céu. Pelo estudo, fica afastada apossibilidade de se tratar de um "miniNetuno", com um pequeno núcleo rochoso e uma atmosfera profunda e rica em hidrogênio. Situado na constelação de Ofiúco e distante 42 anos-luz, o GJ 1214 b é 2,6 vezes maior que a Terra e orbita a sua estrela, à distância média de 2,14 milhões de km, em 38h. O ambiente não é propício à vida, uma vez que na atmosfera são registradas temperaturas de 500°C.

2010 (2 de dezembro) – A NASA anuncia, numa coletiva de imprensa em Washington, especialmente convocada, que uma bactéria denominada GFAJ-1, da família das halomonadáceas, é capaz de sobreviver com arsênio no DNA, em lugar de fósforo. Até este anúncio, o fósforo era considerado um dos seis elementos essenciais à vida, juntamente com Carbono, hidrogênio, nitrogênio, oxigênio e enxofre. A pesquisa, coordenada por Felisa Wolfe-Simon, do Instituto de Astrobiologia da Nasa e do Serviço Geológico dos EUA, e realizada com bactérias que vivem no Lago Mono, na Califórnia, indica que devem ser revistos os paradigmas atualmente associados à vida.Contudo, em fevereiro de 2012, um estudo liderado pela microbiologista Rosemary Redfield, da universidade da Columbia Britânica (Vancouver, Canadá) põe em causa esses resultados, indicando que a GFAJ-1 é apenas tolerante ao arsênio, mas não incorpora esse elemento químico ao DNA.A questão permanece em aberto.

2010 (2 de dezembro) – Um artigo publicado na Nature e escrito por Pieter van Dokkum, da Universidade Yale, e Charlie Conroy, da Universidade Princeton, informa a

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identificação de grande número de anãs vermelhas em oito galáxias elípticas massivas, distantes entre 50 milhões e 300 milhões de anos-luz da Terra. Estrelas pequenas e de pouco brilho, as anãs vermelhas só haviam sido identificadas, até agora, na Via Láctea e galáxias vizinhas. O estudo sugere também que o número de anãs vermelhas em galáxias elípticas é até 20 vezes maior que na Via Láctea, o que significa que no Universo existem muito mais estrelas do que se pensava (segundo os cientistas, talvez até o triplo). Com isso, estima-se que existam no Universo de 10 sextilhões a 1 septilhão de estrelas.É oportuno registrar aqui outras propriedades do Universo observável, de acordo com os conhecimentos cosmológicos mais recentes. Número estimado de galáxias: 80 bilhões; idade: 13,75 bilhões de anos, com margem de erro de 170 milhões de anos; diâmetro: 93 bilhões de anos-luz, ou 880 sextilhões de km (de acordo com a Teoria da Relatividade, dois pontos muito distantes entre si podem se afastar a velocidades superiores à da luz num espaço em expansão); volume: 360 Duovigintilhões de km3 (1 Duovigintilhão = 1 seguido de 69 zeros); massa: 3,35 Septendecilhões de kg (1 Septendecilhão = 1 seguido de 54 zeros); densidade média: 9,9 gramas de matéria por quatrilhão de km3 (1 átomo de hidrogênio para cada 4m3); número total de átomos: 94 Quinquavigintilhões (1 Quinquavigintilhão = 1 seguido de 78 zeros).

2010 (7 de dezembro) – A Akatsuki não consegue entrar na órbita de Vênus. É a segunda tentativa japonesa de lançar uma sonda a outro planeta, e o segundo fracasso (a Nozomi falhou em Marte). Em dezembro de 2016 ou janeiro de 2017, a Akatsuki estará numa posição que permitirá nova tentativa.

2010 (8 de dezembro) – A sonda Ikaros sobrevoa Vênus à distância aproximada de 80.800km, completando com êxito a sua missão.

2010 (8 de dezembro) – A empresa Spacex lança, num voo de teste, a cápsula Dragon, destinada a transportar cargas, e posteriormente também astronautas, à ISS. A cápsula completa duas órbitas e realiza diversas manobras, pousando com sucesso no Oceano Pacífico.

2010 (9 de dezembro) – Cientistas britânicos anunciam que Wasp-12b é o exoplaneta com a mais alta concentração de carbono já encontrada. Wasp-12b é um gigante gasoso muito quente (2.200°C), mas os cientistas esperam encontrar em breve planetas menores e rochosos com altas concentrações de carbono. Em teoria, planetas assim podem ter rochas formadas, não por silicatos, predominantes nas terrestres, mas por compostos à base de carbono, como grafite e diamantes.

2010 (13 de dezembro) – Cientistas estadunidenses anunciam que a sonda Voyager 1, distante da Terra 17,3 bilhões de km, chegou a um ponto onde a velocidade do vento solar é zero. Nessa região, o vento solar já não se move mais para fora do Sistema Solar, e sim lateralmente, indicando a proximidade da heliopausa, local que demarca a fronteira do Sistema Solar e onde as partículas emanadas pelo Sol são definitivamente detidas pela matéria interestelar. Ultrapassada a heliopausa, a Voyyager 1 estará fora do Sistema Solar.

2010 (14 de dezembro) É anunciada a descoberta de uma importante estrutura da superfície de Titã, denominada Sotra Facula. Trata-se, provavelmente, de um criovulcão (vulcão

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gelado), que consiste numa montanha cuja base mede 65km de diâmetro, com dois picos (um de 1.000m e outro de 1.500m) e diversas crateras com até 1.500m de profundidade. De acordo com Jeffrey Kargel, da Universidade do Arizona, esta é “de longe, a melhor evidência de uma topografia vulcânica alguma vez documentada num satélite gelado”.

2010 (17 de dezembro) – É divulgada uma versão preliminar do mais preciso mapa topográfico da Lua já elaborado, feito com base no instrumento Lola, altímetro a laser a bordo da Lunar Reconnaissance Orbiter. Este mapa baseia-se em 3 bilhões de pontos de informação da superfície lunar coletados pelo Lola, e nele estão representados, pela primeira vez, aspectos topográficos do interior de crateras situadas nos polos da Lua.

2010 (26 de dezembro) – O estudante de Astronomia polonês Michal Kusiak identifica o cometa de número 2.000 descoberto pelo Solar and Heliospheric Observatory (SOHo), responsável pela descoberta de mais da metade de todos os cometas conhecidos.

2010 (29 de dezembro) – O Brasil adere ao Observatório Europeu do Sul e se torna o primeiro (e até agora único) país de fora da Europa a fazer parte da organização.A adesão depende ainda da ratificação do Congresso Nacional.A ESA é constituída atualmente por dezenove membros de direito: Alemanha, Áustria, Bélgica, Dinamarca, Espanha, Finlândia, França, Grécia, Irlanda, Itália, Luxemburgo, Noruega, Países Baixos, Portugal, Reino Unido, República Tcheca, Romênia, Suécia e Suíça.

2011 (2 de janeiro) – A canadense Kathryn Aurora Gray torna-se, aos 10 anos de idade, a pessoa mais jovem a descobrir uma supernova. A descoberta, feita em coautoria com o pai, Paul Gray, e com o compatriota David J. Lane, é registrada pela Sociedade Real de Astronomia do Canadá (RASC, na sigla em inglês) e confirmada, no dia seguinte, pelo Harvard-Smithsonian Center for Astrophysics, de Cambridge, Massachusetts. A supernova, batizada de SN 2010lt, localiza-se na galáxia UGC 3378, na constelação da Girafa, a 240 milhões de anos-luz da Terra.

2011 (7 de janeiro) – Um estudo liderado por Renee Weber, da NASA, e publicado na Science, indica que a Lua tem núcleo similar ao terrestre. Segundo a pesquisa, nosso satélite tem um núcleo interior sólido, rico em ferro, com 277km de raio, rodeado por um núcleo exterior, predominantemente composto de ferro líquido, com raio de 279km. Ademais, são encontrados também traços de enxofre, o que concorda com estudos recentes sobre o núcleo terrestre, que apontam a presença desse elemento químico, bem como de oxigênio, em volta do núcleo central sólido.

2011 (10 de janeiro) – É confirmada a existência de Kepler-10b, o menor exoplaneta já descoberto (recorde quebrado em dezembro de 2011), com raio equivalente a 1,4 raio terrestre, e o primeiro indubitavelmente rochoso (densidade estimada de 8,8g/cm3). Situado na constelação do Dragão, a 564 anos-luz da Terra, o Kepler-10b orbita a sua estrela em 20h06min, à distância média de 2.520.000km. A temperatura superficial gira em torno de 1.900°C.A descoberta desse exoplaneta é particularmente significativa, porque demonstra a

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capacidade do Telescópio Kepler para encontrar planetas rochosos, e por conseguinte planetas parecidos com a Terra.

2011 (11 de janeiro) – Numa conferência em Paris, são divulgados resultados obtidos pelo telescópio Planck após três varreduras completas do céu. Segundo os cientistas, as descobertas compreendem 15.000 novos objetos celestes, incluindo trinta grupos de galáxias.

2011 (1º de fevereiro) – A NASA anuncia que o NEOWISE descobriu muitos objetos no Sistema Solar, inclusive 20 cometas. O telescópio Wise é posto em hibernação, havendo a possibilidade de ele ser reativado algum dia.

2011 (2 de fevereiro) – Cientistas do Kepler anunciam, em entrevista coletiva, os resultados da análise dos dados obtidos pelo telescópio entre 2 de maio e 16 de setembro de 2009. São encontrados 1.235 candidatos a planetas, que orbitam 997 estrelas. Embora sejam oficialmente considerados candidatos, a probabilidade de serem efetivamente planetas é de pelo menos 90%. Entre os planetas encontrados, há 68 aproximadamente do tamanho da Terra, 288 superterras, 662 com dimensões comparáveis às de Netuno, 165 com tamanhos semelhantes ao de Júpiter e 19 pelo menos duas vezes maiores que Júpiter. Desses planetas, 54 estão dentro da zona de habitabilidade, incluindo 5 com raios menores que 2 vezes o terrestre. Aproximadamente 74% deles têm dimensões inferiores às de Netuno, o que indica ser considerável o número de planetas pequenos orbitando outras estrelas.Entre os sistemas planetários descobertos, destaca-se o de Kepler-11, uma estrela semelhante ao Sol, pertencente à constelação do Cisne e distante aproximadamente 2.000 anos-luz, em torno da qual giram ao menos seis planetas. É o sistema planetário mais compacto que se conhece: os cinco planetas interiores orbitam Kepler-11 a uma distância menor do que a existente entre Mercúrio e o Sol; o planeta exterior ficaria, no Sistema Solar, entre as órbitas de Mercúrio e de Vênus.

2011 (3 de fevereiro) – A revista Science publica um estudo, realizado graças a imagens da Mars Reconnaissance Orbiter, analisadas por cientistas da Universidade de Tucson (Arizona), segundo o qual as dunas do hemisfério norte de Marte apresentam movimentos bruscos e gradativos, contrariamente ao que se acreditava. De acordo com os pesquisadores, o movimento estacional de dióxido de carbono, que no inverno se congela e na primavera volta a estar em estado gasoso, junto com rajadas de vento maiores do que se pensava, são os dois responsáveis pelo fenômeno. Os movimentos das dunas chegam a causar avalanches, rampas e barrancos de areia.

2011 (4 de fevereiro) – o asteroide 2011 CQ1 passa a 5.480km da Terra, um recorde de aproximação, segundo a NASA. Descoberto por Richard A. Kowalski, o objeto tem 1,2m de diâmetro.

2011 (6 de fevereiro) – As duas sondas Stereo, lançadas em 2006, atingem posições exatamente opostas uma à outra em relação ao Sol. Com isso, produzem as primeiras imagens (em 3D) da atividade solar em termos globais, abrangendo todas as regiões da nossa estrela. As imagens revelam “uma esfera de plasma quente entrelaçada de forma intrincada por campos magnéticos”, nas palavras de Angelos Vourtidas, integrante do

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projeto Stereo. Com esses dados, é possível melhorar a previsão do comportamento das atividades solares, informações muito importantes para empresas aéreas, companhias de energia elétrica e operadores de satélites. Tempestades solares que se encaminham para outros planetas também podem ser rastreadas, o que contribui para aumentar a margem de segurança de missões a Mercúrio, Vênus, Marte e asteroides.

2011 (14 de fevereiro) Os seis voluntários do projeto Marte-500 simulam a primeira caminhada no planeta vermelho. A simulação, que havia entrado na órbita marciana em 2 de fevereiro e realizado o pouso no dia 12, chega ao primeiro passeio no planeta, feito pelo russo Alexander Smolevski e o italiano Diego Urbina. O evento é transmitido por um telão colocado no Centro Russo de Controle de Voos Espaciais (TSOUP), em um subúrbio de Moscou. Cientistas e jornalistas são convidados para assistir.

2011 (15 de fevereiro) – A sonda Stardust-Next sobrevoa o cometa Tempel 1, à distância de 181km, e realiza 72 imagens da aproximação. Esta é a primeira vez que um cometa é visitado por duas sondas espaciais (A Deep Impact lançou um impactador contra o cometa Tempel 1 em julho de 2005). Os objetivos da missão Stardust-Next são fazer imagens da cratera deixada pela Deep Impact e estudar as alterações sofridas pelo Tempel 1 desde 2005, incluindo uma passagem do astro pelo periélio. Dessa vez é possível observar a cratera, que tem cerca de 150m de diâmetro.

2011 (19 de fevereiro) – Cientistas do projeto Kepler estimam que na Via Láctea há pelo menos 50 bilhões de planetas, 500 milhões deles na zona de habitabilidade. Segundo o chefe de ciências da missão, William Borucki, os números são obtidos a partir dos levantamentos feitos pelo Kepler no primeiro ano, numa pequena região do céu, e estendidos depois a toda a Galáxia.

2011 (24 de fevereiro a 9 de março) – Missão do Discovery (STS-133), cujo objetivo é levar suprimentos, um módulo e um robô para a ISS.Em 1º de março, o módulo Leonardo, originalmente módulo de logística multifuncional, utilizado em diversas missões anteriores para transportar suprimentos e agora adaptado para se tornar um componente definitivo da estação, é acoplado à parte inferior do Unity, primeiro segmento estadunidense da ISS. Leonardo, cujo nome é uma homenagem ao italiano Leonardo da Vinci (1452-1519), é um módulo destinado a servir de espaço pressurizado de armazenamento.Um robô humanoide, chamado de Robonauta 2, passa a ser residente definitivo da estação. Está programado para realizar diversas tarefas, inclusive serviços de limpeza.A tripulação é formada por Steven Lindsey - Comandante -, Eric Boe - Piloto -, Benjamin Drew, Michael Barratt, Stephen Bowen e Nicole Stott, todos astronautas veteranos.Este é o último voo do Discovery, o mais utilizado dos cinco ônibus espaciais construídos pela NASA. Com a reincorporação do Atlantis, é o primeiro da frota a se aposentar.Tempo em atividade: 26 anos, seis meses e dez dias; número de missões: 39; tripulantes: 246; tempo no espaço: 365d12h53min34s; órbitas terrestres: 5.830; distância percorrida: 238.539.663km; satélites lançados: 31 (incluindo o telescópio Hubble); acoplagens à Mir: 1; acoplagens à ISS: 13.

2011 (11 de março) – O terremoto de magnitude 9,0 ocorrido nas proximidades de Sendai,

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no Japão (15.854 mortos, 3.155 desaparecidos), move a ilha de Honshu 2,4m para leste, diminui o período de rotação da Terra em 1,8 milionésimo de segundo (devido à redistribuição da massa do planeta) e desloca o eixo terrestre entre 10cm e 25cm.

2011 (18 de março) – A Messenger torna-se a primeira sonda espacial a orbitar Mercúrio. O período orbital é de 12 horas, e a distância ao planeta varia de 200km a 50.000km. Essa trajetória eminentemente elíptica tem por objetivo evitar longas exposições às temperaturas elevadas de Mercúrio. A missão da Messenger em órbita mercuriana tem duração prevista de um ano.

2011 (18 de março) – A New Horizons cruza a órbita de Urano, cinco anos e dois meses depois do lançamento. Comparativamente, a viagem da Voyager 1 levou oito anos e quatro meses desde a Terra até Urano.

2011 (24 de março) – Termina oficialmente a missão da Stardust, segunda sonda (depois da Giotto) a visitar dois cometas (Wild 2 e Tempel 1).

2011 (28 de março) – É observado, pelo telescópio Swift, numa galáxia não identificada da Constelação do Dragão, distante 3,8 bilhões de anos-luz da terra, um fenômeno luminoso de grandes proporções, batizado de Sw1644-57, que a princípio é interpretado como uma erupção de raios gama. Contudo, o fenômeno persiste por semanas (erupções de raios gama duram horas, no máximo), o que leva à busca de outra explicação.Em 16 de junho, Andrew Levan, da Universidade de Warwick, e colegas, publicam na Science a hipótese de tratar-se da absorção de uma estrela do tamanho do Sol por um buraco negro 1 milhão de vezes maior, durante a qual 10% da massa dessa estrela teria sido irradiada ao espaço, sobretudo na forma de raios X e gama. O evento, cem vezes mais brilhante que qualquer erupção alguma vez vista num centro galáctico, atinge uma intensidade sem precedentes na observação astronômica.

2011 (29 de março) – A NASA divulga a primeira imagem feita pela Messenger após entrar na órbita de Mercúrio. A imagem, que mostra uma paisagem cinzenta, coberta por crateras, é uma das 364 fotografias tiradas pela espaçonave em seis horas de observação.

2011 (4 de abril) – Começa oficialmente a missão da Messenger na órbita de Mercúrio.

2011 (6 de abril) - O Centro Nacional de Pesquisas Científicas (CNRS) da França publica na edição digital da Nature um estudo afirmando que o manto de Marte esfria entre 30 e 40°C a cada milênio, bem menos que os 70 a 100°C verificados no manto terrestre no mesmo período. Os resultados são obtidos com a reconstituição da evolução térmica do planeta vermelho nos últimos 4.000 anos, feita pela análise da composição de rochas vulcânicas observadas pela Mars Odyssey. A causa apontada para o esfriamento mais rápido do manto da Terra é a influência das placas tectônicas. Em Marte, não se tem certeza acerca da existência ou não de placas tectônicas; contudo, se existirem, são apenas duas, enquanto na Terra há sete principais e diversas secundárias e terciárias.

2011 (7 de abril) – Cientistas da Universidade do Arizona anunciam a descoberta de que há evidências da presença de água líquida no cometa Wild 2. Eles encontram sulfito de ferro e

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de cobre que, obrigatoriamente, se formaram na presença de água. A descoberta quebra o paradigma de que os cometas nunca atingem temperaturas capazes de derreter a matéria congelada existente neles.

2011 (18 de abril) – O site NewScientist informa que um estudo patrocinado pela NASA, e realizado pelo Wyle Engineering Group, demonstra que os analgésicos perdem gradativamente efeito no espaço. Isso pode representar um problema para astronautas em voos mais longos, como uma possível viagem a Marte, por exemplo. O principal fator apontado para a degradação dos medicamentos é o alto nível de radiação ionizante existente no espaço.

2011 (19 de abril) – É anunciada a descoberta, pelas sondas Stereo, de 122 binárias eclipsantes. Além disso, as sondas Stereo também estudam centenas de estrelas variáveis, o que é possível porque elas são capazes de observar as mesmas estrelas por períodos superiores a vinte dias.

2011 (24 de abril) – Uma equipe formada por 584 cientistas, pertencentes a 54 instituições de doze países (inclusive o Brasil), publica na seção Letters da revista Nature um estudo descrevendo as primeiras observações e medições de anti-hélio-4, a antimatéria mais pesada já produzida e detectada em laboratório. O experimento, realizado no Colisor Relativístico de Íons Pesados (RHIC, na sigla em inglês), localizado nos EUA, é importante, segundo os autores, para a observação de antimatéria no Universo e para a compreensão de “aspectos essenciais da física nuclear, da astrofísica e da cosmologia”.

2011 (2 de maio) – Cientistas do Cern anunciam ter conseguido obter 309 átomos de anti-hidrogênio e preservá-los durante mil segundos.

2011 (3 de maio) – A sonda Dawn obtém as primeiras imagens de Vesta e dá início à fase de aproximação ao asteroide, que aparece nas fotografias como uma luz brilhante, cercado de estrelas ao fundo.

2011 (4 de maio) – A NASA anuncia que a Gravity Probe B, lançada em 2004, confirmou a teoria da relatividade geral, de Einstein. Conforme previsto, os quatro giroscópios da sonda experimentaram mudanças mensuráveis na trajetória do seu movimento à medida que eram atraídos pela gravidade da Terra. Trata-se da prova de que há alteração da curvatura espaço-tempo em torno de um objeto celeste sob a ação da força de gravidade.

2011 (11 de maio) - O Centro Nacional de Pesquisas Científicas (CNRS) da França divulga a comprovação, em laboratório, de que campos eletromagnéticos afetam a velocidade da luz. No vazio absoluto, a luz viaja à velocidade constante de 299.792,458km/s, e a variação detectada no estudo é de um bilionésimo de metro por segundo. Embora ínfima, essa variação pode ajudar a melhorar a compreensão de como se dá a propagação luminosa no Universo.

2011 (12 de maio) – Astrônomos liderados por Robin Wordworth e François Forget, do Laboratório de Meteorologia Dinâmica (LMD) do Instituto Pierre Simon Laplace, de Paris, publicam na revista científica The Astrophysical Journal Letters um estudo sugerindo a

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hipótese de o exoplaneta Gliese 581d ser potencialmente habitável. Descoberto em 24 de abril de 2007, Gliese 581d, a 20,3 anos-luz da Terra e situado na constelação de Libra, tem massa equivalente a aproximadamente 7 massas terrestres e orbita a sua estrela, à distância média de 32,7 milhões de km, em 66,87 dias. Originalmente considerado frio demais para estar dentro da zona de habitabilidade (recebe da anã vermelha Gliese 581 30% da energia que a Terra recebe do Sol), o exoplaneta pode ter, entretanto, temperaturas superficiais que permitam a existência de água líquida, caso possua uma atmosfera rica em dióxido de carbono, o que, de acordo com os autores do estudo, é bastante possível.

2011 (16 de maio a 1º de junho) – Missão do Endeavour (STS-134), cujo objetivo é transportar um módulo logístico com diversos componentes para a ISS e instalar um espectrômetro. A tripulação é formada por Mark Kelly - comandante -, Gregory Johnson - piloto -, Michael Fincke, Greg Chamitoff, Andrew Feustel e Roberto Vittori.No dia 19, os astronautas conectam no lado direito da parte externa da ISS o "Alpha Magnetic Spectrometer-02" (AMS-02), detector de partículas cujo objetivo é procurar por sinais de matéria escura, antimatéria e outros fenômenos que não podem ser captados por telescópios comuns. O instrumento, de 6.787kg, é dotado de um ímã poderoso que filtra a miríade de raios cósmicos de alta energia que chega até ele e posteriormente os conduz por uma série de detectores capazes de identificar cargas elétricas, níveis de energia e outras informações. Os dados, coletados 25.000 vezes por segundo, são processados por computadores de bordo e depois reenviados à Terra. O AMS deve operar até o fim da vida útil da estação espacial (dez anos ou mais).No dia 21, o papa Bento XVI conversa por videoconferência, durante 20 minutos, com os tripulantes da ISS. O evento é transmitido ao vivo pela TV, a partir da Biblioteca do Vaticano.Este é o último voo do ônibus espacial Endeavour.Tempo em atividade: 19 anos e 25 dias; número de missões: 25; tripulantes: 148; tempo no espaço: 296d3h18min35s; órbitas terrestres: 4.671; distância percorrida: 197.761.262km; satélites lançados: 3; acoplagens à Mir: 1; acoplagens à ISS: 12.

2011 (18 de maio) – Uma equipe liderada por Takahiro Sumi, da Universidade de Osaka, publica na Nature um estudo afirmando ter encontrado planetas que não parecem atraídos por uma estrela e que flutuam solitários pelo espaço (algo como “planetas órfãos”). Dez planetas com massas semelhantes à de Júpiter são encontrados numa varredura feita, ao longo de dois anos, na Via Láctea, à procura de objetos com órbitas entre 10 e 500 unidades astronômicas (1,5 e 75 bilhões de km) de uma estrela. Segundo os cientistas, pode haver milhões (até bilhões) de planetas como esses na nossa galáxia. Esses resultados contrariam a teoria da formação planetária, de acordo com a qual um planeta é formado a partir da matéria de uma estrela e, obrigatoriamente, orbita em torno dela. O artigo levanta a hipótese de que estes planetas distantes se libertaram da atração gravitacional estelar em uma fase muito precoce. "Eles podem ter se formado em discos protoplanetários e, subsequentemente, se dispersado no vazio ou em órbitas muito distantes", afirma Takahiro Sumi.

2011 (23 de maio) – O LHC consegue obter 100 milhões de colisões por segundo, um recorde para qualquer acelerador de partículas.

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2011 (25 de maio) – A NASA desiste de tentar manter contato com o Spirit e dá por encerrada a missão (não há comunicação desde 22 de março de 2010). Contudo, o saldo é positivo: planejado para uma missão de noventa dias, o Spirit permanece ativo por seis anos e dois meses (2.269 dias terrestres desde o pouso até o último contato) e percorre 7.730,5m na superfície marciana.

2011 (26 de maio) – A NASA anuncia a missão Osiris-Rex, primeira sonda estadunidense programada para coletar material de um asteroide e trazê-lo de volta à Terra. Com lançamento previsto para 2016, a nave deverá recolher, com um braço robótico, em 2020, partículas do asteroide 1999 RQ36, que chegarão à Terra em 2023.Com diâmetro de aproximadamente 560m, o 1999 RQ36 orbita o Sol, em 436,604 dias (1,20 ano), à distância média de 168.450.000km.

2011 (1º de junho) – É confirmada a descoberta de mais duas luas de Júpiter, passando para 64 o número de satélites naturais conhecidos daquele planeta. Observados pela primeira vez em 2010, os astros têm nomes provisórios.S/2010 J 1 – Diâmetro: 2km; período orbital: 724,34 dias (1,98 ano); distância média do planeta: 23.314.335km.S/2010 J 2 – Diâmetro: 1km; período orbital: 588,82 dias (1,61 ano); distância média do planeta: 20.307.150km.

2011 (8 de junho) – Entra em operação o VLT Survey Telescope (VST), localizado no Observatório Paranal. Maior telescópio do mundo para observar o céu exclusivamente em luz visível, o VST é um instrumento de rastreio de campo largo, com um campo de visão duas vezes maior que a Lua Cheia.

2011 (8 de junho) – A Chang’e 2 completa sua missão lunar e parte para o ponto de Lagrange L2, a 1,5 milhão de km da Terra, a fim de testar a rede chinesa de controle e monitoramento de voos. Após 78 dias de viagem, a sonda atinge o objetivo proposto em 25 de agosto, fazendo da Agência Espacial Chinesa a terceira (depois da NASA e da eSA) a colocar um artefato numa órbita lagrangeana. Ademais, é a primeira vez que uma sonda atinge este ponto partindo da Lua, e a Chang’e 2 se torna a espaçonave da China que mais se afasta da Terra.Os primeiros dados depois da insersão na nova órbita são transmitidos em setembro.

2011 (10 de junho) – Cientistas estudando dados enviados pelas sondas Voyager notam gigantescas bolhas magnéticas localizadas na heliosfera, região que marca a fronteira entre o Sistema Solar e o espaço interestelar. Os cientistas acreditam que as bolhas se formam quando o campo magnético do Sol sofre deformação nos limites do Sistema Solar.

2011 (18 de junho) – Três meses depois da inserção da Messenger na órbita de Mercúrio, milhares de imagens enviadas pela sonda, as mais precisas do planeta feitas até o momento, começam a ser examinadas. Análises químicas preliminares revelam uma quantidade considerável de enxofre no solo, o que indica atividade vulcânica importante ao longo da evolução de Mercúrio. As descobertas também incluem evidências de um campo magnético e rajadas regulares de elétrons jorrando através da magnetosfera. "É quase um planeta novo, nós nunca tivemos este tipo de dado antes", afirma o pesquisador-chefe Sean Solomon, do

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Instituto Carnegie, de Washington.

2011 (21 de junho) – A NASA apresenta a imagem mais completa e precisa da Lua já elaborada até o momento, obtida graças aos 192 terabytes de dados coletados pela Lunar Reconnaissance Orbiter (isso equivale à capacidade de 41.000 DVDs). Para confeccionar a imagem, são utilizadas as 4 bilhões de medições feitas pelo Lola (altímetro laser), cem vezes mais que a soma das medições de todos os artefatos já enviados pela NASA ao satélite. São utilizadas também as fotografias com detalhes nunca antes vistos de 5,7 milhões de km2 da superfície lunar transmitidas pela câmera LROC.

2011 (27 de junho) – O asteroide 2011 MD, descoberto em 22 de junho pelo Linear, passa a 12.000km da Terra. O objeto, com diâmetro entre 10m e 45m, orbita o Sol em 396d9h e não representa ameaça alguma ao nosso planeta.

2011 (4 de julho) – O telescópio Hubble atinge a marca de 1 milhão de observações espaciais. A milionésima observação é do planeta HAT-P-7b, um gigante gasoso (maior que Júpiter) que orbita uma estrela mais quente que o Sol, à distância de 5.640.000km, em 2,205 dias. Descoberto em 6 de março de 2008, o planeta também é conhecido como Kepler 2b e está a 1.044 anos-luz da Terra, na constelação do Cisne.

2011 (8 de julho) – Um estudo publicado na Science por Mikako Matsura, do University College London, afirma que supernovas são grandes geradoras de poeira, material presente em altas quantidades na composição dos planetas rochosos. Dados do telescópio Herschel apontam que a explosão da SN1987A gerou poeira suficiente para formar 200.000 planetas do tamanho da Terra. especula-se que a poeira se forma a partir da condensação dos detritos gasosos que se expandem desde a explosão e então se esfriam.

2011 (8 a 21 de julho) – Missão do Atlantis (STS-135), cujo objetivo é transportar 4.318kg de equipamentos e provisões à ISS, incluindo 1,1t de comida, suficiente para um ano. A tripulação é formada por Christopher Ferguson - comandante -, Douglas Hurley - piloto -, Sandra Magnus e Rex Walheim.Este é o último voo do Atlantis.Estatísticas – Período em atividade: 25 anos, nove meses e dezoito dias; número de missões: 33; tripulantes: 191; tempo no espaço: 306d14h12min43s; órbitas terrestres: 4.848; distância percorrida: 202.673.974km; satélites lançados: 14; acoplagens à Mir: 7; acoplagens à ISS: 12.Com esta missão, encerra-se o programa dos ônibus espaciais dos EUA. Até que veículos substitutos estejam disponíveis, os astronautas estadunidenses passam a depender das naves russas Soyuz, ou da iniciativa privada, para ir ao espaço.Estatísticas gerais dos ônibus espaciais – Período em atividade: trinta anos, três meses e nove dias (11.057 dias); número de missões: 135 (Discovery, 39; Atlantis, 33; Columbia, 28; Endeavour, 25; Challenger, 10); tripulantes: 805; tempo no espaço: 1331d8h1min36s (3,645 anos); órbitas terrestres: 21.152; distância percorrida: 881.991.209km (2.294 vezes a distância Terra-Lua); satélites lançados: 66; acoplagens à Mir: 9; acoplagens à ISS: 37.

2011 (12 de julho) – Netuno completa a primeira órbita em torno do Sol desde que foi descoberto, em 23 de setembro de 1846.

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2011 (16 de julho) – Após uma viagem de 2,8 bilhões de km, a sonda Dawn é inserida na órbita de Vesta, à distância média de 10.500km, para uma missão de um ano.

2011 (18 de julho) – É lançado o radiotelescópio russo RadioAstron (ou Spektr R), posicionado numa órbita fortemente elíptica, com perigeu de 10.000km e apogeu de 390.000km. O principal objetivo da missão é estudar corpos celestes com ângulos de resolução muito pequenos, da ordem de alguns milionésimos de arcossegundo. Dotado de um refletor com 10m de diâmetro, o radioastron será capaz de trabalhar em conjunto com radiotelescópios terrestres, por meio da interferometria. Com isso, espera-se imagens com resolução mil vezes superior àquela proporcionada pelo Hubble. Os principais alvos de observação do Spektr R são buracos negros, estrelas de nêutrons na Via Láctea, quasares e pulsares. A missão tem duração prevista de, no mínimo, cinco anos.

2011 (20 de julho) É anunciada a descoberta do quarto satélite conhecido de Plutão, provisoriamente denominado S/2011 P 1 (ou P4). A identificação é feita a partir de imagens obtidas em 28 de junho pelo telescópio Hubble.Diâmetro estimado: de 13 a 34km; período orbital: 32,1 dias; distância média do planeta: 59.000km.

2011 (21 de julho) – A ESA divulga quatro imagens de Andrômeda com detalhes nunca vistos antes, feitas pelo Hubble. As imagens mostram até mesmo estrelas individuais.

2011 (22 de julho) – É anunciada a descoberta do maior reservatório de água já encontrado no universo, feita por astrônomos do Instituto Tecnológico da Califórnia (Caltech). A água encontrada equivale a 140 trilhões de vezes a água existente em todos os oceanos da Terra e está em torno do quasar APM 08279+5255, distante 12 bilhões de anos-luz, na constelação do Lince.

2011 (26 de julho) – Cientistas da ESA anunciam ter encontrado, graças a dados do telescópio Herschel, a explicação para a presença de água na alta atmosfera de Saturno, registrada pela primeira vez em 1997. De acordo com os pesquisadores, a água provém de Encélado, cujos gêiseres localizados nas proximidades do seu polo sul expulsam cerca de 250kg de vapor d’água por segundo. Conforme as primeiras análises, de 3% a 5% dessa água chega a Saturno. Isso faz de Encélado o primeiro satélite conhecido a exercer influência sobre a composição química do planeta em torno do qual gira.

2011 (28 de julho) – É publicada na Nature a descoberta do primeiro asteroide troiano da Terra. Denominado 2010 TK7 e fotografado pelo WISE em outubro de 2010, o astro tem aproximadamente 300m de diâmetro e atualmente está 60 graus à frente da Terra em sua órbita solar.Os asteroides troianos antecedem ou seguem um planeta ou satélite, localizando-se em pontos estáveis de suas órbitas, previstos no século XVIII por Joseph Lagrange.

2011 (1º de agosto) – A ESA informa que o telescópio Herschel encontrou fortes evidências da presença de moléculas de oxigênio (O2) na nebulosa de Órion.

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2011 (1º de agosto) – A NASA divulga as primeiras imagens da superfície de Vesta, feitas pela Dawn. A crosta é bastante diversificada, com canais na zona equatorial, pontos luminosos, poços escuros e crateras repletas de listras brancas e pretas. Segundo cientistas da agência espacial, isso revela um interior geologicamente ativo.

2011 (4 de agosto) – A NASA anuncia novas evidências de água líquida em Marte. De acordo com a agência, dados da Mars Reconnaissance Orbiter mostram o que pode ser água salgada escorrendo por encostas voltadas para o hemisfério sul marciano. Essa substância é visível durante a primavera e o verão de Marte, desaparecendo no inverno.

2011 (5 de agosto) – É lançada a sonda estadunidense Juno, com destino a Júpiter. Os objetivos são estudar a composição, o campo gravitacional, o campo magnético e a magnetosfera polar do planeta, bem como tentar determinar como Júpiter se formou, se tem um núcleo sólido, a quantidade de água na atmosfera profunda e como a massa é distribuída pelo astro. Juno (3.625kg) também está programada para estudar os ventos jovianos, que podem chegar a 600km/h.Com chegada prevista para julho de 2016, a sonda será inserida numa órbita polar, a uma distância mínima de 4.330km das nuvens superiores do planeta, em torno do qual deverá dar 33 voltas antes de mergulhar intencionalmente na atmosfera (outubro de 2017).A nave carrega uma placa em homenagem a Galileu Galilei (1564-1642), descobridor das quatro primeiras luas jovianas conhecidas.Juno é o nome latino de Hera, esposa de Zeus (Júpiter).

2011 (8 de agosto) – A NASA afirma ter encontrado provas de que meteoritos podem conter estruturas de DNA geradas no espaço. Os resultados são obtidos por meio da análise de doze meteoritos achados na Antártida e na Austrália. Essa descoberta significa que o ambiente interno de alguns astros é capaz de abrigar moléculas biológicas essenciais.

2011 (23 de agosto) – A NASA divulga a descoberta, feita pelo Wise, da estrela mais fria já encontrada. Batizada de WISE 1828+2650, ela tem temperatura superficial de 25°C (inferior à do corpo humano) e é uma anã Y (as mais frias da família das anãs marrons). Até o momento, o Wise já descobriu cem anãs marrons, das quais seis são da classe Y. Novas descobertas são esperadas, uma vez que a imensa quantidade de dados transmitida pelo telescópio ainda está sendo analisada.Outra anã Y, a WISE 1541-2250, dista 9 anos-luz e é a sétima estrela mais próxima conhecida da Terra.

2011 (24 de agosto) – O cargueiro russo Progress M-12M, que levava 3t de suprimentos para a ISS, não consegue entrar em órbita e cai. O aciddente coloca em risco o futuro imediato das missões tripuladas à ISS, já que, desde a aposentadoria dos ônibus espaciais estadunidenses, o único meio de transporte tripulado para a estação são as naves Soyuz, veículos similares aos cargueiros Progress, porém com espaço para astronautas.

2011 (24 de agosto) – Cientistas liderados por Peter Nugent, do laboratório Lawrence Berkeley, nos EUA, descobrem uma supernova onze horas após a explosão. O evento, denominado SN 2011fe, ocorre na galáxia M101, na constelação da Ursa Maior, a 21 milhões de anos-luz da Terra. Em 13 de setembro, a supernova atinge o brilho máximo,

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com magnitude absoluta de -19, equivalente a 3,3 bilhões de sóis.Essa detecção rápida, um recorde até o momento, proporciona uma oportunidade sem precedentes de acompanhar a evolução de uma supernova quase a partir do início do fenômeno.

2011 (25 de agosto) – Um estudo liderado por Matthew Bailes, da Universidade de Tecnologia Swinburne, em Melbourne (Austrália), anuncia a descoberta do planeta mais denso já encontrado (ao menos 23g/cm3), composto sobretudo por carbono (também há oxigênio e outros elementos pesados). Com diâmetro de 55.000km, o PSR J1719-1438 b está localizado na constelação da Serpente, a aproximadamente 3.900 anos-luz da Terra, e orbita um pulsar, a cada 2h10min, à distância média de 600.000km (a órbita é tão estreita que caberia dentro do Sol). A densidade do astro sugere a presença significativa de carbono cristalino, o que faz com que seja informalmente chamado de “planeta de diamante”.

2011 (26 de agosto) – São publicados na Science seis artigos com estudos preliminares do material coletado na superfície do asteroide Itokawa pela sonda Hayabusa. A composição é semelhante à dos meteoritos condritos metálicos. Segundo os pesquisadores, o Itokawa provavelmente é parte de um asteroide maior que se fragmentou há milhões de anos. A superfície apresenta-se desgastada por impactos com meteoroides e, possivelmente, outros asteroides.

2011 (1º de setembro) – Uma equipe liderada por Elisabetta Caffau, da Universidade de Heidelberg (Alemanha), publica na Nature a descoberta de uma estrela composta quase inteiramente por hidrogênio e hélio, com quantidades minúsculas de outros elementos químicos. Chamada SDSS J102915+172927, essa estrela dista 4.000 anos-luz da Terra, localiza-se na constelação de Leão, tem massa inferior à do Sol e provavelmente tem mais de 13 bilhões de anos de idade. Um astro com tais características contraria a teoria de formação estelar mais aceita, segundo a qual estrelas com pequena massa e baixa densidade de metais não deveriam existir.Em astronomia, metais são todos os elementos químicos mais pesados que o hidrogênio e o hélio (que constituem a maioria absoluta da massa das estrelas). Daí deriva o conceito de metalicidade estelar, usado astronomicamente para fazer referência à quantidade de elementos químicos que não sejam hidrogênio e hélio presentes numa estrela.

2011 (1º de setembro) – O Conselho de Pesquisa Nacional dos EUA divulga um relatório de 182 páginas indicando que o lixo espacial que orbita a Terra chegou a um nível crítico para colisões, pondo em risco astronautas e satélites. Conforme a pesquisa, a quantidade de detritos em órbita saltou de 9.949 objetos catalogados em dezembro de 2006 para 16.094 em julho de 2011.

2011 (6 de setembro) – A NASA apresenta uma série de imagens dos locais de pouso de missões Apollo, feitas pela Lunar Reconnaissance Orbiter. Nas imagens, é possível ver tanto os locais de alunissagem das missões Apollo 12, 14 e 17 quanto pegadas deixadas no satélite pelos astronautas.

2011 (10 de setembro) – É lançada a missão estadunidense GRAIL (Gravity Recovery and Interior Laboratory), cujjo objetivo é elaborar o mais completo mapa gravitacional da Lua

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já produzido, a fim de determinar a estrutura interior do satélite. A missão é composta de duas sondas (cada uma pesa 132,6kg), programadas para orbitar a Lua a uma distância variável entre 175 e 225km uma da outra e realizar imagens em raios X. Segundo os cientistas, compreender a composição e a estrutura do núcleo lunar ajudará a desvendar a evolução não apenas do nosso satélite, mas também de outros astros rochosos.

2011 (12 de setembro) – Astrônomos liderados por Michel Mayor, da Universidade de Genebra, anunciam a descoberta de mais de 50 exoplanetas, feita com o espectrógrafo HARPS, situado em La Silla, no Chile. O HARPS é o descobridor de exoplanetas mais bem-sucedido do mundo, tendo permitido a identificação, até o momento, de mais de 150 desses astros. Segundo os cientistas, as pesquisas do HARPS permitem deduzir que cerca de 40% das estrelas semelhantes ao Sol possuem em órbita pelo menos um planeta de massa menor que Saturno. Ademais, a maioria dos exoplanetas com massas da ordem de Netuno ou menores parecem estar em sistemas que apresentam planetas múltiplos.Dos exoplanetas ora anunciados, dezesseis são superterras e um está dentro da zona de habitabilidade. Este, denominado HD 85512 b, pertence à constelação da Vela e dista da Terra 36 anos-luz. Com massa de aproximadamente 3,6 massas terrestres e gravidade 1,4 vez a da Terra, o exoplaneta orbita a sua estrela, à distância média de 38,9 milhões de km, em 54,43 dias. De acordo com as primeiras pesquisas, a temperatura nas camadas superiores da atmosfera é de 25°C, o que faz dele um dos principais candidatos a abrigar vida já encontrados.

2011 (14 de setembro) – A NASA divulga o desenho de um novo foguete capaz de lançar voos espaciais tripulados para além da órbita terrestre baixa e, finalmente, até Marte. O "Sistema de Lançamento Espacial" (ou SLS - Space Launch System –, na sigla em inglês), com teste inicial previsto para 2017, será, de acordo com a NASA, o foguete mais potente desde o Saturno V, que levou os astronautas estadunidenses à Lua, e poderá transportar tripulações humanas numa cápsula denominada “Orion Multi-Purpose Crew Vehicle”.

2011 (15 de setembro) – Uma equipe liderada por Laurance Doyle, do Instituto Seti, da Califórnia, anuncia a descoberta de Kepler-16b, o primeiro planeta circumbinário identificado pela missão Kepler. Planetas circumbinários são aqueles que orbitam duas estrelas, como o imaginário Tattoine, da série de filmes Guerra nas Estrelas (Star Wars.Localizado na constelação do Cisne e distante aproximadamente 200 anos-luz, Kepler-16b completa uma translação em 228,78 dias, à distância média de 105,43 milhões de km, tem massa similar à de Saturno e temperatura superficial entre -100 e -70°C. As estrelas do sistema binário Kepler-16, ambas menores que o Sol (massas de 69% e 20% da solar), giram uma ao redor da outra em 41 dias.

2011 (23 de setembro) – Cientistas do experimento internacional “Opera” (Oscillation Project with Emulsion-Racking Apparatus) divulgam os resultados de medições segundo as quais neutrinos podem viajar a velocidades superiores à da luz. O experimento consiste no envio de neutrinos desde as instalações do CERN, em Genebra, até o laboratório italiano de Gran Sasso, a 733km de distância. De acordo com os cientistas, neutrinos fizeram esse percurso 60 nanossegundos (bilionésimos de segundo) mais rápido do que feixes luminosos, o que resulta numa velocidade 6km superior à da luz.Se os resultados estiverem corretos, seránecessária uma revisão da teoria da relatividade,

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pois a física atual considera a velocidade da luz como limite, acima da qual nada pode viajar. O anúncio provoca polêmica, e os próprios pesquisadores do “Opera” solicitam ajuda científica externa, a fim de verificar a exatidão das medições.Em 2012, os resultados desse experimento serão considerados equivocados.

2011 (24 de setembro) – O satélite UARS (“ Upper Atmosphere Research Satellite”), de 5,9t, cai no Oceano Pacífico, a oeste do Canadá. Lançado em setembro de 1991 pelo Discovery (STS-48) e desativado em 2005, o satélite fragmenta-se em 26 pedaços (o maior deles com 158,3kg) ao reentrar na atmosfera. A queda tem ampla cobertura da mídia e reabre a discussão sobre os perigos do lixo espacial em órbita terrestre.

2011 (29 de setembro) – É lançado o Tiangong-1 (Palácio Celeste), primeiro módulo da estação espacial da China, com conclusão prevista para 2020. O principal objetivo deste módulo é testar, durante os dois anos em que deve permanecer em órbita, o acoplamento com diversas naves, sendo a primeira das quais a não tripulada Shenzhu 8. Se o acoplamento for bem-sucedido, duas missões tripuladas estão previstas.

2011 (29 de setembro) – A NASA divulga os resultados de um censo de asteroides próximos da Terra (órbitas até 195 milhões de km do Sol), realizado a partir de dados obtidos pelo Wise. O número desses astros é menor do que o estimado. Há 911 asteroides acima de 1.000m catalogados, contra 981 previstos. Nenhum deles cairá na Terra nos próximos séculos, conforme os especialistas. No que se refere a asteroides entre 100m e 1.000m, há 19.000 catalogados, bem menos que os 35.000 previstos, embora a NASA espere encontrar outros 15.000 nos dados ainda sob análise.

2011 (3 de outubro) - O telescópio ALMA (Atacama Large Millimeter/submillimeter Array) entra em operação, localizado no planalto de Chajnantor, no norte do Chile, a uma altitude de 5.000m. Apesar de, no momento, contar com apenas um terço das 66 antenas de rádio previstas, com separações entre si de no máximo 125m, em vez dos até 16km possíveis, o ALMA já é o melhor telescópio do seu tipo. A conclusão está prevista para 2013.

2011 (4 de outubro) – Os estadunidenses Saul Perlmutter, Brian P. Schmidt (com nacionalidade australiana) e Adam G. Riess são anunciados como ganhadores do Prêmio Nobel de Física "pela descoberta da expansão acelerada do universo através da observação de estrelas supernovas distantes", feita em 1998.

2011 (4 de outubro) – A ESA aprova a missão solar Orbiter e o telescópio espacial Euclid.A Solar Orbiter, com lançamento previsto para 2017, se aproximará do Sol como nenhuma outra espaçonave no passado, tanto que deverá ser capaz de capturar partículas do vento solar assim que elas saírem do astro.O Euclid, a ser lançado em 2019, deverá realizar uma cartografia do Universo em larga escala, com o objetivo de estudar a história da expansão e o crescimento da estrutura do cosmo.

2011 (6 de outubro) – A ESA divulga a descoberta, feita pela Venus Express, de uma camada de ozônio no planeta Vênus. De acordo com a agência, a detecção foi possível

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porque o gás absorveu parte dos raios ultravioleta emitidos por algumas estrelas, observadas a partir da atmosfera venusiana. A camada de ozônio em Vênus fica a uma altitude de 100km, cerca de quatro vezes maior do que na atmosfera da Terra, e é de cem a mil vezes menos densa. A concentração é estimada em 20% da terrestre.A descoberta é importante porque acredita-se que o ozônio teve um papel fundamental na origem da vida na Terra, uma vez que é composto por três átomos de oxigênio (O3), e a quebra das moléculas contribuiu para aumentar a concentração desse elemento químico na atmosfera do nosso planeta.

2011 (7 de outubro) – Cientistas europeus e estadunidenses anunciam a descoberta, feita por meio da análise de dados do telescópio Herschel, de que no cometa Hartley 2 há água semelhante à existente na Terra. Até esse momento, toda a água já encontrada em cometas era do tipo “pesado”, com alta concentração de deutério. A água “leve” identificada no Hartley 2 reforça a teoria de que parte da água dos oceanos terrestres é oriunda de bombardeios de cometas ocorridos durante a formação do Sistema Solar.

2011 (13 de outubro) – A NASA divulga a descoberta, feita pela Dawn, de uma montanha com 21km de altura localizada no polo sul de Vesta. É a segunda mais alta montanha conhecida do Sistema Solar, atrás apenas do Monte Olimpo, em Marte.

2011 (19 de outubro) – Uma equipe liderada por Adam Kraus, da universidade do Havaí, divulga as primeiras imagens já feitas de um planeta em formação em torno de uma estrela. O astro, denominado LkCa 15 b, tem aproximadamente o tamanho de Júpiter.

2011 (21 de outubro) – Cientistas da missão Herschel anunciam a descoberta de um grande reservatório de água (equivalente a milhares de oceanos terrestres) no disco em torno de TW Hydrae, jovem estrela em fase final de formação, distante 176 anos-luz. Essa pesquisa pode auxiliar na compreensão de como se origina a água existente em alguns planetas, inclusive a Terra.

2011 (23 de outubro) – O satélite de raios X alemão Rosat (redução de “Röntgensatellit”), de 2,4t, lançado em 1º de junho de 1990, reentra na atmosfera terrestre acima do Golfo de Bengala, nordeste do Oceano Índico. Não há registro de fragmentos terem chegado à superfície da Terra. É o segundo satélite, em um mês, que reingressa na atmosfera de forma não controlada, fato que continua acirrando a discussão acerca dos perigos do lixo espacial.

2011 (26 de outubro) – Uma equipe internacional de astrônomos divulga os resultados de observações (feitas em 26 locais diferentes, espalhados pela Terra) de uma ocultação estelar de Éris, ocorrida em 6 de novembro de 2010. De acordo com os cientistas, o diâmetro estimado do planeta anão é de 2.326km, bastante próximo do de Plutão, não sendo possível saber qual dos dois astros tem dimensões maiores. Ainda segundo o estudo, a massa de Éris é de 16,6 quintilhões de toneladas, e a densidade de 2,52g/cm3, o que sugere uma composição predominantemente rochosa (85%), com quantidades pequenas de gelo (15%). A superfície, altamente refletora, é provavelmente formada por uma mistura de gelo rico em nitrogênio e metano gelado. A temperatura calculada é de, no máximo, -238°C para o lado iluminado pelo Sol, e menor ainda para o hemisfério noturno do astro.

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2011 (1º de novembro) – É lançada a nave não tripulada chinesa Shenzhou 8, com o objetivo de realizar um acoplamento com o módulo de teste Tiangong-1, em órbita.O acoplamento, que ocorre no dia seguinte, é o primeiro entre duas naves espaciais chinesas e faz parte do programa de desenvolvimento da estação orbital da China.Outro acoplamento bem-sucedido ocorre em 14 de novembro. No dia 17, a nave aterrissa em Siziwang, no norte do país.

2011 (4 de novembro) – Os seis voluntários do projeto Marte 500 saem do isolamento, concluindo uma missão de 520 dias. Os resultados dos experimentos realizados serão levados em conta numa futura viagem a Marte.

2011 (8 de novembro) – É lançada a sonda russa Fobos-Grunt, cujo objetivo principal era trazer 200g do solo do satélite marciano Fobos de volta à Terra. Contudo, ocorre uma falha logo após o lançamento, e a nave entra em órbita terrestre. No dia 12, a missão é extraoficialmente dada como perdida, fato confirmado dez dias mais tarde pela Roskosmos. A bordo estava o satélite chinês Yinghuo-1, primeiro artefato interplanetário desenvolvido pela China.

2011 (8 de novembro) – O asteroide 2005 YU55, descoberto por Robert S. McMillan em 28 de dezembro de 2005 e com diâmetro de 360m, passa a 324.600km da Terra.

2011 (14 de novembro) – É lançada a Soyuz TMA-22, tripulada por Anton Shkaplerov – comandante -, Anatoli Ivanishin e Daniel C. Burbank. São os primeiros astronautas a ir ao espaço após o encerramento do programa dos ônibus espaciais da NASA, em julho. É também a retomada dos voos tripulados russos depois do acidente com o cargueiro Progress M-12M, em agosto.O acoplamento acontece em 16 de novembro, e a ISS volta a ter, durante alguns dias, seis tripulantes.A aterrissagem ocorre em 27 de abril de 2012.

2011 (18 de novembro) – Cientistas do experimento “Opera” divulgam os resultados de novos testes feitos com neutrinos e confirmam os valores anunciados em setembro, segundo os quais neutrinos podem viajar com velocidade ligeiramente superior à da luz.Contudo, os resultados desse experimento serão colocados em dúvida por cientistas do próprio CERN em fevereiro de 2012.

2011 (18 de novembro) – A NASA divulga o maior e mais completo mapa da Lua elaborado até o momento, obtido a partir de dados da Lunar Reconnaissance Orbiter. Uma versão preliminar desse mapa havia sido divulgada em dezembro de 2010.

2011 (26 de novembro) – É lançada a missão estadunidense Mars Science Laboratory, cujo objetivo é levar o veículo de exploração Curiosity à superfície de Marte. Maior e bem mais pesado (900kg) que seus antecessores Opportunity e Spirit, o Curiosity carrega os instrumentos tecnologicamente mais avançados já enviados ao planeta vermelho, os quais estão programados para obter amostras do solo e analisá-las na tentativa de determinar se Marte tem, ou alguma vez teve, ambiente propício à vida, mesmo que microbiana.

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2011 (5 de dezembro) – Cientistas da Missão Kepler divulgam, durante uma conferência de imprensa, Os resultados das observações feitas até março de 2010. São anunciados 2.326 candidatos a exoplanetas, sendo 207 com dimensões similares às da Terra, 680 superterras, 1.181 com dimensões semelhantes às de Netuno, 203 equivalentes a Júpiter e 55 maiores que Júpiter. Desses planetas, 48 estão na zona de habitabilidade (uma diminuição em relação aos 54 anunciados em fevereiro de 2011, devido ao refinamento dos dados observacionais).Ademais, é anunciada a descoberta de Kepler-22b, primeiro exoplaneta localizado pela missão Kepler na zona de habitabilidade de uma estrela semelhante ao Sol. Situado a 587 anos-luz da Terra, Kepler-22b tem raio 2,4 vezes superior ao terrestre e completa uma órbita em torno de sua estrela, à distância de 127 milhões de km, em 289,9 dias.

2011 (5 de dezembro) – Pesquisadores liderados por Chung-Pei Ma, da Universidade da Califórnia, publicam na Nature um artigo anunciando a descoberta dos dois maiores buracos negros conhecidos até o momento, com quase 10 bilhões de massas solares, localizados nas galáxias NGC 3842 e NGC 4889, a 270 milhões de anos-luz da Terra.

2011 (5 de dezembro) – A NASA informa que a Voyager 1 está na fronteira do Sistema Solar e pode atingir o espaço interestelar em "alguns poucos meses ou anos". A Voyager 1 encontra-se a 17,9 bilhões de km da Terra.

2011 (8 de dezembro) – Durante a conferência da União Geofísica Americana, em San Francisco, é divulgada a descoberta, feita pelo Opportunity, de um fino veio de gesso numa rocha da beirada da cratera marciana Endeavour, que tem 154km de diâmetro. Como o gesso geralmente se forma pelo fluxo de água dentro de rochas, esta observação é considerada, pelos cientistas envolvidos, a evidência mais convincente já encontrada da presença de água em Marte.

2011 (20 de dezembro) – Cientistas liderados por François Fressin, do Centro Harvard-Smithsonian de Astrofísica, anunciam no site da Nature a descoberta dos dois primeiros exoplanetas do tamanho da Terra conhecidos, ambos orbitando a estrela Kepler-20, de massa ligeiramente inferior à solar, localizada na constelação de Lira, a 950 anos-luz. O maior deles, Kepler-20f, tem raio 3% superior ao da Terra, temperatura superficial estimada de 427°C e completa uma órbita, à distância de 16,1 milhões de km, em 19,5 dias. O outro, Kepler-20e, tem raio 13% menor que o terrestre (inferior ao de Vênus), temperatura superficial calculada em 760°C e orbita a sua estrela em 6,1 dias.

2011 (26 de dezembro) – Astrônomos liderados por Alan Stern, do Southwest Research Institute (Texas, EUA), apresentam um estudo segundo o qual a superfície de Plutão pode conter moléculas orgânicas complexas. Conforme os pesquisadores, o espectrógrafo de origens cósmicas do telescópio Hubble permite observar que algumas substâncias na superfície do planeta-anão estão absorvendo mais luz ultravioleta do que a quantidade esperada, o que, de acordo com cientistas da NASA, pode dar pistas acerca da composição química do astro. Para os autores do estudo, os compostos detectados possivelmente são hidrocarbonetos complexos ou moléculas que contêm nitrogênio.

2011 (31 de dezembro) – A GRAIL-A é inserida com sucesso na órbita da Lua. No dia

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seguinte, ocorre o mesmo com a GRAIL-B.Posteriormente (17 de janeiro de 2012), as sondas são batizadas de Ebb e Flow, respectivamente, nomes sugeridos por estudantes de uma escola primária de Montana, vencedores de um concurso organizado pela NASA.A missão propriamente dita começa em março de 2012.

2012 (9 de janeiro) - Astrônomos da Universidade da Columbia Britânica (UBC), no Canadá, e da Universidade de Edimburgo, na Escócia, anunciam a criação do maior mapa de matéria escura produzido até o momento, obtido a partir de dados de 10 milhões de galáxias recolhidos por diversos telescópios. Para elaborar o mapa, os cientistas estudam como a luz emitida pelas galáxias é distorcida ao passar por grandes grupos de matéria escura em seu trajeto para a Terra.

2012 (11 de janeiro) – A NASA anuncia a descoberta do menor sistema planetário encontrado até o momento, formado por três planetas provavelmente rochosos orbitando a estrela KOI-961, uma anã vermelha com diâmetro seis vezes menor que o Sol localizada a 130 anos-luz da Terra, na constelação do Cisne.A sigla KOI significa “Kepler Object of Interest” e aplica-se a estrelas observadas pelo telescópio Kepler em torno das quais orbita pelo menos um planeta ou candidato aplaneta.

2012 (11 de janeiro) – Pesquisadores liderados por Arnaud Cassan, do Institut d’Astrophysique de Paris, apresentam na reunião anual da Sociedade Astronômica Americana (Austin, Texas) um estudo indicando que pode haver mais planetas do que estrelas na Via Láctea. A pesquisa é o resultado da aplicação da técnica de microlentes gravitacionais (pequenas distorções no espaço-tempo causadas pela presença de um corpo de grande massa entre uma estrela e um observador), ao longo de seis anos, a registros fotométricos de 100 milhões de estrelas, distantes entre 3.000 e 25.000 anos-luz da Terra. Conforme osautores do trabalho, uma em cada seis estrelas estudadas possui um planeta com massa semelhante à de Júpiter, metade tem planetas com a massa de Netuno e dois terços tem superterras.

2012 (15 de janeiro) – Fragmentos da sonda russa Fobos-Grunt caem no Oceano Pacífico, a oeste do Chile. A massa total da sonda é de 13,2t, mas a maior parte é destruída na atmosfera e não chega à superfície.

2012 (27 de janeiro) – O asteroide 2012 BX34, de 8m de diâmetro, passa a 65.390km da Terra, uma das passagens de asteroides mais próximas já registradas.

2012 (29 de janeiro) – São anunciados mais dois satélites de Júpiter, descobertos por Scott Sheppard com base em imagens feitas em 27 de setembro de 2011. Passam a ser 66 os satélites jovianos confirmados.S/2011 J 1 – Diâmetro: 1km; período orbital: 582,22 dias (1,59 ano); distância média do planeta: 20.155.290km.S/2011 J 2 – Diâmetro: 1km; período orbital: 725,06 dias (1,99 ano); distância média do planeta: 23.329.710km.

2012 (31 de janeiro) – O Astrophysics Journal publica uma série de estudos da nuvem de

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gás interestelar onde o Sistema Solar se localiza, incluindo o primeiro mapa da região, feito pela sonda Ibex. Uma descoberta especialmente significativa é a de que o Sistema Solar possui mais átomos de oxigênio do que a nuvem que o abriga. Uma hipótese levantada é a de que o ambiente em que o Sol nasceu não é o mesmo que circunda a estrela agora. Outra descoberta importante apresentada pelos estudos é que a velocidade com que o Sistema Solar viaja pela Via Láctea é menor do que se pensava: 84.000km/h, e não 95.000km/h.

2012 (2 de fevereiro) – Cientistas do Instituto Carnegie anunciam a descoberta de GJ 667Cc, exoplaneta potencialmente habitável. O astro orbita a estrela Gliese 667C, anã vermelha integrante de um sistema estelar triplo distante 22 anos-luz e localizado na constelação do escorpião, completando uma translação em 28 dias, à distância média de 18,47 milhões de km. O exoplaneta é rochoso, tem massa 4,5 vezes superior à terrestre, e as primeiras análises indicam que pode ter água líquida na superfície.

2012 (10 de fevereiro) – A ESA informa, com base em dados da Venus Express, que o período de rotação de Vênus é seis minutos e trinta segundos mais longo do que se pensava. Os cientistas chegam a essa conclusão porque alguns pontos da superfície venusiana não estavam onde deveriam, de acordo com as medições efetuadas pela Magellan, as mais recentes de que se dispunha antes das realizadas pela Venus Express.

2012 (10 de fevereiro) – A China divulga um mapa lunar completo, elaborado a partir de dados da Chang’e 2, e afirma ser o mapa da Lua inteira em mais alta resolução já produzido.

2012 (13 de fevereiro) – Primeiro lançamento do foguete VEgA (Vettore Europeo di Generazione Avanzata), desenvolvido pela Agência Espacial Italiana e pela ESA. Este foguete está desenhado para colocar pequenos satélites (até 2.500kg) em órbitas polares ou de baixa altitude. Neste primeiro lançamento, nove deles são enviados ao espaço, incluindo os primeiros satélites da Polônia, da Hungria e da Romênia.

2012 (21 de fevereiro) – Cientistas liderados por Zachory Berta, do Centro de Astrofísica Harvard-Smithsonian, sugerem, a partir de dados da câmera infravermelha do Hubble, que o exoplaneta GJ 1214b (descoberto em 16 de dezembro de 2009) pode ser uma superterra composta predominantemente de água e rodeado por uma atmosfera fumegante. Distante 40 anos-luz e localizado na constelação de Ofiúco, o GJ 1214b tem temperatura superficial estimada de 230°C e orbita a sua estrela (uma anã vermelha) em 37h56min, à distância média de 2,14 milhões de km. O astro tem diâmetro 2,7 vezes o da Terra e massa 7 vezes maior. De acordo com os pesquisadores, a densidade resultante, 1,87g/cm3, sugere a presença de um núcleo formado por rocha (25%) e água (75%). Por isso, o GJ 1214b É informalmente chamado de “planeta de água”. Este é o primeiro exoplaneta conhecido com tais características.

2012 (22 de fevereiro) – O site da Science afirma que os resultados do experimento “OPERA” segundo os quais neutrinos teriam viajado mais depressa que a luz podem ter sido produzidos por problemas técnicos nos aparelhos. Essa informação é confirmada no dia seguinte pelo porta-voz do CERN, James Gillies, que aponta duas falhas encontradas: uma conexão defeituosa no cabo de fibra óptica que liga o relógio central ao GPS exterior e

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um erro na frequência do oscilador do cronômetro interno do experimento. Depois de reparados os defeitos, o experimento será repetido.Em 16 de março, O CERN divulga um comunicado informando que os neutrinos não viajam a velocidades superiores à da luz. Os valores anteriormente obtidos estavam distorcidos devido a falhas nas instalações utilizadas pelo experimento OPERA.Em 30 de março, o físico italiano Antonio Ereditato, coordenador do Opera, pede demissão.Em 8 de junho, o CERN anuncia, em caráter definitivo, que os resultados das medições estão errados E que o erro se deve, de fato, a falhas no equipamento.

2012 (22 de fevereiro) – Cientistas da NASA divulgam a descoberta, feita a partir de dados do Chandra, de que o disco de gás quente em torno do buraco negro IGR J17091-3624, distante 28.000 anos-luz, gera ventos de 32 milhões de km/h. esses ventos, que atingem 3% da velocidade da luz, são, de longe, os mais rápidos já identificados.

2012 (29 de fevereiro a 9 de setembro) – Ocorre nos Museus Capitolinos de Roma a exposição “Lux in Arcana, L”Archivio Segreto Vaticano si rivela” (Luz nos enigmas, o Arquivo Secreto Vaticano se revela), em que são exibidos, entre outros documentos, o sumário do julgamento de Giordano Bruno (condenado à fogueira pela Inquisição em 1600) e as atas do processo de Galileu Galilei (condenado a abjurar em 1633).

2012 (1º de março) – Uma equipe liderada por Michael Sterzik publica na Nature um artigo descrevendo uma nova técnica para procurar por vida extraterrestre. Trata-se de observar a radiação refletida por um exoplaneta e, a partir dela, tentar deduzir características do astro. Os testes são feitos por meio da observação, com o Very Large Telescope, da radiação terrestre refletida pela Lua, como se a Terra fosse um exoplaneta. Por meio da análise dessa radiação, os cientistas são capazes de deduzir que a atmosfera terrestre é parcialmente nublada, que parte da superfície se encontra coberta por oceanos e que existe vegetação.

2012 (2 de março) – Cientistas da Cassini anunciam ter encontrado íons de hidrogênio molecular em Dione. A concentração é extremamente baixa (um íon a cada 11cm3), equivalente à da atmosfera terrestre a uma altitude de 480km.

2012 (14 de março) – A NASA divulga o atlas e catálogo de todo o céu em infravermelho feito com os dados obtidos pelo Wise. São mais de 500 milhões de objetos, incluindo galáxias, estrelas e outros corpos celestes.

2012 (21 de março) - Durante a 43ª Conferência de Ciência Lunar e Planetária (Texas, EUA), cientistas da Messenger divulgam dados obtidos pela sonda em um ano de missão. O núcleo de Mercúrio comtém mais ferro do que se imaginava, e parte dele está em estado líquido. Também é maior do que se esperava: estende-se por 2.030km, o que equivale a 83% do raio do planeta. Ademais, as quase 10.000 imagens de Mercúrio feitas pela Messenger mostram que o planeta é mais plano que a Lua e tem mais crateras do que qualquer componente conhecido do sistema Solar.

2012 (27 de março) – Uma equipe internacional liderada por Xavier Bonfils (IPAG, Observatoire des Sciences de l´Univers de Grenoble, França) divulga estimativas feitas com o espectrógrafo HARPS, segundo as quais pode haver dezenas de bilhões de superterras

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(planetas rochosos com massas até 10 vezes a terrestre) na Via Láctea e uma centena nas vizinhanças imediatas do Sol (até 10 parsecs de distância). De acordo com os cientistas, os estudos realizados com o HARPS indicam que 40% das anãs vermelhas (estrelas pequenas e de baixa luminosidade) estão rodeadas por superterras. O número estimado de planetas é tão elevado porque 80% das estrelas da Via Láctea são anãs vermelhas.

2012 (28 de março) – O site da NASA divulga a notícia de que jatos de água gelada foram registrados em Encélado ao longo de diversos sobrevoos da Cassini. Conforme Carolyn Porco, chefe da equipe de Imagens Científicas da sonda espacial, “Mais de 90 gêiseres de todos os tamanhos estão emitindo vapor de água, partículas de gelo e componentes orgânicos na superfície do Polo Sul de Encélado”. A cientista avalia que o satélite é um lugar promissor para pesquisas em astrobiologia.

2012 (29 de março) - Jeff Bezos, o fundador da Amazon, anuncia ter encontrado no Oceano Atlântico, a 4.300m de profundidade, os cinco motores utilizados no lançamento da Apollo 11. Ele informa também que sua equipe pretende trazer para a superfície pelo menos um dos motores.

2012 (29 de março) – É divulgada a mais detalhada imagem da Via Láctea já produzida, com mais de 1 bilhão de estrelas, feita a partir da combinação de milhares de observações separadas.

2012 (6 de abril) - Mikko Tuomi, da Universidade de Hertfordshire (Inglaterra), divulga um estudo em que confirma a existência do sétimo planeta descoberto em torno de HD 10180 e fornece evidências de mais dois. Se os dois planetas adicionais forem confirmados, HD 10180 será o maior sistema planetário conhecido, com nove planetas, maior inclusive que o sistema Solar.

2012 (12 de abril) – São divulgados os primeiros resultados científicos do radiotelescópio ALMA (Atacama Large Millimeter/submillimeter Array). Eles demonstram que os dois planetas conhecidos orbitando Fomalhaut são maiores que Marte, mas não maiores que algumas vezes o tamanho da Terra. Essas dimensões são bem menores do que as estimadas em 2008, com base em fotografias feitas pelo Hubble.

2012 (12 de abril) – Pesquisadores do Laboratoire Univers et Théorie (França) divulgam a primeira simulação em computador de todo o universo observável, desde o Big Bang até nossos dias. A simulação permite acompanhar a evolução de 550 bilhões de partículas individuais.

2012 (15 de abril) – A Chang’e 2 parte da órbita em L2 e começa uma missão ao asteroide 4179 Toutatis, que sobrevoa em 13 de dezembro.

2012 (18 de abril) – Astrônomos liderados por Christian Moni Bidin, do Departamento de Astronomia da Universidade de Concepción (Chile), divulgam o estudo mais preciso até o momento sobre os movimentos de estrelas na Via Láctea, feito com mais de quatrocentas estrelas distantes até 13 mil anos-luz do Sol. O resultado mais significativo é a não detecção de quantidades consideráveis de matéria escura na região galáctica onde está nossa estrela,

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conforme preveem os modelos mais aceitos para explicar como se formam e giram as galáxias.

2012 (24 de abril) – Um grupo de investidores bilionários, entre os quais estão Eric Schmidt e Larry Page, executivos do Google, e o cineasta canadense James Cameron, anuncia planos para desenvolver tecnologias com a finalidade de extrair metais preciosos e minérios raros de asteroides em órbita próxima à da Terra. As pesquisas necessárias são atribuídas a uma empresa chamada Planetary Resources, com sede em Bellevue, Washington. A primeira etapa do projeto consiste em colocar em órbita, a partir de 2014, uma rede de pequenos telescópios de baixo custo para observações terrestres e pesquisas astronômicas.

2012 (2 de maio) – A ESA anuncia a aprovação da missão Jupiter Icy Moon Explorer (JUICE), cujo objetivo é estudar detalhadamente Júpiter e os satélites Calisto, Europa e Ganimedes. O cronograma inicial prevê lançamento em 2022, com inserção orbital em Júpiter (2030) e Ganimedes (2033).

2012 (11 de maio) – A NASA divulga resultados preliminares da missão da sonda Dawn em Vesta, incluindo uma estimativa das dimensões do núcleo metálico do asteroide: 220km. Os cientistas da missão também acreditam que Vesta é “o último do seu tipo”, ou seja, o único exemplo remanescente dos grandes planetoides que se juntaram para constituir os planetas rochosos durante a formação do Sistema Solar.

2012 (25 de maio) – A cápsula reutilizável Dragon, lançada em 22 de maio por um foguete Falcon 9, torna-se a primeira nave fabricada pela iniciativa privada a se acoplar à ISS (mais precisamente, ao módulo Harmony), dando início a uma nova fase na exploração do espaço. Desenvolvida pela Spacex (Space Exploration Technologies), empresa com sede em Hawthorne, Califórnia, e fundada em 2002 pelo bilionário sul-africano naturalizado estadunidense Elon Musk, a Dragon tem diâmetro de 3,7m, altura de 6,1m, massa de 4,2t e capacidade para levar 3,31t e trazer de volta 2,5t de carga pressurizada. Esta é uma missão experimental, de demonstração, que transporta 525kg de suprimentos (alimentos, água, roupa, equipamentos) para a ISS.Além disso, a empresa Celestis, que realiza enterros espaciais, lança num dos estágios do foguete Falcon 9 cinzas de 308 pessoas, entre as quais estão Gene Roddenberry(1921-1991), criador da série “Star Trek” (Jornada nas Estrelas), a segunda mulher dele, Majel Barrett (1932-2008), o ator da série James Doohan (1920-2005) e o astronauta dos Projetos Mercury e Gemini Gordon Cooper (1927-2004).Em 31 de maio, a Dragon se separa da ISS com 600kg de carga a bordo e amerissa no Oceano Pacífico, onde é resgatada por um navio da Spacex.

2012 (31 de maio) – A NASA anuncia em comunicado que dados do telescópio Hubble permitem confirmar a previsão de que a Via Láctea e a galáxia de Andrômeda (M31) se chocarão e formarão uma única galáxia. Dentro de 4 bilhões de anos, terá início a fusão das duas galáxias, que deve durar aproximadamente 2 bilhões de anos. De acordo com o modelo atual, as estrelas não se chocarão entre si nem serão destruídas, mas ocuparão novas órbitas em torno do novo centro galáctico. Isso significa que também o Sol mudará de lugar. De acordo com observações de zonas específicas da galáxia de Andrômeda feitas ao

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longo de sete anos pelo Hubble, M31 está se aproximando da Via Láctea a 402.000km/h.

2012 (5 e 6 de junho) – Ocorre um trânsito de Vênus (duração de 6h40min), que recebe a maior cobertura midiática e científica alguma vez dedicada a este fenômeno.Os sites da NASA e de diversos telescópios transmitem ao vivo o evento; a Universidade do Havaí disponibiliza dois telões e oito telescópios para que turistas possam ver (da praia) o fenõmeno em tempo real; Don Pettit faz observações e tira fotografias desde a ISS, e o Solar Dynamics Observatory obtém imagens em alta definição a partir do espaço, a 36.000km da Terra.O trânsito também proporciona a realização de diversas pesquisas: medição da diminuição do brilho de uma estrela conhecida (o Sol) pelo trânsito de um planeta conhecido (Vênus), com o objetivo de determinar com mais precisão as características de trânsitos de exoplanetas, fundamentais na descoberta de outros sistemas planetários; medição do diâmetro aparente de Vênus durante o trânsito e comparação com o diâmetro conhecido do planeta, para aprimorar a determinação das dimensões dos exoplanetas encontrados; observação da atmosfera de Vênus simultaneamente por telescópios baseados na Terra e pela Venus express, com a finalidade de obter informações acerca da estrutura atmosférica e do clima daquele planeta; estudos espectrográficos da atmosfera venusiana, bem conhecida, cujos resultados serão empregados em estudos de atmosferas desconhecidas de exoplanetas; utilização (pelo Hubble) da Lua como espelho para estudar a luz refletida por Vênus e tentar determinar dessa forma a composição atmosférica do planeta, técnica que, se bem-sucedida, pode ser empregada no estudo das atmosferas de exoplanetas.O próximo trânsito de Vênus ocorrerá em 10 e 11 de dezembro de 2117.

2012 (11 de junho) - O Conselho Diretor do Observatório Europeu do Sul aprova o projeto do European Extremely Large Telescope (E-ELT), a ser construído no Cerro Armazones, norte do Chile, a 3.060m de altitude. Com espelho refletor principal de 39,3m, será o maior telescópio óptico e infravermelho do mundo. O início das operações está previsto para 2022.

2012 (13 de junho) – A NASA lança o NuSTAR (Nuclear Spectroscopic Telescope Array), primeiro telescópio espacial capaz de criar imagens cósmicas a partir de raios-X de alta energia, do mesmo tipo que os utilizados para gerar imagens do esqueleto humano ou para escanear bagagens nos aeroportos. Com massa de 350kg, colocado em órbita terrestre a 550km de altitude e com missão primária de dois anos, tem como objetivos principais conduzir uma pesquisa detalhada de buracos negros de grande massa (1 bilhão de vezes a massa solar), entender como partículas são aceleradas a grandes velocidades em galáxias ativas e entender como elementos são criados por explosões de estrelas massivas através do estudo de remanescentes de supernovas.

2012 (14 de junho) – O asteroide 2012 LZ1, de 500m de diâmetro, passa a 5,4 milhões de km da Terra. A descoberta cabe a Robert H. McNaught e colegas (Austrália), que o observam pela primeira vez na noite de 10 para 11 de junho.

2012 (15 de junho) – A NASA anuncia que a Voyager 1 (distante 17,86 bilhões de km da Terra) pode estar muito perto de atingir a heliopausa, região que marca o limite entre o Sistema Solar e o espaço exterior. Ao longo de três anos (janeiro de 2009 a janeiro de

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2012), a Voyager detecta um aumento de 25% na quantidade de partículas carregadas provenientes do meio interestelar. A partir de 7 de maio de 2012, em apenas um mês o aumento dos raios cósmicos galácticos captados é de 9%. Tendo em vista que essas partículas costumam ser desviadas pelo vento solar no interior da heliosfera, os cientistas acreditam ser provável que a Voyager 1 esteja saindo do Sistema Solar para entrar nos domínios do espaço interestelar.

2012 (16 de junho) – É lançada a Shenzhou 9, quarta missão tripulada da China. Os tripulantes são Liu Yang (33 anos, primeira mulher chinesa no espaço), Liu Wang e Jing Haipeng (primeiro chinês a ir mais de uma vez ao espaço).Em 18 de junho, a Shenzhou se acopla ao módulo espacial Tiangong 1, onde os taikonautas realizam experimentos diversos.Em 24 de junho, a Shenzhou é desacoplada do Tiangong e reacoplada manualmente, o que constitui o principal objetivo da missão.O pouso ocorre em 29 de junho.

2012 (4 de julho) – Cientistas do CERN anunciam a descoberta de uma partícula compatível com o bóson de Higgs, com margem de erro de 1 em 3.500.000. A descoberta é o resultado da análise de 4 quatrilhões de choques de prótons realizados no LHC, captados sobretudo pelo Atlas e o CMS (Compact Muon Solenoid), os dois principais detectores do acelerador de partículas.Previsto em 1964 pelo inglês Peter Higgs, este bóson era a única partícula elementar ainda não encontrada experimentalmente das 61 que compõem o Modelo Padrão, a mais completa das teorias acerca do mundo subatômico. Segundo este modelo, bilionésimos de segundo depois do Big Bang o universo inteiro media apenas alguns centímetros e era formado por um plasma homogêneo, altamente energético, com temperatura de 10 octilhões de graus. Esse plasma teria se expandido indefinidamente, não fosse o surgimento de um campo de força (campo de Higgs) formado por bósons, os quais, interagindo com outras partículas, produziram o processo de desaceleração da energia que permitiu o surgimento de toda a matéria do universo e, mais tarde, da vida.O bóson de Higgs é, portanto, fundamental para a existência do universo que conhecemos, e a sua descoberta é considerada uma das principais realizações da ciência nas últimas décadas.

2012 (5 de julho) – Cientistas europeus e estadunidenses liderados por Jörg Dietrich (Universidade de Munique, Alemanha) publicam no site da Nature um estudo no qual afirmam ter detectado um filamento com matéria escura (58 milhões de anos-luz de extensão) ligando os aglomerados de galáxias Abell 222 e Abell 223, distantes 2,4 bilhões de anos-luz da Terra. Os pesquisadores calculam a massa do filamento estudado em 65 trilhões de massas solares, com a matéria escura representando 80% desse total.

2012 (11 de julho) – É anunciada a descoberta de S/2012 P 1 (ou P5), quinto satélite conhecido de Plutão. A identificação do astro é feita com base em nove conjuntos de imagens obtidas entre 26 de junho e 9 de julho pela Wide Field Camera 3 do telescópio Hubble.Diãmetro: de 10 a 25km; período orbital: 20,2 dias; distância média do planeta: 42.000km.

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2012 (11 de julho) – Um estudo liderado por Sebastiano Cantalupo (Universidade da Califórnia, Santa Cruz), e divulgado pelo ESO, anuncia a detecção de galáxias escuras, objetos ricos em gás mas sem estrelas. Trata-se de galáxias do universo primordial que deram origem às galáxias atuais, previstas teoricamente mas nunca observadas antes. A descoberta, feita com o Very Large Telescope, é possível observando-se uma região com raio de alguns milhões de anos-luz em torno do quasar HE 0109-3518, que ilumina os doze objetos identificados. Os astrônomos estimam que a massa de uma galáxia escura é da ordem de um bilhão de vezes a do Sol.

2012 (6 de agosto) – Depois de uma viagem de 253 dias e 563 milhões de km, o veículo explorador Curiosity pousa na região de Aeolis Palus, na cratera Gale, em Marte.Com 154km de diâmetro, a cratera Gale localiza-se no hemisfério sul marciano, próximo ao equador do planeta. O nome é uma homenagem a Walter Frederick Gale (1865-1945), banqueiro e astrônomo amador australiano.Em 22 de agosto, a NASA anuncia que o local do pouso do Curiosity passa a se denominar Ray Bradbury, em homenagem ao escritor estadunidense (1920-2012) que, em 1950, publicou “As Crônicas Marcianas”, obra de ficção científica retratando a colonização de Marte por seres humanos que abandonam uma Terra em conflito e devastada por armas atômicas.

2012 (10 de agosto) – O estadunidense An Yin, da Universidade da Califórnia em Los Angeles (UCLA), divulga um estudo segundo o qual Marte tem duas placas tectônicas, um estágio primitivo em relação à Terra e que poderia ajudar a compreender a evolução do nosso planeta. O Valles Marineris, mais longo e profundo conjunto de cânions do Sistema Solar, estaria na zona limítrofe entre essas placas.

2012 (20 de agosto) – A NASA anuncia sua próxima missão a Marte. Denominada Insight (Interior Exploration using Seismic Investigations, Geodesy and Heat Transport), a sonda deverá estudar o interior do planeta vermelho para tentar entender por que Marte evoluiu de maneira tão diferente da Terra. Espera-se que essa missão também permita compreender melhor o interior dos dois outros planetas terrestres do Sistema Solar: Mercúrio e Vênus. O cronograma prevê o lançamento para março de 2016 e o pouso para setembro do mesmo ano.

2012 (20 a 31 de agosto) – Ocorre em Pequim (China) a 28ª Assembleia Geral da UAI, com a participação de mais de 2.000 astrônomos. Os principais temas abordados são os avanços na busca das origens do Universo e dos planetas similares à Terra.

2012 (29 de agosto) – Um estudo liderado por Jes Jørgensen (Instituto Niels Bohr, Dinamarca), anuncia a descoberta, feita a partir de dados obtidos pelo Atacama Large Millimeter/submillimeter Array (ALMA), de moléculas de glicoaldeído (C2H4O2), uma forma simples de açúcar, em torno da estrela binária jovem IRAS 16293-2422, de massa comparável à do Sol, localizada a 400 anos-luz da Terra, numa região de formação estelar da constelação do Serpentário. O glicoaldeído já tinha sido observado anteriormente no espaço interestelar, mas esta é a primeira vez que é descoberto tão perto de uma estrela do tipo solar, a distâncias comparáveis à de Urano ao Sol. De acordo com Jørgensen, “esta

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molécula é um dos ingredientes na formação do ácido ribonucleico (RNA), que, assim como o DNA, é um dos ingredientes fundamentais para a vida”. Este achado demonstra que os elementos essenciais para a vida se encontram no momento e lugar adequados para poder existir nos planetas que se formam ao redor da estrela.

2012 (30 de agosto) – A NASA lança a missão Radiation Belt Storm Probes (RBSP), composta de duas sondas (1.500kg no total) desenhadas para estudar a influência do Sol sobre a Terra e os cinturões de Van Allen, duas camadas de partículas carregadas que rodeiam o nosso planeta. Os cientistas pretendem conhecer melhor o ambiente espacial em torno da Terra e encontrar formas de proteger os seres humanos e os equipamentos eletrônicos das tempestades geomagnéticas.Esta é a segunda missão do programa Living With a Star, cujo propósito é estudar como a interação entre o Sol e a Terra afeta a vida e a sociedade. O programa teve início em 2010, com o lançamento do Solar Dynamics Observatory.

2012 (5 de setembro) – A sonda Dawn deixa a órbita de Vesta e inicia sua viagem para Ceres, onde deverá chegar em fevereiro de 2015.

2012 (10 de setembro) – Cientistas liderados por Sean McMaho, da Universidade de Aberdeen (Escócia) apresentam um modelo científico segundo o qual mais planetas do que se pensava podem abrigar vida. De acordo com o estudo, não é necessário que um planeta tenha água líquida na superfície para ser habitável. Os pesquisadores argumentam que água subterrânea mantida em forma líquida por calor gerado pelo próprio planeta oferece condições para a vida, ao menos microbiana.

2012 (11 de setembro) – Um estudo liderado por Paul Hayne, do Laboratório de Propulsão a Jato (JPL, na sigla em inglês), da NASA, informa a detecção, pela Mars Reconnaissance Orbiter, de uma nuvem de dióxido de carbono congelado (gelo seco) de 500km acima do polo sul de Marte, suficientemente grande para que o material caia e fique acumulado na superfície. Falta determinar ainda se a queda ocorre em forma de neve ou de geada, que congela no solo.

2012 (14 de setembro) – Um estudo liderado por Sam Quinn, da Universidade do Estado da Geórgia, em Atlanta, encontra as primeiras evidências de que planetas podem se formar e sobreviver ao redor de estrelas semelhantes ao Sol que fazem parte de aglomerados estelares. São anunciados dois planetas, Pr0201b e Pr0211b, gigantes gasosos que orbitam estrelas separadas pertencentes ao aglomerado aberto Beehive (M44), conhecido como Presépio, localizado na constelação de Câncer, a 577 anos-luz da Terra. Visível a olho nu (magnitude aparente 3,7), é formado por cerca de mil estrelas que ocupam uma área com diâmetro de 23 anos-luz.

2012 (17 de setembro) – Responsáveis pela missão GRAIL informam que, de acordo com dados obtidos pelas sondas, a crosta da Lua é bem mais fina do que se imaginava.

2012 (20 de setembro) – Dois artigos publicados na Science, escritos por Thomas Prettyman (cientista da missão Dawn) e Brett Denevi (Universidade Johns Hopkins), sugerem que materiais voláteis (provavelmente água) preencheram um dia uma região do

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equador de Vesta e que tiveram papel importante na formação da superfície e da geologia atuais do asteroide.

2012 (24 de setembro) – Dados do Chandra (NASA), do Suzaku (JAXA) e do XMM-Newton (ESA) indicam que a Via Láctea está rodeada por um halo com centenas de milhares de anos-luz de extenssão e massa entre 10 bilhões e 60 bilhões de sóis, comparável à massa de todas as estrelas da Galáxia somadas.

2012 (27 de setembro) – Cientistas da Nasa afirmam que há indícios de que o local do pouso do Curiosity já esteve coberto de água. Pedras arredondadas encrustadas nas rochas são grandes demais para terem sido transportadas pelo vento e apresentam características indicativas de terem estado um dia no leito de um rio.

2012 (7 a 22 de outubro) – Primeira missão comercial de reabastecimento da cápsula Dragon (SpX-1) à ISS. A Dragon leva 454kg de equipamentos, incluindo material necessário à realização de 166 experimentos científicos, e volta com 758kg de equipamentos diversos, incluindo material de informática.A Spassex tem contrato com a Nasa para doze missões de reabastecimento, ao custo de 1,6 bilhões de dólares.

2012 (14 de outubro) – Uma equipe liderada pela geóloga Yang Liu (Universidade do Tennessee, EUA) publica na revista Nature Geoscience um artigo afirmando que a superfície da Lua contém cristais com restos de água em seu interior. Os dados são obtidos por meio da análise de amostras de rochas lunares trazidas pelas missões Apollo. Liu acredita que íons de hidrogênio transportados pelo vento solar estão presentes na água encontrada na Lua, e o mesmo pode acontecer em outros componentes do Sistema Solar. Na Terra, esses íons são bloqueados pela atmosfera e pelo campo magnético.

2012 (15 de utubro) – Uma equipe liderada por Meg Schwamb, da universidade de Yale (Connecticut, EUA), anuncia a descoberta do primeiro planeta em um sistema quádruplo de estrelas. Denominado PH1, o planeta orbita duas estrelas em 138 dias, e as outras duas integrantes do sistema estelar estão distantes cerca de 150 bilhões de km. O astro tem aproximadamente seis vezes o tamanho da Terra e dista de nós cerca de 5.000 anos-luz.Identificado inicialmente pelos astrônomos amadores estadunidenses Kian Jek e Robert Gagliano, por meio do site Planethunters.org (daí o nome PH1), criado justamente para que amadores possam encontrar exoplanetas, o objeto tem a existência posteriormente confirmada por profissionais britânicos e estadunidenses, que fazem observações com os telescópios Keck, localizados no monte Mauna Kea, Havaí.

2012 (16 de outubro) – É anunciada a descoberta de Alfa Centauri Bb, o exoplaneta mais próximo da Terra (4,37 anos-luz) e o de menor massa (1,13 massa terrestre) orbitando uma estrela semelhante ao Sol encontrado até o momento. Está fora da zona de habitabilidade de Alfa Centauri B, em torno da qual completa uma órbita, à distância média de 6 milhões de km (4% da distância Terra-Sol), em 3,236 dias (3d5h39min24,5s), com temperatura superficial de 1.200°C (2,6 vezes a de Vênus).

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O exoplaneta é encontrado, após quase quatro anos de pesquisas, por uma equipe liderada por Xavier Dumusque (Observatório de Genebra, Suíça, e Centro de Astrofísica da Universidade do Porto, Portugal), que publica um artigo científico sobre o tema no site da Nature. A detecção é feita com a ajuda do espectrógrafo HARPS, localizado no Observatório de La Silla (Chile).

Essa descoberta é significativa, um avanço importante na busca de um planeta similar à Terra nas vizinhanças do Sistema Solar.

2012 (19 de outubro) – A ESA anuncia a missão Cheops (CHaracterising ExOPlanets Satellite), constituída de um telescópio espacial a ser lançado em 2017 e colocado numa órbita a 800km da Terra. O objetivo principal é estudar a formação, as dimensões e a composição de planetas extrassolares girando em torno de estrelas próximas e brilhantes.

2012 (24 de outubro) – Uma equipe liderada por Roberto Saito (Pontificia Universidad Católica de Chile, Universidad de Valparaíso e The Milky Way Millennium Nucleus, Chile) divulga o maior catálogo estelar da região central da Via Láctea já elaborado. Compilado a partir de dados em infravermelho obtidos pelo telescópio Vista, o catálogo contém aproximadamente 84 milhões de estrelas, dez vezes mais que os melhores estudos anteriores da região.

2012 (6 de novembro) – Uma equipe internacional liderada por David Sobral, da universidade de Leiden (Holanda), publica no Monthly Notices of the Royal Astronomical Society o estudo mais completo já realizado sobre o índice de formação estelar do Universo. Segundo a pesquisa, o pico ocorreu há 11 bilhões de anos (2,7 bilhões de anos depois do Big Bang), e metade de todas as estrelas produzidas até hoje no Universo surgiu entre 11 bilhões e 9 bilhões de anos atrás. A taxa atual é 30 vezes menor, e o declínio deve continuar. Contudo, ao contrário do que acontece em grande número de galáxias, na Via Láctea as estrelas continuam surgindo a um ritmo bastante bom.

2012 (21 de novembro) – Astrônomos liderados por José Luis Ortiz (Instituto de Astrofísica de Andalucía, CSIC, Espanha) publicam na Nature os resultados de observações do planeta anão Makemake realizadas a partir de três telescópios localizados no Chile: Very Large Telescope (VLT), New Technology Telescope (NTT) e TRAPPIST. Os dados são obtidos quando o astro sofre uma ocultação estelar. A maneira abrupta como Makemake ressurge após passar por trás da estrela NOMAD 1181-023572 leva os cientistas a concluir que, ao contrário do que se pensava, o planeta anão não tem uma atmosfera significativa (como a de Plutão, por exemplo). Ademais, são refinadas as medições do diâmetro (1.430km), da massa (3 quintilhões de toneladas), da densidade (1,7g/cm3) e do albedo (0,77).

2012 (28 de novembro) – Astrônomos liderados por Remco van den Bosch (Instituto Max Planck de Astronomia, Heidelberg, Alemanha) publicam na Nature a descoberta, feita com o telescópio Hobby-Eberly (Texas, EUA), de um buraco negro supermassivo na galáxia NGC 1277, a 220 milhões de anos-luz da Terra, na constelação de Perseu. O objeto tem

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diâmetro de 100 bilhões de km e massa equivalente a 17 bilhões de vezes a do Sol, o que corresponde a 14% de toda a massa estelar da galáxia, algo nunca antes visto (o normal é até 0,1%).

2012 (29 de novembro) – A NASA informa a descoberta, pela Messenger, de fortes evidências da existência de água em estado sólido em crateras do polo norte de Mercúrio. Apesar de ser o segundo planeta mais quente do Sistema Solar, a inclinação do eixo de rotação mercuriano faz com que muitas crateras polares nunca recebam calor do Sol e tenham temperaturas comparáveis às das luas geladas de Júpiter. E em algumas dessas crateras, especialmente numa denominada Prokofiev, medições indicam a presença de gelo, bem como de materiais orgânicos semelhantes aos encontrados em alguns asteroides e cometas. Observações feitas a partir de telescópios terrestres já haviam sugerido que há gelo nos polos de Mercúrio, mas essa é a primeira vez que se encontram evidências verdadeiramente consistentes.

2012 (3 de dezembro) – A NASA anuncia os resultados da primeira análise ampla de uma amostra de solo marciano realizada pelo Curiosity. Na amostra, composta de areia descrita por um dos cientistas da missão como “mais áspera do que farinha e mais fina do que açúcar”, são encontrados dióxido de carbono, oxigênio e dióxido de enxofre, além de uma quantidade significativa de água.

2012 (3 de dezembro) – Cientistas da NASA anunciam, em entrevista coletiva, que a Voyager 1 chegou a uma região até agora desconhecida da heliosfera. Nessa região, descrita como uma “estrada magnética”, a pressão do meio interestelar empurra de volta o campo magnético solar, ao mesmo tempo em que partículas provenientes do meio interestelar entram no Sistema Solar. Os cientistas acreditam que esta seja a última etapa na viagem da sonda rumo ao espaço interestelar. Conforme os pesquisadores, a Voyager 1 (que neste momento está a 18,5 bilhões de km do Sol) deverá sair do Sistema Solar num prazo de dois meses a dois anos.

2012 (3 de dezembro) – Um estudo liderado por Emmanuel Marcq, do Laboratoire Atmosphères, Milieux, Observations Spatiales, na França, sugere que pode haver atividade vulcânica em Vênus. Uma evidência apontada é que, nos últimos seis anos, observações da Venus Express revelaram grande mudança na quantidade de dióxido de enxofre na atmosfera venusiana. Ademais, apesar de esse gás existir na atmosfera de Vênus em proporções muito superiores às encontradas na atmosfera terrestre, ele se concentra abaixo do denso sistema de nuvens do planeta, sendo destruído ao ultrapassá-las e entrar em contato com a radiação solar. E a Venus Express encontrou dióxido de enxofre acima das nuvens venusianas, o que indica formação recente. Há diversos vulcões conhecidos na superfície de Vênus, e os cientistas tentam estabelecer se estão ativos (ao menos alguns deles) ou não.

2012 (5 de dezembro) – Três estudos sobre resultados da missão Grail são apresentados na conferência anual da American Geophysical Union, em San Francisco, e publicados na versão online da revista Science. A descoberta mais surpreendente é a de que a crosta lunar foi quase totalmente (98%) pulverizada no passado por impactos de asteroides e cometas. A existência desses impactos é conhecida há muito, mas não se sabia que tinham ocorrido em

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tais proporções. Outra descoberta é a espessura da crosta lunar: de 34 a 43km, entre 6 e 12km menos do que indicavam as estimativas disponíveis. Daí resulta que a composição da Lua é bastante parecida com a da Terra, o que reforça a teoria de que nosso satélite foi formado a partir de material terrestre arrancado após um grande impacto nos primórdios do Sistema Solar.

2012 (13 de dezembro) – A Chang'e 2 sobrevoa o asteroide 4179 Toutatis à distância de 3,2km. No mesmo dia, imagens do sobrevoo são publicadas online.Descoberto em 4 de janeiro de 1989 pelo astrônomo francês Christian Pollas, o astro tem diâmetro de 4,5 x 2,4 x 1,9km, período orbital de 1469,3 dias (4,02 anos) e órbita o Sol à distância média de 378,3 milhões de km. A massa estimada é de 50 bilhões de toneladas.É a primeira vez que uma sonda chega a um asteroide partindo de um ponto de Lagrange. E é também o primeiro sobrevoo de um asteroide por uma espaçonave chinesa.

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Fontes de consulta

A pesquisa para a elaboração deste trabalho exigiu a leitura de milhares de páginas e a consulta a muitas centenas de artigos, notícias e sites. Vincular cada informação apresentada à sua fonte de consulta (ou fontes, porque com frequência foram várias) seria tão complexo e intrincado que se tornaria impraticável. Como escreve Orlando Neves em seu “Dicionário da Origem das Palavras (Leya, 2012), acerca de uma lista exaustiva de fontes, “Para o leitor vulgar, tornar-se-ia desinteressante tal lista; para o especialista nada traria de novo”. Dessa forma, mesmo consciente de que apenas colocar no final da cronologia uma lista das principais fontes consultadas compromete a verificação dos fatos registrados, o autor optou por esse formato, por questões de simplificação. Contudo, para provar que a pesquisa é séria e extremamente cuidadosa, lançamos aqui um desafio: escolha o leitor, aleatoriamente, algumas informações incluídas em Seis Mil Anos de História do Céu e realize uma pesquisa. Constatará, então, o cuidado colocado em cada palavra, em cada conceito formulado.Como foi dito na introdução a este trabalho, o autor é autodidata em astronomia há três décadas e acumulou experiência suficiente para distinguir entre ciência e especulação, fatos e teorias. Seis Mil Anos de História do Céu foi elaborado, portanto, com o rigor científico inerente a trabalhos profissionais.A seguir, a lista das principais fontes consultadas.

1. Fontes impressas

1.1. Livros

– Astronomia (coleção originalmente publicada em 46 fascículos, depois encadernados em 3 volumes). Rio de Janeiro: Riográfica, 1985-1986.– Conhecer Universal (enciclopédia originalmente publicada em 145 fascículos, depois encadernada em 13 volumes). São Paulo: Abril, 1981-1983.- A dança do universo, de Marcelo Gleiser. Schwarcz: São Paulo, 1997.– Dicionário Enciclopédico de Astronomia e Astronáutica, de Ronaldo Rogério de Freitas Mourão. 2ª ed. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1995. – La Revolución Científica de los Siglos XVI y XVII, de Antoni Baig e Montserrat Agustench. Madri: Editorial Alhambra, 1987.– Yo, Galileo, de Yves Chéraqui. Madri: Grupo Anaya, 1990.

1.2. Revistas

- Astronomy & Astrophysics - Geology- Icarus– Nature– Proceedings of the National Academy of Sciences– Sciense

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– Superinteressante.– USA Weekend (EUA)– Veja.

2. Fontes digitais

– Agência Fapesp: <http://www.agencia.fapesp.br/>.Astro News (Notícias do Astronomy & Astrophysics, da Royal Astronomical Society, de universidades, de diversas agências de notícias, da NASA, do ESO, etc.): <http://cosmonovas.blogspot.com>– BBC Brasil: <http://www.bbc.com.uk/portuguese/>.- ESA (European Space Agency): <http://www.esa.int>.ESO (European Southern Observatory: <http://www.eso.org/public/>– Folha Online: <http://www.folha.uol.com.br/>.- NASA: <http://www.nasa.gov>.- New Scientist: <http://www.newscientist.com>.– Observatório da Universidade Federal de Minas Gerais – Notícias diárias de astronomia: <http://www.observatorio.ufmg.br/noticias_diarias.htm >.– Observatório Nacional: <http://www.on.br>.– Sociedade Brasileira dos Amigos da Astronomia <http://www.sbaa.com.br/cronologia.htm>.– Supernovas – Boletim brasileiro de astronomia: <http://www.supernovas.cjb.net>.– Terra - espaço – (Notícias sobre ciência das agências Efe, France Press, Associated Press e Reuters, do The New York Times, etc.): http://noticias.terra.com.br/ciencia/ultimas/0,,EI238-PRS,00.html>.– Uranometria Nova: <http://www.uranometrianova.pro.br/>.- Wikipedia, the free encyclopedia: <http://www.en.wikipedia.org>.Também foram consultadas as Wikipédias em alemão, espanhol, francês, italiano e português.