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SELEÇÃO DE BOMBA CENTRÍFUGA PARA ELEVAÇÃO ARTIFICIAL EM POÇO DE PETRÓLEO OFFSHORE DO PÓS SAL BRASILEIRO Lucas Gonzalez Faria Projeto de Graduação apresentado ao Curso de Engenharia Mecânica da Escola Politécnica, Universidade Federal do Rio de Janeiro, como parte dos requisitos necessários à obtenção do título de Engenheiro Mecânico. Orientador: Reinaldo De Falco Rio de Janeiro Dezembro de 2019

SELEÇÃO DE BOMBA CENTRÍFUGA PARA ELEVAÇÃO ARTIFICIAL …

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Page 1: SELEÇÃO DE BOMBA CENTRÍFUGA PARA ELEVAÇÃO ARTIFICIAL …

SELEÇÃO DE BOMBA CENTRÍFUGA PARA ELEVAÇÃO

ARTIFICIAL EM POÇO DE PETRÓLEO OFFSHORE DO PÓS

SAL BRASILEIRO

Lucas Gonzalez Faria

Projeto de Graduação apresentado ao Curso de

Engenharia Mecânica da Escola Politécnica,

Universidade Federal do Rio de Janeiro, como parte

dos requisitos necessários à obtenção do título de

Engenheiro Mecânico.

Orientador: Reinaldo De Falco

Rio de Janeiro

Dezembro de

2019

Page 2: SELEÇÃO DE BOMBA CENTRÍFUGA PARA ELEVAÇÃO ARTIFICIAL …

i

Faria, Lucas Gonzalez

Seleção de Bomba Centrífuga para Elevação

Artifical em Poço de Petróleo Offshore do Pós sal

Brasileiro/Lucas Gonzalez Faria – Rio de Janeiro:

UFRJ/ Escola Politécnica, 2019.

XIV, 81 p.: il.; 29,7 cm.

Orientador: Reinaldo de Falco

Projeto de Graduação – UFRJ/ Escola Politécnica/

Curso de Engenharia Mecânica, 2019.

Referências Bibliográficas: p. 67-69.

1. Bombas Hidráulicas. 2. Sistema de Elevação

Artificial. 3. Indústria de Exploração Offshore. 4.

Equipamentos de Extração Secos. 5. Estudo de

Sistema Hidráulicos. I. De Falco, Reinaldo. II.

Universidade Federal do Rio de Janeiro, Escola

Politécnica, Curso de Engenharia Mecânica. III.

Seleção de Bomba Centrífuga para Elevação

Artificial em Poço de Petróleo Offshore no Pós sal

Brasileiro.

Page 3: SELEÇÃO DE BOMBA CENTRÍFUGA PARA ELEVAÇÃO ARTIFICIAL …

ii

Dedico este trabalho à minha

família, jamais deixaram de

acreditar em mim e me

apoiaram em toda decisão na

minha vida.

Page 4: SELEÇÃO DE BOMBA CENTRÍFUGA PARA ELEVAÇÃO ARTIFICIAL …

iii

Agradecimentos Gostaria de agradecer primeiramente à minha família. Minha mãe, Regina, que é

o meu maior exemplo de dedicação e cuidado, de profissional e de mostrar que nada é

impossível. Meu pai, Luiz Eduardo, que me mostrou desde criança o que é ser íntegro,

carinho, respeitoso e ainda por cima um engenheiro mecânico do maior nível que pude

encontrar. Minha irmã, Roberta, que ajudou na escolha do meu curso, me mostrou

várias vertentes e sempre esteve no meu lado durante toda essa caminhada. Meu

padrinho e madrinha, Paulo e Ana Cristina, por todo o amor e preocupação em toda a

minha vida. Meu tio e tia, Aurélio e Anna Claudia, pelos conselhos nos momentos

difíceis e momentos de incerteza. À minha tia Denise, por ser uma pessoa que sempre

pude contar. A todos os meus primos pela presença e palavras quando precisei.

Agradeço ao meu orientador Reinaldo de Falco, por uma das melhores aulas que

tive na UFRJ, influenciador forte, mesmo sem saber, pela minha escolha de tema de

projeto final.

Aos meus amigos da UFRJ, por serem o que melhor encontrei de qualidade de

estudantes e profissionais, pelo companheirismo e amizade nos anos de faculdade, por

todas as ajudas em estudos e muito mais. Alvaro, Arthur, Bernardo, Gabriel, Gustavo,

Pegoretti, Deforme, Luiz Paulo, Matheus Dos Santos, Matheus Costa, Pedro, Rafael,

Renan, Ronaldo, Thiago, Thainara e Victor, vocês foram essenciais para mim.

Aos meus amigos do Santo Inácio que apesar do distanciamento da vida sempre

estiveram presentes, preocupados comigo e me ajudando em tudo que precisei. Bruno,

Frederico, Guilherme, João Pedro, Nicolas, Pedro Henrique, Stefano e Vitor, obrigado

por todo esse tempo juntos.

À equipe de competição Minerva Baja UFRJ e todos com que convivi nela. Nos

quase 2 anos que passei trabalhando aprendi como nunca o significado de dedicação,

amor ao que se faz, propósito, trabalho em grupo, engenharia e liderança.

Aos meus colegas de trabalho na Baker Hughes/GE que viraram amigos.

Fernanda, Flavia, Giulia, Geovanny, Isabelle, João, Larissa, Leandro, Tarso, Thais,

Victor e Yasmine, obrigado pelos ensinamentos e por todo aprendizado profissional.

Obrigado aos meus amigos do intercâmbio, Francisco, Gustavo, Dieuwke, Julie,

Page 5: SELEÇÃO DE BOMBA CENTRÍFUGA PARA ELEVAÇÃO ARTIFICIAL …

iv

Paolo, Mattia, Irene, Gloria, Preetham, Vishal, Suraj, Elena, Emmanuelle, Chez,

Jennifer e Chris, por um dos melhores anos da minha vida na Suécia.

Agradeço à UFRJ e Escola Politécnica por todas as oportunidades para mim

ofertadas e também à estrutura fornecida, não só a mim, mas a todos os estudantes.

Obrigado à KTH, universidade que me acolheu esplendorosamente bem em um

país tão distante, me fazendo sentir em casa desde antes de receber a carta de aceite.

Page 6: SELEÇÃO DE BOMBA CENTRÍFUGA PARA ELEVAÇÃO ARTIFICIAL …

v

“Diga-me e eu esquecerei.

Ensina-me e eu lembrarei.

Envolva-me e eu

aprenderei."

Benjamin Franklin

Page 7: SELEÇÃO DE BOMBA CENTRÍFUGA PARA ELEVAÇÃO ARTIFICIAL …

vi

Resumo do Projeto de Graduação apresentado à Escola Politécnica/ UFRJ como parte dos

requisitos necessários para a obtenção do grau de Engenheiro Mecânico.

SELEÇÃO DE BOMBA CENTRÍFUGA PARA ELEVAÇÃO ARTIFICIAL EM

POÇO DE PETRÓLEO OFFSHORE DO PÓS SAL BRASILEIRO.

Lucas Gonzalez Faria

Dezembro/2019

Orientador: Reinaldo de Falco

Curso: Engenharia Mecânica

O mundo segue o caminho da transição da matriz energética. Cada vez mais vemos o

crescimento de fontes renováveis na matriz mundial. Entretanto ainda há uma grande

contribuição da indústria de óleo e gás no fornecimento de energia e o Brasil é um país

que atualmente se destaca neste quesito. Nossa principal operadora começou a

desinvestir ativos menores o que abriu o mercado para a entrada de empresas

independentes menores. Estas empresas têm o foco de aumentar produção rapidamente

e elevar ao máximo sua eficiência operacional. Para aumentar a produção podemos inserir

um sistema de bombeio centrífugo submerso, elevação artificial, que será o tema deste trabalho.

Será feito um estudo de caso do poço POL-011 no campo de Polvo. O objetivo será

dimensionar e selecionar uma bomba capaz de elevar petróleo com pressões de sucção e

descarga iguais a 6667 kPa e 19395 kPa, respectivamente, e que a tubulação passa por

equipamento onshore de produção até chegar à plataforma. Foi realizado um estudo,

através de dados fornecidos e calculados, sobre o sistema que essa bomba é aplicada. Os

cálculos de comprimentos, perdas de carga e construção da curva do sistema e definição

do ponto de operação são feitos durante o projeto. Duas bombas foram consideradas. Ao

final desse estudo uma bomba foi selecionada através de uma análise técnica.

Palavras-chave: Mercado de Óleo e Gás; Desinvestimentos; Elevação Artificial;

Bombeio Centrífugo Submerso; Viscosidade; Seleção de Bomba.

Page 8: SELEÇÃO DE BOMBA CENTRÍFUGA PARA ELEVAÇÃO ARTIFICIAL …

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Abstract of Undergraduate Project presented to POLI/UFRJ as a partial fulfillment of the

requirements for the degree of Mechanical Engineer.

CENTRIFUGAL PUMP SELECTION FOR ARTIFICIAL LIFT IN OFFSHORE OIL

WELL ON THE BRAZILIAN POST SALT

Lucas Gonzalez Faria

December/2019

Advisor: Reinaldo de Falco

Course: Mechanical Engineering

The world follows on the path of energy matrix transition. More and more we see a

growth of renewable’s sources in the world matrix. However, there is still a big

contribution of the oil and gas industry in the energy supply and Brazil it’s a country

currently on the spotlight for this. Our main operator began to divest smaller assets

opening the market to small independent companies. This companies tend to focus on

fast enhancement of production and elevation of their operational efficiency. This

enhancement can be done through the application of electrical submersible pumping

systems, artificial lift, which will be the topic of this work. A case study will be done of

the POL-011 well in the Polvo field. The objective will be to scale and select a pump

capable of elevating oil with suction and discharge pressures equals to 6667 kPa and

19395 kPa, respectively, and that the pipe goes through some onshore production

equipment until reaches the platform. A study was conducted, with data provided and

calculated, about the system the pump is applied. Length calculations, load loss, system

curve and the operation point are done throughout the project. Two pumps we

considered. Finally, a pump is chosen through a technical analysis.

Keywords: Oil and Gas Market; Divestments; Secondary Recovery; Artificial Lift;

Electrical Submersible Pumping; Viscosity; Pump Selection;

Page 9: SELEÇÃO DE BOMBA CENTRÍFUGA PARA ELEVAÇÃO ARTIFICIAL …

viii

Sumário

Lista de Figuras ................................................................................................................ xi

Lista de Tabelas ............................................................................................................. xiii

1 . INTRODUÇÃO ......................................................................................................... 1

1.1 Motivação ................................................................................................................1

1.2 Objetivo e Estrutura .................................................................................................5

2 . MÉTODOS DE ELEVAÇÃO ................................................................................... 7

2.1 Elevação Natural......................................................................................................7

2.2 Elevação Artificial ...................................................................................................8

2.2.1 Gas Lift .............................................................................................................8

2.2.1.1 Gas Lift Contínuo (GLC) .............................................................................9

2.2.1.2 Gas Lift Intermitente (GLI) .........................................................................9

2.2.1.3 Escolha do Tipo de Gas Lift ........................................................................9

2.2.2 Bombeio Mecânico por Haste (BM) ..............................................................10

2.2.3 Bombeio por Cavidades Progressivas (BCP) .................................................11

2.2.4 Bombeio Centrífugo Submerso (BCS) ...........................................................12

2.2.4.1 Bomba ........................................................................................................14

2.2.4.2 Sucção da Bomba e Separador de Gás ......................................................15

2.2.4.3 Selo/Protetor ..............................................................................................15

2.2.4.4 Motor Elétrico ...........................................................................................15

3 . REVISÃO BIBLIOGRÁFICA .................................................................................. 17

3.1 Escoamentos ..........................................................................................................17

3.1.1 Perda de Carga (hf) .........................................................................................17

3.1.1.1 Perda de Carga Normal (hfN) .....................................................................17

3.1.1.2 Perda de Carga Localizada (hfL) ................................................................18

3.1.1.2.1 Método Direto ......................................................................................18

3.1.1.2.2 Método do Comprimento Equivalente .................................................18

3.1.2 Associação de Tubulações ..............................................................................19

3.1.2.1 Tubulações em Série ..................................................................................19

3.1.2.2 Tubulações em Paralelo .............................................................................20

3.2 Bombas ..................................................................................................................20

Page 10: SELEÇÃO DE BOMBA CENTRÍFUGA PARA ELEVAÇÃO ARTIFICIAL …

ix

3.2.1 Classificação das Bombas ..............................................................................21

3.2.2 Características das Bombas ............................................................................21

3.2.2.1 Dinâmicas ou Turbobombas ......................................................................21

3.2.2.2 Volumétricas ou de Descolamento Positivo ..............................................22

3.2.3 Curvas Características das Bombas ................................................................22

3.2.3.1 Curva Head (H) x Vazão (Q) ....................................................................23

3.2.3.2 Curva de Potência (Potabs) x Vazão (Q).....................................................23

3.2.3.3 Curva de Rendimento Total (η) x Vazão (Q) ............................................23

3.2.4 Fatores que modificam as curvas características ............................................23

3.2.4.1 Efeito da viscosidade nas curvas características........................................23

3.2.5 Características principais do sistema ..............................................................25

3.2.5.1 Altura Manométrica Total – Head (H) ......................................................25

3.2.5.2 Altura Manométrica de Sucção – Head de Sucção (HS) ...........................26

3.2.5.3 Altura Manométrica de Descarga – Head de Descarga (HD) ....................27

3.2.5.4 Especificação da Curva do Sistema ...........................................................28

3.2.6 Determinação do Ponto de Operação .............................................................29

3.2.7 Associação de Bombas ...................................................................................30

3.2.7.1 Associação de Bombas em Série ...............................................................30

3.2.7.2 Associação de Bombas em Paralelo ..........................................................31

3.2.8 Cavitação ........................................................................................................31

3.2.9 NPSH disponível ............................................................................................32

3.2.10 NPSH requerido............................................................................................32

3.2.11 Análise da Cavitação ....................................................................................33

4 . ESTUDO DE CASO ................................................................................................. 34

4.1 Análise da Configuração .......................................................................................35

4.2 Premissas do Projeto ..............................................................................................37

4.3 Informações do Projeto ..........................................................................................37

4.3.1 Materiais .........................................................................................................39

4.3.2 Fluído de Trabalho ........................................................................................ 40

4.3.3 Análise da Tubulação e Acessórios das Linhas ............................................ 41

4.3.4 Dados de Operação ....................................................................................... 43

4.3.5 Análise do Escoamento ..................................................................................44

4.4 Memória de Cálculo ..............................................................................................45

Page 11: SELEÇÃO DE BOMBA CENTRÍFUGA PARA ELEVAÇÃO ARTIFICIAL …

x

4.4.1 Head Estático ..................................................................................................45

4.4.2 Head de Fricção ..............................................................................................45

4.4.2.1 Perda de Carga na Sucção .........................................................................45

4.4.2.2 Perda de Carga na Descarga ......................................................................46

4.4.2.3 Cálculo do Head de Fricção ......................................................................48

4.4.3 Head e Curva do Sistema ...............................................................................50

4.4.4 NPSH disponível............................................................................................ 51

5 . SELEÇÃO DA BOMBA ........................................................................................... 52

5.1 Bomba Baker Hughes – 1a Opção .........................................................................52

5.1.1 Análise da Influência da Viscosidade .............................................................54

5.1.2 Curvas Corrigidas da Bomba Baker Hughes ..................................................56

5.2 Bomba Schlumberger – 2a Opção..........................................................................58

5.2.1 Análise da Influência da Viscosidade .............................................................59

5.2.2 Curvas Corrigidas das Bomba Schlumberger .................................................61

5.3 Comparação e escolha da bomba...........................................................................63

5.4 Verificação do NPSH requerido para bomba Schlumberger .................................64

6 . CONCLUSÃO .......................................................................................................... 65

7 . REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ..................................................................... 67

ANEXOS ......................................................................................................................... 70

A. Tabelas de Comprimento Equivalente ..................................................................... 70

B. Rugosidade do Revestimento Duoline .................................................................... 72

C. Curvas da Bombas Baker Hughes ........................................................................... 73

D. Curvas da Bomba Schlumberger ............................................................................. 75

E. NPSH requerido Bomba Schlumberger ................................................................... 81

Page 12: SELEÇÃO DE BOMBA CENTRÍFUGA PARA ELEVAÇÃO ARTIFICIAL …

xi

Lista de Figuras

Figura 1.1 – Divisão da matriz energética mundial ...........................................................1

Figura 1.2 – Estação de recarga Tesla ...............................................................................2

Figura 1.3 – Demanda de energia por matriz no mundo ...................................................2

Figura 1.4 – Polígono do Pré-sal (Em Azul) .................................................................... 3

Figura 2.1 – Ciclo de vida de um poço ..............................................................................7

Figura 2.2 – Sistema de Gas Lift .......................................................................................9

Figura 2.3 – Sistema de Bombeio Mecânica “Cavalo” .....................................................9

Figura 2.4 – Configuração de Bombeio Mecânico ........................................................ 10

Figura 2.5 – Sistema BCP .............................................................................................12

Figura 2.6 – Configuração do Sistema BCS ................................................................... 13

Figura 2.7 – Exemplo de configuração da bomba e seus acessórios ..............................14

Figura 2.8 – Estágio de uma bomba ............................................................................... 14

Figura 2.9 – Sucção da bomba ........................................................................................15

Figura 2.10 – Motor Elétrico para Bomba ..................................................................... 16

Figura 3.1 – Ábaco de Moody ........................................................................................18

Figura 3.2 – Tubulação em série .....................................................................................19

Figura 3.3 – Tubulação em paralelo ................................................................................20

Figura 3.4 – Classificação dos principais tipos de bombas .............................................21

Figura 3.5 – Bomba Centrífuga (Dinâmica) ....................................................................22

Figura 3.6 – Bomba Lobular (Volumétrica) ...................................................................22

Figura 3.7 – Curva característica de uma bomba ............................................................23

Figura 3.8 – Carta para correção de curvas para fluídos viscosos ...................................24

Figura 3.9 – Sistema de bombeamento simplificado .......................................................26

Figura 3.10 – Sistema de Sucção .....................................................................................27

Figura 3.11 – Sistema de Descarga .................................................................................28

Figura 3.12 – Curva do Sistema ..................................................................................... 29

Figura 3.13 – Ponto de trabalho do sistema ....................................................................30

Figura 3.14 – Bombas associadas em série ....................................................................30

Figura 3.15 – Bombas associadas em paralelo ................................................................31

Figura 3.16 – Ponto de operação em cavitação ..............................................................32

Figura 3.17 – Curva de NPSH requerido x Vazão ...........................................................33

Figura 3.18 – Máxima vazão para evitar cavitação .........................................................33

Page 13: SELEÇÃO DE BOMBA CENTRÍFUGA PARA ELEVAÇÃO ARTIFICIAL …

xii

Figura 4.1 – Campo de Polvo ..........................................................................................34

Figura 4.2 – Plataforma Fixa “Polvo A” .........................................................................35

Figura 4.3 – Simplificação do arranjo do poço POL-011................................................36

Figura 4.4 – Esquemático do poço com tubulações em série ........................................ 38

Figura 4.5 – Curva do Head de Fricção...........................................................................49

Figura 4.6 – Head do Sistema .........................................................................................50

Figura 5.1 – Bomba Baker Hughes ................................................................................. 53

Figura 5.2 – Curva da bomba Baker P31 Série 538 ........................................................53

Figura 5.3 – Carta para correção bomba Baker .............................................................. 55

Figura 5.4 – Curva de Head e Eficiência corrigida para bomba Baker ...........................56

Figura 5.5 – Curva de potência absorvida corrigida para bomba Baker .........................56

Figura 5.6 – Curva de Head para 1 bomba Baker e para 4 bombas Baker em série .......57

Figura 5.7 – Ponto de operação para bomba Baker .........................................................57

Figura 5.8 – Curva da bomba Schlumberger SN3600 .....................................................59

Figura 5.9 – Carta para correção bomba Schlumberger ..................................................60

Figura 5.10 – Curva de Head e Eficiência corrigida para bomba Schlumberger ............61

Figura 5.11 – Curva de potência absorvida corrigida para bomba Baker .......................61

Figura 5.12 – Curva de Head para 1 bomba Schlumberger e para 4 bombas

Schlumberger em série ...................................................................................................62

Figura 5.13 – Ponto de operação para bomba Schlumberger ..........................................62

Figura A.1 – Comprimentos equivalentes de entrada e saídas ........................................70

Figura A.2 – Comprimentos equivalentes para mudanças de diâmetro ..........................70

Figura A.3 – Comprimentos equivalentes para acessórios e válvulas .............................71

Figura A.4 – Comprimentos equivalentes para curvas e joelhos ....................................71

Figura B.1 – Rugosidade do Revestimento Duoline por tipo de tubo .............................72

Figura C.1 – Curva da bomba Baker P17 Série 538 ........................................................73

Figura C.2 – Curva da bomba Baker P23 Série 538 ........................................................73

Figura C.3 – Curva da bomba Baker P37 Série 538 ........................................................74

Figura C.4 – Curva da bomba Baker P47 Série 538 ........................................................74

Figura D.1 – Curva da bomba Schlumberger GN1600 ...................................................75

Figura D.2 – Curva da bomba Schlumberger GN2100 ...................................................76

Figura D.3 – Curva da bomba Schlumberger GN4000 ...................................................77

Figura D.4 – Curva da bomba Schlumberger HN13500 .................................................78

Figura D.5 – Curva da bomba Schlumberger J7000N.....................................................79

Figura D.6 – Curva da bomba Schlumberger SN2600 ....................................................80

Page 14: SELEÇÃO DE BOMBA CENTRÍFUGA PARA ELEVAÇÃO ARTIFICIAL …

xiii

Figura E.1 – Curva de NPSH requerido da bomba Schlumberger ..................................81

Page 15: SELEÇÃO DE BOMBA CENTRÍFUGA PARA ELEVAÇÃO ARTIFICIAL …

xiv

Lista de Tabelas

Tabela 1.1 – Desinvestimento Offshore ..........................................................................4

Tabela 1.2 – Desinvestimento Onshore ...........................................................................4

Tabela 4.1 – Trechos das tubulações em série.................................................................39

Tabela 4.2 – Rugosidade da tubulação ............................................................................39

Tabela 4.3 – Informações Fluído 1 ..................................................................................40

Tabela 4.4 – Informações Fluído 2 ..................................................................................41

Tabela 4.5 – Diâmetro e área das tubulações ..................................................................41

Tabela 4.6 – Comprimento reto [m] ................................................................................42

Tabela 4.7 – Acessórios das linhas ..................................................................................42

Tabela 4.8 – Valores de comprimento equivalente [m]...................................................43

Tabela 4.9 – Comprimentos equivalentes totais [m] .......................................................43

Tabela 4.10 – Dados para construção da curva do sistema .............................................44

Tabela 4.11 – Avaliação do escoamento .........................................................................45

Tabela 4.12 – Perda de Carga de fricção por vazão [m] – Trecho A ..............................46

Tabela 4.13 – Perda de Carga de fricção por vazão [m] – Trecho B...............................46

Tabela 4.14 – Perda de Carga de fricção por vazão [m] – Trecho C...............................47

Tabela 4.15 – Perda de Carga de fricção por vazão [m] – Trecho D ..............................47

Tabela 4.16 – Perda de Carga de fricção por vazão [m] – Trecho E ...............................48

Tabela 4.17 – Perda de Carga de fricção por vazão [m] – Completo ..............................49

Tabela 4.18 – Head do Sistema .......................................................................................50

Tabela 5.1 – Parâmetros para escolha da bomba .............................................................52

Tabela 5.2 – Dados finais da bomba Baker .....................................................................58

Tabela 5.3 – Dados finais da bomba Schlumberger ........................................................63

Tabela 5.4 – Comparativos de bombas ............................................................................63

Page 16: SELEÇÃO DE BOMBA CENTRÍFUGA PARA ELEVAÇÃO ARTIFICIAL …

1

1. INTRODUÇÃO

1.1 Motivação

A demanda de energia mundial é um dos temas mais importantes do mundo

atualmente. Hoje, toda a estrutura da sociedade moderna é baseada em consumo de

energia constante para sustentar as atividades do cotidiano de casa ser humano. Essa

energia pode ser gerada de diversas matrizes. Muitas destas já são amplamente

conhecidas, desenvolvidas e exploradas como petróleo e seus derivados, gás natural,

carvão mineral, hidráulica e outras.

Infelizmente existem diversos efeitos negativos provindos destas matrizes mais

difundidas. Alguns desastres ou até mesmo o impacto do produto final, como emissão

de gases causando aumento do efeito estufa na queima de combustível são exemplos dos

malefícios. Há também o fato de que estes recursos são finitos, fazendo com que

obrigatoriamente novas opções sejam necessárias. Com isso as alternativas mais limpas

vêm crescendo cada vez mais a sua fatia na matriz energética mundial, como mostra a

Figura 1.1 abaixo.

Figura 1.1 - Divisão da matriz energética mundial - Fonte: BP Energy Outlook 2019 [6]

Esse crescimento só foi e é possível pela pressão social e ambiental exercida nos

últimos anos. O que anteriormente eram obstáculos para uma implementação em larga

escala se tornaram desafios para a tecnologia. O custo e viabilidade das energias

renováveis melhoraram muito. Exemplo mais forte desta corrente é a popularidade da

montadora TESLA, de carros elétricos, que investe em carregadores solares para seus

consumidores.

Page 17: SELEÇÃO DE BOMBA CENTRÍFUGA PARA ELEVAÇÃO ARTIFICIAL …

2

Figura 1.2 - Estação de recarga Tesla - Fonte: The Greenest Post [7]

Tendo em vista este cenário nós temos que olhar para o futuro de forma atenta,

tanto em relação do aumento de demanda energética quanto em como essa energia irá

ser obtida. Analisando tanto as informações na Figura 1.1 e da Figura 1.3, podem ser

tomadas algumas conclusões. Observamos um crescimento estável até 2040 da demanda

de energia no mundo, com uma melhor divisão por matriz energética, com o aumento da

participação do gás e das renováveis. A demanda por petróleo se mantém estável a partir

de 2020, mas sua fatia de contribuição diminui consideravelmente.

Figura 1.3 - Demanda de energia por matriz no mundo - Fonte: BP Energy Outlook 2019 [6]

Com essa informação sobre os combustíveis fósseis podemos entender a vertente

das petrolíferas no mercado mundial. Está cada vez mais claro que petróleo e gás têm

seus dias contados como fonte energética predominante, assim as companhias

produtoras de petróleo vêm aprofundando seus investimentos e expandindo mercados o

Page 18: SELEÇÃO DE BOMBA CENTRÍFUGA PARA ELEVAÇÃO ARTIFICIAL …

3

quanto antes. O objetivo é extrair o máximo das reservas mundiais enquanto os

hidrocarbonetos ainda tenham valor de mercado. E o Brasil tem papel grande e

fundamental nesta equação.

O mercado de óleo e gás no Brasil se encontra em um momento único, de

transição, onde diversas oportunidades estão se apresentando. Alguns anos atrás o

monopólio da Petróleo Brasileiro S.A. (PETROBRAS) era extremamente forte e

deixava pouco espaço para outros. Por diversas razões, políticas e econômicas, o cenário

mudou drasticamente.

Primeiramente pois por decisão do governo brasileiro, a PETROBRAS não

passaria ter a obrigatoriedade de ter participação em todos os blocos oferecidos em

leilões da Agência Nacional de Petróleo (ANP). Pela decisão a empresa tem a

preferência nos leilões, mas também tem a autonomia de escolher quais ativos gostaria

de obter, sozinha ou com o modelo de partilha de produção por consórcio.

Esta abertura facilitou a entrada de maneira mais intensa das grandes petrolíferas

internacionais como TOTAL, EXXON, SHELL, BP, EQUINOR e outras. Estas foram

atraídas principalmente pelo potencial apresentado pelas descobertas de reservas na

bacia de Campos e Santos, em campos offshore, numa totalidade de 112.000 km2 de

área (Figura 1.4) situados abaixo da camada do sal do leito marinho em profundidades

extremamente grandes (aproximadamente 5000m) e em lâminas d’água entre 1700m e

3000m. A área dessas reservas é chamada de “Polígono do Pré-sal”.

Figura 1.4 - Polígono do Pré-sal (Em Azul) - Fonte: Adaptado ANP [8]

Outra razão para a mudança de cenário são: as consequências da operação Lava

Jato na PETROBRAS e os resultados extraordinários de produção de barris por dia

Page 19: SELEÇÃO DE BOMBA CENTRÍFUGA PARA ELEVAÇÃO ARTIFICIAL …

4

(bbl/d) dos primeiros campos do pré-sal. Hoje a PETROBRAS detém o recorde mundial

de produção de um poço em um único dia em águas profundas, no pré-sal do campo de

Libra. São 58 mil barris conforme infográfico da empresa referenciado em [9].

Com o resultado fantástico de produção o foco da estatal se voltou somente em

reservas do pré-sal ou em reservas que são comprovadamente grandes e prolíficas para

que a empresa otimizasse seus trabalhos. Diversos ativos que estavam em possessão da

PETROBRAS começaram lentamente a serem vendidos, tanto offshore quanto onshore.

Este movimento foi intitulado de “Plano de Desinvestimento” pela empresa. Abaixo

temos uma lista de alguns ativos, que já foram ou estão planejados para serem vendidos.

Tabela 1.1 - Desinvestimentos Offshore – Fonte: Autor

Tabela 1.2 - Desinvestimentos Onshore – Fonte: Autor

Estes desinvestimentos criaram um mercado particular no Brasil. Os ativos

apresentados acima não eram suficientemente atrativos para as grandes petrolíferas

multinacionais pois não tinham o potencial produtor desejado. Entretanto criaram uma

abertura para companhias menores entrarem no mercado, as chamadas “Independentes”.

Campo Bacia

Enchova Campos

Pampo Campos

Baúna Santos

Sergipe Mar Sergipe-Alagoas

Ceará Mar Ceará

Rio Grande do Norte Mar Potiguar

Merluza Santos

Pargo Campos

Piranema e Piranema Sul Sergipe-Alagoas

Maromba Campos

Ativos Offshore

Campo Bacia

Sergipe Terra 2 Sergipe-Alagoas

Riacho da Forquilha Potiguar

Macau Potiguar

Miranga Recôncavo

Fazenda Belém Potiguar

Sergipe Terra 3 Sergipe-Alagoas

Sergipe Terra 2 Sergipe-Alagoas

Lagoa Parda Espírito Santo

Ponta do Mel & Redonda Potiguar

Azulão Amazonas

Ativos Onshore

Page 20: SELEÇÃO DE BOMBA CENTRÍFUGA PARA ELEVAÇÃO ARTIFICIAL …

5

Ouro Preto Óleo e Gás (OURO PRETO), 3R, PETRORECÔNCAVO, PERENCO, BW

OFFSHORE, ENAUTA, PETRORIO, KAROON e outras começaram a adquirir

campos, principalmente os rasos com reservas no pós-sal e os onshore.

As empresas independentes têm pontos em comum de maneira geral. Elas não

têm a estrutura nem o conhecimento para a exploração completas dos campos e não tem

fôlego financeiro para suportar o investimento total de um desenvolvimento completo

de campo.

Colocando esta situação financeira em conjunto com a previsão de estabilização

da demanda de óleo e gás depois de 2020, nós temos a leitura de como estas pequenas

empresas vão agir perante seus campos. O objetivo será produzir cedo e rapidamente,

para monetizar o quanto antes o projeto e obter o retorno sobre investimento.

Para aproveitar rapidamente o potencial de uma reserva já explorada, como a dos

ativos desinvestidos pela PETROBRAS, um dos métodos mais utilizados do mercado é

o de elevação artificial, que será o objeto de discussão deste texto. Existem diversos

tipos de elevação artificial hoje no mercado. O que iremos abordar mais profundamente

é o de Bombeio Centrífugo Submerso (BCS).

1.2 Objetivo e Estrutura

Objetivo do trabalho é escolher de forma mais eficiente e adequada uma bomba

centrífuga para uso no sistema de elevação artificial de um poço offshore do pós-sal

brasileiro. Isto será feito através de um estudo caso de um poço de produção do campo

de Polvo.

O sistema opera em pressões altas de 967 psi (6667 kPa) até 2813 psi (19395

kPa). O fluído a ser bombeado é óleo do campo escolhido, API 19º. Óleo pesado e com

alta viscosidade, o que traz desafios para a performance da bomba.

Este estudo vai ser elaborado de forma mais profunda no capítulo 4, mas aqui

temos como ele será estruturado:

1) Pesquisa de dados para o projeto;

2) Análise do sistema de elevação artificial e arranjo do poço escolhido;

3) Determinação das premissas e objetivos de projeto;

4) Separação dos trechos da tubulação, do reservatório do poço até o

reservatório da plataforma, para uma análise mais realista;

5) Cálculo das perdas de carga e do Head do sistema, levantamento da curva

Page 21: SELEÇÃO DE BOMBA CENTRÍFUGA PARA ELEVAÇÃO ARTIFICIAL …

6

do sistema. Foi feito em partes de acordo com os trechos definidos;

6) Com as curvas do sistema em mãos pudemos escolher possíveis

fornecedores de bombas. Duas opções das maiores fabricantes no Brasil

atualmente foram analisadas e as curvas fornecidas ajustadas para o fluído

viscoso de trabalho;

7) A partir das curvas ajustadas pudemos analisar o desempenho das bombas

no ponto de trabalho e comparar potência, proximidade com o BEP, Head,

quantidade de bombas, estágios necessários e outros parâmetros. Uma

escolha final de fornecedor foi feita e também a análise de cavitação.

Nos capítulos anteriores foi feito um comentário sobre o mercado de óleo e gás

no Brasil e suas mudanças, uma apresentação sobre métodos de elevação de petróleo e

uma breve revisão bibliográfica sobre os conceitos principais para o trabalho.

Page 22: SELEÇÃO DE BOMBA CENTRÍFUGA PARA ELEVAÇÃO ARTIFICIAL …

7

2. MÉTODOS DE ELEVAÇÃO

2.1 Elevação Natural

Existem diversas maneiras de se produzir petróleo e gás. O principal fator

influenciador na escolha de como trazer o produto do poço até a superfície é a energia

do reservatório. Essa energia pode ser manifestada pela pressão que os fluídos são

submetidos. Esta pressão é responsável por movimentar o fluído no sentido de saída do

reservatório. Em certas situações essa pressão sozinha é suficiente para que os fluídos

sejam elevados de forma satisfatória, com a taxa de produção desejada pela operadora.

Chamamos essa situação de “Elevação Natural”. Os poços que produzem por elevação

natural são chamados de “Surgentes”.

Além da pressão do reservatório, os fatores importantes para que uma situação

de elevação natural seja possível são: índice de produtividade – IP – do poço,

mecanismo de produção do reservatório, danos causados a formação produtora durante

o processo de perfuração ou completação, adequado isolamento das áreas de água e de

gás adjacentes as de óleo e outros. Não serão elaborados mais profundamente neste

texto.

O cenário de elevação natural é ideal para qualquer poço que desejamos perfurar

pois o custo por unidade de volume produzido diminui muito, tendo em vista uma

produção esperada. Infelizmente, há casos em que este não é o cenário que

encontramos. Normalmente a pressão do reservatório não é suficiente para o transporte

completo dos fluídos. Isto pode ocorrer já no início da vida de um poço, mas é durante a

vida dele que com grande certeza outros métodos de recuperação/elevação serão

necessários.

Figura 2.1 - Ciclo de vida de um poço - Fonte: NAVEIRA, 2007 [10]

Page 23: SELEÇÃO DE BOMBA CENTRÍFUGA PARA ELEVAÇÃO ARTIFICIAL …

8

Na Figura 2.1 temos um gráfico representativo do ciclo da vida de um poço

qualquer. NAVEIRA [10] mostra que por volta de 10 anos depois do início da produção

haverá um declínio natural e será necessário algum tipo de recuperação secundária para

manter os níveis de produção desejados.

Isto se dá pois conforme o reservatório vai sendo esvaziado, a pressão natural

dele vai diminuindo e chegamos ao ponto que a pressão não é suficiente. Neste

momento que precisamos assistência das tecnologias para um novo método de elevação.

Este método é o que chamamos de “Elevação Artificial”.

2.2 Elevação Artificial

Segundo THOMAS [3], não é necessário esperar o declínio da produção para

implementar métodos artificiais de elevação. Na verdade, é de boa prática de engenharia

que a injeção de fluídos seja iniciada bem antes. Esta prática se chama “Manutenção de

Pressão” e consiste na injeção de fluídos já no começo da vida produtiva do

reservatório, para que assim a pressão se mantenha em níveis elevados, preservando as

características do fluído e do fluxo. Então mesmo com poços surgentes nós podemos

sim ter elevação artificial.

Existem hoje 4 tipos de elevação artificial principais usados na indústria. Todos

eles se baseiam no princípio de diminuição da pressão de fluxo no fundo do poço, com

isso o diferencial de pressão sobre o reservatório aumenta e por consequência a vazão

também. São eles:

• Gas Lift contínuo ou Intermitente (GLC e GLI);

• Bombeio Mecânico por Haste (BM);

• Bombeio por Cavidades Progressivas (BCP);

• Bombeio Centrífugo Submerso (BCS)

Iremos elaborar os 4 tipos em seguida.

2.2.1 Gas Lift

O gas-lift é o método que faz uso de gás comprimido para elevar os fluídos,

(podendo ser óleo e/ou água) até a superfície. Podemos gaseificar a coluna de produção

ou simplesmente usarmos o gás para mover o fluído, gas-lift contínuo e intermitente,

respectivamente. As especificações de aplicação, segundo THOMAS [3], do método são

as seguintes:

• Vazão versátil – 1 a 1700 m3/d;

• Profundidades de até 2600 m – dependente da pressão do gás de injeção;

Page 24: SELEÇÃO DE BOMBA CENTRÍFUGA PARA ELEVAÇÃO ARTIFICIAL …

9

• Bom funcionamento em poços que produzem muita areia ou com uma

grande razão gás/líquido;

• Baixo custo de investimento para poços profundos.

Figura 2.2 - Sistema de Gas-Lift - Fonte: THOMAS, 2001 [3]

2.2.1.1 Gas Lift Contínuo (GLC)

Há injeção contínua de gás a alta pressão na coluna de produção até o ponto de

injeção no poço onde os fluídos são gaseificados. Com o aumento de gás na coluna nós

obtemos uma diminuição do gradiente médio de pressão, até um limite. Como

consequência observamos uma diminuição da pressão do fluxo no fundo do poço e

aumento da vazão. Para que não haja injeção excessiva ou com pressão demasiada,

podendo causar danos na formação do poço, existe uma válvula na superfície que é

reguladora de fluxo nessa configuração de gas-lift contínuo.

2.2.1.2 Gas Lift Intermitente (GLI)

É a injeção de gás a alta pressão por esguichos/jatos com espaçamentos no

tempo bem definidos e com consequente movimentação em esguichos/jatos do fluído do

poço até a superfície. Neste método também temos um controle na superfície através de

intermitores de ciclo e válvulas controladoras, conhecidas como motor valve.

2.2.1.3 Escolha do Tipo de Gas Lift

A escolha entre GLC e GLI é feita para cada poço separadamente e é baseada

em diversos fatores. Eles não serão elaborados a fundo neste texto, porém iremos

indicar as maiores tendências.

Segundo THOMAS [3], para poços de IP > 1 m3/dia/kgf/cm2 e pressão estática

Page 25: SELEÇÃO DE BOMBA CENTRÍFUGA PARA ELEVAÇÃO ARTIFICIAL …

10

suficiente para suportar uma coluna de fluído entre 40 e 70% da profundidade total do

poço é usado GLC. Para IP ou pressão estática mais baixos utiliza-se GLI.

2.2.2 Bombeio Mecânico por Haste (BM)

Este método é extremamente referenciado em fotos sobre óleo e gás dado seu

equipamento característico, o “Cavalo de Bombeio”, e por ser o método de elevação

artificial mais utilizado no mundo.

Figura 2.3 - Sistema de Bombeio Mecânico "Cavalo" - Fonte: Weatherford [11]

O funcionamento do bombeamento mecânico por hastes é feito através de uma

bomba que eleva os fluídos do poço até a superfície. Essa bomba é acionada por uma

coluna de hastes. Esta coluna de hastes transmite o movimento alternativo de uma

unidade de bombeio localizada próxima à cabeça do poço. Este movimento alternativo

só é possível pois a unidade bombeio transforma o movimento rotativo de uma fonte de

energia, podendo ser um motor elétrico ou um motor de combustão interna.

Existem algumas características dos poços que devem ser levadas em conta na

utilização do método BM. São elas:

• Poços rasos – entrega vazão média;

• Poços profundos – somente vazões baixas são obtidas;

• Ocorrência de problemas em poços com areia, já que esta desgasta com

rapidez tanto as partes móveis do sistema quanto a camisa da bomba,

devido a sua abrasividade;

• Não trabalha bem em poços desviados (que não são totalmente verticais)

– aumento do atrito entre a coluna de hastes e a coluna de produção;

• Apresenta falhas em poços onde há entrada de gás produzido na bomba –

diminuição da eficiência volumétrica podendo provocar bloqueio de gás.

Principais componentes, como já comentado acima, são o motor, unidade de

Page 26: SELEÇÃO DE BOMBA CENTRÍFUGA PARA ELEVAÇÃO ARTIFICIAL …

11

bombeio, coluna de hastes e bomba de subsuperfícies. Exemplo de configuração é

mostrado abaixo.

Figura 2.4 - Configuração de Bombeio Mecânico - Fonte: THOMAS, 2001 [3]

2.2.3 Bombeio por Cavidades Progressivas (BCP)

Como o próprio nome diz é o método que consiste em uma bomba com cavidades

progressivas que transfere a energia ao fluído no reservatório. Ela é uma bomba

introduzida no meio do poço, de deslocamento positivo e constituída principalmente de

um rotor e um estator. A bomba é formada por diversas cavidades herméticas e

idênticas em série.

O acionamento da bomba é feito diretamente no fundo do poço por acionador

hidráulico ou elétrico acoplado a bomba ou pode ser providenciado pela superfície por

coluna de hastes ou por cabeçote de acionamento.

Page 27: SELEÇÃO DE BOMBA CENTRÍFUGA PARA ELEVAÇÃO ARTIFICIAL …

12

Figura 2.5 - Sistema BCP - Fonte: THOMAS, 2001 [3]

Temos também as características do método que temos que levar em conta na

escolha do sistema mais adequado. São elas:

• Aplicação em poços não muito profundos – limitação do diferencial de

pressão da bomba e a forma de transmissão de energia;

• Possibilidade de variação da velocidade do rotor e por consequência a

variação da vazão;

• Equipamento mais leve, logo, menor custo de transporte e manuseio

quando comparado com BM;

• Boa eficiência de bombeamento tanto para fluídos com viscosidade alta

quanto para baixa viscosidade;

• Menor energia consumida devido a transmissão de torque constante à

coluna de hastes se compararmos com o BM.

2.2.4 Bombeio Centrífugo Submerso (BCS)

A elevação por BCS consiste basicamente em um motor elétrico, de um selo, de

uma sucção/admissão com separador de gás e a bomba centrífuga. Existem variações de

Page 28: SELEÇÃO DE BOMBA CENTRÍFUGA PARA ELEVAÇÃO ARTIFICIAL …

13

fabricante a fabricante, mas esta é a mínima configuração esperada. A bomba é

acionada por um cabo elétrico trifásico preso à coluna de produção. A Figura 2.6

mostra uma destas configurações.

Figura 2.6 - Configuração de sistema BCS – Fonte: THOMAS, 2001 [3]

Inicialmente o método BCS tinha aplicação limitada devido a pequena

flexibilidade dos seus equipamentos. Entretanto isto vem mudando com o avanço das

tecnologias. Neste método o fluído é elevado a superfície pois recebe energia sob forma

de pressão através da bomba centrífuga submersa. Este sistema, que se encontra no

fundo do poço, que transforma a energia elétrica em energia mecânica.

As características principais deste método são:

• Produz altas vazões;

• Bombeia fluídos com alta viscosidade e alta temperatura;

• Opera em profundidades elevadas;

• Lida bem com influxos de água;

• Opera com médias razões gás/líquido com ajuda de novas tecnologias.

Page 29: SELEÇÃO DE BOMBA CENTRÍFUGA PARA ELEVAÇÃO ARTIFICIAL …

14

Figura 2.7 - Exemplo de configuração da bomba e seus acessórios - Fonte: Adaptado Hart Energy [12]

Os 4 principais componentes de um sistema BCS já foram elencados acima.

Iremos discutir um pouco mais sobre cada um deles.

2.2.4.1 Bomba

A bomba consiste em múltiplos estágios de um impelidor, elemento rotatório que

transfere energia ao fluído na forma de energia cinética, aumentando sua velocidade, e

um difusor, elemento estacionário que envia o fluído da saída do impelidor para cima.

Isto reduz a velocidade e aumenta a pressão. São colocados quantos estágios forem

necessários para atingir o Head requisitado no poço.

Figura 2.8 - Estágio de uma bomba - Fonte: THOMAS, 2001 [3]

Segundo OLIVEIRA [4] podem ser encontradas bombas com vazões entre 20 e

Page 30: SELEÇÃO DE BOMBA CENTRÍFUGA PARA ELEVAÇÃO ARTIFICIAL …

15

10.000 m3/dia, com capacidade de elevação de 5.000 m.

Cada fabricante fornece as curvas de sua bomba. Nela encontraremos informação

do Head, eficiência e potência absorvida em função da vazão. Para cada bomba existe

uma faixa de operação recomendada que deve ser seguida sempre, com a eventual

quebra dessa faixa podendo acarretar sérios riscos de dano a bomba.

2.2.4.2 Sucção da Bomba e Separador de Gás

A sucção se localiza exatamente embaixo da bomba. Como normalmente os poços

offshore brasileiros apresentam uma quantidade de gás considerável é quase de praxe

termos o separador junto com a sucção apesar de isso não ser uma regra.

Existem dois tipos de separadores: o separador estacionário e o centrífugo. A

escolha depende do volume de gás livre em volta da sucção. Se por acaso o volume for

baixo, ou seja, baixas vazões de gás, é utilizado o separador estacionário que se baseia

na mudança de sentido de fluxo do fluído. Caso o volume seja alto e com alta vazão

utilizamos o separador centrífugo que submete o fluído à ação de forças centrífugas

para que haja a separação das fases líquida e gasosa.

Figura 2.9 - Sucção da Bomba - Fonte: OLIVEIRA, 2017 [4]

2.2.4.3 Selo/Protetor

Selo é posicionado entre o motor e a sucção da bomba. Ele conecta o eixo do

motor ao eixo da bomba por duas luvas de acoplamento e pelo próprio eixo do motor.

O selo tem diversas funções como: conectar as carcaças da bomba e do motor,

prevenir qualquer fluxo de fluído para dentro do motor, equalizar pressões entre o

fluído a ser bombeado e o do motor e alojar o mancal para esforços axiais que são

transmitidos pelo eixo da bomba.

2.2.4.4 Motor Elétrico

Page 31: SELEÇÃO DE BOMBA CENTRÍFUGA PARA ELEVAÇÃO ARTIFICIAL …

16

De maneira geral os motores usados em sistemas BCS são trifásicos, dipolo, de

indução e com uma determinada rotação e frequência a serem especificas pelo operador

e fornecedora. O eixo do motor se junta ao eixo do selo, a sucção da bomba e constitui-

se um único eixo que deve ser alinhado de maneira perfeita para não haver qualquer

problema de desalinhamento.

Para cada poço é possível escolher diversos motores diferentes. Eles diferem no

diâmetro externo, potências e várias combinações de correntes e tensões. Todos os

diferentes motores são preparados para operarem em ambientes extremamente difíceis,

imersos nos fluídos de trabalho com altas pressões e temperaturas. Com o objetivo de

proteger o motor ele é cheio com óleos minerais especiais para garantir isolamento

elétrico, lubrificação e resfriamento.

Figura 2.10 - Motor Elétrico para Bomba - Fonte: OLIVEIRA, 2017 [4]

Page 32: SELEÇÃO DE BOMBA CENTRÍFUGA PARA ELEVAÇÃO ARTIFICIAL …

17

3. REVISÃO BILIOGRÁFICA

3.1 Escoamentos

Nesta seção alguns conceitos principais, definições e equações sobre

escoamentos serão apresentados. Estes foram tirados de FALCO [1] e FOX [2].

3.1.1 Perda de Carga (hf)

É a energia por unidade de peso que é perdida no trecho da tubulação em

questão. Mais a frente iremos mostrar como calculá-la. Nesse momento já podemos

dividir a perda de carga em dois tipos: normal (hfN) e localizada (hfL). A normal

acontece em trechos retos da tubulação e a localizada em acidentes, curvas ou

acessórios.

ℎ𝑓𝑁 + ℎ𝑓𝐿 = ℎ𝑓 (3.1)

3.1.1.1 Perda de Carga Normal (hfN)

Para o cálculo da perda de carga normal em escoamento laminar temos a

equação de Hagen-Poiseuille.

32 𝜈𝐿

𝑔𝐷2𝑉 = ℎ𝑓𝑁 (3.2)

Para o cálculo da perda de carga normal em escoamento turbulento temos a

equação teórico-experimental de Darcy-Weisbach.

𝑓𝐿

𝐷

𝑉2

2𝑔= ℎ𝑓𝑁 (3.3)

Sendo “f” o fator de atrito [adimensional], “L” comprimento reto da tubulação

[m] e “D” diâmetro interno da tubulação [m]. O fator de atrito é função do número de

Reynolds e da rugosidade relativa (ε/D) da tubulação em questão. Temos formas

diferentes de obter o fator de atrito no regime laminar e turbulento. No laminar obtemos

pela equação (3.4).

64

𝑅𝑒= 𝑓 (3.4)

Para escoamentos turbulentos necessitamos do auxílo do Ábaco de Moody

mostrado na Figura 3.1.

Page 33: SELEÇÃO DE BOMBA CENTRÍFUGA PARA ELEVAÇÃO ARTIFICIAL …

18

3.1.1.2 Perda de Carga Localizada (hfL)

3.1.1.2.1 Método Direto

No método direto a perda de carga é calculada pela seguinte equação:

𝐾𝑉2

2𝑔= ℎ𝑓𝐿 . (3.5)

Sendo “K” um coeficiente experimental e tabelado de acordo com o tipo de

acidente, tamanho etc. O fabricante do acidente é que fornece estes valores.

3.1.1.2.2 Método do Comprimento Equivalente

Nesta situação nós apontamos um valor de comprimento reto equivalente que

produziria a mesma perda de carga para cada acidente, curva ou acessório da tubulação.

Os valores para cada tipo de acidente são tabelados de acordo com o diâmetro

nominal/interno.

Estes valores se encontram no Anexo A. Considerando que temos n acessórios

na tubulação em questão nós podemos calcular a perda como se tivéssemos uma

tubulação reta com as somas de todos os comprimentos, o LTotal.

𝐿𝑟𝑒𝑡𝑜 + ∑ 𝐿𝐸𝑞 = 𝐿𝑇𝑜𝑡𝑎𝑙 (

𝑖=𝑛

𝑖=1

3.6)

Figura 3.1 - Ábaco de Moody - Fonte: Wikipedia [5]

Page 34: SELEÇÃO DE BOMBA CENTRÍFUGA PARA ELEVAÇÃO ARTIFICIAL …

19

𝐿𝑇𝑜𝑡𝑎𝑙

𝐷

𝑉2

2𝑔= ℎ𝑓 (3.7)

3.1.2 Associação de Tubulações

É benéfico saber associar tubulações, principalmente para facilitar o trabalho no

momento que encontrarmos sistemas com ramificações ou diferente diâmetros. DE

FALCO [1] defende que encontrando estes sistemas devemos encontrar uma linha

equivalente ao sistema como um todo. Tubulações equivalentes são aquelas que

conseguem obter a mesma vazão sob a mesma perda de carga.

3.1.2.1 Tubulações em Série

Temos tubulações em série quando sem ramificações e uma linha reta

observamos 2 ou mais diâmetros internos diferentes, afetando diretamente o

escoamento.

Figura 3.2 - Tubulação em série - Fonte: DE FALCO, 1998 [1]

Podemos mostrar esta associação através das equações abaixo, sendo 1 e 2

diferentes seções em série, mostradas na Figura 3.2.

ℎ𝑓1 + ℎ𝑓2 = ℎ𝑓 (3.8)

𝑄1 = 𝑄2 = 𝑄 (3.9)

Tendo estas equações em mente nós obtemos 2 maneiras de resolver o sistema.

Podemos determinar um diâmetro médio ou sendo D1 ou D2 e assim determinar o

comprimento equivalente através de:

𝐿1

𝐷15 +

𝐿2

𝐷25 + ⋯ =

𝐿𝑒𝑞

𝐷𝑒𝑞5 (3.10)

Page 35: SELEÇÃO DE BOMBA CENTRÍFUGA PARA ELEVAÇÃO ARTIFICIAL …

20

A segunda forma é através da análise específica, pela equação (3.7), de cada

seção com um diâmetro específico, indicando uma perda de carga para seção

independente. Ao final se deve somar a perda de cada elemento.

3.1.2.2 Tubulações em Paralelo

Tubulações em paralelo ocorrem quando temos ramificações, podendo ou não

ter diferença no diâmetro. Nesse sistema temos as equações abaixo, sendo 1, 2 e 3

diferentes seções em paralelo, como mostra a Figura 3.3.

Figura 3.3 - Tubulações em paralelo - Fonte: DE FALCO, 1998 [1]

ℎ𝑓1 = ℎ𝑓2 = ℎ𝑓3 = ℎ𝑓 (3.11)

𝑄1 + 𝑄2 + 𝑄2 = 𝑄 (3.12)

Temos aqui também duas formas de resolver o sistema. A primeira é baseada na

determinação de um Leq com um diâmetro Deq pré-fixado. O diâmetro equivalente

escolhido pode ser um dos já existentes pois facilita o exercício. Assim com a equação

abaixo podemos obter o Leq e com o sistema de equações da seção 3.2.6 determinamos a

perda de carga.

√𝐷1

5

𝐿1+ √

𝐷25

𝐿2+ √

𝐷35

𝐿3+ ⋯ = √

𝐷𝑒𝑞5

𝐿𝑒𝑞 (3.13)

A segunda maneira é fazer o cálculo para cada seção separadamente com

diversos valores de perda de carga, em função de Q, e a partir destes valores construir

um gráfico com linhas para cada seção. Assim podemos associá-las em paralelo

mantendo a perda de carga e somando a vazão. Assim obtemos o valor da vazão que irá

nos dar a mesma perda de carga.

3.2 Bombas

Além da definição importante sobre os escoamentos também faremos uma

revisão sobre os conceitos importantes de bombas. Toda esta seção foi baseada em

FALCO [1].

Temos uma definição para bombas pelos autores: “máquinas operatrizes

Page 36: SELEÇÃO DE BOMBA CENTRÍFUGA PARA ELEVAÇÃO ARTIFICIAL …

21

hidráulicas que conferem energia ao líquido com a finalidade de transportá-lo de um

ponto a outro obedecendo às condições do processo.”

3.2.1 Classificação das Bombas

Existem diversos tipos de bombas para diferentes aplicações, seja para

diferenciais de pressões altos ou baixos, grandes ou baixas vazões e até mesmo o

tamanho disponível. Abaixo temos um quadro que separa cada tipo e classificação de

bombas.

3.2.2 Características das Bombas

Iremos apresentar as principais características dos tipos principais de bombas,

Dinâmicas e Volumétricas.

3.2.2.1 Dinâmicas ou Turbobombas

São máquinas que através da rotação do impelidor (roda) com um número

específico de pás conseguem movimentar o fluído. Essa movimentação é produzida por

forças desenvolvidas dentro da massa líquida pelo impelidor mencionado acima.

Os diferentes tipos de bombas dinâmicas se diferenciam por dois pontos

principais, a forma como o impelidor transfere a energia ao fluído e em que

direção/orientação o fluído sai do impelidor.

Figura 3.4 - Classificação dos principais tipos de bombas - Fonte: DE FALCO, 1998 [1]

Page 37: SELEÇÃO DE BOMBA CENTRÍFUGA PARA ELEVAÇÃO ARTIFICIAL …

22

Figura 3.5 - Bomba Centrífuga (Dinâmica) - Fonte: Mecânica Industrial [13]

3.2.2.2 Volumétricas ou de Deslocamento Positivo

São máquinas em que ao invés da energia ser cedida primeiramente pelo meio

cinético, como as dinâmicas, ela é cedida já em forma de pressão. Isto deixa a bomba

mais simples já que não há necessidade de transformação de energia.

A energia é cedida de forma puramente mecânica com a movimentação de

instrumento mecânico na bomba, que força o fluído a seguir o mesmo sentido.

Neste tipo de bomba a vazão permanece quase sempre constante, se mantida a

velocidade constante, não dependendo do tipo de sistema utilizado.

Figura 3.6 - Bomba Lobular (Volumétrica) - Fonte: Sigaltec [14]

3.2.3 Curvas Características das Bombas

Um dos principais métodos para analisar o comportamento e desempenho de

uma bomba é através das duas curvas características. E por elas que podemos

determinar o ponto de trabalho da bomba operando em um sistema determinado.

Normalmente são obtidas junto aos fabricantes e temos três tipos de curva:

• Curva de Head (H) x Vazão (Q)

• Curva de Potência absorvida (Potabs) x Vazão (Q)

• Curva de Rendimento total (η) x Vazão (Q).

Page 38: SELEÇÃO DE BOMBA CENTRÍFUGA PARA ELEVAÇÃO ARTIFICIAL …

23

Figura 3.7 - Curva característica de uma bomba - Fonte: DE FALCO, 1998 [1]

3.2.3.1 Curva Head (H) x Vazão (Q)

Carga, ou Head, é a energia por unidade de massa ou pode ser também definida

como a energia por unidade de peso que a bomba pode oferecer. Assim, a curva H x Q

nos da a variação do Head de acordo com a vazão do sistema.

3.2.3.2 Curva de Potência (Potabs) x Vazão (Q)

A potência absorvida é o quanto de potência a bomba iráabsorver durante seu

uso. Com isso, a curva nos dá a variação da potência absorvida da bomba de acordo

com a vazão operante. A Potabs é calculada pela equação abaixo:

𝑃𝑜𝑡𝑎𝑏𝑠 =𝛾 𝑄 𝐻

𝜂=

[𝑁𝑚3⁄ ] [𝑚3

𝑠⁄ ] [𝑚]

𝑎𝑑𝑖𝑚𝑒𝑛𝑠𝑖𝑜𝑛𝑎𝑙= [𝑊] (3.14)

Calculamos também a potência cedida ao fluído pela equação:

𝑃𝑜𝑡𝑐 = 𝛾 𝑄 𝐻 = 𝑃𝑜𝑡𝑎𝑏𝑠 𝜂 (3.15)

3.2.3.3 Curva de Rendimento Total (η) x Vazão (Q)

A curva de rendimento (η) nos dá o produto de todos os rendimentos (mecânico,

hidráulico e volumétrico) em função da vazão de operação. Também pode se definir o

rendimento como a razão entre potência cedida ao fluído e potência absorvida pela

bomba.

3.2.4 Fatores que modificam as curvas características

As curvas apresentadas acima podem ser modificadas por diversos fatores como

rotação do eixo, diâmetro do impelidor e viscosidade do fluído bombeado. Neste texto

iremos elaborar somente a influência da viscosidade dado a importância para o texto.

3.2.4.1 Efeito da viscosidade nas curvas características

A viscosidade do fluído de trabalho afeta diretamente as curvas das bombas.

Normalmente os fabricantes constroem suas curvas baseadas em dados experimentais

com água e quando as bombas são usadas com fluídos viscosos é necessária uma

Page 39: SELEÇÃO DE BOMBA CENTRÍFUGA PARA ELEVAÇÃO ARTIFICIAL …

24

correção. O normal é que haja uma diminuição na eficiência, aumento da potência

absorvida e diminuição consequente do Head.

Abaixo temos a carga do Hydraulic Institute [15] nos permite a determinação

das curvas corrigidas se as curvas com operação com água são conhecidas.

Figura 3.8 - Carta para correção de curvas para fluídos viscosos - Fonte: Hydraulic Institute, 1975 [15]

Através de informações do BEP (Best Efficiency Point) da bomba para vazão, a

viscosidade do fluído e carga a de um único estágio também no BEP, a carta nos dá 3

fatores de correção CQ, CH e CE. Correções para vazão, Head e eficiência,

respectivamente. Para obtenção especificamente do CH existem 4 curvas. Cada umas

delas é relativa a 60%, 80%, 100% e 120% da vazão do BEP. Com esses fatores de

Page 40: SELEÇÃO DE BOMBA CENTRÍFUGA PARA ELEVAÇÃO ARTIFICIAL …

25

correção temos as seguintes equações.

𝑄𝑣𝑖𝑠 = 𝐶𝑄 × 𝑄 (3.16)

𝐻𝑣𝑖𝑠 = 𝐶𝐻 × 𝐻 (3.17)

𝜂𝑣𝑖𝑠 = 𝐶𝐸 × 𝜂 (3.18)

Como o uso da carta é dependente do BEP de cada bomba existirá diferentes

fatores de correção se diferentes bombas forem testadas na mesma situação.

Para determinação da curva corrigida sabendo do desempenho completo quando

o fluído é água existe um procedimento simples que será comentado.

i. Achar a vazão do ponto de máxima eficiência (BEP) – 100% x Q;

ii. A partir da vazão anterior determinar as vazões para 60%, 80% e 120% do BEP;

iii. Entrar na carta pelo eixo X com a vazão do BEP, subir verticalmente até o Head

de um estágio no BEP e depois seguir horizontalmente até a viscosidade

desejada. Para finalizar seguir verticalmente até as curvas dos fatores. CQ, CH

(60%, 80%, 100% e 120%) e CE são definidos;

iv. Utilizar a equação (3.16) para os 4 valores de vazão sendo multiplicados pelo

CQ obtido na carta;

v. Utilizar a equação (3.18) para os 4 valores de eficiência, para cada vazão, sendo

multiplicados pelo CE obtido na carta;

vi. Utilizar a equação (3.17) para cada um dos 4 valores de Head, para cada vazão,

sendo multiplicados pelo respectivos CH obtidos na carta;

vii. Traçar a nova curva de Qvis x Hvis utilizando o valor de vazão nula sendo o

mesmo da curva da bomba operando com água;

viii. Traçar a nova curva de Qvis x ηvis utilizando o valor de eficiência na vazão nula

sendo o mesmo da curva da bomba operando com água;

ix. Traçar a nova curva de Qvis x Hvis utilizando o valor de vazão nula sendo o

mesmo da curva da bomba operando com água;

x. Obter os valores de potência para as vazões viscosas pela equação (3.14), com

os valores corrigidos, e construir a curva Qvis x Potvis.

3.2.5 Características principais do sistema

Existem diversos termos necessários para conseguirmos determinar o ponto de

operação. Nesta seção iremos elaborar os mais importantes.

3.2.5.1 Altura Manométrica Total – Head (H)

A altura manométrica total já foi definida anteriormente. É a energia por unidade

de massa ou pode ser também definida como a energia por unidade de peso que a

Page 41: SELEÇÃO DE BOMBA CENTRÍFUGA PARA ELEVAÇÃO ARTIFICIAL …

26

bomba pode oferecer. Ela pode ser calculada bem simplificadamente pela equação

(3.19).

𝐻 = 𝐻𝐷𝑒𝑠𝑐𝑎𝑟𝑔𝑎 − 𝐻𝑆𝑢𝑐çã𝑜 = [𝑚] (3.19)

3.2.5.2 Altura Manométrica de Sucção – Head de Sucção (HS)

É o Head calculado na tubulação de sucção da bomba. Existem 2 maneiras de se

calcular este dado: podemos aplicar o teorema de Bernoulli entre um ponto na

superfície livre do reservatório de sucção e a entrada da sucção da bomba. E podemos

medir localmente a quantidade de energia. Usaremos a primeira opção.

Podemos considerar que o Head de sucção como a diferença entre a energia por

unidade de peso na entrada de sucção menos as perdas de carga na tubulação de sucção,

em uma dada vazão de escoamento. A equação (3.20) exemplifica o fato acima.

𝐻𝑆 = 𝑍𝑆 +𝑃𝑆

𝛾− ℎ𝑓𝑠 +

𝑉𝑆2

2𝑔 (3.20)

Figura 3.9 - Sistema de bombeamento simplificado - Fonte: DE FALCO, 1998 [1]

Page 42: SELEÇÃO DE BOMBA CENTRÍFUGA PARA ELEVAÇÃO ARTIFICIAL …

27

Figura 3.10 – Sistema de Sucção – Fonte: DE FALCO, 1998 [1]

A Figura 3.10 mostra uma representação de um sistema de sucção com a altura

de sucção (ZS), pressão de sucção (PS) e o termo VS, de velocidade de sucção na

equação (3.20) é a velocidade do fluído na região de sucção. Caso a sucção seja feita de

um reservatório como na Figura 3.10 o termo é nulo.

3.2.5.3 Altura Manométrica de Descarga – Head de Descarga (HD)

É o Head calculado na tubulação de descarga da bomba. Podemos usar as 2

maneiras, já comentadas, de se calcular este dado: podemos aplicar o teorema de

Bernoulli entre um ponto na superfície livre do reservatório de descarga e a saída da

descarga da bomba. E podemos medir localmente a quantidade de energia. Usaremos a

primeira opção.

Podemos considerar que o Head de descarga como a diferença entre a energia

por unidade de peso na saída de descarga menos as perdas de carga na tubulação de

descargas, em uma dada vazão de escoamento. A equação (3.21) explicita o fenômeno

acima.

𝐻𝐷 = 𝑍𝐷 +𝑃𝐷

𝛾+ ℎ𝑓𝑑 +

𝑉𝐷2

2𝑔 (3.21)

Page 43: SELEÇÃO DE BOMBA CENTRÍFUGA PARA ELEVAÇÃO ARTIFICIAL …

28

A Figura 3.11 mostra uma representação de um sistema de descarga com a altura

de descarga (ZD), pressão de descarga (PD) e o termo VD, de velocidade de descarga na

equação (3.21) é a velocidade na região de descarga. Caso a descarga seja feita em um

reservatório como na Figura 3.11 o termo é nulo.

Com os Head de sucção e descarga definidos nós podemos chegar na equação

(3.22) com o Head do sistema.

𝐻 = (𝑍𝐷 − 𝑍𝑆) +(𝑃𝐷 − 𝑃𝑆)

𝛾+ (ℎ𝑓𝑑 + ℎ𝑓𝑠) +

(𝑉𝐷2 − 𝑉𝑆

2)

2𝑔 (3.22)

3.2.5.4 Especificação da Curva do Sistema

Como já comentado anteriormente, a curva do sistema irá mostrar a variação do

Head em diferentes vazões. Isto é feito pela separação do Head em 2 tipos: Head

estático, invariante com a vazão, e Head de fricção que varia com a vazão. Obtemos

assim as seguintes equações:

𝐻 = 𝐻𝑒𝑠𝑡á𝑡𝑖𝑣𝑜 + 𝐻𝑓𝑟𝑖𝑐çã𝑜 (3.23)

𝐻𝑓𝑟𝑖𝑐çã𝑜 = (ℎ𝑓𝑑 + ℎ𝑓𝑠) +(𝑉𝐷

2 − 𝑉𝑆2)

2𝑔 (3.24)

𝐻𝑒𝑠𝑡á𝑡𝑖𝑐𝑜 = (𝑍𝐷 − 𝑍𝑆) +(𝑃𝐷 − 𝑃𝑆)

𝛾 (3.25)

Tendo cada termo destrinchado podemos seguir o procedimento para obter a

curva do sistema como especificado por DE FALCO [1].

• 6 valores de vazão são arbitrados, sendo desses 6 valores a vazão 0, a

vazão desejada, metade da vazão desejada e o dobro da vazão desejada.

Figura 3.11 - Sistema de Descarga - Fonte: DE FALCO, 1998 [1]

Page 44: SELEÇÃO DE BOMBA CENTRÍFUGA PARA ELEVAÇÃO ARTIFICIAL …

29

Com isso há uma cobertura razoável de vazões para a curva. Nada

impede que mais valores sejam usados;

• Calcular o Head estático;

• Calcular o Head de fricção para cada vazão;

• Determinar o Head do sistema com a soma entre o Head estático e o

Head de fricção;

• Com os valores de Head de sistemas para cada vazão especificada

podemos traçar a curva:

Figura 3.12 - Curva do sistema – Fonte: DE FALCO, 1998 [1]

3.2.6 Determinação do Ponto de Operação

Superpondo a curva do sistema, obtida pelo método da seção anterior, com a

curva da bomba, cedida pelo fabricante, nós teremos um ponto de interseção. É nesta

interseção que chegamos à vazão de operação. Assim traçamos uma reta até as curvas

de eficiência e potência para que determinemos os valores de eficiência e potência de

operação. A Figura 3.13 demonstra tudo isto.

Page 45: SELEÇÃO DE BOMBA CENTRÍFUGA PARA ELEVAÇÃO ARTIFICIAL …

30

Figura 3.13 - Ponto de trabalho do sistema - Fonte: DE FALCO, 1998 [1]

3.2.7 Associação de Bombas

Não só tubulações podem ser associadas como também bombas. A associação de

tubulações foi elaborada na seção 3.1.2 e a de bombas será feita nesta.

3.2.7.1 Associação de Bombas em Série

Este tipo de associação, em série, é necessário em situações onde encontramos

um Head muito alto e que fica acima do limite do valor de uma bomba multiestágios.

A Figura 3.14 mostra exatamente como é esta associação. A descarga da

primeira bomba é diretamente ligada a sucção da bomba seguinte. A vazão é a mesma,

porém a cada bomba o Head aumenta e que na descarga da última bomba terá a soma de

cada uma anterior. É importante ressaltar que a cada bomba a pressão aumenta e por

isso o material e a construção da bomba devem ser capazes de suportar a pressão

desenvolvida.

Figura 3.14 – Bombas associadas em série – Fonte: DE FALCO, 1998 [1]

De maneira simples conseguimos obter a curva da bomba mesmo com

associação das bombas. Os valores de vazão ficam iguais e os Head são somados para

cada vazão respectiva.

Para obtenção do ponto de operação neste tipo de associação deve se seguir o

mesmo procedimento que um sistema sem associação. Sobrepondo a curva da

associação de bombas com a curva do sistema.

Page 46: SELEÇÃO DE BOMBA CENTRÍFUGA PARA ELEVAÇÃO ARTIFICIAL …

31

3.2.7.2 Associação de Bombas em Paralelo

Em associações de bombas em paralelo nós temos uma situação ou que a vazão

exigida é elevada ou que é necessário variar a vazão de forma pré-determinada. Há

vantagens para este tipo de associação. Existe uma segurança operacional do seu

sistema pois mesmo que uma bomba falhe haverá outras para garantir um mínimo de

fluxo, ou seja, seu sistema não atingirá vazão zero. Além disso há vantagem pela

possível flexibilização, podendo mudar a vazão do sistema sem deixar qualquer bomba

longe do seu BEP.

As bombas têm seu ponto de sucção comum e trabalham independentes uma da

outra e as descarga também é no mesmo ponto. A Figura 3.15 ilustra a situação:

Figura 3.15 - Bombas associadas em paralelo – Fonte: DE FALCO, 1998 [1]

Para obter a curva característica do conjunto, é necessário somar as vazões de cada

uma das bombas correspondentes aos mesmos valores de carga. Em instalações reais,

procura-se utilizar bombas iguais e com curvas estáveis para se evitar a instabilidade do

sistema.

Para se chegar ao ponto de operação podemos seguir o mesmo procedimento de

bomba sem associação. Iremos somar as vazões de cada bomba, podendo elas ser iguais

ou diferentes, mas os Head permanecerão os mesmos. Com essa curva da bomba iremos

sobrepor com a curva do sistema e obter o ponto de operação.

3.2.8 Cavitação

O fenômeno da cavitação não pode ser analisado sem se comentar sobre a

pressão de vapor (Pv) do fluído em questão. Caso um fluído atinja uma pressão igual ou

menor que a pressão de vapor esse fluído se vaporizará, deixando bolhas de vapor no

escoamento. Caso em algum momento da continuação do escoamento o fluído atingir

uma pressão acima da de vapor as bolhas formadas entrarão em colapso, voltando a fase

líquida. Isto é a cavitação e ela pode gerar minivácuos no escoamento contribuindo para

ocorrências de ondas de choque.

Olhando especificamente para o caso de bombas centrífugas temos a região de

Page 47: SELEÇÃO DE BOMBA CENTRÍFUGA PARA ELEVAÇÃO ARTIFICIAL …

32

menor pressão na entrada do impelidor, ou seja, local que seria mais propenso para ter

uma pressão menor que a de vapor e vaporizar o líquido. A partir de entrada da bomba a

pressão tende somente a aumentar, com isso as bolhas formadas na entrada podem

colapsar, principalmente no canal do impelidor ou na entrada da voluta, se a pressão se

tornar superior à de pressão, causando as ondas de choques e danificando a bomba,

prejudicando seu funcionamento.

Além dos males já comentados há outros para se fazer. Aumento de ruídos e

vibrações, alterações das curvas características e possíveis danos aos materiais da

bomba.

As alterações nas curvas características são mostradas abaixo na Figura 3.16.

Percebemos uma queda brusca da eficiência e do Head. O ponto de operação sai de 1 e

vai para 2 quando ocorre a cavitação.

Figura 3.16 - Ponto de operação em cavitação - Fonte: DE FALCO, 1998 [1]

3.2.9 NPSH disponível

A melhor maneira de se controlar a possibilidade de cavitação em bombas é

através do conceito de NPSH (Net Positive Suction Head). O NPSH disponível

representa a energia por unidade de peso disponível na sucção da bomba, considerando

uma pressão maior que a pressão de vapor do fluído. A equação 3.26 abaixo caracteriza

o cálculo do NPSH.

𝑁𝑃𝑆𝐻𝑑𝑖𝑠𝑝 = 𝐻𝑆 +(𝑃𝑎𝑡𝑚 − 𝑃𝑣)

𝛾 (3.26)

3.2.10 NPSH requerido

O NPSH requerido é a quantidade mínima de energia por unidade de peso,

Page 48: SELEÇÃO DE BOMBA CENTRÍFUGA PARA ELEVAÇÃO ARTIFICIAL …

33

considerando uma pressão acima da pressão do vapor, que a sucção da bomba deve ter

para que a cavitação não ocorra. Esta informação normalmente é fornecida do fabricante

da bomba. Na Figura 3.17 abaixo vemos um exemplo da curva que demonstra a

dependência desse termo da vazão do escoamento.

Figura 3.17 - Curva de NPSH requerido x Vazão – Fonte: DE FALCO, 1998 [1]

3.2.11 Avaliação da Cavitação

A maneira de verificar a possibilidade de cavitação é comparando os valores de

NSPHdisp e NPSHrequerido. É de praxe da indústria, por segurança deixar um valor de

margem entre os dois valores, para que haja garantia de que não haverá cavitação. O

valor é de 0,6m de coluna de líquido, ou para altos Head, 25% do NPSHdisp.

Respeitando a condição abaixo podemos considerar que não haverá cavitação.

𝑁𝑃𝑆𝐻𝑑𝑖𝑠𝑝 ≥ 𝑁𝑃𝑆𝐻𝑟𝑒𝑞𝑢𝑒𝑟𝑖𝑑𝑜 + (0,6𝑚 𝑑𝑒 𝑙í𝑞𝑢𝑖𝑑𝑜 𝑜𝑢 0,25 𝑁𝑃𝑆𝐻𝐷𝑖𝑠𝑝) (3.27)

Há a possibilidade de obtermos o valor de vazão máxima sem risco de cavitação.

Isto só é possível se construirmos uma curva de NPSHdisp para várias vazões e sobrepor

com a curva de NSPHrequerido do fabricante. A interseção das curvas nos dará a vazão

máxima como mostra a Figura 3.18.

Figura 3.18 – Máxima vazão para evitar cavitação – Fonte: DE FALCO, 1998 [1]

Page 49: SELEÇÃO DE BOMBA CENTRÍFUGA PARA ELEVAÇÃO ARTIFICIAL …

34

4. ESTUDO DE CASO

Para o estudo de caso do presente texto foi feito o dimensionamento de uma

bomba centrífuga submersa para elevação artificial de óleo em campo offshore de

petróleo. O campo escolhido foi o de Polvo, operado pela empresa privada que neste texto

iremos determinar como empresa “X”. O campo de polvo se encontra na Bacia de

Campos, no litoral brasileiro, à aproximadamente 100km da costa (mapa abaixo) da

cidade de Cabo Frio (RJ). O início da produção do campo foi em agosto de 2007 e o

campo permanece produzindo até hoje.

Figura 4.1 - Campo de Polvo - Fonte: ANP [16]

A empresa “X” adquiriu o campo em 2016 com o objetivo de aumentar a

eficiência de toda a operação, aumentando a vazão total de todos os poços produtores e

por consequência aumentar a vida útil de Polvo.

O campo possui duas Unidades Estacionárias de Produção (UAP’s): uma

plataforma fixa chamada “Plataforma Fixa Polvo A” e um FPSO (Floating Production

Storage and Offloading) chamado de “FPSO Polvo”. Os poços são conectados à

plataforma fixa e depois de concentrada a produção, é transferido o óleo e o gás até o

FPSO através de dutos flexíveis.

Page 50: SELEÇÃO DE BOMBA CENTRÍFUGA PARA ELEVAÇÃO ARTIFICIAL …

35

Figura 4.2 - Plataforma Fixa "Polvo A" - Fonte ANP [16]

4.1 Análise da Configuração

No arranjo submarino atual existem 14 poços produtores e 1 injetor. Muitos destes

poços produtores já foram desativados. A empresa “X”, em 2018, perfurou 3 novos poços

produtores chegando a 10.000 bbl/d (barris por dia). Para uma nova campanha, iniciada

ainda em 2019, o objetivo é a perfuração de 4 novos poços com um incremento de mais

10.000 bbl/d [17]. Neste texto iremos analisar especificamente o caso do poço POL-011,

produtor, para um estudo de caso teste para esta nova campanha. Os dados utilizados para

o dimensionamento foram em sua quase maioria obtidos com a empresa “Y”, contratada

da empresa “X” para os estudos de engenharia para otimização do campo e com a própria

operadora, dado o tempo de produção do campo e experiência com ele.

A configuração simplificada, com objetivos de ajudar na ilustração para o texto,

mostra especificamente o poço POL-011 na Figura 4.3. Apesar de este ser um poço

offshore a completação dele é pelo modo seco. Isto só é possível dado a baixa lâmina

d’água média (100 metros) em que se encontram todos os poços do campo. Isto significa

que os equipamentos para produção, no caso, árvore de natal e cabeça de poço são para

poços onshore, deixando o projeto mais barato pois os equipamentos são mais simples.

Importante ressaltar que a figura não representa fielmente a escala nem as formas

do arranjo real. Além disso o sistema de recuperação de gás não é mostrado dado o

objetivo do texto.

Page 51: SELEÇÃO DE BOMBA CENTRÍFUGA PARA ELEVAÇÃO ARTIFICIAL …

36

Figura 4.3 - Simplificação do arranjo do poço POL-011 - Fonte: Autor

O conjunto da bomba é instalado no fundo do poço, com o óleo em volta devido

ao canhoneio das paredes, na qual o óleo permeia para dentro das paredes do poço. Assim

não temos altura nem velocidade de sucção. O óleo e o gás são admitidos como já

mostrado na seção 2.2.4.2 e neste texto consideraremos que somente o óleo segue para a

bomba.

Page 52: SELEÇÃO DE BOMBA CENTRÍFUGA PARA ELEVAÇÃO ARTIFICIAL …

37

4.2 Premissas do Projeto

i. Todas as tubulações foram especificadas e compradas pelo cliente. São rígidas e

de espessura constante.

ii. Consideraremos que a separação de óleo e gás na bomba é de 100% e nenhum gás

entra no sistema BCS.

iii. Para facilitar os cálculos, as propriedades físicas e térmicas do fluído são

consideradas constantes ao longo do processo de produção. Estas propriedades

foram obtidas com a empresa “X” para a empresa “Y”.

iv. Iremos ter 1 fluído, porém com 2 estados, para refletir melhor a realidade do poço.

Primeiramente, denominado FLUÍDO 1 (Óleo API 19º @ 66,7 ºC) que entra no

sistema BCS e vai até o leito marinho. Depois do óleo atingir o leito marinho, no

qual a água está a 4 ºC, há um resfriamento considerável. Assim temos o FLUÍDO

2 (Óleo API 19º @ 46,7 ºC). Este segundo fluído irá seguir até o reservatório na

plataforma fixa.

v. Foram considerados para o estudo o pior caso, ou seja, conservativo, para todas

as propriedades. Isto foi feito para garantir o bom funcionamento da bomba em

relação aos requisitos do projeto na condição normal de operação.

vi. A vazão desejada foi determinada pelo cliente, como já citado anteriormente. Com

o objetivo de perfurar mais 4 poços e aumentar em 10.000 bbl/d (66,2 m3/h) a

produção do campo nós obtemos a vazão de um poço de 2.500 bbl/d (16,56 m3/h).

vii. Esta produção será feita nas 24h do dia dado que uma plataforma de petróleo

produz sem parar a não ser em paradas específicas para manutenção.

viii. Pressão de sucção é de 967 psi (6.667 kPa) e de descarga é 2813 psi (19.395 kPa),

obtidas com a empresa “Y”.

ix. Como o sistema BCS é posicionado próximo ao fundo do poço e da seção de

canhoneio, o óleo e o gás permeiam para dentro do poço. Assim não há altura de

sucção (ZS) nem velocidade de sucção (VS), já que o sistema BCS se posiciona

“dentro” do reservatório.

x. Ponto de descarga é o reservatório na plataforma fixa, assim a velocidade de

descarga (VD) é nula.

4.3 Informações do Projeto

Primeiramente iremos apresentar um esquemático simplificado do poço para

facilitar o entendimento e o dimensionamento. Temos o reservatório do poço com o

Page 53: SELEÇÃO DE BOMBA CENTRÍFUGA PARA ELEVAÇÃO ARTIFICIAL …

38

sistema BCS inserido, a tubulação até o leito marinho, a transição com o leito marinho, a

tubulação do leito marinho até a cabeça de poço seca (no chão da plataforma fixa)

passando pela árvore de natal seca diretamente conectada à cabeça de poço e a ligação

com o reservatório de óleo da plataforma. Estes trechos funcionarão como tubulações em

série para a análise como mostra a seção 3.1.2.1. Mais abaixo temos os trechos na Tabela

4.1 de maneira mais objetiva.

Figura 4.4 - Esquemático do poço com tubulações em série - Fonte: Autor

Page 54: SELEÇÃO DE BOMBA CENTRÍFUGA PARA ELEVAÇÃO ARTIFICIAL …

39

Tabela 4.1 - Trechos das tubulações em série

4.3.1 Materiais

Um dos dados importantes para dimensionamento da bomba é o material das

tubulações. Estes já foram especificados e comprados pela operadora. Tendo em vista o

fluído e o ambiente que se apresenta para a tubulação foi especificado um tubo de aço

carbono polido com revestimento Duoline. Este revestimento tem objetivo de proteger a

tubulação de agentes corrosivos e de possíveis gases durante o escoamento além de

diminuir a rugosidade melhorando o fluxo de produção.

A Tabela 4.2 mostra o trecho, material e rugosidade da tubulação. As propriedades

foram tiradas do Anexo C da empresa Fiberware [18].

Tabela 4.2 - Rugosidade da tubulação

Trecho Ligação / Equipamento

A Sistema BCS > Leito Marinho

B Leito Marinho > Cabeça de Poço

C Cabeça de Poço

D Árvore de Natal

EÁrvore de Natal > Reservatório de

Óleo da Plataforma

Trecho MaterialRugosidade

[mm]

AAço Carbono Polido

revestido com Duoline0,005

BAço Carbono Polido

revestido com Duoline0,005

CAço Carbono Polido

revestido com Duoline0,005

DAço Carbono Polido

revestido com Duoline0,005

EAço Carbono Polido

revestido com Duoline0,005

Page 55: SELEÇÃO DE BOMBA CENTRÍFUGA PARA ELEVAÇÃO ARTIFICIAL …

40

4.3.2 Fluído de Trabalho

A complexidade de uma bomba para elevação artificial de óleo é maior que para

elevação de fluídos menos viscosos e pesados. Essa dificuldade aumenta principalmente

para o óleo brasileiro que é fica entre os mais pesados do mundo na escala API.

Os óleos têm uma especificação exclusiva da American Petroleum Institute (API)

em relação a sua densidade que é dado pelo grau API. O grau é dado pela equação abaixo:

141,5

𝑑6060

− 131,5 = °𝐴𝑃𝐼. (4.1)

Sendo d60/60 a densidade do petróleo a 60˚F em relação a densidade da água na

mesma temperatura.

A API [19] define a escala para separar os óleos pelo grau, que é:

• Leve → Acima de 31.1;

• Médio → Entre 22.3 e 31.1;

• Pesado → Entre 22.3 e 10.1;

• Extra Pesado → Abaixo de 10.1.

O óleo de Polvo é especificado como API 19º, ou seja, pesado. Além disso o óleo

não processado é de alta viscosidade como podemos observar na Tabela 4.3 e 4.4 abaixo.

Isto deixa ainda maior o desafio para elevação do fluído.

Abaixo apresentamos os dados dos dois fluídos já comentados anteriormente que

serão utilizados no projeto. Informações cedidas pela empresa “Y” através da empresa

“X”.

Tabela 4.3 - Informações Fluído 1

Parâmetro Símbolo Valor Unidade

Temperatura T1 66,7 °C

Viscosidade Absoluta µ1 0,17 Pa.s

Densidade ρ1 938,5 kg/m3

Peso Específico γ1 9206,69 N/m3

Pressão de Vapor PV1 3068166 Pa

Fluído 1 - Óleo API 19 - Poço

Page 56: SELEÇÃO DE BOMBA CENTRÍFUGA PARA ELEVAÇÃO ARTIFICIAL …

41

Tabela 4.4 - Informações Fluído 2

4.3.3 Análise da Tubulação e Acessórios das Linhas

Não temos tubulação de sucção, porém temos uma longa tubulação de descarga

com alguns equipamentos e foi dividida em 5 trechos para nossa análise como mostrou a

Figura 4.4.

Na Tabela 4.5 abaixo mostramos os diâmetros internos em polegadas e a

conversão para metros além da área transversal para cada trecho.

Tabela 4.5 - Diâmetro e área das tubulações

Abaixo temos a Tabela 4.6 que mostra o comprimento reto dos trechos. Todos os

valores passados pela empresa “X”.

Parâmetro Símbolo Valor Unidade

Temperatura T2 46,7 °C

Viscosidade Absoluta µ2 0,24 Pa.s

Densidade ρ2 953,65 kg/m3

Peso Específico γ2 9355,31 N/m3

Pressão de Vapor PV2 3017345 Pa

Fluído 2 - Óleo API 19 - Leito Marinho

TrechoDiâmetro

Interno [in]

Diâmetro

Interno [m]

Área Transversal

[m2]

A 4-1/2" 0,1143 0,021

B 4-1/2" 0,1143 0,021

C 4-1/2" 0,1143 0,021

D 4-1/2" 0,1143 0,021

E 4-1/2" 0,1143 0,021

Page 57: SELEÇÃO DE BOMBA CENTRÍFUGA PARA ELEVAÇÃO ARTIFICIAL …

42

Tabela 4.6 - Comprimento reto [m]

A próxima Tabela 4.7, enumera cada acessório encontrado em cada trecho do

escoamento.

Tabela 4.7 - Acessórios das linhas

Como mostrado na sessão 3.1.1.2.2 utilizamos estes dados para obtenção dos

comprimentos equivalentes dos trechos. Este cálculo foi feito através das tabelas do

Anexo A, provinda de [1]. Estes comprimentos equivalentes são mostrados na Tabela 4.8.

Mais abaixo é apresentada a Tabela 4.9 com os comprimentos totais equivalentes (LTotal),

calculado pelo método da sessão 3.1.1.2.2.

Trecho DescriçãoComprimento

Lreto [m]

A Sistema BCS > Leito Marinho 1656,8

B Leito Marinho > Cabeça de Poço 220,2

C Cabeça de Poço 3,2

D Árvore de Natal 4,5

EÁrvore de Natal > Reservatório

de Óleo da Plataforma76,4

A B C D E

Sistema BCS >

Leito Marinho

Leito Marinho >

Cabeça de Poço

Cabeça de

Poço

Árvore de

Natal

Árvore de Natal > Reservatório

de Óleo da Plataforma

Entrada - - - - -

Válvula Gaveta - - - 2 1

Válvula de Retenção 1 3 - - -

Válvula Esfera - - - - 1

Curva 45° 1 1 - - 2

Curva 90° - 1 - - 4

Joelho 90° - - - 2 -

Saída - - - - 1

Acessórios

Page 58: SELEÇÃO DE BOMBA CENTRÍFUGA PARA ELEVAÇÃO ARTIFICIAL …

43

Tabela 4.8 - Valores de comprimento equivalente [m]

Tabela 4.9 - Comprimentos equivalentes totais [m]

4.3.4 Dados de Operação

Utilizando a Figura 4.4 e as Tabelas dos fluídos, 4.3 e 4.4, como base, podemos

listar todos os dados principais necessários para os cálculos do Head do sistema (altura

manométrica total). Juntamente com os dados apresentados anteriormente iremos

construir a curva de Head x Vazão do sistema.

A B C D E

Sistema BCS >

Leito Marinho

Leito Marinho >

Cabeça de Poço

Cabeça de

Poço

Árvore de

Natal

Árvore de Natal > Reservatório

de Óleo da Plataforma

Entrada - - - - -

Válvula Gaveta - - - 3,06 1,53

Válvula de Retenção 17,15 51,45 - - -

Válvula Esfera - - - - 2,25

Curva 45° 1,72 1,72 - - 3,44

Curva 90° - 3,43 - - 13,72

Joelho 90° - - - 2,36 -

Saída - - - - 7,32

Total 18,87 56,60 0,00 5,42 28,26

Acessórios [m]

Trecho DescriçãoComprimento Total

Equivalente LTotal [m]

A Sistema BCS > Leito Marinho 1675,7

B Leito Marinho > Cabeça de Poço 276,8

C Cabeça de Poço 3,2

D Árvore de Natal 9,9

EÁrvore de Natal > Reservatório de

Óleo da Plataforma104,7

Page 59: SELEÇÃO DE BOMBA CENTRÍFUGA PARA ELEVAÇÃO ARTIFICIAL …

44

Tabela 4.10 - Dados para construção da curva do sistema

O peso específico é igual para descarga e para sucção pois o fluído 1 é o que entra

na bomba e permanece constante até ao leito marinho. Este trecho até o leito marinho

representa quase 85% do caminho do escoamento de descarga, por isso foi escolhido para

este parâmetro.

Antes disto iremos avaliar o escoamento em cada trecho para verificar qual tipo

ele é.

4.3.5 Análise do Escoamento

Nesta seção iremos avaliar o escoamento da produção em cada trecho proposto.

Iremos definir o tipo de escoamento através do número de Reynolds que é dado pela

equação abaixo.

𝐷 𝑉 𝜌

𝜇= 𝑅𝑒 (4.2)

Precisamos da velocidade de escoamento “V” em metros por segundo, do

diâmetro interno “D” em metros, da massa específica média do fluído “ρ” em kg/m3 e da

viscosidade dinâmica “μ” em Pa.s.

Para números de Reynolds abaixo de 2000 o escoamento é laminar, para números

acima de 4000 definimos como turbulento. Existe uma faixa de transição entre 2000 e

4000 que vai depender caso a caso. Na realidade quase todo escoamento será turbulento

nesta faixa, ao menos que a velocidade seja muito baixa e/ou a viscosidade do fluido seja

alta.

Assim obtendo o número de Reynolds para definir se o escoamento é laminar ou

turbulento. Tabela 4.11 mostra os resultados obtidos.

Parâmetro Simbolo Valor Unidade

Pressão de Sucção PS 6667230 Pa

Pressão de Descarga PD 19394952 Pa

Altura de Sucção ZS 0 m

Altura de Descarga ZD 1961,1 m

Peso Específico de Sucção γS 9206,69 N/m3

Peso Específico de Descarga γD 9206,69 N/m3

Vazão do Sistema Q 397,47 m3/dia

Vazão do Sistema Q 16,56 m3/h

Vazão do Sistema Q 0,0046 m3/s

Page 60: SELEÇÃO DE BOMBA CENTRÍFUGA PARA ELEVAÇÃO ARTIFICIAL …

45

Tabela 4.11 - Avaliação do escoamento

Como era de se esperar obtemos valores bem pequenos de Reynolds, ou seja,

escoamentos laminares. Isto se dá principalmente pela natureza altamente viscosa do

fluído que queremos bombear, o óleo pesado.

4.4 Memória de Cálculo

Iremos elaborar agora a memória de cálculo do projeto para cálculo do Head,

curva do sistema e NPSHdisponível. Para isso iremos fazer o cálculo das perdas de carga de

acordo com o escoamento laminar, como especificado na seção 3.1.1.1.

Para o cálculo do Head do sistema foi utilizado o método de soma do HEstático e

HFricção, detalhado na seção 3.2.5.4, equação (3.23). Este método foi escolhido pois no

arranjo do poço encontramos equipamentos em série e nos daria mais riqueza para

elaboração do trabalho.

4.4.1 Head Estático

Como já elaborado anteriormente o Head estático é calculado por:

(𝑍𝐷 − 𝑍𝑆) + (𝑃𝐷

𝛾𝐷−

𝑃𝑆

𝛾𝑆) = 𝐻𝐸𝑠𝑡á𝑡𝑖𝑐𝑜

Assim temos o valor de Head estático calculado facilmente.

𝐻𝐸𝑠𝑡á𝑡𝑖𝑐𝑜 = 3344,54 𝑚

4.4.2 Head de Fricção

4.4.2.1 Perda de Carga na Sucção

Como já falado anteriormente, o sistema BCS é inserido no fundo do poço

perfurado, próximo a região de canhoneio. Nesta região o gás e o óleo encapsulado nas

rochas da crosta terrestre conseguem atravessar para dentro do poço através de canhoneio.

Assim, não há tubulação de sucção para ser analisada nem velocidade de sucção.

Trecho Fluído Vazão [m3/s] Velocidade [m/s] Reynolds Escoamento

A 1 0,0046 0,000125 0,0786 Laminar

B 2 0,0046 0,000125 0,0566 Laminar

C 2 0,0046 0,000125 0,0566 Laminar

D 2 0,0046 0,000125 0,0566 Laminar

E 2 0,0046 0,000125 0,0566 Laminar

Page 61: SELEÇÃO DE BOMBA CENTRÍFUGA PARA ELEVAÇÃO ARTIFICIAL …

46

4.4.2.2 Perda de Carga na Descarga

Utilizando o método da seção 3.2.5.4 para determinação da perda de carga para

tubulações nós utilizamos um número de vazões diferentes e obtivemos para cada trecho

especificado anteriormente um valor. As tabelas a seguir mostram o resultado de cada

trecho. Em azul o resultado da vazão de projeto.

Tabela 4.12 - Perda de carga de fricção por vazão [m] - Trecho A

Tabela 4.13 - Perda de carga de fricção por vazão [m] - Trecho B

Q [m3/d] hF [m]

0,00 0,00

99,37 2,80

198,73 5,61

227,12 6,41

264,98 7,48

317,97 8,97

397,47 11,21

496,83 14,02

596,20 16,82

695,57 19,62

794,94 22,43

1192,40 33,64

Trecho A

Q [m3/d] hF [m]

0,00 0,00

99,37 1,50

198,73 3,01

227,12 3,43

264,98 4,01

317,97 4,81

397,47 6,01

496,83 7,51

596,20 9,02

695,57 10,52

794,94 12,02

1192,40 18,03

Trecho B

Page 62: SELEÇÃO DE BOMBA CENTRÍFUGA PARA ELEVAÇÃO ARTIFICIAL …

47

Tabela 4.14 - Perda de carga de fricção por vazão [m] - Trecho C

Tabela 4.15 - Perda de carga de fricção por vazão [m] - Trecho D

Q [m3/d] hF [m]

0,00 0,00

99,37 0,02

198,73 0,03

227,12 0,04

264,98 0,05

317,97 0,06

397,47 0,07

496,83 0,09

596,20 0,10

695,57 0,12

794,94 0,14

1192,40 0,21

Trecho C

Q [m3/d] hF [m]

0,00 0,00

99,37 0,05

198,73 0,11

227,12 0,12

264,98 0,14

317,97 0,17

397,47 0,22

496,83 0,27

596,20 0,32

695,57 0,38

794,94 0,43

1192,40 0,65

Trecho D

Page 63: SELEÇÃO DE BOMBA CENTRÍFUGA PARA ELEVAÇÃO ARTIFICIAL …

48

Tabela 4.16 - Perda de carga de fricção por vazão [m] - Trecho E

Como o final da descarga é um reservatório de óleo na plataforma fixa, o termo

de velocidade de descarga é também nulo.

4.4.2.3 Cálculo do Head de Fricção

Como temos os trechos de uma tubulação em série nós iremos somar as perdas de

carga para cada vazão para que tenhamos a curva de Head de fricção. Além disso iremos

simplificar a equação 3.24 para a equação abaixo.

𝐻𝑓𝑟𝑖𝑐çã𝑜 = ℎ𝑓𝑑

Assim temos a Tabela 4.17 com os dados finais de Head de Fricção e a curva na

Figura 4.5.

Q [m3/d] hF [m]

0,00 0,00

99,37 0,57

198,73 1,14

227,12 1,30

264,98 1,52

317,97 1,82

397,47 2,27

496,83 2,84

596,20 3,41

695,57 3,98

794,94 4,55

1192,40 6,82

Trecho E

Page 64: SELEÇÃO DE BOMBA CENTRÍFUGA PARA ELEVAÇÃO ARTIFICIAL …

49

Tabela 4.17 - Perda de carga de fricção por vazão [m] - Completo

Figura 4.5 - Curva do Head de Fricção

Q [m3/d] hF [m]

0,00 0,00

99,37 4,95

198,73 9,89

227,12 11,30

264,98 13,19

317,97 15,83

397,47 19,78

496,83 24,73

596,20 29,67

695,57 34,62

794,94 39,56

1192,40 59,34

Head de Fricção

0

10

20

30

40

50

60

70

0 99 199 227 265 318 397 497 596 696 795 1192

Hea

dF

ricç

ão [

m]

Vazão [m3/d]

Head de Fricção

Page 65: SELEÇÃO DE BOMBA CENTRÍFUGA PARA ELEVAÇÃO ARTIFICIAL …

50

4.4.3 Head e Curva do Sistema

Juntando os resultados de Head Estático e Head de Fricção nós obtemos o Head

do Sistema através da equação (3.23). Resultados na Tabela 4.18 e a curva do sistema na

Figura 4.6.

Tabela 4.18 - Head do Sistema

Figura 4.6 - Head do Sistema

Q [m3/d] Head Fricção [m] Head Estático [m] Head Sistema [m]

0 0,00 3343,54 3344

99 4,95 3343,54 3348

199 9,89 3343,54 3353

227 11,30 3343,54 3355

265 13,19 3343,54 3357

318 15,83 3343,54 3359

397 19,78 3343,54 3363

497 24,73 3343,54 3368

596 29,67 3343,54 3373

696 34,62 3343,54 3378

795 39,56 3343,54 3383

1192 59,34 3343,54 3403

Head do Sistema

3310

3320

3330

3340

3350

3360

3370

3380

3390

3400

3410

0 99 199 227 265 318 397 497 596 696 795 1192

Hea

dd

o S

iste

ma

[m]

Vazão [m3/d]

Head do Sistema

Page 66: SELEÇÃO DE BOMBA CENTRÍFUGA PARA ELEVAÇÃO ARTIFICIAL …

51

Assim podemos obter a altura manométrica total do sistema específica para vazão

desejada no projeto.

𝑄 = 397,47 𝑚3

𝑑𝑖𝑎

𝐻𝑆𝑖𝑠𝑡𝑒𝑚𝑎 = 3363,32 𝑚

4.4.4 NPSH disponível

Nesta seção iremos apresentar o cálculo do NPSH disponível na entrada da

bomba, como mostrado na seção 3.2.9. O objetivo principal é garantir que não irá ocorrer

o fenômeno da cavitação quando obtermos a curva de NPSH requerido do fabricante da

bomba.

Dado as especificidades do projeto a equação de cálculo de NPSH (3.26) é

simplificada para a seguinte equação:

𝑁𝑃𝑆𝐻𝑑𝑖𝑠𝑝𝑜𝑛í𝑣𝑒𝑙 =𝑃𝑆

𝛾𝑆+

𝑃𝑎𝑡𝑚 − 𝑃𝑉1

𝛾𝑆=

6667230

9206,69+

101330 − 3068166

9206,69= 401,9 𝑚

Page 67: SELEÇÃO DE BOMBA CENTRÍFUGA PARA ELEVAÇÃO ARTIFICIAL …

52

5. SELEÇÃO DA BOMBA

Como o objetivo do projeto é dimensionar um sistema de elevação artificial de

óleo em poço offhore de petróleo iremos analisar opções de 2 das maiores empresas

prestadoras de serviços para as operadoras: Baker Hughes e Schlumberger. Duas outras

fornecedoras são atuantes neste mercado, porém a empresa “X” somente adquiriu até hoje

bombas de Baker e Schlumberger, por isso somente a análise destas duas.

Dentro das duas opções de fabricantes nós encontramos diversas bombas com

diferentes rotações, frequências, amperagens, potências, diâmetros de cápsulas, faixas de

vazões permitidas, BEP’s e outros parâmetros importantes. Para a escolha foi utilizado os

parâmetros do sistema, listado na tabela 5.1 abaixo. Com isso obtivemos 2 opções

principais, uma de cada fabricante, para nosso caso.

Tabela 5.1 - Parâmetros para escolha da bomba

5.1 Bomba Baker Hughes – 1a Opção

Iremos analisar a bomba Baker Hughes escolhida. O modelo escolhido foi o P31

Série 538, bomba centrífuga radial representada pela Figura 5.1. A curva característica

obtida em [21] de 1 estágio com água é representada pela Figura 5.2.

Parâmetro Simbolo Valor

Pressão de Sucção PS 6667230 Pa

Pressão de Descarga PD 19394952 Pa

Altura Manométrica Total ZS 3363,32 m

NPSHDisponível ZD 401,9 m

Vazão do Sistema Q 397,47 m3/dia

Page 68: SELEÇÃO DE BOMBA CENTRÍFUGA PARA ELEVAÇÃO ARTIFICIAL …

53

Figura 5.1 - Bomba Baker Hughes - Fonte: Baker Hughes [20]

Figura 5.2 - Curva da bomba Baker P31 Série 538 - Fonte: Baker Hughes [21]

Page 69: SELEÇÃO DE BOMBA CENTRÍFUGA PARA ELEVAÇÃO ARTIFICIAL …

54

5.1.1 Análise da Influência da Viscosidade

Como já comentado na seção 3.2.4.1, a maioria das curvas de bombas são obtidas

com experimentação com água. Deste modo há um erro considerável quando vamos

utilizar estas mesmas curvas quando a utilização envolve fluídos com uma viscosidade

elevada como óleos de poços.

Através das curvas características da bomba, fornecidas pelo fabricante, no Anexo

C, podemos utilizar a carta, achar os fatores de correção e reconstruir a curva de

performance da bomba para fluído viscoso.

As entradas do método, para o BEP da bomba Baker são:

𝐻 = 36,74 𝑓𝑡

𝑄 = 102,2 𝐺𝑃𝑀

𝜈 = 181 𝑐𝑆𝑡

Page 70: SELEÇÃO DE BOMBA CENTRÍFUGA PARA ELEVAÇÃO ARTIFICIAL …

55

Figura 5.3 - Carta para correção bomba Baker - Fonte: Adaptado de Hydraulic Institute, 1975 [15]

Através da Figura 5.2 podemos obter os fatores de correção. Como era de se

esperar, dado o baixo valor de vazão do escoamento e alta viscosidade do fluído, há

fatores representativos de correção.

𝐶𝑄 = 80% = 0,80

𝐶𝐻60 = 87% = 0,87

𝐶𝐻80 = 83,5% = 0,835

Page 71: SELEÇÃO DE BOMBA CENTRÍFUGA PARA ELEVAÇÃO ARTIFICIAL …

56

𝐶𝐻100 = 81,5% = 0,815

𝐶𝐻120 = 78% = 0,78

𝐶𝐸 = 40% = 0,40

Estes valores serão usados para construir a curva da bomba corrigida na seção

seguinte.

5.1.2 Curvas Corrigidas da Bomba Baker Hughes

Seguindo o procedimento descrito na seção 3.2.4.1 vamos construir a curva

corrigida para a bomba Baker.

Figura 5.4 - Curva de Head e Eficiência corrigida para bomba Baker

Figura 5.5 – Curva de potência absorvida corrigida para bomba Baker

Page 72: SELEÇÃO DE BOMBA CENTRÍFUGA PARA ELEVAÇÃO ARTIFICIAL …

57

As curvas são representativas de uma bomba de 1 estágio, e como o Head seria

longe do suficiente para o necessário para o projeto foi preciso escolher mais de uma

bomba com múltiplos estágios. Para definirmos a quantidade de bombas e estágios de

cada bombas iremos usar o valor de vazão de projeto Head necessário calculado. Nos

dando assim 4 bombas de 84 estágios em série, já que precisamos somar os Head e manter

a vazão.

Abaixo temos a curva de Head de 1 bomba e também a das 4 bombas em série na

Figura 5.5 e o ponto de operação na Figura 5.6.

Figura 5.6 - Curva de Head para 1 bomba Baker e para 4 bombas Baker em série

Figura 5.7 – Ponto de operação para bomba Baker

Page 73: SELEÇÃO DE BOMBA CENTRÍFUGA PARA ELEVAÇÃO ARTIFICIAL …

58

Com todos os gráficos em mãos podemos tabular todas as informações do ponto

de trabalho sobre a bomba Baker na Tabela 5.2.

Tabela 5.2 – Dados finais da bomba Baker

5.2 Bomba Schlumberger – 2a Opção

Nossa segunda opção é a bomba SN3600 da fabricante Schlumberger. Também

uma bomba centrífuga radial, feita especialmente para elevação artificial em poços de

petróleo. A Figura 5.8 mostra as curvas características de 1 estágio da bomba com água.

Parâmetro Baker Hughes

Vazão Viscosa 397,47 m3/d

Vazão Viscosa 2500 bbl/d

Vazão Viscosa 16,56 m3/h

Head Viscoso - 1 Estágio 10,1 m

Head Viscoso 3394 m

Quantidade de Bombas 4

Quantidade de Estágios 84

Eficiência Viscosa 26,20%

Potabs Total 534 kW

Frequência 50 Hz

RPM 2917

Valor 8.000.000,00R$

% BEP 112,9%

Page 74: SELEÇÃO DE BOMBA CENTRÍFUGA PARA ELEVAÇÃO ARTIFICIAL …

59

Figura 5.8 - Curvas da bomba Schlumberger SN3600 - Fonte: Schlumberger [22]

5.2.1 Análise da Influência da Viscosidade

Iremos seguir os mesmos passos que foram feitos na seção anterior, agora para a

bomba Schlumberger. Através das curvas características da bomba, fornecidas pelo

fabricante, Anexo D, podemos utilizar a carta, achar os fatores de correção e reconstruir

a curva de performance da bomba para fluído viscoso.

As entradas do método são:

𝐻 = 35,10 𝑓𝑡

𝑄 = 106,1 𝐺𝑃𝑀

𝜈 = 181 𝑐𝑆𝑡

Page 75: SELEÇÃO DE BOMBA CENTRÍFUGA PARA ELEVAÇÃO ARTIFICIAL …

60

Figura 5.9 - Carta para correção bomba Schlumberger - Fonte: Adaptado de Hydraulic Institute, 1975

[15]

Através da Figura 5.7 podemos obter os fatores de correção. Como era de se

esperar, dado o baixo valor de vazão do escoamento e alta viscosidade do fluído, há

fatores representativos de correção.

𝐶𝑄 = 80,5% = 0,805

𝐶𝐻60 = 88% = 0,88

𝐶𝐻80 = 84% = 0,84

Page 76: SELEÇÃO DE BOMBA CENTRÍFUGA PARA ELEVAÇÃO ARTIFICIAL …

61

𝐶𝐻100 = 82% = 0,82

𝐶𝐻120 = 78,5% = 0,785

𝐶𝐸 = 40% = 0,40

Estes valores serão usados para construir a curva da bomba corrigida em seção

subsequente.

5.2.2 Curvas Corrigidas da Bomba Schlumberger

Seguindo o procedimento descrito na seção 3.2.4.1 vamos construir a curva

corrigida para a bomba Schlumberger.

Figura 5.10 - Curva de Head e Eficiência corrigida para bomba Schlumberger

Figura 5.11 - Curva de potência absorvida corrigida para bomba Schlumberger

Page 77: SELEÇÃO DE BOMBA CENTRÍFUGA PARA ELEVAÇÃO ARTIFICIAL …

62

As curvas são representativas de uma bomba de 1 estágio, e como o Head seria

longe do suficiente para o necessário para o projeto foi preciso escolher mais de uma

bomba com múltiplos estágios. Para definirmos a quantidade de bombas e estágios de

cada bombas iremos usar o valor de vazão de projeto Head necessário calculado. Nos

dando assim 4 bombas de 104 estágios em série, já que precisamos somar os Head e

manter a vazão.

Abaixo temos a curva de Head de 1 bomba e também a das 4 bombas em série na

Figura 5.10 e o ponto de operação na Figura 5.11.

Figura 5.12 - Curva de Head para 1 bomba Schlumberger e para 4 bombas Schlumberger em série

Figura 5.13 - Ponto de operação para bomba Schlumberger

Page 78: SELEÇÃO DE BOMBA CENTRÍFUGA PARA ELEVAÇÃO ARTIFICIAL …

63

Com todos os gráficos em mãos podemos tabular todas as informações sobre a

bomba na Tabela 5.3.

Tabela 5.3 - Dados finais da bomba Schlumberger

5.3 Comparação e escolha da bomba

Com todos os dados obtidos entre as duas opções nós podemos agora fazer uma

comparação técnica e chegarmos a uma escolha de qual se adequa melhor ao nosso

projeto. A Tabela 5.4 faz um comparativo.

Tabela 5.4 – Comparativo de bombas

Parâmetro Schlumberger

Vazão Viscosa 397,47 m3/d

Vazão Viscosa 2500 bbl/d

Vazão Viscosa 16,56 m3/h

Head Viscoso - 1 Estágio 8,9 m

Head Viscoso 3365 m

Quantidade de Bombas 4

Quantidade de Estágios 104

Eficiência Viscosa 27,70%

Potabs Total 524 kW

Frequência 50 Hz

RPM 2917

Valor 8.200.000,00R$

% BEP 107,3%

Parâmetro Baker Hughes Schlumberger

Vazão Viscosa 397,47 m3/d 397,47 m3/d

Vazão Viscosa 2500 bbl/d 2500 bbl/d

Vazão Viscosa 16,56 m3/h 16,56 m3/h

Head Viscoso - 1 Estágio 10,1 m 8,9 m

Head Viscoso 3394 m 3365 m

Quantidade de Bombas 4 4

Quantidade de Estágios 84 104

Eficiência Viscosa 26,20% 27,70%

Potabs Total 534 kW 524 kW

Frequência 50 Hz 50 Hz

RPM 2917 2917

Valor 8.000.000,00R$ 8.200.000,00R$

% BEP 112,9% 107,3%

Comparação entre Bombas

Page 79: SELEÇÃO DE BOMBA CENTRÍFUGA PARA ELEVAÇÃO ARTIFICIAL …

64

Como podemos ver as bombas tem desempenhos bem semelhantes. A fabricante

Schlumberger nos oferece uma bomba levemente mais cara, porém com maior eficiência

e menor potência absorvida. Apesar disto tem um Head por estágio menor, o que aumenta

o número de estágios da bomba. Apesar da bomba Baker ser menor e mais simples ela

tem uma menor proximidade do BEP da bomba com o ponto de trabalho desejado. Neste

quesito a bomba Schlumberger é melhor.

As duas opções são viáveis e capazes de serem utilizadas. Dado que é de extrema

importância para a operadora do campo que o capital para manutenção e utilização, como

o consumo de energia, seja menor, foi escolhido a bomba SN3600 da fabricante

Schlumberger. Esta escolha se baseia na premissa que a energia elétrica não tem um valor

margina para plataforma. Entretanto existem diversas plataformas que produzem a sua

própria energia através do gás extraído dos poços, sem custo. Assim podemos justificar,

pelo ponto de vista da operadora, que a bomba Schlumberger por ter uma proximidade

maior do BEP terá uma vida de operação maior. Diminuindo os custos com manutenção

e tempo de downtime de produção. Este tempo menor de downtime, no qual você fica sem

produzir, justifica a escolha da bomba Schlumberger mesmo sendo R$200.000,00 mais

cara.

5.4 Verificação do NPSH requerido para bomba Schlumberger

A partir dos dados fornecidos no Anexo E e também pelo valor do NPSHdisponível

calculado na seção 3.2.9 podemos verificar a ocorrência de cavitação da bomba escolhida.

Como mostrado no gráfico do Anexo, o valor para uma bomba de 1 estágio é de 0,71 m.

Assim calculamos, pelo fator de segurança para altos Head:

𝑁𝑃𝑆𝐻𝑑𝑖𝑠𝑝 ≥ ((104 × 0,71) + 0,25 × 401,9)

401,9 ≥ 4 × (73,8 + 100,48)

401,9 ≥ 174,28 𝑚 → 𝐴𝑐𝑒𝑖𝑡𝑜

Page 80: SELEÇÃO DE BOMBA CENTRÍFUGA PARA ELEVAÇÃO ARTIFICIAL …

65

6. CONCLUSÃO

O propósito do projeto foi selecionar uma bomba para viabilizar a elevação

artificial em poços de produção offshore no pós sal brasileiro. Discussão motivada pelo

mercado ascendente de empresas independentes no cenário de óleo e gás brasileiro, que

através dos desinvestimentos da PETROBRAS estão adquirindo campos maduros com os

objetivos de aumentar as reservas comprovadas, a eficiência de operação e acelerar o

retorno de investimento com diminuição do tempo para o primeiro óleo dos poços

perfurados.

O estudo de caso teve a situação específica de elevação artificial por bombeio

centrífugo submerso (BCS) analisado. Este é e continuará sendo mais um método

altamente utilizado na indústria brasileira dado o seu baixo custo e rápido retorno. É o

cenário ideal para as operadoras que querem alavancar a produção de campos já maduros

que as reservas já apresentam uma pressão natural menor.

O caso específico de Polvo, campo offshore da bacia de Campos com reservas no

nível do pós sal, é um ótimo exemplo para este tipo de estudo. O escopo do trabalho foi

o dimensionamento da bomba centrífuga para o poço POL-011 já existente, considerando

todos os equipamentos, tubulações e o layout real do campo.

Primeiramente foi feito um estudo profundo sobre os tipos de elevação existentes,

quais suas melhores aplicações e características além obviamente de uma revisão de todos

os conceitos de mecânica dos fluídos e máquinas de fluxo necessários para elaboração do

trabalho. Foram também usados o conhecimento do autor sobre o mercado de óleo e gás

brasileiro e todas as suas transformações recentes para que a motivação fosse clara e

objetiva para todos os leitores.

Vários desafios foram encontrados durante a elaboração do texto. O principal

deles foi analisar um fluído altamente viscoso e pesado (API 19º – Óleo Pesado) em um

ambiente de extrema pressão que é a crosta terrestre. Foi necessário um ajuste para fluídos

viscosos na análise. Outro percalço foi a necessidade de convencimento da empresa “Y”

para aceitar dividir informações do poço e do campo, sejam dados de viscosidade, pressão

e até tamanhos e diâmetros de tubulações, para utilização no trabalho, sem exposição da

inteligência de engenharia diretamente no texto. A identificação da operadora, empresa

“X” também foi mantida sem menções diretas pelo nome por pedido da empresa “Y”.

Outros tipos de informação foram obtidos em pesquisas e sua veracidade checada. Os

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66

modelos de equipamentos seguiram o mesmo tratamento que os dados do poço. Foram

passadas informações para uso no trabalho, mas sem exposição direta já que consistem

em informações de propriedade intelectual da empresa “Y”. O último desafio foi a

obtenção das curvas das bombas com os fabricantes. Foram obtidas as curvas de

desempenho das duas opções, entretanto somente uma curva de NPSHrequerido de um

fabricante, dificultando a análise de cavitação.

Com todas as informações obtidas em mãos seguimos para o dimensionamento

usando conceitos e conhecimentos angariados na graduação. Foram comparados dois

modelos de bombas para nosso projeto com todos os resultados da análise a disposição.

Há a possibilidade para um futuro trabalho a análise de um fornecedor extra,

Halliburton, para maior abrangência de possibilidades, já que neste trabalho foram

consideradas duas opções que são de preferência histórica da operadora.

Conclui-se que o objetivo foi alcançado com a seleção da bomba centrífuga para

elevação artificial em poço offshore. A bomba escolhida é capaz de elevar o fluído viscoso

até a plataforma, com a vazão escolhida, nas condições do poço.

A escolha entre os dois fabricantes analisados, pela fabricante Schlumberger, foi

feita pela melhor performance e menor investimento para operação da bomba. Sendo mais

adaptada no objetivo do projeto da operadora, considerando que o gasto de energia

elétrica não é marginal. Outro ponto que foi considerado foi a proximidade do BEP, que

leva a um melhor funcionamento, menor tempo de downtime e assim mais produção

garantida.

Como o caso foi levado de maneira conservadora, pode se considerar uma

possibilidade de trabalho futuro uma visão mais agressiva perante a pontos como a

transferência de calor do mar para o fluído. O Head necessário poderia ser diminuído e

consequentemente a número de bombas em série e o número de estágios diminuídos,

levando a uma necessidade de investimento menor.

O campo continua produzindo e com campanha nova de perfuração em andamento

no segundo semestre de 2019, com projetos de novos sistemas BCS para estes novos

poços, porém cada caso deve ser analisado separadamente. O caso elaborado aqui foi

somente um estudo de caso que pode ser usado de base para novos poços.

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67

7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

[1] MATTOS, E., DE FALCO, R., Bombas Industriais. 2a ed. Rio de Janeiro, RJ, Brasil:

Interciência, 1998.

[2] FOX, R., PRITCHARD, P. J., McDONALD, A. T., Introdução à Mecânica dos

Fluidos. 7a ed. Rio de Janeiro, RJ, Brasil: LTC, 2010.

[3] THOMAS, J. E., Fundamentos da Engenharia de Petróleo. 1a ed. Rio de Janeiro, RJ,

Brasil: Interciência, 2001.

[4] OLIVEIRA, P. S., Bombeio Centrífugo Submerso, Programa Alta Competência

Petrobras.

[5] WIKIPEDIA, n.d. Moody Chart. [Online], Disponível em:

https://en.wikipedia.org/wiki/Moody_chart, Acesso em 20 de setembro de 2019.

[6] BP, BP Energy Outlook, 2019 Edition, [Online] Disponível em:

https://www.bp.com/content/dam/bp/business-sites/en/global/corporate/pdfs/energy-

economics/energy-outlook/bp-energy-outlook-2019.pdf, Acesso em 15 de agosto de

2019.

[7] THE GREENEST POST, “Tesla inaugura maior estação do mundo com

supercarregadores e aposta em carros elétricos”, [Online] Disponível em:

https://thegreenestpost.com/tesla-inaugura-maior-estacao-com-supercarregadores-e-

aposta-em-carros-eletricos/, Acesso em 17 de agosto de 2019.

[8] ANP, “Mapa de Exploração e Produção de Petróleo e Gás – Bacia de Campos e

Santos (Polígono do Pré-Sal), [Online] Disponível em:

http://www.anp.gov.br/images/EXPLORACAO_E_PRODUCAO_DE_OLEO_E_GAS/

Dados_Tecnicos/BACIA_CAMPOS_SANTOS.pdf, Acesso em 17 de agosto de 2019.

[9] PETROBRAS, “5 Firsts: cinco marcos pioneiros na indústria de óleo e gás”,

[Online] Disponível em: https://medium.com/petrobras/5-firsts-cinco-marcos-pioneiros-

na-ind%C3%BAstria-de-%C3%B3leo-e-g%C3%A1s-8650e5725241, Acesso em 28 de

agosto de 2019, 2018.

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68

[10] NAVEIRA, L., Simulação de Reservatórios de Petróleo Utilizando o Método de

Elementos Finitos para Recuperação de Campos Maduros e Marginais. Dissertação de

Mestrado, UFRJ, Rio de Janeiro, RJ, Brasil, 2007.

[11] WEATHERFORD, Surface Pumping Units, [Online] Disponível em:

https://www.weatherford.com/en/documents/brochure/products-and-

services/production-optimization/maximizer-surface-pumping-units/, Acesso em 14 de

setembro de 2019.

[12] HART ENERGY, “Thru-tubing Retrievable ESP, An Operator’s Driven Initiative”,

[Online] Disponível em: https://www.hartenergy.com/exclusives/thru-tubing-

retrievable-esp-operators-driven-initiative-181667, Acesso em 14 de setembro de 2019.

[13] MECÂNICA INDUSTRIAL, “Bombas centrífugas”, [Online] Disponível em:

https://www.mecanicaindustrial.com.br/49-bombas-centrifugas/, Acesso em 28 de

outubro de 2019.

[14] SIGALTEC, “Bombas lobulares especiales”, [Online] Disponível em:

https://sigaltec.es/producto/bombas-volumetricas/, Acesso em 28 de outubro de 2019.

[15] HYDRAULIC INSTITUTE, Hydraulic Institute Standarts, 13a ed. 1975.

[16] ANP, Plano de Desenvolvimento de Polvo¸ [Online] Disponível em:

http://www.anp.gov.br/images/planos_desenvolvimento/Polvo.pdf, Acesso em 10 de

outubro de 2019.

[17] PETRORIO, “Divulgação de Resultados 4T18 e 2018”, [Online] Disponível em:

https://petroriosa.com.br/, Acesso em 10 de outubro de 2019. 2019.

[18] FIBERWARE, “Tubular Services”, [Online] Disponível em:

http://www.fies.org.br/sgw/upload/2014-03-18_08-48-18_1.pdf, Acesso em 12 de

outubro de 2019.

[19] API, “Oil Gravity”, [Online] Disponível em: http://www.petroleum.co.uk/api,

Acesso em 9 de novembro de 2019.

[20] GE OIL & GAS, Electric Submersible Pump Systems Catalog, Oklahoma City, OK,

Estados Unidos, 2011.

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69

[21] BAKER HUGHES, ALS ESP Pump Performance Curves, 2015.

[22] SCHLUMBERGER, Reda Electric Submersible Pump Systems Technology Catalog,

Houston, Texas, Estados Unidos, 2017.

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ANEXOS

A. Tabelas de Comprimento Equivalente

Figura A.1 - Comprimentos equivalentes de entradas e saídas - Fonte: DE FALCO, 1998 [1]

Figura A.2 – Comprimentos equivalentes para mudanças de diâmetro – Fonte: DE FALCO [1]

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71

Figura A.3 – Comprimentos equivalentes para acessórios e válvulas – Fonte: DE FALCO, 1998 [1]

Figura A.4 – Comprimentos equivalentes para curvas e joelhos – Fonte: DE FALCO, 1998 [1]

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B. Rugosidade de Revestimento Duoline

Figura B.1 - Rugosidade do Revestimento Duoline por tipo de tubo - Fonte: Fiberware [18]

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C. Curvas de outras bombas Baker Hughes analisadas

Figura C.1 - Curva da bomba Baker P17 Série 538 [21]

Figura C.2 - Curva da bomba Baker P23 Série 538 [21]

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Figura C.3 - Curva da bomba Baker P37 Série 538 [21]

Figura C.4 - Curva da bomba Baker P47 Série 538 [21]

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D. Curvas de outras bombas Schlumberger analisadas

Figura D.1 – Curva da bomba Schlumberger GN1600 [22]

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Figura D.2 - Curva da bomba Schlumberger GN2100 [22]

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Figura D.3 - Curva da bomba Schlumberger GN4000 [22]

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Figura D.4 - Curva da bomba Schlumberger HN13500 [22]

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Figura D.5 - Curva da bomba Schlumberger J7000N [22]

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Figura D.6 - Curva da bomba Schlumberger SN2600 [22]

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E. NPSH requerido Bomba Schlumberger

Figura E.1 – Curva de NSPH requerido da bomba Schlumberger [22]