3SALVADOR DOMINGO 24 / 1 / 201 0 2Mauricio Lima / AFP Photo

Muitos estilistas investiram em tons fechados num País em que o sol não some no inverno

Sustentabilidade é o novo preto?

Herchcovitch, um dos nomesfortes da moda no País

mo o cineasta Tim Burton, paracomparar com alguém dentrodo mesmo universo de referên-cias. Sabe-se o que esperar dele,mas sempre consegue surpre-ender dentro da expectativa.

Fez isso com a Rosa Chá, com-pletamente renovada com a suaentrada no lugar de Amir Slama,e mostrou uma coleção fora donosso padrão de beachwear,inspirada em roupas de mer-gulho e com cara de lingerie. Fezcom a coleção feminina, indo aoLeste Europeu buscar estampase brilhos, e na masculina, comxadrez e lurex prateado em re-ferência ao filme O Sétimo Selo,de Ingmar Bergman.

A esperança também se de-posita nos jovens criadores dasmarcas abravanistas Amapô eNeon, que, juntos, quase for-mam um coletivo, um grupo noestilo Novos Baianos ou tropi-ca l i s t a .

Com bom humor, ironia ebastante exagero, as duas grifesdeixam claro que são brasileirase não precisaam reproduzir oque está acontecendo lá fora.Criam looks de mendigos chi-ques, vestem suas modelos detucano sem temer o ridículo.Sem temer o Brasil.

Segunda é dia desambar no adro

Quem pensa que a segunda-fei-ra só serve para descansar dafarra do fim de semana se en-gana. No primeiro dia útil dasemana a festa continua às 20horas com o Samba na Igreja,evento que movimenta a pro-gramação do Espaço Cultural daBarroquinha. Os cantores San-dra Simões e Mazzo Guimarãessão os anfitriões do projeto,que tem direção musical de Lu-ciano Salvador Bahia e a pro-dução de Flávia Motta. A pro-posta é tirar do fundo do baú oclima das tradicionais festas delargo, com o palco armado noadro. A performance da VJ Bár-bara Tércia completa a noite.

Andre Penner / AP

PEDRO FERNANDES

Quando acaba o maior eventode moda do País, todo mundoquer saber para onde ela vai nospróximos seis meses. Se as pes-soas ficassem ligadas nas se-manas de moda do exterior, sa-beriam. Porque muito pouco doque se vê por aqui é de fatocriação. As tais tendências sãoreproduções de propostas quejá foram feitas seis meses, umano antes, em Paris, Milão, No-va York, Tóquio.

Então, a São Paulo FashionWeek pode-se definir como umlugar que junta gente antenadaque vai nos informar sobre o queestá acontecendo lá fora. Comose lá fora realmente importassepara quem somos, para o nossoclima e realidade socioeconô-mica e cultural. Se vimos aquiombros, quadris, mangas, tudoestruturado, seja na Osklen,Maria Bonita, Glória Coelho,Reinaldo Lourenço e tantos ou-tros, é porque a Maison Balmaine Balenciaga já o fizeram.

Claro, são peças lindas e sãoobjetos de desejo. Se já são ca-ras em nossas versões nacio-nais, que dirá os originais? En-tão, todo mundo engole a cópia

e não se fala mais nisso. Mas acoisa começa a incomodarquando a inspiração vem paratodos da mesma fonte, do mes-mo estilista. A moda começa aficar sem graça, justamente por-que vira uniforme.

Não foi à toa que as botas naaltura do tornozelo invadiram aspassarelas nessa edição. As san-dálias presas nos tornozelos e asankle boots mais uma vez vêmda Balenciaga, que lançou mo-delos em 2008. Aquelas quevêm com tachas e correntes,mais rock’n’roll, são copiadas dacoleção passada de Balmain.

É inverno, todos sabemos. En-tão, para que investir em tantopreto, em tanto cinza, como fi-zeram quase todos os estilistas,num País em que o sol nãosome no frio? Trech coats e man-tôs são peças que o bom sensosó permite usar em regiões maisfrias, como o Rio Grande do Sule Paraná.

HorizonteFelizmente, há estilistas comoAlexandre Herchcovitch, quemontou um horizonte de cria-ção próprio para além da modae que atinge as artes pop, osquadrinhos, a música. Ele é co-

Na temporada que acabou nasexta-feira, a São Paulo FashionWeek fez de tudo para mudarum pouco a cara e se livrar dosrumos de futilidade que lhe atri-buem os detratores.

Não adianta mais bater nopeito e mostrar as cifras gera-das. Agora, o que conta mesmoé mostrar consciência ecológica.Ainda que esta seja só mais umaestratégia mercadológica.

Nessa 28ª edição, organiza-dores e estilistas tentam daruma outra cara para para aS P F W.

Na moda, por aqui, está mes-mo é a palavra “sustentabilida-de”. Então, os conceitos e pro-postas acabam indo quase to-dos nessa direção.

Como a Osklen, que fez rou-pas com tecidos orgânicos e sin-téticos produzidos de forma“sustentável”. Ou a Oestudio,que tem na criação de roupasutilitárias uma forma de fugir dod e s p e rd í c i o.

Carbon freeO evento, em si, se diz carbonfree. De acordo com a asses-soria, o total das emissões deCO2 serão compensadas com oplantio de mais de 15.400 ár-vores nativas.

Mas consciência não muda danoite para o dia, e ainda são ascelebridades e subcelebridadesque servem de chamariz midiá-tico para o evento, e, conse-quentemente, de investidor ep a t r o c i n a d o r.

Cláudia, do BBB 10, que odiga: nem famosa é e já teve quelidar com dezenas de flashesquando foi ao desfile do Ale-xandre Herchcovitch.

Até onde acompanhamos,nenhum fotógrafo foi visto cor-rendo atrás de uma algarobapara colocar na capa de umarevista de fofoca.

PEDRO FERNANDES (O REPÓRTER VIAJOU

A CONVITE DA ORGANIZAÇÃO DO SÃO

PAULO FASHION WEEK)Amapô: modelos de primeiralinha com criatividade

Andre Penner / AP

Neon destila ironia emvestidos em forma de animais

Mauricio Lima / AFP

B A FO S

18/1/2010 A apresentadoraMárcia Goldschimidtcausou estranhamento aosentar na fila A, de ReinaldoLourenço, dando origemà expressão “fazer aMárcia”, que significasurgir do nada no mundoda moda

20/1/2010 As tops AnaBeatriz Barros, Carol Ribeiroe Isabeli Fontana foramanunciadas como as novascaras da C&A

21/1/2010 O Journal,periódico que circula na SãoPaulo Fashion Week, erroupor dois dias seguidosinformações sobrea Maria Prata, editora daFashion TV Brasil. Atribuiu aela um falso irmão e acreditou como editorada Vogue

HERCHCOVITCH OUA MODA EM ALTA

Herchcovitch nessatemporada se firma de vezcomo nome mais importantena criação de moda no Brasil.Apresentou duas coleções,masculina e feminina, e aindaestreou à frente da Rosa Chá

CRIATIVIDADE E BOMHUMOR ENTRE OS JOVENS

Amapô, grife de jovensestilistas, sem muito dinheiropara investir em materiais deprimeira linha, apostou esseano no reaproveitamento derestos para criar uma coleçãoabsurda e bem-humorada

IRÔNICA, NEON ESTÁ EMCONEXÃO COM O BRASIL

A Neon, embora seja maisestruturada financeiramenteque a Amapô, segue a mesmalinha irônica. Com vestidosem forma de animais tropicaismostra que está conectadacom o Brasil

BaianaSystem lançaprimeiro CD no Vila

O guitarrista Robertinho Bar-reto (Lampirônicos) coloca emação o projeto musical Baiana-System, no Teatro Vila Velha,nos dias 27 e 3 de fevereiro. Olançamento do CD acontecerána sala principal do teatro eintegra a programação do VilaVe r ã o As apresentações acon-tecem às vésperas das come-morações dos 60 anos da cria-ção do trio elétrico, tema doCarnaval este ano, com a pro-posta de interagir com novosformatos e gêneros musicais. Opúblico poderá ainda adquirirum EP, com cinco das compo-sições do disco, que deverá che-gar às lojas em fevereiro.

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Assista ao vídeo da coleção de Lino Villaventura bem como a umaentrevista com o estilista, um dos nomes referenciais da modabrasileira, durante a São Paulo Fashion Week, inverno 2010,encerrada na última sexta-feira.

Herchcovitch écomo Tim Burton,para comparar comalguém dentro domesmo universode referências.Sabe-se o queesperar dele, massempre conseguesurpreender dentrodessa expectativa

MODA Tendências apresentadas sãoreproduções de propostas do exterior

Semanas demoda dos EUAe Europa dão otom da SPFW

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