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Ética profissional aplicada ao exercício da Podologia
Entende-se por ética o conjunto de regras e mecanismos de comportamento
adotados para que uma atividade seja desempenhada dentro da maior lisura,
proporcionando o atendimento absoluto e pleno de todos os que são contemplados
por ela. Em outras palavras, ética é o conjunto de valores e princípios morais
aplicados à conduta humana para reger o comportamento de um segmento
profissional na sociedade.
Os profissionais da área da saúde orientam-se também pela bioética - estudo da
moralidade da conduta humana, que inclui a ética médica, mas vai além dos
problemas clássicos da medicina. A bioética leva em consideração os problemas
éticos suscitados pelas ciências biológicas, os quais não são primordialmente de
ordem médica.
O exercício da ética profissional garante o respeito às necessidades do cliente. Um
profissional não pode aproveitar-se de sua condição para usufruir de benefícios
indevidos, lesando seus pacientes.
Do mesmo modo, não deve denegrir ou desmerecer outros profissionais pares, com
o intuito de obter vantagens pessoais sobre seus clientes. Todas as atividades
desenvolvidas em sistema sociais são regidas por códigos de ética, a qual caminha
sempre junto com a moral.
Limites de ação do podólogo
Formado e habilitado para exercer a podologia, o podólogo deverá desempenhar
suas atividades respeitando os níveis de competência a ele estabelecidos.
Restrito à ação não invasiva, o podólogo deverá lançar mão de todos os recursos de
cura disponíveis entre suas atribuições para tratar das patologias dos pés, sem
transgredir em nenhuma hipótese seus limites de ação. De forma alguma, portanto,
o podólogo deverá ministrar tratamentos que sejam da competência de outros
profissionais da
área da saúde, por mais assemelhadas que sejam aos princípios da podologia.
Por exemplo, não compete ao podólogo realizar atividades que somente um médico,
um farmacêutico, um massagista ou um fisioterapeuta foram habilitados a exercer.
Para esclarecer melhor, selecionamos alguns profissionais da área da saúde, cujas
atividades o podólogo não é autorizado a desempenhar.2
Médico
Profissional de nível superior, graduado em anatomia e patologia humanas, com
capacitação de realizar cura com base em diagnose e terapias cirúrgicas alopáticas.
Não é da competência do podólogo receitar ou prescrever medicações ou mesmo
se utilizar de técnicas invasivas, como anestésicos injetáveis ou incisões
subcutâneas. Tais procedimentos necessitam de formação e habilitação somente
concedidas pelas faculdades de medicina, sendo inclusive consideradas como
práticas ilegais e como tal punidas com o rigor da lei.
Farmacêutico
Profissional coadjuvante que atua no comércio fornecendo os componentes
alopáticos prescritos pelo médico. Além da orientação específica ao paciente sobre
o uso de medicamentos, com base na prescrição feita pelo médico, o farmacêutico
tem habilitação para manipular medicamentos, mas não pode indicar macerações,
nem mesmo remédios considerados "inofensivos" para orientar terapias.
Massoterapeuta
Profissional da saúde, com formação técnica, que atua por meio da manipulação
corpórea, habilitado a trabalhar no trato musculo-articular genérico, que visa
resultados definidos quanto ao alívio de dores e obtenção de relaxamento.
Fisioterapeuta
Profissional da saúde, com graduação, habilitado á prescrição de condutas
fisioterapêuticas, sua ordenação técnicas de alongamento! ordenação e condução
no paciente, bem como o relaxamento, acompanhamento da evolução do quadro
funcional e sua alta do serviço. cura local' específica!
Nesse campo o podólogo pode contribuir apenas com intervenções reflexo lógicas
nos pés, com base na formação adquirida.
Nutricionista
Profissional habilitado a dimensionar padrões de alimentação específicos para
grupos ou pessoas de mesmo comportamento vivencial, buscando a manutenção
ou a reposição do ponto ideal, considerando o gasto energético.
Não é da competência do podólogo indicar técnicas alimentares ou de reposição e
suplementação nutricional para tratar nenhum problema dos pés, a não ser a
ingestão de água, exceto para pacientes renais crônicos.
Enfermeiro
Profissional de nível superior, habilitado para atuar diretamente no tratamento de 3
pacientes, para desenvolver atividades de estabilização. O enfermeiro é um
coadjuvante do médico, cumprindo suas prescrições.
O podólogo pode atuar apenas nos casos que necessitem de curativos em traumas
e lesões, com base na formação adquirida.
Professor de educação física
Profissional habilitado para ministrar conhecimentos e técnicas de valorização e
aptidão física, trazendo benefícios à saúde e à qualidade de vida de quem as
prática.
Psicólogo e assistente social
Profissionais habilitados para dar sustentação de natureza ambiental, comunitária,
psicológica e mesmo material aos membros de uma comunidade, visando estabilizá-
los para que consigam ter uma vida digna.
Com esses exemplos procuramos deixar claro que o podólogo jamais deverá invadir
as atribuições de qualquer um desses profissionais da área da saúde ou ainda de
qualquer outro que seja, quando sua competência não estiver atribuída de modo
específico e formal. Deve sobretudo agir com ética - modelo de comportamento
destinado a preservar as características da moral, de modo a estabelecer harmonia
nas relações.
A relação podólogo-paciente
Toda relação interpessoal envolve alguns quesitos básicos como:
• entendimento;
• sociabilidade;
• credibilidade;
• manutenção da relação.
Como cumprir esses quesitos é uma questão que varia de atividade para atividade e
de pessoa para pessoa. Não existe uma receita pronta. É necessário usar aptidões
pessoais, que constituem o componente psicológico mais importante no trato com
as pessoas.
Como as pessoas são diferentes umas das outras, precisamos usar nossa
sensibilidade para perceber e administrar as diferenças individuais.
Cada um é um, porém todos são iguais na questão de direitos.
Trabalhar as diferenças individuais, estabelecendo a igualdade de direitos na
relação, é uma arte cuja performance melhora quanto mais for exercida.
É importante para o podólogo estabelecer a melhor relação possível com seu
cliente. Isso lhe permitirá:4
• garantir seu sucesso profissional;
• manter o bom nível da relação;
ATENÇÃO
Não é da competência do podólogo indicar exercícios ou práticas esportivas a quem
tem problemas nos pés.
• fazer o que lhe cabe com competência, cumprindo os seus deveres para com os
seus clientes.
Para obter uma relação bem-sucedida, o profissional deverá adotar algumas regras
de comportamento:
- Ouvir o paciente com atenção, explorando todas as informações
obtidas, sem se dar importância exacerbada ou supervalorizar sua
atuação.
- Manter-se discreto em questionamentos de ordem pessoal que o paciente venha a
formular. O gabinete do podólogo pode gerar níveis de camaradagem e até mesmo
de relativa intimidade em assuntos que transcendam a atividade podológica e que,
portanto, deverão ser cuidadosamente tratados.
- Jamais se posicionar contra ou a favor de qualquer manifestação pessoal de seus
pacientes no que diz respeito à qualidade e/ou competência de profissionais pares
ou que atuem em outras áreas da saúde. É muito comum pacientes se queixarem
do atendimento de médicos e questionarem a qualidade de seus serviços.
- Esclarecer o máximo possível o paciente acerca da patologia da qual é portador e,
tanto quanto possível, revelar a evolução ou involução de seu quadro, alertando-o
sobre a importância da sua participação no processo terápico.
- Ser um elemento coadjuvante do médico de pacientes que estejam sob tratamento
ou que sejam portadores de patologias crónicas, como hipertensão, diabetes,
cardiopatologias, etc., mantendo sobre eles vigilância discreta, mas ativa, quanto à
sua persistência em manter o tratamento.
Gabinete do podólogo:
local de privacidade
Quando uma pessoa se entrega à atuação de um profissional, ela geralmente
deposita total confiança em seus serviços. Por isso, essa confiança não pode ser
desmerecida com uma atuação leviana ou inconseqüente.
Todo profissional, e entre eles naturalmente inclui-se o podólogo,5
deve nortear sua conduta pela ética.
Ao atender um paciente em seu gabinete, o podólogo deve sempre lembrar-se de:
• fazê-lo sentir-se único e o mais importante cliente naquele momento;
• nunca comparar sua patologia, nem a evolução de seu quadro, com a de outro
paciente;
• jamais comentar com outros pacientes, ou com amigos e parentes do paciente que
está sendo atendido, qualquer fato que o envolva ou informação dele recebida, salvo
em situações extremamente necessárias;
• não permitir que o gabinete seja invadido por pessoas estranhas durante o
atendimento;
• manter a porta do gabinete fechada, porém nunca trancada, durante o
atendimento, assegurando privacidade a ele e a seu paciente, sem, no entanto,
confiná-los.
O gabinete de um podólogo deve ser um espaço onde a intimidade dos pacientes é
preservada, tanto quanto o é a sala de um massagista ou de um médico, por
exemplo. Respeitar essa condição é dever de todo profissional sério e competente.
Troca de conhecimentos: uma forma de crescimento profissional.
Os profissionais em geral tendem a se unir quando pretendem conquistar maiores
benefícios para a categoria. Esse é o pensamento que orienta conselhos federais,
conselhos regionais, sindicatos de classe, associações, sociedades científicas ou
qualquer outra entidade assemelhada.
A união pressupõe a troca de informações e de conhecimentos, possibilitando o
emprego de novas técnicas a um maior número de profissionais, o que traz
benefícios a um grande número de pessoas. Entretanto, nem todos pensam assim.
Alguns, como cavaleiros solitários, passam a vida praticando técnicas ou adotando
métodos de trabalho, "J sem divulgá-los ou compartilhá-los, guardando para si
informações que, de um modo ou de outro, mais tarde serão descobertas e
divulgadas.
Numa atividade importante dentro da área da saúde como a podologia, torna-se
essencial a busca de novos conhecimentos e a troca de informações obtidas a partir
de estudos e pesquisas. Dessa forma, manter contatos com outros podólogos, além
de ajudar a esclarecer dúvidas e a descobrir novas formas de atuar em
atendimentos complexos, é ainda a melhor maneira de assegurar o crescimento
profissional e o amadurecimento pessoal.
A participação em congressos, seminários e encontros é um meio de fazer esses 6
contatos. É uma excelente oportunidade para todos os profissionais da área,
principalmente aqueles distantes dos grandes centros, receberem informações
valorosíssimas e trocar experiências. Entretanto, tais encontros e congressos têm se
caracterizado por uma enorme repetição, apresentando sempre os mesmos casos e
matérias restritivas às práticas médicas-cirúrgicas, não permitidas aos podólogos.
A formação de grupos de estudo de casos, reunindo podólogos de uma mesma
região, é uma das maiores necessidades atualmente. A troca de opiniões e de
conhecimentos técnicos que solitariamente um podólogo produziu pode ser de
grande valia para outros levarem a idéia adiante e aperfeiçoá-la. Caso você,
podólogo, se interesse em compor um desses grupos, entre em contato com o Autor
pelo endereço e fax registrados no início desta obra.
Ergonomia e higiene do trabalho
Ergonomia é a área da saúde que estuda e ajuda a definir condições ideais de
postura, ambientais ou situacionais, voltadas à saúde preventiva.
Os estudos de ergonomia permitem que se produzam móveis, utensílios,
equipamentos, aparelhos e dispositivos adequados ao uso e que não sejam
geradores de males, patologias ou seqüelas àqueles que deles se utilizem,
preservando sua integridade física.
A ergonomia se preocupa em possibilitar o exercício de uma atividade sem o
comprometimento das estruturas do corpo, por fatores posturais, viciosos ou de
risco.
Vamos considerar, por exemplo, o planeta Terra, que em seus movimentos de
rotação e translação nos submete a uma força centrípeta ultra-suficiente para nos
manter sobre sua superfície, mesmo que esteja se deslocando no espaço a uma
velocidade de cerca de 115.000 km/ hora. Somente essa força já é suficiente para
causar uma redução de 0,5 cm a 1,5 cm em nossa altura, todos os dias.
Imagine essa condição associada às seguintes situações:
• postura incorreta da coluna vertebral;
• esforços incorretos envolvendo os músculos dorsais e lombares;
• distâncias incompatíveis do campo visual, causando arqueamento da coluna
cervical;
• níveis de altura incompatíveis entre o paciente e o profissional. O exercício de uma
atividade, nas condições descritas acima, durante longos períodos, pode causar:
• lesão na coluna vertebral, nas regiões cervical, dorsal e lombar;7
• traumas musculares limitadores;
• dificuldade visual agravada.
Sendo o podólogo um profissional que muitas vezes se exercita naquelas
condições, deverá ter o cuidado de evitá-las, observando criteriosamente as
seguintes recomendações:
sentar-se corretamente, sempre ereto, em todas as modalidades de atendimento;
respeitar os níveis de altura paciente x podólogo. empunhar e manipular
corretamente os instrumentos de trabalho.
Riscos de contaminação no ambiente profissional
Em qualquer atividade da área da saúde, a higiene é necessidade fundamental para
garantir um mínimo de segurança ao paciente e, sobretudo, ao profissional que
estiver aluando, pois este permanece exposto ao ambiente em tempo integral.
Em podologia, considerando-se os procedimentos adotados, os níveis de
contaminação são intensos, podendo tornar-se muito graves caso os cuidados de
higienização não sejam cumpridos.
No atendimento das patologias, normalmente se verifica a ocorrência de:
• sangramento de traumas;
• purgamento e drenagem de traumas infeccionados;
• remoção de resíduos repletos de fungos instalados na pele e nas lâminas;
• desagregação dos espessamentos da pele ou das lâminas, gerando
aerodispersóides.
Todos esses fatores, portanto, constituem riscos de contaminação para o podólogo,
principalmente nas seguintes situações: ^ Ocorrência de sangramentos
epurgamentos — diretamente envolvidos com os sistemas vascular, linfático e
imunológico, são altamente contaminantes, principalmente considerando-se a
possibilidade de o paciente ser soropositivo (portador do vírus da aids) HIV e sofrer
de hepatite (tipos A, B e C).
- Presença de resíduos aerodispersóides de pele e queratina e de compostos
úmidos de resíduos córneos - transmissores potenciais de fungos e de várias outras
patologias que poderão estar associadas, em caráter secundário ou não.
ERGONOMIA E HIGIENE DO TRABALHO
Agentes externos, como a poluição que penetra no ambiente através das janelas do
gabinete ou poluentes trazidos pelos pés ou pela roupa dos pacientes, deverão ser 8
controlados por meio da higienização absoluta do local.
Quando falamos em higienização, não estamos nos referindo apenas aos cuidados
de limpeza para com a sala de atendimento pedológico, mas também para com
todas as áreas existentes no local, como a sala de espera, a área de circulação, os
sanitários.
Considerando-se as referências acima, recomenda-se que o podólogo não faça
refeições em seu gabinete de trabalho.
Processos de descontaminação, desinfecção e esterilização. Para cumprir os
dispositivos que regulam as atividades estabelecidas pelo Ministério da Saúde, é
preciso ter conhecimento das circunstâncias ambientais exigidas e uma certa
familiarização com determinados termos, principalmente aqueles vinculados à
Vigilância Sanitária.
O Ministério da Saúde criou as seguintes terminologias:
- Artigos - Todos os instrumentos, equipamentos, mobiliários e materiais envolvidos
na atividade.
- Artigos críticos - São os que penetram nos tecidos epiteliais, no sistema vascular e
em outros órgãos que estejam diretamente conectados com esse sistema. Bisturis,
expansores e agulhas hipodérmicas são exemplos de artigos críticos.
- Artigos semi-críticos - São aqueles que entram em contato com a pele não íntegra
ou com a mucosa íntegra, capaz de impedir a invasão dos tecidos subepiteliais.
Cotonetes, espátulas, bisturis recicláveis são exemplos de artigos semi-críticos.
- Artigos não-críticos - São aqueles que entram em contato com a pele íntegra e
ainda os que não entram em contato direto com o usuário. Papel descartável, loção
antisséptica, cadeira de atendimento, persiana ou cortina da sala são exemplos de
artigos não-críticos.
Existem diferentes processos para tratar esses artigos:
Limpeza
É o processo pelo qual se efetua a remoção mecânica da sujeira e do odor, com
água e sabão ou detergente biodegradável, em superfícies fixas, nos
estabelecimentos. Os mobiliários deverão ser lavados freqüentemente por esse
processo. As instalações sanitárias deverão ser lavadas diariamente com
bactericidas fenólicos. Os artigos não críticos que não puderem ser submetidos a
lavagem deverão ser limpos a seco, preferencialmente com aspirador de pó.9
Desinfecção
É o processo de destruição de microrganismos na forma vegetativa, mediante a
aplicação de agentes físicos ou químicos. Os artigos e as superfícies fixas que
tiverem contato com matéria orgânica deverão ser desinfetados, sendo antes
obrigatoriamente submetidos a lavagem escrupulosa, seguida de enxaguadura.
Para a desinfecção poderão ser empregadas:
- Solução aquosa de hipoclorito de sódio a 1%, na qual os artigos ficam
completamente imersos em solução, por 30 minutos.
- Solução aquosa de glutaraldeído a 2%, seguindo o mesmo procedimento do item
anterior, durante o mesmo tempo.
Esterilização
É o processo de destruição de todas as formas de vida microbiana, ou seja, de
bactérias nas formas vegetativas e esporuladas, fungos e vírus, mediante a
aplicação de agentes físicos e químicos. Os artigos críticos termorresistentes
deverão ser esterilizados por calor seco ou por vapor de água; e os artigos críticos
termossensíveis, com glutaraldeído ou com formaldeído.
Para se proceder à esterilização, deve-se inicialmente lavar e enxaguar
cuidadosamente todos os artigos, a fim de remover os detritos neles existentes, tais
como: pele, sangue, gordura, fragmentos córneos, pus, etc. Para a lavagem,
deverão ser utilizadas escovas e detergentes biodegradáveis, e principalmente luvas
descartáveis, evitando-se dessa forma a contaminação do profissional fora do
procedimento.
ESTERILIZAÇÃO POR CALOR SECO
Para promover o aquecimento rápido, controlado e uniforme da câmara, emprega-se
estufa elétrica equipada com termostato e ventilador. O material a ser esterilizado
deverá permanecer na estufa, em calor de 170 °C, por um tempo mínimo de 120
minutos, contados a partir do instante em que o termómetro acusar a temperatura
determinada, após a colocação dos artigos na câmara.
ESTERILIZAÇÃO POR VAPOR DE ÁGUA
Utiliza-se uma autoclave, ou seja, um dispositivo semelhante a uma pequena 10
caldeira, que irá submeter a vapor e alta pressão os instrumentos a ser esterilizados.
Comumente utilizado em hospitais e centros cirúrgicos, esse dispositivo tem
excelente capacidade de esterilização e curto tempo de aplicação, geralmente em
torno de 30 minutos, dependendo do fabricante.
Esta é uma opção de alto custo, não necessária ao podólogo iniciante. Em
condições mais precárias, pode-se utilizar até mesmo uma panela de pressão
doméstica para essa finalidade, pois o tempo para a esterilização é o mesmo. Deve-
se apenas adaptá-la, colocando um fundo telado sobre o qual os instrumentos
deverão ser depositados para ser submetidos ao processo.
ESTERILIZAÇÃO QUÍMICA
Utiliza-se solução aquosa de glutaraldeído concentrada a 2%, ou de formaldeído
concentrada a 10%, na qual os artigos deverão permanecer totalmente imersos,
livres de bolhas, em temperatura ambiente, por cerca de 18 horas. Antes, porém, é
preciso lavar os artigos em água destilada, removendo resíduos que venham a
sensibilizar e queratinizar a pele.
CUIDADOS NECESSÁRIOS
Em todas as etapas do processo de esterilização, recomenda-se o uso de luvas
cirúrgicas descartáveis, visando a segurança do profissional em atividade. As luvas
evitam a contaminação por resíduos contidos nos artigos, em virtude de possíveis
traumas decorrentes do manuseio ou ainda por agressões químicas verificadas no
procedimento.
Fundamentalmente, alguns procedimentos e cuidados básicos deverão sempre ser
observados:
- Os artigos críticos descartáveis deverão ser obrigatoriamente eliminados após o
uso.
- Os artigos não-críticos, com exceção do mobiliário, deverão passar por
procedimento de desinfecção a cada vez que forem utilizados.
- Todas as vezes que um artigo não-crítico entrar em contato com o sangue ou
algum ferimento da pessoa que estiver sendo atendida deverá ser tratado como
artigo crítico.
O uso de luvas cirúrgicas descartáveis por profissionais que atuam em gabinetes de 11
podologia precisa ser seriamente considerado, pois representa quase 100% de
garantia de não-contaminação, sobretudo quando esses profissionais portarem na
pele soluções de continuidade que venham a se tornar porta de entrada de agentes
infecciosos provindos de líquido corporal de pacientes infectados.
As luvas cirúrgicas são indicadas por preservarem a sensibilidade necessária ao
desempenho das atividades e oferecerem resistência mecânica satisfatória, mesmo
às lâminas de bisturis.
Evidentemente, o uso de luvas cirúrgicas descartáveis é importante nos
procedimentos traumáticos em que tenha ocorrido solução de continuidade ou
invasão anterior, razão freqüente de sangramentos e purgamentos.
Após o uso, tais luvas deverão ser descartadas, pois são destinadas apenas a uma
única utilização. Não devem em hipótese alguma serem reutilizadas, mesmo após
lavagem e esterilização térmica. Considerando-se fator econômico versus nível de
risco, o procedimento de lavar e esterilizar luvas já usadas não oferece nenhuma
vantagem. Ao contrário, denota a imaturidade do profissional que assim procede.
ESTERILIZAÇÃO DE INSTRUMENTOS CIRÚRGICOS
Os instrumentos cirúrgicos e outros, não-descartáveis, cujo uso implica contato
direto com os pacientes, deverão ser esterilizados imediatamente após cada sessão
de atendimento. Entre esses instrumentos podemos incluir:
• pinças;
• alicates para corte de eponíquio;
• alicates de corte de lâminas ungueais;
• bisturis de todos os tipos;
• curetas;
• estiletes e gotejadores;
• demais congêneres metálicos.
A esterilização deverá ocorrer em estufa seca, à temperatura mínima de 170 °C,
pelo período mínimo de 120 minutos. Esse processo é obrigatório e necessário,
tendo-se em vista que vírus de moléstias como aids, hepatite tipo B, etc. somente
são exterminados à temperatura igual ou superior a 120 °C.
Após o uso, os instrumentos deverão ser lavados em água corrente, com escovas
de cerdas de náilon e sabão/detergente, para a remoção mecânica de detritos e
resíduos de epiderme, detritos contaminados por micoses, pus, substâncias 12
hemáticas, etc.
Em seguida, deverão ser mergulhados totalmente em solução de glutaraldeído com
concentração a 2%, pelo período mínimo de 30 minutos, procedendo-se, assim, à
desinfecção prévia.
Após permanecerem em imersão, os instrumentos deverão ser acondicionados em
estojo de aço, obrigatoriamente fechado, e levados à estufa seca para esterilização.
A pessoa que estiver realizando a esterilização deverá seguir os passos acima
descritos, utilizando luvas descartáveis.
Desde que o estojo não seja aberto, a esterilização tem validade por 48 horas. Após
esse prazo, mesmo não tendo sido utilizados, os instrumentos deverão ser
esterilizados novamente, antes de ser reutilizados.
Para controle, após cada esterilização realizada, deverão ser registrados em
formulário próprio os seguintes dados:
• data da esterilização;
• número do estojo de instrumentos;
• hora do início do processo de esterilização;
• hora do final do processo de esterilização;
• visto de quem efetuou a esterilização.
Como complemento, as luvas descartáveis também deverão se esterilizadas, desde
que não sejam estéreis, embora tal procedimento não seja obrigatório.
As luvas deverão ser esterilizadas na mesma estufa, por um período de 20 minutos,
à temperatura de 100 °C, acondicionadas em um envelope de tecido branco,
preferencialmente linho ou brim ou envoltas em papel para esterilização.
As luvas de procedimento, após o uso, em hipótese alguma poderão ser
reaproveitadas, mesmo sendo lavadas e esterilizadas. Constituem um produto 13
descartável, destinado a propiciar a máxima segurança
no atendimento, seja para o paciente ou para o profissional.
Procedimentos de higiene corporal
O maior e o mais propagante agente contaminante do ambiente do gabinete de
podologia indiscutivelmente são os aerodispersóides, produzidos pelo lixamento das
placas córneas, calos, espessamentos queratinizados, etc.
Uma camada de pó fino e quase imperceptível forma-se ao final do dia sobre tudo o
que há no interior da sala de atendimento. Portanto, é importante que, diariamente,
seja efetuada a limpeza dos artigos não-críticos que compõem a instalação.
Além dessa camada de pó, pode acumular-se no ambiente um conjunto de resíduos
decorrentes dos atendimentos, como:
• algodões sujos com resíduos hemáticos, pus, líquidos corporais, etc.;
• fragmentos de lâminas ungueais;
• resíduos córneos que aderem à cadeira, à roupa, às toalhas, etc.
Nunca um podólogo deverá deixar de usar luvas de procedimento cirúrgico e
máscara de dispersóides descartáveis em seus atendimentos.
Após cada atendimento e tomadas as providências para a desinfecção do local de
trabalho, o profissional deverá observar algumas regras que o ajudarão a preservar
sua integridade física e manter-se saudável. Recolher todos os dejetos do
atendimento, utilizando luvas descartáveis, que deverão ser removidas somente
após completo expurgo de todo o material recolhido.
Lavar as mãos e os braços após a remoção das luvas descartáveis, eliminando
eventuais infiltrações pelo punho e resíduos do talco asséptico nelas contido, cujo
uso constante pode desenvolver alergia eczematosa ou atópica.
Lavar o rosto e o pescoço com sabonete, enxugando-os com toalha descartável.
Escovar os cabelos, penteá-los e se possível, utilizar touca descartável. Durante os
atendimentos usar sempre calçados fechados, toalha sobre as pernas ou, se
possível, avental descartável, evitando contrair fungos ungueais ou outras
manifestações dermatológicas, por gravito deposições.
Ao chegar em casa, tomar imediatamente um banho completo e colocar as roupas
para lavar, depois de tê-las deixado de molho em água com desinfetante fenólico.
Esse procedimento é recomendado mesmo que o podólogo tenha utilizado aventais 14
descartáveis.
Práticas podológicas e instrumentação no atendimento de patologias dos pés
O atendimento podológico abrange procedimentos amplos, que envolvem diferentes
técnicas cuja adoção é de responsabilidade absoluta do profissional atuante.
Cabe, portanto, ao podólogo - profissional da área de saúde, com formação técnica,
competência e habilitação para atuar sem a tutela de um médico - definir as técnicas
e os procedimentos necessários no atendimento de cada patologia dos pés que se
lhe apresentar em seu gabinete.
Respeitadas as particularidades de cada caso, sugerimos um rol de procedimentos
gerais que, ao nosso ver se observados e cumpridos, permitirão ao podólogo
realizar um atendimento padronizado e ter o controle da evolução do quadro de
cada paciente.
Queremos ressaltar quão importante é para o profissional disciplinar o uso de
técnicas, de materiais e de instrumentação em relação aos procedimentos aqui
estabelecidos. Um trabalho disciplinado facilitará a realização de inspeções, de
auditorias, a rastreabilidade das atuações e principalmente, a avaliação da
qualidade do atendimento prestado.
Em geral, os procedimentos aqui contidos foram estabelecidos pela medicina
convencional. Procuramos incluir novas técnicas aplicadas às atividades não
invasivas, discutidas em congressos, convenções, cursos de extensão e divulgadas
na literatura específica. Algumas são conquistas individuais de podólogos
pesquisadores, que estão sempre buscando alcançar uma condição melhor.
Lembrando que é preciso estabelecer procedimentos específicos para cada
atendimento, o podólogo deve procurar sempre atingir excelente nível de qualidade.
Para tanto, precisa:
• atuar de forma plena no atendimento da patologia apresentada;
• evitar procedimento incorreto no tratamento da patologia apresentada;
• evitar o uso de técnicas não compatíveis com a patologia apresentada;
• evitar o uso de produtos não compatíveis com a patologia apresentada;
• fazer a anamnese dos pacientes, estabelecendo classificação de risco;
• atuar como elemento de vigilância em casos que necessitem de atuação médica.15
Todos os procedimentos constantes desta apostila deverão ser atualizados a cada
vez que inovações inerentes à podologia venham a ocorrer. Só desse modo
garantiremos a melhoria contínua, fundamental em nossa filosofia de trabalho.
Atribuições do podólogo
Embora sua atuação esteja limitada ao nível superficial, não invasivo aos tecidos, o
podólogo deverá conhecer e saber diagnosticar todas as afecções e patologias de
origem interna, de modo a orientar e encaminhar o paciente a um médico
especialista, quando for o caso.
Em sua formação constam disciplinas como:
• higiene e segurança do trabalho;
• primeiros socorros;
• noções de legislação do trabalho;
• microbiologia;
• patologias aplicadas aos membros inferiores;
• farmacologia;
• anatomia humana;
• prática instrumental de trabalho;
• demais extensões correlatas à dermatologia e à ortopedia.
Com tais conhecimentos e formação, o podólogo tem competência para praticar
procedimentos terápicos no tratamento e no cuidado dos pés.
O que significa cuidar dos pés?
Temos inúmeros hábitos de higiene, que nos ajudam a manter nossa saúde e que
jamais poderão ser esquecidos, como: escovar os dentes,
Lavar as mãos, tomar banho, cuidar dos cabelos, cuidar das unhas das mãos e
também cuidar dos pés.
Cuidar dos pés significa dispensar a eles alguns cuidados fundamentais:
- Cortar adequadamente as unhas.
- Limpar cuidadosamente todas as pregas ungueais e interdígitos de cada artelho.
- Examinar as plantas e os dedos, identificando patologias.
- Higienizar cuidadosamente todo o pé, para combater fungos e micoses.
- Cuidar de encravamentos causados por calçados inadequados, cortes incorretos
das unhas ou por traumas.
- Remover e cuidar de verrugas plantares.16
- Remover e cuidar de calos e calosidades.
- Proporcionar hidratação adequada à idade, à estação do ano, ao tipo físico e ao
tipo de trabalho exercido.
- Estimular a circulação através de massagens, relaxando de modo simultâneo a
estrutura muscular.
- Elaborar suportes e dispositivos de alívio para pés com desvios nos artelhos.
- Definir modelos e tipos de calçados adequados para o uso.
Algumas pessoas precisam freqüentemente desses cuidados:
• pessoas da terceira idade;
• profissionais que se calçam permanentemente com modelos sociais;
• profissionais da indústria que calçam sapatos de segurança;
• profissionais que trabalham muito em pé (professores, vendedores, balconistas,
etc.);
• portadores de diabetes;
• portadores de fungos instalados nas lâminas das unhas ou nos pés;
• portadores de deficiência física;
• pessoas obesas;
• mulheres grávidas;
• atletas.
Entretanto, o podólogo não cuida somente de casos de reparação de pés com os
problemas acima descritos. Ele atua principalmente como agente preventivo dessas
patologias, indicando e recomendado hábitos específicos de higiene, tipo de calçado
adequado ao tipo de pé, práticas de hidratação, limites a respeitar em relação ao
corpo, à atividade profissional exercida e ao esporte praticado, efetuando o corte
correto das unhas, a higienização dos pés, etc.
Freqüentar um podólogo regularmente pode garantir à pessoa ter pés bem
cuidados, com menor probabilidade de contrair alguns desses males. É com a
prevenção que se promove a saúde adequada dos pés.
A estrutura dos pés é completamente diferente da estrutura das mãos. Veja os
esforços que os pés suportam e os trabalhos que realizam para o nosso corpo.
Confinados em calçados fechados, os pés passam a maior parte do tempo
apertados, quentes e úmidos, condições ideais para o aparecimento de fungos,
calos e calosidades, para o comprometimento da circulação, etc. Diante disso eles
se ressentem, e o desconforto é sinal de que algo precisa ser feito.17
Sessões mensais são indicadas para manter os pés sempre no "bom caminho"!
Uma visão dos quadros podológicos contemporâneos
Antes de falar sobre qualquer tipo de procedimento relativo à atuação do profissional
de podologia, queremos mostrar nossa realidade contemporânea, ou seja, as
patologias que estão acontecendo atualmente. Por isso, vamos a princípio dar
algumas informações que acreditamos ser muito úteis para que o podólogo se
aprimore tecnicamente em benefício de seus pacientes.
Dessa forma, reunimos alguns elementos importantes, que permitem tirar
conclusões sobre patologias apresentadas, bem como perceber futuras tendências
dos pacientes, levando em conta as circunstâncias em que vivem atualmente, seus
hábitos e limitações.
Não remova a cutícula
Todas as pessoas, quando vão fazer uma sessão de podologia pela primeira vez,
perguntam: "Você não vai tirar a cutícula? Gosto dela bem tirada!".
O eponíquio, nome anatômico e fisiológico da cutícula, serve como um dos mais
importantes mecanismos de defesa de nossos membros superiores (mãos) e
inferiores (pés) contra invasões bacterianas do meio externo no nosso corpo.
Protege-nos também contra a penetração de agentes químicos irritantes, como
produtos de limpeza (sabão, cloro, água de lavadeira, etc.), que causam grande
incômodo e podem levar a níveis insuportáveis de inflamação.
Localizado na parte arredondada do colo da unha, na direção da matriz (raiz), o
eponíquio funciona como um tampão, uma cortina da pele do dedo caída sobre a
lâmina da unha, impedindo que formas de vida não reconhecidas pelo nosso corpo
venham a nos invadir. A maioria das pessoas desconhece o fato de que as unhas
não crescem na ponta, mas dentro dos dedos, a partir da raiz, deslocando toda a
unha já existente para a ponta.
As unhas não são grudadas nos dedos. Aderem a eles por um processo de união,
mas deslizam permanentemente em direção às extremidades, enquanto crescem.
Sob as unhas existe um tecido muito sutil e muito sensível, que se descola
facilmente, mas tem a capacidade de aderir de novo, sem grandes problemas.
Quando removemos o eponíquio, o organismo rapidamente o repõe num ato de
preservação de sua segurança.
Como as pessoas possuem o hábito de retirar a cutícula quase toda semana, nem
sempre o corpo consegue nos salvar. Quando isso ocorre, alguns problemas se
verificam:18
• Pequenos sangramentos costumam infeccionar.
• A umidade excessiva causa a presença de fungos, que ali se instalam
inflamando o local.
• A sensibilidade do local aumenta.
Ocorre paroníquia, conhecida comumente como "unheiro".
Considerada a nítida desvantagem dos pés em relação às mãos (os pés vivem
confinados em calçados fechados), imagine com que facilidade adquirem tais
patologias e com que dificuldade se livram delas. A freqüência regular de
atendimento podológico e o abandono do hábito de retirar a cutícula regridem o
quadro patológico, reinstalando a condição saudável dos pés.
Pés cansados e doloridos
Nossos pés suportam o peso do nosso corpo, além de nos proporcionar equilíbrio,
movimento e sustentação. Tudo isso acontece simultânea e constantemente, o que
quer dizer que o tempo todo estamos exigindo esse comportamento dos nossos
pés.
Excessos, como peso acima do padrão ideal, prática de esportes de grande
impacto, uso de calçados inadequados, caminhadas muito longas ou mesmo
práticas profissionais que exijam a permanência em pé por longos períodos
(vendedores, ambulantes, balconistas ou assemelhados), colocam os pés no limite
de sua resistência mecânica.
Ao atingir o limite de sua resistência, os pés começam a sentir inicial-1 mente um
desconforto, seguido de dor. Começa a ocorrer um esgotamento da resistência das
estruturas muscular, neurológica, vascular e óssea, que, sobrecarregadas, não
conseguem mais atender às exigências do corpo de maneira harmônica e natural,
como deveria ser, se não ocorressem os excessos acima descritos. Geralmente, os
pés ficam cansados, pesados, parecem não caber mais no calçado e, por fim,
tornam-, se doloridos, despertando em nós o desejo de tirar os sapatos e perma-
necer sentados. Se não atendermos a esse apelo, patologias começarão a
aparecer, como calos, unhas encravadas ou ainda dificuldade circulatória causada
pelas limitações impostas.
Algumas recomendações para aumentar o conforto dos pés:
- Deixar de usar os calçados inadequados.
- Elevar os pés, sempre que puder. As pessoas que ficam muito tempo
sentadas no seu local de trabalho poderão mante-los elevados sobre o cestinho de
lixo.19
Para os trabalhadores que permanecem em pé o dia todo, recomenda-se sentar a
cada 2 horas pelo menos por 5 minutos.
Para os trabalhadores que, mesmo com os pés inchados, precisam continuar
trabalhando, recomenda-se não tirar os sapatos. Será pior calçá-los novamente
após a expansão da estrutura dos pés. Se tiverem oportunidade, eles deverão
elevar os pés por alguns minutos.
Quem tem pés inchados, sempre que possível, deverá deixá-los imersos em água
fria por 5 minutos. Além de reduzir a temperatura e a pressão interna, esse
procedimento provocará vaso constrição, ou seja, a menor passagem de sangue,
diminuindo a sensação de inchaço. Somente não se recomenda essa prática às
pessoas que tiverem patologias crônicas, como diabetes, ou restrição vascular em
escala elevada.
Massagear os pés, utilizando um creme hidratante de boa qualidade, se possível à
base de uréia, melhora a umectação da pele, causando conforto e bem-estar. As
massagens noturnas, feitas antes de deitar, são muito compensadoras,
considerando-se que por um bom período a pessoa estará inativa, sem utilizar as
estruturas dos pés, o que permite uma relativa recuperação. Os podólogos prestam
serviços de massagem específica para os pés, que podem complementar os
atendimentos normais, ou ser realizados em sessões especiais com duração
variada de 30 a 50 minutos, conforme o caso.
Meus pés mudaram?
Ao comprar um calçado, às vezes as pessoas se vêem diante das seguintes
situações:
• Percebem que o seu número está ficando pequeno.
• Notam que um pé sempre fica mais confortável que o outro dentro do calçado. Ou,
por exemplo, que o número 36 ficou apertado e o 37 meio largo.
O que será que ocorreu? Será que os pés dessas pessoas mudaram de tamanho?
Muitas coisas acontecem com os nossos pés durante a nossa vida, à medida que
avançamos na idade. Ao aumentarmos demais nosso peso, nossos pés passam a
suportar uma carga maior e têm de se acomodar de modo diferente, mudando o seu
formato, aumentando na largura ou na altura. Quando passamos a requerer que
nossos pés realizem trabalhos ou esforços aos quais não estavam habituados,
ocorrem essas acomodações, e os pés poderão ter suas dimensões alteradas, seja
pelo acréscimo muscular, seja pela acomodação dos ossos.
Quando emagrecemos demais, a perda de massa muscular também provoca 20
mudanças em nossos pés, que se alteram para poder continuar dando ao corpo a
sustentação necessária. No envelhecimento, quando pode ocorrer obesidade ou
emagrecimento, dependendo da natureza orgânica da pessoa, os pés sempre
estarão obedecendo a essa dinâmica. A percepção de que "o pé mudou de
tamanho" geralmente ocorre após os 40 anos.
Os fabricantes de calçados também têm participação nesse processo. Tendo em
vista o mercado externo e os ajustes à moda do exterior. modificaram muito as
formas e as dimensões dos calçados atuais. Um calçado 36 no Brasil equivale a
uma outra numeração nos Estados Unidos, na Ásia, na Europa, onde o biótipo da
população é diferente do brasileiro.
Recomenda-se que, ao escolher um calçado, a pessoa o faça sempre no período da
tarde, quando os pés já estarão mais repletos da água do corpo (mais inchados).
Recomenda-se também que experimente sempre o pé que costuma ficar mais
comprimido dentro do sapato, achando um calçado confortável para ele. É muito
importante comprar calçados que calcem confortavelmente os pés. Uma dica é
colocar a sola do sapato contra a planta do pé, observando se o pé cabe naquele
espaço sem grandes compressões. Um calçado confortável é uma das melhores
opções para se prevenir patologias nos pés.
É interessante lembrar que ninguém é jovem para sempre, que ao longo da vida
todos nós inexoravelmente envelhecemos.
Pés de diabéticos
21
Os portadores de diabetes apresentam insuficiência ou ausência de produção de
insulina pelo pâncreas, o que compromete seriamente a saúde e a maneira habitual
de viver, exigindo cuidados severos, como alimentação balanceada e controles
médicos regulares.
Em fase crônica, quando a doença já está bem adiantada, o diabético apresenta
comprometimento da circulação, principalmente nas extremidades, perda da
sensibilidade e dificuldade de conter hemorragias e cicatrizações em qualquer nível.
Acreditava-se que os casos de amputações das extremidades ocorriam pelo fato de
as moléculas de glicose presentes na circulação serem volumosas e causarem
obstruções que levavam a isquemias graves. Hoje sabemos que a presença de mais
de 150 unidades de glicose por mt de sangue o torna tóxico e agressivo para o vaso
que o transporta. Como mecanismo de defesa, o organismo reabsorve o vaso e,
dessa forma, sem este não há nutrição para o tecido, advindo daí a necrose que
motiva a amputação. Para exemplificar melhor esse caso, temos as mulheres que
vão ao médico para secar aqueles pequenos vasinhos telangiectásicos nas pernas.
O profissional injeta neles uma solução hipertônica de glicose concentrada a 160
unidades/ml que irá provocar tal condição de toxidade, motivando a absorção do
vaso, fazendo assim o vasinho desaparecer.
Por isso, é muito importante que os diabéticos procurem evitar qualquer tipo de
ferimento nos pés, devendo seguir uma certa rotina:
- Examinar os pés todos os dias, verificando a existência de ferimentos,
frieiras entre os dedos ou calos.
- Ao lavar os pés, enxaguar com carinho os espaços dos dedos.
- Usar diariamente um creme hidratante para os pés, evitando passá-lo entre os
dedos.
- Cortar as unhas em linha reta, de modo a não ferir os cantos dos dedos.
- Não usar sapatos apertados, de bico fino ou mesmo largos demais; nem sandálias
de plástico abertas ou com tiras entre os dedos.
- Evitar bolsas de água quente nos pés.
- Não cortar os calos nem utilizar receitinhas domésticas ou calicidas
para acabar com eles.
- Não andar descalço nem mesmo dentro de casa.
- Evitar fumar, pois o fumo reduz a taxa de oxigênio no sangue.
- Usar sapatos de couro macio, com meias de algodão ou de lã, mantendo os pés
sempre aquecidos e secos.22
-Examinar freqüentemente os sapatos, observando a existência de
pregos, pedrinhas, buracos ou qualquer outra irregularidade que
possa causar ferimentos.
- Observar freqüentemente a planta dos pés, de preferência durante o banho,
procurando identificar a existência de qualquer mal perfurante. Em caso de idade
avançada, obesidade ou outro impedimento, pedir a outra pessoa para ajudar
nessas observações.
- Manter acompanhamento médico constante. É extremamente importante não
descuidar da saúde!
Cabe ao podólogo realizar o atendimento de todas as patologia.-apresentadas pelo
pé diabético, respeitados os níveis de cuidados diferenciados e de risco.
Recomendam-se sessões mensais para o corte da unhas, a remoção de calos e
calosidades, a higienização geral e , hidratação do pé, e, principalmente, para
massagens reflexológicas estimulantes da circulação que é essencialmente
comprometida nos insulinodependentes.
É de grande importância, no atendimento de clientes diabéticos, que se faça uma
avaliação permanente de alguns valores biológicos significativos para a sua
integridade e que se fique atento durante o atendimento quanto a traumas
preexistentes, traumas provocados no atendimento e forma de cuidar dessas
patologias. Os curativos deverão ser aplicados e o nível de sucesso acompanhado,
se possível, diariamente junto ao cliente.
Uma das patologias que o podólogo deve cuidar, em parceria com o dermatologista
e o vascular, é o mal perfurante plantar. Essa lesão, que atinge geralmente a região
da articulação metatarsal, evolui a partir de uma úlcera que não consegue granular
adequadamente.
PRATICAS PODOLOGICAS E INSTRUMENTAÇÃO NO ATENDIMENTO DE
PATOLOGIAS DOS PÉS
O podólogo deve efetuar um trabalho profilático, com cuidados para a regeneração
da epiderme de conformidade com a prescrição, providenciar uma proteção
mecânica para o alívio da carga no local e acompanhar esse paciente bem de perto,
prestando cuidados médicos assim que necessário.
Veja abaixo algumas fotos que exemplificam a patologia:
23
A eficiência da perfusão, que é a capacidade da rede vascular de fazer o sangue
fluir pêlos tecidos superficiais, é muito importante para permitir a percepção de
dificuldade circulatória e pode ser verificada com facilidade.
Utilizando a região da cabeça dos metatarsos na polpa plantar, faça uma digito-
compressão por cerca de 3 segundos.
Acompanhando pelo relógio, verifique, em segundos, o tempo que a coloração
normal da pele irá demorar para se restabelecer em normalidade. Geralmente, 3
segundos são suficientes para que isso ocorra. Se isso ocorrer entre 3 e 5
segundos, já se percebe uma certa resistência ao fluxo sanguíneo, porém pode ser
entendida como fatores vinculados a idade, deficiências físicas ou estresse. Em
casos em que o retorno da normalidade da coloração da pele venha a ocorrer em
tempo superior a 6 segundos, pode ser percebida uma significativa dificuldade cir-
culatória e a orientação desse paciente no encaminhamento a um médico vascular
deverá ser efetuada.
É extremamente importante a verificação, em todos os atendimentos, do índice de
isquemia (II), que é forte indicador da restrição circulatória e que, no caso do
diabético, pode representar estases intensas e abrangentes, que geralmente são o
caminho das necroses, culminando em amputações.
24
A isquemia, que é a falta de sangue nos tecidos, a ponto de não conseguir alimentar
as células que morrem por falta de nutrientes e de oxigênio, pode ocorrer por:
• estases intensas, em que o sangue permanece tanto tempo sem circular que é
exaurido de todos os nutrientes e do oxigênio contido, resultando na morte das
células e do tecido que compõe;
• ausência de circulação motivada por bloqueios nas arteríolas e vênulas, por
obstruções de glicose e agregados celulares;
• constrições vênulo-arteriais dificultando, restringindo ou mesmo impedindo a
passagem do sangue.
Nesses casos, haverá nitidamente uma variação na PA (pressão arterial) que
poderá ser avaliada pela comparação dos valores sistólicos.
O procedimento para essa comparação é muito simples, rápido de fazer e pode
ajudar a identificar uma situação de risco a tempo de recorrer a providências
médicas.
Verifique a PA do membro superior, pelo braço, na artéria braquial, anotando
apenas o valor da leitura sistólica.
Em seguida verifique a PA do membro inferior, pelo tornozelo, na artéria tibial ou
fibular, anotando também apenas o valor da leitura
sistólica. O procedimento consiste em se dividir o valor obtido na avaliação do
tornozelo pelo valor obtido na avaliação do braço, encontrando-se um valor
chamado índice de isquemia (II).
Os valores de PA obtidos no tornozelo e no braço certamente não serão idênticos,
dada a localização e a distância que cada uma dessas estruturas se encontra em
relação ao coração e aos pulmões. O momento em que essas avaliações são
efetuadas também é significativo, pois a pessoa pode ter acabado de praticar um
grande esforço, estar irritada, nervosa ou alterada por qualquer outra razão.
Faça a apuração desses dados, se possível duas vezes, no início e no final do
atendimento, para certificar-se de não estar avaliando uma situação em pico. Esse
quociente apurado (tornozelo/braço) deverá ser classificado dentro da seguinte
tabulação de significados:
- Se o número encontrado for de l até 1,2 (20% de variação), considera-se um limite
aceitável de isquemia.
- Se o número encontrado for menor que l até 0,7, percebe-se uma deficiência
circulatória digna de ser observada e acompanhada, pois se acentua após os
primeiros 100 metros de caminhada empreendida.25
- Se o número encontrado for menor que 0,7 até 0,5, já existe comprometimento
instalado, com dificuldades de alimentação celular significativas e comprometedoras,
devendo o cliente ser encaminhado ao seu médico para constatação e providências
adequadas.
- Se o número for igual e menor que 0,5, já existe grave comprometimento arterial,
com riscos de necrose e o encaminhamento ao médico é indispensável. Sugere-se
que o podólogo nem atue no atendimento desse paciente antes da avaliação
competente de um médico, sob o risco de comprometer ou mascarar diagnósticos
que nessa situação são fundamentais para a integridade do cliente. Como exemplo
prático veja abaixo:
TABELAS. EXEMPLOS DE ESQUEMIA
Braço Tornozelo Cálculo (II) Significado quanto ao índice de
isquemia para providências
PA
14
PA
15
15/14 1,07 NormalPA PAU 11/14 0,78 Interessante
mantém ou regridePA 14 PA 8 8/14 0,57
Interessante alertar paciente e encaminhar para o médico
PA 14 PA 7 7/14 0,50
Encaminhe ao médico imediatamente, sem procedimento
Pés jovens, problemas futuros...
O pé humano possui uma estrutura ortopédica formada por cerca de 26 ossos, que
não estão grudados uns aos outros, ao contrário de que muitos pensam. Cada osso
se articula, ou seja, se junta a um ou mais ossos, possibilitando os movimentos
necessários para que possamos andar, correr, saltar, além de sustentarem em
perfeito equilíbrio todo o nosso corpo.
Os ossos do pé se mantêm sempre organizados, ou seja, sempre voltam à posição
original, depois de realizarem um esforço. Quando caminhamos, flexionamos o
tornozelo, o calcâneo, o metatarso e artelhos, e todos esses ossos voltam à posição
anterior assim para que podemos andar. Isso ocorre porque existe também uma
estrutura muscular, responsável pelas contrações e relaxamentos que irão orientar .
intensidade, o tempo e a velocidade com que essas acomodações dirão ocorrer.
Enriquecidos por compostos de cálcio que preenchem os interior de sua estrutura,
os ossos do pé são extremamente fortes, pois, além de nos permitirem praticar
todos esses movimentos, ainda nos permitem exceder limites. Veja, por exemplo, o
26
esforço que os atletas, os bailarinos, os militares exigem de seus pés. Entretanto, a
cada dia os gabinete podológicos recebem um número cada vez maior de pessoas
com problemas nos pés.
Vamos considerar primeiramente um elemento muito importante quando se fala da
saúde dos pés: o calçado - um complemento adicional, criado para nos dar proteção
e conforto, portanto um corpo estranho à nossa estrutura, já que nascemos sem ele.
Por isso, se não for adequado aos nossos pés, o calçado fatalmente nos trará
problemas.
Antigamente, os sapateiros não apenas consertavam os sapatos desgastados, mas
principalmente faziam sapatos sob medida, levando em consideração as dimensões
exatas de comprimento, altura e largura dos pés, o que propiciava excelente
conforto e a adequação necessária do produto aos pés de quem o usasse. A
industrialização ainda não havia atingido os níveis atuais: hoje é mais raro
confeccionar algo sob medida.
Considerando que, até pés calçando o mesmo número apresentam diferenças, é
muito difícil comprar calcados efetivamente confortáveis hoje em dia. Muitas
pessoas, por priorizarem a estética, continuam utilizando calçados inadequados
para seus pés. Também é muito comum entre dois irmãos que o mais novo acabe
herdando do mais velho algum sapato que não lhe sirva mais e que ainda está em
bom estado de conservação.
É importante saber que, quando nascemos, nosso esqueleto ainda não se encontra
totalmente consolidado, ou seja, endurecido pelo cálcio.
O recém-nascido possui esqueleto ainda mole e maleável. Sua ossatura
cartilaginosa pode sofrer atrofia e deformidades com o uso de roupas e calçados
inadequados e, portanto, agressivos a um ser que ainda não está com sua estrutura
definida. Por isso, os pais precisam estar atentos.
Também as crianças e mesmo os jovens ainda não possuem a ossatura totalmente
estabilizada pelo cálcio, o que geralmente ocorre na puberdade, por volta dos 17
aos 19 anos.
Embora as crianças e os jovens possuam ossos mais duros que os recém-nascidos,
eles não são suficientemente resistentes para impedir deformidades parciais ou
alterações posturais que poderão provocar patologias ortopédicas variadas como:
dificuldade de andar, limitações ou impossibilidade de praticar esportes,
conseqüência reflexa na coluna vertebral, etc. Reflexos muito comuns são os calos
e as calosidades, os joanetes (hollux valgus), as unhas encravadas (onicocriptoses), 27
enfim, toda a gama de patologias dos pés poderão se instalar tanto quanto a
estrutura estiver fora do padrão ideal. É importante acompanhar os jovens nas
compras de seus calçados e tênis preferidos, auxiliando-os na seleção das opções.
As patologias poderão aparecer muito tempo depois, quando o biótipo estiver
formado, com hábitos posturais consagrados, maior massa muscular e maior peso e
a estrutura dos pés inadequada para sustentar a configuração do corpo. Os
cuidados com a adequação, grande parte dos casos se restringem em razão de
fatores como as preferências e, principalmente, de fatores econômicos que podem
levar a pessoa a trocar uma opção adequada de compra por uma inadequada, pelo
fato de ser mais barata.
Além das roupas íntimas, o calçado é o complemento que o ser humano utiliza mais
próximo do corpo. Por isso, a qualidade de um calçado é fator fundamental para que
a integridade dos pés seja garantida e preservada.
Os pés são uma das estruturas mais complexas e importantes que o corpo exerça
plenamente toda a sua potencialidade, desde o inicio do movimento até o direito de
ir e vir. Por isso as pessoas devem cuidar de seus pés pela prevenção, não lhes
impondo condições desfavorável como calçados inadequados, a prática de esportes
ou de atividades que ultrapassem os limites de resistência, traumas, etc. Os pés
precisam receber o descanso e o conforto merecidos, ao final do dia. É muito
importante freqüentar regularmente um podólogo, para cuidar adequadamente da
higiene e da manutenção da saúde dos pés.
Salto alto e meninas adolescentes
O uso do salto alto iniciou-se na Antiguidade para destacar, pela altura, pessoas
que possuíam menor estatura que a média e desejava ser percebidas como
superiores. Era o caso de soberanos, de personalidades da corte, de pessoas de
representatividade política e econômica. Era também uma maneira de essas
pessoas exibirem sua vaidade cortejos públicos.
Com o passar do tempo e com a ascendência feminina ao poder, no Egito, na
Mesopotâmia e no Velho Mundo, o salto alto passou a uma prerrogativa das
mulheres, que se elevavam diante dos seus súditos, aumentando sua estatura,
normalmente inferior à estatura dos homens da época. Visto sob a ótica atual, não
há mulher que resista a um bom salto nem homem que não a perceba usando-o.
O salto alto confere um indiscutível charme ao simples caminhar de uma mulher,
modificando totalmente sua postura, sua projeção corporal e ressaltando suas 28
formas, o que um sapato baixo ou um tênis.
Jamais conseguiriam. Sendo o carro-chefe da venda de qualquer marca de
calçados, os sapatos de salto têm público garantido entre as mulheres de todas as
idades, que deles não abrem mão para ir a uma festa, a um casamento ou mesmo
para o dia-a-dia. Entretanto, o salto exerce significativa interferência em nossa
estrutura corporal.
Nascemos descalços, sem salto, por isso ele é um corpo estranho ao nosso
organismo, com o qual passamos a intermediar todos os nossos movimentos.
Partindo do princípio de que nos movimentamos o tempo todo sobre nossos pés, os
calçados são a vestimenta social mais importante na nossa relação com o planeta,
em cujo solo pisamos o tempo todo.
Dada a sua conformidade estrutural óssea e muscular, as mulheres necessitam de
uma pequena elevação na parte posterior dos pés, que o salto até um nível 3 ou 4
propicia muito bem, principalmente no período de gravidez. Acima disso, as
mulheres estarão cometendo um exagero com conseqüências certas, como: dores
lombares, desvios ortopédicos, vícios de postura, incorreções de ordem muscular na
barriga da perna, nas coxas, etc.
Diante de tantos apelos e estímulos de compra e de tantos chamamentos visuais da
moda, as adolescentes acabam sendo vencidas pelo estigma do consumo e sem o
saberem irão submeter seus pés a experiências cujas conseqüências são
imprevisíveis.
Como vimos, na adolescência o biótipo ainda não está totalmente definido, o que
significa dizer que qualquer estímulo aplicado ao corpo terá resposta no futuro. Os
jovens até os 19 anos em média ainda estão consolidando sua estrutura óssea. Se
nessa fase os ossos dos pés forem agredidos, certamente haverá uma resposta,
que poderá vir muito tempo depois, numa fase da vida em que esse adolescente já
se tornou idoso e qualquer tentativa de retificação será impossível.
As fases da puberdade e da adolescência se misturam muito, principalmente nas
meninas que vislumbram a moda e os cuidados com a aparência muito mais cedo e
mais intensamente que os meninos. Até estar com as formas definidas, o corpo das
meninas passa por várias transformações: as meninas "esticam", ficando
relativamente magras, depois engordam um pouquinho e param de crescer;
"esticam" mais um pouquinho, começam a tomar formas femininas e só então
harmonizam seu corpo de acordo com o seu biótipo específico. Mesmo i irmãs, os
momentos de crescimento variam. Como é, então, que o i de um mesmo tipo de 29
salto poderá ser generalizado?
Queremos, portanto, alertar sobre a importância de se adequar uso do salto alto
nessa faixa etária, respeitando-se algumas condições. É importante que a altura do
salto nunca ultrapasse em centímetro o tamanho do hálux.
- Alternar o uso de sapatos de salto alto com sapatos de salto baixo. O uso
constante de salto alto causa alongamento dos músculos dorsais e encurtamento
dos músculos plantares.
- Usar preferencialmente salto em sapatos fechados, com bico alado, não com bico
fino, sempre com meias.
- Evitar sandálias de salto, com tiras fininhas, preferindo as largas.
Concluindo, queremos dizer que o uso de salto alto invariavelmente
irá acarretar às mulheres patologias como: calos, calosidades, desposicionamento
ortopédico dos artelhos, unhas encravadas, alongamentos musculares, entre outras.
Algumas dessas patologias somente serão sentidas muito tempo depois, quando a
pessoa já estiver em idade avançada e talvez nem use mais salto alto. Embora
sejam estruturas resistentes, os pés sempre acabam vencidos pelo salto, e essa
derrota, na maioria das vezes, é definitiva. :
Pés de nenês
Por incrível que pareça, um número significativo de crianças muito novas, ainda
dependentes do colo da mãe, podem apresentar problemas em seus pezinhos. Tais
problemas vão desde unhas com bordas irregulares e quebradiças a encravamentos
e lesões na pele causados pêlos traumas da movimentação.
Grande parte dos traumas nas unhas ocorrem quando o bebê começa a fazer seus
primeiros movimentos, durante o processo de aprendizado do engatinhamento. Ao
engatinhar, o bebê costuma dobrar o dorso dos pés e dos dedos, deixando as unhas
expostas ao contato direto com o chão. Essa exposição provoca lascamentos,
quebras e ferimentos.
As bordas irregulares e lascadas das unhas são responsáveis por lesões, como
arranhões e cortes na pele, que o bebê adquire durante a noite, quando se
movimenta.
O uso de agasalhos inteiriços também é um dos causadores de encravamento das
unhas maiores dos pés. Como os nenês crescem muito rápido, esses agasalhos
("mijões") logo ficam pequenos. Porém, como são confeccionados com tecidos que
"esticam" e são práticos de vestir, têm seu uso otimizado, sendo abandonados 30
somente quando o nenê realmente não cabe mais dentro deles. A resistência ao
esticamento provoca uma pressão que atua diretamente sobre os dedos dos pés,
provocando mecanicamente a tendência ao encravamento.
O corte das unhas delicadas do nenê deve ser reto e feito com muito cuidado, sem
exageros. Recomenda-se o uso de uma tesoura bem pequena, de formato reto e
pontas arredondadas. É preciso agir com calma, devagar, evitando arredondar as
bordas das unhas ou puxar os pedacinhos de pele que se formam nos cantinhos,
pois isso causa muita dor. O importante do corte é remover o suficiente para que o
nenê não se machuque. Efetuar o corte quando ele está dormindo é mais tranqüilo e
causa menos incômodo.
Cortar exageradamente as unhas, arrancar pelinhas ou fragmentos de unhas,
perfurando a pele, pode causar granulomas, que são inflamações purulentas nos
cantinhos das unhas, extremamente doloridas. O atendimento podológico de um
nenê na maioria das vezes é mais trabalhoso do que o de um adulto, além de exigir
a presença da mãe ou do pai para acompanhar o trabalho do podólogo.
Pés de mulheres grávidas
Como vimos, os pés são constituídos de uma ossatura e uma musculatura que lhes
dão grande resistência para suportar os níveis de carga a que são submetidos.
Quando uma pessoa engorda muito, os seus pés sofrem um arranjo biomecânico
para manter o equilíbrio, a movimentação e o deslocamento do corpo, assim como
para evitar o comprometimento das funções dos sistemas vascular e circulatório e
da musculatura. Entretanto, se a pessoa exerce uma profissão que exige que ela
permaneça muito tempo em pé ou carregue pesos excessivos, seus pés não
conseguirão suportar os esforços associados ao excesso de peso adquirido.
No caso da mulher grávida, o problema é ainda mais sutil, pois as grávidas
costumam ganhar peso rapidamente e continuam se esforçando para desempenhar
suas atividades normais. Seu sistema linfático fica comprometido, pois há grande
retenção de água, que demora mais para ser reabsorvida pelo sistema circulatório.
Conseqüentemente, os pés ficam inchados e doloridos, e é constante a sensação
de incômodo.
Nessa fase, é indicado o uso de meias de descanso de média compressão, para
ajudar a pressão interna e manter a temperatura equilibrada. Cremes ou loções
hidratantes à base de uréia, aplicados com massagens desde os pés até os joelhos,
trazem grande alívio, descongestionando a rede vascular e repondo a perda de 31
água da pele. Os espaçamentos, calos e calosidades que se formam são minorados
com o uso de hidratantes.
O uso de calçados de bico muito fino e salto excessivamente alto é rigorosamente
contra-indicado, pois irá predispor o aparecimento de calos e unhas encravadas.
Sugerimos à gestante comprar seus calçados no período da tarde, após as 15
horas, pois seus pés estarão inchados, o que, associado ao uso da meia de
descanso, na maioria das vezes justifica a compra do calçado um número maior.
Durante o período de gravidez, a gestante poderá ter diminuídas suas defesas
imunológicas, o que certamente fará aparecer micoses e onicomicoses. Como
nessa fase é proibido o uso de medicamentos micóticos sistêmicos ou tópicos, o
atendimento podológico deve ficar restrito à higienização e à prevenção mecânica.
As sessões podológicas para a gestante têm, complementarmente, uma massagem
nos pés, de fundo reflexológico, de forma a propiciar conforto, além de auxiliar na
vascularização da região. Recomenda-se também à gestante que, tantas vezes
quanto possível, durante o dia, mantenha seus pés elevados, apoiados numa
mesinha, num banquinho ou numa poltrona, para aliviá-los e descongestioná-los.
Dimensões padrão para a confecção de calçados.
Pesquisas feitas nos últimos anos mostraram que os calçados fechados
convencionais, em couro e salto baixo, representam os índices de venda mais
significativos desse segmento de mercado.
Esse padrão de calçado é usualmente consumido no dia-a-dia pela maioria dos
homens e das mulheres, representando, portanto, o elemento de maior interação
com os pés. Disputa lugar com os tênis no mercado de consumo, levando
vantagem.
Alguns calçados desse padrão causam reduzidíssima elevação do calcâneo, outros
não. As dimensões e o comportamento mecânico dos materiais que os compõem
tornam esses calçados bastante confortáveis para a maioria dos consumidores.
O público masculino tem menos opções de modelo que o feminino, restringindo-se
às formas clássicas ou mocassim.
As mulheres encontram mais alternativas quanto à forma e ao material empregado:
do clássico ao mocassim, passando pelos modelos soft fabricados em tecidos crus,
sintéticos, etc.
Deve-se evitar o uso de calçados estruturados ou injetados em plástico, pois eles
predispõem a patologias múltiplas, como fungos, onicomicoses, etc.
A grade de informações a seguir permite verificar número a número as dimensões 32
consideradas padrão pêlos fabricantes, utilizadas na confecção da grande maioria
dos calçados.
TABELA 4. DIMENSÕES DE CALÇADOSReferências 3
8
Masculino
39 40
41
4
2
3
5
Feminino
36 37
38
39
A 8,
5
9,
0
9,
5
1
0
10
,5
7,
5
8
,
9
,
9,
0
9,5B 8, 10 1 1 11 7, 8 8 8, 9,0C 2
6
,
0
27
,5
2
8,
2
8
29
,5
2
4,
2
5
26,02
6,5
27,5D 7, 7, 8, 8 9, 5, 5 6 6, 7,0E 2, 2, 2, 3 3, 1, 2 2 2, 2,4F 1
1
1
3
13
,5
9,
0
1
0
1
0
1
0,
10,5G 8,
0
8,
0
9,
0
9
,
9,
8
6,
0
6
0
7
,
7
5
7,5
OBS.: As dimensões acima são dadas em centímetros. Entendendo as diferenças
de estilo, modelos e estruturas de modelagem entre os fabricantes, considera-se
uma variação de até 3% como um desvio padrão aceitável.
Às vezes adquirimos um par de calçados e percebemos que um dos pés é
significativamente menor que o outro. Provavelmente isso ocorre por causa de:
• erro na embalagem cometido pelo fabricante;
• erro no recondicionamento cometido pelo distribuidor/lojista;
• diferença potencial entre as formas direita e esquerda daquele número.
Na impossibilidade de troca, esse calçado deverá ser tirado de uso para não
predispor a patologias ou agravar aquelas já existentes. Calçar um pé maior num pé
33
menor do sapato traz conseqüências mecânicas traumáticas. Ao efetuar a avaliação
biodinâmica de pacientes com patologias instaladas, o podólogo deverá comparar
os dimensionais do calçado com aqueles registrados. Às vezes, um simples contra-
relevo ou um protetor podem representar 70% do sucesso do tratamento.
Técnicas do trabalho podológico
Depois de fazermos as considerações que julgamos necessárias, vamos entrar na
parte operacional da podologia, ou seja, o atendimento do paciente.
O paciente sempre espera que o podólogo resolva seu problema, se possível na
hora, sem dor e por um preço acessível.
A prática exige que o podólogo utilize todos os conhecimentos adquiridos nas aulas
de anatomia, patologias dos pés, microbiologia e outras necessárias para a sua
formação técnica.
Considerando que o podólogo já reuniu os conhecimentos teóricos necessários para
a sua habilitação profissional, essa obra não pretende detalhar a teoria, mas a
prática do exercício da podologia.
Procuramos estabelecer, numa seqüência lógica, o envolvimento passo a passo do
podólogo com o seu paciente, desde o contato inicial até a finalização do tratamento
ou mesmo a conclusão da sessão podológica.
Lembre-se de que a competência do profissional e seu constante aprimoramento
técnico são elementos fundamentais para o sucesso no combate à patologia, que
deve ser sempre dividido entre você, podólogo, que atuou com eficiência, e o
paciente que o escolheu.
Recepção do paciente
O primeiro passo importante numa sessão inicial de atendimento podológico é o
profissional obter o maior número possível de informações acerca do paciente, pois
é o gerenciamento dessas informações que irá possibilitar o êxito da terapia a ser
adotada.
Caso o paciente esteja sendo atendido pela primeira vez, é preciso coletar seus
dados civis e informar-se sobre patologias que ele possui e que devem ser levadas
em conta durante o atendimento, cadastrando todas as informações obtidas.
Caso o paciente já seja cliente, conferir seus dados cadastrais, para verificar se não
houve nenhuma alteração.
Os atendimentos devem ser realizados com a máxima pontualidade. Itens que 34
devem constar de uma ficha cadastral:
1. Número do telefone ou do RG como código identificador
2. Nome completo
3. Endereço
4. Bairro
5. Município
6. CEP
7. UF
8. Data de nascimento
9. Se é aposentado ou não (caso o podólogo conceda benefícios a essa categoria)
10. Alergias a medicamentos, produtos ou ambientes
11. Se é diabético(a)
12. Se é hipertenso(a)
13. Se é cardíaco(a)
14. Se é fumante
15. Se é convulsivo(a)
16. Se consome álcool
17. Se já contraiu hepatite ou moléstia infecto-contagiosa
18. Se pratica alguma modalidade esportiva
19. Tipo de calçado que geralmente usa
20. Se fez alguma cirurgia nos pés
21. Se tem problemas de coagulação ou cicatrização
22. Se tem osteoporose
23. Data do cadastramento
Exame biomecânico dos pés para identificação de afecções e patologias
Acomode o paciente na cadeira, certificando-se de que ele esteja confortável,
tranqüilo e descontraído. Converse sobre assuntos amenos e que lhe despertem
interesse, principalmente se ele estiver tenso, nervoso ou alterado.
Caso o paciente não queira falar ou conversar, respeite-o, mas em nenhum
momento deixe de lhe passar segurança quanto à competência do profissional que
é e a quem ele confiou a solução de seu problema.
Quando atender pacientes do sexo feminino, trajando saia, use uma toalha, de
preferência de cor branca, cobrindo as partes expostas, para deixá-la confortável e
preservar sua privacidade. Esse procedimento deverá ser cumprido mesmo que o 35
atendimento esteja sendo realizado por uma podóloga.
Antes de tocar os pés do paciente, não deixe de colocar as luvas de procedimento.
Esse cuidado é necessário tanto para a segurança do podólogo, evitando possíveis
contágios, como para impedir o contato direto com o paciente, que poderá não
desejá-lo, ou ainda para não propagar a terceiros contaminações adquiridas nesse
contato.
Aplique abundantemente loção anti-séptica nos pés do paciente. Examine
detalhadamente toda a conformidade dos pés, buscando patologias evidentes e não
evidentes, para definir como será efetuado o atendimento e de que recursos
necessitará lançar mão.
Esteja atento a qualquer sinal como:
• dor por movimentos, toque ou compressões na região dos pés;
• escamações com ou sem aquosidade;
• condição anormal dos arcos plantares e transversos;
• mobilidade das articulações dos artelhos, do tornozelo e do eixo do metatarso;
• comprometimento das lâminas por presença de onicomicose;
• comprometimento das lâminas por traumatismos, onicocriptose ou outras
patologias;
• comprometimento dos interdígitos por tinha pedis, calos moles ou calos com
núcleos;
• desajuste no espectro gravado na palmilha dos calçados;
• desidratação localizada ou generalizada dos pés;
• desvio ortopédico nos artelhos ou no conjunto estrutural do pé;
• baixa temperatura e perfusão insuficiente, denotando má circulação.
Converse com o paciente, explicando o problema do qual é portador. Informe-o
sobre como será o atendimento e todas as suas decorrências, antes de iniciá-lo
efetivamente. Esse procedimento faz-se necessário para obter a concordância
prévia do paciente quanto à forma de realizar o tratamento.
Preparação padrão de pacientes para aplicação de emolientes
Após acomodar o paciente, eleve a cadeira e inicie o procedimento, aplicando os
emolientes específicos na região plantar, preparando-a para o desbaste e o
polimento.
Aplique o emoliente em compressas finas de algodão, envolvendo apenas as
patologias, evitando que aja sobre a pele íntegra, não comprometida.36
A tendência atual é usar gaze em vez de algodão, evitando assim algum tipo de
contaminação, pois, ao abrirmos sua embalagem, ele já começa a ser contaminado,
e, por menor que seja a embalagem, ela dura muito tempo, considerando a pequena
quantidade consumida em cada procedimento. A gaze vem embalada em poucas
unidades que praticamente são consumidas no procedimento.
As patologias plantares geralmente são mais densas, dada a sua natureza e os
níveis de pressão suportados. Por isso recomenda-se preparar primeiro essa região.
Abaixe a cadeira e continue o procedimento aplicando o emoliente em finas
camadas de algodão sobre cada lâmina ungueal. Evite ao máximo abranger áreas
não comprometidas da pele dos artelhos e que não serão trabalhadas.
Verifique todos os interdígitos e as bordas mediais e laterais do hálux. Se encontrar
patologias, aplique também o emoliente em compressas finas de algodão nesses
locais.
Eleve a cadeira e inicie o seu procedimento pela região plantar. Concluída essa
parte, abaixe a cadeira e complemente o procedimento pelas lâminas ungueais e a
região dorsal dos pés.
Dessa forma, evita-se o desnecessário subir e descer da cadeira, que incomoda o
paciente e torna o atendimento cansativo.
As novas tendências de segurança para o profissional e para o paciente tendem a
deixar de usar o Fenol (ácido fênico) indiscriminadamente, como vinha sendo feito
até o momento. Dessa forma, o uso de soluções sapono-antissépticas vem se
tornando a indicação mais segura para se trabalhar a preparação da pele para a
intervenção podológica. Tanto quanto possível, utilizar esse recurso, que atenderá
praticamente todos os tipos de pele e de espessamentos considerados normais nos
quadros da comunidade.
O fenol foi classificado como cancerígeno, ou seja, ele pode provocar câncer pela
exposição, principalmente, ao tato e pelas vias aéreas, tornando desaconselhável
seu uso pelo podólogo.
A escolha do emoliente deverá obedecer às seguintes referências:
TABELA 5. REFERÊNCIAS DE EMOLIENTES
Condição do paciente
Tipo de emoliente indicado
Pele européia/sul-americana
Solução sapono-antisséptica37
ou soro fisiológico
Diabéticos amenos
Solução sapono-antisséptica
ou soro fisiológico
Diabéticos insulinodependentes
Soro fisiológico com maior tempo de exposição
Plantar com hiperqueratoses
Solução sapono-antisséptica com
maior tempo de exposição
Dependendo do nível de comprometimento e do tempo de instalação da patologia,
mais de uma compressa emoliente deverá ser feita nos intervalos da
instrumentação, permitindo assim maior facilidade de remoção e mais conforto ao
paciente.
É importante frisar que os emolientes à base de ácido fênico produzem
vasoconstrição, que é a diminuição do calibre das vênulas e arteríolas. Por isso, são
contra-indicados nos casos de portadores de diabetes, que já possuem
comprometimento no quadro circulatório, e nos hipertensos.
Corte incorreto das lâminas dos pés
Desde crianças, as pessoas costumam ouvir as mães dizerem que devem cortar as
unhas bem curtinhas, para deixá-las limpinhas e bonitas! De fato manter a higiene
das unhas é muito importante, mas os cortes devem ser feitos sem exageros,
porque todo exagero gera conseqüências às vezes difíceis de serem corrigidas.
Os cortes arredondados ou agudos das lâminas das unhas são uma preferência
quase unânime das pessoas que freqüentam salões de beleza ou manicures
convencionais. Às vezes, tais cortes são feitos com exagero, provocando dor e
muito incômodo, ou chegando a causar inflamação dos artelhos comprometidos.
Como já dissemos, as unhas devem ser cortadas sempre retas, sem invadir as
pregas laterais para não ferir essas regiões ou desfigurar a estrutura do dedo. As
unhas são parte importante da estrutura do pé, representando contrapontos de
resistência à pressão do corpo exercida sobre a planta e compensada em cada um
dos dedos.
Exagerar no corte das lâminas das unhas, com o uso de "trim", de tesouras
inadequadas, de estiletes, de objetos pontiagudos ou mesmo dos dentes, pode
traumatizá-las. Por incrível que pareça, ocorrem mais traumatismos com as unhas 38
dos pés do que das mãos. Quando o nível da mutilação ou do traumatismo é muito
significativo, chegando a desconfigurar o formato do dedo comprometido,
geralmente ocorre um quadro infeccioso doloroso e extremamente incômodo,
porque há quebra das defesas orgânicas pela agressão sofrida. Fica impossível cal-
çar os sapatos e conseqüentemente caminhar!
Cabe ao podólogo restabelecer as condições originais das estruturas da lâmina da
unha e do dedo. Com curativos amplos, acompanhados passo a passo, até passar a
fase de dor, o quadro infeccioso é combatido. Inicia-se, então, a recuperação do
formato do dedo e da lâmina da unha, geralmente com o uso de órteses em acrílico,
moldadas de forma a recompor a unha e a reorganizar os músculos que ocuparam
os espaços vazios criados pela mutilação. Essa técnica é rápida e muito eficiente,
pois, além de restaurar a condição ideal da estrutura, recompõe imediatamente a
estética do dedo.
O tempo de tratamento é de médio a longo prazo, durando de 2 a 4 meses. Este é o
período necessário para que o crescimento da unha a reposicione adequadamente
no leito, já fora dos pontos de comprometimento. Uma unha cresce cerca de 1,5 mm
por mês, o que permite avaliar que o tempo necessário para restabelecer sua
condição normal é relativamente longo.
Procedimento de corte para lâminas normais dos pés
Após o paciente estar devidamente instalado e depois de feitas a higienização e a
aplicação dos emolientes, deverá ser efetuado o corte das lâminas ungueais e
executado o procedimento de remoção de detritos de todas as pregas periungueais.
O corte das lâminas ungueais geralmente é realizado depois de se cumprirem os
procedimentos de tratamento das patologias da região plantar. Entretanto, muitos
pacientes não possuem essas patologias, o que facilita e reduz sobremaneira o
tempo total da sessão.
É sabido que a estrutura dos artelhos e lâminas ungueais possui tempos
diferenciados de absorção dos emolientes. Por isso, sugerimos que o corte seja
iniciado pelo segundo artelho de cada pé e continuado seqüencialmente até o quinto
artelho, finalizando-se pelo hálux que, sendo o maior artelho da estrutura, necessita
indiscutivelmente de mais tempo para a emolição.
Inicie sempre o corte das lâminas ungueais pelo pé que foi preparado primeiro. Se
as compressas emolientes foram colocadas primeiro no pé direito e depois no
esquerdo, inicie o corte das lâminas primeiramente pelo pé direito e termine pelo 39
esquerdo, garantindo o mesmo tempo de ação do emoliente sobre as duas
estruturas.
O corte das lâminas deverá ser sempre reto, feito da extremidade de uma prega à
extremidade idêntica da outra prega periungueal, respeitando-se um limite mínimo
de comprimento, sem exageros, para não provocar dores na deambulação. Alguns
pacientes já possuem deformidade histórica da região distai do artelho e, nesses
casos, fazer uma leve curva ajuda a melhorar esteticamente o formato da lâmina,
sem jamais invadir os cantos.
Pressões excessivas sobre a estrutura do pé causam a formação de porções de
queratina sobre a superfície da pele, com a função de aumentar sua resistência a
um provável trauma por redução da massa muscular local, por incidência anormal
da epífise de um osso que se desajustou da estrutura ou ainda por obesidade.
Trata-se de uma patologia que geralmente ocorre na região plantar, nas cordas
laterais e mediais dos pés, nas bordas dos hálux e raramente no dorso dos pés.
Esse espessamento ocorre pela perda de água contida na pele, que fica
desidratada, o que provoca endurecimento da camada mais externa aparente.
Depois de higienizar o paciente e de fazer a aplicação dos emolientes, inicie o
desbaste da patologia, seccionando horizontalmente as camadas de queratina com
o uso de bisturi descartável nº 20 ou nº 21. É importante que o ângulo de incidência
do bisturi sobre a calosidade seja o menor possível, para evitar a invasão da derme
e conseqüente trauma hemorrágico.
O seccionamento deve ser efetuado até que apareça a pele íntegra, percebida pelo
relevo característico de seus sulcos naturais e pela coloração rósea, mais viva,
decorrente de irrigação sanguínea mais próxima.
Acople um disco de lixa grana 100 ou 120 ao mandril do motor e proceda ao
lixamento cuidadoso e suave da região, tendo o cuidado de não "queimar" o local
pelo atrito.
Aplique abundantemente loção antisséptica nos pés do paciente, enxugando-os com
papel descartável. Considerando abaixa umectação causada pelas calosidades, é
importante aplicar creme ou loção hidratante à base de uréia e silicone, após todo o
procedimento.
Procedimento para a remoção de calos de qualquer natureza
O instrumento adotado para o corte das lâminas, salvo em casos excepcionais, é o
alicate de eponíquio, dadas as suas dimensões menores, o que causa menos 40
traumatismos, e o corte mais eficiente.
Após o corte das lâminas ungueais, com o uso de bisturi nuclear estreito ou bisturi
descartável nº15, remova resíduos, detritos córneos e calosidades das pregas
periungueais, iniciando o procedimento pelas bordas das pregas e seguindo até o
centro da região do eponíquio, alternando os lados direito e esquerdo.
Depois, utilizando pedra cônica abrasiva acoplada ao mandril do motor, efetue o
polimento suave das pregas ungueais, iniciando por uma das extremidades e
contornando toda a estrutura da lâmina. Remova todos os dispersóides de pele solta
e fragmentos aderidos e dê acabamento suave à extremidade livre. Aplique
abundantemente loção antisséptica, enxugando toda a estrutura do pé com papel
descartável.
Às vezes algumas partes do pé começam a "engrossar", enroscando nas meias
mais finas ou provocando uma sensação desagradável ao simples toque de um pé
no outro. Nesses pontos, a pele fica amarelada, espessa e ressecada, tornando-se
incômodo o caminhar.
As calosidades são causadas pelo espessamento da camada córnea da pele, em
áreas extensas, de pequena concentração. Essas áreas, que possuem de l cm a 5
cm, geralmente localizam-se no calcanhar, nas bordas laterais dos dedos maiores,
na região da planta logo após os dedos, nas bordas externas dos pés e em outras
partes que têm grande contato com os calçados.
De consistência endurecida e desidratada, a calosidade forma-se como defesa a
atritos externos causados principalmente pelo uso de calçados inadequados, por
problemas ortopédicos, por vícios de postura, por obesidade ou ainda por natureza
congênita. Ao contrário dos calos, a calosidade não possui núcleo, pois a pressão
que a forma se distribui de maneira uniforme por toda a área atingida. Dependendo
do grau do espessamento, a calosidade pode ser dolorosa e até apresentar fissuras
ou rachaduras, com sangramento e o aparecimento de infecções secundárias.
Ingerir água é importante para regular a hidratação, reduzindo ou amenizando as
calosidades. O estado emocional também altera o nível de hidratação, contribuindo
para a formação de calosidade. Verifica-se que os portadores de calosidades bebem
pouca água e que as mulheres apresentam muito mais calosidades do que os
homens.
Cabe ao podólogo realizar a remoção da calosidade por instrumentação de suas
camadas, até expor a pele íntegra, fazendo um cuidadoso polimento com abrasivo
apropriado. É necessário eliminar as causas predisponentes para tratar a 41
calosidade. É importante avaliar o tipo ideal de calçado para cada caso, assim como
o uso de meias de algodão, de suportes ou estruturas específicas em silicone, e o
reestudo da postura ou do modo de caminhar. O uso de cremes hidratantes à base
de uréia é importantíssimo para manter a pele dentro de um nível de umectação que
impeça o seu ressecamento ou, pelo menos, prolongue o estado de hidratação.
Para manutenção recomendam-se sessões com intervalos de 3 a 4 semanas.
O uso de cal i ci das
Os calos são patologias extremamente dolorosas e insuportáveis, principalmente
depois que atingem determinado tamanho e nível de gravidade. Impedem-nos de
caminhar adequadamente, obrigando-nos a mudar nosso modo de andar, de pisar o
chão, e restringindo os tipos de calçados que podemos usar. Atrapalham nosso
humor e permitem até fazer a previsão do tempo. Há pessoas que dizem que vai
chover cada vez que seu calinho dói, e realmente sempre acertam.
Causado pelo atrito dos ossos do pé pressionando os músculos e a pele contra o
couro dos calçados, o calo é uma defesa na forma de couraça, que impede o
rompimento da pele e, conseqüentemente, um ferimento mais grave da região. Essa
couraça, formada por queratina - um componente natural da pele -, impede que
ocorra um esgarçamento dos tecidos, porém é incômoda e dolorosa.
A eliminação da causa certamente fará o calo desaparecer dentro de algum tempo.
Se o sapato que aperta o pé não for mais usado, certamente o calo desaparecerá.
Entretanto, determinadas pessoas, no desespero de se livrarem do problema de um
dia para o outro, utilizam medicamentos calicidas sobre essas lesões, sem saber o
risco a que poderão estar sendo submetidas.
Os calicidas são produtos ácidos, queratolíticos, que atacam a queratina por
corrosão, destruindo o tecido. Quando utilizados na planta dos pés, têm efeito 42
positivo; porém, quando utilizados em calos, sobre ou entre os dedos, seu efeito
geralmente é grave.
As substâncias corrosivas ficam empoçadas sobre o calo e continuam a corroer
permanentemente. Depois de destruírem toda a substância calosa, atingem a pele
íntegra, que está saudável, podendo também destruí-la.
É muito comum pessoas que utilizaram calicidas por 2 ou 3 dias procurarem os
gabinetes de podologia, apresentando ulcerações e quadros inflamatórios
extremamente intensos e dolorosos.
O uso de calicidas é uma prática que não deve ser realizada sem os cuidados
adequados quanto à aplicação, ao controle do tempo de permanência e à
instrumentação mecânica dos detritos córneos produzidos.
Quantas pessoas compram sapatos com belo design e, ao usá-los pela primeira
vez, sentem o dedinho doer e a queimar como fogo! Essa sensação indica que elas
acabaram de ganhar um calo, um presente eterno para algumas pessoas, que
dificilmente conseguem eliminá-lo de suas vidas.
Os calos são consolidações de queratina antiga, revestidas de espessamento
queratizado mais mole na estrutura da epiderme. São patologias resultantes de
atritos e pressões contínuas sobre o mesmo ponto da
pele, em direção à estrutura óssea. Pressionados entre os ossos e o calçado, os
tecidos musculares estreitam-se e tendem ao rompimento.
Como um mecanismo de defesa, o organismo envia ao cérebro um pedido de
socorro diante da ameaça de morte das células existentes na região. Para salvá-las,
é produzido sobre a epiderme um depósito espesso e resistente de queratina, cuja
função é servir de escudo, limitando os efeitos externos, ou seja, do calçado contra a
pele. A formação dos calos é lenta e predispõe enorme tempo de tratamento para a
sua erradicação. Podem atingir todas as áreas do pé: as bordas e as regiões
plantar, dorsal e interdigital.
Geralmente são causados pelo uso de calçado inadequado ou por
uma disfunção estrutural do pé; removida a causa, desaparecerá o efeito. Se os
sapatos estiverem apertados, a sua simples substituição por
um modelo mais confortável deverá desestimular a formação do calo.
Entretanto, se a causa predisponente não for rapidamente removida, o
efeito de bloqueio pelo organismo será intensificado. O uso de calçados
adequados, de protetores personalizados e a hidratação são funda
mentais para o desaparecimento dos calos, o que ocorre geralmente43
após meses ou até anos. |
Existem vários tipos de calo: os dorsais dos artelhos, os calos moles, os calos
miliares das plantas, os subungueais (que se formam sob as lâminas das unhas), o
vascular e o neurovascular, que possuem sensibilidade extrema e irrigação
sanguínea, os interdigitais (localizados entre os dedos), etc. Todos eles são
causados pêlos mesmos agentes mecânicos descritos acima. Normalmente muito
dolorosos, os calos com núcleo comprometem a deambulação do paciente e
restringem o uso da grande maioria dos modelos fechados de calçados.
Os calos são removidos mecanicamente, por instrumentação, devendo ser retirados
o núcleo, os resíduos e detritos decorrentes. Estando o paciente devidamente
higienizado e depois de efetuada a aplicação do emoliente adequado, inicia-se o
procedimento de remoção. Utiliza-se bisturi descartável nº 20 ou nº 21 para remover
os espessamentos maiores e bisturi nuclear estreito para extirpar o núcleo. Para a
remoção da calosidade superficial, o podólogo deverá adotar o mesmo
procedimento estabelecido para a remoção de calosidades, até encontro núcleo de
queratina endurecida, de aspecto translúcido cristalizado.
Recomenda-se nesse ponto reaplicar compressa pequena de emoliente, por alguns
minutos, para melhorar a qualidade do seccionamento. Por ser um ponto sensível,
evite pressionar mais do que o necessário o bisturi sobre a patologia, para não
causar dor ao paciente.
O núcleo deverá ser removido com bisturi nuclear estreito, com bisturi descartável nº
15 ou, preferencialmente, com bisturi descartável gúbia nº 2 ou nº 3 (abaixo, foto de
remoção de núcleo com gúbia). Pode-se usar também uma enucleadora — bisturi
rotativo para ser usado no micromotor que atualmente já é bem mais acessível aos
podólogos. A incisão deverá ser feita com o maior ângulo possível, para a remoção
total do núcleo, e não apenas do centro cristalizado, o que deixaria um orifício
profundo. Deve-se extrair o núcleo e rebaixar as bordas do orifício o máximo
possível, deixando-o com o aspecto de um prato raso, o que permitirá o retorno da
pele, pela pressão descendente dos músculos do pé, ao seu nível normal.
Utilize pedra cônica abrasiva, fresa estrutural ou fresa ventilada para fazer a
remoção final e sutil dos resíduos mais profundos do núcleo. Durante esse
processo, respeite os limites de sensibilidade do paciente à dor, adequando essas
condições à sua necessidade de realizar o procedimento. No caso de trauma
hemorrágico, faça hemostasia pressionando uma compressa de algodão com água
oxigenada até cessar o fluxo, seguida de um curativo padrão, cujos procedimentos 44
orientaremos.
Aplique abundantemente loção antisséptica nos pés do paciente, enxugando-os com
papel descartável. Considerando a baixa umectação causada pelos calos, é
importante aplicar creme ou loção hidratante, à base de uréia e silicone, após todo o
procedimento.
O uso de protetores vazados é imprescindível para auxiliar no alívio e na correção
da patologia plantar, como os auto-adesivos, em espuma de baixa densidade, que
podem ser afixados à palmilha dos calçados em casos brandos. Em casos múltiplos,
efetuamos o vazamento da própria palmilha. Nos casos interdigitais, utilizamos
protetores não vazados, dimensionados para essa estrutura, que devem ser
aderidos ao lado inverso ao da patologia instalada; ou podem também utilizar
dispositivos siliconados, cuja maneira de confeccionar orientamos neste curso.
Procedimento para a remoção de verrugas plantares.
Às vezes, as pessoas ao caminhar começam a sentir um determinado pontinho
incômodo, geralmente localizado na região plantar próxima aos dedos. Esse
pontinho começa a doer levemente e a crescer, adquirindo a forma de um pequeno
calo, que chega a ficar enorme, causando muita dor e sérios comprometimentos à
postura natural de andar. Trata-se do famoso olho-de-peixe.
45
Essa patologia tem levado muitas pessoas, inclusive profissionais da área da saúde,
a identificá-la incorretamente, pois dois males completamente diferentes se instalam
nessa mesma região, provocando o mesmo incômodo e manifestando-se da mesma
forma.
Como sabemos, os calos antigos, compostos de núcleos cristalinos duros,
apresentam a conformidade de um centro dolorido, recoberto por uma camada de
queratina. Após o seu desbaste e remoção, adquirem uma formação geométrica de
cratera, e debaixo do material removido encontra-se pele íntegra. Essa patologia é
enormemente confundida com um olho-de-peixe.
O olho-de-peixe caracteriza-se por apresentar uma lesão na pele, recoberta por uma
camada de queratina na forma de calosidade, que depois de removida adquire um
formato semelhante ao do olho de um peixe. Inicia-se com a formação de uma
verruga na planta do pé ou na polpa digital, originada por contágio virai e que, pela
pressão do corpo, se desenvolve para dentro, empurrando a estrutura da pele em
direção à estrutura óssea. Os vírus desenvolvem-se nesse espaço, produzindo uma
substância excretada, rígida, que causa dor em virtude da pressão exercida sobre a
musculatura e sobre as terminações nervosas existentes.
Por se tratar de uma colônia de organismos estranhos, nosso corpo cria irrigação
sanguínea no local, através da qual levará os anticorpos para combatê-los. Essas
alças de pequeninas veias são claramente visualizadas como uma série de pontos
agrupados na área da lesão. As colônias virais são muito parecidas com calos
duros, por isso são identificadas somente após a remoção da calosidade por instru-
mentação.
Sendo um processo viral, o olho-de-peixe é contagioso, podendo ser transmitido
para outros pontos dos pés ou das mãos, caso seja manuseado sem o asseio
adequado. Da mesma forma, pode ser transmitido a outras pessoas.
Para combater essa patologia, é preciso remover o espessamento queratinizado,
desbastar o máximo possível o núcleo contaminado e cauterizar quimicamente o
local, com toda a segurança, selando-o com curativo asséptico. Para maior clareza
detalharemos esse procedimento a seguir.
Estando o paciente devidamente higienizado e depois de fazer a aplicação do
emoliente, remova a calosidade superficial com bisturi descartável nº 20 ou 21. Para
isso adote o mesmo procedimento indicado para a remoção de calosidades. Após
esse desbastamento, deverá aparecer uma formação circular, anelada, de
densidade diferente da epiderme, opaca e com os pontilhados trombosados ou não 46
das arteríolas e vênulas comprometidas pelo ataque viral instalado.
A remoção do núcleo da massa viral não poderá ser feita como a do núcleo de um
calo, pois há perigo de contágio. Sendo os mesmos bisturis indicados para a
remoção de calos de qualquer natureza, retire a maior parcela possível de material,
sem causar lesão nos vasos aparentes, criando sangramentos. Caso isso ocorra,
faça uma hemostasia pressionando uma compressa de algodão com água
oxigenada por alguns minutos, até interromper o fluxo hemorrágico. Utilize uma
pedra cônica abrasiva, acoplada ao mancal do motor, para fazer um desbridamento
leve em toda a massa viral, deixando uma área de segurança ao redor.
Após esse procedimento, faça a cauterização cuidadosa de toda a massa viral com
ácido nítrico fumegante, sem permitir que o produto escorra para a pele íntegra, o
que provocará queimaduras. Utilize um protetor vazado, auto-adesivo, afixado à pele
do paciente, deixando exposta apenas a área a ser atacada. Aguarde alguns
minutos, para que o ácido nítrico seja absorvido, e sele o local com esparadrapo
antialérgico ou bandaid.
Esse procedimento deverá ser repetido a cada cinco ou sete dias dependendo do
quadro. Em média cinco sessões de cauterização são suficientes, mas existem
casos de persistência do vírus ocasionada pelos níveis de resistência do portador;
assim o número de procedimentos poderá chegar a doze ou quinze sessões.
Após a remoção do núcleo dessa patologia, é necessário avaliar a qualidade da
instrumentação realizada. Para isso é importante dispor de uma lupa que amplie
pelo menos 2 vezes o campo visual, o que permitirá constatar a qualidade da
instrumentação realizada do acabamento dado, facilitando a absorção de
medicamentos ou hidratantes, caso necessário. Além disso, é preciso considerar os
níveis de agressividade atribuídos pela instrumentação à estrutura comprometida,
definindo a necessidade ou não de curativos, repouso ou imobilização. Aplique
abundantemente loção antisséptica nos pés do paciente, enxugando-os com papel
descartável. Aplique creme hidratante e efetue massagem estimulante simples, sem
tocar nas áreas instrumentadas.
Procedimento para cuidar da unha com onicocriptose
Aquela dorzinha terrivelmente incômoda e persistente num dos cantinhos da unha
do hálux, quando ocorre, altera até o nosso humor. A unha fica inflamada, a pele
avermelhada, o local fica inchado e notamos a presença de pus. Nossa primeira
providência é limpar o local, colocar pomada e gelo. Mas a dor não passa. E no dia 47
seguinte não conseguimos calçar nem mesmo aquele sapato mais macio.
Esses sintomas caracterizam uma patologia chamada onicocriptose, comumente
conhecida como unha encravada.
A onicocriptose caracteriza-se pela penetração da unha, ou de parte dela, no sulco
da prega lateral do artelho, provocando uma lesão que rompe a epiderme e a
derme. Esse rompimento abre uma porta de acesso às bactérias, originando nesse
caso um processo inflamatório e infeccioso. Embora na grande maioria das vezes
essa patologia ocorra no dedo maior do pé (hálux), pode ocorrer em qualquer dedo.
A penetração de parte da lâmina ungueal na estrutura da pele, geralmente no sulco
periungueal, causa dor e pode ou não apresentar quadro infeccioso, associado ou
não à presença de granuloma piogênico.
Uma das causas mais freqüentes dessa patologia é o corte incorreto das unhas,
cujos fragmentos (espículas) deixados dentro da prega lateral do dedo causam o
rompimento da epiderme com o crescimento da unha.
O uso de calçados de bico muito estreito e curto, ou de calçados com a frente baixa
demais em relação à altura dos dedos, geralmente também provoca onicocriptose,
assim como um chute infeliz numa parti da de futebol, um pisão no pé ou qualquer
outro tipo de traumatismo com perfuração da epiderme.
48
Queremos alertar ao podólogo que é fundamental examinar minuciosamente a
prega ungueal, para diagnosticar se há espícula penetrante. Isso evita confundir
casos de onicocriptose com encravamentos simples sem infecção.
Para remover a espícula, é preciso proceder a uma instrumentação do local lesado,
fazendo a higienização e os curativos necessários para o combate à infecção, além
de utilizar técnicas que contribuem para eliminar o problema.
Paralelamente a esses cuidados, é importante eliminar as causas predisponentes e,
principalmente, retificar o corte das lâminas, até que se restabeleçam as condições
normais. Em casos de grande mutilação das lâminas das unhas, torna-se
necessário o uso de órteses, que são pequenos dispositivos metálicos ou acrílicos
fixados nas unhas, destinados a retificar, corrigir ou mudar o seu formato.
Um tratamento para corrigir um problema dessa natureza dura de 5 a 8 meses,
dependendo das características de cada paciente e de seu grau de participação no
processo, porém o quadro doloroso é eliminado na primeira sessão de atendimento.
Como nos casos anteriores, detalharemos a seguir os procedimentos necessários
para que o tratamento seja bem-sucedido.
49
Estando o paciente devidamente higienizado e depois de fazer a aplicação do
emoliente, localize a espícula ungueal, usando a haste angulada do estilete para a
prospecção.
Faça um pequeno corte ou pique na borda livre da lâmina, orientando um
seccionamento que deverá terminar após o ponto em que a espícula se encontra.
Esse seccionamento poderá ser efetuado com o
uso de um bisturi descartável nº 15 ou de um bisturi nuclear estreito convencional.
Se o descolamento ungueal observado for significativo e se for constatada a
presença de granuloma, utilize preferencialmente uma micro tesoura cirúrgica, cujo
uso não causa dor ao paciente.
Após o seccionamento da lâmina ungueal, remova o fragmento com o uso de pinça,
tracionando-o no sentido da borda livre, sem jamais levantá-lo perpendicularmente,
pois isso é extremamente doloroso e desnecessário ao procedimento.
Sangramentos são comuns durante esse processo, portanto é necessário realizar
uma hemostasia com compressas de água oxigenada até a interrupção do fluxo,
seguida de curativo padrão, cujos procedimentos orientamos neste curso.
GRANULOMA ADULTO, APÓS SESSÃO COM MANICURE.
GRANULOMA DE UMA CRIANÇA DE 4 ANOS CAUSADA POR UM PISÃO DO
PRÓPRIO PAI.
50
Quando a lâmina da unha estiver traumatizada, tente tanto quanto possível usar
grampos de abertura, permitindo assim maior liberdade de ação das mãos para o
seccionamento. É comum a lâmina adquirir formas geométricas obtusas ou
apresentar degraus na borda. Nunca corte porções de lâminas que estejam aderidas
ao leito ou cujo vértice angular termine próximo demais da região do eponíquio.
Em ambos os casos, o corte da lâmina deverá ser efetuado firmemente, de modo a
permitir que a borda adquira um formato harmônico com a prega periungueal,
principalmente com a borda frontal da polpa digital, prevendo assim um crescimento
não traumático e sem resistência mecânica.
Aplique abundamente loção antisséptica nos pés do paciente, enxugando-os com
papel descartável. Aplique creme hidratante e efetue massagem relaxante simples,
por 5 minutos. Esse procedimento relaxa, diminuindo o estresse inicial, melhora a
circulação e oferece enorme conforto.
Cuidar é a melhor forma de prevenção
Aqueles que geralmente sofrem com freqüência de unhas encravadas, daquelas
que chegam a sangrar, a infeccionar e a doer muito, precisam saber de alguns
detalhes que podem ser fundamentais para curá-los dessa patologia, livrando-os da
constante peregrinação aos gabinetes podológicos para tratamentos e curativos,
bem como da impressão de que nunca conseguirão se livrar desse mal.
Estatisticamente, a grande maioria das pessoas adquire encravamento de unha em
decorrência do uso de calçados inadequados. Não devemos nos esquecer de que
nossos pés passam por várias modificações durante o nosso crescimento e
envelhecimento, precisando dessa forma receber o conforto ideal proporcionado
pelo uso de meias e calçado adequados.
As mulheres, principalmente aquelas que costumam usar modelos sociais, têm
maior probabilidade estatística de adquirir essa patologia, pois confinam seus pés
em sapatos apertados, de saltos demasiadamente altos para sua condição
estrutural ortopédica, mantendo sob pressão constante as estruturas musculares e
ósseas dos dedos dos pés cerca de 10 horas por dia. Ao final do dia, como se sabe,
a própria força de gravidade pode causar o inchaço de nossos pés, diminuindo ainda
mais o espaço livre dentro dos calçados.
Na verdade, para causar o problema, o calçado não precisa necessariamente ser
afilado ou de salto alto. Basta que seja inadequado e que uma mínima carga de 51
pressão, constante e contínua, venha a ocorrer.
A preferência por um mesmo tipo de calçado também induz à formação dessa
patologia, principalmente se o tipo escolhido for inadequado.
As pessoas que para exercer suas atividades profissionais precisam andar muito,
como os vendedores externos, os cobradores, os office-boys, são candidatas a
adquirir o problema.
O uso constante de certos tipos de tênis ou de calçados folgados demais provoca o
que se chama de LER (lesão por esforço repetitivo), produzindo o atrito que gera
calor e a compressão ungueal que gera as terríveis unhas encravadas, seguidas de
quadros inflamatórios e piogênicos.
Muitas pessoas recebem atendimento podológico, resolvem o seu problema e algum
tempo depois percebem que a mesma patologia volta a se manifestar. Chegam a
duvidar de que receberam o atendimento adequado. Acontece que se elas não se
conscientizarem de que também precisam mudar seus hábitos, escolhendo
calçados adequados e adotando formas corretas de cortar as unhas, mesmo
sanado o problema, ele retornará.
Algumas pessoas, passado o quadro doloroso e desconfortável desencadeado pela
patologia, retornam aos hábitos anteriores, voltando inevitavelmente a adquirir o
problema.
Outras são imediatistas, desejam uma solução pronta para um problema que
depende de regeneração orgânica e de manifestação espontânea do nosso corpo, o
que nem sempre é rápido.
Hábitos saudáveis funcionam como medidas de prevenção.
Veja o caso de um atleta ou de uma bailarina. Avalie os esforços a que eles
submetem seus pés. No entanto, raros são os atletas ou bailarinas que possuem
unhas encravadas, pois eles têm consciência de que seus pés são muito
importantes para o sucesso de suas performances. Por isso, preocupam-se em
tratá-los cuidadosamente, usando calçados perfeitamente adequados ao seu tipo de
pé e à modalidade esportiva ou tipo de dança que praticam.
Existem técnicas mecânicas para a correção de unhas encravadas por deformidade
de ângulo, ou seja, de unhas muitos fechadas ou cujos lados têm o formato
irregular, o que provoca grande pressão, mesmo com o uso de calçados macios.
Essas técnicas são as órteses, pequenos aparelhos que corrigem lentamente o arco
das lâminas, do mesmo modo que um aparelho ortodôntico corrige uma dentição.
As órteses são indicadas para casos mais acentuados, passíveis de correção, e le-52
vam cerca de 5 a 7 meses para apresentar um resultado razoável (não existe 100%
de sucesso). Entretanto, esse processo não é definitivo, pois, se a pessoa voltar aos
hábitos antigos, o problema voltará rapidamente.
Ao iniciar um tratamento, o podólogo deverá alertar o paciente de que é muito
importante sua participação no processo. Muitas vezes, a simples mudança de
hábitos é suficiente para que ele se livre do problema, sem grandes sacrifícios e a
um custo menor.
Procedimento para cuidar de lâminas com onicomicose
Com a chegada do inverno, precisamos proteger nosso corpo do frio. Como não
poderia deixar de ser, nossos pés também recebem atenção, ficando abrigados em
sapatos fechados e botas bem quentinhas. Essa condição, que envolve
principalmente fatores como ausência de luz, calor, umidade, é propícia para que
alguns agentes que habitam nossa pele, como os fungos dermatófitos, se
multipliquem acima dos níveis de controle do nosso sistema orgânico de defesa.
Mantidos continuamente dentro de calçados fechados, os pés deixam de receber
luz, elemento importante para que uma série de estímulos sejam executados pela
pele. Passam também a ficar sob uma temperatura mais elevada, o que provoca a
dilatação de sua estrutura e transpiração, atividade que libera água e outros
componentes favoráveis à formação de fungos.
Rapidamente os fungos se multiplicam, constituindo colônias populosas que irão se
distribuir por toda a estrutura dos pés.
O alimento principal desse tipo de fungo é a queratina, responsável pelo
agrupamento das moléculas da pele, que possui cerca de 20% dessa substância. As
lâminas das unhas são constituídas por quase 100% de queratina, o que representa
um grande atrativo para os fungos, por ser a sua principal fonte de alimentação.
Atacadas pêlos fungos, as lâminas ficam amareladas e inicia-se um descolamento
nos cantos, que depois evolui para toda a lâmina. Resíduos esfarelados, com odor
desagradável, formam-se sob as unhas e a lâmina chega a ficar totalmente
destruída.
Geralmente esse quadro manifesta-se no dedo maior, mas a patologia pode ocorrer
em qualquer um dos dedos dos pés. O fato de não produzir dor pode ocultar a
gravidade do problema. Entretanto, caso não seja tratada, a onicomicose pode
desencadear patologias secundárias que, além da perda definitiva da lâmina da
unha, mantêm os fungos nos pés, agindo sobre a pele, o que certamente fará a 53
patologia evoluir para as demais unhas.
A ação do médico dermatologista é imprescindível para uma avaliação precisa do
quadro e dos micóticos adequados para combater os fungos instalados. Nesses
casos é extremamente importante evitar a automedicação e as "receitinhas"
domésticas.
O tempo de recuperação de uma unha com micose pode variar de 7 meses a l ano,
dependendo da dedicação do paciente, que na maioria das vezes abandona o
tratamento por achar que não está dando certo ou que está demorando muito.
Outros não se recuperam porque não seguem o tratamento com freqüência e tempo
necessários.
É função do podólogo promover a assepsia e a higienização do pé atingido pela
patologia, usando as técnicas existentes como:
• corte das lâminas com desbridamento;
• rebaixamento dos planos ungueais;
• remoção de detritos córneos nas pregas das unhas;
• remoção das partes já destruídas das lâminas;
• aplicação de órteses acrílicas micotisadas no lugar das partes removidas.
Dar orientação ao paciente quanto aos cuidados com os pés e os calçados, servindo
dessa forma de coadjuvante no tratamento médico.
A micose instalada na lâmina ungueal, em face da abundante oferta de queratina - 54
alimento preferido dos queratófilos, apresenta inicialmente aspecto amarelado e
resíduos córneos.
A lâmina torna-se espessa e praticamente interrompe o seu crescimento. Inicia-se,
então, um processo de deformação em seu aspecto natural. Como as lâminas
crescem de l mm a 1,5 mm por mês, o que corresponde à parcela devorada pela
colônia de fungos que nela se instalaram, elas entra em processo de destruição
lento e definitivo, sem possibilidade de recuperação.
Para auxiliar a atuação do podólogo, detalharemos a seguir os passos necessários
para o tratamento da onicomicose.
Estando o paciente devidamente higienizado e uma vez aplicado o emoliente, o
próximo procedimento é fazer o corte e a limpeza das pregas periungueais das
lâminas de todos os artelhos de ambos os pés.
Nesse caso, o podólogo é um importante coadjuvante do médico dermatologista,
profissional da saúde que tem a competência de identificar o fungo, assim como de
prescrever a medicação sistêmica, quando for o caso.
O podólogo deverá remover mecanicamente toda a parte lesada das lâminas com
onicomicose. Para isso deverá lançar mão de recursos
como alicates de eponíquio, pedras montadas, brocas, fresas, bisturis, etc.,
respeitando os limites de sensibilidade do paciente à dor.
A finalidade dessa remoção é reduzir o tamanho da população de fungos instalada
na estrutura da lâmina ungueal, tornando mais eficiente o processo de defesa, tanto
pelo sistema imunológico, quanto pelo estímulo dos medicamentos adotados.
Após a remoção, aplicar esmalte micótico convencional, de modo a formar uma
camada confinadora entre a lâmina, o leito ungueal e o meio externo.
Alertar o paciente sobre a importância de usar o calçado adequado e de higienizá-lo
com talco micótico, para aumentar as possibilidades de cura a médio prazo.
No caso de mulheres grávidas, o podólogo deverá cuidar apenas da higienização do
pé e da remoção mecânica da colônia de fungos, orientando a paciente a procurar o
seu ginecologista ou dermatologista para o tratamento tópico e/ou sistêmico.
Para finalizar a sessão, aplicar abundantemente loção antisséptica nos pés do
paciente, enxugando-os com papel descartável. Aplicar creme hidratante e fazer
uma massagem estimulante simples.
55
Procedimento para cuidar de atrofias ungueais
Além de serem esteticamente feias, as unhas atrofiadas podem comprometer o
andar de uma pessoa ou ainda inibi-la de usar calçados abertos, como sandálias, de
freqüentar piscinas, praias, etc.
Quando ocorre atrofia ungueal, verifica-se que a lâmina perde sua configuração
original, bem como sua coloração característica, e interrompe definitivamente o seu
crescimento. A unha muito curta provoca a elevação do tecido muscular,
principalmente na polpa digital, que tende a ficar maior, alterando o formato
harmônico do dedo comprometido.
Com uma coloração que vai do amarelo opaco ao marrom escuro, as unhas
atrofiadas são frágeis e quebradiças, desagregam detritos e apresentam espessura
e comprimento reduzidos.
A atrofia da lâmina das unhas, chamada onicoatrofia, pode ser causada por vários
fatores distintos:
Má formação congênita, ou seja, a pessoa já nasce com essa deficiência instalada
na estrutura do dedo. Evolução de uma micose mal curada ou de uma paroníquia
aguda, que tenha destruído a matriz da unha, de forma irreversível.
Arrancamento traumático da lâmina da unha, com lesão de alto grau na matriz.
A micoatrofia geralmente ocorre em conseqüência de uma patologia anterior:
onicomicose, onicogrifose, traumatismos amplos e infecções bacteriovirais. Por isso,
uma das formas de preveni-la é tratar as patologias citadas, lembrando que o
processo de cura das micoses de unha via de regra é muito lento, podendo demorar
cerca de 8 meses, tempo que uma unha necessita, em média, para ser reposta.
Todos
os tratamentos e medicações administrados deverão, respectivamente, passar pela 56
avaliação de um dermatologista e ser prescritos por ele.
Cabe ao podólogo fazer a higienização do pé a ser tratado e, especificamente, do
dedo comprometido, removendo por instrumentação os detritos córneos das pregas
laterais das unhas e dando polimento e ajuste estético às lâminas. É importante que
ele estimule o paciente a persistir no tratamento, que, por ser muito demorado,
geralmente desmotiva e causa a sua desistência.
Identificada a atrofia, o podólogo deverá, pelo menos por 3 sessões, medir o
perímetro da lâmina para se assegurar de que ela parou de crescer ou apresenta
crescimento vegetativo (menos de 1 mm em 3 meses).
Se o trauma ou a infecção comprometerem definitivamente a matriz da unha, não há
tratamento possível. Só resta colocar uma prótese ungueal, ou seja, uma unha ou
complemento de unha, moldado em resina, que irá recuperar a estética e a função
do dedo.
Estando o paciente devidamente higienizado e depois de feita a aplicação do
emoliente, efetuar o corte e a limpeza do remanescente da lâmina comprometida,
para a aplicação de uma prótese à base de resina acrílica ortodôntica polimerizável.
Use uma pedra abrasiva cônica ou uma fresa de pequeno calibre para rebaixar a
borda da lâmina que receberá a ancoragem da prótese, permitindo maior linearidade
e planicidade à órtese, na estrutura do artelho que irá ocupar.
Ao menor crescimento, a órtese deverá receber o mesmo tratamento de uma lâmina
ungueal natural quanto ao corte, lixamento, polimento e higienização.
Aplicar abundantemente loção antisséptica nos pés do paciente, enxugando-os com
papel descartável. Aplicar creme hidratante e fazer massagem estimulante simples.
Procedimento para cuidar de lâminas com onicogrifose
A onicogrifose é um espessamento anormal da lâmina, que decorre de micoses mal
curadas e da evolução de outras patologias causadas por fungos, além de suinismo,
que é a falta completa de higiene. Pode ocorrer também por traumatismos repetidos
ou por acidentes envolvendo seguidamente o mesmo dedo.
Embora se manifeste com maior freqüência em pessoas de idade, a onicogrifose
pode atingir qualquer pessoa que estiver sujeita às condições mencionadas acima.
Ataca comumente as lâminas dos dedos maiores, mas pode se instalar em qualquer
dedo dos pés e inclusive nos dedos das mãos.
É possível prevenir casos de onicogrifose decorrente da falta de higiene ou da
evolução de micose das unhas. Basta rever hábitos e se submeter ao tratamento 57
adequado, ingerindo medicamentos específicos. Para fazer uso de medicamentos, é
indispensável a avaliação de um dermatologista, que irá prescrever com segurança
a medicação adequada.
As unhas com onicogrifose crescem rápido e são muito resistentes. Por serem muito
espessas e muito mais duras do que o normal, oferecem grande dificuldade ao
corte, principalmente em casa, onde as tesouras e os cortadores convencionais
geralmente são inadequados.
Por não conseguirem fazer o corte das lâminas em casa, os portadores de
onicogrifose começam a ter dificuldade de deambulação. O jeito errado de pisar
gera o aparecimento de calos e calosidades em pontos diversos dos pés,
impedindo-os de usar a maioria dos modelos de calçados fechados existentes.
Mantida por longo tempo sem tratamento adequado, a onicogrifose se instala
definitivamente, de modo irreversível. A cura não poderá mais ser obtida, porque
houve comprometimento celular germinativo da matriz ungueal. As lâminas tornam-
se espessas, escurecem e adquirem o formato de garras, encurvadas nas
extremidades.
Quando a onicogrifose estiver definitivamente instalada, ou seja, quando nem
mesmo o tratamento conseguir a recuperação, o podólogo deverá promover o corte
e o lixamento escultural da lâmina, para que ela adquira melhor aspecto e não
comprometa o uso de calçados, o modo de andar, não cause ferimentos nem calos
em outros dedos. Nessas condições, as sessões poderão se realizar dentro de um
intervalo de 3 a 4 semanas ou num tempo menor, se o incômodo for significativo.
Quando é possível curar a patologia, cabe ao podólogo manter as melhores 58
condições de higienização, especificamente das unhas comprometidas, sem
descuidar do pé como um todo, realizando instrumentação e remoção mecânica de
todos os detritos ou resíduos, de forma a aumentar a defesa orgânica e a ação dos
medicamentos.
Estando o paciente devidamente higienizado e feito a aplicação do emoliente por um
tempo um pouco maior do que em outros tratamentos, realize o corte e a limpeza da
lâmina comprometida, utilizando alicates e seccionadores de maior dimensão, dada
a dureza da unha.
Com o auxílio de mancais acoplados ao motor, use discos mínimos de lixa grana
120, pedras cônicas abrasivas ou fresas tubulares, para acertar o formato da lâmina.
Observando sempre a espessura em relação ao leito ungueal, que poderá ter sido
projetado para cima, rebaixe a altura da lâmina, tanto quanto possível, respeitando
os limites de sensibilidade do paciente à dor.
Aplique abundantemente loção antisséptica nos pés do paciente, enxugando-os com
papel descartável. Aplique creme hidratante e efetue massagem estimulante
simples.
Procedimento para tratar de granuloma telangiectásico
Quando algo atinge nossa pele, perfurando-a e geralmente produzindo
sangramentos, mesmo que insignificantes, abre-se uma porta para o acesso de
bactérias e outras microformas de vida no interior do nosso corpo.
Esses elementos que se encontram no ar penetram imediatamente por essa porta
aberta e se instalam em um ambiente rico em nutrientes vitais, iniciando
imediatamente um ciclo reprodutivo intenso e ininterrupto para formar sua colônia.
Nosso sistema imunológico se articula para acionar suas defesas e expulsar os
invasores, mas nem sempre sua ação consegue impedir o crescimento da colônia, e
esse combate acaba durando muito tempo. É uma verdadeira batalha, com morte
para os dois lados. No nosso organismo, as células que servem de alimento para os
invasores são destruídas. Por outro lado, a colônia de bactérias é duramente
atingida pelo nosso sistema imunológico, que trabalha para destruí-la. Isso traz
como conseqüência a debilitação do local comprometido, associada a inflamação,
infecção, sangramento, formação de pus, dor e, na maioria das vezes, limitação do
uso da parte do corpo que foi danificada.
Quando esse problema atinge a unha do pé, a cura é mais difícil e mais demorada,
considerando que ficamos muito tempo calçados, que usamos os pés para nos 59
movimentar, depositando o peso do nosso corpo sobre eles, e que em nossos
dedos termina e reinicia o processo de irrigação e retorno sanguíneo. Por isso,
lembramos mais uma vez que as pessoas devem evitar:
• cortar as unhas excessivamente curtas;
• arredondar excessivamente os cantos das unhas, pois a lâmina poderá cortar as
bordas internas do dedo;
• não ferir o dedo durante o corte da unha, principalmente dentro das pregas, que é
o melhor local para uma colônia se instalar.
Quem gosta de caminhar ou de praticar esportes que exijam a participação dos pés
não deve usar tênis muito apertados ou inadequados para a estrutura do pé, pois a
lâmina poderá cortar a pele que fica dentro da prega. Traumas nos dedos, muito
comuns contra cantos de móveis, pés de mesas, na prática de atividades esportivas,
provocam os mesmos ferimentos nas pregas dos dedos.
Pessoas com pés pequenos, ou cujos dedos são constituídos de unhas pequenas,
devem tomar cuidado com o uso excessivo dos alicates de cutículas, normalmente
utilizados para a remoção da pele que ocupa as pregas ungueais. O uso desses
alicates geralmente causa sangramentos, que podem gerar os problemas descritos
acima. O hábito de freqüentar um podólogo regularmente possibilita cuidados que
irão corrigindo gradativamente essas irregularidades, melhorando a condição e
prevenindo a saúde dos pés.
Feitas essas considerações iniciais, vamos falar do granuloma - formação
vascularizada, de intensas proporções, encarregada de levar volumes adicionais de
irrigação a células novas, infiltradas em área de
risco, localizada em solução de continuidade à pele. Geralmente está associada à
piogenia, que é a produção de pus, em nível extremo de defesa dos fagócitos e
leucócitos na luta das células contra as bactérias e vírus que se instalam em suas
estruturas.
O granuloma é a resposta do organismo contra a existência de um corpo estranho
no interior da estrutura da pele e que, percebendo o perigo de uma invasão
microbacteriana, estimula uma mitose acelerada das células do tecido afetado. Essa
mitose produzirá uma infiltração celular (novas células se formam no mesmo
espaço, produzindo um edema), que irá exigir alimentação adicional, seja pelo
sistema vascular, pelo sistema linfático ou ainda pelo sistema neurológico e de
enervamento. Dessa forma, acompanhando esse edema, haverá sempre um
eritema, revelando a ocorrência de volume adicional de irrigação sob um nível de 60
pressão mais elevado.
Se todo esse mecanismo de defesa não for suficiente para combater as invasões
microbacterianas, ocorrerá um problema secundário, a piogenia - uma zona de
combate intenso, localizada em solução de continuidade à pele, que se constitui na
ação dos glóbulos brancos (leucócitos, fagócitos, etc.), envolvendo as colônias
invasoras e formando um composto de pus.
Por estar sob pressão, o local torna-se extremamente sensível a qualquer estímulo
e, principalmente, muito doloroso, pois os terminais nervosos já estão no seu limite
de resistência mecânica.
O tratamento consiste simplesmente na remoção do corpo estranho, desobstruindo
a solução de continuidade provocada por ele na pele. É importante observar que,
quando instalado, o corpo estranho passa a fazer parte da estrutura invasora
secundária, que será combatida, servindo inclusive de ancoragem para os
microrganismos invasores. A remoção mecânica dessa estrutura é muito importante,
pois diminui consideravelmente o tamanho da colônia invasora, permitindo uma
rápida regressão do quadro. Com menos elementos invasores, o nível de resistência
orgânica natural aumenta e torna-se mais eficiente para o combate, sendo os
agentes farmacomedicamentosos coadjuvantes na ação da cura. Casos menos
comprometedores deverão ser tratados com cremes antibióticos de uso tópico e.
Compatíveis com o tipo do paciente (considerar alergias, estados crônicos, males
potenciais, etc.).
Casos mais graves deverão ser tratados do mesmo modo descrito anteriormente,
porém encaminhados a médicos dermatologistas para a avaliação do quadro, que
61
poderá requerer o uso de medicação sistêmica de sustentação.
Técnicas cirúrgicas de extração ou de cantoplastia deve ser a última opção de
tratamento, pois as terapias e as técnicas podológicas existentes vêm resolvendo
100% dos casos. No entanto, dependendo do comportamento do paciente, o
problema poderá retornar.
O granuloma sempre modifica a estrutura muscular do local afetado, mesmo depois
de tratado. Dessa forma, é comum a grande maioria dos portadores de granuloma
precisar do uso de órteses corretivas ou mesmo de intervenção plástico-cirúrgica
pós-tratamento.
Procedimento para dessensibilizar granulomas piogênicos
Na grande maioria das vezes, o paciente portador de granuloma somente procura o
socorro podológico quando o quadro torna-se insuportável e já existe
comprometimento da deambulação.
A dor intensa e a baixa resistência que o paciente apresenta prejudicam bastante a
atuação do podólogo que em geral é simples e não exige muita técnica.
Nesse caso, o ideal seria administrar um anestésico troncular invasivo, que tira
totalmente a sensibilidade local, possibilitando uma atuação plena. Entretanto, como
esse recurso não é permitido ao podólogo, torna-se necessário o uso de outras
técnicas que dêem uma condição confortável ao paciente e não lhe causem um
trauma maior do que aquele do qual é portador.
Como sabemos o podólogo, no exercício de suas atividades, pode lançar mão
somente de recursos tópicos, não de recursos invasivos.
A xilocaína tópica anestésica, muito conhecida e amplamente utilizada nos
procedimentos odontológicos na forma de creme, na grande maioria das vezes
funciona como agente de efeito psicológico, pois não exerce ação real sobre a
sensibilidade. Agindo apenas na mucosa, ela não consegue efetuar o bloqueio dos
terminais nervosos da derme.
Já existe um tipo de anestésico dermatológico contendo prilocaína/ lidocaína em sua
composição, que consegue atuar satisfatoriamente na derme, garantindo um bom
nível de dessensibilização local. Age na irrigação e nos terminais nervosos,
proporcionando de 65 % a 90% de conforto no atendimento do granuloma.
Apresentado sob a forma de creme, esse anestésico deve ser aplicado diretamente
sobre o local a ser dessensibilizado, que deve ser protegido com uma oclusão por
cerca de 60 minutos. Pesquisas na área dermatológica revelaram que esse é o 62
tempo necessário para o anestésico percorrer a epiderme (células queratinizadas,
densas, oleosas, impermeáveis) até chegar à derme, onde na realidade irá
promover o bloqueio sensorial das terminações nervosas.
Na grande maioria dos casos de granulomas, mesmo os crônicos, é perfeitamente
possível atuar sem o uso de anestésicos.
Diferentemente do que se pensa, quanto pior estiver o granuloma, menos sensível
ele será ao procedimento.
Um granuloma recente possui terminações nervosas ainda muito ativas e
inflamadas, que enviam seguidos avisos e pedidos de socorro ao cérebro. No caso
de um granuloma antigo, com o tecido já degenerado, grande parte das terminações
nervosas não possui comunicação tão eficiente, portanto a sensibilidade não é tão
grande, havendo maior suportabilidade ao toque.
O instante doloroso da remoção da espícula não dura mais que 5 segundos, o que é
muito rápido.
Lembre-se que a parte mais importante do cuidado com o granuloma está na sua
recuperação.
Região subcutânea
63
Procedimento para tratar de bolhas de atrito
Determinados calçados, principalmente quando são novos ou cujo formato não é
adequado à estrutura dos nossos pés, pode produzir rapidamente zonas de atrito
intenso, sem dar tempo de o nosso organismo acionar sua defesa, produzindo
queratina.
Como a produção de queratina é lenta e gradativa, em caso de pressão aguda e
incidente, forma-se uma bolha de proteção à derme, a parte mais importante da
pele.
Sentindo o risco iminente, o sistema de defesa do corpo produz um colchão de
água, cedido pelas células da derme, deslocando a epiderme da sua base, na
tentativa de preservar as células germinativas e toda a estrutura vascular e
neurológico presente.
Caso a bolha tenha menos de 1 cm de diâmetro, pode-se desinfetá-la com água e
sabão asséptico ou assepsia à base de PVPI (caso não haja restrições alérgicas),
cobrindo-a com um bandaid ou esparadrapo texturizado. Sentindo a proteção
recebida, o próprio organismo reverterá o processo, reabsorvendo a água e
ajustando a epiderme à estrutura da pele.
Se a bolha for maior e o nível de algia significativo, ou se ela se romper, é
necessário removê-la, evitando deixar a derme exposta, o que propicia a invasão de
bactérias e vírus.
Utilizando microtesoura cirúrgica, remova toda a epiderme desprendida,
aproximando-se ao máximo da borda aderida. Para trabalhar nesse ponto use bisturi
descartável nº 15, o que permitirá melhor atuação e acabamento.
É preciso fazer uma assepsia local rigorosa, seguida de curativo oclusivo renovável
a cada 24 horas, pelo menos por 3 vezes consecutivas.
Procedimento para tratar de higromas de calos
A formação de um calo geralmente provoca uma situação de desconforto na
estrutura do pé e permanente estado de defesa do local atingido.
Alguns calos apresentam:
• núcleos muito endurecidos;
• grande profundidade do núcleo;
• excessiva pressão sobre o tecido muscular;
• pouco tecido muscular entre o núcleo e a estrutura óssea.
Esses tipos de calo geralmente criam um quadro inflamatório nos pontos de baixa 64
resistência, formando-se uma bolha interna de substância aquosa, chamada
higroma.
Essa patologia agrega mais um volume à estrutura do artelho, aumentando o
desconforto presente. Com o desbaste e o tratamento do calo, o higroma tende a
desaparecer, pois cessada a causa cessa o efeito, por conta das defesas do
organismo.
Entretanto, em determinados níveis de inflamação ou mesmo durante o desbaste do
calo e da remoção de seu núcleo, o higroma pode ser rompido, expondo pontos
desprotegidos da derme a colônias invasoras do meio ambiente, que certamente se
instalarão produzindo infecção no local.
Nesse caso, remova o máximo possível a queratina presente, usando bisturi nuclear
estreito, bisturi descartável nº 15 ou, preferencialmente, bisturi descartável gúbia nº 2
ou 3.
Faça depois o desbridamento local com fresa ventilada ou pedra cônica abrasiva,
para eliminar totalmente partículas de queratina que venham a permanecer ali,
servindo de alimento a queratófilos remanescentes.
Por fim, faça a desinfecção local com solução de soro fisiológico, selagem com
PVPI, seguida de curativo oclusivo renovável a cada 24 horas, pelo menos por 3
vezes consecutivas, sob acompanhamento do podólogo.
Procedimento para tratar de calos no sulco ungueal
 pressão constante do couro do calçado contra as bordas mediais e laterais dos
artelhos, principalmente do hálux, causa a formação de calos - dispositivos de
defesas do corpo para evitar a penetração da lâmina, o rompimento da pele ou
ainda a formação de bolhas aquosas.
Esse tipo de calo torna as bordas e as paredes internas das pregas periungueais
mais espessas, endurecendo-as, além de causar a produção relativamente intensa
de queratina, se considerado o pequeno ponto que ocupa.
Dependendo da sua intensidade e dos hábitos de seu portador (uso de calçados
inadequados e deambulação), esses calos podem ser dolorosos, porque limitam a
expansão da estrutura do artelho.
65
Depois de fazer a higienização do local e a aplicação dos emolientes, efetue o corte
das
lâminas ungueais e remova os detritos presentes em todas as pregas periungueais.
66
Para remover o calo, utilize bisturi nuclear estreito ou bisturi descartável nº 15,
fazendo incisões cuidadosas primeiro na superfície externa da prega e depois no
interior do sulco ungueal, tracionando de baixo para cima toda a queratina
desprendida.
Efetue esse procedimento cuidadosamente, evitando provocar trauma hemorrágico,
o qual, se o contr, deverá ser tratado com curativo padrão.
Recomendamos aplicar um anteparo de algodão simples, impregnado de loção
hidratante no fundo da prega, aumentando a hidratação e melhorando o conforto
pós-remoção.
Procedimento para tratar de calos subungueais
Via de regra, o uso de calçados curtos, de frente baixa ou mal dimensionados em
relação à altura da região frontal dos pés, costuma causar pressão contínua sobre a
lâmina do hálux, forçando-a para baixo, provocando o seu descolamento e
produzindo nesse ponto a formação de calosidade.
Essa calosidade que se forma entre o leito e a lâmina ungueal associa ao
descolamento uma coloração opaca, esbranquiçada, que muitos profissionais da
saúde erroneamente diagnosticam como onicomicose, orientando todos os
procedimentos para o tratamento dessa patologia.
A insistência no uso de calcados com essa conformidade aumenta gradativamente o
nível da patologia, até que a algia instalada torne insuportável o uso de qualquer 67
calcado fechado.
Em alguns casos, o calo se eleva de tal modo que desconfigura o formato da lâmina,
desde a sua matriz, obrigando o uso de órtese corretiva após sua remoção.
Depois de fazer a higienização do local e a aplicação dos emolientes, efetue o corte
da lâmina ungueal comprometida, até o nível máximo de seu descolamento.
Deixe o calo exposto e remova-o totalmente, chegando até o epitélio íntegro do leito
ungueal ou, pelo menos, até o nível máximo que o paciente conseguir suportar.
Com pedra cônica abrasiva afixada ao motor, faça um desbridamento cuidadoso das
bordas da lâmina remanescente, da sua intersecção com o leito ungueal e do
próprio leito, removendo o máximo de queratina que puder.
Prepare uma prótese de resina acrílica ortodôntica polimerizável, que irá ocupar a
área removida da lâmina ungueal, garantindo dessa forma:
• a manutenção da estrutura das pregas ungueais, impedindo sua desconfiguração
durante o período de crescimento da lâmina;
• a manutenção da estética do artelho.
Caso ocorra trauma hemorrágico, faça um curativo, seguindo os procedimentos
convencionais. Solicite ao paciente que retorne no dia seguinte para a aplicação de
órtese acrílica na área visada da lâmina ungueal.
Procedimento para tratar de fissuras e desidratação plantar
Espessamentos significativos, acompanhados de desidratação plantar, são
produzidos por fatores como:
• obesidade;
• baixo consumo de água;
• desproporcionalidade entre pés e estatura;
• diminuição do funcionamento das glândulas sudoríparas;
• patologias dermatológicas e endócrinas.
A pele fica roncada, espessa e geralmente observam-se soluções de continuidade
na forma de fissuras, acompanhadas ou não de sangramento e algja.
A falta de água na estrutura da pele é a causa fundamental desse problema,
devendo, portanto, ser compensada de todos os modos possíveis.
De preferência, o paciente deverá ingerir água pura, evitando dessa forma que
outras componentes venham a comprometer os sais minerais nela contidos e que
são fundamentais para:
• dar condição ideal ao tráfego de informações neurológicas dos terminais nervosos;68
• manter o eido de descarte da epiderme em um tempo ideal.
Depois de fazer higienização do local e a aplicação de emolientes, remova todo o
espessamento verificado na região plantar.
Para a remoção usar bisturi descartável nº 20 ou nº 21, tomando cuidado para não
provocar trauma hemorrágico. Caso isso ocorra, aplique compressa hemostásica
com algodão e água oxigenada até cessar o fluxo, seguida de curativo padrão.
Remova cuidadosamente toda a queratina circundante à fissura e contida em seu
interior. Há casos em que a fissura desaparece durante a remoção de queratina,
ficando apenas o seu registro dermatológico gravado na estrutura da pele, o que
indica que ela poderá reaparecer, se as condições de hidratação não forem
satisfatórias. Em caso de fissura com sangramento em solução de continuidade,
faça um curativo padrão.
A seguir faça um desbridamento cuidadoso, com abrasivo brando do tipo lixa grana
120, seguida de uma hidratação profunda dos pés, com massagem demorada, para
obter boa penetração do hidratante. Recomende ao paciente que hidrate seus pés
com regularidade, usando o mesmo procedimento, principalmente à noite, ao deitar-69
se.
O composto mais comum encontrado em todos os produtos hidratantes, cosméticos
ou alopáticos são os sais, principalmente o cloreto de sódio (sal de cozinha). Dessa
forma, um banho de imersão em água e sal por cerca de 15 minutos, a cada 3 dias,
é um procedimento que permite obter excelente hidratação. Para cada litro de água
pode-se concentrar uma colher de sopa de sal.
Procedimento para tratar de tungíases
A tunga penetra é uma espécie de pulga encontrada em regiões
arenosas, em currais com esterco ou em locais com excrementos, que se
instala na região dos pés entre o plantar, as laterais circundantes e os
interdígitos. r
Identificada como um ponto escuro circundado por áreas amareladas, eritematosas
e relativamente incômodas, a tunga ou bicho-de-pé, como é comumente conhecida,
apresenta prurido e exibe lesão dermatológica. Alimenta-se dos nutrientes da pele e
aí permanece, depositando seus ovos.
Para tratá-la, faça a assepsia dos pés do paciente, usando abundantemente loção
antisséptica. Aplique compressa emoliente de algodão com fenol a 4%, por cerca de
5 minutos, preparando a área lesada para a intervenção superficial.
Faça uma incisão circundante ao ponto escuro, com um ângulo aproximado de 45
graus, utilizando bisturi descartável nº 15. Será encontrada uma bolsa dentro da qual
estarão a pulga e seus ovos, que deverá ser totalmente removida.
Efetue o desbaste da pele existente, respeitando o nível de sensibilidade do
paciente à dor. Procure não deixar nenhum vestígio de material não íntegro. Esse
procedimento não costuma provocar sangramentos; por isso não cometa exageros
para não causar trauma hemorrágico desnecessário. Caso isso ocorra, faça
hemostasia com compressa de algodão embebido em água oxigenada, até cessar o
fluxo, seguida de curativo padrão.
70
Após a remoção, faça a higienização do local, lavando-o com soro fisiológico a
0,9%, para hidratar o epitélio e precipitar o processo de cicatrização.
Independentemente de ter havido trauma hemorrágico ou não, faça um curativo
padrão protegendo o local com uma oclusão simples.
Procedimento para a realização de curativos
Um curativo tem a finalidade de:
• isolar a lesão ou a solução de continuidade dos riscos do ambiente externo;
• ceder ao organismo elementos coadjuvantes à regeneração da estrutura;
• eliminar eventuais colônias invasoras instaladas na lesão ou solução de
continuidade. Sugerimos a seguir um roteiro básico para um curativo padrão,
seguro e eficaz no tratamento de soluções de continuidade:
- Limpe o local lesado, removendo mecanicamente todos os resíduos hemáticos, de
pele desagregada e de pus decorrente de piogenia, caso tenha havido. Faça
inicialmente uma lavagem local com soro fisiológico para a hidratação e
conseqüente emolição. Utilize bisturis descartáveis.
- Limpe todo o local com uma compressa de gases embebida em água oxigenada,
caso o soro fisiológico não tenha sido eficiente para uma remoção ideal. Destinada a
remover crostas, resíduos hemáticos, bactérias anaeróbicas e hidratar as células
remanescentes, a água oxigenada é um produto de limpeza. Evite aplicar esse
produto dentro da lesão, dada a sua relação de efeitos com as bactérias aeróbicas.
- Reaplique soro fisiológico para hidratar e melhorar as condições de condutibilidade 71
do local lesado, agora mais limpo e mais íntegro.
- Aplique uma fina camada de creme antibiótico no local, cobrindo-o com uma
compressa de curativo fibrorregenerador ou, na falta deste, com gases esterilizada,
aderindo-a à pele com esparadrapo.
Use de preferência os tipos texturizado ou micropore.
Alguns casos exigem procedimentos específicos:
Granulomas - Coloque dentro da prega um anteparo de fibra regenerativa. Além de
afastar a lesão da lâmina ungueal, esse procedimento facilita a cicatrização e
acelera a cura. Em granulomas intensos e comprometidos, em vez de anteparo,
efetue o enchimento da prega com cimento cirúrgico, o qual deverá cobrir todo o
granuloma. Usado em cirurgias maxilobucais, o cimento cirúrgico é extremamente
eficiente no combate a infecções e na cicatrização rápida. Faça oclusão, utilizando
preferencialmente gases tubular.
Higromas - Certifique-se de que a lesão não apresenta mais drenagem de solução
aquosa. Preencha o espaço profundo deixado pelo núcleo com bastante creme
antibiótico, selando-o com gases esterilizada. Faça a oclusão, utilizando
preferencialmente gases tubular.
Trauma hemorrágico - Causado por cortes de bisturi, o trauma hemorrágico deverá
receber curativo padrão, conforme orientações dadas anteriormente. Pequenas
soluções de continuidade não necessitam de oclusão, sendo suficiente apenas um
bandaid ou mesmo um esparadrapo texturizado aplicado sobre o creme antibiótico.
Em todos os casos, é necessário proceder e intermediar as etapas do processo com
lavagens e hidratações, usando soro fisiológico concentrado a 0,9%.
O uso de medicamentos é prerrogativa médica, e cabe ao podólogo
administrar essa restrição com muito cuidado para não agir com prática de
invasão de atribuições.
É difícil por meio de uma anamnese simples, como a de um gabinete de podologia,
associada a uma ficha clínica não amparada por exames específicos e pela falta de
maiores informações sobre o biótipo do paciente estabelecer uma relação
medicamentosa acertada. Portanto, é importante saber quais são as limitações de
alguns dos medicamentos mais conhecidos e usados nos curativos. Veja a tabela 6.
72
73
Recomendações de caráter geral para medicamentos
- Não usar continuadamente nenhum medicamento por período superior a dez dias
para não predispor o aparecimento de formas de vida suplementares ao ambiente,
inclusive fungos.
- Suspender o uso do medicamento caso ocorram edema, eritema, prurido, ardor,
dor, eczema, que possivelmente serão causados por sensibilidade ao princípio ativo.
- O uso prolongado do medicamento pode provocar redução auditiva nos casos em
que o princípio ativo é produzido pela bacitracina e pelo sulfato de neomicina.
Orteses corretivas para lâminas ungueais - Oclusivas
Esta talvez seja a parte mais inovadora e mais moderna da podologia: as órteses
corretivas, que envolvem planejamento, acompanhamento e controle de qualidade,
deixando de lado o improviso - procedimentos fundamentais para o uso bem-
sucedido desse importante recurso técnico.
Consideramos importante tecer alguns comentários para que o podólogo não tenha
dúvidas sobre essa técnica e possa transmitir com clareza todas as informações
necessárias para os seus pacientes.
Aparelhos para unhas encravadas
Após o atendimento de uma unha encravada, em geral o dedo continua sensível
durante um período, principalmente se houve inflamação e sangramento.
Depois de tratado o ferimento, o crescimento da unha revelará se o encravamento
tende a voltar ou não. Observa-se que o uso de calçados fechados, mesmo que
macios, pode provocar o retorno do encravamento. Por isso, é importante o
acompanhamento podológico.
Normalmente, em casos dessa natureza, as unhas ficam extremamente acentuadas
e profundas nas bordas, impedindo um corte doméstico simples. A reincidência do
encravamento provoca dor e um incômodo permanente ao caminhar.
Existe uma técnica de correção das lâminas das unhas, que consiste em utilizar
dispositivos semelhantes a aparelhos ortodônticos, usados para a correção dos
dentes. Baseados no mesmo princípio dos aparelhos ortodônticos, esses
dispositivos são afixados nas lâminas de unhas encravadas por meio de adesivos,
pequenos grampos de aço ou plaquetas de resina, que funcionam como uma mola,
mudando gradativamente o arco da unha.
Do mesmo modo que um aparelho ortodôntico corrige a posição dos dentes, essa 74
órtese corrige o arco da lâmina da unha, desde a raiz, elevando as bordas, de modo
a evitar o seu aprofundamento e, conseqüentemente, o seu encravamento.
Para cada caso de unha encravada, é preciso dimensionar o tipo de órtese a ser
usada, assim como a carga, a pressão e a força aplicada pela mola que irá corrigir o
arco da unha.
Totalmente indolor, essa técnica leva de 5 a 7 meses para corrigir efetivamente uma
unha encravada, tempo que essa mesma unha levaria para crescer cerca de 8 mm,
saindo do ponto de encravamento.
Resolvido o problema, o formato da lâmina estará totalmente recuperado e a pessoa
sentirá mais conforto ao calcar e caminhar.
Se o paciente não fizer cortes abusivos, não usar sapatos apertados e não
traumatizar o dedo, o encravamento não deverá mais se manifestar. Alguns casos
exigem manutenções periódicas nos primeiros 2 anos.
O que são e para que servem as órteses
Órtese é um dispositivo construído para auxiliar na recuperação, na reestruturação e
na modificação postural de um órgão ou estrutura do corpo.
Como exemplos de órteses, podemos citar:
• colete ortopédico para males da coluna vertebral;
• calçados corretivos e palmilhas para deambulação;
• limitadores de curso para membros inferiores (MMII);
• aparelhos ortodônticos para correção da arcada dentária.
Muitas pessoas costumam confundir órtese com prótese.
A prótese é um substituto parcial ou total de uma estrutura ou de membros do corpo,
perdidos ou mutilados. Como exemplos de próteses podemos citar:
• pernas e braços mecânicos;
• partes siliconizadas para seios e outras modelagens;
• olhos de vidro para substituir globos oculares perdidos.
A órtese é um dispositivo cuja principal finalidade é corrigir ou adequar uma
estrutura do corpo, direcionando-a o mais próximo possível do padrão ortostático.
Para nós, podólogos, as órteses representam a possibilidade de mudar o formato e
o posicionamento de lâminas ungueais, acarretando:
• alteração da postura;
• alteração do formato do artelho;
• provável mudança na deambulação;75
• provável mudança do tipo de calçado habitualmente usado. Em geral, torna-se
necessário o uso de órteses para corrigir danos causados pelas seguintes situações:
• onicocriptose;
• onicofose;
• traumatismos pelo uso de calçados inadequados;
• traumatismos mecânicos acidentais;
• corte incorreto das lâminas.
As principais conseqüências desses traumatismos são:
• dor intensa, com dificuldade de deambulação;
• aparecimento de outras patologias, como calosidades, calos, etc.;
• problemas lombares secundários;
• infiltração nas pregas envolvidas;
• comprometimento generalizado da estética do pé.
O podólogo deve ser muito cuidadoso e criterioso na identificação da causa, pois
disso dependerão a escolha do tipo de órtese adequado, o tempo de tratamento e o
custo envolvido. Na maioria das vezes, a onicocriptose e a onicofose são as
principais causadoras da necessidade do uso de órteses.
A aplicação de órteses traz o alívio imediato da dor, que é a característica
preponderante de qualquer uma dessas patologias, proporcionando solução de
impacto ao paciente.
Deve-se evitar o uso desnecessário da órtese, mesmo que por um período pequeno.
Uma aplicação inconseqüente pode causar danos irreversíveis à lâmina
(rompimento, rachadura, descolamento), causando um comprometimento definitivo.
O paciente deve ser informado de toda a dinâmica do tratamento com órteses.
Para conscientizá-lo, é importante que o podólogo ressalte algumas informações:
- É um processo lento e progressivo, que compreende várias etapas e requer
manutenção constante.
- O prazo de tratamento presumidamente estabelecido de 150 a 180 dias poderá ser
alongado em função de diferenças orgânicas e potenciais, variáveis de pessoa para
pessoa.
- Cumprir as recomendações e submeter-se aos procedimentos necessários é
fundamental para o sucesso do tratamento.
- Mesmo após o tratamento bem-sucedido, a volta aos antigos hábitos ou condições
predisponentes poderá provocar a reincidência do quadro.
Tipos de órteses corretivas ungueais76
As órteses corretivas geralmente são classificadas em dois tipos fundamentais:
metálicas e de memória reta.
Órteses metalicas
Confeccionado com material ortodôntico e estruturado com material adesivo à
lâmina ungueal, esse tipo de órtese tem fundamentalmente a função de concentrar
uma carga de força sobre o centro de lâmina, aliviando carga idêntica nas duas
laterais.
As órteses metálicas devem ser fixadas na lâmina ungueal por meio de ganchos nas
bordas, bracket ortodôntico e estruturas de apoios, aderidas com resinas de
metacrilato ou resina ortodôntica tipo OBS, ou ainda resinas fotossensíveis.
Essas órteses apresentam eficiente capacidade de tração mecânica inicial, sendo
inegavelmente a melhor opção para o início dos tratamentos corretivos de lâminas
ungueais.
Tendo em vista as reduzidas pesquisas na área e a falta de divulgação entre os
podólogos brasileiros, o modelo consagrado foi o ômega, muito conhecido e
divulgado na Europa.
Lâminas de memória reta
Conhecidas como clip system ou lâminas de memória reta, essas pequenas lâminas
ovóides possuem grande capacidade de voltar à posição original, mesmo quando
deformadas por longo tempo. Construídas em resina, possuem menor capacidade
de tração do que as órteses metálicas, o que aumenta o tempo de tratamento.
Esteticamente mais apresentáveis, de coloração tendendo à das lâminas ungueais,
são geralmente preferidas pelas mulheres, pois não danificam as meias finas, o que
é uma constante no caso das órteses metálicas. Apresentam-se em tamanhos,
espessuras e dimensões variadas.
Aplicadas por meio de adesivos nas extremidades das lâminas, as órteses devem
ser escolhidas de acordo com o tamanho e a dimensão da lâmina que será
trabalhada, o que varia de paciente para paciente.
Adesivos instantâneos à base de ésteres de metacrilato poderão ser usados na
grande maioria dos casos, desde que o paciente não seja atópico, patologia que
provoca sensibilidade epidérmica por falta ou redução de sebo cutâneo. Nesses
casos, recomenda-se o uso de resinas ortodônticas do tipo OBS.
Produto importado durante um longo tempo, as lâminas de memória reta podiam ser
adquiridas somente por meio de representante importador ou diretamente dos
fabricantes, na Espanha e Argentina. Hoje, o Brasil já produz similares muito bons 77
desse produto.
Escolha do tipo de órtese
A escolha do tipo de órtese deverá sempre ser feita em função do quadro
apresentado pelo paciente.
Se o paciente apresentar lâminas sensivelmente acentuadas, curvas, deformadas e
com espessura significativa, deve-se pensar em uma órtese metálica.
Geralmente, este é o quadro apresentado por pessoas idosas; lâminas grossas,
com bordas acantonadas ou caracoladas, e grandes artelhos.
Se o paciente apresentar lâminas pouco deformadas, ou extremamente delicadas e
com pequena espessura, deve-se pensar em uma órtese de memória reta.
Em geral, este quadro é encontrado em mulheres, em pessoas de estatura tnignon e
em crianças de pouca idade, portadoras de artelhos pequenos.
Pode-se optar também pelo elástico ortodôntico, fixado como elemento de tração
entre dois brackets, com ou sem o uso de ganchos.
É possível efetuar um tratamento, combinando-se esses três tipos de
órtese: inicia-se com a órtese metálica e, passada a fase inicial, aplica-se
o elástico ortodôntico ou a órtese de memória reta como reforço ou
manutenção. ;
Essa opção normalmente é utilizada para mulheres que apresentam lâminas
espessas, bastante deformadas, e precisam usar meias finas.
As órteses metálicas apresentam maior resistência quanto à perda do formato
original do arqueamento. As molas devem ser substituídas a cada 15 dias, nas 3
primeiras sessões, e depois a cada 30 dias, até finalizar o tratamento. Para que o
tratamento tenha sucesso, é preciso um número aproximado de 9 sessões.
As órteses de memória reta apresentam menor resistência quanto à perda do
formato original do arqueamento. Esse comprometimento é resultante da ação da
cola instantânea, que anula parte significativa da capacidade de tração da órtese. As
lâminas devem ser substituídas a cada 15 dias, até o final do tratamento.
É preciso, em média, um número aproximado de 14 sessões para que o tratamento
seja concluído.
A órtese de elástico ortodôntico apresenta as mesmas características da órtese de
memória reta, exceto o fato de ter um processo de colocação mais fácil e isento de
colagem.
O tratamento com esse tipo de órtese é cerca de 20% mais demorado do que outro 78
que opta pelo uso da órtese metálica.
79
80
Órtese ômega e órtese lira
Órtese ômega - Assim conhecida pelo seu formato que imita a letra grega de
mesmo nome. A mecânica de sua construção aproveita a resistência do material,
que, ao ser tracionado e torcido, encontra um ponto mediano de alavancamento,
sem que a deformação conseqüente dessa força aplicada se verifique totalmente.
Dessa forma, a carga aplicada a cada uma das pontas da mola tende a se anular no
centro, gerando uma pressão para baixo, no centro da unha, e revertendo idêntica
pressão para cima, em cada uma das extremidades da mesma mola.
Para a construção desse artefato, o podólogo obrigatoriamente necessita de um
alicate específico de ortodontia, do tipo 053, que, além de ter um custo relativamente
alto, somente permite confeccionar esse tipo de curva no fio ortodôntico.
O podólogo precisa também ter certa habilidade, pois, ao menor descuido na torção
do material ou no acerto do ponto de conicidade do alicate, o artefato fica inutilizado.
A falta de habilidade do podólogo pode levá-lo a produzir um ômega grande demais,
pequeno demais ou inadequado para o relevo ungueal ao qual será afixado. Não se
deve esquecer de que toda órtese é um dispositivo específico para a lâmina daquele
paciente, não sendo aproveitada para mais ninguém.
Órtese lira — Com um alicate simples de bico, o menor e o mais barato possível,
consegue-se produzir um compensador de pressão com o formato de uma lira de 81
compensação. Esse dispositivo, extremamente utilizado em engenharia, absorve
para si toda a carga aplicada, sem alterar a integridade do restante da estrutura.
Assim sendo, com apenas três movimentos é possível produzir uma lira de
compensação no centro do fio ortodôntico. Comprovadamente pelo menos 10%
mais resistente que o ômega, a lira de compensação permite maior número de
graduações quanto à pressão e ajustes feitos diretamente na lâmina, no momento
da colocação. Veja as seqüências abaixo:
Orteses ômega/lira ancorada com ganchos
Esse tipo de órtese é produzido a partir do assentamento das molas ômega/lira,
centradas no plano ungueal, no alinhamento da anomalia.
A mola ômega/lira deverá ficar centralizada na lâmina, distribuindo a carga, caso a
anomalia seja comum aos dois lados. Caso ocorra anomalia somente em um dos
lados, a ômega/lira deverá ser deslocada mais para o lado normal (ou menos
anormal). O lado maior da mola deverá ser fixado no lado a ser corrigido.
Fixe os ganchos, primeiro do lado mais acentuado e depois do lado mais regular, 82
evitando ferir as pregas ungueais do paciente. Use éster de metacrilato, ou
preferencialmente resina ortodôntica do tipo OBS, sobre a órtese, nunca
ultrapassando 30% do tamanho da mola para não comprometer sua ação. Fixe
apenas os pontos dos ganchos e da ômega/lira.
Órtese ômega/lira ancorada com brackets ortodônticos
Idêntica ao modelo de ancoragem por ganchos, essa órtese requer mais técnica
para a sua fixação, permitindo melhor definição, sobre a lâmina ungueal, dos pontos
de atuação da carga aplicada. Recomenda-se o uso de brackets do tipo S2R-01Z ou
equivalentes. Os brackets tubulares somente deverão ser utilizados no caso de o
paciente apresentar artelhos grandes, com sulcos profundos e aberturas. O uso de
brackets é aconselhável quando não há condição de aplicar ortese com ganchos.
Fixe os brackets próximo às pregas, porém sem tocá-las, para evitar que eles
provoquem ferimentos ou calosidades no momento da deambulação.
O orifício de introdução do fio ortodôntico deverá ficar direcionado a extremidade da
lâmina ungueal e visível pelo podólogo durante o processo. Pode-se usar éster de
metacrilato ou preferencialmente resinas ortodôntica do tipo OBS para a sua fixação.
O comprimento das hastes de introdução não deverá ser maior do 1cm a extensão
do bracket, ou seja, não deverá ultrapassá-lo.
Órtese ômega/lira com fixação estrutural na superfície
Idêntica à órtese ômega/lira ancorada com brackets ortodônticos, esse tipo de
órtese possui as projeções um pouco mais longas, pois estas deverão ser aderidas
nas laterais da lâmina ungueal. Para a fixação pode-se usar éster de metacrilato ou
preferencialmente resina ortodôntica do tipo OBS.
Especificamente nesse caso, não cole a ômega/lira da órtese sobre a lâmina, pois
isso restringiria significativamente a tração desejada. Cole primeiro um lado,
deixando-o secar pelo menos por 5 minutos, antes de colar o outro.
Essa opção de órtese é indicada para lâminas com as duas extensões laterais 83
totalmente deformadas ou artelhos com pregas e sulcos ungueais muito profundos.
Órtese senoidal ancorada com bracket ortodôntico
Do mesmo modo que o processo de lira de dilatação, esse tipo de mola foi
desenvolvido em nossa clínica com base em diversos estudos que evidenciaram
sua maior eficiência em relação ao padrão convencional ômega.
Para o uso dessa órtese, os brackets devem ser colados à lâmina do paciente,
voltados um para o outro, no sentido lateral, sendo o furo de acesso ao fio
ortodôntico não visível pelo podólogo.
A grande vantagem é que essa mola é colocada sob pressão e dispensa colagem
sobre a lâmina ungueal. Sua capacidade de tração é 100% livre e seu índice de
deformidade por fadiga do material é nulo. Poderá também ser confeccionada com
ganchos, sem o uso de brackets. Nesse caso, porém, a mola deve ser fixada em
três pontos, com o uso preferencial de resina ortodôntica do tipo OBS, ou
fotossensível.
Órtese elástica ancorada com bracket ortodôntico
Esse tipo de Órtese é indicado para os casos de tração com intensidade leve a 84
moderada, ou ainda como coadjuvante do tratamento iniciado com aplicação de
Órtese metálica.
É mais indicado para crianças, deficientes físicos com restrições nos MMII ou para
pessoas que possuem lâminas ungueais com pequena espessura, casos em que o
uso de uma Órtese metálica, por exemplo, poderia causar danificações.
Aparentemente frágil e embora com menor poder de tração do que a mola
ortodôntica, o elástico ortodôntico possui a característica de manter constante sua
capacidade de retornar à forma original. Para esse tipo de Órtese é indicado
preferencialmente o uso de bracket do tipo botão lingual. Entretanto, na falta deste
ou em caso de ser necessária uma associação com Órtese metálica, pode-se usar o
bracket convencional. Os brackets devem ser colados em posição idêntica à das
molas usadas para órteses do tipo ômega/lira, com os furos de introdução do fio
ortodôntico visíveis para o podólogo.
Para a montagem, coloque o elástico ortodôntico unindo os dois brackets e fixando-
os com uma leve porção de éster de metacrilato ou preferencialmente com resina do
tipo OBS.
Recomenda-se essa órtese para a correção do primeiro terço da lâmina ungueal,
dadas as suas características de tração.
Órtese de memória reta
Indicado para casos brandos de correção, para manutenção ou como reforço do
tratamento, esse tipo de órtese é extremamente simples de ser colocado, mas exige
cuidado na escolha. Uma órtese com tamanho, espessura e graduação
inadequados, além de não conseguir a correção desejada, poderá causar à lâmina
danos com conseqüências imprevisíveis.
A órtese deverá ser aderida à lâmina ungueal com éster de metacrilato, aplicado em
camada bem fina apenas nas extremidades. A lâmina de fibra deverá ser lixada no
local que receber a cola, devendo ficar limpa e isenta de pó. Para a higienização da 85
lâmina, utilize ar comprimido ou ar de um secador de cabelos, depois de ter limpado
o local com álcool. Cole uma extremidade por vez, pressionando firmemente cada
parte por cerca de 1 minuto e aguardando cerca de 7 minutos entre a colagem de
um ponto e outro.
Para o uso de órteses é importante considerar:
- Nem sempre os dois lados da lâmina ungueal necessitam ser tratados
com órtese.
- Podemos combinar dois tipos de órteses para a mesma lâmina.
- A montagem da órtese deverá respeitar sempre a liberdade das pregas ungueais,
permitindo que o corte das lâminas, a limpeza de detritos córneos, a remoção de
calosidades e epiderme das pregas possam se realizar sem dificuldade nem
traumatismos para o paciente.
- O tratamento através de Oclusão está muito mais voltado para o processo de
manutenção do que na verdade para a colocação da órtese. Um bom
acompanhamento é fundamental para, se for o caso, mudar o tratamento em curso
escolhendo-se outro tipo de órtese mais eficiente.
- Sempre faça um molde em gesso para averiguar de forma segura o grau de
sucesso do tratamento escolhido. Faça um molde no início e outro no término do
tratamento. Considerando-se as diferenças individuais de aspecto, peso, altura e
estrutura, imagine quantas variedades de formas as órteses poderiam
apresentar.
Órteses combinadas
Dependendo do quadro apresentado, poderão ser aplicadas diversas combinações
de órteses simultâneas para a solução mecânica do problema ungueal existente:
• bracket com ômega com gancho;
• bracket com elástico com gancho;
• gancho com elástico com gancho;86
• bracket com elástico com bracket.
Somente em casos muito especiais poderão ser utilizadas órteses duplas na mesma
lâmina ungueal. É preciso tomar o cuidado de avaliar a tensão do arame ortodôntico
para evitar o rompimento da resistência mecânica da lâmina.
Se a lâmina apresentar deformidade concentrada apenas em uma das laterais,
recomenda-se que a órtese seja feita a partir do centro e estruturada em resina, de
forma a tracionar apenas a área envolvida.
Manutenção e controle da qualidade da órtese aplicada
Quando um tratamento exige a aplicação de órtese, é preciso fazer um
acompanhamento constante, com monitoração criteriosa. Além da manutenção do
tratamento, esse procedimento possibilitará mudar critérios, se necessário.
Como já dissemos, recomenda-se a confecção de moldes no início e no final do
tratamento para documentar tecnicamente os resultados obtidos.
Tão importante quanto a confecção de moldes é fazer o registro de todos os dados
apurados antes e durante o tratamento:
• medidas em milímetros da abertura das lâminas;
• medidas em milímetros do arco de elevação;
• expectativas em relação às medidas finais desses dimensionais;
• órtese adotada em primeira escolha;
• data da colocação da primeira opção de órtese;
• órtese adotada em segunda escolha;
• data da colocação da segunda opção de órtese;
• outras escolhas e datas de colocação;
• medidas finais dos dimensionais de abertura e arcos;
• data da medição final.
Dentro de prazos compatíveis com o quadro que se está tratando, o paciente deverá
receber manutenção, conforme requer o tipo de órtese escolhido. A freqüência da
manutenção será estabelecida pelo podólogo em função dos progressos
observados, devendo ser registrados todos os procedimentos adotados em cada 87
atendimento.
É muito importante que, antes, durante e principalmente depois de concluído o
tratamento, o podólogo ressalte para o paciente algumas informações essenciais:
- A correção pela órtese nunca é definitiva.
- A estabilização dependerá exclusivamente do paciente.
- A mudança dos hábitos predisponentes é condição obrigatória.
- Em alguns casos, são necessárias manutenções periódicas.
- O uso de calçados inadequados é proibido.
- O corte das lâminas deverá ser correto, não invasivo.
- Algumas modalidades de esporte deverão ser evitadas.
Alertamos para a importância de o podólogo conscientizar o paciente, sobretudo
porque observa-se que parte significativa das pessoas não cumpre criteriosamente
essas recomendações, retornando apenas eventualmente para manutenção e
muitas vezes necessitando se submeter a um novo tratamento. O profissional
deverá se preparar inclusive para lidar com pacientes que, embora não sigam essas
instruções, afirmem que o tratamento não resolveu, alegando que a unha voltou a
encravar...
Procedimento de preparação de resina copolimerizável
Componente à base de metacrilato, a resina copolimerizável é um material
extremamente resistente a práticas mecânicas de tração, torção e compressão,
além de ser impermeável e responder muito bem em processos de assepsia,
desinfecção e esterilização químicas.
Suporta variações bruscas de temperatura, apresentando excelente coeficiente de
dilatação e não manifestando nenhuma rejeição, como alergias ou afecções
correlatas, quando usada no corpo humano. O uso da resina acrílica é significativo
na odontologia, principalmente em restaurações parciais da estrutura intrabucal e na
construção de próteses substitutivas totais ou complementares.
O uso dessa resina na podologia fica restrito apenas às práticas voltadas para as
lâminas ungueais, ou seja, para as intervenções que necessitem de:
• próteses de lâminas atrofiadas ou perdidas;
• complementos parciais de lâminas;
• dispositivos compensadores de pressão nos casos de onicofose ou equivalentes;
• adesivo das órteses metálica e de memória reta;
• próteses ou complementos parciais de lâminas, associados a88
micóticos, como coadjuvantes no combate a onicomicoses. Composta de um pó
(polímero) e de um líquido (monômero), sua preparação é simples:
- Dimensione a quantidade de pó necessária para o uso que se fará. A experiência
pessoal no dia-a-dia ajudará a dimensionar precisamente a dosagem ideal.
- Gota a gota, adicione o líquido (monômero) até obter a consistência desejada
(pastosa ou bem fluida) para o uso que se fará. Para tal manipulação, aconselha-se
o uso do pote de Dapen, pois outro material, que não o vidro, teria aderência dos
resíduos da resina. O pote deve ser descartado após o término da reação.
Tão logo estiver homogeneizada, a resina iniciará o processo de endurecimento.
Para ser moldada, deverá ser mantida umedecida com o polímero. Para tal, colete o
líquido diretamente do frasco, usando a mesma espátula manipulada na moldagem
da resina.
Alguns minutos após a interrupção do umedecimento, a resina já estará solidificada
o suficiente para ser submetida a cortes, lixamentos e polimentos, como uma lâmina
ungueal íntegra. Com certa prática e experiência, é possível obter um acabamento
com 90% de qualidade, usando-se apenas a espátula. Os demais 10% poderão ser
obtidos com o uso de lixas rotativas, pedras cônicas ou abrasivo em pasta.
Procedimento para a confecção de próteses padrão em metacrilato
Recomenda-se o uso desse tipo de prótese nos casos de:
• lâminas ungueais com atrofias definitivas;
• lâminas ungueais semi-atróficas com crescimento vegetativo;
• lâminas ungueais perdidas por traumatismos que apresentem fragmentos basais.
Por requerer experiência do podólogo para a sua confecção, é mais conveniente e
mais prático, na grande maioria dos casos, efetuar a moldagem diretamente no
artelho cuja lâmina deverá ser beneficiada.
Utilizando-se de fresa ou pedra cônica abrasiva, efetue o desbaste da borda da
lâmina remanescente, delineando um pequeno degrau, para permitir a ancoragem
da prótese. Remova o pó resultante e mantenha bem seco o local.
89
Aplique uma base de polímero na região para dar maior adesividade
à resina.
Utilize anteparos de algodão umedecidos pelo polímero nas pregas para dar
conformidade às bordas das lâminas e evitar uma onicofose estimulada. Após a
moldagem, remova esses anteparos, puxando-os pelas extremidades.
Com movimentos laterais num único sentido, vá deslizando a resina do centro para
as extremidades, em direção às pregas periungueais, apoiando nelas as bordas da
prótese que se está moldando. Tente conferir a maior proporcionalidade possível
nas dimensões de largura, comprimento, conicidade, arqueamento e espessura.
Dê bom acabamento às bordas e à extremidade livre, tentando reproduzir a lâmina
sempre o mais próximo possível da original. Procure deixar a lâmina livre de arestas
90
e cantos vivos que possam ser agressivos à pele ou danosos a peças do vestuário.
Nunca aplique uma prótese sobre áreas lesadas, feridas ou infeccionadas.
Procedimento para a complementação de lâminas
Normalmente, perdem-se partes de lâminas ungueais em decorrência de:
• traumatismos por agressão de objetos ou cortes invasivos;
• remoção de espículas ungueais;
• alívio de bordas ungueais no tratamento de granulomas.
O procedimento para a complementação da lâmina ungueal pela prótese parcial em
resina obedece ao mesmo procedimento indicado para prótese padrão em
metacrilato. Nesse caso, deve-se repor em resina estritamente o que se removeu de
lâmina ungueal. Não aplique uma prótese maior que a área removida da lâmina ou
mesmo com formato diferente.
Uma boa referência do dimensional de uma lâmina ungueal é a sua equivalente do
pé inverso. Geralmente, as pessoas possuem lâminas com formatos muito
semelhantes nos artelhos equivalentes.
Nunca aplique uma prótese sobre áreas lesadas, feridas ou infeccionadas.
Procedimento para a colocação de compensadores acrílicos de pressão
supra-ungueal
Indicados para os casos de onicofose ou sensibilidades equivalentes, essa
aplicação de resina é simples e rápida, obtendo em geral excelentes resultados.
Prepare a lâmina de modo convencional, como em um atendimento podológico
padrão:
- Corte a lâmina.
- Limpe as pregas ungueais e os detritos córneos.
- Efetue o lixamento e o polimento da lâmina.
- Efetue o desbridamento da pele ao redor da lâmina tratada.
- Remova todo o pó decorrente dessa abrasão.
Prepare as pregas a ser tratadas e proteja-as com um leve anteparo de algodão,
umedecido em polímero líquido.
Aplique a resina já reagida sobre o primeiro terço da lâmina, na sua extremidade
livre, e estenda-a por sobre as pregas que deseja tratar, apoiando a sua borda logo
após o seu limite natural.
Durante esse processo, utilizando-se do polegar ou do indicador da mão que segura 91
o pé do paciente, mantenha as pregas abaixadas, de modo que essa posição
predomine quando a resina endurecer.
Esse procedimento favorecerá:
• o crescimento mais rápido da lâmina;
• a sensível elevação do seu arco;
• a diminuição da zona de pressão.
A resina poderá ser recolocada quantas vezes forem necessárias. Sua remoção
pode ser feita por alavancamento mecânico, solvência por acetona ou por abrasão
direta com lixa.
Nunca aplique uma prótese sobre áreas lesadas, feridas ou infeccionadas.
Procedimento para a aplicação de prótese associada a micótico
Aplicada como importante coadjuvante do tratamento alopático convencional, essa
terapia de prótese ou complemento protético é usada com as seguintes finalidades: -
Remover toda a área da lâmina ungueal lesada pelas colônias de fungos.
- Higienizar profundamente toda a estrutura do artelho e da lâmina ungueal.
- Manter presente no local componente que isole a estrutura ungueal do meio
externo, impedindo o acesso de outras patologias.
- Manter presente no local componente que ceda substâncias micóticas
à estrutura, por longo período.
Limpe a área a ser tratada. Para isso, use fresas, pedras cônicas, bisturis
descartáveis nº 15 ou discos abrasivos, acoplados ao mancal do motor. Respeite
sempre o nível de sensibilidade do paciente à dor. Em caso de trauma hemorrágico,
a prótese não poderá ser aplicada, devendo a patologia ser tratada adequadamente,
conforme procedimentos existentes. O paciente deverá retornar em data posterior,
somente depois de adquirir a sanidade necessária para a aplicação da prótese.
Se tudo correr bem, após o procedimento de limpeza, aplique uma base de esmalte
micótico em todo o leito, pregas e remanescentes de lâmina, deixando secar por 5
minutos. Sobre essa base, aplique a resina. Para moldar e dar acabamento à lâmina
siga o mesmo procedimento recomendado para a prótese padrão em metacrilato.
A lâmina irá retomar o seu crescimento, por isso a confecção da prótese deve prever
o reposicionamento da lâmina nas pregas ungueais, nos sulcos periungueais e no
alongamento do artelho, com uma curva suave no sentido longitudinal, para evitar
traumas por pressão do bico dos calçados.
Sobre a nova estrutura com prótese, o paciente deverá usar regularmente o esmalte 92
micótico indicado pelo seu dermatologista. O esmalte será absorvido naturalmente e
terá ação mais eficaz do que na condição anterior, por causa do reduzido tamanho
da colônia de fungos presente.
Nunca aplique uma prótese sobre áreas lesadas, feridas ou infeccionadas.
Procedimento para uso da resina de metacrilato como adesivo
Tendo em vista sua alta capacidade de ancoragem, a resina de metacrilato pode ser
utilizada como adesivo de componentes e como acessório de órteses.
Usada como qualquer adesivo líquido deve ser aplicada entre as superfícies que se
deseja aderir.
O procedimento é simples:
- Prepare a resina utilizando mais polímero (líquido) do que normalmente, de modo a
deixá-la bem fluida.
- Aplique a resina entre as partes a ser coladas, mantendo-as unidas sem
pressionar.
- Aguarde até que a resina comece a adquirir uma cor opaca: ela perde o brilho e
torna-se transparente.
- Com um instrumento de calibre diminuto (bisturi nuclear, por exemplo), aplique
polímero sobre o conjunto, umedecendo e homogeneizando a junção.
- Caso necessário, adicione maiores quantidades de resina sobre o conjunto a ser
colado. Trabalhando com o instrumento e o polímero, dê ao conjunto a forma
desejada.
Nesse caso não se recomenda nenhum tipo de acabamento (como lixar ou polir),
pois esses procedimentos poderão comprometer a ancoragem e a própria fixação.
Protetores e separadores para os pés
Algumas pessoas possuem de longa data problemas nos pés gerados por má-
formação, por esforços repetitivos ou ainda por hereditariedade.
Freqüentemente, os podólogos atendem pessoas portadoras de joanetes (hallux
valgus) - deformidade que atinge os dedos maiores dos pés, aproximando suas
extremidades e afastando a articulação principal da estrutura do pé. Forma-se um
enorme volume projetado para fora, criando calosidades, dores e até mesmo o
rompimento da pele, além de intensa dificuldade para caminhar e usar calçados.
Casos crônicos, muito antigos, podem exigir cirurgia.93
Extremamente delicado, o ato cirúrgico é da competência de um médico ortopedista,
dada a sua complexidade e o nível de experiência exigido do profissional,
considerando-se que cada caso é um caso. O tempo de recuperação pós-cirúrgico é
longo, exigindo paciência e total cumprimento das recomendações médicas.
Dedos encavalados, sobrepostos uns aos outros, são outro exemplo de
imperfeições que atingem os pés. Desorganizando-se em relação ao formato natural
do pé, acabam por ficar com um formato totalmente incompatível com os calçados
usuais, gerando desconforto, dor, calos e calosidades. Nem sempre a cirurgia pode
corrigir o problema, devendo o portador se adaptar ao uso de calcados adequados
ao novo formato que os pés adquiriram.
Outra patologia das quais muitas pessoas são portadoras, às vezes sem saber, é a
queda do arco transverso do pé. Existe uma linha imaginária bem esticada, que
atravessa os dedos do pé, de lado a lado, mantendo-os fortemente unidos uns aos
outros. Algumas pessoas acabam tendo essa linha imaginária afrouxada, que leva a
uma acomodação imperfeita dos músculos, com o conseqüente rebaixamento da
parte inferior. Observa-se nesses casos que as pontas dos dedos ficam levantadas,
sem tocar o chão, e que a largura dessa parte do pé aumenta, provocando
geralmente a formação de calos dorsais nos dedos mínimos e de calosidades na
planta.
Ainda na região plantar, pode ocorrer outra patologia - o esporão -, que em casos
crônicos exige cirurgia. Formado por um acréscimo ósseo, o esporão tem esse
nome por parecer uma espora de galo que se projeta da superfície do osso em
direção aos músculos e à pele, comprimindo-os com o peso do corpo. A pressão
contínua chega a ser insuportável. O esporão se manifesta muito freqüentemente na
região dos calcâneos (calcanhares), podendo se localizar debaixo deles ou mesmo
atrás, na parte que fica em contato com o contraforte dos calçados.
Para eliminar, reduzir ou evitar todas as possibilidades de pressão e de atrito, que
são as causas maiores de todas essas patologias, o podólogo lança mão de uma
série de recursos mecânicos. O uso de plasma de silicone para a confecção de
órteses, modeladas diretamente no pé do paciente, permite confeccionar
separadores de pressão para os joanetes, estruturas de acomodação para dedos
encavalados, plataformas elevadoras do arco plantar, bases vazadas para
calcâneos com esporão, entre outros artefatos.
Esse recurso tem se mostrado muito eficiente no alívio do desconforto, permitindo
correções de postura, melhorando a condição de andar e, principalmente, 94
eliminando ou até reduzindo as dores decorrentes dessas patologias.
De textura muito sutil, bem mais macio que a pele e com alto grau de resistência, o
plasma de silicone tem grande durabilidade e funcionalidade: não requer adaptação,
não causa o menor desconforto ou qualquer manifestação alérgica. A grande
vantagem do uso do silicone moldável é a personalização adequada da órtese ao pé
do paciente.
Os protetores para os pés têm papel importante no atendimento de pacientes
portadores de patologias derivadas de atritos e compressões habituais, decorrentes
de traumas por calçados inadequados, e outras anomalias da mesma natureza.
Entre essas patologias geralmente verificam-se aquelas oriundas de atritos
associados a pressões:
• entre epífises dos ossos dos artelhos;
• de epífises dos ossos dos artelhos contra os calçados;
• de projeções ósseas contra os calçados.
Além dessas, ocorrem também outras anomalias ortopédicas mais sérias como:
• hallux valgus; minimus valgus;
• deformidades estruturais adquiridas ou não.
Algumas deformidades são decorrentes de mutilações e extirpamentos de parte da
estrutura dos pés. É muito importante que o podólogo, em seu diagnóstico, saiba
identificar essas patologias e conheça a funcionalidade do plasma de silicone,
usando-o para propiciar alívio ao paciente e, se possível, erradicar essas
manifestações.
Considerada a importância dos pés para a estabilidade e a sustentação do nosso
corpo, podemos imaginar como é fundamental para a sua dinâmica o
comportamento adequado de cada osso, de cada músculo, de cada ligamento, de
cada movimento espacial executado.
Compreendendo a dinâmica da estrutura dos pés, o podólogo poderá mais
facilmente identificar qual parte dessa estrutura não está no lugar correto,
executando sua função natural, por causa da existência de zonas de pressão, de
atrito e de sobrecarga funcional.
O maior indicador de que existe algum problema é a sensação de desconforto,
imediatamente acompanhada de dor.
Antes de efetuar a aplicação de um protetor, localize o problema, diagnosticando a
causa e conferindo as conseqüências. Use o bom senso, procurando adotar um
compensador adequado para neutralizar a irregularidade.95
Escute seu paciente, estudando o seu histórico. Pergunte sobre hábitos passados,
cirurgias que porventura tenha realizado, acidentes, fraturas, cortes profundos, enfim
tudo o que possa ajudá-lo a conhecer o pé que irá tratar.
Efetue a compensação com o protetor adequado e fique tranqüilo, pois o corpo se
encarregará de fazer o resto.
É importante ressaltar para o paciente que um calo geralmente leva meses para ser
eliminado.
O que é um protetor?
Protetor é um dispositivo macio, que tem a finalidade de proporcionar alívio e isolar
determinado atrito ou pressão exercida por calçados ou pêlos artelhos.
Construídos com materiais suaves, existem no mercado infinidades de modelos,
tipos e formatos de protetores, cada qual com uma finalidade específica. Entretanto,
o que ocorre com esse tipo de produto já industrializado é a perda da
personalização adequada à estrutura do pé no qual deverá interagir. Ou seja, o
protetor industrializado é encontrado nos tamanhos P, M e G, mas essas três
variações não são suficientes para atender às diferentes dimensões de pés
existentes. Por exemplo, um protetor tamanho M para quem calça 37 pode ser
grande ou incômodo se a pessoa tiver a região dorsal do pé baixa ou os dedos
gordinhos. Entretanto, para outra pessoa com dorsal mais elevada ou pés mais
alongados, o mesmo protetor poderá ser aceitavelmente adequado.
Se uma mesma pessoa possui um pé diferente do outro, imagine então a diferença
em relação a outra pessoa. O seu pé esquerdo é diferente do seu pé direito, pois
não possui as mesmas dimensões em largura, comprimento e altura. Existem
pacientes que chegam a calçar um número de diferença de um pé para outro, ou
seja, o esquerdo calça 37 e o direito, 38.
Considerando tudo isso, é importante que o protetor seja específico e adequado ao
problema e à conformidade dos pés de seu paciente. É perfeitamente possível
confeccionar de modo artesanal protetores de qualidade e dessa forma oferecer um
atendimento personalizado.
Procedimentos para a confecção de protetores
Para a confecção de protetores, podemos usar basicamente o seguinte material:
• espuma expandida com densidade 18 kg/cm2 a 24 kg/cm2 ou pastasóide;
• plasma de silicone moldável;
• mantas de silicone.96
Costumava-se confeccionar protetores e separadores com plastis-puma, esponjas
de cozinha, feltros, tecidos aflanelados, etc. Hoje não se aconselha o uso desses
materiais, a não ser que eles sejam tecnicamente preparados por meio de
processos como autoclavagem e ionização.
O uso desses materiais não é conveniente, porque eles apresentam:
• contaminação ambiental e predisponência a fungos;
• natureza e qualificação não adequadas ao uso na saúde.
Para a confecção de protetores e separadores que necessitam de aderência, deve-
se utilizar adesivo de dupla face da linha da saúde. A fixação do artefato deve ser
feita na epiderme ou no calçado, que é o local mais indicado. Quando a fixação
ocorrer na epiderme, observe atentamente se o paciente não apresenta reações
alérgicas, alterando a técnica, caso necessário.
Como dissemos, os protetores devem ser confeccionados de modo artesanal para
se obter maior qualidade possível quanto à forma, espessura, contornos e
acabamento. Pode-se usar tesoura ou estilete no corte do material, ou ainda
estampá-lo com vazadores de borda, convencionais no mercado de couro.
A seguir, detalharemos as técnicas de confecção dos tipos mais comuns de
protetores.
PROTETOR VAZADO PARA CALO PLANTAR
Esse tipo de protetor é utilizado após a remoção do calo e de seu núcleo para aliviar
a pressão exercida sobre o local pelo peso do corpo, desestimulando a produção de
queratina. Localizado geralmente na RCM (região da cabeça dos metatarsianos), o
calo é produzido pela contundente ação das epífises proximais das articulações dos
artelhos com as epífises distais dos metatarsos. Essa dinâmica de ossos provoca
uma grande pressão de dentro para fora do pé, comprimindo os músculos e a pele
contra o calçado ou contra outros artelhos.
Na tentativa de impedir que haja um esgarçamento dos tecidos (músculos, pele,
etc.), o organismo aciona um mecanismo de defesa que deposita sobre a pele,
especificamente sobre a epiderme, uma proteína chamada queratina, espessando o
local da provável lesão. Em alguns casos crônicos, como o hallux valgus, chega a
haver ulcerações, úlceras ou soluções de continuidade local.
Preparada a manta com a espuma ou silicone e com o auto-adesivo já aplicado,
recorte com a tesoura ou estampe com o vazador um círculo de 25 mm a 30 mm de
diâmetro. No centro desse círculo recorte outro círculo de 5 mm a 8 mm de 97
diâmetro. Esse vazio será o espaço de compensação que a lesão resultante
necessita para se exteriorizar, compondo maior massa muscular no intervalo osso-
músculo-pele.
Mapeie e identifique na sola do calçado do seu paciente o local exato com o qual o
calo entra em contato, afixando aí o protetor. Para efetuar esse mapeamento, basta
observar na palmilha do calçado do paciente a impressão gravada pelo atrito, pela
gordura dos pés e pelo peso aplicado, que irão desenhar perfeitamente o ponto em
que cada parte do pé se acomoda dentro do calçado.
Evite ao máximo aderir o protetor ao pé do paciente, pois, além de ser uma
aplicação de curta duração, peles mais oleosas poderão oferecer dificuldade de
aderência, sem falar na possibilidade de uma reação alérgica. Caso deseje afixá-lo à
pele, remova metade da espessura da manta, com o uso de um estilete, tornando
assim o relevo do protetor mais baixo e mais maleável aos contornos do pé. Pode-
se optar também por um protetor de tecido, pois tecnicamente o protetor de espuma
é mais eficaz.
PALM I LHA VAZADA
Quando se verifica a existência de mais de um calo plantar e, principalmente, se
eles estiverem posicionados nas bordas ou no centro da RCM (região da cabeça
dos metatarsianos), ou ainda na porção final dos calcâneos, é mais interessante
usar uma palmilha vazada, texturizada e ventilada, ou de silicone, do que vários
protetores vazados individuais em cada calo.
As palmilhas vazadas são confeccionadas do mesmo modo que os protetores
vazados.
Mapeie cuidadosamente e com a maior precisão possível a região plantar do
paciente, vazando-se a palmilha nesses pontos. Para tal, utilize preferencialmente
um vazador de diâmetro um pouquinho maior que o da lesão resultante da remoção.
Em alguns casos, a palmilha não precisa ser inteira, podendo ter apenas a parte
98
anterior ou posterior. É interessante que, principalmente nesses casos, a palmilha,
antes de ser vazada, seja previamente preparada com fita adesiva dupla face da
linha da saúde, para se manter fixa no local correto, dentro do calçado. O
movimento da palmilha provocaria um desposicionamento das áreas de alívio.
É importante cuidar para que a espuma utilizada seja pouco espessa e de textura
dura. Se for muito espessa, poderá causar uma elevação do pé dentro do calçado
além do limite, o que provocará calos dorsais, bolhas, desconforto ou mesmo
traumas ungueais. Se não for suficientemente dura, não suportará a pressão do
corpo e dessa forma não proporcionará o alívio necessário.
Poderão ser confeccionadas palmilhas convencionais, dessas encontradas no
mercado, inclusive para tênis. Se preferir, para personalizar, use mantas de espuma
soft, ou de silicone, recortadas com estilete ou tesoura convencional.
PROTETORES INTERDIGITAIS VAZADOS OU NÃO
Como a finalidade dos protetores é isolar as partes da estrutura do pé que se atritam
e resistem sob pressão, esse tipo de protetor é muito útil e muito eficiente, dada a
sua ação bloqueadora.
Confeccionado preferencialmente em espuma soft, ou em silicone, com base em
auto-adesivo da linha da saúde, esses protetores deverão ser aplicados nos
intervalos interdigitais.
Os calos interdigitais normalmente se formam nas articulações das epífises mediais
e proximais, sendo muito freqüentes nos intervalos do 3º ao 5º artelhos. Verifica-se
que essas formações ocorrem em geral no pé de apoio e de referência do paciente,
ou seja, o pé que ele mais usa e sobre o qual se mantém apoiado quando não está
deambulando.
Tais calos apresentam espessamento superficial, de espessura reduzida, núcleo
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raso facilmente desbastável e extirpável, sem algia durante o procedimento.
Os protetores interdigitais poderão ser:
- Circulares, de 8 mm, com 5 mm de vazamento, aderidos diretamente sobre a lesão
resultante do procedimento.
- Circulares de 5 mm a 8 mm, sem vazamento, aderidos ao artelho inverso ao da
lesão, posicionado sobre a mesma. Esse tipo de protetor pode ser o
reaproveitamento do vazamento efetuado para confeccionar o protetor vazado para
calos.
- Retilíneos, com uma das bordas suavizada, largura de 8 mm, vazado no ponto
coincidente do calo e aderido sobre a lesão resultante do procedimento.
- Retilíneos com uma das bordas suavizada e outra depressiva, com largura de 8
mm, sem vazamento, aderido ou não sobre a área lesada pelo procedimento. É
indicado também para o alívio de pressões em casos de minimus valgus.
Tais protetores possuem ampla gama de utilizações, cabendo ao podólogo usar sua
criatividade para descobri-las.
CONTRA-RELEVO DA RCM (REGIÃO DA CABEÇA DOS METATARSIANOS)
Geralmente percebemos que o arco transverso do pé do paciente está caído ou
abaixo do arqueamento ideal ao padrão harmônico do seu tipo físico, quando
notamos a presença associada de:
• calos dorsais do 5º artelho;
• calos com ou sem núcleo na borda lateral da RCM;
• calos com núcleo, planos ou espessamento intenso no centro da RCM;
• espessamento ou calos nas bordas mediais dos hálux;
• eventuais desconfortes nas regiões dorsal e lombar.
Pessoas obesas, via de regra, apresentam essas associações patológicas, porém
os não obesos podem apresentar o mesmo quadro. Assim sendo, caracterizada a
presença dos fatores acima, pode-se usar o dispositivo de contra-relevo como
neutralizador ou compensador da deficiência do plano no qual o pé está se
apoiando.
Preparando previamente uma manta de espuma soft, ou silicone, com fita
autocolante dupla face da linha da saúde, recomenda-se cortar com tesoura ou com
vazador as seguintes opções:
• disco com diâmetro de 30 mm;
• ovóide com dimensões de 40 x 30 mm; ,100
• gotícula com dimensões de 45 x 30 mm.
Tais formatos e dimensões são compatíveis com a maioria dos pés e tipos físicos
dos pacientes atendidos em podologia. Em alguns casos, para pés de proporções
muito acima do normal, o podólogo deverá ajustar essas medidas, utilizando regras
de proporcionalidade dimensional, como a regra de três.
Qualquer que seja a opção de dispositivo, o mesmo deverá ser aplicado na palmilha
do calçado, no ponto central da RCM. Identifique o local, observando na palmilha as
marcas deixadas pela digito-compressão provocada pelo peso do corpo, pela
gordura e pelo desgaste do uso. Tais dispositivos produzem uma elevação sutil da
estrutura, compensando de modo tímido a amplitude do arco transverso, reduzindo
todas as patologias descritas no início e produzindo conforto imediato, sem
nenhuma contra-indicação.
PROTETOR SILICONADO
Técnica relativamente recente, considerando-se o histórico da podologia, o uso de
dispositivos à base de plasma de silicone vem ocupando lugar importante no
atendimento de patologias provocadas por compressões e atritos, e principalmente
daquelas decorrentes de deformidades e má-formação estrutural. O uso dessa
técnica tem possibilitado obter excelentes resultados sobretudo no atendimento de
patologias de natureza atrito-pressuráveis.
Trata-se de uma tecnologia importada, amplamente utilizada em países da Europa,
não apenas em situações de traumas agudos ou crônicos, mas como uma atitude
preventiva contra as patologias dos pés.
101
De aplicação medicinal, o uso de plasma siliconado não apresenta nenhuma contra-
indicação, por se tratar de produto atóxico e anti-alérgico.
Utilizado principalmente como dispositivo de ajuste nas separações interdigitais, o
plasma siliconado também pode ser usado como protetor para calos dessa região.
Entretanto, o custo significativamente elevado desse produto, restringe seu uso a
casos mais delicados. Um calo de pouca significância e pequena dimensão pode ser
tratado, por exemplo, com protetores de espuma convencionais.
Preparado por meio de reação com um catalisador isotérmico adicionado ao plasma,
o plasma siliconado apresenta-se hoje também como uma das mais versáteis
ferramentas para dar conforto e alívio a pessoas com disfunções estruturais nos
pés. É usado principalmente para tratar hallux valgus e minimus valgus e como
suporte reestrutural para pacientes com deformidades crônicas, que exigem o
reposicionamento dos artelhos o mais próximo possível do quadro ortostático
harmônico.
Com relativa habilidade, podem-se moldar dispositivos que, além de auxiliar
imensamente no conforto dos pacientes, contribuem para corrigir e melhorar a
postura dos artelhos, da região plantar ou do pé como um todo.
De grande resistência mecânica à tração, ao arrasto, à torção e à compressão, esse
produto é de longa durabilidade, mesmo com o uso constante e diário. Pode ser
usado, por exemplo, em:
• calos interdigitais, como separador mecânico;
• calos dorsais do 5fi artelho, como anilha de isolamento;
• hallux valgus e abduções em geral, como alavancador postural;
• rebaixamento dos arcos transversos, como contra-relevo da RCM.
O plasma siliconado oferece ao podólogo a possibilidade de infindáveis aplicações.
Basta usar a criatividade. Por isso, não sugerimos formatos ou modelos específicos.
O formato ideal dessa órtese dependerá da conclusão do podólogo acerca da
compensação dinâmica requerida pela patologia e pelo pé do paciente.
Para confeccionar esse dispositivo, é preciso ter o seguinte procedi
mento:
- Colete da embalagem e coloque sobre a palma da mão a quantidade de plasma
necessária para o atendimento da patologia que se deseja atender. A experiência e
as atuações do dia-a-dia irão ajudá-lo a fazer esse dimensionamento.
- Adicione o catalisador, misturando-o bem e na quantidade suficiente para dar ao 102
plasma maior maciez, deixando-o deslizar sob seus dedos durante o manuseio, que
não deverá ultrapassar l minuto.
- Molde rapidamente o dispositivo diretamente sobre a patologia a ser tratada,
tentando dar-lhe a melhor forma estrutural, sem descuidar da estética, se possível.
- Aplique sobre o pé com o dispositivo já moldado no local, um pedaço de plástico
termorretrátil, o mais esticado possível, para dar um acabamento liso e perfeito.
- Coloque o calçado do paciente comprimindo-o firmemente contra o pé + dispositivo
+ plástico, de modo a ajustar as dimensões reais sobre as quais o dispositivo terá de
atuar.
- Aguarde cerca de 5 minutos para remover o dispositivo. Lave-o em água fria para
finalizar a reação e examine-o detidamente, avaliando sua qualidade. No caso de
permanecerem arestas ou excedentes de material, remova-os utilizando tesoura
cirúrgica, microtesoura cirúrgica ou bisturis. Não poderá haver pontos rompidos,
vazados ou transparentes nas áreas de junção ou de maior pressão. Caso isso
ocorra, refaça o dispositivo.
- Mantenha essa órtese em repouso durante pelo menos 6 horas, até aplicá-la no
paciente, garantindo assim a conclusão total da reação do catalisador sobre o
plasma e aumentando ao limite máximo a resistência e a vida útil do dispositivo.
As órteses moldadas em plasma siliconado deverão sempre, ao ser confeccionadas,
buscar apoio de fixação em outro artelho, aumentando sua estabilidade em relação
ao movimento praticado pelo próprio artelho e ainda pelas ações de expansão
muscular provocadas pelo pé durante o processo de deambulação. A esse apoio
chamaremos ancoragem.
Vejamos a seguir alguns exemplos e sugestões para o uso de órteses siliconadas
nos atendimentos podológicos:
- Separador protetor para desvio simples em caso de hallux valgus, ajuda a diminuir
a dor provocada pela articulação disforme, criando um plano de resistência ao
progresso da deformidade na região interdigital do 1º e do 2º pododáctilos (A).
K Separador, protetor ou mesmo isolador, destina-se aos casos de minimus valgus,
calos interdigitais dos 4º e 5º artelhos, além de calos dorsais do 5a artelho (B).
- Protetor interdigital e da região articular que antecede a polpa digital dos artelhos
menores, destina-se a auxiliar nos casos de atritos interdigitais e, principalmente,
nos casos de dedos em martelo, que comprometem a deambulação, produzem
algias e calos nessas mesmas polpas digitais (C).
- Separador interdigital destinado aos casos de calos produzidos por atrito e 103
compressão nos intervalos dos 3a e 5- artelhos, geralmente comuns em quem usa
sapatos muito apertados e com saltos muito altos (D).
Separador e protetor geralmente utilizado quando de desvio ortopédico do 3a artelho
que remonta sobre os demais, ou, ainda, que possua declinagem lateral de sentido,
pressionando as epífises e provocando calos interdigitais e dores (E).
Separador interdigital e protetor para casos de hallux valgus com desvio ortopédico
já acentuado. Nos casos de ulceração nessa articulação maior, aconselha-se
efetuar o vazamento no local, permitindo maior conforto mecânico no calçar, no
andar e até em medicar, se for o caso (F).
Protetor de calo dorsal, com ancoragem no artelho adjacente, utiliza-se para aliviar o
atrito com o teto do calçado e para produzir um rebaixamento mecânico dessa
articulação. Indicado para casos em que o 2º artelho é predominante, ou seja, bem
maior que o primeiro pododáctilo e onde, indiscutivelmente, somente o uso de
calçados sob medida e dessa órtese podem trazer benefícios para a patologia (G).
- Contra-relevo protetor da região das cabeças dos metatarsianos, indicado nos
casos de calosidades próximas da polpa muscular, geralmente causada por arcos
transversos caídos, ou excessivo uso de saltos altos. Serve também para proteger
verrugas plantares ou lesões durante o tratamento, devendo nesses casos ser
providenciado um vazamento no local para alivio da pressão e prover acesso (H).
104
- Protetor moldado para calcâneos, indicado para os casos de fissura de borda,
calos sutis no retro calcâneo ou na sua parte inferior (I).
- Compensador para pés levemente cavos. Destina-se a preencher o espaço vago
do arco longitudinal, de forma a distribuir o peso por cm2 de modo mais abrangente
(J).
Na linha siliconada encontramos também esse produto oferecido em placas de
espessuras e tamanhos variados, muito úteis para dispositivos de alívio e de
proteção, importantes por permitir grande dose de criatividade por parte do
podólogo, no que diz respeito à imensa diversificação de biótipos e patologias
apresentadas. Veja, a seguir, algumas sugestões:
- Protetor para esporão, localizado no retro calcâneo. Pode ser ou não vazado,
dependendo do grau de alteração do relevo da pele, permitindo maior conforto ao
usuário (K).
105
M
106
N
- Protetor para esporão de calcâneo, localizado na parte inferior dessa região,
podendo ou não ser vazado, dependendo do grau de ocorrência (L).
- Protetor vazado ou não, indicado para exostose dorsal, geralmente incômoda e
dolorida no uso de calçados fechados (M).
- Contra-relevo ou piloto, para simular o arco transverso, indicado para as pessoas
que possuem queda acentuada no arco transverso e que são habituais usuárias de
saltos altos e esportes de impacto (N).
Observações gerais sobre o uso de protetores
O uso de protetores deverá ser técnica e adequadamente estabelecido para não
provocar efeitos como:
• dermatites de contato, eczemas, desencadeamento de efeitos atópicos, etc.;
• irritabilidade da região, causada por efeito mecânico;
• predisponência para colônias hospedeiras de fungos e outras formas microbianas.
Assim sendo, os protetores deverão ser confeccionados com os materiais
mencionados no início deste tópico, os quais deverão ser impreterivelmente:
• adquiridos de fonte confiável e de qualidade assegurada;
• acondicionados em embalagens adequadas, não ficando expostos ao ambiente e
seus agentes;
• fornecidos aos pacientes com correta orientação de uso.
Respeitadas as dimensões e limitações mecânicas das áreas a ser tratadas, o uso
de separadores ou protetores não oferece nenhum risco à estrutura do pé.
Entretanto, somente aplique-os ou recomende-os em caso de real necessidade,
definida por:
• proteção vazada das bordas dos calos plantares ou interdigitais;
• separações de epífises interdigitais;
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• reestruturações harmônicas de deformidades;
• elevação sutil do relevo transverso plantar.
No uso de separadores ou de protetores, é importante observar:
Na grande maioria das aplicações, a espessura máxima da espuma
deve ser de 4 mm.
A densidade dos separadores interdigitais e dos protetores vazados
plantares deve ter no mínimo 18 kg/cm2 e no máximo 24 kg/cm2 de área.
• A densidade dos dispositivos de contra-relevo da RCM deve ser no máximo de 26
kg/cm2.
• Os separadores aderidos aos artelhos ou regiões plantares devem ser substituídos
diariamente, após o banho, evitando predisponência a patologias secundárias.
Os separadores interdigitais de qualquer tipo somente deverão ser utilizados quando
o paciente estiver usando calçados fechados.
• Para a aplicação de separadores interdigitais, os pés deverão estar totalmente
secos, sem talco anti-séptico ou creme hidratante. Essas condições impedem a
fixação ideal do adesivo do protetor, além de predispor, pela umidade residual, ao
aumento da colônia de fungos na epiderme.
Siga as recomendações para o uso de protetores vazados para calos plantares.
Caso algum paciente apresente aversão ou desconforto dermatológico ao uso dos
separadores de espuma, confeccione-os em plasma moldável de silicone, que é
totalmente antialérgico e de textura sutil, 15 vezes menor que a média das
epidermes.
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