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EM NOME DO PAI DESENHOS DE SéRGIO VAZ

Sérgio Vaz - Em nome do Pai

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Catálogo de arte - Sérgio Vaz Exposição no espaço cultural da CEMIG setembro de 2012

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Em nomE do pai

D e s e n h o s D e s é r g i o v a z

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Em nomE do pai

d E s E n h o s d E s é r g i o v a z

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Casagrafite, lápis de cor e caneta sobre papel

25 x 35 cm - 2011

O pai desenhava coisas e casas.

A mãe criava significados.Tinha seu próprio dicionário.

compilação (com-pi-la-ção)s. f.ação de compilar.obra composta exclusivamente de extratos de outras.

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Casa ivgrafite, lápis de cor e caneta sobre papel

20x25 - 2011

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Casa iiigrafite, lápis de cor e caneta sobre papel24 x 35 cm - 2011

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grafite, lápis de cor, aquarela e caneta sobre papel33 x 33 cm - 2012

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grafite, lápis de cor, aquarela e caneta sobre papel33 x 33 cm - 2012

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grafite, lápis de cor, aquarela e caneta sobre papel33 x 33 cm - 2012

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Questão igrafite, lápis de cor, aquarela e caneta sobre papel

21 x 38 cm - 2011

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Bmggrafite, lápis de cor e caneta sobre papel

33 x 30 cm - 2011

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pgrafite, lápis de cor e caneta sobre papel

32 x 40 cm - 2012

“A mãeconstruia um dicionário para explicar sua vida

e as palavras que eu usome perseguem com a certeza de que

em outros tempos significaram outra coisa.Quando desenho com sua letra entendo mais

sobre as imagens que eu não conheci.”

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Igrafite, lápis de cor, aquarela e caneta sobre papel

26 x 37 cm - 2012

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Lgrafite, lápis de cor e caneta sobre papel

24 x 33 cm - 2012

Recuerda, cuerpo, no solo cuánto fuiste amado,No solamente en qué lechos estuviste,

Sino también aquellos deseos de tiQue en otros ojos viste brillar

Y temblaron en otras voces – y que humilló La suerte.

Ahora que todos ellos son cosa del pasadoCasi parece como si hubieras satisfecho

Aquellos deseos – cómo ardían, Recuerda, en los ojos que te contemplaban;

Cómo temblaban por ti, en las voces, recuerda, cuerpo.

Konstantino Kavafis, 1918

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grafite, lápis de cor e caneta sobre papel40 x 32 cm - 2012

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Questão iigrafite, lápis de cor e caneta sobre papel

24 x 33 cm - 2011

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grafite, lápis de cor e caneta sobre papel25 x 35 cm - 2011

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grafite, lápis de cor e caneta sobre papel23 x 50 cm - 2011

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“... o mundo vacila quando, vivendo em meu passado, posso viver no fundo de mim mesmo.”(Paul Chaulot - Jours de Béton)

Toda vida tem um fio que a gente vai puxando pouco a pouco, enquanto vamos nos inventando como pessoas, como artistas, como expectador. Quem puxa quer ver o que está na ponta de lá. Nem importa se o fio é podre ou de aço. Quem puxa não sabe e nem quer saber. Viver é testar a fragilidade desse fio e ir devagar, a puxá-lo, descobrindo nosso futuro com as coisas que vêm amarradas nele, lá do nosso passado. E do mundo que vem nascendo, o homem pode tornar-se tudo.Assim, vamos dizendo versos advindos de uma palavra anterior.

Nessa nova série de trabalhos de Sérgio Vaz ele se torna predestinado à recordação.Reuniu seu pai e sua mãe em torno da unidade do seu nome.Os desenhos são como cartas de um baralho com paisagens nômades. Tal qual o tarô, há sempre alguma coisa que neles nos escapa. Não os interpreto como quem usasse cartas para saber do destino. Não os ausculto porque esses desenhos são regados com o sangue dos tempos e sua verdade é sua essência.Esses pequenos desenhos são como cartas avulsas e embaralhadas, prontas a ganhar feição nos olhos de nós, jogadores, pois é de gestos interrompidos que somos feitos. E esta “coleção de estilhaços” sugere apreensões fortuitas, confissões privadas, devaneios, fulgurações, sondagem de repentinos enigmas obrigando-nos a reconhecer que se trata, na verdade, de uma vida.Sei que esses desenhos nada têm de esotéricos ou de qualquer vocabulário arcano. Mas, Sérgio tem! E me agrada descobrir as histórias explícitas ou secretamente entrelaçadas em todos os tipos de obras de arte.

Esses quadros são escavações familiares que Sérgio garimpou em sua casa. De um lado, desenhos de objetos de escritório que seu pai fez durante a vida e os acumulou em gavetas e pastas. Do outro lado um caderno\dicionário que sua mãe fez de termos e orações sagradas. No centro dos desenhos pessoas conhecidas, ou não, adormecidas em uma caixa de retratos, a costurar diálogos imaginários com o artista. É um nada visível. Apenas um momento. Uma fagulha de tempo que insiste em não morrer. Mundos diferentes que se tocam e se completam. O devaneio de um, puxa o devaneio de outro, comprovando a continuidade onírica de sonhos que se unem para se transmutarem em vida. O mundo é um. Não se colhe um quadro ao vivo. É preciso sair de si e perder o dom da realidade. Desencarnar-se, tornar-se abstrato e incorporar aos pedaços, cacos e fragmentos. Lutar sozinho contra algo até se tornar, novamente, unidade.Esses desenhos parecem ter um fio narrativo consistente. Recordações? devaneios? Talvez. Tentativas de produzir emoções, sensações, desejos? Não sei.Resta-me envolver em nuances, hachuras, grafismos, sem os fatos propriamente ditos e sem uma noção de tempo determinável. A inquietação que dos desenhos pulsa, reage dentro de uma jaula conceitual. Em meio a suas memórias está, também, o que me pertence. Então me emociono!

Miguel Gontijoartista plástico

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EM NOME DO PAI

As paredes da minha casa separam as memórias, de modo que aquilo que vivi na sala de estar nunca se misture com o que degustei na cozinha... somente quando sou menos sólido, posso estar ao mesmo tempo em vários cômodos.

Aí sou a casa toda.

Nas imagens fragmentadas, recortadas e separadas dos seus lugares, o desenho tenta recompor um cenário que, de tão misturado a impressões gastas, afetos criados e formas diluídas, já não pode ser refeito.

Das fotografias ajuntadas, algumas mostram coisas que me contaram. Outro tanto, eu mesmo me conto. Algumas, os outros contam de mim.

Indivíduos-imagens formados de cacos de prazer, história, perfumes, matéria e memória, morte e eternidade. São antes de tudo formas que, ao ocupar o espaço, estabelecem um diálogo que só pode ser entendido sem o uso da palavra. Esta, quando usada, também se torna o indivíduo que a pensou.

Falo de um lugar interrompido pela figura que o atravessa e ameaça desaparecer furtivamente e de personagens interrompidas e, quem sabe, envolvidas irremediavelmente por seu entorno. Os objetos, velados sob o silêncio ruidoso da trama ou do branco pretendem preservar sua força no impalpável.

O caminho que se apresenta é o do embate e atrito entre espaço e forma, que cobram autonomia de representação dentro do suporte, criando uma nova figura mais complexa e, em contrapartida, mais próxima de uma leitura visual do contexto.

O entorno antes privado da visualização se faz fortuitamente concreto e recorta o papel – já que os dois elementos se fundem e por vezes são um

só – reclamando no olhar a sua parcela. É um ambiente que interrompe e fragmenta a leitura.

Vejo na ausência, em qualquer de suas formas, a força do meu trabalho.A figura ganhou expressão porque pretendo que o foco deixe de ser o corpo e passe a ser a sua interação com o todo.

“Como ver onde a luz não toca? Podemos apenas sondar o invisível com outros sentidos, tentando captar nuances que direcionem um rumo a seguir. Certezas e dúvidas convivem sem se tocar. E o revelado permanece no meio, inconcluso.” Amanda Lopes

“E a obra se revela em um mundo muito anterior ao sentido da realidade, pois antes de ser representada ela é interpretada, deixando nos desenho um foco secreto. Não sabemos o que é que produz esse foco. Não podemos fixar a hora em que o mistério se evidenciou para se anunciar como um problema.” Miguel Gontijo.

Nesta breve reflexão, onde procurei fazer uma pesquisa de motivações íntimas do meu trabalho, referências pessoais e projeção de mim mesmo naquilo que faço, considero haver organizado muito da informação que todo esse processo produziu. Também pude ver que ainda é muito pouco e que, todavia tateio em vários setores, trabalhando ainda intuitivamente com elementos que me são preciosos.

Reconhecer e refletir sobre isto se torna cada vez mais relevante para mim.

Sérgio Vaz

grafite, lápis de cor e caneta sobre papel40 x 32 cm - 20112

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grafite, lápis de cor e caneta sobre papel40 x 32 cm - 20112

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SOBRE AS SUPERFÍCIES DO QUE FAÇO

Antes de destrinchar as entranhas do que tem sido feito, considero esta mostra muito importante como um mergulho no meu trabalho, com o objeto de apreender o que foi concebido ao longo da trajetória de criação, - que aconteceu com atenção pouco voltada às questões originais e focada mais na execução em si. Assim, falo sobre a essência do que escrevi ou escreveram sobre minha produção e de reflexões surgidas durante o percurso e que levantaram mais questões que respostas.

Falo mais da intenção do artista que daquilo que se pressente na obra, tentando fazer mais evidentes minhas motivações, num reconhecimento de que o momento é de descoberta do meu próprio trabalho.

Trato neste momento da emergência de um dialogo importante e mais consciente entre figura, memória e espaço, estes dois se assumido como elementos de outra situação com as obras de COMPILAÇÕES, conjunto de trabalhos desta exposição.

São objetos, pessoas-imagens e palavras que ocupam espaços que não se conformam, apesar de poderem ser vistos ou construídos. Estes mesmos se misturam e por vezes desaparecem nestes espaços, assim como o entorno desfaz-se nos próprios elementos que o habitam, ou se transforma neles.

“Olhamos desenhos, mas percebemos uma atmosfera que pulsa a nossa volta e dentro de nós metáforas alusivas ao que temos e ao que nos falta. Ao vazio e ao cheio.”

Amanda Lopes

Com o tempo, estabeleci uma relação estreita e simbólica entre a conformação física e a realização como pessoa no mundo. A pessoa é uma sombra daquilo que é a sua concepção de mundo, um conjunto de modos de experiência e idealizações, traduzido em formas e nuances que falam do

mundo criado por cada um para si mesmo. Me aceito como forma quando me movo e interajo com as imagens que crio.

Partindo de racionalizações do que é possível, posso dizer que esta é a minha base criadora.

A temática, de modo geral, é o jogo entre valores. Suspeito que o propulsor desse intento seja uma necessidade pessoal de criar receptáculos para significações que não se oferecem na suposta realidade.

“O mundo é decepcionante. O ser entregue à razão encontra força na solidão. É por isso nos fazemos artistas. E produzimos obras que consistem em levantar enganos nos quais a suposta realidade, enredada, torna-se ingênua. Tornamo-nos “senhores de coisas” plasmando-as numa imobilidade intensa.“

Miguel Gontijo.

A origem disso pode ser ao mesmo tempo pessoal e social, motivada pelo esforço de adaptação a uma realidade cada vez mais fantasiosa e truncada, resultando na sensação de ocupação do próprio corpo por uma personalidade fabricada, vazia e impessoal. Uma forma que, por sua poética se denomina corpo.

Em sentido contrário, o esforço físico e a quantidade de horas gastas na execução, imprimem nos elementos desenhados uma carga de motivações, intenções e signos que lhes dão a “presença” cuja falta motiva sua execução. É provável que eu encontre nessas figuras a veracidade que signifique a vida, validando uma postura diante das coisas.

Tentei reconhecer a origem e significâncias da figura humana no meu trabalho. Nuances de desejo, morte, fascinação, medo e afeto querem definir as sensações que consigo denominar, sem abarcar a sensação completa de nenhuma delas através da palavra ou, pelo contrario, reconhecer na

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palavra seu significado mais abrangente. Tomei o cuidado de enumerar acima elementos sensíveis que, creio, atravessam o meu trabalho, como comunicação mais pura entre mim e o espectador: coisas que aquele que vê, também pode pressentir.

Como esta se configura como uma incursão nos meus processos internos de construção da imagem, quero estabelecer relações que devem parecer mais particulares que propriamente processuais, se podemos separar estas duas questões.

O caminho da descoberta então, se delineará na definição dentro da minha produção, destes termos citados - meus significados particulares -, para assim encontrar a mais fiel ou aproximada sensação do corpo para mim.

Uso de reflexões alheias que por vezes valeram e valem para mim como leituras que eu mesmo faria - se tivesse tal clareza -, sobre meu trabalho e os símbolos/signos que uso.

As figuras da memória me atraem intensamente, primeiro pelo desejo e afeto que suscitam - por uma necessidade constante de redescoberta e interação. Sugerem-me sempre o inusitado. O fato de pessoas e coisas do passado sempre parecerem mundos completamente desconhecidos a explorar, fomenta a criação de imagens onde se possa a todo tempo personificar os ainda não existentes.

As fontes dessas imagens são diversas: desde sonhos – as realidades sugeridas nos trabalhos sempre resultam em oníricas sem serem surreais, porque quero crer que são possíveis pela sensação – à memória e a fotografia, adotada como método principal de construção da imagem, em substituição aos esboços e rascunhos. Olho as fotografias antigas como coletor de impressões. A figura se oferece no atrito das partes ou cria uma realidade para adaptar-se.

Nestas figuras criadas, sob o olhar de quem as cria, estão impressos o medo e a certeza da finitude e paixão pelas trajetórias, como um romance.

É possível tocar muitas outras linguagens como a literatura, a poesia, a música e o cinema nesse processo.

Entendo como espaço, o tempo, o ar, a temperatura, a luz e tensão que envolvem as coisas representadas, não excluindo estas últimas como espaço.

Tomei consciência de que o desenho fala principalmente do lugar que o abriga. É importante despertar nos trabalhos esta dimensão e perceber este diálogo silencioso, que acontece enquanto me mantenho como espectador. Tenho me envolvido mais na exploração desse novo lugar.

A principio, mero elemento de composição – mais por ingenuidade que por significação -, esse “ambiente” agora assume importância, a ponto de impulsionar-me neste novo conjunto de trabalhos.

A questão do espaço na composição é fonte de várias indagações ainda sem respostas. A primeira delas se instala em sua ausência. Ao pensar o trabalho e onde as figuras se apresentam, desde o formato do suporte à distribuição das formas do cheio e do vazio na cor, este ambiente existe com elementos e formas que são mentalmente visíveis mas não representáveis porque não são totalmente gráficos. São lugares familiares ao imaginário pessoal e bem próximos do reconhecível, mas de organização simbólica e espacial incoerentes com a visualidade. É possível dizer – e talvez facilmente pressentido – que as figuras estão perfeitamente abrigadas por um entorno e um enredo. Entretanto, pode ser válido tanto o argumento de que o não representado seja resultado de um espaço a construir pela fruição, como o de que aquilo que se ausenta foi desconstruído. Uma terceira hipótese e a de que o lugar se perfaz pela própria coisa representada e o espaço seja ela mesma, não separada de seu entorno.

Em sua origem, a imagem surge relacionada a uma atmosfera de certa forma concreta e indissociável dela mesma, inclusive antes de ser executada. Mas não seria a ausência de representação dessa atmosfera o modo mais adequado de construí-la?

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Valem para a idéia de espaço definições mais gerais, como ambiente onde se encontra a figura, físico e de representação mais relacionada à trama e enredo, antes alegórico e traduzido posteriormente ao pictórico. Existe como móveis, referencias de muros e paredes, cômodos, fluídos e objetos. Há uma arquitetura que possibilita abrigar os significados que vão habitá-la. Esta arquitetura em parte se forma da profusão de imagens trazidas pelas partes fotográficas que compõem os desenhos, de modo que a ordem de surgimento da figura e do ambiente é cambiante e profusa.

A representação desse espaço carrega em sua definição a resposta à questão mais complexa e que continua no campo da hipótese: representar consiste em construir com a figura e a partir dela o lugar das coisas e objetos ou, num processo inverso, subtraí-las?

“O artista produz um simulacro com plena consciência do jogo e do artifício, acrescentando na imagem real a sua falsa realidade. Ele nos engana, engatilha armadilhas, cria engodos para nos fazer encontrar através da ilusão positiva e vital das aparências. Só depois percebemos que fomos levados a uma terra de ninguém.” Miguel Gontijo

A imagem, que pode ser interpretada como o desenhado, é melhor definida como espaço do desenho. A representação encontra assim uma função válida, pois o espaço da imagem é também o da representação, não mais com a inocência da simples reprodução, considerando a carga dos seus símbolos visíveis ou não e buscando-se mais a sugestão que a descrição, embora haja o trabalho minucioso na busca do detalhe dos elementos visíveis – que considero como atividade de descoberta daquilo que se representa.

Na elaboração de cada peça, sinto a necessidade de reposicionar o desenhado, procurando a forma exata de ele ocupar o suporte, e comunicar de forma mais ampla o espaço onde ele passa a viver. Por vezes é perceptível uma maior preocupação com as formas que surgem, circundando ou calando com vazios a figura desenhada e em outras, figuras recorrentes cobram para

si lugares específicos - estas, parte da história pessoal tornadas signos, contam com certa autonomia de organização dentro do suporte. Há um repertório de signos em forma de vazios.Em algumas ocasiões, a figura desenhada não prescinde de qualquer ambientação mais complexa. Carrega em si as memórias, ambiências e signos da obra que sugerem um desenrolar real do dilema na figura.

Em resumo, este espaço oferecido à figura tem a conformação de situação.

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Abertura: 4 de setembro de 2012Período de exposição: 5 a 23 de setembro de 2012

Contato:Sérgio Vaz

[email protected]

www.sergiovazguedes.comtel: (31) 8849-3005

Textos: Sérgio Vaz,

Miguel Gontijo

Fotos: Samuel Oliveira

Projeto gráfico: Clara Gontijo

Galeria de Arte do Espaço Cultural da Cemig

Coordenador:Carlos Henrique Santiago

Equipe:Weisvisthértini B. Almeida

Élcio Gomes de Jesus

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