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sessões coordenadas - décimo salão de extensão

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ATENDIMENTO CLÍNICO-CIRÚR-GICO A EQUINOS DE PROPRIE-TÁRIOS DE BAIXA RENDA - PRO-JETO CARROCEIRO 2009 No município de Porto Alegre - RS, parte dos resíduos reci-cláveis gerados pela população é recolhida por habitantes de baixa renda que utilizam o cavalo como tração para suas carroças, sendo para a maioria dos carroceiros, a única fonte de renda familiar. O município de Porto Alegre gera cerca de mil toneladas de lixo por dia, das quais, 200 são de ma-teriais recicláveis ou reutilizáveis. Apesar de o recolhimento de lixo das ruas ser, por lei, responsabilidade exclusiva do poder público, estima-se que 50% de todo lixo reciclável seja recolhida pelos carroceiros. Um trabalho que envolve cerca de oito mil veículos de tração animal (VTAs), quatro mil veículos de tração humana (VTHs) e em torno de 40 a 50 mil pessoas. Grande parte da população envolvida no reco-

lhimento de material reciclável é de famílias de baixa renda que, muitas vezes, tem nessa atividade o seu único meio de sustento. Com a finalidade de prestar atendimento clínico e cirúrgico aos eqüinos de tração do município de Porto Ale-gre, e orientar as pessoas envolvidas nessa atividade, criou-se no ano de 2007 junto ao Hospital de Clínicas Veterinárias (HCV) da UFRGS o “PROJETO CARRROCEIRO”. Desde então em parceria com a Empresa Pública de Transporte e Circu-lação de Porto Alegre (EPTC) conjuntamente com a Brigada Militar, os animais devidamente cadastrados e emplacados são atendidos gratuitamente junto ao HCV. Também são re-alizadas mensalmente visitas técnicas às comunidades que usam cavalos para tração visando o esclarecimento e a edu-cação sanitária quanto ao correto manejo dos eqüinos e demais animais por eles mantidos, visando à promoção da Saúde Coletiva. Os animais atendidos pelo Projeto recebem administração de vermífugo e são submetidos a um exame clínico completo, incluindo desde a verificação de parâme-tros clínicos gerais à exames específicos de aparelho diges-tivo, respiratório e locomotor. Também é realizada a colheita

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de sangue para realização de hemograma e exame de bru-celose. Após a completa avaliação clínica, os animais que necessitem de tratamento intensivo, internamento ou até mesmo cirurgia são então, encaminhados para o Hospital de Clínicas Veterinárias (HCV) da UFRGS. Todos os proprie-tários assistidos pelo Projeto são cadastrados e preenchem um questionário sócio-econômico, que inclui questões como a renda mensal advinda da coleta de material reciclá-vel, o grau de escolaridade do proprietário, o período diário de trabalho a que o cavalo é submetido, a distância percor-rida diariamente, o valor e o peso da carga tracionada, além da freqüência de oferecimento de água e alimento ao cava-lo. Com base nos dados que vem sendo obtidos nesse ca-dastramento é que são planejadas novas ações dentro do Projeto, bem como melhorias nas formas de inclusão. Além do atendimento aos animais, são repassadas aos proprietá-rios informações sobre os cuidados básicos para a melhoria das condições higiênico-sanitárias tanto dos animais como das famílias das comunidades. Durante as visitas técnicas é oferecido às crianças um espaço para pintura e leitura na

tentativa de ensinar as crianças desde cedo preceitos bási-cos de educação ambiental, respeito à natureza e às leis de transito. Atualmente estão envolvidos no Projeto cerca de 40 pessoas entre docentes, técnicos e alunos da Faculdade de Veterinária (FAVET) e HCV, além de técnicos da empre-sa pública de transporte e circulação (EPTC) e a Patrulha Ambiental. Desde o início do Projeto já foram beneficiados cerca de 300 animais e é notável o crescente aumento da procura de atendimento por parte dos proprietários de ca-valos de carroça a cada semestre. O Projeto definitivamente vem consolidando um espaço destacado tanto dentro da FAVET/UFRGS como na região metropolitana, sendo visí-vel à contribuição que o mesmo proporciona aos diversos segmentos envolvidos. Ao mesmo tempo em que promove diretamente o bem-estar dos cavalos, o projeto oportuniza também uma marcante contribuição no que se refere aos aspectos básicos de saúde pública que são repassados à população, além de viabilizar um aprendizado de vivência clínica diferenciado aos estudantes do curso de Veterinária.

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AVALIAÇÃO DO EQUILÍBRIO PO-DAL EM EQUINOS UTILIZADOS EM VEÍCULOS DE TRAÇÃO NA CIDADE DE PORTO ALEGRE/RSO desenvolvimento da sociedade moderna não ocorreu de modo uniforme, de modo que nem todos os seus ex-tratos conseguiram acompanhá-lo. Os carroceiros, pesso-as responsáveis pelo recolhimento de entulhos e resíduos domésticos nas grandes cidades e que utilizam pequenas carroças puxadas por eqüinos fazem parte dessa parcela da população. Para os carroceiros, os eqüinos de tração surgem como um instrumento de trabalho indispensável, cuja saúde e longevidade dependem do zelo mantido por seus proprietários. Os cavalos de tração utilizados comu-mente na coleta de resíduos domésticos nas regiões me-tropolitanas são submetidos a esforços que transcendem sua capacidade física. Isso resulta em queda de seu desem-

penho, o que muitas vezes não é notada pelo proprietário. Portanto, torna-se uma condição indispensável a higidez de seu sistema músculo-esquelético. O casco, nesse senti-do, desempenha papel fundamental, pois, além de supor-tar o peso do animal, absorve o impacto com o solo, resiste ao desgaste, auxilia na propulsão e atua como uma bom-ba hidráulica para o retorno sangüíneo da extremidade do membro. Dentre as anormalidades de equilíbrio podal, destacam-se: o desnivelamento dorso-palmar e médio-la-teral, a contração dos talões e da ranilha (encastelamento do casco), a diferença entre o ângulo da pinça dos cascos contralaterais e o tamanho do casco em relação ao peso do animal. Este trabalho tem como objetivo avaliar o equi-líbrio podal dos eqüinos utilizados em veículos de tração na cidade de Porto Alegre/RS através da medição sistemá-tica dos seus cascos. A constatação dos tipos de anorma-lidades podais mais comumente encontradas nos cavalos de tração serve para traçarmos um plano de conscienti-zação dos proprietários quanto à importância de um cas-queamento e ferrageamento corretos para manter a saúde

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e a performance de seu animal. Portanto a partir de uma conduta profilática se pode reduzir os gastos medicamen-tosos (devido ao tratamento de problemas originados do desequilíbrio podal) tornando o seu uso mais sustentável e por um maior período de tempo. Além disso, o projeto oportuniza o conhecimento de uma realidade sócio-eco-nômica diferente daquela vivida pela maioria dos estudan-tes. Portanto o aluno enfrenta o desafio de diagnosticar os problemas podométricos dos animais, através do exercício das habilidades referentes à sua futura profissão, e tam-bém o de ensinar métodos corretivos ou profiláticos para tais problemas, capacitando-se gradativamente como ex-tensionista. Vale a ressalva que a execução desse projeto possui ainda um cunho científico, aliando a pesquisa ao seu caráter social e educativo. Então, para a realização do presente estudo são utilizados cavalos de tração oriundos da grande Porto Alegre/RS atendidos pelo Projeto Carro-ceiros durante as visitas realizadas em vilas da periferia da cidade. Primeiramente todos os animais são submetidos a exame clínico geral. Em animais exibindo problemas rela-

tivos ao aparelho locomotor, é realizado o seu exame es-pecífico, constituído de anamnese, inspeção em repouso e movimento, palpação completa do aparelho locomotor, teste com a pinça de casco e testes de flexão. O diagnósti-co é feito com base no histórico e no exame físico, sendo a claudicação classificada em graduação de 0 a 4 segun-do Stashak (1994). Os animais são classificados de acordo com seu Índice Corporal que considera o peso e suas ca-racterísticas corporais (altura, perímetro torácico e com-primento corporal). Assim, se classificará os animais como longilíneos (IC ≥ 90), mediolíneos (86 ≤ IC ≤ 88) e brevelí-neos (IC ≤ 85). Além disso, é realizado o levantamento so-bre o tipo, freqüência e duração da atividade física a que o animal é submetido, bem como a carga que costuma car-regar.Todos esses dados são colocados em uma ficha de trabalho individual por animal. De cada animal atendido são realizadas medições dos quatro cascos utilizando-se uma fita métrica: comprimento medial e lateral dos talões, comprimento da pinça, comprimento medial e lateral nos quartos, comprimento e largura da ranilha, circunferência

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do casco (medida logo abaixo da coroa), comprimento e largura do casco. Utilizando-se um podogonômetro são feitas as medições dos ângulos do casco (ângulo de pin-ça) e da quartela em relação ao solo. O ângulo do casco é o ângulo formado entre a parede dorsal do casco e a su-perfície solear, sendo medido na região da pinça. Alguns autores estabeleceram angulações ideais para os cascos de membros torácicos e pélvicos, variando de 45º a 50º, e 50º a 55º respectivamente. No entanto, o ideal é não ha-ver diferenças entre a angulação da pinça e da quartela, a não ser nos casos em que o eixo do casco e da quartela apresentam-se muito verticais ou inclinados. Além disso, fez-se a comparação entre as angulações de cascos contra-laterais classificando as alterações em quatro graus de gra-vidade crescente da diferença de angulações nos cascos contralaterais. O comprimento da pinça é uma mensura-ção conveniente e que reflete o comprimento total da mu-ralha do casco. Essa medida é relacionada ao peso do ani-mal, sendo animais mais pesados geralmente providos de pinças e conseqüentemente muralhas do casco maiores.

Também se fez a determinação dos desvios médio-laterais através da medição dos talões mediais e laterais de cada membro, fazendo-se a diferença entre esses valores para constatarmos o desnivelamento dessa região do casco, que ocorre quando há cerca de 0,5cm de diferença entre talões do mesmo casco, sendo considerado a maior fon-te de claudicação de origem podal. O casco contraído ao nível de ranilha e talões, também denominado casco en-castelado, ocorre quando a largura da ranilha é menor que dois terços do seu comprimento, sendo resultante de uma expansão inadequada do casco. Todos os dados coletados são posteriormente submetidos a comparações para que se estabeleçam as alterações mais comuns e se desenvol-va um plano de orientação para os proprietários, baseado em um enfoque profilático. Até o momento, os resultados encontrados indicam variadas anormalidades no equilí-brio podal dos doze eqüinos de tração oriundos da grande Porto Alegre/RS atendidos pelo Projeto Carroceiros. Cerca de 90% dos animais atendidos apresentaram ângulos de pinça fora dos padrões pré-determinados pela literatura

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em pelo menos um dos membros do aparelho locomo-tor. Pelo menos 66% dos animais apresentaram diferen-ças angulares entre os cascos contralaterais dos membros torácicos, classificados da seguinte forma: 37,5% de grau 1; 37,5% de grau 2; e 25% de grau 3. As diferenças angu-lares entre os cascos contralaterais dos membros pélvicos acometeram 50% dos eqüinos examinados, sendo 16,7% de grau 1 e 83,7% de grau 2. Todos os animais atendidos apresentaram tamanhos de pinça dos quatro cascos fora da normalidade esperada para seu peso e tipo corporal. Além disso, 60% dos equinos tinham cascos encastelados e mais de um membro com desvio médio-lateral. Os re-sultados preliminares nos levam a crer que os eqüinos de tração são submetidos a suas atividades laborais em con-dições predisponentes a problemas músculo-esqueléticos que futuramente inviabilizarão sua utilização. Portanto cabe a nós estabelecer medidas preventivas às alterações podais de modo que se consiga, através da conscientiza-ção e orientação dos proprietários, uma conseqüente me-lhora na qualidade de vida dos eqüinos de tração.

ATENDIMENTOS REALIZADOS NO ANO DE 2008 NO SERVIÇO DE DERMATOLOGIA DO HOSPI-TAL VETERINÁRIO DA UFRGSO setor de Dermatologia do Hospital de Clínicas Vete-rinárias da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (DERMATOVET HCV-UFRGS) presta serviço especializado à comunidade de todo o Estado na área dermatológica. Durante o ano é atendida uma grande diversidade de do-enças de pele, sendo que a Demodicidose e as doenças alérgicas, como por exemplo, Dermatite Alérgica à Picada de Ectoparasitas (DAPE) e Dermatite atópica, são as mais freqüentes. O presente trabalho teve como objetivo rea-lizar um levantamento, através da base de dados deste setor no ano de 2008, que especificou quais foram as do-enças mais comuns que acometeram cães e gatos neste período, possibilitando assim a orientação da população

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em geral para melhor controle destas doenças e propiciar melhor qualidade de vida para os animais. Foram atendi-dos 414 animais no ano de 2008 e as doenças primárias encontradas foram as seguintes: 131 (31,6%) casos de Dermatite Atópica, 117 (28,2%) casos de DAPE, 42 (10,1%) casos de Demodiciose, 33 (7,9%) casos de Dermatoses Bacterianas Primárias, 14 (3,4%) casos de Neoplasias, 12 (2,9%) casos de Dermatofitose, 12 (2,9%) casos de Otites Primárias, 10 (2,4%) casos de Doenças Auto-imunes, 9 (2,2%) casos de Escabiose, 9 (2,2%) casos de Disquerato-ses, 6 (1,5%) casos de Farmacodermia, 3 (0,8%) casos de Hiperadrenocorticismo, 3 (0,8%) casos de Hipotireoidis-mo, 2 (0,48%) casos de Criptococose, 1 (0,2%) caso de Tro-fodermia e 10 (2,42%) casos de doenças diversas. Após a conclusão do levantamento pôde-se verificar que as doenças alérgicas correspondem à maioria da casuística do atendimento dermatológico, tendo também um alto percentual a Demodicidose, assim como as Dermatoses Bacterianas Primárias, representando grande importân-cia na clínica de pequenos animais.

PESQUISA DE DIPYLIDIUM CA-NINUM EM CÃES ATENDIDOS NO HCV-UFRGS COM PULICIOSE E ALERGIA À SALIVA DE PULGAAs pulgas, principalmente a Ctenocephalides felis e a C. canis, são responsáveis pela produção e transmissão de diversas doenças tanto em humanos quanto em animais. Uma das doenças mais comuns causadas por estes ecto-parasitas é a Dermatite Alérgica à Picada de Pulga (DAPP), que é uma dermatose pruriginosa resultante da hipersen-sibilidade a várias proteínas presentes na saliva da pulga que entram em contato com a pele após a picada. Este parasita age como hospedeiro intermediário de outros, sendo o cestódeo Dypilidium caninum um dos mais im-portantes em saúde pública, por ser um agente etiológico responsável por uma zoonose, a dipilidiose. O presente trabalho visa avaliar a presença do D. caninum em 42 cães

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(com puliciose, alérgicos e não alérgicos à picada de pul-ga e em cães não infestados, porém com DAPP) utilizando a técnica de sedimentação de Dennis, Stones & Swanson para a observação microscópica dos ovos do cestódeo e a visualização macroscópica dos proglotes nas fezes fres-cas. Foram analisadas outras variáveis como o perfil sócio econômico dos proprietários, o uso de endectocidas e pulicidas, bem como a freqüência de aplicação, a situação de confinamento dos cães e o conhecimento deles frente aos riscos da transmissão (zoonose) da dipilidiose através da pulga, com objetivo de após a obtenção dos dados rea-lizar um trabalho de conscientização da população visan-do o bem-estar animal. Todas os exames foram negativos para o D. caninum. Com relação ao questionário aplicado, todos proprietários recebiam no mínimo um salário míni-mo; 73% dos cães foram medicados com endectocidas e 57% com ectoparasiticidas; 63% dos animais passeavam na rua enquanto que 37% ficavam confinados; e apenas 53% dos proprietários tinham informação sobre o risco da transmissão da dipilidiose através da pulga.

CONVIVÊNCIA RURAL - PRODU-ÇÃO E SAÚDE NO MOVIMENTO DOS TRABALHADORES RURAIS SEM TERRAS ( MST)

Na segunda quinzena do mês de julho ocorreu o Convi-vência Rural 2009, no assentamento do MST de Nova Santa Rita, localizado a uma hora de Porto Alegre. No Programa Convivência, promovido pelo Departamento de Educação e Desenvolvimento Social (DEDS) desde o ano de 1998, estudantes da Universidade são inseridos no cotidiano de um grupo social ou comunidade popular. Sua intenção é criar uma situação epistemológica na qual se possa refletir sobre as relações estabelecidas entre Universidade, socie-dade e mercado e a atuação do futuro profissional junto aos diferentes indivíduos e grupos sociais. Este objetivo foi alcançado em uma série de oportunidades, durante os seis dias de Convivência. Como, por exemplo, durante os de-

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bates sobre o projeto agroecológico do MST, o qual busca alternativas produtivas que evitem ou diminuam possíveis impactos na natureza e na saúde humana. O MST defende que a estrutura agrária esteja baseada na pequena pro-priedade, na mão de obra familiar, em sistemas produtivos complexos e diversos, adaptados às condições locais e em redes regionais de produção e distribuição de alimentos. Nele, a ciência se coloca comprometida com as demandas populares, em busca de um desenvolvimento que traga soluções sustentáveis para os diversos problemas hoje enfrentados na cidade e no campo. Esta proposta se faz presente no assentamento de Nova Santa Rita com desen-volvimento dos hortos medicinais e a produção de alimen-tos agroecológicos, sem fazer uso de pesticidas e adubo químicos. Nossa proposta de trabalho é a de elaborar al-gumas reflexões a partir de alguns aspectos da produção de alimentos no assentamento de Nova Santa Rita, desta-cando principalmente a produção dos hortos medicinais que fornecem as plantas para o setor da saúde. Dentre os pontos a serem abordados, temos: as possibilidades e limi-

tações técnicas do desenvolvimento de hortos medicinais e os limites jurídicos e logísticos da comercialização de pro-dutos oriundos de tais cultivos; a conveniência ou não da extensão da atuação e da legitimidade da indústria farma-cêutica e as alternativas apresentadas por agentes do MST relativas à prevenção e tratamento de doenças; o debate (ou não) promovido pela Universidade em torno dos pro-jetos relativos à saúde pública hoje concorrentes. Optou-se por enfatizar a questão dos hortos por representar um dos primeiros projetos produtivos coletivos do assentamento, organizado pelo grupo de saúde, com uma sede, chamada de Terra e Vida. Esse grupo utiliza hortos medicinais para a elaboração de produtos voltados para tratamento médico, para higiene pessoal e limpeza, além de cosméticos. Com essa iniciativa, há geração de renda extra para as famílias envolvidas e cria-se a possibilidade de uso da medicina al-ternativa, diminuindo a dependência em relação à indús-tria farmacêutica. Os materiais utilizados na análise deste trabalho são a memória de uma reunião e uma cartilha pro-duzida pelo grupo de saúde. A reunião ocorreu na tarde do

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dia 29 de julho e contou com a presença de membros do setor de saúde do assentamento e representantes da EM-BRAPA (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária), que discutiram a viabilidade dos hortos medicinais. A cartilha Integrando Saberes, produzido no ano de 1998, traz relatos sobre os hortos existentes no assentamento, informações técnicas das plantas cultivadas e as propostas do programa de saúde do grupo. Nossas conclusões são parciais ainda. Observamos alguns exemplos de organização coletiva do trabalho que, seguindo o modelo agroecológico defendi-do pelo Movimento, obtiveram êxito em escala industrial. No assentamento de Capela, trinta famílias fundaram a Co-operativa de Produção Agropecuária de Nova Santa Rita, a COOPAN, que produz e beneficia arroz orgânico, em lar-ga escala. Já o setor da saúde do assentamento de Nova Santa Rita encontrou empecilhos jurídicos para produção de plantas medicinais voltadas para o mercado. Uma al-ternativa encontrada pelos membros do setor de saúde é a de comercializar a planta seca, liberada para a venda por ser considerada alimento. Outra limitação encontrada

pelo setor de saúde está ligada ao domínio das técnicas e equipamento necessários para um melhor manejo dessas plantas.

SERVIÇO DE VIDEOCIRURGIA E EN-DOSCOPIA VETERINÁRIA - 2009 O Projeto de Extensão “Serviço de Videocirurgia e Endos-copia Veterinária” oferecido à comunidade pelo Hospital de Clínicas Veterinárias -HCV- da UFRGS existe desde o ano de 2005, graças à união da extensão, ensino e pes-quisa na clínica e cirurgia veterinária. Esse serviço possi-bilita a sociedade ter acesso a uma técnica cirúrgica de qualidade com reduzido trauma cirúrgico e desconfor-to pós-operatório dos pacientes, sendo uma alternativa às cirurgias convencionais. Ao mesmo tempo o Serviço oportuniza a capacitação de estudantes do Curso de Gra-duação em Medicina Veterinária com uma tecnologia de

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ponta, qualificando sua formação profissional. A sua im-plementação na medicina veterinária ocorreu seguindo a tendência da medicina humana, que se beneficia desse recurso há mais tempo, indicando a troca de experiências existente entre a área médica e a veterinária ao longo dos últimos anos. Até a presente data de 2009, já foram regis-trados mais de 450 procedimentos, realizados em animais de diversas espécies, destacando-se os caninos e felinos, com uma casuística maior, mas também se estendendo aos eqüinos, bovinos, pequenos ruminantes e animais silvestres. Atualmente o Serviço de Videocirurgia do HCV da UFRGS realiza principalmente os procedimentos de: biópsias de diversos órgãos, ovário-histerectomia (cas-tração de fêmeas), herniorrafias (correções de hérnias), criptorquidectomia (remoção de testículo abdominal), colicistectomia (remoção da vesícula biliar), nefrectomia (remoção do rim), esplenectomia (remoção do baço), cis-totomia (abertura da bexiga para remoção de cálculos), além de laparoscopias e toracoscopias diagnósticas. A cirurgia reconhecida como de trauma mínimo, pode ser

classificada de acordo com o acesso. Assim, denomina-se Laparoscopia, quando o acesso está relacionado à cavida-de abdominal, Toracoscopia, quando o mesmo se relacio-na ao tórax e Artroscopia quando é acessada a articula-ção. Para ser possível, é necessária a criação de um espaço dentro das cavidades corporais, através da utilização de gás dióxido de carbono (CO2), nos casos de laparoscopia e toracoscopia, e de soro fisiológico, no caso de artrosco-pia. Os delicados instrumentos cirúrgicos laparoscópicos e a ótica endoscópica usada para visualização das ima-gens são inseridos através de trocartes. Como resultados do uso de mínimas incisões, de uma menor exposição dos órgãos e de uma manipulação mais delicada dos mesmos, reduzimos conseqüentemente a possibilida-de de contaminação, além de permitir uma recuperação mais rápida dos animais. A magnificação das imagens e o detalhamento da anatomia interna que caracterizam os procedimentos videocirúrgicos, estabelecem uma di-ferença significativa em relação a cirurgia convencional. Tais vantagens, a semelhança do que ocorreu na Medi-

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cina Humana, tem fortalecido cada vez mais a utilização da técnica como ferramenta diagnóstica e terapêutica na Medicina Veterinária. No HCV, hospital-escola da FAVET/UFRGS, o serviço disponibilizado pelo Projeto de Exten-são tem por objetivo permitir que a comunidade gaúcha tenha acesso as vantagens que as técnicas endoscópicas oferecem, tais como: trauma mínimo, redução da mani-pulação cirúrgica, recuperação mais rápida e melhor dos pacientes, magnificação das imagens e detalhamento anatômico. Essas vantagens têm sido claramente refleti-das no aumento de número de casos que o Serviço de Videocirurgia tem recebido por parte dos proprietários. Ao mesmo tempo, e de igual maneira, é importante res-saltar o impacto positivo que o serviço gerou no ensino dos alunos de graduação e nas atividades de pesquisa da pós-graduação do Curso de Veterinária da FAVET/UFRGS. Sendo assim, os estudantes têm a possibilidade de fa-miliarização com uma técnica inovadora e diferenciada, com reflexos diretos na qualificação de suas formações profissionais.

FORNECIMENTO DE ALIMENTOS DA AGRICULTURA CAMPONESA PARA OS RESTAURANTES UNI-VERSITÁRIOS (RUS) DA UFRGS Introdução: Em 2003 foi instituído o Programa de Aquisi-ção de Alimentos (PAA), coordenado pelo Ministério do Desenvolvimento Social (MDS) e incluído nas ações do Fome Zero. O objetivo deste programa é garantir o aces-so aos alimentos em quantidade, qualidade e regularida-de necessárias às populações em situação de inseguran-ça alimentar e nutricional e promover a inclusão social no campo por meio do fortalecimento da agricultura familiar, gerando trabalho e renda. Além disto, em junho deste ano, foi promulgada a lei n° 11.947, que dispõe sobre o aten-dimento da alimentação escolar, no âmbito do Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE). Nesta lei, entre as diretrizes da alimentação escolar está o apoio ao desenvol-

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vimento sustentável, com incentivo à aquisição de alimen-tos diversificados produzidos localmente pela agricultura familiar. Para o fortalecimento das ações destes programas, são necessárias várias ações, como, por exemplo, a inser-ção de políticas que garantam espaço para estes produtos. Dentro destas políticas está a inclusão destes alimentos nas compras públicas. Sendo a universidade um espaço públi-co e de educação, ele poderia também estar incluído nas ações destes programas, apesar de que nenhum deles visa o atendimento da população universitária. Considerando isto e inspirada nas ações destes programas, a UFRGS, atra-vés do Núcleo de Economia Alternativa e Incubadora de Cooperativas Populares (NEA/INCOOP), está articulando uma ação pioneira de inserção dos produtos provenientes da agricultura camponesa nos Restaurantes Universitários (RUs) da UFRGS, visando a inclusão destas populações na economia de mercado e a educação para uma alimenta-ção mais saudável da comunidade acadêmica. Objetivos: O objetivo da presente ação é qualificar a alimentação oferecida pelos restaurantes, assim como apoiar e integrar

a agricultura camponesa ao mercado público. Materiais e métodos: Serão fornecidos alimentos provenientes da agricultura camponesa para os Restaurantes Universitários (RUs) da UFRGS a partir da produção realizada pelos inte-grantes do Movimento dos Pequenos Agricultores (MPA) e do Movimento dos Sem-Terra (MST). Desde junho, estão sendo realizadas conversas entre os agentes envolvidos para a articulação e efetivação da proposta: NEA/INCOOP, Secretaria de Assuntos Estudantis (SAE), MPA, MST e Cen-tro de Estudos e Pesquisas Econômicas (IEPE). Resultados: Após amplas discussões e conversas entre os agentes en-volvidos, optou-se primeiramente pela realização de um projeto piloto nos RUs, sendo inicialmente substituídas as frutas e verduras atualmente oferecidas pelas oriundas das produções de pequenos agricultores da região. O novo cardápio está previsto para entrar em vigor neste espaço no mês de outubro. Conforme for a receptividade destes alimentos, está prevista a ampliação da variedade de pro-dutos. Paralelamente a esta ação, está sendo estudada a possibilidade de recolhimento do óleo de cozinha utiliza-

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do pelos RUs, para reciclagem e transformação em biodie-sel. Conclusões: Esta ação contribuirá a inserção de políti-cas que valorizem os produtos da agricultura camponesa e para a formação e educação dos usuários dos RUs para uma alimentação mais saudável.

INTRODUÇÃO ÀS TÉCNICAS DE VÍDEO PARA USUÁRIOS DE SAÚ-DE MENTALA Oficina de Renda e Trabalho GerAção POA é um gru-po que promove a inclusão social de usuários de saúde mental, através dos princípios da Economia Solidária. O trabalho realizado no empreendimento tem o apoio e assessoria da Secretaria Municipal da Saúde. A produ-ção do grupo é dividida por setores, dentre eles Oficinas de Bijuterias, Cartões, Papéis, Serigrafia e Poesia. Um dos principais produtos elaborados pelos empreendedores

é a agenda anual, a qual envolve todas as Oficinas do grupo. Há dois anos, a cooperativa decidiu investir na produção de um vídeo institucional sobre esse trabalho. Para 2009, o Núcleo de Economia Alternativa da UFRGS e Incubadora Tecnológica de Cooperativas Populares auxiliará na captação de imagens, assim como na pro-dução das entrevistas e na edição final do vídeo. Visan-do, então, integrar os cooperados da GerAção Poa neste trabalho, foi oferecida uma Oficina de Vídeo, no dia 27 de maio deste ano. O objetivo desse trabalho era des-mistificar o uso de câmeras de filmagem profissionais e digitais amadoras, através de uma pequena aula intro-dutória sobre técnicas e uma posterior atividade prática, na qual os oficinandos puderam filmar o que quisessem utilizando-se dos ensinamentos antes demonstrados. O NEA também produziu um material didático sobre tudo o que foi explicado durante a Oficina, com imagens, di-cas e a descrição detalhada de todas as técnicas apre-sentadas durante a aula. Cada oficinando recebeu uma cópia. Para os usuários de saúde mental, a experiência

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é muito importante, visto que poucos tem contato com a tecnologia, especialmente a digital. Além disso, fez com que os empreendedores da GerAção Poá se sen-tissem mais próximos de uma produção acerca do seu trabalho, de forma que, durante as gravações para seu vídeo institucional, possam ajudar com os seus palpites e com o seu aprendizado. Com as imagens capturadas pelos oficinandos, foi produzido e editado um peque-no vídeo para divulgar a Oficina, assim como o traba-lho realizado pelo NEA/INCOOP e pela GerAção Poa. O vídeo está publicado no youtube, onde todos podem ter acesso, através do link http://www.youtube.com/watch?v=CoFnUQU7cRE. Notícias sobre o acontecimen-to também estão no blog do Núcleo, em http://www.neaufrgs.wordpress.com

SERVIÇO DE APOIO À CAPRINO-CULTURA GAÚCHAA caprinocultura constitui-se em atividade de elevada importância sócio-econômica para pequenos e médios produtores rurais. Nos últimos anos verificou-se um au-mento significativo no número de produtores de leite em decorrência da instalação de laticiníos sob inspeção estadual e federal, específicos para processamento do leite caprino, em nosso Estado. Por outro lado, tem au-mentado o número de produtores de caprino tipo car-ne. Estes criadores têm-se organizado em núcleos a fim de garantir a oferta de carne ao mercado consumidor. Um número expressivo de caprinocultores, em especial os detentores de matrizes e reprodutores melhoradores, são associados à Caprisul. Esta entidade é a sub-delega-da do Ministério da Agricultura na emissão dos registros genealógicos em nosso Estado e tem demonstrado inte-resse em trabalhar conjuntamente com a Universidade

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a fim de buscar subsídios para o pleno desenvolvimen-to da produção de caprinos em nosso Estado. Projetos de pesquisa na área de sanidade caprina têm sido re-alizados ao longo dos últimos 10 anos por membros de nosso equipe. Entretanto, com base nas demandas apresentadas pelos sujeitos dos diferentes elos da ca-deia produtiva caprina, elaboraram-se projetos em di-ferentes linhas de pesquisa; entre estas podemos citar: a) pesquisa de mercado - o objetivo é identificar o perfil dos consumidores de produtos de origem caprina e po-tencial de produção e comercialização e segurança ali-mentar; b) qualidade do leite cru armazenado - objetiva identificar os efeitos do armazenamento do leite caprino em diferentes temperaturas, uma vez que esta prática é permitida pela legislação e pode refletir no valor pago ao produtor, considerando o pagamento por qualida-de; c) estabilidade do leite para beneficiamento - tem por objetivo identificar quais a relação entre atributos de qualidade do leite e seu potencial de industrializa-ção; d) comportamento social de cabras - o objetivo é o

de identificar o comportamento entre os indivíduos de diferentes categorias e temperamento e a repercursão deste na sanidade e produtividade do rebanho; e) com-portamento ingestivo - oobjetivo é o de identificar o comportamento alimentar desta espécie e, consequen-temente, estabelecer práticas de manejo que melhor se adaptem à produtividade, tanto de leite quanto carne; f ) boas práticas produtivas - objetiva determinar práticas de manejo que aumentem a produtivdade, respeitando o bem-estar animal e a sustentabilidade do rebanho; g) sanidade animal - o objetivo é identificar métodos diag-nósticos simples para uso pelos produtores. Os projetos tem sido desenvolvidos em propriedades rurais com a participação direta do produtor e discentes (graduação e pós-graduação) da UFRGS e outras universidades. Os resultados obtidos tem sido apresentados à comunida-de em diferentes oportunidades. Em 2008, iniciou-se a realização de dias de campo sendo que no corrente ano o primeiro foi realizado em março (Farroupilha) e o segundo está programa do para outubro (Gravataí). Em

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agosto, durante a realização da Expointer, será realiza-do um encontro de produtores com a presença de pai-nés sobre mercado de leite, nutrição e sanidade animal. Outra forma de contato com a comunidade tem sido a elaboração de textos técnicos para o CapInforma (infor-mativo da Caprisul) que tem tiragem de cerca de 200 exemplares impressos mas também é disponibilizado na forma digital em 3 sites na Internet (http://www.ca-prisul.com.br; http://www.capritec.com.br; http://www.montesaltos.com). Em 2009, já foram publicados 8 tex-tos por integrantes da equipe. Em 2008, criou-se o Nú-cleo de Estudos e pesquisas em Pequenos Ruminantes - NEPPER, o qual divulga eventos, atividades e material de difusão através de um site próprio (http://www.ufrgs.br/nepper). A participação em exposições e feiras ocor-re através apoio técnico no julgamento de admissão e classificação dos animais (jurado na Fenasul e Expoin-ter) bem como na divlgação da espécie caprina (Carrete-ada de Gravataí). Estamos elaborando uma série de pu-blicações para consulta pelos produtores sobre temas

que propiciem o incremento da produtividade: 1) uma cartilha sobre Registro Genealógico está em fase de edi-toração e deverá ser distribuída aos produtores ainda este ano; 2) alunos de pós-graduação estão redigindo uma cartilha sobre manejo sanitáro, com ênfase às do-enças de ocorrência em nosso Estado; 3) os bolsistas da ação de extensão estão elaborando um livro de receitas com carne e leite caprino, enfocando aspectos nutricio-nais destes produtos. Considerando que o aumento da produtividade e, consequntemente a melhoria sócio-econômica dos produtores, só será efetivo se houver um mercado consumidor para os produtos de origem capri-na, os resultados das pesquisas, realizadas até o momen-to (como a de mercado consumidor), tem demonstrado a alta aceitabilidade dos produtos de origem caprina. Entretanto, deve-se ter presente que o mercado consu-midor, cada vez mais, exige quantidade e qualidade dos produtos. Os produtos de origem caprinas produzidos em nosso Estado são de excelente qualidade, conside-rando a qualidade da matéria prima (leite ou carne) pro-

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duzida. Entretanto, ainda enfrentamos problemas com a constância e volume de produção, considerando que a espécie caprina possui ciclo reprodutivo estacional. Outro aspecto importante é o reconhecimento de que cabras possuem comportamento ingestivo e social di-ferente de outras espécies e este é um fator importante para produção, respeitando os aspectos de bem estar dos animais. Sabe-se que muito ainda há por aprender sobre esta espécie nos sistemas produtivos (intensivo e semi-intensivo) utilizados na produção desta espécie, porém a parceria entre a Universidade e a comunidade, com ênfase aos produtores, possibilitará o desenvolvi-mento sustentável da cadeia produtiva caprina em nos-so Estado.

PRODUÇÃO E SANIDADE NA CRIAÇÃO DE VACAS LEITEIRAS NO ASSENTAMENTO JÂNIO GUE-DES DE SAILVEIA, EM SÃO JERÔ-NIMO/RSO assentamento da reforma agrária Jânio Guedes da Silvei-ra, localizado no município de São Jerônimo, na Depressão Central do estado do Rio Grande do Sul é um assentamen-to sob responsabilidade do Estado do Rio Grande do Sul. A sua área aproximada é de 960 ha, onde estão assentadas 59 famílias, distribuídas em lotes médios de 15 ha. A pro-dução agrícola e pecuária dentro do assentamento ainda encontra-se em fase de organização, entre outros motivos devido dificuldades de ingressos econômicos e de crédito. Dessa forma a prioridade nesse momento é a produção para auto consumo com a venda de alguns excedentes, principalmente o arroz, pela aptidão da terra e o leite e seus

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derivados pela experiência trazida por esses agricultores ao longo de suas trajetórias. A partir dessas constatações es-tão previstas estratégias pedagógicas para a educação em saúde e produção animal, bem como em relação a saúde humana. Metodologia Para a realização da ação, foi com-posto um questionário para que as informações necessá-rias fossem coletadas a fim de atingir o objetivo proposto. O questionário foi inicialmente testado em uma das famílias, sendo avaliado, corrigido e ampliado a fim de caracterizar o sistema de produção leiteira, os problemas encontrados nos diferentes lotes, bem como a visão de cada família so-bre este tipo de criação e as doenças que envolvem o reba-nho bovino leiteiro. Além das questões específicas, foram contempladas questões referentes ao histórico de cada família assentada e sua inserção na luta pela terra, aproxi-mando o aluno do contexto social em que os assentados estão inseridos, sendo este entendimento considerado fun-damental quando se propõem a criação de medidas miti-gatórias de extensão rural dentro dos movimentos sociais. O questionário foi estruturado contendo perguntas estru-

turadas fechadas e abertas a fim de colher de forma mais adequada todas as informações necessárias. As entrevistas foram realizadas durante visitas feitas ao assentamento. As famílias escolhidas para a entrevista foram selecionadas de forma a contemplar as mais representativas do sistema de produção existente no assentamento. Resultados parciais: Até o momento com os dados obtidos nas doze entrevistas realizadas foi possível verificar que as famílias são essencial-mente de origem rural, com exceção de uma. Dessa famí-lias, cinco já estão produzindo leite para comercialização, seis vendem apenas o excedente, e uma não comercializa. As principais dificuldades relatadas pelos entrevistados di-zem respeito a garantia de alimentação de forma regular o ano todo aos animais, sendo necessário dessa forma a in-trodução de ração industrializada durante os períodos mais crítico pelos agricultores que comercializam leite. Além de ração também são utilizados como complementação ali-mentar aipim, milho picado, sal comum e mineral. Da su-perfície total dos lotes, em média são ocupados 8 ha pra a produção leiteira. Os animais são mantidos em sistema ex-

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tensivo com alguma divisão de piquetes, porém bastante incipiente. No entanto as famílias que comercializam leite já estão alterando os seus sistemas produtivos através da di-visão dos potreiros e implantação do sistema de Pastoreio Rotacionado Voisin, principalmente nas duas Unidades de Referencia de Produção Leiteira criadas pela EMATER/RS no assentamento. Em média as famílias possuem um rebanho bovino composto por 15 animais, tendo uma média de 3 vacas em lactação por lote. A produção diária consideran-do o objetivo da produção, são de 11,5 litros de leite/vaca/dia em média nas famílias que comercializam e de 3,4 litros/leite/vaca para as que não comecializam. Com relação aos investimentos realizados pelas famílias na produção leitei-ra, observou-se que, sete das doze famílias entrevistadas (58%) já possuem ordenha mecânica e dessas a maioria já investiu na construção da sala de ordenha. Como nem todas estão prontas algumas ainda realizam a ordenha no galpão de alimentação e duas no campo. Atualmente o as-sentamento possui dois resfriadores de expansão, com ca-pacidades de mil e de quinhentos litros, localizados em di-

ferentes lotes e utilizados coletivamente pelas seis famílias (50%) que estão comercializando. Com relação as questões de higiene na produção constatou-se que existem proble-mas relativos a falta de cuidados mínimos de higiene duran-te a realização da ordenha como lavagem e secagem dos tetos e das mãos do ordenhador, desprezo dos primeiros jatos de leite, limpeza do local de ordenha, pois verificou-se a existência de barro, esterco, poeira no local de ordenha. Também constatou-se somente dois utilizam algum tes-te para verificar a ocorrência de mamite. Esses problemas foram atribuídos, na sua grande maioria, pela falta de as-sistência técnica. No momento duas famílias estão sendo monitoradas pela Emater e serão as Unidades de Referen-cia da Produção Leiteria do assentamento. Cabe salientar também que foi apenas a partir desse ano que a Emater co-meçou a dar assistência ao assentamento. Ainda dentro das questões sanitárias e de produção, os assentados relataram saber identificar quando os animais estão doentes, obser-vando principalmente as mudanças de comportamento como: apatia, param de ruminar (“mastigar”), presença de

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