Sessões de Debate Caetés

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Anotações/rascunho para aula a respeito de Caetés

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Sesses de Debate Caets (1933), de Graciliano Ramos

Livro escrito entre 1925 e 1928, G.R. o termina quando tem 34 anos, mas s o publica aos quarenta anos.

Biografia empenhada: Nasceu em Quebrangulos (AL), em 1892. (Primognito de dezesseis irmos!) Aps alguma atividade literria anteriores, chega a publicar sonetos regularmente na revista O Malho (RJ), sob diversos pseudnimos, alm de colaborar com jornais de Macei. Vai tentar a vida no Rio de Janeiro, como jornalista, em 1914, mas volta a Palmeira dos ndios (AL) s pressas, pela morte de trs irmos (epidemia de peste bubnica) cidade em que a passa a residir. Foi prefeito de Palmeira dos ndios (AL), entre 1928 e 1930. Seus relatrios ao governador, fortes e irnicos, teriam despertado interesse da editora Schmidt (RJ) de Augusto Frederico Schmidt. a cidade escolhida por Nelson Pereira dos Santos para filmar Vidas Secas (1963). Com o Estado Novo, preso duas vezes, 1936-1937 (da priso, v seu terceiro livro, Angstia, ganhar o Prmio Lima Barreta). Filiou-se ao partido comunista em agosto de 1945, a pedido do secretrio Lus Carlos Prestes. Autores prediletos: Manuel Antnio de Almeida, Machado de Assis, Jorge Amado, Jos Lins do Rego (que foi um de seus melhores amigos e intercedeu junto a Getlio, encurtando sua priso) e Rachel de Queiroz. Morre em 1953, no Rio de Janeiro, de cncer no pulmo.

Romance: Dilogo com o texto No aparecimento de Caets, em Fico e confisso, de Antonio Candido. O livro narrado pelo moo solteiro Joo Valrio sempre sabedor na avaliao de melhor ou pior partida, p.198 , que trabalha como caixeiro na firma de uma pequena cidade. Esse modesto funcionrio est escrevendo um livro sobre os ndios no sculo XVI, Caets, e acaba escrevendo um segundo Caets, o que o leitor tem em mos (abandonando o primeiro projeto). Ler o comeo do livro, p.75. A virtude de descerrar imediatamente a ao, a forma como isso se desdobra e no se desdobra ao longo do romance. Ao longo do processo, sua ideia fixa Luiza, esposa de Adrio, um homem importante na cidade. Os dois chegam a ser amantes eventuais. Numa acelerao dos fatos, no desfecho do romance, Adrio recebe uma carta annima acusando a traio e vai visitar Joo Valrio, pedindo pra que ele deixe a cidade. Na noite subsequente, o caixeiro vai atrs das pessoas que poderiam concretizar isso e acaba numa mesa de pquer. Na manh do dia posterior, Adrio se d um tiro no peito, agonizando por dias at morrer. Joo Valrio permanece dois meses sem ir visitar Luiza. Quando finalmente a visita, o romance se desenlaa, friamente (p.250). Leitura da p.237, de como as pessoas dormiam como selvagens zelando por Adrio. A maneira como o romance adltero termina acaba por funcionar como uma ironia custica a respeito de uma concepo romntica de mundo Joo Valrio amava Luiza s para ter lan para escrever seu romance? Trs questes formais: Parte das fraturas do livro se remete tentativa de construir um romance narrado em primeira pessoa, mas que segue adiante sobremodo a partir de dilogos. Se por um lado consegue recuperar os aspectos provincianos de cidadezinha, por outro no d completude maioria das personagens em determinados momentos, o leitor pode mesmo se perder no caleidoscpio de gentes. (Salvo talvez Clamentina, Isidora, Dr. Liberato...) O estilo sucinto, spero, impactante que caracterizar o estilo de Graciliano j aparece neste romance. O uso de anacolutos, frases curtas, o humor cido, a ironia mordaz; a sensao de que temos um grande romancista exercitando sua escrita. Exemplo de humor em Graciliano, p.129-130. Ou a buchada de gente, p.154-155. A comparao j to feita com Machado justifica-se em parte pelo ceticismo que atravessa obra e personagens, como se no houvesse sada fcil para os muitos impasses nesse sentido, no incorre na utopia fantasiosa de Jorge Amado, por exemplo. No se justifica, em contrapartida, porque o acerto decorre de outro recorte da estrutura social, prefere os coitados, os arrivistas, os midos aos bem postos. Leitura do desfecho do romance, p.254.2