54
SILAS FERNANDES ETO ESTUDO DAS VIAS DE INOCULAÇÃO SOBRE A RESPOSTA IMUNE HUMORAL E CARACTERÍSTICAS HISTÓLOGICAS DO BAÇO DE GALINHAS POEDEIRAS IMUNIZADAS COM HEMÁCIA DE CARNEIRO LONDRINA 2010

SILAS FERNANDES ETO - Livros Grátislivros01.livrosgratis.com.br/cp145630.pdf · silas fernandes eto estudo das vias de inoculaÇÃo sobre a resposta imune humoral e caracterÍsticas

  • Upload
    ngohanh

  • View
    215

  • Download
    0

Embed Size (px)

Citation preview

Page 1: SILAS FERNANDES ETO - Livros Grátislivros01.livrosgratis.com.br/cp145630.pdf · silas fernandes eto estudo das vias de inoculaÇÃo sobre a resposta imune humoral e caracterÍsticas

SILAS FERNANDES ETO

ESTUDO DAS VIAS DE INOCULAÇÃO SOBRE A RESPOSTA

IMUNE HUMORAL E CARACTERÍSTICAS HISTÓLOGICAS

DO BAÇO DE GALINHAS POEDEIRAS IMUNIZADAS COM

HEMÁCIA DE CARNEIRO

LONDRINA

2010

Page 2: SILAS FERNANDES ETO - Livros Grátislivros01.livrosgratis.com.br/cp145630.pdf · silas fernandes eto estudo das vias de inoculaÇÃo sobre a resposta imune humoral e caracterÍsticas

Livros Grátis

http://www.livrosgratis.com.br

Milhares de livros grátis para download.

Page 3: SILAS FERNANDES ETO - Livros Grátislivros01.livrosgratis.com.br/cp145630.pdf · silas fernandes eto estudo das vias de inoculaÇÃo sobre a resposta imune humoral e caracterÍsticas

SILAS FERNANDES ETO

ESTUDO DAS VIAS DE INOCULAÇÃO SOBRE A RESPOSTA

IMUNE HUMORAL E CARACTERÍSTICAS HISTÓLOGICAS

DO BAÇO DE GALINHAS POEDEIRAS IMUNIZADAS COM

HEMÁCIA DE CARNEIRO

Dissertação apresentada ao programa de Mestrado e

Doutorado em Patologia Experimental da

Universidade Estadual de Londrina, como requisito

parcial à obtenção do título de Mestre em Patologia

Experimental.

Orientador: Prof. Dr. Emerson José Venâncio

LONDRINA

2010

Page 4: SILAS FERNANDES ETO - Livros Grátislivros01.livrosgratis.com.br/cp145630.pdf · silas fernandes eto estudo das vias de inoculaÇÃo sobre a resposta imune humoral e caracterÍsticas

Catalogação elaborada pela Divisão de Processos Técnicos da Biblioteca

Central da Universidade Estadual de Londrina.

Dados Internacionais de Catalogação-na-Publicação (CIP)

E85e Eto, Silas Fernandes.

Estudo das vias de inoculação sobre a resposta imune humoral e características

histológicas do baço de galinhas poedeiras imunizadas com hemácia de carneiro /

Silas Fernandes Eto. – Londrina, 2010.

49 f. : il.

Orientador: Emerson José Venâncio.

Dissertação (Mestrado em Patologia Experimental) Universidade Estadual de

Londrina, Centro de Ciências Biológicas, Programa de Pós-Graduação em Patologia Experimental, 2010.

Inclui bibliografia.

1. Imunologia veterinária – Teses. 2. Galinha – Imunologia – Teses. 3. Resposta imune –

Teses. 4. Ave – Baço – Histologia – Teses. 5. Anticorpos policlonais – Teses. 6.

Imunoglobulinas – Teses. 7. Carneiro – Eritrócitos – Teses. I. Venâncio, Emerson José. II.

Universidade Estadual de Londrina. Centro de Ciências Biológicas. Programa de Pós-

Graduação em Patologia Experimental. III. Título.

CDU 619:577.27

Page 5: SILAS FERNANDES ETO - Livros Grátislivros01.livrosgratis.com.br/cp145630.pdf · silas fernandes eto estudo das vias de inoculaÇÃo sobre a resposta imune humoral e caracterÍsticas

SILAS FERNANDES ETO

ESTUDO DAS VIAS DE INOCULAÇÃO SOBRE A RESPOSTA IMUNE

HUMORAL E CARACTERÍSTICAS HISTÓLOGICAS DO BAÇO DE

GALINHAS POEDEIRAS IMUNIZADAS COM HEMÁCIA DE

CARNEIRO

Dissertação apresentada ao programa de Mestrado e

Doutorado em Patologia Experimental da

Universidade Estadual de Londrina, como requisito

à obtenção do título de Mestre em Patologia

Experimental.

COMISSÃO EXAMINADORA

__________________________________

Prof. Dr. Emerson José Venancio

Universidade Estadual de Londrina

____________________________________

Prof. Dr. Mario Agusto Ono

Universidade Estadual de Londrina

____________________________________

Profª Drª Solange de Paula Ramos

Universidade Estadual de Londrina

Londrina, __ de ________ de 2010.

Page 6: SILAS FERNANDES ETO - Livros Grátislivros01.livrosgratis.com.br/cp145630.pdf · silas fernandes eto estudo das vias de inoculaÇÃo sobre a resposta imune humoral e caracterÍsticas

Aos meus amados pais, Antonio Kusuo Eto e

minha mãe Cláudia Pinto Brandão Eto, e meus

amados irmãos, José Alberto Brandão Pires,

Claudia Brandão Pires Thomé e Antonio Vitor

Brandão Eto, pelo grande apoio e dedicação em

todas as etapas de minha vida.

Page 7: SILAS FERNANDES ETO - Livros Grátislivros01.livrosgratis.com.br/cp145630.pdf · silas fernandes eto estudo das vias de inoculaÇÃo sobre a resposta imune humoral e caracterÍsticas

AGRADECIMENTOS

Agradeço primeiramente ao Senhor Deus, pela vida e por permitir redescobrir um

pouco de sua criação.

Ao meu honrado e amado pai Antonio Kussuo Eto, que alem de permitir meu

primeiro sopro de vida e me conduzir a este mundo, foi meu mestre maior conduzindo este

jovem aos bons caminhos e permitindo a oportunidade deste mesmo jovem de enxergar a

longe.

A minha nobre mãezinha Cláudia Brandão Eto, que com todo amor adotou este

jovem como fruto de seu próprio ventre.

Ao meu nobre Orientador Prof. Dr. Emerson José Venâncio, que em conjunto a

meus amados familiares, prosseguiu com o treinamento deste jovem abrindo as portas e me

elevando na escadaria da ciência.

Meus sinceros agradecimentos especiais ao nobre Prof. Dr. João Waine Pinheiros,

pela valiosa amizade, sendo peça chave para o desenvolvimento do trabalho, e pela confiança

depositada neste jovem.

A todos os honrados amigos do laboratório de Imuno IV, agradeço pela a amizade

e a sabedoria transmitida, gostaria de citar todos, porem graças a Deus vocês são muito, e em

meu coração tenho todos os nomes gravados a fogo.

Em particular o nobre amigo e conselheiro Doutorando Fábio Goulart de Andrade,

que em todos os momentos foi um grande amigo e grande orientador na vida e na ciência.

A nobre amiga e eterna orientadora Prof. Drª. Solange de Paula Ramos, pela

maravilhosa amizade, e por sua paciência inesgotável.

Aos nobres Professores Doutores do corpo docente da Pós Graduação em

Patologia Experimental, em particular a nobre Prof. Drª. Maria Angélica Ehara Watanabe e o

nobre Prof. Dr. Phileno Pinge Filho e o honrado Prof. Dr. Mário Augusto Ono pelos valorosos

conselhos e sua inestimável amizade.

Aos nobres amigos do laboratório de Patologia Clínica Veterinária–UEL, pela

grande amizade e por serem peças chave para meu trabalho.

Gostaria aqui em particular agradecer a todos os amigos técnicos que me deram o

maior tesouro que é o conhecimento, escrevo e guardo o nome de cada um de vocês em meu

coração

Page 8: SILAS FERNANDES ETO - Livros Grátislivros01.livrosgratis.com.br/cp145630.pdf · silas fernandes eto estudo das vias de inoculaÇÃo sobre a resposta imune humoral e caracterÍsticas

ETO, Silas Fernandes. Estudo das vias de inoculação sobre a resposta imune humoral e

características histológicas do baço de galinhas poedeiras imunizadas com hemácia de

carneiro. 2010. 49 fls. Dissertação (Mestrado em Patologia Experimental) – Universidade

Estadual de Londrina, 2010.

RESUMO

O objetivo do trabalho foi comparar o efeito das vias de inoculação, na resposta imune

humoral de galinhas poedeiras da linhagem White Leghorn e Isa Brown imunizadas com

hemácia de carneiro, avaliar a produção de anticorpos anti-hemácia de carneiro das classes

IgM e IgY e a produção de anticorpos naturais anti-hemácia de coelho. Também foi analisado

as características histológica do baço das galinhas imunizadas com hemácia de carneiro. A via

de inoculação mais eficiente na produção de anticorpos foi a via endovenosa, em ambas as

linhagens testadas, porém a via intramuscular induziu o aumento dos níveis de anticorpos da

classe IgM nas aves da linhagem White Leghorn. A via intraperitoneal se mostrou mais

eficiente na produção de anticorpos totais do que a via endovenosa nas galinhas Isa Brown.

Porém, os níveis de anticorpos da classe IgY são menores. A análise histológica do baço

revelou o aumento das áreas de polpa branca e B dependente nas aves da linhagem Isa Brown.

Palavras-chave: Vias de inoculação. Hemácia de carneiro. Anticorpos naturais e baço.

Page 9: SILAS FERNANDES ETO - Livros Grátislivros01.livrosgratis.com.br/cp145630.pdf · silas fernandes eto estudo das vias de inoculaÇÃo sobre a resposta imune humoral e caracterÍsticas

ETO, Silas Fernandes. Study of inoculation routes on the humoral immune response and

histological features of the spleen of hens immunized with sheep erythrocytes. 2010. 49 p.

Thesis (Master’s Degree in Experimental Pathology) - Universidade Estadual de Londrina,

2010.

ABSTRACT

The aim of this work was to compare the effect of different routes of inoculation on humoral

immune response of White Leghorn e Isa Brown chickens immunized with sheep red blood

cells, to analyse anti- sheep red blood cells IgM and IgG antibodies and natural anti-rabbit

antibodies production. It was also characterized the histological features of spleen of sheep

red blood cells immunized chickens. The most efficient route of inoculation was the

endovenous one, in both strains, but intramuscular route induces a significant increase of IgM

levels in White Leghorn animals. The intraperitoneal route was more efficient than

endovenous one in total antibodies production in Isa Brown chickens. However IgY

antibodies levels were decreased. The spleen analysis demonstrated increased white pulp and

B cell areas in Isa Brown animals.

Key words: Routes of inoculation, sheep red blood cells, antibodies, spleen.

Page 10: SILAS FERNANDES ETO - Livros Grátislivros01.livrosgratis.com.br/cp145630.pdf · silas fernandes eto estudo das vias de inoculaÇÃo sobre a resposta imune humoral e caracterÍsticas

LISTA DE FIGURAS

Figura 1. Títulos de anticorpos totais, IgY e IgM no soro das aves da linhagem White

Leghorn após imunização com SRBC .................................................................... 33

Figura 2. Títulos de anticorpos naturais totais, IgY e IgM no soro das aves da linhagem

White Leghorn após imunização com SRBC .......................................................... 34

Figura 3. Análise histológica das áreas de polpa vermelha e branca e do número de

centro germinativos de baços de animais linhagem White legohrn submetidos

a estimulação antigênica ......................................................................................... 35

Figura 4. Títulos de anticorpos totais, IgY e IgM no soro das aves da linhagem Isa

Brown após imunização com SRBC ....................................................................... 36

Figura 5. Títulos de anticorpos naturais totais, IgY e IgM no soro das aves da linhagem

Isa Brown após imunização com SRBC ................................................................. 37

Figura 6. Análise histológica das áreas de polpa vermelha e branca e do número de

centro germinativos de baços de animais linhagem Isa Brown submetidos a

estimulação antigênica. * médias diferem significativamente em relação ao

grupo controle (P <0,05). # médias diferem significativamente em relação ao

grupo i.v. (P <0,05) ................................................................................................. 38

Figura 7. Analise de correlação entre a produção de anticorpos da classe IgY e número

de centro germinativos Experimento I galinhas da linhagem White legohrn e

Experimento II galinhas da linhagem Isa Brown submetidos a estimulação

antigênica ................................................................................................................ 39

Page 11: SILAS FERNANDES ETO - Livros Grátislivros01.livrosgratis.com.br/cp145630.pdf · silas fernandes eto estudo das vias de inoculaÇÃo sobre a resposta imune humoral e caracterÍsticas

LISTA DE ABREVIATURAS

APCs Células apresentadoras de antígeno

BASP Peptídeo anti-esteroidogênico Bursais

ENAC Células não-linfóides associadas

FDC Células dendríticas foliculares

GALT Tecidos linfóides associados à mucosa do sistema digestivo

HSB Soro albumina humana

IL Interleucinas

im Intramuscular

INF- γ Interferon-gamma

Ip Intraperitoneal

Iv intravenoso

MALTs Tecidos Linfóides Associados à Mucosa

MHC Complexo principal de histocompatibilidade

PALS Bainha Linfóide Periarteriolar

PVC Vênulas pós capilares

PWP Arteríolas penincilares

sc Subcutâneo

SRBC Hemácia e Carneiro (sheep red blood cells)

TGF-α Fator de crescimento transformador alfa

TGF-β Fator de crescimento transformador beta

Page 12: SILAS FERNANDES ETO - Livros Grátislivros01.livrosgratis.com.br/cp145630.pdf · silas fernandes eto estudo das vias de inoculaÇÃo sobre a resposta imune humoral e caracterÍsticas

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................. 11

2 REVISÃO DE LITERATURA .......................................................................................... 12

2.1 IMUNOFISIOLOGIA DAS AVES .............................................................................................. 12

2.2 MECANISMOS DE ATIVAÇÃO DO SISTEMA IMUNE INATO E ADQUIRIDO EM AVES ............... 15

2.3 RESPOSTA IMUNE CELULAR EM AVES ................................................................................ 16

2.4 RESPOSTA IMUNE HUMORAL EM AVES ............................................................................... 17

2.4.1 Desenvolvimento e Sobrevivência de Células B na Bursa de Fabrícius e

Produção de Imunoglobulinas ................................................................................................. 17

2.4.2 Imunoglobulinas em Aves .............................................................................................. 18

2.4.3 Mecanismos de Transferência de Anticorpos Maternais em Aves ................................ 19

2.4.4 Anticorpos Naturais em Aves ......................................................................................... 19

2.4.5 Produção de Anticorpos IgY .......................................................................................... 20

2.4.6 Vias de Inoculação e Resposta Imune em Baço de Aves Imunoestimuladas ................. 21

3 OBJETIVOS ....................................................................................................................... 25

3.1 OBJETIVO GERAL ................................................................................................................ 25

3.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS ..................................................................................................... 25

4 MATERIAIS E MÉTODOS .............................................................................................. 26

4.1 ANIMAIS ............................................................................................................................. 26

4.2 PROCEDIMENTOS EXPERIMENTAIS ...................................................................................... 26

4.2.1 Seleções dos Animais (Controle da Postura) .................................................................. 26

4.2.2 Formação dos Grupos Experimentais ............................................................................. 27

4.2.3 Imunização e Obtenção de Amostras Biológicas ........................................................... 27

4.3 PREPARO DO ANTÍGENO ...................................................................................................... 27

4.5 CARACTERIZAÇÃO SOROLÓGICA, HISTOLÓGICA E MORFOMÉTRICA ................................... 28

4.5.1 Dosagem de Anticorpos Séricos ..................................................................................... 28

4.5.2 Coleta do Baço ............................................................................................................... 29

4.5.3 Processamento do Material Histológico ......................................................................... 29

4.5.4 Morfometria .................................................................................................................... 30

Page 13: SILAS FERNANDES ETO - Livros Grátislivros01.livrosgratis.com.br/cp145630.pdf · silas fernandes eto estudo das vias de inoculaÇÃo sobre a resposta imune humoral e caracterÍsticas

4.6 ANÁLISE ESTATÍSTICA ........................................................................................................ 30

5 RESULTADOS ................................................................................................................... 31

6 DISCUSSÃO ....................................................................................................................... 40

CONCLUSÕES ...................................................................................................................... 44

REFERÊNCIAS .................................................................................................................... 45

Page 14: SILAS FERNANDES ETO - Livros Grátislivros01.livrosgratis.com.br/cp145630.pdf · silas fernandes eto estudo das vias de inoculaÇÃo sobre a resposta imune humoral e caracterÍsticas

11

1 INTRODUÇÃO

O estudo do sistema imune das aves tem despertado o interesse de pesquisa

devido a diversas razões, entre elas o surgimento de novas pandemias relacionadas ao vírus da

gripe aviária (DAVISON, 2003). As aves são animais migratórios e podem ser o reservatório

para diversos patógenos, por isso, a compreensão dos mecanismos dos mecanismos de ação

do sistema imune das aves pode contribuir para o desenvolvimento de novas metodologias de

imunização, prevenção e controle destas pandemias (DAVISON, 2003).

Outra razão para estudos do sistema imune das aves é o interesse comercial,

uma vez que o consumo e a produção de carne ou de ovos de aves têm aumentado devido

principalmente à expansão populacional e ao aumento da demanda por alimentos de baixo

custo (DAVISON, 2003).

Além disso, os estudos sobre a produção de anticorpos específico da classe

IgY em aves têm permitido o desenvolvimento de novas tecnologias e alternativas na

prevenção e tratamento de doenças infecciosas e crônicas em humanos e animais

(CHACANA et al., 2004). O uso de anticorpos da classe IgY tem inúmeras vantagens em

relação ao uso de anticorpos da classe IgG de mamíferos, por exemplo, a obtenção de

anticorpos IgY a partir da gema do ovo, evitando a sangria e contribuindo para o bem estar do

animal usado na produção de anticorpos (CARLANDER, 2002; CHACANA et al., 2004). Os

IgY quando utilizados em ensaios biológicos e terapêuticos em mamíferos, não apresentam

reação cruzada com o fator reumatóide e não provocam a ativação do sistema complemento,

com a ativação da via clássica (CHACANA et al., 2004). Estas particularidades funcionais

estão relacionadas à distância filogenética entre os dois grupos (CARLANDER, 2002). Por

isso, estudos do sistema imune das aves podem contribuir para o desenvolvimento e

aperfeiçoamento de métodos de produção de anticorpos policlonais em aves e,

conseqüentemente, para o desenvolvimento de novas tecnologias de imunoterapia e

imunodiagnóstico (LI et al., 1998; CHACANA et al., 2004).

Neste contexto, este estudo teve como objetivo avaliar as características

histológicas de órgãos e tecidos linfóides em galinhas poedeiras inoculadas com hemácias de

carneiro por diferentes vias à fim de contribuir para o melhor entendimento da dinâmica de

produção de anticorpos em aves e para o estabelecimento de novos protocolos de imunização

que otimizem a produção de anticorpos em aves.

Page 15: SILAS FERNANDES ETO - Livros Grátislivros01.livrosgratis.com.br/cp145630.pdf · silas fernandes eto estudo das vias de inoculaÇÃo sobre a resposta imune humoral e caracterÍsticas

12

2 REVISÃO DE LITERATURA

2.1 IMUNOFISIOLOGIA DAS AVES

O sistema imune das aves é funcionalmente semelhante ao dos mamíferos,

sendo constituído por vários mecanismos de defesa contra microorganismos (ABBAS;

LICHTMAN; POBER, 2000; GLICK; OLAH, 1981; ERF, 2008). Estes mecanismos incluem

barreiras físicas, químicas e biológicas tais como a pele e a mucosa; citocinas, peptídeos

antimicrobianos e os componentes do sistema complemento, células (linfócitos, macrófagos,

neutrófilos e células dendríticas) e tecidos e órgãos linfóides (ERF, 2008; ABBAS;

LICHTMAN; POBER, 2000).

Nas aves, os leucócitos, trombócitos e eritrócitos são gerados na medula

óssea. Local onde os eritrócitos, os heterófilos, basófilos e eosinófilos e monócitos sofrem o

processo de desenvolvimento e maturação e migram para a circulação sistêmica e para tecidos

e órgãos linfóides secundários (MACARI; FURLAN; GONZALES, 2002; CAMPBELL,

2004; FERRO et al., 1994).

A resposta imune das aves pode ser dividida em resposta imune inata, que

representa a primeira linha de defesa de um organismo após o rompimento das barreiras

físicas, químicas e biológicas iniciais, e a resposta imune adaptativa (ERF, 2008; STAR et al.,

1979). A resposta imune inata envolve a participação de células fagocíticas, moléculas do

sistema complemento e anticorpos naturais, entre outras moléculas, além de células não

linfóides (ABBAS; LICHTMAN, POBER, 2000; ERF, 2008; STAR et al., 1979). Por outro

lado, a resposta imune adaptativa é o resultado da cooperação entre linfócitos T e B, células

apresentadoras de antígenos e anticorpos específicos, e tem duas propriedades básicas: a

especificidade e a memória imunológica (ABBAS; LICHTMAN; POBER, 2000). A

especificidade é a capacidade da molécula de anticorpo e dos receptores de membrana dos

linfócitos T se ligarem ao antígeno específico. Enquanto a memória imunológica é um

fenômeno relacionado à expansão clonal, ocorrendo a diferenciação de células, efetoras e de

memória, a partir de um linfócito B ou T específico para um antígeno. As células de memória

são células que têm a mesma especificidade do linfócito B do qual são originadas e

sobrevivem no organismo por um longo período de tempo (ABBAS; LICHTMAN; POBER,

2000; JANEWAY, 2000; FELLAH; JAFFREDO; DUNON, 2008).

Page 16: SILAS FERNANDES ETO - Livros Grátislivros01.livrosgratis.com.br/cp145630.pdf · silas fernandes eto estudo das vias de inoculaÇÃo sobre a resposta imune humoral e caracterÍsticas

13

A reposta imune inata é composta de células fagocíticas, heterófilos,

monócitos e células dendríticas, moléculas do sistema complemento e anticorpos naturais da

classe IgM, IgA e IgY. A fagocitose ocorre diretamente por meio de receptores de

reconhecimento de padrão presentes na superfície da membrana nos fagócitos, por

opsonização dos microrganismos por anticorpos ou moléculas do sistema complemento. A

fagocitose e a apresentação do antígeno interligam a resposta imune inata à resposta imune

adaptativa, colaborando para a eliminação e neutralização do patógeno ou agente agressor

(SCOTT, 2004; ABBAS; LICHTMAN; POBER, 2000). Desta forma, a resposta imune

adaptativa pode potencializar a resposta imune inata, facilitando a captura e fagocitose do

microrganismo. Por outro lado, a resposta imune inata estimula a reposta imune adaptativa

por meio da captura do antígeno por células especializadas, conhecidas com células

apresentadoras de antígeno (APCs), que apresentam peptídeos antigênicos aos linfócitos T,

via moléculas de histocompatibilidade principal de classe II, e estimulam a ativação e

produção de anticorpos pelos linfócitos B (ABBAS; LICHTMAN; POBER, 2000; ERF,

2008).

Os heterófilos são células semelhantes funcionalmente aos neutrófilos dos

mamíferos: apresentam núcleo segmentado (dois a três lóbulos), com heterocromatina

formando massa densa e seus grânulos citoplasmáticos específicos são elípticos e esféricos de

coloração acidófila (MACARI; FURLAN; GONZALES, 2002; CAMPBELL, 2004). Os

heterófilos são as primeiras células a migrarem para o sítio inflamatório, além de realizarem

fagocitose, também produzem citocinas pró-inflamatórias, tais como a interleucina 1 beta (IL-

1β), IL-6 e IL-8. A expressão destas citocinas foi de mostrado durante a resposta a Salmonella

enterites. Estas citocinas apresentam propriedades quimiotáxicas e induzem a maturação e

diferenciação de leucócitos, em aves (FERRO et al., 1994).

Uma particularidade do sistema imune das aves é o papel dos trombócitos

no sistema imune inato. Estas células apresentam núcleo e são funcionalmente semelhantes às

plaquetas dos mamíferos. Elas têm função hemostática, participando na cascata de

coagulação, e uma atividade fagocítica semelhantes a dos heterófilos (MACARI; FURLAN;

GONZALES, 2002; CAMPBELL, 2004; QURESHI; HUSSAIN; HEGGEN, 1998).

A resposta imune adaptativa pode ser subdividida em resposta imune

humoral e em resposta imune celular. A primeira tem como moléculas efetoras os anticorpos

produzidos pelos plasmócitos. A resposta imune humoral é em parte, dependente dos

linfócitos T auxiliares (CD4+), especificamente a população de células efetora auxiliares do

tipo 2 (T helper 2, Th2). Esta resposta é mais eficiente na eliminação de microorganismos

Page 17: SILAS FERNANDES ETO - Livros Grátislivros01.livrosgratis.com.br/cp145630.pdf · silas fernandes eto estudo das vias de inoculaÇÃo sobre a resposta imune humoral e caracterÍsticas

14

extracelulares (ERF, 2008; JANEWAY, 2000). A imunidade celular é dirigida contra

patógenos intracelulares (vírus, bactérias e parasitas intracelulares) ou contra células alteradas

do próprio organismo. Esta resposta é dependente de linfócitos T CD4+ da sub-população

efetora Th1, linfócitos T CD8+ (citotóxico) e células Natural Killer (NK) (ERF, 2008).

Eosinófilos de aves são homólogos ao tipo celular de mamíferos que recebe

o mesmo nome (BANKS, 1992). A ação deste tipo celular está relacionada ao ataque de

membrana plasmática da célula infectante por degranulação de enzimas digestivas. Atuam

também por liberação de grânulos que contêm histaminase, uma enzima que degrada a

histamina encontrada nos basófilos e mastócitos, moderando assim as reações de anafilaxia.

Nas reações imunológicas frente a parasitemias, não se percebe eosinofilia, indicando que as

aves não reagem da mesma forma que os mamíferos a este estímulo imunológico

(ANDREASEN; LATIMER, 1990; MORGULIS, 2002).

Os macrófagos desempenham um papel importante da defesa inata das aves,

atuando imediatamente quando um microorganismo invade o hospedeito e também como

célula efetora durante a fase tardia na imunidade adquirida. Os macrófagos apresentam

funções antimicrobianas, fagocíticas e antitumorais e agem como células regulatórias através

da produção de citocinas e outros metabólitos. Os monócitos são as principais células

fagocíticas presentes no sangue das galinhas, enquanto os macrófagos teciduais são

encontrados em quase todos os órgãos (JEURISSEN; JANSE, 1994; QURESHI; HEGGEN;

HUSSAIN, 2000).

Os linfócitos T e B se desenvolvem na medula óssea das aves e sofrem

maturação e diferenciação em outros órgãos linfóides primários. O timo é o local de

diferenciação dos linfócitos T, enquanto a bursa de Fabricíus é o local de diferenciação de

linfócitos B. Após o processo de diferenciação e maturação os linfócitos migram para os

tecidos e órgãos linfóides secundários (ABBAS; LICHTMAN; POBER, 2000; ERF, 2008;

JANEWAY, 2000; GLICK; OLAH, 1981).

A bursa de Fabrícius localizada na região da cloaca. Este órgão possui o

micro ambiente ideal para a diferenciação dos linfócitos B e sua importância na diferenciação

destas células foi demonstrada em ensaios onde animais bursectomizados perderam a

capacidade de montar uma resposta imune humoral (GLICK; OLAH, 1981).

Os linfócitos T diferenciam-se no timo, órgão formado por sete lóbulos,

localizado na região dorsal do pescoço, paralelo a veia jugular. Após a diferenciação, os

linfócitos migram para a circulação sanguínea e para os órgãos e tecidos linfóides secundários

(GLICK; OLAH, 1981).

Page 18: SILAS FERNANDES ETO - Livros Grátislivros01.livrosgratis.com.br/cp145630.pdf · silas fernandes eto estudo das vias de inoculaÇÃo sobre a resposta imune humoral e caracterÍsticas

15

Os tecidos linfóides secundários são o baço localizado na região dorsal ao

proventrículo as tonsilas cecais, placas de Peyer localizadas na região do íleo e tecidos

linfóides associados às mucosas (MALTs) presentes no proventrículo, pulmões, pele; nódulos

linfóides epidérmicos; tecidos linfóides associados ao trato reprodutivo: infundíbulo e mucosa

vaginal; e glândula de Harderian. Nestes órgãos e tecidos também estão presentes células não

linfóides, como macrófagos, células dendríticas, eosinófilos, basófilos e heterófilos. É nos

órgãos e tecidos linfóides secundários que se desenvolve a resposta imune humoral. Nestes

locais os antígenos são capturados e processados por células apresentadoras de antígeno

(APCs) e apresentados ao sistema imune adaptativo. Estudos mostram que a resposta imune

humoral é dependente de processos celulares que envolvem os folículos linfóides. Os

folículos linfóides estão organizados na região onde são encontradas as células acessórias e os

linfócitos necessários para o desencadeamento da resposta imune humoral. São nestas

estruturas que os linfócitos T ativados, após o reconhecimento do antígeno na superfície de

uma APC, estimulam a diferenciação dos linfócitos B em células produtoras de anticorpos

(WIGH et al., 1971; BURNS; MAXWELL, 1985; GLICK, 1986; KHAN et al., 1997; OLÁH;

VERVELDE, 2008).

2.2 MECANISMOS DE ATIVAÇÃO DO SISTEMA IMUNE INATO E ADQUIRIDO EM AVES

Após a entrada do microorganismo pelas barreiras físicas e químicas da pele

e da mucosa, inicia-se a ativação do sistema imune inato. Inicialmente, ocorre a vasodilatação

e aumento da permeabilidade vascular e a migração dos fagócitos para o foco inflamatório,

este mecanismo é conhecido como inflamação (JUUL-MADSEN et al., 2008; ABBAS;

LICHTMAN; POBER, 2000).

Em aves, ocorre o aumento da permeabilidade vascular e migração de

células fagocíticas, incluindo heterófilos, monócitos e trombócitos. Durante a reação

inflamatória em aves também é observado à presença de basófilos no foco inflamatório

(MACARI; FURLAN; GONZALES, 2002; JUUL-MADSEN et al., 2008). O basófilo parece

ter dupla função no processo inflamatório, liberação de substâncias farmacologicamente

ativas e fagocitose (FUDGE, 2000).

As respostas imunes celular e humoral são dependentes de linfócitos T e B,

moléculas de histocompatibilidade principal (MHC) de classe I e II e de citocinas. As

Page 19: SILAS FERNANDES ETO - Livros Grátislivros01.livrosgratis.com.br/cp145630.pdf · silas fernandes eto estudo das vias de inoculaÇÃo sobre a resposta imune humoral e caracterÍsticas

16

moléculas de classe I são expressas por todas as células nucleadas, enquanto as de classe II

são exclusivas das APCs. Após a captura e processamento do antígeno pelas APCs, estas

células expressam as moléculas de MHC de classe II associadas ao antígeno e as apresentam

aos linfócitos T, resultando na liberação de citocinas e ativação da resposta imune (ABBAS;

LICHTMAN; POBER, 2000; ERF, 2008; SCOTT, 2004).

Nas aves, as moléculas de MHC de classe I e II são denominadas de B-F e

B-L respectivamente. Outro conjunto de moléculas do MHC foi identificado e denominado de

B-G. As moléculas B-G são expressas em vários tipos celulares, trombócitos, linfócitos B e T,

timócitos e células do estroma da bursa e células presentes nas tonsilas cecais. Sua função

parece estar associada à pré-seleção de células B na bursa das aves (SALOMONSE et al.,

1991; MACARI; FURLAN; GONZALES, 2002).

2.3 RESPOSTA IMUNE CELULAR EM AVES

No timo das aves são gerados três tipos de linfócitos: linfócitos T CD4+,

(auxiliares) os linfócitos T CD8+ (citotóxico) e linfócitos T reguladores. Os linfócitos T

auxiliares, após sua maturação no timo, se diferenciam em dois subgrupos, sob estimulação

antigênica. Estes subgrupos são identificados pela produção de citocinas em linfócitos Th1 e

Th2, o primeiro direciona a resposta imune celular e o segundo a resposta imune humoral

(QUERE; COOPER; THORBECKE, 1990; ABBAS; LICHTMAN; POBER, 2000; ERF

2008; VIERTLBOECK et al., 2008; KUMAR et al., 2009).

Após a apresentação do antígeno pelas APCs aos linfócitos T auxiliares

naïve ou Th0, ocorre à liberação de citocinas por ambas as células. As citocinas responsáveis

pela resposta imune celular são IL-2, interferon-γ (INF-γ), fator de necrose tumoral-α (TNF-

α) e IL-6 (ABBAS; LICHTMAN; POBER, 2000; ERL, 2008; VIERTLBOECK et al., 2008).

Células somáticas infectadas por vírus liberam INF-α e INF-β, que

sinalizam para células vizinhas bloquearem seus receptores de membrana para a entrada do

vírus e estimulam a ação dos linfócitos T citotóxicos que reconhecem o peptídeo viral

acoplado a molécula de MHC classe I expressados na superfície da célula infectada. A ligação

dos receptores das células T citotóxicas à molécula de MHC de classe I inicia a sinalização de

morte celular programada (apoptose) na célula infectada, com formação de poros de

membrana e influxo de cálcio (ABBAS; LICHTMAN; POBER, 2000; ERL, 2008).

Page 20: SILAS FERNANDES ETO - Livros Grátislivros01.livrosgratis.com.br/cp145630.pdf · silas fernandes eto estudo das vias de inoculaÇÃo sobre a resposta imune humoral e caracterÍsticas

17

Muitos vírus apresentam mecanismos para bloquear a apresentação do

peptídeo viral através do MHC classe I. As células NK, ao contrário dos linfócitos T CD8+,

não precisam da presença da molécula de MHC classe I para a sua ativação. A redução da

expressão do MHC classe I é dos fatores de ativação das células NK e o mecanismo e morte

celular é semelhante ao desencadeado pelos linfócitos T citotóxicos. As células NK também

apresentam receptores de membrana, para a porção Fc dos anticorpos. Estes receptores se

ligam na porção Fc dos anticorpos específicos ligados aos peptídeos virais, presentes na

membrana plasmática das células infectadas, levando a célula infectada a morte celular

(ABBAS; LICHTMAN; POBER, 2000; ERL, 2008).

2.4 RESPOSTAS IMUNES HUMORAL EM AVES

A diferenciação dos linfócitos B ocorre na bursa de Fabrícius. Os linfócitos

B podem reconhecer antígenos através de imunoglobulinas de membrana, semelhante ao que

ocorre em mamíferos. Nas aves, porém, existem apenas três classes de anticorpos: IgY, IgM e

IgA (GLICK, 1986; CHACANA et al., 2004). As citocinas que estimulam a resposta imune

humoral são IL-4, IL-5, IL-10 e o fator de crescimento transformador - β (TGF-β) (SCOTT,

2004).

Em aves a IL-6 é responsável pela diferenciação das células B em

plasmócitos secretores de anticorpos (RATCLIFFE, 2002). As citocinas IL-5 e IL-15 foram

identificadas em aves e também atuam na resposta humoral na diferenciação das células B nos

GALT (KIYOSHI, 1998; HIROI et al., 2000; RATCLIFFE, 2002).

2.4.1 Desenvolvimento e Sobrevivência de Células B na Bursa de Fabrícius e Produção de

Imunoglobulinas

Vários fatores estão ligados ao desenvolvimento e maturação das células B

na Bursa de Fabrícius, tais como hormônios (bursina), peptídeos anti-esteroidogênicos bursal

(BASP) e citocinas (OTSUBO et al., 2001; CADWELL; HARGIS, 1999). A bursina é

produzida por células do estroma da bursa de Fabrícius, sua função está ligada a maturação e

Page 21: SILAS FERNANDES ETO - Livros Grátislivros01.livrosgratis.com.br/cp145630.pdf · silas fernandes eto estudo das vias de inoculaÇÃo sobre a resposta imune humoral e caracterÍsticas

18

diferenciação de células B, principalmente células B produtoras de anticorpos IgM (SCOTT,

2004). O BASP está relacionado a sincronização da divisão de células B, durante o período

embrionário e neonatal das aves (SCOTT, 2004). As citocinas envolvidas no

desenvolvimento, diferenciação e ativação das células B na Bursa de Fabrícius, são IL-4, IL-5

e IL-7 (RATCLIFFE, 2002). As imunoglobulinas encontradas na bursa, são

predominantemente da classe IgM e IgY e podem ser detectadas na região medular do órgão

no 21° dia do desenvolvimento embrionário (KINCADE; COOPER, 1971).

Após o desenvolvimento, maturação, as células B migram para o baço e

tecidos linfóides, como o MALT, onde podem dar início à resposta imune humoral

(HEMMINGSSON; LINNA, 1972).

2.4.2 Imunoglobulinas em Aves

As imunoglobulinas das aves são glicoproteínas sintetizadas por células B e

plasmócitos, e são divididas em três classes: IgM, IgA e IgY (GLICK; OLAH, 1981;

MACARI et al., 2002). A IgY é análoga da IgG e IgE dos mamíferos, com baixa massa

molecular, estando predominantemente presente no soro, e é responsável pela defesa contra

infecções sistêmicas e pelas reações anafiláticas em aves (MACARI et al., 2002.). A IgM são

imunoglobulinas de fase aguda, produzidas durante a resposta imune primária e secretadas

em forma de pentâmero e expressas também na forma receptores de membrana plasmáticas

dos linfócitos B. Estudos mostraram diferenças na massa molecular das cadeias pesadas, da

IgY, que apresenta massa molecular de aproximadamente 67.500 daltons, enquanto a IgG dos

mamíferos tem cerca de 50.000 daltons (LESLIE; CLEM, 1969). A IgY são imunoglobulinas

sistêmicas, produzidas após a resposta imune secundária, com função de opsonização e são

caracterizadas como imunoglobulinas de fase crônica. As IgAs são as imunoglobulinas

predominantemente produzidas pelos plasmócitos presentes nas placas de Peyer e nos MALTs

presentes nas tonsilas cecais (LESLIE; CLEM, 1969; GLICK, 1983).

Page 22: SILAS FERNANDES ETO - Livros Grátislivros01.livrosgratis.com.br/cp145630.pdf · silas fernandes eto estudo das vias de inoculaÇÃo sobre a resposta imune humoral e caracterÍsticas

19

2.4.3 Mecanismos de Transferência de Anticorpos Maternais em Aves

A transferência passiva de anticorpos maternos para sua prole em mamíferos

é realizada pela placenta, via circulação materno-fetal, ou pelo colostro que é um exemplo de

transferência passiva de anticorpos após a vida intra-uterina (GRINDSTAFF; BRODIE III;

ELLEN, 2003). Em aves, a transferência de anticorpos maternos da classe IgY ocorre pela

passagem de anticorpos para a gema do ovo em desenvolvimento. A transferência é um

processo que ocorre em duas etapas (LOEKEN; ROTH, 1983). A primeira tem início com a

deposição de anticorpos na gema, utilizando receptores para IgY localizados nos capilares

presentes nos folículos ovarianos, que capturam estas moléculas da circulação sanguínea

materna (LESLIE; CLEM, 1969). A quantidade de IgY depositada no folículo é proporcional

a quantidade presente no soro materno (LOEKEN; ROTH, 1983). A porcentagem de IgY

transferida do plasma materno para a gema é de 30% enquanto apenas 1% de IgM e IgA são

depositadas na clara, através dos tecidos linfóides ligados as mucosas do oviduto (HAMAL et

al., 2006). A segunda etapa é a transferência de anticorpos do saco da gema para o embrião

em formação. Acredita-se que os anticorpos IgY sejam transferidos por difusão do saco da

gema para a circulação embrionária. A transferência de IgY inicia-se no 7° dia do estágio

embrionário e aumenta progressivamente do 14° ao 21° dias da vida intra-ovo (KREMER;

CHO, 1970; KOWALCZYK et al., 1985).

Segundo Yamamoto et al. (1975), a IgA e IgM são as imunoglobulinas

predominantes na clara do ovo, e sua taxa de transferência da circulação maternal sistêmica

para a prole é de 1% .

2.4.4 Anticorpos Naturais em Aves

Os anticorpos naturais estão presentes em aves não imunizadas. Estes

anticorpos são preferencialmente derivados de células B1 CD5+ presentes na cavidade

peritoneal ao longo do trato intestinal. Em aves a produção de anticorpos naturais parece estar

correlacionada à molécula do complexo de histocompatibilidade maior IV (B-G) (NEU;

HÁLA; WICK, 1984; LONGENECKER; MOSMANN, 2001).

Page 23: SILAS FERNANDES ETO - Livros Grátislivros01.livrosgratis.com.br/cp145630.pdf · silas fernandes eto estudo das vias de inoculaÇÃo sobre a resposta imune humoral e caracterÍsticas

20

Duas classes de anticorpos naturais são relatadas em aves, a IgM e IgY.

Ambas as classes podem ser expressas contra uma variedade de antígenos exógenos e

endógenos. Foi relatada a presença de anticorpos naturais contra antígenos exógenos de

hemácia de carneiro, coelho, cabra e antígenos microbianos como o LPS (PARMENTIER;

WALRAVEN; NIEUWLAND, 2004).

Anticorpos naturais contra hemácia de coelho têm sido amplamente

pesquisados em aves. As hemácias de coelho apresentam em sua membrana plasmática uma

proteína conhecida como alfa-galactose, que está presente em bactérias comensais presentes

no intestino das aves (COTTER; AYOUB; PARMENTIER, 2005). Os anticorpos naturais

atuam na opsonização e fagocitose de antígenos extracelulares em cooperação com os

fagócitos e o sistema complemento na resposta imune inata (THORNTON et al., 1994).

2.4.5 Produção de Anticorpos IgY

Devido à distância filogenética entre aves e mamíferos, as aves produzem

anticorpos com alto grau de afinidade contra antígenos de mamíferos (LI et al., 1998;

CHACANA et al., 2004).

A produção de anticorpos IgY apresenta vantagens em relação a produção

de anticorpos em mamíferos. Primeiro, não ocorre a sangria e por isso há a diminuição do

estresse ao qual são submetidos as espécies de mamíferos utilizadas na produção de

anticorpos. Segundo, os anticorpos IgY não apresentam reação com os fatores reumatóides e

não ativam o sistema complemento de mamíferos, diminuindo a chances de falso positivo em

ensaios biológicos com a mostras de mamíferos (CHACANA et al., 2004).

Um ovo possui em média 100 mg de IgY em uma gema. Sabendo-se que as

galinhas poedeiras produzem mais de 20 ovos por mês, a produção de IgY em um mês pode

facilmente chegar a valores maiores de 2 gramas por animal (CARLANDER, 2002).

Além da alta produtividade, os anticorpos extraídos da gema de galinhas

poedeiras apresentam aplicações profiláticas e terapêuticas em doenças crônicas, infecciosas e

toxicológicas (CHACANA et al., 2004). Sua aplicação em medicina humana e veterinária tem

crescido e despertado o interesse de pesquisa (CHACANA et al., 2004). Atualmente, estudos

mostram que a aplicação de IgY em doenças infecciosas pode favorecer a neutralização da

aderência de agentes microbianos aos seus tecidos alvos, como pode ser observado em

Page 24: SILAS FERNANDES ETO - Livros Grátislivros01.livrosgratis.com.br/cp145630.pdf · silas fernandes eto estudo das vias de inoculaÇÃo sobre a resposta imune humoral e caracterÍsticas

21

estudos sobre a profilaxia de diarréia de leitões neonatos causado por Escherichi coli, em

úlcera gástrica causada por Helicobacter pylori , em fungos como Candida albicans, em

doenças virais como a Cinomose em cães e contra toxinas de venenos de animais peçonhentos

e bactérias (CARLANDER, 2002; CHACANA et al., 2004).

2.4.6 Vias de Inoculação e Resposta Imune em Baço de Aves Imunoestimuladas

Cada via de inoculação gera uma resposta imune específica em diferentes

órgãos e tecidos linfóides e que pode influenciar os níveis de produção e a especificidade do

anticorpo (WHITE et al., 1975; GATICA et al., 2004). Sabe-se que a via intravenosa (i.v),

induz uma potente resposta imune no baço em mamíferos e em aves, enquanto a via

intramuscular (i.m) e intraperitoneal (i.p) induzem uma resposta imune intensa nos linfonodos

regionais e no baço, nos casos dos mamíferos (WHITE et al., 1975). Nas galinhas, a

inoculação pela via intraperitoneal aparentemente leva a uma resposta imune no baço e nos

MALTs, como a tonsila cecal e placa de Peyer no íleo. Por outro lado, o principal sítio de

resposta imune ao antígeno inoculado pela via intramuscular permanece desconhecido em

galinhas devido a ausência de linfonodos, e provavelmente sejam o baço e os MALTs os

principais locais de produção de anticorpos. Em mamíferos, é bem estabelecido que os

linfonodos regionais são os principais locais de produção de anticorpo, em resposta a

inoculação subcutânea (s.c) Acredita-se que o principal local de resposta através da

inoculação subcutânea em galinhas poedeiras, seja o baço (WHITE et al., 1975; WENDY;

WAYNE; ALAN, 1998; GATICA et al., 2004; IGYARTÓ et al., 2006).

Em aves, são poucos os estudos sobre os efeitos da via de inoculação sobre

a produção de anticorpos, a afinidade dos anticorpos e a geração de memória imunológica.

Além disso, existem poucos estudos sobre qual é o órgão linfóide ou tecido responsável pela

resposta imune aos antígenos inoculados pelas vias intramuscular e subcutânea. Em um

estudo que comparou o efeito das vias intramuscular e subcutânea na produção de anticorpos

para a enzima frutose-1,6-bifosfato foi observado que não houve diferença entre as vias

(GATICA et al., 2004).

A rota que o antígeno percorre após a inoculação pela via subcutânea não é

bem definida. Em galinhas, a presença de células dendríticas epiteliais foi demonstrada por

análise histoquímica e imunohistoquímica, com marcadores para ATPases e MHC classe II

Page 25: SILAS FERNANDES ETO - Livros Grátislivros01.livrosgratis.com.br/cp145630.pdf · silas fernandes eto estudo das vias de inoculaÇÃo sobre a resposta imune humoral e caracterÍsticas

22

(TORRES et al., 1994; IGYÁRTÓ et al., 2006). Contudo, o local para o qual estas células

migram para desencadear a produção de anticorpos não foi demonstrado. Um possível local

são os tecido linfóides encontrados ao longo dos vasos linfáticos e que foram recentemente

caracterizados. Outra possibilidade é a migração das células dendríticas para os órgãos

linfóides secundários (TORRES et al., 1994; IGYÁRTÓ et al., 2006).

A via intraperitoneal acarreta a produção da classe IgA nas mucosas

intestinas, especificamente nas tonsilas cecais e placas de Peyer presentes na região do íleo.

Foi demonstrado que aves inoculadas, com Salmonella typhimurim por via i.p. têm uma alta

eficiência na indução da resistência a este microrganismo em infecções posteriores (WENDY;

WAYNE; ALAN, 1998).

Em aves, a maior produção de anticorpos ocorre quando o antígeno é

inoculado pela via intravenosa, resultando na ativação da resposta imune humoral e celular no

baço. A resposta humoral se desencadeia com a formação de centros germinativos, onde há

uma alta produção de anticorpos e expansão clonal dos linfócitos B. Estímulos consecutivos

resultam na troca de classe de imunoglobulinas e favorecem o aumento da afinidade do

anticorpo (OLÁH; VERVELDE, 2008).

Funcionalmente, o baço é semelhante ao dos mamíferos com função

imunológica e hemocatarese. Além disso, ele atua na hematopoiese no período embrionário

colaborando com a produção e migração de linfócitos T e B, macrófagos e células dendríticas

para a bursa de Fabrícius (OLÁH; VERVELDE, 2008).

A hemocatarese ocorre na polpa vermelha, onde macrófagos capturam

hemácias velhas que passam pelos sinusóides, são drenadas e fagocitadas (OLÁH;

VERVELDE, 2008). A resposta imune ocorre basicamente na polpa branca onde são

encontrados os linfócitos B (MAST et al., 1997; OLÁH; VERVELDE, 2008).

O baço de aves apresenta características morfológicas em comum em

relação ao baço dos mamíferos, como as regiões de polpa vermelha, polpa branca e folículos

linfóides. Porém o baço de aves não apresenta folículo primário como ocorre em mamíferos

(YASUDA et al., 2003).

A polpa vermelha é formada por um conjunto celular que inclui linfócitos T

CD8+ e CD4+, células NK, macrófagos, linfócitos B e plasmócitos (MAST et al., 1997).

A polpa branca é o local do desencadeamento da resposta imune e apresenta

três áreas morfológicas distintas; bainha linfóide periarteriolar (PALS), capilares penincilares

(PWP) e centro germinativo (CG) (JEURISSEN, 1993; MAST et al., 1997; OLÁH;

VERVELDE, 2008). A PALS é denominada região T dependente, apresenta uma arteríola

Page 26: SILAS FERNANDES ETO - Livros Grátislivros01.livrosgratis.com.br/cp145630.pdf · silas fernandes eto estudo das vias de inoculaÇÃo sobre a resposta imune humoral e caracterÍsticas

23

central envolvida por células T CD8+ e CD4+, células B e células dendríticas dispersas nesta

região (JEURISSEN; CLAASSEN; JANSE, 1992; JEURISSEN, 1993). A PWP é a região B

dependente, formada por arteríolas penicilares circundadas por células B, que expressam os

marcadores chB6 e CD57 e uma rede de macrófagos que atuam na filtração do antígeno

(JEURISSEN; CLAASSEN; JANSE, 1992).

O destino do antígeno após a inoculação intravenosa é a bainha linfocítica

periarteriolar através da arteríola central. A seguir, o antígeno é capturado por célula

dendríticas e apresentado às células T CD4+ que por sua vez auxiliam as células B a se

diferenciarem e formarem o centro germinativo. Após 14 horas da inoculação do antígeno

HSB as células dendríticas contendo o antígeno aparecem na região de PALS e após 19 horas

se localizam na bifurcação da arteríola central e assumem uma formação circular. Em 6 dias,

as APCs aparecem nos centros germinativos (WHITE et al., 1974).

Os fenótipos e função de várias populações de células não linfóides foram

estudas em aves, usando anticorpos monoclonais após a administração de antígeno. Dois tipos

de antígeno foram usados, um mitogênico (LPS e partículas de Brucella abortus) e antígenos

não bacterianos (Ficol e Carragena). Anticorpos monoclonais foram usados para marcar

macrófagos, células dendríticas e monócitos na polpa vermelha, ou detectar células elipsóides

não linfóide associadas (ENAC) (JEURISSEN; CLAASSEN; JANSE, 1992). As ENAC

pertencem a rede de tecido conjuntivo que envolve várias estruturas do baço incluindo o

envoltório presente no centro germinativo de aves. Foram observados macrófagos da polpa

vermelha e anéis de macrófagos envolto da PALS e células dendríticas foliculares (FDC) nos

centros germinativos e pequenos grupos de células estromáticas nas áreas de células T. Após a

inoculação de LPS ocorreu uma drástica diminuição dos macrófagos da polpa vermelha

enquanto os da região de PALS não foram afetados (JEURISSEN; CLAASSEN; JANSE,

1992).

Em contrapartida quando as mesma aves eram inoculadas com Brucella

abortus inativadas, os dois subtipos de macrófagos e EANC diminuíam, enquanto ocorreu

um aumento significativo de células dendríticas na regiões de T dependente. A inoculação de

antígenos não mitogênicos não alterou nenhum dos fenótipos celulares não linfóides,

macrófagos, monócitos, células interdigitais ou células elipsóides estrómaticas não linfóides.

Os resultado sugerem que o complexos formados por EANC e macrófagos envolto da bainha

linfóide periarteriolar após o estímulo antigênico com antígeno mitogênicos são semelhantes a

zona marginal presente no baço de mamíferos (JEURISSEN; CLAASSEN; JANSE, 1992).

Page 27: SILAS FERNANDES ETO - Livros Grátislivros01.livrosgratis.com.br/cp145630.pdf · silas fernandes eto estudo das vias de inoculaÇÃo sobre a resposta imune humoral e caracterÍsticas

24

O centro germinativo após o estímulo imunológico apresenta célulasT e B,

plasmócitos e produção de IgM e IgY confirmada pela expressão de RNAm de ambas as

imunoglobulinas. A IgM é expressa 7 dias após o estímulo imunológico, ocorrendo uma troca

de classe para IgY no segundo estímulo (YASUDA et al., 2003).

Os efeitos da inoculação de hemácias de carneiro (antígeno dependente da

ativação de células T helper) perianal e o efeito na produção de anticorpos na morfologia da

região de vênulas pós-capilares (PCV) da bursa de Fabrícius demonstra, um aumento

significativo dos anticorpos e da região PCV, com aumento de células T em relação ao grupo

controle. A passagem das células T e B da circulação sistêmica ocorre através da PCV após o

estímulo com hemácias de carneiro. O fator ligado a regulação deste mecanismo não é

conhecido, porem moléculas similares a IgY presentes na parede das PCV podem estar

associados ao reconhecimento das células B.e de células T (ROMPPANEN et al., 1974;

SYRJÃNEN; NAUKKARINEN, 1982).

Page 28: SILAS FERNANDES ETO - Livros Grátislivros01.livrosgratis.com.br/cp145630.pdf · silas fernandes eto estudo das vias de inoculaÇÃo sobre a resposta imune humoral e caracterÍsticas

25

3 OBJETIVOS

3.1 OBJETIVO GERAL

Comparar o efeito da via de inoculação de hemácia de carneiro na resposta

imune humoral de galinhas poedeiras.

3.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS

Avaliar o efeito da via de inoculação sobre a produção de anticorpos séricos

específicos das classes IgM e IgY em galinhas poedeiras imunizadas com hemácias de

carneiro.

Avaliar o efeito da via de inoculação sobre na produção de anticorpos

naturais em galinhas poedeiras imunizadas com hemácia de carneiro.

Caracterizar histologicamente o baço de galinhas poedeiras imunizados com

hemácia de carneiro por diferentes vias de inoculação.

Page 29: SILAS FERNANDES ETO - Livros Grátislivros01.livrosgratis.com.br/cp145630.pdf · silas fernandes eto estudo das vias de inoculaÇÃo sobre a resposta imune humoral e caracterÍsticas

26

4 MATERIAIS E MÉTODOS

4.1 ANIMAIS

Foram realizados dois experimentos independentes. No experimento I foram

utilizadas 28 galinhas poedeiras Gallus gallus linhagem White Leghorm com 45 semanas de

vida, provenientes da Granja da Fazenda Escola da Universidade Estadual de Londrina – PR,

mantidas em gaiolas individualizadas, a temperatura ambiente, recebendo água potável e

ração de postura à vontade (Purina, Brasil).

No experimento II foram utilizadas 35 galinhas poedeiras Gallus gallus

linhagem comercial Isa-Brown com 32 semanas de vida, provenientes da Granja da Fazenda

Escola da Universidade Estadual de Londrina – PR, mantidas em gaiolas individualizadas, á

temperatura ambiente, recebendo água potável e ração de postura à vontade (Purina, Brasil).

Os procedimentos experimentais foram aprovados pelo Comitê de Ética em

Pesquisa Animal da Universidade Estadual de Londrina.

4.2 PROCEDIMENTOS EXPERIMENTAIS

4.2.1 Seleções dos Animais (Controle da Postura)

Para a seleção dos animais utilizados nos experimentos I e II, inicialmente

foram separadas 80 aves em gaiolas individuas sendo que cada animal recebeu uma

identificação numérica. Durante um período de 14 dias foi realizado o controle de postura de

ovos como medida da sanidade do animal. As aves com o ciclo de produção de ovos normais

foram separadas em um grupo de 60 animais. Para o experimento I foram selecionadas 24

aves que foram distribuídas aleatoriamente em quatro grupos experimentais com 7 animais

por grupo. Para o experimento II foram selecionados 35 aves distribuídas aleatoriamente em

cinco grupos experimentais de 7 aves.

Page 30: SILAS FERNANDES ETO - Livros Grátislivros01.livrosgratis.com.br/cp145630.pdf · silas fernandes eto estudo das vias de inoculaÇÃo sobre a resposta imune humoral e caracterÍsticas

27

4.2.2 Formação dos Grupos Experimentais

No experimento I, as galinhas foram distribuídas nos seguintes grupos:

grupo controles (C) inoculados com PBS pH 7,2, pela via intravenosa usando a veia braquial.;

grupo i.v. inoculados pela via intra venosa veia braquial: grupo i.m. inoculados pela via

intramuscular, no músculo peitoral em quatro pontos distintos e grupo s.c., aves inoculados

pela via subcutânea na membrana da asa. Todas as aves dos grupos i.v., i.m. e s.c. foram

inoculadas com hemácias de carneiro a 2,5% em PBS pH 7,2 (250 μl).

No experimento II, as galinhas foram distribuídas nos seguintes grupos:

grupo C, animais controles inoculados com PBS pH 7,2, pela via iv.; grupo iv.; grupo im.,

grupo sc. e grupo i.p. com aves inoculadas pela via intraperitoneal (i.p.). Todas as aves dos

grupos i.v., i.m., s.c. e i.p. foram inoculadas com hemácias de carneiro a 2,5% em PBS pH 7,2

(250 μl).

4.2.3 Imunização e Obtenção de Amostras Biológicas

As aves dos grupos iv., im., s.c. e i.p. receberam duas inoculações de

hemácia de carneiro (SRBC) 2,5% no 1º e no 28º dia do experimento, enquanto os animais

dos grupo C de ambos os experimentos foram inoculados apenas com o veículo (PBS 0,15M,

pH 7,2). Amostras do sangue periférico foram obtidas antes da primeira inoculação e no 7º e

35º dia do experimento. No último dia do experimento, os animais foram sacrificados e os

baços foram coletados, pesados e fixados em solução de Bouin aquoso. O procedimento

experimental foi o mesmo para ambos os experimentos.

4.3 PREPARO DO ANTÍGENO

Inicialmente foram coletados 10 ml de sangue de carneiro, em tubos de

vidro com solução de Alsever (v/v). O sangue foi centrifugado durante 5 min a 2.000 rpm. O

sobrenadante foi descartado e as hemácias lavadas com PBS 0,15 M, pH 7,2, estéril e

Page 31: SILAS FERNANDES ETO - Livros Grátislivros01.livrosgratis.com.br/cp145630.pdf · silas fernandes eto estudo das vias de inoculaÇÃo sobre a resposta imune humoral e caracterÍsticas

28

centrifugado por 5 min a 2.000 rpm. A lavagem foi repetida duas vezes. A seguir, a suspensão

de hemácia de carneiro a 2,5% foi preparada em PBS 0,15 M estéril, pH 7,2, a partir da papa

de hemácia obtida.

4.5 CARACTERIZAÇÃO SOROLÓGICA, HISTOLÓGICA E MORFOMÉTRICA

4.5.1 Dosagem de Anticorpos Séricos

A dosagem de anticorpos séricos foi feita pela aglutinação de eritrócitos na

presença de anticorpos específicos no soro para determinar o título de imunoglobulinas totais

(Ig Totais), IgY e IgM presentes no plasma de aves imunizadas com hemácia de carneiro por

diferentes vias de inoculação.

Amostras de plasma de todos os animais foram inativadas a 56ºC por 30

minutos em banho-maria antes da utilização. Em seguida, fez-se uma diluição seriada de fator

2 destas amostras, em placas de microtitulação com fundo em U. Primeiro, foram adicionados

25 μl de PBS em todos os poços e, a seguir, adicionou-se 25 μl de plasma inativado no poço 1

da placa, fez-se a homogeneização da solução e a transferência de 25 μl para o orifício

seguinte, repetindo o mesmo processo até o poço 11, aonde o mesmo volume da solução foi

desprezado. Este procedimento foi realizado para todas as amostras de plasma. Em seguida,

foi adicionado igual volume de hemácia de carneiro a 2% em cada poço, e a placa foi

incubada por 1 hora a 37ºC, e 22 horas a 4ºC. Após esse período realizou-se a leitura visual

das placas, comparando o padrão de sedimentação do poço controle sem plasma (poço

número 12) com os padrões de sedimentação dos demais. O título de anticorpos totais foi

identificado como a maior diluição em que foi observada uma aglutinação positiva das

hemácias.

Para a determinação do título de IgY, 50 μl das amostras de plasma

inativadas foram incubadas com igual volume de 0,2M de 2-mercaptoetanol por 30 minutos a

37 ºC. Em seguida, procedeu-se a diluição seriada fator 2 como descrito anteriormente. O

título de IgM foi determinado com a subtração dos valores do título de Ig Totais e os valores

encontrados para IgY.

Page 32: SILAS FERNANDES ETO - Livros Grátislivros01.livrosgratis.com.br/cp145630.pdf · silas fernandes eto estudo das vias de inoculaÇÃo sobre a resposta imune humoral e caracterÍsticas

29

4.5.2 Coleta do Baço

As aves foram sedadas com éter etílico e eutanasiadas por inalação de dose

letal de éter etílico, em conformidade com o Comitê de Ética em Experimentação Animal da

Universidade Estadual de Londrina.

A necropsia foi realizada conforme o método recomendado por Zander e

Mallinson (1991).

4.5.3 Processamento do Material Histológico

Após a retirada, os órgãos foram pesados e colocados em solução de Bowin

aquosa, fixados por 12 horas e transferidos para uma solução de álcool 70% (BEÇAK;

PAULETE, 1970).

O protocolo utilizado para a desidratação e inclusão dos órgãos foi: dois

banhos de álcool etílico 95% por 30 minutos cada; um banho de álcool etílico 95% por 1

hora; dois banhos de álcool etílico 100% por 30 minutos cada; dois banhos de álcool etílico

100% por 1 hora cada; três banhos de Xilol por 30 minutos cada; um banho de xilol por 30

minutos em estufa à 60ºC; três banhos de Paraplast em estufa à 60ºC; inclusão em moldes

histológicos.

Após o resfriamento completo, as peças incluídas foram submetidas à

microtomia. Foram obtidos cortes de 5µm de espessura em micrótomo semi-automático Leica

RM 2145. Os cortes foram colocados em banho-maria à temperatura de 37ºC e coletados em

lâmina de microscopia e armazenadas em estufa a 37ºC por 24 horas.

As lâminas histológicas foram submetidas ao seguinte protocolo de

coloração em hematoxilina e eosina: dois banhos de Xilol por 10 minutos; um banho em

álcool etílico 100% por 5 minutos; um banho em álcool etílico 95% por 5 minutos; um banho

em álcool etílico 70% por 5 minutos; um banho em água destilada por 5 minutos; lavagem em

água por 5 minutos; coloração em solução aquosa de Hematoxilina de Harris por 15

segundos; viragem em água corrente por 5 minutos; coloração em solução aquosa de Eosina

de Lison por 20 segundos, passagem rápida em água destilada; desidratação em álcool etílico

70%; um banho em álcool etílico 95% por 5 minutos; dois banhos de álcool etílico 100% por

Page 33: SILAS FERNANDES ETO - Livros Grátislivros01.livrosgratis.com.br/cp145630.pdf · silas fernandes eto estudo das vias de inoculaÇÃo sobre a resposta imune humoral e caracterÍsticas

30

10 minutos cada; um banho em solução de álcool e xilol (v/v) por 10 minutos; dois banhos

em xilol por 10 minutos cada; montagem das lamínulas com Bálsamo do Canadá, secagem

das lâminas histológicas em estufa a 37ºC por 3 a 5 dias.

4.5.4 Morfometria

a. Contagens totais de centros germinativos (CG)

A contagem das estruturas histológicas foi realizada em microscópio óptico

em objetiva de 10x. As imagens foram capturadas em sistema de captura de imagens

MOTICAN (Motic, Japan). Para contagem de centros germinativos 5 lâminas por animal de

cada grupo foram analisados e todos os centros germinativos presentes, nos campos

selecionados foram contados totalizando o total por grupo.

b. Área total de polpa vermelha e polpa branca

A mensuração das áreas histológicas foi realizada em microscópio óptica

em aumento de 40x utilizando a câmera de captura e software de análise morfometrica Motic

Image Plus ®. Foram capturadas 10 imagens por lâmina de cada animal e analisadas, a área

das regiões de polpa vermelha e polpa branca.

4.6 ANÁLISE ESTATÍSTICA

Para análise estatística dos doados foi usada a análise de variança (ANOVA)

seguida do teste de Tukey. As diferenças foram consideradas significativas quando P<0,05.

Page 34: SILAS FERNANDES ETO - Livros Grátislivros01.livrosgratis.com.br/cp145630.pdf · silas fernandes eto estudo das vias de inoculaÇÃo sobre a resposta imune humoral e caracterÍsticas

31

5 RESULTADOS

Os resultados obtidos no experimento I mostram que no 7º dia do

experimento após a inoculação do antígeno (resposta primária) as vias que resultaram na

maior produção de anticorpos totais específicos foram as vias i.m. e s.c. (P<0,05, Figura 1).

Quando foram analisados os títulos de IgM ou de IgY, foi observado um aumento dos títulos

de anticorpos em todos os animais imunizados, independente da via, porém, este aumento não

foi significativo em relação aos animais do grupo controle (P >0,05, Figura 1).

Na resposta imune secundária (35º dia), um aumento significativo dos

títulos de anticorpos totais foi observado nos animais dos grupos i.v., i.m. e s.c. em relação ao

grupo controle (P<0,05, Figura 1). Também foi observado que os títulos de anticorpos totais

dos animais do grupo i.v. estavam aumentados em relação aos animais do grupo s.c.. Com

relação aos títulos de anticorpos IgY, foi observado uma diferença significativa entre o grupo

i.v. e os grupos c, i.m. e s.c. (P<0,05, Figura 1). Enquanto os níveis de anticorpos IgM

mostram uma diferença significativa entre os grupos controle e i.m. (P<0,05, Figura 1). A

inoculação com hemácia de carneiro não resultou em alteração dos níveis de anticorpos

naturais, avaliados pelos títulos de anticorpos contra hemácia de coelho (P>0,05, Figura 2).

As análises histológicas dos baços dos animais do experimento I, após a 2ª

inoculação de hemácia de carneiro, não mostraram diferenças significativas nas áreas

correspondentes as polpas vermelha e branca (P>0,05, Figura 3). Não foram observadas

diferenças significativas em relação ao número de centros germinativos.

No experimento II, com animais Isa Brown, após a 1ª imunização com

hemácia de carneiro não foram observadas diferenças significativas dos níveis de anticorpos

totais e IgM entre os grupos (P>0,05, Figura 5). Neste mesmo tempo, os títulos de anticorpos

IgY aumentaram significativamente em todos os grupos inoculados com SRBC em relação ao

grupo controle não inoculado (P<0,05, Figura 5). Após a 2ª inoculação foi observado um

aumento nos títulos de anticorpos totais específicos nos animais dos grupos i.v. e i.p. em

relação aos animais do grupo c (P<0,05, Figura 5). Os títulos de anticorpos totais dos animais

do grupo i.v. também estavam significativamente aumentados em relação aos animais do

grupo i.m. (P<0,05, Figura 5). Com relação aos níveis de anticorpos IgY, foram observadas

diferenças significativas entre os títulos de anticorpos do grupo c e os títulos dos anticorpos

dos animais dos grupos i.v. e i.p. (P<0,05, Figura 5). E ainda, os títulos de IgY nos soros dos

animais do grupo i.v. foram significativamente maiores que os títulos observados no soros dos

Page 35: SILAS FERNANDES ETO - Livros Grátislivros01.livrosgratis.com.br/cp145630.pdf · silas fernandes eto estudo das vias de inoculaÇÃo sobre a resposta imune humoral e caracterÍsticas

32

animais dos grupos i.m., s.c. e i.p. (P<0,05, Figura 5). Por outro lado, não foram observadas

diferenças significativas estatisticamente entre os títulos de anticorpos IgM (P<0,05, Figura

5). Com relação aos anticorpos naturais, foi observado que os animais do grupo i.v.

apresentavam níveis mais elevados de anticorpos totais e de IgM do que os animais dos outros

grupos antes da inoculação do antígeno. Após a inoculação do antígeno não foram observadas

diferenças significativas entre os títulos de anticorpos naturais dos diferentes grupos (Figura

6).

Com relação ao experimento II, foi observada uma redução significativa da

área de polpa vermelha nos animais dos grupos i.v e s.c, em relação ao grupo controle (Figura

7). Além disso, foi observado que as áreas de polpa vermelha dos grupos i.m e i.p estavam

aumentadas significativamente em relação a área do grupo i.v (Figura 7). Resultados idênticos

foram observados em relação as áreas de polpa branca .

A analise correlação entre a produção de anticorpos da classe IgY e o

número de centros germinativos entre os grupos não apresentou diferenças estatísticas

significativas (Figura 7).

Page 36: SILAS FERNANDES ETO - Livros Grátislivros01.livrosgratis.com.br/cp145630.pdf · silas fernandes eto estudo das vias de inoculaÇÃo sobre a resposta imune humoral e caracterÍsticas

33

Figura 1. Títulos de anticorpos totais, IgY e IgM no soro das aves da linhagem White

Leghorn após imunização com SRBC. Os dados estão expressos como média (+/-

erro padrão) do recíproco do título do soro. * médias diferem significativamente em

relação ao grupo controle (P <0,05). # médias diferem significativamente em

relação ao grupo i.v. (P <0,05).

Page 37: SILAS FERNANDES ETO - Livros Grátislivros01.livrosgratis.com.br/cp145630.pdf · silas fernandes eto estudo das vias de inoculaÇÃo sobre a resposta imune humoral e caracterÍsticas

34

Figura 2. Títulos de anticorpos naturais totais, IgY e IgM no soro das aves da linhagem White

Leghorn após imunização com SRBC. Os dados estão expressos como média (+/-

erro padrão) do recíproco do título do soro.

Page 38: SILAS FERNANDES ETO - Livros Grátislivros01.livrosgratis.com.br/cp145630.pdf · silas fernandes eto estudo das vias de inoculaÇÃo sobre a resposta imune humoral e caracterÍsticas

35

Figura 3. Análise histológica das áreas de polpa vermelha e branca e do número de centro

germinativos de baços de animais linhagem White legohrn submetidos a

estimulação antigênica.

Page 39: SILAS FERNANDES ETO - Livros Grátislivros01.livrosgratis.com.br/cp145630.pdf · silas fernandes eto estudo das vias de inoculaÇÃo sobre a resposta imune humoral e caracterÍsticas

36

Figura 4. Títulos de anticorpos totais, IgY e IgM no soro das aves da linhagem Isa Brown

após imunização com SRBC. Os dados estão expressos como média (+/- erro

padrão) do recíproco do título do soro. * médias diferem significativamente em

relação ao grupo controle (P <0,05). # médias diferem significativamente em

relação ao grupo i.v. (P <0,05).

Page 40: SILAS FERNANDES ETO - Livros Grátislivros01.livrosgratis.com.br/cp145630.pdf · silas fernandes eto estudo das vias de inoculaÇÃo sobre a resposta imune humoral e caracterÍsticas

37

Figura 5. Títulos de anticorpos naturais totais, IgY e IgM no soro das aves da linhagem Isa

Brown após imunização com SRBC. Os dados estão expressos como média (+/-

erro padrão) do recíproco do título do soro. * médias diferem significativamente em

relação ao grupo controle (P <0,05). # médias diferem significativamente em

relação ao grupo i.v. (P <0,05).

Page 41: SILAS FERNANDES ETO - Livros Grátislivros01.livrosgratis.com.br/cp145630.pdf · silas fernandes eto estudo das vias de inoculaÇÃo sobre a resposta imune humoral e caracterÍsticas

38

Figura 6. Análise histológica das áreas de polpa vermelha e branca e do número de centro

germinativos de baços de animais linhagem Isa Brown submetidos a estimulação antigênica. *

médias diferem significativamente em relação ao grupo controle (P <0,05). # médias diferem

significativamente em relação ao grupo i.v. (P <0,05).

Page 42: SILAS FERNANDES ETO - Livros Grátislivros01.livrosgratis.com.br/cp145630.pdf · silas fernandes eto estudo das vias de inoculaÇÃo sobre a resposta imune humoral e caracterÍsticas

39

Figura 7. Análise de correlação entre a produção de anticorpos da classe IgY e número de

cen-tro germinativos. Experimento I, galinhas da linhagem White Leghorn (A), e

Experimento II, galinhas da linhagem ISA Brown submetidas a estimulação

antigênica (B).

Page 43: SILAS FERNANDES ETO - Livros Grátislivros01.livrosgratis.com.br/cp145630.pdf · silas fernandes eto estudo das vias de inoculaÇÃo sobre a resposta imune humoral e caracterÍsticas

40

6 DISCUSSÃO

A via de entrada do antígeno influencia o local e a intensidade da resposta gerada

(WHITE et al., 1975). Embora o efeito da via de inoculação sobre a resposta imune humoral

seja bem conhecido em mamíferos, existem poucos estudos sobre o efeito da via de

inoculação de antígenos na produção de anticorpos em aves. Estudos mostram que após a

inoculação pela via i.v. há uma resposta imune predominantemente no baço, enquanto a via

i.m e i.p resulta na estimulação de células imunes do baço e de tecidos linfóides secundários

(WHITE et al., 1975; DONKER et al., 1989; KREUKNIET et al., 1992). Quando comparada

as vias i.v., i.m. e i.p., usando SRBC como antígeno, foi observado que a via que leva a títulos

mais altos de anticorpos na resposta primária é a via i.v. semelhante aos mamíferos

(KREUKNIET et al., 1992). Por outro lado, a via intraperitoneal parece ser eficiente na

estimulação da resposta imune humoral nas mucosas (MUIR et al., 1998) credita-se que a via

s.c. em galinhas não resulte em níveis significativos de anticorpos quando comparado com as

vias i.v. e i.m (GATICA et al., 2004). A via de inoculação ocular-nasal é uma importante via

de inoculação de antígenos em frangos e galinhas criadas comercialmente devido à facilidade

de imunizar grandes quantidades evitando a contenção e stress nas aves, porém a capacidade

de gerar uma resposta imune na produção de anticorpos sistêmicos pode oscilar entre as vias

de inoculação (RAUWA et al., 2010; CHIOU, et al., 2000).

Este é o primeiro estudo que compara o efeito da via de inoculação de hemácias de

carneiro usando concentrações idênticas do antígeno e sobre a concentração de anticorpos

séricos e as alterações histopatológicas nos baços de galinhas poedeiras.

Em galinhas White Leghorn, o aumento dos títulos de anticorpos totais observado

nos animais inoculados pelas vias i.m. e s.c. em relação ao grupo controle e i.v. pode estar

correlacionados aos níveis de anticorpos da classe IgM produzidas pelas vias i.m. e s.c.. Estes

resultados conferem com os encontrado por Gatica et al. (2004). Que testou as duas vias de

inoculação na produção de anticorpos anti- fructose 1,6-bisfosfatase, demonstrando que

ambas as vias produziam títulos elevados de anticorpos específicos. White et al. (1975)

observaram que o principal local de produção de anticorpos através da via i.m. é os MALTs

com grande produção de IgM. Porém, o órgão ou tecido responsável pela produção de

anticorpos através da via s.c. é desconhecido (YASUDA et al., 2003b).

Como esperado, na resposta imune secundária a via i.v. resultou em títulos de

anticorpos totais e IgY maiores do que as vias a i.m. e s.c. (WHITE et al., 1975).

Page 44: SILAS FERNANDES ETO - Livros Grátislivros01.livrosgratis.com.br/cp145630.pdf · silas fernandes eto estudo das vias de inoculaÇÃo sobre a resposta imune humoral e caracterÍsticas

41

Em galinhas ISA Brown, os resultados obtidos mostraram um elevado nível de

anticorpos contra hemácia de carneiro, mesmo antes da inoculação do antígeno. Estes

anticorpos provavelmente correspondem a anticorpos naturais uma vez que são da classe IgM,

como demonstrado pela utilização de 2-mercaptoetanol. Este resultado não era esperado uma

vez que níveis significativos de anticorpos naturais no soro de galinhas são esperados contra

hemácias de coelho (COTTER; AYOUB; PARMENTIER, 2005). Por isso, novos estudos

devem investigar os níveis de anticorpos naturais contra hemácias de carneiro em diferentes

linhagem e o seu possível papel nas diferenças na resistência a doenças destas linhagens.

Com relação à resposta imune primária da linhagem ISA Brown, foi observado um

aumento significativo dos títulos de anticorpos da classe IgY em todos os grupos inoculados

com SRBC. Este resultado é diferente do observado no experimento com os animais White

Leghorn, onde os títulos de IgY não aumentaram significativamente, sugerindo diferenças na

resposta imune humoral entre estas duas linhagens. Por outro lado, não foram observadas

diferenças significativas nos títulos de anticorpos IgM. A resposta primária de IgM

provavelmente foi mascarada pela presença de altos níveis de anticorpos naturais nesta

linhagem de animais. Na resposta imune secundária os níveis de anticorpos totais mostram

que as vias i.v. e i.p. são as mais eficientes. Este resultado foi confirmado pela análise dos

anticorpos da classe IgY. Estudos anteriores mostraram que a inoculação do antígeno

(Salmonella typhimurium) pela via i.p. leva a produção inicialmente imunoglobulinas da

classe IgA, e após o segundo estímulo ocorre a produção de anticorpos das classes e IgY

(WENDY et al., 1998).

A observação que a via i.v. é mais eficiente do que a via i.m. está de acordo com os

resultados obtidos por Boa-Amponsem et al. (2001) que compararam o efeito das vias de

inoculação i.v. e i.m. na produção de anticorpos anti-SRBC. Estes autores investigaram o

efeito da via de inoculação em 2 linhagens de galinhas White Leghorn selecionadas para alta e

baixa produção de anticorpos. Os autores compararam a inoculação de 0,1 ml de SRBC a

0,25% pela via i.v. com a inoculação de 0,1 ml de SRBC a 0,25% pela via intra muscular no

peito ou na coxa. Os resultados obtidos mostraram que os animais da linhagem de alta

produção de anticorpos inoculados pela via i.v. responderam com níveis mais altos de

anticorpos dos que os animais inoculados pela via i.m. após a primeira dose do antígeno. No

entanto, um aumento do volume inoculado de hemácia de carneiro para 0,5 ml pela via i.m.

eleva os níveis de anticorpos produzidos para níveis similares ao da via i.v. Nesta condição foi

observado uma diferença significativa entre a inoculação no peito ou na coxa com relação à

produção de anticorpos nos animais da linhagem de baixa produção de anticorpos. Nestes

Page 45: SILAS FERNANDES ETO - Livros Grátislivros01.livrosgratis.com.br/cp145630.pdf · silas fernandes eto estudo das vias de inoculaÇÃo sobre a resposta imune humoral e caracterÍsticas

42

animais, a inoculação no peito resultou em títulos significativamente maiores de anticorpos.

Também foi observado que a inoculação no músculo da coxa resulta em um número maior de

animais que respondem a inoculação do que as outras vias (BOA-AMPONSEM et al., 2001).

Aves apresentam anticorpos naturais contra hemácia de coelho, estas hemácias

apresentam em sua membrana plasmática uma proteína conhecida como alfa-galactose que

também está presente na parede de microorganismos presentes na microbiota intestinal das

aves, isso explica a presença de heteroanticorpos IgM e IgY (COTTER; AYOUB;

PARMENTIER, 2005).

Aparentemente os níveis de anticorpos naturais podem estar correlacionados a genes

do MHC e células B-1 (STAR et al., 1979). Neste trabalho, em ambos os experimentos não

foram observadas diferenças significativas nos níveis de anticorpos naturais após as respostas

1ª e 2ª mostrando que a via de inoculação não influencia a produção anticorpos naturais. Estes

resultados estão de acordo aos obtidos por outros autores (COTTER; AYOUB;

PARMENTIER, 2005; SOARES et al., 2000).

Em aves, acredita-se que o baço seja o principal órgão linfóide relacionado com a

produção de anticorpos.

A PWP é a região B dependente fazem parte da polpa branca, formada por capilares

onde são encontradas as células B que expressam os marcadores chB6 e CD57 e uma rede de

macrófagos que atuam na filtração do antígeno (JEURISSEN et al., 1992). Mast et al. (1999)

descreveu que estímulos imunológicos durante o período embrionário e na primeira semana

de vida das aves leva a um aumento o número de PALS e PWP no baço destas aves, porém

não há nada descrito em animais imunocompetentes.

Os níveis maiores de anticorpos observados no experimento I e II refletiram em

alterações significativas no baço dos animais.

Em ambos os experimentos, a IgM foi a classe de anticorpo mais abundante na

resposta imune primária, enquanto a IgY foi a mais abundante na resposta imune secundária.

Este fenômeno é explicado devido a troca de classe de anticorpos que ocorre no centro

germinativo, da classe IgM para IgY, após 7 dias da primeira inoculação do antígeno. A IgM

é expressa 7 dias após o estímulo imunológico, ocorrendo uma troca de classe para IgY no

segundo estímulo (YASUDA et al., 2003).

Não foi observada uma relação entre os níveis de anticorpos produzidos e o número

de centro germinativo. O aumento do número de centros germinativos pela utilização da via

i.v. era esperado e está de acordo com os resultados obtidos por outros autores (LI et al., 1998;

YASUDA et al., 2003a). O que não foi esperado é a resposta do baço a via s.c. já que o

Page 46: SILAS FERNANDES ETO - Livros Grátislivros01.livrosgratis.com.br/cp145630.pdf · silas fernandes eto estudo das vias de inoculaÇÃo sobre a resposta imune humoral e caracterÍsticas

43

transporte do antígeno por esta via até o baço não foi descrita ainda por nenhum estudo. Sabe-

se que na epiderme existe a presença de células dendríticas epiteliais, identificáveis pelo uso

de anticorpos ATPases e MHC classe II específicos. Estas células estão presentes na epiderme

de aves em pequenos agregados de tecido linfóide chamados de nódulos linfóides epidermais.

Estes nódulos não apresentavam uma rede linfática como em mamíferos. Até o momento não

se sabe como as células dendríticas atingem estes nódulos linfáticos, ou se há a migração

destas células para o baço (TORRES et al., 1994; IGYÁRTÓ et al., 2006).

Page 47: SILAS FERNANDES ETO - Livros Grátislivros01.livrosgratis.com.br/cp145630.pdf · silas fernandes eto estudo das vias de inoculaÇÃo sobre a resposta imune humoral e caracterÍsticas

44

CONCLUSÕES

A via de inoculação de SRBC mais eficiente na produção de anticorpos é a

via i.v. em ambas as linhagens testadas.

A via i.m. leva a um aumento significativo dos anticorpos da classe IgM nos

animais da linhagem White Leghorn, mas não nos animais da linhagem Isa Brown.

A via i.p., em animais Isa Brown, resulta em títulos mais altos de anticorpos

do que as vias i.m. e s.c. Porém, os títulos de anticorpos IgY obtidos são menores do que os

obtidos pela via i.v..

O aumento da produção de anticorpos leva a um aumento das áreas de polpa

branca no baço das aves Isa Brown.

Page 48: SILAS FERNANDES ETO - Livros Grátislivros01.livrosgratis.com.br/cp145630.pdf · silas fernandes eto estudo das vias de inoculaÇÃo sobre a resposta imune humoral e caracterÍsticas

45

REFERÊNCIAS

ABBAS, A. K.; LICHTMAN, A. H.; POBER, J. S. Cellular and molecular immunology. 4.

ed. Philadelphia: WB Saunders, 2000.

ANDREASEN, C. B.; LATIMER, K. S. Cytochemical staining characteristics of chicken

heterophils and eosinophils. Veterinary Clinical Pathology, v. 19, n. 2, p. 51-54, 1990.

BANKS, W. J. Histologia veterinária aplicada. 2. ed. São Paulo: Manole, 1992.

BEÇAK, W.; PAULETE, J. Técnicas de citologia e histologia. São Paulo: Nobel, 1970.

BOA-AMPONSEM, K.; PRICE, S. E.; DUNNINGTON, E. A.; SIEGEL, P. B. Effect of route

of inoculation on humoral immune response of White Leghorn chickens selected for high or

low antibody response to sheep red blood cells. Poultry Science, v. 80, p. 1073-1078, 2001.

BURNS, R. B.; MAXWELL, M. H. Ultrastructura of peyer patches in the domestic fowl and

turkey. Journal of Anatomy, v. 1985, n. 147, p. 233-241, Nov. 1985.

CADWELL, D. J.; HARGIS, B. M. Effects of bursal anti-steroidogenic peptide (BASP) on

mitogen-induce DNA. Immunology, v. 22, p. 613-620, 1999.

CAMPBELL, T. W. Hematology of birds. In: THRALL, M. A. Veterinary hematology and

clinical chemistry. Philadelphia: Lippincott Williams & Wilkins, 2004. Cap. 17, p. 225-257.

CARLANDER, D. Avian IgY antibody. In vitro and in vivo. Uppsala: Tryck & Medier, 2002.

CHACANA, P. A; TERZOLO H. R.; GUTIÉRREZ C. E.; SCHADE R. Tecnología IgY o

aplicaciones de los anticuerpos de yema de huevo de gallina. Revista de Medicina

Veterinária, v. 85, n. 5, p. 179-189, 2004.

COTTER, P. F.; AYOUB, J.; PARMENTIER, H. K. Directional selection for specific sheep

cell antibody responses affects natural rabbit agglutinins of chickens. Poultry Science, v. 84,

p. 220-225, 2005.

DAVISON, T. F. The immunologists debt to the chickens. British Poultry Science, n. 44, p. 6-

21, 2003.

DONKER, R. A.; NIEULAND, M. G. B., VAN DER ZIJPP, A. J. Thermal influence on

antibody production and metabolism in chicken lines divergently selected for immune

responsiveness. 1989. Thesis. (PhD) - Wageningen University, Netherlands.

ERF, G. F. Cell-mediated immunity in poultry. Poultry Science, n. 83, p. 580-590, 2008.

FELLAH, J. S.; JAFFREDO, T.; DUNON, D. Development of avian immune system. In:

DAVISON, F.; KASPERS, B.; SCHAT, K. A. Avian Immunology, 2008. Cap. 4, p. 5-67.

FERRO, P. J.; SWAGGERTY, C. L.; KAISER, P.; PEVZNER, I. Y.; KOGUT, M. H.

Heterophils isolated from chickens resistant to extra-intestinal salmonella enteritidis infection

express higher leves of pro-inflammatory cytokine mRNA following infection than

Page 49: SILAS FERNANDES ETO - Livros Grátislivros01.livrosgratis.com.br/cp145630.pdf · silas fernandes eto estudo das vias de inoculaÇÃo sobre a resposta imune humoral e caracterÍsticas

46

heterophils from susceptible chickens. Epidemiology an Infection, v. 132, n. 6, p. 1029-1037,

1994.

FUDGE, A. M. Laboratory medicine avian and exotic pets. Philadelphia: W. B. Saunders

Company, 2000.

GATICA, R.; SLEBE, J. C.; ULLOA, J.; YÁÑEZ, A. J. Comparación de dos vías de

inoculación em La producción de anticuerpos contra fructosa 1,6-bisfosfatasa em huevo de

gallina. Archivos de Medicina Veterinária, v. 36, n. 1, p. 49-58, 2004.

GLICK, B. Bursa of fabricius. Avian Biology, n. 7, p. 443-500, 1983.

GLICK, B. Immunophysiology. In: STURKIE, P. D. (Ed.) Avian Physiology. 4th

ed. New

York: Springer-Verlag, 1986. Cap. 4, p. 87-101.

GLICK, B.; OLAH, I. Gut-associated lymphoid tissue of the chicken. Int. J. Scanning

Electron Micros. Chicago, USA, 1981.

GRINDSTAFF, J. L.; BRODIE III, E. D.; ELLEN, D. K. Immunefunction across generations:

integrating mechanism and evolutionary process in maternal antibody transmission.

Proceedings Biological Sciences, n. 298, p. 951-955, 2003.

HAMAL, K. R.; BURGESS, C.; PEVZNER, I. Y.; ERF, G. F. Maternal Antibody Transfer

from Dams to Their Egg Yolks, Egg Whites, and Chicks in Meat Lines of Chickens. Poultry

Science, v. 22, n. 85, p. 1364-1372, Nov. 2006.

HEMMINGSSON, E. J.; LINNA, T. J. Ontogenetic studies on lymphoid cell traffic in the

chickens. II. Cell traffic from the bursa of fabricius to the thymus and spleen in the embryo.

International Archives of Allergy and Applied Immunology, v. 13, n. 42, p. 764, 1972.

HIROI, T. M.; YANAGITA, N.; OHTA, G.; SAKAUE, G.; KIYONO, H. IL-15 and IL-5

receptor selectively regulate differentiantion of common mucosal immune system-

independent B-1 cells for IgA responses. Journal Immunology, v. 162, p. 4329-4337, 2000.

IGYARTÓ, B. Z.; LACKÓ, E.; OLÁH, I.; MAGYAR, A. Characterization of chickens

epidermal dendritic cells. Immunology, v. 119, n. 2, p. 278-288, 2006.

JANEWAY, A. C. Imunobiologia: o sistema imunológico na saúde e na doença. 3. ed. Porto

Alegre: Artmed, 2000.

JEURISSEN, E.; CLAASSEN, E.; JANSE, E. M. Histological and fuctional differentiantion

of non-lymphoid cells in the chicken spleen. Immunology, v. 1, n. 77, p. 75-80, Apr. 1992.

JEURISSEN, S. H. M. The role of various compartments in the chicken spleen during an

antigen-specific humoral response. Immunology, v. 80, p. 29-33, 1993.

JEURISSEN, S. H. M.; JANSE, E. M. Germinal centers develop at predilicted sites in the

chicken spleen. Advances in Experimental Medicine and Biology, v. 27, n. 41, p. 237-355,

1994.

JUUL-MADSEN, H. R.; JENSEN, K. H; NIELSEN, J.; DAMGARR, B. M. Ontogeny and

characterization of blood leukocyte subsets and serum proteins in piglets before and after

Page 50: SILAS FERNANDES ETO - Livros Grátislivros01.livrosgratis.com.br/cp145630.pdf · silas fernandes eto estudo das vias de inoculaÇÃo sobre a resposta imune humoral e caracterÍsticas

47

weaning. Veterinary Immunology, v. 133, n. 2, p. 95-108, 2008.

KHAN, M. Z. I.; HOSHIMOTO, Y.; IWAMI, Y.; IWANAGA, T. Postnatal development of

B lymphocytes and immunoglobulin-containing plasma cells in the chicken oviduct: studies

on cellular distribution and influence of sex hormones. Veterinary Immunology and

Immunopathology, v. 56, n. 56, p. 329-338, Set. 1997.

KINCADE, P.; COOPER, M. D. Development and distribution of immunoglobulin-

containing cellsin the chicken: An immunoflurescent analysis using purified antibodies to µ,

γ, and light chains. Journal Immunology, v. 1, n. 105, p. 371, 1971.

KIYOSHI, T. Inlerleukin 5 and B cell differentiantion. Cytokine Growth Factor, v. 9, p.

3217-3226, 1998.

KOWALCZYK, K.; DAISS, J.; HALPERN, J.; ROTH, T. F. Quantitation of maternal-fetal

IgG transport in the chicken. Immunology, v. 54, p. 755, 1985.

KREMER, T. T.; CHO, H. C. Transfer of immunoglobulins and antibodies in the hens egg.

Immunology, v. 19, n. 1, n. 19, p. 157-167, 1970.

KREUKNIET, M.; GIANOTTEN, M. B. G.; NIEUWLAND, M. B. G.; KUMAR, S.; BUZA,

J. J.; BURGESS, S.C. Genotype-dependent tumor regression in marek's disease mediated at

the level of tumor immunity. Cancer Microenvironment, v. 2, n. 1, p. 23-31, Dec. 2009..

KUMAR, V.; SOLIS DE LOS SANTOS, F.; DONOGHUE, D. J.; METCALF, J. H.; DIRAIN,

M. L.; AGUIAR, V. F.; BLORE, P. J.; DONOGHUE, D. J. The natural feed additive caprylic

acid decreases Campylobacter jejuni colonization in market-aged broiler chickens. Poultry

Science, n. 88, p. 61-64, 2009.

LESLIE, G. A.; CLEM, L. W. Phylogeny of immunoglobulin structure and function: III.

Immunoglobulins of the chickens. The Journal of Experimental Medicine, v. 130, n.6, Nov. p.

130-1337, 1969.

LI, X. T. N.; SUNWOO, H. H.; PAEK, B. H.; CHAE, H. S.; SIM, J. S. Effects of egg and

yolk weights on yolk antibody (IgY) production in laying chickens. Poultry Science, v. 77, p.

266-270, 1998.

LOEKEN, L. N.; ROTH, T. F. Analysis of maternal IgG subpopulations which are

transported into the chicken oocyte. Immunology, v. 49, n. 1, p. 21-28, 1983.

LONGENECKER, B. M.; MOSMANN, T. R. Structure and properties of the major

histocompatibility complex of the chickens. Immuno Genetics, v. 13, p. 1-23, 2001.

MACARI, M.; FURLAN, R. R.; GONZALES, E. Fisiologia aviaria aplicada a frangos de

corte. 2. ed. São Paulo: FUNEP, 2002.

MAST, J.; GODDEERIS, B. M.; PEETERS, K.; VANDESANDE, F.; BERGHMAN, L. R.

Chacaracterisation of chicken monocytes, macrophages and interdigitating cells by the

monoclonal antibody KUL0. Veterinary Immunology and Immunolopathology, v. 61, p. 343-

357, 1997.

MORGULIS, M. S. Imunologia aplicada. In: MACARI, M.; FURLAN, R. L.; GONZALES,

Page 51: SILAS FERNANDES ETO - Livros Grátislivros01.livrosgratis.com.br/cp145630.pdf · silas fernandes eto estudo das vias de inoculaÇÃo sobre a resposta imune humoral e caracterÍsticas

48

E. Fisiologia aviária aplicada a frangos de corte. Jaboticabal: FUNEP, 2002. p. 231-245.

MUIR, W. I.; BRYDEN, W. I.; HUSBAND, A. J. Evolution of intraperitoneal imunization in

reducing salmonella typhimurium infection in chickens. Poultry Science, v. 77, p. 1874-1883,

1998.

NEU, N.; HÁLA, K.; WICK, G. “Natural” chickens antibodies to red blood cells are mainly

directed against the B-G antigen, and their occurence is independent of spontaneous

autoinmune thyroiditis. Immunogenetics, v. 19, p. 269-277, 1984.

OLÁH, I.; VERVELDE, L. Structure of the avian lymphoid system. In: DAVISON, F.;

BERND, K. SCHAT, K. A. Avian Immunology. London: Elsevier, 2008. cap. 2, p. 13-50.

OTSUBO, Y.; CHEN, N.; KAJIWARA, E.; HORIUCHI, H.; MATSUDA, H.; FURUSAWA,

S. Role of bursin in the development of B lymphocytes in chicken embryonic bursa of

Fabricius. Developmental and Comparative Immunology, v. 25, p. 485-493, 2001.

PARMENTIER, H. K.; WALRAVEN, M.; NIEUWLAND, M. G. B. Antibody responses and

Body Weights of Chicken Lines Selected for High and Low Humoral Responsiveness to

sheep Red Blood ceels. 1. Effect of Escherichia coli Lipopolysaccharide. Poultry Science, v.

77, p. 248-255, 1998.

QUERE, P.; COOPER, M. D.; THORBECKE, G. J. Caracterization of suppressor T cells for

antibody production by chicken spleen cells. Immunology, v. 71, p. 517-522, 1990.

QURESHI, M. A.; HEGGEN, C. L.; HUSSAIN, I. Avian macrophage: effector functions in

health and disease. Developmental and Comparative Immunology, v. 24, p. 103-119, 2000.

QURESHI, M. A.; HUSSAIN, I.; HEGGEN, C. L. Understanding immunology in disease and

control. Poultry Science, v. 77, p. 1126-1129, 1998.

RATCLIFFE, M. J. B cell development in gut associated lymphoid tissues. Veterinary

Immunology, v. 10, n. 87, p. 337-340, 2002.

RAUWA, F.; LAMBRECHT, B.; VAN DEN BERA, T. Pivotal role ChIFγ in the pathogenesis

and immunosuppression of infectious bursal disease. Avian Pathology, n. 36, p. 367-374,

2010.

ROMPPANEN, T.; ESKOLA, J.; LASSILA, O.; VILJANE, M. K.; SORVARI, T. E.; ROSE,

M. E.; ORLANS, E.; BUTTRESS, N. Immunoglobulin classes in the hens egg: their

segregation in yolk and white. European Journal of Immunology, v. 4, n. 1, p. 521-523, 1974.

SALOMONSE, J.; DUNON, D.; SKJØDT, K.;THORPE, D.; VAINIO, O.; KAUFMAN, J.

Chicken mjor histocompatibility complex-encoded B-G antigens are found on many cell types

that are important for the immune system. Immunology, v. 88, p. 1359-1363, 1991.

SCOTT, T. R. Our Current Understanding of Humoral of Poultry. Poultry Science, v. 83, p.

574-579, 2004.

SOARES, S. G.; MATTA, M. F. R.; MATTA, C. G. F.; CRUZ, G. M.; VAN TILBURG, M.

F.; SOUSA, V. R. Identificação de aves produtoras de altos e baixo títulos de anticorpos para

diferentes antígenos. Revista Brasileira Zootecnia, v. 29, n. 6, n. 2, p. 2231-2236, 2000.

Page 52: SILAS FERNANDES ETO - Livros Grátislivros01.livrosgratis.com.br/cp145630.pdf · silas fernandes eto estudo das vias de inoculaÇÃo sobre a resposta imune humoral e caracterÍsticas

49

STAR, L.; FRANKENA, K.; KEMP, B.; NIEUWLAND, B.; SUGIMOTO, M.; BOLLUM, F.

J. Terminal deoxynucleotidyl transferase in the chick embryo lymphoid tissue. The Journal of

Immunology, p. 122-392, 1979.

SYRJÃNEN, K. J.; NAUKKARINEN, A. Effects per anum immunization with sheep red

blood cells on the structure of the post-capillary venules in the T-cell area of chicken cloacal

bursa. Immunology, v. 45, p. 721-726, 1982.

THORNTON, D. E.; JONES, K. H.; JIANG H; ZANG, G.; LIU, G.; CORNWELL, D. G.

Cornwell. Antioxidant and cytotoxic tocophery quinones in normal and cancer cells. Free

Radical Biology Medicine, v. 18, p. 963-976, 1994.

TORRES, A. P.; ALDACO, A. M. Ia antigens are expressed on ATPase-positive dendritic cells

in chickens epidermis. Journal Anatomy, v. 184, p. 591-596, 1994.

VIERTLBOECK, B.; GOBEL, T. W. F. Avian T cells: antigen Recognition and Linpenges. In:

DAVISON, F.; BERND, K. SCHAT, K. A. Avian Immunology. London: Elsevier 2008. Cap. 5,

p. 91-105.

WENDY, I. M.; WAYNE, L. B.; ALAN, J. H. Evolution of the efficacy of intraperitoneal

immunization in reducing salmonella typhimurim infection in chickens. Poultry Science, v.

77, p. 1874-1883, 1998.

WHITE, R. G., HENDERSON, D. C.; ESLAMI, M. B.; NIELSEN, K. H. Localization of a

protein antigen in the chicken spleen. Effect of various manipulative procedures on the

morphogenesis of the germinal center. Immunology, v. 28, n. 1, p. 1-21, 1975.

WHITE, R. G.; HENDERSON, D. C.; ESLAMI, M. B.; NIELSEN, K. H. Localization of a

protein antigen in the chicken spleen. Immunology, v. 28, p. 1-21, 1974.

WIGHT, P. A. L.; BURNS, B.; ROTHWELL, B.; MACKENZIE, G. M. The harderian gland

of the domestic fowl. Journal Anatomy, v.110, n. 2, p. 307-315, Agu. 1971.

YAMAMOTO, H.; WATANABE, H.; SATO, G.; MIKAMI, T. Identification of

immunoglobulins in chicken eggs and their antibody activity. Japanese Jornal of Veterinary

Research, v. 23, p. 131-140, 1975.

YASUDA, Y.; KAJIWARA, E.; EKINO, S.; TAURA, Y.; HIROTA, Y.; HORIUCHI, H.;

MATSUDA, H.; FURUSAWA, S. Immunobiology of chicken germinal center: I. Changens in

surface Ig class expression in the chicken splenic germinal center after antigenic stimulation.

Developmental & Comparative Immunology, n. 27, p. 315-330, Jul. 2003.

ZANDER, D. V.; MALLINSON, E. T. Principles of disease prevention and control. In:

CALNEX, B. W. et al. (Ed.). Diseases of Poultry. 4. ed. Ames: Iowa State University Press,

1991.

Page 53: SILAS FERNANDES ETO - Livros Grátislivros01.livrosgratis.com.br/cp145630.pdf · silas fernandes eto estudo das vias de inoculaÇÃo sobre a resposta imune humoral e caracterÍsticas

Livros Grátis( http://www.livrosgratis.com.br )

Milhares de Livros para Download: Baixar livros de AdministraçãoBaixar livros de AgronomiaBaixar livros de ArquiteturaBaixar livros de ArtesBaixar livros de AstronomiaBaixar livros de Biologia GeralBaixar livros de Ciência da ComputaçãoBaixar livros de Ciência da InformaçãoBaixar livros de Ciência PolíticaBaixar livros de Ciências da SaúdeBaixar livros de ComunicaçãoBaixar livros do Conselho Nacional de Educação - CNEBaixar livros de Defesa civilBaixar livros de DireitoBaixar livros de Direitos humanosBaixar livros de EconomiaBaixar livros de Economia DomésticaBaixar livros de EducaçãoBaixar livros de Educação - TrânsitoBaixar livros de Educação FísicaBaixar livros de Engenharia AeroespacialBaixar livros de FarmáciaBaixar livros de FilosofiaBaixar livros de FísicaBaixar livros de GeociênciasBaixar livros de GeografiaBaixar livros de HistóriaBaixar livros de Línguas

Page 54: SILAS FERNANDES ETO - Livros Grátislivros01.livrosgratis.com.br/cp145630.pdf · silas fernandes eto estudo das vias de inoculaÇÃo sobre a resposta imune humoral e caracterÍsticas

Baixar livros de LiteraturaBaixar livros de Literatura de CordelBaixar livros de Literatura InfantilBaixar livros de MatemáticaBaixar livros de MedicinaBaixar livros de Medicina VeterináriaBaixar livros de Meio AmbienteBaixar livros de MeteorologiaBaixar Monografias e TCCBaixar livros MultidisciplinarBaixar livros de MúsicaBaixar livros de PsicologiaBaixar livros de QuímicaBaixar livros de Saúde ColetivaBaixar livros de Serviço SocialBaixar livros de SociologiaBaixar livros de TeologiaBaixar livros de TrabalhoBaixar livros de Turismo