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UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ
INSTITUTO DE TECNOLOGIA
FACULDADE DE ENGENHARIA QUÍMICA
Disciplina: Química Orgânica Experimental
Profª: Eloisa Helena de Aguiar Andrade
RELATÓRIO REFERENTE À SÍNTESE DA DIBENZALACETONA (1,5-DIFENIL-(E,E)-PENTA-1,4-
DIEN-3-ONA) E TESTE DE PUREZA POR PONTO DE FUSÃO.
Belém, 17 de junho de 2010
Ana Raquel Oliveira Louzeiro
Daniel Nascimento dos Santos
Eder José Pereira Júnior
Henrique Fernandes Figueira Brasil
Jéssica Maria Morais Costa
Raimunda Nonata Consolação e Branco
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1. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
Os compostos carbonílicos são aqueles que possuem como grupo funcional a
carbonila (C=O). Estes compostos diferem entre si pela posição do grupo carbonila,
dividindo-se em aldeídos e cetonas. Quando o grupo carbonila está na extremidade da
cadeia temos a função aldeído, quando este estiver entre átomos de carbono teremos a
função cetona (site 1).
O grupo carbonila é um dos mais importantes da química orgânica. Este possui
um átomo de carbono sp² ligado a um átomo de oxigênio que também possui
hibridização sp². Como o átomo de carbono é trigonal os substituintes se encontram no
mesmo plano do oxigênio e seus pares de elétrons disponíveis. A carbonila apresenta
uma ligação sigma e uma ligação pi. Então apesar da ligação carbono-oxigênio ser forte,
há uma reatividade considerável na carbonila devido a diferença de eletronegatividade
entre o carbono e o oxigênio. Este ultimo é mais eletronegativo possuindo, então, uma
região de maior densidade eletrônica.
O centro reativo é a ligação entra o hidrogênio e o carbono α. A posição α é a
que se encontra ao redor do grupo carbonila.
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As bases fortes são capazes de remover o hidrogênio α dos compostos
carbonilados resultando em uma espécie rica em elétrons denominada íon enolato ou
simplesmente enolato. Este íon é estabilizado pela deslocalização da carga em direção
ao oxigênio eletronegativo representado pelas estruturas de ressonância.
Estas estruturas de ressonância do enolato contribuem para a reatividade dos
compostos carbonílicos. O híbrido de ressonância possui uma carga parcial negativa no
carbono e no oxigênio. Ambos são nucleófilos (ricos em elétrons e podem atacar um
sítio eletrofílico (pobre em elétrons) (site 2 ).
Portanto há vários tipos de reação com compostos carbonílicos. Como por
exemplo a halogenação, a reação aldólica, reação, ciclização via condensação alcoólica,
selenação α e a reação aldolica cruzada. Uma reação aldólica que começa com dois
compostos carbonilados diferentes é chamada reação aldólica. Ela é própria de aldeídos
ou cetonas com átomos de hidrogênio em posição α. Sendo dividida em reações
aldolicas cruzadas práticas, condensação com nitroalcano, condensação com nitrila e a
reação de Claisen-Schmidt.
Quando as cetonas são utilizadas como um dos reagentes, as reações aldólicas
são denominadas reação de Claisen Schimidt. O cientista alemão J.G. Schmidt
descobriu a reação em 1880 e Ludwing Claisen a desenvolveu entre 1881 e 1889.
Nessas reações são constantemente utilizadas bases como o hidróxido de sódio para
evitar que as cetonas se autocondensem (SOLOMONS,2002).
Nas práticas experimentais que foram realizadas no Laboratório de Química
Orgânica da Universidade Federal do Pará, sob supervisão da professora Eloisa
Andrade, foi realizada a síntese da dibenzalacetona através da reação de condensação
aldólica de Claisen Schmidt a partir de um aldeído aromático, o benzaldeído, com uma
cetona, a acetona.
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O nome da dibenzalacetona segundo a IUPAC é 1,5-difenil-(E,E)-1,4-pentadien-
3-ona com fórmula molecular C17H14O. Este composto é utilizado como um dos
componentes de protetores solares e sua síntese ocorre através de uma reação de
condensação. Uma reação de condensação ocorre quando ao se unir duas moléculas da
substância, produz-se uma molécula de água.
Na síntese da dibenzalacetona a acetona sofre uma dupla condensação aldólica
com duas moléculas de benzaldeído. Utiliza-se como catalisador o hidróxido de sódio
(NaOH). A primeira etapa da condensação aldólica é a formação do íon enolato acetona
pela remoção do próton mais ácido. Aldeídos e cetonas dissolvidos existem num
equilíbrio que possui uma mescla de duas formas isoméricas, ceto e enol.
A segunda etapa é a adição nucleofílica do íon enolato acetona ao benzaldeído.
O íon é um bom agente nucleofílico (solicitante de área positiva) e ataca o carbono da
carbonila que possui carga parcial positiva.
Figura 1 - Dibenzalacetona
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A seguinte etapa é a reação de condensação em duas partes, primeiro se forma
uma dupla ligação carbono-carbono e depois se produz uma molécula de água.
A acetona dá lugar a uma reação aldólica com outra molécula de benzaldeído
para formar o produto fina, a dibenzalacetona.
Um problema da reação com aldol é que todos os grupos carbonila que contém
um hidrogênio α conduziram a reações com outras carbonilas e com si mesmo, o que
provocará a formação de vários produtos. No procedimento realizado não há
hidrogênios α na molécula de benzaldeído, portanto a a cetona forma somente um
enolato, assim observa-se a formação de apena um produto (site 3).
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É conveniente se realizar o controle físico, ou seja, a caracterização da
substância, que consiste na determinação do ponto de fusão, do ponto de ebulição, da
densidade, do índice de refração, entre outros. A importância da caracterização física
está em verificar a pureza da substância. Sendo assim, no Laboratório de Química
Orgânica, realizou-se apenas a determinação do ponto de fusão da dibenzalacetona.
O ponto de fusão designa a temperatura na qual uma substância passa do estado
sólido ao estado líquido nas condições normais de pressão, coexistindo ambas as fases
(sólida e líquida) em equilíbrio. O ponto de fusão, a uma determinada pressão, é um
valor constante, característico de uma substância pura, e por isso a sua determinação
constitui um método para calcular o grau de pureza da mesma substância. Com isto, se
durante a determinação do ponto de fusão de uma substância que se pensa ser pura,
existirem variações de temperatura superiores a 2oC em relação ao valor do ponto de
fusão teórico, a substância não pode ser considerada pura. Porém existem autores que
afirmam que a substância só pode ser considerada pura se a variação de temperatura for
de no máximo 1°C. No caso da dibenzalacetona, o valor teórico do ponto de fusão
corresponde a 142°C. A determinação do ponto de fusão da aspirina foi realizada no
Laboratório de Química Orgânica Experimental utilizando-se um aparelho com
propriedades automáticas e a partir de então a avaliação do seu grau de pureza foi feita
por comparação com valores tabelados.
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2. MATERIAL E MÉTODOS
Síntese da dibenzalacetona
Material: benzaldeído, metanol, acetona, solução de hidróxido de sódio 30%,
erlenmeyer.
Procedimento: Em um erlenmeyer, dissolveu-se 3 mL de benzaldeído, 1,2 mL
de acetona e 30 mL de metanol. Em outro erlenmeyer, diluiu-se 6 mL de NaOH 30%
em 25 mL de água destilada. Adicionou-se esta solução à mistura contida no primeiro
erlenmeyer. Procedeu-se com agitação vigorosa por 30 minutos, aliviando a pressão
quando necessário e imergindo o erlenmeyer em banho de água fria eventualmente pra
que a temperatura se mantivesse entre 20°C e 25°C. Após este tempo, o erlenmeyer foi
deixado em repouso por 15 minutos em banho de água fria e a mistura foi passada a um
frasco e armazenada por 6 dias. Realizou-se uma filtração à vácuo, lavando os cristais
com água para eliminar os traços de álcali.
Os cristais formados foram recristalizados com metanol (quantidade suficiente
para a total solubilização a temperaturas elevadas): a mistura foi aquecida em banho-
maria e após solubilização, realizou-se uma filtração simples à quente. O filtrado foi
resfriado em banho de água fria e submetido a uma filtração a vácuo. O filtrado foi
descartado e o papel de filtro com os cristais recristalizados foi levado a capela para
secagem e depois pesado (2,5 g).
Determinação do ponto de fusão da dibenzalacetona sintetizada
Material: capilar, aparelho de ponto de fusão, dibenzalacetona
Procedimento: O capilar é vedado em uma das pontas usando a chama de uma
vela. Transferiu-se para o capilar uma pequena quantidade da dibenzalacetona
sintetizada (cerca de 2 mm de altura). Colocou-se o capilar no aparelho de ponto de
fusão. O intervalo de temperatura foi determinado da seguinte forma: a temperatura
inicial foi aquela onde a primeira gota de líquido apareceu e a temperatura final foi
aquela em que o último fragmento de sólido fundiu. Após resfriamento do aparelho, o
experimento foi realizado novamente.
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3. RESULTADOS E DISCUSSÃO
Cálculo do rendimento da síntese de dibenzalacetona.
Para calcular o rendimento do processo, deve-se conhecer se algum dos
reagentes estava em excesso para que o rendimento possa ser feito em relação à espécie
limitante.
Sabendo que o volume de benzaldeído (C7H6O) usado no processo foi de 3 mL,
sua massa molar é 106.13 g/mol e que sua densidade é 1.0415 g/mL, faz-se os cálculos
para realização da massa que reagiu:
Massa de benzaldeído = 3,1245 g
Agora, calcula-se a massa de acetona que reagirá com esta massa de
benzaldeído, obedecendo a estequiometria da reação:
2 moles de benzaldeído (C7H6O3) 1 mol de acetona (CH3COCH3)
2 x 106,13 g 58,08 g
3,1245 g massa acetona
Massa de acetona = 0,8549 g
Tendo conhecimento das propriedades da acetona, como massa molar (58.08
g/mol) e densidade (0.788 g/ml), encontra-se o volume que reagiria com 3 mL de
benzaldeído:
Volume de acetona = 1,08 mL
Como o volume de acetona usado para proceder com a reação foi de 1,2 mL,
logo, a acetona é a espécie em excesso e o rendimento deve ser calculado com base no
benzaldeído.
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2 moles de benzaldeído (C7H6O3) 1 mol de dibenzalacetona (C17H14O)
2 x 106,13 g 234,31 g
3,1245 g Massa
Massa de dibenzalacetona = 3,45 g (rendimento de 100%)
3,45 g 100%
2,50 g Rendimento
Rendimento = 72,46%
Análise da pureza da dibenzalacetona sintetizada, pela determinação do
ponto de fusão.
Temperatura inicial Temperatura final Temperatura média
Experimento 1
Experimento 2
De acordo com a literatura consultada, o ponto de fusão da dibenzalacetona
corresponde aos 135°C. Este valor não foi confirmado nos experimentos realizados.
Conclui-se, portanto, que o composto sintetizado não é a dibenzalacetona, ou que o
produto ainda apresenta quantidade significativa de impurezas.
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4. REFERÊNCIAS
Site 1: www.quimica10.com.br, acessado em 16 de junho de 2010
Site 2: www.pucrs.br, acessado em 16 de junho de 2010
Site 3: www.prepa8.unam.mx, acessado em 16 de junho de 2010
CARDOSO, B. D.; ALMEIDA, L. ,M.; PERES, V. Investigação dos
mecanismos das reações dos ativos e implantação de um programa de gestão de
resíduos químicos no Unipam.
MANO, E.B.; SEABRA, A.P. Práticas de Química Orgânica. 3. ed.; São Paulo:
Edgard Blucher, 1987. 246 p.
SOLOMONS, T.W.G.; FRYHLE, C.B. Química Orgânica. 7. ed. Rio de Janeiro:
LTC, 2002. 474 p.
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ANEXO I – RESOLUÇÃO DAS QUESTÕES DO ROTEIRO DE
QUÍMICA ORGÂNICA EXPERIMENTAL
PAG 54
1. Calcular o rendimento da reação.
Fazendo todas as considerações apresentadas anteriormente temos que:
2 moles de benzaldeído (C7H6O3) 1 mol de dibenzalacetona (C17H14O)
2 x 106,13 g/mol 234,31 g/mol
3,1245 g Massa
Massa de dibenzalacetona = 3,45 g (rendimento de 100%)
3,45 g 100%
2,50 g Rendimento
Rendimento = 72,46%
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2. Escrever o mecanismo da reação.
O aduto formado por condensação de uma molécula de acetona e uma molécula
de benzaldeído em meio básico é a E-4-fenilbut-3-en-2-ona (benzalacetona), a qual
possui ainda átomos de hidrogênio acídicos, pelo que assim forma um novo íon enolato,
que condensa com uma nova molécula de benzaldeído. Dá-se, assim, uma nova
condensação aldólica para originar o produto final
3. Citar outro teste de caracterização que pode ser utilizado para o
produto obtido
Toma-se uma pequena amostra da dibenzalacetona, a qual é dissolvida em CCl4.
Em seguida, adicionou-se uma gota de solução a 25% (v/v) de bromo em ácido acético a
80%, observando-se o descoramento do bromo, o que constitui teste positivo para
dibenzalacetona (MANO, 1987).