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267 SISTEMA DE INFORMAÇÃO AGROPECUÁRIO (SIA): UTILIZAÇÃO DA INTERNET VISANDO À DIFUSÃO DE TECNOLOGIAS AGRÍCOLAS Luciana Chrystina de Castro Pereira¹ José Geraldo Fernandes de Araújo² RESUMO Objetivo: O Sistema de Informação Agropecuário (SIA): utilização da internet visando à difusão de tecnologias agrícolas é um projeto de iniciação científica que tem como finalidade divulgar pesquisas agropecuárias produzidas na Universidade Federal de Viçosa por meio do site Portal do Agronegócio - www.portaldoagronegocio.com.br. A iniciativa visa popularizar as pesquisas científicas geradas na UFV, usando uma linguagem objetiva e simplificada, a fim de que estas se tornem acessíveis aos produtores rurais. Este trabalho pretende ser um elo entre a comunidade acadêmica e o meio rural, buscando atender às necessidades dos produtores rurais que se encon- tram distante do meio universitário, aprimorando seus conhecimentos e melhorando sua pro- dutividade. Metodologia: Inicialmente foi feito um levantamento das pesquisas realizadas pela Universidade Federal de Viçosa nos Departamentos relacionados às ciências agrárias. Após esta etapa, foi elaborada uma relação das pesquisas produzidas por cada um destes setores. A partir deste arquivo, foi feito um novo levantamento para analisar o grau de importância e utilidade de tais pesquisas em relação às atividades produtivas da região. Os estudos de maior aplicabilida- de e relevância foram selecionados e estão sendo trabalhados para divulgação no site Portal do Agronegócio. Paralelamente à coleta destes materiais, foram feitas entrevistas com produtores rurais para se conhecer os assuntos de seus maiores interesses e necessidades. O material publi- cado fica em forma de arquivo no site, para consultas posteriores. Resultados: Espera-se com este projeto em andamento (duração: junho a novembro de 2009) o fortalecimento dos produtores _____________________________________ ¹Acadêmica do 6° período de Comunicação Social – Jornalismo pela Universidade Federal de Viçosa (UFV). Bol- sista do Bitec. Email:[email protected] ²Eng° Agrônomo, MS. em Economia Rural, Doutor e Pós Doutor em Ciências da Comunicação. Email: jgera@ufv. br.

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SiStema de informação agropecuário (Sia): utilização da internet viSando à difuSão de tecnologiaS agrícolaS

Luciana Chrystina de Castro Pereira¹José Geraldo Fernandes de Araújo²

reSumoObjetivo: O Sistema de Informação Agropecuário (SIA): utilização da internet visando à difusão de tecnologias agrícolas é um projeto de iniciação científica que tem como finalidade divulgar pesquisas agropecuárias produzidas na Universidade Federal de Viçosa por meio do site Portal do Agronegócio - www.portaldoagronegocio.com.br. A iniciativa visa popularizar as pesquisas científicas geradas na UFV, usando uma linguagem objetiva e simplificada, a fim de que estas se tornem acessíveis aos produtores rurais. Este trabalho pretende ser um elo entre a comunidade acadêmica e o meio rural, buscando atender às necessidades dos produtores rurais que se encon-tram distante do meio universitário, aprimorando seus conhecimentos e melhorando sua pro-dutividade. Metodologia: Inicialmente foi feito um levantamento das pesquisas realizadas pela Universidade Federal de Viçosa nos Departamentos relacionados às ciências agrárias. Após esta etapa, foi elaborada uma relação das pesquisas produzidas por cada um destes setores. A partir deste arquivo, foi feito um novo levantamento para analisar o grau de importância e utilidade de tais pesquisas em relação às atividades produtivas da região. Os estudos de maior aplicabilida-de e relevância foram selecionados e estão sendo trabalhados para divulgação no site Portal do Agronegócio. Paralelamente à coleta destes materiais, foram feitas entrevistas com produtores rurais para se conhecer os assuntos de seus maiores interesses e necessidades. O material publi-cado fica em forma de arquivo no site, para consultas posteriores. Resultados: Espera-se com este projeto em andamento (duração: junho a novembro de 2009) o fortalecimento dos produtores

_____________________________________¹Acadêmica do 6° período de Comunicação Social – Jornalismo pela Universidade Federal de Viçosa (UFV). Bol-sista do Bitec. Email:[email protected]²Eng° Agrônomo, MS. em Economia Rural, Doutor e Pós Doutor em Ciências da Comunicação. Email: [email protected].

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rurais da região, mediante a difusão dos conhecimentos armazenados na biblioteca da universida-de, viabilizando economicamente as suas atividades por meio da redução dos seus custos médios e da qualificação profissional da mão de obra empregada. Nesse contexto, pretende-se que os produtores rurais apresentem ganhos significativos de rentabilidade, tendo em vista a utilização, de uma maneira mais eficaz, da tecnologia, ainda pouco explorada neste sentido - a internet. Espera-se, ainda, com este projeto incentivar o crescimento da agropecuária regional, utilizando de tecnologias já existentes, embora não utilizadas por eles. Conclusões: Tendo em vista a carên-cia na veiculação de informações relativas a pesquisas científicas, percebe-se que há uma intensa necessidade de divulgar tais estudos para a sociedade. Portanto, democratizar o conhecimento produzido pela universidade, popularizando-o, é uma ferramenta corroborativa para a formação do senso crítico do cidadão e desenvolvimento de uma nação. Desta forma, o presente projeto se firma como cumpridor no seu papel de popularizador de conhecimentos científicos ligado a setores agrários.

palavras-chave: Divulgação Científica. Agronegócio. Comunicação Rural. Ciência e Tecnolo-gia. Internet.

introdução

A Universidade Federal de Viçosa (UFV) situada na zona da Mata Mineira é conhecida inter-nacionalmente por ser um pólo de pesquisas científicas, despontando-se ainda como um relevante centro de estudos relacionados a Ciências Agrárias.

Esta tradição se dá desde a época de sua inauguração, em 28 de agosto de 1926, pelo então presidente da república Arthur da Silva Bernardes, ocasião em que recebera o nome de Escola Superior de Agricultura e Veterinária (ESAV). No ano de 1948, o Governo do Estado converteu a ESAV em Universidade Rural do Estado de Minas Gerais (UREMG), que compreendia a Escola Superior de Agricultura, a Escola Superior de Veterinária, a Escola Superior de Ciências Domés-ticas, a Escola de Especialização (Pós-Graduação), o Serviço de Experimentação e Pesquisa e o Serviço de Extensão.

Com o passar dos anos, a UREMG foi se desenvolvendo e consolidando como uma universi-dade de renome em todo o território nacional. Devido a este despontamento, foi federalizada, em 15 de julho de 1969, recebendo o nome de Universidade Federal de Viçosa.

Desde a sua fundação, a instituição vem adquirindo experiência e tradição nas áreas de ensino, pesquisa e extensão, componentes basilares da filosofia de seu trabalho.

Hoje, a instituição possui 61 cursos de graduação, 54 de pós-graduação, sendo 20 de mestrado e doutorado e 14 compreendendo somente o mestrado.

As Ciências Agrárias, setor referencial da UFV, englobam os seguintes cursos: Agronomia, En-genharia Agrícola e Ambiental, Engenharia Florestal, Gestão de Cooperativas, Gestão do Agro-negócio e Zootecnia. Sua importância neste setor se dá, entre outros fatores, aos investimentos destinados as mais diversas pesquisas nestes segmentos. Pesquisadores e professores estrangeiros de renome na comunidade científica são integrantes do corpo docente da UFV, a qual também exerce um programa de treinamento que proporciona especialização a diversos profissionais em outras partes do país e também do exterior. Diante disso, a universidade está entre as instituições do país com os mais altos índices de pessoal docente com qualificação em nível de pós-graduação.

O potencial intelectual e produtivo da Universidade Federal de Viçosa é uma marca de seu

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sistema educacional, tendo em vista as mais abrangentes pesquisas realizadas pela instituição. No entanto, tais pesquisas muitas vezes ficam restritas à comunidade acadêmica, que na maior parte das vezes escreve apenas para o setor que compartilha da mesma formação que a sua, deixando o restante da população à margem destes acontecimentos.

Pretendendo diminuir a lacuna existente entre a comunidade acadêmica e o homem do campo, não inserido na realidade universitária, a então ESAV, hoje UFV, criou, em 1929, um mecanismo facilitador de aproximação entre estas duas realidades distintas - a Semana do Fazendeiro. Este evento tinha como intuito aumentar e diversificar a produção agropecuária regional, difundindo, assim, as técnicas e conhecimentos desenvolvidos na presente instituição aos fazendeiros da re-gião.

Nesta época, a ESAV adotou como modelo os colégios agrícolas norte-americanos, cuja filo-sofia empregada era baseada nos princípios da “ciência e prática” e do “aprender fazendo”. A Semana do Fazendeiro foi, deste modo, idealizada tendo como base norteadora a Semana das fazendas (“farms week”), realizada nos Estados Unidos.

Em 1929, ano inaugural da Semana do Fazendeiro na ESAV, o mundo enfrentava uma crise econômica de grandes proporções. Era a crise de 29, a qual afetou diretamente o Brasil, fazendo diminuir consideravelmente as exportações do principal produto brasileiro: o café. Na política, as oligarquias agrárias estavam divididas, ocasionando no ano seguinte a Revolução de 1930. Neste contexto, revoltas e greves eclodiram no cenário nacional. Observou-se então que cada vez mais se acentuava o número de pessoas que deixavam o campo em busca de novas oportunidades nas áreas urbanizadas. Devido a estes acontecimentos, e percebendo a evasão populacional do campo para a cidade, os idealizadores da Semana do Fazendeiro procuraram resgatar o interesse do homem campestre para a agricultura, incentivando, portanto, a policultura e o aumento da produtividade agropecuária.

Atividade extensionista, a Semana do Fazendeiro foi, então, sendo realizada nos anos seguin-tes e persiste até o presente momento, completando no ano de 2009 a marca de 80 anos de sua realização. Salvo modificações estruturais e incorporações de novos espaços dentro do evento, a Semana do Fazendeiro ainda tem como principal fundamento o diálogo entre o acadêmico e o homem do campo, procurando a este último dar suporte para sua efetiva participação no desen-volvimento da atividade agrícola nacional.

Uiara Maria da Silva, que teve como tema de sua dissertação de mestrado a interação de conhe-cimentos na Semana do Fazendeiro, relata como vê a troca de experiências entre a universidade e o meio rural

Esta diferença da origem e construção do conhecimento do professor e do pro-dutor não inviabiliza a relação entre ambos e impede que essa interação se es-tabeleça. O processo realiza-se mediante a troca de saberes ao longo da Sema-na do Fazendeiro, na oferta e busca de conhecimentos contidos em interesses semelhantes, que se fortalecem na manifestação do “científico” e da “práxis”. (SILVA, 1995)

Com o intuito de dar continuidade à aproximação da comunidade de modo geral e especifi-camente, dos produtores rurais e a Universidade, em particular, o projeto de iniciação científica, intitulado: Sistema de Informação Agropecuário (SIA): utilização da internet visando à difusão

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de tecnologias agropecuárias está procurando ser o elo entre esses dois setores, a fim de que este conhecimento gerado pelas pesquisas produzidas na UFV se expanda e possa criar oportunidades para pessoas que não estão inseridas no processo acadêmico.

Para tanto, a presente iniciação científica usa a internet como veículo divulgador deste conheci-mento. Por meio do site Portal do Agronegócio (www.portaldoagronegocio.com.br), dissertações e teses produzidas por membros da UFV são selecionadas e adaptadas para serem divulgadas neste meio de comunicação, tornando-se uma importante ferramenta de consulta da sociedade, em especial para aqueles que não estão inseridos no meio acadêmico. Esta inserção de estudos da UFV no Portal do Agronegócio cria mecanismos para que esses conhecimentos possam ser úteis ao público, em particular aos produtores rurais, proporcionando-lhes, em suas atividades agríco-las, desenvolvimento e modernização.

apresentação do produto

Portal do Agronegócio é um site que difunde informações via internet propondo soluções ao agronegócio por meio de consultoria, assessoria e pesquisa. O site busca, com atualizações di-árias de conteúdo, tornar-se referência nacional como empresa informacional e prestadora de serviços relacionados ao setor agrícola.

O foco de atuação do site está voltado para o estudo de cadeias produtivas do agronegócio e inovações tecnológicas para o setor. Suas ações procuram propiciar soluções para a agricultura, pecuária, agroindústria e o comércio ligado ao agronegócio.

Além do sistema informacional montado via internet que proporciona aos usuários da web in-formações atualizadas a cerca dos últimos acontecimentos relacionados a áreas agrícolas, o Portal oferece ainda produtos e serviços, como:

• consultoria e assessoria técnica em campo: são serviços de consultoria e assessoria que abrangem todo o território nacional, se adequando a demanda identificada.

• promoção de cursos e treinamentos: promoções e co-promoções de cursos e treinamentos, os quais contam com a inserção de práticas, como é o caso dos dias de campo.

• pesquisa: o Portal possui projetos de pesquisas que visam melhorar a qualidade do site, tendo como alguns dos parceiros a Fapemig e o CNPq.

Tendo em vista a necessidade de aperfeiçoamento de seu conteúdo e estando localizada na cidade viçosense, onde está inserida a Universidade Federal de Viçosa, a empresa se propôs a inscrever-se no edital Bitec - Programa de Iniciação Científica e Tecnológica para micro e pe-quenas empresas -, que tem como objetivo a interação de conhecimentos acadêmicos e o setor empresarial. Como enfatiza (MARANGONI, PEREIRA, SILVA, 2002) “para a construção de um portal na internet é preciso uma equipe multidisciplinar, cujos profissionais devem ter boa qualidade técnica e saber trabalhar em equipe e sobre pressão”.

A proposta do site Portal do Agronegócio era, portanto, aproveitar seu espaço na mídia para di-vulgar pesquisas científicas e tecnológicas produzidas pela UFV, as quais, em grande parte, ficam restritas à própria instituição, privando o público em geral de tomar conhecimento das mesmas. Para tanto, foi escolhida uma aluna do Curso de Comunicação Social – Jornalismo da UFV para ser a bolsista desenvolvimentista do projeto. Fica a cargo da aluna empregar, no decorrer de suas atividades, o conhecimento adquirido por ela na sua formação acadêmica. Seguindo o mesmo

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padrão, o orientador foi escolhido para dar suporte ao andamento deste trabalho. O Sistema de Informação Agropecuário (SIA): utilização da internet visando à difusão de

tecnologias agrícolas foi então aprovado no referido edital. O Bitec destina 600 bolsas para estu-dantes em todo o Brasil que se adéquem às suas metas propostas. Todas as 600 bolsas de iniciação científica são patrocinadas pelo Instituto Euvaldo Lodi - IEL, que conta com alguns parceiros como o CNPq, SEBRAE e o SENAI. Este instituto visa promover a interação entre empresas e as instituições geradoras de conhecimento e de novas tecnologias, como as universidades, a fim de proporcionar melhorias para as primeiras, por meio das experiências acumuladas por alunos bolsistas nas suas respectivas instituições de ensino.

As atividades foram iniciadas em primeiro de junho de 2009. O presente projeto está em an-damento, vigorando até o final do mês de novembro de 2009, completando, na referida data, seis meses de duração. Durante este período, relatórios contendo informações a cerca das atividades realizadas pela estudante e pelo orientador são enviados ao Instituto Euvaldo Lodi de Minas Ge-rais, para que assim, haja por parte da instituição financiadora, o acompanhamento do trabalho que está sendo realizado.

metodologia

Considerando o expressivo montante de pesquisas concluídas na Universidade Federal de Vi-çosa todos os anos, como dissertações de mestrado e teses de doutorado, criou-se, por parte da instituição, um meio de divulgação para estes estudos. O mecanismo utilizado para este fim foi a internet, tendo em vista seu alcance e sua dinamicidade. Instituiu-se, portanto, a biblioteca digi-tal de teses e dissertações – TEDE, que proporciona ao usuário da web trabalhos completos, em forma de arquivo pdf para consultas. Neste espaço - disponibilizado dentro do site institucional da UFV, no link biblioteca - somente são inseridas pesquisas concluídas a partir do ano de 2006, pois foi quando o sistema digital de divulgação foi instalado. No entanto, não é possível conse-guir todas as pesquisas realizadas ao longo deste período que consiste até os dias de hoje, porque há trabalhos que passam por processo de sigilo, pesando-se ainda o tempo gasto no trabalho de digitalização destes conteúdos.

Perante esta ferramenta de divulgação de pesquisas científicas encontrada no site da instituição, o presente projeto de iniciação científica Sistema de Informação Agropecuário (SIA): utilização da internet visando à difusão de tecnologias agropecuárias viu-se beneficiado mediante ao aces-so facilitado na procura por conteúdos que viessem a ser utilizados no desenvolver do trabalho. Assim, o passo inicial para a realização do projeto foi fazer um levantamento no site institucional da UFV, objetivando encontrar pesquisas relevantes defendidas a partir do ano de 2006, que pu-dessem ser utilizadas no proposto trabalho. Entretanto, há certa defasagem de conteúdo no site, como já foi explicitado acima, que ocasionou um segundo levantamento das pesquisas, desta vez nos próprios departamentos realizadores das mesmas.

Então, nesta etapa do projeto, delimitou-se que iam ser coletados trabalhos concluídos de 1990 em diante. Embora a coleta seja bastante abrangente, delimitando 19 anos de estudos, é finalidade do projeto trabalhar com estudos mais recentes, preservando o caráter atual da pesquisa.

Posteriormente a etapa compreendida no levantamento de conteúdo, uma nova fase se iniciou. Depois de arquivados todos os dados coletados, passou-se então para o momento de seleção das

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pesquisas a serem utilizadas. A seleção do conteúdo está condicionada ao interesse que o mesmo pode gerar ao público e a aplicabilidade de seus resultados ao produtor.

Após a escolha da dissertação ou tese, é feita uma análise de seu teor. Surgirá então um novo texto, o qual abrangerá a pesquisa de forma resumida, contendo sua aplicabilidade, seu experi-mento e suas principais conclusões. Os termos técnicos utilizados pelos pesquisadores são, na medida do possível, substituídos ou então melhor explicados para que possam ser completamente entendidos pelos leitores do trabalho.

As teses ou dissertações, que possuem cerca de 80 páginas cada, são trabalhadas para conterem de três a quatro páginas. Este condensamento de conteúdo visa facilitar a leitura e a objetividade, já que o de mais relevante da pesquisa estará contido nestas páginas, otimizando o tempo do lei-tor. A finalidade é simplificar o conteúdo extenso e de difícil compreensão em um texto fácil de ser entendido e utilizado na prática pelo público leitor, em especial os produtores rurais.

Após a etapa de elaboração do texto feito pela aluna bolsista, o orientador do projeto de inicia-ção científica analisa-o, verificando se o mesmo está apto para ser divulgado na internet.

Além deste texto baseado na tese ou dissertação, é feito outro pequeno texto anunciando o trabalho a ser publicado. Assim o leitor toma conhecimento de qual será a pesquisa abordada no momento.

Este conteúdo é inserido no site Portal do Agronegócio, dentro do setor de divulgação científi-ca. Quando a pesquisa é retirada da biblioteca digital da UFV, TEDE, também é colocado o pdf contendo o trabalho original, para que possa ser integralmente consultado.

Paralelamente a este trabalho de divulgação científica na internet, foi feita uma pesquisa com o público alvo do projeto - produtores e pessoas ligadas à área rural – cuja finalidade era conhecê-los melhor, para assim saber quais são suas reais necessidades e desta forma adequar o presente trabalho ao que por eles é demandado. A pesquisa foi feita durante a 80° Semana do Fazendeiro, realizada pela UFV, no ano de 2009. Esta Semana, que vem sendo realizada desde 1929, é uma atividade de extensão que objetiva difundir conhecimentos técnicos de diversas áreas de atuação da UFV, visando melhorias na produtividade rural, além de contribuir para o bem-estar do pro-dutor e de sua família. Nesta 80° edição, o tema foi 80 anos de diálogo com o campo. A UFV ofereceu cursos, consultoria técnica e tecnológica, implementos agrícolas, insumos, exposições de máquinas, feira de artesanatos, atividades culturais e, um espaço inédito este ano: a Troca de Saberes, momento específico de troca de conhecimentos relevantes sobre o campo.

Nos dias 12 a 17 de julho de 2009, período no qual o evento foi realizado, foram aplicados questionários a uma porcentagem de cerca de 10% do público total participante. Estes questio-nários continham perguntas a cerca da UFV, dos professores, dos temas mais procurados pelos inscritos, do tipo de exploração que há nas fazendas dos participantes, dos anos destinados a ativi-dade agrícola destes, entre outras. Este trabalho foi uma ferramenta importante no conhecimento do público alvo da presente iniciação científica.

objetivo

Mediante a defasagem informacional existente entre o indivíduo inserido no universo educa-cional - neste caso específico a universidade - e o homem que trabalha no setor agrícola - distan-te da esfera acadêmica, privado de obter informações de pesquisas relativas às suas atividades

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diárias de trabalho - surgiu a necessidade de reverter esta realidade, procurando democratizar o conhecimento produzido nos grandes centros educativos. Para tanto, é preciso expandir o que a universidade - que neste caso é representada pela UFV - produz dentro de seus departamentos para além de suas delimitações territoriais. Não é eficazmente democrático abastecer somente a biblioteca universitária, empilhando pesquisas em suas estantes, enquanto há uma crescente de-manda por informações fora do campus.

Diante dos entraves existentes na expansão do conhecimento acadêmico para os outros setores da sociedade que se encontram à margem desta realidade, o projeto de iniciação científica Siste-ma de Informação Agropecuário (SIA): utilização da internet visando à difusão de tecnologias agrícolas, por meio de seus idealizadores, percebeu a necessidade de democratizar este conheci-mento, em especial ao relacionado a Ciências Agrárias, para o produtor rural. Assim, o objetivo norteador do projeto é divulgar no site Portal do Agronegócio pesquisas feitas pela UFV, nos departamentos pertencentes ao Centro de Ciências Agrárias. Esta divulgação se dá por meio da simplificação de conteúdo e adequação de linguagem, com o intuito de apresentar ao produtor rural estudos que possam ser válidos na melhoria de suas produções agrícolas.

Justificativa

Os meios de comunicação desempenham um importante papel no regime democrático por sua capacidade de informar, indagar o cidadão e provocar a participação dos mesmos. Dessa forma, fazer o uso desses instrumentos, que possibilitem a população ter acesso a tecnologias e inova-ções é um dos mecanismos mais efetivos de minimizar a desinformação popular, promovendo um desenvolvimento sustentável com as informações adquiridas.

Partimos do pressuposto de que os meios de comunicação de massa são a prin-cipal fonte de informação sobre a C&T disponível ao grande público e que, como descrito acima, os órgãos governamentais, os institutos de pesquisa, as universidades e a comunidade científica são o ponto de partida para incentivar a divulgação de C&T no país de maneira contínua e eficaz. (OLIVEIRA,2002)

Meio de comunicação em crescente expansão, a internet é uma forte aliada à propagação de informações, tanto por seu caráter dinâmico quanto por sua abrangência cada vez mais consoli-dada. Segundo o Ibope, o número de usuários da internet cresceu 10% em um mês. No mês de junho de 2009 o número era de 33,2 milhões de usuários e em julho do mesmo ano o número foi para 36,4 milhões de pessoas.

Por outro lado, percebe-se que estes meios comunicacionais não estão sendo integralmente aproveitados para a divulgação de estudos, em particular os científicos. Observa-se que grande parte dos resultados de pesquisas desenvolvidas nas universidades e empresas brasileiras, em especial as relacionadas às ciências agrárias, acabam ficando restritos ao meio acadêmico.

Esse contexto restritivo tem prejudicado a capacitação técnica e empreendedora dos produtores rurais, uma vez que a defasagem entre o conhecimento gerado pelas universidades e o repassado a este setor da população terminam por afetar as suas eficiência e eficácia administrativas. Em suma, os produtores rurais não estão se beneficiando, na intensidade desejável, dos conheci-mentos produzidos por estas instituições. Aliada a esta defasagem, percebe-se, por outro lado, a

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dificuldade que vários pesquisadores apresentam no processo de comunicação com os produtores rurais, especialmente por adotarem uma linguagem estritamente técnica e complexa, causando impasses na transmissão e assimilação de seus respectivos estudos.

Assim, popularizar o conhecimento científico para toda a sociedade tem sido cada vez mais determinante na contemporaneidade.

O desenvolvimento de novas tecnologias ou processos depende, portanto, entre outros fatores, de pessoal qualificado tecnicamente. Desta forma, a busca de parcerias entre os cursos de Ciências Agrárias e de Comunicação Social - Jornalismo da UFV deverá ser de primordial importância, não só para o avanço deste projeto, mas, também, como mecanismo de treinamento de mão de obra qualificada, possibilitando aos novos profissionais a aplicação dos conhecimentos adquiri-dos ao longo de suas vidas acadêmicas. Deste modo, a universidade evitaria ser designada (Melo, 1986) como um espaço pedagógico frágil tecedor de uma imagem de estagnação e imobilismo.

As escolas de Comunicação Social, implantadas no Brasil na década de 60, vêm procurando de alguma forma incorporar o universo da Comunicação Rural às suas atividades didáticas e científicas, ressalta José Marques de Melo. Ainda segundo o autor, a priorização da produção de conhecimento brasileiro sobre os processos de comunicação rural, serve para que nas salas de aula não haja apenas a reprodução de modelos importados da bibliografia internacional, os quais não aprofundam as relações simbólicas ou as mediações culturais.

... o exercício do ensino e da pesquisa, priorizado institucionalmente na Uni-versidade, exige uma ação complementar, para que o resultado obtido adquira sua conotação social e se justifica como ciência e tecnologia apropriadas, tan-to como produto adequado a exigências, interesses e necessidade das diversas classes da estrutura social quanto pelas condições concretas de ser adotado e de introduzir mudanças. (SILVA, 1995)

A eficácia na transmissão de conhecimentos científico e tecnológicos se dá pelo grau de mu-dança que este proporcionará aos adeptos deste conteúdo repassado. A palavra mudança, neste caso, pode ser entendida como aprimoramento combinado a melhoras significativas.

Inserida neste contexto de divulgação científica e tecnológica, a UFV, produtora de um vasto material de cunho científico, encontra ainda dificuldades para a eficaz transmissão de conheci-mentos gerados dentro de seu espaço institucional. Contudo, visando diminuir lacunas existentes entre o pesquisador e o público situado na periferia desta realidade, especialmente o homem ligado ao meio rural, investiu-se cada vez mais na forma amenizadora do vão existente entre estes dois setores: a Semana do Fazendeiro. O evento vem se aprimorando com o passar dos anos, abrangendo público diversificado e adquirindo o caráter de integração entre a comunidade acadêmica e a sociedade. Uiara Maria da Silva direcionou sua tese de mestrado à interação de conhecimento existente na Semana do Fazendeiro, realizada em Viçosa, MG. O estudo trouxe alguns aspectos importantes:

Quem recebe o conhecimento do professor assimila não uma verdade científica, mas estabelece o próprio caminho para o exercício de novas práticas que sig-nificam redimensionamento ou, mesmo, ruptura de conhecimentos anteriores. Esse novo conhecimento não é algo que se assimila automaticamente. Sofre as valorizações, avaliações e seleções em relação não só ao utilitarismo em que é

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baseado - no sentido de que sempre servirá a quem tiver acesso a ele -, mas se altera em relação às necessidades de quem o recebe. (SILVA, 1995)

A extensão universitária - Semana do Fazendeiro - realizada pela UFV cumpre seu papel de troca de saberes e democratização de conhecimentos. Contudo, há carências de mais iniciativas como esta, que possam dar continuidade a este processo de interação científica e conhecimento popular.

Tendo em vista os numerosos e gabaritados cientistas brasileiros distribuídos nas mais diversas áreas do conhecimento, em que pese às dificuldades acima já explicitadas, torna-se necessário informar a sociedade sobre o mundo da ciência, com roteiros apropriados e linguagem acessível à população, que neste caso é representada pelos produtores rurais. Na adequação da linguagem deve ter-se em conta para quem se está escrevendo. Cássio Leite Viera, em seu Pequeno Manual de Divulgação Científica, ressalta que ao se construir um texto é preciso primeiro saber quem será o público receptor. No entanto, acrescenta que não se deve exceder o didatismo, evitando que a inteligência do leitor seja ofendida.

resultados esperados

O que se pretende com o projeto de iniciação científica Sistema de Informação Agropecuário (SIA): utilização da internet visando à difusão de tecnologias agropecuárias é desde sua propos-ta inicial, ser uma ferramenta facilitadora da divulgação de conhecimentos científicos gerados pela Universidade Federal de Viçosa. Por meio desta ferramenta, se almeja que a parcela da po-pulação que não tem acesso direto aos meios educacionais, como o caso de uma universidade, e especificadamente neste sentido a UFV, possa ter oportunidades de interagir com o conhecimento produzido pela esfera acadêmica. Sendo desta maneira um agente participativo e beneficiário da democratização do “saber”.

Espera-se ainda, que o trabalho realizado pelo Projeto possa ser mais que um meio de interli-gação entre a comunidade e a universidade, sendo influenciador de mudanças na melhoria quan-titativa e qualitativa da produção nas áreas rurais.

Além de ocasionar benefícios aos produtores rurais, pode ser uma maneira de influenciar ou-tros setores a divulgarem também produções científicas, tanto na internet quanto em qualquer outro meio de comunicação. Neste sentido, o trabalho pode servir de modelo na busca pela po-pularização da ciência e na inclusão de um público teoricamente marginalizado aos processos de produções científicas e tecnológicas.

Por fim, fica a expectativa de que haja, com este trabalho, uma melhoria qualitativa do site divulgador, Portal do Agronegócio. Sendo ele o veículo transmissor desse conhecimento acumu-lado, almeja-se que sua credibilidade e acesso, no sentido de atrair mais usuários, sejam ainda mais reforçados, constituindo-o em um meio comunicacional de renome na web.

conclusão

A informação é uma ferramenta primordial no processo de democratização de uma socieda-de. É ela que proporciona ao cidadão integração com o meio no qual ele vive, instigando-o e

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aguçando o seu senso crítico. Percebe-se, entretanto, que a veiculação de informações de cunho científico e tecnológico fica restrita a um pequeno número de cidadãos. Cria-se então um impasse na democratização do conhecimento.

Mediante a esta realidade, vê-se que há uma demanda pela dispersão de assuntos científicos para as mais variadas camadas da população, e no caso específico tratado acima, para produtores rurais não vinculados ao sistema universitário.

Tendo em vista a discrepância de estudos e pesquisas produzidos pelo setor acadêmico e o que o homem do campo, produtor rural, toma conhecimento de conteúdo científico, é fundamental que haja uma forma de reverter esta realidade, aproximando o meio rural da esfera acadêmica, para desta forma abranger saberes e proporcionar melhorias na vida do produtor rural.

Portanto, popularizar a ciência é uma função da universidade de valor determinante para o desenvolvimento de uma nação, democratizando, assim, os mais vastos setores do conhecimento.

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