Sistemas logísticos integrados - um rol de critérios para análise

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    Universidade Federal de Santa Catarina

    Programa de Ps-Graduao em Engenharia de Produo

    SISTEMAS LOGSTICOS INTEGRADOS:

    UM ROL DE CRITRIOS PARA ANLISE

    Dissertao de Mestrado

    Eduardo Alves Fayet

    FLORIANPOLIS

    NOVEMBRO 2002

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    Eduardo Alves Fayet

    SISTEMAS LOGSTICOS INTEGRADOS:

    UM ROL DE CRITRIOS PARA ANLISE

    Dissertao apresentada ao Curso de Ps-Graduao em Engenharia de Produo, reade concentrao em Logstica Empresarial, daUniversidade Federal de Santa Catarina comorequisito parcial para obteno do ttulo deMestre em Engenharia de Produo.

    Orientador : Prof. Carlos Taboada Rodriguez, Dr.

    Florianpolis, novembro 2002

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    Eduardo Alves Fayet

    SISTEMAS LOGSTICOS INTEGRADOS:

    UM ROL DE CRITRIOS PARA ANLISE

    Esta dissertao foi julgada adequada para obteno do Ttulo de Mestreem

    Engenharia de Produo, rea de concentrao Logstica Empresarial, aprovada em

    sua forma final pelo programa de Ps-Graduao em Engenharia de Produo da

    Universidade Federal de Santa Catarina.Florianpolis, 26 de novembro de 2002

    Prof. Edson Pacheco Paladini, Dr.

    Coordenador

    BANCA EXAMINADORA:

    Prof. Carlos Taboada Rodriguez, Dr.

    orientador

    Prof. Alvaro G. Rojas Lezana, Dr.

    Prof. Rogrio Cid Bastos, Dr.

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    Dedico a todos aqueles que apoiaram

    o desenvolvimento deste trabalho, principalmente

    minha famlia e aos colegas de estudo.

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    Agradecimentos

    Universidade Federal de Santa Catarina.

    Coordenao do Curso de Ps-Graduao em Engenharia de Produo.

    Ao orientador Prof. Dr. Carlos Taboada Rodriguez,

    pelo acompanhamento pontual e competente.

    Aos colegas pelo apoio.

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    Aprender a coisa de que a mente nunca se cansa,

    nunca tem medo e nunca se arrepende

    Leonardo da Vinci

    Somos os cegos e a formulao de estratgia nossoelefante. Como ningum teve a viso do animal inteiro,

    cada um tocou uma ou outra parte e prosseguiu em

    total ignorncia a respeito do restante. Somando as

    partes, certamente no teremos um elefante. Um

    elefante mais que isso. Contudo, para compreender

    o todo tambm precisamos compreender as partes.

    Mintzberg

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    SUMRIO

    LISTA DE ILUSTRAES ............................................................................................. ix

    LISTA DE SIGLAS ......................................................................................................... x

    RESUMO........................................................................................................................ xi

    ABSTRACT .................................................................................................................... xii

    1 INTRODUO ......................................................................................................... 1

    1.1 Justificativa .......................................................................................................... 1

    1.2 Objetivos............................................................................................................... 71.2.1 Objetivo geral...................................................................................................... 7

    1.2.2 Objetivos especficos.......................................................................................... 7

    1.3 Procedimentos Metodolgicos ........................................................................... 8

    1.4 A Estrutura ........................................................................................................... 8

    1.5 Limitaes ............................................................................................................ 9

    2 FUNDAMENTACO TERICA ............................................................................... 11

    2.1 Marco Referencial ................................................................................................ 11

    2.2 A Logstica na Perspectiva Histrica e a Teoria da Localizao Industr ial ..... 12

    2.2.1 Teoria da localizao industrial ........................................................................... 12

    2.2.2 A teoria econmica das relaes internacionais ................................................. 14

    2.3 A Competitividade e seus Desdobramentos para a Organizao .................... 15

    2.3.1 Grupos estratgicos clusters de empresas dentro da indstria ........................ 20

    2.3.2 As dimenses da competitividade para as organizaes .................................... 25

    2.4 A Logstica Atual.................................................................................................. 27

    2.4.1 O conceito de integrao na logstica moderna .................................................. 272.3.2 O pensamento atual da logstica......................................................................... 31

    2.4.3 Alianas estratgicas.......................................................................................... 44

    2.4.4 Classe mundial ................................................................................................... 46

    3 PANORAMA DA LOGSTICA NO CONTEXTO BRASILEIRO ................................ 49

    3.1 Uma leitura do documento "Eixos Nacionais de Integrao

    e Desenvolvimento" ............................................................................................. 49

    3.2 Caracterizao Eixo Sul ....................................................................................... 58

    3.2.1 Contribuio expressiva e crescente nas exportaes........................................ 59

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    3.2.2 Rede de infra-estrutura econmica..................................................................... 60

    3.2.3 Demandas futuras para o transporte................................................................... 61

    3.2.4 Gargalos e perda de links em infra-estrutura econmica e os focos dinmicos

    nfase em transportes Eixo Sul ....................................................................... 64

    3.2.5 O transporte rodovirio ....................................................................................... 65

    3.2.6 O transporte ferrovirio ....................................................................................... 66

    3.2.7 O sistema porturio............................................................................................. 67

    3.2.8 O sistema aeroporturio ..................................................................................... 67

    3.3 Caracterizao Eixo Sudoeste ............................................................................ 68

    3.3.1 Caracterizao geral.............................................................................................. 68

    3.3.2 Gargalos e perda de links em infra-estrutura econmica e os focosdinmicos nfase em transportes .................................................................... 70

    4 CRITRIOS PARA A TOMADA DE DECISO NA INTEGRAO DE

    SISTEMAS LOGSTICOS ........................................................................................ 73

    4.1 Ambincia Brasileira............................................................................................ 73

    4.2 Critrios Sistmicos para a Tomada de Decises de Integrao Logstica ..... 76

    4.2.1 Critrio sistmico da estrutura ambiental da cadeia produtiva ............................ 77

    4.2.2 Critrio Sistmico de investimentos estruturantes em transporte,

    comunicaes, informao e conhecimento........................................................ 78

    4.2.3 Critrio Sistmico da Situao Ambiental Macroeconmica................................ 79

    4.3 Critrios Estruturais Organizao para a Tomada de Decises de Integrao

    Logstica................................................................................................................. 80

    4.3.1 Critrio estrutural dos fatores tecnolgicos ......................................................... 80

    4.3.2 Critrio estrutural dos fatores intra e inter cooperao organizacional................ 82

    4.2.3 Critrio estrutural dos fatores econmicos/financeiros........................................ 83

    4.3.4 Critrio estrutural dos fatores culturais e de gesto ............................................ 83

    4.4 Critrios Internos Organizao ........................................................................ 85

    4.4.1 Critrio interno da quantidade de movimentaes dos materiais -

    custos relativos................................................................................................... 85

    4.4.2 Critrio interno da flexibilidade do mix de produto transportvel ......................... 86

    4.4.3 Critrio interno da agilidade ................................................................................ 86

    4.4.4 Critrio interno da intercambialidade e compatibilidade de modais de

    transporte e de comunicaes............................................................................ 87

    4.4.5 Critrio interno das tcnicas gerenciais............................................................... 87

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    4.4.6 Critrio interno dos elementos culturais.............................................................. 88

    4.5 Uma Representao Esquemtica ...................................................................... 89

    5 OBJETO DE ESTUDO - DEMONSTRAO DA APLICAO

    DOS CRITRIOS ..................................................................................................... 92

    5.1 Caracterizao da "Empresa" ............................................................................. 92

    5.2 Aplicao dos Critrios Sistmicos.................................................................... 94

    5.2.1 Critrio Sistmico 1 - estrutura ambiental da cadeia produtiva............................ 94

    5.2.2 Critrio Sistmico 2 - Ambiente futuro de investimentos pblicos estruturantes em

    transporte, comunicaes, informao e conhecimento e suas possibilidades de

    macrointegrao................................................................................................. 95

    5.2.3 Critrio Sistmico 3 - Situao ambiental macroeconmica................................ 96

    5.3 Critrios Estruturais Organizao para a Tomada de Decises de

    Integrao Logstica............................................................................................... 97

    5.3.1 Critrio de fatores tecnolgicos........................................................................... 97

    5.2.2 Critrio de fatores intra e intercooperao organizacional .................................. 98

    5.3.3 Critrio de fatores econmicos ........................................................................... 99

    5.3.4 Critrio de fatores culturais e de gesto.............................................................. 99

    5.4 Critrios Internos Organizao ........................................................................ 100

    5.4.1 Critrio da quantidade de movimentaes dos materiais - custos relativos......... 101

    5.4.2 Critrio da flexibilidade do mix de produto transportvel ..................................... 101

    5.4.3 Critrio da agilidade............................................................................................ 101

    5.4.4 Critrio da intercambialidade e compatibilidade de modais de transporte e

    de comunicaes................................................................................................ 101

    5.4.5 Critrio das tcnicas gerenciais .......................................................................... 102

    5.4.6 Critrio do elemento cultural ............................................................................... 102

    6 CONCLUSES ........................................................................................................ 104

    6.1 Recomendaes ................................................................................................... 106

    GLOSSRIO .................................................................................................................. 108

    REFERNCIAS .............................................................................................................. 111

    APNDICE 1 - FORMULRIO DE ENTREVISTA .......................................................... 115

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    LISTA DE ILUSTRAES

    Figuras

    1 AMBIENTES COMPETITIVOS E SUAS RELAES.............................................................. 19

    2 A ORGANIZAO, OS NVEIS DE SEUS AMBIENTES E OS COMPONENTES

    DESSES NVEIS ...................................................................................................................... 29

    3 PROCESSO DE GERENCIAMENTO LOGSTICO.................................................................. 35

    4 REAS DE INTEGRAO ENTRE PRODUO E VENDA................................................... 40

    5 OBJETO DA INTEGRAO..................................................................................................... 42

    6 PROCESSO DE TOMADA DE DECISO NA INTEGRAO DE

    SISTEMAS 'LOGSTICOS........................................................................................................ 90

    Quadros

    1 AVALIAO DOS REQUERIMENTOS POR TRANSPORTE DAS ATIVIDADES

    ECONMICAS DOMINANTE................................................................................................... 62

    2 CRITRIOS PARA A TOMADA DE DECISO NA INTEGRAO DE

    SISTEMAS LOGSTICOS......................................................................................................... 76

    Tabelas

    1 PARTICIPAO DOS MODAIS DE TRANSPORTE EM RELAO CARGA

    TRANSPORTADA - VOLUMES TRANSPORTADOS NO BRASIL ......................................... 56

    2 DEFINIO TERRITORIAL DO EIXO SUL ............................................................................. 58

    3 COMPOSIO E PARTICIPAO DO PIB SETORIAL - EIXO SUL...................................... 60

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    LISTA DE SIGLAS

    ALL - Amrica Latina Logstica

    APC - American President Company

    BNDES - Banco Nacional de Desenvolvimento Econmico e Social

    EADI - Estao Aduaneira Interior

    GEIPOT - Grupo Executivo para a Integrao da Poltica de Transportes

    PDCA - Planejar, Fazer, Checar e Agir (Plan, Do, Check and Action)

    PIB - Produto Interno BrutoTOC - Theory of Constrains - Teoria da Restries

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    RESUMO

    FAYET, Eduardo Alves. Sistemas logsticos integrados: um rol de critrios para anlise.Florianpolis, 2002. 134f. Dissertao (Mestrado em Engenharia de Produo - rea deconcentrao: Logstica Empresarial) - Programa de Ps-Graduao em Engenharia deProduo, UFSC.

    Desde o momento em que o processo de globalizao dos fatores de produo seacentuou, a forma de gesto das organizaes vem se transformando rpida eprofundamente. Este processo impe a necessidade de interpretar e operar essanova organizao de forma diferenciada, para atender s demandas dos mercadosinternacionalizados. Da porque se torna imprescindvel a implementao de

    conceitos e tcnicas logsticas nas organizaes e sua cadeia produtiva, como umaforma eficaz de agregar valor ao produto. Considerando tal contexto e necessidade,esta dissertao tem por objetivo oferecer um conjunto de critrios metodolgicospara o apoio na tomada de deciso da implementao de sistemas logsticos,considerando as especificidades da logstica dentro das organizaes atuais emrelao ao ambiente interno e externo, bem como os nveis competitivos sistmico,estrutural e empresarial. Isto, evidenciando, principalmente, o carter integrador quea logstica deve proporcionar ao aumento da competitividade da empresa dequalquer porte e sua cadeia produtiva. Objetiva, ainda: propor um rol de critriosqualitativos bsicos para a anlise da eficincia e eficcia da implementao integrada

    de sistemas logsticos; oferecer um roteiro de critrios para a anlise de solueslogsticas j implementadas ou a serem implementadas nas organizaes; demonstrara importncia da integrao e viso sistmica nas estratgias de implementao desistemas logsticos, descrevendo os nveis competitivos e os ambientes em que asempresas esto inseridas; evidenciar que a competitividade das organizaes resultade um processo de tomada de deciso conjunto e adequado com a realidade externa einterna da organizao. Para dar conta desses propsitos, o trabalho fundamenta-seem observaes dos processos de tomada de deciso quanto implementao dastcnicas e mtodos para os sistemas logsticos, em empresas e nas respectivasentidades representativas. Como referencial, a ttulo de demonstrao, ser descrita

    a aplicao dos critrios para a tomada de deciso na implementao de sistemaslogsticos em uma empresa do setor agroindustrial localizada na Regio Sul,precisamente no noroeste do Estado do Paran. Como resultado deste estudo,apresenta-se um rol de orientaes (critrios) para o apoio na anlise do processo detomada de deciso para a implementao integrada de sistemas logsticos,estabelecendo critrios qualitativos bsicos para a operacionalizao e implementaoda integrao de modais de transporte, sistemas de informaes e tcnicas degerenciamento, necessrios busca da melhoria contnua, da viso sistmica e daeficincia e eficcia da infra-estrutura logstica.

    Palavras-chave: viso sistmica; competitividade; logstica; integrao; tomada de deciso.

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    ABSTRACT

    FAYET, Eduardo Alves. Sistemas logsticos integrados: um rol de critrios para anlise.Florianpolis, 2002. 134f. Dissertao (Mestrado em Engenharia de Produo - rea deconcentrao: Logstica Empresarial) - Programa de Ps-Graduao em Engenharia deProduo, UFSC.

    Since the moment in which the production factors in the globalization process have

    been stressed, the ways of organizational management has been rapidly and deeply

    transformed. This process implies the need to interpret and operate this new

    organization in a different way, to attend the demand of the world market. Thus, it is

    essential the implementation of logistic concepts and techniques in the organizations

    and its productive pattern, as an effective way towards an additional value to theproduct. Considering this context and needs, this dissertation focuses in offering a

    set of methodological criteria to support the logistic decision-making in implementing

    logistic systems, considering its specifications within the actual organizations in

    relation to the inside and external environment, as well as the systemic, structural

    and entrepreneurial competitive levels. This may be seen mainly by the integrating

    feature that logistics should give to raise the companies competitivenessindependent of its size and productive patterns. The objective is to also to set a roleof basic qualitative criteria to the analysis of the efficiency and efficacy inimplementing logistics systems together; offer a guide to criteria to the analysis of

    logistics solutions already implemented, or foreseen towards this, in organizations;demonstrate the importance of a systemic integrity and vision in strategies toimplement logistics systems, describing the competitive levels and the environmentsin which companies are inserted; turn evident that the competitiveness of theorganizations results of a decision-making process between the external reality andthe internal organization, the study is based in the observation of the decision-makingprocess towards the implementation of methods and techniques to logistic systems incompanies and respective representative entities. In order to show this, a descriptionof the decision-making process in the implementation of logistics systems in acompany of the agricultural sector in Southern Brazil, precisely in the northeast ofParan State. As a result of this study, a set of roles of orientations (criteria) to thesupport in analysis of the decision-making process to the overall implementation ofthe logistics system, establishing basic qualitative criteria to operate and implementthe integration of transportation modals, information systems and technicalmanagement, necessary to seeking the continuity, of a systemic perspective and theefficiency and efficacy of the logistics infrastructure.

    Key words: systemic vision; competitiveness; logistics; integration; decision-making.

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    1 INTRODUO

    1.1 Justificativa

    A partir da Revoluo Industrial, com o advento da mquina a vapor, foi criada

    uma nova forma de estabelecimento de valores para o desenvolvimento das naes.

    O desenvolvimento e uso de novas tecnologias e conhecimentos na indstria

    promoveram a construo de uma nova sociedade, onde gradualmente a

    competitividade foi se tornando cada vez mais relevante.

    Aps o final da Segunda Guerra Mundial, na segunda metade do sculo XX,

    algumas naes j tinham se estabelecido como norteadoras do processo de

    industrializao e desenvolvimento, promovendo de forma sistemtica a sua

    estruturao interna. Com isto e com a potencializao do processo de globalizao,

    as naes tm uma dependncia cada vez maior de sua capacidade de competir

    com outras naes, mediante a estruturao interna e o conhecimento que essas

    mesmas naes conseguem prover.

    A competitividade das naes, segundo Porter (1990), a capacidade de

    inserir produtos e servios demandados, bem como a capacidade de criar novas

    demandas para os consumidores, com a eficcia e eficincia necessrias. Como os

    produtos e servios so criados, desenvolvidos e produzidos pelas organizaes

    privadas ou pblicas de uma nao, a competitividade das organizaes um dos

    fatores que determinam esta possibilidade de inserir produtos em vrios mercados

    em todo o mundo. Sendo assim, na economia mundial a partir da dcada de 1950, a

    competitividade das organizaes tem sido a capacidade de estas reunirem, com

    eficincia e eficcia, os fatores de produo necessrios fabricao dos

    respectivos produtos.

    Desde quando o processo de globalizao dos fatores de produo se

    acentuou, a forma de gesto das organizaes vem se transformando rpida e

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    profundamente. Este processo impe a necessidade de interpretar e operar essa

    nova organizao de forma diferenciada, atendendo s demandas dos mercados

    internacionalizados. Esta sinergia, nos fatores de produo, pode resultar napossibilidade de as empresas venderem seus produtos em vrios mercados com

    caractersticas e nveis de exigncia do consumidor muito diferenciados.

    Nesse contexto de vrias empresas competitivas, pode-se formar um conjunto de

    foras para uma determinada nao que a torna mais capacitada do que outras naes,

    no processo de comercializao de seus produtos. Assim, est caracterizado o grau de

    competitividade que um pas tem sobre outros em suas relaes comerciais.A competitividade desse conjunto de organizaes pode ser definida por

    alguns grupos de aspectos bastante importantes, no processo de tomada de deciso

    empresarial, a saber: os aspectos internos ou prprios da organizao; os aspectos

    estruturantes ou externos organizao, que se relacionam direta e rotineiramente

    com a organizao, e os aspectos macros que se relacionam com os conjuntos de

    organizaes e/ou mercado.

    No que se refere logstica, vrios autores convergem que o ideal dispor ao

    consumidor o produto certo, no momento certo, no lugar certo, isto , atender ao

    desejo e/ou necessidade das pessoas. Portanto, como base hipottica, a logstica

    exige que a postura de gerenciamento dos processos seja no sentido de uma

    integrao com a adoo de solues simples e/ou tecnologicamente viveis

    adequadas ao contexto real, independentemente do grau de investimento auferido

    s vrias infra-estruturas necessrias movimentao de bens e servios.

    Ademais, condio sine qua non que se deve construir uma conscincia e

    postura empresarial para integrao na implementao dessas infra-estruturas

    logsticas, formando um verdadeiro sistema logstico integrado, constitudo de

    informaes desde o ponto inicial daquela determinada cadeia produtiva, at chegar

    ao mercado consumidor final, bem como a flexibilidade necessria na soluo de

    adversidades e diferenciaes ao longo dessa mesma cadeia produtiva.

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    Outro fator muito importante na implementao de sistemas logsticos a

    necessidade, permanente, de reduo dos custos de operao nesse sistema,

    portanto, a diminuio do percentual de participao na formao dos custos dessesprodutos, relativos ao transporte, sistemas logsticos internos empresa e

    movimentao de bens e servios. Essa reduo dos custos remete questo da

    competitividade das organizaes ou cadeias produtivas, portanto das regies onde

    essas organizaes esto instaladas.

    A forma integrada ou no de como os sistemas logsticos so implementados

    na empresa e nas relaes externas a esta, tem como conseqncia essencialoferecer, ou no, condies para o aumento da competitividade das cadeias

    produtivas onde esto inseridas. Conforme Peter Drucker (1999), "os dois

    diferenciais das organizaes do futuro sero o design e a capacidade de entrega no

    prazo e forma desejados pelos consumidores". Quanto logstica, nessa afirmao,

    esto implcitos dois conceitos essenciais, a necessidade de reelaborar o processo

    de implementao logstico, considerando a integrao e as demandas dos

    consumidores/clientes como os norteadores das atividades empresariais e a

    agregao de valor percebido pelo cliente em relao ao produto-servio que est

    sendo oferecido.

    Atualmente, as organizaes tm tido uma necessidade cada vez maior de

    aplicar a logstica como uma forma eficaz de agregar valor ao produto,

    demonstrando o somatrio dos benefcios em relao ao custo total de propriedade.

    Segundo Christopher (1999), a logstica quase nica em sua capacidade de

    causar impacto, tanto sobre as percepes de benefcios dos clientes quanto o custo

    total de propriedade necessrio para a obteno do produto-servio.

    Sendo assim, o modo com que a logstica deveria estar sendo aplicada nas

    organizaes parece de importncia essencial na determinao do grau de

    competitividade destas, que do formao a uma cadeia produtiva que, por sua vez,

    forma a competitividade de um conjunto de cadeias produtivas, e conseqentemente de

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    um conjunto de organizaes, corporaes, instituies pblicas e privadas e cadeias

    produtivas, atuantes e determinantes da competitividade de uma regio e/ou pas.

    Outro fator que se insere no contexto de uma logstica integrada a obtenode informaes gerenciais confiveis para o processo de tomada de deciso, que

    tambm tem criado problemas de grande impacto. Essas questes esto

    relacionadas com o mau uso das tecnologias de informaes disponveis, seu

    planejamento e implantao, em geral, no atendendo aos quesitos bsicos de

    conectividade, relao custo/benefcio, necessidade de servios, quantidade e

    qualidade de atualizaes e colaborao entre os componentes.Complementarmente questo das informaes gerenciais, o aspecto

    relevante a ser considerado, tambm, tem sido a falta de aplicao de tcnicas

    gerenciais como Gesto Participativa, Planejamento e Administrao Estratgica,

    Teoria das Restries e outras, que muitas vezes esto implementadas dentro das

    empresas, mas desconsiderando a viso sistmica e integradora para toda a cadeia

    produtiva que necessita da logstica.

    Em funo dessa prtica desordenada das atividades logsticas dentro e fora

    da empresa, Collin (1996) trata a teoria da Macrologstica, na qual considera as

    atividades de organizao social e econmica e suas conseqncias sistmicas

    como essenciais implementao de sistemas logsticos integrados e atendentes de

    vrias cadeias produtivas. Nessa viso, esto inseridos elementos culturais dos

    setores produtivos e das regies onde esto inseridas, definindo esses como

    determinantes das relaes sistmicas estabelecidas.

    Sendo assim, os empresrios, de um modo geral, tm necessitado cada vez

    mais de orientaes graduais e sistmicas, quanto forma e postura, na tomada de

    deciso na soluo dos problemas, mais especificamente, os problemas

    relacionados com a logstica de suas empresas e cadeias produtivas correlatas.

    No Brasil, onde pequenas, mdias e grandes empresas, tanto de transfor-

    mao primria (agribusiness) como de alta tecnologia (biotecnologia, aeroespacial

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    etc.), tm sofrido com os custos de produo (tributos, mo-de- obra, distribuio,

    tecnologia etc.), os aspectos relativos capacidade de desenvolver o grau de

    competitividade so essenciais a estas empresas. Esta capacidade estcaracterizada nas condies de elas atuarem no ambiente de mercado, agindo de

    forma modificadora. A ao modificadora das empresas se d a partir de uma

    postura de gerenciamento empresarial promotor da implementao de tcnicas e

    mtodos que objetivem a eficincia e eficcia dos processos de produo dos

    produtos e servios.

    Alm disso, h a constatao da difcil tentativa de o Brasil ingressar no

    conjunto de naes que esto participando do processo de globalizao, de forma

    competitiva, em relao s suas condies atuais, identificando as potencialidades e

    competncias aqui existentes.

    Constata-se, tambm, a realizao de um estudo denominado "Eixos

    Nacionais de Integrao e Desenvolvimento" Consrcio Brasiliana/Governo

    Federal (2000) contendo o levantamento da situao atual dos sistemas logsticos

    existentes e das possibilidades de desenvolvimento de cada regio do pas. Este

    estudo descreve a situao atual de instalao e funcionamento da infra-estrutura de

    portos, ferrovias, hidrovias, aeroportos e rodovias em todo o Brasil, demonstrando os

    gargalos e missing links existentes. Com isso, considerando as caractersticas de

    escassez de recursos financeiros no Brasil e suas dimenses continentais, fica mais

    evidente a necessidade de analisar e planejar estrategicamente a implementao de

    sistemas logsticos integrados.

    Ainda, importante destacar o movimento de migrao da populao dasgrandes cidades e faixa litornea para o interior do pas, formando novos locais de

    mercados consumidores, com demandas mais fragmentadas e "comoditizao" dos

    produtos em geral ou de grande consumo, bem como uma dinmica espacial de

    competitividade e ambientao empresarial muito intensas, alterando sistematicamente

    a estruturao das estratgias empresariais vigentes.

    Em funo desses motivos, o tema aqui tratado assume importncia no

    processo de desenvolvimento empresarial no Brasil, ou mesmo de qualquer outro

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    pas com pretenses de internacionalizao de seus negcios. Obviamente, esse

    processo de internacionalizao ser possvel quando as empresas e instituies

    conseguirem integrar, eficaz e eficientemente, seus sistemas de produo,logsticos, econmicos, sociais e polticos no sentido de alcanar a produtividade e

    competitividade necessrias atualmente.

    O contexto atual das empresas brasileiras tem chamado a ateno pela

    necessidade de desenvolvimento da competitividade sistmica e estrutural em que

    esto inseridas. Segundo Farina (1997), como a histria de desenvolvimento

    empresarial no Brasil est se transformando, com a necessidade de competir com

    empresas de mercados diversos, as solues dos problemas e desafios empresariais

    tm sido efetuadas com a aplicao de um processo de anlise e investimento contnuo

    e sustentado pelo setor privado, deixando gradualmente de se ancorar de forma

    sistemtica somente nos investimentos pblicos. Assim, atualmente, necessita-se

    operar com as seguintes questes de natureza cultural, conjuntamente:

    o processo de desvinculao do apoio financeiro e de aes concretas dos

    agentes pblicos, at ento norteadores e responsveis pelos rumosestruturais e sistmicos do setor empresarial;

    a implementao de um processo de desenvolvimento tecnolgico e

    gerencial efetivo pelos empresrios de qualquer nvel, que atenda s

    necessidades de competitividade dos mercados mundializados, e

    o desenvolvimento de uma viso macroempresarial estratgica, isto , o

    conhecimento interligado das necessidades e demandas do macro-

    ambiente e sua situao atual com as reais competncias da empresa ou

    as que podero ser desenvolvidas conjuntamente com os operadores da

    respectiva cadeia produtiva.

    Diante do exposto, este estudo encontra sua justificativa na necessidade,

    identificada para o Brasil, de uma sistemtica efetiva, com um enfoque estruturado,

    da implementao de conceitos e tcnicas logsticas nas organizaes e sua cadeia

    produtiva, de forma integrada, conforme demonstra o estudo dos "Eixos Nacionais

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    de Integrao e Desenvolvimento" Relatrio Sntese (2000), objetivando o aumento

    da competitividade em seus vrios nveis e ambientes de atuao.

    Complementa-se essa justificativa, fundamentado no estudo dos "Eixos Nacionaisde Integrao e Desenvolvimento" Relatrio Sntese (2000), e somando-se a isso a

    experincia profissional do presente autor em entidades de representao empresarial

    nos setores primrio e secundrio, na constatao histrica que o setor privado se

    apia e depende de microaes pblicas. Quanto a essa questo, ressalta-se que o

    setor pblico h mais de uma dcada vem tentado sair margem dos aspectos

    empresarias de suas aes e, por outro lado, o setor privado tem, em alguns

    segmentos, tentado manter o aspecto pblico, como o caso do setor agroindustrial, e

    em outros segmentos, tem tentado se desvincular da regulamentao e engessamento

    promovido pelo setor pblico, como o setor eletro-mecnico.

    1.2 Objetivos

    1.2.1 Objetivo geral

    Este trabalho tem por objetivo oferecer um conjunto de critrios metodolgicos

    para a anlise e o apoio na tomada de deciso da implementao de sistemas

    logsticos, considerando as especificidades da logstica dentro das organizaes

    atuais em relao ao ambiente interno e externo, bem como os nveis competitivos

    sistmico, estrutural e empresarial, visando evidenciar, principalmente, o carter

    integrativo e de aumento da competitividade que a logstica pode proporcionar

    empresa e sua cadeia produtiva.

    1.2.2 Objetivos especficos

    Propor um rol de critrios qualitativos bsicos para a anlise da eficincia e

    eficcia da implementao integrada de sistemas logsticos.

    Oferecer um roteiro de critrios para a anlise de solues logsticas j

    implementadas ou a serem implementadas nas organizaes.

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    Demonstrar a importncia da integrao e viso sistmica nas estratgias de

    implementao de sistemas logsticos, descrevendo de forma integrada os

    nveis competitivos e os ambientes em que as empresas esto inseridas. Evidenciar que a competitividade das organizaes resulta de um processo

    de tomada de deciso conjunto e adequado com a realidade externa e

    interna da organizao.

    1.3 Procedimentos Metodolg icos

    Ao lado da reviso da literatura, a presente dissertao se baseou em

    observaes em empresas e nas respectivas entidades representativas dos processos

    de tomada de deciso quanto implementao das tcnicas e mtodos para os

    sistemas logsticos isto porque, o estudo tambm resultado da experincia

    profissional do autor em empresas e entidades de representao empresarial, nos

    setores primrio e secundrio , bem como em dados e informaes obtidos em visitas

    a empresas do setor agroindustrial e bibliotecas de diversas instituies, rgos federais

    e estaduais de pesquisa e planejamento e associaes empresariais.

    Como referencial, a ttulo de demonstrao, est descrita a aplicao dos

    critrios para a tomada de deciso na implementao de sistemas logsticos em uma

    empresa do setor agroindustrial localizada na Regio Sul, mais especificamente no

    noroeste do Estado do Paran. Tambm efetua-se uma caracterizao das regies

    Sul e Sudeste, quanto situao atual dos sistemas logsticos e infra-estruturais

    correlatos, conforme as constataes do estudo dos "Eixos Nacionais de Integrao

    e Desenvolvimento" (2000).

    1.4 A Estrutura

    Para responder aos objetivos propostos, esta dissertao est composta por

    cinco captulos, correspondendo o primeiro deles a esta introduo e as concluses.

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    O captulo 2 est dedicado fundamentao terica da logstica atual e

    apresenta as reflexes dos principais autores que se detm no estudo do tema.

    O captulo 3 trata da delimitao do contexto de desenvolvimento e possibilidadesde competitividade brasileira e as definies macroambientais do Eixo Sul e Sudoeste,

    constando os aspectos relevantes da integrao dos sistemas logsticos.

    No captulo 4 esto definidos os critrios para a anlise e o apoio na imple-

    mentao do processo de tomada de deciso para sistemas logsticos integrados.

    No captulo 5 encontra-se a anlise propriamente dita, portanto a aplicao

    dos critrios propostos em uma empresa localizada e estruturada nos Eixos Sul eSudoeste delimitados neste trabalho.

    Como resultado do presente estudo, oferece-se um rol de orientaes

    (critrios) para o apoio na anlise do processo de tomada de deciso para a

    implementao integrada de sistemas logsticos, estabelecendo critrios qualitativos

    bsicos para a operacionalizao e implementao da integrao de modais de

    transporte, sistemas de informaes e tcnicas de gerenciamento, necessrios

    busca da melhoria contnua, da viso sistmica e da eficincia e eficcia da infra-

    estrutura logstica.

    1.5 Limitaes

    Esse estudo limita-se a descrever, de forma sistemtica, baseando-se na

    literatura logstica atual e na experincia do autor, os critrios bsicos para o apoio

    no processo de tomada de deciso na implementao de sistemas logsticos

    integrados, enumerando algumas recomendaes das etapas posteriores que as

    empresas devero efetuar no aperfeioamento do processo.

    Devido abrangncia dos critrios propostos no foi efetuada uma aplicao

    prvia em uma empresa especfica e sim foi elaborada uma demonstrao simulada

    da aplicao em uma empresa sucroalcooleira do setor agroindustrial no noroeste do

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    Estado do Paran. Tambm, e dadas as particularidades, pode-se projetar a

    demonstrao somente para o setor industrial, o que torna necessria uma

    adequao do contexto de outras empresas e setores econmicos.Ainda, importante ressaltar o carter geral desses critrios, bem como a

    necessidade de avaliar profundamente cada cadeia produtiva luz desses critrios e

    o sistema logstico necessrio para atender s suas especificidades e

    caractersticas. As empresas e componentes das respectivas cadeias produtivas

    devem obter o conhecimento necessrio no assunto ou dispor de condies de

    contratao de profissionais especializados, profissionais de logstica em geral eacadmicos para a devida interpretao e implementao das recomendaes

    constantes no presente estudo.

    De resto, reconhece-se que um estudo desta natureza no pode pretender

    esgotar todas as possibilidades de anlise dos mltiplos aspectos que caracterizam

    o processo de tomada de deciso para sistemas logsticos integrados.

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    2 FUNDAMENTACO TERICA

    2.1 Marco Referencial

    Torna-se imperativo, de incio, estabelecer o marco referencial deste trabalho,

    para a elaborao dos critrios qualitativos bsicos com o objetivo de apoiar na tomada

    de deciso para a implementao e integrao de sistemas logsticos, objeto que

    orienta a conduo deste trabalho. importante salientar que, com base na Teoria da

    Macrologstica, ainda em fase de desenvolvimento, a competitividade das empresas e

    de suas respectivas cadeias produtivas o principal objeto de aplicao do estudo.

    Sendo assim, como pressuposto bsico deve-se tomar, de uma forma geral, a

    teoria econmica, mais especificamente a teoria da localizao industrial, que em

    certa poca apoiou a tomada de deciso na localizao do empreendimento

    industrial, a Teoria de Economia Internacional e Relaes de Comrcio entre pases

    e suas conseqncias na "Nova Economia", a Teoria da Anlise Ambiental e nveis

    competitivos estratgicos e o referencial terico-conceitual do estudo da logstica esuas correlaes com o grau de competitividade empresarial.

    Ressalta-se que a competitividade das organizaes e, em um contexto mais

    abrangente, de sua cadeia produtiva fator determinante para o desenvolvimento

    empresarial. Assim, a tomada de deciso empresarial o incio desse processo de

    desenvolvimento, inclusive tomando como base os estudos e referenciais dos

    respectivos agentes no setor pblico, responsveis pelo planejamento e pelaelaborao de polticas de apoio ao aumento da competitividade empresarial nos

    setores de maior interesse social. Ademais, importante esclarecer que a cincia da

    necessidade de uma tomada de deciso empresarial, quando representa uma

    cadeia produtiva com os mais diversos interesses e agentes participantes

    (agricultura, comrcio, indstria, transporte, distribuio, atacado, varejo e

    consumidores finais), requer que se faa um esforo sinrgico objetivando o

    desenvolvimento conjunto.

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    2.2 A Logstica na Perspectiva Histrica e a Teoria da Localizao Industrial

    Pode-se dizer que a logstica vem permeando a histria da humanidade desde

    a primitiva organizao das tribos e comunidades, quando estes escolhiam os

    melhores locais para se instalar, prximos de onde pudessem ter acesso ao

    alimento, gua e proteo dos perigos existentes, e ganha fora e ateno com

    a evoluo da civilizao. Obviamente, esta uma referncia ao conceito de

    logstica mais simples e desconectada do sistema em que opera atualmente, sendo

    "o estudo do lugar, casa, place (no ingls), loger (no francs)".

    J no incio da Era Crist, por volta do ano 400 a.C., os gregos e mais tarde osromanos praticaram e evidenciaram vrias tcnicas, como uma ferramenta, ainda

    no estudada, para o melhor desempenho em combates e guerras, travadas no

    corpo-a-corpo, pelas plancies e planaltos da Europa. Essas tcnicas, que hoje se

    chamam logstica, configuravam o diferencial para a real conquista de terras e

    reinos, demonstrando que a formao de combate era executada de forma

    sistemtica e devidamente estudada para que os objetivos da poca fossem

    atingidos. Alm disso, os comandantes e governantes, desde esse perodo at o

    final do sculo XIX, escolhiam os lugares para a conquista conforme suas

    necessidades de alimentos e/ou riquezas.

    Posteriormente, com o advento da Revoluo Industrial, em funo da

    necessidade de estudo das questes referentes localizao das indstrias que

    estavam surgindo, foi descrita a Teoria da Localizao Industrial (WEBER apud

    POPESCU, 1968). Esta teoria, segundo Weber, apud Popescu, tem como objetivo

    estabelecer a relao entre a localizao da empresa, a disponibilidade de insumos

    materiais e a mo-de-obra disponvel, bem como o custo de distribuio do produto.

    2.2.1 Teoria da localizao industrial

    Se logstica tem estado presente durante toda a histria da humanidade,

    com o surgimento e a consolidao da Teoria Econmica que os aspectos e asespecificidades da logstica so tratados de forma cientfica. Nesse contexto a Teoria

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    da Localizao Industrial (WEBER, apud POPESCU, 1968) um referencial de muita

    importncia para os estudos atuais. Foi nessa teoria que pensadores da economia,

    no sculo XIX, evidenciaram a necessidade de se estudar os fatores queinfluenciavam o custo na escolha de um empreendimento industrial.

    Os aspectos relevantes como custos de transporte, diferenciais de custos de

    suprimentos e de mo-de-obra e acesso aos mercados formaram na teoria de Alfred

    Weber, apud Clemente (1998), quem primeiramente estabeleceu o conceito de fator

    locacional, como uma economia de custos que as empresas poderiam obter,

    escolhendo a sua localizao.

    Esses fatores locacionais, de acordo com Weber, apud Clemente (1998),

    podem ser divididos em fatores especficos, reduo de custos por um nmero

    reduzido de empresas, e gerais, reduo de custos auferidos por todas as

    empresas. Os fatores gerais so classificados em Regionais (transporte e mo-de-

    obra) que se referem escolha locacional inter-regional e os Aglomerativos/

    Desaglomerativos, que se referem escolha intra-regional e, portanto, maior ou

    menor concentrao da indstria em certa regio.Complementando a teoria de Weber, ainda insatisfatria, Hoover, apud

    Popescu (1968), retomou a questo classificando as vantagens em: Economias de

    Escala internas empresa; Economias de localizao externas empresa e

    internas indstria (setor); Economias de urbanizao externas indstria (setor).

    Posteriormente, August Losch, apud Clemente (1998), contribuiria com a

    Teoria da Localizao Industrial no sentido de desenvolver um modelo de equilbrio

    geral do espao que pudesse ser utilizado pelo planejamento pblico e empresarial.

    Losch, apud Clemente (1998), considerava que a escolha locacional deveria buscar

    o maior lucro possvel e no o menor custo possvel, admitindo que o espao

    constitudo de uma plancie homognea e istropa, no havendo diferenas de

    renda e desejos dos consumidores. Atualmente, essas premissas no so mais

    vlidas, pois os preos dos produtos, em geral, so determinados pelos mercados e

    no mais pelo setor ou indstria respectiva.

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    Finalmente, Walter Isard, apud Popescu (1968), indica que o custo do

    transporte o principal fator para a escolha locacional da empresa, estabelecendo o

    conceito de insumo de transporte como sendo o dispndio de recursos necessriopara o deslocamento das mercadorias. A tarifa o preo do insumo de transporte,

    portanto suas variaes no podero ser confundidas com as variaes do insumo

    de transporte. A quantidade necessria de insumo de transporte depende dos

    padres tecnolgicos e da eficincia dos meios de transporte, j as tarifas

    dependem da estrutura de concorrncia e de fatores conjunturais.

    Na evoluo da Teoria da Localizao Industrial percebe-se o avano da prpria

    teoria em relao ao progresso tecnolgico industrial e de transportes, tornando a

    teoria de Isard, apud Popescu (1968), muito mais identificvel com as condies

    atuais. Ainda, fica claro que a quantidade de insumo de transporte, atualmente, est

    bastante relacionada com o investimento efetivo em equipamentos logsticos e nas

    variabilidades de padres de produo adotados por uma determinada indstria.

    Complementando, as tarifas, no mercado atual, diferentemente do passado, rela-

    cionam-se estreitamente com a quantidade de insumo de transporte necessrio, poiso grau de negociao nas tarifas, de uma determinada cadeia produtiva pode ser

    alterado conforme se estabeleam ou se alterem os padres tecnolgicos e a

    eficincia do meio de transporte utilizado.

    A logstica, atualmente, consolida-se como uma rea cientfica de conhecimento

    da administrao, aps um sculo de evoluo da Cincia da Administrao, cujo

    marco data do incio do sculo XX com a Abordagem Clssica da Administrao de

    Taylor e Fayol, passando pela Teoria Estruturalista e de Desenvolvimento Organiza-

    cional e tornando-se evidente a partir da Abordagem Sistmica.

    2.2.2 A teoria econmica das relaes internacionais

    A Teoria Econmica de Relaes e Comrcio Internacional, fundamentada na

    Teoria das Vantagens Comparativas de David Ricardo (1817), quando se iniciam os

    estudos da economia internacional, remete, nos dias de hoje, a uma questo muito

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    importante nas empresas e suas cadeias produtivas, que nada mais do que o grau

    de competitividade que essa determinada cadeia de empresas obtm, dentro das

    macrocondies atuais de tecnologias de produo, disponibilidade de tecnologiasde transporte, os custos relativos a investimentos, como j referido anteriormente, e,

    de forma mais geral, a articulao da infra-estrutura logstica vigente, em relao s

    outras empresas do mesmo setor, localizadas em outras regies do globo.

    Em uma anlise geral da Teoria das Vantagens Comparativas, deve-se salientar

    que a competitividade das naes dada por um conjunto de competncias e

    vantagens de um determinado pas menos as suas respectivas faltas de habilidades e

    desvantagens na produo de bens e servios, que esse mesmo pas tem, em relao

    a um outro qualquer a ser comparado, na concepo e produo de um produto. No

    caso das empresas e suas cadeias produtivas, tambm se pode utilizar essa mesma

    premissa, no sentido de estabelecer a necessidade de uma viso sistmica e

    integradora na implementao e utilizao de sistemas logsticos.

    2.3 A Competit ividade e seus Desdobramentos para a Organizao

    Competitividade no tem uma definio precisa; ao contrrio, compreende

    tantas facetas de um mesmo problema que dificilmente se pode estabelecer uma

    definio ao mesmo tempo abrangente, til e precisa.

    Do ponto de vista das teorias de concorrncia, a competitividade pode ser

    definida como a capacidade de sobreviver e, de preferncia, crescer em mercados

    correntes ou novos mercados. Decorre dessa definio, segundo Porter (1990), que

    a competitividade uma medida de desempenho das empresas individuais. No

    entanto, esse desempenho depende de relaes sistmicas, j que as estratgias

    empresariais podem ser obstadas por gargalos de coordenao vertical ou de

    logstica. Porter (1990) identifica como um dos elementos-chave das vantagens

    competitivas a presena de fornecedores e distribuidores internacionalmente

    competitivos, explicitando as relaes verticais de dependncia que so

    subliminares ao desempenho positivo das empresas.

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    A definio do conceito de competitividade tem conseqncias diretas para a

    escolha dos indicadores de desempenho. A evoluo da participao no mercado

    um indicador de resultado que tem a vantagem de condensar mltiplos fatoresdeterminantes do desempenho. Custos e produtividade so indicadores de eficincia

    que explicam em parte a competitividade. No entanto, inovao em produto e

    processo para atender adequadamente s demandas por qualidade intrnsecas

    exigidas por consumidores e clientes tambm explica um desempenho favorvel,

    que, se no prescinde de custos e produtividade, pode ser elemento determinantes

    da preservao e melhoria das participaes de mercado.

    A evoluo da participao de mercado reflete a competitividade passada,

    decorrente de vantagens competitivas j adquiridas. Reflete, ainda, a adequao

    dos recursos utilizados pela empresa aos padres de concorrncia vigentes nos

    mercados de que participa e que podem combinar de maneira diferente variveis,

    tais como: preo, regularidade de oferta, diferenciao de produto, lanamento de

    novos produtos etc.

    A capacidade de ao estratgica e os investimentos em inovao de

    processo e de produto, marketing e recursos humanos determinam a competitivi-

    dade futura, uma vez que esto associados preservao, renovao e melhoria

    das vantagens competitivas dinmicas.

    Segundo Bassi (2000), sob o ponto de vista do consumidor, o conceito

    fundamental a ser retido em sua classificao de necessidades a existncia de

    uma escala gradativa entre dois extremos necessidades homogneas, de um lado,

    e diferenciadas, de outro. Ainda, os desenhos estratgicos e tticos relativos aoutros fatores crticos so decorrentes dessa caracterizao, e a razo pela qual o

    diferencial competitivo, para responder natureza das necessidades do consumidor,

    estabelecer outra escala gradativa entre dois tipos extremos de atuao:

    1. Economias de Escala: so adequadas s necessidades homogneas,

    aproveitando as sinergias da organizao, oferecendo produtos/servios

    indiferenciados em vrios mercados com um custo muito baixo, portanto

    favorecendo as empresas e os produtos globais.

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    2. Adaptabilidade: condicionante quanto s necessidades especficas dos

    consumidores ou grupos de consumidores em mercados particulares,

    permitindo que os produtos tenham caractersticas de diferenciaodemandadas pelo consumidor local, portanto favorecendo as empresas e

    produtos locais.

    Complementarmente, "as estratgias so como base da competitividade

    dinmica, portanto so o conjunto de gastos em gesto, recursos humanos, produo e

    inovao, que visam ampliar e renovar a capacitao das empresas nas dimenses

    exigidas pelos padres de concorrncia vigentes nos mercados de que participam",

    como afirmam Ferraz et al. (1996). Nesse sentido, as estratgias esto condicionadaspelo ambiente competitivo, no qual so definidos os padres de concorrncia.

    Best (1990), por sua vez, define ao estratgica como a capacidade que as

    empresas demonstram, individualmente ou em conjunto, de alterar, a seu favor,

    caractersticas do ambiente competitivo, tais como: a estrutura do mercado e os

    padres de concorrncia.

    H, portanto, uma importante diferena entre a concepo de Ferraz et

    al.(1996) e Michael Best (1990) no que tange capacidade de ao estratgica

    como base da competitividade. Para este ltimo, essa capacidade diz respeito a uma

    interveno deliberada sobre o ambiente competitivo. Para Ferraz et al. (1996), a

    ao estratgica pode alterar o ambiente competitivo, mas previamente condicio-

    nada pelos padres de concorrncia.

    As duas concepes so importantes e complementares para a anlise da

    competitividade dinmica. No entanto, ambas carecem de uma abordagem da

    capacidade de coordenao da cadeia produtiva em que as empresas desenvolvem

    suas estratgias. Uma estratgia de segmentao de mercado baseada em qualidade

    do produto poder exigir a utilizao de matrias primas com especificaes mais

    rgidas. Se a empresa no consegue obter essa especificao junto ao mercado

    fornecedor, ter que ela mesma produzi-la, por meio de integrao vertical a montante,

    ou ter que convencer algum fornecedor a faz-lo, dentro das especificaes

    necessrias, envolvendo investimentos dedicados. Trata-se de governar a transaovertical com o objetivo de viabilizar a estratgia de concorrncia horizontal.

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    Governar a transao, segundo Zylbersztajn (1995), significa incentivar o

    comportamento desejado e, ao mesmo tempo, conseguir monitor-lo. Essa

    governana pode ser obtida pelo sistema de preos, quando o produto desejado tembaixa especificidade e ofertado por vrios produtores. Caso contrrio, a

    governana adequada pode exigir a elaborao de contratos com instrumentos de

    incentivo e controle predefinidos, tais como: multas, auditorias ou prmios por

    resultado. Dito de outra forma, estratgias competitivas dependem de estruturas de

    governana apropriadas para que possam ser bem-sucedidas. Por esse motivo, a

    capacidade de coordenao vertical torna-se elemento essencial tanto da

    competitividade esttica quanto da competitividade dinmica. essa coordenaoque permite empresa receber, processar, difundir e utilizar informaes de modo a

    definir e viabilizar estratgias competitivas, reagir a mudanas no meio ambiente ou

    aproveitar oportunidades de lucro.

    As relaes entre ambiente competitivo, estratgias e estruturas de gover-

    nana e competitividade so ilustradas pela figura 1, a seguir. O ambiente

    competitivo constitudo pela estrutura do mercado relevante (concentrao,

    economias de escala e escopo, grau de diferenciao dos produtos, barreiras

    tcnicas de entrada e sada), pelos padres de concorrncia vigentes (concorrncia

    preo e extrapreo, presena de grupos estratgicos, barreiras de mobilidade etc.),

    pelas caractersticas do consumidor/cliente, que abrem possibilidades de

    segmentao de mercado, e pelo ciclo de vida da indstria, coadjuvante na definio

    dos padres de concorrncia.

    Os padres de concorrncia constituem as regras do jogo competitivo.

    Segundo Porter (1999), preo, marca, atributos de qualidade, estabilidade de

    entrega, reputao de confiana, inovao contnua em produto ou em processo

    etc., so as variveis-chave para que a empresa possa competir em um determinado

    mercado. O conjunto dessas variveis, assim como sua hierarquia, forma o padro

    de concorrncia de uma indstria ou cadeia produtiva dentro da mesma indstria.

    Para dispor desses instrumentos so necessrios investimentos em ativos

    especficos, tais como: desenvolvimento e consolidao de marca junto a clientes econsumidores, equipamentos dedicados, logstica de suprimento e distribuio,

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    Grupos

    estratgicos

    Atributos das

    transaes

    ESTRUTURAS DE

    GOVERNANA

    recursos humanos com treinamento especfico etc. Isto , tem-se, de modo geral,

    um conjunto de investimentos em ativos especficos associado a um determinado

    padro de concorrncia. "Se no interior de uma mesma indstria convivem dois oumais grupos de empresas que se distinguem pelo padro de concorrncia adotado e

    pelo conjunto de ativos especficos de que dispem, cada um desses grupos

    denominado de grupo estratgico" (OSTER, 1994).

    FIGURA 1 - AMBIENTES COMPETITIVOS E SUAS RELAES

    BLOCO 1

    Ambiente Organizacional

    Organizaes corporatistas Bureaus Pblicos e privados

    Sindicatos

    Institutos de Pesquisa

    Polticas Setoriais Privadas

    BLOCO 2

    Ambiente Institucional

    Sistema Legal Tradies e costumes

    Sistema Poltico

    Regulamentaes

    Poltica Macroeconmica

    Polticas Setoriais Governamentais

    BLOCO 3

    Ambiente Tecnolgico

    Paradigma tecnolgico Fase da trajetria

    tecnolgica

    BLOCO 4

    Ambiente Competitivo

    Ciclo de vida da indstria

    Estrutura da Indstria Padres de concorrncia

    Caract. do Consumo

    BLOCO 5

    Estratgias Individuais

    Preo/custo

    Segmentao

    Diferenciao

    Inovao

    Crescimento Interno

    Crescimento por aquisio

    RELAES

    SISTMICAS

    BLOCO 6

    Desempenho (competitividade)

    Sobrevivncia

    Crescimento

    Subsistemas

    Estratgicos

    FONTE: FARINA et al. (1997)

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    2.3.1 Grupos estratgicos clusters1 de empresas dentro da indstria

    "O que distingue os grupos estratgicos so as diferenas de estratgia

    competitiva", diz Oster (1994, p.80). Efeitos cumulativos de propaganda podem

    representar efetivas barreiras entrada no segmento de marcas da indstria, mas

    no afetam a entrada no segmento commodity. As empresas que operam no

    segmento commodity, por sua vez, enfrentam barreiras de mobilidade para o

    segmento de marcas, em geral, mais rentvel.

    possvel que, para uma indstria em particular, as barreiras entrada sejam

    baixas, o produto seja homogneo aos olhos do consumidor e, portanto, a principal

    varivel de competio sejam os preos. Porter (1999) associa a estratgia de

    liderana de custos como aquela necessria para ter competitividade nesse mercado.

    No entanto, pode existir um grupo de empresas, dentro da mesma indstria, que

    trabalha com produto diferenciado tanto por marca como por atributos especficos de

    qualidade, freqentemente renovados, utilizando como equipamento de distribuio

    grandes redes de supermercados. Para usar esses instrumentos de concorrncia

    (marca, diferenciao, inovao de produto) so necessrios gastos em recursos

    fsicos, humanos e financeiros especficos e que criam barreiras mobilidade entre

    um grupo e outro. Uma empresa que competitiva em um grupo pode no o ser em

    outro. Por isso, esse um recorte relevante para discutir competitividade.

    A literatura de Organizao Industrial tem sistematicamente mostrado que no h

    uma relao causal simples e unidirecional entre estrutura de mercado, segundo Lopes

    1Clusters - Segundo Haddad (1999), consistem em indstrias e instituies quetm ligaes particularmente fortes entre si, tanto horizontal quanto verticalmente, e,usualmente, incluem: empresas de produo especializada; empresas fornecedoras;empresas prestadoras de servio; instituies de pesquisas; instituies pblicas e privadasde suporte fundamental. A anlise de Clusters focaliza os insumos crticos, num sentidogeral de que as empresas geradoras de renda e de riqueza necessitam para seremdinamicamente competitivas. A essncia do desenvolvimento de Clusters a criao de

    capacidades produtivas especializadas dentro de regies para a promoo de seudesenvolvimento econmico.

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    (1998), da conduta (estratgia) das empresas e o desempenho do mercado. No

    entanto, essa complexidade terica e prtica no torna intil esse tipo de anlise para

    as questes de competitividade. Certamente, seria mais fcil se houvesse a certeza deque uma determinada estrutura de mercado produziria o desempenho almejado.

    Bastaria, ento, atuar sobre essa estrutura. Nem para a anlise da competitividade e

    muito menos para a poltica pblica, o reducionismo terico tem alguma serventia. Ao

    mesmo tempo, simultaneidade e retro-alimentao no so obstculos intransponveis

    para estudos aplicados, mas apenas exigem que se levem em conta esses efeitos.

    exatamente nesse sentido que se incorporou ao ambiente competitivo tantoa estrutura dos mercados quanto os padres de concorrncia e as caractersticas da

    demanda, porque todos eles moldam o ambiente competitivo onde as empresas tm

    que atuar.

    O ambiente competitivo diz respeito ao ambiente externo empresa, onde

    habitam seus concorrentes, clientes e fornecedores. Porter (1990) analisa essas

    cinco foras (rivalidade competitiva, fora dos clientes, fora dos fornecedores,

    ameaa de produtos substitutos e ameaa de entrada de novos concorrentes) no

    sentido de identificar ameaas lucratividade (desempenho) da empresa. Est

    sendo aqui adotado um conceito de desempenho que diz respeito capacidade

    duradoura de sobrevivncia e crescimento das empresas nos mercados em que

    atuam. Esse desempenho s ser duradouro caso situaes de prejuzos sejam

    passageiras e conjunturais.

    Uma empresa no ajusta suas estratgias estrutura dos mercados, mas sim

    ao padro de concorrncia vigente. Mesmo assim, a estrutura continua sendo

    varivel importante do ambiente competitivo, porque indica a capacidade que as

    empresas lderes tm de ordenar ou disciplinar o mercado, ou mesmo influenciar o

    padro de concorrncia.

    Ainda segundo Porter (1990), tanto o conceito de estrutura quanto de padro de

    concorrncia esto referidos a um mercado que se denomina relevante para a anlise.

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    Esse mercado relevante inclui o conjunto de produtos substitutos e o escopo geogrfico

    da concorrncia (escopo dos rivais efetivos). certo que se o mercado geogrfico tem

    escopo mundial, o padro de concorrncia relevante so os mercados internacionais.No entanto, quando se pensa em poltica pblica e competitividade de sistemas

    especficos, tem-se que se referir ao escopo do local geogrfico especfico de atuao.

    As empresas dispem de um conjunto de recursos produtivos (fsicos, humanos,

    financeiros etc.) que devem ser ajustados para atender s regras do jogo competitivo.

    Em mercados fragmentados, onde so comercializados produtos de baixa diferenciao

    (dados de estrutura), tendem a predominar padres de concorrncia em que a lideranade custo a principal vantagem competitiva, j que a varivel bsica de concorrncia

    preo, as margens so baixas e o giro dever ser elevado. Nesse caso, economias de

    escala e escopo marcam as operaes das empresas lderes. Portanto, fundamental

    identificar os padres de concorrncia para poder dizer se as empresas so ou no

    potencialmente competitivas. Se forem identificadas mudanas tecnolgicas ou

    institucionais que possam resultar na mudana desse padro de concorrncia, ento as

    vantagens competitivas baseadas em liderana de custos deixam de ser suficientes

    para sustentar a competitividade. Uma situao como essa de alta relevncia para a

    identificao de fatores que sustentam a competitividade dinmica.

    Estratgias individuais que visam alterar os padres de concorrncia e o

    ambiente competitivo certamente tero efeitos apenas a mdio e longo prazo, e sua

    importncia para um segmento ou para outro depende do processo de imitao e

    difuso desse padro.

    Padres de concorrncia se alteram no tempo, como resposta a mudanas

    institucionais (como abertura comercial, proteo propriedade intelectual etc.),

    mudanas tecnolgicas (como a biotecnologia que gerou uma convergncia entre

    indstrias qumico-farmacuticas e a indstria de sementes), mudanas no prprio

    ambiente competitivo, do qual o padro de concorrncia faz parte (reestruturao

    industrial, mudanas de hbito do consumidor) e mudanas nas prprias estratgias

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    individuais das empresas que buscam criar assimetrias e, quando bem-sucedidas

    (desempenho), podem alterar o padro de concorrncia ao serem imitadas

    por concorrentes.Nesse sentido, ainda que indicadores de evoluo de participao no mercado ou

    de crescimento das vendas mostrem que as empresas foram capazes de sobreviver e

    crescer em uma indstria, nada garante que essa situao se preserve se houver

    mudanas nos padres de concorrncia. Como identificar essas mudanas?

    Procurando monitorar os diferentes ambientes que influenciam tais padres, o que inclui

    analisar algumas estratgias individuais que se mostram potencialmente imitveis.Segundo Zylbersztajn (1995), o interessante a notar que as estruturas de

    governana esto sistematicamente ausentes dos trabalhos e da teoria sobre

    concorrncia e competitividade, assumindo que a coordenao das cadeias produtivas

    eficiente. Da mesma forma, os trabalhos sobre estruturas de governana e

    coordenao no tratam da competitividade, assumindo implicitamente que as

    estruturas mais eficientes sero adotadas por algum mecanismo associado rivalidade

    competitiva. A grande dificuldade de tratar dessa dimenso da concorrncia sua

    natureza intrinsecamente qualitativa. Indicadores sobre coordenao adequada so de

    difcil definio, embora seja passvel de anlise, por meio do alinhamento dos atributos

    das transaes entre as etapas do processo produtivo, com as estruturas de

    governana adotadas.

    Exemplos tpicos de ineficincia de coordenao so encontrados em situaes

    nas quais os sistemas de padronizao de produtos (por exemplo, gros) que, por

    mudana nas exigncias tcnicas de processamento ou de novos produtos no

    respondem mais aos requisitos valorizados pelos consumidores ou clientes, gerando

    dissonncias entre ofertantes e demandantes.

    O sucesso das estratgias individuais est condicionado, ainda, proviso de

    um conjunto de bens pblicos ou privados, sobre os quais a empresa no tem,

    individualmente, controle direto. Segundo Caixeta (2001), a logstica um exemplo a

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    esse respeito, j que depende de infra-estrutura de transportes, portos etc. Para

    empresas cujo negcio est associado a commodities, para os quais a liderana de

    custos define o padro de concorrncia, o impacto pode ser definitivo quanto permanncia desta no mercado. No entanto, mesmo para empresas com

    posicionamento estratgico em produtos diferenciados, a logstica pode eliminar ou

    magnificar suas vantagens competitivas.

    A capacidade de ao estratgica, associada competitividade sistmica,

    inclui tambm a articulao de aes cooperativas entre concorrentes, fornecedores,

    distribuidores, institutos de pesquisa pblicos ou privados. Significa ter a capacidadede mudar as regras do jogo competitivo a seu favor ou mesmo o ambiente

    institucional por exemplo: aes visando aprovao das leis de proteo

    propriedade intelectual, polticas setoriais governamentais etc. Segundo Collin

    (1996), a sinergia que pode ser promovida com a anlise e associao dos

    interesses comuns s empresas e operadores de uma cadeia produtiva poder

    resultar em um aumento substancial do grau de competitividade deste setor.

    Uma outra questo a cooperao na rea tecnolgica. Essa dimenso traz

    no seu bojo o conflito latente entre concorrncia e cooperao, que muitas vezes

    ignorado nos estudos de competitividade. No entanto, crescente o reconhecimento

    de que a coordenao e cooperao tanto vertical quanto horizontal so importantes

    na vitalidade da concorrncia e no desenvolvimento da cadeia produtiva.

    A proviso de bens pblicos e coletivos, cuja oferta adequada depende da ao

    do Estado ou de organizaes de interesse privado, tais como associaes de produ-

    tores, sindicatos, federaes etc., s quais se denominam "ambiente organizacional

    externo", pode ser fundamental para a competitividade. Sistemas de informao sobre

    mercados, tendncias de consumo, monitoramento de inovaes e difuso de novas

    tecnologias, acompanhamento da ao estratgica de concorrentes de outras regies

    ou pases, so "ativos" necessrios para a competitividade individual, mas, por suas

    caractersticas de no-rivalidade e/ou no excluso, podem ser realizados para um

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    conjunto de empresas, no implicando um subinvestimento na sua proviso e/ou duplo

    investimento em empresas individuais, resultando em desperdcio de recursos e

    ineficincia. Nesse sentido, o ambiente organizacional externo muito importante naanlise da competitividade - bloco 2 da figura 1 (FARINA et al., 1997 e BEST, 1990).

    As estratgias e a competitividade dependem, ainda, do ambiente institucional

    (bloco 2 da figura 1). A esto os sistemas legais de soluo de disputas, polticas

    macroeconmicas, tarifrias, tributrias, comerciais e setoriais adotadas pelo

    governo, assim como por governos de outros pases, parceiros comerciais e concor-

    rentes. Nesse sentido, destacam-se a crescente importncia da formao de blocos

    econmicos e a atuao das empresas transnacionais.

    Segundo Collin (1996), o aumento da competitividade das empresas resultado

    da intercooperao sinrgica das polticas pblicas e privadas, individuais e coletivas,

    sendo que o processo de promoo desta sinergia dever, em certa medida, ser

    efetuado cada vez mais pelas empresas individuais mediante alianas estratgicas intra

    e intersetores, e tambm por intermdio de seus agentes de representao.

    2.3.2 As dimenses da competitividade para as organizaes

    A competitividade nas relaes empresariais e, portanto, de cadeias produtivas

    e de regies/pases, atualmente, passam, segundo os Anais do 2. workshop de

    Inteligncia Competitiva e Gesto do Conhecimento, realizado em Florianpolis, SC

    (2001), por trs dimenses diferenciadas e inter-relacionadas que necessitam cada

    vez mais de sua integrao total: competitividade sistmica, competitividade

    estrutural e competitividade empresarial.

    A competitividade sistmica a capacidade que tm os governos federal,

    estadual e municipal de apoiar, definir e atuar nas macroestratgias por intermdio de

    seus agentes pblicos e privados que estaro disponveis e agindo efetivamente em um

    determinado local. Nesse mbito, as questes relevantes so a estrutura de aplicao

    das normas e regulamentaes, e a da implementao de polticas pblicas

    referenciadas em macroestratgias, que auxiliem e facilitem, de forma competitiva as

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    operaes que sero efetuadas na uma cadeia produtiva. Mais objetivamente, a

    competitividade sistmica refere-se principalmente, desburocratizao dos

    instrumentos legais e mobilizao e integrao dos agentes pblicos que atuam nomercado, facilitando o acesso de todos os fornecedores, consumidores, beneficiadores

    e transportadores aos produtos e servios disponveis. Tambm a competitividade

    sistmica tem referncia com todo o aparato infra-estrutural, no foco logstico, de inves-

    timentos em equipamentos logsticos de grande amplitude como portos, aeroportos,

    rodovias, hidrovias e ferrovias, suas interligaes comunicativas e capacidade de

    integrao. Esta ltima questo est no limiar de um segundo nvel, a competitividade

    estrutural.

    A competitividade estrutural como os componentes empresariais e suas

    representaes, que esto organizados e estruturados, no sentido de integrao, inter-

    relacionamento e infra-estrutura prpria entre esses mesmos componentes (empresas)

    e agentes (associaes, sindicatos, cooperativas etc.). A competitividade estrutural est

    intimamente relacionada com o grau de unio e efetividade de aes conjuntas, entre

    seus componentes, possibilitando melhores condies de negociaes vantajosas emrelao implementao de processos desburocratizados nos mbitos de governo,

    bem como a instalao dos equipamentos logsticos, integradamente com as empresas

    e agentes, necessrios quela cadeia produtiva.

    Finalmente, a competitividade empresarial constitui as competncias e habili-

    dades referentes exclusivamente empresa quanto aos seus processos produtivos

    internos, o custo-benefcio de tecnologias desenvolvidas e equipamentos logsticos

    implementados, o marketing utilizado no relacionamento com o fornecedor e o cliente; o

    processo de inovao que a empresa tem em relao aos seus produtos e servios

    oferecidos, bem como as novas concepes de utilizao para novas demandas e os

    anseios dos atuais e futuros clientes. Tudo que, de alguma forma, est implementado

    ou executado dentro da empresa ter, invariavelmente, relao com as interaes,

    dessa mesma empresa, com os seus stakeholders, delineando, portanto, as formas de

    integrao que essa empresa tem capacidade de realizar.

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    dos vrios mbitos de governo (federal, estadual e municipal) como estradas, portos,

    aeroportos, hidrovias etc. Ultimamente, aps a disseminao dos conceitos para a

    prtica da administrao, como a Teoria de Sistemas2

    e a Gesto da Qualidade Total- TQM (Total Quality Management)3 conjuntamente com a Melhoria Contnua dos

    Processos - PDCA4e do surgimento e desenvolvimento da Teoria das Restries,5

    entre outras tcnicas mais especficas, a interpretao de que a logstica deve ser

    implementada de uma forma global, sistmica e ampliada, tanto para as organizaes

    empresariais e no empresariais quanto para a infra-estrutura de regies econmicas,

    tem ganho a fora e a importncia de que necessita.Assim, nesse incio do processo de mudana da cultura nas aes

    empresariais, a definio de integrao nas atividades logsticas modernas deve ser

    tratada sob a tica da estrutura ambiental da organizao (figura 2). No

    2Teoria de Sistemas - Segundo Chiavenato (2000) A Teoria de Sistemas umadecorrncia da Teoria Geral de Sistemas de Von Bertalanffy e que se espalhou por todas ascincias, influenciando notavelmente a administrao. A Teoria Geral dos Sistemas nobusca solucionar problemas ou tentar solues prticas, mas produzir teorias e formulaesconceituais para aplicaes na realidade emprica. Os sistemas so um conjunto deelementos interdependentes e interagentes ou um grupo de unidades combinadas oucombinaes de coisas ou partes, formando um todo complexo ou unitrio.

    3Gesto da Qualidade Total - TQM (Total Quality Management) - SegundoWilliams (1995), apud Sashkin e Kiser (1994), a Gesto da Qualidade Total uma filosofiade administrao que significa que a cultura da organizao definida pela busca constanteda satisfao do cliente atravs de um sistema integrado de ferramentas, tcnicas e

    treinamento. Isso envolve a melhoria contnua dos processos organizacionais, resultandoem produtos e servios de alta qualidade.

    4Melhoria Contnua dos Processos - PDCA (Plan, Do, Check and Action) -Segundo Robbins (2000), a busca do aprimoramento sem fim, que requer uma abordagemcircular em lugar da linear, formando o ciclo planejar-fazer-checar-agir, tratando todos osprocessos organizacionais como se estivessem em um estado constante de aprimoramento.

    5Teoria das Restries - TOC (Theory of Constrains) - Segundo Goldratt (1993),Teoria das Restries uma filosofia de gerenciamento composta por um Processo dePensamento, em cinco etapas bsicas de focalizao, a saber: identificar a restrio do sistema;explorar a restrio do sistema; subordinar tudo restrio do sistema; elevar a restrio dosistema, e voltar ao primeiro passo (evitar a inrcia), visando melhoria de processos.

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    entendimento de Certo e Peter (1993, p.42), "Para executar uma anlise ambiental

    de forma eficiente e efetiva, um administrador deve entender bem a forma como

    ambientes organizacionais esto estruturados. O ambiente de uma organizao, geralmente dividido em trs nveis distintos: ambiente geral, ambiente operacional e

    o ambiente interno".

    FIGURA 2 - A ORGANIZAO, OS NVEIS DE SEUS AMBIENTES E OS COMPONENTES DESSES NVEIS

    A M B I E N T E I N T E R N O

    Aspectos o r gan izac iona is

    Asp e c t o s d e MKT

    Aspectos f inance i ros

    Asp e c t o s p e sso a isAs pec t os de p r odu o

    AMBIENTE

    GERAL

    Componente

    econmico

    Comp onente

    mo-de-obra

    Componentecliente

    Componenteconcorrncia

    Componentefornecedor

    Componentelegal

    Componentetecnolgico

    Componentepoltico

    ComponenteSocial

    AMBIENTE

    OPERACIONAL

    A O R G A N I Z A OComponente

    Internacional

    FONTE: CERTO, Samuel (1993)

    Sobre essa Estrutura Ambiental deve-se entender que, segundo Certo e Peter

    (1993), o Ambiente Geral da organizao formado pelos componentes sociais,

    econmicas, tecnolgicos, polticos e legais, sendo que, para a logstica, nesse

    contexto que esto as atividades de infra-estrutura existentes como portos, aeroportos,

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    ferrovias, hidrovias, EADIs, estaes de transbordo, armazns, de comunicao,

    transmisso de dados etc. No Brasil, essas infra-estruturas tm sido, historicamente,

    bastante implementadas, operadas e controladas pelos governos municipais, estaduaise federal, sendo que essa implementao e operao, a partir dos ltimos 10 anos, vm

    sendo assumidas, gradativamente, pelo processo de privatizao ou investimentos

    diretos, da iniciativa privada, principalmente de organizaes que constantemente

    necessitam utilizar como estratgia essas estruturas.

    Ainda segundo Certo e Peter (1993), quanto ao Ambiente Operacional das

    organizaes, entendem-se seus componentes, para a logstica, os fornecedores,

    clientes, consumidores, concorrentes, mo-de-obra disponvel e as relaes

    internacionais das operaes da organizao. Nessa definio fica claro que o

    ambiente operacional aquele ambiente externo que tem uma interao total e

    freqente com a organizao em si, caracterizando-o como um dos fatores de maior

    importncia direta para a implementao de sistema logstico integrado.

    Vrios autores tm tratado dessas operaes logsticas nas organizaes,

    nesse ambiente, no conceito de supply chain management.6

    Assim, fica evidenteque a organizao ou ambiente interno est inserida nos ambientes externos

    Operacional e Geral, demonstrando a necessidade de uma interpretao, das aes

    logsticas, integrada e sistmica.

    O Ambiente Interno, ou a Organizao propriamente dita, formado por aspectos

    organizacionais, de marketing, financeiros, recursos humanos, de produo e logstica,

    6Supply Chain Management - SCM termo que define o mtodo deGerenciamento da Cadeia de Suprimento, utilizado para obter melhoria no servio deassistncia ao cliente, melhor gerenciamento de estoque e dos canais de suprimento emgeral, resultando em reduo de custos e maior velocidade na colocao de um produto nomercado. tambm um conceito, onde toda a rede desde os fornecedores at osconsumidores finais analisada e gerenciada no sentido de obter o "melhor resultado"para o sistema como um todo. Esse conceito inclui a anlise do nvel e da localizao dosestoques da cadeia de suprimento, o gerenciamento do fluxo da informao por meio do

    canal de suprimento e os esforos de coordenao para atender o melhor possvel aocliente. Bowersox (2001) e Christopher (1997).

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    compondo o rol de competncias, capacidades e pontos fortes/fracos da prpria organi-

    zao, ainda segundo Certo e Peter (1993).

    Ademais anlise da Estrutura Ambiental das organizaes, a integrao um processo que possibilita a implementao do comprometimento de toda a cadeia

    produtiva (fornecedores-intermedirios-clientes-consumidores), bem como a inter-

    relao entre cadeias produtivas distintas, mas concorrentes nos sistemas logsticos,

    principalmente de transporte e distribuio.

    A integrao para a logstica parece to importante quanto a estratgia para as

    organizaes. Nesse sentido, os estudiosos da logstica tm citado insistentementequestes de integrao e, tambm, vm desenvolvendo metodologias de operaes e

    logstica globais. Como exemplo, Dornier (2000) dividiu a integrao em trs tipos

    genricos, correlatos estrutura da organizao, chamados: integrao geogrfica,

    funcional e setorial. A integrao geogrfica refere-se ao fato de que fronteiras

    geogrficas esto perdendo sua importncia; integrao funcional refere-se s respon-

    sabilidades da gesto de operaes/logstica globais que j no se limitam a coordenar

    os fluxos fsicos e esto se expandindo para incluir funes como pesquisa, desenvol-

    vimento e marketing no projeto e gesto dos fluxos; integrao setorial refere-se

    cooperao das empresas em toda a cadeia, no se restringindo apenas soluo de

    problemas internos, assim deixando de adicionar custos ao sistema total.

    2.3.2 O pensamento atual da logstica

    Aps toda a evoluo histrica da humanidade e o desenvolvimento das

    teorias econmicas e das prticas de administrao atravs dos sculos, a

    Administrao se consolida como uma cincia de grande importncia na conduo e

    gerncia das organizaes ps-revoluo industrial. Essas empresas que compem

    um conjunto de mercados, por sua vez formando as economias regionais e globais,

    tm necessitado de tcnicas gerenciais cada vez mais articuladas, realistas eaplicveis aos seus respectivos contextos competitivos.

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    Dentro desse ambiente, a logstica nasce como uma disciplina de importncia, no

    sentido de auxiliar a administrao e o gerenciamento da movimentao de bens e

    informaes, componentes relevantes do mercado, da economia e da sociedade atual.Sendo assim, durante os ltimos vinte anos surgiram vrios conceitos formando o

    que a logstica atual. A logstica sempre esteve bastante presente, no decorrer da

    histria, como j dito, nas organizaes militares e em suas atividades de guerra e

    batalhas. Atualmente, a logstica tem evoludo espantosamente em suas tcnicas e

    tecnologias utilizadas nos processos para o auxlio na soluo de problemas

    decorrentes das novas necessidades de mercado. Sob esse foco, tm surgido vrios

    estudos e trabalhos cientficos, em todo o mundo, no sentido de desenvolver e reforar

    os conceitos e inter-relaes da cincia logstica com outras disciplinas.

    Nesses estudos, a integrao na logstica tem tido um lugar de destaque em

    relao a outros tpicos, tambm de muita importncia, mas que j vinham sendo

    tratados de forma bastante aprofundada, relegando, de certa forma, o processo de

    integrao como um pr-requ