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Universidade de São Paulo Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Ribeirão Preto. Departamento de Biologia – Educação Ambiental RESÍDUOS: Antigo “LIXÃO” Jardim Juliana e Jardim das Palmeiras II Docente: Fernanda da Rocha Brando Discentes: Layara Luana Malvestio;

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Primeira parte dos slides produzidos na disciplina de Educação Ambiental referente ao problema ambiental local, Jd Juliana e Jd das Palmeiras I

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Universidade de São PauloFaculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Ribeirão

Preto.Departamento de Biologia – Educação Ambiental

RESÍDUOS:Antigo “LIXÃO” Jardim

Juliana e Jardim das Palmeiras II

Docente: Fernanda da Rocha BrandoDiscentes: Layara Luana Malvestio; Lívia Maria M. da Silva

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Ribeirão Preto ontem • Bandeirantes; • Mineiros; • Fundada em 19 de junho de 1856 • José Mateus dos Reis – Fazenda dos Palmares; • Construção da capela São Sebastião atual praça XV;• Cultura cafeeira; • 1883 “ferrovias do café” -> maior produtora do café;•Crise de 1929-> decadência do co café, mascana-de-açúcar, soja, milho...

...

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E hoje • Localizada sobre o Aquífero Guarani – ótima qualidade

de água- cuidados com obras, lixões e aterros.• Forte agroindústria, serviços, comércio• Aumento da densidade populacional• Densidade populacional de 930,42 habitantes por km².• Produzindo 20, 9 Kg de lixo ao mês por habitante

(Cetesb/ Folha de Sao Paulo);• Grande quantidade de lixo + ineficiência da coleta

seletiva = 10 lixões esgotados;• Desde a década de 20, Ribeirão já teve dez lixões.

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• Década de 20: Região da chamada Baixada, próximo ao Mercado Municipal;

• Década de 40: Atual Praça Amin Calil;• Década de 50: os barrancos próximos as

Sete Capelas e à Santa Terezinha;• Década de 60: Monte Alegre, Alto do

Ipiranga e Jardim Marchesi;• 1974/78: Jd. das Palmeiras II e Jd. Juliana;• 1978/89: Rodovia Abrão Assed ( Área de

Recarga do Aquífero Guarani• 1990/ agosto 2011: Rod. Mario Donegá.

Lixões

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Aterro Rod. Mario Donegá• Único Aterro Sanitário;• É um local de piso isolado para não contaminar o meio

ambiente;• Em dezembro de 2010 uma análise feita pela CETESB

detectou vazamento de Chorume e grande área exposta de lixo;

• O vazamento chegou ao Rio Pardo e o risco para a população seria indireto se houvesse transbordamento do Córrego;

• Agosto de 2011 a CETESB fecha o aterro e a empresa  Leão & Leão Ltda passou a enviar 500 toneladas de lixo diárias para o aterro de Guatapará

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Aterro x Lixão• Lixão: contaminação da água, solo, ar e mau cheiro• Aterro Controlado: recobrimento dos resíduos

depositados anteriormente;• Aterro sanitário: selamento do solo, drenos,

tratamento do chorume e cobertura diária dos resíduos

.

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Mas e o Chorume?• O chorume é um dos grandes problemas dos aterros,

devido a enorme quantidade gerada e a capacidade de causar danos no meio ambiente;

• Danoso para os corpos d’agua, solo e mananciais subterrâneos;

• Lixiviação + decomposição = chorume: líquido denso, de cor escura e odor desagradável;

• características determinadas pela composição dos resíduos do aterro, fatores climáticos ( chuva, temperatura, insolação...), operação do aterro (acondicionamento, tipos de cobertura dos resíduos...) e tempo;

• Alem dos componentes orgânicos e inorgânicos o chorume recebe substancias toxicas, provenientes da disposição inadequada de resíduos pela população e recebimento de resíduos industriais;

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• Contêm altas concentrações de nitrogênio amonical, que em cursos d’agua estimula o crescimento de algas, diminuição do oxigênio e tóxicos à biota do ecossistema aquático e em sistemas de tratamento tóxicos a bactérias decompositoras;

• As formas de tratamento do chorume podem ser:

• Separação química, filtros biológicos, absorção por carvão ativado e evaporação do chorume.

Mas e o Chorume?

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• Antigo “Lixão Juliana”• Setor leste da cidade, lado direito da Rod.

Anhanguera, sentido Norte, na zona urbana de Ribeirão Preto;

• Na classificação do IAC (Instituto Agronômico de Campinas), o solo local é um Latossolo Vermelho Amarelo, unidade Laranja Azeda. Do ponto de vista geológico, a rocha local é denominada de Arenito da Formação Botucatu da Baciado Paraná.

• Atual bairro jardim Juliana e Palmeiras II;

Conflito local:

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• Entre 1978 – 1991 era local de destinação de resíduos sólidos da cidade;

• A área utilizada pela Prefeitura Municipal como lixão situa-se sobre a área de recarga do Aqüífero Guarani.

• vala aberta pela FEPASA, para abrigar um ramal ferroviário cuja implantação jamais se efetuou

• 65.000 m2;• Utilizado durante 13 anos• Desativado em Novembro de

1991• Foram colocadas camadas de

terra para compactar o solo e evitar roedores

O Atigo “Lixão Juliana”

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Os bairros Jd. Juliana e Jd. das Palmeira II

• Em 21 de novembro de 1991, A Carta- resposta da COHAB ao Requerimento nº. 15.494 da Câmara Municipal, caracterizou o local como:

• esta área, vala da FEPASA, já abandonada, foi escolhida, por técnicos e cientistas contratados, para a implantação do primeiro e verdadeiro “aterro sanitário”; possui lençol freático profundo (40 m), terreno adequado à cobertura do aterro e topografia ideal à recuperação futura; o lixo é recente; [...]. Por conseguinte, conforme o conteúdo dessa Carta-resposta, nenhuma anormalidade existe, ou existiu no que se refere à contaminação da área considerada, pelo “Antigo Lixão”

• Em 20 de julho de 1993, a COHAB iniciou a construção dos Bairros;

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Processo de estabilização

• O processo de estabilização física, química e biológica de um lixão leva entre dez a quinze anos para que tenha uso;

• Deve-se : a) drenagem de biogás e percolado da massa de

resíduos; b) coleta e tratamento de biogás e percolado; c) monitoração geotécnica e ambiental, e projeto

paisagístico e de uso futuro da área (não sem, antes, atentar para os pré-requisitos de se isolar os resíduos do ambiente; impedir a infiltração das águas de chuvas, evitando o aumento do volume de líquidos percolados e a saída não-controlada do biogás).

• Os procedimentos não foram precedidos dos cuidados técnico-ambientais recomendados.

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O Problema• Em 1998 a Promotoria de Justiça recebeu denúncias de

que as unidades habitacionais do Jardim Juliana A e Palmeiras II estavam tendo problemas de estrutura, que posteriormente foram associados ao antigo lixão;

• Um inquérito civil e realização de perícia pelo Ministério Público concluiu:• As telhas utilizadas eram de má qualidade;• As paredes apresentavam trincas provenientes de recalques e

ma impermeabilização;• O revestimento está se decompondo;• As paredes não têm cinta de amarração;• Todas as irregularidades revelam violações no memorial

descritivo da obra

• Unidades habitacionais, além de terem sido construídas com material de pior qualidade, apresentavam problemas decorrentes do solo defeituoso

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O segundo Laudo• Em 2003 o Laudo Pericical da Promotoria de Justiça

descreve:• efeitos da redução do volume do lixo aterrado, ao longo

do tempo de digestão do mesmo, gerando chorume e gases, e provocando afundamento da camada do solo que recobre o lixo, condenando as moradias à falência estrutural;

• Relata também os tipos de contaminantes produzidos, como os materiais pesados contidos no chorume, os elementos radioativos, os fertilizantes, os pesticidas e os micro-organismos (vírus e bactérias); acentua que dentre os inorgânicos o mais problemático e nocivo à saúde é o nitrato, devido à sua mobilidade e estabilidade nos sistemas aeróbicos de águas subterrâneas;

• Concluiu que aproximadamente 396 casas deveriam ser removidas, incluindo aquelas que não se encontravam diretamente sobre a vala.

• Em alguns pontos perfurados encontrou-se lixo a pouco mais de um metro de profundidade

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• 2001 :• 19 de novembro, faixas e cartazes de

protesto em frente a casa do Prefeito da época, Antonio Palloci Filho -> não obtiveram resposta

• 18 de dezembro, sete moradores notificados que suas casas seriam demolidas devido a presença de gás metano no subsolo de acordo com a COHAB;

• 2002:• Foi determinado que todas as crianças

residentes nessas regiões deveriam deixar o local ate 6 de maio;

• Alguns chegaram a perder a guarda de seus filhos

As Medidas tomadas

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• 2004• Casa desaba sobre uma criança de 9 anos e

retomada das queixas pelos moradores, algumas famílias foram removidas

• Alguns moradores foram alojados em imóveis de semelhante qualidade, dimensões inferiores além de perda monetária, segundo o Relatório do Inquérito Civil nº. 098/98 (Promotoria de Justiça, p. 5).

• 2005• O Ministério Público age em auxilio dos

moradores, alegando ser a área atingida superior a 360 mil metros e correndo risco de explosão e contaminação;

As Medidas tomadas

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As Medidas tomadas• 2007:• 70 casas são removidas

• 2010:• Laudo da COHAB alega a inexistência de

problemas nos bairros ;

• 2011:• Casas são demolidas;• Ministério Publico exigiu a apresentação de um

plano de recuperação e monitoramento dos quatro lixões desativados de Ribeirão Preto;

• presidente da COHAB, Silvio Martins alega que o restante só será mexido com ordem judicial afirmando estar amparado com o laudo produzido no ano de 2010

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Os critérios da COHAB:• A COHAB, de acordo com os moradores, manda

um engenheiro avalia o quanto já foi gasto com reformas na casa e qual a gravidade do problema, decidindo o que fazer;

• Alguns são indenizados com pequenas ou medias quantias e outros a COHAB passou a pagar aluguel;

• Não apresentou nenhum relatório ou explicação a população, fez reuniões individuais;

• Muitas das informações que a população tem foram passadas por pesquisadores e pela televisão, quase todos desconhecem a gravidade do problema.

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A população• De 2001 a 2007:• José Thomaz da Silva, relatou que trabalhou no

“Antigo Lixão” e que foi o responsável pelo recobrimento dos resíduos ali depositados. Ele conta que um espaço da vala era preenchido e, quando atingisse o volume máximo, uma camada de 20 cm de terra, retirada do próprio local, era usada como cobertura e, sobre ela , passava-se um trator de esteira... Nada mais que isso!

• Breila Pereira Dias, Em abril de 2002, por não aceitar se mudar do bairro, chegou a perder a guarda de sua filha, uma adolescente de 16 anos, quando o promotor da Infância e Juventude ordenou que algumas crianças/adolescentes fossem retiradas do bairro. Sua filha foi viver com a avó materna, mas seu cão de estimação ficou e perdeu todos os pêlos... Sua casa também foi “condenada”

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A população• De 2001 a 2007:

• O sr. Benício Reinaldo dos Santos e sua esposa Maria Romilda, disseram ter visto o sonho da casa própria ruir entre trincas e rachaduras. Eles praticamente reconstruíram o imóvel. Benício, pedreiro de profissão, gastou todas as economias e tempo disponíveis na construção da casa idealizada durante anos e que, hoje, teme por ver seu imóvel no chão e, o que é pior, sem ter para onde ir

• Segundo Nilson da Silva Barreira, desde a fundação do bairro é que existe a promessa da construção de uma “praça para o povo”, em frente à sua casa, na rua Matilde Pinho Sant’anna. No espaço reservado para ela, existem 3 poços de monitoramento de gases;

• Segundo Bervique, 2008 durante as visitas aos bairros a associação de moradores encontrou-se ativa, mobilizando a população.

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A população em 2011• As casas que se encontram sobre a vala foram

praticamente todas removidas, parte dos que permanecem são alheios a situação e parte já perdeu as esperanças de conseguir soluções;

• A população que se encontra no entorno, se diz prejudicada apenas pela desvalorização do bairro, no entanto:

• Considerando que a construção dos dois conjuntos habitacionais sobre um “Lixão” que não dispõe de sistemas de drenagem de gases e chorume, faz com que os mesmos se distribuam aleatoriamente no solo; e seus efeitos nocivos atingem não só pessoas, mas, também, o meio ambiente circundante, principalmente, o Aqüífero Guarani. (Laudo pericial da Promotoria de Justiça apud Bervique.)

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A população em 2011• E como pudemos notar a

praça para o povo ainda contem poços de monitoramento dos gases e canos para eliminação dos mesmos que causam grande reclamação da população;

• E de acordo com o Laudo pericial da Promotoria da Justiça a contaminação dos moradores pela ingestão e inalação da poeira do solo, que pode conter ingredientes nocivos à saúde humana e animal, listadas ao lado, através de três descritores:

Substância Efeito

Forma de contaminação

arsênico cancerígeno ingestão

benzopireno cancerígenoingestão/inalação

chumbo vários inalação

cádmio e cromo vários inalação

DDT e HCB cancerígenos ingestão

HCH vários ingestão

níquel vários inalação

mercurio… vários ingestão

Dados: Promotoria da Justiça apud Bervique.

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A população em 2011 • Ou seja não só as casas que se encontram sobre a vala

deveriam ser removidas;• Mas o descaso por parte do governo da cidade é tanto

que o equivalente a 600 famílias vivem em regiões de influencia do lixão

• De acordo com a Folha.com a reclamação no mês de Outubro foi unânime: cheiro (ralos, bidês, e vasos sanitários), casas comprometidas; medo de morar no local ( shopping Center Norte)• Paulo Finotti, ambientalista diz que o gás sulfídrico

que ainda é liberado ataca diretamente o cérebro e que o gás metano, também presente, é altamente inflamável.

• Irani Cleusa de Oliveira, 50 anos, afirma que o cheiro é mais forte durante a noite;

• Irma de Oliveira, 59 anos, a parede cedeu devido a existência de bolsões de gases que descompactam o solo;

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A população em 2011 • Entrevista em Novembro feita por nós:• Sra. Andressa, há 18 anos:• Cheiro de gás constante e insuportável, esgoto

em constante vazamento; • Avó com “pulmão preto” e problemas

respiratórios; • 45 mil de indenização, mas a vizinha recebeu 17

mil.• Jovem, há 8 anos:• Casas compradas como normais e começaram a

apresentar problemas, como rachaduras;• Algumas escavações chegaram em lixo há menos

de 2 metros• “Gás no calor é pior”• Associação de Moradores? A ultima presidente

consegui a sua indenização e oi embora, aparecendo de vez em quando, "mas o pessoal a odeia”

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A população em 2011 • Sra. Tânia, há 18 anos:• Nenhuma indenização, apenas indicações do que

fazer na casa;• Piso e rua afundando • Já se conformou que vai e gastar muito dinheiro

fazendo amarrações• Vizinho doente, laudo medico diz ser culpa dos

gases a que estão expostos;• Paga há 18 anos R$ 142• “ gente tá cansada de ver televisão vir aqui, até o

CQC veio aqui e ficou tirando sarro das pessoas, cansada de correr atrás das coisas”

• esperança? “Pra que a gente já se conformou que isso não vai mudar, faz tantos anos que a gente espera, agora nao espero mais nada, fazer o que né”