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Ed. 240 de 28 setembro 2011 Coordenação: Emídio Francisco Textos: Georgina Prior e Ana Cipriano «Soza, a minha Freguesia» Boco Fontão Lavandeira Pedricosa Salgueiro Soza Vale das Maias A Junta de Freguesia de Soza saúda os seus habitantes bem como os seus emigrantes espalhados pelo mundo.

Soza, a minha freguesia

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Especial de 12 páginas com a Freguesia de Soza e o poster do Sosense

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Page 1: Soza, a minha freguesia

Ed. 240 de 28 setembro 2011

Coordenação:

Emídio Francisco

Textos:

Georgina Prior e Ana Cipriano

«Soza,a minha Freguesia»

Boco

Fontão

Lavandeira

Pedricosa

Salgueiro

Soza

Vale das Maias

A Junta de Freguesia de Sozasaúda os seus habitantesbem como os seus emigrantesespalhados pelo mundo.

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Especial Freguesia de SozaEspecial Freguesia de SozaO Ponto | 12/II O Ponto | 13/III

Uma das grandes expetativas da freguesia de Soza passava pela criação do Parque Empresarial de Soza (PES). Para já, possui apenas duas empresas, mas já nota o desenvolvimento esperado?

Existem mais. Integrado no PES existe já a Plafesa e a Riablades, e também a AGP, embora fora do espaço industrial. Obviamente que já se verifica algum crescimento e dinamismo, até pelo desenvolvimento do Centro Social de Soza, mas espera-se muito mais. Para breve está, também, prevista a instalação de uma indústria de fundição, que será a maior a nível nacional, que, neste momento, está em inquérito público. O parque empresarial sempre foi uma das nossas metas e já em 1997 se apontava para o espaço junto ao nó da A17 uma zona industrial de dimensões reduzidas. O PES começou a ser desenhado com a entrada do PSD de Rui Cruz para a autarquia e com a revisão do PDM. Esta era uma área pouco aproveitada, até mesmo ao nível florestal. O que a junta de freguesia pretende é o desenvolvimento da freguesia, mas não a qualquer custo e com impactos negativos. Nesse aspeto, a MaisVagos e junta de freguesia têm tido um bom relacionamento; aliás, foi na sede da junta que a MaisVagos iniciou a sua atividade e foi em articulação connosco que se conseguiu um desenvolvimento mais célere do projeto, porque servimos de elo de ligação com a população local, proprietária dos terrenos necessários.

E na freguesia, os serviços e espaços comerciais estão preparados para receber as várias pessoas previstas? Até porque o parque tem projetado um conjunto de serviços sociais, como creche, cantinas, restaurantes e zonas de lazer…

A freguesia está sensibilizada para essa questão e está preocupada, sobretudo no que diz respeito ao social. Desde logo, o centro social, em articulação com a autarquia e todas as entidades, está preocupado em aumentar as suas instalações, de forma a poder dar resposta às solicitações que lhe venham ser feitas. São esperadas centenas de trabalhadores, o que vai trazer mais residentes e frequentadores na freguesia. Nós temos que estar à altura dos desafios e penso que estamos preparados. O PES é um parque que serve todo o concelho, a região e o país.

A freguesia possui dois imóveis com história: a Casa da Pedricosa e o celeiro dos duques de D. Lafões. Há alguma intenção de valorização e recuperação de ambos ou o destino será o mesmo que a casa brasonada de S. Romão: a destruição?

A junta não tem recursos financeiros para poder pensar em recuperar coisas desse género. É uma preocupação, mas a principal de todos nós deve centrar-se na criação de postos de trabalho. Temos de investir os recursos possíveis na criação de postos de trabalho, que são o motor de desenvolvimento. Deste modo, essas obras ficarão para uma fase em que o país tenha uma situação financeira melhor.

Mas fica preocupado ou teme que se percam?

Eles perdidos já estão há muitos anos, e isso está à vista. É necessário uma recuperação em condições pelo que, se ficarem parados mais algum tempo, não é isso que os vai degradar mais. É uma questão que compete a outras entidades; à junta compete, e o que eu ando a pedir em parceria com a câmara municipal, é o desassoreamento do rio Boco, a recuperação da antiga ponte da Fareja (transformando-a numa passagem pedonal e uma zona de lazer), limpar aquela zona do rio para se colocar umas bateiras, como antigamente. Há uma série de coisas que nós queremos que as entidades desenvolvam mas também percebemos que as limitações financeiras existem.

Há anos, a autarquia criou um percurso pedestre que liga a ponte da Fareja à Pedricosa. Também O PONTO e outras associações da freguesia têm vindo a promover a rota das azenhas, sobretudo no Boco. Estes percursos não deveriam ser mais dinamizados, criando e promovendo o turismo ambiental na freguesia?

No novo PDM está prevista a recuperação da encosta do rio Boco. Há uma série de projetos mas é necessário pô-los em curso e executá-los, sobretudo os que estão previstos no âmbito do Polis da Ria. E, mais que isso, é necessário que as entidades tenham verbas para os desenvolver. Penso que a CIRA está a trabalhar bem nesse sentido. As candidaturas estão feitas, algumas das quais já aprovadas e outras à espera de aprovação. Com a comunidade intermunicipal serão mais promovidas as potencialidades turísticas da região de Aveiro, que são «muito valiosas». Por outro lado, na minha opinião, existem demasiadas entidades e demasiada burocracia, cada uma com os seus pareceres e Vagos sempre foi prejudicado, nomeadamente na ocupação do seu território, porque o Município de Vagos não é senhor de gerir 80% do seu território.

Ultrapassada a questão da ligação directa entre o Vale das Maias e Soza, há ainda “barreiras” entre a comunidade local e a freguesia?

Continuam, porque do lado de Ílhavo há uma estrada alcatroada e do lado de Vagos não, dado que as entidades assim não o permitem, pela proximidade com o local da captação das águas. Sempre foi um constrangimento, muito embora hoje as coisas já estão mais fáceis. As pessoas já estão recenseadas na freguesia de Soza mas, no entanto, o código postal continua a ser o de Ílhavo. Há coisas que mudam, mas devagarinho… a própria grafia da freguesia de Soza, que está aprovada em diário da república, através da lei 47/2009 com um “z” e as entidades oficiais continuam a escrever com “s”. É natural que entre o Vale das Maias haja ainda constrangimentos, mas temos uma boa relação. Poderá ser mais reforçada a haver uma outra ligação à Lavandeira que, essa sim, pode ser alcatroada. É uma questão que está em estudo.

Mesmo com vias seculares de ligação, os lugares de Salgueiro e Fontão, mais a norte do centro da freguesia, continuam distantes das vivências da freguesia ou do próprio concelho?

Registou-se uma distância durante muitos anos, mas neste momento não existe. Isso verifica-se através da instalação do terminal multibanco no edifício da junta de freguesia, procurado diariamente por pessoas de todos os lugares da freguesia. Outro exemplo da união da freguesia é a festa de são Miguel, o padroeiro da freguesia, onde todos os lugares da freguesia contribuem para a sua realização.

Soza tem vindo a crescer ao nível desportivo, com a reativação de alguns clubes. Está prevista a construção, pela autarquia, de um polidesportivo. Acredita na sua concretização perante a conjuntura atual?

Acredito, mas não a curto prazo. O pavilhão multiuso é um desejo desta freguesia, localizado na zona do campo de futebol. Já temos terrenos disponíveis, mas temos de dar prioridade ao que é prioritário. O desporto é, mas quem quiser praticar desporto tem já condições para o fazer, com os campos de futebol e polidesportivos descobertos. Por outro lado, também é preciso ver que

o pavilhão traria uma despesa e, portanto, temos que investir os dinheiros públicos e dar maior ênfase em projetos que nos tragam retorno financeiro e mais qualidade e melhores condições de vida às pessoas. Posteriormente, será mais fácil a promoção de iniciativas para a angariação de fundos.

Existia um projeto de requalificação e beneficiação da fonte da Pedricosa e espaço envolvente. A sua concretização fica também adiada até existirem melhores condições financeiras?

Esse projeto deve ser objeto de uma análise profunda. A qualidade da água é boa e muito procurada, mas houve ali um erro do passado, que foi a câmara ou a junta não terem adquirido os terrenos a montante e tê-los arborizado de forma diferente. Foi comprado por um particular, está com eucaliptos e tememos que mais tarde a qualidade da água possa sofrer alterações. Havia um trabalho a fazer se houvesse hipóteses para tal: adquirir aquele terreno, retirar os eucaliptos e plantar outro tipo de árvores que não afetassem tanto a água.

Soza conseguiu, após alguns anos de luta, reaver o seu título de vila. Tem receio que a freguesia possa “perder” a sua configuração actual com a junção de freguesias imposta pela Troika?

Nem sequer me passa pela cabeça. Não sei se serei presidente da junta em 2014, mas nessa altura teremos a comemoração dos 500 anos da atribuição do foral a Soza. Ainda no meu mandato vai ser constituída uma comissão para a realização dessas comemorações. Soza já foi sede de concelho e, na altura, com uma população na ordem dos seis mil eleitores. Não acredito, portanto, que isso vá trazer grandes alterações para a freguesia nem, aliás, para o concelho de Vagos.

Como gostaria de ver a freguesia de Soza no final deste mandato? Que objetivos/obras tem em mente?

Aquilo que eu gostaria para Soza já estou a ver: a menina dos meus olhos, que é o PES. Posso não ser considerado como o pai deste projeto, mas pelo menos sou o padrinho, perante o acompanhamento que fiz no decorrer do desenvolvimento do mesmo. Para além disso, gostaria de assistir a um maior desenvolvimento do centro social e do desporto na freguesia. Dá-me um gosto ver as associações a movimentarem-se para conseguir ainda mais e melhor. Apesar de terem algum apoio financeiro da junta e da autarquia, têm, de certeza, a proximidade e o conforto pessoal do presidente de junta com os líderes das associações, porque eu sei o que é ser líder.

Primeiro os postos de trabalho, depois as melhorias nas condições de vida

Entrevista ao presidente da junta de freguesia de Soza, João Carlos Loureiro

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Especial Freguesia de SozaEspecial Freguesia de SozaO Ponto | 12/II O Ponto | 13/III

Há uma correlação na importância da MaisVagos para a freguesia de Soza e na importância de Soza para a MaisVagos. A afirmação é do presidente do Conselho de Administração (CA) da empresa privada com capitais públicos e também presidente da câmara municipal de Vagos. No entanto, acrescenta, que a dimensão e a importância da MaisVagos não se confinam apenas aos limites da freguesia de Soza, porque a importância do Parque Empresarial de Soza (PES) «vai mais além do concelho e até da região».

E porquê Soza e não outra localidade? De acordo com o responsável pela sociedade anónima vaguense, apenas Soza oferecia uma «localização única» para a instalação de um parque empresarial desta dimensão: se se fizer uma simulação de um

parque empresarial com 330 hectares ao longo da A17, junto aos seus nós, não se encontra espaço disponível, longe das habitações». Para além da localização e proximidade a um acesso direto à A17, justifica-se esta escolha pelo tipo de solos (impermeáveis) que ali se encontram, o que se torna numa «benesse» aquando das desafetações. Neste aspeto, Rui Cruz aproveita para agradecer o apoio dado pela junta de freguesia de Soza, especialmente na fase de arranque da atividade da MaisVagos no que diz respeito à criação do PES. «Aliás, o processo inicial de aquisições da MaisVagos decorreu na junta de freguesia e com o empenho do presidente da junta e da própria freguesia», lembrou, garantindo ser um facto que tornou o processo de identificação dos proprietários dos terrenos necessários «mais célere».

Pelo contrário, o contributo da empresa e do PES para a freguesia está na tentativa da «redução dos impactos negativos» em termos de qualidade de vida e em termos ambientais na freguesia e nas vizinhas. E à medida que se forem instalando novas unidades industriais, prevê-se o aumento de trabalhadores e novos postos de trabalho, «de novos consumidores, novas ofertas e novos serviços». «Apesar de o PES ter previsto dentro de si um conjunto de serviços, é óbvio que esses serviços só existirão num futuro de médio/longo prazo», sendo necessário que a população local preste esse tipo de serviços a curto prazo.

O caminho conjunto para o sucesso da região

O PES e a MaisVagos terão, muito mais do que concelhio, um «âmbito regional», tendo em conta «a dimensão do parque, o tipo de empresas que seleciona e a estrutura que está a ser adotada em termos de plano de urbanização». Por outro lado, será uma estrutura que estará associada «inevitavelmente» à Universidade de Aveiro e ao Parque da Ciência e Inovação (Ílhavo e Aveiro). «Não tenho dúvidas que estas três entidades caminharão juntas para o sucesso da região e que terão todo o apoio das entidades promotoras, como são a universidade, as sociedades anónimas dos dois parques, as três autarquias e outras entidades privadas, como a Associação Industrial do Distrito de Aveiro e Inovaria», antevê. Na sua ótica, a dimensão regional terá impacto a nível nacional, no eixo Aveiro/Salamanca ou Região de Aveiro/região de Castela Leão.

Mais projetos apresentados oportunamente

Neste momento existem duas empresas no PES: a Riablades, que já se encontra a produzir pás eólicas, e a Plafesa, que está em fase de testes de produção.

Quando questionado sobre que mais projetos existem para o PES, Rui Cruz opta pelo silêncio, garantindo que estão alguns «em fase de negociação e que oportunamente serão objeto de divulgação pública, quando todas as partes em causa assim o permitirem», vincando que «há contratos que têm cláusulas de confidencialidade» para o negócio estar «protegido» numa fase inicial. Sem adiantar números de negociações que estão em cima da mesa, ou a que setores de atividade dizem respeito, Rui Cruz divulga apenas que «a parte que irá ser desenvolvida nos próximos tempos até aos seus limites será a parcela A», sendo que a MaisVagos tem, neste momento, «mais de cinco dezenas de registo de interesses». Os projetos serão analisados quanto à sua vocação, se se enquadra ou não com a filosofia do PES, e mediante o espaço disponível para a sua implementação.

No final do mandato, perspetiva que a parcela A esteja «completamente concluída e ocupada» e que as empresas a laborar tenham criado centenas de novos postos de trabalho.

Um terço dos terrenos já passou pelas mãos da MaisVagos

A área afeta ao PES é de 330 hectares, dos quais «mais de um terço» já foi adquirido pela sociedade anónima de Vagos. Neste momento, e depois de ter alienado 40 hectares à RiaBlades e 10 à Plafesa, a MaisVagos deverá ser detentora de «cerca de 70 hectares».

Desde 2008 que a palavra “crise” tem assombrado o país, mas o PES conseguiu, através da MaisVagos, e de acordo com números fornecidos pelo presidente do CA, um investimento de 36 milhões de euros de capitais espanhóis e cerca de cem milhões de euros de investimento de capital alemão. «Apesar da conjuntura de crise, o concelho de Vagos terá sido um concelho onde mais se investiu em termos de projetos industriais, dos quais alguns são novos projetos», sublinha, garantindo que os investidores só se retraem quando os seus projetos industriais não são apoiados pelas entidades bancárias. No caso dos projetos vaguenses e da própria MaisVagos, por se tratarem de «inequivocamente bons» e com «taxa de sucesso bastante elevada e grau de risco bastante diminuto» aos olhos da banca, os projetos têm contado com esse apoio financeiro.

Projetos «inequivocamente bons»vão surgindo no Fontão

MaisVagos de mãos dadas com a freguesia

MARIPANPADARIA PASTELARIA

Entregas ao domicílio

10 º ANIVERSÁRIOTel. 234 944 291

Rua da Gândara, 22 Salgueiro 3840-346 VAGOS

Page 4: Soza, a minha freguesia

Após conclusão da licenciatura e do curso complementar de ciências jurídicas, na Faculdade de Direito da Universidade de Coimbra, foi convidado para assistente dessa mesma faculdade. Aí prestou, sucessivamente, provas de doutoramento e de concurso para professor extraordinário e professor catedrático.Na sua preparação científica, recebeu influências de destacados professores de Coimbra e estrangeiros, designadamente alemães, italianos e franceses. Tem-se especializado nos domínios da História do Direito e do Direito das Obrigações.Foi Ministro da Justiça durante seis anos, no tempo de Salazar, tendo, no exercício deste cargo, promovido reformas legislativas em importantes áreas jurídicas e depois, Presidente da Câmara Corporativa e membro do Conselho de Estado. Desempenhou o cargo de Vice-Governador do Banco de Portugal. Em Janeiro de 2002, assumiu por eleição, as funções de Presidente da Assembleia Municipal de Vagos, concelho de onde é originário.Tem lecionado em universidades de diversos países, sobretudo no Brasil. Após a jubilação na Faculdade de Direito da Universidade de Coimbra, centrou, de começo, o seu ensino na Faculdade de Direito da Universidade Católica Portuguesa, a cujo Conselho Superior pertenceu durante largos anos, embora também convidado a colaborar noutras Escolas jurídicas. É professor honorário da Faculdade de Direito da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (Brasil) e doutor “honoris causa” pela Faculdade de Direito da Universidade do Porto. Fez parte, desde 1989, do Conselho Superior do Instituto Universitário Europeu (Florença), de que pediu a exoneração em 2004. Está ligado à Comissão Instaladora e ao Conselho Científico da Faculdade de Direito da Universidade do Porto.Contam-se por dezenas as suas participações em júris de mestrado, pós-graduação, doutoramento e professorado. Algumas em Universidades além-fronteiras. Colabora em revistas científicas da sua especialidade, portuguesas e estrangeiras, integrando o corpo redatorial de várias delas, designadamente do Boletim da Faculdade de Direito da Universidade de Coimbra, da Revista de Legislação e de Jurisprudência e da revista italiana “Rivista Internazionale di Diritto Comune”.É membro da Academia das Ciências de Lisboa, da Academia Portuguesa de História, da Real Academia de Jurisprudência y Legislación de Madrid, da Societé d’Histoire

du Droit de Paris, da Sociedade de Geografia de Lisboa, do Instituto de Coimbra, do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro, da Academia Nacional de História da Venezuela, da Sociedade Científica do UCP, do Instituto Hispano-Luso-Americano de Direito Internacional, da Comissão do Domínio Público Marítimo, da Ordem dos Advogados de Portugal e do Instituto dos Advogados Brasileiros. Integrou ainda, até à sua extinção, a Comissão Nacional para as Comemorações dos Descobrimentos Portugueses.Possui a Grã-Cruz da ordem militar de Cristo e a Grã-Cruz da Ordem do Cruzeiro do Sul (Brasil).A sua bibliografia abrange numerosos títulos, entre os quais se contam intervenções ligadas ao exercício de funções governativas, estudos doutrinais e anotações de jurisprudência, assim como estudos dispersos por diferentes revistas nacionais e estrangeiras e artigos de síntese incluídos no Dicionário da Administração Pública e no Dicionário da História de Portugal.Em 2008, na quarta edição da Gala Vaga D’Ouro, promovida pelo jornal O PONTO e rádio Voz de Vagos, viu ser-lhe atribuído o Prémio Carreira pelo júri. Um galardão que distingue uma vida de trabalho recheada de sucesso e que poderá servir de modelo e inspiração para outros que possam querer seguir as pisadas. Na altura, Mário Júlio Brito de Almeida e Costa parafraseou Frank Sinatra, garantindo que «a minha carreira é o meu caminho», baseado em «muito trabalho, muito respeito pelos outros e muita humildade». «Trabalhei sempre e ainda trabalho como se vivesse eternamente, mas despregado do valor das coisas como se fosse morrer no próprio dia», confessou na altura.

Especial Freguesia de SozaO Ponto | 14/IV

Telm. 91 6003139

R. Conselheiro Santos Victor, nº 14 - 3840-356 Soza

António Fernando Samagaio

Nasceu em Soza a 5 de Novembro de 1936. É juiz conselheiro do Supremo Tribunal de Justiça e vice-presidente do Supremo Tribunal Administrativo.

Licenciado em direito pela Universidade de Coimbra, iniciou a sua carreira de magistrado como subdelegado na Comarca de Vagos, sendo, mais tarde, delegado do Procurador da República em várias comarcas. Foi ainda inspetor da Polícia Judiciária de Lisboa e juiz na comarca do Sabugal.

Ao longo da sua carreira, por diversas vezes, fez parte de várias comissões, das quais se destaca a sua designação, pelo procurador-geral da república, a solicitação do ministro dos Negócios Estrangeiros, para dar apoio jurídico na Missão Portuguesa junto das Nações Unidas, em Nova Iorque (novembro de 1985); foi nomeado pelo ministro da Justiça presidente da comissão nacional para a inscrição dos administradores judiciais; integrou a delegação portuguesa ao XIV Colóquio de Conselhos de Estado e das Jurisdições Administrativas dos estados membros da União Europeia, em Paris (maio de 1994); integrou a representação portuguesa à I Conferência Internacional Especializada – Instituto Internacional de Ciências Administrativas, em Londres (julho de 1999) e à Conferência Anual do Grupo Europeu da Administração Pública - Centro Europeu de Direito Público, que decorreu na Grécia, no mesmo ano. Fez ainda parte da comissão que elaborou, em 2000, o anteprojeto da Reforma do Contencioso Administrativo, tendo tomado parte, algumas vezes como moderador, em sessões realizadas em diversas universidades portuguesas sobre a mesma.

Entre agosto de 1966 e agosto de 1968 cumpriu serviço militar obrigatório na chefia de Serviço da Justiça do quartel-general de Angola.

A história é apaixonante, seja qual for a sua vertente. Empolga, entusiasma, mexe connosco, faz vibrar. Estudá-la, descobri-la, é tarefa aliciante quando está em jogo as raízes históricas das nossas terras e das nossas gentes.Ao falar de uma personalidade como a D. Alda, a “mulher de armas” do concelho de Vagos, como alguém, e muito bem, a classificou, não posso deixar de fazer uma referência especial à terra que tanto amou e continua a amar, Soza, onde se radicou pelo casamento que, em boa hora, contraiu com o senhor doutor Manuel dos Santos Victor, de saudosa memória, que foi juiz conselheiro do supremo tribunal de justiça.Antes de nós, estiveram aqui, pisaram o chão que todos nós hoje pisamos, os fenícios, gregos e romanos. Antes de nós estiveram aqui os frades beneditinos que à volta do seu convento de santa Maria de Rocamador fizeram e deixaram uma obra notável no apoio aos mais necessitados, que já os havia naquele tempo, e aos peregrinos que por aqui passavam a caminho da Ermida de Nossa Senhora de Vagos, e segundo rezam as crónicas, a caminho de Santiago de Compostela.Esta terra que foi farol protetor e guia dos determinados navegantes que ganhavam a ida como mercadores sobre as águas do mar que durante séculos procuravam abrigo nas encostas da Fareja.Soza, uma terra que guarda dentro dos seus muros uma peça de arte de valor incalculável e de grande veneração que é a imagem de Nossa Senhora de Rocamador.Soza, uma terra, como todas as terras do nosso concelho, em que as suas gentes têm como ponto de honra da sua vida – o trabalho.D. Alda dos Santos Victor nasceu em Aveiro, descendente de uma família nobre, na casa onde funciona a sede da junta de freguesia da Glória, junto ao quartel dos bombeiros velhos.Em 1976 aceitou o convite e o desafio que lhe foi apresentado pelo CDS para se candidatar à Câmara Municipal de Vagos. Dirigiu os destinos do concelho até 31 de Dezembro de 1985.Tive a honra de partilhar essa tarefa com a D. Alda durante seis anos, como presidente da assembleia municipal. Gostei de trabalhar com ela, pois promoveu uma autêntica revolução de desenvolvimento e progresso em todo o concelho.A nível da freguesia de Soza, deve-se a ela a construção das pontes do Rio Boco e da Fareja, as escolas de Soza e Boco e a sede da Junta de freguesia, entre outras obras espalhadas pelos lugares da freguesia. A nível concelhio, a sua coroa de glória foi a construção do Parque de Campismo da Vagueira.Personalidade altamente conhecida e bem relacionada na capital, a ela muita gente das nossas terras recorreu na expectativa de melhoria das suas condições de vida. A todos deixava sempre uma palavra de esperança na concretização dos seus objetivos.Vencidas muitas dificuldades, sofrendo

inclusivamente alguns desgostos, como acontece a todos os que se dispõem a gerir uma câmara, vale a pena recordar, ainda que sucintamente,

a obra realizada ao longo dos nove anos na presidência da câmara, desde Janeiro de 1977.Foram construídas muitas estradas e arruamentos em todas as freguesias. Construção do bairro social da Corredoura, construção do bairro de S. João, construção da central telefónica. Avançou com o saneamento e águas pluviais na vila de Vagos e Lombomeão, promoveu a construção de todas as sedes de juntas de freguesia, instalou em algumas freguesias parques infantis. Lutou muito para que a vila de Vagos fosse apetrechada com um novo quartel da GNR. Lutou imenso para que o quartel dos bombeiros fosse uma realidade. Iniciou as obras de defesa da Praia da Vagueira, mandando iniciar o plano de pormenor. Promoveu a criação da zona industrial de Vagos, conseguindo a desafetação de alguns terrenos. Fomentou a construção de algumas casas do povo. Lutou muito pelo fomento do turismo em Vagos. A ela se deve a aquisição do terreno da Quinta do Ega.Como muitas vezes desabafou comigo, poderia ter feito mais, mas os recursos financeiros eram escassos e era preciso arrancá-los a ferros de Lisboa.Deixou um apelo ao povo de Vagos: sejam capazes de constituir uma câmara isenta, séria e não “sede de qualquer partido político”. Muito bem, d. Alda!Em resumo, esta vida e obra de uma grande mulher que temos ainda a alegria de com ela conviver, que pode ser apresentada como modelo para as raparigas e mulheres da nossa terra e do nosso tempo, como afirmou ao longo da sua vida autárquica: «uma câmara é uma casa com muitos filhos e o que mais custa é ver os filhos com necessidades e grandes e não os poder atender no momento exato e como era meu desejo”.D. Alda, continue connosco durante muitos e muitos anos, são os meus votos.Basílio de Oliveira

Professor doutor Mário Júlio Brito de Almeida e Costa

Ex-ministro foi responsável pela construção do Tribunal de Vagos

D. Alda Soares de Melo Cardoso Santos Victor

Um nome que Vagos jamais esquecerá

Especialidade: BACALHAU

Page 5: Soza, a minha freguesia

Especial Freguesia de Soza O Ponto | 15/V

Pavimentos Revestimentos cerâmicos Tintas Dyrup Louças sanitáriasDrogaria Ferragens

Material agrícolaVenda de rações e sementes

Loja 1234 792 380 Av. Comendador Rodrigues Silva, 28 SOZA - 3840-351 VAGOS

Loja 2234 794 609 Rua da Fonte VAGOS - 3840-428

Foi considerado um pequeno passo para o homem, mas o maior dos passos alguma vez dados pela humanidade. Aconteceu a 20 de julho de 1969, quando Neil Armstrong pisou pela primeira vez a Lua, espetando sob o terreno lunar a bandeira norte-americana. Uma bandeira estampada, normal e igual a tantas outras, que foi terminada por uma emigrante de Soza: foi Maria Isilda Costa a responsável pelos acabamentos da bandeira.Na altura, tinha 23 anos e trabalhava na Annin & Company, em New Jersey, uma fábrica que fazia bandeiras para o Governo. «Esta era feita de fibra de vidro e já tinha sido estampada quando veio parar à minha mão; eu apenas procedi aos acabamentos, às bainhas e ao sítio onde se colocavam os paus do estandarte, ao alto e através para que a bandeira estivesse sempre direita», recorda 42 anos depois. Um trabalho que demorou «cerca de meia hora», acrescenta a antiga costureira. Um feito que descobriu meses depois, antes da missão Apollo ter chegado à Lua. «Passado algum tempo de a ter concluído, o New York Times fez uma reportagem sobre a bandeira e, só aí, é que percebi que eu tinha sido a responsável pelos seus acabamentos».Acabou por assistir à chegada do homem à Lua em direto, pela televisão, em Soza, numa altura em que cá veio passar uns dias de férias. Mais emocionado estava o seu padrinho, que trabalhava num tribunal no sul do país. «Ele espalhou a notícia pelos amigos, uns dos quais que trabalhavam na RTP. Quando cheguei fizeram um

programa especial sobre a bandeira que, segundo eles, eu tinha bordado. Desde então tenho dito sempre que apenas fiz os acabamentos, mas todos acreditam e continuam a dizer que a bordei», diz, rindo-se.Um trabalho que desvaloriza e que diz ter sido «como tantos outros» quando compara com trabalhos que realizou nos cinco anos em que esteve nessa empresa. Aliás, destaca, do seu trabalho, uma bandeira que fez para a centenária ponte “George Washington Bride”. Uma bandeira com cerca de 50 metros e que pesava centenas de quilos, que fez praticamente sozinha. «Pelas dimensões, fomos obrigados a ir costurar para o ginásio de uma escola, para termos espaço para coser as partes vermelhas e brancas à bandeira. Para tal, precisávamos da ajuda dos rapazes e raparigas para ir desenrolando as tiras e depois ir enrolando a bandeira à medida que íamos cosendo», recorda. Para Maria Isilda, foi este o trabalho em que participou e que mais visibilidade teve.Sabendo costurar desde que terminou a 4ª classe, tendo aprendido com as tias da mãe, saiu da empresa depois de ter engravidado. Passou depois a costurar vestuário mediante encomendas. A última foi coser oito vestidos de damas de honor. Um trabalho que a ocupou um ano.Quando a questionamos sobre como estará a bandeira na lua, Maria Isilda diz que não sabe, mas desconfia que «já não esteja em bom estado», apesar de «ali não chover nem haver ventos». «Mas 42 anos são sempre 42 anos…».

Maria Isilda Costa

Bandeira da lua tem mão de uma sozense

João Pedrogam

O poeta popular do concelho de Vagos“Memórias de João Pedrogam”, “Pedra Africana”, “Lendas de Soza” ou “Prefácios d’Um Poeta” são alguns dos muitos livros já publicados por João Pedrogam.Natural da freguesia de Soza, mais concretamente da Lavandeira, sempre foi considerado como o “homem dos sete ofícios”. «Sempre tive muita sensibilidade para aprender qualquer coisa em termos profissionais», diz, tendo começado pela lavoura com a mãe depois de ter terminado a primeira classe. Confessa que tinha «muito gosto» pela escrita e pela leitura, que já fazia «alguns poemazinhos» - porque, para João Pedrogam, «o poeta não aprende a sê-lo, tem que nascer-se poeta, e eu nasci para ser poeta popular» - e que até era um dos melhores da turma, mas teve que deixar a escola para ajudar a mãe, que tinha ficado doente. Com o pai aprendeu na construção civil, chegando a ser um «profissional a sério» na área.Com 22 anos partiu para Angola, dedicando-se à construção civil, tendo por lá permanecido durante duas décadas. Depois de três anos «a namorar» por carta, casou-se por procuração e “chamou” a esposa, que acabou por falecer aos 35 anos. Desse casamento teve um casal de filhos. Foi na colónia portuguesa que prosseguiu estudos, depois de ter chegado a encarregado da empresa de construção. Decidiu tirar o curso de serralheiro na escola industrial e, com 32 anos, concorreu para o caminho de ferro, onde «cheguei a ser um técnico altamente qualificado». Continuou sempre a tirar cursos de especialização, onde tirava as melhores classificações quer na teórica como na prática. Casou novamente e as amizades que fez por lá, hoje reencontra algumas através das redes sociais.Regressado a Portugal após o 25 de Abril, com os chamados “retornados”, teve direito apenas a uma «reformazinha» por trabalhar lá numa empresa pública. Começou por trabalhar numa empresa de terraplanagens, e depois para empresa de cerâmicas devido aos conhecimentos de mecânica e eletrotécnica. «Cheguei a ter uma oficina de serralharia da construção civil na minha casa, mas como não era muito rentável acabei por ir trabalhar para uma empresa ilhavense, como técnico eletrotécnico de manutenção e acabou por ali se reformar, como elemento da portaria.O gosto pela escrita iniciou-se desde a escola primária mas esteve sempre presente na sua vida. Uma escrita que versava sempre pela rima e que se desenvolveu mais em Angola. O primeiro livro que escreveu, e que já foi objeto de segunda edição, tinha também partes em prosa e era relativo ao itinerário do fabrico do barro e seu tratamento até ao fabrico de uma peça de cerâmica, baseado na sua experiência. Paralelamente, passou a colaborar em diversos jornais do concelho e dos concelhos limítrofes, desde Ílhavo, Estarreja à Bairrada. Todos esses “retalhos” foram também publicados em livro. Aos 17 livros já publicados, tem já outros quatro quase prontos. Sendo livros sobre matérias locais, embora muitos versem temas nacionais e até internacionais, apelida-se de «poeta popular», daí os apoios serem essencialmente da câmara municipal. «Não escrevo livros para ganhar dinheiro, apenas consigo algumas verbas para suportar as despesas com a tipografia», diz, mostrando-se satisfeito e até «muito orgulhoso» quando vê que os seus livros são estudados na escola de Vagos. «É uma honra para mim», confessa.

A história do Eco de Vagos começa nos anos de 1920, na altura quinzenal. Entretanto, e depois de alguns anos de paragem, um grupo de pessoas de Vagos, juntou-se em duas comissões e decidiram formar de novo o jornal, agora mensal, no decorrer do ano de 1974. A poucos meses de celebrar oitenta primaveras, João dos Santos Ferreira, o diretor do Eco de Vagos, começou por ser um colaborador e mensalmente escrevia um artigo. Mas uns convites já tinham surgido antes para outras publicações. «Em 1959, convidaram-me para escrever para um jornal de Aveiro e quando eu estive em Lisboa, por volta de 1954, também poderia ter escrito para o diário popular que na altura dava 150 escudos por conto publicado», lembrou João Ferreira. Entretanto, os «rapazes começaram a ir para a tropa e eu entrei para uma das comissões do jornal vaguense, só que começou a dar prejuízo e saiu toda a gente da direção». Sem precisar o ano, o jornal ficou registado, na posse de João Ferreira por volta da década de oitenta, e começou por ter poucas assinantes. «Tinha à volta de 500, mas depois conseguimos angariar mais e já tive edições com uma tiragem de 1800 exemplares», recordou satisfeito e orgulhoso pelo trabalho desenvolvido, em paralelo com a sua atividade profissional (pintor na construção civil).

O Eco e a informáticaApenas com a quarta classe, e o prémio de melhor aluno, o diretor do Eco de Vagos foi-se adaptando às tecnologias sozinho. «Comprei um computador que, na altura, me custou mil e tal contos, mas tive um desconto de 50 % porque o meu filho era universitário», recorda. Com a ajuda do filho lá ia fazendo «umas coisitas» até que um dia resolveu fazer uma surpresa. «Mostrei ao meu filho que tinha feito um jornal sozinho… foi um orgulho para ele». Agora, para compor o jornal vaguense, João Ferreira conta com a ajuda do filho na paginação e composição das publicidades, mas afirmou não estar cansado. «Gostava era de ter um pouco mais de tempo para poder dedicar à escrita», disse, agora reformado há alguns anos, manifestando o seu desejo de editar um livro. Um confesso aficionado de Eça de Queirós – tem todos os seus livros – foi da sua mãe que herdou essa “paixão”. «Ela sabia tudo de cor, era uma grande leitora», recordou com saudade, seguindo-lhe as pisadas.

João Ferreira

Ecos de uma vida de escrita

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Sosense

Da esquerda-direita, em cima:Em cima: Helder Semedo (dir. desportivo), Mário António (presidente), António Vida (treinador), João (roupeiro), Mourão, Paulo Simões, Brunito, Trovisco, Chico, João Miguel, Filipe, Johny, Jimmy, Michel (massagista), Nelson Cheganças (vice-presidente)Em baixo: Sérgio (treinador GR), Pinguim, Oliveira, Vidal, Duarte, André, Fonseca, Carlos, Moxo, Alexandre, Bruno, Renny, Leite Ausentes: João Simões e Silvestre

Associação Desportiva e Cultural

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Sosense

Da esquerda-direita, em cima:Em cima: Helder Semedo (dir. desportivo), Mário António (presidente), António Vida (treinador), João (roupeiro), Mourão, Paulo Simões, Brunito, Trovisco, Chico, João Miguel, Filipe, Johny, Jimmy, Michel (massagista), Nelson Cheganças (vice-presidente)Em baixo: Sérgio (treinador GR), Pinguim, Oliveira, Vidal, Duarte, André, Fonseca, Carlos, Moxo, Alexandre, Bruno, Renny, Leite Ausentes: João Simões e Silvestre

20112012

Associação Desportiva e Cultural

A Câmara Municipal de Vagos apoia o desporto

Pão, Broa, Fogaça, Pão Doce, Folar, Padas tipo Vale d’Ílhavo, o famoso Bolo-rei, Croissants com chocolate, ovo, misto…

Serviço de entrega ao domicílio | Aberto durante a noite | Encomendas

Tel. 234 792 638 Rua Drª Alda Santos Victor - Soza

Padaria

Victória

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Associação Irmandade do Gabão, de Salgueiro

Traje marítimo é mote para associação e brincadeiras de carnavalÉ a associação mais recente do lugar de Salgueiro mas também da freguesia de Soza. Com quase dois anos (o 2º aniversário assinala-se dia 31 de janeiro), a Associação da Irmandade do Gabão surgiu de um grupo de amigos que se juntava pelo carnaval e que usava um «gabão preto como eram usados antigamente». Todos os anos, esse mesmo grupo fazia um carro alegórico para animar as ruas do lugar «dispondo de dinheiro do seu bolso». Um dia, Anabela Gama, que participava nessas «brincadeiras», disse na brincadeira que «era melhor todos juntarem um euro por mês e ao fim do ano seria mais fácil conseguir o dinheiro para a realização desse carro». Na altura era um grupo de 12 pessoas que aceitou o desafio lançado e decidiu formalizar a associação. Anabela Gama foi eleita tesoureira da direção, “substituindo” hoje o presidente que emigrou. Sendo uma associação sem fins lucrativos, o dinheiro que consegue recolher – um euro por mês de cada associado – é destinado às iniciativas que promove ao longo do ano. No primeiro ano de existência, e depois de abençoada pelo padre Fernando Pinto – que também se tornou associado por se tratar de um conjunto de pessoas que «trabalham em prol da comunidade» -, a associação promoveu um passeio cicloturístico até Mira,

diversas noites de animação com Karaoke e música ao vivo junto da fonte velha, promoveu uma sardinhada pela altura dos santos populares, uma desfolhada à moda antiga e o magusto. «Mas a euforia da novidade passa e as pessoas começam-se a desviar para outras iniciativas e, no último ano, a associação não promoveu tantos eventos», lamentou Anabela Gama, adiantando que os apoios são «insuficientes» para a realização de todos eles e que lhe «custa andar

sempre a bater às portas das empresas e comerciantes a pedir apoio nesta altura tão difícil». Lamenta, ainda, a falta de adesão da grande maioria das pessoas do lugar de Salgueiro nas brincadeiras promovidas pela Irmandade do Gabão, sobretudo no desfile de carnaval, preparado com semanas de antecedência pelos sócios. «Saímos à rua e choca-me ver que as pessoas não aderem à brincadeira», diz, mostrando-se convicta que essa mentalidade vai mudando aos poucos.Para além do corso carnavalesco, a associação percorre as ruas do lugar, batendo, disfarçados, às portas das pessoas para passar «agradáveis momentos de convívio». «Há pessoas que já sabem que vamos passar por lá e preparam-nos uma mesa farta para passarmos ali algum tempo». Um convívio que, na sua ótica, torna os membros da associação «mais unidos e inseparáveis ao longo do ano», mesmo que as idades rondem entre os 12 e os 52 anos.Vestem sempre o gabão preto, o «traje marítimo que era utilizado antigamente pelos pescadores do bacalhau para se proteger do frio», muitos dos quais eram naturais e residentes de Salgueiro. Um traje que foi sendo recuperado pelos mais novos que, agora, fazem dele símbolo da associação. Para além da recuperação do uso do gabão, a Irmandade vai também recuperando algumas tradições locais, como a queima do Judas ou as “cruzes do 3 de Maio”. Nessa madrugada, novos e menos jovens, «pegam em pincéis e baldes de tinta e escrevem na rua, à porta de casa das pessoas. Este ano estava doente, mas ia comunicando com eles por telemóvel, por isso é que, à frente da minha porta, escreveram “falhaste”», conta, rindo-se.

Especial Freguesia de SozaO Ponto | 18/VIII

Farmácia Santos Costa

Direcção Técnica de:Maria Gabriela da Rocha Gonçalves

Tel. 234 793 575 ou 234 798 040Rua Dr. José António Almeida nº 23840-365 - SOZA VGS

Começou por funcionar, em 1997, num edifício (a antiga escola primária) cedido gratuitamente e por tempo indeterminado pela junta de freguesia de Soza. Atualmente, para além dessas instalações, o Centro Social da Freguesia de Soza possui um novo equipamento, mas ambiciona mais a curto prazo, com ou sem apoios.

Em conversa com O PONTO, o presidente da associação revela que o processo começou em 1994, com a vontade de algumas pessoas da freguesia, tendo sido apenas três anos depois que se deu início à valência de apoio domiciliário, na altura com 15 utentes. «Passámos depois para 25 utentes e posteriormente para 40, mais 15 ao fim de semana», acrescenta. Nesse primeiro edifício existiu ainda centro de dia, mas a falta de condições fez com que a instituição terminasse com a valência, optando com a de ATL para as crianças do 1º ciclo e pré-escolar. Foi a partir dessa altura que a direção do centro social decidiu proceder à aquisição dos terrenos necessários à construção do atual edifício. «A obra foi candidatada em 2003, para ser incluída em PIDDAC, mas nunca chegou a ser na sua totalidade; apenas conseguimos apoio financeiro comunitário e estatal aquando de uma visita de Marques Mendes a Soza. A única valência financiada seria a creche, em 90% do total elegível», explica João Carlos Loureiro.

Um sonho que só viria a ser uma realidade em Setembro de 2007, depois de um investimento total de 250 mil euros, 125 mil dos quais

suportados pelo centro social. «Na altura podíamos suportar o valor e decidimos não pedir apoio à câmara municipal», menciona.

Para além da creche com 33 crianças (valência que tem 13 crianças em lista de espera), a associação presta ainda apoio domiciliário a 55 idosos e mantém em funcionamento o ATL, fornecendo também, com o apoio da câmara e do ministério da educação, almoço às crianças que frequentam as escolas. No total, foram criados 33 novos postos de trabalho na freguesia. De facto, se a obra foi conseguida foi também graças ao apoio dado pela população local, através dos donativos. João Carlos Loureiro relembra iniciativas que o centro promoveu para angariar as verbas necessárias, como as 24 horas de solidariedade em direto na rádio vaguense ou nas festas convívio promovidas no estrangeiro, junto da comunidade sozense que está emigrada.

Uma «empresa modelo»

Presidente da direção desde a sua criação, João Carlos Loureiro prevê que a instalação do Parque Empresarial de Soza (PES), no Fontão, irá contribuir para o avanço de um novo projeto, em «modo faseado», no valor de um milhão de euros. Trata-se de obras de ampliação da cozinha, refeitório e lavandaria para poder ampliar, por sua vez, a creche. «Já temos reunião agendada com o secretário de estado da segurança social, onde vamos apresentar o projecto e uma parceria para a construção desta obra, dentro daquilo que for possibilidade do

Governo e do centro social», anuncia, mostrando-se convicto com o futuro envolvimento da autarquia, que garantiu a «atribuição da parte não financiada de 50% às IPSS até ao montante de 250 mil euros». Mas, com ou sem apoios, é intenção da direção avançar com as obras, já com projeto desde 2003, em «janeiro ou fevereiro do ano que vem». A ideia é aumentar a capacidade da creche para fazer face ao previsto aumento de crianças na freguesia por força da instalação de novas empresas no PES.

Caso o apoio não seja aprovado, a ideia é avançar com as obras por fases, iniciando pela cozinha. Depois da ampliação da creche concluída, o próximo passo será a construção de um centro de dia. «As pessoas falam da necessidade de lar, mas não há comparticipação do estado e a segurança social garante que Vagos está bem servido nesta valência», afirma, não pondo de parte a ideia de construir uma unidade de cuidados continuados.

Lembrando que o centro social nunca mais parou de fazer obras e investimentos (murou o edifício do novo centro, procedeu à plantação de árvores de fruto, adquiriu autocarro e diversas carrinhas e registou-se como produtor de energia elétrica, através da colocação de painéis fotovoltaicos em seis pontos, que estão já a produzir energia), João Carlos Loureiro classificou o centro como uma «empresa modelo». «Está tudo pago na totalidade, não devemos nada a ninguém, e pagamos a tempo e horas a funcionários e fornecedores», garante.

Associação dos Amigos do Fontão – ADAF

Mais de um quarto de século a unir a populaçãoFoi há cerca de 26 anos que um grupo de amigos de Fontão criou aquela que é a única associação da localidade: a Associação dos Amigos do Fontão (ADAF).Sempre em constante atividade – exceto em três anos, há cerca de quinze anos, em que não foi eleita qualquer direção –, a ADAF foi criada para, como o nome faz transparecer, «unir os amigos do Fontão». Atualmente presidida por Fernando Lima, a associação promove diversas ações ao longo de todo o ano, não só para os membros e associados como também para toda a comunidade. Festa de natal, carnaval, Halloween, passeio cicloturístico, excursões culturais, torneio de futebol, entre muitas outras iniciativas, permitem que o Fontão tenha «quase uma atividade por mês». Uma forma de reavivar memórias e promover a união da localidade, como afirma à nossa redação o presidente da direção.Com sede na desativada escola do 1º ciclo do Fontão, atualmente a associação possui 174 associados. «São, na grande maioria, do lugar, em que conseguimos contar um sócio por cada casa, e os restantes residem nos restantes lugares da freguesia». Associados que participam «em massa» aos eventos que a ADAF promove, com principal destaque a festa de natal.Para o futuro, o presidente da associação pretende dar continuidade às atividades que promove e, apesar de «os apoios não serem muitos e o dinheiro não abundar», gostaria de «ter uma sede própria». Mas, como «não é fácil», vai aproveitando a oportunidade cedida pela autarquia, ocupando a EB1 do Fontão.

Centro Social de Soza

Depois do novo edifício, mais projetos na calha

DR

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Foi em julho de 1996 que, dos passeios cicloturísticos que se realizavam na Lavandeira, surgiu a Associação Cultural e Recreativa dos Amigos da Lavandeira (ACRAL). Tal como em todas as associações, a «carolice» fez com que se realizassem algumas iniciativas abertas à comunidade em geral, mas com a «sobra de alguns dinheiros», provenientes de patrocínios, começou a revelar a falta de órgão sociais. Foi nessa altura que se decidiu formalizar o grupo de amigos numa associação dos amigos desta localidade da freguesia de Soza, tendo por âmbito as áreas cultural e recreativa.Até à constituição formal, foi Reinaldo Mateus quem “assegurou” as pontas. Atualmente, é o presidente da direção. Revela, a O PONTO, que a associação esteve inativa durante «alguns anos», tendo sido reativada «há cerca de seis anos». «Estive como tesoureiro quatro anos e depois fui eleito presidente da direção que, tendo em conta os estatutos, apenas poderei desempenhar estas funções durante dois anos, ou seja, até dezembro próximo».Nestes anos de atuação, a associação procedeu à angariação de verbas para as obras da capela da Lavandeira, foi a responsável pela construção da casa

mortuária e pelo projeto do campo de futebol local.Atualmente é constituída por 150 sócios, todos da localidade. Uma das iniciativas que promove e que mais orgulha Reinaldo Mateus é o corso de carnaval na vizinha Vale d’Ílhavo, onde participam ano após ano com cerca de

meia centena de figurantes. «Organizamos ainda torneios de malha, organizamos caminhadas pedonais e excursões pelo país, tasquinhas, magusto e a uma festa de natal», enumera. A grande maioria destes convívios é realizada na sede da associação, localizada na EB1 local, cedida pela autarquia depois da sua desativação. «Às quartas-feiras toda a gente sabe que abrimos a nossa sede e o bar, onde se pode jogar às cartas, e na primeira sexta-feira do mês fazemos um jantar, também na sede, aberto a toda a gente que quiser passar bons momentos de convívio e contribuir para a continuidade dos eventos promovidos». A crise e a falta de poder económico tem “afastado” as pessoas, mas Reinaldo Mateus admite que «mesmo assim a população vai aderindo, inclusivamente a malta nova», conclui.Até ao final do seu mandato, prevê a realização de uma caminhada pedonal no próximo dia 2 e, no próximo mês de outubro, promover mais uma excursão, para além dos fins de semana passados no campo onde várias pessoas jogam a malha, um desporto com «alguma tradição» e que junta pessoas de Vale d’Ílhavo, Moitinhos, Quintãs e todos os lugares de Soza.

A música, a dança e o traje das gentes de Salgueiro são constantemente reavivados pelo rancho folclórico “Rosas Brancas”. Gracinda Lopes é a presidente da direção há 20 anos, altura em que foi reativado o grupo que presta homenagem às gentes, cultura e tradições desta localidade da freguesia de Soza. «O rancho já tinha existido há 40 anos, mas quando foi criado o TV5 alguns membros saíram e o rancho, sem pessoal, acabou». Ressurgiu dez anos depois a desafio lançado pelo padre Fernando Pinto aquando das comemorações dos 25 anos de sacerdócio. «Ele promoveu uma festa da comunidade paroquial, na Pedricosa, e convidou todas as pessoas de cada lugar para organizar uma atividade. Nós, em Salgueiro, lembrámo-nos do rancho que tinha existido em tempos e eu e uma outra senhora andámos a bater de porta em porta para ver se as pessoas que tinham feito parte do rancho estariam interessadas a promover esta iniciativa», conta. Com o grupo conseguido, decorreram três semanas de ensaio, sobretudo das músicas que as pessoas se lembravam, e no dia «correu tão bem» que as pessoas incentivaram-nos a continuar.Participando, numa primeira fase, em contradanças por Ílhavo, Vagueira e outras localidades do concelho, foi poucos meses depois que o grupo decidiu formar os órgãos sociais, tendo sido convidado o pároco local para presidir a assembleia geral. Honrando o primeiro nome dado ao rancho, ainda que informalmente, quis Gracinda Lopes e sua equipa que se mantivesse o nome “Rosas Brancas”.Atualmente, o grupo é associado do

Inatel e possui cerca de quatro dezenas de elementos. Os dançarinos têm idades compreendidas entre os 3 e os 30 anos de idade e, nos músicos, o mais velho tem cerca de 65 anos. A grande maioria é da localidade de Salgueiro, mas há muitas pessoas do Fontão e de Quintãs.Todos os anos, o “Rosas Brancas” promove o seu festival de folclore, a meados do mês de julho, e vai participando noutros festivais pelo concelho (promovido pelos congéneres vaguenses ou pela câmara municipal) e pelo país fora e até mesmo em Espanha, com grupos com quem mantém intercâmbio. «Promovemos, ainda, o convívio entre os membros do rancho e a comunidade local ao realizar festas como o magusto ou outras». Iniciativas que, tal como a presença numa das tasquinhas da semana cultural de Vagos, trazem receitas à associação. «Por vezes, realizamos jantares ou almoços na nossa associação, abertos à população, para angariar verbas necessárias para mantermos as nossas atividades», revela. É que, nos últimos meses, a despesa tem sido acrescida, uma vez que «a autarquia tem atrasado o pagamento do aluguer da nossa sede e somos nós quem tem adiantado a verba». É uma antiga garagem onde realizam os ensaios e recebem os seus convidados aquando da realização dos festivais e de outras iniciativas próprias e que custa à autarquia 400 euros por mês. Uma realidade que faz com que a associação sonhe, cada vez mais, na sua sede própria. «Esta é uma forma saudável para os jovens passarem os seus tempos livres», salienta Gracinda Lopes, temendo que, a continuar sem conseguir verbas para o aluguer da sede, o fim do rancho possa estar para breve.

Especial Freguesia de Soza O Ponto | 19/IX

Rua D. António Santos, nº 9 -B r/c QUINTÃ 3840-507 STº ANTÓNIO DE VAGOS Tel. 234 791 279email. vagopeç[email protected]

Rancho Folclórico de Salgueiro

“Rosas Brancas” homenageia gentes e tradições antigas

Honor’arte

A arte através da agulha ou do pincel

Associação Cultural e Recreativa dos Amigos da Lavandeira – ACRAL

Quinze anos dedicados ao lazer e à cultura

Honor’arte – Associação Artística e Cultural de Soza é o nome de uma das mais recentes associações da freguesia de Soza, atribuído por um conjunto de senhoras que se decidiu unir após ter terminado o curso de ensino recorrente. A data da primeira reunião é de 16 de setembro de 2005 e, desde essa altura, esse grupo, que tem vindo a aumentar, tem-se reunido às terças e sextas-feiras para «aprender, conviver, ensinar e partilhar as habilidades e conhecimentos que possuíam», confirma à nossa redação a presidente da direção.O primeiro passo da associação foi encontrar um espaço onde pudesse funcionar o seu atelier e desenvolver os seus trabalhos. O primeiro encontrado foi o salão da casa do povo de Soza, cedido por António Freire. «Começámos pelos cursos de bainhas abertas e arraiolos, duas das muitas habilidades que foram ensinadas/partilhadas pela Alice Graça, presidente do conselho geral da associação».Mas nem tudo foi fácil. Por causa de «politiquices da caserna», como classifica Lúcia Vieira, as portas foram-se fechando e, depois de saírem do salão da casa do povo, ocupado pelo Sosense, a Honor’arte teve «bastantes» dificuldades em arranjar nova sede. Constituída formalmente em 26 de abril de 2006, a sede seguinte, onde perdurou por mais de quatro anos, foi a «casa cedida pelo senhor Neta», junto à capela de s. Sebastião. Mas «a necessidade de obras na casa obrigou-nos a ter que procurar outro local para podermos manter o nosso trabalho», explica a presidente, agradecendo a casa conseguida, recentemente, por uma das associadas, Maria Deloures. Também cedida, localiza-se na estrada que liga o centro da vila ao Boco.

Artesanato ligado à cultura popular e gastronomia

Com 50 a 60 associados, as noites de terças e sextas-feiras são partilhadas por um grupo de 15 a 20 pessoas de todo o concelho, na esmagadora maioria mulheres.Desde 2005, já promoveu cursos de artes decorativas, pinturas em tela, tecido, porcelana e azulejo, trabalhos em tear, découpage ( t é c n i c a d o

guardanapo), caixinhas forradas em tecido, flores de pano, ponto cruz, entre outros. «O nosso objetivo é partilhar os conhecimentos que cada uma de nós tem, mas sempre que queremos aprender algo de novo, que ninguém sabe, contratamos formadores externos», explica, salientando que, sendo pago, apenas participa e frequenta quem estiver interessado. Os próximos cursos passarão pela aprendizagem da renda frioleira e porcelana fria. «Outro projeto que tenho em mente é o inglês de iniciação e, quem sabe, um curso de informática, porque hoje em dia é muito fácil o contato com as novas tecnologias».Para se promover e divulgar o trabalho que desenvolve, a Honor’arte marca, anualmente, presença na Semana Cultural ou em stands/eventos relacionados com artesanato e noutros eventos locais e fora do concelho, como a FARAV – Feira de Artesanato da Região de Aveiro.Para além do artesanato, a associação tem proporcionado momentos de convívio com as crianças da freguesia, no âmbito do projeto “Velhos saberes, novos afazeres”, onde os mais pequenos pintaram t-shirts, caixinhas e telas. Sardinhada pelo s. João e magusto pelo s. Martinho são outras das iniciativas que os membros da associação promovem entre si. «Não esquecendo a gastronomia sempre presente com doces ou pão caseiros, confecionados pelos membros e degustados nas sessões, e as visitas culturais aos mais variados pontos do país», acrescenta.Os interessados em frequentar a Honor’arte poderão inscrever-se comparecendo nas sessões de terças e sextas-feiras, a partir das 20h, na antiga casa do “Parada”, na avenida comendador Rodrigues da Silva. Poderá entrar em contato com a direção através do número 935205636.

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Tem quase 44 anos de existência mas foi há seis anos, após vários de inatividade, que a Associação Desportiva e Cultural Sosense “renasceu”. Primeiro sob o comando de José Martins e agora, mais recentemente, por Mário António Ribeiro, filho de um dos cinco sócios fundadores do clube. Ligado desde pequeno ao Sosense, Mário António jogou nos juniores, mas nunca jogou nos seniores, acabando por integrar várias direções do clube ao longo dos anos.

Na sua reativação, a associação desportiva e cultural pretendeu retomar a iniciativa principal: o futebol. Para tal, por ser mais acessível financeiramente e para cativar os jogadores, iniciou-se pelo campeonato da Inatel. «Por lá estivemos três temporadas, para ganhar alguma experiência antes de darmos um passo mais elevado: disputar a distrital», explica o presidente da direção a O PONTO. «Para já», o clube pretende “aprofundar-se” no desporto rei, deixando de lado as outras valências que a associação já possuiu: grupo de teatro, banda e escola de música.

Nestes últimos seis anos, para além do futebol, uma das prioridades da direção foi a criação de condições para os jogadores e associados. «Começámos por pintar as instalações existentes na casa do povo e criar um espaço com mais condições para receber os sócios e simpatizantes da associação», diz, adiantando ser aquele o espaço onde se realizam as festas da passagem de ano, torneios de sueca e onde o grupo de capoeira tem aulas. Construiu ainda um bar por cima dos balneários

requalificados, sendo um «espaço amplo e grande, que permite que os espectadores possam assistir ao jogo ao abrigo, e onde possam conviver e até lanchar, ajudando o clube».

Apesar de ser uma associação acarinhada e reconhecida pela comunidade, Mário António lamenta que as pessoas da freguesia se revejam pouco na ADC Sosense. «Gostaríamos de ver, por exemplo, mais pessoas a assistir aos jogos, sobretudo mulheres», sublinha, elogiando o acompanhamento efetuado por um conjunto de «30 a 40 pessoas» em todas as partidas. Atualmente, a associação possui 370 sócios. Para unir ainda mais a comunidade ao clube, ultimamente tem promovido, para além do campeonato, o passeio cicloturístico, passeio de btt, e pretende realizar, em breve, uma noite de fados. «Porque estamos a entrar no 45º aniversário da associação, não queremos deixar a data passar em claro e estamos a pensar em diversas iniciativas, entre as quais organizar um jogo entre o atual Sosense e as velhas glórias, como será o caso de Fonseca, pai do Yanick Djaló».

Outro projeto futuro será a reconstrução do muro lateral do campo de futebol, que ruiu parcialmente por causa do mau tempo. «Contamos, para tal, com o apoio da autarquia que, pretendendo alargar um pouco mais a estrada, solicitou alguns metros de terreno ao clube em troca do material para podermos construir o muro», razão pela qual ainda não foi reconstruído.

Associação Desportiva e Cultural Sosense

Renascer pró futebol

Clube de Caçadores

Largadas ajudaram a aumentar a fauna em SozaFoi há pouco mais de dez anos que um conjunto de «cinco ou seis» caçadores da freguesia de Soza se juntou para formar aquele que é o Clube de Caçadores da Freguesia de Soza. O objetivo deste grupo, depois de devidamente formalizado, era criar um campo de treino onde se pudesse praticar a modalidade durante todo o ano. «Soza sempre teve uma forte tradição no que diz respeito à caça e à criação de cães de caça», e era intenção do clube legalizar o que «muitos faziam às escondidas e em terrenos proibidos», explica Fernando Vieira, presidente da direção há cerca de dois meses, apesar de ser um dos sócios fundadores do clube e de ter pertencido sempre nas direções da associação.Recuando ao passado, Fernando Vieira recorda todo o processo e burocracia por que o clube teve que passar para a criação deste campo de treino. «Andámos três meses a bater de porta em porta para contactar os proprietários dos terrenos e obter a sua permissão para podermos criar o campo de treino, que começou a funcionar ainda nesse mesmo ano». Com uma dimensão de 50 hectares, o campo estende-se desde as margens nascentes do rio Boco e desde a estrada nacional 333 (que liga Vagos a Soza) até à estrada do ribeiro, junto à ponte do Boco. «É desde aí até quase aos quintais de Soza e Boco», diz. Classificado como um «campo polivalente», o espaço é constituído por zonas de mato, encostas de pinhais e outros terrenos planos, onde se podem treinar homens e cães a caçar ao

longo de todo o ano. Um campo que esteve comprometido este ano. É que o espaço tinha sido criado para um período de dez anos, sendo necessária a sua renovação. «Como as entidades oficiais estavam a exigir todas as assinaturas e a u t o r i z a ç õ e s d o s proprietários, os membros não se mostravam com muita vontade de o fazer, até porque agora envolvia muita mais burocracia que há dez anos não era pedida (como certidões das finanças e da conservatória, entre outras)», confessou Fernando V ie i ra . No entanto, e porque os

campos de treino criados antes do de Soza não tinham necessitado da recolha de assinaturas para a sua criação e muito menos para a sua renovação de licença, e porque o campo de treinos de Soza nunca foi alvo de queixas, a Direcção Regional de Florestas do Centro aprovou a renovação do espaço sozense, excluindo apenas alguns metros de área, junto à antiga fábrica de cerâmica.

Lotação de sócios esgotada

No início, o clube tentou ainda criar uma reserva associativa ou municipal, mas como o Clube de Caçadores de Vagos já tinha efetuado esse pedido, «este sonho foi ficando para trás». Tendo iniciado com seis associados, no final de 2001 o clube já tinha oitenta e, atualmente, possui 218 sócios (dos quais 120 a 130 são ativos) da freguesia e concelhos limítrofes, desde o Porto a Coimbra. «Fomos obrigados a fechar as inscrições, uma vez que o espaço começa a ser pequeno para tantos caçadores», adianta, pelo que agora só se aceitam mais sócios se, porventura, algum desistir ou sair. Cada sócio paga 20 euros por ano, verba que é destinada à aquisição de mais animais para as largadas no seu campo de treino. Das largadas, 50% dos animais não é caçado, tendo começado a procriar no local. «É engraçado, porque há dez anos já não se viam há muito tempo codornizes ou faisões e agora facilmente são avistados num passeio por aquele local», afirma Fernando Vieira. «Até as pessoas mais idosas, depois da missa, gostam de passar por lá e depois do almoço ir para o café e contar aos amigos as espécies que viram», acrescenta.

Especial Freguesia de SozaO Ponto | 20/X

Futebol Clube do Boco

Sonho concretizado com estreia em campeonato federadoNasceu a 3 de Maio de 1936, mas só em Fevereiro de 1985 é que o Futebol Clube do Boco se constituiu formalmente.Inicialmente, a associação do lugar dedicou-se a promover a prática do atletismo, participando em diversas provas da Federação e em inúmeros corta-matos. Passados tantos anos, o atual presidente da direção não consegue precisar quantos atletas teria o clube, mas a prova das participações e até mesmo das conquistas alcançadas encontra-se na sede, na desativada EB1 do Boco (cedida pela autarquia), à vista de toda a gente que lá for.Para além do atletismo, o futebol sempre foi «um dos sonhos» do clube. Um sonho que se foi «arrastando» até aos dias de hoje, altura em que o FC Boco se prepara para se estrear no campeonato da Fundação Inatel. Aliás, foi com esse propósito que José Gregório se candidatou à presidência do clube há dois anos. «Já sou associado do clube há muitos anos e, há dois, eu e o vice-presidente candidatámo-nos com o objetivo de trazer o futebol ao Boco, o que só conseguimos este ano», diz, mostrando-se orgulhoso pelo feito alcançado. A opção foi o campeonato da Inatel, por se tratar de um campeonato «mais acessível monetariamente», mas também por se poder jogar ao sábado e não aos domingos. O próprio José Gregório vai ser um dos jogadores da equipa, constituída por jogadores de todo o concelho. Um sonho que só foi possível de concretizar com a ajuda do Sosense, que “empresta” o seu campo de futebol para os treinos e jogos. Para além do futebol, e pretendendo dinamizar a prática desportiva nas pessoas locais, o clube abre a sua sede às terças e quintas-feiras ao final da tarde, momento em que têm lugar aulas de ginástica feminina. «O pagamento mensal serve para contratar a professora que dá as aulas», garante.A sede abre, ainda, todas as sextas-feiras à noite para oferecer momentos de «convívio e união» às pessoas do Boco e a todos os 164 associados. Para além do serviço de bar, o clube oferece também momentos de animação musical ou de karaoke, entre outras iniciativas, como jogos de cartas. «Uma das nossas ideias é fazer umas pequenas obras na sede para podermos criar uma sala de jogos, com mesa de bilhar e de matraquilhos, para a oferta ser mais variada».E de onde obtém o clube as suas receitas? José Gregório explica que, para além do apoio financeiro atribuído pela autarquia e das receitas obtidas no bar, o clube promove diversas iniciativas que envolvem a comunidade: passeio cicloturístico, caminhada pela rota das azenhas e organização de festas populares para assinalar o dia da criança, de natal ou os santos populares. Eventos que já marcam a agenda do Boco desde há seis anos, altura em que o clube foi reativado (esteve “parado” cerca de quinze a vinte anos).

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Especial Freguesia de Soza O Ponto | 21/XI

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Sociedade Columbófila de Soza

60 anos a voar pelos céusFoi no ano passado que a Sociedade Columbófila de Soza comemorou o seu 60º aniversário. A mais antiga associação da freguesia sozense nasceu em Maio de 1950, tal como muitas outras, pela mão de «meia dúzia» de amantes da columbofilia e de «amigos dos pombos», como afirma o atual presidente Fernando Lopes, filho de um dos sócios fundadores da associação. Hoje, orgulha-se ao ver que meia centena de pessoas está envolvida na associação e na modalidade, não só de toda a freguesia como também de quase todos os lugares e do concelho.O que é necessário para se ser sócio? Depois de se inscrever, o sócio passa a ser federado na modalidade e, depois, basta ter um ou mais pombos para concorrer. «Nos dias dos concursos, os que pretendem participar trazem os seus “atletas” à sede da associação – junto à casa do povo de Soza – e nós transportamo-los para a sede da distrital de Aveiro, que os leva nos seus grandes camiões para os locais da largada. É por ser esta uma forma menos dispendiosa para fazer deslocar os pombos, os 33 associados que constantemente participam em concursos, aproveitam os eventos para treinar os atletas».Para conseguir mais verbas para as suas iniciativas, todos os anos é realizado um leilão de borrachos doados por amigos, associados sozenses e de outras columbofilias. Um desses leilões aconteceu recentemente, na festa anual que a sociedade promove para premiar os sócios mais pontuados no último ano. Nessa ocasião, a Federação Portuguesa de Columbofilia aproveitou para entregar a medalha de ouro à associação de Soza, pelos 60 anos de existência e pelo movimento que proporciona. «Temos o orgulho de sermos representados, pelos nossos sócios, a nível nacional, com pombos que já se destacaram não só a nível regional como nacional, e pelo facto de sermos uma das mais antigas associações inscritas na Distrital», confessa. Dos cinco mil pombos que a Sociedade possui, cerca de mil são encestados todos os fins de semana.Presidente desta associação desde 2003, Fernando Lopes diz que, para se ser columbófilo, é necessário «gostar mesmo» da modalidade, ter espaço arejado para acolher os pombos e ter tempo livre para os acompanhar e treinar. «Os pombos são como um bebé: precisamos de lhe dar muita atenção e cuidados necessários». Neste momento, lamenta a falta de espaço que se começa a sentir, com o aumento de sócios a concorrer.Para dar mais visibilidade, sempre que convidada ou é solicitada, a sociedade participa nos mais diversos eventos onde são largados os pombos. «É um risco participarmos nessas iniciativas porque algum pode-se perder ou alguém o apanhar, mas é um sentimento extraordinário ver uma solta de pombos… então uma largada de 60 mil no dia da associação, é arrepiante», garante.

Os mais de 115 anos de intenso trabalho da azenha do Barreto ameaçam chegar ao fim. Para além do facto da levada requerer muito trabalho de manutenção para fazer chegar a água à roda da azenha, que faz movimentar toda a engrenagem para moer o milho, as próprias pessoas da freguesia e de localidades foram deixando, aos poucos e poucos, de solicitar este serviço.Propriedade de Maria Vitália Ribeiro e dos seus três filhos, a azenha do Barreto localiza-se no Boco, junto à capela e casa mortuária. Foi doada ao seu marido, entretanto falecido, por uma tia.Durante muitos anos, esta e mais duas azenhas ali próximas, de outros proprietários, estiveram arrendadas a Manuel Custódio. Com a ajuda dos bois, Manuel Custódio percorria, uma vez por semana (às sextas-feiras ou sábados), os lugares de Quintã, Lameiro, Santo António e outras localidades, com a carroça cheia de farinha. «Levava a farinha moída e trazia o milho que as pessoas lhe davam para ele moer ou partir», explica. É que, antigamente, o gado era alimentado com o recurso às hortaliças e ao milho, partido ou moído. «Chegou aqui a viver e, quando faleceu, a esposa veio-nos entregar a chave da azenha e esta ficou parada durante um mês». Depois, ela e o marido procederam ao arranjo da roda, mós e engrenagens, e decidiram arregaçar mangas e dar continuidade ao trabalho centenário. Já lá vão 23 anos.«Era de noite e de dia, sempre a moer», conta Maria Vitália, hoje com 74 anos. É com alguma emoção que recorda o gosto que o marido tinha, chegando a ocupar os seus tempos livres na azenha, depois do dia de trabalho. Para além de manter a azenha sempre a moer, Maria Vitália e marido ainda se dedicavam à lavoura, no terreno adjacente. «Tínhamos todas as condições na azenha para almoçar e passar o dia». Com cozinha e o tradicional borralho, a azenha tem ainda um quarto, casa de banho e divisão para arrumos.

Memórias relembradas no dia do moinhoHá já cerca de dois meses que a azenha diminuiu o ritmo de funcionamento. As pessoas deixaram de alimentar os animais com milho e de coser o pão em casa. Moer um quilo de milho custa sete cêntimos e, quem opta por pagar com o próprio milho, por cada dez quilos de milho são retirados dois quilos. Informação que está afixada na azenha mas que vai perdendo a utilidade. Neste momento, a azenha só é colocada a funcionar para partir o milho para as suas galinhas e as dos seus filhos ou para moer algum milho para coser pão em casa. «É uma tristeza enorme vê-la parada, mas de que vale os filhos perderem aqui o seu tempo livre a tratar da levada?», questiona-se, lamentando não ser possível recuar no tempo e ver esta e as outras oito azenhas (de que se recorda) do vale do Boco a funcionar em pleno.No entanto, Maria Vitália vai-se animando com o gosto que os filhos e netos nutrem para com a azenha. Adere também, todos os anos, ao dia do moinho ou quando se realizam caminhadas, abrindo as portas da azenha a todos os visitantes.

Azenha do Barreto

Mais de um século a moer

Última atafona de Soza à espera de reconstrução para reavivar memóriasA freguesia de Soza é conhecida pela sua ancestral tradição ligada ao pão e à moagem. Para além das azenhas, que se veem em maior quantidade (embora existam apenas duas ou três recuperadas e a funcionar), existem também as atafonas. Ou existiram. A última que funcionou pertenceu ao pai de Manuel Calado. «Deixou de funcionar há cerca de quarenta anos, mas já devia ter mais de cem», conta, afirmando que foi o seu próprio avô materno que a construiu. Depois que faleceu, a atafona, localizada na Lavandeira, nunca mais funcionou, tendo sido transmitida para o seu pai. «Há anos, e depois de o meu pai falecer, fomos obrigados a demolir a estrutura, porque estava a ficar apodrecida, mas tirámos todas as fotografias possíveis para demonstrar como estava montada toda a engrenagem e guardámos todas as peças», adiantou.A esperança de a reconstruir e recuperar velhas memórias é um sonho que tem. O pai chegou a oferecer todas as peças à câmara de Vagos para que fosse integrado num museu, mas nunca nada chegou a ser feito. Entretanto, vários particulares, ao saber da sua existência, também se mostraram interessados em adquiri-la mas, «pelo valor sentimental», Manuel Calado sempre recusou. «Este tipo de coisas e tradições deve ser preservado porque amanhã os meus netos já não saberão o que é um ancinho quanto mais uma atafona», diz na brincadeira, mas preocupado.

O que é uma atafona? O objetivo é o mesmo que o de uma azenha de água ou um moinho de vento: proceder à moagem de cereais ou ao descascar o arroz. «Apenas os sistemas é que são diferentes, mas o propósito é o mesmo», vinca. Esta atafona era uma de duas conhecidas a nível nacional segundo um técnico de Penacova que se deslocou a Lavandeira para a ver. Era constituído por uma grande roda de madeira, a poucos centímetros do solo, e que era acionada pela força animal. «O animal andava em volta da roda e, com o apoio da canga, acionava um eixo subterrâneo que ia fazer rodar duas outras rodas que, por sua vez, faziam mover as mós de pedra, a cerca de um metro de altura», explica. Manuel Calado ainda se lembra de ver o avô a abrir a porta do curral onde estava a vaca. «Era amarela e já sabia para onde tinha que ir e o que fazer. Era um animal humilde mas sábio, porque não era preciso ser amarrada à canga para fazer acionar o sistema, e forte para puxar a atafona».

Lavandeira procurada pelas “padas da Celeste”Lavandeira sempre foi muito procurada pelo pão da Celeste. Infelizmente, a d. Celeste Sacramento “partiu” recentemente, mas a sua filha Margarida, com 40 anos, que sempre ajudou a sua mãe a amassar o pão, decidiu seguir as pisadas da sua mãe e avó. Confecionando na perfeição as chamadas “padas da Celeste”, no que diz respeito a broa mimosa estreou-se na sua confeção aquando da realização desta reportagem.Como se faz? «Escalda-se a farinha de milho branca e deixa-se arrefecer; depois leva sal, manteiga, ovos, canela e açúcar, para além de raspa de limão. Amassa-se tudo e junta-se um pouco de farinha de trigo. Deixa-se levedar e no dia seguinte vai ao forno», explica passo a passo a “nova” padeira da Lavandeira (que tem a ajuda do pai), que aprendeu com a sua mãe a confecionar desde que terminou o sexto ano, com doze anos. A irmã Madalena Grave (mais conhecida por Mena) foi a primeira a provar. Diz que «precisa de um pouco mais de açúcar e um pouco menos de raspa de limão», mas aprova a estreia da irmã, incentivando-a a continuar.Para quem não sabe e não conhece, a broa mimosa é um pão doce, muito usual em dias de festa na freguesia de Soza, mas que caiu em desuso nas últimas décadas. Foi reavivada aquando da realização da última bienal do pão, através de Celeste Sacramento, que aprendeu a amassar e coser pão em Vale d’Ílhavo. Era, até há pouco tempo, confecionada com regularidade durante a semana, mas sobretudo quando havia encomendas.Por dia, Guida faz cerca de 50 quilos de farinha, num total de 300 padas. Aos domingos não cose, mas ao sábado a procura aumenta, porque «ainda há quem compre pão ao sábado para a semana toda». Diariamente, Guida amassa por volta das 17h30, para que esta possa levedar até à madrugada do dia seguinte. «Acordo por volta das 5h e quando chego a casa, o meu pai já tem os fornos de lenha acesos, eu começo a tender a massa e coloco no forno, tirando os pães por volta das 8h», hora em que começa a distribuir o pão pelos cafés, restaurantes e pela loja de venda “oficial” das padas da Celeste: a Lojinha dos Sabores, no centro da vila de Vagos.Com a crise e o aumento do preço do pão, «sentimos que as vendas têm vindo a reduzir. Agora, as pessoas aproveitam mais o pão que compram e comem-no mesmo rijo, fazendo torradas», mas garante que irá dar continuidade à “herança” deixada pela mãe.

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Notas sobre a história de Soza

Soza em númerosÁrea: 22 Km2População: cerca de 3.060 habitantesRecenseamento: 2.987 eleitoresLugares: Boco, Fontão, Lavandeira, Pedricosa, Salgueiro, Soza e Vale das Maias

Locais de interesse público:- azenhas- rio Boco e paisagem a ele associado (inserida na Rede Natura 2000)- casa da Pedricosa- charola- igreja matriz de Soza e capelas nos lugares populacionais- fonte da Pedricosa- museu paroquial- parque de merendas no Vale das Maias- celeiro dos duques de Lafões (Salgueiro)

Associações:- Associação Cultural e Recreativa da Lavandeira- Associação Desportiva e Cultural Sosense- Associação dos Amigos do Fontão- Associação da Irmandade do Gabão- Centro Social de Soza- Clube de Caçadores da Freguesia de Soza- Futebol Clube do Boco- Honor’arte - Associação Artística e Cultural de Soza- Jornal Eco de Vagos- Rancho Folclórico “Rosas Brancas”, de Salgueiro- Sociedade Columbófila de Soza

A História de Soza está largamente documentada e fixada. José António de Almeida em 1949 e depois M. d`Almeida em 1984 publicaram valiosos estudos monográficos. Mais recentemente veio à luz uma edição comentada do foral de Soza, juntamente com o de Vagos.Soza tem sobejos motivos de orgulho pelo seu rico historial, sobretudo pela longa autonomia municipal e ainda pelas ligações à Ordem de Rocamador e ao ducado de Lafões. De património ligado a essa magnificência pouco resta, tendo inclusive o pelourinho sido desmantelado no séc. 19. Tal como em Vagos, em que os senhores Silva nada deixaram de notável, tendo antes investido as rendas de Vagos em faustosos mausoléus que fizeram erigir no convento de São Marcos, perto de Tentúgal. Até as rendas da Senhora de Vagos foram para fora, por largos séculos, alimentar os monges de Grijó.Sobre Soza, resta-nos a hipótese de referir alguns aspectos menos relevados ou até menos claros.De anotar que o documento mais antigo sobre a região aparece ligado a Soza. Em 1088, o moçárabe Sisnando Davides, governador de Coimbra, entregou ao presbítero Rodrigo a região entre Soza e Ílhavo para que a explorasse e fizesse povoar, sendo a região consistente em

densíssima floresta povoada por feras. Nesse contexto surge a pouco referida figura de Dom Gontonizi, que será o primeiro senhor conhecido das terras desde Buarcos até à linha do Vouga.Até à concessão do foral em 1514, referimos como datas mais importantes: 1193, em que D. Sancho I doou Soza para aí se estabelecer a Ordem de Santa Maria de Rocamador, e 1235-1245 em que, no rol das freguesias do Bispado de Coimbra surge referida a de Sanctus Michael de Soza. Soza surge ainda em documentos de 1255, 1378 e 1438, até que lhe é dado foral em 1514. Após essa data, é de referir as duas datas de 1625 e 1628, em que é construída a casa da Pedricosa por António da Fonseca Guimarães, cavaleiro fidalgo da Casa de sua Majestade, e três anos após, a capela de Santo António, que fica ao lado da casa senhorial referida, e propriedade do mesmo nobre. Do foral de Soza, anotar que, para além de tratar dos maninhos e montados, tal como o de Vagos, refere as azenhas, diferentemente do de Vagos, como se compreende. Documento muito belo, nele se encontram até poemas de amor, provavelmente do punho do duque, que sofria desses males, e que possivelmente estariam na massa do sangue da família. Um descendente deste duque de Lafões foi corrido da corte por ordem do monarca, em

face de amores impertinentes e escandalosos com a herdeira do trono.A afirmação, que já vimos escrita, de que o duque de Lafões habitava a casa entre a residência paroquial e a Junta de freguesia dever ser tida por errónea. A permanência, esporádica, era na residência que se erguia onde hoje se situa o cemitério, e onde supostamente teria existido um albergue ou um hospital gerido pela congregação de Rocamador. Sobre a casa da renda existente em Salgueiro, ou casa dos foros, pouco se sabe. Atendendo ao escudo nacional em pedra, que lá figura, seria provavelmente um celeiro de recepção de foros das terras regalengas.Sabe-se não apenas pelos forais, mas também por outros documentos antigos que em tempos remotos nas margens de Vagos e Soza havia muitas marinhas de sal, produção que foi substituída pela de arroz, em época não precisa, talvez entre 1750 e 1800. Queremos por fim frisar a beleza das duas imagens da Senhora de Rocamador. A mais antiga, provavelmente a primitiva, descoberta emparedada, aquando do restauro da igreja. A mais recente, de feição erudita, harmoniosa e sereníssima, possuindo já as características do melhor que a arte renascentista nos legaria.Paulo Frade

Especial Freguesia de SozaO Ponto | 22/XII

Ponte da Fareja

A união das duas vilas vaguenses A ponte da Fareja, de madeira, é a mais antiga que atravessa o rio Boco. Localizada a poente da freguesia de Soza, a “velhinha” ponte une a vila de Vagos e Soza, substituindo a passagem das barcas que eram propriedade dos duques de Lafões e que eram arrendadas a barqueiros que as exploravam no transporte de pessoas e mercadorias. De acordo com o livro “Vagos, memórias de um povo lutador”, foi aquando da integração da freguesia de Soza no concelho de Vagos que a câmara municipal mandou construir as estradas e ponte para «acesso mais condigno e fácil entre as duas freguesias».A empreitada foi arrematada a 13 de Novembro de 1854 a Manuel dos Santos Malaquias, de Ílhavo. As caraterísticas eram semelhantes às de uma ponte existente em Angeja que atravessava o rio Vouga: «200 palmos de comprimento, 200 palmos de largura, 50 palmos de cada lado da rampa, 100 palmos no centro da ponte, 20 palmos cada um dos boquetes, 3 boquetes de cada uma das rampas e 18 palmos de altura contados ao nível das praias do lado poente».O custo total da obra foi de 157 mil reis, pago em quatro prestações, tendo a autarquia ficado responsável pelo fornecimento de pinheiros e a sua colocação no local da obra.Foi aberta ao trânsito em 27 de junho de 1855. Para a sua manutenção e preservação, a câmara requereu a 11 e 20 de janeiro desse mesmo ano ao Governo de Sua Majestade, «a graça da aprovação pelas Cortês de um projeto de cobrança de portagem, justificando que era preciso um guarda para cuidar a limpeza e evitar algum incêndio ou roubo da madeira». Mas nunca se conseguiu confirmar a aprovação ou não das Cortês.A ponte da Fareja esteve aberta ao trânsito até 1978, data em que foi alterado o traçado da estrada e se concretizou a construção da nova ponte, localizada a poucos metros para sul.