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Transmissão do direito de suceder. Imaginemos dois casos: A é pai de B e este é pai de C. Se A morre dia 30 e B dia 20 (ou há presunção de comoriência), C é chamado como representante. Se A morre às 15h10m e B às 15/11, sobrevive a A por um minuto. De facto, o B não pôde aceitar. Temos de pensar que é um não poder jurídico, não fáctico. Considera- se que pôde aceitar. Não recebeu a herança, mas recebeu o direito de suceder. É a situação jurídica típica no direito das sucessões. Quando B morre, dentro do seu património encontra-se o direito de suceder. Assim como se pode encontrar numa herança uma casa, uma bicicleta, dinheiro, etc., também o direito de suceder (ius delationis). São os herdeiros de B que têm de o exercer. C recebe a herança de B; dentro dela vem o direito de suceder a A. C aceitou a herança de B. Pode dizer que não quer a herança do A. O direito de suceder tem autonomia. Pode aceitar a herança de B e repudiar a de A. C é o transmissário do direito de suceder. A primeira diferença é que na transmissão do direito de suceder não há uma vocação indirecta, porque esta é originária. A transmissão do direito de suceder é derivada, adquirida por transmissão. No direito de representação, a vocação é originária. A segunda diferença prende-se com o seguinte: no direito de representação só contam os descendentes (o cônjuge não). É manifestação do direito de troncalidade (linhagem directa). Na transmissão, se B fosse casado com D, quem herdaria o direito de suceder seriam os herdeiros legais. As pessoas que são chamadas a representar não são as mesmas que são chamadas como transmissárias. A terceira diferença: enquanto no direito de representação o B não pôde ou não quis aceitar, na transmissão pôde aceitar mas não o fez, não exerceu. A presunção de comoriência serve para dizer que não os que morreram naquelas circunstâncias de incerteza não são herdeiros uns dos outros. Um dos pressupostos da vocação sucessória é a sobrevivência ao de cuius. Têm de estar preenchidos diversos requisitos para haver transmissão. Tem de haver abertura da sucessão; o segundo de cuius tem de ser chamado à herança do primeiro; o segundo tem de ter falecido sem ter aceitado ou repudiado a herança do primeiro; tem de se chamar um terceiro à herança do segundo de cuius. É uma matéria que coloca várias dúvidas

Sucessões, 2ª Parte

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Sucessões

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Transmisso do direito de suceder

Transmisso do direito de suceder. Imaginemos dois casos: A pai de B e este pai de C. Se A morre dia 30 e B dia 20 (ou h presuno de comorincia), C chamado como representante. Se A morre s 15h10m e B s 15/11, sobrevive a A por um minuto. De facto, o B no pde aceitar. Temos de pensar que um no poder jurdico, no fctico. Considera-se que pde aceitar. No recebeu a herana, mas recebeu o direito de suceder. a situao jurdica tpica no direito das sucesses. Quando B morre, dentro do seu patrimnio encontra-se o direito de suceder. Assim como se pode encontrar numa herana uma casa, uma bicicleta, dinheiro, etc., tambm o direito de suceder (ius delationis). So os herdeiros de B que tm de o exercer. C recebe a herana de B; dentro dela vem o direito de suceder a A. C aceitou a herana de B. Pode dizer que no quer a herana do A. O direito de suceder tem autonomia. Pode aceitar a herana de B e repudiar a de A. C o transmissrio do direito de suceder.A primeira diferena que na transmisso do direito de suceder no h uma vocao indirecta, porque esta originria. A transmisso do direito de suceder derivada, adquirida por transmisso. No direito de representao, a vocao originria. A segunda diferena prende-se com o seguinte: no direito de representao s contam os descendentes (o cnjuge no). manifestao do direito de troncalidade (linhagem directa). Na transmisso, se B fosse casado com D, quem herdaria o direito de suceder seriam os herdeiros legais. As pessoas que so chamadas a representar no so as mesmas que so chamadas como transmissrias. A terceira diferena: enquanto no direito de representao o B no pde ou no quis aceitar, na transmisso pde aceitar mas no o fez, no exerceu.A presuno de comorincia serve para dizer que no os que morreram naquelas circunstncias de incerteza no so herdeiros uns dos outros. Um dos pressupostos da vocao sucessria a sobrevivncia ao de cuius. Tm de estar preenchidos diversos requisitos para haver transmisso. Tem de haver abertura da sucesso; o segundo de cuius tem de ser chamado herana do primeiro; o segundo tem de ter falecido sem ter aceitado ou repudiado a herana do primeiro; tem de se chamar um terceiro herana do segundo de cuius. uma matria que coloca vrias dvidas importantes. Discute-se a questo da capacidade. C herda o direito de suceder a A. Os pressupostos da designao sucessria incluem a capacidade. O C tem de os reunir em relao a B. Mas ser que ter de os reunir em relao a A? S tem direito de suceder porque B reuniu os pressupostos em relao a A e porque preenche em relao a B. J quanto a A, h dissenso. H AA. (JDP includo) que consideram que tem de haver duplo preenchimento. O direito de suceder vem na sucesso de B, mas no deixa de ser direito de suceder a A. Pelo menos quanto questo da capacidade, que a mais problemtica. Daniel Morais subscreve. No fundo, trata-se de direito de suceder a A. Outra posio (Paula Barbosa) de que exigir o duplo preenchimento seria estar a ser mais exigente em relao a C do que aos restantes. C no sucede a A, mas a B. Depende, pois, da maneira como se releva o mecanismo: o que sobressai a sucesso de A ou a de B?No direito de representao, ainda que C seja incapaz ou repudie a herana de B, pode represent-lo na sucesso de A (2043) a vocao originria. Aceitando que C tem de ter capacidade em relao aos dois, chegamos concluso de que, pelo contrrio, a vocao derivada na transmisso do direito de suceder. Na vocao indirecta, existe interdependncia entre B e C, j que este ocupa a posio daquele.O 2058 determina a possibilidade da transmisso do direito de suceder, nos termos citados. Dentro das vocaes anmalas, aprofundam-se as vocaes indirectas, a transmisso do direito de suceder e a substituio fideicomissria. O C, ao aceitar a herana de B, pode aceitar ou repudiar a de A. O transmissrio tem os mesmo direitos e obrigaes que B teria. Quando uma pessoa morre, os filhos devem receber todos o mesmo. O objectivo da colao a igualao entre os filhos. O B, como filho, podia ter irmos. Se tivesse recebido doao em vida, quando os pais nada dizem ela est sujeita a colao. O B estaria sujeito a colao. Mas morreu sem exercer o direito de suceder. Em relao herana de A, C est obrigado igualao face aos irmos de B. Neste ponto, o regime do direito de suceder igual ao do direito de representao. Da JDP dizer, antigamente, que a transmisso do direito de suceder era vocao indirecta. Mas h uma diferena: um morre s 16h00, outro s 16h01.O transmissrio tem vocao dupla: tem de se aferir a sua capacidade em relao a B e a A. Como assim , isso significa que h dupla vocao. Mas tem autonomia. Pode aceitar a de B e repudiar a de A. No h excepo ao princpio da indivisibilidade da vocao porque a se tem em conta um mesmo de cuius. Aqui fala-se de dois falecidos diferentes.Se B tiver mais do que um filho, todos tm direito de suceder. Mas como exercer? H quem diga que por unanimidade; outros que por maioria absoluta. Daniel Morais entende que deve valer a maioria. Quando h transmisso do direito de suceder, h uma pessoa que chamada sucesso de outra, que faleceu sem poder exercer o direito de suceder. No se pode presumir esse exerccio. Como outro direito qualquer, transmitido com a herana. A aquisio diz-se derivada porque C no foi chamado sucesso de A, mas de B. No direito de representao, C no tem de receber a herana de B para ser chamado de A.Revogao de testamento por pacto. Paula Barbosa considera que quando um pacto sucessrio revoga testamento o que existe revogao tcita (aplica-se por analogia o 2313, porque se trata de doao mortis causa). Outros dizem que revogao real (existe quando h destruio do testamento ou quando h alienao do bem deixado). Um pacto sucessrio um contrato. No se alienou inter vivos a coisa. Mas os pactos sucessrios tm natureza quase mista. Tm eficcia mortis causa, mas tambm tm efeitos em vida. JDP diz que, em casos de alienao, se deve aplicaras regras da alienao de bem alheio. uma manifestao da relevncia dada aos efeitos ainda em vida dos pactos sucessrios. A lei admite que o doador aliene, com o consentimento do donatrio, em casos de grave necessidade. Contudo, Daniel Morais entende que se trata de casos de revogao real.

Quando uma pessoa no quer ou no pode aceitar, pode haver vocao indirecta de uma pessoa que tem uma relao com o de cuius e com o primeiramente chamado.Substituio directa. A substituio directa corresponde mxima de que um homem prevenido vale por dois. A tem casa no Algarve. Quer deix-la a um de dois amigos, X e J. Se o X no quiser, ficar para o J. Quando faz o testamento, pode dizer que deixa a X e se este no quiser ou no puder aceitar, fica para J. Est no 2281. O legislador no definiu bem. No tem necessariamente de ser um testador. Pode ser por doao mortis causa. A sucesso contratual admite que no pacto sucessrio seja feita substituio directa. E tambm no s em relao a herdeiros. O 2285 manda aplicar a legados.Em princpio, a substituio directa resulta de uma manifestao de vontade de carcter negocial. Mas pode ser ex lege. P. ex.: na sucesso fideicomissria (A deixa bem a B, que tem de o conservar e, morrendo, vai para C). Se quando A morre, C no tiver sobrevivido, o bem fica definitivamente para B, como se fosse uma instituio directa. Converte-se em instituio directa de B (2293/2). Mas pode acontecer o contrrio. Se o fiducirio no quiser ou no puder aceitar a herana, deixa de ser substituio fideicomissria e passa a ser substituio directa (2293/3): substituio directa ex lege.Modalidades da substituio. Pode ser expressa ou tcita. Pode ser num grau ou em mais do que um. A lei no admite a substituio fideicomissria em mais do que um grau. Ela vem do direito romano, mas tem grande influncia do direito intermdio. A aplicava-se a regra da primogenitura. Em Frana, se algum se tornasse senhor de uma terra, no momento do casamento do seu filho mais velho fazia um pacto sucessrio em que atribua mortis causa o bem ao filho mais velho, at ao fim dos tempos. Os primognitos eram sempre proprietrios temporrios. A propriedade temporria no estimula uma boa conservao do bem. Donde, s se admite um grau de substituio fideicomissria (s A-B-C e no mais).Ao contrrio da substituio fideicomissria, na substituio directa no h limite de grau. No h propriedade temporria: ela sempre definitiva na esfera de quem receber o bem. Diz-se directa, apesar de ser vocao indirecta. Pretende-se diferenciar da substituio fideicomissria, em bom rigor.Pode ser singular ou plural (2282). Em alternativa a uma pessoa (o substitudo), posso designar outras pessoas (os substitudos). A pluralidade pode estar tambm no primeiro nvel (o dos substitudos) ou em ambos os plos: deixo a B, C ou D e se no aceitarem, a E; deixo a B, C ou D e se no aceitarem, a X ou Z. A substituio fideicomissria vertical. A substituio directa horizontal. Pode-se deixar metade da herana a A e a outra a B e, se A no quiser, fica tudo para B e vice-versa (2283: substituio recproca). Tambm se pode dizer que, se A no quiser, acresce ao B; se B no quiser, acresce a A. No se trata de direito de acrescer, mas de sucesso recproca. Se houver trs co-herdeiros (numa sucesso recproca), p. ex., se um deles no quiser a sua parte, respeita-se a proporo. Se A receberia , B e C , se C no quiser, A recebe, da parte de C, duas vezes mais do que B (66% e 33% respectivamente, neste caso).Pressupostos da sucesso directa. vocao indirecta. Funciona quando algum no quer ou no pode aceitar a herana. O substituto tem uma vocao condicional: depende do facto de o substituvel no querer ou no poder aceitar. O substituto beneficia de deixa sujeita a condio suspensiva, tem de sobreviver ao momento em que se verifique que o substituvel no quer ou no pode aceitar a herana. Aplica-se o 2317/b). Caduca a disposio se no sobreviver verificao da condio. O testador pode dizer que deixa A e se este no quiser fica para B. Se o testador s previr um dos dois casos, o 2281 diz que se presume que incluiu ambos (no querer e no poder), salvo disposio em contrrio. Quando, dentro das situaes de no poder aceitar, s se prev uma delas, todas as outras esto abrangidas por analogia (ex.: o testamento fala s em pr-morte mas as restantes causas tambm servem).Se o testador morrer s 15h00 e o substituvel s 15h01, a sua vocao concretiza-se. Adquiriu o direito de suceder. Pde aceitar. No se trata de no poder se a disposio for invlida. No situao de no poder aceitar a herana. A disposio a favor tambm invlida, porque depende da validade da do substituvel. Contudo, pode-se converter a disposio a favor do substituto em instituio directa.H mais casos de no querer ou no poder aceitar. A vocao a favor do substituvel pode ser condicionada. Se um dia a condio se verificar, sendo resolutiva, considera-se que no pode aceitar. Passa para o substituto. Se no se verificar uma condio suspensiva, acontece o mesmo. Acrescem as situaes em que h pacto sucessrio feito por esposado ou doao para casamento e se verifica divrcio ou separao de pessoas e bens. O 1791 diz que os cnjuges perdem os benefcios recebidos. O n 2 diz que o autor da liberalidade pode prever que ela reverta a favor dos filhos do casal. Nestes casos, o que o autor da sucesso faz nomear uma substituio directa (JDP fala em reverso/substituio). A posio ocupada pelo substituto decalcada da posio do que no pde ou no quis aceitar.H uma hierarquia nas vocaes indirectas. Na sucesso voluntria, prevalece a substituio directa sobre o direito de acrescer (2304) e sobre o direito de representao (2041/2/a)). H uma situao prevista para a sucesso contratual: direito de representao por via do 1703/2. S se aplica caso no tenha havido determinao, pelo doador, de sucesso directa (2041/2/a) aplicado analogicamente sucesso contratual).Na sucesso legitimria, no pode haver substituio directa, j que injuntiva. A lei diz que opera o direito de representao para os descendentes (intangibilidade qualitativa da legtima). Na legtima tambm no h substituio: ela s funciona quando nada se diz e, se h substituio, porque se disse alguma coisa. A substituio directa vocao indirecta: resulta do facto de haver algum que no pode aceitar ou no quer; de haver outra pessoa que est ligada quela por vontade do de cuius.Direito de representao. Est no 2039. D-se representao sucessria quando a lei chama os descendentes de um herdeiro ou legatrio a ocupar a posio deste, porque no pode ou no quer aceitar. No h representao de cnjuge. o nico caso em que prejudicado em relao aos descendentes. O 2040 diz que tanto se d na sucesso legal como na sucesso testamentria. Mas, 1703/2, tambm na sucesso contratual. Na sucesso contratual, o objectivo de admitir pactos sucessrios favorecer o casamento (os cnjuges e os filhos). Quando h doao mortis causa de terceiro a favor de esposados, ela no caduca se existirem herdeiros legtimos desse casamento. No h problema de constitucionalidade. S a terminologia e no o regime contraria o direito constitucional. Quanto representao na sucesso contratual, s se prevem os casos de pr-morte ou comorincia. Na sucesso testamentria, os pressupostos tambm so limitados (2041). S opera quando algum no pode ou no quer aceitar, mas s nos casos previstos na lei. No est prevista a incapacidade por motivo de indignidade e (por remisso) por deserdao). No 2037/2, a contrario, l-se que no funciona quando haja indignidade. Nas alneas a) e e) (repdio e pr-morte) do 2317, salvaguarda-se o direito de representao. Nas alneas b) (no sobrevivncia a condio suspensiva), c) e d) no se salvaguarda. Nesses casos no h representao na sucesso testamentria.Rege o 2293 para casos de direito de representao de fideicomisso. A deixa casa a B, que reverte para C por morte de B. B no sobrevive a A: no pode aceitar. Ter X, seu filho, direito de representao? No (2293). O 2293/1 fala do funcionamento normal; os nmeros 2 e 3 resolvem as situaes no poder ou no querer aceitar. O n 3 para as situaes de no poder do fiducirio. No h representao para X. A substituio fideicomissria converte-se em substituio directa, para C. A substituio directa prevalece, na sucesso testamentria, sobre o direito de representao (2041/2/a)). Se for no poder do fideicomissrio, rege o n 2. A lei no prev representao. O que acontece que a propriedade do bem se consolida na esfera jurdica do fiducirio. Veja-se, tambm, o 2041/2/b): exceptua os fideicomissrios, remetendo para o 2293/2.Representao na sucesso legal. O 2042 contm norma essencial. O 2039 a regra geral. Mas limitada pelo 2042. Os casos que a lei prev: direito de representao a favor dos descendentes do filho do de cuius (1 parte) e dos descendentes dos irmos do de cuius (2 parte). Na sucesso legtima tambm assim (apesar de a 1 parte ser, prima facie, para a sucesso legitimria; j a 2 parte s pode ser na sucesso legtima). H outro caso, no 1999/2: adopo restrita. Os descendentes do adoptado restrito tambm tm direito de representao. No 2042 j est o adoptado pleno.

Os descendentes que no so de primeiro grau nunca so chamados por vocao directa, mas por vocao indirecta. Desde logo, o 2169: revela que os descendentes de 2 grau s so chamados como representantes (tal como 2040 e 2140). A lgica do direito de representao o representante ocupar o lugar do representado. O representante tem os mesmos direitos e deveres que teria o representado. Isto importante, nomeadamente no que toca colao (2104 e ss.). Presume-se que uma doao feita em vida por um pai a um filho um adiantamento do que este h de receber por morte daquele. No 2104 diz-se que os descendentes que recebem uma doao em vida esto sujeitos a colao. Se o doador morresse no dia em que fez a doao, o donatrio, porque herdeiro prioritrio, teria sucedido o que faz dele o herdeiro prioritrio presuntivo. Ora, o descendente que representa est obrigado colao, tal como o representado estaria (2106). Acontece que o descendente tambm pode receber uma doao em vida. Se o de cuius tiver feito a doao depois da morte do representado, a doao j pode ser vista como antecipao da herana (porque passara a ser o herdeiro prioritrio presuntivo).

O 2043 levanta uma questo importante. o que permite distinguir a transmisso do direito de suceder do direito de representao. Ex.: A tem filho e B e este tem filho X. B deserda X. Assim, ser que X est impedido de o representar na sucesso de A? No. Estamos a falar da sucesso de A. No direito de representao, o representante tem de ter capacidade sucessria relativamente ao de cuius. Na transmisso do direito de suceder diferente. B sobrevive a A, mas morre sem exercer o direito de suceder. X foi deserdado por B. B reunia os pressupostos da vocao. chamado, mas no exerce o ius delationis. X no poderia ser transmissrio (2058/2). O transmissrio tem de ter capacidade sucessria face ao transmitente. Tem de poder aceitar a herana deste, porque l que se encontra o direito de suceder. Discutvel se tem de ser tambm capaz face ao de cuius.

2044. A representao opera por estirpes (gerao de descendentes do representado). Cada estirpe recebe exactamente o que receberia o representado. No por haver mais cabeas que recebem mais. Recebe o que caberia ao representado e depois dividem entre si. uma excepo ao princpio da diviso por cabea. Para haver transmisso do direito de suceder, a morte tem de ser posterior do de cuius; j na representao tem de haver pr-morte. O direito de representao s opera a favor dos descendentes. A transmisso opera a favor dos herdeiros.H um caso problemtico: A tem filhos B e C. Morre no dia 1 e B morre no dia 2. B foi deserdado por A e deixou filho X. Haver direito de representao ou transmisso do direito de suceder? Para haver transmisso (B sobrevive a A), B teria de poder ser chamado. No tinha capacidade sucessria. H incapacidade: assim, h um no poder jurdico. Aplica-se vocaes indirectas, e no a transmisso. A sobrevivncia no basta para que haja transmisso. Tem de haver os restantes pressupostos da vocao. O que h direito de representao para X

Direito de acrescer. Para a sucesso legal, rege o 2137/; para a testamentria, o 2301. Se o sucessvel no puder ou no quiser aceitar, a sua parte acrescer dos sucessveis da mesma classe. Tem de haver sucessveis da mesma classe e pelo menos um que no queira ou no possa aceitar. Mas no basta. Prende-se com o problema da hierarquia das vocaes indirectas. No mbito da sucesso legitimria, h direito de representao e direito de acrescer. A substituio directa no possvel, porque a legitimria imperativa. A vocao indirecta que prevalece o direito de representao (2042). S se este no funcionar que se passa ao direito de acrescer. O 2138 diz que os artigos anteriores (sobre o acrescer) no prejudicam o direito de representao.

Quanto quota disponvel (sucesso contratual, testamentria e legtima), podem funcionar as trs vocaes indirectas. A prevalece a substituio directa (22821), j que resulta da vontade do de cuius. O 2041/2/a) determina que a substituio directa prevalece sobre o direito de representao. Segue-se este na hierarquia. Abaixo dele, o direito de acrescer (2137/2 para a s. legtima; 2301 e ss. para a testamentria). O direito de representao prevalece sobre o direito de acrescer (2138 na s. legtima; 2304 na testamentria). O direito de acrescer a ltima figura a aplicar, tanto na QI como na QD. Na s. contratual, o artigo o 944. Permite, se bem que mediante disposio expressa do de cuius nesse sentido. excepcional. Salvo no caso do 944/2 (usufruto), em que a prpria lei que admite, no possvel.H duas acepes: direito de acrescer stricto sensu e direito de no decrescer. Este o mais usual. O direito de acrescer stricto sensu o que implica aceitao do benefcio de acrescer. No direito de no acrescer, os sucessveis no dizem nada. Beneficiam automaticamente daquela parte. S h puro direito de acrescer quando o sucessvel tem de se pronunciar (2306, nico caso; os restantes casos so de acrescer automtico).

Pressupostos do acrescer. Tem de haver designao conjunta (no necessariamente simultnea: posso ter herdeiro testamentrio de 2001 e outro de 2002). Tem de haver sucessvel que no quer ou no pode aceitar. No pode funcionar o direito de representao (na legitimria) ou substituio directa e direito de representao (na QD). Ex.: A tem filhos B e C. B morre antes de A. B no tem descendentes. No se pode fazer funcionar a representao. Mas a no sobrevivncia no pressuposto do direito de acrescer na sucesso legal. Uma pessoa morta no conta. A herana vai para C. As pessoas mortas s contam quando tenham deixado descendncia. No caso, o valor da QI (1/2 s um filho, 2039/2). A lei fala de existncia fsica. O B no existe fisicamente. Quem no existe no pode ser contado. No se faz uma QI de 2/3, mas de . O mesmo se no houver cnjuge. A e B, casados, tm filhos C e D. B morre em 2001, A em 2002. B no sobrevive a A. 2042: no vai haver representao para C e D. No se prev representao para os descendentes do cnjuge. Tambm no haver acrescer para C e D. No 2039/2, a lei diz no havendo cnjuge sobrevivo.O repdio pressuposto do direito de acrescer. Se B repudiar e no tiver descendentes, a sua parte acresce de C.

Problemticos so os casos de deserdao e indignidade. A tem filhos B e C. B foi deserdado. B existe, mas no tem capacidade sucessria. Se tiver deixado descendentes, haver representao. No havendo, passamos para o direito de acrescer. Oliveira Ascenso diz que a incapacidade sucessria no pressuposto do direito de acrescer na sucesso legal. Pamplona e JDP dizem que . Para O.A., relevante porque B no tem existncia jurdica. L esse Autor, no 2039/2, existncia fsica e jurdica. Para O.A., a QI seria de . D o mesmo tratamento que no sobrevivncia em termos fsicos. O mesmo diz quanto a casos de indignidade. Pamplona e JDP dizem que a QI ser de 2/3, j que a existncia apenas fsica. O facto de no ter capacidade sucessria significa que no pode suceder. A parte de B acresce de C. A incapacidade sucessria , para estes AA., pressuposto do direito de acrescer.

Na sucesso testamentria, regem o 2302 (legatrios) e 2301 (herdeiros). O 2301 diz que, para que haja acrescer, preciso que os legatrios sejam nomeados para o mesmo bem. condio essencial. Na sucesso testamentria, funcionam os casos de no poder, de repdio, de deserdao e indignidade e de no sobrevivncia. Na sucesso contratual (944), s se o de cuius o disser. Tem, muitas vezes, de se aplicar por analogia as regras da sucesso testamentria sucesso contratual, nestes domnios. O acrescer funciona dentro de cada ttulo de sucesso. No h acrescer entre herdeiro legal e herdeiro testamentrio, p. ex.Funcionamento do direito de acrescer. No 2041 fala-se da sucesso do cnjuge na falta de descendentes. A casado com B e tem filhos C e D, indignos. H concurso entre cnjuge e descendentes, mas estes no podem ou no querem aceitar por motivo diferente de pr-morte. O 2143 fala da situao em que h cnjuge em concurso com ascendentes. Nesta situao, s se um dos ascendentes no quiser que a sua parte acresce ao outro. S acresce legtima do cnjuge se ambos repudiarem (primeiro d-se o acrescer entre ascendentes).Na sucesso testamentria e na sucesso contratual (que tambm admite acrescer), h, regra geral, acrescer entre legatrios ou entre herdeiros. O 2303 no um caso de acrescer. , sim, uma situao de caducidade. O 2306, 1 parte, diz que a regra geral que, quando algum repudia, o outro acresce automaticamente, sem necessidade de nova aceitao. Se A deixa a B e a C, tendo a de C um encargo; se C repudiar, a sua parte no acresce automaticamente a B, j que tem um encargo. mais uma excepo ao princpio da indivisibilidade da vocao. Se no houvesse o encargo, no seria necessria nova aceitao.Tal como nas outras vocaes indirectas, o 207 diz que os sucessveis que acrescerem tm uma dupla relao: com o de cuius e com a pessoa cuja posio ocupam, adquirindo os seus direitos e obrigaes. Quando se l o 2301, h uma questo que diz respeito a saber se o acrescer opera proporcionalmente ou no. As regras do acrescer esto mais desenvolvidas na sucesso testamentria: poder-se- estend-las legal? O 2301/2 diz que, se as quotas forem desiguais, a repartio proporcional. Ex.: A no tem legitimrios e atribui a C, a D e a E. Se D repudiar, E recebe o dobro do que recebe C. O 2302/2, quanto aos legados, remete para o regime do artigo anterior. Na QD vale sempre a vontade do de cuius: se o de cuius no quiser, o acrescer no ser proporcional. O de cuius pode estabelecer repartio diferente. Com VTH de 1000, E recebia 500, C e D 225 cada um. Se fosse pela lei, com o repdio de D, E receberia 2/3 dos seus 225 e C 1/3.Outra questo que se coloca a de saber se a proporcionalidade se aplica na sucesso legal. Se A casado com B e tem quatro filhos ou mais, o cnjuge tem direito a impreterivelmente (2139/1, 2 parte). Se um dos filhos no quiser e se no houver representao, como se divide? Proporcionalmente ou por cabea? Na sucesso legal, h situaes em que h desproporo. JDP entende que no deve haver proporcionalidade. A norma que atribui mais ao cnjuge , explica, excepcional. Prope, pois, que se divida por cabea. H quem diga que o cnjuge j est, naqueles casos, em vantagem, no devendo receber nada nesta sede. Oliveira Ascenso considera que o que existe acrescer proporcional. da quota do filho que repudiou vai para o cnjuge, sendo os restantes divididos pelos filhos [EU: para fazer verdadeira diviso proporcional, ter-se-ia de encontrar a medida da diferena entre a quota do cnjuge e a dos filhos, para que essa medida servisse de parmetro para a diviso do acrescer].2306/2. Ex.: A deixa a X e a Y, mas este tem um encargo a favor de M. Se Y repudiar, X s acrescer se aceitar. O 2306/2 diz que, quando h repdio da parte onerada com encargo, a deixa vai para a pessoa a favor de quem era imposto o encargo. No basta que o Y tenha repudiado, porque ele o pode fazer por muitos motivos. A converso para M s funciona quanto o motivo do repdio seja o baixo valor da disposio onerada com encargo. Como se sabe? Se houver dois repdios. Y repudia, chama-se X. Se X quiser, fica com tudo. Se tambm repudiar, provavelmente porque a disposio no atractiva. Nesse caso, fica para M. necessrio um duplo repdio, apesar da letra da lei. No h acrescer de herdeiros sobre legatrios. H, sim, um caso (o descrito agora) de acrescer de legatrios sobre herdeiros.Substituio fideicomissria. O fiducirio conserva os bens para que, por sua morte, passarem ao fideicomissrio. Tambm se aplica aos legados (2296) e na sucesso contratual (1700/2). A substituio directa tambm aceita na sucesso contratual, por maioria de razo. Na substituio fideicomissria h duas vocaes sucessivas: no momento da morte do de cuius e no momento da morte do fiducirio. A vocao do fiducirio termina no momento em que morre. Est sujeita a termo incerto (sabe-se que acontecer, s no se sabe quando). O fideicomissrio tem uma vocao sujeita a condio suspensiva: sobreviver ao fiducirio. A vocao do fideicomissrio subsequente, mas no opera retroactivamente. No apagamos a posio do fiducirio.A substituio fideicomissria tambm se aplica s doaes em vida (962). No mbito sucessrio, s na contratual e testamentria. Na legitimria no, porque ela injuntiva, e por causa do princpio da intangibilidade qualitativa da legtima (no posso impor encargos) s na eventual aplicao analgica da cautela sociniana (veremos depois). J a sucesso legtima supletiva: a substituio fideicomissria uma manifestao de vontade. O 2295/2 fala no fideicomisso irregular. No est em causa substituio fideicomissria na sucesso legtima, mas de integrao de lacuna do testamento.Modalidades. H semelhana com a sucesso directa. Pode haver substituio fideicomissria num ou mais graus. Quando h dois graus (h dois fiducirios), a lei diz que invlida. So nulas as disposies, mas apenas parcialmente. O segundo fiducirio passa a ser o fideicomissrio. S se admite um grau para evitar que haja um bem fora do comrcio demasiado tempo, j que o fiducirio no pode dispor livremente do bem.O fideicomisso pode ser singular ou plural. A atribui x a B e este, por sua morte, tem de o entregar a C e D (pluralidade de fideicomissrios). Ou entrega x a B e C para que estes, por sua morte, o entreguem a B (pluralidade de fiducirios).Pode ser regular: a que est no 2286. Atribui-se o bem a um fiducirio, que dele no pode dispor, e este, por sua morte, passa-o ao fideicomissrio. Pode, contudo, faltar a parte em que se diz que o fiducirio no pode dispor do bem. Por exemplo, fideicomisso de residuo: A deixa x a B e, por sua morte, C fica com o que sobrar do bem. Pode faltar a parte relativa reverso: diz-se s que B, fiducirio, no pode dispor do bem. Os fideicomissrios sero, nesse caso, os herdeiros legais do de cuius. O 2295/1 fala, pois, de substituies fideicomissrias irregulares. A lei integra a lacuna, no se trata de substituio fideicomissria na sucesso legtima. Igualmente (alnea c)), a substituio que inclua uma pessoa colectiva vista como fideicomisso irregular.Isto funciona como um jogo. Desde logo, o fiducirio tem a sua vocao sujeita a termo incerto; o fideicomissrio tem a sua sujeita a condio suspensiva. O fiducirio tem de sobreviver ao de cuius. O fideicomissrio tem de sobreviver aos dois (2293). Se o fiducirio no sobreviver ao de cuius, os bens ficam para o fideicomissrio. No h direito de representao, mas converso do fideicomisso em substituio directa. Se B e C morrem ao mesmo tempo, depois de A, quem fica com os bens so os herdeiros do fiducirio, porque C tinha de sobreviver ao B. Pode o de cuius, todavia, ter dito algo. Pode ter nomeado fiducirios em alternativa (substituio directa de fiducirios). A no se aplica o 2293, mas a vontade do autor da sucesso.Pode acontecer que A morra s 15h00 e B e C s 15h01. H, nesses casos, transmisso do direito de suceder. C no sobreviveu aos descendentes de B: B transmitiu a estes o direito de suceder a A. Assim, os herdeiros do fiducirio passam a ser proprietrios definitivos do bem (o fiducirio sobreviveu ao de cuis, adquirindo o direito de suceder; o fideicomissrio no sobreviveu ao fiducirio; o fiducirio tinha descendentes). A substituio fideicomissria combina-se com a substituio directa e pode haver casos de transmisso do direito de suceder.

Ao fiducirio aplica-se o regime do usufruturio. Ele no considerado como usufruturio, mas proprietrio temporrio. Tem os bens, mas est limitado na disposio dos mesmos. S pode alienar mediante autorizao judicial.Perante situaes de no poder ou no querer aceitar do fiducirio, rege o 2293/3: no h representao para os seus descendentes. O fideicomisso converte-se em substituio directa. Se for situao de no poder ou no querer do fideicomissrio, rege o 2293/2. a vocao deste sucessiva, s sucede com a morte do fiducirio. Tem de sobreviver aos dois. Se no, o fiducirio passa a proprietrio definitivo do bem (consolidao). Se o de cuius morrer no dia 1 e o fiducirio no dia 2, a vocao deste concretizou-se. Morre sem exercer o direito de suceder. A figura que se aplicaria (2058) seria a da transmisso do direito de suceder. O descendente exerceria o ius delationis do fiducirio. Mas tem o mesmo direito que o fiducirio: neste caso, apenas por um dia. O bem passa definitivamente para o fideicomissrio. O descendente do fiducirio tem apenas direito aos frutos produzidos pelo bem naquelas 24 horas.Clculo da legtima objectiva. A Escola de Lisboa (Oliveira Ascenso, Antunes Varela, JDP) e a Escola de Coimbra (Capelo de Sousa, Guilherme de Oliveira) divergem quanto ao 2162. Lisboa faz uma leitura literal do artigo: relictum + donatum passivo. Coimbra faz relictum passivo + donatum (inverte os factores). Tem relevncia nos casos em que o passivo maior do que o activo (herana deficitria). Ex.: R=60, P=100, D=50. Seguindo Lisboa, 60+50-100=10; seguindo Coimbra, 60-100+50. Os credores s se podem satisfazer at s foras da herana. Os 40 de dfice ficariam por pagar. Ficaria a 0. A herana seria igual ao donatum (50). O valor superior. Os credores ficam por satisfazer em 40. Os donatrios no podem ser sacrificados pelo passivo. O passivo s pode recair sobre o relictum. Protege mais os legitimrios. Se houvesse um filho (1/2 do VTH), caber-lhe-ia 5 com Lisboa e 25 com Coimbra. uma tese que assenta no Cdigo de Seabra. Hoje, foge letra da lei.Em qualquer das teses, os credores nunca recebem mais do que o relictum. O que o credor pode fazer atacar as doaes nos termos gerais da impugnao pauliana. A inoficiosidade (direito das sucesses) serve para proteger legitimrios, e no credores.Legtima objectiva. O valor da QI varia consoante o nmero de sucessveis que so chamados. O cnjuge sozinho implica uma QI de . Se concorrer com descendentes, de 2/3 (2159/1). Se concorrerem s descendentes (2159/2), ser de (s um filho) ou de 2/3 (mais do que um). Se concorrem cnjuge e ascendentes (2169/1), ser de 2/3. Se concorrerem apenas ascendentes, varia consoante o grau: pais, ; avs, bisavs, 1/3.Sabemos quem chamado analisando os pressupostos da vocao. A tem filhos B e C. Se B morrer antes, a QI s metade (s conta C). O que varia se B tiver deixado filho D: este representa-o, sendo a QI, nesse caso, de 2/3. Calcula-se a QI como se B estivesse l. Nunca h direito de acrescer. A pr-morte no pressuposto de direito de acrescer na sucesso legal. O. Ascenso aplica isto a situaes de incapacidade sucessria. Trata a situao como se fosse no sobrevivncia. No conta com B. Existir, defende, tambm existir juridicamente. A QI seria de .JDP e Pamplona no defendem esta interpretao (2159/2 diz cnjuge sobrevivo). A QI ser de 2/3 se B for incapaz. Conta-se com ele. Sem D, a sua parte acresce a C.Liberalidades e sua imputao. Varia consoante os beneficirios. Liberalidades em vida feitas a descendentes. O instituto que resolve (2104 e ss.) o da colao. H uma finalidade de igualao. A colao funda-se na ideia de que o de cuius, ao doar algo a um filho, no o quer avantajar face aos outros filhos, mas apenas ajud-lo no momento em causa. No quer que saia privilegiado face aos demais. o que a lei presume. Assim, trata-se de uma mera antecipao daquilo que tem direito a receber por sua morte. uma presuno ilidvel o de cuius pode dizer o contrrio. A colao supletiva (2113, que fala na dispensa de colao). No acto da doao, p. ex., pode-se dizer que se quer beneficiar o filho face aos outros.mbito subjectivo da colao. Pela letra da lei, quem est obrigado a colao so os descendentes (filhos, netos, etc.). A lei ressalva (2105) que tem de se ser descendente prioritrio data da doao. Analisamos se o donatrio seria chamado em primeira linha se o doador morresse naquele dia. Se sim, est preenchido o mbito subjectivo da colao. S se considera que a doao antecipao da herana se a pessoa tivesse herana a receber. Na sucesso legal, pelos 2131-35, descobrimos quem prioritrio. Tendencialmente, uma doao a um filho est sujeita a colao.Ex.: A tem filhos B e C e neto D. Faz uma doao em vida a B em 2000. A morre em 2010. Se A morresse em 2000, os filhos seriam chamados (2133/1/a) e 2135). A doao em vida a B pode ser vista como mera antecipao do que receberia por morte de A. Se a doao em vida fosse a D em 2001, no estaria sujeita a colao. O 2104 diz descendentes, mas o 2105 fala na prioridade. Se B fosse deserdado em 1999, a mesma doao de 2001 j estaria sujeita a colao. A j sabia que quem lhe sucederia seria o neto, por vocao indirecta (ao lado de C, por vocao directa).Alm dos descendentes prioritrios, o 2106 alarga o leque: o representante do donatrio e o transmissrio do direito de suceder. A fez doao em vida a B em 2000; em 1999 havia sido declarado indigno. Em 2000, contudo, no tem capacidade sucessria. Mas D, seu filho, concorre em sua representao. D (2106) vai ter os mesmos direitos e deveres que B teria. A doao estaria sujeita a colao. Se fosse situao de pr-morte sem aceitao, o direito de suceder de B transmitir-se-ia para D. Como transmissrio, obrigado a conferir a doao.2128 - o adquirente da herana ou quinho hereditrio. Se o quinho hereditrio estivesse sujeito a colao, o adquirente tambm teria a obrigao. Igualmente, os credores do descendente donatrio obrigado colao (2067). Ficam de fora os outros legitimrios que a lei contempla. Os ascendentes, pacfico, no esto, por lei, obrigados colao. Quanto ao cnjuge, h dissenso. O. Ascenso entende que sim, quando concorre com descendentes (h lacuna na lei, desde 1977, reforma que passou a contemplar o cnjuge como legitimrio). Pereira Coelho: a letra da lei no exige, apenas quanto a descendentes. O cnjuge tem posio jurdica sucessria privilegiada. Pamplona e JDP entendem que o cnjuge no est sujeito a colao, mas defendem imputao na QI.Quem beneficia do instituto da colao so os sucessveis da mesma classe que aquele que est sujeito a colao.mbito objectivo. S as doaes em vida est, pela lei, sujeitas a colao (2104). S fala de bens ou valores doados. A expresso restituio deve ser lida como imputao: s o donatrio em vida pode restituir, porque j tem o bem nas suas mos. O 2104/2 remete para o 2110: despesas que os pais faam com os filhos (1), excepto nos casos do n 2 (alimentao, vesturio, educao, casamento, etc., desde que sejam razoveis para o padro de vida da pessoa em causa). O 2111 determina que os frutos dos bens doados produzidos aps a abertura da sucesso tambm tm de ser conferidos. De fora, ficam os do 949/2.O 2112 tem por ratio a proteco do donatrio. Se a coisa doada tiver sido destruda por causa no imputvel ao donatrio, no est sujeita a colao. O valor a ter em conta para colacionar (2109/1) o que o bem tinha data da abertura da sucesso, sendo (561) o valor pecunirio actualizado. Mas tambm os frutos se contam. o valor do fruto menos as despesas que teve para os alcanar.O 2107 no tem a ver com a doao em vida feita ao cnjuge do de cuius. Fala da doao a cnjuge de herdeiro legitimrio (nora, genro).2117. Se um pai e me, casados em regime de comunho de bens, doarem um bem comum, o bem avaliado data da abertura da sucesso, sendo metade desse valor o que o filho colaciona nessa altura. Quando o outro morrer, colaciona-se a outra metade.Pressupostos. Tem de estar preenchido o mbito subjectivo e objectivo; o descendente em causa tem de concorrer efectivamente sucesso, ou algum por ele; no haver dispensa de colao (2113). Se houver dispensa de colao , a doao imputada na QD (2114/1). O ltimo pressuposto haver pluralidade de concorrentes sucesso. S nesse caso se verifica a necessidade de igualao. No h discriminao.Dispensa de colao (2113). Pode ser feita no acto da doao ou depois. A pode doar em 2000 e, num testamento de 2001, declarar que a doao estava dispensada de colao ou que foi para avantajar o descendente. Do 2113/3 consta uma presuno. Discute-se se ilidvel (Carvalho Fernandes) ou inilidvel (Pamplona e Paula Barbosa). O artigo diz que se presume sempre. Ser, por isso, inilidvel.A dispensa pode ser expressa ou tcita. O que se discute se pode ser revogada. Se tiver sido feita por testamento, negcio unilateral revogvel, ningum discute que pode ser revogada. Quando seja na prpria doao, negcio bilateral, mais delicado. H quem diga que s com mtuo consentimento (406). Pamplona e Paula Barbosa dizem que livremente revogvel. Pamplona fala numa natureza mortis causa da dispensa. Se a colao for dispensada, a imputao na QD. O de cuius tem, para este A., disponibilidade absoluta sobre a partilha. Paula Barbosa ressalva que h proteco a assegurar ao donatrio. A pessoa achava que ia ser imputada na QD. Colao. Baseia-se na ideia de que, quando algum tem filhos e faz doao a um deles, pretende que os outros no fiquem em desvantagem. Um dos filhos recebe doao em vida que os outros no recebem. Assim, olhando para a herana legtima, distribuir-se- de forma desigual para os compensar. Se a QD de 100 e A recebe 50 de doao em vida e B nada, A deve receber 25 e B 75 na QD. Assim, ficaro 75 para cada um ((100+50) / 2 =75). O 2108 diz que a colao pode funcionar de duas maneiras. Uma delas a imputao (a doao em vida ser imputada na quota hereditria legal do legitimrio); outra a devoluo dos bens em causa (a pessoa devolve o bem herana, desaparecendo a vantagem). Normalmente, imputa-se. A restituio anacrnica.H dois mtodos. Daniel Morais entende que um mais simples no final, mas mais complexo no incio (mtodo da quota hereditria legal), e o outro mais complexo, mas parecendo mais simples (mtodo das tentativas). A colao funciona como distribuio de uma herana legtima corrigida. S se faz igualao quando exista quota disponvel livre. S funciona com a sucesso legtima. Se no houver, um dos filhos recebe mais do que outro, simplesmente. O 2108/2 diz que as doaes no so reduzidas se houver inoficiosidade. S se faz colao com o que h.JDP d sete exemplos. A tem filhos B e C. Doou em vida 50 a B. H um testamento a T no valor de 4 O relictum 40, o passivo 0. VTH = 40 + 50 0 = 90. A QI de 60, a QD de 30. A legtima subjectiva de cada filho de 30. A doao no dispensada de colao no uma vantagem, mas uma antecipao da herana. Se for vantagem porque est dispensada de colao. Como antecipao, , desde logo, antecipao da herana legitimria. Imputamos a doao na legtima subjectiva. Imputa-se 30 na QI e o excesso (20) na QD relativa a B. O primeiro passo de descobrir a quota disponvel livre. Equivale a 30 20 + 4 = 6. Se no houver colao, pegamos nos 6 e dividimos por B e C. Contudo, havendo, para que fiquem iguais, fazemos uma herana legtima corrigida. Distorcemos a situao normal (diviso por cabea), atravs do clculo da quota hereditria legal. No fundo, soma-se a doao quota disponvel livre e divide-se pelos filhos. Assim, encontramos quanto cada um deveria receber. Divide-se, depois, em funo disso.A colao tem duas fases: imputao (da doao ao legitimrio) e igualao. S h problema de igualao quando o valor da doao passa para a QD. Se a doao fosse de 30, imputaramos tudo na QI. Como h uma parte da doao que extravasa, h desigualdade. No podemos dividir por cabea. Equilibramos fazendo a herana legtima corrigida ou (JDP) fictcia: contamos com abstraces. este o segundo passo. A Herana Legtima Fictcia = Quota Disponvel Livre (6) + Desigualdade (20, parte da doao imputada na QD). D 26. o somatrio da herana legtima normal e da vantagem em que o legitimrio est em relao ao outro. A herana legtima dividida por cabea. O terceiro passo a diviso por cabea. Dividimos 26 por 2, que d 13. Seria o que cada um teria a receber para ficarem iguais. O quarto passo: a lei fala da quota hereditria legal. Esta o resultado da herana legitimria e legtima. Aos 13 temos de somar o valor da legtima subjectiva (30). Seria 30 mais a parte a que tm direito na herana legtima corrigida (13). D 43. Olhando para a quota hereditria legal, quando o valor da doao lhe superior, nunca haver igualdade. Como a doao 50 e a quota hereditria legal 43, B j recebeu mais. Assim, a nica coisa que faz sentido dar os 6 a C. B fica com 50 e C com 36 (30 de legtima subjectiva mais 6 de sucesso legtima). a chamada igualao possvel.O cnjuge no est sujeito a colao. O. Ascenso entende que h lacuna. Mas a doutrina maioritria (JDP, Pamplona, Pereira Coelho) entende que no. Contudo, no se pode tirar ao cnjuge a herana legtima s para que os filhos fiquem iguais. O cnjuge no pode ficar prejudicado com a colao. o objecto do 2 exemplo. A casado com D e tem filhos B e C. A doa em vida 40 a B. H um testamento a T no valor de 4. Relictum = 50, passivo 0. VTH = 50 + 40 = 90. A QI de 60, a QD de 30. Cada legtima subjectiva de 20. A doao a B excede em 20 a sua legtima subjectiva. O cnjuge, contas feitas, beneficiado. A quota disponvel livre 30 20 + 4 = 6. 2 passo, herana legtima fictcia = quota disponvel livre (6) + vantagem de B (20) = 26. 3 passo, diviso por cabea = 26/3 = 8,66 (dividimos por 3 porque o cnjuge, herdeiro legtimo, tambm conta). A herana legtima fictcia , aqui, alargada, pelo que o cnjuge tambm beneficiado. 4 passo, achar a quota hereditria legal. a legtima subjectiva (20) + a herana legtima fictcia (8,66) = 28,66. o valor que, idealmente, corresponderia a cada um. Quando o valor da doao ultrapassa isto, a igualao no possvel. A doao foi de 40, ultrapassando os 28,66.No se pode afastar o cnjuge, que tambm herdeiro legtimo. B j no recebe mais nada. Dividem-se os 6 por cabea: 3 para o cnjuge e 3 para o outro filho.O 3 exemplo de igualao absoluta. A tem filhos B, C e D. Doa 26 a B; testamento a T de 9; VTH 90; QI 60 e QD 30. Cada filho recebe 20 de legtima subjectiva. A QDLivre igual a 30 26 + 9 = 15. A HLFictcia = quota disponvel livre (15) + vantagem de B (6) = 21. 3 passo, diviso por cabea: 21/3=7. 4 passo, QHLegal: legtima subjectiva (20) + parte da herana legtima fictcia (7) = 27. A igualao vai ser absoluta. O valor da doao inferior ao da QHLegal. B j recebeu 26 (sendo que 6 foram na QDLivre). Damos-lhe mais 1 (fica com 7). Aos outros dois damos 7. Recebem, no final, 27 cada um.O mtodo das tentativas diferente. A QDLivre era 15. O 2 passo acabar com a vantagem. B estava em vantagem de 6. Damos 6 a C e 6 a D. Abre-se a sucesso normal e divide-se por cabea. O que sobrava era 3 (15-6+6). Damos 1 a cada filho (3/3). 6 +1 igual a 7. 27, no fim, para cada um. Igualao absoluta.Quando a igualao no possvel, como se faz? Voltemos ao primeiro exemplo. A legtima subjectiva era 30. a doao era 50. Imputam-se 20 na QD. O testamento era de 4. a QDLivre era 30 24 = 6. Damos os 6 ao C.

Imputao de liberalidades (cont.). 2114/2. No h colao nesses casos. Existe mera operao de imputao. A colao obriga, tambm, a igualao. Imputao s o enquadramento da liberalidade. O 2114/1 abrange o caso de, p. ex., A fazer doao em vida a B, um dos seus descendentes, mas B repudiar a sucesso de A. No concorre sucesso e no tem representantes. O 2114/1 s se aplica se no houver descendentes e houver repdio. Recebera a doao, que no esquecida no momento da partilha. onde a imputamos? Como hiptese, poderamos imputar na QD, j que B no teria direito a legtima subjectiva. O 2114/2, contudo, diz que se ficciona o concurso de B: apuramos a sua legtima subjectiva, imputando a a doao. O potencial excesso que se imputa na QD. A lgia do 2114/2 preservar ao mximo a QD. Evitar a tentativa de fuga imputao. No se tem de fazer igualao. Se houver excesso, fica assim. a QD livre dividida pelos legtimos (a parte do legtimo que repudiou acresce aos restantes). Se a doao for menor do que a legtima subjectiva, a diferena acresce para os outros legitimrios (2137/2).

O 2114/2 aplica-se tambm, analogicamente, aos casos de incapacidade sucessria. A lei apenas fala em repdio. Contudo, integra-se a a lacuna. Se B tiver sido deserdado ou declarado indigno, tendo recebido doao em vida antes, a doutrina entende que est em causa comportamento voluntrio do incapacitado. sancionado desta forma. Tambm o repdio um comportamento voluntrio do donatrio legitimrio.

H quem entenda que nos casos de no sobrevivncia do donatrio tambm se aplica, dada a necessidade de preservao da QD. Mas como no um comportamento voluntrio, no tem correspondncia mnima com a letra da norma.

Ascendentes e cnjuge. Uma doao em vida feita a um ascendente imputa-se onde? Um grande argumento a favor da imputao na legtima subjectiva o da preservao da QD, porque, se se imputar na QD j no se consegue imputar tanto as liberalidades feitas a terceiros. O segundo elemento a ponderar a interpretao das liberalidades: sero antecipaes da herana? Os ascendentes no sobrevivem, normalmente, aos filhos. Quanto ao cnjuge, no h fundamentos de facto para justificar uma tese ou outra. Pamplona e JDP defendem a imputao na legtima subjectiva. Nada na lei obriga a isso, j que no h norma sobre estas liberalidades.

O primeiro critrio a que devemos atender o da vontade do de cuius: o que ele disse. S se nada disser que se passa para aquelas consideraes. O de cuius pode, em qualquer momento da sua vida, pronunciar-se a propsito do sentido da sua liberalidade se vier a dizer que sujeita a doao em vida ao seu pai quota hereditria legal deste, est a sujeit-la a colao. Pode faz-lo.

Quanto s doaes em vida ao cnjuge, h dois caminhos possveis: imputao na QD (Pereira Coelho, Paula Barbosa) ou na legtima subjectiva (PCR e JDP). O 2114/1 , por vezes, usado para tentar resolver. Mas no soluciona. Est ligado ao 2113: dispensa de colao, que s se aplica em relao aos descendentes, pela letra da lei. a doao ao cnjuge mais complexa. Este tem posio paritria com os descendentes. O 2107 no resolve. Fala nas doaes a cnjuges de herdeiros legitimrios (nora, genro).O cnjuge s legitmo desde 1977. A partir do momento em que se fez essa reforma, liberalidades que receba levantam problemas. JDP encabea a primeira corrente doutrinria: a doao deve ser sujeita a imputao quando concorra com descendentes. Para O. Ascenso e Capelo de Sousa haver sujeio colao: h lacuna na lei quanto a doaes em vida ao cnjuge. Aplica analogicamente o regime da colao. H lacuna porque s surge como legitmo em 1977. O legislador no mexeu nas regras da colao. Estando no mesmo patamar que os descendentes, para equilbrio da partilha tambm deve ser sujeito a colao, at porque tambm pode ser interpretada como antecipao da herana. O mapa da partilha varia consoante a posio adoptada.

A fez doao em vida a B, seu cnjuge, no valor de 25. C e D so descendentes. Para O.A., a doao imputao na legtima subjectiva de B e o potencial excesso na QD, sujeito a igualao. Com uma QI de 60 (20 B, 20 C e 20 D), e QD de 30, imputamos 20 na legtima de B e 5 na QD. Ficam 25 de QD livre. D-se 5 a C e 5 a D. Sobram 15, que se dividem pelos 3 legtimos.

Para JDP, sujeitar a colao algo gravoso. pior do que imputar na QD. Dizer que h uma lacuna penalizar o cnjuge. No temos base na lei para o fazer. Os trabalhos preparatrios de 1977 revelam que se discutiu este problema, mas que a comisso entendeu no tomar posio. No se tratou de esquecimento. Mas no se pode imputar directamente na QD. JDP defende imputao na legtima subjectiva do cnjuge, mas o possvel excesso no est sujeito a igualao. O mapa ser diferente. B, C e D recebem 20 de legtima subjectiva cada. Descontamos a doao na legtima de B. O excesso 5, que se imputa na QD. Fica uma QD livre de 25. No se iguala. Os 25 livres so divididos por 3, a ttulo de sucesso legtima. O cnjuge fica avantajado em 5.A terceira tese a de Pereira Coelho. No h norma na lei. Imputar na legtima subjectiva no imposto pela lei, to-pouco a sujeio a colao. Nada foi dito. Donde, tem de se pensar na liberalidade. A doao em vida ao cnjuge uma vantagem para o cnjuge. No h razo para no o discriminar face aos descendentes, j que s h um cnjuge. A doao imputada directamente na QD. algo para alm da quota a que tem direito por lei. A QD livre, nesta soluo, de apenas 5 (30-25), que se dividem pelos trs herdeiros legtimos.A tese mais penalizadora do cnjuge a de O.A. A tese intermdia a de Pamplona e de JDP. A mais favorvel a de PC. No total, recebe muito mais do que os descendentes. a tese que pode suscitar mais inoficiosidade. Se houver um testamento, p. ex., que, com a doao, ultrapasse a QD, o terceiro a contemplado que prejudicado (2171). Na tese de O.A. consegue-se salvar mais facilmente a liberalidade a favor de terceiro, tal como na de Pamplona/JDP.

Paula Barbosa no subscreve qualquer das teses. Entende que no h lacuna. A doao em vida ao cnjuge vantagem. Deve ser imputada na QD. Se o de cuius nada disser em contrrio, imputa-se na QD. Mas h um caso em que a doao deve estar sujeita a imputao na legtima subjectiva: quando concorra com descendentes efectivamente sujeitos a colao. Porqu? Por preservao do equilbrio da partilha e o propsito de igualao. Poderia frustrar a tentativa de igualao que a colao visa garantir entre os descendentes se se imputasse, nestes casos, na QD. Foi o que defendeu na sua tese de mestrado. Se houver possibilidade de fazer igualao, impe-se o nus ao cnjuge. Outro argumento: o cnjuge reflexamente beneficiado com a colao de doaes em vida a descendentes.Doaes manuais (com entrega da coisa) e doaes remuneratrias (para pagar servio) presume-se, diz a lei, que so puras vantagens, imputveis na QD.

Doaes em vida a um s descendente. A tem filho B e faz doao em vida. No h colao, porque no h necessidade de igualao. E imputao? Na legtima dele ou na QD? Pamplona entende que ela pode ser vista como antecipao da herana. Se imputarmos na QI, sustenta, preservamos a QD para outras liberalidades. Porm, no h norma na lei sobre isto: pode-se defender que imputvel na QD. No h soluo nica.O princpio da intangibilidade da legtima tem duas vertentes: qualitativa e quantitativa. O 2163 diz que no se pode preencher a legtima do herdeiro sem o seu acordo. Defender que uma doao em vida a legitimrio prioritrio imputvel na sua legtima pode colocar em causa o princpio da intangibilidade. Ele no deu o seu acordo. Nos casos em que h dvidas (filho nico, cnjuge, ascendente), o donatrio no sabe se h ou no colao. No deu o acordo para que fosse imputada na sua legtima subjectiva.

A doao ao cnjuge tem um regime especial, que deve ser ponderado. A doao entre casados livremente revogvel. Uma das formas de responder a quem defende que a doao ao cnjuge imputada na legtima subjectiva dizer que no faria sentido que o doador pudesse revogar a todo o tempo.A partilha em vida tem por objectivo evitar as disputas que muitas vezes surgem com a partilha depois da abertura da sucesso. Uma maneira de resolver seria ficcionar a abertura da sucesso, realizando a partilha em vida do de cuius. uma forma de antecipao sucessria. O mecanismo da partilha em vida traz mais dificuldades do que as que resolve: pela complexidade da figura, pela falta de regulao. Consta do 2029: no havido por sucessrio o contrato pelo qual algum faz doao entre vivos () de todos os seus bens ou parte deles a algum ou alguns dos presumidos herdeiros legitimrios, com o consentimento dos outros, e os donatrios pagam ou se obrigam a pagar a estes o valor das partes que proporcionalmente lhe tocariam nos bens doados. Se o patrimnio for uma casa, atribuo a casa a um dos filhos e este tem de dar aos restantes o que lhes caberia (tornas). No havido por sucessrio: se fosse, seria um pacto sucessrio. H grande proximidade entre a partilha em vida e os pactos sucessrios. Hoje, com a complexidade das relaes jurdicas familiares, teria interesse pensar que uma regulao da sucesso por acordo pudesse ser mais eficaz do que uma regulao por imposio (Daniel Morais).

No temos pacto sucessrio, mas temos muitas das preocupaes subjacentes: evitar conflitos, permitir regulao bilateral da sucesso. A partilha em vida um contrato complexo que baseado numa ou mais doaes em vida. No pacto sucessrio, porque no incide sobre herana j aberta. Se fossem resolvidas algumas dificuldades, seria uma figura particularmente interessante. Tem importncia prtica, mas os problemas que gera limitam-na.

Regime (2029/2 e 3). Torna a parte que uma pessoa recebe de um determinado bem. A partilha em vida tem subjacente uma ideia de definitividade. Os bens que o de cuius adquire depois da partilha em vida esto fora da partilha: so distribudos com a partilha depois da morte. Antecipar a sucesso fazer uma fico. A sucesso no se abriu. No h limite de idade (mximo ou mnimo). Entre o momento da partilha e o da abertura da sucesso pode acontecer muita coisa. H AA. franceses que entendem que, em vez de evitar conflitos, esta figura cria desavenas.

Os bens que foram includos na partilha j no levantam problema no momento da morte. A lei diz que se tem de chamar todos os herdeiros legitimrios, sob pena de se ter de fazer tudo o novo se aparecer um novo. A doao em vida feita a um legitimrio tem de ter o consentimento dos restantes. H uma ideia de definitividade quanto aos bens includos na partilha em vida. Mas estes podem-se valorizar. Ex.: A tinha filhos B, C e D. Naquela data, tinha um mvel que valia 900. Doou-o, em vida, a B (a partilha em vida contrato complexo, porque tem a doao e a obrigao de pagar tornas aos outros). A parte dos outros seria 1/3 cada. B tinha de pagar a cada um 300. Se pensarmos que o imvel pode passar a valer 1800, B so beneficiado. H AA. (Pamplona, JDP) que dizem que no aceitvel: a lei no permite que os herdeiros abdiquem da abdiquem da intangibilidade quantitativa. C e D devem receber 600. Como o 2170 no admite a renncia intangibilidade quantitativa, j que no permite a renncia reduo por inoficiosidade, C e D podem intentar aco de reduo por inoficiosidade contra B.Daniel Morais entende que isto complicar. Se pensarmos que o objectivo da partilha em vida que os bens sejam partilhados naquele momento (acabando a), no faz sentido estar a fazer as contas outra vez no momento da morte. A fico dir-nos- que no houve renncia intangibilidade: ficcionamos que a partilha foi feita mais cedo. A valorizao um risco que se corre quando se faz partilha em vida. Tendo em conta que ela definitiva a doao j no vai ser posta em causa , existe, diz a doutrina, renncia prpria colao. A doao a B estaria, no momento da morte, sujeita a colao. Acontece que, como C e D so igualados logo, j no faz sentido trazer o imvel colao. A doutrina diz que h renncia colao. Daniel Morais entende que isso no correcto. Se a igualao foi feita, ningum renunciou a coisa nenhuma. como se a colao se tivesse realizado naquele momento. esse o momento relevante. A inteno do legislador de definitividade.

preciso ter em conta que a articulao entre a partilha em vida e as regras do regime patrimonial da famlia muito complexa, j que os bens comuns no podem ser dispostos sem autorizao do cnjuge.Prtica. Caso 57. Os ascendentes, X e Z, existem (personalidade jurdica e sobrevivncia ao de cuius) e tm capacidade sucessria. No so titulares da designao prevalente, j que havia um filho. J, o cnjuge, no sobreviveu. Mas tinha um filho.A substituio directa, direito de representao e direito de acrescer so os trs tipos de vocaes indirectas. Tm em comum o facto de o sucessvel que tinha a vocao directa no ter podido ou querido aceitar. A vocao ou no se concretiza (por pr-morte ou incapacidade) ou o vocado repudiou. As vocaes indirectas tm pressupostos diferentes consoante o ttulo de vocao (legitimrio, contratual, testamentrio ou legtimo).J pr-morto. Podia haver situao de vocao indirecta. Todas as vocaes indirectas so aplicveis s mesmas situaes. Donde, tem de haver hierarquia. Na sucesso legal, funciona o direito de representao e o direito de acrescer. No h substituio directa na sucesso legal: a legitimria injuntiva (no se pode afastar os legitimrios) e a legtima s se aplica quando o de cuius nada disse (, pois, incompatvel). Se tiver disposto, j sucesso voluntria. Quanto hierarquia, o direito de representao prevalece (2138: o disposto nos artigos anteriores (direito de acrescer) no prejudica o direito de representao). Na sucesso testamentria, prevalece a substituio directa (j que a nica que resulta da vontade do autor). Depois, segue-se o direito de representao e por ltimo o direito de acrescer. No direito de representao, os beneficirios so sempre os descendentes. No direito de acrescer, em funo do objecto (legitimrios acrescem a legitimrios, testamentrios a testamentrios; legatrio em compropriedade acresce na totalidade do legado). Assenta numa relao de patrimnio, e no numa relao directa entre o sucessvel e aquele a que acresce.In casu, era o cnjuge. Era sucesso legitimria. Havia pr-morte. Comeamos pelo direito de representao. O 2039 define. O 2042 trata da representao na sucesso legais. a norma que chama os descendentes na sucesso legal. Chama os descendentes do filho do de cuius. No fala do cnjuge. S h direito de representao, na sucesso legal, a favor dos descendentes do filho do autor da sucesso. Na sucesso legal (legitimria e legtima) s h direito de representao se o filho do de cuius no puder ou no quiser aceitar e tiver descendentes. A 2 parte do 2042 refere-se ao direito de representao na sucesso legtima (exclusivamente): a, em benefcio dos descendentes do irmo do falecido.In casu, no h direito de representao. O facto de o cnjuge no poder ou no querer aceitar no tem relevncia na sucesso legitimria, para efeitos de representao. Seguimos para a anlise do direito de acrescer. Na sucesso legal, consta do 2137/2. H uma limitao quanto classe: funciona entre herdeiros da mesma classe (ascendentes no acrescem a descendentes). Os requisitos so: no haver representao, que o sucessvel no queira ou no possa aceitar, que haja algum da mesma classe que este. No caso, havia cnjuge e descendente, que so da mesma classe (2133/1/a)). Mas neste caso no haveria acrescer, porque a pr-morte no pressuposto do direito de acrescer na sucesso legal. Apesar de ser caso de no poder ou no querer aceitar, a lei veio noticiar que o direito de acrescer no cabe quando haja pr-morte. A lei indicia que quando h pr-morte na sucesso legal, no se faz funcionar a sucesso indirecta: entrega-se queles que podem e querem aceitar. Na vocao indirecta, considera-se sempre aquele que teria a vocao directa. Aqui no. O 2159 prev que, neste caso, haveria um legtima objectiva de (s h um filho). Se o relictum fosse de 900, a QI (2159/2) seria de 450. Se nunca tivesse havido cnjuge, seria metade mesma (a lei equipara o no haver cnjuge sobrevivo a nunca ter havido cnjuge). Donde, no faria sentido estar a dizer que a de H (225) passava para L, j que seria igual se ele nunca tivesse existido. No se chega a considerar o que tinha a vocao directa; passamos para o prximo que tem vocao directa.

O autor da sucesso deixa um barco a D, para que use at morrer; depois disso, ficaria para E e, quando este morresse, para os seus filhos. substituio fideicomissria. O fideicomissrio o beneficirio da deixa, em ltima anlise. O proprietrio definitivo deve ser este. 2286 e ss. A primeira coisa a fazer descobrir quem o fiducirio e quem o fideicomissrio. Os fiducirios so D e E (2286, in fine). A filha de E a fideicomissria. Mas h um limite de validade: s pode haver um grau de substituio (2288). No caso h dois fiducirios. A consequncia a nulidade das substituies que esto a mais (2289). Mas est na sua disponibilidade dizer que no quer que o bem fique para qualquer daqueles (2289, in fine) se no puder ser assim.Nos termos do 2293/3, a lei vem prever o caso de o fiducirio repudiar. Converte-se a substituio fideicomissria em substituio directa a favor do fideicomissrio. In casu, seria a favor de E, o segundo fiducirio. Ora, sendo que D saa, j no havia um grau a mais. Poder-se-ia converter de substituio fideicomissria a favor da filha de E.B deixa a G e F a casa de Paris. F morre ao mesmo tempo que B. F (presuno de comorincia 65/2) no sobrevive a B. Equipara-se a pr-morte. No chegou a receber o direito de suceder. No pde aceitar. Ademais, ele tinha matado B. No podia ser deserdado: no era legitimrio e s B poderia deserdar. No podia ser declarado indigno: F estava morto, pelo que no poderia ser condenado pelo crime. A lei exige condenao para que haja causa de indignidade. Como no h incapacidade e se tratava de sucesso testamentria: a primeira vocao indirecta na sucesso testamentria a substituio directa (no h); a segunda o direito de representao. 2041: os descendentes do que faleceu. O 2042 vem limitar quem pode ser representado na sucesso legal. Na testamentria no h esta limitao. Basta haver um sucessvel com descendentes (no diz qual tem de ser representado, mas como o 2042: s filhos e irmos). Mas limita quanto aos fundamentos. O 2041 no usa a frmula genrica de no querer ou no poder aceitar. Diz quando h representao: quando algum repudie ou quando algum morra antes do autor da sucesso. Mas tem-se tambm aplicado comorincia. A lei afasta a incapacidade como fundamento do direito de representao na sucesso testamentria (2037/2: retira-se, a contrario, que na sucesso testamentria a incapacidade do indigno prejudica o direito de representao). Na sucesso legal no prejudica. Qual a ratio desta diferena? A lei valoriza diferentemente. Na sucesso legal, os representantes tambm tm uma relao com o de cuius (no to prxima como a do sucessvel que representam, mas tambm h ligao). Na sucesso testamentria, a nica relao dos descendentes do sucessvel com o de cuius atravs do sucessvel.No podia haver declarao judicial de indignidade, pelo que haveria direito de representao a favor dos filhos de F. Se F tivesse sobrevivido e sido condenado, j no haveria direito de representao. No havendo, o que se segue o direito de acrescer. Seria a favor de G, porque a deixa tinha sido a favor de G e F. E tambm era legatrio testamentrio. Contudo, 2302 (direito de acrescer na sucesso testamentria de legatrio): preciso que os legatrios estejam nomeados em relao ao mesmo bem.G morre depois do autor da sucesso. Aparentemente, estar-se- perante caso de transmisso do direito de suceder (houve ps-morte sem aceitao). O sucessvel reunia todos os pressupostos da vocao sucessria, mas no exerceu o direito de suceder (por algum motivo): o direito de suceder transmite-se para os seus herdeiros.Quanto a H e I h doaes (mortis causa para H, inter vivos para I). Mas foi em escritura pblica e no em conveno antenupcial. 946/2: converso legal em testamento. S salvo porque havia possibilidade de converso, j que a regra geral de tipicidade (2028/2, 1700). H tentou atropelar X, ascendente do autor da sucesso. Se houvesse declarao de indignidade, seria incapaz. A incapacidade prejudica o direito de representao na sucesso testamentria. No poderia haver representao. E direito de acrescer? No, porque no havia outro legatrio nomeado para o mesmo bem. 2317/c), a deixa caduca.

A vocao de C concretizava-se. O relictum era 44 (as liberalidades mortis causa, neste caso). As doaes eram 46, o passivo nulo. O VTH era 90. A QI (havia um filho) era (2159/2). A legtima subjectiva era igual objectiva. As liberalidades so todas imputveis na QD, porque so todas feitas a terceiros (no herdeiros legitimrios). C tinha 10 por doao em vida; E recebe 20 de legado testamentrio. G e F recebiam 20. No h disposio em contrrio, pelo que a situao de compropriedade dividida 50/50 (10 para cada, dos 20). F ser representado pelos filhos Q e R, que recebem 5 cada (direito de representao e diviso por cabea). G recebe os outros 10. I receberia 16 por doao em vida; P 20 por doao em vida. H inoficiosidade. Imputmos 86, mas a QD era de 45. Houve 41 de inoficiosidade (2168). Em primeiro lugar (2171), as heranas testamentrias (no h). Em segundo, legados testamentrios: valem 40 (20+5+5+10). Reduzimos totalmente. Sobra 1. A seguir vm as doaes em vida. A mais recente a favor de P. Reduz-se parcialmente (20-1). Fica com 19.Caso 64. A e B morrem no mesmo acidente, mas no se sabe se algum sobreviveu ao outro. Presume-se comorincia (68/2). No se concretiza a vocao de B. Temos de analisar as vocaes indirectas. Desde logo, o direito de representao (2138). Cabe analisar o 2042. No h, j que os descendentes do cnjuge no so contemplados no 2042. Segue-se o direito de acrescer (2137/2). No h, porque houve pr-morte, o que no pressuposto do direito de acrescer na sucesso legal (2139/2 e 2159/2): atribui-se aos sucessveis que seriam chamados directamente (2139/2).C, filho de A, morre depois do autor da sucesso. A vocao concretiza-se, mas no exerce o direito de suceder. Pr-morte sem aceitao ou repdio: 2058, transmisso do direito de suceder. Os herdeiros do sucessvel so os beneficirios. Os herdeiros prioritrios eram F e I, cnjuge e descendente. I tinha sido deserdada por A. JDP diz que se deve afastar. Todos tm de ser capazes face a todos. Assim, s F seria beneficirio em da transmisso do direito de suceder.

D era tambm filho. Tinha sido declarada a sua morte presumida antes da morte de A. O 115 prev os efeitos da morte presumida: os mesmo que a morte. , pois, caso de pr-morte. No se concretiza a sua vocao. Era sucesso legal. Pode haver direito de representao porque filho do de cuius, tem descendentes e est em situao de no poder aceitar. J, descendente de D, no tem problemas de vocao. Pode suceder, exercendo o direito de representao.

E, tambm filho, praticou um facto previsto no 2034/a). Os herdeiros legitimrios podem ser afastados por indignos, porque o 2034 no contm normas gerais que possam ser afastadas pelas normas especiais da sucesso testamentria. O caso no esclarecia se tinha havido declarao judicial de indignidade. Ou se segue O.A., que entende que no tem de haver declarao judicial, sendo a indignidade automtica; ou se segue Pamplona e JDP, entendendo que necessria a declarao judicial. Contudo, a Prof. Helosa diz que, para resoluo de casos, presumimos que houve declarao judicial. E. era incapaz, no se concretizava a sua vocao. No h representao porque no tem descendentes (apesar de ser filho do de cuius e de a incapacidade no impedir 2037/2 o direito de representao na sucesso legal). Quanto ao direito de acrescer: na sucesso legal, so pressupostos no haver representao; haver sucessveis da mesma classe (F e J); no poder aceitar. A pr-morte no caso de no poder aceitar para o direito de acrescer na sucesso legal. Ser a incapacidade um caso? O.A. equipara a pr-morte e a incapacidade. Retira do 2139/2 e 2159/2 que, quando no h cnjuge sobrevivo, se atribui directamente aos outros e que, no caso de incapacidade, tambm se atribui directamente aos outros. Para JDP e Pamplona, a lei apenas diz no havendo cnjuge sobrevivo: no equipara as duas situaes. Ademais, elas no so idnticas: o morto no volta; o indigno pode voltar a ser capaz. Para O.A., atribuir-se-ia a F e J (direito de acrescer); para JDP e Pamplona, a parte de E acresceria de C e D.A primeira disposio no suficiente para que se qualifica como legado por conta da quota. Assim, X foi nomeado legatrio. X morre antes do de cuius: a sua vocao no se concretiza, j que no existe no momento da abertura da sucesso. A primeira vocao indirecta na sucesso testamentria a substituio directa (2041/2/a) e 2304). Havia substituio directa: se X no quisesse aceitar, passaria para Y. Era, contudo, um caso de pr-morte. O 2281/2 determina que, se o autor da sucesso s previr um dos casos, se presume que se referiu tambm ao outro. Mas Y tambm morreu antes do de cuja. Quando a substituio directa se concretiza (o substitudo no quer ou no pode aceitar), mas o substituto no pode tambm, quid juris? A doutrina entende que existe um requisito adicional na substituio directa. Do 2317/b), que prev que a disposio caduca se a vocao depender de condio e esta no se verificar, retira-se que a substituio directa, que , por definio, uma vocao sujeita a condio, caduca se o substituto tambm morrer. O substituto tem de sobreviver ao substitudo. A caducidade no afecta, porm, todo o testamento. Ser que caduca apenas a substituio ou tambm a disposio a favor de X? O 2317/b) determina que no importa a caducidade da disposio a favor de X. assim, s a substituio a favor de Y caduca. Mantm-se a deixa a favor de X. Continuamos a ver as vocaes indirectas. Mas no direito de representao, j que X no tinha descendentes. De todo o modo, quando o testador estabelece uma substituio, parece estar a afastar o direito de representao e o direito de acrescer. Pode-se discutir se continuar a ver as vocaes indirectas de acordo com a vontade do testador. Fica a dvida.E o direito de acrescer? Na sucesso testamentria e tratando-se de legados, s h direito de acrescer (2302) se houver uma pessoa nomeada para o mesmo bem. No havia. Assim, a disposio caduca (2317/a)). O bem fica para partilha. A vocao de X no se concretiza, tal como no se concretiza qualquer vocao indirecta.Na segunda disposio, havia substituio fideicomissria (2286 e ss.) com um grau a mais. Reduz-se o ltimo (a favor de Z). Era uma instituio de herdeiro (2030/2). M era o fiducirio e morre sem exercer o direito de suceder: ps-morte sem aceitao. Tipicamente, dar-se-ia a transmisso do direito de suceder, a favor de N e Q, os seus herdeiros (2058). Mas cabe analisar a relevncia da substituio fideicomissria na transmisso do direito de suceder. O de cuius disse que, quando o M morresse, o P ficaria com o bem. O 2293/1 determina que, no momento da morte do fiducirio, a herana se entrega ao fideicomissria. A o bem fica para P.A doutrina tem defendido que o bem atribudo ao fideicomissria no momento em que o fiducirio morre, independentemente de ter aceitado ou no. O bem no pode passar para N ou O. O que pode passar so os frutos. O fiducirio tem estatuto de usufruturio. Uma das situaes jurdicas que a este assistem a propriedade dos frutos, que entram na sua herana e passam aos seus descendentes. Os frutos que a coisa produz entre a morte do de cuius e a morte do fiducirio podem passar para os herdeiros deste. J o bem passaria para P no momento em que M morre.Clculo. Havia sucesso legitimria (2162): R (100) + D (0) P (40) = 60. A QI era de 2/3 (2154/2), porque havia 3 filhos (incluindo o E, apesar de nada receber). As legtimas subjectivas so calculadas por diviso por cabea (2136 e 2139/2): 20 a cada um. F e J acrescem ao E. O acrescer proporcional. Mas como eram legtimas iguais, recebem metade cada um. F e J ficam com 30 cada (20 de vocao directa, mais 10 de acrescer). E sai do mapa da partilha. S h uma liberalidade: a favor de P. 1/3 da QD: 30/3 = 10. Sobram 20 (quota disponvel livre). o valor da sucesso legtima (aquela que opera quando o de cuius no disps vlida e eficazmente). Remetemos, neste ponto, para o que dissemos atrs sobre a sucesso legitimria. A sucesso legtima ser dividida da mesma forma. Dividimos 20 por cabea: 20/3 = 6,7 a cada um. E no recebe. Os seus 6,7 acrescem aos de F e J. Cada um recebe, por vocao indirecta, 3,35. Recebem, na sucesso legtima, 10,05 (6,7 de vocao directa e 3,35 de acrescer) cada um.

Caso 58. A era casado com B, tendo filhos C, D, E e F. C era casado com G, tendo como filhos I e H. B morre em 1979, antes da abertura da sucesso. Temos, pois, cnjuge em pr-morte. A sua vocao no se concretiza, no h direito de representao nem direito de acrescer.

C fora deserdado, por condenao por denncia caluniosa contra B, seu pai. Cabe avaliar a validade da deserdao. herdeiro legitimrio, pode ser deserdado. O 2166/1/d) prev aquele fundamento. Os efeitos da deserdao passam, entre outras coisas, pela privao da legtima. C no tem capacidade sucessria. O que acontece ao que ia receber? um caso de no poder exercer o direito de suceder. Esto reunidos os pressupostos do direito de representao. 2037/2: a incapacidade no prejudica o direito de representao na sucesso legal. 2039: algum no pode aceitar, tendo descendentes. 2042: filho do autor da sucesso. H foi declarado judicialmente indigno em relao a C. Impediria a transmisso do direito de suceder, mas no impede direito de representao (2043). O representante pode ser incapaz em relao ao representado vocao indirecta e no derivada. O que C receberia passa, por direito de representao, para os seus filhos (H e I).

D, tambm filho de A, esconde o testamento deste. fundamento para declarao judicial de indignidade (2034/a)). Assumimos que ela foi declarada. A doao tida como inexistente. No h descendentes, pelo que no cabe direito de representao. A vocao indirecta seguinte o direito de acrescer. Na sucesso legal, os pressupostos so: no haver direito de representao, que o sucessvel no possa ou no queira aceitar, e que haja sucessveis da mesma classe. Haveria (JDP e Pamplona) direito de acrescer a favor dos irmos de D. O. Ascenso diria que no: a incapacidade no d direito de representao.E, tambm filho de A, repudia. O efeito do repdio (no querer aceitar), em geral (2062), o de extinguir retroactivamente a vocao. No pode haver direito de representao (no h descendentes). O direito de acrescer opera a favor dos irmos ( pacfico, entre os vrios AA, que h direito de acrescer em casos de repdio). F, tambm filho de A, v a sua vocao concretizada: chamado.

O autor da sucesso deixa a C um anel, no valor de 1. Quanto ao objecto, tratou-se de nomeao de legatrio. No h problema de validade. C fora deserdado. Na sucesso legitimria, a deserdao de C implicou a perda do direito legtima e o consequente direito de representao. Na sucesso testamentria, a deserdao tambm tem feitos. A vocao no se concretiza. Nem sempre implica a incapacidade na sucesso testamentria. O testamento era de 1980. Se a deserdao fosse de 1975, o testamento funcionaria como reabilitao tcita. S implica a invalidade se o testamento for anterior ou se, sendo posterior, o de cuius no ressalvar. Estamos em situao de no poder aceitar. Vocaes indirectas: na sucesso testamentria, temos de ver se h substituio directa, que a primeira na hierarquia. O de cuius disse que se no quisesse aceitar, o bem iria para J. Mas considera-se (2281/2) que se queria referia s duas situaes. J havia falecido em 2000: pr-morte do substituto. Assim, a substituio caduca (2317/b)). No havendo substituio directa, cabe ver se h direito de representao. Na sucesso testamentria, o direito de representao (2041) a favor dos descendentes de quem repudiar ou morrer antes do de cuius. No se prev casos de incapacidade. O 2037/2, a contrario, indica que a incapacidade prejudica a representao na sucesso testamentria. Cabe ver se h direito de acrescer. Era um legado testamentrio. S h direito de acrescer na sucesso testamentria (2302) se houver mais algum nomeado em relao ao mesmo objecto. A deixa caduca (2317/c), por incapacidade e inexistncia de vocao indirecta.A X foi deixada uma conta no banco. Trata-se de nomeao de legatrio. X fica em estado de coma no momento da abertura da sucesso e morre depois. Morre sem exercer o direito de suceder: ps-morte sem aceitao (2058). O autor da sucesso designa um substituto por substituio fideicomissria (2286). Quando o fiducirio morre, apesar de no ter chegado a aceitar ou repudiar, o bem (2293/1) transmitido para o fideicomissrio Z. S os frutos passariam para V, filho do fiducirio.

O relictum era de 65; o donatum de 115 e o passivo de 0. VTH (2162): 180. A QI de 2/3 (2159/2): 120 e 60 de QD. I e H, em representao de C; D; E e F so os personagens. partida, 2149/2, divide-se por cabea. Mas h mais uma cabea do que os filhos (C est representado por dois filhos). Na sucesso legitimria, o direito de representao divide-se por estirpe (2044). excepo ao princpio da diviso por cabea. Estirpe cada um dos ramos. H quatro estirpes (C, D, E e F). D 30 a cada uma (120/4). Os 30 de C so divididos por I e H (15 para cada). Os 30 de E acrescem para os sucessveis da mesma classe. So divididos no por cabea, mas (direito de acrescer) proporcionalmente. Sobram as estirpes de F e C (D tinha sido deserdado). Cada estirpe das que sobram recebe 60: 30 por vocao directa e 30 por acrescer.

Imputao de liberalidades feitas a herdeiros legitimrios. As liberalidades ou so imputadas na QD ou na QI. Comearemos pela imputao de liberalidades inter vivos. Se a casa, no valor de 60, fosse imputada na QI de C, este j no poderia exigir mais nada na sucesso legtima. A legtima dos legitimrios pode ser preenchida com bens que lhes foram doados pelo de cuius. Estamos a falar principalmente do instituto da colao. Instituto que tem duas operaes: imputao e igualao. Parte de um pressuposto bsico: um pai, quando faz doao em vida a um filho, no o quer beneficiar em relao aos outros. No est a atribuir uma vantagem patrimonial, mas a antecipar a herana.Antnio diz expressamente que quer avantajar F, seu filho, com o carro. Assim, houve dispensa de colao, sendo a liberalidade imputada na QD. Aqui j quis avantajar. Muitas vezes, a imputao no suficiente para garantir a igualdade que o de cuius pretendia. Da haver a chamada igualao possvel.

Quando falamos de imputao, o que procuramos a vontade do de cuius. A colao parte do pressuposto de que, quando um pai faz doao a um filho, no est a querer dar-lhe vantagem em relao aos demais. As liberalidades sujeitas a colao so as doaes em vida requisito objectivo. As liberalidades mortis causa no esto sujeitas. H uma que, apenas, est sujeita analogicamente. As despesas normais que os pais tm com os filhos (2110) no so tidas como doaes para efeitos de colao.

Mas nem todas as doaes esto sujeitas a colao. Do ponto de vista subjectivo, s herdeiros legitimrios. O 2105 prev expressamente descendentes. Olhando para o 2105, chegamos concluso, desde logo, que s os descendentes contam ascendentes e cnjuge no estariam em causa. Mas nem todos os descendentes. S os prioritrios no momento da doao. Os descendentes que sejam herdeiros legitimrios prioritrios data da doao (herdeiros presuntivos). Se nesse dia o doador morresse, quem era prioritrio? Assim, em princpio, doaes feitas a netos no esto sujeitas a colao. S se, data da doao, o filho do doador j tiver morrido, tiver sido deserdado, declarado indigno. Porque ficcionamos? Se dizemos que, quando um pai faz doao a um filho, ele no est a atribuir uma vantagem, mas a antecipar a herana, isso s faz sentido se, data da doao, a pessoa fosse sua herdeira legitimria. Se o filho, nessa data, j estivesse deserdado, no faria sentido dizer que se tratava de uma antecipao da herana (qual herana?). S faz sentido quando a pessoa, naquele momento, surja como a herdeira presuntiva. Quem informao tinha o doador no momento em que faz a doao? S conhecendo essa informao que podemos fazer aquele juzo. Ou a doao em vida uma antecipao da herana ou efectivamente uma vantagem patrimonial (porque no momento da doao no era herdeiro ou porque o doador diz mesmo que para avantajar). por isso que a data relevante a da doao. Imputar significa sempre interpretar a vontade do autor da sucesso.O ltimo requisito da colao o requisito negativo: que o doador no tenha dispensado a colao (2113). No caso, tnhamos duas legtimas subjectivas. Em 1970, h doao em vida a C no valor de 70. Est sujeita a colao: era, data da doao, herdeiro legitimrio prioritrio e no houve dispensa de colao. Entretanto C fora deserdado, vindo a ser representando pelos seus descendentes, mas a colao mantm-se. A imputao feita prioritariamente na QI. Prioritariamente porque, por vezes, no cabe toda na QI, havendo imputao subsidiria na QD. C no est no mapa da partilha, mas os seus representantes (I e H). Onde imputamos? Na legtima subjectiva dos seus representantes (2106). Mesmo que no tenham tido qualquer benefcio pela liberalidade, opera a colao, porque so representantes do pai. A doao em vida no foi feita a I e H. Assim, no por imputarmos na sua legtima subjectiva que se transfere o direito de propriedade. Os descendentes que s representante, o que fazem suportar na sua legtima subjectiva a imputao de uma doao em vida que no lhes foi feita. Neste momento, I e H no tm nada a exigir da herana do av. Tm legtima subjectiva de 60, totalmente preenchida por uma doao em vida feita ao seu pai.H uma doao em vida feita a D em 1970, no valor de 50. A diferena que D no tem representantes. A doao em vida est sujeita a colao (no houve dispensa e era herdeiro prioritrio presuntivo). Mas foi declarado indigno, sem ter representantes. O que se faz? Ou imputamos na QI ou na QD. A lei (2114/2) diz-nos que a doao imputada na QI: em casos de repdio e inexistncia de descendentes. Cria-se uma legtima subjectiva fictcia: fictcia porque ele no est no mapa da partilha. Todas as liberalidades que contmos para o VTH tm de estar no mapa da partilha: os 180 incluam os 50 da doao.

Sempre que imputamos, estamos em torno de dois valores: proteco dos legitimrios (imputar na QD: tudo o que exceder reduz-se, para proteco destes) e proteco da liberdade testamentria do de cuius (protegendo reflexamente os sucessveis voluntrios). Imputamos na QI. Se a lei mandar imputar na QI, est a proteger a liberdade testamentria do de cuius, em detrimento das legtimas subjectivas. O mnimo intransponvel a que os legitimrios tm direito a legtima subjectiva que recebem por vocao directa. O direito de acrescer j um bnus. O 2114/2 tem aquele limite.A ratio do 2114/2 evitar o conluio entre irmo para aumentar o valor que recebem, prejudicando os sucessveis voluntrios. O 2114/2 aplica-se analogicamente a casos de incapacidade. A incapacidade tambm resulta de um acto voluntrio (tal como o repdio). Mas at o legitimrio pode at nem ter praticado o facto que fundamenta a indignidade. Dois irmos podem combinar que um intenta aco contra o outro, dizendo que este ocultara o testamento; este no responde, o que em processo civil equivale a confisso. A indignidade seria declarada e passaria a ser terceiro para a partilha. A liberalidade a seu favor, imputada na QD, provocaria inoficiosidade de outras possveis liberalidades testamentrias feitas a terceiros que, como se sabe (2171) so reduzidas em primeiro lugar. Assim, a ratio do 2114/2 manda aplicar a estes casos. S nos casos de pr-morte no h este raciocnio. No h conduta voluntria e ningum se mata para que os irmos recebam mais na herana.

Como se faz esta imputao? A maneira mais fcil dizer que se faz como se o D no fosse incapaz. D s pode receber 50, o valor da doao. No recebe mais do que isso, s uma fico. Se D estivesse no mapa da partilha, no teria havido direito de acrescer. E tinha repudiado, os seus 30 so repartidos pelos irmos a ttulo de acrescer. Assim, 10 para cada um. Cada estirpe (I e H; D e F) teria direito a 40: 30 de vocao directa e 10 de acrescer. A lei no diz se inclumos as vocaes indirectas na legtima fictcia. O objectivo evitar imputao na QD. Se no fizermos funcionar o acrescer, teremos de imputar mais na QD. Se a legtima subjectiva for 40, s imputamos 10 na QD; se for s 30 (sem o acrescer), j seria 20 a imputar na QD. O acrescer s no funcionaria quando se tivesse de proteger os legitimrios. Contudo, estes j esto a receber mais, por causa do acrescer. No se trata de desproteger, mas de dizer que no recebem tanto por direito de acrescer (em vez de 15, recebem 10).

A legtima fictcia inclui tudo. D recebe 40 na QI e 10 na QD. S poderia receber 50. assim, no pode exigir mais nada da herana. A incapacidade sucessria no afecta as doaes em vida: s afecta negcios testamentrios e pactos sucessrios. As doaes em vida tm o instituto (955) da revogao por ingratido, com os mesmos fundamentos da deserdao e indignidade. No tendo sido feita a revogao por ingratido, a sua doao no pode ser afectada. So aces diferentes.

A doao em vida feita a C, no valor de 60, imputada na QI (40) e o remanescente (20) na QD. A doao a favor de F no sujeita a colao, porque o autor da doao dispensou de colao. Imputa-se (2114/1) na QD. F tem direito a 5 na QD. O nico que tem direito de exigir bens da herana F: os seus 40 de legtima subjectiva. Os 40+10 de D e os 40+20 de I e H j esto determinados. X era terceiro: liberalidades feitas a terceiros so imputadas na QD.

A doao em vida feita a D preenche todos os critrios para estar sujeita a colao. Mas no est. A colao visa igualdade entre os herdeiros legitimrios. Ele no legitimrio e no tem representantes. Isto resulta da lgica do instituto e at da lei (2114). Os seus 10 imputam-se na QD. F estaria sujeito a colao. Contudo, o autor diz que o quer avantajar, o que (2113) corresponde a uma dispensa de colao. Imputamos os 5 na QD. Os 15 de X tambm, porque terceiro. As trs liberalidades (5, 10, 15) tm o mesmo regime: foram feitas a terceiros para a sucesso e so vantagens patrimoniais.Os 20 de I e H que imputamos na QD so diferentes: esto sujeitos a igualao. Se no estivessem, somvamos as liberalidades (50) e a QD livre (10) dividia-se por estirpe: 5 a I e H e 5 a F. Mas no assim. o que vamos fazer tambm sucesso legtima, mas, em vez de dividir por cabea ou estirpe, vamos igualar. Segundo um juzo de igualdade, o que justo? Os 20 de I e H no so vantagem patrimonial. F no recebeu nada como antecipao da herana. Numa sucesso legtima corrigida pela igualao, os 10 so atribudos a F. I e H j tinham recebido 60; F s tinha recebido 40. F tinha, ainda, 20 a receber, o que no era possvel. Mas, como a sucesso legtima supletiva, s se atribui o que possvel. Atribumos tudo a F, fazendo uma igualao meramente parcial.A inoficiosidade e a igualao so incompatveis: na inoficiosidade h uma QD deficitria; na igualao h, necessariamente, QD superavitria (h quota disponvel livre). o processo de igualao por tentativas: pegar no que sobra e atribuir ao que recebeu menos. Havia diferena de 20. No podemos atribuir mais nada estirpe de C (I e H) enquanto F no tiver, tambm, 60.

Temos dito que as doaes em vida sujeitas a colao so imputadas na quota indisponvel. Mas isso no tecnicamente correcto. O 2108, sobre como se efectua a conferncia, no se refere a quota indisponvel, mas a quota hereditria. Se houver acordo entre todos, o bem devolvido herana. o primeiro mecanismo. Prev, tambm, que se no houver bens para igualar, as liberalidades no so reduzidas, mesmo havendo inoficiosidade. As doaes em vida feitas aos herdeiros so antecipaes da heranalegal. No s da herana legitimria. A doao feita por conta da sucesso legal, por conta da quota hereditria legal. A quota hereditria legal o que cada um dos herdeiros recebe a ttulo de sucesso legitimria e legtima: resulta da soma da quota hereditria legitimria (legtima subjectiva) mais a quota hereditria legtima (o que cada um tem direito na sucesso legtima). A imputao prioritariamente na QI e supletivamente na QD. A doao em vida a C (60) foi em parte por conta da quota hereditria legitimria (40), mas no totalmente.

A QD livre (60-50) era 10. Eram divididos por dois. Dava 5 para cada um. A quota hereditria legal era 45 (40 + o que cada um receberia por conta da sucesso legtima). A vontade do autor da sucesso era deixar 60. Em princpio, os 20 (parte da doao imputada na QD) so antecipao da sucesso legtima.

JDP faz o clculo da quota hereditria legal ficticiamente alargada. O objectivo descobrir quanto cada um receberia numa situao de igualdade. JDP devolve ao valor da sucesso legtima real (10 valor da QD livre), de forma fictcia, o valor que distorce o juzo de igualdade. O q