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UFRGS....- .___ DO"PACULDADI! DI!
".R~IA."
UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL
FACULDADE DE AGRONOMIA
AGR 99003 - ESTÁGIO CURRICULAR OBRIGATÓRIO SUPERVISIONADO
..
TATIANE BAGATINI
E EmAT.R/RS --m- ~~r~~'6~~RÉDITOEConvemo: _
Governo do Estado do Rio Grande do Sul Al~ ASSISTENCIA RURALSecretaria da Agricultura e Abastecimento ASCAR
FARROUPILHAlRS
PORTO ALEGRE, OUTUBRO DE 2008.
."
UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL
FACULDADE DE AGRONOMIA
AGR 99003 - ESTÁGIO CURRICULAR OBRIGATÓRIO SUPERVISIONADO
TATIANE BAGATINI
.. RELATÓRIO DE ESTÁGIO CURRICULAR
OBRIGATÓRIO SUPERVISIONADO
, .
Orientadores do Estágio: Engenheiro Agrônomo Alfredo Gallina
Tutor do Estágio: Prof" Paulo Vitor Dutra do Souza
-I COMISSÃO DE ESTÁGIO:
Lúcia Brandão Franke - Coordenadora - Depto. de Plantas Forrageiras e
Agrometeorologia
Mari Lourdes Bernardi - Depto. de Zootecnia
Elemar Antonino Casso I - Depto. de Solos
Josué Sant'Ana - Depto. de Fitossanidade
Maria Jane Cruz de Melo Sereno- Depto. de Plantas de Lavoura
Lair Ângelo Baum Ferreira - Departamento de Horticultura e Silviculltura
Porto Alegre, Outubro de 2008.
Il"
ii
-I
, .
oi.••
." )l Deus;
)lo meu nonno, ÇJuicfo(in memorium) que sempre me incentivou e nunca me deixou desistir
)los mestres que tive na Faculdade cfe)lgronomia, que através da transmissão de seus
confiecimentos técnicos e de suas experiências de vida me iluminaram ao Congodo estágio;
;iequipe do escritório municipal da CE:M)l7P/RJCJ?Sde Farroupilha, que deram o seu máximo para a
conclusão tranqiiila de meu estágio;
)los produtores rurais de Farroupilha,..aqradeço.
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r c ; j
)los meus pais, :Mário João e Teresinha (]Jagatini e,
)los meus irmãos Cleimar e Fernanda,.
"
dedico.
....
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·1
APRESENTAÇÃO.
"
o presente relatório consta, primeiramente, da definição da escolha do tema e
do local de realização do estágio. Relata os objetivos do estágio. A seguir, é feita uma
descrição do meio físico e sócio-econômico do município, e uma descrição da
instituição onde o estágio foi realizado. Descreve as principais atividades vivenciadas
durante o estágio e por fim, é feita uma análise crítica.
..."
v
·1
."
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO 32. DESCRIÇÃO DO MEIO FÍSICO E SÓCIO-ECONÔMICO DEFARROUPILHA/RS 4
2.1. CARACTERIZAÇÃO DO CLIMA 52.2. CARACTERIZAÇÃO DO SOLO 52.3. CARACTERIZAÇÃO E IMPORTÂNCIA DO AGRONEGÓCIOMUNICIPAL 6
3. DESCRIÇÃO DA INSTITUIÇÃO DE REALIZAÇÃO DO ESTÁGIO:EMATER/RS - ASCAR 74. ATIVIDADES REALIZADAS NO ESTÁGIO 7
4.1. ATENDIMENTO À COMUNIDADE 84.2. PRONAF 84.3. PROGRAMA DE SEGURANÇA ALIMENTAR - COMUNIDADEINDíGENA 94.4. GRAVAÇÃO DE PROGRAMAS DE RÁDIO 94.5. CURSO DE PODA 104.6. VISITAS TÉCNICAS À PROPRIEDADES 11
4.6.1. VISTORIAS DE PROJETOS DO PRONAF 114.6.2. CULTURA DA VIDEIRA 114.6.2.1. Botritis (Botrytis cinerea) 124.6.2.2. Podridão da Uva Madura (Glomerella cingulata) 134.6.2.3. Fusariose (Fusarium oxysporum f. sp. herbemontis) 144.6.2.4. Deficiências de nutrientes 144.6.3. CULTURA DO QUIVIZEIRO 164.6.4. CULTURA DO CAQUIZEIRO 194.6.5. CULTURA DO PESSEGUEIRO 214.6.6. OLERICULTURA 224.6.6. MANEJO E COBERTURA DO SOLO NOS POMARES 25
4.7. PARTICIPAÇÃO NA FESTA DA UVA 254.8. TRABALHO DE SISTEMATIZAÇÃO 264.9. TARDE ÓE CAMPO 27
5. CONCi....USÕES 286. ANÁLISE CRÍTICA DO ESTÁGIO 287. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 30
.•...
1
LISTA DE FIGURAS
Figura 1. Assentamento de uma comunidade indígena Kaigangue .Figura 2. Poda da videira em Nova Petrópolis .
Figura 3. Poda da Figueira Nova Petrópolis .
Figura4. Poda da ameixeira Nova Petrópolis .
FiguraS. Podridão cinzenta em videira .
Figura 6. Podridão da uva madura .
Figura 7. Sintomas de fusariose no caule e na planta de videira .
Figura 8. Deficiência de Boro em videira .
Figura 9. Deficiência de magnésio na folha e na ráquis da videira .
Figura10. Poda em videirado tipo vara e cordão esporonado .
Figura 11. Ouivizeiro: Variedade Hayward .
Figura 12. Ouivizeiro: Variedade Bruno .
Figura 13. Ouivizeiro: Variedade Golden King .
Figura 14. Ouivizeiro: Variedade Elmwood .
Figura 15. Poda do quivizeiro .
Figura 16. Ramos produtivos de caquizeiro .
Figura17. Gemas produtivas de caquizeiro .
Figura 18. Frutificação em todas as gemas do ramo de caquizeiro .
Figura 19. Poda de formação de caquizeiro .
Figura 20. Praticando a poda em caquizeiro .
Figura 21. Poda em pessegueiro ······
igura 22. Direção da brotação das gemas em pessegueiro .
Figura 23. Seme.nteira de olericolas ····················
Figura 24.. Canteiro de rúcula .
Figura 25. Alface crespa ·······························
Figura 26. Viveiro de olericolas ·············
Figura 27. Cobertura do solo (aveia - azevém) .
Figura 28. Participação na Festa da Uva 2008 .
Figura 29. Trabalho de sistematização com morangos orgânicos .
Figura 30. Tarde de Campo em Flores da Cunha .
II
09
10
10
11
12
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15
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18
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20202021
21
21
2223
23
24
25
25
26
27
28
2
1. INTRODUÇÃO
."
A extensão rural foi o tema escolhido devido ao anseio da estagiária em
verificar sua vocação nesta área, visto que, a extensão rural era uma de suas
pretensões em uma futura atuação como profissional da Agronomia. A EMATER/RS _
ASCAR foi a entidade escolhida pelo seu reconhecido trabalho junto às comunidades
rurais. A escolha do município teve como motivação a curiosidade da estagiária em
conhecer melhor a zona rural de Farroupilha, devido sua grande diversidade de
culturas, principalmente frutíferas e olericolas e também para se familiarizar mais com
essas culturas já que a estagiária se interessa muito por essa área .
O estágio foi realizado no município de Farroupilha, Rio Grande do Sul, no
período compreendido entre 10 à 29 de fevereiro de 2008 e de 10 de julho até 8 de
agosto de 2008, com uma carga horária de 40 horas semanais, totalizando 320 horasde estágio.
O estágio teve como objetivos:
./ Visitas técnicas às propriedades rurais de Farroupilha, junto aos técnicos da
EMATER/RS - ASCAR;
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• <,
./ Vivenciar a extensão rural da referida região, assim como a relação dos
produtores rurais com a assistência técnica;
./ Participar, sempre que possível, de cursos ou programas oferecidos pela
EMATER/RS - ASCAR;
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I
Farroupilha é o berço da colonização italiana no Estado do Rio Grande do Sul.
As primeiras famílias de imigrantes desembarcaram na localidade que posteriormente
passaria a chamar-se Nova Milano (atual distrito de Farroupilha) em maio de 1875,
vindas da província de Milão, Itália. Chegaram aqui as famílias de Stefano Crippa,Tomazo Radaelli e Luigi Sperafico.
A localidade, onde atualmente é o bairro Nova Vicenza, tomou o nome de Linha
Vicenza, e posteriomente de Nova Vicenza, paróquia de São Vicente. Os primeiros
moradores teriam sido imigrantes italianos já assentados na Colônia Conde D'Eu.
Sentindo as potencialidades de desenvolvimento da nova comunidade, esses
imigrantes venderam o que possuíam e instalaram-se na nova área. Como a mesma
distava muito de Caxias do Sul e da Colônia Dona Isabel (Bento Gonçalves), tiveram
de criar condições de sobrevivência, surgindo os primeiros artesãos, a casa decomércio, a igreja, o ferreiro.
A população, organizada e cheia de vontade, fez logo prosperar o lugarejo.
Conseguiram um padre permanente e a instalação de uma escola, sob a
responsabilidade das irmãs da congregação de São Carlos. Não havia ainda estradas
na Colônia Sertorina. Era utilizada a estrada Caxias do Sul - Bento Gonçalves, que
corria junto à linha do limite Norte da Colônia Sertorina. Enquanto isso Nova Milano,
situada fora da Colônia Sertorina, localizada a cerca de 8 km ao Sul de Nova Vicenza,
também progredia. Já era 3° distrito de Caxias do Sul, tinha cartório, padre, igreja,
sub-intendente e a atividade econômica principal era a agricultura. Em 1° de junho de
1910 foi inaugurada a ferrovia Montenegro - Caxias do Sul. A linha férrea passou entre
as duas.localidades, tendo sido construída a estação de trem e o armazém da ferroviaonde hoje é área central de Farroupilha.
A estação foi denominada "Nova Vicenza" e em torno da mesma começou a
surgir um novo núcleo habitacional. Em seguida surgiu a estrada Júlio de Castilhos
que iniciava em São Sebastião do Caí, passava por Nova Milano, estação Nova
Vicenza, pela Nova Vicenza original, seguindo até Antonio Prado, dando mais força à
expansão do novo núcleo urbano, esvaziando populacional e economicamente Nova
Milano e a outra comunidade, a primeira Nova Vicenza. Em 1918, o 30 distrito de
Caxias do Sul teve sua sede administrativa transferida para a estação Nova Vicenza.
Em 1927, pelo grande desenvolvimento, Nova Vicenza foi designada como 20 distritode Caxias do Sul.
2. DESCRiÇÃO DO MEIO FíSICO E SÓCIO-ECONÔMICO DE FARROUPILHAlRS
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Com o progresso econômico da nova região foi inevitável que surgisse um
movimento de emancipação. Os moradores dos novos núcleos queriam autonomia
administrativa e política. Em 1934, uma comitiva de 35 farroupilhenses, liderados por
Ângelo Antonello representando as comunidades de Nova Vicenza, Nova Milano, Vila
Jansen e Nova Sardenha, entregou uma petição ao então interventor federal José
Antônio Flores da Cunha. O município de Farroupilha foi criado através do decreto
estadual 5.779 de 11 de dezembro de 1934. O nome é em homenagem ao centenário
da Revolução Farroupilha, comemorado no ano seguinte.
Geograficamente, o município está localizado a 29° 13' 30"de latitude sul do
Equador e 51° 20' 52"de longitude oeste de Greenwich, ocupando uma área de 359,30
krn". Faz divisa com os municípios de Caxias do Sul, Bento Gonçalves, Garibaldi, Alto
Feliz, Nova Pádua, Carlos Barbosa e Nova Roma do Sul e uma distância da capital de
110 km.
O município de Farroupilha apresenta uma topografia fortemente ondulada, se
caracterizando por altas cotas altimétricas, ficando em torno de 783 metros, em alguns
locais de maior altitude.
2.1. CARACTERIZAÇÃO DO CLIMA
Segundo a classificação climática de Kõeppen, o clima da região é do tipo Cfa
onde a letra "C" indica clima subtropical, a letra "f' indica que as precipitações pluviais
médias são razoavelmente bem distribuídas no ano, no sentido de que não há estação
seca nem estação chuvosa bem caracterizada, e a letra "a" indica verão quente, com
temperatura média do mês mais quente superior aos 22°C.
2.2. CARACTERIZAÇÃO DO SOLO
.•..•
No município há a predominância de solos de formação muito recente e
normalmente apresentam boa fertilidade.
Os solos predominantes encontrados no município são:
v' NEOSSOLO L1TÓLlCO DISTRÓFICO TíPICO - Unidade de Mapeamento
Caxias;
v' NEOSSOLO L1TÓLlCO EUTRÓFICO CHERNOSSÓLlCO - Unidade de
Mapeamento Charrua;
v' CAMBISSOLO HÚMICO ALUMíNICO TíPICO - Unidade de Mapeamento
Farroupilha;
5
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2.3. CARACTERIZAÇÃO E IMPORTÂNCIA DO AGRONEGÓCIO MUNICIPAL
."
o Produto Interno Bruto (PIB) do município é de R$ 1.108.735,00, sendo que o
setor industrial contribui com 31,5% do PIB, o setor de serviços com 42,7% e a
agropecuária apenas com 5% do PIB do município (IBGE, 2006). O PIB per capita é
de R$17.941,00 (FEE, 2004).
A produção agrícola do município baseia-se principalmente na produção de
frutíferas. O desempenho agrícola, dentre outros fatores, está relacionado à natureza
dos solos, sendo esses bastante férteis, jovens e rasos, sendo os mesmos próprios
para o cultivo de culturas permanentes.
IOs principais produtos cultivados no município, são:
Culturas Área (ha) Produção (t)UvaPêssego de mesaCaquiKiwiMaçãMoranguinhoTomateAlho
3.9006502151101203540200
66.3009.5703.4401.4003.0001,4002.0001.400
Fonte: Emater/ASCAR, 2006.
O efetivo dos rebanhos por espécie no município são:
Espécie Quantidade (cabeças)BovinosSuínosOvinosFrangos de corteCodornasCaprinos .Vacas ordenhadas
10.11513.7711.2129.500.00011.7251.6633.500
Fonte: IBGE, 2006.
Os produtos de origem animal com maior importância são:
Produto Unidade.•... Leite de vacaOvos de galinha
9.000.000 litros7.665.000 dúzias
Fonte: Emater/ASCAR, 2006.
Além da produção de frutas devemos destacar também a importância da
produção de leite
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3. DESCRiÇÃO DA INSTITUiÇÃO DE REALIZAÇÃO DO ESTÁGIO: EMATERlRS-ASCAR
o estágio foi realizado na EMA TER/RS (Associação Riograndense de
Empreendimentos de Assistência Técnica e Extensão Rural) - ASCAR (Associação
Sulina de Crédito e Assistência Rural), uma instituição de referência em assistência
técnica e extensão rural e classificação de produtos de origem vegetal, comprometida
com a qualidade de vida, a defesa do ambiente e a sustentabilidade.
A instituição incentiva os agricultores familiares a produzirem seu propno
alimento e orienta-os a melhorarem os resultados de suas lavouras e pecuária,
impulsionando as propriedades a serem competitivas.
A empresa desenha um mapa de atividades multiplicadoras de renda e de
bem-estar para mais de 223 mil agricultores familiares, pescadores artesanais,
quilombolas, índios e assentados da reforma agrária, atuando em 482 municípios,
onde mantém escritórios municipais, 10 escritórios regionais, um escritório central, oito
centros de capacitação, um laboratório e 45 unidades de classificação e certificação.
A missão da instituição baseia-se em:
"Promover e desenvolver ações de Assistência Técnica e Extensão Rural,
mediante processos educativos, em parceria com as famílias rurais e suas
organizações, priorizando a agricultura familiar, visando ao desenvolvimento rural
sustentável, através da melhoria da qualidade de vida, da segurança e soberania
alimentar, da geração de emprego e renda e da preservação ambiental".
A EMATER/RS - ASCAR é uma instituição presente em quase todos os
municípios do Estado, sendo de extrema importância quando se trata de assistência
técnica, pois é quem assiste gratuitamente, principalmente os pequenos produtores
rurais.
Além da assistência técnica propriamente dita, a EMA TER/RS - ASCAR atua
também na área social, contribuindo para o desenvolvimento rural, com ênfase em
cursos e palestras, bem como atividades de conscientização e organização dos
produtores rurais e suas respectivas famílias.
4. ATIVIDADES REALIZADAS NO ESTÁGIO
No estágio foram realizadas diversas atividades, algumas no escritório
municipal da EMATER/RS - ASCAR, outras a campo, as quais, consideradas de maior
relevância, serão descritas neste relatório.
7
."
Diversas pessoas contribuíram para a realização do estágio, dentre elas: a
equipe da EMATER/RS - ASCAR do escritório municipal de Farroupilha, composta
pelo Eng. Agr. Alfredo Gallina, pelo Técnico Agrícola Milton Grassiani, pela
extencionista Márcia Inês Berti Georg e pela secretária do escritório, Silvia Rejane
Grassiani. Os técnicos assistem indiretamente aproximadamente 800 famílias, devido
ao programa de rádio semanal e diretamente aproximadamente 450 famílias, sendo
principalmente na produção de frutíferas e olericolas.
4.1. ATENDIMENTO À COMUNIDADE
4.2.PRONAF
. " No escritório da EMATERlRS - ASCAR os produtores rurais eram orientados
sobre linhas de crédito e aplicação de recursos.
Para os produtores rurais que visitavam o escritório buscando assistência
técnica para questões fltossanitárias e manejo das culturas e adubação, os quais não
eram resolvidos no local fazia-se uma visita à propriedade.
, "
O PRONAF (Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar) é
um programa de apoio ao desenvolvimento rural, a partir do fortalecimento da
agricultura familiar como segmento gerador de postos de trabalho e renda, cujo
objetivo é construir um padrão de desenvolvimento sustentável para os agricultores
familiares e suas famílias, visando o aumento e a diversificação da produção, com o
conseqOente crescimento dos níveis de emprego e renda, proporcionando bem-estar
social e qualidade de vida (PRONAF, 2007).
Os financiamentos podem ser destinados ao custeio elou investimento das
atividades agropecuárias, de pesca, de aqoicultura, de extrativismo e também das
atividades não- agrícolas, como o artesanato e o turismo rural.
Os beneficiários do programa são agricultores familiares que utilizem mão-de-
obra familiar, que tenham até dois empregados permanentes e que não possuam
áreas superiores a quatro módulos fiscais, e que tenham, no mínimo, 80% da renda
bruta familiar anual proveniente da atividade agropecuária e não-agropecuária
exercida no estabelecimento .
Através do programa SISDAP, era fomecida uma Declaração de Aptidão ao
PRONAF aos produtores rurais, para aqueles que não eram associados do Sindicato
Rural, pois os que são sócios dessa entidade retiram a Declaração na mesma, sendo
os mesmos encaminhados aos bancos locais para a elaboração dos projetos de
....•
8
•,.~1 ;~ ".c. ,
custeio e/ou investimento do PRONAF. Isso no período de fevereiro. No período de
julho/agosto como houve modificações no sistema de crédito do PRONAF, e o
escritório regional não havia ainda liberado o programa que é utilizado para fazer os
projetos com as modificações, era somente dado esclarecimentos sobre as novas
linhas de crédito e encaminhamento para os produtores irem juntando os documentos
necessários para o encaminhamento posterior do mesmo.
"
4.3. PROGRAMA DE SEGURANÇA ALIMENTAR - COMUNIDADEINDíGENA.
No município de Farroupilha existe um assentamento de uma comunidade
indígena Kaigangue (Figura 1). Em fevereiro, o MOA (Ministério do Desenvolvimento
Agrário) destinou uma verba, por intermédio da Emater/ASCAR objetivando segurança
alimentar para essa comunidade. Na época foram feitas reuniões com os membros da
tribo, assistentes sociais do município e Emater/ASCAR para decidir o que iria ser
feito com a verba. Ficou decidido que essa verba iria ser utilizada para a compra de
sementes (fabricação de colares), mudas de frutíferas, caixas de abelha e
ferramentas. Quando do retorno ao estágio em agosto, foram efetuadas a compra
destes produtos e entregues à tribo.
"
,.
Figura 1. Assentamento de uma comunidade indígenaKaigangue. Farroupilha. Ju12008.
4.4. GRAVAÇÃO DE PROGRAMAS DE RÁDIO
Em dois momentos a estágiária teve a oportunidade de participar da gravação
de programa de rádio. Uma delas foi em fevereiro, na qual, a mesma participou de um
debate sobre o problema de podridões na uva (botrytis - Botrytis cinerea e glomerella -
9
Glomerella cingulata) e, a outra, em julho na gravação semanal do programa
informativo da Emater/ASCAR, pela rádio local MIRIAM AM. Em ambas as
oportunidades a estágiária estava acompanhada pelos técnicos da Emater/ASCAR.."
4.5. CURSO DE PODA
..
o curso oferecido pelo CETANP (Centro de Treinamento de Agricultores de
Nova Petrópolis) tem como principal objetivo capacitar produtores e outros
profissionais da região interessados em aperfeiçoar o conhecimento de plantio,
condução e poda de diversas culturas, dentre elas: videira, pessegueiro, ameixeira,
quivizeiro, caquizeiro, etc. O curso foi ministrado pelo Eng. Agrônomo Gilberto
Salvador do município de Bento Gonçalves/RS e pelo Técnico Agrícola Alexandre
Meneguzzo do município de Gramado/RS. O curso foi ministrado em Nova Petrópolis
com duração de uma semana (07 a 11 de julho)(Apêndice 1).
O curso constou de uma parte teórica sobre as culturas: variedades, cultivo,
poda, métodos de propagação e mercado e de uma parte prática de poda. Nesta
atividade a estagiária participou como ouvinte e tirando dúvidas dos demais
participantes do curso quando os ministrantes não estavam presentes. Esse curso
contribuiu muito para o aprimoramento dos conhecimentos da estagiária em poda nas
diferentes frutíferas, bem como a troca de experiência com os produtores da região
durante as folgas e à noite no alojamento (Figuras 2,3 e 4)
Figura 2.Poda da videira. Nova Petrópolis. Figura 3. Poda da Figueira. NovaJul 2008. Petrópolis. Jul, 2008.
10
·"
Figura 4. Poda da ameixeira. Nova Petrópolis. Ju12008.
,4.6. VISITAS TÉCNICAS À PROPRIEDADES
As visitas às propriedades eram feitas devido à demanda dos agricultores por
haver algum problema, principalmente fitossanitário, para fazer vistorias de projetos do
PRONAF, ou para mostrar/ensinar a estagiária. Como o estágio foi realizado em duas
épocas do ano, as visitas técnicas feitas irão ser descritas por culturas e o que foi visto
em cada época do estágio com uma pequena revisão bibliográfica.
4.6.1. VISTORIAS DE PROJETOS DO PRONAF
As vistorias eram feitas somente para projetos aprovados de investimento. Em
função disso os bancos sorteiam alguns projetos e repassam esses para os técnicos
da Emater/A~CAR para fazer a vistoria e esses devem dar retorno ao banco se o
aqricultor adquiriu/construiu o que estava no projeto. No período em que a estagiária
esteve realizando o estágio foram feitas várias vistorias, sendo a maioria delas de
aquisição de tratores e pulverizadores.
4.6.2. CULTURA DA VIDEIRA
A videira é a cultura de maior importância no rnurucrpio, ocupando
aproximadamente 4.000 hectares e com produtividade média de 17 toneladas por
hectare. As principais variedades são a bordô, Isabel Niágara branca e rosada, sendo
destinadas, principalmente à fabricação de vinho, sucos, geléias e consumo in natura.
11
."
A principal demanda dos produtores na primeira fase do estágio em relação a
essa cultura, que se encontrava em fase de colheita, era principalmente com
podridões. As principais podridões eram de botrytis e glomerella, as quais não eram
comuns na região e estavam causando preocupações para os produtores, os quais
sabiam o que fazer e porque estavam ocorrendo. Nessas visitas eram dadas
recomendações principalmente de prevenções, já que essas doenças se instalam
desde a formação do cacho. As condições ambientais que favorecem o aparecimento
e as recomendações para o controle serão descrito a seguir.
4.6.2.1. Botritis (Botrytis cinerea)..É considerada a mais importante das podridões do cacho. É uma doença
importante em todos os países vitícolas do mundo.
A Podridão Cinzenta (Podridão do Cacho, Podridão Cinzenta ou Botritis)
(Figura 5) é causada pelo fungo Botrytis cinerea, saprófita que ataca diversas espécies
nativas e cultivadas, não sendo específica a videira, infectando diversos órgãos
vegetais. Em condições de alta umidade do ar e temperaturas entre 15°C e 28°C
durante a maturação da uva, na maioria das vezes são observadas alta incidência de
Podridão Cinzenta.
Figura 5. Podridão cinzenta em videira. Farroupilha. Fev, 2008.
A Podridão Cinzenta se inicia com uma simples baga que se torna marrom e
apodrece, produzindo visível massa de esporos. Quando a película da baga racha o
mosto da uva escorre sobre o cacho produzindo a característica aparência de mofo
cinzento devido à esporulação do fungo. Se o ataque se der pelo pedúnculo ou
pedicelo, ocorre a podridão peduncular, responsável pela queda prematura dos
cachos ou bagas.
12
4.6.2.2. Podridão da Uva Madura (Glomerella cingulata)
,"
A Podridão da uva madura (Figura 6) é uma doença bastante importante por
causar sérios danos à viticultura. É causada pelo fungo G/omerella cingulata forma
conidial Colletotrichum gloesporioides. As condições favoráveis para desenvolvimento
da doença são temperaturas elevadas, entre 25°C e 30°C e alta umidade do ar. A
disseminação ocorre principalmente pelo vento, chuva e insetos.
Figura 6. Podridão da uva madura. Farroupilha. Fev,2008.
o fungo sobrevive em frutos mumificados e pedicelos, que são a fonte de
inoculo, durante o inverno. Na primavera em períodos chuvosos ou de elevada
umidade os conídios germinam infectando frutos em todos os estádios de
desenvolvimento, desde a floração até a colheita. O principal sintoma é o
apodrecimento dos frutos maduros. Aparecem manchas marrom-avermelhadas sobre
as bagas, que posteriormente atingem todo o fruto, escurecendo-o.
Em ambas as doenças citadas acima o controle e manejo recomendados
foram a remoção e destruição de frutos mumificados e eliminação de ramos infectados
e em pomares, após a colheita. Para o próximo ano a recomendação dada é que o
produtor inicie com o controle químico no final da floração, e repita as pulverizações
para proteger as bagas em todos os seus estádios de desenvolvimento.
Segundo o Agrônomo da Emater/ASCAR essas não eram doenças que
causassem muitas perdas na região, porém nos últimos anos têm aumentado
significativamente. Isso ocorreu porque nas primeiras vezes que elas apareceram os
produtores não deram muita importância, não faziam tratamentos e não eliminavam os
cachos e ramos infectados. Como o fungo é saprófito e nas últimas safras o clima foi
propício para o desenvolvimento, essas doenças estão se tornando as principais
responsáveis perdas na produção no município.
13
4.6.2.3. Fusariose (Fusarium oxysporum f. sp. herbemonfis)
,"
Outra doença que foi detectada nas saídas a campo foi a fusariose (Figura 7),
causada por Fusarium oxysporum f. sp. Herbemontis. Essa é uma doença vascular
cujo patógeno penetra por ferimentos nas raízes sendo uma das principais doenças
responsável pela morte de videiras. É uma doença vascular que provoca a interrupção
na translocação da seiva, ocasionando sintomas semelhantes à falta de água e
conseqüente redução no crescimento. Provoca o escurecimento interno da madeira
que pode rachar tornando-se porta de entrada para outros patógenos. Ocasiona o
retardamento na brotação, redução no vigor e posterior murchamento e até queda das
folhas. Em algumas plantas verificam-se brotações no tronco que com a evolução dadoença culminam na morte das plantas ...
Figura 7. Sintomas de fusariose no caule e na planta de videira. Farroupilha.Fev,2008.
Altas temperaturas e baixa umidade relativa aumentam a severidade da
doença. As medidas de controle são preventivas e gerais para evitar a disseminação e
reduzir o inóculo. No caso as recomendações foram a eliminação das plantas eutilização de Tricoderma.
• 4.6.2.4. Deficiências de nutrientes.
O que pode ser observado também nos pomares foram os sintomas de
deficiências nutricionais. As duas mais comuns na região são deficiências de boro e demagnésio.
A deficiência de boro (Figura 8) se caracteriza pela presença de bagas verdes
pequenas e poucas bagas no cacho devido a deficiência de polinização, e para a
solução dessa deficiência é recomendado fazer pelo menos três aplicações foliares:
uma quando a brotação tiver aproximadamente 15 em; a segunda, uma semana após
14
-~----- --
e, a terceira, quando as bagas estiverem na forma de "chumbinho", bem como a
correção do solo.
,<,
Figura 8. Deficiência de Boro em videira. Farroupilha. Fev, 2008
A deficiência de magnésio (Figura 9), no estágio, foi observada somente em
uva itália, e os sintomas da mesma pode ser observada nas folhas jovens e na raquis.
Figura 9. Deficiência de maqnesro na folha e na raquis da videira.Farroupilha. Fev,2008.
o maior descontentamento que a estagiária pode perceber em conversas com
os produtores foi em relação ao preço pago, principalmente aos produtores de uvas
viniferas, que para as quais, as cantinas estavam oferecendo na época R$ 0,42 kg,
mesmo preço oferecido pelas uvas comuns. Esse preço veio a se confirmar, pois em
fevereiro, não havia sido colhida ainda, e quando do retorno ao estágio, em outubro,
alguns pomares já haviam sido erradicados.
Na segunda fase do estágio, em julho, foram feitas algumas práticas de poda
em uvas americanas. No município, para essas cultivares a maioria dos agricultores
adota a poda mista, varas e esporões (Figura 10). As varas são deixadas com
finalidade da produção do próximo ano e os esporões para serem futuras varas de
produção. A produção em varas se deve, principalmente porque essas variedades têm
sua maior produção a partir da terceira gema. Somente a variedade bordô tem uma
boa produção com poda somente de esporão.
15
.':
..Figura10. Poda em videira do tipo vara e cordão esporonado. Nova
Petrópolis.. Jul, 2008.
4.6.3. CULTURA DO QUIVIZEIRO
Na cultura do quivizeiro foram observados a campo o sistema de condução da
muda e da planta e as variedades de quivi presentes no município. O quivizeiro é uma
espécie que necessita de polinização cruzada, e é indispensável o uso de irrigação,devido seu sistema radicular ser superficial.
Em relação à condução da muda, foram observados os cuidados que se deve
ter em relação ao plantio e a condução até os fios definitivos.
Algumas características das variedades encontradas no município e que foram
observadas pela estagiária serão descritas a seguir:
Hayward: é uma variedade muito exigente em frio (acima de 700 horas),
apresentando problemas de adaptação quando o seu requerimento de frio não é
satisfeito. É tardia na brotação, floração e colheita. O vigor e a produtividade das
plantas são médios e a entrada em produção ocorre geralmente após o 50 ano. Os
frutos são ovais (Figura 11), excelentes em tamanho, sabor e qualidade dearmazenagem.
16
."
Figura 11. Ouivizeiro: Variedade Hayward. Farroupilha. Fev, 2008 ...Monty: Apresenta requerimento de frio de aproximadamente 500 horas, e é
tardia de brotação, floração e colheita. É uma cultivar muito vigorosa e produtiva,
sendo o raleio de frutos muitas vezes necessário. O tamanho dos frutos é de médio a
grande, de formato oblongo e cobertos por uma densa camada de pêlos longos.
Bruno: Apresenta requerimento de frio de aproximadamente 300 horas. Em
relação as outras cultivares, é mais precoce na brotação, floração e colheita, existindo
em muitas situações riscos de perdas por geadas tardias. É mediamente vigorosa,
porém produtiva e precoce para entrar em produção. Os frutos são de tamanho médio,
cilindricos e alongados (Figura 12). São densamente cobertos por pelos curtos. Essa é
a cultivar mais cultivada no município devido ao seu baixo requerimento de frio.
Figura 12. Ouivizeiro: Variedade Bruno. Farroupilha. Fev, 2008.
Golden King: São cultivares de polpa amarela sem pêlo (Figura 13). A cultivar
Golden King é de melhor qualidade, pois a Yellow Oeen (outra variedade glabra)
parece se deteriorar mais facilmente. São produtivas. São menos exigentes em frio
que a Hayward. Florescem aproximadamente 10 dias antes que a cultivar Bruno. Por
]7
·"
isso é importante realizar a quebra de dormência para uniformizar as floradas com a
polinização. São cultivares mais sujeitas a rachaduras que as de polpa verde. Em
média, amadurecem no final do mês de março e começo de abril. Como não possuem
pêlos estão mais sujeitas ao ataque da mosca das frutas. São necessários mais dados
técnicos sobre a cultivar.
Figura 13. Quivizeiro: Variedade Golden King. Farroupilha. Fev, 2008.
Elmwood. Possui os frutos de um bom tamanho e de forma retangular (Figura
14). Cultivar bastante produtiva nas nossas condições. Exigência de frio de 500 a 700
horas.
Figura 14. Quivizeiro: Variedade Elmwood. Farroupilha. Fev, 2008.
Na primeira parte do estágio, a estagiária visitou propriedades que cultivam
qUlVI e aprendeu a diferenciar as principais variedades e observar o sistema de
condução e poda das plantas.Na segunda parte do estágio. no que tange a essa cultura. a estagiária pôde
praticar a poda (Figura 15). já que se encontrava na época da mesma. Como o
quivizeiro frutifica em ramos do ano. oriundo de ramos do ano anterior. deve-se ter um
18
- --------
,"
cuidado para não eliminar esses ramos. A poda é muito semelhante com a poda de
vara em videira, porém deixando um maior número de gemas, podendo chegar a 10-
12 gemas dependendo do vigor da planta. O espaçamento mais utilizado é o de quatro
metros entre fileiras e quatro metros entre plantas .
.~
Figura 15. Poda do quivizeiro. Farroupilha. Fev, 2008.
Em relação ao qUIVI, os principais problemas estão ocorrendo com as
variedades sem pêlos, pois as mesmas são mais atacadas pela mosca das frutas, o
que ocasiona a queda prematura dos frutos. Em relação à qualidade dos frutos, o
principal problema é a falta de raleio, que raramente é feita, devido a alta exigência de
mão-de-obra, que não existe na região, e também por não haver pesquisa em relação
ao raleio químico para a cultura. Outra reclamação dos produtores é com relação a
adubação, já que, a que é recomendada pelos técnicos da EMATER/Ascar, advêm de
dados de pesquisa, publicados pelo pesquisador italiano Ottavio Caccioppo, que se
baseia na exportação de nutrientes por tonelada de fruto colhido. Pesquisas essas
feitas na Itália..O preço de venda, para o produtor, neste ano que passou, foi de R$ 0,80 a.1,00 ao kg. Um dos casos relatados pelos produtores foi o problema de falta de
confiabilidade do produto fora do Estado, devido a colheita antecipada, feita por alguns
produtores, buscando os melhores preços. Porém, se o fruto não for colhido com pelos
menos 6 °Brix, ele não amadurece bem, ficando com gosto que não agrada o
consumidor.
4.6.4. CULTURA DO CAQUIZEIRO
Na primeira parte do estágio, em relação ao caqui acompanhou-se,
principalmente os temas: variedades, identificação de ramos de produção e raleio. Em
19
."
• <
relação às variedades, as duas mais expressivas comercialmente são Fuyu e Kyoto,das quais algumas características serão descritas abaixo.
Fuyu: A mais popular no Brasil, Japão e outros países. Possui fruto grande,
pesando 230 gramas ou mais, sem sementes se não tiver variedades polinizadoras no
pomar. Tem o problema da separação do cálice ao se desenvolver o fruto. Maturação
em abril. Fruto redondo e achatado. Árvore de vigor médio e alto. Tem somente floresfemininas. Pode ter alternância de produção.
Kyoto: A segunda variedade em cultivo no sul do Brasil, depois do Fuyu. Tem
flores masculinas e femininas. Não precisa da variedade polinizadora. Fruto grande
comprido e arredondado e polpa "chocolate". Produz em maio na região serrana.Árvore de médio vigor.
Os ramos produtivos (Figura 16) são os ramos do ano, inseridos em ramos de
ano nas gemas mais apicais (Figura 17), por isso, deve-se ter um cuidado na hora da
poda para não eliminar a ponta dos galhos que serão deixados para a futura produção.
Em galhos do ano, normalmente somente as gemas apicais é que frutificam, porém
em anos com grande quantidade de frio quase todas as gemas podem produzir(Figura 18).
Figura 16. Ramos produtivos de caquizeiro. Figura17. Gemas produtivas der----- -=c:...::a:..::L:uizeiro.Jul,2008.
Figura 18. Frutificação em todas as gemas do ramo do caquizeiro. Farroupilha.Fev, 2008.
20
---------------
Na segunda parte do estágio a estagiária pôde auxiliar produtores que
recentemente tinham implantado a cultura (Figura 19) e não tinham o domínio na poda
do caquizeiro, juntamente com o agrônomo (Figura 20). No primeiro caso foi em um
pomar de segundo ano, no qual foi feita a poda de produção e, no segundo caso, já
num pomar em produção.
."
Figura 19. Poda de formação. Figura 20. Praticando a poda em caquizeiro.Farroupilha. Jul, 2008.
Em relação à qualidade dos frutos, como no quivi, é a falta de raleio, o que
acaba ocasionando frutos muito pequenos.
4.6.5. CULTURA DO PESSEGUEIRO
Na primeira parte do estágio a estagiária não acompanhou nada relativo a essa
cultura, pois a mesma recém havia sido colhida. Na segunda parte do estágio, porém
a mesma pôde praticar a poda (Figura 21) e observar os problemas enfrentados a
campo pelos produtores e pelas variações semanais do tempo, deixando os mesmos
apreensivos e'com medo de serem muito drásticos em relação à poda dessa cultura.
Figura 21. Poda em pessegueiro. Farroupilha. Jul, 2008.
21
Neste ano o que estava ocorrendo, não só no município de Farroupilha, mas
em toda a região, foi a brotação antecipada devido a ocorrência de um período de
calor. Nesta época os agricultores não havíam começado ainda a poda. Em virtude
disso, os agricultores estavam com certo receio de fazer a poda tradicional, que é a
eliminação dos galhos verticais e os que estão direcionados para o solo, deixando, de
preferência comento aqueles nas laterais, e desses eliminar um terço do galho, para
facilitar o posterior raleio. Como a brotação ocorre das gemais apicais para as basais
(Figura 22), se os agricultores eliminassem esse terço do galho, caso ocorresse uma
geada tardia poderiam perder grande parte da produção. Então, o que se estava
recomendando era a não eliminação do terço superior dos galhos de produção, paraevitar que houvesse essa perda.
..
Figura 22. Direção da brotação das gemas em pessegueiro. Farroupilha. Jul, 2008.
4.6.6. OLERICUL TURA
Outra atividade de bastante interesse na região e que a estagiária pôde
acompanhar, principalmente na segunda parte do estágio, foram visitas à olericultores,
dentre esses: produtores de morangos, folhosas, tomate e viveiristas. Essas atividades
foram realizadas mais nessa época, pois em fevereiro o técnico, que é o responsávelpela parte de olericultura, se encontrava de férias.
Em relação ao produtor de tomate, a visita foi realizada, devido ao mesmo
estar com dúvida em relação a uma doença que estava ocorrendo nas plantas. Foi
constatada a presença de bacteriose, sendo recomendado um produto a base de
cobre, pois o mesmo é bacteriostático. Esse produtor comentou sobre problemas que
vem enfrentando, devido ao excessivo uso de agrotóxicos no tomateiro. Segundo o
22
• <
que foi relatado, o mesmo não pode mais trabalhar nessas lavouras sem o uso de
máscara, a qual estava utilizando no momento, e que devido a isso, tinha passado a
responsabilidade dos cuidados ao seu filho mais novo.
Em relação às folhosas, foi visitada uma produtora, que segundo o técnico da
Emater/ASCAR, uma das melhores do município. Trabalham na propriedade ela e o
filho e mais três funcionários. Somente ela é responsável pela sementeira e o filho é
responsável pela parte frtossanitária, juntamente com os funcionários. O transplante e
a colheita são feito por todos. Na sementeira o substrato utilizado é a base de
vermiculita e fibra de côco. A decisão de formar as mudas na propriedade foi tomada
depois de muitas vezes a muda comprada ser muito desuniforme e com doença, o queocasionava perda de produção.
A principal folhosa cultivada na propriedade é a alface (lisa, crespa,
americana), temperos em geral, rúcula, e algumas brássicas. Toda a produção é
comercializada na região e quase toda a produção é em estufa. Os problemas que a
produtora mostrou foram alguns plantas com virose, sendo recomendado a retirada
dos mesmos do canteiro e algumas podridões nas folhas basais principalmente na
alface, mas isso em pequena quantidade, porque a mesma utiliza Tricoderma, produto
a base de fungos que combate os fungos patogênicos. Questionada sobre problemas
relacionados à falta de rotação de culturas, a mesma relatou, que não realizava. Em
uma área descoberta, ocorreu a presença de nematóides, que segundo a população
estava se espalhando para uma estufa mais próxima, por descuido dos empregados,
que passavam pela mesma depois de realizar trabalhos naquela área.
Figura 23. Sementeira de olericolas. Figura 24. Canteiros com rúcula.
23
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,':
Figura 25. Alface crespa. Farroupilha. Fev, 2008.
Em relação ao morango foi visitada uma propriedade, na qual o produtor recém
havia realizado o transplantio da muda e pediu para o técnico passar na lavoura para
fazer vistoria. Foi feita uma vistoria na lavoura e não foi detectada nenhuma doença
presente que necessitasse de aplicação de defensivos.
O viverista que foi visitado é um dos principais produtores da região,
produzindo aproximadamente 20.000 mil bandejas por mês (Figura 26). Essas mudas
são comercializadas na região e no Vale do Caí. No momento da visita estavam sendo
produzidas mudas de alface (crespa, lisa, roxa), repolho (verde e roxo), couve,
brócolis, radicci, cebola, beterraba, etc. As sementes utilizadas são, em sua maioria,
peletizadas, o que facilita a semeadura, devido ao tamanho das mesmas. Segundo o
produtor, foi um desafio, pois o mesmo era produtor de uvas. Após uma palestra por
parte dos técnicos da Emater/ASCAR, sobre produção de mudas, resolveu começar
na atividade. Começou aos poucos, no começo perdendo bastante mudas, por falta
principalmente de experiência, mas com o tempo, como ele mesmo disse "pegou o
jeito" e hoje produzem mudas de boa qualidade. Para garantir a qualidade sanitária
das mudas sãp feitas semanalmente aplicações de, principalmente, fungicida e a
irrigaçã? é sempre controlada, tempo e quantidade, tanto no inverno como no verão.
O substrato usado é a base de vermiculita e casca de arroz carbonizada. A
única muda que ele produz de modo diferenciado, sobre encomenda no inverno, é de
tomateiro, que essa é bem sensível, e qualquer frio pode ocasionar a perda das
mudas. Com isso, como as sementes são bastante caras, os produtores interessados
entram com as sementes e ele faz as mudas. Caso ocorra algum problema, ele não
arca com o prejuízo porque os produtores são avisados dessas condições.
24
·':
Figura 26. Viveiro de mudas de olericolas. Farroupilha. Jul, 2008.
4.6.6. MANEJO E COBERTURA DO SOLO NOS POMARES
Um dos aspectos positivos que pôde ser observado pela estagiária é a
conscientização dos produtores em relação à conservação do solo. Em todos os
pomares visitados, em ambas as épocas, pôde-se perceber a cobertura do solo com
diferentes espécies (Figura 27). Essa conscientização deve-se principalmente ao
empenho dos técnicos, que conseguiram transmitir aos produtores que manter o solo
coberto não prejudicava a produção e que não é "relaxamento" deixar cobertura do
solo. No inverno, as principais coberturas utilizadas são, aveia e azevém, sendo essa
dessecada ou simplesmente passado algo para baixá-Ias. Durante o verão, deixa-se
plantas espontâneas, trevos e cobertura morta do inverno.
Figura 27. Cobertura do solo - aveia e azevém. Farroupilha. Fev, 2008.
4.7. PARTICIPAÇÃO NA FESTA DA UVA.
Na primeira parte do estágio, a estagiária participou da montagem da
exposição/concurso dos melhores cachos de uva nos pavilhôes da Festa da Uva
25
(Figura 28). Nesta ocasião a estagiária teve a oportunidade de conhecer várias
variedades de uvas, tanto uvas viníferas como uvas comuns .
.':
..Figura 28. Participação na Festa da Uva 2008. Caxias do Sul. Fev 2008.
4.8. TRABALHO DE SISTEMATIZAÇÃO.
Durante o período de estágio, foi solicitado ao técnico agrícola, que o mesmo
elaborasse um trabalho de sistematização (Figura 29) de uma lavoura de morango
orgânico para que o mesmo fosse apresentado para os demais técnicos da
Emater/ASCAR. Para se elaborar esse trabalho a estagiária acompanhou o técnico até
a propriedade escolhida para fazer o levantamento dos dados técnicos de produção e
após o levantamento dos dados a estagiária foi encarregada de montar os slides da
apresentação.Os trabalhos de sistematização nada mais são que descrever um sistema de
produção. O roteiro seguido foi o seguinte: apresentação da propriedade, quantas
pessoas trabalham nesta atividade, quando e porque começaram a produção
orgânica, tipos de sistemas de cultivo, substratos utilizados, espaçamento,
prodútividade, as principais pragas e doenças, produtos utilizados para o controle das
mesmos, principais dificuldades encontradas pelo produtor, comercialização,
perspectivas e potencialidades. Esse trabalho vai ser apresentado em outubro num
encontro de técnicos da Emater/ASCAR, em Porto Alegre.
26
·"
Figura 29. Trabalho de sistematização com morangos orgânicos. Farroupilha.Fev, 2008.
4.9. TARDE DE CAMPO
Na segunda fase do estágio a estagiária participou de uma tarde de campo no
município de Flores da Cunha (Figura 30), no qual foram abordados temas como,
poda do pesseguieiro, a poda antecipada e riscos de geadas, formas de
monitorâmento de grapholita e mosca das frutas, irrigação e sistema anti-geadas. Na
tarde de campo compareceram aproximadamente 30 produtores dos municípios deFlores da Cunha e Farroupilha.
27
·':
Figura 30. Tarde de Campo em Flores da Cunha. Flores da Cunha. Jul, 2008.
5. CONCLUSÕES
o estágio é fundamental para a consolidação dos conhecimentos teórico-
práticos, desenvolvidos ao longo do curso de graduação. Além disso, possibilita uma
reflexão sobre o futuro mercado de trabalho que temos pela frente.
Através do estágio em extensão rural se conhece de forma mais profunda a
realidade rural, em que vivem os produtores. E o mais importante, se desenvolve a
capacidade de se relacionar com produtores de diferentes níveis tecnológicos,
distintas culturas, e especialmente com àqueles mais resistentes a mudanças.
Os objetivos iniciais do estágio foram plenamente alcançados, aperfeiçoando
técnicas e consolidando a vocação de extensionista.
6. ANÁLISE CRíTICA DO ESTÁGIO
O estágio foi uma experiência muito produtiva, tanto nos aspectos técnicos,
humanos, como sociais, permitindo vivenciar o cotidiano de um extensionista rural.
Além disso, se pôde perceber a importância de sempre se manter motivado, a fim de
realizar um bom trabalho, e nunca se acomodar em uma função, por maior que seja a
resistência dos produtores rurais à assistência técnica, pois um profissional que fala e
age com entusiasmo influencia todo um grupo a atingir determinado objetivo.
Embora o período de estágio tenha passado rapidamente, pode se dizer que foi
bem aproveitado. Um aspecto extremamente positivo foi a realização diária de saídas
de campo, nem que fosse ao menos para conhecer melhor a realidade rural.
Outro aspecto positivo do estágio, foi a possibilidade de realizá-lo em duas
épocas distintas - fevereiro e julho/agosto -, podendo assim presenciar e acompanhar
tratos culturais diferenciados. Não foi possível o acompanhamento de todo o ciclo,
28
,"
época.Uma crítica às universidades, órgãos de pesquisa e governamentais refere-se
a falta de investimento e pesquisas destinadas aos problemas enfrentados pelos
produtores, que às vezes, toma um entrave para melhorias na produtividade de certas
culturas.
7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
CÉSARO, A. - VIDEIRA: problemas fitossanitários e colheita. Estágio Orientado
em Docência, 2007.
STRECK, E.V.; KÀMPF, N.; DALMOLlN, R.S.D.; KLAMT, E.; NASCIMENTO, P.C. &-,'I
SCHNEIDER, P. Solos do Rio Grande do Sul. Editora da UFRGS, Porto ,oAleQ:;.e:
EMATER/RS; UFRGS. 2002
EMA TER - Curso básico de fruticultura - Módulo I. Porto Alegre, 2007
FEE - Fundação de Economia e Estatística. Dados sócio-econômicos. Disponível..em: <http://www.fee.rs.gov.br/>. Acesso em: agosto de 2008.
IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Dados agropecuários 2005
(Divulgados em 2006). Disponível em: <http://www.ibge.gov.br/>. Acesso em: agosto de
2008.
Prefeitura Municipal de Farroupilha.
<http://www.farroupilha.rs.gov.br/>. Acesso em: agosto de 2008.
PRONAF - Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar.
Disponível em: <http://www.pronaf.gov.br/>. Acesso em: agosoto de 2008.
Disponível em:
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