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INSTITUTO FEDERAL MINAS GERAIS CAMPUS CONGONHAS Técnico em Edificações MARILANA GABRIELA URZÊDO OLIVEIRA TECNOLOGIA DO CONCRETO DE ALTO DESEMPENHO (CAD)

TCC - Marilana - Final

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INSTITUTO FEDERAL MINAS GERAIS CAMPUS CONGONHAS

Técnico em Edificações

MARILANA GABRIELA URZÊDO OLIVEIRA

TECNOLOGIA DO CONCRETO DE ALTO DESEMPENHO (CAD)

CONGONHAS2012

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INSTITUTO FEDERAL MINAS GERAIS CAMPUS CONGONHAS

Técnico em Edificações

TECNOLOGIA DO CONCRETO DE ALTO DESEMPENHO (CAD)

Trabalho de Conclusão de Curso, apresentado ao

Curso de Edificações, do Instituto Federal Minas

Gerais – Campus Congonhas, como pré-requisito

para obtenção de título de Técnico em Edificações.

Orientador: Prof. Fernando Carlos Scheffer Machado

CONGONHAS2012

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MARILANA GABRIELA URZÊDO OLIVEIRA

TECNOLOGIA DO CONCRETO DE ALTO DESEMPENHO (CAD)

Trabalho de Conclusão de Curso submetido à banca examinadora designada pela Coordenação do Curso de Edificações, do Instituto Federal Minas Gerais – Campus Congonhas, como pré-requisito para obtenção de título de Técnico em Edificações.

Aprovado em ___ de ________ de 20___.Por:

__________________________________Fernando Carlos Scheffer Machado, MSc

Professor Orientador

______________________________________Fernando Carlos Scheffer Machado, MSc

Coordenador de Área

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DEDICATÓRIA

A Deus por tudo que me proporciona na vida

À meus pais pelo exemplo de vida e família

À meus professores

E aos meus verdadeiros amigos

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AGRADECIMENTOS

A Deus, pela presença constante em minha vida ...

Aos meus pais, por sempre me encorajarem,

Ao professor Fernando Scheffer, pelo incentivo,

A minha amiga Kátia, pela amizade sincera e companheirismo,

que mesmo nos meus momentos mais sombrios, nunca deixou

que eu perdesse a fé.

Agradeço a eles e a todos que, com muito carinho e apoio, não

mediram esforços para que eu chegasse até essa etapa da minha vida.

Muito Obrigada.

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“O homem fraco espera pela oportunidade; o

homem comum agarra-a quando ela vem; o

grande cria-a como ele a quer.”

Adolf Tàrneros

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RESUMO

O concreto de alto desempenho já é uma realidade no Brasil e o emprego de

concretos com resistência maiores que as usuais – de 40 a 50 MPa – tem-se

difundido muito nos últimos anos. As empresas de concreto pré-misturado, bem

como os centros de pesquisa, estão capacitados a obter esses concretos usados

principalmente em estruturas de edifícios, pontes e pré-moldados, reduzindo a seção

de pilares e cargas nas fundações e aumentando a durabilidade. Neste trabalho

procurou-se mostrar a utilização do concreto de alto desempenho em edifícios e

mostrar algumas de suas vantagens em relação à redução de custos principalmente

quando comparado ao concreto convencional. A conclusão mostrou a significativa

redução de custo, em edifícios de maior porte.

PALAVRAS-CHAVE: Concreto de alto desempenho, CAD, e-tower, sílica ativa.

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO 04

1. OBJETIVOS 051.1Objetivo Geral 051.2 Objetivos Específicos 05

2. MÉTODO DE TRABALHO 06

3. JUSTIFICATIVA 07

4. CONCRETO DE ALTO DESEMPENHO 084.1. Princípio do Concreto de Alto Desempenho 084.2. Materiais Constituíntes 09

4.2.1. Cimento Portland 094.2.2. Agregado Miúdo 124.2.3. Agregado Graúdo 134.2.4. Aditivos Químicos 164.2.5. Aditivos Superplastificantes 174.2.6. Água 20

4.3. Materiais Cimentícios Suplementares 204.3.1. Sílica Ativa 214.3.2. Escória de Alto-Forno 224.3.3. Cinza Volante 24

4.4. Classes do Concreto de Alto Desempenho 254.5. Métodos de Dosagem do CAD 26

4.5.1. Dosagem do Concreto de Alto Desempenho 264.6. Processando o Concreto de Alto Desempenho 284.7. Mistura 284.8. Transporte 284.9. Lançamento 294.10. Adensamento 294.11. Cura 30

5. ESTUDO DE CASO 315.1. Edifício e-Tower 31

5.1.1. Fôrmas 325.1.2. Concreto 335.1.3. Mistura 345.1.4. Transporte do Concreto 355.1.5. Lançamento e Adensamento 355.1.6. Cura 365.1.7. Controle da Qualidade 36

6. ANÁLISE OU COMPARAÇÃO/CRÍTICA 37

7. CONCLUSÕES 38REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 39

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INTRODUÇÃO

Atualmente, poucos materiais têm uso tão difundido nas edificações

quanto o concreto de cimento Portland. Devido às suas excepcionais qualidades, o

concreto possibilitou ao homem moderno mudanças expressivas na construção de

edifícios de grande porte.

Os resultados são novos desafios à pesquisa do concreto, principalmente

no que diz respeito ao concreto de alto desempenho, um material com melhores

índices de resistência e durabilidade, alcançadas a partir de adições químicas e

minerais.

A presente dissertação está estruturada em cinco capítulos. O capítulo 1

e 2 compreende a introdução e o objetivo deste trabalho de pesquisa. No capítulo 4

é apresentada uma revisão bibliográfica referente ao concreto de alto desempenho,

considerando aspectos de sua aplicação, materiais constituintes e procedimentos de

produção.

Já no capítulo 5, o estudo de caso é descrito através do detalhamento do

concreto de alto desempenho utilizado no edifício e-tower.

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1. OBJETIVOS

Este trabalho tem como objetivo demonstrar a utilização do concreto de alto

desempenho em edifícios.

1.1. Objetivo Geral

O concreto de alto desempenho (CAD) é um material diferente do concreto

convencional, o objetivo é mostrar sua tecnologia, os tipos de materiais

usados e o estudo para a elaboração dos traços.

1.2. Objetivos Específicos

O CAD é um produto pouco difundido na construção civil, e a sua aplicação

se resume hoje, quase que somente a grandes prédios e escritórios. O

objetivo é mostrar mais esse material para poder assim contribuir para a

ampliação de sua utilização.

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2. MÉTODO DE TRABALHO

Este trabalho foi elaborado a partir de pesquisas feitas em livros, sites da

internet, revistas técnicas e artigos publicados por profissionais da área, Instituto

Brasileiro de Concreto (IBRACON) e Associação Brasileira de Cimento Portland

(ABCP).

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3. JUSTIFICATIVA

O concreto convencional é um dos produtos mais consumidos no mundo,

só perde para a água, por isso ele vem sendo fruto de muitos estudos pelo mundo a

fora, já o CAD vem sendo usado há muito tempo no exterior, mas no Brasil não faz

muito tempo, então é necessário por menor que seja feito um estudo sobre o CAD

até para os profissionais da área.

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4. CONCRETO DE ALTO DESEMPENHO

Segundo Amaral Filho (1992), por mais de um século, o concreto

estrutural tem sido rotineiramente produzido para a obtenção de resistência aos 28

dias de idade na faixa de 20 MPa a 30 MPa, ou até para níveis acima de 35 MPa.

Ocasionalmente, em circunstâncias especiais, obtinham-se resistências mais altas,

produzindo-se o chamado concreto de alta resistência. Há 30 anos, o termo alta

resistência era aplicado para concretos com resistências próximas ou maiores que

40 MPa. Mas recentemente têm-se alcançado resistências de 50 a 60 MPa e nos

últimos 15 anos, concretos com resistências maiores têm sido empregado na

construção de edifícios altíssimos e pontes. Resistência de 90 MPa, 100MPa,

110MPa e de até 120MPa têm sido obtidas de maneira quase rotineira.

De acordo com Amaral Filho (1992), o concreto de alto desempenho é

uma evolução dos concretos produzidos ao longo dos anos, uma das grandes

diferenças de um concreto convencional para o de alto desempenho é o maior

controle na seleção dos materiais e nas etapas de dosagem, mistura, adensamento,

transporte e cura, juntando a isso o uso preciso de aditivos químicos e minerais

permitindo-nos a produção de concretos com propriedades melhoradas.

Amaral Filho (1992) define a durabilidade de um concreto como a sua

habilidade para resistir às ações atmosféricas, ataques químicos, abrasão e outros

processos de deterioração. As ações atmosféricas referem-se aos efeitos

ambientais, tais como exposição a ciclos de molhagem, secagem, congelamento e

descongelamento. Os processos de deterioração química incluem ataque de

substâncias ácidas e reações de expansão, tais como reações de sulfatos, reações

álcali-agregado e corrosão das armaduras de aço no concreto.

4.1. Princípios do Concreto de Alto Desempenho

Atualmente, podem-se produzir concretos com 140MPa, mas concreto de

alto desempenho não é a mesma coisa que concreto de alta resistência. O enfoque

se deslocou da resistência muito alta para outras propriedades desejáveis em

determinadas circunstâncias. São elas: módulo de elasticidade, elevada densidade,

baixa permeabilidade e resistência a certos tipos de ataque. (Evangelista, 1996).

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O concreto de alto desempenho contém fumo de sílica, enquanto que o

concreto comum normalmente não tem. O concreto de alto desempenho,

geralmente, embora não sempre, contém cinza volante ou escória granulada de alto

forno ou ambos os materiais. O agregado deve ser escolhido com muito cuidado e

tem um tamanho máximo menor do que o dos concretos comuns, no máximo,

geralmente, 10 mm a 14 mm, para se evitarem as tensões diferenciais na interface

agregado-pasta de cimento, que poderia resultar em microfissuração. (Evangelista,

1996).

Outro ponto a propósito dos ingredientes é este: a inclusão do fumo de

sílica na mistura necessita de um superplastificante. Não é recomendável o uso de

qualquer superplastificante com nenhum tipo de cimento Portland; o

superplastificante deve ser compatível como cimento a ser efetivamente usado.

(Evangelista, 1996).

4.2. Materiais Constituíntes

4.2.1. Cimento Portland

O cimento Portland é um material pulverulento, aglomerante hidráulico,

composto basicamente de silicatos de cálcio e aluminatos de cálcio que misturados

à água se hidratam, e depois de endurecidos, mesmo que sejam submetidos

novamente à ação da água não se decompõem mais.

Para a fabricação do cimento são empregados materiais calcários, como

rocha calcária e gesso, e alumina e sílica, encontradas facilmente em argilas e

xistos. O processo de fabricação do cimento Portland consiste essencialmente em

moer a matéria-prima, misturá-la nas proporções adequadas e queimar essa mistura

em um forno rotativo até uma temperatura de cerca de 1450°C (graus Celsius).

Nessa temperatura, o material sofre uma fusão incipiente formando pelotas,

conhecidas como clínquer. O clínquer é resfriado e moído, em um moinho de bolas

ou de rolo, até formar um pó bem fino (geralmente menor que 75 µm), com adição

de um pouco de gesso, resultando o cimento Portland largamente usado em todo o

mundo. (Neville,1997). A mistura e moagem das matérias-primas podem ser feitas

tanto em água quanto à seco, daí a denominação dos processos de via úmida e de

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via seca. Alguns materiais com a areia, bauxita e o minério de ferro, são adicionados

como corretivos, cuja função é suprir os elementos que não se encontram nas

matérias-primas principais

Durante a queima ocorrem inúmeras reações de estado sólido entre as

fases constituintes, reações envolvendo essas fases e a parte fundida do material e,

ainda, os principais componentes do cimento (silicato tricálcio, silicato dicálcio,

aluminato tricálcio, ferroaluminato te- tracálcico), que quando hidratados fornecem

as principais propriedades deste material (Neville, 1997). A última etapa de

fabricação do cimento Portland constitui-se no resfriamento imposto aos nódulos

produzidos, sendo de grande importância para a definição da reatividade e

estabilidade das fases do clínquer.

As reações químicas entre os silicatos e aluminatos com a água são

denominados de reações de hidratação do cimento e geram uma massa firme e

resistente. Essas reações de dissolução e formação de novas fases ocorrem quase

que instantaneamente, na medida em que se adiciona água ao cimento Portland.

De acordo com Mehta e Monteiro (1994), o silicato tricálcio apresenta

rápida hidratação desprendendo uma quantidade média de calor, gerando um gel de

silicato hidratado e cristais de hidróxido de cálcio. Este composto contribui para

elevar a resistência inicial da pasta endurecida e aumentar sua resistência final. Já o

silicato dicálcio, que desprende uma quantidade pequena de calor durante sua lenta

hidratação, também é responsável pelo aumento de resistência nas idades

avançadas e produz um volume menor de hidróxido de cálcio, em comparação com

o silicato tricálcio. Responsável pelas primeiras reações de hidratação, o aluminato

tricálcio libera uma grande quantidade de calor para formar aluminatos hidratados. O

ferroaluminato tetracálcico também se hidrata rapidamente (semelhante ao

aluminato tricálcio), mas exerce pouca influência sobre a resistência mecânica da

pasta. Ressalta-se que um dos primeiros avanços no sentido de melhor

compreender o processo de hidratação do cimento Portland foi, inegavelmente, a

análise em separado do comportamento exibido pelas diversas fases do clínquer em

pastas hidratadas.

A princípio o cimento Portland pode ser constituído unicamente de

clínquer e de uma substância reguladora de pega, caracterizando o que se

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convencionou denominar “cimento Portland comum”. Entretanto, ao longo do tempo,

outros materiais começaram a ser utilizados em conjunto com o clínquer,

constituídos os “cimentos com adições”. Desta forma, a Associação Brasileira de

Normas Técnicas (ABNT) define o cimento Portland em tipos e classes de acordo

com os seus componentes e propriedades. A classe do cimento caracteriza sua

resistência mínima potencial aos 28 dias, sendo dividida em três níveis: 25 MPa,

32 MPa e 40 MPa.

Para a aplicação em concreto de alto desempenho, Mehta e Aiticin (1990)

apud Cordeiro (2001) comentam que é possível a utilização de qualquer tipo de

cimento, sendo preferível, no entanto, o cimento Portland comum e aqueles com

elevado teor de silicato tricálcio e silicato dicálcio. Segundo Neville (1997), os dois

silicatos necessitam praticamente da mesma quantidade de água para a hidratação,

mas o silicato tricálcio produz mais que o dobro da quantidade de hidróxido de

cálcio, quando comparado com o silicato dicálcio. Isto proporciona uma menor

durabilidade quanto ao ataque de águas ácidas e/ou sulfatadas. O hidróxido de

cálcio no concreto pode reagir comum agregado ácido (calcedônia, por exemplo)

dando origem a um silicato de cálcio hidratado. Esta reação, contudo, causa um

aumento de volume indesejável.

Na opinião de Mehta e Aiticin (1990) apud Cordeiro (2001), não há

critérios científicos fixos que especifiquem o cimento mais adequado para o concreto

de alta resistência, só é necessária uma seleção criteriosa do cimento, quanto ao

tipo, para concretos com uma resistência acima de 90 MPa. O melhor cimento para

concreto de alto desempenho é o que apresenta menor variabilidade nas suas

propriedades e principalmente em sua resistência.

Segundo Vieira et al. (1997) a escolha do tipo de cimento vai ser função

não só da disponibilidade de mercado, mas, sobretudo, das propriedades que o

concreto a ser produzido deverá possuir. Os autores enfatizam que, para cada

situação específica de projeto, todas as condições deverão ser avaliadas

detalhadamente, desde as especificações de projeto, condições de cura e aplicação,

cronograma de execução, e o que mais se fizer necessário para que o cimento

escolhido seja o mais adequado, contribuindo, desta forma, para o aumento da vida

útil da estrutura de concreto.

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Então, para a escolha satisfatória do cimento Portland utilizado na

produção do concreto de alto desempenho, exige-se conhecimento técnico e

científico deste material.

4.2.2. Agregado miúdo

A ABNT (1983) classifica os agregados miúdos em zonas (muito fina, fina,

média e grossa), de acordo com sua composição granulométrica.

De acordo com Cordeiro (2001), o principal requisito para a escolha do

agregado miúdo baseia-se na quantidade de água de mistura. Segundo o ACI 363

(1991) apud Cordeiro (2001), um agregado miúdo de partículas arredondadas e

textura lisa precisa de menor quantidade de água e, por este motivo, é indicado para

o concreto de alto desempenho. Como este concreto apresenta uma grande

quantidade de material fino, recomenda-se agregado miúdo de forma angular,

módulo de finura acima de 3,0 e diâmetro máximo de 4,8mm (ACI 363, 1991;

Canovas, 1998 apud Cordeiro, 2001). Dal Molin (1995) apud Cordeiro (2001)

comenta que a seleção do agregado miúdo está condicionada ao consumo de água,

fator essencial para garantir uma relação água/aglomerante baixa.

Segundo Amaral Filho (1989), com areia natural quartzosa, bem graduada

e dentro das especificações, é possível a obtenção de concretos com resistências

de até 170 MPa.

Conforme Vieira et al. (1997), afirmam que os agregados miúdos exercem

maior influência na mistura que os agregados graúdos. Isto se deve ao fato de que a

superfície específica dos agregados finos é bem maior e, portanto, necessitam de

mais pasta para envolver seus grãos. Teores elevados de agregados miúdos

produzirão concretos mais plásticos. Por outro lado, a diminuição da quantidade de

agregado miúdo acarreta um decréscimo no teor de pasta necessário, reduzindo o

custo final do concreto.

Segundo Cordeiro (2001), é imprescindível após a escolha adequada do

agregado miúdo, que haja um rigoroso controle de qualidade, pois pequenas

variações no teor de umidade e/ou granulometria podem ocasionar mudanças

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significativas nas propriedades do concreto fresco e endurecido. Neville (1997)

sugere que o teor de umidade seja verificado freqüentemente numa obra de

concreto, pois seu valor varia conforme o clima e posição de uma amostra no monte

de agregado em estoque.

Ainda de acordo com Neville (1997), quando não for possível a utilização

de agregados naturais, deve-se atentar para a granulometria do material britado.

Neste caso, obtém-se mais material menor de 75 µm que gera, perda de

trabalhabilidade e um pequeno decréscimo na resistência à compressão do

concreto.

De acordo com Cordeiro (2001), deve-se procurar uma proporção ótima

de agregados miúdos e graúdos, de acordo com suas características de

granulometria e forma, a fim de que uma mistura mais compacta seja obtida, ao

menor consumo de pasta possível, e como resultado um menor custo.

4.2.3. Agregado Graúdo

Segundo Cordeiro (2001), o termo agregado graúdo descreve partículas

maiores que 4,8 mm, responsáveis por uma fração considerável do volume do

concreto. Desta forma, os efeitos que este material pode gerar no concreto fresco e

endurecido devem ser estudados com atenção.

Ainda conforme Cordeiro (2001), em geral estes agregados são

procedentes de jazidas naturais, seja na forma de pedregulhos, seixos ou pedra

britada. Rochas ígneas, como o granito e basalto, metamórficas como gnaise e

leptinto e sedimentares, como arenitos e calcários, são utilizadas em todo mundo.

Também podem ser empregados em concretos, agregados de escória de alto-forno,

de cinza volante e agregados reciclados (rejeitos de construção e resíduos

cerâmicos, por exemplo).

De acordo com Mehta e Monteiro (1994) as características mais

significativas dos agregados graúdos são:

Resistência à compressão;

Resistência à abrasão;

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Módulo de Elasticidade;

Massa específica e massa unitária compactada;

Absorção;

Porosidade;

Composição granulométrica, módulo de finura e dimensão máxima;

Forma e textura superficial;

Presença de substâncias deletérias.

Segundo Cordeiro (2001), a escolha do agregado graúdo é mais

complexa que a do agregado miúdo, pois suas propriedades físicas, químicas e

minerológicas afetam consideravelmente a obtenção das propriedades de

resistência e durabilidade no concreto.

Estudos realizados por Helland (1988) apud Cordeiro (2001), com

concretos de várias classes de resistência, utilizando um agregado graúdo de boa

qualidade (seixo britado), verificaram que para resistências menores que 80 MPa o

concreto se comporta como um material composto. Isto porque as fissuras se

desenvolvem na pasta e na interface agregado-pasta. Para resistências entre 80

MPa e 100 MPa a capacidade de carga do agregado e da pasta tem a mesma

ordem de grandeza.

Desta forma, as fissuras “penetram” também nos agregados e o material

têm um comportamento homogêneo. Com valores de resistência acima de 100 MPa,

o concreto adquire novamente um comportamento típico de compósitos, sendo o

agregado o componente mais frágil.

Gonçalves et al. (1994), verificaram em um estudo realizado com

agregados rochosos da cidade do Rio de Janeiro que o agregado graúdo pode vir

até mesmo a restringir as propriedades do concreto. Constataram, usando gnaisse e

granito, que a existência de concretos de resistências menores que as da

argamassa e a ocorrência exclusiva de fraturas intergranulares eram indicativos de

que os agregados graúdos foram os limitadores das resistências do concreto.

Segundo Aitcin e Neville (1993) apud Cordeiro (2001) os agregados

graúdos menores são geralmente mais resistentes que os agregados maiores. Isto

se deve ao processo de britagem, que ocorre preferencialmente em zonas

potencialmente fracas na rocha matriz. Assim, quanto menor o agregado utilizado,

menor a superfície capaz de reter água durante a exsudação do concreto fresco, o

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que propicia uma zona de transição de menor espessura e, conseqüentemente,

mais resistente.

Almeida (1994) diz que a alta resistência do agregado é uma condição

necessária, mas não suficiente, para a produção de concreto de alto desempenho e

ressalta a fragilidade da interface agregado-pasta. Mesmo com agregados de

grande resistência à compressão, atinge-se um limite acima do qual não é possível

elevar a resistência do concreto com o fortalecimento da pasta: o concreto rompe na

ligação agregado-pasta.

Nos concretos de alto desempenho, comenta Nuñez (1992) apud

Cordeiro (2001), há uma transferência direta de tensões entre a pasta e o agregado

graúdo a cargas relativamente baixas. Assim, o módulo de elasticidade do concreto

é fortemente influenciado pelas propriedades elásticas do agregado graúdo.

Segundo Cordeiro (2001) a distribuição granulométrica de um agregado é

um fator muito importante, pois altera a demanda de água de um concreto. O fator

água/aglomerante no concreto de alto desempenho deve ser o menor possível,

desta forma a quantidade de água deve ser minimizada, para um determinado

abatimento.

De acordo com Neville ( 1997) um agregado inadequado quanto a sua

forma pode influenciar a trabalhabilidade da mistura e o acabamento superficial dos

elementos do concreto e demonstra que, embora agregados com formas angulares

possam produzir concretos com resistências mecânicas superiores, efeitos opostos

podem surgir na demanda de água e trabalhabilidade se a angulosidade for muito

acentuada.

Gomes et al. (1995) sugerem uma relação inversa entre a resistência à

compressão do concreto e a abrasão “Los Angeles” do agregado graúdo. Segundo

autores, quanto menor for o percentual de abrasão obtido no ensaio, maior será a

resistência alcançada pelo concreto. Tal fato evidencia a influência do agregado

graúdo na resistência do concreto.

Gomes et al. (1995) recomendam uma análise petrográfica do agregado

graúdo para identificação dos tipos de minerais que possam vir a comprometer a

durabilidade do concreto.

Estudos realizados por Almeida (1994), utilizando agregados de granito,

calcário e seixos rolados, indicam um aumento de 5% a 10% na resistência à

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compressão de concretos em virtude da lavagem dos agregados antes da confecção

do concreto.

4.2.4. Aditivos Químicos

A NBR 11768 (EB – 1763/1992) define os aditivos químicos como sendo

produtos que adicionados ao concreto de cimento Portland em pequenas

quantidades modificam algumas de suas propriedades, no sentido de melhor

adequá-las a determinadas condições. De acordo com Neville (1997), o motivo do

grande uso de aditivos químicos é a capacidade de proporcionar ao concreto

consideráveis melhorias em suas propriedades. Essas melhorias incluem o uso do

concreto em condições nas quais seria difícil ou até mesmo impossível utilizá-lo sem

aditivos.

O Comitê ACI 212 (1991) apud Cordeiro (2001) lista algumas finalidades

importantes para as quais os aditivos químicos são empregados:

Aumentar a plasticidade do concreto mantendo constante o teor

de água;

Reduzir a exsudação e a segregação;

Retardar ou acelerar o tempo de pega do concreto;

Acelerar a velocidade de desenvolvimento da resistência

mecânica das primeiras idades;

Retardar a taxa de evolução de calor durante a hidratação do

cimento;

Aumentar a resistência a ciclos de congelamento e

descongelamento;

Aumentar a durabilidade do concreto em condições extremas de

exposição.

De acordo com Cordeiro (2001) os aditivos químicos são classificados em

virtude das alterações que causam nas propriedades do concreto fresco e/ou

endurecido. Segundo Mehta (1996) apud Cordeiro (2001), os aditivos variam

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amplamente quanto à composição química e muitos desempenham mais de uma

função; conseqüentemente, é difícil classificá-los de acordo com as suas funções.

Segundo Cordeiro (2001), uma vez que a redução da relação

água/aglomerante é primordial para obtenção do concreto de alto desempenho a

utilização de aditivos redutores de água faz-se imprescindível. O uso de aditivos

superplastificantes é preponderante, uma vez que aumenta a fluidez do concreto a

níveis muito elevados, sem alterar outras característricas, permitindo produzir,

através da redução da relação água/aglomerante, concretos com alta resistência e

maior durabilidade.

4.2.5. Aditivos Superplastificantes

Os superplastificantes, também chamados de redutores de água de alta

eficiência ou superfluidificantes, consistem de tensoativos aniônicos de cadeia longa

e massa molecular elevada (20000 a 30000). Quando absorvido pelas partículas de

cimento, o tensoativo confere uma forte carga negativa, a qual auxilia a reduzir

consideravelmente a tensão superficial da água circundante e aumentar

acentuadamente a fluidez do sistema. (Mehta e Monteiro, 1994)

Os superplastificantes podem ser agrupados em quatro grandes

categorias, de acordo com sua composição química (Aiticin et al, 1994 apud

Cordeiro,2001):

Condensados sulfonados de melamina-formaldeído;

Condensados sulfonados de formaldeído-naftaleno;

Condensados de lignossulfonatos modificados;

Outros, como ésteres de ácido sulfônico e ésteres de carboidratos.

Atualmente as duas primeiras categorias mencionadas são mais

largamente utilizadas, pois apresentam maior eficiência como redutores de água e

menor incidência de efeitos secundários.

O principal efeito das cadeias longas do superplastificante, segundo

Neville (1997), é o de ficarem absorvidas nas partículas de cimento, conferindo-lhes

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uma carga altamente negativa de modo que elas passam a se repetir. Isso provoca

defloculação e dispersão das partículas de cimento. A melhoria resultante da ação

do superplastificante pode ser aproveitada de dois modos distintos. Permite para a

mesma relação água/aglomerante e o mesmo teor de água na mistura um aumento

considerável da trabalhabilidade do concreto, mantendo a mistura coesiva. Outra

forma seria para obter concretos com trabalhabilidade normal, mas com uma

resistência extremamente alta, devido a uma substancial redução da relação

água/aglomerante.

A defloculação se deve à redução das forças de atração entre partículas

com cargas opostas. Já a dispersão ocorre pela introdução da força repulsiva entre

partículas, devido à alta carga negativa conferida às partículas de cimento pela

absorção do aditivo. Quanto maior a absorção melhor será a dispersão das

partículas de cimento e mais homogenia será a microestrutura da pasta.

A reologia do concreto de alto desempenho pode ser afetada por

parâmetros relativos ao cimento, ao superplastificante e a interação entre eles,

dentre os quais os mais significativos são (Aiticin et al, 1994 apud Cordeiro,2001):

Composição química do cimento, especialmente a quantidade e

aluminato tricálcio e álcalis;

Finura do cimento Portland;

Quantidade e tipo de sulfato de cálcio no cimento;

Natureza química e massa molecular do superplastificante;

Grau de sulfonatação do superplastificante;

Dosagem e método de adição à mistura do superplastificante.

Os aditivos superplastificantes interagem com o aluminato tricálcio, que é

o primeiro componente do cimento a hidratar-se, e sua reação é controlada pelo

sulfato de cálcio, produto adicionado ao clínquer para controlar o tempo de pega do

cimento. Uma certa quantidade é necessária durante a mistura para obter a

trabalhabilidade desejada, no entanto, é imprescindível que o superpalstificante não

seja totalmente fixado pelo aluminato tricálcio. Se a fixação ocorrer é porque íons

sulfatados não foram liberados a tempo de reagirem com o aluminato tricálcio.

Quando os íons sulfatados são liberados vagarosamente, o cimento e o aditivo

superplastificante são ditos incompatíveis. (Aiticin et al, 1994 apud Cordeiro, 2001).

Page 25: TCC - Marilana - Final

19

O problema da incompatibilidade entre cimento e superplastificante pode

também existir no concreto convencional, mas é muito mais acentuado no concreto

de alto desempenho. Isto é devido à menor quantidade de água para receber os

íons sulfatados no concreto de alto desempenho e a alta dosagem de cimento,

proporcionando mais aluminato tricálcio à mistura. (Aiticin et al, 1994 apud Cordeiro,

2001).

A quantidade de superplastificante necessária para obtenção de uma

pasta com fluidez definida aumenta com a área específica do cimento Portland.

Quanto mais fino o cimento, mais superplastificante é requerido para obter a

trabalhabilidade (Cordeiro, 2001).

As moléculas do superplastificantes podem ser absorvidas no silicato

tricálcio. Com um aumento na dosagem do superplastificante, o desenvolvimento do

calor de hidratação é retardado. Este fenômeno de absorção foi demonstrado pela

observação direta de um superplastificante marcado com enxofre através de

estudos.

Um estudo realizado por Chan et al. (1996) apud Cordeiro (2001), mostra

a variação no comportamento de quatro superplastificantes em concretos com

abatimento entre 150 e 200 mm em função da redução da relação água/cimento.

Geralmente, a consistência do concreto diminui com o aumento da dosagem de

superplastificante até um valor, além do qual, passa a ser pequeno o efeito.

Estudos revelam que o uso de superplastificantes em pastas de cimento

sujeitas a diferentes métodos de cura leva a um decréscimo do volume total de

poros e ao refinamento da estrutura de poros de pastas hidratadas. O refinamento

dos poros, além da redução de seu volume, diminui a permeabilidade e aumenta a

resistência, permitindo a obtenção de concretos muito mais duráveis. O refinamento

dos poros, além da redução de seu volume, diminui a permeabilidade e aumenta a

resistência, permitindo a obtenção de concretos muito mais duráveis. Vale ressaltar,

que o processo denominado refinamento dos poros é a transformação de um

sistema contendo grandes vazios capilares em um sistema composto de numerosos

poros mais finos. (Neville, 1997)

O comportamento reológico em traços com baixa relação

água/aglomerante não é definido pelas especificações do superplastificante e do tipo

Page 26: TCC - Marilana - Final

20

de cimento Portland. Faz-se, portanto, necessário experimentá-los e verificar como

se comportam frente aos complexos fenômenos químicos envolvidos. Vários

métodos são empregados para avaliar a compatibilidade aditivo-cimento e a

dosagem ótima de superplastificante. Dentre os mais utilizados estão: método de

Kantro ou miniabatimento e método do cone de Marsh. (Neville,1997)

1. Água

Segundo Cordeiro (2001), a água introduzida no concreto como um de

seus componentes tem duas funções. Uma parte denominada de amassamento,

contricui para garantir uma trabalhabilidade adequada. A outra permite o

desenvolvimento das reações químicas no concreto, tanto de hidratação do cimento

Portland, quanto reações pozolânicas com os aditivos minerais e/ou constituintes do

cimento empregado. Segundo o ACI 363 (1991) apud Cordeiro (2001), os mesmos

requisitos de qualidade exigidos para água de concretos convencionais devem ser

cumpridos no concreto de alto desempenho. De acordo com Neville (1997), águas

potáveis, ligeiramente ácidas, não são prejudiciais ao concreto.

4.3 Materiais Cimentícios Suplementares

O concreto de alto desempenho pode ser feito usando-se apenas o

cimento Portland como material cimentício. Entretanto, uma substituição parcial do

cimento Portland por um, ou uma combinação de dois ou três materiais cimentícios,

quando disponíveis a preços competitivos, pode ser vantajosa, não apenas do ponto

de vista econômico, mas também do ponto de vista reológico, e, algumas vezes, do

ponto de vista da resistência (Aiticin, 2000).

O uso de materiais cimentícios suplementares, quando disponíveis a

preços competitivos, é benefício para a produção do concreto de alto desempenho,

pois pode trazer diminuição de custo. A sua dosagem no traço final depende da

resistência inicial desejada para o concreto de alto desempenho, levando em conta a

temperatura ambiente (Aiticin, 2000).

Page 27: TCC - Marilana - Final

21

O uso de uma combinação de dois materiais cimentícios, escória e sílica

ativa, ou cinza volante e sílica ativa é benefício, pois a reatividade da sílica pode

compensar a reatividade mais lenta da escória ou da cinza volante. Dos três

materiais a seguir, as cinzas volantes são as mais variáveis e menos reativas. Isso

não significa que elas não sejam usadas para fazer o concreto de alto desempenho,

mas que elas deveriam ser usadas com cuidado e não com base em qualquer

generalização (Aiticin, 2000).

4.3.1. Sílica Ativa

A sílica ativa é um subproduto da fabricação do silício metálico, das ligas

de ferro-silício e de outras ligas de silício. O silício e as sua liga são produzidos emm

fornos de arco elétrico imerso onde o quartzo é reduzido na presença de carvão ( e

ferro durante a produção das ligas ferro-silício). Durante a redução da sílica, dentro

do arco elétrico, um subóxido de silício, é produzido. Como esse gás escapa para a

parte superior da carga, ele se resfria, condensa e oxida na forma de partículas

finíssimas de sílica. Essas partículas são coletadas por um sistema de eliminação de

pó (Aiticin, 2000).

A sílica é disponível atualmente em quatro diferentes formas: em bruto,

como produzida, em forma de nata de sílica ativa, em forma densificada e misturada

como cimento Portland (Aiticin, 2000).

Comparada com outros materiais cimentícios suplementares, as

características peculiares que tornam a sílica ativa um material pozolânico muito

reativo são o seu teor muito alto de dióxido de silício, os eu estado amorfo e a sua

extrema finura (Aiticin, 2000).

Os efeitos benéficos da sílica ativa na microestrutura e nos propriedades

mecânicas do concreto são devidos não apenas à rápida reação pozolânica, mas

também ao efeito físico das partículas da sílica ativa, o qual é conhecido como

“efeito filer”. Além disso, a sílica ativa tem um efeito químico relacionado com a

germinação de cristais de portlandita, hidróxido de cálcio (Aiticin, 2000).

Page 28: TCC - Marilana - Final

22

Devido à sua finura, as partículas de sílica ativa podem preencher os

vazios entre as partículas maiores do cimento, quando elas estão bem desfloculadas

na presença de uma dosagem adequada de superplastificante. Diz-se que o efeito

filer é também responsável pelo aumento na fluidez dos concretos com uma relação

água/aglomerante muito baixa. Por conseguinte, devido às suas características

físicas únicas, a matriz sólida resultante que inclui sílica ativa é densa ainda antes

que quaisquer ligações químicas entre as partículas do cimento tenham se

desenvolvido (Aiticin, 2000).

Devido ao tamanho extremamente reduzido de suas partículas, a adição

de sílica ativa reduz drasticamente tanto a exsudação interna como superficial da

mistura. Essa exsudação reduzida é muito importante do ponto de vista

microestrutural, porque transforma radicalmente as características microestruturais

da zona de transição entre a pasta de cimento e os agregados e entre a pasta de

cimento e o aço da armadura. Essas zonas de transição são as mais compactas do

que a relativamente porosa geralmente obtida quando o concreto não contém

qualquer sílica ativa (Aiticin, 2000).

4.3.2. Escória de Alto-Forno

A escória ou a escória de alto-forno finamente granulada, é o subproduto

da manufatura do ferro-gusa num alto-forno. Todas as impurezas contidas no

minério de ferro e no coque passam para a escória de alto-forno. Como todas essas

impurezas poderiam resultar numa mistura com um ponto de fusão muito alto, o que

poderia ser antieconômico, agentes fundentes são adicionados à carga do alto-forno

de modo que a composição química resultante das impurezas fique dentro de uma

região muito bem definida do diagrama de fases.

A escória fundida tem uma massa específica muito mais baixa, cerca de

2,8g/cm³, do que o ferro-gusa, que está acima dos 7,0g/cm³, e assim a escória

derretida flutua no topo do ferro-gusa derretido e pode ser drenada separadamente

(Aiticin, 2000).

A escória pode ser resfriada de duas maneiras diferentes. Na primeira, ela

pode ser deixada resfriar lentamente de tal maneira que ela se cristaliza

Page 29: TCC - Marilana - Final

23

principalmente na forma de melilita, uma solução sólida de ackermanita e gelenita.

Quando resfriada dessa maneira, a escória de alto-forno é cristalizada e pode ser

usada como agregado no concreto, no asfalto e como lastro de cobertura ou para

construir estradas e embarcadouros, mas ela não tem praticamente valor hidráulico

e não usada como material cimentício suplementar, mesmo que finamente moída

(Aiticin, 2000).

Contudo, se a escória é resfriada rapidamente quando sai do alto-forno,

ela solidifica numa forma vítrea e pode então desenvolver propriedades cimentícias,

se adequadamente moída e ativada. O resfriamento da escória pode ser realizado

de três diferentes modos> A escória fundente pode ser (Aiticin, 2000):

1. Lançada em um grande recipiente de água onde ela se desintegra

em pequenas partículas como uma areia grossa, também

denominada “escória granulada”;

2. Resfriada rapidamente por um forte jato de água assim que ela

escorre do alto-forno em calhas metálicas. Aqui, ela também é

transformada numa areia, que também é chamada de “escória

granulada”;

3. Projetada através de ar por uma roda especial, de tal forma que o

resfriamento rápido se dá pela combinação da ação da água e do

ar. Neste caso, a escória resfriada tem a forma de “pelletes” mais

ou menos esféricas e porosas, é chamada de “escória peletizada”.

Esse “pelletes” podem ser usados como agregado leve na

fabricação de blocos de concreto ou podem ser moídos para fazer

um pó cimentício.

Assim, como um material cimentício suplementar, a escória possui

algumas características úteis: ela tem uma composição química que não varia

demais. A característica crítica que deve ser checada cuidadosamente quando se

usa escória é sua vitrificação, pois as suas propriedades hidráulicas estão

estreitamente ligadas a essa característica. Se a temperatura da escória estiver um

pouco baixa, significando que alguns cristais poderiam estar presentes na fase

fundente, quando o resfriamento rápido, a escória pode tornar-se menos reativa do

que outra mais quente que seria mais vitrificada. Escórias bem resfriadas podem ter

Page 30: TCC - Marilana - Final

24

uma cor amarela pálida, bege ou cinza, enquanto escórias frias têm uma cor mais

escura variando do cinza escura até o marrom escuro (Aiticin, 2000).

Um modo fácil de verificar se a escória foi bem resfriada é obter

difratogramas de raios X. (Aiticin, 2000)

A escória pode ser misturada com o cimento depois da moagem do

clínquer ou junto com o clínquer, ou então ser vendida separadamente aos

produtores de concreto, como material cimentício suplementar. Materiais misturados

são mais comuns na Europa, enquanto o uso de escória como um ingrediente à

parte prevalece na América do Norte (Aiticin, 2000).

A adição de escória em misturas de cimento Portland geralmente reduz a

demanda de água e melhora a trabalhabilidade do concreto. Os grãos de escória

apresentam superfície limpa e lisa, apesar da forma angulosa, com planos de

deslizamento que favorecem a trabalhabilidade, auxiliada também pela menor

velocidade de hidratação. A exsudação do concreto é reduzida com o emprego de

escória com elevada finura. O calor de hidratação diminui com o aumento do teor de

escória, sendo significativo o decréscimo para 70% da adição. Para outros teores de

adição (85%), o calor aumenta com o aumento da relação água/aglomerante e com

a finura da escória parece não influenciar significativamente na elevação adiabática

da temperatura do concreto.

4.3.3. Cinza Volante

Cinzas volantes são partículas coletadas pelos sistemas antipó das

usinas de energia que queimam carvão. Cinzas volantes podem ter composição

química e de fases diferentes, pois estão relacionadas exclusivamente com a

quantidade de impurezas contidas na queima de carvão na usina de energia. O

carvão da mesma jazida usado na mesma usina produzirá quase a mesma cinza

volante. Todavia, a composição química das cinzas volantes de diferentes usinas

pode variar (Aiticin, 2000).

Do ponto de vista físico, as cinzas volantes podem também ser muito

diferentes umas das outras. Elas podem aparecer como partículas esféricas simples,

com uma distribuição granulométrica similar à do cimento Portland, ou podem conter

Page 31: TCC - Marilana - Final

25

algumas esferas ocas. Em alguns casos, elas podem também conter partículas

angulosas (Aiticin, 2000).

Do ponto de vista químico, as diferentes cinzas volantes disponíveis

podem ser classificadas em grandes famílias; por exemplo, a ASTM reconhece dois

tipos de cinzas volantes na sua Especificação C618-94ª para as Cinzas Volantes de

Carvão e Pozolana Crua ou Calcinada para Uso como Adições Minerais em

Concreto de Cimento Portland: Cinza Volante Classe F e Classe C. A cinza volante

Classe F é usualmente produzida em usinas de energia queimando antracito ou

carvão sub-betuminoso extraído, por exemplo, da parte leste dos EUA. De outro

lado, a cinza volante Classe C é produzida pela queima da lignita ou de carvão

betuminoso, por exemplo, das regiões sul e oeste dos EUA. Essas cinzas volantes

são características por um teor elevado de cálcio (Aiticin,2000).

Na França, as cinzas volantes são classificadas em três grupos: as sílico-

aluminosas, que correspondem basicamente à classe F da ASTM, as sílico-cálcicas,

que correspondem basicamente à Classe C e as sulfo-cálcicas, que têm ao mesmo

tempo um alto teor de cálcio e um alto teor de enxofre (Aiticin,2000).

A despeito dos méritos dessas diferentes classificações, não é sempre

fácil classificar uma dada cinza volante numa particular categoria e predizer o seu

comportamento pozolânico. Descobriu-se que a maioria das cinzas volantes são

materiais pozolânicos, mas que algumas podem não ser, enquanto outras são

autocimentícias (Aiticin, 2000).

Em todo caso, para participar em qualquer reação pozolânica, uma

determinada cinza volante deve conter uma quantidade significativa de material

vítreo e a melhor maneira de verificar isso é fazer um difatograma de raios X (Aiticin,

2000).

4.4. Classes do Concreto de Alto Desempenho

A divisão dos concretos de alto desempenho em cinco classes não é tão

arbitrária como parece à primeira vista, mas deriva de uma combinação da

experiência com o atual estado da arte. Essa classificação pode converter-se e

norma em futuro próximo, à medida que se desenvolve a nossa compressão dos

Page 32: TCC - Marilana - Final

26

diferentes fenômenos envolvidos na produção do concreto de alto desempenho. A

faixa de alta resistência tem sido dividida em cinco classes correspondendo a

incrementos de 25 MPa (Aiticin, 2000).

Para ser um pouco mais preciso, essas resistências à compressão

correspondem a valores médios obtidos aos 28 dias, em corpos-de-prova cilíndricos

de 100x200 mm, curados sob as condições de norma usadas para concretos usuais.

Essas não são resistências especificadas ou de projeto, pois o desvio padrão da

produção do concreto tem que ser levado em consideração (Aiticin, 2000).

4.5. Métodos de Dosagem do CAD

De acordo com Aiticin (2000), diversos métodos têm sido propostos para

calcular as proporções de uma mistura de concreto de alto desempenho. Os três

abordados são o proposto pela Comissão ACI 363 para concretos de alta

resistência, o proposto PR de Lerrard em 1990 e o método simplificado apresentado

por Mehta and Aiticin (1990).

4.5.1. Dosagem de Concreto de Alto Desempenho

A dosagem é a forma utilizada para se determinar as proporções dos

materiais necessários para a produção de um concreto que atenda a determinadas

propriedades pré-fixadas. Estas propriedades são, em geral, resistência mecânica,

durabilidade e trabalhabilidade (Cordeiro, 2001).

Segundo Helene e Terzian (1992) a dosagem pode ser entendida como o

proporcionamento adequado dos materiais constituintes, como o atendimento das

seguintes condições principais:

Exigências de projeto;

Condições de exposição e operação;

Tipo de agregado disponível economicamente;

Técnicas de execução;

Custo;

Page 33: TCC - Marilana - Final

27

Para Mehta e Monteiro (1994) o posicionamento de materiais é mais uma

arte que uma ciência, tendo em vista a complexidade de fatores envolvidos, os quais

exigem um amplo conhecimento das propriedades do concreto. Rougeron e Aiticin

(1994) apud Cordeiro (2001) compartilham desta opinião, porém destacam que os

princípios básicos para o proporcionamento do concreto devem ser bem conhecidos,

e a tecnologia atual oferece muitos meios para a sua obtenção.

Segundo Cordeiro (2001), diversos métodos têm sido propostos e

utilizados na dosagem e na quantificação do concreto de alto desempenho, dentre

os quais destacam-se os sugeridos por: de Lerrard (1990); Mehta e Aiticin (1990);

ACI 363 (1993); Rougeron e Aiticin (1994); Domone e Soutsos (1994); Day (1996); O

Reilly (1998); Bharatkumar et al. (2001). Aiticin (1998) apud Cordeiro (2001)

comenta que a diversidade de trabalhos sobre dosagem resulta do fato do concreto

estar se tornando um material mais complexo do que uma simples mistura de

cimento, agregados e água, e é cada vez mais difícil predizer suas propriedades

teoricamente.

Carino e Clifton (1991) apud Cordeiro (2001) enfatizam a maior

complexidade no proporcionamento de materiais para o concreto de alto

desempenho, quando comparado com métodos tradicionais de dosagem de

concretos convencionais (20 MPa a 40 MPa). Conforme Cordeiro (2001), o uso de

materiais pozolânicos em combinação com o cimento Portland é freqüente. Os

agregados devem ser cuidadosamente selecionados para a obtenção de alta

resistência e/ou alto módulo de elasticidade. Aditivos químicos são necessários para

garantir a trabalhabilidade do concreto e elevar sua durabilidade.

O´Reilly (1998) apud Cordeiro (2001), comenta que um dos objetivos

fundamentais de um processo de dosagem é criar uma metodologia que considere

as condições próprias de cada lugar e os recursos materiais disponíveis, para

atingir características pré-definidas, sem, obviamente, elaborar regras gerais de

aplicação do concreto.

Page 34: TCC - Marilana - Final

28

4.6. Processando o Concreto de Alto Desempenho

De acordo com o ACI 363 (1991) apud Cordeiro (2001) os meios

normalmente utilizados para a produção do concreto de alto desempenho são

semelhantes aos utilizados nos concretos usuais. Entretanto, a escolha e o controle

dos materiais mais críticos para o concreto de alto desempenho, na medida em que

a relação água/aglomerante é baixa. Aiticin (1998) apud Cordeiro (2001) comenta

que a participação do concreto de alto desempenho no mercado ainda é muito

pequena, razão pela qual não se justifica o uso de técnicas diferenciadas para a

produção, o transporte e o seu lançamento, exceto em aplicações especiais.

4.7. Mistura

O concreto de alto desempenho pode ser produzido tanto na obra quanto

em usinas concreteiras. Devem ser observadas, no entanto: o tipo de balança

utilizada para cada material, a umidade dos agregados, as condições climáticas do

local de concretagem, o tipo de misturador e o tempo de mistura (AIC 363, 1991

apud Cordeiro, 2001).

De acordo com Aiticin (1998) apud Cordeiro (2001), o tempo de mistura é

usualmente maior para o concreto de alto desempenho do que para concretos

usuais. Devido a diversidade dos materiais empregados na confecção de um

concreto é difícil formular regras específicas para a mistura. A introdução do

superplastificante na mistura deve ser também avaliada para obter a maior

eficiência.

4.8. Transporte

O transporte do concreto deve ser efetuado o mais rápido possível a fim

de minimizar os efeitos de enrijecimento e perda de trabalhabilidade. O método e

equipamento utilizados devem levar em conta aspectos econômicos e técnicos de

forma a assegurar que o concreto não irá segregar-se. As condições de uso, os

materiais utilizados, o acesso a obra, a capacidade requerida, o tempo de entrega e

Page 35: TCC - Marilana - Final

29

as condições climáticas, são alguns fatores que interferem na escolha do método e

equipamento adotado para o transporte (Cordeiro, 2001).

Segundo Mehta e Monteiro (1994) o principal problema enfrentado

durante o transporte do concreto de alto desempenho é a perda de consistência ou

fluidez com o tempo. Isto é resolvido com dosagens repetidas de aditivos

superplastificantes ou com o uso de aditivo retardador de pega. A utilização de

dosagens sucessivas de superplastificantes deve ser utilizada com cautela com

relaçãoa segregação do concreto. Testes de compatibilidade entre o aditivo

retardador e o superplastificante devem ser efetuados para assegurar o máximo

tempo possível da trabalhabilidade requerida em projeto.

4.9. Lançamento

O lançamento do concreto de alto desempenho pode ser realizado

segundo os métodos tradicionalmente usados como linhas de bombeamento,

guindastes, caçambas e correias transportadoras. O lançamento, em geral, é mais

simples quando comparado com concretos usuais, devido a maior trabalhabilidade

do concreto de alto desempenho, promovida pelo uso de superplastificantes e

aditivos minerais (Cordeiro, 2001).

4.10. Adensamento

Segundo Cordeiro (2001) a finalidade do adensamento é alcançar a maior

compacidade possível da massa do concreto. O ACI 363 (1991) apud Cordeiro

(2001) recomenda que a vibração mecânica interna seja utilizada para concreto de

alto desempenho. Usualmente o concreto de alto desempenho apresenta um

abatimento alto. Acredita-se então que não há necessidade de vibração intensa.

Porém devido à sua consistência viscosa e alta coesão, grandes bolsas de ar e

bolhas ficam aprisionadas e devem ser eliminadas pelo abatimento (Aiticin, 1998

apud Cordeiro, 2001). Mehta (1996) apud Cordeiro (2001) destaca que a vibração

adequada faz com que o excesso de água na mistura seja levado para a superfície

onde é perdido por evaporação.

Page 36: TCC - Marilana - Final

30

4.11. Cura

A cura, um dos procedimentos mais críticos na confecção de um

concreto, tem como função principal manter a umidade da mistura durante o período

de hidratação dos materiais cimentícios, além de minimizar a retração. A cura em

concreto de alto desempenho é altamente recomendada em função da baixa relação

água/aglomerante e alto teor de materiais cimentícios, sendo essencial para garantir

a durabilidade adequada de superfícies expostas, desenvolvimento das resistências

mecânicas e controle da fluência e retração. Sabe-se que a falta de uma cura

adequada pode influenciar negativamente na qualidade final do concreto,

independente dos cuidados com preparo, transporte, lançamento e adensamento

(Cordeiro, 2001).

As adições minerais trazem como conseqüência o refinamento dos poros

da pasta de cimento e da zona de transição por meio de suas ações de densificação

e de atividade pozolânica (Mehta e Monteiro, 1994). Desta forma, o concreto de alto

desempenho pode alcançar uma estrutura porosa descontínua e de baixa

permeabilidade com poucos dias de hidratação, reduzindo o tempo de cura quando

comparado com o concreto convencional (Cordeiro, 2001). Aiticin (1998) apud

Cordeiro (2001) considera 7 dias como um período longo para reduzir drasticamente

a retração do concreto. Em todo caso Cordeiro (2001) conclui que a cura com água

nunca deve ser inferior a 3 dias.

Ramezanianpour e Malhotra (1995) apud Cordeiro (2001) estudaram o

comportamento de diferentes concretos com adições minerais (escória de alto-forno,

cinza volante e sílica ativa), com relação água/aglomerante de 0,50 em diferentes

tipos de cura: cura úmida após desmoldagem; cura a temperatura ambiente; cura a

temperatura ambiente após 2 dias de cura úmida; e cura com a temperatura de 38°

C (Celsius) com umidade relativa do ar de 65%. Os concretos com cura úmida

apresentam, após 180 dias, melhores resultados de resistência à compressão,

permeabilidade e penetração de cloretos. Já os concretos que não receberam cura

após desmoldagem foram os que mostraram piores desempenhos nas propriedades.

Page 37: TCC - Marilana - Final

31

5. ESTUDO DE CASO

5.1. Edifício E-Tower

Dados:

Proprietário: Incorporadora Munir Abbub

Construção: Tecnum Construtora

Tecnologia do Concreto: Eng. Paulo Helene e Concreto Engemix

Projeto Estrutural: França & Associados

Arquitetura: Afalo & Gaspeerine

O E-tower possui 162 m de altura (do piso do 4° subsolo à cobertura) com

42 pavimentos onde são instalados escritórios de altíssimo padrão, 800 vagas de

garagem, auditório, heliponto, dois restaurantes, academia de ginástica, piscina

semi-olímpica aquecida na cobertura, 15 elevadores, 2 escadas rolantes, geradores

para suprimento de 100% de energia do prédio, ar condicionado central com volume

de ar variável (VAV), piso elevado nas áreas de escritório, sistemas inteligentes de

automação e supervisão predial, totalizando 52.000 m² de área construída (Hartman

e Helene, 2005).

As dimensões deste projeto oferecem uma idéia dos esforços que os

pilares e fundação estariam submetidos: a sapata principal do edifício possui área de

392 m², consumindo um volume de concreto de 805 m³, suficiente para executar um

edifício de 4.000 m². Os pilares que se apóiam nesta sapata gigante possuem carga

total de 27.000 toneladas. Na fachada norte, o arquiteto criou uma malha em que os

pilares aparecem a cada 5 m, tomando esta medida como múltiplo de 1,25 m, a

cada quatro módulos. Estes pilares suportam cargas bastante altas, que oscilam

entre 1380 e 1820 toneladas, as quais exigem seções resistentes próximas a

0,9 m x 0,9 m, para concreto de fck 40 MPa, valor que foi empregado para todo

edifício (Hartmann e Helene, 2005).

Page 38: TCC - Marilana - Final

32

No entanto, por especificações de projeto, nas vagas de estacionamento

era indispensável que as dimensões máximas destes elementos estruturais não

ultrapassem a 0,7 m x 0,6 m, devido a uma grande razão:

As distâncias entre pilares não podiam ser inferiores a 4,2 m, para permitir

a existência de 2 espaços de estacionamento entre eles, sendo a distância de 4,40

m o mais aconselhável. Cabe lembrar que nessa região da cidade (Vila Olímpia) a

questão estacionamento á essencial (Hartmann e Helene, 2005).

Concretagem da “super” sapata com concreto gelo

(Hartmann e Helene)

5.1.1. Fôrmas

A obra foi subdividida nos setores A, B e C. O setor B primeiro a ser

executado, composto de 3 lajes de Sub-Solos, Térreo, Mezanino, 1° e 2° Pavimento

com fornecimento de aproximadamente 3.500 m² de painéis para formas. O estudo e

detalhamento dos projetos específicos foram realizados visando não apenas o

aproveitamento vertical das fôrmas no setor B, como também o aproveitamento

futuro no setor C, bloco com características estruturais, semelhantes ao setor B e

Page 39: TCC - Marilana - Final

33

em fase de execução. Além de todo o detalhamento dos projetos, a obra teve

acompanhamento permanente de técnicos, durante as montagens, concretagens e

desformas, buscando garantir além do concreto aproveitamento dos painéis, o

cumprimento do cronograma imposto pela obra. (Hartmann e Helene, 2005).

Nos setores B e C, adotou-se o procedimento de montagem total das

fôrmas, para concretagem inicialmente dos pilares e numa segunda etapa das vigas

e lajes (Hartmann e Helene, 2005).

Apesar da existência de grua, os painéis foram dimensionados de modo a

permitir o manuseio sem dificuldades (Hartmann e Helene, 2005).

No setor A, bloco principal composto de torre com 42 pavimentos, da

mesma maneira que nos 2 outros setores, houve a preocupação de um estudo de

fôrmas, visando o maior número possível de utilizações, tendo sido fornecidos

aproximadamente 7.500 m² (Hartmann e Helene, 2005).

Em função das características estruturais e, praticamente, às dimensões

dos pilares, principalmente daqueles do núcleo, optou-se pela concretagem dos

pilares “solteiros” e posterior montagem e concretagem das vigas e lajes. Os painéis

foram dimensionados e estruturados de tal forma a permitir sua fácil montagem e

desforma com a utilização da grua (Hartmann e Helene, 2005).

5.1.2. Concreto

O concreto de mais alta resistência já empregada em obra no Brasil foi

empregado na concretagem de 5 (cinco) pilares de 7 pavimentos com uma

resistência média a compressão de 125 MPa. O concreto de altíssimo desempenho

empregado foi pigmentado na cor terracota. Adotar uma resistência maior permitiu a

redução da seção dos pilares contribuindo para o cumprimento das exigências

arquitetônicas (Hartmann e Helene, 2005).

Page 40: TCC - Marilana - Final

34

Pilar de alto desempenho do subsolo comparado com pilar com

fck 40 MPa também do subsolo. (Hartmann e Helene)

Para a obtenção de uma resistência tão alta como a alcançada, é

necessário um controle rigoroso desde a seleção dos materiais a serem

empregados, passando pela cuidadosa proporção dos materiais (dosagem de

cimento, areia, pedra, água e aditivos), até a chegada do concreto na obra e seu

lançamento e adensamento nas formas. No que diz respeito aos materiais

empregados deve-se verificar a compatibilidade entre o tipo de cimento e os aditivos

empregados e a qualidade dos agregados. Na obra, os cuidados são referentes aos

processos de lançamento, de adensamento (vibração do concreto), de cura e de

desforma. No caso da obra do edifício e-Tower, toda a água da mistura foi

substituída por gelo para garantir a temperatura ideal de lançamento e evitar

superaquecimento e fissuração posterior devido ao calor liberado pela reação

química entre o cimento e a água. Para viabilizar técnica e economicamente a

execução de tal concreto, foram empregados aditivos superplastificantes de última

geração que garantiram a plasticidade do concreto com baixos consumos de água

(relação água/cimento torno de 0,20) (Hartmann e Helene, 2005).

5.1.3. Mistura

A mistura do concreto era realizada na Engemix de Taboão da Serra

(SP), por ser um local de menor movimento de caminhões betoneira o que

possibilitava um controle mais rigoroso dos materiais empregados. Eram controladas

Page 41: TCC - Marilana - Final

35

as temperaturas dos materiais e a umidade dos agregados em todas as

concretagens.

O aditivo superplastificante e o aditivo estabilizador de hidratação eram

dosados na central de concreto e toda a água do traço foi substituída por gelo, o que

permitiu que a temperatura ambiente estivesse entre 25° C e 32° C (a maioria das

concretagens foi executada no verão) (Hartmann e Helene, 2005).

Colocação do aditivo e colocação do gelo

(Hartmann e Helene)

5.1.4. Transporte do Concreto

O transporte da central até a obra durava em torno de 50 minutos. Na

maioria das concretagens foram empregados dois caminhões betoneira, cada um

com 4 metros cúbicos de concreto, o que possibilitava a concretagem dos cinco

pilares (Hartmann e Helene, 2005).

5.1.5. Lançamento e Adensamento

A concretagem dos pilares foi realizada com caçambas e gruas, o

adensamento feito com vibrador mecânico de imersão e com martelos de borracha

nas faces das formas. Devido ao alto consumo de cimento, uso de sílica ativa,

pigmento e aditivo superplastificante e ainda de uma baixíssima relação

Page 42: TCC - Marilana - Final

36

água/cimento este concreto apresentou alto grau de coesão e em nenhum momento

foi observada a segregação da mistura, permitindo assim, a descarga do concreto

sem interrupções (Hartmann e Helene, 2005).

5.1.6. Cura

As fôrmas permaneceram por aproximadamente 72 horas, e quando

foram retiradas observou-se que nenhum pilar apresentou falhas de concretagem

tais como “bicheiras” ou ninhos. (Hartmann e Helene, 2005).

5.1.7. Controle da Qualidade

Um controle tecnológico rigoroso foi conduzido em obra e em laboratório

para garantir que as exigências de projeto fossem atingidas. O controle de qualidade

foi realizado pela Testin e confirmado esporadicamente pela ABCP e pelo IPT

(Instituto de Pesquisas Tecnológicas do Estado de São Paulo S.A.).

Para o controle da qualidade realizado pela ABCP foram moldados

corpos-de-prova para a realização de ensaios nos concretos de alta resistência (fck

125 MPa) e nos concretos de fck igual a 35 MPa (também empregados na obra e-

Tower).

Page 43: TCC - Marilana - Final

37

6. ANÁLISE OU COMPARAÇÃO/CRÍTICA

São muitas as vantagens práticas do uso do CAD: a redução da área da

seção dos pilares e conseqüente ganho de área útil nos pavimentos (no caso do

CAD do e-Tower, uma vaga de estacionamento tem um custo aproximado de

U$5.000. Com o emprego do CAD nesta obra foi possível um ganho de 16 vagas a

mais, o que equivale a quase U$80.000, de acordo com os dados fornecidos pela

Tecnum).

Com as peças estruturais de menores dimensões, economiza-se no

volume do concreto, na área de fôrma e na mão-de-obra de execução (redução de

52% do volume de concreto a ser empregado nos pilares, representando uma

economia de aproximadamente 7%, quando comparado ao uso de um concreto de

fck 40 MPa).

Concretos de alto desempenho apresentam reduzida relação

água/cimento (relação entre a massa de água e a massa de cimento do concreto),

proporcionando a obtenção de concretos mais duráveis, menos permeáveis e menos

porosos. Com a redução da relação água/cimento, as resistências são maiores e o

prazo de desforma da estrutura pode ser menor.

O CAD empregado no e-Tower além de todas as características citadas

ainda garantiu a facilidade de execução apesar de reduzida relação água/cimento, o

uso de aditivos superplastificantes de última geração permitiu ao concreto elevada

trabalhabilidade, e o uso de aditivo estabilizador de hidratação e de gelo

contribuíram para a manutenção desta trabalhabilidade, facilitando a descarga em

obra, o lançamento do concreto nos pilares (com caçamba) e resultando em um

perfeito acabamento (não foram observados ninhos de concretagem nos pés dos

pilares decorrente de má compactação).

Page 44: TCC - Marilana - Final

38

7. CONCLUSÕES

O CAD tem se desenvolvido muito nos últimos anos no Brasil e no

exterior. O seu crescente uso se deve às excelentes características que superam as

dos concretos convencionais, entre as quais podem ser citadas no concreto no

estado endurecido: resistências elevadas (inicial e final), elevada durabilidade devido

a redução da permeabilidade e ainda excelentes características apresentadas no

concreto o seu estado fresco tais como baixa segregação e exsudação,

trabalhabilidade elevada e manutenção da trabalhabilidade.

No estudo de caso foi concluído que a utilização do CAD foi de muita

importância para o aumento da área útil do estacionamento e consequentemente

com o ganho de vagas, vale concluir que o CAD tem um valor muito elevado em

relação a concretos convencionais sendo que seu uso só terá vantagens em obras

que a relação custo x benefício valerá a pena.

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39

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