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1 INTRODUÇÃO A pele é um órgão complexo, no qual interação celular e molecular reguladas de modo preciso governam muitas das agressões provindas do meio ambiente. É constituída por vários tipos de células interdependentes responsáveis pela manutenção da sua estrutura normal (FERREIRA; COSTA, 2011). Por se tratar do órgão mais extenso do corpo também é considerado o maior órgão sensorial para a recepção de estímulos táteis, térmicos e dolorosos, variando sua estrutura de um local para outro de acordo com suas funções de proteção, regulação da temperatura, sensação e excreção (RAMALHO; DINIZ, 2009). O envelhecimento é um processo normal de mudança relacionada com o tempo, começa ao nascimento e continua ao longo de toda a vida. As modificações da pele que ocorrem pelo envelhecimento cronológico levam a diminuição da espessura da pele, ressecamento, flacidez, rugas e alterações vasculares (VELASCO et al., 2004). É um processo de envelhecimento e declínio das capacidades física e mental, afeta todos os indivíduos, e apresenta um ponto de vista amplo e variável de manifestações. Está intimamente relacionado com a qualidade de vida do indivíduo. O órgão que mais revela o envelhecimento é a pele, pois se encontra externamente, exposta às intempéries, especialmente as mãos, o pescoço e o rosto (GUIRRO; GUIRRO, 2002). Na Medicina Oriental, o envelhecimento da pele está ligado ao desequilíbrio energético do sangue, da defesa do organismo e da pele, deficiência na nutrição, favorecendo ao surgimento das rugas. O tratamento

TCC Parte 1 - firval.com.br · A pele é composta de três camadas: a epiderme, a derme e o tecido subcutâneo. Cada camada torna-se mais diferenciada (madura e com funções mais

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1 INTRODUÇÃO

A pele é um órgão complexo, no qual interação celular e molecular

reguladas de modo preciso governam muitas das agressões provindas do meio

ambiente. É constituída por vários tipos de células interdependentes

responsáveis pela manutenção da sua estrutura normal (FERREIRA; COSTA,

2011).

Por se tratar do órgão mais extenso do corpo também é considerado

o maior órgão sensorial para a recepção de estímulos táteis, térmicos e

dolorosos, variando sua estrutura de um local para outro de acordo com suas

funções de proteção, regulação da temperatura, sensação e excreção

(RAMALHO; DINIZ, 2009).

O envelhecimento é um processo normal de mudança relacionada

com o tempo, começa ao nascimento e continua ao longo de toda a vida. As

modificações da pele que ocorrem pelo envelhecimento cronológico levam a

diminuição da espessura da pele, ressecamento, flacidez, rugas e alterações

vasculares (VELASCO et al., 2004).

É um processo de envelhecimento e declínio das capacidades física

e mental, afeta todos os indivíduos, e apresenta um ponto de vista amplo e

variável de manifestações. Está intimamente relacionado com a qualidade de

vida do indivíduo. O órgão que mais revela o envelhecimento é a pele, pois se

encontra externamente, exposta às intempéries, especialmente as mãos, o

pescoço e o rosto (GUIRRO; GUIRRO, 2002).

Na Medicina Oriental, o envelhecimento da pele está ligado ao

desequilíbrio energético do sangue, da defesa do organismo e da pele,

deficiência na nutrição, favorecendo ao surgimento das rugas. O tratamento

propõe aumentar estas energias na região da face, através de estímulos ao

Sistema Nervoso Autônomo (SILVA, 2008).

Alguns conceitos são extremamente importantes na Medicina

Tradicional Chinesa (MTC) e tem íntima relação com o desequilíbrio energético,

sendo eles o Yin, o Yang e os cincos elementos (MACIOCIA, 1996).

Segundo os chineses o Yin e o Yang representam a existência de

duas partes opostas em um todo, por exemplo, o dia (Yang) não existe sem a

noite (Yin) e vice-versa. Tudo que existe é formado pela união do Yin com o Yang

que são contraditórios e oscilam entre si. Ao mesmo tempo em que se opõe um

ao outro, o Yin e o Yang se inter-relacionam. Neste relacionamento um não pode

ser superior ao outro de forma a gerar uma desordem, pois esta acarretará o

desenvolvimento de uma doença (AUTEROCHE; NAVAILH, 1992).

Segundo a MTC o indivíduo deve ser visto como um todo, ou seja, ele

tem que estar com seu organismo equilibrado para assim refletir no seu exterior

saúde e beleza, buscando sempre focar o tratamento nas queixas propriamente

ditas, mas também na origem desses desequilíbrios. Sendo assim, na busca por

estar bem consigo mesmo e por meios mais naturais, a MTC utiliza para o

tratamento e prevenção do envelhecimento facial, entre outros recursos

terapêuticos, a acupuntura estética, que é uma técnica milenar simples, de baixo

custo e que traz resultados satisfatórios (MORASTONI; MOREIRA; SANTOS,

2004).

As rugas e linhas de expressão também podem ser bloqueios

energéticos causados por sentimentos como, por exemplo, o sofrimento, tristeza

ou preocupação, e de acordo com a MTC estas são consideradas sobrecargas

de energia vital para determinado ponto. (ZUCCO, 2004).

Neste contexto, este estudo tem como objetivo apresentar e

descrever, através de revisão bibliográfica do tipo descritiva, os diferentes tipos

de tratamentos para as rugas utilizando a acupuntura estética e terapias

alternativas sobre uma visão oriental.

2 DEFINIÇÃO DA PELE E ENVELHECIMENTO NA VISÃO OCIDE NTAL

2.1 PELE

Com uma área de superfície de até 2 metros de comprimento, a pele

é o maior órgão do corpo humano, pesando em média 4 kg e constitui a barreira

entre o mundo externo e os constituintes internos do corpo, reagindo às ações

sofridas por fatores como trauma, mudança de temperatura, fricção, infecções

internas e externas e administração de drogas. 12% do peso total do nosso corpo

são representados pela pele. A pele representa o órgão mais sensitivo do corpo

que recebe estímulos de temperatura, dor e tato. É o primeiro meio de

comunicação do nosso corpo e o ambiente. Apresentam as funções sudoríparas,

secreção sebácea, tamponante, queratogênica, absorção, pigmentogênica,

termorregulação, respiratória e sensorial (GUIRRO; GUIRRO, 2002;

TAGLIAVINI, 1995).

Segundo Fornazieri (2007) as mais importantes funções da pele são:

regular a temperatura, prevenir a perda de fluidos corporais, reduzir a penetração

de raios ultravioleta, proteger de ferimentos e traumas mecânicos, proteger de

químicos antígenos e microrganismos, agir como órgão sensorial, auxiliar na

síntese da vitamina D, definir a imagem do corpo.

A pele é composta de três camadas: a epiderme, a derme e o tecido

subcutâneo. Cada camada torna-se mais diferenciada (madura e com funções

mais específicas) à medida que se eleva da camada do extrato germinativo basal

para a camada mais externa do extrato córneo. A epiderme é a camada mais

externa, com uma espessura de 0,1 mm na pálpebra até 1 mm na palma das

mãos e sola dos pés (SMELTZER; BARE, 2000).

A epiderme é a camada mais externa do tecido epitelial, onde é

constituída principalmente por queratinócitos que produzem a queratina com

função protetora. Também é constituída por melanócitos, células de Langerhans

e células de Merckel. Dividida em camadas germinativa ou basal, espinhosa,

granulosa e córnea, que é a mais superficial, formada por células mortas.

Protege o organismo contra traumas e substâncias, resistem às forças de tensão

e previne contra a desidratação. (NAKANO; YAMAMURA, 2005).

A epiderme, que é contígua com as membranas mucosas e com o

revestimento dos canais auditivos, consiste em células vivas dividindo-se

continuamente e cobertas, na superfície, por células mortas originalmente mais

profundas na derme, porém forçadas para cima pelas células subjacentes mais

novas e mais diferenciadas. Esta camada externa é quase completamente

reposta a cada três a quatro semanas. As células mortas contêm uma grande

quantidade de queratina, uma proteína fibrosa insolúvel que forma a barreira

externa da pele e tem a capacidade de repelir os patógenos e prevenir a

excessiva perda de líquidos do corpo (SMELTZER; BARE, 2000).

A derme é a camada após a epiderme e composta por tecidos

conectivos fibrosos de elastina e colágeno, que é uma proteína fibrosa estrutural.

O colágeno é encontrado nos tendões, ligamentos e nos revestimentos dos

ossos (HARRIS, 2005).

Segundo Fornazieri (2007), a derme é uma camada de tecido

conectivo, dura, suporta a epiderme estruturalmente e de forma nutritiva. Tem

sua espessura com variação de 0,6 mm nas pálpebras a 3 mm ou mais nas

palmas das mãos, plantas dos pés ou costas.

Essa camada é suprida por vasos sanguíneos, linfáticos e nervo. A

derme é o local onde os fibroblastos são encontrados, sendo os responsáveis

pela elasticidade e tonicidade da pele e por produzirem colágeno e elastina

(VENTURA, 2003).

A integridade estrutural e função da derme são principalmente

dependentes da sua matriz extracelular, que é composta principalmente de

colágeno tipo I fibrilas. O colágeno do tipo I é a proteína estrutural mais

abundante na pele. Danos à matriz extracelular de colágeno da derme podem

ser observados tanto no nível histológico quanto no ultraestrutural (PATHOL,

2009).

A derme é um tecido que contém uma matriz extracelular grande, e

as suas propriedades físicas são principalmente determinadas por esta matriz.

Embora o colágeno seja a principal molécula de matriz extracelular da derme,

outros componentes moleculares estão presentes e estes contribuem para as

propriedades mecânicas globais da pele. Entre os componentes não

colagenosos da derme estão os proteoglicanos (HIRATA; SATO; SANTOS,

2004).

De acordo com Fornazieri (2007), a hipoderme também conhecida

como tecido celular subcutâneo é formado por feixes de tecido conjuntivo e

constitui a camada mais profunda da pele, envolvendo adipócitos que formam

lobos de gordura que servem para proteção contra traumas físicos e depósito de

calorias.

É a camada mais profunda do tecido epitelial e composta

principalmente por células adiposas (tecido conectivo gorduroso). É um depósito

de gordura de reserva, um isolante térmico e protege o organismo

mecanicamente (HARRIS, 2005).

Na pele são observadas várias estruturas anexas: os pelos, as unhas

e as glândulas (GUIRRO; GUIRRO, 2002).

2.2 ENVELHECIMENTO

A manifestação fisiológica do envelhecimento é a deterioração

gradual da função e capacidade de resposta ao estresse ambiental. Esta

manifestação está relacionada tanto a uma redução no número total das células

do organismo, quanto ao funcionamento desordenado das muitas células que

permanecem (GUIRRO; GUIRRO, 2002).

O envelhecimento da pele, assim como de todo o organismo, também

é fruto dessas alterações biomoleculares. O dano às fibras colágenas está

intimamente envolvido nesse contexto. Os fibroblastos são responsáveis pelo

metabolismo do colágeno, sintetizando procolágeno I, importante componente

da matriz extracelular. Com a idade, ocorre desorganização no metabolismo do

colágeno, reduzindo, assim, sua produção e aumentando sua degradação

(MONTAGNER; COSTA, 2009).

O envelhecimento celular está ligado à ação dos radicais livres (RL),

e o oxigênio é um dos precursores desta ação, através da oxidação das

estruturas orgânicas (BORGES, 2006).

Com o envelhecimento cronológico cutâneo, ocorre à modificação do

material genético por meio de enzimas, alterações proteicas e a proliferação

celular decrescem. Consequentemente, o tecido perde a elasticidade, a

capacidade de regular as trocas aquosas e a replicação do tecido se torna menos

eficiente. Oxidações químicas e enzimáticas envolvendo a formação de RL

aceleram esse fenômeno de envelhecimento. Os RL são espécies químicas

constituídas de um átomo ou associação dos mesmos, possuindo um elétron

desemparelhado na sua órbita mais externa. Essa situação implica em alta

instabilidade energética e cinética, e para se manter estável precisa doar ou

retirar um elétron de outra molécula. A formação de RL conduz ao estresse

oxidativo, processo no qual este iniciará uma cadeia de reações, originando

alterações em proteínas extracelulares e a modificações celulares. O maior dano

causado pelo estresse oxidativo é a peroxidação dos ácidos graxos constituintes

da dupla camada lipídica que, em última instância, leva à morte celular

(FERREIRA; COSTA, 2011).

Para evitar esse processo de depleção celular, a pele possui seu

próprio mecanismo de defesa tais como: enzimas, vitaminas e agentes quelantes

de íons metálicos. Entretanto, a capacidade protetora desse mecanismo diminui

com o envelhecimento, então, compostos exógenos como enzimas,

antioxidantes e compostos fenólicos reforçam a proteção natural pela limitação

das reações oxidativas (HIRATA; SATO; SANTOS, 2004).

As alterações cutâneas no envelhecimento ocorrem em nível de

epiderme, derme e hipoderme. Na epiderme há redução da camada córnea em

grande parte, mas em certas áreas espessamento hiperceratótico, também

ocorrem descamações, diminuição da secreção sebácea, ressecamento,

fissuras, achatamento das papilas dérmicas e junção dermoepidérmica, e

diminuição das células de Langerhans. Na derme, ocorrem alterações nas fibras

de colágeno e elastina, redução na quantidade de material proteico, água e

polissacarídeos, queda na produção das glândulas apócrifas e sebáceas,

diminuição dos corpúsculos de Meissner e de Vatter-Paccini. E na hipoderme,

com a diminuição da camada adiposa torna-se mais fina e vulnerável, favorece

o enrugamento, aumenta o risco de lesões e reduz a capacidade de manter a

temperatura corporal (MORASTONI; MOREIRA; SANTOS, 2004).

Os mecanismos de envelhecimento cutâneo são causados pelo

encurtamento e ruptura dos telômeros, degradação e diminuição da síntese de

colágeno da matriz extracelular e glicação. No encurtamento e ruptura dos

telômeros (pares de bases repetidas de DNA nas porções finais dos

cromossomos que não se replicam nas mitoses), os mesmos sofrem

encurtamento progressivo que culmina com a sua ruptura. Isto ocorre de forma

natural durante o período de vida programado para cada tipo celular e é

acelerado pela radiação UV ou por outros danos ao DNA. A enzima telomerase

(uma polimerase do DNA), permite a replicação dos telômeros, e está presente

em alguns tipos celulares, como as células germinativas e malignas (daí a sua

grande capacidade proliferativa), mas não se expressa, por exemplo, nos

fibroblastos que, portanto, têm um período de vida limitado. Na degradação e

diminuição da síntese de colágeno da matriz extracelular, a radiação UV ativa

receptores para fator de crescimento na superfície dos queratinócitos e

fibroblastos e desencadeia a produção de citocinas. A ativação desses

receptores estimula vias de sinalização que induzem a transcrição dos fatores

nucleares kappa B e AP-1 (este é formado pelas proteínas c-Jun + c-Fos). A

ativação do fator nuclear kappa B induz a apoptose dos queratinócitos, enquanto

a ativação do AP-1 estimula os genes de transcrição das metaloproteinases da

matriz extracelular (MMPs) que são secretadas pelos queratinócitos e

fibroblastos. Nos fibroblastos, o AP-1 também inibe a expressão do RNAm para

o pró-colágeno tipo I. As MMPs provocam a quebra do colágeno e outras

proteínas da matriz extracelular. O reparo imperfeito do dano dérmico prejudica

a integridade funcional e estrutural da matriz extracelular. A exposição repetida

ao sol causa dano dérmico acumulativo que resulta nas rugas característica da

pele foto envelhecida. Sabe-se que a c-Fos se expressa tanto nas células dos

jovens quanto dos idosos, enquanto a c-Jun, que mais condiciona a atividade do

AP-1, se expressa muito mais nas células dos idosos. Na glicação ocorre uma

reação não enzimática entre proteínas e glicose ou ribose que gera os produtos

advanced glycation end product (AGE). Sabe-se que eles se acumulam com o

envelhecimento e no diabetes, sendo considerados marcadores das

complicações crônicas da doença, e também como fotossensibilizantes e

contribuem para acelerar o foto envelhecimento por precipitar a apoptose dos

fibroblastos (BAGATIN, 2008).

Com a idade avançada, ocorrem alterações intrínsecas¹ e

extrínsecas² que afetam a função e o aspecto da pele. A epiderme e a derme se

tornam mais rígidas. Diminui a gordura subcutânea. Uma perda dos capilares na

pele resulta numa diminuição do suprimento sanguíneo. Essas alterações

resultam numa perda da resiliência com consequente enrugamento e flacidez da

pele. Diminui a pigmentação dos pelos surgindo a canície. A pele torna-se mais

seca e susceptível às irritações por causa da redução das atividades das

glândulas sebáceas e sudoríparas. Ocorre uma distribuição macular e irregular

de pigmento, particularmente em áreas que previamente estavam expostas à luz

solar. Essas alterações no tegumento reduzem a tolerância aos extremos de

temperatura e exposição solar. A secura da pele torna a pessoa susceptível ao

prurido e à irritação cutânea (SMELTZER; BARE, 2000).

_______________________________________________________________

_______

¹ refere-se às alterações causadas pelo processo normal de envelhecimento que

são programadas geneticamente e são essencialmente universais dentro de cada espécie.

² influências externas à pessoa, como a doença, a poluição do ar e a luz solar .

O aparecimento de rugas e marcas de expressão em nosso rosto é

sinal marcante de que o tempo passa. É um fenômeno natural de alterações

características do nosso envelhecimento cutâneo e que se acentua com o passar

dos tempos. Seu aparecimento nem sempre é aceito. Retardá-las ou dissimulá-

las por um determinado período de tempo é o objetivo de um profissional

(FORNAZIERI, 2007).

A pele envelhecida apresenta sinais clínicos que incluem rugas,

elastose, hipervascularização, pigmentação irregular ou manchada, aspereza,

flacidez, atrofia, ressecamento e coceira. Essas mudanças listadas resultam de

envelhecimento intrínseco associado com a redução da capacidade proliferativa

celular, e acelerado pela exposição ao sol (SUPPA, 2011).

Existem muitos fatores que predispõe as pessoas ao envelhecimento

precoce, em especial ao envelhecimento da pele. Segundo Nakano e Yamamura

(2005) alguns fatores que podem interferir acelerando o processo de

envelhecimento são características individuais herdadas, estilo de vida,

alimentação, bebidas alcoólicas, cigarro, meio ambiente e, principalmente, as

condições emocionais. Alguns destes fatores podem ser melhorados e assim

retardar o processo de envelhecimento.

Trata-se de processo cumulativo que depende do grau de exposição

solar e da pigmentação cutânea. A pele envelhecida pelo sol apresenta-se

amarelada, com pigmentação irregular, enrugada, atrófica, com telangiectasias

e lesões pré-malignas (MONTAGNER; COSTA, 2009).

Segundo Fornazieri (2007), a ação da força da gravidade também é

um dos fatores que causam envelhecimento, como queda das bochechas, no

queixo duplo, no aspecto triste que a sobrancelha caída aparenta. Outro

fenômeno que tem papel importante no envelhecimento é a radiação solar, pois

a exposição excessiva causa dano intenso nas células da pele. No

envelhecimento facial, os músculos faciais perdem o tônus e a pele se desidrata,

a flacidez muscular obriga o organismo a gastar maior esforço muscular para

realizar as expressões, um maior esforço muscular causa mais fadiga muscular,

a pele dobrada constantemente pela ação muscular acaba tendo as fibras

elásticas rompidas e surgem as rugas. As rugas representam ruptura das fibras

elásticas e não são recuperáveis.

Segundo os conceitos da MTC, as rugas podem ser consideradas

como sendo causadas por desequilíbrios entre os órgãos e vísceras (Zang Fu),

que por fim resultam em deficiências na circulação de sangue (Xue) e de líquidos

corporais (Jin Ye) pela face (SANTOS; MEJIA; ALVES, 2010).

3 MEDICINA TRADICIONAL CHINESA

A MTC foi desenvolvida no oriente há mais de 5000 anos, utilizando

estimulações em pontos reflexos para promover a circulação do Qi, que é a

energia vital, que está presente em tudo, e nas pessoas circula através dos doze

meridianos. A MTC baseia-se na regularização do Qi, promovendo o equilíbrio

da bipolaridade yin e yang e através da harmonização dos cinco movimentos:

madeira, fogo, terra, metal e água (VACCHIANO, 2000).

Existem três teorias fundamentais na MTC: Teoria do Yin e Yang,

Teoria dos Cinco Elementos e Teoria dos Meridianos.

Conforme Wong (1995) e Maciocia (1996), o yin e o yang se

completam, um não existe sem o outro, e em toda parte encontraremos estes

extremos.

Desta forma, as alterações da pele podem ser classificadas pela

teoria Yin e Yang. As alterações mais agudas, localizadas na parte mais alta do

corpo tem tendência mais Yang, enquanto as alterações mais crônicas tem

tendência mais Yin. Podemos dizer que o todo também é avaliado através dos

cinco elementos (madeira, fogo, terra, metal e água) e esta inter-relação contribui

para explicar a perfeita harmonia entre suas funções que contribuem para o

adequado funcionamento do corpo humano (NAKANO; YAMAMURA, 2005).

Um é capaz de gerar e dominar o outro, porém em situações

patológicas acaba ocorrendo uma contra dominância entre alguns destes

elementos, ou seja, o elemento gerado se volta contra quem o gerou

promovendo o aparecimento de uma doença (AUTEROCHE; NAVAILH, 1992).

A ocorrência de qualquer doença, segundo Xinnong (1999), é

fundamentada devido ao desequilíbrio relativo de yin e yang, incluindo os

distúrbios estéticos, portanto o enfoque sempre será a harmonia energética.

De acordo com Fornazieri (2007), na MTC a pele e seus anexos

podem ser classificados conforme Tabela 1.

Tabela 1 - Definição do nome em chinês dos anexos cutâneos e das camadas da pele e sua

localização

Fonte: FORNAZIERI, 2007

Nome em chinês Definição e/ou Localização

Fu Camada superficial da pele

Ge Camada grossa de tecido espesso localizado abaixo da

camada superficial da pele

Cou li¹ Tecido de conexão entre a pele, a carne e os músculos

Ji Músculos e carne localizados abaixo da pele

Xuan fu Anexos cutâneos: glândulas sudoríparas, endócrinas,

sebáceas e as suas aberturas na pele

Mao fa Anexos cutâneos: sobrancelhas, barba e pelos das

axilas e pubis

Zhan jia Anexos cutâneos: unhas

_______________________________________________________________

_______

¹ Cou li são responsáveis por promoverem a liberação dos fluidos corporais, Qi e

sangue para a pele e, desta forma, contribuem para a proteção da pele contra a invasão de

fatores patogênicos externos.

Doenças começam pela pele e pelo cabelo. Se eles são atacados por fatores patogênicos externos, os interstícios (Cou li) podem afrouxar e fatores patogênicos penetrar o interior e obstruir os vasos sanguíneos, canais e a cadeia de vasos. Eles então podem ser transmitidos por meio dos canais até os órgãos Zang-Fu e se acumularem no estômago e intestino (SU WEN apud FORNAZIERI, 2007, p. 45).

Sendo assim, segundo Fornazieri (2007), as funções da pele

conforme a MTC consistem de defesa do organismo frente aos fatores

patogênicos externos (atuando como barreira de proteção); promoção da

filtração e drenagem dos fluidos corporais o que permite a manifestação do Qi e

da essência na superfície e, por consequência, no auxílio da manutenção do

metabolismo do corpo; manutenção das atividades normais do corpo uma vez

que atuando como uma barreira promove a proteção dos órgãos, podendo-se,

desta forma, constatar uma íntima relação entre os Zang Fu e a pele.

Segundo Nakano e Yamamura (2005), o pulmão (elemento metal)

apresenta a função de purificação e da promoção da descida do Qi. A epiderme

pode ser associada ao metal uma vez que tem a função de purificar e renovar a

pele e se associa ao Wei Qi (energia de defesa) e ao Jin Ye (líquido orgânico).

A pele por outro lado se relaciona intimamente com o baço-pâncreas (elemento

terra) que é mãe de metal e apresenta a função de nutrir e sustentar seu filho.

Sendo assim, a derme pode ser associada ao baço-pâncreas e

consequentemente ao Qi (energia), Jin Ye (líquido orgânico) e Xue (sangue). O

pulmão promove a distribuição do Wei Qi juntamente com Jin Ye promovendo o

aquecimento e proteção da epiderme contra fatores patogênicos. Se o Wei Qi

estiver enfraquecido em detrimento do enfraquecimento do pulmão, a pele não

estará protegida quanto aos fatores patogênicos, à abertura das glândulas

sudoríparas estará prejudicada, consequentemente a regulação da temperatura

do corpo também será prejudicada, os órgãos não serão adequadamente

aquecidos e, por fim, o brilho da pele e dos pelos serão afetados gerando

alterações na pele. Os rins (água) estão intimamente ligados ao pulmão uma vez

que a parte Yang do rim fornece energia e interage com o Wei Qi. Quando as

funções do pulmão ou rim estão insuficientes, a função do fígado é afetada não

sendo realizada a subida do Qi, aumentando o fogo e afetando o pulmão. O

pulmão, por sua vez afetado promove a estagnação de umidade no organismo

que afeta o baço-pâncreas o que piora ainda mais a função do pulmão de

promoção da descida do Qi. Como o pulmão está ligado aos fluidos entre eles o

sangue, sua deficiência faz com que o sangue fique estagnado afetando assim

o coração que rege os vasos sanguíneos, abre-se na língua e sua explosão é na

face. Se o Qi do coração não é suficiente, a face fica sem brilho, desbotada ou

pálida e desta forma concluindo o ciclo dos cinco elementos.

Quando há tratamento nos sinais de envelhecimento através do

desbloqueio dos meridianos, a energia está livre para se movimentar, e o sangue

e o fluxo de energia para o rosto nutrem, hidratam e tonificam a pele, diminuindo

as linhas finas. Porém cada pessoa reage de maneira diferente ao tratamento,

dependendo da sua condição e estilo de vida (HARATI, 2013).

Segundo a MTC, a idade bem como outros fatores dentre eles o sol

promovem alguns danos à pele e, cada tipo de alteração afeta determinado

órgão, sendo assim podemos relacionar as alterações apresentadas na pele com

os órgãos do corpo conforme Tabela 2 (NAKANO; YAMAMURA, 2005).

Tabela 2 - Relação das alterações apresentadas na pele e os órgãos afetados

Fonte: NAKANO; YAMAMURA, 2005

Alterações Órgãos afetados

Alterações da idade Rim (Shen Qi)

Alterações da derme Baço-Pâncreas (Pi)

Alterações da epiderme Pulmão (Fei)

Alterações da musculatura e tônus Fígado (Gan)

Alterações das expressões faciais Coração (Xin)

Cada órgão está relacionado com uma área de influência, como por

exemplo, o pulmão que está ligado ao nariz e malar, entre as bochechas e a

base do nariz, por isso desenvolve-se o ressecamento e eczema. Já as

bochechas e os olhos estão relacionados com o fígado, apresentando uma

tendência à acne, pele oleosa, flacidez e manchas (HARATI, 2013).

Portanto a prática da acupuntura é o recurso da MTC mais conhecida

no Ocidente. É uma técnica onde é feita a introdução, mobilização de agulhas,

promovendo o equilíbrio do organismo e o fortalecimento dos órgãos e vísceras

do corpo. A acupuntura trabalha nos canais de energia do corpo favorecendo a

prevenção e interrupção de um processo de adoecimento (MORASTONI;

MOREIRA; SANTOS, 2004).

As agulhas são colocadas em determinados pontos da face para

harmonizar a energia e liberar os fluxos de energia interrompidos. É um método

que auxilia na redução de rugas, além de prevenir o envelhecimento, melhorando

a estrutura da pele, renovando o estrato córneo e estimulando a circulação local

(ZUCCO, 2004).

Portanto a estética facial realiza a manutenção dos processos de

envelhecimento no tempo certo, valorizando o potencial que cada idade tem a

oferecer, levando em consideração a recuperação da vitalidade da própria idade,

resgatando a beleza nela contida (CASALECCHI, 1997).

4 LOCALIZAÇÃO DAS RUGAS FACIAIS E DOS PONTOS DE AC UPUNTURA

A ruga consiste no sinal mais visível do envelhecimento da pele,

porém é apenas o início de uma série de alterações no organismo. Desordens

internas, ambientais e emocionais também interferem na integridade de uma

pessoa (HARATI, 2013).

Nas alterações da pele podemos encontrar diferentes tipos de rugas

originadas pela tensão de músculos específicos localizados na face. À medida

que os anos vão se passando diferentes áreas do rosto são afetadas conforme

Tabela 3 (FORNAZIERI, 2007).

Tabela 3 - Definição das alterações e da região do rosto afetada devido à influência da idade

Fonte: FORNAZIERI, 2007

Idade Área afetada do rosto

A partir dos 30 anos

Pés-de-galinha

Perda de gordura da maçã do rosto

"Bigode chinês"

A partir dos 35 anos Linhas no buço

Queda da pálpebra superior

A partir dos 40 anos

Flacidez na bochecha

Perda da definição do contorno do rosto

Vinco no canto dos lábios

A partir dos 45 anos Vinco nas sobrancelhas

Vincos na testa

Linhas de flacidez no pescoço

A partir dos 50 anos Estreitamento do lábio superior

Queda da ponta do nariz

Certos músculos ou grupos musculares se encarregam de realizar

uma determinada ação (músculos agonistas) enquanto que outro músculo ou

grupo (músculos antagonistas) deve se deixar distender de modo a possibilitar a

contração dos primeiros. Quando há rugas, ocorre que um grupo muscular está

contraído e o outro relaxado, sendo necessário por um lado relaxar ou “sedar” o

músculo que se encontra contraído e por outro lado, estimular ou “tonificar” os

músculos antagonistas, de modo a restituir a situação de equilíbrio original,

resultando numa melhora do aspecto destas (VAMRELL; PAULETE; OLIVEIRA,

1986).

As rugas podem ser agrupadas por área de atuação conforme item

4.1 e são classificadas conforme item 4.2.

4.1 INFORMAÇÕES SOBRE A MUSCULATURA DA FACE

Figura 1 – Musculaturas da face

Fonte: NAKANO, 2005