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  • Universidade de Aveiro

    2010

    Departamento de Engenharia Mecnica

    Lus Carlos Teixeira Vaz

    SUPERVISO E CONTROLO REMOTO DA ILUMINAO NA VIA PBLICA

  • Universidade de Aveiro

    2010

    Departamento de Engenharia Mecnica

    Lus Carlos Teixeira Vaz

    SUPERVISO E CONTROLO REMOTO DA ILUMINAO NA VIA PBLICA

    Dissertao apresentada Universidade de Aveiro para cumprimento dos requisitos necessrios obteno do grau de Mestre em Engenharia Mecnica, realizada sob a orientao cientfica do Professor Doutor Jos Paulo Oliveira Santos, Professor Auxiliar do Departamento de Engenharia Mecnica da Universidade de Aveiro e co-orientao do Professor Doutor Joaquim Jos Borges Gouveia, Professor Catedrtico do Departamento de Economia, Gesto e Engenharia Industrial da Universidade de Aveiro.

  • Dedico este trabalho a todos os que, directa ou indirectamente, contriburam

    para a realizao do mesmo.

  • O jri

    Presidente Prof. Doutor Robertt Angelo Fontes Valente Professor Auxiliar do Departamento de Engenharia Mecnica da Universidade de Aveiro

    Orientador

    Prof. Doutor Jos Paulo Oliveira Santos Professor Auxiliar do Departamento de Engenharia Mecnica da Universidade de Aveiro

    Co-Orientador

    Prof. Doutor Joaquim Jos Borges Gouveia Professor Catedrtico do Departamento de Economia, Gesto e Engenharia Industrial da Universidade de Aveiro

    Arguente Prof. Doutor Carlos Cardeira Professor Auxiliar do Departamento de Engenharia Mecnica do Instituto Superior Tcnico

  • Agradecimentos

    Deixo o meu agradecimento ao Professor Doutor Jos Paulo Oliveira Santos e

    ao professor Doutor Joaquim Jos Borges Gouveia pela motivao e

    orientao cientfica deste trabalho.

    Agradeo tambm a todos os colegas que de uma forma ou de outra

    contriburam para este trabalho. Destaco os colegas de laboratrio Daniel

    Farinha, Emanuel vila e Marcos Gomes pela ajuda e pelas ideias que

    partilharam e os colegas Nelson Capela, Srgio Pereira e Milton Grcio pelo

    companheirismo demonstrado ao longo do meu percurso acadmico.

    Por ltimo mas no menos importante, agradeo aos meus pais por sempre

    me terem apoiado e proporcionado as condies necessrias para chegar at

    aqui.

    A todos, Muito Obrigado!

  • Palavras-chave

    Iluminao Pblica, Superviso e Controlo, Micro-controlador, Transdutor,

    Analisador de energia, ZigBee, PHP, HTML, Visual Basic, C.

    Resumo

    Este trabalho teve como principal objectivo desenvolver e implementar o

    prottipo de um sistema de superviso e controlo da iluminao da via pblica.

    Foi desenvolvido um mdulo de hardware que constitudo por um micro-

    controlador, um analisador de energia, um mdulo de comunicaes e um

    conjunto de dispositivos que permitem controlar o fluxo luminoso e bem como

    a medir os consumos de energia de cada luminria. O sistema gerido a partir

    de uma central de comando na qual existe um computador com ligao

    internet, para tal foi desenvolvida uma aplicao em Visual Basic e tambm um

    portal Web que conta com uma pgina de controlo e uma de superviso. A

    comunicao entre a central e os pontos de iluminao fica a cargo de

    mdulos wireless XBee que implementam o protocolo ZigBee. Toda a

    informao recolhida em cada ponto de iluminao armazenada numa base

    de dado MySQL, para posterior consulta atravs do portal Web.

    O prottipo desenvolvido mostrou ser fivel e adequado para a gesto de um

    sistema de iluminao da via pblica, no entanto h aspectos que tm que ser

    melhorados, nomeadamente substituir o micro-controlador do mdulo de

    hardware e adicionar mais sensores.

  • Keywords

    Street Lightning, Supervision & Control, Microcontroler, Transducer, Energy

    Meter, ZigBee, PHP, HTML, Visual Basic, C.

    Abstract

    The main goal of this project was to develop and implement a prototype system

    for supervision and control of street lighting. Under development was a

    hardware prototype consisting of a micro-controller, an energy metering IC to

    measure the energy consumption of each lamp, a communications module and

    a set of devices to control the light flux. The system is managed from a

    computer with a Visual Basic Web server, which besides acquiring data from

    the lightning points, writes it on a MySQL database and allows the remote of

    the system through a Web page. There is also a statistics Web page, for further

    information access on the lamps energy consumption. The communication

    between the computer and the lighting points is achieved by XBee wireless

    modules that implement ZigBee protocol.

    The prototype developed is robust and suitable for the management of public

    street lighting, however there are aspects that need improvement, such being

    the replacement of the micro-controller in the hardware prototype and addition

    of more sensors.

  • i

    Contedo

    Contedo i Lista de figuras iii

    Lista de tabelas vii

    Lista de acrnimos ix 1 Introduo 1

    1.1 Enquadramento 1

    1.2 Motivao ... 2 1.3 Objectivos 3

    1.4 Organizao da Dissertao 4

    2 Estado da arte 5

    2.1 Solues existentes 5

    2.1.1 Sistemas de controlo e regulao de fluxo luminoso . 5

    2.1.2 Sistemas de monitorizao remota .. 11

    2.1.3 Casos de estudo .... 14

    2.2 Resumo .. 17

    3 Tecnologias de suporte 19

    3.1 Protocolos e tecnologias de comunicao ... 19

    3.2 Microcontroladores .. 27

    3.3 Transdutores . 28

    3.4 Analisadores de energia ...... 30

    3.5 Tcnicas de regulao de fluxo luminoso .... 31

    4 Soluo proposta 37

    4.1 Arquitectura da soluo proposta 37

    4.2 Hardware .. 39

    4.3 Clculos auxiliares .. 47

    4.4 Software .... 50

    5 Implementao e Anlise de desempenho 55

    5.1 Implementao . 55

    5.2 Anlise de desempenho .... 59

    6 Concluses e trabalhos futuros 61

    Apndice A Configurao dos mdulos XBee 65

  • ii

    Apndice B Memria EEPROM com interface SPI 73

    Apndice C Interface SPI do analisador MCP3909 87

    Referncias 101

  • iii

    Lista de Figuras

    1.1 Poluio luminosa ... 2

    1.2 Consumos de electricidade em Portugal 3

    2.1 Equipamento Compacto .. 6

    2.2 Ciclo de iluminao pr-programado ... 6

    2.3 Equipamento Atron / Bipall ... 8

    2.4 Variao da temperatura de cor em funo da carga aplicada lmpada . 9

    2.5 Equipamento Augier-Box . 11

    2.6 Exemplo de comunicao GSM/GPRS/PLC . 12

    2.7 Exemplo de comunicao de dados Digi TransPort . 13

    2.8 Arquitectura da soluo SmartLi .. 14

    2.9 Interface Web do projecto ge.IP .... 17

    3.1 Exemplo de barramento CAN 20

    3.2 Estrutura de uma mensagem CAN standard .. 20

    3.3 Rede de dispositivos Bluetooth 22

    3.4 Exemplo de rede PLC . 23

    3.5 Topologias de rede ZigBee . 24

    3.6 Arquitectura da rede GSM 26

    3.7 Diagrama de blocos PIC .. 28

    3.8 (a) Transdutor de corrente por de efeito de Hall; (b) Resistncia de shunt 29

    3.9 Transdutor de tenso por efeito de Hall . 29

    3.10 Diagrama de blocos do analisador de energia MCP3909 da Microchip 31

    3.11 Modulao por largura de pulso 31

    3.12 ngulo de disparo .. 32

    3.13 Auto-transformador varivel .. 33

    3.14 Sistema de injeco de tenso em oposio de fase . 34

    3.15 Injeco de tenso em oposio de fase 35

    4.1 Arquitectura da soluo proposta 38

    4.2 Arquitectura do mdulo de hardware ................................ 41

  • iv

    4.3 Esquema elctrico do mdulo de hardware ... 42

    4.4 Esquema elctrico do mdulo de hardware (Transdutores e MCP3909) 43

    4.5 Diagrama de pinos do transdutor LTS15-NP . 43

    4.6 Esquema elctrico da fonte de alimentao 45

    4.7 Diagrama de fluxo do software . 46

    4.8 Esquema elctrico da placa de comunicao com o PC .. 47

    4.9 Diagrama de interaco entre os vrios software 50

    4.10 Diagrama de fluxo da aplicao VB ... 51

    5.1 Pontos de iluminao implementados no laboratrio .. 55

    5.2 Mdulo de hardware 56

    5.3 Interface da aplicao VB .. 57

    5.4 Interface Web de controlo 58

    5.5 Interface Web de superviso .. 58

    A.1 Mdulo XBee e XBee-Pro ..... 65

    A.2 Diagrama de pinos do mdulo XBee .... 66

    A.3 Ligao entre o computador e o mdulo XBee .... 67

    A.4 Configurao da comunicao entre o computador e o mdulo XBee . 68

    A.5 Configurao do mdulo XBee .. 68

    A.6 Troca de mensagens entre o PC e o mdulo XBee .. 72

    B.1 Barramento SPI . 74

    B.2 Mensagem SPI analisada no osciloscpio .. 75

    B.3 Modos SPI suportados pela EEPROM 76

    B.4 Diagrama de pinos da EEPROM . 77

    B.5 Organizao da EEPROM 78

    B.6 Status Register .. 78

    B.7 Instruo Read Identification . 80

    B.8 Instruo Read Status Register .. 80

    B.9 Instruo Write Page 81

    B.10 Registo SSPSTAT do micro-controlador .. 82

    B.11 Registo SSPCON do micro-controlador 82

    B.12 Sequncia de mensagens para ler o Status Register .. 84

  • v

    C.1 Diagrama de pinos do analisador . 87

    C.2 (a) Instruo SPI; (b) Instruo SPI . 89

    C.3 Multiplier Output mode . 90

    C.4 (a) Dual Channel mode ... 90

    C.4 (b) Troca de mensagens SPI . 91

    C.5 Filter Input mode . 91

    C.6 Diagrama de fluxo do software do micro-controlador . 92

    C.7 Estrutura de dados devolvidos pelo analisador . 94

    C.8 Resultado da comparao lgica . 94

  • vi

  • vii

    Lista de Tabelas

    3.1 Mensagem Ethernet definida pelo padro IEEE 802.3 . 21

    4.1 Estrutura da mensagem de comando 38

    4.2 Estrutura da mensagem de dados .. 39

    4.3 Comparao entre vrios modelos de analisadores de energia . 40

    5.1 Lista dos componentes principais do mdulo de hardware e respectivo custo . 66

    A.1 Caractersticas tcnicas do mdulo XBee .. 62

    A.2 Parmetros necessrios para configurar um mdulo XBee .. 70

    A.3 Mensagens de resposta do mdulo XBee . 71

    A.4 Configurao dos mdulos XBee . 72

    C.1 Programmable Gain Amplifier ... 88

    C.2 Exemplos de notao de complemento para 2 . 97

  • viii

  • ix

    Lista de Acrnimos

    ADC Analogic to Digital Converter

    ADSL Asymmetric Digital Subscriber Line

    CAN Controller Area Network

    GPRS General Packet Radio Service

    GSM Global System for Mobile communications

    HPS Vapor de Sdio de Alta Presso (High Pressure Sodium)

    HTML HiperText Markup Language

    IEEE Institute of Electrical and Electronic Engineers

    IC Integrated Circuit

    IR Infra-Vermelho (Infrared)

    ISM Industrial Scientific and Medical

    LCD Liquid Crystal Display

    LED Light Emitting Diode

    MH Iodetos Metlicos (Metal Halide)

    MOSFET Metal Oxide Semiconductor Field Effect Transistor

    PCB Printed Circuit Board

    PHP Hypertext Preprocessor

    PLC Power Line Communications

    RMS Root Mean Square

    RF Rdio Frequncia

    SCADA Supervision Control And Data Acquisition

    SD Secure Digital

    SMS Short Message Service

    SPI Serial Peripheral Interface

    TCP/IP Transmission Control Protocol / Internet Protocol

    USB Universal Serial Bus

    VB Visual Basic

    XML Extended Markup Language

  • x

  • 1

    Captulo 1

    Introduo

    1.1 Enquadramento

    A iluminao pblica assume um papel bastante importante no desenvolvimento de uma

    sociedade. Permite que veculos e pees circulem em segurana na via pblica durante o

    perodo nocturno, inibe a criminalidade e tambm tem como objectivo realar monumentos,

    jardins ou outros espaos de lazer. Um bom projecto de iluminao pblica deve assegurar que

    os pees tenham uma boa visibilidade dos limites do espao onde circulam e tambm a

    inexistncia de zonas de pouca luminosidade. No caso dos veculos deve ser assegurado que

    estes detectem com facilidade eventuais obstculos na via [TEIXEIRA, 2003].

    Uma rede de iluminao pblica convencional constituda essencialmente por um

    sistema de controlo, que liga e desliga a iluminao em perodos definidos por um relgio

    astronmico ou crepuscular, uma rede de distribuio de energia e por pontos de iluminao.

    Por sua vez, os pontos de iluminao so constitudos uma ou mais lmpadas e um conjunto

    de equipamentos elctricos e mecnicos necessrios para seu funcionamento, nomeadamente

    a luminria, o balastro e estrutura de suporte, vulgo poste.

    A luminria serve de suporte e proteco da lmpada, para alm disso permite

    direccionar o fluxo luminoso para onde realmente necessrio e assim melhorar o rendimento

    global do ponto de iluminao.

    O balastro, que pode ser do tipo magntico ou electrnico, um dispositivo necessrio ao

    funcionamento de determinados tipos de lmpadas, mais concretamente lmpadas de

    descarga em gases. Este equipamento tem como principais funcionalidades fornecer uma

    sobretenso durante o de arranque da lmpada e limitar a corrente durante o funcionamento.

    A estrutura de suporte poder ser necessria ou no. Por exemplo no caso de iluminao

    de monumentos em que so utilizados projectores ao nvel do solo, ou no caso de iluminao

    em tneis rodovirios em que as armaduras so fixadas nas paredes do tnel.

    Em iluminao pblica so utilizados vrios tipos de lmpadas, sendo que na sua maioria

    trata-se de lmpadas de descarga em gases por serem mais eficientes que lmpadas de

  • 2

    halogneo e mesmo que os LED. No entanto os LED so uma tecnologia relativamente recente

    e em desenvolvimento, o rendimento luminoso tem vindo a ser melhorado e segundo alguns

    autores apresentado como o futuro da iluminao [SCHREDER, 2008].

    1.2 Motivao

    Segundo [DEURSEN, 2006] cerca de um tero dos sistemas de iluminao pblica

    Europeus so obsoletos e pouco eficientes. Estima-se que se os sistemas de iluminao

    ineficientes da Europa, nos sectores domstico, pblico e privado fossem substitudos por

    solues mais eficientes, as poupanas financeiras poderiam alcanar os 4.300 milhes de

    euros anuais bem como uma reduo de 28 milhes de toneladas de CO2.

    A falta de controlo nos sistema de iluminao pblica e a utilizao de luminrias pouco

    eficientes resulta num cenrio de poluio luminosa, o qual possvel verificar na Figura 1.1.

    Esta imagem de satlite demonstra que a Europa e os Estados Unidos apresentam os maiores

    ndices de poluio luminosa. Este tipo de poluio muito criticado pelos astrnomos uma

    vez que interfere directamente com o seu trabalho, para alm disso o excesso de luminosidade

    altera os hbitos nocturnos de animais e de pessoas [ASTERPORTAL, 2009].

    Figura 1.1: Poluio luminosa.

    No ano de 2008 a iluminao pblica representou cerca de 3.3% dos consumos de

    electricidade em Portugal (Figura 1.2). Embora o valor apresentado no seja muito significativo

    quando comparado com os restantes sectores, ainda assim representa um consumo de

    energia que ronda os 1642 GWh e que em termos financeiros ascende os 135 milhes de

    euros, valor calculado com base na tarifa de 2008 [DGEG, 2008]. Outro aspecto preocupante

  • 3

    o facto do consumo de energia dos sistemas de iluminao pblica apresentar uma tendncia

    de subida desde 1994.

    Figura 1.2: Consumos de electricidade em Portugal [PORDATA, 2010].

    Pelos motivos que foram apresentados, torna-se necessrio intervir na rea da iluminao

    pblica. O aumento da eficincia energtica nos sistemas de iluminao pblica leva no s a

    uma reduo do consumo de energia e do nvel de poluio luminosa, como tambm a uma

    poupana econmica considervel. Este aumento pode passar pela simples troca de lmpadas

    e equipamentos obsoletos por tecnologia mais eficiente, at sistemas de controlo de

    iluminao mais eficazes que os existentes.

    1.3 Objectivos

    O principal objectivo deste trabalho desenvolver e implementar em laboratrio o

    prottipo de um sistema de superviso e controlo da iluminao da via pblica. Deste deve

    fazer parte o hardware de controlo e monitorizao e uma aplicao de software que permita

    gerir o sistema de iluminao.

    O prottipo deve permitir o controlo individual ou de um conjunto de luminrias, bem

    como medir e armazenar a energia consumida por cada luminria e tambm detectar

    eventuais avarias da lmpada. Na aplicao de software deve constar uma base de dados na

    qual so armazenados os dados recolhidos para posterior consulta. Pretende-se que o sistema

  • 4

    de iluminao possa ser controlado a partir de uma aplicao local e tambm atravs de um

    portal Web.

    A fiabilidade e o baixo custo so duas caractersticas pretendidas para este prottipo, pelo

    que escolha dos dispositivos que constituem o hardware deve de ser feita de forma a

    conseguir uma boa relao entre custo e caractersticas tcnicas.

    1.4 Organizao da Dissertao

    Esta Dissertao est organizada em seis captulos e trs apndices.

    No captulo dois so apresentados vrios exemplos de sistemas de superviso e controlo

    da iluminao da via pblica. So apresentadas as principais caractersticas de cada sistema e

    no final feito um pequeno resumo dos sistemas abordados.

    No captulo trs so apresentadas algumas das tecnologias que foram consideradas para

    este trabalho. So apresentados os principais aspectos de cada tecnologia procurando

    destacar as vantagens e desvantagem de cada uma.

    No captulo quatro apresentado o estudo conceptual da soluo proposta. feita uma

    descrio da arquitectura adoptada bem como do hardware e software desenvolvidos.

    No captulo cinco descrita a implementao do prottipo. So apresentadas as

    interfaces de controlo, local e remota, e tambm o mdulo de hardware desenvolvido. Neste

    captulo so ainda discutidas algumas opes tomadas ao longo do trabalho.

    No captulo seis so apresentadas as concluses deste trabalho e tambm algumas

    sugestes para trabalhos futuros.

    Nos apndices explicado em pormenor o funcionamento de dois dispositivos utilizados

    neste trabalho e um outro que foi considerado mas que acabou por no ser utilizado. No

    apndice A descrito o mdulo de comunicaes XBee, no apndice B descrito o

    funcionamento de uma memria EEPROM com interface SPI e no apndice C descrita a

    interface SPI do analisador de energia MCP3909.

  • 5

    Captulo 2

    Estado da Arte

    No que diz respeito a sistemas de superviso e controlo da rede de iluminao da via

    pblica so vrios os exemplos que podem ser apresentados. Existem no mercado sistemas

    com diversas funcionalidades, desde os que apenas permitem efectuar o controlo,

    monitorizao local ou de transporte de dados, at solues integradas que permitem efectuar

    o controlo e superviso remota do sistema de iluminao pblica.

    Neste captulo so apresentados alguns dos sistemas referidos bem como trs casos de

    estudo nos quais so ou iro ser aplicados sistemas de controlo e superviso de iluminao

    pblica.

    2.1 Solues existentes

    2.1.1 Sistemas de controlo e regulao do fluxo luminoso

    Nesta seco referido por diversas vezes o parmetro luminotcnico denominado fluxo

    luminoso. Trata-se de um parmetro caracterstico de uma fonte de luz e definido como a

    quantidade de luz emitida por unidade temporal. A unidade de medida o lmen (lm)

    [TEIXEIRA, 2003].

    Compacto

    O sistema Compacto (ver Figura 2.1), desenvolvido e produzido pela empresa Francesa

    Augier SAS [Augier, 2010], trata-se de variador electrnico de tenso que permite variar e

    regular a tenso aplicada a um conjunto de lmpadas.

  • 6

    Figura 2.1: Equipamento Compacto.

    semelhana de outros sistemas estudados durante a pesquisa bibliogrfica, este sistema

    utiliza uma tcnica de injeco de tenso em oposio de fase1 para variar a tenso sada do

    equipamento. De certa forma, pode-se afirmar que este equipamento uma fonte de

    alimentao regulvel que alimenta um conjunto de lmpadas, permitindo assim reduzir a

    potncia fornecida s lmpadas e por consequncia reduzir o fluxo luminoso bem como o

    consumo de energia [COMPACTO, 2010].

    O modo de operao deste sistema baseado em ciclos pr-programados de iluminao

    (ver Figura 2.2). feita uma distino entre dias da semana e dias de fim-de-semana, e so

    consideradas quatro estaes de trs meses cada. Adicionalmente poder ser programado um

    ciclo de operao diferente durante oito dias por ano [COMPACTO, 2010].

    Figura 2.2: Ciclo de iluminao pr-programado.

    1 Para saber mais sobre esta tcnica deve ser consultado o Captulo 3: Tcnicas de regulao de fluxo

    luminoso.

  • 7

    A Figura 2.2 apresenta um exemplo, meramente ilustrativo, de um ciclo de iluminao

    pr-programado. Inicialmente, aps a iluminao pblica ser ligada, tem-se uma fase de pr-

    aquecimento das lmpadas a uma tenso inferior tenso nominal, facto este que segundo o

    fabricante aumenta em 30% o tempo de vida til das lmpadas. De seguida, durante o perodo

    nocturno de maior movimento na via pblica o sistema fornece a tenso nominal s lmpadas.

    Durante a noite, quando o movimento na via pblica reduzido ou inexistente, o sistema

    reduz a tenso aplicada s lmpadas para 75% ou 50% da tenso nominal, sendo precisamente

    neste perodo efectuada a poupana de energia. De madrugada, quando retorna o

    movimento via pblica, fornecido s lmpadas a tenso nominal at que a iluminao se

    desligue.

    A configurao dos ciclos de iluminao feita atravs de um software apropriado e de

    um computador que comunica com o equipamento atravs de uma porta USB. possvel

    configurar parmetros tais como rampas de tenso (transio entre dois nveis de tenso) ou

    tempos entre cada transio. De salientar que a configurao do equipamento s poder ser

    feita caso este se encontre desligado, tratando-se este procedimento de uma medida de

    segurana [COMPACTO, 2010].

    O fabricante afirma que com este equipamento possvel obter poupanas energticas

    na casa dos 30% a 45%, para lmpadas de HPS (Vapor de Sdio de Alta Presso) e MH (Iodetos

    Metlicos) e ao mesmo tempo um aumento do tempo de vida til das lmpadas. O

    equipamento est disponvel nas verses de 3 a 9kVA (monofsico) e de 9 a 27kVA (trifsico)

    [COMPACTO, 2010].

    De seguida sero apresentadas as principais caractersticas deste equipamento (verso

    monofsica):

    Alimentao: 230V 10% (45Hz a 65Hz).

    Potncia: 0 - 9kVA.

    Variao da potncia fornecida entre 0 e 100%.

    Funciona com todos os tipos de lmpadas.

    Eficincia de 98,5%.

    Proteco trmica e de curto-circuito.

    By-pass automtico.

    Indicao do estado atravs de indicadores LED (ON, Fault e Modo de economia).

  • 8

    Atron/ Bipall

    Atron e Bipall so dois equipamentos que fazem parte de uma soluo de controlo de

    fluxo luminoso apresentada pelo fabricante Francs Abel [ABEL, 2010]. O equipamento Altron

    trata-se de um balastro electrnico que oferece a possibilidade de controlar a potncia

    fornecida lmpada [ALTRON, 2010]. O equipamento Bipall um temporizador que controla

    o balastro e que permite variar a potncia fornecida lmpada seguindo ciclos de iluminao

    pr-programados. Os dois equipamentos em conjunto constituem um sistema de controlo de

    fluxo luminoso autnomo e independente. Ao contrrio do sistema Compacto apresentado

    anteriormente, que controla um conjunto de lmpadas, este sistema controla apenas uma

    lmpada (ver Figura 2.3).

    Figura 2.3: Equipamento Atron / Bipall.

    Na documentao consultada [ALTRON, 2010] sobre este sistema no consta a tcnica

    utilizada para controlar a potncia fornecida lmpada.

    Os equipamentos referidos permitem controlar lmpadas de HPS e MH e esto divididos

    em duas gamas de potncia, de 60 a 150W e de 250 a 400W. Para a primeira gama, o

    equipamento Bipall est integrado no mesmo mdulo do Altron, para a segunda gama de

    potncia o equipamento Bipall encontra-se num mdulo separado, e para cada tipo de

  • 9

    lmpada e gama de potncia dever ser seleccionado um equipamento especfico [ALTRON,

    2010].

    O modo de operao deste sistema em tudo semelhante ao apresentado

    anteriormente. O equipamento Bipall permite seguir at quatro ciclos de iluminao pr-

    programados e segundo o fabricante as poupanas energticas esto compreendidas entre

    21% e 38%. O equipamento poder ainda ser disponibilizado com um ciclo de iluminao

    personalizado e de acordo com os requisitos do cliente.

    O Bipall tem um contador interno que regista os tempos de funcionamento da

    iluminao pblica. A partir do momento em que instalado demora entre dois a quatro dias

    at se sincronizar com os outros equipamentos Bipall com base numa mdia dos tempos

    registados. Este processo torna-se necessrio para que todas as luminrias tenham o mesmo

    comportamento no que diz respeito a variaes do fluxo luminoso. Aps o perodo de

    sincronizao o equipamento comea de imediato a executar os ciclos de iluminao pr-

    programados [ALTRON, 2010].

    Segundo o fabricante a diminuio da potncia aplicada lmpada provoca um aumento

    da temperatura de cor. Atravs da Figura 2.4 possvel demonstrar este comportamento para

    o caso de uma lmpada de MH com uma potncia de 70W.

    Figura 2.4: Variao da temperatura de cor em funo da carga aplicada lmpada.

    Seguidamente so apresentadas as principais caractersticas deste equipamento.

    Alimentao: 180 - 250V (50Hz a 60Hz).

    Potncia: 60 - 150W e 250 - 400W.

  • 10

    Variao da potncia fornecida entre 0 e 100%. (Em 6 nveis para potncias at 150W

    e 4 nveis para potncias superiores a 250W).

    Funciona com lmpadas de HSP e MH.

    Proteco trmica e de curto-circuito.

    Aumento do tempo de vida til das lmpadas entre 20% a 40%.

    Indicao do estado atravs de indicadores LED.

    A programao do equipamento feita na fbrica.

    CEP/Tev2

    Os reguladores de fluxo luminoso CEP/TEV, comercializados pela empresa Portuguesa

    Tev2, permitem obter poupanas energticas at 50%. semelhana dos sistemas

    apresentados anteriormente, o modo de operao do CEP/TEV baseia-se em ciclos pr-

    programados de iluminao, no entanto oferece a possibilidade de ser controlado com base na

    informao fornecida por uma foto clula.

    Este sistema recorre a um auto-transformador2 para variar a tenso sada do

    equipamento, sendo este aspecto a principal diferena face ao primeiro sistema apresentado,

    o Compacto.

    De seguida so apresentadas as principais caractersticas deste equipamento.

    Alimentao trifsica: 350 - 420V (48Hz a 52Hz).

    Potncia: 6 60kVA.

    Variao da potncia fornecida entre 0 e 100%.

    Funciona com todo o tipo de lmpadas.

    Eficincia: 98,5% (em plena carga).

    Aumento do tempo de vida til das lmpadas.

    Outros sistemas

    Em [ANDR, 2004]3 apresentado o prottipo de um balastro electrnico para lmpadas

    de vapor de sdio de alta presso. O autor desenvolveu um balastro que permite alimentar as

    lmpadas a alta frequncia e eliminar o efeito de ressonncia acstica. O balastro

    2 Para saber mais sobre esta tcnica deve se consultado o Captulo 3: Tcnicas de regulao de fluxo

    luminoso. 3 Tese de doutoramento

  • 11

    desenvolvido controlado por um micro-controlador e permite tambm regular a potncia

    fornecida s lmpadas.

    2.1.2 Sistemas de monitorizao remota

    Augier-box

    O equipamento Augier-box (Figura 2.5) permite monitorizar o estado e consumos de

    energia de uma rede de iluminao pblica. Sempre que ocorre um evento anormal, por

    exemplo um pico de tenso, na rede de iluminao pblica enviada uma SMS de alarme para

    os nmeros que esto armazenados na sua memria. Tambm possvel consultar as

    medies efectuadas via GSM/GPRS. Este equipamento suporta ainda os protocolos de

    comunicao CAN, RS485 e USB. A porta de comunicaes USB utilizada para configurar o

    equipamento, sendo que as restantes so para comunicar com equipamentos de controlo de

    fluxo do fabricante Augier, nomeadamente o Compacto [AUGIER-BOX].

    Cada equipamento possui um relgio astronmico que associado a um rel permite

    controlar o contactor principal que liga e desliga a iluminao. Cada Augier-box pode ser

    configurada com um cdigo de identificao bem como coordenadas geogrficas que servem

    de referncia para o relgio astronmico e para geo-localizao [AUGIER-BOX].

    Figura 2.5: Equipamento Augier-Box.

    Opera

    O sistema Opera desenvolvido pela empresa Italiana Reverberi Enetec [OPERA, 2010]

    permite efectuar a monitorizao de uma rede de iluminao pblica. A superviso feita a

  • 12

    partir de uma central utilizando um computador com o software adequado. Este sistema

    prope essencialmente dois tipos equipamento.

    O equipamento DAC (Data Acquisition Controller) trata-se mdulo que instalado no

    armrio central que controla a iluminao pblica. Permite recolher vrios parmetros

    tais como tenso, corrente, factor de potncia entre outros, e armazena-os na sua

    memria. Este equipamento possui uma porta de comunicaes RS232 e pode ser

    conectado directamente a um computador ou a um modem GSM, sendo este o

    protocolo de comunicaes utilizado para trocar informao com a central. Caso

    ocorram eventos anormais no sistema de iluminao enviado um SMS de alerta para

    um nmero predefinido [OPERA, 2010].

    O LPS (Lightning Point Sentinel) trata-se de um equipamento que instalado junto de

    cada luminria. Tal como o DAC permite recolher vrios parmetros da rede, no

    entanto a informao enviada para um mdulo concentrador que est instalado no

    armrio central atravs de PLC (Power Line Communication). Posteriormente o mdulo

    envia a informao para a central atravs de GSM. Atravs da Figura 2.6 possvel

    demonstrar uma aplicao deste sistema.

    Figura 2.6: Exemplo de comunicao GSM/GPRS/PLC.

  • 13

    Digi TransPort

    O Digi TransPort uma soluo de comunicao de dados, apresentada pelo fabricante

    Digi International que pode ser integrada num sistema de monitorizao de um sistema de

    iluminao pblica. O fabricante afirma que o GPRS a melhor soluo de comunicao de

    dados em sistemas de controlo e monitorizao [DIGI, 2010]. Na soluo apresentada os vrios

    pontos de iluminao esto ligados a um mdulo concentrador atravs de uma rede Ethernet.

    A comunicao de dados entre o concentrador e a central de comando feita com recurso a

    um router GPRS (ver figura 2.7).

    Este sistema foi implementado pela empresa Hafslund, a principal distribuidora de

    energia Norueguesa [DIGI, 2010]. O sistema implementado por esta empresa conta ainda com

    outras tecnologias de controlo e monitorizao do sistema de iluminao bem como

    luminrias que utilizam a tecnologia LED. Em seis anos de aplicao destas tecnologias foi

    observada uma reduo nas emisses de CO2 na ordem dos 70%, sendo previsvel que atinja os

    80% [WORDSWORTH, 2010].

    Figura 2.7: Exemplo de comunicao de dados Digi TransPort.

    Outros sistemas

    Em [TRAVASSOS, 2008]4 apresentado um sistema de monitorizao de consumos numa

    estao de radiocomunicaes mveis da Vodafone. O prottipo desenvolvido permite

    monitorizar em tempo real os consumos de diversos equipamentos na estao mvel bem

    como as respectivas temperaturas de funcionamento.

    4 Dissertao de Mestrado

  • 14

    Para obter os consumos proposto utilizar um micro-controlador para processar os dados

    fornecidos por transdutores de tenso e corrente, depois de devidamente tratados por

    hardware auxiliar. O prottipo permite ainda armazenar os dados recolhidos numa memria

    SD e apresentar os dados num ecr LCD.

    2.1.3 Casos de estudo

    SmartLi

    O projecto SmartLi levado a cabo pela empresa Portuguesa TEC-IT apresenta uma

    soluo integrada de controlo e superviso do sistema de iluminao pblica. O controlo e a

    monitorizao so feitos ponto a ponto. Em cada luminria ser colocado um equipamento

    que tem a capacidade de controlar o fluxo luminoso e medir alguns parmetros da rede, entre

    outras funcionalidades. Esta soluo tal como as apresentadas anteriormente segue um ciclo

    de iluminao pr-programado, no entanto aplicado o conceito de Adapative Lightning, ou

    seja, adaptar o fluxo luminoso s necessidades momentneas de luminosidade [SMARTLI,

    2010].

    A Figura 2.8 mostra a arquitectura da soluo SmartLi.

    Figura 2.8: Arquitectura da soluo SmartLi.

    O controlo e superviso do sistema de iluminao feito a partir de uma central, nesta

    encontra-se um computador com o software adequado responsvel pela troca de mensagens

    atravs de GSM com um dos mdulos terminais que est inserido na rede de iluminao,

  • 15

    representado na Figura 2.8 por unidade central de processamento. O mdulo que troca

    mensagens com a central reenvia a informao, caso seja necessrio, para os mdulos

    seguintes por radiofrequncia (RF). Da mesma forma, as mensagens que fluem em sentido

    contrrio so reenviadas at chegarem central. Por sua vez quando chegam dados central

    so armazenados numa base de dados.

    So anunciadas poupanas de energia na ordem dos 40% a 70% em instalaes de

    iluminao que utilizem a lmpadas do tipo Vapor de Sdio de alta Presso (HPS). O

    equipamento est preparado partida para operar com luminrias que utilizam a tecnologia

    LED [SMARTLI, 2010]. De seguida so apresentadas a principais caractersticas da soluo

    SmartLi.

    Controlo horrio e/ou por luminosidade.

    Controlo por deteco de movimento.

    Regulao da luminosidade de acordo com a utilizao da zona.

    Envio dirio dos consumos por luminria para a base de dados.

    Leitura da luminosidade pela unidade central de processamento.

    Deteco de vandalismo ou roubo do equipamento do poste.

    Deteco de viaturas em sentido contrrio nos acessos das autoestradas.

    Ligao progressiva da iluminao em funo da luz natural.

    As referncias consultadas no permitem apurar se esta soluo j foi implementada ou se

    ainda se encontra em fase de projecto.

    Projecto Lites

    O projecto Lites pretende apresentar uma soluo inteligente de controlo e superviso da

    iluminao pblica em que as luminrias utilizam a tecnologia LED. Este projecto conta com a

    parceria da empresa Mertercom, a qual j disponibiliza um sistema inteligente de controlo de

    iluminao pblica baseado na tecnologia LED, o DATALED52. No entanto o projecto Lites

    pretende apresentar uma soluo mais sofisticada, nomeadamente ao nvel da superviso do

    sistema de iluminao [LITES, 2010].

    Em cada luminria, um equipamento permitir adaptar o fluxo luminoso de acordo com

    as necessidades momentneas. O ajuste feito com base na informao recolhida por diversos

  • 16

    sensores, nomeadamente sensores de luminosidade e movimento. Este equipamento tambm

    permitir medir os consumos de energia bem como outros parmetros relevantes.

    Na soluo que ser apresentada um gateway inserido num armrio elctrico comunica

    com a central utilizando uma ligao internet. A comunicao entre o gateway e os

    equipamentos de cada luminria feita atravs de PLC. Os dados recolhidos por cada

    equipamento so enviados para a central e processados num software adequado. Com este

    sistema as poupanas energticas podero atingir os 70% [LITES, 2010].

    No decorrer do projecto Lites est prevista a instalao de duzentos pontos de iluminao

    que utilizam esta tecnologia. Sero distribudos por quatro pases, sendo que cinquenta destes

    pontos de iluminao sero instalados no Campus Universitrio da Universidade de Aveiro.

    ge.IP

    O ge.IP um dos projectos piloto da Agncia Municipal de Energia de Gaia. A Energaia

    fundada em 1999 tem como objectivo implementar polticas energticas e projectos de forma

    a tornar o Municpio de Vila nova de Gaia como um exemplo de sustentabilidade e de gesto

    de recursos energticos [ENERGAIA, 2010].

    O projecto apresentado visa melhorar a gesto do sistema de iluminao pblica. Em cada

    luminria colocado com um equipamento que tem a capacidade de regular o fluxo luminoso.

    Este dispositivo permite ainda detectar anomalias, medir consumos e outro tipo de

    parmetros e tambm registar o nmero de horas de funcionamento da lmpada. No armrio

    central da rede de iluminao colocado um dispositivo que controla os pontos de iluminao,

    e comunica com estes atravs de um protocolo normalizado.

    O sistema de iluminao controlado a partir de um portal Web. A comunicao entre o

    portal e controlador dos pontos de iluminao feita segundo o protocolo TCP/IP atravs de

    uma das seguintes tecnologias: GPRS, ADSL, Wi-MAX, Wi-Fi ou BPL.

    Na aplicao Web o utilizador tem a possibilidade de controlar o sistema de iluminao e

    tambm consultar o histrico de consumos, tempos de funcionamento das lmpadas, avarias

    no sistema de iluminao, entre outros parmetros. A Figura 2.9 mostra o aspecto da interface

    Web.

  • 17

    Figura 2.9: Interface Web do projecto ge.IP.

    A interface Web permite trabalhar sobre plataformas de visualizao de mapas online, o

    que permite localizar os pontos de iluminao numa determinada zona atravs de geo-

    referenciao [ENERGAIA, 2010]. Com esta soluo a poupana energtica cerca 49%,

    associado a uma reduo com as despesas de manuteno estimada em cerca de 98%, a

    reduo total dos custos com a iluminao pblica ronda os 53%.

    2.2 Resumo

    Aps estudar alguns sistemas de controlo e/ou superviso do sistema de iluminao

    pblica chega a altura de fazer um resumo das caractersticas dos sistemas estudados. Durante

    a pesquisa foram encontrados essencialmente trs tipos de sistemas,

    Sistemas de controlo.

    Sistemas de monitorizao.

    Sistemas que integram controlo e monitorizao com software de gesto.

    No que diz respeito ao controlo e monitorizao so feitas duas abordagens,

    Individual, em que cada ponto de iluminao controlado/monitorizado de forma

    independente.

    Centralizado, em que controlado/monitorizado um conjunto de pontos de

    iluminao a partir do armrio central do sistema de iluminao pblica.

  • 18

    Os sistemas estudados utilizam diferentes tecnologias de comunicao sendo que as mais

    utilizadas so o GSM/GPRS e o PLC. No que diz respeito a poupanas de energia, estas variam

    entre os 21% e os 50%. Estes valores so estimados tendo como referncia uma determinada

    rede de iluminao sem sistema de controlo instalado e a mesma rede com sistema proposto

    pelo fabricante, por este motivo no devem ser utilizados para comparar sistemas de

    fabricantes diferentes ema vez que o clculo pode ser baseado em redes de iluminao com

    caractersticas diferentes.

  • 19

    Captulo 3

    Tecnologias de suporte

    3.1 Protocolos e tecnologias de comunicao

    CAN

    O protocolo CAN (Controller Area Network) foi desenvolvido por Robert Bosh em meados

    da dcada de oitenta para aplicaes na indstria automvel. Actualmente utilizado em

    muitas aplicaes industriais e de domtica por se tratar de um protocolo robusto e fivel.

    Numa rede CAN dois ou mais ns esto ligados a um barramento comum. Estes no

    possuem endereo, quando um n envia uma mensagem todos os ns da rede recebem essa

    mensagem, no entanto a mensagem interpretada para que cada n identifique se a

    mensagem se destina a ele ou no. Para evitar o conflito de mensagens utilizado o CSMA/CR

    (Carrier Sense Multiple Access with Collision Resolution). Quando um n do barramento

    pretende enviar uma mensagem verifica o estado do barramento antes de enviar a mensagem

    e s envia se estiver livre. Se eventualmente ocorrer uma coliso de mensagens, ou seja, dois

    ns enviaram uma mensagem ao mesmo tempo, iniciado um processo de arbitragem e nessa

    altura enviada a mensagem de maior prioridade. Uma mensagem prioritria aquela cujo

    identificador corresponde ao menor nmero binrio [TEXAS, 2010].

    O meio de transmisso de dados mais comum um par de fios entranados sendo que o

    comprimento do barramento est dependente da velocidade de transmisso de dados. A

    velocidade mxima de transmisso est definida para 1Mbit/s enquanto que o comprimento

    mximo de um barramento CAN ronda os 1000m. Para barramentos com mais de 100m pode

    ser aplicada uma relao entre a velocidade de transmisso de dados e seu comprimento, tal

    como mostra a equao 1 [TEXAS, 2008].

    Bit rate (Mbit/s) * comprimento do barramento (m) 50 (1)

  • 20

    A figura 3.1 mostra o exemplo de um barramento CAN em que vrios ns esto ligados ao

    barramento. Nos terminais do barramento devem ser colocadas resistncias de valor de 120,

    representadas na Figura 3.1 por RL.

    Figura 3.1: Exemplo de barramento CAN [TEXAS, 2008].

    Existem dois tipos de mensagens CAN, o tipo standard em que o identificador tem 11

    bits e o tipo extended em que o identificador tem 29 bits. As mensagens so constitudas por

    vrios campos, a Figura 3.2 mostra a estrutura de uma mensagem standard.

    Figura 3.2: Estrutura de uma mensagem CAN standard [TEXAS, 2010].

    Os campos da mensagem onde seguem informaes relevantes so o Identificador, de 11

    bits no exemplo apresentado, e o campo de dados que no mximo poder ter 8 bytes. Os

    outros campos so de controlo e deteco de erros.

    Ethernet

    A Ethernet, que comeou por se chamar Alto Aloha Network, surge na dcada de setenta

    por Bob Metcalfe no Xerox PARC, Califrnia. A Ethernet teve como base de desenvolvimento

    um outro sistema de comunicaes, o Aloha, desenvolvido na Universidade do Hawai no final

    da dcada de sessenta [SPURGEON, 2000].

    O sistema de comunicaes Aloha era bastante simples. Bob Metcalf props-se a

    melhorar este sistema e para isso desenvolveu um mecanismo de deteco e coliso com

  • 21

    mltiplo acesso que ficou conhecido por CSMA/CD (Carrier Sense Multiple Access with Collision

    Detection). Este mecanismo permitiu criar uma rede de comunicaes com mais de dois

    intervenientes sem que haja perda de informao derivado a conflitos no acesso ao meio de

    transmisso. Sempre que detectada uma coliso de mensagens, os intervenientes aguardam

    um tempo aleatrio at tentarem um novo envio, este processo repetido at que a

    mensagem seja entregue com sucesso ou at expirar o nmero mximo de tentativas

    permitido [SPURGEON, 2000].

    Actualmente existem vrios tipos de Ethernet. A diferena entre eles reside na velocidade

    de transmisso de dados e no meio fsico de transmisso. Quanto velocidade mxima de

    transmisso de dados podem ser distinguidos quatro tipos, so eles:

    Standard Ethernet (10 Mbit/s).

    Fast Ethernet (100Mbit/s).

    Gigabit Ethernet (1Gbit/s).

    10 Gigabit Ethernet (10 Gbit/s).

    Quanto ao meio de transmisso de dados existem quatro possibilidades, so elas:

    Cabo coaxial

    Par entranado

    Fibra ptica

    Wireless (sem fios)

    A estrutura bsica de uma mensagem Ethernet definida pelo padro IEEE 802.3. Cada

    mensagem composta por vrios campos e o seu tamanho mximo est limitado aos 1525

    bytes. A Tabela 3.1 mostra a composio de uma mensagem Ethernet [KASIM, 2008].

    Tabela 3.1: Mensagem Ethernet definida pelo padro IEEE 802.3.

    7 1 6 6 2 46-1500 4 bytes

    Preamble SOF DA SA Lenght/Type Data FCS

    Os campos da mensagem onde seguem informaes relevantes so o DA (endereo de

    destino), o SA (endereo de origem) e o campo de dados que poder ter at 1500 bytes. Os

    outros campos so de controlo e deteco de erros.

  • 22

    Bluetooth

    O Bluetooth uma tecnologia de comunicaes sem fios de curto alcance que foi

    desenvolvido para permitir a troca de dados entre dispositivos, como por exemplo telemveis

    ou mesmo entre um computador e diversos perifricos.

    Esta tecnologia comeou a ser desenvolvida em 1994 pela empresa Ericsson. Mais tarde,

    em 1998, outras empresas juntaram-se Ericsson e formaram um consrcio denominado SIG

    (Bluetooth Special Interest Group) com o objectivo de desenvolver o Bluetooth [INFOWESTER,

    2010].

    As comunicaes Bluetooth utilizam a gama frequncias ISM (Industrial Scientific and

    Medical), em particular a faixa dos 2,45 GHz. Esta gama de frequncias, por no necessitar de

    licena, utilizada por outros protocolos o que pode originar interferncias na comunicao.

    Para contornar este problema o Bluetooth implementa o mecanismo FH-CDMA (Frequency

    Hopping Code Division Multiple Access). Este mecanismo faz com que a frequncia seja

    dividida em vrios canais. Quando um dispositivo est a comunicar troca de canal de uma

    forma muito rpida o que reduz a largura de banda e minimiza as hipteses de ocorrer uma

    interferncia [INFOWESTER, 2010].

    Uma rede de dispositivos Bluetooth denominada por Piconet. Em cada Piconet podem

    estar envolvidos at oito dispositivos, sendo que o que inicia a comunicao assume o papel

    de master e os restantes so slaves. Um slave pode participar em duas Piconet em simultneo

    o que permite expandir a rede de dispositivos (ver Figura 3.3). A uma rede formada por duas

    ou mais Piconet d-se o nome de Scatternet.

    Figura 3.3: Rede de dispositivos Bluetooth [INFOWESTER, 2010].

  • 23

    Os dispositivos baseados na tecnologia Bluetooth esto divididos em trs classes de

    acordo com o alcance mximo, so elas:

    Classe 1: at 100m (100 mW).

    Classe 2: at 10m (2,5 mW).

    Classe 3: at 1m (1 mW).

    Desde que foi criado o Bluetooth tem sofrido algumas modificaes. As primeiras

    modificaes procuraram melhorar questes relacionadas com problemas de segurana e de

    interoperabilidade entre dispositivos. As modificaes mais recentes procuraram aumentar a

    velocidade de transmisso de dados e reduzir o consumo de energia dos equipamentos.

    A verso mais recente do Bluetooth a 4.0, em que a novidade face s verses anteriores

    o baixo consumo dos equipamentos. Nesta verso a velocidade de transmisso padro

    1Mbit/s. Equipamentos de verses mais avanadas podem comunicar com dispositivos de

    verses anteriores, no entanto a velocidade de transmisso mxima definida pelo dispositivo

    da verso anterior.

    PLC

    A tecnologia PLC tem actualmente vrias aplicaes desde fornecimento de servios como

    Internet e televiso passando por sistemas de automao residencial, como o X10 ou

    LonWorks, ou outros sistemas SCADA. Esta tecnologia no recente, em 1920 era j utilizada

    pelas companhias fornecedoras de electricidade em aplicaes de telemetria [INIEWSKI, 2010]

    [YOUSULF, 2007].

    Esta tecnologia utiliza a rede elctrica como meio de transmisso de dados quer seja a

    rede de alta, mdia ou baixa tenso. Este facto apresentado como uma das vantagens desta

    tecnologia, sendo que teoricamente os custos de instalao de uma rede de comunicaes

    esto apenas confinados aos modem [INIEWSKI, 2010]. A Figura 3.4 mostra o exemplo de uma

    rede domstica.

    Figura 3.4: Exemplo de rede PLC.

  • 24

    As velocidades de transmisso dependem do protocolo utilizado. Por exemplo, o

    protocolo X10 permite taxas de transferncia de 50 bit/s em redes elctricas em que a

    frequncia 50 Hz no entanto com a tecnologia PLC possvel atingir velocidades superiores a

    100 Mbit/s. Um dos problemas apontados ao PLC a sua vulnerabilidade ao rudo induzido por

    alguns equipamentos elctricos tais como motores de escovas, lmpadas fluorescentes ou

    dimmers [YOUSULF, 2007].

    ZigBee

    O ZigBee uma tecnologia de comunicaes sem fios baseada no padro IEEE 802.15.4 e

    foi pensado para redes de sensores em que as comunicaes so de curto alcance e com

    baixas taxas de transferncia de dados.

    Os dispositivos baseados no ZigBee so de muito baixo consumo de energia, o que acaba

    por ser uma soluo interessante em aplicaes nas quais os sensores ou outros dispositivos

    so alimentados por uma bateria. Em aplicaes tpicas de redes de sensores a durao das

    baterias pode ir desde meses at anos antes de serem substitudas [GISLASON, 2008].

    O ZigBee opera em trs faixas distintas da gama de frequncias ISM, so elas 868 MHz na

    Europa, 915 MHz na Amrica e 2,4 GHz global. Em cada faixa existem respectivamente 1, 10 e

    16 canais e velocidade mxima de transmisso de dados 250 kbit/s na faixa dos 2,4 GHz

    [GISLASON, 2008].

    Os dispositivos baseados na tecnologia ZigBee suportam vrias topologias de rede tais

    como malha (mesh), rvore (cluster tree) ou estrela (star), entre outras. Uma rede ZigBee

    suporta at 65536 dispositivos e podem ser encontrados dispositivos de dois tipos, os FFD (Full

    Function Devices) e os RFD (Reduced Function Devices). A Figura 3.5 mostra exemplos de redes

    ZigBee com os diferentes tipos de dispositivos.

    Figura 3.5: Topologias de rede ZigBee.

  • 25

    Quando inserido numa rede ZigBee um dispositivo pode assumir uma de trs funes so

    elas, coordenador, retransmissor ou dispositivo terminal. Um FFD por se tratar de um

    dispositivo mais complexo pode executar qualquer uma das funes apresentadas, por outro

    lado um RFD apenas poder ser um dispositivo terminal.

    O coordenador (PAN coordinator) o dispositivo que controla a rede. Este troca

    informaes com os dispositivos terminais e tambm responsvel por comunicar com o

    exterior da rede, por exemplo um computador ou mesmo outra rede de dispositivos ZigBee.

    Quando a distncia entre o coordenador e os dispositivos terminais demasiado extensa

    ou no caso de existirem barreiras fsicas entre eles e que afectem a comunicao so utilizados

    retransmissores (routers), representado a cor verde na Figura 3.5, que tal como o coordenador

    um FFD. A funo deste dispositivo retransmitir a informao enviada pelo coordenador na

    direco dos dispositivos terminais ou vice-versa.

    Um dispositivo terminal, representado a azul na Figura 3.5, um RFD cuja funo

    recolher os dados dos sensores e enviar para o coordenador e tambm controlar alguns

    actuadores. Um dispositivo terminal no comunica com outro dispositivo do mesmo tipo,

    apenas consegue comunicar com dispositivos FFD quer sejam coordenador ou retransmissor.

    Por se tratar de um dispositivo com funcionalidades reduzidas , normalmente, mais barato

    que os FFD [GISLASON, 2008].

    Para gerir o acesso ao meio de transmisso o ZigBee faz uso do CSMA/CA (Carrier Sense

    Multiple Access with Collision Avoidance). Quando um dispositivo pretende enviar informao

    comea por verificar se o canal est livre ou no. Essa verificao feita com base numa

    medio da energia espectral do canal em questo ou na deteco do tipo de ocupao do

    canal. Aps a verificao se o canal estiver livre o dispositivo inicia a transmisso caso

    contrrio aguarda um tempo aleatrio antes de tentar uma nova verificao.

    As mensagens trocadas entre dispositivos seguem uma determinada estrutura. Um dos

    campos dessa estrutura o FCS (Frame Check Sequence). O valor deste campo calculado pelo

    dispositivo que envia a mensagem com base no contedo da mensagem, quando a mensagem

    chega ao destino este valor calculado novamente e dever que coincidir com o valor que se

    encontra na mensagem, caso contrrio significa que ocorreu um erro na transmisso da

    mensagem [GISLASON, 2008].

  • 26

    GSM/GPRS

    O GSM actualmente a tecnologia de comunicaes mveis mais utilizada. Esta

    tecnologia foi desenvolvida na dcada de oitenta pelo Groupe Spcial Mobile no entanto a

    primeira aplicao comercial surge na dcada de noventa. O GSM permite efectuar chamadas

    de voz e trocar mensagens de texto (SMS) ou multimdia (MMS) de baixo volume de dados

    [KIOSKEA, 2009].

    Inicialmente o GSM operava em duas faixas de frequncias da gama dos 900 MHz. A faixa

    dos 890 a 915 MHz destinava-se transmisso de dados do equipamento mvel para a estao

    base, a faixa dos 935 a 960 MHz destinava-se transmisso de dados em sentido contrrio.

    Mais tarde foram disponibilizadas para uso do GSM a gama dos 1800 MHz na Europa e dos

    1900 MHz na Amrica e por fim a gama dos 450 MHz [FERNANDES, 2006]. A taxa mxima de

    transferncia de dados prevista pelo GSM ronda os 9600 bit/s.

    A Figura 3.6 mostra alguns dos intervenientes de uma rede GSM. O MSC (Mobile

    Switching Center) gerido pelo operador de telecomunicaes. Este equipamento

    responsvel por estabelecer as comunicaes entre utilizadores, gerir a sua identidade,

    localizao e tambm ligar a rede GSM rede fixa e Internet. A ligao Internet tem como

    objectivo armazenar dados relativos aos utilizadores em bases de dados.

    O BSC (Base Station Controller) para alm de comunicar com o MSC responsvel gerir a

    distribuio de recursos pelas vrias BTS (Base Transceiver Stations). Um equipamento mvel,

    por exemplo um telemvel, comunica directamente com a BTS. Cada equipamento mvel

    contm um carto SIM (Subscriber Identity Module) que identifica o utilizador na rede GSM.

    Figura 3.6: Arquitectura da rede GSM.

  • 27

    O GPRS pode ser entendido como um melhoramente do GSM. Com a tecnologia GPRS os

    dados so transferidos por pacotes o que permite aumentar a taxa de transferncia face ao

    GSM. O valor mximo terico ronda os 170kbit/s mas na prtica um valor mais baixo, cerca

    de 115 kbit/s. Outra vantagem o facto de ser possvel facturar em funo do volume de

    dados trocado e no por tempo de ligao.

    Para ser possvel uma comunicao de dados atravs de GPRS necessrio adicionar dois

    equipamentos a uma rede GSM existente, apresentada na Figura 3.6. So eles o SGSN (Serving

    GPRS Support Node) que tem como principais funes gerir a localizao dos equipamentos

    mveis e servir de interface entre equipamento mvel e o GGSN (Gateway GPRS Support

    Node). O GGSN tem como principais funes atribuir um endereo de IP (Internet Protocol) ao

    equipamento mvel durante a ligao rede e tambm servir de interface com a rede externa

    de dados (Internet) [KIOSKEA, 2009]. A tecnologia GPRS torna possvel que um equipamento

    mvel aceda Internet atravs do protocolo de internet (IP) ou X25.

    3.2 Microcontroladores

    Um micro-controlador, por vezes denominado por MCU ou C, um circuito integrado

    que contm no mnimo um microprocessador, memria de dados e de programa e portas de

    entrada e sada. Inicialmente os micro-controladores foram concebidos para libertar os CPU

    dos computadores de tarefas relacionadas com a gesto de dispositivos perifricos.

    Actualmente so utilizados nas mais diversas aplicaes desde brinquedos, cmaras digitais,

    electrodomsticos, automveis, entre muitas outras [IBRAHIM, 2010].

    Para alm de memria de dados/programa e portas de entrada/sada um micro-

    controlador pode integrar outros elementos tais como,

    Portas de comunicao (USART, SPI, I2C, USB, entre outras.)

    ADC (Analogic to Digital Converter)

    Controladores de PWM

    Temporizadores

    Memria EEPROM

    Gerador de PWM

    Existem vrios tipos de micro-controladores com diferentes arquitecturas,

    funcionalidades e capacidades de processamento. Os mais divulgados so os da famlia PIC,

  • 28

    fabricados pela Microchip Technology. Estes micro-controladores possuem arquitectura

    Harvard que se diferencia da arquitectura Princeton por ter duas memrias independentes

    para dados e para programa, tal como mostra a Figura 3.7.

    Figura 3.7: Diagrama de blocos PIC.

    Os PIC possuem ncleos de processamento de 8, 16 ou 32bits, e esto disponveis em

    diferentes tipos de encapsulamento desde 6 a 100 pinos. A programao dos PIC pode ser feita

    com recurso a linguagens de baixo nvel como o caso do Assembler ou em alternativa

    linguagens de alto nvel como por exemplo C, Basic ou Pascal [IBRAHIM, 2010]. A Microchip

    disponibiliza um software de desenvolvimento com compilador de Assembler integrado, o

    MPLAB, no qual possvel desenvolver o programa do PIC. Para transferir o programa para o

    PIC necessrio um mdulo de hardware adicional, por exemplo o ICD3 ou PICKit3

    comercializados pela Microchip [MICROCHIP, 2010].

    3.3 Transdutores

    Um transdutor um dispositivo que converte uma determinada grandeza numa outra

    grandeza passvel de ser interpretada ou medida por um dispositivo de medio. Por exemplo

    um termmetro de mercrio um transdutor de temperatura que converte uma diferena de

    temperatura numa diferena de altura (ou volume) passvel de ser interpretado numa escala

    numerada. Um termistor ou um termopar so outros exemplos de transdutores de

  • 29

    temperatura, no entanto estes convertem uma diferena de temperatura numa diferena de

    tenso.

    Os transdutores podem ser classificados de vrias formas. Quanto necessidade de

    alimentao podem ser classificados como activos ou passivos. Um transdutor activo aquele

    que necessita de alimentao para apresentar um valor sada. O passivo utiliza uma parte da

    energia de entrada para o seu funcionamento. Quanto ao tipo de indicao podem ser

    classificados como de indicao directa ou indirecta. Nos transdutores de indicao directa a

    grandeza pode ser lida directamente no transdutor, por exemplo um termmetro de mercrio,

    nos de indicao indirecta o valor fornecido pelo transdutor ter ainda que ser convertido para

    que possa ser lido, por exemplo o termistor fornece um sinal elctrico que ter que ser

    convertido num valor de temperatura seguindo uma determinada equao matemtica

    [BAKSHI, 2007].

    Se seguida so apresentados exemplos de transdutores de corrente e tenso.

    Figura 3.8: (a)Transdutor de corrente por de efeito de Hall; (b) Resistncia de shunt.

    A Figura 3.8 (a) mostra o exemplo de um transdutor de corrente por efeito de Hall do

    fabricante Lem. Este transdutor fornece sada um sinal de tenso directamente proporcional

    corrente que o atravessa. A Figura 3.8 (b) mostra o exemplo de um transdutor de corrente

    passivo. Este transdutor colocado em srie a linha de tenso. A diferena de potencial nos

    terminais da resistncia directamente proporcional corrente que a atravessa. O valor deste

    tipo de resistncias muito baixo, normalmente na casa dos 200 .

    Figura 3.9: Transdutor de tenso por efeito de Hall.

    (a) (b)

  • 30

    A Figura 3.9 mostra o exemplo de um transdutor de tenso por efeito de Hall do

    fabricante Lem. Este colocado em paralelo com o circuito que se pretende medir. Para evitar

    que a corrente que atravessa o transdutor seja demasiado elevada deve ser colocada uma

    resistncia em srie com o primrio. O valor da resistncia depende dos nveis de tenso do

    circuito a medir. O transdutor fornece sada um sinal elctrico cujo valor directamente

    proporcional tenso que se pretende medir. Em alternativa a esta soluo pode

    simplesmente ser utilizado um divisor resistivo que naturalmente fornece sada um sinal

    directamente proporcional ao sinal de entrada. Quando se dimensiona o divisor resistivo deve

    ter-se em ateno os nveis de tenso envolvidos, quer entrada quer sada, bem como as

    potncias que cada resistncia ter que suportar.

    Os transdutores de efeito de Hall apesar de serem solues mais dispendiosas oferecem

    logo partida isolamento da rede elctrica. Por outro lado a resistncia de shunt e o divisor

    resistivo apesar de serem solues mais baratas no oferecem qualquer proteco. O

    isolamento do circuito necessrio na maior parte dos casos, e poder ser feito com

    transformadores de isolamento entrada da ADC no caso de se tratar de um sinal sinusoidal,

    ou com opto-acopladores sada da ADC.

    3.4 Analisadores de energia

    Um analisador de energia um dispositivo que permite medir vrios parmetros da rede

    elctrica tais como Tenso, Corrente, Potncia (Activa, Aparente e Reactiva), Factor de

    Potncia e Frequncia.

    Existem diversos circuitos integrados que permitem medir alguns ou mesmo todos os

    parmetros acima referidos. Estes dispositivos recebem dois sinais analgicos correspondentes

    Tenso e Corrente e so convertidos para sinais digitais pelas ADC internas. Depois de

    processado o resultado da converso das ADC, os dados so disponibilizados atravs de uma

    porta de comunicaes que na maior parte dos dispositivos se trata de uma porta srie SPI. Em

    alguns dispositivos a energia consumida apresentada na forma de pulsos de energia em

    que cada pulso corresponde uma quantidade fixa de energia [MCP3909, 2009]. A Figura 3.10

    apresentada a arquitectura interna do analisador de energia MCP3909 da Microchip.

  • 31

    Figura 3.10: Diagrama de blocos do analisador de energia MCP3909 da Microchip.

    3.5 Tcnicas de regulao de fluxo luminoso

    Pulse Width Modulation

    A tcnica de modulao por largura de pulso (PWM) tem vrias aplicaes desde controlo

    de potncia, inversores DC/AC, comunicaes digitais entre outras. Existem vrios tipos de

    PWM, nesta seco ser apresentado o tipo mais simples.

    O sinal de PWM resulta da comutao entre dois nveis de tenso. Este processo gerido

    por um dispositivo controlador que poder ser um micro-controlador ou um dispositivo

    especfico para controlo de PWM. A comutao entre nveis de tenso origina pulsos cuja

    frequncia e largura so definidos pelos dispositivos acima referidos.

    Em grande parte das aplicaes a frequncia do sinal PWM na ordem dos kHz e

    mantm-se fixa num determinado valor. A largura de pulso ou duty-cycle define a

    percentagem do tempo em que o sinal est no nvel alto de tenso, pode variar entre 0 e

    100%. Para uma frequncia fixa, quanto menor for a largura de pulso menor a tenso eficaz

    aplicada carga e consequentemente menor a potncia fornecida [BARR, 2001]. A Figura

    3.11 mostra o exemplo de trs sinais PWM com a mesma frequncia e larguras de pulso

    diferentes.

    Figura 3.11: Modulao por largura de pulso.

  • 32

    Este tipo de PWM, com um circuito de potncia adequado, pode ser aplicado

    directamente no controlo de equipamentos alimentados a corrente contnua, por exemplo

    lmpadas que utilizam a tecnologia LED.

    Controlo do ngulo de disparo

    Esta uma tcnica aplicada no controlo de potncia fornecida a diversos equipamentos

    alimentados a corrente alterna. A nvel de controlo de iluminao esta tcnica s pode ser

    utilizada em lmpadas do tipo incandescente ou halogneo uma vez que a forma da onda

    alterada [SANTIAGO, 2006].

    O ngulo de disparo () varia entre 0 e 90 o que em termos temporais corresponde a 0 e

    10 mili-segundo numa rede elctrica a 50 Hz. Para controlar do ngulo de disparo so

    necessrios trs elementos, detector de passagem por zero, Triac e controlador.

    Figura 3.12: ngulo de disparo.

    O Triac trata-se de um componente electrnico que permite a conduo de corrente em

    dois sentidos e tem a particularidade de deixar de conduzir quando a tenso atravessa o zero.

    Nessa altura para que retome a conduo necessrio aplicar um pulso de tenso num dos

    seus pinos (Gate), o chamado disparo. O ngulo de disparo controlado indirectamente, na

    prtica controlado o tempo que decorre entre a passagem por zero e o momento em que se

    aplica o pulso de tenso na Gate do Triac.

    Este controlo pode ser feito com um circuito analgico baseado no ajuste do tempo de

    carregamento de um condensador atravs de um potencimetro. Em alternativa pode ser

    utilizado um micro-controlador e um detector de passagem por zero (Zero-Crossing). O

    objectivo do detector passa por gerar um pulso ou uma transio entre dois nveis de tenso

    sempre que a onda atravessa o zero, o que provoca uma interrupo no micro-controlador. A

    funo do micro-controlador gerir o tempo que decorre desde que detectou a passagem por

    zero at aplicar um pulso na Gate do Triac.

    Segundo [SANTIAGO, 2006] com esta tcnica de controlo a relao entre a tenso eficaz

    de entrada (Vi) e a tenso eficaz aplicada carga (V0) pode ser traduzida pela equao 2.

  • 33

    )cos(*0 iVV (2)

    Auto-transformador varivel

    Esta tcnica utiliza um transformador especial denominado por auto-transformador

    varivel ou vulgarmente por Variac. Este transformador constitudo por um nico

    enrolamento em torno de um ncleo de ferro toroidal partilhado por um primrio com um

    nmero de espiras fixo e por um secundrio com um nmero de espiras varivel. um

    dispositivo bastante eficiente e pode ser utilizado como redutor ou amplificador de tenso.

    A razo de transformao entre o primrio e o secundrio alterada fazendo deslizar uma

    escova de carvo nas espiras do enrolamento. A Figura 3.13 mostra o esquema de

    funcionamento do auto-transformador. O primrio conectado ao n 1 e 2 do enrolamento e

    o secundrio conectado ao n 1 e ao 3 que est solidrio com a escova de carvo. Enquanto

    a posio da escova (n 3) se situar entre os ns 1 e 2 o auto transformador funciona como

    redutor de tenso, quando a posio da escova vai para alm do n 2 funciona como

    amplificador de tenso.

    Figura 3.13: Auto-transformador varivel.

    Uma grande parte dos fabricantes deste tipo de equipamentos opta por um

    encapsulamento em que a escova de carvo est colocada sobre um eixo rotativo. A razo de

    transformao pode ser alterada de modo manual fazendo rodar um boto, ou ento de uma

    forma automatizada e para isso necessrio acoplar um servomotor ou motor de passo ao

    transformador para fazer rodar a escova sobre as espiras. O controlo do motor poder

    eventualmente ser feito por um micro-controlador. Para estabilizar a tenso no secundrio so

    utilizadas indutncias em srie (boosters).

  • 34

    Injeco de tenso em oposio de fase

    Esta tcnica utiliza um transformador, denominado por Injector, que constitudo por um

    enrolamento primrio e um secundrio com um ou mais pontos intermdios. Adicionalmente

    necessrio um sistema de comutao que permita variar a amplitude da contra-tenso

    (tenso em oposio de fase) injectada na rede. Este sistema poder eventualmente ser

    controlo manual no entanto para automatizar o processo de comutao so utilizados rels.

    Em caso de falha do sistema automtico de controlo a tenso sada mantm-se igual

    tenso de entrada. A Figura 3.14 mostra o aspecto de um sistema de injeco de tenso em

    oposio de fase [ABEL, 2010].

    Figura 3.14: Sistema de injeco de tenso em oposio de fase.

    A contra-tenso injectada na rede com um desfasamento de 180 em relao tenso

    de entrada. A tenso sada tanto menor quanto maior for a amplitude da contra-tenso

    injectada na rede, como possvel verificar na Figura 3.15. Este processo no provoca

    distoro harmnica da sinuside [ABEL, 2010].

  • 35

    Figura 3.15: Injeco de tenso em oposio de fase.

  • 36

  • 37

    Captulo 4

    Soluo Proposta

    Neste captulo feita uma descrio do prottipo desenvolvido. Em primeiro lugar

    apresentada a arquitectura da soluo proposta, onde explicada a interaco entre os vrios

    elementos e a estrutura das mensagens utilizadas. Seguidamente apresentado o hardware

    desenvolvido, onde so discutidos aspectos relacionados com a escolha dos dispositivos que o

    compem e o seu funcionamento. Por fim apresentado o software desenvolvido, onde

    feita uma descrio da aplicao local em Visual Basic e do portal Web.

    4.1 Arquitectura da soluo proposta

    A arquitectura proposta (Figura 4.1) passa por uma central de comando e superviso que

    poder eventualmente ser instalada num edifcio. Na central existe um computador com

    ligao internet no qual corre uma aplicao desenvolvida em Visual Basic, e tambm o

    software Xampp.

    Na rede de iluminao pblica cada ponto de iluminao possui um mdulo de hardware

    que permite efectuar o controlo do fluxo luminoso, medir os consumos da luminria e

    potncia, bem como detectar a falha da lmpada.

    Para a comunicao entre a central e os pontos de iluminao foi posta de parte a

    hiptese de utilizar solues com fios uma vez que implicaria uma alterao estrutural numa

    rede existente e o comprimento do barramento de dados seria consideravelmente elevado.

    Por outro lado a maior parte dos fabricantes deste tipo de sistema utiliza o GSM/GPRS e o PLC

    para comunicao de dados, neste trabalho resolveu-se apresentar uma soluo alternativa.

    Assim sendo optou-se por uma soluo sem fios em que a comunicao feita por

    radiofrequncia e para isso so usados mdulos wireless XBee, que utilizam a tecnologia

    ZigBee. As mensagens enviadas pela central so retransmitidas pelos mdulos XBee at

    chegarem ao ponto de iluminao de destino, da mesma forma as mensagens enviadas por um

    ponto de iluminao so retransmitidas at chegarem a central.

  • 38

    Figura 4.1: Arquitectura da soluo proposta.

    So propostos dois tipos de mensagens, uma mensagem de comando (Tabela 4.1) que

    enviada pela central para os pontos de iluminao e uma mensagem de dados (Tabela 4.2)

    enviada pelos pontos de iluminao para a central que contm os dados adquiridos bem como

    o estado da lmpada. Aproveitando o facto da interface de comunicao com os mdulos XBee

    ser atravs de RS232 as mensagens so compostas por caracteres ASCII e a deteco de erros

    feita com base na identificao de caracteres especiais que iniciam os vrios campos.

    Tabela 4.1: Mensagem de comando.

    Funo ID Fluxo EOM

    0,1 0 - 999 0 - 100 \n 11 byte

    O primeiro campo da mensagem define o objectivo da mensagem, 0 para alterar o fluxo

    luminoso e 1 pedir os dados recolhidos por um determinado ponto de iluminao e nesse caso

    o ponto de iluminao envia uma mensagem com os dados para a central. O campo ID define o

    endereo de destino da mensagem, se o endereo for 0 significa que a mensagem se destina a

    todos os pontos de iluminao. Com a estrutura proposta o nmero mximo de pontos de

    iluminao da rede est limitado aos 999. O campo Fluxo define a percentagem de fluxo

    luminoso pretendido. Quando se trata de uma mensagem para pedir dados este campo pode

    tomar qualquer valor. Por fim o campo EOM define o caractere de fim de mensagem. Por

  • 39

    exemplo, a mensagem F0P001B075\n indica ao ponto de iluminao com o endereo 001

    que deve alterar o fluxo luminoso para 75% do valor nominal.

    Tabela 4.2: Mensagem de dados.

    ID kWh Imp Potncia Estado EOM

    1-999 6 byte 6 byte 7 byte 2 byte \n 25 byte

    O campo ID define o endereo de origem da mensagem. No campo kWh encontra-se o

    nmero de pacotes de energia consumida (cada pacote corresponde a 1 kWh). No campo Imp

    encontra-se o nmero de pulsos acumulados aps o registo do ltimo pacote de energia. Cada

    pulso corresponde a um valor fixo de energia que posteriormente tem que ser convertido para

    kWh. No campo Potncia segue um valor que permite calcular a potncia activa que est a ser

    consumida pela luminria5. No campo Estado segue a informao relativa ao estado da

    lmpada, 0 caso se encontre operacional ou 1 no caso de se encontrar inoperacional. Por fim o

    campo EOM define o caractere de fim de mensagem. A mensagem de dados tem o seguinte

    aspecto, PxxxExxxxxIxxxxxTxxxxxxSx\n.

    4.2 Hardware

    Aps a escolha da arquitectura do sistema, apresentada na seco anterior, partiu-se para

    o desenvolvimento dos mdulos de hardware para colocar em cada ponto de iluminao,

    sempre em foco numa soluo robusta e de baixo custo. Nesta fase foi necessrio tomar

    algumas decises quanto arquitectura do mdulo (Figura 4.2) e escolha de dispositivos que

    o compem.

    A escolha dos mdulos wireless XBee6 face a outras tecnologias de comunicao sem fio

    teve como principais factores de deciso o seu baixo custo, longo alcance e baixo consumo de

    energia e tambm o facto de possurem uma interface srie RS232.

    A escolha do analisador de energia teve como principal factor de deciso a relao entre o

    custo e as funcionalidades oferecidas. Foram considerados vrios dispositivos de trs

    fabricantes, Cirrus Logic, Analog Devices e Microchip, sendo que a escolha recaiu no analisador

    5 Na seco 4.3 descrito com detalhe a forma como se obtm os valores mencionados.

    6 No Apndice A explicado o funcionamento dos mdulos XBee.

  • 40

    MCP39097 da Microchip. Na Tabela 4.3 possvel verificar uma comparao entre alguns dos

    dispositivos considerados. A informao relativa as funcionalidades de cada dispositivo foi

    obtida no Web site do respectivo fabricante, a informao relativa a preos foi obtida no Web

    site do distribuidor de material electrnico, Farnell.

    Tabela 4.3: Comparao entre vrios modelos de analisadores de energia.

    IC Pulso de Energia SPI V,IRMS V,I Inst. PActiva PAparente PReactiva Preo*

    CS5463 3.03

    CS5462 **

    ADE7753 2.38

    ADE7755 1.78

    MCP3906 1.40

    MCP3909 1.45

    * encomendas iguais ou superiores a 1000 unidades.

    ** preo no encontrado.

    A escolha do micro-controlador recaiu no PIC16F877A com encapsulamento de 40 pinos.

    Este possui portas de comunicao srie USART e SPI, uma ADC de 10 bits com 8 canais, dois

    mdulos CCP (Compare/Capture/PWM), um temporizador de 16 bits e dois de 8 bits, uma

    EEPROM interna de 256 bytes, memria de dados com 368 bytes e de programa com 14.3

    kbytes, entre outras funcionalidades. Inicialmente ponderou-se utilizar uma EEPROM externa

    para armazenar dados e parmetros de configurao, inclusivamente chegou a ser estudado o

    seu funcionamento, no entanto uma anlise mais cuidada demonstrou que a memria

    EEPROM interna do micro-controlador era suficiente para este trabalho. No apndice B deste

    documento descrito o funcionamento da EEPROM estudada.

    Neste trabalho foram aplicadas duas tcnicas de controlo de fluxo luminoso. Para

    lmpadas do tipo incandescente ou de halogneo foi utilizada a tcnica de controlo do ngulo

    de disparo, para lmpadas do tipo LED foi utilizada a tcnica de PWM, sendo que esta ltima

    foi apenas simulada com um LED de alto brilho.

    Foram seleccionados para este trabalho dois transdutores de efeito de Hall do fabricante

    Lem. O transdutor de tenso LV 25-P [LV25P] e o de corrente LTS 15-NP [LTS15NP]. A escolha

    7 No Apndice C explicado o funcionamento do analisador MCP3909.

  • 41

    destes transdutores teve como principais factores de deciso o facto de oferecerem

    isolamento galvnico da rede elctrica e uma excelente linariadade, apesar do seu custo

    elevado quando comparado com outro tipo de transdutores.

    Figura 4.2: Arquitectura do mdulo de hardware.

    Para que seja na medio dos consumos de energia seja includo o consumo do prprio

    mdulo obrigatrio respeitar a arquitectura apresentada na Figura 4.2. Seguindo a linha de

    tenso, em primeiro lugar surge o transdutor de corrente, para que seja medida toda a

    corrente que atravessa o circuito. Depois, vem o transdutor de tenso e a fonte de

    alimentao. Por fim surge o equipamento de controlo do fluxo luminoso.

    Os transdutores de tenso e corrente fornecem sada sinais analgicos sinusoidais

    correspondentes tenso e corrente, respectivamente. Estes sinais tm que ser condicionados

    por hardware auxiliar para que correspondam s especificaes de entrada do analisador de

    energia.

    Neste trabalho no foi utilizada a interface SPI do analisador de energia, a medio dos

    consumos de energia foi conseguida atravs do processamento de pulsos de energia

    fornecidos pelo analisador, sendo possvel obter a energia activa e potncia activa.

  • 42

    Existem dois tipos de pulso, dois de baixa frequncia, o par FOUT0 e FOUT1, e um de alta

    frequncia, o HFOUT, e cada pulso corresponde a uma determinada quantidade de energia8.

    Seguidamente so discutidos alguns aspectos relacionados com o desenvolvimento do mdulo

    de hardware apresentado nas Figuras 4.3 e 4.4.

    O mdulo de hardware

    Figura 4.3: Esquema elctrico do mdulo de hardware.

    O mdulo XBee e o micro-controlador operam a nveis de tenso diferentes,

    respectivamente 3.3V e 5V, pelo que foi necessrio implementar um conversor de nveis de

    tenso nas linhas de comunicao de dados. A soluo adoptada consiste em utilizar um

    divisor resistivo para baixar o nvel de tenso, os valores escolhidos para as resistncias foram

    5k e 10k, o que para uma tenso de entrada de 5V corresponde a 3.33 V sada. Para elevar o

    nvel de tenso foi utilizado um MOSFET e duas resistncias de pull-up, como mostra a Figura

    4.3.

    8 Na seco 4.3 descrito com detalhe a forma como so processados os pulsos de energia.

  • 43

    O detector de passagem por zero consiste num transformador que isola o circuito da rede

    elctrica e baixa os nveis de tenso. De seguida o sinal resultante aplicado na base de um

    transstor, depois de passar por um divisor resistivo. Neste circuito o transstor comporta-se

    como um inversor lgico, sempre que o sinal da tenso atravessa o zero este deixa de conduzir

    corrente e o nvel de tenso do colector toma o valor lgico 1, neste caso 5V. O micro-

    controlador permite activar pull-up internos na porta B, pinos RB0 a RB7, pelo que no foi

    utilizado um pull-up externo entre o colector do transstor e os 5V.

    O disparo do TRIAC controlado por uma sada digital do micro-controlador. Para isolar o

    circuito optou-se por utilizar um opto-acoplador entre a gate do TRIAC e a sada digital do

    micro-controlador.

    Figura 4.4: Esquema elctrico do mdulo de hardware (Transdutores e MCP3909).

    O transdutor de corrente Lem LTS 15-NP conectado em srie com a linha de tenso

    atravs dos pinos 1 (entrada) e 4 (sada). Est preparado para monitorizar valores de corrente

    entre 0 e 15ARMS, no entanto possvel definir como valores nominais mximos 5, 7.5 ou

    15ARMS configurando os restantes pinos (ver Figura 4.5). Para este trabalho foi seleccionada a

    opo de 5ARMS.

    Figura 4.5: Diagrama de pinos do transdutor LTS15-NP.

  • 44

    Assim sendo, para uma corrente de 5ARMS o transdutor fornece sada 625mVRMS com

    uma componente DC de 2.5V. Apesar do analisador de energia possuir um filtro passa alto

    decidiu-se implementar um filtro passa alto simples com uma frequncia de corte de

    aproximadamente 0.48 Hz, para tal utilizou-se um condensador de valor 10F e uma

    resistncia de 33k em que a frmula de calculo utilizada foi ( RC**2 )-1. O nvel de tenso

    mximo permitido no canal de corrente do analisador 470mVRMS pelo que os 625mVRMS

    correspondentes a uma corrente de 5ARMS provocam a saturao do canal. Na prtica apenas

    possvel medir valores de corrente at cerca de 3.5ARMS, o que para uma luminria comum

    manifestamente suficiente.

    O transdutor de tenso Lem LV25-P conectado em paralelo com a linha de tenso.

    Segundo o fabricante a corrente nominal no primrio deve rondar os 10mARMS, assim sendo

    necessrio colocar uma resistncia em srie com o primrio. Com base na tenso da rede e a

    corrente do primrio, o valor terico da resistncia 23k e dever dissipar uma potncia de

    2.3W. No entanto foi escolhida uma resistncia de 25k de 5W. Este transdutor alimentado

    com +15V e -15V o que levou a construir uma fonte de alimentao mais complexa (ver Figura

    4.6).

    sada do transdutor colocada uma resistncia de medida que converte a corrente no

    secundrio em tenso. O fabricante aconselha uma resistncia de valor compreendido entre

    100 e 350, sendo que o valor escolhido foi 180. Com esta resistncia o transdutor

    apresenta sada um valor de tenso que ronda os 4.5VRMS, valor este que demasiado

    elevado para o canal de tenso do analisador de energia, pelo que foi necessrio adicionar um

    divisor resistivo ao circuito com uma razo de reduo terica de 11:1.

    Os pinos F0, F1 e F2 permitem configurar a frequncia dos pulsos de energia, os pinos G0

    e G1 permitem configurar o ganho do canal de corrente e o pino HPF permite ligar ou desligar

    os filtros passa alto do analisador. Nestes pinos foram adicionados jumpers para tornar

    possvel a configurao manual nesta fase de desenvolvimento do prottipo.

    Para garantir que todos os dispositivos presentes no mdulo de hardware so

    alimentados correctamente foi desenvolvida uma fonte de alimentao regulada (Figura 4.6)

    com quatro nveis de tenso, -15V, +15V, +5V e +3.3V.

  • 45

    Figura 4.6: Esquema elctrico da fonte de alimentao.

    Depois de estudado o funcionamento dos vrios componentes partiu-se para o

    desenvolvimento do software a implementar no micro-controlador. O cdigo foi desenvolvido

    em linguagem C recorrendo ao software MPLAB IDE verso 8.10 disponibilizado pela

    Microchip. O complicador de C utilizado foi o High-Tech C Compiler verso 9.7. A figura 4.7

    mostra o diagrama de fluxo do software implementado.

    O micro-controlador comea por ler alguns parmetros de configurao da sua EEPROM

    interna. Seguidamente so configurados os parmetros da comunicao srie RS232,

    permisso de interrupes, temporizadores e portas de entrada e sada. Por fim, entra num

    ciclo infinito responsvel por duas tarefas, controlar o tempo de disparo do TRIAC e processar

    as mensagens que chegam por porta srie. A gesto das interrupes fica a cargo de uma

    rotina de servio interrupo, esta responsvel por gerir vrios tipos de eventos, desde

    recepo de caracteres na porta srie, pulsos aplicados nos pinos do micro-controlador, RB0,

    RB4/5 e RC2, pulsos estes que correspondem deteco da passagem por zero, pulsos de

    energia FOUT0 e FOUT1 e pulso de energia HFOUT, respectivamente.

    Na porta srie sempre que chegam caracteres diferentes de \n estes so armazenados

    num buffer. Quando chega o caractere \n significa que a mensagem est completa e que

    pode ser processada.

    Quando no pino RB0 detectado um pulso indicado, atravs de uma varivel auxiliar,

    que a funo responsvel por controlar o TRIAC que pode iniciar o processo de controlo.

    Existem trs situaes possveis, caso o valor do fluxo luminoso pretendido seja 100%

    aplicada uma tenso constante de 5V gate do TRIAC para que este esteja sempre em

    conduo. Caso o valor do fluxo luminoso seja 0% no aplicada tenso para que o TRIAC no

    conduza corrente, nos restantes casos aps a deteco da passagem por zero aguardado um

  • 46

    determinado perodo de tempo, at 10ms no mximo, e de seguida aplicado um pulso na

    gate do TRIAC controlando desta forma o ngulo de disparo.

    Sempre que nos pinos RB4 e RB5 detectado algum pulso de energia FOUT0 ou FOUT1

    incrementado um contador de pulsos. Como j foi referido cada pulso corresponde a um valor

    fixo de energia, sempre que o contador atinge um determinado valor que corresponde a 1kWh

    de energia, incrementado e guardado na EEPROM interna o contador de energia acumulada.

    Aps esta operao reiniciado o contador de pulsos.

    O pino RC2 est associado ao mdulo de captura do micro-controlador, mdulo este que

    permite registar o tempo decorrido entre dois eventos. Neste caso o evento o pulso de

    energia HFOUT. O tempo registado depois armazenado numa varivel temporria para ser

    utilizado no clculo da potncia activa.

    Figura 4.7: Diagrama de fluxo do software.

  • 47

    O mdulo de comunicaes da central

    O mdulo de comunicaes (Figura 4.8) utilizado para conectar o mdulo XBee porta

    srie do computador que est localizado na central. Para converter os nveis de tenso entre o

    mdulo e a porta srie, ou eventualmente um adaptador RS232-USB, foi utilizado um MAX232

    do fabricante Maxim. A alimentao da placa poder ser feita atravs de um cabo USB do tipo

    A-B ou por uma fonte de alimentao capaz de fornecer no mnimo 3.3V DC.

    Figura 4.8: Esquema elctrico da placa de comunicao com o PC.

    4.3 Clculos auxiliares

    Para ser possvel interpretar os pulsos de energia fornecidos pelo analisador de energia

    fundamental saber a que quantidade de energia corresponde cada pulso. Esse clculo feito

    com base numa equao matemtica [MCP3909, 2009] que relaciona a frequncia dos pulsos

    de energia com o valor de tenso nos canais de corrente e tenso do analisador de energia.

    2

    10

    )(*2

    ****06.8

    REF

    COUT

    V

    FGVVF

    A equao 3 traduz a frequncia dos pulsos de energia FOUT0 e FOUT1 em funo dos nveis

    de tenso RMS aplicados entrada dos canais de corrente e de tenso (V0 e V1), da tenso de

    referncia (VREF), do ganho do canal de corrente (G) e do parmetro (FC) que depende da

    (3)

  • 48

    configurao dos pinos F0 e F1 e do valor do cristal utilizado no analisador de energia. Neste

    trabalho foi utilizado um cristal de 4MHz e foi definido que F0 = 1 e F1 = 1 o que resulta num

    valor de FC = 15.258 Hz, este valor foi obtido atravs de uma