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“TECNOLOGIAS EMERGENTES A SERVIÇO DA
APRENDIZAGEM”: UM CURSO DE EXTENSÃO PARA
PROFESSORES DA EDUCAÇÃO BÁSICA
Cláudia Eliane da Matta1, Juliana Maria Sampaio Furlani2, Jane Raquel Silva de
Oliveira3 1Universidade Federal de Itajubá/NEaD/[email protected]
2Universidade Federal de Itajubá/NEaD/[email protected] 3Universidade Federal de Itajubá/NEaD/ [email protected]
Resumo – Neste trabalho, relatamos a concepção e análise do curso de extensão
“Tecnologias emergentes a serviço da aprendizagem”, oferecido a professores da
educação básica com o intuito de aprimorar suas habilidades no uso de tecnologias
da informação e comunicação em sala de aula. O curso teve duração de 80 horas,
distribuídas em 8 semanas. As atividades teóricas abordaram aspectos como: o
aluno em ambientes virtuais, história da educação e tecnologias, aprendizagem no
século XXI, nativos e imigrantes digitais, recursos educacionais abertos e
aprendizagem colaborativa. Nas atividades práticas, os professores desenvolveram
tarefas como a elaboração de mapas conceituais, discussão em fóruns, atividades
wiki e elaboração de sequência didáticas com o uso de recursos educacionais
abertos. Ao final, foram realizadas a autoavaliação do aluno e a avaliação do curso.
A análise apresentada buscou evidenciar como a concepção do curso almejou
articular, de acordo com o modelo TPACK, os conhecimentos tecnológico
pedagógico, tecnológico e de conteúdo e pedagógico e de conteúdo, possibilitando
aos professores desenvolver e/ou utilizar de forma articulada conhecimentos de
natureza conceitual, pedagógica e tecnológica. Palavras-chave: Formação de
professores, uso das TIC, modelo TPACK.
Abstract –. In this work, we report the design and analysis of the extension course
"Tecnologias emergentes a serviço da informação" develop for the basic education
teachers to improve their skills in using of the information and communication
technologies in the classroom. The course lasted 80 hours, distributed in 8 weeks.
The theoretical activities showed aspects such as the student in virtual environments,
history of the education and technology, learning in the twenty-first century, natives
and digital immigrants, open educational resources and collaborative learning. In the
practical activities, the teachers have developed tasks such as the elaboration of the
conceptual maps, discussion in the forums, wiki activities and elaboration of didactic
sequence with the use of the open educational resources. At the end, the self-
evaluation of the student and the course evaluation were carried out. In the analysis
presented here, we show how the design of the course promoted the articulation,
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according to the TPACK model, of the technological pedagogical knowledge,
technological and content knowledge, and pedagogical content knowledge, allowing
teachers to develop and/or use articulately the conceptual, pedagogical and
technological knowledge.
Keywords: Teacher training, use of TIC, TPACK model.
Introdução
O advento das tecnologias da informação e comunicação (TIC), também chamadas
de tecnologias emergentes, comporta novas formas de trabalho, de relacionamento,
de aprendizagem e têm modificado nossa forma de pensar e viver. Com o uso dessas
tecnologias, têm surgido novas formas de organização econômica, social, política e
cultural, identificadas como Sociedade da Informação (SI) (COLL; MONEREO, 2008).
A sociedade da informação também tem modificado o cenário educacional, com
uma crescente disponibilização de computadores e de internet em escolas. No Brasil,
incentivadas por políticas públicas, há um aumento de laboratórios de informática.
Mas, o quanto isso realmente promove alterações nas práticas pedagógicas e nos
tradicionais papeis do professor e do aluno?
Foi por essa inquietação que desenvolvemos o projeto de um curso de
extensão on-line para formação de professores da educação básica em tecnologias
digitais, possibilitando a utilização desses recursos para o ensino e aprendizagem do
aluno, nos diversos níveis de ensino.
O curso visa promover alterações nas práticas pedagógicas tradicionalistas, por
meio de uma adequada capacitação para uso das TIC, promovendo uma efetiva
utilização dessas tecnologias em sala de aula. Para isso, fundamentamos nosso curso
no modelo de formação denominado Conhecimento Tecnológico, Pedagógico e de
Conteúdos (Technological, Pedagogical and Content Knowledge - TPACK)
(KOEHLER; MISHRA, 2009).
Entendemos que é necessário que o professor desenvolva habilidades e
competências para a utilização das TIC em sala de aula. O conceito de habilidade é
uma ação automatizada, um procedimento da ordem operacional, não exigindo
reflexão aprofundada (BEHAR et al, 2013). Já competência “supõe dispor dos
conhecimentos e das capacidades necessárias para identificar e caracterizar
contextos relevantes de atividades” (MAURI; ONRUBIA, 2008, p. 127). Nesse sentido,
esse curso buscou desenvolver uma série de habilidades e competências para o uso
das tecnologias emergentes em sala de aula, propondo ações para formação do
professor para uso dessas tecnologias no contexto escolar, para “subsidiar diferentes
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práticas pedagógicas, de forma que seus usuários possam constituí-lo como um
espaço rico em descobertas por meio da interatividade” (BEHAR et al, 2009).
Tecnologias Emergentes
Tecnologia pode ser definida como o conjunto de conhecimentos e princípios
científicos que se aplicam ao planejamento, à construção e à utilização de um
equipamento em determinada atividade (KENSI, 2003). A ampliação do uso de
determinada tecnologia impõe-se à cultura existente e transforma não apenas o
comportamento individual, mas o de todo um grupo social.
Segundo essa mesma autora, há tecnologias que vão além dos equipamentos,
como por exemplo as “tecnologias da inteligência” (LÉVY, 1993 apud KENSI, 2003)
criadas pelo homem para avançar no conhecimento e aprender mais, dentre essas,
podemos citar as TIC.
O uso das TIC tem permeado diversos sistemas, sejam eles da esfera
econômica, política, social e institucional, de modo a influenciar fortemente as relações
entre as pessoas, tanto profissionais quanto em seus momentos de lazer. Essa
inferência na vida privada, exigindo novas competências dos diversos segmentos
sociais, afeta sobremaneira a esfera escolar (BELLONI, 2001). Manterse afastada
desse avanço tecnológico pode acarretar à escola, já permeada por dificuldades de
diversas ordens, um afastamento desse mundo tecnológico e de comunicação. Ações
do Estado e das instituições públicas de ensino superior na formação de profissionais
da educação, visando a inclusão digital, são prementes.
Nesse sentido, no estado de Minas Gerais, a Secretaria de Educação (SEEMG)
viabilizou o projeto Escolas em Rede, de setembro de 2005. Segundo o Relatório
Circunstanciado Projeto Escolas em Rede:
O Projeto tem como objetivo efetivar a mudança de cultura nas Escolas Estaduais de
Minas Gerais fazendo com que as Tecnologias da Informação e Comunicação - TIC
sejam incorporadas ao trabalho educativo e a comunidade escolar desenvolva um trabalho em rede. (MINAS GERAIS, 2010, p. 6).
Porém, em um estudo de caso sobre esse projeto da secretaria estadual
mostram que, na prática, os objetivos do projeto se dispersaram:
Uma única política pretende, ao mesmo tempo, atingir dois propósitos distintos de
formação: de um lado, busca-se preparar os jovens matriculados no ensino médio para
o trabalho, procurando oferecer-lhes mecanismos de inserção profissional. De outro,
objetiva-se formar os professores da rede estadual para utilizar as TIC em suas atividades pedagógicas nas escolas. (SILVA; GARÍGLIO, 2010, p. 486).
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Outro projeto nessa linha é o Programa Nacional de Tecnologia Educacional
(ProInfo), um programa educacional do governo com o objetivo de promover o uso
pedagógico da informática na rede pública de educação básica. No ano de 2010, o
Proinfo, conforme dados disponíveis no site do Ministério da Educação (MEC),
indicam que 104.373 laboratórios de informática foram instalados no país, destes
55.000 possuíam Internet Banda Larga e formação para 550 mil professores e
gestores (MEC, 2010).
É indiscutível a importância dos usos das TIC para melhoria da qualidade do
ensino e da aprendizagem, isso, se houver uma formação do professor para
desenvolver a competência para utilização dessas tecnologias no contexto escolar.
Neste sentido, o curso proposto pode contribuir para a formação de professores do
ensino básico para desenvolver metodologias que incorporam as TIC em suas práticas
pedagógicas, e a Universidade pode, assim, cumprir seu papel de agente
transformador da sociedade, voltada para os interesses e necessidades da população,
propiciando o desenvolvimento social.
TPACK – referencial de elaboração e análise do curso de extensão
O curso aqui analisado tem o foco na formação professor para o uso das TIC em sua
prática pedagógica para que, a partir disso, ele possa tornar-se ator desse mundo
digital. Para isso, consideramos que foi necessário desenvolver saberes em dois
domínios: atitude do professor e adequada capacitação no das TIC, e dessa forma,
buscar uma efetiva interação no currículo escolar (COUTINHO, 2011) por meio do
desenvolvimento, ao final do curso, de uma sequência didática a ser aplicada em sala
de aula.
Para a elaboração do curso, utilizou-se o modelo TPACK que integra três
principais tipos de conhecimento desejáveis em professores que utilizam as TIC em
sala de aula: conhecimento pedagógico, conhecimento dos conteúdos curriculares e
conhecimento tecnológico (KOEHLER; MISHRA, 2009). O conhecimento pedagógico
envolve processos e práticas ou métodos para ensinar e requer o entendimento do
desenvolvimento cognitivo e social, e o desenvolvimento de teorias de aprendizagem
a como são aplicadas em sala de aula. O conhecimento de conteúdos envolve a
identificação dos assuntos importantes para o ensino, a busca de múltiplas maneiras
para representá-lo e adaptá-lo, e a construção de um material instrucional,
considerando os conhecimentos prévios dos alunos. O conhecimento tecnológico
envolve a realização de diferentes tarefas usando a tecnologia da informação e o
desenvolvimento de diferentes maneiras de realizar uma determinada tarefa. De
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acordo com esse modelo, é necessária uma interação entre esses conhecimentos,
representada graficamente na Figura 1.
Figura 1 - Modelo TPACK – Conhecimento Tecnológico, Pedagógico e de Conteúdo
Fonte: (KOEHLER; MISHRA, 2009)
Com essa interação, o TPACK resulta em três tipos de conhecimento
(KOEHLER; MISHRA, 2009): o tecnológico pedagógico, o tecnológico e de conteúdo,
e o pedagógico e de conteúdo. Essas são as áreas de interseção entre as áreas de
conhecimento. O conhecimento tecnológico pedagógico é a capacidade de utilizar os
recursos digitais no ensino-aprendizagem. O conhecimento tecnológico e de conteúdo
é a capacidade de selecionar recursos digitais mais adequados para um determinado
conteúdo. Por fim, o conhecimento pedagógico e de conteúdo é a capacidade de
ensinar um conteúdo curricular.
Descrição e análise da proposta metodológica do curso
O curso de extensão a distância “Tecnologias emergentes a serviço da aprendizagem”
foi oferecido pelo Núcleo de Educação a Distância (NEaD), da Universidade Federal
de Itajubá (Unifei), a professores da educação básica de instituições públicas ou
privadas, com graduação em qualquer área do conhecimento, que possuíssem
fluência tecnológica no uso de conhecimentos computacionais básicos (edição de
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textos) e uso da internet (envio de e-mail, buscas, upload e download) e que atuassem
ou tivessem interesse em atuar com tecnologias educacionais.
O objetivo central do curso foi propor atividades para que os participantes
desenvolvessem os conhecimentos tecnológico pedagógico, tecnológico e de
conteúdos e pedagógico e de conteúdo, de forma articulada de acordo com o modelo
TPACK. Além disso, o modelo pedagógico do curso foi pautado na colaboração, no
respeito mútuo, em atividades centradas no aprendiz e na identificação de problemas.
A colaboração auxilia os alunos a atingirem níveis mais profundos de geração de
conhecimento. Assim, essa se sustenta quando o diálogo, a crítica e o trabalho em
conjunto são estimulados (PALLOFF; PRATT, 2004). O desenvolvimento do curso
seguiu o modelo de projeto - analise, design, development, implementation and
evaluation (ADDIE) – amplamente aplicado no design instrucional clássico (FILATRO,
2008).
O ambiente virtual de aprendizagem utilizado para oferta do curso foi o
Moodle, um software com licença pública geral (General Public License - GNU)
e, portanto, considerado software livre.
As atividades foram estruturadas em 80 horas e distribuídas em 8 semanas.
Conforme Quadro 1, o curso é composto de oito unidades: introdução, mapas
conceituais, mapas conceituais colaborativos, educação e aprendizagem no século
XXI, aluno em ambientes virtuais, wiki, recursos educacionais abertos, encerramento.
Ele contém 21 atividades: 5 leituras, 5 vídeo-aulas, 5 atividades individuais, 3
atividades colaborativas, 3 fóruns.
As atividades de Introdução visaram situar os participantes em relação às
competências necessárias para o acompanhamento satisfatório de um curso a
distância, além de propiciar a interação inicial do grupo por meio do preenchimento do
perfil e apresentação no Fórum “Café Virtual”.
Quadro 1 - Atividade teóricas e práticas do curso “Tecnologias emergentes a serviço
da aprendizagem”.
Unidades Objetivos Específicos Estratégias Pedagógicas
Introdução Identificar as características
de um aluno virtual. Leitura do texto didático sobre as
competências de um aluno virtual.
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Preenchimento do perfil. Apresentação no fórum “Café Virtual”.
Mapas conceituais Identificar as principais características de um mapa conceitual. Utilizar uma ferramenta para
elaboração de mapas
conceituais.
Leitura do artigo sobre como elaborar mapas
conceituais.
Assistir ao vídeo sobre elaboração de mapas
conceituais.
Elaboração do primeiro mapa conceitual
utilizando o software livre CMapTools.
Educação e
aprendizagem no
século XXI
Refletir sobre o uso das TIC
na educação. Assistir ao vídeo sobre a história da
educação e das tecnologias.
Leitura do texto sobre a educação e
aprendizagem no século XXI.
Participação no fórum de discussão.
Resolução do questionário de múltipla
escolha.
Mapas conceituais
colaborativos Elaborar mapas conceituais
colaborativos. Assistir ao vídeo sobre elaboração de mapas
conceituais colaborativos.
Elaboração do mapa conceitual do texto
sobre a educação e aprendizagem no século
XXI.
Fórum para interação dos grupos.
Elaboração de mapa conceitual de forma
compartilhada.
Assistir ao vídeo sobre nativos digitais.
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O aluno em
ambientes virtuais Refletir sobre os nativos
digitais e suas formas de
aprender.
Leitura do texto sobre o aluno em ambientes
virtuais.
Participação no fórum de discussão.
Resolução do questionário de múltipla
escolha.
Wiki Utilizar a wiki.
Assistir ao vídeo sobre o que é a wiki.
Elaboração de sequência didática na wiki.
Recursos
educacionais
abertos
Elaborar uma aula utilizando
recursos educacionais
abertos.
Leitura do texto didático sobre Recursos
educacionais abertos.
Elaboração de um material instrucional
contendo atividades didáticas que utilizem
recursos educacionais abertos.
Encerramento Realizar autoavaliação
Avaliar o curso.
Avaliação da disciplina.
A terceira unidade, Educação e aprendizagem no século XXI, foi elaborada
visando desenvolver conhecimentos de conteúdo relativos ao uso das tecnologias na
educação. Como atividades teóricas, foi solicitado que os participantes assistissem a
um vídeo1 sobre a história da educação e das tecnologias e lessem o texto “Educação
e aprendizagem no século XXI”2. Com essa bagagem, todos foram convidados a
interagir no Fórum de discussão, cuja proposta foi a produção de um pequeno texto
relacionado às atividades teóricas, associado à escolha de uma charge que se
relacionasse com esse texto.
1 Disponível em: <https://youtu.be/ywd2nRV8POc>. Acesso em: 21 mar. 2016. 2 COLL, C; MONEREO, C. Educação e aprendizagem no século XXI: novas ferramentas, novos
cenários, novas finalidades. In: COLL, C; MONEREO, C. (orgs.). Psicologia da educação virtual.
Porto Alegre: Artmed, 2008, cap. 1, p. 15-46.
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Os fóruns on-line caracterizam-se principalmente pela relação dialógica que
acompanham os variados discursos produzidos por seus participantes virtuais (PAIVA;
RODRIGUES JÚNIOR, 2007). É uma maneira de proporcionar interação entre os
participantes e assim diminuir a distância virtual (TORI, 2010). Com essa atividade,
sempre mediada pela professora e pela tutora, foi possível constituir um discurso
compartilhado de que o uso da tecnologia em sala de aula deve partir de escolhas
adequadas dos recursos tecnológicos, dos conteúdos a serem por ele comunicados e
das estratégias pedagógicas a serem elaboradas.
Em outras palavras, foi possível desenvolver a interseção dos três eixos de
conhecimentos, conforme o modelo TPACK.
A quarta unidade do curso, Mapas conceituais colaborativos, os participantes
elaboraram um mapa conceitual (MC) sobre o texto lido na terceira unidade. Em
seguida, uma atividade colaborativa foi a revisão do MC feita após sugestões de
melhorias nos MC dos integrantes da equipe. Para isso os aprendizes utilizaram o
“Cmap Cloud”, ferramenta livre disponível na internet e adequada ao objetivo da
estratégia proposta. Nessa unidade, além de reforçar a estratégia do curso de
produção de conhecimento de forma colaborativa, aprofundou-se ainda mais o
conhecimento nos eixos pedagógico e tecnológico.
Na quinta unidade, O aluno em ambientes virtuais, o objetivo foi fomentar as
reflexões sobre as características dos nativos digitais e suas formas de aprender3,4.
Essa unidade foi elaborada tendo como principal foco o conhecimento de conteúdo
sobre a Sociedade da Informação. Entendemos que, no modelo TPACK, o
conhecimento de conteúdo se relaciona ao conteúdo curricular específico, por vezes
disciplinar, do um determinado professor. Para os objetivos do curso que estamos
apresentando neste relato, que não selecionou professores por área de atuação, o
conhecimento de conteúdo em relação ao uso das tecnologias é fundamental para
orientar as escolhas do professor dos recursos mais adequados para o seu conteúdo
curricular, utilizando também estratégicas pedagógicas que propiciem um aprendizado
significativo.
Nas unidades finais do curso, os participantes foram orientados a produzir uma
sequência didática, utilizando recursos educacionais abertos. Para essa última tarefa,
os professores participantes trabalharam em duplas no planejamento de uma proposta
de ensino na qual se utilizasse recursos educacionais abertos. Esse planejamento foi
realizado por meio de uma atividade wiki e em seguida organizado em uma sequência
didática, cujo modelo, previamente disponibilizado no ambiente virtual, continha os
3 MONEREO, C. e POZO, J. I. O aluno em ambientes virtuais: condições, perfil e competências. In: COLL, C; MONEREO, C. (orgs.). Psicologia da educação virtual. Porto Alegre: Artmed, 2010, cap. 1, p. 15-46. 4 Disponível em: <https://youtu.be/jvxcBeLvpGw>. Acesso em: 28 mar. 2016.
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seguintes tópicos: tema; apresentação; objetivos; público-alvo; conteúdos; recursos
didáticos; estratégias didáticas; planejamento das etapas; avaliação; bibliografia.
As atividades finais do curso foram planejadas de modo a mobilizar os três tipos
de conhecimento: os conteúdos curriculares, os métodos pedagógicos e os recursos
tecnológicos, de modo a articulá-los, conforme o conceito de TPACK, ou seja, o
resultado da interseção desses três tipos de conhecimento. O planejamento também
priorizou que a produção da sequência didática ocorresse de forma colaborativa, pois
a colaboração auxilia os alunos a atingirem níveis mais profundos de geração de
conhecimento (PALLOFF; PRATT, 2004).
O curso terminou com a unidade Encerramento, na qual os professores
participantes responderam a dois questionários: um de autoavaliação e outro de
avaliação do curso. Esses questionários serão utilizados para reformular uma nova
oferta deste curso.
A avaliação das atividades práticas realizadas pelos participantes foi feita por
meio da média de suas notas em 10 atividades práticas propostas. Dentre os 29
professores participantes do curso (ocorreu uma desistência logo no início), 18
obtiveram média igual ou superior a 70, o que correspondeu a 62% de aprovados.
Considerações finais
Na sociedade em rede, a aprendizagem caracteriza-se por uma apropriação de
conhecimento que se dá em uma realidade concreta (BEHAR, 2009). Nesse sentido,
buscou-se neste curso oferecer ao aprendiz situações reais de aprendizado,
procurando assim, tornar significativo o aprendizado. Assim, o educando pode
relacionar os conceitos já existentes em sua estrutura cognitiva que acabam por
influenciar na aprendizagem e no significado atribuído aos novos conceitos
construídos (BEHAR, 2009).
A forma colaborativa pela qual o curso foi elaborado e a estratégia de combinar
os conhecimentos tecnológicos, pedagógicos e de conteúdo (TPACK), contribuíram
de forma sinérgica para a proposição do curso que aqui foi descrito e analisado.
Pretendemos realizar a análise dos relatórios das autoavaliações e da
avaliação do curso, que poderão nos informar sobre a efetividade do curso para seus
participantes. Além disso, pretendemos utilizar o modelo TPACK para analisar as
produções dos professores e poder contribuir, com esses futuros resultados, para o
aprimoramento da oferta de cursos a distância para a formação de professores.
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Referências
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BELLONI, M. L. O que é mídia-educação? Campinas: Autores Associados, 2001.
COLL, C; MONEREO, C. Educação e aprendizagem no século XXI: novas
ferramentas, novos cenários, novas finalidades. In: COLL, C; MONEREO, C.
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