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1 Tempo de Lembrar, Tempo de Aprender: Memórias da Cidade TEMPO DE LEMBRAR, TEMPO DE APRENDER: MEMÓRIAS DA CIDADE. PREFEITURA DO MUNICÍPIO DE LONDRINA SECRETARIA MUNICIPAL DO IDOSO SECRETARIA MUNICIPAL DE EDUCAÇÃO

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Tempo de Lembrar, Tempo de Aprender: Memórias da Cidade

TEMPO DE LEMBRAR, TEMPO DE APRENDER:MEMÓRIAS DA CIDADE.

PREFEITO DE LONDRINAHomero Barbosa Neto

SECRETÁRIA MUNICIPAL DO IDOSOLiz Clara Ribeiro de Campos

SECRETÁRIA MUNICIPAL DE EDUCAÇÃOVera Lúcia Scortecci Hilst

PREFEITURA DO MUNICÍPIO DE LONDRINA

SECRETARIA MUNICIPAL DO IDOSO

SECRETARIA MUNICIPAL DE EDUCAÇÃO

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Tempo de Lembrar, Tempo de Aprender: Memórias da Cidade

TEMPO DE LEMBRAR, TEMPO DE APRENDER:MEMÓRIAS DA CIDADE.

(Segunda edição)

Elaboração :Liz Clara Ribeiro de Campos

Eva Maria de Andrade OkawatiNicole Ribeiro - Estagiária de Serviço Social

Participação:Elza Coutinho GrigonisMelina Barbosa Rubira

Edna Tiemi UtiamadaRegiana Ap. Sgarioni Alves

Renata Godoy Botelho

Agradecimentos especiais:Grupos de Idosos de Apoio Sócioeducativo

Escolas Municipais: Pedro Vergara Correa

Anita Garibaldi Hikoma Udihara Atanázio Leonel

Mábio Gonçalves PalhanoLeônidas Sobrino Porto

Capa:Marcelo Maximo - DTI - PML

Diagramação e Editoração:Geomar Sanches - Secretaria de Planejamento

Fotos:Luiz Jacobs - Núcleo de Comunicação - PML

Arquivo:Museu Padre Carlos Weiss

Revisão final:Fernanda Serenário - Secretaria Municipal do Idoso

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Tempo de Lembrar, Tempo de Aprender: Memórias da Cidade

TEMPO DE LEMBRAR, TEMPO DE APRENDER:MEMÓRIAS DA CIDADE.

Não sejas o de hoje.

Não suspires por ontens...

Não queiras ser o de amanhã.

Faça-te sem limites no tempo.

Vê a tua vida em todas as origens.

Em todas as existências.

Em todas as mortes.

E sabes que serás assim para sempre.

Não queiras marcar a tua passagem.

Ela prossegue:

É a passagem que se continua.

É a eternidade.

És tu.

Cecília Meireles

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Tempo de Lembrar, Tempo de Aprender: Memórias da Cidade

LONDRINA: 75 ANOS!

Esta segunda edição da cartilha Tempo de Lembrar, Tempo de Aprender: Me-mórias da cidade é uma homenagem da gestão Barbosa Neto, Secretaria Municipaldo Idoso e Secretaria Municipal de Educação à esta cidade ainda menina que emdezembro de 2009 completa 75 anos.

Uma cidade é sempre construída por muitas mãos na maioria anônimas,mãos que vieram de muitas partes desse país ou mesmo de pátrias distantes eque aqui, confiantes, seu lares construíram.

Esta edição tem o acréscimo do depoimento de Dona Irany, que fala de suachegada a essa terra vermelha e mostra na mistura com o hino da cidade queLondrina é uma cidade de braços abertos, que encantou e ainda encanta os queaqui chegaram para fazê-la crescer.

Esse depoimento, somado aos outros, vem ilustrar e homenagear os tantoshomens e mulheres com 60 anos ou mais, que aqui plantaram seus sonhos. DonaIrany, porém, tem algo em comum com essa cidade, ela também completa 75 anosno dia 10 de dezembro de 2009. Nos seus 75 anos transborda muita energia, quetransmite ao olhar do presente para o passado. Energia se que revela no dia a diaao assumir suas atividades diárias, ao andar de motocicleta pelas ruas da cidade,ao doar-se aos cuidados com os filhos e netos. Irany é uma vencedora... Londrinaé uma vencedora por acolher homens e mulheres de fibra que tanto contribuírampara o desenvolvimento dessa cidade.

Parabéns Londrina... Parabéns D. Irany, parabéns a todos e a todas quenasceram nessa terra ou que a adotaram de coração. Londrina merece o me-lhor. O futuro é a gente que faz!

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Tempo de Lembrar, Tempo de Aprender: Memórias da Cidade

PREFÁCIO

Lembrar, para o sociólogo Maurice Halbwachs, autor da obra MemóriaColetiva, é um ato que está relacionado aos quadros sociais reais que servem dereferência às lembranças individuais, como: lugares, datas, grupos, instituições, acon-tecimentos públicos. Portanto, o ato de lembrar relaciona a memória individual e osacontecimentos privados à coletividade a que pertencemos, enfatizando os laçosafetivos que as lembranças compartilhadas estabelecem entre os indivíduos.

Tempo de Lembrar é uma cartilha - agora em sua segunda edição - emque suas autoras, agentes educacionais do município, mostram a importância da me-mória dos coadjuvantes, homens e mulheres simples, cidadãos de Londrina que, comotantos outros, viveram e construíram a cidade, conferindo-lhes visibilidade na históriado município.

É como se as autoras se orientassem por um dos ensinamentos do histo-riador Jacques Le Goff, isto é, o primado de que a história se alimenta da memória.

Trata-se de um texto que, ao privilegiar vivências do mundo do trabalho, dolazer, da escola e, em especial da cidade, relaciona fragmentos de biografias individuais,tece micro-relações em espaços "intersticiais" criados no cotidiano, relaciona-os com pro-cessos sociais mais amplos, expressando a história circunstancial da cidade.

O texto, embora sendo destinado ao uso didático e elaborado por meiode prática pedagógica, é de agradável leitura mesmo para o público não diretamenteenvolvido com a educação formal de nossas crianças. Para gostar desta cartilha, bas-ta apenas se interessar pela história de Londrina.

Entregar-se à leitura de Tempo de Lembrar é deixar-se envolver por umadelicada, sensível e comovente relação que se estabelece entre idosos e crianças,mediada por agentes educacionais. Todos empenhados em reconstituir o passado denossa cidade por meio de um tempo presente, tarefa em que o limite temporal é dadopelo alcance das lembranças ainda vivas.

"[...] a memória não aparece apenascomo uma estância do passado. Deve-

mos imaginá-la como uma relação dinâ-mica entre o passado e o presente. A

memória é um elemento muito enraizadono presente".

BOLLE, Willi, 1984

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Tempo de Lembrar, Tempo de Aprender: Memórias da Cidade

Feliz iniciativa da Prefeitura Municipal de Londrina - por meio de suas Se-cretarias do Idoso e da Educação - em comemorar os 75 anos de existência do municí-pio com a reedição desta cartilha. Uma maneira de homenagear a cidade mostrandoque os jovens londrinenses aprendem com os cidadãos mais antigos, descobrindo quea história circunstancial está relacionada à história com H maiúsculo. Que a vida cotidia-na não é estática e sem sentido, ao contrário, nela os indivíduos tecem relações, a fim dedar sentido à sua existência individual e coletiva. Ao exemplo do que diz o sociólogoJosé de Souza Martins, sabemos que é no cotidiano que os homens e mulheres constro-em a sua história, e, a partir das circunstâncias em que se encontram, homens e mulhe-res defrontam o passado e o presente, valores e vontades, sonhos e possibilidades.

Feliz idéia dos gestores do município em instituir um espaço público dememória capaz de mobilizar moradores dos bairros onde elas se localizam. Hoje, nasnossas cidades, existe a tendência das pontes entre a vida pública e a vida privadaserem destruídas e o homem contemporâneo a se tornar incapaz de pensar a suaidentidade e a sua cidadania como conquistas coletivas.

Na opinião do sociólogo Zygmunt Bauman, a chance de mudar essa situ-ação depende da ágora - esse espaço nem privado nem público, porém mais precisa-mente público e privado ao mesmo tempo.

Ler a cartilha Tempo de Lembrar, me pareceu estar diante de um novotipo de ágora, um espaço criado que, por meio da realização do direito à memória,pode instalar a consciência do direito à cidade e o desejo de dar forma ao bempúblico e à sociedade justa.

Ana Cleide Chiarotti CesárioProfessora Doutora de Ciência Política do Departamentode Ciências Sociais da Universidade Estadual de Londrina.Pesquisadora do IPAC/Lda.

Londrina, dezembro de 2009.

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Tempo de Lembrar, Tempo de Aprender: Memórias da Cidade

APRESENTAÇÃO

"Tempo de lembrar, tempo de aprender: memórias da cidade" é umaação conjunta da Secretaria Municipal do Idoso e Secretaria Municipal de Educação queviabilizou o encontro de diferentes gerações em atividades que retomaram as experi-ências de cidadãos e cidadãs de Londrina no contexto da construção da ocupaçãosocial da cidade.

Visando a autonomia, a integração e a participação efetiva do idoso nasociedade e valorizando suas experiências adquiridas nos muitos anos no município,este projeto propiciou a transmissão de conhecimentos e vivências às crianças, nosentido da preservação da memória e da identidade cultural da cidade.

Conforme a proposta pedagógica da Secretaria Municipal de Educação,especialmente nos conteúdos programáticos na área de história, é ressaltada a impor-tância da valorização do reconhecimento de vários olhares sobre a história. Nessesentido, o uso de depoimentos de pioneiros representa uma maneira de a criançacompreender o passado em suas diversas dimensões, além de possibilitar um maiorentrosamento com os idosos da sua família, do seu bairro e do município.

Considerando que o ensino de história deve propiciar aos alunos ummaior conhecimento da realidade em que vive, esse trabalho deve contribuir para queo aluno conheça de maneira crítica a sua herança pessoal e coletiva, compartilhandoatitudes, valores e memórias de personagens da história de Londrina.

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Tempo de Lembrar, Tempo de Aprender: Memórias da Cidade

INTRODUÇÃO

A idéia deste trabalho é resultado do projeto, desenvolvido em 2007, "Tem-po de lembrar, tempo de aprender: memórias da cidade", uma parceria que uniu aexperiência dos que já vivenciaram uma trajetória de vida com os que estão apenasiniciando o processo de aprendizagem. Assim, uniram-se Secretaria Municipal do Ido-so e Secretaria Municipal da Educação, idosos e crianças numa mesma proposta deinteração intergeracional.

"Tempo de lembrar, tempo de aprender: memórias da cidade" possi-bilitou em 2007 a reconstrução de memórias do município de Londrina-Pr, com a partici-pação ativa de antigos moradores, em sua maioria anônimos para a "história oficial",mas que fizeram e fazem parte do cotidiano da sociedade.

Tempo de lembrar: cada um participou, vivenciou e sentiu experiênciasde forma única, experiências de vida que não podem ficar esquecidas, guardadas naslembranças das longas conversas.

Tempo de aprender: compreender e reconhecer o significado das me-mórias dos idosos, que ampliam o conhecimento da história e possibilitam que as crian-ças e os mais jovens coloquem-se na perspectiva do movimento histórico, isto é, sin-tam-se sujeitos capazes de interferir nesse processo.

Um grande obstáculo no cultivo das lembranças e memórias é o própriosistema, que busca valorizar o que é novo, moderno e inovador, desvalorizando oidoso e suas experiências de vida, sua capacidade de produção de conhecimentos ereduzindo o limite de sua participação na sociedade.

Memórias da cidade: o levantamento de aspectos da história a partir dodepoimento dos idosos tem o caráter de valorizar essas experiências e integrar ashistórias na proposta pedagógica da educação. O resultado da experiência vivenciadaconsiste na riqueza de depoimentos e histórias sobre o passado de Londrina que, apartir de agora, fará parte do material pedagógico da rede municipal de educação eserá utilizado pelos professores das escolas municipais, em sala de aula, com alunosda 3ª série do Ensino Fundamental.

Os aspectos do cotidiano abordados basearam-se nos seguintes eixos: ainfância e suas brincadeiras, a família, o trabalho, a escola, as relações sociais, o modode vida e o lazer em diferentes temporalidades.

Os sujeitos que fizeram parte do projeto foram identificados e selecionadosnos grupos sócioeducativos , através das rodas de conversas e dinâmicas desenvolvidasnesses grupos. Foi dada preferência aos idosos com maior tempo de residência no municí-pio, já que o objetivo foi o de coletar informações e memórias do município.

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Tempo de Lembrar, Tempo de Aprender: Memórias da Cidade

Após essa seleção foram agendadas entrevistas individuais para a coletados dados, realizadas nas residências dos participantes por estagiários de Serviço So-cial e Assistentes Sociais da Cáritas, utilizando-se como instrumentos de registro o gra-vador e anotações. As entrevistas gravadas foram transcritas e digitadas e, após, apre-sentadas novamente aos idosos, que puderam fazer correções e acréscimos nos seusdepoimentos. Após as correções os idosos assinaram um termo de permissão parautilização dos dados para publicação.

No processo de elaboração da presente cartilha foram utilizados os tre-chos mais significativos das entrevistas, incluindo alguns aspectos da história oficial,que serviram para contextualizar a leitura. Esse trabalho possibilitou que as açõesfossem ampliadas, gerando atividades de integração entre idosos, crianças e escola.

Foram, então, realizadas oficinas em diversas escolas das regiões, pos-sibilitando que os idosos pudessem ser ouvidos pelas crianças. Falar do tempo vivido,das experiências que passaram e compartilhar com as crianças essas histórias, quehoje compõem esta cartilha, foi de importância ímpar, tanto para os idosos quanto paraas crianças.

O prazer dessa convivência foi confirmado nos depoimentos dos quevivenciaram as oficinas e puderam compartilhar um pouco de suas histórias e daquelesque puderam aprender com elas. E a nós, profissionais que atuamos nesse trabalho,possibilitou um conhecimento que apenas a experiência é capaz de proporcionar.

1Grupos sócioeducativos: são formados por idosos beneficiários dos Programas de Transferência deRenda Federal (BPC - Beneficio de Prestação Continuada) e Municipal.2Cáritas Arquidiocesana de Londrina: entidade da Igreja Católica responsável pelo trabalho social. ASecretaria Municipal do Idoso manteve parceria com esta entidade no desenvolvimento do trabalho.

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1 - LONDRINA: OLHARES SOBRE O TEMPO E O ESPAÇO

Aos professores:

/.../ E a história humana não se desenrola apenas nos campos de bata-lhas e nos gabinetes presidenciais. Ela se desenrola também nos quintais, entre plan-tas e galinhas, nas ruas de subúrbios, nas casas de jogos, nos prostíbulos, nos colégi-os /.../ nos namoros de esquinas. Disso eu quis fazer a minha poesia. Dessa matériahumilde e humilhada, dessa vida obscura e injustiçada, porque o canto não pode seruma traição à vida, e só é justo cantar se o nosso canto arrasta consigo as pessoas eas coisas que não têm voz. (Ferreira Gullar)

A história que se pretende ensinar na escola deve superar a busca doconhecimento pelo conhecimento, priorizando mais a interpretação e compreensão dequestões contemporâneas. Valorizando conteúdos curriculares que prevaleçam estu-dos comparativos, distinguindo semelhanças e diferenças, permanências e transfor-mações no modo de vida e nas relações sociais.

Nessa perspectiva, o trabalho com a história local e do cotidiano é defundamental importância, pois conduz à compreensão dos diferentes modos de viverno presente e em outros tempos e, para tanto, os depoimentos e relatos de pessoasque viveram e construíram a história em outros tempos torna-se um recurso pedagógi-co que muito pode contribuir para o aprendizado dos alunos.

No seio do cotidiano há uma realidade que se manifesta de forma completa-mente diferente do que acontece nas outras perspectivas da História: a memória. A grandeHistória do cotidiano revela-nos o sentimento daquilo que muda, bem como daquilo quepermanece, a própria percepção da História. (Le Goff apud Simon, 2003, p.81)

Nesse sentido, a história oral surge como uma proposta de mudança, poispossibilita transpor obstáculos entre professores e alunos e entre gerações.

A realidade é complexa e multifacetada, e um mérito principal da históriaoral é que, em muito maior amplitude do que a maioria das fontes, permite que serecrie a multiplicidade original de pontos de vista. (Thompson, 1992, p.288)

1História oral: metodologia muito usada em pesquisas históricas e sociológicas surgida comoforma de valorização de memórias e recordações de indivíduos. É um método de recolhi-mento de informações por meio de entrevistas com pessoas que vivenciaram determinadofato ou período histórico.

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Muito já se escreveu sobre a história da cidade, muitos pioneiros já foramconsultados e puderam dar a sua contribuição, no entanto, o conhecimento históriconão se esgota. Nesse sentido, as falas e os olhares sobre a história da cidade, a partirde novos personagens, complementam a construção desse conhecimento.

Esse trabalho é resultado de muitas horas de atenção. Atenção a idososparticipantes de grupos sócio-educativos coordenados pela Secretaria do Idoso que,em parceria com a Secretaria de Educação, buscou integrar gerações e ouvir históriasrelacionadas à memória da cidade de Londrina, que serão apresentadas para alunosda 3ª série do Ensino Fundamental da rede municipal de ensino.

Espera-se com esse trabalho que os alunos possam:

n conhecer e respeitar o modo de viver e pensar em diversos temposreconhecendo diferenças e semelhanças existentes;

n reconhecer mudanças e permanências nas vivências humanas, pre-sentes na sua realidade;

n valorizar, a partir das memórias apresentadas, o patrimônio culturalimaterial de Londrina, respeitando a diversidade e reconhecendo essepatrimônio como direito de todos e como um elemento de fortalecimentoda democracia.

A história pode ser contada de várias maneiras, um jeito de contar ahistória não exclui o outro, mas sim, complementa a visão sobre o acontecimento oufato histórico. Jandira Masur no livro "O frio pode ser quente?" fala dessas diferentesmaneiras.

As coisas têm muitos jeitos de serDepende do jeito da gente ver...

O amanhã de ontem é hojeO hoje é o ontem de amanhã

Dentro desta complicaçãoQuem tem uma explicação

Dá até para perguntarSe o amanhã nunca chega

E também para pensarHoje, ontem, amanhã

Depende do quê?Depende do jeito que você vê

Daí a importância de valorizarmos novos olhares sobre a história de Lon-drina, são vivências de personagens que construíram a história dessa cidade, no en-tanto, nunca apareceram nos registros oficiais. A proposta desse trabalho é oportunizaràs crianças outros conhecimentos sobre a história local, considerando que os depoi-mentos foram feitos por pessoas, muitas vezes, do próprio bairro onde moram os alu-nos e as quais eles podem até conhecer.

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75 ANOS DE MUITAS HISTÓRIAS...

Londrina!Cidade de braços abertosA todos os filhos do nosso Brasil!E a todos aqueles de Pátrias distantes,Que aqui, confiantesSob um pálio anil,Seu lar construíramE aos filhos se uniram,E aos filhos se uniramDo nosso Brasil!

Em 10 de dezembro de 1934 comemoramos o aniversário da cidade deLondrina. Nesse mesmo dia, em uma cidadezinha mineira chamada Piuí, nascia tam-bém Irany Silva. Sua família era composta por seus pais e oito irmãos, dos quais sete umdia elegeriam a cidade de Londrina como sua terra...

"Uns vieram porque casaram com gente daqui, outros vieram pra trabalhar.Meu pai e meus irmãos trabalhavam de motorista de caminhão. Aqui tinha mais oportuni-dade. Meu pai era apaixonado por Londrina. Ele arrumava mudança das 'mineiradas'que vinham pra cá, enchia o caminhão e trazia as famílias. Em junho e dezembro elevinha pra Londrina".

Londrina!Cidade que sobe, que cresce,Que brota e floresce,Que em frutos se expande!Que a Pátria enriquece,E que alta, e que grandeO encanto ofereceDe sempre menina!

Aos 14 anos, Irany teve seu primeiro encontro com a cidade tão amada porseu pai. As lembranças daquela viagem permanecem em sua memória. A luta e os so-nhos daqueles que vinham pra cá de todos os lados em busca de oportunidade...

"Vim pra acompanhar meu pai em uma de suas viagens. Viemos em 40pessoas, mais as mudanças no caminhão. Naquela época, quando meu pai saiu com ocaminhão pra vir pra cá, todo mundo que morava perto da gente ficou espantado com acoragem de papai de sair com aquele tanto de gente no caminhão. Eram oito dias deviagem. Era tudo estrada de terra, demorava mesmo. Ele ia parando onde tinha água,cada um fazia sua comidinha rápida, até a gente chegar.

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Era uma viagem difícil. Muitas vezes todo mundo tinha que descer pra se-gurar o caminhão. A gente descia e firmava o caminhão com cuidado e dificuldade, praele não atolar".

Londrina!Das matas e das derrubadas,Londrina das roças de espigas dobradas!Das filas cerradas de pés de café!Dos grandes poentes das tardes douradas,De escolas ao longo das longas estradas!

Do arado, do livro, da indústria e da fé!De braços abertos, dá pouso e guarida,A todos que a buscam, materna e gentil!Porém, destemida, se os brios lhe ofuscam,Sói ser atrevida, impávida, hostil!

Foi em 1967 que Irany fincou suas raízes na terra vermelha de nossacidade. Londrina era uma cidade em plena expansão, que encantava seus filhos etambém todos aqueles que a adotaram como sua casa...

"A gente saia muito pra ir ao cinema, no Cine Ouro Verde, e pra fazercompra. Quando uma irmã ia fazer compra, todas as irmãs iam junto. As vitrines daslojas ficavam abertas a noite. A gente saia a noite pra ir no cinema e depois ficavaolhando as vitrines. Tinha também carrinho de cachorro quente em tudo quanto eraesquina. Os nossos passeios eram esses. Era muito bom... Tudo antigamente eramais romântico...

A Sercomtel também foi inaugurada logo que eu cheguei aqui. Meumarido trabalhava lá e eu quem fiz a "cortininha" da placa de inauguração. Fui elogiadapelo diretor da Sercomtel e pelo chefe do meu marido. Eles disseram que nunca ti-nham feito uma "cortininha" que funcionasse tão bem.

Eu gosto muito de Londrina. É uma cidade grande com sistema de cida-de pequena. As pessoas se conhecem e se ajudam”.

Seu solo fecundo, feraz, generosoA quem, carinhoso, lhe deita a semente,Por uma dá mil!Padrão de trabalho plantado na história!Londrina!Cidade que um povo virilErgueu para a glória do nossoBrasil!

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2 - HISTÓRIA DE LONDRINA: OUTROJEITO DE SE CONTAR

Oficialmente Londrina nasceu em 21 de agosto de 1929 com a chegadada expedição organizada pela Companhia de Terras Norte do Paraná ao local denomi-nada Patrimônio Três Bocas. No entanto, antes desse fato já havia uma ocupação des-se espaço. Primeiro por indígenas. Conforme depoimento de Gordon Fox Rule, funcio-nário da Companhia de Terras Norte do Paraná (CTNP), quando as caravanas de pio-neiros passavam em 1930 era comum perceberem "índios invisíveis, que batiam pausnos troncos por todos os lados da mata". Depois por desbravadores que adquiriramterras e já realizavam o cultivo de diversos produtos, como a família Araújo que chegou aSão Roque, atual Tamarana, em 1920; a família Capucho chegou em 1923; a famíliaGodoy em 1925; a família Palhano em 1927; a família Durães em 1928 e tantos outrosque trabalhavam nessas terras antes da chegada da CTNP.

Antes da chegada da companhia que promoveu a colonização da região,havia a Companhia Marcondes de Colonização Indústria e Comércio, segundo depoi-mento de Irohy Silveira Marcondes.

A maior preocupação dos diretores da CTNP foi não divulgar o pioneirismoda Companhia Marcondes, ocultando que esta empresa já estava aqui desde os primei-ros anos da década de 20 e que nessa época, já havia iniciado a colonização da região,construindo 30 quilômetros de estrada na floresta.

Em 1925, por meio de um acordo entre a Companhia Marcondes, a Compa-nhia de Terras Norte do Paraná e o governo do Paraná, essas terras são vendidas para aCTNP que, até 1927, já havia adquirido 515 mil alqueires paulistas de terra na região.

Em 1929 foi inaugurado em Londrina o escritório da CTNP para receberos investidores e compradores interessados em adquirir terras. Em 1930 foi aberta umaestrada ligando Londrina a Jataizinho por meio da qual chegaram os pioneiros.

Em 1932, nossa cidade passou a ser chamada de Patrimônio Londrina oqual fazia parte do município de Jataizinho.

A cidade foi crescendo e no dia 03 de dezembro de 1934 foi criado o mu-nicípio de Londrina. Em seguida, no dia 10 de dezembro do mesmo ano, foi instalado omunicípio e tomou posse o seu primeiro prefeito, Joaquim Vicente de Castro.

Essa é uma data importante para nosso município. De lá para cá muitahistória temos para contar e muitos fatos para lembrar.

Algumas dessas histórias foram contadas por idosos de diferentes lugaresde Londrina. Procuramos registrar alguns desses depoimentos sobre diferentes aspec-tos da cidade, conforme o ponto de vista de cada um.

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Como era a cidade

"Aquele tempo a gente só tinha medo das vaca brava. Minha família morava na

Usina Três Bocas. Tinha muita cobra e onça no sítio. Pra espantar as onças minhamãe colocava um caldeirão com água fervendo". Maria Aparecida Vespero Maziero, 75 anos

"Na Vila Casoni a maioria das casas era de madeira, depois foram sendosubstituídas por alvenaria /.../ tinha um terreno baldio, que de vez em quando era ocupa-do por um circo". Aline Makiolki, 65 anos

"Quando chegamos em Londrina era tudo mata, minha mãe dizia que tinhamuita onça /.../ minha casa era de pau-a-pique". Maria Guerreiro de Souza, 68 anos

"As ruas não eram asfaltadas tinha muito barro quando chovia. Apenasalgumas ruas no centro da cidade tinham paralelepípedo /.../ as pessoas andavam a péou de charrete, carros eram poucos". Maria Expedita Ferrarezi, 63 anos

"Meu pai comprou um sítio na Usina Três Bocas e construiu uma casa depau-a-pique, criavam galinhas e porcos e plantavam alho, arroz, feijão, milho, batata doce,cará e café. A terra era muito forte. Lá tinha muito mosquito birigui, que dava febre nascrianças. Na nossa casa que era feita de palmito entrava muita cobra dentro. Muita gentemorria de picada de cobra e de maleita. Naquela época não tinha caixão para enterrar odefunto, então eles embrulhavam num pano e enterravam no cemitério São Pedro".Marximinia Salvador da Silva, 73 anos

"A Vila Casoni não era asfaltada, tinha muita terra e fazia muita poeira, então ocarro pipa passava jogando água na estrada o que era um alívio. Meu marido comprou umacasa no jardim Interlagos, mas a casa foi desapropriada porque ia passar a linha de trem,com o dinheiro da desapropriação ele comprou um terreno na Vila Fraternidade, ele pagoubaratinho porque era tudo brejo". Maria Mantovani Perez, 62 anos

"O meio de transporte era a lotação. Cabiam no máximo 10 pessoas etinha também táxi que era chamado de biriba". Adelza Pereira, 71 anos

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"Naquela época, quase não existia energia elétrica, as existentes eram paraabastecer as indústrias que eram movidas a Diesel". Zoilo Correia Lemos, 70 anos

"Na Anderson Clayton (Coimbra), perto da atual rodoviária, tinha uma enormeplantação de mamona e uma fábrica de fundo de quintal que fazia sabão. Eu ia buscar aborra de sabão que escorria, para lavar roupa". Joana Maria do Carmo Batista, 82 anos

"Londrina era cercada por cafezais e bananeiras, existiam muitas máqui-nas de beneficiar café, tinham também caminhões que eram máquinas ambulantes queiam até as fazendas para realizar este trabalho /.../ Onde hoje é a Concha Acústica, anti-gamente era a rodoviária e várias pessoas trabalhavam como ambulantes e possuíambancas. Meu pai vendia refresco feito na hora. No final da Rua Alagoas existia o frigorífi-co Matias, perto tinha uma chácara que as pessoas apelidaram por Bodeiro porque odono criava muitos bodes". Luciano Teodoro Almirão, 78 anos

"Meu pai era vendedor da Companhia de Terras Norte do Paraná, empre-sa que loteou a cidade, depois disso meu pai foi dono de uma empresa de ônibus, a SãoCristóvão. Mas em decorrência de uma briga judicial, ele acabou perdendo as principaislinhas de ônibus para a empresa concorrente Viação Garcia /.../ Em 1944, houve umaepidemia de tifo e minha mãe morreu vítima da doença. Na Praça Floriano Peixoto tinhaum coreto, brincava muito lá quando era criança. Em cima do Cine Jóia, na Rua Rio deJaneiro, tinha um alto falante onde eram anunciadas as principais notícias da cidade".Neide Lazari Costa Nairne, 69 anos

"Aqui mudou bastante. Naquela época era só cafezal, morava na fazendaperto do bairro hoje chamado de jardim Maria Lúcia, não lembro o nome da fazenda.Meu pai tocava colônia, era empregado de um japonês, plantava de tudo, só compravaóleo, sal e açúcar". Maria Cleide, 62 anos

As relações sociais

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"A vizinhança era muito prestativa. Quando uma mulher ganhava neném, osvizinhos se ofereciam para ajudar cuidar da mãe e do bebê e não era preciso pagar".Rita Margarida da Silva, 63 anos

"A relação com os vizinhos era muito boa. Nunca tive má querência com ninguém,se algum colhia primeiro o alimento plantado, repartia com o outro, se matava porco tambémdividia. Quando tinha uma roda de violeiro no rádio, quem não tinha rádio, então caminhava trêsquilômetros para ouvir no rádio do vizinho". Lídia Aparecida Balassa, 66 anos

"Antigamente os vizinhos conviviam mais juntos, um sempre socorrendo ooutro quando era preciso /.../ O namoro era diferente, às vezes, levava até um ano prapegar na mão da namorada e sempre que saia com a namorada tinha que ser acompa-nhado de um irmão ou irmã. Para namorar dentro de casa tinha que sentar a uma distân-cia de dois metros mais ou menos". Jurandir Rosseto, 76 anos

"Antigamente era diferente a vizinhança. Todos se davam, ninguém tinha tele-visão, então chegava a noite e todos colocavam as cadeiras lá pra fora e ficavam conversan-do, né. Era mais conversa mesmo, não era que nem hoje que todo mundo tem televisão eninguém sai, ninguém conversa quase com os vizinhos". Carmen Penha da Silva, 71 anos

"No sítio, os vizinhos eram muito unidos. Todo mundo criava porco. No dia que umafamília matava porco dividia com todos os vizinhos. Quando uma família tinha rádio, todos os vizi-nhos iam à sua casa para ouvir música e saber das notícias. Chegava da roça, tomava banho,jantava e ia pra casa do vizinho ouvir o rádio". Vitalina Maria dos Reis, 71 anos

"As famílias se reuniam para rezar e meditar, lembravam a vida dos santos,como Santa Genoveva, Santo Antônio. Depois os adultos contavam causos. Às vezesmeu pai e meu tio tocavam sanfona e todos cantavam juntos /.../ Os namoros eram demuito respeito e só depois do rapaz pedir a permissão dos pais da moça. Namoravammais com os pais do que com a moça". Maria Veneranda Feijó Nunes, 64 anos

"As casas tinham bancos no portão, onde a vizinhança se reunia para con-versar, depois as pessoas entravam em casa para ouvir no rádio o 'Repórter Esso' e anovela 'O direito de nascer'". Evani da Silva Ribeiro, 67 anos

O lazer

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"As famílias passeavam pelo bosque". Rita Margarida da Silva, 63 anos

"As crianças não tinham muito tempo para brincadeiras. Sempre quister uma boneca, mas as condições não permitiam. A gente fazia boneca de pano ede sabugo de milho, quando você vai ao sítio e o milho está embonecando, ele élindo! Eu tenho vontade até hoje de ficar trançando aquele cabelo /.../ Quando a famí-lia ia passear na cidade de carroça meu pai levava os sete filhos para tomar sorveteno Bar Tropeiro e depois comprava roupas nas Lojas Pernambucanas e nas LojasFuganti". Maria Guerreiro de Souza, 68 anos

"Todos os domingos vínhamos a pé para a missa na Igreja Matriz que, na-quela época, era de madeira. Também participávamos das novenas de Natal e na qua-resma fazíamos a via-sacra. Meu pai comprava doce num bar velho, de madeira pornome de Camponesa, que ficava na avenida Celso Garcia, esquina com a Duque deCaxias". Maria Expedita Ferrarezi, 63 anos

"Minha família morava na Usina Três Bocas. À noite na fazenda a criançada sejuntava para brincar de pique, de roda e de cobra cega". Maria Aparecida Mazieiro, 75 anos

"Os desfiles do Dia da Pátria, os carnavais de rua, as procissões eramtodas na Avenida Paraná. No carnaval, eu subia na janela de casa para ver o desfile naavenida /.../ As crianças que moravam na área central da cidade gostavam muito debrincar no bosque. Eu sempre ia até lá chupar gabiroba e ingá /.../ Na Estação Ferroviá-ria tinha um barranco muito alto onde a gente brincava de escorregar". Neide LazariCosta Nairne, 69 anos

"Brincava de carrinhos feitos de madeira, de bolinha de gude e soltavapapagaio". Zoilo Correa Lemos, 70 anos

O trabalho

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"Comecei a trabalhar com oito anos. Nessa época minha família moravana colônia Três Marcos, eu trabalhava numa olaria, colocava o barro em uma fôrma comnome de gambeta para que o barro secasse e fosse ao forno. Não tinha idéia do valor domeu trabalho, porque era meu pai quem recebia, mas não em forma de dinheiro, massim como ordem de pagamento para comprar na venda que existia na colônia". LídiaAparecida Balassa, 66 anos

"Meu pai era percenteiro num sítio perto do Limoeiro e plantava de tudo:arroz, feijão, milho e café, tudo o que a família colhia o dono do sítio ficava com 70%.Quando colhia o arroz, meu pai trazia para ser beneficiado numa máquina de arroz queficava na Rua Santa Catarina que existe até hoje". Maria Expedita Ferrarezi, 66 anos

"Faziam de tudo no sítio, torravam café, moíam, cuidavam dos animais. Omilho que era maior ficava para o porco e o menor era da vaca, para distrair a vacaenquanto se tirava o leite, também ajudava minha mãe a fazer o serviço de casa e traba-lhava na roça com meus irmãos. Era muito gostoso, tenho muita saudade". Maria Guer-reiro de Souza, 68 anos

"Para ajudar no orçamento familiar eu lavava roupas dos motoristas e co-bradores da Viação Garcia e também selecionava café. Um carroceiro trazia as sacasde café e deixava para escolher, depois voltava pra pegar e pagava pelo café escolhido,uma mulherada trabalhava com isso /.../ As roupas eram lavadas no batedor, uma tábuagrande onde se batia as roupas para tirar a sujeira, a água para lavar era tirada do poçoque servia cinco famílias". Maria Montovani Perez, 62 anos

"Meu pai construiu o centro da cidade. Ele trabalhava lá perto do bosque,aqueles prédio que têm lá, meu pai ajudou a construir". Alexandrina Lopes, 70 anos

"Cheguei em Londrina no ano de 1953, consegui um emprego na prefeitu-ra. Trabalhava guiando uma carroça com cinco burros pegando lixo por toda a cidade.Trabalhava todos os dias, nos domingos e feriados". Julio de Oliveira, 82 anos

"Tomava conta das catadeiras de café na Vila Terezinha. Do lado de minhacasa tinha um barracão onde guardava o café escolhido pelas mulheres, meu apelidoera Maria Catadeira /.../ Quando morava no sítio e meu filho era pequeno colocava eledentro de um caixote de querosene e um cachorro vigiando ele pra nenhuma vaca bravase aproximar enquanto eu lavava roupa no poço, que era no meio do pasto". Maria JoséCamargo de Oliveira

"Sempre trabalhei na roça, desde os oito anos de idade. Ia bem cedo praescola e a tarde trabalhava na roça". Luzinete de Oliveira Marques, 71 anos

"Meu avô alugava duas portas na sua própria casa onde funcionava a fune-rária São Vicente que foi aberta pelo seu Roque. Foi a primeira funerária e tinha doiscavalos pretos e uma carroça para levar os defuntos até o cemitério São Pedro". GuiomarFerreira de Oliveira, 72 anos

"/.../ Fui morar em uma fazenda. Lá tinha muita fartura, havia criação deporcos, de galinhas, tinha pomar, horta. Comiam muito curau e pamonha /.../ Os empre-

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gados da fazenda eram chamados de 'camaradas'". Neide Lazari Costa Nairne, 69 anos

"Eu colhia café. Às vezes eu ia limpar o tronco do café e tinha cobra, ficavacom medo. Depois, com 15 anos, vim pra cidade trabalhar como empregada doméstica.Trabalhei em várias casas e morava na casa dos patrões". Maria Cleide, 62 anos

"Meu pai trabalhava na empresa Agari como mecânico, era uma coopera-tiva japonesa, ele foi contratado para construir os motores para instalar as máquinas decafé". Zoilo Correa Lemos, 70 anos

A escola

"Estudei na escola japonesa que ficava no fim da pista do aeroporto. Anda-va três quilômetros para ir e três para voltar. Fiz até a 4ª série do primário. Em casa nãotinha relógio e para não perder a hora de ir para a escola eu marcava a hora no sol".Maria Guerreiro de Souza, 68 anos

"Estudei da 1ª a 4ª série no Colégio Estadual de Londrina que ficava ondehoje é o Colégio Champagnat; naquela época se aprendia muito mais". Evani da SilvaRibeiro, 67 anos

"Nunca freqüentei a escola, nem minhas irmãs. Meu pai só permitiu que osmeninos estudassem, eles estudavam numa escola perto da ponte seca". MarximianaSalvador da Silva, 73 anos

"Estudei no Colégio Hugo Simas. A diretora chamava-se MercedesMadureira e minha professora era a Dona Lourdes Borges /.../ Naquele tempo as coisaseram muito diferentes, havia dedicação dos professores e muito respeito /.../ Antes deentrar na sala de aula tinha que formar fila e colocar a mão no peito para cantar o HinoNacional". Zoilo Correa Lemos, 70 anos

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Cotidiano

"Naquela época era muito difícil comprar açúcar, querosene e farinha detrigo. Era uma briga na fila das vendas para conseguir comprar alguma coisa. Minhamãe fazia óleo de mamona e colocava dentro de uma vasilha com água e uma veladentro, enquanto tivesse óleo a vela não apagava. Dava pra queimar três noites e foicom esse óleo de mamona que substituiu o querosene". Marximinia Salvador da Silva,73 anos

"Meu pai era muito sistemático, não podia cantar, nem assoviar dentro decasa; quando meu pai falava todos obedeciam, até minha mãe". Lídia AparecidaBalassa, 66 anos

"Quando a pessoa morria era colocada em cima de uma porta que ficavasobre dois cavaletes e somente quando a funerária chegava com a charrete é que secolocava o defunto no caixão, que era de acordo com a idade da pessoa. Velho, o.caixãoera preto ou roxo; criança se fosse menino, o caixão era azul; se fosse menina era rosa;moças usavam caixão branco". Maria Cazarin, 75 anos

"No final de semana a Avenida Paraná era fechada com placas. Era o lazerda rapaziada, ficar andando pela rua". Luciano Teodoro Almirão, 78 anos

"Naquela época comprava óleo a granel, tinha que levar a garrafa de casa/.../ No início cozinhava sobre dois tijolos, depois tive um fogão a lenha". Maria MontovaniPerez, 62 anos

"A roupa a gente lavava na pedreira, em frente à Viação Garcia. Lá tinhabastante movimento, juntava muitas mulheres que conversavam e cantavam enquanto

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lavavam as roupas. Era muito gostoso". Olga Trindade de Souza, 73 anos

"Tinha um delegado que se chamava Pimpão. Quando aparecia marginalele pegava o cara, dava uma dose de purgante e o levava até o Rio Tibagi e mandavapular". Zoilo Correa Lemos, 70 anos

"Naquele tempo quase todo mundo tinha forno a lenha no quintal, onde erafeito muito pão caseiro. Como não tinha geladeira nas casas, quase todos criavam frangosnos quintais para consumo, porque quando compravam outros tipos de carne tinham queser consumidas logo para não estragar".

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3 - A VOZ DE QUEM PARTICIPOU

Os idosos

"Gostei muito, penso que os alunos gostaram. Eles perguntavam e ficaram muitoimpressionados com as nossas respostas. Fizemos bola de meia e eles brincaram. Foi muitobom". Ilda Augusta Ferreira / Escola Municipal Anita Garibaldi - Vila Santa Terezinha

"Achei lindo, conversei com as crianças. Elas estavam interessadas em nossashistórias". Sérgio da Silva Galvão / Escola Municipal Atanázio Leonel - Jardim São Jorge

"Achei que as crianças nos trataram muito bem; do meu tempo para estetempo tem muita diferença, estou em Londrina desde 1949". Henriqueta SemprebomFerreira / Escola Municipal Anita Garibaldi - Vila Santa Terezinha

"Gostei muito de participar com as crianças, alguns eram colegas do meuneto Vitor. Se tiver outras vezes e me convidarem eu estou à disposição". Olga Trinda-de de Souza / Escola Municipal Anita Garibaldi - Vila Santa Terezinha

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"Além de achar o ambiente agradável e as crianças muito educadas, ale-gres, eu nunca tinha dado entrevista. Nunca tinha visto tantas crianças juntas. Elas meabraçaram e entregaram o cartão. Fiquei feliz". Ari Venâncio / Escola Municipal MábioGonçalves Palhano - Parque Ouro Branco

"Para mim foi muito importante para as pessoas me conhecerem. As crian-ças me encontram na rua e pedem para que eu faça brinquedos". Mafalda SperandioBrandão / Escola Municipal Anita Garibaldi - Vila Santa Terezinha

"Achei muito legal ter dado entrevista na escola e no projeto, as crianças gos-taram muito". José Pedro Dias / Escola Municipal Atanázio Leonel - Jardim São Jorge

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"Fiquei muito contente. O que mais gostei foi quando cheguei em casa eos filhos vieram perguntar como tinha sido a entrevista". João Gregório Dias / EscolaMunicipal Hikoma Udihara - Vila Izabel

"Eu fiquei muito contente porque as crianças todas me abraçaram e fuirecebido muito bem pela diretora e as professoras". Edvaldo Lopes da Silva / EscolaMunicipal Hikoma Udihara - Vila Izabel

"Gostei muito do dia que fomos à escola ensinar artesanato e fizemos bo-necas de pano. Foi muito bom, pois relembramos nosso tempo de infância e podemosensinar algo que sabemos para as crianças". Noemia Maria de Jesus / Escola Munici-pal Leonidas Sobrino Porto - Jardim Leonor

"Eu gostei de participar na escola (oficina), porque a gente ensinou as cri-anças a fazer as bonecas de pano. Um menino me encontrou na rua e me reconheceu,perguntado quando iria voltar. Foi bom este dia na escola, pois animou as crianças e eu".Maria Cleide de Jesus / Escola Municipal Leonidas Sobrino Porto - Jardim Leonor

"Achei muito bom, os professores muito bons, nos receberam com muitocarinho e as crianças nos fizeram perguntas de nosso tempo antigo". Carmen CarmonaCapellini / Escola Municipal Pedro Vergara Correa - Mister Thomas

"Eu gostei no dia em que eu fui à escola, porque as crianças ficaram felizescom os brinquedos e com o pouco que a gente pôde ensinar para elas. Apesar da nossaidade a gente ainda tem um pouco de criança. Espero que ano que vem recebemosnovos convites, que estaremos prontas para irmos e brincarmos com elas". Estelita Pe-reira da Silva / Escola Municipal Leonidas Sobrino Porto - Jardim Leonor

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As crianças

"Eu aprendi que Londrina era diferente do que eu pensava /.../ que tinhatáxi que era uma carroça /.../ também foi legal o brinquedo que a gente fez boneca depano e carrinho". Valéria Aparecida Machado

"Aprendi a brincar e fazer um brinquedo chamado Cinco Marias. Aprendique o idoso tem muita experiência na vida e muito valor". Michele Souza Vespa

"Aprendi que quando Londrina começou tinha muita mata. As casas eram demadeira, não tinha roubo, mas tinha onça no meio da mata". Gabriel Moreira da Silva

"Agora vou dar mais atenção aos idosos e ver que eles têm muita coisapara ensinar pra gente". João Marcos

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"Eles foram muito gentis com as crianças e as crianças foram muito gentiscom os idosos /.../ e a gente cantou uma música para eles". Kawani Pereira da Costa

"Eu fiz algumas perguntas e eles responderam as minhas dúvidas /.../ Aprendi queas Cinco Marias são feitas de tecido. Costura-se dos dois lados e embaixo coloca areia ou arroze depois costura onde ficou aberto e depois é só brincar". David Matheus C. de Castro

"Aprendi a fazer uma coisa muito legal, entrevistar idosos /.../ Aprendi comoera antigamente o bairro Mister Thomas". Eduardo Felipe Simões Ronque

"Devemos respeitar muito os idosos porque eles são importantes".Giovanna Rodrigues de Oliveira

"Temos que respeitar os idosos. Eles são uma fonte de conhecimento es-pecial para nós". Luís Filipe

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"Eu gostei de ver eles respondendo as nossas perguntas de como era Lon-drina antigamente /.../ Eu gostei de costurar as Cinco Marias. É melhor do que ficar gas-tando dinheiro com coisas compradas". Jhuliano Costa de Carvalho

"Aprendi que os idosos brincavam, eu gostei muito dessa aula. Eu não vouesquecer esse dia". Ana Beatriz Cassapula

"/.../ Eles cozinhavam no fogão de lenha, eles faziam bonecas, eles planta-vam. Eles têm sonhos, também lavavam roupas no rio /.../ Eles plantavam café pra de-pois colher." Letícia Caroline Assis Araújo

"Aprendi coisas muito importantes para mim. Antigamente as crianças fa-bricavam seus próprios brinquedos". Lauane Aparecida da Silva

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"Aprendi como era a cidade antigamente". Thiago

"Perguntei a um senhor que estava sentado numa cadeira como era o nos-so bairro antigamente, ele respondeu que aqui era tudo cafezal e estrada de chão, querdizer: terra". Pedro Vinicius N. Nunes

"O que aprendemos, quando tivermos 66 anos, podemos passar para ou-tros netos e assim continua passando para outros e outros netos". Jhonatan

"Queria que eles voltassem outra vez para falarem mais como era antiga-mente". Talita Madeira

"Eu achei muito importante porque eu aprendi como era Londrina e comoos idosos brincavam". Gustavo Enrique de Souza

"Hoje eu aprendi que os idosos têm muito a nos ensinar. Conheci brinque-dos simples como Cinco Marias, Bola de Meia, Boneca de Sabugo de Milho e de Pano".Vitória Bispado Santana

Eles não tiveram vergonha, eles ensinaram pra gente /.../ Os idosos são aspessoas certas para contar sobre Londrina e muito mais". Lennon Santos Viana

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4 - ATIVIDADES REALIZADAS EM 2007

Escola Municipal Pedro Vergara Correa - Conjunto Mister Thomas:conversa com os alunos sobre o cotidiano em Londrina nos tempos passados, oficina debugalha e a "Tarde do Idoso" com a participação do coral infantil.

Escola Municipal Leonidas Sobrino Porto - Jardim Leonor: con-versa com os alunos sobre o cotidiano em Londrina nos tempos passados e ofi-cina de boneca de pano.

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Escola Municipal Atanázio Leonel - Jardim São Jorge: conversa comos alunos sobre o cotidiano em Londrina nos tempos passados.

Escola Municipal Anita Garibaldi - Vila Santa Terezinha: conversa com osalunos sobre o cotidiano em Londrina nos tempos passados e oficina de bola de meia.

Escola Municipal Mábio Gonçalves Palhano - Parque Ouro Branco:conversa com os alunos sobre o cotidiano em Londrina nos tempos passados, exposi-ção de utensílios e fotos antigas e oficina de peteca.

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Escola Municipal Hikoma Udihara - Vila Izabel: conversa com osalunos sobre o cotidiano em Londrina nos tempos passados e oficina de bugalha(Cinco Marias).

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REFERÊNCIAS

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BRASIL. Lei nº. 8.842, de 4 de janeiro de 1994. Dispõe sobre a Política Nacional doIdoso, cria o Conselho Nacional do Idoso e dá outras providências. Diário Oficial daUnião , Brasília, 5 jan. 1994, p.77, Seção 1.

________. Lei nº. 10.741, de 1º de outubro de 2003. Dispõe sobre o Estatuto do Idoso edá outras providências. Diário Oficial da União , Brasília, 3 out. 2003, p.1, Seção 1.

________. Ministério da Educação. Secretaria de Educação Fundamental. ParâmetrosCurriculares Nacionais: história e geografia. Brasília: MEC/SEF, 1997.

LONDRINA. Prefeitura Municipal. Secretaria Municipal de Educação. Proposta peda-gógica de 1ª a 4ª série da rede municipal de ensino de Londrina: história (versãopreliminar). Londrina: SME, 2006.

NUZZI, Andréa; ALMEIDA JR.,Francisco Pereira. Hino de Londrina. Disponível em:<http://home.londrina.pr.gov.br/homenovo.php?opcao=home&item=simbolos>.Acesso: 03 deNov. de 2009.

MASUR, Jandira. O frio pode ser quente? São Paulo: Ática, 1997.

SIMAN, Lana Mara de Castro. A temporalidade histórica como categoria central do pen-samento histórico: desafios para o ensino e a aprendizagem. In: ROSSI, Vera LúciaSabongi de; ZAMBONI, Ernesta. Quanto tempo o tempo tem? Campinas: Alínea, 2003.

THOMPSON, Edward P. Costumes em comum: estudos sobre a cultura popular tradi-cional. São Paulo: Companhia das letras, 1998.