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revista de assuntos eleitorais ISSN : 0871 - 7451 NÚMERO 4 Tempos de mudança A jurisprudência do Tribunal Constitucional em matéria eleitoral A cidadania local A reforma e modernização do recenseamento eleitoral Sociografias comparadas - Autarcas em 1989 e 1993

Tempos de - Portugal · 2020-01-27 · Tempos de mudança É-me particularmente gratificante colaborar neste número da Revista “Eleições”, acedendo ao amável convite que me

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ISSN : 0871 - 7451

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Tempos de mudança

A jurisprudência do TribunalConstitucional em matériaeleitoral

A cidadania local

A reforma e modernização dorecenseamento eleitoral

Sociografias comparadas- Autarcas em 1989 e 1993

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Tempos demudança

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ELEIÇÕESRevista de assuntos eleitorais (*)

Nº 4 - Dezembro de 1997

PROPRIEDADE:Ministério da Administração Interna

Secretariado Técnico dos Assuntos para o Processo Eleitoral

DIRECÇÃO:Maria de Fátima Ribeiro Mendes

COORDENAÇÃO TÉCNICA:Jorge Miguéis

REDACÇÃO E ADMINISTRAÇÃO:STAPE - Avª D. Carlos I - 134 - 1200 LISBOA

CAPA E ARRANJO GRÁFICO:Mário Pacheco

EXECUÇÃO GRÁFICA:SOARTES - artes gráficas, lda

ISSN:0871-7451

DEPÓSITO LEGAL:41658/90

(*) Título anotado pelo Instituto da Comunicação Social

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• TEMPOS DE MUDANÇA 5Jorge Almeida Coelho

• A JURISPRUDÊNCIA DO TRIBUNAL CONSTITUCIONAL EMMATÉRIA ELEITORAL 9

Armindo Ribeiro Mendes

• A CIDADANIA LOCAL 29José Leitão

• A REFORMA E MODERNIZAÇÃO DO RECENSEAMENTOELEITORAL 33

Jorge Miguéis

• SOCIOGRAFIAS COMPARADAS - AUTARCAS EM 1989 E 1993 43Maria da Graça Miragaia ArcherSusana Cristóvão CostaSónia Cristina Tavares

Índice

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Tempos de mudança

É-me particularmente gratificantecolaborar neste número da Revista“Eleições”, acedendo ao amávelconvite que me foi dirigido peloSTAPE.

Gratificante por colaborar numapublicação que reaparece depoisde dois anos de notada ausência,pois o lugar que ocupou no espaçoeditorial sobre a matéria eleitoral,nas suas múltiplas e interdiscipli-nares facetas, não foi preenchidopor roteiros de leitura alternativos.Assim entendo esta aposta edito-rial. A qualidade dos primeiros seisnúmeros desta Revista, dois dosquais com a referência de númerosespeciais, enchem-nos de justifica-da expectativa sobre os trabalhosagora cotejados para este volume,e para todos aqueles que seseguirão, dando novo fôlego a umprojecto que importa acarinhar.

Gratificante também porque estaRevista pertence a um organismoem cuja construção participei, logona fase dos alicerces, e ao qualdediquei quase uma década daminha vida profissional. São muitase gratificantes as memórias queguardo desse período, contem-porâneo do esforço de refundaçãoda democracia portuguesa, apósanos de letargia política e

anacrónico subdesenvolvimentosocial e económico. Vivido pordentro dos assuntos eleitorais,marcado pelas novas experiênciasde participação cívica e política emliberdade, esse período é algo deinolvidável.

Para essa refundação foi relevanteo papel do então novíssimoSecretariado Técnico dos Assun-tos para o Processo Eleitoral, pro-porcionando em 1975 a realizaçãodas primeiras eleições livres apósanos e anos de ditadura, consoli-dando em 1979 um recenseamen-to eleitoral fidedigno, cuja estruturasobreviveu até hoje, permitindo arealização de tantos e tão impor-tantes actos de eleição, que aju-daram a consolidar a jovemdemocracia portuguesa, fortifican-do-a. Perdoar-me-á o leitor estebreve apontamento de memória,que não esconde a saudade queos momentos profissionais inten-samente vividos a todos deixam.

Gratificante ainda porque o rea-parecimento da “Eleições” se fazcom a preocupação de aliar àtradição do texto escrito e publica-do em português sobre a matériaeleitoral, a inovação, aqui reflecti-da pelo acolhimento inédito decolaboradores externos. Tes-

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temunham-no os excelentes arti-gos sobre “A Jurisprudência doTribunal Constitucional em MatériaEleitoral”, da autoria do Juiz Con-selheiro Armindo Ribeiro Mendes,e “A Cidadania Local”, da autoriado Dr. José Leitão, Alto-Comis-sário para a Imigração e MinoriasÉtnicas. São contributos que, pelasua valia, credibilizam o projectoeditorial do STAPE, e aos quais seassociam outras relevantes con-tribuições, designadamente sobre“A Reforma e Modernização doRecenseamento Eleitoral”, assina-do pelo Dr. Jorge Miguéis, e oensaio sociológico sobre o perfildos eleitos locais, através de umaanálise comparativa com recurso adados de 1989 e 1993.

Não é fácil encontrar, olhando re-trospectivamente para os vinte equatro anos da democracia por-tuguesa, um período tão profícuocomo o que presentemente vive-mos em termos da revisão e con-solidação do sistema eleitoral,enquanto parte integrante do sis-tema político.

Este período, que entendo ser demudança serena e firme nodomínio da arquitectura e dinâmi-ca desse sistema, iniciou-se com aaprovação do programa do Go-verno em Novembro de 1995.Neste documento programático é

inequívoca a visão estratégicasobre a necessidade de aper-feiçoar os mecanismos participa-tivos na vida política por parte doscidadãos. Sem a revitalizaçãodesses mecanismos, Portugal cor-reria o risco de, a prazo, assistir aodivórcio entre o instituto da democ-racia e o seu pulmão: a partici-pação cívica e política do cidadão.Assim, o Governo propôs e está aconcretizar uma reforma do sis-tema eleitoral para a Assembleiada República. A revitalização dademocracia passa por umaresponsabilização política actual-izada, garantindo a proximidadeentre quem é eleito e quem elege,mantendo dois arquétipos dasdemocracias modernas: a plurali-dade e a proporcionalidade da rep-resentação.

Não se poderia ficar, por outrolado, indiferente aos sinais visíveisde desactualização do recensea-mento eleitoral. Concebido, comojá referi, no final da década de 70,havia que o refrescar com umaactualização extraordinária, recor-rendo às novas tecnologiasdisponíveis com a informática, cor-rigindo a acumulação de registosde eleitores que o não são mais,expurgando-o de inscrições múlti-plas, tendo em vista, afinal, credi-bilizar esse instrumento funda-mental para o exercício do direito

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de voto, reduzindo-lhe a margemde incerteza que a chamadaabstenção técnica sugere. Sobreeste propósito obteve-se naAssembleia da República umaconvergência unânime. Para oêxito desta operação foi decisivo oesforço das Comissões Recen-seadoras, às quais cabe justoreconhecimento pelo trabalhodesenvolvido desde a primeirahora, e particularmente nesta fasede intenso trabalho.

Assim, o Governo propôs e está aconcretizar a reforma e a modern-ização do recenseamento eleitoral,promovendo aquela que será, por-ventura, a maior e a mais célereoperação de criação de uma basede dados jamais realizada no País.Tal operação permitirá encarar apossibilidade, quando tal for enten-dido, da realização de actos refe-rendários em Portugal já no ano de1998.

Mas outras importantes reformastiveram igualmente expressãomaterial ou estão em via de seconcretizarem.

Refiro-me à consagração dos di-reitos eleitorais de estrangeirosnas eleições para as autarquiaslocais, com base no princípio dareciprocidade. De largo alcance,esta mudança permite não só o

envolvimento cívico e a partici-pação política de muitos estran-geiros que escolheram Portugalpara viver, criando condições paraque, se o entenderem, contri-buírem activamente para o desen-volvimento das comunidades aque pertencem, mas permite igual-mente que muitos portugueses,residentes no estrangeiro, usufru-am desses mesmos direitos nascomunidades em que se integram.

Refiro-me ainda à consagração dapossibilidade de jovens com 17anos de idade se registarem norecenseamento eleitoral, com vistaà sua participação em actoseleitorais que ocorram quandoesses mesmos jovens eleitorestiverem feito 18 anos. Trata-se deconceder capacidade eleitoral aosmais jovens eleitores portuguesesque, por mera questão de aniver-sário, não coincidente com o ca-lendário eleitoral, se encontravamimpossibilitados de exercer umdireito fundamental.

Refiro-me, por último, ao conjuntode adaptações à legislação elei-toral que importa concretizar,tendo presente as novas exigên-cias constitucionais. Tais adap-tações, repercutidas nos articula-dos legais para a eleição dos difer-entes órgãos de soberania (Pre-sidente da República, Assembleia

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Jorge Almeida CoelhoMinistro da Administração Interna

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da República, Autarquias), melho-rarão substancialmente o sistemaeleitoral e marcarão positivamentea mudança do sistema político naviragem deste século, e quando seaproxima a celebração do primeiroquarto de século de vida demo-crática em Portugal.

São tempos de mudança como osque vivemos no passado recente,tempos de mudança como o quevivemos no presente, que nosmotivam para que o significadodessas comemorações não serestrinja a um valor meramentesimbólico. Pelo contrário, motiva-mo-nos para que ao simbolismo seassocie uma expressão viva dosignificado que emprestamos àconcretização material das refor-mas em que todos estamosempenhados.

No seu conjunto, entendo que taisreformas significam, antes demais, uma condição inadiável parareforçar a cultura democrática emPortugal. Melhorar procedimentos,consagrados em lei, no sentido deestimular a participação cívica epolítica dos cidadãos, reforça acultura democrática. Actualizarinstrumentos decisivos paragarantir essa participação, como éo caso do recenseamento eleitoral,reforça a cultura democrática dasinstituições. Criar uma nova arqui-tectura para os círculos de eleiçãodos representantes dos cidadãos,reforça a cultura democrática deum povo.

Esforço, empenhamento, dedi-cação, motivação, iniciativa políti-ca, são condimentos imprescindí-veis nos tempos de mudança.

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I. INTRODUÇÃO

1. O Tribunal Constitucional por-tuguês vai a caminho do seu déci-mo quinto aniversário e, entre assuas espécies jurisprudenciais,avultam as proferidas em matériaeleitoral, dada a atribuição a esteórgão jurisdicional da competênciade Supremo Tribunal Eleitoral, noque toca a eleições políticas.

Embora as funções do autor destebreve estudo como juiz do TribunalConstitucional impeçam, pelaprópria natureza das coisas, queele disponha do necessário distan-ciamento para poder apreciar criti-camente a evolução dessajurisprudência, cujo início remonta,na prática, a 1985 (1), tentará, dequalquer modo, pôr em relevoalguns traços dominantes damesma sobre diferentes pontos emmatéria eleitoral, a qual se encon-tra dispersa por cerca de quatro-centas decisões tiradas emplenário do Tribunal Constitucional.Acrescentar-se-á que a esmagado-

A jurisprudência do TribunalConstitucional em matéria eleitoral

ra maioria destas decisões foramproferidas em recursos interpostosde decisões respeitantes aeleições autárquicas, em especialem matéria de alegadas inelegibi-lidades, por serem tais eleições asque envolvem um maior númerode candidatos e em que as pes-soas que as disputam são bemconhecidas dos outros concor-rentes, o que propicia uma maiorlitigância.

2. Como é do conhecimentogeral, não existe ainda emPortugal um Código Eleitoral, dife-rentemente do que sucede noutrospaíses europeus. Em 1987, foielaborado um Projecto de CódigoEleitoral por uma comissão presi-dida pelo Prof. Jorge Miranda, maso mesmo não chegou a converter-se em lei (acha-se publicado noBoletim do Ministério da Jus-tiça, nº 364, págs. 45 e seguintes).

Após a Revolução de 25 de Abrilde 1974, firmou-se a ideia, acolhi-

(1) O Tribunal Constitucional iniciou as suas funções em 6 de Abril de 1983, mas não obstante ter pro-ferido quatro decisões em matéria eleitoral antes de 1985, é só nesse ano que proferiu decisões sobrematéria de fundo, quanto às eleições autárquicas de 1985 e à eleição presidencial realizada nos primeirosmeses do ano seguinte.

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da no Programa do Movimento dasForças Armadas, de que deveriaser eleita uma AssembleiaConstituinte para elaboração deuma Constituição democrática.Nomeada pelo Governo Provisóriouma comissão de redacção darespectiva lei eleitoral, veio esta apreparar um diploma que acolheu,pela primeira vez na nossahistória, o sufrágio universal detodos os portugueses, de ambosos sexos, maiores de dezoito anos,independentemente de saberemler e escrever ou de terem umpatrimónio de certa dimensão.

Os princípios basilares da LeiEleitoral para a AssembleiaConstituinte (Decreto-Lei nº 621-C/74, de 15 de Novembro) anteci-param, assim, algumas das regrasfundamentais sobre direito elei-toral que viriam a ser consagradasna Constituição de 1976 (cfr. arts.48º, nºs 2 e 4, 116º e 290º, alíneah), da versão originária): "O sufrá-gio é universal, igual e secreto";"o sufrágio directo, secreto e pe-riódico constitui a regra geral dedesignação dos titulares dosórgãos electivos da soberania, dasregiões autónomas e do poderlocal".

O modelo desta lei eleitoralinspirou a Lei Eleitoral para aAssembleia da República(Decretos-Lei nºs 93-C/76, de 29de Janeiro, e 236-D/76, de 5 deAbril), bem como as restantes leiseleitorais previstas nos arts. 295º,302º, nº 1, e 303º da versão ori-ginária da Constituição. Importaráainda referir que as chamadasincapacidades cívicas estabeleci-das a título transitório para aeleição da Assembleia Consti-tuinte, foram constitucionalizadaspelo art. 308º da versão de 1976 daConstituição, devendo tais inca-pacidades aplicar-se às eleiçõespara os órgãos de soberania, dasregiões autónomas e do poderlocal que devessem iniciar funçõesdurante o período da primeira le-gislatura (2).

3. As fontes de direito eleitoral re-lativamente a eleições políticasencontram-se, assim, dispersaspor diferentes leis, sucessivamentealteradas. Passam a indicar-seessas leis:

• Lei Eleitoral relativa à eleição doPresidente da República (abrevi-adamente, LEPR) - Decreto-Lei

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(2) Cfr. Jorge Miranda, O Direito Eleitoral na Constituição, in Estudos sobre a Constituição, ob. colectiva,Lisboa, 1978, págs. 461 e segs. (estudo republicado in Estudos de Direito Eleitoral, Lisboa, 1995, págs.67 e segs); Gomes Canotilho e Vital Moreira, Constituição da República Portuguesa Anotada, 1ª ed.,Coimbra, 1978, págs. 526 e segs; Marcelo Rebelo de Sousa, Os Partidos Políticos no DireitoConstitucional Português, Braga, 1983, págs. 293-295.

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nº 319-A/76, de 3 de Maio,sucessivamente alterado, sendoas últimas dessas alteraçõesintroduzidas pelas Leis nsº11/95, de 22 de Abril, 35/95, de18 de Agosto, e 110/97, de 16 deSetembro;

• Lei Eleitoral para a Assembleiada República (abreviadamente,LEAR) - Lei nº 14/79, de 16 deMaio, sucessivamente alterada,constando as últimas alteraçõesdas Leis nº 10/95, de 7 de Abril,e 35/95, de 18 de Agosto;

• Lei Eleitoral dos Órgãos dasAutarquias Locais (abreviada-mente, LEOAL) - Decreto-Lei nº701-B/76, de 29 de Setembro,diploma alterado por diversasvezes, por último pelas Leis nºs9/95, de 7 de Abril, 50/96, de 4de Setembro (esta última lei pro-cedeu à transposição para aordem jurídica interna daDirectiva nº 94/80/CE, do Con-selho, de 19 de Dezembro, rela-tiva ao exercício do direito devoto e à elegibilidade nas ele-ições autárquicas por parte decidadãos europeus residentesnum Estado membro de que nãotenham a nacionalidade) (3) e

110/97, de 16 de Setembro;

• Lei Eleitoral da AssembleiaLegislativa Regional da Madeira(abreviadamente, LEARM) -Decreto-Lei nº 318-A/76, de 30de Abril.

• Lei Eleitoral da AssembleiaLegislativa Regional dos Açores(abreviadamente, LEALRA) -Decreto-Lei nº 267/80, de 8 deAgosto.

Em plano diverso, embora se tratede legislação portuguesa, se deve-rá colocar a Lei Eleitoral para oParlamento Europeu (abreviada-mente, LEPE), visto que a mesmase destina a regular o sufrágiopara Deputados Europeus desig-nados por Portugal (4). Como a leivigente nesta matéria remete paraa Lei Eleitoral para a Assembleiada República quanto a muitasmatérias, teremos de ter ematenção apenas as especiali-dades, quando for caso disso (cfr.art. 1º LEPE).

4. Nesta breve introdução, impor-tará ainda chamar a atenção paraalguns aspectos basilares do direi-to eleitoral português, os quais

(3) Na mesma Lei nº 50/96, foram atribuídos direitos eleitorais a cidadãos estrangeiros, nacionais de out-ros países, nomeadamente de Estados de língua oficial portuguesa, em regime de reciprocidade (cfr. art.15º da Constituição; cfr. M.Fátima Abrantes Mendes e Jorge Miguéis, Órgãos das Autarquias Locais - LeiEleitoral Anotada e Comentada, Lisboa, 1997, págs. 7 e segs.).(4) Lei nº 14/87, de 29 de Abril, alterada pela Lei nº 4/94, de 9 de Março.

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permitem iluminar certas facetasimportantes da jurisprudência doTribunal Constitucional na matéria.

Nos termos do art. 113º, nº 2, daConstituição (texto da quartarevisão constitucional, aprovadapela Lei Constitucional nº 1/97, de20 Setembro), o recenseamentoeleitoral é "oficioso, permanente eúnico para todas as eleições porsufrágio directo e universal, semprejuízo do disposto nos nºs 4 e 5do artigo 15º e no nº 2 do artigo121º” (5).

O recenseamento é uma operaçãode inscrição dos eleitores nosrespectivos cadernos eleitorais,operação que, no dizer de GomesCanotilho e Vital Moreira, é"condição do exercício do direitode sufrágio", uma vez que "só oscidadãos recenseados podemexercer o direito de voto, tanto emeleições como nos referendos. Tal

requisito que aflora expressa-mente em algumas normas consti-tucionais (cfr. arts. 118º - 1 e 124º- 1) decorre necessariamente dafunção de registo e de certificaçãodo recenseamento e de controloda regularidade dos actoseleitorais e dos referendos" (6). ALei do Recenseamento (abrevi-adamente LREC) remonta a 1978(Lei nº 68/78, com sucessivasalterações, as últimas das quaisforam introduzidas pelas Leis nº3/94, de 28 de Fevereiro, e 50/96,de 4 de Setembro). Deve notar-seque o recenseamento do regimeanterior (que contava apenas 1,8milhões de eleitores em 1973) foiabandonado, regulando-se orecenseamento em moldes novos(Decreto-Lei nº 621-A/74, de 15 deNovembro), tendo até ao presentequintuplicado o número decidadãos recenseados, muitoembora se considere que essenúmero se acha significativamente

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(5) Os nºs. 4 e 5 e o art. 15º da Constituição reconhecem a possibilidade de a lei atribuir a estrangeirosresidentes no território nacional, em condições de reciprocidade, capacidade eleitoral activa e passivapara a eleição dos titulares de órgãos de autarquias locais, bem como a possibilidade de, em regime dereciprocidade, atribuir capacidade eleitoral activa e passiva aos cidadãos de Estados-membros da UniãoEuropeia residentes em Portugal nas eleições para o Parlamento Europeu. O art. 121º, nºs 1 e 2, recon-hecem capacidade eleitoral activa, na eleição para o Presidente de República, aos cidadãos portuguesesresidentes no estrangeiro, devendo ter em conta a existência de laços de efectiva ligação à comunidadenacional. Importa chamar a atenção para o facto de ter sido agora afastada a solução tradicional de sóconferir capacidade eleitoral, na eleição para o Presidente da República, aos cidadãos residentes no ter-ritório nacional. Segundo o art. 297º da Constituição, "consideram-se inscritos no recenseamento eleitoralpara a eleição do Presidente da República todos os cidadãos residentes no estrangeiro que se encontreminscritos nos cadernos eleitorais para a Assembleia da República em 31 de Dezembro de 1996, depen-dendo as inscrições posteriores da lei prevista no nº 2 do artigo 121º" (trata-se de uma lei orgânica a seraprovada por maioria de 2/3 dos Deputados presentes, desde que superior à maioria absoluta dosDeputados em efectividade de funções - art. 168º, nº 6, da Constituição).(6) Constituição da República Portuguesa Anotada, 3ª ed. revista, Coimbra, 1993, pág. 519. Os artigosreferidos da Constituição têm hoje outra numeração (arts. 115º, nº 1 e 121º, nº 1).

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inflacionado, razão por que seprevê para o próximo ano de 1998a informatização global dorecenseamento eleitoral, o quepermitirá detectar mais facilmenteinscrições de cidadãos já falecidose duplas inscrições decorrentes detransferência de residência.

A Lei nº 19/97, de 19 de Junho,passou a prever a possibilidade derecenseamento a título provisóriopara os menores de 17 anos quenão completem a maioridade atéao termo do período anual derecenseamento

5. A nossa Constituição consagra,entre os princípios gerais de direitoeleitoral, o de que "os cidadãostêm o dever de colaborar com aadministração eleitoral, nas formasprevistas na lei" (nº 4 do art. 113º).

Trata-se de um dever de caráctercívico-político que pode traduzir-sena obrigatoriedade de prestação

de serviços nas operações derecenseamento (cfr. o regime dascomissões recenseadoras con-stante dos arts. 11º a 17º daLREC) e nas operações eleitorais,nomeadamente a participação nasmesas das assembleias de voto.

A Administração Eleitoral abrangediferentes órgãos de âmbitonacional, regional ou local.

A nível nacional, importará indicarum órgãos independente, aComissão Nacional de Eleições,(abreviadamente, CNE) (7) e umórgão da Administração PúblicaCentral, o Secretariado Técnicodos Assuntos para o ProcessoEleitoral (abreviadamente, STAPE)(8), integrado na orgânica doMinistério da AdministraçãoInterna.

A Comissão Nacional de Eleiçõesfoi prevista logo na primeira leieleitoral publicada após aRevolução de 25 de Abril (arts. 13º

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(7) Regulada pela Lei nº 71/78, de 27 de Dezembro. A CNE funciona junto da Assembleia da República,é presidida por um juiz conselheiro do Supremo Tribunal de Justiça, a designar pelo Conselho Superiorda Magistratura, por 5 cidadãos de reconhecida idoneidade profissional e moral, designados pelaAssembleia da República em lista completa e nominativa, sendo cada um proposto por cada um dos cincopartidos mais representados naquela Assembleia, e por 3 Técnicos de diferentes Ministérios. Sobre esteórgão e suas competências, veja-se Jorge Miranda, Sobre a Comissão Nacional de Eleições, in Estudosde Direito Eleitoral cit., págs. 155 e segs.. Quanto à natureza deste órgão administrativo independentevejam-se Parecer nº 20/82 da Comissão Constitucional (in Pareceres da Comissão Constitucional, 20º vol-ume, págs. 73 e seguintes, e acórdãos do Tribunal Constitucional nº 165/85, 200/85, 23/86, e 605/89, pub-licados in Acórdãos do Tribunal Constitucional, 6º volume, págs. 661 e seguintes, 743, e seguintes, 7º vol-I, 381 e seguintes, 14º, 587 e seguintes, respectivamente.(8) Trata-se de um serviço "que tem por objectivo a organização, apoio, execução e estudos em matériaeleitoral" (Decreto-Lei nº 15/89, de 11 de Janeiro).

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a 19º da Lei Eleitoral para aAssembleia Constituinte, Decreto-Lei nº 621-C/74, de 15 deNovembro).

II. INTERVENÇÃO DOS TRI-BUNAIS E DE OUTROSÓRGÃOS DE ADMINISTRA-ÇÃO ELEITORAL EM MATÉ-RIA DE CONTENCIOSO ELEI-TORAL EM SENTIDO AMPLO

6. A Constituição vigente esta-belece desde 1982 que "o julga-mento da regularidade e da vali-dade dos actos de processoeleitoral compete aos tribunais"(art. 113º, nº 7). Deve notar-se quena versão originária daConstituição, só era garantida areserva do juiz quanto ao "julga-mento da validade dos actoseleitorais" (nº 6 do artº. 116º).

Há, assim, uma garantia constitu-cional do controlo jurisdicional davalidade e regularidade dos actosde processo eleitoral, embora nãose estabeleça neste preceito quaisos tribunais que dispõem de com-petência na matéria.

No termos do art. 223º, nº 2,alínea c), da Constituição atribui-se ao Tribunal Constitucional acompetência para julgamento "emúltima instância da regularidade e

da validade dos actos do processoeleitoral, nos termos da lei".

No plano do direito ordinário,foram confiadas aos tribunais judi-ciais, como tribunais comuns,importantes competências emmatéria de apresentação de candi-daturas e respectivo contencioso,como se passará a ver. Mas oTribunal Constitucional dispõe decompetências muito amplas noque toca às eleições para oPresidente da República (arts. 14ºe 115º LEPR; Lei nº 28/82, de 15de Novembro, alterada pela Lei nº85/89, de 7 de Setembro - Lei doTribunal Constitucional, abreviada-mente LTC, arts. 8º, alíneas a) e c),92º e segs.) e para o ParlamentoEuropeu (LEPE, arts. 9º e 13º),estando os tribunais judiciais,enquanto tais, afastados não só daapresentação de candidaturas erespectivo contencioso, como docontencioso dos actos eleitoraispropriamente ditos, neste últimocaso à semelhança do que sucedenas restantes eleições políticas.

7. A Constituição distingue, no nº7 do art. 113º, entre regularidade evalidade dos actos constitutivos doprocedimento eleitoral.

Assim, no plano do contenciosoeleitoral em sentido amplo, importa

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distinguir os vícios que afectam amera regularidade dos actos cons-titutivos do procedimento elei-toral,daqueles, mais graves, que dãocausa a uma invalidade (quer sejauma inexistência jurídica, nulida-de ou anulabilidade). No dizer deGomes Canotilho e Vital Moreira,as irregularidades dos actosconstitutivos do procedimentoeleitoral, "embora constituam for-mas de inobservância da lei, impli-cam, em geral, a aplicação desanções ou ónus ao agente doacto, mas não influem sobre a va-lidade do acto em si (irregulari-dades não invalidantes). É o caso,por exemplo, da violação dasregras de publicidade, de utiliza-ção abusiva do tempo de antena,da violação dos deveres dos pro-prietários das salas de espectácu-los, etc." (9).

Tem interesse notar que, dentroda noção de contencioso eleitoralem sentido amplo, nos surgemdiferentes espécies de con-tencioso: contencioso de apresen-tação de candidaturas; con-tencioso de actos de adminis-tração eleitoral; contenciosoeleitoral em sentido restrito.

8. Vejamos, em primeiro lugar, ascompetências dos tribunais judici-ais e dos seus juízes em matériade recenseamento eleitoral.

Nos termos do art. 36º LREC, dasdecisões da comissão recen-seadora proferidas sobre recla-mações respeitantes a elimi-nações dos cadernos eleitorais(art. 31º, nº 5), a omissão ouinscrição indevidas nos cadernosde recenseamento (art. 35º), caberecurso a interpor, até cinco diasapós a afixação dessa decisão,pelo reclamante ou por qualqueroutro cidadão eleitor para o juiz dedireito da comarca respectiva. Aspetições de recurso, acompan-hadas por todos os elementosnecessários para a respectivaapreciação, são apresentadasdirectamente no tribunal.

Após audição dos recorridos(comissão recenseadora compe-tente; eleitor cuja inscrição sejaconsiderada indevida pelo recor-rente, se for o caso), o juiz decideno prazo de cinco dias. Destadecisão não há recurso (10).Trata-se de um contencioso denatureza administrativa, embora

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(9) Constituição cit., 3ª ed., pág. 524.(10) Das decisões das comissões recenseadoras no estrangeiro cabe recurso hierárquico para o embai-xador (art. 36º, nº 6, LREC). A não previsão de recurso contencioso só pode explicar-se pela circunstân-cia de se tratar de actos praticados no estrangeiro.

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de plena jurisdição, confiado aostribunais judiciais.

9. Os juízes dos tribunais decomarca têm competência paraadmitir ou rejeitar as candidaturasapresentadas nas eleições para aAssembleia da República (arts.23º, 27º, 28º, LEAR), para asassembleias legislativas regionais(arts. 14º, 18º, 19º e 20º LEALRM;arts. 23º, 26º, 27º, e 28º, LEALRA)e para as autarquias locais(assembleias municipais; câmarasmunicipais; assembleias defreguesia - arts. 17º, 19º, 20º e 21ºLEOAL). Todas estas leis regulamo contencioso de apresentação decandidaturas com detalhe.

As diferentes leis estabelecem aseguinte tramitação típica:

• as candidaturas são apresen-tadas perante o juiz do tribunaljudicial com jurisdição na sededo círculo eleitoral ou do municí-pio respectivos, devendo estemandar afixar cópias das mes-mas à porta do edifício do tri-bunal, no fim do prazo de apre-sentação;

• em curto prazo subsequente, ojuiz tem de verificar a regulari-dade do processo, a autentici-dade dos documentos que o

integram e a elegibilidade doscandidatos;

• verificando haver irregularidadesprocessuais, nomeadamente afalta de suplentes, o juiz ordenaa notificação do mandatário delista para suprir essas irregulari-dades em certo prazo, ou parasubstituir candidatos considera-dos inelegíveis;

• findos os prazos de suprimento,o juiz opera nas listas as rectifi-cações ou aditamentos requeri-dos pelos mandatários e decidesobre a admissão ou rejeiçãodas candidaturas, fazendo afixarà porta do tribunal as listas recti-ficadas ou completadas, bemcomo uma relação completa detodas as listas admitidas;

• no domínio do contencioso deapresentação de candidaturas,as decisões do juiz são objectode reclamação, em prazo curto,para o próprio juiz;

• das decisões proferidas pelo juizsobre as referidas reclamaçõescabe recurso para o TribunalConstitucional, a interpor emprazo muito curto, no tribunal aquo, onde se organiza o contra-ditório;

• O Tribunal Constitucional decide

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em plenário sobre os recursosinterpostos, nos autos quesobem do tribunal a quo.

10. Deve notar-se que aComissão Nacional de Eleiçõesdispõe de competências que afec-tam os procedimentos derecenseamento e os procedimen-tos eleitorais.

De facto, de harmonia com o dis-posto no artº 5º da Lei nº 71/78, de27 de Dezembro, atrás citada,cabe à CNE "assegurar a igual-dade de tratamento dos cidadãosem todos os actos de recensea-mento e operações eleitorais","assegurar a igualdade de oportu-nidades de acção e propagandadas candidaturas durante as cam-panhas eleitorais", "proceder à dis-tribuição dos tempos de antena narádio e na televisão entre as difer-entes candidaturas", "decidir osrecursos que os mandatários daslistas e os partidos interpuseremdas decisões do governador civil,ou, no caso das regiões autóno-

mas, do Ministro da República, re-lativas à utilização das salas deespectáculos e dos recintos públi-cos" (alínea b), d), f) e g) do nº 1desse artigo).

Das deliberações deste órgãoadministrativo independente -bem como das de outros órgãosadministrativos - cabe recurso con-tencioso para o Tribunal Constitu-cional, nos termos do art. 102º-B,nº 1, da LTC. Este artigo foi intro-duzido na Lei do Tribunal Cons-titucional apenas em 1989, con-sagrando uma orientação jurispru-dencial firmada anteriormente(11).

Importa acentuar que são suscep-tíveis de recurso para o TribunalConstitucional os actos praticadospor outros órgãos da adminis-tração eleitoral (art. 102º-B, nº 7)não estando excluído de todo emtodo que o próprio juiz de direitopossa praticar actos administra-tivos impugnáveis contenciosa-mente ao abrigo desta disposição(12).

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(11) Vejam-se os acórdãos nºs. 165/85, 200/85, 19/86, 23/86, 24/86, 404/89 (publicados in Acórdãos doTribunal Constitucional, 6º vol. pág. 662 e segs., 743 e segs. 7º vol., tomo I, págs. 367 e segs., 381 e segs.,401 e segs., 13º vol. II, págs. 1403 e segs. respectivamente).(12) Vejam-se as situações descritas nos acórdãos nºs. 287/92 e 288/92 (publicados in Acórdãos, 22º vol.,págs. 977 e segs. e Diário da República, II Série, nº 217, de 19-9-92, respectivamente). Veja-se tambémo contencioso sobre a impressão dos símbolos dos boletins (por exemplo, acórdãos nºs. 258/85 e 544/89,in Acórdãos, 6º vol., págs. 951 e segs., e 14º vol., págs. 437 e segs.).

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11. No que respeita à impug-nação das irregularidades ocorri-das no decurso da votação e noapuramento parcial e geral, osjuízes dos tribunais de comarcaestão afastados do respectivo con-tencioso (contencioso eleitoral emsentido restrito).

De facto, tais irregularidades care-cem de ser objecto de reclamaçãoou protesto no acto em que se ve-rificaram, os quais terão de serdecididos pelo respectivo órgãocolegial de administração eleitoral(mesa da assembleia ou secçãode voto durante o acto eleitoral;assembleia de apuramento parcialou assembleia de apuramentogeral, após o termo do período devotação).

Da decisão desses órgãos caberecurso de plena jurisdição, a inter-por, em prazos curtos, para oTribunal Constitucional (arts. 114ºe 115º LEPR; arts. 117º e 118ºLEAR; art. 13º, nº 3, LEPE; arts.110º e 111º LEALRM; arts. 117º e118º LEALRA; arts. 103º e 104ºLEOAL) (13).

12. É este o quadro de eleiçõespolíticas que importa considerar.

O Tribunal Constitucional conside-rou em 1994 que carecia de com-petência para conhecer do recursointerposto de irregularidadescometidas no acto de eleição dosvogais da junta de freguesia e damesa da assembleia realizado narespectiva assembleia de fregue-sia (cfr. art. 7º, nºs. 3 e 4, doDecreto-Lei nº 100/84, de 29 deMarço). Entendeu que se tratavade uma eleição cujo contenciosocabia aos tribunais administrativos,nos termos dos arts. 59º eseguintes da Lei de Processo nosTribunais Administrativos (14).

III. JURISPRUDÊNCIA DO TRI-BUNAL CONSTITUCIONALEM MATÉRIA ELEITORAL

13. Procurando caracterizar, nassuas grandes linhas, a jurisprudên-cia do Tribunal Constitucional,parece possível acentuar osseguintes traços:

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(13) O Tribunal Constitucional julgou que o juiz de direito era absolutamente incompetente para conhecerdo recurso previsto no art. 103º LEOAL (acórdão nº 424/87, in Acórdãos do Tribunal Constitucional, 10ºvol., págs. 645 e segs.).(14) Acórdão nº 88/94 (publicado no DR, II S., nº 111, de 13-05-94). Deve notar-se que esta doutrina seafastou de entendimento diverso anterior (v. acórdão nº 25/86, in Acórdãos, 7º vol., tomo I, págs. 407 esegs.), muito embora neste último caso se tratasse da eleição da junta no plenário de cidadãos eleitores(art. 19º do Decreto-Lei nº 100/84, de 29 de Março), ao passo que no primeiro se tratava da eleição dajunta de freguesia numa assembleia de freguesia eleita no sufrágio de 1993.

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• trata-se de uma jurisprudênciaamplamente consensual, emque grande parte das decisõesforam tiradas por unanimidadeou por significativas maiorias;

• trata-se de uma jurisprudênciarigorosa quanto ao cumprimentodas formalidades e prazos (bas-tará referir as decisões repetidasde não conhecimento dos recur-sos por extemporaneidade, porfalta de elementos instrutórios -cuja obtenção não é admitidapor via oficiosa - ou por falta dereclamação legal, quando estaseja exigida para que possarecorrer-se da decisão final) equanto às exigências deseriedade, liberdade e democra-ticidade dos actos do processoeleitoral;

• trata-se de uma jurisprudênciaque implicou alterações constitu-cionais pontuais - recordar-se-á,como caso mais significativo, oaditamento do nº3 ao artº 50º daConstituição, na revisão de1989, para ir ao encontro dajurisprudência sobre inelegibili-dades de 1985 (15) - bem como

alterações na própria lei orgâni-ca do Tribunal Constitucional(por ex., o aditamento do artº102º-B em 1989) ou até da leiordinária (por ex., aditamento donº2 ao artº 4º LEOAL, pela Lei nº9/95, de 7 de Abril, consagrandouma inelegibilidade restrita àrespectiva circunscrição eleitoraldos funcionários judiciais);

• trata-se, por último, de umajurisprudência que assentoudiferentes soluções na aceitaçãode princípios gerais axiomatica-mente formulados: "a lei nãodistingue, quanto aos requisi-tos formais de apresentaçãode candidaturas, entre ele-mentos essenciais e os que onão são, nem define o quesejam irregularidades proces-suais supríveis" (ac. 220/85;Acórdãos, 6º vol. págs. 777 esegs., v. acs. 234/85, 527/89,698/93, publicados in Acórdãos,6º vol. págs. 857 e segs., 14ºvol., págs. 271 e segs; e 26º vol.,págs. 351 e segs; "em processoeleitoral não é possível passarà fase seguinte sem que a faseanterior esteja definitivamente

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(15) Dispõe o nº3 do art. 50º - "No acesso a cargos electivos a lei só pode estabelecer as inelegibilidadesnecessárias para garantir a liberdade de escolha dos eleitores e a isenção e independência dos respec-tivos cargos". O Tribunal Constitucional justificou constitucionalmente certas inelegibilidades constantesdo art. 4º do Decreto-Lei nº 701-B/76 (LEOAL) com base na aplicação analógica do então art. 153º (hoje,artº 150º) da Constituição ( para os Deputados a Constituição permite o estabelecimento de restrições àelegibilidade "por virtude de incompatibilidades locais ou do exercício de certos cargos"). Vejam-se emespecial os acórdãos nºs 225/85 (Acórdãos, 6º vol., págs. 793 e segs), 244/85 (Acórdãos, 6º vol., págs.211 segs), 250/85 (Acórdãos, 6º vol., págs. 917 e segs).

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consolidada" - princípio da"cascata" ou da aquisição pro-gressiva dos actos do proces-so eleitoral, dada a calen-darização rigorosa deste últi-mo (acórdãos nºs 262/85,322/85, 323/85, 527/89, 539/89,861/93, publicados os quatroprimeiros in Acórdãos, 6º vol.,págs. 1003 e segs. 1113 e segs,1123 e segs., 14º vol., págs. 315e segs., págs. 409 e segs e oquinto in Diário da República, IISérie, nº 108, de10-5-89; "emcontencioso eleitoral, só hárecurso de decisões definiti-vas, tomadas sobre recla-mação ou protesto; onde nãohá reclamação, não há recur-so" (acórdãos nºs 240/85,249/85, 471/89, 686/93, 688/93,720/93, publicados in Acórdãos6º vol., págs. 875 e segs., 915 esegs; 14º vol., págs. 271 e segs.,Diário da República, II Série,nºs 16, de 20-1-94, e Acórdãos,26º volume, págs. 345 e segs. e439 e segs, respectivamente);"os recursos de contenciosoeleitoral interpostos para oTribunal Constitucional sãorecursos de plena jurisdição,devendo o Tribunal substituir-seà entidade recorrida na práticade actos de processo eleitoral,sempre que tal se considerenecessário" (acórdãos nº 258/85e 731/93, publicados nos

Acórdãos, 6º vol., págs. 951 esegs., e 26º vol. págs. 485 esegs.; veja-se o lugar paraleloconstante do art. 61º LPTA).

14. A grande maioria das decisõesdo Tribunal Constitucional - comoatrás se referiu - são proferidas emrecursos de eleições autárquicas,sendo mais frequentes os recur-sos interpostos na fase de apre-sentação de candidaturas.

Cabe igualmente ao TribunalConstitucional proceder à ano-tação das coligações não perma-nentes para fins eleitorais, for-madas por dois ou mais partidos.Uma situação curiosa ocorreu em1995: tendo sido anotada umadessas coligações, veio um dospartidos coligados requerer o can-celamento da anotação, pelo factode a coligação se ter desfeito. OTribunal recusou-se a cancelar talanotação, visto a apresentaçãodas candidaturas caber aos par-tidos coligados e não à coligação,cuja extinção ocorre com a publi-cação do resultado definitivo daseleições, acrescendo que o pedidode cancelamento fora apresentadoapós a expiração do prazo paraapresentação das candidaturaspara sufrágio (no caso, para aAssembleia da República - v.acórdão nº 473/95, in Diário da

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República, II Série, nº 202, de 1de Setembro de 1995).

Não teria interesse analisar deta-lhadamente as diferentes situa-ções que foram objecto de recurso,nem haveria tempo para o fazer.

Importa agora, de uma forma algoimpressionística, destacar algu-mas espécies jurisprudenciaismais significativas.

15. Começar-se-á pelo conten-cioso de apresentação de candi-daturas.

São raros os casos em que osrecursos não surgem em eleiçõesautárquicas.

No caso das eleições presidenci-ais, a não admissão de algumascandidaturas fez-se por não estarreunido o número de assinaturasde cidadãos proponentes (acór-dãos nº 1/86 e 7/86, in Acórdãos7º vol. I, págs. 311 e segs. e 319 esegs.) tendo o Tribunal afirmadoque nestes processos não erainvocável o justo impedimento (art.172º-A da LEPR). No caso deeleições regionais, o Tribunalentendeu que era elegível umDeputado à Assembleia daRepública que pretendesse candi-datar-se a deputado regional, não

sendo necessário que estivesserecenseado na respectiva região(acórdão nº 189/88, in Acórdãos,12º vol., págs. 829 e segs).

Relativamente às eleições autár-quicas, o Tribunal Constitucionalrestringiu a inelegibilidade dos fun-cionários dos órgãos representa-tivos das freguesias ou dosmunicípios, admitindo que pu-dessem candidatar-se às assem-bleias de freguesia os funcionáriosdo respectivo município, desdeque não ocupassem o primeirolugar na respectiva lista (istoporque o primeiro candidato dalista mais votada é o presidente dajunta de freguesia, o qual tomaassento, por inerência, na assem-bleia municipal - ac. nº 244/85, inAcórdãos, págs. 211 e segs., queafastou a tese da inconstitucionali-dade primeiramente acolhida noacórdão nº 12/84, in Acórdãos, 2ºvol., págs. 303 e segs); por outrolado, começou por considerar quea inelegibilidade dos funcionáriosde justiça era de âmbito nacionalnos acórdãos nºs 225/85 e 226/85(in Acórdãos, 6º vol., págs. 793 esegs. e 813 e segs.) mas restringiuo âmbito dessa inelegibilidade àrespectiva área da circunscriçãoeleitoral a partir de 1989, porcausa do novo nº 3 do art. 50º daConstituição (acórdãos nºs 528/89e 700/93, publicados in Acórdãos,

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14º vol., págs. 333 e segs. e Diárioda República, II Série, nº 16, de20-1-1994). Esta solução foi agoraconsagrada na LEOAL (art. 4º, nº2, redacção da Lei nº 9/95, de 7 deAbril).

Em numerosa jurisprudência,foram contempladas situações defuncionários afectados por situ-ações específicas (militares compedido não deferido de passagemà reserva; funcionários de finançasà aguardar aposentação; fun-cionários com licenças de longaduração ou a desempenharfunções de deputado regional,pretendendo candidatar-se aórgãos electivos autárquicos),havendo soluções diversificadas,mas tendendo a acolher-se arelevância do acto de vontade dofuncionário quando pretendadesvincular-se do serviço (16). Alinha jurisprudencial geral é a defavorecer a elegibilidade. No casode um sacerdote católico suspen-so pela hierarquia da Igreja (sus-pensão a divinis), considerou-seque havia cessado a inelegibili-dade prevista no art. 4º, nº 1,alínea a), LEOAL ("ministros dequalquer religião ou culto compoderes de jurisdição na área daautarquia" - cfr. acórdão nº 602/89,

in Acórdãos, 14º vol., págs. 561 esegs). No acórdão nº 721/93 (inAcórdãos, 26º vol., págs. 443 esegs) considerou-se que erainelegível, enquanto proprietáriode empresa em relação contratualcom a autarquia, o accionista comuma posição dominante, fundadorda sociedade por quotas depoistransformada em anónima (sobreesta jurisprudência, veja-se A.E.Duarte Silva, As Inelegibilidadesnas Eleições Autárquicas, inEstudos sobre a Jurisprudênciado Tribunal Constitucional, ob.col., Lisboa, 1993, págs. 149-193).

16. Ainda no contencioso da can-didaturas, importa chamar aatenção para os acórdãos doTribunal que não conhecem derecursos interpostos de decisõesdo processo de admissão de can-didaturas em que certas forçaspolíticas se limitam a impugnaroutra lista concorrente, sem recla-marem da decisão judicial e faltan-do, pois, uma decisão final (porexemplo, o acórdão nº 553/89, inAcórdãos, págs. 455 e segs).

Outras decisões há em que não setomou conhecimento do objectodo recurso, por o recorrente ter

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(16) De notar que o Tribunal considerou inelegíveis os militares com pedido de passagem à reserva aindanão deferido (cfr. acórdão nº 529/89, in Acórdãos, 14º vol., págs. 347 e segs). Sobre esta jurisprudên-cia, v. M. Fátima Abrantes Mendes e Jorge Miguéis,( Órgãos das Autarquias Locais cit., págs. 12-15).

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impugnado um despacho judicialconfirmativo ou anómalo (porexemplo, caso contemplado noacórdão nº 250/85, in Acórdãos,6º vol., págs. 917 e segs).

Quanto à noção de lista, o TribunalConstitucional tem tomado umaatitude liberal, admitindo que alista possa ser completada (ou atéindicados todos os nomes emfalta) no período legal de supri-mento de irregularidades. Poroutro lado, considerou que a faltade candidatos suplentes não émotivo de rejeição da lista, desdeque estejam ou venham a ser indi-cados membros efectivos sufi-cientes (v. acórdãos nºs 224/85,262/85, 527/89, 698/93, inAcórdãos, 6º vol., págs. 787 esegs., 959 e segs., 1003 e segs,14º vol. págs. 315 e segs.; 26º vol.,págs. 351 e segs.). Em algunscasos, o funcionamento do princí-pio da "cascata", ou da aquisiçãoprogressiva dos actos do processoeleitoral, impediu, a final, a admis-são da lista irregular.

Situações curiosas ocorrem comas rejeições liminares de listas:nestes casos, o Tribunal tem hesi-tado sobre o regime de impug-nação respectiva, admitindo quepossa considerar-se dispensável areclamação, desde que o recor-rente impugne o acto de adminis-

tração eleitoral, com o regime doart. 102º-B LTC, indo-se ao pontode equacionar o recurso directo dopróprio acto de rejeição da candi-datura, em contencioso de apre-sentação (v. acs. 262/85, 287/92,288/92, 687/93, publicados inAcórdãos, 6º vol., págs. 1003 esegs., 22º vol., págs. 977 e segs,Diário da República, II Série, nº217, de 19-9-92 e nº 35, de 11-2-1994).

17. No que toca a actos "inter-médios" do processo eleitoral(propaganda eleitoral, tempos deantena, mapas de distribuição demandatos, salas de espectáculoscedidas às diferentes candidaturaspara sessões públicas, impressãode boletins de voto e dimensõesdos diferentes símbolos), o Tri-bunal Constitucional aparececomo instância de recurso quantoaos actos administrativos pratica-dos pelos diferentes órgãos deadministração eleitoral (CNE, go-vernadores civis, presidentes dascâmaras municipais).

Trata-se de um recurso previsto noart. 102º-B LTC, a interpor numprazo muito curto (um dia).

De facto, o Tribunal Constitucionaltem competência em última instân-cia para o contencioso de todos os

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actos do processo eleitoral, desdea marcação das eleições, passan-do por todas as operações subse-quentes à apresentação de candi-daturas, provas tipográficas daslistas, campanhas eleitorais, actoeleitoral propriamente dito e apura-mento de resultados (vejam-se asconsiderações feitas no acórdão nº9/86 sobre o sentido de novaredacção do nº6 do art. 116º daConstituição - Acórdãos, 7º vol., I,págs. 323 e segs) (17). Não estáexcluído que alguns actos deadministração eleitoral sejam, emsi, contenciosamente irrecorríveis,por tais actos administrativosterem natureza confirmativa ounão terem as necessárias carac-terísticas de recorribilidade (veja-se o acórdão nº 200/85, inAcórdãos, 6º vol., pág. 743, emque se considerou que o mapa deresultados eleitorais da Assem-bleia da República, elaborado pelaCNE, era irrecorrível, por não ser"acto definitivo e executório"; verainda o acórdão nº 343/87, inAcórdãos, 10º vol., pág. 629; e oacórdão nº 667/97, ainda inédito,sobre a irrecorribilidade de umarecomendação da CNE a uma listacandidata, a propósito de um actode propaganda eleitoral).

18. Relativamente ao conten-cioso eleitoral propriamente dito,importa acentuar a altíssima per-centagem de não conhecimentode recursos interpostos de irregu-laridades na votação ou nos actosde apuramento por falta de pressu-postos processuais.

Como se trata de recursos inter-postos directamente no TribunalConstitucional, em prazos curtoscontados em horas, havendonecessidade de ter havido prévioprotesto ou reclamação para amesa de assembleia de voto oupara a assembleia de apuramentorespectiva (parcial ou geral), etendo o recorrente o ónus deinstrução exaustiva (apresentaçãode acta onde se encontra oprotesto ou reclamação e adecisão que sobre ele recaiu;prova da tempestividade do recur-so, o que pressupõe prova da horada publicitação do edital do apura-mento) facilmente se compreendea alta percentagem referida.

Esta situação decorre de umdesajustamento das diferentes leiseleitorais que bem carecem deuma reformulação global e coe-rente.

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(17) Vejam-se, entre outros, os acórdãos nºs 165/85, 200/85, 260/85, 266/85, 19/86, 23/86, 24/86, 163/87,404/89, 544(89, 605/89 e 808/93 publicados in Acórdãos, 6º vol., págs. 661 e segs., 743 e segs., 989 esegs., 1031 e segs., 7º vol., págs. 367 e segs., 381 e segs., 401 e segs., 9º vol., págs. 885 e segs., 13ºvol., II, 1403 e segs., 1415 e segs., 14º vol., págs. 437 e segs., 587 e segs. e 26º vol., págs. 551 eseguintes.

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No que toca às irregularidades devotação, importa chamar aatenção para o acórdão nº 332/85(in Acórdãos, 6º vol., págs. 1173 esegs.), onde se reconheceu que airregularidade ocorrida (presençade força militarizada na assem-bleia de voto, ainda que com con-cordância dos membros de mesa)era de tal modo grave que implica-va a nulidade absoluta do actoeleitoral, independentemente deprotesto. E, no acórdão nº 674/96(publicado no Diário de Repú-blica, II Série, nº 260, de 9-11-96),considerou-se inválida a publi-cação tardia do acto de marcaçãode eleições autárquicas inter-calares - atraso que impediualguns partidos de apresentar aslistas a tempo - julgando-se quetinha de ser garantido a todosos potenciais concorrentes condi-ções de igualdade para partici-parem no acto eleitoral, afectandoessa invalidade todo o processoeleitoral (18).

Por outro lado, os recursos sãointerpostos de actos de órgãoscom competência em matériaeleitoral, sendo os tribunais judici-

ais absolutamente incompetentesem razão de matéria para con-hecer de tais recursos de con-tencioso eleitoral próprio (19).

19. Já vimos atrás, em especial apropósito do contencioso de apre-sentação de candidaturas, que oTribunal Constitucional tem repeti-do o princípio, extraído das difer-entes leis eleitorais, de que não háque distinguir entre irregularidadesessenciais e não essenciais,devendo todas elas ter-se porsupríveis (por todos, veja-se oacórdão nº 262/85, in Acórdãos,6º vol., pág. 1003). Por outro lado,tem-se entendido que as irregula-ridades de tramitação processualnão impugnadas se sanam, desdeque não influam no exame edecisão de eventuais recursos (cfr.acórdão nº 263/85, in Acórdãos,6º vol., pág. 1009).

No contencioso eleitoral em senti-do restrito, a propósito da nulidadede votos, o Tribunal Constitucional,de forma exigente, afirmou que amarca que expressa o voto decada cidadão eleitor só podia ser

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(18) Já no acórdão nº 10/94 (in DR, II S, nº 76, de 31-3-1994) - em que estava em causa a atribuição deum mandato a mais numa assembleia de freguesia - considerou-se que se tratava de uma irregularidadesanável. Igualmente em casos de aditamento indevido de eleitores nos cadernos eleitorais e de desa-parecimento de boletins de voto, substituídos nas urnas por especímens de propaganda eleitoral, oTribunal Constitucional recusou-se a conhecer dos recursos por não haver protesto (cfr. acórdãos nºs740/97 e 741/97, inédito).(19) Neste sentido, veja-se o acórdão nº 424/87 (in Acórdãos, 10º vol., págs. 645 e segs).

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uma cruz desenhada no quadradocorrespondente ao partido escolhi-do (acórdãos nºs 319/85 e 326/85,in Acórdãos 6º vol., págs. 1093 e1145) não podendo traduzir-senoutros traços ou desenhos (20).

Por outro lado, nos recursos emque o recorrente pretende anular oacto eleitoral, o Tribunal Consti-tucional é rigoroso no que toca aocumprimento do ónus da provapelo recorrente de que as irregu-laridades invocadas influenciaramo resultado das eleições (portodos, vejam-se os acórdãos nºs322/85, 324/85, 15/90, 853/93 e859/93, in Acórdãos 6º vol., págs.1113 e segs., 1129 e segs., 15ºvol., págs. 635 e segs., 26º vol.,págs. 589 e segs., e 611 e segs.,respectivamente).

No que respeita à possibilidade deinvalidação oficiosa de votos havi-dos por válidos nas assembleiasde apuramento parcial pelaassembleia de apuramento geral,o Tribunal tem uniformementenegado que a lei haja previstoessa possibilidade, não podendohaver qualquer "revisão" dos votos(por todos, vejam-se os acórdãos

nºs 322/85, 223/88, 846/93,857/93, 864/93, 3/94 e 8/94, inAcórdãos, 6º vol., págs. 1113 esegs, 12º vol., págs. 845 e segs,26º vol., págs. 585 e segs., Diárioda República, II Série, nº 76-S, de31-03-94, Acórdãos, 26º vol.,págs. 625 e segs, e 631 e segs,Diário da República II Série, nº108, de 10-5-94 e nº 111, de 13-05-94, respectivamente).

O voto de cidadãos eleitoresacompanhados por motivo decegueira ou de deficiência oudoença inabilitantes tem sido apre-ciado pelo Tribunal Constitucionalcom grande rigor, impondo-se queexista comprovação médica sem-pre que haja dúvidas sobre ocarácter inabilitante da invisuali-dade ou da doença, chegando adeterminar a anulação de eleiçõesquando se prove a irregularvotação de cidadãos acompa-nhados (vejam-se os acórdãos nºs235/88, 3/90 e 869/93, inAcórdãos, 10º vol., pág. 851, 15ºvol., pág. 573, e 26º vol., págs. 665e segs). No acórdão nº 739/97,ainda inédito, o Tribunal Cons-titucional anulou uma eleição pelofacto de a mesa da secção de votonão ter deliberado sobre um

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(20) No acórdão nº 319/85, o então juiz Vital Moreira discordou que fosse proferida a decisão sem ter sidogarantido o contraditório das outras listas concorrentes, apesar de não previsto em algumas das leiseleitorais (cfr. voto de vencido, in Acórdãos, 6º vol., págs. 1096 e segs). Discordou igualmente do extremorigor de exigência de desenho de uma cruz, entendendo que deveria bastar a marcação consistente em"qualquer sinal em que esteja minimamente expresso o propósito do eleitor de assinalar uma cruz".Acompanharam esta última posição os juízes Monteiro Diniz, Raúl Mateus e Costa Mesquita.

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protesto relativo ao voto de 38eleitores, expresso por acompa-nhantes.

20. É tempo de terminar esta pas-sagem apressada pela jurispru-dência em matéria eleitoral doTribunal Constitucional.

Se é possível fazer um juízo globalsobre essa jurisprudência, podedizer-se que é amplamente con-sensual, extremamente legalista,

evitando fazer intervir o juizeleitoral para suprir as deficiênciasdo legislador (21).

Para justificar o juízo emitido,importaria proceder a uma análisemais detalhada, impossível defazer neste contexto.

Caberá seguramente a outros,mais distanciados dessa juris-prudência, levar a cabo a suaanálise crítica.

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(21) Vale a pena apontar um exemplo de interpretação correctiva feita pelo juiz eleitoral. Em 1985, aLEOAL foi alterada, tendo sido aditado o art. 149º-A pela Lei nº 14-B/85, de 10 de Julho. A remissão paraa norma sobre contagem de prazos judiciais pressupunha que estes fossem contínuos, tal como consta-va do Decreto-Lei nº 242/85, de 9 de Julho, que introduzia nova redacção no art. 144º do Código deProcesso Civil. Face a uma alteração introduzida pelo Decreto-Lei nº 381-A/85, de 28 de Setembro, quemanteve a solução de suspensão da contagem dos prazos processuais civis nos sábados, domingos, feri-ados e férias judiciais, essa solução não foi aceite no contencioso eleitoral. A partir de 1 de Janeiro de1997, voltou-se à contagem seguido dos prazos em processo civil (art. 144º deste Código, na redacçãodo Decreto-Lei nº 329-A/95, de 12 de Dezembro) deixando de haver qualquer desarmonia.Foi, por isso, necessário adoptar em 1989 uma interpretação correctiva do art. 149º-A LEOAL - cfr.acórdãos nºs 534/89 e 585/89, in Acórdãos, 14º vol., págs. 387 e segs., e 549 e segs. respectivamente.

Armindo Ribeiro MendesJuíz do Tribunal Constitucional

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A participação de cidadãosestrangeiros nas próximas eleiçõeslocais representa um avanço signi-ficativo no que se refere à própriaconcepção de cidadania.

Ao sublinhá-lo, tenho naturalmentepresente que, como afirmou Boa-ventura Sousa Santos "A cidada-nia não é,...., monolítica, é con-stituída por diferentes tipos dedireitos e de instituições; é pro-duto de histórias sociais diferen-ciadas protagonizadas por gru-pos sociais diferentes" (in PelaMão de Alice, O Social e o Políticona Pós Modernidade, p.210 e seg.,Ed. Apontamento, 1994 ).

A Lei nº 50/96, de 4 de Setembro,aprovada por unanimidade naAssembleia da República, veio reg-ulamentar o disposto no nº 4 doartº 15º da Constituição daRepública.

Este número fora introduzido narevisão constitucional de 1989 e asua redacção revista em 1992, nosentido da sua total clarificação.Esta norma estabelece que " A leipode atribuir a estrangeiros resi-dentes no território nacional, nascondições de reciprocidade,capacidade eleitoral activa e pas-

A Cidadania Local

siva para a eleição dos titulares deorgãos de autarquias locais".

Este reconhecimento do quepoderemos clarificar de cidadanialocal de cidadãos estrangeiros,insere-se na tendência de autono-mizar um conjunto de direitos departicipação na vida da cidade,que tradicionalmente eram reser-vados aos cidadãos nacionais.

O artigo reflecte além disso acircunstância de Portugal sersimultâneamente um país deemigração e um país de imigração,ao estabelecer a reserva de reci-procidade.

De uma forma feliz, o artigo nãosujeitou a convenção internacionala verificação da reciprocidade.

Por outro lado, há a considerar queeste novo fluxo imigratório é decor-rente de uma antiga e estreitarelação histórica e cultural quesobreviveu aos processos de des-colonização, iniciados já no Sec.XIV, aquando da independênciado Brasil em 1822 e tendo ter-minado com a descolonizaçãoafricana, o que confere a Portugalum papel único.

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A Lei nº 50/96, de 4 de Setembro,veio coroar esta evolução legislati-va.

Refira-se que na Europa, foram ospaíses nórdicos os pioneiros nestamatéria. A Suécia primeiro, edepois, países como a Dinamarca,a Holanda, viriam a admitir comlargueza de vista a participaçãodos estrangeiros residentes navida local e, por vezes, não só.

Esta tendência teve muito a vercom a preocupação de asseguraruma integração de qualidade dosimigrantes, já que se constatouque uma parte significativa da imi-gração era permanente e pre-tendia inserir-se de uma formaduradoura nas sociedades deacolhimento. Entendeu-se que aparticipação nas eleições locaistem mais a ver com a condição devizinhos e não apenas denacionais. Um argumento que foitambém invocado foi a circunstân-cia dos imigrantes contribuiremnão só com o seu trabalho, mastambém com os seus impostospara as sociedades em que estãoinseridos.

No caso português, para além dajá citada condição de Portugalcomo país simultâneamente deemigração e de imigração e danecessidade de transpôr para a

ordem jurídica interna, a Directivanº 94/80/CE do Conselho, deDezembro relativo aos cidadãoscomunitários, há que referir, ofacto de um grande número de imi-grantes serem cidadãos de paíseslusófonos, dois dos quais CaboVerde e Brasil, já reconheciamestes direitos aos portugueses.

É certo que já havia mais de milbrasileiros com possibilidade departicipar na vida local - os que tin-ham o estatuto de igualdade dedireitos políticos previsto pelaConvenção de Brasília de 1971,mas neste caso com base numaconvenção internacional e não, eapenas, com base no disposto nonº 4 do art 15º da Constituição daRepública.

Agora não só esses cidadãos, mastambém, os cidadãos de todos osEstados membros da UniãoEuropeia, os cidadãos do Brasil ede Cabo Verde com residêncialegal há mais de 2 anos emPortugal, os cidadãos nacionais daArgentina, Israel, Noruega, Perú eUruguai, legalmente residentes hámais de 3 anos - vão participar naseleições locais. Com excepção doscidadãos de Israel, Noruega,Argentina poderão ainda ser can-didatos.

A análise dos resultados desta

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participação será extremamenteútil para compreender a forma e amedida em que as diferentescomunidades se pretendem inserirna sociedade portuguesa.

É desde já evidente, por exemplo,e com o recenseamento de maisdez mil caboverdianos a vontadeinequívoca destes cidadãos seremcada vez mais concidadãos nasociedade portuguesa. A sua par-ticipação contribuirá para a erradi-cação de barracas e a resoluçãode muitas situações de exclusãonas zonas onde estão mais con-centrados dando um contributopara a melhoria da qualidade devida de todos os cidadãos por-tugueses ou não.

Assim encontrem cada vez maiseco e a vontade de participar tam-bém como autarcas na resoluçãodos problemas locais.

Tem-se falado muito na necessi-dade de aprofundar a democracia.

A cidadania local é a oportunidadede passar das palavras aos actos,alargando também a participaçãoa estes cidadãos estrangeiros.

Este será sem dúvida, um índice ater em conta para avaliar a eficáciada nova política de integração har-moniosa dos imigrantes nasociedade portuguesa.

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José LeitãoAlto Comissário para a Imigração e

Minorias Étnicas

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O recenseamento eleitoral (R.E),como estrutura material sobre aqual repousam os direitos derecenseamento e de sufrágio, éactualmente disciplinado peloesquema legal implantado, há 19anos, pela Lei nº 69/78, de 3.11,alterada sucessivamente pelasLeis nºs 72/78 de 28.12, 15/80 de30.6, 81/88 de 20.7, 3/94 de 28.2e 50/96 de 4.9. Mais recente-mente, através da Lei nº 19/97, de19.6, foi criado um sistema extra-ordinário de inscrição para maioresde 17 anos.

O programa do XIII GovernoConstitucional, atento à necessi-dade de solidificar e credibilizaressa estrutura fundamental para avida democrática, veio apontarcomo objectivo - no âmbito daquiloque designa como "aperfeiçoa-mento dos mecanismos participa-tivos na vida política" - a "reforma emodernização do R.E., nomeada-mente através da generalizada uti-lização de meios informáticos, comvista à simplificação e desburocra-tização de processos, à obtençãode uma maior fidedignidade e cor-respondência com o universoeleitoral real...".

A Reforma e Modernizaçãodo Recenseamento Eleitoral

Ao afirmarem-se estas linhasgenéricas de reforma e modern-ização reconhece-se implicita-mente:

• que o esquema organizativolegalmente consagrado para oR.E. é pouco ágil e envoltonuma excessiva e complexarede burocrática, daí resultan-do a dificuldade da sua autoregulação e controlo;

• que existe desconformidadeentre o universo eleitoral reale o universo eleitoral efectiva-mente apurado nas sucessivasactualizações do R.E., porexcesso deste último, indiciadonomeadamente quando se com-param os seus números com osdo recenseamento geral da pop-ulação (R.G.P).

I. A ORGANIZAÇÃO E FUN-CIONAMENTO DO R.E.

Quanto à organização do R.E.deve desde logo referir-se que elefoi implementado sob o signo dadescentralização, aproximando aomáximo a Administração do eleitor,

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levando-o até à freguesia, unidadeadministrativa de mais reduzidadimensão.

Genericamente o R.E. tem comoobjectivo fundamental o de que seregistem como eleitores todos oscidadãos portugueses com capaci-dade eleitoral (1), sendo asinscrições (e transferências) feitasanualmente em Maio junto deComissões Recenseadoras, sedi-adas nas Juntas de Freguesia epor elas integradas juntamentecom delegados nomeados pelospartidos políticos com assento naAssembleia da República.

Sucintamente, o R.E. é organiza-do nos seguintes termos:

1. O cidadão com capacidadeeleitoral efectua, por sua iniciativa,a inscrição junto da ComissãoRecenseadora (C.R.) correspon-dente à área da sua residênciahabitual, preenchendo um verbetede inscrição e recebendo da C.R.um cartão de eleitor.

No caso de transferência, alémdesses dois documentos, épreenchido um impresso de trans-ferência que é enviado, para elimi-

nação da inscrição à C.R. onde oeleitor estava anteriormente ins-crito.

Os elementos identificativos sãorecolhidos, preferencialmente, doBilhete de Identidade.

As C.R. podem, também, efectuaroficiosamente relativamente aoseleitores de que tenham conheci-mento e que não se inscreveramou não transferiram a suainscrição.

2. Com os elementos integrantesdo verbete de inscrição cada C.R.constitui três ficheiros eleitorais:

a) ficheiro principal - com os cor-pos principais dos verbetes doseleitores da freguesia (organi-zado sequencialmente pelonúmero de inscrição);

b) ficheiro alfabético - com osdestacáveis (parte inferior direi-ta) dos eleitores referidos em a)(organizado por ordem alfabéti-ca);

c) ficheiro de naturalidade - comos destacáveis (parte inferior

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(1) De notar que em Macau e no estrangeiro o registo é voluntário, sendo também voluntário para osestrangeiros com direito a inscrever-se no território nacional. A actualização em Macau e no estrangeiroé feita em Abril/Maio e a composição das C.R. é ligeiramente diversa da do território nacional. No pre-sente documento limitaremos a nossa análise ao R.E. no território nacional, por comodidade de exposição.

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esquerda) que chegam de out-ras C.R. relativos a eleitoresnaturais da freguesia e doseleitores simultaneamente ins-critos e naturais da freguesia(organizado por ordem alfabéti-ca).

Este último ficheiro é o elementofundamental do R.E., sendo atra-vés dele que se assegura a unici-dade da inscrição.

O Secretariado Técnico dosAssuntos para o Processo Eleitoralfunciona como "freguesia de natu-ralidade" dos eleitores nascidos noestrangeiro tendo, neste momento,um ficheiro (informatizado) commais de 600 000 destacáveis.

3. Dez dias após o período deinscrição da actualização anual oscadernos eleitorais são publica-mente expostos, durante 15 dias,para verificação pelos eleitores,que podem reclamar perante aC.R. e recorrer para o tribunalsobre as omissões ou inscriçõesindevidas.

4. O processo de actualizaçãoanual consuma-se com a comuni-cação dos resultados (nº deeleitores inscritos) ao STAPE, viaCâmaras Municipais.

5. Durante todo o ano processam-se as eliminações de inscriçõesresultantes de óbito, incapacidadeeleitoral, perda de nacionalidade,condenação e interdição que sãocomunicadas às C.R. pelasConservatórias de Registo Civil eCentral, Tribunais e estabeleci-mentos psiquiátricos.

Como já se havia afirmado e facil-mente se conclui do exposto, oprocesso de R.E. é profundamentedescentralizado nele tendo inter-venção alguns milhares de enti-dades (C.R., Câmaras Municipais,Conservatórias, Tribunais, etc.)que constituem uma cadeia interli-gada e interdependente que esta-belece entre si uma complexa redeburocrática de comunicações e/ouinformações, todas elas vitais paraa qualidade do R.E.

A descentralização - tida comouma necessidade num processodeste tipo - é, sem dúvida, uma vir-tualidade do processo, mas é, tam-bém, a sua grande debilidade poisrevela-se, obviamente, impossívelconseguir um desempenho 100%rigoroso e atempado de todas asentidades intervenientes.

O papel do STAPE é o de coorde-nador do sistema do ponto de vistatécnico-jurídico, financeiro e logís-tico, dinamizando e gerindo toda

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esta vasta e complexa cadeia.Não detém, contudo, poderes deautoridade sobre as C.R. erestantes entidades interve-nientes, nem poderes inspectivose/ou jurisdicionais. É um meroórgão de suporte técnico e, nocontexto funcional do R.E., é amaior das "freguesias de naturali-dade", como atrás se referiu.

A já evidenciada matriz descentral-izadora do R.E., aliada à nãoprofissionalização e precaridadedo funcionamento das C.R., temvindo a revelar a flagrante fragili-dade da capacidade de gestãodestas entidades em face dosmúltiplos e minuciosos mecanis-mos e procedimentos burocráticosdo processo de R.E. onde qual-quer falha - por ignorância ou neg-ligência - ou extravio de documen-tação, pode provocar a ocorrênciade duplas inscrições ou a sub-sistência de inscrições que deveri-am ter sido eliminadas (por óbito,perda de nacionalidade, interdição,condenação, transferência, etc)...

Em síntese, uma estrutura legalinegavelmente bem construída earticulada do ponto de vista técni-co exigiria - num cenário, como oconsagrado, de profunda descen-

tralização - uma estrutura orgânicae funcional que actuasse sem fal-has, para que houvesse totalfidedignidade no R.E.

Ora, na realidade não é essa asituação com que se depara.Com efeito, as C.R. - a quem com-pete avaliar a capacidade eleitoraldos cidadãos, efectuar asinscrições, elaborar os cadernoseleitorais, fazer a gestão emanutenção dos ficheiros derecenseamento, etc. - são órgãosatípicos, híbridos (com uma com-ponente administrativa e outrapolítico-partidária), não profission-alizados, que actuam "artesanal-mente" e a tempo parcial, comcomposição flutuante (2), geral-mente desprovidos de recursosmateriais e humanos adequados,que actuam isoladamente e semque existam mecanismos de con-trolo que permitam a verificaçãodo cumprimento integral (e a avali-ação da correcção) dos procedi-mentos a seu cargo no âmbito doR.E.

Em suma, está-se perante umaestrutura funcional e organizativaque está longe de ter condiçõespara assegurar um cumprimentosatisfatório do objectivo primordial

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(2) As C.R. podem ter alterada a sua composição na sequência de eleições autárquicas (componente"administrativa") e eleições legislativas (componente partidária), produzindo-se, com frequência, umainstabilidade incompatível com a criação e manutenção de rotinas organizativas e burocráticas.

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de um R.E., que é o da reproduçãotão fidedigna quanto possível douniverso eleitoral real.

II. A QUESTÃO NUCLEAR DOR.E.: O EMPOLAMENTO DONÚMERO DE RECENSEA-DOS

A mobilidade dos eleitores e asalterações da sua capacidadeimplicam um complexo conjuntode interrelações e interdependên-cias a estabelecer entre as mil-hares de C.R., entre estas e oSTAPE, as Conservatórias doRegisto Civil e Central, Tribunaise estabelecimentos psiquiátricos,que, como já referimos, fazem doR.E. uma estrutura extremamenteburocratizada.

Quaisquer falhas ou omissões noscircuitos burocráticos de infor-mação introduzem, de imediato,incorrecções no R.E. que, quasesempre, redundam em eleitores amais (duplas inscrições ouinscrições indevidas) nos cader-nos.

O principal objectivo desses cir-cuitos legais é o de obviar quecada eleitor esteja inscrito mais doque uma vez nos cadernoseleitorais. Para o efeito foi instituí-

da a freguesia de naturalidade(ou o STAPE, no caso dos quenasceram no estrangeiro) comolocal onde é feito o controlo damovimentação dos eleitores e,consequentemente, da unicidadeda inscrição.

Há, assim, mais de quatro mil-hares de locais onde é efectuado ocontrolo da fidedignidade do R.E.,controlo esse que só será efectivose todos os ficheiros de naturali-dade das C.R. estiverem devida-mente organizados e mantidos, ese todos os documentos (verbetes,impressos de transferência, comu-nicações oficiais de eliminações)tiverem circulado correctamente eproduzido a totalidade dos seusefeitos legais. Ora constata-seque o ficheiro de naturalidade éaquele que as C.R. tratam commenor cuidado, preferindo fazerincidir a sua atenção nos ficheirosdos seus próprios eleitores (resi-dentes).

Sendo, como vimos, a descentral-ização a grande virtualidade doR.E. ela é, também, um factor derisco, uma vez que, é impossívelgarantir que todas as entidadesintervenientes actuem rigorosa-mente e todos os documentos ecomunicações oficiais circulempara os locais certos e dentro dos(estreitos) prazos legais.

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Daí que não surpreenda que setenha vindo a gerar a convicçãode que o número de eleitoresinscritos no R.E. estará hojerazoavelmente empolado, trans-mitindo uma ideia menos rigorosado universo eleitoral, reflectindo-senos actos eleitorais em níveis artfi-cialmente elevados de abstenção.

Os estudos elaborados peloSTAPE no sentido de apurar a fia-bilidade do R.E., têm-se baseadona comparação dos dados doR.G.P. e os do R.E. Constata-seuma tendência progressiva para oafastamento destas fontes quantoà dimensão do universo eleitoral.

Não sendo o momento adequadopara questionar a fidedignidade deduas fontes (o R.G.P. peca, even-tualmente, por defeito, e no R.E.não estarão inscritos todos aque-les que têm capacidade eleitoral)as fontes possíveis para tal dis-torção, a juntar às debilidadesorganizativas já referidas parecemser:

• a frequente inscrição de cida-dãos não residentes no terri-tório nacional, como é o casodos emigrantes que prefereminscrever-se na sua freguesia afazê-lo junto da C.R. sediada nopaís onde têm residência habi-tual;

• a dupla contagem (temporária)de eleitores que transferem reg-ularmente a sua inscrição mascujo impresso de transferênciachega às C.R. da sua anteriorinscrição após o encerramentodos cadernos eleitorais, situaçãoque é frequente face aos aperta-dos prazos legais para circu-lação da documentação;

• as deficiências e atrasos dascomunicações de óbitos, paraalém da natural dilação entre asua ocorrência e a comunicaçãoà C.R. da naturalidade do eleitore desta à sua congénere daresidência.

• as duplas inscrições e outrasinscrições indevidas que,quando detectadas, levam tem-po a regularizar.

Às disfunções apontadas poderãoacrescentar-se outros factores deimpacto imprevisível, como seja ofacto de ser com base nos dadosdo R.E. que se determina o nº demandatos de todos os órgãosautárquicos e se afere o regimeaplicável ao exercício do mandatodos autarcas (nele se incluindo arespectiva remuneração).

Sendo o empolamento difícil dequantificar com exactidão, porquenão existe um controlo centraliza-

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do de todas as inscrições, há quereconhecer, todavia, que o sistemaque suporta o R.E. possui as debi-lidades e factores de risco já apon-tados, que podem gerar incor-recções que, ao acumularem-se,vão progressivamente deterioran-do o conjunto do sistema.

III. A REFORMA E MODER-NIZAÇÃO DO R.E.

• Desde, pelo menos, 1987 que oSTAPE, ciente das deficiênciasde funcionamento do R.E. e doavolumar das inexactidões, vemestudando as vias possíveispara a sua reforma e moderniza-ção, nomeadamente pelo recur-so à informática, na medida emque esta induz a simplificaçãode processos e de comuni-cações, minimiza as possibili-dades de erro e reduz as enti-dades intervenientes no proces-so.

Esse estudo básico culminou naredacção, pelo STAPE, de umnovo Título III (RecenseamentoEleitoral) do "Projecto de CódigoEleitoral de 1987", que foi aprecia-do pelo Prof. Jorge Miranda, quecom ele concordou e que chegou aser presente a Conselho deMinistros.

Todavia, como expressão concretadessas abordagens apenas emer-giu a elaboração e publicaçãoda Lei nº 81/88, de 20.7, cujosresultados em termos de eficáciaquanto à regularização do recen-seamento são muitíssimo mo-destos, à excepção do casoespecífico das inscrições doseleitores residentes no estrangeiro(artº 75ºA e 31º nº 1 d).

• Mais recentemente, dando con-teúdo ao referido no ponto doprograma do Governo atrásmencionado e na sequência deconcurso público, foi encomen-dado um estudo externo para areforma e modernização dorecenseamento eleitoral. Tal con-curso, após prévia escolha dorespectivo procedimento e elab-oração do programa e cadernode encargos, foi aberto pordespacho de S.Ex.ª o Secretáriode Estado Adjunto do M.A.I.; em30 de Maio de 1996.

Seguiram-se os normais trâmitesde um processo de concurso públi-co, tendo o Consórcio a quem, em7 de Janeiro de 1997, foi adjudica-da a execução do estudo, iniciadoos seus trabalhos após a cele-bração do contrato escrito que seefectivou em 14 de Fevereiro de1997.

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Após a elaboração do relatóriopreliminar e dos relatórios de diag-nóstico e de propostas, o relatóriofinal do estudo foi entregue em 18de Setembro de 1997.

O citado relatório final confirma,de forma sistematizada, integradae exaustiva os "diagnósticos" queo STAPE vinha fazendo ao longodos anos sobre o estado do R.E.quer quando, desde o final dosanos 80, comparava os seusdados numéricos, com os dorecenseamento geral da popu-lação - exercício que efectuou pordiversas vezes - quer quando, sobsolicitação superior, se produziamrelatórios e/ou informações sobreuma eventual reforma do sistemado R.E.

Como propostas reformadoras oestudo aponta para um novo sis-tema de recenseamento que temcomo características fundamen-tais:

• a criação de uma gestão e con-trolo centralizado (base dedados central) que, emborareduzindo as responsabilidadesdas C.R., as mantém comounidade básica do R.E.;

• a obrigatoriedade de apresen-tação do BI em sede derecenseamento que vai permitir

a interconexão do ficheiro centraldos eleitores com o ficheiro daidentificação civil (Ministério daJustiça);

• a obrigatoriedade da coincidên-cia entre o local de residênciaindicado no BI e o local deinscrição no RE;

• a natureza contínua da inscriçãono recenseamento, havendodois momentos no ano em quese procede ao encerramento doscadernos eleitorais (31 de Maiode 30 de Novembro), ou, emalternativa, apenas um dessesmomentos com possibilidade, naemergência de actos eleitorais,de encerramentos "ad hoc";

• a participação intensa doseleitores em situações carentesde correcção, nomeadamente asque possam levar a eliminaçõesoficiosas.

Realce-se, contudo, que o pressu-posto do estudo era o aproveita-mento do RE em vigor, pelo queo arranque do sistema propostoexige uma operação prévia e fun-damental de actualização (depu-ração). Tal implica a recolha, cen-tralização e correcção de dados eo seu confronto com os dados daidentificação civil, tarefas bastantemorosas que precedem as cor-

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recções oficiosas a efectuar(óbitos, duplas inscrições) bemcomo a correcção da unidade terri-torial do RE (por notificação doeleitor), operação esta da maiordelicadeza.

Este é em linhas muito gerais, ocaminho para que aponta o estudoefectuado cuja implementação, seespera possa basear a elaboraçãode um diploma inovador dorecenseamento eleitoral que pro-porcione, em prazo razoável, aexistência de uma estrutura credi-vel e sólida.

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Jorge MiguéisSubdirector Geral do STAPE

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Procura-se neste artigo estabele-cer uma comparação entre o perfildos Eleitos Locais de 1989 e os de1993, tendo por base os resultadosdos estudos sobre a caracteriza-ção dos eleitos para as autarquiaslocais nos respectivos anos.A análise que agora se apresentaconstitui um capítulo autónomo doestudo recentemente editadosobre a "Caracterização dosEleitos Locais - Autárquicas 1993".Como aí foi referido, os traçosdominantes do perfil dos autarcassão muito idênticos nos dois actoseleitorais:

• São esmagadoramente do sexomasculino.

• Nos órgãos de abrangênciamunicipal - Câmaras e Assem-bleias Municipais - são maiorita-riamente quadros superiores emédios, com idades compreen-didas entre os 43 anos e os 48anos.

• Nos órgãos de freguesia - Juntase Assembleias de Freguesia -verifica-se uma heterogeneidadeprofissional, sendo a presençamais significativa dos "PequenosEmpresários Proprietários e

Sociografias Comparadas- Autarcas em 1989/1993

Comerciantes", do "PessoalAdministrativo e Similares" e,ainda, dos Trabalhadores porconta de outrém da Indústria eda Agricultura. Relativamente aoperfil etário são ligeiramentemais idosos do que os atrásreferidos, com idades compreen-didas entre 44 e 49 anos.

• Não obstante o PPD/PSD deterem 1989 e 1993, nos quatroórgãos autárquicos, a maioria demandatos (salvo para o cargo dePresidente da Câmara Muni-cipal, onde o PS ocupa essaposição), no último ano emanálise, o PPD/PSD reduz, emdois, o número de distritos, emfavor do PS. Assim o PS, em1989, ganhou sete distritos e em1993 mais dois. Em contraparti-da, o PPD/PSD, que em 1989detinha a maioria de eleitos emoito distritos e nas RegiõesAutónomas, em 1993 perdeu osdois distritos ganhos pelo PS. OPCP/PEV, tanto em 1989 comoem 1993, mantém a maioria deeleitos nos distritos de Beja,Évora e Setúbal.

• Relativamente aos autarcas nãopertencentes à estrutura par-

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tidária, assiste-se a um decrésci-mo dos eleitos em listas deGrupos de Cidadãos Eleitores,que passa de 5,0% em 1989para 3,8% em 1993.

• Em simultâneo, aumenta signi-ficativamente o peso dos eleitosIndependentes em listas par-tidárias (2,0% em 1989 e 5,2%em 1993), tendo contribuídopara tal, o PCP/PEV (5% contra13,5%) e o PS (2,0% contra6,8%).

A exequibilidade desta análisecomparativa implicou proceder àagregação e ajustamento de algu-mas categorias profissionais, umavez que as adoptadas, nos doisactos eleitorais em análise, nãosão completamente coincidentes.Constítuiu-se, deste modo, aseguinte tabela de profissões:

1 - "Especialistas das ProfissõesIntelectuais/Científicas".Esta categoria profissional corres-ponde aos "Quadros Superiores eMédios" de 1989; e aos "Espe-cialistas das Profissões Intelec-tuais e Científicas" e, ainda, aos"Técnicos e Profissionais de NívelIntermédio" de 1993.

2 - "Pequenos Empresários,Proprietários e Comerciantes".

Esta categoria profissional corres-ponde aos "Directores, Empre-sários e Proprietários" de 1989; eaos "Pequenos Empresários, Pro-prietários e Comerciantes" de1993.

3 - "Pessoal Administrativo eSimilares e Pessoal dos Serviços eVendedores".Esta categoria corresponde ao"Pessoal Administrativo" e "Pes-soal do Comércio e Serviços" de1989 e ao "Pessoal Administrativoe Similares e Pessoal dos Serviçose Vendedores" de 1993.

4 - "Operários, Artífices e Opera-dores de Máquinas".Esta categoria corresponde aos"Trabalhadores da Indústria eAgricultores" de 1989; e aos"Operários, Artífices e Operadoresde Máquinas" de 1993.

5 - "Agricultores e TrabalhadoresQualificados da Agricultura ePescas".Esta categoria, em 1989, estavaincluída nos "Trabalhadores daIndústria e Agricultura", pelo quese tornou impossível individua-lizá-la nesta análise.

6 - "Aposentados"

7 - "Outras".Inclui as "Domésticas", os "Estu-

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dantes" e "Desempregados" de1989 e de 1993 e, para este últimoacto eleitoral inclui, ainda os"Dirigentes e Quadros Superioresda Administração Pública eEmpresas".

Relativamente aos grupos etáriosmantêm-se os utilizados em 1989e 1993. Para o ano de 1989 nãoforam considerados os "Desco-nhecidos", pelo que a coluna refer-ente ao total fez-se corresponder a100%, uma vez que os dados atrásreferidos eram, na maioria doscasos, negligenciáveis.

Quanto às formações partidárias,apenas se trataram as 4 maiores -PS, PPD/PSD, PCP/PEV e CDS-PP.

No caso da participação das mu-lheres no poder local, entendeu-sealargar a análise, também, às"independentes", bem como aosrestantes partidos, que designá-mos de "outros", por ser aí muito

significativa a sua presença. Comoadiante se verá, a força partidáriaque mais mulheres elege nas suaslistas é o PCP/PEV, logo seguidodas "independentes".

A título informativo inclui-se, tam-bém, um quadro e um gráfico rela-tivos à participação feminina emlistas de Grupos de CidadãosEleitores.

Tabela de Profissões utilizadasnos quadros e gráficos:• "Especialistas das Profissões

Intelectuais e Científicas"• "Pequenos Empresários, Pro-

prietários e Comerciantes"• "Pessoal Administrativo e Si-

milares e Pessoal dos Serviços eVendedores"

• "Operários, Artífices e Opera-dores de Máquinas"

• "Agricultores, TrabalhadoresQualificados da Agricultura ePescas"

• "Aposentados"• "Outras"

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1. DISTRIBUIÇÃO POR SEXO

1.1 Diferenciação por órgão

Como já se referiu, tanto em 1989como em 1993, o poder autárquico

continua a ser esmagadoramentemasculino, com valores na ordemde 93% e 92,3% respectivamente.

HM 1977 1986 6632 6605 12979 12801 32070 31412 53658 52804

M 112 151 698 737 552 671 2161 2486 3523 4045

% 6,0 7,6 11,0 11,2 4,0 5,2 7,0 7,9 7,0 7,7

C.M. A.M. J.F. A.F. TOTAL1989 1993 1989 1993 1989 1993 1989 1993 1989 1993

Quadro e Gráfico nº 1

Distribuição Segundo o Sexo.

Diferenciação por Órgão

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PS 1066 6,0 1400 7,2 17234 94,0 18151 92,8 18300 19551

PPD/PSD 1165 5,0 1427 6,7 20050 95,0 19946 93,3 21215 21373

PCP/PEV 655 13,0 692 14,5 4494 87,0 4095 85,5 5149 4787

CDS-PP 269 5,0 236 5,7 5108 95,0 3882 94,3 5377 4118

OUTROS 368 10,0 290 9,7 3249 90,0 2685 90,3 3617 2965

TOTAL 3523 7,0 4045 7,7 50135 93,0 48759 92,3 53658 52804

Feminino Masculino TOTAL1989 1993 1989 1993 1989 1993

nº % nº % nº % nº % nº nº

Quadro e Gráfico nº 2

Distribuição Partidária Segundo o Sexo.

Conjunto dos Órgãos

1.2 Diferenciação partidária

1.2.1 Conjunto dos órgãos

Constata-se, relativamente à pre-sença de mulheres no poder local,

um reduzidíssimo acréscimo dasua participação, no conjunto dosórgãos, no último ano em análise(7,0% em 1989 e 7,7% em 1993).

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HM 303 302 1674 1684 301 300 6331 6305

M 7 5 105 146 13 17 685 720

% 2,0 1,7 6,0 8,7 4,0 5,7 11,0 11,4

Câmara Municipal Assembleia MunicipalPresidentes Vereadores Presidentes Membros

1989 1993 1989 1993 1989 1993 1989 1993

Quadro e Gráfiico nº 3

Distribuição Segundo o Sexo.

Diferenciação por Órgão e Cargo.

1.2.2 Diferenciação por órgão ecargo

Este acréscimo de participaçãodistribui-se pelos órgãos delibera-tivos e pelos executivos, em va-lores diferenciados, em benefíciodos últimos. Tal não impede, quese continue a verificar maior repre-

sentatividade feminina nos órgãosdeliberativos.

A participação no cargo de presi-dente é ainda mais reduzida, nãoobstante um acréscimo de, ape-nas, um ponto percentual em1993.

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4092 4016 8887 8785 4005 3830 28065 27582 8701 8484 44957 44356

113 126 439 545 208 254 1953 2232 341 402 3182 3643

3,0 3,1 5,0 6,2 5,0 6,6 7,0 8,1 4,0 4,8 7,0 8,2

Junta de Freguesia Assembleia de FreguesiaPresidentes Vogais Presidentes Membros

1989 1993 1989 1993 1989 1993 1989 1993

TOTAL ÓRGÃOSPresidentes Membros

1989 1993 1989 1993

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1.2.3 Diferenciação por órgão

No que diz respeito à participaçãofeminina, nas formações políticasaqui consideradas, já como em

1989, o PCP/PEV e os "outros"continuam, em 1993, a ser as for-mações partidárias com a maiorpresença de mulheres eleitas nassuas listas.

PS 37 5,0 53 6,8 685 95,0 728 93,2 722 781

PPD/PSD 41 5,0 52 6,5 729 95,0 744 93,5 770 796

PCP/PEV 24 9,0 34 13,9 228 91,0 210 86,1 252 244

CDS-PP 8 4,0 10 7,4 172 96,0 125 92,6 180 135

OUTROS 2 4,0 2 6,7 51 96,0 28 93,3 53 30

TOTAL 112 6,0 151 7,6 1865 94,0 1835 92,4 1977 1986

Feminino Masculino TOTAL1989 1993 1989 1993 1989 1993

nº % nº % nº % nº % nº nº

Quadro nº 4

Distribuição Partidária Segundo o Sexo.

Diferenciação por Órgão.

CÂMARA MUNICIPAL

PS 257 11,0 294 11,4 2170 89,0 2283 88,6 2427 2577

PPD/PSD 232 9,0 257 9,8 2315 91,0 2361 90,2 2547 2618

PCP/PEV 124 15,0 107 13,5 716 85,0 684 86,5 840 791

CDS-PP 68 10,0 69 12,7 625 90,0 475 87,3 693 544

OUTROS 17 14,0 10 13,3 108 86,0 65 86,7 125 75

TOTAL 698 11,0 737 11,2 5934 89,0 5868 88,8 6632 6605

Feminino Masculino TOTAL1989 1993 1989 1993 1989 1993

nº % nº % nº % nº % nº nº

ASSEMBLEIA MUNICIPAL

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PS 156 4,0 210 4,5 4234 96,0 4441 95,5 4390 4651

PPD/PSD 170 3,0 210 4,2 4885 97,0 4897 95,9 5055 5107

PCP/PEV 105 9,0 133 11,8 1084 91,0 995 88,2 1189 1128

CDS-PP 35 3,0 30 3,4 1168 97,0 845 96,6 1203 875

OUTROS 86 8,0 88 8,5 1056 92,0 952 91,5 1142 1040

TOTAL 552 4,0 671 11,2 12427 96,0 12130 94,8 12979 12801

Feminino Masculino TOTAL1989 1993 1989 1993 1989 1993

nº % nº % nº % nº % nº nº

JUNTA DE FREGUESIA

PS 616 6,0 843 7,3 10145 94,0 10699 92,7 10761 11542

PPD/PSD 722 6,0 908 7,1 12121 94,0 11944 92,9 12843 12852

PCP/PEV 402 14,0 418 15,9 2466 86,0 2206 84,1 2868 2624

CDS-PP 158 5,0 127 5,0 3143 95,0 2437 95,0 3301 2564

OUTROS 263 11,0 190 10,4 2034 89,0 1640 89,6 2297 1830

TOTAL 2161 7,0 2486 7,9 29909 93,0 28926 92,1 32070 31412

Feminino Masculino TOTAL1989 1993 1989 1993 1989 1993

nº % nº % nº % nº % nº nº

ASSEMBLEIA DE FREGUESIA

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Gráfico nº 4

Distribuição Partidária Segundo o Sexo.

Diferenciação por Órgão.

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1.3 Eleitos não pertencentes àestrutura partidária

A participação feminina em listasde Grupos de Cidadãos Eleitoresmantém valores muito idênticosnos dois anos em análise.

Em contrapartida, regista-se umacréscimo significativo da sua re-presentação nos eleitos indepen-dentes em listas partidárias.

HM 804 513 1363 1145 2167 1658

M 21 21 86 65 107 86

% 3,0 4,1 6,0 5,7 5,0 5,2

J.F. A.F. TOTAL1989 1993 1989 1993 1989 1993

Quadro e Gráfico nº 5

Participação Feminina em Listas de Grupos de Cidadão Eleitores.

Diferenciação por Órgão

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HM 51 142 155 361 248 588 526 1633 980 2724

M 2 10 16 62 16 50 59 199 93 321

% 3,9 7,0 10,3 17,2 6,5 8,5 11,2 12,2 9,5 11,8

C.M. A.M. J.F. A.F. TOTAL1989 1993 1989 1993 1989 1993 1989 1993 1989 1993

Quadro e Gráfico nº 6

Participação Feminina no Total de Eleitos Independentes.

Diferenciação por Órgão

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2. ESTRUTURA ETÁRIA

No que se refere à distribuiçãoetária, e tendo em conta os diver-sos órgãos autárquicos, as idades

médias variam no intervalo que vaidos 43 aos 47 anos.

Total Eleitos Presidentes Membros1989 1993 1989 1993 1989 1993

Câmara Municipal 43 anos 43 anos 45 anos 46 anos 43 anos 43 anos

Assembleia Municipal 43 anos 44 anos 47 anos 48 anos 43 anos 44 anos

Junta Freguesia 46 anos 47 anos 48 anos 49 anos 45 anos 46 anos

Assembleia Freguesia 44 anos 44 anos 44 anos 45 anos 44 anos 44 anos

18 - 24 anos 0,0 0,0 1,0 0,8 0,0 0,0 4,0 4,6

25 - 29 anos 1,0 1,0 4,0 4,2 2,0 1,7 8,0 7,0

30 - 39 anos 24,0 20,9 37,0 31,6 30,0 18,7 30,0 25,0

40 - 49 anos 48,0 45,4 35,0 41,2 31,0 35,0 30,0 30,0

50 - 59 anos 20,0 26,8 17,0 16,5 22,0 27,3 19,0 19,2

60 e + anos 7,0 5,3 6,0 5,0 16,0 14,3 10,0 10,0

Desconhecido - 0,6 - 0,7 - 3,0 - 4,2

TOTAL 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0

Câmara Municipal Assembleia MunicipalPresidentes Vereadores Presidentes Membros

1989 1993 1989 1993 1989 1993 1989 1993

Quadro nº 7

Estrutura Etária.

Diferenciação por Órgão/Cargo.

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2.1 Diferenciação por órgão ecargo

Quanto à distribuição por cargo, ospresidentes são, em média, maisenvelhecidos do que os restantesmembros, tendência mais mar-cante em 1993.

Os representantes da Junta deFreguesia são no seu conjunto osmais idosos, tanto no cargo depresidente como no de vogal.

0,0 0,2 2,0 1,9 2,0 2,1 4,0 4,5 1,0 1,1 4,0 3,8

3,0 2,1 6,0 5,5 8,0 5,5 8,0 7,1 5,0 3,6 8,0 6,6

22,0 17,6 26,0 23,9 28,0 26,8 26,0 24,9 25,0 21,9 27,0 25,0

33,0 35,6 31,0 32,1 30,0 31,2 28,0 29,6 32,0 33,9 29,0 30,6

27,0 27,2 23,0 22,5 20,0 21,0 21,0 20,3 23,0 24,4 21,0 20,4

15,0 16,5 12,0 12,7 12,0 12,3 12,0 11,9 14,0 14,1 11,0 11,5

- 0,8 - 3,3 - 1,1 - 1,7 - 1,0 - 2,1

100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0

Junta de Freguesia Assembleia de FreguesiaPresidentes Vogais Presidentes Membros

1989 1993 1989 1993 1989 1993 1989 1993

TOTAL ÓRGÃOSPresidentes Membros

1989 1993 1989 1993

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58

Gráfico nº 7

Estrutura Etária.

Diferenciação por Órgão/Cargo.

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59

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60

Gráfico nº 7.1

Estrutura Etária.

Conjunto dos Órgãos.

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61

2.2 Distribuição partidária

Relativamente às formações par-tidárias, as idades médias sãomuito idênticas, variando entre 43e 46 anos, em 1989 e entre 44 e46 anos, em 1993, quando consi-deramos os dois actos eleitorais.Neste último ano, os eleitos do PS

e PCP/PEV são os mais jovensautarcas, com idade média de 44anos.

1989 1993

PS 44 anos 44 anos

PPD/PSD 45 anos 45 anos

PCP/PEV 43 anos 44 anos

CDS-PP 46 anos 46 anos

18-24 anos 2,5 3,2 3,4 3,4 4,0 4,1 3,2 3,3

25-29 anos 6,4 5,5 7,7 6,8 6,9 5,8 7,1 6,1

30-39 anos 29,6 25,3 24,1 24,1 30,4 24,8 20,5 22,8

40-49 anos 32,5 34,5 28,1 28,1 32,0 35,7 27,4 25,8

50-59 anos 19,0 19,7 23,4 22,4 18,4 19,7 25,7 22,6

60 e + anos 10,0 10,3 13,3 13,4 8,3 9,2 16,1 15,9

desconhecido - 1,5 - 1,7 - 0,8 - 3,5

TOTAL 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0

Quadro e Gráfico nº 8

Estrutura Etária. Diferenciação Partidária.

CONJUNTO DOS ÓRGÃOS

PS PSD PCP/PEV CDS-PP1989 1993 1989 1993 1989 1993 1989 1993

% % % % % % % %

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62

Câmara MunicipalPresid. Veread.

1989 1993 1989 1993% % % %

Assembleia MunicipalPresid. Memb.

1989 1993 1989 1993% % % %

Junta de FreguesiaPresid. Vogais

1989 1993 1989 1993% % % %

Assembleia de FreguesiaPresid. Memb.

1989 1993 1989 1993% % % %

18 - 24 anos 0,0 0,0 0,0 1,1 0,0 0,0 3,0 4,6 0,0 0,1 2,0 1,7 2,0 1,7 3,0 4,3

25 - 29 anos 1,0 1,6 3,0 2,9 2,0 0,8 7,0 5,6 3,0 2,1 6,0 4,8 6,0 5,9 8,0 6,4

30 - 39 anos 27,0 22,0 39,0 30,2 35,0 16,8 33,0 26,3 26,0 20,0 28,0 23,9 32,0 27,3 29,0 25,8

40 - 49 anos 52,0 45,5 38,0 46,0 28,0 40,3 33,0 34,8 34,0 36,8 34,0 35,8 32,0 35,5 31,0 32,6

50 - 59 anos 16,0 26,0 14,0 15,2 20,0 25,2 17,0 17,0 24,0 25,2 21,0 21,8 17,0 18,4 19,0 19,2

60 e + anos 4,0 4,1 5,0 3,6 15,0 16,0 8,0 8,2 14,0 15,1 10,0 11,0 10,0 10,4 10,0 10,2

Desconhecido - 0,8 - 1,0 - 0,9 - 3,5 - 0,7 - 1,0 - 0,8 - 1,5

TOTAL 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0

Quadro nº 9

Estrutura Etária.

Diferenciação Partidária por Órgão/Cargo.

PS

Câmara MunicipalPresid. Veread.

1989 1993 1989 1993% % % %

Assembleia MunicipalPresid. Memb.

1989 1993 1989 1993% % % %

Junta de FreguesiaPresid. Vogais

1989 1993 1989 1993% % % %

Assembleia de FreguesiaPresid. Memb.

1989 1993 1989 1993% % % %

18 - 24 anos 0,0 0,0 1,0 0,4 0,0 0,0 5,0 4,5 0,0 0,3 2,0 1,8 2,0 2,2 4,0 4,6

25 - 29 anos 1,0 0,0 6,0 6,2 2,0 2,5 9,0 9,4 2,0 1,8 7,0 6,0 7,0 5,7 9,0 7,6

30 - 39 anos 19,0 22,4 35,0 34,1 26,0 20,5 28,0 25,9 18,0 15,6 24,0 24,1 24,0 26,0 24,0 24,2

40 - 49 anos 45,0 39,7 32,0 36,2 30,0 27,0 27,0 24,6 32,0 33,7 29,0 29,5 30,0 28,2 27,0 27,1

50 - 59 anos 24,0 29,3 20,0 17,1 25,0 30,3 21,0 21,0 31,0 29,6 24,0 23,0 23,0 23,4 23,0 21,5

60 e + anos 11,0 7,8 7,0 5,4 16,0 15,6 11,0 10,7 17,0 18,6 14,0 14,6 13,0 13,5 13,0 13,3

Desconhecido - 0,8 - 0,6 - 4,1 - 3,9 - 0,4 - 1,0 - 1,0 - 1,7

TOTAL 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0

PPD/PSD

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63

Câmara MunicipalPresid. Veread.

1989 1993 1989 1993% % % %

Assembleia MunicipalPresid. Memb.

1989 1993 1989 1993% % % %

Junta de FreguesiaPresid. Vogais

1989 1993 1989 1993% % % %

Assembleia de FreguesiaPresid. Memb.

1989 1993 1989 1993% % % %

18 - 24 anos 0,0 0,0 0,0 1,5 0,0 0,0 4,0 5,6 1,0 0,0 3,0 2,2 3,0 2,5 6,0 5,4

25 - 29 anos 0,0 2,0 2,0 3,6 0,0 2,1 6,0 4,7 4,0 2,5 6,0 5,5 8,0 3,4 8,0 7,5

30 - 39 anos 30,0 14,3 42,0 30,8 31,0 21,3 31,0 20,8 25,0 19,7 32,0 25,8 35,0 29,8 29,0 25,4

40 - 49 anos 54,0 61,2 42,0 45,1 44,0 36,2 35,0 37,2 39,0 42,7 32,0 35,4 28,0 33,1 29,0 33,3

50 - 59 anos 14,0 22,4 14,0 16,4 18,0 29,8 17,0 20,0 21,0 23,2 18,0 21,0 19,0 19,9 19,0 18,5

60 e + anos 2,0 0,0 1,0 2,1 7,0 8,5 7,0 9,1 10,0 11,5 9,0 9,6 8,0 11,3 9,0 9,3

Desconhecido - 0,1 - 0,5 - 2,1 - 2,6 - 0,4 - 0,5 - - - 0,6

TOTAL 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0

PCP/PEV

Câmara MunicipalPresid. Veread.

1989 1993 1989 1993% % % %

Assembleia MunicipalPresid. Memb.

1989 1993 1989 1993% % % %

Junta de FreguesiaPresid. Vogais

1989 1993 1989 1993% % % %

Assembleia de FreguesiaPresid. Memb.

1989 1993 1989 1993% % % %

18 - 24 anos 0,0 0,0 1,0 0,0 0,0 0,0 3,0 4,1 1,0 0,0 2,0 2,4 2,0 2,2 4,0 4,0

25 - 29 anos 5,0 0,0 6,0 2,5 5,0 0,0 10,0 6,0 3,0 1,6 5,0 4,2 9,0 6,3 7,0 7,4

30 - 39 anos 20,0 23,1 33,0 28,7 25,0 8,3 22,0 21,4 16,0 14,7 19,0 21,0 22,0 26,4 20,0 23,8

40 - 49 anos 35,0 38,5 29,0 33,6 10,0 58,3 22,0 21,1 34,0 30,2 28,0 29,2 29,0 26,0 27,0 24,8

50 - 59 anos 30,0 23,1 21,0 18,9 25,0 8,3 24,0 19,4 30,0 31,7 28,0 25,4 22,0 19,3 26,0 22,3

60 e + anos 10,0 15,4 11,0 14,8 35,0 8,3 19,0 16,5 16,0 21,0 17,0 15,7 16,0 17,5 16,0 15,2

Desconhecido - - - 1,5 - 16,8 - 11,5 - 0,8 2,1 - 2,3 - 2,5

TOTAL 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0

CDS-PP

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Gráfico nº 9.1

Estrutura Etária.

Diferenciação Partidária por Órgão/Cargo.

PS

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65

PS

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Gráfico nº 9.2

Estrutura Etária.

Diferenciação Partidária por Órgão/Cargo.

PPD/PSD

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PPD/PSD

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Gráfico nº 9.3

Estrutura Etária.

Diferenciação Partidária por Órgão/Cargo.

PCP/PEV

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PCP/PEV

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Gráfico nº 9.4

Estrutura Etária.

Diferenciação Partidária por Órgão/Cargo.

CDS-PP

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CDS-PP

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3. ESTRUTURA PROFISSIO-NAL

3.1 Diferenciação por órgão ecargo

Considerando, agora, a estruturaprofissional dos eleitos locais,tanto em 1989 como em 1993, ve-rifica-se uma diferenciação nítidaentre os órgãos, de abrangênciamunicipal e de freguesia. Nosprimeiros há uma presença esma-gadora de quadros superiores emédios, com incidência, aindamaior, no cargo de presidente.

A comparação dos dados entre1989 e 1993 sugere-nos umaumento da presença de eleitosnesta categoria. Tal conclusão de-verá ser devidamente ponderada,tendo em consideração as agre-gações das categorias profissio-nais atrás referidas.

Os eleitos dos órgãos de freguesiadisseminam-se em várias catego-rias, nomeadamente pelos"Pequenos Empresários, Proprie-

Prof Intelect/Cient 56,0 69,9 52,0 67,4 68,0 69,0 41,0 48,0

Peq Emp, Propriet 7,0 7,0 8,0 8,4 6,0 5,7 8,0 14,0

Administ, Serviços 30,0 12,6 31,0 11,9 19,0 10,7 32,0 15,8

Operários, Artifices 5,0 2,3 7,0 2,5 4,0 1,3 11,0 6,1

Agricultores 0,0 0,3 0,0 0,6 0,0 1,3 0,0 2,3

Aposentados 2,0 3,0 2,0 2,4 3,0 4,7 4,0 5,0

Outras 0,0 4,9 0,0 6,8 0,0 7,3 4,0 8,8

TOTAL 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0

Câmara Municipal Assembleia MunicipalPresidentes Vereadores Presidentes Membros

1989 1993 1989 1993 1989 1993 1989 1993

Quadro nº 10

Estrutura Profissional.

Diferenciação por Órgão/Cargo.

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tários e Comerciantes", pelo"Pessoal Administrativo eSimilares, Pessoal dos Serviços eVendedores", pelos "Operários,Artífices e Operadores deMáquinas" e pelos "Agricultores,Trabalhadores Qualificados daAgricultura e Pescas". Tornou-sedifícil analisar a evolução de 1989para 1993, uma vez que, para oprimeiro ano, na categoria,"Pessoal do Comércio e Serviços",não foi possível diferenciar a situ-ação na profissão, pelo que foramaí incluídos pequenos propri-etários ligados ao comércio e aos

serviços. Os trabalhadores da agri-cultura e indústria constituiram,também, nesse ano, uma únicacategoria profissional.

Tal não obsta, contudo, que as ca-tegorias mais significativas nosdois anos, em análise, sejam os"Pequenos Empresários, Proprie-tários e Comerciantes", o "PessoalAdministrativo e Similares, Pessoaldos Serviços e Vendedores" e,ainda, os trabalhadores por contade outrém da Agricultura e daIndústria.

12,0 17,7 9,0 14,6 15,0 19,2 10,0 12,4 17,0 22,0 15,0 20,0

14,0 30,5 9,0 19,1 10,0 20,4 9,0 19,3 11,0 24,2 9,0 18,1

35,0 15,5 34,0 19,5 30,0 18,0 29,0 17,4 31,0 16,3 30,0 17,4

29,0 11,4 38,0 18,4 37,0 18,9 42,0 23,5 31,0 14,1 36,0 19,2

0,0 11,7 0,0 15,4 0,0 12,3 0,0 13,6 0,0 11,2 0,0 11,8

10,0 10,9 8,0 8,8 6,0 7,7 7,0 7,6 8,0 8,9 7,0 7,3

0,0 2,3 2,0 4,2 2,0 3,5 3,0 6,2 2,0 3,3 3,0 6,2

100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0

Junta de Freguesia Assembleia de FreguesiaPresidentes Vogais Presidentes Membros

1989 1993 1989 1993 1989 1993 1989 1993

TOTAL ÓRGÃOSPresidentes Membros

1989 1993 1989 1993

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Gráfico nº 10

Estrutura Profissional.

Diferenciação por Órgão/Cargo.

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Gráfico nº 10.1

Estrutura Profissional.

Conjunto dos Órgãos.

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3.2 Diferenciação partidáriapor órgão e cargo

Tanto em 1989 como em 1993, asformações partidárias agrupam-seem dois conjuntos em função dasafinidades/disparidades que seestabelecem entre os respectivosperfis socioprofissionais. Umdeles, mais homogéneo, dizrespeito ao CDS-PP e PPD/PSD,em que o peso relativo dasprofisões mais significativas, bemcomo a sua hierarquização sãomuito idênticos entre si, nos doisactos eleitorais.

Quanto ao conjunto formado peloPS e PCP/PEV, as afinidades

estabelecem-se mais em funçãoda hierarquização das categoriasdo que dos seus pesos relativos,preferencialmente ligados a cate-gorias profissionais dos "Ope-rários, Artífices e Operadores deMáquinas" e do "Pessoal Adminis-trativo e Similares, Pessoal dosServiços e Vendedores".

Na leitura dos respectivos quadrose gráficos deverá ser tido em con-sideração as advertências feitaspara a agregação das categoriasprofissionais, o que implicou asobrevalorização e/ou subvaloriza-ção de algumas delas, em espe-cial no acto eleitoral de 1989.

Prof Intelect/Cient 17,0 21,6 15,0 19,4 16,0 22,8 15,0 16,4

Peq Emp, Propriet 8,0 16,8 12,0 22,4 2,0 8,1 14,0 27,3

Administ, Serviços 32,0 18,4 30,0 16,0 30,0 21,2 26,0 12,1

Operários, Artifices 35,0 20,4 33,0 14,4 43,0 31,4 35,0 14,5

Agricultores 0,0 9,7 0,0 15,0 0,0 3,5 0,0 15,9

Aposentados 7,0 7,7 7,0 7,5 5,0 6,4 8,0 7,7

Outras 1,0 5,4 3,0 5,3 4,0 6,6 2,0 6,1

Total 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0

PS PPD/PSD PCP/PEV CDS-PP1989 1993 1989 1993 1989 1993 1989 1993

% % % % % % % %

Quadro nº 11

Estrutura Profissional.

Diferenciação Partidária.

CONJUNTO DOS ÓRGÃOS

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Quanto à diferenciação partidáriapor órgão e cargo, os aspectosmais importantes a realçar é a pre-sença de "Operários, Artífices eOperadores de Máquinas" nasCâmaras e Assembleias Muni-cipais eleitos em listas doPCP/PEV, embora registando umaredução significativa em 1993.

Em todas as formações partidáriasobserva-se, em 1993, um acrésci-mo, relativamente a 1989, da par-ticipação dos quadros superiores emédios, nos órgãos de abrangên-cia municipal.

No que se refere aos órgãos defreguesia, a análise fica prejudica-da pela agregação das profissões,que aí são mais representativas,por não existirem dados discrimi-nados para os profissionais liga-dos à indústria e agricultura, o queobrigou às agregações atrás referi-das. Daí que a conclusão maissegura a retirar é a da participaçãoexpressiva dos "Aposentados", emtodas as formações partidárias,entre 1989 e 1993.

Gráfico nº 11

Estrutura Profissional.

Diferenciação Partidária.

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Câmara MunicipalPresid. Veread.

1989 1993 1989 1993% % % %

Assembleia MunicipalPresid. Memb.

1989 1993 1989 1993% % % %

Junta FreguesiaPresid. Vogais

1989 1993 1989 1993% % % %

Assembleia FreguesiaPresid. Memb.

1989 1993 1989 1993% % % %

Prof Intelect/Cient 60,0 77,3 54,0 72,8 73,0 73,1 41,0 49,9 14,0 21,4 9,0 15,8 16,0 21,5 10,0 12,0

Peq Emp, Propriet 5,0 5,7 6,0 6,8 5,0 3,4 6,0 12,4 10,0 26,0 7,0 16,7 8,0 17,3 8,0 17,5

Administ, Serviços 30,0 8,1 32,0 11,7 16,0 13,4 35,0 16,9 37,0 16,4 35,0 20,9 32,0 21,0 30,0 18,6

Operários, Artifices 2,0 1,6 5,0 1,5 2,0 0,0 11,0 6,1 27,0 13,1 38,0 20,9 37,0 21,1 43,0 26,4

Agricultores 0,0 0,8 0,0 0,3 0,0 0,0 0,0 1,3 0,0 9,8 0,0 12,4 0,0 8,8 0,0 11,7

Aposentados 3,0 3,3 3,0 2,1 3,0 3,4 4,0 5,3 12,0 11,2 9,0 9,3 6,0 7,0 7,0 7,8

Outras 0,0 3,2 0,0 4,8 1,0 6,7 3,0 8,1 0,0 2,1 2,0 4,0 2,0 3,3 2,0 6,0

TOTAL 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0

Quadro nº 12

Estrutura Profissional

Diferenciação Partidária por Órgão/Cargo.

PS

Câmara MunicipalPresid. Veread.

1989 1993 1989 1993% % % %

Assembleia MunicipalPresid. Memb.

1989 1993 1989 1993% % % %

Junta FreguesiaPresid. Vogais

1989 1993 1989 1993% % % %

Assembleia FreguesiaPresid. Memb.

1989 1993 1989 1993% % % %

Prof Intelect/Cient 52,0 66,5 52,0 67,1 68,0 68,9 41,0 48,3 10,0 13,4 8,0 12,8 13,0 17,2 9,0 12,3

Peq Emp, Propriet 8,0 10,3 8,0 9,4 8,0 8,2 9,0 16,6 18,0 36,2 13,0 23,2 13,0 24,2 12,0 22,1

Administ, Serviços 32,0 12,1 32,0 9,9 18,0 8,2 32,0 15,6 34,0 14,9 33,0 18,3 31,0 15,6 28,0 16,2

Operários, Artifices 4,0 1,7 5,0 1,3 3,0 0,0 9,0 2,6 26,0 8,3 36,0 13,8 35,0 15,0 41,0 19,0

Agricultores 0,0 0,0 0,0 1,1 0,0 1,6 0,0 2,8 0,0 14,1 0,0 20,1 0,0 17,1 0,0 17,1

Aposentados 3,0 3,4 2,0 2,5 3,0 5,7 5,0 4,8 10,0 11,0 8,0 8,9 6,0 8,0 7,0 7,4

Outras 1,0 6,0 1,0 8,7 0,0 7,4 4,0 9,3 2,0 2,1 2,0 2,9 2,0 2,9 3,0 5,9

TOTAL 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0

PPD/PSD

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Câmara MunicipalPresid. Veread.

1989 1993 1989 1993% % % %

Assembleia MunicipalPresid. Memb.

1989 1993 1989 1993% % % %

Junta FreguesiaPresid. Vogais

1989 1993 1989 1993% % % %

Assembleia FreguesiaPresid. Memb.

1989 1993 1989 1993% % % %

Prof Intelect/Cient 56,0 57,1 38,0 54,3 58,0 57,4 33,0 40,4 13,0 22,9 10,0 17,2 14,0 21,8 10,0 15,2

Peq Emp, Propriet 2,0 0,0 3,0 4,6 0,0 4,3 2,0 7,0 2,0 16,9 2,0 9,0 2,0 8,3 2,0 7,4

Administ, Serviços 30,0 26,5 35,0 20,5 23,0 10,6 30,0 17,2 35,0 18,5 35,0 24,0 30,0 21,5 28,0 21,9

Operários, Artifices 12,0 6,1 22,0 11,8 15,0 8,5 28,0 21,6 44,0 25,5 45,0 32,9 46,0 31,0 50,0 37,6

Agricultores 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 4,3 0,0 2,2 0,0 5,7 0,0 3,8 0,0 3,7 0,0 3,8

Aposentados 0,0 2,1 1,0 1,5 4,0 6,4 4,0 4,4 6,0 9,2 5,0 6,5 5,0 7,7 6,0 7,0

Outras 0,0 8,2 1,0 7,3 0,0 8,5 3,0 7,2 1,0 1,3 3,0 6,6 3,0 6,0 4,0 7,1

TOTAL 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0

Quadro nº 12 (continuação)

Estrutura Profissional

Diferenciação Partidária por Órgão/Cargo.

PCP/PEV

Câmara MunicipalPresid. Veread.

1989 1993 1989 1993% % % %

Assembleia MunicipalPresid. Memb.

1989 1993 1989 1993% % % %

Junta FreguesiaPresid. Vogais

1989 1993 1989 1993% % % %

Assembleia FreguesiaPresid. Memb.

1989 1993 1989 1993% % % %

Prof Intelect/Cient 55,0 76,9 53,0 60,7 60,0 75,0 45,0 48,7 10,0 10,3 9,0 9,8 15,0 14,1 8,0 8,8

Peq Emp, Propriet 15,0 15,4 17,0 18,9 15,0 8,3 13,0 19,5 22,0 40,1 14,0 27,9 12,0 28,3 13,0 28,0

Administ, Serviços 25,0 7,7 23,0 9,0 15,0 8,3 26,0 8,5 29,0 14,7 29,0 14,9 25,0 12,6 25,0 12,1

Operários, Artifices 5,0 0,0 1,0 0,0 0,0 0,0 7,0 1,1 30,0 4,8 38,0 14,4 37,0 14,9 43,0 19,6

Agricultores 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 4,9 0,0 17,5 0,0 19,3 0,0 17,1 0,0 18,2

Aposentados 0,0 0,0 6,0 4,9 10,0 0,0 6,0 4,9 9,0 10,7 9,0 8,5 9,0 9,7 7,0 7,8

Outras 0,0 0,0 0,0 6,5 0,0 8,4 3,0 12,4 0,0 1,9 1,0 5,2 2,0 3,3 4,0 5,5

TOTAL 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0

CDS-PP

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Gráfico nº 12.1

Estrutura Profissional.

Diferenciação Partidária por Órgão/Cargo.

PS

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PS

Gráfico nº 12.1 (continuação)

Estrutura Profissional.

Diferenciação Partidária por Órgão/Cargo.

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PPD/PSD

Gráfico nº 12.2

Estrutura Profissional.

Diferenciação Partidária por Órgão/Cargo.

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PPD/PSD

Gráfico nº 12.2 (continuação)

Estrutura Profissional.

Diferenciação Partidária por Órgão/Cargo.

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PCP/PEV

Gráfico nº 12.3

Estrutura Profissional.

Diferenciação Partidária por Órgão/Cargo.

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PCP/PEV

Gráfico nº 12.3 (continuação)

Estrutura Profissional.

Diferenciação Partidária por Órgão/Cargo.

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CDS-PP

Gráfico nº 12.4

Estrutura Profissional.

Diferenciação Partidária por Órgão/Cargo.

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CDS-PP

Gráfico nº 12.4 (continuação)

Estrutura Profissional.

Diferenciação Partidária por Órgão/Cargo.

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4 DISTRIBUIÇÃO PARTI-DÁRIA

Para o total do País, tanto em 1989como em 1993, nos quatro órgãosautárquicos, o PPD/PSD obtém amaioria dos mandatos, excepto no

cargo de Presidente de CâmaraMunicipal, em que o PS ocupaessa posição.

Câmara Municipal 36,5 39,3 38,9 40,1 12,7 12,3 9,1 6,8

Assembleia Municipal 36,6 39,0 38,4 39,6 12,7 12,0 10,4 8,2

Junta de Freguesia 33,8 36,3 38,9 39,9 9,2 8,8 9,3 6,8

Assembleia de Freguesia 33,6 36,7 40,0 40,9 8,9 8,4 10,3 8,2

TOTAL 34,1 37,0 39,5 40,5 9,6 9,1 10,0 7,8

PS PPD/PSD PCP/PEV CDS-PP1989 1993 1989 1993 1989 1993 1989 1993

% % % % % % % %

Quadro e Gráfico nº 13

Distribuição Partidária por Órgão

CONJUNTO DOS ÓRGÃOS

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A nível espacial, registam-se algu-mas diferenças na distribuição par-tidária. O PS, em 1993, para alémdos distritos nos quais em 1989detinha a maioria de eleitos(Braga, Coimbra, Faro, Lisboa,Portalegre, Porto, Santarém),ganha também nos distritos deBragança e Castelo Branco.

Em contrapartida, o PPD/PSD, em1993, reduz o número de distritosem que obtivera a maioria deeleitos em 1989 (Aveiro, Bragança,Guarda, Castelo Branco, Leiria,Viana do Castelo, Vila Real, Viseue as Regiões Autónomas), por ter

perdido os dois distritos atrásreferidos.

O PCP/PEV mantém, nos doisactos eleitorais, em análise, os dis-tritos de Beja, Évora e Setúbal.

4.1 Eleitos não pertencentesà estrutura partidária

Regista-se um decréscimo da re-presentação dos eleitos em listasde Grupos de Cidadãos Eleitores,tendo passado de 5,0% em 1989para 3,8% em 1993, conforme sepode verificar nos respectivosquadros e gráficos.

Eleitos apurados 12979 12801 32070 31412 45049 44213

Grupos de Cidadãos Eleitores 804 513 1363 1145 2167 1658

% 6,0 4,0 4,0 3,6 5,0 3,8

J.F. A.F. TOTAL1989 1993 1989 1993 1989 1993

Quadro nº 14

Grupos de Cidadãos Eleitores no Total de Eleitos.

Diferenciação por Órgão

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Por outro lado, assiste-se a umacréscimo significativo de eleitosindependentes em listas par-tidárias, que passou de 2,0% em1989 para 5,2% para 1993.

Para tal, o maior contributo vem daparte do PCP/PEV (5% contra13,5%) e do PS (2,0% contra6,8%).

Eleitos apurados 18300 19551 21215 21373 5149 4787 5377 4118 3617 2975 53658 52804

Eleitos Ind. apur. 307 1324 160 527 263 645 178 111 72 117 980 2724

% 2,0 6,8 1,0 2,5 5,0 13,5 3,0 2,7 2,0 3,9 2,0 5,2

PS1989 1993

Quadro nº 15

Independentes no Total de Eleitos

Diferenciação Partidária.

PPD/PSD1989 1993

PCP/PEV1989 1993

CDS-PP1989 1993

OUTROS1989 1993

TOTAL1989 1993

Gráfico nº 14

Grupos de Cidadãos Eleitores no Total de Eleitos.

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Gráfico nº 15

Independentes no Total de Eleitos.

Maria da Graça Miragaia ArcherChefe de Divisão do STAPE

Susana Cristóvão CostaAssessora do STAPE

Sónia Cristina TavaresTécnica Estagiária do STAPE