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Departamento de Teologia 1 DA REVOLTA DE JEÚ À GUERRA SIRO-EFRAIMITA: OS REINADOS DE ISRAEL NA PESQUISA RECENTE Aluno: Willian Gomes Mendonça Orientador: Maria de Lourdes Corrêa Lima Introdução O período que compreende a história do Reino do Norte desde sua separação de Judá até seu declínio apresenta características fundamentais que ampliam os horizontes do texto bíblico e descortinam a história de um povo singular do Reino do Norte. Israel possui em seu seio uma história toda própria que o distingue completamente do Reino do Sul. A fertilidade dos vales, a localização nas principais rotas comerciais, a diversidade de seu território, a presença do culto às divindades cananéias e do culto a YHWH e as disputas tribais guiam a história do Reino do Norte por veredas estreitas que o sufocarão no decorrer de sua estruturação enquanto estado organizado e estabelecido. Desde seu nascimento com Jeroboão, o Reino do Norte é marcado fortemente pela tradição carismática. Esta, por sua vez, impede que a tradição dinástica se estabeleça em Israel. E sem uma tradição dinástica estabelecida, o Reino do Norte fica suscetível as grandes violências e usurpações que irão fazer parte de sua história. A revolta de Jeú faz transparecer questões polêmicas quanto ao culto a YHWH e as alianças políticas iniciadas de modo mais característico durante o reinado dos omridas. Período de grande crescimento e reconhecimento de Israel como reino para os povos vizinhos. Toda esta perspectiva em torno da ação violenta de Jeú pode ser depreendida do estudo do texto bíblico, da arqueologia tradicional e recente. Cada qual traz sua contribuição à interpretação que averigua o dado histórico e procura compreender o texto bíblico. Dentro deste confronto de informações e dados, o leitor pode se aproximar com mais nitidez da mensagem que a teologia deuteronomista que transmitir e fazer compreender ao seu leitor. 1. Arqueologia tradicional e a Sagrada Escritura 1.1 Os primeiros anos do Reino do Norte Para melhor compreender a revolta de Jeú é importante conhecer que a história do Reino do Norte, que fora temporariamente interrompida com a unificação dos reinos sob Davi e Salomão, recomeça com a divisão entre Israel e Judá. E isto se torna importante para compreender o processo de formação da nação Israel e as características que ela foi assumindo no decorrer de sua história. A divisão começa logo após a morte de Salomão. Seu filho Roboão assume o trono. As tribos do Norte pedem alívio nos impostos. No entanto,

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    1

    DA REVOLTA DE JE GUERRA SIRO-EFRAIMITA: OS REINADOS DE ISRAEL

    NA PESQUISA RECENTE

    Aluno: Willian Gomes Mendona

    Orientador: Maria de Lourdes Corra Lima

    Introduo

    O perodo que compreende a histria do Reino do Norte desde sua separao de Jud

    at seu declnio apresenta caractersticas fundamentais que ampliam os horizontes do texto

    bblico e descortinam a histria de um povo singular do Reino do Norte.

    Israel possui em seu seio uma histria toda prpria que o distingue completamente do

    Reino do Sul. A fertilidade dos vales, a localizao nas principais rotas comerciais, a

    diversidade de seu territrio, a presena do culto s divindades cananias e do culto a YHWH

    e as disputas tribais guiam a histria do Reino do Norte por veredas estreitas que o sufocaro

    no decorrer de sua estruturao enquanto estado organizado e estabelecido.

    Desde seu nascimento com Jeroboo, o Reino do Norte marcado fortemente pela

    tradio carismtica. Esta, por sua vez, impede que a tradio dinstica se estabelea em

    Israel. E sem uma tradio dinstica estabelecida, o Reino do Norte fica suscetvel as grandes

    violncias e usurpaes que iro fazer parte de sua histria.

    A revolta de Je faz transparecer questes polmicas quanto ao culto a YHWH e as

    alianas polticas iniciadas de modo mais caracterstico durante o reinado dos omridas.

    Perodo de grande crescimento e reconhecimento de Israel como reino para os povos vizinhos.

    Toda esta perspectiva em torno da ao violenta de Je pode ser depreendida do

    estudo do texto bblico, da arqueologia tradicional e recente. Cada qual traz sua contribuio

    interpretao que averigua o dado histrico e procura compreender o texto bblico. Dentro

    deste confronto de informaes e dados, o leitor pode se aproximar com mais nitidez da

    mensagem que a teologia deuteronomista que transmitir e fazer compreender ao seu leitor.

    1. Arqueologia tradicional e a Sagrada Escritura

    1.1 Os primeiros anos do Reino do Norte

    Para melhor compreender a revolta de Je importante conhecer que a histria do

    Reino do Norte, que fora temporariamente interrompida com a unificao dos reinos sob Davi

    e Salomo, recomea com a diviso entre Israel e Jud. E isto se torna importante para

    compreender o processo de formao da nao Israel e as caractersticas que ela foi

    assumindo no decorrer de sua histria. A diviso comea logo aps a morte de Salomo. Seu

    filho Roboo assume o trono. As tribos do Norte pedem alvio nos impostos. No entanto,

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    Roboo no cede e Israel elege para si outro rei chamado Jeroboo como descrito em 1Rs

    12, 1-20. John Bright ressalta que o repdio por parte de Israel na unio com Jud no era

    algo novo, mas fora reprimido por Davi e Salomo. E com a oportunidade de voltar

    novamente a uma tradio de liderana mais antiga, Israel no se intimidou. Os profetas,

    como Aas e Semias, tm um papel importante neste processo: defensores da aliana com

    YHWH. Segundo Bright, estes se mantinham na tradio da antiga liga israelita [1] e

    repudiavam tanto a atitude repressiva com relao aos sditos como o incentivo ao culto dos

    deuses estrangeiros por parte de Salomo. E tambm estavam ligados a liderana carismtica,

    pela qual repudiavam o direito da dinastia davdica de governar Israel perpetuamente [2].

    Estes profetas tinham o desejo de voltar a uma tradio mais antiga, segundo a qual para

    apossar o novo Rei, seria preciso uma designao proftica e depois uma aclamao popular

    [3]. Israel marcado por uma tradio carismtica muito forte.

    O povo de Israel tinha a compreenso de que a base de sua lealdade est em sua

    concepo de rei: servo do povo. Dentro desta perspectiva, o povo pedia que Roboo, filho de

    Salomo, aliviasse os tributos que eram muito pesados. O povo de Israel tem bem presente a

    viso de um rei salvador carismtico [4]. E como Roboo no aceitou a proposta do povo de

    Israel, este, por sua vez, rebelou-se contra o Rei e ps Jeroboo em seu lugar dando incio a

    diviso do reino. Assim, depois da dinastia benjaminita e judaica, surge a dinastia efraimita.

    Para Cazelles, Jeroboo estaria dentro do modelo salomnico. Pois, Cazelles prefere manter

    suspensa a realeza carismtica e chamar a ateno para um problema crucial que est por trs

    deste modelo: as grandes disputas tribais e tnicas. Pois sabido que com a diviso entre

    Reino do Norte e Reino do Sul, Israel tinha consigo 10 tribos mais uma parte da tribo

    benjaminita. Este fato imprescindvel para compreender todos os desafios que o Reino do

    Norte enfrentar durante seus dois sculos de existncia at sua queda definitiva em 722 a.C.

    [5].

    Israel, aps a separao dos dois reinos ficou responsvel por um desafio bem mais

    urgente e incisivo do que Jud. O Reino do Norte est situado numa regio de muito trnsito

    comercial de norte a sul, no qual encontra-se a ligao do oriente tanto com a plancie

    litornea como com o Mar Mediterrneo. Por este motivo estratgico, Israel dever

    constantemente defender seu territrio de possveis invases de seus vizinhos [6].

    Outra realidade caracterstica que diferencia o Reino do Norte do Reino do Sul a

    diferena fsica e geogrfica. O territrio de Israel encontra-se numa diversidade geogrfica

    muito grande. E isto de certa forma dificultou bastante sua estruturao e organizao

    enquanto estado [7].

    Dentro desta perspectiva, Israel encontrou em seu seio algumas marcas que sero

    importantes para entender o processo difcil de consolidao do estado e seu fim: a falta de

    uma dinastia estvel, os decorrentes assassinatos, usurpaes, dimenses do territrio e

    ameaas externas. Tudo isso ocorre dentro de vrias tentativas de organizar e consolidar uma

    monarquia. No entanto, a tradio de Israel marcada pela liderana carismtica gera uma

    instabilidade que continuamente ameaadora [8], pois dificulta a estruturao do novo

    estado. Em Israel no havia ainda a capital e nem Templo como referncia para celebrar o

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    culto a YHWH. Este processo levou certo tempo para se consolidar. Por diversas vezes Israel

    mudou de capital. A primeira capital escolhida foi Siqum. Mas depois, Jeroboo escolheu

    Penuel como sua nova residncia por causa das investidas de Shosshenk I, chamado no AT de

    Sisaque. Aps esta capital, Jeroboo mudou-se para Tirza. Para sanar a falta de uma tradio

    dinstica, houve tentativas de estabelecimento de continuidade nas famlias regentes. Mas os

    consequentes assassinatos impedem esta estabilidade e a paz para a nao [9].

    Nadabe, filho de Jeroboo I, sucede seu pai no trono (907/906). Isso significa que

    Jeroboo procura substituir a liderana por designao proftica e aclamao popular, j que

    no saudvel para o Reino do Norte. Por isso, prepara o caminho de sucesso para seu filho

    Nadabe. Mas, quando Nadabe saiu para combater contra os filisteus, foi assassinado, por

    designao do profeta Je, por Baasa de Issacar (906/905). Este, por sua vez, tratou de

    exterminar todos os vares da famlia de Jeroboo I. Esta prtica se tornou costume de todos

    os usurpadores em Israel [10].

    Desde a morte de Jeroboo at Omri, o Reino do Norte passa por uma instabilidade e

    por um enfraquecimento em sua organizao enquanto estado. O Reino do Norte no

    consegue gozar de uma estabilidade que rena em torno de si todo povo israelita.

    Diferentemente, Jud estava numa organizao e numa estruturao de crescimento muito

    positiva [11]. O que mais caracteriza o estado do norte sua forte instabilidade interna

    refletida pelas mudanas de trono ocorridas por trs vezes nos primeiros cinquenta anos,

    atravs da violncia [12]. O Reino do Norte marcado pela instabilidade atravs da

    violncia. Esta instabilidade vem, segundo Bright, principalmente da tradio carismtica, que

    no reconhece a tradio dinstica [13]. No entanto, certamente fatores histricos, disputas

    entre tribos e interesses de domnio tero sido fortes motores desta instabilidade.

    Dentro destas disputas tribais, a pequena dinastia de Issacar interrompida com o

    assassinato do filho de Baasa por Zambri (883/882). O exrcito que estava em combate em

    Gebeton escolhe como seu rei Omri. Ao cercarem o palcio onde estava Zambri, este se

    suicida. No entanto, esses acontecimentos geraram mais divises e a formao de dois

    partidos em Israel: partido dos israelitas em Jezrael e partido dos cananeus em Samaria. Omri

    teve que disputar o trono com Tebni. Este morre e Omri assume o trono [14].

    notvel o fato de a dinastia de Omri no assumir logo o poder como rei por causa de

    Tibni [15]. Este dado sutil pode revelar que haveria j dentro de Israel uma realidade j

    dividida. Uma concepo que j era perceptvel pelos consequentes assassinatos.

    Quatro anos depois, Omri assume o reinado de Israel. Sua dinastia foi uma das mais

    estveis em Israel, mesmo se marcada por tenses da poltica externa. Omri e Acabe, seu

    filho, se estabelecem com certa tranquilidade nesta poca no Reino do Norte [16].

    O nome Omri no parece ser um nome israelita, mas um nome estrangeiro. Esta

    suspeita se entende da presena forte de estrangeiros no exrcito desde Davi. Alguns

    estrangeiros acabavam at por ocupar cargos de confiana e de liderana. Omri era um desses

    que ocupavam cargos de liderana no exrcito israelita. Sua campanha e sua poltica religiosa

    eram estranhas aos israelitas que se dividiram entre Tibni e Omri [17].

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    O reinado de Omri, apesar de ser pouco explicitado pelo Livro de Reis, deu uma

    grande organizao poltica a Israel. Faz da Samaria centro poltico do Reino do Norte envolta

    em uma fortaleza muito resistente. Omri consolidou o Reino do Norte em sua estrutura interna

    e em sua relao com Jud [18]. A dinastia dos omridas enfrentar um problema de

    estruturao interna referente aos cananeus, j que estes perderam, com os reis do Norte, sua

    autonomia. Mas com o passar do tempo foi ocorrendo uma integrao quanto a cultura e os

    costumes que se diferenciavam bastante do novo Israel. Os costumes cananeus so pr-

    israelitas. O culto a Baal dos cananeus e o culto a YHWH dos Israelitas so um risco para a

    integrao interna como desafio para os omridas [19]. Entretanto, os omridas parecem fazer a

    opo por manter as duas vertentes separadas com seus direitos e deveres cada qual.

    Dentro desta concepo que podemos afirmar a compra de um grande terreno para a

    construo da cidade de Samaria. Os Israelitas no admitiam nenhum tipo de venda por ser

    YHWH proprietrio de todas as terras em Israel. Deste modo, a transao de compra s

    possvel atravs de um cananeu. Para os cananeus a compra e venda de terras admitida sem

    nenhum problema [20].

    Nesta nova localizao dos omridas em Samaria ser construdo um grande palcio

    com ornamentos de marfim. Outra residncia ser construda em Jesrael. Cada qual faz

    referncia aos cananeus e israelitas. Segundo Donner, esta ttica poltica dos omridas tende

    abranger os dois cultos: Baal e YHWH. Em Samaria foi construdo um templo pago e em

    Jesrael se celebrava o culto a YHWH. Os omridas queriam manter, como forma de

    organizao interna, a celebrao do culto tanto a Baal como a YHWH. Mas agiam como

    cananeus em Samaria e como Israelitas em Jesrael [21].

    Segundo esta compreenso, sua poltica estava em torno de uma pacificao interna

    cuja ttica compreenderia a confisso pacfica tanto de YHWH como de Baal. Esta forma de

    governar teria a perspectiva de adquirir aliados polticos no qual at os casamentos esto

    inclusos nesta dinmica de estruturao e crescimento de Israel. Um exemplo disso o

    casamento de Acabe, filho de Omri, com Jezabel, filha do rei Itobaal de Tiro. Este ato tem

    como propsito manter boas relaes com a cidade porturia de Tiro [22]. A dinastia de Omri

    abre as portas de Israel para relaes polticas com outros estados vizinhos e traz

    reconhecimento externo sobre sua dinastia. Foi um perodo de grande crescimento para o

    Reino do Norte. As relaes polticas eram ntidas. Tiro era uma cidade porturia importante

    para desenvolvimento de questes comerciais. No entanto, essa poltica trouxe consigo

    influncia externa sobre o estado de Israel. Outro casamento poltico se d entre Josaf de

    Jud com Atalaia, neta de Omri [23].

    Durante o perodo do reinado dos omridas ocorre a ascenso da Assria. Esta ascenso

    tem uma poltica expansiva de dominao dos estados vizinhos. Para resistirem a esta

    investida dos assrios sobre o comando de Arssurbanipal II, os israelitas, judatas, arameus,

    moabitas e fencios se unem num s exrcito. Mas, mesmo perdendo a batalha (884-859), a

    vitria assria no trouxe nenhuma consequncia para estes pequenos estados. A Assria

    continuou suas investidas contra a Sria at o ano de 838. Depois desta data a Assria

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    interrompe sua campanha de expanso. A partir deste momento tanto Israel como Jud

    conseguem recuperar suas foras e se estabilizarem [24].

    O governo dos omridas teve alguns mritos importantes para Israel como a conteno

    da poltica expansiva da Assria por parte de Acabe, a reconquista de Moabe, as grandes

    alianas e relaes polticas com outros estados. No entanto, o deuteronomista tem uma viso

    muito negativa deste perodo da histria de Israel por causa da infiltrao de cultos pagos

    dentro do territrio israelita. E por isso, atribui aos omridas a derrota frente aos srios, que s

    ocorreu na poca de Je. Neste perodo Israel e Sria ainda estavam unidos [25].

    Esta poltica da dinastia dos omridas no demorou a chegar a srias consequncias: a

    perda de controle da poltica religiosa. Segundo Donner, Samaria se tornou um centro

    cananeu que estava se expandindo para dentro do reino. Tudo isso levantou a revolta dos

    israelitas que cultuavam YHWH. Esta revolta no diretamente contra os cananeus que

    cultuavam a Baal, mas contra os reis da dinastia dos omridas pela postura dicotmica[26].

    Esta crise j vinha acontecendo h bastante tempo. A diviso de culto j existia. No

    entanto, a dinastia dos omridas criou possibilidade para que ela viesse tona e exigisse uma

    exclusividade para o culto a YHWH em Israel. Neste momento entra a figura emblemtica de

    Elias como protetor do verdadeiro e puro culto a YHWH [27].

    A postura dicotmica dos omridas instaura uma nova crise religiosa. Jezabel se

    empenhava em tornar o culto ao seu deus, oficial em Israel. Acabe permitiu este culto em

    Israel, o javismo estava mesclado com as religies pags e a grande maioria da corte e da

    classe dominante estava contaminada pelo culto pago [28].

    Ao perceber resistncia dos javistas quanto oficializao do culto a Baal, Jezabel

    comea a persegui-los. A revolta dos profetas pela casa de Omri passa por insatisfaes

    quanto prtica religiosa em Israel mesclada com o culto a Baal. Revolta pelo desrespeito

    lei da Aliana, pela proibio dos profetas de pregaram a Palavra de YHWH. O culto a Baal

    tem sua forte expresso em Jezabel, que tinha ampla liberdade para celebrar sua religiosidade.

    No entanto, notvel que, alm dessa liberdade, Jezabel tivesse grande ardor de tornar o

    estado de Israel um adorador de Baal e Aser. Para conseguir isso, os profetas foram

    perseguidos e ameaados de profetizar em nome de YHWH. Ocorre aqui uma grande ameaa

    cultura, prtica religiosa e s tradies de Israel. Os profetas atentos a esta situao esto

    tomados do desejo de descortinar esta realidade e restaurar as antigas tradies de Israel [29].

    Diante desta perseguio, no entanto, muitos profetas acabaram por se contentar em

    dizer somente aquilo que o rei queria ouvir e outros foram afastados com a certeza de que

    Deus desejava a destruio da Casa de Omri [30]. Um deles foi Elias, homem de tradio

    fortemente Javista. Seu sucessor Eliseu deu continuidade ao processo de resistncia poltica.

    Estes profetas esto inteiramente engajados na ao poltica no que tange designao de

    novos lderes ou para derrubar os atuais e colocar outros considerados por eles competentes

    em levar adiante a misso de governar o estado de Israel [31].

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    H tambm uma grande insatisfao por parte dos soldados do exrcito e seus

    generais. Segundo Bright os motivos da insatisfao podem ser referentes a ineficcia na

    conduo da guerra com Aram por parte de Joro e na no aceitao deste como lder

    (845/844) [32].

    Os costumes estrangeiros introduzidos em Israel distinguem-se completamente da

    cultura do povo israelita. Tais costumes trazem consigo o gosto pelo luxo. Esta forma de viver

    gerou muitas diferenas entre ricos e pobres e um grande descontentamento dos militares,

    como reflexo da insatisfao do povo [33]. E mesmo dentro de uma situao economicamente

    satisfatria, o pobre foi colocado margem do rico, numa total desintegrao [34], injustia e

    violncia.

    O golpe de Je, dentro das grandes insatisfaes de Israel, encontra-se um grupo

    chamado recabitas, provenientes de um cl quenita cujo lder Jonadab (2Rs 10,15-17) [35].

    Este grupo conhecido por sua extrema rigidez quanto aos costumes e modo de vida. Os

    recabitas, insatisfeitos com a atual situao de Israel, desejam que toda a corte seja

    exterminada. E por isso, unem-se a Je, que d incio a uma purificao de Israel. Este

    golpe de Je reflexo da insatisfao do povo.

    Neste contexto, os israelitas que celebravam o culto a YHWH perceberam que a luta

    para a exclusividade do culto deveria sair do campo religioso e partir para o campo poltico.

    H uma constatao de um perigo infiltrado na dinastia dos omridas que veio se acentuando

    cada vez mais. Por isso, a forma de eliminar a dinastia dos omridas seria atravs de um golpe

    capital realizado por um oficial do exrcito chamado Je [36].

    Neste contexto, o governo dos omridas sofre condenao no s dos deuteronomistas

    como tambm de grupos israelitas conservadores contra o progresso e fiis a YHWH. Este

    grupo se insurge no ano 845/844 contra o governo dos omridas na pessoa de Je, que ataca e

    mata Joro, filho de Acabe, em Jezrael. Je um expoente desse grupo conservador de Israel.

    Neste sentido, trs personagens pertencentes a trs crculos diferentes aparecem unidos neste

    protesto contra a infidelidade de Israel a YHWH: Janadabe, Eliseu e Je [37].

    Je designado rei pelo profeta Eliseu e aclamado pelo exrcito popular. Pois,

    segundo o texto bblico, o profeta Eliseu, no ano 841 (reinado de Ocozias), em obedincia a

    YHWH, envia um dos irmos profetas com um frasco de leo para ungir Je como rei de

    Israel. Esta uno vem acompanhada do dito de YHWH, cujo objetivo do reinado em Israel

    consiste em exterminar toda a casa de Acabe e vingar os profetas e os servos de YHWH

    contra Jezabel. Je est em Ramot de Galaad. E como Je era chefe de um exrcito de Joro

    que combatia em defesa de Ramot de Galaad, comunicou aos outros oficiais que fora ungido

    rei de Israel. Imediatamente estes estenderam seus mantos para o novo rei passar e anunciam

    que Je rei (2Rs 9, 1-13). No entanto, ainda no havia tomado posse de seu reino. Com isso,

    Je vai at Joro para mat-lo. Joro estava ferido em Jezreel e junto com ele estava o rei de

    Jud, Ocozias. Je mata os dois reis como relatado pelo livro do 2Rs: Je conspira contra

    Joro em Jezrael e l o mata. Depois matou Ocozias rei de Jud que se tornara rei no dcimo

    primeiro ano do reinado de Joro, filho de Acabe (2Rs 9,14-29). A morte de Ocozias no tem

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    nenhum sentido neste momento [38]. Este fato leva suposio de que a paixo

    revolucionria de Je tenha levado a esse assassinato [39].

    No entanto, Je no havia terminado sua srie de assassinatos. Em Jezreel, Je mata

    Jezabel atravs de trs eunucos que ali estavam. Seu corpo foi devorado pelos ces e s lhe

    restaram cabea, ps e mos (2 Rs 9, 30 -36). Porm, ainda faltava Samaria. Para conquistar

    Samaria, Je utilizou-se de cartas que induziram os aristocratas urbanos a matarem todos os

    descendentes masculinos dos omridas, por decapitao. Estas cabeas foram levadas a Jezreel,

    por ordem de Je, e colocadas do lado de fora dos portes [40]. Je escreve uma carta para os

    comandantes da cidade, para os ancios e para os tutores dos filhos de Acabe e pede que

    escolham um dos filhos reais para reinar. Mas, por medo, eles respondem que se submeteram

    em tudo ao novo rei. No entanto, Je escreve novamente pedindo que fossem ao seu encontro

    os chefes das famlias. Porm, eles degolaram todos os setenta filhos de Acabe e enviaram

    suas cabeas para Je. Diante desta questo Je diz que nenhuma palavra de YHWH ficar

    sem cumprimento. Todos os parentes, notveis e os sacerdotes de Acabe foram exterminados

    por Je (2Rs 10, 1-11).

    Tendo Je atingido seu fim com o extermnio dos descendentes dos Omridas, dirige-se

    a Samaria. Pelo caminho encontra 42 prncipes judatas que nada sabem sobre o acontecido

    em Israel. Sem nenhuma explicao, Je mata todos estes prncipes e os joga numa cisterna.

    Mais adiante, continuar dizendo o texto bblico que Je encontra-se com Jonadabe, filho de

    Recabe, e o coloca junto a si em seu carro. Este fato notvel parece dar o tom da revolta de

    Je: revolta sangrenta baseada na concepo religiosa que admite com exclusividade o culto

    nico a YHWH. E quem era Jonadabe? [41] Um chefe da seita dos recabitas, adeptos

    fanticos de Jav [42].

    Dentro desta perspectiva, Je chega a Samaria e acaba por exterminar todos os

    membros da famlia dos Omridas. Todos que cultuavam a Baal foram mortos numa falsa festa

    de sacrifcios oferecidos a Baal. O Templo foi destrudo e queimado [43]. Je destri

    violentamente a vida sacra do povo que habitava a Samaria e impe a celebrao de um nico

    culto. Esta ao brusca e violenta de Je deixa o Reino do Norte com suas estruturas abaladas

    e enfraquecidas. O governo de Je foi marcado fortemente pelo fechamento da poltica

    externa de Israel com outros estados vizinhos, como Jud e a Sria, nos perodos da invaso

    Assria. Neste contexto, Israel ficou praticamente isolado e sem expresso poltica. Aps uma

    campanha de Salmaneser III, o reino do Norte passa a pagar tributos para no sofrer com as

    invases da Assria. E esta, de outro lado, reconhece Je como um sucessor legtimo de Omri

    [44].

    A ao de Je em Israel deu incio a um novo tempo de insegurana e de dependncia,

    o qual encontra reflexo tanto na situao interna como externa a Israel. O expurgo foi

    fundamental para evitar que o paganismo entrasse de vez em Israel. No entanto, o golpe de

    Je quebrou relaes tanto com Jud como com a Fencia, por causa do extermnio do culto a

    Baal Melcart e pela morte de Ocozias. Deste rompimento, Israel encontrou-se fragilizado e

    internamente desconte com a terrvel ao sangrenta de Je. Para muitos israelitas, o golpe de

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    Je foi excessivo e desnecessria sua ao sangrenta. E no governo de Je as prticas pags e

    os abusos sociais e econmicos continuaram a serem praticadas sem nenhuma represso [45].

    Para Henri Cazelles o golpe de Je acontece num perodo poltico insatisfatrio para

    Israel em relao a Damasco. Por isso, o povo passa por grandes sofrimentos segundo relata

    2Rs 8,12: (...) incendiars suas fortalezas, passars ao fio da espada seus jovens, esmagars

    suas crianas, rasgars o ventre das mulheres grvidas. No entanto, o golpe de Je no foi

    suficiente para resolver o problema de Israel e suas tentativas de matar Hazael acabam por

    serem inteis, isto , no chegam ao seu fim. Hazael era um oficial que usurpou o trono de

    Damasco (842-806). E o reino de Je perde sua fora com as muitas guerras civis que se

    estabeleceram em Israel.

    Damasco sofre uma usurpao. O rei Adadezer assassinado por Hazael. Este assume

    seu lugar e torna-se uma ameaa para Israel. Consequentemente, Israel sofre muito com estas

    investidas de Hazael em seu territrio [46].

    Neste contexto, Henri Cazelles lana uma questo muito sutil, mas importante: se Je

    foi capaz de matar tanto o Rei de Jud como de Israel, por que Atalia, me de Ocozias,

    permaneceu por tanto tempo ainda viva? [47] Esta questo pode iluminar ou traar um

    caminho que explique melhor a atuao do golpe sangrento de Je em Israel. No entanto,

    inegvel que a violncia de Je no foi satisfatria em Israel. Os problemas continuaram

    acontecendo e a instabilidade do povo diante de to grande brutalidade se formou. E, segundo

    o texto bblico, Je acabou caindo nos mesmos pecados de Jeroboo, filho de Nabat (2Rs 10,

    28-36).

    Com esta poltica externa enfraquecida, Israel estava vulnervel as invases dos

    arameus. Israel foi vencido em todas as suas fronteiras por Hazael que lhe tomou Galaad e

    Bas. Os arameus, por sua vez, conseguiram deter os assrios que invadiram e saquearam suas

    terras, mas no conseguiram domin-la. Com a suspenso temporria da campanha dos

    assrios sobre Damasco aps o ano de 837, os cananeus atacaram violenta e brutalmente

    Israel. Este ataque motivou velhos adversrios de Israel a aproveitarem o momento para

    ampliarem seus territrios. Israel no teve como impedir o fato ocorrido devido sua

    fraqueza. A investida dos inimigos em Israel foi to sangrenta que os arameus ficaram

    marcados na memria do povo como grandes opressores [48].

    A dinastia de Je no apresenta um governo satisfatrio e capaz de resolver a situao

    de Israel. Sofre uma grande derrota, no qual Samaria encontra-se fortemente sitiada. E

    submetida a um tratado que garante a Hazael grande proveito comercial em Samaria e uma

    limitao do poder de combate dos Israelitas [49].

    Diante da situao de fracasso pela qual Israel vinha passando, Jud aproveitou para

    ver-se livre das dominaes do norte. Durante o governo de Atalia a distncia entre as duas

    capitais se alargou demais. No entanto, Jos introduzido como rei no consenso entre os

    guardas e os sacerdotes. Segundo, Henri Cazelles, pode ter havido participao de Israel na

    morte de Atalia [50].

  • Departamento de Teologia

    9

    Depois deste perodo de guerras e atrocidades, Israel vive um tempo de estabilidade e

    reconstruo. No entanto, esta prosperidade chama a ateno dos profetas Ams, Isaas e

    Osias, que temem o perigo deste momento para Israel. Estes profetas tm presente diante de

    si situaes de injustias e desigualdades sociais marcantes que se insurgem neste tempo em

    Israel. A prosperidade estava concentrada nas mos dos mais favorecidos. Enquanto isso, os

    pobres sentiam que a promessa feita por YHWH no atingia a todos [51].

    No tempo de Jos, Israel viveu um tempo de reconquista de suas terras e suas foras.

    Outra investida da Assria, sob o reinado de Adadnirari III, na Sria, foi fundamental para

    Hazael e seu filho Afec deixarem Israel (810-783). Jos paga tributo para a Assria e retoma

    tudo o que havia perdido para a Sria e, inclusive, vantagens comerciais. No entanto, Jos no

    leva adiante sua vingana contra Damasco e deixa descontente a classe proftica sob o

    comando de Eliseu. Este era forte representante da classe proftica contra a invaso

    estrangeira em Israel e deseja que Jos aproveitasse deste momento de fraqueza de Damasco

    para retomar tudo que havia perdido. Mas Jos tem presente consigo o perigo eminente da

    Assria [52].

    Jos de Jud foi entronizado num acordo entre militares e o sacerdcio. No entanto, foi

    assassinado por seus ministros por pagar tributos a Sria custa do Templo de Jerusalm.

    Amasias, seu filho, assume o trono de Jud. E por gerar provocaes a Jos de Israel, acaba

    sendo derrotado e feito prisioneiro. E Jerusalm foi toda saqueada [53].

    Mesmo estando em um perodo bastante fluente em expanses territoriais e

    comerciais, Israel traz consigo uma marca profunda de influncias exteriores que se

    infiltraram em seu territrio. Esta concepo de usurpaes e assassnios vo se tornar uma

    constante no Reino do Norte a partir, principalmente, da morte de Jeroboo II. A forma de

    Tiro governar lana sobre Israel uma sombra que lhe marca profundamente. Esta marca levar

    Israel ao declnio. No entanto, o profeta Osias apontar outras questes [54].

    O sculo oitavo foi muito prspero para Israel e Jud. Damasco tem sua ascenso

    interrompida por causa da Assria que devasta Damasco e a deixa sujeita a pesados tributos.

    Neste perodo, Jos, neto de Je, retoma novamente os territrios de Israel dominados por

    Damasco e reduz Jud a submisso total. No entanto, Jos derrota Amasias que, havia

    declarado guerra contra Israel por causa de alguns mercenrios israelitas. Estes mercenrios

    foram contratados por Amasias para reforar seu exrcito. Mas, Amasias dispensa todos e

    manda-os de volta. No caminho para suas terras, estes mercenrios israelitas voltam

    destruindo tudo que encontram pelo caminho. Ao voltar de Edom, Amasias revolta-se contra

    Jos e declara guerra contra Israel. Jos vence Jud, mas deixa Amasias no trono. Logo

    depois, Amasias preso e assassinado. Ozias, seu filho, assume o trono de Jud [55].

    Com a morte de Jos, Jeroboo II, seu filho, assume o trono de Israel. Jovem e muito

    capaz por suas habilidades militares, Jeroboo II conseguiu recuperar todo territrio de Israel

    at suas antigas fronteiras como no tempo de Salomo [56]. Do mesmo modo aconteceu com

    Jud: Ozias d incio a uma nova reforma referente guarnio de Jerusalm atravs da

    reforma e reforo do exercito. Com este investimento, Ozias consegue conquistar as terras

    edomitas, Gat, Jabneel, Asdod e as rotas de comrcio [57].

  • Departamento de Teologia

    10

    Israel e Jud vivem um momento de grande prosperidade e paz entre si. Os dois

    estados encontram-se unidos pelo livre intercmbio de mercadorias que gerou muita riqueza e

    expanso comercial. Neste nterim, importante ressaltar que este perodo foi um dos mais

    prsperos em Israel jamais vistos por qualquer outro israelita [58].

    Tal prosperidade e riqueza no qual encontrava-se Israel no trouxe para o mesmo

    avanos na rea moral, nem religiosa e nem social. Pelo contrrio, a ostentao de Israel o

    conduziu a um lento passo para o fim [59]. O norte da nao de Israel sofre uma

    desintegrao por causa das grandes injustias cometidas para com as pessoas mais humildes

    e pela terrvel discrepncia entre ricos e pobres. Os lavradores mais humildes eram sempre

    sujeitados as crueldade dos ricos e dos juzes que, ilicitamente, procediam de m f por meio

    de trapaas na hora da pesagem de produtos [60].

    Tudo isso refletia a passagem de Israel de uma federao tribal para uma organizao

    estatal. A federao tribal tem como base a lei de YHWH, no qual todos so iguais e julgados

    pela mesma lei. Com a prosperidade, a sociedade tribal com sua solidariedade ficou esquecida

    e enfraquecida. E uma classe privilegiada se instaura em Israel. Mas, mesmo com este

    esquecimento da aliana tribal, Israel no adotou outra forma de culto. No entanto, a

    decadncia religiosa se tornou inevitvel. Havia em Israel muitos santurios pagos e a

    promoo do rito de fertilidade que acontecia em toda a parte. O javismo puro j no era mais

    celebrado em Israel por causa do paganismo que ali se instaurara. O expurgo de Je no

    eliminou todo paganismo de Israel, mas s o de Baal de Tiro [61].

    O Javismo em Israel encontrava-se to fortemente hbrido que uma reao para a

    restaurao da lei da Aliana seria impossvel. O povo israelita estava nesta mistura entre

    paganismo e javismo a comear pelos sacerdotes. No entanto, uma questo surge: como

    podem as ordens profticas terem deixado o paganismo se instaurar em Israel? Os profetas

    parecem satisfeitos somente com o expurgo de Je e com a restaurao do reino de Israel. E

    estes profetas acabaram se submetendo aos favores do estado e a satisfao de seus prprios

    interesses pelo qual se envolveram na corrupo geral do estado. Por isso, os profetas eram

    muito mal vistos pelo povo [62].

    Mesmo diante de to grande calamidade social e religiosa, Israel respirava um ar de

    esperana nas promessas de YHWH. No entanto, confiavam na perspectiva da beno de

    YHWH que jamais deixaria de proteger Israel e relembravam tudo que Ele fez para o seu

    povo. Mas, no se preocupavam em cumprir a lei de YHWH compreendendo que sua

    proteo incondicional [63]. Israel tinha uma perspectiva futura da vinda de YHWH, mas

    corria perigo do Javismo tornar-se uma religio pag [64] por causa de sua perverso

    interna.

    A profecia em Israel tem seu auge com os profetas Ams, Isaas e Osias. Estes

    profetas reagem profundamente contra esta falsa perspectiva de prosperidade com a mais pura

    tradio de Israel. Eles se insurgem contra a compreenso de que a ao de YHWH se reduz a

    vitrias que se possam tocar e vislumbrar. Mas, sua ao gloriosa pode se dar tambm atravs

    de maus tempos que conduzem a um juzo salvador [65]. No entanto, notvel que esta

    situao no Reino do Norte suscitou nos profetas um resgate da mais pura tradio israelita do

  • Departamento de Teologia

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    anncio audaz e corajoso da vontade de YHWH. O profetismo em Israel sai de uma

    concepo particular para uma perspectiva universal. Os profetas agem em Nome de YHWH

    e sempre atuam diante da incapacidade dos reis de governarem segundo o beneplcito do

    Senhor [66].

    A grande denncia dos profetas est falta de justia, de solidariedade, de igualdade e

    da explorao feita aos mais pobres por partes dos grandes latifundirios. O profeta Osias

    tem conscincia do perigo externo vindo da Assria [67].

    2. Arqueologia recente

    A arqueologia recente vai considerar que um dos maiores motivos que levou a

    destruio do Reino do Norte foi o seu florescimento e sua fertilidade. O reino de Israel

    cresceu muitos no perodo dos Omrides. Para a arqueologia recente, a dinastia dos Omrides

    fez de Israel um reino bem mais estruturado que o reino de Jud. No entanto, diversos fatores

    contriburam para este crescimento: fertilidade das terras de Israel com seus grandes vales; a

    localizao em rotas principais de comrcio; populao heterognea. Tudo isso contribuiu

    bastante para que os Omrides deixassem no Reino do Norte grandes construes de palcios,

    cidades-armazns e estbulos [68].

    Neste nterim, o Livro dos Reis vai afirmar que a queda dos Omrides aconteceu com o

    golpe de Je. Porm, Je no agiu diferente de Jeroboo, Omri e Acabe. Je manteve presente

    no Reino de Israel a presena do culto cananeu. O bezerro de ouro ainda estava sendo

    cultuado em Israel [69]. A arqueologia recente tem presente que a invaso de Hazael, rei de

    Aram- Damasco, nas terras do Norte de Israel datam do mesmo perodo da revolta de Je. E

    h uma evidncia: a inscrio de Tel Dan [(Eu matei Jeho)ram filho de (Acabe) rei de Israel,

    e (eu) matei (Ahaz) iahu filho do (rei Jehoroam) da Casa de Davi. E eu impus a runa sobre

    (as suas cidades e transformei) sua terra em (desolao)] [70]. A partir deste fato, a

    reconstruo feita leva a firmar que a morte de Joro foi realizada por Hazael e no por Je.

    Porm, difcil afirmar quem seria o protagonista da morte de Joro e da queda dos Omrides.

    Talvez Je tenha sido um instrumento de Hazael para destruir a dinastia dos Omrides [71].

    Esta inscrio demonstra que Je sobe ao trono como vassalo do rei de Damasco.

    Diferentemente da Bblia, a entrada de Je no foi somente uma iniciativa brutal de acabar

    com o paganismo e voltar pureza do culto javista. Mas, a revolta de Je tem por trs de si a

    fora do Rei de Damasco que faz de Je um vassalo seu. Este dado fundamental para

    compreender este perodo histrico [72].

    No entanto, notvel que a poltica dos Omridas seja continuada por Je, por seus

    filhos e netos no que tange s guerras, as construes, economia e estabilidade. Porm, esta

    estabilidade ser rompida com o ressurgimento da Assria com Teglatpileser III. Com esta

    interferncia na estabilidade de Israel, volta-se s usurpaes e assassinatos do perodo pr-

    omrida [73].

    O texto Bblico de 2Rs 8, 28-29 descreve como Joro foi ferido pelos arameus:

    foi com Joro, filho de Acabe, combater Hazael, rei da Aram, em Ramot de

    Galaad. Mas os arameus feriram Joro. O rei Joro voltou a Jezrael para

  • Departamento de Teologia

    12

    tratar-se dos ferimentos recebidos dos arameus em Ramot, quando combatia

    contra Hazael, rei de Aram; e Ocozias, filho de Joro, rei de Jud, desceu a

    Jesrael para visitar Joro, filho de Acabe, que estava enfermo.

    Esta narrativa do Livro dos Reis est em unidade com o fragmento de uma inscrio

    aramaica citada acima no qual ajuda a recompor alguns nomes que estariam danificados [74].

    A invaso de Hazael nas terras do Reino do Norte s foi possvel porque a Assria

    estava envolvida com outras questes referentes ao seu reino. No entanto, o ressurgimento

    no demorou a acontecer. E voltou Adad-nirari III. Este invadiu fortemente a Sria e a

    submeteu ao seu poder. E com isso fica claro que a ressurreio de Israel estava ligado a estes

    acontecimentos que equilibravam ou submetiam a poltica exterior. Neste momento, Israel

    passa a ser um vassalo da Assria por meio do pagamento de autos tributos. E este momento

    de auge do Reino do Norte vai ser retratado como sendo a compaixo de Deus sobre o Reino

    do Norte. Enquanto, sabido que Israel, nada mais era, que um vassalo Assrio [75].

    A revolta de Je est muito alm da insatisfao com o culto cananeu (pago). Para

    Mario Liverani, a revolta de Je tem apoio do Rei de Damasco. Pelo qual o apoio de Eliseu a

    Damasco caracteriza a ao de Je como ato antOmrida e antifencia [76].

    O monlito de Salmanasar III, o obelisco negro, chama Je de filho de Omri e

    afirma ter dele recebido tributos em ouro e prata. Ao afirmar Je como filho de Omri,

    Salmanassar coloca Je como um rei submisso que governa sob custdia da Assria. E o lugar

    de onde Je governa foi fundada por Omri. A Bblia, ao contrrio, vai afirmar que Je foi um

    instrumento de Deus para exterminar de vez com a idolatria [77].

    No perodo de Je, Israel no passa de um vassalo de Damasco no qual Hazael ocupou

    grandes territrios de Israel na Transjordnia. No reino de Je, o javismo dominante. Porm,

    o estado de Israel est sob domnio do rei de Damasco [78].

    Neste contexto, importante ressaltar o papel do profeta Eliseu d legitimidade ao

    domnio aramaico em Israel ao incitar a revolta de Je como obra de YHWH. O profeta Eliseu

    tinha contatos muito prximos com Damasco e atuou tambm como responsvel pelo assdio

    na Samaria [79].

    Concluso

    Partindo da compreenso bblica acerca dos fatos referentes a revolta de Je, Israel, no

    sculo VIII, est sob o comando da dinastia de Omri, com Joro (2Rs 3,1). A dinastia de Omri

    marcada por suas alianas polticas. E por isso abriu espao para a celebrao tanto do culto

    pago (o culto de Baal Mercat e Aser) como para o culto a YHWH em Israel. Dentro desta

    perspectiva, a revolta de Je narrada pelo texto bblico como vontade de YHWH em

    purificar Israel do sincretismo religioso no qual se encontrava. Este processo tem incio com a

    indicao do profeta Eliseu, que unge Je como Rei de Israel. Este profeta retoma em Israel a

    eleio do rei atravs da indicao proftica e aclamao popular. Deste modo, o expurgo ao

    culto de Baal e o assassinato de toda famlia real acontecem de modo violento. No entanto, o

    paganismo ainda permanece presente no territrio do Reino do Norte.

  • Departamento de Teologia

    13

    A abordagem bblica a cerca da ao de Je apresenta o fim de sua descendncia com o

    assassinato de Zacarias. A partir deste momento, o trono em Israel conquistado por

    contnuos assassinatos que se fizeram presentes at a queda do Reino do Norte.

    A arqueologia tradicional afirma uma caracterstica fundamental do Reino do Norte:

    tradio carismtica, cujos protagonistas so os profetas de YHWH, tendo como base a

    disputa das tribos e da insatisfao dos javistas atravs de trs crculos representados pelos

    seguintes personagens: Jonadabe, Eliseu e Je. Este modelo carismtico seria a causa da

    grande instabilidade que marca profundamente o reino de Israel e o caracteriza pela falta de

    uma dinastia estvel. Assim, Israel tomado por constantes assassinatos e usurpaes; tem-se,

    de modo recorrente, a prtica de matar o rei e seus descendentes. Por trs desta instabilidade

    estaria tambm a disputa tribal pelo poder em Israel.

    Neste contexto, um dado se apresenta como iluminador da revolta de Je contra a casa

    de Omri: diviso do povo o sucessor de Zambri. A disputa entre Tibni e Omri se d atravs de

    dois partidos: os defensores do culto somente a YHWH e os defensores do culto a outros

    deuses. Estas duas formas de culto sero mantidas por Omri. No entanto, o grupo dos javistas

    iro se levantar contra esta poltica dicotmica com o general Je, que fora ungido rei pelo

    profeta Eliseu. Esta reao dos javistas casa de Omri foi a forma encontrada de tornar mais

    eficaz sua ao, saindo do campo religioso para o campo poltico. A revolta de Je foi de

    extrema violncia e geradora de grande instabilidade. Porm, esta ao se d em um momento

    insatisfatrio de Israel em relao a Damasco, que se encontrava livre da presso Assria.

    Neste nterim, Hazael de Damasco invade Israel e marca profundamente seu povo com grande

    violncia. Mas, com o retorno da Assria, Damasco cessa seu domnio sobre o Reino do Norte

    e Israel paga tributo Assria, tornando-se seu vassalo. Neste momento, os frequentes

    assassinatos e usurpaes ocorridas antes da casa de Omri voltam a acontecer e levaro Israel

    a sua queda definitiva. Os assassinatos e usurpaes so fruto das disputas entre os partidrios

    pr-assrios e anti-assrios. Isto implica que houve, de fato, uma influncia externa em Israel.

    A arqueologia recente vai fundamentar a revolta de Je dentro de uma perspectiva

    poltica entre Damasco e o profeta Eliseu, como representante da classe javista. A ao de Je

    representa o desejo de Damasco em dominar o Reino do Norte, caracterizado por sua tima

    localizao e por suas terras frteis. Alm deste dado, havia por parte dos javistas uma grande

    insatisfao com a casa de Omri. Estas afirmaes se do com a descoberta da inscrio de

    Tel-Dan, na qual Hazael, rei de Damasco, diz ter matado Joro. E desta inscrio aramaica

    pode-se afirmar que a ao de Je foi fruto de uma ao poltica entre Damasco e os

    representantes do Javismo. Tal aliana dos javistas com Damasco foi de total prejuzo para

    Israel, que ficou marcado pela dor e pela destruio deixada pela Sria.

    O texto bblico, como um escrito deuteronomista, tem a perspectiva e a inteno de

    mostrar para o Reino do Sul que a forma de reinar de Israel no foi de acordo com a vontade

    de YHWH. E, por isso, para o Reino do Norte significou a runa. A leitura do texto bblico

    sobre este acontecimento teolgica e no est preocupada com os detalhes dos fatos tal

    como aconteceram. Mas sim em mostrar o que foi ou no de acordo com a vontade de

    YHWH. E um dos males apontados pela viso bblica foi a aliana dos javistas com Damasco.

    No entanto, pela arqueologia tradicional, a ao de Je fruto da tradio carismtica. A

    arqueologia recente definir a ao de Je como fruto de interesses polticos de Damasco e

    dos profetas de YHWH, que confluem e somam foras para derrubar a Casa de Omri. Porm,

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    com esta poltica Israel acaba perdendo e torna-se vassalo da Sria pelo pagamento de pesados

    tributos. Israel consegue libertar-se de Damasco e viver um perodo de florescimento. No

    entanto, isto s foi possvel pelo retorno da conquista Assria, que domina Damasco e

    submete Israel ao pagamento de tributos.

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    Referncias Bibliogrficas

    1- BRIGHT, J. Histria de Israel. So Paulo, Paulus, 2003, p. 283.

    2- BRIGHT, J. Histria de Israel. So Paulo, Paulus, 2003, p. 283.

    3- BRIGHT, J. Histria de Israel. So Paulo, Paulus, 2003, p. 283.

    4- GUNNEWEG, Antonius H. J. Histria de Israel: dos primrdios at Bar Kochba e de

    Theodor Herzel at os nossos dias. So Paulo, Editora Teolgica: Edies Loyola, 2005, p.

    164.

    5- CAZELLES, Henri. Histria poltica de Israel: desde as origens at Alexandre Magno. So

    Paulo: Paulus, 1986, p. 159 160.

    6- DONNER, Herbert. Histria de Israel e dos povos vizinhos v.2: Da poca da diviso do

    reino at Alexandre Magno. So Leopoldo: Sinodal, 1997, p. 300.

    7- DONNER, Herbert. Histria de Israel e dos povos vizinhos v.2: Da poca da diviso do

    reino at Alexandre Magno. So Leopoldo: Sinodal, 1997, p. 300.

    8- DONNER, Herbert. Histria de Israel e dos povos vizinhos v.2: Da poca da diviso do

    reino at Alexandre Magno. So Leopoldo: Sinodal, 1997, p. 300-301.

    9- GUNNEWEG, Antonius H. J. Histria de Israel: dos primrdios at Bar Kochba e de

    Theodor Herzel ates os nossos dias. So Paulo, Editora Teolgica: Edies Loyola, 2005, p.

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    10- DONNER, Herbert. Histria de Israel e dos povos vizinhos v.2: Da poca da diviso do

    reino at Alexandre Magno. So Leopoldo: Sinodal, 1997, p. 301.

    11- GUNNEWEG, Antonius H. J. Histria de Israel: dos primrdios at Bar Kochba e de

    Theodor Herzel ates os nossos dias. So Paulo, Editora Teolgica: Edies Loyola, 2005, p.

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    12- BRIGHT, J. Histria de Israel. So Paulo, Paulus, 2003, p. 291.

    13- BRIGHT, J. Histria de Israel. So Paulo, Paulus, 2003, p. 292.

    14- CAZELLES, Henri. Histria poltica de Israel: desde as origens at Alexandre Magno.

    So Paulo: Paulus, 1986, p. 163.

    15- DONNER, Herbert. Histria de Israel e dos povos vizinhos v.2: Da poca da diviso do

    reino at Alexandre Magno. So Leopoldo: Sinodal, 1997, p. 302.

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    16- DONNER, Herbert. Histria de Israel e dos povos vizinhos v.2: Da poca da diviso do

    reino at Alexandre Magno. So Leopoldo: Sinodal, 1997, p. 303.

    17- GUNNEWEG, Antonius H. J. Histria de Israel: dos primrdios at Bar Kochba e de

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    18- GUNNEWEG, Antonius H. J. Histria de Israel: dos primrdios at Bar Kochba e de

    Theodor Herzel ates os nossos dias. So Paulo, Editora Teolgica: Edies Loyola, 2005,

    p.173.

    19- DONNER, Herbert. Histria de Israel e dos povos vizinhos v.2: Da poca da diviso do

    reino at Alexandre Magno. So Leopoldo: Sinodal, 1997, p. 308.

    20- DONNER, Herbert. Histria de Israel e dos povos vizinhos v.2: Da poca da diviso do

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    21- DONNER, Herbert. Histria de Israel e dos povos vizinhos v.2: Da poca da diviso do

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    22- GUNNEWEG, Antonius H. J. Histria de Israel: dos primrdios at Bar Kochba e de

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    23- CAZELLES, Henri. Histria poltica de Israel: desde as origens at Alexandre Magno.

    So Paulo: Paulus, 1986, 164.

    24- GUNNEWEG, Antonius H. J. Histria de Israel: dos primrdios at Bar Kochba e de

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    25- GUNNEWEG, Antonius H. J. Histria de Israel: dos primrdios at Bar Kochba e de

    Theodor Herzel ates os nossos dias. So Paulo, Editora Teolgica: Edies Loyola, 2005,

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    27- DONNER, Herbert. Histria de Israel e dos povos vizinhos v.2: Da poca da diviso do

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    30- BRIGHT, J. Histria de Israel. So Paulo, Paulus, 2003, p. 300.

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    36- DONNER, Herbert. Histria de Israel e dos povos vizinhos v.2: Da poca da diviso do

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    37- GUNNEWEG, Antonius H. J. Histria de Israel: dos primrdios at Bar Kochba e de

    Theodor Herzel ates os nossos dias. So Paulo, Editora Teolgica: Edies Loyola, 2005,

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    38- DONNER, Herbert. Histria de Israel e dos povos vizinhos v.2: Da poca da diviso do

    reino at Alexandre Magno. So Leopoldo: Sinodal, 1997, p. 320-321.

    39- DONNER, Herbert. Histria de Israel e dos povos vizinhos v.2: Da poca da diviso do

    reino at Alexandre Magno. So Leopoldo: Sinodal, 1997, p. 321.

    40- DONNER, Herbert. Histria de Israel e dos povos vizinhos v.2: Da poca da diviso do

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