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MATERIAL DIDÁTICO TEORIAS E PRÁTICAS DA PSICOPEDAGOGIA INSTITUCIONAL UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES CREDENCIADA JUNTO AO MEC PELA PORTARIA Nº 1.282 DO DIA 26/10/2010 Impressão e Editoração 0800 283 8380 www.ucamprominas.com.br

Teorias e Práticas Da Psicopedagogia Institucional

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MATERIAL DIDÁTICO

TEORIAS E PRÁTICAS DA

PSICOPEDAGOGIA INSTITUCIONAL

U N I V E R S I DA D E

CANDIDO MENDES

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SUMÁRIO

UNIDADE 1: INTRODUÇÃO ............................................................................................................................. 3

UNIDADE 2: A QUESTÃO HISTÓRICA .......................................................................................................... 5

UNIDADE 3: CONSIDERAÇÕES FINAIS ...................................................................................................... 59

REFERÊNCIAS .................................................................................................................................................. 63

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UNIDADE 1: INTRODUÇÃO

Nesse início de século XXI, novas perspectivas, mudanças e desafios são

apresentados no cenário educacional. Essas premissas trazem para o profissional

da educação a necessidade de se colocar no mercado de trabalho com mais

conhecimento, postura reflexiva e, sobretudo capacidade de interagir com esta nova

ordem mundial.

A própria sociedade vive um momento histórico e particular de sucessivas

discussões sobre o que se refere à globalização, neoliberalismo, avanços

tecnológicos e educação on-line, sob diversas abrangências, fazendo surgir uma

nova estrutura que se firma na sociedade, a qual exige profissionais cada vez mais

qualificados e preparados para atuarem neste cenário cada vez mais competitivo,

instável e exigente.

Diante disso, a Psicopedagogia traz possibilidades de reflexão, de análise, de

um estudo mais sistematizado e significativo sobre a instituição escolar, bem como

as suas questões relativas à aprendizagem.

Uma das maiores contribuições da Psicopedagogia institucional é o avanço

do conhecimento para a busca de um ambiente que viabilize a prática

psicopedagógica para a redução do fracasso escolar, uma vez que este profissional

precisa estar sintonizado e conhecer os alunos que fazem parte da instituição onde

atua com o intuito de detectar as dificuldades de aprendizagem dos mesmos, e, a

partir daí construir ações preventivas e intervencionistas dentro deste espaço.

Sendo assim, pode-se perceber que a Psicopedagogia é um campo de

conhecimento e atuação em Saúde e Educação, em que o profissional dessa área

trabalha com o processo de aprendizagem humana, com padrões normais e

patológicos, levando em consideração que, para o seu desenvolvimento, o sujeito

sofre influência e interferência do meio em que vive como, por exemplo, a família, a

escola e a sociedade.

A Psicopedagogia, portanto, estuda a questão da aprendizagem humana

como um todo. Esse conhecimento se deu a partir da necessidade de desvelar os

problemas de aprendizagem que podem ser determinantes no fracasso escolar e

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nos insucessos de cada ser humano.

A Psicopedagogia busca uma área de atuação mais organizada e estruturada.

No entanto, faz-se necessário saber que esta área do conhecimento ainda está em

fase de organização no que se diz respeito à fundamentação teórica, à integração

das várias segmentações como as ciências pedagógicas, psicológica,

fonoaudiológica, neuropsicológica e psicolingüística.

Acredita-se que há uma necessidade de uma compreensão simples, porém

integradora para viabilizar a aprendizagem humana, sendo esta o próprio objeto de

estudo deste campo do conhecimento.

Porém, pode-se perceber que ainda, a Psicopedagogia é conhecida por

atender apenas às crianças e adolescentes com dificuldades de aprendizagem, mas

isso trata-se de um engano, pois há distúrbios ou patologias que podem aparecer

em qualquer momento da vida.

Sendo assim, a Psicopedagogia pode trabalhar com sujeitos de qualquer

idade, e tratando-se da Instituição Escolar, esta tem uma importância fundamental

na questão social, pois ela é uma das responsáveis em encaminhar o aluno a

refletir, a pensar e a questionar sobre a sua relação com a escola e com o aprender,

objeto maior de atenção dos psicopedagogos.

Neste sentido, espera-se que seja possível especializar profissionais para

atuarem em uma prática reflexiva e preventiva nas dificuldades de aprendizagem,

por meio de um estudo sistematizado deste fenômeno educativo, levando em

consideração as mais diversificadas maneiras de aquisição do conhecimento.

Sabe-se que esta área do conhecimento possui um sério compromisso de

ação preventiva, uma vez que o ambiente escolar está envolvido em todo o

processo de aprendizagem que inclui todos os seus sujeitos no mundo social,

cultural e histórico.

Diante do exposto, um dos principais objetivos da Psicopedagogia

Institucional é que o profissional habilitado saiba compreender as práticas

educacionais que otimizam a aprendizagem dos alunos e perceber a importância de

uma forte base teórica para a prática psicopedagógica.

Pode-se considerar que psicopedagogia é uma das áreas mais importantes

em relação a ações preventivas de aprendizagem na escola, podendo acontecer

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através de uma ação interdisciplinar com os demais profissionais para que, juntos

possam sanar o fracasso escolar, favorecer a inclusão de todos e sobretudo

contribuir com o sucesso individual e coletivo.

A partir das premissas supracitadas, este caderno de estudo se dá através de

uma revisão bibliográfica, onde os passos teóricos são delineados desde a sua

historicidade apresentada na primeira parte, refletir a questão histórica sobre o tema

é de suma importância para uma melhor compreensão.

Na segunda parte, são tratadas as teorias existentes bem como a sua

contribuição para as organizações escolares e para os profissionais que desejam

obter sucesso em um mercado cada vez mais exigente.

Na terceira, há uma análise das características e habilidades do

psicopedagogo e a questão das intervenções. Na última parte há uma abordagem

sobre a aprendizagem, seus conceitos e desafios dos psicopedagogos.

Em seqüência, o trabalho apresenta as suas considerações finais através da

análise dos dados obtidos no referencial teórico que sustenta esta temática.

Espera-se que a partir da leitura desta apostila, o profissional possa ter

subsídios para dar continuidade em seu trabalho investigativo. É importante

perceber como é significativo ter como hábito uma postura reflexiva, crítica e ética

em sua práxis e saber que é preciso ir em busca de mais fontes de conhecimento

para que, a cada dia, a sua visão de mundo se amplie mais e mais em prol da

qualidade de ensino e no combate ao fracasso escolar.

UNIDADE 2: A QUESTÃO HISTÓRICA

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De acordo com os estudos de Bossa (2000), a Psicopedagogia tem suas

origens no século XIX na Europa e apresentava como eixo central a preocupação

com os problemas de aprendizagem, primeiramente voltada apenas para a

especialização médica, constituindo assim o seu caráter orgânico, pois segundo

Bossa (2000), praticamente todos os fracassos na escola eram resultantes de

causas orgânicas identificadas e relacionadas às relações físicas do aluno.

Sendo assim, acreditou-se por muitos anos que os problemas de

aprendizagem eram causados apenas por fatores orgânicos. Em meados de 40 a

60, a prática do pedagogo equiparava-se à do médico. Apenas em 1946, em Paris

foi criado o primeiro centro de psicopedagogia com um trabalho cooperativo entre

médico e pedagogo.

Estes profissionais atendiam às crianças com problemas escolares ou com

comportamentos definidos como àquelas que apresentavam doenças crônicas como

cegueira, surdez ou problemas motores.

Ao aliar a prática do professor à prática do médico, nasceu o nome

Psicopedagogia, ou seja, era o médico que trabalhava suas ações aliadas à

pedagogia. Com os avanços, com novas descobertas científicas e com vários

movimentos sociais, a Psicopedagogia, no decorrer do tempo passou por várias

influências trazendo muitas contribuições para a instituição escolar.

Portanto, pode-se dizer que a Psicopedagogia surgiu como uma disciplina

com programas de pesquisa, objetivos e conteúdos específicos, uma vez que

buscou aliar o conhecimento educacional ao conhecimento da Psicologia da

Aprendizagem, levando em consideração os princípios psicológicos e processos

educativos.

No Brasil, somente em 1958, surgiu o Serviço de Orientação Psicopedagógica

da Escola Guatemala, na Guanabara (Escola Experimental do INEP - Instituto de

Estudos e Pesquisas Educacionais do MEC). O objetivo era melhorar a relação

professor-aluno (BOSSA, 2000). Em 50 e 60, estes profissionais se organizaram no

país com uma nova abordagem teórica: a psico-neurológica do desenvolvimento

humano.

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Existem muitas abordagens teóricas sobre o desenvolvimento e a

aprendizagem sobre os fatores intra e extra-escolares que falam sobre o fracasso

escolar com uma visão crítica, reflexiva e abrangente.

Diante disso, o campo de atuação do psicopedagogo ampliou-se, e não é visto mais

somente o seu lado clínico, pois hoje podem-se ver que as ações psicopedagógicas

estão sendo aplicadas em vários segmentos, como: a escola que é reconhecida

sendo Institucional, e também em segmentos hospitalares, empresariais, em

organizações e em todos os segmentos onde há a necessidade de se trabalhar a

gestão de pessoas.

Neste sentido, a psicopedagogia trabalha e estuda a aprendizagem, o sujeito

que aprende, aquilo que ele está apontando como a escola em seu conteúdo

sociocultural. É uma área das Ciências Humanas que se dedica ao estudo dos

processos de aprendizagem.

Pode-se hoje afirmar que a Psicopedagogia é um espaço transdisciplinar, pois

se constitui a partir de uma nova compreensão acerca da complexidade dos

processos de aprendizagem e na perspectiva das suas deficiências.

Para Bossa (2000), a Psicopedagogia Clínica tem como missão, retirar as

pessoas da sua condição inadequada de aprendizagem, dotando-as de sentimentos

de alta auto-estima, fazendo-as perceber suas potencialidades, recuperando desta

forma, seus processos internos de apreensão de uma realidade, nos aspectos:

cognitivo, afetivo-emocional e de conteúdos acadêmicos. O aspecto clínico é

realizado em Centros de Atendimento ou Clínicas Psicopedagógicas e as atividades

ocorrem geralmente de forma individual.

Por outro lado, o aspecto institucional se dá em organizações e está voltado

para a prevenção dos insucessos interpessoais e de aprendizagem e à manutenção

de um ambiente harmonioso e tranquilo.

De acordo com Bossa (2000), a Psicopedagogia tem um papel importante no

cenário educacional, pois ele visa à inclusão dos alunos com necessidades

educativas especiais (NEE) no ensino regular e viabiliza o seu monitoramento com o

intuito de acompanhar bem de perto a evolução ou não do aluno.

Além disso, no processo histórico da Psicopedagogia, percebe-se que esta

área possui estratégias que aliam a Psicologia e a Pedagogia e tem como objeto de

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estudo o processo de aprendizagem formal.

O psicopedagogo, ao longo do tempo, buscou analisar os diferentes

processos da aprendizagem e os fatores que determinam a evolução ou o bloqueio

de comportamentos adversos.

Assim, percebe-se através da história que a área de atuação do

psicopedagogo procurou englobar as habilidades cognitivas, perceptivas, motoras,

lingüísticas e os fatores socioculturais que se relacionam com o processo de

aprendizagem.

Através dessas premissas, o psicopedagogo vem desenvolvendo um trabalho

com o intuito de criar possibilidades para que a aprendizagem ocorra

satisfatoriamente e desenvolver intervenções com o objetivo de detectar e estimular

áreas que estão comprometendo o processo de aprender.

Faz-se necessário compreender que a intervenção inicial deve possuir um

caráter preventivo e, em seguida ser reeducativa e desenvolvido em clínicas ou

consultórios psicológicos para a identificação dos motivos que provocam os

problemas de aprendizagem como o déficit intelectual, as incapacidades físicas ou

sensoriais, as inadaptações grupais, a imaturidade psicomotora, a ausência dos pré-

requisitos básicos para a alfabetização, métodos de ensino inadequados, fatores

emocionais, dislexias entre outros.

É preciso criar estratégias para a permanência e sucesso do aluno no

contexto escolar, Faz-se necessário um acompanhamento constante e estimulação

dos alunos com NEE para que as suas aprendizagens sejam efetivas, significativas

e sobretudo, que estes alunos sejam sujeitos e não objetos de sua produção do

conhecimento (FREIRE, 1986).

As teorias da Psicopedagogia Institucional

Faz-se necessário reconhecer os aspectos teóricos que fundamentam a

questão tratada neste trabalho, para tanto, inicia-se com a etimologia do significado

de Pedagogia. Esta palavra tem origem na Grécia Antiga – Paidós que significa

criança e Agogé que significa condução.

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Sendo assim, pedagogo era o escravo que conduzia as crianças. Na antiga

Grécia eram assim chamados os pedagogos àqueles que conduziam as crianças

aos locais de estudos para terem aulas com os filósofos. Pedagogia também

significa ciência da educação e do ensino.

De acordo com Libâneo (2002) a pedagogia atualmente perpassa toda a

sociedade, extrapolando o âmbito escolar formal abrangendo ambientes mais

amplos da educação informal e não-formal.

Pode-se dizer que a pedagogia está ligada ao ato de condução ao saber,

preocupando-se com os meios, com as formas e maneiras de como levar o indivíduo

ao conhecimento.

A partir desses dados conclui-se, então, que a pedagogia está em contínuo

crescimento, abrangendo novos espaços na sociedade, no mercado de trabalho, o

desenvolvimento nos métodos e práticas educacionais.

Dessa forma, pode-se considerar que a Pedagogia não é única área que tem

a educação como objeto de estudo. Isso prova que a Educação ocorre num espaço

dentro e fora da escola, em várias modalidades, em diferentes cenários como na

família, na profissão e na religião.

Desta forma, a Psicopedagogia institucional é, portanto, uma área de

investigação científica, tendo o aluno ou um sujeito inserido num processo de

educação como fator fundamental. Busca apoio em concepções psicológicas como

as teorias operatórias da personalidade, psicologia do desenvolvimento, psicologia

da cognição, psicologia da motivação, no intuito de privilegiar os mecanismos

psicológicos capazes de intervir numa situação da educação.

Por outro lado, por possibilitar e objetivar uma prática pedagógica, procura

nas teorias pedagógicas subsídios que respondam, com eficiência, eficácia e

excelência, suas determinações ao alcance de seu objetivo: a formação integral de

um aluno.

Segundo Libâneo (2002), a pedagogia tem lugar diferenciado das outras

ciências da educação, pois conseguem-se integrar parcialmente nas diversas

ciências em razão de uma aproximação global aos problemas educativos. Ela

continua na conquista de desenvolvimento para o sujeito possibilitando-lhe ser

capaz de construir pensamentos autônomos e criativos na busca da razão crítico-

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social.

Diante disso, surge a Psicopedagogia, ou seja, é uma relação estreita com a

Psicologia. Palavra de origem grega psique que significa alma, e logos que significa

palavra, razão ou estudo. Trata-se, portanto, de uma ciência que estuda os

processos mentais como os sentimentos, pensamentos, a razão e o comportamento

humano.

A área da psicologia estuda as questões relacionadas à personalidade, à

aprendizagem, à motivação, à memória, à inteligência, ao funcionamento do sistema

nervoso, e também à Comunicação Interpessoal, ao desenvolvimento, ao

comportamento sexual, à agressividade, ao comportamento em grupo, aos

processos psicoterapêuticos, ao sono e ao sonho, ao prazer e à dor, entre outros.

Desta forma, fica mais compreensível o sentido de Psicopedagogia. Percebe-

se que é de suma importância conhecer estas terminologias, uma vez que o próprio

significado traduz boa parte de seus fundamentos, isto é, expõe com clareza que se

trata da junção das áreas da Pedagogia e da Psicologia atuando juntas em prol de

uma aprendizagem significativa no combate ao fracasso escolar.

Diante disso, é de suma importância uma avaliação diagnóstica do

psicopedagogo que já iniciaram-se com os estudos de Freud em 1895. Ele afirmava

que o estabelecimento de um diagnóstico é a condição para a determinação do

tratamento, e isso comprova a importância da Psicopedagogia Institucional,

especialmente na escola.

A psicopedagogia no cenário escolar

Segundo Silva (2006), o local pode ser visto como um conceito multifacetado,

que envolve escala (tamanho/dimensão), diferença/especificidade, autonomia, nível

de complexidade. Ele é também identificado com uma idéia de lugar ou de região,

como porção do espaço onde as pessoas habitam, realizam suas práticas diárias,

ocorrem as transformações e a reprodução das relações sociais, a construção física

e material da vida em sociedade.

Assim, o lugar é a complementaridade de três dimensões: localização,

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interação social, no sentido antropológico e cultural. Assim, além de realidade

empírica, a região, o cenário ou o lugar é a representação social. (SWYNGEDOWN,

apud SILVA, 2006).

Diante disso, entende-se por cenário escolar como uma instituição

educacional, isto é, uma unidade social sistematizada, organizada e feita para

concretizar desejos e aspirações comuns em seu contexto. Trata-se de uma

instituição responsável pela educação de sujeitos, responsável pelo

ensino/aprendizagem de todos que nela estão inseridos (IMBERNÓN, 2003).

Tais considerações inferem que, a escola propicia a educação de todos, tem

o compromisso de contribuir com a aprendizagem e o sucesso de cada aluno.

Pressupõe-se que haja uma interação de todos em prol da educação, tanto nas

áreas administrativas, sociológicas, pedagógicos, entre outras.

Diante de tal perspectiva, e sabendo que onde há o envolvimento de muitos

sujeitos há uma circulação de saberes, de pensamentos, idéias, angústias e alegrias

diversificadas. Desta forma, pode-se perceber que a escola pode ser considerada

um cenário eclético, sobretudo de interação de culturas diferentes, crenças

religiosas, opção política, pessoas que se diferenciam também no poder aquisitivo,

histórico, entre outros fatores.

Tudo isso revela que é neste cenário tão diversificado que acontece a ação

de educar, é na escola que se dá a facilitação da inserção dos indivíduos no meio

social. Percebe-se, que nesta instituição educacional o saber e a aprendizagem

devem ser vistas como um todo, pois há a interação que se dá nas dimensões do

sujeito do conhecimento e do outro.

E é na convergência destas dimensões, neste espaço proporcionado através

da interação, que se manifesta e subsiste a instituição educacional e se instaura a

necessidade de um profissional que interprete o fenômeno aprendizagem, uma vez

que esta não acontece da mesma forma em todos os sujeitos envolvidos neste

processo.

Neste sentido, a Psicopedagogia no cenário escolar precisa ser e agir com

uma visão holística, como um todo e não fragmentada. Pois, sabe-se que é neste

ambiente que o aluno, por exemplo, passa o maior tempo de sua vida, por isso, a

escola serve de base para se fazer um diagnóstico psicopedagógico institucional

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com o intuito de detectar os problemas de aprendizagem, e, conseqüentemente

tomar decisões adequadas no combate ao fracasso escolar.

Para isso, há muitas razões que podem indicar a necessidade de atendimento

psicológico para a criança e para o adolescente. A maioria das crianças que

necessita de ajuda extra-familiar apresenta algo em comum como dificuldades em

suas funções de contato com o ambiente físico e social, ou seja, dificuldades de

relacionamento com o mundo e consigo mesma. Sendo assim, o Psicopedagogo na

escola então deve:

Possibilitar intervenção com o intuito de solucionar os problemas de

aprendizagem tendo como eixo norteador o aluno;

Buscar a realização de um diagnóstico e intervenção psicopedagógica,

utilizando métodos, instrumentos e técnicas próprias da psicopedagogia

institucional;

Refletir sobre a sua atuação nos problemas de aprendizagem;

Precisa desenvolver pesquisas investigativas e estudos científicos

relacionados ao processo de aprendizagem;

Levantar discussões e oferecer assessoria psicopedagógica aos trabalhos

realizados em cenários escolares;

Neste sentido, a escola precisa ter uma característica dinâmica,

transformadora, empreendedora e, sobretudo integradora, isto seria um modelo de

instituição que visa à formação integral do ser humano, que visa a uma formação

para a vida e que saiba diagnosticar as dificuldades de seus integrantes.

Sendo a instituição escolar um espaço de construção do conhecimento para

todos, faz-se necessário a prática constante da investigação, da pesquisa, da

reflexão e da ação psicopedagógica.

Neste sentido, a ação do psicopedagogo deve estar voltada para a prevenção

das dificuldades de aprendizagem e prevenção do fracasso escolar não só do aluno,

mas também dos educadores e de todos os envolvidos no processo. Ele também

deverá investir na possibilidade de melhoria das relações de aprendizagem e na

construção da autonomia de alunos e educadores.

Desta forma, a Psicopedagogia na escola tem como principal premissa a

prevenção das dificuldades de aprendizagem, a busca de uma ação integrada entre

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a psicologia e a pedagogia em prol do sucesso do aluno, e consequentemente o

sucesso do professor, e de toda a comunidade escolar.

Para tanto, torna-se uma necessidade que a ação preventiva esteja inserida

na construção de um relacionamento satisfatório entre todos os envolvidos para que

o contexto escolar também se volte para os aspectos sadios da aprendizagem e do

conhecimento, uma vez que estes estão atrelados em um processo contínuo.

Deste modo, a escola deve ensinar, garantir uma aprendizagem significativa

para os alunos, possibilitar a aprendizagem de habilidades e competências de

conteúdos e ou conhecimentos que são necessários para a vida em sociedade.

Oferecendo instrumentos de compreensão da realidade local e, também,

favorecendo a participação dos alunos em relações sociais diversificadas e cada vez

mais amplas.

A vida escolar possibilita exercer diferentes papéis, em grupos variados,

facilitando a integração dos jovens em um contexto maior. Para cumprir sua função

social, a escola precisa considerar as práticas de nossa sociedade, sejam elas de

natureza econômica, política, social, cultural, ética ou moral.

É preciso que as instituições escolares possam considerar as manifestações

e as relações diretas ou indiretas das práticas sociais com os problemas específicos

da comunidade em que está inserida. Diante disso, nota-se que há uma urgência de

as escolas existirem para agir de forma planetária e global em seu contexto, na

sociedade e na história. Assim, faz-se necessário agir com urgência, com

direcionamento e ousadia (FREIRE, 1989).

Neste sentido, pode-se dizer que o espaço escolar constitui-se em uma

organização sistêmica com um conjunto de elementos que interagem e se

influenciam, de tal forma que o profissional em Psicopedagogia precisa ser sempre

reflexivo, crítico e pesquisador.

De acordo com Gasparian (1999), a escola que contribui com a ação do

psicopedagogo contribui com todos os envolvidos no processo educativo. Diante

disso, pode-se elencar algumas contribuições da Psicopedagogia na instituição

escolar, como:

Ajudar os professores, auxiliando-os na melhor forma de elaborar um plano

de aula para que os alunos possam entender melhor as aulas;

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Ajudar na elaboração do projeto pedagógico;

Orientar os professores na melhor forma de ajudar, em sala de aula, aquele

aluno com dificuldades de aprendizagem;

Realizar um diagnóstico institucional para averiguar possíveis problemas

pedagógicos que possam estar prejudicando o processo ensino-

aprendizagem;

A partir de avaliações psicopedagógicos, encaminhar o aluno para um

profissional adequado como psicopedagogo, psicólogo, fonoaudiólogo, entre

outros,

Conversar com os pais para fornecer orientações;

Auxiliar a direção da escola para que os profissionais da instituição possam

ter um bom relacionamento entre si;

Conversar com a criança ou adolescente quando este precisar de orientação.

Desta forma, quando a escola demonstra a sua preocupação com a não

aprendizagem das crianças e dos adolescentes, ela propicia uma melhor qualidade

de vida e uma educação inclusiva de todos, dando ênfase na educação integral do

ser humano, uma vez que a escola deve cumprir com o seu papel básico que é o de

educar e contribuir com as premissas:

Garantir a aprendizagem dos alunos;

Garantir a aprendizagem de vários conhecimentos básicos e necessários

para o exercício da cidadania;

Garantir a aprendizagem de habilidades necessárias para a vida em

sociedade;

Garantir a aprendizagem da apropriação da língua em todas as suas

modalidades para fortalecer o senso crítico, a reflexão da realidade e da

capacidade de poder mudar esta realidade.

Sendo assim, percebe-se que com estas concepções, a escola terá mais

facilidade e poderá oferecer mais subsídios para que possa acontecer a integração

de toda a comunidade escolar, levando em consideração a possibilidade de melhor

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o ensino e a aprendizagem de todos na escola.

Uma das melhores formas para possibilitar a aprendizagem na escola pode

ser o trabalho em equipe. Desta forma, o lócus da práxis docente pode se

estabelecer como um espaço onde se vive e convive, onde todos os envolvidos

possam trocar idéias e experiências, trocar de papéis de quem ensina e de quem

aprende.

É preciso que, pelo contrário, desde os começos do processo, vá ficando cada vez mais claro que, embora diferentes entre si, quem forma se forma e re-forma ao formar e quem é formado forma-se e forma ao ser formado. É neste sentido que ensinar não é transferir conhecimentos, conteúdos nem é formar é ação pela qual um sujeito criador dá forma, estilo ou alma a um corpo indeciso e acomodado. Não há docência sem discência, as duas se explicam e seus sujeitos, apesar das diferenças que as conotam, não se reduzem à condição de objeto, um do outro. Quem ensina ensina alguma coisa a alguém (FREIRE, apud SILVA, 2006, p. 24).

Diante disso, o locus de aprendizagem possibilita um ir e vir constante, na

medida que otimiza a criação e a recriação de sujeitos participantes, criativos e

reflexivos. O trabalho em equipe que age torna o seu espaço de trabalho em um

laboratório de experimentação que contribui com a troca de experiências, de idéias

inovadoras e sobretudo com a troca de conhecimentos possibilitando a

reorganização do aprendente enquanto ser social e indivíduo.

Faz-se necessário que a escola, portanto, estabeleça uma relação estreita

com os seus alunos, para que estes possam apropriar-se da aprendizagem e serem

sujeitos agentes da sua própria aprendizagem e do conhecimento (PAIN, 1985).

As intervenções psicopedagógicas na escola

O cenário institucional possui inúmeros déficits, dificuldades e carências que

tornam-se motivos das queixas, renúncias, angústias, e sobretudo de lutas do corpo

docente e da escola como um todo. Muitos destes sujeitos citados acreditam e

esperam que muitas das dificuldades encontradas na escola possam ser revertidas

e ou até sanadas.

Percebe-se que a instituição escolar vem apresentando várias características

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diferentes ao longo de sua história, principalmente no que se diz respeito às

questões relacionadas com a aprendizagem do aluno, ao fracasso escolar e o

atendimento individual dos alunos que apresentam algum tipo de dificuldade em

aprender.

Para melhor atuação e uma prática psicopedagógica mais eficiente e eficaz, o

psicopedagogo deve refletir e agir:

Compreender o jeito e o tempo de cada um processar sua aprendizagem;

Proporcionar o aprender vivido de forma integrada e de acordo com a

realidade;

Compreender e trabalhar com as relações emotivas e afetivas que ocorrem

durante a aprendizagem, de tal forma a possibilitar que o aluno seja assíduo,

responsável, criativo, questionador, espontâneo, sendo de iniciativa,

perseverante, sonhador e transformador;

Buscar de forma incessante a reintegração do aluno no contexto escolar,

possibilitando o resgate da sua auto-estima e na construção do

conhecimento, que para ele seja significativo e que faça sentido em sua vida;

Tornar a prática do diálogo com as crianças um hábito no espaço escolar,

com o intuito de buscar uma compreensão de suas angustias, inquietações,

desejos e ansiedades que demonstram os mecanismos de aprendizagem de

cada um.

De acordo com Fernandéz (2001) a intervenção pedagógica individual tem

muitas características vantajosas para os professores, pois muitas dificuldades

escolares apresentadas pelos estudantes do ensino fundamental necessitam

realmente de uma ação conjunta com um especialista.

Além disso, pode-se perceber que quando os alunos não aprendem, muitos

deles acabam desenvolvendo uma auto-estima baixa, pois acreditam que o fracasso

escolar é tido como um problema pessoal.

Deste modo, faz-se necessário o desenvolvimento de intervenções de cunho

preventivo, e se isso acontecer dentro de um curto espaço de tempo, a intervenção

psicopedagógica contribuirá para que estes alunos consigam superar as suas

dificuldades de aprendizagem com mais segurança, confiança e sobretudo sem

traumas e medo.

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Segundo Fernández (2001), deve-se levar em consideração todo o processo

de aprendizagem do aluno e reconhecer que cada um tem seu tempo para aprender,

assim, o professor precisa ter conhecimento disso.

Assim como em todo processo de aprendizagem estão implicados os quatro níveis (organismo, corpo inteligência e desejo), e não se poderia falar de aprendizagem excluindo algum deles, também no problema de aprendizagem, necessariamente estarão em jogo os quatro níveis em diferentes graus de compromisso”. (Fernandez, 1990, p. 57).

Neste sentido, sentiu-se a necessidade da atuação de um profissional que

tivesse um maior conhecimento sobre os aspectos relacionados à aprendizagem e

de questões psíquicas para entender todo o processo de desenvolvimento humano.

Assim, fez-se necessário que o trabalho psicopedagógico tivesse um maior

enfoque no aluno que o método científico adotado. Com o tempo começou a voltar-

se para a questão do conhecimento, ou seja, de como o aluno aprende, o que se

aprende e por que se aprende.

Sabe-se que a consciência é o resultado de um conhecimento estabelecido. A

palavra conhecimento vem do latin con+ciência, apesar desta palavra estar inserida

nos primórdios da humanidade, muitos estudos sociocognitivos são amplamente

utilizados na atualidade.

A título de ilustração, pode-se dizer que o modelo científico da

psicopedagogia constitui-se numa intervenção que possibilita diagnosticar tanto as

dificuldades quanto as habilidades específicas de cada aluno; e propor atividades

destinadas tanto para evitar fracassos, através de aquisições que forneçam

capacitação, quanto para solucionar problemas que surgem na prática diária.

Desta forma, é bem possível que o aluno que apresentava dificuldades de

aprendizagem possa adquirir agilidade e flexibilidade mental pela capacidade de

articular conhecimentos ou agilidade de pensamento após a intervenção e

monitoramento do psicopedagogo e de todo trabalho em equipe.

Sendo assim, a intervenção psicopedagógica veio para trazer uma

contribuição maior, enfatizando o fazer pedagógico. Para tanto, é necessário que

este profissional saiba reconhecer a forma de aprendizagem de cada criança,

buscando entender que este processo precisa ser compreendido como um fator

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abrangente que traz muitas implicações. A título de ilustração, pode-se citar que há

vários eixos de estruturação que in (viabilizam) a aprendizagem da criança, como as

questões afetivas, cognitivas, motores, sociais, econômicas, históricas, políticos

entre outras.

Piaget afirma que o processo de aprendizagem e as suas dificuldades não

podem ser focadas apenas no aluno e no professor, mas deve ser relacionada como

um processo que envolve inúmeros fatores que necessitam ser apreendidos com

pelo professor e pelo psicopedagogo.

Há um outro elemento que deve ser ressaltado, pois muitos educadores

reduzem o modelo de Piaget conduzindo o processo de ensino-aprendizagem de

uma forma estática e única. Deste modo, a relação dos processos de equilibração e

reequilibração das estruturas cognitivas não são devidamente analisadas por muitos

educadores.

Reconhecer, portanto, o processo de aprendizagem das crianças contribui

com um diagnostico e com uma intervenção psicopedagógica mais eficaz e eficiente,

tendo como objetivo central o desenvolvimento do processo de aprendizagem

humana.

Assim, para o profissional em psicopedagogia é de suma importância a

experiência de intervenção lado a lado ao professor, procurando interagir todo o

processo, possibilitando uma aprendizagem mais significativa e enriquecedora,

sobretudo quando os professores são especialistas nas suas disciplinas.

Uma intervenção psicopedagógica bem sucedida é aquela que pode

acontecer em parceria com os professores. Há relatos de coordenadores e

professores que revelam o baixo comprometimento da equipe no ato pedagógico,

deixando que os fracassos escolares sejam apontados como o fracasso do indivíduo

professor ou aluno. Percebe-se que essa situação é muito comum e, infelizmente

não relaciona o fracasso como resultado de um sistema.

Muitos desabafos de queixas de professores revelam a falta de orientação e

de condução de um trabalho pedagógico mais eficaz e eficiente, isso demonstra a

fragmentação da equipe da instituição escolar, deixando de lado a interação, a união

e o trabalho de equipe.

Daí a grande necessidade de uma intervenção, pois esta visa à integração e

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melhoria da comunicação de toda a equipe da instituição, buscando o

desenvolvimento pedagógico de qualidade de ensino, o que resulta na viabilização

da aprendizagem.

Segundo Fernandéz (1991) o profissional deve compreender e detectar em

qual fase o aluno está, pois há fatores diferentes, como por exemplo no adolescente.

Este se encontra em uma fase evolutiva do ser humano e deve ser considerada a

todos os aspectos biológico, psicológico e social. Por isso, faz-se necessário

trabalhar a prevenção do fracasso escolar, pois as dificuldades de aprendizagem

conseqüentemente poderão refletir na fase adulta.

Sendo assim, o psicopedagogo deve utilizar instrumentos investigativos e

avaliativos para fazer um levantamento de dados e estabelecer suposições com o

intuito de encontrar o que está causando a não aprendizagem e, desta forma

encontrar um meio de prevenção, considerando todos os fatores que intervém, tanto

para o fracasso como para o sucesso do processo de aprendizagem do aluno

(FERNANDÉZ, 1991).

Para que então aconteça uma intervenção que satisfaça a todos, é preciso

que os atendimentos sejam realizados de maneira diferenciada e bem direcionada a

cada aluno, procurando respeitar a individualidade, a singularidade e as diferenças

de cada um.

É necessário que uma proposta de intervenção seja planejada e realizada

através de encaminhamento, atendimentos semanais, entrevistas, anamnese,

orientação ao educador, envolvimento de outros profissionais que acompanham o

aluno e o envolvimento familiar.

Pode-se perceber que, diante de todo o processo de intervenção, o

psicopedagogo deve observar se há uma evolução significativa no desenvolvimento

dos alunos em todos os sentidos, na auto-estima, na autoconfiança, no projeto de

vida, no sentido da vida, na autodeterminação e na auto-realização.

Sisto (1996) afirma que é imprescindível o acompanhamento da família do

aluno para dar seguimento e continuidade em seu processo cognitivo, emocional,

afetivo e social.

A intervenção psicopedagógica busca melhorar o desempenho acadêmico do

aluno, mediante a realização de intervenção em várias dimensões como por

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exemplo a afetividade e a aprendizagem nas modalidades da escrita, a memória, a

compreensão dos conteúdos, a sua exposição de idéias, a organização do tempo, o

planejamento de metas, os hábitos de estudo, entre outras.

O psicopedagogo precisa lançar mão de técnicas específicas para poder

realizar um atendimento individual ou em grupo, levando em consideração o meio

social em que os alunos vivem, as suas condições sócio-econômicas e o contexto

familiar. Ressalta-se que em muitos casos, alguns alunos evadiram da escola

quando ainda eram crianças, e em alguns casos pode-se detectar que a idade

cronológica não condiz com a mental, ou sejam, queimaram etapas.

Dessa forma, o psicopedagogo precisa traçar um projeto que visa a inclusão

escolar, monitorar a evolução de cada aluno através de registros, portfólios,

convívio, amadurecimento emocional, atitudes e comportamentos.

O trabalho do psicopedagogo junto aos professores busca levar a uma

reflexão e compreensão da realidade, analisando todos os aspectos afetivos,

culturais, sociais, emocionais, orgânicos e cognitivos e como esses fatores afetavam

ou viabilizam a aprendizagem.

A equipe de professores deve estar fortalecida, não centralizar as suas

atenções apenas no aspecto disciplinar. Assim, a intervenção psicopedagogica

poderá ter maiores resultados. É importante salientar que o psicopedagogo deve ter

como principais objetivos as seguintes questões:

Prevenção e intervenção no processo de ensino e aprendizagem;

Desenvolver a reflexão, a prática voltada para sua realidade, mostrar a

importância das emoções e pensamentos dos alunos;

Enriquecer, promover e estimular o processo de leitura, escrita, oralidade,

raciocínio e cálculo;

Incentivar o aluno a gostar de estar na sala de aula;

Detectar problemas pedagógicos que podem prejudicar a qualidade do

processo ensino-aprendizagem dos alunos;

Orientar e levar o aluno à reflexão sobre a vida e o seu sentido;

Valorizar a família;

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Orientar os professores a serem parceiros do mesmo compromisso;

Encaminhar, quando necessário, casos diagnosticados a profissionais

específicos como Psicólogos, Psiquiatra, Neurologista, Assistente Social,

Dentista, Fonoaudiólogo, contando com a colaboração de todos os

profissionais da instituição;

Promover leituras e debates para reflexão;

Respeitar todos os tipos de religião;

Apoiar a prática do professor.

Deve-se levar em consideração que os recursos e as técnicas devem estar

sempre em constante aperfeiçoamento, todas a possibilidades que a instituição

puder oferecer devem ser aplicadas e avaliadas.

O processo de intervenção deve visar à interação de toda a equipe da

instituição para trocarem idéias, dividir tarefas do dia-a-dia, para enfrentarem

dificuldades, avaliar as técnicas e o processo, e, além disso, tudo superar

divergências.

Neste sentido, é preciso que todos os envolvidos acreditem no potencial de

cada um, olhar o aluno como um sujeito e não um objeto da sua ação educativa

(FREIRE, 1988).

A relevância do trabalho deve estar centralizada na premissa de que todo

aluno é capaz de aprimorar seus conhecimentos; deve possuir um caráter inovador,

audacioso e pioneiro. O psicopedagogo, juntamente com toda a equipe escolar de

buscar a efetividade de resultados, fazendo acontecer a recuperação na defasagem

escolar, melhorando o rendimento de cada aluno, incentivar o domínio na escrita, da

leitura e do cálculo.

Deve-se implementar sempre o processo de intervenção, pois percebe-se que

a compreensão e entendimento, a ampliação do vocabulário e inclusão no mundo

literário é um caminho certo para o sucesso de todos.

O psicopedagogo deve participar e refletir com as autoridades competentes

na organização, implantação e execução de projetos de educação e saúde pública

que visem questões pedagógicas. Devem buscar o desenvolvimento de parcerias

com outras entidades do setor público, social ou privado, pois o trabalho coletivo

configura-se como um importante papel para o desenvolvimento social e profissional

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para cada um dos componentes da equipe e conseqüentemente, como gerador de

novas idéias, novos projetos para combater o fracasso escolar.

Diante do exposto, acredita-se que educar é criar e recriar espaços, é

propiciar as condições de aprendizagem e é buscar subsídios para que os

professores tenham maiores possibilidades de trabalho.

Neste sentido, a atuação do professor no cenário escolar em que o processo

educativo se desenvolve, deve ser criativa, ele deve promover os acontecimentos,

articular os espaços, tempo, coisas e pessoas para produzir momentos que

possibilitem ao aluno ir mais além, encontrar meios para eles possam ultrapassar

suas dificuldades, desenvolver o espírito de iniciativa, de responsabilidade e de

compromisso.

O psicopedagogo deve atuar com ênfase ao combate a todos os obstáculos

que dificultam a aprendizagem e otimizar as práticas e recursos que viabilizam os

processos que levam o aluno a aprender, a encontrar saídas para as suas

dificuldades e apontar esperança de um futuro melhor.

Os profissionais desta área do conhecimento precisam implementar um

processo semelhante à persistência, ao comprometimento e à conscientização, para

que acima de tudo possa garantir a funcionalidade da aprendizagem de todos os

alunos da instituição escolar.

Para o sucesso então da intervenção psicopedagógica, o profissional precisa

compreender algumas etapas de aplicação da ação estratégica e devem respeitar

alguns critérios para que estas ações possam ser objetivas, satisfatórias e sobretudo

eficientes como:

Observar e levantar as necessidades dos alunos, atuais e futuros;

Descobrir quais são as dificuldades;

Fazer levantamento dos alunos que apresentam algum tipo de dificuldade;

Fazer um diagnóstico preciso;

Planejamento estratégico para definir as intervenções;

Execução do planejamento de intervenção;

Acompanhamento, monitoramento e verificação;

Aplicar ações corretivas e preventivas;

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Observar se os objetivos foram atingidos.

Uma visão de futuro deve ser feita para compor um plano de intervenção,

para isso, deve-se fazer um questionamento como:

Que tipo de ensino se deseja?

O que quer que os alunos e família falem da escola e do trabalho realizado

por ela?

De que modo a visão compartilhada representa os interesses dos alunos e os

valores que a escola enseja?

Liderança eficaz e comprometimento da Direção;

Participação ampla;

Conhecimento da Cultura e Valores da organização;

Planos e objetivos realizáveis;

Constância de propósitos e foco nos objetivos da prevenção do fracasso

escolar;

Visão ampla do ambiente interno e externo da escola;

Avaliação precisa dos recursos;

Comunicação e disseminação eficaz em todos os níveis;

Levar em conta as pessoas e seus sentimentos;

Conhecimento da realidade e do contexto onde os alunos estão inseridos;

Identificação clara das dificuldades e do monitoramento das intervenções;

Quanto ao processo de aprendizagem pessoal e organizacional, o

psicopedagogo deve estar atento e buscar:

Liderança capaz de garantir a execução das ações planejadas;

Comunicação com todos os envolvidos;

Treinar as pessoas que executarão os planos de intervenção;

Garantir o comprometimento com os resultados esperados;

Comunicar claramente as responsabilidades de cada um;

Criar e coletar adequadamente os dados e informações necessárias ao

monitoramento e avaliação das metas;

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Fazer o acompanhamento passo-a-passo das ações de forma estruturada;

Garantir uma metodologia formal de acompanhamento e verificação;

Agendar e garantir a realização das reuniões e divulgá-las;

Manter a equipe motivada para os resultados;

Fazer a verificação e planejar as ações corretivas e preventivas;

Executar as ações conforme planejado;

Manter o foco nos resultados esperados;

Manter a equipe motivada para os resultados;

Obter o comprometimento dos executores com os resultados esperados;

Monitorar os obstáculos e remover as dificuldades;

É preciso levar em consideração que todo projeto de intervenção está sujeito

a eventuais mudanças, mesmo quando este está fundamentado em um

planejamento estratégico, com ações eficientes e acertadas.

Neste sentido, o presente projeto de intervenção, trata-se de uma proposta

que deve ser repensada criticamente, melhorada e ampliada de acordo com as

necessidades da escola contextualizada para que seja de fato, um plano de

intervenção eficiente e eficaz.

O psicopedagogo e a Intervenção junto ao professor

A organização de situações de aprendizagem orientadas ou que dependem

de uma intervenção direta do psicopedagogo permite que as crianças trabalhem

com diversos conhecimentos. Estas aprendizagens devem estar baseadas não

apenas nas propostas dos psicopedagogos, mas, essencialmente, na escuta dos

alunos e na compreensão do papel que desempenham a experimentação e o erro

na construção do conhecimento.

A intervenção do psicopedagogo e do professor como mediador do

conhecimento é necessária para que, na instituição escolar, possam, em situações

de interação social ou sozinhas, ampliar suas capacidades de apropriação dos

conceitos, dos códigos sociais e das diferentes linguagens, por meio da expressão e

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comunicação de sentimentos e idéias, da experimentação, da reflexão, da

elaboração de perguntas e respostas, da construção de objetos e brinquedos etc.

Para isso, o psicopedagogo deve conhecer e considerar as singularidades

dos alunos que estão iniciando a 1ª série do ensino fundamental assim como a

diversidade de hábitos, costumes, valores, crenças, étnicas etc. dos alunos com os

quais trabalha respeitando suas diferenças e ampliando suas pautas de

socialização.

Nessa perspectiva, o psicopedagogo pode contribuir com o professor sendo

este o mediador entre os alunos e os objetos de conhecimentos, organizando e

propiciando espaços e situações de aprendizagem que articulem os recursos e

capacidades afetivas, emocionais, sociais e cognitivas de cada criança aos seus

conhecimentos prévios e aos conteúdos referentes aos diferentes campos de

conhecimento humano.

Na escola, o professor constitui-se, portanto, no parceiro mais experiente, por

excelência, cuja missão é propiciar e garantir um ambiente rico, prazeroso, saudável

e não discriminatório de experiências educativas e sociais variadas, para que as

aprendizagens dos alunos ocorram com sucesso, mas quando isto não acontece se

faz necessária a intervenção do psicopedagogo.

É preciso que o professor e o psicopedagogo considerem, na organização do

trabalho educativo transformando em possibilidades as dificuldades de

aprendizagem do aluno como:

Buscando a interação com alunos diferentes em situações diversas como

fator de promoção da aprendizagem do desenvolvimento e da capacidade de

relacionar-se;

Refletir os conhecimentos prévios de qualquer natureza que os alunos já

possuem sobre o assunto, já que eles aprendem por meio de uma construção

interna ao relacionar suas idéias com as novas informações de que dispõem

e com as interações que estabelece;

Respeitar a individualidade e a diversidade dos alunos;

Reconhecer o grau de desafio que as atividades apresentam e o fato de que

devam ser significativas e apresentadas de maneira integrada para os alunos

e o mais próximo possível das práticas sociais reais, das experiências de vida

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que eles têm;

Ressaltar a resolução de problemas como forma de aprendizagem,

Dar ênfase nos fatores positivos do aluno, ressaltar o que ele tem de melhor.

Essas considerações podem estruturar-se nas seguintes condições gerais

relativas às aprendizagens dos alunos a serem seguidas pelo professor em sua

prática educativa.

A intervenção psicopedagógica e interação social

A intervenção psicopedagógica através da interação social é uma das

estratégias mais importantes do profissional para a promoção de aprendizagens

pelas crianças, principalmente para as crianças que apresentam maiores

dificuldades em aprender em situações diversas.

Assim, cabe ao profissional propiciar situações de conversa, brincadeiras ou

de aprendizagens orientadas que garantam a troca entre as crianças, de forma que

possam comunicar-se e expressar-se, demonstrando seus modos de agir, de pensar

e de sentir, em um ambiente acolhedor e que propicie a confiança, a autonomia e a

auto-estima.

A existência de um ambiente acolhedor não significa eliminar os conflitos, não

enxergar as dificuldades de aprendizagem e disputas e divergências presentes nas

interações sociais, mas pressupõe que o profissional forneça elementos cognitivos,

afetivos e de linguagem para que as crianças aprendam a conviver, buscando as

soluções mais adequadas para as situações com as quais se defrontam diariamente

despertando suas competências e habilidades.

As capacidades de interação, porém, são também desenvolvidas quando as

crianças podem ficar sozinhas, quando elaboram suas descobertas e sentimentos e

constroem um sentido de propriedade para as ações e pensamentos já

compartilhados com outras crianças e com os adultos, o que vão potencializar novas

interações.

Nas situações de troca, podem desenvolver os conhecimentos e recursos de

que dispõem, confrontando-os e reformulando-os em busca do saber, que se for de

forma prazerosa, pode despertar nas crianças com dificuldades de aprender o

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desejo, o fascínio pelo novo.

Nessa perspectiva, o profissional deve refletir e discutir com seus pares sobre

os critérios utilizados na organização dos agrupamentos e das situações de

interação, visando, sempre que possível, auxiliar as trocas de experiências entre as

crianças e, ao mesmo tempo, garantir-lhes o espaço da individualidade.

Assim, em determinadas situações, é aconselhável que crianças com níveis

de desenvolvimento diferenciados interajam; e em outras, deve-se garantir uma

proximidade de crianças com interesses e níveis de desenvolvimento semelhantes.

Propiciar a integração quer dizer, portanto, considerar que as diferentes

formas de sentir, expressar e comunicar a realidade pelas crianças resultam em

respostas diversas que são trocadas entre elas e que garantem parte significativa de

suas aprendizagens.

Uma das formas de propiciar essa troca é a socialização de suas

descobertas, quando o psicopedagogo organiza as situações para que as crianças

compartilhem seus percursos individuais na elaboração dos diferentes trabalhos

realizados. Deve-se levar em conta o contexto familiar de cada criança, bem como

sua situação social, cultural e histórica.

Portanto, é importante frisar que as crianças desenvolvem em situações de

interação social, nas quais conflitos e negociação de sentimentos, idéias e soluções

são elementos indispensáveis, pois cada uma dessas crianças vem de famílias e

contextos diferentes e têm muito o que compartilhar nos momentos de interação.

O âmbito social oferece, portanto, ocasiões únicas para elaborar estratégias

de pensamento e de ação, possibilitando a ampliação das hipóteses infantis. Pode-

se estabelecer, nesse processo, uma rede de reflexão e construção de

conhecimentos na qual tanto os parceiros mais experientes quanto os menos

experientes têm seu papel na interpretação e ensaio de soluções.

A interação permite que se crie uma situação de ajuda na qual as crianças

avancem no seu processo de aprendizagem possibilitando-as a vencer o fracasso

escolar.

Cabe ao psicopedagogo a tarefa de individualizar as situações de

aprendizagem oferecidas às crianças, considerando suas capacidades afetivas,

emocionais, sociais e cognitivas assim como os conhecimentos que possuem dos

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mais diferentes assuntos e suas origens socioculturais diversas.

Isso significa que o psicopedagogo deve planejar e oferecer uma gama

variada da experiência que responda, simultaneamente, às demandas do grupo e às

individualidades de cada criança.

Considerar que as crianças são diferentes entre si, implica propiciar uma

educação baseada em condições de aprendizagem que respeitem suas

necessidades e ritmos individuais, visando a ampliar e a enriquecer as capacidades

de cada criança, considerando-as como pessoas singulares e com características

próprias.

Individualizar não é marcar e estigmatizar as crianças pelo que diferem, mas

levar em conta suas singularidades, respeitando-as e valorizando-as como fator de

enriquecimento pessoal e cultural para que o psicopedagogo não corra o risco de

rotulá-las e sim ser um mediador da aprendizagem, oferecendo a elas, a partir da

realidade de cada uma, recursos pedagógicos necessários para uma aprendizagem

significativa e prazerosa.

As abordagens psicopedagógicas

As abordagens psicopedagógicas predominantes na educação brasileira

sobre a aprendizagem, Sisto (1996) destaca três grandes correntes teóricas:

psicanalítica, associacionista e construtivista. A orientação psicanalítica da

psicopedagogia pressupõe que as dificuldades de aprendizagem estão ligadas a

problemas emocionais como conseqüência de uma relação de causa e efeito entre

desenvolvimento emocional e aprendizagem.

A orientação associacionista da psicopedagogia pressupõe que as

dificuldades de aprendizagem são decorrentes de aspectos externos ao sujeito,

como a forma de transmissão e características do conteúdo em si mesmo.

A matéria-prima desta concepção é o próprio conteúdo e baseia-se na

linearidade de sua formação, no acréscimo do conteúdo já adquirido e na

dependência do conteúdo novo em relação ao anterior.

A aprendizagem é pensada em termos do estabelecimento de pré-requisitos

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rígidos que determinam a seqüência e a relação dos conteúdos entre si. Como

lembra Sisto (1996), as duas orientações apresentam explicações parciais do

processo de aprendizagem.

A orientação construtivista da psicopedagogia propõe um modelo explicativo

do funcionamento cognitivo que diferencia e distancia significativamente sua

concepção de aprendizagem das demais. Neste modelo a relação entre os

elementos endógenos e exógenos da aprendizagem e do desenvolvimento é

contínua e necessária.

Aprendizagem e desenvolvimento são considerados produtos da construção

cognitiva e envolvem formas e conteúdos. As formas são produto do

desenvolvimento e possibilitam a assimilação das relações contidas nos objetos de

conhecimento e acomodação das estruturas cognitivas às novas relações

descobertas nestes objetos.

Os conteúdos constituem as próprias relações construídas a partir dos objetos

de conhecimento e são internalizados em função de uma rede de significados que

constituem o sistema cognitivo do sujeito. Não há determinação de pré-requisitos

entre os conteúdos e diferentes formas podem ser aplicadas a uma mesma área ou

a áreas diferentes de conteúdos, ocasionando defasagens cognitivas. Estas

defasagens permitem que o sujeito aprenda um mesmo conteúdo em níveis

diferentes ou diferentes conteúdos em um mesmo nível, pois, a aprendizagem

ocorre a partir do nível de pensamento em que o sujeito se encontra em cada

conteúdo, em particular (Sisto, 1996).

A abordagem construtivista do processo ensino-aprendizagem não é uniforme

e pode ser dividida em dois grandes grupos. O primeiro grupo inclui as experiências

pedagógicas realizadas a partir de uma concepção aplicacionista da psicologia

genética.

Do segundo grupo fazem parte as experiências que utilizam a psicologia

genética como ciência de referência inserindo-a em “uma problemática e em um

conjunto de questões que exigem um corpo teórico original”, como é o caso da

didática da matemática (LERNER, 1996, p.88).

Situações capazes de provocar conflito intelectual e de incentivar o sujeito a

pensar sobre outros pontos de vista, levando-o a defender ou provar sua idéia,

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podem influenciar positivamente na construção destes sistemas. Esta possibilidade

se deve à coordenação de opiniões suscitada pelo conflito que ao mobilizar a

inteligência e a totalidade dos conhecimentos já adquiridos pode levá-lo à

construção de um conhecimento de nível superior (KAMII, 1986).

Situações-problema capazes de promover uma atividade organizadora e

estruturadora da realidade são fundamentais na escola, pois, é delas que depende o

caráter estruturante da atividade do aluno e a ocorrência de um impacto maior ou

menor do aprendizado escolar sobre sua organização cognitiva (CASTORINA,

1996).

Desta perspectiva, a aprendizagem de um conteúdo específico não se limita

ao conteúdo em questão e envolve um processo mais amplo de criação de

possíveis, pois, frente a uma situação-problema o sistema cognitivo “cria,

espontânea e naturalmente, alternativas de solução para esta situação”. Entre as

soluções criadas, a resposta comunicada pelo sujeito é a considerada por seu

sistema a alternativa com maior probabilidade de ser correta (SISTO, 1996, p.56).

A atuação do psicopedagogo na escola

Entende-se que o psicopedagogo é o profissional mais indicado para formar

pessoas que irão atuar nas diversas áreas institucionais e mercadológicas. Uma vez

que, sua formação contempla uma prática pedagógica reflexiva, eficaz,

transformadora e autocrítica (SCHÖN, 2002).

Diante disso, acredita-se que a atuação psicopedagógica deve apontar

elementos norteadores necessários para efetivar um trabalho com aquelas crianças

que apresentam certas dificuldades de aprendizagem.

Neste sentido, a atuação do psicopedagogo na escola deve, antes de tudo,

procurar reconhecer e compreender as capacidades do aluno com o intuito de

detectar os empecilhos que dificultam a sua aprendizagem.

O perfil do psicopedagogo e dos demais profissionais de outras áreas são

semelhantes, porque o mercado de trabalho é “exclusivo”, pois aquele que não se

enquadrar, estará fora. Dentro desse novo paradigma, exige-se um profissional

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competente, flexível, criativo, crítico, conhecedor das novas tecnologias, que saiba

conviver e trabalhar em equipe, que possua autonomia de pensamento, sociável,

que saiba compreender processos e incorpore novas idéias, que tenha habilidade de

gestão, auto-estima, etc.

De acordo com Morin (2001) é exatamente neste ponto, que a sociedade é

contraditória, desvaloriza o psicopedagogo, o seu fazer pedagógico, e ao mesmo

tempo recorre à educação para formar e capacitar profissionais em toda e qualquer

área. Ainda sob esta ótica, percebe-se que a atuação do psicopedagogo requer

habilidades e competências.

Segundo Perrenoud (2000) competência é mais do que um conhecimento; Ela

pode ser explicada como um saber que se traduz na tomada de decisões, na

capacidade de avaliar e julgar e envolve muito mais que acumular conhecimento,

desenvolver habilidades e introjetar valores.

O sentido é muito importante: não é uma soma de valores, de conhecimentos,

de habilidades. É a capacidade de mobilizar, articular e colocar em ação esses

componentes, para um desempenho eficiente e eficaz. Então, valores,

conhecimentos e habilidades são componentes que, por si sós, não são a

competência.

As habilidades estão associadas ao saber fazer: ação física ou mental que indica a capacidade adquirida. Assim, identificar variáveis, compreender fenômenos, relacionar informações, analisar situações-problema, sintetizar,julgar, correlacionar e manipular são exemplos de habilidades. Já as competências são um conjunto de habilidades harmonicamente desenvolvidas e que caracterizam por exemplo uma função/profissão específica: ser arquiteto, médico ou professor de química. As habilidades devem ser desenvolvidas na busca das competências (MORETTO, 2002, p.34).

A idéia de competências tem três ingredientes básicos. Primeiro: relaciona-se

diretamente à idéia de pessoa. Não se pode dizer que um computador é

competente; competente é o seu usuário, uma pessoa. Segundo: a competência

vincula-se à idéia de mobilização, ou seja, a capacidade de se mobilizar o que se

sabe para realizar o que se busca. É um saber em ação. Aliás, da má compreensão

deste aspecto vem outra crítica, a de competência como mero saber fazer algo. Agir

é mais do que fazer.

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Um conceito de competência pode ser apresentado como o conjunto de

conhecimentos, habilidades e atitudes demonstradas pela pessoa na realização de

uma tarefa. Dizem que alguém é competente numa atividade quando esse conjunto

de comportamentos apresentados resulta no sucesso para a realização daquela

atividade.

Portanto, para uma atuação psicopedagógica eficaz, é preciso ter, antes de

tudo, uma missão que contribua de maneira diferenciada e significativa para que as

pessoas envolvidas tenham sucesso em seu ramo de atividade e construam um

segmento sustentado, através de soluções integradas, que promovam mudanças

nos modelos de gestão e desenvolvam competências essenciais em sua

organização ou instituição.

O psicopedagogo deve atuar no trabalho da instituição para buscar melhorias

do desempenho da aprendizagem através de:

Identificação conjunta de problemas que dificultam a aprendizagem;

Implementar soluções com foco nas estratégias, estruturas, sistemas de

melhorias como um todo;

Uma atuação eficaz deve ter um planejamento estratégico buscando fazer:

Um levantamento na unidade de alunos com dificuldades de aprendizagem;

Fazer diagnósticos e a partir destes buscar soluções;

Planejamento de ações de intervenção;

Projeto de captação de recursos quando necessários para possiv eis

intervenções;

Planejamento e implantação de projetos para o desenvolvimento de pessoas

Em relação à qualidade do ensino, o psicopedagogo deve:

Implantar uma Gestão de planejamento das suas atividades de intervenção;

Implementação de auditorias internas de qualidade de ensino;

Planejamento e implantação de sistemas de avaliação da qualidade de

ensino;

Planejamento, implantação e monitoramento de programas de intervenção

psicopedagógica aos alunos;

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Os segmentos de desenvolvimento da aprendizagem dos alunos devem:

Desenvolver a competência de supervisão de equipes para o

acompanhamento de cada aluno com dificuldades;

Desenvolver as habilidades que ainda não foram produzidas pelos alunos;

Gestão estratégica na prática do psicopedagogo;

Realizar reuniões eficazes e objetivas com todo o corpo docente,

especialistas e direção escolar;

Buscar um desempenho satisfatório no relacionamento Intra e Interpessoal na

escola;

O psicopedagogo na escola deve ter:

Compromisso e envolvimento com o seu trabalho;

Conhecimento e experiência pedagógica na educação;

Conhecimento dos princípios, fundamentos e filosofia da educação

Conhecimento da área Psicológica;

Disponibilidade de horário;

Conhecimento do projeto em que está inserido (processo histórico social

administrativo e operacional da instituição escolar);

Dinamismo;

Criatividade;

Capacidade de análise;

Ser uma pessoa capaz de encontrar soluções;

Paciência pedagógica;

Experiências com metodologias participativas;

Habilidade de escrita e leitura com fluência;

Habilidade para lidar com as novas tecnologias;

Habilidade em planejamento, monitoramento, avaliação e estratégias;

Habilidade de desenvolver projetos;

Este profissional deve ver, pensar, tomar decisão e agir estrategicamente.

Além de tudo, para que as propostas de ação na sua escola dêem certo, é

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preciso:

Criar uma cultura de continuidade, de pensar e agir estrategicamente;

Proporcionar uma visão geral e holística da filosofia e missão da escola;

Acreditar que todo o processo é uma oportunidade para a aprendizagem;

Buscar diminuir o grau de incerteza do futuro com o monitoramento das

tendências;

Promover o alinhamento de toda a organização, na busca de recursos e de

resultados no combate ao fracasso escolar;

Buscar uma referência de trabalho e flexibilidade nas decisões;

Evitar conflitos e perda de tempo, pois todos conhecem suas

responsabilidades;

Desenvolver relações interpessoais positivas e de cooperação em todo a

comunidade escolar.

É necessário que as instituições escolares utilizem uma Gestão Estratégica

em Psicopedagogia para encontrar maneiras diferenciadas de idealizar novos

saberes, expandir as várias possibilidades de aprendizagem dos alunos e criar

condições para que todos possam olhar o futuro com esperança.

O psicopedagogo e o seu papel frente aos desafios

Pode-se dizer que o psicopedagogo é um profissional com uma formação que

abrange duas dimensões. A primeira, a formação teórico-científica, incluindo a

formação acadêmica específica nas disciplinas em que o docente se especializa em

uma formação pedagógica que envolve conhecimentos da filosofia, sociologia,

história da educação e da própria pedagogia que contribuem para o esclarecimento

do fenômeno educativo no contexto histórico social.

A segunda, a formação técnica-prática que visa a preparação profissional

específica para a docência incluindo a didática, as metodologias específicas das

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matérias, psicologia da educação e pesquisa educacional (PIMENTA, 1999).

O curso de psicopedagogia ainda é visto sob uma ótica simplista. Não se

pode renegar o papel de educador, ou seja, um mediador de aprendizagem. Não se

pode fugir à responsabilidade da educação, mas ao mesmo tempo o psicopedagogo

é formado para atuar em outros espaços que precisam de sua intervenção com o

intuito de viabilizar a aprendizagem.

Este é um profissional qualificado para atuar em diversos campos educativos,

e essa atuação pode ser formal, não formal e informal. Sendo assim ele deixa de

atuar só em questões escolares, conquistando um espaço bem mais amplo com o

na empresa e da clínica.

O psicopedagogo a ser formado deverá ser capaz de atuar segundo múltiplas

dimensões como a política, ética, artística, técnica e afetiva, entre outras. Um

profissional capaz de compreender as relações educativas que ocorrem no âmbito

dessa sociedade dos sistemas de ensino, da escola, da sala de aula e de outras

agências educacionais, todas elas consideradas em seu contexto e que envolvem

simultaneamente dimensões individuais e sociais.

O campo de atividade pedagógica extra-escolar é extenso, pode-se incluir no

item da educação extra-escolar toda a gama de agentes pedagógicos que atua no

âmbito da vida privada e social. Pais, trabalhadores voluntários e associações,

centro de lazer, todos atuam como pedagogos, mesmo sem a formação acadêmica.

Mediante os novos paradigmas no mercado te trabalho, muitos empresários

percebem a importância do pedagogo para o crescimento organizacional.

Instrutores, animadores, formadores, organizadores técnicos, consultores,

orientadores são profissionais que exercem sistematicamente atividades

pedagógicas e que ocupam parte de seu tempo nestas que se desenvolvem em

órgãos públicos e privados, ligados às empresas, à cultura, aos serviços de

alimentação, promoção social (BOMFIM, 2004).

Muitos trabalhadores, engenheiros e técnicos dedicam boa parte de seu

tempo a supervisionar ou ensinar funcionários e estagiários no local de trabalho.

Estes profissionais ocupam parte de seu tempo em atividades pedagógicas, em

órgãos públicos e empresas, referentes à transmissão de saberes e técnicas ligadas

a outras atividades profissionais especializados.

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Nesta categoria, podem-se incluir trabalhadores sociais, monitores e

instrutores de recreação e educação física, ou onde ocorrer algum tipo de atividade

pedagógica, tais como: administrador de pessoal, redatores de jornal e revistas,

comunicadores sociais, apresentadores de programas de rádio e TV.

Isso mostra como o mercado para psicopedagogos é amplo e está em

expansão. Todo psicopedagogo é, por excelência, professor, mas nem todo

professor é psicopedagogo, o que amplia ainda mais o campo daqueles que

escolheram a pedagogia como carreira

Neste sentido, os profissionais de Recursos Humanos, ao constituírem um

saber através de sua prática, se aproximam de teorias cujos textos jamais visitaram.

Nesse contínuo esforço de produção de um conhecimento novo e de respostas às

questões que o cotidiano lhe apresenta, o responsável pelo treinamento se quer

percebe que ele é um educador com os olhos no futuro.

Enquanto os professores das escolas repassam um saber sedimentado,

geralmente contido nos livros, o psicopedagogo cria um saber novo que responde às

questões que emergem no dia-a-dia e que são responsáveis pelo funcionamento

das organizações escolares ou não.

É nesta atual conjuntura, que o psicopedagogo sente a necessidade de sair

de uma visão fragmentada para se adaptar e inserir em um novo espaço de atuação

com uma visão educacional inovadora da sua atuação profissional.

O novo cenário de atuação deste profissional que é o psicopedagogo sai dos

alcances apenas da escola, para prestar seus serviços em locais que eram restritos

a outros profissionais. Empresas, associações, igrejas hospitais, eventos, emissoras

e outros formam a nova estrutura profissional do psicopedagogo.

Esta atual realidade vem com força quebrando preconceitos e idéias de que

este profissional está apto para exercer suas funções apenas na escola. Onde

houver uma prática educativa e questões relacionadas à aprendizagem existe aí

uma ação psicopedagógica, exigindo deste profissional uma visão inovadora,

libertadora e livre de tabus que impedem de exercer sua função com competência e

credibilidade.

Toda nova proposta é um desafio. O psicopedagogo precisa se transformar

para essa mudança de paradigmas. Há nessa mudança uma possibilidade de

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melhor atuação, se adequando, portando, a esta nova realidade, mas é necessário

se posicionar como profissional capacitado e reflexivo para caminhar junto a esta

transformação da sociedade (SANTOS BOAVENTURA, 2003).

O Psicopedagogo, pois, deixa de ser, neste novo contexto, o mesmo

profissional de antes, ele se apresenta nesta nova situação agora como um agente

de transformação para atuar nesta nova e desafiadora realidade.

Hoje, o profissional em psicopedagogia está sendo inserido em um mercado

de trabalho mais amplo e diversificado, porque a sociedade atual, exige cada vez

mais profissionais capacitados e treinados para atuarem nas diversas áreas, sendo

elas exigentes e competitivas, além de exigirem profissionais capazes de aprender

constantemente.

Não sendo comum um profissional ser qualificado apenas para exercer uma

determinada função, e sim para atuar em áreas diversificadas existentes no mercado

de trabalho, seja ele qual for, a atuação do psicopedagogo passou a ser vista como

uma importante ferramenta para a aprendizagem dos trabalhadores.

Neste sentido, esta proposta de trabalho busca analisar como o

psicopedagogo pode auxiliar uma escola ou empresa em gestão de recursos

humanos, no que se refere ao recrutamento, à seleção de pessoal e treinamento.

É nesta perspectiva, que as linhas de pensamento relacionadas ao

profissional em Psicopedagogia busca a possibilidade de uma reflexão mais

aprofundada sobre a atuação deste em organizações institucionais, empresariais e

clínicas. Pois hoje em dia, muito se tem pensado e estudado sobre a dinâmica do

conhecimento e as novas funções do educador como mediador do processo de

aprendizagem humana.

O psicopedagogo e a sua práxis neste novo milênio

Na atualidade, as empresas estão em busca da produtividade, do lucro e da

eficiência; por outro lado, as escolas estão em busca da aprendizagem e do sucesso

escolar. É neste sentido que nota-se a necessidade da intervenção

psicopedagógica, uma vez que esta prática vem ocorrendo na assistência às

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pessoas que apresentam dificuldades de aprendizagem.

Diante do baixo desempenho dos alunos, a práxis do psicopedagogo nas

escolas têm o objetivo de diagnosticar a causa dessas dificuldades. A questão fica

centralizada em quem não aprende e buscar uma solução que atenda ao aluno e à

escola.

A Psicopedagogia desenvolve os processos psicomotores e de raciocínio que

estão por trás de qualquer aprendizagem, principalmente neste novo contexto, onde

o sujeito vive com um excesso de informações e por outro lado com uma escassez

de conhecimento. Diante disso é preciso:

Reintegrar o aprendiz no contexto escolar, possibilitando o resgate do poder

de Simbolizar,

Criar e Reagir na construção do conhecimento;

Dialogar com crianças e adolescentes, em busca da compreensão de suas

inquietações e desejos, assim como seus mecanismos de aprendizagem.

Diferente de estar com dificuldade, o aluno pode manifestar muitas outras

dificuldades, e mostrar uma situação muito mais complexa e ampla, onde também se

instala a escola, como parceira integral no processo da aprendizagem.

Portanto, ao analisar a dificuldade de aprender, o psicopedagogo deve incluir

o projeto pedagógico escolar em propostas de ensino e valorizar a aprendizagem

integral do ser humano, não apenas a aprendizagem de um ou outro conteúdo, isto

pode ser caracterizado como um desafio da práxis do psicopedagogo.

O psicopedagogo deve abrir espaços para que se disponibilizem recursos que

façam frente aos desafios, isto é, na direção da efetivação da aprendizagem dos

sujeitos envolvidos e inseridos, e como conseqüência das mudanças que ocorrem

na sociedade como um todo, compreender novos paradigmas que surgem e

colocam em dúvida as estruturas já estabelecidas.

Neste sentido, é preciso que as organizações escolares auxiliem a

cooperação de seus funcionários. Estes devem estar em condições de desempenhar

suas funções com competência e qualidade, pois os alunos estão cada vez mais

exigentes em relação aos produtos que consomem, adquirem.

Nota-se que muitas mudanças vêm ocorrendo, sobretudo nos últimos anos. A

ótica que privilegia a divisão dos alunos, aquele que aprende daquele que não

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aprende, que valoriza o homogêneo e não o heterogêneo, que considera o conteúdo

como um fim e o mais importante, começa a perder a força, e isso acontece em

muitos casos, graças à práxis do psicopedagogo.

Faz-se necessário que, o psicopedagogo saiba atuar na diversidade, no

heterogêneo, pois isso possibilita o aprender coletivo, a riqueza da troca, o aprender

com o outro. O professor deixa de ser apenas o difusor do conhecimento e vive o

fazer pedagógico como o espaço para a estimulação da aprendizagem colaborando

com a prática psicopedagógica.

Nesse sentido, as escolas devem estar sempre proporcionando atualização e

educação– formação continuada – aos seus professores, na busca permanente da

qualidade de suas aulas. É necessário também que se trabalhe em equipe e não

mais de forma individual; sendo que o trabalho em equipe resgata valores morais,

tais como: sinceridade, lealdade, aprendizagem e humildade.

De acordo com Caldeira (2002), o trabalho em equipe é um dos grandes

desafios apresentados no momento atual, pois faz com que alguns conceitos e

práticas sejam redimensionados. No momento que se trabalha em grupos – equipe –

desenvolvem-se novas atitudes, tais como: a autonomia, a cooperação, a

participação, o diálogo e a reflexão.

Essas atitudes exigem uma nova postura, novos conhecimentos, ou seja, a

formação continuada na escola como um todo. Diante desse novo contexto, o

psicopedagogo passa a ter uma função especial, primordial a desempenhar: passa a

ser o motivador, o articulador, o mediador entre as diferentes instâncias do sistema

organizacional, visando o desenvolvimento de novas competências com o intuito de

atender as demandas da sociedade, mas também – e talvez a principal – o

crescimento pessoal/profissional dos funcionários da instituição.

Esse crescimento acontece através da aquisição de novos conhecimentos

que lhes são proporcionados no próprio local de trabalho.

O Psicopedagogo deve interagir, ouvir e interpretar as necessidades dos

componentes desse espaço onde acontece o trabalho em equipe. No momento que

se busca a realização pessoal de todos os integrantes do quadro docente de uma

escola, não visando unicamente a eficiência na busca de bons resultados nas

avaliações, mas no sentido de melhorar a satisfação de todos os envolvidos neste

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processo, ou seja, direção, professores, funcionários, especialistas, família e

especialmente os alunos, realiza-se a qualidade social.

Nesta nova perspectiva, o Psicopedagogo encontra-se diante de um grande

desafio: a concretização da qualidade social dentro da escola.

Qualidade social entendida como busca da interação do indivíduo consigo mesmo, a visão do todo, a percepção da vida, do ser humano com todas suas complexidades e sua colocação dentro da sociedade (RIBEIRO, 2000, p. 18).

Segundo Marchezan (2002), essa visão de qualidade social não deve ser

restrita do âmbito escolar, pois defende-se a idéia de que a educação não acontece

somente nos bancos escolares, mas em qualquer local de convívio permanente

entre pessoas, pois esse contexto pressupõe que sempre haverá condições de

aprendizado.

Para que tal desafio seja posto em prática é necessário que os cursos de

Psicopedagogia ofereçam uma formação também direcionada para essas novas

demandas, para o novo campo de atuação que emerge para esse profissional.

A práxis do Psicopedagogo na instituição escolar deve fortalecer a identidade

institucional, e, sobretudo buscar, ou seja, resgatar as raízes dessa instituição, ao

mesmo tempo em que procura sintonizá-la com a realidade que está sendo

vivenciada no momento histórico atual, buscando adequar essa escola às reais

demandas da sociedade.

Durante todo o processo educativo, o psicopedagogo deve procurar investir

numa idéia de ensino-aprendizagem do aluno que estimule:

As interações interpessoais;

Incentivar os sujeitos no processo educativo;

Estimular a postura transformadora de toda a comunidade para inovar a

prática escolar;

Enfatizar o que é essencial e com significado relevante,

Interação com o corpo docente no sentido de desenvolver mais o raciocínio

do aluno, ajudando-o a aprender a pensar e a estabelecer relações entre os

diversos conteúdos trabalhados;

Reforçar a parceria entre escola e família;

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Lançar as bases para a orientação do aluno na construção de seu projeto de

vida, com clareza de raciocínio e equilíbrio;

Incentivar a implementação de projetos que estimulem a autonomia de

professores e alunos;

Neste sentido, esta formação visa ao favorecimento da apropriação do

conhecimento pelo ser humano, ao longo de sua evolução, pois a ação

psicopedagógica consiste numa leitura e releitura do processo de aprendizagem,

bem como as competências da aplicabilidade de conceitos teóricos que lhe dêem

novos contornos e significados, gerando práticas mais consistentes, que respeitem a

singularidade de cada um e consigam lidar com resistências.

Neste novo milênio, ação desse profissional jamais pode ser isolada e sim

integrada à ação da equipe escolar, direção, especialistas e docentes para que

juntos possam buscar e vivenciar a escola, não apenas como um cenário de

aprendizagem de conteúdos educacionais, mas de convívio, de cultura, de valores,

de pesquisa e experimentação, que possibilitem a flexibilização de atividades

docentes e discentes.

É preciso incorporar novas dinâmicas em sala de aula, contemplar a

interdisciplinaridade com todos os profissionais da escola, o a práxis do

psicopedagogo deve estimular o desenvolvimento de relações interpessoais, o

estabelecimento de vínculos, a utilização de métodos de ensino compatíveis com as

mais recentes concepções a respeito desse processo.

Ele deve procura envolver toda a equipe escolar levando-a a ampliar a visão

de mundo, ampliar o seu olhar em relação ao aluno e repensar as circunstâncias e

diversidades de produção e apropriação do conhecimento.

A práxis psicopedagógica tem contribuído com a atuação docente, estimulado

a reflexão e a confrontação com temáticas ainda insuficientemente discutidas. Isto

se deve ao comprometimento do aluno e da instituição, que apresenta dificuldades

múltiplas, envolvendo as competências cognitivas, emocionais, atitudinais,

relacionais e comunicativas almejadas e necessárias à sociedade.

Deste modo, a práxis do psicopedagogo e suas ações devem ser integradas e

complementadas por diferentes profissionais. Eles devem compor um projeto de

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escola coerente que estimula os valores, as relações humanas, que envolva os

diferentes e as diversidades culturais vividas no ambiente escolar. Todo o projeto

deve envolver a direção, os professores, alunos e a comunidade com o intuito de

transformação na escola e na sociedade.

O que é aprendizagem e quando intervir?

O processo de aprendizagem emerge diferentes maneiras de interação do

conhecimento e do meio. Aprendizagem significa uma modificação de

comportamento, a aquisição de novas respostas ou reações. Consiste em adquirir,

após condições especiais, novas reações a estímulos antes indiferentes e neutros.

A aprendizagem é um processo, uma atividade interior que tem um início, um

desenvolvimento e um fim. Além de ser muito pessoal, pode ser influenciada, com

êxito, por pessoas habilitadas, através de estímulos, motivação e estratégias

coerentes com a dificuldade. Um dos principais mediadores do processo de

aprendizagem é o professor, porém, muitas vezes são necessárias as intervenções

psicopedagógicas.

Aprendizagem é a modificação que ocorre na conduta mediante à experiência

ou à prática, é um processo dinâmico, vivo, global, contínuo e individual. Exige,

como condição básica, o amadurecimentos do ser para a referida modificação:

É um processo pessoal:

Depende do envolvimento de cada um, de seu esforço e de sua capacidade,

O envolvimento e interação da criança é fundamental.

A criança aprende aos poucos, e cada uma dentro de seu ritmo próprio,

dentro de seu tempo e de suas possibilidades. Os métodos de ensino exploram uma

parte mínima das aptidões e da capacidade de aprender do aluno. Faz-se

necessário, então, um ambiente acolhedor e estimulador que são imprescindíveis

para efetivação da aprendizagem.

Para aprender, é fundamental a clara percepção da situação que o conceito

envolve, é necessário sentir a situação como um todo, elaborá-la internamente

levando em conta, a experiência pessoal com respeito àquele conceito:

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Tudo se aprende em todas as partes, para isso, é preciso ter em mente, e o

mais importante, é necessário que o professor saiba que toda criança é única e

singular e que aprende, o professor é o primeiro a notar a necessidade do auxílio do

psicopedagogo para que uma intervenção seja feita ainda em tempo hábil.

A Psicopedagogia e as modalidades de aprendizagens

Em cada ser humano, pode-se observar uma particular “modalidade de

aprendizagem”, quer dizer, uma maneira pessoal para aproximar-se do objeto de

conhecimento e para apropriar o seu saber.

Tal modalidade de aprendizagem constrói-se desde o nascimento, e através

dela é possível deparar-se com a angústia inerente ao conhecer-desconhecer. As

crianças sentem essa angústia quando chegam à 1ª série do Ensino Fundamental.

A modalidade de aprendizagem é como uma matriz, um molde, um esquema

de operar que vai utilizando nas diferentes situações de aprendizagem de acordo

com FERNÁNDEZ (1991).

Se analisar a modalidade de aprendizagem de uma pessoa, podem-se ver

semelhanças com sua modalidade sexual e até com sua modalidade de relação com

o dinheiro. Pois a sexualidade, como a aprendizagem e até a conquista do dinheiro,

são maneiras diferentes que o desejo de possessão do objeto tem para apresentar-

se.

O psicopedagogo, no momento de analisar a realidade, pode fazer um corte

que permita observar a dinâmica da modalidade de aprendizagem da criança,

sabendo que tal modalidade tem uma história que vai sendo construída desde o

sujeito e desde o grupo familiar, de acordo com a real experiência de aprendizagem

e como foi interpretada por ele e seus pais.

É preciso que o psicopedagogo reconheça as modalidades de aprendizagem

observando na criança como ela se vê como ser que aprende, observar se ela

possui um vínculo com o objeto a ser conhecido e reparar em cada aspecto da

criança que pode lhe oferecer pistas da dificuldade ou não em aprender.

A aprendizagem é um processo em que intervém a inteligência, o corpo, o

desejo, o organismo, articulados em um determinado equilíbrio; mas a estrutura

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intelectual tende também a um equilíbrio para estruturar a realidade e sistematizá-la

através de dois movimentos que Piaget definiu como invariantes: assimilação e

acomodação.

Na assimilação, o organismo para poder incorporar a seu sistema os valores

alimentares das substâncias que absorve, deve transformá-las. Por exemplo, um

alimento duro e com uma forma clara, no momento de começar a ser ingerido, será

transformado em macio e amorfo. Ao ocorrer o processo de digestão, a substância

perderá sua identidade original até converter-se em parte da estrutura do organismo.

Em resumo, a assimilação é o movimento do processo de adaptação pelos

quais os elementos do ambiente alteram-se para ser incorporados à estrutura do

organismo.

Na acomodação, o organismo, ao mesmo tempo que transforma as

substâncias alimentícias, para poder incorporá-las, transforma-se também ele

mesmo. Assim a boca (ou o órgão correspondente conforme a espécie) deverá abrir-

se, o objeto deverá ser mastigado e os processos digestivos devem adaptar-se às

propriedades químicas e físicas particulares do objeto.

Em síntese, a acomodação é o movimento do processo de adaptação pelo

qual o organismo altera-se, de acordo com as características do objeto a ser

ingerido.

Piaget observa que, ainda que os detalhes dos movimentos assimilativos ou

acomodativos vão variando, há uma invariabilidade em sua apresentação, em

qualquer processo de adaptação de todo ser vivo. Estas constantes proporcionam o

vínculo fundamental entre a biologia e a inteligência, elementos de estudo da

Psicopedagogia.

Levando em conta o anterior, a análise da modalidade da inteligência, em seu

operar, permite chegar a certas conclusões sobre a modalidade de aprendizagem e

a estabelecer correlações com determinadas patologias.

Desta maneira pode ser útil para realizar diagnósticos diferenciais (sintoma-

inibição-problema de aprendizagem reativo-oligofrenia-oligotimia), pode-se falar,

talvez, de uma modalidade de operar a inteligência de acordo com o tipo de

equilíbrio alcançado entre a assimilação e a acomodação.

Assim, então, como se podem encontrar atividades predominantemente

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assimilativas como o jogo, e outras predominantemente acomodativas como a cópia

de um desenho ou o cumprimento de uma consigna, também podem-se encontrar

pessoas que agem cognitivamente de um modo hiperassimilativo e outras

hiperacomodativamente.

Mas como a inteligência é somente uma das estruturas que intervêm no

processo de aprendizagem, e de outra forma não se pode separar do desejo e da

corporeidade, na análise de um sujeito em particular prefere-se falar de modalidade

de aprendizagem e não de modalidade de inteligência.

Pode-se descrever a hipoassimilação como uma pobreza de contato com o

objeto que redunda em esquema de objeto empobrecido, déficit lúdico e criativo.

A hiperacomodação seria a pobreza de contato com a subjetividade,

superestimulação da imitação, falta de iniciativa, obediência acrítica às normas,

submissão.

Lamentavelmente, a modalidade de aprendizagem

hipoassimilativa/hiperacomodativa é a vedete do sistema educativo. Muitos “bons-

alunos” encontram-se nesta situação.

A hipoacomodação que é a pobreza de contato com o objeto, dificulta na

internalização de imagens, a criança sofreu a falta de estimulação ou o abandono.

A hiperassimilação: predomínio da subjetivização, desrealização do

pensamento, dificuldade para resignar-se.

Com estes conceitos, pode-se concluir que, para que a criança aprenda em

uma modalidade “normal de aprendizagem” seria necessária a produção equilibrada

entre assimilação e acomodação. Estes conceitos são imprescindíveis para que a

prática psicopedagógica possa ser satisfatória para o aluno, a escola, a família e

para a auto-estima do próprio profissional.

O desafio do psicopedagogo frente aos problemas de aprendizagem

Um dos grandes desafios da escola e do educador é o problema da

aprendizagem. À priori, muitos educadores sabem que toda a criança pode

aprender, mesmo aquelas que apresentam aspectos que, para leigos, podem

comprometer a aprendizagem.

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O problema de aprendizagem que constitui um “sintoma” ou uma “inibição”

toma forma em uma criança, afetando a dinâmica de articulação entre os níveis de

inteligência, o desejo, o organismo e o corpo, redundando em um aprisionamento da

inteligência e da corporeidade por parte da estrutura simbólica inconsciente

(FERNANDEZ, 1991).

Para entender seu significado, o psicopedagogo tem em sua missão o

desafio, pois ele deve descobrir a funcionalidade do sintoma dentro da estrutura

familiar e aproximar-se da história individual da criança e da observação de tais

níveis operando.

Para procurar a remissão desta problemática, caso a intervenção

psicopedagógica não seja satisfatória, a escola precisa e deve apelar a um

tratamento psicopedagógico clínico que busque libertar a inteligência e mobilizar a

circulação patológica do conhecimento em seu grupo familiar e o professor precisa

estar atento a estes sintomas.

“O problema de aprendizagem reativo”, ao contrário, afeta o aprender da

criança em suas manifestações, sem chegar a atrasar a inteligência: geralmente

surge a partir do choque entre o aprendente e a instituição educativa que funciona

expulsivamente.

Para entendê-lo e abordá-lo, deve-se apelar à situação promotora do

bloqueio. O não-aprendiz não requer tratamento psicopedagógico, na maioria dos

casos. A intervenção do psicopedagogo dirigir-se-á fundamentalmente a sanar a

instituição educativa (metodologia-ideologia-linguagem-vínculo). Sobre isso diz

PAÍN:

A função da educação pode ser alienante ou libertadora, dependendo de como for usada, quer dizer, a educação como tal não é culpada de uma coisa ou de outra, mas a forma como se instrumente esta educação pode ter um efeito alienante ou libertador”. “Fundamentalmente, a existência da psicopedagogia clínica implica o fracasso da pedagogia.” De fato, uma educação profilática desde a latência, evitaria a maioria dos problemas de aprendizagem, porém tal educação tem que se inserir em uma realidade onde não seja exceção ou paliativo, mas a modalidade mesma da transmissão da cultura. Em outro instrumento de poder, esse processo tem uma missão alienante na qual a enfermidade cobra o sentido da denúncia, da mesma maneira que o barraco acusa o capitalismo (PAÍN, 1992)

Mas essa denúncia é um processo dialético de renúncia. Os transtornos de

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aprendizagem reativos exigem a criação de novas e mais eficazes propostas de

abordagem psicopedagógica, assim como impõem a necessidade de traçar

estratégias preventivas. A diferença entre sintoma e problema de aprendizagem é

comparável à diferença existente entre desnutrição e anorexia.

O anoréxico não come, o desnutrido tampouco, mas a articulação do não comer em um caso, é totalmente diferente do outro. No anoréxico, poderíamos dizer que houve um atrape do comer, por desejos de ordem inconsciente, pelo que, apesar de ter comida, não come. Enquanto que na desnutrição, o desejo de comer está ou esteve presente, o que falta é a comida. (FERNÁNDEZ, 1991)

Existe uma grande diferença nesta metáfora transportando-a a ao contexto

educacional. O anoréxico, seria o aluno que, por meios inconscientes, não consegue

aprender, tem e existem ao seu redor todas as possibilidades para aprender, mas

não tem o desejo de aprender, pois este se perdeu.

O desnutrido seria aquele aluno que tem vontade e desejo de aprender, mas

não lhe proporcionaram situações de aprendizagem de acordo com seus interesses,

seu tempo. Ou seja, esse aluno teve “fome” e não teve “comida”.

Nestas situações, o psicopedagogo não pode aceitar o privilégio na

aprendizagem, ou seja, rotular os alunos, ou ser preconceituosos. É preciso voltar

um olhar atencioso aos sintomas de dificuldades de aprendizagem e ao mesmo

tempo, voltar um olhar amoroso para estas crianças oferecendo-lhes o que comer,

ou melhor, oferecer a elas subsídios e possibilidades viáveis para aprender.

Apropriação do conhecimento: a maior das paixões

Nietzsche apud Silva (2006) aconselhava a fazer do conhecimento a mais

potente das paixões. Mas ele preconizava um conhecimento que renova e cria,

liberta e faz com que leve o homem a superar os conflitos pessoais e sociais.

Assim, a aprendizagem é um processo que se significa familiarmente, ainda

que se aproprie individualmente, intervindo o organismo, o corpo, a inteligência e o

desejo do aprendente e também do ensinante, mas o desejo é necessariamente o

desejo do outro, e quando se apropria de determinado conhecimento é possível

conquistar uma nova paixão.

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A inteligência processa, através da elaboração objetivante, os movimentos de

aproximação e apropriação do objeto, classificando-o, seriando-o, incluindo-o em

alguma estrutura hierárquica e de classe, enquanto que o desejo tende a apropriar-

se do objeto, incluindo-o em algumas metáforas próprias (elaboração subjetivante).

No aprender, interatuam a elaboração objetivante e a subjetivante.

O sintoma instala-se sobre uma modalidade e essa modalidade tem uma

construção pessoal a partir dos quatro níveis (organismo, corpo, inteligência e

desejo) da história pessoal e da significação dada à mesma. A modalidade opera

como uma matriz que está em permanente reconstrução e sobre a qual vão se

incluindo as novas aprendizagens que vão transformando-a, mas de qualquer

maneira a matriz permanece como estrutural.

O sintoma cristaliza a modalidade de aprendizagem em um determinado

momento, e a partir daí esta perde a possibilidade de ir transformando-se e de ser

utilizada para transformar.

O sintoma implica colocar em outro lado, jogar fora, atuar o que não se pode

simbolizar, enquanto que a simbolização permite ressignificar e a ressignificação

possibilita que a modalidade possa ir se modificando.

Ao não poder estabelecer este processo de ressignificação interno à própria

modalidade de aprendizagem, esta modalidade fica enrijecida, impedindo ou

dificultando a aprendizagem de determinados aspectos da realidade. A intervenção

psicopedagógica não se dirige ao sintoma, mas a poder mobilizar a modalidade de

aprendizagem. A partir de tal mobilização, vai relativizando os fatores que constroem

o sintoma.

Aprender é apropriar-se, apropriação que se dá a partir de uma elaboração

objetivante e subjetivante. A elaboração objetivante permite apropriar-se do objeto

ordenando-o e classificando-o, quer dizer, por exemplo, reconhecer uma cadeira

pondo-a na classe “cadeira”, quer dizer, tratando de usar o que a iguala a todas as

cadeiras do mundo.

Por outro lado, a elaboração subjetivante tratará de reconhecer, de apropriar-

se dessa cadeira, a partir daquela única e intransmitível experiência que haja tido o

sujeito com as cadeiras.

Aprende-se o que é uma cadeira, por exemplo, não só a partir do conceito de

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cadeira, ainda que o necessite, mas também a partir da história de trocas com

cadeiras que cada um teve, das imagens, das lembranças e das fantasias sobre

esse objeto.

Os desafios que (in) viabilizam a aprendizagem sob a ótica do

psicopedagogo

A situação atual não é nem desesperadora, nem motivadora. Começa-se a

saber “o que não se deve fazer”, determinaram-se impasses – limitar-se a atenuar a

reprovação – ou medidas úteis, mas sem comparação com a amplitude do

problema, como o apoio pedagógico.

Em compensação, seria bastante pretensioso saber como se pode, em larga

escala, lutar contra o fracasso escolar e as desigualdades na escola. Os

conhecimentos e os paradigmas que subentendem as pedagogias diferenciadas são

ainda por demais abstratos, por demais pobres para guiar uma verdadeira

operacionalização na área.

Esse programa vale para todos os empreendimentos do gênero: de nada

serve despender esforços consideráveis e louváveis, se não forem baseados em

uma análise rigorosa dos objetos e das estratégias que viabilizam a aprendizagem.

Os desafios melhor determinados articulam-se em concepções bastante

diversas e, às vezes, contraditórias.

Da aprendizagem e do ensino, ou seja, da didática, em uma pedagogia

diferenciada da própria diferenciação, instalada no início ou no cerne da ação

psicopedagógica do lugar da avaliação na regulação das aprendizagens e no ajuste

da ação pedagógica da relação intersubjetiva e intercultural, julgada crucial ou, ao

contrário, marginal na gênese das desigualdades, ou seja, é crucial e discriminatória

a achar que a aprendizagem de todos os alunos se dêem totalmente iguais.

As pedagogias diferenciadas devem enfrentar o problema de base:

Como as crianças aprendem?

Como criar uma relação menos utilitarista com o saber instaurar um contrato

didático e instituições internas que dêem ao trabalho escolar um verdadeiro

sentido?

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Como inscrever o trabalho escolar em um contrato social e em uma relação

entre professores e alunos que faça da escola um local de vida, um oásis

protegendo, ao menos em parte, dos conflitos, das crises, das desigualdades

e das desordens que perpassam a sociedade?

As disciplinas, assim como as correntes da escola nova, colocaram e

recolocaram o aluno no centro da ação educativa, insistiram no papel do professor

com pessoa-recurso, como organizador de situações de aprendizagem mais do que

como distribuidor de saberes.

Defenderam-se as pedagogias construtivistas e interacionistas, ressaltou-se

que ninguém pode aprender no lugar da criança ou do adolescente, mas que

ninguém aprende sozinho.

Propôs-se um trabalho sobre objetivos-obstáculo mais do que um

planejamento-padrão das atividades acentuou-se mais a construção de

competências do que o acúmulo de conhecimento, favoreceu-se o trabalho por

projetos, por pesquisa e por situações-problema.

Tudo isso é agora evidente para todos? A ruptura com as pedagogias da

transmissão está, certamente, consumada na maior parte dos textos oriundos das

ciências da educação, dos movimentos pedagógicos, até mesmo dos ministérios e,

em grande parte, dos locais de formação inicial ou contínua dos professores.

O que se passa na mente da maioria? O “cenário para uma nova profissão”

não é - ainda não? – a referência comum e, mesmo entre os professores partidários

do princípio de diferenciação – que não são majoritários -, as representações do

ensino e da aprendizagem permanecem bastante tradicionais.

Essas questões pedagógicas e didáticas ultrapassam vários estudos

presentes, já que remetem a uma grande parte das pesquisas e das inovações

contemporâneas. Não se pode abandonar o sonho de saber suficientemente sobre

cada aluno para propor-lhe a priori uma situação de aprendizagem sob medida.

Introduziu a idéia de uma regulação interativa, não ocorrendo a diferenciação

no início da situação de aprendizagem (regulação proativa) e também não intervindo

à maneira de uma remediação (regulação retroativa), mas fazendo parte do

dispositivo didático e da ação pedagógica cotidiana.

Alguns estudiosos colocaram igualmente duas orientações da diferenciação:

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uma delas centrada no diagnóstico prévio como fundamento de um tratamento

psicopedagógico individualizado, e a outra partindo do princípio de que não se

poderia pretender conhecer o aluno antes de tê-lo envolvido em uma tarefa, a

diferenciação tomando a forma de uma regulação no interior da situação assim

criada.

Sem renunciar a toda orientação dos alunos para situações que pertencem à

sua zona proximal de desenvolvimento, há um afastamento cada vez maior do

modelo do diagnóstico prévio.

A distância cultural

Para que uma atividade seja geradora de aprendizagem, é necessário que a

situação desafie o sujeito, que ele tenha necessidade de aceitar esse desafio e que

isso esteja dentro de seus meios, ao preço de uma aprendizagem nova mais

acessível.

A vontade de aceitar o desafio é uma questão de sentido. Ora, o sentido é a

coisa mais sutil e mais fugaz do mundo. Não basta que uma atividade seja útil,

interessante, apreciada, divertida ou lisonjeira, para que se invista nela.

É necessário, ainda, que tire proveito disso, no registro das emoções e das

relações intersubjetivas. “Como eu poderia ensinar-lhe algo, ele não gosta de mim”.

Os dispositivos didáticos melhor elaborados irão chocar-se com uma parede, se o

aluno sentir-se malreconhecido, mal-amado, maltratado, se a aprendizagem separá-

lo de seus próximos ou mergulhá-lo em tensões ou em angústias, ou até mesmo se

ele encontrar prazer nisso.

É inútil pensar a diferenciação de um ponto de vista estritamente cognitivo.

Um professor carregado de conhecimentos e de instrumentos didáticos, mas que

não consegue comunicar-se, criar um vínculo humano e forte será definitivamente

menos eficaz do que um pedagogo menos preparado, mas com quem o aluno

“sente-se bem”.

As reflexões psicanalíticas sobre a educação, assim como as reflexões éticas

e pedagógicas lembram que, quando se educa alguém, sempre se “flerta” com a

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violência e todo tipo de desejos obscuros, que há transferência e

contratransferência, medo do outro e gosto pelo poder.

Uma parte do que acontece na relação educativa passa-se em uma cena de

difícil acesso, longe das boas intenções, dos contratos explícitos, das simetrias e

dos procedimentos fundados sobre a razão.

Os sociólogos e os antropólogos acrescentarão que toda relação

intersubjetiva é também intercultural. Mesmo entre membros da mesma sociedade,

da mesma comunidade, da mesma classe social, subsistem diferenças culturais,

entre famílias, entre sexos, entre gerações, em todas as relações sociais e, portanto,

também na escola.

É por isso que, afinal de contas, diferenciar o ensino coloca em confronto não

só diferenças bem visíveis de desenvolvimento, de projeto, de capital cultural, mas

também ínfimas e invisíveis diferenças na relação com o mundo, com a vida, com o

futuro, com os outros, com a propriedade, com o tempo, com a ordem, com o saber,

com o trabalho e com mil outras dimensões da existência.

Pode-se temer que, entrando no problema unicamente pela didática, essas

ínfimas diferenças, que interessam normalmente ao psicanalista e ao sociólogo mais

do que ao pedagogo, psicopedagogo e ao professor, acabem por reduzir todos os

esforços da diferenciação a nada, à maneira de um médico que dispusesse de todos

os conhecimentos e de todas as tecnologias, mas não tivesse conseguido ganhar a

confiança de seus pacientes da mesma forma se o psicopedagogo não ganhar a

confiança dos alunos.

Um currículo diferenciado em situações de aprendizagem

A noção de individualização dos percursos originou-se de constantes

confusões. De fato, as representações sociais associam à palavra “individualização”

a imagem de uma ação pedagógica dirigida para o indivíduo, bastante próxima do

tutorado. Irá falar-se, então, de individualização do ensino, distinguindo-a da

individualização dos percursos de formação.

Para compreender tal distinção, deve-se aceitar a mudança de perspectiva,

colocar-se no ponto de vista do aluno, de seu currículo de formação (no sentido de

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curriculum vitae), como seqüência de experiências de vida que contribuíram para

forjar sua personalidade, seu capital de conhecimentos, suas competências, sua

relação com o saber e sua identidade.

Nesse sentido, todos os percursos de formação são, de fato, individualizados,

pois dois indivíduos jamais vivem experiências idênticas. Até mesmo verdadeiros

gêmeos, educados e escolarizados juntos, não seguem o mesmo percurso de

formação (Perrenoud, 1996).

Portanto, a luta contra o fracasso escolar não consiste absolutamente em

inventar uma individualização dos percursos que existe em estado “selvagem”, mas

em dominá-la, para deixar de favorecer os favorecidos e desfavorecer os

desfavorecidos.

Para tanto, não basta praticar uma pedagogia diferenciada no seio de uma

turma tradicional. As trajetórias constroem-se em longos períodos e torna-se uma

necessidade o apoio e o conhecimento da Psicopedagogia.

O domínio de sua individualização passa pela criação de dispositivos de

acompanhamento e de regulação durante vários anos consecutivos, o que lança

vários desafios maiores às instituições escolares de apropriar-se do conceito de

individualização ou de personalização dos percursos e operar a ruptura conceitual

com a idéia de individualização do ensino, conceber e dominar progressões nas

aprendizagens durante vários anos.

O que supõe um trabalho em equipes pedagógicas coerentes, no mínimo em

escala de um ciclo de aprendizagem de dois três anos, criar e executar modos de

agrupamento dos alunos que lhes dêem um sentimento de estabilidade, sem voltar à

turma tradicional: grupos multiidades, grupos de projetos, de necessidades, de

níveis, conceber processos e instrumentos de orientação que permitam seguir e

reorientar as trajetórias individualizadas e decidir o encaminhamento dos alunos a

tais atividades ou grupos.

Aqueles alunos que se engajam em tal empreendimento deparam-se com os

limites da organização escolar atual e são levados, cedo ou tarde, a propor

estruturas e procedimentos nitidamente mais complexos, mais móveis, que suscitam

inevitavelmente inquietações, fantasias de injustiça ou de desordem, conflitos de

territórios ou de interesses e muita indisciplina.

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O primeiro obstáculo são as palavras, que geralmente veiculam idéias

prontas. Os educadores têm uma grande dificuldade em fazer uma tábula rasa da

organização escolar e das práticas pedagógicas atuais, em pensar de outro modo.

Ora, no estado da arte e da teoria, esta é a chave de uma ruptura como tentar

repensar os percursos escolares, para que sua individualização não se limite a

algumas variações marginais em relação a um formação-padrão definida como uma

progressão de grau em grau em um programa estruturado em anos sucessivos, não

levando em consideração o tempo e a naturalidade da criança.

Para isso, é preciso imaginar uma organização diferente, que assumisse as

mesmas funções, produzindo menos fracassos e desigualdades. O ideal seria

confiar o problema a profissionais competentes e comprometidos com a

transformação da realidade.

Se esta proposta há um quê de utopia, ela não recai nem sobre as finalidades

da escola, nem sobre seu sentido ou sua existência, coisa que mereceriam

discussões em si mesmas. As interrogações de Ivan Illich (1970) permanecem

atuais.

A utopia aqui considerada é simplesmente gestionária. Talvez seja a mais

inacessível: pode-se considerar uma sociedade sem escola, ou sem instrução

obrigatória ou generalizada; basta considerar nosso passado ou, ainda, o

desenvolvimento desigual da escolarização no planeta. Também pode-se imaginar

uma escola em busca de outros objetivos, transmitindo uma outra cultura,

privilegiando outros valores.

Contudo, é bem mais difícil imaginar uma escola organizada de tal modo, que

cada aluno seja tão freqüentemente quanto possível colocado em uma situação de

aprendizagem fecunda para ele. No entanto, esse é o verdadeiro desafio da escola e

da Psicopedagogia.

A Psicopedagogia e as dificuldades de aprendizagem

As dificuldades de aprendizagem fazem parte de uma expressão referente a

um grupo heterogêneo de transtornos que se manifestam por dificuldades

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significativas na apropriação e uso da fala, da leitura, da escrita, do raciocínio e de

habilidades matemáticas ou habilidades sociais, tais transtornos são próprios ao ser

humano.

Uma criança que apresenta dificuldades de aprendizagem pode ser aquela

com habilidade mental, processos sensoriais e instabilidade emocional impróprios,

apresenta defasagens específicas nos processos perceptivos, integrativos ou

expressivos, pelos quais alteram a evolução da aprendizagem.

Os psicopedagogos interessados por uma educação de qualidade sentem a

necessidade de entender como as crianças formulam seus pensamentos, se

desenvolvem e adquirem conhecimento e visão de mundo. Com o intuito de

compreender essas necessidades procura-se estudar, pesquisar, aprender um

pouco mais neste estudo.

Deve ser levado em consideração o contexto social e escolar de um

professor, pois é ele que observa o surgimento de fatos que lhe são estranhos e

nebulosos, às vezes, preocupantes. Isto acontece sempre que ele se depara com

alunos que apresentam dificuldades em aprender, e quando não alcançam nenhum

resultado favorável, é quase que in evitável a atuação psicopedagógica.

Apesar de ter estudado sobre a aprendizagem em sua formação, o professor,

às vezes se sente impossibilitado quando se defronta com tantos obstáculos,

quando surge um aluno inquieto, que causa estranheza, não consegue aprender,

por mais que de façam tentativas, se buscam estratégias, a lacuna na compreensão

do aluno constata-se, e a incompreensão dos fatos pelo professor.

Quando surgem as dificuldades de aprendizagem escolar é preciso procurar

atendimento adequado e especializado do psicopedagogo. Quanto mais tempo

demorar a intervenção, mais graves serão as seqüelas do aluno.

Quando o aluno realiza uma atividade e não alcança sucesso a auto-estima

dele pode diminuir, ele passa a não fazer os deveres escolares, costuma faltar às

aulas e em alguns casos críticos, esse aluno chega a abandonar a escola ou

transfere esses problemas a dificuldades de relacionamento com colegas,

professores e família.

Muitos sinais se tornam claros e relacionam-se principalmente à queda do

interesse pela escola; não tem estímulo pelos trabalhos escolares, queixas que não

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apresentam relação com a aprendizagem e passa a reclamar da turma, dos

professores, acha tudo chato, não gosta de falar sobre a escola, acha que as tarefas

escolares são cansativas em vez de dizerem que apresentam dificuldades. E como

se quisesse escamotear sua dificuldade.

Portanto, é preciso conhecer o aluno em sua natureza própria, em suas

relações com o outro e com o mundo. Desta forma, é possível aproximar-se da

criança, entender e descobrir suas dificuldades. Isso exigirá, por certo, interesse e

dedicação da parte do professor que deseja e se compromete com uma educação

de qualidade e para todos.

A psicopedagogia e a aprendizagem no contexto

educativo

Segundo Libâneo (2002), o novo paradigma de produção e desenvolvimento

está interligado com uma elevada qualificação que se liga com educação de

qualidade, que se liga também com tecnologia e consequentemente que se liga à

didática, e tudo isto infere que o fracasso deve ser eliminado. Seguindo ainda esse

mesmo esquema, ele mostra a ligação de diversas maneiras, por exemplo,

a tecnologia,

a educação de qualidade;

a elevada qualificação;

o novo paradigma de produção, conhecimento e desenvolvimento.

Esta é a visão na ótica economicista e mercadológica presente no

capitalismo, que antes se encontrava apenas no meio empresarial e industrial, mas

agora, neste novo milênio se tornou uma realidade no campo educacional.

Segundo Libâneo (2002),

A educação é um fenômeno social inerente à constituição do homem e da sociedade, integrante, portanto, da vida social, econômica, política e cultural. É um processo global entranhado na prática social, que ocorre numa variedade de instituições, nas quais os indivíduos estão envolvidos de modo necessário e inevitável, pelo fato de pertencerem uma sociedade

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57

(LIBÂNEO, 2002, p. 57).

A Educação no sentido amplo compreende o conjunto dos processos

formativos que ocorrem no meio social, sejam eles intencionais ou não-intencionais,

sistematizados ou não.

A educação informal não-intencional é aquela não-planejada, onde os

saberes são apreendidos no cotidiano familiar visando a aquisição de valores.

A educação não-formal possui um caráter de intencionalidade, tem pouca

estruturação e sistematização, e pode acontecer em diversos lugares como:

sindicatos, igrejas, empresas, organizações políticas e culturais, propagandas etc.

A educação formal é planejada intencionalmente, estruturada, sistematizada e

acontece preferencialmente, dentro da escola.

A "Educação" é uma palavra forte: "Utilização de meios que permitem assegurar a formação e o desenvolvimento de um ser humano (...)". O termo "formação", com suas conotações de moldagem e conformação, tem o defeito de ignorar que a missão do didatismo é encorajar o autodidatismo, despertando, provocando, favorecendo a autonomia do espírito. O ensino, arte ou ação de transmitir os conhecimentos a um aluno, de modo que ele os compreenda e assimile, tem um sentido mais restrito, porque apenas cognitivo. A bem dizer, a palavra ensino não me basta, mas a palavra educação comporta um excesso e uma carência (MORIN, 2001, p. 10).

Na “sociedade do conhecimento” caracterizada pelas novas tecnologias da

informação e da comunicação, tem lugar para a escola? Para o professor? E para o

Psicopedagogo?

Segundo Libâneo (2002) sim, porque a educação tem um papel que nenhuma

outra instância cumpre. Só que precisa ser repensada, sem contudo, esquecer que,

a escola não detém o monopólio do saber sozinha.

E além do professor, o psicopadagogo torna-se indispensável, na formação

para cidadania crítica, na participação social, na formação ética, além da preparação

para o trabalho, no combate ao fracasso escolar e para a elevação da auto-estima.

O professor é mediador e facilitador da criação das condições cognitivas e

afetivas que ajudarão o aluno atribuir significados às informações recebidas das

diversas fontes, com finalidade de revê-las, de reconstruí-las de forma crítica e com

sabedoria, e o psicopedagogo tem uma grande missão em resgatar aqueles alunos

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que não conseguiram desenvolver-se apenas com a mediação do professor.

O pensamento de Paulo Freire (1987) é relevante à temàtica quando ele

coloca que “ninguém educa ninguém, ninguém educa a si mesmo, os homens se

educam entre si, mediatizados pelo mundo”. Reafirma-se aqui, que a educação é

uma prática social que acontece entre os grupos.

Portando, no contexto educativo, o psicopedagogo precisa entender como

alguém aprende, precisa compreender a maneira pela qual ocorre a mediação entre

os estímulos recebidos pela pessoa e as respostas, como sínteses ou produções

manifestadas.

Faz-se necessário conhecer como uma participação ativa do sujeito que,

como produtor de seu conhecimento, elabora e modifica a sua realidade, e, não,

somente, adapta-se a ela.

A psicopedagogia vê a aprendizagem como um resultado da visão de homem

em processo de desenvolvimento, portanto, a psicopedagogia está direcionando-se

ao enfoque no todo, buscando modelos educacionais que possibilitem a mudança de

atitudes e de comportamentos do ser humano, em função de seu desenvolvimento

pessoal.

A inteligência humana resulta de uma organização interna que possibilita ao

sujeito uma adaptação ao meio em que está inserido. Mas para que isso possa

acontecer, é necessária a manipulação de objetos no período sensório-motor a partir

da modificação dos reflexos primários pelo confronto com dito ambiente.

Para atingir esses objetivos, Piaget parte de modelos biológicos e constrói

uma epistemologia, chamada de genética, na qual compara a estrutura do

pensamento a um modelo lógico e matemático.

Desta forma, pode-se perceber que esta corrente dá ênfase na compreensão

de como o homem alcança um conhecimento objetivo da realidade, a partir de suas

estruturas mais elementares presentes desde sua infância.

Do mesmo modo, a partir da contribuição de Piaget, o trabalho

psicopedagógico tenta compreender como se dá a aprendizagem num sujeito dentro

de seu contexto. Assim, acredita-se que em determinada situação pode ser única, o

que exige do psicopedagogo uma profissionalidade, pois segundo Schön (2003),

existem situações únicas e que não podem ser encontradas em nenhum manual de

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técnicas, depende, muitas vezes do sendo crítico e reflexivo da cada profissional.

Sendo assim, um dos grandes objetivos reside na identificação da dificuldade

de aprendizagem, considerando todos os fatores possíveis e intervenientes neste

processo.

Portando, a psicopedagogia e a aprendizagem no contexto escolar

compreendem um processo muito complexo e que exige deste profissional muito

estudo e muita dedicação, pois o psicopedagogo visa diminuir e tratar problemas de

aprendizagem já instalados no cenário escolar.

Diante disso, faz se necessário um levantamento ou um diagnóstico preciso

da dificuldade encontrada a fim de realizar a intervenção devida, colaborando com o

sucesso do aluno e, conseqüentemente de toda a comunidade escolar.

UNIDADE 3: CONSIDERAÇÕES FINAIS

O presente estudo é de grande valia, pois conhecer as multiplicidades que

envolvem a temática é de suma importância para quem se destina a dedicar-se na

área de Psicopedagogia Institucional.

Este estudo investigativo buscou levantar reflexões sobre psicopedagogia

Institucional e sua aplicabilidade, uma vez que esse assunto é muito importante para

as escolas no que diz respeito ao seu desenvolvimento, sucesso, educação,

aprendizagem, treinamento e formação continuada.

Toda transformação relacionada à atuação do Psicopedagogo nas escolas se

dá ao fato de que essa transformação se acontece através, principalmente, por

valores e pensamentos como a cultura de um povo, reconhecimento humano,

sobretudo a sua valorização como ser humano, valor diferente ao valor econômico e

mercadológico apenas.

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Nesta perspectiva, essa mudança reflete sobre uma atuação deste

profissional que se abre em espaços para esta discussão, pautando-se em um

estudo na atuação do Psicopedagogo em escolas, suas habilidades e competências

que se evidenciam a cada dia no combate ao fracasso escolar.

A Psicopedagogia, tradicionalmente, tem sido concebida como uma área de

saberes que visam intervenções pedagógicas, de natureza preventiva e terapêutica,

no âmbito de clínicas ou de instituições escolares, para a superação de dificuldades

de aprendizagem.

Em consonância com essa concepção, o profissional formado até então era

levado a desenvolver ações pedagógicas, sem a devida consideração da

importância do envolvimento coletivo de todos os atores da instituição a que o aluno

se encontra vinculado.

Deve-se também atentar para a possibilidade de a manifestação do problema

de aprendizagem trazer algum tipo de benefício ou mesmo ser uma maneira própria

de estabelecer relação com o seu mundo.

O psicopedagogo deve ter uma postura integrativa, deverá levar em conta

não só o sintoma fruto de um distúrbio orgânico, mas também o afetivo, o social, o

cultural e o emocional que o acompanham.

A importância do afetivo emocional está em que não só podem fazer parte do

surgimento ou do agravamento do sintoma como também são importantes no

processo de cura.

O surgimento do sintoma pode ser considerado como uma forma de

expressar um desequilíbrio na constituição do sujeito enquanto aprendente. A

conquista do equilíbrio está não no enfoque em suprir o que falta ao paciente, mas

em possibilitar-lhe uma ação integradora do que ele já conquistou para que na ação

possa construir ou resgatar o que lhe falta.

Pode-se analisar no percurso deste estudo é um processo interativo de um

agente de mudanças externo à escola, que assume a responsabilidade de auxiliar

as pessoas nas tomadas de decisões, não tendo entretanto, o controle direto da

situação, apenas age com as intervenções.

As principais causas do aumento da demanda da atuação do psicopedagogo

são a busca de novos conhecimentos e de inovações para enfrentar a globalização

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do conhecimento, a necessidade de consolidar vantagens metodológicas, o

incremento dos processos educativos, bem como a necessidades de

questionamento progressivo das realidades dos alunos, visando a um processo de

melhoria contínua, sustentada e progressiva de sua aprendizagem.

A questão da qualidade na educação é como um resultado de todo um

processo da aprendizagem dos sujeitos envolvidos. Essa aprendizagem resulta do

desenvolvimento de objetivos propostos, que deseja a construção da cidadania.

Assim, pode-se dizer que a qualidade, tão desejada, é uma qualidade social,

pois ela só será conquistada a partir do comprometimento de todo o conjunto dos

processos que, juntamente com a presença do psicopedagogo na escola pode ser

conquistada.

Entende-se que qualidade é possível de ser alcançada através da

possibilidade da formação continuada, na busca de um treinamento eficaz, da

aprendizagem em equipe e do esforço da escola e do aluno.

Os profissionais da educação precisam entender e compreender os fatos para

atuarem com competência visando à transformação social e não apenas observar a

realidade que vem sendo mostrada através de avaliações externas à escola o

fracasso escolar.

É necessário que os educadores e psicopedagogos se responsabilizem pelo

setor educacional e busquem a produtividade e a eficiência; com responsabilidade,

competência e pedagogia. Desta forma, é necessário formar parcerias, relações,

interligações entre o mundo do trabalho em equipe e o mundo do trabalho

educacional.

Só assim a sociedade terá condições efetivas de evoluir a aprendizagem, o

social e educativamente; pois sempre se acreditou e se apostou que a educação

seria capaz de transformar a realidade, buscando a verdadeira emancipação e,

conseqüentemente a cidadania. Mas isso será possível na medida em que houver

interesses em comum entre os setores da educação formal e informal, escola,

universidade e sociedade.

Neste sentido, é necessário que se faça acontecer um diálogo entre as áreas

da educação e trabalho, envolvendo assim todos os sujeitos sociais com a

perspectiva de formação humana.

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Com sentido de viabilizar essa tarefa, o treinamento de pessoal é uma

ferramenta indispensável dentro dos setores de trabalho para garantir o sucesso da

aprendizagem e envolver os professores, direção, família e funcionários com a

mudança, mostrando-lhes os benefícios com motivação, satisfação e educação

continuada.

É preciso reconhecer que a escola pode ser reencantada, cotidianamente,

nos seus mais diversos sentidos, a partir de ações concretas e dos significados que

toda a comunidade escolar atribui e constroem coletivamente para o bem comum.

A escola precisa assumir o compromisso social de desenvolver nos seus

alunos competências e valores que efetivamente contribuem para a sua formação

como cidadão, superando suas dificuldades e resgatando seu desejo de aprender.

Portanto, pode-se concluir que a criança deve ter uma participação ativa e

não ser um mero ouvinte. Ela deve conscientizar-se e ser íntima de cada disciplina,

ter esforço próprio e dedicação. E uma escola deve ser alicerçada no trabalho em

equipe, na colaboração e não na submissão.

Deve ser um ambiente onde o amor e a verdade sejam vivenciados e não

apenas verbalizados, onde a dúvida encontre a luz na razão e não na imposição de

conceitos cristalizados, onde a razão seja desenvolvida pela análise, pela

observação, pelo trabalho real que leve às conclusões lógicas e não pela simples

aceitação de conceitos prontos e acabados, tudo isso precisa ser levado em

consideração.

Conclui-se também que o psicopedagogo e a escola devem apropriar o

projeto pedagógico para atender às crianças portadoras de dificuldades

educacionais especiais com afetividade, reciprocidade, cooperação, participação

ativa, interação social, atividades artísticas e auto-avaliação para facilitar seu

processo de aprendizagem.

Mas para que o sucesso da aprendizagem aconteça verdadeiramente, o

psicopedagogo precisa atuar com profissionalismo, atitude, criticidade, reflexão e

sobretudo com coragem e amor.

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LEITURA COMPLEMENTAR

GASPARIAN, Maria Cecília Castro. Psicopedagogia institucional. São Paulo, Psicopedagogia on-line. 1999.

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