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TERMO DE APROVAÇÃO
Matheus Amauricio Krolow
TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO (T.C.C.)
Este trabalho de conclusão de curso foi julgado e aprovado para obtenção do título (grau) deMédico Veterinário no Programa (Curso) de Medicina Veterinária da Universidade Tuiuti doParaná.
Curitiba, 11 de Junho de 2007
_________________________________
Medicina Veterinária
Universidade Tuiuti do Paraná
________________________________________
Orientadora: Profa. MSC. Tais Marchand Rocha Moreira
Universidade Tuiuti do Paraná
________________________________________
Prof a. Dra. Maria Aparecida De Alcântara
Universidade Tuiuti do Paraná
_________________________________________
Prof a. Dra. Ana Laura Angeli
Universidade Tuiuti do Paraná
UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁFaculdade de Ciências Biológicas e da Saúde
Curso de Medicina Veterinária
TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO(T.C.C.)
CURITIBA2007
UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁFaculdade de Ciências Biológicas e da Saúde
Curso de Medicina Veterinária
Matheus Amauricio Krolow
TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO(T.C.C.)
CURITIBA2007
ReitorProf. Luiz Guilherme Rangel Santos
Pró-Reitor AdministrativoSr. Carlos Eduardo Rangel Santos
Pró-Reitora AcadêmicaProfa. Carmem Luiza Da Silva
Pró-Reitor de PlanejamentoSr. Afonso Celso Rangel dos Santos
Pró-Reitora de Pós-Graduação, Pesquisa e ExtensãoProfa. Elizabeth Tereza Brunini Sbardelini
Secretário GeralProf. João Henrique Faryniuk
Coordenador do Curso de Medicina VeterináriaProfa. Neide Mariko Tanaka
Coordenador de Estágio Curricular do Curso de Medicina VeterináriaProfa. Elza Maria Galvão Ciffoni
Metodologia CientíficaProfa. Ana Laura Angeli
CAMPUS CHAMPAGNATRua Marcelino Champagnat, 505 – MercêsCEP: 80215-090 – Curitiba – PRFone: (41) 3331-7958
APRESENTAÇÃO
Este Trabalho de Conclusão de Curso (T.C.C.) apresentado ao Curso de
Medicina Veterinária da Faculdade de Ciências Biológicas e da Saúde da
Universidade Tuiuti do Paraná, como requisito parcial para a obtenção do título
de Médico Veterinário é composto por um Relatório de Estágio, no qual são
descritas as atividades realizadas durante o período de 26/02 a 10/05/07 no
Hospital Veterinário de Pequenos Animais da Universidade Tuiuti do Paraná,
localizado no município de Curitiba – PR, local do cumprimento do estágio
curricular, e também de uma Monografia que versa sobre o tema “A história da
acupuntura veterinária e sua aplicação às desordens neurológicas”.
Dedico este trabalho ao meu avô Alfonso
Alberti que em vida, mesmo sem faculdade provou
que a Medicina é feita de força de vontade e de
busca constante de conhecimentos.
AGRADECIMENTOS
Agradeço primeiramente a Deus, pelo dom da vida, pela capacidade de
aprender, pela força para não desistir, por tirar meu sono quando menos eu
podia dormir, pela família maravilhosa que me proporcionou e pela oportunidade
de concluir tudo isso um dia, sabendo que muitos queriam estar no meu lugar.
Aos meus pais, Adair e Terezinha Krolow e meu irmão Igor Krolow pela
oportunidade de poder concluir este curso, se privando de muitas coisas para
tanto.
A Juliana, meu amor, que com paciência e amor entendeu essa fase de
ausência e me apoiou em todos os momentos e sentidos.
Aos professores pela transferência do conhecimento e também a equipe
do Hospital Veterinário de Pequenos Animais pela oportunidade do estágio.
A todos do Campus Champagnat que proporcionaram a limpeza, o café e
não nos criticaram nos momentos de lazer com música e animação.
Ao grande colega Luiz Gustavo Voss, pelo entendimento nas horas de
raiva, por ouvir desabafos e buscar o mesmo ideal. Sem falar, nas inúmeras
vezes de companheirismo nos trabalhos, no chimarrão, nas cantorias, nas
mimosas, no pinhão, no café, na carne assada e nas lidas de campo.
Aos colegas e clientes dos canais de televisão que entenderam todos os
momentos de ausência para que eu pudesse estar na faculdade, mesmo em
horários alternativos.
Enfim, a todos que de uma forma ou outra contribuíram para que esse
sonho pudesse ser alcançado.
EPÍGRAFE
Aonde tem chimarrão não precisa ter luxo!
Teixeirinha
Matheus Amauricio Krolow
RELATÓRIO DE ESTÁGIO CURRICULAR
Relatório de Estágio Curricular apresentado aoCurso de Medicina Veterinária da Faculdade deCiências Biológicas e da Saúde da UniversidadeTuiuti do Paraná, como requisito parcial paraObtenção do título de Médico Veterinário.
Professora Orientadora: Profa. Tais Marchand Rocha Moreira
Orientador Profissional: Prof. Ricardo Maia
CURITIBA2007
RESUMO
O estágio curricular supervisionado foi realizado no Hospital Veterinário
de Pequenos Animais da Universidade Tuiuti do Paraná, situado no município de
Curitiba, Paraná, no período de 26/02/2007 a 10/05/2007, totalizando 320 horas,
onde foram acompanhadas diariamente as atividades desenvolvidas nas áreas
de Clínica Médica de Pequenos Animais e Animais Silvestres, Anestesiologia,
Diagnóstico por Imagem e Acupuntura Veterinária, sob a orientação dos
médicos veterinários Ricardo Maia, Taís Marchand Rocha Moreira, Manoel
Javorouski, Neide Mariko Tanaka, Michele Frehse, Simone Monteiro, Lourenço
Malucelli e Ana Laura Angeli, bem como foram realizadas apresentações de
seminários para os demais alunos e estagiários do Hospital Veterinário. Para os
referidos relatos de casos, as revisões foram baseadas em literaturas de cunho
científico. Ao final do estágio pôde-se concluir que as atividades do clínico
Médico Veterinário são na verdade, uma associação de conhecimentos das
áreas de Clínica Médica, Clínica Cirúrgica, exames de imagem e laboratoriais e
anestesiologia, com intuito de concluir o diagnóstico, prognóstico e o tratamento
correto para o paciente. O trabalho tem como objetivo fazer a comparação entre
a prática profissional e a bibliografia descrita.
Palavras-chave: acupuntura, schwannoma, epilepsia, discopatias
ABSTRACT
The supervised curricular period was carried through at the Veterinary
Hospital of Small Animals af the Universidade Tuiuti Do Paraná, situated at
Curitiba city, Paraná, between 02-26-2007 and 05-10-2007, making 320 hours,
with activities developed in the areas of Medical Clinic of Small and Wild
Animals, Anesthesiology, Image Diagnosis and Acupuncture, under the
orientation of the vets Ricardo Maia, Taís Marchand Rocha Moreira, Manoel
Javorouski, Neide Mariko Tanaka, Michele Frehse, Simone Monteiro, Lourenço
Malucelli and Ana Laura Angeli, as well as presentations of seminaries for the
too other hospital trainees. For the related cases, the revisions had been based
on scientific literatures. To the end of the period of training it can be concluded
that the activities of the Veterinary are in the truth, an association of knowledge
of the areas of Medical Clinical, Surgical Clinic, examinations through images,
laboratorial and anesthesiology, with intention to conclude the diagnosis,
prognosis and the correct treatment for each patient. This paper has the aim to
make a comparison between the practice professional and the described
bibliography.
Key-words: acupuncture, schwannoma, epilepsy, disc diseases
LISTA DE FIGURAS
FIGURA 01 – FACHADA DO HOSPITAL VETERINÁRIO DE PEQUENOS
ANIMAIS DA UTP................................................................................................19
FIGURA 02 – CONSULTÓRIO 01 DO HOSPITAL VETERINÁRIO DE
PEQUENOS ANIMAIS DA UTP..........................................................................19
FIGURA 03 – SALA DE ODONTOLOGIA E DE EMERGÊNCIAS DO HOSPITAL
VETERINÁRIO DE PEQUENOS ANIMAIS DA UTP...........................................20
FIGURA 04 – SALA DE INTERNAMENTO E RECUPERAÇÃO ANESTÉSICA
DO HOSPITAL VETERINÁRIO ......................................................................... 20
FIGURA 05 – CENTRO CIRÚRGICO DO HOSPITAL VETERINÁRIO DE
PEQUENOS ANIMAIS DA UTP..........................................................................21
FIGURA 06 – FARMÁCIA DO HOSPITAL VETERINÁRIO DE PEQUENOS
ANIMAIS DA UTP................................................................................................21
FIGURA 07 – SALA DE RAIO-X E DE ULTRA-SONOGRAFIA DO HOSPITAL
VETERINÁRIO DE PEQUENOS ANIMAIS DA UTP...........................................22
FIGURA 08 – ESQUEMA DE UM NERVO MISTO E SEU ARCO REFLEXO,
COM A RAIZ SENSITIVA INERVANDO A PELE E A RAIZ MOTORA
INERVANDO O MÚSCULO ESTRIADO.............................................................31
FIGURA 09 – PACIENTE APRESENTANDO AUMENTO DE VOLUME NA
REGIÃO CERVICAL, NO ÂNGULO DA MANDÍBULA ESQUERDA E
PROTUSÃO DO GLOBO OCULAR ESQUERDO...............................................34
FIGURA 10 – TRAQUEOTUBO E SONDA ESOFÁGICA APÓS A REALIZAÇÃO
DOS PROCEDIMENTOS DE TRAQUEOSTOMIA E FARINGOSTOMIA NO
PACIENTE.......................................................................................................... 35
FIGURA 11 – RADIOGRAFIA EM INCIDÊNCIA VD APRESENTANDO
AUMENTO DE TECIDOS MOLES NA REGIÃO VENTRAL DA MANDÍBULA....35
FIGURA 12 – RADIOGRAFIA LATERAL ONDE NOTA-SE O AUMENTO DE
TECIDOS MOLES NA REGIÃO DA MANDÍBULA..............................................36
FIGURA 13 – VISÃO MACROSCÓPICA DA LESÃO NA CAVIDADE ORAL DO
PACIENTE, DURANTE O EXAME NECROSCÓPICO......................................38
FIGURA 14 – VISÃO MACROSCÓPICA DA LESÃO VISTA EXTERIOR, EM
DECÚBITO DORSAL, APÓS O REBATIMENTO DA PELE DURANTE A
NECRÓPSIA.......................................................................................................38
FIGURA 15 – MASSA TUMORAL MEDINDO 10CMX6CMX8CM, APÓS O
CORTE PARA COLETA DE MATERIAL PARA EXAME HISTOPATOLÓGICO.39
FIGURA 16 – RADIOGRAFIA VD APONTANDO CALCIFICAÇÃO DE DISCOS
INTERVERTEBRAIS...........................................................................................48
FIGURA 17 – RADIOGRAFIA LL APONTANDO LOMBARIZAÇÃO DE
VÉRTEBRA TORÁCICA.....................................................................................48
FIGURA 18 – VISÃO APROXIMADA DAS AGULHAS DE ACUPUNTURA
INSERIDAS NOS PRINCIPAIS PONTOS DE TRATAMENTO, DURANTE A 2ª
SESSÃO DE ACUPUNTURA.............................................................................50
FIGURA 19 – PACIENTE RELAXADA DURANTE A 1ª SESSÃO DE
ACUPUNTURA COM AS AGULHAS NOS PONTOS DE TRATAMENTO PARA
EPILEPSIA..........................................................................................................62
LISTA DE QUADROS
QUADRO 01 – RELAÇÃO DE CASOS CLÍNICOS, POR ESPECIALIDADE,
OBSERVADOS DURANTE O PERÍODO DE ESTÁGIO NO HOSPITAL
VETERINÁRIO DE PEQUENOS ANIMAIS DA UTP...........................................25
QUADRO 02 – NÚMERO DE CASOS, POR PROCEDIMENTO CIRÚRGICO,
ENCAMINHADOS PARA O SETOR DE CIRURGIA DURANTE O PERÍODO DE
ESTÁGIO NO HOSPITAL VETERINÁRIO DE PEQUENOS ANIMAIS DA UTP.26
QUADRO 03 – RELAÇÃO DOS PROCEDIMENTOS E EXAMES REALIZADOS
DURANTE O PERÍODO DE ESTÁGIO NO HOSPITAL VETERINÁRIO DE
PEQUENOS ANIMAIS DA UTP...........................................................................27
QUADRO 04 – PRINCIPAIS COMPONENTES BIOQUÍMICOS DOS DISCOS
INTERVERTEBRAIS...........................................................................................43
LISTA DE GRÁFICOS
GRÁFICO 01 - NÚMERO DE PACIENTES, POR ESPÉCIE E PORCENTAGEM,
ATENDIDOS NO HOSPITAL VETERINÁRIO DE PEQUENOS ANIMAIS DA UTP
NO PERÍODO DO ESTÁGIO, SENDO 81% CÃES, 17% GATOS, 1% COELHOS
E 1% FERRETS...................................................................................................28
GRAFICO 02 – COMPARAÇÃO DOS EXAMES DE DIAGNÓSTICO POR
IMAGEM, EM PORCENTAGEM, REALIZADOS NO PERÍODO DE ESTÁGIO
SENDO 77% RADIOGRAFIAS E 23% ULTRA-SONOGRAFIAS........................28
GRÁFICO 03 – COMPARAÇÃO, EM PORCENTAGEM, DOS EXAMES COM
FINS DIAGNÓSTICOS REALIZADOS NO PERÍODO DE ESTÁGIO.................29
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
AE – Ad Eternum (uso contínuo)
B – Bexiga
BID – Duas vezes ao dia
BP - Baço/Pâncreas
C – Coração
CS – Circulação Sexual
E – Estômago
EA – Eletroacupuntura
F – Fígado
HV-UTP – Hospital Veterinário de Pequenos Animais da Universidade Tuiuti do
Paraná
ID – Intestino Delgado
IG – Intestino Grosso
IM – Intravenoso
IM – Intramuscular
LL – Latero-lateral
MTC – Medicina Tradicional Chinesa
P – Pulmão
Pc – Pericárdio
QID – Quatro vezes ao dia
R – Rim
SID – Uma vez ao dia
SNC – Sistema Nervoso Central
TA – Triplo Aquecedor
TID – Três vezes ao dia
TPC – Tempo de Preenchimento Capilar
UTP – Universidade Tuiuti do Paraná
VB – Vesícula Biliar
VC – Vaso Concepção
VD – Ventro-dorsal
VG – Vaso Governador
VO – Via Oral
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO.................................................................................................16
2 HOSPITAL VETERINÁRIO DE PEQUENOS ANIMAIS DA UTP (HV-UTP) ...18
3 ATIVIDADES DESENVOLVIDAS....................................................................23
4 CASUÍSTICA ...................................................................................................25
5 SCHWANNOMA MANDIBULAR.....................................................................30
5.1 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA..........................................................................30
5.2 RELATO DO CASO CLÍNICO.......................................................................32
5.2.1 Discussão ..................................................................................................40
6 CALCIFICAÇÃO DE DISCO INTERVERTEBRAL..........................................42
6.1 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA..........................................................................42
6.2 RELATO DO CASO CLÍNICO.......................................................................46
6.2.1 Discussão ..................................................................................................51
7 EPILEPSIA IDIOPÁTICA ................................................................................53
7.1 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA..........................................................................53
7.2 RELATO DO CASO CLÍNICO.......................................................................57
7.2.1 Discussão ..................................................................................................63
8 CONCLUSÃO..................................................................................................65
9 REFERÊNCIAS ...............................................................................................66
16
1 INTRODUÇÃO
Este relatório de Estágio Curricular do Curso de Medicina Veterinária da
Universidade Tuiuti do Paraná tem a finalidade de descrever casos clínicos e
seus respectivos tratamentos, observados durante o período de estágio,
comparando os procedimentos realizados na prática com as referências
bibliográficas.
O estágio curricular teve duração de 320 horas e foi realizado no período
de 26 de fevereiro de 2007 a 10 de maio de 2007 sob a orientação profissional
do diretor do Hospital Veterinário, Médico Veterinário e Professor MSC. Ricardo
Maia, responsável também pela disciplina de Clínica Cirúrgica do curso de
Medicina Veterinária da Universidade Tuiuti do Paraná e sob orientação
acadêmica da Médica Veterinária e Professora MSC. Taís Marchand Rocha
Moreira, responsável pela disciplina de Clínica Médica de Pequenos Animais do
curso de Medicina Veterinária da Universidade Tuiuti do Paraná.
Neste relatório estão descritos o local de realização do estágio, as
atividades desenvolvidas, a casuística do Hospital Veterinário no período
referido, as respectivas revisões de literatura e discussão de três casos clínicos
escolhidos, os quais foram acompanhados durante o período das atividades.
O estágio teve como objetivo colocar em prática os conhecimentos
obtidos ao longo do curso, por meio das abordagens clínicas e diagnósticas nas
diferentes afecções da Clínica Médica de Pequenos Animais.
17
O Estágio Curricular foi realizado no Hospital Veterinário de Pequenos
Animais da Universidade Tuiuti do Paraná (HV-UTP), sito à Rua Marcelino
Champagnat, 505 – Mercês, na cidade de Curitiba – PR.
18
2 HOSPITAL VETERINÁRIO DE PEQUENOS ANIMAIS DA UTP (HV-UTP)
O HV-UTP (figura 01) iniciou suas atividades em Setembro de 2000 e
desde então presta atendimento clínico e cirúrgico na área de pequenos
animais. Ademais são prestados serviços de Diagnóstico por Imagem pelo setor
de Radiologia e de Ultra-sonografia sejam eles solicitados pelo corpo clínico do
hospital bem como são aceitos encaminhamentos de outros locais e oferece
também tratamento com Acupuntura. No Hospital trabalham 8 médicos
veterinários, 2 enfermeiros, 1 secretária e 1 técnica em radiologia.
Os atendimentos são realizados de segunda à sexta-feira, em horário
comercial, com horário previamente marcado para as consultas, exames e
sessões de acupuntura e se necessário são feitos encaixes em situações
emergenciais.
O atendimento clínico é realizado em 2 consultórios (figura 02) e um em 1
ambulatório (figura 03). Também dispõe de atendimentos nas especialidades de
cardiologia, oftalmologia, oncologia e medicina de animais silvestres. O centro
cirúrgico (figura 05) dispõe de equipamentos de anestesia inalatória,
desfibrilador, 2 banheiros, setor de expurgo e sala de recuperação pós-cirúrgica.
O hospital ainda possui setor de internamento (figura 04), farmácia com
medicamentos e equipamentos de procedimentos clínicos e cirúrgicos (figura 06)
e sala de Radiologia e Ultra-sonografia, conforme ilustra a figura 07.
19
FIGURA 01 – FACHADA DO HOSPITAL VETERINÁRIO DE PEQUENOS ANIMAIS DA UTP
FIGURA 02 – CONSULTÓRIO 01 DO HOSPITALVETERINÁRIO DE PEQUENOS ANIMAIS DA UTP
20
FIGURA 03 – SALA DE ODONTOLOGIA E EMERGÊNCIAS DO HOSPITAL VETERINÁRIO DE PEQUENOS ANIMAIS DA UTP
FIGURA 04 – SALA DE INTERNAMENTO E RECUPERAÇÃO ANESTÉSICA DO HOSPITAL VETERINÁRIO DE PEQUENOS ANIMAIS DA UTP.
21
FIGURA 05 – CENTRO CIRÚRGICO DO HOSPITAL VETERINÁRIO DE PEQUENOS ANIMAIS DA UTP
FIGURA 06 – FARMÁCIA DO HOSPITAL VETERINÁRIO DE PEQUENOS ANIMAIS DA UTP
22
FIGURA 07 – SALA DE RADIOLOGIA E ULTRA-SONOGRAFIA DO HOSPITAL VETERINÁRIO DE PEQUENOS ANIMAIS DA UTP
23
3 ATIVIDADES DESENVOLVIDAS
Entre as atividades desenvolvidas no local de estágio estão o
desenvolvimento da capacidade de identificação, avaliação e resolução de
casos clínicos por meio da realização de diagnósticos, interpretação de exames,
indicação de terapias, enfermagem e orientação aos proprietários, atividades do
pré e pós-operatório, acompanhamento nas consultas dos especialistas nas
áreas de animais silvestres, cardiologia, oftalmologia, oncologia e acupuntura,
além da elaboração e apresentação de seminários.
As consultas eram conduzidas de acordo com a queixa do proprietário e a
situação do paciente, tendo em vista o diagnóstico diferencial ou conclusivo
eram realizadas as prescrições de medicamentos, e se necessário, solicitação
de exames complementares. Após o término da consulta, antes de liberar o
paciente e o proprietário, o Médico Veterinário responsável comentava o
diagnóstico e a conduta do estagiário corrigindo, se necessário, os
procedimentos.
Nos casos de encaminhamentos para exames como radiografias e ultra-
sonografias eram realizados os procedimentos pertinentes ao exame como a
recepção do paciente, orientações ao proprietário ou acompanhante e o devido
acompanhamento do exame.
Para os exames de sangue, fossem eles solicitados pelos próprios
profissionais do hospital ou por encaminhamentos, eram feitas as coletas do
material, geralmente no período matutino e posteriormente encaminhados para o
laboratório da universidade para as devidas avaliações. Tendo em mãos os
24
resultados o proprietário ou o clínico solicitante era avisado para que então
pudesse agendar o procedimento desejado.
Na terapia com acupuntura, os atendimentos eram prestados nas
segundas e terças-feiras no período vespertino, onde se realizava a anamnese
do paciente tendo em base a Medicina Tradicional Chinesa (MTC), e obtido o
diagnóstico dava-se início ao tratamento com sessões semanais ou quinzenais,
variando de acordo com a causa e o paciente.
25
4 CASUÍSTICA
Durante o período de estágio no HV-UTP, foram realizados 100
atendimentos, divididos por especialidade, onde a maioria dos casos foi para a
especialidade de dermatologia e em segundo lugar oftalmologia, conforme
demonstra o quadro 01.
QUADRO 01 – RELAÇÃO DE CASOS CLÍNICOS, POR ESPECIALIDADE,
OBSERVADOS DURANTE O PERÍODO DE ESTÁGIO NO HOSPITAL
VETERINÁRIO DE PEQUENOS ANIMAIS DA UTP
ESPECIALIDADE NÚMERO DE CASOS
Acupuntura 04
Consultas para castração eletiva 02
Dermatologia 32
Endocrinologia 04
Infectologia 02
Neurologia 02
Oftalmologia 25
Oncologia 05
Ortopedia 09
Sistema Digestório 05
Sistema Reprodutor 02
Sistema Respiratório 05
Urologia 03
Total 100
26
Após a consulta no setor de clínica médica, alguns casos foram
encaminhados para o setor de clínica cirúrgica, conforme mostra o quadro 02.
QUADRO 02 – NÚMERO DE CASOS, POR PROCEDIMENTO CIRÚRGICO,
ENCAMINHANDOS PARA O SETOR DE CIRURGIA DURANTE O PERÍODO
DO ESTÁGIO NO HOSPITAL VETERINÁRIO DE PEQUENOS ANIMAIS DA
UTP
PROCEDIMENTOS CIRÚRGICOS NÚMERO DE CASOS
Blefaroplastia 01
Ceratectomia Superficial 03
Distiquíase 01
Enxerto Cutâneo 01
Esplenectomia Total 01
Exérese de Nódulo Cutâneo 01
Exérese de Fibrossarcoma Intra-oral 01
Mastectomia Total 01
Ovário-salpingo-histerectomia 07
Orquiectomia 02
Osteossíntese de Úmero 01
Profilaxia Oral 04
Redução de Luxação da cabeça dofêmur
01
Redução de Luxação de Patela 03
Sepultamento da Glândula da 3ª.Pálpebra
01
Uretroplastia perineal 01
Total 30
27
Com intuito e fins diagnósticos também foram solicitados exames
complementares, em um total de 54 exames divididos por procedimento,
conforme demonstra o quadro 03.
QUADRO 03 – RELAÇÃO DOS PROCEDIMENTOS E EXAMES REALIZADOS
DURANTE O PERÍODO DE ESTÁGIO NO HOSPITAL VETERINÁRIO DE
PEQUENOS ANIMAIS DA UTP
PROCEDIMENTO E EXAMES NÚMERO DE CASOS
Biópsia Cutânea 01
Citologia Aspirativa 04
Eletrocardiograma 02
Radiografia 36
Ultra-sonografia 11
Total 54
Durante o período do estágio pôde-se observar que o número de
pacientes da espécie canina é maior que as demais espécies, sendo assim 81%
dos pacientes cães frente a 17% de gatos, 1% de coelhos e 1% de ferrets,
conforme ilustra o gráfico 01. Ao mesmo tempo observou-se que as radiografias
predominam sobre as ultra-sonografias, ilustrado no gráfico 02 e também frente
aos demais exames complementares com fins diagnósticos ilustrado no gráfico
03.
28
GRÁFICO 01 – NÚMERO DE PACIENTES, POR ESPÉCIE E
PORCENTAGEM, ATENDIDOS NO HOSPITAL VETERINÁRIO DE
PEQUENOS ANIMAIS DA UTP NO PERÍODO DO ESTÁGIO SENDO 81%
CÃES, 17% GATOS, 1% COELHOS E 1% FERRETS
81%
17%
1% 1%
CÃES
GATOS
COELHOS
FERRETS
GRÁFICO 02 – COMPARAÇÃO DOS EXAMES DE DIAGNÓSTICO POR
IMAGEM, EM PORCENTAGEM, REALIZADOS NO PERÍODO DE ESTÁGIO
SENDO 77% RADIOGRAFIAS E 23% ULTRA-SONOGRAFIAS
77%
23%
RADIOGRAFIA
ULTRA-SONOGRAFIA
29
GRÁFICO 03 – COMPARAÇÃO, EM PORCENTAGEM, DOS EXAMES COM
FINS DIAGNÓSTICOS REALIZADOS NO PERÍODO DE ESTÁGIO.
67%
20%
4%7% 2%
RADIOGRAFIA
ULTRA-SONOGRAFIA
ELETROCARDIOGRAMA
CITOLOGIA ASPIRATIVA
BIÓPSIA CUTÂNEA
30
5 SCHWANNOMA MANDIBULAR
5.1 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
Schwannoma refere-se a uma neoplasia (novo crescimento),
habitualmente benigna e que, segundo se acredita, tem origem nas células de
Schwann (células do neurolema) que circundam axônios dos nervos periféricos
(JONES, 2000). As fibras nervosas mielínicas se enrolam em espiral e suas
membranas formam um complexo lipoprotéico denominado mielina. A bainha de
mielina é descontínua, pois se interrompe em intervalos regulares formando os
nódulos de Ranvier e o intervalo entre dois nódulos é denominado internódulo
(JUNQUEIRA E CARNEIRO, 1990).
Cada internódulo é formado por uma única célula de Schwann, enquanto
os nódulos de Ranvier são locais sem mielina, cobertos por prolongamentos
interdigitantes de células de Schwann adjacentes. As células de Schwann,
juntamente com a bainha de mielina, adquirem uma forma cilíndrica com núcleo
alongado e paralelo ao grande eixo do axônio. No Sistema Nervoso Central não
existem células de Schwann, sendo a mielina produzida pelos oligodendrócitos
(JUNQUEIRA E CARNEIRO, 1990).
31
FIGURA 08 – ESQUEMA DE UM NERVO MISTO E SEU ARCO REFLEXO, COM A RAIZ SENSITIVA INERVANDO A PELE E A RAIZ MOTORA INERVANDO O MÚSCULO ESTRIADO
FONTE: Junqueira e Carneiro – Histologia Básica (1990, p. 136).
As fibras nervosas amielínicas periféricas também são envolvidas pelas
células de Schwann, mas neste caso não ocorre o enrolamento em espiral,
sendo assim, uma única célula de Schwann envolve várias fibras nervosas
(JUNQUEIRA E CARNEIRO, 1990).
O schwannoma se compõe de células fisiformes alongadas dispostas
num padrão diferenciado. As células, que são parecidas às de um neurofibroma
e mais roliças que as de um fibroma, formam fascículos entrelaçados, com
aglomerados celulares (JONES, 2000).
Crescimentos estão localizados ao longo do curso de um nervo, ou num
plexo ou gânglio. Esses crescimentos ocorrem na maioria das espécies, mas
infreqüentemente. Os crescimentos são mais comuns em bovinos e nesses
32
animais muitos foram chamados de neurofibromas. A denominação “neuroma
acústico” foi aplicada ao schwannoma do oitavo nervo craniano em seres
humanos. Schwannomas de nervos cranianos foram descritos em cães (JONES,
2000).
Os schwannomas mais comumente originam-se de nervos periféricos na
região da cabeça e pescoço e superfície extensora das extremidades. Raízes
sensitivas são preferidas, tanto no crânio como na espinha, mas podem ocorrer
schwannomas em raízes motoras e em nervos autonômicos (KLEIHUES E
CAVENEE, 2000). As lesões cutâneas nodulares podem apresentar dificuldades
diagnósticas (MOULTOUN, 1990).
O tratamento de eleição para os tumores como o schwannoma é a
excisão cirúrgica, sendo raros os casos de recidiva. Uma das principais
complicações do tumor reside na possibilidade de transformação maligna,
particularmente quando associado à neurofibromatose (REGEZI E SCIUBBA,
2000).
5.2 RELATO DO CASO CLÍNICO
Paciente: LORD, Macho
Espécie: Canina
Raça: SRD
Idade: 10 anos
Peso: 26 kg
Suspeita Clínica: Tumor maligno
33
O proprietário ao dar entrada no hospital veterinário, relatou um aumento
de volume na região cervical e mandibular esquerda que aumentou nos últimos
trinta dias, apatia e disfagia há pelo menos 10 dias, que há três anos atrás o
animal passou por um procedimento de retirada de espinhos de ouriço (Coendou
prehensilis) e que possivelmente poderia ter sofrido um trauma, pois o animal
convivia com cavalos. Ao ser questionado mais profundamente na anamnese
relatou que o animal conseguia beber água sozinho, porém não soube maiores
detalhes, habitava sua chácara e tinha contato com o paciente somente a cada
40 dias.
Ao realizar o exame físico observou-se temperatura: 39ºC, freqüência
cardíaca de 90 batimentos por minuto, TPC (Tempo de preenchimento capilar)
de 2 segundos, hidratação normal, mucosas hipercoradas, linfonodos
submandibulares aumentados e demais parâmetros normais. Juntamente
observou-se taquipnéia, dor moderada ao manipular a boca para inspeção oral e
protusão de globo ocular esquerdo.
Para auxílio no diagnóstico foram realizados os exames de inspeção
visual, palpação e radiografia de crânio e tórax em dupla exposição, ventro-
dorsal (VD) e látero-lateral (LL), conforme as figuras 11 e 12. O exame foi
realizado sob anestesia geral com indução anestésica com propofol na dose de
5mg/kg IV e manutenção na dose de 0,5mg/kg/min. O paciente apresentou
dispnéia no momento da indução com impossibilidade de intubação orotraqueal.
Para a segurança durante o procedimento e posteriormente proporcionar melhor
34
conforto respiratório e alimentar ao paciente foi realizado a traqueostomia e a
faringostomia, conforme ilustra a figura 10.
Procedeu-se a coleta de material por meio de biópsia aspirativa com
agulha fina (BAFF) da lesão intra-oral e BAFF Trans-Cutânea (Após o 1º
resultado). Para este procedimento não foi necessária a sedação ou anestesia,
pois o mesmo apresentava ausência de sensibilidade no local.
FIGURA 09 – PACIENTE APRESENTANDO AUMENTO DE VOLUME NA REGIÃO CERVICAL
NO ÂNGULO DA MANDÍBULA ESQUERDA E PROTUSÃO DO GLOBO OCULAR ESQUERDO
35
FIGURA 10 – TRAQUEOTUBO E SONDA ESOFÁGICA APÓS A REALIZAÇÃO DOS PROCEDIMENTOS DE TRAQUEOSTOMIA E FARINGOSTOMIA NO PACIENTE
FIGURA 11 – RADIOGRADIA EM INCIDÊNCIA VD APRESENTANDO AUMENTO DE TECIDOS
MOLES NA REGIÃO VENTRAL DA MANDÍBULA
36
FIGURA 12 – RADIOGRAFIA LATERAL ONDE NOTA-SE O AUMENTO DE TECIDOS MOLES
NA REGIÃO DO ÂNGULO DA MANDÍBULA
A radiografia do tórax, visando obter informações sobre metástases, não
apresentou alterações significativas. Já, a radiografia de crânio apontou um
aumento de tecidos moles e reação periostal laminar na região ventral da
mandíbula e elevação periostal na região frontal com formação de área cística
cranial, sugerindo exames complementares.
A Biópsia Aspirativa apresentou como resultado, um aspirado
apresentando neutrófilos em quantidade moderada, discretos macrófagos e
eosinófilos e leves linfócitos, com inúmeros debris celulares distribuídos
difusamente e diagnóstico de reação inflamatória subaguda, ou seja, não
conclusivo.
Realizou-se então a biópsia aspirativa trans-cutânea onde o resultado,
igualmente inconclusivo apontou como um aspirado apresentando grande
37
quantidade de neutrófilos e poucos linfócitos com aumento moderado de debris
celulares distribuídos.
Como terapia de suporte foi administrado enrofloxacina na dose de
5mg/kg IM 1 vez ao dia (SID) durante 5 dias, cetoprofeno na dose de 1mg/kg IM
SID durante 3 dias e morfina na dose de 0,1mg/kg IM quatro vezes ao dia (QID)
durante 2 dias.
Durante o período de internamento a medicação foi mantida e a
alimentação bem como a hidratação foram administradas por meio da sonda
esofágica. Como o hospital não possui o plantão nos finais de semana o animal
foi transferido a uma clínica particular e após um dia veio a óbito. O corpo foi
trazido novamente na segunda-feira e então se procedeu à necrópsia com o
intuito de avaliar a gravidade do caso e paralelamente coletar material para
exame histopatológico.
O exame necroscópico mostrou avançado estado de autólise dos órgãos
e aumento de volume mandibular esquerda medindo aproximadamente 10cm x
6cm x 8cm, fortemente aderido, extendendo-se desde o subcutâneo até a
cavidade oral, revelando invasão gengival mandibular e maxilar e em palato
mole, cobrindo parcialmente os dentes molares inferiores e superiores e
causando obstrução parcial próxima à epiglote, conforme ilustram as figuras 13
e 14. Ao toque, observou-se consistência macia a firme, sem resistência ao
corte e cor esbranquiçada a amarelada e então procedeu-se a coleta do material
para exame histopatológico, ilustrado na figura 15.
38
FIGURA 13 – VISÃO MACROSCÓPICA DA LESÃO NA CAVIDADEORAL DO PACIENTE, DURANTE O EXAME NECROSCÓPICO.
NOTA: A – Visão sem aproximação e B visão com aproximação
FIGURA 14 – VISÃO MACROSCÓPICA DA LESÃO, VISTA EXTERIOR, EM DECÚBITO DORSAL, APÓS O REBATIMENTO DA PELE DURANTE A NECRÓPSIA
AB
39
FIGURA 15 – MASSA TUMORAL MEDINDO 10cm X 6cm X 8cm, APÓS O CORTE PARA
A COLETA DE MATERIAL PARA EXAME HISTOPATOLÓGICO
A análise histopatológica apresentou estroma levemente mucinoso e
proliferação acentuada de células alongadas, as quais revelaram núcleo
pequeno e intensamente corado, arredondado a alongado, citoplasma
eosinofílico e abundante com bordos mal definidos, pleomorfismo discreto e
ausência de figuras de mitose. O crescimento revelou-se expansivo e infiltrativo
em musculatura adjacente, sendo bem delimitado por cápsula conjuntiva fibrosa,
e arranjo em feixes ou ninhos, lembrando fascículos nervosos ou corpúsculos
sensitivos. Para auxílio diagnóstico, as lâminas foram coradas rotineiramente
com Hematoxilina-eosina e com coloração especial de Alcian Blue, a qual
mostrou-se positiva.
40
5.2.1 Discussão
Segundo Kleihues e Cavenee (2000), encontrar na rotina clínica da
medicina veterinária de pequenos animais neoplasias na região da face de
caninos não é um fato raro, porém, infelizmente a grande maioria destes
tumores é maligno, de origem mesenquimal, como por exemplo, o
fibrossarcoma, osteossarcoma e o condrossarcoma e em base disso, ao se
deparar no exame clínico com qualquer aumento de volume, o pensamento
tende a imaginar que seja algo maligno, o que não se confirmou no caso deste
paciente.
Após os procedimentos de anamnese, a conduta em se realizar a
anestesia para a melhor avaliação da lesão é extremamente importante e segura
de vez que visa obter o bem-estar do animal evitando que o paciente sinta dores
causadas pela manipulação e a traqueostomia e a faringostomia (deixando as
sondas no local), se tornou extremamente inteligente pelo fato de buscar o
conforto respiratório e alimentar para o animal acometido.
O tratamento de suporte, baseado em antiinflamatórios e antibióticos
estabelecido no hospital veterinário, foi definido partindo do princípio que o
animal estivesse sentindo dor e desconforto e juntamente atuar no controle de
infecções secundárias à lesão e/ou à realização dos procedimentos
emergenciais até o diagnóstico confirmativo e o encaminhamento para a excisão
cirúrgica, sendo este o tratamento indicado, citado na revisão bibliográfica.
41
O fato do hospital veterinário não possuir atendimento e plantão nos finais
de semana, impossibilitou o acompanhamento mais preciso do paciente, tendo
este que ser encaminhado para outro local e com isso prejudicando o processo
de diagnóstico e terapia. Durante o final de semana surgiram dúvidas por parte
da pessoa encarregada do tratamento, pois perguntou à equipe do hospital em
qual das sondas ela deveria administrar a água e os alimentos.
O proprietário gentilmente cedeu o animal para o exame necroscópico,
visto que toda a equipe ficou surpresa com a morte do paciente, sabendo que foi
encaminhado sem alterações, medicado e estável para dar-se a continuidade
dos exames na semana que viria. Durante a necrópsia não se evidenciou
alterações que apontaram como erro de manipulação das sondas, os resultados
sim foram mais precisos e pode-se comprovar a existência de um caso raro na
medicina veterinária de pequenos animais.
Os Schwannomas são neoplasias incomuns na medicina veterinária e por
isso, de difícil localização de literaturas e diagnóstico, sendo necessário buscas
em documentos relacionados à medicina humana, experiência, técnicas de
coloração especiais e técnicas de imunohistoquímica, consultoria esta prestada
pelo hospital Erasto Gaertner. Após o diagnóstico histopatológico, associado aos
sinais clínicos de aumento de volume e perda da sensibilidade local durante a
biópsia aspirativa trans-cutânea além dos aspectos anátomo-patológicos pôde-
se confirmar que se tratava de uma neoplasia benigna, que por si só não levaria
a óbito o paciente, porém assim ocorreu por alterações e conseqüências
inerentes ao crescimento do tumor.
42
6 CALCIFICAÇÃO DE DISCO INTERVERTEBRAL
6.1 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
As discopatias intervertebrais (toracolombares e cervicais) constituem os
distúrbios neurológicos mais comuns diagnosticados em pacientes veterinários,
na rotina da clinica médica de pequenos animais (SEIM III, 2001). Animais de
raças de pequeno porte, particularmente aqueles com características
condrodistróficas, são mais comumente afetados (PADILHA FILHO E SELMI,
1999). As raças Beagle, Tekel, Poodle miniatura e Lhasa Apso, representam
aproximadamente 80% dos casos observados mais frequentemente nos animais
entre quatro e oito anos de idade e quase sempre sem predileção de sexo
(PADILHA FILHO E SELMI, 1999; SEIM III, 2001).
As doenças dos discos intervertebrais geralmente estão relacionadas com
alterações relacionadas à idade que se dividem em alterações estruturais e
alterações bioquímicas e outros mecanismos como traumatismo, genética, auto-
imunidade e mobilidade espinhal (BOJRAB, 1996). As doenças dos discos
intervertebrais, quando ocasionadas por alterações bioquímicas nos
componentes moleculares, iniciam-se com a calcificação dos discos
intervertebrais (BOJRAB, 1996). Estas degenerações alteram as propriedades
mecânicas do disco intervertebral causando microrupturas dos anéis, os quais
podem sobrecarregar e edemaciar o canal vertebral, comprimindo assim a
medula espinhal (BOJRAB, 1996).
43
A degeneração discal é dividida em duas categorias distintas, referidas
como Hansen de Tipo I e Hansen de Tipo II. A degeneração contínua e protusão
(Hansen de Tipo II) ou extrusão (Hansen de Tipo I) subseqüentes dos
fragmentos discais, ocorrem espontânea ou secundariamente a traumatismos
(SEIM III, 2001). A maioria das ocorrências é do Tipo I (extrusão) (PADILHA
FILHO E SELMI, 1999).
Em torno de 14% de todas as extrusões ou protusões dos discos ocorrem
nas vértebras cervicais enquanto que 85% ocorrem nas vértebras torácicas e
lombares, mais precisamente entre T9 e L7 (SELMI E PEREIRA, 1998). O
ligamento longitudinal, que é extremamente forte, localizado no assoalho do
canal vertebral e o fortificado anel dorsal dos espaços entre os discos
intervertebrais de T1 a T10 fazem a protusão ou a extrusão ser bastante rara
nesta região (SEIM III, 2001).
QUADRO 04 – PRINCIPAIS COMPONENTES BIOQUÍMICOS DOS DISCOSINTERVERTEBRAIS (BOJRAB, 1996)
Nomenclatura dos Glicosaminoglicanos(antigamente denominados mucopolissacarídeos ácidos)
Nomenclatura dos Glicosaminoglicanos(antigamente denominados mucopolissacarídeos ácidos)
CarboxilaN-acetilgalactosamina, ácido glicurônico
Ácido Hialurônico
SulfatoN-acetilglicosamina, galactose
QueratossulfatoSulfato de Queratano
Carboxila, sulfatoN-acetilgalactosamina, ácido idurônico
Sulfato de Condroitina B
Sulfato de Dermatano
Carboxila, sulfatoN-acetilgalactosamina, ácido glicurônico
Sulfato de Condroitina A
Condroitina 4-sulfato
Carboxila, sulfatoN-acetilgalactosamina, ácido glicurônico
Sulfato de Condroitina C
Condroitina 6-sulfato
Grupos ÁcidosAçúcares constituintes
Denominação antigaDenominação atual
CarboxilaN-acetilgalactosamina, ácido glicurônico
Ácido Hialurônico
SulfatoN-acetilglicosamina, galactose
QueratossulfatoSulfato de Queratano
Carboxila, sulfatoN-acetilgalactosamina, ácido idurônico
Sulfato de Condroitina B
Sulfato de Dermatano
Carboxila, sulfatoN-acetilgalactosamina, ácido glicurônico
Sulfato de Condroitina A
Condroitina 4-sulfato
Carboxila, sulfatoN-acetilgalactosamina, ácido glicurônico
Sulfato de Condroitina C
Condroitina 6-sulfato
Grupos ÁcidosAçúcares constituintes
Denominação antigaDenominação atual
44
Segundo Seim III (2001) e Selmi e Pereira (1998), os sinais clínicos das
doenças do disco intervertebral são classificados de acordo com o grau do
acometimento, portanto classificam-se:
• Grau I – Dor local, andar lento, o animal reluta em saltar, subir e pode
apresentar constipação. Podem chorar ou reclamar e à palpação nota-se
a contratura muscular paravertebral e dor ao estímulo. Pode haver
discreta ausência de propriocepção.
• Grau II – Sinais similares ao Grau I somado à paresia e ataxia dos
membros posteriores. Geralmente está associado à ausência de
propriocepção no membro posterior.
• Grau III – Apresentam paralisia caudal, são incapazes de permanecer em
estação e de sustentar o próprio peso. Alguns ainda apresentam
incontinência fecal e urinária.
• Grau IV – Apresenta-se paralisado, sem dor e propriocepção no membro
posterior. É preciso neste ponto diferenciar o reflexo de dor do reflexo
flexor, onde o animal responde com mordidas, olhares, lambidas,
gemidos ou choro.
• Grau V – Pacientes com hematomielia ascendente ou descendente, com
difusão da mielomalacea da medula espinhal. Dor extrema com reflexos
diminuídos progressivamente (patelar, tibial, reflexo gastrocnêmio e anal).
Segundo Wheeler e Sharp (1999), 45% dos pacientes que apresentam
doença do disco intervertebral, apresentam sinais clínicos classificados como
45
Grau I, 20% como Grau II, 25% como Grau III, 7% como Grau IV e 3% como
Grau V.
O diagnóstico é baseado nos sinais clínicos apresentados e confirmado
por meio de exame radiográfico simples em 60% dos casos, sendo necessária a
mielografia nos outros 40%, que deverá ser realizada após exclusão de outras
afecções que podem apresentam a mesma sintomatologia como:
discoespondilite, meningite e subluxação vertebral (WHEELER E SHARP, 1999).
Os tratamentos variam desde restrição ao exercício e administração de
corticosteróides a procedimentos cirúrgicos como fenestração ventral,
descompressão ventral, hemilaminectomia e facetectomia por acesso lateral e
laminectomia dorsal (PADILHA FILHO E SELMI, 1999). O tratamento pode ser
conservador ou cirúrgico, porém raramente os pacientes com grau IV e V se
recuperam (SEIM III, 2001).
A acupuntura apresenta resultados similares aos demais tratamentos,
para os pacientes com alterações leves a moderadas, com a vantagem de ser
praticamente isenta de efeitos colaterais e de baixo custo (TORRO, 1997).
Baseada na MTC, a acupuntura utiliza estímulos físicos (agulha e laser) e
químicos (acuinjeção) em áreas definidas na pele para terapêutica e diagnóstico
de doenças funcionais reversíveis, assim como para melhora de doenças sérias.
Sendo assim reúne duas técnicas, a estimulação de áreas definidas na pele por
agulhas e/ou por transferência de calor para fins terapêuticos. Tudo isso é
resumido pelo restabelecimento do equilíbrio entre estados de funções pelos
canais de energia conhecidos como meridianos (TORRO, 1997).
46
Segundo Torro (1997), o mecanismo de ação da acupuntura nas doenças
de disco não é totalmente entendido, mas sabe-se que estão envolvidos:
• Destruição de pontos gatilho abolindo a dor muscular, diminuindo a
contração muscular, a tensão e a referida dor.
• Pode reativar o crescimento axonal na medula espinhal
• Pode diminuir a inflamação local da medula, o edema, a vasodilatação ou
vasoconstrição e liberação de histamina, cinina e endorfinas.
• Diminui a formação de tecido cicatricial e a compressão da medula
espinhal e com isso a dor.
6.2 RELATO DO CASO CLÍNICO
Paciente: Luma, Fêmea
Espécie: Canina
Raça: Lhasa Apso
Idade: 06 anos
Peso: 5,8 kg
Suspeita Clínica: Doença neurológica
O proprietário ao dar entrada no hospital veterinário, relatou apatia e
anorexia progressiva, com início há 21 dias e desde então a paciente não
saltava mais como de costume, perdeu o ânimo, apresentou um episódio de
vômito um dia antes da consulta e no dia, até o momento da consulta não havia
47
bebido água. Relatou também que parecia claudicar, perdendo o posterior e
quando urinava, o fazia e permanecia em cima da urina.
Alimenta-se somente de ração, habita apartamento, passeia somente no
prédio, utiliza anti-pulgas trimestralmente e banhos semanais ou quinzenais no
Pet Shop sem realização de tosa higiênica.
Ao exame físico observou-se temperatura: 39,2ºC, taquipnéia, TPC de 2,5
segundos, hidratação normal, mucosas e linfonodos normais e discreto acúmulo
de cálculos dentários. A claudicação não foi observada no exame clínico, porém
observou-se discreta ausência de propriocepção no membro posterior esquerdo
e discreta cifose tóraco-lombar.
Com fins diagnósticos foram realizadas a palpação no local da cifose e ao
longo da coluna vertebral, a coleta de sangue para hemograma e bioquímica
sérica e a radiografia de coluna tóraco-lombar em dupla exposição (VD e LL).
Os exames de sangue não apresentaram alterações e as radiografias
apontaram calcificações de disco intervertebral entre L5-L6 (figura 16),
calcificação inicial de disco intervertebral entre L1-L2, presença de vértebra
transicional em T13 (Lombarização em T13), conforme figura 17 e pelve sem
alterações.
Avaliando os sinais clínicos e as radiografias, classifica-se o paciente
como de Grau I e, portanto o tratamento estipulado foi: cloreto de magnésio 35
mg/kg ad eternum (AE) e encaminhamento para o tratamento com acupuntura.
48
FIGURA 16 – RADIOGRAFIA VD FIGURA 17 – RADIOGRAFIA LL APONTANDO CALCIFICAÇÃO DE APONTANDO LOMBARIZAÇÃO DISCOS INTERVERTEBRAIS DE VÉRTEBRA TORÁCICA
Em base da MTC, avaliando os hábitos, conduta, índole e outros
parâmetros do paciente, diz-se tratar de um paciente com Deficiência de Yin
(função) e Qi (energia) do Rim, Deficiência de Xue (sangue) no Rim e falso calor
invadindo o fígado.
Para a 1ª sessão a paciente chegou bastante agitada, inquieta e
apresentando discreto déficit de propriocepção no membro posterior esquerdo,
ofegante em repouso, temperatura de 39,7ºC e pesando 5,6Kg.
Pontos utilizados na primeira sessão: Bexiga (B) 60, Rim (R) 3 Bilateral,
Estômago (E) 36, Intestino Grosso (IG) 4, YinTang; Bai Hui, B23 Bilateral; Vaso
Governador (VG) 4, VG3C e pontos extras de motricidade. Durante a sessão a
paciente se acalmou, procurou o colo do proprietário, encontrou a posição de
conforto e diminuiu consideravelmente a taquipnéia.
49
Ao final da sessão com duração de 20 minutos, foi colocada em estação e
novamente avaliada, obtendo-se então temperatura de 38,6ºC e propriocepção
normal. Em virtude da boa resposta ao tratamento, inicialmente foram
estabelecidas quatro sessões, com intervalos semanais e posteriormente
intervalos quinzenais, associação contínua ao Cloreto de Magnésio e privação
ao exercício e movimentos bruscos.
Para a 2ª sessão, o proprietário relatou melhoras no hábito, dizendo que
a paciente está mais alegre, feliz, voltou a comer novamente e beber mais água.
Porém relatou que começou a latir mais que o normal após a 1ª sessão.
Comentou ainda que seguiu as instruções para forçar o repouso, que está feliz
com o resultado do tratamento e que a cifose aparenta ter diminuído. A paciente
chegou para a sessão mais calma que a anterior, com temperatura de 38,9ºC e
pesando 5,85Kg. Os pontos foram repetidos da sessão anterior, porém somados
ao VG20 e o B17 (figura 18), para fins comportamentais.
Na 3ª sessão o proprietário continuou a relatar melhoras em todos os
sentidos, disse que voltou a ser o que era antes do início dos problemas que o
trouxeram ao consultório. Comentou também que estava difícil segurá-la para
privar o exercício e que continua latindo bastante. Pontos repetidos da última
sessão somados ao Coração (C) 7, com fins ansiolíticos.
50
FIGURA 18 – VISÃO APROXIMADA DAS AGULHAS DE ACUPUNTURA INSERIDAS NOS PRINCIPAIS PONTOS DE TRATAMENTO, DURANTE A 2ª SESSÃO DE ACUPUNTURA
Na 4ª sessão o proprietário relatou melhoras no comportamento agitado e
pouca melhora nas vocalizações, porém já notável. Sendo assim, os pontos
foram remanejados havendo a substituição do IG4 pelo IG11, com funções de
regulação da função intestinal e diminuição da ansiedade e somado o ponto
Fígado (F) 2 com função de sedação do órgão fígado buscando assim
tranqüilidade. O tratamento foi alterado para sessões quinzenais em virtude da
melhora significativa do quadro clínico e posteriormente para sessões mensais.
As orientações foram mantidas com relação ao uso do Cloreto de
Magnésio, alertando o proprietário sobre a dose do medicamento, uma vez que
o mesmo possui efeito laxativo caso seja utilizado em doses incorretas e
continuar privando a paciente de exercícios excessivos e movimentos bruscos.
51
6.2.1 Discussão
Sendo cada vez maior e mais precoce o número de pacientes que são
acometidos pelas doenças dos discos intervertebrais, sobretudo a calcificação
dos discos frente às alterações bioquímicas na sua estrutura molecular, é de
fundamental importância de a Medicina Veterinária atuar de forma preventiva na
instalação destas enfermidades. Esta precocidade está muitas vezes
relacionada com a nutrição desbalanceada e ao ambiente inadequado que os
animais são submetidos. Os discos uma vez calcificados evoluem para
protusões e extrusões sendo então moléstias mais severas e por vezes
irreversíveis de acometimento da coluna vertebral.
O cloreto de magnésio atua de forma preventiva transportando o cálcio
livre para o interior dos ossos, mantendo o equilíbrio necessário dos minerais e
assim, atua no desfazer da calcificação (LEDERER, 1990).
Sem dúvida, a experiência clínica para diagnosticar uma alteração
neurológica, seja ela de origem central ou por afecções compressivas da medula
espinhal ao longo do seu trajeto, é fundamental e deve ser associada ao
diagnóstico por imagem.
O diagnóstico por imagem, por meio da radiografia é o método mais
seguro e confirmativo para estabelecer a natureza da lesão e o grau de
acometimento para então eleger a terapia adequada para o paciente, assim
como é indicado para o controle posterior do avanço ou retrocesso do
acometimento.
52
Os procedimentos cirúrgicos para correção na maioria das vezes não são
indicados pelos médicos veterinários na rotina da clínica médica veterinária, pois
requer do cirurgião especialidade e prática somado aos altos custos da cirurgia e
do tratamento do pós-operatório.
A acupuntura como tratamento da dor e do bem-estar do animal
apresenta resultados similares aos demais tratamentos, com as vantagens de
baixo custo e praticamente sem contra-indicações.
No caso citado, a acupuntura apresentou-se como a manobra terapêutica
mais adequada para o paciente, pelos resultados obtidos e para o proprietário
pelo baixo custo. Esta paciente se encontra em tratamento até o presente
momento, com sessões quinzenais de acupuntura associadas ao tratamento
com cloreto de magnésio e, segundo o proprietário está praticamente normal.
As alterações de comportamento são esperadas quando o tratamento é
baseado em pontos que de uma forma direta ou indireta atuam nestes sentidos.
De acordo com a evolução e a melhora do quadro, tende-se a tratar as
alterações, em específico, caso elas permaneçam.
53
7 EPILEPSIA IDIOPÁTICA
7.1 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
Epilepsia é uma afecção de ataques convulsivos recorrentes,
independentemente da causa. A epilepsia é sintomática se a causa permanecer
desconhecida. Entre 2 e 3% dos cães e 0,5% dos gatos são epilépticos
(FENNER, 1998).
Convulsões ou ataques convulsivos são distúrbios paroxísticos
temporários da atividade elétrica dos neurônios cerebrais, que resultam num
período de anormalidade clínica. O aspecto da convulsão (icto, acesso, ataque)
varia com a região do cérebro envolvida, mas são comuns alterações no
comportamento, consciência, atividade motora, sensação, ou função autônoma.
As alterações no comportamento são: confusão, demência, delírio, histeria, raiva
e medo. O animal também pode perder a consciência (CHRISMAN, 1997).
Todo o tecido nervoso possui um limiar de excitabilidade, e se este limiar
é reduzido até nível crítico, resultará em despolarização neuronal espontânea.
Se um número suficiente de neurônios numa área sofre despolarização, ocorrerá
a disseminação de uma onda de despolarização ao longo de vias estabelecidas,
indo afetar toda a região (convulsões parciais) ou todo o sistema nervoso
(convulsões generalizadas) (CHRISMAN, 1997).
54
A fisiopatologia das convulsões varia com a causa subjacente. Os
neurônios existentes no foco convulsivo podem ter limiar de excitabilidade
reduzido, graças aos efeitos excessivos dos neurotransmissores excitatórios,
como a acetilcolina e outros aminoácidos, ou em decorrência da redução dos
efeitos dos neurotransmissores inibitórios, como o ácido gama-aminobutírico
(GABA). Alterações nos níveis de potássio, cálcio, sódio e cloreto no ambiente
neuronal afetam o limiar de excitabilidade. A permeabilidade da membrana
neuronal aos eletrólitos pode estar alterada, aumentando a excitabilidade
(CHRISMAN, 1997). Segundo Fenner (1998), a crise convulsiva se divide em 3
estágios:
• Aura – O período imediatamente precedente ao ataque convulsivo. A aura
é geralmente curta e se caracteriza por alterações comportamentais
(como inquietação, choro e ocultamento).
• Icto – O ataque convulsivo clínico real. Este estágio é geralmente breve
durando menos de 2 minutos: no entanto, podem ocorrer grupos de vários
ataques convulsivos. O ataque convulsivo clínico pode consistir de
consciência, tônus muscular e função autonômica anormais; movimento
muscular involuntário e alteração de sensações e do comportamento.
• Pós-Icto – O período de recuperação neural após um ataque convulsivo.
O período pós-ictal possui uma duração variável, mas geralmente dura
menos de 30 minutos. Os sinais clínicos são geralmente
comportamentais. Podem ocorrer fraqueza e cegueira.
55
Levando-se em conta o diagnóstico, o objetivo no exame minucioso de um
paciente com ataque convulsivo é a distinção dos ataques com uma causa
discernível dos sem causa conhecida. Se não se puder achar uma causa, o
tratamento pode resultar em um alívio do problema secundário da epilepsia
(FENNER, 1998). Portanto, deve-se buscar e diferenciar as causas entre extra-
cranianas e intra-cranianas, levando em conta os resultados dos exames
séricos, neurológicos e os achados da história clínica (CHRISMAN, 1997).
O exame neurológico constitui a melhor pista da presença de uma doença
estrutural. Em alguns casos de epilepsia idiopática, o exame nervoso pós-ictal
pode se encontrar anormal; portanto, torna-se necessário um reexame para
determinar se os resultados anormais persistirem (FENNER, 1998).
Nos pacientes com doença metabólica, o ataque convulsivo pode
desmascarar uma lesão no Sistema Nervoso Central (SNC) anterior que se
encontrava clinicamente silenciosa. Nesses pacientes, o exame nervoso pode
ser anormal. Se os resultados do exame forem normais, a epilepsia sintomática
metabólica e epilepsia funcional constituem os diagnósticos prováveis (15% das
causas estruturais da epilepsia no homem se associam a exame neurológico
normal). Se os resultados do exame forem anormais, torna-se obrigatória uma
avaliação diagnóstica vigorosa (FENNER, 1998).
Indica-se então o Eletroencefalograma (EEG) embora algumas vezes seja
difícil fazê-lo e interpretá-lo se houver anormalidades, eliminar o diagnóstico de
epilepsia idiopática e procurar vigorosamente uma etiologia. As radiografias
56
cranianas podem ser úteis se a suspeita for de hidrocefalia congênita,
traumatismos da cabeça ou tumor da calvária (FENNER, 1998).
A Tomografia Computadorizada e a obtenção de imagem por
Ressonância Magnética são indicadas para os pacientes com um exame
nervoso anormal ou ataques convulsivos refratários. Se houver fontanelas
abertas a Ultra-sonografia craniana pode ser útil (FENNER, 1998).
Recomendam-se ainda contagem sangüínea completa, um perfil
bioquímico sérico com mensuração dos ácidos biliares, sódio, potássio, fósforo,
cálcio e cloreto, bem como exame fecal em todos os pacientes epilépticos
(CHRISMAN, 1997).
Visto que o animal pode mostrar-se normal por ocasião da apresentação,
frequentemente a história clínica é a parte mais importante da avaliação do
paciente. Os sinais básicos (raça, idade e sexo) do animal são considerados
primeiramente. Pastores Alemães, Irish Setters, Poodles Miniaturas, Husky
Siberianos, Cocker Spaniels, Labrador Retrievers, Keeshonden e Schnauzer
Miniaturas são exemplos de cães puros de raça com epilepsia hereditária.
Tipicamente, as convulsões têm início entre os 9 e 36 meses de idade. A
epilepsia hereditária não foi confirmada em cães mestiços e nem em gatos
(CHRISMAN, 1997).
Os objetivos do tratamento são reduzir o número de ataques convulsivos,
a severidade dos ataques convulsivos individuais, aumentar o período entre os
episódios de ataques convulsivos, reduzir os efeitos pós-ictais, evitar intoxicação
por drogas e usar uma droga única (FENNER, 1998). Utiliza-se no tratamento
57
das crises convulsivas, fármacos que atuam no SNC, mais precisamente no
limiar convulsivo como o fenobarbital, derivados benzodiazepínicos, brometo de
potássio, ácido valpróico, carbamazeprina, parametadiona e clorazepato
dipotássico (CHRISMAN, 1997). Estes fármacos a longo prazo causam
hepatotoxicidade, o que vem abrindo caminhos para as terapias alternativas
como a acupuntura. O êxito no controle das convulsões depende do tratamento
bem sucedido de qualquer das possíveis afecções subjacentes, a manutenção
de níveis séricos apropriados dos medicamentos efetivos, ou de protocolos
efetivos de acupuntura (CHRISMAN, 1997).
A acupuntura pode ter utilidade no controle das convulsões em cães e
gatos, quando falharam os anticonvulsivantes orais. Os anticonvulsivantes
podem ter continuidade após a acupuntura, mas com freqüência a dose deverá
ser reduzida devido aos efeitos colaterais sedativos. A acupuntura é uma
alternativa para o controle inicial das convulsões em cães e gatos. São
empregados diversos protocolos e os animais devem ser encaminhados ao
especialista para o tratamento (CHRISMAN, 1997).
7.2 RELATO DO CASO CLÍNICO
Paciente: Judi, Fêmea
Espécie/Raça: Canina/Poodle
Idade: 8 anos
58
Peso: 8,2 kg
A proprietária deu entrada no Hospital Veterinário no setor de
oftalmologia, onde foi diagnosticado o prolapso da glândula da 3ª pálpebra
associado à ceratoconjuntivite seca. Na anamnese constatou-se que a paciente
tomava 100mg (12,5mg/kg) de fenobarbital duas vezes ao dia (BID) por via oral
(VO) há cinco anos, para controlar as convulsões que deram início após um
tratamento para pseudociese realizado por outro profissional. Ao ser
questionada mais profundamente sobre o histórico da paciente, a proprietária
relatou que já havia passado por procedimento cirúrgico para retirada de corpo
estranho e que também não era castrada.
Juntamente, relatou que o ânimo da paciente estava diminuindo
consideravelmente e que recentemente havia apresentado sangue na urina.
Ao exame físico observou-se temperatura de 38,0º C, freqüência cardíaca
de 89 batimentos por minuto, freqüência respiratória de 27 movimentos por
minuto, TPC de 2 segundos, hidratação normal, mucosas e linfonodos normais.
Paralelamente foi realizado o teste lacrimal de Shirmer para avaliar a produção
do filme lacrimal e o mesmo apontou como resultado 0,5 mm/min em ambos os
olhos.
Procedeu-se a coleta de sangue para realização de hemograma e
bioquímica sérica no intuito de avaliar o perfil renal e hepático. O Hemograma
apresentou-se sem alterações. No exame bioquímico os valores de uréia e
creatinina apresentaram-se normais e as enzimas hepáticas alteradas sugerindo
doença hepática.
59
Em virtude da propensão em apresentar episódios de pseudociese, foram
realizadas a ovário-salpingo-histerectomia e paralelamente a cirurgia de
sepultamento da glândula da 3ª pálpebra.
O tratamento clínico iniciou com a redução da dose do fenobarbital para
26mg BID, ou seja, 3,3mg/kg BID VO até novas instruções. Para facilitar a
administração e pela baixa dose a ser utilizada optou-se pela apresentação
pediátrica, em gotas, onde cada gota contém 1mg de fenobarbital, ou ainda
40mg/ml. A medicação receitada para o pós-operatório da cirurgia de
sepultamento da glândula da 3ª pálpebra foi a associação de neomicina,
polimixina e dexametasona, colírio (três vezes ao dia (TID), durante 15 dias.
Juntamente, como imunomediador e estimulador da produção lacrimal foi
receitado ciclosporina A, pomada oftálmica, BID AE e para o auxílio na
manutenção do olho lubrificado, lágrima artificial, na forma de colírio, QID, AE.
A proprietária relatou melhoras com relação às crises convulsivas e à
ceratoconjuntivite seca. Porém, relatou que a paciente encontrava-se cada vez
mais desanimada, sem interesse de brincar e quieta a maioria do tempo, além
de que cada vez que alguém da casa se ausentava por mais de dois dias
mesmo com a medicação ela apresentava uma crise.
O teste lacrimal de Shirmer foi novamente realizado e o resultado foi o
mesmo desde a consulta para a cirurgia de sepultamento da glândula da 3ª
pálpebra (0,5mm/min em ambos os olhos).
60
Visto que a paciente estava estabilizada sugeriu-se o encaminhamento
para o tratamento com acupuntura que visa buscar melhora na qualidade de
vida da paciente, principalmente com relação ao ânimo e ao interesse, e se
possível associá-lo ao tratamento às crises convulsivas e à ceratoconjuntivite
seca.
De acordo com a MTC, o fígado se abre nos olhos e sendo assim, uma
doença que mantenha o fígado em excesso certamente se manifestará nos
olhos. Como o fenobarbital em longo prazo causa hepatoxicidade, alteração esta
que foi comprovada pelos exames bioquímicos, partiu-se deste princípio.
Em base da MTC, avaliando os hábitos, conduta, índole e outros
parâmetros, podemos dizer que se trata de um paciente com Yang do fígado
consumindo Yin do rim, Falso Calor invadindo o fígado e acometimento por
golpes de vento. O tratamento consiste em eliminar o vento, tonificar o rim e
eliminar calor do fígado.
Pontos utilizados na primeira sessão: B60+R3 Bilateral, Vesícula Biliar
(VB) 20, E36, IG4, Baço/Pâncreas (BP) 6 e VB1 (Bilateral). Durante a sessão a
paciente se acalmou, deitou e somente levantou após estímulo, o que indica
uma excelente resposta ao tratamento estabelecido (figura 19). Foram
estabelecidas sessões semanais e acompanhamento domiciliar associado à
medicação ocular e ao fenobarbital.
Para a 2ª sessão, a proprietária relatou que a paciente ficou bem tranqüila
após a 1ª sessão, que respondeu melhor aos chamados e que administrou 23
gotas BID ao invés de 26 gotas BID do fenobarbital, por esquecimento e que ela
61
mesmo assim não apresentou crise. Os pontos foram repetidos da sessão
anterior.
Para a 3ª sessão a proprietária relatou melhoras, mais tranqüila, mas que
deduziu que apresentou um episódio de convulsão pelo comportamento
apresentado, mas que não tinha certeza. O teste de Shirmer foi realizado e teve
como resultado 2mm/min no olho direito e 2,5mm/min no olho esquerdo. Os
pontos utilizados foram: B60+R3 (Bilateral); VB20 (Bilateral); E36 (Bilateral); IG4
(Bilateral); VB1 (Bilateral); IG11 e YinTang. Recomendado retornar a dose para
26 gotas BID.
Na 4ª sessão a proprietária relatou que esteve bem melhor, que não teve
episódios de convulsão e que o olho durante a semana esteve muito melhor e
que somente no dia da sessão esteve um pouco mais seco. Relatou também
que está mais esperta no dia-a-dia. Pontos utilizados nesta sessão: B60+R3
(Bilateral); VB20 (Bilateral); E36 (Bilateral); IG4 (Bilateral); VB1 (Bilateral); VG20
e pontos locais do olho. Durante a sessão ficou mais atenta, não deitou e
interagiu com os demais estagiários da sala.
62
FIGURA 19 – PACIENTE RELAXADA DURANTE A 1ª SESSÃO DE ACUPUNTURA COM AS AGULHAS NOS PONTOS DE TRATAMENTO PARA EPILEPSIA
Na 5ª sessão, proprietária relatou que não houve convulsão, mesmo
quando um dos habitantes da casa viajou fato que sempre ocorria. Em relação
aos olhos não citou mudanças. Os pontos foram repetidos da última sessão.
Para a 6ª sessão, foi repetido o teste de Shirmer, e o resultado foi
semelhante ao anterior, ou seja, 2mm/min no olho direito e 2,5mm/min no olho
esquerdo. A paciente estava pesando 8,34 kg e os pontos utilizados foram:
B60+R3 (Bilateral); VB20 (Bilateral); E36 (Bilateral); IG4 (Bilateral); VB1
(Bilateral); VG20; E1+B1 (Bilateral).
Na 7ª sessão os pontos foram repetidos, pois o animal está bem, sem
apresentar crises. Foi procedida a coleta de sangue para avaliar o perfil
bioquímico, hemograma e possível doença endócrina como hipotiroidismo por
ganhar peso constantemente.
63
A paciente ainda se encontra em tratamento e sendo assim o
acompanhamento das demais sessões não foi possível em virtude do término do
período do estágio e conseqüente data de entrega deste relatório de estágio.
7.2.1 Discussão
Neste caso, as crises convulsivas ficaram evidenciadas após o tratamento
para quadros de pseudociese que a mesma apresentava. A chegada da
paciente ao Hospital Veterinário da Universidade Tuiuti do Paraná para o
encaminhamento ao setor de oftalmologia, na verdade colaborou para o seu
bem-estar geral, pois é neste exemplo que se nota a grande importância de
obter a maioria das informações junto aos proprietários.
A dosagem de fenobarbital que ela vinha recebendo ao longo de 5 anos
estava extremamente superior à que de fato é necessária para combater as
crises convulsivas. Pode-se deduzir que essa dosagem foi administrada em
caráter emergencial e não foram realizados exames posteriores para a redução
da dose. O uso contínuo de fenobarbital por si só causa hepatoxicidade e se
associado a doses superiores o agravante é ainda maior.
De acordo com a Medicina Tradicional Chinesa, o órgão fígado se abre
nos olhos, sendo assim doenças ou alterações hepáticas tendem a desenvolver
doenças oculares, o que se evidenciou neste caso. A redução da dose do
anticonvulsivante para a dosagem necessária já contribuiu de imediato para o
bem-estar e a saúde da paciente como um todo, pois o fenobarbital é um
64
derivado barbitúrico, com excelente poder anticonvulsivante por aumentar o
limiar de convulsão, porém ameniza as transmissões elétricas no sistema
límbico (centro das emoções) e demais partes do cérebro, acarretando em
efeitos secundários não desejados como sedação e tranqüilização.
A acupuntura age basicamente de duas formas em associação com os
barbitúricos: retarda a excreção do fármaco já em atividade e potencializa o
efeito, quando o barbitúrico é administrado com intuito anestésico. Neste caso a
acupuntura mostrou-se eficaz no controle das crises convulsivas, por hora não
reduzindo a dose do anticonvulsivante, mas sim evitando novas crises mesmo
frente a alterações emocionais, somadas ao bem-estar da paciente que se
mostrou mais atenta e ágil no dia-a-dia. Ao mesmo tempo observou-se pequena
melhora na ceratoconjuntivite seca onde se obteve um aumento de 1,5
mm/minuto na produção de lágrima, de acordo com o teste de Shirmer.
Por fim, a técnica de implante de ouro nos pontos de maior resultado,
visando o constante estímulo se torna uma excelente opção como tratamento
para que as sessões de acupuntura tenham um intervalo maior e
consequentemente não ocorram convulsões durante estes intervalos.
65
8 CONCLUSÃO
O estágio curricular supervisionado é de grande importância para a
complementação dos conhecimentos adquiridos ao longo do curso de medicina
veterinária, uma vez que a prática em associação ao conhecimento teórico
fundamenta a base do diagnóstico e dá a segurança necessária que o bom
profissional deve ter ao realizar uma consulta. Junto a isso, nos coloca diante da
rotina do dia-a-dia da medicina veterinária obrigando a conhecer os
procedimentos e condutas éticas, a ter postura diante dos clientes, renovar os
conhecimentos, manter contato direto com demais profissionais, mensurar e
filtrar o que tudo o proprietário relata, imaginar que o raro também pode ocorrer
e se orgulhar de cada conquista.
Sabendo disso, concluo que o estágio curricular é justamente a
associação de todos estes fatores e que a perfeita harmonia do diagnóstico e
prognóstico do paciente deve-se aos conhecimentos associados entre inúmeras
atividades das áreas de clínica médica e clínica cirúrgica veterinária.
66
9 REFERÊNCIAS
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2.ed. São Paulo: Manole, 1996.
CHRISMAN, C. L. Convulsões. In: ETTINGER, S.J., FELDMAN, E.C. Tratado de
Medicina Interna Veterinária. 4.ed. V. I e II. São Paulo: Manole, 1997. p.210-216.
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S.J, SHEDING, R.G. Manual Saunders: clínica de pequenos animais. São Paulo:
Roca, 1998. p.1282-1292.
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2000. p.1317-1319.
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Guanabara Koogan, 1990. 388p.
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67
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Tumors in domestic animals. 3.ed. University of California Press, California,
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PADILHA FILHO, J.G., SELMI, A.L. Discopatia cervical no cão. Tratamento
cirúrgico através da fenestração ventral. Estudo retrospectivo (1986-1997).
Ciência Rural, v.29, n.1, p75-78, 1999.
REGEZI, J.A.; SCIUBBA, J.J. Patologia bucal – Correlações clinicopatológicas.
3.ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2000. 475p.
SEIM III, H.B. Cirurgia da espinha cervical. In: FOSSUM, T.W. Cirurgia de
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eqüina no cão. Vet Nov., v.4, n.1, p.125-130, 1998.
TORRO, C. A. Atlas prático de acupuntura no cão. São Paulo: Varela, 1997.
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WHEELER, S.J., SHARP, N.J.H. Diagnóstico e tratamento cirúrgico das
afecções espinhais do cão e do gato. 1.ed. São Paulo: Manole, 1999. p.68-155.
Matheus Amauricio Krolow
A HISTÓRIA DA ACUPUNTURA VETERINÁRIA E SUAAPLICAÇÃO ÀS DESORDENS NEUROLÓGICAS
Monografia apresentada ao Curso de MedicinaVeterinária da Faculdade de Ciências Biológicase da Saúde da Universidade Tuiuti do Paraná,como requisito parcial para Obtenção do títulode Médico Veterinário.
Professora Orientadora: Profa. Tais Marchand Rocha Moreira
Orientador Profissional: Prof. Ricardo Maia
CURITIBA
2007
RESUMO
A histórica da acupuntura veterinária data mais de 7000 anos e a evolução fez
dela uma terapia alternativa segura para o tratamento de convulsões, crises
convulsivas ou crise epileptiforme, que são os distúrbios neurológicos mais
comumente encontrados na prática da Medicina Veterinária de Pequenos
Animais. As convulsões podem ser de origem desconhecida ou ter sua origem
nas doenças neurológicas como a cinomose, que frequentemente resulta em
seqüelas para o paciente após a fase aguda. A qualidade de vida do paciente
portador de uma desordem neurológica estará acometida devido ao uso de
anticonvulsivantes e mesmo assim, muitos pacientes permanecem sintomáticos.
O tratamento complementar com acupuntura visa estimular os pontos reflexos a
fim de restabelecer o equilíbrio energético obtendo-se assim resultados
terapêuticos como a melhora do estado geral do paciente, e, por vezes a
redução da dose do medicamento anticonvulsivante, tornando-se uma terapia de
baixo custo.
Palavras-chave: acupuntura veterinária; epilepsia; desordens neurológicas;
convulsões.
ABSTRACT
The history of the Veterinary Acupuncture dates more than 7000 years, and the
evolution made of it in an alternative therapy to the convulsions, convulsive crisis,
or epilepsy, the neurological riots common found in practical of the Veterinary
Medicine of small animals. The convulsion can be of unknown origin or have its
origin in the neurological illness as a cinomosis, which after acute phase frequent
result in sequels for the patient. The life quality of the carrying patient with a
neurological clutter will be attack due to the use of anticonvulsive and exactly
thus, many patients remain symptomatic. The complementary treatment with
acupuncture aims at to stimulate therapeutically resulted the reflected points in
order to reestablish the balance thus energy getting itself as the improvement of
the general state of the patient, and, for times reducing the frequency of the
anticonvulsive drug, becoming a therapy of low cost.
Key Words: veterinary acupuncture; epilepsy; neurological riots; convulsions.
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
AP – Acupuntura
a.C. – Antes de Cristo
B – Bexiga
BP - Baço/Pâncreas
C – Coração
CS – Circulação Sexual
d.C. – Depois de Cristo
E – Estômago
EA – Eletroacupuntura
F – Fígado
ID – Intestino Delgado
IG – Intestino Grosso
IVAS – International Veterinary Acupuncture Society (Sociedade Internacional de
Acupuntura Veterinária)
MO – Medicina Ocidental
MTC – Medicina Tradicional Chinesa
P – Pulmão
Pc – Pericárdio
R – Rim
Sg – Sangue
SNC – Sistema Nervoso Central
TA – Triplo Aquecedor
VB – Vesícula Biliar
VC – Vaso Concepção
VG – Vaso Governador
LISTA DE NOMES CHINESES
DACHANG – Intestino Grosso
DE QI – A Energia Flui (Sensação sentida ao estimular um acuponto)
FEI – Pulmão
GAN – Fígado
GU QI – Energia dos Alimentos
JING – Essência
JIN YE – Líquidos Orgânicos
PI – Baço/Pâncreas
PONTO SHU – Ponto Diagnóstico ou Ponto de Assentamento.
QI – Energia
SHEN – Rim
XUE – Sangue
XIAOCHANG – Intestino Delgado
XIN – Coração
WEI – Estômago
YIN – Que flui para baixo, para dentro, obscuro, tranqüilo, inibição, astenia,
esfriamento, coisas substanciais e pesadas, deficiência.
YANG – Excesso ou Acúmulo, que flui para cima e para fora, claridade,
mobilidade, excitação, vitalidade, calor, insubstancialidade, atividades funcionais
rápidas e claras.
ZANG FU – Sistema de Órgãos e Vísceras
LISTA DE FIGURAS
FIGURA 01 – ILUSTRAÇÃO, NO CÃO, DOS MERIDIANOS DO VASO
GOVERNADOR E DO VASO CONCEPÇÃO, IDENTIFICANDO OS PRINCIPAIS
PONTOS UTILIZADOS........................................................................................10
SUMÁRIO
1 DEFINIÇÃO DE ACUPUNTURA ...................................................................8
2 ACUPUNTURA VETERINÁRIA..................................................................10
2.1 HISTÓRIA DA ACUPUNTURA VETERINÁRIA.........................................12
2.2 EXPECTATIVAS DOS RESULTADOS COM A ACUPUNTURA
VETERINÁRIA ................................................................................................13
3 O EXAME CLÍNICO NA MTC ......................................................................14
4 PRINCIPAIS INDICAÇÕES DA ACUPUNTURA EM PEQUENOS ANIMAIS ..15
4.1 SEQÜELAS E CONTRA-INDICAÇÕES DA ACUPUNTURA VETERINÁRIA.16
5 ACUPUNTURA NAS DESORDENS NEUROLÓGICAS..............................17
5.1 FISIOLOGIA E ETIOPATOGENIA ENERGÉTICA DAS DOENÇAS
NEUROLÓGICAS ...........................................................................................18
5.2 PROTOCOLO PARA DOENÇAS NEUROLÓGICAS ................................21
5.3 A EPILEPSIA IDIOPÁTICA NA MTC.........................................................22
5.4 SEQÜELAS DE CINOMOSE NA MTC......................................................23
5.5 EXPLICAÇÕES E INDICAÇÕES DOS ACUPONTOS ..............................26
CONCLUSÃO .................................................................................................30
REFERÊNCIAS...............................................................................................31
8
1 DEFINIÇÃO DE ACUPUNTURA
Derivada de acus (agulha) e punctura (punção) pode-se definir a
acupuntura como a inserção de agulhas muito finas, variadas em seu tamanho e
espessura, em pontos preestabelecidos denominados de acupontos, que visam
atingir seus respectivos meridianos sobre o corpo do paciente, a fim de produzir
uma determinada reação fisiológica (MOIRÓN, 2005)
Os acupontos também são chamados de LOCI e podem ser definidos
como regiões que são sensíveis a diferentes estímulos, sendo assim capaz de
gerar respostas que se darão inicialmente no local estimulado e ao mesmo
tempo no meridiano que pertence. A maioria dos acupontos tem uma resistência
cutânea elétrica menor e são mais quentes que a pele circundante ao ponto, são
mais sensíveis à palpação e estão geralmente localizados em depressões
anatômicas (AUTEROCHE, 1992).
De acordo com a Medicina Tradicional Chinesa (MTC), os pontos de
acupuntura se localizam em meridianos ou canais, os quais se conectam e
produzem relações funcionais específicas, ou seja, conectam-se com os tecidos,
órgãos e sistemas por meio destes meridianos. Portanto podemos definir o
meridiano como sendo um conjunto de acupontos que frente a qualquer tipo de
estímulo obtêm-se uma resposta à distância modificando o funcionamento do
órgão e/ou vísceras (DRAEHMPAEHL, 1997).
Os meridianos são em número de 14 (quatorze), que possuem seu
próprio trajeto, sendo 12 (doze) simétricos e bilaterais denominados de
9
principais e 2 (dois) denominados especiais. Ao mesmo tempo podemos dividir
estes meridianos segundo sua função principal (Yin ou Yang) ou através de 3
(três) anéis sendo os dois primeiros anéis os dos meridianos principais e o
terceiro anel correspondente aos meridianos especiais (DRAEHMPAEHL, 1997).
Compõem o primeiro anel os meridianos do Pulmão (P), Estômago (E),
Intestino Grosso (IG) e Baço/Pâncreas (BP). Compondo o segundo anel estão
os meridianos do Coração (C), Intestino Delgado (ID), Bexiga (B) e Rim (R) e o
terceiro anel os meridianos do Pericárdio (Pc), Triplo Aquecedor (TA), Vesícula
Biliar (VB) e Fígado (F). Exatamente nas linhas médias ventrais e dorsais,
conforme ilustra a figura 01, existem os meridianos especiais como o Vaso
Governador (VG) dorsalmente e Vaso Concepção (VC) ventralmente
(DRAEHMPAEHL, 1997). Somando os pontos localizados ao longo dos 12
(doze) meridianos principais chegamos a 618 pontos. Os pontos do meridiano
de VC e VG somam 52 e além destes existem 88 pontos extras, por estar
localizados fora dos meridianos. Se somarmos cerca de 200 pontos de
importância secundária chegaremos perto de 1000 acupontos distribuídos
estrategicamente pelo corpo (TORRO, 1997)
10
FIGURA 01 – ILUSTRAÇÃO, NO CÃO, DOS MERIDIANOS DO VASO GOVERNADOR (ACIMA) E DO VASO CONCEPÇÃO (ABAIXO) IDENTIFICANDO OS PRINCIPAIS PONTOS UTILIZADOS
FONTE: IVAS POINT OUTLINE. Canine Governing Vessel And Conception Vessel, 2007.
2 ACUPUNTURA VETERINÁRIA
Até pouco tempo atrás, a atenção e o tratamento de doenças
degenerativas crônicas ou produtoras de dor crônica, eram pouco estudadas.
Essa falta de atenção ou de empenho era dada por vezes pelos fatores
econômicos, o não convívio com o paciente, falta de preocupação, e até mesmo
11
por desconhecimento do real acometimento do paciente, o que tornava a
eutanásia como o procedimento mais indicado e mais comum. O avanço do
diagnóstico na Medicina Veterinária, da Nutrição e da preocupação cada vez
maior com a qualidade de vida do paciente, fez com que cada vez mais
encontremos pacientes geriátricos, o que não ocorria há anos atrás. Porém
muitos destes pacientes geriátricos se encontram em condições debilitantes
(MOIRÓN, 2005).
Já no animal jovem, o trauma, as doenças e as alterações congênitas
podem causar dor de forma crônica, degenerações neurológicas ou disfunções
fisiológicas que nem sempre podem ser tratadas com sucesso de forma
terapêutica por meio de procedimentos cirúrgicos ou medicamentosos. Visando
buscar a profilaxia destas enfermidades e proporcionar a qualidade de vida ao
paciente debilitado e/ou geriátrico a acupuntura veterinária vem ganhando
espaço cada vez maior na rotina das clínicas veterinárias (MOIRÓN, 2005)
Este crescimento e até mesmo o interesse da Medicina Alopática pela
acupuntura se deve à melhor divulgação realizada pela imprensa em base do
sucesso obtido em casos já comprovados e com isso, despertando o interesse
dos proprietários pela alternativa. Tudo faz com que os médicos veterinários
alopatas busquem auxílio aos colegas acupunturistas. Em 1974 foi criada e
regulamentada a International Veterinary Acupuncture Society (IVAS) para
promover a prática da acupuntura veterinária como parte integral e segura do
sistema de saúde veterinário (MOIRÓN, 2005)
12
2.1 HISTÓRIA DA ACUPUNTURA VETERINÁRIA
A acupuntura é uma das técnicas médicas curativas mais antigas que se
tem conhecimento. Crê-se que uma terapia semelhante tenha existido na Índia
há 7000 anos atrás (MOIRÓN, 2005). No Oriente a acupuntura foi utilizada como
modalidade profilática e terapêutica durante milhares de anos antes de obter a
atual maneira de ser aplicada. Nestas épocas se utilizavam agulhas de pedra e
espinhas de peixe. Logo depois, na idade da pedra, a tecnologia aplicada era a
do bambu, Jade, Cobre, Ferro, Ouro e Prata até que atualmente evoluiu-se para
agulhas de aço inoxidável e/ou outros metais de liga (MOIRON, 2005). Segundo
KOTHBAUER (1990), a MTC classificava os profissionais médicos em 4 (quatro)
formas diferentes:
• Médicos Humanos
• Cirurgiões
• Médicos Veterinários
• Dentistas
A acupuntura veterinária provavelmente seja tão antiga como a
acupuntura médica. Recentemente foi descoberto no Sri Lanka um tratado sobre
o uso da acupuntura em elefantes da Índia, cuja escritura data estimadamente
3.000 anos (MOIRÓN, 2005). O primeiro praticante de acupuntura na Medicina
Veterinária foi Shun Yong (também conhecido como Pao Lo), que viveu em 400
13
a.C. (antes de Cristo) e é considerado o pai da profissão na China. Nesta época
a acupuntura era realizada em cavalos, os quais eram estimulados com flechas
antes das batalhas. Existem relatos que veterinários chineses também tratavam
bovinos, suínos e aves desde o tempo da dinastia Chow. O Japão também
possui antecedentes registrados sobre acupuntura veterinária até o ano 1800
d.C. (depois de Cristo), onde então foi introduzida a Medicina Ocidental (MO).
Na França as evidências contam que a acupuntura veterinária foi utilizada desde
o ano de 1700 d.C. até aproximadamente 1800 d.C. e atingiu novamente o auge
nos últimos 30 anos (RUBIN, 1983).
Atualmente, a maioria dos artigos e publicações existentes sobre acupuntura
veterinária é de países como a França, Bélgica, Taiwan, Áustria, China e
Estados Unidos.
2.2 EXPECTATIVAS DOS RESULTADOS COM A ACUPUNTURA
VETERINÁRIA
Para os casos considerados como agudos o tratamento do animal se
realizada a cada 2 (dois) ou 3 (três) dias. Geralmente obtêm-se uma melhora
gradativa até atingir os resultados desejados. Quando os tratamentos são feitos
semanalmente, os resultados geralmente são obtidos a partir da 3ª ou 4ª
semana. Quando alcançado o objetivo inicial ou próximo a ele, as recaídas
tendem a ser mais lentas ou inexistentes até que o processo se estabilize
(TORRO, 1997).
14
Nos casos considerados crônicos a melhora ocorre de forma mais lenta e
pode variar a cada sessão até que se observem os efeitos desejados.
Estatísticas comprovam eficácia de 50 a 63,4% dos casos tratados, porém com
sessões contínuas até obter o sucesso do tratamento (TORRO, 1997).
3 O EXAME CLÍNICO NA MTC
Inicialmente é preciso formar um padrão correlacionado à MTC, onde se
deve avaliar uma série de parâmetros fisiológicos associando os sinais com os
sistemas e padrões. Para tanto se observa a presença de Calor, Frio, Excesso,
Deficiência, Exterior, Interior, Yin e Yang, influências ambientais e a observação
visando obter a coloração e padrão da língua e da pele, aspectos da pelagem,
secreções ocular e nasal e compleição física (MACIOCIA, 1996).
A MTC possui alguns padrões e teorias de avaliação para a anamnese do
paciente como, por exemplo, a teoria dos cinco movimentos ou elementos, muito
utilizada na Medicina Veterinária que conceitua o paciente de acordo com suas
preferências quanto a sabor, clima preferido e emoções e divide nos elementos
de Madeira, Fogo, Terra, Metal e Água. Cada um destes elementos possui um
ZANG FU de eleição, sendo assim, temos para Madeira (F), Fogo (C), Terra
(BP), Metal (P) e Água (R) (AUTEROCHE, 1992).
Possui ainda, padrões de avaliação que se baseiam na olfação,
auscultação, pulso, horário específico de ocorrência dos sinais e pontos
diagnósticos, que permitem obter informações com relação ao ZANG FU que
15
está em desequilíbrio. O desequilíbrio pode ser causado por inúmeros fatores,
mas é dividido em causas internas e externas. Como causas internas citam-se
as sete emoções (raiva, exaltação, preocupação, saudade, tristeza e medo), a
dieta imprópria, desequilíbrios de atividade e intolerâncias naturais. Já, como
causas externas, citam-se principalmente a teoria dos seis excessos (vento, frio,
calor de verão, umidade, secura e fogo). Já as epidemias, insetos, parasitas e
miscelânea como ataque de outros animais, cortes, abrasões, traumatismo,
queimaduras e causas mecânicas tratadas de outras formas (MACIOCIA, 1996).
4 PRINCIPAIS INDICAÇÕES DA ACUPUNTURA EM PEQUENOS ANIMAIS
A Acupuntura Veterinária, inicialmente era indicada exclusivamente para
doenças que acometiam o sistema neurológico, mais especificamente para as
discopatias. Muitos profissionais, contudo ainda têm para si o conceito que o uso
de agulhas só é indicado nestes casos, mas com o aumento dos resultados e da
divulgação da acupuntura veterinária, esta estatística vem se modificando.
Muitas são as indicações sendo então as principais: discopatias,
imunoestimulação, disfunções do sistema reprodutivo (pseudociese), disfunções
dermatológicas, controle da dor e disfunções neurológicas como epilepsia
idiopática, seqüelas de cinomose e distúrbios comportamentais (KOTHBAUER,
1990)
O número de sessões e o intervalo entre cada uma delas deverá ser
estipulado de acordo com a anamnese e a doença do paciente, dividindo em
casos agudos ou crônicos (RUBIN, 1983).
16
4.1 SEQÜELAS E CONTRA-INDICAÇÕES DA ACUPUNTURA VETERINÁRIA
Basicamente a acupuntura não possui contra-indicações e tampouco
seqüelas, desde que realizada por um profissional experiente e qualificado.
Quando presentes, as seqüelas se devem basicamente ao uso excessivo de
pontos, seleção de pontos incorretos, aplicação de uma estimulação exagerada,
esquecimento de agulhas após a sessão ou sessão demasiadamente
prolongada. Os sinais decorrentes a estes fatores são dores intensas no local da
agulha e exacerbação do problema tratado, que geralmente não dura mais que
24 horas (MOIRÓN, 2005).
A acupuntura veterinária está contra-indicada em casos de sepse,
tumores metastáticos e doenças que envolvam agentes patogênicos de caráter
epidêmico. Ao mesmo tempo, é preciso levar em consideração alguns fatores
importantes antes de iniciar a sessão de acupuntura, como se o paciente se
alimentou recentemente, se estava em exercício ou fadigado, se é gestante, se
tomou banho antes ou tomará depois da sessão, na presença de injeções de
atropina, narcóticos, antagonistas narcóticos ou corticoesteróides e quando não
está cômodo para a sessão. A presença de qualquer um destes fatores pode
tornar a sessão contra indicada (MOIRÓN, 2005).
17
5 ACUPUNTURA NAS DESORDENS NEUROLÓGICAS
A Acupuntura vem ganhado espaço cada vez maior na rotina das clínicas
veterinárias que se depara com situações de desordens neurológicas, graças ao
sucesso obtido em casos já tratados e ao baixo custo que a terapia gera. As
principais indicações da terapia são para os casos de Epilepsia Idiopática e as
seqüelas causadas pela Cinomose (DRAEHMPAEHL, 1997).
Sabe-se que a acupuntura atua liberando importante neurotransmissores
cerebrais como os peptídeos, opióides, serotonina e ácido Y- aminobutírico, que
atuam sobre as desordens neurológicas. Com isso visa-se obter como resultado
o favorecimento positivo do estado geral do paciente alcançando melhor
qualidade de vida com a diminuição da dor e do número e freqüência das crises
pois estas implicam em perda da consciência, movimentos involuntários,
salivação, micção, defecação, emese e perda de Jin Ye. Após a crise o animal
apresenta mudança no comportamento, no intelecto, personalidade, equilíbrio e
andadura e pode permanecer com estes sinais durante 24 horas ou mais. Junto
a isso a AP busca diminuir as doses ou até mesmo cessar o uso de
medicamentos anticonvulsivantes como o fenobarbital e brometo de Potássio,
que usados em longo prazo causam hepatotoxicidade (KOTHBAUER, 1990).
A decisão de tratar um animal com acupuntura, não somente deve
considerar o tipo de desordem neurológica, mas também a resposta que ele já
apresenta, ou não à medicação convencional. Por exemplo, quando a
18
combinação de fenobarbital + brometo de Potássio é ineficiente, o uso da
acupuntura deve ser considerado (KOTHBAUER, 1990).
5.1 FISIOLOGIA E ETIOPATOGENIA ENERGÉTICA DAS DOENÇAS
NEUROLÓGICAS
De acordo com a Medicina Oriental, o ataque convulsivo é uma descarga
sincronizada paroxística excessiva anormal em uma população de neurônios
que resulta em um período de anormalidade clínica. A convulsão é um sinal de
disfunção na substância cinzenta cerebral e não uma doença por si só
(ETTINGER, 1992).
Ataques convulsivos sintomáticos agudos, ocorrem em associação
temporal próxima com uma causa conhecida de ataques, frente à uma agressão
ao Sistema Nervoso Central, como traumatismos na cabeça ou encefalites, ou
no momento de uma lesão metabólica sistêmica aguda ou tóxica (BIRCHARD,
1998).
Já, de acordo com a MTC, as convulsões e estados epilépticos são
produtos de uma disfunção do fígado, que podem ser um aumento de Yang ou
uma deficiência de Yin. Ambos levam a hiperatividade do órgão causando a
produção de vento interno. O excesso de Yang pode levar a produção de calor
interno, também conhecido como fogo do fígado. O vento é um fator patogênico
Yang que sempre se dirige para cima e para fora, razão pela qual o vento
patogênico agride a parte anterior do corpo (cabeça e face) e a superfície (pele)
(MACIOCIA, 2007).
19
A síndrome causada pelo vento interno é uma das afecções do fígado
com manifestações clínicas de vertigens, tremores, convulsões rigidez nas
extremidades, podendo provocar síncope, desvio das comissuras labiais e
palpebrais e hemiplegias (MACIOCIA, 2007).
O fígado transporta, armazena, drena e dispersa o sangue permitindo
uma boa nutrição de todo o corpo. Ele transporta SHUE e JING aos olhos e suas
energias aos tendões e estes estão vinculados às emoções. O fígado controla o
JING, significando assim que controla os tendões e ligamentos, que estão
presentes nas articulações, fazendo com que os mesmos possam mover-se
livremente e para isso necessitam da nutrição do XUE do fígado. Se os tendões
estão mal nutridos em conseqüência de uma grave deficiência de XUE do fígado
ou pela febre que consome os líquidos orgânicos, aparecerão tremores nos
membros, convulsões e opistótono (MACIOCIA, 2007).
O fígado se abre nos olhos e reflete nas unhas, que são prolongamentos
dos tendões. Os olhos estão relacionados a todos os órgãos internos
especialmente ao fígado. Se o XUE do fígado estiver insuficiente a visão se
tornará turva e se o fogo do Fígado sobe, os olhos tornam-se vermelhos e
edemaciados (AUTEROCHE, 1990)
As principais atividades emocionais são governadas pelo coração, mas a
regulação das atividades mentais está diretamente relacionada com o fígado.
Ele faz a comunicação nervosa para promover as atividades funcionais do corpo
através da função de drenagem e dispersão. Se esta função estiver anormal
ocorre a estagnação do Qi do fígado, manifestando-se pela opressão torácica,
20
depressão, dor no hipocôndrio e cios irregulares. Se houver a preponderância de
Qi (Yang) do fígado, manifesta-se pela irritabilidade, cefaléia e vertigem e
havendo a deficiência de Qi do fígado, aparecerão sinais de tontura, vertigem e
insônia. O excesso de Yang do fígado pode levar a um calor interno (fogo do
fígado), aparecendo assim os sinais de convulsão e estado de coma
(AUTEROCHE, 1990)
Nas afecções hepáticas observam-se sinais de irritabilidade e agressão
podendo levar à depressão e nas afecções cardíacas sinais de desordens
emocionais tais como chorar, vocalizar e se alegrar anormalmente (MACIOCIA,
2007).
As relações entre coração e fígado refletem-se na circulação do sangue e
no estado mental principalmente. O coração domina o sangue e controla o
estado mental, o fígado armazena o sangue e determina sua drenagem. Na
insuficiência do sangue no coração tem-se a insuficiência e debilidade do
sangue no fígado. Este padrão provoca a escassez e a retenção do cio. Se o
fígado não cumprir a função de canalizar e de transportar o sangue, pode afetar
as atividades mentais e emocionais que são os processos do coração, podendo
manifestar os sinais de angustia, insônia e melancolia. O estado de coma e as
convulsões causadas pelo calor interno excessivo constituem um outro exemplo
de como a alteração do Qi do fígado pode afetar o coração (MACIOCIA, 2007).
As relações entre fígado e rins refletem-se entre o JING e XUE. O rim é
toda essência de Yin e Yang, o Yin do Rim nutre e controla o Yang do fígado e o
Yang do coração assim como o Yang do Rim controla e nutre o Yin do Pulmão e
21
Baço-Pâncreas. O sangue Yin do fígado nutre-se com a essência dos rins para
manter-se em níveis normais, assim como o JING dos rins necessita de
fortalecimento do sangue do fígado. A perda da essência dos rins conduz
freqüentemente a insuficiência de sangue (Yin) do fígado. Como o rim e o fígado
tem a mesma fonte, a insuficiência de Yin dos rins pode causar a insuficiência
do Yin do fígado e vice-versa, provocando assim a deficiência de Yin dos rins e
do fígado que se manifesta com sinais de vertigem, tonturas, visão turva,
lombalgias e zumbidos nos ouvidos. A deficiência de Yin dos rins não pode
controlar o Yang do fígado produzindo-se a hiperatividade do Yang do fígado
que se manifesta por tonturas, vertigens, irritação, fraqueza e dor nos joelhos e
região lombar (AUTEROCHE, 1992).
5.2 PROTOCOLO PARA DOENÇAS NEUROLÓGICAS
O tratamento com sessões de acupuntura pode ser realizado por meio da
estimulação dos acupontos com agulhas de aço-inox, agulhas de metal,
moxabustão, Eletroacupuntura (EA) ou o implante de fio de ouro nos acupontos
selecionados, para promover a constante estimulação. No caso dos implantes, a
realização de algumas sessões de acupuntura antes do procedimento é
aconselhada, para verificar se os pontos estão corretos para o quadro clinico do
animal e se está havendo a melhora (DELLAI, 2004).
Os animais normalmente são tratados uma vez por semana ao menos
que a dor seja contínua ou a disfunção neurológica seja acentuada, e nestes
casos, são tratados duas vezes por semana. Em geral as desordens com dor
22
são tratadas por meio da punção de pontos para sedação, esta requer a agulha
por 10 (dez) a 20 (vinte) minutos. A EA em pontos de sedação requer corrente
baixa sem dor (MARTINS, 2007).
O número de sessões varia de acordo com cada paciente porém se até
atingir a 8ª sessão não se obtiver resultado algum, mesmo alterando os
protocolos e acupontos, a AP não é indicada para este paciente (MARTINS,
2007)
5.3 A EPILEPSIA IDIOPÁTICA NA MTC
Baseada nos padrões de diagnóstico da MTC, a Epilepsia Idiopática é
uma associação de vento interno invadindo os meridianos, excesso de Yang do
fígado produzindo vento e a deficiência do Yin do rim e do fígado (MACIOCIA,
1996). O tratamento consiste em dispersar o vento do fígado e dos meridianos e
tonificar o Yin do rim (DRAEHMPAEHL, 1997).
Para tanto se deve procurar a perfeita associação dos acupontos de
acordo com os demais sinais e dados obtidos na anamnese do paciente,
podendo a cada sessão intercalar os pontos. Ao obter a associação de pontos
que trouxe resultados, esta deve ser mantida, adicionando ou retirando pontos
conforme a resposta do animal (MOIRÓN, 2005)
Os principais pontos utilizados no tratamento da epilepsia idiopática são:
IG4, IG11, F2, F3, VG14, VG17, VG20, VG24, Pc6, Pc7, R3, R6, B15, B23,
VB13, VB39, C7, BP2, E36, E41 e YINTANG. Durante as crises podem-se
utilizar pontos de emergência como R1 e VG26. Cada acuponto possui inúmeras
23
funções e, portanto a associação dos principais pontos é o sucesso do
tratamento para reverter à crise ou atuar de forma preventiva (KOTHBAUER,
1990).
Cinco cães com epilepsia idiopática intratáveis tiveram uma redução na
freqüência dos ataques após o implante de ouro SC nos acupontos: VG17,
VG20, VG24, VB13 e B52. Estes cães após cinco meses de tratamento tiveram
como resultado a atuação e a redução da medicação (MARTINS, 2007).
5.4 SEQÜELAS DE CINOMOSE NA MTC
Na visão da MTC, a Cinomose canina é sugestiva em estabelecer
analogia primordialmente às síndromes referentes ao vento e calor (COLE,
1996).
Durante a fase aguda da doença não existem medicamentos antivirais ou
agentes quimioterápicos de valor prático para o tratamento específico da
cinomose em cães. Portanto deve ser feito um tratamento de suporte por meio
de antibióticos de amplo espectro a fim de combater as infecções secundárias,
fluidoterapia para a hidratação e fornecimento de energia, anti-eméticos ou anti-
diarréicos, Vitaminas do Complexo B para promover o apetite, suplementos
nutricionais e caso haja convulsões anticonvulsivantes como o fenobarbital
(SWANGO, 1992).
Caso haja o sucesso de cura frente ao caso de Cinomose canina, é
possível que o paciente venha a apresentar seqüelas, deixadas pela doença no
SNC. As seqüelas podem variar de acordo com a gravidade da doença e a
24
intervenção realizada durante o tratamento, porém os pacientes geralmente
apresentam: tremores, mioclonias, parestesias, tonturas, convulsões, paralisias,
incontinência fecal e/ou urinária, opistótono, tontura, coma, vertigens, febres
constantes, tosses, dispnéias, náuseas e dificuldade de locomoção (COLE,
1996).
Desta forma, o animal com cinomose ou seqüelas dela, poderá
apresentar-se com inúmeros sinais diferentes e variados e consequentemente o
tratamento com a acupuntura poderá ser o mais variado possível. Logicamente
há pontos que quase sempre estarão presentes e outros que raramente serão
utilizados. Sendo assim, os principais pontos de escolha para o tratamento das
seqüelas deixadas no SNC pela cinomose canina são: VB20, VB30, VB34,
VB39, F2, R3, TA5, VG3 – BAI HUI, VG16, B10, B18, B23, B60, B62, ID3, IG4,
IG11 e YINTANG (DELLAI, 2004).
Em uma tese de mestrado realizada na Universidade Federal Rural de
Pernambuco, 52 cães acometidos de paralisia de membros pélvicos causados
pela cinomose, foram divididos aleatoriamente em três grupos, após a realização
de uma avaliação neurológica completa. Dezessete cães foram tratados
convencionalmente de acordo com a medicina ocidental, incluindo antibióticos,
complexos vitamínicos e corticosteróides quando necessário. Dezoito cães
foram tratados com acupuntura com agulhas de aço inox número 4 (0,23X30),
por dez minutos cada sessão, sem nenhuma estimulação elétrica nos seguintes
acupontos: B10, B12, B23, VB20, VB30, VB34 e E36. Dezessete cães não
receberam nenhum tratamento. O tratamento com acupuntura foi realizado
25
semanalmente durante quatro semanas, ao final do qual um novo exame
neurológico foi realizado e através de escore, comparado ao exame inicial, para
análise estatística do efeito dos tratamentos nos diferentes grupos
(http://www.abravet.com.br/publicacoes/publicacoes.htm citado por DELLAI,
2004, p.28).
Considerou-se cura quando os animais eram capazes de andar
novamente e ter uma vida normal, sem se observar seqüelas, tais como
incontinência fecal ou urinária e outras. A cura foi observada em nove cães
tratados com acupuntura em apenas um dos cães tratados convencionalmente e
em nenhum cão não tratado. Todos os cães tratados com acupuntura
sobreviveram, enquanto que três cães tratados convencionalmente e cinco cães
não tratados, apresentaram óbito neste período de avaliação, demonstrando que
o tratamento com acupuntura em pontos pré-estabelecidos, apresentou bom
resultados para o tratamento de distúrbios neurológicos produzidos pela
cinomose em cães (http://www.abravet.com.br/publicacoes/publicacoes.htm
citado por DELLAI, 2004, p.28).
26
5.5 EXPLICAÇÕES E INDICAÇÕES DOS ACUPONTOS
De acordo com Auteroche (1992), Umlauf (1995) e Draehmpaehl (1997), os
pontos apresentam as seguintes indicações de uso:
IG4 – Libera endorfinas para atuação na parte anterior do corpo, expele
vento-calor, acalma a mente e alivia a ansiedade. Ponto contra-indicado
para gestantes.
IG11 – Regula o Qi do Pulmão, Ponto Imunoestimulante e Refresca o
calor. Regula o canal do IG e alivia distúrbios cutâneos.
F2 – Ponto de sedação do fígado, utilizado em situações de raiva ou
agressividade ou em casos de estagnação do Qi do Fígado. Expele o
vento interno e o fogo do Fígado..
F3 – Ponto fonte do meridiano da VB (rege tendões) relaxa músculos e
tendões, refresca o calor do fígado e redireciona o Qi em contracorrente.
Ponto contra-indicado em casos de sangramento e no período do cio.
VG3 – Bai Hui – Tonifica o Qi e Yang dos Rins, Regula a passagem das
águas. Indicado principalmente para paralisias.
VG14 – Dispersa o vento e circula o Yang Qi do corpo.
VG16 – Clareia o cérebro, abre orifícios sensoriais e dispersa Vento.
VG17 – Ponto de prevenção de ataques de forma epiléptica e influencia
nos fusos tendíneos da base da musculatura do pescoço.
27
VG20 – Ponto de abertura do VG, ponto geral para sedação e
tranqüilizarão, atua especificamente na epilepsia e proporciona melhora
nas paralisias. Dispersa o vento interno.
VG24 – Ponto estimulante das terminações nervosas para a alimentação
dos vasos dos olhos. Proporciona a correta abertura do Fígado nos olhos.
Pc6 – Ponto com excelente ação no controle do enjôo e na emese. Atua
no tônus parassimpático elevado e dispersa o vento do fígado.
Pc7 – Atua no vômito e na fraqueza da circulação de Xue.
R3 – Tonifica o Qi dos Rins, Restaura o Yin Qi e nutre o Qi e o Xue.
R6 – Influencia a circulação local na bainha dos tendões e possui ação
analgésica como ponto local.
B10 – Abre orifícios sensoriais, dispersa Vento, Vento-Frio, Vento-Calor,
reduz a febre e clareia o calor. Relaxa os tendões e fortalece as costas.
B15 – Atua nas síncopes, regula a circulação de Qi e Xue, age diminuindo
a tosse e a emese.
B18 – Regula e tonifica o Fígado. Regula o Qi e clareia o fogo do Fígado.
Regula o Estòmago atuando no vômito.
B23 – Ponto Shu do Rim, atua tonificando o órgão se utilizado.
B52 – Atua nas lombalgias e age como regulador do TA.
B60 – Fortalece o Qi dos Rins, relaxa os tendões e músculos, harmoniza
a circulação de Qi e Xue e é ponto distal no tratamento de lombalgias.
Indicado também em ondas de febre e em incontinências urinárias
associado ao R3.
28
VB13 – Indicado para doenças dos olhos e para abertura do órgão Fígado
no sentido Visão.
VB20 – Dispersa vento, Vento-Frio ou o Vento-Calor e acalma o Vento-
Interno. Facilita o fluxo de Qi.
VB30 – Dispersa Vento e Calor, clareia a mente, fortalece e relaxa os
tendões e transforma a Umidade. Tonifica o Qi Do Sangue.
VB34 – Ponto mestre dos músculos e tendões. Relaxa o Yang do Fígado
e regula os intestinos.
VB39 – Indicado para dores e edemas e estimulante dos fusos tendíneos.
Ponto mestre da medula óssea e do cérebro. Tonifica o Jing do Rim.
C7 – Ponto de sedação do coração, atua nos problemas funcionais do
coração e tem efeito calmante em inquietude geral.
BP2 – Doenças febris sem transpiração, ponto de harmonização
sistêmico.
E36 – Tonifica o Qi e o Xue, Tonifica o Qi dos Rins, Regulariza o Qi
Defensivo e Nutritivo, Fortalece o corpo e libera endorfinas com atuação
na região posterior do corpo.
E41 – Tem potente ação antidepressiva e atua nas paralisias.
P11 – Ponto mestre para o pescoço, quando feito em sangria atua como
mediador da circulação para a cabeça evitando a perda de Jinye.
TA5 – Ponto de abertura do vaso de ligação Yang. Dispersa vento,
tonifica o Qi, alivia a dor e fortalece os tendões. Indicado também em
29
doenças febris, hemiplegias, paralisias, náuseas, opressões e
incontinência urinária.
YINTANG – Ponto extra, fora dos meridianos, atua como relaxante,
calmante e antidepressivo.
R1 – Indicado nas incontinências urinárias decorrentes das paralisias e
junto ao VG26 é um ponto emergencial em situações de choque, asfixia,
parada respiratória e incidentes com anestesia.
VG26 – Ponto para utilização durante a crise epiléptica, estimula e
normaliza a freqüência respiratória. Indicado também para situações de
coma, asfixia, reanimação, edemas, insolação e epistaxe.
30
CONCLUSÃO
A pesquisa da Medicina Tradicional Chinesa, em evidência a acupuntura
aplicada à Medicina Veterinária, conota ser de grande interesse, de vez que
traduz os conhecimentos milenares, contribuindo ainda mais para sua aceitação
e incorporação na Medicina Ocidental. Com isso tende a contribuir com os
avanços na medicina de forma geral e da neurofisiopatologia em especial. Por
conseqüência o bem-estar animal e humano é beneficiado.
Com a evolução, a Medicina Oriental e a Medicina Ocidental se
encontraram e, com isso, a aceitação dos tratamentos das desordens
neurológicas através da acupuntura associada à alopatia, fez com que os
pacientes acometidos por estas enfermidades possam usufruir de uma melhor
qualidade de vida e tornou a eutanásia uma segunda opção para os pacientes
com encefalites instaladas e paralisia dos membros.
Por conseqüência, podemos concluir que em virtude do sucesso obtido
nos tratamentos, o crescimento da acupuntura aplicada às desordens
neurológicas tende a ser cada vez maior e, sua aceitação cada vez mais
refratária pelos proprietários e pelos demais profissionais das áreas da Medicina
Veterinária.
31
REFERÊNCIAS
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Andrei, 1992,420p.
BIRCHARD, S.J., SHERDING, R.G. Manual Saunders – Clínica de pequenos
animais. São Paulo: Roca, 1998.
COLE, E.F. Avaliação dos efeitos terapêuticos obtidos com a alopatia e a
acupuntura no tratamento de distúrbios neurológicos decorrentes da cinomose
canina. 1996. 205p. Dissertação (Mestrado em Medicina Veterinária) –
Universidade Federal de Pernambuco, Recife.
DELLAI, A. Acupuntura no tratamento da Cinomose canina. 2004. 40p. Trabalho
de Conclusão de Curso (Especialização em Acupuntura Veterinária) –
Universidade Estadual Paulista.
DRAEHMPAEHL, D., ZOHMANN, A. Acupuntura no cão e no gato: princípios
básicos e prática científica. São Paulo: Roca,1997,245p.
ETTINGER, S.J., FELDMAN, E.C. Tratado de Medicina Interna Veterinária. 4.ed.
V. I e II. São Paulo: Manole, 1997.
32
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KOTHBAUER, O., MENG, A. Grundlagen der veterinärakupunktur. 2.ed. Verlag
Welsermühle, Wels, 1990.
MACIOCIA, G. Os fundamentos da medicina chinesa – um texto abrangente
para acupunturistas e fitoterapeutas. São Paulo: Roca, 1996. 658p.
MACIOCIA, G. Os fundamentos da medicina chinesa – um texto abrangente
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MOIRÓN, A. La acupuntura y sus fundamentos para la aplicación en la Medicina
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MARTINS, M., TANAKA, N. M. Diagnóstico e tratamento com acupuntura de
dois casos de discopatia em cães. MEDVEP – Revista Científica de Medicina
Veterinária – Pequenos Animais e Animais de Estimação, Curitiba, v.1, n.1, p.15-
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33
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Apostila do curso de formação em acupuntura veterinária. Curitiba, mod.8, p.5-8.
fev. 2007.
RUBIN, M. Manual de Acupuntura Veterinária. São Paulo: Andrei, 1983.201p.
SWANGO, L.J. Moléstias Virais Caninas. In: ETTINGER, S.J. Tratado de
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UMLAUF, R. Acupuntura na Emergência Médica. São Paulo: Andrei, 1995.112p.