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UNIVERSIDADE DE SO PAULO FACULDADE DE CINCIAS FARMACUTICAS
Programa de Ps-Graduao em Frmaco e Medicamentos
rea de Produo e Controle Farmacuticos
Desenvolvimento e validao de metodologia para medicamentos
contendo dipirona sdica e cloridrato de papaverina isolados e
em associao
Andria Peraro do Nascimento
Tese para obteno do grau de DOUTOR
Orientador: Profa. Titular Erika R. M. Kedor -Hackmann
So Paulo 2005
DEDALUS - Acervo - CQ
1IIIII1111111130100011625
Ficha Catalogr ficaElaborada pela Diviso de Biblioteca e
Documentao do Conjunto das Qumicas da USP.
Nascimento, Andria Peraro doN244d Desenvolvimento e validao de metodologia para medicamentos
contendo dipirona sdica e cloridrato de papaverina isolados eem associao / Andria Peraro do Nascimento. -- So Paulo,2005.
141 p.
Tese (doutorado) - Faculdade de Cincias Farmacuticasda Universidade de So Paulo. Departamento de Farmcia.
Orientador: Kedor-Hackmann, Erika Rosa Maria
l. Medicamento: Controle de qualidade 2. Cromatografia emlquido de alta eficincia: Anlise qumica : Farmacologia3. Espectrofotometria: Anlise de medicamentos I. T. II Kedor-Hackmann, Erika Rosa Maria, orientador.
615.19015 CDD
Andria Peraro do Nascimento
Desenvolvimento e validao de metodologia para medicamentos
contendo dipirona sdica e cloridrato de papaverina isolados e
em associao
Comisso Julgadora
da Tese para obteno do grau de Doutor
Profa. Dra. Erika Rosa Maria Kedor-Hackmann
orientador/presidente
Profa. Dra. Magali Benjamim de Arajo 1o. examinador
Profa. Dra. Maria Palmira Daflon Gremio 2o. examinador
Profa. Dra. Veni Maria Andres Felli 3o. examinador
Profa. Dra. Maria Ins Rocha Miritello Santoro 4o. examinador
So Paulo, 31 de janeiro de 2006.
A glria no consiste em jamais cair, mas sim de erguer-se
toda vez que for necessrio.
Deus,
Os que confiam no Senhor sero como o monte de Sio, que
no se abala, mas permanece para sempre
Salmo 125:1
Aos meus pais Ademar Peraro e Durvalina Cricco Peraro pela
fora, amor e tanta compreenso, principalmente nos momentos
mais difceis.
Ao meu irmo Luciano Cricco Peraro e Maria Helena pelo
apoio, mesmo distncia.
Ao meu marido Lafaiete Marcos pela sua
compreenso, apoio, amizade, encorajamento e amor.
professora Erika Rosa Maria Kedor-Hackmann, pela
orientao, compreenso, sabedoria, apoio profissional e
pessoal durante a realizao deste trabalho.
AGRADECIMENTOS
Coordenadoria do Programa de Ps-Graduao em Frmaco e Medicamentos do
Departamento de Farmcia da Faculdade de Cincias Farmacuticas da
Universidade de So Paulo.
profa Titular Maria Ins Rocha Miritello Santoro, pela amizade, incentivo
colaborao.
Ao prof Dr Anil Kumar Singh, pela amizade, incentivo e sugestes.
s amigas e colegas Rosa Fernanda Igncio, Elizngela Abreu Dutra, Flvia Garcia
e Njla Mohamed Kassab, pelas sugestes, discusses, companheirismo e convvio.
Ao amigo Marcello Garcia Trevisan do Instituto de Qumica da Unicamp, pelos
clculos e interpretaes com a calibrao multivariada, pelas correes e valiosas
sugestes.
Ao Prof. Dr Ronei Jesus Poppi do Instituto de Qumica da Unicamp, pelo uso do
programa MATLABTM , pela ateno e pacincia.
Ao Prof Dr Martin Steppe, pelas amostras de Dipaverina.
Ao Coordenador do curso de Farmcia do Centro Universitrio de Lavras-Unilavras
prof Disney Ribeiro Dias, pela ateno, compreenso e apoio.
Ao amigo Dr. Matheus Puggina de Freitas, pela preciosa sugesto.
Ao amigo Diogo Teixeira Carvalho, pelas correes e incentivo.
Aos colegas do Laboratrio de Controle de Qualidade Fsico-Qumico Tatiana de
Fzio, Pedro Garcia, Ricardo Leite, Renata pelo auxlio e amizade.
funcionria Iria Raimunda da Silva pelo carinho, compreenso e colaborao.
Ktia Botelho, pela amizade e colaborao.
s profas Dra Valentina Porta e Dra Maria Palmira Gremio pelas correes e
sugestes.
Eliane Silva de Sousa, bibliotecria do Centro Universitrio de Lavras-Unilavras,
pelo auxlio bibliogrfico.
Ao prof Dr Jorge Seferin Martins pelo apoio.
s funcionrias Raquel e Regina Maura Rojas, pela colaborao.
Elizabete C. S. Paiva, secretria do Programa de Ps-Graduao em Frmaco e
Medicamentos, pela ateno e colaborao.
Aos funcionrios da Secretaria de Ps-Graduao da Faculdade de Cincias
Farmacuticas da Universidade de So Paulo Elaine M. Ychico, Jorge de Lima e
Maj pela ateno e colaborao.
Aos tios do Lafaiete, Antnio Batista da Matta e Odete Caputo da Matta, pelo apoio e
incentivo.
Fundao de apoio para o remdio popular Furp, pelo fornecimento de matrias-
primas.
Indstria Cristlia Produtos Qumicos e Farmacuticos pelo fornecimento de
matrias-primas e solventes.
Ao CNPq pela concesso da bolsa, mesmo tendo sido utilizada por alguns meses.
A todos que direta e indiretamente colaboraram pela realizao deste trabalho.
RESUMO
A dipirona sdica em associao com o cloridrato de papaverina usada
como medicamento analgsico e antiespasmdico. O objetivo desta pesquisa foi o
desenvolvimento e validao de mtodos analticos para a determinao de dipirona
sdica e cloridrato de papaverina em preparaes farmacuticas. A soluo oral
contendo dipirona sdica isolada e a soluo oral contendo a associao de dipirona
sdica e cloridrato de papaverina foram determinadas por cromatografia lquida de
alta eficincia, com as condies padronizadas: Coluna cromatogrfica: Supelcosil
C18 - LCPH (250 mm X 4,6 mm, 5m) Supelco e pr coluna C -18 (20 X 4,6 mm,
5m) Supelco, fase mvel: gua: acetonitrila: metanol (70: 20: 10) trietilamina 0,3% e
pH: 3,0 ajustado com cido ortofosfrico, vazo de 0,7 mL/min e deteco no UV a
254 nm.
Para a soluo injetvel contendo cloridrato de papaverina foi padronizado e
validado o mtodo por cromatografia lquida de alta eficincia, empregando coluna
cromatogrfica Merck LiChrospher 100 RP - 18 (125 X 4,6 mm, 5m), fase mvel:
gua : acetonitrila : metanol ( 70 : 20 : 10 ) trietilamina 0,3% e pH: 3,0 ajustado com
cido ortofosfrico, vazo: 1,0 mL/min e deteco no UV a 254 nm.
Para a determinao simultnea de dipirona sdica e cloridrato de papaverina
em soluo oral, foi desenvolvida uma nova metodologia utilizando
espectrofotometria na regio do ultravioleta (UV) e calibrao multivariada. Neste
sistema, utilizou-se a faixa de leitura: 210 a 300 nm (passo 0,5 nm) e metanol como
solvente. A calibrao foi feita com 25 solues nas concentraes de 15,0 a 35,0
g/mL para a dipirona sdica e de 0,5 a 1,5 g/mL para o cloridrato de papaverina.
As curvas de calibrao foram lineares. Os excipientes das amostras no
interferiram nas metodologias. Foram apresentados adequados resultados de desvio
padro e mdia de recuperao. Os mtodos propostos mostraram especificidade,
preciso e exatido para a determinao de dipirona sdica e cloridrato de
papaverina em formulaes farmacuticas.
ABSTRACT
Dipyrone sodium and papaverine hydrochloride are used as an analgesic and
antispasmodic drugs. The objective of this study was to develop and validate
analytical methods for determination of dipyrone sodium and papaverine
hydrochloride in pharmaceutical preparations.
The commercial formulations with dipyrone hydrochloride alone and its
combination with papaverine hydrochloride were analysed by liquid chromatography.
A Supelcosil C18 - LCPH column (250 X 4.6 mm, 5m) Supelco and a mobile phase
constituted by water: acetonitrile: methanol (70:20:10), with 0.3% of triethylamine and
pH adjusted to 3.0 with phosphoric acid were used. The flow rate was 0.7 mL/min
and UV detection at 254 nm.
The injection formulation with papaverine hydrochloride was analysed by a
high performance liquid chromatographic method. The method was standardized and
validated using a Merck LiChrospher 100 RP 18 column (125 X 4.6 mm, 5m) and
a mobile phase constituted of water: acetonitrile: methanol (70:20:10), with 0.3% of
triethylamine and pH adjusted to 3.0 with phosphoric acid. The flow rate was 1.0
mL/min and UV detection at 254 nm.
The same oral solution with the combination of dipyrone sodium and
papaverine hydrochloride was also quantified by UV spectrophotometry using
multivariate calibration, in the range of 210 to 300 nm. The calibration set was
constructed with twenty-five solutions in the concentration ranges from 15.0 to 35.0
g mL-1 for dipyrone sodium and 0.5 to 1.5 g mL-1 for papaverine hydrochloride in
methanol.
The results show that the methods presented good relative standard deviation
and good recovery values. The obtained data indicates specificity, precision and
accuracy of the proposed methods for the simultaneous determination of dipyrone
sodium and papaverine hydrochloride in pharmaceutical formulations.
SUMRIO
1 INTRODUO 01
2 REVISO DE LITERATURA 05
2.1 Dor 05 2.1.1 Classificao da dor 06 2.1.2 Tratamentos da dor 07 2.2 Analgsicos, antipirticos e antiinflamatrios 08 2.2.1 Dipirona sdica 11 2.2.1.1.Metabolismo 12 2.2.1.2.Mecanismo de ao da dipirona 13 2.2.1.3 Usos clnicos da dipirona 14 2.2.1.4 Polmica sobre o uso da dipirona 15 2.2.2 Metodologias para a anlise de dipirona sdica 19 2.2.2.1 Espectrofotometria Ultravioleta/Visvel (UV/VIS) 19 2.2.2.2 Cromatografia lquida de alta eficincia CLAE 22 2.2.2.3 Outras metodologias analticas para a determinao de dipirona sdica 23 2.3 Cloridrato de papaverina 24 2.3.1 Farmacocintica 25 2.3.2 Farmacodinmica 25 2.3.3 Usos clnicos 25 2.3.1Metodologias analticas para determinao de cloridrato de papaverina 26 2.3.1.1. Cromatografia lquida de alta eficincia CLAE 26 2.3.1.2 Outras metodologias utilizadas para a determinao analtica de cloridrato de papaverina
29
2.4 Espectrofotometria no Ultravioleta e Visvel (UV/VIS) 30 2.5 Cromatografia lquida de alta eficincia CLAE 34 2.5.1 Instrumentao para a CLAE 35 2.5.2 Modos de separao por CLAE 37 2.5.2.1 Cromatografia em fase normal 38 2.5.2.2 Cromatografia em fase reversa 39 2.5.2.3 Cromatografia de compostos inicos 39 2.5.2.4 Cromatografia de troca inica 40 2.5.2.5 Cromatografia de excluso 41 2.6 Mtodos de calibrao multivariada 41 2.7 Quimiometria 44 2.8 Validao de mtodos analticos 45 3 OBJETIVOS 51
4 MATERIAL E MTODOS 52
4.1 Material 52 4.1.1 Reagentes e solventes 52 4.2 Substncias qumicas de referncia 53 4.1.3 Equipamentos e acessrios 53 4.1.4 Amostras 54
4.2 Mtodos 56 4.2.1 Testes preliminares 56 4.2.2 Ensaios cromatogrficos preliminares para a anlise de dipirona sdica e cloridrato de papaverina
57
4.2.3 Validao da metodologia analtica para a cromatografia lquida de alta eficincia
60
4.2.3.1 Padronizao do mtodo cromatogrfico para a associao de dipirona sdica e cloridrato de papaverina
60
4.2.3.1.1 Construo da curva analtica 61 4.2.3.1.2 Pesquisa de interferentes a partir de excipientes para a Amostra 1 63 4.2.3.1.3 Aplicao do mtodo padronizado Amostra 1 64 4.2.3.1.4 Pesquisa de interferentes a partir de excipientes para a Amostra 2 65 4.2.3.1.5 Aplicao do mtodo padronizado Amostra 2 67 4.2.3.2 Padronizao do mtodo cromatogrfico para o cloridrato de papaverina isolado
69
4.2.3.2.1 Construo da curva analtica 70 4.2.3.2.2 Pesquisa de interferentes a partir de excipientes 70 4.2.3.2.3 Aplicao do mtodo padronizado Amostra 3 72 4.3 Ensaios preliminares utilizando a espectrofotometria no UV com aplicao do PLS (Partial Least Squares) para a anlise de dipirona sdica e cloridrato de papaverina
74
4.3.1 Modelo de calibrao para a espectrofotometria no UV com aplicao do PLS
75
4.3.1.1 Pesquisa de interferentes a partir de excipientes 77 4.3.1.2 Aplicao do mtodo padronizado Amostra 1 78 5 RESULTADOS 81
5.1 Testes preliminares com as substncias de referncia 81 5.1.1 Testes descritos pela Farmacopia Britnica 81 5.1.2 Teste de identificao por espectrofotometria no UV 83 5.2 Ensaios cromatogrficos preliminares para a anlise de dipirona sdica e cloridrato de papaverina
84
5.2.1 Testes preliminares com a coluna cromatogrfica Merck LiChrospher 100RP- 8 (125 X 4,6 mm , 5m)
84
5.2.2 Testes preliminares com a coluna cromatogrfica Merck LiChrospher 100 RP -18 (125 X 4,6 mm, 5m)
86
5.2.3 Testes preliminares com a coluna cromatogrfica Nova Pack C18 (300 x 3,9mm)
88
5.2.4 Seleo de melhor comprimento de onda atravs de espectros de absorbncia
88
5.3 Padronizao do mtodo cromatogrfico para a associao de dipirona sdica e cloridrato de papaverina
90
5.3.1 Construo da curva analtica 90 5.3.2 Pesquisa de interferentes a partir de excipientes para a Amostra 1 - Especificidade
93
5.3.3 Aplicao do mtodo padronizado Amostra 1 95
5.3.4 Pesquisa de interferentes a partir de excipientes para a Amostra 2 Especificidade
97
5.3.5 Aplicao do mtodo padronizado Amostra 2 99 5.4 Padronizao do mtodo cromatogrfico para o cloridrato de papaverina em amostra isolada
100
5.4.1 Construo da curva analtica 1005.4.2 Pesquisa de interferentes a partir de excipientes 1035.4.3 Aplicao do mtodo padronizado Amostra 3 1045.5 Ensaios preliminares utilizando a espectrofotometria no UV com aplicao do PLS para a anlise de dipirona sdica e cloridrato de papaverina
106
5.5.1 Pesquisa de interferentes a partir de excipientes - Especificidade 1095.6 Comparao estatstica dos mtodos de cromatografia lquida (CLAE) e espectrofotometria na regio do ultravioleta (UV) com aplicao do PLS
113
6 DISCUSSO 116
7 CONCLUSES 124
8 REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS 126
1
1. INTRODUO
A dor , em geral, um grande aliado do ser humano, um indicador de que
alguma coisa vai mal no organismo. ela que aponta para a existncia de uma
doena ou avisa que o corpo pode ter chegado ao limite em razo de um esforo
fsico ou mesmo do stress. Em muitos casos a dor a prpria doena, no
consegue-se a cura (BUCHALLA, A. P.; POLES, C., 2002). De acordo com a
Associao Internacional do Estudo da Dor, a dor uma experincia sensitiva e
emocional desagradvel associada ou relacionada leso real ou potencial dos
tecidos, e cada indivduo aprende a utilizar esse termo atravs das suas prprias
experincias anteriores. Da que comum se ouvir que cada pessoa entende da sua
dor, o quanto di, onde di, como di, e o que reduz ou piora a sensao dolorosa
(International Association for the Study of Pain, IASP) (TEIXEIRA, M. J, 2005).
De acordo com dados aceitos e divulgados por diversas entidades mdicas
internacionais, pelo menos 30% dos indivduos sentem dor durante algum momento
da sua vida e, em mais de um tero dos casos, a dor tem durao superior a um dia.
A dor a causa principal de sofrimento, incapacitao para o trabalho e ocasiona
graves conseqncias psicossociais e econmicas. No existem dados estatsticos
oficiais sobre a dor no Brasil, mas a sua ocorrncia tem aumentado
substancialmente nos ltimos anos (SOCIEDADE, 2005).
Os dados referentes incidncia da dor crnica, aquela cuja durao igual ou
superior a seis meses, mostram que entre 7 a 40% da populao mundial tm este
tipo de dor e, desse contingente de pessoas, cerca de 60% ficam parcial ou
totalmente incapacitados, de maneira transitria ou permanente, comprometendo de
modo significativo a sua qualidade de vida (SOCIEDADE, 2005).
O aumento dos casos de dor registrados em todo o mundo, especialmente os de
dor crnica, vem crescendo talvez em decorrncia de novos hbitos de vida, maior
2
longevidade dos indivduos, prolongamento da sobrevida de pessoas com males
naturalmente fatais, modificaes do ambiente em que se vive e, provavelmente, do
reconhecimento de novos quadros dolorosos e da aplicao de novos conceitos que
expliquem ou justifiquem as to diversas sensaes dolorosas.
As dores que mais atingem a populao so a cefalia, quase 30 % dos
brasileiros sofrem de dores de cabea crnicas, as mais comuns so a enxaqueca e
a cefalia tensional. A cefalia de cunho crnico ocupa o primeiro lugar no apenas
entre os adultos, mas tambm entre as crianas.
A lombalgia, tradicional dor nas costas, vitima cerca de 20 % da populao.
Outros tipos de dores musculares que surgem em qualquer parte do corpo, esto
associadas a movimentos repetitivos, m postura, stress, traumatismos ou
sobrecarga muscular (VAN TULDER M, KOES B, 2001). O tratamento, na maioria
das vezes, consiste de analgsicos, antidepressivos e sesses de alongamento.
Outras causas de dor crnica so a artrose (desgaste da cartilagem de uma
articulao) e artrite reumatide (inflamao na articulao), nesses casos
inevitvel o uso contnuo de analgsicos e antiinflamatrios (BUCHALLA, A. P.;
POLES, C., 2002)
Dentre os 5 frmacos mais vendidos em todo o mundo, 4 so analgsicos: a dor
movimenta uma indstria de bilhes de dlares anualmente. Hoje, graas ao de
frmacos cada vez mais eficazes, somos capazes de lutar e vencer a dor (QUIMICA
VS DOR, 2005).
A produo de analgsicos e antiinflamatrios o ramo que mais cresce em toda
a indstria farmacutica mundial. O Brasil o segundo maior mercado consumidor
de analgsicos do mundo, com cerca de 500 milhes de dlares movimentados
anualmente. A lista dos dez medicamentos mais procurados nas farmcias
brasileiras inclui quatro medicamentos para combater a dor, dentre eles a dipirona
sdica um dos medicamentos mais consumidos (BUCHALLA, A. P.; POLES, C.,
2002).
3
A dipirona , em verdade, o principal analgsico da teraputica brasileira, com
31,8 % do mercado, sendo o paracetamol com 29,7 % em segundo e o cido acetil
saliclico, com 27,1 %, em terceiro (GAZETA MERCANTIL, 2003). Existem no pas
125 produtos a base de dipirona, sendo 71 em associao a outras substncias
(ANDRADE, M. P. 2005). Dentre estas h medicamentos com associao de
dipirona sdica, que age como analgsico e antipirtico e cloridrato de papaverina,
que possui ao antiespasmdica. No mercado brasileiro comercializam-se os
seguintes medicamentos contendo essa associao: Atroveran (Laboratrio DM);
Melpaz (Laboratrio Profarb); Sedalene (Cristlia Produtos Qumicos e
Farmacuticos), entre outros (DEF, 2004; DEF, 2005).
H tambm outras associaes entre analgsicos, por exemplo: dipirona sdica e
paracetamol; paracetamol e ibuprofeno; dipirona, citrato de orfenadrina e cafena;
dipirona e butil brometo de escopolamina; dipirona, cloridrato de prometazina e
cloridrato de adifenina, entre outros (DEF, 2005).
Nos compndios oficiais no constam monografias de medicamentos analgsicos
em associao, a maioria analisada individualmente.
A cromatografia lquida de alta eficincia (CLAE) um dos mtodos analticos
mais utilizados para a determinao de compostos em misturas, como por exemplo,
a associao de frmacos (ALTUN, M.L., 2001). Um dos grandes problemas dessa
metodologia o alto custo dos equipamentos e sua manuteno, alm do uso de
solventes altamente puros.
Alguns laboratrios de pesquisas tm procurado tcnicas alternativas quando no
h possibilidade de se usar a CLAE. Os pesquisadores tm buscado melhorar as
metodologias j existentes.
Um grande avano nas tcnicas instrumentais analticas foi impulsionado pela
presena de microprocessadores e microcomputadores nos laboratrios qumicos,
no incio dos anos setenta. Foi necessrio criar tcnicas de tratamento de dados
4
mais complexas do ponto de vista matemtico e estatstico, surgindo uma nova
disciplina chamada quimiometria (SENA, M.M.; POPPI, R.J., 2004).
A quimiometria (do ingls chemometrics) descreve as tcnicas e operaes
associadas com o tratamento matemtico e a interpretao de dados qumicos. Com
o avano da instrumentao e automao dentro dos laboratrios de anlise, uma
enorme quantidade de dados, tabelas e grficos comearam a ser gerados muito
rapidamente. A identificao, classificao e interpretao desses dados podem ser
fatores limitantes na eficincia e na operao efetiva das anlises, principalmente
sem a utilizao de um tratamento de dados adequado.
A espectroscopia molecular tem sido a rea da qumica analtica, onde mais a
quimiometria tem contribudo. So numerosas as metodologias quantitativas
desenvolvidas nas ltimas dcadas baseadas na combinao de calibrao
multivariada (BRERETON, R.G., 2000) com tcnicas de espectroscopia molecular
tais como, absoro no ultravioleta (UV) (DIN, E.; BALEANU, D.; ONUR, F.,2001),
e/ou no visvel, no infravermelho (IV) mdio ou prximo, Raman e fluorescncia
molecular (BRAGA, J. W. B.; POPPI, R.J. 2004).
Para a determinao direta de frmacos tem sido aplicada a combinao de
quimiometria e espectroscopia molecular. A calibrao multivariada e a
espectroscopia molecular uma alternativa rpida, simples e relativamente barata
para a determinao direta de frmacos (SENA, M.M.; POPPI, R. J, 2004).
5
2. REVISO DE LITERATURA
2.1 Dor
A dor continua sendo uma das grandes preocupaes da Humanidade. Desde
os primrdios do ser humano, conforme sugerem alguns registros grficos da pr-
histria e os vrios documentos escritos ulteriormente, o homem sempre procurou
esclarecer as razes que justificassem a ocorrncia de dor e os procedimentos
destinados a seu controle. A expresso da dor varia no somente de um indivduo
para outro, mas tambm de acordo com as diferentes culturas. A ocorrncia de dor,
especialmente crnica, crescente, talvez em decorrncia de novos hbitos de vida;
maior longevidade do indivduo; prolongamento de sobrevida dos doentes com
afeces clnicas naturalmente fatais; modificaes do ambiente em que vivemos; e
provavelmente do reconhecimento de novos quadros dolorosos e da aplicao de
novos conceitos que traduzam seu significado. Alm de gerar estresses fsicos e
emocionais para os doentes e para os seus cuidadores, a dor razo de fardo
econmico e social para a sociedade (TEIXEIRA, M. J, 2005).
Nos Estados Unidos, dor uma prioridade para a sade pblica, sendo a
partir de 2000, escolhida como a dcada da dor, e um dos quatro aspectos
analisados no credenciamento e pontuao dos hospitais. Os hospitais tambm
devem ter o 5 sinal vital (dor) registrado obrigatoriamente, alm de temperatura,
presso arterial, pulso e respirao nas papeletas hospitalares (MARQUEZ, J. O.,
2005).
Atualmente o tratamento da dor tem recebido ateno especial de mdicos de
todo o mundo, com um crescente nmero de profissionais que estudam e se
dedicam ao aperfeioamento dos cuidados clnicos e teraputicos da dor. H
tambm todo um movimento para incluir a dor como 5 sinal vital (SOCIEDADE,
2005), como j ocorre nos Estados Unidos.
6
2.1.1 Classificao da dor
A dor pode ser considerada como um sintoma ou manifestao de uma
doena ou afeco orgnica, mas tambm pode vir a constituir um quadro clnico
mais complexo. Existem muitas maneiras de se classificar a dor. Considerando a
durao da sua manifestao, ela pode ser de trs tipos: - DOR AGUDA - Aquela
que se manifesta transitoriamente durante um perodo relativamente curto, de
minutos a algumas semanas, associada leses em tecidos ou rgos, ocasionadas
por inflamao, infeco, traumatismo ou outras causas. Normalmente desaparece
quando a causa corretamente diagnosticada e quando o tratamento recomendado
pelo especialista seguido corretamente pelo paciente. A dor constitui-se em
importante sintoma que primariamente alerta o indivduo para a necessidade de
assistncia mdica, por exemplo: a dor ps-operatria (que ocorre aps uma
cirurgia); a dor que ocorre aps um traumatismo; a dor durante o trabalho de parto; a
dor de dente; as clicas em geral, como nas situaes normais (fisiolgicas) do
organismo que podem provocar dores agudas, como o processo da ovulao e da
menstruao na mulher (SOCIEDADE, 2005).
DOR CRNICA - Tem durao prolongada, que pode se estender de vrios
meses a vrios anos e que est quase sempre associada a um processo de doena
crnica. A dor crnica tambm pode ser conseqncia de uma leso j previamente
tratada. Exemplos: Dor ocasionada pela artrite reumatide (inflamao das
articulaes), dor do paciente com cncer, dor relacionada a esforos repetitivos
durante o trabalho, dor nas costas e outras (SOCIEDADE, 2005).
DOR RECORRENTE - Apresenta perodos de curta durao que, no entanto,
se repetem com freqncia, podendo ocorrer durante toda a vida do indivduo,
mesmo sem estar associada a um processo especfico. Um exemplo clssico deste
tipo de dor a enxaqueca (SOCIEDADE, 2005).
7
2.1.2 Tratamentos da dor
O tratamento adequado dos processos dolorosos tem como pilar fundamental
o diagnstico das causas que provocaram o seu aparecimento, com base no exame
clnico e nos exames complementares. Nos casos de dor aguda, a remoo da
causa da dor (por exemplo, a extrao de um dente cariado), o uso de
medicamentos adequados e em determinados casos procedimentos de fisioterapia e
/ ou psicologia so suficientes para a melhora da dor e restabelecimento do individuo
em suas atividades normais. Os casos de dor crnica demandam um tratamento
mais complexo e prolongado, por serem resultantes de mecanismos multifatoriais
que conduziram o organismo afetado a esse ponto de cronicidade e, em geral,
demandam avaliao por especialistas de vrias reas para se obter um melhor
alvio da dor. Os mtodos para o tratamento da dor so utilizados de maneira
associada (conjunta), conforme a necessidade de cada paciente e so descritos a
seguir:
- TRATAMENTO MEDICAMENTOSO: A medicao deve ser utilizada de
acordo com a orientao mdica e no somente quando o paciente considere
necessrio. Consiste na administrao por via oral, injetvel ou uma outra mais
apropriada, de produtos como os analgsicos e anti-Inflamatrios, que combatem a
dor e as inflamaes nos tecidos ou rgos e de produtos adjuvantes, que so
auxiliares dos analgsicos, aumentando a sua eficincia no alvio da dor e, ao
mesmo tempo, melhorando o apetite, o humor e a parte emocional. So eles:
antidepressivos, que tem efeito analgsico e que, alm disso, melhoram o humor, o
sono e o apetite; neurolpticos, que em geral diminuem a ansiedade gerada pela dor
e que tambm colaboram no seu alvio; corticosterides, que em geral reduzem o
inchao e a inflamao local, aumentam o apetite e o nimo. Em situaes especiais
tambm so utilizados os anticonvulsivantes, miorrelaxantes e outros tranqilizantes.
- TRATAMENTOS AUXILIARES: Alm dos medicamentos, a utilizao de
recursos como a fisioterapia, a acupuntura e a psicologia auxiliam num melhor
controle do processo da dor. Esses recursos, alm de aliviarem a dor, tm a
8
vantagem de apresentarem pouco ou nenhum efeito colateral e de diminuir a
necessidade de analgsicos (TEIXEIRA, M. J, 2005).
2.2 Analgsicos, antipirticos e antiinflamatrios
A dor e a febre, associadas ou no a processos inflamatrios, tm
preocupado a humanidade h muitos sculos. A utilizao de infuses de plantas,
notadamente de Salix alba vulgaris ( casca do salgueiro) , como antipirtico remonta
ao sculo XVIII. Da casca do salgueiro Leroux isolou, em 1827, a salicina, que, por
hidrlise, libera glicose e lcool saliclico (saligenina). Mais tarde, em 1838, Piria
isolou um cido da salicina, que denominou de cido saliclico. Em 1844, o cido
saliclico foi isolado por Cahours do leo de gaultria (wintergreen), e finalmente, em
1860, Kolbe e Lautemann conseguiram obt-lo atravs de sntese. Em 1899, Dreser
introduziu no uso clnico o cido acetilsaliclico. Tais descobertas foram seguidas
pela introduo de novos produtos, dando incio teraputica de importantes
compostos de ao analgsica, antipirtica e antiinflamatria, que ainda hoje
continuam em franco desenvolvimento (SILVA, P. 2002)
Analgsicos so depressores seletivos do sistema nervoso central
empregados para aliviar a dor sem causar a perda de conscincia. Agem por elevar
o limiar da percepo da dor. O termo analgesia vem da palavra grega que significa
sem dor.
A associao Mdica Norte-Americana dividiu os analgsicos em duas
classes: analgsicos fortes ou hipnoanalgsicos e os analgsicos suaves.
Os analgsicos suaves, isto , os que eliminam dores moderadas, tais como
cefalia, mialgia, artralgia e outras, podem apresentar tambm aes antitrmica,
antiinflamatria e antigotosa, alm de outras. Distinguem-se, portanto, os
antipirticos, os anti-reumticos e os uricosricos.
9
Antipirticos ou antitrmicos so frmacos que eliminam ou aliviam os
estados febris. No baixam a temperatura normal, mas apenas quando ela est
elevada.
A temperatura corporal controlada por um mecanismo regulador situado no
hipotlamo, que controla a produo e a perda de calor. O hipotlamo , por assim
dizer, o termostato do organismo. Ao sobrevir febre, eleva-se o nvel do
termostato, embora persista o equilbrio entre a produo e perda de calor. Entre as
causas da febre sobressaem as seguintes: inflamao, neoplasias, leses do
sistema nervoso central, desidratao (sobretudo em crianas), certos frmacos,
molstias infecciosas (KOROLKOVAS, A. BURCKHALTER, J. H., 1988).
O desequilbrio entre a produo e a perda de calor desencadeado pelos
neurnios do hipotlamo em resposta a um estmulo provocado por piretognios
endgenos leucocitrios, que so protenas especficas veiculadas pelo plasma.
Estes piretognios so sintetizados por certos tipos de leuccitos quando os
piretognios exgenos (tais como bactrias) invadem o organismo. Os antipirticos
produzem abaixamento da temperatura corporal elevada em conseqncia do
aumento da perda de calor (KOROLKOVAS, A. BURCKHALTER, J. H., 1988).
Os analgsicos antipirticos e antiinflamatrios constituem um grupo de
compostos muito heterogneos com vrias estruturas qumicas, podendo ser
distribudos nas seguintes classes, de acordo com o grupo qumico a que pertencem
(KOROLKOVAS, FRANA, F.F.A.C., 2002):
- salicilatos: salicilato de sdio, cido acetilsaliclico, salicilamida, diflunisal;
- derivados da pirazolona: fenazona; metamizol;propifenazona
- derivados do para-aminofenol: paracetamol (acetaminofeno);
- derivados de cidos arilpropinicos: ibuprofeno, naproxeno, fenoprofeno;
10
Alm dos analgsicos que tambm so usados como antipirticos, h aqueles
que se utilizam exclusivamente como analgsicos, embora possam exercer
igualmente outras aes. Esses frmacos so divididos em: frmacos usados no
tratamento de neuralgias; fenamatos; frmacos antienxaqueca e diversos
(KOROLKOVAS, FRANA, F.F.A.C., 2002) :
- frmacos usados no tratamento de neuralgias: neuralgia do trigmeo
carbamazepina (anticonvulsivante); baclofeno (miorrelaxante) e fenitona
(anticonvulsivante); neuralgia glossofarngea carbamazepina; neuralgia ps-
herptica amitriptilina (antidepressivo); neuralgia diabtica carbamazepina,
fenitona ou antidepressivos tricclicos;
-fenamatos e issteros: cido mefenmico; clonixinato de lisina; floctafenina;
- frmacos antienxaqueca: diidroergotamina; ergotamina; metisergida;
naratriptana; pizotifeno; rizatriptana; sumatriptana; zolmitriptana; betabloqueadores;
bloqueadores do canal de clcio; antidepressivos e compostos de ltio;
- diversos: flupirtina, levomepromazina e viminol.
No comrcio so encontradas especialidades farmacuticas que contm um
produto isoladamente ou associao de princpios ativos pertencentes ao mesmo ou
a diferentes grupos (SILVA, P. 2002).
11
2.2.1 Dipirona sdica
Figura 1 - Estrutura qumica da dipirona
A dipirona tambm chamada de Noramidopiriniometanossulfonato sdico,
analgina, metamizol, metampirona, noramidopirona, sulpirina e por outros nomes,
um dos derivados do pirazol.
P cristalino branco ou quase branco, inodoro, solvel em gua.
reconhecidamente analgsico e antipirtico eficiente. Por ser hidrossolvel, pode ser
administrado parenteralmente em grandes doses, o que constitui vantagem e,
provavelmente, contribui para o abuso deste frmaco, que o analgsico e
antipirtico mais vendido no Brasil sob dezenas de nomes comerciais,
principalmente como constituinte de associaes medicamentosas (KOROLKOVAS,
A. BURCKHALTER, J. H., 1988).
12
A dipirona sdica um derivado pirazolnico introduzido na prtica clnica em
1922, na Alemanha. A histria de sua sntese remonta a 1883, quando a nica forma
conhecida de combate febre, na Europa, era o consumo de um produto feito
base de casca de cinchona, rvore natural de Java, da famlia das rubiceas. Este
produto, alm de ter eficincia relativa, tinha custo excessivamente alto, em razo de
sua escassez e difcil obteno. Assim, a produo industrial da antipirina (ou
fenazona), que um derivado pirazolnico sintetizado a partir da anilina (um
corante), por um laboratrio farmacutico alemo, medida que permitiu a produo
sinttica de um medicamento que s podia ser obtido da Natureza, tornou o combate
febre mais eficaz e menos oneroso. Tal fato era essencial para o combate a
diversas doenas que grassavam na poca, notadamente tuberculose, malria e
demais epidemias. Somente alguns anos aps sua introduo constataram-se as
propriedades analgsicas do composto. Tal fato ocorreu em 1889, durante um surto
da gripe influenza que assolou a Europa, onde este medicamento foi utilizado
amplamente para o tratamento. Estas propriedades analgsicas foram reforadas
pela sntese e introduo no mercado alemo de um novo composto em 1921, a
primeira pirazolona de uso clnico nomeada dipirona (em verdade, composta por
50% melubrina e 50% aminopirina). No Brasil, a dipirona foi introduzida em 1922
pela Hoechst AG, com o nome de Novalgina (ANDRADE, M. P., 2005).
2.2.1.1.Metabolismo
A dipirona apresenta, de acordo com estudos realizados em voluntrios
humanos, quatro metablitos conhecidos: 4-metil-amino-antipirina (MAA), 4-amino-
antipirina (AA), 4-acetil-amino-antipirina (AAA) e 4-formil-amino-antipirina (FAA)
(LEVY, M.; FLUSSER, D.; ZYLBER-KATZ , E; GRANIT, L, 1984). Aps
administrao por via oral, a dipirona passa por rpida hidrlise no-enzimtica,
determinando a formao do metablito MAA, que a seguir metabolizado no fgado
por demetilao a AA, e por oxidao a FAA (ERGN, H.; FRATTARELLI, D.A.C.;
ARANDA, J. V., 2004). Nenhum desses metablitos liga-se extensivamente s
protenas plasmticas, (ROHDEWALD, P; DREHSEN, G; MILSMANN, E;
DERENDORF, H., 1983) sendo predominantemente excretados pelo rim. Os efeitos
analgsicos correlacionam-se, de modo bem prximo, com as concentraes dos
13
dois primeiros metablitos acima descritos (MAA e AA) (SCHUG, S.A.; ZECH, D. ;
DRR, U., 1990). Alm da importante propriedade analgsica destacada ao longo
do tempo, o frmaco ainda apresenta propriedades antiinflamatrias que foram
identificadas em alguns modelos farmacolgicos, mas cuja relevncia clnica , at o
presente momento, questionvel. Weithmann e Alpermann(WEITHMANN, K.U.;
ALPERMANN, H.G, 1985) avaliaram os efeitos bioqumicos e farmacolgicos da
dipirona e metablitos sobre a cascata do cido araquidnico e verificaram que os
metablitos 4-MAA e 4-AA inibiram a sntese de prostaglandinas na faixa de 103 a
104 mol/L, sendo, portanto, comparveis ao cido acetilsaliclico, enquanto os
outros dois metablitos mostraram-se praticamente inativos. Os dados do suporte
ao conceito de serem estes os metablitos responsveis pelos efeitos analgsicos
clnicos da dipirona.
2.2.1.2.Mecanismo de ao da dipirona
A despeito de inmeros estudos comportamentais e eletrofisiolgicos, o
mecanismo de ao pelo qual se evidencia o efeito analgsico da dipirona ainda no
est claramente elucidado, parecendo concorrer mecanismos perifricos e centrais.
Em nvel perifrico, alguns trabalhos experimentais iniciais enfatizam a ao da
dipirona sobre a hiperalgesia decorrente da leso tecidual, tanto por inibio da
ativao da adenilciclase por substncias hiperalgsicas como por bloqueio direto do
influxo de clcio no nociceptor (LORENZETTI, B.B., FERREIRA, S.H., 1985).
Lorenzetti e Ferreira descrevem a ativao de uma via arginina-xido ntrico para
explicar a analgesia perifrica e espinhal da dipirona (LORENZETTI, B.B.;
FERREIRA, S.H. 1996). Trabalhos experimentais mais recentes sugerem que o
efeito antinociceptivo perifrico tambm decorre da ativao de canais de potssio
sensveis ao ATP (ALVES, D.; DUARTE, I.,2002). Sachs, Cunha e Ferreira, neste
sentido, situam a dipirona como fazendo parte de uma nova classe de frmacos
analgsicos capazes de ativar a via arginina/ NO/ GMPc/protena cinase G/canais de
K+ ATP sensveis ao ATP, constituindo-se numa categoria de analgsicos
perifricos com mecanismo de ao diverso dos glicocorticides ou inibidores de
cicloxigenases. Outros grupos procuraram investigar o mecanismo de ao
analgsico da dipirona a partir da reconhecida propriedade antipirtica, que decorre
14
da capacidade de inibio de prostaglandinas no sistema nervoso central (SNC),
notadamente no hipotlamo. Para estes autores, a propriedade analgsica da
dipirona dever-se-ia ao dos metablitos sobre a sntese de prostaglandinas no
SNC. (SACHS, D; CUNHA, F.Q.; FERREIRA, S.H., 2004). Campos e colaboradores
estudaram a ao da dipirona sobre a regulao da atividade das cicloxigenases,
descrevendo-se, mais recentemente, que a dipirona seria capaz de inibir uma
isoenzima da cicloxigenase (COX 3), mecanismo central pelo qual o frmaco
exerceria as aes analgsicas e antipirticas. (ANDRADE, M.P., 2005). Muitos
trabalhos tm respaldado, porm, que o mecanismo de ao analgsico da dipirona
se efetive, de modo relevante, por sua ao espinhal. Neugebauer e colaboradores
em estudos conduzidos em felinos e roedores, apresentam evidncias
eletrofisiolgicas que respaldam um stio de ao antinociceptivo espinhal, situando-
o no corno dorsal da medula espinhal (NEUGEBAUER, V.; SCHAIBLE, H.G.; HE, X.;
LCKE, T.; GNDLING, P.; SCHMIDT, R.F., 1994). Este ltimo stio de ao
reforado por estudos recentes (VAZQUEZ, E; HERNANDEZ, N; ESCOBAR, W;
VANEGAS, H., 2005) que administrando a dipirona por via venosa no rato (200
mg/kg) demonstraram a ativao de circuitos opioidrgicos endgenos na substncia
periaquedutal cinzenta e no ncleo magno da rafe - ativao esta reversvel pela
naloxona diretamente aplicada nestas reas, que compem o chamado sistema
descendente inibitrio espinhal. Deste modo, parece que o mecanismo de ao da
dipirona permanece no totalmente elucidado, possivelmente decorrendo a ao
analgsica da atividade tanto central quanto perifrica, e em diferentes nveis de
processamento da informao dolorosa.
2.2.1.3 Usos clnicos da dipirona
A dipirona um analgsico no-opiide empregado em mbito mundial para
tratamento da dor, tanto aguda quanto crnica (EDWARDS, J. E., MCQUAY, H. J.,
2002). A eficcia clnica em diversos quadros lgicos tem sido relatada, destacando-
se, entre outros, a utilidade no tratamento da dor ps-operatria (STANKOW, G.;
SCHMIEDER, G.; LECHNER, F.J.; SCHINZEL, S., 1995), episdios de clicas
nefrticas (GARCIA-ALONSO, F.; GONZALES DES SUSO, M.J.; LOPEZ-ALVAREZ,
M.; PALOP, R.; LUCENA, M.I.; MARIN R., 1991) crises de enxaqueca com e sem
15
aura (BIGAL, M.E.; BORDINI, C.A.; SPECIALI, J.G., 2002), tratamento da dor
dentria ( ANDRADE, M.P., 2005) e dores do cncer (RODRIGUEZ, M.; BARUTELL,
C.; RULL, M.; GALVEZ, R; PALLARES, J.; VIDAL, F.; ALIAGA, L., 1994),
considerada um dos melhores antitrmicos para crianas (BERLIN, C., 2001;
SPIGSET O, HAGG S, 2000). A dipirona sdica, disponvel em formulaes para uso
por via oral, parenteral e retal, bastante utilizada como agente nico ou
coadjuvante no tratamento da dor ps-operatria. Posso e outros autores em
trabalho clnico, prospectivo e duplamente-encoberto com placebo conduzido em
cirurgias abdominais, avaliaram a importncia da dose administrada no perodo ps-
operatrio no que diz respeito analgesia conferida pela dipirona, onde se
empregaram trs diferentes doses (500 mg, 1.000 mg e 2.000 mg). Os autores
ressaltaram a analgesia dose-dependente da dipirona, descrevendo que o aumento
da dose administrada acompanhou-se de reduo da intensidade de dor referida
pelos pacientes (POSSO, I.; ABRAMOF, S.; CRISCUOLO, D., 1996). Demais
autores comparam, no mbito da dor ps-operatria, a analgesia provida por doses
maiores de dipirona (em torno de 30-35 mg/kg) com a proporcionada pela
administrao de opiides de potncia intermediria, como tramadol (SPACEK, A.;
GORAJ, E.; NEIGER, F. X.; JAROSZ, J.; KRESS, H. G. 2003). Em outro trabalho foi
descrito um efeito poupador de opiides atribuvel dipirona quando administrada
conjuntamente com a morfina, no perodo ps-operatrio, a pacientes adultos
submetidos a procedimentos abdominais e urolgicos (TEMPEL, G.; VON
HUNDELSHAUSEN, B.; REE-KER, W., 1996). No mbito da dor ps-operatria, a
maioria dos trabalhos publicados tem avaliado as caractersticas da analgesia
conferida pela dipirona quando administrada aps a inciso cirrgica (ANDRADE,
M.P. 2005).
2.2.1.4 Polmica sobre o uso da dipirona
A dipirona sdica amplamente usada no s no Brasil, mas como em outros
pases como a Frana, Alemanha, Hungria, Israel, Espanha, Sucia e Tailndia.
Todavia, nos Estados Unidos o uso da dipirona foi proscrito h mais de 20 anos, em
virtude do suposto papel em deprimir a medula ssea, causando anemia aplstica e
agranulocitose (BENSEOR, I.M. 2001).
16
Em 1932, Madison e Squier estabeleceram, pela primeira vez, a relao entre
o uso da aminopirina e agranulocitose. Entre 1934 e 1937 ocorreu principalmente
nos EUA, uma crescente ateno para a possibilidade de tal efeito adverso. Em
1937, a antipirina foi retirada do mercado americano pela Food and Drug
Administration (FDA). A aminopirina, por sua vez, dado o seu parentesco com a
antipirina, foi colocada no Schedule IV do Pharmacy and Poisons Act, de 1938,
restringindo o seu uso sob prescrio mdica. Desta forma, a dipirona passou a ser
olhada com desconfiana. Em 1952, Discombe realizou um estudo retrospectivo
agregando dados de trs outros trabalhos retrospectivos e de uma comunicao
pessoal, pretendendo estudar a relao entre a aminopirina (e no a dipirona) e a
incidncia de agranulocitose na populao geral. Trata-se de um levantamento com
erros metodolgicos graves, que incluiu casos expostos a outros fatores por si s
capazes de ocasionar agranulocitose, como a fenilbutazona, acarretando uma
incidncia inaceitavelmente alta (morbidade de 1 caso/115 exposies e mortalidade
de 1 caso/159 exposies). Seguiram-se outros levantamentos, incluindo o de
Huguley, em 1964, que simplesmente recompilou o trabalho de Discombe,
acrescentando os resultados de mais trs pesquisadores, sem que entre os casos
arrolados se acrescentasse mais um caso de agranulocitose e originando, assim,
nmeros discretamente diferentes dos citados por Discombe. No entanto, as reaes
do FDA, do Reino Unido e da Sucia que se seguiram foram baseadas neste
trabalho. Desta forma, a Austrlia retirou a dipirona de seu mercado em 1965.
(BRASIL, 2005).
Em 1986 publicaram-se os dados de um vultoso estudo epidemiolgico que
buscou analisar esta questo, o estudo de Boston; The International
Agranulocytosis and Aplastic Anemia Study, que por sua perfeio metodolgica
veio a colocar um ponto final nas especulaes existentes. Este estudo foi
conduzido em sete pases (Alemanha, Itlia, Espanha, Hungria, Israel, Bulgria e
Sucia) de 1980 a 1984, incluindo 300 hospitais e 22,2 milhes de pessoas e
concluiu que: - o risco estimado para agranulocitose entre os usurios de dipirona
era bastante baixo, no se verificando correlao entre uso de dipirona e incidncia
de agranulocitose; - a agranulocitose e a anemia aplstica podem ser causadas por
muitos medicamentos, assim como agentes qumicos e pesticidas; - a agranulocitose
ocorre raramente em crianas, aumentando a sua incidncia com a faixa etria; - a
17
agranulocitose , basicamente, uma reao alrgica, iniciando-se os sintomas entre
2-3 dias aps a exposio ao agente qumico ou medicamento; - o excesso de risco
de agranulocitose atribuvel dipirona , quando muito, de 1,1 caso por milho de
pessoas expostas que tenham tomado o frmaco por 7 dias antes do incio da
doena; - a dipirona no est associada anemia aplstica (THE, 1986).
Alguns pesquisadores afirmam que o risco de agranulocitose atravs do uso
de dipirona mnimo e a mortalidade praticamente a mesma relacionada ao uso
de paracetamol (CAMU, F.; VANLERSBERGHE, C., 2002).
Em julho de 2001, a Agncia Nacional de Vigilncia Sanitria (Anvisa)
conduziu o Painel Internacional de Avaliao da Segurana da Dipirona (BRASIL,
2005), contando com a participao de autoridades nacionais e estrangeiras, com o
objetivo de promover esclarecimento sobre os aspectos da segurana do uso clnico
da dipirona. Os seguintes pareceres foram emitidos:
- h consenso de que a eficcia da dipirona como analgsico e antitrmico
seja inquestionvel;
- h consenso de que os riscos atribudos sua utilizao em nossa
populao at a presente data sejam baixos, e de que os dados cientficos
disponveis apontando a ocorrncia destes riscos no sejam suficientes para se
indicar uma alterao do status regulatrio (venda sem prescrio);
- os dados apresentados durante o painel permitiram aos participantes
concluir que os riscos da dipirona so similares, ou menores, que os de outros
analgsicos/antitrmicos disponveis no mercado;
- a mudana da regulamentao atual da dipirona incorreria em aspectos
negativos para a populao, aumentando os riscos de utilizao de outros frmacos
indicados para a mesma finalidade teraputica.
18
Um estudo recente sobre o risco de agranulocitose atribuvel dipirona com
base em banco de dados de laboratrios de hematologia e registro de discrasias
sangneas associadas ao uso concomitante do frmaco tambm concluiu pela
baixa incidncia deste evento adverso (IBANEZ, L.; VIDAL, X.; BALLARIN, E.;
LAPORTE, J.R. 2005).
Em dezembro de 2004, os consumidores do analgsico e antitrmico mais
usado no Brasil foram surpreendidos pela notcia de que, a partir de 14 de janeiro do
ano seguinte, a Anvisa deveria restringir alguns dos medicamentos comercializados
contendo a dipirona como princpio ativo, que s poderiam ser vendidos com
apresentao de receita mdica e deveriam portar tarja vermelha. O Ministrio
Pblico Federal apresentou denncia da Sociedade Brasileira de Vigilncia de
Medicamentos (Sobrevime) sobre os riscos que esta substncia poderia trazer
sade, alegando que a dipirona uma substncia que provoca funestas
conseqncias decorrentes de sua alta toxicidade, como anemia, nuseas, reaes
alrgicas e que pode levar morte. O Ministrio Pblico se baseava no fato de
vrios pases j proibirem a livre comercializao da dipirona, citando, tambm,
estudos realizados pela Organizao Mundial da Sade, pelo Conselho Federal de
Farmcia, pela Universidade de Braslia e pela Sociedade Brasileira de Vigilncia de
Medicamentos para restringir o uso da dipirona atravs da exigncia da receita
mdica (ANDRADE, M.P.)
Por deciso judicial, estes medicamentos deveriam entrar para a categoria
dos frmacos que demandam prescrio mdica. Logo aps esta deciso, porm,
um recurso impetrado por um dos laboratrios fabricantes derrubou a liminar.
Chamada a opinar na ao, a Anvisa alegou que a dipirona est no mercado
mundial h 80 anos, sendo o analgsico e antitrmico mais usado no Pas. Disse
ainda, segundo a Justia Federal, que os riscos atribudos substncia at o
presente so baixos. A diretoria da Anvisa, na ocasio, citou ainda o painel
organizado pela agncia, que concluiu que a dipirona um medicamento seguro e
eficaz. Desta forma, a dipirona sdica permanece em nosso pas sob
comercializao livre de prescrio mdica (ANDRADE, M.P., 2005).
19
2.2.2 Metodologias para a anlise de dipirona sdica
2.2.2.1 Espectrofotometria Ultravioleta/Visvel (UV/VIS)
Amostras de comprimidos contendo dipirona sdica foram analisadas por
espectrofotometria visvel atravs de reao com iodato de potssio 0,1 M,
produzindo um composto de cor amarelo avermelhada por cinco minutos, com
(comprimento de onda) mximo em 460 nm. Essa metodologia seguiu a lei de Beer no intervalo de concentrao de 1 a 10 mg para dipirona sdica (QUERSHI, S.Z.;
SAEED, A,; HASAN, T.,1989).
Foram testados vrios solventes para o doseamento de dipirona por
espectroscopia no ultravioleta (UV). Foram realizados espectros na regio de 225 a
300nm com solues preparadas com cido clordrico 0,1 M, hidrxido de sdio 0,1
M, gua deionizada e lcool etlico. Atravs da anlise de regresso linear, o cido
clordrico apresentou melhores resultados, sendo o solvente mais indicado para este
tipo de anlise (CARDOSO, T.F.M.; KANIS, L.A.; SILVA, W.B.; GALATO, D.,2003).
SAKIARA, K. A. et al. determinaram a dipirona sdica nas formulaes
farmacuticas comprimidos e soluo oral atravs da espectrofotometria. O mtodo
foi baseado na seleo oxidativa da dipirona, em presena de cido sulfrico,
formaldedo reagindo com um cido cromforo, produzindo um composto de cor
violeta-avermelhado ( max = 575 nm). O mtodo mostrou ser simples, exato, seletivo e apresentou linearidade (SAKIARA, K.A.; PEZZA, L.; MELIOS, C.B.;
PEZZA, H.R.; MORAES, M., 1999).
LIMA, J.L.F.C. et al., desenvolveram um mtodo de determinao de dipirona
atravs de sistema de injeo de fluxo em espectrofotometria. Foi utilizado um
sistema de micro-bombas e as amostras foram monitoradas por espectrofotometria a
430 nm. O mtodo mostrou muita versatilidade, exatido, preciso e limite de
deteco de 1mg/L de dipirona (LIMA, J.L.F.C.; S, S.M.O.; SANTOS, J.L.M.;
ZAGATTO, E.A.G., 2003).
20
ERK, N. e ONUR, F. analisou comprimidos contendo dipirona sdica e
paracetamol em associao. Determinaram os dois compostos simultaneamente
atravs da espectrofotometria derivada de primeira ordem, utilizando metanol como
solvente. A dipirona foi medida em 249,2 nm e o paracetamol em 264,8 nm (ERK,
N.; ONUR, F., 1997).
DOGAN, H.N. fez a determinao simultnea de dipirona sdica, paracetamol
e cafena atravs da espectrofotometria, devido as solues padro terem o ponto
isoabsortivo em 265,4 nm, utilizando-se etanol como solvente. Aplicou-se o mtodo
dos mnimos quadrados e determinou-se a concentrao de cada componente. Os
excipientes do comprimido no interferiram na anlise. Os resultados mostraram um
mtodo simples, sensvel e exato (DOGAN, H.N., 1996).
Pesquisadores fizeram a determinao simultnea de dipirona sdica, paracetamol e cafena atravs da espectrofotometria derivada pelo mtodo de zero-
crossing, utilizando HCl 0,1 M, como solvente. As concentraes dos trs compostos
na mistura foram determinadas pelo uso de grficos de calibrao de cada
componente obtidos pela medida da amplitude dos comprimentos de onda mximo e
mnimo selecionados. Foram feitos clculos matemticos atravs dos valores obtidos
de absortividade de cada composto. Essa nova metodologia possibilitou um melhor
uso da espectrofotometria para a anlise de mistura de componentes (DIN, E.;
ONUR, F., 1998)
Para a anlise simultnea da mesma mistura ternria, contendo dipirona
sdica, paracetamol e cafena em comprimidos foram pesquisadas duas tcnicas de
calibrao multivariada, tambm chamada quimiometria. Foram aplicadas as
tcnicas de mtodo dos mnimos quadrados inverso (ILS) e anlise do componente
principal (PCA) sobre a anlise espectrofotomtrica desses multicomponentes.
Foram medidas as absorbncias dos trs componentes em soluo de HCl 0,1 M, na
faixa espectral de 225 a 285 nm (passo = 5 nm). Os 13 comprimentos de onda
utilizados para a realizao do modelo de calibrao da mistura ternria foram
tratados pelo software MAPLE V. Atravs de clculos matemticos foram obtidos os
valores de desvio padro relativo para o ILS e PCA para os trs princpios ativos e
21
as respectivas mdias de recuperao. Os resultados obtidos foram comparados
com os resultados de CLAE, nas seguintes condies cromatogrficas: coluna
Nucleosil C18(250 x 4,6 mm); fase mvel: gua: metanol 18:82 v/v; vazo de
1mL/min e deteco a 254 nm. As duas tcnicas aplicadas sobre a
espectrofotometria possibilitaram bons resultados de eficincia, preciso, exatido e
linearidade (DIN, E.; BALEANU, D. e ONUR, F., 2001).
ABURJAI et al, determinaram simultaneamente a dipirona sdica e a vitamina
C em comprimido e soluo injetvel, atravs da espectrofotometria derivada de
segunda ordem, utilizando-se o comprimento de onda de 280 nm para a vitamina C
e 272 nm para a dipirona, usando metanol como solvente. Neste mesmo trabalho,
utilizaram a cromatografia em camada delgada de alta eficincia para essa mesma
determinao. As amostras foram dissolvidas em solues metanlicas e aplicadas
em placa de slica gel para cromatografia em camada delgada e examinadas a 260
nm. As duas metodologias mostraram bons resultados para a anlise das amostras
(ABURJAI, T.; AMRO, B.I.; AIEDEH, K.; ABUIRJEIE, M.; AL-KHALIL, S., 2000).
MORELLI, B. analisou a mistura binria de dipirona sdica e cloridrato de
pitofenona, um frmaco antiespasmdico, por espectrofotometria derivada.
O primeiro mtodo utilizado foi a aplicao da derivada de segunda ordem
com calibrao linear a 266,5 e 302,5 nm (dipirona), 257 e 286 nm (pitofenona) e
para a derivada de terceira ordem a 242 e 278,3 nm (dipirona) e 228,5 e 300 nm
(pitofenona). No segundo mtodo foram utilizadas as derivadas de primeira ordem
com calibrao linear para os seguintes comprimentos de onda: 235 e 262 nm
(dipirona) e 229,5 e 288,5 nm (pitofenona), para a derivada de segunda ordem 249,7
e 268 nm (dipirona) e 280,5 e 300 nm (pitofenona). Todas as solues foram
preparadas em gua destilada. Os procedimentos foram simples, rpidos e no
necessitaram de separao preliminar ou tratamento para as amostras (MORELLI,
B., 2003).
22
2.2.2.2 Cromatografia lquida de alta eficincia - CLAE
ASMARDI, G. e JAMALI, F. fizeram a determinao de dipirona e de seu
metablito ativo o 4-metil-amino-antipirina (MAA) atravs da cromatografia lquida. A
dipirona foi determinada atravs da coluna de troca inica Bondapak AX/Corasil
(Waters Assoc.) 61 cm X 2 mm (35-50 m), fase mvel: tampo fosfato pH 5,6:
metanol (85:15), vazo de 0,5 mL/min, deteco no ultravioleta(UV) a 254 nm. Para
a determinao do MAA utilizou-se uma coluna de fase reversa 30 cm X 3,9 mm (10
m) (Bondapak C18 , Waters Assoc.). A fase mvel foi gua: metanol: cido actico
(75:20:5), vazo de 1,0 mL/min e deteco no UV a 280 nm. As amostras foram
analisadas dos fludos biolgicos urina e plasma (ASMARDI, G.; JAMALI, F., 1983).
Atravs da CLAE pesquisadores separaram e determinaram
quantitativamente a dipirona e seus produtos de degradao, os parmetros
seguidos foram: coluna cromatogrfica de fase reversa Merck RP 18 (25 cm X 4,6
mm, 10 m) e pr-coluna RP-18 de 5 cm, 10 m); fase mvel: metanol: gua:
trietilamina (50:50:0,025), vazo de 0,3 mL/min. a dipirona foi detectada no UV a 228
nm, e seus produtos de degradao a 244 nm
(EDDINE,N.H.;BRESSOLE,F.;MANDROU,B.; FABRE,H., 1982).
KATZ, E.Z. et al. fez a determinao simultnea de dipirona e seus
metablitos em plasma utilizandose como metodologia a cromatografia lquida, com
os seguintes parmetros: coluna cromatogrfica Bondapak C18(300 mm X 30 cm,
10 m), fase mvel:8% de metanol em soluo de acetato de sdio 0,01 M , pH 3,0
ajustado com cido clordrico concentrado, vazo de 1,6 mL/min, deteco no UV a
257 nm. Atravs desse mtodo foi possvel uma boa separao entre a dipirona e
seus metablitos (KATZ, E.Z.; GRANT, L.; DRAYER, D.E.; LEVY, M., 1984).
ABOUNASSIF, M.A.; GAD-KAREIM e WAHBI, A.M. determinaram
simultaneamente pela CLAE dipirona, fenobarbital e quelina em comprimidos. Os
parmetros utilizados: coluna de fase reversa Pak Varian, fase mvel:
metanol:gua(68:32) para a reteno de quelina e dipirona com deteco UV a 254
nm; 94,5 mL de gua, 0,5 mL de amnia(para ajustar o pH a 10,5) e 5mL de metanol
23
para fenobarbital detectado em UV a 240 nm e vazo de 0,7 mL/min. Essa
metodologia apresentou reprodutibilidade, especificidade e exatido (ABOUNASSIF,
M.A.; GAD-KAREIM e WAHBI, A.M., 1990).
ALTUN, M.L. fez a determinao simultnea de dipirona, paracetamol e
cafena pelo mtodo cromatogrfico com os parmetros: coluna cromatogrfica -
Bondapak C8; fase mvel KH2PO4 0,01 Mmetanol-acetonitrila-lcool isoproplico
(420:20: 30:30), vazo de 1mL/min, deteco espectrofotomtrica a 215 nm (ALTUN,
M.L., 2002).
SENYUVA, H.Z. et al. determinaram a dipirona em formulaes lquidas e
slidas pela cromatografia lquida com deteco de arranjo de diodos, utilizando a
uma coluna de fase reversa Zorbax SB C18(250 X 4,6 mm, 5 m), fase mvel:
metanol/gua (80/20), deteco UV a 254 nm. Os resultados foram comparados com
a espectroscopia de Ressonncia Magntica Nuclear (RMN) (SENYUVA, H.Z.;
AKSAHIN, I.; OZCAN, S.; KABASAKAL, B.V., 2005).
2.2.2.3 Outras metodologias analticas para a determinao de dipirona sdica
A amperometria foi utilizada como mtodo de determinao de dipirona em
formulaes farmacuticas, utilizando-se eletrodo de ouro. Os resultados foram
comparados com a titulao iodomtrica, que o mtodo oficial preconizado pela
farmacopia britnica (MUOZ, R.A.A.; MATOS, R.C.; AGNES, L., 2001).
A espectroscopia Raman com transformada de Fourier foi empregada para a
determinao quantitativa de dipirona sdica (IZOLANI, A.O.; MORAES, M.T.;
TLLEZ, C.A., 2003).
Atravs da cromatografia em camada delgada alguns pesquisadores
separaram e quantificaram a dipirona e seus produtos de degradao, os
parmetros foram os seguintes: placa cromatogrfica de slica gel F254, espessura de
0,25 mm; fase mvel: etanol-clorofrmio-benzeno-soluo de amnia a 10%
(50:30:18:2). As manchas foram reveladas sobre luz UV a 254 nm e quantificadas
24
por medidas espectrofotomtricas de reflectncia a 273 nm (FABRE, H.; EDDINE,
N.H.; BRESSOLE, F.; MANDROU, B. 1982).
Pelos compndios oficiais a dipirona sdica determinada atravs de
titulao iodomtrica (FARMACOPEIA, 1977; BRITISH, 2002).
2.3 Cloridrato de papaverina
O cloridrato de papaverina foi o primeiro agente miotrpico a ser introduzido
na medicina, um dos alcalides extrados do pio, as cpsulas de sementes
imaturas de papoula, Papaver somniferum, nas quais ocorre na proporo de 1%. A
papaverina foi isolada por Merck, em 1848, e sintetizada em 1909, por Pictet e
Gams. Atualmente obtida por sntese total (KOROLKOVAS, A.; BURCKHALTER,
J.H., 1988)
Figura 2 Estrutura qumica da papaverina
Faz parte do grupo da benzilisoquinolina, depressor da musculatura lisa sem ao sobre o sistema nervoso central, no sendo euforizante. Considerada como
prottipo dos frmacos vasodilatadores, costuma ser confrontada em testes de
novas substncias para esse propsito (SILVA, P. 2002).
25
um dos frmacos mais importantes que atuam como relaxantes da
musculatura uterina, juntamente com a hioscina, fazem parte do grupo de frmacos
anticolinrgicos. Sua ao espasmoltica, analgsica e sedativa. Suas vias de
administrao so a oral, intramuscular e endovenosa (SILVA, P. 2002).
2.3.1 Farmacocintica
Quando a papaverina administrada por via oral, a meia-vida de uma a
duas horas: entretanto, h uma grande variao interindividual. Liga-se protenas
plasmticas em 90%, metabolizada no fgado e excretada na urina quase
totalmente como metablitos fenlicos conjugados com glucorondios (SILVA, P.
2002).
2.3.2 Farmacodinmica
Relaxa a musculatura lisa vascular por inibio inespecfica da
fosfodiesterase, promovendo aumento do AMP cclico (SILVA, P. 2002).
2.3.3 Usos clnicos
Tem ao espasmoltica, sendo til em processos caracterizados por
espasmo vascular. Tem sido usada em pacientes com insuficincia arterial perifrica
e cerebral. til para realizao do teste de ereo frmaco-induzida e como
frmaco utilizado para auto-injeo em pacientes com impotncia sexual orgnica
isoladamente ou associada a outros frmacos (SILVA, P. 2002).
Muito eficaz no tratamento de espasmo vasocerebral agudo por diferentes
vias de administrao (LIU, H.M. TU, Y.K. 2002).
Est sendo amplamente utilizada em doenas arteriais, como o embolismo
pulmonar e tambm no alvio de clicas renais e biliares (YAN, J.; MI, J Q,; HE,J-
T.;GUO, Z-Q.; ZHAO,M-P.; CHANG, W-B.,2005)
26
2.3.1Metodologias analticas para determinao de cloridrato de papaverina
2.3.1.1. Cromatografia lquida de alta eficincia CLAE
SINGH, D.V. et al. analisaram os principais alcalides contidos na
Papaver somniferum, atravs da CLAE, utilizando uma coluna Merck Durasil C18(250
x 4,6 mm) com fase mvel acetonitrila: tampo fosfato (20:80) e pH 3,8 ajustado com
acido actico glacial; vazo de 1 mL/min e deteco a 240 nm, com arranjo de
fotodiodo. Foi possvel a quantificao de morfina, codena, oripavina, codeinona,
reticulina, tebana, papaverina e narcotina (SINGH, D.V.; PRAJAPATI, S.; BAJPAI,
S.; VERMA, R.K.; GUPTA, M.M.; KUMAR, S. 2000).
Para determinao de cloridrato de papaverina em xarope foi utilizada a
CLAE seguindo os parmetros: coluna Ultrasphere 5m Spherical 80 (250 mm X 46 mm), fase mvel: gua: acetonitrila, etanol (38:60:2) contendo cido perclrico 1
mM, vazo de 1mL/min e detector de condutividade (LAU,O-W; MOK,C-S.; 1995).
Para a determinao simultnea de cloridrato de efedrina, teofilina, cloridrato
de papaverina e cloridrato de hidroxizina foi usada a CLAE nas seguintes condies:
fase mvel: acetonitrila: gua ( 5:95 v/v ), pH 2,4 0,1 ajustado com cido orto - fosfrico, vazo de 1,5 mL/min, coluna Nucleosil C 18 (150 X 4,6 mm ,5 m), sistema
gradiente e deteco a 220 nm (BOBERIC, D.B.;RADULOVIC,D.; IVANOVIC,D.;
RISTIC,P., 1999.)
Na determinao de alguns alcalides atravs de mistura de solventes
orgnicos-aquosos analisados por CLAE foram seguidos os parmetros: detector UV
a 254 nm, coluna Lichrosorb Si 60(100 X 4 mm,10 m), fase mvel: mistura de tampo fosfato ( cido fosfrico com hidrxido de sdio 5 M, com concentrao final
de 0,2 M ) (GOLKIEWICZ, W.; KUCZYNSKI, J.; MARKOWSKI, W.; JUSIAK, L.,
1994).
Na Farmacopia Britnica 2002 consta como mtodo de anlise para um
medicamento chamado Papaveretum injetvel, que contm uma mistura de
27
papaverina, morfina e codena, a CLAE, usando-se coluna 10 cm X 4,6 mm, vazo
de 2 mL/min, fase mvel: acetato de sdio 0,01 M e sulfossuccinato dioctilsdico
0,005 M em metanol 60%, ajustado ao pH 5,5 com cido actico glacial ou NaOH 2
M, deteco UV a 285 nm (BRITSH, 2002).
Determinou-se a papaverina em plasma e urina por CLAE atravs dos
parmetros: coluna fase-reversa C8 (25 cm X 4.6 mm, 10 m); detector UV-Vis a 239
nm; fase mvel: metanol: borato de sdio 0,015 M pH 8,5 (58:42) ; vazo: 2,7
mL/min e laudosina como padro interno (GAUTAM, S.R.; NAHUM, A.; BAECHLER,
J. BOURNE, D.W.A., 1980).
A CLAE foi utilizada na determinao de papaverina em amostra de sangue
total atravs de cromatgrafo (injetor com loop de 100 L ), coluna Micropak CN
10 (30 mm X 4 mm, 10 m ) a 30 C , fase mvel: n- hexano diclorometano acetonitrila propilamina( 50: 25 :25: 0,1 ) com detector UV a 254 nm, vazo de 2
mL/min. A amostra foi submetida uma extrao por mistura de clorofrmio e n-
hexano(2:3) (HOOGEWIJS,G.; MICHOTTE, Y.; LAMBRECHT, J.; MASSART, D.L.,
1981).
AYYANGAR, N.R. e BHIDE, S.R. desenvolveram uma metodologia de
separao de oito alcalides e do cido mecnico e quantificao de cinco principais
alcalides, dentre eles a papaverina por CLAE, atravs de coluna Bondapack Phenyl
(30 cm X 3.9 mm, 10 m), para as corridas preliminares e coluna MN Nucleosil 7
C6H5 (25 cm X 4,0 mm,7 m) e pr-coluna Resolve CN(10 m) para a quantificao,
fase mvel : metanol : gua (5:95), sistema gradiente; vazo: 1,5 mL/min e deteco
UV a 280 nm (AYYANGAR, N.R. ; BHIDE, S.R., 1988).
Para uma separao de morfina, codena, noscapina e papaverina foi usada a
cromatografia de fase reversa com pareamento inico, com os seguintes
parmetros: coluna Bondapack C18 ( 300 X 4 mm ); eluente ou fase mvel: metanol:
gua (35: 65) com variao de proporo de tampo fosfato 0, 050 M e cido
camsulfnico, variando-se o pH entre 2,3 e 4, vazo de 1,5 mL/min e deteco a 254
nm (LINDBERG, W.; JOHANSSON, E.; JOHANSSON, K., 1981).
28
Para a otimizao e validao de metodologia analtica para a determinao
de alcalides (sendo a papaverina, um deles) com a finalidade de acrescentar a
metodologia em compndios de avaliao de qualidade, utilizou-se a CLAE. Foram
preparadas solues de papaverina em etanol 96 %, como fase mvel foi utilizada
tampo fosfato pH: 3/ metanol (65:35) + cido-pentanossulfnico de sdio a 0,005
M, vazo: 1,5 mL/ min, deteco UV 254 nm e coluna C18 (250 X 4mm) ao
inoxidvel (BUDVARI-BARANY, Z.; SZSZ, G.; GYIMESI-FORRS, K., 1997).
MAURICH, V. e MONEGHINI, M. desenvolveram uma metodologia por CLAE
para a separao de papaverina e seus produtos de degradao, utilizando coluna
Lichrosorb RP 18, 10 m; fase mvel: acetonitrila: metanol: gua (470:340:190),
cido actico 0,5 mL /L e dodecilsulfonato sdico puro, vazo de 2,5 mL/min e
deteco no UV a 238 nm (MAURICH, V. e MONEGHINI, M., 1983).
Atravs da CLAE fez-se a determinao simultnea de metilbrometo de
homatropina e a mistura de cinco alcalides, dentre eles o cloridrato de papaverina,
os parmetros seguidos foram: coluna Nucleosil C8 (120 X 4,65 mm); fase mvel:
tampo fosfato 0,01 M(pH 5,0):40% de acetonitrila, vazo de 1mL/min e deteco a
220 nm. A cromatografia gasosa tambm foi utilizada nesta pesquisa (MAJLAT, P.;
HELBOE, P.; KRISTENSEN, A.K., 1981).
EL-GINDY, A. comparou duas metodologias para a determinao simultnea
de cloridrato de papaverina, diprofilina e fenobarbital, a CLAE e a espectrofotometria
UV com aplicao de calibrao multivariada. A CLAE foi padronizada e validada
com os parmetros: coluna HALSIL 100 C- 18 (250 x 4,6 mm, 5 m); fase mvel:
fosfato de potssio 0,02M, pH ajustado com cido fosfrico e acetonitrila na
proporo 55:45 v/v; vazo de 1,5 mL/min e deteco UV a 210 nm. No mtodo
espectrofotomtrico foram aplicados aos dados os mtodos PLS (mnimos
quadrados parciais) e PCR (anlise do componente principal), a faixa de leitura dos
espectros foi de 215 a 245 nm, com intervalo de 0,2 nm, utilizando-se 23 solues
para a construo do modelo de calibrao. Os mtodos propostos mostraram
concordncia quando comparados (EL-GINDY, A., 2005).
29
2.3.1.2 Outras metodologias utilizadas para a determinao analtica de cloridrato de
papaverina
O cloridrato de papaverina foi analisado por espectrofotometria juntamente
com o cloridrato de meclozina em formulaes farmacuticas. Primeiramente fez a
extrao dos frmacos atravs de clorofrmio e diclorometano e reaes com
produtos fenilazlicos, produzindo compostos coloridos. Fizeram-se leituras de
absorbncia a 524 e 536 nm para meclozina e 528 e 540 nm para papaverina.
(ABDEL-GHANI, N.T.; SHOUKRY, A.F.; ISSA, Y.M.; WAHDAN, O.A., 2002).
A cromatografia em camada delgada foi usada para a determinao e
separao da papaverina e seus produtos de oxidao, usando-se placa com
espessura de 0,25 mm coberta por gel de slica fluorescente (20 X 20 X 0,3cm),
visualizao em UV 254 nm ou com spray de reagente Dragendorff. A papaverina foi
dissolvida em 1 mL de cido actico glacial e 2mL de cido clordrico. (HABASHY,
G.M.; FARID, N.A., 1973).
Pelo mtodo potenciomtrico pde-se determinar o cloridrato de papaverina,
utilizando-se clula potenciomtrica, pH mantido a 5,3 com tampo acetato 0,01 M.
Nesta pesquisa sugere-se a aplicao deste mtodo para a anlise de papaverina
em presena de novacana, dipirona, cido acetil saliclico e outros frmacos em
associao. (SHETEROVA, I.P.; KARIBYAN, E.E.; TURAEVA, S.S.; PENZINA,
M.M., 1995).
Para a deteco de baixas concentraes de papaverina usou-se a
espectrometria de massa com ionizao de fisso de fragmentos, em amostras de
fluidos biolgicos. (CHIVANOV, V.D.; EREMENKO, I.A.; AKSENOV, S.A.;
GREBENIK, L.I. EREMENKO, V.I.; KALINICHENKO, T.G.; TATARINOVA, V.I.;
ZDOIMA, N.G.; SKLYAROVA, Z.V., KURAEV, V.V.; KNYSH, A.N.; MISHNEV, A.K.,
1997).
A eletroforese capilar foi utilizada para a anlise de uma mistura de morfina,
codena, normorfina, tebana, noscapina e papaverina, nas seguintes condies:
30
capilar 55,5 cm X 50m, deteco a 214 e 254 nm, tendo como meio eletrofortico acetato de amnio 25 mM cido actico 1M em acetonitrila, metanol, formamida
ou N-metilformamida. (BJORNSDOTTIR, I.; HANSEN, S.H., 1995).
Foram analisadas solues contendo papaverina para investigar seus
produtos de degradao e oxidao atravs de degradao fotoqumica. Tanto a
papaverina quanto seus produtos de degradao e oxidao foram determinados
por espectroscopia Raman, Ressonncia Magntica Nuclear e os resultados
comparados com a CLAE. (GIRRESER, U.; HERMANN, T.W.; PIOTROWSKA, K.
2003).
Mirzeva et. al. determinaram a papaverina e dimedrol em formulaes
farmacuticas foi utilizada uma extrao com um azo reagente, e em seguida o
composto colorido formado pela papaverina e pelo sulfonazo foram detectados por
fotometria a 580nm. (MIRZAEVA, K.A.; AKHMEDOVA, M.S.; RAMAZANOV, A.S.;
AKHMEDOV, S.A., 2004).
A Farmacopia Brasileira preconiza a titulao em meio no aquoso, como
mtodo de doseamento para o cloridrato de papaverina (FARMACOPEIA, 1977) e a
Farmacopia Britnica tem a potenciometria como mtodo de doseamento.
(BRITISH, 2002).
2.4 Espectrofotometria no Ultravioleta e Visvel (UV/VIS)
A Espectrofotometria, tambm pode ser chamada de espectroscopia
eletrnica molecular ou espectrometria de absoro molecular abrange a regio de
comprimento de onda de 160 a 780 nm. Medidas de absoro da radiao
ultravioleta e visvel tm ampla aplicao na determinao quantitativa de uma
grande variedade de espcies inorgnicas e orgnicas. (SKOOG, D.A.; HOLLER,
F.J.; NIEMAN, T.A., 2002).
A variao da cor de um sistema com a mudana da concentrao de um
componente a base da anlise colorimtrica. A cor , usualmente, devido
31
formao de um composto colorido pela adio de um reagente apropriado ou
inerente ao constituinte que se deseja analisar. A intensidade da cor comparada
com a intensidade da cor que se obtm com o mesmo procedimento pelo tratamento
de uma amostra cuja quantidade e concentrao so conhecidas. Na anlise
espectrofotomtrica usa-se uma fonte de radiao que alcana a regio ultravioleta
do espectro. Para isso, escolhe-se comprimentos de onda bem definidos e com
largura de banda de menos de um nanmetro ( VOGEL, 2002).
Um espectrofotmetro ptico um instrumento que possui um sistema ptico
que dispersa a radiao eletromagntica incidente e permite a medida da
quantidade de radiao transmitida em determinados comprimentos de onda
selecionados da faixa espectral. Um fotmetro um equipamento que mede a
intensidade da radiao transmitida ou uma funo desta quantidade. Quando
combinado em um espectrofotmetro, o espectrmetro e o fotmetro produzem sinal
que corresponde diferena entre a radiao transmitida por um material de
referncia e a radiao transmitida por uma amostra em comprimentos de onda
selecionados. A vantagem principal dos mtodos colorimtrico e espectrofotomtrico
que eles so uma maneira simples de determinar quantidades muito pequenas de
substncias. A seletividade da tcnica espectrofotomtrica pode ser aumentada com
a espectrofotometria derivada. ( VOGEL, 2002).
A espectroscopia de absoro molecular est baseada na medida da
transmitncia T ou absorbncia A de solues contidas em clulas transparentes
tendo um caminho ptico de b cm. De forma comum, a concentrao c de um analito
absorvente est relacionada linearmente absorbncia, conforme representado pela
equao:
A = -log T = PPolog = bc (1)
32
Sendo: - P, Po - potncia de radiao ou intensidade de radiao I, Io;
- a absortividade = bcA ou coeficiente de extino, k; c pode ser expresso em g/L
ou em outras unidades de concentrao; b pode ser expresso em cm ou em outras
unidades de comprimento;
= absortividade molar = bcA ou coeficiente molar de extino, c est expresso em
mol/L; b est expresso em cm.
A equao (1) uma representao matemtica da lei de Beer. Normalmente,
a transmitncia e a absorbncia no podem ser medidas em laboratrio porque a
soluo do analito precisa estar contida em um recipiente transparente, ou clula
(tambm chamada de cubeta). Ocorre reflexo nas duas interfaces parede/soluo.
A atenuao resultante do feixe de luz substancial, alm disso, pode ocorrer
atenuao de um feixe de luz por espalhamento por molculas grandes e, s vezes,
por absoro pelas paredes do recipiente. Para compensar esses efeitos, a potncia
do feixe transmitido pela soluo do analito comparada com a potncia do feixe
transmitido por uma clula idntica contendo apenas o solvente. A transmitncia e a
absorbncia experimentais que se aproximam muito das verdadeiras so obtidas
atravs das equaes (SKOOG, D.A.; HOLLER, F.J.; NIEMAN, T.A., 2002):
T = PoP
PsolventePsoluo = (2) A = log
PsoluoPsolvente =
PPolog (3)
33
- Desvios da Lei de Beer
A lei de Beer geralmente vlida em uma faixa de concentraes
razoavelmente elevada, se a estrutura do on colorido ou do no-eletrlito colorido
em soluo no mudar com a concentrao. Pequenas quantidades de eletrlitos
que no reagem quimicamente com os componentes coloridos normalmente no
afetam a absoro da luz. Grandes quantidades de eletrlitos podem deslocar a
posio do mximo de absoro e, tambm, mudar a absortividade molar.
Encontram-se discrepncias, usualmente, quando o soluto colorido se ioniza, se
dissocia ou se associa em soluo, porque, neste caso, a natureza da espcie que
absorve varia com a concentrao. A lei de Beer no vlida quando o soluto forma
complexos cuja composio depende da concentrao. Podem ocorrer
discrepncias quando a luz utilizada no monocromtica. sempre possvel testar
o comportamento de uma substncia fazendo-se o grfico log(Po/Pt , sendo Pt
potncia da luz transmitida) ou log(Io/It sendo It intensidade de luz transmitida),
contra a concentrao. Uma linha reta que passa pela origem indica que a lei de
Beer est sendo obedecida( VOGEL, 2002).
Um dos principais usos da espectrofotometria no UV/VIS refere-se a
medies quantitativas. Uma concentrao desconhecida de um composto
conhecido, quando se adapta a lei de Beer, pode ser determinada. As amostras para
a absoro UV podem ser examinadas na forma de vapor ou de uma soluo.
Solventes apolares e polares podem ser empregados para preparar uma amostra
analtica. Um diagrama simplificado de um espectrofotmetro UV/VIS est
apresentado na Figura 3.
34
Figura 3 Espectrofotmetro clssico UV-VIS com seus respectivos componentes.
Os avanos na tecnologia levaram ao desenvolvimento e a implementao de
detectores de fotodiodo, os quais, quando colocados em grupos lineares
intimamente espaados, oferecem a anlise rpida e exata do espectro. A principal
vantagem dos detectores de feixe linear que eles permitem a anlise simultnea
de todo um espectro no perodo de alguns segundos. Isso vantajoso quando se
realizam estudos cinticos envolvendo elementos rapidamente mutveis (ABDOU,
H.; HANNA, S.; MUHAMMAD, N. 2004).
2.5 Cromatografia lquida de alta eficincia - CLAE
A CLAE tambm conhecida por cromatografia lquida de alto desempenho,
cromatografia lquida de alta performance, cromatografia lquida de alta presso e
mais comumente HPLC de High Performance Liquid Chromatography (CIOLA,
1998). A cromatografia um mtodo fsico-qumico de separao. Ela est
fundamentada na migrao diferencial dos componentes de uma mistura, que ocorre
devido a diferentes interaes entre duas fases imiscveis, a fase mvel e a fase
estacionria. A grande variedade de combinaes entre as fases mveis e
estacionrias torna-a uma tcnica extremamente verstil e de grande aplicao.
A separao cromatogrfica baseia-se na migrao diferencial dos
componentes de uma mistura, que ocorre devido s diferentes interaes entre duas
fases imiscveis, a fase mvel e a fase estacionria, e no alargamento de bandas,
35
que dependente de processos fsicos e no da diferena de equilbrio. A migrao
diferencial resulta da diferena de equilbrio dos analitos entre as duas fases
imiscveis e determinada pelos fatores que afetam este equilbrio: composio da
fase mvel, composio da fase estacionria e temperatura da separao.
Mudanas em um ou mais destes parmetros levam a alteraes na migrao
diferencial.
2.5.1 Instrumentao para a CLAE
A instrumentao necessria para a CLAE extremamente sofisticada, muito
diferente das utilizadas pela Cromatografia Clssica. A Figura 4 mostra os
componentes fundamentais de um equipamento para CLAE.
Atualmente, existem equipamentos totalmente computadorizados. So
divididos em mdulos, que podem ser controlados individualmente ou por
computador. Os softwares disponveis so capazes de detectar problemas de
funcionamento e tambm a necessidade de troca de alguma pea.
Figura 4 Esquema bsico de um equipamento para CLAE
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O desenvolvimento de colunas com fases estacionrias preparadas com
partculas de menor dimetro, as quais ofereciam maior resistncia passagem de
fase mvel, tornou necessria a utilizao de sistemas de bombeamento mais
eficientes.
Bombas - Uma bomba para CLAE precisa ser capaz de reproduzir fluxo constante e reprodutvel, sem pulsos, nas altas presses necessrias, e ser
resistente s fases mveis utilizadas.
Injetores Para a introduo da amostra eram utilizadas microsseringas. Atualmente, so utilizados injetores de vlvula. A ala de amostragem (loop)
de tais vlvulas pode ser externa ou interna. As alas externas nada mais so
que tubulaes de volume preciso, as quais podem ser trocadas para que se
permita a injeo de diferentes volumes de amostra. Estas vlvulas possuem
duas posies. Na posio LOAD, a amostra injetada na ala de
amostragem com uma seringa de ponta rombuda, sendo o excesso
imediatamente descartado. A posio INJECT abre a vlvula para que a fase
mvel empurre a amostra para a coluna.
Detectores a funo destes equipamentos a deteco dos compostos vindos do eluente da coluna. So de vrios tipos:
a) UV-Visvel o detector mais usado em CLAE; seu princpio absoro de
luz ultravioleta ou visvel, por parte da amostra, quando nela passa radiao
eletromagntica;
b) Fluorescncia um detector para molculas que fluorescem;
c) ndice de refrao: mede a diferena no ndice de refrao da fase mvel e do
eluente vindo da coluna; muito utilizado em anlises de amostras que no
absorvem no UV e no fluorescem e em cromatografia preparativa;
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d) Infravermelho seu princpio a absoro de luz infravermelha por parte da
amostra, quando nela passa radiao eletromagntica, deteco pouco utilizada;
e) Polarmetro e dicrosmo circular: medem o efeito da luz plana ou circularmente
polarizada sobre compostos oticamente ativos, so equipamentos seletivos,
especficos para a deteco de compostos quirais;
f) Eletroqumicos: baseiam-se em interaes eletroqumicas teis deteco do
analito por CLAE, so seletivos para solutos inicos, oxidveis ou redutveis, e
apresentam alta sensibilidade e baixos limites de deteco; g) Espalhamento de
luz: seu princpio envolve a nebulizao do eluente vindo da coluna em um
aerossol, seguido de vaporizao do solvente para produzir pequenas partculas
que sero detectadas em uma cela de espalhamento de luz, detector no
seletivo e destrutivo;
h) Espectrometria de massas: um detector universal, embora destrutivo, que
apresenta alta sensibilidade, fornece a massa molecular dos solutos e permite a
elucidao estrutural destes;
i) Ressonncia magntica nuclear: combina o poder de separao da CLAE s
informaes estruturais obtidas pela RMN, no de uso rotineiro, devido
dificuldade encontrada e sua hifenao CLAE (CASS, Q.B.; DEGANI,
A.L.G.,2001).
Colunas: a separao cromatogrfica efetuada dentro das colunas cromatogrficas. Os tubos das colunas so cheios com a fase estacionria
conveniente, geralmente slica ou seus derivados (CIOLA, R., 1998).
2.5.2 Modos de separao por CLAE
A classificao da cromatografia lquida de acordo com a fase estacionria
levou a uma grande variedade de tipos. A primeira grande diviso feita foi:
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cromatografia de adsoro e cromatografia de partio, referindo-se s fases
estacionrias slida e lquida, respectivamente.
No caso das fases estacionrias serem lquidas, estas podem estar
simplesmente adsorvidas sobre um suporte slido ou imobilizadas sobre ele. No
primeiro caso, a cromatografia referida como cromatografia de partio. A
cromatografia de partio perdeu espao para a cromatografia de fases
quimicamente ligadas, devido maior estabilidade conferida por estas quando
comparadas com as fases lquidas adsorvidas. Estas fases com suportes
modificados so consideradas parte por diferirem dos outros modos em seu
mecanismo de separao.
O grande desenvolvimento conseguido a partir das fases lquidas
quimicamente ligadas fez com que estas sejam majoritariamente usadas em CLAE
analtica.
A separao de uma mistura por CLAE se d por uma ou mais interaes
entre o soluto, a fase estacionria e a fase mvel, as quais podem ser pontes de
hidrognio, interaes eletrostticas e hidrofbicas ou foras de Van der Waals,
entre outras. Os modos de separao podem ser classificados de acordo com a
natureza destas interaes. So eles: cromatografia em fase reversa, em fase
normal, por pareamento de ons ou por troca inica e por excluso.
2.5.2.1 Cromatografia em fase normal
A fase estacionria mais polar que a fase mvel; o oposto ocorre em
cromatografia no modo reverso. Os solventes usados so normalmente uma mistura
de solventes orgnicos sem a adio de gua.
Os modelos de reteno interao-solvente e competio-solvente tm sido
usados para descrever o efeito da fase mvel em cromatografia lquida no modo
normal.
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Embora molculas inicas ou ionizveis possam ser separadas por
cromatografia no modo normal, a aplicao majoritria tem sido para molculas
neutras. As molculas hidrofbicas (menos polares) so eludas primeiro, enquanto
as molculas hidroflicas (mais polares) so mais retidas.
2.5.2.2 Cromatografia em fase reversa
A fase mvel mais polar do que a fase estacionria. A cromatografia em
fase reversa a mais utilizada em CLAE, pois permite a separao de uma grande
quantidade de solutos e o uso de fases mveis aquosas. A fase mvel mais
comumente utilizada uma mistura de acetonitrila/gua, sendo a acetonitrila,
quando necessrio, substituda pelo metanol ou tetraidrofurano (THF). O uso de
apenas esses trs solventes deve-se pequena quantidade de solventes orgnicos
miscveis em gua.
A separao em fase reversa se deve principalmente a interaes entre a
parte no-polar do soluto e a fase estacionria, isto , repulso desta parte do
soluto pela fase mvel aquosa.
2.5.2.3 Cromatografia de compostos inicos
A separao de compostos ionizveis pode ser conseguida por supresso da
ionizao ou, ento, por completa ionizao e separao por pareamento de ons ou
por troca inica.
Em cromatografia de fase reversa, a reteno diminui p