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1 - INTRODUÇÃO A participação da fêmea eqüina no processo de seleção da espécie é de sabida importância, atingindo seu apogeu entre os criadores árabes, que valorizam mais as matrizes que o próprio garanhão. O fato de a égua liberar apenas um ovócito por ciclo estral aliado a um período de gestação longo, de aproximadamente 330 dias, limita a sua participação genética no plantel, comparada ao garanhão que pode fecundar várias fêmeas numa única estação, deixando uma vasta prole. A transferência de embriões de uma égua doadora para uma receptora, com o intuito de liberar a primeira da tarefa de gestar o embrião, tem sido a solução mais utilizada no mundo inteiro, objetivando aumento do número de descendentes/ano/matriz. É um recurso tecnológico que incrementa o nascimento de produtos geneticamente superiores. Entretanto, este processo tem sido lento devido ao fato de as éguas não responderem satisfatoriamente ao estímulo da superovulação (TAVEIROS et al., 1999). Isto aliado ao alto custo da técnica, devido à necessidade de manutenção de um grande número de receptoras no haras, aos valores do material, medicamentos e meios utilizados, bem como custo do profissional especializado para realização dos procedimentos. As pesquisas que dêem ao criador opções economicamente mais viáveis podem contribuir para aumentar a utilização da técnica no Brasil, país que, segundo

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1 - INTRODUÇÃO

A participação da fêmea eqüina no processo de seleção da espécie é de

sabida importância, atingindo seu apogeu entre os criadores árabes, que valorizam

mais as matrizes que o próprio garanhão.

O fato de a égua liberar apenas um ovócito por ciclo estral aliado a um

período de gestação longo, de aproximadamente 330 dias, limita a sua participação

genética no plantel, comparada ao garanhão que pode fecundar várias fêmeas numa

única estação, deixando uma vasta prole.

A transferência de embriões de uma égua doadora para uma receptora, com

o intuito de liberar a primeira da tarefa de gestar o embrião, tem sido a solução mais

utilizada no mundo inteiro, objetivando aumento do número de

descendentes/ano/matriz. É um recurso tecnológico que incrementa o nascimento de

produtos geneticamente superiores. Entretanto, este processo tem sido lento devido

ao fato de as éguas não responderem satisfatoriamente ao estímulo da

superovulação (TAVEIROS et al., 1999). Isto aliado ao alto custo da técnica, devido à

necessidade de manutenção de um grande número de receptoras no haras, aos

valores do material, medicamentos e meios utilizados, bem como custo do

profissional especializado para realização dos procedimentos.

As pesquisas que dêem ao criador opções economicamente mais viáveis

podem contribuir para aumentar a utilização da técnica no Brasil, país que, segundo

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SQUIRE et al. (2003), é o terceiro em importância na transferência de embriões

eqüinos no mundo.

A elaboração de protocolos eficazes que determinam a superovulação na

espécie eqüina é de grande importância na evolução desta técnica, uma vez que a

obtenção de vários embriões em uma só coleta diluiria os custos das gestações

resultantes. Infelizmente, não existem produtos hormonais economicamente viáveis

para superovulação em éguas (SQUIRES et al., 2003). A diminuição do número de

receptoras seria de extrema importância, pois, segundo LAGNEAUX e PALMER

(1993), tal manutenção representa um dos maiores custos da transferência de

embriões em eqüinos. A comparação experimental entre os diferentes

medicamentos, materiais, meios de manutenção e lavagem do embrião e do útero,

apontando opções mais econômicas e tecnicamente recomendáveis, juntamente

com o aumento do número de profissionais habilitados para a execução da técnica,

também constituem pontos importante na redução destes custos.

O presente trabalho apresenta os resultados de três diferentes

experimentos, objetivando diminuir a relação receptoras/doadora (experimentos 1 e

2) e comparar 2 dos meios comerciais mais utilizados no Brasil, para os processos

de rasteamento, lavagem, manutenção e inovulação de embriões (experimento 3).

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2 - REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

CRESCIMENTO FOLICULAR EM EQÜINOS

Os mecanismos que regulam o desenvolvimento folicular até a fase pré-antral

não são completamente entendidos. Existem evidências de que este

desenvolvimento ocorra independentemente das gonadotrofinas. Os mecanismos

autócrinos e parácrinos controlam o início da foliculogênese com envolvimento de

polipeptídeos na proliferação e diferenciação celular. Entre eles, os fatores de

crescimento epidermal (EGF), fibroblástico (FGF), semelhante à insulina (IGF) e

crescimento neural (NGF), o fator transformante beta, que inclui a inibina e a ativina,

e os fatores de crescimento hematopoéticos (citoquinas), regulam esta fase

(FINDLAY, 1994).

O aumento da concentração plasmática de (FSH) é a chave para o

recrutamento dos grupos de folículos que inicia seu desenvolvimento sincronizado

sob forma de uma onda (FORTUNE, 1994). GINTHER (2000) afirma que a

emergência das ondas foliculares em eqüinos e bovinos é estimulada por um pico de

FSH. Na égua, a onda alcança o pico quando os folículos atingem o diâmetro de

13mm, ocorrendo então uma diminuição da concentração de FSH, que não impede

que 2 folículos alcancem o diâmetro de 22 e 19mm, alguns dias após o pico da onda

de FSH. Quando os folículos alcançam este diâmetro, ocorre o desvio, e um folículo

se torna dominante por crescimento contínuo até a ovulação e o outro subordinado,

que irá regredir na maioria das vezes. GASTAL et al. (2000) concluíram que o (LH)

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não está envolvido no início do desvio, mas é necessário para o crescimento do

folículo, após o desvio.

Os tipos de ondas foliculares que se desenvolvem em éguas são as ondas

maiores (caracterizadas por um folículo dominante e outros subordinados) e as

ondas menores (folículos maiores não alcançam o diâmetro de um folículo

dominante). Baseado na palpação retal, uma única onda folicular maior era proposta

inicialmente para o ciclo estral eqüino. Esta onda de folículos estaria dissociada ao

redor de 6 dias antes da ovulação em um único folículo pré-ovulatório em

crescimento e vários em regressão. Vários pesquisadores publicaram trabalhos com

o uso de ultra-sonografia após este período e relataram que existem variantes deste

modelo de apenas uma onda. Em algumas raças, usualmente, apenas uma onda

maior primária se desenvolve no fim do diestro e culmina com a ovulação do folículo

dominante no estro. Em outras raças, uma onda maior secundária freqüentemente

se desenvolve no início do diestro ou durante o cio, e o folículo dominante pode ser

anovulatório como no bovino, ou ovulatório. (GINTHER, 2000).

SOUZA et al. (1999), trabalhando com potras da raça Brasileiro de Hipismo

relataram que em 21 intervalos ovulatórios estudados, 14 apresentaram uma única

onda de crescimento folicular (duração média de 19 dias) e 7 apresentaram duas

ondas de desenvolvimento folicular (duração de 21 dias).

FASE ESTROGÊNICA E PROGESTERÔNICA DO CICLO ESTRAL

O principal estrógeno presente no sangue e fluido folicular de éguas não

prenhes é o estradiol, segundo SHORT (1961). É ele o responsável pelo

comportamento das éguas em cio, reproduzindo estes sinais em éguas

ovariectomizadas, quando administrado sistemicamente (GINTHER, 1979). O edema

endometrial que ocorre no estro pode ser percebido pelo ligeiro aumento do tônus e

formato quase tubular do útero (HUGHES et al.,1977). O estradiol induz ainda o

relaxamento e o aumento do diâmetro do canal cervical, bem como um aumento da

secreção uterina, e produção de fluidos com alta capacidade lubrificante pela cérvix

e vagina durante o cio (MCKINNON e VOSS, 1992). O crescimento do ducto

glandular do endométrio uterino, as alterações histológicas do epitélio vaginal

durante o ciclo estral, o crescimento do ducto da glândula mamária durante a

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mamogênese, a liberação de hormônio hipofisário, o auxílio no processo de

implantação embrionária e a potencialização dos efeitos da oxitocina e da

prostaglandinas sobre as contrações uterinas, são também resultantes da ação dos

estrógenos, segundo HAFEZ (1982)

PELEHACH et al. (2002), trabalhando com éguas ovariectomizadas e tratadas

com 5 mg de estradiol, reportaram um rápido aumento no edema uterino (6 h após

administração intramuscular), com um máximo alcançado entre 10 a 12h. O mesmo

tratamento aumentou, significativamente, o número de receptores uterinos para

progesterona, embora não tenha alterado os de estrógenos. A associação de 75mg

de progesterona ao tratamento com estradiol aumentou o grau do edema, embora

não tenha alterado o tempo do início e pico do mesmo. Nas éguas que só foram

tratadas com estradiol este edema persistiu por um tempo muito maior que nas do

controle (éguas cíclicas) e com tratamento estradiol + progesterona, sugerindo,

segundo os autores, ocorreu o envolvimento de progesterona na dissipação deste

edema.

O fluxo sangüíneo uterino em éguas cíclicas, segundo BOLLWEIN et al.

(2002), está positivamente associado com a concentração endógena de estrógenos

no plasma e negativamente associado com a de progesterona. BOLLWEIN et al.

(2003) estudaram o fluxo sangüíneo na artéria uterina e na artéria ovariana do

folículo dominante em éguas cíclicas (controle), cíclicas tratadas com estradiol e

cíclicas tratadas com Altrenogest (progestágeno). Em éguas cíclicas, houve um

aumento da circulação sangüínea na artéria uterina, no início do diestro e nos

últimos dias antes da ovulação e uma diminuição do fluxo entre o D1 e D11. Em

éguas cíclicas tratadas com estradiol, o fluxo aumentou no primeiro dia de aplicação

(D0), diminuindo nos outros dias. O mesmo tratamento diminuiu o fluxo sangüíneo

na artéria do folículo dominante durante todo o ciclo. O tratamento com

progestágeno diminuiu o fluxo sangüíneo na artéria uterina e na artéria do folículo

dominante durante todo o ciclo.

A principal fonte de progesterona são as células luteais do corpo lúteo.

Embora a progesterona tenha sido isolada do córtex adrenal e da placenta de vários

animais, a principal fonte fisiológica continua sendo o corpo lúteo. Durante o período

final da prenhez, a placenta pode ser fonte da progesterona em alguns animais

(JONES et all., 1983).

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IRVINE e ALEXANDER (1997) afirmaram que o “feedback” negativo da

progesterona é muito efetivo no início do diestro e que, logo após a aplicação de

uma dose de PGF2 alfa (prostaglandina F2 alfa) em éguas neste período, ocorre um

rápido aumento das concentrações circulantes de GnRH, LH e FSH.

Os efeitos da progesterona no comportamento e as características

morfológicas da cérvix e o útero são eficazes após efeitos do estrógeno

(MCKINNON e VOSS,1992). A progesterona age no útero estimulando a secreção

do leite uterino pelas glândulas endometriais (ALLEN, 2001). As glândulas uterinas

aumentam em profundidade, mais especificamente em ramificações e tortuosidades.

A espiralização das glândulas aumenta sua capacidade funcional, depois do

desenvolvimento do ducto reto, sob a influência do estrógeno (JONES et al.,1983).

GRAY et al. (2001), revisando trabalhos sobre desenvolvimento das glândulas

uterinas, descreveram que estas, em éguas neonatas, se apresentam como simples

estruturas tubulares, assim permanecendo até o primeiro diestro da puberdade.

Segundo os autores, as observações nesta espécie sugerem a participação somente

da progesterona no desenvolvimento das glândulas endometriais.

A meia-vida fisiológica de progesterona exógena, aplicada via endovenosa

em éguas ovariectomizadas, varia de 2,5 a 20 minutos (GANJAN et al.,1975). Isto

significa que uma secreção constante é essencial para manter o nível circulatório.

O transporte dos estrógenos (particularmente, o estradiol) e dos progestágenos

(particularmente, a progesterona) no plasma é semelhante. Ambos são fracos, mas

completamente ligados à albumina. Quando os esteróides sexuais atingem a célula

alvo, são liberados das proteínas transportadoras e penetram no interior destas

células nas quais onde atuam. Quando a síntese protéica é induzida, as células alvo

funcionam. Por exemplo, uma célula glandular pode secretar, a mitose pode ser

estimulada em célula epitelial, o estro psíquico pode ser induzido se a célula alvo for

um neurônio particular ou a hipertrofia pode ser induzida em célula do miométrio

(JONES et al., 1983).

PERKINS et al. (1993) demonstraram a secreção pulsátil de progesterona, e

concluíram que, em média, 3,33 pulsos diários de liberação deste hormônio ocorrem

em éguas com 8 dias de ovulação. Em seus trabalhos, a concentração média de

progesterona para este dia foi de 7,26ng/ml. Segundo SHARP (2000), em éguas que

permanecem gestantes, a concentração plasmática de progesterona se mantém

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consistentemente acima de 4ng/ml. CAIADO (2000) encontrou níveis séricos médios

de progesterona de 7,0ng/ml em receptoras selecionadas para receberem embriões,

entre os dias 4 e 8 após a ovulação. Já BERGFELT e GINTHER (1996), trabalhando

com éguas e pôneis, verificaram que a concentração de progesterona (ng/ml) foi

próxima de zero no dia da ovulação, atingindo aproximadamente de 3,0 no D2 e

11,0 no D7 em ambos os tipos de fêmeas. No D4, a concentração de progesterona

foi menor nas éguas (em torno de 7,0ng/ml) que em pôneis (em torno de 9,0ng/ml).

CALDAS et al. (1994) não encontraram diferença em relação à concentração de

progesterona entre éguas gestantes e não gestantes nos primeiros dez dias após a

ovulação. SOUZA et al. (1999), trabalhando com potras da raça Brasileiro de

Hipismo, encontraram concentrações médias de progesterona plasmática de

5,6ng/ml no quarto dia após a ovulação, permanecendo elevadas até o décimo

quarto dia, quando retornaram aos valores basais. CARVALHO (2000) cita que, após

a ovulação, as concentrações de progesterona aumentam progressivamente até o

oitavo dia.

A secreção uterina, estimulada pela progesterona, produz o leite uterino

(MCKINNON e VOSS,1992). SHARP (2000) cita que o meio ambiente uterino é

extremamente importante para o desenvolvimento do concepto eqüino e que a

progesterona é essencial para promover um ambiente favorável. Portanto, a cada

fase luteal, a égua se prepara para uma provável prenhez. O conteúdo total de

proteínas da secreção uterina no ciclo estral das éguas decresce rapidamente com o

declínio dos níveis plasmáticos de progesterona (ZAVY et al., 1979). Estes últimos

autores mostraram, mais tarde, que o incremento da proteína uteroferrina no lume

uterino é semelhante entre éguas prenhes e não prenhes entre os dias 12 e até

após o dia 14, porém, há um rápido decréscimo no dia 18 pós ovulação nas não

prenhes. MCDOWELL et al. (1987) trataram éguas com progesterona ou

progesterona associada a estrógenos, concluindo que ambos os tratamentos

aumentaram a concentração de uteroferrina, embora o tratamento com progesterona

sem associação com estrógeno tenha aumentado também a secreção de outras

proteínas uterinas que o tratamento conjugado não incrementou.

WATSON et al. (1992) estudaram a distribuição dos receptores de

progesterona e de estrógeno no endométrio eqüino, relatando que, durante o estro,

as células do estroma apresentam um aumento maior de ambos os receptores, que

as células do miométrio, epitélio luminal e do epitélio glandular. Durante o diestro, a

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quantidade de ambos os receptores diminui nas células do estroma e do miométrio.

As células do epitélio luminal não alteraram a quantidade de receptores nas

diferentes fases do ciclo estral. Entre D0 e D14, não houve diferença no número de

ambos os receptores entre éguas gestantes e não gestantes. Este trabalho ratifica o

estudo de TOMANELLI et al. (1991), que chegaram às mesmas conclusões,

trabalhando com receptores solúveis de estrógeno e progesterona do endométrio de

éguas.

TRANSFERÊNCIA DE EMBRIÕES EM EQÜINOS

A primeira transferência de embriões eqüinos (TEE) que logrou sucesso foi

realizada no Japão por OGURI et al. (1972). Nos Estados Unidos da América, as

pesquisas nesta área tiveram um grande impulso quando a American Quarter Horse

Association aprovou a técnica (MCKINNON, 1999). No Brasil, os trabalhos de TEE

tiveram início em 1986, no estado de São Paulo, e foram realizados com sucesso na

raça Mangalarga (FLEURY, 1998a). Na raça Mangalarga Marchador, a técnica foi

reconhecida e aceita pelo seu Conselho Deliberativo Técnico em 1995, sendo, a

partir daí, muito utilizada (CAIADO, 2000).

Nos últimos anos, têm-se utilizado a inseminação artificial e a transferência de

embriões como ferramenta para melhoramento genético de eqüinos, ou para a

simples multiplicação de genótipos (GINTHER, 1992).

A taxa de gestação na transferência de embriões pode ser afetada pelo

método (cirúrgico e não-cirúrgico), pela habilidade técnica do operador, pela

sincronia de ovulação entre doadora e receptora, pela condição reprodutiva de

ambas as fêmeas e pela qualidade e idade do embrião no momento da transferência

(CAIADO, 2000).

A sincronização do cio entre doadoras e receptoras é condição importante

para o sucesso de um programa de transferência de embriões na espécie eqüina

(POOL et al., 1987 e SQUIRES et al., 1998). PASHEN et al. (1993) utilizaram a

aplicação de uma única dose de prostaglandina F2 alfa, durante o diestro de

doadoras e receptoras, para obter a sincronização da luteólise. ALVARENGA et al.

(1998) obtiveram a luteólise por meio da aplicação de microdose de prostaglandina,

no ponto apropriado de acupuntura, localizado no espaço lombo sacral.

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HUHTINEN et al. (1996) obtiveram índices de recuperação embrionárias

menores à medida que o tempo decorrido entre a ovulação da doadora e a

inseminação artificial foi aumentado. As éguas foram divididas em quatro grupos,

sendo o primeiro inseminado antes da ovulação e os outros 8-16, 16-24 e 24-32

horas após a ovulação, obtendo, respectivamente, as seguintes taxas de prenhez:

45; 36; 30 e 20%.

ALVARENGA et al. (1993) citaram que as vantagens da utilização da solução

de Ringer com lactato de sódio, durante as lavagens uterinas, visando à

recuperação de embriões de doadoras eqüinas, expressam-se por menor custo

financeiro e maior facilidade de ser encontrado, uma vez que é um produto

rotineiramente usado na clínica hospitalar. Além disso, apresentam índices similares

de recuperação e de qualidade de embriões, quando comparados aos do PBS

(solução salina tamponada com fosfato). FLEURY (1998a) e CARVALHO (2000)

também utilizaram a solução de Ringer com lactato de sódio para lavagens uterinas,

objetivando recuperação embrionária.

A recuperação não cirúrgica de embriões feita por meio de lavagens uterinas

em um sistema fechado, com um tipo especial de sonda (BIVONAR Inc. Gary.

Indiana. USA) apropriada para utilização em éguas, adaptada a uma extensão de

silicone, unida a um filtro para coleta de embrião (75 micras), tem sido utilizado por

vários pesquisadores, demonstrando sua eficiência (ALVARENGA et al., 1993;

RIERA e MCDONOUGH, 1993; ALLEN, 1994; FLEURY, 1998a). SQUIRES et al.

(2003) afirmaram que esta técnica permanece praticamente inalterada nas duas

últimas décadas.

Segundo BETTERIDGE (1997), o tempo de transporte ovidutal na égua é

mais demorado que em outros mamíferos, em torno de 5 ou 6 dias, e que, por isto,

os embriões entram no útero nos estádios finais de mórula ou no início de

blastocisto. BATTUT et al. (1997) mostraram que esse tempo é ainda mais longo,

demorando em torno de 6,0 a 6,5 dias.

IULIANO et al. (1985) obtiveram índices de recuperação embrionária similares

estatisticamente, quando a coleta foi realizada no dia 7 (75,5%) ou 8 (81,9%), após a

ovulação da doadora. Já SQUIRES et al. (1998) afirmaram que os melhores índices

de recuperação embrionária ocorrem quando as lavagens são feitas no sétimo ou

oitavo dia, após a ovulação da doadora, mas aconselham a lavagem no sexto dia

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após, a ovulação, quando se pretende congelamento do embrião. WILSON et al.

(1991) não obtiveram nenhum embrião, quando realizaram coletas não-cirúrgicas de

potrancas de 2 anos, no quinto dia após a ovulação (120h), inseminadas com doses

apropriadas de espermatozóides viáveis. Foram obtidos 51 embriões viáveis e 19

inviáveis em 120 lavagens em potras da mesma faixa etária, quando a recuperação

embrionária ocorreu no sexto dia após a ovulação (144h). FLEURY (1998a) obteve

índices de 49,3; 58 e 54,5%, quando realizou a recuperação embrionária,

respectivamente, nos dias 7, 8 e 9, após a ovulação.

SQUIRES et al. (2003) afirmaram que quase todos os embriões

recuperados em programas de transferência em eqüinos são transferidos por meio

de técnica não cirúrgica, utilizando um inovulador apropriado ou pipeta de

inseminação eqüina envolvida por proteção plástica. Por esta técnica, o embrião é

depositado no corpo ou corno uterino pela cérvix.

MCKINNON e SQUIRES (1988) classificaram os embriões eqüinos em 5

graus de qualidade, de acordo com a compactação dos blastômeros, número de

blastômeros danificados ou extrusados, forma do embrião, integridade da blastocele

e da zona pelúcida, do estágio de desenvolvimento comparado a idade do embrião,

em :

1-Excelente. É um embrião ideal, esférico, com células de tamanho, cor e textura

uniformes.

2-Bom. Apresenta pequenas imperfeições, como poucos blastômeros extrusados,

formato irregular ou separação trofoblástica.

3-Regular. Embrião definido sem apresentar lesões severas no que diz respeito ao

número de blastômeros extrusados, células degeneradas ou colapso de blastocele.

4-Ruim. Apresenta problemas severos como colapso da blastocele, numerosos

blastômeros extrusados e células degeneradas, mas com uma massa embrionária

de aparência viável.

5-Mortos ou oócitos não fecundados. Degeneração embrionária total ou oócito não

fecundado.

SQUIRES et al. (2003) concluíram que a qualidade dos embriões é o fator

que tem o maior efeito sobre a taxa de prenhez por transferência em éguas. Citando

trabalhos anteriormente feitos em seus laboratórios, afirmaram que embriões do

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grau ≥ 3 apresentam baixa taxa de prenhez. Acrescentam que embriões com

tamanho menor que o esperado pela idade e os que possuem anormalidades

morfológicas também apresentam baixa taxa de prenhez.

SELEÇÃO DE RECEPTORAS NO MOMENTO DA INOVULAÇÃO

Os vários trabalhos consultados na literatura, como SCHECHTER e

THRELFALL (1987); SCHMIDT et al. (1995); SQUIRES et al. (1998); MCKINNON

(1999); CARNEVALE et al. (2000); SQUIRES et al. (2003), indicam que para a

seleção de receptoras, com transferência de embriões, devem ser levadas em conta

o estado geral da receptora, o histórico reprodutivo, o grau de sincronia e o exame

completo da genitália no momento da seleção. Nenhum deles fez referência às

características encontradas, durante o cio e ovulação, como fator importante na

possível determinação desta seleção. Quanto ao grau de sincronia, tais autores

utilizaram receptoras ovuladas 1 dia antes até 3 dias após a sua respectiva doadora,

exceto CARNEVALE et al. (2000), que utilizaram receptoras entre 5 a 9 dias do ciclo

estral. Já CAIADO (2000) utilizou receptoras entre 4 a 8 dias do ciclo estral.

SQUIRES et al. (1998) e SQUIRES et al. (2003) preconizam que receptoras

de embriões eqüinos devem ser examinadas nos dias 4 ou 5, após ovulação, por

meio de ultra-sonografia, para verificar a presença de corpo lúteo, ausência de

fluidos ou dobras endometriais e, além disto, o trato genital deve ser examinado via

retal para observação do tônus uterino e cervical. As éguas que apresentam tônus

uterino e cervical considerados excelentes possuem taxa de prenhez maior que as

receptoras com tônus considerado marginalmente aceitável, segundo os mesmos

autores. CARNEVALE et al. (2000) demonstraram que os fatores mais importantes

na seleção de receptoras, visando à transferência de embriões em eqüinos, são o

tônus do útero e a cérvix. McCUE et al. (1999) analisaram a concentração de

progesterona de receptoras, no dia 5 após a ovulação e concluíram que as

consideradas aptas para receberem embriões apresentavam uma taxa de

progesterona significativamente maior que as rejeitadas. CARNEVALE et al. (2000)

também afirmaram que as receptoras eqüinas classificadas com tônus uterino

excelente ou bom, no momento da transferência de embriões, no dia 5 após a

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ovulação, apresentaram uma taxa de gestação significativamente maior que as que

foram classificadas com tônus marginalmente aceitável.

TÔNUS UTERINO

A progesterona é o único fator produzido pelo corpo lúteo necessário para o

desenvolvimento da turgidez uterina na égua, segundo BONAFOS et al. (1994).

Estes pesquisadores monitoraram o tônus uterino em éguas prenhes e não-prenhes,

classificando-os de 1 (flácido) a 6 (túrgido). O trabalho foi conduzido do D0 ao D20

(D0= dia da ovulação) e a classificação se baseou na palpação do útero. Afirmaram

que o pico máximo do tônus, encontrado em éguas não prenhes, ocorreu entre 6 a

13 dias, e que, a partir do D13, o tônus de éguas gestantes é maior que das não

gestantes. A aplicação exógena de progesterona nestas últimas causa turgidez

uterina semelhante à de éguas gestantes, com aproximadamente 30 dias.

MCKINNON et al. (1988) trataram éguas ovariectomizadas com estradiol e

progesterona, mostrando que o aumento do tônus uterino, no início da prenhez e na

pseudo-prenhez, não é somente atribuído à progesterona, uma vez que a adição de

pequenas quantidades de estradiol (1mg) em éguas tratadas com progesterona (100

mg/dia de P4) resultou num tônus maior que o resultado do tratamento somente com

progesterona ou com progesterona na mesma dose acrescida de 5mg de estradiol.

O primeiro tratamento comentado (100mg P4 + 1mg estradiol) foi o que mais imitou

o tônus do início da prenhez. O grau de tônus uterino foi classificado de 1 (mínimo) a

4 (máximo, tônus do início da prenhez). ZAVY et al. (1979) afirmaram que o estradiol

do concepto, juntamente com a progesterona luteal, são os responsáveis pelo

aumento da turgidez do útero durante a fase de motilidade uterina.

GASTAL et al. (1998) relataram que os métodos utilizados, em diferentes

experimentos, para classificar o grau de contração uterina na égua, tiveram como

base o implante de eletrodos e a medida extraluminal do grau de estiramento

uterino. As variações na pressão têm sido estudadas com aparelhos intra-uterinos e

a atividade uterina com uso de ultra-som. Os mesmos autores utilizaram o toque

digital do útero, via palpação retal, na classificação do tônus uterino de éguas, num

escore de um a quatro, submetidas à aplicação de prostaglandina E2.

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USO DE PROGESTERONA E PROGESTÁGENOS EM ÉGUAS

WEBEL (1975) foi o primeiro pesquisador a reportar o uso de um

progestágeno sintético via oral, (Altrenogest) para o controle do estro e da ovulação

em égua. Desde então, tem havido numerosas citações do seu uso para este fim

(NEELY, 1988; ALLEN et al., 1980 e SQUIRES et al., 1983). MCKINNON e VOSS

(1992) descreveram que este parece ser o único progestágeno oral realmente

efetivo em éguas. SQUIRES et al. (1983) demonstraram que o Altrenogest foi

ineficaz na indução do estro e da ovulação em éguas em anestro, fora da estação de

monta. Por outro lado, se a égua era tratada por duas semanas a partir da metade

para o final da fase transicional, um grande número delas exibiu cio e ovulação

quando comparadas com as éguas-controle não-tratadas. Os mesmos autores

também avaliaram o Altrenogest na manutenção da gestação em éguas

ovariectomizadas, nas doses de 0,022 e 0,044mg/kg, demonstrando a prevenção de

aborto em 87,5% das éguas, em ambas as doses. O crescimento folicular, a partir de

um dado momento, é inibido durante o tratamento com progestágenos, o que leva a

pressupor que o conteúdo de LH na hipófise esteja aumentado, resultando numa

secreção maior de gonadotrofina, após a cessação do tratamento.

HUGHES et al., (1980) estudaram o efeito da aplicação diária de

progesterona oleosa, via intramuscular, em éguas ovariectomizadas, e

demonstraram que, para atingir níveis plasmáticos de 4ng/ml, as doses de 50 e

100mg/dia não foram suficientes, sendo estes níveis consistentemente atingidos

com doses de 200 mg/dia (ver Figura 1). Os mesmos autores descreveram que os

níveis séricos de progesterona abaixo de 1ng/ml caracterizam o período do estro.

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Figura 1-Concentrações plasmáticas de progesterona, após a administração

intramuscular (setas) de progesterona oleosa, em doses de 50, 100 e 200 mg em éguas ovariectomizadas. As linhas verticais indicam a variação da concentração em duas éguas (HUGHES it al., 1980).

ALEXANDER et al. (1991) determinaram o efeito do tratamento com

progesterona na suscetibilidade de infecção uterina, concluindo que a progesterona

pode ser nociva à saúde do útero, particularmente em éguas velhas. No entanto,

nos estudos de WEBEL (1975); ALLEN et al. (1980) e SQUIRES et al. (1983),

baseados em achados clínicos, não foi observado que o tratamento progesterônico

por 12 a 15 dias tenha alterado a fertilidade reprodutiva em éguas

ginecologicamente sadias.

NEELY et al. (1983) relataram que a terapêutica com progesterona e

progestágenos em égua é utilizada na fase de transição do anestro estacional para a

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Injeção Tempo

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estação de monta, no controle dos folículos ovarianos, na supressão do cio, na

suplementação da progesterona endógena para manutenção da gestação e como

auxiliar no tratamento da involução uterina e retenção de placenta.

REGULAÇÃO DO ESTRO EM ÉGUAS NA FASE DE TRANSIÇÃO REPRODUTIVA

Segundo SILVIA et al. (1986), ocorre um desbalanceamento hormonal

durante o período de transição para a estação de monta, com uma alta secreção de

FSH e baixa secreção de LH. Durante o inverno, as reservas hipofisárias de LH e

reservas hipotalâmicas de GnRH ficam extremamente baixas. As concentrações de

GnRH no hipotálamo são prontamente repostas após o solstício de inverno,

enquanto as reservas hipofisárias de LH aumentam de forma mais lenta. Este

cenário hormonal resulta em desenvolvimento folicular sem ovulação, segundo estes

autores. WEBEL (1975) afirmou que o objetivo de qualquer tratamento hormonal,

durante o período de transição, é o de acelerar a primeira ovulação da estação e,

conseqüentemente, suprimir os longos e erráticos períodos de cio.

Baseado no sucesso do Altrenogest para a regulação do estro em éguas

transicionais, foi conduzido um experimento, sob condições controladas, envolvendo

441 éguas adultas em 17 locais diferentes, por WEBEL e SQUIRES (1982). O

Altrenogest foi administrado na dose recomendada de 0,044mg/kg por 14 dias,

durante os meses de janeiro a maio, que representa o período de transição do

anestro invernal para a estação fisiológica de cobertura, no hemisfério norte. Durante

o tratamento, o estro foi suspenso em 262 de 278 éguas (94%). As éguas que foram

tratadas antes de 15 de março não exibiram cio ou ovularam antes do controle. No

entanto, o tratamento com Altrenogest no final da fase transicional (após 15 de

março) resultou no acurtamento do estro pós-tratamento do intervalo de concepção,

das éguas tratadas versus éguas-controle. Tais dados sugerem que Altrenogest

ajuda na normalização do ciclo estral no final da fase transicional. Outros

pesquisadores descreveram o uso de progesterona injetável no controle do estro em

éguas em fase de transição (LOY et al., 1981).

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SINCRONIZAÇÃO RECEPTORA/DOADORA

POOL et al. (1987) utilizaram 22 mg/dia de Altrenogest (progestágeno), em

éguas destinadas a serem receptoras de embriões e não sincronizadas com as suas

respectivas doadoras, com início do tratamento no dia da ovulação da doadora.

Preconizaram a realização deste tratamento em éguas no início de diestro. Já

PARRY-WEEKS e HOLTAN (1987) obtiveram taxa de prenhez de 77% (10/13)

durante a transferência não cirúrgica de embriões em receptoras eqüinas tratadas

com 0,044mg/kg/dia de altrenogest. Com este tratamento, as receptoras ovuladas 3

dias antes ou 2 dias após a doadora foram usadas no experimento, possibilitando

esta taxa, com embriões oriundos de doadoras com 7 dias de ovulação.

HINRICHS e KENNEY (1987) trataram 2 grupos de éguas ovariectomizadas,

destinadas a serem receptoras de embriões, com 300mg de progesterona em óleo,

via intramuscular. No primeiro grupo, o tratamento foi iniciado 2 dias após a ovulação

da doadora e, no segundo, 4 dias antes da ovulação da sua respectiva doadora. A

taxa de prenhez aos dezoito dias, confirmada por exame ultra-sonográfico, foi muito

maior no primeiro (6/8) que no segundo grupo (1/12). De acordo com os

pesquisadores, estes resultados confirmam a necessidade de uma sincronização

entre a ovulação da doadora e o início da aplicação de progesterona.

INIBIÇÃO OU POSTERGAÇÃO DO CIO

MCKINNON et al. (1988), mostraram que é possível a postergação da

ovulação por meio da administração oral de Altrenogest. ALMEIDA (1990)

trabalhando com éguas no cio do potro, conseguiu o bloqueio do cio e da ovulação

em 100% das éguas tratadas diariamente com 0,044mg/kg/dia deste produto.

SQUIRES et al. (1983) comprovaram que é possível suprimir o estro por tempo

prolongado, usando o mesmo progestágeno.

LOY e SWAN (1966) trabalharam com progesterona oleosa, aplicada via

intra-muscular diariamente, relatando que na dose de 100mg ou mais, o cio e a

ovulação foram inibidos. HOLTAN et al. (1977) utilizando o mesmo produto,

obtiveram resultados semelhantes.

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MANUTENÇÃO DA GESTAÇÃO

Uma baixa concentração de progesterona, no início da prenhez, tem sido

considerado um dos sinais associados à perda embrionária (DOUGLAS et al. 1985;

GINTHER 1985). O valor de 2,5ng/ml no dia 12 do ciclo estral foi usado como um

valor crítico, abaixo do qual as éguas foram consideradas com disfunção luteal

(DOUGLAS et al., 1985 e SQUIRES et al., 1885). HINRICHS e KENNEY (1985)

demonstraram que éguas ovariectomizadas, tratadas com 300mg de progesterona,

mantiveram a gestação, após a transferência de embrião. PARRY-WEEKS e

HOLTON (1987) obtiveram o mesmo sucesso com éguas ovariectomizadas, usando

Altrenogest, na dose de 0,044mg/Kg.

TAMPÕES BIOLÓGICOS

Os primeiros tampões biológicos estudados foram as misturas de sais

inorgânicos, tamponados com grandes quantidades de fosfato e bicarbonato de

sódio (GONÇALVES et al., 2001). A dificuldade maior na utilização de soluções

tamponadas por bicarbonato é a necessidade do uso de atmosfera de CO2 para

manter o pH constante (MOUSSA et al., 2003a). GOOD et al. (1966), desenvolveram

o Hepes, tampão orgânico para pesquisas biológicas, que mantém o pH de maneira

mais eficiente e mais constante que o da utilização única de bicarbonato. Além disto,

apresenta máxima solubilidade em água, dificuldade em atravessar a membrana

celular, não forma complexo com substâncias biológicas, tem baixa toxicidade e não

age como inibidor em reações bioquímicas.

TAMPÕES BIOLÓGICOS DE USO NA TEE

No início da década de 1970-1980, os meios tamponados com bicarbonato

eram os mais usados para manutenção de embriões. Estes meios foram mais tarde

substituídos por outros, contendo tampão fosfato, uma vez que a necessidade de

incubação com CO2, exigida nos meios com tampão bicarbonato, inviabilizava a

técnica em nível de campo (NELSON e NELSON, 2001).

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A solução tamponada por fosfato, modificada por Dulbeco (DPBS), foi

utilizada por vários pesquisadores na transferência de embriões em eqüinos e

bovinos. MCKINNON (1999) relatou seu uso na coleta de embriões eqüinos,

acrescida de 1% de soro fetal bovino, no momento da lavagem uterina, visando à

recuperação embrionária. O mesmo autor descreve a utilização do DPBS com 10%

de soro fetal bovino (SFB), para o rasteamento e inovulação do embrião. SQUIRES

(1995) e EAST et al. (1999) também aconselham o uso de DPBS para os mesmos

objetivos, acrescentando que, se o embrião for inovulado em tempo inferior a uma

hora, poderá permanecer à temperatura ambiente em DPBS + 10% SFB. Havendo

necessidade de um tempo maior de armazenamento, os autores recomendam a

utilização de Ham’s F10 em atmosfera de CO2. CARNEY et al. (1991), ALVARENGA

et al. (1993), CAIADO (2000), CARVALHO (2000) e PASHEN et al. (1993) também

utilizaram, com sucesso, o DPBS com SFB ou BSA (soro albumina bovina) em

diferentes etapas da TEE. FLEURY (1998b) obteve uma taxa de gestação de 73,3%

quando utilizou embriões transportados em temperatura ambiente (23 a 35ºC), por

um período máximo de 60 minutos, envoltos em meio DPBS.

HAFEZ, (1995) descreveu que o uso de macromoléculas, como a extraída do

soro de bezerros, em adição ao meio, tem função de impedir a aderência do embrião

ao vidro ou plástico, utilizados durante o processo de manipulação. Segundo

NELSON e NELSON (2001), somente no início da década de 1990-2000, surgiram

as primeiras pesquisas que se preocuparam em retirar BSA ou soro dos meios, com

o objetivo de evitar a transmissão de doenças. Isto somado ao aumento das

pesquisas sobre produção in vitro de embriões, e aumentou o interesse para

encontrar alternativas ao uso do DPBS. Entretanto, GONÇALVES et al. (2001)

afirmaram que o uso de soro heterólogo diminui, consideravelmente, o risco de

transmissão de doenças.

NELSON e NELSON (2001) apontaram o Hepes como um sistema tampão

eficiente e estável em atmosfera de oxigênio.

CARNEVALE, et al. (1987) compararam a taxa de prenhez aos 14 dias, de

éguas inovuladas com embriões resfriados a 5oC, em Ham’s F10 com atmosfera

CO2 (5% CO2, 5% O2 e 90% N2) ou tampão Hepes, e relataram uma taxa de

prenhez maior (70% versus 20%) quando o meio utilizado foi o Ham’s F10 em

atmosfera de CO2. FLEURY et al. (2002) utilizaram o meio Ham’s F-10, com tampão

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Hepes, na transferência não cirúrgica de embriões eqüinos, a fresco e resfriados por

até 18 horas, com diferentes diâmetros. Concluíram que o meio é satisfatório para

todos os casos empregados, com taxa de prenhez em torno de 75%.

Os meios que utilizam tampão Hepes ou Zwitteriônico têm sido os mais

utilizados em substituição ao DPBS, na indústria de transferência de embriões em

bovinos nos Estados Unidos da América (NELSON e NELSON, 2001). O tampão

Zwitteriônico apresenta um íon tamponante, metabolicamente inerte, que não

atravessa a barreira celular, estabiliza a zona pelúcida e previne uma possível

inibição do desenvolvimento que pode ser causado pelo tampão fosfato

(SESHAGIRI et al.,1991).

BARROS et al. (2000) compararam os resultados, na transferência e

armazenamento de embriões bovinos de 2 meios, contendo diferentes tampões:

fosfato e Zwitteriônico, em ambiente tropical. Concluíram que não existiu diferença

significativa na taxa de prenhez em vacas que inovuladas com embriões a fresco,

mantidos em um ou outro meio. Porém, afirmaram que somente o tampão

Zwitteriônico pode ser utilizado para embriões destinados ao congelamento.

A composição química de meios freqüentemente usados na transferência de

embriões em animais domésticos foi descrita por HAFEZ (1982) e se encontra no

apêndice deste trabalho.

USO DE TAMPÕES BIOLÓGICOS EM OUTRAS BIOTÉCNICAS DE REPRODUÇÃO ANIMAL

Diversos trabalhos, na área de biotécnicas da reprodução, têm usado e

comparado o efeito do tampão Zwitteriônico com outros comumente utilizados.

WALKER et al. (1989) estudaram a substituição de bicarbonato por Hepes (ácido N-

2-hidroxietilpiperazina-N’-2-etanosulfônico), em quantidades crescentes de 0; 6,25;

12,5; 18,75 e 25mM, no meio de cultivo de embriões ovinos. Comprovaram um efeito

adicional na capacidade tamponante, porém com aumento de danos aos

blastocistos, em concentrações superiores a 12,5mM. MOUSSA et al. (2002)

compararam a taxa de prenhez e o número de células mortas, em embriões eqüinos

resfriados por 24 horas, em meio contendo tampão bicarbonato ou Zwitteriônico.

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Concluíram que não existiu diferença significativa entre os meios, nem na taxa de

prenhez após transferência nem no número de células mortas, após o tempo de

cultivo. MOUSSA et al. (2003a) estudaram a viabilidade e o índice de apoptose, em

embriões eqüinos estocados sob meios tamponados com bicarbonato e

Zwitteriônico, concluindo que não existiu diferença significativa no índice de

apoptose e de células mortas, nos 2 diferentes meios.

DONNISON et al. (1996) analisaram o desenvolvimento embrionário e o

incremento do metabolismo de blastocistos bovinos cultivados por 24 ou 48 horas,

sob temperatura de 25oC, em dois diferentes meios contendo tampões fosfato ou

Zwitteriônico. Seus resultados apontam uma maior viabilidade embrionária e um

aumento na taxa metabólica (incremento na produção de CO2), em embriões

mantidos em meio com tampão Zwitteriônico. MOUSSA et al. (2003b) também

compararam três meios distintos, objetivando resfriamento de embriões eqüinos,

com dois diferentes tampões: bicarbonato (Ham’s F10) e Zwitteriônico (Emcare e

ViGro holding plus). Tais autores descreveram que os meios com tampão

Zwitteriônico não apresentaram diferença estatística, quando comparados ao meio

com tampão bicarbonato, na taxa de prenhez e na quantidade de células mortas,

após período de resfriamento. Também demonstraram que embriões maiores que

400µm, podem ter uma maior viabilidade, após 24 horas de resfriamento, que os

menores de 400µm, por apresentarem, significativamente, um número menor de

células mortas.

RUBIO POMAR et al. (2004) relataram que embriões de suínos,

armazenados por 24 horas em meio com tampão Zwitteriônico (Emcare),

apresentaram, significativamente, menores danos que os armazenados em meios

com tampão fosfato (DPBS e TCM 199). No mesmo experimento, os embriões

maiores (5 dias versus 4 dias) e os que foram incubados a temperaturas mais altas

(36oC versus 18 e 25oC) também apresentaram, significativamente, maiores danos e

maior quantidade de embriões degenerados, em ambos meios.

COUTINHO da SILVA et al. (2002) utilizaram o Emcare no “flushing” de

folículos de éguas doadoras de ovócitos, nos 10 minutos finais de cultivo e como

meio de transferência dos ovócitos. Tornaram-se prenhes 15 das 17 receptoras

destes ovócitos.

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KEEFER et al. (2002) utilizaram, com sucesso, o Emcare no momento de

desnudar e enuclear os ovócitos destinados à produção de cabras clonadas por

transferência nuclear, usando células somáticas adultas.

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3 - REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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4-TRABALHOS

4.1 SELEÇÃO DE ÉGUAS RECEPTORAS DA RAÇA MANGALARGA MARCHADOR POR MEIO DA AVALIAÇÃO DAS CARACTERÍSTICAS DOS SEUS ÓRGÃOS GENITAIS NO DIA DA OVULAÇÃO.

4.2 TRATAMENTO DE ÉGUAS DA RAÇA MANGALARGA MARCHADOR COM PROGESTERONA (P4) OU ALTRENOGEST VISANDO À SUA UTILIZAÇÃO COMO RECEPTORAS DE EMBRIÕES NO SEGUNDO DIA APÓS A OVULAÇÃO.

4.3-COMPARAÇÃO ENTRE 2 MEIOS, COM DIFERENTES TAMPÕES (FOSFATO E

ZWITTERIÔNICO), USADOS ROTINEIRAMENTE NA TRANSFERÊNCIA DE

EMBRIÕES EM ÉGUAS DA RAÇA MANGALARGA MARCHADOR.

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SELEÇÃO DE ÉGUAS RECEPTORAS DA RAÇA MANGALARGA MARCHADOR POR MEIO DA AVALIAÇÃO DAS CARACTERÍSTICAS DOS SEUS ÓRGÃOS

GENITAIS NO DIA DA OVULAÇÃO

RESUMO

Durante a estação de monta de 2001 e 2002, 193 éguas da raça Mangalarga

Marchador, receptoras de embriões, foram avaliadas por palpação retal, para exame

das características dos órgãos genitais no dia da ovulação (D0). As éguas

consideradas indesejadas - tônus uterino classificado como 1, 3 ou 4; presença de

folículos com diâmetro maior que 20mm e/ou fechamento cervical), totalizando 58

(30,05%) - apresentaram significativamente o tônus do útero como a maior causa de

depreciação. Estas éguas, em sua maioria (44 ou 75,86%), foram descartadas da

transferência ao exame no D5 (P<0,05). As que foram selecionadas, para serem

inovuladas na mesma data, apresentaram um índice de prenhez de 50%. Das que

apresentaram condições desejáveis dos órgãos genitais, no dia da ovulação - tônus

uterino classificado como 2, ausência de folículos com diâmetro maior que 20mm e

abertura cervical - totalizando 135 (69,95%) receptoras, a maior parte delas (88 ou

86,27%) foi selecionada para inovulação no D5 (P<0,05), apresentando uma taxa de

prenhez de (79,03%), estatisticamente significativa.

Estes resultados permitem inferir que as receptoras que ovulam com

condições indesejáveis da genitália, podem ser descartadas da transferência de

embriões naquele ciclo.

Palavras-chave: eqüino, Mangalarga Marchador, transferência de embriões, seleção

de receptoras.

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ABSTRACT

During the reproductive season of 2001 and 2002, 193 mares of the Mangalarga

Marchador breeding were evaluated with the objective of choosing the ones destined

to be inovulated. The evaluation was performed through the examination of the

characteristics of genital organs on the day of ovulation (D0). 58 mares (30.05%)

were considered not appropriate (uterine tonus classified as 1, 3, or 4, the presence

of follicle with diameter greater than 20mm, and/or closed cervix). The uterine tonus

was the cause considered statistically superior for declassification. Between these

mares, 44 (75.86%) were taken off the transference program during the exam on D5

(P<0.05). The ones selected to be inovulated in the same day presented a pregnancy

rate of 50%. 135 recipients (69.95%) presented genital organs considered

appropriate conditions in the day of ovulation (uterine tonus classified as 2, absence

of follicle with diameter greater than 20mm, and open cervix). 88 of them (86.27%)

were selected for inovulation on D5 and presented a pregnancy rate of 79.03%, what

was considered statistically significant (P<0.05). These results allow us to infer that

recipients ovulating with genital organs in undesirable conditions may be taken off

the program during that estrous cycle.

Keywords: equine, Mangalarga Marchador, embryo transfer, selection of recipients.

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INTRODUÇÃO

Na rotina de exame ginecológico da fêmea eqüina, visando à transferência de

embriões, é comum que os veterinários façam apenas o controle do

desenvolvimento folicular, por meio de palpação retal, com anotações minuciosas do

tamanho e consistência dos folículos, ficando este exame restrito aos ovários, na

grande maioria das vezes. O exame completo da genitália, estendendo-se ao útero e

à cérvix, poderia trazer mais informações no momento da transferência de embriões.

Tal exame restrito aos ovários tem por base o fato de que no início dos trabalhos de

transferência de embriões na espécie eqüina, a seleção de receptoras levava em

conta, principalmente, o grau de sincronia entre doadoras e receptoras, utilizando-se

somente receptoras que tivessem ovulado dois dias antes ou um dia após a doadora

(ALLEN,1994 e SQUIRES et al., 1992). Os trabalhos consultados na literatura mais

atualizada, como Squires et al. (1998); MCKINON (1999); Squires et al. (2003);

CARNEVALE et al. (2000), indicam que para a seleção de receptoras, objetivando

transferência de embriões, devem ser levadas em conta o estado geral da receptora,

o histórico reprodutivo, o grau de sincronia e o exame completo da genitália no

momento da seleção. Entretanto, nenhum desses autores fez referência às

características encontradas durante o cio e a ovulação, como importantes na

possível determinação desta seleção. Quanto ao grau de sincronia, utilizaram

receptoras ovuladas um dia antes até três dias após sua respectiva doadora, exceto

CARNEVALE et al (2000), que foram utilizadas receptoras ovuladas entre 5 a 9 dias

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antes da inovulação. Já CAIADO (2000) usou receptoras ovuladas entre 4 a 8 dias

antes da transferência e JASKO (2002) usou receptoras com intervalo de 4 a 9 dias.

SQUIRES et al. (2003) e SQUIRES et al. (1998) preconizam que receptoras

de embriões eqüinos devem ser examinadas nos dias 4 ou 5 após a ovulação, por

meio de ultra-sonografia para verificar a presença de corpo lúteo, a ausência de

fluidos ou as dobras endometriais e que, além disto, o trato genital deve ser

examinado via retal para observação do tônus uterino e cervical. SCHMIDT et al.

(1995) afirmaram que éguas que apresentarem, neste exame, fluidos uterinos,

folículos anovulatórios e anormalidades no corpo lúteo, tornam-se desqualificadas

como receptoras. As éguas que apresentaram tônus uterino e cervical considerados

excelente apresentaram taxa de prenhez maior que as receptoras com tônus

considerado marginalmente aceitável, segundo os mesmos autores. CARNEVALE et

al. (2000) demonstraram que os fatores mais importantes, na seleção de receptoras

visando à transferência de embriões em eqüinos, são o tônus do útero e a cérvix.

McCUE et al. (1999) analisaram a concentração de progesterona de receptoras, no

dia 5 após a ovulação e concluíram que as consideradas aptas para receberem

embriões apresentavam uma taxa de progesterona significativamente maior que as

rejeitadas. CARNEVALE et al. (2000) também afirmaram que as receptoras eqüinas

classificadas com tônus uterino excelente ou bom, no momento da transferência de

embriões no dia 5 após a ovulação, apresentaram uma taxa de gestação

significativamente maior que as que foram classificadas com tônus marginalmente

aceitável.

A progesterona é o único fator, produzido pelo corpo lúteo, necessário para o

desenvolvimento da turgidez uterina em égua no início da gestação, segundo

BONAFOS et al. (1994). Estes pesquisadores monitoraram o tônus uterino em éguas

prenhes e não prenhes, classificando-os de 1 (flácido) a 6 (túrgido). O trabalho foi

conduzido do D0 ao D20 (D0= dia da ovulação) e a classificação se baseou em

toque digital do útero, via palpação retal. Afirmaram que o pico máximo do tônus,

encontrado em éguas não prenhes, ocorreu entre 6 a 13 dias, e que, a partir do D13,

o tônus de éguas gestantes é maior que o das não-gestantes. A aplicação exógena

de progesterona nestas últimas causa turgidez uterina semelhante à de éguas

gestantes, com aproximadamente 30 dias. MCKINNON et al. (1988) trataram éguas

ovariectomizadas com estradiol e progesterona, mostrando que o aumento do tônus

uterino no início da prenhez e na pseudo-prenhez não é somente atribuído à

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progesterona, uma vez que a adição de pequenas quantidades de estradiol (1mg),

em éguas tratadas com progesterona (100mg/dia de P4), resultou num tônus maior

que o do tratamento somente com progesterona ou com progesterona na mesma

dose acrescida de 5mg de estradiol. O primeiro tratamento relatado (100mg P4 +

1mg estradiol) foi o que mais imitou o tônus do início da prenhez. O grau de tônus

uterino foi classificado de 1 (mínimo) a 4 (máximo, tônus do início da prenhez).

ZAVY et al. (1979) afirmaram que o estradiol do concepto juntamente com a

progesterona luteal são os responsáveis pelo aumento da turgidez do útero, durante

a fase de motilidade uterina.

Os métodos utilizados, em diferentes experimentos, para classificar o grau de

contração uterina na égua, tiveram como base o implante de eletrodos e a medida

extraluminal do grau de estiramento uterino. As variações na pressão tem sido

estudadas com aparelhos intra-uterinos, e a atividade uterina, com uso de ultra-som

(GASTAL et al. 1998). Os mesmos autores utilizaram o toque digital, via palpação

retal, na classificação do tônus uterino de éguas, num escore de 1 a 4, submetidas à

aplicação de prostaglandina E2.

O principal estrógeno presente no sangue e o fluido folicular de éguas não

prenhes é o estradiol, segundo SHORT (1961). É ele o responsável pelo

comportamento das éguas em cio, reproduzindo estes sinais em éguas

ovariectomizadas, quando administrado sistemicamente (GINTHER, 1979). A

secreção folicular de estrógenos aumenta o pico até 1 ou 2 dias antes da ovulação

(HUGHES et al., 1972) O edema endometrial que ocorre no estro pode ser

percebido pelo ligeiro aumento do tônus e pelo formato quase tubular do útero

(HUGHES et al.,1977). O crescimento do ducto glandular do endométrio uterino, as

alterações histológicas do epitélio vaginal durante o ciclo estral, o crescimento do

ducto da glândula mamária durante a mamogênese, a liberação de hormônio

hipofisário, o auxílio no processo de implantação embrionária, e a potencialização

dos efeitos da oxitocina e prostaglandinas sobre as contrações uterinas, são também

resultantes da ação dos estrógenos, segundo HAFEZ (1982).

SOUZA et al. (1999) verificaram que a produção de progesterona em potras

da raça Brasileiro de Hipismo se manteve baixa no dia da ovulação (abaixo de

0,5ng\ml) e aumentou para 5,6ng/ml no quarto dia, permanecendo elevadas até os

dias 14-16, quando atingiu níveis basais. Já BERGFELT e GINTHER (1996),

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trabalhando com éguas e pôneis fêmeas, verificaram que a concentração de

progesterona (ng/ml) foi próxima de zero no dia da ovulação, atingindo

aproximadamente 3,0 no D2 e 11,0 no D7, em ambos os tipos de fêmeas.

PELEHACH et al. (2002), trabalhando com éguas ovariectomizadas e tratadas

com 5mg de estradiol, reportaram um rápido aumento no edema uterino (6 horas

após administração intramuscular), com um máximo alcançado entre 10 a 12 horas.

A associação de 75mg de progesterona ao tratamento com estradiol aumentou o

grau do edema, embora não tenha alterado o tempo do início e do pico do mesmo.

Nas éguas apenas tratadas com estradiol, este edema persistiu por um tempo muito

maior que nas do controle (éguas cíclicas) e com tratamento estradiol +

progesterona, segundo os autores, ocorreu o envolvimento da progesterona na

dissipação do edema.

O fluxo sangüíneo uterino foi estudado, em éguas cíclicas, por BOLLWEIN et

al. (2002), chegando-se à conclusão que este está positivamente associado com a

concentração endógena de estrógenos no plasma e, negativamente, associado com

a de progesterona.

Como muitos eventos do diestro dependem diretamente dos fenômenos

ocorridos no estro, a comparação das características do final da primeira fase do

ciclo estral com as do início da segunda poderia facilitar a seleção de receptoras no

momento da inovulação.

Este trabalho teve como objetivos:

1-Estabelecer critérios, objetivando possível seleção de receptoras de

embriões, no momento da ovulação.

2- Relacionar as características do sistema genital de receptoras no dia da

ovulação com as do dia da transferência.

3- Verificar a porcentagem de receptoras que ovulam com as características

dos órgãos reprodutivos consideradas ideais ou não.

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MATERIAL E MÉTODOS

LOCAL DO EXPERIMENTO E ANIMAIS

O experimento foi desenvolvido em um criatório de eqüinos no município de

Guarapari-ES, nas estações de monta de 2001 e 2002. 193 éguas da raça

Mangalarga Marchador, receptoras de embriões, com idade variando de 3 a 12 anos

e condição corporal compatível com a atividade reprodutiva foram utilizadas.

Estas éguas foram mantidas em regime de campo, com pastagem de

gramínea, água e sal mineral ad libidum, sendo suplementadas diariamente com

volumoso e concentrado em bretes com cochos individuais. A sincronização do cio

foi obtida com a aplicação de uma dose de prostaglandina F2alfa no meio do diestro

(CAIADO, 2000 e CARVALHO,2000).

METODOLOGIA

Uma vez ao dia, no próprio brete de suplementação alimentar, as éguas

foram submetidas a exame do trato reprodutivo. Os dados coletados, a saber

tamanho e consistência dos folículos, ovulação, tônus uterino e cervical, foram

cuidadosamente anotados (MCKINNON, 1999).

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O sistema de rufiação utilizado foi coletivo e realizado mediante utilização de

um rufião eqüino com a genitália intacta, fértil e com boa libido, conduzido próximo

das fêmeas a serem rufiadas, diariamente, permitindo-se um contato estreito entre

eles, porém separados por uma cerca de réguas que impedia as coberturas e a

recepção de coices, de ambas as partes. Caso houvesse necessidade de uma

rufiação individual, o rufião era conduzido por meio de um cabresto à presença da

fêmea, amarrada a um mourão. A manifestação ou não de cio nas éguas foi

cuidadosamente anotada.

Nos exames de palpação retal, realizados visando à seleção de receptoras

para transferência, observaram-se a presença ou ausência de corpos lúteos, o

número, o tamanho e a consistência dos folículos, o tônus uterino e cervical. A ultra-

sonografia complementava os exames, com avaliação morfológica dos corpos lúteos

e eventuais folículos, a presença de líquidos, tumores, cistos e edema uterinos, bem

como de abertura ou fechamento cervical.

O tônus uterino foi classificado de um a quatro de acordo com GASTAL et al.

(1998) e McKINNON et al. (1988), com modificações, seguindo os seguintes

parâmetros:

• Tônus 1- Mínimo tônus verificado do anestro até o início da atividade cíclica.

O formato e consistência do útero não são bem definidos no exame de

palpação retal (HUGHES et al., 1977).

• Tônus 2- O tônus proporcionado pela fase estrogênica do ciclo estral (estro),

com útero de consistência macia e formato quase tubular (HUGHES et al.,

1977). A contratilidade contrações do útero ainda não é perceptível ao toque.

• Tônus 3- O tônus da fase progesterônica do ciclo estral (diestro). O útero

apresenta formato tubular bem definido, com aumento do tônus e

consistência (HUGHES et al., 1977). A contratilidade uterina é perceptível.

• Tônus 4- Máximo tônus do início da prenhez, após o décimo terceiro dia. A

contratilidade uterina é ainda mais perceptível. O útero mantém formato

tubular e consistência mais firme.

De acordo com a tonicidade, a cérvix foi classificada como aberta ou

fechada. A abertura cervical foi constatada pela sua flacidez e mudança de formato

ao toque, resultantes de uma baixa tonicidade, ocasionada pela ação de estrógenos

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(HUGHES et al. 1977). O fechamento resultante da ação de progesterona no diestro

e gestação, ocasionou uma alta tonicidade (HUGHES et al. 1977), por meio do

formato tubular e consistência firme.

Quando da detecção da ovulação, as receptoras foram classificadas em 2

grupos:

• Grupo A (n=58). Consideradas, neste experimento, como possuidoras de

condições não desejáveis nesta fase do ciclo estral. São as éguas que

ovularam e mantiveram folículos maiores que 20mm de diâmetro em um ou

ambos ovários; ovários polifoliculares; tônus uterino 1, 3 ou 4, bem como

cérvix fechada.

• Grupo B (n=135). Éguas consideradas, neste experimento, como possuidoras

de condições desejáveis do sistema genital, nesta fase do ciclo estral. Foram

as éguas que ovularam um ou 2 folículos não permanecendo outros com

diâmetro maior que 20mm no momento da ovulação do único ou do segundo

folículo, com tônus entre 2 e 3 e abertura cervical.

No momento da transferência (D5), as receptoras foram examinadas por

meio de palpação retal e ultra-sonografia, observando-se o tônus uterino e cervical,

a morfologia dos corpos lúteos e a presença de edema, cistos, fluidos ou ar uterinos

(CARNEVALE et al., 2000), sendo classificadas como excelentes, boas,

marginalmente aceitáveis ou rejeitadas, de acordo com as seguintes características:

1-Excelentes. Receptoras que apresentaram pelo menos um corpo lúteo

ecogenicamente bem definido, tônus uterino de 3 ou 4, cérvix firmemente fechada e

ausência de cistos, dobras e tumores uterinos.

2-Boas. Apresentaram corpos lúteos e tônus uterino nas mesmas condições das

anteriores, porém, com um pouco de dobra endometrial com cérvix menos

firmemente fechada que nas do grupo anterior.

3-Marginalmente aceitáveis. O corpo lúteo estava presente, porém era pequeno

(diâmetro menor que 15mm) ou de imagem ecogenicidade ruim. O útero

apresentava tônus entre 2 e 3 com ou sem presença de pequenos cistos

endometriais e a cérvix com um fechamento frágil.

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4-Rejeitadas. Não apresentavam corpo lúteo ecogenicamente definido, com tônus

uterino de 2 para menos, presença de patologias uterinas e edema endometrial

pronunciado, bem como abertura cervical.

Somente as receptoras consideradas como excelentes ou boas foram

inovuladas neste experimento, utilizando-se a técnica não cirúrgica (Pashen, 1985

citado por RIERA et al., 1993 com modificações), com embriões pré-classificados

como excelentes ou bons de acordo com MCKINNON e SQUIRES (1988).

Posteriormente, as características da genitália dessas éguas no dia da

ovulação foram comparadas com as mesmas no quinto dia após a ovulação (D5),

visando a estabelecer uma relação.

EXAMES DE ULTRA-SONOGRAFIA

Os exames de ultra-sonografia foram realizados por meio de um aparelho de

ultra-som Scaner-200 Vet (Pie Medical) acoplado a um transdutor transretal linear de

7,5MHz, para a confirmação da ovulação, avaliação das características dos órgãos

reprodutivos das receptoras no dia da inovulação e para o diagnóstico de gestação.

COLETAS DE SANGUE E ARMAZENAMENTO DAS AMOSTRAS

As amostras de sangue foram coletadas de 10 éguas escolhidas ao acaso,

metade delas consideradas, no momento da ovulação, não possuidoras de boas

características do sistema genital feminino para aquela fase do ciclo estral. Nas

outras 5, as amostras foram coletadas dentro do grupo considerado possuidor de

boas características. A coleta se realizou por meio de punção na veia jugular,entre

10 e 12 horas da manhã, diariamente no período de D0 ao D5, e a seguir de 2 em 2

dias até o D13. Imediatamente após a coleta de sangue, com auxílio de um tubo

heparinizado (VacutainerR), as amostras foram centrifugadas a 2500giros/minuto,

sendo o plasma obtido acondicionado em tubo de polipropileno e imediatamente

congelado a –18ºC até a análise hormonal (CAIADO, 2000).

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ANÁLISE HORMONAL

As concentrações séricas de progesterona foram obtidas por RIA

(radioimunoensaio), com utilização de kits comerciais (Coat-A-Count,DPC, Los

Angeles,CA), seguindo as recomendações do fabricante, com todas as amostras

analisadas duplamente, apresentando um coeficiente de variação menor que 5%.

ANÁLISE ESTATÍSTICA

Utilizou-se o teste Qui-quadrado (P<0,05), considerando a hipótese de

nulidade 50% de freqüência entre os grupos de receptoras classificadas como

desejáveis (Grupo A) e indesejáveis (Grupo B), segundo características dos órgãos

genitais avaliadas no dia da ovulação. A hipótese alternativa pressupõe que, no dia

da ovulação, uma maioria significativa de receptoras apresentou características

desejáveis no sistema genital, para aquela fase do ciclo estral. De forma similar,

dentro de cada Grupo (A e B), foram testados os números de receptoras com órgãos

genitais classificados como excelente ou bom, ou, marginalmente, aceitável ou

rejeitado, no dia da inovulação.

Os problemas observados nas receptoras classificadas como indesejáveis, no

dia da ovulação, foram: presença de tônus uterino 1, 3 e 4, persistência de folículos

e cérvix fechada. Analisou-se a freqüência nessas classes de problemas segundo o

teste Qui-quadro (P<0,05), considerando a hipótese de nulidade igual freqüência

entre as classes. A hipótese alternativa pressupõe a identificação de um problema

significativamente majoritário, ou seja, que ocorre com maior freqüência. Da mesma

forma, dentro de cada Grupo (A e B), foi testada a freqüência com que ocorre cada

problema identificado nos órgãos genitais das receptoras no dia da inovulação.

Para análise das concentrações plasmáticas de progesterona, utilizou-se o

delineamento estatístico inteiramente casualizado. Os tratamentos constituíram-se

na formação de 2 grupos de receptoras classificadas quanto às características do

sistema genital no dia da ovulação (Grupo A – indesejáveis e Grupo B - desejáveis)

e 5 repetições (=receptoras). Os resultados foram submetidos à análise da variância

da regressão para os teores de progesterona no período de D0 ao D13. Por meio de

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derivações, calculou-se o ponto de máximo das equações de cada repetição e os

resultados foram submetidos à análise da variância (Teste F, GL=2, P<0,05).

RESULTADOS E DISCUSSÃO

As éguas da raça Mangalarga Machador, utilizadas como receptoras de

embriões, podem ser classificadas como aptas à inovulação, segundo as

características dos seus órgãos genitais. Neste experimento, a avaliação de 193

éguas receptoras no dia da ovulação, por meio de palpação retal, revelou que 58

(30,05%) apresentavam órgãos genitais com características indesejáveis, enquanto

135 éguas (69,95%) apresentavam características desejáveis (P< 0,05). Estes dados

encontram-se na Tabela 1.

Tabela 1. Classificação de éguas da raça Mangalarga Machador, receptoras de embriões, quanto às características dos seus órgãos genitais no dia ovulação em comparação com o dia da inovulação (n = 193 éguas)

Classificação dos órgãos genitais das receptoras no dia da inovulação Número de casos (%)

Classificação dos órgãos genitais de

éguas receptoras no dia da ovulação

Número de casos (%) Excelentes ou bons

Marginalmente aceitáveis ou rejeitados

Valor qui-quadrado

(χ²)

Grupo A - indesejáveis1 58

(30,05%)

14

(24,14%)

44

(75,86%)

15,52*

Grupo B - desejáveis2 135

(69,95%)

88

(65,19%)

47

(34,81%)

12,45*

Total (%) = 193

(100%)

102

(51,65%)

91

(47,15%)

0,63ns

Valor de qui-quadrado (χ²) 30,72* 1-Características não-desejáveis dos órgãos genitais na ovulação: a) tônus uterino classificado como 1, 3 e 4; b) presença de folículos com diâmetro maior que 20mm ou/e c) cérvix fechada. 2- Características desejáveis: a) tônus uterino 2; b) ausência de folículos com diâmetro maior que 20mm e c) cérvix aberta. *Teste qui-quadrado entre tipos de problemas, significativo (GL=1, P<0,05). ns- não-signifcativo.

No dia da inovulação, as éguas foram novamente avaliadas, desta vez por

meio de palpação retal e ultra-sonografia, observando-se que das 58 éguas

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classificadas anteriormente como Grupo A (indesejáveis), somente 14 (24, 14%)

delas foram consideradas em excelentes ou boas condições do sistema genital,

nessa ocasião. Todavia, 44 (75,86%) éguas do Grupo A permaneceram na condição

de indesejáveis (P< 0,05), sendo classificadas como marginalmente aceitáveis ou

rejeitadas e, por isso, foram descartadas do processo de inovulação.

Observou-se que, das 193 éguas examinadas no dia da ovulação, 135

(69,95%) foram classificadas como pertencentes ao Grupo B, cujas características

do sistema genital foram consideradas desejáveis. No dia da inovulação, estas

éguas foram reavaliadas, sendo que 88 (65,19%) foram classificadas como

excelentes ou boas e 47 éguas (34,81%) como marginalmente aceitáveis ou

rejeitadas (descartadas), havendo diferença entre elas (P< 0,05).

Na avaliação das características do sistema genital, por meio do exame de

palpação retal no dia da ovulação, os seguintes resultados foram observados, para

as receptoras pertencentes ao Grupo A (indesejáveis): a) tônus uterino 1, 3 ou 4

(86,21%), b) persistência de folículos com diâmetro >20 mm (20,97%) e c) cérvix

fechada (18,97%) (Figura 1). Observou-se uma porcentagem maior e significativa

(P< 0,05) de problemas relacionados ao tônus uterino, em comparação aos

problemas de fechamento cervical e presença de folículos com diâmetro maior que

20mm.

86,21%

20,97% 18,97%

0102030405060708090

100

Problemas Identificados

Freq

uênc

ia (%

)

Tônus uterino 1, 3 e 4Persistência de folículos Cérvix fechada

Número de casos = 50 12 11 χ² = 36,95*

Tipos de Problemas

* Teste qui-quadrado entre tipos de problemas, significativo (GL=2, P<0,05). ns – não-signifcativo.

Figura 1. Porcentagem de ocorrência de características indesejáveis no sistema genital de éguas da raça Mangalarga Machador, receptoras de embriões, avaliados por palpação retal no dia da ovulação (n = 193 éguas).

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Tais resultados indicam que os problemas relacionados ao tônus uterino na

época da ovulação são o sinal clínico mais importante na classificação de éguas

receptoras no Grupo A (indesejáveis). Como nesta fase do ciclo estral o estradiol é o

principal hormônio ovariano produzido, também é o principal responsável pelo

aparecimento de edema e tônus uterino característicos (HUGHES et al., 1977).

Somente se houver algum distúrbio fisiológico que afete as ações desse hormônio, o

tônus ficará comprometido, contribuindo para a classificação da receptora neste

grupo. Os animais que apresentaram tônus uterino classificado como 1,

característico da fase de anestro, no dia da ovulação, demonstraram que o

endométrio não respondeu aos estrógenos ovarianos, com a conseqüente produção

de edema e tônus característicos desta fase (tônus 2). As éguas que apresentaram

tônus classificado como 3 ou 4, característicos da fase do diestro ou gestação, no

dia da ovulação, também demonstram alterações fisiológicas ou patológicas, sendo

por isto de baixa freqüência (22%).

Com referência à persistência de folículos (20,97%), no momento da

ovulação, cabe ressaltar que essa é uma condição fisiologicamente de pouca

freqüência, pois os folículos subordinados tendem a regredir logo após o

aparecimento do folículo dominante e ovulação (GASTAL, 2000; GINTHER, 2000),

sendo pouco freqüente encontrar folículos de diâmero maior que 10mm no período

de 4 a 9 dias após a ovulação (ARTHUR, 1979). Isto justifica sua baixa freqüência

na classificação.

Quanto ao fechamento cervical (18,97%) no dia da ovulação, trata-se de um

evento fisiológico pouco comum, pois normalmente a cérvix encontra-se com pouca

tonicidade, permitindo sua abertura nessa época, por ação do estradiol (HUGHES et

al., 1977; ARTHUR, 1979). Neste experimento, 3 das 11 fêmeas que apresentaram

cérvix fechada, no dia da ovulação, foi diagnosticado piometrite e, nas outras 5,

portadoras de genitália infantil. As éguas com piometrite podem prolongar a fase

progesterônica por destruição endometrial (HUGHES et al., 1979). Nos casos em

que a fêmea apresenta genitália infantil, a consistência do útero permanece firme

pela ausência de glândulas endometriais, que nas potras só se desenvolvem após a

primeira fase luteal da puberdade (GRAY et al., 2001).

Na Tabela 1, observou-se que, das 135 éguas que apresentavam sistema

genital com características desejáveis no momento da ovulação, 88 (65,19%) foram

diagnosticadas como excelentes e boas no dia da inovulação (D5), enquanto que 47

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(34,81%) foram descartadas por serem classificadas como marginalmente aceitáveis

ou rejeitadas, havendo diferença (P< 0,05%) entre elas. Na mesma tabela, observa-

se ainda que das 58 éguas do Grupo A (indesejáveis no dia da ovulação), 14

(24,14%) foram avaliadas como excelentes ou boas condições dos órgãos genitais

no dia da inovulação e 44 (75,86%) foram descartadas por serem classificadas como

marginalmente aceitáveis ou rejeitadas, havendo diferença (P< 0,05) entre elas.

Esses resultados, que caracterizam a mudança de classificação das receptoras

entre o dia da ovulação e da inovulação, podem ser justificados pelo fato de que,

entre a primeira e a segunda avaliação ocorreu ou não a formação de corpos lúteos

viáveis, responsáveis pela produção de progesterona, hormônio indutor das

características do sistema genital na fase do diestro (GINTHER,1986; HUGHES et

al., 1972).

Os principais problemas observados no dia da inovulação, quanto às

características do sistema genital, que motivaram o descarte de receptoras no D5,

encontram-se na Figura 2. Das éguas previamente classificadas no Grupo A

(indesejáveis no dia da ovulação), totalizando 44 receptoras, 12 (27,27%)

apresentaram problemas no corpo lúteo no D5 (imagem ecogênica não definida), 13

(29,55%) apresentaram presença de folículos com diâmetro maior que 20mm, 31

(70,45%) apresentaram tônus uterino 1 ou 2, 36 (81,82%) apresentaram dobras e

edema do endométrio e 31(70,45%) apresentaram cérvix aberta. Houve uma

porcentagem significativamente maior de problemas (P< 0,05) relacionados com

presença de dobras e edema uterinos, bem como baixo tônus uterino e cervical. Tal

aumento leva à abertura da cérvix quando comparada à porcentagem de problemas

apresentados no corpo lúteo e de presença de folículos maiores que 20mm. No

grupo em questão (grupo A), as éguas já vinham apresentando uma porcentagem

significativamente maior (P<0,05) de problemas relacionados com o tônus do útero,

desde o estro. Isto sinaliza para o fato de que seus úteros não responderam bem

aos estímulos estrogênicos desta fase. Tal fase compromete automaticamente o

tônus da fase seguinte pela ação da progesterona luteal (JONES et al.,1983;

HUGHES et al. 1972), diminuindo a dissipação do edema uterino e cervical

(PELEHACH et al., 2002).

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70,4581,82

70,45

29,5527,27

93,6282,9880,85

31,91

63,83

0102030405060708090

100

Problemas nocorpo lúteo

Presença defolículos > 20 mm

Tônus uterino: 1 ou 2

Dobras, edema elíquidos no útero

Cérvix aberta

Problemas identificados

Freq

uênc

ia (%

)

Grupo A (indesejáveis), N = 44 éguas descartadas¹

Grupo B (desejáveis), N = 47 éguas descartadas

Características do sistema genital

Valores de χ² = 7,71* 0,14ns 0,71ns 0,12ns 2,25ns

1 Éguas descartadas: refere-se ao número de éguas classificadas como marginalmente aceitáveis ou rejeitadas. * Teste qui-quadrado entre grupos, significativo (GL=1, P<0,05). ns – não-ignifcativo.

Figura 2. Porcentagem de características indesejáveis no sistema genital de éguas da raça Mangalarga Machador, receptoras de embriões, avaliadas no dia da inovulação (n = 193 éguas avaliadas).

Das éguas do Grupo B (desejáveis no momento da ovulação),totalizando 47

receptoras, 30 (63,83%) apresentaram problemas no corpo lúteo no momento da

inovulação, 15 (31,91%) apresentaram presença de folículos com diâmetro maior

que 20mm, 38 (80,85%) apresentaram tônus uterino 1 ou 2, 39 (82,98%)

apresentaram dobras e edema do endométrio e 44 (93,62%) apresentaram cérvix

fechada. Portanto, observou-se que os principais fatores de descarte por ocasião da

inovulação foram os problemas apresentados no corpo lúteo e a diminuição do tônus

uterino e cervical, levando à abertura da última. CARNEVALE et. al. (2000)

demonstraram que os fatores mais importantes na seleção de receptoras visando à

transferência de embriões em eqüinos são o tônus do útero e a cérvix, que por sua

vez estão na dependência primária dos hormônios ovarianos (JONES et. al.,1983;

HUGHES et. al., 1972). Nesta fase do diestro a progesterona luteal é o hormônio

ovariano predominante, justificando o fato de os problemas relacionados com o

corpo lúteo também estarem envolvidos com as alterações mais importantes.

Com referência à taxa de prenhez de éguas receptoras inovuladas (Tabela

2), observou-se que, do Grupo A (éguas indesejáveis no dia da ovulação),14

apresentaram se no diagnóstico como aptas para a transferência de embriões.

Destas, 10 éguas foram inovuladas resultando em 50% de prenhez, as outras 4 não

foram inovuladas devido à coleta negativa de embriões das respectivas doadoras

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nos dias previstos. No Grupo B, foram inovuladas 62 das 88 éguas consideradas

aptas, das quais 49 tornaram-se prenhes, o que corresponde à taxa de 79,03% de

prenhez. As restantes (26 éguas) também não foram inovuladas devido coleta

negativa de embriões das respectivas doadoras nos dias previstos. Portanto,

observou-se que a taxa de prenhez das receptoras do Grupo B foi significativamente

(P<0,05) superior à taxa de prenhez das receptoras do Grupo A. Esses resultados

ratificam que as receptoras classificadas como indesejáveis no dia da ovulação,

podem, com segurança, ser previamente rejeitadas para a transferência de embriões

nesse ciclo estral. Por outro lado, das 135 receptoras do grupo B que, no dia da

ovulação, foram classificadas como desejáveis, no momento da inovulação, 88

(65,19%) foram classificadas como excelentes e boas. Destas, 62 éguas foram

inovuladas resultando uma taxa de prenhez de 79,03%, ou seja, 49 éguas prenhes.

A partir desses dados, infere-se que as éguas do Grupo B, classificadas como

excelentes ou boas no dia da inovulação, apresentaram melhor performance

(P<0,05%) com referência à taxa de prenhez em comparação com as receptoras do

Grupo A, classificadas como excelentes ou boas.

Tabela 2. Porcentagem de prenhez de éguas receptoras da raça Mangalarga

Machador, considerando a classificação do sistema genital no dia da ovulação e da inovulação (n = 72 éguas inovuladas)

Inovulação e Taxa de prenhez Nº de casos (%)

Classificação dos órgãos genitais das receptoras no dia da ovulação Nº de casos (%)

Éguas classificadas como excelentes ou boas no dia da inovulação3 Nº de casos (%)

Éguas inovuladas

Éguas gestantes

Éguas não-

gestantes

Valor χ²

Grupo A - indesejáveis1

58 (30,05%)

14

(13,74%)

10

5

(50%)

5

(50%)

ns

Grupo B - desejáveis2

135 (69,95%)

88

(86,27%)

62

49

(79,03%)

13

(20,96%)

10,45*

Total = 193

(100%)

102

(100%)

72

(100%)

54

(75%)

18

(25%)

18,00*

Valor χ² = 53,69* 10,45*

1- Características não desejáveis dos órgãos genitais no dia da ovulação: a) tônus uterino classificado como 1, 3 e 4; b) presença de folículos com diâmetro maior que 20 mm ou e c) cérvix fechada. 2- Características desejáveis: a) tônus uterino 2; b) ausência de folículos com diâmetro maior que 20 mm e c) cérvix aberta. 3- Características excelentes ou boas no dia da inovulação: receptoras que apresentaram pelo menos um corpo lúteo ecogenicamente bem definido, tônus uterino de 3 ou 4, cérvix firmemente fechada e ausência de cistos, dobras e tumores uterinos. . * Teste qui-quadrado entre grupos, significativo (GL=1, P<0,05). ns – não-signifcativo.

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As taxas de prenhez encontradas neste trabalho 50% no grupo A e 79,03%

no grupo B mostram que as do grupo B estão em sintonia com as relatadas por

pesquisadores como SQUIRES et al. (1998), JASKO (2002), CARNEY et al (1991),

CARNEVALE et al. (2000) que obtiveram taxas de 69 a 89%; 62,5 a 100%; 60 a

71% e 65,7%, respectivamente. A taxa de 50% encontrada no grupo A se mostrou

significativamente menor que a encontrada no grupo B, sendo portanto, considerada

baixa quando comparada com as dos trabalhos anteriormente citados.

A concentração de progesterona plasmática (ng/ml) foi avaliada no período de

D0 a D13 do ciclo estral de receptoras da raça Mangalarga Marchador, previamente

classificadas como indesejáveis (grupo A) ou desejáveis (grupo B), quanto às

características do sistema genital. Todas as equações de regressão investigadas

apresentaram efeito quadrático significativo (P<0,05). Essas equações indicaram

que, para as receptoras do grupo B, o ponto máximo para as concentrações de

progesterona plasmáticas ocorreu aos 7,43 dias atingindo 11,51ng/ml. Com

referência às receptoras do grupo A, a concentração máxima de progesterona

ocorreu aos 7,88 dias atingindo 10,13ng/ml (Figura 3). A análise da variância para os

pontos máximos indicou não haver diferenças significativas (P>0,05) entre os

grupos. As médias verificadas para o grupo B foram de 7,46 ± 2,13 dias após a

ovulação atingindo 12,18 ± 2,31ng/ml de progesterona plasmática, ao passo que,

para o grupo A, essas médias foram respectivamente, de 8,20 ± 1,41 dias e 9,37 ±

1,77ng/ml. Embora não estatisticamente significativos (P>0,05), as médias obtidas

para o grupo B foram maiores em relação às do grupo A. CARNEVALE et al. (2000)

e McCUE et al. (1999) descreveram em seus trabalhos que as receptoras eqüinas

selecionadas para receberem embriões, no quinto dia após a ovulação,

apresentaram concentrações significativamente maiores de progesterona que as não

selecionadas, justificando os resultados do presente experimento.

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Figura 3 Concentração de progesterona plasmática (ng/ml) avaliada nos dias seguintes à ovulação (D0), de receptoras da raça Mangalarga Marchador, classificadas como indesejáveis (Grupo A) ou desejáveis (Grupo B) quanto às características do sistema genital no dia da ovulação.

0

2

4

6

8

10

12

14

0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13

Dias após a inovulação

Prog

este

rona

pla

smát

ica

(ng/

ml) Grupo A (indesejáveis)- y= 1,75+2,19x-0,14x² (R2=0,89*)

Ponto Max. Dia ng/ml 7,88 10,13

0

2

4

6

8

10

12

14

0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13

Dias do ciclo estral

Prog

este

rona

pla

smát

ica

(ng/

ml) Grupo B (desejáveis)- y= 2,19+2,37x-0,15x² (R2=0,93*)

Ponto Max. Dia ng/ml 7,43 11,51

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CONCLUSÕES

No dia da ovulação é possível realizar uma prévia seleção de receptoras da

raça Mangalarga Marchador, destinadas à inovulação no D5, com base no exame de

palpação retal dos seus órgãos genitais. Aquelas que apresentarem, neste dia,

características indesejáveis como tônus uterino 1, 3 ou 4, fechamento cervical e

persistência de folículos maiores que 20mm podem ser descartadas naquele ciclo. O

tônus uterino e cervical são os fatores mais importantes (P<0,05) neste descarte. As

receptoras que apresentarem características consideradas desejáveis para esta

fase, com tônus uterino 2; abertura cervical e ausência de folículos maiores que

20mm, que representam a maior parte das éguas ovuladas, deverão ser novamente

avaliadas para a transferência no dia da inovulação.

A taxa de prenhez das éguas consideradas portadoras de condições

desejáveis da genitália foi melhor (P<0,05) que a das consideradas indesejáveis.

Isto, somando-se ao fato de que apenas uma pequena parte dessas últimas se

tornam aptas à inovulação no dia da transferência, reforça a decisão do seu prévio

descarte.

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TRATAMENTO DE ÉGUAS DA RAÇA MANGALARGA MARCHADOR COM PROGESTERONA (P4) OU ALTRENOGEST VISANDO À SUA UTILIZAÇÃO

COMO RECEPTORAS DE EMBRIÕES NO SEGUNDO DIA APÓS A OVULAÇÃO

RESUMO

Durante as estações de monta de 2001 e 2002, 43 éguas da raça Mangalarga

Marchador, receptoras de embriões, que ovularam com características desejáveis da

genitália, foram tratadas aleatoriamente, via intramuscular, com 200mg/dia de

progesterona oleosa (P4) e um outro grupo de 41 éguas da mesma raça com

0,044mg/kg/dia de Altrenogest, aleatoriamente, via oral. Ambos os tratamentos

foram efetuados entre D0 ao D5 e as receptoras avaliadas no D2 e, se consideradas

aptas, inovuladas. Dois grupos de 85 éguas da mesma raça foram utilizadas

aleatoriamente como controle, não recebendo nenhum progestágeno, sendo da

mesma forma avaliadas e inovuladas em D2 ou D5, se consideradas aptas. Os

grupos D2, com P4, e D5, sem progestágeno, tiveram um maior (P<0,05) número de

éguas consideradas excelentes ou boas (aptas) no momento da avaliação,

respectivamente, 55 (64,71%) e 25 (65,12%). O grupo D2, com Altrenogest,

apresentou um número estatisticamente igual de receptoras consideradas aptas

para inovulação e descartadas (20 e 21 éguas respectivamente), no momento da

avaliação. O grupo D2 sem progestágeno apresentou, nesta avaliação, uma

quantidade significativamente maior de receptoras descartadas (P>0,05). Quanto à

relação entre éguas gestantes e não-gestantes após a inovulação, os grupos D2,

com P4, e D5, sem progestágeno, apresentaram um número maior (P<0,05) de taxa

prenhez, respectivamente, 72,72% e 76,36%. O grupo D2, com Altrenogest,

apresentou uma taxa de 52,38%, não sendo significativo (P>0,05), e o grupo D2,

sem progestágeno, apresentou uma quantidade significativamente maior de éguas

não-gestantes. Esses dados nos permitem inferir, que por meio do tratamento com

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P4 do D0 ao D5, pode-se antecipar a inovulação de receptoras para o D2, com

resultados semelhantes ao D5.

Palavras-chave: eqüino, Mangalarga Marchador, transferência de embriões,

progestágenos.

ABSTRACT

During the reproductive season of 2001 and 2002, 43 mares of the breeding

Mangalarga Marchador, recipients of embryos, which ovulated presenting genital

organs with desirable characteristics on the day of ovulation, were treated randomly

with intra-muscular application of 200mg/day of oily progesterone (P4). Another

group of 41 mares of the same breeding, also presenting genital organs with

desirable characteristics, were treated with 0,044mg/kg/day of Altrenogest, randomly

via oral. Both treatments were performed between D0 and D5. The recipients were

evaluated on D2 and the ones considered in good or excelent conditions were

inovulated. Two groups of 85 mares of the same breeding were used randomly as

control and did not receive any progestogen. They were also evaluated and, when

considered appropriate, inovulated on D2 or D5. The groups D2/P4 and D5 without

progestogen presented a significantly greater (P<0.05) percentage of recipients

considered excelent or good (appropriate) during the evaluation, respectively 55

(64.71%) and 25 (65.12%). In the group D2 with Altrenogest, 20 mares were

considered appropriate for inovulation and 21 were considered not appropriate,

numbers considered statistically not different. The group D2 without progestogen

showed a significantly greater percentage of mares considered not appropriate. With

respect to the pregnancy rate after inovulation, the groups D2/P4 and D5 without

progestogen presented numbers significantly (P<0.05) greater of pregnant recipients,

respectively 72.72% and 76.36%, than non-pregnant. The group D2 with Altrenogest

presented a pregnancy rate of 52.38%, considered not significant greater than the

rate of non pregnancy (P>0.05). The group D2 without progestogen presented a

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number significantly grater of not pregnant recipients. These data allow us to infer

that with the treatment of mares with P4 from D0 to D5, their use as recipients may

be anticipated to D2 with result similar to that if they are used on D5.

Keywords: equine, Mangalarga Marchador, embryo transfer, progestogens.

INTRODUÇÃO

Na espécie eqüina, a transferência de embriões tem sido a solução mais

utilizada no mundo inteiro, objetivando aumento do número de

descendentes/ano/matriz. O Brasil ocupa posição de destaque no cenário mundial,

no que tange a esta técnica, ocupando o terceiro lugar em importância, segundo

SQUIRES et al. (2003), perdendo apenas para os Estados Unidos da América e

Argentina.

A primeira transferência de embriões eqüinos (TEE) com sucesso foi realizada

no Japão por por OGURI et al. (1972). No Brasil, os trabalhos tiveram início em

1986, no estado de São Paulo, e foram realizados com sucesso na raça Mangalarga

(FLEURY,1998b). Na raça Mangalarga Marchador, a técnica foi reconhecida e aceita

pelo seu Conselho Deliberativo Técnico em 1995, sendo, a partir daí, muito utilizada

(CAIADO,2000).

HUGHES et al. (1980) estudaram o efeito da aplicação diária de

progesterona oleosa via intramuscular, em éguas ovariectomizadas, e

demonstraram que, para atingir níveis plasmáticos de 4ng/ml, considerados

satisfatórios para a manutenção da gestação, segundo SHARP (2000), as doses de

50 e 100mg/dia não foram suficientes, sendo tais níveis consistentemente atingidos

com doses de 200mg/dia, afirmando que os níveis séricos de progesterona abaixo

de 1ng/ml caracterizam o período do estro. BERGFELT e GINTHER (1996),

trabalhando com éguas e pôneis, verificaram que a concentração de progesterona

(ng/ml) foi próxima de zero no dia da ovulação, atingindo aproximadamente de 3,0

no D2 e 11,0 no D7 de ambos os tipos de fêmeas. No D4, a concentração de

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progesterona foi menor nas éguas (em torno de 7,0ng) que em pôneis (em torno de

9,0ng). SOUZA et al. (1999), trabalhando com potras da raça Brasileiro de Hipismo,

encontraram concentrações médias de progesterona plasmática de 5,6ng/ml no

quarto dia após a ovulação, que permaneceram elevadas até o décimo quarto dia,

quando retornaram a valores basais.

WEBEL (1975) foi o primeiro pesquisador a reportar o uso de um

progestágeno sintético via oral (Altrenogest), para o controle do estro e ovulação na

égua. Desde então, tem havido numerosas citações do seu uso. WEBEL e

SQUIRES (1982), administraram Altrenogest na dose de 0,044mg/kg por 14 dias, no

período de transição do anestro invernal para a estação fisiológica de cobertura.

Durante o tratamento, o estro foi suspenso em 262 de 278 éguas (94%). Concluíram,

assim que, Altrenogest ajuda na normalização do ciclo estral no final da fase

transicional. Outros pesquisadores descreveram o uso de progesterona injetável no

controle do estro em éguas em fase de transição (LOY et al., 1981).

POOL et al. (1987), PARRY- WEEKS e HOLTAN (1987) utilizaram Altrenogest

(progestágeno) com propósito de sincronização do estro em éguas receptoras de

embrião. HINRICHS e KENNEY (1987) utilizaram 300mg/dia de progesterona em

óleo, via intramuscular, em éguas ovariectomizadas, com o mesmo objetivo.

MCKINNON et al. (1988) mostraram que é possível a postergação da ovulação por

meio da administração oral de Altrenogest. ALMEIDA (1990,) trabalhando com

éguas no cio do potro, conseguiu o bloqueio do cio e da ovulação em 100% das

éguas. SQUIRES et al. (1983) comprovaram que é possível suprimir o estro por

tempo prolongado, usando o mesmo progestágeno. LOY e SWAN (1966)

trabalharam com progesterona oleosa, aplicada via intra-muscular diariamente,

relatando que, na dose de 100mg ou mais, o cio e a ovulação foram inibidos.

HOLTAN et al. (1977), utilizando o mesmo produto, obtiveram resultados

semelhantes.

Uma baixa concentração de progesterona durante a prenhez precoce tem

sido considerada como um dos sinais associados à perda embrionária (DOUGLAS

et al. 1985; GINTHER 1985). O valor menor que 2,5ng/ml, no dia 12, foi usado como

valor crítico para identificação de éguas consideradas com “disfunção luteal.”

HINRICHS e KENNEY (1987) demonstraram que éguas ovariectomizadas tratadas

com 300mg de progesterona mantiveram a gestação após a transferência de

embrião. PARRY-WEEKS e HOLTON (1987) obtiveram o mesmo sucesso usando

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Altrenogest, na dose de 0,044mg/Kg. Estes pesquisadores utilizaram os

progestágenos por um período superior a 100 dias, até que a placenta passasse a

suprir a necessidade fisiológica de progesterona, necessária para manutenção da

prenhez.

Aumentar o período útil de utilização de receptoras, atualmente situado na

faixa de 4 a 9 dias após-ovulação (JASKO, 2002), é sempre um desafio que traz

recompensas na redução de custos da técnica de TEE. Porém a utilização de

receptoras, em condições naturais, antes de quatro dias após a ovulação, não tem

sido recomendada na literatura e, a partir do nono dia, o índice de prenhez, após a

transferência, piora bastante, praticamente inviabilizando a sua utilização.

São objetivos do presente trabalho:

1--Estabelecer um protocolo de aplicação de progesterona (P4) ou Altrenogest, por

um curto período de tratamento, visando à utilização precoce de receptoras na

transferência de embriões em eqüinos.

2- Comparar se o tratamento com uma ou ambas as drogas é eficiente para este fim,

indicando a droga mais eficiente.

MATERIAL E MÉTODOS

LOCAL DO EXPERIMENTO E ANIMAIS

O experimento foi desenvolvido em um criatório de eqüinos no município de

Guarapari-ES, durante a estação de monta dos anos de 2001 e 2002. 20 éguas da

raça Mangalarga Marchador, com idade variando de 3 a 18 anos e condição corporal

compatível com a atividade reprodutiva, foram utilizadas como doadoras dos

embriões durante o experimento, e 254 éguas da mesma raça, com idade variando

de 3 a 12 anos e condição corporal compatível com a atividade reprodutiva,

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utilizadas como receptoras destes embriões. As éguas foram mantidas em regime de

campo, com pastagem de gramínea, água e sal mineral “ad libidum”, sendo

suplementadas, diariamente, com volumoso e concentrado em bretes com cochos

individuais.

MANEJO REPRODUTIVO

Uma vez ao dia, no próprio brete de suplementação alimentar, as éguas

foram rufiadas, submetidas a controle folicular e ultra-sonografia do trato reprodutivo.

A rufiação foi coletiva e realizada mediante utilização de um rufião eqüino com a

genitália intacta, fértil e com boa libido. Este foi conduzido próximo das fêmeas a

serem rufiadas, permitindo um contato estreito entre eles, porém separados por uma

cerca de réguas que impedia as coberturas e a recepção de coices de ambas as

partes. No caso de necessidade de uma rufiação individual, o rufião era conduzido

por meio de um cabresto à presença da fêmea, amarrada a um mourão, permitindo-

se o contato direto entre ambos, porém impedindo a cópula.

Os exames de palpação retal foram realizados no próprio brete, para o

acompanhamento do sistema genital. Durante o cio, observaram-se o tamanho e a

consistência dos folículos, as ovulações, a forma e o tônus uterino, a abertura ou o

fechamento da cérvix. Por meio de ultra-sonografia, realizada com um aparelho

Scaner-200 VetR (Pie Medical) acoplado a um transdutor transretal linear de 7,5MHz,

diariamente, confirmavam-se a medida do diâmetro folicular, as ovulações, o grau de

edema uterino e a abertura cervical. Se os exames fossem realizados visando à

escolha de receptoras para transferência, observavam-se a presença ou ausência

de corpos lúteos e folículos, bem como número, diâmetro e consistência dos

mesmos; forma e tônus do útero, presença de líquidos, tumores, cistos e edema

uterinos, e abertura ou fechamento da cérvix.

O tônus uterino foi classificado de um a quatro (GASTAL et al., 1998 e

McKINNON et al., 1988), seguindo os seguintes parâmetros:

• Tônus 1- Mínimo tônus verificado do anestro até o início da atividade cíclica.

O formato e a consistência do útero não são bem definidos ao exame de

palpação retal (HUGHES et al. 1977).

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• Tônus 2- O tônus proporcionado pela fase estrogênica do ciclo estral (estro),

com útero de consistência macia e formato quase tubular (HUGHES et al.

1977). As contrações do útero ainda não são perceptíveis ao toque.

• Tônus 3- O tônus da fase progesterônica do ciclo estral (diestro). O útero

apresenta formato tubular bem definido, com aumento do tônus e

consistência (HUGHES et al. 1977). As contrações uterinas são perceptíveis.

• Tônus 4- Máximo tônus do início da prenhez, após o décimo terceiro dia. As

contrações uterinas são ainda mais perceptíveis. O útero mantém formato

tubular e consistência mais firme.

De acordo com a tonicidade, a cérvix foi classificada como aberta ou

fechada. A abertura cervical foi constatada pela sua flacidez e mudança de formato

ao toque, resultantes de uma baixa tonicidade, ocasionada pela ação de estrógenos.

O fechamento, resultante da ação de progesterona no diestro e gestação,

ocasionando uma alta tonicidade (HUGHES et al. 1977), observada pelo formato

tubular e pela consistência firme ao mesmo exame.

As receptoras que ovularam e apresentaram persistência de folículos

maiores que 20mm ou ovários poli foliculares, tônus uterino de 1, 3 ou 4 e/ou

fechamento cervical foram descartadas do experimento.

As doadoras foram inseminadas de 48 em 48 horas, utilizando-se sêmen de

um garanhão de conhecida fertilidade, a partir do dia em que se detectava a

presença de um folículo dominante, com diâmetro igual ou maior que 35mm, até a

ovulação (CAIADO et al., 2000).

TRANSFERÊNCIA DE EMBRIÕES E DIAGNÓSTICO DE GESTAÇÃO

Os embriões foram coletados de forma não-cirúrgica, entre os dias 6,5 e 8,5

após a ovulação da doadora (considerando-se D0 como o dia da ovulação),

seguindo os procedimentos descritos por SQUIRES et al. (2003). Utilizou-se a

solução de Ringer com lactato de sódio como meio de coleta (ALVARENGA et al.,

1993; FLEURY, 1998a; CARVALHO, 2000). Após a passagem da sonda pela cérvix,

o balonete foi inflado com ar e o líquido de lavagem foi introduzido no útero por

gravidade, retirado logo após as massagens uterinas via palpação retal, também por

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gravidade. Este procedimento foi repetido por 3 vezes ou até a verificação da

presença do embrião no filtro coletor, no caso de embriões D8 ou mais velhos. Se,

após o rasteamento, o embrião não fosse localizado, repetia-se o procedimento por

mais 2 ou 3 vezes (SQUIRES et al., 2003).

Os embriões obtidos foram classificados em cinco graus de acordo com

MCKINNON e SQUIRES, (1988).

No momento da transferência, as receptoras foram examinadas por meio de

palpação retal e ultra-sonografia, observando-se o tônus uterino e cervical, a

morfologia dos corpos lúteos e a presença de edema, cistos, fluidos ou ar uterinos

(CARNEVALE et al., 2000). Estas foram classificadas como excelentes, boas,

marginalmente aceitáveis ou rejeitadas, de acordo com as seguintes características:

1-Excelentes. Receptoras que apresentaram pelo menos um corpo lúteo

ecogenicamente bem definido, tônus uterino de 3 ou 4, cérvix firmemente fechada e

ausência de cistos, dobras e tumores uterinos.

2-Boas. Apresentaram corpos lúteos nas mesmas condições das anteriores, porém

com um pouco de dobra endometrial, cistos no útero ou cérvix menos firmemente

fechada que nas do grupo anterior.

3-Marginalmente aceitáveis. O corpo lúteo estava presente, porém era pequeno ou

de imagem ecogenicamente ruim. O útero apresentava tônus entre 2 e 3 e a cérvix

apresentava um fechamento frouxo.

4-Rejeitadas. Não apresentavam corpo lúteo definido, com tônus uterino de 2 para

menos; presença de patologias uterinas e edema endometrial pronunciado, bem

como abertura cervical.

Somente as receptoras consideradas excelentes ou boas foram inovuladas

neste experimento. A técnica utilizada foi transcervical e não-cirúrgica (Pashen, 1985

citado por RIERA et al., 1993, com modificações), com a deposição do embrião no

corpo ou corno uterino, de acordo com a facilidade da inovulação.

Para o diagnóstico de gestação, as receptoras foram examinadas por

palpação retal e ultra-sonografia transretal aos 14 dias da ovulação da sua

respectiva doadora e, quando positivo, o diagnóstico foi confirmado aos 21, 28 e 50

dias de gestação.

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TRATAMENTOS HORMONAIS

Durante o cio, as receptoras foram submetidas diariamente ao controle

folicular e à ultra-sonografia do trato reprodutivo com cuidadosa anotação das

características observadas. Foram divididas em quatro tratamentos, a saber:

• D2 com P4 (n=43)- As receptoras foram tratadas com 200mg de progesterona

em veículo oleoso (P4, Bet Laboratories do Brasil) via intra-muscular uma vez

ao dia, do dia da ovulação D0 até o D5, sendo avaliadas, por meio de

palpação retal e exame ultra-sonográfico, e inovuladas no D2.

• D2 com Altrenogest (n=41)- As receptoras foram tratadas com 0,044mg/kg de

Altrenogest (RegumateR), via oral, diariamente, do D0 ao D5, sendo

avaliadas, por meio de palpação retal e exame ultra-sonográfico, e inovuladas

no D2.

• D2 sem progestágeno (controle D2, n=85)- As receptoras não receberam

nenhum tratamento e foram avaliadas, por meio de palpação retal e exame

ultra-sonográfico, e inovuladas no D2.

• D5 sem progestágeno (controle D5, n=85)- As receptoras também não

receberam nenhum tratamento e foram avaliadas, por meio de palpação retal

e exame ultra-sonográfico, e inovuladas no D5.

Após a detecção da ovulação, as fêmeas pertencentes aos grupos D2 com P4

e D2 com Altrenogest foram iniciadas no tratamento na tarde do mesmo dia. As

doses subseqüentes foram administradas nos outros dias pela manhã (Figura 1).

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ESQUEMA DO PROTOCOLO UTILIZADO

Progestágeno (P4 ou Altrenogest)

Administração

⇓ ⇓ ⇓ ⇓ ⇓ ⇓

| | | | | | | | | | | | | | __

0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14

Figura 1- Esquema de aplicação de progestágenos (P4 ou Altrenogest), em éguas da raça Mangalarga Marchador, do D0 ao D5, objetivando inovulação no D2.

COLETAS DE SANGUE E ANÁLISE DE PROGESTERONA

As coletas de sangue das receptoras, para análise de progesterona, foram

realizadas entre 10 e 12 horas, diariamente, do dia em que a ovulação foi detectada

até o quinto dia após ovulação, continuando de 2 em 2 dias até o décimo terceiro

dia.

As amostras de sangue foram coletadas de 5 éguas, escolhidas ao acaso, em

cada grupo experimental, por punção na veia jugular, em tubos de ensaio estéreis e

heparinizados. Logo a seguir foram centrifugadas a 2.500rpm, sendo o plasma

obtido acondicionado, em tubos de polipropileno, e congelado a (-18ºC) até o dia da

análise hormonal (Figura 2).

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ESQUEMA DAS COLETAS DE SANGUE

Coleta sangüínea

↓ ↓ ↓ ↓ ↓ ↓ ↓ ↓ ↓ ↓

| | | | | | | | | | | | | | _|

0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14

Figura 2- Protocolo de coleta sangüínea de receptoras da raça Mangalarga Marchador, objetivando análise dos níveis de progesterona. Coleta diária do D0 ao D5 e de dois em dois dias, do D5 ao D13.

As concentrações séricas de progesterona foram obtidas por RIA

(radioimunoensaio), com utilização de kits comerciais (Coat-A-Count, DPC, Los

Angeles,CA) seguindo as recomendações do fabricante, com todas as amostras

analisadas duplamente, apresentando um coeficiente de variação menor que 5%. A

dose mínima detectável foi de 0,023 nanograma de progesterona por mililitro de

plasma.

ANÁLISE ESTATÍSTICA

As receptoras foram agrupadas em 4 tratamentos: 1) avaliadas em D2 sem

administração de progestágeno, 2) avaliadas em D5 sem progestágeno, 3) avaliadas

em D2 com P4, e 4) avaliadas em D2 com administração de Altrenogest. Dentro de

cada grupo no dia da inovulação, classificou-se o sistema genital das receptoras

como marginalmente aceitável ou rejeitado, ou, excelente ou bom. Esses resultados

foram analisados conforme o teste Qui-quadrado (P<0,05), considerando, como

hipótese de nulidade, 50% de freqüência entre as classes. A hipótese alternativa

pressupõe que o tratamento adotado altera a proporção igualitária entre as classes.

Similarmente, analisou-se a taxa de prenhez.

Dentro de cada tratamento, foram analisados, segundo o teste Qui-quadro

(P<0,05), os números de receptoras com problemas no corpo lúteo, a presença de

folículos > de 20mm, presença de tônus uterino 1 e 2, as dobras, edema e líquidos

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no útero e a cérvix aberta. A hipótese de nulidade pressupõe 50% de freqüência

entre as receptoras com e sem o problema identificado. A hipótese alternativa

pressupõe que o tratamento adotado altera a proporção igualitária entre as classes.

As concentrações plasmáticas de progesterona foram analisadas por meio de

delineamento estatístico inteiramente casualizado com 5 (cinco) repetições e 4

(quatro) tratamentos (=grupos: D2 sem progestágeno, D5 sem progestágeno, D2

com P4 e D2 com Altrenogest). Os resultados foram submetidos à análise da

variância da regressão para os teores de progesterona no período de D0 a D13 do

ciclo estral. Por meio de derivações, calculou-se o ponto de máximo das equações

de regressão para cada repetição e os resultados foram submetidos à análise da

variância e à comparação de médias (Teste Tukey, P<0,05).

RESULTADOS E DISCUSSÃO

A avaliação da genitália de 85 éguas receptoras no D2, sem administração de

progestágeno, indicou que apenas 20 (23,53%) foram classificadas como excelentes

ou boas para inovulação, sendo que a maior parte foi descartada destes

procedimentos (P<0,05). Todavia, na avaliação no D5, 55 (64,71%) éguas foram

classificadas como excelentes ou boas para a inovulação, sendo que uma porção

significativamente menor (P<0,05) foi descartada. Das que foram consideradas

aptas para inovulação, em ambos os grupos D2 e D5 respectivamente, 20 e 55

éguas foram utilizadas na transferência, cujos resultados se encontram na Tabela 1.

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Tabela 1. Classificação de éguas receptoras da raça Mangalarga Machador, quanto às características do sistema genital, com ou sem administração de Progestágeno do primeiro (D0) ao sexto dia do ciclo estral (D5) e avaliação no terceiro dia (D2) e no sexto dia do ciclo estral (n= 254)

Classificação do sistema genital das

receptoras no dia da inovulação Número de casos (%)

Dia da avaliação da receptora com ou sem administração de Progestágeno (T)

Número de éguasavaliadas

Marginalmente aceitável ou

rejeitado

Excelente ou bom

Qui-quadrado dentro de (T)

Número de receptoras inovuladas

D2 sem Progestágeno 85

65

(76,47%)

20

(23,53%)

23,82* 20

D5 sem progestágeno 85

30

(35,29%)

55

(64,71%)

7,35* 55

D2 com P4 43

15

(34,88%)

28

(65,12%)

3,93* 22

D2 com Altrenogest 41

20

(48,78%)

21

(51,22%)

0,02ns 21

Total = 254 130 124 - 118

Teste qui-quadrado para efeito (T): 17,97* *Teste qui-quadrado entre tipos de problemas, significativo (GL=1, P<0,05). ns- não-signifcativo.

Os valores de progesterona endógena só alcançam os níveis de 4ng/ml,

considerados como suficientes para a manutenção da prenhez (SHARP, 2000), a

partir do D3, pois no D2 estes níveis ainda se encontram, em média, em 3ng/ml,

segundo BERGFELT e GINTHER (1996), justificando que, no D2, apenas uma

pequena parte das éguas se encontra em condições de ser inovulada, muito embora

com uma taxa de prenhez significativamente menor que nas que foram inovuladas

no D5.

Com referência às 43 éguas que receberam progesterona (P4), observou-se

que 28 (65,12%) éguas foram classificadas como excelentes ou boas no dia da

inovulação (P<0,05). Quando administrou-se Altrenogest, das 41 éguas tratadas,

apenas 21 (51,22%) foram classificadas como excelentes ou boas no dia da

inovulação (P>0,05). Foram inovuladas 22 e 21 éguas dos grupos que receberam P4

e Altrenogest, respectivamente.

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Neste experimento, a administração de progesterona (P4) em éguas

receptoras, aumentou significativamente (P<0,05) a proporção de receptoras

classificadas como excelentes ou boas no D2, ampliando assim o período útil para

inovulação destas receptoras. Desse modo, as receptoras submetidas a esse

tratamento, apresentaram performance similar àquelas avaliadas no D5, controle

utilizado nesse experimento, que está dentro do período utilizado pela maioria dos

pesquisadores em transferência de embriões em eqüinos, como SCHMIDT et al.

(1995); SQUIRES et al. (1998); MCKINNON (1999); SQUIRES et al. (2003) e JASKO

(2002).

Para a avaliação dos principais problemas observados nas éguas

classificadas como marginalmente aceitáveis ou rejeitadas, quanto às características

do sistema genital, no dia da avaliação das receptoras, com ou sem administração

de progestágeno, foram calculadas as porcentagens de ocorrência do problema em

relação ao número de éguas utilizadas no grupo, apresentando os seguintes

resultados (Figura 3).

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616161

9

n=25 2320

19

8

15 107

11

14

202020

5

10

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

100

Problemas nocorpo lúteo

Presença defolículos > 20 mm

Tônus uterino como 1 e 2

Dobras, edema elíquidos no útero

Cérvix aberta

Problemas identificados

Freq

üênc

ia (%

)

Avaliação em D2 sem progestágeno (N=85) Avaliação em D5 sem progestágeno (N=85)Avaliação em D2 com P4 (N=43) Avaliação em D2 com Altrenogest (N=41)

Qui-qudrado = 0,34ns 0,88ns 4,75* 6,37* 4,60*

2

* Teste Qui-quadrado entre problemas identificados, significativo (GL=1, P<0,05). ns – não-

signifcativo.

Figura 3. Porcentagem de características indesejáveis no sistema genital de éguas da raça Mangalarga Machador, receptoras de embriões, avaliadas no dia D2 e no D5, com e sem administração de progestágeno (n = 254 éguas).

A respeito da porcentagem de manifestação destes problemas, pode-se

concluir que:

a) Observou-se que 25 (29,4%) éguas receptoras que não receberam progestágeno

apresentaram problemas no corpo lúteo no D2 e 15 (22,2%), no D5. Das que

receberam progestágeno, 14 (32,6%) e 10 (24,4%), respectivamente para P4 e

Altrenogest, apresentaram problemas no corpo lúteo, não havendo diferença (P>

0,05) entre os diferentes grupos. Praticamente 100% das estruturas que vão dar

origem aos corpos lúteos são visíveis no dia da ovulação, permanecendo visíveis,

nesta proporção, até o D10, quando a porcentagem de sua detecção começa a

diminuir. A metade dos corpos lúteos se forma com uma massa não ecogênica em

seu interior (sangue e fibrina). Esta massa diminui progressivamente à medida que o

Avaliação em D2 sem progestágeno x com Altrenogest Valor χ² Problema no corpo lúteo 0,11 ns Presença de folículos > 20 mm 0,09 ns Tônus uterino 1 ou 2 0,99 ns Presença de dobras, edema e líquidos no útero 0,99 ns Cérvix aberta 0,99 ns

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tecido ecogênico se forma (GINTHER,1986), justificando que, na avaliação no D5,

foi encontrada a menor porcentagem de problemas, embora não significativa.

b) A presença de folículos com diâmetro superior a 20mm foi observada na

proporção de 9 (15,5%), 8 (11,1%), 2 (4,7%) e 5 (12,2%) para os tratamentos sem

progestágeno no D2 e D5, e com P4 e Altrenogest no D2, respectivamente, sendo

de ocorrência baixa e não apresentando diferença entre os grupos (P> 0,05%). Os

folículos com diâmetro entre 2 e 5mm aparecem um pouco antes da ovulação, ao

passo que os folículos maiores, de diâmetro superior a 16mm, aparecem no meio do

diestro e sofrem atresia ou ovulam (GINTHER, 1986; GASTAL et al., 1997). Isto

explica sua baixa ocorrência no início do diestro, neste experimento. Contudo, nota-

se que o grupo D2 sem progestágeno é o que apresentou maior e o D2 com P4 o

que apresentou menor porcentagem do problema, fato explicável pelas baixas

concentrações de progesterona endógena neste dia (BERGFELT e GINTHER,

1996), droga que é inibitória para o crescimento folicular.

c) Com referência ao baixo tônus uterino, observou-se que das receptoras que não

receberam progestágeno, 61 (71,8%) apresentaram esse problema no D2 e 19

(28,1%) no D5. Quanto às éguas que receberam progestágeno e foram avaliadas no

D2, 11 (25,8%) e 20 (48,8%) éguas que foram tratadas com P4 e Altrenogest,

respectivamente, apresentaram baixo tônus uterino (P<0,05).

d) Quanto à presença de dobras e edema do endométrio, observou-se que 61

(71,8%) e 20 (28,9%) éguas que não receberam progestágeno e foram avaliadas

respectivamente no D2 e D5, apresentaram esses problemas. Do mesmo modo, as

receptoras tratadas com P4 e Altrenogest apresentaram esses problemas ao D2,

respectivamente, 7 (16,3%) e 20 (48,8%) éguas.

e) Cérvix aberta – Observou-se que 61 (71,8%) éguas receptoras que não

receberam progestágeno apresentaram problemas de abertura cervical no D2 e 23

(32,6%) no D5. Daquelas que receberam progestágeno, apenas 10 (23,3%) e 20

(48,8%), respectivamente para P4 e Altrenogest, apresentaram os mesmos

problemas.

A porcentagem de receptoras dos grupos D2 com P4 e D5 sem progestágeno

que apresentaram tônus uterino insuficiente, edema, dobras e líquidos no útero bem

como cérvix aberta foi significativamente menor que nos outros grupos (P< 0,05).

Isto mostra a eficiência do hormônio natural, endógeno ou exógeno, no

estabelecimento do tônus característico desta fase do ciclo estral, reforçando

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BONAFOS et al. (1994) que afirmaram que a progesterona é o único hormônio

produzido pelo corpo lúteo necessário para o desenvolvimento da turgidez uterina na

égua e PELEHACH et al. (2002), que mostraram a importância da progesterona na

dissipação do edema uterino. MCCUE et al. (1999) e CARNEVALE et al. (2000) que

concluíram que as receptoras selecionadas para inovulação, após o exame de

palpação retal e ultra-sonografia, apresentam concentrações de progesterona

significativamente mais altas que as marginalmente aceitáveis ou rejeitadas.

Segundo os mesmos autores, os baixos níveis de progesterona plasmáticas estão

relacionados com inadequado tônus uterino e/ou cervical, podendo ser um

parâmetro utilizado para descartar receptoras para transferência de embriões,

reforçando os dados encontrados neste trabalho.

Vários autores têm demonstrado a eficácia do Altrenogest como

progestágeno sintético e eficaz, como WEBEL (1975); WEBEL e SQUIRES (1982);

POOL et al. (1987); PARRY- WEEKS e HOLTAN (1987); MCKINNON et al. (1988) e

ALMEIDA (1990). Contudo, neste experimento, o seu efeito não foi estatisticamente

comprovado (P> 0,05), embora tenha se distinguido em termos numéricos, no grupo

D2 sem progestágeno.

Na tabela 2, encontram-se os dados referentes à taxa de prenhez de éguas

receptoras com e sem administração de progestágeno. As maiores (P<0,05) taxas

de prenhez foram observadas nas éguas inovuladas no D5 sem aplicação de

progestágeno (76,36%) e nas éguas inovuladas no D2 com administração de P4

(72,72%). Estas taxas estão em sintonia com as encontradas em trabalhos recentes

da literatura, para transferência não-cirúrgica de embriões eqüinos a fresco, como

SQUIRES et al. (1998), JASKO (2002), CARNEY et al. (1991), CARNEVALE et al.

(2000), que obtiveram taxas de 69 a 89%; 62,5 a 100%; 60 a 71% e 65,7%,

respectivamente. Apesar dos valores não serem significativos (P>0,05), as éguas

tratadas com Altrenogest e inovuladas em D2 apresentaram 52,38% de taxa de

prenhez, enquanto que, para as éguas inovuladas em D2 sem a administração de

progestágeno, a taxa foi de 30%

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Tabela 2. Porcentagem de prenhez de éguas receptoras da raça Mangalarga Machador com ou sem administração de progestágeno do primeiro (D0) ao sexto dia do ciclo estral (D5) e avaliação no terceiro dia (D2) e no sexto dia do ciclo estral (n= 118)

Número de inovulações e prenhez Dia da avaliação da receptora

com ou sem administração de

progestágeno (T)

Éguas

inovuladas

Éguas

gestantes

Éguas não

gestantes

Taxa de

prenhez

(%)

Valor qui-

quadrado

(χ²)

D2 sem Progestágeno 20 06 14 30,00 3,2ns

D5 sem Progestágeno 55 42 13 76,36 15,29*

D2 com P4 22 16 6 72,72 4,55*

D2 com Altrenogest 21 11 10 52,38 0,05ns

Total =

118 75 43 63,53 -

Teste Qui-quadrado para (T): 11,54* *Teste Qui-quadrado entre tipos de problemas, significativo (GL=1, P<0,05). ns- não-signifcativo.

A análise de variância da regressão para a concentração de progesterona

plasmática (ng/ml) encontra-se na Tabela 3. As equações de regressão, sem

exceções, ajustaram-se significativamente (P<0,05) ao modelo quadrático.

Tabela 3. Análise da variância da regressão para concentrações de progesterona

plasmática (ng/ml) avaliadas no período de D0 a D13 do ciclo estral de receptoras da raça Mangalarga Marchador

Tratamento Fonte de Variação GL QM F P

D2 sem progestágeno Efeito de regressão 2 161,827 20,68 0,0001

Efeito independente 47 7,825

D5 sem progestágeno Efeito de regressão 2 206,840 18,54 0,0001

Efeito independente 46 11,155

D2 com P4 Efeito de regressão 2 146,801 28,37 0,0001

Efeito independente 44 5,174

D2 com Altrenogest Efeito de regressão 2 197,745 25,51 0,0001

Efeito independente 46 7,753

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Na comparação das equações de regressão (Figura 4), verificou-se que as

receptoras do grupo D2 com P4 apresentaram o ponto máximo mais elevado, além

da precocidade com relação aos demais grupos de tratamentos, quanto às

concentrações de progesterona plasmáticas. Todavia, observou-se que a equação

de regressão obtida para tal grupo é a que menos explica seus dados (R²=0,61). Isto

pode ser conferido observando-se a concentração de progesterona plasmática no

D0 (8,37ng/ml), estimado pela equação de regressão em comparação com a

concentração média (1,84 ± 3,02ng/ml), obtida no mesmo dia (Tabela 4).

BERGFELT e GINTHER (1996) afirmaram que a concentração de

progesterona (ng/ml) em éguas e pôneis foi próxima de zero no dia da ovulação,

atingindo aproximadamente 3,0 no D2 e 11,0 no D7. A concentração de

progesterona plasmática, nesse experimento, alcançou no D2 médias de 5,61 ±

1,41; 6,40 ± 1,53 e 5,35 ± 2,60; respectivamente, para os grupos D2 sem

progestágeno, D5 sem progestágeno e D2 com Atrenogest. Esses resultados são

superiores aos descritos por BERGFELT e GINTHER (1996). Entretanto, no

presente experimento, as amostras de sangue foram coletadas apenas uma vez ao

dia, sendo que existem 3,33 pulsos diários de liberação de progesterona (PERKINS

et al., 1993), sempre das 10 às 12 horas com a primeira coleta no dia em que a

ovulação foi detectada, por meio de toque retal uma vez ao dia. Isto associado às

variações raciais podem justificar os resultados obtidos. Os valores mais elevados

de progesterona em D2, encontrados nesses grupos, não qualificam estas

receptoras para serem inovuladas no mesmo dia, pois a concentração considerada

suficiente para manter a prenhez, que é de 4ng/ml (SHARP, 2000), atingida no D3

de acordo com BERGFELT e GINTHER (1996), não resultou em recomendações

para inovulação de receptoras nesse mesmo dia. A literatura consultada recomenda

a inovulação a partir do D4 (CAIADO, 2000; JASKO, 2000; CARNEVALE 2000;

SQUIRES et al., 2003).

O grupo D2 com P4 apresentou média da concentração de progesterona no

D1 (17,60±14,13ng/ml) significativamente (P<0,05) maior que os demais grupos. Isto

pode ser justificado pelo fato de que, além da progesterona endógena, foi

administrada progesterona natural (P4). Segundo HUGUES et al. (1980), os níveis

plasmáticos médios de progesterona acima de 4ng/ml podem ser alcançados em

éguas ovariectomizadas submetidas à aplicação diária de 200mg de progesterona

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oleosa. O grupo em questão recebeu a dose de 200mg/dia de progesterona oleosa,

além da naturalmente produzida.

Com referência ao Altrenogest, este não é detectado na análise hormonal

pelo método utilizado nesse experimento, pois não apresenta similaridade com a

molécula de progesterona. Sendo assim, a concentração de progesterona nesse

grupo de receptoras manteve-se em sintonia com os grupos sem administração de

progestágeno.

Tabela 4. Média e desvio padrão das concentrações plasmáticas de progesterona (ng/ml) em relação aos dias do ciclo estral das receptoras da raça Mangalarga Marchador

Tratamentos*

Dia do ciclo

estral

D2 sem

progestágeno

D5 sem

progestágeno

D2 com

P4

D2 com

Altrenogest

D0 2,51 ± 2,56 A 2,06 ± 2,15A 1,84 ± 3,02A 0,46 ± 0,35A

D1 3,41 ± 2,77B 4,25 ± 2,64B 17,60 ± 14,13A 2,12 ± 0,87B D2 5,61 ± 1,41A 6,40 ± 1,53A 8,71 ± 1,60A 5,35 ± 2,60A

D3 6,90 ± 2,55B 8,33 ± 3,88B 16,34 ± 12,17A 6,07 ± 2,53 B D4 6,84 ± 2,48B 9,13 ± 5,17AB 15,36 ± 7,57A 6,51 ± 2,77B D5 9,86 ± 4,56A 10,65 ± 4,32A 13,02 ± 3,67A 6,35 ± 4,19A

D7 11,85 ± 4,09A 11,88 ± 3,23A 12,10 ± 2,66A 10,61 ± 3,48A

D9 8,37 ± 0,60A 9,38 ± 1,66A 10,76 ± 1,84A 8,81 ± 0,57A

D11 9,29 ± 2,01A 11,48 ± 2,33A 8,71 ± 0,84A 7,51 ± 3,87A

D13 8,09 ± 3,03A 7,30 ± 5,26A 8,10 ± 1,70A 6,32 ± 4,41A

* Médias seguidas das mesmas letras na linha não diferem entre si (Tukey, P<0,05)

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Figura 4. Concentração de progesterona plasmática (ng/ml), avaliada no período de D0 a D13, de receptoras da raça Mangalarga Marchador, classificadas como indesejáveis (Grupo A) ou desejáveis (Grupo B) quanto às características do sistema genital no dia da ovulação.

As análises da variância para o ponto máximo das equações de regressão

(Tabela 5) indicaram que existem efeitos significativos (P<0,05) entre os grupos de

receptoras quanto ao dia do ciclo estral em que se manifesta o pico de concentração

plasmática de progesterona, todavia não existem efeitos significativos (P>0,05) entre

os grupos quanto à concentração máxima alcançada. As médias obtidas para o dia

do ciclo estral em que ocorrem os pontos de máximo (Tabela 6) indicaram que o

grupo D2 com P4 apresentou, aos 5,69 ± 1,43 dias (P<0,05), a concentração de

14,59 ± 4,19 ng/ml de progesterona (P>0,05). Esses resultados podem ser

justificados pela administração exógena de P4 nesse grupo de receptoras.

0

2

4

6

8

10

12

14

0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13

Dias do ciclo estral

Prog

este

rona

pla

smát

ica

(ng/

ml) D2 com altrenogest y= 0,481+2,299x-0,145x² (R2=0,95*)

Ponto Max. Dia ng/ml 7,92 9,58

0

2

4

6

8

10

12

14

0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13

Dias após a inovulação

Prog

este

rona

pla

smát

ica

(ng/

ml)

D2 com P4 y= 8,371+1,942x-0,165x² (R2=0,61*)

Ponto Max. Dia ng/ml 5,88 14,08

0

2

4

6

8

10

12

14

0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13

Dias após a inovulação

Prog

este

rona

pla

smát

ica

(ng/

ml)

D2 sem progestágeno y= 2,117+1,942x-0,116x² (R2=0,87*)

Ponto Max. Dia ng/ml 8,35 10,24

0

2

4

6

8

10

12

14

0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13

Dias do ciclo estral

Prog

este

rona

pla

smát

ica

(ng/

ml) D5 sem progestágeno y= 1,75+2,19x-0,14x² (R2=0,89*)

Ponto Max. Dia ng/ml 7,88 10,13

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Tabela 5. Análise da variância para o ponto de máximo das equações de regressão para concentrações de progesterona plasmática (ng/ml), avaliadas no período de D0-D13 do ciclo estral de receptoras da raça Mangalarga Marchador

Tratamentos (D0-D13) Fonte de Variação GL QM F P Dia do ciclo estral Tratamento 3 8,73 4,89 0,0133

Resíduo 16 1,78

Concentração de progesterona Tratamento 3 21,577 2,43 0,1031

Resíduo 16 8,88

Tabela 6. Média e desvio-padrão do dia do ciclo estral e da concentração máxima de

progesterona plasmática de receptoras da raça Mangalarga Marchador nos períodos de D0-D13

Período de D0-D13

Tratamento Ciclo estral (dias) Progesterona Plasmática (ng/ml)

D2 s/ progestágeno 8,20 ± 0,43 A* 10,23 ± 2,70 A

D5 s/ progestágeno 8,32 ± 1,59 A 12,18 ± 2,31 A

D2 com P4 5,70 ± 1,43 B 14,59 ± 4,19 A

D2 com Altrenogest 8,32 ± 1,53 A 10,20 ± 2,32 A

* Médias seguidas de mesmas letras na coluna não diferem entre si (Tukey, P<0,05).

CONCLUSÕES

1-Tais resultados indicam que o tratamento com progesterona (P4) em

receptoras eqüinas, no período de D0 (dia da ovulação) a D5, possibilita a

inovulação dessas receptoras no D2, mantendo a taxa de prenhez,

estatisticamente similar à de éguas, consideradas excelentes e boas para

inovulação no D5.

2-O tratamento com Atrenogest no mesmo período aumentou a taxa de

prenhez quando comparada ao grupo D2 sem progestágeno, porém este

aumento não foi estatisticamente significativo.

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3-O protocolo utilizado se mostrou eficiente para a P4, com um período curto

de aplicação deste hormônio.

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COMPARAÇÃO ENTRE DOIS DIFERENTES MEIOS PARA TRANSFERÊNCIA DE

EMBRIÕES EM ÉGUAS DA RAÇA MANGALARGA MARCHADOR

RESUMO

Diferentes tampões são utilizados nos meios de lavagem e manutenção embrionária

durante os procedimentos de transferência de embriões em eqüinos. Os tampões

carbonato, fosfato e Zwitteriônico são os mais usados. Durante os procedimentos de

transferência, é comum que o embrião permaneça por um tempo maior que o

previsto, em espera no meio de manutenção utilizada. Este experimento foi realizado

com o objetivo de comparar o custo/benefício de dois meios contendo tampões

diferentes DPBS (fosfato) e Embriocare (zwitteriônico), na transferência de embriões

em éguas da raça Mangalarga Marchador. Os embriões foram divididos

aleatoriamente em dois grupos, Zwitteriônico e fosfato, permanecendo em descanso

por 0,30,60 ou 120 minutos em ambos os meios. Zwitteriônico: 0 (15 embriões), 30

(15 embriões), 60 (16 embriões), ou 120 (14 embriões). Fosfato 0 (13 embriões), 30

(18 embriões), 60 (16 embriões), ou 120 (19 embriões). Os resultados indicam que

ambos são igualmente eficientes (P>0,05) nos processos de rasteamento, lavagem,

manutenção à temperatura ambiente por diferentes períodos de tempo (0 a 120

minutos) e inovulação de embriões em éguas da raça Mangalarga Marchador, em

ambiente tropical, com taxas de prenhez de 65% e 69,7%, respectivamente. Porém,

a maior taxa de prenhez encontrada com DPBS foi obtida com tempo de

manutenção do embrião de 60 minutos no meio. No tampão zwitteriônico, a maior

taxa de prenhez foi alcançada com 30 minutos no meio. Como a aquisição do

Embriocare foi mais onerosa, o DPBS apresentou o melhor custo benefício.

Palavras-chave: eqüino, Mangalarga Marchador, transferência de embriões, tampão

fosfato e Zwitteriônico.

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ABSTRACT

Different buffers are used in the media for washing and embryo maintenance during

the procedures of equine embryo transfer. The buffers carbonate, phosphate, and

zwitterionic are the most used. During the procedures of transference, it is common

to keep the embryos into the maintenance media during a time longer than

previewed. This experiment was realized with the objective of comparing the costs

and benefits of using two media with different buffers for embryo transfer in mares of

the breeding Mangalarga Marchador. The medias are DPBS (phosphate) and

Embriocare (zwitterionic). The embryos were divided randomly in two groups,

zwitterionic and phosphate, and kept in the media for 0, 30, 60, and 120 minutes. In

the zwitterionic media, the distribution was as following: 15 embryos were kept during

0 minute, 15 embryos during 30 minutes, 16 embryos during 60 minutes, and 14

embryos during 120 minutes. In the phosphate media, 13 embryos were kept during

0 minute, 18 embryos during 30 minutes, 16 embryos during 60 minutes, and 19

embryos during 120 minutes. The results indicate that both media are equally

efficient (P>0.05) in the processes of scanning, washing, maintenance at ambient

temperature for different time periods (0 to 120 minutes), and inovulation of equine

embryos under tropical conditions. The pregnancy rates using the media were 65%

and 69.7%. The greatest pregnancy rate using DPBS was obtained with embryos

kept in the media for 60 minutes (P<0.05). Using zwitterionic buffer, the greatest rate

of pregnancy was obtained with embryos kept during 30 minutes in the media

(P<0.05). Since Embriocare is more expensive, DPBS presented the best cost-

benefit ratio.

Keywords: equine, Mangalarga Marchador, embryo transfer, Phosphate and

zwitterionic buffer.

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INTRODUÇÃO

Durante o processo de transferência de embriões a fresco em eqüinos, é

comum que os embriões permaneçam no meio de manutenção, por períodos acima

do tempo inicialmente previsto, que é de aproximadamente 15 minutos, antes da

inovulação. Este é o tempo necessário para os processos de rasteamento, lavagem

e envasamento do embrião. Contudo, em muitas situações, a receptora escolhida

para ser inovulada é rejeitada na última hora (por não adentrar no tronco de

contenção, por apresentar tortuosidades no canal cervical que impedem sua

penetração pelo instrumento inovulador, por temperamento agressivo ou outras

situações inusitadas); ou se encontra em local diferente do da doadora, a uma

distância que não justifique o resfriamento do embrião, obrigando a permanência no

meio de manutenção, por um período de tempo maior que o desejado. A

manutenção de embriões, em temperatura ambiente por períodos variados, em

diferentes tipos de tampões, é importante para determinar a eficiência de cada um

deles.

Os veterinários que praticam a transferência de embriões em eqüinos, no

Brasil, utilizam diferentes meios para manutenção, manipulação e inovulação. Dentre

os mais utilizados,atualmente, destacam-se os que apresentam tampão bicarbonato,

fosfato e Zwitteriônico.

A solução de Ham’s F10, a solução fosfato tamponada modificada por

Dulbeco (DPBS) e o Embriocare são constituídos, respectivamente, por estes

tampões citados, e são os mais utilizados na prática. Além das diferenças entre a

utilização desses tipos de tampões, existem outras entre as quais a que diz respeito

à composição química, embalagem, preço e taxa de prenhez.

Os meios tamponados por bicarbonato requerem atmosfera gasosa (5%

CO2, 5% O2 e 90% N2) para manterem estabilidade tamponante (CARNEVALE,

2000), dificultando muito seu uso, na rotina de transferência de embriões a campo.

Os meios tamponados por fosfato e tampão Zwitteriônico não requerem este artifício,

sendo mais utilizados na prática e, por isto, testados neste experimento.

Por definição, “Zwitterion” é um íon que apresenta cargas positiva e negativa

no mesmo grupo de átomos, podendo ser formado por compostos que contêm

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grupos ácidos e básicos. Juntos, são internamente neutralizados e, então,

metabolicamente inertes. O tampão Hepes é do grupo Zwitteriônico.

Os primeiros tampões biológicos estudados foram misturas de sais

inorgânicos, tamponados com grandes quantidades de fosfato e bicarbonato de

sódio (GONÇALVES et al., 2001). A dificuldade maior da utilização de soluções

tamponadas por bicarbonato é a necessidade do uso de atmosfera de CO2 para

manter o pH constante (MOUSSA et al., 2003a). GOOD et al. (1966) desenvolveram

o Hepes, tampão orgânico para pesquisas biológicas, que mantém o pH de maneira

mais eficiente e mais constante que a utilização única de bicarbonato. Além disto,

apresenta máxima solubilidade em água, dificuldade em atravessar a membrana

celular, não forma complexo com substâncias biológicas, tem baixa toxicidade e não

age como inibidor em reações bioquímicas.

No início da década de 1970-1980, os meios tamponados com bicarbonato

eram os mais usados para manutenção de embriões. Estes meios foram mais tarde

substituídos por outros contendo tampão fosfato, uma vez que a necessidade de

incubação com CO2, exigida nos meios com tampão bicarbonato, inviabilizava a

técnica em nível de campo (NELSON e NELSON, 2001).

A solução tamponada por fosfato, modificada por Dulbeco ( DPBS), foi

utilizada por vários pesquisadores na transferência de embriões em eqüinos, como

MCKINNON (1999), SQUIRES (1995) e EAST et al. (1999), acrescentando que, se o

embrião for inovulado em tempo inferior a 1 hora, poderá permanecer á temperatura

ambiente em DPBS + 10% SFB. Havendo necessidade de um tempo maior de

armazenamento, os autores recomendam a utilização de Ham’s F10 em atmosfera

de CO2. CARNEY et al. (1991), ALVARENGA et al. (1993), CAIADO (2000),

CARVALHO (2000) e PASHEN et al. (1993) também utilizaram, com sucesso, o

DPBS com SFB ou BSA (soro albumina bovina) em diferentes etapas da TEE.

FLEURY (1998b) obteve uma taxa de gestação de 73,3% quando utilizou embriões

transportados em temperatura ambiente (23 a 35ºC), por um período máximo de 60

minutos, envoltos em meio DPBS.

NELSON e NELSON (2001) apontaram o Hepes como um sistema tampão

eficiente e estável em atmosfera de oxigênio.

CARNEVALE et al. (1987) compararam a taxa de prenhez aos 14 dias, de

éguas inovuladas com embriões resfriados a 5oC, em Ham’s F10, com atmosfera

CO2 (5% CO2, 5% O2 e 90% N2) ou tampão Hepes, relatando uma taxa de prenhez

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maior (70% versus 20%) quando o meio utilizado foi o Ham’s F10 em atmosfera de

CO2. FLEURY at al. (2002) utilizaram o meio Ham’s F-10, com tampão Hepes, na

transferência não cirúrgica de embriões eqüinos, a fresco e resfriados por até 18

horas, com diferentes diâmetros. Concluíram que o meio é satisfatório para todos os

casos empregados, com taxa de prenhez em torno de 75%.

Os meios que utilizam tampão Hepes ou Zwitteriônico têm sido os mais

utilizados em substituição ao DPBS, na indústria de transferência de embriões em

bovinos nos Estados Unidos da América (NELSON e NELSON, 2001). O tampão

Zwitteriônico apresenta um íon tamponante metabolicamente inerte, que não

atravessa a barreira celular, estabiliza a zona pelúcida e previne uma possível

inibição do desenvolvimento que pode ser causado pelo tampão fosfato

(SESHAGIRI et al., 1991).

BARROS e BENYEI (2000) compararam os resultados, na transferência e

armazenamento de embriões bovinos, de dois meios contendo diferentes tampões:

fosfato e Zwitteriônico, em ambiente tropical. Concluíram que não existiu diferença

significativa na taxa de prenhez em vacas que foram inovuladas com embriões a

fresco, mantidos em um ou outro meio. Porém, afirmaram que somente o tampão

Zwitteriônico pode ser utilizado para embriões destinados ao congelamento.

Diversos trabalhos, na área de biotécnicas da reprodução, têm usado e comparado

o efeito do tampão Zwitteriônico com outros comumente utilizados. WALKER et al.

(1989) estudaram a substituição de bicarbonato por Hepes (ácido N-2-

hidroxietilpiperazina-N’-2-etanosulfônico), em quantidades crescentes de 0; 6,25;

12,5; 18,75 e 25mM, no meio de cultivo de embriões ovinos, comprovando um efeito

adicional na capacidade tamponante, porém, com aumento de danos aos

blastocistos, em concentrações superiores a 12,5mM. MOUSSA et al. (2002)

compararam a taxa de prenhez e o número de células mortas, em embriões eqüinos

resfriados por 24 horas, em meio contendo tampão bicarbonato ou Zwitteriônico.

Concluíram que não existiu diferença significativa entre os meios, nem na taxa de

prenhez após transferência nem no número de células mortas, após o tempo de

cultivo. MOUSSA et al. (2003a) estudaram a viabilidade e o índice de apoptose, em

embriões eqüinos estocados sob meios tamponados com bicarbonato e

Zwitteriônico, concluindo que não existiu diferença significativa no índice de

apoptose e de células mortas.

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DONNISON et al. (1996) analisaram desenvolvimento embrionário e o

incremento do metabolismo de blastocistos bovinos cultivados por 24 ou 48 horas,

sob temperatura de 25oC, em dois diferentes meios contendo tampões fosfato ou

Zwitteriônico. Seus resultados apontam uma viabilidade embrionária e aumento na

taxa metabólica (incremento na produção de CO2), em embriões mantidos em meio

com tampão Zwitteriônico. MOUSSA et al. (2003b) também compararam três

diferentes meios, objetivando resfriamento de embriões eqüinos, com dois diferentes

tampões: bicarbonato (Ham’s F10) e Zwitteriônico (Emcare e ViGro holding plus).

Descreveram que os meios com tampão Zwitteriônico não apresentaram diferença

estatística, quando comparados ao meio com tampão bicarbonato, na taxa de

prenhez e na quantidade de células mortas após período de resfriamento. Também

demonstraram que embriões maiores que 400µm, podem ter uma maior viabilidade

após 24 horas de resfriamento que os menores de 400µm, por apresentarem,

significativamente, um número menor de células mortas.

RUBIO POMAR et al. (2004) relataram que embriões de suínos,

armazenados por 24 horas em meio com tampão Zwitteriônico (Emcare)

apresentaram, significativamente, menores danos que os armazenados em meios

com tampão fosfato (DPBS e TCM 199). No mesmo experimento, os embriões

maiores (5 dias versus 4 dias) e os que foram incubados a temperaturas mais altas

(36oC versus 18 e 25oC) também apresentaram, em ambos os meios,

significativamente, maiores danos e maior quantidade de embriões degenerados.

COUTINHO da SILVA et al. (2002) utilizaram o Emcare no “flushing” de

folículos de éguas doadoras de ovócitos, nos 10 minutos finais de cultivo e como

meio de transferência dos ovócitos. Tornaram-se prenhes 15 das 17 receptoras

destes ovócitos.

KEEFER et al. (2002) utilizaram, com sucesso, o Emcare no momento de

desnudar e enuclear ovócitos, destinados à produção de cabras clonadas por

transferência nuclear usando células somáticas adultas.

São objetivos deste trabalho:

Verificar a eficiência de dois meios comerciais, contendo diferentes tampões -

fosfato e zwitteriônico - na manutenção, por diferentes períodos de tempo (0, 30, 60

e 120 minutos) de embriões eqüinos com idade entre 6,5 e 8,5 dias (D0= dia da

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ovulação da doadora), mantidos em descanso, envoltos em bolhas do meio em

questão, à temperatura ambiente, em placa de Petri tampadas.

Verificar a taxa de prenhez, após inovulação não-cirúrgica dos embriões.

Apontar qual deles tem o melhor custo/benefício.

MATERIAL E MÉTODOS

LOCAL DO EXPERIMENTO E ANIMAIS

O experimento foi desenvolvido em um criatório de eqüinos no município de

Guarapari-ES, nas estações de monta dos anos de 2001 e 2002. 30 éguas da raça

Mangalarga Marchador, com idade variando de 3 a 15 anos e condição corporal

compatível com a atividade reprodutiva, foram utilizadas como doadoras dos

embriões durante o experimento, e 126, da mesma raça, com idade variando de 3 a

12 anos e condição corporal compatível com a atividade reprodutiva, utilizadas como

receptoras destes embriões. Elas foram mantidas em regime de campo, com

pastagem de gramínea, água e sal mineral “ad libidum”, sendo suplementadas,

diariamente, com volumoso e concentrado em bretes com cochos individuais.

CONTROLE FOLICULAR E RUFIAÇÃO

Uma vez ao dia, no próprio brete de suplementação alimentar, as éguas

foram rufiadas, submetidas a controle folicular e ultra-sonografia do trato reprodutivo.

A rufiação foi coletiva e realizada mediante utilização de um rufião eqüino com a

genitália intacta, fértil e com boa libido, que foi conduzido próximo das fêmeas a

serem rufiadas, permitindo um contato estreito entre eles, porém separados por uma

cerca de réguas que impedia as coberturas e a recepção de coices de ambas as

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partes. No caso de necessidade de uma rufiação individual, o rufião era conduzido

por meio de um cabresto à presença da fêmea, amarrada a um mourão, permitindo-

se o contato direto entre ambos, porém impedindo a cópula.

Os exames de palpação retal foram realizados no próprio brete, conduzidos

por um médico veterinário com comprovada experiência nesta atividade. Os exames

de ultra-sonografia foram realizados por meio de um aparelho Scaner-200 VetR (Pie

Medical) acoplado a um transdutor transretal linear de 7,5MHz, sendo, diariamente,

observados o desenvolvimento folicular, a detecção da ovulação e de características

ultra-sonográficas do aparelho genital feminino durante o ciclo estral.

INSEMINAÇÕES

As doadoras foram inseminadas de 48 em 48 horas, utilizando-se sêmen de

um garanhão de conhecida fertilidade, a partir do dia em que se detectava a

presença de um folículo dominante, com diâmetro igual ou maior que 35 mm, até a

ovulação (CAIADO, 2000).

TRANSFERÊNCIA DOS EMBRIÕES

Os embriões foram coletados de forma não-cirúrgica, entre os dias 6,5 e 8,5

após a ovulação da doadora (considerando-se D0 como o dia da ovulação),

seguindo os procedimentos descritos por SQUIRES et al. (2003). Utilizou-se a

solução de Ringer com lactato de sódio como meio de coleta (ALVARENGA et al.,

1993; FLEURY, 1998a; CARVALHO, 2000). Após a passagem da sonda pela cérvix,

o balonete foi inflado com ar e o líquido de lavagem introduzido no útero por

gravidade, retirado logo após as massagens uterinas via palpação retal, também por

gravidade. Este procedimento foi repetido por três vezes ou até a verificação da

presença do embrião no filtro coletor, no caso de embriões D8 ou mais velhos. Caso,

após o rasteamento, o embrião não fosse localizado, repetia-se o procedimento por

mais duas ou três vezes (SQUIRES et al., 2003).

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Figura 1-Coleta não-cirúrgica de embriões em égua, com sonda de coleta já inserida

no corpo uterino, após ultrapassagem da cérvix e enchimento do balonete com ar. O sistema genital feminino, a sonda de coleta ligada à solução de lavagem e ao filtro de coletor estão representados (VANDERWAL, 2000).

Na etapa de rasteamento, realizada em placa de Petri descartável, com

auxílio de microscópio estereoscópio com aumento máximo de 35 vezes, os

embriões encontrados foram divididos, aleatoriamente, em dois grupos:

Meio A - Os embriões foram rasteados, mantidos em repouso de acordo com o

tratamento e inovulados em meio comercial Embriocare, com tampão Zwitteriônico

(Laboratório Cutilab, Campinas- SP. Embriocare solução para lavagem, frasco de

50ml. Embriocare holding plus 0,4% BSA, frasco de 15ml).

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Meio B - Os embriões sofreram os mesmos procedimentos dos do grupo 1,

porém, envoltos em meio comercial DPBS com 0,4% de BSA, tampão fosfato

(Laboratório Nutricell, Campinas-SP, frasco com volume de 30ml).

Em ambos os grupos, os embriões foram submetidos a diferentes períodos de

descanso:

• P0 n(Meio A=15; Meio B=13) - Os embriões foram imediatamente

transferidos logo após sua observação, classificação, lavagem e

envasamento. A classificação foi feita seguindo os critérios estabelecidos

por MCKINNON e SQUIRES (1988), admitindo-se para o experimento

somente embriões considerados bons e excelentes.

• P30 n(Meio A=15; Meio B=18) - Os embriões permaneceram no meio em

repouso por 30 minutos, logo após sua observação, classificação e

lavagem. As bolhas do meio comercial, destinadas à lavagem do embrião,

foram feitas de modo similar na periferia da placa. A bolha central, com um

volume dobrado, era então preparada para o período de repouso e

envasamento. Durante este período, os embriões permaneceram em placa

de Petri fechada, em temperatura ambiente, no laboratório de

transferência de embriões da própria fazenda, com temperaturas que

variaram de 28 a 35OC. Decorrido este tempo, os embriões foram

reclassificados, envasados e transferidos.

• P60 n(Meio A=16; Meio B=16) - Igual ao tratamento B, exceto no tempo

em que os embriões permaneceram em descanso, que neste caso foi por

60 minutos.

• P120 n(Meio A=14; Meio B=19) - Igual ao tratamento B, exceto no tempo

em que os embriões permaneceram em descanso, que neste caso foi por

120 minutos.

A manipulação embrionária nas diferentes etapas foi realizada com auxílio

de uma palheta de 0,25 ou 0,50ml unida a uma seringa de 1ml, através de um

adaptador. Os embriões de até 8 dias foram envasados em palhetas de 0,25ml e

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inseridos num inovulador eqüino, devidamente preparado, sendo depositadas no

corpo ou corno uterino de receptoras sincronizadas com as doadoras, que

estivessem com um tempo de ovulação entre 4 a 8 dias. Os embriões maiores foram

manipulados em palhetas de 0,50 ml e inovulados com auxílio de uma pipeta de

inseminação (PROVAR, SP) no mesmo local que os menores (CAIADO, 2000).

DIAGNÓSTICO DE GESTAÇÃO

No décimo quarto dia da ovulação da doadora, as receptoras foram

submetidas à palpação retal e exame ultra-sonográfico, visando ao diagnóstico de

gestação. Se o resultado fosse negativo, elas voltavam para o regime de toques de

receptoras vazias, quando tinham mais uma chance de serem inovuladas. Se o

diagnóstico fosse positivo, elas permaneciam no regime destinado às fêmeas

gestantes.

ANÁLISE ESTATÍSTICA

Foi aplicado o teste do qui-quadrado para testar a hipótese de independência dos

variados tipos de meio comercial utilizado (1 e 2) e o número de éguas gestantes e

não gestantes em cada grupo. O mesmo teste estatístico foi utilizado para verificar a

hipótese de homogeneidade entre os tratamentos (A, B, C e D), dentro de cada

meio, detectando a diferença estatística sobre a taxa de gestação, após a

transferência não-cirúrgica dos embriões.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Os embriões a serem inovulados podem ser mantidos à temperatura

ambiente em meios específicos, por determinado período até o momento da

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transferência (Tabela 1). Foram inovulados 60 embriões envoltos em meio A

(Embriocare, com tampão Zwitteriônico) em receptoras da raça Mangalarga

Marchador. Destes, 39 (45,88%) resultaram em gestação após 14 dias da

ovulação da sua respectiva doadora. A maior taxa de prenhez (80%),embora não

estatisticamente significativa, foi observada nas éguas inovuladas com embriões

tratados com o meio A com 30 minutos de descanso. Observou-se a taxa de 50% de

prenhez para as receptoras inovuladas com embriões que permaneceram 120

minutos em descanso neste meio. Tala resultado fica bem aquém das taxas de

transferência não cirúrgica em eqüinos encontrada em literatura mais recente, como

SQUIRES et al. (2003) que relataram um índice de prenhez entre 70 e 75%, nos dois

últimos anos em seus laboratórios, FLEURY et al. (2002) que obtiveram 73,5 a 77%

de prenhez para embriões resfriados e de 75% encontrado no grupo controle de

CAIADO (2000).

Tabela 1- Número de embriões inovulados e taxa de prenhez de éguas receptoras

da raça Mangalarga Marchador, submetidos a diferentes períodos de descanso em meio A (tampão Zwitteriônico) e meio B (tampão fosfato)

Períodos de descanso (min.)

0 30 60 120

Meio Meio Meio Meio

Número de embriões

inovulados e Taxa de

Prenhez (%) A B A B A B A B

Número de Embriões 15 13 15 18 16 16 14 19

Éguas Gestantes (EG) 09 10 12 12 11 12 07 12

Éguas não-gestantes 06 03 03 06 05 04 07 07

Taxa de Prenhez: 60 76,90 80

66,67

68,75 75

50

63,16

Valor Qui-quadrado (EG): 2,18ns 3,36ns 3,13 ns 0,66 ns

Taxa de Prenhez para Meio (M): A: 39/60 (65,00%) B: 46/66 (69,70%)

Valor Qui-quadrado (M): 0,58 ns

*Teste qui-quadrado entre tipos de problemas, significativo (GL=1, P<0,05). ns- não-signifcativo.

No meio B (DPBS com 0,4% de BSA, com tampão fosfato), foram utilizados

66 embriões para inovulação. Destes, 46 (69,70%) resultaram em gestação após 14

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dias da ovulação da sua doadora. A maior taxa de prenhez (75%), embora também

não significativa, foi observada em receptoras com embriões que permaneceram em

descanso no meio por 60 minutos. As taxas de prenhez observadas neste grupo

corroboram com aquelas encontradas na literatura, como as dos trabalhos de

CARNEY et al. (1991), que obtiveram taxas de prenhez de 64 a 71% para embriões

conservados à temperatura ambiente, por períodos de até 60 minutos, em meio

DPBS com 10% de SFB. Do mesmo modo, FLEURY (1998b) obteve uma taxa de

gestação de 73,3% quando utilizou embriões transportados em temperatura

ambiente (23 a 35ºC), por um período máximo de 60 minutos, envoltos em meio

DPBS.

Com referência à comparação entre a performance do meio utilizado,

verificou-se o número de éguas gestantes independentemente do meio utilizado

para manutenção dos embriões, durante os diferentes períodos de descanso.

Observou-se que os embriões mantidos em meio B, apresentaram taxa de prenhez

de 69,70% das éguas inovuladas, ao passo que essa taxa foi de 65% para o meio A,

sendo estatisticamente iguais entre si (�²= 0,58; GL= 1; P>0,05). Esses dados

demonstram que ambos meios são eficientes na manutenção de embriões, por

período de até 120 minutos em temperatura ambiente de clima tropical.

Semelhantemente, BARROS e BENYEI (2000), que trabalhando com bovinos

compararam os resultados, na transferência e armazenamento de embriões, entre

dois meios contendo diferentes tampões (fosfato e Zwitteriônico), em ambiente

tropical e não observaram diferença significativa na taxa de prenhez entre os meios.

Além disso, a taxa de gestação encontrada para ambos os meios, nos diferentes

períodos de descanso, está em sintonia com aquela encontrada na literatura para

transferência não cirúrgica de embriões eqüinos, de acordo com os trabalhos de

SQUIRES et al. (1999) 50 a 75%; EAST et al. (1999) 12,5 a 71%, PASHEN et al.

(1993) 61%,CARNEY et al. (1991) 60 a 71% e FLEURY (1998b) 73,3%.

Os embriões utilizados neste experimento foram classificados, de acordo com

MCKINNON e SQUIRES (1988), antes e após serem colocados no meio, a fim de se

assegurar à qualidade e a homogeneidade dos mesmos. Dentre os embriões

utilizados no meio A, 24 (40%) foram classificados com grau 1 (excelente) e 36

(60%) com grau 2 (bom). No meio B, 32 (51,52%) embriões foram classificados com

grau 1 e 34 (48,48%) com grau 2. Nos trabalhos de CARNEY et al. (1991), os

embriões dos graus 1 e 2 apresentaram taxas de prenhez após transferência,

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estatisticamente, iguais entre si e, significativamente, maiores que os do grau 3 e 4.

Na reclassificação dos embriões que permaneceram por 30 minutos em ambos os

meios, não se observou alteração perceptível em microscópio estereoscópio que

justificasse uma mudança na classificação inicial. Dos embriões que permaneceram

em descanso por 60 minutos, nenhum no meio B sofreu reclassificação. Porém, os

do meio A, dois (3,33%) embriões foram reclassificados de grau 2 para grau 3

(regular). Após a inovulação, apenas um deles resultou em prenhez aos 14 dias.

Quanto aos embriões que permaneceram 120 minutos em descanso, em ambos os

meios, foram observados reclassificações com queda de grau. 3 (5%) embriões do

meio A, foram reclassificados sendo que dois de grau 1 para grau 2 e um de grau 2

para grau 3. Após 14 dias da ovulação da doadora, apenas 1 desses embriões

resultou em gestação. No meio B, 4 (6,06%) embriões sofreram queda de um grau

na sua primeira classificação. Dois deles tinham sido classificados como excelentes

e dois como bons. Após a inovulação, apenas dois deles resultaram em gestação.

MOUSSA et al. (2002), utilizando meios com tampão bicarbonato e Zwitteriônico,

para conservação de embriões eqüinos refrigerados, concluíram que o número de

células mortas aumenta com acréscimos no tempo de conservação e a qualidade

dos embriões piora.

Quanto ao custo/benefício dos meios Embriocare e DPBS+BSA, o do

segundo foi melhor, pois o preço equivalente a 30 ml do produto (Laboratório

Nutricel, Campinas-SP), suficiente para as fases de rasteamento, lavagem,

manutenção por diferentes períodos e inovulação do embrião, usado durante o

experimento, foi de R$ 17,40 ou US$5,87 (dezessete reais e quarenta centavos ou

cinco dólares e oitenta e sete centavos), em 02/05/2004. Já o preço, na mesma

data, de um frasco de 50ml de Embriocare® solução de lavagem, utilizado na fase

de rasteamento foi de R$5,90 ou US$1,99 (cinco reais e noventa centavos ou um

dólar e noventa e nove centavos). O preço de um frasco de 15ml de Embriocare

Holding Plus® 0,4% BSA, utilizado nas fases de lavagem, manutenção por

diferentes períodos e inovulação do embrião foi de R$19,10 ou US$6,44 (dezenove

reais e dez centavos ou seis dólares e quarenta e quatro centavos), perfazendo um

total de R$25,00 ou US$8,43 (vinte e cinco reais ou oito dólares e quarenta e três

centavos) por transferência.

Pelos trabalhos consultados na literatura, esperava-se um melhor resultado

com o tampão Zwitteriônico que com o tampão fosfato. Neste trabalho, contudo,

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ambos se mostraram com igual eficiência, na manutenção por períodos de até 2

horas, seguida de transferência de embriões eqüinos, em ambiente tropical.

Valor do dólar em 02/05/2004: R$2.966

CONCLUSÃO

Ambos os meios (Embriocare e DPBS com 0,4%BSA) são igualmente

eficientes na manutenção de embriões eqüinos, à temperatura ambiente entre 25-

35ºC, por períodos de até 60 minutos podendo chegar a 120 minutos, seguida de

transferência não-cirúrgica. Contudo, percebeu-se uma queda na qualidade dos

embriões, quando estes permaneceram em descanso no meio entre 60 e 120

minutos, embora, tal resultado não tenha sido, estatisticamente, não significativo. O

meio DPBS com 0,4% BSA apresentou o melhor custo/benefício, ou seja,

apresentou a mesma eficiência do Embriocare, por um preço mais baixo.

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APÊNDICE

Tabela 1- Composição química de dois diferentes meios utilizados na transferência

de embriões (HAFEZ, 1982)

INGREDIENTES (mg/l) DPBS HAM’S F10

NaCL 8000 7400

KCl 200 285

CaCl2 100 33

MgCl2.6H2O 100 ------

MGSO4.7 H2O ----- 153

NaHCO3 ----- 1200

Na2HPO4 1150 154

KH2PO4 200 83

GLICOSE 1000 1100

PIRUVATO de Na 36 110

AMINOÁCIDOS ------- contém 20 diferentes

VITAMINAS ------- CONTÉM 10 DIFERENTES