Texto Sobre Mares e Oceanos.2015

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    Textos sobre Mares e Oceanos

    31/08/2015 18h09 - Atualizado em 31/08/2015 18h10

    Cerca de 90% das aves marinhas tm plstico noorganismo, diz estudoPoluio dos oceanos est colocando em risco as aves marinhas do mundo.At 2050, 99% dessas aves tero ingerido plstico, diz pesquisa.Da France Presse

    Atob-de-p-vermelho fotografado na Ilha Christmas, da Australia; poluio dos oceanos est pondo em risco as aves marinhas (Foto: CSIRO/Divulgao)

    A quantidade de lixo no oceano tem colocado em risco as aves marinhas do mundo. Um estudo conduzido porpesquisadores do Imperial College London e da Organizao para a Pesquisa Industrial e Cientfica da Comunidade da

    Austrlia (CSIRO) concluiu que cerca de 90% das aves marinhas tm plstico em seu organismo atualmente.Cientistas preveem que que esse percentual chegar a 99% at 2050, segundo a pesquisa publicada nesta segunda-feira (31na revista cienttica Proceedings of the National Academy of Sciences (PNAS).As guas do mundo todo esto tomadas pelo plstico e os pssaros, incluindo pinguins e gaivotas, podem confundir as coresbrilhantes das garrafas e outros fragmentos com comida. Eles podem adoecer ou at mesmo morrer com a ingesto de umagrande quantidade de plstico.Os pesquisadores avaliaram a situao de 135 espcies de aves por meio de estudos feitos entre 1962 e 2012. A partir dessedados, fizeram previses baseadas nos nveis atuais de plstico nos oceanos."Fizemos um prognstico, utilizando uma observao histrica, que 90% das aves marinhas comeram plstico. Essa umaquantidade enorme e pe em destaque a onipresena da contaminao dos plsticos", afirmou Chris Wilcox, pesquisador-chefe da CSIRO.

    Segundo uma pesquisa feita em 1960, menos de 5% das aves marinhas tinham ingerido plstico na poca.

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    Segundo o estudo, desde que a produo comercial de plstico comeou nos anos 50, a produo duplica-se a cada 11 anos.Contudo, o impacto completo dos plsticos nos pssaros ainda no conhecida.

    http://g1.globo.com/natureza/noticia/2015/08/cerca-de-90-das-aves-marinhas-tem-plastico-no-organismo-diz-estudo.html

    FAO estima existirem 5 trilhes de peas de plstico boiando nos oceanosAgncia da ONU apoia projeto que busca traar impacto dos resduos do material no Oceano ndico.

    Cientistas de oito pases esto a bordo do navio que faz a pesquisapor Laura Gelbert, da Rdio ONU publicado 17/08/2015 17:18, ltima modificao 17/08/2015 17:30

    CLIFTON BEARD/FLICKR/CREATIVE COMMONS LICENS

    Equipe do IMR achou partculas de plstico em quase todas as estaes onde colheu amostras

    Nova Iork A Organizao das Naes Unidas para Agricultura e Alimentao (FAO) alertou que cerca de 5 trilhes depeas de plstico atualmente flutuam nos oceanos do planeta. Segundo a agncia, isso coloca em questo seu impactopotencial numa cadeia de abastecimento alimentar que vai de plncton a mariscos, peixes, baleias e, eventualmente,seres humanos.

    A FAO apoia um projeto que busca traar o impacto de resduos plsticos, incluindo lixo como sacolas plsticas ematerial usado em produtos como cosmticos e itens de banho no Oceano ndico.

    O navio de estudos, operado pelo Instituto Noruegus de Pesquisa Martima (IMR) em colaborao com a agncia daONU, desde 1975 viaja pelos oceanos para coletar informaes sobre recursos marinhos e a sade dos ecossistemasmartimos. O outro objetivo ajudar a treinar cientistas em todo o mundo.

    Cerca de 18 investigadores de oito pases esto a bordo no momento, na segunda de duas misses sazonais.

    Normalmente, pesquisadores medem temperaturas de oceanos, nveis de oxignio, clorofila e processos biolgicos comoproduo de plncton e distribuio de peixes.

    No entanto, este ano, havia dois objetivos adicionais, entre eles, avaliar a escala e natureza do lixo industrial em partesremotas do sul do oceano ndico.

    Vida selvagemO lder da primeira etapa, Reidar Toresen, do IMR, afirmou que a equipe achou "partculas de plstico" em quase todas

    as estaes onde colheu amostras.Resduos plsticos no oceano podem ser ingeridos por vida selvagem causando danos. At pequenos plnctons j foramvistos consumindo resduos plsticos.

    A FAO alerta que isso pode ter resultados trgicos e cita o exemplo das tartarugas marinhas que comem sacolas plsticae, muitas vezes, morrem porque sua digesto paralisada.

    De acordo com a agncia, enormes ilhas de lixo flutuantes, com o dobro do tamanho do estado do Texas, foramrecentemente localizadas nos oceanos Atlntico e Pacfico. No entanto, o sul do Oceano ndico relativamenteinexplorado.

    Na misso em curso, a equipe tambm est lanando novos sensores, de alta tecnologia para medir uma srie deelementos biolgicos em guas profundas.

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    Esses sensores robticos esto um passo frente em relao aos robs flutuantes que j so usados para monitorartemperatura e salinidade dos oceanos.

    Os novos so programados para mergulhar em uma profundidade de at 2 mil metros para coletar indicadores da sadedos oceanos.

    Esses dispositivos coletam dados em diversas profundidades e aps voltarem superfcie transmitem as informaes aocientistas por satlite.

    A promoo de oceanos e pesca sustentvel um prioridade para a FAO. A produo pesqueira fonte de 80 milhes dtoneladas de alimentos nutritivos todos os anos.

    Junto com a aquicultura, a pesca fornece a cerca 3 bilhes de pessoas em todo o mundo 20% de sua ingesto de

    protenas e quase 60 milhes de postos de trabalho.http://www.redebrasilatual.com.br/ambiente/2015/08/fao-estimativas-sao-de-5-trilhoes-de-pecas-de-plastico-boiando-nos-oceanos-9901.html

    GUA

    Catstrofe no mar de AralO mar de Aral, entre o Cazaquisto e o Uzbequisto, est morrendo.Sergio Adeodato- Guia do Estudante - Atualidades e Vestibular 2009

    Ele tinha uma rea equivalente dos estados do Rio de Janeiro e Alagoas juntos. Por sculos, foi um osis no meio dodeserto. Mas agora o mar de Aral, entre o Cazaquisto e o Uzbequisto, est morrendo. Simboliza o que poder acontecercom os outros mananciais do planeta se o ritmo do uso irracional continuar como nos dias de hoje. Apesar do nome, o Aral um grande lago que se tornou salgado. Antes da dcada de 1960, tinha 62.000 km2 de extenso. Hoje, j perdeu doisteros da sua rea de superfcie.

    Vista area mostrando a seca que atinge o Mar de Ara

    Em toda a bacia do Aral, existem mais de 5 mil lagos, a maior parte na regio dos rios Amu Daria e Sir Daria. Sua morte foiprevista h quase 50 anos, quando o ento governo sovitico desviou dois rios que o alimentavam para irrigar plantios dealgodo. Os agrotxicos poluram 15% das guas, tambm castigadas pelos efeitos das barragens de 45 usinashidreltricas. A floresta que cercava suas margens praticamente acabou. Cerca de 80% das espcies de animaisdesapareceram.

    Com a eroso e a retirada exagerada de gua, o Aral recebe anualmente 60 milhes de toneladas de sal carregadas pelosrios, matando peixes e, por conseqncia, a indstria pesqueira que sustentava a economia local. O sal e os pesticidasagrcolas se infiltraram no solo. Contaminaram lenis freticos, tornaram impossvel a lavoura e elevaram a nveisepidmicos doenas como o cncer. O Aral pode desaparecer se nada for feito para modernizar os sistemas de irrigao eadotar prticas ambientais menos agressivas.http://planetasustentavel.abril.com.br/noticia/ambiente/conteudo_345576.shtml

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    Excesso de CO2 na atmosfera torna o oceano mais cidoBRUNO CALIXTO, DE VIENA21/09/2013 10h00

    Recife de corais na Austrlia (Foto: Mark Kolbe/Getty Images)

    O principal problema causado pelo excesso de gs carbnico no planeta j bem conhecido. O CO2 retm calor nascamadas mais baixas da atmosfera,desequilibrando o climae aumentando as mdias de temperatura. Mas esse no o nico efeito. Outra consequncia, que est sendo chamada por cientistas de "o outro problema do CO2", causaimpacto direto no oceano, e torna a gua do mar mais cida.

    Segundo cientistas, mais de um tero do CO2 emitido pela ao humana em atividades comogerao de energia,transporte e desmatamento , foi absorvido pelos oceanos nos ltimos 50 anos. Essa quantidade massiva de carbonoest modificando a estrutura qumica da gua do mar. A principal consequncia que o CO2 diminui o pH da gua.Quanto menor o pH, mais cida a gua fica.

    "A acidificao dos oceanos um processo real, rpido e diretamente relacionado ao aumento de CO2", diz opesquisador sueco Sam Dupont, da Universidade de Goteborg. Ele participou do painel cientfico The Blue Planet, emViena, ustria, organizado pela Agncia Internacional de Energia Atmica (AIEA) rgo da ONU que promove o usopacfico da energia atmica, inclusive em laboratrios nucleares para o estudo da poluio nos oceanos. O painelreuniu cientistas da rea para discutir problemas e solues relacionados ao mar.

    Segundo ele, o oceano j est 30% mais cido do que antes da industrializao e, at o final do sculo, pode estar duas

    vezes mais cido. Sua pesquisa procura entender como que essa acidez interfere na vida das espcies marinhas.Dupont coletou ovos de diversas espcies e os criou usando gua do mar mais cida, como as condies previstas parao futuro. Ele dividiu as espcies em trs grupos: as que sero afetadas positivamente pelo oceano mais cido, as quesero afetadas negativamente e as que no sofrero efeito. A maioria foi afetada negativamente. "Algumas espciesamam CO2. Mas a maioria est em risco. E se voc remove uma espcie, haver impacto em todo o ecossistema."

    O pesquisador aproveitou o evento da AIEA para fazer um apelo, e pediu aos representantes dos pases-membro daONU para atuar no combate s mudanas climticas e acidificao dos oceanos. "Ns sabemos as causas e sabemoscomo prevenir. hora de agir e cortar as emisses de CO2."

    O reprter viajou a Viena a convite da Agncia Internacional de Energia Atmica (AIEA)

    http://epoca.globo.com/colunas-e-blogs/blog-do-planeta/noticia/2013/09/excesso-de-co2-na-atmosfera-torna-o-boceano-mais-acidob.html

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    Efeito do aquecimento global nos oceanos piordo que se pensava, diz relatrioRoger Harrabin - Da BBC News em Doha - 3 outubro 2013

    Um relatrio divulgado pelo Programa Internacional para o Estado dos Oceanos (IPSO) adverte que a sade dos

    oceanos est se deteriorando mais rapidamente do que se pensava em decorrncia do aquecimento global.

    De acordo com o documento, a gua tem se tornado mais cida porabsorver mais CO2, o que prejudicial para o desenvolvimento doscorais. A poluio e a pesca predatria tambm estariam tendo umimpacto sobre a vida marinha.

    O relatrio chama a ateno para as chamadas zonas mortas, locaisfortemente afetados pela poluio de fertilizantes.

    "No temos dado a importncia necessria aos oceanos. Eles nos pro-tegem dos piores efeitos do aquecimento global, ao absorver o CO2 daatmosfera. Enquanto o aumento da temperatura terrestre parece terdado uma pausa, os oceanos continuam se aquecendo. As pessoas e

    aos formuladores de polticas pblicas fracassam ao no reconhecer,ou ignorar por opo, a gravidade da situao", diz o relatrio.

    Image caption

    A poluio nos oceanos e o aumento da temperatura

    esto criando 'zonas mortas' nos mares

    O relatrio cita como exemplo a ameaa aos recifes de coral, afetados pela temperatura e pelos nveis de acidez crescentes, almda proliferao de algas decorrentes do desequilbrio ambiental.

    Pesca predatriaFinanciado por vrias fundaes, o IPSO est publicando uma srie de cinco relatrios baseado em debates feitos em 2011 e2012, em conjunto com a Comisso Mundial para reas Protegidas da organizao Unio Internacional para Conservao daNatureza (IUCN, na sigla em ingls).

    O relatrio pede aos govermos que detenham o aumento de CO2 nos nveis de 450 ppm (partes por milho, uma medida devolume). Se for alm desse montante, os oceanos podem sofrer com um nvel de acidez alto ao fim deste sculo, j que o CO2

    absorvido pela gua.

    O relatrio tambm pede um sistema de pesca menos predatrio e uma lista de substncias extremamente txicas aos oceanos.O documento pede que um novo acordo internacional para a pesca sustentvel nos oceanos e a criao de uma agncia defiscalizao internacional.

    "Esses relatrios deixam absolutamente claros que postergar aes s vai aumentar os custos no futuro e levar a perdas aindapiores, seno irreversveis", alerta o professor Dan Laffoley, um dos autores do relatrio.

    "O relatrio de clima da ONU j confirmou que os oceanos esto arcandando com o nus das mudanas perpetradas peloshumanos em nosso planeta. Essas descobertas nos do mais razo para alarme, mas tambm sinalizam a soluo. Precisamosusar essa informao", disse.

    Risco de extinoO coordenador do estudo, professor Alex Rogers, da Universidade de Oxford, disse que o relatrio importante por sercompletamente independente da influncia dos Estados e por dizer coisas que especialistas da rea sentem que precisam serditas.

    Ele lembrou que as preocupaes aumentaram nos ltimos anos justamente porque relatrios assim mostraram que espciesforam extintas no passado com o aquecimento dos oceanos, o aumento da acidez e baixo nvel de oxignio na gua alteraesque tm sido registradas hoje em dia.

    O professor lembra que h um debate sobre se prticas sustentveis de pesca esto provocando a recuperao do estoque depeixes em regies da Europa e dos Estados Unidos. Entretanto, globalmente, est claro que essa recuperao no est ocorrendoEle tambm admite que se discute se as mudanas climticas poderiam levar a uma maior produo de peixes nos oceanos. Porexemplo, se a gua de degelo dos polos faria aumentar o estoque de pescado em regies mais frias, enquanto que, nas zonas

    tropicais, reas de gua mais quente poderiam prejudicar a mistura de nutrientes necessria para uma maior produo.http://www.bbc.com/portuguese/noticias/2013/10/131003_oceano_aquecimento_mm

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    Poluio ocenica: um panoramaOs oceanos sofrem os efeitos nocivos de variados tipos de poluentes, de resduos slidos a produtosqumicos. Entre zonas mortas e reas crticas, a civilizao testemunha passivamente a degradao sistmica

    das guas do planeta.

    Publicado em 14/02/2014 | Atualizado em 18/02/2014

    Por: Henrique Kugler

    Se perguntssemos a um cientista Como anda a sadedos oceanos?, sua resposta seria provavelmentelamuriosa.

    De fato. Diante da indagao, o bilogo Alexander Turra, doInstituto Oceanogrfico da Universidade de So Paulo(USP), classificou como moribundo o estado de nossosmares. Os oceanos no esto exatamente mortos, disseele. Mas no esto totalmente vivos.

    Apesar da vastido dos oceanos, praticamente nenhuma rea isenta de impactos negativos causados pela ao antrpica. (foto:

    Bob Jagendorf /Flickr CC BY-SA 2.0)Hoje, no h praticamente nenhuma regio ocenica que no tenha sido negativamente impactada pela aoantrpica so concluses de um estudo publicado na Scienceem 2008.

    No mesmo ano, tambm na Science, foi divulgado outro trabalho, que relatou a existncia de 400 zonas marinhasmortas em todo o globo. Zonas mortas so aquelas nas quais h excesso de nutrientes e matria orgnica e aproliferao de algas atinge nveis elevadssimos. Elas morrem; e bactrias que as consomem multiplicam-seexponencialmente, demandando cada vez mais oxignio e assim exaurindo as possibilidades de vida naquelas guas

    A origem desse temvel quadro no mistrio: nutrientes em demasiaoriundos de esgoto urbano e tambm de rios poludos por fertilizantesagrcolas.

    Temos, ainda, o problema dos resduos slidos: cedo ou tarde, toda a

    tralha de nossa civilizao h de parar em algum oceano. E tamanha a variedade dessas tranqueiras. Micro-ondas, sof, lmpada,cachorro morto, fezes; tudo que voc pode imaginar, conta Turra.

    Reflexos de um mundo subdesenvolvidoNormalmente as pessoas se sensibilizam com a imensa quantidade deplstico deriva nos mares. Mas os resduos slidos, embora causemsrios prejuzos ao ambiente marinho, no so a raiz do problema,ressalva o pesquisador da USP. Eles so indicadores que mostram ograu de comprometimento ou descaso das polticas de saneamento egerenciamento costeiro praticadas no continente.

    Maior incidncia de lixo marinho vista em regies pobres e des-providas de servios pblicos, aponta o bilogo. Pases desenvolvi-

    dos j tm mtodos eficazes para equacionar o problema. Mas omundo em desenvolvimento ainda engatinha em graus variados defracasso ou sucesso.

    No novidade, mas talvez seja necessrio remoer o argumentobvio: nos pases ainda emergentes, o quadro de poluio ocenicatem sua gnese quase sempre na precariedade do saneamento

    No final de janeiro, a agncia espacial norte-

    americana identificou, por imagens de satlite, uma

    mancha escura margeando o litoral do Brasil.

    Possvel explicao: crescimento anormal de algas

    naquele trecho de nossa costa. (imagem: Nasa)

    bsico Nas palafitas da Baixada Santista, sequer h coleta adequada de lixo, exemplifica Turra. Em geral, no Brasilos problemas socioeconmicos so muito mal gerenciados pelos municpios costeiros. Quem acaba pagando a contaso os oceanos.

    Gerenciamento tupiniquimNo Brasil, temos todos os instrumentos legais necessrios para um bom gerenciamento de nossos mares, diz opesquisador. Mas quase nada, efetivamente, colocado em prtica. O bilogo d um exemplo contundente: o pas

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    possui, h 25 anos, um Plano Nacional de Gerenciamento Costeiro que jamais foi implementado a contento. umalei sancionada, mas na prtica sua implementao deixa a desejar.

    Foi esse, alis, o tom da declarao finaldo evento Oceanos e Sociedade 2013, realizado recentemente na USP.Aps mais de duas dcadas, o zoneamento ecolgico-econmico marinho previsto na lei s foi aplicado de fato nolitoral norte de So Paulo e na Baixada Santista, lamenta o bilogo. Trata-se de um instrumento jurdico da maiorimportncia pois prev a implementao de polticas de zoneamento com base nas quais o uso e a explorao dosterritrios martimos torna-se eficiente e racional. Recursos naturais, potencial turstico, polticas de ocupao... Soalguns dos itens contemplados no plano.

    Mas, para que o projeto seja replicado em todo o pas, de quem devemos cobrar aes? Do Ministrio do MeioAmbiente (MMA) e da prpria Presidncia da Repblica, responde Turra. Alis, sabe quantas pessoas existem noMMA para implementar essa poltica em todo o litoral brasileiro?, cutuca o pesquisador. Resposta: cinco. So cincocabeas para pensar e gerenciar mais de oito mil quilmetros de litoral. A ttulo de curiosidade, os estadunidensesmantm, nos quadros da Administrao Nacional de Oceanos e Atmosfera (NOAA), mais de mil profissionaisdedicados mesma tarefa.

    Poluentes silenciososPoucos desconfiariam. Mas, alm dos problemas clssicos de saneamento, existe uma categoria insuspeita deresduos slidos que acometem os mares. So os chamados microplsticos.

    Imagine que voc acabou de sair de uma lavanderia, onde encomendou a lavagem de suas roupas. Durante oprocesso, fragmentos de fibras desprendem-se dos tecidos. Polister, nilon, poliuretano, enfim, vrios polmeros efibras sintticas fazem parte de nossas vestimentas, explica Turra. O que nem sempre lembramos que todos essesminsculos fragmentos modernamente chamados de microplsticos tambm estaro destinados a viajar pelas viasde esgoto. Nossas estaes de tratamento, porm, no foram arquitetadas para dar conta desses resduos.

    Fatalmente, eles encerraro sua trajetria nos mares.Quanto menor, pior, ensina Turra sobre osresduos plsticos. Pois mais organismos poderoingerir esses pequenos elementos. Resultado:alteraes fisiolgicas e desequilbrios diversosnos seres e ecossistemas marinhos.Em tempo: h outra fonte de microplsticos daqual poucos poderiam suspeitar. So oscosmticos, notadamente os esfoliantes aquelesprodutos que, segundo a publicidade, so itensindispensveis de bem-estar e esttica.Microesferas de polietileno, com cerca de 600microns so empregados em uma infinidade de

    Microplsticos usados em cosmticos so importante fonte de contaminaodos oceanos e podem causar alteraes fisiolgicas e desequilbrios diversosnos organismos e ecossistemas marinhos. (imagens: Liv Ascer)

    itens com propriedades esfoliantes, que vo desde sabonetes e cremes para a pele at cremes dentais,exemplificaa oceangrafa Juliana Ivar do Sul, da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE). Esses pequenos

    polmeros, da mesma forma que as fibras txteis, seguiro a trilha do esgoto at que, no oceano, encontraro seudestino final.

    A principal fonte de microplsticos, entretanto, no so os cosmticos, e sim as grandes quantias de plsticoconvencional usualmente lanadas aos mares. Com o tempo, esse material se deteriora nos oceanos e produzfragmentos cada vez menores, explica Turra. Na verdade, tudo que um dia foi macroplstico acabar, fatalmente,tornando-se microplstico.

    Alm do horizonteDas ilhas ocenicas brasileiras, Trindade (ES) a mais distante. So 1.160 km a oeste de nossa costa. surpreendente, pois, saber que naquelas praias remotas foi encontrada generosa abundncia de microplsticos. o

    que revelam os estudos de Juliana Ivar do Sul.Entre 2011 e 2013, ela organizou quatro expedies cientficas. E, das amostras que coletou em Trindade, 90%estavam contaminadas por microplsticos. Situao preocupante foi constatada tambm em Abrolhos (BA), emFernando de Noronha (PE) e no Arquiplago de So Pedro e So Paulo (PE). So dados inditos. E os resultadosfinais da pesquisa sero apresentados em maio na UFPE.Atualmente, a comunidade cientfica sabe que ficam no oceano Pacfico os mais graves focos desse tipo decontaminao. No Atlntico Sul, entretanto, pesquisadores ainda do os primeiros passos para quantificar e entendera disseminao dos micropoluentes.

    Oceanos hipocondracos

    Tambm os medicamentos tm sido reportados como graves poluentes a ameaar a sade de nossos mares.

    Anticoncepcionais, antidepressivos, numerosos hormnios...

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    Excretamos na urina substncias presentes nos remdios que ingerimos; mas as estaes de tratamento de esgotono tm tecnologia para dar conta desse tipo de rejeito tambm, contextualiza Turra. Desses resduos, despejadosesgoto afora, muitos so classificados como interferentes endcrinos isto , provocam danos no sistema hormonaldos organismos com os quais eventualmente tero contato.

    Essa classe de poluentes os contaminantes endcrinos tem dado alguma dor de cabea para os cientistas. No spara os que se preocupam com a sade dos oceanos, mas para os que estudam a qualidade da gua potvel queabastece nossas prprias casas. Interferentes endcrinos esto cada vez mais presentes nos sistemas deabastecimento das cidades brasileiras.

    Retorno aos clssicos

    claro que, em se tratando de oceanos, so recorrentes as crticas indstria da pesca que, com exmiadesenvoltura, tem exercido papel notrio na predao da biodiversidade marinha de norte a sul.

    Igualmente tradicionais so preocupaes acerca da explorao de leo e gs, um dos setores industriais maispujantes de nosso tempo. Embora essa indstria seja bastante monitorada, a atividade ainda muito impactante paraos ecossistemas marinhos, analisa Turra.

    Esse cenrio diversificado de poluentes deve se refletir na primeira grande avaliao global dos oceanos, capitaneadapela Organizao das Naes Unidas (ONU). A ideia foi gestada em 2002, durante a Rio+10, e s recentemente saiudo papel. Os resultados devem ser divulgados em dezembro deste ano. Trata-se de uma metodologia global paraavaliar a qualidade dos mares, explana Turra. Com ela, todos os pases que integram a ONU tero um sistemaunificado de avaliao. Ser algo indito para a cincia.

    Pesquisadores apostam que, com a bem-vindainiciativa, medidas mais embasadas podero serpropostas para conservao e remediao dosquadros ambientais observados nos ambientesmarinhos. uma proposta muito completa,comemora o bilogo da USP. Mas, segundo ele, oresultado no ser animador. Aps lanados osnovos critrios de avaliao, provavelmente teremosum panorama crtico. Talvez seja um bom momentopara colocar os oceanos no cerne da agenda polticado cenrio global.

    Falando em diagnstico, recente edio darevista Natureapresentou uma espcie de ndice desade dos oceanos atribuindo notas de 0 a 100para cada pas analisado. Dezenas de variveis

    Mar de Recife (PE). Segundo o bilogo da USP AlexanderTurra, a sade dos oceanos no est das melhores e atendncia piorar. (foto: Henrique Kugler)

    socioambientais foram levadas em conta. E o Brasil ficou com nota 66. A mdia mundial foi 60 o que indica quetalvez no estejamos to mal assim. Os piores ndices (prximos de 36) foram verificados na frica Ocidental, noOriente Mdio e na Amrica Central. E os melhores (acima de 86), na Escandinvia, na Austrlia e no Japo. O dadopreocupante, na verdade, que apenas 5% das naes atingiram nota maior que 70.

    Linha dguaA pergunta pode parecer ingnua, mas... Para que servem os oceanos? Alm de valiosa fonte de alimento para a

    civilizao, so reguladores climticos do planeta. Outra utilidade prtica dos ecossistemas marinhos, comomanguezais e recifes, est na proteo das zonas costeiras. Essas estruturas abrigam o continente e protegem-no deeventos extremos do clima como, por exemplo, tempestades e tsunamis. E, claro, oceanos so tambmprestigiadas reas de lazer. So importantes para o bem-estar humano e devem ser tratados com mais distino,advoga Turra. Uma sociedade que condena seus mares, diz ele, d um tiro no prprio p.

    Henrique Kugler - Cincia Hoje On-line

    http://cienciahoje.uol.com.br/especiais/oceanos-envenenados/poluicao-oceanica-um-panorama