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Suelen Ferrante
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social: novas
Jardim
Ita
Habitao
para
perspectivas o
Sulen Ferrante
Habitao de interesse social: novas perspectivas para o Jardim Ita
Trabalho final de curso para obteno do ttulo de graduao em Arquitetura e Urbanismo apresentado ao Centro Universitrio Moura Lacerda.
Orientadora: Prof Ma. Tnia Maria Bulhes Figueira.
Ribeiro Preto
2015.11
Suelen Ferrante
Trabalho final de curso submetido ao Curso de Arquitetura e Urbanismo no Centro Universitrio Moura Lacerda
Habitao de interesse social: novas perspectivas para o Jardim Ita
Banca examinadora:
Examinador 1
Examinador 2
Examinador 3
Ribeiro Preto
2015.11
DEDICATRIA
Dedico esse trabalho a minha amada av, Antnia Ferrante, por sempre ter acreditado em mim enquanto estava presente.
Em teoria, so as pessoas que vivem nas cidades que deveriam definir o que fazer do espao urbano. Essa ideia fundamental seria o ponto de partida para a melhoria da convivncia, uma vez que a vida cotidiana seria melhorada. No basta oferecer um teto para as pessoas, tarefa dos programas habitacionais. necessrio fornecer tambm a cidade, o espao fora de casa e do trabalho.
Silke Kapp
AGRADECIMENTOS
Agradeo a todos os docentes que compartilharam seus conhecimentos nessa jornada, em especial Ana Luisa Miranda e Tnia Bulhes pela dedicao, apoio e ensino.
Aos moradores da favela do Jardim Ita pela confiana e pacincia. Aos meus queridos amigos que me ajudaram ideologicamente ou concretamente,
mesmo distantes, em especial ao Affonso Malagutti e Vanessa Rodrigues. Aos meus pais, que nos momentos mais difcies foram compreensivos
e dedicados, sem a fora e apoio de vocs eu jamais chegaria at aqui. Por fim, ao grande arquiteto e urbanista Mauro Freitas, por ser to prestativo, sua colaborao foi
de essencial importncia.
A todos vocs os meus sinceros agradecimentos.
Imagem 01| Fotografia de favela no Rio de Janeiro.
RESUMO
O presente trabalho tem como proposta analisar as caractersticas da favela do Jardim Ita, dos seus moradores e do entorno, buscando a partir de informaes concretas maneiras de qualificar o bairro, hoje to abandonado.
Para embasar a presente pesquisa apresento uma fundamentao terica, que colabora para o entendimento do processo da formao da habitao irregular, referncias projetuais que colaboraro com a etapa final dessa pesquisa: buscar por intervenes que modifique a realidade decadente da rea, em especial a favela do Jardim Ita, para tanto ser proposto novas possibilidades de acesso ao bairro, um conjunto habitacional de interesse social, reas de lazer e equipamentos urbanos que dem suporte aos seus moradores.
Palavras-chave: favela, interveno, acesso, habitao, lazer.
ABSTRACT
This paper aims to analyze the slum characteristics of Ita Garden, its residents and the environment, seeking information from concrete ways to qualify the neighborhood today as
abandoned.
To support this research present a theoretical basis, which contributes to the understanding of the process of the formation of irregular housing, projective references to
collaborate with the final step of this research: check for interventions that modify the seedy reality of the area, especially the slum garden Ita, will be offered to both new access to the neighborhood,
a housing development of social interest, recreation areas and equipment that support its residents.
Keywords: slum, intervention, access, housing, leisure.
Imagem 02| Favela, aquarela e acrlica sobre tela, 50 X 70, Camila Lacerda, 2010
INTRODUO 15
FAVELA
1. FAVELIZAO NO BRASIL: O INCIO NO SCULO XIX 17
2. O PROCESSO DE FORMAO DAS FAVELAS EM RIBEIRO PRETO 21
3. A FAVELA JARDIM ITU: CARACTERIZAO 25
LEVANTAMENTO
4. COLETA DE DADOS 31
4.1 Rede De Esgoto 32
4.2 guas Pluviais 33
4.3 Rede de energia eltrica 34
4.4 Legislao 35
4.5 Uso do Solo 37
4.6 Materialidade 39
4.7 Adensamento 40
4.8 Sistema virio 41
4.9 Formao do Jardim Ita 42
SUMRIO
REFERNCIAS
47 5. REFERNCIAS PROJETUAISmmmmmmmmmmmmmmmmmmmmmmmmmmmbb
49 5.1 Unidade de habitao| Le Corbusier bbbbbbbbb
57 5.2 Conjunto habitacional Quinta Monroy| Elemental arquitetura 55
67 5.3 Favela Nova Jaguar - Setor 3| Boldarini Arquitetos Associadosb
PROJETO
79 6. HABITAO DE INTERESSE SOCIAL
80 6.1 Urbano
86 6.2 Arquitetnico BBBBBB
bbbbbb
108 CONSIDERAES FINAIS
109 ANEXOS
113 REFERNCIAS DAS IMAGENS
117 REFERNCIAS
PERIFERIA
RIO DE JANEIRO
BARRODISTANTE
Ele deixou sua mente viajar enquanto fitava a cidade, meio favela, meio paraso. Como um lugar podia ser to feio e violento, mas bonito ao mesmo tempo?
Chris Abani
TERRA
MORADIA
DIFICULDADE
AGLOMERADO
PLANTA
RBUSTO
PHYLLACANTHUS PROVIDNCIA
TRABALHO
CRESCIMENTO
PLORIFERAO
BAGUNA
DISTANTE RIBEIRO PRETO
LARDESEMPREGO
SOCIEDADE
MORADIA
ABRIGO
ABRIGO
DIFICULDADE
AGLOMERADO
RIO DE JANEIRO SERTOCANUDOS
CONSELHEIRO
UNIO
INFORMALIDADE
PRECARIEDADE
BUSO
SECA
SECA
BAHIA
SOLDADOS
RACHADURA
EXCLUSO
LARAGLOMERADO
PRECONCEITO
ARRAIAL SERTO
AGLOMERADO
IMPROVISO
POPULAORACISMO
MEDOBRASIL
DESEMPREGO
DIFICULDADE
AGLOMERADO
MATERIALIDADEEXCLUSO
CONSELHEIROESGOTOINFORMALIDADE
IMPROVISOVIDA
RACHADURA
ALVENARIA
FIBROCIMENTO
FIBROCIMENTO
EXCESSO
RACISMO
NORDESTE
BRASIL
SECABAHIA
EXRCITOCARIOCAS
DESEMPREGO
EXCLUSO
INFORMALIDADEPRECONCEITO
SOCIEDADE
HABITAO
ABRIGO
FRAGILIDADE
MATERIALIDADE
IDOSOSFESTA
LAR
POSSIBILIDADE
TRABALHO
LAJE
XODO
MORRO
MORRO
CRESCIMENTO
CRESCIMENTO
BAGUNA
ESGOTO
PLORIFERAO
INFORMALIDADE
AGRUPAMENTOBARRO
PROVIDNCIAMATERIALIDADE
RIBEIRO PRETO
RACHADURA
PLORIFERAODEFICINCIA
HABITAO
INCONSEQUENTEAGRUPAMENTO
BAGUNA
ITA
CONSELHEIRO
UNIO
MORRO
PLANTA
RBUSTONORDESTE
GUERRA BRASIL
ARRAIAL SERTO SECAPHYLLACANTHUS BAHIA
GOVERNO
CANUDOS
EXRCITO
CRESCIMENTOPROVIDNCIA
CARIOCAS
SOLDADOS
XODO
CIDADE
RIO DE JANEIRO
DESEMPREGO
TRABALHOEXCESSO
CRESCIMENTO
PLORIFERAO
MORADIA
PERIFERIA
DENSIDADE
EXCLUSO
SO PAULO
INDUSTRIALIZAO
DESORDEM
INFORMALIDADEAGRUPAMENTOTERRA
DIFICULDADE
REJEIO
CAPITALPOSSIBILIDADE
IMPROVISO
PRECONCEITONECESSIDADE
CLANDESTINO MATERIALIDADEEXCESSO AGLOMERADO
SOCIEDADEHABITAO
ABRIGO
BAGUNA
IRREGULAR FRAGILIDADE
BAGUNAIMPROVISO
DESIGUALDADEDEFICINCIA
PRECARIEDADE
MATERIALIDADE
MADEIRA
DISTANTE RIBEIRO PRETORACHADURA
ESGOTOFIBROCIMENTOOESTE
POPULAO
ITABARRO CRIANAS ALVENARIA IDOSOS
DROGASGRANDETRABALHADORES
FAMLIA FESTACHURRASCOVIDA
MSICA LAJE
AMIZADESCOMPANHEIRISMO
SUJEIRA
RACISMOAUSNCIA
MEDO
BUSOINCONSEQUENTE
EXRCITOHABITAOLAR
BRASIL
CAPITALPOSSIBILIDADE
POSSIBILIDADE
POSSIBILIDADE
POSSIBILIDADE
LAR
TRABALHO
TRABALHO
DESEMPREGO
DESEMPREGO
DESEMPREGO
TERRA
TERRA
LAJE
LAJE
LAJEINCONSEQUENTE
INCONSEQUENTEXODO
SOCIEDADE
MORADIA
MORADIADROGAS
ABRIGO
ABRIGO
DIFICULDADE
DIFICULDADE
AGLOMERADO
AGLOMERADO
MORRO
MORRO
POPULAO
POPULAO
RIO DE JANEIRO
MATERIALIDADE
MATERIALIDADEEXCLUSO
PERIFERIA
PERIFERIAPERIFERIA
SERTO
SERTOCANUDOS
CONSELHEIRO
CONSELHEIRO
CRESCIMENTO
CRESCIMENTO
CRESCIMENTO
RACISMO
RACISMO
BAGUNA
BAGUNA
BAGUNA
ESGOTO
ESGOTO
UNIO PLORIFERAOPLORIFERAOMEDO COMPANHEIRISMO
INFORMALIDADE
INFORMALIDADE
AGRUPAMENTOAGRUPAMENTOIMPROVISO
IMPROVISO
PRECARIEDADE
GOVERNO
BUSO
BUSO
SECA
SECA
BAHIA
VIDA
VIDALAJE
LAJE
LAJE
BARRO
BARRO
SOLDADOS
SOLDADOS
MADEIRAPROVIDNCIA
PROVIDNCIA
AUSNCIA
INCONSEQUENTEITA
RACHADURA
RACHADURA
RACHADURA
ESGOTO
MATERIALIDADE MATERIALIDADESUJEIRA NECESSIDADE SOCIEDADE
POSSIBILIDADE
RIBEIRO PRETO RIBEIRO PRETO
ALVENARIAFIBROCIMENTO
FIBROCIMENTO
FAMLIAFAMLIA
RACHADURA
RACHADURARACHADURA
PROVIDNCIA
PLORIFERAO
BAGUNADEFICINCIA
CRESCIMENTO
TRABALHADORES
POPULAO
CRESCIMENTO
PERIFERIA
SERTO
EXCLUSO
RIO DE JANEIRO
LAR
RBUSTO
EXCESSOEXRCITO
RIBEIRO PRETO
AGLOMERADO
HABITAO
HABITAO
PRECONCEITO
PRECONCEITOINCONSEQUENTE
ABRIGO
AGRUPAMENTO
RACISMO
NECESSIDADE
AGLOMERADO
FIBROCIMENTOXODO
AGRUPAMENTO
RACHADURA
UNIODESEMPREGO
INCONSEQUENTE
F A V E L ALAR
Imagem 03| Exemplo de assentamento precrio no Brasil.
15INTRODUO
Em toda a histria da humanidade, o desejo de possuir um espao onde se possa ocup-lo, domin-lo e transform-lo, vem sendo um dos mais significativos objetivos do homem, j que proporciona ao indivduo dignidade, proteo e respeito perante toda a sociedade. Com a
especulao imobiliria cada vez mais presente, comprar a to sonhada casa prpria, vem sendo previlgio de poucos. Mesmo com o incentivo de programas governamentais, ainda muito grande a
parcela da populao que no consegue alcanar esse sonho.
Na questo habitacional, os intereses privados sobrepem-se em relao necessidade comum. ntido como ...o mercado de trabalho e o mercado de locao de imveis no
se comunicam (BONDUKI, 2013 p. 9). O salrio do trabalhador muitas vezes no suficiente para quitar as parcelas do aluguel e muito menos participar do financiamento de casas, o que resulta
na fragilidade que as grandes cidades enfrentam: ...se o mercado de trabalho relega parte da populao pobreza, o mercado imobilirio nega aos pobres a possibilidade de habitar no mesmo
espao em que moram aqueles que podem pagar (BONDUKI, 2013, p. 8).
16
Como consequncia dessa realidade, a parcela menos beneficiada da populao encontra outros meios de alcanar seus anseios, criando assim solues que esto distantes de
serem adequadas. Entre estas solues est a ocupao irregular de terrenos pblicos e privados, dando origem aos denominados assentamentos precrios. O processo de favelizao est cada vez
mais presente nas grandes e mdias cidades brasileiras.
Em Ribeiro Preto, cerca de 1400 famlias (prefeitura de RIBEIRO PRETO, 2010, no paginado.) residem em assentamentos precrios, em sua maioria, nas reas perifricas da cidade.
Tendo em vista este contexto, o presente trabalho tem como principal objetivo desenvolver um projeto de um Conjunto Habitacional para moradores da Favela do Ita, localizada no bairro Jardim
Ita, zona oeste de Ribeiro Preto buscando, sobretudo o remanejamento da populao, j que uma das principais dificuldades da Favela do Ita o adensamento construtivo excessivo e a total falta
de infraestrutura na rea que compreende o assentamento.
Para tanto, esse trabalho procura apresentar solues adequadas para os problemas de moradia encontrados nessa favela. Com esse intuito, a pesquisa ser baseada em quatro partes: a primeira composta pelos captulos um, dois e trs, onde apresentado um levantamento de dados
histricos sobre o processo de favelizao no Brasil e na cidade de Ribeiro Preto, respectivamente. O quarto captulo expe um estudo de caso onde contextualizada a favela do Jardim Ita
apresentando um levantamento detalhado da rea, a fim de diagnosticar as principais dificuldades e potencialidades do local. A terceira parte apresenta trs referncias projetuais, a primeira a
unidade de habitao localizada na cidade de Marselha na Frana, a segunda conjunto habitacional Quinta Monroy no Chile e a terceira referncia ser a interveno na favela Nova Jaguar em So
Paulo, as trs embasaro o projeto apresentado na quarta parte: um Conjunto Habitacional somado a reas de recreao, localizado no entorno imediato da favela; alm disso ser proposto como
diretriz projetual a construo de uma unidade bsica de sade, um centro educacional e melhoria nos acessos do bairro facilitando assim a conexo do Jardim Ita com o centro da cidade de
Ribeiro Preto.
Imagem 04| Crianas em meio a destroos causado por incndio na favela Snia Ribeiro em So Paulo.
171. FAVELIZAO NO BRASIL: O INCIO NO SCULO XIX
O processo de favelizao no Brasil tem origem em meados do sculo XIX, como resposta a uma srie de marcos histricos pelos quais o pas passava. Segundo Ermnia Maricato, o
surgimento do problema habitacional no pas data de 1850 quando a partir da promulgao da Lei de Terras [...], na emergncia do trabalho livre, assegurou que a propriedade fosse transformada
em mercadoria e a atividade empresarial imobiliria regulamentada (MARICATO, 1996 apud FREIRE, 2006 p. 21). A lei em questo define pela primeira vez no Brasil a implantao de propriedade
privada, dando direito terra para quem a compra ou regularizando posses mansas e pacficas [...] que se acharem cultivadas, ou com princpio de cultura e morada habitual do respectivo posseiro ou
de quem o represente... (BARROS, 2015 p. 250).
Outro marco significativo, que afeta fortemente o incio do processo de favelizao, a Lei urea, que em 1888, com a libertao dos escravos, consolida no Brasil uma sociedade dividida em duas classes: proprietrios e no proprietrios, de um lado os latifundirios de terras urbanas
de outro os escravos, recm libertos e a mo de obra assalariada sem acesso terra. (FREIRE, 2006, p.22).
18
Alm desses fatos, cada estado ou regio brasileira possui outros marcos que resultam na origem dos assentamentos precrios. Como cita Houaiss Pereira, o Rio de Janeiro a
cidade que possui, hoje, as maiores favelas do pas e tambm deu origem ao prprio termo, na busca de classificar esse tipo de assentamento:
A origem das primeiras favelas, no Rio de Janeiro, est ligada ao fim da Guerra de Canudos em 1897 que trouxe capital federal inmeros ex-combatentes que, sem nenhum apoio institucional quanto questo da moradia, ocuparam o Morro da Providncia que se localizava atrs das guarnies militares. A ocupao passou-se a chamar Morro da favela, em referncia ao morro que as tropas ocuparam na regio de Canudos onde se encontravam muitas favelas plantas leguminosas utilizadas para a alimentao. (HOUAISS ,2004; PEREIRA, 1996; TASCHNER, 2000 apud FREIRE, 2006, p. 24).
Outra rea de grande importncia nessa questo a regio metropolitana de So Paulo, onde suas primeiras favelas surgiram por motivos bem diferentes daqueles que levaram o surgimento no Rio de Janeiro: consequncia dos despejos, da forte urbanizao e da falta de
alternativas habitacionais, os primeiros ncleos de favelas em So Paulo surgiram na dcada de 40 (BONDUKI, 2013, p.270).
Segundo Bonduki, as primeiras favelas em So Paulo surgiram como uma resistncia dos inquilinos, despejados pelos efeitos da Lei do Inquilinato de 1942, em deixar as reas centrais e mudar-se para a periferia. As reas ocupadas localizam-se nas vrzeas dos rios Tiet e Tamanduate, pblicas e ociosas devido dificuldade de ocupao do centro ou em reas industriais. (FREIRE, 2006, p. 22).
Com o passar dos sculos, os aglomerados subnormais (assentamentos irregulares conhecidos como favelas, invases, grotas, comunidades, vilas, mocambos, palafitas e etc.) foram aumentando gradativamente suas propores, ocupando no somente as capitais como tambm grandes cidades localizadas no interior dos estados brasileiros; no ano de [...] 2010 o Brasil contava com 190.732.694 milhes de habitantes, sendo que 6% destes residiam em locais irregulares, um total de 11.425.644 milhes de pessoas, distribudas em 323 municpios (segundo dados do IBGE senso 2010, no paginado). A maioria das ocupaes acontece em regies metropolitanas como So Paulo e Rio de Janeiro, [...] em reas menos propcias urbanizao como encostas ngremes [...], reas de praia [...], vales profundos [...], baixadas permanentemente inundadas [...], manguezais [...] (IBGE senso 2010, no paginado), entre outras.
Imagem 05| A primeira favela do Brasil, morro da favela, hoje conhecido como morro da providncia. 2012.
Imagem 06| Divisa entre o condomnio de luxo Penthouse e a favela Paraispolis na cidade de So Paulo. 2004.
19
Desde o seu surgimento, as favelas so mundialmente conhecidas como reas de desordem e, muitas vezes, so relacionadas violncia e precariedade. Cenrio presente em
grandes obras literrias e sucessos do cinema nacional e internacional, de onde boa parte da populao se baseia para formar sua opinio a respeito do local. Mas afinal, o que caracteriza de
fato uma favela? Muitos autores propem um significado para o termo a fim de diferenciar a favela de outras formas de assentamentos precrios como: ncleos urbanizados, cortios, loteamentos
irregulares, entre outros. Segundo Alliance:
[...] favelas so ncleos precrios, localizados em reas pblicas ou privadas. Em ambos os casos, as favelas so originrias de processos de ocupao espontneos ou organizados, revelia dos proprietrios entre o proprietrio da terra e
os habitantes da favela. (CITIES ALLIANCE: 2004, p. 11, apud Freire, 2006 p. 17).
J de acordo como a SEHAB (Secretaria Municipal de Habitao de So Paulo):
Favelas so ncleos habitacionais mais precrios, com moradias autoconstrudas, formadas a partir da ocupao de terrenos pblicos ou particulares. Esto associados a problemas da posse da terra, a elevados ndices de precariedade ou ausncia de infraestrutura urbana, servios pblicos e populao com baixo ndice de
renda. (SEHAB, 2010, no paginado).
Em contrapartida ao que foi citado at o momento, a favela no representada apenas por caractersticas negativas, ela tambm incorpora recursos que podem ser explorados de forma positiva e que muitas vezes no so vistos ou aproveitados adequadamente. Muitas vezes a favela construda em reas proprcias expano urbana, locais destinados recreao e reas verdes, terrenos com alta declividade, prximos a crregos, rios, entre outros. Os prprios barracos contam com caractersticas peculiares, por exemplo, o uso das lajes para circulao ou recreao, entre outros. Saber identificar essas caractersticas e potenciais vem sendo cada vez mais a preocupao de grandes urbanistas, j que muitas vezes, as solues apresentadas o deslocamento desses habitantes para reas distantes, gerando uma srie de transtornos aos seus moradores.
Imagem 07| Favela da Rocinha, Rio de Janeiro 2014.
Imagem 08| Moradora se emociona ao abraar animal durante incndio na favela da Mata em Ribeiro Preto.
212. O PROCESSO DE FORMAO DAS FAVELAS EM RIBEIRO PRETO
A cidade de Ribeiro Preto, regio nordeste do estado de So Paulo, localiza-se em uma das reas mais ricas e bem equipadas do pas, considerada sede do maior plo sucro-alcooleiro do
mundo. Alm do agronegcio, o municpio conta com uma vasta variedade de comrcios e prestao de servios que atrai muitos moradores de cidades vizinhas; sendo assim, o municpio conta com um
mercado imobilirio em constante expanso.
No entanto, segundo Vera Migliorini:
Paralelamente incorporao dos luxuosos residenciais fechados, esvaziam-se regies antigas e mais centrais da cidade, e proliferam os bolses de pobreza, na forma de loteamentos subsidiados pelo poder pblico distantes das reas mais equipadas e, em meio deles, precrios assentamentos habitacionais clandestinos.
(MIGLIORINI, PALAZZO e VIANA, 2009, p. 1).
22
Esses ncleos de habitao irregular possuem as mesmas caractersticas encontradas em outras regies do pas, guardadas as diferenas de grau e intensidade. Foram construdas em
reas de preservao ambiental, institucionais ou at mesmo privadas, em locais afastados da regio central, no possuem saneamento bsico, o que coloca seus moradores em situao de
vulnerabilidade.
A origem do processo de favelizao na cidade de Ribeiro Preto aconteceu a partir da dcada de 1960, como consequncia de uma urbanizao desenfreada, ...chegando a mais de 400%
ao longo de 50 anos, segundo dados do IBGE. (ADAS, 2004, p.50).
Um dos principais fatores foi um extremo esvaziamento da zona rural da cidade, devido ao atrativo processo de industrializao que o municpio apresentava. Outro fato relevante diz
respeito implantao do Prolcool, na dcada de 1970, que demandava mo de obra para o corte da cana-de-acar, o que aumentou significativamente a migrao na regio.
A maior parte desses migrantes, que contribuam para formar a mo de obra barata no corte da cana-de-acar, no conseguia acompanhar o ritmo do mercado de imveis. Muitas vezes o salrio dos trinta dias de trabalho no era suficiente para quitar o aluguel, muito menos realizar a compra de uma casa ou apartamento. Dessa forma a produo informal de habitao e assentamentos precrios surge como uma estratgia de acesso a cidade (CAVALLIERI e OLIVEIRA, 2006, p. 4, apud MIGLIORINI, PALAZZO e VIANA, 2009, p. 2.).
E como consequncia desse sistema, depois da dcada de 1980, as favelas apresentaram um crescimento desenfreado. De acordo com ADAS:
Em 1993, segundo dados da Secretaria Municipal de Bem-Estar Social, do municpio de Ribeiro Preto, divulgados em fevereiro de 1994, a cidade contava com 7.830 favelados ou pessoas vivendo em condies precrias de mroadia, distribudas em 21 favelas da cidade com o nmero de barracos estimado em 1.566. No incio de 2001, transcorridos 8 anos, de acordo com novo levantamento da Secretaria da Cidadania e Desenvolvimento Social, a cidade apresentava 26.205 moradores vivendo em favelas e
ocupaes de sem-teto que, reunidas contabilizavam 31 reas [...]. (ADAS, 2004, p.50):
Imagem 09| Maria Isabel da Silva Almeida, em favela no bairro parque Ribeirao Preto. 2010.
23
A prefeitura local apresenta uma preocupao em erradicar as favelas do municpio, principalmente as que possuem maior dimenso, descriminadas na imagem 10, pelo fato de trazerem consigo grandes problemas advindos da ausncia de saneamento bsico, doenas e muitas vezes violncia. Um bom exemplo foi o que aconteceu na favela da Mata, onde a desapropiao foi feita e vrias famlias receberam moradia em outras localidades, a imagem nmero 12 representa bem esse acontecimento, os projetos realizados, em sua maioria, consistem na ocupao de espaos vazios da cidade (RIBEIRO PRETO, 2014, no paginado), relocando os moradores das favelas para outras reas do municpio para ocuparem conjuntos habitacionais compostos por apartamentos de 40m (segundo informaes fornecidas pelos prprios ex-moradores dos assentamentos.). A discusso que ser tratada ao longo desse trabalho a procura da melhor forma de se intervir em ncleos de habitaes irregulares; ser que mudar completamente a vida dessas pessoas, alterando o seu cotidiano, afastando-as da sua rea de convivncia, modificando as caractersticas das suas habitaes, seja mesmo a melhor forma de solucionar essa questo?
Imagem 10| Grfico apresentando informaes sobre as favelas mais populosas de Ribeiro Preto. 2012.
Imagem 11| Favela do bairro Vila Zanetti e crrego Tanquinho, onde os moradores locais despejam o lixo. 2011. Imagem 12| Desapropiao da favela da Mata, no Jardim Aeroporto. 2012.
Imagem 13| Moradia encontrada na favela do Jardim Ita.
253. A FAVELA JARDIM ITU: CARACTERIZAO
O bairro Jardim Ita, localizado na zona oeste da cidade de Ribeiro Preto, foi inaugurado no ano de 1969, desde ento, parte do bairro no possui asfalto e rede de esgoto. O
Jardim Ita o nico bairro da cidade que, juridicamente, clandestino, pois nao foi registrado em cartrio. Nesse contexto o local mais problemtico do municpio, afirma o promotor de Justia de
Urbanismo, Antonio Alberto Machado (PAVINI, 2015, no paginado); sendo assim, grande parte dos moradores ocupam uma rea maior que a de direito, muitas vezes ocupando o espao destinado a
caladas, terrenos vizinhos e at mesmo das vias pblicas. Por volta do ano de 1990, as ruas limites do bairro comearam a ser ocupadas ilegalmente, cada famlia improvisou da forma que pode para
construir as prprias casas, conectar energia eltrica e liberar o prprio esgoto para as fossas.
A Favela do Jardim Ita, objeto de estudo deste trabalho, possui em torno de 50 unidades irregulares de habitao (PAVINI, 2015, no paginado), sendo as primeiras construdas
h mais de 20 anos. Parte da favela se desenvolveu em uma rea onde, segundo o plano diretor de Ribeiro Preto, projetava-se implantar uma avenida, nesse local no ano de 2013 as casas foram
erradicadas e cada famlia recebeu um apartamento num conjunto habitacional na zona norte do municpio (segundo informaes fornecidas pelos prprio moradores.).
26
O restante da favela permanece no mesmo lugar com os seus moradores vivendo sob as mesmas condies,
como acontece nos demais assentamentos precrios da cidade, seus habitantes encontram grande dificuldade para acessar equipamentos urbanos e transporte pblico, as residncias
irregulares no contam com saneamento bsico, casas construdas em ruas de terra e muitas vezes, fazendo da terra
batida o prprio piso, o esgoto a cu aberto, ligaes de energia eltrica clandestinas, construes mal estruturadas, a grande
maioria so em alvenaria com telhas de fibrocimento, p-direito relativamente baixo enfim, vulnerveis s interpries e seus
moradores sujeitos a diversas doenas ou infeces. Em meio a essa situao desordenada, at o presente momento, a prefeitura
local no tomou nenhuma atitude que viabilize uma soluo para essas moradias, colocando essa rego em posio de total
descaso.
A favela em questo, est localizada em uma regio afastada das principais reas comerciais e de servios da
cidade, tanto o bairro que est inserida quanto os limtrofes no possuem qualquer tipo de equipamento; seus moradores, sem opo, se deslocam para a Vila Virgnia ou Centro para terem
acesso a escolas, hospitais, mercados e etc., colaborando assim para a formao de um trnsito cada vez mais catico. A imagem
14 apresenta a localizao de cada um dos bairros, deixando explicita a distncia que seus moradores percorrem diariamente;
o crculo azul turqueza posiciona o Jardim Ita, em comparao com crculo vermelho que representa o Centro e o cculo amarelo
a Vila Vrginia. O bairro no conta com transporte plico, sendo assim, a nica opo caminhar at o bairro Jardim Recreio, para s ento conseguir transporte para o centro. A imagem
17 mostra mais claramente a relao de proximidade entre os dois bairros, a avenida Bandeirantes, que permite um acesso
direto e rpido ao centro, servindo de divisor entre essa rea e a Universidade de So Paulo (USP),
Imagem 14| Fotografia area de Ribeiro destacando os bairros Centro, o Jd. Ita e a Vila Vrginia.
27
Imagem 17| Fotogradia area destacando a localizao do Jardim Ita, Jardim Recreio, favela do Jardim Ita, Campus da USP e avenida Bandeirantes.
Imagem 15| Depsito de sucatas em frente a favela do Ita.
Imagem 16| Exemplo de habitao da favela do Ita.
LEGENDA:
Jardim ItaJardim RecreioFavela do Jardim ItaFavela do Jardim Itu j erradicada
A sequncia de imagens 15 e 16 representam a atual situao da favela Jardim Ita, a primeira mostra um
depsito de sucatas e lixo ocupando boa parte de um terreno baldio dentro dos limites do bairro, A segunda fotografia mostra
uma das moradias encontradas na favela, vemos o improviso desse morador: portes e telhas substiuindo muros, p-direito
relativamente baixo e na falta de encanamento o esgoto foi mantido a cu aberto. Essa habitao em questo, mora uma
famlia composta po 12 pessoas, vivendo sobre 4 cmodos; exemplificando toda a problemtica apresentada nesse trabalho
at ento.
MATERIALIDADE
RIBEIRO PRETO
EVOLUO
FOTOGRAFIA
CONVERSADESIGUALDADECOMUNIDADE
CONTATO
PROPRIEDADE
MATERIALIDADE
MAPEAMENTO
ADENSAMENTO
PARCELAMENTO
CLANDESTINO
CONVERSA
PESQUISAMEDIO GRFICOS
TERRA
POBREZA
TOPOGRAFIA
CROQUI
MORADIA
PERIFERIA
DESORDEMAGLOMERAO
SOCIEDADEEXTERIOR
PARCELAMENTO
INFORMALIDADE
COMRCIO
BAGUNA
CHUVAVIDASOLO
ELETRECIDADEENTORNO
FALTA
AREO
EVOLUO
FORMAO
INFRAESTRUTURA
OCUPAO
COMUNIDADEBARRO
BAIRRO
POPULAO
ADENSAMENTO
ENTORNO
FAVELA
FAVELA
IMPROVISO
IMPROVISO MATERIALIDADECLANDESTINO
CONTATO
CONTATO
SO PAULO COMUNIDADESOCIEDADE
ITA
CORTESPROPRIEDADE
FIBROCIMENTO AGLOMERAO
DESORDEM
TABELA DADOS
MEDIOIMPROVISO
SOCIEDADE
PESQUISA
GRFICOS
PERIFERIA
SANEAMENTO
FOTOGRAFIATOPOGRAFIACONVERSAIMPROVISO OCUPAO
ELETRECIDADEBARRO
MEDIOPROPRIEDADEPAPELOINFORMALIDADEADENSAMENTO
TRABALHADORESAGRUPAMENTOMEDO
TRABALHADORESCRIANAS EXTERIOR
INFORMAO
SOCIEDADEINFORMALIDADE
AGRUPAMENTOESPACIAL
ADENSAMENTOMATERIALIDADE
AGRUPAMENTO
VIRIO
MEDO
ADENSAMENTO
VIRIO
PROPRIEDADECOMUNIDADEIMPROVISO
TABELAOCUPAO
ADENSAMENTO
REAREA
ENERGIA
ESPACIAL
HABITAOFAMLIA
SISTEMA
ECONMICOSAGRUPAMENTOLEGISLAO
VIAS
VISITACOMUNIDADESO PAULO
SOCIEDADE
IMPROVISO
FAVELA
PLUVIAL
LOCAL
AUSNCIADESIGUALDADE
DEFICINCIAMAPEAMENTO
CLANDESTINO
CURVAS
RIBEIRO PRETO
ESGOTO
VISTA
PRECRIO
SANEAMENTO
BRASILCURVAS
E tem favela e tem gente boa e gente ruim. Tem gente trabalhando e gente s aproveitando. At quem teve casa invadida no desistiu. prum futuro melhor que se investiu. O asfalto em muito lugar que no resistiu. Tem
buraco, co bravo solto, mas tambm joo de barro bo. Ainda tem poeiro e margarido. Mas tem obra em volume, tem quem s veja estrume, vagalume tem tem. H luz nesse trem. saber viver o Jardim Ita alm.
AMAJI (Assosiao dos Moradores e Amigos do Jardim Ita.)
MATERIALIDADE
RIBEIRO PRETO
EVOLUO
FAVELA
DESENHOSITA DADOSRIBEIRO PRETO
OESTE PLANTASPESQUISA
MEDIOVISITA
GRFICOS
CAMPO
MAPEAMENTO
TERRA
FOTOGRAFIA
TABELA
POBREZA
TOPOGRAFIA
CORTESCROQUIOPINIO
MORADIA
PERIFERIA
REGISTRO
INTERIOR
DESORDEMCONTATO
CONVERSA
VISTA AGLOMERAOSOCIEDADE
HABITAO
EXTERIORIMPROVISO
POPULAO
QUESTIONRIO
GOVERNO
REDES
PARCELAMENTOESGOTO
INFORMALIDADEAGRUPAMENTO
FIBROCIMENTO
NECESSIDADE
CLANDESTINOCOMRCIO
BAGUNA
DESIGUALDADE
DEFICINCIA
CHUVA
MADEIRA
FORMAO
PLUVIAL
PLUVIAL CRIANASIDOSOS
PAPELO
GRANDE
TRABALHADORES
FAMLIA
VIDASOLO
ELETRECIDADECOMPANHEIRISMO
OCUPAO
ADENSAMENTO
ENTORNO
VIRIO
AUSNCIA
FALTAMEDO
SISTEMA
SISTEMA
FOSSA
USO
AREO
EVOLUO
FORMAO
INFRAESTRUTURAHABITANTES LOCAL
BASE
OCUPAO
ESPACIAL
ECONMICOSREALIDADE
PRECRIO
BRASILSO PAULOCOMUNIDADE
REDE
SANEAMENTO
BSICOINFORMAO
COMUNIDADECURVAS
BARROCHUVAVIAS
OCUPAOREA
BAIRRO
PARCELAMENTO
ENERGIAPROPRIEDADE
LEGISLAO
POPULAO
ADENSAMENTO
ENTORNO
FSICO
FAVELAFAVELA
FAVELA
IMPROVISO
IMPROVISO
IMPROVISO
IMPROVISO
MATERIALIDADE
MATERIALIDADE
MATERIALIDADECLANDESTINOCLANDESTINO
CLANDESTINO
CONTATO
CONTATO
CONTATO
SO PAULO
SO PAULO
RIBEIRO PRETO
ENERGIA
ENERGIA
COMUNIDADE
SOCIEDADE
SOCIEDADESOCIEDADE
ITA
ITA
CORTES
CORTES
PROPRIEDADE
PROPRIEDADEPROPRIEDADE
OESTE
OESTE
PRECRIOPRECRIO
GOVERNOGOVERNO
FIBROCIMENTO AGLOMERAOEXTERIOR EXTERIORDESORDEM
DESORDEM
TABELA
TABELADADOS DADOS
BRASILPLANTASMEDIO
IMPROVISO
SOCIEDADE
COMRCIO
PESQUISA
GRFICOSENTORNO
PERIFERIA
PARCELAMENTO
ELETRECIDADE
SANEAMENTO
POBREZA
PROPRIEDADE
DESIGUALDADE FOTOGRAFIA
CONVERSA
MADEIRA
HABITAO
TOPOGRAFIASANEAMENTO
POPULAO
PERIFERIA
CONVERSAVIAS COMRCIO
CONVERSAAREO
MATERIALIDADELOCAL
CURVASBSICO
POPULAO
AUSNCIA DEFICINCIACONVERSA
DESIGUALDADE
IMPROVISOOCUPAO
COMUNIDADE
OCUPAOELETRECIDADE
BARROMEDIO
PROPRIEDADEPAPELOCHUVACOMUNIDADEOCUPAO INFORMALIDADEADENSAMENTOTRABALHADORESAGRUPAMENTO
MEDOTRABALHADORESCRIANAS EXTERIOR
PROPRIEDADE
GOVERNOBAIRRO
IMPROVISO
MAPEAMENTO
REA
ADENSAMENTO
PARCELAMENTO
SOCIEDADEINFORMAO
TABELA
INFRAESTRUTURA
USO TRABALHADORES
INFRAESTRUTURA
PARCELAMENTOCONTATO
EVOLUOCRIANAS
CLANDESTINO
ADENSAMENTOENTORNOREDES
ADENSAMENTO
OCUPAOAREO SOCIEDADE
INFORMALIDADE
BARRO
AGRUPAMENTOESPACIAL
ADENSAMENTOMATERIALIDADE
REA
AGRUPAMENTO
VIRIO
MEDO
ADENSAMENTO
VIRIO
PROPRIEDADECOMUNIDADEIMPROVISO
INTERIOR
EXTERIORHABITAO TABELA
POPULAODESIGUALDADE
CONVERSA
POBREZA
GRFICOS OCUPAOCONVERSA
EXTERIOROCUPAO
NECESSIDADE
ADENSAMENTO
ESPACIAL
HABITAOFAMLIA
IMPROVISO
AUSNCIA
CLANDESTINO
ESGOTO
VISTA
LEVANTAMENTO
ELETRECIDADE
Imagem 18| Fotografias da favela do Jardim Ita.
314. COLETA DE DADOS
Para um melhor entendimento da rea de estudo, um levantamento foi realizado buscando criar uma base slida para possibilitar a criao de um conjunto habitacional de interesse social para moradores da favela do Jardim Ita, que contar com dados fsicos e scio-econmicos
dos habitantes da favela, a fim de conhecer melhor a realidade do local e dos seus habitantes, levando sempre em considerao opinies e depoimentos de quem ali vive.
A coleta de dados conta com fotografias registradas na favela, mapas oferecidos pela Prefeitura Municipal de Ribeiro Preto, imagens areas tanto da rea de estudos quanto do seu
entorno, pesquisa em campo e mapas sistemticos apresentando fielmente a realidade local. Os dados coletados sero analisados criticamente, com o objetivo de extrair dos mesmos as principais caracteristicas, identificando as deficincias e qualidades do local e as peculariedades da favela do
Jardim Ita em relao aos demais setores de Ribeiro Preto.
Imagem 18| Fotografias da favela do Jardim Ita.
32
4.1 Rede De Esgoto
Com base nos dados coletados, nos depoimentos fornecidos pelos moradores locais e pelas visitas em campo, notrio como a rea carente quando o assunto saneamento bsico,
tanto a parte ocupada pela favela (destacada pelo pontilhado vermelho na imagem nmero 21) quanto nas vias no asfaltadas do bairro Jardim Ita, nos deparamos com a ausncia de rede de esgoto canalizada. Estas caractersticas somadas a falta de limpeza na rea como um todo, apresentam
uma viso de descaso aos visitantes, Na rea compreendida pela favela o esgoto a cu aberto gera mau cheiro no ambiente e fortalece a ideia de total falta de higiene, contribuindo para o surgimento
de diversos problemas de sade aos moradores e animais que ali vivem.
Para exemplificar as informaes descritas no pargrado anterior, segue uma sequncia de imagens onde as duas primeiras fotografias (respectivamente imagens 19 e 20) revelam a atual situao da favela do Jardim Ita, a primeira foi captada na rua Diva Egncio
Ambrsio no quintal de uma das residncias e a segunda na rua Prisco da Cruz Prats em meio a uma das vias; logo aps segue um mapa fornecido pelo DAERP - Departamento de gua e Esgoto de
Ribeiro Preto (imagem 21) onde vemos que a quantidade de rede de esgoto existente (representada pelos pontos vermelhos) ocupa praticamente a metade do bairro, quando comparada com a rede
de esgoto a executar (demonstrada pelos pontos verdes). A imagem 22 compe trs desenhos esquemticos da rede de esgoto: planta, corte e detalhamento da ligao entre os poos de coleta e as moradias. A partir dessas informaes, conclui-se que o sistema de esgoto um dos temas mais urgentes a serem tratados no local, sendo assim, a prefeitura de Ribeiro Preto deu incio as obras
para a execuo de pavimentao asfltica, galerias de guas pluviais, redes e derivaes de gua e esgoto e construo de caladas em diversas ruas do bairro Jardim Ita (RIBEIRO PRETO, 2015,
no paginado.), com previso de trmino para outubro de 2015. Imagem 21| Mapa com a localizao da rede de esgoto existente e a executar.
Imagem 19| Fotografia revelando o esgoto a cu aberto na rua Diva Egncio Ambrsio na favela do
Jardim Ita.
Imagem 20| Fotografia apresentando o esgoto a cu aberto na rua Prisco da Cruz Prats na favela do Ita.
Imagem 22| Ilustrao dos poos de coleta de esgoto no bairro, com imagens da planta, do corte e o detalhamento da ligao entre os poos e as
residncias.
33
Direo das guas pluviais.
4.2 guas Pluviais
O bairro Jardim Ita no conta com coleta de guas das chuvas, j a favela, por no possuir ruas asfaltadas e nem meio-fio, a gua em abundncia escorre de acordo com a declividade do solo, em direo ao crrego mais prximo. Em
meio as ruas de terra formam-se poas com gua suja, tornando a via escorregadia e perigosa; o que facilita a proliferao de
bactrias e insetos causadores de doenas, como o caso da dengue, uma das doenas mais comuns na regio, como
apresenta a imagem 23. De acordo com a figura 24, que representa o mapa de topografia do bairro e seu limite imediato, ientificando a direo que as guas pluviais percorrem na rea.
De acordo com o mapa, toda a rea possui declividade mdia em direo aos crregos que cervam a o bairro. Essa caracterstica
topogrfica ser explorada nesse trabalho a fim de colaborar para o desenho do conjunto habitacional.
Imagem 24| Mapa de topografia do Jardim Ita, indicando a direo das guas pluviais na favela. Imagem 23| Fotografia registrando a rua Diva Egncio
Ambrsio aps forte chuva.
34
4.3 Rede de energia eltrica
De forma geral, o bairro Jardim Ita, bastante desprovido de rede de energia eltrica legalizada, grande parte das ruas no so pavimentadas e coincidentemente no contam com
esse servio, dessa forma os moradores encontram meios de disponibilizar energia para as suas moradias: ilegalmente. Em todo percurso da favela a energia conseguida clandestinamente, de
forma perigosa, afinal todo o processo feito pelos prprios moradores, sem nenhum conhecimento tcnico no assunto. Na imagem 25 vemos um exemplo dessa realidade: o poste de energia eltrica
que serve as casas do bairro, tem parte do seu fornecimento desviado para as moradias da favela do Ita. A imagem 26 mostra o mapa da favela do Ita, identificando as ruas asfaltadas e no asfaltadas, os lotes regulares e irregulares, rea verde e todo o sistema de energia eltrica regular de onde se
origina a rede de energia clandestina.
Imagem 25| Fotografia representando a favela do Jardim Ita, revelando a rede de energia legalizada e a partir dessa a rede de energia eltrica irregular
Imagem 26| Mapa com a rede de energia eltrica legal e ilegal na favela do Jardim Ita e no seu entorno.
35
4.4 Legislao
De acordo com a Lei Complementar 2157 de 2007, a rea que compreende o bairro Jardim Ita, a prpria favela e os bairros mais prximos, est classificada como zona de urbanizao preferencial (ZUP), e seus limites compe a zona de proteo mxima (ZPM), como apresenta o mapa da imagem 27, especificamente a rea destacada pela elipse vermelha. De acordo com a lei apresentada,
a zona de urbanizao preferencial composta por reas dotadas de infraestrutura e condies geomorfolgicas propicias para urbanizao, onde so permitidas densidades demogrficas mdias e altas.
Imagem 27| Mapa de parcelamento e uso do solo.
36
Imagem 28| Mapa representando o projeto de lei de parcelamento, uso do solo e reas especiais.
A lei complementar 2157 de 2007 tambm prev um projeto de reas especiais, caracterizando melhor cada gleba de Ribeiro Preto. De acordo com a imagem 28, o Jardim Itu
(destacado pela elipse vermelha), no conta com nenhuma classificao, porm faz limite na direo leste com uma gleba designada como rea especial para parque urbano (AEPU).
Ao norte est o Jardim Recreio que encontra-se qualificado como rea especial estritamente residencial (AER), fazendo limite ao sul e oeste toda a rea que est classificada como rea especial de interesse social II (AIS 2) que incentiva a implatano do conjunto habitacional de interesse social para os moradores da favela do Ita justamente no limite do bairro, que alm de evitar que seus moradores sejam levados para uma rea distante, se vincula aos interesses da prefeitura local.
37
4.5 Uso do Solo
A rea que compreende o Jardim Ita e o Jardim Recreio predominantemente residncial, desprovida de
qualquer tipo de comrcio ou de servios, de acordo com a legislao municipal de parcelamento e uso do solo. A rea est
localizada prxima ao campus da Universidade de So Paulo (USP), limitada pela Avenida Bandeirantes que alm de ser uma
das entradas ao municpio (para os visitantes que vem na direo da cidade de Sertozinho), tambm uma forma rpida de acesso
ao centro da cidade, como apresenta a imagem 29.
O grande problema que esse tipo de urbanizao gera a necessidade de se deslocar para outro bairro (distante
nesse caso) para acessar comrcios simples como uma farmcia ou supermercado; ou pior ainda, quando se tem urgncia para o
uso de um hospital, por exemplo. Como no h transporte pblico no bairro Jardim Ita, seus moradores precisam se direcionar
at o Jardim Recreio para s ento, encontrar uma forma de chegar ao centro da cidade, porm o transporte pblico no tem funcionamento 24 horas. No caso de uma urgncia mdica, o que
faro aqueles que no tm veculo prprio?
Analisando esse fato e levando em considerao todos os problemas que esto envoltos desta questo, como o de
trnsito, por exemplo; que esse trabalho prever em forma de diretriz meios que minimizem esse impacto, trazendo para a rea servios e comrcios bsicos, criando terminal para nibus, taxis
e mototaxis para faciliar o rpido escoamento de pessoas at o centro da cidade ou at a Vila Vrginia, e no caso de urgncias
mdicas, que o prprio bairro consiga suprir essa demanda.
Imagem 29| Mapa de uso e ocupao do solo na rea que compreende o Jardim Itu e seu entorno.
38
Imagem 30| Mapa de uso e ocupao do solo da favela do Jardim Itu e seu entorno.
Imagem 31| Fotografia de comrcio no fundo de uma residncia na favela do Jardim Ita.
Imagem 32| Fotografia de comrcio na frente de uma residncia na Favela do Jardim Ita.
Imagem 33| Fotografia de residncia recm construda na favela do Jardim Ita.
Enquanto os bairros Jardim Ita e Jardim Recreio so caracterizados como bairros extremamente residencias, os moradores da favela do Ita encontram formas de diminuir o problema. Ao longo de toda a favela foram encontrados dois comrcios, o primeiro, representado pela imagem 31, caracterizado como boteco, realiza venda de bebidas alcolicas, cigarro, petiscos, oferece jogos de azar a seus clientes e doces para crianas. J o segundo comrcio, registrado pela imagem 32, conta tambm com a comercializao de bebidas alcolicas e cigarro, jogos de azar e uma parte destinada a mercearia, onde a vizinhana encontra alimentos bsicos, tais como: arroz, leite, feijo, ovos, biscoitos, entre outros. Por ser o nico local nas redondezas que se possa encontrar esses mantimentos, os valores so bastante elevados, chegando a custar de trs a quatro vezes mais o valor do mesmo produto vendido em outros bairros em Ribeiro Preto. Essa situao gera revolta nos moradores, porm, no encontrando sada, j que perder tempo e ter gastos com transporte pblico para encontrar um supermercado acaba ficando ainda mais caro. J a imagem 33 exemplifica uma das moradias da favela, construda em meio a uma rea verde.
39
4.6 Materialidade
Depois de realizadas as visitas em campo, ficou ntido que predominantemente as residncias localizadas na favela do Jardim Ita so construdas de alvenaria estrutural, na maioria das vezes cobertas com telhas de fibrocimento. Ao longo de toda a favela foi encontrada apenas duas unidades habitacionais que possuem toda a estrutura, fechamento e cobertura em telhas de fibrocimento, madeira e papelo, como mostra o mapa da imagem 34. Por toda a favela encontramos improviso e criatividade de seus moradores para melhorarem seu lar. A cada dia, as construes mais antigas (as primeiras datam de duas dcadas atrs), como o caso da que aparece na imagem 35, conta com adaptaes feitas ao longo do tempo, principalmente nos fechamentos. J as moradias que aparecem nas imagens 36 e 37 foram construdas recentemente, com o material disponvel no momento; reforando a ideia do nvel de carncia daquelas pessoas que procuram assentamentos precrios para construir suas casas e oferecer um lar a seus filhos, na medida do possvel.
Imagem 34| Mapa demonstrando a materialidade das construes na favela do Jardim Ita .
Imagem 35| Fotografia de uma das construes de alvenaria na favela do Jardim Ita .
Imagem 36| Fotografia de uma das construes de papelo na favela do Jardim Ita .
Imagem 37| Fotografia de moradia feita de papelo e telhas de fibrocimento na favela do Ita .
40
4.7 Adensamento
Um dos grandes problemas encontrados na favela do Ita, alm dos j citados nesse trabalho, que a rea conta com um adensamento muito alto, um
recuo consideravelmente baixo, ou inexistente, em relao as moradias
vizinhas e tambm ao limite da rua. H habitaes que avanam o limte do que deveria ser a calada
e alcanam as vias pblicas. Muitos lotes contam com mais de uma moradia ocupando um espao
abaixo do mnimo permitido pela prefeitura local (125m segundo a lei
complementar 2157 de 2007.).
A grande consequncia dessa urbanizao desenfreada
falta de conforto trmico, acstico e lumnico, o que impede que as
residncias possam ser ventiladas adequadamente e que a luz natural
penetre em todos os cmodos, o que resulta na fcil proliferao
de doenas; tudo isso sem contar com a perda de privacidade de
seus moradores. A sequncia de fotografias (imagem 38 at a 41)
registram as residncias externa e internamente, dando nfase aos
problemas j citados.
Imagem 38| Conjunto de moradias na favela do Ita.
Imagem 39| Quarto em uma das habitaes na favela do Ita.
Imagem 40! Sala de uma das moradias da favela do Ita.
Imagem 41| Divises de lotes da favela do Jardim Ita.
41
4.8 Sistema virio
A partir da anlise feita sobre o mapa fornecido pela prefeitura de Ribeiro Preto, sistema virio hierarquia funcional (imagem 42), foram analisadas as vias existentes e as vias propostas localizadas em reas ainda no urbanizadas. Na rea que
compreende o Jardim Ita, consta no Plano Diretor a localizao de duas avenidas, classificadas como avenidas parque (identificadas pela cor verde), porm ainda no foram construdas. As demais vias encontradas no bairro so locais, com leito carrovel predominantemente estreito.
Fazendo um comparativo entre o Plano Diretor e imagens tanto areas quanto no mapa da situao atual da rea (representada por imagens como a de nmero 34, por exemplo.) entende-se como vias de acesso rpido so inexistentes no local, alm do bairro contar com uma grande parte das ruas ainda no asfaltadas, as que possuem pavimentao no colaboram com a fluidez no fluxo de veculos; com certeza, essa deficincia um dos desestimulantes quanto a urbanizao da zona oeste de Ribeiro Preto, uma rea muito pouco adensada se levarmos em considerao que est localizada na mancha que compreende a ZUP (zona de urbanizao preferencial), como apresenta a imagem de nmero 27.
No projeto apresentado no captulo 06 desse trabalho, h uma proposta, em forma de diretriz, a construo dessas vias, que faam ligao com a Avenida Bandeirantes, facilitando assim o acesso tanto para moradores do Jardim Recreio, quanto do Jardim Ita, com o objetivo de incentivar o crescimento da cidade de Ribeiro Preto na direo dessa rea do municpio.
Imagem 42| Mapa representando a hierarquia viria funcional do Jardim Ita e seu entorno.
42
4.9 Formao do Jardim Ita
Imagem 43| Mapa com a formao dos bairros por data de aprovao.
De acordo com a imagem de nmero 43, o bairro Jardim Ita data do ano de 1969, apesar da quantidade de dcadas em que o bairro est consolidado, ele apresenta problemas primrios, que j foram citados ao longo dessa pesquisa como: irregularidade no cadastramentos dos lotes, falta de asfalto, sistema de esgoto e energia eltrica, falta de praas nos espaos que para elas foram reservadas, entre outros.
De acordo com as fotografias areas do ano de 1994 at 2015, registradas pela sequncia de imagens, da 44 at a 47 respectivamente, o bairro Jardim Ita pouco mudou, as alteraes mais significantes o crescimento populacional como um todo, consequentemente a favela tambm ampliou, o que em 2002 eram 36 moradias, hoje a favela conta com mais de 50 habitaes irregulares, um crescimento de quase 40% ao longo de 13 anos.
43Imagem 44| Fotografia area do bairro Jardim Ita regisrada no ano de 1994.
Imagem 47| Fotografia area do bairro Jardim Ita regisrada no ano de 2015.
Imagem 46| Fotografia area do bairro Jardim Ita regisrada no ano de 2002.
Imagem 45| Fotografia area do bairro Jardim Ita regisrada no ano de 2005.
INTERIOR
MATERIALIDADE
A arquitetura produzida por pessoas comuns e para pessoas comuns; por conseguinte, ela deve ser facilmente compreensvel a todos.
Steen Eiler Rasmussen
RECREAO
ELEMENTALMARSELHA
FRANA
INTERNACIONAL
IQUIQUE
DESERTO
REGISTRO
REVITALIZAO
PINHEIROS
ALEJANDRO ARAVENAPERIFERIA
SOCIEDADE
ELEMENTAL
QUINTA MONROY
HABITAO MEDIO
GOVERNO
SOCIAL FOTOGRAFIA
CUSTOS
LIMITE
REGISTRO
DEGRADAOAGLOMERAO
SOCIEDADEEXTERIOR
IMPROVISOPROJETO
REDES
PARCELAMENTO
NECESSIDADE
CLANDESTINO
COMRCIO
DESIGUALDADE
DEFICINCIA
PAPELO
VIDASOLO
SISTEMA
FORMAOESPACIAL
ECONMICOS
REALIDADE
INTERVENO
MORRO
QUADRA
JAGUARMODERNO
PINHEIROS
35 PINHEIROSSETOR 3
FAVELASO PAULO
SOCIEDADE
JAGUAR
DESLISAMENTO35FOTOGRAFIA
INTERNACIONAL
POSSIBILIDADECHILE
SOCIAL
FRANA CRECHE
FRANA
DECLIVIDADE
FRANA
PAPELOEVOLUO
REALIDADE
REDES
ELETRECIDADE
MEDIO
MORROMAPEAMENTO
MAPEAMENTO
REALIDADE
SISTEMA
CUSTOS
ALEJANDRO ARAVENA
PINHEIROSVIDA BOLDARINI
INTERVENO
JAGUAR
SOCIEDADE
ESPACIAL
POPULAO
PERIFERIA
ARQUITETURA
IQUIQUE
EXTERIORLIMITE
QUINTA MONROY
LIMITE
MEDIO
INTERVENO
SOCIEDADE
SOLO
SETOR 3ELETRECIDADE
MEDIO
REGISTROFRANA
CUSTOS
IQUIQUE
REALIDADEREALIDADEEXTERIOR
QUADRALIMITE
INTERVENO
POPULAO
VIDAMAPEAMENTO
LIMITE
ALEJANDRO ARAVENAPOPULAO
MORADIAPROJETO
SOLO
BOLDARINIQUINTA MONROY
QUINTA MONROY
FAVELA
LIMITE
EDIFCIOFRANA
PARCELAMENTO
EXTERIOR
POSSIBILIDADE
EXTERIOR
PAPELO
AO AO MEDIOELETRECIDADE
ESPACIAL
SISTEMA
LIMITE
AO
EUROPA
REALIDADE
MAPEAMENTO
CHILE
MORADIA
REALIDADEREALIDADE
INTERVENOREALIDADEPOPULAO
INTERVENO
ESPACIAL
ESTACIONAMENTO
PINHEIROS
INTERNACIONAL
IQUIQUE
ARQUITETURA ELEMENTAL
CHILE QUINTA MONROY
DESERTO HABITAO MEDIOPROBLEMA
GOVERNO
SOCIALMAPEAMENTO FOTOGRAFIA
CUSTOSPOBREZA
POSSIBILIDADELIMITE
OPINIO
MORADIA
PERIFERIA
REGISTRO
INTERIORDESORDEM
CONTATODEGRADAO
VISTA
AGLOMERAO
SOCIEDADEHABITAO EXTERIOR
IMPROVISO
POPULAO
PROJETO
GOVERNOREDES
PARCELAMENTO
ESGOTONECESSIDADE
CLANDESTINO
MATERIALIDADE
COMRCIO
BAGUNA
DESIGUALDADE
DEFICINCIA
PLUVIAL PAPELO
VIDASOLOELETRECIDADE
SISTEMA
EVOLUO
FORMAO
LOCAL
ESPACIAL
ECONMICOS
REALIDADE
ALEJANDRO ARAVENA
CORTES
FAVELA
SO PAULOJAGUAR
REVITALIZAO
INTERVENO
MORRO
QUADRA
JAGUARDECLIVIDADE
CONTEMPORNEIO
MODERNO
PINHEIROS
35BOLDARINI PINHEIROSSETOR 3
RECREAO
URBANISMO
FAVELA
JAGUAR
SO PAULO
SOCIEDADE
QUINTA MONROYELEMENTAL JAGUAR
DESLISAMENTO35FOTOGRAFIA
CORTES
INTERNACIONALMORRO
POSSIBILIDADE
AGLOMERAOSISTEMA
QUINTA MONROY
POSSIBILIDADECHILE
QUINTA MONROY
SO PAULOMODERNO
MARSELHA
LE CORBUSIER SOCIAL
FRANA CRECHELAMINA
FRANA
QUINTA MONROY
CUSTOS
FRANA
MORROSOCIALESPACIAL
DECLIVIDADEMAPEAMENTO
EDIFCIO
EDIFCIOGOVERNO
FRANA
PROJETO
PLANTA
LIVRESOLO PAPELO
FRANASISTEMA
EVOLUODESIGUALDADE
NECESSIDADEINTERNACIONAL
REALIDADE
ESPACIAL
REDESELETRECIDADE
MEDIO
MORRO
POPULAO
VISTA
MAPEAMENTO
MAPEAMENTO
REALIDADE
SISTEMA
CUSTOS
ALEJANDRO ARAVENA
PINHEIROSVIDA
BOLDARINI
FOTOGRAFIAINTERVENO
JAGUAR
SOCIEDADE
ESPACIAL
POPULAO
DESERTOPERIFERIA
REVITALIZAO
PERIFERIA
PERIFERIA
INTERNACIONALARQUITETURA
ARQUITETURAMORADIA
IQUIQUE
IQUIQUE
IQUIQUE
DESERTOEUROPA
EUROPA
REGISTRO
REVITALIZAO
DEGRADAOHABITAO
CLANDESTINO
POPULAO
SETOR 3
AGLOMERAO
ESPACIAL
CORTES
EXTERIOR
PINHEIROSCHILE
CHILECUSTOS
HABITAO
ELEMENTAL
EXTERIORFRANAINTERVENO
REGISTRO
35JAGUAR
REALIDADE
MAPEAMENTO
GOVERNO
LIMITEQUINTA MONROY
LIMITE
SOCIEDADE MEDIO
PROJETO
INTERVENO
SOCIEDADE
SOLO
SETOR 3ELETRECIDADE
MEDIO
REGISTROFRANA
CUSTOS
BOLDARINIIQUIQUE
REALIDADEREALIDADEEXTERIOR
QUADRALIMITE
INTERVENO
POPULAO
VIDAMAPEAMENTO
LIMITE
ALEJANDRO ARAVENAPOPULAO
MORADIAPROJETO
SOLO
BOLDARINI
MEDIO
QUINTA MONROY
QUINTA MONROY
FAVELA
LIMITE
EDIFCIO
MORADIA
FRANA
PARCELAMENTO
EXTERIOR
LIMITEPOSSIBILIDADE
EXTERIOR
PAPELO
AO AO MEDIOALEJANDRO ARAVENAELETRECIDADE
ESPACIAL
SISTEMA
LIMITE
EXTERIOR
POBREZASOCIEDADE
AO
EUROPA
REALIDADE
ESPACIAL
MAPEAMENTO
CHILE
MORADIADECLIVIDADE
DESERTO
REVITALIZAOALEJANDRO ARAVENA
PERIFERIAIQUIQUE
DESERTO PLUVIAL
BOLDARINI
PAPELOMEDIO
SOCIEDADEPERIFERIAPARCELAMENTO
EVOLUO
SOCIALSISTEMA
HABITAO
EUROPA
REALIDADE
IMPROVISO
JAGUAR
REALIDADE
SETOR 3
INTERVENOREALIDADEPOPULAO
INTERVENO
ESPACIAL
MORADIA
BAGUNA
LIMITE
PERIFERIA
CHILE
HABITAO
INTERVENO
FRANA
MAPEAMENTO
REFERNCIAS
46
Se h algum poder no projeto, o poder da sntese.
Alejandro Aravena
475. REFERNCIAS PROJETUAIS
Foram escolhidos trs grandes construes para embasar o projeto a ser desenvolvido no final deste trabalho: o primeiro a unidade de habitao, do grande arquiteto moderno Le
Corbusier, o edifcio conta com 337 moradias localizado na cidade de Marselha na Frana.
O conjunto habitacional Quinta Monroy, localizado no Chile, foi a segunda referncia escolhida, representa a construo de habitaes para pessoas de baixa renda e teve grande
repercusso por todo o mundo, devido a sua forma diferente de intervir num local j consolidado no centro da cidade de Iquique - Chile.
O terceiro a interveno na favela Nova Jaguar na cidade de So Paulo - Brasil, realizado pelo escritrio de arquitetura Boldarini, representa um bom exemplo de interveno em
reas frgeis de um grande assentamento precrio. Os trs projetos abrangem os temas que sero explorados no final dessa pesquisa, apesar da diferena de escala, poca e contexto, coloboraro
como bons exemplos na busca de enfrentar problemas habitacionais que abrangem questes ligadas ao transporte, sade, educao, segurana, lazer, entre outras.
O lar deve ser o tesouro da vida.
Le CorbusierImagem 48| Unidade de habitao em Marselha.
49
5.1 - Unidade de habitao| Le Corbusier
Para representar os conjuntos habitacionais modernos, foi escolhido a unidade de habitao projetada por Le Corbusier, devido a sua indita forma de pensar a cidade: em sentido
vertical, oferecendo ao mesmo edifcio moradia, comrcio e servios, se tornando autossuficiente aos moradores. Esse modelo foi multiplicado em vrias outras cidades, como Marselha, Nantes,
Berlim, Briey en Fort e Firminy, sendo o primeiro da lista objeto de estudo dessa pesquisa.
O arquiteto
Charles Edouard Jeanneret-Gris (1887-1965), nasceu na Sua , mudou-se para a Frana onde adotou o pseudnimo Le Corbusier, pelo qual ficou conhecido mundialmente.
considerado um dos mais importantes arquitetos e urbanistas do sculo XX. Foi um dos maiores representantes do movimento moderno, e um dos criadores do CIAM (Congresso Internacional de
Arquitetura Moderna) influenciando arquitetos do mundo inteiro.
Localizao
A primeira unidade de habitao criada por Le Corbusier foi construda no sul da cidade de Marselha, um dos municpio mais populosos da Frana, uma cidade repleta de belas paisagens e a mais antiga cidade do pas, possui localizao privilegiada, banhada pela costa do mar Mediterrneo
e construes de grande valor cultural. A imagem 49 justifica o motivo pelo qual Marselha atra grande nmero de turistas anualmente, a figura de nmero 50 posiciona a localizao da cidade em
meio ao mapa da Frana quanto a figura 51 mostra uma fotografia area da unidade de habitao projetada por Le Corbusier.
Imagem 49| Vista da cidade de Marselha.
Imagem 50| Mapa da Frana com cidade de Marselha em destaque (ponto vermelho).
Imagem 51| Fotografia area da unidade de habitao de Marselha.
50
PROBLEMTICA
A unidade de habitao de Le Corbusier foi criada no perodo ps-guerra, quando Le Corbusier foi contratado para projetar um conjunto habitacional residencial multifamiliar para o
povo de Marselha, que foram deslocados aps os atentados na Frana (KROLL, 2010, no paginado). O grande edfcio construdo em Marselha tem a capacidade de abrigar 1600 pessoas, segundo
informaes da fundao Le Corbusier. A ideia do arquiteto, alm de abrigar uma grande quantidade de habitantes tambm fazer do edifcio uma cidade jardim vertical; autossuficiente para os seus
moradores, e suprindo as necessidades da poca. As imagens 52 e 53 representam a grandeza dessa obra.
Imagem 52| Desenho de um corte vertical do edifcio.
Imagem 53| Fotografia da unidade de habitao de Marselha.
Projeto
A unidade de habitao de Marselha segue os 5 pontos da arquitetura moderna, teoria desenvolvida pelo prprio Le Corbusier que pode ser vistos na maioria dos edifcios modernos espalhados pelo mundo, so eles: trreo livre, elevando o edifcio sobre pilotis, permitindo que a grande construo aparente leveza, como mostra a imagem 54. A cobertura usada como terrao jardim, possibilita o uso desse espao, que antes era destinado apenas para equipamentos hidrulicos e eltricos, esse novo uso da laje pode ser visto na figura 55.
Imagem 54| Fotografia dos pilotis da unidade de habitao.
51
Imagem 55| Fotografia da cobertura.
Imagem 56| Fotografia da fachada unidade de habitao .
A fachada livre conta com um desenho bastante limpo, com repetio de mdulos e o uso das cores primrias, cria um efeito nico visto em 3 dos 4 lados do monobloco, apresentado na imagem 53 e 56. As janelas possuem a forma de uma fita, ocupando desde o lado direito at o lado esquerdo das paredes dos apartamentos. Por ltimo est a planta livre, com ambientes integrados, usando paredes-divisria o menos possvel, fornecendo ao morador uma maior liberdade de ocupao. Imagem 57| Corte esquemtico representando o programa da unidade de habitao de Marselha.
52
Imagem 58| Pespectiva esquemtica representando o imenso programa da unidade de habitao de Marselha.
O edifcio tem um programa bastante amplo, j que a premissa usada pelo arquiteto foi de criar uma cidade jardim vertical, para tanto a construo conta com um grande nmero de apartamentos, um corredor comercial, e o uso da laje para servios que atenda a populao, os ltimo dois tens so de uso pblico, a sua distribuio no edifcio est representado pela imagem 58 que revela uma perspectiva esquemtica de toda a construo. O corredor comercial est distribudos em dois pavimentos (imagem 60.), para torn-lo pblico, de uso dos moradores locais e tambm para a vizinhana, Le Corbusier projetou uma escada de acesso exclusivo para ambos os pavimentos, representada pela imagem 61.
Imagem 61| Escada de acesso ao corredor de comrcios.Imagem 59| Corredor de acesso aos comrcios.
Imagem 60| Vista externa de ambos os pavimentos comerciais.
Pilotis
Circulao horizontal - corredor
Apartamento tipo
rea comercial
rea de ventilao
Elevador centralGinsio
53
Devido a sua grandeza, a unidade de habitao de Marselha conta com vrias possibilidades de acesso, que atendam ao seu grandioso programa, tanto acessos privados
(disponvel apenas aos moradores do edifcio) e pblicos (para que a vizinhana acesse o piso comercial e a cobertura); sua
circulao vertical (imagem 62) acontece por meio de escadas e elevadores e sua circulao horizontal se d atravs de corredores centrais, representado pelas figuras 59 e 63.
Referente as moradias da unidade de habitao de Marselha, o projeto conta com um total de 337 unidades do tipo duplex, com vista para os dois lados do edifcio, seu acesso acontece atravs de um corredor central. A imagem 64 apresenta uma perspectiva feita atravs de um corte no edifcio, nela est esquematizado em vermelho o corredor, que permite acessar todas as moradias daquele pavimento, em verde claro est a moradia superior com escada que permite a transio dos moradores entre os dois pavimentos, em azul claro a moradia inferior, j as figuras 66 e 67 mostram o desenho da planta da unidade duplex inferior.
Imagem 62| Perspectiva esquemtica destacando a circulao vertical.
Imagem 64| Perspectiva esquemtica das moradias.
Imagem 63| Fotografia do corredor de acesso as moradias.
Legenda: duplex superior duplex inferior circulao
Imagem 67|Planta do pavimento B1 - duplex inferior.
Imagem 66| Planta do pavimento B2 - duplex inferior.
A1
A2B1
B2
Imagem 65| Perspectiva esquemtica dos duplex.
54
As habitaes, como j foi mencionado, foram projetadas de acordo com os ideiais propostos pelo movimento moderno, sendo assim elas contam com um sistema de planta livre, onde a edificao possui as instalaes bsicas, hidralica e eltrica, e com fechamentos bsicos, como o caso dos sanitrios, por exemplo, o restante do apartamento pode ser manipulado pelo seu prprio
morador.
De acordo com as figuras, 68, 69 e 70 nota-se as diferentes possibilidades de ocupao para o espao. Para formar os ambientes, seus moradores fizeram o uso de diferentes divisores, como o prprio mobilirio representado pela imagem 69, dessa forma o habitante pode
alterar a medida dos cmodos e alterar o uso desses ambientes com facilidade. Outras formas utilizadas foram o uso de paredes de gesso (drywall), que apesar de serem mais regdas que o
mobilirio so de fcil manipulao, as imagens tambm apresentam o uso de cortinas ou portas de correr, ambos intregam os espaos quanto necessrio, criando limites temporrios aos ambientes.
Imagem 68| Fotografia da unidade de habitao.
Imagem 69| Fotografia da unidade de habitao.
Imagem 70| Fotografia da unidade de habitao.
55
Imagem 71| Perspectiva do edifcio.
Imagem 72| Fotografia do terrao jardim.
Imagem 73| Fotografia do terrao jardim. Imagem 74| Fotografia de crianas usando o terrao.
Imagem 75| Planta da cobertura.
Referente a cobertura, ou terrao jardim, o edifcio conta com o acesso atravs do elevador central, tanto para moradores quanto aos visitantes, nele possvel encontrar servios
que envolve esporte e sade, tais como: uma pista de atletismo, ginsio coberto, teatro, playground, enfermagem, berrio e solrio; quando somado a rea comercial do edifcio torna a unidade de
habitao uma inovao para a poca em que foi projetada. Toda a sua materialidade baseia-se em concreto aparente e vidro, estruturado atravs do sistema pilar e viga, com uma forma simples que
responde muito bem as exigncias de um programa to grandioso.
Imagem 76| Conjunto Habitacional Quinta Monroy.
Minha filosofia de arquitetura? Trazer a comunidade para o processo.
Alejandro Aravena
57
5.2 - Conjunto habitacional Quinta Monroy| Elemental arquitetura
O segundo projeto escolhido como referncia projetual deste trabalho, para contribuir com a criao de um conjunto habitacional para os moradores da favela do Jardim Ita, o conjunto
habitacional Quinta Monroy, no Chile, de autoria do escritrio de arquitetura Elemental, coordenado pelo arquiteto Alejandro Aravena. O grupo de arquitetos que compem essa associao so
responsveis por grandes projetos que envolvem transporte, conjuntos habitacionais, intervenes urbanas, entre outras.
O arquiteto
O arquiteto chileno Alejandro Aravena (1.967) diretor executivo do escritrio de arquitetura Elemental, foi professor visitante da Universidade de Harvard, atualmente membro
do juri prmio Pritzker. Segundo informaes coletadas no site do escritrio, seus trabalhos incluem edifcios educacionais, institucionais, corporativos, edifcios culturais e pblicos, habitaes
plurifamiliares, casas particulares, entre outros. Foi premiado diversas vezes por diferentes instituies como o prmio Marcus em 2010, Leo de Prata no XI edio da Bienal de Veneza, Prmio Zumtobel Grupo em 2014, entre outros. Possui livros pblicados e seu nome aparece entre a maioria
das mais renomadas revistas de arquitetura. Seu trabalho reconhecido e respeitado em todo o mundo com um grande exemplo de sensibilidade e eficincia.
Localizao
O projeto est localizado no bairro Quinta Monroy, no centro do municpio de Iquique, no norte do Chile; uma cidade costeira, rodeada pelo deserto de Tarapac (Helo Barbeiro apud CANOTILHO, 2008) que se destaca por grandes monumentos nacionais e suas praias. A imagem 77, apresenta o litoral e logo aps o deserto de Tarapac, uma viso paradisaca. A imagem 78 est a
localizao da cidade de Iquique no Chile e a demarcao do bairro Quinta Monroy, um loteamento ilegal que se desenvolveu a partir dos anos 60 (CANOTILHO, 2008, p. 75) representado por
fotografias areas que apresenta o bairro antes da interveno realizada pelo escritrio Elemental arquitetura em um projeto que promoveu habitaes para cem moradores.
Imagem 77| Litoral da cidade de Iquique e ao fundo deserto de Tarapac.
Imagem 78| Conjunto de mapas e fotografias areas da cidade de Iquique e do bairro Quinta Monroy, pr-interveno.
Minha filosofia de arquitetura? Trazer a comunidade para o processo.
Alejandro Aravena
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Problemtica
A escritrio Elemental arquitetura foi convidado pelo governo chileno a coordenar o financiamento, concepo e execuo do projeto de arquitetura (CANOTILHO, 2008, p. 75), com
o intuto de resolver o problema habitacional no centro da cidade de Iquique: criar uma soluo para as moradias ilegais que ocupavam a rea a mais de trinta anos, evitando que as mesmas
fossem transferidas para a periferia da cidade. Ao todo o territrio de 5000 m era ocupado por cem famlias (FRACALOSSI, 2012, no paginado). Alm disso a verba disponibilizada pelo governo
chileno era significativamene baixa. Nas palavras do prprio arquiteto, Alejandro Aravena: havia um programa do governo j h uns 30 anos, chamado Chile Bairro, que no conseguia uma soluo para o problema habitacional de Iquique [...]. Pedimos para trabalhar l, j que, com as opes existentes no mercado, acreditvamos no ter nada a perder.(BARBEIRO, 2009, no paginado, apud GRUNOW,
2009, no paginado.).
Segundo, Canotilho, o problema habitacional em Quinta Monroy contou com uma sequncia de acontecimentos a longo prazo, como foi descrito abaixo:
Com o crescimento da urbanizao em direo as reas agrcolas, a rea do Quinta Monroy passou a fazer parte do setor central da cidade de Iquique. Contudo esta rea ainda no usufrua de infra-estrutura e saneamento bsico, ao mesmo tempo em que j se configurava como bairro consolidado. Na dcada de 90 as cem famlias moradoras no contavam com padres de habitabilidade, vivendo em casas com condies precrias e um ambiente de conflito social. [...] A partir de 1995 iniciou-se uma disputa territorial neste bairro j que de um lado estavam s famlias moradoras e do outro os donos das terras que desejavam os benefcios da especulao imobiliria do local. Por esse motivo a Chile Bairro agncia governamental responsvel pela interveno e realojamento de populao de baixa renda, comprou esta rea com inteno de realojar a populao
moradora, sem segurana que fosse no mesmo local. (CANOTILHO, 2008, p. 77.).
A fim de encontrar uma resposta para a questo, a primeira medida tomada pelo escritrio elemental arquitetura foi de realizar um levantamento socioeconmico da populao
de Quinta Monroy, abrangendo questes como composio e rendimento das famlias, alm de avaliao espacial e estrutural das casas existentes (CANOTILHO, 2008, p. 78.). O resultado desse
levantamento foi de extrema importncia para a realizao do projeto, nele foi constatado que 60% das famlias viviam no limite da pobreza, [...] suas habitaes no reuniam as condies mnimas de salubridade, sem luz ou ventilao direta, sem acesso a rede de gua potvel ou saneamento
(CANOTILHO, 2008, p. 76), as habitaes no possuam rea adequadada para o perfil dos moradores, mantinham uma mdia de 30m (CANOTILHO, 2008, p. 76.).
Imagem 79| Quinta Monroy antes da interveno realizada pelo escritrio Elemental Arquitetura.
Projeto
A partir da quantidade de caractersticas peculiares do bairro Quinta Monroy, da problemtica existente e local onde est inserido, Alejandro Aravena comeou a traar as premissas projetuais que possibilitariam a construo de um ideal que solucione a questo:
A dificuldade da equao fez-nos tratar o problema a partir de trs pontos: conseguir o melhor projeto possvel ajustando a forma s condicionantes espaciais; aplicar as melhores solues construtivas e estruturais possveis, sujeitando-as a ensaio laboratorial; definir mecanismos de colaborao com a comunidade, oferecendo orientao tcnica nas fases anteriores e posteriores construo.
(CANOTILHO, 2008, p. 79).
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A primeira deciso a ser tomada para dar incio a discusso das ideias foi definir o local em que o projeto aconteceria, havia opinies que defendiam a retirada dos moradores do local
e relocados para outra rea da cidade.
[...]verificou-se, tambm, que a localizao privilegiada na cidade era apontada como um fator vital para a segurana familiar, reduzindo a distncia ao local de trabalho, at oferta de equipamentos sociais, como escolas e creches. Desde logo, a prioridade do projeto do escritrio Elemental passou por conseguir a negociao da permanncia dos moradores em Quinta Monroy, salvaguardando as redes sociais que se haviam consolidado e, garantindo a proximidade ao conjunto de servios e infra-
estruturas da cidade.(CANOTILHO, 2008, p. 80.).
Visando a problemtica proposta, vrias possibilidades foram estudadas; por exemplo: dividir a rea em lotes, mesmo que pequenos, conseguiram abrigar em torno de trinta famlias, no
caso de uma construo em casas separadas, como exemplifica o desenho esquemtico na imagem 80. Para conseguir usar melhor a rea, o ideal seria reduzir o lote at igualar com o tamanho da
casa, porm isso causaria um certo amontoamento e impossibilitaria (CANOTILHO, 2008, p. 83.) futuras ampliaes mesmo que as construes fossem verticalizadas; Por isso, a soluo foi
pensar em unidades que pudessem ser expandidas, atravs da autoconstruo dos moradores, que arcariam com este nus (CANOTILHO, 2008, p. 83.). Nas palavras de Aravena:
[] conseguamos ter um conjunto de moradias com densidade suficientemente alta para pagar terrenos caros, bem localizados, e, ao mesmo tempo, permitamos seu crescimento porque, no marco da poltica habitacional com que trabalhvamos, havia to poucos recursos que era possvel construir apenas metade das casas. O governo decidiu testar a proposta. Desde ento, pudemos estender a idia a outras cidades, mantendo as mesmas regras. (BARBEIRO, 2009, no paginado, apud,
GRUNOW,2009, no paginado.).
Imagem 80| Desenhos esquemticos para a escolha da melhor tipologia construtiva.
Depois de realizada uma srie de estudos e analisada cada possibilidade, a forma que melhor atendeu aos pr-requisitos foi aquela que combinava tanto futuras ampliaes no sentido vertical ou horizontal, na combinao de blocos representada pelas imagens 81 e 82.
Imagem 81| Representao da tipologia escolhida.
Imagem 82| Maquete eletrnica do conjunto habitacional.
60
A respeito dessa forma de pensar a habitao de interesse social, valorizando a autoconstruo e a possibilidade de ampliao que pode ser feita por cada morador individualmente,
gerando caractersticas nicas para cada residncia, garantindo uma boa estrutura e o conforto necessrio para a famlia, o arquiteto responsvel descreve para a revista AU em um breve texto
que foi reproduzido a seguir:
Percebemos que o tema moradia implicava a entrega de um lugar para que uma famlia no vivesse exposta a interpries; a formalizao da tendncia de propriedade; a criao de uma maneira para financiar o acesso moradia; e o desenvolvimento de um desenho que a tornasse melhor do que as no planejadas. Visualizamos a oportunidade de mudar a abordagem do problema, de criar um tipo de residncia que, inserida na lgica da propriedade, fosse usada pela famlia como capital com valor crescente, integrada na rede econmica e social da cidade. Perguntamo-nos se era possvel usar a casa como investimento mais do que como recurso social e acabamos por reformular a noo de qualidade. Ela seria, ento, indicativa do aumento de valor da habitao ao longo do tempo. Passamos identificao de um conjunto de condies de desenho que possibilitassem essa valorizao, assim como dos mecanismos que permitissem a passagem dos subsdios pblicos ao patrimnio das famlias mais pobres. Essa foi a seqncia do nosso trabalho e criao do Elemental. (BARBEIRO, 2009, no
paginado, apud, GRUNOW, 2009, no paginado.).
Outra caracterstica importante que a edificao apresenta a sua permeabilidade, j que metade da construo ser realizada pelos prprios moradores, essa caracterstica foi
essencial para que toda a ampliao acontecesse dentro da estrutura j construda, como mostra a imagem 85. A inteno dos arquitetos foi de emoldurar (mais do que controlar) a construo
espontnea, a fim de evitar a deteriorizao do entorno urbano com o tempo, e por outro, [...] fazer o processo de ampliao o mais fcil possvel. (HIGUTI, 2012, no paginado.).
Outra qualidade importante que a obra apresenta, so as reas molhadas (cozinha, lavanderia e sanitrio) e a circulao vertical, foram projetadas como uma habitao de classe mdia, a qual podemos entregar, por agora (dados os recursos disponveis), somente uma parte. Neste sentido, [...] esto projetadas para o estado final [...], quer dizer, para uma habitao de 70m (HIGUTI, 2012, no paginado.).
Imagem 83| Fotografias areas que mostram a diferena entre o antes e depois da interveno.
Imagem 84| Implantao do conjunto habitacional (destacado pela cor vermelha) e seu entorno.
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Imagem 85: Maquete eletrnica representando as etapas da construo, mostrando os vazios dos blocos e por onde eles possibilitariam futuras ampliaes.
Imagem 86| Fotografia do interior das construes apresentando as reas molhadas das habitaes. Em resumo, quando se tem fundos para fazer somente metade do projeto,
qual se faz? Optamos por fazer aquela metade que uma famlia, individualmente, nunca poder alcanar, por mais tempo, esforo e dinheiro que se invista. E dessa forma que procuramos responder com ferramentas prprias da arquitetura a uma pergunta no-
arquitetnica: como superar a pobreza? (HIGUTI, 2012, no paginado)
Imagem 87| Fotografia do interior das moradias do conjunto habitacional.
Imagem 88| Conjunto habitacional Quinta Monroy aps a interveno feita pelos seus moradores.
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Imagem 89| Planta do pavimenoto trreo.
Imagem 90| Planta do primeiro pavimento.
Imagem 91| Planta do segundo pavimenoto.
A imagem 88 revela o conjunto habitacional Quinta Monroy aps sofrer ampliaes feitas pelos seus moradores, a parte da construo que permanece em blocos de concreto aparente
com esquadrias em branco e amarelo correspondem ao que foi entregue originalmente aos habitantes e a demais areas foram auto-construdas por quem ali vive.
J a imagem 89 representa a planta do pavimento trreo, seguida pelas plantas do primeiro e segundo pavimento , respectivamente, nelas possvel analisar a simplicidade e ao
mesmo tempo a magnitude do projeto; mostrando atravs dos desenhos uma proposta simples de mobilirio e as instalaes sanitrias e as possibilidades de expano das moradias, chegando a
duplicar o tamanho original.
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Imagem 92| Corte AA.
Imagem 93| Corte BB.
Imagem 94| Vistas.
As imagens 92 e 93 apresentam o desenho dos cortes da edificao, j indicados na planta, enquanto a imagem 94 o desenho das vistas do projeto. Essas figuras, somada as imagens
das plantas, indicam o sistema estrutural da edificao, feito atravs do sistema laje e viga e as aberturas. A circualo vertical em determinados momentos acontecem na rea externa, ora na
parte interna, dependendo da habitao.
As figuras de nmero 95 at 98 apresentam as habitaes vistas por dentro aps a ocupao de seus moradores e as alteraes feitas por cada famlia, dando personalidade ao espao
em que residem.
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Imagem 95| Fotografia da sala de um dos moradores do conjunto habitacional Quinta Monroy.
Imagem 96| Fotografia de ambiente em das moradias do conjunto habitacional Quinta Monroy .
Imagem 97| Fotografia de famlia moradora do conjunto habitacional Quinta Monroy.
Imagem 98| Fotografia de crianas moradoras do conjunto habitacional Quinta Monroy.
Quando moram em um lugar digno, os moradores comeam a se sentir parte da cidade.
Marcos Boldarini Imagem 99| Favela Nova Jaguar.
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5.3 - Favela Nova Jaguar - Setor 3| Boldarini Arquitetos Associados
O terceiro projeto de referncia que colaborar para embasar esse trabalho a interveno feita pelo escritrio Boldarini Arquitetos Associados, liderado por Marcos Boldarini, na rea determinada como setor 3 da favela Nova Jaguar. O programa que busca revitalizar parte da
favela bastante amplo, conta com reas de recreao, mirante e um centro comunitrio.
O arquiteto
O escritrio Boldarini Arquitetos Associados h 15 anos atua na elaborao, desenvolvimento e implantao de projetos de urbanismo, arquitetura e paisagismo, tendo se
destacado no mbito da habitao social e da urbanizao de assentamentos precrios. (BOLDARINI, 2004, no paginado). Os trabalhos da equipe de profissionais que compem o escritrio, destaca-se por apresentar solues inovadoras em cenrios crticos, como favelas, por exemplo. Alm do
projeto para a favela Nova Jaguar, o escritrio foi responsvel por projetos de grande repercusso, como: Cantinho do Cu - Parque Residencial dos Lagos, Residencial Corruras, Edifcio Multiuso
Grotinho, Residencial Diogo Pires, entre outros.
Localizao
A favela Nova Jaguar um dos assentamentos irregulares mais antigos da cidade de So Paulo, suas primeiras moradias datam da dcada de 1950; est localizada no distrito de
Jaguar subordinado a subprefeitura da Lapa, na zona oeste do municpio (como apresenta a imagem 100) conurbando com o municpio de Osasco. Sua urbanizao inicia-se a partir das margens
do rio Pinheiros, hoje encontra-se prxima de importantes instituies como a Universidade de So Paulo (USP), a rea que um dia era caracterizada como residencial, hoje mescla as moradias com
indstrias. A imagem 101 representa uma fotografia area destacando a favela Nova Jaguar, o setor 3 onde aconteceu a interveno urbana, o rio Pinheiros, Parque Villa-Lobos e a USP; a partir dessa
identificao notrio como a rea bem localizada com fcil acesso por vias importantes da cidade.
Imagem 101| Fotografia area da favela Nova Jaguar e seu entorno.
01 - Setor 302 - Favela Nova Jaguar03 - Rio Pinheiros04 - Parque Villa-Lobos 05 - Universidade de So Paulo (USP)
Imagem 100| Mapa destacando o distrito de Jaguar em meio a cidade de So Paulo e a planta do bairro,
Distrito Nova Jaguar
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Imagem 102| Fotografia de deslizamento na favela Nova Jaguar.
Problemtica
No se pode mais fingir que as favelas no existem. A soluo investir em melhorias (SEHAB, 2010), a
prtir desse princpio, criou-se o programa de urbanizao de favelas na cidade de So Paulo, que prev novas moradias, infraestrutura e obras de conteno, drenagem e proteo
de reas de risco (TRONCOSO, 2012). Dentro desse programa est a favela Nova Jaguar, que tem como objetivo intervir nas reas de risco encontradas no local e estruturar esse espao.
A favela Nova Jaguar originou-se da farta oferta de emprego na regio e o dficit habitacional que
formaram um cenrio ideal para o incio da ocupao dessa rea pblica [...] chegando em 1973 a 579 barracos. (PISANI,
2011, no paginado). Esse fato se deu devido a grande industrializao da rea , com grandes empresas como a
Companhia Antrtica Paulista S/A, Insdstrias Reunidas F. Matarazzo, entre outras.
O setor 3, considerado a regio mais problemtica da favela Nova Jaguar, possui uma declividade
de 35m, sendo uma rea de extremo risco de deslisamento, como apresenta as imagens 102 e 103; j que em 1983 [...]
duzentos barracos foram atingidos [...] o maior acidente desse gnero j registrado no municpio de So Paulo
(PISANI, 2011, no paginado); esse deslizamento aconteceu como consequncia do forte desmatamento, a vegetao
sendo substituda por habitaes precrias. Este o maior desafio para os arquitetos do escritrio Boldarini, no momento
de projetar nesse espao, alm dos problemas j citados, o local tambm conta com grande dificuldade de acesso, grande acmulo de lixo, cortes e aterros que foram feito
sem conhecimento tcnico, entre outros; comprovam que a fragilidade acontece de tal maneira que pensar em contruo
se torna algo completamente invivel.
Imagem 103| Fotografia de deslizamento de terra na favela Nova Jaguar.
Imagem 104| Fotografia de habitaes na favela Nova Jaguar.
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Imagem 106| Fotografia de conjunto habitacional na favela Nova Jaguar.
Imagem 107| Fotografia de conjunto habitacional em meio favela Nova Jaguar
Imagem 108| Fotografia da favela Nova Jaguar antes da interveno.
As imagens 104 e 105 apresentam a situao do setor 3 da favela Nova Jaguar, antes do projeto,realizado pelo escritrio de arquitetura Boldarini, as margens do rio Pinheiros encontra-se um conjunto habitacional e logo atrs a situao catica das moradias da favela, principalmente a regio propcia a deslizamentos.
A imagem 106 apresenta conjuntos habitacionais as margens do Rio Pinheiros, sua construo ocorreu por volta do ano de 2008; atrs dos mesmos est a favela e toda a rea de risco, de forma que os visitantes que percorrem a marginal Pinheiros no tem viso da favela, j que os conjuntos ocultam as habitaes precrias.
Analisando a localizao e o nvel de precariedade dessa parte da favela, a Prefeitura Municipal de So Paulo props vrios projetos de interveno, como foi citado nos pargrafos anteriores. Devido ao histrico e contexto do lugar, a interveno feita por Marcos Boldarini inicia-se com a qualificaao urbano-ambiental desse setor da comunidade, com o objetivo de resgatar o carter pblico como premissa bsica [...] (BOLDARINI, 2011, no paginado).
Segundo a opinio dos arquitetos responsveis pelo projeto em questo:
A compreenso de que as intervenes em reas crticas da cidade