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TIPOS E GÊNEROS TEXTUAIS: UMA NARRATIVA DOS CONTOS DE FADAS Rosana Muniz Soares (UNIPLI) (...) abre a porta do irracional, isto é, do mistério, da magia, do acaso, do maravilhoso, do sobrenatural, onde se encontram as forças do Bem e do Mal; mas fica-se também mais perto do inteligível (sic); a distância no tempo e no espaço produz o efeito de exotismo, de desproporção das dimensões (o monstruoso), das quantidades (o enorme) e das noções (o incrível). (CHARAUDEAU) GÊNEROS, TIPOS E SUBTIPOS TEXTUAIS Patrick Charaudeau (1992) distingue tipos de textos (publicitário, didático, jornalístico, literário etc.) de modos de organização do discurso (narrativo, descritivo, argumentativo e enunciativo). Para ele, os modos se referem a diferenças estruturais e são válidos, em princípio, para todas as culturas. Baseiam-se na organização interna do texto, visando a uma função típica de cada um. A função do narrativo é contar ou relatar; a do descritivo, descrever; a do argumentativo, argumentar, isto é, “explicar uma verdade numa visão racionalizante para influenciar o interlocutor” (CHARAUDEAU, op. cit, p. 642) e a do enunciativo é gerir os outros três, tendo uma função metadiscursiva e, por estar a serviço dos demais modos, dificilmente predominará sobre esses num texto. Já os tipos, ao contrário, não são os mesmos em todas as sociedades. Referem-se a produtos culturais, cada um deles equivale a um ramo da atividade humana. A noção de tipo de texto é inseparável da de situação comunicativa, dependendo, portanto, “de aspectos extratextuais, ao passo que a de modos de organização discursiva é intratextual, o que não significa que não haja correlação entre cada um desses modos e determinadas circunstâncias comunicativas propensas a fazê-lo aparecer” (OLIVEIRA, 2003: 42). Quanto à diferença entre tipos e gêneros, é questão de parte e todo. Cada tipo abriga certo número de gêneros textuais, ou seja, os gêneros são subcategorias dos tipos: o tipo de texto literário inclui os chamados gêneros literários e assim por diante. Cada gênero, por sua vez, segundo Oliveira (op. cit), pode, ainda, dividir-se em subgêneros. Por exemplo, o gênero literário poesia contém os subgêneros ode, madrigal, soneto, etc. Para a autora, há uma certa correlação entre gêneros textuais e modos de organização do discurso, um exemplo disso é o conto, sempre narrativo. O conceito de gênero textual é, no entanto, bastante discutível. Segundo Marcuschi (2002: 19), os gêneros textuais: Contribuem para ordenar e estabilizar as atividades comunicativas do dia-a-dia. São entidades sócio-discursivas e formas de ação social incontornáveis em qualquer situação. No entanto, mesmo apresentando alto poder preditivo e interpretativo das ações humanas em qualquer contexto discursivo, os gêneros não são instrumentos estanques e enrijecedores da ação criativa. Caracterizam-se como eventos textuais altamente maleáveis, dinâmicos e plásticos. Surgem emparelhados a sociedades e atividades sócio-culturais, bem como na relação com inovações tecnológicas, o que é facilmente perceptível ao se considerar a quantidade de gêneros textuais hoje existentes em relação a sociedades anteriores à escrita.

Tipos e Gêneros Textuais

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Gêneros textuais

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TIPOS E GNEROS TEXTUAIS:

TIPOS E GNEROS TEXTUAIS:UMA NARRATIVA DOS CONTOS DE FADASRosana Muniz Soares (UNIPLI)(...) abre a porta do irracional, isto , do mistrio, da magia, do acaso, do maravilhoso, do sobrenatural, onde se encontram as foras do Bem e do Mal; mas fica-se tambm mais perto do inteligvel (sic); a distncia no tempo e no espao produz o efeito de exotismo, de desproporo das dimenses (o monstruoso), das quantidades (o enorme) e das noes (o incrvel). (CHARAUDEAU)

GNEROS, TIPOS E SUBTIPOS TEXTUAISPatrick Charaudeau (1992) distingue tipos de textos (publicitrio, didtico, jornalstico, literrio etc.) de modos de organizao do discurso (narrativo, descritivo, argumentativo e enunciativo).Para ele, os modos se referem a diferenas estruturais e so vlidos, em princpio, para todas as culturas. Baseiam-se na organizao interna do texto, visando a uma funo tpica de cada um. A funo do narrativo contar ou relatar; a do descritivo, descrever; a do argumentativo, argumentar, isto , explicar uma verdade numa viso racionalizante para influenciar o interlocutor (CHARAUDEAU, op. cit, p. 642) e a do enunciativo gerir os outros trs, tendo uma funo metadiscursiva e, por estar a servio dos demais modos, dificilmente predominar sobre esses num texto.J os tipos, ao contrrio, no so os mesmos em todas as sociedades. Referem-se a produtos culturais, cada um deles equivale a um ramo da atividade humana. A noo de tipo de texto inseparvel da de situao comunicativa, dependendo, portanto, de aspectos extratextuais, ao passo que a de modos de organizao discursiva intratextual, o que no significa que no haja correlao entre cada um desses modos e determinadas circunstncias comunicativas propensas a faz-lo aparecer (OLIVEIRA, 2003: 42).Quanto diferena entre tipos e gneros, questo de parte e todo. Cada tipo abriga certo nmero de gneros textuais, ou seja, os gneros so subcategorias dos tipos: o tipo de texto literrio inclui os chamados gneros literrios e assim por diante.Cada gnero, por sua vez, segundo Oliveira (op. cit), pode, ainda, dividir-se em subgneros. Por exemplo, o gnero literrio poesia contm os subgneros ode, madrigal, soneto, etc.Para a autora, h uma certa correlao entre gneros textuais e modos de organizao do discurso, um exemplo disso o conto, sempre narrativo.O conceito de gnero textual , no entanto, bastante discutvel.Segundo Marcuschi (2002: 19), os gneros textuais:Contribuem para ordenar e estabilizar as atividades comunicativas do dia-a-dia. So entidades scio-discursivas e formas de ao social incontornveis em qualquer situao. No entanto, mesmo apresentando alto poder preditivo e interpretativo das aes humanas em qualquer contexto discursivo, os gneros no so instrumentos estanques e enrijecedores da ao criativa. Caracterizam-se como eventos textuais altamente maleveis, dinmicos e plsticos. Surgem emparelhados a sociedades e atividades scio-culturais, bem como na relao com inovaes tecnolgicas, o que facilmente perceptvel ao se considerar a quantidade de gneros textuais hoje existentes em relao a sociedades anteriores escrita.

Em povos de cultura oral, o nmero de gneros limitado; com a escrita alfabtica e o florescimento da imprensa, sua ampliao foi inevitvel. Atualmente, em plena fase de exploso da cultura eletrnica (TV, rdio, telefone, computador, Internet e assim por diante), h uma lista imensurvel de gneros textuais, o que acarreta, muitas vezes, denominaes divergentes e o desaparecimento ou o surgimento repentino de alguns deles.Esses gneros novos que vo surgindo no so totalmente inovadores, pois se criam a partir de outros j existentes. Por estarem diretamente ligados observao da linguagem em uso, acabam por desfazer cada vez mais a fronteira entre a oralidade e a escrita.A comunicao verbal s possvel por algum gnero textual (MARCUSCHI, 2002: 22). Essa postura terica tambm defendida pela maioria dos autores que tratam a lngua em seus aspectos discursivos e enunciativos e no somente em suas particularidades formais.Os gneros textuais privilegiam uma noo de lngua como atividade social, histrica e cognitiva, enfatizando a questo funcional e interativa, porm no abandonam o aspecto formal e estrutural da lngua. Esses aspectos funcionam como elementos organizadores do texto e, muitas vezes, determinam o gnero em questo.Uma distino entre gnero e tipo textual faz-se necessria para o trabalho com a produo e a compreenso de textos.Para Marcuschi (2002: 22-23), o gnero textual utilizado...como uma noo propositalmente vaga para referir os textos materializados que encontramos em nossa vida diria e que apresentam caractersticas scio-comunicativas definidas por contedos, propriedades funcionais, estilo e composio caracterstica.Os gneros so representados por textos empricos; so inmeros e podemos exemplific-los como: telefonema, sermo, carta comercial, notcia, horscopo, conversao espontnea etc.. J o tipo textual utilizado para designar uma espcie de construo terica definida pela natureza lingstica de sua composio (aspectos lexicais, sintticos, tempos verbais, relaes lgicas). So representados por textos no empricos. Em geral, constituem as poucas espcies conhecidas como: narrao, argumentao, exposio, descrio, injuno.Travaglia (2001) prefere encaminhar uma discusso que sugere a necessidade e a validade de distinguir trs elementos tipolgicos diferenciados e hierarquizados Tipos, Gneros e Subtipos.O primeiro elemento tipolgico o tipo de texto. Pode ser identificado e caracterizado por estabelecer a interao, um modo de interlocuo, de acordo com perspectivas que podem variar, constituindo critrios para o estabelecimento de tipologias diferentes.Essas perspectivas giram em torno do produtor do texto em relao ao objeto do dizer e quanto ao fazer ou conhecer / saber e sua insero no tempo e/ou espao ou no estabelecendo os tipos narrativo, descritivo, injuntivo e dissertativo.O segundo elemento tipolgico o gnero de texto, que se caracteriza por exercer uma funo social especfica, nem sempre de fcil explicitao. Por exemplo, a correspondncia um gnero (que alguns chamam de epistolar) identificvel pela funo social de permitir a troca de informaes por um veculo especfico. Como exemplo de outros gneros, podemos citar o conto, a fbula, o romance, a notcia etc.O terceiro elemento tipolgico o subtipo, que se define e se caracteriza por aspectos formais de estrutura e da superfcie lingstica e/ou por aspectos de contedo. Um tipo pode ter subtipos e gneros. Os gneros tambm podem ter subtipos.Para que essas relaes e hierarquias fiquem mais explcitas, observemos o esquema seguinte, a ser ilustrado em nosso trabalho:Tipo Subtipo Gnero SubtipoNarrao Histria Conto Prosa

Constata-se que esses dois ltimos pesquisadores, apesar de algumas divergncias de abordagem, insistem na necessidade de se considerarem os gneros e os tipos, principalmente, no que se refere ao ensino da lngua.J Oliveira (2001) apresenta a classificao cannica dos textos consagrada pela tradio escolar dividida em trs tipos textuais: descritivo, narrativo e dissertativo.Alguns autores desmembram a dissertao em dois tipos, dissertao argumentativa e dissertao expositiva. H, ainda, os que propem seis tipos textuais: descritivo, narrativo, argumentativo, expositivo, instrucional e conversacional.Para Kleiman (2000: 19), Os textos tambm podem ser classificados levando-se em considerao o carter da interao entre autor e leitor, pois o autor se prope a fazer algo, e quando essa inteno est materialmente presente no texto, atravs das marcas formais, o leitor se dispe a escutar, momentaneamente, o autor, para depois aceitar, julgar, rejeitar. Sob esse ponto de vista da interao podemos tambm distinguir os discursos narrativos, descritivos, argumentativos.

Vale lembrar que o produtor, ao escrever seu texto, geralmente, utilizar alguns tipos textuais, ocorrendo uma certa mistura entre eles, mas sempre havendo predominncia de um tipo.O objeto de nosso interesse o texto narrativo que, de acordo com Oliveira (2001), uma seqncia de fatos e se caracteriza: (i) pela presena de aes, (ii) pelo predomnio dos verbos no pretrito, sobretudo no perfeito, (iii) pela ocorrncia de personagens e (iiii) por se referir a fatos ordenados cronologicamente.Ainda com o mesmo autor (op. cit, p. 34), podemos dizer queO texto narrativo estrutura-se a partir de uma situao de equilbrio, perturbada por um fator qualquer de desequilbrio, para o qual surge uma soluo, geradora de novo equilbrio, podendo ocorrer no mesmo texto um ou mais trinmios desse tipo.

Optamos por trabalhar com o texto narrativo o conto de fadas - porque narrar uma prtica natural do ser humano. preciso narrar. Narrar construir o mundoA HISTRIA DA ESTRIADentre os tipos de texto em questo, trabalharemos com a narrao, j quanto aos vrios gneros textuais, priorizaremos o conto, mais especificamente o de fadas.O conto uma narrativa mais curta, mas isso no quer dizer que seja mais simples do que os outros tipos. Tem como caracterstica central condensar conflito, tempo, espao e reduzir o nmero de personagens.Trata-se de um gnero muito apreciado por autores e leitores, ainda que tenha adquirido caractersticas diferentes, como, por exemplo, deixar de lado a inteno moralizante e adotar o fantstico ou o psicolgico para elaborar o enredo. Pode abordar qualquer tipo de tema na construo de um mundo particular:Entendo que para contar necessrio primeiramente construir um mundo, o mais mobiliado possvel, at os ltimos pormenores. Constri-se um rio, duas margens, e na margem esquerda coloca-se um pescador, e esse pescador possui um temperamento agressivo e uma folha penal pouco limpa, pronto: pode-se comear a escrever, traduzindo em palavras o que no pode deixar de acontecer. (ECO apud TERRA, NICOLA & CAVALLETE, 2002: 552)

Conforme se pode observar, o contar histrias muito importante na criao de imagens e de mundos. Nossa opo pelo conto de fadas explica-se por sua tendncia ao fantstico, ao maravilhoso, ao simblico numa tentativa de amenizar o panorama de violncia da realidade atual.Os escritos de Plato mostram-nos que as mulheres mais velhas contavam s suas crianas histrias simblicas. Desde ento, os contos de fadas esto veiculados educao das crianas. Na Antigidade, Apuleio, um escritor e filsofo do sculo II d.C., escreveu um conto de fadas Amor e Psyche, uma histria como A Bela e a Fera. Esse conto tem o mesmo padro dos que se podem ainda encontrar, hoje em dia, na Noruega, na Sucia, na Rssia e em muitos outros pases. Pode-se concluir que este tipo de conto de fadas (da mulher que redime seu amado da forma animal) existe praticamente inalterado h 2.000 anos. Mas h uma informao mais antiga: os contos de fadas tambm foram encontrados nas colunas e papiros egpcios, sendo um dos mais famosos, o dos dois irmos, Anbis e Bata. Nossa tradio escrita data aproximadamente de 3.000 anos e os temas bsicos no mudaram muito. Existem indcios de que alguns temas principais desses contos se reportam a 25.000 anos a.C., ainda assim, mantendo-se praticamente inalterados.Podemos dizer, com Khde (1990: 16) que os contos de fadas atualizam ou reinterpretam, em suas variantes, questes universais como os conflitos do poder e a formao dos valores, misturando fantasia e realidade no clima do Era uma vez....Os contos de fadas tm suas razes em fontes diversas. De acordo com Coelho (2000: 175), segundo o registro mtico-literrio, Os primeiros contos de fadas teriam surgido entre os celtas, povos brbaros que, submetidos pelos romanos (sc. II a.C./sc.I da era crist), se fixaram principalmente nas Glias, Ilhas Britnicas e Irlanda. A essa herana cltica, atribudo o fundo maravilhoso, de estranha fantasia, imaginao e encantamento que caracteriza as novelas de cavalaria do ciclo do breto (ciclo do Rei Artur e seus Cavaleiros da Tvola Redonda e sua Dama Ginevra). Foi, pois, nas novelas de cavalaria que as fadas teriam surgido como personagens, representando foras psquicas ou metafsicas.

Os contos de fadas tm, portanto, como ponto de partida um encantamento, uma metamorfose, que levam aventura da busca. Esses contos surgiram como poemas que relatavam amores estranhos, eternos, essencialmente idealistas e ligados aos valores eternos do ser humano e aos valores espirituais. sensorial mais plena vai se contrapor ao espiritualismo gerado pela imaginao sonhadora de celtas e bretes (COELHO, 1987:15)Desde o sculo XVII, conheciam-se os contos de fadas, os contos de magia e fantasmagoria, contos e narrativas para pequenos e grandes. O conto, porm s adotou o sentido de forma literria quando os irmos Grimm deram a uma coletnea de narrativas, publicada em 1812 o ttulo Contos para Crianas e Famlias. Foi, ento, a coletnea dos irmos Grimm que reuniu toda essa diversidade num conceito unificado e que passou a ser a base de todas as coletneas ulteriores do sculo XIX. Os irmos Grimm so, pois, responsveis pelas pesquisas sobre o conto que at hoje continuam sendo realizadas.Para os irmos Grimm, no entanto, as verdadeiras coletneas de contos comearam no fim do sculo XVII com Charles Perrault, que apresenta os seus contos como se tivessem sido contados por uma velha ama a seu filho. Os contos de Perrault entram na categoria dos Contos para Crianas e Famlias, de Grimm.Pouco depois da publicao dos contos de Perrault, narrativas do mesmo gnero inundaram a Frana e o resto da Europa. Esse gnero dominou toda a literatura do comeo do sculo XVIII, substituindo a narrativa do sculo XVII, o romance e o que restava de novela. A quantidade de contos incalculvel e, entre 1704 e 1708, surge a narrativa oriental com a primeira traduo das Mil e Uma Noites.A coleo dos contos de fadas dos irmos Grimm tem atravessado os sculos com sucesso, brotando edies em todo canto. Em diversos pases, pessoas comearam a colecionar histrias e contos de fadas nacionais, repetindo-se o nmero enorme de temas.Ainda no sculo XVIII, em decorrncia de um interesse histrico e cientfico, houve uma tentativa de se responder questo do porqu de tantos temas repetitivos. Visto no haver nessa poca hiptese alguma sobre um inconsciente coletivo, ou sobre uma estrutura comum da psique humana, procurou-se descobrir a origem dos contos de fadas, quando teriam surgido. praticamente impossvel determinar se teriam se originado somente em um pas, ou se diferentes contos poderiam provir de diferentes pases. H afirmao de alguns autores de que a verso melhor, mais rica, mais potica e melhor expressa seria a original, sendo todas as outras derivaes. Mas isso no parece verdadeiro, pois o fato de os contos de fadas serem manuseados no significa necessariamente a sua degenerao, podendo at mesmo virem a ser enriquecidos.Jacob Grimm no se apropriou do conto como se apresentava na literatura, ele foi diretamente ao povo e descobriu o verdadeiro conto como forma simples.Segundo Coelho (2000: 164-165), so consideradas, formas simplesDeterminadas narrativas que, h milnios, surgiram anonimamente e passaram a circular entre os povos da Antiguidade, transformando-se com o tempo no que hoje conhecemos como tradio popular. De terra em terra, de regio a regio, foram sendo levadas por contadores de histrias, peregrinos, viajantes, povos emigrantes, etc., at que acabaram por ser absorvidas por diferentes povos e, atualmente, representam fator comum entre as diferentes tradies folclricas.

As formas simples so as que resultam de criao espontnea, no-elaborada (diferentes, por exemplo, dos romances medievais, que apresentam uma forma artisticamente elaborada).Devido sua simplicidade acabaram sendo assimiladas pela literatura infantil, via tradio popular. Exemplos de formas simples: fbula, mito, lenda, conto maravilhoso, conto de fadas etc.O conto de fadas , portanto, considerado uma narrativa de formas simples. No entanto, apesar disso, o ponto mais importante no conto a sua pluralidade, devido sua transformao e sua mobilidade. comum ouvirmos que cada um pode contar um conto com suas prprias palavras, mas preciso um certo cuidado ao cont-lo, pois no se pode modificar o que lhe prioritrio. Quando uma forma simples atualizada, ela pode ser fixada, tornando-se, assim, uma forma artstica, ganhando solidez e unicidade, mas perdendo em mobilidade e pluralidade.O conto apresenta uma infinidade de fatos diversos ligados pela maneira de representar algo. Os fatos, como so encontrados no conto, s podem ser nele realizados. Pode-se aplicar o universo ao conto e no o conto ao universo (JOLLES, 1976: 193).REFERNCIASBECHARA, Evanildo. Histria e estria. In: MELO, Gladstone Chaves de; RODRIGUES, Antnio Baslio; BECHARA, Evanildo; FREITAS, Horcio Rolim de; CARVALHO E SILVA, Maximiano de (orgs.). Na ponta da lngua 3. Rio de Janeiro: Lucerna, 2001.CHARAUDEAU, Patrick. Grammaire du sens et de lexpression. Paris: Hachette, 1992.COELHO, Nelly Novaes. Literatura Infantil: teoria, anlise, didtica. So Paulo: Moderna, 2000.JOLLES, Andr. Formas Simples. So Paulo: Cultrix, 1976.KHDE, Sonia Salomo. Os personagens dos contos tradicionais. In: Personagens da literatura infanto-juvenil. So Paulo: tica, 1990.KLEIMAN, ngela. Texto & leitor. Campinas: Pontes, 2000.MARCUSCHI, Luiz Antnio. Gneros textuais: definio e funcionalidade. In: DIONSIO, A. P.; MACHADO, A. R.; BEZERRA, M. A. (orgs.). Gneros Textuais e Ensino. Rio de Janeiro: Lucerna, 2002.OLIVEIRA, Helnio Fonseca de. Descrio do portugus luz da lingstica do texto Curso de ps-graduao: lngua portuguesa viso discursiva, ensino distncia UFRJ/ Faculdade de Letras; EB/CEP Centro de Estudos de Pessoal, mimeo, 2001.OLIVEIRA, Ieda de, O Contrato de Comunicao da Literatura Infantil e Juvenil. Rio de Janeiro: Lucerna, 2003.SOARES, Rosana Muniz. Coerncia e coeso na narrativa escolar o conto de fadas uma questo de autoria. Dissertao de Mestrado. UFF, 2004.TERRA, Ernani; NICOLA, Jos de; CAVALLETE, Floriana Toscano. Portugus para o ensino mdio: lngua, literatura e produo de textos. So Paulo: SCIPIONE, 2002.TERZI, Sylvia B. A construo da leitura. 2.ed. Campinas: Pontes, 2001TRAVAGLIA, Luiz Carlos. Da distino entre tipos, gneros e subtipos de textos. In: Estudos Lingsticos XXX. Artigo 200. Marlia: GEL/SP. Fundao de Ensino Eurpedes Soares da Rocha, 2001