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1 TÍTULO DO TRABALHO: “CRÉDITO RURAL ORIENTADO E QUALIDADE DE VIDA NA AGRICULTURA FAMILIAR: O PRONAF EM AÇÃO NO MUNICÍPIO DE PITANGUEIRAS – PARANÁ” NOME E FORMAÇÃO PROFISSIONAL DO AUTOR: CRISTOVON VIDEIRA RIPOL ENGENHEIRO AGRÔNOMO LOTAÇÃO DO AUTOR: REGIÃO DE LONDRINA UNIDADE MUNICIPAL DE PITANGUEIRAS

TÍTULO DO TRABALHO: “CRÉDITO RURAL ORIENTADO E … · melhoria de seus sistemas de produção ou sua tecnologia, visando trazer para dentro de seus lares uma melhor qualidade

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TÍTULO DO TRABALHO: “CRÉDITO RURAL ORIENTADO E QUALIDADE DE VIDA NA AGRICULTURA

FAMILIAR: O PRONAF EM AÇÃO NO MUNICÍPIO DE PITANGUEIRAS – PARANÁ”

NOME E FORMAÇÃO PROFISSIONAL DO AUTOR: CRISTOVON VIDEIRA RIPOL ENGENHEIRO AGRÔNOMO

LOTAÇÃO DO AUTOR: REGIÃO DE LONDRINA

UNIDADE MUNICIPAL DE PITANGUEIRAS

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1- CONTEXTUALIZAÇÃO

O Município de Pitangueiras, localizado na Mesorregião Norte-Central

Paranaense possui área total de 12.373,60 ha, sendo 10.893,00 ha explorados com

lavouras anuais e permanentes de forma intensiva e com boa tecnologia de

produção, isto é, 88,03% da área total é tecnicamente bem aproveitada.

O número total de produtores é de 390, onde 220 estão enquadrados na

categoria PSM1, 70 na categoria PSM2 e 66 na categoria PSM3, sendo 15

empresários familiares e 19 empresários rurais. O Município possui ainda 630

trabalhadores rurais volantes. Assim, 91,28% dos produtores rurais são da

agricultura familiar e principalmente proprietários rurais (76% aproximadamente),

público este prioritário para o atendimento pela Extensão Oficial, principalmente os

Produtores PSM1 e PSM2.

Estes números atuais da Safra 04/05 têm se mantido com pouca alteração,

assim dentro desta breve realidade de público, verifica-se o potencial de

enquadramento destas famílias no PRONAF – O Programa Nacional de

Fortalecimento da Agricultura Familiar desde a sua implementação no Paraná ao

final da década de 90.

Porém até o ano 2000, o Município de Pitangueiras havia acessado apenas 03 (Três) operações de PRONAF, frente a uma demanda crescente por

parte dos agricultores familiares, principalmente na busca de informações quase

sempre desencontradas e de nenhuma articulação ou aproximação das entidades

afins ao PRONAF ou capazes de torná-lo efetivo e presente na vida destas famílias,

que sempre buscaram novas alternativas de “sobre-vida” no campo, seja para a

melhoria de seus sistemas de produção ou sua tecnologia, visando trazer para

dentro de seus lares uma melhor qualidade de vida.

Estes fatos tornavam o trabalho da Extensão Rural limitado e desgastante,

pela total falta de sensibilidade dos agentes financeiros junto ao caso do PRONAF.

Faltavam recursos para os investimentos necessários à modernização das

propriedades rurais. O PRONAF era e ainda é uma alavanca de crescimento das

famílias de pequenos agricultores e verdadeiro instrumento de desenvolvimento rural

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sustentável, assim a Emater se empenhou em buscar os meios de melhor

articulação deste trabalho, partindo se de uma metodologia de entendimento do

PRONAF por parte das entidades, numa verdadeira “política do ganha-ganha”, onde

todos teriam no formato de implementação desta linha de crédito proposto pela

Emater, um ganho político ou econômico real. Assim, Prefeitura Municipal, Emater,

Sindicatos (Rural Patronal e dos Trabalhadores Rurais de Astorga – extensão de

base em Pitangueiras), Banco do Brasil S/A e Agricultores, tornando o crédito de

PRONAF uma realidade junto à agricultura familiar do Município de Pitangueiras.

2- CONCEITUAÇÃO O início dos trabalhos no início de 2001 foi de muito debate entre os

representantes das entidades citadas em favor do PRONAF. Como cenário a

agropecuária local , isto é, os Agricultores Familiares, demandavam linhas de

crédito para custeio e investimento com taxas de juros menores próprias do

PRONAF, os representantes dos produtores nos Conselhos do Município de

Pitangueiras solicitavam nos diagnósticos rurais participativos ações efetivas de

aplicação do crédito do PRONAF, a Emater realizava um amplo trabalho em

Desenvolvimento Agrícola voltado à diversificação das propriedades rurais (o P.D.A.-

Plano de Desenvolvimento Agrícola) que emperrava na questão do crédito, o

Projeto Paraná 12 Meses do Governo do Estado estava em seu auge de

aplicação de créditos de investimento em modernização da agricultura e sugeria

parcerias e composições ou contrapartidas de crédito de recursos próprios dos

produtores sendo o PRONAF uma boa possibilidade, o Banco do Brasil na sua

Agência de Astorga não possuía histórico de aplicação do crédito e se desgastava

junto à comunidade ruralista, a Prefeitura Municipal com queda de arrecadação em

virtude do baixo potencial de geração e agregação de renda por unidade de área

das culturas mais tradicionais e os Sindicatos necessitando mostrar sua capacidade

de articulação e movimento político em favor dos agricultores que representava.

O contexto local se mostrava próprio para o consenso, de trabalho, de

parceria, de resultados, de afirmação do PRONAF, que se consolidou e mostrou a

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capacidade de entendimento das entidades envolvidas, que no decorrer das ações

muito faturaram e vêm agregando em suas políticas próprias.

3- DESENVOLVIMENTO Neste período de estruturação dos trabalhos, os Sindicatos juntamente com

a Emater realizaram em nível de campo junto à agricultura familiar uma sondagem

da real necessidade do crédito e uma estruturação da organização de acesso ao

mesmo. Nas exaustivas reuniões, foram abordados os condicionantes ao crédito, os

enquadramentos de cada família, as documentações necessárias, incluindo-se o

cadastramento da agricultura familiar em massa e emissão das DAP’s – Declaração

e Aptidão ao Pronaf, as regularizações dos contratos de arrendamento e parcerias, a

emissão e documentação básica, especialmente de CPF’s, enfim, a real

formalização da produção agropecuária, com desdobramentos futuros de grande

impacto para estes agricultores quando da entrada nos processos de

aposentadoria rural.

No Banco do Brasil, foi estabelecido como organização do trabalho, que a

cada período de 06 (Seis) meses do ano seria trabalhado um tipo de operação, de

Dezembro à Maio o PRONAF INVESTIMENTO e de Junho à Novembro o PRONAF

CUSTEIO, com pequenas flexibilizações quando necessário ou conforme a

demanda reprimida. O Banco começou a acatar as propostas que eram antecedidas

da apresentação de uma relação de produtores com o nome, CPF, enquadramento

ou linha de crédito (geralmente PRONAF C ou D) e valor solicitado. Com base

nestas informações e após pesquisa cadastral e de restrições bancárias o banco

oficializava os parceiros na liberação dos créditos, com início então dos mutirões

pró-ativos na elaboração das propostas.

Ainda hoje tudo funciona, com pequenos outros ajustes, como antes e muito

bem. O papel das Prefeituras esta no suporte de informática e apoio de pessoal ou

material de impressão quando preciso (papel e tinta).

O Banco do Brasil especializou uma equipe para o PRONAF, que realiza a

pesquisa, cadastra os agricultores em seu sistema e roda os contratos, esta equipe

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hoje formada por 05 (Cinco) funcionários que atendem à 04 (Quatro) Municípios da

Região.

As operações são todas contratadas em eventos técnicos de qualificação do

crédito, com repasse de informações relativa à tecnologia das culturas ou

pertinentes aos investimentos, ainda com a apresentação e divulgação na imprensa

dos valores globais contratados, as atividades geradoras de renda e empregos

apoiadas e os rebates ou créditos de fundo perdido que irão circular pelo comércio

local, injetando maior renda nas economias dos Municípios e agregando-lhes valores

em V.B.P. e ICMS.

Neste sentido é notável o novo sentimento de valorização por toda a

sociedade regional da Agência do Banco do Brasil de Astorga na questão do

crédito do PRONAF, que hoje é referência para outras agências e que trabalha de

forma concentrada a apoiar juntamente com os demais parceiros a agricultura

familiar, com atenção especial da Emater que qualifica o crédito, orientando os

produtores em eventos grupais, encaminhando-os para parcerias integradas na

Seda, no Leite, no Frango, na Laranja, entre outras, dando maior sustentabilidade

aos sistemas produtivos que se diversificam e superam as crises de preços e

climáticas.

4- RESULTADOS

O grande resultado do PRONAF esta, além da baixa inadimplência

verificada que é quase nula na referida agência, na melhoria significativa da qualidade de vida das famílias rurais que acessaram o crédito do PRONAF. Neste

sentido, existem casos que surpreendem pelos seus efeitos sociais positivos,

conforme apresentado na sequência deste trabalho (05 casos).

Também o volume de recursos já aplicados e a formalização da produção, como verdadeiros trabalhos frente a cidadania das pessoas, revelam

a dimensão do PRONAF no resgate da dignidade das famílias, tudo isto hoje,

compreendido pelas diversas instituições locais que abraçaram esta causa e levam a

diante o PRONAF – o Programa de fato de Fortalecimento da Agricultura Familiar.

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As Tabelas 1, 2, 3 e 4 a seguir revelam os resultados do PRONAF e destes

esforços em Pitangueiras, que já ultrapassou as 200 contratações sem repetição

(51,3 %) dentre as 390 (Trezentas e Noventa) famílias de agricultores familiares,

com R$ 1.507.395,00 aplicados no Município desde 2000 até 2005. TABELA 1 –LINHAS CONTRATADAS E RECURSOS – PITANGUEIRAS-PR

LINHAS SAFRA 00/01 SAFRA 01/02 SAFRA 02/03 SAFRA 03/04 SAFRA 04/05

INVESTIMENTO C 00 00 11 08 10

INVESTIMENTO D 06 00 04 16 17

CUSTEIO C 00 37 57 72 85

CUSTEIO D 00 00 00 09 20

R$ INVESTIMENTO 72.105 00 86.500 324.305 345.981

R$ CUSTEIO 00 74.000 108.354 207.850 288.300

R$ INVEST/FAMÍLIA 12.017 00 5.767 13.513 12.814

R$ CUSTEIO/

FAMÍLIA

00 2.000 1.901 2.566 2.746

TABELA 2 – OBJETO DE CONTRATAÇÃO – PITANGUEIRAS-PR

OBJETO

SAFRA 00/01

SAFRA 01/02

SAFRA 02/03

SAFRA 03/04

SAFRA 04/05

TOTAL

TRATORES E

COLHEITADEIRAS

00 00 00 10 08 18

EQUIPAMENTOS 04 00 02 02 05 13

AVICULTURA 01 00 02 04 05 12

SEDA 00 08 12 12 12 44

HORTIFRUTI 00 01 01 04 07 13

GRÃOS 00 06 10 21 28 65

CAFÉ 01 20 38 46 60 165

LEITE 00 02 07 03 06 18

BENFEITORIAS 00 00 00 03 01 04

TOTAL 06 37 72 105 132 352

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TABELA 3 – PÚBLICO CONTRATADO - PITANGUEIRAS-PR

PÚBLICO SAFRA 00/01

SAFRA 01/02

SAFRA 02/03

SAFRA 03/04

SAFRA 04/05

PROPRIETÁRIOS 06 09 20 45 72

ARR/PARCEIROS 00 28 52 60 60

HOMENS 06 30 59 83 103

MULHERES 00 04 04 12 17

JOVENS 00 03 09 10 12

TOTAL 06 37 72 105 132

TABELA 4- CIDADANIA, RENDA MÉDIA DAS FAMÍLIAS E V.B.P.

AGREGADO AO MUNICÍPIO DE PITANGUEIRAS-PR

INDICADOR SAFRA 00/01

SAFRA 01/02

SAFRA 02/03

SAFRA 03/04

SAFRA 04/05

TOTAL

REGULARIZAÇÃO

DE CONTRATOS

00 28 52 60 66 206

EMISSÃO DE CPF 00 03 00 27 19 49

DECLARAÇÃO DE

ISENTO

00 00 86 126 130 342

ABERTURA DE

CONTA

CORRENTE

03 11 26 57 62 159

RENDA MÉDIA

FAMÍLIAS C

00 6.500 6.600 6.910 7.113 XX

ENDA MÉDIA

FAMÍLIAS D

23.470 00 25.400 23.575 28.000 XX

AGREGAÇÃO

VBP R$ - % DO

TOTAL

200.000

+ 1,73 %

430.000

+ 3,00 %

960.000

+ 4,,47%

2.060.000

+ 5,52 %

3.960.000

+ 10,42 %

R$ 7,61Milhões

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O crédito de PRONAF, na síntese dos resultados apresentados nos mostra

que o número de contratações é crescente desde a última safra estudada,

conseqüentemente também o valor de recursos alocados, totalizando 132 contratos na Safra 04/05 com R$ 634.281,00 aplicados em uma única safra (Tabela 1). Na Tabela 2, a modernização da agropecuária local é notável seja pela

aquisição de equipamentos ou pela diversificação dos sistemas de produção,

fatos que garantem uma maior agregação de renda por unidade de área,

representado pelo crescimento do Valor Bruto da Produção – V.B.P. Municipal apresentado na Tabela 4, com incremento de 10,42 % neste índice só na Safra

04/05. A Tabela 3 revela que o número de contratações ainda é muito superior entre

os homens que totalizam 79,8 % das operações, as mulheres contrataram 10,5 %

dos créditos e os jovens rurais apenas 9,7 %, mostrando aqui a necessidade de

intervenção das instituições afins ao PRONAF, na melhor distribuição destes

recursos. Por fim, na Tabela 4, além do V.B.P. crescente, verificamos o alcance

social deste Programa diferenciado, em documentação básica, formalização de

contratos e da produção (nota de produtor inclusive) e acesso aos serviços

bancários com taxas menores.

As fontes de informações são do Banco do Brasil S/A – Agência 0476-6

Astorga, Controle de Crédito Rural da Emater, Sindicato dos Trabalhadores Rurais

de Astorga, SISDAP, Prefeitura do Município de Pitangueiras e SEAB/DERAL. Como resultado efetivo e de aspecto social amplo, destacamos a seguir,

visando referendar estes números apresentados nas tabelas, alguns relatos (5) de

casos reais do PRONAF INVESTIMENTO que resultaram em ganhos significativos

para as famílias envolvidas:

Caso 1 - Associação dos Cafeicultores de Pitangueiras – ACAPI Contrato Nº 20/00110-X - PRONAF D A ACAPI possui 06 anos de fundação e 45 cafeicultores associados, que

sonharam em produzir Café de Qualidade e comercializá-lo conhecendo o seu tipo e

bebida, realizando o seu beneficiamento agregando neste processo 20% de valor ao produto. Hoje a Associação dos Cafeicultores de Pitangueiras se consolida

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numa forte estrutura de apoio ao Cafeicultor, com equipamentos de beneficiamento

e preparo do café para exportação, balança rodoviária para 60 toneladas, pátio

amplo com terminal para calcário, viveiro de mudas e armazém para estocagem com

segurança e capacidade para até 30.000 sacas beneficiadas. Os recursos vieram de

uma perfeita combinação onde o Projeto Paraná 12 Meses do Governo do Paraná

apoiou o empreendimento com 35 % do valor total, o Município de Pitangueiras com

30 % e o PRONAF, com outros 35 % ou R$ 50.400,00 hoje já amortizado em 50%. Os produtores beneficiam cerca de 5.000 sacas/ano, agregando-lhes R$ 200.000,00 e melhorando assim a sua renda e a qualidade de vida de suas famílias.

Capacitados em mercado, deixaram o velho jeito de vender café pelo KG/RENDA e

hoje beneficiam totalmente a sua produção com venda direta aos exportadores

levando em conta indicadores de qualidade como a bebida e tipo do café. É o PRONAF em ação no Município de Pitangueiras. Caso 2 - Família do Produtor João de Almeida Nabarro – Contratos Nº 20/00102-9 e 20/25953-0 - PRONAF D e Contratos Nº 20/24115- PRONAF C (Filho) O produtor rural João de Almeida Nabarro recebeu como herança de sua mãe

uma propriedade de 3,63 hectares de área em 1998. Produzia tomate e algodão,

vendendo para fora boa parte de sua mão-de-obra. Com 03 filhos menores, a

Viviane, a Franciane e o João Paulo, resolveu em 2000 vender tudo e partir para

Curitiba, a capital do Paraná com esperança de dias melhores. Na agricultura nada

dava certo e o prejuízo com as lavouras eram freqüentes. Pedia R$ 15.000,00 pelas

terras, que mal dava para comprar uma casa naquela época.

Amigo que era do pessoal da Emater, foi tirar uma prosa sobre sua decisão e

no final saiu convencido a tentar um PRONAF, coisa nova, para viabilizar sua

propriedade. Com muita persistência de todos convenceram o Banco do Brasil a

liberar R$ 15.000,00, isto é, o mesmo valor da terra na implantação de um aviário

para 11.000 aves em regime de integração. O tempo passou e hoje lhe resta apenas

01 (uma) parcela do PRONAF “salvador”, já captou outros PRONAF’s para melhoria

do mesmo empreendimento e para a implantação do Bicho-da-Seda. Os filhos

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cresceram e todos trabalham ali naqueles 3,63 hectares, também concluíram o 2º

Grau e não sobra tempo algum, mas já se vê algum dinheiro no final das contas e o

João até resolveu presentear seu filho parceiro inseparável com uma Brasília bem

conservada, como reconhecimento de seus esforços. A Família segue feliz e indagam: Como estariam em Curitiba? É o PRONAF em ação no Município de Pitangueiras. Caso 3 – Família do Produtor Claudemir Craveiro – Contrato Nº 20/25565-9 PRONAF C O Claudião, como chamamos com carinho é um batalhador. Produtor com

6,05 hectares de terra muito quebrada e úmida, sempre colheu prejuízos e foi parar

como servente de pedreiro na cidade, precisava criar seus três filhos.

Com uma diária de R$ 10,00 mal podia comer. Roupas e sapatos nem

pensar. Procurou a Emater e resolveu começar com uma lavoura de café na

cabeceira, onde as mudas foram subsidiadas. Com o tempo percebeu que a cultura

da vassoura produzia bem naquela área de difícil topografia e solos muito úmidos.

Com uma operação de PRONAF investiu na aquisição de máquinas para limpar

vassouras e produzir cabos a partir de madeira bruta. Hoje o Claudemir Craveiro

vive uma outra vida, agregando valor ao seu produto primário, a vassoura. Estuda os

filhos com tranqüilidade que também ajudam muito em seu empreendimento, já

comprou um carro Gol muito conservado e novo para passear, trocou de casa, sem

qualquer comparação com a anterior onde vivia antes e é comum vê-lo tomar uma

cervejinha de latinha no final do dia em sua varanda, feliz que só ele! Na época foi

financiado com apenas R$ 6.000,00 do PRONAF C, mas que foi muito bem

aplicado. É o PRONAF em ação no Município de Pitangueiras.

Caso 4 – Família do Produtor Pedro Aguinaldo Squarcini - PRONAF D O Pedro sempre foi muito desconfiado e namorou por tempos o PRONAF até

ter certeza deste casamento. Hoje graças ao crédito recebido produz aves e casulos

verdes em integração. Boa casa e carro para passear, colocou suas duas filhas gêmeas na Faculdade de Mandaguari – FAFIMAN, onde estão quase terminando

o curso superior particular, tudo tirado de uma área de 6,05 ha onde as filhas

também dão a sua contribuição no trabalho. O Pedro sonha com o dia da formatura

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que está chegando e nem acredita. É o PRONAF em ação no Município de Pitangueiras. Caso 5 – Família do Produtor Rubens de Jesus Teixeira da Costa – PRONAF D O Rubens sempre trabalhou na roça desde criança com seu saudoso pai que

perdeu agora em 2004, o Senhor Abelias. Ora, como não tinha terra foi contemplado

com um lote na Vila Rural Antônio Pinguelli de Pitangueiras. Precisou ir trabalhar em

uma indústria de móveis par sobreviver apesar de formar boa lavoura de café na Vila

Rural. Acabou com sua coluna por carregar muito peso, mas reclama que o pior era

ficar fechado até 12 horas por dia num mesmo ambiente sombrio.

No ano passado conseguiu que a Emater encontrasse um barracão de frango

usado bom e barato. No Banco do Brasil foi bem recebido e pelo PRONAF financiou R$ 18 mil que com outras economias deu para construir um aviário para

6.000 frangos. Feliz da vida já deixou o emprego da cidade e se dedica

exclusivamente ao seu lote, melhorou da coluna, tem renda certa no final do ciclo e

respira aliviado pela volta ao campo, pura liberdade. Pena que o pai não está aqui

para dividir esta alegria comigo, comenta! É o PRONAF em ação no Município de Pitangueiras, entre tantos outros.

5- CONCLUSÕES

O PRONAF é e deve ser entendido como um instrumento de Desenvolvimento Rural ou Municipal, capaz de unir, de resgatar, de dignificar, de

mudar realidades, de socializar e organizar pessoas e entidades, não é somente um

programa de crédito de juros acessíveis, é mais e, se assim compreendido, sua ação

sinérgica pode ser copiada em qualquer localidade do Paraná, maior ou menor,

mas se algum elo desta cadeia do PRONAF, que envolve as entidades já nominadas

neste trabalho não participar, o Programa se limita drasticamente e pode ser

interpretado erroneamente como repasse de crédito apenas, sem ganho qualquer

para as entidades. Cabe a Emater, enquanto foco na sua missão, promover o

melhor debate e entendimento do PRONAF, aplicando suas metodologias de

integração e diagnóstico, sua política de boa vizinhança e de parceria incondicional,

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capaz de promover sobremaneira o ser humano e suas instituições, capaz de unir e não dividir. Concluindo e para pensar: “Viabilize para o pequeno agricultor familiar, inclusive para aqueles excluídos de seu ambiente original, hoje presentes nos centros urbanos e em áreas de risco, as boas sementes, sejam a terra, o crédito rural orientado e a assistência técnica competente e corretamente dimensionada e, colha os melhores frutos sociais, econômicos e ambientais” – Cristovon Ripol, Abril 2006.

6- ELABORAÇÃO

Engº Agrº Cristovon Videira Ripol

Unidade Municipal de Pitangueiras – Paraná

Região de Londrina

Pitangueiras, 10 de Abril de 2006.

RELAÇÃO DE ANEXOS

01. 06 (Seis) fotos com identificação, sobre fatos reais (casos) na agricultura familiar

e o Pronaf em ação no Município de Pitangueiras - Paraná;

02. Gráficos (Safra 94/95 e Safra 03/04) da propriedade (fotografia) apoiada do

agricultor familiar João de Almeida Nabarro – Chácara São Bom Jesus – 3,63 ha,

que dobrou a sua margem bruta anual (fluxo de caixa) através da diversificação

agrícola e com a contratação de 03 (Três) operações do PRONAF Investimento,

ainda diminuindo a venda de mão de obra – trabalho volante, agregando a sua

mão de obra familiar na propriedade e melhorando o uso do solo, e

03. Evolução do V.B.P. – Valor Bruto da Produção Agropecuária no Município de

Pitangueiras da Região Administrativa do Núcleo da SEAB de Londrina desde a

Safra 93/94, revelando o significativo incremento de valor com as ações do

PRONAF.

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ANEXO 1: Foto 1 e 2- A ACAPI, nos detalhes seu armazém de café (Caso 1).

Foto 2- Aviário do Produtor João de Almeida Nabarro. No detalhe sua filha Franciane (Caso 2).

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Foto 3 - O Senhor Claudemir Craveiro ao centro de camisa amarela (Caso 3), “não para” e agora participa de eventos em busca de novas opções de renda. No detalhe a viagem para Indianópolis-PR para ver a Cultura da Seringueira.

Foto 4- O barracão de criação de Bicho-da-Seda do Produtor Pedro Aguinaldo Squarcini no detalhe (Caso 4).

Foto 5- O Senhor Rubens de Jesus Teixeira da Costa com a filha junto ao seu aviário, um antigo sonho (Caso 5).

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Produtor : João de Almeida Nabarro Propriedade : Sítio São Bom Jesus 94/95

FOTOGRAFIA DA PROPRIEDADE

ANEXO 2:

Produtor : João de Almeida Nabarro Propriedade : Sítio São Bom Jesus 03/04

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FOTOGRAFIA DA PROPRIEDADE

30.000.000,00

35.000.000,00

40.000.000,00

45.000.000,00

Evolução do Valor Bruto da Produção Agropecuária de Pitangueiras

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