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Trabalho Escrito Bioética Transplantes (1)

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Page 1: Trabalho Escrito Bioética Transplantes (1)

Introdução

De extrema importância em nossa sociedade os transplantes são alvos de debates e de algumas

polêmicas. Existem vários tipos de transplantes em todo o mundo, os mais comuns em nosso país são

os de órgãos e os de tecidos. Para ser um doador não precisa de nenhum documento apenas é

necessário que cada indivíduo avise a sua família.

Alguns órgãos podem ser doados em vida são eles: parte do fígado, um dos rins e parte da medula

óssea, outros órgãos e tecidos são doados após ser constatada a morte (encefálica etc.) do indivíduo.

Vários aspectos estão envolvidos nos transplantes entre esses se destacam os aspectos éticos, morais,

legais e até emocionais. Com a passagem do tempo viu-se a necessidade de criar uma legislação que

esclarecesse e regulasse os transplantes em nosso país.

O trabalho desenvolvido tem por objetivo estudar a problemática dos transplantes de órgãos,

bem como apresentar casos em que a ética não é fundamental na construção do pensamento e do ato

para com os mesmos, buscando entender, se os transplantes realizados e que foram citados atendem

aos princípios bioéticos e como a legislação brasileira em vigor regula tal operação.

Avaliaremos considerações éticas legais e sociais bem como o código de ética que os

profissionais da saúde devem levar em conta no momento do transplante.

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Ética nos Transplantes

Uma das grandes revoluções da medicina sem dúvida são os transplantes. A ciência avança

muito mais rapidamente que os conceitos legais e éticos. As descobertas científicas, principalmente

aquelas mais polêmicas, rompem com conceitos morais e religiosos e com a maneira de pensar de

vários grupos. Promovem uma discussão, com opiniões muito contraditórias, com conflitos pessoais,

fazendo-se necessário estabelecer parâmetros de conduta e normas, no sentido de evitar procedimentos

que poderão ser considerados antiéticos.

Muitas questões éticas são levantadas, se por um lado, as técnicas de transplante possibilitam

uma significativa melhora na qualidade de vida do paciente, por outro lado, podem levar ao

surgimento de uma série de outros problemas, de ordem médica, jurídica e ética que passam a

constituir obstáculos na realização desse procedimento, tanto em relação a transplantes inter vivos

quanto post mortem. Neste último, os problemas se avolumam visto que, estão envolvidos dois valores

humanos a serem preservados: o respeito à vida do doador; e a dignidade do cadáver, pois este ainda

preserva a qualidade humana.

Sabe-se que quanto maior o receio em morrer mais resistência há da sociedade em relação à

doação de órgãos visto que, este procedimento pode trazer uma imagem negativa relacionada à

retirada do órgão sendo associado a uma possível mutilação do doador.

O processo de doação de órgãos deve ser precedido de uma autorização familiar do doador,

bem como, o diagnóstico de morte encefálica do mesmo, além do consentimento do receptor.

Sabendo-se que, para que este obtenha o órgão faz-se necessário um processo de inclusão na lista de

espera do Sistema Único de Saúde (SUS).

Os parâmetros legais do processo de doação vem sendo tema de vários impasses éticos,

desde 1992, no que diz respeito às mudanças conceituais na legislação vigente a fim de garantir a

privacidade e autonomia dos cidadãos perante a escolha de ser ou não doadores.

Fontes de captação de órgãos:

Intervivos de tecidos renováveis e de órgãos;

Doador cadáver;

Doador vivo;

Xenotransplantes.

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Considerações éticas no transplante

As doações de órgãos podem ser provenientes de doador vivo (indivíduo saudável que

concorde com o ato da doação), e se por acaso não tenham grau de parentesco com o receptor, só

poderão doar mediante autorização judicial. Os órgãos que são possíveis de doação por indivíduos

vivos são: medula óssea, um dos rins, parte do fígado e parte do pulmão. Outra fonte de captação de

órgãos são os doadores cadáveres (pacientes que tiveram morte encefálica diagnosticada), que

possibilitam a doação de coração, pulmões, rins, córneas, fígado, pâncreas, ossos, tendões, veias e

intestino.

A partir da identificação do momento exato da morte foi possível permitir a transplantação

de forma ética e o não desperdício de insumos, no entanto, é necessário notar as divergências no

conceito de morte encefálica discutidos até os dias atuais, no qual se diferencia a morte do tronco

encefálico e a cerebral. Em decorrência disto os conceitos de morte encefálica diferem em todo o

mundo, contudo servem como critério para obtenção de órgãos para transplantes.

Com base em parâmetros ditos bioéticos, que se fundamentam os princípios da autonomia,

beneficência, não maleficência e justiça. Além disto, a bioética de proteção, busca constantemente

concretizar os objetivos fundamentais do principio da dignidade nas políticas públicas implementadas

pelo Estado no que envolve a doação de órgãos.

Nesse sentido, a ocorrência do tráfico de órgãos que no Brasil parece ser uma prática em

ampliação e processo de desenvolvimento. Esta antiga prática é passível de várias lendas, nas quais é

relatado o roubo dos órgãos de pessoas sem o seu consentimento, o que não seria possível, pois, o

transplante é um procedimento complexo, que precisa de um aporte tecnológico e de profissionais,

devidamente, capacitados para que tenha seu objetivo atingido. Assim, a alternativa mais viável, seria

pagar pelo órgão a um doador voluntário, infringindo os princípios bioéticos.

Principais considerações:

A escassez de órgãos para transplante: Abordagem inadequada, raízes culturais e desinformação têm sido umas das causas.

Relações com a família do doador: A legislação brasileira não determina os detalhes

técnicos da manutenção da confidencialidade da identidade do doador, as Centrais de

Captação e Distribuição de Órgãos e Tecidos (CNCDO) do país adotam posturas

diferenciadas sobre essa questão.

As questões relativas a doadores vivos; O doador vivo é uma pessoa com idade superior a 21 anos, em boas condições de saúde, capaz juridicamente e que concorde com a doação. Por lei, pais, irmãos, avós, tios, primos de primeiro grau e cônjuges podem ser doadores. Os

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doadores não parentes só podem doar em condições especiais (compatibilidade sanguínea e genética e liberação judicial).

A correta seleção de receptores: O paciente deve ter uma avaliação clínica (história e exame físico, avaliação da pressão arterial) e laboratorial adequada.

Xenotransplante e desenvolvimento de novos métodos científicos, principalmente os relacionados com a terapia celular.

Legislação Brasileira Sobre Transplantes

No Brasil, houve uma aprimoração notável, da capacitação técnica para as diversas

modalidades de transplantes. Ao lado desse aprimoramento técnico, houve o progresso na imunologia

da rejeição dos órgãos transplantados, superando-se, dessa maneira, um dos maiores entraves à

utilização terapêutica dos transplantes.

O parágrafo 4° do art. 199 da Constituição Federal de 1988 estipulou que a lei disciplinará os

requisitos e condições que facilitem a remoção de órgãos e tecidos humanos para transplantes,

pesquisa e tratamento, vedando a comercialização.

Com base nessa realidade normativo-constitucional, o Congresso Nacional revogou a Lei

precursora n° 5479/68 que, até então, dispunha acerca dos transplantes, e, com arrimo no projeto

substitutivo, aprovou a Lei n° 8489, de 18/11/92. Este diploma legal tem como finalidade "estimular

as doações e simplificar os procedimentos para a retirada de órgãos”, o Decreto n° 879, de 22/07/93,

regulamentou este diploma legal, com o decreto 1.346/91 do Conselho Federal de Medicina torna

explicito o critério de morte do doador: morte encefálica. A Portaria n.° 96, de 28/07/93, da Secretaria

de Assistência à Saúde, do Ministério da Saúde, estabelece as normas de credenciamento dos hospitais

que realizam transplantes para o Sistema Único de Saúde.

Em fevereiro de 1997 foi aprovada a Lei 9.434, que revogou a anterior (8.489/92),

ocasionando uma grande polêmica, porque se a pessoa não manifestasse em seus documentos que não

era doador, após a morte, subentendia-se que se tratava de um doador (doador presumido), então

órgãos e partes do corpo poderiam ser extraídos. Levando-se em consideração que uma parte da

população não tem acesso a essas informações é notável a falha nessa lei.

Aconteceu, em 6 de outubro de 1998, a revogação do artigo 4º e parágrafos, suprimindo a

figura do doador presumido, através de medida provisória, reeditada 32 vezes.

Foi necessária uma nova mudança que foi realizada por meio da Medida Provisória 1.959-

27, de 24 de outubro de 2000, e, posteriormente, pela Lei 10.211, de 23 de março de 2001.

O Artigo 4º da Lei 10.211/01 dispõe que: “A retirada de tecidos, órgãos e partes do corpo de

pessoas falecidas para transplantes ou outra finalidade terapêutica, dependerá da autorização do

cônjuge ou parente, maior de idade, obedecida a linha sucessória, reta ou colateral até o segundo grau,

inclusive, firmada em documento subscrito por duas testemunhas presentes à verificação da morte”.

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Além disso, só é permitida juridicamente a doação de órgãos em vida para o cônjuge ou

parentes consanguíneos até o quarto grau, ou mediante a autorização do doador para qualquer outra

pessoa, mas em caso de medula óssea não se faz necessário esta autorização.

Diante disto, há em nosso país muitas leis que envolvem o transplante de órgãos,

fortalecendo a doação e garantindo o direito aos familiares de optarem pela doação e a

autodeterminação dos possíveis doadores. Cabe-se ressaltar que a legislação brasileira permite apenas

a doação de órgãos gratuita, em vida ou post mortem para fins terapêuticos ou humanitários.

Seleção do doador

O objetivo da avaliação é excluir os órgãos que possivelmente não irão funcionar adequadamente ou poderão transmitir doença neoplásica ou infecciosa.

Deve-se observar tamanho do órgão, peso do doador, se é do mesmo grupo ABO e Rh.

Critérios clínicos de seleção de receptores

A avaliação pré-operatória dos receptores deve indicar patologias que causam distúrbios sistêmicos importantes: pulmonar, cardiovascular e renal.

Critérios de inclusão na lista de espera para transplante.

O principal critério para a realização do transplante é o tempo de espera, ou seja, os pacientes que foram listados primeiramente são transplantados primeiro.

Esse critério é aceito eticamente porque atinge todos os indivíduos da sociedade de maneira igualitária, sendo as chances iguais para qualquer pessoa.

Critérios adicionais são utilizados prioridade em relação ao tempo de espera. Por exemplo: portadores de hepatite fulminante tem prioridade ao que possui hepatopatias crônicas.

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Considerações finais

A sociedade muitas vezes não possui conhecimento sobre a doação de órgão, e muitas vezes,

só diante da morte que familiares tomam conhecimento sobre o processo. Esta falta de informação

pode ser considerada um dos fatores que contribui para a escassez de doadores e é preciso resolver

com a formulação de programas e divulgação junto à população acerca do processo de doação e

direitos do doador, família e receptor.

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Referências

Urban, Cícero de Andrade. Bioética Clinica. Editora: Revinter, 2003. P 449-484

Dantas, F.A.; Vieira, D.S; Souza, J.O.; Fernandes, T. B; Zaccara, A.A; ASPECTOS ÉTICOS E LEGAIS DA DOAÇÃO E TRANSPLANTES DE ÓRGÃOS NO BRASIL.

Mendes, A.C; Silva, J.V; Dallari, S. G.; Bioética e Direito.