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JULIANA FINEZI VERENGUER
ORIENTADORA PROF. MS. HEBE OLGA
PARAISPOLIS
CENTRO COMUNITRIO
UNIVERSIDADE SO JUDAS TADEU
ARQUITETURA E URBANISMO
JULIANA FINEZI VERENGUER RA 201113007
CENTRO COMUNITRIO PARAISPOLIS
Monografia apresentada para disciplina de Trabalho Final de
Graduao, como requisito para obteno do grau de Bacharel
em Arquitetura e Urbanismo pela Universidade So Judas Tadeu.
ORIENTADORA: Prof. Ms. Hebe Olga de Souza
SO PAULO, 2015
Importante no ver o que ningum nunca viu, mas sim, pensar
o que ningum nunca pensou sobre algo que todo mundo v.
ARTHUR SCHOPENHAUER
Em primeiro lugar minha famlia, pelo apoio incondicional
e incentivo para que realizasse este sonho de me tornar arquiteta
e urbanista.
A minha orientadora Hebe Olga, por acreditar em meu tra-
balho e me guiar pacientemente nesta ltima etapa de forma-
o, compartilhando seus conhecimentos com generosidade pos-
sibilitando concretizao deste projeto no qual trabalhei durante
todo esse ano.
Aos meus amigos que me acompanharam nesses cinco
anos, sendo fundamentais para minha formao profissional e
tambm pessoal, e que me ajudaram a chegar at aqui abrandan-
do as dificuldades da minha jornada.
Muito obrigada.
AGRADECIMENTOS
1 INTRODUO 9
1.1 Apresentao 11
1.2 Objeto e Justificativa 13
1.3 Metodologia 13
SEO I: CONTEXTO
2 ANLISE SOCIOECONMICA 15
2.1 Polticas Habitacional no Brasil 17
2.2 Processo de Favelizao 20
2.3 Dados Estatsticos do Brasil 24
2.4 Quadro Social do Municpio de So Paulo 26
3 O ESPAO DE INTERVENO 29
3.1 O que so as favelas? 31
3.2 Apropriao espacial 35
SEO II: LUGAR
4 PARAISPOLIS 37
4.1 Processo de ocupao de Paraispolis 39
4.2 Levantamento Fotogrfico 40
4.3 Diagnstico da rea 43
5 TERRENO 47
5.1 Escolha do Local 49
5.2. Levantamento Fotogrfico 50
5.3 Legislao Incidente 52
5.4 Levantamento Urbanstico 55
SEO III: PROPOSTA
6 ESTUDOS DE CASO 59
6.1 Escola Antnio Derka, Medelln 61
6.2 Centro BH Cidadania, Belo Horizonte 66
6.3 Praa Vitor Civita , So Paulo 70
7 CENTRO COMUNITRIO PARAISPOLIS 75
7.1 Proposta do Centro Comunitrio 77
7.2 Programa de Necessidades 79
7.3 Memorial Justificativo 81
7.4 Projeto 86
8 REFERNCIAS 117
8.1 Bibliografia 119
8.2 Fontes Digitais 120
8.3 Teses e Monografias 121
8.4 Trabalhos Acadmicos 121
8.5 Peridicos 121
8.6 Legislao 121
8.7 Fonte das imagens 122
SUMRIO
1 INTRODUO
10
11
As reas de ocupao informal esto presentes na cidade de
So Paulo desde antes de 1940, ocasionadas pelo grande crescimento
populacional ao longo dos anos e pela falta de polticas habitacionais e
de planejamento urbano por parte do poder pblico, o que obrigou a
populao de baixa renda a ocupar reas vulnerveis da cidade vivendo
em condies de risco e degradao.
A histria da favela passa por diversas momentos que vo desde
as tentativas de remoo e reassentamento que movimentam e afas-
tam diversas famlias de suas comunidades, at mais recentemente,
propostas de urbanizao e aes integradas que permitem a melhoria
do seu territrio. Estas fases retratam no s a evoluo das aes do
governo para com as favelas como tambm a maneira como esse tipo
de cidade visto pela sociedade e pelos arquitetos.
Se antes a favela era smbolo da desigualdade social, e reconheci-
da por seus aspectos negativos, hoje, por sua vez, um modelo de di-
versidade social, e desafia os padres da cidade formal mostrando que
o urbanismo orgnico da favela no incorreto, e sim uma maneira
diferente de se compor a cidade, ainda que com deficincias e necessi-
dades. Por isso torna-se to importante se intervir nesses espaos, s
que agora de maneira consciente e sem descaracteriz-lo.
A favela de Paraispolis, localiza-se na regio sudoeste de So
Paulo, e diferente de outras favelas que se desenvolveram na periferia
ela conta com um entorno muito diferente, envolta por condomnios de
luxo deixa claro um dos paradigmas da cidade contempornea, espa-
os que se opem mas coexistem e dependem um do outro. Conta
com a atuao de inmeras instituies e propostas de melhoria elabo-
rados pela Prefeitura do Municpio de So Paulo, e dentro deste re-
corte da cidade que pretende-se desenvolver este exerccio de projeto.
Este trabalho busca entender qual a melhor maneira de se intervir
nas favelas; como o arquiteto pode contribuir nesses processos, modi-
ficar e melhorar espaos to vivos e dinmicos, com caractersticas to
prprias, de maneira a promover a arquitetura de qualidade como par-
te de uma reestruturao social.
1.1 APRESENTAO
13
O espao urbano ao qual nos deparamos atualmente com-
posto de diversos elementos e dinmicas que esto intimamente
ligados embora muitas vezes se oponham. A cidade contempornea
marcada por fronteiras e limites que levam os indivduos a uma
condio de isolamento e individualismo, de modo que para reverter
este cenrio se torna essencial a reintegrao de tecidos urbanos.
O tema escolhido para consolidar os pontos que sero discuti-
dos nesse trabalho foi a construo de um equipamento urbano, um
Centro Comunitrio. O foco deste projeto ser atender uma comuni-
dade carente buscando a superao de um conjunto de deficincias
caractersticas das reas de ocupao informal na cidade, como a
falta equipamentos, acessibilidade, educao, violncia, degradao
ambiental, falta de infraestrutura, a quase ausncia de espaos p-
blicos de convivncia, entre outros.
O tema a ser desenvolvido busca a diversificao de usos na
favela, e a proposta de espaos mltiplos que permitam a interpre-
tao e interveno do usurio em uma linguagem mais verstil e
semelhante a organicidade existente no territrio informal.
Este tema foi motivado pela grande quantidade de favelas
existentes atualmente na cidade de So Paulo, e pela falta de polti-
cas e intervenes de qualidades nesses territrios, o que faz com
que muitos habitantes tenham uma discrepncia enorme de oportu-
nidades e qualidade de vida ofertados.
Alm disso, foi escolhido por trazer uma discusso da impor-
tncia da integrao social, uma vez que a cidade e tudo que ela po-
de oferecer direito de todos, de maneira que parte do papel do
arquiteto e urbanista garantir que at mesmo nessas pores de
reas menos nobres da cidade tenham arquitetura de qualidade.
Para realizar essa proposta de interveno, durante este ano
foram realizadas pesquisas e anlises em diversas escalas de maneira
a entender e identificar as demandas e expectativas, assim como as
caractersticas dos moradores e seu entorno.
Dessa forma, o trabalho foi divido em trs partes, contexto,
lugar e a proposta. O contexto, consiste na anlise geral e histrica a
cerca do tema, levando em considerao a evoluo das polticas
habitacionais no Brasil e o processo de favelizao, que conta com o
entendimento das favelas desde sua origem at os dias de hoje.
Posteriormente analisando dados estatsticos do pas e uma breve
apresentao do quadro social de So Paulo, pretende-se com isso
entender qual a histria por traz do tema.
A segunda seo, o lugar, busca entender o entorno e a co-
munidade em que o projeto est inserido, qual a dinmica territorial,
o pblico alvo, quais as necessidades dessa rea, quais instituies
que atuam e que equipamentos qualificam essa favela. Entender
quais so as problemticas envolvidas, quais as discusses atuais
sobre o tema, como a favela se relaciona, ou no com a cidade for-
mal, e qual a melhor maneira de intervir nesse territrio, alm de de-
finir um terreno para desenvolvimento do projeto.
Por fim, a proposta, onde foi desenvolvido o tema, foram fei-
tos estudos de caso que permitiram a reflexo de estratgias, e prio-
ridades de projeto, a definio concreta do que um Centro Comu-
nitrio e o que se espera dele como equipamento, alm da elabora-
o de um complexo programa de necessidades bsicas, que busca-
va, como j dito, usos combinados, compatveis com o diagnstico
da rea, e que finalmente resultasse num projeto arquitetnico, que
ser explicado atravs de diagramas e um memorial justificativo, e
peas grficas que condessam todo o esforo e trabalho realizado
1.3 METODOLOGIA 1.2 OBJETIVO E JUSTIFICATIVA
2 ANLISE SOCIOECONMICA
16
17
O debate a ser desenvolvido nesta monografia tem incio na retomada histrica da
questo habitacional com intuito auxiliar no entendimento do processo de favelizao no
Brasil, objetivando avaliar como isso reflete nos problemas urbanos atuais, e como se deram
as polticas governamentais ao longo dos anos sob o ponto de vista das classes menos fa-
vorecidas.
Desde o fim do sculo XIX at o incio do sculo XX o Brasil vivencia um processo de
urbanizao muito intenso, num primeiro momento ocasionado pela abolio da escravatu-
ra que impulsionou milhares de negros do campo para cidade, seguido da chegada de imi-
grantes europeus atrados pela indstria brasileira e tambm pelo trabalho no campo
(MARICATO, 1997). De maneira dispersa e heterognea a populao aos poucos vai conflu-
indo para as cidades, principalmente para as metrpoles como Rio de Janeiro e So Paulo,
devido s profundas transformaes na estrutura produtiva e oportunidades de trabalho,
inovaes tecnolgicas e investimentos urbanos (PEQUENO 2008).
Quando a maioria da populao brasileira passa a viver nas cidades, a necessi-
dade de instrumentos de planejamento e gesto do territrio se faz presente,
de modo a articular o crescimento urbano proviso de infraestruturas, estru-
turao do sistema virio, ao direcionamento da expanso da cidade e em es-
pecial ao controle do uso do solo e da ocupao do territrio.
No entanto, apesar de necessrias estas polticas urbanas de ordenamento e gesto
do solo ficaram ausentes por muitos anos resultando em um crescimento desordenado e
segregado, deixando a maioria das cidades brasileiras, salvo raras excees, merc das
aes do mercado imobilirio, cujas escolhas levaram a priorizao dos lucros e deteriora-
o do ambiente urbano (MARICATO, 1997).
Com isso, ampliam-se as desigualdades scio espaciais nas cidades, indepen-
dente do porte que as mesmas possuam. Os problemas urbanos atrelados ao
quadro de desenvolvimento desigual, ainda que surjam primeiramente nas me-
trpoles, passam a se difundir rapidamente nas cidades que organizam os espa-
os no metropolitanos, generalizando-os, trazendo tona o paradoxo da urba-
nizao sem cidade e dos fragmentos de cidade sem urbanizao.
PEQUENO, Renato. Polticas habitacionais,
favelizao e desigualdades scio-polticas
nas cidades brasileiras: transformaes e ten-
dncias. Tese de Doutorado, Universidade do
Cear, 2008.
2.1 POLTICAS HABITACIONAIS NO BRASIL
18
PEQUENO, Renato. Polticas habitacionais,
favelizao e desigualdades scio-polticas
nas cidades brasileiras: transformaes e
tendncias. Tese de Doutorado, Universi-
dade do Cear, 2008.
MOTTA, Luana Dias. A questo da habita-
o no Brasil: polticas pblicas, conflitos
urbanos e o direito cidade. Dissertao
de Mestrado. Universidade Federal de Minas
Gerais, 2011.
A problemtica habitacional brasileira ento passa por diversas fases buscando aten-
der essa demanda social resultado desse crescimento populacional intenso.
Inicialmente, a primeira medida do governo brasileiro foi oferecer crdito s
empresas privadas para que elas produzissem habitaes. Todavia, os empres-
rios no obtiveram lucros com a construo de habitaes individuais, devido
grande diferena entre os preos delas e das moradias informais; alguns passa-
ram a investir em loteamentos para as classes altas, enquanto outros edificaram
prdios para habitaes coletivas, que passaram a figurar como a principal alter-
nativa para que a populao urbana pobre pudesse permanecer na cidade, es-
pecificamente no centro, onde estariam prximos das indstrias e de outras
possibilidades de trabalho.
Essas habitaes descritas na citao foram os cortios, que posteriormente contri-
buram para o aparecimento das favelas, como as aes governamentais eram focadas no
embelezamento das reas centrais, os cortios foram considerados como ameaa a ordem
pblica e motivo de remoo o que implicou no agravamento da questo habitacional e
levou a movimentao de diversas famlias para ocupao de loteamentos irregulares e ile-
gais nas reas da periferia, dando origem as primeiras favelas do Brasil. (MOTTA, 2011)
Traando uma linha cronolgica de 1900 a 1930, a atuao do poder pblico nas cida-
des brasileiras muito pontual e ineficaz, a partir da dcada de 30 que se comea a esbo-
ar as primeiras polticas habitacionais impulsionadas pelo incio do processo de industriali-
zao no Brasil e pela Revoluo de 30. Neste perodo as favelas tornam-se questes de
polcia, o governo passa a ser pressionado por trabalhadores e empresrios para a resolu-
o dos problemas de remoo e erradicao. (MOTTA, 2011)
Na dcada de 40, a consolidao da lei do inquilinato, congelou o mercado de alu-
guis de 1942 a 1964, diminuindo os investimentos voltados s construes para locaes,
o efeito disso foi o crescimento das cidades no sentido perifrico, atravs da compra ou
ocupao de loteamentos sem infraestrutura onde a autoconstruo e o pequeno emprei-
teiro predominavam e o custo da terra eram muito baixos comparado a cidade formal.
(PASTERNAK, 1997)
Em 1950 houve um grande avano da indstria brasileira com intenso crescimento
urbano e marcado por intervenes por parte do Estado como, por exemplo, a adaptao
do virio para circulao de automveis. Segundo a autora DENALDI (2003), estas mudan-
as, foram marcadas pela desigualdade, pois de um lado a classe mdia crescia e tinha aces-
so a financiamentos de apartamentos e a bens durveis, de outro s classes pobres resta-
vam, novamente, as favelas e os loteamentos irregulares.
FIG. 1: A imagem ao lado mostra um cortio
instalado na regio central de So Paulo, re-
presenta a precariedade mostra a precarieda-
de desse tipo de habitao que aloja um
grande nmero de pessoas em espaos pe-
quenos, muitas vezes na ilegalidade e com
pssimas condies de vida e salubridade.
FIG.2: A ocupao de loteamentos irregulares
acontece de maneira ilegal em terrenos p-
blicos ou privados, muitas vezes ligados a
leitos de rios e crregos, motivados pelo bai-
xo custo da terra.
FIG. 3: Ao lado, Cohab Campinas. A COHAB
foi uma alternativa para relocao da popula-
o removida de reas perifricas ocupadas
ilegalmente, no ento do ponto de vista ur-
bansticos no teve sucesso, pois suas inter-
venes ignoravam qualquer relao pessoal
e territorial existente nas favelas.
19
Com o golpe militar em 1964, criado o Plano Nacional de Ha-
bitao que visava o desenvolvimento econmico e estabilidade social
atravs do controle das massas, ou seja, a soluo proposta era o con-
trole do caos urbano atravs do controle de crescimento das favelas.
Porm, mais uma vez o problema abafado e deixado na ilegalidade. A
partir disso s
haveria uma atuao significativa em 1969 com a implantao e expan-
so das COHABs que permitiam o financiamento para o mercado po-
pular, mas que de 1970 a 1974, no entanto, perde fora devido ina-
dimplncia dos aderentes, pelo fato de favorecerem principalmente
moradores de classe mdia, neste perodo h uma grande intensifica-
o populacional e o crescimento de favelas. (MOTTA,2011)
Na dcada de 1980 o pas passava por uma crise financeira que levou a
extino do BNH (Banco Nacional de Habitao), que at ento financi-
ava a construo de moradias de forma expressiva no cenrio brasilei-
ro, isso impactou diretamente na construo das unidades da COHAB
que desacelerou consideravelmente.
Em 2001 foi aprovado o Estatuto da Cidade (Lei Federal 10.257)
que tinha como alguns dos objetivos criar estratgias de planejamento
urbano e garantir a funo social da propriedade dentre outras polticas
urbanas. O Estatuto reforou instrumentos de regularizao fundiria,
impostos progressivos, usucapio urbano, demarcao zonas especiais
de interesse social e entre outras.
Em 2009, atravs do Governo Lula, lanaram o Programa Minha
Casa, Minha Vida, institudo pelo Ministrio das Cidades, visava a im-
plantao de um milho de moradias para famlias com renda de 0 a 10
salrios mnimos, alm de gerar empregos no setor de construo civil,
essa iniciativa foi uma medida de reagir a crise econmica mundial que
ocorria desde 2008. (MARICATO, 2007)
De maneira geral nota-se que o problema habitacional no
nosso histrico poltico tratado como uma obrigao do Estado, e o
direito moradia como questo de mercado, repassando para o setor
privado a responsabilidade de investimentos em habitaes a serem
financiadas. (MOTTA, 2011) Este modelo resultou em unidades produzi-
das como mercadorias, por esse motivo atingindo a classe mdia, reve-
lando o por que do insucesso das polticas habitacionais no Brasil, pois
ao invs de empreender de forma social o foco foi produo empresa-
rial visando os lucros, impossibilitando a compatibilizao de interesses.
1
FIG. 1
FIG. 2
FIG. 3
20
FIG. 4
FIG. 5
21
Segundo o autor RENATO PEQUENO (2008), existem trs perodos fundamentais que
marcam o processo de favelizao no Brasil, sendo o primeiro o momento que antecede o
reconhecimento da favela como parte da cidade, marcado pelas tentativas de remoo e
pelo reassentamento de seus moradores num territrio distante; um segundo, com caracte-
rizao da favela como local da misria, tornando-a alvo de intervenes parciais, sem notar
as questes estruturais; e por fim, o terceiro, a fase que vivemos atualmente, onde so pro-
postas intervenes integradas, abrangendo regularizao, desenvolvimento social e forta-
lecimento comunitrio alm do reconhecimento do direito a cidade e moradia.
REMOES E REASSENTAMENTOS
De forma histrica a favela sempre representou uma forma de moradia precria, como
vimos anteriormente, o crescimento das cidades e o aumento populacional resultaram na
ocupao ilegal em ncleos habitacionais, compostos de construes precrias e improvisa-
das e est diretamente ligada a facilidade de mobilidade e proximidade do trabalho
(PEQUENO, 2008).
A medida que cresceram e se consolidaram, estes assentamentos, ditos subnor-
mais, passaram a se constituir em verdadeiros incmodos urbanos: como barrei-
ra fsica, impedindo a expanso do sistema virio; como agentes da degradao
ambiental, dada a falta de saneamento; como focos de insalubridade, devido s
precrias condies de moradia; como antros de marginais, fazendo da favela o
lcus da excluso social.
A resposta do governo dada ao cenrio descrito na citao acima, no teve cunho de
interesse social, a medida adotada foi remoo seletiva de favelas que ocupavam territ-
rios privados que poderiam vir a trazer lucros e futuros investimentos, ou que impediam de
alguma maneira o crescimento de vias arteriais da cidade. Com um discurso sanitarista essas
famlias desalojadas eram reassentadas em conjuntos habitacionais distantes, o que promo-
veu a periferizao das favelas, no entanto essa relocao no estava ligada a disponibilida-
de de infraestrutura e muitas vezes nem chegava a ser consolidada.
URBANIZAO E ASSITENCIALISMO
Segundo PASTERNAK (1997), neste momento o crescimento da favelizao o propor-
PEQUENO, Renato. Polticas habitacionais,
favelizao e desigualdades scio-polticas
nas cidades brasileiras: transformaes e
tendncias. Tese de Doutorado, Universi-
dade do Cear, 2008.
2.2 O PROCESSO DE FAVELIZAO
FIG. 4 E 5: Manifestaes populares em busca
dos direitos cidade.
22
ciona uma quebra de paradigmas, a favela passa a ser reconhecida, mas como lugar de po-
breza e misria. Aos poucos so realizados programas de urbanizao promovidos pelo
Estado que cogitavam a permanncia, isto diminuiu o custo das obras para construo de
conjuntos habitacionais e reassentamento, e permitiu tambm, esboar o que seria a inte-
grao da favela com a cidade.
Diferente do passado recente, em que predominava a implantao de grandes
conjuntos, inaugura-se uma fase em que reas de ocupao irregular comeam
a ser urbanizadas, marcada pelos interesses polticos dos gestores responsveis,
dado que a favela ainda permanece com o estigma da contraveno e da margi-
nalidade, em funo da apropriao do solo de forma irregular.
Esta fase intermediria de forma pontual marcada por inmeros planejamentos, a
maioria das favelas beneficiadas so as mais antigas, com melhor localizao, e que de certa
maneira sofrem presso pelo avano do setor imobilirio, este processo coincidiu com a in-
tensificao da ocupao do solo e da auto-verticalizao das favelas, que contribuiu com o
aumento o grau de dificuldade da implantao dos projetos. Surge neste momento tam-
bm a maior preocupao com questes ambientais urbanas, permitindo paralelamente aos
programas habitacionais possibilidade de experimentao de outras iniciativas.
(PEQUENO, 2008)
Neste perodo surgem diversas instituies pblicas de carter assistencialista inte-
ressadas em dar apoio social s reas de favela, que ficam diretamente responsveis pela
mobilizao de moradores e mediao de conflitos existentes, de modo que aos arquitetos
e engenheiros restou desempenha o papel tcnico das intervenes propostas. (MOTTA,
2011) O que acontece, que separando os assuntos sociais dos tcnicos houve um distanci-
amento das aes realizadas, ou seja, a partir do momento que voc atua num espao com
uma identidade forte, cheio de relaes interpessoais inseridas em seu territrio sem conhe-
c-las, cria-se um projeto autoritrio e totalmente invivel e incoerente com a realidade lo-
cal.
AES INTEGRADAS
A catica expanso das cidades, carentes de infraestrutura e ambientalmente
degradadas, a insuficiente produo habitacional de interesse social, num ambi-
ente de incertezas e de desacelerao do crescimento econmico, decorre na
gerao de um crescente dficit habitacional assim como num progressivo au-
mento do percentual de famlias morando em condies precrias.
PEQUENO, Renato. Polticas habitacionais,
favelizao e desigualdades scio-polticas
nas cidades brasileiras: transformaes e
tendncias. Tese de Doutorado, Universi-
dade do Cear, 2008.
FIG. 6: Um dos casos mais polmicos foi a da
Praia do Pinto, no Leblon. Os moradores sou-
beram dos planos da Prefeitura de acabar
com a comunidade ainda na dcada de 50,
mas houve forte resistncia. A remoo s foi
concluda aps um incndio em 1969 que
acabou com todos os barracos.
FIG. 7: O cenrio a favela em sua pior fase,
antes das intervenes pontuais, represen-
tando o territrio marcado pela misria e a
falta de infraestrutura.
FIG. 8: Remoo da favela Parque da Gvea
em 1970, uma das primeiras tentativas feitas
na poca da ditadura de Vargas, com objeti-
vo de normalizar o espao urbano dentro da
lgica capitalista.
23
Nesta ltima fase, passa-se a pensar em diversas escalas de inter-
venes em favelas, levando em considerao questes ambientais, de
localizao, situao fundiria, demogrfica e etc. Aos poucos tentativas
so bem sucedidas, destacando o caso de So Paulo, que por volta de
1989 a 1992, torna a disponibilizao de moradia a prioridade, impac-
tando diretamente nas polticas pblicas. Apesar de no ser o melhor
momento econmico, So Paulo evolu na criao de projetos integra-
dos, reunindo a proviso habitacional urbanizao de favelas, viabili-
zando o mutiro e as prticas de autogesto, abrindo espaos s prti-
cas participativas e trazendo tona questes ainda no respondidas
(PEQUENO, 2008).
Essa iniciativa influncia diversas outras cidades brasileiras, como
Rio de Janeiro, Belo Horizontes, entre outras. A favela ganha uma nova
interpretao, permitindo novas classificaes e principalmente diferen-
ciando um territrio do outro, livrando-se dos preconceitos de homo-
geneizao, e dessa forma permitindo o desenvolvimento de diversos
estudos que contriburam para melhor compreenso do problema.
(PEQUENO, 2008)
FIG. 6
FIG. 7
FIG. 8
24
2.3 DADOS ESTATSTICOS DO BRASIL
Este captulo busca contextualizar o quadro social atual apresentando perspectivas
em duas escalas, primeiramente numa escala macro do pas analisando dados divulgados
pelo IBGE sobre a disposio e caractersticas da favela no territrio brasileiro, e depois uma
aproximao na escala da cidade de So Paulo. Em geral a causa da formao das favelas
atribuda ao xodo rural ocasionado pela industrializao das cidades. No Brasil isso no
diferente, o grande contingente populacional associado a m distribuio de renda e o dfi-
cit habitacional tm durante muitos anos obrigado pessoas com poucos recursos a procurar
alternativas de sobrevivncia, como j foi exposto anteriormente.
O primeiro levantamento referente ao territrio de favelas foi realizado no ano de
1953, e apurou apenas 7% da populao do Distrito Federal. O termo aglomerado foi citado
pela primeira vez em 87 e s no levantamento de 91 que foi efetivamente utilizado. Com a
crescente ocupao urbana e com reconhecimento do territrio informal outra pesquisa foi
feita no ano de 2010, a fim de ampliar o conhecimento referente aos aglomerados subnor-
mais existentes no Brasil.
O IBGE elaborou um Censo Demogrfico denominado como LIT (Levantamento de
Informaes Territoriais), que pela primeira vez monitorou a maioria das favelas existentes
em territrio nacional. Foram identificados 6.329 aglomerados subnormais, constatando que
cerca de 11,5 milhes de pessoas encontravam nas favelas, somando o total de aproxima-
damente 6% da populao total do pas. O levantamento apontou que as ocupaes infor-
mais se encontravam, predominantemente, prximas a regies metropolitanas, que segun-
do pesquisadores, a presena significativa das favelas acontece pela maior concentrao de
oportunidades de emprego e condies de vida.
No entanto, conforme estudos realizados pela UN-HABITAT o nmero de favelas
muito mais alarmante do que o divulgado, uma vez que s foram levantados aglomerados
com mais de 51 domiclios, e estima-se que at 2020 cerca de 25% da populao brasileira
esteja alojada em favelas, mas o quadro se mostra estvel apresentando crescimento de
apenas 0,34% ao ano.
Alm de dados estatsticos, o estudo aponta que para grandes aglomerados, sero
necessrio alteraes significativas que vo desde mudanas referentes a acessibilidade ao
local de moradia, em casos crticos a criao de telefricos, abertura de vias, aumento e me-
lhoria da infraestrutura urbana e da segurana, at a elaborao de planos urbansticos en-
tre outras iniciativas. Os aglomerados menores, entretanto ficaram sem perspectiva, uma
vez que boa parte fica dos loteamentos que se fixam em reas que no deveriam receber
edificaes ou ser habitadas, como margem de crregos e leitos de rios ou at mesmo em
rea de proteo manancial como acontece em So Paulo.
FIG. 9: O mapa mostra a distribuio das fa-
velas no Brasil, deixando claro que a maior
concentrao, se encontra na regio sudeste
do pas, principalmente em So Paulo e no
Rio de Janeiro.
FIG. 10: Dados evidenciam desigualdades en-
tre a populao que reside nas favelas e a
que mora nas demais regies dos munic-
pios. Os grficos mostram tambm que a
imagem da favela no morro no o perfil
predominante no pas. O levantamento mos-
tra que mais da metade dos domiclios em
aglomerados subnormais do Brasil estavam
em reas planas enquanto a outra metade se
dividia entre aclive/declive moderado e acen-
tuado.
FIG. 11: Outra constatao do IBGE que os
stios mais procurados para o estabelecimen-
to dos aglomerados subnormais a margem
de crregos, rios ou lagos, com 12% dos do-
miclios do Pas. A liderana nesse ponto da
Regio Metropolitana de So Paulo, com
148.608 domiclios nessa condio.
25
FIG. 9
FIG. 11
CENSO DA FAVELA
ONDE ESTO Domiclios em aglomerados subnormais em todo pas
FIG. 10
26
Grandes cidades de pases em desenvolvimento no mundo inteiro enfrentam o desa-
fio de oferecer moradia digna e espaos de qualidade para pessoas que vivem em territ-
rios degradados. Em So Paulo no diferente, e os assentamentos precrios esto presen-
tes na paisagem urbana a muito tempo.
As favelas constituem um dos mais graves problemas sociais existentes no municpio
de So Paulo, uma vez que expes grande parte da populao, cerca de 30% segundo da-
dos da Prefeitura, a pssimas condies de habitao, seja pela ausncia de infraestrutura,
pela insegurana no territrio, posto que muitas moradias ocupam reas com frequente ris-
co de desmoronamento, enchentes e incndios, sejas pela insatisfatria salubridade existen-
te, expondo moradores a riscos de sade devido a ocupao de reas com solo contamina-
do e com presena de poluio industrial. Julgando o entorno dessas submoradias, a pre-
cariedade tambm se manifesta no desprovimento de servios pblicos de qualidade, na
falta de equipamentos de sade, educao, transporte, lazer e cultura.
Hoje, o maior custo de terrenos da cidade est localizado no vetor sudoeste, onde en-
contra-se a melhor rede de infraestrutura de So Paulo, ofertas de emprego e lazer. Do
Centro e em direo a zonas perifricas a Leste os terreno tendem a diminuir de custo, ao
passo que se caminha para periferia a paisagem se mistura entre conjuntos habitacionais,
moradias autoconstrudas, loteamentos irregulares e favelas que foram ocupando reas lon-
gnquas da cidade, at que o crescimento alcanou tal saturao que passaram a ocupar
tambm reas sujeitas a restries ambientais, reas de risco com declives ou aclives muito
acentuados, leitos de rios e reas sujeitas a inundaes, solos contaminados, terrenos desti-
nados a obras pblicas, entre outros. (HERLING, 2008)
Embora os dados censitrios sejam considerados subestimados para o dimensiona-
mento das favelas em So Paulo, constituem importante parmetro, tanto para a mensura-
o das taxas de incremento da populao favelada, como para anlise das caractersticas
da moradia e da populao favelada. Atualmente, as favelas esto localizadas principal-
mente na Zona Sul (796), seguido pela zona Norte (373), Leste (372), Oeste (91) e Central
(4). As subprefeituras que apresentam a maior quantidade de comunidades so: Campo
Limpo (184), M Boi Mirim (169), Socorro (121), Cidade Ademar (121) e Freguesia do (105).
O importante entender que a construo da cidade deve estar baseada no
entendimento e convivncia das diferenas, na busca de incluso social e no en-
volvimento integrado e proativo dos governos, das instituies e da sociedade
civil. Assim se constri a verdadeira cidade democrtica [...]. 4
FIG. 12: Hoje, o Municpio de So Paulo tm
registro de favelas em todos as suas subpre-
feituras, sendo mais acentuada essa presena
nas regies perifricas e prximas a Represa
Billings e Guarapiranga. Na tabela a Subpre-
feitura do Campo Limpo se destaca por ter o
maior nmero de favelas, totalizando 184
aglomerados, onde esto localizadas a favela
do Pullman, Vila Dalva, Sap, Jardim Colom-
bo e tambm Paraispolis.
A Cidade Informal no Sculo XXI. Prefei-
tura do Municpio de So Paulo, SEHAB, So
Paulo, Superintendncia de Habitao Popu-
lar, Ano de Publicao: 2010, 188 p.
4 Urbanizao de Favelas: A Experincia de
So Paulo. Prefeitura do Municpio de So
Paulo, SEHAB, So Paulo, Superintendncia
de Habitao Popular, Ano de Publicao:
2008, 119 p.
2.4 QUADRO SOCIAL DO MUNICPIO DE SO PAULO
27
FIG. 12 REA OCUPADA POR FAVELAS POR SUBPREFEITURA
29
3 O ESPAO DE INTERVENO
30
31
Aps a anlise socioeconmica feita anteriormente onde foi levantado o debate em
torno da ocupao informal desde os primeiros relatos at os dias de hoje, este captulo
dar continuidade ao assunto objetivando a compreenso do espao escolhido para inter-
veno, entender o funcionamento das favelas numa escala mais prxima, ainda que de ma-
neira genrica, abordando suas caractersticas fsicas, dinmicas scio espaciais, possveis
origens de ocupao, tipologias construtivas e etc.
[...] as cidades podem ser entendidas como complexos mosaicos urbanos com-
postos por um conjunto de fragmentos que refletem a desigualdade social entre
seus habitantes e, [...] assemelham-se a uma colcha de retalhos aparentemente
em desordem, mas que na verdade, escondem uma ordem no linear. 5
DEFINIES
As definies em torno do termo favela so muitas, segundo o IBGE (Instituto Brasi-
leiro de Geografia e Estatstica) a favela seria qualquer aglomerado subnormal com um con-
junto de domiclios com no mnimo 51 unidades, ocupados de maneira desordenada e den-
sa, terreno de propriedade alheia (pblica ou particular) e que no possui acesso a servios
pblicos essenciais. J pelo BNDES (Banco Nacional do Desenvolvimento) o conceito de fa-
vela seria a representao da ausncia, julgado pelo que no seria ou pelo que no teria,
um espao destitudo de infraestrutura urbana, globalmente miservel, sem ordem, sem lei,
sem moral, a expresso do caos. Mas definir a favela um desafio, e consider-la meramen-
te como um dado estatstico seria totalmente equivocado.
Segundo Bosch e Goldschmidt (1970) o processo de consolidao do espao da fave-
la, desde o seu surgimento at a expanso numa determinada rea, daria origem a distintas
formas espaciais, no s em relao a cidade formal como tambm dentro das prprias fa-
velas. De maneira geral a favela surge de uma da invaso de terrenos pblicos ou privados
que apresentam pssimas condies urbanas, muitas vezes em reas alagadias,
instveis e em encostas com declividades preocupantes (SAMPAIO, 1998).
MORFOLOGIA E OCUPAO
O primeiro quesito a ser analisado sobre as favelas so as caractersticas referentes a
morfologia e a ocupao, o primeiro diz respeito ao tipo de terreno que ocupado, sua lo-
calizao na cidade e caractersticas geogrficas, o segundo leva em considerao interven-
es antropolgicas diferentes e em alguns casos at assuntos polticos, porm, a combi-
5 FILHO, Mauro N. M. B. Morfologia e Precari-
edade em favelas. Artigo Cientfico. Uni-
versidade Federal de Campina Grande, 2012.
3.1 O QUE A FAVELA?
32
nao de ambos que permite inmeras composies formais de favelas.
Existem quatro tipologias principais de favela, a de miolo de quadra, a de encosta
(favela da Rocinha), as localizadas em reas de mananciais (Ocupao informal prxima a
Billings e Guarapiranga) e as extensivas (Helipolis, de to abrangente que seu territrio,
hoje considerada bairro). As favelas de miolo de quadra, so geralmente compostas de
terrenos onde eram previstos a implantao de reas verdes e equipamentos institucionais,
caracteriza-se por uma distribuio mais controlada e parecida com a ocupao formal; as
favelas de encostas ocupam terrenos que geralmente so menosprezados pelo mercado
imobilirio devido a declividade e grande vulnerabilidade; as favelas presentes em reas
mananciais costumam ser invadidas por serem desprovidas de qualquer tipo de ocupao,
essas se caracterizam pela falta extrema de infraestrutura, e poluio ambiental, uma vez
que todo lixo e esgoto despejado em cu aberto; as favelas extensivas so as melhores
localizadas, por apresentar poucas barreiras fsicas elas se expandem por todas as direes.
(LESBAUPIN, 2011)
Por outro lado, podem ser divididas tambm em duas categorias, a organizada
(favela Unio de Vila Nova) ou a espontnea (Favela do Jaguar), ambos processos influen-
ciam diretamente na morfologia. A organizada, se baseia na diviso de terrenos entre a po-
pulao de uma maneira razoavelmente uniforme, assemelhando-se aos loteamentos popu-
lares, geralmente resultado de uma movimentao de grupos sociais que reivindicam por
moradia. No entanto, o que se constata na maioria dos casos a ocupao espontnea,
onde um nmero pequeno de famlias se alojam em terrenos frgeis, e que aos poucos pas-
sam a atrair outras pessoas, e lentamente se tornam grandes aglomerados. (FREIRE, 2006).
TIPOLOGIA E CARACTERSTICA DA OCUPAO
A autoconstruo a principal caracterstica da favela, no h uma diviso oficial de
loteamento e sua expanso ocorre de acordo com a forma de chegada e tomada de posse
dos moradores. As casas so construdas sem planejamento prvio e comeam muitas vezes
por um nico cmodo, ao qual com o passar do tempo so agregados os demais, como sa-
la, quartos e cozinha. Conforme a ocupao vai se consolidando as residncias vo ficando
espremidas, uma aps a outra, dificultando a entrada de luz e ar, resultando num dos princi-
pais problemas desse tipo de urbanizao. (GUERRA, 2013)
Esses aumentos e acrscimos dependem no s dos desejos do morador de ter
mais espao, mas em razes variadas: o acrscimo da famlia, a necessidades de
abrigar mais um parente que chega, um filho ou filha que casa, faz com que a
casa v crescendo, limitadas pela expanso dos vizinhos, que por sua vez vo
aumentando suas casas pelas mesmas razes.
6 SAMPAIO, Maria Ruth. Habitao e cidade.
So Paulo, SP: FAU-USP: Fapesp, 1998.
7 PASTERNAK, Suzana. Espao e populao
nas favelas de So Paulo. In: XIII Encontro
da Abep. Ouro Preto, 2002.
33
Inicialmente o mtodo construtivo adotado pela ocupao informal foi a ma-
deira utilizada para construir barracos trreos, muitas vezes aproveitando restos de
materiais de construo. Com o passar do tempo as construes foram alterando
para alvenaria, e devido ao espao limitado de crescimento horizontal observou-se
a verticalizao, a sobreposio de cmodos, por situaes diversas, conforme
exemplificado na citao acima. Muitas vezes o pavimento trreo deixado para a
utilizao de algum tipo comrcio, como bares, cabeleireiros, mercearias entre ou-
tros, o que possibilitou a diversificao de uso dentro desse tipo de territrio.
(GUERRA, 2013).
Outra caracterstica relevante da favela a maneira como a paisagem se
compem, a maioria das casas no recebe tratamento externo, deixando a alvena-
ria aparente, sem pintura ou qualquer tipo de acabamento, toda melhoria feita na
residncia est no interior, no existe a concepo de fachada, priorizando sempre
as necessidades internas, semelhante ao que acontece com a limpeza, a higiene no
interior da casa pode conviver com a extrema insalubridade exterior, sem que isso
parea ser associado a mesma fonte de responsabilidade. (GOMES, 2003). No en-
tanto, as urbanizaes feitas nos ltimos anos, tem valorizado os espaos das fave-
las e tambm mudado a relao das pessoas com suas casas, segundo Pasternak
(1997):
[...] a arquitetura das favelas superior ao espao pobre e montono
dos conjuntos estatais, sem nenhuma identidade. Tem certa riqueza for-
mal, resultante de um processo de trabalho importante da populao
que edifica seus domiclios, reflete, de alguma forma, identidade e cultu-
ra de seus moradores. 7
35
Os espaos pblicos na cidade desempenham diversas funes, desde recreao, res-
piro para reas com ocupao muito densa, embelezamento da paisagem urbana at a re-
presentao da identidade de determinada regio e possibilidade de interao e convvio
social.
Jane Jacobs, escritora e ativista poltica, afirma que a melhor forma de se criar espa-
os pblicos na cidade aproveitando um lugar que j tenha vida, que disponha da passa-
gem de pessoas e que faa parte da rotina delas, conforme a mesma exemplifica na citao
a seguir:
[...] deve situar-se onde a vida pulse, onde haja movimentao de escritrios,
atividades culturais, residncias e comrcio. 8
Na favela os espaos pblicos so resultado do traado orgnico das vias combina-
dos com a autoconstruo, a proximidade em que se vive, e a mescla do que pblico ou
privado faz com que os moradores criem um senso comunitrio e de vizinhana muito forte,
gerando diversos espaos de sociabilidade, permitindo que conversas aconteam de janela
para janela, porta para porta, varanda para varanda, (DIXON, 2014), sendo comum tambm
a utilizao das lajes como forma de participao coletiva.
Com base nessas relaes existentes, um projeto de interveno deveria ento ser fle-
xvel e ter mltiplas finalidades, abertas a interpretao do usurio, assim como a prpria
favela, ao contrrio do que acontece atualmente, onde indivduos externos atuam com pro-
jetos rgidos e homogneos , mostrando que a participao da comunidade na composio
da arquitetura vital para apropriao do espao. Sabe-se tambm que nesse ambiente
muito comum a perda do carter pblico por insegurana ou violncia.
[...] na noo de espaos amedrontadores so apresentados como aquele onde
o crime e o medo infundidos dominam as percepes associadas com um local,
afetando o modo como este pode ser utilizado.
A soluo para estes casos de insegurana pblica em grande parte o habitar, um
espao cuja vida pulse, como disse Jacobs se torna seguro e agradvel, sendo a premissa
principal de qualquer projeto.
Assim, a participao pblica de valor inestimvel, na medida em que se envolve a
comunidade cria-se identidade local de modo que a manuteno e conservao do espao
passa a ser gerida pela prpria comunidade, e o espao pblico alm de agregar evolui jun-
to com a comunidade.
3.2 APROPRIAO ESPACIAL
8 JACOBS, Jane. Morte e vida de grandes
cidades. So Paulo: Martins Fontes, 2000.
9 DIXON, Caitlin. Importncia dos Espaos
Pblicos. 2014 Disponvel em: 05/11/2015
37
4 PARAISPOLIS
38
39
A favela de Paraispolis, pertence ao Distrito de Vila Andrade, localizado em uma das
regies mais ricas de So Paulo, diferente de outras favelas que se desenvolveram na perife-
ria seu territrio limita-se por condomnios luxuosos e um entorno bem verticalizado. A li-
nha histrica sobre seu processo de ocupao traada a seguir foi parte de uma pesquisa
compilada encontrada no site da Prefeitura de So Paulo, e relatos da ONG Nova Parais-
polis.
O bairro de Paraispolis originou-se da invaso de um loteamento destinado a classe
alta realizado no ano de 1921, o projeto da Fazenda Morumbi contava com 2 200 lotes dis-
tribudos em quadras regulares de 10x50m e ruas com largura de 10m, o projeto foi parcial-
mente executado e os proprietrios no tomaram posse efetiva de suas terras aguardando
uma possvel especulao imobiliria, no entanto essa atitude deu abertura a invaso que
viria nos anos seguintes.
A partir de 1950 migrantes nordestinos, atrados pelas oportunidades de emprego
gerados pela construo civil comearam a ocupar a rea, que nesta poca ainda apresenta-
va carter semi-rural. Por conta da dificuldade de regularizao e do descaso do poder p-
blico em 1970 Paraispolis j contava com 20 mil habitantes, dcada onde houve um poten-
cial crescimento da favela. interessante notar que no s Paraispolis crescia como tam-
bm seus bairros vizinhos, nesta mesma poca eram construdos os primeiros condom-
nios de luxo que hoje contrastam na paisagem urbana, muitas vezes utilizando a mo de
obra que vinha da prpria favela.
Na dcada de 1980 houve uma tentativa de remoo da populao de baixa renda
por meio da construo de uma avenida que objetivava ligar a Avenida Giovani Gronchi a
Marginal Pinheiros, no entanto no obteve sucesso e as obras foram suspensas. Denomina-
da como Av. Hebe Camargo, hoje com suas obras retomadas tem servido de apoio ao siste-
ma virio e transporte de Paraispolis, e conta com um projeto de implantao do Monotri-
lho lindeiro a ela.
Com sua consolidao em 2005 a favela foi contemplada com um plano de urbaniza-
o e regularizao que elevaria seu territrio a categoria de bairro de So Paulo, caso se-
melhante ao que aconteceu na favela de Helipolis, segundo dados da Prefeitura de So
Paulo foram investidos milhes atravs de iniciativas privadas em pavimentao das vias e
abertura de outras novas; obras emergncias de reparos na infra estrutura; canalizao de
alguns crregos; regularizao fundiria; adequao das caladas; construo de redes de
gua e esgoto; construo de escadarias hidrulicas; remoo de moradias em rea de risco;
retomada das obras na avenida perimetral Hebe Camargo; e propostas de espaos de lazer,
um parque e 2.500 unidades habitacionais em convnio com a CDHU.
FIG. 13: Evoluo Urbana
2000
1980
1960
1920 4.1 PROCESSO DE OCUPAO DE PARAISPOLIS FIG. 13
40
O Levantamento fotogrfico tem o intuito de auxiliar o diagnstico da rea de interveno,
ele ilustra a situao do territrio atualmente. As imagens a seguir foram apanhadas do site Pa-
noramio que permite um mapeamento panormico de todo o assentamento atravs da colabo-
rao dos usurios que fotografam todas as reas, e que possibilitou criar estes recortes at mes-
mo de locais de difcil acesso.
As imagens mostram as duas realidades existentes, tanto o Bairro do Morumbi que com-
pe o entorno da favela, com seus condomnios luxuoso e bairros residenciais at o cotidiano de
Paraispolis, identificando pontos notveis como a feira na rea central que movimenta o comr-
cio, as escolas e at os escassos espaos de lazer.
4.4 LEVANTAMENTO FOTOGRFICO
FIG. 15: Campo Palmeirinha FIG. 17: Ocupao Jardim Colombo FIG. 16: Conjunto Habitacional CDHU
FIG. 18: Feira Livre R. Herbert Spencer FIG. 20: Pracinha 14 Jardim Colombo FIG. 19: CEU Hebe Camargo
FIG. 14: Rua Manoel Antnio Pinto
41
FIG. 24: R. Dr. Francisco Toms de Carvalho
FIG. 27: Av. Giovanni Gronchi
FIG. 21: Avenida Dr. Laerte Setbal
FIG. 25: Viela sem denominao Jd. Colombo
FIG. 28: Bairro residencial do Morumbi
FIG. 22: Rua Pasquale Galuppi
FIG. 26: Jardim Vitria Rgia
FIG. 29: Construo de condomnios classe A
FIG. 23: Rua Rudolf Lutze
43
O diagnstico da rea tem como intuito a compreenso do espa-
o de interveno, atravs da anlise do mtodo elaborado pela autora
Simone Gatti no livro Manual de espaos pblicos: diagnstico e me-
todologia de projeto foi elaborado uma srie de diagramas que pro-
porcionaram o entendimento da rea onde o projeto estaria inserido e
tambm a consolidao de um tema que abrangesse as necessidades
reais do territrio e superasse alguns dos problemas atuais. Gatti afirma
que para propor solues para as cidades deve-se ter claro o permetro
de interveno, as potencialidades locais e os problemas, para que por
fim seja possvel entender as prioridades e alternativas de interveno.
Os diagramas nas pginas a seguir comportam todo o material
levantado sobre Paraispolis, o permetro de anlise foi defino e limita-
do pelo terreno escolhido para o exerccio, as vias principais e o limite
da ocupao da favela (DIAG 1.). Tambm foram levantados os bairros
existentes dentro deste permetro, o que significa uma mudana drsti-
ca de caractersticas dentro do territrio, pois, dentro da prpria favela
existem reas mais precrias ou bem amparadas por infraestrutura,
reas que esto sendo consolidadas e outras que j representam polos
atrativos dentro da comunidade.
Partindo disso, foi feita a identificao dos fluxos e da mobilida-
de, dividindo em 2 diagramas, um analisando a situao do automvel
(DIAG. 2), como se d o percurso do transporte pblico e a caracteriza-
o do sistema virio, e outro na viso do pedestres (DIAG. 3), mostran-
do os principais acessos a p, mapeando as vielas e caminhos ocultos
inseridos no miolo de quadra e apontando as propostas da prefeitura
para criao de ciclovias e elevadores.
Como potencialidades optou-se por destacar os pontos notveis
para populao incluindo os locais de lazer e reas livres existentes e
projetados, que se apresentam de modo escasso, reas que funcionam
como polos de atividades na favela (DIAG. 4), e tambm os equipamen-
tos existentes, divididos por temas e as instituies atuantes em Parai-
spolis. (DIAG. 5)
Os principais problemas identificados foram as questes ambien-
tais, que devido a grande declividade e precariedade territorial influen-
ciam bastante na rea e um apanhado sobre a infraestrutura existente e
que serve a comunidade, avaliando as redes de gua e esgoto e as es-
taes de tratamento prximas.
4.5 DIAGNSTICO DA REA
O que se pretende ao limitar uma determinada rea poder con-
densar num pequeno espao a compreenso do funcionamento da fa-
vela de Paraispolis, mas ao se propor um projeto nesse rea entende-
se sua utilidade possa e deva transpor as barreiras determinadas aqui.
Paraispolis diferente de outras favelas, por j ter sido objeto de
planos urbansticos e intervenes por parte do poder pblico, exibi em
seu territrio uma infraestrutura melhor e mais consistente do em ou-
tras comunidades, apesar de ainda no ser suficiente para demanda
real, mas j apresenta um cenrio mais positivo.
No entanto nota-se de forma mais contundente duas questes
principais, a mobilidade, que extremamente difcil dentro da favela, as
ocupaes muitas vezes invadem o passeio e estreitaram as ruas tor-
nando o percurso bem complicado, de difcil acesso de veculos, alm
das declividades muito acentuadas que tornam o percurso a p muito
custoso.
Outra questo so os equipamentos, a quantidade pouca pra
demanda, a prioridade do governo com a criao de habitaes soci-
ais, deixando o planejamento de reas pblicas em segundo plano.
Apesar dos investimentos realizados por instituies, que promovem
atividades voltadas a cultura e ao lazer, pouco existe em questo espa-
cial, as atividades acontecem em casas, improvisadas e nem sempre
tem um espao efetivo para seu desenvolvimento pleno.
A alternativa, e uma das propostas, uma vez que j existe um pro-
jeto para melhoria do virio e circulao aumenta a oferta de espaos
pblicos de convivncia que permitam a participao social e que auxi-
lie de alguma maneira a vida desses moradores, pensar espaos que
proporcionem uma estrutura de qualidade para essas iniciativas e que
seja um espao agregador e de identificao local, mostrando que a
arquitetura e no s o urbanismo podem desempenhar um papel de
fundamental de restruturao social.
Todos os dados que foram usados para produzir os diagramas
que sero apresentados nas pginas a seguir foram retirados do site da
prefeitura HABISP, que consiste num sistema de informaes apresen-
tados atravs de geoprocessamento criados para facilitar a comunica-
o da populao com o poder pblico.
44
DIAG. 1: REA DE ABRANGNCIA
PERMETRO
DIAG. 3: VECULOS
MOBILIDADE
DIAG. 4: PEDESTRES DIAG. 2: DIVISO TERRITORIAL
TERRENO
REA DE ESTUDO
ANTNICO
GROTO
GROTINHO
CENTRO
BREJO
VIAS PRINCIPAIS
VIAS SECUNDRIAS
PTOS. DE NIBUS
LINHAS DE NIBUS
MONOTRILHO PROJ.
1
ACESSOS A FAVELA
PERCURSOS A P
CICLOVIAS PROJ.
ELEVADORES PROJ.
45
PROBLEMAS POTENCIALIDADES
DIAG. 5: PONTOS NOTVEIS DIAG. 7: COMPLICAES AMBIENTAIS
DIAG. 8: REDES DE ESGOTO E GUA DIAG. 6: EQUIPAMENTOS E INSTITUIES
TERRENOS VAZIOS
CENT. COMERCIAL
CAMP. PALMIRINHA
HAB. SOCIAL
ALGAVEIS
SOLOPAMENTO E
DESLIZAMENTO
HIDROGRAFIA
EDUCAO
SADE
C.E.U.
ONGS
CRECHE
ASSISTNCIA
REDE DE GUA
REDE DE ESGOTO
5 O TERRENO
48
49
5.1 ESCOLHA DO LOCAL
O terreno escolhido para o exerccio encontra-se na divisa de Paraispolis junto a
Avenida Giovanni Gronchi, foi escolhido por fomentar os debates expostos aqui e ser com-
patvel com a proposta do projeto para rea que foi consolidado atravs do diagnstico ex-
posto. Este captulo buscar apresentar informaes tcnicas a cerca da rea e o compre-
endimento da legislao incidente no terreno e no projeto sugerido.
O terreno escolhido tm 12.782,52m e toma uma quadra praticamente inteira, fazen-
do divisa com a favela a leste e com os condomnios do Morumbi a oeste, logo a norte e
suas duas conta com duas ruas que fazem parte do fluxo de pedestres de entrada e sada
da favela. Possui boa infraestrutura e tem facilidade de acesso por transporte pblico, o que
faz com que a abrangncia do equipamento seja maior, e ainda por estar nos limites de Pa-
raispolis torna possvel atender favelas prximas como Jardim Colombo e Porto Seguro.
Trata-se da juno de diversos lotes, que foram unificados e hoje abrigam uma con-
cessionria de veculos e uma obra, em andamento, de um edifcio habitacional de alta clas-
se, que para o exerccio foram desconsiderados por questes de utilidade pblica.
Nas pginas seguinte sero apresentadas todas as informaes reunidas sobre o ter-
reno: o levantamento urbanstico do entorno prximo ao terreno nos temas de uso do solo,
gabarito, sistema virio, e topografia; fotografias das vias lindeiras ao lote; e a anlise legis-
lativa aprofundada a cerca de todas as restries e benefcios que podem ou devero ser
utilizados no projeto.
FIG. 30
FIG. 30: demarcao do terreno e entorno
50
O levantamento fotogrfico busca contextualizar o entorno imediato do terreno e
apoiar a concepo de projeto. De acordo com a anlise da imagem e das fotos areas
constata-se que o entorno pouco impacta no terreno pois, devido ao afastamento das edifi-
caes vizinhas no causam muita obstruo com relao a ventilao e insolao, e a topo-
grafia acidentada tambm suaviza o impacto destas questes.
A via de principal acesso a Av. Giovanni Gronchi, cada face do polgono que forma o
terreno se volta pra um cenrio diferente, na Giovani Gronchi esto os condomnios verticais
luxuoso, na R. Manoel Antnio Pinto existem algumas autoconstrues e habitaes sociais,
a R. Maj. Marioto Ferreira conta com alguns terrenos vazios e o fundo do terreno faz divisa
com a favela e permite uma vista privilegiada a qual estrategicamente pretende-se voltar as
fachadas, a declividade cai a medida que se afasta da Giovanni Gronchi possibilitando uma
vista panormica de Paraispolis, e trazer esse enquadramento do espao onde moram po-
de ser essencial para aceitao e identificao desse novo espao que ser inserido em algo
ao qual j se est familiarizado.
LOCALIZAO DAS IMAGENS
5.2 LEVANTAMENTO FOTOGRFIGO
FIG. 31
1
2
5
7
8
9
6
4
3
51
FIG. 35: Av. Giovanni Gronchi, vista de frente
para o lote, condomnios e arborizao. (4)
FIG. 38: Esquina do terreno da R. Maj. Ma-
rioto Ferreira. (7)
FIG. 32: Av. Giovanni Gronchi, esquina de
frente ao terreno. (1)
FIG. 36: Vista da R. Manoel Antnio Pinto,
de vm da Giovanni Gronchi. (5)
FIG. 39: Cruzamento da R. Maj. Marioto
Ferreira com a Giovanni Gronchi (8)
FIG. 33: Av. Giovanni Gronchi, esquina do
terreno, acesso principal ao lote. (2)
FIG. 37: Vista da R. Manoel Antnio Pinto,
vindo da favela para o terreno. (6)
FIG. 40: Vista panormica do fundo do lo-
te. (9)
FIG. 34: Ponto de nibus na calada do lote,
acesso atravs do transporte pblico. (3)
52
Para anlise da Legislao incidente foi levado em considerao as atuais mudanas e
atualizaes que as leis urbansticas do Municpio de So Paulo vm sofrendo. Sendo assim,
foi analisado prioritariamente as disposies do Plano Diretor Estratgico (16.050/14) que
foi recentemente aprovado, depois a Lei de Zoneamento (13.885/04) e o Plano Regional Es-
tratgico do Campo Limpo (Anexo XVII da Lei 13.885/04), e por fim foi levando em conside-
rao o Projeto da Lei de Zoneamento que est em andamento, mesmo no estando vigen-
te, mas com o intuito de se adequar as propostas que esto sendo desenvolvidas nessas
revises legislativas.
O Plano Diretor estabelece que para os terrenos localizados na Macrorea de Reduo
de Vulnerabilidade (FIG. 34) sejam adotados os ndices do Quadro 02A. Esta Macrorea visa
fortalecer as capacidades de proteo social, melhorar as condies de vida e convivncia,
incentivar as centralidades de bairro dando prioridade a implantao de equipamentos co-
munitrios que contenham com a participao da populao local e intervenes que de
alguma maneira melhore ou completem a mobilidade urbana, entre outros aspectos. A Ma-
crorea definida pela lei da seguinte maneira:
A Macrorea de Reduo da Vulnerabilidade Urbana localizada na periferia da
rea urbanizada do territrio municipal caracteriza-se pela existncia de elevados
ndices de vulnerabilidade social, baixos ndices de desenvolvimento humano e
ocupada por populao predominantemente de baixa renda em assentamentos
precrios e irregulares, que apresentam precariedades territoriais, irregularidades
fundirias, riscos geolgicos e de inundao e dficits na oferta de servios, equi-
pamentos e infraestruturas urbanas. 10
O terreno escolhido, segundo as leis consultadas encontra-se em parte no permetro
de ZEIS-1 (Zona de Interesse Social 1), que define diretrizes para rea referente Paraispo-
lis (FIG. 35), a legislao diz que esse zoneamento especifico de favelas, por isso estabele-
ce uma srie de medidas de apoio a populao de baixa renda buscando melhorias urbans-
ticas, recuperao ambiental e regularizao fundiria de assentamentos precrios e irregu-
lares, bem como proviso de novas Habitaes Sociais (HIS) e de Mercado Popular (HMP),
alm da implantao de equipamentos sociais, infraestruturas, reas verdes, comrcios e
servios locais.
Dentro do permetro de ZEIS-1 existe um percentual mnimo de rea construda desti-
nado a HIS e HMP estabelecidos pelo Quadro 4 do Plano Diretor para terrenos com rea
10 PLANO DIRETOR ESTRATGICO, Artigo 15,
Subseo IV, Captulo I.
5.2 LEGISLAOINCIDENTE
FIG. 41
53
superior a 1.000,00m. No entanto, ele no foi considerado nesta proposta, pois, conforme
o artigo 55 do Plano Diretor ficam excetuados deste percentual os imveis destinados a
equipamentos sociais de educao, sade, assistncia social, esporte e lazer.
Os ndices considerados para essa parcela de terreno inserida em ZEIS foram os dis-
ponveis no Quadro 03 do PDE (C.A bsico e mximo) e o no Quadro 2j da Lei 13.885/04
(T.O. e TP, e Recuos). Quanto a rea restante do terreno que no est em ZEIS e o gabarito
em ambos os casos foram considerados os parmetros constantes no 2A do PDE por estar
alinhado com a proposta dos eixos de transformao urbana no Municpio, onde os ndices
mais permissivos esto junto as reas mais prximas ao transporte pblicos, buscando ori-
entar o crescimento da cidade e reorganizar as dinmicas, e as reas de bairro, por sua vez,
ficam com uma ocupao menos adensadas, com ndices menos permissivos, como o ca-
so deste terreno.
Alm dos ndices de aproveitamento outras informaes sero importantes para a
concepo do projeto e para escolha do terreno como j foi dito. O uso pretendido na pro-
posta se encaixa em NR1, no grupo de atividades de Associaes Comunitrias, Culturais e
Esportivas, onde segundo o Quadro 2j da Lei 13.885 / 04 , para no haver limitao de
rea construda computvel o imvel deveria ter em uma das frentes uma via com largura
igual ou superior a 12,00m, o que foi fundamental para escolha do terreno, posto que pou-
cos terrenos em Paraispolis possuam esta condio. A tabela ainda estipula 1 vaga de es-
tacionamento para cada 50m construdo, o que geraria um grande quantidade de vagas
para estacionamento, neste caso no foi aplicado no exerccio pois, segundo o diagnstico
da rea no haveria uma demanda compatvel.
Visando a melhoria da mobilidade de pedestres com relao ao projeto a ser realiza-
do julgou-se adequado atender a disposio do artigo 64 da Minuta do PL Zoneamento
que prev um alargamento virio do passeio pblico para 5,00m para os lotes maiores que
2.500,00m. Mesmo que posteriormente esta disposio seja alterada ainda assim ser uma
FIG. 42
PARMETROS URBANSTICOS
CLCULO SOBRE O TERRENO ORIGINAL
CLCULO DO PROJETO
PROPORO DOS NDICES
CA BSICO 1,00 12.782,52 m - -
CA MXIMO 2,50 31.956,30 m 18.337,60 m 1,43
TAXA DE OCUPAO 50 % 6.391,26 m 6.327,00 m 49,50 %
TERRENO LIVRE 50 % 6.391,26 m 6.455,52 m 50,50 %
TERRENO LIVRE 15 % 1.917,80 m 3.910,50 m 30,59 %
GABARITO S. LIMITE - - S. LIMITE
55
5.2 LEVANTAMENTO URBANSTICO USO DO SOLO PREDOMINANTE
56
SISTEMA VIRIO
57
GABARITO
59
6 ESTUDOS DE CASO
60
61
A Escola Antnio Derka est localizada da borda nordeste da ci-
dade de Medelln, em um dos bairros mais pobres e violentos de Santo
Domingo Savio. O projeto fez parte de um programa que propunha a
construo de 10 de novas escolas e reforma de 132 instituies exis-
tentes nas reas mais vulnerveis. A ideia central era criar um projeto
acolhedor e familiar que que dissipasse os limites fsicos e mentais me-
diante a interveno urbana e arquitetnica aberta. (MRQUEZ, 2014)
O lote irregular possui 13.000m e uma declividade acentuada de
aproximadamente 35%, o que dificultou a implantao do edifcio,
acessado atravs de uma estrada principal a sul que foi criada para co-
nectar diversos bairros da cidade, a localizao dele permite ampla vista
sobre o vale que foi motivo de inspirao devido a sua vitalidade e
apropriao local, muito semelhante as favelas brasileiras.
Devido a ausncia de espao pblicos representativos o trreo
concebido totalmente livre com 3.900m, foi criado como espao de
encontro e convivncia, um lugar de conexo da sociedade com a cida-
de. O arquiteto buscou tornar a paisagem uma parte fundamental de
experincia cotidiana para os alunos.
A circulao vertical feita exclusivamente por escadas, inclusive
a do ptio externo que possui uma escadaria que acessa todos os n-
veis; a horizontal composta por corredores que ao longo do edifcio
possuem aberturas que proporcionam iluminao e a criao de terra-
os cobertos com vista para ambos os lados. (MRQUEZ, 2014)
O volume superior, destacado um local para reunies, que pode
ser utilizado pela comunidade para qualquer tipo de evento sem atra-
palhar as atividades acadmicas. Nos demais pavimentos distribudo
as salas de aula, laboratrios, cantina e setores administrativos.
Todo prdio trabalhado em concreto, na fachada so usados
brises verticais de madeira, que filtram a radiao mas permitem a en-
trada de luz natural e a ventilao cruzada. Com exceo do bloco sus-
penso que utiliza telhas metlicas como revestimento.
Este projeto foi escolhido pela familiaridade da topografia com o
terreno escolhido, pelo programa de necessidades j que um dos itens
a serem tambm o uso educacional, pelo o contexto e pela maneira
como ele integrado a obra, pelos materiais utilizados, priorizando o
baixo custo da obra, e tambm pelo sucesso da maneira como se rela-
ciona com o entorno semelhante ao caso de Paraispolis.
FICHA TCNICA
LOCALIZAO:
Santo Domingo Savio, Medelln, Colmbia
AUTORIA DO PROJETO:
Carlos Prado Brotero, Obranegra Arquitetos
REA CONSTRUDA:
7.500,00 m
USO:
Escolar
ANO DE CONSTRUO:
2007-2008
6.1 ESCOLA ANTNIO DERKA, MEDELLN FIG. 43
62
FIG. 44: PLANTA 1 SUBSOLO FIG. 45: PLANTA 2 SUBSOLO
FIG. 47: PLANTA 4 SUBSOLO FIG. 46: PLANTA 3 SUBSOLO FIG. 48: PLANTA 5 SUBSOLO
63
FIG. 50: CORTE LONGITUDINAL
FIG. 49: IMPLANTAO
64
FIG. 51
65
FIG. 52
66
Localizado em umas das maiores favelas de Belo Horizonte, na
encosta da Serra do Curral, conhecida como Aglomerado da Serra, o
Centro Comunitrio BH Cidadania faz parte de um conjunto de inter-
venes realizadas atravs de um projeto de reurbanizao. A imagem
ao lado mostra a implantao do edifcio e outros espaos do Parque
da Terceira gua H3O, que objetiva atender cerca de 50 mil moradores
da comunidade.
Para minimizar esta situao precria da comunidade o projeto
urbano contou com a implantao de equipamentos pblicos, erradica-
o de reas de risco, construo de habitaes sociais, reestrutu-
rao do sistema virio, obras de saneamento e espaos de lazer e es-
portes que se iniciaram em 2005.
O Centro Comunitrio est implantado na encosta da serra, em
uma clareira que apresentava uma rea ligeiramente plana, contrapon-
to a topografia acidentada encontrada em toda a extenso do Parque.
Com dois pavimentos o edifcio abriga cursos profissionalizantes,
programas de educao, cozinha coletiva, academia de ginstica, cre-
che, sala de brinquedos, centro de incluso digital, alm de oficinas de
marcenaria e tipografia.
O projeto se divide visualmente e fisicamente atravs dos dois
sistemas construtivos, onde blocos de alvenaria tradicional compem
a parte interna onde distribudo o programa de necessidades e a cir-
culao, que feita atravs de uma rampa externa que percorre o edif-
cio e uma escada localizado no ptio central. A fachada, por sua vez,
um volume solto, feito em estrutura metlica e revestido com telhas
metlicas perfuradas, que permitem a filtragem da luz, e tambm nela
so dispostos recortes irregulares que permitem o enquadramento da
paisagem em diferentes espaos.
Na cobertura so utilizadas telhas metlicas sanduches com o
mesmo acabamento da fachada, e nela os recortes permitem o apro-
veitamento da luz natural. Esse descolamento da fachada e do volume
interno permite tima aerao.
Este projeto foi escolhido como referncia pela forma como se
comunica com o contexto inserido, por agregar na elaborao do pro-
grama e por conceitos como a utilizao de materiais de baixo custo.
Alm disso vale ressaltar os enquadramentos feitos que considera-se
uma maneira de aproximar a favela ao equipamento.
FICHA TCNICA
LOCALIZAO:
Aglomerado da Serra, Belo Horizonte, Minas Gerais
AUTORIA DO PROJETO:
Silvio Todeschi, Flvio Agostini e Alexandre Campos
REA CONSTRUDA:
1.200,00 m
USO:
Centro Comunitrio
ANO DE CONSTRUO:
2011
6.2 CENTRO BH CIDADANIA, BELO HORIZONTE FIG. 53
67
FIG. 54: PLANTA 1 PAVIMENTO
FIG. 55: PLANTA 2 PAVIMENTO
FIG. 56: PLANTA 2 PAVIMENTO
FIG. 57: PLANTA 2 PAVIMENTO
FIG. 58: PLANTA 2 PAVIMENTO
68
FIG. 59
69
FIG. 60
70
O projeto da Praa Vtor Civita faz parte de uma proposta de res-
gate de uma rea contaminada da cidade de So Paulo que antes no
permitia condio de acesso. O terreno se encontrava muito degradado
e representava um dos muitos desafios da cidade contempornea, que
reaproveitar espaos que so deteriorados com o tempo ou at mes-
mo subutilizados. (HELM, 2011)
Todo o projeto foi concebido a partir de premissas sustentveis,
visando o baixo consumo de energia, reduo de entulho, reuso de
gua, aquecimento solar, utilizao de materiais reciclados e manuten-
o da permeabilidade do solo. A praa funciona como um Museu
Aberto, e a medida que se percorre seus espaos possvel encontrar
informaes tcnicas das tecnologias e solues adotados no projeto.
A praa composta por um grande deck de madeira que sus-
tentado por uma estrutura metlica eleva o passeio, a mais ou menos
1,00 metro acima do solo contaminado, esse deck moldado de tal
maneira que envolve todo o percurso inclusive os ambientes, enfatizan-
do a tridimensionalidade e incentivando o uso do espao pblico.
(HELM, 2011)
O projeto conta com duas frentes de desenvolvimento uma cultu-
ral que incentiva a participao comunitria e envolvimento cultural e
educacional, oferecendo acesso a espaos de qualidade como a Arena
coberta, Centro da Terceira Idade, Museu de Reabilitao, Oficinas de
educao ambiental, ncleo de investigao de Solo e guas Subterr-
neas entre outras.
A outra o desenvolvimento ecolgico, que conta com a parceria
de instituies como IPT, CETESB e GTZ, que apresentam oportunida-
des de desenvolvimento em pesquisa sustentvel, como certificao de
madeira, uso de material orgnico, laboratrio de plantas e raciona-
mento energtico. (HELM, 2011)
Este projeto foi apontado como referncia pois apresenta de for-
ma bem arranjada a distribuio de espaos pblicos de convivncia
alm de incentivar os usos desses espaos e a participao comunitria.
Serve de apoio aos projetos de rea livre propostas no projeto mos-
trando como arranjar reas livres e ainda ativar os espaos pblicos.
FICHA TCNICA
LOCALIZAO:
So Paulo
AUTORIA DO PROJETO:
Levisky Arquitetos Associados e Anna Julia Dietzsch
REA CONSTRUDA:
1.500,00 m
USO:
Urbanismo, Praa
ANO DE CONSTRUO:
2007
6.3 PRAA VTOR CIVITA, SO PAULO FIG. 61
71
FIG. 62
72
FIG. 63
73
FIG. 64
7 CENTRO COMUNITRIO
76
77
7.1 A PROPOSTA DO CENTRO COMUNITRIO
BONFIM, Catarina de J.; SARAIVA, Maria E.;
CURTO, Maria J.; ABRANTES, Maria de L.;
FERREIRA, Sofia P. Centro Comunitrio. Dire-
o-Geral de Ao Social: Ncleo de Docu-
mentao Tcnica e Divulgao. Lisboa: 2000.
A proposta de um Centro Comunitrio na favela de Paraispolis surge como uma res-
posta as necessidades sociais atuais, que demandam espaos mais polivalentes e que envol-
vam de certa maneira a comunidade local, aps a apresentao do diagnstico da rea con-
firmou-se a necessidade de criar um espao que somasse as necessidades existentes e que
ao mesmo tempo integrasse as modalidades que j so desenvolvidas em Paraispolis.
O propsito do Centro Comunitrio, a essncia, a integrao de pessoas e minimiza-
o da excluso social que de fato acontece na cidade de So Paulo hoje, ele tem papel fun-
damental numa comunidade, a medida que ele proporciona a criao de laos sociais tanto
entre pessoas, como de identidade e percepo do espao que se habita, principalmente
numa favela onde as relaes acontecem de maneira muito frgil.
O desenvolvimento desse projeto ento se deu a partir da trade de funcionamento de
um Centro Comunitrio elaborado pelos autores portugueses (vide nota referencial a es-
querda), baseados em trs fundamentos principais: a proximidade, a flexibilidade e a partici-
pao.
A proximidade est relacionada a resoluo dos problemas concentrando-se nas pes-
soas, de forma articulada e preventiva. Requer a identificao das necessidades e recursos
e determinao de oportunidades e iniciativas, e como resultado deve apresentar espaos
autnomos que incentivem o exerccio de solidariedade e interao coletiva, alm de pro-
porcionar o crescimento nas dimenses econmicas, cultural, social e ambiental buscando a
melhoria das condies de vida da comunidade geral.
A flexibilidade determina que os espaos devam ser moldveis e que proporcionem
de maneira geral a diversidade de acordo com a dinmica da comunidade e que os ambien-
tes sejam concebidos para corresponder a constantes alteraes. Sendo que a proximidade
e a flexibilidade devem se unir de maneira que o Centro Comunitrio se torne um espao de
fcil comunicao e acessvel a todos os cidados.
E por fim a participao, onde os autores afirmam que a relao das pessoas com o
meio, quando so exploradas em conjunto, muitas vezes so a soluo. Ou seja, o equipa-
mento deve facilitar a interao de indivduos, definir objetivos comuns e se associar. Isso
poder ser feito atravs de tcnicas de informao e animao que funcionem como moti-
vadores de pessoas e iniciativas que permitam o envolvimento da populao nos processos
de desenvolvimento.
Desta maneira o centro Comunitrio traz como objetivos a construo de um plo de
animao gerador de dinmicas locais, que fomente a participao de pessoas, famlias e
grupos, e que incentive a parceria de terceiros para criao de novos recursos. Alm de de-
senvolver atividades sociais, que permitam a insero social de grupos mais vulnerveis e
que sejam capazes de gerar mudanas efetivas.
78
7.2 PROGRAMA DE NECESSIDADES BSICAS
Partindo do entendimento do tema ento foram definidos cinco
diretrizes principais para o programa de necessidades bsicas, aos
quais deveriam ser explorados com base no diagnstico apresentado,
sendo eles:
A assistncia social, que criar um canal de comunicao e intera-
o com a comunidade, alm de prestar apoio as necessidades funda-
mentais, como proposta foi sugerida a implantao de uma creche, um
restaurante comunitrio e salas de apoio psicolgico e financeiro alm
da abertura de espao para associaes de bairro;
A educao, que proporcionar o desenvolvimento profissional e
insero dos cidados no mercado de trabalho legal, onde o projeto
buscou abrir espao amplos para cursos diversos que possam ser mol-
dados conforme as necessidades do usurio;
A sade, que buscar sanar parte da necessidade de atendimento
bsico da regio, posto que j foi constatada a ausncia desse tipo de
servio;
A cultura, para diminuir a deficincia de equipamentos nesta rea,
a proposta que se crie um espao de integrao para as iniciativas
que j so desenvolvidas em Paraispolis por ONGs e pelos prprios
moradores;
E o lazer, que funcionar como atrativo e impulsionador na utili-
zao do equipamento na comunidade, uma vez que sabido que a
participao e a apropriao por parte das pessoas que ativam o es-
pao.
O programa de necessidades ento foi estudado em cima desses
fundamentos de maneira a criar espaos que sejam atrativos e teis
para os moradores, que permitam o funcionamento pleno do projeto e
ser apresentado a seguir, separados por temas e expondo a rea em
m destinadas a ele.
79
PROGRAMA FUNCIONAL
1 ACESSOS
1.1 rea de convivncia 300,00
1.2 Central de atendimento 25,00
1.3 Caf 100,00
SUBTOTAL (m) 425,00
2 ADMINISTRAO GERAL
2.1 Secretaria 25,00
2.2 Coordenao 25,00
2.3 Direo 12,50
2.4 Administrao e Recursos Humanos 25,00
2.5 Sala de Funcionrios com copa 50,00
2.6 Sala de Reunies 25,00
2.7 Sala de Espera 25,00
2.8 Depsito de material de limpeza 12,50
2.9 Sanitrios 50,00
SUBTOTAL (m) 250,00
3 ASSISTNCIA SOCIAL
3.1 Assistncia Psicossocial 25,00
3.2 Assistncia Financeira 25,00
3.3 Associao de moradores 25,00
3.4 Ao cultural 25,00
SUBTOTAL (m) 100,00
4 BIBLIOTECA
4.1 Recepo: emprstimo e devolues 25,00
4.2 Guarda Volumes 25,00
4.3 Sala de pequenos reparos e catalogao 12,50
4.4 Depsito e estocagem 12,50
4.5 Acesso a rede 25,00
4.7 Estudo em grupo 25,00
4.8 Acervo bibliogrfico 70,00
4.9 Estudo Individual 25,00
SUBTOTAL (m) 220,00
5 AUDITRIO
5.1 Plateia 225,00
5.2 Palco 150,00
5.3 Coxia 45,00
5.4 Foyer 150,00
5.5 Camarins divididos por sexo com sanitrios 50,00
5.6 Sala de projees 12,50
5.7 Sala de traduo simultnea 6,25
5.8 Casa de mquinas 12,50
5.9 Sala de Ensaio 100,00
5.10 Depsito de Cenrios e instrumentos 50,00
5.11 Depsito de Figurinos 25,00
5.12 Depsito de material de limpeza 6,25
5.13 Sanitrio 50,00
5.14 Sanitrios para funcionrios 25,00
SUBTOTAL (m) 907,50
6 UBS
6.1 Recepo e pronturio 12,50
6.2 Espera 25,00
6.3 Sala de vacinao e inalao 72,50
6.4 Sala de curativos 12,50
6.5 Consultrio odontolgico 25,00
6.6 Consultrio indiferenciado 25,00
6.7 Consultrio indiferenciado com banheiro 31,25
6.8 Estocagem e dispenso de medicamentos 25,00
6.9 Administrao com copa 72,50
6.10 Sala de procedimentos coletivos 72,50
6.11 Sala de esterilizao 12,50
6.12 Sanitrios 25,00
6.13 Expurgo 6,25
6.14 Almoxarifado 12,50
6.15 Depsito de material de limpeza 6,25
SUBTOTAL (m) 435,25
80
7 ESTACIONAMENTO
70 Vagas comuns 875,00
5 Vagas para bicicletas 6,75
4 Vagas para motocicletas 8,00
2 Vaga exclusiva para idosos 36,00
2 Vagas exclusivas para P.N.E. 36,00
SUBTOTAL (m) 861,75
8 CURSOS PROFISSIONALIZANTES
8.1 Oficinas multifuncionais 300,00
8.2 Sala de informtica e tecnologia 50,00
8.3 Sala de idiomas 72,50
8.4 Ptio coberto 250,00
8.5 Ptio descoberto 150,00
8.6 Depsito de matrias 12,50
8.7 Sanitrios 50,00
SUBTOTAL (m) 885,00
9 RESTAURANTE POPULAR
9.1 Recepo 25,00
9.2 Refeitrio 150,00
9.3 Distribuio e Empratamento 50,00
9.4 Preparo e Higienizao 25,00
9.5 Coco 25,00
9.6 Armazenagem fria: congelado, carnes e vegetais 35,00
9.7 Armazenagem seca 12,50
9.8 Despensa diria 12,50
9.9 Cozinha Experimental 75,00
9.10 Sala do nutricionista 25,00
9.11 Administrao 25,00
9.12 Sanitrios 25,00
9.13 Sanitrios para funcionrios 25,00
9.14 Depsito para material de limpeza 6,25
9.15 Depsito de lixo 12,50
SUBTOTAL (m) 528,75
10 CRECHE
10.1 Sala de atividades 100,00
10.2 Solrio 200,00
10.3 Berrio e Lactrio 72,50
10.4 Maternal 25,00
10.5 Secretaria e Administrao 12,50
10.6 Lavanderia 12,50
10.7 Depsito para material de limpeza 12,50
10.8 Sanitrios 50,00
10.9 Cantina 50,00
SUBTOTAL (m) 535,00
11 MSICA
11.1 Sala de Dana e expresso corporal 100,00
11.2 Coral 100,00
11.3 Sala para estudo em grupo 50,00
11.4 Sala para estudo individual 50,00
SUBTOTAL (m) 300,00
12 NCLEO DE ATIVIDADES FSICAS
12.1 Piscinas semiolmpicas 300,00
12.2 Consultrio avaliativo 12,50
12.3 Academia 100,00
12.4 Exerccios aerbicos 50,00
12.5 Artes Marciais 100,00
12.6 Quadra Poliesportiva 790,00
12.7 Sala de fisioterapia 25,00
12.8 Depsito de materiais esportivos 50,00
12.9 Vestirios 100,00
12.10 Vestirios P.N.E 50,00
SUBTOTAL (m) 1 577,50
TOTAL (m) 7 025,75
81
ASPECTOS URBANOS
Analisando o contexto urbano onde o projeto estaria inserido valeria destacar as con-
dies urbanas levando em considerao as ligaes do equipamento com a cidade, ele
tem frente para Av. Giovanni Gronchi que liga Paraispolis a outras partes de So Paulo, es-
t prximo a pontos de nibus que facilitando o acesso atravs do transporte pblico, alm
de estar junto ao fluxo de pedestres de entrada e sada da favela, aspectos que evidente-
mente influenciaram a concepo de projeto.
CONCEITUAO DO PROJETO
O partido arquitetnico foi concebido atravs da combinao da topografia acidenta-
da com o movimento estudado da favela. Ele foi pensado de forma a se tornar um equipa-
mento atrativo que se associasse a paisagem e tivesse elementos espaciais de identificao
dos usurios, desde de elementos formais, at matrias de revestimentos, espaos criados
que apelassem para a memria coletiva.
ASPECTO FORMAL
A soluo plstica foi definida compondo uma forma irregular e escalonada inspirada
na construo informal das casas de Paraispolis, e na criao de terraos habitveis que
permitem a livre apropriao, ou seja, podem ser desenvolvidos eventos externos, propos-
tas de atividades especficas do Centro Comunitrio, ou at ser um local de passagem, estar,
ou contemplao da paisagem.
Optou-se pela implantao que privilegiasse a vista para favela e que se deitasse so-
bre o terreno acompanhando a cada das curvas de nvel, criado fluxos e acessos ao longo
do projeto que criassem uma permeabilidade num caminho no regular, e sim algo que fos-
se descoberto a medida que se caminha, percursos que possibilitassem circular alternando
entre o espao construdo do edifcio e as reas livres propostas, muito semelhante ao tipo
de urbanismo que constitui a favela, de forma bem dinmica.
ASPECTO FUNCIONAIS
O programa foi distribudo de forma setorizada sendo que cada pavimento abriga um
ou dois temas do programa no mximo, sempre integrando seus espaos. Primeiro foi ela-
borado um acesso principal na via de maior fluxo, ou seja a Av. Giovanni Gronchi, que d de
encontro ao um grande hall de entrada com p direito duplo e fachada envidraada que
enquadra a paisagem da favela, e por onde o usurio poder se direcionar a qualquer outro
ambiente do projeto.
7.3 MEMORIAL JUSTIFICATIVO
CROQUI 1: TERRAOS
CROQUI 3: PROGRAMA
ADM/ASSISTNCIA
AUDITRIO
ESTACIONAMENYO
OFICINAS
RESTAURANTE
CRECHE
MSICA
ATIVIDADES FSICAS
CROQUI 2: CIRCULAO VERTICAL
LEITURA
PASSAGEM E EVENTOS
MIRANTE
ESTAR
INFANTIL
82
A circulao feita atravs de duas torres verticais que permitem acesso a todos os
andares do edifcio, funcionando como uma circulao acessvel para pessoas com necessi-
dades especiais e como alternativa de percurso coberto, alm dessa opo foram feitas es-
cadarias e rampas externas que criam acessos secundrios pelas ruas Manoel Antnio Pinto
e Major Marioto Ferreira. Essa uma maneira alternativa de acessar nveis de usos especfi-
cos do edifcio, isto , no necessariamente o usurio acessar pelo ponto mais alto do terre-
no, facilitando a entrada do pedestre que vem da parte mais baixa, ou seja da favela, tor-
nando assim, o equipamento tambm um meio de passagem e ligao entre a cidade for-
mal e informal.
Logo na entrada o grande hall direciona e permite acesso ao auditrio localizado aci-
ma, implantado neste local pela proximidade com a rua principal e ao transporte, e ainda
possvel acessar a biblioteca, a administrao e servio social atravs do terrao, que foram
implantados neste nvel tambm por questes de conforto acstico, e pela demanda de um
local silencioso para trabalho e leitura.
Escadarias permitem o acesso ao pavimento inferior onde foram dispostos um estaci-
onamento que tem acesso pela rua Manoel Antnio Pinto, no intuito de no gerar sobrecar-
ga no fluxo da Av. Giovanni Gronchi, apesar da legislao exigir um grand