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CENTRO UNIVERSITÁRIO NEWTON PAIVA CAMPUS BURITIS FACULDADE DE CIÊNCIAS EXATAS E TECNOLÓGICAS CURSO DE ENGENHARIA ELÉTRICA Marco Aurélio Rocha Leite Antônio Marcos da Cunha Guilherme Leal Fernandes ILUMINAÇÃO PÚBLICA

trabalho iluminação pública

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Page 1: trabalho iluminação pública

CENTRO UNIVERSITÁRIO NEWTON PAIVA

CAMPUS BURITIS

FACULDADE DE CIÊNCIAS EXATAS E TECNOLÓGICAS

CURSO DE ENGENHARIA ELÉTRICA

  

Marco Aurélio Rocha LeiteAntônio Marcos da CunhaGuilherme Leal Fernandes

 

 

  

  

 

 

ILUMINAÇÃO PÚBLICA

 

 

 

 

 

  

Belo Horizonte

2012.1

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Introdução

A Iluminação Pública pode ser definida como o serviço que tem por objetivo prover

de luz, no período noturno ou nos escurecimentos diurnos ocasionais, os

logradouros públicos, inclusive aqueles que necessitem de iluminação permanente

no período diurno (Resolução da Agência Nacional de Energia Elétrica - Aneel n.º

456/2000).

A Iluminação Pública é essencial à segurança e qualidade de vida nos centros

urbanos, atuando como instrumento de cidadania, permitindo aos habitantes

desfrutar do espaço público no período noturno. Ela atua na segurança do tráfego,

previne a criminalidade, embeleza as áreas urbanas, valoriza monumentos de valor

artístico, prédios e paisagens, orienta percursos e permite aos cidadãos

aproveitarem melhor as áreas de lazer. A Iluminação Pública nas cidades favorece

as atividades de turismo, comércio e lazer noturno, e ainda estimula a cultura do

uso eficiente e racional da energia elétrica, contribuindo, assim, para o

desenvolvimento social e econômico da população. A demanda da Iluminação

Pública no Brasil é de aproximadamente 2,2 GW, correspondendo a 4,5% do total

nacional. O consumo é da ordem de 10,3 bilhões de kWh/ano, o que equivale a

3,4% do consumo total de energia elétrica do país. Segundo o último levantamento

cadastral realizado em 2004, há aproximadamente 13,0 milhões de pontos de

iluminação pública instalados. Desses pontos, 46,21% localizam-se na Região

Sudeste, 21,39% no Nordeste, 19,15% no Sul, 9,40% no Centro-Oeste, e 3,85% na

Região Norte.

No Brasil, o consumo de energia elétrica destinado à iluminação é expressivo.

Cerca de 17% do consumo total de energia elétrica está associado à produção de

luz através da energia elétrica, incluindo a iluminação pública. A iluminação pública

representa cerca de 3,5% do consumo total de energia elétrica. A Tabela 1,

apresentada a seguir, mostra a distribuição do consumo faturado de energia elétrica

no Brasil no ano de 2003. De um total de 301 TWh faturados, cerca de 10 TWh

foram associados à iluminação pública.

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A participação da iluminação pública em relação à demanda é mais expressiva do

que em relação ao consumo de energia elétrica. A demanda máxima do setor

elétrico brasileiro girava em 2003 em torno de 50GW médios (Eletrobrás, 2003). Os

13 milhões de pontos de IP representam uma solicitação de cerca de 4,5% da

demanda de ponta do sistema elétrico (2,2GW), considerando-se que os sistemas

de iluminação pública entram em operação no horário onde há maior solicitação do

sistema elétrico nacional. Portanto, como a participação da iluminação pública na

demanda do sistema elétrico brasileiro (4,5%) é mais significativa do que no

consumo da energia elétrica (3,5%).

A constituição define que a prestação dos serviços públicos de interesse local, nos

quais se insere a iluminação pública, é de competência dos municípios. Mas por se

tratar de um serviço que requer o fornecimento de energia elétrica, está submetido

também à legislação federal. Atualmente a Agência Nacional de Energia Elétrica -

ANEEL é o órgão regulador e fiscalizador dos serviços de energia elétrica no Brasil.

As condições de fornecimento de energia destinado à iluminação pública são

regulamentadas especificamente pela Resolução ANEEL nº 456/2000.

Esta resolução estabelece que, mediante contrato ou convênio, o concessionário

poderá efetuar os serviços de iluminação pública, ficando o Poder Público Municipal

responsável pelas despesas decorrentes. Entretanto, quando o ponto de entrega da

energia é no bulbo da lâmpada, os serviços de operação e manutenção, inclusive

seus custos são de responsabilidade da concessionária. A tendência atual é de que

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a manutenção da iluminação pública passe a ser de responsabilidade total dos

municípios.

Luminotécnica

O conhecimento das grandezas envolvidas em luminotécnica e o que elas

representam para o sistema de iluminação são importantes para o estudo da

Iluminação Pública. A seguir serão apresentadas algumas definições de termos

luminotécnicos.

Fluxo Luminoso: O conceito de fluxo luminoso é de grande importância para os

estudos de iluminação. O fluxo luminoso é uma grandeza fotométrica derivada da

intensidade luminosa. Está estreitamente ligado com a capacidade de o homem

ver, pois a luz é uma forma de energia radiante que é percebida pelo homem e sua

interação com o indivíduo está vinculada ao estudo experimental da sensibilidade

visual do olho humano. O fluxo luminoso está contido no fluxo energético (ou fluxo

radiante) e este, por sua vez, é uma energia resultante da radiação (energia

radiante). O fluxo energético é uma grandeza que corresponde a um trabalho na

unidade de tempo e, portanto, sua unidade de medida corresponde a de uma

potência expressa em watts. Isto permite inferir que o fluxo luminoso é uma

potência luminosa. Sabe-se que a sensibilidade do olho humano reage ao estímulo

visual de forma diferenciada, segundo o comprimento de onda da radiação. Apesar

de a visão variar de indivíduo a indivíduo, a Comissão Internacional de Iluminação

estabeleceu a curva da eficácia luminosa espectral relativa para o observador

padrão. Os valores estão tabelados de acordo com os comprimentos de onda.

Portanto, o fluxo luminoso representa uma potência luminosa emitida ou observada,

ou ainda, representa a energia emitida ou refletida, por segundo, em todas as

direções, sob a forma de luz (símbolo: Φ, Unidade: lúmen/lm).

ILuminância:O melhor conceito de iluminância talvez seja: uma densidade de luz

necessária para uma determinada tarefa visual. Isto permite supor que existe um

valor ótimo de luz para quantificar um projeto de iluminação. Baseado em

pesquisas realizadas com diferentes níveis de iluminação, os valores relativos à

iluminância foram tabelados. No Brasil eles se encontram na NBR 5413 –

Iluminância de Interiores, que segue a tendência da norma internacional. Por

definição, iluminância é o fluxo luminoso incidente numa superfície por unidade de

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área. Assim, um lux corresponde à iluminância de uma superfície plana de um

metro quadrado de área, sobre a qual incide perpendicularmente um fluxo luminoso

de um lúmen. (símbolo: E, Unidade: lux/lx).

Eficiência Luminosa: Esta grandeza é extremamente simples de ser compreendida

e muito importante para a conservação de energia. Baseia-se numa relação entre

potência de saída versus potência de entrada, ou seja, corresponde à definição

física de rendimento, mas como trata com unidades de potência diferentes, sua

denominação básica é eficiência. Como se refere à luz, recebe adicionalmente a

palavra luminosa. Então, uma fonte luminosa recebe uma potência elétrica

expressa em watts e a transforma numa potência luminosa, expressa em lumens.

A busca por fontes luminosas cada vez mais eficazes processou-se de forma

gradual a partir do momento em que Edison provou que a iluminação de origem

incandescente era uma realidade que veio para ficar. A partir daí as A partir daí as

pesquisas voltaram-se para fontes que cada vez mais apresentassem uma maior

relação entre potência de saída e de entrada, no gráfico um pode-se observar

comparativamente a eficiência de vários tipos de lâmpadas. A competição inicial foi

entre as lâmpadas elétricas incandescentes e as lâmpadas incandescentes obtidas

pela utilização de combustíveis naturais como óleo, espermacete, derivados do

petróleo. Quando a realidade demonstrou que esta competição tornava vencedora

a iluminação de origem elétrica, a pesquisa passou a estudar outras fontes elétricas

que não fossem de origem incandescente. Surgiram, assim, as lâmpadas de

descarga e com elas diferentes famílias. Esta busca intensificou-se no momento em

que os meios científicos começaram a demonstrar o quanto o sistema energético

mundial era dependente das fontes esgotáveis de energia. Em que pese a crítica

que hoje é feita com relação às lâmpadas incandescentes, deve-se argumentar que

da lâmpada incandescente com filamento de carbono com uma eficácia de 2,5

lm/W à lâmpada incandescente com filamento de tungstênio de espiral dupla com

12 lm/W, o passo foi extremamente significativo. A eficiência luminosa de uma fonte

é o quociente entre o fluxo luminoso emitido em lumens, pela potência consumida

expressa em watts. É uma grandeza de compreensão extremamente simples, que

associada com outras permite a seleção de fontes luminosas eficientes e

adequadas à tarefa visual.

Porém, uma das dificuldades na utilização de fontes mais eficientes é de origem

cultural. O homem é, por natureza, muito ligado à tradição e avesso a mudanças.

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Aliado a isso, o ato de ver não é puramente racional, mas tem muito de

subjetividade. Por exemplo, fatalmente a iluminação fluorescente, empregando

lâmpadas compactas, será utilizada largamente nos lares, mas existe um

questionamento dos usuários alegando que esta lâmpada não se comporta

exatamente como a incandescente, o que de fato é verdade, pois as

incandescentes têm características muito mais parecidas com as da luz natural.

Entretanto, a lâmpada fluorescente compacta é muito mais eficiente que a

incandescente e, assim, está sendo instalada aos poucos. As razões são as

reduções do preço por unidade e do custo mensal com energia elétrica. Isto

significa que o uso doméstico das incandescentes será suplantado pelas

fluorescentes, ou seja, a questão cultural é um item que não pode ser

negligenciado, mas o fator monetário está presente e será um dos vetores para a

adoção das fluorescentes (símbolo: η, Unidade: lúmen por watt/lm/W).

Temperatura da Cor Correlata: Todos sabem que ao tocarmos uma lâmpada

incandescente, depois de alguns minutos acesa, podemos nos queimar. Uma

quantidade pequena de pessoas sabe que tocar em uma lâmpada fluorescente

após algumas horas acesa não provocará queimadura, apenas calor. Outros, por

sua vez, sabem que existem cores quentes e frias. Afinal, o que permite supor que

a cor tenha temperatura? Primeiramente fica esclarecido que o fato de poder-se

tocar uma lâmpada fluorescente e não uma incandescente não tem relação alguma

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com a temperatura da cor. Por outro lado dizer que uma cor é fria em relação à

outra que é quente permite supor que existe uma forma de mensurar a cor por meio

da temperatura. No instante em que um ferreiro coloca uma peça de ferro no fogo,

a peça passa a comportar-se segundo a lei de Planck e vai adquirindo diferentes

colorações na medida em que sua temperatura aumenta. Na temperatura ambiente

sua cor é escura, tal qual o ferro, mas será vermelha a 800 K, amarelada em 3.000

K e branca azulada em 5.000 K. Sua cor será cada vez mais clara até atingir o seu

ponto de fusão. Pode-se, então, estabelecer uma correlação entre a temperatura de

uma fonte luminosa e a sua cor, cuja energia do espectro varia segundo a

temperatura de seu ponto de fusão. Por exemplo, uma lâmpada incandescente

opera com temperaturas entre 2.700 K e 3.100 K, dependendo do tipo de lâmpada

a ser escolhido. A temperatura da cor da lâmpada é geralmente indicada no

catálogo do fabricante. A observação da experiência acima indica que, o corpo

negro, quando aquecido, emite radiação na forma de um espectro contínuo. No

caso de uma lâmpada incandescente, grande parte desta radiação é invisível, seja

na forma de ultravioletas ou de infravermelhos (calor). Apenas uma pequena porção

está na faixa da radiação visível, por isso o rendimento desta fonte luminosa é tão

baixo. O gráfico da Figura 1 ilustra a lei de Planck para radiação de corpo negro.

Ele nos permite observar que quanto maior for a temperatura, maior será a energia

produzida, sendo que a cor da luz está diretamente relacionada com a temperatura

de trabalho (mais fria quanto maior for a temperatura).

Entretanto, quando se empregam fontes luminosas de descarga, como é o caso

das lâmpadas fluorescentes, não tem sentido se falar de radiador integral, visto que

o princípio de produção de luz não é incandescente. Mas é possível estender este

conceito de forma tal que abranja não apenas a temperatura das lâmpadas

incandescentes como também ultrapasse a valores bem maiores, até 25.000 K. Por

exemplo, uma lâmpada fluorescente compacta apresenta a mesma temperatura de

cor (2.700 K) que uma lâmpada incandescente, mas uma lâmpada fluorescente

denominada luz do dia tem uma temperatura de cor de 5.000 K. Surge daí o termo

temperatura de cor correlata, que é a temperatura absoluta cuja cor percebida se

assemelha ao mais próximo possível com aquela apresentada pela fonte luminosa.

A temperatura da cor correlata poderá então ser usada tanto para fontes de origem

incandescente, quanto para as demais fontes.

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Considera-se que as cores quentes vão até 3.000 K, as cores neutras situam-se

entre 3.000 K e 4.000 K e as cores frias acima deste último valor. As cores quentes

são empregadas quando se deseja uma atmosfera íntima, sociável, pessoal e

exclusiva (residências, bares, restaurantes, mostruários de mercadorias). As cores

frias são usadas quando a atmosfera deva ser formal, precisa, limpa ex.: escritórios,

recintos de fábricas (símbolo: TCC, Unidade: kelvin K)

Índice de Reprodução de Cor: Antes de tudo é importante saber que a cor somente

existe na mente do observador, isto é, não há instrumento que permita mensurar o

que os olhos detectam e sua respectiva tradução da realidade no cérebro. Galileo,

referindo-se a cores, dizia que “estava inclinado a pensar que gostos, cheiros,

cores, em relação aos objetos, nada mais são do que meros nomes que existem na

parte sensível do corpo; estas qualidades desaparecem quando o ser humano é

removido”. Pode-se argumentar que indivíduos daltônicos não vêem as cores como

na realidade são, mas a medida do grau de daltonismo é grosseira e não permite

definir o seu grau exato, apenas as deficiências de visão para uma ou mais cores.

Portanto, quando se trata da mente, as questões são muito complexas e os

processos de medida ou são subjetivos ou ainda falta muito para um ajuste fino

(Símbolo: IRC, Unidade: por cento /%).

Cor e radiador integral: O advento dos pigmentos trouxe para o homem um uso

intenso da cor que o projetista de iluminação não pode desprezar, pois sua

preocupação deve residir em reproduzi-las, o melhor possível, em função da tarefa

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visual. Um dos meios de avaliar como a cor está sendo reproduzida é através de

um índice. Este índice é obtido empregando-se curvas espectrais da fonte, da

superfície refletora e a curva de eficácia espectral.

O índice de reprodução de cor é o valor percentual médio relativo à sensação de

reprodução de cor, baseado em uma série de cores padrões. Seu símbolo é IRC e

sua unidade é percentual [%]. É relativa ao índice do radiador integral (corpo negro)

que apresenta um valor de 100%. Costuma-se afirmar que está relacionado com a

lâmpada incandescente, pois esta tem um comportamento próximo ao do radiador

integral. Logo, se uma fonte luminosa apresenta um índice de 60%, este está

relacionado com o radiador integral que é 100%. Isto é verdade em parte. O IRC é

uma tentativa de mensuração da cor avaliada pelo cérebro, Como a percepção

varia segundo o indivíduo e suas experiências anteriores, nem sempre esta

avaliação corresponde à realidade. Para facilitar o esclarecimento, é costume, entre

os fabricantes, apresentar uma tabela que informe comparativamente o índice de

reprodução de cores, a temperatura da cor e a eficiência luminosa.

A equação de Planck mostra que o espectro energético dos radiadores integrais é

constituído por um espectro contínuo cuja energia depende da temperatura de cor.

As fontes de descarga são, por sua vez, correlacionadas com a temperatura da cor

de um radiador hipotético, visto que o princípio da incandescência não é o mesmo

da condução através dos gases. Por esta razão, uma fonte luminosa baseada no

princípio da descarga através dos gases apresenta uma temperatura de cor

correlata (TCC) que, medida em kelvins, corresponderá a uma fonte teórica

incandescente. Em outras palavras, se os 60%, mencionados acima,

corresponderem a uma fonte luminosa de descarga, ele somente será comparado

com um radiador integral de mesma temperatura de cor, isto é, somente podem ser

comparados índices de reprodução de cor que apresentem mesmo TCC, ou

próximos. Um IRC 100 significa que não há alteração de cor, quando comparado

com aquele apresentado pela fonte de referência. As lâmpadas fluorescentes

compactas, que são previstas para uso residencial, têm uma temperatura de cor de

2.700 K, ou seja, a mesma de uma lâmpada incandescente, mas um IRC médio da

ordem de 80%.

Equipamentos De Iluminação Pública

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Lâmpadas: Pode-se considerar a lâmpada como o equipamento de maior influência

para as características de um ponto luminoso. Ela é a principal responsável pelo

fluxo luminoso, consumo de energia e reprodução de cores do local iluminado.

Existem dois princípios de funcionamento que podem ser utilizados pelas

lâmpadas, o da incandescência e o da descarga elétrica. As lâmpadas que utilizam

a incandescência são a incandescente e a halógena. As demais, fluorescentes,

vapor metálico, vapor de mercúrio e vapor de sódio em alta pressão, citando

apenas as mais usadas, são lâmpadas de descarga. Existem ainda as lâmpadas

mistas, que combinam as duas tecnologias, incandescência e descarga.Nos tópicos

seguintes serão mostradas as principais características de cada uma dessas

lâmpadas e feita uma análise de qual delas é mais adequada para os projetos

Reluz de iluminação pública.

Lâmpadas Incandescentes: São lâmpadas que funcionam através da passagem da

corrente elétrica por um filamento de tungstênio que, com o aquecimento, gera a

luz. O tungstênio é o material que mais se adapta às elevadas temperaturas que se

verificam no interior das lâmpadas, onde existe vácuo ou um gás raro. As partes

principais de uma lâmpada incandescente são: base, bulbo e filamento (ver Figura

2). As bases podem ser do tipo rosca ou baioneta, cada qual com finalidades

específicas. Os bulbos podem ser do tipo globular comum, pêra, parabólico entre

outros. Há lâmpadas infravermelhas, germicidas, para iluminações gerais ou

refletoras, com as mais diversas aplicações. Seu custo é baixo, mas sua eficiência

luminosa também, da ordem de 12 lm/W, a exemplo da sua vida útil, cerca de 1.000

horas. Isto se deve ao fato de a lâmpada não apenas emitir energia luminosa, mas

também calor. Sua vantagem é a temperatura de cor agradável, na faixa de 2.700K

("amarelada") e reprodução de cor (IRC) de 100%, aproximando-se muito da luz

natural. As lâmpadas incandescentes podem ser adaptadas a um dimmer para

controle da potência.

Na iluminação pública, as lâmpadas são normalmente ligadas em paralelo na rede

de distribuição secundária de energia elétrica. Podem ser usadas as mesmas

lâmpadas de iluminação domiciliar. É, contudo, indicada para iluminação pública, a

utilização de lâmpadas especiais que possuem vida mais longa (1500 horas), maior

resistência às vibrações e bulbo transparente. Contudo, atualmente este tipo de

lâmpada é mais comumente encontrado na iluminação residencial, tendo seu uso

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em baixa escala na iluminação pública. Devido principalmente à sua baixa

eficiência e vida útil, este tipo de lâmpada deve ser substituído por lâmpadas a

vapor de sódio em alta pressão.

Lâmpadas Halógenas: As lâmpadas halógenas possuem o mesmo princípio de

funcionamento das lâmpadas incandescentes. Porém, são incrementadas com

gases halógenos (iodo ou bromo) que, dentro do bulbo, se combinam com as

partículas de tungstênio desprendidas do filamento. Essa combinação (iodeto de

tungstênio), associada à corrente térmica dentro da lâmpada, faz com que as

partículas de tungstênio evaporado se depositem de volta no filamento, criando

assim o ciclo regenerativo do halogênio. Para que este ciclo ocorra, a temperatura

do bulbo deve estar acima de 250°C, obrigando a utilização de bulbos de quartzo, o

que encarece a produção e exige que a lâmpada funcione nas posições para a qual

foi projetada. A exemplo das incandescentes, as halógenas possuem perfeita

reprodução de cores e admitem a utilização do dimmer. Porém, devido ao fato de o

filamento trabalhar em temperaturas mais elevadas (aproximadamente 3200 a 3400

K), e sua capacidade regenerativa, as elas possuem algumas vantagens em

relação às incandescentes. Dentre elas podemos citar a redução de 25% a 40% no

consumo de energia, luz mais branca, brilhante e uniforme durante toda vida

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(devido ao fluxo luminoso ter maior temperatura de cor), maior vida útil, com média

de 2.000 horas, dimensões reduzidas e ausência de depreciação do fluxo luminoso

por enegrecimento do bulbo. Apesar destas vantagens, as lâmpadas halógenas não

são suficientemente eficientes para serem aplicadas a projetos de eficiência na

iluminação pública. Seu uso é mais indicado para fins decorativos.

Lâmpadas Fluorescentes: As lâmpadas que serão descritas neste e nos próximos

tópicos utilizam o princípio da descarga elétrica. As florescentes emitem uma

descarga, sob baixa pressão, pela passagem da corrente elétrica através de um

gás, geralmente vapor de mercúrio ou argônio. O fenômeno é chamado de

ionização. Esta descarga é quase totalmente formada por radiação ultravioleta,

invisível ao olho humano. Ela é convertida em luz visível pelo pó fluorescente que

reveste a superfície interna do bulbo (ver Figura 3). Dependendo da composição do

pó fluorescente, resultam as mais diferentes alternativas de cor de luz, adequadas a

cada tipo de aplicação. Ele também determina a qualidade e quantidade de luz e a

eficiência na reprodução de cor. Lâmpadas fluorescentes são encontradas nas

versões standard, com eficiência energética de até 70 lm/W, temperatura de cor

entre 4.100 e 6.100K, e com pó trifósforo, com eficiência energética de até 96 lm/W,

temperatura de cor entre 4.000 e 6.000K. Lâmpadas fluorescentes têm custos

maiores que as incandescentes e necessitam de equipamentos auxiliares, como

reator e dispositivo de partida. Todavia, sua eficiência luminosa é cinco vezes maior

e a vida útil mediana é de 7.500 horas. A reprodução de cores fica em torno de

85%, valor baixo em relação às incandescentes, mas alto quando comparado com

lâmpadas a vapor de sódio, por exemplo. Por estas razões, são utilizadas

comumente em empresas, escritórios e indústrias. Devem ser substituídas por

lâmpadas a vapor de sódio sob alta pressão nos projetos Reluz de iluminação

pública, pois estas possuem tecnologia muito superior no quesito eficiência.

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Lâmpadas Mistas: São lâmpadas ao mesmo tempo incandescentes e de descarga,

constituídas de um tubo de descarga de mercúrio, ligado em série com um

filamento de tungstênio. Este filamento, além de funcionar como fonte de luz, age

como resistência, limitando a corrente da lâmpada. Por estes motivos são

chamadas de lâmpadas mistas, pois combinam a tecnologia das lâmpadas

incandescentes com a das lâmpadas de descarga de alta pressão. No início do

funcionamento, o filamento incandescente é aceso e, aos poucos, o mercúrio é

vaporizado, iniciando-se o processo da iluminação por meio do vapor de mercúrio.

A luz possui uma coloração branco-azulada, agradável a visão e de ampla

aplicação em espaços exteriores. Funcionam em tensão de rede de no mínimo 220

V, emitem cerca de 25 lm/W, o seu fator de potência é igual a 1 e possuem vida útil

aproximada de 6.000 horas. Têm duas grandes vantagens sobre as lâmpadas de

vapor de mercúrio comum: não necessitam de reator e podem ser aplicadas

simplesmente substituindo a lâmpada incandescente, sem necessitar adaptação.

Geralmente substituem incandescentes de alta potência. O seu campo de aplicação

é na iluminação de ruas, jardins, armazéns, garagens e postos de gasolina. Apesar

de serem mais eficientes do que as lâmpadas incandescentes e mais práticas do

que as lâmpadas vapor de mercúrio, o rendimento das lâmpadas mistas é muito

inferior ao das lâmpadas a vapor de sódio. Por este motivo, nos projeto Reluz,

todas as lâmpadas mistas devem ser substituídas.

Lâmpadas a Vapor de Mercúrio: Utilizam o princípio da descarga em alta pressão,

através do vapor de mercúrio. Uma descarga elétrica entre os eletrodos leva os

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componentes internos do tubo de descarga a produzirem luz. É uma lâmpada de

reação com partida dada por meio de um resistor. Em alguns casos é necessário o

uso de ignitores na partida. Uma vez iniciado o arco entre um dos eletrodos

principais e o eletrodo auxiliar, o vapor de mercúrio contido no tubo vaporiza-se,

propiciando um meio condutor favorável. Assim, entre os eletrodos principais, se

forma um arco, produzindo energia luminosa em escala visível, pois o vapor de

mercúrio encontra-se em alta pressão. O tempo entre a partida e a estabilização

total do fluxo luminoso de uma lâmpada de vapor de mercúrio varia de 2 a 15

minutos. A lâmpada a vapor de mercúrio têm aparência branco-azulada e é

utilizada em larga escala na iluminação de ruas, jardins públicos, postos de

gasolina, campos de futebol e áreas industriais. Seu índice de reprodução de cores

é, em média, de 40% e sua vida útil gira em torno de 24.000 horas. A eficiência

luminosa chega a 55 lm/W e ela pode ser encontrada com potências que variam de

80 a 1.000W. É considerada uma lâmpada de boa eficiência, porém seu

desempenho está um pouco abaixo do desempenho das lâmpadas a vapor de

sódio em alta pressão. Por este motivo, não é recomendado pela Eletrobrás a

manutenção de nenhuma lâmpada a Vapor de Mercúrio na iluminação pública das

cidades.

Lâmpadas de vapor metálico: A lâmpada de vapor metálico é semelhante à

lâmpada de vapor de mercúrio, porém combinam iodetos metálicos (tálio, índio),

com altíssima eficiência energética, excelente reprodução de cor, longa

durabilidade e baixa carga térmica. Existe ainda a possibilidade de se variar a

coloração da lâmpada pela seleção dos iodetos metálicos colocados no interior do

tubo de descarga. Esse tipo de lâmpada também conta com um revestimento de

alumina nas extremidades do tubo de descarga, cujo objetivo é refletir o calor

produzido pela descarga para os eletrodos, impedindo a condensação dos iodetos

no interior do tubo de descarga da lâmpada. Sendo as tensões de partida mais

elevadas e as características elétricas diferentes, essas lâmpadas exigem

equipamentos auxiliares especialmente projetados para as mesmas. Alguns

modelos exigem, também, um dispositivo de partida (starter). Lâmpadas de vapor

metálico estão disponíveis nos mais variados formatos, existindo ainda lâmpadas

de altíssima potência que são desprovidas de bulbo, utilizando, portanto, um refletor

fechado hermeticamente. Dentre as aplicações, destacam-se a iluminação de lojas,

estádios de futebol, monumentos, indústrias, residências, e até mesmo, iluminação

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automotiva, com as chamadas lâmpadas de xenônio, que são lâmpadas de vapor

metálico com atmosfera de xenônio, capazes de acender instantaneamente.

Também estão disponíveis numa enorme gama de potências, indo de 10W até

18.000 W. Na iluminação pública usam-se potências de 70W a 400W. Em

lâmpadas de alta potência, a eficiência pode chegar a 90 lm/W e o IRC a 90%. A

temperatura de cor varia de 4.000 a 6.000K, sendo considerada fria. A vida útil varia

entre 8.000 e 15.000 horas e a luz é muito branca e brilhante. Suas características

funcionais, como eficiência luminosa e vida útil, deixam a desejar quando

comparadas com lâmpadas a vapor se sódio sob alta pressão.

Lâmpadas a Vapor de Sódio sob Alta Pressão: A lâmpada a vapor de sódio sob alta

pressão, que chamaremos de VSAP, é a última palavra em matéria de eficiência,

durabilidade e confiabilidade. É uma lâmpada que funciona segundo o mesmo

princípio da lâmpada de vapor de mercúrio sob alta pressão, diferindo na mistura

dos gases. As VSAP utilizam uma pequena quantidade do metal sódio misturado

com mercúrio, que é colocada em uma cápsula de vidro, com gás xenônio ou

argônio em seu interior (ver Figura 4). Estes gases nobres ativam o arco voltaico

que é formado entre os eletrodos colocados nas extremidades da cápsula e iniciam

a ignição da lâmpada. Durante o aquecimento inicial da lâmpada, o sódio e o

mercúrio gradativamente se vaporizam, fazendo com que uma tênue luz seja

emitida pela lâmpada. A pressão aumenta a seguir e a luz produzida é de alta

intensidade. A exemplo das outras lâmpadas de descarga, o arco emite raios UV,

invisíveis ao olho humano, mas a ampola é montada no interior de um bulbo

revestido internamente com uma camada de fósforo, que passa a emitir luz assim

que recebe os raios UV. A lâmpada VSAP foi idealizada por pesquisadores dos

principais fabricantes de lâmpadas do mundo, dentre estes a GE, que apresentou

um dos primeiros protótipos desse tipo de lâmpada. O maior obstáculo para a

elaboração desse audacioso projeto foi a confecção de um tubo de descarga que

suportasse a agressividade do sódio sob altas temperaturas (aproximadamente

1.000°C) e pressões. Este obstáculo foi transposto com o desenvolvimento do óxido

de alumínio sintetizado, material cerâmico com ponto de fusão de 2.050°C,

translúcido e quimicamente à prova de vapor de sódio em elevadas temperaturas.

A luz dessas lâmpadas possui tonalidade amarelada devido ao componente sódio e

seu espectro luminoso é descontínuo. O IRC das lâmpadas varia muito conforme o

tipo e modelo, indo de 20, para lâmpadas comumente aplicadas na iluminação

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pública, a 70, em lâmpadas com rendimento de cor melhorado. Sua temperatura de

cor gira em torno de 2.000 K a 3.200 K. Com o tempo de uso, pode ocorrer variação

na tonalidade da luz emitida. As lâmpadas VSAP estão disponíveis numa grande

quantidade de formatos, indo das tradicionais formas ovóide e tubular até a forma

refletora parabólica. A eficiência luminosa varia de 80 lm/W, para lâmpadas de 70

W, a 150 lm/W para lâmpadas de 600 W. Considerando estas mesmas potências, a

vida útil também varia, de 16.000 horas a 32.000 horas, sendo por isso

consideradas lâmpadas de longa durabilidade. Os reatores e fiação devem ser

projetados levando-se em conta o pulso de tensão necessário à partida. Alguns

modelos exigem a utilização adicional de um ignitor transistorizado que provoca a

elevação transiente da tensão necessária à partida (2.500 V). Estas lâmpadas são

extremamente úteis em diversas aplicações, dentre elas portos, rodovias, ferrovias,

estacionamentos e iluminação pública em geral, casos em que a reprodução de

cores não é um fator importante. Também é utilizada para iluminação de longo

alcance, como por exemplo, em campos de futebol. Além das vantagens já citadas,

estas lâmpadas possuem a característica de atrair menos insetos, em virtude do

comprimento de onda da luz que emitem ser diferente do das outras lâmpadas. Por

ser a tecnologia de lâmpada com a maior eficiência luminosa (lm/W) e vida útil da

atualidade, as lâmpadas VSAP são recomendadas pelo manual do programa Reluz

para substituírem todas as outras lâmpadas existentes nos municípios.

Page 17: trabalho iluminação pública

Reatores: Reatores são equipamentos auxiliares utilizados em conjunto com

lâmpadas de descarga elétrica. Servem para dar partida estabilizada e firme à

lâmpada de descarga, sem cintilação em qualquer situação. Sem reator, a lâmpada

ligada diretamente à rede iria exigir mais e mais corrente até se queimar. A corrente

ideal para o funcionamento da lâmpada é limitada pelo reator. Quando o reator não

tem as características elétricas adequadas à lâmpada, ele estabiliza a corrente

acima ou abaixo da necessária, causando queima prematura ou baixa emissão de

luz, além do superaquecimento. No caso de superaquecimento, além de aumentar

o consumo, transforma a energia em calor e prejudica a segurança da instalação,

com risco de curtos-circuitos e incêndios. Quando a corrente está abaixo da ideal, a

lâmpada emite menos luz e, para iluminar o ambiente de forma adequada, serão

necessárias mais lâmpadas, e, conseqüentemente, os gastos de energia elétrica e

compra de material para aumentar os pontos de luz serão maiores. Passando

pouca corrente, os eletrodos não serão aquecidos de forma correta e quando a

lâmpada tentar acender ela piscará várias vezes, causando um bombardeio dos

eletrodos até que eles alcancem a temperatura ideal, o que também levará à

redução da vida da lâmpada. Hoje estão disponíveis no mercado dois tipos de

reatores que podem ser usados na iluminação pública. São eles o eletromagnético

Page 18: trabalho iluminação pública

e o eletrônico. O eletromagnético é mais comumente encontrado nas instalações

atuais, devido à sua maior robustez e menor custo. Porém o eletrônico também

possui suas vantagens, como veremos mais adiante. Para iluminação pública,

temos ainda as opções de reatores internos, alojados na luminária, e externos,

encaixados através de uma alça ao poste, como mostra a Figura 5.

Reatores Eletromagnéticos: Um reator eletromagnético é formado, basicamente,

por uma bobina de fio de cobre enrolada ao redor de um núcleo de material ferro-

magnético. No momento da ligação da lâmpada e do reator à rede, começa a

circular uma corrente elétrica na bobina do reator, o que gera uma perda de energia

em forma de calor que é conhecida como perda Joule, motivo pelo qual o reator

esquenta quando funciona.A temperatura máxima de funcionamento de um reator,

segundo normas da ABNT, é de 90ºC. Quando um reator está operando acima

dessa temperatura deve ser substituído, pois é um produto com algum defeito ou foi

produzido a partir de um projeto inadequado ou com matérias primas de qualidade

inferior, colocando em risco a segurança da instalação. Existem dois tipos de

reatores eletromagnéticos: o de partida convencional, com starter, e o de partida

rápida. O funcionamento do reator de partida convencional requer o uso de starter

ou interruptor manual para armar o circuito no reator e aquecer os filamentos das

lâmpadas. Quando os filamentos estão aquecidos, o starter abre e o reator fornece

Page 19: trabalho iluminação pública

a corrente adequada de partida, limitando, após, o fluxo desta aos valores corretos

para o funcionamento adequado da lâmpada. Já os de partida rápida fornecem

níveis adequados de energia para aquecer continuamente os filamentos das

lâmpadas por meio de pequenas bobinas de baixa tensão, reduzindo as exigências

de tensão de circuitos abertos para partida e acelerando o intervalo de partida.

Normalmente é necessário que o sistema esteja aterrado para que, através do

efeito capacitivo entre a lâmpada e a luminária, sejam descarregadas à terra as

cargas estáticas que se acumulam ao longo do bulbo da lâmpada fluorescente. O

fato de o reator ser magnético faz com que ele vibre e emita ruído, porém o

preenchimento correto do reator com resina poliéster atenua a vibração a níveis

quase imperceptíveis, além de permitir a dissipação térmica. A fixação correta do

reator na luminária ou poste, também é importante para a eliminação dos ruídos. A

Figura 6 mostra reatores eletromagnéticos comumente utilizados na iluminação

pública.

Reatores Eletrônicos: Os primeiros reatores eletrônicos para lâmpadas

fluorescentes foram introduzidos no Brasil no início da década de 90. Eles operam

em alta freqüência, acima de 20kHz, a partir da rede elétrica de baixa freqüência.

Page 20: trabalho iluminação pública

Na alta freqüência as perdas diretas são reduzidas, resultando em maior eficiência

e economia de energia quando comparado com os reatores eletromagnéticos. Os

reatores eletrônicos possuem tecnologia inovadora, não necessitando de re-ignição

constante, como ocorre nos reatores eletromagnéticos convencionais. Outras

vantagens são: ausência do efeito estroboscópico, maior durabilidade da lâmpada

(o aumento de sua vida útil chega a 30%), menor peso e volume e baixa

temperatura de trabalho. Além disso, não necessitam de capacitores para correção

do fator de potência, visto que sua construção já proporciona valores altos.

Considerando a baixa eficiência relativa dos reatores eletromagnéticos produzidos

e vendidos no Brasil, os reatores eletrônicos podem reduzir o consumo de

eletricidade para lâmpadas de descarga em cerca de 25 a 30%. Todavia, alguns

modelos nacionais são de baixa qualidade, com pequena vida útil e altas distorções

harmônicas (THD), o que pode prejudicar o funcionamento de outros equipamentos

que estejam ligados na mesma rede. Para evitar este problema, devem ser

construídos já com um filtro de harmônicas. As principais barreiras para o aumento

do uso de reatores eletrônicos são: Pouco conhecimento; Custo inicial alto, da

ordem de três a quatro vezes o custo de reatores eletromagnéticos, para modelos

de melhor qualidade; Existência de alguns reatores eletrônicos de baixa qualidade

no mercado.

Reatores externos e internos: Para aplicação na iluminação pública, encontram-se

hoje no mercado reatores de uso interno e de uso externo. Os reatores externos

são fabricados com uma alça metálica em L acoplada ao seu corpo. No lado da

alça oposta ao reator há uma furação, que serve para que o reator seja parafusado

diretamente no poste ou na cinta que prende o braço da luminária ao poste.

Geralmente o ignitor e o capacitor estão embutidos dentro desses reatores, quando

necessários ao funcionamento da lâmpada. Estes reatores dissipam o calor

naturalmente, pois sua carcaça metálica está em contato direto com o ar. Devem

possuir cabos flexíveis coloridos, esquemas de ligação e grau de proteção IP 65,

conforme norma ABNT. Opcionalmente, alguns modelos possuem base para

acoplamento do relé. Já os modelos internos para iluminação pública são instalados

dentro de um alojamento, na própria luminária. O alojamento deve possuir grau de

proteção IP 65, mas o reator não, por isso eles são mais baratos que os de uso

externo. Ao contrário do que ocorre nos reatores externos, o ignitor e o capacitor,

quando necessários, não estão incorporado dentro dos reatores internos. Dissipam

Page 21: trabalho iluminação pública

o calor através do corpo da luminária à qual estão acoplados, que geralmente é

metálico. A tomada para o relé pode estar embutida na parte superior da luminária

ou ser comprada separadamente. Em instalações mais simples o relé é

simplesmente conectado em alguma outra parte dos circuitos, sem utilizar uma

base. Também devem possuir cabos flexíveis coloridos e esquemas de ligação,

conforme norma ABNT.

Ignitores e Capacitores: Como o funcionamento dos reatores utilizados na

iluminação pública está intimamente ligado ao uso de ignitores e capacitores, cabe

aqui uma breve explicação sobre estes dispositivos. Para dar a partida de uma

lâmpada de descarga, o ignitor sobrepõe um ou mais pulsos de alta tensão,

normalmente de 0,7 a 4,5 kV, sobre a tensão nominal da lâmpada para que se

produza a descarga. Uma vez acesa a lâmpada, o ignitor pára, automaticamente,

de produzir os pulsos. O circuito eletrônico do ignitor possui componentes sensíveis

à temperatura, sendo a temperatura máxima permitida na carcaça de 85°C. Devem,

portanto, ser instalados em local abrigado de intempéries. A Figura 7 mostra um

modelo de ignitor para iluminação pública. Já o capacitor não afeta as condições da

lâmpada, porém modifica as condições da rede. Ele é usado apenas em conjunto

com reatores eletromagnéticos, servindo para elevar o fator de potência dos

mesmos para 0,92. Normalmente eles estão embutidos nos reatores. Com isso é

possível reduzir em até 50% os valores de corrente de linha, proporcionando desta

forma redução da bitola de fio e diminuições das perdas do sistema de iluminação

Fator de potência dos reatores: O fator de potência representa a relação entre a

Page 22: trabalho iluminação pública

potência aparente total consumida e a potência ativa, que é efetivamente

transformada em energia mecânica, térmica ou, em nosso caso, luminosa. Este

fator é expresso numericamente, assumindo valores entre 0 e 1. Os equipamentos

são classificados como sendo de alto fator quando este valor é igual ou superior a

0,92. Um fator de potência baixo indica que a energia não está sendo aproveitada

da melhor forma possível pelo equipamento. Reatores de alto fator de potência

requerem baixo nível de corrente, reduzindo o aquecimento dos condutores e os

custos da fiação. A Eletrobrás atribui o selo Procel a reatores eletromagnéticos de

diversos fabricantes, desde que estes apresentem perdas reduzidas e alto fator de

potência. Nos anexos deste trabalho é apresentada uma parte da lista de reatores

eletromagnéticos com selo Procel, para lâmpadas a vapor de sódio.

Relés Fotoelétricos: Os relés fotoelétricos são equipamentos de comando

amplamente utilizados na iluminação pública. Eles têm o objetivo de ligar as

lâmpadas no início da noite, quando a iluminância ambiente estiver abaixo de 10

lux, e desligá-las ao amanhecer, quando a iluminância estiver acima deste valor.

Para efeitos de cálculo de consumo de energia dos equipamentos de iluminação

pública, visto que não são usados medidores para esta aplicação, considera-se que

os relés passam 12 horas por dia fechados, conduzindo corrente, e 12 horas

abertos. Para perfeito funcionamento no inverno e verão, devem ter o sensor

voltado para o sul no momento da instalação. Podem ser usados com comando

individual, ou seja, um relé para cada ponto luminoso, ou em grupo, quando um

único relé é responsável pelo acionamento de diversas lâmpadas, caso comum em

praças e áreas esportivas.

Luminárias: Outro equipamento que sempre está presente num ponto de iluminação

pública é a luminária. Ela tem a função de abrigar a lâmpada, para protegê-la contra

variações do clima e vandalismo. Também refletem a luz da lâmpada no sentido do

solo, de modo a proporcionar maior luminosidade no ambiente onde estiver

instalada. Existem vários fatores que devem ser considerados na especificação e

compra de luminárias para iluminação pública. Dentre eles os mais importantes

são: corpo refletor, porta-lâmpada, fechamento, alojamento para equipamentos

auxiliares e tomados para relé. Serão vistos detalhadamente cada um deles.

Corpo Refletor: São chamadas de luminárias reflexivas aquelas que possuem corpo

refletor interno. Os refletores podem utilizar o alumínio polido e anodizado,

revestimento com película de prata ou uma camada vitrificada, materiais que

Page 23: trabalho iluminação pública

normalmente são importados da Alemanha ou EUA. Dado que no custo do material

estão incluídos os custos de importação e transporte, uma luminária reflexiva de

alta qualidade custa cerca de cinco a dez vezes mais do que as luminárias comuns

feitas de aço pintado. No entanto, o uso da luminária reflexiva pode incrementar de

uma maneira global a eficiência das instalações em cerca de 30 a 50%, permitindo

o uso de menos lâmpadas e reatores, com uma emissão equivalente de luz.

O uso de luminárias reflexivas está crescendo no Brasil devido ao alto custo da

eletricidade, tentativas de aprimoramento dos sistemas de iluminação e crescente

divulgação desta medida de eficiência. Apesar disso, a adoção destas luminárias é

limitada principalmente pelo seu alto custo, o qual se deve em parte à importação

do material utilizado na fabricação delas. Embora o Brasil seja um grande produtor

e exportador de alumínio, o alumínio de alta qualidade, com mais de 99,9 % de

pureza, necessário para um bom refletor especular não é produzido no Brasil.

Produtores de alumínio estão produzindo refletores de diversos tipos, porém a sua

qualidade ainda deixa a desejar quando comparada com os refletores importados.

Porta-lâmpadas: É chamada de porta-lâmpada ou soquete a parte da luminária

onde a lâmpada é rosqueada. Geralmente é revestido externamente com

porcelana, que serve para isolar a região onde é encaixada a lâmpada das demais

partes da luminária e proteger as pessoas que manuseiam o equipamento.

Internamente possui corpo de metal não-ferroso, como latão ou bronze, com rosca,

local onde a lâmpada é instalada e submetida a uma tensão, necessária ao seu

funcionamento. O importante para a confecção do projeto Reluz é saber que nas

luminárias para iluminação pública existem dois tipos de soquete, o E-27, de

tamanho menor, e o E-40, de tamanho maior. A simbologia “E” é uma homenagem

a Thomas Alva Edison (1847-1931), inventor da lâmpada elétrica. Num projeto

Reluz no qual se deseja instalar novas lâmpadas e aproveitar as luminárias

existentes, deve-se certificar que a rosca das novas lâmpadas é adequada ao

soquete das luminárias já instaladas. Quando não se tem a informação de qual é o

soquete da luminária existente, padronizações usadas por fabricantes, que

escolhem os tipos de soquete de acordo com a potência das lâmpadas, têm

facilitado o trabalho dos projetistas. Neste caso basta saber qual é o tipo e potência

da lâmpada existente. Por exemplo, lâmpadas Vapor de Mercúrio 80W possuem

sempre rosca do tipo E-27.

Fechamento: Hoje se encontram no mercado luminárias para iluminação pública

Page 24: trabalho iluminação pública

com basicamente três tipos de fechamento: a aberta, fechada com tela e fechada

com difusor. Cada uma delas tem aspectos técnico-econômicos particulares, que

vamos resumir a seguir. As luminárias abertas não possuem, em sua parte inferior,

nenhum material que proteja a lâmpada da ação do tempo e de vândalos. Ela é o

tipo mais barato encontrado no mercado, mas a lâmpada instalada nela tende a ter

menor vida útil quando comparada à lâmpadas instaladas em luminárias fechadas,

devido principalmente às variações climáticas. Já as luminárias fechadas com tela,

que geralmente é metálica, têm um custo um pouco mais elevado comparando com

as luminárias abertas. Sua vantagem é que a tela protege a lâmpada contra a ação

de vândalos. Porém a lâmpada continua sofrendo com a variação da temperatura

ambiente, sendo que em condições normais sua vida útil não será muito diferente

da vida útil das lâmpadas instaladas em luminárias abertas. Por último existem as

luminárias fechadas com difusor, que podem ser materiais comuns ou refratores

(ver Figura 8). Nos casos de materiais comuns, as lâmpadas tendem a ter maior

vida útil, pois além estarem protegidas contra a ação de vândalos, não há grandes

variações de temperatura ou risco de umidade no interior da luminária,

dependendo, é claro, de seu grau de proteção IP. Quando o fechamento é feito com

material refrator, além das vantagens já citadas, a distribuição da luz é melhor. Isto

ocorre devido às propriedades físicas do material, que refrata em diversas direções

a luz que recebe da lâmpada, fazendo com que a área iluminada sob o poste seja

maior. Encontra-se hoje no mercado refratores de policarbonato, vidro temperado e

acrílico. Para saber qual é o melhor fechamento dentre os citados, é preciso utilizar

softwares específicos, que apresentam a distribuição fotométrica da luz de acordo

com as características de cada fechamento. É recomendado o uso de material

totalmente translúcido para que a luz na seja retida no fechamento.

Page 25: trabalho iluminação pública

Outras Características: Além das características principais das luminárias, que já

foram citadas acima, é possível ainda notar mais alguns detalhes. Existem

luminárias que possuem tomadas para relé e alojamento para equipamentos

auxiliares. Na maioria dos pontos de iluminação pública encontramos o relé

instalado no topo do reator, e ambos externos à luminária, junto ao poste. Porém é

possível também instalar o relé na própria luminária, que deve possuir, neste caso,

uma tomada ou base para relé, localizada em sua parte superior. Obviamente o

custo de tal luminária será mais alto. No caso do alojamento, trata-se de um

compartimento onde é possível instalar equipamentos auxiliares, como reatores e

ignitores. Um exemplo de aplicação é a instalação de um reator interno, que ficará

protegido dentro da luminária. A vantagem é que o grau de proteção IP deste reator

não precisa ser tão alto quanto o de um reator externo (que exige IP-65), o que

certamente diminui os seus custos. Porém a luminária com esta característica é

mais cara que a comum, fazendo-se necessário colocar lado a lado os dois tipos de

instalação para que seja definido qual é a mais vantajosa. Este é apenas um

exemplo de uma variável, que vai exigir cálculos e ponderações do projetista,

dentre as muitas que são encontradas durante a elaboração de um projeto de

eficiência para iluminação pública.

Braços: Os braços são usados na iluminação pública para que a luminária seja

projetada um pouco à frente do poste, de modo que a luz seja mais bem distribuída.

Caso os braços não fossem utilizados, como era feito a algumas décadas, grande

parte da luz emitida pela lâmpada seria desperdiçada iluminando uma face do

poste. Os braços podem ser fixados nos postes de duas maneiras, dependendo do

Page 26: trabalho iluminação pública

tipo de poste. Se o poste for circular, a fixação é feita através de uma cinta metálica

que fica abraçada ao poste. Para postes em formato quadrado, a fixação é feita

através de parafusos e outras ferragens. Há também luminárias que são instaladas

diretamente nos postes, não necessitando de braços. Para saber o comprimento

ideal e inclinação dos braços, devem-se seguir as normas da ABNT, que foram

feitas para otimizar a distribuição da luz. No caso deste trabalho serão utilizadas

normas da COPEL, visto que estas são baseadas naquelas. A norma COPEL que

trata de braços para iluminação pública é a NTC 0044. Segundo a norma citada, os

braços devem ser adequados para operar a uma altitude de até 1000 metros, em

clima tropical com temperatura ambiente de -5°C até 40°C, média diária não

superior a 35°C, umidade relativa de até 100%, precipitação pluviométrica média

anual de 1500 a 3000 milímetros, sendo que ficarão expostos ao sol, à chuva e à

poeira. Quanto ao acabamento, devem ser isentos de rebarbas, cantos vivos,

achatamento de seções ou outros defeitos incompatíveis com o seu uso. A

zincagem deve ser feita após a fabricação, furação, soldagem e identificação da

base. Quanto ao aspecto visual, as partes zincadas devem estar isentas de áreas

não revestidas e irregularidades tais como inclusões de fluxo de borras ou outros

defeitos. A zincagem deve ser executada por imersão a quente, conforme a NBR

6323, sendo que a espessura exigida da camada de zinco varia de 54 a 86 μm. Por

norma, os braços de iluminação pública são classificados em 3 tipos: BR-01, BR-02

e BR 03. O tipo BR-01 tem 1 metro de comprimento e diâmetro externo do tubo de

25 a 26,5 mm, e é usado quando as lâmpadas são VSAP 70W. O tipo BR-02 tem 3

metros de comprimento e diâmetro externo do tubo de 45 a 49 mm, usado quando

as lâmpadas são VSAP de 100 a 250W. O tipo BR-03 tem 3 metros de

comprimento e diâmetro externo do tubo de 59 a 62 mm, usado quando as

lâmpadas são VSAP a partir de 400W. A Figura 9 exemplifica um ponto de

iluminação pública comum, utilizando braço BR-02.

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Cabos e Ferragens: Para fazer a conexão elétrica entre os diversos equipamentos

citados, é recomendado o uso de cabo de cobre com dupla isolação em XLPE,

bitola de 2,5 mm², para todos os tipos e potências de lâmpadas. Aplicações

demonstram que o cobre é um material de mais fácil manuseio quando comparado

com o alumínio, exigindo menos ferramentas especiais, além de ser mais resistente

à corrosão. Dentre as ferragens necessárias podem ser citados parafusos, arruelas,

porcas, terminais, conectores, fita isolante entre outros.

REFERÊNCIAS

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Editora Edgard Blücher Ltda. 1987. São Paulo.

ANEEL - Manual para Elaboração do Programa Anual de Combate ao Desperdíciode Energia Elétrica da ANEEL – Ciclo 1999/2000, disponível em: www.aneel.gov.br (acesso em Maio/2012).

ELETROBRÁS, 2004c – Guia Técnico Procel-ReLuz – Eletrobrás, PROCEL, Rio deJaneiro – 175p.

ELETROBRÁS, 2004e – Planilha: Consumo Faturado em 2003, por segmentos,

Page 28: trabalho iluminação pública

DEMELETROBRÁS, 2006c, Pesquisa em Iluminação Pública, Programa Reluz - jan/2006.

COSTA, Gilberto José Corrêa da. Iluminação Econômica – Cálculo e Avaliação. Editora Edipuc RS. 1998. Porto Alegre.

CPFL Energia. Projeto – Iluminação Pública. 2006. Disponível em: www.cpfl.com.br/LinkClick.aspx?fileticket=hfMh4LMEWHk%3D&tabid=310&mid=1083> Acesso em: Maio de 2012.