25
SEMINÁRIO TEOLÓGICO BETESDA ALEXANDRE RIBEIRO NASCIMENTO EDINEY DE OLIVEIRA SILVA ELIEL NASCIMENTO SANTOS EULO ALVES MARTINS JORGE LUIZ STEIN LAMAS JOSÉ ARAÚJO JUNIOR KELLY PRISCILE DE OLIVEIRA CORREIA VERÔNICA GARCIA ANÁLISE EXEGÉTICA DA PERÍCOPE DE HEBREUS 6.4-6

Trab.exegese de Grego

  • Upload
    jorge

  • View
    501

  • Download
    4

Embed Size (px)

Citation preview

Page 1: Trab.exegese de Grego

SEMINÁRIO TEOLÓGICO BETESDA

ALEXANDRE RIBEIRO NASCIMENTOEDINEY DE OLIVEIRA SILVA

ELIEL NASCIMENTO SANTOSEULO ALVES MARTINS

JORGE LUIZ STEIN LAMASJOSÉ ARAÚJO JUNIOR

KELLY PRISCILE DE OLIVEIRA CORREIAVERÔNICA GARCIA

ANÁLISE EXEGÉTICA DA PERÍCOPE DE HEBREUS 6.4-6

SERRA 2010

Page 2: Trab.exegese de Grego

SEMINÁRIO TEOLÓGICO BETESDA

ALEXANDRE RIBEIRO NASCIMENTOEDINEY DE OLIVEIRA SILVA

ELIEL NASCIMENTO SANTOSEULO ALVES MARTINS

JORGE LUIZ STEIN LAMASJOSÉ ARAÚJO JUNIOR

KELLY PRISCILE DE OLIVEIRA CORREIAVERÔNICA GARCIA

Trabalho apresentado ao professor Ruy dos Santos, como requisito parcial para aprovação na disciplina Exegese de grego do NT, no curso de bacharel em Teologia do Seminário Teológico Betesda.

SERRA2010

2

Page 3: Trab.exegese de Grego

SUMÁRIO

INTRODUÇÃO------------------------------------------------------------------------------------------ 4

1.DEFINIR O QUE VOCÊ NECESSITA SEGUIR PARA OBTENÇÃO DA INTERPRETAÇÃO DO TEXTO?--------------------------------------------------------------------5

2. TEXTO PARA SEGMENTAÇÃO E ANÁLISE EXEGÉTICA GRAMATICAL(PERÍCOPE DE HB 6.4-6)----------------------------------------------------------------------------5 2.1. SEGMENTAÇÕES DA PERÍCOPE--------------------------------------------------------6 2.2. EXEGESE GRAMATICAL DO TEXTO----------------------------------------------------7

2.2.1. Personagens envolvidos e seus respectivos segmentos--------------------------------------------------------------------------------------------

---------------------------------------82.2.2. Onde? Elementos geográficos onde o texto desenvolve e seus

respectivos seguimentos-------------------------------------------------------------------------

9

2.2.3. Quando? Elementos temporais do texto e seus respectivos

segmentos--------------------------------------------------------------------------------------------

-------------------9

2.2.4. Como? Desenvolvimento do Texto, respeitando as objetivas e seus

relativos seguimentos----------------------------------------------------------------------------10

2.2.5 Principais influências históricas (Religiosa, Política, Economia, Cultural,

Social e Etimológica)-----------------------------------------------------------------------------10

2.2.6 Desenvolvimento do pano de fundo-------------------------------------------------11

2.2.7 Observações gerais----------------------------------------------------------------------11

2.2.8 Pares opostos------------------------------------------------------------------------------12

CONCLUSÃO------------------------------------------------------------------------------------------15

REFERÊNCIAS----------------------------------------------------------------------------------------17

3

Page 4: Trab.exegese de Grego

INTRODUÇÃO

O objetivo deste trabalho é fazer uma análise com base nas ferramentas exegéticas aprendidas de forma a dar uma interpretação baseada não apenas em visão e pensamentos pessoais, mas alavancada pelo estudo de todas as vertentes da exegese e hermenêutica que possam dar suporte a uma conclusão firme e que não insira no texto nada e que retire o máximo daquilo que ele pode nos dar de ensinamento e doutrina.

4

Page 5: Trab.exegese de Grego

1. Definir o que você necessita seguir para obtenção da interpretação do texto

- Analise do texto original (de preferência em diferentes manuscritos);- Análise das diversas versões das traduções em português ou outras línguas disponíveis;- Compreensão dos aspectos religiosos, políticos e sociais do momento histórico específico;- Interrogações humanas ao texto bíblico;- Textos mais próximos da época que mostrem uma análise contextualizada daqueles que viveram nas décadas ou séculos subseqüentes;

2. Texto para segmentação e análise exegética gramatical - Perícope de Hebreus 6.4-6

4 Porque é impossível que os que já uma vez foram iluminados, e provaram o dom celestial, e se tornaram participantes do Espírito Santo.5 E provaram a boa palavra de Deus, e as virtudes do século futuro,6 E recaíram, sejam outra vez renovados para arrependimento; pois assim, quanto a eles, de novo crucificam o Filho de Deus, e o expõem ao vitupério. (ARC)

4 É impossível, pois, que aqueles que uma vez foram iluminados, e provaram o dom celestial, e se tornaram participantes do Espírito Santo,5 e provaram a boa palavra de Deus e os poderes do mundo vindouro,6 e caíram, sim, é impossível outra vez renová-los para arrependimento, visto que, de novo, estão crucificando para si mesmos o Filho de Deus e expondo-o à ignomínia. (ARA)

4 Porque aqueles que foram uma vez iluminados saborearam o dom celestial, participaram dos dons do Espírito Santo,5 experimentaram a doçura da palavra de Deus e as maravilhas do mundo vindouro e, apesar disso, caíram na apostasia,6 é impossível que se renovem outra vez para a penitência, visto que, da sua parte, crucificaram de novo o Filho de Deus e publicamente o escarneceram. (BC)

4 Ora para aqueles que uma vez foram iluminados, provaram o dom celestial, tornaram-se participantes do Espírito Santo,5 experimentaram a bondade da palavra de Deus e os poderes da era que há de vir,6 e caíram, é impossível que sejam reconduzidos ao arrependimento; pois para si mesmos estão crucificando de novo o Filho de Deus, sujeitando-o à desonra pública. (NVI)

4 For {it is} impossible for those who were once enlightened, and have tasted of the heavenly gift, and were made partakers of the Holy Ghost,5 And have tasted the good word of God, and the powers of the world to come,6 If they shall fall away, to renew them again unto repentance; seeing they crucify to themselves the Son of God afresh, and put {him} to an open shame. (KJV)

5

Page 6: Trab.exegese de Grego

4 Porque es imposible que los que una vez fueron iluminados y gustaron el don celestial, y fueron hechos partícipes del Espíritu Santo.5 Y asimismo gustaron la buena palabra de Dios, y las virtudes del siglo venidero,6 Y recayeron, sean otra vez renovados para arrepentimiento, crucificando de nuevo para sí mismos al Hijo de Dios, y exponiéndole á vituperio. (RV)

4 adunaton gar touj apax fwtisqentaj geusamenouj te thj dwreaj thj epouraniou kai metocouj genhqentaj pneumatoj agiou5 kai kalon geusamenouj qeou rhma dunameij te mellontoj aiwnoj6 kai parapesontaj palin anakainizein eij metanoian anastaurountaj eautoij ton uion tou qeou kai paradeigmatizontaj (Textus receptus)

2.1. Segmentações da Perícope

S1 - Quem foram os iluminados?- Os cristãos nominais, que recebiam a luz através da participação na comunidade cristã, mas que não possuíam a luz (Jesus e o Espírito Santo) em si mesmos – Ef 3.17-19, Jo 11. 9-10, Rm 8. 8-11;

- Conforme outra interpretação podem ser cristãos verdadeiros, passando por momentos de incerteza quanto a sua fé.

S2 O que significa: eles provaram / participaram?- De acordo com a disposição dos termos em relação à revelação geral da Bíblia e no contexto, provar e participar não significam ser salvos. Provar nesse contexto seria saborear, tomar prova, experimentar e não ser cheio; participar significa estar no meio, testemunhar, mas não define com certeza que eram possuidores dos dons ou da luz e do poder.

- A análise gramatical sozinha, sem o auxilio do contexto, mostra que os termos podem ser mais profundos. Se considerarmos apenas o textual, seria uma experiência real com Deus.

S3 O que significa: caíram?- Aqueles que deixaram de olhar para o sacrifício de Jesus como sendo suficiente para a salvação e voltam sua confiança para a lei e os sacrifícios do antigo pacto.Esse é o pecado para o qual não há perdão: Considerar Cristo insuficiente para a salvação (Gl 5.14).

S4 Porque seria impossível serem renovados?- A impossibilidade de serem renovados deve estar ligada ao pecado imperdoável contra o espírito Santo, pois, negam a sua obra e retornam para as obras da lei, invalidando o sacrifício de Jesus, expondo-o a uma necessidade de nova crucificação, ou seja, exposição à vergonha pública.

6

Page 7: Trab.exegese de Grego

- Esse é um pecado cometido, em sua primeira citação na Bíblia, pelos fariseus, ou seja, pessoas sem o Espírito Santo e não convertidas que negavam ser Jesus o salvador e afirmavam que Sua obra era feita pelo poder de Belzebu. Nesse princípio geral, crentes, cheios do Espírito Santo não poderiam cometê-lo, pois, seria o Espírito pecando contra si mesmo.

2.2. Exegese gramatical do texto

Qual era o estado desses iluminados antes da queda? Quando olhamos para as características da vida daqueles antigos hebreus percebemos aspectos semelhantes da vida espiritual dos crentes nos dias de hoje. Vejamos: A.Foram iluminados. Saíram de uma cegueira e começaram a enxergar. B.Provaram o dom celestial das bênçãos oferecidas no evangelho. C.Foram participantes do Espírito. O Espírito deu conhecimento, entendimento. D.Provaram da Palavra. Quando lhes foi pregado o evangelho naquele dia eles se maravilharam com a Palavra. Ouviram da vontade de Deus, e até fizeram votos de observá-la. E.Provaram dos poderes do mundo vindouro. Eles tiveram um claro entendimento do juízo de Deus sobre o mundo, das promessas de Deus, o desvendar do mundo futuro; tiveram uma clara distinção do juízo, bem como provaram dos milagres da era apostólica. O que se tem argumentado normalmente na exegese deste texto é o seguinte:

1. Que a idéia de iluminação encontrada em FOTISTHENTAS, "iluminados" não se refere de fato à iluminação trazida pela verdadeira regeneração, fazendo o pecador enxergar sua própria perdição e necessidade de um Salvador, mas apenas a uma chispa da luz do evangelho.

2. Que o verbo grego GEYSAMENOS, "provaram", significa apenas "provar", indicando assim que aqueles hebreus apenas tiveram um "gostinho da graça", e não se fartaram da comida celestial.

3. Que DOREAS, "Dom" é contrastado com CHARISMATA, "Dom", ou "graça salvadora", e que significa apenas "dom", como qualquer outra bênção dada por Deus a todos os pecadores.

4. Que o termo METOCHOS, sempre indica "participante", "companheiro", mas nunca de fato quer significar intimidade, ou no caso do Espírito, "habitação".

Essa exegese de tais palavras e consequentemente a teologia extraída desta análise não podem ser sustentadas em todo o Novo Testamento pelas seguintes razões:

1. O termo FOTISTHENTAS, pode muito bem indicar a iluminação salvadora, que como revelação, é trazida à mente e ao coração dos homens sem Cristo para que entendam a verdade de Deus sobre o pecado e sobre a salvação (Jo 1: 9; Ef 1:18). Ainda mais, o termo HAPAX, sintaticamente ligado à FOTISTHENTAS aponta para algo que acontece uma só vez, o que pode ser dito da regeneração.

2. O uso de GEYSAMENOS no Novo Testamento não indica que ele sempre se refere à um "provar" superficial, ou apenas a um "gostinho" daquilo que se prova. Podemos ver seu uso para um total envolvimento com aquilo que se prova, que é o caso de Mc 9:1 e Jo 8:52 (provar a morte). Este termo também pode ser visto como o verbo "comer" (At 10:10). Nestes dois usos distintos deste termo, não há a idéia simplesmente de "provar", mas de envolver e digerir.

3. DOREAS, (dom), não é necessariamente um contraste com as verdades salvadoras implícitas no termo CHARISMATA. Podemos encontrar DOREAS sendo usado como sinônimo de CHARISMATA em textos como João 4:10 referindo-se a Jesus; Atos 8:20, referindo-se ao Espírito; Romanos 5:15, 17 referindo-se à vida eterna. O autor da epístola poderia estar usando um destes significados sem problema.

4. A palavra grega METOCHOS também reflete a mesma natureza de abordagem que estamos fazendo. Dizer que o termo alí refere-se apenas a uma "participação" do Espírito, em vez de uma" habitação" do Espírito, não é convincente, tendo em vista

7

Page 8: Trab.exegese de Grego

que este termo também é usado para descrever nossa participação da vocação celestial no mesmo autor (Hb 3:1), e participantes de Cristo (Hb 3:14). O que pesa mais nesse argumento é que as duas ocorrências do termo, que contrastam com a interpretação sugerida, acontecem exatamente no mesmo autor, indicando uma unidade em seu pensamento sobre o termo METOCHOS.

Nosso grande problema com a exegese deste texto é que ela não ajuda a afirmar que o autor aos Hebreus estava falando de uma fé temporal, ou de uma pseudoregeneração e pseudoconversão. Calvino refere-se à queda desses hebreus como "fé temporal", mas ele não se baseia na exegese do texto, e sim, como estamos fazendo aqui, no estado posterior deles. Não conseguiremos encontrar pistas para descobrir se eles eram de fato regenerados ou não estudando o estado anterior deles, e sim estudando o estado posterior aqueles hebreus (Moisés Bezerril – www.teologiaselecionada.blogspot.com/search?q=iluminados).

2.2.1. Personagens envolvidos e seus respectivos segmentos

A. O escritor: Alguns defendem ser Paulo, outros que seria um de seus cooperadores e outros que é impossível dizer ao certo quem é o autor da carta.Certamente era uma pessoa de nascimento judeu, que conhecia profundamente os rituais e a lei e que sabia a fundo sobre as escrituras sagradas, a ponto de fazer uma hermenêutica aplicada à pessoa de Jesus Cristo de textos variados desde o Pentateuco até os profetas.Eusébio de Cesaréia, em seus escritos relata que os crentes de Roma não admitiam a autoria paulina da carta e não a aceitavam em função disso, relata ainda que para Orígines, Paulo não era o autor em função do estilo mais erudito, já que o próprio Paulo se intitula um homem “rude nas palavras”; enquanto que para Clemente a autoria seria certamente paulina, escrita em hebraico e traduzida por Lucas para o grego. Há pouca dúvida de que Paulo não foi o autor desta epístola. Isto não é negar a possibilidade, mas, antes, confirmar a improbabilidade da autoria paulina direta.Vejamos uma lista de prováveis autores relatada pelos estudiosos do livro:

Lucas — A mais antiga sugestão acerca da autoria de Lucas é a de Clemente de Alexandria (por volta de 180), que acreditava que Paulo escrevera em hebraico e Lucas traduzira o texto para o grego.

Clemente de Roma — Mais uma vez Orígenes é o mais antigo escritor patrístico a sugerir que alguns acreditavam que Clemente de Roma foi o autor de Hebreus. É verdade que Clemente, ao escrever aos Coríntios (I Clemente), apresenta alguma familiaridade com esta epístola, e há algumas semelhanças superficiais, tanto na forma quanto no vocabulário.

Barnabé — Tertuliano (o primeiro dos escritores patrísticos latinos) foi o primeiro a atribuir Hebreus a Barnabé. Ele escreveu que "existe também um escrito 'Aos Hebreus' por Barnabé, um homem suficientemente autorizado por Deus" On Modesty (Sobre a Modéstia - p20). A designação "filho da consolação" (At. 4:36) indica que ele pode ter tido as qualificações necessárias para escrever "esta palavra de exortação" (Heb. 13:22).

Apolo — Uma das conjeturas mais atrativas (e com algum mérito), e que está ganhando um número crescente de adeptos, é que foi Apolo quem escreveu esta Epístola aos Hebreus. Martinho Lutero (por volta de 1525) foi o primeiro a fazer esta sugestão. A única base para a conjetura é a sucinta descrição de Apolo encontrada em Atos 18:24-28 (e talvez as palavras de Paulo em I Cor. 1:12; 3:4-6). Sendo de Alexandria, ele teria tido algum conhecimento da

8

Page 9: Trab.exegese de Grego

escola alexandrina de interpretação bíblica. Ele é descrito em Atos (18:24) como um "homem eloqüente e poderoso nas Escrituras". Ele também teve contatos pessoais com Paulo (I Cor. 16:12; Tito 3:13) e com companheiros de Paulo (At. 18:26), que poderiam explicar os elementos paulinos em Hebreus.

Silvano — Entre as mais modernas conjeturas acerca da autoria de Hebreus está Silvano. Esta sugestão apareceu pela primeira vez no início do século dezenove, mas teve poucos defensores até o tempo presente. Presume-se (e acertadamente) que o Silvano de I Pedro 5:12 é o Silas de Atos 15-18. A premissa básica é que o autor real de I Pedro é Silvano (amanuense com liberdade completa na composição).

B. Cristãos de origem hebraica, que habitavam as diversas regiões para onde haviam sido dispersos ou migraram durante as situações de perseguição e fome na Judéia e que se organizavam em comunidades.Cristãos nominais ou Judeus simpatizantes do cristianismo, que podem ter pensado a retornar ao Judaísmo ou em adequar o cristianismo às tradições judaicas, procurando um meio termo entre Cristo e a lei.

2.2.2. Onde? Elementos geográficos onde o texto desenvolve e seus respectivos seguimentos

O local de escrita pode ter sido Roma (o que dá margem a crer em Paulo ou um de seus cooperadores como autor) ou uma das comunidades próximas situadas na Itália, conforme a saudação final da carta (Hb 13.24).Os destinatários podem ser crentes situados na Ásia menor, talvez nas regiões próximas a Éfeso, visto que o autor cita a libertação de Timóteo, que era o líder da igreja nessa localidade (Hb 13.23).Outra hipótese é que os destinatários estivessem na região da Palestina ou Judéia, haja vista a influência dos judaizantes na igreja, o que seria mais forte em uma igreja predominantemente Judia.Tradicionalmente, supunha-se que a carta foi primeiramente enviada a Jerusalém, pois lá o sacerdócio levítico servia no ritual do templo. O principal obstáculo a esta suposição é que a carta tem muito a dizer acerca do tabernáculo móvel, mas não do templo. Também teria havido alguns em Jerusalém que teriam ouvido e visto Jesus (contrariamente a Hb 2:3). O uso familiar da Septuaginta, em contrário ao Velho Testamento em hebraico, é outro argumento contra Jerusalém como a destinação desta carta. Também estes leitores não haviam "resistido até o sangue" (12:4), ao passo que os cristãos judeus em Jerusalém haviam sofrido martírio cedo (At. 7:58-8:3) e, através da era apostólica, a igreja em Jerusalém fora mais uma receptora que doadora de auxílio (6:10; cf. At. 11:29; Rom. 15:26).Por fim, pode-se dizer que essa carta, como era costume, apesar de escrita a uma localidade primária, visava um grupo maior de pessoas, pois, após lida pelos destinatários era distribuída por cópias ou levada a outras localidades e lida como forma de manter a unidade e a autoridade dos líderes sobre todo o corpo da igreja.

2.2.3. Quando? Elementos temporais do texto e seus respectivos segmentos

9

Page 10: Trab.exegese de Grego

A hipótese mais forte é que tenha sido escrita antes da destruição de Jerusalém e do templo ocorrida em 70 d.C. o que confirmaria o grande conhecimento dos rituais e das normas da lei pelos destinatários. Uma data próxima, posterior aos acontecimentos que levaram à destruição do templo também pode ser aceita.Há dificuldade em aceitar uma data muito posterior, visto que o tema dos judaizantes já não é comum em escritos mais avançados, como as cartas de João e o apocalipse; Além disso, judeus de gerações muito posteriores não teriam o conhecimento tão profundo dos rituais, afinal, apesar de a lei ser escrita, a vivencia dos rituais é que dava a exata idéia do que eram e de como funcionavam.

2.2.4. Como? Desenvolvimento do Texto, respeitando as objetivas e seus relativos seguimentos

A carta foi escrita em um momento de crise profunda para os destinatários. Por um lado, viviam uma perseguição política intensa, o que fazia as reuniões abertas e o desenvolvimento de sua fé tornar-se uma aventura perigosa. Por outro lado eram fustigados pelos judaizantes que buscavam criar um cristianismo moldado à forma da antiga lei e subserviente à forma ritualística da antiga religião, abolida na cruz por Cristo.Essa situação tornava a comunidade fraca, dividida e impedia seu crescimento espiritual, em especial, porque a pessoa de Cristo estava sendo colocada em segundo plano e alguns estavam aceitando voltar aos “antigos rudimentos da lei”.Nesse contexto, o autor passa grande parte da carta (nesse caso tem mais o formato de um sermão que de epístola) ressaltando a supremacia de Cristo em relação à lei, ao sacerdócio e ao sacrifico e na passagem específica em estudo, ele se preocupa em mostrar que aqueles que abandonam a graça em busca de um retorno á antiga tradição estão longe de serem convertidos e que, novamente expõem o Senhor à vergonha publica.

2.2.5 Principais influências históricas (Religiosa, Política, Economia, Cultural, Social e Etimológica)

- A situação religiosa era tumultuada. A perseguição religiosa promovida por Roma e que dava apenas alguns poucos previlégios aos Judeus, mas que não tolerava o cristianismo, forçava as congregações cristãs a se expor à morte para proclamar sua fé.- Comumente se situa a data da carta entre 49 a 70 A.D., sendo assim, nesse contexto houve a destruição do templo em Jerusalém, a grande perseguição e proibição do cristianismo na capital romana e a perseguição e incêndio de Roma por Nero.- O império romano lançava seus esforços em destruir a identidade nacional dos judeus (consideravam o cristianismo uma seita judaica) como repreensão pelos focos de resistência armada que se formavam e que desafiavam a autoridade do império.- Conforme o historiador hebreu Flávio Josefo, antes de destruir Jerusalém e o templo Caio César (conhecido como Calígula) ordenou que sua estátua fosse colocada no interior do templo e que fosse cultuada como Deus. Somente após intervenção do sinédrio e dos Judeus de Alexandria é que foi dissuadido e receberam certa liberdade de culto.

10

Page 11: Trab.exegese de Grego

- Havia por toda a Judéia uma situação de fome e miséria tremenda, forçada pala seca e pela imposição de tributos pelo império romano, o que tornava difícil manter uma posição firme. A tentação de se conformar com aqueles que tinham algum poder ou privilégio era grande e somente os verdadeiros fiéis permaneciam firmes.- Há uma teoria de que a carta originalmente foi escrita em hebraico, a fim de afirmar a autoridade do escritor, que como os judaizantes, era hebreu e conhecedor profundo da lei e dos profetas (nesse caso seria Paulo) assim, deve-se ater com cuidado aos termos e costumes citados a fim de compreender a clara mensagem, evitando certas espiritualizações e compreensões errôneas que seriam mais claras aos judeus que aos demais cristãos.- É interessante que se observe que, assim como o cristianismo, o judaísmo também aceitava prosélitos (gentios convertidos ao judaísmo) e que também era uma religião que se expandia e tinha seus representantes dentro das classes mais altas da sociedade. Com essa influência eles poderiam obter facilidades e formas sutis de penetrar no meio das igrejas e propagar o retorno à lei.

2.2.6 Desenvolvimento do pano de fundo

Os cristãos em questão estão vivendo um momento de perseguição política e religiosa intensa. Alguns chegam a duvidar da segunda vinda de Cristo devido à leitura errônea dos “sinais dos tempos”Dentro desse contexto, judeus, participantes das comunidades cristãs se aproveitam para angariar posições de liderança e propor uma miscigenação religiosa que visa voltar a práticas já condenadas, como a circuncisão e os sacrifícios. Dessa forma destituem o cristianismo de sua doutrina mais básica; a salvação pela fé em Cristo, autor e consumador de nossa fé.Nesse cenário, várias distorções começam a aparecer e o autor entra em cena para dar um basta nas heresias judaizantes apresentando a superioridade do sacrifício e do sacerdócio de Cristo em relação aos antigos rudimentos da religião e da fé em relação à lei.Em relação aos sofrimentos e perseguição, o autor deixa claro que os crentes ainda não haviam suportado o pior (Hb 12.4) e que deveriam permanecer fiéis para receber a recompensa prometida.

2.2.7 Observações gerais

Pelas observações de Eusébio temos a idéia de que a carta aos hebreus era usada desde tempos antigos e por bispos proeminentes para ensino na igreja. Sua autoria, apesar de contestada não era motivo para que fosse rejeitada, exceto pela igreja de Roma, mas apenas no seu início, por considerar que não era um escrito paulino.Os ensinos anti-judaizantes podem ser transportados para nossos dias a fim de combater o legalismo e a tendência a valorizar o aspecto humano na obtenção e manutenção da salvação.É uma forte fonte de reforço para o crescimento na fé e em meio às perseguições e incorporações de heresias ao cristianismo moderno.Como toda a escritura, a carta aos hebreus se torna muito atual quando colocamos seus temas principais lado a lado com as exigências de ortodoxia e fidelidade ao

11

Page 12: Trab.exegese de Grego

ensino apostólico que são exigidos dos verdadeiros cristãos, regenerados e tornados novas criaturas pelo poder o Espírito Santo.Deve-se ter o cuidado, por se tratar de uma escritura com várias especificidades, para não nos enganarmos e trazer a tona temas que não são sua preocupação central e gerar mais dúvidas do que as soluções que o autor nos proporciona.Outro ponto central em relação a Hebreus é não condensar seus ensinos apenas em 3 versículos considerados polêmicos e esquecer das mensagens centrais, tão ou mais importantes que Hb 6.4-6.2.2.8 Pares opostos

Em “guide to the Bible” o Dr. John F. Walvoord diz: "Enquanto a maior parte dos crentes em Cristo aceita a doutrina de que eles podem [chegar a] ter segurança de salvação em qualquer dado momento da experiência deles, freqüentemente é levantada a pergunta: 'Pode uma pessoa uma vez salva tornar-se, novamente, perdida? ' Ora, considerando que o medo de perder a salvação pode seriamente afetar a paz da mente de um crente, e porque seu futuro é tão vital, esta questão é o aspecto mais importante da doutrina da salvação.A pretensão de que alguém que é uma vez salvo pode se tornar novamente perdido é baseada em certas passagens bíblicas que parecem levantar questões concernentes à continuidade da salvação. Na história da igreja, têm existido sistemas opostos de interpretação conhecidos como Calvinismo, apoiando a segurança eterna, e Arminianismo, em oposição à segurança eterna (cada sistema foi assim chamado seguindo o nome de seus principais apologistas: John Calvin e Jacob Arminius)" (Major Bible Theme, p. 220).

Os escritos Calvinistas e arminianos diferem diametralmente e podem ser resumidos da seguinte forma:CALVINISMO:É o nome dado ao sistema teológico exposto e defendido pela igreja reformada, tendo como base os estudos teológicos de João Calvino (1509-1564). Seu sistema de interpretação bíblica foi resumido em cinco pontos, após o sínodo de Dort (Holanda) e ficou conhecido “os 5 pontos do Calvinismo”:

A.Depravação Total – Todos os homens nascem totalmente depravados (moral e espiritualmente), incapazes de se salvar ou de escolher o bem em questões espirituais (Sl 51:5; Jr 13:23; Rm 3:10-12; 7:18; 1Co 2:14; Ef 1:3-12; Cl 2:11-13);

B.Eleição Incondicional – Deus escolheu dentre todos os seres humanos decaídos um grande número de pecadores por graça pura, sem levar em conta qualquer mérito, obra ou fé prevista neles; Deus já predestinou (determinou) quem vai para o céu e quem continuará indo para o inferno. (Ml 1:2-3; Jo 6:65; 13:18; 15:6; 17:9; At 13:48; Rm 8:29, 30-33; 9:16; 11:5-7; Ef 1:4-5; 2:8-10; 2Ts 2:13; 1Pe 2:8-9; Jd 1:4);

C.Expiação Limitada – Embora seja suficiente para todos, Jesus Cristo morreu na cruz para pagar o preço do resgate somente dos eleitos. (Jo 17:6,9,10; At 20:28; Ef 5:15; Tt 3:5);

D.Graça Irresistível - A Graça de Deus é irresistível para os eleitos, isto é, o Espírito Santo acaba convencendo e infundindo a fé salvadora neles. (Jr. 3:3; 5:24; 24:7; Ez 11:19; 20; 36:26-27; 1Co 4:7; 2Co 5:17; Ef 1:19-20; Cl 2:13; Hb 12:2);

12

Page 13: Trab.exegese de Grego

E.Perseverança dos Santos – Todos os eleitos vão ser preservados por Deus na fé até o fim e chegar ao céu. Nenhum perderá a salvação. (Is 54:10; Jo 6:51; Rm 5:8-10; 8:28-32, 34-39; 11:29; Fp 1:6; 2Ts 3:3; Hb 7:25).

ARMINIANISMOÉ o sistema de Teologia formulado por Jacob Hermann, cujo nome latino era Jacobus Arminius (1560-1609), teólogo e professor da Igreja Reformada Holandesa, que resolveu refutar os estudos de Calvino. Os seguidores de Armínio apresentaram seu sistema em 5 pontos:A.Capacidade Humana (Livre-Arbítrio) – Todos os homens embora sejam pecadores, são livres para aceitar ou recusar a salvação que Deus oferece. (Is 55:7; Mt 25:41-46; Mc 9:47-48; Rm 14:10-12; 2Co 5:10);

B.Eleição Condicional – A eleição divina só acontece mediante a fé em Cristo; A predestinação, citada na Bíblia, acontece com base na presciência de Deus. (Dt 30:19; Jo 5:40; 8:24; Ef 1:5-6, 12; 2:10; Tg 1:14; 1Pe 1:2; Ap 3:20; 22:17);

C.Expiação ilimitada - Cristo morreu por todos os homens e não somente pelos eleitos. (Jo 3:16; 12:32; 17:21; 1Jo 2:2; 1Co 15:22; 1Tm 2:3-4; Hb 2:9; 2Pe 3:9; 1Jo 2:2);

D.Graça Resistível - Os homens podem resistir à Graça de Deus e não serem salvos, mesmo os eleitos. (Lc 18:23; 19:41-42; Ef 4:30; 1Ts 5:19);

E.Decair da Graça* – Homens salvos podem perder a salvação caso não perseverem na fé até o fim. (Lc 21:36; Gl 5:4; Hb 6:6; 10:26-27; 2Pe 2:20-22).*sobre este 5º alguns teóricos divergem sobre ser realmente de Arminio, o que se defende é que este ponto foi acrescentado, após a morte de Arminio, por seus sucessores.

No concílio de Dort (ou sínodo de Dort – Holanda) composto por um grupo de 84 Teólogos e 18 representantes seculares, entre esses estavam 27 delegados da Alemanha, Suíça, Inglaterra e outros países da Europa reunidos em 154 Sessões, desde 13 de novembro de 16 18 até maio de 1619, os defensores das teses de Armínio não compareceram e o sínodo decretou a tese arminiana como herética e adotou o sistema exegético desenvolvido pelos defensores da teologia de Calvino como doutrina base da igreja reformada.

Fórmula condensada:ARMINIANISMO X CALVINISMO

Categoria Arminianismo Calvinismo

13

Page 14: Trab.exegese de Grego

Pecado x Vontade

Queda parcial – livre arbítrioEmbora a queda de Adão tenha afetado seriamente a natureza humana, as pessoas não ficaram num estado de total incapacidade espiritual. Todo pecador pode arrepender-se e crer, por livre-arbítrio, cujo uso determinará seu destino eterno. O pecador precisa da ajuda do Espírito, e só é regenerado depois de crer, porque o exercício da fé é a participação humana no novo nascimento.(Is 55:7; Mt 25:41-46; Mc 9:47-48; Rm 14:10-12; 2Co 5:10)

Depravação total – perda da vontade em relação à escolhas espirituais

O homem natural não pode sequer apreciar as coisas de Deus. Menos ainda salvar-se. Ele é cego, surdo, mudo, impotente, leproso espiritual, morto em seu pecado, insensível à graça comum. Se Deus não tomar a iniciativa, infundindo-lhe a fé salvadora, e fazendo-o ressuscitar espiritualmente, o homem natural continuará morto eternamente. (Sl 51:5; Jr 13:23; Rm 3:10-12; 7:18; 1Co 2:14; Ef 1:3-12; Cl 2:11-13)

Eleição

CondicionalDeus escolheu as pessoas para a salvação, antes da fundação do mundo, baseado em Sua presciência. Ele previu quem aceitaria livremente a salvação e predestinou os salvos. A salvação ocorre quando o pecador escolhe a Cristo; não é Deus quem escolhe o pecador. O pecador deve exercer sua própria fé, para crer em Cristo e ser salvo. Os que se perdem,perdem-se por livre escolha: não quiseram crer em Cristo, rejeitaram agraça auxiliadora de Deus. (Dt 30:19; Jo 5:40; 8:24; Ef 1:5-6, 12; 2:10; Tg 1:14; 1Pe 1:2; Ap 3:20; 22:17)

IncondicionalDeus elegeu alguns para a salvação em Cristo, reprovando os demais. Aos eleitos Deus manifesta a Sua misericórdia e aos reprovados a Sua justiça. Deus não tem a obrigação de salvar ninguém, nem homens nem anjos decaídos. Resolveu soberanamente salvar alguns homens (reprovando todos os demais) e torná-los filhos adotivos quando eram filhos das trevas. Teve misericórdia de algumas criaturas, e deixou as demais (inclusive os demônios) entregues às suas próprias paixões pecaminosas. A salvação é efetuada totalmente por Deus. A fé, como a salvação, é dom de Deus ao homem, não do homem a Deus. (Jo 6:65; 13:18; 15:6; 17:9; At 13:48; Rm8:29, 30-33; 9:16; 11:5-7; Ef 1:4-5; 2:8-10; 2Ts2:13; 1Pe2:8-9; Jd 1:4)

Redenção

Universal ou Expiação GeralO sacrifício de Cristo torna possível a toda e qualquer pessoa salvar-se pela fé, mas não assegura a salvação de ninguém. Só os que crêem nEle, e todos os que crêem, serão salvos. (Jo 3:16; 12:32; 17:21; 1Jo 2:2; 1Co 15:22; 1Tm 2:3-4; Hb 2:9; 2Pe 3:9; 1Jo 2:2)

Particular ou Expiação LimitadaSegundo Agostinho, a graça de Deus é "suficiente para todos e eficiente para os eleitos". Cristo foi sacrificado para redimir Seu povo, não para tentar redimi-lo. Ele abriu a porta da salvação para todos, porém, só os eleitos querem entrar, e efetivamente entram. (Jo 17:6,9,10; At 20:28; Ef 5:15; Tt 3:5)

Vocação eficaz

Pode-se Efetivamente Resistir ao Espírito Santo

Deus faz tudo o que pode para salvar os pecadores. Estes, porém, sendo livres, podem resistir aos apelos da graça. Se o pecador não reagir positivamente, o Espírito não pode conceder vida. portanto, a graça de Deus não é infalível nem irresistível. O homem pode frustrar a vontade de Deus para sua salvação. (Lc 18:23; 19:41-42; Ef 4:30; 1Ts 5:19)

Graça IrresistívelEmbora os homens possam resistir à graça de Deus, ela é, todavia, infalível: acaba convencendo o pecador de seu estado depravado, convertendo-o, dando-lhe nova vida, e santificando-o. O Espírito Santo realiza isto sem coação. É como um rapaz apaixonado que ganha o amor de sua eleita e ela acaba casando-se com ele, livremente. Deus age e o crente reage, livremente. Quem se perde tem consciência de que está livremente rejeitando a salvação. Alguns escarnecem de Deus, outros se

14

Page 15: Trab.exegese de Grego

enfurecem, outros adiam a decisão, outros demonstram total indiferença para as coisas sagradas. Todos, porém, agem livremente. (Jr 3:3; 5:24; 24:7; Ez 11:19; 20; 36:26-27; 1Co 4:7; 2Co 5:17; Ef 1:19-20; Cl 2:13; Hb 12:2)

Perseverança dos Santos

Decair da GraçaEmbora o pecador tenha exercido fé, crido em Cristo e nascido de novo para crescer na santificação, ele poderá cair da graça. Só quem perseverar até o fim é que será salvo. (Lc 21:36; Gl 5:4; Hb 6:6; 10:26-27; 2Pe 2:20-22)

Perseverança dos SantosAlguns preferem dizer "perseverança do Salvador". Nada há no homem que o habilite a perseverar na obediência e fidelidade ao Senhor. O Espírito é quem persevera pacientemente, exercendo misericórdia e disciplina, na condução do crente. Quando ímpio, estava morto em pecado, e ressuscitou: Cristo lheaplicou Seu sangue remidor, e a graça salvífica de Deus infundiu-lhe fé empara crer em Cristo e obedecer a Deus. Se todo o processo de salvação é obrade Deus, o homem não pode perdê-la! Segundo a Bíblia, é impossível que ocrente regenerado venha a perder sua salvação. Poderá até pecar e morrerfisicamente (1Co 5:1-5). Os apóstatas nunca nasceram de novo, jamais seconverteram. (Is 54:10; Jo 6:51; Rm 5:8-10; 8:28-32, 34-39; 11:29; Fp 1:6; 2Ts 3:3; Hb 7:25)

Posição da Igreja

reformada

Rejeitado pelo Sínodo de DortEste foi o sistema de pensamento contido na "Remonstrância" (embora originalmente os cinco pontos não estivessem dispostos nessa ordem). Esse sistema foi apresentado pelo arminianos à igreja na Holanda em 1610, mas foi rejeitado pelo Sínodo de Dort em 1619 sob a justificativa de que era anti-bíblico.

Reafirmado pelo Sínodo de DortEste sistema de teologia foi reafirmado pelo Sínodo de Dort em 1619 como sendo a doutrina da salvação contida nas Escrituras Sagradas. Naquela ocasião, o sistema foi formulado em "cinco pontos" (em resposta aos cinco pontos apresentados pelos arminianos) e, desde então tem sido conhecido como "os cinco pontos do calvinismo".

Independente dos lados opostos estarem ou não certos em suas pressuposições, fica claro que qualquer um que tenha uma posição preconcebida irá interpretar qualquer texto à luz de suas suposições precedentes, sendo assim, o que deve ser levado em conta nesse caso é avaliar além do texto o contexto imediato e geral do livro e da Bíblia em si.Ainda pode ser ressaltada a posição de teólogos e líderes que flutuaram entre os dois lados e que tinham opiniões divergentes entre os diversos pontos tratados, como Wesley e Finney, que começaram suas carreiras como calvinistas e depois mudaram de opinião, especialmente no conceito de salvação e eleição.

CONCLUSÃO

Apesar das controvérsias criadas no texto de Hb 6, o grupo, composto por membros de diversas linhas teológicas, conclui, não apenas com base no texto, em suas colocações e na tradução dos originais, que sozinhos não esclarecem completamente as dúvidas, mas baseados no contexto próximo, especialmente a

15

Page 16: Trab.exegese de Grego

mudança de tom do autor no versículo 9 desse capítulo, e no ensino geral da Bíblia, que não se está sendo citado aqui o caso de pessoas genuinamente convertidas.O autor escreve para crentes genuínos, que estão sendo seduzidos por doutrinas estranhas, falando acerca de pessoas que estavam em seu meio tentando infiltrar uma mudança de pensamento e comportamento que afeta não só a liturgia e o culto, mas as bases da fé cristã, até então ensinada pelos apóstolos.Essas pessoas, participam da comunhão da igreja, tendo um leve gosto das bênçãos celestiais, recebendo da luz de Cristo refletida por Seus servos, que o tem em seus corações, mas insistem em seguir os rudimentos da fé na lei e nas obras, expondo assim o Senhor novamente, pois, tentam invalidar Seu sacrifício definitivo.Passagens como as parábolas da ovelha e da dracma perdida e do filho pródigo exemplificam que Deus jamais deixa de buscar um servo Seu que tenha se desviado de Seu aprisco, que tenha se perdido ou que deixou Sua casa, iludido pelas paixões do mundo.Por outro lado, se no texto, se tratam de crentes que verdadeiramente caíram, logo é ilusório pensar que podem ser renovados, pois, aqui não se diz o porquê assim agiram e para os que se desviaram um dia, é perdida toda esperança, contradizendo assim, os ensinos de Jesus nas parábolas supracitadas.Mesmo com diferentes origens e diferentes preconcepções, o grupo defende que o caso em Hb 6.4-6 não é de crentes perdendo sua salvação, mas de crentes nominais sendo advertidos a deixarem de lado as obras e a lei e aprenderem de Cristo, caso contrário, seriam removidos da comunhão, sem chance de renovação para arrependimento. E serve de advertência, também para a firmeza de fé dos irmãos hebreus.

Conforme cita o Professor Bezerril:Qual a lição prática que estes iluminados que caíram trazem para nós? 1. Nós não podemos nos contentar apenas com esses sinais dessa iluminação para pensarmos em regeneração. Nunca confundamos esses sinais dos iluminados com a regeneração. Nem tudo que for chamado evangélico, nem toda movimentação no meio evangélico é o Evangelho. A prova está aqui. Iluminados participaram da graça, mas nunca foram salvos. Somos tendenciosos a considerar salvos, crentes, e evangélicos, aqueles que confessam uma iluminação deste tipo. Mas a Palavra de Deus ensina a perseverança na vontade de Deus e a suficiência de Cristo como evidências de nossa regeneração ( Mt 24:13; Jo 3:15,36; 5:24-25; 8:31; 10:26-29; 15:1-6; 15:10; I Jo 2:3-6,19,24,28,29; 3:7-10,24; 4:7,8,13,15,16; 5:4,5,18,19). O evangelho somente é verdadeiro quando Jesus é suficiente para a nossa salvação. Porém vemos tanto "marketing", tanta propaganda de um evangelho em que só Jesus não é suficiente.

2. O autor aos Hebreus se dirige a todos os crentes. Esta palavra não é dirigida apenas aos que caíram. Isso não está sendo escrito somente aos judaizantes da época do apóstolo; não se reduz apenas a uma época. Sua palavra é principalmente para os crentes fiéis que permanecem na congregação dos santos como um alerta para que ninguém venha a cair no mesmo delito da apostasia da graça. Decair da graça regeneradora só será possível se a pessoa nunca tiver sido alcançada por esta graça salvadora. Mas o "cair da graça" aqui é o participar visivelmente da graça e abandoná-la. É negar a graça, é anular a fé e cancelar a promessa. Sobre aqueles que decaem da graça o juízo é eterno. Mas sobre aqueles que decaem do estado de uma boa vida espiritual com Deus, Ele também tem juízo para eles. Ele também está dizendo que devemos nos sensibilizar de que os nossos pecados, a falta de sensibilidade para com o pecado, o cultivar o pecado na nossa vida, o achar que um pecado esporádico não faz mal a ninguém; o pensar que a mentira é menos pecado do que o adultério; e que a falta de compromisso, a

16

Page 17: Trab.exegese de Grego

insinceridade, a irresponsabilidade, a negligência, tudo isso são pecados menores do que o roubo ou assassinato é uma falta gravíssima nossa para com Deus. Muitos pregam que perdem a salvação por caírem em adultério, ou num roubo ou qualquer pecado crasso, que chame atenção. Mas estão esquecidos de que João disse em Apocalipse que vão ficar de fora também os mentirosos (Ap 21:27; 22:15). Para os que têm tal concepção da salvação, um irmão mentiroso quase sempre nunca é visto como tão perdido quanto um "adúltero". Mas a Palavra de Deus diz que esse vai ficar de fora tanto quanto aquele que foi feiticeiro, que estava sob o paganismo ou judaísmo, que anularam a graça. Muitos mentirosos pensam que estão salvos, mas está escrito no livro: "MENTIROSO". Os que defendem a perda da salvação sempre estão pensando nos pecados graves e escandalosos, ao estilo da concepção do "pecado mortal" da Igreja Católica Romana. Nunca lhes vem à mente que se a estabilidade da salvação dependesse de nossa integridade ela seria perdida ao menor pecado, pois a Lei de Deus não admite qualquer forma de pecado, (Gl 3:22).

3. Com relação à vida espiritual da igreja o autor está dizendo: "Irmãos, fiquem em guarda contra a possibilidade de um sono em que um "pecadinho" se torne um pecado de estimação e vai vagarosa e sutilmente rastejando em vossas almas até tomar conta do coração e da mente. Tomem cuidado com este pecado que vai encontrando razões sociológicas, psicológicas, antropológicas e lógicas para um habitat em suas vidas, e quando vocês menos esperam estão na mais profunda letargia espiritual, distante da abundância da graça". Sobre estes Deus pesará a Sua mão. Estamos dizendo isso para que o povo de Deus se consagre cada dia mais.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

Willmington, H. L., "Guide to the Bible" (Willmington's 'Guide to the Bible'), Tyndale House Publishers, Wheaton, Illinois, 1st. edition, 1981.

Versões da Bíblia disponíveis em: http://www.bibliaonline.com.br, acessado em 24/09/2010

Site: http://www.icegob.com.br/marcos/calvXarm.html acessado em 24/09/2010 EUSÉBIO de CESARÉRIA, História Eclesiástica, Ed Novo Século, São Paulo, SP, 2002, 222p.

CHARLES, Ryrie. Bíblia Anotada, Ed. Revisada, Editora Mundo Cristão, Barueri, SP, 2007, 1504p.

DAVIDSON, Francis, O Novo Comentário da Bíblia, Ed Vida Nova, São Paulo, SP, 1995, 2652p.

Bezerril, Moisés, A queda dos iluminados Hb 6.4-6, Artigo Publicado em: http://teologiaselecionada.blogspot.com/search?q=iluminados, acessado em 25/09/2010, atualizado em 20/06/2008.

JOSEFO, Flávio, História dos Hebreus, CPAD, Rio de Janeiro, RJ, 2005, 1629p.

Broadus, David Hale, Introdução ao Estudo do Novo Testamento, Rio de Janeiro, RJ, Ed JUERP, 1983.

17