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MARION DEA SILVA PAGNOZZI
TRANSTORNO DO DEFICIT DE ATENCAoCOM HIPERATIVIDADE
Monografia apresentada para obten<;aodo titulo de Especialista no Curso dePos-Gradua<;aoem Psicopedagogia daUniversidade Tuiuti do Parana.Orientadora: Rosilda dos SantosDallagassa.
CURITIBA2001
"Nao 5e pode falar emeducayao, sem falar em amor."
Paulo Freire
iii
AGRADECIMENTOS
Agradego a teda minha familia, a qual muito me apoiou e me incentivou
na realiza,ao deste trabalho.
Tambem agradegD a minha orientadora, Professora Rosilda dos
Santos Dallagassa, a qual me orientou na elabora,ao desta monografia.
iv
SUMARIO
RESUMO .. ... vi
1 INTRODU<;:AO ...
2 FUNDAMENTA<;:AO TEORICA .......................03
... 01
3 DESENVOLVIMENTO 06
3.1 0 DIAGNOSTICO DO TDAH .. . 06
3.2 AS PRovAvEIS CAUSAS DO TDAH ... .... 10
3.30 COMPORTAMENTO DA CRIAN<;:A COM TDAH .. ... 13
3.4 A HIPERATIVIDADE NO CONTEXTO EDUCACIONAL BRASILEIRO .. 17
3.5 COMO LlDAR COM CRIAN<;:AS COM TDAH EM SALA DE AULA 19
3.5.1 COMO LlDAR COM CRIAN<;:AS TDAH NO AMBIENTE FAMILIAR 25
3.6 AS CRIAN<;:AS COM TDAH NAS AULAS DE EDUCA<;:AO FisICA 27
3.7 ORIENTA<;:AO TERAPEUTICA ... ..... 31
3.7.1 A MUSICA COMO INSTRUMENTO TERAPEUTICO PARATRATAMENTO DO TDAH.. .... 37
3.7.1.1 A MUSICA NA ESCOLA..... . .. .40
3.8 A HIPERA TIVIDADE E A COORDENA<;:AO PSICOMOTORA... . ...41
3.9 COMORBIDADES.. . 43
4 CONCLUSAO ...
5 REFERENCIAS BIBLIOGRAFICAS ....
.. .47
.. .49
RESUMO
Muitos estudos sobre 0 Transtorno do Deficit de Aten~o com
Hiperatividade tern sido realizados todos os anos, mas ainda nao ha.
conhecimento fidedigno, pois ainda existe muita controversia sobre 0 assunto.
Apesar de ja haverem diversas pesquisas sabre 0 assunto, ora
classifiea-se a hiperatividade como urn transtorno mental, de base
neuropsiquiatrica, ora como sendo urn disturbio eminentemente interacional,
entre a crianc;:a e 0 seu meio. 1550 dificulta bastante com que S8 saiba qual
tratamento deve ser seguido.
Sao varios as tratamentos indicados, mas sem ter certeza da origem
do transtorno, torna-S8 impassivel urna avaliayao generalizada, devendo-se
tratar cada caSa isoladamente, sendo necessaria a compreensao de cada
situa9iio, para se poder planejar de forma adequada a orienta9iio terapeutica
mais adequada.
vi
1 INTRODU9AO
E comum em meio a duzi8S de Qutras crian~s, na escolinha ou no
playground, uma que nao parece fazer parte da turma. Ela se irrita com
facilidade, naD S8 cancentra no que esta fazendo e S8 mexe sem parar,
muitas vezes de maneira desordenada.
Tudo issa e apenas parte dos 5inais de urn disturbio ainda poueD
explicado, apesar de jil estar sendo discutido a algumas decadas, chamado
de Transtorno do Deficit de Atenyao com Hiperatividade.
Ao escolher 0 tema "Transtorno do Deficit de Atengao com
Hiperatividadeh, foi par reflexao e analise deste tal comportamento que tern
S8 tornado cada vez mais acentuado em nassas crian<;:as desde a rna is tenra
idade, indo ate a adolescencia.
FreqOentemente pais e professores S8 reunem para comentar e
reclamar dos tilhes e alunos que apresentam esse disturbio, tanto nas salas
de aula como nos hon3riosde lazer, chegando a extremos de nao S8 cuidarem
nem dos pequenos perigos de determinadas brincadeiras, como se
estivessem ausentes de tudo que os cerca.
Orientagoes terapeuticas, desde as mais tradicionais ate as utilizadas
no presente momenta, serao aqui explicitadas, discutidas e indicadas par
diversos autores, sedimentadas par meio de experiEmciaclinica no trabalho
com estas criangas e seus familiares.
A escolha do tema ap6ia-se na inteng80 de procurar conhecer mais a
fundo sabre 0 que ja foi feita nesta area e tam bern aprofundar minha visao,
reftetindo 0 entendimento da sua essencia e estudando os criterios mais
2
mais adequados para a classificac;ao, tentando buscar sua origem, solugoes
para lidar com as portadores desta deficiEmcia e quem sabe ate conseguir
algumas solU90es para 0 TDAH nas crian~s enos adolescentes.
3
2 FUNDAMENTAC;:AO TEO RICA
Segundo TAYLOR (1995), a crian9a hiperativa representa um enorme
desafio para pais e professores A hiperatividade pode ser 0 problema mais
persistente e comum na infancia. E persistente au cr6nico porque naD ha cura
e muitos problemas apresentados pela crian~ hiperativa devem ser
administrados, dia a dia, durante a infimcia e a adolesc€mci8.
TAYLOR (1995) diz ainda que desaten9iio, agita9iio, excesso de
atividade, emotividade e impulsividade afetam a integragao da crianya com
todD 0 seu mundo: em casa, na eseela e na comunidade em gera!. 0
desenvolvimento da personalidade e 0 progresso na escota sao afetados pelo
estresse provocado pelo comportamento inconstante e imprevisivel.
De acordo com BARKLEY (IN: CYPEL, 2000) 0 numera de dificuldades
pelas quais passara uma crianrya hiperativa e determinado, em parte pela
situa~ao. No parquinho, a crjan~ agitada experimenta menos dificuldades
pais nao Ihe pedem que permane~ tranquilamente sentada. Ja na escola,
lugar onde requer tranquilidade para aprender, a crianya hiperativa torna-se
urn problema.
Para amenizar os problemas da crian,a hiperativa, KIRBY & GRINLEY
(1990) sugerem que 0 professor tem que estar disposto a alternar atividades
de alto e baixo interesse durante todo 0 dia em lugar de fazer com que 0
aluno fa~ tarefas repetitivas uma atres da outra. Alem disso, 0 professor
deve aferecer supervisao adicianal durante os periodos de transi9ao entre as
aulas.
4
o professor desempenha um papel importante na identifica9aO da
dificuldade. Aquela crian98 que nao adquire conhecimento como os colegas
deve ser identificada e acompanhada de perto.
Apes alguns meses de trabalho (3-6 meses) dentro da sala de aula
sem urn progresso na aprendizagem 0 aluno merece urna atenyao especial e
devera ser encaminhado a orientaC;:80 pedag6gica da eseela que ja deve estar
Giente do casa.
Sao crianyas muitas vezes consideradas como imaturas que nao
evolufram satisfatoriamente. Cuidado! Esta crian<;8 que nao consegue ter
atenC;:8o pode ter urna dificuldade mais importante que necessita de
atendimento e avalia930 especializada.
FERREIRO (1989) relata em seu livro que ate 15% das suas crian9as
nao evoluem adequadamente nas fases de aprendizagem. Par exemplo, aos
6 anos iniciam 0 primeiro ana no pre-silabico au silabico e chegam ao 2°
semestre nesta mesma fase de desenvolvimento. Este grupo de crian<;as sao
de risco para dificuldade ou das fun90es e devem ser observadas.
o diagnostico da dificuldade pode ser muito precoce, a nivel do
matemal e jardim. 0 desenvolvimento da linguagem e do grafismo ajudam
rnuito ao professor identificar estes problemas.
Por exemplo, uma crianc;a de 5 anos que nao apresenta capacidade
para identificar e desenhar alguns simbolos como 0 circulo, quadrado ou
triangulo, que nao percebe cores basicas (branco e preto). que nao interpreta
historias simples, deve ser vista como urn quadro mais preocupante. Sao
aqueles casos que chegam no pre-primario sem prontidao para a 1a. serie
5
primaria. Estas crianyas devem ser avaliadas e muitas vezes ha indicac;:ao de
repetic;:ao do pre-prima rio.
Uma outra situac;:ao e a que a crianc;a nao consegue identificar e
escrever latras, ou junta-las em palavras ou frases. Esta crianc;a, iniciando 0
primeiro ana do 10 grau, ao chegar no final do ana com esta dificuldade
devera ser avaliada cuidadosamente. Ela pode ter urna disfunc;:ao cerebral e
muitas vezes necessita de atendimento.
Os principais elementos para identificaC;:80 destas dificuldades sao os
profissionais da escola (professor, orientadares pedag6gicos, etc.) que
exercem 0 principal papel na formac;:ao da crianc;:a.
Com a identificac;:ao de um mau rendimento escolar de uma crianc;:a,
deve-s8 raciocinar em diferentes niveis de dificuldade.
6
3 DESENVOLVIMENTO
3.10 DIAGNOSTICO DO TDAH
o TDAH e 0 nome que se da a uma condi9ao em que a pessoa quando
comparada a outra. da mesma idade e sexo, mostra uma sensivel redu<;iio de
habilidades para manter a ateny8o, controlar suas 890es au dizer algo sem
pensar, regular as atividades fisicas de acordo com a situ8yao, ser motivada
a ouvir os Qutros e compreender e aeatar 0 que Ihe foi dito.
Como a desordem e rica de sintomas, qualquer de suas caracteristicas
pareee soar familiar. Quem nao conhece urn vizinho tagarela? Ou ainda, nao
se lembra de que 0 filho tinha pouca paciencia com seus livros? Os
especialistas alertam que essa e uma sindrome que exige urn diagnostico
severo, para nae causar confusoes. A ansiedade, par exemplo, uma das
caracterfsticas do TDA/H, esta presente tambem na depressao ou em uma
outra disfunyao neurol6gic8.TDAH e uma disfun9ao neurologica nos
neurotransmissores.
~Uma crianqa com TDAlH nao apresenta lesao neurologica': explica a
neurologista Elizabeth Rose Priel, da Escola Paulista de Medicina. Isto e, se
ela for submetida a um eletroencefalograma, nada de anormal sera
constatado. Nos testes de QI. os portadores da desordem em geral alcan9am
uma pontuagBo de media para superior.
Nos estados Unidos uma associagBo que reune adultos com TDNH
ate mesmo glorifica a condi98o, citando Einstein, Benjamin Franklin e Winston
Churchill, todos maus estudantes, como tipicos portadores do disturbio.
7
Acredita-se, no entanto, que 0 disturbio esteja acompanhado de urn
quadro de dislungao hormonal. Tomografias tiradas dos cerebros de pessoas
com TDAlH registraram urn comportamento dilerente de dois
neurotransmissores - a noradrenalina e a dopamina - que atuam sabre a
atenc;ao e a coordenay2o motora. E par essa razao que em determinados
casos medicamentos como a Ritalina, que ajusta a nivel de dopamina,
costumam ser indicados para canter a hiperatividade.
o que Qutras crianC;8s fazem automaticamente para dar conta de
uma tarefa de esco[a pade exigir uma verdadeira batalha cerebral para que
tern TDAlH.
Essa crianc;a, antes de mais nada, precisa S8 esforgar para escolher
urn estimulo (a tarela), depois adequar sua postura para tanto (sentar-se de
forma ereta) e relaxar a coordena92o motara para canalizar sua atenC;20 no
olho e na mao. Tude em poucos segundos. Muitas vezes a crian9a reage a
esse desafio protegendo-se do confiito. Entao se desinteressa pelo
assunto.
Oesde a decada de 70, os estudiosos vem aceitando a teori8 de que a
teoria de que a TDAlH pode existir sem a hiperatividade. Nesse caso a
crianya apresenta-se retraida e timida, embora, como a hiperativa, tenha
dificuldade em se concentrar e em se relacionar com os colegas.
Ela e do tipo "desligada" Ela se senta em frente de um livro e durante
quarenta e cinco minutos nada acontece. Essas sao segundo os
especialistas, as crian9"s com diagnostico mais dilicil. Sendo quietinha, seu
problema pode passar despercebido.
E dificil diagnosticar com precisao 0 TDAH, pon§m e passivel analisar
os seus principaissintamas.
Os sintomas mais significativos do TDAH de acordo com 0 DSM IV
(BRAGA, 1998), sao os seguintes'
• frequentemente nao escuta quando Ihe dirigem a palavra;
• possui uma certa dificuldade para manter a atenc;iio em atividades
ludicas;
• se distrai facilmente por estimulos alheios ao que esta fazendo;
• esquece a que Ihe foi mandado fazer;
• agita as maos e as pes com freqQencia;
• tern dificuldade para aguardar sua vez;
• nao permanece muito tempo sentado no mesmo lugar;
• frequentemente fala em demasia;
• intromete-se em assuntos alheios;
• da respostas precipitadas antes das perguntas terem side
completadas;
• freqOentemente perde coisas necessarias para tarefas QU Qutras
atividades;
• apresenta muita agitayao;
• tern dificuldade para brincar au se envolver silenciosamente em
atividades de lazer;
• carre com freqi..ienciaem situa90es inapropriadas;
• freqi..ientementedeixa de prestar aten9ao a detalhes au comete erras
por descuido em atividades escolares diarias.
9
Os sintomas do TDAH caracterizam-se pela
movimentac;:ao excessiva do individua, falta de atencyao,
impaciencia, impulsividade, distra98o, impossibilidade de
focalizar a atencyc30par muito tempo em um determinado
objetilJo, 0 que traz a crian9B problemas de rejei~o, duvidas
quanta a sua capacidade intelectual, baixa auto-estima, e
varias situacyoes que com a devida informa9c3o a pais,
professores e ao proprio portador do disturbio, podem ser
minimizadas, ou contornadas ou mesma eliminadas. '
Nao se pode esquecer que "8 maioria das criam;:as antes dos 5 anos
de idade mostra sinais como dispersao e agitag8o, 0 que e saudavel e
dispensa preocupat;oes" 2
A pessoa portadora de TDAH sofre ainda com 0 aumento das suas
rea90es emocionais e par nao reconhecer seus limites, sendo que em
ambiente estressante 0 problema tende a se agravar.
QuIros sintomas do TDAH sao: desorganizacao,
esquecimento, falta de sensa de horario, criatividade e inteligencia
mas com pouco rendimento, dificuldade para se concentrar, para
seguir ordens ou direcao, para aguardar sua vez em filas, para
participar de jogos, para ouvir os outros sem interromper e para nao
se distrair facilmente. J
1TANGANELLI, Maria S. A crianc;aHiperativa in: Jomal"O Uberar, 19952:ALVAREZ, Ana Maria. A Hiperatividade Infantll. IN: Revista Saude, 1997.3 TANGANELLI, Maria S. A Crianya Hiperativa. IN: Joma/"O Libera!", 1995
10
3.2 AS PRovAvEIS CAUSAS DO TDAH
Apesar do TDAH nae ter uma causa (mica comprovada. avilta-s8 a
hip6tese que 0 fator principal que pode desencadear 0 TDAH sejam as
dificuldades interacionais au adaptativo-relacionais, nas esferas familiar e
escolar.
~As dificuldades emocionais e afetivas podem gerar urn comportamento
hiperativD em criam;as". 4
o TDAH tambem pode ser induzido au intensificado par estressores
biol6gicos. ou seja, por alguma patologia (por exemplo: hipertireoidismo) ou
algum agente taxico-alimentar.
Nesses casas, a comportamento hiperativo aparece em determinados
momentos da vida da crian98 sem nenhum antecedente que 0 justifique. No
case de alimentos, ja e bern conheclda a rea~o hipercinetica provocada par
agentes toxicos alimentares, entre eles:
• corantes artificiais;
• aditivos quimicos:
• conservantes alimentares;
• residuos de agrot6xicos nos alimentos;
• alguns tipos de molhos;
• cereais empacotados;
• a9ucar refinado;
4 CYPEL, Saul. A Crianca com Deficit de Atencao e Hipera/ividade_ SP. Lemos, 2000
11
• salicilato de s6dio;
• salsichas;
• queijos.
He. ainda muitas controversias sabre a possibilidade de que tais
substancias, principal mente as aditivos qufmicos, corantes artificiais e 8yucar
refinado, possam ser considerados, isoladamente, causa da doenc;:a. Mas he.estudos que constataram uma melhora no quadro clinico do TDAH quando
seus portadores fcram submetidos he. urna dieta sem as substancias citadas
aeima.
o TDAH tambem pode ser causado por algumas doen9as e, as
principals sao:
•Ave (acidente vascular cerebral);
• Apneia do sona;
• Hipertireoidismo;
• Traumatismo craniano;
• Deficiencia vitaminica;
• Malformac;:oes cong€mitas;
• Traumatismo craniano;
• Encefalites;
• Esclerose multipla;
• Les6es cerebrais em geral;
• Enterobfase;
• Neurofibromatose;
12
• Fenilcetonuria;
• Intoxicac;ao par chumbo;
• Vazamenta de radiac;oes;
• ExposiC;80a campos eletromagneticos.
Outra passlvel causa do TDAH e a genetica. Muitos estudos foram
realizados a respeito deste assunto e sugerem que a genetica seja 0 fator
causal principal do TDAH.
Em 1989 fai realizado um estudo par Safer, que concluiu que hitmaior
incidencia de TDAH entre irmaos completos do que em meio irmaos.
Muito tern sido estudado sobre a inftu€mciado fator genetico no TDAH
e tem-se observado que crian<;as com TDAH tern alguem em sua familia,
parentes como tios, avos, pais, portador do mesma deficit.
Sabe-s8 tambem que a incid€mcia do TDAH e maior em meninos do
que em meninas, e tambem e maior em classes medias do que em classes
mais baixas que nao tern expectativa academica em relayeo itseus filhos.
o TDAH tambem pode ser resultante de uma condi(Oiioparticular
(transtorno reativa), tanto de ordem psico-afetiva, quanto psico-educacional.
Os problemas psico-afetivos estao relacionados com a confusao em
que se encontram as familias atuais no que diz respeito aDs papeis de cada
urn na familia; a divisao de trabalho; a competiyao pelo poder; ao exercicio da
autoridade; a diminui9Bo do tempo de convivio entre pais e filhos, etc.
Esses problemas geram inquietude nas crian9as e podem se acentuar
e evoluir para urn comportamento hiperativo.
13
"0 TDAH tambem pode ser causado por um desequilibrio de dopamina
e noradrenalina, neurotransmissores (responsaveis pela comunicaqao entre
os neuronios). Essas substancias inibem a agitaq80 e dispersao. Quando a
crianqa nasce com elas desreguladas, tem essas caracteristicas
exacerbadas". 5
3.3 0 COMPORTAMENTO DA CRIAN9A COM TDAH
E passivel observar-se desde 0 nascimento de uma crianC;8
hiperativa os elementos que identificam 0 comportamento diferencial da
mesma.
Pode·se dizer que 0 comportamento hiperativo se manifesta atraves de
4 caracteristicas basicas:
• excesso de atividade psicomotora;
• impulsividade;
• desateng:ao;
• dificuldade em lidar com as frustra90es.
o exceSSQ de atividade psicomotora ocorre atraves de uma
atividade motora intensa, composta par movimentos involuntarios,
associ ados aos movimentos voluntarios, que a crian98 nao consegue
controlar.
5 ANDRADE, Enio. Jamal de Psiquiatria do He de SP. 1999
14
A impulsividade e caracterizada principal mente pela impaciencia, pois a
criany:8 com TOAH nao espera a sua vez e interrompe, a todo momento, as
pessoas que 0 cercam. Alern disso tende a fazer eoisas sem pensar nas
conseqOencias, provocando acidentes principal mente com ela propria.
Ja a desaten<;ao "ea capacidade limitada que uma crianqa passu; em
permanecer alenla por um lempo necessario dianle de delerminada larefa
para compreende-Ia e/au rea/ize-Ia"6
Por fim, a dificuldade em lidar com as frustra90es e uma caracteristica
decorrente das altera90es fisiopatol6gicas relacionadas cem as pequenas
sensa90es de prazer e dor, levando a dificuldades nos objetivos de longo
prazo e instabilidade de humor.
A crian98 portadora de TDAH pode apresentar comportamento
diferente no ambiente escolar e no ambiente familiar, as quais veremos a
seguir:
Comportamento no ambiente escolar:
• Dificuldade de manter a ateny:ao.
• Nao segue as instru90es e nem termina as li90es.
• Dificuldade em organizar as tarefas
• Perde objetos com facilidade.
• Problema com os sons das palavras.
• Dificuldade de en tender palavras e conceitos.
• Troca letras por ordem incorreta ou letras erradas.
• Problemas de linguagem envolvendo a estrutura gramatical.
6 CYPEL, Saul. A crianqa com Deficit de Atenqao e Hiperatividade. SP: Lemos, 2000.
• Nao enlende palavras com duplo senlido, piadas ..
• Dificuldade em compreencter 0 que Ie.
• Dificuldade para distinguir formas e tamanhos.
• Dificuldade de colorir, escrever e recoriar.
• Falla eslabilidade no uso das maos.
• Letras e palavras 80 contra rio.
• Esquece facil.
• Demora no desenvolvimento da linguagem.
• Dificuldade de S8 expressar verbalmente.
• Repele tudo 0 que exige atividade mental prolongada.
• Distrai-se facilmente com estimulos irrelevantes.
• Muda rapidamente de uma atividade para Qutra.
• Mexe as maos e as pes com frequencia.
•Tem dificuldade de permanecer sentado.
• Nao S8 envolve silenciosamente em brincadeiras.
• Pareee ser movida "8 motor",
• Muito sensfvel a qualquer comentario.
• Esta sempre S8 envolvendo em disc6rdias.
• Explode com facilidade, mas nao e mau humorado.
• Fala muito.
• Responde anles de ouvir loda a pergunla.
• Dificuldade em esperar a sua vez.
• Se intromete nas atividades alheias.
• E agressiva.
15
16
• Obstinado - inacessivel - Insalente.
• Relacionamento inexistente.
• Sociabilidade ruim, faz amizade facii mas nao con segue manter.
• Medidas disciplinares nao funcionam com ela.
• Vive isolada.
Ambiente Familiar.
• Chora em demasia quando recem-nascido.
• Sente muitas c6licas.
• Apresenta distUrbio de sana.
o Perda de 16lego.
• Faz birras como bater a cabeya no chao, se morder, puxar as
cabelos.
• Bruxismo.
• Sonambulismo.
• Soniloquio.
• Demora a controlar a urina.
o Comportamento inquieto, teimoso e rebel de.
• Nao sabe brincar.
• Carre muito, tropeya, cal.
• Apresenta dificuldades para: vestir, despir, abotoar, amarrar cordao.
• Quase tudo cai das maDS.
o Nao presta atengao a detalhes.
• Claridade, ambiente ruidoso e roupas apertadas inca mod am.
17
• Social mente desinibida, sem reservas e despreocupada.
• Carre muito e sobe em objetos.
• reclama muito de dares no corpo.
• Culpa as outros par seus fracassos.
• Problemas na orientayao esquerda e direita.
• Impressao de que as vezes ouve bern e as vezes nao.
• Dificuldade em ouvir em ambiente ruidoso.
• Propensa a S8 acidentar com frequemcia.
• Precisa de multa supervisao.
• Resiste as mudan98s, prefere a retina.
• Mudan9as de humor.
3.4 A HIPERATIVIDADE NO CONTEXTO EDUCACIONAL
BRASILEIRO
Durante 0 seculo XX Dcorre urna radical transforma98o das sociedades
e do saber educativD, devido a diversos fatores hist6rico-sociais como par
exemplo: urna sociedade cada vez mais tecnol6gica, mais dinamica e mais
aberta, e que exige a formayao de pessoas capazes de fazer frente as
inovayOessociais, culturais e tecnicas.
Neste contexto de transforma90es surgem diverses mevimentes e
modismos educacionais, e os professores se veem obrigados a adotar linhas
de pensamenlos, as quais nao compreendem profunda mente.
18
Devida as transformar;oes pedag6gicas muitos professores Veern-S8
perdidos entre as varias correntes, e as quest6es que envolvem a disciplina
em sala de aula, passam a ser tema constante das discuss6es sabre
educa9ao.
No Brasil, a indisciplina na escola e urn problema frequente.
Contribuem para isto, a ma formaC;:8o profissional do professor, a rna
organizac;:aodas escolas, a rna forma<;ao do aluno que muitas vezes nac tern
pais efetivamente presentes, que nao tern onde mor8f au mesma moram
longe de suas escolas.
E preciso comentar urn pouco sabre a indisciplina na sala de aula, pois
muitos prolessores conlundem a indisciplina com hiperatividade. Com isto 0
problema da hiperatividade na escola, s6 se agrava mais.
o professor que e urn pouco mais sensivel, sente-s8 angustiado, sem
saber 0 que fazer em sala de aula para estabelecer alguns Iimites. Ha varias
posturas dos prolessores diante da (in) disciplina, a qual muitas vezes ecausada pela hiperatividade:
Liberais - nao reprimem,
• Autoritarios - reprimem,
• Conformados - aceitam passivamente a desordem no setor
pedag6gico,
Comprometidos - buscam a solu980 para 0 problema,
• Bern resolvidos - conseguem manter a disciplina na sala de
aula,
• Acusadores - responsabilizam as outros pela situa980,
• Despreparados - que nao sabem 0 que lazer,
19
• Em vias de desistir - ja estao S8 conformando com a situacao.
Muitos dos comportamentos ~indisciplinados" fazem parte do quadro
diagn6stico de hiperatividade, porem isto apenas naD e 0 suficiente para
afirmar que as criantyas indisciplinadas - os bagunceiros - sao crianc;:as
hiperativas.
Este tipo de atitude e demasiado prejudicial a crianc;:a que ja S8
encontra estigmatizada como "0 bagunceiro", percebe-se que 0 diagnostico de
hiperatividade passa a ser utHizado como excelente desculpa par pais e
professores que naD sabem como colocar Iimites nas crianc;:as, desta forma 0
problema passa a ser vista nao como urna falha educacional mas sim como
urn problema patologico.
Com [ssa 0 problema tanto da indisciplina quanta da crian98 hiperativa
agrava-se ainda mais, 0 professor mal formado nao sabe como lidar com esse
tipo de crian<;a. Nao distinguindo que uma crian"" "bagunceira", porque nao
presta atentyao na aula, nao con segue terminar as tarefas e tem dificuldade
na aprendizagem nao e necessariamente uma criam;a hiperativa.
3.5 COMO LlDAR COM CRIANCAS COM TDAH EM SALA DE
AULA
A melhor maneira para trabalhar com alunos portadores de TDAH oj
buscar desenvolver as qualidades adormecidas que eles necessitam para
serem produtivQs e terem urna vida mais saudiwel.
20
Estudos feitos nos EUA mostram que e passivel amenizar as sintomas
do TDAH atraves de estrategias de intervenc;ao no comportamento, com feed-
back freqOente e supervisao individual ajuda a manter a atenyao da crianC;8.
Taretas repetitivas e pOllea retorno, par Dutro lado, favorecem 0 aparecimento
dos sintomas.
a comportamento inadequado mostrado pelos alunos com TDAH
freqOentemente interrompe a concentrac;ao de seus colegas e geralmente
resulta em relac;oes pobres com os demais alunos. Adicionalmente, esses
problemas geralmente sao acompanhados par outros associados (por
exemplo, baixa auto-85tima, depressao) que pode atetar significativamente a
performance desses estudantes.
Ha uma grande variedade de interven~es especificas que 0 professor
pode fazer para ajudar a crianya com TDAH em sala de aula. Essas
intervenc;oes sao:
• olhar sempre nos olhos da crianc;a, pois consegue-se "trazer de volta~
uma crianya portadora de TDAH atraves dos olhos nos olhos. Isso
ajuda a evitar a distra9ao que prejudica tanto estas crianc;as. A crianc;a
presta aten9ao e escuta melhor.
• estimular a criatividade. Propor tarefas que exijam a criatividade do
aluno (explorar, construir, criar) e nao tarefas passivas (questionarios
com respostas tipo x).
• Estabelecer regras, tendo-as por escrito e faceis de serem lidas. As
crian~as se sentirao seguras sabendo 0 que Ii esperado delas.
21
• Mostrar as expectativas explicitamente.
• Explicar e dar tratamento normal a tim de evitar urn estigma.
• Ser claro e objetivo ao delinir as regras de comportamento dentro da
sala de aula - criar, juntamente com as alunos, urn c6digo de conduta
(simples, com poucas palavras, para facilitar a memoriz898o) e
escrever em uma tabela sempre visivel afixada na parede.
• Ao dar instrUl;6es para a classe, solicitar que 0 aluno com TDAH
repita para toda a classe. Isso dar-I he-a duas oportunidades: de que
tenha certeza de ter entendido 0 que e esperado dele (e dos demais) e
ter sua auto-estima (em geral extremamente baixa) refon;ada.
• Fornecer com antecectencia (preferencialmente no final do dia
anterior) urn programa com as atividades do dia a serem executadas.
As crian~s com TDAH necessitam de um ambiente estruturado.
• Adetar urn ritmo dinamico de aula - de tal forma a criar oportunidade
para que todos as alunos participem, sempre com 0 cuidado de nao
permitir que 0 aluno com TDAH se empolgue demais.
• Usar recursos e formas de apresenta~o nao habituais - crian98s
com TDAH adoram novidades; explorar 0 seu cotidiano e fazer disso
22
motivQ para uma aula posterior ou mesma criando urn "ganchon na aula
atual costuma ser muito proveitoso.
• Utilizar metodologia preferencialmente visual - As crianC;8s com
TDAH aprendem melhor visualmente que per outros metod OS, portanto
escreva palavras-chave ao mesma tempo em que fala-se sabre 0
assunto.
• Utilizar exercicios ffsicos - Exercicios (ate urn enfoque de
psicomotricidade) auxitiam sobremaneira 0 portador de TDAH, pois
ajudam a liberar 0 excessD de energia, concentrar a atenc;ao em um
objetivD facilmente entendido e visualizado (cofrer ate a linha
vermelha), estimular a labrica.,ao de endorfina, alem de ser muito
divertido.
• Elogiar 0 alune com constancia - Nao apenas quando ele termina a
tarefa, mas durante 0 transcorrer da mesma, incentivando 0 seu
termino, urna vez que para 0 alune corn TDAH 0 concluir a tarefa ebastante dilicil, exigindo quase 0 triplo de concentragao (praticamente
inexistente) que as demais.
• Estabelecer para 0 aluno com TDAH tarelas de conclusao rapida -
Inicialmente, para que este comece a finalizar adequadamente as
tarefas, e, aos poucos, ir inserindo maior complexidade e maior
23
dura9ao as tarefas ex;gidas, vista que 0 aprendizado de organizac;ao
para essas pessoas e extremamente penaso.
• Nunca provocar constrangimento au menosprezar 0 aluno.
• Favorecer frequentemente 0 cantato aluno/professor. Isto permite urn
"controle" maior sobre a crian<;a portadora de TDAH.
• Recompensar os esfon;;os, a persistencia e 0 comportamento bern
sucedido ou bem planejado.
• Comunicar-se com os pais freqOentemente, pais eles sabem 0 que
funciona melhor para 0 seu filho.
• Desculpar-se quando for preciso.
• Colocar 0 aluno sentado proximo ao professor, pais isto ajuda a evitar
a distra<;iio.
• Procurar qualidade ao inves de quantidade nos deveres de casa.
Crian<;as portadoras de TDAH necessitam de uma carga reduzida, pois
elas vaa utilizar 0 mesma tempo de estudo e nao vao produzir nem
mais nem menes do que elas podem.
24
• Monitorar com frequencia 0 progresso dos alunos. Crian98s com
TDAH S8 beneficiam enormemente com 0 freqDente retorno do seu
resultado. Isto ajuda a manta-las na linha, possibilitando a elas saber 0
que e esperado e S8 estao atingindo suas metas.
• Ensinar resumindo. Isto auxilia no processo de aprendizagem da
crianva com TDAH.
• Avisar sobre 0 que vai falar antes de falar. Se puder escrever 0 que
sera falado e como sera faJada, isto pode 5er de muita ajuda, pois este
tipo de estruturavao poe as ideias no lugar.
• Fazer a crian98 S8 sentir envolvida nas atividades. Isto vai motiva-Ia
e a motivaviio ajuda 0 TDAH.
• Ficar atenta a integra98o. Estas criang8s precisam S8 sentir
enturmadas, integradas. HiD logo S8 sin tam integradas S8 sentirao
motivados e fieareo mais sintonizadas.
• Utilizar relatorios diarios de avaliac;ao.
• Utilizar uma agenda escola-casa-escola. Isto pade contribuir
realmente para a comunica9ao pais-professores e evitar reuni6es de
crises. Isto ajuda ainda no freqOente retorno de informat;§o que a
crian9a precisa e para verifica98.0de tarefas.
25
• Incentivar urna estrutura do tipo auto-avaliacyao. Troca de ideias apas
as aulas pode ajudar.
• Deixar 0 alune rodeado de boas companhias, ele precisa de modelos
para se estimular.
3.5.1 COMO LlDAR COM CRIAN9AS COM TDAH NO
AMBIENTE FAMILIAR
Muitos pais de crian98s com TDAH pensam que seus filhos sao como
as outras criany8s, nao apresentam nenhum tipo de problema, 56 sao urn
pouco agitadas demais, e par isso lidam com elas da mesma forma que com
Qutras crianyas, aplicando as mesmas castigos e recompensando-8s da
mesma forma.
Os pais nao sabem que agindo assim eles 56 estao prejudicando 0 seu
filho. porque uma crian9a com TDAH precisa de um tratamento especial, de
urna maneira pr6pria de lidar com seus problemas.
Por issc, logo abaixo, mostraremos algumas estrategias, baseadas na
pesquisa bibliografica, que podem ajudar os pais de criangas portadoras de
TDAH.
• Falar com a crian98 claramente, usando uma linguagem simples.
• Evitar dar muitas ordens ao mesmo tempo, assim ele gravara melhor
26
as informay6es que Ihe fcrem passadas.
• Falar com a crian~ sempre "face a face", usanda urn tom de voz urn
pouco mais alto e ge5t05 manuais que enfatizam as palavras mais
importantes.
• NaD falar com a crianC;:8 quando ela esta em Dutro comodo da casa
(da sala para 0 quarto por exemplo).
• Ajudar a crianC;8 a S8 organizar, ensinando-8 a guardar as coisas
sempre no mesma lugar, pOis isso tara com que se lembre cnde as
deixa.
• Enxergar as qualidades da crianya e mostrar isso para ela.
• Incentivar a crianC;8 a fazer atividades que 905te.
• Elogiar a crianya sempre que ela veneer urn obstaculo, pois ela
precis8 adquirir autoconfian~.
Antes de mais nada, as pais precisam ter urn conhecimento preciso do
que e 0 TDAH para poder controlar em casa 0 comportamento da crianc;:a que
possui tal disturbio.
27
Os pais devem estar conscientes que a punic;ao para crian~s
portadoras do TDAH nao ira reduzir as sintomas de seu filho, 56 se a punic;ao
for acornpanhada de urna estrategia de contra Ie.
o que realmente importa para 0 sucesso da crianc;:a
portadora de TDAH na vida e 0 que existe de certo com ela e
naD a que esla errado. Cada vez mais, a area da saude
mental focaliza seu trabalho em aumentar as pontcs fortes em
vez de tentar diminuir as pontcs fracos, Urna das mel hares
maneiras de criar pontcs fortes e uma boa
com seus filhos. 7
3.6 AS CRIAN9AS COM TDAlH NAS AULAS DE EDUCA9AO
FislCA
Existem diferenC;8s substanciais entre 0 comportamento das crianc;as
hiperativas nas aulas de Educa,iio Fisica e aquele nas aulas de atividades
rotineiras.
A primeira diferent;a fundamental concerne a situar;ao em que as
crianC;8S S8 encontram, pois, nas aulas de EduC8C;80 Ffsica, a situ8geo e de
espontaneidade, onde a liberdade de expresseo corporal e a con stante, sem
causar nenhum empecilho ao decorrer do trabalho.
Uma segunda diferenga, que entendemos ser relevante, e 0
7 GOLDSTEIN, Sam. Cornpreensao, avafiac;ao e atuac;ao: urns visao geraJ sobre 0 TDAH.Porto Alegre: Artes Medicas, 2000
28
favorecimento que uma aula de EducaC;80 Fisica presta ao relacionamento
afetivo aluno~aluno e aluno-professor, facilitando desta forma urn aumento
consideravel da auto-imagem e da auto-8stima da crianY8.
Crian98s hiperativas, tanto as ativas como as passivas,
necessitam com maior frequencia de atividades que envolvam exercicios
de controle segmentar, exercicios sensoriais calmantes, bern como
de exercfcios de desconcentrag8o total e parcial dos segmentos
corporais.
Julga-se que estes constituem os recursos pedagogicos de maior
importancia no trabalho com hiperativos.
Para situar melhor 0 problema. pode-se afirmar que hoje, no Brasil,
apesar das leis pertinentes a Educ8c;ao Fisica garantirem tres aulas semanais
da materia no ensina de Primeiro Grau (series iniciais), estas nao sao
ministradas, por varios motivos, a saber:
1) porque os professores regentes de ciasse nao se sentem habilitados
a dar uma sessao de EduC8t;80 Fisica;
2) porque uma parcela dos professores regentes de classe entende
que e mais importante ficar na sala de aula, buscando sanar os
problemas surgidos, com recursos pedag6gicos de ordem cognitiva;
3) porque a escola nao dispoe de espa,o fisico adequado e de material
necessario para que se realize uma aula de Educat;80 Ffsica;
4) porque existe ainda falta de conhecimento a respeito dessas
sindromes, e das a90es psicopedagogicas, recomendaveis a cada
caso, atraves da educayao pSicomotora.
29
Provavelmente, existem Qutras causas que justifiquem 0 porque dos
professores naD ministrarem as tres aulas semanais de Educ8c;:ao Fisica no
ensina de Primeiro Grau.
Mas e preciso que S8 diga que existem escolas em que, muito embora
o professor de Educayao fisica tenha carga horaria suficiente para atender as
crianC;:8s da 1a a 4a serie, par quest6es administrativas. au ate mesma par
despreparo profissional, as crianC;:8s deixam de ser assistidas com uma
melhor a~ao pedagogica.
Em Qutros casas, que sao excey6es, as tres aulas semanais
de Educ8c;:ao Fisica sao ministradas pela propria professora regente de
classe, mas a aula fica restringida a brinquedas recreativQs, quando naD a
atividades livres em um pequeno parque infantil, havendo falta, entao, de uma
atividade mais especializada, de encontro as necessidades que devem ser
supridas.
Reconhece-se, entretanto, que existem escolas que se preocupam
com 0 trabalho especializado em Educa<;8oPsicomotora, e procuram colocar
professores capacitados para atuarem com criany8s portadoras de tais
problemas. Em termos de Brasil, isto ainda e muito pouco ou quase nada
significativo, portanto, precisamos preparar mais recursos humanos nesta
area e investir mais nesta a980 pedagogica.
o trabalho a que se refere aqui, nao deve ser aplicado somente
aqueles que apresentam este ou aquele problema, mas, sim, a todas as
cnanyas, principalmente na prE3-escola e series iniciais, ende °desenvolvimento psicomotor e afetivo tem urn papel importante na sua vida
futura.
30
o investimento na Educac;:ao Psicomotora na escola de Primeiro Grau
nao deve ser constituido por um trabalho isolado do professor de Educa9ao
Fisica, mas devera haver urna integraC;:8o interdisciplinar, para que S8 possam
avaliar constantemente as resultados e avan<;ar no sentido de buscar
metodologias alternativas a cada caso.
A crian<;8 hiperativa, nas aulas de EduC8C;80 Fisica, em alguns casas,
manifesta comportamentos que dificilmente permitem ao professor diferencia-
los dos demais. Par exemplo: quando S8 prop6em atividades que requeiram
rapidez, isto e, velocidade de agao motora na realiz8c;:ao das tarefas,
geralmente sao as hiperativos as primeiros, e estao sempre prontos para este
tipo de atividade. Mas, quando se propoe atividades que requeiram seguir
algum raciocinio mais complexo, logo em seguida a atividade para eles se
torn a enfadonha, 0 que nao aeonteee com as eriangas norma is.
Outra caraeterfstica e que as crian9as hiperativas sao muito
dispersivas, isto e, quando as atividades nao mais Ihe agradam, costumam
sair da aula e ir fazer outras coisas que Ihe atraiam a atengao.
Quando se tern mais de um hiperativo na mesma turma, eles se
agrupam, constituindo geralmente um grupo separado dos demais. Estao
sempre falando uns com os outros, pouco ouvem 0 que 0 professor diz,
escutam as eoisas pela metade, isto e, quando 0 grupo e reunido para
receber alguma determinagao, muito antes de se eonciuir, eles ja eomegaram
a tentar realizar aquilo que pensam ser 0 determinado.
Isso faz com que, muitas vezes, 0 professor que dirige a atividade fique
irritado, principal mente quando desconhece esse tipo de comportarnento
anormal, e passa a ameaya-Ios com a promessa de castigos.
31
A ultima tentativa do professor, na maioria dos casas, e procurar a
forma de sanar, atraves da C08C;:<30, estes empecilhos que encontra na sua
tarefa docente.
E importante que, nas aulas de Educagao Fisica, 0 professor
procure observar as criang8s que evidenciam comportamentos
hiperativos.
No casa daqueles que manifestam uma hiperatividade passiva
nas aulas, 0 professor deve procurar, sempre que passlvel, esquivar-se
das atividades em que aquila que e a eles proposto constitui uma
dificuldade Neste casa, 0 professor deve procurar estar sempre
estimulando-os a participar;ao e refon;ando seu comportamento, par minima
que seja.
Conclui-se entao, atraves de S8 observar ou lidar com crian98s
hiperativas nas aulas de EduC8g80 Fisica, e que estas crian9as alteram 0
ritmo normal da aula, principalmente quando encontram-se mais de uma
numa mesma turma, necessitando, neste caso, 0 emprego de uma variada
gama de recursos pedag6gicos, pelo professor, no desempenho de sua tarefa
docente.
3.7 ORIENTA<;:AO TERAPEUTICA
"As formas mais comuns de tratamento do TDAH incluem a prescri9i!io
de medicaqoes psicoestimulanfes e infervenqoes comportamenfais baseadas
32
em prine/pios operantes de condicionamento". 8 Alem disso ha tambem as
terapias alternativas as quais tern sido cada vez mais utilizadas.
A terapeutica farmacologica e quase sempre utilizada nos cases onde
o diagnostico e precise e ha comprometimento na vida da crianc;a.
As drogas utilizadas no tratamento do TDAH sao as psicoestimulantes,
principalmente 0 Metilfenidato, a Dextroanfetamina e 0 Pemoline. elas
estimulam 0 funcionamento do sistema central aumentando 0 grau de atenc;ao
da crianC;8 e tambem amenizando a sua impulsividade.
Apesar dos psicoestimulantes, geralmente trazerem resultados
positiVQS, eles tambem podem causar alguns efeitos colaterais, como:
• redu9ao de apetite;
• insonia;
• humor instavel;
• cefaleia;
• dares abdomina is;
• irritabilidade;
• nauseas;
• palidez.
Essa drogas, se forem utilizadas por um longo periodo, ainda podem
trazer Qutras cansequencias:
• alucinagoes;
8 BARKLEY, R.A. A review of stimulant drug research with hyperactive children in; CYPELSaul. A crianc;a com deficit de atenc;ao e hiperatividade. SP: Lemos, 2000.
33
• rea~6es f6bieas;
• sindrome de Gilles de 18Tourette;
• atraso no crescimento;
• aumento da freqOencia cardiaca;
• psicose esquizofrenica.
Eo devido aos varios efeitos colaterais existentes que os
psicoestimulantes ainda geram muitas discuss6es entre as melhores
especialistas em TDAH.
Outra droga que vem sendo utilizada no tratamento do TDAH e a
imipramina, urn antidepressivo que passui menes efeitos colaterais que as
pSicoestimulantes. Os ef8itos colaterais da imipramina sao:
• sonolencia e boca seca;
• constipayao intestinal;
• aumento ou perda de peso (dependendo do metabolismo da crianc;a).
"Quando indicado 0 fratamenta medicamentoso em crianq8s com
desatenqao e/au hiperatividade, a ufiliz8q80 da imipramina costuma produzir
bans resultados" 9
As Tenotiazinas sao drogas que sao usadas mais freqOentemente
para tratamento de desordens ps[quicas. Contudo, estas drogas podem
tambem ajudar no tratamento de certos tipos de hiperatividade Mellaril,
9 GUARDIOLA, A; TERRA, A.R; PEREIRA, K; ROTTA, N. Uso de farmacos na sindrome dahiperatividade com deficit de atem;ao. Arq. Neuroipsiquiatrico 55 (3-8): 598, 1997.
34
Thorazina e Stelazina sao as fenotiazinas e tern urn efeita sedativD,
desta forma trabalham na diminuicyao da hiperatividade.
Entretanto, elas tambem podem reduzir a ateng80 e a concentrac;ao,
podendo interferir na aprendizagem. Par isse, as fenotiazinas naD sao uma
terapia apropriada para as crianyas com TDAH.
As crianr;;as a quem estas drogas algumas vezes sao uteis, sao
aquelas hiperativas que sofrem de retardamento mental. Algumas vezes a
extensao da hiperatividade destas crianC;8s com retardamento e urn problema
bastante dificil. Desde que 10 a 20% das crian~as com hiperatividade e
retardamento respondem aD tratamento com anfetaminas au pemolina, elas
sao tratadas com fenotiazinas. "Metade destas criam;as mostra urn
decrescimo da hiperatividade quando famam esle tipo de medic8980". 10
o tratamento com fenotiazinas deve ser controlado com grande
cuidado devido aos seus varios efeitos colaterais. Estas drogas aumentam 0
risco de ataques convulsivos em pacientes epilepticos, e, alem disso, tern sido
associadas com as disfun90es hepaticas, alem do ganho excessivo de peso.
A terapia prolongada com estas drogas pode causar uma condi~ao chamada
de discinesia tardia, na qual a pessoa tem continuamente movimentos
limguidos, em seus bra90s e suas pernas.
A maior parte destes efeitos passa, assim que a medica9aO e
interrompida. Contudo, a discenesia tardia pode afetar urn numero de
individuos que tomaram fenotiazinas par mais de 5 anos e entao So geralmente
permanente.
10KAPLAN, H. I; SADOCK, B.J. Manual de farmacoterapia em psiquiatria. RJ: Guanabi3ra.Koogan. 1993.
35
Outras drogas, alem das citadas ate 0 presente momento, tem sido
utilizadas para 0 tratamento do TDAH. Benadryl, um antiestaminico;
Tofranil) urn antidepressivo; e Deanal, urn ansiolitico; tern sido usados, com
sucesso relativo.
A cafeina urna V8Z foi proposta como tratamento para 0 TDAH, mas
tambem nao deu 0 resultado esperado. "Ha uma me/hora em crian98s
normais quando utilizam cafeina, mas na~ he uma me/hora consistente da
performance de criang8s com TDAH com a mesma medicac;ao".11
Finalmente, a megavitamina teve sua terapia tentada. A ideia por tras
desta tentativa era que urna deficiencia de vitamina au de enzima, que
pudesse ser corrigida com a ingestao de vitaminas, poderia corrigir a
hiperatividade.
Entretanto, estudiosos mostraram que a deficiencia vitaminica naD
existe e que esta terapia nao traz beneffcios para a hiperatividade e para a
desordem de deficit de aten9iio. Alem disso, algumas criangas que receberam
esta terapia megavitaminica, desenvolveram um funcionamento anormal do
figado.
Outre tratamento muito utilizado sao as psicoterapias, entre elas esta a
terapia comportamental, a qual pode apresentar, as vezes, um resultado
terapeutico satisfat6rio, mas deve ser realizado de acordo com a gravidade do
disturbio da crianc;a.
"A indicar;ao do procedimento psicoterapico ficara na dependencia das
caracteristicas de cada caso, considerando-se a idade da crianc;a, a
11 HUGHE, JR & HALE, k. L. IN: CYPEL, Saul. A criant;a com deficit de atenl;iio ehiperatividade. SP: Lemos, 2000.
36
inlensidade das aftera90es de comportamenlo, sua refa9ao com a eslrulura
famifiare 0 impacto que esta causando na conv;vencia dessa familia. ,,12
"Dulra lenlaliva para conlrofar 0 TDAH e mudar a afimenla9ao da
crian98." 13 0 Dr. Benjamin Feingold propos que alimentos contendo
salicilatos, a~ucares, alimentos com corante e outros aditivos levarn ao TOAH
e portanto, sugeriu que as crian~s hiperativase com deficit de atenyao
deixassem de consumir estes alimentos, tais como amendoas, mayas, abrico,
cerejas, pepinos, uvas, tomates e 0$ produtos derivados destes alimentos.
Ele encontrou sucesso na metade das crian98s tratadas com esta dieta.
Contudo, pesquisadores tern sido incapazes de reproduzir seus
resultados sob condi90es controladas. Nestes estudos, menes de 10% das
criangas responderam a diela de Feingold. Mesmo pensando que a pesquisa
nao dava suporte aos estudos e resultados de Feingold, as pais relataram que
tentar a dieta Ihes fornecia alguma caisa com estar rna is atento a crianc;a e
ajudava a redistribuir seus sentirnentos de culpa e de ajuda.
E passivel que cam urn melhor sentimenta, as pais possam flcar mais
habeis no cuidada de seus filhos e mais proximo dos problemas deles e isso,
cam certeza, reflete positivamente no comportamento da crianc;a.
Ha ainda oulros Iralamentos prescritos para 0 portador de TDAH, eles
• Homeopatia => dentre todas as medicac;oes, ela tern demons-trado
ser a mais eficaz a longo prazo.
12CYPEL, Saul. A criant;acom d(dicit de atenr;aoe hiperatividade. SP: Lemos, 2000.13 FEINGOLD IN: GORODSCY, Regina. A criant;a hiperativa e seu corpo: um estudocompreensivo da hiperatividade em criant;as.SP: USP. 1991.
sao:
37
• Florais de Bach :::::) naD reconhecido como medic8980 pela
AssOci8IYBO Medica, e uma constanta a informa~o pelos pais de
melhora significativa das crian,as tratadas com eles. Porem, e
necessaria buscar informa~o seria e vasta para a sua utiliz8Q80.
• Psicomotricidade :::::)0 aprendizado pelo individuo hiperativo de urn
melhor controle sobre a sua movimentar;iio ( em geral desarticulada)
costuma trazer beneficios de grande valia, ate e principal mente de
auto-afirmar;iio. Melhora a aten,ao e concentra,ao.
• Acupunlura => traz beneficio ao portador de TDAH, porque deixa-o
mais relaxado, amenizando sua a9ita980.
3-7.1 A MUSICA COMO INSTRUMENTO TERAPEUTICO PARA
TRATAMENTO DO TDAH
A musica e uma parte forte de nossa heranya cultural e, certamente,
uma parte importante e natural nos anos de crescimento da crianC;8.
ObselVa~es de jogos infantis mostram como a crianC;8 revela extraordinaria
e expressiva habilidade criativa par meio da musica.
Educadores tern usado durante muito tempo a musica para instruir,
facilitar a aprendizagem e encorajar 0 afeto do aluno para consigo mesmo e
para com a outro, bern como a socializa~o. Esta forma nao verbal de
educar;iio satisfaz a crianya que pode experimentar, por meio da musica,
altera~6escognitivas, afetivas e sociais expressivas.
38
A Psicologia da Musica tern se preocupado, neste saculo, em estudar a
musica sob a perspectiva do Quvinte. Pesquisas tern se desenvolvido na
dire,iio do estudo da qualidade auditiva, da percep,iio dos sons, atravas de
testes auditivos, da influencia do ambiente acustico e social na audi9Bo e das
formas de comportamento do ouvinte. Muitos destes estudos tern S8
preocupado em pesquisar as sons, tradi90es e sistemas diferentes a cultura
musical ocidental, enfocando 0 hist6rico-social. Desta forma, alguns
pesquisadores manifestam sua preocupayao na influencia que os sons podem
exercer no ser humano.
Os sons provocam impacto no inconsciente do indivfduQ, burlando as
mecanismos de defesa de seu proprio Eu (... ) e, atuam da mesma forma,
pois, como as medicamentos psicotropicos e drogas, provocam e mobilizam
condutas e emoc;6es nao controlaveis. Por isso, a musica pode ser utilizada
no tratamento de individuos portadores de TDAH.
A musica sendo vista sob 0 angulo terapeutico, tern sido estudada e
aplicada ha aproximadamente cinco decadas, por meio da musicoterapia,
que pode ser definida como 0 campo da medicina que estuda 0
complexo som-ser humano-som, para utilizar 0 movimento, 0 som e a musica,
com 0 objetivo de abrir canais de comunica98o no ser humano, para produzir
efeitos terapeuticos, psicoprofilaticos e de reabilitayao no mesmo e na
sociedade.
o papel que a musica tem na vida do homem e enriquece-Io, sendo
este uma das principais fun90es da musicoterapia, em especial para crianyas.
Par outro lado, as sentidos proporcionam 0 material basica da que ha de ser a
inteligencia humana. Os mesmas necessitam se desenvolver em um ambiente
39
musical, pais este favorece a percepC;8o sensorial 8, consequentemente, 0
enriquecimento do homem. A carencia de estimulos sensoriais pode naD 56
prejudicar 0 organismo jovem, como tambem pode levar 0 ser humano adulto
a manifestar urn comportamento anormal, perdendo 0 sentido de si masmo e
sofrendo alucinac;oes.
Como urn estimulo sensorial, a musica compreendida par seus
elementos. ou saja, melodia, harmonia e, em especial, 0 fitmo, €I urn
componente significativQ na natureza social do homem.
A estatica musical, a partir do interesse da Filosofia e da Psicologia,
busea esclarecer conceitos como linguagem, significado e expressao, vista
que a dicotomia entre a musica como expresseo OU forma paraee tar perdido
seu sentido. A linguagem pode ser entendida como uma rela""o de igualdade
com 0 pensamento, facilitando a expressao do mesma. Por meio da
linguagem os pensamentos adquirem valor subjetivo e, finalmente, existencia
ideal. Percebe-se, desta forma, que a musica como forma e expressao ecomo compor um quadro, e encontrar a palavra adequada para expressar urn
fato, urn afeto au urna impresseo, au seja, a mesma une 0 pensamento alinguagem.
A musica, enquanto linguagem e vi sao fenomenoI6gica-8xistencial, epercebida como urn sistema que favorece a expressao e e tida como uma arte
temporal, desenvolvendo-se no tempo, unindo presente, passado e futuro euma tentativa de substituir uma relal'ao de objeto perdida.
Urn desenho au um quadro sao antes de mais 0 retrata de
algumas eoisas, realizado com ajuda de linhas e cor, mas, nem sempre tern
um significado estetico, um efeito emotivo (por exemplo, uma ilustral'ao de um
40
livre de texto}. 0 mesma S8 pode dlzer da literatura e da descriC;§overbal no
sentido mais amplo do terma. A musica, em contra partida, nao tern nenhum
significado S8 naD e uma reac;ao emotiva perante ela. As crianyas naD a
entendem como objeto estatico, a naD ser que S8 dirija de modo direto e
especifico aos seus sentidos; casa contrario, naD tern men or significado para
as criang8s.
Entao, va-s8 que a musica pode auxiliar significativamente no
tratamento da hiperatividade, fazendo com que as criant;;;8S, que S8
apresentam normalmente tao agitadas, podem S8 acalmar, conseguindo
assim realizar as suas tarefas.
3.7.1.1 A MUSICA NA ESCOLA
Mesma uma escola vazia apresenta vestlgios e lembranC;8s do que
aconteceu e pode acontecer ali. Assim naD ha 8goes desprovidas de multiplos
significados. nao ha espa,os vazios de expressoes ou possibilidades do que
podem representar ou abrigar em termos de experiemcias humanas. Nao ha,
por si propria, uma escola vazia de expressao e significado, considerando-se
que esta "vive" conhecimentos, emogoes e experiencias de inumeras criangas
e professores que depositam nela parte de suas vidas. Outra parte mostra urn
lado tragico de um quadro interminavel. 0 lado tragico e aquele onde
transparece 0 estado de palidez em que ainda se encontra nosso trabalho
pedag6gico, carente de op,oes reftetidas e do vigor necessario as a,oes
educacionais.
41
o pedatyo interminavel desse quadro e aquele que deixamos de tratar,
as vezes par esquecimento, Qutras par incapacidade e algumas par opc;::ao.
Por op<;iio, nao repetimos os dad os e fatos que continuam demonstrando 0
desprezo desmedido que nossa sociedade tern pelas escolas, principalmente
as dedicadas ao ensina de primeiro grau. 0 desprezo pela educayao e
sentido atraves da falta de cumprimento e ate da existEmcia de poifticas
educacionais e programas de ensina.
Este "desprezo" tambem refiete na questao da educa9ao musical,
a qual nao faz parte da grade curricular, impossibilitando assim
dos professores passarem para os seus alunos conhecimentos musicais,
os quais sao importantes, ja que auxiliam no comportamento das
crian98s.
A musica prove elementos que levarn 0 educando a formar sentidos e
significados que orientam a sua a<;ao no mundo. Assim, se a musica fosse
utilizada na escola, crianc;as com TDAH se beneficiariam, pois a rnusica age
nelas como urn instrumento terapeutico.
3.8 A HIPERATIVIDADE E A COORDENA<;:Ao PSICOMOTORA
o que se observa, nas crianc;as hiperativas, e uma dificuldade
permanente no mecanismo do freio inibit6rio, que gera como consequencia
dificuldades na precisao e na harmonia do movimento.
A coordenayao pSicomotora fica, pois, prejudicada temporariamente
nessas crianc;as. Fator de destaque na relag80 comportamento hiperativo
42
versus coordenary8o psicomotora e que as criangas hiperativas apresentam
mais dificuldade nos movimentos delicados, que requerem maior capacidade
de concentrayao, nac apresentando muita persistencia para a realizac;ao do
gesto motor.
Entre as atividades psicomotoras necessarias para 0 aprendizado na
escota, as dificuldades bern evidentes estao no ato motor de escrever.
Manifestam geralmente uma escrita em forma de garatuja, com letras
disformes e, na maioria das vezes, ilegiveis.
Estes comportamentos ficam explicados pelo pouco uso do lapis, pela
falta de independencia segmentar dos dedos em rela9aOa mao e pela falta de
persistencia em realizar atividades que requeiram determinado tempo de
concentrac;ao.
Nas atividades psicomotoras que determinam movimentos amplost
conseguem relativQ sucesso, mas naD de forma regular, quase sempre
realizam 0 movimento incompleto, tal e a impulsividade que manifestam no
seu comportamento.
Em contra partida, quando realizam tarefas que sao do seu interesse,
mostram ter, em determinados momentos, 0 pleno dominic corporal,
contrastando com 0 que S8 observa quando se Ihes determina que realizem
outras tarefas.
Deve-s8 explorar ao maximo as atividades que os atraem, utilizando
este canal como meio de desenvolvimento do seu dominio corporal e do
controle de sua dispersao.
Observa-se, nas criangas hiperativas, que, no momenta em que
43
adquirem urn melhor freio inibit6rio, sua coordena9ao psi como tara melhora
tarnbam, de maneira consideravel, como urn todo.
3.9 COMORBIDADES
E muito comum ficarmos na duvida a respeito da causa real do
comportamento de uma crianc;a ou jovem com TOAH. A razao dessa duvida
sao os varios problemas que provocam sintomas identicos aos do TDAH. Em
alguns cases, a falta de diagnostico do transtorno pade levar a diagnosticos
de Ansiedade, Depressao ou Transtorno Obsessivo Compulsivo (TOC). Em
Qutros, a intensidade dos sintomas de TDAH pade provocar Transtorno de
Conduta ou Depressao.
Mas esses transtornos tarn bam ocorrern simultaneamente com 0 TDAH
- as chamadas comorbidades - e devem ser tratados ao mesma tempo,
embora de maneira diferente e especffica, de acordo com as recomendac;oes
pr6prias para cada urn.
o objetivo de uma avalia9iio abrangente, portanto, e definir
exatamente as condi90es que estao provocando os sintomas apresentados
pela crian98.
E preciso muito cuidado ao se fazer um diagnostico de TDAH, pOis
algum tipo de desaten9ao ou hiperatividade pode ser caracteristico da faixa
eta ria, escola au curriculo inadequadas padem originar comportamenta
identico aquele resultante de TDAH, da mesma forma que urn ambiente
familiar caotico pode gerar comportamentos nao aceitaveis. Quanto mais
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ceda for feito 0 diagnostico, mas facil evitar 0 desenvolvimento de Qutros
problemas. Urn profissional com bastante experiencia no assunto dave sar a
pessoa a comandar a ava1ia98.0, de modo a possibilitar urn tratamento correto
e adequado.
As comorbidades que mais freqGentemente acompanham 0 TDAH sao:
- Transtorno Opositivo Desafiador (60%)
- Problemas de Aprendizagem (40%)
- Transtorno de Conduta (30%-40%)
- Depressao (40%-50%)
- Ansiedade (25%)
- Transtorno Bipolar (25%)
- Sindrome de Tourette (50% dos que tem esse diagnostico tem
tambem TDAH)
o Transtorno Opositivo Desafiador est'; relacionado com
dificuldades dos pais em lidarem com as filhos, urn ambiente familiar
disfuncional e a urn historico de depressao em urn au ambos os pais. 0
comportamento padrao das crian~as e negativo hostil, apresentando-se
argumentadores, frequentemente perdendo a cabey8, incomodando au
culpando os Qutros deliberadamente. Distingue-se do comportamento de urn
portador de TDAH por na~ apresentar a agitayao marcante que 0 caracteriza,
o mesmo padrao de desatenyiio, a impulsividade tipica e atrasos no
desenvolvirnento.
Os Transtornos da Aprendizagem s6 sao assim denominados
quando houver uma discrepancia visivel entre 0 potencial intelectual e 0
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desempenho academico. Normalmente, aparecem quando 0 trabalho escolar
S8 torna mais dificil e a crian98 precisa apresentar urn rendimento que nao ecapaz. Os problemas de atengElo sao relacionados com tarefas especificas,
em contraposigiio com os problemas globais de atengiio que um portador de
TDAH apresenta. Ao S8 fazer 0 diagnostico diferencial, naD esquecer que ele
t8m urn hist6rico precoce de hiperatividade.
A Depressao S8 caracteriza par urna mudan98 de comportamento
durante 2 au 3 semanas. Nesse perfodo, ha aumento da negatividade, perda
de interesse au prazer par atividades exercidas anteriormente, as problemas
de ateng80 sao relacionados com tarefas especificas, a disposit;;ao geral e de
irritabilidade, desamparo e infelicidade. No TDAH, as sentimentos de tristeza,
desamparo e baixa auto- estima sao resultado da defieiEmeia de eapaeidade,
os problemas perduram por longo tempo, a falta de aten9lio e global e estiio
presentes superexeita<;8o e impulsividade hiperativas.
A Ansiedade provoea inibit;ao e timidez, ao contrario do que ocorre
com portadores de TDAH, que sao hiperativos e impulsivos. Pessoas
ansiosas sao agitadas mas preaeupadas a respeita de tudo au de eoisas e
situat;6es especificas, tern dificuldade de foealizar a aten<;ao em certas
oeasi6es mas eonseguem sustenta-Ia quando estao relaxados, enquanto que
o problema global de aten9lio do TDAH nlio sofre esse tipo de varia9lio. Hi!
ausencia de hiperatividade precoce mas present;a de historico familiar da
eondi<;ao.
Ao se fazer uma avalia9ao abrangente, nao podemos esqueeer que
varios Problemas Organicos tam bern sao responsaveis por sintomas que
podem confundir um diagnostico. Eo necessario, portanto, levar-se em
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considera980 essas Qutras condi90es: intoxicay80 par ferro, problemas
sensoriais - principal mente auditivos - rea90es a medicamentos, abuso de
substancias quimicas. retardo mental, hipertiroidismo, anemia per deficiencia
de ferro, Sindrome de Tourette I tiques au expectativas inadequadas do meio
ambiente (ex: escola).
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4CONCLUSAO
o TDAH na infaneia, segundo pesquisa americana, atinge cerca de 5%
das crian<;asentre 6 e 13 anos de idade. Esses pacientes apresentam baixo
rendimento escolar, tern dificuldade de relacionamento, sao impacientes e
podem S8 transformar, no futuro, em desajustados socia is.
Esse problema do TDAH e um tema que vem sendo diseutido js ha
algumas decadas, com pontcs de vista que S8 modificam de acordo com as
eoncepc;6esde cada epoca, pelo fato de que a medida em que vao tentando
Qutras tecnicas de tratamento, as anteriores tornam-S8 obsoletas.
Existem ainda muitas quest6es incorretas e Qutras pouco esclarecidas.
Pereebe-se que a questao de se estabeleeer 0 que deve ou nao ser
considerado patol6gico no que S8 refere ao comportamento hiperativD,
depende de experiencias vivenciadas, de exames neurologicos, de formac;ao
e sensibilidade psicopedagogiea, para se trac;ar diretrizes quanto ao
encaminhamento da crianc;a a determinados tratamentos.
A melhor forma de ajudar um hiperativo e percebendo 0 seu problema
o mais rapido passive!. Diferente dos demais distUrbios mentais que causam
sintomas muito partieulares e notorios, e por iSso, a busea pelo tratamento
oeorre com mais rapidez, 0 TDAH geralmente e diagnostieado somente apos
uma avaliac;iio psiquiatrica tardia, 0 que promove, muitas vezes, problemas de
ordem emociona! irreversiveis, devido a interpretac;:5eserr6neas das atitudes
desses pacientes pelos pais, professores, entre outras pessoas que os os
cercam, ocasionando punic;5esseveras.
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Percebe-se assim, que ainda naD existem pad roes corretos para a
identifica980 e para 0 tratamento de tal disturbio.
Ao observar-se urna crian98 com comportamento hiperativo,
deparamo-nos com urn enorme leque de possibilidades diferentes quanta a
origem do problema au aos fatores intervenientes, apontando para a grande
heterogeneidade desta sfndrome.
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