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22/07/2016 Tuberculose – Henry M. Blumberg, Michael K. Leonard Jr. Versão para Impressão http://assinantes.medicinanet.com.br/conteudos/acpmedicine/5217/imprimir.aspm?codConteudo=5217 1/22 a a a Tuberculose – Henry M. Blumberg, Michael K. Leonard Jr. Henry M. Blumberg, MD, FACP Associate Professor of Medicine, Emory University School of Medicine Michael K. Leonard Jr., MD Assistant Professor of Medicine, Emory University School of Medicine Argo original: Blumberg HM, Leonard MK. Tuberculosis. ACP Medicine. 2006;1‐22. [The original English language work has been published by DECKER INTELLECTUAL PROPERTIES INC. Hamilton, Ontario, Canada. Copyright © 2011 Decker Intellectual Properes Inc. All Rights Reserved.] Tradução: Soraya Imon de Oliveira Revisão técnica: Dr. Euclides Furtado de Albuquerque Cavalcan Nota dos editores do MedicinaNet: é importante ressaltar que o seguinte texto é norte‐americano e enfoca as condições epidemiológicas daquele país. Para maiores informações a respeito do controle da doença em nosso meio, sugerimos que também sejam consultadas as publicações do Ministério da Saúde sobre tuberculose , em especial o Manual de Recomendações Para o Controle da Tuberculose no Brasil , que foi publicado recentemente. A tuberculose é uma doença bacteriana causada pelo Mycobacterium tuberculosis, um bacilo acidorresistente, aeróbico e de crescimento relavamente lento. Classicamente, a tuberculose é uma doença pulmonar, contudo pode ocorrer como doença disseminada e extrapulmonar, em especial em indivíduos imunocompromedos. A tuberculose é transmida pelo contato interpessoal, sendo geralmente contraída pela inalação dos núcleos de go2culas contendo M. tuberculosis produzidos pelo indivíduo infectado. Se houver uma infecção após a entrada do M. tuberculosis no corpo, a imunidade celular do hospedeiro pode conter o organismo sem erradicar totalmente os bacilos. Como resultado, o indivíduo desenvolve uma forma de tuberculose infecciosa latente (TBIL). O M. tuberculosis pode permanecer dormente e persisr (p. ex., junto aos macrófagos). Indivíduos com TBIL estão sujeitos ao risco de reavação e desenvolvimento da forma ava da tuberculose. O tratamento da TBIL pode diminuir notavelmente o risco de progressão para doença ava. 1,2 Se as defesas do hospedeiro forem incapazes de conter a infecção, a carga bacilar aumenta dramacamente, e a TBIL evolui para a forma ava da tuberculose. Os indivíduos com tuberculose (também denominada doença da tuberculose ou tuberculose ava) geralmente são sintomácos e podem ser contagiosos, caso tenham doença pulmonar ou laríngea. A tuberculose é uma condição prejudicial à vida, que requer tratamento à base de regime mulfarmacológico por um período mínimo de 6 meses. 3 Epidemiologia A tuberculose emergiu como uma enorme epidemia global de saúde pública. Mundialmente, constui a 2ª causa infecciosa mais importante de morte, atrás apenas da infecção pelo HIV. 4 A Organização Mundial de Saúde (OMS) esma que, anualmente, cerca de 9 milhões de pessoas desenvolvem tuberculose ava e mais de 2 milhões de pessoas morrem por causa desta doença. 5 A maioria destas mortes ocorre em países com recursos escassos, onde cerca de 95% dos casos são encontrados. A maioria dos casos de tuberculose (5 a 6 milhões/ano) acomete indivíduos na faixa etária de 15 a 49 anos. A África subsaariana apresenta a maior incidência (= 300 casos a cada 100.000 indivíduos, anualmente) e isto se deve, em parte, às altas taxas de coinfecção pelo HIV [Figura 1]. 4 Exemplificando, foi relatado que as altas taxas de coinfecção pelo HIV de pacientes com tuberculose excedem 60% em Botswana, África do Sul, Zâmbia e Zimbabwe. Os países asiácos mais populosos apresentam o maior número de casos: Índia, China, Indonésia, Bangladesh e Paquistão, juntos, respondem por mais da metade da carga global, sendo que 80% dos casos novos são registrados nos países onde a carga da doença é alta. De uma forma geral, a tuberculose está declinando na Europa Ocidental e Central, nas Américas do Norte e do Sul, e no Oriente Médio. Em contraste, aumentos marcantes têm sido registrados nos países da anga União Soviéca e na África subsaariana, devido à epidemia de infecção pelo HIV. 4,5 As esmavas indicaram que cerca de 2 bilhões de pessoas (ou 1/3 da população mundial) estão infectadas pelo M. tuberculosis e, assim, sujeitas ao risco de progressão para doença ava. Existe uma preocupação significava quanto à possibilidade de a epidemia global de tuberculose connuar piorando, caso não se considere com maior atenção a doença em si e o desenvolvimento de novas ferramentas para seu tratamento e controle (p. ex., uma vacina efeva; novos agentes terapêucos e regimes de tratamento mais curtos; e aprimoramento do diagnósco, incluindo da TBIL).

Tuberculose – Henry M. Blumberg, Michael K. Leonard Jr

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22/07/2016 Tuberculose – Henry M. Blumberg, Michael K. Leonard Jr. ­ Versão para Impressão

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Tuberculose – Henry M. Blumberg, Michael K. Leonard Jr.Henry M. Blumberg, MD, FACPAssociate Professor of Medicine, Emory University School of Medicine Michael K. Leonard Jr., MDAssistant Professor of Medicine, Emory University School of Medicine  Ar�go original: Blumberg HM, Leonard MK. Tuberculosis. ACP Medicine. 2006;1‐22.[The original English  language work has been published by DECKER  INTELLECTUAL PROPERTIES  INC. Hamilton, Ontario, Canada. Copyright © 2011 DeckerIntellectual Proper�es Inc. All Rights Reserved.]Tradução: Soraya Imon de OliveiraRevisão técnica: Dr. Euclides Furtado de Albuquerque Cavalcan�   

Nota dos editores do MedicinaNet: é importante ressaltar que o seguinte texto é norte‐americano e enfoca as condições epidemiológicas daquele país.Para maiores informações a respeito do controle da doença em nosso meio, sugerimos que também sejam consultadas as publicações do Ministério da Saúdesobre tuberculose, em especial o Manual de Recomendações Para o Controle da Tuberculose no Brasil, que foi publicado recentemente.

 A tuberculose é uma doença bacteriana causada pelo Mycobacterium tuberculosis, um bacilo acidorresistente, aeróbico e de crescimento rela�vamente

lento. Classicamente, a tuberculose é uma doença pulmonar, contudo pode ocorrer como doença disseminada e extrapulmonar, em especial em indivíduosimunocomprome�dos. A tuberculose é transmi�da pelo contato interpessoal, sendo geralmente contraída pela inalação dos núcleos de go2culas contendo M.tuberculosis produzidos pelo indivíduo infectado.

Se  houver  uma  infecção  após  a  entrada  do M.  tuberculosis  no  corpo,  a  imunidade  celular  do  hospedeiro  pode  conter  o  organismo  sem  erradicartotalmente  os  bacilos.  Como  resultado,  o  indivíduo  desenvolve  uma  forma  de  tuberculose  infecciosa  latente  (TBIL).  O M.  tuberculosis  pode  permanecerdormente e persis�r (p. ex., junto aos macrófagos). Indivíduos com TBIL estão sujeitos ao risco de rea�vação e desenvolvimento da forma a�va da tuberculose.O tratamento da TBIL pode diminuir notavelmente o risco de progressão para doença a�va.1,2

Se  as  defesas  do  hospedeiro  forem  incapazes  de  conter  a  infecção,  a  carga  bacilar  aumenta  drama�camente,  e  a  TBIL  evolui  para  a  forma  a�va  datuberculose. Os  indivíduos  com  tuberculose  (também denominada doença da  tuberculose ou  tuberculose a�va)  geralmente  são  sintomá�cos e podem sercontagiosos,  caso  tenham  doença  pulmonar  ou  laríngea.  A  tuberculose  é  uma  condição  prejudicial  à  vida,  que  requer  tratamento  à  base  de  regimemul�farmacológico por um período mínimo de 6 meses.3

 

EpidemiologiaA tuberculose emergiu como uma enorme epidemia global de saúde pública. Mundialmente, cons�tui a 2ª causa infecciosa mais importante de morte,

atrás apenas da infecção pelo HIV.4 A Organização Mundial de Saúde (OMS) es�ma que, anualmente, cerca de 9 milhões de pessoas desenvolvem tuberculosea�va e mais de 2 milhões de pessoas morrem por causa desta doença.5 A maioria destas mortes ocorre em países com recursos escassos, onde cerca de 95%dos casos são encontrados. A maioria dos casos de tuberculose (5 a 6 milhões/ano) acomete indivíduos na faixa etária de 15 a 49 anos. A África subsaarianaapresenta a maior incidência (= 300 casos a cada 100.000 indivíduos, anualmente) e isto se deve, em parte, às altas taxas de coinfecção pelo HIV [Figura 1].4

Exemplificando,  foi  relatado que  as  altas  taxas  de  coinfecção pelo HIV de pacientes  com  tuberculose  excedem 60% em Botswana, África  do  Sul,  Zâmbia  eZimbabwe. Os países asiá�cos mais populosos apresentam o maior número de casos: Índia, China, Indonésia, Bangladesh e Paquistão, juntos, respondem pormais da metade da carga global, sendo que 80% dos casos novos são registrados nos países onde a carga da doença é alta. De uma forma geral, a tuberculoseestá declinando na Europa Ocidental e Central, nas Américas do Norte e do Sul, e no Oriente Médio. Em contraste, aumentos marcantes têm sido registradosnos países da an�ga União Sovié�ca e na África subsaariana, devido à epidemia de infecção pelo HIV.4,5 As es�ma�vas indicaram que cerca de 2 bilhões depessoas  (ou  1/3  da  população  mundial)  estão  infectadas  pelo  M.  tuberculosis  e,  assim,  sujeitas  ao  risco  de  progressão  para  doença  a�va.  Existe  umapreocupação significa�va quanto à possibilidade de a epidemia global de tuberculose con�nuar piorando, caso não se considere com maior atenção a doençaem  si  e  o  desenvolvimento  de  novas  ferramentas  para  seu  tratamento  e  controle  (p.  ex.,  uma  vacina  efe�va;  novos  agentes  terapêu�cos  e  regimes  detratamento mais curtos; e aprimoramento do diagnós�co, incluindo da TBIL). 

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 Figura 1. Incidência global da tuberculose em 2003, em cada 100.000 indivíduos, segundo as es�ma�vas da Organização Mundial de Saúde (OMS).5

 Nos Estados Unidos e na Europa Ocidental, a tuberculose era a principal causa de morte até o século XX. Nos Estados Unidos, a incidência da tuberculose

começou a declinar com a melhoria das condições de vida e a adoção de medidas de saúde pública, antes mesmo da disponibilização de uma quimioterapiaefe�va. Após a  introdução de uma terapia efe�va na metade do século XX, a  incidência da tuberculose diminuiu ainda mais. Após os anos de 1985 e 1992,contudo,  a  tuberculose  reapareceu  nos  Estados  Unidos,  devido  ao  subfinanciamento  das  ações  de  controle  desta  doença  (que  resultaram  no  declínio  dainfraestrutura de saúde pública) e à emergência da epidemia de infecção pelo HIV. Depois que a tuberculose passou a receber maior atenção e financiamento,o número de casos nos Estados Unidos declinou novamente de um pico de 26.673 casos em 1992 para 14.511 casos em 2004 (correspondente a um declínio deuma taxa de 10,5 para 4,9 casos em cada 100.000 indivíduos) [Figura 2].6 A implementação de um tratamento diretamente observado (TDO) e de a�vidades decontrole da infecção melhoradas em hospitais e outros cenários ins�tucionais têm contribuído de maneira significa�va para este declínio.6

 

 Figura 2. Número de casos de tuberculose relatados nos Estados Unidos no período de 1982 a 2004.6

 Nos Estados Unidos, a maioria dos casos de tuberculose atualmente envolve indivíduos nascidos no exterior e indivíduos não brancos.6 Em 2004, as taxas

de casos de tuberculose entre norte‐americanos afrodescendentes correspondiam a mais de 8 vezes as taxas registradas entre os brancos na�vos. Nos EstadosUnidos, as taxas de casos de tuberculose também são significa�vamente maiores entre hispânicos e asiá�cos (em especial, os nascidos no exterior) do que napopulação de brancos. Em 2004, a taxa de casos de tuberculose entre indivíduos nascidos em outros países (22,5 casos em cada 100.000 indivíduos) era 8,7

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vezes maior do a taxa de casos da doença entre os indivíduos nascidos nos Estados Unidos (2,6 casos em cada 100.000 indivíduos).6 Em 2003, os 5 países quelideravam as taxas de nascimento de pacientes nascidos no exterior apresentando tuberculose eram: México (25,6%), Filipinas  (11,6%), Vietnã (8,4%),  Índia(7,7%) e China (4,8%). Os estudos de �pagem molecular sugeriram que, entre os indivíduos nascidos no estrangeiro vivendo nos Estados Unidos, a maioria doscasos de tuberculose resultam da rea�vação da TBIL. Contudo, entre os indivíduos nascidos nos Estados Unidos, muitos casos (talvez 1/3 ou mais) resultam deuma transmissão recente.7,8 Os indivíduos nascidos no estrangeiro também podem ser mais propensos a desenvolver tuberculose extrapulmonar.

A distribuição da tuberculose na população não é uniforme. A doença é bem mais comum entre indivíduos economicamente desfavorecidos, incluindo ossem‐teto  e  indigentes  que  vivem  nos  centros  das  cidades.9  A  tuberculose  é  200  vezes  mais  propensa  a  ocorrer  em  indivíduos  HIV‐posi�vos  do  que  emindivíduos HIV‐nega�vos.10 Indivíduos que apresentam coinfecção pelo HIV são mais propensos a desenvolver tuberculose extrapulmonar ou disseminada, comfrequência acompanhada de doença pulmonar.

Outros  grupos  populacionais  que  apresentam  risco  aumentado  ou  incidência  desproporcionalmente  alta  da  doença  incluem  os  imigrantes  (e  isto  éespecialmente  válido  durante  os  primeiros  5  anos,  após  a  chegada  nos  Estados  Unidos);  usuários  de  drogas,  incluindo  os  usuários  de  drogas  injetáveis  ealcoólatras;  sem‐teto;  moradores  de  certas  ins�tuições,  como  as  casas  de  correção  e  os  estabelecimentos  de  permanência  prolongada;  indivíduos  sobtratamento  imunossupressor;  e  indivíduos  com  certos  �pos  de  malignidade,  diabetes  melito,  insuficiência  renal  ou  outras  condições  incapacitantes.1,11

Aqueles que viajam para outros países onde a tuberculose é endêmica são propensos a se expor a um risco aumentado de desenvolvimento de tuberculose.12

Em  2004,  a  resistência  farmacológica  apresentada  pelos  organismos  de M.  tuberculosis  inicialmente  isolados  de  indivíduos  sem  história  anterior  detratamento para  tuberculose era mais  comum entre  indivíduos nascidos no estrangeiro do que em pacientes norte‐americanos. Entre estes  isolados, haviacepas de M. tuberculosis resistentes pelo menos a isoniazida e rifampicina (tuberculose mul�farmacorresistente [TB‐MFR]). A taxa de TB‐MFR foi maior entreindivíduos nascidos no exterior do que entre indivíduos nascidos nos Estados Unidos (1,4% vs. 0,6%), refle�ndo a provável exposição à tuberculose em paísesonde as taxas de TB‐MFR são maiores do que nos Estados Unidos. Nesse país, as taxas de TB‐MFR vêm caindo desde o início da década de 1990.6 Esta queda édevida em grande parte à dramá�ca redução do número de casos de TB‐MFR na cidade de Nova York: no início da década de 1990, a TB‐MFR representavacerca de 1/5 de  todos os  casos de  tuberculose  registrados nesta  cidade.13,14 Um elemento  central da queda das  taxas de TB‐MFR  tem sido o  controle datuberculose por meio de uma estrutura de saúde pública aprimorada e da intensificação da atenção voltada ao tratamento da tuberculose, incluindo a maioru�lização da TOD.

 

Etiologia e genéticaA  tuberculose  é  transmi�da  de  uma  pessoa  a  outra  via  núcleos  con�dos  em  go2culas  transmi�das  pelo  ar.  Estas  par2culas, medem  1  a  5 mcm  de

diâmetro e  contêm M.  tuberculosis;  são  geradas por  indivíduos  com a  tuberculose pulmonar ou  laríngea ao  tossirem,  espirrarem,  falarem ou  cantarem. Amaioria  dos  casos  secundários  de  tuberculose  ocorre  entre  familiares  que  vivem  juntos  ou  em  pessoas  que  entraram  em  contato  com  o  caso‐índice.  Aexposição prolongada ao caso‐índice aumenta o risco de aquisição da infecção, embora em certos casos a transmissão possa ocorrer após exposições breves. Ainfec�vidade é maior em pacientes cujo esfregaço do escarro resulta BAAR‐posi�vo. Este grupo pode incluir  indivíduos com doença cavitária ou tuberculoselaríngea. A tosse aumenta ainda mais a  liberação de par2culas. Os  indivíduos com tuberculose apresentando esfregaço de escarro BAAR‐nega�vo (e culturaposi�va)  são  considerados  menos  infecciosos  do  que  os  pacientes  com  esfregaço  de  escarro  BAAR‐posi�vo,  mas  ainda  são  capazes  de  transmi�r  atuberculose.15

Alguns pacientes podem apresentar uma susce�bilidade aumentada à tuberculose, que é determinada gene�camente. Exemplificando, a concordânciapara tuberculose é significa�vamente maior entre gêmeos monozigó�cos (65 a 85%) do que entre gêmeos dizigó�cos (25 a 35%).16 Os afro‐americanos e osíndios norte‐americanos podem ser mais susce2veis do que os brancos ao desenvolvimento da infecção por M. tuberculosis.17 Outros estudos sugeriram queos  pacientes  portadores  de  mutações  nos  genes  codificadores  dos  receptores  de  interferon‐gama  (IFN‐gama)  e  interleucina‐12  (IL‐12)  apresentam  riscoaumentado  de  desenvolvimento  de  infecções micobacterianas  a2picas  severas  e  de  infecções  pelo  bacilo  de  Calme˰e‐Guérin  (BCG).18  Várias  associaçõestambém foram estabelecidas com as variantes dos genes considerados importantes na patogênese da tuberculose, tais como NRAMP1 e genes codificadoresdo receptor da vitamina D (VDR), IL‐10, fator de necrose tumoral‐alfa (TNF‐alfa) e IL‐1. Quatro deleções polimórfico‐derivadas ou mutações em ponto do geneNRAMP1  foram associadas  a uma  susce�bilidade aumentada à  tuberculose na Gâmbia e  em outras populações que  vivem no  Japão, Guiné e Coreia.18  Asassociações existentes entre os polimorfismos gené�cos e a susce�bilidade à tuberculose diferem de acordo com a origem étnica.19 Entretanto, a extensão dacontribuição destes polimorfismos gené�cos para a carga global da doença ainda não foi inteiramente elucidada, em parte devido à considerável dificuldadeem isolar as influências ambientais presentes ao longo da vida da predisposição gené�ca.4

 

PatogêneseA patogênese da tuberculose é única entre as doenças infecciosas, devido ao período de latência altamente variável e, às vezes, longo entre a infecção e

a  doença  clínica.  Embora  um  único  bacilo  tuberculínico  teoricamente  seja  capaz  de  produzir  infecção,  deve  primeiro  escapar  dos mecanismos  de  defesaexistentes nas vias aéreas superiores e alojar‐se nos alvéolos pulmonares distais. Os núcleos con�dos nas go2culas  infecciosas são  inalados e alojam‐se nosalvéolos das vias respiratórias distais, enquanto as par2culas maiores costumam ser capturadas no trato respiratório superior. O M. tuberculosis é capturadopelos macrófagos  alveolares,  e  isto pode  resultar  em  infecção pelo micro‐organismo. Após  a  exposição a  alguém que esteja  com  tuberculose  infecciosa,  oindivíduo apresenta um dentre 4 resultados em potencial [Figura 3]: (1) ausência de infecção (determinada pelo teste cutâneo de tuberculina [TCT] nega�vo);(2)  infecção com progressão  rápida para doença a�va  (tuberculose primária);  (3) TBIL, em que os mecanismos  imunes previnem a progressão para doençaa�va; e (4) TBIL seguida de rea�vação subsequente e desenvolvimento de tuberculose a�va, após alguns meses.20,21

 

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 Figura 3. História natural  da  infecção por Mycobacterium  tuberculosis.96 O  sistema  imune  inato  cons�tui  a  1ª  linha de defesa  contra M.  tuberculosis  emuitas vezes previne a infecção. Neste estágio, os resultados do teste cutâneo da tuberculina (TCT) são nega�vos. O controle subsequente da tuberculose éproporcionado pelo sistema imune adapta�vo e resulta em TCT posi�vo. Em 90% dos casos, as defesas do hospedeiro matam a maioria dos organismos,porém alguns bacilos de M. tuberculosis persistem no  interior dos macrófagos e  levam ao desenvolvimento da  infecção  latente. A rea�vação da doençaocorre em 5 a 10% dos pacientes, às vezes decorridos vários anos. Menos de 5% dos pacientes apresentam doença progressiva primária.

 A resposta imune produzida contra M. tuberculosis é mul�facetada e complexa. As respostas imunes inatas efe�vas contra M. tuberculosis sem dúvida

são importantes, dada a proporção significa�va de indivíduos expostos à micobactéria que não se tornam infectados após a exposição. As pesquisas sobre ocontato, por exemplo, mostraram que no máximo apenas 30 a 50% dos indivíduos intensivamente expostos a alguém com tuberculose se tornam infectados,conforme  demonstrado  pela  conversão  do  TCT.  Quando  a  infecção  ocorre,  o  M.  tuberculosis  mul�plica‐se  no  interior  dos  macrófagos  alveolares  e,subsequentemente, dissemina‐se pelo sangue e vias linfá�cas para as áreas de alta tensão de oxigênio. Logo, os ápices dos pulmões cons�tuem reservatórioscomuns. Outras áreas frequentemente  infectadas são o córtex renal, a coluna vertebral e as extremidades das metáfises dos ossos  longos. Decorridas 6 a 8semanas, uma imunidade celular adapta�va já está bem estabelecida, e os resultados do TCT tornam‐se posi�vos.

O M. tuberculosis é um parasita aeróbio obrigatório. Em consequência, seu crescimento é mais bem‐sucedido nos tecidos humanos onde a tensão deoxigênio é maior, como os ápices pulmonares. O M. tuberculosis é um organismo de crescimento de lento, com tempo de geração es�mado em 12 a 18 horas.Como resultado, as lesões tuberculosas produzidas em seres humanos �picamente evoluem de um estágio subagudo para um estágio de longa duração, sendoque o isolamento laboratorial do organismo em geral demora semanas (em vez de 1 a 2 dias, como para a maioria das bactérias).

A parede celular das espécies de Mycobacterium são ricas em lipídios, porque contêm ácido micólico. Desta forma, as micobactérias são impermeáveis eindetectáveis pelas colorações bacteriológicas comuns, entre as quais a coloração de Gram. As micobactérias,  incluindo M.  tuberculosis,  são bacilos álcool‐acido resistentes (BAAR). A cápsula lipoide dos organismos acidorresistentes capta carbol‐fucsina e resiste à descoloração por lavagem com ácido diluído.

Diversos imunocomponentes estão envolvidos em uma resposta efe�va contra M. tuberculosis. Estes componentes incluem as células T (CD4+ e CD8+,que são a�vadas em resposta à infecção pelo M. tuberculosis), citocinas (incluindo IFN‐gama, IL‐12, TNF‐alfa e IL‐6) e macrófagos.21 O macrófago parece atuarno controle da  infecção por M. tuberculosis. Este organismo é capaz de se mul�plicar dentro dos macrófagos, mas pode ser  inibido ou destruído quando omacrófago é a�vado.21

As  citocinas  produzidas  pelas  células  T  contribuem  de  vários  modos  para  o  desenvolvimento  da  resposta  imune,  como,  por  exemplo,  a�vando  osmacrófagos, que são as células hospedeiras nas quais o M. tuberculosis primariamente reside. As células T CD4+ e CD8+ também podem ser citotóxicas contracélulas  infectadas.  As  células  T  CD4+  exercem  papel  importante  na  resposta  imune,  e  isto  é  demonstrado  pelo  acentuado  aumento  da  susce�bilidade  àtuberculose em indivíduos infectados pelo HIV, cujas células T CD4+ foram depletadas. A predominância da reposta celular de �po T auxiliar 1 (Th1 – em inglês,T helper 1) está associada à proteção e ao controle da infecção tuberculosa, enquanto as respostas predominantemente Th2 (T helper 2) são observadas empacientes  incapazes  de  conter  a  infecção  e  que  desenvolvem  a  doença  a�va.  As  respostas  Th1  encontram‐se  notavelmente  comprome�das  em  indivíduosinfectados pelo HIV,  sobretudo naqueles  com baixas  contagens de  células T CD4+ e doença em estágio avançado. A  IL‐12, uma citocina  importante para ocontrole  da  infecção  por M.  tuberculosis,  é  produzida  por macrófagos  a�vados  e  atua  no  direcionamento  do  desenvolvimento  de  uma  resposta  Th1,  quees�mula as células T CD4+ a liberarem IFN‐gama. A ação isolada do IFN‐gama é insuficiente para controlar a infecção por M. tuberculosis. Entretanto, o IFN‐gama  representa  um  elemento  decisivo  no  controle  da  tuberculose,  além  de  também  es�mular  os  macrófagos  a  liberarem  TNF‐alfa  que,  por  sua  vez,  éimportante para a formação do granuloma e para o controle da extensão da infecção. A importância do TNF‐alfa foi demonstrada pelo risco substancialmenteaumentado  de  progressão  para  tuberculose  a�va,  incluindo  a  doença  extrapulmonar  e  disseminada,  apresentado  pelos  pacientes  com  TBIL  tratados  cominfliximabe (um agente an�‐TNF) para doenças reumatológicas e imunológicas.22

Após  a  exposição  e  infecção  por M.  tuberculosis,  a  maioria  das  pessoas  desenvolve  TBIL  [Figura  3].  Esta  infecção  crônica  es�mula  a  formação  degranulomas nos pulmões ou em outros tecidos. Estes granulomas são cons�tuídos de linfócitos (células T CD4+ e CD8+, bem como células B) que circundam osmacrófagos  (alguns  dos  quais  contendo  M.  tuberculosis)  e  outras  células  (p.  ex.,  fibroblastos).  O  desenvolvimento  do  granuloma  serve  para  limitar  adisseminação da infecção, isolando os organismos do resto do pulmão ou de outro tecido orgânico. Após o desenvolvimento da imunidade celular, as defesasdo hospedeiro tornam‐se capazes de responder ao M.  tuberculosis. A grande maioria dos organismos  infecciosos é destruída, e a carga de micobactérias ésignifica�vamente reduzida [Figura 3]. No entanto, as defesas do hospedeiro não conseguem erradicar todos os organismos, alguns dos quais persistem dentrodos macrófagos. Desta  forma,  a possibilidade de  rea�vação da doença não é eliminada. O mecanismo de  resistência do M.  tuberculosis,  a persistência nointerior dos macrófagos durante vários anos e a rea�vação são processos pouco compreendidos.

Como resultado das defesas do hospedeiro, a maioria dos pacientes apresenta cura completa das lesões tuberculosas iniciais. Nos pacientes em que as

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lesões primárias cicatrizam, as radiografias torácicas podem resultar normais ou mostrar a existência de calcificações focais. A lesão primária afetando o loboinferior e seu linfonodo drenante pode ser iden�ficada por radiografia, sob a forma de complexo de Ghon. Pode haver calcificações apicais (focos de Simon).Embora estejam ina�vas, estas lesões contêm pequenos números de bacilos tuberculínicos dormentes, porém viáveis, sendo que a ruptura destas lesões poderesultar na rea�vação da infecção.

Em cerca de 5 a 10% dos indivíduos imunocompetentes infectados por M. tuberculosis, a TBIL progride para doença a�va.23 O risco de rea�vação é maiordurante os primeiros 2 anos de infecção inicial, contudo há um risco subsequente vitalício de rea�vação de até 5%, de modo que a rea�vação pode ocorrerdecorridas várias décadas da infecção inicial.24 O comprome�mento imune aumenta o risco de progressão para doença a�va. A infecção pelo HIV cons�tui ofator de  risco  isolado mais  significa�vo de progressão para doença a�va em  indivíduos adultos. A progressão da TBIL para doença a�va ocorre a uma  taxaaproximada de 10% ao ano em indivíduos infectados pelo HIV.2 Aqueles com contagens baixas de células T CD4+ podem ser incapazes de controlar a infecção epodem desenvolver  rapidamente a  forma a�va da doença após a exposição e  infecção. Outras  condições médicas que predispõem ao desenvolvimento dadoença  a�va  incluem  diabetes melito,  insuficiência  renal,  certas malignidades,  quimioterapia  an�câncer,  terapia  com  cor�costeroides  ou  outros  fármacosimunossupressores (incluindo inibidores de TNF‐alfa, como infliximabe, etanercepte e adalimumabe), transplante e desnutrição. A tuberculose também podese desenvolver em pacientes que não apresentam estes fatores de risco subjacentes, mas por mo�vos ainda pouco compreendidos. Alguns pacientes, incluindoaqueles infectados pelo HIV e aqueles que vivem em regiões onde a tuberculose é hiperendêmica, podem sofrer reinfecção exógena.25 Nos Estados Unidos,contudo, as inves�gações epidemiológicas moleculares indicam que a maioria das recidivas resulta da recaída da doença, e não da reinfecção por uma cepadiferente de M. tuberculosis.26

 

Formas de tuberculoseTuberculose pulmonar

Nos Estados Unidos, cerca de 80% dos casos de tuberculose ocorrem sob a forma de doença pulmonar.27 A tuberculose pulmonar pode ser dividida emtuberculose primária (aquela que se desenvolve logo após a infecção) e em tuberculose secundária (ou seja, a que se desenvolve após um período variável deTBIL). A doença secundária também é conhecida como tuberculose pós‐primária ou de rea�vação.

 Doença primária

A tuberculose primária localiza‐se com frequência nas zonas intermediária e inferior do pulmão, além de ser acompanhada por uma linfadenopa�a hilarou paratraqueal. Em alguns casos, a lesão cicatriza espontaneamente e, em uma fase tardia, pode ser evidente nas radiografias torácicas como um pequenonódulo calcificado (lesão de Ghon). A doença primaria já foi mais comum em crianças pequenas, mas passou a ser observada com frequência crescente emadultos debilitados ou imunossuprimidos, especialmente em decorrência da infecção pelo HIV. A tuberculose primária �picamente se manifesta como 1 dentre4  síndromes  amplas:  uma  síndrome  semelhante  a  uma  pneumonia  a2pica;  uma  pleurite  tuberculosa  com  efusão  pleural;  progressão  direta  para  doençalocalizada no lobo superior; e progressão para doença extrapulmonar. As manifestações comuns da tuberculose pulmonar incluem o eritema nodoso e outrasreações de hipersensibilidade, como a artrite rea�va (doença de Poncet).

A  forma  mais  comum  de  tuberculose  primária  consiste  em  uma  síndrome  semelhante  a  uma  pneumonia  a2pica,  com  febre  e  tosse  produ�va.  Aradiografia torácica pode mostrar a existência de infiltrados irregulares parenquimatosos unilaterais, junto ao lobo inferior; adenopa�a paratraqueal ou hilar;ou ambas as condições. Embora os pacientes com esta forma de tuberculose devam receber quimioterapia an�tuberculose integral, pode haver resolução dossintomas  até  mesmo  sem  quimioterapia.  Entretanto,  a  resolução  na  ausência  de  quimioterapia  não  é  esperada  na  maioria  dos  indivíduosimunocomprome�dos.

A pleurite  tuberculosa  com efusão pleural  resulta  da  penetração dos  bacilos  no  espaço pleural,  a  par�r  de  um  foco  subpleural  adjacente.  Isto  podeocorrer no  início do  curso da  infecção e pode  representar uma  resposta de hipersensibilidade dirigida a  apenas alguns micro‐organismos,  junto ao espaçopleural.28  Em  pacientes  imunocompetentes,  esta  forma  de  pleurite  tuberculosa  pode  passar  desapercebida,  e  a  resolução  do  processo  pode  ocorrerespontaneamente.  Contudo,  alguns  pacientes,  incluindo  tanto  indivíduos  imunocompetentes  como  indivíduos  imunossuprimidos,  podem  desenvolver  adoença aguda acompanhada de febre, tosse e dor torácica pleurí�ca. Se a efusão for ampla, também pode haver dispneia. A radiografia torácica muitas vezesrevela a existência de uma efusão pleural unilateral, em geral com lesões parenquimatosas iden�ficáveis. O TCT resulta fortemente posi�vo para a maioria dosindivíduos imunocompetentes com pleurisia tuberculosa, mas é posi�vo em apenas 40% dos pacientes infectados pelo HIV que apresentam a síndrome.

A  progressão  direta  da  tuberculose  primária  para  doença  envolvendo  o  lobo  superior  é  rela�vamente  rara.  A  progressão  da  infecção  primária  paratuberculose  extrapulmonar  (também  conhecida  como  tuberculose  primária  progressiva)  já  foi  mais  prevalente  em  crianças  pequenas,  que  apresentavamadenite cervical, tuberculose miliar ou meningite tuberculínica. Atualmente, esta condição é observada com maior frequência em indivíduos com infecção peloHIV.

 Doença secundária

A rea�vação da doença pulmonar cons�tui a forma clínica mais comum da tuberculose. Os sintomas clássicos incluem tosse, febre e sudorese noturna.Os sintomas em geral surgem de maneira insidiosa e progridem no decorrer de várias semanas ou até meses, antes de o diagnós�co ser estabelecido. A tossepode  ser  não  produ�va  ou  pode  grada�vamente  se  tornar  produ�va.  A  dispneia  é  rela�vamente  incomum na  ausência  de  uma doença  pulmonar  crônicasubjacente. Os sintomas sistêmicos, que costumam ser proeminentes, incluem febre, anorexia, perda de peso, sudorese noturna e mal‐estar. A febre é relatadapor 37 a 80% dos pacientes com tuberculose.28 As febres baixas são 2picas, embora alguns pacientes apresentem febre alta e até calafrios. Contudo, em algunspacientes com tuberculose pulmonar, estes sintomas clássicos podem estar ausentes e, assim, dificultar o diagnós�co.29 Além disso, em casos de pacientescom doença avançada que apresentam insuficiência respiratória, a tuberculose pode não ser considerada no diagnós�co diferencial e, como consequência, odiagnós�co de tuberculose pulmonar é atrasado.

A hemop�se decorrente da erosão endobronquial pode ocorrer na tuberculose e, embora costume ser  insignificante, denota uma doença em estágioavançado. Uma hemop�se maciça resultante da erosão de uma artéria pulmonar por uma cavidade em progressão (aneurisma de Rasmussen) cons�tui umevento terminal, que ocasionalmente se observava na era pré‐an�bio�coterapia e que na época atual é raro. Também pode ocorrer hemop�se em pacientescom doença ina�va (p. ex., após a conclusão da terapia) que desenvolvem superinfecção de uma cavidade residual por Aspergillus (aspergiloma).

 Achados do exame físico

O exame �sico �picamente  tem pouca u�lidade para diferenciar  a  tuberculose de outras  infecções primárias. Alguns pacientes  com  tuberculose nãoapresentam anormalidades detectáveis por exame torácico, enquanto outros apresentam estertores nas áreas envolvidas. Os roncos grossos podem evoluir,conforme as secreções aumentam. Os sons respiratórios bronquiais podem estar presentes nas áreas de consolidação.

 Análises de imagem

Uma  radiografia  torácica  cons�tui uma  ferramenta  importante, que pode  sugerir o diagnós�co de  tuberculose pulmonar. Os achados 2picos  inclueminfiltração uni ou bilateral. É comum haver cavitação em pacientes com doença de rea�vação [Figura 4]. As localizações mais frequentes de envolvimento nadoença de  rea�vação são  (em ordem decrescente): os  segmentos apical e posterior do  lobo superior direito; o  segmento apical‐posterior do  lobo superioresquerdo; e os segmentos superiores dos lobos inferiores. A doença da zona inferior é observada no momento da manifestação em menos de 15% dos adultossoronega�vos para o HIV, sendo bem mais comum em indivíduos infectados pelo HIV (p. ex., como parte da doença primária) e um pouco mais comum empacientes  com diabetes melito  e  em  indivíduos  com envolvimento  peri  e  endobronquial.  As  radiografias  torácicas  parecem normais  em  cerca  de  10% dosindivíduos  com  tuberculose  e  coinfecção  pelo  HIV,30  ao  passo  que  as  radiografias  torácicas  normais  são  extremamente  raras  em  casos  de  indivíduossoronega�vos para HIV que apresentam tuberculose pulmonar.

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 Figura  4.  (a,  b) A doença pulmonar  cavitária  de  lobo  superior  é  evidente nas  radiografias  torácicas  ob�das de pacientes  com  tuberculose pulmonar derea�vação.  As  radiografias  torácicas  ob�das  de  pacientes  infectados  pelo  HIV  com  tuberculose  comprovada  e  confirmada  por  cultura  apresentam  osconhecidos  achados  a2picos,  incluindo  (c)  um  infiltrado  no  lobo  intermediário;  (d)  uma  adenopa�a  hilar  proeminente  à  direita,  apresentando  campospulmonares claros; e (e) alterações inters�ciais bilaterais. Estes achados são consistentes com a doença primária.

 A tomografia computadorizada  (TC) é mais  sensível do que a  radiografia  torácica. As varreduras de TC podem mostrar  lesões centrilobulares  lineares

ramificadas  ou  nodulares  em  uma  fase  bastante  precoce  da  doença  e  em  pacientes  com  tuberculose  que  exibem  radiografias  torácicas  aparentementenormais.

 Tuberculose extrapulmonar

A tuberculose pode afetar qualquer sistema orgânico. A tuberculose extrapulmonar resulta da disseminação hematógena dos bacilos tuberculínicos comcontrole imunológico incompleto da doença, seja durante a infecção primária ou como resultado da rea�vação de um sí�o de infecção latente.

Em ordem de frequência, a tuberculose extrapulmonar envolve os linfonodos, a pleura, o trato geniturinário, os ossos e ar�culações, as meninges e operitônio.  A  tuberculose  extrapulmonar,  incluindo  a  doença miliar  (disseminada),  tem  sido  observada  com mais  frequência  por  causa  de  sua  prevalênciaaumentada  entre  indivíduos  infectados  pelo  HIV.  É  incomum  pacientes  infectados  pelo  HIV  com  tuberculose  desenvolverem  uma  doença  pulmonar  eextrapulmonar concomitante. Crianças muito pequenas, pacientes imunocomprome�dos e, talvez, indivíduos nascidos fora dos Estados Unidos também estãosujeitos  a  um  risco  aumentado  de  doença  extrapulmonar,  assim  como  os  pacientes  com  TBIL  tratados  com  inibidores  de  TNF‐alfa  (p.  ex.,  infliximabe,etanercepte e adalimumabe).22

 Linfadenite tuberculosa

A tuberculose que afeta os linfonodos representa a forma mais comum de tuberculose extrapulmonar e é responsável por até 40% dos casos de doençaextrapulmonar.  É  encontrada  com  frequência  em  indivíduos  infectados  pelo HIV.  A  linfadenite  tuberculosa  é  igualmente  observada  em  crianças  pequenas,enquanto as mulheres (sobretudo as não brancas) também parecem apresentar risco aumentado. Os linfonodos cervicais (posterior e anterior) e os linfonodossupraclaviculares são os mais comumente afetados. Além disso, uma linfadenite medias�nal pode surgir na fase inicial ou na doença primária, uma vez queestes linfonodos drenam os pulmões. Muitos pacientes soronega�vos para HIV são afebris e apresentam lesões em forma de massas indolores que aumentamlentamente de tamanho. Os pacientes infectados pelo HIV ou com Aids podem ter febre. É possível estabelecer o diagnós�co por meio do exame de aspiradoob�do  com agulha  fina  ou  de  biópsia  de  linfonodo.  A  excisão  terapêu�ca  do  linfonodo não  é  indicada,  exceto  em  circunstâncias  não  usuais. No  caso  doslinfonodos grandes que flutuam e parecem estar a ponto de drenar espontaneamente, a aspiração ou incisão e drenagem parecem ser benéficas, embora estaabordagem ainda não tenha sido examinada de maneira sistemá�ca.3

 Tuberculose pleural

A tuberculose pleural ocorre �picamente quando alguns poucos micro‐organismos oriundos do pulmão ganham acesso ao espaço pleural e, na presençade imunidade celular, causam uma resposta de hipersensibilidade. Os achados �sicos são os mesmos de um derrame pleural: macicez à percussão e ausênciade sons respiratórios. Uma radiografia torácica geralmente demonstra a existência de uma efusão pleural unilateral. É necessário realizar uma toracocentesepara estabelecer o diagnós�co. Os achados incluem uma efusão exsuda�va com concentração proteica maior que 50% da concentração sérica de proteínas;níveis de glicose baixos a normais; e presença de  leucócitos, principalmente  linfócitos e células mononucleares, em vez de neutrófilos. Uma biópsia pleuralpode aumentar significa�vamente as chances de se obter uma cultura posi�va (aumentando o rendimento para mais de 80%), em comparação à cultura delíquido pleural isolada.

O empiema tuberculoso tornou‐se menos comum do que era nos anos pré‐an�bio�coterapia para tuberculose. Esta condição resulta da ruptura de umacavidade pulmonar dentro do espaço pleural ou de uma �stula broncopleural. A ruptura de uma cavidade resulta na liberação de um grande número de micro‐organismos dentro do espaço pleural. Além disso, a doença parenquimatosa frequentemente está presente nas radiografias torácicas, e um piopneumotóraxcom nível de ar‐líquido também pode estar visível. A efusão é purulenta e espessa e contém um grande número de  leucócitos, principalmente  linfócitos. Otratamento consiste em drenagem (muitas vezes, requerendo procedimento cirúrgico) e quimioterapia an�tuberculose. A cirurgia, quando necessária, deve serconduzida por cirurgiões torácicos experientes.3

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 Tuberculose geniturinária

A  tuberculose  geniturinária  é  responsável  por  cerca  de  15%  dos  casos  de  tuberculose  extrapulmonar  e  pode  envolver  qualquer  parte  do  tratogeniturinário. Em geral, resulta de disseminação hematogênica subsequente à  infecção primária. Historicamente, esta condição ocorre anos após a  infecçãoprimária.  Os  sintomas  locais  predominam:  disúria,  hematúria  e  micção  frequente  são  comuns,  e  também  pode  ser  percebida  uma  dor  no  flanco.28  Atuberculose renal muitas vezes surge de maneira insidiosa e com sintomas su�s. Em consequência, é possível que uma destruição renal em estágio avançado jáesteja estabelecida no momento do diagnós�co. O sedimento urinário é anormal em cerca de 90% dos pacientes com tuberculose renal. Entre os achadosrenais, estão a piúria, hematúria, ou ambas. As análises de  imagem podem revelar a existência de anormalidades estruturais. A observação de calcificação,cavitação e estreitamentos e fibrose ureterais sugere um caso de tuberculose. Por outro lado, a existência de dilatação caliciforme, formação de cicatriz cor�cale necrose papilar são achados inespecíficos. Uma varredura de TC é tão ú�l quanto um pielograma endovenoso para visualização da tuberculose em estágioavançado no trato urinário. Os exames de ultrassonografia são menos acurados. O achado conhecido como piúria estéril  (ou seja, urina acídica que contémleucócitos e isenta de organismos bacterianos que, por sua vez, não são isolados na cultura urinária de ro�na) deve levar à pronta realização de uma cultura deurina para detecção de micobactérias. Os esfregaços para detecção de BAAR devem ser produzidos com amostras de urina, embora o rendimento seja baixoquando comparado ao de uma cultura de urina para BAAR. O teste de amplificação de ácido nucleico (AAN) (ver adiante) a par�r da urina pode fornecer umdiagnós�co mais rapidamente do que a cultura para BAAR, mas não a subs�tui.31

A tuberculose genital é mais comum em mulheres do que em homens. Nas mulheres, o envolvimento genital pode ocorrer sem que haja tuberculoserenal.  Dor  pélvica,  irregularidades menstruais  e  infer�lidade  são  as  possíveis  queixas  apresentadas  pelas  pacientes.  Ocasionalmente,  as massas  ovarianasdecorrentes da tuberculose podem ser confundidas com tumores de ovário. O diagnós�co diferencial também pode incluir a doença inflamatória pélvica. Oexame �sico pode resultar normal ou revelar a existência de uma massa anexa. A curetagem endometrial, exame de biópsia cervical e exploração laparoscópicasão  todas  úteis  como procedimentos  diagnós�cos.  Em muitos  casos,  a  cirurgia  é  necessária  para  diagnos�car  os  abscessos  tubo‐ovarianos  ou  a  peritonitepélvica.

A tuberculose genital pode resultar de disseminação hematogênica ou pode se disseminar a par�r da urina  infectada após a ocorrência de rea�vaçãojunto ao trato urinário superior. Cerca de 50% dos pacientes do sexo masculino com tuberculose genital também apresentam tuberculose renal. Esta proporçãoé mais alta do que aquela encontrada entre mulheres com tuberculose genital. Os pacientes do sexo masculino podem apresentar lesões em forma de massasde crescimento lento, localizadas no epidídimo, próstata ou vesículas seminais. A tuberculose genital, tanto em homens como em mulheres, é bem responsivaà quimioterapia.

 Tuberculose musculoesquelética

A  tuberculose pode afetar qualquer osso ou ar�culação,  porém o envolvimento da  coluna  (doença de Po˰)  cons�tui  o �po mais  comum de doençatuberculosa  esquelé�ca,  representando  até  50%  dos  casos.32  A  coluna  torácica  é  o  sí�o  mais  comum  de  tuberculose  espinal.  O  envolvimento  do  corpovertebral torácico superior é mais comum em crianças, enquanto a doença a região lombar superior e torácica inferior é mais frequente em adultos. Muitasvezes,  2  ou mais  corpos  vertebrais  são  envolvidos.  O  envolvimento  do  corpo  vertebral  pode  levar  ao  desenvolvimento  de  doença  no  disco  intervertebraladjacente, bem como à  formação de abscessos paraespinais. Com a doença em estágio avançado, o colapso dos corpos vertebrais pode resultar em cifose(corcunda) ou até em paraplegia.33

O  sintoma de  tuberculose  esquelé�ca que  geralmente  se manifesta  é  a  dor. Os  pacientes  com envolvimento  ar�cular  podem apresentar  inchaço daar�culação  e  limitação da movimentação. O  envolvimento  ar�cular  tuberculoso  às  vezes  pode  se  tornar  evidente  após  um  trauma�smo nesta  ar�culação.Devido à natureza su�l dos sintomas, em especial no começo, o diagnós�co da doença esquelé�ca e ar�cular pode ser atrasado por bastante tempo.

Em  termos  de  radiografia,  a  tuberculose  óssea  surge  como um arranjo  de  lesões  osteolí�cas  destru�vas,  com  formação óssea  rea�va  rela�vamenteescassa.  A  TC  e  a  imagem de  ressonância magné�ca  (RM)  são  técnicas  de  análise  de  imagens  úteis  [Figura  5].  Para  estabelecer  o  diagnós�co  defini�vo  énecessário examinar uma biópsia e realizar cultura do osso afetado ou, em casos de pacientes com envolvimento ar�cular, proceder a uma artrocentese comcultura do líquido sinovial. A artrite tuberculosa é caracteris�camente um processo monoar�cular destru�vo, crônico e de progressão lenta. O líquido sinovial érico  em  proteínas,  pobre  em  glicose  e  escasso  em  coágulo  de  mucina.  A  contagem  de  leucócitos  é  variável,  mas  �picamente  está  na  faixa  de  10.000  a20.000/mcL, sendo que os neutrófilos com frequência predominam. Os esfregaços de BAAR raramente resultam posi�vos, devido à natureza paucibacilar destaforma de tuberculose, embora as culturas e biópsias de sinóvia sejam úteis.

 

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 Figura  5.  (a)  Radiografia  simples  e  (b)  imagem  de  ressonância magné�ca  (RM)  ob�das  de  um  paciente  com  tuberculose  esquelé�ca  (doença  de  Po˰)mostrando os achados radiográficos de tuberculose vertebral: destruição e colapso do disco anterior, perda da altura do corpo vertebral e estreitamentodisco‐espaço. A extensiva destruição do corpo vertebral anterior pode levar à angulação anterior da coluna, produzindo a caracterís�ca deformidade emcorcunda observada na RM. (c) Varredura de tomografia computadorizada (TC) ob�da de um paciente diferente com osteomielite vertebral, mostrando umabscesso junto ao psoas, que não raramente está associado à tuberculose vertebral.

 O reuma�smo tuberculoso (doença de Poncet) cons�tui uma forma rara de poliartrite aguda resultante de uma reação de hipersensibilidade, em vez de

uma  infecção  sinovial  direta.  A  tuberculose  ar�cular  proté�ca  e  a  tenossinovite  tubercular  são  incomuns.  No  caso  da  tuberculose  esquelé�ca,  o  tumorrepresenta a principal consideração do diagnós�co diferencial, enquanto as infecções fúngicas e piogênicas representam considerações adicionais.

Estudos randomizados envolvendo pacientes com tuberculose espinal demonstraram a ausência de bene�cios adicionais associados ao desbridamentocirúrgico  ou  operação  radical  (isto  é,  ex�rpação  do  foco  espinal  e  enxerto  ósseo)  combinados  à  an�bio�coterapia,  em  comparação  ao  uso  isolado  daan�bio�coterapia.34 A mielopa�a com ou sem comprome�mento  funcional é mais  frequentemente  responsiva à an�bio�coterapia. No entanto, em algunscasos, a  cirurgia parece  ser benéfica e pode  ser  indicada. As  indicações para  cirurgia  incluem a  falha em responder à quimioterapia aliada a evidências daocorrência de uma infecção em curso; necessidade de descompressão da medula espinal de pacientes com déficits neurológicos persistentes ou recorrentes;ou instabilidade da coluna.3

 Pericardite tuberculosa

Embora seja pouco frequente, a pericardite tuberculosa cons�tui uma forma bastante séria de tuberculose. A  infecção do pericárdio pode resultar dadisseminação hematógena dos bacilos ou do espalhamento con2nuo a par�r dos pulmões ou linfonodos medias�nais. Em termos de patologia, a doença evoluide uma inflamação para efusão e, eventualmente, para organização fibrosa. Os sintomas são inespecíficos e, a princípio, incluem o aparecimento insidioso defebre, perda de peso e sudorese noturna. Subsequentemente, aparecem os sintomas cardiopulmonares. Estes incluem tosse, dispneia, ortopneia, edema dotornozelo e dor torácica. O exame �sico pode revelar a existência de atrito pericárdico ou pulso paradoxal. Uma radiografia torácica pode revelar a presença deuma efusão pericárdica.

O diagnós�co da pericardite tuberculosa depende do exame direto do líquido ou tecido pericárdicos. O líquido pericárdico é turvo ou hemorrágico. Ascontagens de leucócitos costumam variar de 5.000 a 10.000/mcL, sendo que os linfócitos predominam. Níveis altos de proteína e níveis baixos de glicose são2picos. Os esfregaços ou culturas de líquido pericárdico para detecção de BAAR resultam posi�vos em cerca de metade dos casos, no entanto o exame de umabiópsia  pericárdica  acompanhado  de  cultura  fornece  um  rendimento  diagnós�co  maior.  O  principal  diagnós�co  diferencial  inclui  a  pericardite  idiopá�ca,bacteriana ou viral, além de neoplasias.

Quando não tratada, a pericardite tuberculosa está associada a uma elevada mortalidade e, eventualmente, muitos dos indivíduos sobreviventes podemapresentar pericardite constri�va. A cirurgia é indicada diante da progressão ou recorrência do tamponamento clínico, mesmo após a realização de repe�daspericardiocenteses  [ver Doenças do pericárdio,  tumores cardíacos e trauma�smo cardíaco]. Entretanto, na ausência de tamponamento, a  terapia clínica emgeral  é  suficiente.  Uma  quimioterapia  an�tuberculose  composta  de  4  fármacos  deve  ser  ins�tuída  imediatamente  e  suplementada,  a  princípio,  comcor�costeroides. Estes, por sua vez, devem ser desmamados ao longo de 12 semanas [ver Tratamento, adiante]. Os cor�costeroides têm sido úteis para reduzira mortalidade associada à pericardite tuberculosa, bem como na intensificação da resposta clínica à terapia. Contudo, os cor�costeroides aparentemente nãodiminuem a progressão para constrição nem a necessidade de pericardiectomia.

 Doença do sistema nervoso central (SNC)

A meningite tuberculosa cons�tui uma manifestação par�cularmente devastadora da tuberculose, que está associada a uma elevada mortalidade (cercade  40%)  e  morbidade.35  Crianças  com  menos  de  5  anos  de  idade  e  indivíduos  infectados  pelo  HIV  apresentam  maior  risco  de  desenvolver  meningitetuberculosa. As manifestações clínicas, os achados laboratoriais e os resultados são similares entre pacientes com e sem infecção pelo HIV.35,36 A meningite

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tuberculosa pode resultar da disseminação hematogênica para as meninges ou ser causada pela ruptura de um granuloma meníngeo an�go para dentro doespaço subaracnóideo.

As manifestações clínicas da meningite tuberculosa resultam tanto da presença de M. tuberculosis como da resposta imune inflamatória do hospedeiro.4

As manifestações  clínicas  podem  incluir  cefaleia,  febre,  alteração de  consciência,  achados  envolvendo os pares  cranianos  e  rigidez nucal.  A  intensa  reaçãoinflamatória é mais proeminente na base do cérebro e pode produzir  três efeitos:  compressão direta dos  tecidos neurais,  sobretudo dos nervos cranianos;vasculite, com consequente formação de áreas de infarto; e obstrução do fluxo livre de líquido cerebrospinal (LCE), acarretando edema cerebral, hidrocefalia oubloqueio subaracnóideo. Os exames de TC ou RM podem mostrar uma intensificação meníngea basal e a ocorrência de hidrocefalia. Até 50% dos pacientes commeningite  tuberculosa  apresentam  anormalidades  na  radiografia  torácica,  apontando  a  ocorrência  de  uma  tuberculose  an�ga  curada  ou  de  uma  doençapulmonar  ou  doença miliar  em  curso.  A  punção  lombar  é  um  exame  diagnós�co  essencial  e  deve  ser  realizada  se  forem observados  sinais meníngeos.  Apressão de abertura do LCE costuma estar aumentada, mas pode estar normal em certas ocasiões. O exame do LCE em geral  revela elevada contagem deleucócitos sanguíneos (muitas vezes, na faixa de 100 a 1.000/mcL), �picamente com predominância de linfócitos, ainda que os neutrófilos possam predominardurante  a  fase  inicial  da  doença. O  conteúdo proteico  do  LCE  encontra‐se  elevado,  e  os  níveis  de  glicose  neste  líquido  geralalmente  estão diminuídos. Osesfregaços acidorresistentes de LCE são  insensíveis e  resultam posi�vos apenas em cerca de 10% dos pacientes com meningite  tuberculosa confirmada porcultura.35 As culturas de LCE podem resultar eventualmente posi�vas em até 75% dos casos. Os testes de AAN (ver adiante) podem resultar posi�vos, mas sãoinsensíveis  para  diagnos�car  a meningite  tuberculose. Um  resultado  nega�vo  de  teste  de  AAN u�lizando  LCE  não  exclui  a  possibilidade  de  o  paciente  termeningite tuberculosa.37 As principais considerações do diagnós�co diferencial incluem a meningite criptocócica e outras formas menos comuns de meningitefúngica (p. ex., histoplasmose, blastomicose, coccidioidomicose), meningite ou encefalite viral (p. ex., pelo vírus do herpes simples, enterovírus, vírus West Nile,entre outros arbovírus) e, caso tenham sido u�lizados an�bió�cos, meningite bacteriana parcialmente tratada [ver Infecções bacterianas do sistema nervosocentral].  As  doenças  não  infecciosas  a  serem  consideradas  no  diagnós�co  diferencial  incluem:  meningite  carcinomatosa,  neurossarcoidose  e  vasculite  nosistema nervoso central (SNC).

A iniciação da terapia empírica é crucial para os pacientes com suspeita de meningite tuberculosa. O uso de cor�costeroides é  indicado como terapiaauxiliar (ver adiante). Sem terapia, a meningite tuberculosa é universalmente fatal. O prognós�co é pior para crianças pequenas e pacientes que apresentamalteração do nível de consciência.36

As formas menos comuns de tuberculose no SNC são a radiculomielite e outras infecções envolvendo a medula espinal ou espaço epidural,39 bem comoos tuberculomas cerebrais,40 que �picamente se manifestam como lesões em forma de massas de crescimento lento. A princípio, os tuberculomas podem sererroneamente diagnos�cados como tumores cerebrais, antes da exploração cirúrgica e do exame de biópsia cerebral confirmarem o diagnós�co correto. Ostuberculomas também podem se desenvolver durante o curso da terapia para meningite tuberculosa, porém seu aparecimento não necessariamente indica afalha do tratamento.

 Tuberculose abdominal

A  tuberculose pode envolver o peritônio ou qualquer órgão  intrabdominal. As manifestações  clínicas dependem da área de envolvimento. A doençaperitoneal  cons�tui o �po mais  comum de  tuberculose abdominal. No  intes�no, a  tuberculose pode ocorrer em qualquer parte, desde a boca até o ânus,contudo é mais comum na porção terminal do íleo e no ceco. Outras partes do cólon e reto são menos frequentemente afetadas.28 A tuberculose peritonealpode ser secundária ao espalhamento hematogênico ou, em mulheres, à tuberculose genital. É provável que a tuberculose ileocecal e anorretal surjam a par�rda ingesta dos bacilos da tuberculose em associação à doença pulmonar. Na tuberculose peritoneal, o aparecimento da condição pode ser insidioso, enquantoa dor é uma manifestação comum e muitas vezes acompanhada de  inchaço abdominal, bem como aumento da medida da cintura,  febre, perda de peso eanorexia.  Apenas  em poucos  casos  a  tuberculose  pulmonar  está  presente  em pacientes  com  tuberculose  peritoneal.  Como  a  tuberculose  peritoneal  podeocorrer em pacientes que apresentam distúrbios preexistentes, incluindo cirrose hepá�ca com ascite, os sintomas de tuberculose podem ser obscurecidos.28

Os achados de ascite, sensibilidade abdominal e febre jus�ficam a realização imediata de uma avaliação para detecção de infecção, que deve incluir tambémuma paracentese. O exame do  líquido peritoneal geralmente mostra elevação da contagem de  leucócitos com predominância  linfocí�ca, níveis elevados deproteína  e  níveis  diminuídos  de  glicose. Os  esfregaços  e  culturas  de  líquido  peritoneal  para  BAAR muitas  vezes  resultam nega�vos,  a menos  que  volumesextremamente grandes de  líquido  sejam examinados. A  realização de uma  laparoscopia  com exame de biópsia é  recomendada para os  casos em que hajasuspeita de tuberculose, pois apresenta um rendimento diagnós�co significa�vamente maior. O diagnós�co diferencial inclui carcinomatose, linfoma e cirrose.A enterite tuberculosa frequentemente envolve a região ileocecal e pode mime�zar a doença de Crohn ou uma malignidade. A varredura por TC ou os examesque u�lizam bário são úteis, porém a colonoscopia e o exame de biópsia são necessários para estabelecer o diagnós�co.

 Tuberculose miliar (disseminada)

A  tuberculose  miliar  (ou  disseminada)  é  definida  pelo  envolvimento  simultâneo  de  muitos  órgãos.  Pode  ocorrer  como  resultado  de  uma  doençaprogressiva  primária  ou  da  rea�vação  de  uma  infecção  latente.4  A  designação  “tuberculose miliar”  é  um  termo  radiológico  e  patológico  empregado  paradescrever a disseminação hematogênica dos organismos de M. tuberculosis. Do ponto de vista radiológico, o termo “miliar” refere‐se ao padrão observadocom frequência em radiografias torácicas, que é descrito como sendo semelhante a sementes de painço (p. ex., um padrão re�culonodular pequeno, em vez deum infiltrado). Contudo, nem todos os pacientes com doença disseminada apresentam envolvimento pulmonar.

A epidemiologia da tuberculose miliar ou disseminada sofreu mudanças dramá�cas com o passar do tempo. A incidência da doença miliar diminuiu deforma acentuada após a introdução da an�bio�coterapia efe�va contra a tuberculose. No entanto, o advento da infecção pelo HIV/Aids levou ao aumento donúmero de casos. A tuberculose miliar, que  já  foi uma doença primariamente  infan�l, agora afeta sobretudo os  indivíduos  infectados pelo HIV, em especialaqueles com baixas contagens de células T CD4+. A doença também é encontrada ocasionalmente em idosos ou outros pacientes imunocomprome�dos.

A aparecimento da  tuberculose miliar  costuma  ser  subagudo. Os  sintomas em geral  progridem ao  longo de um período de 1  a 4 meses,  antes de odiagnós�co  ser  estabelecido.  Febre,  anorexia  e  perda  de  peso  são  observados  na maioria  dos  pacientes.  Os  sintomas  respiratórios  ocorrem  em  cerca  demetade dos pacientes com doença miliar, porém a hemop�se é bastante rara. Numerosos sintomas dis�ntos também podem se manifestar. A dor de cabeça épar�cularmente  importante,  porque  pode  refle�r  uma meningite  tuberculosa  coexistente.  As manifestações  variantes,  que  contribuem  para  um  pequenopercentual dos casos, incluem a tuberculose miliar críp�ca, em que os pacientes apresentam radiografias torácicas normais e problemas 2picos de uma febrede origem indeterminada [ver Hipertermia, febre e febre de origem indeterminada]. Uma ocorrência incomum é a doença miliar fulminante, que pode estarassociada a um quadro do �po  sepse,  incluindo  insuficiência  respiratória,  síndrome da angús�a  respiratória aguda,  coagulação  intravascular disseminada einsuficiência orgânica múl�pla. Frequentemente, a tuberculose a princípio não é considerada neste diagnós�co.41,42

O exame �sico de pacientes com tuberculose miliar em geral fornece resultados inespecíficos. Vários achados pulmonares são encontrados em até 50%dos  casos,  sendo  que  a  hepatomegalia  é  observada  em  30%  dos  pacientes  e  a  esplenomegalia  ou  linfadenopa�a  estão  presentes  em  15%  dos  casos.  Ostubérculos coroidais são menos comuns e, quando presentes, possuem u�lidade diagnós�ca. A maioria dos achados laboratoriais é inespecífica. A contagem deleucócitos pode ser normal, porém há relatos de anormalidades dramá�cas associadas a este distúrbio, as quais podem variar de uma pancitopenia a reaçõesleucemoides.  Os  resultados  anormais  de  função  hepá�ca,  em  especial  a  elevação  dos  níveis  de  fosfatase  alcalina,  são  encontrados  em  30%  dos  casos.  Ahiponatremia é menos comum e, quando observada, deve conduzir à suspeita de uma secreção  inapropriada de hormônio an�diuré�co ou de  insuficiênciasuprarrenal. Os esfregaços de escarro para BAAR resultam posi�vos apenas em uma minoria (menos de 30%) dos pacientes que apresentam padrão miliar deradiografia torácica. O uso das técnicas de broncoscopia por fibra óp�ca, raspados bronquiais e biópsia transbrônquica para coleta de amostras pode melhorara acurácia dos exames bacteriológicos, fornecendo confirmação do diagnós�co em casos de pacientes com doença miliar que apresentam radiografias torácicasanormais e, todavia, esfregaços de escarro nega�vos. A biópsia hepá�ca é especialmente ú�l, pois revela a existência de granulomas e fornece material paraculturas que resultam posi�vas em cerca de 60% dos casos. A biópsia de medula óssea resulta posi�va em aproximadamente 1/3 de todos os pacientes comtuberculose miliar e apresenta rendimento ainda maior diante da existência de anormalidades hematológicas. O diagnós�co diferencial da tuberculose miliarinclui a histoplasmose e outras infecções micó�cas, bem como sarcoidose e outras doenças do tecido conec�vo, além de distúrbios malignos.

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A  doença  disseminada  ou  miliar  é  fatal  se  o  paciente  não  for  subme�do  ao  tratamento  quimioterápico.  Mesmo  com  a  ins�tuição  de  umaan�bio�coterapia apropriada, a mortalidade pode chegar a 20%.43,44 Os aspectos prognós�cos adversos incluem a ocorrência de meningite, os extremos deidade (ou seja, idade avançada e início da infância), atraso no diagnós�co e existência de doenças subjacentes. Frequentemente, a melhora clínica mediantetratamento é bastante lenta, sendo que a febre pode persis�r por 1 a 3 semanas.

 Outras formas de tuberculose extrapulmonar

Outras formas menos comuns de tuberculose extrapulmonar são as infecções ocular, cutânea (lúpus vulgar), do trato respiratório superior (em especial,da laringe), pâncreas, orelha e glândula adrenal. A doença adrenal (que muitas vezes acompanha a doença miliar ou disseminada) cons�tui uma consideraçãopar�cularmente importante e frequentemente representa uma manifestação de doença em estágio avançado sob a forma de sinais de insuficiência adrenal. Oaparecimento  da  tuberculose  adrenal  costuma  ser  insidioso,  mas  pode  ser  agudo.  A  doença  deve  ser  considerada  em  todos  os  casos  de  pacientes  comtuberculose a�va ou  remota que estejam apresentando baixo desempenho,  sobretudo se houver hipotensão, hiponatremia ou hipercalemia. A  tuberculosecongênita, embora seja uma condição rara, pode resultar da disseminação transplacentária de M. tuberculosis para o feto ou da ingesta de líquido amnió�cocontaminado. Os bebês afetados desenvolvem doença disseminada, com envolvimento hepá�co, esplênico, de linfonodos e de outros órgãos.

 Tuberculose em pacientes infectados pelo HIV

Existe  uma  interação  sinérgica  entre  o  HIV  e M.  tuberculosis,  em  que  um  intensifica  a  patogenicidade  do  outro.45  A  infecção  pelo  HIV  aumenta  asusce�bilidade ao desenvolvimento da doença a�va após a infecção por M. tuberculosis, enquanto a imunoa�vação promovida por M. tuberculosis aumenta aviremia plasmá�ca do HIV e parece aumentar as taxas de progressão e mortalidade associadas à doença causada por este vírus.46 A infecção pelo HIV podeaumentar  a  incidência  de  tuberculose  após  a  conclusão  do  tratamento  ou  sua  cura,  em  parte  devido  ao maior  risco  de  reinfecção,  sobretudo  em  áreasaltamente endêmicas.47 Surtos dramá�cos de tuberculose a par�r de fontes pontuais foram relatados em locais de congregação de indivíduos infectados peloHIV, tanto nos Estados Unidos como em outros países.48,49 Muitos destes surtos ocorreram em cenários da assistência médica. Nos Estados Unidos, os surtossubsequentes  foram  prevenidos  pela  implantação  de medidas  efe�vas  de  controle  da  infecção  tuberculosa.23,50  É  provável  que  estes  surtos  con�nuem  aocorrer nas áreas pobres em recursos, onde estas medidas de controle não  foram  implantadas. Nos Estados Unidos, os surtos de  tuberculose associados àinfecção pelo HIV também foram relatados em outros cenários ins�tucionais, como as casas de correção e os abrigos para sem‐teto.51,52

A tuberculose pode ocorrer em qualquer estágio da infecção pelo HIV, contudo a manifestação clínica é afetada pelo nível de imunossupressão. Como M.tuberculosis é mais virulento do que os patógenos oportunistas encontrados em pacientes com infecção pelo HIV/Aids, a tuberculose pode ocorrer diante decontagens de células T CD4+ mais altas  (como acima de 200 células/mcL) do aquelas encontradas em outras  infecções oportunistas. Quando a  tuberculoseocorre no início do curso da infecção pelo HIV, antes do desenvolvimento da imunossupressão severa, os aspectos clínicos e radiográficos são semelhantes aosda tuberculose em pacientes soronega�vos para HIV. Nos pacientes com doença por HIV em estágio mais avançado e contagens mais baixas de células T CD4+,o  M.  tuberculosis  tende  a  produzir  uma  doença  que  é  mais  amplamente  disseminada  e  severa  do  que  a  tuberculose  convencional,  acompanhada  dosconhecidos aspectos a2picos [Figura 4]. Com a imunodeficiência progressiva, o envolvimento extrapulmonar torna‐se cada vez mais comum.

O  envolvimento  pulmonar  con�nua  sendo  comum  em  todos  os  estágios  da  doença  produzida  pelo  HIV.  Contudo,  o  padrão  radiográfico  é  bastantediferente  nos  indivíduos  que  apresentam  imunodeficiência  em  estágio  avançado,  nos  quais  as  anormalidades mais  comuns  são:  adenopa�a  intratorácica,infiltrados focais nos lobos intermediário ou inferior, e infiltrados nodulares ou miliares difusos. Este padrão é consistente com um padrão do �po tuberculoseprimária. De modo geral, os esfregaços de escarro para BAAR são menos propensos a  resultarem posi�vos em casos de pacientes com doença pulmonar econinfecção pelo HIV, em comparação aos pacientes não infectados pelo vírus. Além disso, os pacientes infectados pelo HIV tendem menos a desenvolver adoença cavitária. Em um estudo, 8% dos pacientes infectados pelo HIV com tuberculose pulmonar apresentaram radiografias torácicas normais.30 É comum osindivíduos com infecção por HIV/Aids em estágio avançado apresentarem tuberculose pulmonar e extrapulmonar concomitante ou tuberculose disseminada.Até  60%  dos  pacientes  infectados  pelo  HIV,  cujas  contagens  de  células  T  CD4+  são  baixas  (<  200/mcL)  e  que  desenvolvem  tuberculose,  apresentamenvolvimento de um ou mais sí�os extrapulmonares, inclusive com lifadenite difusa, doença pericárdica e pleural disseminada ou envolvimento mul�orgânico.Micobacteremia e meningite também são comuns em pacientes com infecção por HIV em estágio avançado.

Não é surpreendente o fato de terem sido comumente relatados casos de diagnós�cos errôneos ou atrasados, em decorrência dos aspectos a2picos datuberculose pulmonar nos pacientes  infectados pelo HIV, em par�cular naqueles com baixas contagens de células T CD4+. Assim, é essencial haver um altoíndice de suspeita para que o diagnós�co correto seja estabelecido. Os principais elementos do diagnós�co da tuberculose associada à infecção pelo HIV são oconhecimento  da  epidemiologia  da  tuberculose,  o  reconhecimento  dos  meios  pelos  quais  a  imunodeficiência  altera  a  manifestação  clínica  e  um  esforçoincessante no sen�do de obter amostras para elaboração de esfregaços e culturas para detecção das micobactérias.53

 

Teste dirigido para a forma latente de infecção pelo M. tuberculosis (TBIL)A  diminuição  do  número  de  casos  de  tuberculose  ocorrida  nos  Estados  Unidos  renovou  o  enfoque  sobre  o  tratamento  da  TBIL  como  estratégia

importante de controle da tuberculose.54 O teste da tuberculina dirigido para TBIL é um componente essencial desta estratégia. Este teste iden�fica indivíduosque  apresentam  alto  risco  de  desenvolver  tuberculose  e,  consequentemente,  seriam  beneficiados  pelo  tratamento  da  TBIL  (Este  �po  de  tratamento  eraanteriormente denominado terapia preven�va ou quimioprofilaxia). Em  indivíduos  imunocompetentes, o risco ao  longo da vida de progressão da TBIL parauma doença a�va varia de 5 a 10%. Em contraste, em indivíduos infectados pelo HIV o risco anual de progressão da doença é de 10%.

A infecção pelo HIV/Aids representa sem dúvida o maior fator de risco de progressão para tuberculose a�va subsequente à infecção por M. tuberculosis.Outros fatores de risco incluem a ocorrência de infecção nos úl�mos 2 anos (p. ex., indicada por uma história de contato com alguém que comprovadamentees�vesse com tuberculose), uso de drogas injetáveis, silicose e algumas circunstâncias e condições médicas (p. ex., diabetes melito, insuficiência renal, certos�pos  de  malignidade,  gastrectomia  ou  desvio  jejunoileal,  transplante  de  órgão  sólido  ou  uso  de  fármacos  imunossupressores;  a  iden�ficação  da  TBIL  épar�cularmente  importante em pacientes que estejam para  ser  tratados  com  inibidores de TNF‐alfa,  como  infliximabe, etanercepte ou adalimumabe).22 Orisco  de  progressão  também  é  maior  entre  os  imigrantes  que  chegaram  nos  Estados  Unidos  nos  úl�mos  5  anos,  vindos  de  áreas  onde  a  incidência  detuberculose é alta; nas minorias raciais ou étnicas; em crianças com 4 anos de idade ou menos; e em crianças e adolescentes expostos ao contato com adultospertencentes a grupo de alto risco.

 Teste cutâneo da tuberculina (TCT)

Até pouco tempo atrás, o TCT era o único teste diagnós�co disponível para detecção da TBIL. Ainda hoje, este teste é o mais comumente u�lizado. O TCTapresenta numerosas  limitações  importantes  (ver adiante), e existe uma necessidade urgente de desenvolver novos testes diagnós�cos aprimorados para adetecção da TBIL (incluindo os testes capazes de dis�nguir a infecção por M. tuberculosis da infecção por M. bovis [vacina BCG]).55 Espera‐se que o TCT sejasubs�tuído a par�r do aprimoramento nos diagnós�cos nos próximos anos.

O  TCT  deve  ser  realizado  somente  em  casos  de  indivíduos  que  apresentam  risco  aumentado de  desenvolver  tuberculose.1  É  comum  a  obtenção  deresultados falso‐posi�vos quando este teste é empregado em populações que apresentam baixa prevalência de tuberculose.23,28 Os resultados falso‐posi�vostambém são ob�dos quando o teste é aplicado a indivíduos vacinados com BCG ou que tenham sido sensibilizados contra micobactérias ambientais. As reaçõesfalso‐nega�vas  são  comuns  em  casos  de  indivíduos  imunossuprimidos  e  naqueles  com  doença  tuberculosa marcante.  Além  disso,  este  teste  apresenta  ainconveniência da necessidade de os pacientes terem que retornar após 48 a 72 horas para leitura do resultado.

O TCT deve ser executado com base no método de Mantoux. Os testes em que múl�plas punções são realizadas  (p. ex.,  teste de Tine) não possuemu�lidade.1 O material de teste padrão empregado pelo método de Mantoux é o derivado proteico purificado (PPD – em inglês, purified protein deriva�ve) depotência intermediária (5 unidades de tuberculina).

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Na leitura do TCT, o diâmetro da enduração (e não do eritema) deve ser determinado e registrado. O critério determinante de um teste posi�vo (isto é,enduração  =  5 mm,  =  10 mm ou  =  15 mm)  varia  de  acordo  com o  grupo  populacional  ao  qual  o  paciente  pertence,  sendo  que  a  escolha  dos  critérios  éinfluenciada pela probabilidade de o paciente ser infectado por M. tuberculosis e pelo risco de desenvolver a doença a�va após a infecção [Tabela 1].28 O testede anergia aliado ao teste de tuberculina não é recomendado para uso de ro�na, especialmente no caso de pacientes  infectados pelo HIV.1,28 Além do usocomo teste diagnós�co da TBIL, um teste posi�vo pode fornecer suporte adicional para o diagnós�co da tuberculose a�va em casos de cultura nega�va comalto índice de suspeita clínica.

Todos os pacientes com resultado posi�vo no teste de tuberculina devem ser avaliados quanto à existência de evidências de doença a�va, por meio darealização de uma radiografia torácica. Ademais, amostras de escarro devem ser testadas diante da observação de sintomas suges�vos de tuberculose ou se asradiografias torácicas apresentarem anormalidades. Tabela 1. Critérios determinantes de posi�vidade no TCT para grupos de risco97

Tamanho  da  reação  (enduração)  =  5  mm,  acrescido  dequalquer um dos seguintes fatores de risco:

Infecção pelo HIV.Contato recente com um paciente com TB infecciosa.Alterações fibró�cas detectadas por  radiografia de  tórax,  consistentes com uma TBan�ga.Transplante  de  órgão,  tratamento  com  inibidores  de  TNF‐alfa  (p.  ex.,  infliximabe,etanercepte,  adalimumabe)  ou  outro  �po  de  imunossupressão  (tratamento  =  15mg/dia de prednisona ou uma dose equivalente de outro  agente  imunossupressordurante 1 mês ou mais*).

Tamanho  da  reação  (enduração)  =  10  mm,  acrescido  dequalquer um dos seguintes fatores de risco:

Imigração recente (nos úl�mos 5 anos, para os Estados Unidos) de um país onde aprevalência de TB é alta.Uso de drogas injetáveis.Residência ou  trabalho† sob condições de agregação de alto  risco; cadeia ou cela;casa de repouso ou outro estabelecimento de permanência prolongada para idosos;hospital  ou  outro  estabelecimento  de  assistência  médica;  estabelecimentoresidencial para pacientes aidé�cos; abrigo para sem‐teto.Trabalho em laboratório de micobacteriologia.Condições clínicas de alto risco: silicose; diabetes melito; insuficiência renal crônica;alguns distúrbios hematológicos  (p. ex.,  leucemias e  linfomas); outras malignidadesespecíficas (p. ex., carcinoma da cabeça ou pescoço, carcinoma de pulmão); perda depeso = 10% do peso corporal ideal; gastrectomia; desvio jejunoileal).Idade < 4 anos ou exposição de bebê,  criança ou adolescente a um adulto de altorisco.

Tamanho da reação (enduração) = 15 mm.  *O risco de TB para pacientes tratados com cor�costeroides aumenta com doses maiores e duração prolongada.†Para indivíduos que apresentam baixo risco e examinados ao iniciarem o exercício da função, enduração = 15 mm é considerada um resultado posi�vo.TB = tuberculose; TCT = teste cutâneo de tuberculina; TNF‐alfa = fator de necrose tumoral‐alfa.

 A  repe�ção do TCT não  fará o  resultado verdadeiramente  tuberculina‐nega�vo de um paciente  (ou  seja, de alguém que não esteja  infectado por M.

tuberculosis nem sensibilizado contra outras micobactérias) se tornar tuberculina‐posi�vo.58 Em alguns  indivíduos com TBIL, a capacidade de reação ao TCTdiminui  com o passar do  tempo. A administração deste  teste a estes  indivíduos pode  restaurar a  rea�vidade e, desta  forma,  reforçar a  resposta em testesfuturos.59 Acredita‐se que este reforço resulte da evocação de uma imunidade celular enfraquecida. Este fenômeno é comum em indivíduos com mais de 55anos de  idade e em pessoas que nasceram fora dos Estados Unidos e foram vacinadas com BCG. O teste em 2 etapas tem por obje�vo evitar  interpretar oreforço como sendo uma conversão recente e uma nova infecção em indivíduos que venham a ser subme�dos a testes seriados. Se a reação ao 1º TCT resultarnega�va, o teste é repe�do em 1 a 3 semanas. O teste de 2 etapas deve ser realizado ao testar inicialmente indivíduos que não foram subme�dos a nenhumteste nos úl�mos 12 meses e que passarão por testes regulares no futuro, como os profissionais da saúde e os funcionários e pessoas que moram em grupo.

 Novos testes diagnósticos para a forma latente de infecção pelo M. tuberculosis (TBIL)

Devido  às  limitações  do  TCT,  novos  testes  diagnós�cos  para  a  infecção  tuberculosa  latente  se  fazem  necessários.55  Vários  testes  estão  sendodesenvolvidos. Existem 2 ensaios comercializados que empregam sangue periférico: um ensaio de liberação de IFN‐gama com sangue total (Quan�FERON‐TBGold [QFT‐G], Celles�s Ltd., Victoria, Australia), que foi aprovado pelo Food and Drug Administra�on (FDA) em 2005, e um ensaio de imunospot ligado à enzima(T  SPOT‐TB,  Oxford  Immunotec,  Oxford,  England),  cujo  uso  foi  aprovado  na  Europa.54,60‐62  O  QFT‐G  detecta  a  liberação  de  IFN‐gama  pelos  linfócitos  deindivíduos sensibilizados quando as amostras de sangue ob�das destes indivíduos são incubadas com 2 proteínas de M. tuberculosis, denominadas ESAT‐6 eCFP‐10, que estão ausentes na vacina BCG. De acordo com as diretrizes do Centers for Disease Control and Preven�on (CDC), o QFT‐G pode ser u�lizado emsubs�tuição  (e  não  em  adição)  ao  TCT  em  todas  as  circunstâncias,  incluindo  as  inves�gações  de  contato,  avaliação  de  recém‐imigrados  e  programas  devigilância com testes sequenciais (p. ex., para profissionais da área da saúde).60 Um resultado posi�vo no QFT‐G deve levar imediatamente à mesma avaliaçãoque seria realizada diante de um resultado posi�vo no TCT (p. ex., radiografia torácica para exclusão de tuberculose pulmonar e avaliação do tratamento daTBIL). O teste QFT‐G é considerado mais específico do que o TCT. É preciso esclarecer se o teste QFT‐G é tão sensível quanto o TCT.

As vantagens proporcionadas pelos ensaios de detecção de IFN‐gama à base de células T consistem na possibilidade de concluir o teste em uma únicaconsulta  com  o  paciente;  a  avaliação  de  respostas  a múl�plos  an2genos  ao mesmo  tempo;  e  a  ausência  do  efeito  de  reforço  (boos�ng)  anamnésico  dasrespostas imunes. As limitações dos testes atualmente disponíveis incluem a necessidade de coleta de sangue e processamento da amostra dentro de 12 horasapós a coleta.

Espera‐se da geração mais recente de testes com an2genos específicos de M. tuberculosis uma u�lidade aprimorada, que amplie sua disponibilização euso.60  Entretanto,  estudos  prospec�vos  são  necessários  para  determinar  se  as  respostas  de  IFN‐gama  são  predi�vas  de  um  alto  risco  de  progressão  paratuberculose a�va,  com o obje�vo de aferir  a u�lidade destes  testes para  subgrupos de pacientes especializados  (incluindo crianças e  indivíduos  infectadospelos HIV), para os quais atualmente existem poucos ou nenhum dado sobre o uso destes testes, bem como para determinar se o tratamento da TBIL baseadonos resultados das respostas de IFN‐gama diminuirá a carga de tuberculose em áreas de baixa incidência, entre as quais os Estados Unidos.54

 

DiagnósticoOs principais elementos do diagnós�co da tuberculose são um alto índice de suspeita e a familiaridade com a gama de manifestações clínicas, incluindo

as apresentações a2picas observadas em pacientes infectados pelo HIV, que muitas vezes refletem a doença primária em vez da rea�vação de uma TBIL.63

Contudo,  o  atraso  em  estabelecer  o  diagnós�co  é  comum.  Estes  atrasos  podem  aumentar  o  risco  de  um  resultado  precário  e  levar  a  transmissõesadicionais da tuberculose, incluindo a precipitação de epidemias em cenários ins�tucionais e da assistência médica.6,64‐66

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 Radiografia torácica

Os pacientes que apresentam manifestações clínicas suges�vas de tuberculose com envolvimento pulmonar devem ser subme�dos a uma radiografia dotórax.  Quando  o  paciente  é  imunocompetente,  a  radiografia  do  tórax  pode  mostrar  a  doença  junto  ao  lobo  superior,  frequentemente  acompanhada  decavitação [ver Tuberculose pulmonar, anteriormente]. Os pacientes  infectados pelo HIV, em especial aqueles com doença em estágio avançado e contagensbaixas de células T CD4+, são menos propensos a apresentar uma cavitação visível nas radiografias torácicas, seja qual  for a duração dos sintomas. Quantomaior for o tempo decorrido desde o aparecimento dos sintomas, maiores são as chances de haver cavitação. Por sua vez, os pacientes infectados pelo HIV,sobretudo  aqueles  com  doença  em  estágio  avançado  e  baixas  contagens  de  células  T  CD4+,  são  mais  propensos  a  apresentarem  achados  a2picos  nasradiografias  de  tórax,  refle�ndo  a  existência  de  uma  doença  primária.  Estes  achados  podem  incluir  infiltrados  na  zona  inferior  ou  adenopa�a  hilar  oumedias�nal [ver Tuberculose em pacientes infectados pelo HIV, anteriormente].

Apesar de os achados  fornecidos pela  radiografia  torácica poderem ser  suges�vos de  tuberculose, o diagnós�co defini�vo  requer a  iden�ficação dosorganismos de M. tuberculosis por meio de cultura. Além disso, uma cultura posi�va para M. tuberculosis cons�tui um pré‐requisito para a realização do testede susce�bilidade.

 Exames microbiológicos

Existem vários  testes  diagnós�cos  para  tuberculose  disponíveis.  Entretanto,  um esfregaço  e  cultura  para BAAR  são decisivos  para  a  avaliação de umpaciente com suspeita de tuberculose.

 Microscopia de esfregaço para bactérias acidorresistentes

As  colorações  de  Kinyoun  e  fucsina  básica  de  Ziehl‐Neelsen  cons�tuem  os  métodos  tradicionalmente  u�lizados  para  visualizar  micobactérias  emamostras clínicas. Nos Estados Unidos e em outros países industrializados, a coloração da auramina‐rodamina com microscopia de fluorescência é empregadapor ser mais sensível e menos demorada do que a coloração de carbol‐fucsina (p. ex., coloração de Ziehl‐Neelsen). Na maioria dos países ao redor do mundo, amicroscopia de esfregaços para BAAR cons�tui a principal ferramenta diagnós�ca para tuberculose. Nos Estados Unidos e em outros países industrializados, acultura para BAAR, que é mais sensível do que o esfregaço para BAAR, também é u�lizada aliada à microscopia do esfregaço. A microscopia de esfregaço paraBAAR  possui  sensibilidade  aproximada  de  apenas  50  a  60%  para  casos  confirmados  por  cultura.  Isto  se  deve  em  parte  ao  fato  de  um  esfregaço  posi�vorequerer  uma amostra de  escarro  contendo 5.000  a  10.000 BAAR/mcL,  enquanto uma  cultura posi�va de  escarro para BAR necessita  de  apenas  10  a  100BAAR/mcL.28 Outra limitação reside na impossibilidade de dis�nguir M. tuberculosis das outras micobactérias por microscopia do esfregaço.

Um diagnós�co provável de tuberculose pode ser estabelecido no contexto de um esfregaço posi�vo para BAAR e manifestações clínicas consistentescom  a  doença.  A  confirmação  por  meio  de  cultura  é  necessária  para  estabelecer  o  diagnós�co  defini�vo.  Os  testes  de  AAN,  que  podem  ser  realizadosdiretamente  com  amostras  clínicas,  também  podem  ser  u�lizados  para  confirmar  a  presença  de M.  tuberculosis  em  esfregaços  de  amostras  respiratóriasposi�vos para BAAR.

 Cultura micobacteriana

Um diagnós�co defini�vo de  tuberculose  geralmente depende do  isolamento e  iden�ficação de M.  tuberculosis  a  par�r de uma amostra  clínica. Namaioria das vezes, u�liza‐se uma amostra de escarro ob�da de um paciente com doença pulmonar. A cultura convencional de micobactérias em meio sólidorequer um período de incubação de 3 a 6 semanas. O uso de meios em forma de caldo pode resultar na recuperação de uma cultura posi�va com 10 a 14 deantecedência em relação à recuperação de uma cultura feita com meio sólido.67 Os meios em forma de caldo também são preferíveis por serem mais sensíveisdo que os meios sólidos, embora nenhum �po de meio permita a recuperação de todos os isolados.67,68 Sendo assim, recomenda‐se que um sistema à base decaldo seja u�lizado para culturas primárias de micobactéria, mas um meio sólido também deve ser inoculado.

As  sondas  de  DNA  podem  ser  u�lizadas  para  iden�ficação  rápida  das  colônias  do  complexo M.  tuberculosis  (isto  é, M.  tuberculosis,  M.  bovis,  M.africanum e M. micro耂耂) e têm subs�tuído os exames bioquímicos na maioria dos laboratórios. As sondas comercializadas conseguem iden�ficar o complexo M.tuberculosis, mas não diferenciam M. tuberculosis dos demais integrantes do complexo. As sondas também iden�ficam o complexo M. avium, M. kansasii e M.gordonae. Com as sondas, é possível iden�ficar espécies em poucas horas com quase 100% de acurácia, se um crescimento suficiente for testado. Entretanto, énecessário produzir uma cultura posi�va antes que a sonda possa ser u�lizada para iden�ficação das espécies. A cromatografia líquida de alto desempenhotambém pode ser empregada para determinar as espécies de micobactéria, porém esta ferramenta geralmente se encontra disponível somente em grandeslaboratórios de saúde pública ou em laboratórios de referência.

 Teste de suscetibilidade

Os isolados  iniciais ob�dos de todos os pacientes devem ser testados quando à susce�bilidade farmacológica, com o  intuito de  iden�ficar um regimean�tuberculoso que seja efe�vo.28 Além disso, os testes de susce�bilidade farmacológica devem ser repe�dos quando o paciente con�nua produzindo culturasde escarro posi�vas decorridos 3 meses de terapia adequada, ou se o paciente não es�ver respondendo clinicamente à terapia. Foi proposto que os resultadosdo teste de susce�bilidade para os fármacos an�tuberculose de 1ª linha fossem relatados, em média, dentro de 28 dias após o recebimento da amostra nolaboratório. Para tanto, torna‐se necessário usar meios em forma de caldo tanto para a iden�ficação como para o teste de susce�bilidade. De acordo com oNa�onal  Commi˰ee  for  Clinical  Laboratory  Standards  Subcommi˰ee  for  An�mycobac terial  Suscep�bility  Tes�ng  (Subcomitê  de  Testes  de  Susce�bilidadeAn�micobacteriana  do  Comitê Nacional  de  Padrões  de  Laboratório  Clínico),  os  isolados  de M.  tuberculosis  devem  ser  testados  quanto  à  susce�bilidade  àisoniazida (em 2 concentrações diferentes), rifampicina, etambutol e pirazinamida (ou PZA – uma única concentração de cada um dos 3 úl�mos).69 Este testefornece  informações  abrangentes  sobre  a  terapia  inicial  com  4  fármacos,  recomendada  para  o  tratamento  da maioria  dos  pacientes  com  tuberculose  nosEstados Unidos.

Se houver resistência à rifampicina ou a qualquer um dentre 2 fármacos de 1ª linha, o isolado deve ser testado quanto à susce�bilidade a fármacos de 2ªlinha (p. ex., capreomicina, e�onamida, canamicina, ofloxacina, ácido para‐aminossalicílico, rifabu�na e estreptomicina) e também quanto à susce�bilidade aoetambutol em uma concentração maior do que a u�lizada  inicialmente.69,70 O teste de fármacos de 2ª  linha pode ser realizado apenas em meio sólido, depreferência u�lizando o método da proporção de ágar. Os resultados podem demorar até 2 meses para serem disponibilizados.

 Testes de amplificação de ácido nucleico (AAN)

As técnicas de AAN podem ser empregadas na iden�ficação do DNA ou RNA micobacteriano de M. tuberculosis em amostras clínicas (p. ex., escarro ououtras amostras respiratórias) e fornecem a confirmação imediata de que o paciente está com tuberculose. O teste de AAN tem sido mais comumente u�lizadopara  confirmar  o  diagnós�co  de  tuberculose  em  pacientes  com  esfregaço  de  escarro  ou  outra  amostra  respiratória  posi�vo  para  BAAR.  Existem  2  testescomercializados que foram aprovados pelo FDA para uso com amostras respiratórias.68,71 Os  testes são rápidos  (demorando menos de 6 horas) e analisamdiretamente as amostras clínicas. Em amostras de escarro e outras amostras respiratórias com esfregaço posi�vo para BAAR, os  testes de AAN apresentamsensibilidades  e  especificidades  superiores  a  95%.  Nas  amostras  com  esfregaço  nega�vo  para  BAAR,  a  especificidade mantém‐se  acima  de  95%,  porém  asensibilidade diminui significa�vamente, muitas vezes para menos de 50%.24 O FDA aprovou o uso conjunto dos  testes de AAN e das culturas de amostrasrespiratórias ob�das de pacientes que não foram tratados para tuberculose.71 Os testes de AAN têm sido realizados com amostras não respiratórias, emboranão tenham sido aprovados pelo FDA para este uso. O desempenho dos testes de AAN com amostras não respiratórias é variável, enquanto a sensibilidadeparece  ser menor do que com a u�lização de amostras  respiratórias.68 Os  testes AAN são par�cularmente úteis quando o valor predi�vo posi�vo para M.tuberculosis de um esfregaço de escarro posi�vo para BAAR é baixo. Isto ocorre, por exemplo, nas circunstâncias em que a recuperação de micobactérias nãotuberculosas é comum, como no caso dos pacientes infectados pelo HIV, em especial aqueles com doença avançada. Atualmente, os testes de AAN não podem

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ser u�lizados em subs�tuição aos métodos convencionais para o diagnós�co e tratamento da tuberculose. No caso dos pacientes internados, o esfregaço paraBAAR é u�lizado para  avaliar  a  infec�vidade e  a necessidade de  ins�tuir medidas de  isolamento preven�vo  contra  infecções  transmi�das por  via  aérea. Acultura deve ser realizada para recuperar o isolado para realização do teste de susce�bilidade. Desta forma, o teste de AAN complementa os testes diagnós�costradicionais,  e  sua  u�lização  resulta  em  despesas  adicionais  –  principalmente,  em  termos  de  gastos  laboratoriais  com  aquisição  de  reagentes  e  horas  detrabalho de  técnicos. O  aumento das  despesas  do  laboratório,  contudo,  pode  ser  compensado pelas  economias  ob�das  em outros  setores  do hospital  oudepartamento  de  saúde  pública.  Os  hospitais  podem  ser  beneficiados  pela  possibilidade  de  liberar  os  pacientes  dos  quartos  de  isolamento  para  infecçãotransmissível pelo ar, ainda que sejam posi�vos para BAAR, quando os resultados nega�vos dos testes de AAN mostram a ausência de tuberculose. Os testes deAAN nega�vos  também podem ajudar a evitar  terapias desnecessárias para  tuberculose e podem encurtar as estadias hospitalares. Nos departamentos desaúde pública, os resultados posi�vos dos testes de AAN podem facilitar as inves�gações de contato com indivíduos que estejam com tuberculose.

 Testes diagnósticos adicionais

Outros  testes  diagnós�cos  podem  ser  úteis  para  facilitar  o  diagnós�co  da  tuberculose.  A  indução  do  escarro  por  nebulização  ultrassônica  de  salinahipertônica pode ser ú�l para pacientes  incapazes de expectorar escarro. O rendimento de um teste com escarro induzido parece ser tão bom quanto o doteste realizado com amostras ob�das por broncoscopia com fibra óp�ca, sendo que o rendimento de induções repe�das pode ser superior.72,73 A broncoscopiacom lavado broncoalveolar ou exame de biópsia às vezes é realizada como teste diagnós�co, especialmente quando o escarro não pode ser ob�do ou no casode pacientes que apresentam anormalidades  radiográficas  suges�vas de outros diagnós�cos  (p.  ex.,  carcinoma broncogênico).  É  essencial  que as  amostrassejam enviadas ao laboratório de microbiologia para realização de esfregaço e cultura para BAAR, a fim de se estabelecer um diagnós�co, nestes casos.

A �pagem molecular (conhecida como DNA fingerprin�ng) de isolados de M. tuberculosis mostrou‐se bastante ú�l para aumentar a compreensão acercada epidemiologia da  tuberculose. A �pagem molecular permi�u a ampliação do conhecimento acerca da dinâmica da  transmissão do M.  tuberculosis. Estatécnica também se mostrou ú�l na avaliação de pacientes que apresentaram um 2º episódio de tuberculose, pois permite diferenciar entre casos de recidiva ecasos de reinfecção com uma nova cepa. A �pagem molecular é igualmente ú�l na avaliação de surtos e na iden�ficação de casos de contaminação cruzadaocorridos no laboratório.8

 Tuberculose extrapulmonar

Para estabelecer o diagnós�co de tuberculose extrapulmonar, é necessário obter amostras apropriadas para realização de coloração para BAAR, culturapara micobactérias e testes de susce�bilidade farmacológica.27,30 Dependendo das circunstâncias clínicas, estas amostras podem incluir líquido pleural; líquidopericárdico ou peritoneal; biópsia pleural, pericárdica e peritoneal; tecido oriundo de linfonodo; medula óssea; sangue; urina; tecido cerebral; ou LCE. O sangueob�do  de  pacientes  infectados  pelo  HIV  deve  ser  enviado  ao  laboratório  para  realização  de  cultura  para  BAAR,  quando  houver  suspeita  de  tuberculoseextrapulmonar ou disseminada. As amostras de tecidos também devem ser examinadas por microscopia, após as colorações de ro�na e para BAAR, contudo aausência  de  BAAR  e  de  granulomas  ou  até  mesmo  a  falha  em  cul�var  organismos  de  M.  tuberculosis  não  necessariamente  excluem  o  diagnós�co  detuberculose. Em alguns casos, um diagnós�co provável de tuberculose é estabelecido com base nos achados epidemiológicos (p. ex., contato estreito com umcaso a�vo), achados clínicos e radiológicos consistentes, e um resultado posi�vo no TCT.

 Nota dos Editores do MedicinaNET: um outro exame que pode ajudar no diagnós�co de tuberculose pleural e peritoneal é a adenosinadeaminase (ADA), quefrequentemente se mostrará elevada nestes casos.

 

TratamentoPrincípios do tratamento da tuberculose

As  metas  da  terapia  an�tuberculose  consistem  em  garan�r  uma  cura  sem  recidivas,  prevenir  a  morte  do  paciente,  cessar  a  transmissão  de  M.tuberculosis e evitar a emergência da doença  farmacorresistente.4 A  terapia é  iniciada  com um  regime mul�fármacos para matar os bacilos  tuberculínicosrapidamente, minimizar ou prevenir o desenvolvimento de cepas de M. tuberculosis farmacorresistentes, e eliminar os organismos persistentes nos tecidos dohospedeiro para prevenir recidivas. A tuberculose a�va jamais deve ser tratada com um único fármaco, por causa do risco de emergência de resistência. Alémdisso, um único fármaco jamais deve ser adicionado a um regime inefe�vo.

A  terapia  inicial  para  tuberculose  geralmente  consiste em um  regime  composto por 4  fármacos  (isoniazida,  rifampicina,  PZA e etambutol)  (Nota dosEditores  do MedicinaNET  –  desde  2009  este  também  é  o  esquema  adotado  para  a  terapia  inicial  no  Brasil)  [Tabela  2].  Uma  discussão  detalhada  sobre  afarmacociné�ca, farmacodinâmica e as preparações disponíveis destes fármacos foge ao escopo deste capítulo, mas foram publicadas revisões que abordamestes assuntos.3,74

 Tabela 2. Doses recomendadas e efeitos colaterais das medicações an�tuberculose para adultos*Classificação Fármaco (via) Dose diária (dose

diária máxima)Dose administrada 2x/semana (dosemáxima)

Dose administrada 3x/semana (dosemáxima†

Efeitos colaterais

Fármacos de 1ª linha Isoniazida (p.o., IM,IV)

5 mg/kg (300 mg) 15 mg/kg (900 mg) 15 mg/kg (900 mg) Elevação dos níveis deenzimas hepá�cas,hepa�te, neuropa�aperiférica, efeitos soboSNC, erupções.

Rifampicina (p.o., IV) 10 mg/kg (600 mg)‡ 10 mg/kg (600 mg)‡ 10 mg/kg (600 mg)‡ Descoloração alaranjadadas secreções e da urina,perturbação GI, hepa�te,toxicidade imunomediada(p. ex., trombocitopenia,insuficiência renal),sintomas semelhantesaos da gripe, muitasinteraçõesfarmacológicas, erupções.

Rifabu�na (p.o.) 5 mg/kg (300 mg)‡ 5 mg/kg (300 mg)‡ 5 mg/kg (300 mg)‡ Similares aos efeitosadversos da rifampicina;menos interaçõesfarmacológicas.

PZA (p.o.) 40 a 55 kg: 1.000 mg56 a 75 kg: 1.500 mg76 a 90 kg: 2.000 mg

40 a 55 kg: 2.000 mg56 a 75 kg: 3.000 mg76 a 90 kg: 4.000 mg

40 a 55 kg: 1.500 mg56 a 75 kg: 2.500 mg76 a 90 kg: 3.000 mg

Perturbação GI; hepa�te;hiperuricemia; artralgias.

Etambutol (p.o.) 40 a 55 kg: 40 a 55 kg: 2.000 mg 40 a 55 kg: 1.200 mg Neurite óp�ca.

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800 mg56 a 75 kg: 1.200 mg76 a 90 kg: 1.600 mg

56 a 75 kg: 2.800 mg76 a 90 kg: 4.000 mg

56 a 75 kg: 2.000 mg76 a 90 kg: 2.400 mg

Fármacos de 2ª linha Cicloserina (p.o.) 10 a 15 mg/kg em 2doses (1 g em 2doses)§

Não há dados quesustentem o usointermitente.

Não há dados quesustentem o usointermitente.

Psicose, convulsões,depressão.

E�onamida (p.o.) 15 a 20 mg/kg (1 g)na hora de dormir,com as refeições ouem 2 doses divididas

Não há dados quesustentem o usointermitente.

Não há dados quesustentem o usointermitente.

Perturbação GI,hepatotoxicidade,hipo�reoidismo, paladarmetálico, distensãoabdominal pelo acúmulode gases.

Estreptomicina (IV,IM)

15 mg/kg (1 g); 10mg/kg parapacientes > 59 anos(750 mg)??

15 mg/kg (1 g); 10mg/kg para pacientes> 59 anos (750 mg)??

15 mg/kg (1 g); 10mg/kg para pacientes> 59 anos (750 mg)??

Ototoxicidade (perda daaudição, disfunçãoves�bular),nefrotoxicidade.

Amicacina‐canamicina(IV, IM)

15 mg/kg (1 g); 10mg/kg parapacientes > 59 anos(750 mg)??

15 mg/kg (1 g); 10mg/kg para pacientes> 59 anos (750 mg)??

15 mg/kg (1 g); 10mg/kg para pacientes> 59 anos (750 mg)??

Ototoxicidade (perda daaudição, disfunçãoves�bular),nefrotoxicidade.

Capreomicina (IV, IM) 15 mg/kg (1 g); 10mg/kg parapacientes > 59 anos(750 mg)??

15 mg/kg (1 g); 10mg/kg para pacientes> 59 anos (750 mg)??

15 mg/kg (1 g); 10mg/kg para pacientes> 59 anos (750 mg)??

Ototoxicidade (perda daaudição, disfunçãoves�bular),nefrotoxicidade,hipocalemia,hipomagnesemia,eosinofilia.

Ácido para‐aminossalicílico (PAS)(p.o., IV)

8 a 12 g em 2 a 3doses

Não há dados quesustentem o usointermitente.

Não há dados quesustentem o usointermitente.

Perturbação GI,hipersensibilidade,hepatotoxicidade.

Levofloxacina (p.o., IV) 500 a 1.000 mg Não há dados quesustentem o usointermitente.

Não há dados quesustentem o usointermitente.

Perturbação GI, tontura,dano à car�lagem (dosesaltas).

Moxifloxacina (p.o.,IV)

400 mg Não há dados quesustentem o usointermitente.

Não há dados quesustentem o usointermitente.

Perturbação GI, tontura,dano à car�lagem (dosesaltas).

Ga�floxacina (p.o., IV) 400 mg Não há dados quesustentem o usointermitente.

Não há dados quesustentem o usointermitente.

Perturbação GI, tontura,dano à car�lagem (dosesaltas).

*Veja na Tabela 3 os regimes recomendados.†Deve ser administrado somente no tratamento diretamente observado (TDO).‡As quan�ficações dos níveis séricos de cicloserina são frequentemente u�lizadas na o�mização das doses para pacientes individuais. A meta é a�ngir um picode concentração de 20 a 35 mg/dL.??A dose habitual é 750 a 1.000 mg, administrada como uma dose única durante 5 a 7 dias/semana. Esta frequência é reduzida para 2 a 3 dias/semana, após osprimeiros 2 a 4 meses ou após a conversão da cultura, dependendo da eficácia dos outros fármacos do regime.GI = gastrintes�nal; IM = via intramuscular; IV = via intravenosa; p.o. = via oral; PZA = pirazinamida; SNC = sistema nervoso central.

 A tuberculose requer tratamento prolongado. A duração mínima da terapia no tratamento da tuberculose farmacossensível é 6 a 9 meses, u�lizando um

regime  à  base  de  rifampicina  (conhecida  como  terapia  de  curta  duração).  Cursos  de  terapia  mais  prolongados  são  necessários  em  casos  de  tuberculosefarmacorresistente,  em  especial  diante  da  doença  resistente  a múl�plos  fármacos  (isto  é,  causada  por M.  tuberculosis  resistente  ao menos  à  isoniazida  erifampicina). O tratamento da tuberculose compreende 2 etapas:  iniciação  (também conhecida como fase bactericida ou  intensiva) e con�nuação  (tambémchamada de  fase de esterilização  subsequente). As  fases  refletem a  atual  compreensão acerca da patofisiologia da  tuberculose. Acredita‐se que existam 3subpopulações dis�ntas de M. tuberculosis em um hospedeiro tuberculoso.74 A primeira e maior destas subpopulações consiste nos organismos extracelularesde crescimento rápido, que residem principalmente nas cavidades bem oxigenadas (abscessos) e contém 107 a 108 organismos. A segunda subpopulação residejunto  às  lesões  pouco  oxigenadas,  fechadas,  sólidas  e  caseosas  (p.  ex.,  granulomas  não  caseosos),  e  contém  104  a  105  organismos.  Acredita‐se  que  estesorganismos estejam em estado semidormente e apresentem apenas explosões intermitentes de a�vidade metabólica. A terceira subpopulação é cons�tuída deum pequeno número de organismos (menos de 104 a 105) e parece estar em estado semidormente junto aos ambientes acídicos – tanto intracelulares (p. ex.,nos macrófagos) como extracelulares, junto a áreas de inflamação a�va e necrose recente.

A iniciação do tratamento da tuberculose geralmente é feita com um regime de 4 fármacos, que consistem em isoniazida, rifampicina, PZA e etambutol.A isoniazida e a rifampicina cons�tuem os fármacos an�tuberculose mais importantes, que representam a base da terapia. A PZA é importante como fármacode 1ª  linha,  sendo um componente necessário da  chamada  terapia de  curta de duração  (isto é,  6  a 9 meses). Dentre estes  agentes,  a  isoniazida é o maispotente para destruir os bacilos de M. tuberculosis que se mul�plicam rapidamente (isto é, os organismos da primeira subpopulação), durante a parte inicial daterapia  –  ou  seja,  este  fármaco  exerce  a  a�vidade  bactericida  inicial.  A  rifampicina  e  o  etambutol  apresentam  a�vidade  bactericida  menor  do  que  a  daisoniazida, porém significa�vamente maior do que a ação bactericida da PZA. Esta, por sua vez, exerce  fraca ação bactericida  inicial durante as primeiras 2semanas de tratamento. O uso de fármacos que apresentam a�vidade bactericida inicial potente diminui as chances de desenvolvimento de resistência.

A população de bacilos de divisão rápida (isto é, a primeira subpopulação) é eliminada no início da terapia efe�va, de tal modo que após 2 meses detratamento cerca de 80% dos pacientes apresentam culturas nega�vas. As subpopulações remanescentes de M. tuberculosis (isto é, a segunda e a terceira) sãoresponsáveis pelos casos de falha terapêu�ca e recidivas, além de serem o mo�vo pelo qual a terapia prolongada se faz necessária para erradicação. Para a fasede con�nuação da terapia, os fármacos an�tuberculose são selecionados com base em sua a�vidade esterilizante, que é definida pela habilidade do fármacoem matar os bacilos, principalmente da segunda e terceira subpopulações. O uso de fármacos dotados de uma boa a�vidade esterilizante é essencial para aterapia  de  curta  duração  (p.  ex.,  regimes  de  6  meses).  A  rifampicina  e  a  PZA  possuem  as  maiores  a�vidades  esterilizantes,  seguidas  pela  isoniazida  eestreptomicina. A a�vidade esterilizante da rifampicina persiste ao longo de todo o curso terapêu�co. Entretanto, a a�vidade esterilizante da PZA é observadaprincipalmente durante os primeiros 2 meses de terapia.

 

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Tratamento diretamente observado (TDO)O  tratamento  bem‐sucedido  da  tuberculose  depende  não  só  da  escolha  correta  dos  fármacos  an�micobacterianos  como  também  do  fornecimento

destes  fármacos  junto  à  estrutura  clínica  e  social,  com  base  nas  condições  individuais  de  cada  paciente.3  Além  disso,  o  tratamento  da  tuberculose  diferebastante do tratamento de outras doenças, devido às implicações de saúde pública desta infecção. Independentemente de o médico prestar atendimento nocontexto da prá�ca privada ou por um programa de saúde pública, este profissional possui a dupla responsabilidade de selecionar um regime apropriado egaran�r que o tratamento seja concluído.3 Por este mo�vo, a TDO é recomendada para todos os pacientes com tuberculose, uma vez que ajuda a maximizar astaxas de conclusão do  tratamento  [Figura 6],  diminui o  risco de emergência de  resistência  e  aumenta o  controle da  tuberculose.73,76 A TDO geralmente éfornecida pelas agências de saúde pública.

 

 Figura 6. Impacto do tratamento diretamente observado (TDO) sobre as taxas de conclusão da terapia para tuberculose pulmonar.74 As taxas de conclusãomédias foram da ordem de 61,4% na terapia não supervisionada; 78,6% para TDO modificado (isto é, TDO inicial de internação seguido de uma variedadede estratégias ambulatoriais, incluindo a autoadministração de medicamentos); 86,3% para TDO; e 91% para TDO melhorado (ou seja, TDO com múl�plosincen�vos e capacitadores).

 Início da terapia

A  decisão  de  iniciar  a  quimioterapia  com  agentes  an�tuberculose  combinados  (p.  ex.,  um  regime  composto  por  4  fármacos)  deve  basear‐se  nasinformações epidemiológicas, nos achados clínicos, patológicos e radiográficos e e nos resultados do exame microscópico de esfregaços de escarro coradospara  BAAR  (ou  de  outras  amostras  diagnós�cas,  conforme  a  conveniência)  e  das  culturas  para  micobactérias.3  Considerando  que  M.  tuberculosis  é  umorganismo de crescimento rela�vamente  lento e que as culturas demoram até 4 a 5 semanas para se  tornarem posi�vas,  torna‐se necessário  ins�tuir umaterapia  empírica  com  um  regime  mul�fármacos  apropriado  diante  de  uma  forte  suspeita  clínica  de  doença  a�va.  A  terapia  deve  ser  iniciada  antes  daconfirmação por cultura e, em alguns casos, antes de serem conhecidos os resultados do exame microscópico do esfregaço para BAAR. Os testes de AAN [verTestes de amplificação de ácido nucleico, anteriormente] podem ser úteis em casos selecionados, porque fornecem um diagnós�co defini�vo imediato (p. ex.,confirmação de um esfregaço de amostra respiratória posi�vo para BAAR). O limiar para iniciação da terapia empírica deve ser baixo nos casos de pacientescom formas potencialmente prejudiciais à vida e que podem evoluir rápido, como meningite tuberculosa, pericardite ou doença miliar.

 Regimes de tratamento

As diretrizes publicadas pela American Thoracic  Society  (ATS), CDC e  Infec�ous Diseases Society of America  (IDSA) destacam os  regimes  terapêu�cosrecomendados  para  uso  nos  Estados  Unidos  e  em  outros  países  industrializados  [Tabela  3].  As  recomendações  são  graduadas  e  baseadas  em  evidências,u�lizando o sistema de classificação da IDSA‐United States Public Health Service. Tabela 3. Diretrizes para o tratamento da tuberculose pulmonar farmacossensível em adultos*3Regime Fase Inicial Fase de Con�nuação Faixa de

Dosagem Total(DuraçãoMínima)

Classificação/Evidência†Fármacos Intervalo Regime Fármacos Intervalo Pacientes

HIV‐Nega�vos

Pacientes HIV‐Posi�vos

1 Isoniazida +Rifampicina +PZA +Etambutol

Diário ou 5dias/semana‡durante 8semanas

1a Isoniazida +rifampicina

Diário ou 5dias/semana‡durante 18semanas 2x/semanadurante 18semanas

182 a 130 (26semanas)

A/I A/II

1b Isoniazida +rifampicina

1 x/semanadurante 18semanas

92 a 76 (26semanas)

A/I A/II§

1c Isoniazida +rifapen�naII

  74 a 58 (26semanas)

B/I E/I

2 Isoniazida +Rifampicina +PZA +Etambutol

Diário ou 5dias/semana‡durante 2semanas, emseguida 2x/semanadurante 6

2a Isoniazida +rifampicina

2 x/semanadurante 18semanas

62 a 58 (26semanas)

A/II B/II§

2b Isoniazida +rifapen�naII

1 x/semanadurante 18semanas

44 a 40 (26semanas)

B/I B/II

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semanas

3 Isoniazida +Rifampicina +PZA +Etambutol

3 x/semanadurante 8semanas

3a Isoniazida +rifampicina

3 x/semanadurante 18semanas

78 (26semanas)

B/I B/II

4 Isoniazida +Rifampicina +Etambutol

Diário ou 5dias/semana‡durante 8semanas

4a Isoniazida +rifampicina

Diário ou 5dias/semana‡durante 31semanas

273 a 195 (39semanas)

C/I C/II

4b Isoniazida +rifampicina

2 x/semanadurante 31semanas

118 a 102 (39semanas)

C/I C/II

*Da American Thoracic Society  (ATS), Centers  for Disease Control and Preven�on (CDC) e  Infec�ous Diseases Society of America  (IDSA)  [ver as dosagens naTabela 2].†Níveis de classificação: A = regime preferido; B = alterna�va aceitável; C = quando A e B não podem ser ins�tuídos; D = geralmente não pode ser ins�tuído; E =jamais deve  ser  ins�tuído. Níveis de evidência:  I  = estudo clínico  randomizado;  II  = dados  fornecidos por estudos  clínicos não  randomizados ou que  foramconduzidos em outras populações; III = opinião dos especialistas.‡A administração durante 5 dias/semana é sempre realizada sob tratamento diretamente observado (TDO); a classificação dos regimes de 5 dias/semana éA/III.§Não recomendado para pacientes HIV‐posi�vos com contagens de células T CD4+ < 100 células/mcL.IIDeve  ser  u�lizado  somente  em  casos  de  pacientes  HIV‐nega�vos,  cujos  esfregaços  de  escarro  resultem  nega�vos  após  2  meses  de  terapia  e  que  nãoapresentem cavitação na  radiografia  torácica  inicial.  Para os pacientes  iniciados neste  regime,  cujas  culturas  realizadas  com amostras de 2 meses  resultemposi�vas, o tratamento deve ser estendido por mais 3 meses.PZA = pirazinamida.

 Doença pulmonar farmacossuscetível

Quando os testes confirmam a farmacossusce�bilidade em pacientes iniciados em um regime empírico de 4 fármacos (p. ex., isoniazida, rifampicina, PZAe etambutol) para tratamento de doença pulmonar, é possível modificar a terapia de maneira condizente [Tabela 3 e a Figura 7]. O PZA pode ser descon�nuadoapós  2 meses  de  terapia  (ou  seja,  ao  final  da  fase  de  iniciação).  O  etambutol  também  pode  ser  descon�nuado  após  2 meses  de  terapia  ou  assim  que  asusce�bilidade farmacológica for confirmada. A isoniazida e a rifampicina são man�das durante a fase de con�nuação (por mais 4 meses), durante um períodomínimo  de  6 meses  de  terapia.  Os  pacientes  que  apresentam  alto  risco  de  sofrerem  recidivas  incluem  aqueles  com  tuberculose  pulmonar  cavitária  cujasculturas con�nuam posi�vas decorridos 2 meses de terapia.77 Para estes pacientes, a fase de con�nuação do tratamento deve ser estendida por mais 3 meses(de modo que a duração total da fase de con�nuação seja 7 meses, e a da terapia integral, 9 meses).  

Figura 7. Tratamento da tuberculose pulmonar farmacossusce2vel.54 Quando a tuberculose é comprovada ou fortemente suspeita, recomenda‐se o uso deisoniazida, rifampicina, pirazinamida (PZA) e etambutol durante o período de 2 meses correspondente à fase de iniciação do tratamento. O etambutol pode

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ser descon�nuado, se o teste de susce�bilidade farmacológica  indicar a ausência de farmacorresistência. A PZA também pode ser descon�nuada após 2meses. Decorridos  2 meses de  tratamento,  são  realizados uma  cultura  e um esfregaço de escarro para detecção de bacilos  acidorresistentes  (BAAR). Aduração da  fase de  con�nuação do  tratamento depende da presença ou ausência de  cavitação na  radiografia  torácica  inicial,  dos  resultados dos  testesrealizados após 2 meses e da condição de infecção por HIV do paciente. Para os pacientes HIV‐nega�vos, sem cavitação observada nas radiografias torácicasiniciais e com esfregaços para BAAR nega�vos após 2 meses de terapia, a  fase de con�nuação pode consis�r em uma dosagem semanal de  isoniazida erifapen�na,  ou  em  1  dose  diária  ou  2  doses  semanais  de  isoniazida  e  rifampicina,  durante  um  período  total  de  6 meses  de  tratamento.  Em  casos  depacientes tratados com isoniazida e rifapen�na cujas culturas resultam posi�vas após 2 meses, o tratamento deve ser estendido por mais 3 meses, de modoque a duração total do tratamento seja de 9 meses. Os pacientes infectados pelo HIV e cujas contagens de células T CD4+ estejam abaixo de 100/mcL devemreceber  isoniazida  e  rifampicina  1  vez/dia  ou  3  vezes/semana  durante  a  fase  de  con�nuação.  A  rifapen�na  não  deve  ser  u�lizada  por  pacientes  HIV‐posi�vos ou por pacientes com tuberculose extrapulmonar.

 Além  da  duração  total  da  terapia,  o  número  de  doses  concluídas  é  importante  para  o  sucesso  do  tratamento.  As  doses  devem  ser  contadas  e

acompanhadas, a fim de garan�r a administração da quan�dade correta de medicação. A falta de aderência à terapia com agentes an�tuberculose cons�tui acausa mais comum de falha terapêu�ca, recidivas e emergência de resistência farmacológica. Foi demonstrado que o TDO melhora as taxas de conclusão e osresultados,  devendo  ser  considerada  o  padrão  da  terapia  [Figura  6].3  A  doença  farmacossensível  pode  ser  tratada  com  sucesso  por  meio  da  terapiaan�tuberculose  administrada  de  maneira  intermitente  (p.  ex.,  2  a  3  vezes/semana),  em  especial  durante  a  fase  de  con�nuação.  Esta  tá�ca  facilita  oacompanhamento  da  terapia  e,  assim,  ajuda  a melhorar  os  resultados.  A  terapia  intermitente  (p.  ex.,  terapia  administrada  2  a  3  vezes/semana)  deve  serins�tuída por meio da TDO, tão somente aos pacientes com doença farmacossensível [Tabela 3].

 Pacientes infectados pelo HIV

Como a tuberculose pode ser a doença que leva os pacientes infectados pelo HIV a procurarem atendimento junto ao sistema de assistência médica pelaprimeira vez, todos os pacientes diagnos�cados com tuberculose devem ter oportunidade de (e serem intensamente incen�vados a) se submeter ao examesorológico para HIV.3 O tratamento da tuberculose des�nado aos pacientes coinfectados pelo HIV é similar ao tratamento ins�tuído aos paciente soronega�vospara o vírus, exceto quanto a 2 aspectos. Primeiro: os pacientes infectados pelo HIV não deve ser tratados com uma dose semanal de isoniazida‐rifapen�nadurante a fase de con�nuação. Este regime é reservado para pacientes soronega�vos para HIV altamente selecionados, que não têm doença cavitária. No casodos  pacientes  infectados  pelo HIV,  o  risco  de  recidiva  associado  ao  uso  deste  regime  aumenta  e  a�nge  níveis  inaceitáveis.  As  recidivas,  quando  ocorrem,frequentemente envolvem os organismos que adquiriram resistência à  rifamicina.78  Segundo: os pacientes  infetados pelo HIV cujas  contagens de células TCD4+ estejam abaixo de 100/mcL não devem receber os regimes intermitentes com 2 doses semanais (p. ex., isoniazida‐rifampicina ou isoniazida‐rifabu�na),pois a resistência adquirida à rifamicina também foi relatada nestes casos.3,79 De fato, os pacientes infectados pelo HIV e com baixas contagens de células TCD4+ devem receber uma terapia com doses de 1 vez/dia ou 3 vezes/semana.3 Os pacientes  com  infecção por HIV que apresentam tuberculose pulmonarfarmacossensível  geralmente  podem  ser  tratados  durante  6  meses  [Tabela  3].  Para  os  pacientes  com  infecção  por  HIV  e  tuberculose  que  respondamlentamente à terapia ou apresentem uma resposta subó�ma (p. ex., indivíduos com culturas posi�vas após 2 meses de terapia), foi sugerido o prolongamentoda fase de con�nuação para 7 meses (duração total de 9 meses de tratamento).3

Nos Estados Unidos, a maioria dos pacientes com tuberculose infectados pelo HIV apresenta imunossupressão em estágio avançado e níveis plasmá�coselevados de RNA de HIV, no momento do diagnós�co.80 Assim, estes pacientes atendem aos critérios para terapia an�rretroviral.81 Além disso, a ins�tuição daterapia  an�rretroviral  durante  o  tratamento  da  tuberculose  em  indivíduos  com  infecção  pelo  HIV  pode  melhorar  os  resultados  do  tratamento  datuberculose.3,82  Contudo,  é  necessário  haver  uma  aderência  rigorosa  à  terapia  an�rretroviral  para  que  seja  promovida  uma  resposta  virológica  con2nua.Ademais,  o  uso  da  terapia  an�rretroviral  por  pacientes  infectados  pelo HIV  com  tuberculose  é  agravado  pelos  perfis  de  toxicidade  sobrepostos  de  algunsagentes  an�tuberculose  e  an�rretrovirais,  bem  como  pelas  complexas  interações  farmacológicas  e  pela  ocorrência  de  reações  paradoxais  ou  deimunorrecons�tuição.

As reações paradoxais ou de  imunorrecons�tuição são caracterizadas pela exacerbação dos sinais e sintomas ou pelas manifestações radiográficas datuberculose. Estas reações são mais comuns em pacientes infectados pelo HIV que foram iniciados na terapia an�rretroviral ainda no início do curso da terapiaan�tuberculose.83 Portanto, embora não existam dados indicando o melhor momento para iniciar a terapia an�rretroviral, alguns especialistas recomendamatrasar sua iniciação, quando possível, até que o paciente tenha recebido 1 a 2 meses de terapia an�tuberculose.3

O uso da terapia an�rretroviral durante o tratamento da tuberculose é complicado tanto para o paciente como para o médico. Por isso, é preciso que aterapia seja estreitamente coordenada entre os médicos responsáveis pelo tratamento de cada doença. A interação entre a rifampicina (e outras rifamicinas) eos agentes an�rretrovirais, especialmente os inibidores de protease, cons�tui uma das principais preocupações e representa um desafio para o tratamento dospacientes com infecção por HIV e tuberculose. Como as rifamicinas induzem o sistema enzimá�co do citocromo P‐450 3A hepá�co, seu uso provoca diminuiçãodos níveis  séricos de uma variedade de  fármacos – em alguns casos, a�ngindo  faixas não  terapêu�cas. Foi descrita uma  longa  lista de  interações  fármaco‐fármaco clinicamente significa�vas, envolvendo as rifamicinas,  incluindo as  interações com inibidores de proteases e  inibidores de transcriptase reversa nãonucleo2dicos. Em geral, não ocorrem interações fármaco‐fármaco significa�vas com inibidores nucleo2dicos de transcriptase reversa (INTR) [ver HIV e Aids]. Arifampicina  é  o  indutor mais  potente  do  citocromo  P‐450,  seguida  pela  rifapen�na  e  rifabu�na.  Ao  contrário,  os  inibidores  de  protease  são  inibidores  docitocromo P‐450 que elevam os níveis de rifabu�na a concentrações potencialmente tóxicas e requerem modificações da dosagem. A rifampicina não pode seradministrada  com  a maioria  dos  inibidores  de  protease,  pois  seu  uso  faz  com  que  os  níveis  séricos  destes  agentes  se  tornem  baixos.  Em  comparação  àrifampicina, a rifabu�na promove uma diminuição menos intensa dos níveis séricos destes fármacos e, portanto, pode ser u�lizada com alguns inibidores deproteases.

As possíveis opções disponíveis para o tratamento da tuberculose na infecção pelo HIV são as seguintes: (1) uso de um regime à base de rifampicina, quepode ser administrada a pacientes que estejam recebendo terapia an�rretroviral com INTR e efavirenz; (2) subs�tuição da rifabu�na pela rifampicina em umregime mul�fármacos, quando o paciente es�ver recebendo terapia an�rretroviral com inibidor de protease; (3) uso de rifampicina em regime mul�fármacos,quando a terapia an�rretroviral não puder ser ins�tuída; e (4) uso de um regime que não seja à base de rifamicina, para pacientes sob terapia com fármacosan�rretrovirais,  entre  os  quais  os  inibidores  de  protease.  Apesar  de  potencialmente  poderem  evitar  as  interações  fármaco‐fármaco,  os  regimes  que  nãoincluem uma rifamicina não são recomendados para pacientes infectados pelo HIV, devido aos relatos de resultados piores.80

É preciso enfa�zar que as recomendações para o uso das terapias an�rretrovirais em casos de pacientes infectados pelo HIV com tuberculose con�nuama evoluir. As úl�mas recomendações e informações, incluindo os regimes an�rretrovirais aceitáveis e os ajustes de dosagem necessários, são disponibilizadaspelo CDC na internet (www.cdc.gov/nchstp/tb/TB_HIV_Drugs/TOC.htm).84

 Tuberculose extrapulmonar

Os  princípios  básicos  subjacentes  ao  tratamento  da  tuberculose  pulmonar  também  se  aplicam  às  formas  extrapulmonares  da  doença.  Um  curso  deterapia de 6 meses é recomendado para o tratamento da tuberculose com envolvimento de qualquer sí�o, exceto das meninges. Para casos de envolvimentodas meninges, recomenda‐se um curso terapêu�co de 9 a 12 meses. O prolongamento da terapia também deve ser considerado em casos de pacientes comtuberculose que respondem lentamente ao tratamento, seja qual for o sí�o afetado.

A adição de cor�costeroides é recomendada para pacientes com pericardite e meningite tuberculosa, porque resulta na melhora do resultado e diminui amortalidade.3,85,86 Foram desenvolvidas diretrizes baseadas em evidência para o tratamento da tuberculose extrapulmonar e uso auxiliar dos cor�costeroides[Tabela  4].  Os  cor�costeroides  devem  ser  administrados  para  tratamento  da  pericardite  tuberculosa  durante  as  primeiras  11  semanas  de  terapiaan�tuberculose.  No  entanto,  os  cor�costeroides  não  diminuem  o  risco  de  desenvolvimento  de  pericardite  constri�va.  Para  os  pacientes  com  meningitetuberculosa, recomenda‐se o uso adjuvante da dexametasona.

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 Tabela  4.  Diretrizes  baseadas  em  evidência  para  duração  da  terapia  para  tuberculose  extrapulmonar  farmacossusce2vel  e  uso  adjuvante  decor�costeroides*3,85

Localização Duração  da  TerapiaAn�microbiana(Classificação)†

Cor�costeroidesAdjuvantes (Classificação)†

Regimes de Cor�costeroides

Linfonodo 6 meses (A/I) Não recomendado (D/III) Pericardite:  prednisona,  60  mg/dia,  semanas  1  a  4;  30mg/dia,  semanas  5  a  8;  15  mg/dia,  semanas  9  a  10;  5mg/dia, semana 11.

Osso e ar�culação 6 a 9 meses (A/I) Não recomendado (D/III)  Doença pleural 6 meses (A/II) Não recomendado (D/III)  Pericardite 6 meses (A/II) Fortemente recomendado

(A/I) 

SNC,  incluindo  ameningite

9 a 12 meses (B/II) Fortemente recomendado(A/I)

Meningite: dexametasona por 6 semanas; em crianças < 25kg, 8 mg/dia × 3 semanas; em crianças > 25 kg e em adultos,12 mg/dia  ×  3  semanas;  em  todos  os  pacientes,  a  dose  éafunilada no decorrer das próximas 3 semanas.

Doença disseminada 6 meses (A/II) Não recomendado (D/III)  Geniturinária 6 meses (A/II) Não recomendado (D/III)  Peritoneal 6 meses (A/II) Não recomendado (D/III)  

*A duração preferencial da terapia para tuberculose extrapulmonar causada por organismos farmacorresistentes é desconhecida.†Níveis de classificação: A = regime preferido; B = alterna�va aceitável; C = quando A e B não podem ser ins�tuídos; D = geralmente não pode ser ins�tuído; E =jamais deve  ser  ins�tuído. Níveis de evidência:  I  = estudo clínico  randomizado;  II  = dados  fornecidos por estudos  clínicos não  randomizados ou que  foramconduzidos em outras populações; III = opinião dos especialistas.SNC = sistema nervoso central.

 Tuberculose em mulheres grávidas

A  tuberculose descoberta durante  a  gestação deve  ser  tratada  sem demora.  Como a  tuberculose pode  ser  transmi�da para o  feto,  o  tratamento dagestante deve ser iniciado sempre que as chances de doença materna serem moderadas a altas.

O  regime  de  tratamento  inicial  para  gestantes  consiste  na  administração  de  isoniazida,  rifampicina  e  etambutol.  A  possibilidade  de  incluir  a  PZA  noregime  inicial  também  deve  ser  considerada:  a  PZA  não  tem  sido  amplamente  u�lizada  nos  Estados  Unidos  com  a  finalidade  de  tratar  gestantes  comtuberculose,  porém  seu uso  é  recomendado para  estes  casos  pela OMS e  pela  Interna�onal Union Against  Tuberculosis  and  Lung Disease,  bem  como poralgumas agências de saúde pública americanas.3,87 A PZA é recomendada para uso em todos os casos de pacientes grávidas infectadas pelo HIV e de pacientesgrávidas consideradas sujeitas a um alto risco de desevolvimento de tuberculose farmacorresistente (resultados do teste de susce�bilidade pendentes). Se aPZA não for incluída no regime, a duração mínima do tratamento é de 9 meses. A suplementação com 25 a 50 mg de piridoxina/dia (vitamina B6) é indicadapara todas as gestantes que estejam tomando isoniazida, com o obje�vo de prevenir o desenvolvimento de neuropa�a periférica. Os aminoglicosídeos e asfluoroquinolonas devem ser evitados durante a gestação, devido aos potenciais efeitos adversos sobre o feto.

 Tuberculose farmacorresistente

O tratamento da tuberculose farmacorresistente, em especial da TB‐MFR, é bastante desafiador e deve ser feito diretamente ou sob consultas intensivascom  um  especialista  no  assunto.  Foram  desenvolvidas  recomendações  para  o  tratamento  da  tuberculose  farmacorresistente  [Tabela  5].  O  tratamento  daresistência isolada à isoniazida pode ser feito pela ins�tuição de um regime diário à base de rifampicina, PZA e etambutol. O tratamento da resistência isolada àrifampicina requer no mínimo 12 meses de terapia com um regime à base de fármacos como isoniazida, PZA, etambutol e uma fluoroquinolona. O tratamentoda TB‐MFR (resistência à isoniazida e também à rifampicina) exige 18 a 24 meses de terapia, dependendo do padrão de resistência integral, e está associado amorbidade e mortalidade significa�vamente mais altas do que aquelas observadas na doença farmacossusce2vel. O tratamento da TB‐MFR requer o uso defármacos de 2ª linha, que apresentam menor a�vidade in vitro e toxicidade significa�vamente maior do que os fármacos de 1ª linha [Tabela 2]. Tabela 5. Potenciais regimes de tratamento para a tuberculose farmacorresistentePadrão  deResistênciaFarmacológica

Regime Sugerido (Escolha Alterna�va) Duração doTratamento(Meses)

Comentários

Isoniazida  (±estreptomicina)

Rifampicina,  PZA,  etambutol;  a  adição  de  umafluoroquinolona*  pode  fortalecer  o  regime  parapaciente com doença extensiva.

6 Um  regime  de  6  meses  está  associado  a  uma  taxa  desucesso = 95%.

Rifampicina Isoniazida,  etambutol  e  uma  fluoroquinolona,*acrescida de PZA durante os primeiros 2 meses; umagente  injetável †   pode  ser  incluído  durante  osprimeiros  2  a  3 meses,  em  casos de pacientes  comdoença extensiva.

12 a 18 O  uso  de  isoniazida,  PZA  e  estreptomicina  durante  9meses  cons�tui  um  regime  alterna�vo.  Entretanto,  aterapia  prolongada  com  um  agente  injetável  pode  serinviável ou indesejável, sendo que um regime totalmenteoral  deve  ser  igualmente  efe�vo.  Alguns  especialistasmantêm o curso de PZA ao longo de toda a terapia.

Isoniazida  erifampicina  (±estreptomicina)

Uma fluoroquinolona,* PZA, etambutol e um agenteinjetável,† ± agente alterna�vo.‡

18 a 24 É  necessário  ins�tuir  um  tratamento  prolongado  paradiminuir  o  risco  de  recaída;  no  caso  de  pacientes  comdoença  extensiva,  a  adição  de  uma  agente  alterna�vopode  ser uma medida prudente para diminuir o  risco deaquisição  de  farmacorresistência.  Considerar  apossibilidade de realização de uma cirurgia de ressecção,como medida auxiliar à quimioterapia.

Isoniazida,rifampicina  (±estreptomicina)e  etambutol  ouPZA

Uma  fluoroquinolona*  (etambutol  ou  PZA,  quandoa�va), agente injetável† e dois agentes alterna�vos.‡

24 Usar os agentes de 1ª linha aos quais a cepa é susce2vel.Adicionar  2  ou  mais  agentes  alterna�vos,  em  casos  depacientes com doença extensiva. Considerar uma possívelcirurgia  para  ressecção,  como  medida  auxiliar  àquimioterapia.

Nota: o tratamento da tuberculose farmacorresistente deve ser realizado diretamente ou sob consulta intensiva com um médico especializado e experiente notratamento de doenças resistentes a fármacos [ver as dosagens na Tabela 2].

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*Exemplificando, levofloxacina, moxifloxacina, ga�floxacina.†Os agentes injetáveis podem incluir os aminoglicosídeos (estreptomicina, amicacina ou canamicina) ou o polipep2deo capreomicina.‡Os agentes alterna�vos são a e�onamida, cicloserina, ácido para‐aminossalicílico, claritromicina, amoxicilina‐clavulanato e linezolida.PZA = pirazinamida.

 Os erros comuns que levam à emergência da resistência farmacológica incluem a adição de um único fármaco a um regime inefe�vo, falha em iden�ficar

uma resistência farmacológica preexistente ou adquirida, iniciação de um regime primário inadequado, falha em iden�ficar e resolver o problema da falta decomplacência,  e  uso  da  monoterapia  para  doença  a�va  (nos  casos  em  que  a  terapia  para  tuberculose  latente  foi  prescrita,  mas  a  doença  a�va  estavapresente).88 Em casos de pacientes com suspeita de TB‐MFR (p. ex., aqueles que falham em concluir um regime inicial ou que seguem a terapia de maneiraerrada,  ou  indivíduos  recentemente  expostos  a  um  caso  de  TB‐MFR,  ou  os  pacientes  que  vivem  em  áreas  de  risco  extremamente  alto),  o  médico  deveconsiderar a possibilidade de iniciar a terapia com regimes empíricos estendidos, enquanto espera pelos resultados da cultura. Isto se aplica especialmente aoscasos  de  pacientes  com  doença  pulmonar  extensiva  ou  doença  extrapulmonar,  como  a meningite  tuberculosa  ou  a  doença miliar.  A  TB‐MFR  comprovadarequer tratamento com pelo menos 4 fármacos (e mais 1  fármaco extra, se possível) aos quais os organismos sejam susce2veis, como 3 fármacos orais e 1agente injetável [Tabela 5].

O papel da cirurgia no tratamento da TB‐MFR ainda não foi avaliado por estudos randomizados, mas alguns especialistas acreditam que o procedimentocirúrgico seja benéfico em casos selecionados. Em uma série de casos, a ressecção cirúrgica aliada à terapia com fluoroquinolona foi associada à melhora dosresultados  clínicos  e  microbiológicos  de  205  pacientes  com  TB‐MFR.89  A  cirurgia  deve  ser  adiada  até  que  o  paciente  tenha  concluído  vários  meses  dequimioterapia intensiva; e deve ser realizada por um cirurgião experiente.3

 Monitoramento da resposta ao tratamento

Em casos de pacientes subme�dos ao tratamento da tuberculose pulmonar, deve ser ob�da uma cultura e um esfregaço de escarro para detecção deBAAR pelo menos a cada mês, até que 2 culturas consecu�vas de amostra resultem nega�vas.3 É essencial realizar uma cultura e um esfregaço de escarro paraBAAR após 2 meses de terapia, devido ao valor destes exames na previsão do risco de recaída. Os testes de susce�bilidade farmacológica devem ser repe�doscom isolados de M. tuberculosis ob�dos de pacientes cujas culturas tenham resultado posi�vas após 3 meses de tratamento.

Em casos de pacientes com tuberculose pulmonar, uma radiografia torácica repe�da deve ser ob�da após 2 meses de terapia. A obtenção de radiografiascom maior frequência não é indicada. Entretanto, uma radiografia torácica ob�da no momento da conclusão da terapia pode ser ú�l para fornecer informaçõesbasais para fins de comparação com as chapas ob�das subsequentemente.

O monitoramento bacteriológico é mais di�cil no caso de pacientes com doença extrapulmonar. Nestes casos, é comum haver necessidade de se avaliarclinicamente a resposta ao tratamento, dada a inviabilidade da obtenção das culturas de seguimento.

Todos os pacientes subme�dos ao tratamento da tuberculose devem ser avaliados mensalmente. Em cada consulta, estes pacientes devem passar poruma  avaliação  clínica,  com  o  obje�vo  de  iden�ficar  possíveis  efeitos  colaterais  dos medicamentos  an�tuberculose  e  avaliar  a  aderência.  Testes  de  funçãohepá�ca basal, determinação dos níveis de crea�nina e contagem de plaquetas devem ser ob�dos de todos os pacientes. Para aqueles que estejam tomandoagentes an�tuberculose de 1ª linha, as diretrizes do ATS/CDC/IDSA não recomendam a realização dos testes de função hepá�ca ou renal mensais durante otratamento,  a menos que haja  anormalidades basais ou mo�vos  clínicos para  sua obtenção.3  Os  pacientes  que  tomam etambutol  devem  ser  interrogadosmensalmente quanto à ocorrência de perturbações visuais. A realização mensal de testes de acuidade visual e visão colorida é recomendada para os pacientestratados com dosagens superiores a 20 mg/kg/dia ou para aqueles que necessitem de mais de 2 meses de terapia com etambutol.

 Investigação de contato e relatos de casos de tuberculose

Nos Estados Unidos, os médicos são obrigados por  lei a relatar os casos de tuberculose às agências de saúde pública  locais. Em alguns hospitais, estatarefa  é  realizada  pelo  departamento  de  controle  de  infecções,  porém o médico  deve  garan�r  que  o  caso  seja  relatado  de maneira  diligente,  para  que  odepartamento de saúde local entre em contato com o paciente ainda durante o período de internação. Isto deve assegurar que o paciente não seja perdidopara fins de seguimento após receber alta. O plano de liberação deve ser elaborado em forma de colaboração, com envolvimento do departamento de saúdepública, o qual, por sua vez, deve dispor de recursos e capacidade de fornecer TDO aos pacientes com tuberculose, no contexto ambulatorial. A agência desaúde pública  local é responsável pela condução de uma  inves�gação de contato, com o obje�vo de  iden�ficar outros  indivíduos que foram expostos a umpaciente  infectado (p. ex., em casa, no trabalho e em outros cenários sociais).  Isto pode  levar à  iden�ficação de novos contatos  infectados, para os quais otratamento da tuberculose latente seja prioritário, bem como a outras causas em potencial. Além disso, quando o paciente é uma criança, a inves�gação decontato pode levar à iden�ficação de um caso‐fonte. É preciso priorizar as inves�gações de contato nos casos de exposição de bebês ou indivíduos infectadospelo HIV (ou outros pacientes altamente imunocomprome�dos), dada a rapidez da progressão da infecção para doença a�va em tais circunstâncias.

 Forma latente de infecção pelo M. tuberculosis (TBIL)

A  terapia para  tuberculose  latente pode diminuir  acentuadamente o  risco de progressão para doença  a�va e  é  recomendada para os  pacientes queapresentam  alto  de  risco  de  evolução  da  doença.  Os  pacientes  com  TBIL  (ou  seja,  aqueles  que  apresentam  resultado  posi�vo  no  TCT  ou  em  outro  testediagnós�co, mas  cujas  radiografias  torácicas  sejam nega�vas  e  que não  apresentem  sinais  ou  sintomas de  tuberculose)  sujeitos  a  um  risco  aumentado deprogressão para doença a�va devem ser incen�vados a se submeter à terapia.

O  CDC  e  a  ATS  criaram  diretrizes  para  o  tratamento  da  tuberculose  latente  [Tabela  6].  O  regime  preferencial  consiste  em  um  curso  de  9 meses  deisoniazida. Um curso de 6 meses de isoniazida cons�tui uma alterna�va para indivíduos adultos soronega�vos para HIV. A recomendação destas durações deterapia baseia‐se na reanálise de dados fornecidos por estudos an�gos.90 O uso de rifampicina durante 4 meses é uma opção de tratamento para TBIL, sendorecomendado para adultos com suspeita de infecção por cepas de M. tuberculosis resistentes à isoniazida. Tabela 6. Diretrizes do CDC para o tratamento da tuberculose latente em adultos97

Fármaco Dosagem  eDuração  (DoseMáxima)

Classificação/Nível  deEvidência

Comentários

PacientesHIV‐Nega�vos

Pacientes HIV‐Posi�vos*

Isoniazida 5 mg/kg (300 mg),diariamente, por 9meses

A/II A/II Regime  preferido  para  adultos  e  crianças;  indicado  para  pacientesinfectados  pelo  HIV  e  para  aqueles  que  apresentam  lesões  fibró�casobservadas  por  radiografia  torácica.  No  caso  dos  pacientes  infectadospelo HIV, o  regime pode ser administrado de maneira concomitante aotratamento  an�rretroviral.  A  TDO  deve  usar  uma  dosagem  de  2x/semana.

900 mg, 2x/semana,durante 9 meses

B/II B/II

Isoniazida 5 mg/kg (300 mg),diariamente, por 6meses

B/II C/I Alterna�va  para  pacientes  infectados  pelo  HIV.  A  TDO  deve  usar  umadosagem de 2 x/semana.

900 mg, 2 B/II C/I

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x/semana,durante 6 meses

Rifampicina 10  mg/kg  (600mg),  diariamente,por 4 meses

B/II B/III Regime alterna�vo. Pode ser u�lizado por pacientes com TB resistente àisoniazida  e  susce2vel  à  rifampicina.  Os  pacientes  infectados  pelo  HIVque estejam tomando inibidores de protease ou certos INTR não podemusar  rifampicina  e,  em  vez  deste  fármaco,  devem  tomar  rifabu�na.  Acombinação  de  rifampicina  e  PZA  não  é  recomendada  (D/II)  para  otratamento da TBIL, devido ao elevado risco de hepatotoxicidade.

*Os dados atuais sobre as interações com fármacos relacionados à infecção pelo HIV são disponibilizados no site h˰p://www.aidsinfo.nih.gov/guidelines.CDC = Centers for Disease Control and Preven�on; TBIL = infecção latente pelo M. tuberculosis; INTR = inibidores nucleo2dicos de transcriptase reversa;

PZA = pirazinamida; tratamento diretamente observado (TDO).Um  regime  com  duração  de  2 meses  u�lizando  rifampicina mais  PZA  para  tratamento  da  TBIL  não  é  recomendado,  porque  apresenta  uma  taxa  de

hepatotoxicidade alta  inaceitável nestes pacientes. Uma pesquisa realizada pelo CDC sugere que o risco de morte associado a este regime é de quase 1 emcada  1.000  indivíduos,  sendo  que  a  taxa  de  internações  por  hepatotoxicidade  fármaco‐induzida  é  de  3  em  cada  1.000  indivíduos.91  A  combinação  derifampicina com PZA, todavia, con�nua sendo importante como componente de um regime mul�fármacos para pacientes com tuberculose a�va. Na TBIL, aisoniazida  também  pode  ser  administrada  2  vezes/semana,  via  TDO,  para  facilitar  a  aderência  dos  pacientes  no  cenário  ins�tucional  ou  diante  dadisponibilidade de recursos.

Os pacientes sob  terapia para TBIL devem passar por uma avaliação clínica  inicial,  seguida de avaliações de acompanhamento  realizadas pelo menosmensalmente. Não deve ser fornecido mais de 1 suprimento mensal de medicação por vez. A avaliação clínica mensal deve incluir perguntas acerca dos efeitoscolaterais e uma breve avaliação clínica para detecção de sinais de hepa�te. Embora sejam  incomuns, as  reações adversas ao uso da  isoniazida podem sergraves.  A  hepatotoxicidade  representa  o  efeito  colateral mais  importante.  Entretanto,  em  uma  clínica  especializada  em  tuberculose  localizada  em  Sea˰le(Estados Unidos), a hepatotoxicidade  foi detectada apenas em 0,15% dos pacientes que concluíram uma monoterapia com  isoniazida para TBIL – uma taxasignifica�vamente inferior àquelas relatadas por estudos anteriores.92 A taxa de hepatotoxicidade associada ao uso de isoniazida foi es�mada em 1 a 3 paracada 1.000 pacientes. A idade cons�tui um fator de risco: a hepatotoxicidade induzida pela isoniazida é rara em paciente com menos de 20 anos, porém suataxa de incidência aumenta com o avanço da idade. O risco também pode ser alto entre pacientes com doença hepá�ca subjacente (incluindo a hepa�te C),história  de  consumo  pesado  de  bebidas  alcoólicas  e  durante  o  período  pós‐parto  (sobretudo  entre  mulheres  hispânicas).  Elevações  assintomá�cas  egeralmente transientes dos níveis de aminotransferase podem ocorrer em 10 a 20% dos pacientes sob tratamento de TBIL com isoniazida. O risco atualmenterelatado de desenvolvimento de hepa�te  fatal  associado  ao uso da  isoniazida  varia  de 0  a  0,3  (média de 0,04)  em  cada 1.000 pacientes.91,92 A morte  foiassociada à manutenção da administração deste fármaco mesmo com o aparecimento de sintomas de hepa�te. O curso de isoniazida deve ser descon�nuadoquando os níveis de alanina aminotransferase (ALT) ou aspartato aminotransferase (AST) excederem o equivalente a 5 vezes os níveis normais em pacientesassintomá�cos ou ultrapassarem o equivalente a 3 vezes os níveis normais em pacientes sintomá�cos.

Os pacientes devem ser alertados para interromper o uso da isoniazida diante da manifestação de sintomas consistentes com hepa�te (p. ex., náusea,perda de ape�te e dor embotada na região média do abdome) e procurar avaliação médica imediatamente. Devem ser realizados testes de função hepá�ca emtodos os pacientes que desenvolvam sintomas suges�vos de hepa�te. Nós recomendamos que os testes de função hepá�ca basais sejam realizados para todosos pacientes adultos, no  início da terapia para TBIL. Contudo, as diretrizes do ATS/CDC recomendam a realização de exames  laboratoriais basais apenas emcasos  de  pacientes  cuja  avaliação  inicial  tenha  sugerido  a  existência  de  um  distúrbio  hepá�co  e  para  aqueles  que  apresentam  risco  aumentado  dehepatotoxicidade, incluindo os pacientes infectados pelo HIV, gestantes, mulheres em período de pós‐parto imediato (ou seja, dentro do período de 3 mesesapós o parto), pacientes com história de doença hepá�ca crônica (p. ex., hepa�te B, hepa�te C, hepa�te alcoólica ou cirrose), usuários regulares de bebidasalcoólicas e pacientes  sujeitos ao  risco de desenvolvimento de doença hepá�ca crônica.1 Os exames  laboratoriais basais  também devem ser  realizados emcasos de pacientes que estejam  tomando outros medicamentos potencialmente hepatotóxicos para  tratamento de  condições médicas  crônicas. A hepa�tea�va e a doença hepá�ca em estágio terminal são contraindicações rela�vas ao uso de isoniazida para tratamento da tuberculose latente. O monitoramentolaboratorial de ro�na (p. ex., quan�ficação mensal de AST ou ALT) durante o tratamento da tuberculose latente é recomendado para indivíduos cujos testes defunção hepá�ca basais resultem anormais, bem como para aqueles que apresentam risco de desenvolver doença hepá�ca (ver anteriormente).

A neuropa�a periférica também cons�tui um efeito colateral do uso de isoniazida. Esta condição é rela�vamente incomum, contudo o risco é maior entreindivíduos com deficiência nutricional e também para pacientes com diabetes melito, infecção pelo HIV, insuficiência renal ou alcoolismo, bem como gestantesou mulheres em fase de amamentação. A piridoxina (25 a 50 mg/dia) é recomendada para os pacientes que apresentam estes fatores de risco, para ajudar aprevenir a neuropa�a. Alguns clínicos fornecem ro�neiramente suplementos de piridoxina a todos os pacientes que tomam isoniazida.

 Vacinas

A vacinação com BCG consiste no uso de organismos vivos e atenuados de uma cepa de M. tuberculosis. O bene�cio primariamente proporcionado pelaadministração do BCG parece ser a prevenção da tuberculose disseminada e da meningite tuberculínica em crianças pequenas. Para adultos, foram relatadaseficácias variáveis. A vacina BCG produz pouco efeito sobre a epidemiologia global da tuberculose. Seu uso não é recomendado nos Estados Unidos, porém avacina é amplamente u�lizada em outros países, em especial nos países em desenvolvimento. É interessante notar que, nos trópicos, a administração da vacinaBCG foi associada à diminuição do risco de desenvolvimento de lepra.93 A vacina pode produzir resultado posi�vo no teste da tuberculina e, devido à baixaincidência  de  novas  infecções  tuberculosas  nos  Estados  Unidos,  a  descoberta  de  casos  e  o  tratamento  da  infecção  tuberculosa  latente  são  consideradosestratégias  mais  eficientes  e  efe�vas.  A  interpretação  de  uma  reação  do  TCT  não  é  alterada  em  pacientes  que  tomaram  a  vacina  BCG,1  uma  vez  que  asensibilidade à tuberculina tende a enfraquecer consideravelmente após a vacinação com BCG, e esta vacina é administrada com frequência em áreas onde atuberculose é endêmica. Considerando que muitas pessoas vacinadas com BCG são oriundas de áreas onde a prevalência da tuberculose é rela�vamente alta,torna‐se importante que os indivíduos apresentando reações significa�vas no TCT sejam avaliados quanto à existência da doença e monitorados de acordo. Umseguimento  apropriado  inclui  a  obtenção  de  uma  história  médica  detalhada,  obtenção  de  radiografia  torácica  para  exclusão  da  doença  e  avaliação  paratratamento da tuberculose latente. Testes diagnós�cos mais modernos são necessários para dis�nguir a infecção por M. tuberculosis da imunização com BCG.

 

Prevenção hospitalarOs esforços para controlar a infecção tuberculosa, u�lizando a hierarquia de medidas recomendadas pelo CDC, mostraram‐se efe�vos na prevenção da

transmissão  nosocomial  da  tuberculose.22,93,94  Além  desta  hierarquia,  existem  os  controles  administra�vos,  que  incluem  a  forte  suspeita  de  tuberculose,triagem cuidadosa dos pacientes, adoção de medidas preven�vas contra infecções transmissíveis pelo ar em casos de pacientes com suspeita de tuberculose, ediagnós�co imediato com iniciação de uma terapia efe�va. Os controles de engenharia e proteção respiratória cons�tuem a 2ª e a 3ª camadas da hierarquia demedidas  de  controle.  Foram  publicadas  diretrizes  para  implementação  de  um  programa  de  controle  da  infecção  tuberculosa  em  estabelecimentos  deassistência médica.95

 Os autores não possuem relações comerciais com os fabricantes de produtos ou prestadores de serviços mencionados neste capítulo. 

Referências1.        Targeted tuberculin tes�ng and treatment of latent tuberculosis infec�on. American Thoracic Society, Centers for Disease Control and Preven�on. Am J

Respir Crit Care Med 161:S221, 2000

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2.        Pape JW, Jean SS, Ho JL, et al: Effect of isoniazid prophylaxis on incidence of ac�ve tuberculosis and progression of HIV infec�on. Lancet 342:268, 19933.        Treatment of tuberculosis. American Thoracic Society, Centers for Disease Control and Preven�on, Infec�ous Diseases Society of America. MMWR Recomm

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22/07/2016 Tuberculose – Henry M. Blumberg, Michael K. Leonard Jr. ­ Versão para Impressão

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