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Turma 74 - Saga de Prata Historia da Turma de 1974 da EPCAR (Washington de Paula)

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“Tinha consciência de um grande perigo,mas este não era tangível. Uma espécie de ale-gria selvagem dominava os meus nervos.Como explicar isto? Como descrevê-lo? Lá noalto, na solidão negra, entre o fulgor dos re-lâmpagos que rasgavam e o faiscar dos raios,eu me sentia como parte integrante da pró-pria tempestade!”

Alberto Santos Dumont, “Os meus balões”.

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À minha mãe, esposa e filhos: Teresinha Mendes, Anna Lice,Priscila, Higor e Cecília.

Dedicatória

A História da Turma de 1974 da EPCAR

SAGA DE PRATA

••3••

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••4••A História da Turma de 1974 da EPCAR

SAGA DE PRATA

Agradecimentos

A cada membro da Turma de 1974 da Escola Preparatória deCadetes do Ar (EPCAR) — os atores desta saga. Vale um agradeci-mento especial ao companheiro, o incansável, Newton Gray, quebusca com abnegação manter o grupo unido e integrado.

Obrigado, Gray!

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••5••A História da Turma de 1974 da EPCAR

SAGA DE PRATA

A vontade de escrever este livro nasceu de dois motivos: primei-ro, cultivar a saudade que hoje toma conta do nosso “coração deex-aluno”; e segundo, evitar que o tempo e a distância (tanto físicosquanto psicológicos) enfraqueçam a amizade que construímos.

Por isso, a maior finalidade desta obra é tornar mais forte o espí-rito de união da nossa Turma — o qual já vem sendo alimentadopelos encontros que fazemos periodicamente e pelos contatos viaweb; mesmo assim, haverá esse reforço para se manter mais ativo.

Duas outras intenções aqui estão: a) manter viva a lembrança deuma época maravilhosa que não se repetirá mais entre nós, Alunosdaquela turma de 1974; e b) narrar para as nossas famílias, a novageração (nossos filhos) e para os amigos íntimos, certas passagensmarcantes da nossa vida na caserna.

Com efeito, a razão de existir deste trabalho será justificada àproporção que atender esse elenco de finalidades (da principal paraas secundárias).

A contribuição destas narrativas para o Mundo seria eventual-mente oferecer pequenas lições a serem aproveitadas por quem de-sejar seguir a carreira de oficial da FAB; mostrar superficialmentecomo se comporta um jovem militar em sua fase preparatória paraexercer tal profissão; e subliminarmente, expor a alguém certos atosdignos de serem imitados.

“Ninguém que não tenha vivido nossa experiência, consegue en-tender o sentimento de um pelos outros, em que pese o tempo, adistância, em que pese o não convívio permanente.

“Mas vocês todos, eu tenho certeza, sabem exatamente o que eusinto. ‘Talvez a unicidade deste sentimento seja realmente a nossagrande força.’”

Apresentação

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••6••A História da Turma de 1974 da EPCAR

SAGA DE PRATA

As palavras acima foram escritas pelo nosso amigo e com-panheiro de turma, Gabriel. Elas sintetizam o nosso sentimentopor aquele período em que convivemos, por três anos, de formatão intensa.

Vejam mais este exemplo de quão nossa amizade é forte. O Ri-tival esteve recentemente na China, e nos narrou estas palavras:

“Como já disse, é muito gostoso chegar a um país estranho eencontrar no portão de desembarque amigos sorrindo, de braçosabertos e fazendo festa com suas esposas. Se você estava com re-ceio de algo, perde naquele momento. É como você morrer, achan-do que vai para o inferno e, ao chegar do outro lado, encontra anjos,dizendo: ‘você está no céu.’” (Ritival). Ele foi recepcionado na Chinapor Lengler e Mello.

Este livro trata de narrações feitas a muitas mãos, pois muitoscolaboraram diretamente, escrevendo episódios; outros vivencia-ram ou foram co-autores e alguns assistiram a determinadas pas-sagens que serão narradas. Nós todos fomos membros ativos ecúmplices daquela epopéia denominada, agora, “Saga de Prata”.

Iniciamos com 342 componentes, em 1974, ano em que a Esco-la Preparatória de Cadetes do Ar (EPCAR) completava 25 anos deexistência e fazia o Jubileu de Prata. Daí sermos chamados Turmade Prata.

Em 1976, entraram mais outros componentes, os chamadosPQDs. Porque pára-quedistas? A gente entendia que eles não pas-saram por aquela situação de “bicho”, alunos de 1º ano. Isso nãoafetou a nossa convivência, ou melhor, melhorou-a. Foram colegasvindos de todo o Brasil e entrosaram-se facilmente à Turma. As-sim, formamos um grupo de 354 ao longo de três anos.

Não pretendemos esgotar as belas passagens de todos os com-ponentes da Turma, pois muitas estão profundamente impregna-das em nossas mentes, que, por vezes, é a própria essência de nos-sas vidas; portanto, transformaram-se em nós mesmos, em nossacarne, em nosso espírito e fé.

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••7••A História da Turma de 1974 da EPCAR

SAGA DE PRATA

O entendimento de cada episódio requer certa explicação paraaqueles que não vivenciaram os três anos de EPCAR. Para melhoraresse entendimento, faremos uma preleção antes de cada narraçãoou tema.

Desses jovens, muitos seguiram carreira militar, na FAB e emoutras instituições. Os que continuaram na Força Aérea Brasileirativeram o privilégio de prolongar essa convivência por muitos anos,e ainda receberam nessa legião, mais outros PQDs, agora, entra-dos diretamente na Academia da Força Aérea (AFA).

Já temos a honra de ter no grupo, oficiais Brigadeiros-do-Ar; eem breve, teremos os Brigadeiros Intendentes. Eles são, na essên-cia, aquilo que sonhávamos ser na juventude, o nosso referencial.Eles merecerão um capítulo neste livro.

A redação dessas narrações teve origens em e-mails e em rela-tos, inicialmente, despretensiosos. Por isso, será vista em uma lin-guagem coloquial, com brasileirismos, regionalismos e sem rigorlingüístico e, por vezes, até simplório. Todavia, faz parte daquelemundo vivido há 34 anos.

Se pudesse resumir este livro em uma só palavra, esta seria:saudade.

Washington de Paula

(organizador e co-autor desta obra)

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••8••A História da Turma de 1974 da EPCAR

SAGA DE PRATA

BREVE HISTÓRICO DA EPCAR .................................................. 12

UM POUCO DA CIDADE DE BARBACENA ................................ 17

O INÍCIO DE TUDO: PRIMEIRAS NARRATIVAS .......................... 19•Um moleque, suas mudanças e muita surpresa

•Lembrança de exames, do trem e do mar

•Viagem, detalhes, novidades e percepção

•Eram tempos difíceis: nós (candidatos), ditadura...

OS PRIMEIROS DIAS DE EPCAR:TUDO ERA NOVIDADE ............................................................. 24•Tumulto e sufoco logo no primeiro contato

•Escolha do nome de guerra: alusão a um colega

•Licenciamento suspenso, união consolidada

AOS NOSSOS MESTRES: CARINHO, HOMENAGEM .................... 27•Mestres que “sofriam” na mão de alunos

•Tirada de um mestre com leveza e humor

•Constrangimento de um jovem, na sala de aula

•EPCAR homenageia o Professor Baumgarth.

•Influência do Francês na minha vida

•Quem se lembra desta lição de Francês?

•Momentos constrangedores causados por um professor

•Palavras engraçadas

•Carinho com uma “protetora espiritual”

ROUBO DE COBERTORES E VÍTIMAS DA NOITE ....................... 34•Noite de vítimas e de risos; alusão póstuma

•Drama da alma e pedido de desculpas

•Tristeza e solidariedade seguidas de riso

•Momento de cuidados e de pequena perda.

Sumário

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••9••A História da Turma de 1974 da EPCAR

SAGA DE PRATA

GUERRA DA PÁSCOA: OS PROJÉTEIS ERAM OVOS ................... 37•Era dureza comer chocolate!

•Guerra de ovinhos — iniciativa do “Vovô”

•Doce lembrança: “capetinha” injustiçado

“VÔO POR INSTRUMENTOS” (VI): AVENTURAS ......................... 40•Tentativas atrapalhadas

•Uma dúvida que paira no ar

•A PA também era amiga

•Ponte para o VI

•Peripécias, punição e muita sorte

NOSSOS POETAS E TROVADORES: PRECIOSIDADE .................. 44•Toque de silêncio: saudade com esperança de reencontro

•Toque de silêncio II: reflexo de uma declaração — insônia

•“Senha fatal”: amizade, punição e nobreza de caráter

•Ao Arataca: prestígio, saudade e “cobrança bem-humorada”

•Resposta ao Gilnei: saudade e “conselho bem-humorado”

•Histórias diversas: brincadeira com a realidade

•Jubileu da Paróquia: susto, reação e ademais um castigo

•Peripécias: recompensa por serviço

•O “monstro” do Gray : comunicação a toda prova

•“Canalha”: lorota exagerada, alcunha por exagero

•Saudades do Lancia — que “se mudou para outro plano”

•Saga

•Ao Silveira — que não teve medo de correr perigo

•Caro Sininho: enterro e ressurreição simbólicos com muito riso

•C-47: sonho de voar e deleite do primeiro vôo

•Despedida do Ciampi I: reencontro bem-sucedido

•Despedida do Ciampi II: características de grande amigo

•Vidas: luz espiritual para união, amizade — transcendência

•Amigo Ciampi: indagações e metáfora — eternidades

•Peripécias: música, saudosismo e noites de insônia

•Opção por um bar famoso

•Razão a quem tem, mas com ressalva

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••10••A História da Turma de 1974 da EPCAR

SAGA DE PRATA

•Quem sou eu? Cogitações e autodefinição

•Falando bonito, mas faltando clareza

•Desabafo de bom-humor: “Turma de bichonas!!!!”

•Chilique em família? Coincidência demais!

•Bando de Heróis: da quantidade comum à qualidade ideal

•Ao Poeta Odaci: um amigo definiu outro com franqueza e humor

•Túmulo das saudades: eternos aviadores, amigos e irmãos

BAILE DOS CEM DIAS — O ÚLTIMO DOS BAILES ..................... 82•“Pileque”: um Cadete em apuros e outro em desforra

•Quem se embriagou mais na Festa?

•Inesquecível susto de poucos detalhes

•“Último Baile” — “último porre” de um Aluno

•Valeu a pena tanta bebida, como em um sonho

•“O que é bom dura pouco” — ressalvado o lado negativo

•Flagrante com leitura labial — frustração

NOSSOS PSEUDÔNIMOS: MAIOR APROXIMAÇÃO ................... 87

NOSSAS TRIBOS — AS AFINIDADES ERAM MUITAS ................. 89•Recordações: umas variadas e outra especial

•Sintonia de grupo na hora de patrulhar

•Existem sentimentos que não têm explicação.

•Divagações acerca dos irmãos da Escola e do sonho de voar

NEM TUDO ERA BELO — HAVIAA PASSARELA DAS FEIAS ......................................................... 96•Cenário com uma versão de bons tempos

•Recordista do “concurso”

ALÉM DO PORTUGUÊS, FALAVA-SE UM DIALETO .................... 98

COMPETIÇÕES ESPORTIVAS: VITÓRIAS.................................... 102

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SAGA DE PRATA

•Muitos campeonatos foram conquistados.

•Bomba-d’água na N.A.E.

AS VIAGENS DE FÉRIAS E NOS FINAIS DE SEMANA ................. 106•Casa de colega, “porto seguro” — acolhida

NOSSOS REFERENCIAIS DA AVIAÇÃO — AV–PC ....................... 109•Voando no passado: imagens vivas com rumos diferentes

•Referências emotivas com fé em ser igual a um aviador-padrão

•Voando no passado: idéias e sonhos em grande balanço

•Jeep na Rota de Fogo: desespero e alívio, “pulando a fogueira”

NOSSOS BRIGADEIROS:PROJEÇÃO DO SONHO DE VOAR.............................................. 117•Alegria em face de carreiras bem-sucedidas

•Parabéns, emoção, amizade e realização

•Aos Estrelados de 74: mesma emoção da Copa de 70, para

brigadeiros e coronéis

•Palavras de S. Excia., Hélio: agradecimento, parabéns

e perseverança

ENCONTROS DA TURMA DE PRATA: UNIÃO MANTIDA ............ 122

MEMBROS DA TURMA DE 1974 E SEUS PQDs .......................... 123

PALAVRAS FINAIS .................................................................... 130

ANEXO (FOTOS) ....................................................................... 133

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SAGA DE PRATA

Texto básico, da Maj. QFO Silvana

A história da Escola Preparatória de Cadetes do Ar (EPCAR) teveinício em 1949, com a criação do Curso Preparatório de Cadetes doAr, a partir do curso prévio da Escola de Aeronáutica, no Campodos Afonsos, no Rio de Janeiro, considerado o Berço da AviaçãoMilitar Brasileira. Foi lá onde se germinou a idéia de se criar umcurso que preparasse convenientemente os futuros cadetes da novaforça aérea.

O contexto mundial era favorável, em virtude do vertiginoso cres-cimento do poder aéreo impulsionado pelas I e II Guerras Mundiais.A nova arma militar, o avião, exigia homens bem treinados paramanejá-la e exercia verdadeiro fascínio sobre a juventude que eraestimulada, também, pela participação do 1º Grupo de Aviação deCaça, na campanha da Itália.

Foi assim que, em 28 de março de 1949, o Presidente da Repúbli-ca, Eurico Gaspar Dutra, criou no Ministério da Aeronáutica, atra-vés do Decreto 26.514, uma organização militar similar que já exis-tiu na Marinha e no Exército: o Curso Preparatório de Cadetes do Ar,precursor da atual EPCAR. O Ministro da Aeronáutica era o Tenen-te-Brigadeiro-do-Ar Armando Figueira Trompowski de Almeida, ediretor de ensino, o Brigadeiro-do-Ar Antônio Guedes Muniz.

A chegada dos 201 jovens alunos, pioneiros do Curso Preparató-rio de Cadetes do Ar, à Barbacena, em 29 de julho de 1949, foi mar-cada por um clima de festas e solenes comemorações. Afinal tinhasido grande o empenho da classe política do Município e da suaSociedade Civil para que nele se instalasse a Escola, que, em pou-cos anos, transformar-se-ia em um dos maiores centros de EnsinoMédio do País e da América do Sul.

Antes de ocupar as instalações de Barbacena, o Curso Prepara-tório iniciou suas atividades provisoriamente na Escola Técnica deAviação, em São Paulo, no dia 28 de abril de 1949, para que o velho

Breve histórico da EPCAR

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SAGA DE PRATA

casarão de quase cem anos sofresse as adaptações necessárias parareceber os alunos.

Em 1950, foram realizadas novas obras de recuperação e mo-dernização das instalações. Dessa forma, o primeiro ano do cursofoi realizado de maio a setembro, na Escola de Especialistas deAeronáutica, em Guaratinguetá (São Paulo).

Ainda hoje, a imagem da EPCAR está associada ao imponenteprédio do século XIX, conhecido por já ter abrigado importantes ins-tituições de ensino do Império e da República. De 1874 a 1882, funci-onou no local, o Colégio Providência. Em 1883, o prédio recebeu umafilial do Colégio Abílio, do Rio de Janeiro, cujo proprietário era o Ba-rão de Macaúbas, e o Colégio Abílio transferido para Barbacena, foi oATENEU, onde foi objeto do romance de Raul Pompéia.

A partir de 1890, foi criado o Ginásio Mineiro de Barbacena, quefuncionou até 1912. Em 1913, o local passou abrigar o Colégio Mili-tar, até 1926, quando foi extinto. A partir de então, o Ginásio Mineirovoltou a ocupar as instalações até 1949, com a denominação deColégio Estadual de Barbacena. Desde o começo, vencendo os desa-fios e as adversidades, foram os pioneiros do Curso Preparatório osgrandes responsáveis por lançar as bases para que a nova institui-ção de ensino subsistisse com a missão que lhe foi atribuída e com-pletasse com sucesso os seus cinqüenta anos na virada do Milênio.

Prédio do

Comando

da EPCAR

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A partir de 1949, a tradição da EPCAR foi construída especial-mente devido ao espírito pioneiro, à decisão e ao idealismo dosoficiais que estiveram à frente da Unidade, definindo seus rumos,os seus comandantes.

A EPCAR ficou conhecida nesses quase 60 anos, não só pelanobre missão de preparar os futuros Cadetes do Ar e, por extensão,os futuros oficiais da Força Aérea Brasileira, mas também por for-mar grandes cidadãos para o País. Essa importância logo foi ratifi-cada pelas autoridades do Ministério da Aeronáutica e, em 21 demaio de 1950, pela Lei 1.105 (do mesmo ano), o Curso Preparatóriode Cadetes do Ar foi transformado em Escola. Em 1956, o cargo deseu comandante passou a ser privativo de Brigadeiro-do-Ar.

Desde o início, a EPCAR buscou um projeto de ensino voltadopara melhor preparação dos seus alunos. Visava ao ingresso noprimeiro ano do Curso de Formação de Oficiais Aviadores, realiza-do a princípio na Escola de Aeronáutica, no Campo dos Afonsos,Rio de Janeiro e depois na Academia da Força Aérea, em Pirassu-nunga (São Paulo).

Essa preparação compreende a formação intelectual, correspon-dente hoje ao Ensino Médio — a formação militar que visa a inte-grar o aluno na profissão de oficial aviador e incentivar os valores eas virtudes militares. Também a formação moral e cívica, baseadanos elevados conceitos de honestidade e lealdade, do amor à Pátriae na convicção do cumprimento do dever.

A prática desportiva tem-se encarregado de condicioná-los cedo,para o exercício da atividade de piloto de combate — o objetivo damaioria dos alunos. Tamanhas exigências fizeram com que a Esco-la buscasse uma dinâmica pedagógica, que preparasse não apenaso militar, mas o profissional e o homem integrado na sociedade doseu tempo.

Para alcançar seus objetivos, a Escola dispõe de uma considerá-vel infra-estrutura, em uma área de 472.709 m². Oferece 30 salas

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SAGA DE PRATA

de aula, 2 auditórios, cinema para 1.500 lugares, 9 laboratórios(biologia, química, física, geociências, línguas e informática) e umabiblioteca com cerca de 19.000 volumes. Também disponibiliza umhospital, serviço bancário, telefônico, de correios, ginásio, estádioolímpico, lavanderia, capela, stand de tiro, refeitórios e alojamen-tos para receber por ano até 1.000 alunos e estagiários.

Nesses quase 60 anos, a EPCAR tem cumprido a sua missão,embora sujeita a naturais ajustes condicionados pela conjunturanacional, pela política do Ministério da Aeronáutica e pela políticade Educação do País.

Em 1992, suspendeu temporariamente a formação em nível doSegundo Grau, do Ensino Médio. Em 1993, recebeu a atribuição quepermanece até hoje, de planejar e executar cursos e estágios deadaptação ao oficialato — destinado a preparar em âmbito militar,profissionais já formados que integrarão os quadros de oficiaismédicos, dentistas e farmacêuticos e o quadro complementar deoficiais.

Em 1995, foi determinada a reativação a partir de 1996, do ter-ceiro ano do Curso Preparatório d0e Cadetes do Ar; e em 1997, areativação do segundo ano. No ano 2000, com a reativação do Pri-meiro Ano, a EPCAR retornou a sua tradição iniciada em 1949, coma chegada dos primeiros alunos em Barbacena.

A EPCAR tem procurado cumprir sua missão de formar a honraras suas tradições no ensino, com os pés no passado, as mãos nopresente e os olhos no futuro.

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••16••A História da Turma de 1974 da EPCAR

SAGA DE PRATA

Comandantes1974 a 1976

Brig ArOsvaldo Terra de Faria

09/03/72 à 31/05/74

Brig ArLuiz Carlos Aliandro

31/04/74 à 06/04/76

Brig ArGodofredo Pereira dos Passos

06/04/76 à 11/04/79

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••17••A História da Turma de 1974 da EPCAR

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Grande pólo de fruticultura e floricultura, a cidade de Barbacenadestaca-se como centro de ensino e exerce expressiva influência re-gional. Barbacena fica na serra da Mantiqueira, Minas Gerais, a 169km de Belo Horizonte.

O Município, com 1.439 km2, ocupa o sítio de um antigo aldea-mento de índios puris, na área conhecida como Campo das Verten-tes; é uma região de planaltos, tem uma altitude de 1.160 m.

A “Cidade das Rosas” nasceu na cabeceira do rio das Mortes,quando os primeiros povoadores estabeleceram-se no local cha-mado Campolide, onde erigiram a capela de Nossa Senhora da Pie-dade. Em 1726, foi criado o Arraial de Nossa Senhora da Borda doCampolide, elevado em 1791 à condição de vila, já com o nome deBarbacena, em honra ao governador da capitania, Luís Antônio Fur-tado de Mendonça, Visconde de Barbacena. Em 1840, a vila passouà categoria de Cidade.

Um pouco dacidade de Barbacena

Vejamos alguns pontos turísticos daquela cidade

Viaduto da Boa Vista

(Pontilhão D. Pedro II)

Viaduto em pedras, formandotrês arcos transitáveis, dandonome a um importante bairroda cidade. Sua construção é de1880, representando um mar-co tradicional da cidade.

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••18••A História da Turma de 1974 da EPCAR

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Jardim do Globo

(Praça Conde de Prados)

Um dos mais belos cartões

postais da cidade, esta praça,inaugurada no final do séculopassado, foi construída para co-memorar grandes datas cívicasnacionais.

Escola Agrotécnica

Federal de Barbacena.

Edificação de 1910, cujo pré-dio é tombado pelo Patrimô-nio Histórico.

Igreja da Boa Morte

Mais um belo exemplo de edifi-cação religiosa. Teve sua cons-trução concluída em 1861.

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••19••A História da Turma de 1974 da EPCAR

SAGA DE PRATA

A nossa saga começou com os exames de ingresso à EPCAR.Foram meses de avaliação. Iniciada com os exames de formaçãoescolar; depois, os de aptidão física; e por fim, já no Rio de Janeiro,os exames de saúde e psicotécnico.

Serão aqui narradas — por nossos colegas (e por este organiza-dor) — passagens marcantes da nossa entrada na Escola, como,costumeiramente, chamávamos a EPCAR.

O início de tudo:Primeiras narrativas

Um moleque, suas mudanças e muita surpresa

Braga, 74-290

Apesar de ser carioca, o moleque tinha-se mudado para Brasíliaem 1971. Seu pai, funcionário público, ganhava muito pouco no Rioe a turma estava crescendo.

Com a oportunidade de melhorar o salário, ganhar um aparta-mento funcional e morar perto do trabalho e da Escola, foi-se afamília Braga para o DF.

As mudanças sociais foram gritantes. Mais tempo juntos, ou-tros amigos e uma calma de fazer inveja. Oportunidades surgirame alguém mostrou um prospecto da tal de EPCAR para um molequeespinhento, que era meio tido como aventureiro e chegado às exa-tas. Não tinha exatamente vontade de pilotar um avião, mas eralouco para saber o porquê daquilo voar.

Às voltas com uns livros antigos de matemática, descobriu ageometria, aritmética e álgebra, partes de uma matéria, que nuncaimaginou servir para algo mais do que dar trabalho para tirar notana escola.

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De qualquer forma, o moleque passou para a tal EPCAR. Isso lhecustou dar umas voltas em uma pista de atletismo, subir corda,coisa que só tinha feito nas “sacanagens” de rua, saltar a tal dedistância linear, além de outras acrobacias. Até aí, o garoto levavana maior brincadeira, como se tivesse em uma gincana ou disputa,onde não haveria perdedor.

Veio uma informação de que haveria o tal de Cemal no Rio. Pen-sou: “Isso é mal!”. A grana meio curta lhe jogou dentro de um ôni-bus e foi ter guarida no velho apartamento da avó, lá, em Guadalu-pe. Não imaginava o cara que iria conhecer tanta gente de lá, pes-soas que lhe dariam motivos para rir e para se emocionar muito.

Em uma confusão de exames, passou antes por Barbacena, parafazer o tal de psicotécnico. Perguntava ao grupo para que servisseaquilo, sempre na espreita de ser reprovado por não saber algo.Diziam que era para reprovar os loucos. Louco não entrava. Pen-sou: “e quem pilota?”.

Depois é que veio uma passagem pelos Afonsos. Encarou rapi-damente pelo alojamento e um rancho “maravilhoso”. Olha que elejá tinha passado fome na vida, mas aquela gororoba estava dana-da. Foi salvo por um telefonema para a tia. Jogou-se na casa da avóe partiu para os tais exames no Cemal.

Amigo, era uma bateria de botar inveja até na Nasa. A coisa nãoparava e o que marcou foi a tal de voz que saía de um alto-falanteescondido, convidando o candidato para comparecer na Junta. Esseestava lascado e não voltava mais.

Foi laboratório, foi vista, era ouvido, ficava nu, com aquele chei-ro de chulé e outras coisas, era uma zona. Ao final do dia, a fome eo cansaço já tinham dominado o ser. Fez-se a noite e nem haviaimaginado poder ser reprovado em algo.

O golpe veio numa manhã daquelas. Havia a tal restrição daPsicologia, ou algo parecido. Nem deu tempo de dar tristeza. A von-tade de voltar para Brasília era grande. O que tinha ido fazer no taldo Rio? Já não tinha saído de lá? Não estava bem em Brasília. Oque estava inventando. “Caceta”!

Ordens às “cacetas”! Arrumar as malas e voltar. Ligação para a

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SAGA DE PRATA

mãe e... bom, a mãe! Aquele ser só disse o seguinte: “Me espere,que estou chegando”. Diante do argumento de que era aquilo queeu queria e não podia desistir, lá fomos de volta para a tal Junta dotal Cemal. A explicação era seca sobre a falta de alguma coisapara a vida militar, mas cabia o tal de Recurso.

Depois de descobrir como se fazia isso e encarar outro examecom um Psicólogo civil, fazendo tudo totalmente diferente do quetinha passado, voltamos com um parecer contrário. Não sei porquecargas d’água, vontade do destino, o recurso foi aceito e aprovaramo moleque. Nessa brincadeira, muitos dias ou semanas se passa-ram e a ida para a EPCAR foi atrasada.

Ao entrar na Escola, o moleque é indicado a ir para um aloja-mento e vê um monte de “soldados”, todos com aquelas roupasgrossas azuis e de botas. Todo mundo com a cabeça raspada, masos rostos, aqueles rostos, eu os conhecia. Não podia ser! Era a ga-lera lá dos exames. Estavam lá, quase todos. Que legal.

Entrando lá, o garoto ganhou um armário, uma cama num beli-che, um monte de uniformes que saíam por um buraco da parede,uma esperança, uma vida. “Nunca se sentiu tão feliz de ter um es-paço só dele, apesar de ter mais uns 300 irmãos.”

Lá dentro, aí foi outra história!

Lembrança de exames, do trem e do mar

P. Oliveira, 74-177

Lembro-me bem daquele período de psicotécnico em BQ. Fica-mos semanas, esperando a aplicação do exame (que fora feitopelo Ten. Pfaltzgraf), seu resultado e o exame médico. A comida eraa mesma todos os dias: “FAB” - feijão, arroz e bife.

Um dia, enchemos o saco e pegamos um trem de volta para SãoPaulo. Éramos uns quatro, lembro-me bem do Nóbrega. Viajamosnaquele trem durante 16 horas.

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••22••A História da Turma de 1974 da EPCAR

SAGA DE PRATA

O trem passava por Volta Redonda antes de ir para SP. Chegan-do lá, ainda tive mais 6 horas até Bauru. Nem precisa dizer queestávamos todos duros. Voltamos alguns dias depois e nem tinhamnotado nossa ausência. Depois fomos pro Rio, para o exame noCemal, naquele ônibus azul. Lembram?

Chegamos ao Rio quando anoiteceu. Acreditem, foi a primeiravez que vi o mar. Mesmo à noite, foi uma imagem que até hojeestá vívida.

A estada nos Afonsos é outra história.

Viagem, detalhes, novidades e percepção

Washington, 74-015

Fiquei sabendo que oavião C-115, o famo-so Búfalo, fez sua últi-ma missão na FAB ago-ra, dia 12/03/2008. Issome fez recordar aquelamemorável viagem deFortaleza para o Rio,com objetivo de fazer osexames do Cemal. Para mim, tudo era novidade: o primeiro vôo, aprimeira viagem, saindo do Ceará e os primeiros contatos com pi-lotos da FAB. Com aqueles macacões amarelões, cor de abóbora.

Lembro-me de todos os detalhes; até o cheiro do combustívelainda sinto (nas narinas) e o barulho típico do revés das hélices,quando do pouso. Era uma manhã de dezembro, daquelas bem tí-picas do Nordeste: quente e com muita claridade. Fui eu com outroscandidatos, rumo ao Rio de Janeiro, fazendo escala em Recife, Sal-vador e Caravelas. Aquele banco de tiras, o barulho da rampa, umsanduíche de queijo frio e um sargento mecânico, fazendo a vistoria

Cartão de Inscrição à EPCAR

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••23••A História da Turma de 1974 da EPCAR

SAGA DE PRATA

da bagagem e outras atividades. Nada passava sem meu olhar aten-to, apesar da minha timidez e aquele ar de garoto humilde.

Lá fui eu, cortando os ares, com uma mala nova comprada paraaquela ocasião, tão grande, desproporcional ao que eu levava. Pen-sava ela que seria descartada ou talvez não tivesse uma segundaviagem. Ledo engano! Ela teve de me agüentar por vários anos, atéconseguir uma nova companheira, de cor preta e bem menor, a nossavelha maleta da EPCAR.

Cheguei ao Rio, Galeão. Tinha uma Kombi a nossa espera quenos conduziu direto ao Campo dos Afonsos — chegando lá, com solalto, mas já era quase hora da janta. Aquilo me chamou muito aatenção, olhava o relógio, era 19:00h e nada de noite. Foi quandodescobri o horário de Verão.

E assim foi mais um nordestino para o Sul, nas asas do C-115,hoje, o mais novo “aposentado” da FAB.

Avião Búfalo, C-115

Eram tempos difíceis: nós (candidatos), ditadura...

Celso (Xuxu), 74-300

Lembrei também quando ainda éramos candidatos lá nos Afon-sos. Eu e outro colega quase tomamos tiros da sentinela por estar-mos andando pelo pátio dos aviões. Lembra?

Era uma época difícil da Ditadura (1974)...

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••24••A História da Turma de 1974 da EPCAR

SAGA DE PRATA

Passado o período dos exames para ingresso na Escola, veio arealidade e vieram as mudanças. E como foram muitas!

Tudo era novo para aqueles jovens, saindo do aconchego de seuslares, de suas cidades, com pouco mais de quinze anos de idade.Vejamos algumas passagens daqueles primeiros dias.

A saga continuava.

Os primeiros dias de EPCAR:Tudo era novidade

Primeiros dias de EPCAR - Soares, Fazenda e Paulinho

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••25••A História da Turma de 1974 da EPCAR

SAGA DE PRATA

Tumulto e sufoco logo no primeiro contato

Odaci, 74-318

Não sei se lembram mais a primeira tarde em que chegamos aBQ, todos de trajes civis, no pátio da Bandeira.

Lembro-me do Sargento Ailton e do Ten. Duque. Este mandouque todos tirassem os sapatos, tênis, enfim, seus calçados e meias.Depois disso, falou que “o último a chegar ao muro do Pátio dasPaineiras, pagaria vinte” ou coisa parecida. Tínhamos de ir e voltar,naquela desabalada carreira. Lá, fomos nós; quando voltamos, to-dos os calçados estavam amontoados e misturados. Foi uma “zor-ra” para encontrarmos os pares.

Foi assim nosso primeiro contato, o coração quase saindopela boca.

Escolha do nome de guerra: alusão a um colega

Washington, 74-015

Foi uma expectativa, nos primeiros dias, para receber o númeroe a definição do nome de guerra. Ocorreu em uma reunião, no audi-tório, que também era o cinema.

Daquele episódio, só me lembro quando me perguntaram qual onome de guerra que eu gostaria de ter. No mesmo dia, o Geremiasme procurou para eu ceder o nome de “Washington” para ele. Lem-bro-me do argumento dele: ”Não gosto de Geremias nem de Espíri-to Santo”, o sobrenome dele.

Não cedi ao seu argumento, mas fiquei com a sensação de tê-lomagoado. Nem por isso deixamos de ser bons amigos. Ele é umadaquelas pessoas que tenho em boa conta.

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••26••A História da Turma de 1974 da EPCAR

SAGA DE PRATA

Licenciamento suspenso, união consolidada

Rios, 74-325

Na quarta-feira, dia 30 de abril de 1974, resolvemos fazer uma

faxina no nosso alojamento. Aquela faxina constou, basicamente,

de uma lavagem onde utilizamos apenas sacos plásticos cheios de

água. Isso viria a ser chamado de “bomba-d’água”.

Como nossos superiores não entenderam a nossa nobre inten-

ção, ainda não sabiam que aquela Turma seria a melhor e a mais

unida que a EPCAR já teve, resolveram nos colocar em forma no

Pátio da Bandeira, já passando das 11:00 horas da noite. Ali,

puderam ver, pela primeira vez, um fato que seria repetido inú-

meras vezes.

Refiro-me ao espírito de amizade e companheirismo da Turma

de Prata. Ao sermos questionados sobre quem teria feito aquela

“faxina” no alojamento, nenhum de nós se manifestou e, o mais

importante e significativo, ninguém acusou ninguém.

Muito embora soubéssemos quem tinha começado e também

visto quem participou ativamente da Guerra D’água, ninguém, ab-

solutamente, ninguém “alcagoetou”.

Resumo: Todos, literalmente todos, tiveram o licenciamento

do feriado do dia 1º de Maio suspenso. O pior foi que, naqueles

dias, estava acontecendo a festa na Basílica de S. José Operário

— festa essa que seria a primeira onde iríamos conhecer as ga-

rotas de Barbacena.

Ficamos com o Licenciamento Suspenso e o final de semana

perdido. Mas, naquela ocasião, começaria a ser forjada a amiza-

de e o sentido de grupo jamais visto em toda a história de

BQ e que se estende até os dias atuais (grifo do Organizador

desta obra).

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••27••A História da Turma de 1974 da EPCAR

SAGA DE PRATA

Foram tantos os nossos mestres, como costumeiramente cha-mávamos os nossos professores. De todos eles, tiramos lições, mastambém, muitos deles foram motivos de muita gozação, apelidos,piadas e admiração. Veremos algumas passagens inusitadas quenos enchem de saudade.

Pessoas importantes, além dos professores, em nossa época,também serão destacadas.

Aos nossos mestres:carinho, homenagem

Mestres que “sofriam” na mão de alunos

Américo, 74-020

Lembram o Professor Possas, de Português?Usava aquele terno panamá, todo amarrotado. Os garranchos

do cara eram ilegíveis. Ele escrevia no quadro as páginas que tínha-mos de ler no livro, e ficava lendo revista.

E quando houve a Exposição Oral e Escrita? O Lampert escolheuum livro que é best-seller até hoje: “O corpo fala”. A gente tinha defazer duas fichas de aula: uma para aluno e outra para o professor.Quando o Professor Possas recebia a sua ficha, ele a jogava pracima e não via “porra” de apresentação nenhuma. E abria a revistapra ler. A sala ficava na maior “zona”. Guerra de giz e o “escam-bau”, entremeada por aquela risada escrota e debochada do Pena...

E o Professor Enéas, o Fóssil. Lembram?A cola era afixada com durex na parte de trás do jaleco ou do

paletó dele. Ele passava cola para todo mundo sem saber.Os Mestres sofriam nas mãos daqueles “delinqüentes”.

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••28••A História da Turma de 1974 da EPCAR

SAGA DE PRATA

Tirada de um mestre com leveza e humor

Ricardo, 74-053

O Mestre Fóssil, Prof. Enéas, tinha umas boas tiradas para secontrapor às besteiras ditas por alguns de seus alunos.

Certa feita, na aula de Biologia (era essa a matéria que ele ensi-nava), chegou a vez de falar no pH de algumas substâncias, e eleperguntou à turma se alguém sabia o que era pH.

O Johnson, 74-292(onde é que anda ele?)respondeu: “pH é papelhigiênico”.

E o mestre Enéas: “Meu filho, com o que você tem na cabeça, não pode pensar em

outra coisa”.A sala caiu no riso.

Constrangimento de um jovem, na sala de aula

Era muito gostosa mesmo...Para nós, jovens e inundados de testosterona, era ao mesmo

tempo um colírio para os olhos e também uma tortura, algumas denossas professoras.

Lembro-me bem de uma professora de Português, de curvasgenerosas. Estávamos no primeiro ano. Passei um “baita” de umconstrangimento ao final de uma aula. Ao ser encarado por ela,de “barraca armada”, ao me levantar (lembram-se? tínhamos queficar em posição de sentido, de pé, quando o mestre entrava ousaía da sala?). A ridícula calca de brim azul-baratéia, desbotadae mais folgada que luva de maquinista —, tornava aquela cenaliteralmente grotesca.

EPCAR homenageia o Professor Baumgarth.

Fonseca, 74-326

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••29••A História da Turma de 1974 da EPCAR

SAGA DE PRATA

Escola Preparatória de Cadetes-do-Ar (EPCAR) prestou home-nagem ao professor Tião Baumgarth, falecido recentemente. Nosábado, 12 de janeiro de 2008, as cinzas do professor foram solene-mente espalhadas no Jardim de Alá, um espaço de convivência dosalunos da Escola.

A cerimônia foi realizada com a presença da viúva do profes-sor, Rosa Baumgarth, e de sua filha Ivana, e pelo Comandante daEscola, Brigadeiro-do-Ar Alvani Adão da Silva, além de alunos eprofessores.

O professor Baumgarth, por décadas, prestou relevantes servi-ços à Força Aérea Brasileira, notadamente à EPCAR. Destacou-seem competições esportivas como professor de Judô, e após desvin-cular-se da área esportiva, passou a lecionar a matéria de DesenhoTécnico, sendo sempre um exemplo por sua dedicação à transmis-são do Saber.

Influência do Francês na minha vida

Américo, 74-020

O Monsieur Phillipe está morando aqui em Juiz de Fora há maisde dez anos. Ele recebeu o visto consular de permanência e casual-mente o recebi na PF para registrá-lo como Permanente.

Na época, eu trabalhava no setor de estrangeiros e passaporte.Quando o vi, comecei a arranhar o Francês de BQ. Ele ficou muitofeliz. De vez em quando, nos esbarramos por JF.

Ele está casado com uma brasileira, e mora no prédio do Ita-mar Franco.

A última vez em que nos encontramos, foi na emergência doMonte Sinai, quando falei pra ele que já tinha Brigadeiro na Turma.Ele vibrou muito, mesmo deitado em uma cama da emergência. E,como um bom francês, ele ainda fuma “pra caralho”.

Essa, inclusive, foi uma das principais influências que recebi dacultura francesa e pratico até hoje.

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••30••A História da Turma de 1974 da EPCAR

SAGA DE PRATA

Quem se lembra desta lição de Francês?

Qual é Autor???

LEÇON 1 – Présentation

Présentatrice: Voilà Monsieur Thibaut. Voilà Madame Thibaut. Présentatrice: Bonjour, Monsieur. Monsieur Thibaut: Bonjour, Mademoiselle. Présentatrice: Vous êtes Monsieur Thibaut ? Monsieur Thibaut: Oui, je suis Monsieur Thibaut. Vous connais-sez ma femme? Présentatrice: Bonjour Madame. Madame Thibaut: Bonjour Mademoiselle. Présentatrice: Entrez, s’il vous plait. Madame Thibaut: Pardon. Présentatrice: Asseyez-vous. Monsieur Thibaut: Merci. Présentatrice: Je vou présente monsieur Thibaut et madame Thi-baut. Monsieur Thibaut est français. Présentatrice: Vous habitez à Paris ?

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••31••A História da Turma de 1974 da EPCAR

SAGA DE PRATA

Monsieur Thibaut: Oui, j’habite place d’Italie, à Paris. Présentatrice: Monsier Thibaut est ingénieur...

Momentos constrangedores causados por um professor

Aquino, 74-013

Algumas passagens são impossíveis de serem apagadas damemória. São momentos únicos que somente os que vivenciarampodem aquilatá-los. E não voltam mais.

Na nossa Turma B, houve uma passagem com um professor deQuímica — se não me engano, foi o Ayres Pinto — o qual fez umapergunta que nem criança faz, com enorme falta de tato e grosse-ria, eivada de preconceitos que ainda hoje me admirater ouvido e que foi um divisor de águas na minha “leitura” da vida.Permita-me, caro Fazenda, repetir essa baixaria cometida, quandoo citado professor perguntou ao nosso querido amigo se o nomedele era Sebastião ou Benedito. Com altivez, o nosso Fazenda res-pondeu alto e em bom tom, Milton, professor, Milton! O professornão sabia onde enfiar a cara; foi um mal estar geral. O Fazenda foisuperior e deu uma lição inesquecível!

Já no caso do Chat Noir, essa foi a primeira vez que eu vi umnegão ficar corado. A professora acariciou seu “Bombril”, curtinho,e aí ele ficou sem palavras.

Saudosos Instantâneos, mas é preciso relatar para nãoesquecer.

Essas histórias não podemdeixar de ser contadas!

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••32••A História da Turma de 1974 da EPCAR

SAGA DE PRATA

Palavras engraçadas

Quem não se lembra do Ten. Onei? Acho que todos lembramdaquelas suas palavras, em uma voz alta e rouca:

“Atenção us bunecu da reta...e antes de ir para o stand de tiro...os alunos que vai dar tiro...raaatificando os alunos que vai dar tirosssss...”. Inesquecível...

Carinho com uma “protetora espiritual”

Washington, 74-015

Isabelinha,Quem não teve um carinho especial pela nossa Isabelinha? Aquela

mulher de voz rouca, de buço destacado e com um bigodinho. Eranossa protetora espiritual na Cidade, por assim dizer, pois não can-sava de nos acariciar com suas palavras de fé.

Como era gostoso ouvir, ao passar nas ruas de Barbacena, aque-las frases em forma de oração: “Meus passarinhos azuis. Azuis comoo manto de Nossa Senhora”. Os pássaros éramos nós, alunos far-dados.

Não havia quem deixasse de dar uma atenção àquela senhora,de ar culto e voz firme. Comentava-se que tinha sido professora najuventude. Ela tinha um quê de mistério. Sempre andava só, não setratava de uma pessoa carente. Respondia sempre às nossas per-guntas de forma atenciosa.

Certa vez, até um tanto indelicado, perguntei qual era sua idade.Ela olhou para mim, deu um sorriso e respondeu em um tom

profético:

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••33••A História da Turma de 1974 da EPCAR

SAGA DE PRATA

“Sou muito antiga, meu filho. Sou do tempo de Matusalém”.

Eu poderia ter ficado sem essa resposta, mas valeu para conhe-cer a sagacidade daquela velha senhora que deve estar lá no alto,olhando pelos seus “passarinhos azuis”.

Washington, Isabelinha, Nóbrega e Pompeu. Encontro dos 20 anos

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••34••A História da Turma de 1974 da EPCAR

SAGA DE PRATA

Havia muita brincadeira, descontração e amizade. Mas, havia tam-

bém umas coisas de mau gosto que constrangiam muita gente.

Uma delas era o roubo de cobertores, pelo que terminava al-

guém pagando em triplo, na “forma da lei”, aquelas peças do enxo-

val, recebidas para uso a cada ano.

Como toda boa saga, não só tinha boa coisa. Vejam a narração

de alguns desses episódios.

Roubo de cobertorese vítimas da noite

Noite de vítimas e de risos; alusão póstuma

Bádue, 74-079

Lembro bem daquela noite, final do ano de 1974, a semana naqual devolvíamos a roupa de cama. Foi nessa época quando mui-tos colegas amarravam o cobertor na cama para não ser vítimado rouba-rouba durante a noite e nem ter de pagar por três, naforma da lei.

Pois é, eu tinha acabado de ser uma vítima porque não tinhaamarrado o meu cobertor no beliche. Fiquei acordado, um tantoentristecido, quando um colega passou e me perguntou o que tinhaacontecido.

Quando terminei de explicar, ele logo falou: “Deixa comigo: as-sim que eu passar correndo, vou deixar um cobertor no seu belichee vou vazar rápido. Portanto, finja que está dormindo”.

Não demorou dois minutos e ouvi um “baita” barulho, vindo dopombal... Nem sei quem estava de plantão no alojamento, maspercebi que alguém vinha correndo em direção ao meu beliche e um

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••35••A História da Turma de 1974 da EPCAR

SAGA DE PRATA

cobertor foi jogado nos pés da cama, enquanto o seu vulto avanta-jado desaparecia na escuridão. Eu me cobri e quase não podia meconter de vontade de rir.

Percebi logo depois que a vítima da vez era o Borges, nossogrande e saudoso amigo. Ele, então, veio ciscando de cama emcama para saber quem foi o ousado que tomou seu cobertor, o qualestava amarrado e quase desmontou seu beliche. Tenho certeza deque, lá no Céu, ele já nos perdoou.

Drama da alma e pedido de desculpas

Washington, 74-015

Tenho em minha mente um filme que passa, sempre que o as-sunto é roubo de cobertor.

Certo dia, no 2ª ano, roubaram meu cobertor. Foi então que co-meçou o meu drama. Ficar no frio? Pagar três no final do ano? Ou aoutra opção: continuar o ciclo, roubar de outro colega? Isso aindame dói na alma... Praticar um furto na calada da noite. Tirar de umapessoa que dormia o sono dos justos, algo que lhe aquecia.

Mas, não tive alternativa. Tomei a decisão: vou furtar. Foi entãoque puxei um cobertor. Foi com tanta força que quase derrubo o seudono, do beliche, do 2º andar. Saí correndo feito um louco, com ocoração a mil. Lembro-me bem: foi um colega do “pombal”, a mi-nha vítima.

Como foi difícil aquela noite! Acho que não dormi mais. Passeivárias noites sem usar o cobertor — temendo passar pela mesmasituação.

Esse foi um fato que mexeu comigo; fui forçado a me violar. Masaté isso nos serviu. Foi uma aventura.

Desculpe, meu amigo anônimo, surrupiado na calada da noite.Talvez você tenha feito a mesma coisa, na noite seguinte.

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••36••A História da Turma de 1974 da EPCAR

SAGA DE PRATA

Tristeza e solidariedade seguidas de riso

Cardoso, 74-277

Era 1975, 2º ano Epcariano. Retornava ao alojamento altas ho-ras. Estávamos em período de provas e encontrei um companheiro— não me lembro bem qual era: talvez o Almeidinha ouMirandinha(não é o Machado)ou qualquer outro do jeito deles.

O que mais me tocou foi o fato de ver a tristeza daquele “mole-que” com o roubo do seu cobertor na calada da noite, de sua cama.Eu, solidário como sempre, tentei ajudá-lo. E lá fomos nós, vimosum cobertor enrolado no corpo de outro companheiro; cada um se-gurou de um lado, contamos até três e puxamos juntos. Não conse-guimos o cobertor, mas derrubamos o Jucilane (coitado). Só desco-bri quem era porque saí por uma porta do alojamento e entrei poroutra e pude perceber (quem era). Logo depois, ele estava, àquelahora da noite, massageando a “bunda”. Ele deve se lembrar dessefato. Por incrível que pareça, eu também não consegui dormir. Narealidade, eu não parei de rir.

Momento de cuidados e de pequena perda

Naqueles tempos idos, depois de perceber que seria vítima dofurto de cobertor, passei a dormir somente com um lençol e amar-rado na cintura com um cordão grosso, do estilo de rede.

O plantonista, na manhã seguinte, disse que três vezes al-guém puxou o tal lençol. Eu me sentava assustado, depois volta-va a dormir.

Confesso que nem lembrava pela manhã o que fiz, mas, enfim,eram noites de agonia, porque, pela regra, o que você não entrega-va no almoxarifado, tinha de pagar três. Lembram essa regra?

Mas, no final, saí no lucro; só perdi uma toalha de banho,hahahahahaha, Viu como eu era esperto? Rsrs.

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••37••A História da Turma de 1974 da EPCAR

SAGA DE PRATA

Vocês se lembram da Guerra do Yom Kipur — aquela onde o

Egito e a Síria invadiram Israel, em pleno Ramadã, dia santo judai-

co, em 1973?

Imaginem também uma cena de guerra, com quase 350 solda-

dos, em plena Páscoa, atirando um contra os outros.

Nessa guerra, não havia exércitos definidos nem bandeira e nem

pátria a ser defendida. Foi assim que aconteceu uma das memorá-

veis batalhas de nossa Turma. Completando esta cena e tornando-

a mais cômica, os projéteis eram ovos de chocolate. Assim se su-

cedeu, sem vencedores, mas eivada de muitas gargalhadas e al-

guns hematomas.

Vejam que epopéia!

Guerra da páscoa:os projéteis eram ovos

Era dureza comer chocolate!

Braga, 74-290

A Turma deve, com certeza, lembrar-se daquela primeira sema-

na de Páscoa, em que recebemos uns ovinhos de chocolates no

rancho, duros feitos cacete. Ninguém conseguia comer.

Um iluminado começou a jogar a “porra” do ovinho no outro e

começou uma guerra. Foi parar no alojamento. Houve

janela quebrada. Foi uma “zorra” total. Que zona a gente fazia, e

era uma instituição militar. Imagine se fosse um conservatório

desses por aí.

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••38••A História da Turma de 1974 da EPCAR

SAGA DE PRATA

Guerra de ovinhos — iniciativa do “Vovô”?

Reinaldo, 74-082

O Braga conta bem a guerra de ovinhos. (Nem sei se aquilo era

ovinho de Páscoa; parecia mais bolinha de gude, ou de rolamento,

coberta de chocolate da Neugbauer. Eta chocolatinho “rim”!)

O Brigadeiro da época, que tinha um filhinho estudando no 3º

ano, foi o comandante mais pão-duro que tivemos em BQ. No pri-

meiro ano, tivemos o Brig. Terra de Faria, um gentleman; no tercei-

ro, o Brig. Godofredo Pereira dos Passos, outro muito gente fina;

vinha de Washington, extremamente vibrador.

O iluminado que iniciou a citada guerra foi o Vovô, e o fazia,

xingando a todos, de maneira mais desleal possível. Chamava pelo

nome e atirava os ovinhos (ou projéteis de bolinhas) diretamente,

quando o chamado era atendido. Detalhe: ele, o Vovô, estava de

capacete, todo torto. Era o mais velho de nossa turma.

Lembro-me bem que eu estava ao lado do Britum e nos protegí-

amos com as portas dos armários; só ouvíamos os zunidos dos

projéteis, batendo nas portas, nas paredes e em todas as partes do

alojamento.

O elemento Vovô continuava a chamar pelo nome e quem res-

pondia ou se apresentava tomava um “teco” de projétil de choco-

late. E nesse instante, o Vovô chama o Britum pelo nome e o

mesmo se vira; lá vinha um tiro daqueles. Eu ainda avisei ao

Britum, para se abaixar. O projétil de chocolate bate na parede

dos fundos de nossos armários e cai no chão. De tão duro e ruim

não se desintegrava.

O Britum, imediatamente se municia de vários projéteis de cho-

colate e chama o Vovô. Ele estava atirando em outra direção, no

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••39••A História da Turma de 1974 da EPCAR

SAGA DE PRATA

momento em que se vira, o Britum atira e por obra do “capeta”, o

tiro acerta o capacete do Vovô, fazendo subir para a parte superior

das vidraças. De tanta força que o Britum atirou que o ovinho so-

mente perfurou a vidraça — deixando um furo semelhante ao de

uma bala real.

E todos, nesse momento, abaixaram-se ao mesmo tempo, fe-

chando os seus armários, em face do ovinho ter ido para fora do

alojamento, e caído na rua.

Doce lembrança: “capetinha” injustiçado

Figueiredo (Vovô), 74-116

Em quase todas as histórias contadas aqui, eu entro como o

“capetinha”.

Fui acusado de ter iniciado a “Batalha da Páscoa”, quando ape-

nas revidei a um ataque traiçoeiro do qual 99% da Turma partici-

pou. Essa foi muito legal! Como diriam os oficiais que nos coman-

daram à época: “Trata-se de uma liderança negativa”.

Lembro também que, sempre que eu entrava no alojamento (1º e

2º anos), gritava: “Atenção, alojamento!” — dizendo em seguida:

“Tô puto pra caralho”. Sempre, religiosamente sempre, algum gai-

ato respondia um sonoro: “Foda-se”! Isso era uma rotina e muitos

passaram a gritar a frase ao entrar no alojamento. Até “encher o

saco”. Lembranças, doces lembranças.

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••40••A História da Turma de 1974 da EPCAR

SAGA DE PRATA

Imagine você sair de sua casa pelo quintal, saltando o muro dos

fundos e retornando da mesma forma. Não foi masoquismo, não,

era a única forma de sair da Escola quando não era permitido, na-

queles dias ou em hora proibida. Nada impedia que um bom grupo

de alunos fizesse esse exercício, ativasse a adrenalina e desse um

VI (pronuncia-se “vê-í”).

Foram muitos os motivos que nos levavam a essas aventuras:

dos mais banais aos mais loucos e nobres. Por amor, era bem fre-

qüente, éramos amantes eivados de testosterona. Era comum sair

para relaxar, sair daquela rotina, principalmente, no 3º ano.

Todas essas saídas “ilegais”, mas legítimas pela nossa ótica e

por uma boa causa, chamávamos de VI. A tradução de VI é duvido-

sa, entretanto virou instituição na EPCAR.

Vejamos alguns desses episódios.

“Vôo por instrumentos”(VI): aventuras

Tentativas atrapalhadas

Ricardo, 74-053

VI(Vê-í), eu só dei no terceiro ano e foram vários. Emalgumas quintas-feiras, eu e o Ruiz (74-141) dávamos VI e íamospara a cidade. Na volta, passávamos numa padaria que ficavaperto da estação de trem, onde comíamos um pão quente acompa-nhado de um refrigerante supergelado.

Para registrar, tenho uma fotografia, dando um VI para ir assis-tir a um show de Vinícius de Moraes e Toquinho. Nunca tinha ouvi-do falar neles. Gostei do show e passei a acompanhar a carreira deambos. Na volta, ao pular o muro para dentro da Escola, havia

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SAGA DE PRATA

uma sentinela no local (uma casa perto do H-8) que tomou umsusto e quase me acerta com a baioneta calada no fuzil.

No terceiro ano, havia um pessoal que dava VI na quinta-feira, afim de viajar para suas casas e colocavam as carteiras e cadeirasno banheiro, no prédio do Bob’s. Resolvi fazer o mesmo para via-jar com destino ao Rio (lembre-se que sou arataca) e quando fuicolocar a minha carteira e cadeira no banheiro, já tinham tantas láque eu desisti de fazer a mesma coisa. Achei que ia dar m... e queos chefes de turma, que “acochambravam” os colegas iriam acabartambém se dando mal. Naquele fim de semana, terminei ficandoem BQ, como na maioria das vezes.

Uma dúvida que paira no ar

Da Costa, 74-302

Quem começou escondendo a carteira no banheiro, em cima doBob´s, foi o 74-056, Oswaldo, pois todos os dias da semana, eledava VI e ia dormir na casa dele, retornando no dia seguinte nointervalo entre a 2ª e a 3ª aula, pelo Hospital.

O interessante é que, depois de formado em Medicina, ele re-tornou à FAB como oficial médico (oftalmologista) e foi servir naEPCAR. Fica a dúvida: ele pegou algum aluno, dando VI no mesmoponto onde costumava “pular o muro”?

A PA também era amiga

Chambarelli, 74-100

Eu já contei um “causo” de um VI meu e do grande Gil e o Gün-ther? A PA nos parou e o Sargento que comandava nos liberou, atécorrer ao muro de volta (22h de domingo).

Foi quando o 3ºano ficou sem poder viajar por causa de compe-tição com o Colégio Militar do Rio. Quem guardou?

Mostra que a PA era também amiga, falou!

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SAGA DE PRATA

Ponte para o VI

Santiago, 74-303

Todos tinham de passar pelo Apreto; era por ali que dava VI.Pois era o AP mais próximo do muro dos VIs. Quanto aos componentes do Apreto, eles não foram tudo o que

gostam de comentar. Existe muita propaganda enganosa nesta es-tória. Eu me lembro de uma noite quando, junto com Bacci e outros“anjinhos”, invadimos o Apreto e enchemos-los de bomba-d’água.A operação foi um sucesso total.

Sobre o APreto, eu me lembro dessa invasão. Mas eles vão ne-gar, você vai ver(citação do Machado).

Adendo: APreto foi um apartamento no H-8 (Hotel para 8 pesso-as, só no 3º ano) onde só habitavam os afro-descendentes de 74,para nós, os nossos crioulos, com todo carinho.

Membros do AP- Preto - Zanoni (segundo), Fazenda, Brito, Ulysses e Vasconcelos (atrás)

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SAGA DE PRATA

Peripécias, punição e muita sorte

Paulo Oliveira, 74-177

Falando em estórias de VI, também fiz minhas peripécias. Fal-

tando menos de dois meses para o término do 3°

ano, o Cel. Sampaio me deu 2p, em uma audiência ao vivo em alto

e bom som no cinema, perante todo o Corpo de alunos. Foi graças a

uma pré-coma etílica que tive durante a festa dos nossos últimos

cem dias (a festa foi em uma quinta-feira à noite).

Minha última golada de “pinga” foi-me dada pelo pai Santana,

74/255(Júlio César). Quem não se lembra dele? Depois apaguei. O

pessoal do meu AP (Américo 74/020, Santana 74/064, Ronald 74/

155, Muniz(saudoso) 74/163, Mendonça 74/221, Afonso 74/250 e

Luis, o Tibaux, 74/262), devem se lembrar disso, pois passaram o

maior aperto comigo. Graças ao Muniz (que Deus o tenha!) termi-

nei o curso. Logo após a minha alta, na sexta-feira pela manhã,

convencido pelo Vovô, que também estava saindo do Hospital, de-

mos VI e viajei para o Rio, de carona; já fazia isso desde o 2º ano.

Antes deixei um recado no armário do Muniz, pedindo para que

me “acochambrasse” na Instrução Militar e revista de licenciamen-

to. Retornei na segunda-feira, chegando de VI na madruga. Che-

gando ao AP, encontrei o Muniz fardado: estava tirando o serviço

que era meu, “na moita”. O Cabeção e demais Oficiais do nosso

Esquadrão não perceberam o golpe, e eu não sabia que estaria de

serviço naquele final de semana.

Enfim, a minha punição só foi pela “manguaça”. Se tivessem

descobertas as outras me..., eu seria desligado.

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••44••A História da Turma de 1974 da EPCAR

SAGA DE PRATA

São muitos os inspirados e afeitos a versos e prosas em nossaTurma. Havia concurso de poesias na EPCAR; o do Dia das Mãesera o destaque.

Em 1975, o vencedor desse concurso foi o Arnaldo, 74-114.Mas, ao longo do tempo, surgiram outros poetas, ou melhor,

revelaram-se, pois não se faz um poeta no abrir e fechar de umaporta. Então, vejamos a grande revelação nessa arte, o Odaci, nos-so poeta de todos os temas, como veremos a seguir. Temos aindapreciosidades escritas pelo Gilnei, Maurício e outros.

Os temas e conteúdos dessas poesias e prosas são todos liga-dos diretamente às nossas experiências como aluno e como com-panheiro de jornada.

Conheçamos alguns exemplos dessa arte.

Toque de silêncio: saudade com

esperança de reencontro

Odaci, 74-318

Ao escutar o toque de silêncio,Bate a saudade e muitas vezes pensoNaquelas noites cansadas,Quem dera,Voltar de novo àquela primavera. Passa o tempo e jamais esqueçoQuantas corridas fiz, Não sei se a felicidade mereço, Mesmo assim, ali, era feliz.

Nossos poetas etrovadores: preciosidade

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••45••A História da Turma de 1974 da EPCAR

SAGA DE PRATA

Hoje com sono e numa espera,Sonhar de novoCom aquela primaveraQue já passou, foi tudo que tanto quis. Reencontrando todo aquele povo,Mas, se pudesse começar de novo,Faria tudo igual desde o começo.Estou feliz. Será que mereço? A criança pode achar quimera.Ah, se eu pudesse lá voltar, quem dera.Como muitos, não acharia ruimOuvir de novo o toque do clarim. No silêncio, na fria madrugadaAmanhecer naquela alvoradaQue traz saudades pra ti e pra mim.Mas, se jogou no toque um borzeguim. E foi assim o último amanhecer.Se cada um de nós, um dia esquecerDe voltar no tempo de nossa estrada,Ainda sim teremos muitas alvoradas.

Toque de silêncio II: reflexo de uma declaração

Cardoso, 74-...

Olha o que fez tua declaração,Bateu em mim essa inspiração.Passou meu sono, não vou mais dormirSe o toque do silêncio não puder ouvir.

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SAGA DE PRATA

“Senha fatal”: amizade, punição e nobreza de caráter

Washington, 74-015

(com base em uma narração do Longo, 74-223)

Quem não se lembra do nosso amigo Delgado, 74-211, o “Pio-lho”, como era chamado? Ele e o Longo eram carnee unha, ou melhor, cabeça e piolho. Amigos inseparáveis, até naquantidade de Ps (dias de prisão). Já no 2º ano, o Longo tinha 15 eo Delgado, 16Ps.

Foi naqueles finais de semana que a gente aproveitava até o úl-timo minuto que mataram o “Piolho”. Lembram quando descíamosda Cidade, 5 a 10 minutos antes do silêncio e que, após o toque,quem chegava atrasado já tinha 2P? Para quem dava VI, todos sa-bemos, já era tabelado: 15P para o “boneco” — assim dizia o Te-nente Onei.

Em uma dessas noites de domingo, chegava uma “cambada” dealunos da Cidade, já pertinho do portão da guarda, ali próximo doPonteão, na decida da ladeira. Faltavam pouco mais de 5 minutospara as 22:00h, quando o corneteiro começou tocar o seu clarim.Naquela noite, parecia mais o toque das trombetas no Coliseu deRoma, anunciando a morte de um cristão a ser comido por um leão.

Naquele dia, os ventos conspiraram contra nossos colegas; es-ses ventos chamavam-se os “caga-paus” de 73. Tocaram o silêncioantes da hora e montaram tocaia.

Ao ouvirem a corneta tocar, o Delgado, Longo e outros maiscorreram para aqueles conhecidos locais de VI, pois julgavam sermais rápido entrar na Escola pelo muro e não corriam o risco depegar 2P pelo atraso, ou seja, por chegar depois das 10:00h.

Ao saltarem o muro, os nossos amigos viram que estavam emuma tocaia.

Um grito anunciava o fatídico encontro com um Sargento, talcomo aquele gesto dos Imperadores, indicando a morte do cristãona arena.

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SAGA DE PRATA

Ele gritou: ”Delgado e Longo”!Essa foi a senha.Foram os dois para o alojamento, já com a cabeça fervilhando,

não de piolho, mas de preocupação. Começaram a fazer as contas:16 mais 15 davam mais de 30P e isso dava desligamento.

No dia seguinte, lembram, era no intervalo do almoço que acon-teciam as audiências! Estava marcada, para surpresa do Longo,audiência apenas para o Delgado. Porque, então, ele não estavaconvocado? O Longo não entendeu e foi à sala do Esquadrão. Lá foirecebido pelo Duque e Faltsgraf, que lhe disseram: “Não lhe chama-mos aqui. Retire-se da sala”.

Assim aconteceu que mataram o nosso Piolho, Delgado, apli-cando-lhe mais 15P.

O Longo também pensou e disse que iria desligar-se. Mas foicontido por outros colegas e familiares.

Vejam que tanto preciosismo e rigor — respeitando, é claro, adisciplina e o regulamento militar: por cinco minutos de atraso, umjovem de 16 anos muda o rumo de sua vida. Talvez até para melhor— “Deus escreve certo em linhas tortas” — mas, quem pode res-ponder é o Delgado e a sua história desses últimos 35 anos.

Ao Arataca: prestígio, saudade e

“cobrança bem-humorada”

Gilnei, 74-199

Do meu colega Odaci,Tanto prestígio e amizade,Tantos fatos que não esqueci,Virou fonte de saudade.

Nordestino, laranjeira,Como eu, nunca viajava.Então quase só o que sobrava

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SAGA DE PRATA

Era ficar na terra da Mantiqueira.

Bem me lembro, daquele dia,Em que ficou famoso o cabra.Falavam da grande maravilhaFruto de diarréia braba.

Até hoje ele nega,Mas todos dizem que sim.Que prova te esperaPara a dúvida ter fim?

Filho da viúvaNão caminha em curvaNem mente nada:Assume tua “cagada”!

Resposta ao Gilnei: saudade e

“conselho bem-humorado”

Odaci, 74-318

Gilnei, amigo, tu sabesQue qualquer um repentistaNão perde pra um sulistaNem mesmo que venha com sabre. Pela nossa amizadeQue nunca será esquecida,Pois é grande a saudadeDa nossa BQ querida. Mas, cuide de tua vidaPara não virar comadre,

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••49••A História da Turma de 1974 da EPCAR

SAGA DE PRATA

Pois te dou uma sacudidaE irás reclamar pro frade. Mexer em coisas escondidasQue está longe da verdade,Faz a mentira descabidaE indigna, de raiva me invade. Há histórias conhecidasQue contam só a metade.Nordestino, laranjeiraNão faria tal besteira. Quem obrou hoje nega,Mas tem um “cu” que é uma bodega.Se estava com diarréia,O “filho-de-uma-égua” é uma “veia” Ou a mulher de um padreE não conhece a viúva.Pois, não se molha na chuvaE falta com a verdade. Eu não posso assumirA obra de outro viventeQue deve ter o “cu” dormenteDesde aquele cagalhão. Não confunda cabeçãoCom tamanho do gatilho,Se da viúva és filho,Não me põe nessa confusão. Talvez vire cançãoCom refrão e estribilho

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SAGA DE PRATA

E tu andes nos trilhosPara não levar carão. Como ficam esposa e os filhos,Como podes acusarUm arataca andarilho,Dizendo que o seu brilho Foi fazer um “cagalhão”?Eu não vou ficar caladoPois, não sou o autorDaquele tal cocô. Foi qualquer um prateadoQue pode estar ao meu ladoOu, quem sabe, pelo Exterior?Mas, se ele for doutor, Tem o diploma manchado,Anda desajeitadoE até hoje tem dor,Na cabeça e no “flozô”.

Histórias diversas: brincadeira com a realidade

Chambarelli, 74-100

Gilnei no Rancho, “sem moral”Falando em serviço de aluno-de-dia, nunca vi ou soube de pior

do que aquele do Gilnei, com aquela pose; fama de desleixado; desacana e não tinha moral para botar ordem na Turma.

Imaginem a “zona” que foi aquele rancho. Ele gritava e ninguémobedecia. Começou todo o mundo a descer pro rancho, gozandocom ele. Tomou um “esporro” do Ten. Mendes.

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SAGA DE PRATA

Lembram? .........

Sininho “de porre”, quase morto

Sininho, você não se lembra daquele dia? Você porre, de quasepré-coma alcoólica?

Nós te enrrab... brincadeira! Nossos aptos eram conjugados ecompartilhávamos de tudo. Primeiro, nós lhe demos um banho, enada. Levamos para a sua cama e demos café e você vomitou dei-tado. Trouxemos para a cadeira e você não despertava de jeito ne-nhum. Ficamos muito preocupados com sua palidez e foi quandocada um de nós o pegou pelas pernas e braços (eu segurei umaperna, o Américo ou o Afonso, não me lembro do outro, pegou aoutra) e de ceroulas/cueca, sem camisa, o levamos, atravessandoo pátio, até o hospital. Parecia que você tava morrendo, todo molee pesado “pra caramba”.

Pela manhã, foi aquela “mijada” do Coronel lá no cinema e fica-mos todos presos, a Turma.

Jubileu da Paróquia: susto, reação e ademais um castigo

Reinaldo, 74-082

Outro evento que deveríamos reavivar em nossas mentes foi oJubileu da Paróquia.

Era uma sexta-feira, quando, não sei quem apanhou dos camo-finhos e veio correndo para a Escola e nos avisou do ocorrido. Pare-cia toque de reunir para Instrução Militar. Todos nós saímos comobandos de aves de rapinas ou de animais mastodontes destruido-res. Lá chegando, o impensável ocorreu, uma destruição total. Não

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SAGA DE PRATA

sobrou uma barraca de pé para os padrecos e as carolas contaremou comprarem suas prendas.

No dia seguinte, o cenário era desolador, nem um Tsunami

faria igual. Nuvem de gafanhotos fazia parecer brincadeirinha derecém-nascidos. Durante a manhã daquele sábado, veio o toquede reunir no Pátio da Bandeira; o oficial de serviço, se me lembrobem, era o Ten. Pfaltzgraf — que nos pagou um sermão e uma so-nora “mijada”, com palavrões.

Isso era mais sutil. Por causa dessa batalha, ficamos em prisãocoletiva por três dias.

Peripécias: recompensa por serviço

Cardoso, 74-277

Vocês se lembram da 1ª punição coletiva da Turma?Claro que se lembram. Eu e o Machado fomos convocados por

um Tenente, Mendes ou Duque (não me lembro), para datilografar aprova de Instrução Militar. Por esse serviço, ficamos liberados doLS coletivo. Eu, particularmente, fui ao Jubileu de Prata da Basílica.Saímos por VI.

O “monstro” do Gray: comunicação a toda prova

Odaci, 74-318

Vocês se lembram na nossa infância?Se havia monstros, queríamos distância?Mas, eram frutos da imaginaçãoE quase saía da boca, o coração. Passou o tempo, vivemos o agora.Só relembramos as coisas de outrora. Cada um sozinho viviaPassavam-se as horas e se repetiam os dias.

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SAGA DE PRATA

Havia alguns que se encontravaMas, a distância de outros ficava.Surgiu, então, o Monstro do Gray,Aproximando a todos e feliz fiquei. Esse monstro, para posteridade,É mais que uma fonte de saudades.Mas, desse aí, não queremos distânciaPorque ele nos faz sentir mais criança. E cada dia, ele engorda, cresce.Fico contente quando apareceAlguns sumidos, desses prateados.Aparecem os moitas e os acanhados. Dando meu grito. Sou de 74!Não sei notícias do grande Norato,O Ritival, revejo todo diaE lembro do silencioso Garcia. A todos vocês tenho fotografado.Minha memória a toda hora cria.São fatos marcadosQue talvez um dia Possa matar a saudade de alguém.Com um ou talvez cem,O monstro será alimentadoE todo esforço será compensado. Se alguma coisa eu nunca falei,Digo agora. A verdade dói,Se tenho um herói,O seu nome é Gray.

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SAGA DE PRATA

“Canalha”: lorota exagerada, alcunha por exagero

Washington, 74-015

(com base em uma narração do Longo, 74-223)

Canalha é um termo um tanto ou quanto pesado para chamaruma pessoa — convenham — todos concordam. Então como surgiuesse apelido para um dos bons companheiros de nossa Turma, oquerido Moura, 74-226?

Era 1974, tínhamos de 14 a 16 anos de idade. Pouca experiênciade vida e de sexo também. Quem não se vangloriava com qualquercoisa relacionada à paquera, às namoradinhas e a poucas idas àscasas das “meninas”?

Foi em um desses papos bem informais, onde cada um contavasua aventura amorosa que um grupo de alunos — Longo, Pedrenho,Élcio e Moura — falava em suas namoradas. Uns diziam que a deletinha 14 anos, era virgem; outro dizia que a sua namorada tinha 15anos e já fazia certas coisas, mas era “cabaço”.

Aí, veio o Moura, contando sua história. Ele foi logo dizendo quea namorada dele tinha 11 anos e que já fazia sexo com ele.

Então veio naturalmente aquela indignação e dúvida quanto àveracidade daquele fato. Surgiu aquela frase quase em uníssono:“Quem faz isso é um canalha”. E, assim, o nosso contador da loro-ta exagerada recebeu essa alcunha por muito tempo.

De fato, naquela nossa idade, eram freqüentes essas lorotas.Sonhávamos em fazer e já íamos fantasiando o pavão.

Saudades do Lancia — que “se mudou para outro plano”

Leão, 76-531

Nossa última convivência foi no 1º semestre de 99 — quandofomos para os Afonsos, concluir o Curso de Comando e Estado-Maior. A turma ficou hospedada em um hotel novo, em dupla,nos apartamentos. O Lancia ocupou um AP perto da escada, jun-

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SAGA DE PRATA

tamente com o Peclat. Era meu caminho obrigatório, quando saíaou regressava ao hotel.

Diariamente — indo, e voltando do café da manhã, jantar eoutras ocasiões — eu sempre passava naquele AP e com ele, juntocom o Peclat, era diversão garantida, tanto na ida quanto na volta.Foram cinco meses de muita alegria e descontração.

Senti um fortalecimento muito grande em nosso relaci-

onamento (grifo do organizador desta obra). Em determinadaocasião, minha família tinha sido assaltada em Brasília e foi eleo primeiro a encontrar palavras de apoio. Lembro-me de sua ati-tude, orientações e acolhida que me dera naquele momento demuita dificuldade.

Encontrei-o no final daquele ano — eu, morando em Brasília eele, em São José dos Campos — quando tentava negociar um avan-ço tecnológico pra o Projeto do A-29 (apelidado de SuperTucanopelos leigos).

Ele me explicava que a aeronave deveria ser equipada com te-las “LCD” de determinado modelo, haja vista que a produção emescala das mesmas para “Lep Tops” iria beneficiar o projeto, bai-xando os custos com essa inovação. Isso foi uma vitória alcançadapor ele, pois foi um dos pivôs desse projeto. Essas aeronaves equi-pam a FAB e foram as responsáveis pelo ataque vitorioso ao nº 2das FARCs no Equador, há alguns meses.

Quando fiquei sabendo de sua enfermidade, eu morava emManaus. Fiz-lhe uma ligação ao celular e conversamos bastante;percebi, pela sua voz, que ele estava muito debilitado. Ao iniciar-mos nossa conversa, a primeira frase dita foi: “Leão, eu sabia quevocê iria me ligar”. Ele me contou que estava tomando injeções devitamina B-12 para suprir a ausência do estômago retirado.

Na semana seguinte, não consegui mais conversar com ele,pois seu estado agravara-se e a família fechou-se à sua volta paraa tão indesejável partida.

É isso aí, amigo, que Deus o ilumine onde quer que você este-ja, juntamente, com todos os nossos amados colegas e irmãos quepassaram para o “outro plano”.

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SAGA DE PRATA

Saga

Odaci, 74-318

Quem de nós não sofreuSaindo precoce de casa?Hoje vemos que valeu.Voamos com as próprias asas. As dores foram intensasE intensos, foram os sofrimentos.Dúvidas? Muitas horas tensasE muitos foram os lamentos. O tempo é implacávelE também um senhor notável.Pois ele passa e não volta,O que á muitos revolta. Mas, ficam as conseqüências,De quem só faz e não pensa.Ele não é atrozE depende de todos nós. Pois somos senhor e donoDo nosso próprio destino.Foi assim, desde menino,Cada um, solitário albatroz. Não estávamos em abandono,E já pilotávamos a nossa nave.Éramos os próprios donosE a ligávamos sem chave.

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••57••A História da Turma de 1974 da EPCAR

SAGA DE PRATA

Como em um conclave,Vivíamos ali reunidos,Uns com o peito partidoOutros num mundo de sonho. Para alguns, era medonho,Mas, não havia alarido.Fazíamos o nosso clima,Embora rime com rima. Alguns viviam escondidosTalvez não na realidade.Mas, o que esperar nessa idade?Onde as flores desabrocham ? Há os que sofrem e gostamNo afã da redenção.Outros só sonham com a costa,Uns com os pampas, outros com o sertão. Assim mesmo escrevemosAs páginas de nossa históriaQue muitos não vêem à horaDe ler toda a coleção. São muitas vidas e destinosPara poder condensar.Começar desde meninoAté o aposentar. Quando se aprendeu o hinoQue nos fazia voarNas asas leves dos sonhosE nas gramas da EPCAR.

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SAGA DE PRATA

Ás vezes fico tristonhoQuando começo a falar.Entro nos campos dos sonhosOnde caminho no ar. Volto para realidade.Muito sei, vou encontrar.Apesar da nossa idade,Nós voltamos a sonhar. Essa preciosidade,Para o mundo, é desejo antigo.Pois encontrar um amigoÉ ter a eternidade. Quem vive muitas vidasFoge da capacidadeDe ter mais do que queriaSem as ilusões perdidas. As duras realidades,Que se viveu um diaE assim, ao caminharmosNa estrada da nossa vida, Ao acaso encontrarmosTantas pessoas queridasQue nos fazem rever nossos anosE as estradas percorridas. Esquecemos os desenganos,Pois já não temos feridas.Podemos até fazer planosDe retornos e partidas.

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••59••A História da Turma de 1974 da EPCAR

SAGA DE PRATA

Quem não viu passar os anosNão lembra das despedidas,Tal qual o som de pianoDa melodia esquecida,Representada nesse plano.No teatro de nossas vidas.

Ao Silveira — que não teve medo de correr perigo

Braga, 74-290

Eu sempre me lembro do T-6 (Acho que é Silveira, mas nuncatenho certeza). Eu fui, lá no AP, dar aquela velha escovada na cre-malheira — quando vejo o T-6, arrumando a mala. Isso na sexta-feira. O T-6 cheio de P, eis que surge a voz da anunciação da morte,chamando o aluno Silveira para uma audiência. Não seria para darum troféu de preparo físico para aquela criatura minguada. Ele, semo menor receio, botou o paisano e, sem qualquer problema, pulou omuro, naquela luz do dia maravilhosa.

Eu não teria a menor coragem. O “puto” resolveu um problemamaior, com um menor. Nem sei o que deu.

Contudo, são estes os seres que ganham o mundo. Não têm pro-blema para arriscar... Boa-sorte!

Abraços!

Caro Sininho: enterro e ressurreição

simbólicos com muito riso

Peclat, 75-504

Na verdade foi o enterro do Sino, da Buzina e da Sirene. Toda aTurma foi de calça azul-ferrete (quase preta), a camisa branca demangas compridas e uma meia preta amarrada ao braço, em sinalde luto. Até onde me recordo, o Gray também estava fantasiado

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(estilo coveiro do inferno!). Eu estava com o meu saxofone, tentan-do tocar a Marcha Fúnebre; no entanto, ria mais do que tocava.

Foi gravado um anúncio na Cidade, pelo mesmo radialista queanunciava os falecimentos. (“O 1º Esquadrão tem o doloroso de-ver de informar o falecimento do Sino, da Buzina e da Sirene. Oféretro sairá do alojamento do Esquadrão às x horas e se dirigiráao ginásio de esportes da academia da Força Aérea, blá, bláblá...). Não sei se o sino ou a sirene eram do Portela/AlmeidaPQD. Para tocar a buzina, usávamos uma luva e havia rodízio por-que a bomba (igual a bomba de bicicleta) esquentava p.c. Até ondesei, toda a Turma entrou no ginásio, acompanhando o enterro.Depois de um ou dois dias, o Sino, a Buzina e a Sirene foram res-suscitados e passaram a ser tocados do lado de fora, porque aordem era não tocar dentro do ginásio.

PS: Lembro-me do dia em que o Gil apareceu fantasiado deBrig. Lauro Ney Menezes e muita gente achou que era o Brigadeiromesmo que estava no meio da nossa torcida. Até que o pessoalpegou o Gil e começou a subir e descê-lo “de mão em mão” naarquibancada.

C-47: sonho de voar e deleite do primeiro vôo

Odaci, 74-318

Muitas chances tive de voarMas, não sei explicar porqueVontade só tive em BQ.Sonhava só em ser militar.Em qualquer campo de pouso,Estendo minha visão.As aeronave no chão,Me dão uma espécie de gozoE não entendo o meu ser.

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O que sonho arremeteQuando encontro, sem querer,Um Douglas, C-47 E vôo na imaginaçãoAté longínquas alturas,Mas esse vôo só duraTrês minutos, cinco ou sete.No peito sinto uma dor,Ao ver o Jeep Voador

Num canto abandonado.Ele imponente, caladoPois cumpriu o seu dever.Suas asas, envergaduraPara mim, parece um ser vivo E isso em mim perdura. Na mente, nos meus arquivos,Talvez a primeira impressão,Ao voar de avião,A minha vez primeira, Marcou esse cabeção.Fico assim, de bobeira,Nos meus sonhos acordados.Pra mim só teria sentido Se um dia fosse alado,Voar o C-47,Nesse sonho de pivete.Ficou assim no meu eu, E o meu ser nunca esqueceu.Nesse sonho fora do realMe via num vendaval.

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SAGA DE PRATA

Com aquelas asas a planar Sem motor, só no ar,Era esse o meu sonho,Quem não sentia pavorE muito menos tristonho? Minha noção de voarEm uma máquina tão obsoletaQue só existe em museuE ora passo para letras. Quem sabe, talvez um dia,Eu hei de esquecer,No meu horizonte perdidoOnde perdi o meu ser. Em sonho volto a voarEsse “jeep voador”, DC-3.Eu que falo, não vocês,E poucos podem falar.

Avião Douglas DC-3 ou C-47

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••63••A História da Turma de 1974 da EPCAR

SAGA DE PRATA

Despedida do Ciampi I: reencontro bem-sucedido

Maurício, 74-192

Acho que aconteceu com todos nós a completa perplexidade di-ante da notícia que se afigurava à nossa frente. Parecia uma brinca-deira, mas quem iria brincar assim?

Tenho dois filhos adolescentes que estavam perturbando a vizi-nhança com suas guitarras quando souberam da notícia. Espon-taneamente, ficaram em silêncio. O Ciampi foi muito querido aquiem casa. Sempre que vinha a Recife, nos procurava.

Talvez eu não tenha tido a sorte do Santiago de tê-lo conhecidotão bem e tão cedo. Somos todos amigos, mas a proximidade dearmários; a mesma sala de aula; servimos na mesma Unidade evoamos no mesmo Esquadrão; tudo isso estreitou nossos laços.

A saída do Ciampi prematuramente da AFA o levou para outroscaminhos. O Destino quis que nos encontrássemos anos mais tar-de na Vasp — 24 anos depois do nosso ingresso na EPCAR; forçou-se o Destino. Ele pediu para ser meu instrutor para comando de737-200.

Foi quando iniciamos uma convivência quase diária por mais desessenta dias. Pude então conhecer melhor a extraordinária figurahumana que ele era.

Excelente instrutor, nada passava despercebido ao seu olhar aten-to. Todos os meus erros eram prontamente corrigidos sem deixar omenor ressentimento. Poucos têm esse dom. As centenas de alu-nos que ele teve podem atestar.

Com ele conheci muitas cidades do Brasil e de fora. Até então,eu só havia voado aviões de caça ou aeronaves maiores em vôos delongo curso.

Durante esse tempo, nos divertimos muito. Muitas vezes, relem-brando fatos da nossa vida na EPCAR, riamos tanto que as comis-sárias iam à cabine para falar que as nossas gargalhadas podiamser ouvidas até a décima fileira.

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••64••A História da Turma de 1974 da EPCAR

SAGA DE PRATA

Lembro bem que uma vez fui dormir na sua casa em Campinase, ao abrir a geladeira para me oferecer algo, só encontrou umaúnica cebola; detalhe: a cebola estava começando a brotar. A con-clusão a que chegamos foi que era o primeiro pé de cebola Ártica.Rimos muito e pedimos uma pizza.

Até hoje, guardo com muito carinho um enorme cartão, aproxi-madamente, 60X60cm, com várias páginas onde constam mais de500 mensagens dos tripulantes da Vasp, alusivas à minha promo-ção a comandante. Durante os sessenta dias, sem que eu percebes-se, ele coletou todas estas mensagens e me deu de presente juntocom as 4 faixas de comandante.

Ainda durante aqueles sessenta dias, também conversamosmuito, e digo sem medo de errar: o Ciampi era uma das pessoasmais honestas, amigas, simpáticas, responsáveis que conheci.

Uma das minhas mágoas foi que, no mesmo dia em que entreina GOL, ele parou de voar. Gostaria muito que ele tivesse sido meuinstrutor mais uma vez. Entretanto, a vida nem sempre é como gos-taríamos que fosse.

Acho que seu coração não resistia ficar atado à terra e partirapara mais alto.

Despedida do Ciampi II: características de grande amigo

Santiago, 74-303

O Ciampi e sua família sempre foram especiais na minha vida.Chegamos juntos em BQ e dividi com ele, durante 2 anos de “fave-la”, o beliche e o armário. No terceiro ano de Barbacena, moramosno mesmo Ap. Estivemos juntos no Sarpa da Escola. Fomos desli-gados no mesmo dia no início do terceiro ano da AFA.

Conheci os familiares dele no primeiro ano de BQ e fui literal-mente adotado por eles. Foram incontáveis viagens para Campi-nas; aprendi a conhecê-los e acabamos passando por muitas coi-sas juntos.

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SAGA DE PRATA

Se uma pessoa pode ser chamada de boa gente, podem ter cer-teza de que o Ciampi faz parte desse time. O Maurício — que, porsinal, é outra pessoa maravilhosa —, descreveu com toda a propri-edade quem era o Ciampi: o cara gentil, educado, divertido, presta-tivo, solidário e, acima de tudo, amigo.

Descanse em Paz, meu irmão Ciampi; vá com Deus. Um dia nosreencontraremos.

Vidas: luz espiritual para união,

amizade — transcendência

Gilney, 74-199

Por medo, caminhamos a esmo pela vida, muitas vezes sozinhos.Na nossa miopia da vida corpórea, somos espíritos gigantes,Errantes com uma pequena lanterna na mão.Poucos vêem à frente nesta escuridão.Porém, o ideal maior, aquele que torna pequena a ambição ma-

terial e suas galas,Acaba nos unindo em alma.Juntos, nos elos do amor fraterno, unimos nossas luzes eIniciamos a enxergar melhor o que nos vem. Isso nos poupa so-

frimento e tropeços.A amizade é esta sociedade que a Criação clama para o pro-

gresso mútuo.Sigamos nós, então, aqui e longe deste mundo, unindo-nos

mais, Pois que tudo transpõe nossa pequena compreensão, vistoque o espírito se expande e transcende a carne. Todas as con-quistas do amor e da harmonia são tão eternas como nós mes-mos em essência.

Outras luzes seguirão, avançando corajosamente na escuridão,Desbravando primeiro, os passos que todos teremos de seguir

um dia.Aos que ficam, resta a urgência da afirmação do que lhes é o

comum:

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••66••A História da Turma de 1974 da EPCAR

SAGA DE PRATA

Seguirem amigos, irmãos, solidários e leais (grifo do Orga-nizador desta obra).

Amigo Ciampi: indagações e metáfora - eternidades

Odaci, 74-318

Às vezes, vamos a Deus perguntar,Por que a quem ama tem que partir?Não sabemos definir, explicar ou aceitar.Só entendemos o existir. Mas o que fazer? Se somos humanos.E essa saudade que fica com a gente?É tudo tão de repente,Que nem sequer fazemos planos. E passamos dias, a pensar.Pergunto: por que foi agora?Infelizmente não tem hora,Para o momento chegar. Fica uma grande saudade,Mas não acaba amizade,Que surgiu na EPCAR.Ela vai para outro plano. Ninguém, salvo engano,Deixará de cultuar.No peito, qualquer um chora Até o seu tempo esgotar. Hoje acordei. Pensei que tinha sonhado,Fiquei a meditar, calado,

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SAGA DE PRATA

Para do sonho não despertar.Nosso grande Ciampi, irmão alado. Foi eternamente voar...Quem sabe, para os anjos, Deus quis um instrutor?Ele que sempre esboçou amorNo jeito de expressar e ser.

Não o queríamos perder,Mas, do sonho despertamos.A realidade duraNos enche de saudades... As palavras do Criatura

espelham nossa amizade,por um irmão tão queridoque não será esquecido Em nossas eternidades... Ciampi, jamais vamos te esquecer.Por todos serás lembrado,Pois foste um grande ser,Além de ser prateado.

Peripécias: música, saudosismo e noites de insônia

Domeneck, 74-341

Fianco, não me deixe mentir sozinho. São muitas lembranças deBQ que fizeram a nossa história.

Valeu a lembrança, mas porque você não deu nome aos bois.Esse caso da estrábica não foi com o Correia?

Ontem mesmo eu falei com o Augusto, que está lendo os e-mails

e não fala nada, assim não dá...

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SAGA DE PRATA

Há pouco tempo lembrei que você tinha a mania de escutar oBee Gees e outro que não lembro (por sinal, marcou a nossa sau-dosa década de 70). Ficava a noite inteira escutando uma fita cas-sete, se eu não me engano, era um toca-fitas improvisado ouinventado pelo Gilnei, com duas caixas de som, colocando umaem cada ouvido. A curtição era o som estéreo... Tudo era motivopra ninguém estudar...

Por falar no nosso amigo Gilnei, ele foi o pioneiro com as habili-dades de radioamador, na construção de um telefone no H8. O nos-so AP 106 era o único que tinha telefone. Lembram disso? Por favor,não me deixe mentir sozinho... claro que foi pouco usado pois, eraextensão do Comando e só podia ser usado à noite. A galera pis-

cou muito... imaginem a meeeeeeeeerrrrrrrrrda que poderia dar.

Opção por um bar famoso

Longo, 74-223

Melhor que o Bar Bhrama era o Famoso Bactérias (de esquina,na ladeira, era o bar Quitéria)Virou o point, O Bactérias.Cachaça, barata, cerveja, moscas, sujeira...A mão da atendente era sempre suja...Maravilha... só sabe quem bebia lá.E eu, como “Bebum”, adorava.Ficava bebendo “cus coégas”.

Razão a quem tem, mas com ressalva

Américo, 74-020

Longo,Você tem razão.E a mesa de bilhar?O pano todo furado.A bola branca tinha lados e arestas.

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SAGA DE PRATA

Mas, parece-me que o nome com que a birosca foi batizada eraBactéria’s, em alusão ao Sovon’s.

Quem sou eu? Cogitações e autodefinição

Machado, 74-123

Eu já nem sei quem eu sou... Machado, Miranda, Góes, Car-los, Paulo.

Se Machado eu for, levo um cabo no buraco.Se Miranda eu for, viro negrinha de malandro. Queria ser Miranda, mas com o Flávio ficou.Virei Machado, mas o Carlos pegou.

Agora sou um errante, sem bebedeira,Sem nome e “sem eira nem beira”.Machado Miranda, do Odaci, admirador ficou.

Falando bonito, mas faltando clareza

Para quem não estava na AFA e para quem estava deve se lem-brar disso.

Barbosa, se eu estiver mentindo você me fala.Antes de ir para Academia, você já tinha comido strogonoff na

sua vida?Eu lembro uma passagem que foi a seguinte:Havia um Cadete do quarto ano, comandando o primeiro esqua-

drão lógico, né? e ele tinha mania de demonstrar conhecimento dovernáculo. O discurso dele foi assim, em frente ao rancho, no almo-ço: “Sabedor que sou das proezas concernentes ao primeiro esqua-drão, quanto ao comportamento dentro do Rancho, quero, antes detudo, alertá-los para que se sirvam com parcimônia”.

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SAGA DE PRATA

Ocorre que, o almoço era strogonoff; para variar, não foi suficiente.

Um colega nosso, ao notar que não tinha sobradostrogonoff para ele, ingenuamente, foi até ao cadete e avisou que aparcimônia tinha-se acabado e se ele poderia providenciar maiscom o taifeiro.

Desabafo de bom-humor: “Turma de bichonas!!!!”

Longo, 74-223

O nosso amigo Longo — uma daquelas pessoas mais bem-hu-moradas da Turma, como também um grande gozador —, vinhasendo massacrado por todos nós, com muita brincadeira.

Foi então que ele fez este desabafo que mereceu ser registrado.

Na verdade!!!!Eu acho que essa turma de prata só tem Baitola!!!!Santiago, viado!!!Machadinho, boilola!!!!Helio, que não é brigadeiro, é Bambi!!!!Helio, Brigadeiro, homosexual passivo !!!!!Bento, a bicha véia de Caçapava!!!!!Apreto, bando de meninas !!!!!Cartosinho, boiola da Uniao da Ilha!!!!Braga, a menina desvairada da faculdade!!!!!Gilnei, o Gauchinho viado de New Iorque!!!!!!Fazenda, a menina dos lábios de mel!!!!!!Ulisses a Lili, desvairada!!!!!!Américo, o new camofo Gay !!!!!!Gray, a fofoqueira de plantão!!!!!Pena, a bicha careca!!!!!!

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SAGA DE PRATA

Ferreira, o Passoquim de jirimum!!!!!

Domeneck, tá querendo abaitolar!!!!!Oliveira, bicha alegre!!!!!

Odaci, a rendeira nordestina!!!!!!Andrade, o viado cabeludo da federal !!!

Fonseca, a bicha fotógrafa!!!!!!Vovô, não é mais Vovô: é uma Velha de Juiz de Fora,

esclerosada que não dança mais !!!!!Reinaldo, o viado educado!!!!!

Patudo, a bicha espanhola (que faz paella)!!!!!Mello, a lontra chinesa safada!!!!!

Assis, a menina cabeçuda!!!!!Pina, a pequena menina da reta!!!!!!

Santana, o maluco!!!!!Fernando, esse é Desembargador!!! Mas, quando menino em

BQ, o pessoal do Apreto espalhou que ele dormia de pijamacor de rosa!!!!! Então Doutor..... Processo e cadeia no Apreto!!!!!!!!

Poralla, a engolidora de espadas!!!!Ricardim, a menina do Nordeste !!!!

Mazzoni, a morena charmosa do nosso AP!!!!Maia, a moça capoerista!!

Lengler, a XuXa de BQ!!!!!Xuxu, a balofa cantora de Ópera!!!!!!

Barthollo, o palhaço Gay!!!!!!Bortoleto, viadão corredor!!!!!

Guilherme, a bicha enrustida!!!!Porra!!!!

Turma de bichonas!!!!!!Tô fora!!!!!!

Vou pra turma de 72 que é mais legal e não dá trotee nem lance!!!!!!!

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••72••A História da Turma de 1974 da EPCAR

SAGA DE PRATA

Chilique em família? Coincidência demais!

Aquino, 74-013

Eu sempre tive problema de pressão baixa, não dá nem paracontar quantas vezes isso aconteceu. Isso é de família.

Outro instantâneo, nessa linha:Em 1974, houve uma reunião da Turma de 1949 em BQ, eles

eram Tenentes-coronéis, na época. Como relatei (antes), eu tinhaum tio, hoje falecido, pertencente àquela Turma de 49. O nome deleestava lá, embaixo daquele T-6.

No dia do “paradão”, no Pátio da Bandeira, estava um calor “fu-deroso”, daqueles... Resultado: Aquino de 1949, Aquino de 1973 eAquino de 1974 encontraram-se na Enfermaria; os três tiveram pro-blema de pressão e saíram “fora de forma”!

Isso aí não é só pra contar vitória; tem algumas derrotas interes-santes e engraçadas também!

Bando de Heróis: da quantidade

comum à qualidade ideal

Gilnei, 74-199

Há pouco, li um comentário de um querido colega sobre um e-mail que enviei há tempos, informando sobre uma rua, em Curitiba,que recebeu o nome do Bacci.

Por favor, não entendam mal, o colega não teve o intuito nemdiminuiu em absolutamente nada a memória do Idegaldo; apenasmostrou o que viu e entendeu de um amigo dileto, mas comum;não escrevo para reprimir ou criticar de forma jocosa ou condena-tória o que li. Ele apenas ainda não entendeu o significado da pa-lavra herói (grifo do organizador desta obra).

Talvez nem eu tivesse, antes, este significado muito claro den-tro de mim. Vivemos em um mundo onde a comunicação maisnos aliena do que liberta; a mesma nivela todos como uma boia-

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••73••A História da Turma de 1974 da EPCAR

SAGA DE PRATA

da, seguindo o mesmo rumo, cabeça baixa sem ver onde o “líder”leva os bois.

Acostumamo-nos a imaginar heróis vestidos de estúpidas fan-tasias coloridas, uma capa voadora e portando geringonças de rai-os salvadores da humanidade.

Enquanto isso, milhares de heróis passam nas nossas vidas to-dos os dias e nem notamos. Falo nos heróis de verdade, os corajo-sos, desprendidos que levam seus fardos pesados e, muitas dasvezes, os dos outros. Vivem ao nosso lado sem receberem a mere-cida atenção, nossa admiração e nosso obrigado.

Todos somos heróis de nossas próprias histórias. Vencemos pe-nas imensas a cada dia. Mesmo que pareçam inquietudes e proble-mas pequenos, para uns, são monstros gigantescos para com ou-tros lutarem e vencerem.

A melhor forma de avaliar isso é se pôr na pele dos outros etentar pensar como eles, entender o mundo e a vida deles: todas asperspectivas e valores mudam radicalmente. É quase como imagi-nar alguém sem mãos, amarrando os sapatos.

Herói não é necessariamente aquele que vai lá, luta e vence, mas,acima de tudo, aquele vai e luta com a dificuldade de suas armas,não cede mesmo quando as probabilidades e possibilidades sãodesfavoráveis. Ele é a munição.

Em BQ, nós éramos jovens atrevidos, destemidos e com um fu-turo. Parecia extremamente fácil o nosso caminho. Sem levar emconta nossa escolha e destino, todos nós nos embrenhamos na vida,acumulando dificuldades que o tempo vai trazendo. Aí, os heróisficam mais acentuadamente expostos e podem melhorar sua per-cepção e tomar o exemplo, seguir e aplaudir.

Alguns se tornam heróis públicos por se darem, ao máximo, pe-los outros, como o Bacci. Ele preferiu se ejetar somente quandoteve certeza de que ninguém seria afetado pelo acidente.

Grande herói, todo o meu respeito, aplauso e honra àquele gran-de companheiro das noitadas na “zona”, nas farras, no Sarcófago eno Barbacenence. Foi ele que me mostrou, pela primeira vez emminha vida, o significado de perdão. Não que ele se perdoasse, mas

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••74••A História da Turma de 1974 da EPCAR

SAGA DE PRATA

foi perdoado e aceitou resignado o destino que o unia ao Nolasco.Seguiu quando muitos sucumbiriam.

Ao nosso lado passou um dos seres mais evoluídos que conheci,o Tibério. Esse herói viveu conosco e nunca transpareceu nenhumanegatividade, mesmo ante a sua infância dura. Poucos souberamdo passado dele, da família dele, como ele chegou a tornar-se orgu-lhosamente Aluno, Cadete e Oficial.

Conheci o Tibério nas provas, lá em Canoas, e nos tornamosamigos instantaneamente. Na prova física, tínhamos de correr 100metros com alguém nas costas. Como ele estava ao meu lado, ime-diatamente me agarrou e lá fui eu correr com aquele monstro nasminhas costas. Ele tinha o dobro do meu tamanho e peso. Mas euqueria tanto ser aprovado que nem me lembro se senti o peso deleou não. Corri desesperado e fui um dos primeiros a chegar.Mal sabia eu que nossos destinos juntavam-se naquele momento,pois ele precisava ir para BQ como um peixe precisa de água.

O Tibério era preto, pobre, sem pai, mãe empregada doméstica;e nascido em uma região onde negro nunca tinha ascensão socialnem econômica. Tinha toda a fórmula para uma vida medíocre quese aplicava a alguém na sua condição, mas não a ele. Isso, meuscaros, é ser herói.

Claro que o triunfo de vencer tão grandes obstáculos parece sersó dele, mas não é assim. Ao se saber disso, sua origem, ele viramodelo e exemplo.

E assim passou o Tibério pela vida de todos nós, pouco signifi-cado para alguns, um ídolo para outros...

Muitos outros seguiram suas vidas, despejando imposiçõesde família e da sociedade, vomitando os “nãos” e limitações quea infância fez minar o adulto. E... sendo todos heróis da sua pró-pria história.

Um dia chorei ao saber notícias de outro colega que sofrera umacidente grave. Não conseguia imaginar-me na pele dele. Se eu pas-sasse o que ele passou, em um momento de tantos sonhos e expec-tativas, eu juro: suicidar-me-ia!

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••75••A História da Turma de 1974 da EPCAR

SAGA DE PRATA

Mas ele não; ele é herói.Ele tinha o que poucos têm para sobreviver, vencer e servir de

exemplo. Ele não escolheu a morte ou a derrota como a maioria.Seguiu em frente, casou e encheu a casa dele de amor e filhos.

Franklin, eu queria ser como você, herói de verdade.

Miami, 12 de junho de 2007.

Ao Poeta Odaci: um amigo definiu outro

com franqueza e humor

Rios, 74- 325

Daci?Quem é Odaci?É um arataca?Um nordestino?Um cabeça-chata?Não, meus amigos, que agora estão lendo essas perguntas.Odaci é o mais amigo dos amigos de prata.Ele foi ouro e sempre será.Ele era a alegria e eternamente será.Ele nos divertia com sua pureza, com sua galhardia.Ele nos brindava a cada Encontro com sua amizade, com assuas brincadeiras.Quem não se lembra do Tamanho do “bibico” dele?Quem não se lembra do que ele fez... e do tamanho e volumeque tinha... Rs rs odaci,Você é presença, você é pureza, você foi e sempre será o“fodão”, o (f)odaci de 74.Um forte abraço, meu irmão, cercado de muitas saudadesde 74,75 e 76!

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••76••A História da Turma de 1974 da EPCAR

SAGA DE PRATA

Túmulo - um banco de jardim à direita da fachada da Escola, onde os Aratacas reuniam-se nos finais de semanas.

Na foto: Odaci, Washigton e Chacon

Túmulo das saudades:

eternos aviadores, amigos e irmãos

Odaci, 74-318

Naquelas tardes de sábados,Domingos e feriados,Naquele túmulo, sentadosViajávamos em pensamentos.

Juntos, num só sentimento,Sentindo a brisa e o ventoVíamos as flores de BQ.Nunca vamos esquecer.

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••77••A História da Turma de 1974 da EPCAR

SAGA DE PRATA

Aquelas tardes, momentos,

Que tenho em meus pensamentos,

Enquanto existir meu ser.

Éramos todos sonhadores.

Potenciais aviadores,

Ainda somos,

O tempo não deixa morrer.

Fomos?

Mesmo não sendo, o ser.

Os momentos lá ficaram.

Alguns nunca decolaram.

Mas, nunca vão fenecer,

Pois em nós, eles marcaram.

À vezes, com músicas, histórias

Que voltam sempre à memória,

Pois nada vem por acaso.

Sinto o vento e a brisa.

O sentir nunca avisa

Que irá voltar, tal hora,

Ou, que chega com atraso.

A mente sai porta a fora.

Revejo cada momento,

Sinto de novo o vento

E refaço a nossa história.

Vou juntando os pensamentos.

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••78••A História da Turma de 1974 da EPCAR

SAGA DE PRATA

Vejo-me em outra hora,Voltando lá, noutro tempo Encontrando os amigos e o ventoque soprava em nossa Escola. Aquele túmulo, na verdade,é)era um baú de saudades,Derramávamos lá nossas mágoas,Rosário que nunca acaba. Sonhávamos lá e fazíamos planos,Cada um em sua mente,Talvez, sendo um Tenente,Ou voando aeroplanos. Naquela comunhão de sonhos,Éramos irmãos risonhos,Relembrávamos, lá, o torrão,Com um vazio no peito. Lá não tínhamos defeitos,Todos eram um só coração.Naquela fase da vida,Onde uma dor tão doída, Nos dava força e respeito.Confesso, se dessem um jeito,Revivia aquela lida,Indelével, no tempo. De todos nós, ficou dentro,Da caixa, chamada peito.

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••79••A História da Turma de 1974 da EPCAR

SAGA DE PRATA

FESTIVAL DE MÚSICA

Também contávamos.

Gabriel 74-029

O I Festival da Canção da Epcar realizado em 1975, foi ganhopor nós, da Turma de Prata. A final foi no dia 18/10/75.

Ganhamos com a música CAMINHADA, composição minha edo Celio (74-027).

Defendemos a música com um conjunto musical composto por8 integrantes:

Vocal: Ávila e EsterlinoGuitarra: Gabriel e ...Baixo: Di LegoTeclado: OswaldoBateria:?Bongo: Pimenta

Wanderly, Chacon, Vale, Albuquerque, Odaci, Assunção e Washington

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••80••A História da Turma de 1974 da EPCAR

SAGA DE PRATA

Eu não me lembro o nome do baterista e do outroguitarrista(Desculpem companheiros... é coisa da idade). Vamosresgatar estes nomes.

Esse Festival foi um momento importante das nossas vidas,com certeza.

E o II Festival, realizado em 1976, se não me engano também foifaturado por um prateado.

O Célio fez a música comigo,mas acho que ele não tocou nofestival. Ele viajava todo final de semana para o Rio. Também achoque não foi o Américo porque ele se apresentou solo...

NOSSO COMPANHEIRO OCULTO (não se utilIzava ainda

o “virtual”) - Nestor Pterodaktilon Drums 74- 343

Gabriel, Machado, Vovô e Cruz

Alguém se lembra como se deu o surgimento de nosso nobre

colega 74-343 - Nestor Pterodaktilon Drums?

Ele foi uma personagem que nunca existiu de fato. Foi criado

pela imaginação fértil de um Prateado, para se livrar de uma possí-

vel punição. Foi atribuído a ele, o Nestor, a responsabilidade de

muitas coisas, sempre aquelas que poderiam dar conseqüências

indesejáveis.

O Nestor surgiu quando um “SV” (Aluno de serviço) entrou no

alojamento prateado, perguntando sobre quem tinha feito uma m...

qualquer (não lembro o que foi).

Ele queria que nós entregássemos de bandeja um amigo nosso.

Para não delatar ninguém, um de nossos companheiros disse

que tinha sido o 74/343 que tinha feito aquele fato. Em seguida,

veio o nome para o aluno virtual, Nestor. Depois colocamos os so-

brenomes, Pterodaktilon Drums.

Vocês lembram quem foi o cara que deu a informação ao “SV”?

Page 81: Turma 74  - Saga de Prata Historia da Turma de 1974 da EPCAR (Washington de Paula)

••81••A História da Turma de 1974 da EPCAR

SAGA DE PRATA

Isso aconteceu, se não me engano, ali naquela parte do aloja-

mento, chamada “interface”, podendo ser o Robson, o Vovô ou o

Bacci o seu autor. Pode ter sido o BoiDécio ou o Ratazana também.

Eu estava ao lado do “SV” e daqueles a quem ele fez a

pergunta.Ele dirigiu a pergunta para todos que estavam próximos

aos seus armários.

Eu nunca me esqueci desse episódio, porque achei de uma cora-

gem hercúlea, o “cara” mentir assim tão descaradamente para um

“cara” de 72 e ainda de Serviço. Só quem tirava “SV” eram

aquelas peças mais raras da Turma 72.

Vejam a que ponto a nossa imaginação chegou. Acredito que ele

hoje tenha até e-mail.

74-343 – Nestor Ptarodaktilon Drums

Aluno Hoje

Page 82: Turma 74  - Saga de Prata Historia da Turma de 1974 da EPCAR (Washington de Paula)

••82••A História da Turma de 1974 da EPCAR

SAGA DE PRATA

Os três anos de EPACR foram recheados de bailes — era assim

que chamávamos as festas oficiais da Escola. Sempre se realiza-

vam no cassino dos oficiais ou no próprio espaço do refeitório,

conhecido como “Rancho”.

O Baile dos Cem Dias foi o mais emocionante. Estávamos a

cem dias de encerrar o curso e tomarmos novos destinos. Muitos

de nós já sabíamos que não seriam da aviação, na FAB; outros já

estavam decididos a sair da vida militar. Por tudo isso, esse baile

foi repleto de emoções e fatos pitorescos contados por alguns de

nossos amigos.

Baile dos Cem Dias - o último dos bailes

Convite do Baile dos Cem Dias

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••83••A História da Turma de 1974 da EPCAR

SAGA DE PRATA

“Pileque”: um Cadete em apuros

e outro em desforra

Washington 74-015

Tenho fortes lembranças da Festa dos Cem Dias. Foi um “por-re” total.

Foi naquela festa que o um tenente “pisou na bola”. Tentou dan-çar com uma filha (ou esposa?) de um coronel, e terminou transfe-rido para outra base, Manaus — logo no começo do ano seguinte.Foi o que rolou na época.

Eu tomei um dos maiores porres da minha vida. Já estava repro-vado no Cemal e foi uma desforra completa. Havia trazido umacachaça de Fortaleza e só deu para os Aratacas.

Quem se embriagou mais na Festa?

Fonseca, 74-326

Quem mais bebeu na festa dos cem dias foi eu. Eu estava repro-vado no Cemal (0,25 de miopia) e resolvi arregaçar.

Para começar, antes da festa, já havia tomado uma garrafa devodka no AP; quem dividiu a garrafa comigo, se não me engano, foio Gilney.

Cheguei à Festa já “mamado”. A última lembrança que tenho foide ter sido carregado por dois companheiros, de volta para o AP,mais morto do que vivo, depois de curtir pouco, talvez, apenas umahora de festa.

Inesquecível susto de poucos detalhes

Se houve algo inesquecível que se passou em nossas vidas cas-trense foi, sem dúvida, “A Festa dos 100 Dias” — quando tomamoscachaça hi-fi e álcool de mimeógrafo com limão e açúcar.

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••84••A História da Turma de 1974 da EPCAR

SAGA DE PRATA

Eu me lembro de poucos detalhes, pois fiquei muito mal, a pontodo Ciampi achar que eu tinha afundado no ralo do banheiro, tendobaixa hospitalar com ameaça de prisão.

“Último Baile” — “último porre” de um Aluno

Gilnei, 74-199

Eu e o Fonseca saímos pra cidade e compramos uma garrafa deAlcatrão São João da Barra, cada um, e bebemos quente, no bico!

Voltamos para o AP 106 e o Ten. Mendes apareceu para beberconosco. Todos tinham algum álcool e o camofo bebeu de tudo eainda saiu comigo para comprar um licor de pêssego na Praça Seca.

Ele, o Mendes, estava na festa tão mamado quanto a gente.Eu acordei de manhã no gramado da oficina das viaturas todo

sujo e vomitado. Arrastei-me até o AP onde o Augusto e o Forgiari-ni me ajudaram a tirar o 5º A (depois de tomar banho com farda etudo) e levaram-me para o hospital.

Essa foi a minha terceira coma alcoólica e o último “porre” daminha vida!

Os citados lembram isso?

Valeu a pena tanta bebida, como em um sonho

Domeneck, 74-341

Se não me falha a memória, nessa noite, o nosso Ap 106tinha combinado de comprar uma garrafa de Gin e uma garrafi-nha de soda.

Vocês lembram isso?Mas, no final das contas, a galera não compareceu ou foram

mais cedo para o Baile.A conclusão é que eu, o Augusto e o Forgiarini é que tomamos a

garrafa toda, antes de ir ao Baile. Não lembro se o Gilnei participou— porque, pelo jeito, ele já estava envolvido com conhaque e com o

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••85••A História da Turma de 1974 da EPCAR

SAGA DE PRATA

Ten. Mendes. Na realidade, eu não lembrava de mais nada depoisda garrafada de Gin, bebida essa que eu não conhecia e me sentibebendo perfume.

Conclusão: o primeiro porre dessa bebida estranha, a gente nun-ca esquece e hoje o cheiro do Gin já dá ânsia de vômito. Esse foi umdos piores. Eu nem sei se teve Baile ou foi tudo apenas sonho.Talvez o Augusto, Forgiarini, Fianco, Djair e Schuler lembrem demais detalhes porque, no Ap 106, nem todos eram “pinguços”.

Valeu, meus amigos.

“O que é bom dura pouco” - ressalvado o lado negativo

Schüler, 74-312

Marcolino, Leite, Renato, Padilha, Franklin, Vinicius e Penna

Dessa história — Baile dos 100 dias — eu me lembro muito bem.Aliás, o Domeneck tem toda a razão. O compromisso de com-

prar “Gin” era meu. Comprei um “genérico” do Beefeather que, con-sumido com água tônica “quente”, fez o maior sucesso no AP. 106.

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••86••A História da Turma de 1974 da EPCAR

SAGA DE PRATA

Pena que a Festa iniciou e terminou ali mesmo — pois, dado quea combinação de Gin e Água Tônica era “adiabática e não-entrópi-ca”, melou a alegria do Baile para todos nós.

De minha parte, que fui rastejando desde o “Rancho dos Ofici-ais” até o H-8, com pequenos intervalos para deixar “as sobras doBuffet” pelo caminho, passei todo o dia seguinte sem poder ver oSol. Essa foi a única e última ocasião em que consumi Gin. Repug-nei! Um vexame completo!

Porém, passado o trauma inicial de um H, solitário em BQ e commuitos banhos-duchas de chuveiro depois, sobrevivi, até o momentode recontar esta “pérola” da juventude. Um exemplo nada edifican-te para as gerações futuras.

Matei a saudade desse “episódio pitoresco” (refazendo o percur-so do porre) em 1999, quando da comemoração do Jubileu de Prata,da nossa Turma lá em BQ, com toda a minha família.

Flagrante com leitura labial - frustração

Fianco, 74-334

Lembro-me bem daquele Baile. Lá, estavam presentes os pro-fessores e determinado colega, mineiro, que havia dançado comcerta professora de Inglês ou Francês, não me recorda o nome.Dançaram e depois que ela o dispensou, ele comentou baixinho nomeu ouvido, em tom de brincadeira:

“Pena que ela é “estrábica”(tradução: lésbica).

Não é que a “gaudéria” fez leitura labial! De repente, chegou pe-las costas dele, bateu no ombro e falou:

“Não sou não, tá?” e saiu.

O cara não tinha onde se esconder. Nunca vi alguém ficar tãosem graça. Depois dessa, ele me disse:

“Fianco, não tenho mais condições de ficar aqui e foi embora”.O Baile tinha apenas começado.

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••87••A História da Turma de 1974 da EPCAR

SAGA DE PRATA

Em um grupo de jovens, com origens de quase todos Estados da

Federação e tipos diferentes, não poderia ser de outra forma o nos-

so tratamento um com os outros.

Os nomes próprios foram muitas vezes esquecidos totalmente.

Os apelidos foram surgindo normalmente; surgiram até aqueles que

viraram número e os que assumiram os codinomes com toda a

naturalidade.

Vejamos alguns daqueles memoráveis “nomes”.

Alberto — CamofoAmauri — JequeAntonio Carlos (pqd EPCAR) — BaianoAntonio Carlos — BauruArmando (pqd EPCAR) — Português, Batata-DoceBartholo — palhaçoBrito — BritumBruni — ItuCelso — Chuchu, ManilhaCunha — BunhaDanilo — SuperbichoDjalma — CamofoElcio — BabélcioEuclides — Mocho Orelhudo (quem falava era o Cunha)Evandro — SugismundoFerreira — BelezaFigueiredo — Vovô, Véio, Velho kimGoulart (pqd AFA ) — Lord da Zona

Nossos pseudônimos:Maior aproximação

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••88••A História da Turma de 1974 da EPCAR

SAGA DE PRATA

Guilherme — Zero um, Super GGuimarães (pqd afa) — Vucu-Vucu, QuimaHermes — Zero Cu, BaianoJoaquim — QuincasJorge — BorzeguimKling (afa) — Boto BrancoLarin (afa) — MariconLopes — CatarinaLuís — Monsieur TibauxMagalhães — NasalMascarenhas — Patinho FeioMauro — Le Bouji, BranquilidenoMello — PorcoMoura — CanalhaMozart — Rato de RanchoNorato — Nariz de FerroOdaci — CabeçaOdécio — BoidécioPaulo Oliveira — SininhoPortugal — Sem BundaReginato — ChicleteRoberto — CavaloRodrigues — FeioRuff (pqd afa) — QuibeSérgio — ZoimSilveira — T-6Tibério (saudoso) — TibundaTocantins (Lara ) — CepatinsTrindade — BaianoVasconcelos — VasconçolhoViriato — ViraratoWashington — Zeroquinze

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••89••A História da Turma de 1974 da EPCAR

SAGA DE PRATA

Imaginem um grupo com quase 400 membros e ainda acháva-

mos pouco, pois se formaram subgrupos por sala de aula; por apar-

tamento; por time de esporte; por PA (Polícia da Aeronáutica); por

origem de Estados, Aratacal e a Gauchada e outros mais.

Mostraremos agora um pouco desses grupos de afinidades.

Recordações: umas variadas e outra especial

Diniz, 74-018

Na turma G, éramos 31 vibradores e sonhadores. Começava com

o 74/007 Borghi e aumentava a numeração de onze em onze.

Lembro-me muito do Hélio, como se fosse hoje. Era o querido da

professora de Geociências. Lembram? Era Personalidade fantásti-

ca. Grandes e gratas recordações de uma época muito marcante da

minha vida.

Foram experiências muito ricas. Conto para meus filhos que,

apesar da dureza do regime da Escola, éramos extremamente

felizes e acho que todos nós tivemos excelente formação moral e

acadêmica.

Quem não se lembra do Vovô, do Bartholo, do Apreto...?

Nossas tribos - asafinidades eram muitas

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••90••A História da Turma de 1974 da EPCAR

SAGA DE PRATA

Souza, Edilson, Fazenda, Ricardo, P. Oliveira, Norato, Braga e Luiz Fernando

Sintonia de grupo na hora de patrulhar

Da Costa, 74-302

Servi na PA por dois anos e nunca dei corrida em aluno, seja no

Trevo, pegando carona ou nos “puteiros”.

Apenas uma vez, em 76, enquadrei um “bicho”, pagando cerve-

ja para as “meninas” no Rancho Alegre, extorquindo seu soldo. Ti-

rei-o de lá e soltei na Rua XV de Novembro, sem nada registrar.

Tenho a certeza de que os meus companheiros de PA — Braga,

Brito, Calbucci, Caldas, Cunha, Fazenda, Gunther, Norato, Pignata-

ro, Silva Neto, Tambourgi e Ulysses — também assim procediam.

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••91••A História da Turma de 1974 da EPCAR

SAGA DE PRATA

Turmas B e F - 1974

Existem sentimentos que não têm explicação

Ricardo, 74/053

Certos sentimentos são compartilhados apenas por um grupode pessoas. Um grupo como o nosso, por exemplo.

São sentimentos que estão fora do alcance das pessoas que nãoviveram aqueles momentos — e como vivemos tão intensamente!Por isso, não temos como explicar o que não se pode entender.

Você tem toda razão no que diz; a melhor coisa que fiz na minhavida foi ter ido para a EPCAR.

De lá tenho as melhores lembranças, ali fiz os melhores amigos.Todos somos colegas, mais ou menos íntimos, porém somos ami-gos de verdade. Dá para explicar isso aos “outros”? Tenho sauda-des de vocês, da Gabriel, do Ávila, do...

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••92••A História da Turma de 1974 da EPCAR

SAGA DE PRATA

Fazenda, Machado, Odécio, Witeck, Marcolino, Miguel, Nascimento e Galarça

Pimenta, Gabriel, Marcelo, Kobayashi, Jacimário, Jerônimo e Mascarenhas

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••93••A História da Turma de 1974 da EPCAR

SAGA DE PRATA

Divagações acerca dos nossos irmãos

da Escola e do sonho de voar

Odaci, 74-318

O Gray sempre zeloso,Fica a indagar para alguns, ao Cardoso,Onde andam os sumidos irmãos?Olha, meu chapa, não sou preguiçoso,Pois eu carrego um “baita” cabeção.Porém, O Gray, nosso Guardião,Percebe a todo momentoPara que lado está o vento.Se está soprando em cada um de nósE por esse zelo, haja coração.Eu de cá percebo e me embarga a vozMas é amor, puro e genuíno,Que surgiu em nós, ainda menino.Para todos esses irmãos,É coisa ainda que não se define,Agente somente sente.Pode o tempo ser distante.Um dia, quem sabe, lá bem adiante,Chegaremos todos a uma conclusãoE a todos se incline.Mesmo de mães diferentes,Nós somos quase como irmãos.Isto está se vendo com o passar dos diasE ao sentirmos a vida vazia,Embora, fisicamente distantes,Em nossas vidas de itinerantesQuão importantesVocês foram, um dia.

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••94••A História da Turma de 1974 da EPCAR

SAGA DE PRATA

Quando eu paro, penso, logo escrevo.Lembro de todos, a todos conheço.Surgem frases, gestos, brincadeirasQue em mim perpetuaram, o Pátio da BandeiraE outros lugares dentro da EscolaQue, naquele momento, não se dava bola.Mas, sei que está no inconsciente.Aí vem à tona todo contingente,Éramos meninos, homens sonhadores.Vivíamos presos, com as nossas doresQue se foram um dia, no esquecimento.Alguns lembram, apesar do tempo,Por não ser normal, guardar os dissabores.Só lembramos, dos gostos, das coresDe muitos de nós,Voam nesses ventosQue se misturam com os sentimentosE viveram o sonho dos aviadores.Hoje retorno no Túnel do TempoE imagino, um ExuperryQue no seu vôo noturno, contava estrelasE por não tê-las, ficava a sorrirMuito feliz, somente por vê-las.Ponho pra fora essa saudade presaQue pra vocês, já não é mais surpresa E com certeza, voltarei um diaCom mais escritosCom mais poesias.Um tanto imaturas, quanto infantil,Mas eu não uso o menor ardilNem faço força pra ficar bonito,Pois o que eu sinto é o que tenho dito.

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••95••A História da Turma de 1974 da EPCAR

SAGA DE PRATA

Ventura (Francimar, na AFA), Leão, Odaci, Andrade, Assunção e Washington. Encontro dos 20 anos.

Turma B - 1974

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••96••A História da Turma de 1974 da EPCAR

SAGA DE PRATA

“Desculpem as feias, mas a beleza é fundamental” — assim di-

zia o poeta Vinícius de Moraes. Lá, em Barbacena, essa frase tinha

uma conotação mais real e avessa, pois o feio era destaque e moti-

vo até de desfile, com apreciadores assíduos, platéias e eleições.

Os desfiles de beleza, também chamados de Navio Negreiro, fo-

ram uma das passagens mais cômicas de nossa Turma, com moti-

vo de muito riso. As candidatas não sabiam que estavam em uma

passarela nem se eram alvos de tanta curiosidade e brincadeiras.

O “Navio Negreiro” era o concurso de quem passava com a

mulher mais feia de Barbacena em frente de um restaurante ou de

uma boate onde havia uma aglomeração de alunos como platéia.

Vejamos alguns desses desfiles.

Cenário com uma versão de bons tempos

Schüler, 74/312

O “Navio Negreiro” era isto mesmo: um desafio para os bravos.

A passarela do desespero em frente ao restaurante, A Brasileira, na

Rua XV, na Praça dos Macacos ou no Sóvons. Também valia em

frente ao Gino’s Il Candelabro, ou em qualquer outro lugar onde

houvesse alunos da EPCAR — tanto fazia.

Creio que era a versão “camofa” do “Jaboticaba Power”, “pirofa”.

Aliás, depois do “pontilhão” e antes do “bactértia’s” era um territó-

rio de ninguém. Para os lados do Triângulo Mineiro (Dora-Vovó-

Nem tudo era belo- havia a passarela das feias

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••97••A História da Turma de 1974 da EPCAR

SAGA DE PRATA

Rancho Alegre) até a Boa Morte, valia de tudo! Até mesmo passear

na Praça dos Macacos ou comer um pastel de Banana e Queijo

Minas, na Mexicana.

Bons tempos, aqueles de H em BQ!

Recordista do “concurso”

Ulysses, 74-297

Quanto ao “Navio Negreiro”, se não me engano, um grande re-

cordista foi o Negão, Borges, e com detalhe: com a namorada de fé.

Quase que dava M... um dia.

Alguns anos antes de ele morrer, eu estava fazendo um trabalho

na oficina dos bondes de Santa Teresa e encontrei-o. Claro que não

pude deixar de lembrá-lo por essa passagem gloriosa.

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••98••A História da Turma de 1974 da EPCAR

SAGA DE PRATA

Não sabemos se é possível chamar de dialeto aquilo que faláva-mos além do Português, mas eram tantas as palavras que até pare-cia estarmos isolados da sociedade.

Isso é fácil de ser explicado. A EPCAR, em 1974, já tinha 25 anosde existência, encravada em uma cidade pequena e pacata, Barba-cena, batizada no nosso dialeto de BQ, ironicamente, traduzidocomo “Barbacena Querida”. Os alunos tinham e têm origens emtodo o Brasil, com seu regionalismo e culturas diversificadas e ri-cas. Com todas essas substâncias, amalgadas nesse cadinho, EP-CAR, foi possível criar um nicho próprio, rico em detalhes e fechadoem seus participantes.

Outro aspecto é o grau de convivência: o sistema de internatocontribui para particularização da linguagem falada.

Vamos, então, relembrar esses “verbetes” e seus significados,bem catalogados pelo colega Da Costa.

ACOCHAMBRAR – dar um jeito, minimizar o problema.

ALOPRADO – exagerado.

AP – Apartamento ou H-8.

ARRÊGO – expressão genérica que expressava vários sentidos, tais

como “Isso é demais”, “Como isso pode acontecer”.

AV – Aviador.

BABAR – puxa-saco.

BABÃO – quem puxava o saco.

BACTÉRIAS – bares da periferia, botecos.

BICHO – aluno do 1º ano.

Além do português,falava-se um dialeto

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••99••A História da Turma de 1974 da EPCAR

SAGA DE PRATA

BICHO CAGA-PAU – aluno que não obedecia às ordens dos

veteranos.

BIZÂNCIO – claro, óbvio.

BIZU – dica, cola em prova.

BIZURADO – com informações.

BOI LAMBEU – aquele que tinha o cabelo estirado artificial-

mente, à força.

BOI RALADO – tipo de guisado servido no rancho.

BROCHANTE – que diminui a potência sexual.

BOMBA-D’ÁGUA – saco plástico com água, muito utilizado

nas batalhas entre membros da mesma turma.

Bz bz bz – abreviação de bizâncio.

BV – Blusão de Vôo.

CABAÇO – virgem, que ainda não fez algo.

CAGANDO MOLE – relaxando, deixando correr livre.

CAGUEI – relaxei, não liguei para algo

CAMOFA(O) – as pessoas nativas de Barbacena ou de Minas

Gerais.

CARNAVAL NA ZONA – briga, confusão.

CEPAR – estudar.

CEPEIRO ou CEPÃO – estudioso.

COCEBA – aluno que gostava de “coçar o saco” ou com limi-

tada vontade de estudar.

COLOG – aluno de outras turmas que tinha o mesmo número,

o homônimo em numeração.

DISCO VOADOR – ovo, muitas vezes servido como jantar,

no 3º ano.

ELITE – parte dos alojamentos do 1º e 2º anos onde fica-

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••100••A História da Turma de 1974 da EPCAR

SAGA DE PRATA

vam os alunos com numeração mais baixa, os melhores clas-

sificados.

FAB – feijão, arroz e bife.

FAVELA – parte dos alojamentos do 1º e 2º anos onde ficavam os

alunos com numeração mais alta.

GERUM – brincadeiras onde um colega recebia uma sorva na ca-

beça e nos ombros; normalmente acontecia quando esse aluno di-

zia ou fazia alguma bobagem.

GLOSSORANHA – professora da glossoteca, centro de línguas es-

trangeiras da EPCAR.

GOLPE – fazer algo que enganasse os superiores ou alunos mais

antigos.

GP – garoto-propaganda, desfilar de uniforme na cidade.

GRANADA – bolinho de carne, almôndega.

GRAU RELATIVO – forma de avaliação das notas acadêmicas,

baseada na média e no desvio-padrão dos resultados de toda

a Turma.

H – haja saco, muito utilizado naqueles momentos chatos e de

grande expectativa, próximo às férias, quando ficávamos contando

os dias em forma de H, contagem regressiva.

IMACULANHA – Professora de Francês.

INTERFACE – porta que dava acesso ao meio do alojamento.

INTERCOM – sistema de comunicação com toda a Escola, por

meio de auto-falantes.

LANCE – esperteza, conseguir burlar alguma situação.

LANCEIRO – quem dava lance.

MACAQUINHO – Professor de Geociências.

MARIA-CA – garotas que adoravam namorar com alunos; CA era

corpo de aluonss.

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••101••A História da Turma de 1974 da EPCAR

SAGA DE PRATA

MECANOGRAFIA – curso de datilografia.

MENINÃO – Professor de Física.

PEIXE – protegido de algum aluno mais antigo (veterano) ou de

um oficial.

PENTELHO – embaraçado, aluno que fazia algo errado.

PIRUAR – estar presente em certo locais, buscar algo.

PISCÃO – medroso.

POMBAL – parte dos alojamentos do 1º e 2º ano onde ficavam

entre a “elite” e a “favela”.

RATO-DE-RANCHO – aqueles alunos que eram os primeiros a

chegar no refeitório quando do café ou do jantar.

Rancho – refeitório.

RETA – era parte final de uma tropa em formação, composta por

alunos de baixa estatura.

SAFO – sabido, sagaz, esperto.

SUCO DE TELHA – Suco de Goiaba.

SUGA – educação física.

TESTA – era a parte inicial de uma tropa em formação, composta

por alunos de alta estatura.

TÔCAGADO – pessoas que andavam com as pernas juntas; foi

também apelido de um professor de Geografia.

TRANSAMAZÔNICA – parte da EPCAR onde havia muita árvore;

era uma estrada que ligava o stand de tiros ao H-8, apartamentos.

UNIDOS VENCEREMOS – arroz “grudento”.

VI (VÊ-Í) – saída da Escola às escondidas.

VIBRADOR – aluno ou oficial que eram rigorosos no cumprimento

dos regulamentos militares.

ZERO CU – o último aluno da Turma em numeração.

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••102••A História da Turma de 1974 da EPCAR

SAGA DE PRATA

As competições esportivas propiciaram, sem dúvida, os momen-

tos mais emocionantes de nossa Turma. Foi nelas que a nossa união

fortaleceu-se. Eram marcadas de muita emoção e rivalidade com

outras turmas e com outras corporações militares.

As competições internas, a Lima Mendes, como era chamada,

acontecia uma vez ao ano; era uma semana de muita competição.

Havia torcidas bem organizadas, com bandeiras, charangas e mui-

ta criatividade. A forma como se apresentava essa torcida lembra-

va os modos do Carioca, com suas batucadas, sambas, refrões e

muito humor.

A outra competição anual envolvia as três forças armadas, Ma-

rinha (Naval), Exército e Aeronáutica — por isso, chamada de NAE.

Em cada ano, acontecia em uma das escolas preparatórias.

A Turma de 1974 teve uma particularidade que nos favoreceu

nesses jogos, pois era comum os campeões serem, na ordem, 3º

ano, depois 2º e por último o 1º ano. Aconteceu que, na primeira

Lima Mendes da qual participamos, já demos muito trabalho à Tur-

ma do 2º ano. Quando chegou o ano seguinte, praticamente, empa-

tamos com o 3º ano da época e só não ganhamos porque, no últi-

mo jogo, o de basquete, fomos gafados (conforme a nossa ótica) —

não sabemos se por simples erro de arbitragem ou se houve certo

conservadorismo no resultado, não aplicado em competições es-

portivas.

Iremos conhecer alguns relatos e várias fotos sobre aqueles

torneios.

Competiçõesesportivas: vitórias

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••103••A História da Turma de 1974 da EPCAR

SAGA DE PRATA

Lima Mendes 1974

Muitos campeonatos foram conquistados

Da Costa, 74-302

Para matar a saudade, segue a foto do desfile de encerramento

da Equipe Campeã da XII NAE.

Comandando o Esquadrão, segue o Ten. Fernandes (Cabeção).

Na testa, temos o Cunha, Ulysses, Celso e Menescal. Na linha do

Menescal, segue o Da Costa (eu) e Mc Donald.

Na véspera deste desfile, ocorreu a final do Basquete contra o

Colégio Naval, última modalidade a ser disputada. Entramos em

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••104••A História da Turma de 1974 da EPCAR

SAGA DE PRATA

quadra contra os donos da casa que eram comandados pelo Tute

Sobrinho, técnico do Flamengo — embora tivéssemos sido treina-

dos pelo bicampeão mundial (59 e 63), Togo Renan Soares (Kane-

la), que, por motivo de saúde, não pôde comparecer. O comando da

nossa equipe coube ao treinador Djalma. Ficamos em desvanta-

gem no placar por quase toda a partida, virando o jogo nos minutos

finais com uma vantagem de 4 pontos. O resultado foi 60 x 56. Com

a vitória no Basquete, a EPCAR consolidou o título de Campeã,

com 2 pontos de vantagem sobre a Espcex.

Tive a felicidade de participar da equipe de Basquete da EPCAR

por 3 anos — conquistando os títulos de Tri (74), Tetra (75) e Penta-

campeão (76) sob o comando do Kanela, único treinador brasileiro

a ter registrado o seu nome no Hall da Fama da Fiba.

Competição da NAE

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••105••A História da Turma de 1974 da EPCAR

SAGA DE PRATA

Bomba-d’água na N.A.E.

Washington, 74-015

(com base em uma narração do Longo, 74-223)

Tínhamos poucos meses de EPCAR, em 1974, e acontecia a NAE,aquela competição, envolvendo as três Forças Armadas.

O alojamento do 1º ano ficava no 2º andar, onde se tinha umavisão plena do pátio do rancho e de sua entrada, aquela escadariada fome.

Para não variar, nós, como sempre, vivíamos municiados debomba-d’água, aqueles sa-cos plásticos cheios de H2O.Naquele dia, o artilheiro foi oBartholo, 74-179. Fez ponta-ria e jogou a bomba sobre opessoal do Exército e Mari-nha que estava descendopara o rancho.

Foi aquela “zoeira”, de re-pente, um capitão do Exérci-to, já molhado, subiu as esca-das com muita rapidez e en-carou o Bartolo, com aquelestrejeitos e palavras de IG, dedoem riste e com dizeres arrogantes. Mas, cá pra nós, ele tinha asrazões dele. Isso não importava, a nossa rivalidade com a Espcex eColégio Naval ultrapassava os limites da Razão, principalmente,quando se era “bicho” de poucos meses.

A confusão continuou. A essa altura, já havia oficial da Aero-náutica envolvido no caso. O Tenente Duque correu ao alojamentodo 1º ano e começou a dar “esporro” em todo o mundo. Ao sair decena, o dito Capitão, o nosso Duque falou baixinho:

“ — Vocês jogaram essa m... mesmo?“ — A Turma”, o Bartholo, confirmou.O nosso Tenente deu um sorriso maroto e disse:“ — Fiquem tranqüilos. Eles mereciam muito mais”.

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••106••A História da Turma de 1974 da EPCAR

SAGA DE PRATA

Muitos dos cariocas, paulistas e mineiros viajavam com freqüên-cia para suas casas nos finais de semana, principalmente, aquelesmais longos.

Ficavam, ou melhor, continuavam os nordestinos e os gaúchosna Escola. Curtindo aquele frio tão típico das Mantiqueiras, subindoe descendo ladeiras em Barbacena. Passeando na Rua XV, na Praçados Macacos, no Sovon’s, no Sarcófago, nos Bactérias, nas paste-larias e nos barzinhos, tomando “cuba-libre”, Run com Coca-cola.Afora aquelas visitas às “meninas”.

Todos aqueles “laranjeiras” tinham um porto seguro — uma casade colega no Rio, São Paulo, Juiz de Fora ou BH que acolhia muitobem esses desgarrados. Esses finais de semana com aquelas famí-lias era uma oportunidade de comer aquela comida caseira, conhe-cer lugares novos e pessoas interessantes. Muitas mães nos adota-ram e somos eternamente gratos por aqueles gestos sinceros emuma época de carência afetiva familiar.

Recordemos agora os aludidos finais de semana.

As viagens de férias enos finais de semana

Viagem em final de semana para o Interior das Minas Gerais

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SAGA DE PRATA

Casa de colega, “porto seguro” - acolhida

Washington, 74-015

Por falar em casa de amigos, apesar de não ter os endereços dememória, tenho-os em minha mente, bem vivos.

Lembro, com muita saudade e com uma eterna consideração,os familiares dos amigos Jairo e Barroso. Esse último morava emNiterói, no Icaraí. Fui à sua casa na primeira Semana Santa quepassei na EPCAR; fazia poucos dias que a ponte Rio — Niterói tinhasido inaugurada. Lá, retornei outras vezes.

A casa do Jairo era meu porto seguro, principalmente, quandopassei a morar no Rio, cursando a PUC. Os pais, o tio e irmão foramuma família para mim.

Não posso esquecer o Vovô, em Juiz de Fora. Só passei um finalde semana lá, mas fui muito bem recebido. Foi uma data marcantepara mim, quando fiz a prova do concurso dos Correios, esta em-presa em que estou há 31 anos (1977-2008).

1975 – Ouro Preto – Festival de Inverno: Cardoso, Mastrângelo, Silva Neto, Ruiz Passos, Farias e Torres

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SAGA DE PRATA

Vejam que testemunha de nosso passado essa relação abaixo,de uma viagem de férias em julho de 1976, para o Nordeste, ondeconsta o nome dos passageiros, alunos da EPCAR e até seu peso naépoca. Vejam como estávamos em forma.

Foi assinada pelo comandante do Corpo de Alunos, Cel.Sampaio.

Relação de passageiros, em vôo de Barbacena para Fortaleza

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SAGA DE PRATA

Nós tínhamos os nossos heróis, os nossos referenciais. Essesheróis eram pessoas e quase sempre aviadores. Passaram por nós,até com certa freqüência, e nos deixaram um legado: sua inspira-ção para o vôo.

O maior desses homens foi o Cel. Braga, da Esquadrilha da Fu-maça, quando nela era voado o avião North América, T-6. A aero-nave na qual voava o lendário Cel. Braga foi sinalizada, na época,que seria doada à EPCAR para fazer um monumento em homena-gem a esse piloto e à Turma de 1974. Infelizmente, esse fato não seconcretizou. Sabemos que o Cel. Braga recebeu da FAB esse avião,quando foi para a Reserva, muito merecidamente e com todo o nos-so apoio.

O avião T-6 sempre povoou nossa imaginação e até fazia partede nosso cotidiano, principalmente, nos finais de semana. Entenderisso é simples: tínhamos um T-6 a nossa disposição, em nossojardim. Era um monumento, como se vê na foto abaixo, onde nosreuníamos, em pequenos grupos, ao retornar da Cidade, altas ho-ras da noite, para completar nossas conversas e até filosofar. Quemsabe bem disso são os “laranjeiras”, aqueles que não viajavam nosfinais de semana.

Esses aviadores que tínhamos como referência, sempre os bonse arrojados pilotos, costumávamos chamar de AV-PC: AV de avia-dor e PC de “pra caramba” ou “pra caralho”.

O tempo se passou e nós, Prateados, passamos a ter os nossospróprios heróis. Pilotos, caçadores, que voaram na Esquadrilha daFumaça, F-5, Mirage e foram pilotos de teste. Tivemos dois nomes,que acreditamos ser unanimidade na Turma, como ótimos pilotos:

Nossos referenciaisda aviação - AV-PC

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SAGA DE PRATA

foram o Bacci, que voou na Esquadrilha da Fumaça e o Lancia, quefora piloto de prova da Embraer.

Vejam alguns comentários sobre esse tema que tanto nos em-polgou e até ainda nos emociona.

Avião T-6 , em exposição no Pátio das Bandeiras

Voando no passado: imagens

vivas com rumos diferentes

Washington, 74-015

Ontem, dia 24/05/2008, sábado, por volta das 16:00h, decoleino meu aviãozinho (Mistral, PU-TTT, um ultraleve avançado), doaeródromo Feijó, a sudoeste de Fortaleza — rumo às praias Lestedo Ceará, em um vôo local.

O vento estava ótimo: 10kt e 130º, céu aberto, bem de briga-deiro. Entrei na praia quase em cima do Beach Park, baixei para400 pés, para curtir melhor a paisagem. O vento estava tranqüilo

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SAGA DE PRATA

(como já disse); a maré, alta; e quase deserta de gente, a praia.Segui em frente, meio sem destino. Logo, cheguei à Prainha, emAquiraz. Não estava pensando em muita coisa: estava curtindo ovôo, pois havia dias que não voava. Foi então que me vieram àmemória os meus amigos da EPCAR, caçadores, que passarampor Fortaleza nos idos anos 80, como tenentes do 1º/4ºGAv. Sabiaque, na época, a área de treinamento dos Xavantes era aquelaonde eu estava naquele momento.

A primeira lembrança que me veio foi do Elias — aquele compa-nheiro discreto, de poucas palavras, um atleta concentrado e umaviador que certamente estaria hoje estrelado como brigadeiro. Lem-brei-me também do Bacci — nosso aviador na Esquadrilha do Fu-maça. Ali estava a Turma de 74 na elite da Aviação. Também meveio à mente a imagem do Tarcísio — o Tarcisinho, como chamavao Chacon. Não esqueci o Lancia — risonho, grande amigo e um“baita” aviador. Será que eles estavam em ala comigo naquele ins-tante? Não; era imaginação minha, era querer demais.

Voltei, então, a pensar — entre aqueles instantes em que consul-tava um instrumento e outro e falava ao rádio com um amigo quetambém fazia um vôo naquela mesma área. Hoje, estamos quasetodos realizados, com algumas frustrações, o que é normal: unscomo aviadores; outros como intendentes, médicos, engenheiros,bancários, policiais e em outras profissões.

Pousei o meu avião; era quase pôr-do-sol. Fiz um ótimo pouso,bem “manteiga”, apesar de ter entrado um pouco veloz, mas tudobem, a pista era longa. Aquela história dos colegas da EPCAR con-tinuava ainda em solo.

Como eu não fui para a AFA, ainda guardo comigo esse desalen-to que a miopia me pregou às vésperas do Cemal. Não sei como foia evolução daqueles que seguiram a carreira de aviador, na Acade-mia e no pós-AFA. Sempre tentei acompanhar a vida profissionaldeles, todavia confesso que não consegui; parece que havia uma

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SAGA DE PRATA

cortina, impedindo essa pretensão. Sei que hoje, poucos são aque-les que falam sobre aviação, muitos estão realizados, outros aban-donaram essa idéia logo depois da EPCAR ou da saída da AFA. Euainda vivo um pouco a Aviação.

Quem foi o “AV-PC (pra caralho)” de nossa Turma? Lembramquando citávamos alguns oficiais como “AV-PC”? Do Cel. Braga,da Esquadrilha da Fumaça, no seu famoso T-6, com o peito cheiode estrelinhas? Quem foi, então, o “nosso Cel. Braga”?

Referências emotivas com fé em

ser igual a um aviador-padrão

Fonseca, 74- 326

AV-PC, sem dúvida, foi o Cel. Braga, como todos tivemos o pra-zer de presenciar. Quando ele vinha por cima do hospital antigo,quase arrancando o telhado com a mira centrada no mastro daBandeira, por onde passava quase arrancando o nosso queridopendão. Os nossos cabelos realmente se arrepiavam.

Era um verdadeiro “Fodão” no comando da sua aeronave. Aque-le T-6 parecia uma extensão do seu próprio corpo; diria que foramfeitos um para o outro. E até hoje, quando relembro aquelas passa-gens, confesso que ainda sinto um arrepio de admiração e saudade.

Por falar em “Fodão”, lembra-se do Cel. Sampaio? Pois bem, lem-bro-me dele também, dando seus loopings e tonneauxs no velhoT-25 (Universal) a pelo menos 10.000 pés do solo, nos céus de BQ.Tinha vontade de mandá-lo tomar umas aulas de rasante com oCel. Braga; só não o fazia, porque o “Fodão” ia me presentear comno mínimo uns 1.000Ps.

Certamente nosso querido Bacci foi um AV-PC, acredito que to-dos aqueles que já participaram e os que atualmente participam daEsquadrilha da Fumaça também o foram. Não posso acreditar queum piloto da nossa Esquadrilha da Fumaça não seja um AV-PC.

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SAGA DE PRATA

Cel. Braga, ao centro, com seu T-6 e com vários alunos da Turma-74

Voando no passado: idéias e sonhos em grande balanço

Odaci, 74-318

Você conseguiu libertar aquele pássaro preso,Que cada um de nós tinha no peito.Por ter sonhado, sonhado, sonhado...E nunca ter alçado nosso vôo ousado,E nunca acordado direito.Por nunca termos, em vôo noturno,Orado ao Cruzeiro do Sul,Num perigo voltar ileso.Talvez quem nunca tenha pilotadoE somente sonhado,Não se faça entender,Para quem solou,E na vida pilotou,É difícil esquecer.

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SAGA DE PRATA

É que o sonho ficou congeladoNo baú do nosso peitoE vai ser sempre gostosoPorque é sonho.Não há como explicar,Pois a realidade é dura.Só Deus sabe o quantoNossos amigos de turma tiveram que passarPara serem o que são. Para manter-se nas alturas.Para terem sido o que foram,Principalmente os que voaramE mantinham os pés no chão.Da dura realidade,Não me admiro, se não sentirem saudades.Tenho para todos a compreensão,Inclusive, a revolta de alguns,Para com a turma e com o mundo.Teria um desgosto profundo,Se todos dissessem que foram cem por centoNa vida, nem pra todos sopra o vento.Conforme, o seu desejoSomente hoje eu vejoQue podemos ser e ter tudoE num segundo seguinteSermos apenas ouvinte.Vejo o mundo e sua história.Temos que ser o que somos,Com todas as vírgulas e pontos,Mas, o que eterniza o nosso serÉ a forma como você encarou a vida,Principalmente, seus sentimentos,Que não se enganem.De todos são conhecidosMesmo do doido varrido,Que quer que todos se danem.

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••115••A História da Turma de 1974 da EPCAR

SAGA DE PRATA

Lendo “Voando no Passado”,Fiquei um pouco acordado,Lembrando os amigos que se foramE que encontraremos um dia.O Lancia, Ciampi, Elias...Estarão sempre lá, no horizonte...O mesmo que viram um dia,Nos seus primeiros vôos.Na partida, não tive essa alegria, Mas a terei na chegada.Espero que bem postergada.A realidade é fria,Mas, cabe a nós aquecê-la,Afinal, somos da turma “fodona”.Hoje, de cabelos prateados,Mas seremos, eternamente,“Os lindos passarinhosAzuis como o manto de Nossa Senhora”,Dizia Izabelinha, docementeE nunca nos deixou sozinhos.Sempre esteve ao nosso lado,Há uns que até hoje sente.

Jeep na Rota de Fogo: desespero

e alívio, “pulando a fogueira”

Mauricio, 74-192

Lendo sobre o vôo na área de Aquiraz, me fez lembrar um episó-dio que aconteceu comigo quando servi no 1°/4°GAv.

Fui escalado para ser o controlador das esquadrilhas que iriamutilizar o Estande de Tiro de Aquiraz. Fui levado para lá no helicóp-tero da Base Aérea.

Próximo ao horário do almoço, uma das esquadrilhas que iria

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SAGA DE PRATA

fazer uma missão de treino de bombardeio no estande canceloua missão.

Aproveitei então para “piruar”, dirigindo o Jeep da Base que irialevar o almoço da sentinela que ficava no outro lado do Estande. Ocaminho era pela praia.

Assumi a direção do Jeep. Tudo começou bem e eu já estava atéme empolgando. Porém, a faixa de areia da praia foi-se estreitando,estreitando, estreitando e quando me vi, estava atolado na areiafofa. Tinha parado bem na reta de ataque dos aviões. Fui avaliar am..., então, que tinha feito, pois percebi que a maré estava subindo.

O comandante da Base era o Coronel Saback, uma figura muitosimpática. Quem o conhece sabe do que estou falando.

Bateu o desespero. A cena já se formava na minha mente: qua-tro Xavantes, chegando carregado de bombas e tendo de abortar amissão e alijar todas as bombas no mar, pois não poderiam pou-sar com elas. Enquanto isso, o Jeep do Coronel Saback, o simpáti-co, afundava-se no Oceano Atlântico. Já via a corte marcial que seaproximava e calculava quanto teria de pagar por “três Jeeps naforma da lei”.

Eu e o motorista tentávamos desatolar o Jeep. Só fiz comer areiaque era arremessada pelas rodas. Cada vez que conseguíamos afastá-lo um pouquinho do mar, a maré enchia e aproximava-se ainda mais.

Parti para a última cartada. Fui correndo (logo eu que odeio cor-rer) até a casa onde ficava a guarnição e chamei todos os soldadospara ajudar na operação de resgate.

Com a água já batendo nas rodas e a esquadrilha já chamandovia rádio, conseguimos desatolar o Jeep. Ufa! Grande alívio. O mo-torista ainda me perguntou se eu queria voltar dirigindo. Agradecie recusei, mas ainda acho que ele me estava “sacaneando”.

A sentinela, do outro lado do estande, teve de esperar a marébaixar e a ausência de Xavantes para almoçar. Deve ter-me “xinga-do” muito! Ainda bem que o helicóptero da Base foi me buscar nofinal do dia.

Por hoje, chega. Sinto o gosto de “merda” misturada com areiaaté hoje.

Abraço a todos e muito juízo.

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••117••A História da Turma de 1974 da EPCAR

SAGA DE PRATA

Já temos Oficiais-Generais, os aviadores primeiro, e teremos em

breve os Brigadeiros Intendentes. Ocorreu em 31 de março de 2008

a indicação dos primeiros Brigadeiros-do-Ar, oriundos da Turma de

74 da EPCAR e de 77 da AFA, no total de doze.

Eles são a continuidade da nossa gloriosa Turma de Prata na

FAB e representam a realização dos sonhos daqueles jovens, nos

idos anos de 74 a 76.

São estes os nossos heróis:

•Peclat - 76-504

•Pompeu - 74-008

•Ramos - 74-022

•Egito - 74-328

•Araújo - 74-258

•Afonso - 74-253

•Hélio (Severino) - 74-205

•Kling - 77-286

•Cury - 77-235

•Euclides - 74-175

•Oliva - 77-288

•Volkmer - 77-245

Vejamos alguns depoimentos de nossos colegas de turma alusi-

vos à promoção a Brigadeiro-do-Ar.

Nossos Brigadeiros:projeção do sonho de voar

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••118••A História da Turma de 1974 da EPCAR

SAGA DE PRATA

Alegria em face de carreiras bem-sucedidas

Arnaldo, 74-114

Também compartilho da alegria de toda a Turma de termos co-legas que merecem ser chamados de excelência — Brigadeiro e De-sembargador.

Aos poucos, nossa geração vai ganhando poder e influência so-bre os destinos de nosso País — como civil, na presidência e nadiretoria de Empresas; como advogados e desembargadores no Ju-diciário; como professores titulares de Universidades, potenciaisreitores; diretores de Agência de Governo; diretores de banco; médi-cos; coronéis PM; oficiais do Exército, da Marinha; e Oficiais-Gene-rais da Aeronáutica. Interessante é que não consigo me lembrar denenhum político. Acho que essa turma pauta-se pela verdade, inte-gridade e merecimento... vai saber porquê.

Que Deus sempre os ilumine em suas decisões!

Quando leio textos de colegas, dizendo que sempre acharam queeram esses os quais chegariam ao generalato, me ocorre dizer quesomos felizes porque temos amigos de adolescência e isso é bomporque eles nos conheceram como queríamos ser. Esse conheci-mento nos une.

Parabéns, emoção, amizade e realização

Ritival, 74 -050

A todos, meus sinceros, calorosos e orgulhosos parabéns!Em especial ao Peclat, Pompeu, Zezinho, Afonso, Helinho, Kling

e Cury com quem eu tive mais contato na vida acadêmica, na vidafamiliar e na caserna. Vocês todos devem saber o quanto eu estouvibrando por isso. Quisera muito poder abraçá-los pessoalmenteneste momento.

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••119••A História da Turma de 1974 da EPCAR

SAGA DE PRATA

Perdoem-me todos os outros da rela dos quarenta, mas vocêssempre fizeram parte da minha relação de “brigadeiráveis”. Nãosomente pela competência, marcante nos demais Brigadeiros daturma e em muitos coronéis que não puderam passar pelo funil,mas, principalmente, pelos laços maiores de amizade e carinho quesempre me dedicaram.

Tenham certeza de uma coisa: vocês acabam de me realizar

como militar da Força Aérea Brasileira (grifo do organizadordesta obra).

Um beijo fraternal a todos, aos doze.

Aos Estrelados de 74: mesma emoção da Copa

de 70, para brigadeiros e coronéis

Odaci, 74-318

Lembram? “Todos vibrando na mesma emoção.Pra frente, Brasil, Brasil, salve a seleção”.Quem esquece a Copa de Setenta?E haja coração, agüenta?Foi assim com essa turma de estrelados,Estávamos na mesma emoção, ao seu lado.Novo rumo, novo destino e um mesmo objetivo.Continuar a servir, para nós, é mais prestígio.

Orgulhamos-nos de vocês:Pompeu, que rima com Abreu.Severino, agora é um gás, Hélio,Peclat, ainda sabe desenhar?

O Euclides, que não é Da Cunha,Só para rimar com Bunha,O Araújo, só sendo do AR.Pois se fosse do mar seria marujo.Afonso, tudo começou nos seus campos(dos).

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••120••A História da Turma de 1974 da EPCAR

SAGA DE PRATA

O Cury, que eu não conheci,Confesso não entendi,Essa história de Graxa,Mas, deve ser coisa boa,Pois rima até com cachaça.

O Ramos, velho de guerra,Leve muita paz no Ar

E também pela terra.No Sertão do Cariri,Hoje se planta palmito,É no nordeste da África que lá está o Egito,Só que suas estrelas brilharão no Brasil.Aqui também brilhará o Brigadeiro Vilaça,

Volkmer e Kling, que chegaram à TurmaDe uma vez para ficar.

Hoje o céu tem novas estrelasQue são todos nossos irmãos.Essa turma tão guerreira,Que meche no coração,Sem ser coisa passageiraE com todos na mesma emoção.

Parabéns, novos brigadeiros.E parabéns aos coronéisQue, por certo, irão para reserva,Pois também Deus lhes conservaNa vida novos papéis.

Vocês foram guerreirosAté o último minuto.Torcemos por todos vocês,Do último ao primeiro.Saindo do mundo adulto,Queria que todos fossem Brigadeiros.

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••121••A História da Turma de 1974 da EPCAR

SAGA DE PRATA

Palavras de S. Excia., Hélio: agradecimento,

parabéns e perseverança

Hélio (Severino), 74-205

Quero agradecer a todos pela torcida. Sei que nossa vontade se-ria que todos os Coronéis da ativa pudessem ir juntos. Infelizmente,como sabemos, isso seria uma utopia. Claro que me sinto feliz porter sido indicado, mas confesso, sem demagogia, que gostaria deque, pelo menos, tivessem mais uns 12 nesta lista. Sigo caminho,porém meu melhor amigo (todos nós temos aquele, mais chegadi-nho!) não virá comigo. Mas, ele está vivo, muito vivo, viverá pormuitos e muitos anos, é sangue bom e Irajá tem muito orgulho denós dois. É um momento que me emociona de alegria e de tristeza.É um misto de sentimento.

Parabenizo à galera promovida, Peclat (nosso 01), Pompeu (thebest), Ramos (Zé Avelino da padaria), Afonso (araponga), Egito (doblindado de Campo Grande), José Magno (camofo danadinho), Ki-lng (eterno Corsário), Cury (tosqueira), Euclides (ia escrever aqueleapelido secreto, do terceiro ano da AFA), Villaça (ou será Oliva) eVolkmer (viva Estrela, a cidade que mais cresce no RS).

Parabenizo também aos que não foram escolhidos, pois somostodos muito iguais. A escolha é coisa do momento. Todos os quechegaram até aqui, somos iguais. Entre nós, não existe melhor oupior. Se a escolha fosse no ano que vem, certamente, metade dosescolhidos seria mudada. Tivemos a mesma formação e, após 34anos de caserna, estamos todos muito parecidos.

E a galera que saiu por diversos motivos, também está de para-béns, pois somos todos vitoriosos. Somos hoje uma Turma. HouveCapitão na AFA que tentou extingui-la e quase conseguiu. Mas, gra-ças à perseverança de alguns, sobrevivemos a essa turbulência.

Valeu, galera. Já falei demais.

E viva a Turma de Prata!

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••122••A História da Turma de 1974 da EPCAR

SAGA DE PRATA

Para manter a união da Turma, para matar as saudades e man-ter as informações em dia, os componentes de 74 passaram a reu-nir-se com freqüência e em cidades diversas.

Primeiro vieram os encontros de dez em dez anos: 1984 e em1994. Achamos longo demais esse intervalo de tempo; tínhamosmuita ansiedade em nos reunir. Fizemos, então, os encontros a cadacinco anos: em 1999 e 2004. Todos esses aconteceram em Barba-cena, dentro da própria Escola, com toda descontração, típica denós mesmos, eternos meninos.

Não parou por aí. Criamos o encontro do Rio, a cada primei-ro sábado de dezembro. Já existem encontros mensais, em SãoPaulo, além daqueles regionais, o de Florianópolis e o do Nor-deste, o Aratacal.

Seguem algumas fotos (ver anexo) sobre esses eventos que tan-to fortalecem nossa união.

Encontros da Turma dePrata: união mantida

Reunião da Turma, 30 anos, em frente ao prédio do Comando

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••123••A História da Turma de 1974 da EPCAR

SAGA DE PRATA

No escudo da EPCAR, existe um lema que simboliza bem a uniãoe o perfil de seus alunos, que é: “NOM MULTA SED MULTUM” —que, traduzido do latim, significa: “NÃO MUITOS, PORÉM BONS”.

Membros da Turmade 1974 e seus PQDs

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••124••A História da Turma de 1974 da EPCAR

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••125••A História da Turma de 1974 da EPCAR

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••126••A História da Turma de 1974 da EPCAR

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••128••A História da Turma de 1974 da EPCAR

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••129••A História da Turma de 1974 da EPCAR

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••130••A História da Turma de 1974 da EPCAR

SAGA DE PRATA

Fechamos a cortina do Tempo, momentaneamente, para fazer

um rápido balanço da longa história — cuja lembrança permane-

cerá para sempre em nossa mente, com imagens, nuanças e idéias

tanto individuais como coletivas.

O cenário foi o ambiente interno e externo de uma escola militar

que ensinou, treinou e preparou jovens personalidades para exercer

uma profissão específica e para a Vida: a Escola Preparatória de

Cadetes do Ar (EPCAR).

Contamos hoje com 34 anos (1974-2008) de uma trajetória re-

pleta de ideais e realizações — embora a mesma tenha gerado tam-

bém “mudanças forçadas” de rumo vocacional.

A partir do mesmo sonho inicial de todos nós voarmos em aero-

nave, até mudarmos de plano e chegar aos diferentes postos de

trabalho conquistados mais tarde em outra atividade, aconteceram

tantos fatos — previstos e inusitados, alegres e tristes, leves e peri-

gosos — que não caberiam em nenhum livro de memórias.

Foram muitas as atitudes de companheirismo, acolhida, solida-

riedade, perseverança, gratidão, amizade e outros valores huma-

nos, no decorrer daquela convivência.

Nem todos nós fomos selecionados para a Aviação e o Milita-

rismo. A sonhada carreira não ofereceu o mesmo trajeto para todos

nós, pretendentes — embora a mesma continue querida pela maio-

ria dos que a desejaram desde a juventude. Talvez, por isso, desta-

caram-se muitos exemplos de quem transformou obstáculo em

desafio para vencer — empreendendo os mais diversos esforços, a

fim de concretizar novos ideais — até se realizar em outras ativida-

des laborativas (também condizentes com o seu perfil moral e téc-

Palavras finais

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••131••A História da Turma de 1974 da EPCAR

SAGA DE PRATA

nico). Nessa perspectiva de mudança, “nós outros” (entre os quais

me incluo), tivemos de tomar a forma das novas circunstâncias.

Fiz(emos) um “plano de vôo diferente e tomamos o avião do Desti-

no” com rumo a outras instituições. Todavia, aproveitamos quase

tudo o que foi aprendido — ou diretamente (como o saber científi-

co), ou indiretamente (por adaptação de conhecimento ou experi-

ência do meio militar para o civil).

Não falamos em prantos, porém a nossa alma também sofre

com a dor causada pela ausência de colegas que se “foram eterna-

mente para outro mundo”, ficando a sua família profundamente triste

e dolorida.

Se pretendemos manter viva a memória do nosso ideal, fiéis ao

nosso antigo relacionamento, então devemos adotar dois princí-

pios norteadores dessa mentalidade — em ordem cronológica, su-

gestiva — a qual pode ser alterada, conforme desejo de cada com-

ponente da Turma.

O primeiro seria trazer aqueles que se dispersaram com outros

objetivos de vida e reuni-los interativamente.

O segundo princípio para sustentar os laços de amizade, cons-

truída com sacrifício ao longo do tempo, reside em cultuarmos a

memória dos “nossos” colegas falecidos. (Afinal, chegará o tempo

em que todos nós estaremos na mesma dimensão da Eternidade.)

Podemos afirmar que ninguém ficou no caminho: todos nós ven-

cemos a batalha da Vida, na perspectiva profissional que Ela nos

apresentou.

Portanto, hoje em dia, um misto de passado feliz, de saudosis-

mo e um pouco de lamento pelos planos que fugiram, ainda toma

conta de nós.

Felizmente, a nossa retrospectiva de vida “epcariana” mostrou

muito mais acertos do que erros e apontou mais prosperidade que

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SAGA DE PRATA

fracasso. Cultivamos entusiasmo, perseverança, sinceridade e ca-

valheirismo — o que gera uma expectativa de união duradoura. Afi-

nal soubemos eleger pessoas e valores humanos — encontrados na

própria Turma —, que iluminam os nossos ideais, na turbulência

dos anos.

Curiosamente o roteiro desta obra coincide com a trajetória da

nossa Turma: teve começo, desenvolveu-se e ainda não termina aqui

(pois haverá de se evoluir mais). É como se uma olhasse para a

outra e dissesse: “Eu sou você amanhã”. Provavelmente sairá uma

nova edição, “ampliada e atualizada” com fotos e fatos — tendo

feição e conteúdo que a Turma apresentar.

O que não tem fim, não tem despedida e nem recomeço: tem

continuidade. Então, em vez de dizermos “até logo, ou adeus”, ago-

ra saímos de cena, dizendo:

“logo mais, estamos conversando de novo, meus amigos”.

Com abraço cordial,

Washington de Paula

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Anexo

Membros do AP – 204 (ontem)

Apartamento 204 (hoje)

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EPCAR 1976 – Mutti, Brasil, Souza Jr., Fernando Antônio. D’Amoreira, Demétrio, Sá Filho e Assunção

Corrida da Lima Mendes

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Entre os colegas, estão: Marcelo, Rogério Passos, Costa, Pesche, Marconi, Furtado, Passos, Oliveira, Ricardo, Cunha, Tarsia, Pignatário,

Benguigui, Zanoni, Assis e Gilnei

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Abertura da Lima Mendes – 1974. Geraldo(estandart) Miranda(cão)

Colégio Naval 25 anos – 1976 – Auri(75)-76-Olegário-Chaves-Passos-Ferreira(75)-Germano-Pedro Luiz-Fazenda

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De pé: Menescal, Joaquim, Pedroca e Dilego. Agachados: Raniero, Torres, Magalhães, Elias, e Valença.

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Time de futebol

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Rancho da AFA

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Equipe de serviço, em 13 de maio 1976

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Juramento à Bandeira

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Menescal, Cunha, Ulusses, Poralla e Dilego

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