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UFSM
Dissertação de Mestrado
REFLEXÕES SOBRE A ABORDAGEM DA GEOGRAFIA
NOS CURSOS DE GRADUAÇÃO EM TURISMO
DO ESTADO DO RS, BRASIL.
Dione Rossi Farias
PPGGEO
Santa Maria, RS, Brasil
2006
REFLEXÕES SOBRE A ABORDAGEM DA GEOGRAFIA
NOS CURSOS DE GRADUAÇÃO EM TURISMO
DO ESTADO DO RS, BRASIL.
por
Dione Rossi Farias
Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Geografia,
Área de Concentração Meio Ambiente e Sociedade, da Universidade Federal de Santa Maria, como requisito para obtenção do grau de
Mestre em Geografia.
PPGGEO
Santa Maria, RS, Brasil
2006
Universidade Federal de Santa Maria Departamento de Geociências
Programa de Pós-Graduação em Geografia
A Comissão Examinadora, abaixo assinada, aprovou a Dissertação de Mestrado
REFLEXÕES SOBRE A ABORDAGEM DA GEOGRAFIA NOS CURSOS DE GRADUAÇÃO EM TURISMO
DO ESTADO DO RS, BRASIL.
elaborada por Dione Rossi Farias
como requisito para obtenção do grau de Mestre em Geografia
COMISSÃO EXAMINADORA:
______________________________ Prof. Dr. Bernardo Sayão Penna e Souza
(Presidente)
_____________________________ Prof. Dr. Eduardo Abdo Yázigi
(Membro)
______________________________ Prof. Dr. Eduardo Schiavone Cardoso
(Membro)
Santa Maria, Junho de 2006.
“Caminhar com passos firmes em direção
ao objetivo acalma o coração. Enquanto isso
percorremos sem desvios o caminho da realização”.
Cledenir Marconato
i
DEDICATÓRIA
Aos meus pais. À vocês, minha conquista.
ii
AGRADECIMENTOS
À Universidade Federal de Santa Maria, pelo fato de ser pública e de
qualidade.
Ao Centro Universitário Franciscano, o qual me subsidiou com a maior
parte da bibliografia utilizada.
Ao Professor Waterloo Pereira Filho, pela orientação e confiança no meu
trabalho durante todo o caminho percorrido, ainda que no momento da defesa
não pôde estar presente.
À Professora Kizzy Morejón, por ter me dado o primeiro impulso neste
trabalho.
Ao Professor Luiz Antonio Rossi de Freitas, amigo que com paciência
apresentou-me dicas para o trabalho final.
Ao meu pai e minha mãe por terem me ajudado financeiramente, além do
carinho e amor que me doaram.
Ao meu irmão Lineu, que cuidou do sustento de nossa família, a minha
sobrinha Bruna e minha cunhada Goretti.
Aos coordenadores dos cursos de Turismo que se dispuseram a participar
da pesquisa, obrigada pela compreensão.
Aos amigos do curso de Geografia – Graduação e Mestrado - e a todos
aqueles que de alguma forma apoiaram meu trabalho.
Ao Professor Bernardo Sayão que na última hora aceitou o convite para
representar o Professor Waterloo, na qualidade de co-orientador.
Enfim, em especial aos membros da banca que se dispuseram a avaliar o
trabalho.
iii
SUMÁRIO
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS............................................. viii
LISTA DE QUADROS........................................................................... ix
LISTA DE FIGURAS ............................................................................. xii
RESUMO ................................................................................................ xiii
ABSTRACT ............................................................................................ xiv
CAPÍTULO I
1. Introdução .......................................................................................... 1
CAPÍTULO II
2. Revisão de literatura ......................................................................... 4
2.1. Revisão Histórica............................................................................ 4
2.1.1. Configurações do Turismo......................................................... 4
2.1.2. O Turismo: Organização ............................................................ 6
2.1.3. O Turismo Brasileiro.................................................................. 7
2.1.4. Bases Históricas dos Cursos de Turismo no Brasil ................... 9
2.2. Revisão Teórica .............................................................................. 13
2..2.1. Educação em Geografia ............................................................ 13
2.2.2. Educação em Turismo................................................................ 17
2.2.3. Elementos que Amparam a Educação e o Ensino em Turismo
nos Cursos de Graduação ........................................................................ 19
2.2.4. O Currículo e a Formação de Disciplinas .................................. 21
2.2.5. Circunstâncias do Profissional em Turismo .............................. 24
2.2.6. A Geografia para o Turismo ...................................................... 27
iv
CAPÍTULO III
3. Material e metodologia ..................................................................... 33
3.1. Métodos de Análise.......................................................................... 33
3.2. Procedimentos Metodológicos ......................................................... 34
3.2.1. Instrumentos de Coleta de Dados............................................... 34
3.2.1.1. Contexto e Participantes....................................................... 34
3.2.1.2. Variáveis em Estudo ............................................................ 36
3.2.1.3. Amostragem ......................................................................... 36
3.2.2. Técnica de Coleta de Dados....................................................... 37
3.2.3. Análise dos Dados...................................................................... 37
3.2.3.1. Análise de Conteúdo – Considerações................................. 39
Fundamentos ...................................................................................... 39
Objetivos ............................................................................................ 41
Método................................................................................................ 42
Organização da Análise...................................................................... 42
Abordagem ......................................................................................... 46
Análise de Conteúdo – Resumo ......................................................... 46
3.3. Apresentação dos Resultados........................................................... 47
3.4. Limites do Trabalho ......................................................................... 47
CAPÍTULO IV
4. Resultados .......................................................................................... 48
4.1. Unidades de Registro ..................................................................... 53
Instituição A .......................................................................................... 54
Instituição B .......................................................................................... 55
Instituição C .......................................................................................... 58
Instituição D .......................................................................................... 59
v
Instituição E........................................................................................... 61
Instituição F........................................................................................... 63
Instituição G .......................................................................................... 65
Instituição H .......................................................................................... 66
Instituição I............................................................................................ 67
Instituição J ........................................................................................... 69
Instituição K .......................................................................................... 70
4.2. Unidades de Registro e de Contexto originam as Categorias
Temáticas................................................................................................. 72
4.2.1. Discussão das Categorias Temáticas........................................ 77
1. Cartografia......................................................................................... 77
2. Espaço Geográfico ............................................................................ 80
3. Brasil ................................................................................................. 82
4. Aspectos Físicos da Geografia .......................................................... 85
5. Geografia para o Turismo ................................................................. 87
6. Rio Grande do Sul ............................................................................. 88
7. Globalização...................................................................................... 91
8. Região................................................................................................ 92
9. Continentes........................................................................................ 93
10. Meio Ambiente................................................................................. 93
11. Geografias Especializadas................................................................ 95
12. Paisagem........................................................................................... 96
13. Aspectos Humanos da Geografia ..................................................... 97
14. Território .......................................................................................... 98
5. Discussões ........................................................................................... 100
6.Considerações Finais.......................................................................... 105
CAPÍTULO V
7. Referências bibliográficas ................................................................ 107
vi
8. Anexos................................................................................................. 115
Anexo 1. Diretrizes Curriculares Nacionais dos Cursos de Graduação
em Turismo.............................................................................................. 115
9. Apêndices ........................................................................................... 126
Apêndice 1. Carta enviada as IES para pedido formal de dados ........... 126
Apêndice 2. Documentos recortados em unidades de contexto
desmembrados, com respectivas categorias temáticas............................ 127
vii
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
ABBTUR – Associação Brasileira dos Bacharéis em Turismo
ABDETH - Associação Brasileira de Dirigentes de Escolas de Turismo e
Hotelaria
ANPTUR – Associação Nacional de Programas de Pós-graduação em Turismo e
Hospitalidade
CAPES – Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior
CEE - TUR – Comissão de Especialistas em Turismo
CES – Câmara de Educação Superior
CNE – Conselho Nacional de Educação
CNT – Conselho Nacional de Turismo
CRA – Conselho Regional de Administração
EMBRATUR – Instituto Brasileiro de Turismo
GPS – Sistema de Posicionamento Global
IES – Instituições (ção) de Ensino Superior
INEP – Instituto Nacional de Pesquisas Educacionais
LDB - Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional
MEC – Ministério da Educação e Cultura
RS – Rio Grande do Sul
SESu – Secretaria de Educação Superior
SIG – Sistema de Posicionamento Global (Global Position System)
USP – Universidade de São Paulo
viii
LISTA DE QUADROS
Quadro 1 – Quadro 1 – Distribuição de oferta de cursos de
graduação por região brasileira nos anos de 1994 a 2000 ...................... 10
Quadro 2 – Distribuição de oferta de cursos de graduação na região
Sul do Brasil nos anos de 1994 a 2000 ................................................... 11
Quadro 3 – Endereço das IES com respectiva localização dos
cursos de Turismo e coordenadores, no ano de 2005 ............................. 35
Quadro 4 – Relação das Instituições de Ensino Superior que possuem
Curso de Graduação em Turismo no Estado do Rio Grande do Sul e
respectivas condições legais destes......................................................... 49
Quadro 5 – IES e respectiva localização com a(s) disciplina(s)
relacionada (s) à Geografia do currículo de 2005, do Curso Superior
de Turismo............................................................................................... 50
Quadro 6 – Disciplinas de Geografia ministradas nos cursos de
Turismo segundo dados fornecidos pelas Instituições de Ensino
Superior do RS ........................................................................................ 52
Quadro 7 – Unidades de Registro da Instituição A – Ano e Semestre
ministrado: 2005-1 ................................................................................. 55
Quadro 8 – Unidades de Registro da Instituição B – Ano e Semestre
ministrado: 2005-1 .................................................................................. 57
Quadro 9 – Unidades de Registro da Instituição C – Ano e Semestre
ministrado: 2005-2 .................................................................................. 58
Quadro 10 – Unidades de Registro da Instituição D – Ano e Semestre
ministrado: 2005-2 .................................................................................. 60
Quadro 11 – Unidades de Registro da Instituição E – Ano e Semestre
ministrado: 2005-1 .................................................................................. 61
Quadro 12 – Unidades de Registro da Instituição E – Ano e Semestre
ministrado: 2005-2 .................................................................................. 62
ix
Quadro 13 – Unidades de Registro da Instituição F – Ano e Semestre
ministrado: 2005-1 .................................................................................. 63
Quadro 14 – Unidades de Registro da Instituição F – Ano e Semestre
ministrado: 2005-2 .................................................................................. 64
Quadro 15 – Unidades de Registro da Instituição G – Ano e Semestre
ministrado: 2005-1 .................................................................................. 65
Quadro 16 – Unidades de Registro da Instituição H – Ano e Semestre
ministrado: 2005-1 .................................................................................. 66
Quadro 17 – Unidades de Registro da Instituição I – Ano e Semestre
ministrado: 2005-1 .................................................................................. 68
Quadro 18 – Unidades de Registro da Instituição J – Ano e Semestre
ministrado: 2005-1 .................................................................................. 69
Quadro 19 – Unidades de Registro da Instituição K – Ano e Semestre
ministrado: 2005-1 .................................................................................. 71
Quadro 20 – Conteúdos programáticos dos planos de ensino recortados
em unidades de registro, separados por instituição................................. 72
Quadro 21 – Documentos recortados em unidades de contexto
desmembradas, com respectivas categorias temáticas............................ 126
Quadro 22 – Documentos recortados em unidades de contexto por
similaridade de temáticas, com respectivas categorias temáticas
criadas...................................................................................................... 74
Quadro 23 – Porcentagem de ocorrência das categorias temáticas por
número de instituições............................................................................. 76
Quadro 24 – Categoria temática denominada Cartografia com
respectivas unidades de contexto ............................................................ 79
Quadro 25 – Categoria temática denominada Espaço Geográfico com
respectivas unidades de contexto ............................................................ 81
Quadro 26 – Categoria temática denominada Brasil com respectivas
unidades de contexto ............................................................................... 84
x
Quadro 27 – Categoria temática denominada Aspectos Físicos da
Geografia com respectivas unidades de contexto .................................. 86
Quadro 28 – Categoria temática denominada Geografia para o Turismo
com respectivas unidades de contexto ................................................... 87
Quadro 29 – Categoria temática denominada Rio Grande do Sul com
respectivas unidades de contexto ............................................................ 90
Quadro 30 – Categoria temática denominada Globalização com
respectivas unidades de contexto ............................................................ 91
Quadro 31 – Categoria temática denominada Região com respectivas
unidades de contexto ............................................................................... 92
Quadro 32 – Categoria temática denominada Continentes com
respectivas unidades de contexto ............................................................ 93
Quadro 33 – Categoria temática denominada Meio Ambiente com
respectivas unidades de contexto ............................................................ 94
Quadro 34 – Categoria temática denominada Geografias Especializadas
com respectivas unidades de contexto .................................................... 95
Quadro 35 – Categoria temática denominada Paisagem com respectivas
unidades de contexto ............................................................................... 97
Quadro 36 – Categoria temática denominada Aspectos Humanos da
Geografia com respectivas unidades de contexto ................................... 97
Quadro 37 – Categoria temática denominada Território com respectivas
unidades de contexto ............................................................................... 99
Quadro 38 – Conjunto de temáticas mais valorizadas pelos cursos de
Turismo do RS ........................................................................................ 102
xi
LISTA DE FIGURAS
Figura 1 – Fluxograma de detalhamento das etapas produzidas na
dissertação ............................................................................................... 38
xii
RESUMO
Dissertação de Mestrado Programa de Pós-Graduação em Geografia
Universidade Federal de Santa Maria
REFLEXÕES SOBRE A ABORDAGEM DA GEOGRAFIA NOS CURSOS DE GRADUAÇÃO EM TURISMO
DO ESTADO DO RS, BRASIL
AUTORA: DIONE ROSSI FARIAS ORIENTADOR: WATERLOO PEREIRA FILHO
Data e Local da Defesa: Santa Maria, 20 de junho de 2006.
A educação é um preparo para o indivíduo exercer sua cidadania e qualificar-se para o trabalho, desenvolvida, principalmente, através do ensino, portanto, as instituições de ensino superior criam o currículo de cada curso, especificando as unidades e campos de estudo a serem ministrados. Neste sentido, os cursos de graduação em Turismo contemplam sua organização curricular com estudos relacionados a conteúdos básicos, específicos e teórico-práticos, onde a Geografia se insere no eixo básico de formação, enquanto ciência que estuda os indivíduos e a natureza. As disciplinas de Geografia correspondem a um conjunto de saberes a partir de uma seleção de conteúdos, assim, a pesquisa ressaltou a especificidade da Geografia do Turismo, ou seja, procurou especificar as temáticas expressas pelas concepções teóricas que sustentam o atual ensino de Geografia nos cursos superiores de Turismo do Estado do Rio Grande do Sul, Brasil. Para tal, este trabalho caracterizou as disciplinas ofertadas, além de identificar os enfoques teóricos e a abordagem, avaliando se esta é compatível com proposta generalista de formação para o Bacharel em Turismo. O recurso metodológico usado foi a análise de conteúdo, sob a modalidade de análise temática. A pesquisa é de caráter exploratório e utilizou-se da abordagem qualitativa. Os resultados foram analisados e discutidos em quatorze categorias e respectivas unidades de significado. Constatou-se que a Geografia nos cursos de Turismo do RS não é tratada somente como um objeto para localização no espaço, mas principalmente como um processo social, reflexo da articulação das relações de troca entre sociedade e natureza, as quais produzem o turismo e seus desdobramentos. As abordagens expressas pelas categorias temáticas são elementos que constituem o espaço geográfico tanto do ponto de vista social como natural e, sob o ponto de vista do predomínio de uma Geografia Geral de abordagem social, pode-se inferir que a formação generalista proposta para o Bacharel em Turismo, conforme as Diretrizes Curriculares do ano de 2003, é contemplada somente por alguns cursos que oferecem conteúdos variados. Concluiu-se que não há um conteúdo mínimo de referência de Geografia para os cursos superiores de Turismo do RS.
Palavras-chave: Geografia; Turismo; Cursos Superiores de Turismo; RS.
xiii
ABSTRACT
Dissertation of Mastership Geography Post Graduation Program
Federal University of Santa Maria
REFLECTIONS ON GEOGRAPHY APPROACH IN TOURISM GRADUATION COURSES
IN THE STATE OF RIO GRANDE DO SUL – BRAZIL
AUTHOR: DIONE ROSSI FARIAS ADVISER: WATERLOO PEREIRA FILHO
Date and place of the defense: Santa Maria - June 20th, 2006. The education is a preparation for the individual exercise his citizenship and qualify himself for work. It is mainly developed through the teaching, therefore, the superior educational institutions create the curriculum of each course, specifying the units and fields of study in order to be ministered. In this sense, the graduation courses in Tourism contemplate their curricular organization with studies related to basic, specific and practical-theoretical contents where Geography inserts itself in the basic formation axis while it is the science that studies the individuals and nature. From one selection of contents the disciplines of Geography correspond to a set of acquirements .Thus, this research pointed out the specificity of the Geography of Tourism, that is, it tried to specify the thematics expressed by theoretical concepts which sustain the current Geography teaching in the Superior Courses of Tourism in the state of Rio Grande do Sul, Brazil. For this, the work characterized the disciplines offered, besides identifying the theoretical focuses and the approach. It evaluates if this approach is compatible with the generalist proposal of formation of the Tourism Bachelor. The methodological resource used was the content analysis, under the thematic analysis modality. The research has an exploratory character and it utilized from the qualitative approach. The results were analysed and discussed through fourteen categories and respective units of meaning. It was evidenced that in the courses of Tourism in Rio Grande do Sul, Geography isn’t only treated as an object for spatial localization, but it is mainly as a social process, reflex of the articulation of the interchanging relations between society and nature that produce the tourism and its developments. The approaches expressed by Thematical Categories are elements that constitute the geographical space, both the social point of viewand the natural. And, under the point of view of the predominancy of a General Geography, with social approach, one can infer that the generalist formation proposed by the Bachelor in Tourism according to the Curricular Directrices of the year 2003 is contemplated only by some courses which offer varying contents. It was concluded that there isn’t a minimal reference content in Geography for the superior courses in Tourism of Rio Grande do Sul. KEYWORDS: Geography; Tourism; Superior Courses of Tourism; Rio Grande do Sul (RS).
xiv
CAPÍTULO I
1. INTRODUÇÃO
Segundo a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional de 1996 (LDB), a educação
escolar vincula-se ao mundo do trabalho e à prática social, abrangendo os processos
formativos dos indivíduos, os quais se desenvolvem nas instituições de ensino e pesquisa,
entre outras. Portanto, a educação é um preparo do indivíduo para o exercício da cidadania e
sua qualificação para o trabalho, desenvolvida, principalmente, por meio do ensino, processo
que implica uma formação geral e o estudo de caráter técnico para a aquisição de
conhecimentos e aptidões práticas relativas ao exercício de determinada profissão.
As Instituições de Ensino Superior (IES) podem criar, organizar e extinguir em sua sede
cursos e programas de educação superior, fixando os currículos, observadas as diretrizes
gerais da LDB. Portanto, os princípios norteadores das Diretrizes Curriculares para os Cursos
de Graduação visam assegurar as IES uma carga horária mínima para as disciplinas e uma
certa liberdade na integralização dos currículos, assim como a especificação das unidades e
campos de estudo a serem ministrados e demais experiências de ensino-aprendizagem.
Neste sentido, os Cursos de Graduação em Turismo deverão contemplar em seus
projetos pedagógicos e em sua organização curricular estudos relacionados a conteúdos
básicos, específicos e teórico-práticos, onde a Geografia se insere no eixo básico de formação.
As disciplinas vinculadas são aquelas que trazem os fundamentos necessários para o
desenvolvimento da capacidade reflexiva, propiciando o balanceamento entre teoria e prática.
O turismo é um fenômeno social, cultural e econômico, por isso depende de
profissionais capacitados para assumirem sua gestão e sua organização. Assim, devido ao
amplo mercado de atuação do Bacharel em Turismo, profissional formado nos cursos
superiores de Turismo, suas atividades exigem uma formação ao mesmo tempo generalista –
no sentido de uma ampla visão de mundo e conhecimento de áreas afins, tal como a Geografia
– e particularizada, especialmente com conhecimentos profissionais de interesse e de
liberdade de escolha das IES (Shigunov Neto & Maciel, 2002).
2
As pesquisas de conteúdo turístico se expandem em várias áreas do conhecimento,
havendo evolução para os estudos científicos interdisciplinares, como a Geografia, visando à
atividade turística (Rejowski, 1998). Assim, o ensino em Turismo, em um equilíbrio
interdisciplinar utiliza a Geografia, enquanto ciência dos indivíduos e da natureza, para
formação do aluno.
No entanto, sabe-se que um curso de graduação em Turismo possui duração média de
quatro anos e que, por isso, agrega uma série de disciplinas além daquelas relativas a
Geografia, o que não é comparável com a seqüência de conhecimentos de uma graduação em
Geografia. Neste caso, considerando-se o número de horas-aula restrito é preciso, sem dúvida,
trabalhar com as temáticas mais importantes da Geografia e concernentes à profissão do
Turismólogo.
Deste modo, através da prática pedagógica do ensino, as disciplinas que trabalham com
a ciência geográfica nos cursos de Turismo organizam seus conteúdos sob várias perspectivas,
pois estes compõem as expressões das formas de se ter acesso ao conhecimento. Por
conseguinte, a análise dos conteúdos é básica para entender as funções que o currículo cumpre
como expressão do projeto de cultura e socialização, através de seu formato e das práticas que
cria em torno de si (Sacristán, 2000).
A Geografia é uma ciência muito rica e complexa, já que estuda o espaço organizado
por uma sociedade e, também, o meio físico natural com suas características e reservas. Por
isso, as disciplinas de Geografia correspondem a um conjunto de saberes a partir de uma
seleção de conteúdos e como tal, não podem englobar todos os objetos de estudo da ciência
geográfica.
A Geografia pode auxiliar na interpretação dos fatos que ocorrem no espaço geográfico
por meio de temáticas, relacionando-as. Sob este entendimento, Heidrich et al (2001) afirmam
que por meio da elaboração teórica e conceitual se torna possível estabelecer inter-relações e
nexos explicativos entre os fatos geográficos e, portanto, níveis de entendimento complexos e
articuladores entre o global e o particular.
O processo de aquisição de conhecimento é dinâmico e implicou em profundas
transformações para o pensamento geográfico, pois, o contexto do conhecimento é
cumulativo, social, relativo, desigual e, ao mesmo tempo, contínuo/descontínuo. Assim, há
uma multiplicidade de abordagens teórico-metodológicas na Geografia brasileira em um
movimento que se justapõe e se supera, afirma Carlos (2002).
3
A oferta do ensino superior brasileiro em Turismo aumentou em 637,5 %, em apenas
seis anos, (de 1994 a 2000) (Ansarah, 2002), mesmo que na realidade do mercado ainda
prevaleça a mão-de-obra amadora. Esta situação gera maior necessidade de reavaliar os
componentes curriculares dos cursos de Turismo, inclusive as disciplinas e seus respectivos
conteúdos, assim, a preocupação desta pesquisa esteve assentada na Geografia, ou seja, como
ela se enquadra no contexto maior da educação turística.
Neste contexto, ressaltou-se uma questão de natureza teórica que pretendeu especificar
as condições de ocorrência: Qual é a especificidade da Geografia do Turismo, ou seja, quais
as temáticas expressas pelas concepções teóricas que sustentam o atual ensino de Geografia
nos cursos superiores de Turismo no Rio Grande do Sul? Para responder a tal problemática o
objetivo deste trabalho foi caracterizar as disciplinas de Geografia ministradas nos Cursos de
Graduação em Turismo do Estado do Rio Grande do Sul, Brasil.
Após esta caracterização foram definidos os seguintes objetivos específicos: a)
identificar os enfoques teóricos das propostas de ensino dos profissionais responsáveis pelas
disciplinas mencionadas, através dos conteúdos programáticos; b) verificar a abordagem que
os conteúdos geográficos evocam através das temáticas envolvidas; c) avaliar se a abordagem
da Geografia ensinada nas disciplinas analisadas é compatível com a formação generalista
proposta para o Bacharel em Turismo, através do Parecer CNE/CES 0288 de 2003, cujo
assunto são as Diretrizes Curriculares Nacionais para os Cursos de Graduação em Turismo.
A reflexão acerca da identidade das disciplinas que contemplam a Geografia pretendeu
subsidiar o ensino, tanto para professores como alunos, visando contribuir para a
epistemologia do Turismo dentro de uma ciência em discussão e com escassa bibliografia
disponível. Neste sentido, a identificação das temáticas evocadas pelos conteúdos das
disciplinas de Geografia possibilitou traçar um perfil da abordagem geográfica nos cursos
superiores de Turismo do Rio Grande do Sul.
As disciplinas que se caracterizou e analisou são originadas pelas IES com diversas
denominações para envolver o conteúdo geográfico. Assim, escolheu-se àquelas que se
referiam a Geografia segundo as informações fornecidas pelas Instituições, supondo que
caracterizam os objetos de estudo da ciência geográfica para o Turismo.
CAPÍTULO II
2. REVISÃO DE LITERATURA
2.1. REVISÃO HISTÓRICA
2.1.1. Configurações do turismo
A primeira vez que se registrou a palavra turismo foi no Dicionário Inglês Oxford –
tourism - no ano de 1.800, significando a prática da viagem por prazer. A etimologia da
palavra proveio do latim tornare, como verbo que significa girar e ism proveio do sufixo
grego ismos que significa fenômeno (Lleida, 1993; Moesch, 2000).
O Turismo é um fenômeno em processo de cientifização devido ao tratamento ainda
recente que recebe por parte da pesquisa científica. Neste sentido, Rejowski (2002) revela que
o estudo do Turismo evolui com esforços em pesquisa e ensino de forma semelhante ao
processo de cientificidade já ocorrido em outras disciplinas das ciências humanas e sociais,
como a Geografia, a Antropologia, a Sociologia e outras.
Assim, um corpo de conhecimentos se criou com métodos, teorias e suposições de
outras áreas, delineando parâmetros com seus componentes e dimensões característicos para o
Turismo. Toledo et al (2003) afirma que cada disciplina que compõe o Turismo usa seus
próprios conceitos e métodos para abordá-lo, configurando a integração de diferentes
perspectivas advindas de áreas como a Psicologia, a Economia, a Geografia, a Gestão, entre
outras.
O turismo é um setor que produz riqueza econômica ou uma redistribuição da renda
quando existe um deslocamento temporário de indivíduos da residência habitual, com
pernoite, por vontade própria ou alheia para determinados fins, produzindo uma troca de
relações humanas e, em geral, uma satisfação pessoal, portanto, é um fenômeno
socioeconômico com diferentes repercussões (Lleida, 1993; Boniface & Cooper, 1994;
Padilla, 1997).
5
Na sua enorme complexidade, o turismo reveste-se de tríplice aspecto com incidências
territoriais específicas em cada um deles, pois é um fenômeno que apresenta áreas de
dispersão (emissoras), de deslocamento e áreas de atração (receptoras), sendo aí onde se
produz, reproduz e se consome o espaço turístico. Portanto, devido à natureza interdisciplinar
e sistêmica do turismo, suas características dizem respeito aos fatores presentes nas atividades
turísticas: intangibilidade, perecibilidade, simultaneidade do binômio produção-consumo e a
demanda flutuante (Rodrigues, 1999; Gastal & Moesch, 2004).
Independentemente da escolha de uma entre várias definições de turismo, Rodrigues
(2005) sugere a existência de duas abordagens diferentes: uma abordagem mais técnica e
operacional do turismo e outra abordagem mais acadêmica e científica. As perspectivas
profissionais, operacionais e técnicas estudam e concebem o turismo como uma atividade
econômica e como tal geradora de produtos e serviços, enquanto que a perspectiva acadêmica
estuda e concebe o turismo como um fenômeno complexo. Advêm, assim, a necessidade de
descrever, analisar e compreender o fenômeno do turismo, de forma a construir um quadro
teórico.
As implicações que o turismo exerce sobre várias dimensões da sociedade pressupõem
uma investigação interdisciplinar, onde cada ciência social estuda o campo da realidade
turística sob perspectivas diferentes, pois cada disciplina poderá ajustar, estudar e
compreender o turismo. Por conseguinte, o turismo é um fenômeno econômico, psicológico,
antropológico, cultural e social (Rodrigues, 2005).
É um fenômeno econômico porque a economia estuda os recursos envolvidos no
processo de produção e consumo do produto turístico, dentro de um determinado mercado, em
uma relação de trocas. É um fenômeno psicológico, dado que a Psicologia analisa o processo
de escolhas presentes no ato de viajar de cada indivíduo e no contexto social em causa. É um
fenômeno antropológico porque permite um contato entre diferentes culturas e, ainda, é um
fenômeno sociológico porque o turismo e o lazer são o resultado das sociedades industriais e a
forma como estas se encontram organizadas.
Várias são as definições e variantes que podemos encontrar para o turismo, em que
algumas enfatizam um panorama econômico, outras um panorama social, mas todas elas, de
certa forma, dizem respeito aos deslocamentos que os homens realizam por razões que não
estejam ligadas ao trabalho e que utilizem serviços variados, sejam de alimentação, de
hospedagem, de transporte e de suprimento das demais necessidades humanas.
6
2.1.2. O turismo: organização
O turismo e o lazer são oficializados e organizados pelas sociedades industriais, mas
existem desde a Antiguidade. A Antigüidade Clássica Grega e Romana, a Idade Média e o
Renascimento foram épocas que, segundo Gee (1999) e Rejowski (2002 a) marcaram o
percurso que inicialmente o turismo desenvolveu, tanto pela necessidade que os indivíduos
tiveram de ir a busca de conquistas territoriais quanto pela procura por alimentos e a expansão
das invenções.
O tempo histórico veio dando forma ao turismo desde os povos antigos. Cabe salientar
que após a Segunda Guerra Mundial o Turismo se consolidou e se expandiu,
profissionalizando-se. O seu estudo científico desenvolveu-se junto a um período de
massificação turística, onde, por todas as características sociais, econômicas e culturais da
época um grande número de pessoas viajou, o que gerou o chamado “boom turístico”, um
grande crescimento, porém com exploração.
Novas características e fatores intervenientes marcam o turismo a partir de 1974 até o
ano 2000 (Rejowski, 2002 a). De uma prática elitizada passou a um direito de todo e qualquer
cidadão, sob uma ótica da globalização e de um desenvolvimento sustentável, ou seja, a
competição dos mercados turísticos mundiais significou a expansão e a integração de
empreendimentos com a preocupação de gerir recursos para o futuro, visando captar e/ou
manter a demanda turística.
Na visão de Molina (2003), a partir de 1980 o turismo atravessa uma fase pós-industrial,
a qual possui referência na diferenciação dos produtos e serviços, para tal, segmentando-os,
dando-lhes caráter competitivo, descentralizados nas decisões e de personalização, além da
utilização de estratégias de desenvolvimento sustentável. O modelo pós-industrial estrutura-se
através de movimentos sociais e culturais que repercutiram em todos os setores turísticos.
O pós-turismo é a fase atual que o turismo atravessa, segundo Molina (2003),
caracterizada pelas tecnologias e pela utilização da informação como recurso estratégico. Os
produtos turísticos são desenvolvidos com base tecnológica e de força de trabalho organizada,
ambos frutos de uma gestão (planejamento) adequada. O destaque para o produto turístico
fica por conta dos parques temáticos.
Com a globalização e as tecnologias houve uma revolução na organização do Turismo,
o qual se tornou facilitado pela informática, pela maior comercialização e divulgação de
7
produtos turísticos, pela maior freqüência de viagens e por um planejamento adequado aos
destinos turísticos, pela formação e capacitação de recursos humanos e pelo ensino e pesquisa
na área.
Mesmo com os recentes conflitos e atentados terroristas entre alguns países a atividade
turística não estagnou, apenas sofreu alterações na escolha pelos destinos. A atuação de
organismos e associações internacionais vem beneficiando todos os setores econômicos e
sociais que se envolvem com o turismo e, todo o conjunto que forma aquele vem
proporcionando um aumento nas chegadas e receitas do turismo internacional (EMBRATUR,
2005).
2.1.3. O turismo brasileiro
O Brasil possui sua história marcada pela influência da colonização. Em tal
circunstância, o turismo se insere ao longo dos séculos junto com a identidade que construiu a
cultura, a língua e a religião do território brasileiro, o qual foi explorado e colonizado por
diversas etnias (Pires, 2001; Sá, 2002). Na atualidade temos um Brasil muito diferente
daquele descoberto, onde a expansão social, econômica, cultural e política modelou uma
imagem de um país em desenvolvimento, com o urbano e o rural plenamente identificáveis.
Mesmo com muitas dificuldades para encontrar registros a respeito das primeiras
manifestações turísticas no Brasil, Rejowski (2002 a) considera a importância de alguns fatos
e divide a evolução do turismo no Brasil em cinco períodos: o século XVII até o século XIX,
de 1900 a 1949, de 1950 a 1969, de 1970 a 1989 e de 1990 a 2000.
Os séculos XVII e XIX deram início aos primórdios do turismo, da colônia ao império
brasileiro. Nesta época os viajantes eram chamados tropeiros e suas viagens só ocorriam em
função da necessidade de expansão para novos territórios, busca de riquezas ou gêneros de
primeira necessidade. No Nordeste, a elite açucareira enviava seus filhos para estudar na
Europa.
O hábito brasileiro de viajar realmente desenvolveu-se a partir do início do século XIX,
pois a cafeicultura do Rio de Janeiro e São Paulo permitiu que os fazendeiros enviassem seus
filhos para a Europa, tanto para estudo como passeio, de onde trouxeram o hábito dos banhos
de mar para as curas e, em torno disto, começaram a surgir os serviços de apoio.
8
No período compreendido entre 1900 e 1950, principalmente produto da Consolidação
das Leis de Trabalho que garantiram férias aos trabalhadores, desenvolveu-se o turismo. Em
1920 difundiram-se as chácaras de lazer ao redor dos centros urbanos e litorais, enquanto que
os hotéis começaram a se organizar em 1921 e, entre 1936 e 1946 desenvolveram-se imensos
hotéis-cassino. No setor de transportes surgiu a navegação marítima, a ferrovia, o automóvel,
as companhias aéreas e, logo, as agências de viagens.
Embora o turismo tenha se desenvolvido de forma lenta comparada ao resto dos
acontecimentos mundiais, entre 1950 e 1969 muitos fatores colaboraram para que o Brasil
melhorasse o sistema de transportes e os sistemas de comunicação, para que as cidades
crescessem junto com uma classe média capaz de viajar e surgissem alguns órgãos públicos e
privados de fomentação e controle turístico importantes, como a Embratur.
Nos anos 1970, o turismo brasileiro vive uma época de euforia com a melhoria
econômica do país, assim muitos investimentos e cursos de Turismo surgem (Ansarah, 2002;
Rejowski 2002 a). Nos anos 1980 houve uma decadência no turismo enquanto atividade
praticada, mas isto não impediu que passasse a ser visto como uma atividade séria e
profissional a ser estudada.
Na década de 1990, planos e programas governamentais deram mais auxílio a toda
atividade turística ao mesmo tempo em que se ampliou a oferta turística dentro das
segmentações de mercado, bastante competitivas. Ainda há muito a se fazer pelo turismo no
Brasil, mas este já apresenta um significativo crescimento, tanto nas pesquisas científicas
quanto nos produtos turísticos disponíveis.
De acordo com o Boletim de Desempenho Econômico do Turismo no Brasil,
pesquisado pela EMBRATUR (2005), os negócios vêm apresentando aumentos em relação as
parcelas de mercado, o que gera maior crescimento, faturamento e ampliação de recursos
humanos. A entrada de turistas estrangeiros no Brasil em 2004 ficou estimada em 4,6 milhões
de pessoas, um crescimento de 12 % a mais que 2003.
9
2.1.4. Bases históricas dos cursos de Turismo no Brasil
Com base em Rejowski (2002), a necessidade de mão-de-obra qualificada para atuar nas
empresas e órgãos turísticos brasileiros gerou ofertas de ensino em Turismo no nível técnico e
superior. O treinamento técnico passa a não ser suficiente para realizar as tarefas, surge,
então, a necessidade de formação de profissionais de modo aprofundado e abrangente,
instigando a capacidade crítica e criativa, através dos cursos no nível de graduação.
No Brasil foi criado o primeiro Curso Superior em Turismo a partir do parecer n°. 35/71
do Ministério da Educação, aprovado em 28 de janeiro de 1971, na Faculdade de Turismo do
Morumbi, em São Paulo, sendo que na mesma ocasião já é apresentada a primeira revista
acadêmica sobre Turismo (Rejowski, 2002 a; Trigo, 2000).
No dia 29 de janeiro de 1971, o Conselho Federal de Educação fixou o conteúdo
mínimo para as matérias de Sociologia, História do Brasil, Geografia do Brasil, História da
Cultura, Estudos Brasileiros, Introdução a Administração, Noções de Direito, Técnica
Publicitária e Planejamento e Organização do Turismo (Ansarah, 2002).
Pode-se ver que a Geografia já se enquadra na primeira proposta de conteúdos para o
currículo, fazendo parte das disciplinas básicas. Preocupada com a estrutura curricular,
somente em 1978, a Embratur delega a discussão para a Universidade de São Paulo (USP)
para que, mais tarde, o Ministério da Educação (MEC) disciplinasse o currículo em questão.
Surge, então, uma linha curricular voltada para a pesquisa e outra para o mercado (Ansarah,
2002).
No ano de 1997, juntamente com a elaboração das propostas para as diretrizes
curriculares para os Cursos de Graduação em Turismo e Hotelaria, foi elaborada a biblioteca
básica para os cursos de graduação com uma proposta agregada para o novo currículo mínimo
dos cursos de Turismo, o qual prevalece até hoje (Ansarah, 2002):
- carga horária mínima de 3000 horas,
- mínimo de 4 e máximo de 7 anos,
- 25 % das disciplinas para formação básica,
- 45 % das disciplinas para formação profissional,
- 20 % das disciplinas para formação complementar e,
10
- 10 % para estágio obrigatório.
Em 1998/99 foi elaborado o Manual de Orientação para Avaliação in loco das
Condições de Autorização e Reconhecimento dos cursos de Turismo e Hotelaria,
posteriormente revisados em 2000/2001 e, em 14 de junho de 2000 foi criada a Comissão de
Especialistas em Turismo pela Secretaria de Educação Superior (SESu) do MEC. Hoje, ainda
é preciso um longo caminho burocrático para a aprovação, a qual passa pelo MEC, e posterior
reconhecimento das propostas para os cursos superiores que cabe ao Instituto Nacional do
Ensino Superior (INEP) (Ansarah, 2002).
Os cursos Graduação de Turismo e/ou Hotelaria surgem no Brasil na década de 1970 e,
ao longo do tempo, expandem-se pelas regiões brasileiras. Através do Quadro 1 é possível
observar alguns dados qualitativos e quantitativos:
Porcentagem de Ocorrências por Região
Ano
Tota
l de
Cur
sos d
e G
radu
ação
Cur
sos d
e Tu
rism
o
Cur
sos d
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otel
aria
Cur
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- Tu
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ou H
otel
aria
Nor
te
Cen
tro-O
este
Nor
dest
e
Sude
ste
Sul
1994 41 32 8 1 - - 4,8 %
2,5 %
22 %
51,2 %
19,5%
1996 51 40 8 1 1 1 8 %
4 %
23 %
48 %
17 %
2000 298 204 21 9 - 64 2 %
10 %
14 %
58 %
16 %
Quadro 1 – Distribuição de oferta de cursos de graduação por região brasileira nos anos de 1994 a 2000.
Fonte: elaboração própria a partir dos dados.
Conforme o Quadro 1, em 1994 foi feito o primeiro levantamento de dados sobre o
número de cursos de graduação em Turismo e Hotelaria no Brasil. Foi constatada a existência
de quarenta e um (41) cursos, sendo trinta e dois (32) em Turismo (78 %), oito (8) em
Hotelaria (19,5 %) e (1) um em Turismo e Hotelaria, com uma percentagem de distribuição
de 19,5 % dos cursos na região Sul, 51,2 % no Sudeste, 22 % no Nordeste, 2,5 % no Centro-
Oeste e 4,8 % na região Norte (Ansarah, 2002).
11
Em 1996 havia cinqüenta e um (51) cursos de graduação, sendo quarenta (40) de
Turismo (78,5 %), oito (8) de Hotelaria (15,8 %), um (1) de Turismo e Hotelaria, um (1) de
Geografia com ênfase em planejamento turístico e um (1) de Administração Hoteleira,
totalizando 17 % na região Sul, 48 % na região Sudeste, 23 % na região Nordeste, 4 % na
região Centro-oeste e 8 % na região Norte, o que mostra uma redução para as regiões Sul e
Sudeste e um aumento nas regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste em relação a 1994.
Em 2000 havia duzentos e noventa e oito (298) cursos de graduação, duzentos e quatro
(204) de Turismo (68,3 %), vinte e um (21) de Hotelaria (7 %), nove (9) de Hotelaria e
Turismo (3 %) e sessenta e quatro (64) de Administração com habilitação nas áreas de
Turismo e Hotelaria (21,7 %), totalizando 16 % na região Sul, 58 % na região Sudeste, 14 %
na região Nordeste, 10 % na região Centro-Oeste e 2 % na região Norte.
De 1994 a 2000 podemos observar um elevado aumento de 637,5 % nos Cursos de
Graduação em Turismo, considerando todos os Estados brasileiros. Logo, em 1994 a região
Sul apresentava oito (8) cursos de Turismo e/ou Hotelaria do total de quarenta e um (41)
cursos em todo Brasil (19, 5%), em 1996 ficou com oito (8) cursos do total de cinqüenta e um
(51) (15,7 %, uma redução de 4 % em relação a 1994) e, em 2000 ficou com quarenta e sete
(47) cursos de Turismo e/ou Hotelaria de um total de duzentos e noventa e oito (298) (15, 8
%) em todo o Brasil, ou seja, houve uma queda no valor relativo de cursos em 1996 que se
manteve em 20001 (Quadro 2).
Ano Total de Cursos no Brasil Região Sul
Porcentagem de Ocorrência em Relação às Regiões Brasileiras
1994 41 8 19,5 %
1996 51 8 15,7 %
2000 298 47 15,8 %
Quadro 2 – Distribuição de oferta de cursos de graduação na região sul do Brasil nos anos de 1994 a 2000. Fonte: elaboração própria a partir dos dados.
1 Para obter maiores detalhes consultar Ansarah, Marília Gomes dos Reis. Formação e capacitação do profissional em turismo e hotelaria: reflexões e cadastro das instituições educacionais no Brasil. São Paulo: Aleph, 2002.
12
A criação de cursos de Turismo e a demanda de alunos até o fim dos anos 1990
acompanharam a realidade socioeconômica brasileira, a qual atravessou períodos de elevação,
gerando empregos e novas profissões, e estagnação, afetando a atividade e a formação
profissional turísticas (Matias, 2002).
Segundo dados do INEP (2005), o número total de Cursos Superiores em Turismo no
Estado do Rio Grande do Sul é de dezesseis (16), sendo que todos estão em funcionamento.
No Estado de Santa Catarina, o INEP possui cadastro de trinta e quatro (34) Cursos de
Bacharelado em Turismo e, no Estado do Paraná quarenta e um (41) cursos, o que totaliza
noventa (90) Cursos Superiores em Turismo na região Sul do Brasil.
Uma característica do ensino em Turismo no Brasil é o aumento recente e quantitativo
dos cursos de Turismo e o surgimento de cursos relacionados com a área, suprindo a
necessidade de especialização e segmentação. Porém, tal característica acaba apresentando
alguns problemas como falta de professores qualificados, de prática profissional e falta de
literatura específica (Batista, 2004).
13
2.2. REVISÃO TEÓRICA
2..2.1. Educação em geografia
Inicialmente, é importante destacar que há uma diferenciação entre a ciência geográfica
e a disciplina ou matéria de ensino de Geografia. A matéria de ensino corresponde ao
conjunto de saberes da ciência geográfica convertidos em conteúdos escolares a partir de uma
seleção e uma organização dos conhecimentos e procedimentos tidos como necessários à
educação em geral, enquanto que a ciência constitui-se de teorias, conceitos e métodos
referentes ao seu objeto de investigação (Cavalcanti, 1998).
A inserção da Geografia como disciplina ocorreu nas escolas primárias e secundárias da
Europa do século XIX, para a difusão de uma ideologia do nacionalismo patriótico, de acordo
com os interesses políticos e econômicos dos vários Estados-nações. Mais tarde, no século
XX, as bases teórico-metodológicas são revistas, pois o objetivo da ciência geográfica era a
transmissão de dados e informações dos territórios e países, em particular.
A partir deste período, as reformulações da Geografia alteraram significativamente seu
campo de ensino, portando a articulação entre natureza e sociedade, hoje, fundamental. Pode-
se verificar isso nos “inúmeros trabalhos produzidos nas últimas décadas, que denunciaram as
fragilidades de um ensino com base na Geografia Tradicional e que propuseram o ensino de
uma Geografia Nova, com base em fundamentos Críticos” (Cavalcanti, 1998, p. 18;
Suertegaray, 2005).
A educação na sala de aula contribui, basicamente, através da síntese de quatro
objetivos: retransmitir os melhores valores à sociedade humana; produzir uma epistemologia
crítica para os estudantes; ser o lugar onde se reparte e socializa o saber e, onde se constrói
conhecimento a partir do que se cria e se recria. Neste sentido, perante o ensino institucional a
Geografia tem sido uma sólida contribuição cultural, o que significa um compromisso para os
educadores desenvolverem capacidades geográficas na comunidade, como compreensão,
reflexão e solidariedade, destinadas ao livre processo da informação (Ligüera, 1998).
Um educador passa por uma formação geral referente a determinado conhecimento
acumulado pela humanidade, por uma qualificação técnica e por uma dimensão pedagógica
14
que presume a capacidade de se perceber e se reconhecer no interior de um processo de
trabalho que se destina à sociedade. Assim, a Geografia possui uma função técnica, que
habilita o sujeito, e uma função social, a qual dá sentido ao trabalho (Callai, 1999).
O profissional que ensina a Geografia precisa de uma visão holística, com o
conhecimento e apropriação dos referenciais teóricos fundamentais e com o domínio do
método e escolha das técnicas científicas adequadas, além de saber recuperar, organizar e usar
o conhecimento e a informação adquirida (Callai, 1999).
Neste sentido, o professor necessita de uma carga de informações e conteúdos para
realizar o ensino e principalmente, conhecer o processo de construção do conhecimento, os
aspectos didático-pedagógicos e a psicologia de aprendizagem. Precisa, ainda, saber discutir e
ensinar o processo de aprendizagem, além de transitar entre os conteúdos e os aspectos
pedagógicos. Ao profissional cabe, enfim, o ato de educar, no sentido de criar condições e
instrumentalizar pessoas para o acesso à cidadania.
Todavia, as propostas curriculares são um desafio para o educador porque podem ser
contrárias à formação específica daquele. Assim, deve haver disposição para o trabalho
interdisciplinar, com atitude e habilidade, deve haver fomentação de uma postura crítica
acerca das práticas pedagógicas e adequação da metodologia de ensino em Geografia às
exigências específicas de cada lugar (Ligüera, 1998).
Quando submetidos ao risco de serem dominados pelas urgências dos resultados e pela
necessidade de demonstrar que estão na “moda pedagógica”, (grifo do autor) os educadores
muitas vezes dissociam as teorias das práticas, não existindo a necessária retroalimentação
(Ligüera, 1998). Neste processo, o papel das instituições na dinâmica do ensino é pensar junto
com os professores os elementos necessários para teorizar e expor técnicas da Geografia em
sua prática e, para se atualizar nos aspectos pedagógicos e nos conteúdos específicos.
Sabe-se que há um estudo de conteúdos organizados e selecionados a partir das
tematizações propostas pela ciência geográfica e pelas condições sócio-culturais vivenciadas
por alunos e professores. Porém, para a Geografia o conteúdo é um problema freqüente em
função da carga horária disponível à disciplina, o que pode fragmentar o conhecimento
geográfico bastante amplo. É acrescida a esta problemática a metodologia a ser utilizada, pois
é preciso construir o conhecimento a partir daquele que cada aluno trás consigo para que se
efetive o aprendizado (Azambuja, 1998).
15
A seleção e organização de conteúdos implicam elementos lógico-formais, acrescidos
de pedagógicos, epistemológicos, psicognitivos e didáticos. A construção e reconstrução do
conhecimento geográfico ocorrem dentro e fora das escolas, porém, é através da intervenção
pedagógica que o senso comum é ultrapassado, a capacidade de pensar se desenvolve e há
uma ampliação e confronto de diferentes tipos de conhecimento.
A dimensão técnica e a dimensão pedagógica do ensino devem conduzir a relação entre
teoria e prática. Não deve existir uma preocupação de se ensinar tudo, até mesmo porque o
“tudo” se refere a um conteúdo designado, o importante é que o aluno consiga saber o que
fazer para aprender, assim “como ensinar e como aprender se tornam menos significativos do
que o que ensinar e aprender” (Callai, 1999, p.28).
Os conteúdos geográficos assim como a intervenção pedagógica são importantes para a
vida dos alunos como indivíduos sociais, por isso, Ligüera (1998) nos alerta para as
debilidades, para os inconvenientes, para as fortalezas, para os conhecimentos e para as
renovações do ensino em Geografia.
Segundo o pensamento do autor o ensino de Geografia está debilitado quando há uma
escassa eficácia em percorrer da teoria à prática no estudo dos temas, especialmente do
cotidiano. Os professores de Geografia, outras disciplinas e o senso comum das pessoas
destinam diversos significados para as terminologias, diminuindo o valor destas para formar
conceitos, tais como região, espaço geográfico, entre outros.
Um enfoque bastante aberto do objeto de estudo da Geografia proporciona vantagens ao
professor, se este adotar a atitude interdisciplinar e contribuir na formação cultural do
estudante ao não repelir nenhum conteúdo conceitual procedente da realidade espacial. A
dificuldade para definir o enfoque e objeto de estudo específico nas propostas curriculares e a
falta de definição da estrutura do saber geográfico, de forma a limitar o nível de compreensão
do aluno, são inconvenientes que requerem um alerta.
O ensino em Geografia se apresenta fortalecido quando a aprendizagem dos conteúdos é
sistemática, quando o saber geográfico contribui para a construção da identidade das pessoas
com relação ao lugar, à região, à nação e ao planeta. Em tempos de auge do ambientalismo, a
Geografia tem a obrigação de fomentar uma postura que favoreça o desenvolvimento
sustentável.
Tornar o conhecimento questionante, reflexivo e um processo compartilhado contribui
para uma formação eficaz, onde há uma ressignificação para o ensino. Esta renovação deve
16
definir o objeto de estudo da Geografia como sendo o espaço geográfico como produto social,
político e também físico-natural, selecionando conceitos precisos e realizando um ensino
geográfico unitário.
Os desafios para o docente de Geografia são a construção de uma “geografia popular”, a
qual deve contribuir para reformular identidades pessoais e sociais, para formar seres
tolerantes às diferenças, com sentido de responsabilidade e com capacidade de interpretação
além das aparências. A Geografia deve, também, exercitar as abordagens de problemas
criando respostas, além de insistir no uso de ferramentas básicas para o aprendizado: a
imagem, a realidade e a informação necessária e suficiente com nomenclatura incluída
(Ligüera, 1998).
Assim, diante de todo e qualquer desafio imposto à Geografia que se depara com o
espaço (físico, humano, social e natural) está o ensino, instrumento fundamental para
compreensão e percepção do mundo e que faz pensar os conteúdos e os enfoques geográficos.
O ensino em Geografia deve elaborar uma visão espacial para a realidade, onde haverá uma
análise, uma interpretação e uma (re) construção desta e, isto requer o emprego de métodos
que superem a simples transmissão de informações, mobilizando o aluno para que ele se
pergunte e não apenas espere respostas.
No Brasil, no final da década de 1970, o movimento de renovação do ensino de
Geografia, chamado Geografia Crítica, fez parte das reflexões gerais sobre os fundamentos
epistemológicos, ideológicos e políticos da ciência geográfica. Cavalcanti (1998) constatou na
década de 1980 um expressivo aumento da discussão dos fundamentos da Geografia e seu
papel na sociedade, das condições de ensino e crítica aos conteúdos veiculados à disciplina,
consagrando o atual ensino de Geografia.
17
2.2.2. Educação em turismo
O Turismo é uma temática em constante discussão devido ao seu processo de
cientifização e ao seu caráter interdisciplinar. Sabendo-se que o Turismo é uma atividade e,
como tal, faz parte do setor de serviços, o ensino deve enfocar não só o fator conhecimento
para preparar um profissional crítico, mas inclusive se voltar para o mercado de trabalho.
Os paradigmas no campo científico requerem a formação de uma nova visão do ensino
em Turismo, que sirva de sustentação para a diversidade que se coloca na base dos processos
criativos (Dencker, 2001). Neste sentido, o ensino deve preparar o aluno para fundamentar as
suas ações, ou seja, gerar alternativas que criem soluções a determinados contextos,
considerando as mudanças sociais e tecnológicas.
A relação de interdisciplinaridade para o Turismo é necessária porque ainda não se o
reconhece completamente como um campo específico de estudo e análise, de maneira que os
procedimentos metodológicos e conceituais que levam-no à prática derivam-se de outras áreas
(Molina, 2003). Assim, a construção de um conhecimento específico adequado à realidade
turística é de grande importância, ainda que com base em abordagens interdisciplinares, uma
vez que simplesmente a adoção de soluções importadas de outras áreas pode acarretar efeitos
contrários aos esperados.
O Turismo deve ser visto como um sistema, onde a interação entre as partes facilita a
articulação dos saberes e direciona-se à cientificidade e à elaboração de uma epistemologia,
tida como estudo crítico do conhecimento científico. Portanto, o objeto de estudo do turismo
pode ser construído a partir de diferentes domínios disciplinares teórico-práticos, na busca de
uma síntese comum. Assim, a análise do fenômeno turístico pode se tornar mais acessível
através de categorias como tempo, espaço, diversão, economia, tecnologia, imaginário,
comunicação e ideologia (Dencker, 2001; Moesch, 2002).
Neste sentido, o objetivo de uma epistemologia para o Turismo é avançar no dinâmico
estudo da realidade turística, investigando fundamentos teóricos já conhecidos como também,
novas referências, que busquem uma nova compreensão de caráter científico através da
síntese das teorias e modelos atuais. As novas práticas turísticas requerem uma nova visão
turística, pois em sua complexidade o Turismo é um fenômeno marcadamente multissetorial
em sua produção e interdisciplinar em sua teoria (Moesch, 2002).
18
De acordo com Teixeira (2001), o ensino em Turismo atua em três áreas. Uma área diz
respeito ao desenvolvimento de empreendedores, com uma visão empresarial, a outra área se
refere ao treinamento vocacional para o pessoal de manutenção e apoio, como os garçons,
atendentes, guias de turismo, etc. A terceira área aborda a educação profissional que
geralmente trabalha, no início, com conceitos teóricos e, posteriormente, com a prática
turística, onde os profissionais recebem uma formação voltada para o planejamento, a
gerência, ou ainda, a pesquisa científica.
Sob este entendimento, hoje o ensino em Turismo trabalha com conceitos e práticas que
buscam referenciais para apresentar novas diretivas, visando, portanto, à formação de pessoas
competentes e com habilidades, tanto para a pesquisa como para o mercado de trabalho. As
organizações turísticas contam, cada vez mais, com mais tecnologia e um número menor de
trabalhadores, os quais precisam exercer múltiplas funções e, para tal, devem ser formados ou
reeducados (Oliveira, 1999; Molina, 2003).
Neste sentido, o atual cenário do ensino em Turismo mostra a importância de
universidades com cursos que ofereçam atividades práticas, através de laboratórios
específicos como agência de viagens, de eventos, de prática de alimentos e bebidas, hotel-
escola, e professores capazes de identificar o que é importante e útil à vida profissional dos
acadêmicos, levando os conteúdos para a sala de aula e aplicando-os com metodologias de
ensino adequadas à realidade do mercado de trabalho e do contexto social vigente (Nodari &
Luckfield, 2002; Lemos, 2002).
Ainda que o turismo seja um fomentador de relações socioeconômicas, capaz de gerar
emprego e renda, conforme a realidade brasileira, não está entre as áreas estratégicas para
receber investimentos, tanto em relação à educação quanto à economia nacional. Por outro
lado, a questão da globalização identifica muitas tendências às modificações de nível
macroambiental, as quais devem afetar a atividade turística (Lemos, 2002).
Diante destas condições, a educação em Turismo terá de se envolver com as tendências
que diferenciam os pontos fortes e fracos de cada localidade e/ou região. As instituições de
ensino superior vão atuar no sentido de corroborar os pontos fortes e atenuar os pontos fracos
através do planejamento e da ação para a atividade turística, mediada pelos Turismólogos.
19
2.2.3. Elementos que amparam a educação e o ensino em turismo nos cursos de
graduação
Algumas atividades de ensino e alguns procedimentos metodológicos são pertinentes
aos cursos de Turismo no Brasil. Os processos de formação dos currículos são baseados na
Lei de Diretrizes e Bases da Educação para o Ensino Superior - LDB (LEI N. 9.394, de 20 de
dezembro de 1996), em via de regra, a qual regula a educação vinculada ao trabalho e a
prática social.
Segundo a Faculdade Integrada da Bahia (1999), cada curso de Turismo possui suas
diretrizes curriculares específicas. A implantação da estrutura curricular de um curso de
Turismo determina que se crie um espaço próprio para o tema na dinâmica e estrutura da
instituição. Para tanto, a análise de suas disciplinas e a escolha da forma adequada de
contribuir pedagogicamente, passa pela compreensão dos objetivos do curso, das demandas
culturais e educacionais que o determinaram e do engajamento dos professores num projeto
coletivo de formação.
Assim, institucionalmente é preciso sensibilizar e conquistar o público interno através
de um trabalho sistemático de discussões, estudos, pesquisa e planejamento conjunto. A
articulação interna é necessária, indispensável e intransferível, uma vez que as propostas do
ementário de disciplina só se realizam por um processo de reflexão e aprovação e não de mera
transmissão.
Em geral, todos os projetos nos cursos de Turismo integram ações interdisciplinares que
se constituem, em síntese, um alinhamento sistemático das diversas ações do curso, atendendo
a sua natureza complexa e interdependente, destacando-se duas vertentes distintas: atividades
de interação sócio-cultural, onde se concentram projetos de relevância para a sociedade e as
ações de fomento à produção técnica – científica.
De acordo com Mota (2003) a área de educação em Turismo e/ou Hotelaria se submete
a alguns documentos e a políticas normativas, norteadoras e regulatórias ditadas por vários
organismos oficiais, com diferentes graus de responsabilidade e ação na questão do ensino.
São eles:
- ABDETH – Associação Brasileira de Dirigentes de Escolas de Turismo e Hotelaria;
- ABBTUR – Associação Brasileira de Bacharéis em Turismo;
20
- ANPTUR – Associação Nacional de Programas de Pós-Graduação em Turismo e
Hospitalidade;
- CNE – Conselho Nacional de Educação;
- CES – Câmara da Educação Superior;
- CAPES – Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior;
- CEE-TUR – Comissão de Especialistas em Turismo da SESu/MEC;
- CRA – Conselho Regional de Administração;
- CNT – Conselho Nacional de Turismo (integrante do Ministério do Esporte e
Turismo);
- EMBRATUR – Instituto Brasileiro de Turismo;
- INEP – Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais;
- MEC – Ministério da Educação;
- Ministério do Esporte e Turismo;
- SESu – Secretaria de Ensino Superior.
- Lei de Diretrizes e Base da Educação Nacional;
- Diretrizes Curriculares Nacionais para os Cursos de Graduação Turismo e em
Hotelaria;
- Manual de orientação para avaliação in loco das condições de autorização de cursos de
Turismo ou de Hotelaria (do MEC);
- Manual geral e específico para avaliação das condições de ensino (via formulário
eletrônico do INEP).
As Diretrizes Curriculares dos Cursos de Graduação conferem às instituições de ensino
superior uma certa autonomia na definição dos currículos para composição da carga horária e
das unidades de estudos a serem ministradas. A partir da explicitação das competências e das
habilidades que as IES desejam desenvolver, estas organizam um modelo pedagógico que
deve ser capaz de adaptar-se à dinâmica das demandas da sociedade, no processo contínuo de
educação permanente.
As Diretrizes Curriculares Nacionais dos Cursos de Graduação em Turismo (Anexo 1)
somente foram aprovadas e entraram em vigor a partir de abril de 2002, através do Parecer da
21
CES/CNE n° 0146/2002, revogado pelo Parecer CES/CNE nº 0288 de 2003, seis anos depois
da criação da Comissão de Especialistas de Ensino em Turismo que, até então, estava
vinculada ao ensino de Administração (Matias, 2002).
2.2.4. O currículo e a formação de disciplinas
A concretização das funções da escola e a forma individual de enfocá-las, para cada
momento histórico e social, em cada nível de educação, é descrita pelo currículo. Este
desempenha distintas missões em cada nível educativo, assim como reflete as diversas
finalidades desses níveis, transformando suas metas em estratégias de ensino (Sacristán,
2000).
O currículo vigente para cada curso de Turismo é respaldado pelo Parecer n° 35/71 do
Conselho Federal de Educação, proposto pela ABBTUR e pela ABDETH, implantado a partir
de 1998. É organizado sob diversas definições, significados e perspectivas, sendo resultado de
muitas diferenças institucionais, epistemológicas e culturais. Pode-se afirmar que possui uma
função social, pois é parte de um plano educativo sob determinado formato e busca uma
interação entre a teoria e a prática na educação escolarizada (Sacristán, 2000; Matias, 2002).
O currículo escolar é relativo e provisório, dada sua característica histórica, pois existem
determinantes culturais e sociais em sua constituição. Neste contexto, o conhecimento é
selecionado, avaliado e organizado em função de um equilíbrio de interesses e forças
conflitantes na sociedade, representando a utilidade e o valor para cada Curso oferecido nas
instituições educacionais (Santos & Oliveira, 1998; Sacristán, 2000).
As finalidades atribuídas a cada instituição escolar, necessariamente, se refletem nos
objetivos que orientam todo o currículo. Assim, este, em seu conteúdo e nas formas nas quais
se apresenta aos professores e alunos, é historicamente configurado por uma trama cultural,
política, social e escolar, alem de ser carregado de pressupostos e valores a serem decifrados
(Sacristán, 2000).
Há uma seleção estruturada sob chaves psicopedagógicas da cultura que norteia o
projeto curricular da instituição escolar. Para Sacristán (2000) o currículo está organizado
como um projeto seletivo de cultura para concretizar atividades escolares, social, política e
administrativamente condicionado à instituição que se vincula, a qual, em sua expressão
psicopedagógica, cumpre uma função socializadora e formativa.
22
Assim, cada currículo possui um formato (planejamento) e é norteado por uma filosofia
curricular ou uma orientação teórica, síntese de uma série de posições filosóficas,
epistemológicas, científicas, pedagógicas e de valores sociais. Todas estas concepções
originam, por sua vez, o campo teórico-prático das disciplinas, onde o conteúdo é condição
lógica do ensino (Sacristán, 2000).
Cada corpo de conhecimentos reúne objetos de estudo para ser conceitualizado como
disciplina, assim, as disciplinas são constituídas por representações de partes da experiência e
do conhecimento humano. O conhecimento disciplinar refere-se a um conjunto de estruturas
abstratas e leis intrínsecas que permitem classificações particulares de conceitos dados,
problemas e procedimentos de verificação de acordo com os modelos adotados (Santomé,
1998).
Os estudos disciplinares se apóiam numa epistemologia engendrada num processo
educacional escolar, estruturado curricularmente, assim, uma disciplina organiza e delimita
um território de trabalho, além de concentrar a pesquisa e as experiências dentro de um
determinado ângulo de visão (Santomé, 1998; Veiga-Neto, 1998). Desta forma, cada
disciplina oferece uma imagem particular da realidade de acordo com seus objetivos.
As disciplinas possuem uma característica mutável, transformam-se e evoluem de
acordo com as contingências que modelam, constroem e reconstroem os conhecimentos, e,
para tanto, são formadas por conjuntos ordenados de conceitos, problemas, métodos e
técnicas, possibilitando a análise e a interação com a realidade, além de sugerir determinadas
formas de pensar (Santomé, 1998).
Neste sentido, a construção do conhecimento disciplinar realiza-se mediante uma
seleção de conhecimentos significativos e rejeição de outros, e tal atividade seletiva está
controlada e dirigida por modelos ou “paradigmas” que organizam o pensamento e a visão da
ciência e da realidade. Assim, cada Curso possui o seu projeto político pedagógico, o que não
exclui a possibilidade de conflito entre interesses e metodologias (Santomé, 1998).
Para identificar uma disciplina, Moreira (1998) considera que não é possível se basear
em dada matéria, pois um determinado objeto pode ser estudado em diferentes disciplinas; o
objeto de uma disciplina pode não permanecer o mesmo ao longo do tempo e, a emergência e
o desenvolvimento disciplinar são extremamente variáveis por se tratar de uma construção
histórica com diferentes demandas institucionais.
O autor acrescenta que uma determinada proposição somente pertence a uma disciplina
quando faz parte do horizonte teórico aceito por seus membros, ou seja, há uma comunidade
23
de intelectuais, digam-se cientistas, que compartilham alguns domínios de conhecimento, de
linguagens, com a finalidade de atingir um público alvo.
As disciplinas, mais do que um princípio de ordenamento que se coloca para a escola,
são as expressões de uma topologização2 do conhecimento, de modo que por si mesmas elas
se constituem numa forma de criar sentidos para o mundo. Deste modo, o conhecimento a ser
compartilhado nas instituições escolares através das disciplinas têm conseqüências no nível de
desenvolvimento pessoal dos indivíduos e em suas estruturas profissionais (Veiga-Neto, 1998;
Sacristán, 2000).
A seleção e organização dos conteúdos e dos conceitos constituem-se item de todo e
qualquer Planejamento Curricular de Ensino, seja um plano anual, um plano de disciplina ou
um plano de aula (Paganelli, 2002). Neste sentido, no campo da ciência geográfica, situando o
papel da Geografia nos currículos, os conteúdos geográficos podem compreender as práticas
dos geógrafos, dos professores de Geografia, das instituições sociais em determinado
momento ou, ainda, as práticas sociais dominantes no espaço geográfico.
O corpo de conhecimentos acumulado pela ciência geográfica permite o acesso a uma
série de conteúdos, distribuídos de acordo com o que determinada disciplina se propõe e
segundo o projeto pedagógico dos Cursos. O pressuposto para uma seleção de conteúdos
geográficos é o domínio do conhecimento da ciência por parte do professor, associado as
correntes do pensamento geográfico, enfoques, categorias, conceitos e as próprias evoluções
disciplinares (Paganelli, 2002).
Considerando as colocações anteriores, observa-se que a constituição de uma disciplina
envolve uma série de fundamentos objetivos e subjetivos que formam critérios de seleção
inerentes às instituições escolares e aos respectivos cursos aos quais ela pertence. Há um
compartilhamento de valores, normas, concepções, e de conhecimento (científico) que vai
desde a produção disciplinar até a comunidade a ser atingida pelos objetos de estudo.
2 Para o autor a topologização é a prática da escrita que amplia e aprofunda nossas maneiras de pensar e constituir a realidade, materializando a comunicação.
24
2.2.5. Circunstâncias do profissional em turismo
A atuação do Bacharel em Turismo emerge no contexto de uma nova profissão, ainda
não regulamentada, cujos fundamentos foram estabelecidos pelo Governo Federal em 1971,
quando instituiu o Curso Superior de Turismo, no Brasil. Este ato de criação denotou uma
opção da sociedade brasileira por desenvolver o turismo de forma planejada, estimulando a
formação acadêmica de um profissional destinado a atuar nos diversos campos do seu
sistema.
Entretanto, o Bacharel em Turismo não é um profissional respaldado pela
regulamentação de sua profissão, ainda que desde 1980 o processo de regulamentação esteja
em trâmites no Congresso Nacional. É interessante destacar que a maior importância está no
perfil dos profissionais, no interesse, na capacidade e no compromisso deles para com a
sociedade (Matias, 2002), porém não se descarta a dificuldade do bacharel ser visto como um
planejador, já que não pode se respaldar nas Leis. Neste sentido, Trigo (2002, p. 12) se
posiciona com ênfase:
A discussão sobre a regulamentação é uma meta inútil e destinada ao fracasso. Nossa profissão já está sendo rapidamente reconhecida... Assim como a Ecologia, a Publicidade, a Informática, o Entretenimento, a área de Lazer e Turismo é extremamente ampla e complexa... O Turismo não é regulamentado em nenhum lugar do mundo devido justamente à sua extensão e complexidade. Como regulamentar no Brasil... ?.
Corporativamente, no Brasil, os bacharéis em Turismo estão organizados em uma
associação legalizada em 1988, a ABBTUR, Associação Brasileira de Bacharéis em Turismo.
Esta possui representações denominadas seccionais, em diferentes Estados, mas a atividade
turística está institucionalizada sob a égide do Instituto Brasileiro de Turismo (EMBRATUR),
criado em 1966. Caso a profissão seja regulamentada, a ABBTUR propõe que o termo
“Turismólogo” seja a denominação profissional, a qual já vem sendo utilizada, em
contrapartida ao título acadêmico de “Bacharel em Turismo” (Matias, 2002).
O mercado de atuação para o profissional Turismólogo é amplo, onde existem setores
de prestação de serviços que podem subdividir-se em vários outros. Ansarah (2002) elenca os
principais, entre eles os meios de hospedagem, os transportes, as agências, a alimentação, o
lazer, os eventos, a hospitalidade no destino turístico, os órgãos oficiais, a consultoria, o
marketing, o magistério e a segmentação de mercado (turismo para terceira idade, por
exemplo).
25
Segundo o Código de Ética do Bacharel em Turismo, o trabalho do Turismólogo deve
ser orientado pelas premissas e princípios inerentes ao modelo de turismo sustentável. Sua
atuação deve considerar o aproveitamento racional dos recursos naturais e culturais nos
processos de planejamento, produção e consumo dos produtos turísticos, nos mais diversos
campos profissionais. O profissional também não poderá ficar afastado das exigências
jurídicas, haja vista as implicações sérias e relevantes que as leis apresentam diretamente no
turismo (ABBTUR, 1999; Souza, 2003).
Para que os Bacharéis em Turismo possam ter o direito de assinar projetos nas áreas de
Turismo e Hotelaria, a Deliberação Normativa da EMBRATUR, número 90 de maio de 1998,
reconhece que os recursos do Fundo Geral do Turismo só serão disponibilizados quando
acompanhados de parecer técnico emitido por um Turismólogo (Ansarah, 2002). Vê-se que a
importância do profissional lentamente se impõe, principalmente no Brasil.
Portanto, os cursos de graduação em Turismo devem oportunizar um determinado perfil
desejado ao formando, com base nas Diretrizes Curriculares (Anexo 1). Estas ressaltam que
para atuar junto à atividade turística o bacharel deverá ter uma formação generalista, no
sentido do conhecimento geral das ciências, e ao mesmo tempo uma formação especializada,
constituída de conhecimentos específicos, fortalecendo, assim, a articulação entre teoria e
prática.
O perfil do Bacharel em Turismo deve possibilitar, portanto, a formação profissional
que revele o domínio de técnicas relacionadas com a seleção e avaliação de informações
geográficas. Lemos (2002) e Ansarah (2002) enfatizam outras habilidades e conhecimentos
que o bacharel deverá ter ou desenvolver:
- visão ética e de responsabilidade social;
- visão de qualidade e desenvolvimento sustentável para os produtos, serviços e
processos;
- ampla formação cultural;
- ter conhecimentos teóricos e práticos;
- utilizar-se da criatividade, da inovação, de projetos interdisciplinares e do espírito
empreendedor e de liderança;
- ter habilidades interpessoais;
- conhecer idiomas;
26
- ser flexível, curioso, estar sempre atualizado para desenvolver uma percepção
estratégica muito forte;
- ser orientado por resultados para o cliente, entre outras habilidades e conhecimentos.
Poderia ser feito um elenco com inúmeras características sobre o perfil adequado para o
Bacharel em Turismo e, mesmo assim, correria-se o risco de deixar de abordar pontos
importantes, pois, segundo Beni (2002, p. 95), o resultado do turismo merece “uma análise
global, multidimensional e multicompreensiva” por parte dos profissionais envolvidos.
A construção (didática ou pedagógica) do perfil do Bacharel em Turismo é um fator
que se reporta ao projeto pedagógico de cada curso, os quais deverão estimular a formação de
competências, citadas nas Diretrizes Curriculares Nacionais para os cursos superiores de
Turismo, diante dos quadros de análise dos contextos locais, sempre situados no tempo em
questão (Da Re & Ferreira, 2001).
Considerando as relações de mercado entre a oferta e a demanda o papel do Bacharel
em Turismo, em linhas gerais, é executar as funções da administração (planejar, organizar,
dirigir/liderar e controlar), atuando em produtos, serviços e processos que satisfaçam as
necessidades e desejos dos turistas, gerando resultados benéficos para toda a sociedade. Para
tanto, o ensino deve identificar competências desejáveis para estruturar os saberes e
acrescentá-los nos conteúdos disciplinares, de acordo com as necessidades e expectativas dos
alunos e da própria atividade turística (Da Re & Ferreira, 2001; Lemos, 2002).
As competências são importantes metas de formação escolar. Podem responder a uma
demanda social dirigida para a adaptação ao mercado de trabalho e às mudanças, apreendendo
a realidade nas relações sociais. Competência é a faculdade de mobilizar um conjunto de
recursos cognitivos (saberes, capacidades, informações etc) para solucionar com pertinência e
eficácia uma série de situações, ou seja, agir eficazmente em determinado tipo de situação
através da mobilização de conhecimentos, conectando habilidades e gerando atitudes
(Perrenoud, 2001).
27
2.2.6. A geografia para o turismo
O pioneirismo dos estudos geográficos do Turismo se deu por volta de 1933, na
América do Norte, através de alguns artigos, enquanto que as primeiras bibliografias
especializadas foram elaboradas a partir de 1964. Portanto, a Geografia do Turismo é uma
área disciplinar que, em sua construção, vem se consolidando com as contribuições de outras
ciências sociais que tratam do fenômeno turístico, e emergindo dentro das diferentes
perspectivas teóricas do conhecimento geográfico (Vera, 1997; Sposito, 2001; Desjardins,
2004).
No Brasil, todos os cursos superiores de Turismo incluem a Geografia como parte de
suas grades curriculares, pois é uma das disciplinas que fazem parte da formação básica
daqueles. Por volta de 1970 surgiram os primeiros estudos geográficos brasileiros do
fenômeno turístico e, desde então, o interesse pelas pesquisas é crescente no Brasil, como se
verifica nos inúmeros eventos que abordam a interação das temáticas do Turismo e da
Geografia, e, também, nas dissertações e teses3 em número já significativo (Rodrigues, 2001
a).
A prática de ensino de Geografia exige um repensar sobre o significado do turismo na
organização espacial. Segundo Xavier (2002), a formação geográfica, até pouco tempo,
negligenciou a incorporação do turismo em suas temáticas referentes ao espaço geográfico.
Assim, a pergunta que se insere é como a Geografia incorpora ou deverá incorporar a
dimensão do Turismo? Partindo desta questão buscou-se embasamento em alguns autores na
busca de esclarecimentos.
Sob a perspectiva de que o Turismo é um agente do espaço geográfico, Desjardins
(2004, p. 3) propõe uma modificação nos planos de ensino dos Cursos de Graduação em
Geografia e Turismo, pois considera que existem razões para a incorporação da temática
turístico-geográfica nestas áreas:
La importancia de la Geografía del Turismo en la formación del graduado en Geografía y en Turismo tiene su fundamento en la indisolubilidad existente entre territorio y turismo. No existe acto turístico sin una base espacial soporte de la actividad.
3 Quem aborda este assunto é Mirian Rejowski, em Turismo e pesquisa científica. 6. ed. São Paulo: Papirus, 2002.
28
Neste sentido, Bezzi & Marafon (2002) corroboram afirmando que a Geografia do
Turismo se apresenta como uma tendência para a abordagem geográfica, a qual se preocupa
com a análise territorial do fenômeno turístico e com seus desdobramentos econômicos,
sociais, ambientais e culturais.
A incorporação da temática do Turismo na Geografia pode ser exemplificada através do
Departamento de Geografia da Universidade de São Paulo, o qual introduziu uma disciplina
no Curso de Graduação em Geografia, chamada “Geografia do Turismo”, revertendo as
situações até agora encontradas e multiplicando, dentro em breve, os estudos de Geografia
“do Turismo” (Rodrigues, 2001 e 2001 a) e acrescente-se, “no Turismo”.
O estudo da Geografia para o Turismo deve vincular-se a contribuição da ciência
geográfica para refletir sobre a dimensão do turismo no espaço, simplificando as realidades
locais. Do mesmo modo, o turismo serve para alimentar e irrigar a reflexão na Geografia
porque percorre outras áreas com significativas incidências espaciais (Almeida, 2001;
Rodrigues, 2001 a; Xavier, 2002).
Na opinião de Boniface & Cooper (1994), a Geografia estuda o turismo como uma
expressão espacial da atividade humana, em variadas escalas, mundial, regional, local, etc,
focando as áreas de emissão e recepção de turistas e a ligação entre elas. Desta inferência
pode-se afirmar que os componentes geográficos do turismo são três: as áreas emissoras, os
destinos ou áreas receptoras e as rotas viajadas entre as áreas emissoras e receptoras.
Neste sentido, para a Geografia do Turismo é importante considerar o fluxo de turistas
entre regiões pois, permite que os componentes geográficos sejam vistos como um sistema
total e não uma série de partes desconectadas. Os fluxos turísticos são interações entre áreas
influenciadas por fatores de atração no destino e de repulsão na área de origem do turista,
como tempo, custos, distância, ligações sociais, culturais ou políticas e atração.
O planejamento e a gestão do espaço turístico, de acordo com Pearce (1988, apud
Schlütler, 2000, p. 35) é o objeto final de estudo da Geografia do Turismo (ou para o
Turismo). Deste modo, o autor assinala que se conta com seis amplas áreas que compõem a
Geografia do Turismo:
1. Distribuição espacial da oferta
2. Distribuição espacial da demanda
3. Os pólos turísticos
29
4. Movimentos e fluxos turísticos
5. Os impactos do turismo
6. Os modelos de desenvolvimento do espaço.
As investigações espaciais da Geografia para o Turismo, de acordo com Alvarez (1999),
podem iniciar pela análise da oferta e da demanda, juntamente com três parâmetros de
avaliação: a medida dos componentes, a localização espacial do fenômeno e os resultados ou
influências do fato. A medida dos componentes é o método estatístico que serve para analisar
a magnitude e a importância do fato turístico, a localização é a forma de delimitar os espaços
turísticos e não-turísticos, informando o uso e utilidade territoriais, e, a análise dos efeitos diz
respeito à avaliação dos usos econômicos, sociais e políticos dos espaços.
Na perspectiva de Lozato-Giotart (1990) a Geografia do Turismo trata dos aspectos
essencialmente geográficos do crescimento e desenvolvimento do turismo no espaço, de onde
se pode evidenciar a tipologia dos espaços turísticos, definir as localizações das organizações
turísticas e limites em escala mundial, a partir dos focos emissores, receptores e dos fluxos
turísticos, tanto no sentido de descrição como de análise. Portanto, os fatores geográficos
naturais, econômicos e culturais possuem um papel fundamental em nível de freqüência,
utilização e organização do espaço turístico.
Vera (1997) aponta que os elementos que articulam o discurso da Geografia do Turismo
examinam as relações entre a morfologia territorial (estrutura, forma) e ambiental do espaço, a
qual se dedica à produção turística em diversas escalas territoriais e às características da
função turística que especializa o espaço social e economicamente.
No ponto de vista de Castrogiovanni (1998), a Geografia pode oferecer ao Turismo o
estudo da paisagem turística formada pela oferta, ou seja, a soma de bens e serviços turísticos.
Para Rodrigues (2001 e 2001 a), a compreensão dos elementos do espaço turístico passa pela
noção de paisagem, abordagem centrada no sujeito e na percepção humana, e o outro caminho
passa pela captação da dinâmica do espaço, decorrente de sua forma, estrutura, função e
processo.
Chacon (1995/1996) afirma que a conformação atual das paisagens turísticas é dada
pelas implicações do turismo enquanto atividade comercial de otimização de serviços para o
visitante. Para Sposito (2001) e Desjardins (2004) a tendência é que o turismo seja enfocado
como uma atividade econômica que propicia a produção e a comercialização da paisagem,
uma mercadoria com diferentes preços e valores culturais.
30
Para estudar o espaço turístico em Geografia são propostas as categorias de análise
espacial, de acordo com Milton Santos (1985) citado por Rodrigues (2001). A forma é a
primeira delas e diz respeito à paisagem, expressa por um objeto (forma) fixo e dotada de
ação; a função diz respeito a oferta e a demanda, expressas por uma tarefa ou atividade de
cada elemento num determinado momento do processo espacial; a estrutura expressa a rede de
relações entre todos os elementos da oferta, da demanda e da população autóctone e,
finalmente, o processo dá conta das ações e interações de todas as outras categorias e se refere
aos atrativos turísticos.
Fúster (1991) entende que a análise do espaço turístico compreende o estudo geográfico
dos mercados, da distribuição dos núcleos receptores e o estudo das vias de comunicação
entre mercados e núcleos e do fluxo turístico que sustentam. Portanto, a análise turística do
espaço conduz a planos diferentes, ou seja, de localização das unidades emissoras, receptoras,
dos espaços turísticos definidos (tipo de turismo praticado) e das atividades turísticas, de
estudo dos meios, vias e fluxos de transporte, assim como o estudo dos dados naturais (clima,
vegetação, etc) e dos atrativos turísticos, em um aspecto de história e evolução.
Conforme Alvarez (1999) certos aspectos devem ser contemplados no estudo dos
espaços turísticos para que sejam delimitados, avaliados e classificados em sua dimensão e,
ainda, para que se determine qual a estratégia de escolha de determinados lugares em relação
a outros por parte da demanda.
No exercício de delimitação geográfica dos potenciais ou atrativos turísticos, deve-se
diferenciar espaços com recursos geoturísticos, como clima, vulcões e outros, espaços com
infra-estrutura básica (transporte, saneamento, etc) e com infra-estrutura turística, como
restauração e hospedagem. A delimitação pode ser efetuada mediante elaborações
cartográficas.
Os espaços turísticos podem ser classificados de acordo com a especialização
(especificidade) dos serviços turísticos, com a sazonalidade de sua ocupação e com o tipo de
turista que utiliza os serviços. A tipologia turística pode ser a base para classificar e identificar
os espaços turísticos, mas como podem ocorrer concomitâncias Alvarez (1999) sugere que é
possível, então, diferenciá-los através de uma classificação funcional, social, espacial e
temporal.
A classificação funcional é aquela que possui referência nas características mais
freqüentes ou prioritárias do turismo praticado (de recreação, de esportes, etc), a classificação
social diferencia os turistas por faixa etária, religião e outros. A classificação espacial se
31
estabelece em função da concentração da oferta turística, por exemplo, urbana, rural, praia,
metropolitana, etc, e a classificação temporal se refere a sazonalidade (verão, férias, etc).
A avaliação turística deve valorizar a incidência do fenômeno turístico sobre o espaço
receptor, ou seja, as motivações que influenciam os espaços turísticos à potenciar as
capacidades de oferta. Essas influências podem se dar por razões econômicas, como efeitos
sobre empregos, inflação e renda, por razões político-sociais, ou seja, de relações entre
culturas e regimes políticos e, também, por causas ambientais, oscilando entre degradação e
conservação de espaços turísticos (Alvarez, 1999).
Atualmente coexistem a diversidade e o pluralismo na análise das atividades turísticas e
de ócio, pois se admite o caráter espacial do turismo, e por conseqüência, sua condição
geográfica. Deste modo, para Vera (1997), as preocupações geográficas com o turismo podem
ser subdivididas em quatro aspectos: Geografia descritiva, dinâmica turística, Geografia de
análise e as aproximações temáticas.
A primeira delas se refere a uma Geografia descritiva, de localização e descrição dos
principais lugares e itinerários turísticos, o segundo ponto de vista são os aspectos da
dinâmica das transformações que o turismo promove dentro dos serviços terciários. O terceiro
aspecto confere à Geografia a função de analista dos espaços turísticos e, por último, as
aproximações temáticas se referem à imagem dos turistas e deles em relação ao turismo
praticado, às funções de produção turística e aos impactos econômico, social e ambiental do
turismo.
Rodrigues (2001) demonstra que os conteúdos geográficos trabalhados nos cursos
superiores de Turismo, com muita freqüência buscam mapear os espaços turísticos já
consolidados como destinações importantes ou em estado de potenciais turísticos, tentando
até mesmo estabelecer tipologias para esses espaços no mundo todo. Outras abordagens
focalizam noções básicas de Geografia Geral e do país em questão (Brasil, no caso das
escolas brasileiras), abordando a descrição dos fenômenos em detrimento de sua análise e
interpretação. Esta Geografia é descritiva e locacional com um viés naturalista, servindo como
suporte de informação dos lugares e atrativos turísticos.
Contudo, atualmente esta realidade está mudando porque a Geografia passou a objetivar
a análise e interpretação do espaço turístico e está muito atrelada às questões ambientais. As
abordagens investigativas da Geografia do Turismo se direcionam, ainda, para a linha da
quantificação na busca de modelos, para a Geografia Crítica e para a teoria geral dos sistemas.
32
Há também “uma tendência para a Geografia Humanística e Cultural apoiada na percepção
espacial e no comportamento ambiental” (Rodrigues, 2001 a, p. 101).
De acordo com as afirmações dos autores, pode-se inferir que o espaço geográfico deve
ser avaliado, classificado e interpretado para desenvolver-se a atividade turística quanto ao
tipo, a localização, a função, a organização e as dinâmicas e aos valores. Dada a existência de
espaços já apropriados pelo turismo, a Geografia pode estudar a atividade turística
desenvolvida, as relações entre áreas emissoras e receptoras, a delimitação de recursos e
produtos turísticos existentes e, ainda, a conservação e degradação de ambientes. Todos estes
fatores somam as dimensões do turismo para o objeto da Geografia: o espaço geográfico.
Pôde-se observar que os estudiosos consideram que a Geografia tende cada vez mais
abordar a temática turística, dada a forte ligação entre espaço geográfico e turismo. Portanto, a
Geografia, enquanto ciência dos indivíduos e da natureza, se apropria do turismo, enquanto
setor de serviços, assim como o Turismo se apropria da Geografia na tentativa de construção
epistemológica para torná-lo fenômeno de estudo científico.
O Turismo na busca da afirmação como ciência admite a forte ligação com os aspectos
geográficos, pois ele produz efeitos no espaço. Por isso, a Geografia particulariza as
incidências turísticas em todas as escalas, através da análise, avaliação e interpretação da
demanda, da oferta e dos fluxos que formam as paisagens econômicas e culturais, facilitando
o planejamento turístico.
CAPÍTULO III
3. MATERIAL E METODOLOGIA
Através da metodologia, três elementos formam a base da investigação científica: a
teoria, o método e a técnica. De acordo com a Organização Mundial do Turismo, a
metodologia turística se define como o conjunto de métodos empíricos experimentais, seus
procedimentos, técnicas e táticas para se ter conhecimento científico, técnico ou prático dos
fatos turísticos. O Turismo, como objeto de estudo, se constitui em um núcleo onde o
conhecimento é baseado na interdisciplinaridade (Dencker, 2001).
O método em Turismo segue a dinâmica das ciências nas quais é objeto de estudo, em
diferentes áreas acadêmicas como a Geografia. Para isso, ocupa-se dos referenciais teóricos
do ambiente destas disciplinas, entendendo-se por disciplina um conjunto de conhecimentos
específicos, passíveis de serem ensinados e que possuem antecedentes próprios quanto à
pedagogia, procedimentos, métodos e áreas de conteúdo (Dencker, 2001).
Deste modo, a investigação se processou mediante a sistemática coleta, organização e
análise das informações, com a finalidade de obter dados a respeito da característica das
disciplinas de Geografia dos cursos de Turismo do Estado do RS, Brasil, em cada contexto
específico e no contexto geral. Assim, a presente pesquisa se desenvolveu conforme os
critérios abaixo mencionados, apresentando as normas da MDT – UFSM, do ano de 2005, em
sua formatação final.
3.1. Métodos de análise
Esta pesquisa trabalhou com a abordagem qualitativa, pois confrontou com a realidade
através da observação dos fenômenos sociais. Foi feita de maneira intensiva e implicou a
participação do pesquisador no universo de ocorrência dos fenômenos. As características
principais dos estudos qualitativos são a visão holística, a abordagem indutiva e a
investigação naturalística (Dencker, 2001).
34
A visão holística busca compreender as inter-relações que emergem de um dado
contexto. A abordagem indutiva é aquela em que o pesquisador parte de observações mais
livres, deixando que dimensões e categorias de interesse emerjam durante os processos de
coleta e análise de dados e, a investigação naturalística é aquela em que a intervenção do
pesquisador é mínima. Portanto, optou-se pela abordagem qualitativa porque esta pode ser
realizada quando há lacunas no conhecimento existente, o que implica em nosso problema de
pesquisa.
O caráter da pesquisa é exploratório quanto aos objetivos propostos, porque busca
aprimorar idéias, caracterizando-se por possuir um planejamento flexível envolvendo
levantamento bibliográfico, documental e a análise de conteúdo. Os dados que foram
fornecidos caracterizaram a pesquisa como um estudo de caso, estudo da característica das
disciplinas que abordam a Geografia, cujo objeto são os cursos de Turismo – habilitação
bacharelado – do Estado do RS, Brasil.
3. 2. Procedimentos metodológicos
3.2.1. Instrumentos de Coleta de Dados
3.2.1.1. Contexto e participantes
O universo se constituiu pela escolha proposital dos cursos de Turismo – Bacharelado –
do Estado do RS em função das condições logísticas à aquisição de dados. Elucidaram-se
somente aqueles cursos em cujo ensino superior o estudante obtém a formação acadêmica ou
a habilitação para o exercício profissional na área específica do turismo, ao final conquistando
o título de Bacharel em Turismo.
As Instituições de Ensino pesquisadas estão representadas na natureza de Faculdades,
Universidades e Centros Universitários, de categorias administrativas públicas e privadas.
Estão localizadas em diferentes áreas do Estado e são em número de dezesseis (16), de acordo
com dados fornecidos pelo INEP, através do site disponível
http//:www.educacaosuperior.inep.gov.br. Deste modo, organizou-se um quadro com o
endereço das IES, a respectiva localização dos cursos e os atuais coordenadores, conforme
pesquisa abrangente (Quadro 3).
35
Município Instituição de Ensino Endereço do curso de Turismo / E-mail / Telefone / Coordenador
Porto Alegre
Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul – PUC - RS
End: Av. Ipiranga, 6681 Prédio 7 (Famecos); Fone: (51) 3320-3500, ramal 3569 e 4154; Berenice Curtis Mércio Pereira – Prédio 7, sala 217 A; [email protected]
Torres
Universidade Luterana do Brasil – ULBRA - TORRES
End: Rua Universitária, 1900; CEP: 95.560-000 – Torres/ RS; Fone/fax: (51) 626-2000; Vilma Aguiar Pereira; [email protected]
Canela
Universidade de Caxias do Sul – UCS - CANELA
End: Rua Rodolfo Schilieper, 222; CEP: 95.680-000 – Canela; Fone: (54) 282-5200; Fax: (54) 282-5202; Eduardo Zacarro Faraco Filho; [email protected]
Santa Cruz do Sul
Universidade de Santa Cruz do Sul – UNISC – SANTA CRUZ
End: Av. Independência, 2293 – Bairro Universitário; CEP: 96.815-900; Fone: (51) 3717-7300; Fax: (51) 3717-1855; Marcelo Ribeiro; [email protected]
Santa Maria
Centro Universitário Franciscano – UNIFRA – SANTA MARIA
End: Rua Silva Jardim, 1175; CEP: 97.010-491; Fone: (55) 3025-1202 ramal 250; Edir Bisognin; [email protected]
Cruz Alta
Universidade de Cruz Alta – UNICRUZ – CRUZ ALTA
End: Rua Andrade Neves, 308; CEP: 98025-810; Fone: (55) 3221 1500; Denise de Castro Culau; [email protected]
Novo Hamburgo Centro Universitário Feevale – FEEVALE – NOVO HAMBURGO
End: Campus II, RS 239, n° 2755; CEP: 93.352-000; Fone: (51) 586-8800 ramal 8669; Prof. Rudimar Baldissera. Contatos: [email protected]
Porto Alegre Faculdades Riograndenses – FARGS - POA
End: Rua Marechal Floriano Peixoto, 626; CEP: 90.020-060; Fone: (51) 3286-5659; Ana Lúcia Saraiva; [email protected]
Porto Alegre Centro Universitário Metodista – IPA – METODISTA - POA
End: Rua Dr. Lauro de Oliveira, 119 – Bairro Rio Branco; CEP: 90.420-210; Fone: (51) 3316-1100; Donato Marcel Heuser; [email protected]
Bento Gonçalves
Universidade de Caxias do Sul – UCS – BENTO GONÇALVES
End: Rua Alameda João Dal Sasso, 800; CEP: 95.700-000; Fone: (54) 452-1188; Fax: (54) 454-1490; Ivane Maria Remus Fávero; [email protected]
Pelotas Universidade Federal de Pelotas – UFPEL – PELOTAS
End: Rua Almirante Barroso, 1734 – Centro; CEP: 96.010-280; Fone: (53) 222-7981; Maria da Graça Gomes Ramos; graç[email protected]
Taquara Faculdade de Ciências Contábeis e Administrativas de Taquara – FACCAT - TAQUARA
End: Rua Oscar Martins Rangel, 4500 – RS 115; CEP: 95.600-000; Fone: (51) 541-6600; Fax: (51) 541-6626; Rossana Faria Caetano; [email protected]
Farroupilha
Centro de Ensino Superior de Farroupilha – CESF - FARROUPILHA
End: Rua 14 de Julho, 339; CEP: 95.180-000; Fone: (54) 268-2288; Fax: (54) 268-2733; Caroline Ceretta; [email protected]
Lajeado
Centro Universitário Univates – UNIVATES - LAJEADO
End: Rua Avelino Tallini, 171 – Bairro Universitário; CEP: 95.900-000; Fone: (51) 3714-7000 ou 0800-7070809; Carla Regina Pasa Gómez; [email protected]
Canoas Centro Universitário La Salle – LA SALLE - CANOAS
End: Av. Victor Barreto, 2288 – Centro; CEP: 92.010-010; Fone: (51) 476-8500; Fax: (51) 472-3511; Silvana Lehn; [email protected]
Guaíba Universidade Luterana do Brasil – ULBRA - GUAÍBA
End: BR 116, n° 5724 – Bairro Moradas da Colina; CEP: 92.500-000; Fone: (51) 480-1616 ramal 230; Fax: (51) 491-2923; Rodrigo Von Mengden Tomasi; turismo.guaí[email protected]
Quadro 3: Endereço das IES com respectiva localização dos cursos de Turismo e coordenadores, no ano de 2005. Fonte: elaboração própria a partir dos dados.
36
3.2.1.2. Variáveis em estudo
As variáveis estudadas foram os conteúdos programáticos das disciplinas que abordam a
Geografia, nos cursos de graduação em Turismo do Estado do RS, segundo os planos de
ensino fornecidos pelas IES, e o Parecer do CNE/CES, número 0288 do ano de 2003, que dita
as Diretrizes Curriculares Nacionais para os Cursos de Graduação em Turismo (Anexo 1).
3.2.1.3. Amostragem
As dezesseis (16) instituições que oferecem curso de graduação em Turismo, no Estado
do RS, tiveram igual oportunidade de participar da amostra, ou seja, todos os planos de ensino
das disciplinas que abordam a Geografia. Contudo, do total de dezesseis (16) instituições,
onze (11) disponibilizaram os dados para a formação da amostra. As instituições que
enviaram os dados seguem abaixo mencionadas:
- Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul – Porto Alegre;
- Universidade Luterana do Brasil – Torres;
- Universidade de Caxias do Sul – Canela;
- Universidade de Santa Cruz do Sul – Santa Cruz do Sul;
- Centro Universitário Franciscano – Santa Maria;
- Universidade de Cruz Alta – Cruz Alta;
- Centro Universitário Feevale – Novo Hamburgo;
- Centro Universitário Metodista – Porto Alegre;
- Faculdade de Ciências Contábeis e Administrativas de Taquara – Taquara;
- Centro Universitário Univates – Lajeado;
- Centro Universitário La Salle – Canoas;
Com os documentos reunidos foi realizada uma leitura como primeiro contato. Neste
contato vale ressaltar que houve dificuldades para condensar os dados brutos, uma vez que os
programas de conteúdo, por vezes, se diferenciavam do cronograma de atividades, ou ainda, a
ementa não propunha o mesmo conteúdo do programa. Estas substituições ou exclusões
37
geraram dúvidas, por isso, foi necessário tomar o cuidado de não excluir nenhum conteúdo
mencionado e distribuí-los dentro das unidades de análise da melhor forma possível.
3.2.2. Técnica de coleta de dados
Inicialmente, buscou-se nas páginas da world wide web (internet) das IES o currículo
vigente para cada curso de Turismo do RS, com o objetivo de verificar o nome dado às
disciplinas de Geografia e o número de disciplinas por curso. Sendo o currículo encontrado ou
não, enviou-se mala direta para as instituições em questão, onde se realizou um pedido formal
de envio dos planos de ensino das disciplinas de Geografia aos coordenadores dos cursos,
conforme Apêndice 1. Enviaram-se cartas em um primeiro momento, e-mails em um segundo
momento, sedex em um terceiro momento e, novamente, cartas em um quarto momento.
3.2.3. Análise dos Dados
Os conteúdos mencionados nos planos de ensino foram organizados em unidades de
análise que, depois de codificadas, foram chamadas de unidades de registro e de contexto.
Para uma melhor distribuição das temáticas utilizou-se um desmembramento, algumas vezes
diferente da apresentação tal e qual foi recebida, porém conservando suas características
originais.
Para preservar o nome da instituição a que o(s) respectivo(s) plano(s) de ensino
pertence(m), codificou-se as 11 (onze) instituições que disponibilizaram os dados através do
conjunto de letras A; B; C; D; E; F; G; H; I; J e K, obedecendo a um critério aleatório. É
importante salientar que 1 (uma) das instituições não enviou dados através do pedido formal,
contudo, utilizou-se o programa de conteúdos das disciplinas que estava disponível na página
do curso, na Internet, totalizando, assim, a participação de onze (11) IES na pesquisa.
Após a codificação dos planos de ensino, para realizar a análise de conteúdo,
desmembraram-se os conteúdos programáticos em unidades de registro e agruparam-se as
mesmas em unidades de contexto por similaridade de temáticas, o que permitiu a criação das
categorias temáticas para os procedimentos de análise. A categorização foi constituída pelo
agrupamento das unidades de contexto similares, o que deu origem a quatorze (14) categorias
38
temáticas.
A análise da amostra realizou-se através da técnica chamada Análise de Conteúdo,
conforme a descrição que segue na Figura 1, de forma resumida e anteriormente detalhada na
revisão de literatura.
Início
Abordagem Unidades de Significado
Unidades de Registro
Unidades de Contexto
Unidades de significado
Freqüência das temáticas
Categorias Temáticas
Resultados
Texto-síntese
Descrição
Interpretação
Inferências
Discussões
Considerações Finais
Freqüência das unidades de significado
Inserção da unidade de registro no curso
Conteúdo Programático
Planos de Ensino
Codificação
Aquisição de Dados
Figura 1: Fluxograma de detalhamento das etapas produzidas na dissertação. Fonte: Elaboração própria a partir dos dados.
39
Algumas etapas foram detalhadas como segue:
- Codificação: representação dos planos de ensino através das letras do alfabeto para
identificação de cada elemento da amostra.
- Unidades de Registro: são as unidades de base em forma de temas, as quais compõem
os conteúdos programáticos de cada instituição de ensino.
- Unidades de Contexto: formadas pelo agrupamento das unidades de registro similares.
- Categorias Temáticas: constituídas pelos elementos das unidades de contexto, através
de critérios semânticos (de significado).
3.2.3.1. Análise de conteúdo – Considerações
Fundamentos
Algumas formas isoladas e prematuras de análise das comunicações já existiam antes da
chamada análise de conteúdo. O ato de interpretar (mensagens) é bastante antigo, seja em
forma de textos sagrados, literários, de interpretação de sonhos e até mesmo as práticas da
astrologia e da psicanálise provém de um processo hermenêutico, ou seja, um ato que analisa,
revela e interpreta.
No início do século XX a necessidade do rigor científico invoca a análise do material
jornalístico nos Estados Unidos. Assim, durante cerca de quarenta anos, a análise de conteúdo
se desenvolve com base nos estudos do jornal e da propaganda, ampliado após a Segunda
Guerra devido aos problemas que emergiram. Durante este período os estudos empíricos
provém, em parte, da análise de conteúdo, feita nos departamentos de ciências políticas
estadunidenses, cujo objetivo para o governo americano era desmascarar “os jornais e
periódicos suspeitos de propaganda subversiva” (Bardin, 1977, p. 16).
As duas linhas de força de rigor e descoberta impulsionaram historicamente os Estados
Unidos, no contexto comportamental das ciências humanas voltadas à cientificidade, a
adivinhar as orientações políticas e estratégicas dos países estrangeiros através do acesso aos
documentos de rádio e imprensa. Neste contexto, a análise de conteúdo faz o papel de um
instrumento de investigação prudente e preciso.
40
Segundo Bardin (1977) a análise de conteúdo é dizer não à ilusão da transparência dos
fatos sociais, ultrapassando a incerteza da compreensão espontânea e de significados
imediatos, é ir contra a projeção da própria subjetividade em uma atitude crítica, aceitando o
caráter provisório de hipóteses ao definir uma investigação. Logo, a análise se adequa ao
domínio e ao objetivo pretendido.
A análise de conteúdo1 é uma técnica de pesquisa usada para descrever e interpretar o
conteúdo da mensagem de toda classe de documentos e textos. Esta análise ajuda a
reinterpretar as mensagens para além da leitura comum, oscilando entre o rigor da suposta
objetividade dos números e a subjetividade sempre questionável (Moraes, 1999).
De um modo geral, a abrangência, o funcionamento e o objetivo da análise de conteúdo
se resumem em (Bardin, 1977, p. 42):
um conjunto de técnicas de análise das comunicações visando obter, por procedimentos sistemáticos e objetivos de descrição do conteúdo das mensagens, indicadores (quantitativos ou não) que permitam a inferência de conhecimentos relativos às condições de produção/recepção (variáveis inferidas) destas mensagens.
A leitura de uma mensagem se enriquece quando é, então, possível descobrir a
pertinência e a produtividade de conteúdos e estruturas que, em um primeiro momento, não se
detém a compreensão e suas significações são suscetíveis à conduzir uma descrição de
mecanismos. Assim, a leitura da mensagem oscila entre a verificação prudente, ou o desejo de
rigor e a necessidade de descobrir através da interpretação excelente (Bardin, 1977).
A matéria prima da análise de conteúdo pode constituir-se de qualquer material
proveniente de comunicação verbal ou não-verbal, como livros, documentos oficiais,
entrevistas, entre tantos outros. Esses materiais chegam até o pesquisador em estado bruto,
podendo ser processados para uma melhor compreensão, interpretação e inferência (Moraes,
1999).
A interpretação por parte do pesquisador é inevitável, não há uma leitura neutra. Tanto o
pesquisador como a mensagem analisada possui valores, uma linguagem natural e cultural e
significados pertinentes a ambos. O contexto no qual se analisam os dados deve, portanto, ser
explicitado em qualquer análise de conteúdo para que se compreenda o significado de um
4 Sabendo-se que Bardin (1977), Freitas; Cunha Junior; Moscarola (1997) e Moraes (1999) são autores que abordam a temática da análise de conteúdo de forma similar, optou-se por utilizar as referências de MORAES, Roque. Análise de Conteúdo. Revista Educação, Porto Alegre, ano XXII, n. 37, p. 7-32, março de 1999 e BARDIN, Laurence. Análise de conteúdo. Tradução Luís Antonio Reto e Augusto Pinheiro. Lisboa, Portugal: Edições 70, 1988. 225 p. Título original: L’Analyse de contenu.
41
texto. É preciso considerar, além do conteúdo explícito, o autor, o destinatário e as formas de
codificação e transmissão da mensagem.
Objetivos
A mensagem a ser analisada precisa fundamentar-se em uma explicitação clara de seus
objetivos. Na abordagem qualitativa a construção dos objetivos ocorre, ao menos em parte, ao
longo do processo, se delineando ao longo da investigação. Assim, ao concluir-se a pesquisa
os objetivos estarão claros e delimitados.
Os dados efetivamente significativos devem ser delimitados levando em consideração
os aspectos intrínsecos da mensagem analisada, o contexto a que se refere e as inferências
pretendidas (Moraes, 1999). Deste modo, para categorizar os objetivos para a análise de
conteúdo da pesquisa deve-se partir de seis questões: 1) Quem fala? 2) Para dizer o que? 3) A
quem? 4) De que modo? 5) Com que finalidade? 6) Com que resultados?
A análise de conteúdo orientada a “quem fala” visa investigar quem emite a mensagem,
suas características, universo semântico, etc. A questão “para dizer o quê” se constitui na
análise temática, ou seja, o valor informacional, as palavras, argumentos e idéias expressos na
mensagem. Neste caso, esta pesquisa se interessa pelo conteúdo programático das disciplinas
que abordam a Geografia.
Quando uma pesquisa que utiliza a análise de conteúdo se dirige “a quem”, a
investigação focaliza o receptor. Indicadores e características da mensagem originam
inferências sobre quem a recebe. Quando os objetivos da análise de conteúdo se direcionam
ao “como”, o pesquisador estará voltado à forma como a comunicação se processa, ou seja,
sua semântica e sua sintática da língua de análise.
Na análise de conteúdo orientada “com que finalidade” o pesquisador questionará sobre
os objetivos de uma dada comunicação, ou seja, as finalidades manifestas ou ocultas do
emissor. Para a questão “com que resultados” o pesquisador procura identificar e descrever os
resultados efetivos de uma comunicação, que nem sempre coincidem com os objetivos.
Dadas as seis categorias dos objetivos da análise de conteúdo, optou-se nesta pesquisa
pela questão referente à análise temática, ou seja, “para dizer o que?”, pois Moraes (1999, p.
14) relata que:
42
A definição de objetivos de uma análise de conteúdo a partir desse esquema ou de outro não implica ater-se a uma dessas categorias. Pesquisas poderão se direcionar ao mesmo tempo para duas ou mais dessas questões. Do mesmo modo, métodos e técnicas de análise poderão variar em função dos objetivos propostos.
Método
Organização da Análise
A pré-análise é o momento de organizar um plano de análise, onde as idéias iniciais
são sistematizadas, de maneira a conduzir um esquema de desenvolvimento operacional
preciso e, ao mesmo tempo, flexível. Nesta fase de pré-análise é onde se escolhe os
documentos a serem submetidos à análise, onde se pode optar pela formulação de hipóteses,
formulando objetivos e elaborando indicadores que fundamentem a interpretação final
(Bardin, 1977). A elaboração de hipóteses durante a pré-análise não é, em regra, uma
necessidade neste momento ou em momento posterior, pois são afirmações provisórias a que
se propõe verificar através dos procedimentos de análise.
Após entrar em contato com os documentos para análise, realiza-se uma leitura rápida, a
qual deixa impressões e orientações para uma leitura mais precisa, tendo em vista as
principais regras de seleção dos documentos, seja a exaustividade, todos elementos de análise
devem ser incluídos, a representatividade, a amostra deve ser representativa dentro de um
universo, seja a regra de homogeneidade para os elementos amostrais, ou a regra de
pertinência, adequação das fontes de informação.
Antes da análise propriamente dita, o material reunido é preparado, logo após, realiza-se
operações de recorte do texto em unidades comparáveis de modalidade de codificação para o
registro dos dados e de categorização para análise temática (Bardin,1977). Assim, os dados
brutos obtidos devem ser condensados para se ter à disposição resultados significativos e fiéis
para a proposição de inferências e futuras interpretações.
Portanto, em uma análise qualitativa, seis etapas do processo de análise de conteúdo são
sucessoras do projeto de pesquisa e de suas definições normais para reunir os dados previstos
pelo projeto (Bardin, 1977; Moraes, 1999):
1. preparação das informações;
2. unitarização ou transformação do conteúdo em unidades (através de codificação);
43
3. a categorização ou classificação das unidades em categorias;
4. descrição;
5. inferência;
6. interpretação.
Na preparação das informações identificam-se as amostras a serem analisadas e
inicia-se o processo de codificação dos materiais, de modo que se identifique cada elemento
da amostra. A codificação é a transformação efetuada na mensagem por recorte, agregação e
enumeração que permite atingir uma representação do conteúdo. Por sua vez, a unidade de
registro se faz presente e corresponde ao “segmento de conteúdo a considerar como unidade
de base, visando a categorização e a contagem freqüencial” (Bardin,1977, p. 104).
O critério de recorte produz unidades de registro, onde as mais utilizadas são a palavra
(ou palavra-tema), o tema, o objeto ou referente, o personagem, o acontecimento e o próprio
documento. Destas, o tema é a unidade de sentido que se manifesta naturalmente através de
idéias constituintes, enunciados e proposições significativas, onde se descobre o “núcleo de
sentido” que compõe a comunicação (Bardin,1977).
Enfim, na transformação do conteúdo em unidades (ou codificação) é preciso reler os
materiais com a finalidade de definir a “unidade de análise” (ou de registro ou, ainda, de
significado). Esta é o elemento unitário que pode ser tanto palavras, frases, temas ou mesmo
documentos em sua forma integral, a ser isolado, classificado, codificado e definido em
unidades de contexto (Moraes, 1999).
A unidade de contexto é a subunidade que codifica a unidade de registro, ou seja,
“corresponde ao segmento da mensagem, cujas dimensões, presididas pelos critérios de custo
e pertinência, são ótimas para que se possa compreender a significação exata da unidade de
registro” (Bardin,1977, p. 107). A codificação também é feita através de regras de numeração,
às quais se assentam numa hipótese de correspondência entre a freqüência, a intensidade, a
distribuição, a associação e a presença da manifestação da linguagem e de variáveis não
lingüísticas.
A categorização não é uma etapa obrigatória, porém, muitas vezes é necessário utilizar-
se dela para os procedimentos de análise. A categorização é constituída por elementos de um
conjunto, diferenciados ou reagrupados segundo o gênero (analogia), os quais reúnem as
unidades de registro anteriormente comentadas (Bardin,1977).
44
A categorização é um processo estruturado que classifica os elementos em categorias
de acordo com suas características comuns, utilizando-se, para tal, de critérios semânticos
(originando categorias temáticas), sintáticos (construção frasal) e léxicos (palavras e seus
sentidos). Portanto, a codificação do material deve produzir um sistema de categorias,
isolando os elementos na primeira etapa e repartindo-os na segunda, onde cada conjunto de
categorias, entretanto, deve fundamentar-se em apenas um destes critérios (Bardin, 1977;
Moraes, 1999).
As categorias necessitam obedecer a um conjunto formado por cinco critérios, sejam
elas definidas a priori ou a partir dos dados e, o eventual não atendimento a algum deles deve
ser justificado. Assim, as categorias devem ser válidas, exaustivas, homogêneas, exclusivas e
consistentes.
- categorias válidas (pertinentes ou adequadas): a adequação se refere aos objetivos da
análise, à natureza do material que está sendo analisado e às questões que se pretende
responder por meio da pesquisa. A validade exige que todas as categorias criadas sejam
significativas, úteis e pertinentes ao trabalho proposto.
- categorias exaustivas (ou inclusivas): devem possibilitar a categorização de todo o
conteúdo significativo, definido de acordo com os objetivos da análise, ou seja, cada conjunto
de categorias deve ser exaustivo no sentido de possibilitar a inclusão de todas as unidades de
análise.
- categorias homogêneas: sua organização deve ser fundamentada em um único
princípio ou critério de classificação, ou seja, todo o conjunto é estruturado em uma única
dimensão de análise.
- categorias exclusivas (ou de exclusão mútua): cada elemento pode ser classificado em
apenas uma categoria, ou seja, cada elemento ou unidade de conteúdo não pode fazer parte de
mais de uma divisão.
- categorias objetivas (consistentes ou fidedignas): as regras de classificação são
explicitadas com suficiente clareza, de modo que possam ser aplicadas consistentemente ao
longo de toda a análise e a classificação não seja afetada pela subjetividade do pesquisador.
A descrição é o primeiro momento da comunicação do resultado do trabalho, de
expressar os significados captados e intuídos nas mensagens analisadas. Quando se tratar de
pesquisa numa abordagem qualitativa, para cada uma das categorias será produzido um texto-
45
síntese em que se expresse o conjunto de significados presentes nas diversas unidades de
análise incluídas em cada uma delas.
A inferência diz respeito ao que se vai deduzir em relação à análise dos fatos. Inferir é
uma predisposição para fazer referências aos efeitos das variáveis em estudo, a partir de suas
causas, no contexto do emissor ou produtor da mensagem, do receptor, no qual a mensagem
irá agir ou adaptar-se, no contexto da realidade da própria mensagem e de sua significação e,
ainda, no contexto do canal, instrumento ou suporte para a transmissão da mensagem
(Bardin,1977).
A especificidade da análise de conteúdo reside no que os conteúdos das mensagens
podem ensinar após serem tratados, ou seja, quais saberes serão deduzidos. A pretensão ou
finalidade da análise de conteúdo é inferir conhecimentos relativos às condições de produção
ou emissão de tal comunicação, onde a inferência é um procedimento intermediário entre a
descrição das características do texto e a interpretação do significado destas características.
Assim, pode-se dizer que a inferência, dedução lógica que admite uma proposição
ligada a outras tidas como verdadeiras, responde a causa da mensagem, ou seja, o que é que
conduziu o emissor a determinado enunciado, e a conseqüência ou efeito que um enunciado
pode provocar ao seu destinatário. O domínio da análise de conteúdo está, portanto, nas
iniciativas que explicitem e sistematizem o conteúdo das mensagens, a partir de um conjunto
de técnicas específicas adaptadas à natureza do material e a(s) questão(ões) que se procura
resolver.
O termo interpretação está associado à pesquisa qualitativa. É a procura de
compreensão profunda dos conteúdos manifestos pelos emissores e dos conteúdos latentes,
sejam eles ocultados consciente ou inconscientemente pelos autores.
No movimento interpretativo existem duas vertentes. Uma delas relaciona-se a estudos
com fundamentação teórica claramente explicitada a priori, onde nesses estudos a
interpretação é feita mediante exploração dos significados expressos nas categorias da análise,
em um contraste com essa fundamentação. Na outra vertente, a teoria é construída com base
nos dados e nas categorias de análise. A teoria emerge das informações e das categorias.
Neste caso, a própria construção da teoria é uma interpretação.
46
Abordagem
A análise de conteúdo é uma técnica que possibilita diferentes modos de conduzir o
processo e, ao mesmo tempo em que abre possibilidades, estabelece limites como
conseqüência dessas opções. O investigador pode optar por limitar-se ao conteúdo manifesto
ou, também, ao conteúdo latente, relacionados, respectivamente, a uma exploração objetiva e
outra subjetiva.
A análise de conteúdo no nível manifesto restringe-se ao que é dito, sem buscar os
significados ocultos. No nível latente, o pesquisador procura captar sentidos implícitos. Em
função da escolha relacionada à questão da objetividade e da subjetividade existem duas
abordagens básicas de análise de conteúdo.
A primeira abordagem é classificada como dedutiva, verificatória, enumerativa e
objetiva. A outra se caracteriza por ser indutiva, gerativa, construtiva e subjetiva. Esta
bipolarização pode ser interpretada como relacionada à utilização preferencial do raciocínio
dedutivo, que parte de uma teoria, versus indutivo, que visa chegar a uma teoria.
3.2.3.1.1. Análise de Conteúdo – Resumo:
Os planos de ensino das disciplinas de Geografia, presentes nos cursos de Turismo do
RS, e seus respectivos conteúdos foram os materiais analisados.
Objetivos da análise de conteúdo:
1. Quem fala? O emissor da pesquisa são as IES.
2. Para dizer o que? Através da análise temática.
3. A quem? Os receptores são os alunos dos cursos de Turismo em questão.
4. De que modo? A comunicação foi verificada através de sua semântica.
5. Com que finalidade? Verificaram-se as finalidades manifestas do emissor (plano de
ensino).
Método da análise de conteúdo, ou seja, etapas que foram seguidas:
1. Organização da análise em;
a) documentos: leitura flutuante; numerados; codificados.
47
b) objetivos
c) indicadores
2. Documentos desmembrados em Unidades de Registro = Temáticas
3. Documentos recortados em Unidades de Contexto
4. Criação de Categorias Temáticas (de acordo com semelhanças entre temáticas)
5. Descrição = texto-síntese sobre as categorias
6. Inferências = o que se deduziu até agora (emissor, canal e receptor)
7. interpretação = conteúdo manifesto e a partir dele construção da teoria através de
texto-síntese.
Abordagem: a investigação se limitou à análise do conteúdo manifesto, através do
raciocínio indutivo.
3.3. Apresentação dos resultados
A apresentação dos resultados se deu através de etapas previstas na análise de conteúdo,
demonstradas por quadros e análise qualitativa dos dados. Nas discussões e considerações
finais foram indicados os resultados finais mais significativos, recomendações para ação
imediata e sugestões para novas pesquisas.
3.4. Limites do trabalho
A pesquisa foi limitada pela disponibilidade das instituições de ensino em fornecerem
os dados buscados, além das dificuldades encontradas para obter material bibliográfico e fazer
saídas de campo. Assim, constatou-se que a amostra sofreu alterações no decorrer do período
de recebimento dos dados, pois algumas instituições não enviaram respostas, mesmo depois
de grande insistência, ignorando a pesquisa.
CAPÍTULO IV
4. RESULTADOS
Para realizar a caracterização dos cursos superiores de Turismo do Estado do RS, em
um primeiro momento, obteve-se a relação das Instituições de Ensino que possuem o curso
com as respectivas localizações e condições destes em relação aos dados legais de criação,
autorização e reconhecimento por parte do MEC, segundo fonte do INEP. Assim, verificou-se
que as organizações acadêmicas são em formato de Universidades, em número de oito (8), de
Centros Universitários, em número de cinco (5) e de Faculdades, em número de três (3), cujos
diplomas conferidos são de Bacharel em Turismo sob a modalidade presencial, condição
encontrada até março de 2006.
É possível notar que do total de dezesseis (16) cursos, cinco (5) não são reconhecidos
pelo Ministério da Educação, ou porque não atenderam aos requisitos básicos de
reconhecimento ou porque ainda não completaram quatro anos de funcionamento, e, portanto,
não formaram a primeira turma. O curso de Turismo do RS mais antigo é o da Pontifícia
Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUC-RS), que se iniciou em 02 de março de
1972, e o mais recente é o curso de Turismo da Universidade Luterana do Brasil (ULBRA-
GUAÍBA), iniciado em 02 de agosto de 2004.
Neste sentido, dentro do Estado do RS, a cidade de Porto Alegre se destaca das demais
cidades do RS pois abriga três (3) cursos superiores de Turismo. Também é possível notar que
somente vinte anos após o início do primeiro curso, na Pontifícia Universidade Católica do
RS, é que foi criado o segundo curso de Turismo, na Universidade Luterana do Brasil. Logo
após, aproximadamente a cada dois anos, novos cursos foram iniciados, somando os atuais
dezesseis (16) Cursos Superiores de Turismo do Estado do RS, que podem ser vistos no
Quadro 4.
49
Dados Legais Município de Funcionamento do Curso de Turismo
Instituição de Ensino
Organização Acadêmica
Diploma Conferido / Modalidade de Ensino / Regime Letivo
Ano de Início do Curso de Turismo
Criação / Autorização: Documento
Curso Reconhecido
Porto Alegre
Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul
Universidade
Bacharel / Presencial / Semestral
02/03/1972
Resolução COCEP/PUC/RS
Decreto Federal 78.266 de 17/08/1976
Torres
Universidade Luterana do Brasil
Universidade
Bacharel / Presencial / Semestral
02/03/1992
Resolução CONSUN 56 de 31/10/1991
Portaria MEC 76 de 29/01/1996
Canela
Universidade de Caxias do Sul
Universidade
Bacharel / Presencial / Semestral
07/03/1994
Resolução CEPE/UCS
Portaria MEC 1170 de 16/10/1998
Santa Cruz do Sul
Universidade de Santa Cruz do Sul
Universidade
Bacharel / Presencial / Semestral
03/03/1997
Resolução CONSUN 117 de 30/11/1995
Portaria MEC 613 de 28/03/2001
Santa Maria
Centro Universitário Franciscano
Centro Universitário
Bacharel / Presencial / Semestral
01/03/1999
Resolução CONSUN 09 de 20/11/1998
Portaria MEC 2099 de 05/08/2003
Cruz Alta Universidade de Cruz Alta Universidade
Bacharel / Presencial / Semestral
01/03/1999 Resolução CONSUN 07 de 30/12/1998
Portaria MEC 144 de 14/01/2005
Novo Hamburgo
Centro Universitário Feevale
Centro Universitário
Bacharel / Presencial / Semestral
23/08/1999
Portaria CONSUN 03/1999
Portaria MEC 1392 de 19/05/2004
Porto Alegre
Faculdades Riograndenses
Faculdade
Bacharel / Presencial / Semestral
24/07/2000
Portaria MEC 179 de 23/02/2000
Portaria MEC 2128 de 16/06/2005
Porto Alegre
Centro Universitário Metodista
Centro Universitário
Bacharel / Presencial / Semestral
02/08/2000
Portaria MEC 181 de 23/02/2000
Portaria MEC 1711 de 19/05/2005
Bento Gonçalves
Universidade de Caxias do Sul
Universidade
Bacharel / Presencial / Semestral
07/08/2000
Resolução CONSUN
Portaria MEC 2441 de 10/09/2003
Pelotas
Universidade Federal de Pelotas
Universidade
Bacharel / Presencial / Semestral
10/08/2000 Não há dados
NÃO
Taquara
Faculdade de Ciências Contábeis e Administrativas de Taquara
Faculdade
Bacharel / Presencial / Semestral
06/08/2001
Portaria MEC 1163 de 11/06/2001
NÃO
Farroupilha
Centro de Ensino Superior de Farroupilha
Faculdade
Bacharel / Presencial / Semestral
25/02/2002
Portaria MEC 1698 de 01/08/2001
Portaria MEC 3462 de 05/10/2005
Lajeado
Centro Universitário Univates
Centro Universitário
Bacharel / Presencial / Semestral
26/02/2004
Resolução Reitoria UNIVATES 98 de 16/09/2003
NÃO
Canoas
Centro Universitário La Salle
Centro Universitário
Bacharel / Presencial / Semestral
26/02/2004
Resolução CONSUN/ UNILASSALE
NÃO
Guaíba
Universidade Luterana do Brasil
Universidade
Bacharel / Presencial / Semestral
02/08/2004
Resolução CONSUN 89 de 27/08/2003
NÃO
Quadro 4 – Relação das Instituições de Ensino Superior que possuem Curso de Graduação em Turismo no Estado do Rio Grande do Sul e respectivas condições legais destes.
Fonte – INEP, 2005/2006.
50
De posse das informações legais dos cursos de Turismo, verificou-se a disponibilidade
dos currículos atuais na Internet, disponíveis nos sites das respectivas Instituições de Ensino
Superior pesquisadas. Assim, com uma visão geral das disciplinas oferecidas nos cursos
superiores de Turismo, foi possível identificar aquelas que constavam nestes currículos, cujos
nomes se referiam a Geografia ou diretamente a ela. Somente a Universidade Luterana do
Brasil, de Guaíba, não disponibilizava a informação (Quadro 5).
Ao se considerar os dezesseis (16) cursos superiores de Turismo do RS (Quadro 5)
observa-se que apenas cinco (5) cursos valorizam duas (2) ou três (3) disciplinas de Geografia
em seus respectivos currículos, voltadas às divisões dentro da Geografia, ao turismo, ao Brasil
e ao Estado do RS, os demais ofereceram apenas uma (1) disciplina, que conforme o nome
dado, englobam o estudo da Geografia geral até a Geografia mais aplicada.
Instituição Cidade Disciplina que consta no currículo disponível na Internet
1. Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul – PUC-RS Porto Alegre - Geografia das Paisagens Turísticas
2. Universidade Luterana do Brasil – ULBRA Torres - Geografia Geral
3. Universidade de Caxias do Sul – UCS Canela - Geografia Aplicada ao Turismo
4. Universidade de Santa Cruz do Sul –UNISC
Santa Cruz do Sul - Geografia para o Turismo
5. Centro Universitário Franciscano – UNIFRA Santa Maria - Geografia e Cartografia
- Geografia do Turismo
6. Universidade de Cruz Alta – UNICRUZ Cruz Alta
- Geografia do Brasil I - Geografia do Brasil II – Aplicada ao Turismo
7. Centro Universitário Feevale – FEEVALE
Novo Hamburgo - Geografia Turística
8. Faculdades Riograndenses – FARGS Porto Alegre - Geografia Geral
- Geografia do Brasil 9. Centro Universitário Metodista – IPA Porto Alegre - Geografia do Turismo
10. Universidade de Caxias do Sul – UCS
Bento Gonçalves - Geografia Aplicada ao Turismo
11. Universidade Federal de Pelotas - UPEL Pelotas
- Geografia Econômica Aplicada ao Turismo - Geografia do RS - Geografia de Pelotas
12. Faculdade de Ciências Contábeis e Administrativas de Taquara – FACCAT
Taquara - Aspectos Geográficos do Turismo - Aspectos Geológicos e Geomorfológicos do RS
Quadro 5 – IES e respectiva localização com a(s) disciplina(s) relacionada (s) à Geografia do currículo de 2005, do Curso Superior de Turismo.
Fonte – Currículos disponíveis nos sites das respectivas Instituições de Ensino Superior.
51
Instituição Cidade Disciplina que consta no currículo disponível na Internet
13. Centro de Ensino Superior de Farroupilha - CESF Farroupilha - Geografia
14. Centro Universitário Univates - UNIVATES Lajeado - Geografia Geral
15. Centro Universitário La Salle – UNILASALLE Canoas - Geografia
16. Universidade Luterana do Brasil - ULBRA Guaíba Não disponibiliza currículo
Quadro 5 – IES e respectiva localização com a(s) disciplina(s) relacionada (s) à Geografia do currículo de 2005,
do Curso Superior de Turismo. Fonte – Currículos disponíveis nos sites das respectivas Instituições de Ensino Superior.
Resultado da obtenção dos planos de ensino, de dezesseis (16) cursos superiores de
Turismo do RS dez (10) enviaram os dados, o que equivale a 62,5 % da amostra, as outras
seis instituições, o que equivale a 37,5 %, não responderam. É importante destacar que a
Universidade de Cruz Alta não enviou dados, no entanto, foi a única instituição que
disponibilizava via Internet o programa das disciplinas, sendo, então, acrescida a pesquisa,
somando, portanto, onze (11) IES participantes. O Centro Universitário Univates não enviou o
plano de ensino, apenas a ementa da disciplina chamada “Geografia Geral”, mesmo assim,
considerou-se como o conteúdo trabalhado.
No caso da Faculdade de Ciências Contábeis e Administrativas (FACCAT) de Taquara,
os dados recebidos não coincidiram com aqueles que constam no currículo disponível na
Internet, pois no currículo consta “Aspectos Geográficos do Turismo” e “Aspectos
Geológicos e Geomorfológicos do RS”, sendo que se recebeu apenas a primeira. Assim, se
elencou as instituições que enviaram os dados e, segundo estas, a respectiva lista de
disciplinas de Geografia ministradas nos cursos superiores de Turismo, conforme Quadro 6.
Em relação às instituições reconhecidas legalmente ou não, constatou-se que dos cinco
(5) cursos não reconhecidos legalmente pelo MEC, dois (2) não enviaram os planos de ensino
e outros três (3) participaram da pesquisa. Dos demais onze (11) cursos reconhecidos, quatro
(4) não enviaram os planos. A partir deste dado pode-se inferir que o fato do curso ser ou não
ser reconhecido pelo MEC não foi exatamente o motivo pelo qual os cinco (5) cursos não
participaram da pesquisa (Quadro 6).
52
Instituição de Ensino / Município
Disciplina(s) Ministrada(s) segundo
Dados Enviados pela Instituição
Plano de Ensino
Recebido
Ano / Semestre Ofertado
Carga Horária e Créditos
Semestre Ofertado
no Currículo
1. Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul – Porto Alegre
Geografia das Paisagens Turísticas Sim 2005 / 1° - / 04 1º
2. Universidade Luterana do Brasil – Torres Geografia Geral Sim 2005 / 3° 68 h / 04 3º
3. Universidade de Caxias do Sul – Canela
Geografia Aplicada ao Turismo Sim 2005 / 2º - / 04
2º 4. Universidade de Santa Cruz do Sul – Santa Cruz do Sul
Geografia para o Turismo Sim 2005 / 2º - / 05 2º
Geografia e Cartografia Sim 2005 / 1° 60 h / 04 1º 5. Centro Universitário Franciscano – Santa Maria Geografia do Turismo Sim 2005 / 2° 60 h / 04 2º
Geografia do Brasil I Não 2005 / 1º 60 h / 04 1º 6. Universidade de Cruz Alta – Cruz Alta Geografia do Brasil II –
Aplicada ao Turismo Não 2005 / 2° 60 h / 04 2º
7. Centro Universitário Feevale – Novo Hamburgo Geografia Turística Sim 2005 / 1° - / -
1º 8. Faculdades Riograndenses – Porto Alegre
Não enviou dados Não - - -
9. Centro Universitário Metodista – Porto Alegre Geografia do Turismo Sim 2005 / 1° 72 h / 04
1º
10. Universidade de Caxias do Sul – Bento Gonçalves Não enviou dados Não - -
11. Universidade Federal de Pelotas – Pelotas Não enviou dados Não - - -
12. Faculdade de Ciências Contábeis e Administrativas de Taquara – Taquara
Aspectos Geográficos do Turismo Sim 2005 / 1° 60 h / - 1º
13. Centro de Ensino Superior de Farroupilha – Farroupilha
Não enviou dados Não - - -
14. Centro Universitário Univates - Lajeado Geografia Geral Não -
Ementa 2005 / 1º 60 h / 04 1º
15. Centro Universitário La Salle - Canoas Geografia Sim 2005 / 1° 60 h / 04 1º
16. Universidade Luterana do Brasil - Guaíba Não enviou dados Não - - -
Quadro 6 – Disciplinas de Geografia ministradas nos cursos de Turismo segundo dados fornecidos pelas
Instituições de Ensino Superior do RS. Fonte: elaboração própria a partir dos dados.
De acordo com o Quadro 6 existem sete (7) disciplinas que levam o nome referente a
uma Geografia para o Turismo ou a ele aplicada, outras quatro (4) disciplinas possuem o
53
nome voltado somente a Geografia, sendo que este último caso gera dúvidas para o leitor
externo sobre a ligação com o Turismo. Em uma delas é abordada a Cartografia passando a
compreensão de que é separada do conteúdo geográfico, pois recebe o nome de “Geografia e
Cartografia”.
Pode-se notar, também, que o Centro Universitário Franciscano ofereceu aos alunos a
Geografia e a Cartografia em um primeiro momento para, então, no semestre seguinte abordar
a Geografia aplicada ao Turismo. Da mesma forma, a Universidade de Cruz Alta ofereceu a
Geografia do Brasil em duas etapas, aplicando-a ao Turismo em um segundo momento. Neste
sentido, ambas instituições mencionadas ofereceram ênfase à Geografia no currículo vigente,
diferindo das demais instituições participantes que disponibilizaram apenas uma disciplina de
Geografia durante toda carga horária disponível no currículo.
Em geral, a carga horária disponível a cada disciplina é de sessenta (60) horas, o que
totaliza quatro (4) créditos. Contudo, a Universidade Luterana do Brasil (ULBRA) oferece
sessenta e oito (68) horas para a disciplina “Geografia Geral” e o Centro Universitário
Metodista oferece setenta e duas (72) horas para a disciplina “Geografia do Turismo”. Em um
primeiro plano, esta diferença de carga horária para mais favorece a disposição de conteúdos.
Além destes aspectos mencionados, observa-se, ainda, que as disciplinas relacionadas à
Geografia são oferecidas na grade curricular até os três (3) primeiros semestres dos cursos de
Turismo, sendo que a maioria se faz presente já no primeiro semestre, demonstrando, assim,
ser a Geografia a base do conhecimento para a formação do Turismólogo.
4.1. UNIDADES DE REGISTRO
Para reunir os dados e dar início à análise, foi necessário criar um código para cada
instituição com o objetivo de respeitar seus nomes, ficando assim designadas: A, B, C, D, E,
F, G, H, I, J e K. Realizada esta etapa, foi preciso reunir em quadros os conteúdos
programáticos que constavam em cada plano de ensino, nomeando a instituição com uma letra
do alfabeto e indicando o semestre e o ano no qual a disciplina foi oferecida.
Deste modo, separou-se a compilação dos planos de ensino de cada instituição,
subdividindo os seus conteúdos em unidades de registro, ou seja, as temáticas manifestadas,
com respectivas unidades de significado. Deste modo, foi realizada uma descrição das
54
unidades de registro e de significado e uma interpretação sobre a abordagem presente,
conforme segue (Quadros 7 a 19).
Dado o conjunto de saberes da ciência geográfica, considerou-se que o ensino da
Geografia se depara com o estudo de dois eixos, ou seja, o espaço social e o espaço natural. O
espaço geográfico formado por elementos sociais significa o espaço do homem e de sua
cultura, em contrapartida, o espaço formado por elementos de ordem natural é aquele onde os
indivíduos podem interferir, porém, possui características e reservas que não foram criadas
por eles. Neste contexto, observaram-se quais aspectos os conteúdos de Geografia abordaram:
naturais e/ou sociais.
Instituição A
A disciplina oferecida na instituição “A” foi delimitada por três temas: Cartografia,
Geografia do Rio Grande do Sul e Geografia do Brasil, associados ao turismo (Quadro 7).
Em Cartografia a ênfase das unidades de significado foi voltada aos mapas em geral e aos
mapas temáticos; na Geografia do Rio Grande do Sul a prioridade foi para os estudos das
dinâmicas populacionais dos espaços urbano e rural, da situação e localização do Estado em
relação às fronteiras, além da preocupação com a natureza.
Em Geografia do Brasil foram abordados os aspectos naturais, sob a forma de natureza,
parques e reservas, a localização e a situação do país em relação as fronteiras, as categorias
geográficas chamadas região e território, além das paisagens turísticas e das relações do
Brasil com a atividade turística. Estas unidades de significado apresentam, em sua maior
parte, uma abordagem social.
55
INSTITUIÇÃO A – ANO 2005 – SEMESTRE - 1 Unidades de
Registro Unidades de Significado
conceitos elementos emprego UNID. I -Cartografia e
Turismo: mapas:
mapas temáticos: turísticos regionais
localização situação metrópole regional: Porto Alegre a natureza origens étnicas ocupação movimento democrático
UNID. II -Geografia do Rio Grande do Sul e o Turismo:
RS:
espaço urbano espaço rural
turismo
localização situação relações com o turismo natureza parques naturais reservas naturais
região: conceito processo de regionalização ocupação território: espaço urbano espaço rural
formação
UNID. III – Geografia do Brasil e o Turismo:
Brasil:
paisagens turísticas
Quadro 7 – Unidades de Registro da Instituição A – Ano e Semestre ministrado: 2005-1 Fonte: elaboração própria a partir dos dados.
Instituição B
A disciplina oferecida na instituição “B” foi delimitada por nove unidades temáticas: a
Geografia Física, os Continentes, o Turismo, a Cartografia, a Globalização, os Blocos
Regionais, o Meio Ambiente, o Brasil e o Rio Grande do Sul (Quadro 8).
Em Geografia Física as unidades de significado abordaram as paisagens naturais; em
Continentes tratou-se das divisões, das características e das etnias destes. Na unidade Turismo
registrou-se a relação e a importância dos aspectos geográficos para a atividade turística e a
questão da sustentabilidade; em Cartografia registrou-se a leitura de cartas e o mapeamento
turístico.
56
A temática Globalização ocupou-se da ordem mundial, seguida da divisão e dos
contrastes dos Blocos Regionais. Na unidade Meio Ambiente foram abordados os problemas e
o desenvolvimento frente àquele. A unidade Brasil foi delimitada pela formação territorial do
país, pela organização política e populacional, pela urbanização e a indústria, além do meio
ambiente, espaço agrário e o turismo, com ênfase ao estudo da localização dos pólos
turísticos, ao estudo dos potenciais, dos atrativos naturais, dos fluxos e do turismo brasileiro
em relação ao contexto internacional.
A unidade de registro chamada Rio Grande do Sul abordou a questão da colonização e
as correntes migratórias, os aspectos físicos, sociais e econômicos do Estado, além do turismo
em relação aos roteiros, aos produtos, aos potenciais e à localização dos pólos turísticos.
Portanto, o somatório destas unidades representa o predomínio de uma Geografia de
abordagem social.
57
INSTITUIÇÃO B – ANO 2005 – SEMESTRE - 1 Unidades de
Registro Unidades de Significado
UNID. I – Geografia Física: paisagens naturais
UNID. II –Continentes:
divisão características etnias
aspectos geográficos: relação importância UNID. III –
Turismo: sustentabilidade cartas: leitura UNID. IV –
Cartografia: mapas: mapeamento de roteiros UNID. V – Globalização: ordem mundial
UNID. VI – Blocos Regionais:
divisão contrastes desenvolvimento UNID. VII –
Meio Ambiente: problemas pólos: localização
turismo: potenciais atrativos naturais contexto internacional fluxos
UNID. VIII -Brasil: população urbanização formação territorial indústria meio ambiente espaço agrário organização política
pólos: localização roteiros produtos turismo: potenciais: locais
regionais
aspectos: físicos sociais econômicos
UNID. IX – Rio Grande do Sul:
correntes migratórias colonização
Quadro 8 – Unidades de Registro da Instituição B – Ano e Semestre ministrado: 2005-1
Fonte: elaboração própria a partir dos dados.
58
Instituição C
A instituição “C” abordou três temáticas referentes às Representações Gráficas e
Espaciais, à Geografia do Brasil e à Geografia como base para o Turismo (Quadro 9).
Nas Representações Gráficas e Espaciais as unidades de significado priorizaram o
estudo dos mapas, desde os elementos presentes até as etapas finais de elaboração e análise.
Na unidade Geografia do Brasil foi realizado o estudo da capacidade dos potenciais turísticos
do espaço brasileiro, o estudo das regiões brasileiras e dos aspectos sociais, econômicos e
naturais do país.
A unidade que registrou a Geografia como Base para o Turismo considerou o
desenvolvimento da atividade turística, o diagnóstico dos potenciais e atrativos existentes no
espaço e a organização dos roteiros, mapas e textos, além da informação que estes produzem.
Pode-se observar que a Geografia presente nestas unidades revela o predomínio da
abordagem social.
INSTITUIÇÃO C – ANO 2005 – SEMESTRE - 2 Unidades de
Registro Unidades de Significado
classificações tipos elementos leitura interpretação
UNID. I –Representações Gráficas e Espaciais:
mapas:
análise elaboração
mapa base mapas turísticos fonte de dados
aspectos: sociais econômicos naturais
regiões brasileiras UNID. II – Geografia do Brasil:
espaço brasileiro: potencial turístico: local regional mundial
atividade turística: desenvolvimento
espaço geográfico: potencial atrativos diagnóstico UNID. III –
Geografia como Base para o Turismo: roteiros
textos mapas
informação organização
Quadro 9 – Unidades de Registro da Instituição C– Ano e Semestre ministrado: 2005-2 Fonte: elaboração própria a partir dos dados.
59
Instituição D
A instituição “D”, no segundo semestre de 2005, ofereceu conteúdos que abordam cinco
temáticas, referentes à Geografia no Turismo, aos Instrumentos Cartográficos, aos Elementos
Físicos e Naturais, à Globalização e à Regionalização (Quadro 10).
A primeira unidade remete-se à importância da Geografia no Turismo; na unidade
Instrumentos da Cartografia são relatados suas aplicações no turismo, as noções cartográficas,
a escala, as projeções e os fusos horários, além do uso da bússola, do GPS e da leitura e
interpretação de mapas temáticos.
A terceira unidade prioriza os Elementos Físicos e Naturais da paisagem, através do
conceito de paisagem, de como ela se forma, inclusive a paisagem turística, de suas formas de
relevo, seus recursos hídricos e os fatores e elementos do clima. O turismo é visto sob o
enfoque do patrimônio natural e do inventário da oferta turística.
A quarta unidade refere-se à Globalização do ponto de vista da ordem mundial e de sua
organização para o turismo, das fragmentações e do meio tecnológico, científico e
informacional. Por fim, a Regionalização reporta-se à integração de economias regionais.
Este plano de ensino apresenta uma Geografia de abordagem voltada aos elementos
sociais existentes no espaço geográfico.
60
INSTITUIÇÃO D – ANO 2005 – SEMESTRE - 2
Unidades de Registro Unidades de Significado
UNID. I – Geografia no Turismo
importância
aplicações: turismo noções coordenadas geográficas escala projeções cartográficas fusos horários
mapas temáticos: leitura interpretação
UNID. II – Instrumentos Cartográficos cartografia:
bússola GPS usos
espaço: conceito conceito formação
recursos hídricos formas de relevo
elementos físicos e naturais:
clima: fatores elementos
paisagem:
turística: formação patrimônio natural
UNID. III – Elementos Físicos e Naturais
turismo: inventário: oferta
nova ordem mundial fragmentação meio técnico-científico-informacional
UNID. IV –Globalização
espaço mundial: organização: turismo UNID. V - Regionalização economias regionais: integração
Quadro 10 – Unidades de Registro da Instituição D – Ano e Semestre ministrado: 2005-2
Fonte: elaboração própria a partir dos dados.
61
Instituição E
A instituição “E”, no primeiro semestre de 2005, expôs três unidades de registro:
Espaço, Brasil e Cartografia (Quadro 11). O Espaço foi relatado sob suas formas de uso, de
representação (se tem aqui a idéia de Cartografia) e de domínio morfoclimático. A unidade
Brasil destacou a ocupação do território; a economia, a política e a cultura das diferentes
sociedades colonial, imperialista e republicana e, ainda, o litoral brasileiro.
Em Cartografia foram destacadas as questões que envolvem escala e os mapas
temáticos, desde a leitura até a interpretação destes. Assim, a instituição “E” registra a
presença de uma Geografia voltada ao conteúdo social.
INSTITUIÇÃO E – ANO 2005 – SEMESTRE - 1 Unidades de
Registro Unidades de Significado
UNID. I – Espaço
uso representação domínio morfoclimático ocupação territorial
sociedade: colonial imperialista republicana
política economia cultura
UNID. II – Brasil
litoral
escalas: noções tipos cálculos UNID. III –
Cartografia mapas temáticos:
elaboração mapeamento leitura interpretação
Quadro 11 – Unidades de Registro da Instituição E – Ano e Semestre ministrado: 2005-1
Fonte: elaboração própria a partir dos dados.
62
Instituição E
No segundo semestre de 2005, a instituição “E” expôs cinco unidades de registro
chamadas Turismo, Rio Grande do Sul, Espaços Públicos, Territorialidades e Globalização
(Quadro 12).
A unidade Turismo privilegiou a educação, o meio ambiente, a arqueologia e o lazer nos
espaços urbanos. O Estado do RS foi estudado sob a forma das faixas geofísicas (a propósito,
aqui fica a dúvida do que sejam essas faixas); os espaços públicos foram vistos em função de
seus usos e abusos.
As Territorialidades abordaram as relações entre a organização do território, suas
fronteiras, a natureza (provavelmente no sentido de espaço natural), a história e a
modernidade. A unidade Globalização privilegiou o estudo da geopolítica. Logo, estas
temáticas geográficas se apresentam com uma abordagem voltada aos elementos sociais
presentes no espaço geográfico.
INSTITUIÇÃO E – ANO 2005 – SEMESTRE - 2 Unidades de
Registro Unidades de Significado
educação meio ambiente arqueologia
UNID. I – Turismo
espaços urbanos: lazer UNID. II – Rio Grande do Sul faixas geofísicas
UNID. III – Espaços Públicos
usos abusos
UNID. IV – Territorialidades
organização fronteiras natureza história modernidade
UNID. V – Globalização geopolítica
Quadro 12 – Unidades de Registro da Instituição E – Ano e Semestre ministrado: 2005-2
Fonte: elaboração própria a partir dos dados.
63
Instituição F
A instituição “F”, no primeiro semestre de 2005, abordou quatro unidades de registro
referentes à Cartografia e o Turismo, à Evolução da Terra, ao Espaço Geográfico Natural e à
Organização do Espaço Mundial (Quadro 13).
A unidade Cartografia e Turismo destaca noções de escala, de projeções cartográficas,
de confecção de folder (prospecto) e de fusos horários. A temática Evolução da Terra inclui a
deriva dos continentes, a estrutura terrestre, a dinâmica das tectônicas de placas, a
geomorfologia e os valores da paisagem natural.
A unidade Espaço Geográfico Natural aborda as potencialidades turísticas naturais,
entre elas, os fatores e elementos do clima, os recursos hídricos, os recursos naturais e as
características dos ecossistemas. A unidade Organização do Espaço Mundial evoca o estudo
dos continentes e dentro destes os aspectos econômicos, políticos e sociais dos países, além
dos valores das paisagens de cada país. Portanto, a preocupação com a abordagem demonstra
ser tanto natural quanto social.
INSTITUIÇÃO F – ANO 2005 – SEMESTRE - 1
Unidades de Registro Unidades de Significado
espacialidade: fusos horários UNID. I – Cartografia e Turismo
noções: escala projeções cartográficas confecção de folder
estrutura da Terra deriva continental tectônica de placas geomorfologia relevo: formas
UNID. II – Evolução da Terra
paisagem: valores naturais clima: turismo
fatores elementos
ecossistemas: características
UNID. III – Espaço Geográfico Natural
espaço natural: recursos hídricos recursos naturais potencialidades turísticas
aspectos econômicos aspectos políticos indicadores sociais
UNID. IV – Organização do Espaço Mundial
continentes: países:
paisagens: valores Quadro 13 – Unidades de Registro da Instituição F – Ano e Semestre ministrado: 2005-1
Fonte: elaboração própria a partir dos dados.
64
No segundo semestre de 2005, a instituição “F” elencou cinco unidades de estudo:
Brasil, Regiões, Rio Grande do Sul, Paisagem e Espaço (Quadro 14).
Na unidade Brasil foi abordada a organização dos aspectos do espaço turístico, das
regiões com potencialidades turísticas, além da organização territorial brasileira em função da
extensão do país, da sua posição astronômica e dos fusos horários presentes. Foram
destacados, ainda, os aspectos naturais de vegetação, relevo, drenagem e clima do Brasil, os
aspectos da vida humana e das atividades econômicas.
A unidade chamada Regiões ocupou-se das diversidades regionais, enquanto que a
unidade Rio Grande do Sul abordou as questões geográficas de limite, fronteiras e
localização, os aspectos humanos e econômicos e denominou os aspectos naturais, clima
vegetação, hidrografia e relevo, de Geografia Física. A unidade Paisagem observou os valores
paisagísticos e a unidade Espaço observou os atrativos turísticos e a importância do espaço
geográfico. Neste sentido, demonstrou ser uma Geografia de abordagem voltada à sociedade.
INSTITUIÇÃO F – ANO 2005 – SEMESTRE - 2 Unidades de
Registro Unidades de Significado
espaço turístico: aspectos essenciais regiões: potencialidades turísticas
organização territorial: extensão posição astronômica fusos horários
aspectos naturais:
vegetação drenagem relevo clima
aspectos humanos: vida humana
UNID. I – Brasil
aspectos econômicos: atividades econômicas UNID. II – Regiões diversidades: abordagem
caracterização localização geográfica limites fronteiras aspectos econômicos aspectos humanos: atividades
UNID. III – Rio Grande do Sul
geografia física:
unidades morfoestruturais clima vegetação hidrografia
UNID. IV – Paisagem
valores paisagem valorizada espaço geográfico: importância UNID. V –
Espaço atrativos turísticos Quadro 14 – Unidades de Registro da Instituição F – Ano e Semestre ministrado: 2005-2
Fonte: elaboração própria a partir dos dados.
65
Instituição G
A instituição “G” abordou duas unidades de registro: Espaço e Brasil (Quadro 15). Na
unidade Espaço foram expressas noções sobre o espaço e orientação neste, a crosta terrestre,
em sua origem e formas, além dos agentes da dinâmica interna e externa, os fenômenos do
clima, a hidrosfera e as paisagens. Na unidade Brasil foram abordadas as fronteiras e a divisão
política do território, as características das regiões e os aspectos naturais do país. As unidades
se apresentam como uma Geografia de abordagem tanto social quanto natural.
INSTITUIÇÃO G – ANO 2005 – SEMESTRE - 1 Unidades de
Registro Unidades de Significado
noções orientação
agentes da dinâmica: interna externa
crosta terrestre: formas origem
clima: fenômenos
UNID. I – Espaço
hidrosfera paisagens
território: fronteiras divisão política
regiões: características UNID. II – Brasil
aspectos naturais
Quadro 15 – Unidades de Registro da Instituição G – Ano e Semestre ministrado: 2005-1 Fonte: elaboração própria a partir dos dados.
66
Instituição H
A instituição “H” abordou quatro temáticas, denominadas Cartografia, Aspectos
Geográficos Físicos e Humanos, além do Espaço Geográfico (Quadro 16).
A Cartografia prioriza a introdução à cartografia e os mapas temáticos. A unidade de
registro chamada Aspectos Físico-geográficos aborda as dinâmicas da tectônica de placas e
suas relações com o turismo, a diversidade da vegetação, as potencialidades hidrográficas
para o turismo e o paleoclima.
Na unidade Aspectos Humano-geográficos é abordada a população em suas dinâmicas,
diferenças e as ações para o turismo. O Espaço Geográfico é a unidade que destaca as
dinâmicas sociais, políticas, econômicas e culturais, além dos desequilíbrios entre países e as
áreas de tensão no espaço e sua relação com o turismo. Novamente, a Geografia se apresenta
com o predomínio de uma abordagem social.
INSTITUIÇÃO H – ANO 2005 – SEMESTRE - 1 Unidades de
Registro Unidades de Significado
UNID. I – Cartografia
introdução mapas temáticos
tectônica de placas: dinâmicas turismo
paleoclima hidrografia: potencialidades turísticas
UNID. II – Aspectos Físico-geográficos
vegetação: diversidade ação humana: turismo UNID. III –
Aspectos Humano-geográficos população:
turismo dinâmicas heterogeneidades
desequilíbrios: países: centrais periféricos
áreas de tensão: turismo UNID. IV – Espaço Geográfico
dinâmicas:
sociais econômicas políticas culturais
Quadro 16 – Unidades de Registro da Instituição H – Ano e Semestre ministrado: 2005-1
Fonte: elaboração própria a partir dos dados.
67
A Instituição I
A instituição “I” abordou cinco temáticas que dizem respeito à Geografia, à Cartografia,
à Biogeografia, à Geomorfologia e à Geologia Geral (Quadro 17). A unidade Geologia Geral
ocupou-se da evolução do conhecimento geológico e seu histórico e da escala geológica do
tempo, além do estudo das rochas e dos minerais. A unidade Geomorfologia é voltada para o
estudo das inter-relações do solo, do clima e das dinâmicas biológicas e geográficas, além do
conceito da própria geomorfologia.
A unidade Biogeografia aborda o conceito desta e as regiões biogeográficas. Em
Cartografia foram dadas as noções básicas, as coordenadas geográficas, a escala, a leitura e
interpretação de mapas, inclusive a chamada cartografia turística. Por fim, na unidade
Geografia são enfocadas algumas subdivisões da ciência geográfica denominados Geografia
do Turismo , Geografia Econômica, Geografia Cultural e Geografia Humana, acrescido a
estas unidades de significado os aspectos naturais. Assim, é um conteúdo geográfico que
aborda tanto a natureza quanto a sociedade.
68
INSTITUIÇÃO I – ANO 2005 – SEMESTRE - 1 Unidades de
Registro Unidades de Significado
histórico evolução: conhecimento geológico
rochas: estrutura formação intemperismo
UNID. I – Geologia Geral
minerais escala geológica do tempo
dinâmicas: biológicas geográficas
inter-relações
solo clima biota
inter-relação UNID. II – Geomorfologia
geomorfologia: conceito UNID. III –Biogeografia biogeografia: conceito
regiões noções básicas coordenadas geográficas: noções
mapas:
leitura interpretação escala
UNID. IV – Cartografia
cartografia turística geografia do turismo geografia econômica geografia cultural
aspectos UNID. V – Geografia geografia humana
aspectos naturais
Quadro 17 – Unidades de Registro da Instituição I – Ano e Semestre ministrado: 2005-1 Fonte: elaboração própria a partir dos dados.
69
Instituição J
A instituição “J” revelou ênfase para três temáticas: Espaço, Rio Grande do Sul e
Cartografia (Quadro 18). A unidade Espaço destaca as características e os conceitos do
planejamento turístico, os impactos provocados pelo turismo e o deslocamento turístico.
Destaca, ainda, os condicionamentos a que o território se submete e sua infra-estrutura e as
transformações dos espaços urbano e rural.
A unidade Rio Grande do Sul referiu-se à noções básicas de Geografia e à região. Para a
Cartografia foram valorizadas as noções cartográficas. É, portanto, uma Geografia de
abordagem voltada aos aspectos sociais.
INSTITUIÇÃO J – ANO 2005 – SEMESTRE - 1 Unidades de
Registro Unidades de Significado
planejamento turístico: conceitos características
território: infra-estrutura condicionamento
turismo: impactos: zona urbana arquitetura ecologia
espaço urbano espaço rural transformações
UNID. I – Espaço
zonas terrestres: deslocamento turístico região UNID. II –
Rio Grande do Sul geografia: noções básicas UNID. III – Cartografia noções
Quadro 18 – Unidades de Registro da Instituição J – Ano e Semestre ministrado: 2005-1
Fonte: elaboração própria a partir dos dados.
70
Instituição K
A instituição “K” delimitou cinco temáticas, as quais dizem respeito à Introdução a
Geografia, à Cartografia, ao Brasil, a América Latina e à Geografia para o Turismo (Quadro
19). Na unidade chamada Introdução à Geografia foram abordados os métodos e as técnicas
da Geografia e o espaço geográfico. A unidade Cartografia enfatizou as representações
gráficas, espaciais e cartográficas para o turismo, os mapas quanto as possíveis leituras e aos
roteiros turísticos, noções de GPS e de SIG e, ainda, fusos horários.
Na unidade Brasil foram estudados os aspectos econômicos, sociais e naturais, além das
regiões e dos potenciais turísticos. Em relação à América Latina destacaram-se, também, os
aspectos sociais, econômicos e naturais. Na unidade registrada como Geografia, Planejamento
e Desenvolvimento da Atividade Turística abordou-se a relação entre Geografia e Turismo, o
desenvolvimento de localidades, o espaço turístico e seus potenciais, atrativos, o ecoturismo,
a zona urbana, a zona rural, o espaço turístico do RS e, ainda, os impactos ambientais. Pode-
se, portanto, observar que é uma Geografia de abordagem onde predominam os aspectos
sociais presentes o espaço geográfico.
71
INSTITUIÇÃO K – ANO 2005 – SEMESTRE - 1
Unidades de Registro Unidades de Significado
espaço geográfico UNID. I – Introdução à Geografia geografia: métodos
técnicas gráficas espaciais representações: cartográficas: elaboração: turismo
mapas:
tipos classificação elementos leitura interpretação roteiros turísticos
GPS SIG noções
UNID. II – Cartografia
fuso horário aspectos sociais aspectos econômicos aspectos naturais regiões
UNID. III – Brasil
espaço: potencial turístico
UNID. IV – América Latina
aspectos sociais aspectos econômicos aspectos naturais
espaço turístico:
potencialidades turísticas atrativos turísticos urbano rural ecoturismo Rio Grande do Sul
desenvolvimento local impacto ambiental
UNID. V – Geografia, Planejamento e Desenvolvimento da Atividade Turística
geografia e turismo: relação
Quadro 19 – Unidades de Registro da Instituição K – Ano e Semestre ministrado: 2005-1 Fonte: elaboração própria a partir dos dados.
Em síntese, constatou-se que apenas as instituições codificadas como F, G e I abordam a
Geografia considerando tanto os elementos sociais presentes no espaço geográfico quanto os
elementos naturais, ou seja, aqueles não (re) produzidos pela ação humana. As demais
instituições enfatizam a abordagem geográfica de cunho social, ou seja, aquela em que o
espaço geográfico é visto como um elemento modelado e reproduzido pelas ações da
sociedade, contexto em que a atividade turística se insere.
72
O número de unidades de registro presentes em cada instituição evidencia a variedade
de temáticas. Assim, constatou-se que as instituições abordam de duas (2) temáticas gerais por
disciplina até nove (9), sendo que a maior variedade facilita a necessidade de amplo
conhecimento que o Bacharel em Turismo necessita, uma vez que estão presentes diferentes
enfoques de Geografia.
Observando-se as unidades de registro e de significado de todas as instituições
consideradas nota-se que apenas uma delas relaciona o conteúdo proposto com o turismo.
Outras relacionam a temática do turismo dentro de alguma (s) e não de todas unidades de
significado, ao mesmo tempo, duas instituições não se reportam ao turismo nas unidades de
registro, tampouco nas unidades de significado.
4.2. UNIDADES DE REGISTRO E DE CONTEXTO ORIGINAM AS CATEGORIAS TEMÁTICAS
Após a preparação das informações, onde se subdividiram os documentos em unidades
de registro com respectivas unidades de significado, representou-se o conteúdo através de
novo recorte dos documentos. Assim, descreveram-se as unidades de registro de cada
instituição, com o respectivo ano e semestres ministrados (Quadro 20) para, posteriormente,
agrupar as unidades de registro com temáticas similares e transformá-las em unidades de
contexto, possibilitando a criação das categorias temáticas.
Instituição / Ano / Semestre Unidades de Registro
A 2005-1 Cartografia e Turismo Geografia do RS e o Turismo Geografia do Brasil e o Turismo
B 2005-1
Geografia Física Continentes Turismo Cartografia Globalização Blocos Regionais Meio Ambiente Brasil RS
Quadro 20 – Conteúdos programáticos dos planos de ensino recortados em unidades de registro, separados por
instituição. Fonte: elaboração própria a partir dos dados.
73
Instituição / Ano / Semestre Unidades de Registro
C 2005-2 Representações Gráficas e Espaciais Geografia do Brasil Geografia como Base para o Turismo
D 2005-2
Geografia no Turismo Instrumentos Cartográficos Elementos Físicos e Naturais Globalização Regionalização
E 2005-1 Espaço Brasil Cartografia
E 2005-2
Turismo RS Espaços Públicos Territorialidades Globalização
F 2005-1
Cartografia e Turismo Evolução da Terra Espaço Geográfico Natural Organização do Espaço Mundial
F 2005-2
Brasil Regiões RS Paisagem Espaço
G 2005-1 Espaço Brasil
H 2005-1
Cartografia Aspectos Físico-geográficos Aspectos Humano-geográficos Espaço Geográfico
I 2005-1
Geologia geral Geomorfologia Biogeografia Cartografia Geografia
J 2005-1 Espaço RS Cartografia
K 2005-1
Introdução à Geografia Cartografia Brasil América Latina Geografia, Planejamento e Desenvolvimento da Atividade Turística
Quadro 20 – Conteúdos programáticos dos planos de ensino recortados em unidades de registro, separados por instituição.
Fonte: elaboração própria a partir dos dados.
74
As unidades de registro de todas as instituições, conforme Quadro 20, foram agrupadas
de acordo com a similaridade entre elas, originando as chamadas unidades de contexto.
Portanto, a categorização pôde ser constituída pelo agrupamento das unidades de contexto
similares, o que deu origem a quatorze (14) categorias temáticas, após mais um
desmembramento, expresso no Quadro 21, no Apêndice 2. Por categorias temáticas, no
âmbito desta pesquisa, entende-se os recortes ou especificidades geográficas do espaço,
utilizadas para a produção do conhecimento nas disciplinas que abordam a Geografia nos
cursos superiores de Turismo do Estado do RS (Quadro 22).
Categorias Temáticas Unidades de Contexto Instituição / Ano / Semestre
1. Cartografia
1. Cartografia e Turismo 2. Cartografia 3. Representações Gráficas e Espaciais 4. Instrumentos Cartográficos 5. Cartografia 6.Cartografia e Turismo 7. Cartografia 8. Cartografia 9. Cartografia 10. Cartografia
A 2005-1 B 2005-1 C 2005-2 D 2005-2 E 2005-1 F 2005-1 H 2005-1 I 2005-1 J 2005-1 K 2005-1
2. Espaço Geográfico
1. Espaço 2. Espaços Públicos 3. Espaço Geográfico Natural 4. Organização do Espaço Mundial 5. Espaço 6. Espaço 7. Espaço Geográfico 8. Espaço
E 2005-1 E 2005-2 F 2005-1 F 2005-1 F 2005-2 G 2005-1 H 2005-1 J 2005-1
3. Brasil
1. Geografia do Brasil e o Turismo 2. Brasil 3. Geografia do Brasil 4. Brasil 5. Brasil 6. Brasil 7. Brasil
A 2005-1 B 2005-1 C 2005-2 E 2005-1 F 2005-2 G 2005-1 K 2005-1
4. Aspectos Físicos da Geografia
1. Geografia Física 2. Elementos Físicos e Naturais 3. Evolução da Terra 4. Aspectos Físico-Geográficos 5. Geologia Geral 6. Geomorfologia
B 2005-1 D 2005-2 F 2005-1 H 2005-1 I 2005-1 I 2005-1
Quadro 22 – Documentos recortados em unidades de contexto por similaridade de temáticas, com respectivas
categorias temáticas criadas. Fonte: elaboração própria a partir dos dados.
75
Categorias Temáticas Unidades de Contexto Instituição / Ano / Semestre
5. Geografia para o Turismo
1. Turismo 2. Geografia como Base para o Turismo 3. Geografia no Turismo 4. Turismo 5. Geografia, Planejamento e Desenvolvimento da Atividade Turística
B 2005-1 C 2005-2 D 2005-2 E 2005-2 K 2005-1
6. Rio Grande do Sul
1. Geografia do RS e o Turismo 2. RS 3. RS 4. RS 5. RS
A 2005-1 B 2005-1 E 2005-2 F 2005-2 J 2005-1
7. Globalização 1. Globalização 2. Globalização 3. Globalização
B 2005-1 D 2005-2 E 2005-2
8. Região 1. Blocos Regionais 2. Regionalização 3. Regiões
B 2005-1 D 2005-2 F 2005-2
9. Continentes 1. Continentes 2. América Latina
B 2005-1 K 2005-1
10. Meio Ambiente 1. Meio Ambiente 2. Biogeografia
B 2005-1 I 2005-1
11. Geografias Especializadas
1. Geografia 2. Introdução a Geografia
I 2005-1 K 2005-1
12. Paisagem 1. Paisagem F 2005-2 13. Aspectos Humanos da Geografia 1. Aspectos Humano-Geográficos H 2005-1
14. Território 1.Territorialidades E 2005-2
Quadro 22 – Documentos recortados em unidades de contexto por similaridade de temáticas, com respectivas categorias temáticas criadas.
Fonte: elaboração própria a partir dos dados.
Em ordem decrescente de importância verifica-se que as categorias temáticas se
evidenciam na seqüência numerada de um (1) a quatorze (14), conforme o Quadro 22. Neste
contexto, a categoria temática “Cartografia” é trabalhada em dez (10) das onze (11)
instituições participantes da pesquisa, seguida da categoria “Brasil”, trabalhada em sete (7)
instituições, das categorias “Espaço Geográfico”, “Rio Grande do Sul”, “Geografia para o
Turismo” e “Aspectos Físicos da Geografia”, trabalhadas em cinco (5) instituições.
76
As categorias “Globalização” e “Região” são trabalhadas em três (3) das onze (11)
instituições, seguidas, ainda, das categorias “Continentes”, “Meio Ambiente” e “Geografias
Especializadas”, trabalhadas em duas (2) instituições e, por último, “Aspectos Humanos da
Geografia”, “Paisagem” e “Território”, ambas categorias trabalhadas em uma (1) instituição.
Pode-se, então, visualizar no Quadro 23 as porcentagens de ocorrência das categorias,
comprovando a valorização das temáticas em maior ou menor quantidade.
Categoria Temática Ocorrência por
Número de Instituições
Porcentagem
1. Cartografia 10 91 %
2. Brasil 7 64 %
3. Rio Grande do Sul 5 45 %
4. Espaço Geográfico 5 45 %
5. Aspectos Físicos da Geografia 5 45 %
6. Geografia para o Turismo 5 45 %
7. Globalização 3 27 %
8. Região 3 27 %
9. Geografias Especializadas 2 18 %
10. Meio Ambiente 2 18 %
11. Continentes 2 18 %
12. Aspectos Humanos da Geografia 1 9 %
13. Paisagem 1 9 %
14. Território 1 9 %
Total de Instituições de Ensino 11 100 %
Quadro 23 – Porcentagem de ocorrência das categorias temáticas por número de instituições.
Fonte: elaboração própria a partir dos dados.
De acordo com os dados percentuais mencionados verifica-se que a cartografia
demonstrou ser o conteúdo geográfico essencial para os cursos de Turismo do RS, mesmo que
uma instituição não se refira diretamente a ela, contudo reporta-se à unidade chamada
“orientação no espaço” de onde se presume a necessidade dos elementos cartográficos para
77
este estudo. O segundo conteúdo mais importante refere-se ao estudo do Brasil, o que infere a
importância de conhecer a realidade geográfica local, ou seja, do país onde se assentam os
cursos de Turismo.
Assim, sobre cada categoria temática geográfica foi realizada uma breve discussão
conceitual (texto-síntese), expressando o conjunto de significados presentes nas diversas
unidades de análise, gerando uma interpretação através da construção da discussão teórica.
Alguns números arábicos estão presentes junto a algumas unidades de significado para
expressar a freqüência das temáticas, quando estas se repetem mais de uma vez dentro da
respectiva categoria, em relação a diferentes instituições.
Do ponto de vista didático, dividiu-se a Geografia em dois grandes enfoques de
conhecimento sobre o espaço, o que não exclui o fato de que existe apenas uma Geografia,
formada pela conjunção de diferentes enfoques que somam uma totalidade, a qual é
denominada de uma ou de outra forma conforme os estudos realizados. Portanto, considerou-
se que os conteúdos expressos se voltam para a Geografia Geral ou Sistemática e a Geografia
Regional, segundo Seabra (1984) e Andrade (1998).
A Geografia torna-se sistemática quando se toma um segmento (ou unidade) isolado dos
estudos geográficos, seja em relação a toda superfície da Terra ou a uma determinada área,
como o clima, a vegetação, o relevo, etc., e torna-se regional quando o objeto de estudo é uma
determinada área em que se observa, em conjunto, tanto os aspectos físicos, também
chamados naturais, quanto os aspectos humanos (Seabra, 1984; Andrade, 1998).
4.2.1. Discussão das Categorias Temáticas
Cartografia
A Cartografia têm suas origens ligadas às inquietações e necessidades do ser humano
em conhecer o mundo que habita. O conceito da Cartografia, hoje aceito, foi estabelecido por
volta de 1966 pela Associação Cartográfica Internacional (ACI), e posteriormente, ratificado
pela UNESCO, no mesmo ano:
A Cartografia apresenta-se como o conjunto de estudos e operações científicas,
técnicas e artísticas que, tendo por base os resultados de observações diretas ou da
análise de documentação, se voltam para a elaboração de mapas, Cartas e outras
78
formas de expressão ou representação de objetos, elementos, fenômenos e ambientes
físicos e socioeconômicos, bem como a sua utilização (IBGE, 2004, p. 4).
As posições no planeta se definem em relação a um sistema de referência fixo de
coordenadas, o qual deve permitir conhecer a posição de um ponto sem equívocos. Através de
diferentes projeções utilizamos o sistema de coordenadas para efetuar as representações
cartográficas, as quais relacionam pontos da superfície terrestre a um desenho plano para
representação.
As projeções cartográficas estudam as diferentes formas de demonstrar a superfície
terrestre em uma rede de paralelos e meridianos. São, portanto, a transformação de uma
superfície de referência em um desenho plano, normalmente numa escala menor, relacionando
os elementos que se deseja representar e que se obtém através de levantamentos.
Os dados espaciais podem ser localizados na superfície terrestre, ou seja, um objeto
qualquer pode possuir sua posição conhecida em relação a um certo sistema de coordenadas.
As coordenadas são cada uma das dimensões que determinam a localização geográfica de um
ponto em um sistema de referência. Os dois sistemas de coordenadas mais comuns e
utilizadas, tanto em mapas como em Cartas, são as Coordenadas Geográficas (latitude e
longitude) e as Coordenadas UTM (Universal Transversa de Mercator).
A cartografia e o turismo se fundem na Cartografia Turística, apresentando a
informação turística sob a forma gráfica, por isso, é um documento essencial para o
planejamento turístico e para que o turista tenha uma visão geral do espaço geográfico. Toda
informação cartográfica turística deve ser acompanhada de escala, norte geográfico, legenda,
além de outras informações complementares, conjugadas com uma visão global da área,
permitindo ao usuário se posicionar no espaço e no tempo ao ter uma noção da distância e do
posicionamento em que se encontra em relação a outro local desejado (Menezes & Fernandes,
2002).
79
CATEGORIA TEMÁTICA UNIDADES DE SIGNIFICADO
Noções básicas e introdutórias (2) Instrumentos cartográficos: aplicações ao turismo
Representações: gráficas espaciais cartográficas
Mapas (8):
conceitos emprego tipos (2) classificações (2) elementos (3) escala: leitura (2) interpretação (2) análise elaboração (2) roteiros (2): mapas temáticos:
noções tipos cálculos mapeamento turísticos (2) leitura interpretação elaboração mapeamento
Cartas: leitura Escala (4) Fusos horários (3) Bússola Projeções cartográficas (2): coordenadas geográficas (2) GPS (2) SIG Confecção de prospecto
1. Cartografia
Cartografia turística
Quadro 24 – Categoria temática denominada Cartografia com respectivas unidades de contexto. Fonte: elaboração própria a partir dos dados.
A categoria “Cartografia” e seus desdobramentos são valorizados por dez (10)
instituições, portanto, pode-se assinalar que a unidade de significado mais estudada nesta
categoria nos cursos de Turismo do RS diz respeito aos mapas (8 instituições), desde a
elaboração até suas aplicações para o turismo. É interessante apontar que os mapas temáticos
de turismo, juntamente com o mapeamento de roteiros turísticos, são valorizados por quatro
(4) cursos.
80
A escala é outra unidade bastante valorizada (4 instituições), seguida pelos fusos
horários (3 instituições), pelas projeções e coordenadas geográficas, pelo sistema de
posicionamento global (GPS) e pelas noções sobre a cartografia (para ambos, 2 instituições).
A cartografia turística, especificamente, é valorizada por apenas um (1) curso.
As unidades de significado, em geral, apontaram para uma Geografia Geral, pois a
própria cartografia é uma unidade isolada de estudo geográfico.
Espaço Geográfico
Segundo Santos (1997) o objeto da Geografia é o espaço, logo, é possível afirmar que o
corpo de uma disciplina é subordinado ao seu objeto e que discutir sobre a Geografia é
discutir sobre o espaço, um sistema indissociável de objetos e de ações, ao mesmo tempo
contraditório e solidário, formando um sistema único de interação. O conjunto desta interação
permite tratar categorias como processo e como resultado, dando conta da multiplicidade e
diversidade de situações e processos.
Sob este entendimento é que se pode rever o todo, ou seja, os objetos e as ações –
materiais e humanos – como realidade e como processo, ambos em movimento, através de um
sistema de conceitos que dê conta do todo e das partes, pois como coloca Santos (1997) o
espaço é a síntese, sempre provisória, entre o conteúdo social e as formas espaciais.
A palavra espaço e a expressão espaço geográfico são de uso comum a todas as pessoas
e às ciências. Podem estar associadas a uma porção específica da superfície da Terra ou a
diferentes escalas, global, regional ou até mesmo da sala de uma casa (Corrêa, 1995), assim,
cada conceito de espaço possui várias acepções, dependendo da corrente de pensamento
utilizada. Na atual corrente crítica, o espaço exerce a função de estruturador de um sistema,
portanto deve ser analisado porque as contradições sociais e espaciais são intensificadas
devido ao capitalismo que exerce controle sobre as relações de produção.
No entendimento de Mendonça & Kozel (2002) o espaço geográfico é compreensível
como a conjunção de diferentes categorias que se transformam com as mudanças, quais
sejam, natureza, sociedade e espaço-tempo, sendo decifrado por conceitos, entre outros,
região, paisagem, território, rede, lugar e ambiente. Esta fundamentação reporta-se à análise
geográfica numa relação entre as dimensões social e natural.
81
CATEGORIA TEMÁTICA UNIDADES DE SIGNIFICADO
Espaço:
noções uso representação orientação crosta terrestre: hidrosfera (3) clima: domínio morfoclimático agentes da dinâmica: paisagens território: (2) urbano rural público: turístico:
origem formas fenômenos interna externa infra-estrutura condicionamento transformações uso abuso atrativos turísticos deslocamento turístico: impactos: planejamento:
zonas terrestres zona urbana arquitetura ecologia conceitos características
2. Espaço Geográfico
Espaço Geográfico:
importância natural: mundial:
clima: ecossistemas: recursos:
potencialidades
turísticas continentes: dinâmicas: áreas de tensão
turismo fatores elementos características naturais (2) hídricos países: sociais (2) econômicas (2) políticas culturais turismo
aspectos: indicadores sociais (2) paisagens: centrais periféricos
econômicos políticos valores desequilíbrios
Quadro 25 – Categoria temática denominada Espaço Geográfico com respectivas unidades de contexto. Fonte: elaboração própria a partir dos dados.
A categoria “Espaço Geográfico” é abordada por cinco instituições. O clima é a
temática mais valorizada (3 instituições) sob a forma dos fatores, elementos, fenômenos e
82
domínios climáticos, além da relação clima e turismo. Mencionados por duas (2) instituições
estão o espaço urbano e os impactos do turismo na zona urbana, a paisagem e os seus valores,
a hidrosfera e os recursos hídricos além dos aspectos e das dinâmicas da economia e da
política.
Somadas, as unidades de significado presentes na categoria temática “Espaço
Geográfico” apontam para o estudo geral do espaço geográfico, portanto, uma Geografia
Geral, pois o conteúdo se fundamenta em segmentos da Geografia, como a hidrosfera, as
paisagens, o espaço urbano, os recursos naturais, entre outros.
Brasil
A localização do Brasil e suas situações socioeconômicas, naturais e, até certo ponto,
políticas privilegiam o desenvolvimento do turismo. As configurações territoriais, ou seja, os
sistemas naturais e as características das ações humanas, conferem ao país aspectos de
interação entre sociedade, economia, política e natureza.
A partir de heranças e da participação do país nas lógicas econômicas, demográficas e
políticas contemporâneas, se produz e se reproduz o território brasileiro com formações
diversas e próprias à cidade ou ao campo. Nestas zonas encontramos áreas agrícolas,
industriais e de serviços caracterizadas por produção, circulação, distribuição e informação, já
com caráter tanto nacional quanto global, onde a atividade turística se insere (Ross, 2001;
Santos & Silveira, 2003).
Há pouco mais de um século o espaço brasileiro passou a constituir uma economia
integrada e dinâmica graças as diferenças regionais, envolvendo todos os setores da
economia, agora mais desconcentrados, porém com desenvolvimento heterogêneo e
desequilibrado. Assim, a estrutura do trabalho no país alterou a ocupação do espaço urbano e
rural, principalmente após a modernização tecnológica na indústria e no campo (Moreira,
1998).
A dinâmica populacional brasileira se viu alterada com as transformações ocorridas na
estrutura produtiva do país. Decorre daí a redução da taxa de fecundidade e mortalidade
infantil, diminuição da parcela de jovens e aumento do número de idosos, além da rápida
alteração proporcional entre população rural e urbana (Moreira, 1998).
83
A sociedade brasileira organiza e estrutura o espaço físico-territorial em face das
imposições do meio natural (clima, relevo, vegetação, hidrografia) de um lado, e da
capacidade técnica, dos valores socioculturais e do poder econômico conferidos ao espaço, de
outro. Uma divisão regional brasileira é proposta, pois o território é, atualmente, marcado
pela difusão da técnica, da ciência e da informação, ambos em caráter diferenciado. Portanto,
pode-se reconhecer um Brasil Concentrado, o Brasil do Centro-Oeste, o Brasil do Nordeste e
a região Amazônica (Ross, 2001; Santos & Silveira, 2003) .
O Brasil Concentrado tem um denso sistema de relações de urbanização, de consumo e
de distribuição da população e do trabalho, abrangendo São Paulo, Rio de Janeiro, Minas
Gerais, Espírito Santo, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul. O Brasil do Centro-Oeste
é uma área mais recentemente ocupada, com a produção agrícola moderna e globalizada
instalada, gerando uma agricultura de precisão e bastante produtiva.
O Brasil do Nordeste é, em geral, pouco desenvolvido, baseado na agricultura, com
núcleos urbanos pouco densos e vastas aglomerações, no entanto, os aspectos naturais desta
região conferiram grandes investimentos no turismo, principalmente litorâneo. A Amazônia é
uma região de baixa densidade populacional e técnica, e de ocupação limitada a parcelas do
espaço onde são possíveis a navegação e o transporte aéreo. Recebeu, atualmente, grandes
investimentos turísticos sob a forma de lodges e resorts, proporcionando contato com a
floresta e fauna.
84
CATEGORIA TEMÁTICA UNIDADES DE SIGNIFICADO
Localização Situação Aspectos: sociais (2)
econômicos (3): naturais (4): humanos:
atividades vegetação drenagem relevo clima vida
Parques naturais Reservas naturais Natureza Meio ambiente Território: ocupação (2)
formação fronteiras divisão política organização extensão posição astronômica fusos horários espaço:
urbano rural turístico:
formação aspectos essenciais
Organização Política População Sociedades: colonial
imperialista republicana
política economia cultura
Urbanização Espaço: agrário
turístico (2):
potencial (2):
local regional mundial
Regiões (2): conceito características regiões brasileiras regionalização potencialidades turísticas
Turismo: pólos: potenciais (4) atrativos naturais fluxos contexto internacional relações com o Brasil
localização
3. Brasil
Paisagens turísticas Quadro 26 – Categoria temática denominada Brasil com respectivas unidades de contexto.
Fonte: elaboração própria a partir dos dados.
85
A categoria “Brasil” é a segunda mais valorizada depois da categoria “Cartografia”,
com ocorrência em sete (7) instituições. Os potenciais turísticos brasileiros e os aspectos
naturais são as unidades de significado mais valorizadas (4 instituições), seguidas dos
aspectos econômicos (3 instituições) e dos aspectos sociais, da ocupação do território, das
regiões brasileiras e do espaço turístico, ambas unidades mencionadas em duas (2)
instituições. As demais unidades foram abordadas por apenas uma instituição.
Toda esta categoria se volta para uma Geografia Regional, pois analisa o Brasil, uma
área determinada, em que se observa aspectos físicos e humanos do espaço.
Aspectos Físicos da Geografia
A perspectiva moderna do conhecimento permite dizer que a Geografia Física não
constitui um campo para ser pensado de forma conjunta, pois tal Geografia se esfacelou em
subdivisões durante o século XX, tal são os casos de maior consistência como a geologia,
biologia e geomorfologia. Contudo, o método sistêmico adotado pela Geografia passa a ser
uma referência de abordagem integrada entre dimensões social e natural (Mendonça & Kozel,
2002).
Entende-se que a dicotomia entre a Geografia que estuda a natureza e a Geografia que
estuda a sociedade não é benéfica, pois à ciência geográfica cabe a análise da totalidade
sociedade e natureza, em suas relações. É inegável que é necessário reconhecer a formação e a
origem da natureza, mas que não seja somente classificatória e descritiva e que seja uma
Geografia Física com dialética. É interessante notar que esta análise entre sociedade e
natureza tem estado presente na emergência da questão ambiental, não só como uma
tendência mas também como uma necessidade contemporânea da Geografia Física
(Suertegaray, 2002).
Neste sentido, pode-se interpretar que a Geografia Física tem como objeto central o
estudo dos aspectos e fatos, atuais e passados, da superfície terrestre, buscando compreender
as paisagens naturais e, juntamente, a investigação dos efeitos da ação antrópica. Em outro
entendimento, a Geografia Física define o campo específico da análise das manifestações
físicas e biológicas da Terra, sob a forma de relevo, clima, hidrografia, solo, flora e fauna, em
suas gêneses e manifestações (Carlos, 2002).
86
CATEGORIA TEMÁTICA UNIDADES DE SIGNIFICADO
Estrutura da Terra: deriva continental (2) tectônica de placas:
dinâmicas turismo
(4) Geomorfologia:
conceito dinâmicas: formas
biológicas geográficas
(2) Hidrografia: potencialidades turísticas Vegetação: diversidade Solo (2) Clima Biota
inter-relação
Paleoclima Geologia: histórico
evolução geológica escala geológica do tempo rochas: minerais
estrutura formação intemperismo
(3) Paisagens: conceito (2) formação recursos hídricos relevo: clima: turísticas: (2) naturais:
formas fatores elementos formação valores
Espaço: conceito
4. Aspectos Físicos da Geografia
Turismo: patrimônio natural inventário
Quadro 27 – Categoria temática denominada Aspectos Físicos da Geografia com respectivas unidades de contexto.
Fonte: elaboração própria a partir dos dados.
A categoria temática “Aspectos Físicos da Geografia” é abordada em cinco (5)
instituições pesquisadas, do total de onze (11). A unidade de significado mais valorizada (4
instituições) é a geomorfologia; a paisagem é valorizada por 3 instituições, com ênfase na
formação de paisagens e nas paisagens naturais. O clima, a hidrografia e a estrutura da
tectônica de placas foram unidades assinaladas, cada uma delas, por duas (2) instituições. As
demais unidades de significado foram abordadas por apenas um curso.
87
Esta categoria se volta para uma Geografia Geral, ou seja, preocupa-se com unidades
de estudo geográfico como a geologia, o clima, o relevo, a vegetação, entre outras.
Geografia para o Turismo
O conhecimento geográfico está incorporando a dimensão do turismo em seus estudos,
pois a atividade turística é um agente do espaço geográfico. O espaço, por sua vez, comporta
o turismo com seus desdobramentos econômicos, sociais, ambientais e culturais, os quais
constroem e reconstroem as paisagens.
Sob o ponto de vista de Xavier (2002), cabe à Geografia trabalhar com temas que
conduzam à tomada de consciência da dimensão do turismo. Assim, são pertinentes a análise,
avaliação e interpretação do espaço, enquanto geográfico, sendo potencial para o turismo ou
com a atividade turística já desenvolvida.
Neste sentido, os fatores geográficos naturais, econômicos e culturais possuem um
papel fundamental na freqüência, utilização e organização do espaço para o turismo. Deste
modo, os espaços turísticos podem ser avaliados quanto a potencialidade da oferta, podem ser
delimitados quanto aos recursos existentes e podem ser classificados de acordo com as
características dos turistas, da oferta e da sazonalidade (Lozato-Giotart, 1990; Alvarez, 1999).
CATEGORIA TEMÁTICA UNIDADES DE SIGNIFICADO
Espaço: geográfico: turístico:
potenciais turísticos atrativos turísticos potenciais (2) atrativos (2) urbano: rural ecoturismo RS
diagnóstico lazer
5. Geografia para o Turismo
Turismo:
geografia: atividade turística: roteiros textos mapas educação meio ambiente: arqueologia sustentabilidade
importância aspectos geográficos: (2) desenvolvimento organização informação impacto ambiental
(2) relação importância
Quadro 28 – Categoria temática denominada Geografia para o Turismo com respectivas unidades de contexto. Fonte: elaboração própria a partir dos dados.
88
A categoria “Geografia para o Turismo” engloba cinco (5) instituições. As unidades de
significado apontadas são pertinentes ao turismo e ao espaço. Neste sentido, os potenciais
turísticos e os atrativos, a relação dos aspectos geográficos com o turismo e o
desenvolvimento da atividade turística são as unidades mais valorizadas (2 instituições
apontam cada uma delas). Cada uma das demais unidades é valorizada por apenas um curso.
Na categoria Geografia para o Turismo predomina o estudo da Geografia Geral,
exemplificada pelas unidades espaço geográfico e educação, entre outras, ao mesmo tempo, a
Geografia Regional pode ser vista na unidade espaço turístico.
Rio Grande do Sul
A posição e a situação geográfica do Estado do RS remete aos pontos extremos (norte,
sul, leste, oeste) de latitude e longitude em relação ao globo terrestre, aos limites entre
Estados e Oceano, às fronteiras, ou seja, linhas que separam um país de outro. A situação rio-
grandense é favorável, pois é definida por uma posição privilegiada entre os fatores e
elementos externos facilitados pelas fronteiras (Moreira, 2000).
Os primeiros habitantes do RS foram os índios, sendo que a partir do século XVII
começou a ocupação por parte dos europeus, primeiramente os jesuítas, depois portugueses e
espanhóis, os quais deram início à formação do atual Estado do RS com o surgimento das
estâncias e, respectivamente, da pecuária. Na ocupação étnica o negro contribuiu de forma
significativa no trabalho das charqueadas, logo após vieram os portugueses de Açores, os
alemães, os italianos, os judeus, os japoneses, além de outros grupos de imigrantes (Moreira,
2000).
As dinâmicas migratórias do Estado, ainda hoje, variam de acordo com as perspectivas
socioeconômicas que os municípios oferecem, portanto, a maior atração fica por conta das
áreas mais produtivas e que mais empregos geram dentro do Estado. Em direção à outros
Estados, a maior contribuição fica por conta das regiões desabitadas ou com pouca densidade
demográfica no interior do Brasil, como Mato Grosso, Pará, Goiás e Santa Catarina (Moreira,
2000).
Em termos de renda per capta, escolaridade e expectativa de vida, o Estado do RS
supera os demais Estados brasileiros, em uma média geral. Isto significa que de acordo com o
índice de desenvolvimento social (IDS) existem regiões de alto, de médio e de baixo
desenvolvimento (Moreira, 2000), o que permite afirmar que combinando critérios de
89
homogeneidade temos cinco regiões riograndenses: metropolitana, campanha, depressão
central, litoral e planalto.
A principal característica climática do RS fica por conta da faixa subtropical, controlada
por massas de ar tropicais e polares, o que permite estações bem definidas ou, ainda, bastante
alteradas pelas sucessões de tempo (Bellomo, 1997; Moreira, 2000). A rede hidrográfica é
farta e bem distribuída, servindo de meio de transporte, consumo e alimentação, por sua vez, a
vegetação diversificada é reflexo do clima, da hidrografia e dos solos, os quais facilitam sua
dispersão, apesar do Estado possuir menos de 1% da cobertura original. Neste sentido, a
formação de parques e reservas no Estado facilita a preservação da fauna e flora e a visitação
turística.
Para o turismo, tanto o clima e a hidrografia como a flora e a fauna podem ser fatores
determinantes na escolha pelos destinos, uma vez que o Estado apresenta diferenças em
função da influência dos vários fatores regionais. Estes fatores deram origem ao zoneamento
turístico do RS por similaridade de regiões geográficas, mais físicas do que propriamente
sociais.
90
CATEGORIA TEMÁTICA UNIDADES DE SIGNIFICADO
Geografia: noções básicas Ocupação Colonização Origens étnicas Movimento democrático Correntes migratórias Localização (3): pólos turísticos
geográfica Limites Fronteiras Situação Aspectos (3): físicos
sociais humanos: econômicos (2)
atividades
Geografia física: clima vegetação hidrografia unidades morfoestruturais
Faixas geofísicas Natureza Região Metrópole Espaço: urbano
rural turismo
6. Rio Grande do Sul
Turismo: pólos potenciais produtos roteiros
Quadro 29 – Categoria temática denominada Rio Grande do Sul com respectivas unidades de contexto.
Fonte: elaboração própria a partir dos dados.
A categoria “Rio Grande do Sul” engloba cinco (5) instituições. A localização
geográfica do Estado (2 instituições) e dos pólos turísticos (1 instituição) são as unidades mais
valorizadas, seguidas dos aspectos físicos, sociais e humanos (1 instituição) e dos aspectos
econômicos (2 instituições) do RS. As demais unidades de significado foram mencionadas
uma única vez, ou seja, em um só curso.
Na categoria “Rio Grande do Sul” está presente uma Geografia Regional, pois as
unidades de estudo analisam o espaço do Estado do RS, observando, em conjunto, aspectos
naturais e humanos.
91
Globalização
A ordem global tende a funcionar como uma unidade, como aborda Santos (1997), e é
externa ao cotidiano local, portanto é desterritorializada no sentido de que os centros de ação
são espaços inconstantes, por isso que cada lugar é, ao mesmo tempo, fruto da razão global e
local. Portanto, o termo globalização se refere a sutil imposição da hegemonia ideológica das
elites, a qual cria a aparência de semelhança em um mundo heterogêneo (Assari et al, 2004).
A globalização pode ser chamada de período pós-fordista, onde a produção de bens e
serviços se expande a todo e qualquer mercado, facilitada pelas tecnologias da informação.
Aplica-se à nova ordem mundial a ciência e a tecnologia somadas a informação, agora, bases
da produção, utilização e funcionamento do espaço (Santos, 1997).
Os processos econômicos capitalistas formam uma nova ordem mundial de emergência
de redes, associadas à tecnologia em caráter flexível e fragmentado. Assim, o espaço mundial,
em sua dinâmica espacial e temporal e associado à economia e política global, torna-se
competitivo e mais produtivo, tanto para empresas como regiões ou nações (Camargo, 2005).
O turismo se beneficiou com o processo de globalização sob o ponto de vista da
ampliação de facilidades de comunicação, transporte, hospedagem e demais serviços e infra-
estruturas necessários. Por outro lado, a competitividade acirrada impôs à atividade a busca
pela diferenciação para suprir a tendência à homogeneização de espaços turísticos.
CATEGORIA TEMÁTICA UNIDADES DE SIGNIFICADO
Ordem mundial Espaço mundial: organização: turismo Fragmentação Meio técnico-científico-informacional
7. Globalização
Geopolítica
Quadro 30 – Categoria temática denominada Globalização com respectivas unidades de contexto. Fonte: elaboração própria a partir dos dados.
A categoria “Globalização” engloba três (3) instituições. Suas unidades de significado
se reportam ao espaço mundial e seus desdobramentos de ordem global, de organização para o
turismo, de fragmentações, além da técnica, ciência e informação e, em meio a isso, a
geopolítica. Neste sentido, nenhuma unidade é mais valorizada que outra, todas são
mencionadas uma única vez em cada instituição.
92
A própria temática da Globalização por ser ampla e variada infere a presença de uma
Geografia Geral.
Região
Distintas abordagens de apreensão do conceito de região se fizeram presentes nas
escolas geográficas, fruto de mudanças paradigmáticas nas ciências e, conseqüentemente, na
revisão conceitual, de acordo com cada momento histórico (Bezzi, 2004).
A Geografia contemporânea propõe que a região seja vista como organização espacial
dos processos sociais, associados aos modos de produção e à divisão do trabalho, ou seja,
como resposta local aos processos capitalistas. Assim, na articulação dos modos de produção,
a região é a dimensão das especificidades sociais que produzem na totalidade as diversidades
regionais (Bezzi, 2004).
A região também possui a peculiaridade de ser constitutiva da identidade de um
determinado grupo social, um espaço apropriado e vivido através de costumes, hábitos e
representações. Por conseqüência, a região é um meio de interação social, exercendo o papel
de agente que detém o poder para produzir a diferenciação de áreas.
Logo, a importância da região para o turismo está no fato de contextualizar as regiões
turísticas no tempo e no espaço, pois corresponde a uma área com certa densidade de
freqüentação, serviços e equipamentos turísticos (Yázigi, 2001). Resultado das interações
entre dinâmicas turísticas e espaciais, a região turística é fruto das diversidades regionais que
conferem identidade particular à atividade turística.
CATEGORIA TEMÁTICA UNIDADES DE SIGNIFICADO
Regiões: diversidades: abordagem caracterização
Regionalização: economias regionais: integração 8. Região Blocos regionais: divisão
contrastes
Quadro 31 – Categoria temática denominada Região com respectivas unidades de contexto. Fonte: elaboração própria a partir dos dados.
A categoria “Região” engloba três (3) instituições. As diversidades regionais, as
diferentes economias e blocos regionais, em suas divisões e contrastes, são as unidades de
93
significado assinaladas nesta categoria, cada uma delas mencionadas por apenas uma (1)
instituição.
Apesar da equivalência entre os nomes “região” e “regional”, a categoria “Região”
oferece unidades de significado que demonstram uma Geografia Geral, pois exploram
segmentos isolados de estudo, como blocos regionais e diversidades regionais.
Continentes
Os continentes correspondem a 29 % da crosta terrestre em extensão de terras emersas,
sendo limitados por mares e oceanos. A Terra está dividida em seis grandes continentes hoje
considerados: África, América, Ásia, Europa, Oceania e Antártica, cada um com suas
especificidades sociais, políticas, econômicas e naturais que os configuram (Suertegaray,
2003).
CATEGORIA TEMÁTICA UNIDADES DE SIGNIFICADO
Divisão Características Etnias 9. Continentes América Latina: aspectos sociais
aspectos econômicos aspectos naturais
Quadro 32 – Categoria temática denominada Continentes com respectivas unidades de contexto.
Fonte: elaboração própria a partir dos dados.
A categoria “Continentes” é abordada por duas (2) instituições as quais, em conjunto,
dão importância às características gerais dos continentes, a divisão e as etnias presentes
naqueles. Também é dada ênfase aos aspectos econômicos, sociais e naturais da América
Latina.
A categoria “Continentes” se reporta à presença de um conteúdo que envolve tanto a
Geografia Geral como a Geografia Regional, pois refere-se, respectivamente, as etnias e a
divisão dos continentes e, também, as suas características e a América Latina.
94
Meio Ambiente
A temática ambiental é bastante importante na atualidade, além de emergente tanto na
Geografia como no Turismo. Para planejar e realizar a atividade turística é preciso levar em
consideração os aspectos do meio ambiente, o qual é envolvido pela biosfera, por sua vez,
formada pelos seres bióticos e abióticos e suas inter-relações, juntamente com a água, o ar e
as rochas que envolvem a Terra (Ruschmann, 1997).
O estudo do meio (ou meio ambiente, ou ainda ambiente para alguns autores) é a
compreensão da realidade social e histórica na qual o homem vive e interage no espaço, pois o
meio são todas realidades físicas, biológicas e humanas que se ligam aos indivíduos por laços
sentimentais ou físicos. A degradação ambiental é um dos fatores que compromete a
qualidade de vida da população, uma vez que altera os componentes da biosfera, gerando
problemas globais que podem ser de ordem natural ou provocados pela ação humana
(Mendonça, 1998; Assari et al, 2004).
As ciências, as artes e as atividades políticas tratam da temática ambiental sob diferentes
instâncias. Sob o ponto de vista das ciências, o meio ambiente é tratado segundo as
características de cada momento histórico, a participação das artes contribui para a
conscientização das problemáticas ambientais e, também, para contemplação do ambiente
sadio, enquanto que a atividade política utiliza-se dos problemas ambientais mais como
recurso eleitoral do que propriamente motivo de ações (Mendonça, 1998).
No Brasil a temática ambiental inserida na Geografia se desenvolve lentamente, a partir
das décadas de 1970, 1980, dentro da Geografia Física, já com uma perspectiva que relaciona
sociedade e natureza. Assim, o meio ambiente é visto como um recurso a ser utilizado,
analisado e protegido sob uma Legislação Ambiental (Mendonça, 1998).
CATEGORIA TEMÁTICA
UNIDADES DE SIGNIFICADO
Desenvolvimento Problemas 10. Meio Ambiente Biogeografia: conceito
regiões
Quadro 33 – Categoria temática denominada Meio Ambiente com respectivas unidades de contexto. Fonte: elaboração própria a partir dos dados.
95
A categoria “Meio Ambiente” engloba duas (2) instituições as quais, em conjunto,
revelam a preocupação com o estudo do desenvolvimento frente ao meio ambiente, com o
estudo dos problemas ambientais e com as regiões biogeográficas.
O estudo do “Meio Ambiente” se refere a uma Geografia Regional pois o próprio
conceito engloba tanto o espaço físico como o espaço humano.
Geografias Especializadas
Uma das grandes preocupações da ciência geográfica nos últimos anos reside em
produzir estudos que relacionem os diferentes ramos ou enfoques geográficos, pois o espaço
geográfico se produz e se reproduz em função da ação humana, apropriando-se dos recursos
existentes (Andrade, 1998). Assim, entende-se que a dicotomia entre a Geografia que estuda a
natureza e a Geografia que estuda a sociedade não é benéfica, pois à ciência geográfica cabe a
análise da totalidade sociedade e natureza, em suas relações.
Já se afirmou que a Geografia é apenas uma, ou seja, o conhecimento geográfico é
formado pela conjunção de diferentes enfoques que somam uma totalidade. Assim, a
Geografia se apresenta subdividida em temáticas de estudo, onde as mais referidas são a
Geografia Física e a Geografia Humana, dentro destas se pode citar a Geografia Econômica, a
Geografia Cultural e a Geografia do Turismo.
Todas as culturas são o produto de um trabalho de construção do espaço, relativos a
natureza, a sociedade, aos meios e as maneiras de explorá-los. A Geografia Cultural convida
a refletir sobre a diversidade de sistemas de representação e de técnicas com as quais as
pessoas atuam sobre o mundo, tiram partido da natureza e modelam o espaço a sua imagem e
em função de seus valores e de suas aspirações, portanto, a idéia é de que cada sociedade se
caracteriza por seu modo de produção material e por seu modo de produção simbólico
(Claval, 1999).
A importância da Geografia no Turismo se justifica na utilização e organização do
espaço pela atividade turística, pois não há turismo sem haver um espaço natural ou artificial
onde ele se projeta e se corporifica. Assim, a Geografia já não pode ignorar a presença e os
efeitos da atividade turística em determinados espaços, pois ela movimenta uma série de
recursos e um número de pessoas, gerando benefícios e, às vezes, prejuízos para o ambiente.
96
CATEGORIA TEMÁTICA UNIDADES DE SIGNIFICADO
Geografia:
do turismo econômica cultural humana
aspectos
Métodos Técnicas
11. Geografias Especializadas
Espaço geográfico
Quadro 34 – Categoria temática denominada Geografias Especializadas com respectivas unidades de contexto. Fonte: elaboração própria a partir dos dados.
A categoria “Geografias Especializadas” é constatada em duas (2) instituições
pesquisadas. Estas, em conjunto, abordam a Geografia em suas chamadas “divisões”, quais
sejam, Geografia Humana, Geografia do Turismo, Geografia Econômica, Geografia Cultural,
além da preocupação com os métodos e as técnicas da Geografia e o espaço geográfico.
O enfoque da categoria “Geografias Especializadas” diz respeito à presença de uma
Geografia Geral, pois aborda diferentes dimensões dentro da ciência geográfica.
Paisagem
A importância da paisagem na história do pensamento geográfico tem variado e este
conceito foi, até mesmo, relegado a uma posição secundária, suplantada pela ênfase nos
conceitos de região, espaço, território e lugar (Sampaio & Sampaio, 2005).
As paisagens revelam dinâmica no espaço, tanto em função das relações sociais, sob
uma dimensão funcional, como também em decorrência da dinâmica natural, sob uma
dimensão morfológica. A dimensão primeira e fundamental é a espacial, assim, pode-se
afirmar que a paisagem é uma porção do espaço vista de um ponto e quando tomada pelo
indivíduo, é forma e aparência (Sampaio & Sampaio, 2005; Nascimento, 2005).
Produto da ação humana ao longo do tempo, a paisagem apresenta, ainda, uma
dimensão histórica, portanto, portadora de significados, expressa valores, crenças, mitos e
utopias, assim, possui uma dimensão simbólica. As paisagens construídas e valorizadas da
sociedade revelam sua estrutura social materializada e conformam lugares, regiões e
territórios, onde se reproduzem, se regeneram e se renovam (Sampaio & Sampaio, 2005).
97
As paisagens turísticas existem relacionadas à combinação entre o natural e o cultural e,
neste sentido, também são as imagens paisagísticas que determinam a escolha das destinações
pelos turistas. Como bem coloca Sampaio & Sampaio (2005), dada sua importância no
contexto turístico, a paisagem impõe a tarefa de interpretar a geografia contida no imaginário
social. É por esse e outros motivos que a paisagem é um importante recurso de atração
turística e, também, uma manifestação do direcionamento turístico por oferecer diferentes
leituras ao turista.
CATEGORIA TEMÁTICA
UNIDADES DE SIGNIFICADO
12. Paisagem Paisagem: valores
Quadro 35 – Categoria temática denominada Paisagem com respectivas unidades de contexto. Fonte: elaboração própria a partir dos dados.
A categoria “Paisagem” é abordada por apenas uma (1) instituição, a qual aponta os
valores da paisagem. Dada sua importância, está sendo negligenciada pela maioria dos cursos
de Turismo do RS. Como a paisagem se refere a uma determinada área em que pode possuir
tanto aspectos físicos quanto sociais em seus valores presentes, tem-se a presença de uma
Geografia Regional.
Aspectos Humanos da Geografia
À Geografia Humana cabe a análise, o debate e a intervenção na sociedade e seus
modos de organização, relações de constituição, práticas, polêmicas, instituições e estruturas
de poder. Atualmente, passa por bruscas transformações em suas perspectivas teóricas e
metodológicas, havendo uma falta de consenso sobre a própria natureza do objeto da matéria,
ou seja, sobre as teorias sociais, políticas, econômicas e culturais (Gregory et al, 1996).
O processo de conhecimento só evolui na medida que se divide e se aprofunda cada
uma das partes, não se descartando a articulação em uma totalidade. Concorda-se com Carlos
(2002) que se fala da unidade das múltiplas divisões da Geografia Física e da Geografia
Humana mas, que na prática da pesquisa é verificada a separação.
98
CATEGORIA TEMÁTICA UNIDADES DE SIGNIFICADO
População: turismo dinâmicas heterogeneidades
13. Aspectos Humanos da Geografia Ação humana: turismo
Quadro 36 – Categoria temática denominada Aspectos Humanos da Geografia com respectivas unidades de
contexto. Fonte: elaboração própria a partir dos dados.
A categoria “Aspectos Humanos da Geografia” engloba apenas um (1) do onze cursos
de Turismo do RS. Esta categoria volta seu conteúdo para as dinâmicas da população, suas
heterogeneidades e as ações humanas na atividade turística.
A partir das unidades de significado, pode-se inferir que os “Aspectos Humanos da
Geografia” se referem a uma Geografia Geral, pois evocam unidades isoladas de estudo
geográfico.
Território
A Geografia Teorético Quantitativa, nos anos 1960, dera extrema importância ao
conceito de espaço. Hoje, pelas mudanças que refletem, em parte, os recentes debates
epistemológicos internos à própria Geografia, bem como as transformações observadas no
seio da estrutura social mundial, o conceito-chave da Geografia é território (Corrêa, 2004).
Haesbaert (2005) compreende que território diz respeito tanto ao poder no sentido mais
concreto, de dominação, quanto ao poder no sentido mais simbólico, de apropriação. Portanto,
em diferentes combinações, o território é funcional e simbólico, no exercício de domínio dos
indivíduos sobre o espaço, tanto para realizar funções quanto para produzir significados,
desdobrando-se nos movimentos de dominação político-econômica e na apropriação mais
subjetiva e/ou cultural-simbólica.
O território manifesta hoje um sentido multiescalar e multidimensional e deve ser
distinguido através dos sujeitos que efetivamente controlam esse(s) espaço(s) e,
conseqüentemente, os processos sociais que o(s) compõe(m). A territorialidade diz respeito às
relações econômicas, políticas e culturais de uma realidade social específica, pois está
intimamente ligada ao modo como as pessoas se organizam no espaço e como elas dão
99
significado ao lugar, por isso, sua investigação requer atenção às diferenças, desigualdades e
hierarquias sociais em tempos e escalas diversas (Machado, 1997; Haesbaert, 2005).
Knafou (1999) aponta que o território do turismo define-se através de duas lógicas
territoriais distintas, dos sedentários e dos nômades. Os sedentários dizem respeito a
territorialidade das populações autóctones, os nômades dizem respeito aos turistas por não se
fixarem em nenhum território.
CATEGORIA TEMÁTICA
UNIDADES DE SIGNIFICADO
14. Território
Territorialidades: organização fronteiras natureza história modernidade
Quadro 37 – Categoria temática denominada Território com respectivas unidades de contexto.
Fonte: elaboração própria a partir dos dados.
A categoria “Território” também engloba apenas uma (1) instituição pesquisada e se
ocupa com as questões das territorialidades através de sua história, de sua organização, suas
fronteiras, a natureza daquelas e por fim, a modernidade das territorialidades.
Considerando o enfoque das territorialidades na categoria “Território”, se tem a
presença de uma Geografia Regional, a qual se refere a determinadas áreas com
características físicas e humanas.
100
5. DISCUSSÕES
As disciplinas relacionadas à Geografia, presentes nos cursos superiores de Turismo do
RS, se caracterizam por fazerem parte da formação inicial do Turismólogo, ou seja, dos
primeiros contatos de todos os cursos, fazendo parte dos conteúdos básicos. Assim, em cada
curso superior de Turismo do RS pelo menos uma disciplina de Geografia faz parte do
currículo, com pequenas variações na carga horária disponível e com plano de ensino cujo
suporte é um sistema de valores que o embasa.
Portanto, a totalidade dos conteúdos mencionados pelas disciplinas dos onze (11) cursos
participantes da pesquisa, deu origem a quatorze (14) categorias temáticas. Destas, houve seis
(6) categorias temáticas que mais se destacaram com elementos que persistem, conforme
ordem de importância, referentes à Cartografia, ao Brasil, ao Rio Grande do Sul, ao Espaço,
aos Aspectos Físicos da Geografia e à Geografia para o Turismo. Todas elas apresentaram,
em maior ou menor proporção, uma variedade de unidades de significado, mostrando a grande
variação do conteúdo geográfico pelos cursos de Turismo do RS.
Neste sentido, considerando as categorias temáticas que englobaram tais conteúdos,
verificou-se que são valorizados por todos os cursos os estudos que se referem às
representações, operações e utilizações da “cartografia”. A cartografia colabora com o turismo
visto que é um meio para que a informação turística torne-se expressão gráfica em escala
acessível. Assim, um determinado espaço é representado para o leitor facilitando a noção
geral dos elementos espaciais e de sua localização.
Os conteúdos que dizem respeito ao “espaço”, de modo geral, privilegiaram elementos
tanto naturais como formados pelas dinâmicas da sociedade, através da diversidade de
elementos de suporte do espaço: físicos, biológicos e antrópicos. Portanto, o espaço foi
qualificado, reconhecidas as diferentes práticas e formas de sua composição, como um
sistema que serve de base e estrutura para outras categorias como região e território e,
também, como uma porção específica da superfície da Terra, em diferentes escalas, como
espaço territorial, espaço agrário ou espaço turístico.
Em relação ao território “brasileiro” os conteúdos privilegiaram as configurações
territoriais dos sistemas naturais e das ações humanas. Logo, foram estudados aspectos
sociais, econômicos, políticos e naturais do espaço brasileiro, além da ênfase ao Estado do
“Rio Grande do Sul” e às suas diversidades estruturais, inclusive seus aspectos sociais e
101
históricos, sua geografia física e o turismo. Na categoria chamada “aspectos físicos da
Geografia” a análise foi feita sobre as manifestações físicas e biológicas do espaço terrestre,
com ênfase para a geomorfologia, para o clima, para a hidrografia e para as paisagens.
A “Geografia para o Turismo” é uma categoria que merece especial atenção. Em seus
desdobramentos os conteúdos se voltaram para elementos componentes do turismo e que
exercem uma determinada função no espaço geográfico e, ao mesmo tempo, elementos do
espaço que podem se relacionar ao turismo, produzindo, assim, a relação entre Geografia e
Turismo.
As demais categorias, em número de oito (8), foram evidenciadas em menor proporção,
porém, não englobaram conteúdos menos importantes. Assim, em relação à tendência
crescente de unidade e ordem global, foi mencionada a “globalização”, enquanto que os
processos sociais específicos e sua organização foram abordados pela temática chamada
“região”, e de forma mais ampla, o conteúdo referente ao “território” evocou relações de
domínio e de significado social.
Na categoria “Continentes” as características gerais dos seis (6) continentes foram
enfocadas, principalmente da América Latina. As relações entre turismo e população foram
abordadas pela categoria “Aspectos Humanos da Geografia”, enquanto que diferentes ramos
ou enfoques da Geografia foram relacionados à categoria “Geografias Especializadas”. A
“Paisagem” é a categoria que privilegiou os valores paisagísticos e a categoria “Meio
Ambiente” abordou os aspectos do meio ambiente.
Deste modo, o conteúdo que até o momento fundamentou a Geografia nos cursos
superiores de Turismo do RS apontou para a análise de três escalas: local, nacional e mundial.
O conhecimento destas dimensões demandou a exploração do espaço quanto à distribuição
espacial de áreas. Proveniente da distribuição de áreas, o conteúdo abordado também as
delimitou em seus aspectos políticos, econômicos, sociais e naturais, além de tê-las descrito
enquanto caracterização e diferenciação de esferas turísticas e não- turísticas.
Neste contexto, foi observada a idéia de divisões dentro da Geografia, ou seja, a
separação entre o que é físico e o que é humano dentro dos conteúdos abordados, tanto que foi
possível criar três categorias distintas, uma chamada “Aspectos Físicos da Geografia”, outra
chamada “Aspectos Humanos da Geografia” e outra chamada “Geografias Especializadas”.
Estas divisões também puderam ser verificadas em outras categorias e suas unidades de
102
significado, mas esta não foi uma característica, necessariamente, negativa, desde que as
divisões sejam compreensíveis como parte de uma unidade geográfica.
Assim, também foi possível verificar que duas áreas da Geografia, chamadas de
Geografia Geral, ou Sistemática, e de Geografia Regional, estiveram presentes no conjunto de
categorias temáticas. A Geografia Geral predominou, considerando que os conteúdos
tomaram segmentos (ou unidade) isolados dos estudos geográficos, seja em relação a toda
superfície da Terra ou a uma determinada área, como o clima, a vegetação, o relevo, a
paisagem. A Geografia Regional também foi considerável objeto de estudo, onde foram
observadas em determinadas áreas as combinações dos aspectos físicos, também chamados
naturais, e dos aspectos humanos.
Neste sentido, as unidades de significado presentes nas categorias temáticas tiveram
algumas temáticas mais valorizadas do que outras, ou seja, mais de um curso de Turismo as
abordaram. Portanto, pode-se visualizar no Quadro 38 o conjunto das temáticas mais
valorizadas das (6) categorias que mais se destacaram, representando a face humanística e
naturalística da ciência geográfica.
Ocorrências por n° de instituições
Temáticas de Geografia mais valorizadas dentro das Categorias
8 mapas 7 aspectos econômicos 6 hidrografia / hidrosfera / recursos hídricos 6 potenciais turísticos 5 paisagens 5 clima 4 geomorfologia / relevo 4 aspectos naturais 4 mapas temáticos turísticos 4 escala 4 espaço turístico / espaço urbano 3 aspectos sociais 3 localização geográfica 2 fusos horários 2 projeções cartográficas 2 coordenadas geográficas 2 GPS (Global Position System) 2 noções sobre cartografia 2 ocupação do território brasileiro
Quadro 38 – Conjunto de temáticas mais valorizadas pelos cursos de Turismo do RS.
Fonte: elaboração própria a partir dos dados.
103
Ocorrências por n° de instituições
Temáticas de Geografia mais valorizadas dentro das Categorias
2 regiões brasileiras 2 tectônica de placas 2 dinâmicas políticas 2 impactos do turismo na zona urbana 2 atrativos turísticos 2 aspectos geográficos e o turismo 2 desenvolvimento da atividade turística
Quadro 38 – Conjunto de temáticas mais valorizadas pelos cursos de Turismo do RS.
Fonte: elaboração própria a partir dos dados.
Constatou-se que estes temas mais valorizados poderiam fazer parte das categorias
temáticas correspondentes ao assunto, mas, em sua maior parte, não fizeram. Por isso, embora
os assuntos mais relevantes para os cursos de Turismo do RS sejam aqueles referentes às
categorias que mais se destacaram, tem-se que vinte e seis (26) temáticas foram mais
valorizadas no conjunto de categorias temáticas, mais especificamente, no conjunto de
conteúdos expressos.
Entre estas temáticas de Geografia mencionadas por cada curso, separadamente ou
concomitantemente, destaca-se que oito (8) cursos abordaram conteúdos referentes aos
mapas, sete (7) cursos abordaram aspectos da economia, seis (6) cursos abordaram os recursos
hídricos e os potenciais turísticos e, cinco (5) cursos abordaram as paisagens e o clima.
As temáticas mencionadas por quatro (4) cursos reportaram-se a geomorfologia, aos
aspectos naturais, aos espaços turísticos e urbanos e aos mapas temáticos para o turismo, além
da escala, enquanto que os aspectos sociais e as localizações geográficas foram mencionados
por três (3) cursos. As demais foram mencionadas por duas instituições, referindo-se,
principalmente, a elementos cartográficos e ao turismo.
Considerando a dicotomia que prevalece na ciência geográfica, é possível afirmar que
as temáticas mais valorizadas se inserem em conteúdos na linha de Geografia Humana,
representada pelos elementos socioculturais presentes no espaço geográfico, e na linha de
Geografia Física, representada pelos recursos naturais. Contudo, em uma análise geral das
categorias temáticas, verificou-se o predomínio da linha de Geografia Humana, ou seja, da
sociedade e suas implicações no espaço.
104
Em relação à disposição os conteúdos presentes nos planos de ensino dos cursos
pesquisados, observou-se que nem sempre foram relacionados com o turismo, ou seja, a
Geografia relacionada com o Turismo. Neste sentido, fica uma reflexão em forma de
pergunta, pois será que determinados mentores das disciplinas de Geografia nos cursos de
Turismo estão fazendo a ligação entre Geografia e Turismo, gerando a contribuição do
balanceamento entre teoria e prática turística?
Acrescido à problemática da relação entre a Geografia e o Turismo, verificou-se que
não há uma coesão por parte do curso da FACCAT em relação ao que é “geográfico”, pois no
currículo do curso, disponível em sua página virtual, consta a disciplina “aspectos geológicos
e geomorfológicos do RS”. Neste caso, como não se recebeu o plano de ensino desta
disciplina, o curso ignorou a geologia e a geomorfologia, elementos que fazem parte do objeto
da ciência geográfica.
Visto que a abordagem social predominou nas categorias temáticas, ou seja, aquela que
volta os conteúdos para o espaço configurado pelos indivíduos, se conclui que, de um modo
geral, é uma Geografia de aplicação prática do conhecimento em relação à realidade espacial,
logo, voltada para o mercado de trabalho. Portanto, é possível que os alunos dos cursos de
Turismo construam a identidade deles em relação ao espaço e situem o papel da atividade
turística em cada espaço.
Por conseguinte, considerando todos os conteúdos dos planos de ensino dos onze (11)
cursos participantes da pesquisa, pôde-se constatar que a Geografia estudada foi abordada de
forma diferenciada em cada instituição. Isto confere a cada curso uma diretriz específica em
Geografia, o que algumas vezes contempla a exigência de conhecimentos gerais para a
formação generalista do Bacharel em Turismo. Por outro lado, ficou evidente que também
alguns conhecimentos específicos interessam à maioria dos cursos, onde a especificidade das
temáticas pode ser vista na forma de Geografia do Brasil ou do RS e na cartografia.
Isto posto, entende-se que a contribuição da Geografia não busca, exatamente, romper
com a estrutura, até então, que descreve e identifica vários temas de um determinado recorte
espacial, em seus aspectos físicos e humanos, como clima, população, etc. Pensando no
rompimento desta estrutura que localiza e descreve as geografias do espaço, chega-se à
dedução de que a abordagem geográfica que interessa ao turismo deve integrar as relações
entre as dinâmicas da natureza e das sociedades, às quais merecem ser consideradas quando o
turismólogo precisa elaborar a gestão dos espaços.
105
6. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Os conhecimentos geográficos, transmitidos através do ensino, são indispensáveis à
formação de indivíduos participantes da vida social à medida que, em termos de
ensino/aprendizagem, cada aluno constrói e cada conteúdo é um meio para planejar, organizar
e transformar o espaço geográfico. Logo, Geografia e Turismo se encontram através da
dimensão espacial, uma porque analisa o espaço e outro porque, como fenômeno
socioeconômico e cultural, ocorre espacialmente.
Procurou-se retratar as abordagens expressas pelas categorias temáticas, elementos que
constituem o espaço geográfico, tanto do ponto de vista social como natural. Neste sentido, a
Geografia nos cursos de Turismo do RS não foi vista somente como um objeto para
localização e descrição de espaços, mas também como um processo social, reflexo da
articulação das relações de troca entre sociedade e natureza, as quais produzem o turismo e
seus desdobramentos.
A variação observada na oferta de conteúdos geográficos proporciona uma informação
específica a cada curso de Turismo. Assim, sob o ponto de vista do predomínio de uma
Geografia Geral, de abordagem social, pode-se inferir que a formação generalista proposta
para o Bacharel em Turismo, conforme DCNCGT6 do ano de 2003, é contemplada somente
por alguns cursos que oferecem conteúdos variados, tais como meio ambiente, cartografia,
globalização e Brasil, só para citar um exemplo.
É importante destacar que o estudo da Geografia sob o ponto de vista do espaço
geográfico físico e humano é bastante abrangente, o que permite ao aluno selecionar e avaliar
os conhecimentos geográficos que se adeqüem ao desempenho da profissão de Turismólogo,
sob o entendimento do espaço e seu papel. Contudo, considerando-se separadamente cada
curso constata-se que algumas temáticas se reportam a conteúdos que os alunos devem (ou
deveriam) ter tido contato no ensino médio, não sendo, portanto, necessário enfatizar na
graduação.
Deste modo, não existe uma orientação em relação aos programas de Geografia, uma
vez que cada curso de Turismo aborda um determinado conteúdo. Acrescido a isto, a coesão
por parte dos cursos em relação às disciplinas cujo enfoque é a Geografia não é clara nos
6 Diretrizes Curriculares Nacionais dos Cursos de Graduação em Turismo.
106
currículos. Neste contexto, deveria haver um conteúdo mínimo de referência de Geografia
para os cursos superiores de Turismo e, isto pode ser atingido através de algum evento que
promova uma reflexão sobre o assunto, unindo comunidade docente e acadêmica.
Assim, é possível afirmar que a contribuição da Geografia para a análise do turismo, nos
curso superiores de Turismo do RS, está no estudo do espaço, enquanto elemento dinâmico
com formas materiais e/ou naturais e movimentos, sendo, ao mesmo tempo, produto e
produtor da atividade turística. Logo, o predomínio da abordagem geográfica social e de uma
Geografia Geral é dado pela associação, pela estrutura, distribuição e organização das
relações e práticas espaciais que implicam no turismo.
O conhecimento geográfico permite determinadas formas de pensar a realidade turística,
tanto para a pesquisa como para o mercado de trabalho, ainda que os conteúdos sejam
selecionados, avaliados e organizados segundo as diferenças e valores institucionais. Portanto,
sugere-se, também, para futuras pesquisas uma avaliação no ensino-aprendizagem,
envolvendo alunos e professores, pois os conteúdos são meios para atingir os objetivos das
disciplinas e ganham valor através das ações práticas.
CAPÍTULO V
7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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8. ANEXOS
ANEXO 1 PARECER HOMOLOGADO (*) (*) Despacho do Ministro, publicado no Diário Oficial da União de 12/4/2004.
MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO
CONSELHO NACIONAL DE EDUCAÇÃO INTERESSADO: Conselho Nacional de Educação / Câmara de Educação Superior UF: DF ASSUNTO: Diretrizes Curriculares Nacionais do Curso de Graduação em Turismo RELATOR(A): José Carlos Almeida da Silva e Lauro Ribas Zimmer PROCESSO(S) N.º(S): 23001.000074/2002-10 PARECER N.º: CNE/CES 0288/2003 COLEGIADO: CES APROVADO EM: 6/11/2003 I – RELATÓRIO
A Lei 9.131, sancionada em 24/11/95, deu nova redação ao art. 9º, § 2º, alínea “c”, da então LDB 4.024/61, conferindo à Câmara de Educação Superior do Conselho Nacional de Educação a competência para “a elaboração do projeto de Diretrizes Curriculares Nacionais – DCN, que orientarão os cursos de graduação, a partir das propostas a serem enviadas pela Secretaria de Educação Superior do Ministério da Educação ao CNE”, tal como viria a estabelecer o inciso VII do art. 9º da nova LDB 9.394, de 20/12/96, publicada em 23/12/96.
Para orientar a elaboração das propostas de Diretrizes Curriculares Nacionais, o CNE/CES já havia editado os Pareceres 776, de 3/12/97, e 583/2001, tendo a SESu/MEC publicado o Edital 4, de 4/12/97, convocando as instituições de ensino superior para que realizassem ampla discussão com a sociedade científica, ordens e associações profissionais, associações de classe, setor produtivo e outros envolvidos do que resultassem propostas e sugestões para a elaboração das Diretrizes Curriculares Nacionais dos Cursos de Graduação, contribuições essas, significativas, a serem sistematizadas pelas Comissões de Especialistas de Ensino de cada área.
A Câmara de Educação Superior do Conselho Nacional de Educação aprovou também, em 11/3/2003, o Parecer CNE/CES 67/2003, contendo todo um referencial para as Diretrizes Curriculares Nacionais dos Cursos de Graduação, inclusive para o efetivo entendimento da transição entre o regime anterior e o instituído pela nova LDB 9.394/96, como preceitua o seu art. 90, tendo, por razões de ordem metodológica, estabelecido um paralelo entre Currículos Mínimos Nacionais, Profissionalizantes, e Diretrizes Curriculares Nacionais.
Constata-se que, quanto aos Currículos Mínimos, o Referencial enfocou a concepção, abrangência e objetivos dos referidos currículos, fixados por curso de graduação, ensejando as respectivas formulações de grades curriculares cujo atendimento implicava fornecer diplomas profissionais, assegurado o exercício das prerrogativas e o direito de cada profissão. No entanto, quanto às Diretrizes Curriculares Nacionais, o Parecer elencou os princípios que lhes embasam a formulação, disto resultando o nítido referencial entre o regime anterior e o proposto pela nova ordem jurídica.
116
Ainda sobre o Referencial esboçado no Parecer CNE/CES 067/2003, verifica-se que existem mesmo determinadas diretrizes que poderiam ser consideradas comuns aos cursos de graduação, enquanto outras atenderiam à natureza e às peculiaridades de cada curso, desde que fossem contempladas as alíneas “a” a “g” do item II do Parecer CNE/CES 583/2001, “litteris”: a- Perfil do formando/egresso/profissional - conforme o curso, o projeto pedagógico deverá orientar o currículo para um perfil profissional desejado. b- Competência/habilidades/atitudes. c- Habilitações e ênfase. d- Conteúdo curriculares. e- Organização do curso. f- Estágios e atividades complementares. g- Acompanhamento e Avaliação”.
É evidente que as Diretrizes Curriculares Nacionais, longe de serem consideradas como um corpo normativo, rígido e engessado, a se confundirem com os antigos Currículos Mínimos Profissionalizantes, objetivam, ao contrário “servir de referência para as instituições na organização de seus programas de formação, permitindo flexibilidade e priorização de áreas de conhecimento na construção dos currículos plenos. Devem induzir à criação de diferentes formações e habilitações para cada área do conhecimento, possibilitando ainda definirem múltiplos perfis profissionais, garantindo uma maior diversidade de carreiras, promovendo a integração do ensino de graduação com a pós-graduação, privilegiando, no perfil de seus formandos, as competências intelectuais que reflitam a heterogeneidade das demandas sociais”.
Assim, as Diretrizes Curriculares Nacionais para o Curso de Graduação em Turismo devem refletir uma dinâmica que atenda aos diferentes perfis de desempenho a cada momento exigidos pela sociedade, nessa “heterogeneidade das mudanças sociais”, sempre acompanhadas de novas e mais sofisticadas tecnologias, a exigir contínuas revisões do Projeto Pedagógico de um curso para que ele se constitua a caixa de ressonância dessas efetivas demandas, através de um profissional adaptável e com a suficiente autonomia intelectual e de conhecimento para que se ajuste sempre às necessidades emergentes, notadamente na expansão do turismo em suas múltiplas modalidades, no Brasil e no mundo.
Sem dúvida este é um novo tempo, em que as instituições de ensino superior responderão pelo padrão de qualidade do Curso de Graduação em Turismo de forma a atender, dentre outros, o art. 43, incisos II e III, da LDB 9.394/96, comprometendo-se por preparar profissionais aptos para a sua inserção no campo do desenvolvimento social, com acentuada e importante contribuição do turismo, ensejando as peculiaridades da graduação, e resultando não propriamente um profissional “preparado”, mas profissional apto às mudanças e, portanto, adaptável.
Sendo o Conselho Nacional de Educação uma instituição de Estado e não de Governo, constitui-se ele um espaço democrático por excelência, onde se discutem e se refletem sobre todas as contribuições que possam, de algum modo, enriquecer as Diretrizes Curriculares de um determinado curso, para que, sendo nacionais, se adeqüem àquelas expectativas de maior amplitude, naquilo que é geral e comum a todos, e ao mesmo tempo ensejem a flexibilização necessária para o atendimento nacional, regional, comunitário, local, das políticas públicas relativas à expansão do turismo brasileiro, atendidas “as exigências do meio” e de cada época, como preconiza a lei. Por esta razão, foi acolhida parte significativa das novas contribuições encaminhadas especialmente pela Comissão de Especialistas de Ensino de Turismo – CEETur, do Departamento de Políticas do Ensino Superior – DEPES, da SESu/MEC.
Por fim, vale salientar que as Diretrizes Curriculares Nacionais do curso de graduação
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em Turismo estão analisadas e definidas por tópico específico, a seguir destacado, em cada situação concreta. ?? Organização do Curso
A organização do curso de graduação em Turismo, observadas as Diretrizes Curriculares Nacionais e os Pareceres desta Câmara, indicará claramente o regime de oferta, os componentes curriculares, o estágio curricular supervisionado, as atividades complementares, a monografia como componente opcional da instituição, o sistema de avaliação, o perfil do formando, as competências e habilidades, os conteúdos curriculares e a duração do curso, sem prejuízo de outros aspectos que tornem consistente o referido projeto pedagógico. ?? Projeto Pedagógico
As instituições de ensino superior deverão, na elaboração do projeto pedagógico de cada curso de Graduação ora relatado, definir, com clareza, os elementos que lastreiam a própria concepção do curso, com suas peculiaridades e contextualização, o seu currículo pleno e sua adequada operacionalização, e coerente sistemática de avaliação, destacando-se os seguintes elementos estruturais, sem prejuízo de outros: I - objetivos gerais do curso, contextualizados em relação às suas inserções institucional, política, geográfica e social; II - condições objetivas de oferta e a vocação do curso; III - cargas horárias das atividades didáticas e da integralização do curso; IV - formas de realização da interdisciplinaridade; V - modos de integração entre teoria e prática; VI - formas de avaliação do ensino e da aprendizagem; VII - modos da integração entre graduação e pós-graduação, quando houver; VIII - cursos de pós-graduação lato sensu, nas modalidades especialização integrada e/ou subseqüente à graduação, de acordo com o surgimento das diferentes manifestações teórico-práticas e tecnológicas aplicadas à área da graduação, e de aperfeiçoamento, de acordo com as efetivas demandas do desempenho profissional. IX - incentivo à pesquisa, como necessário prolongamento da atividade de ensino e como instrumento para a iniciação científica; X - concepção e composição das atividades de estágio curricular supervisionado, suas diferentes formas e condições de realização, observado o respectivo regulamento; XI - concepção e composição das atividades complementares. ?? Perfil Desejado do Formando Quanto ao perfil desejado, o curso de graduação em Turismo deverá oportunizar a formação de um profissional apto a atuar em mercados altamente competitivos e em constante transformação, cujas opções possuem um impacto profundo na vida social, econômica e no meio ambiente, exigindo uma formação ao mesmo tempo generalista, no sentido tanto do conhecimento geral, das ciências humanas, sociais, políticas e econômicas, como também de uma formação especializada, constituída de conhecimentos específicos, sobretudo nas áreas culturais, históricas, ambientais, antropológicas, de Inventário do Patrimônio Histórico e Cultural, bem como o agenciamento, organização e gerenciamento de eventos e a administração do fluxo turístico. ?? Competências e Habilidades
O curso de graduação em Turismo deve possibilitar a formação profissional que revele, pelo menos, as seguintes competências e habilidades:
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I – compreensão das políticas nacionais e regionais sobre turismo; II – utilização de metodologia adequada para o planejamento das ações turísticas, abrangendo projetos, planos e programas, com os eventos locais, regionais, nacionais e internacionais; III – positiva contribuição na elaboração dos planos municipais e estaduais de turismo; IV - domínio das técnicas indispensáveis ao planejamento e à operacionalização do Inventário Turístico, detectando áreas de novos negócios e de novos campos turísticos e de permutas culturais; V - domínio e técnicas de planejamento e operacionalização de estudos de viabilidade econômico- financeira para os empreendimentos e projetos turísticos; VI - adequada aplicação da legislação pertinente; VII - planejamento e execução de projetos e programas estratégicos relacionados com empreendimentos turísticos e seu gerenciamento; VIII – intervenção positiva no mercado turístico com sua inserção em espaços novos, emergentes ou inventariados; IX – classificação, sobre critérios prévios e adequados, de estabelecimentos prestadores de serviços turísticos, incluindo meios de hospedagens, transportadoras, agências de turismo, empresas promotoras de eventos e outras áreas, postas com segurança à disposição do mercado turístico e de sua expansão; X - domínios de técnicas relacionadas com a seleção e avaliação de informações geográficas, históricas, artísticas, esportivas, recreativas e de entretenimento, folclóricas, artesanais, gastronômicas, religiosas, políticas e outros traços culturais, como diversas formas de manifestação da comunidade humana; XI - domínio de métodos e técnicas indispensáveis ao estudo dos diferentes mercados turísticos, identificando os prioritários, inclusive para efeito de oferta adequada a cada perfil do turista ; XII - comunicação interpessoal, intercultural e expressão correta e precisa sobre aspectos técnicos específicos e da interpretação da realidade das organizações e dos traços culturais de cada comunidade ou segmento social; XIII - utilização de recursos turísticos como forma de educar, orientar, assessorar, planejar e administrar a satisfação das necessidades dos turistas e das empresas, instituições públicas ou privadas, e dos demais segmentos populacionais; XIV - domínio de diferentes idiomas que ensejem a satisfação do turista em sua intervenção nos traços culturais de uma comunidade ainda não conhecida; XV - habilidade no manejo com a informática e com outros recursos tecnológicos; XVI – integração nas ações de equipes interdisciplinares e multidisciplinares, interagindo criativamente face aos diferentes contextos organizacionais e sociais; XVII - compreensão da complexidade do mundo globalizado e das sociedades pós-industriais, onde os setores de turismo e entretenimento encontram ambientes propícios para se desenvolverem; XVIII - profunda vivência e conhecimento das relações humanas, de relações públicas, das articulações interpessoais, com posturas estratégicas do êxito de qualquer evento turístico; XIX - conhecimentos específicos e adequado desempenho técnico-profissional, com humanismo, simplicidade, segurança, empatia e ética. ?? Conteúdos Curriculares
Os cursos de graduação em Turismo deverão contemplar, em seus projetos pedagógicos e em sua organização curricular, os seguintes conteúdos interligados: I – Conteúdos Básicos: estudos relacionados com os aspectos sociológicos, antropológicos, históricos, filosóficos, geográficos, culturais e artísticos, que conformam as sociedades e suas diferentes culturas;
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II – Conteúdos Específicos: estudos relacionados com a Teoria Geral do Turismo, Teoria da Informação e da Comunicação, estabelecendo ainda as relações do turismo com a administração, o direito, a economia, a estatística e a contabilidade, além do domínio de, pelo menos, uma língua estrangeira; III – Conteúdos Teórico-Práticos: estudos localizados nos respectivos espaços de fluxo turístico, compreendendo visitas técnicas, inventário turístico, laboratórios de aprendizagem e de estágios. ?? Organização Curricular
A organização curricular do curso de graduação em Turismo estabelecerá expressamente as condições para a sua efetiva conclusão e integralização curricular, de acordo com os seguintes regimes acadêmicos que as Instituições de Ensino Superior adotarem: regime seriado anual; regime seriado semestral; sistema de créditos com matrícula por disciplina ou por módulos acadêmicos, atendido o disposto no artigo precedente.
?? Estágio Curricular Supervisionado
O Estágio Curricular Supervisionado é um componente curricular direcionado à consolidação dos desempenhos profissionais desejados, inerentes ao perfil do formando, devendo cada instituição, por seus Colegiados Superiores Acadêmicos, aprovar o correspondente regulamento de estágio, com suas diferentes modalidades de operacionalização.
O estágio supervisionado poderá ser realizado na própria instituição de ensino, mediante laboratórios especializados, sem prejuízo da indispensável exploração dos diversos campos, fluxos e espaços turísticos, congregando as diversas ordens teórico-práticas correspondentes às diferentes concepções das políticas relacionadas com a importância econômico-social e cultural do turismo e de sua expansão, no mercado nacional e internacional.
As atividades de estágio poderão ser reprogramadas e reorientadas de acordo com os resultados teórico-práticos gradualmente revelados pelo aluno, até que os responsáveis pelo acompanhamento, supervisão e avaliação do estágio curricular possam considerá-lo concluído, resguardando, como padrão de qualidade, os domínios indispensáveis ao exercício da profissão.
Optando a Instituição por incluir no currículo do curso de graduação em Turismo o estágio supervisionado, deverá emitir regulamentação própria aprovada pelo seu Conselho Superior Acadêmico, contendo obrigatoriamente critérios, mecanismos e procedimentos de avaliação, observadas as peculiaridades do estágio supervisionado em Turismo, que envolve um conhecimento multiespacial, inventariando os respectivos acervos e parques turísticos.
O Projeto Pedagógico do curso de graduação em Turismo, se optar a instituição por estágio supervisionado, deve contemplá-lo objetivamente, com todos os mecanismos e procedimentos operacionais inerentes às características próprias do curso, para a implementação do perfil desejado para o formando.
Voltado para desempenhos profissionais antes mesmo de se considerar concluído o curso, é necessário que, à proporção que os resultados do estágio forem sendo verificados, interpretados e avaliados, o estagiário esteja consciente do seu atual perfil, naquela fase, para que ele próprio reconheça a necessidade da retificação da aprendizagem, nos conteúdos e práticas em que revelara equívocos ou insegurança de domínio, importando em reprogramação da própria prática supervisionada, assegurando-se-lhe reorientação teórico/prática para a melhoria do exercício profissional.
Portanto, o Estágio Curricular Supervisionado deve ser concebido como conteúdo curricular implementador do perfil do formando, consistindo numa atividade opcional da
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instituição, no momento da definição do projeto pedagógico do curso, tendo em vista a consolidação prévia dos desempenhos profissionais desejados.
?? Atividades Complementares As Atividades Complementares, por seu turno, devem possibilitar o reconhecimento,
por avaliação, de habilidades e competências do aluno, inclusive adquiridas fora do ambiente escolar, hipóteses em que o aluno alargará o seu currículo com experimentos e vivências acadêmicos, internos ou externos ao curso, não se confundindo estágio curricular, supervisionado, com a amplitude e a rica dinâmica das Atividades Complementares.
Orientam-se, desta maneira, a estimular a prática de estudos independentes, transversais, opcionais, de interdisciplinaridade, de permanente e contextualizada atualização profissional específica, sobretudo nas relações com o mundo do trabalho, estabelecidas ao longo do curso, notadamente integrando-as às diversas peculiaridades regionais e culturais. Nesse sentido, as Atividades Complementares podem incluir projetos de pesquisa, monitoria, iniciação científica, projetos de extensão, módulos temáticos, seminários, simpósios, congressos, conferências, além de disciplinas oferecidas por outras instituições de ensino ou de regulamentação e supervisão do exercício profissional, ainda que esses conteúdos não estejam previstos no currículo pleno de uma determinada instituição mas nele podem ser aproveitados porque circulam em um mesmo currículo, de forma interdisciplinar, e se integram com os demais conteúdos realizados.
Em resumo, as Atividades Complementares são componentes curriculares que possibilitam o reconhecimento, por avaliação, de habilidades, conhecimentos e competências do aluno, inclusive adquiridas fora do ambiente escolar, incluindo a prática de estudos e atividades independentes, transversais, opcionais, de interdisciplinaridade, especialmente nas relações com o mundo do trabalho e com as ações de extensão junto à comunidade. Trata-se, portanto, de componentes curriculares enriquecedores e implementadores do próprio perfil do formando, sem que se confundam com estágio curricular supervisionado.
Nesse mesmo contexto, estão as atividades de extensão que podem e devem ser concebidas no Projeto Pedagógico do Curso, atentando-se para a importante integração das atividades do curso de graduação em Turismo com as experiências da vida cotidiana na comunidade, até mesmo nos mercados informais ou emergentes, alguns dos quais estimulados até por programas de governo. Com efeito, fica estabelecida a coerência com o disposto no art. 44, inciso IV, da LDB 9.394/96, cuja finalidade básica, dentre outras, consiste em propiciar à comunidade o estabelecimento de uma relação de reciprocidade com a instituição, podem ser integradas nas Atividades Complementares, enriquecedoras e implementadoras do próprio perfil do formando, sem que se confundam com Estágio Curricular, Supervisionado. ?? Acompanhamento e Avaliação
As IES deverão adotar formas específicas e alternativas de avaliação, internas e externas, sistemáticas, envolvendo todos quantos se contenham no processo do curso, centradas em aspectos considerados fundamentais para a identificação do perfil do formando, estando presentes o desempenho da relação professor x aluno, a parceria do aluno para com a instituição e o professor. Importante fator para a avaliação das instituições é a produção que elas podem colocar à disposição da sociedade e de todos quantos se empenhem no crescimento e no avanço da ciência e da tecnologia. Com efeito, a produção que uma instituição divulga, publica, socializa, certamente será um forte e ponderável indicador para o acompanhamento e avaliação sobre a instituição, sobre o curso e para os alunos em particular que, durante o próprio curso, já produzem, como reflexo da consciência que possuem quanto ao desenvolvimento de suas potencialidades.
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Em síntese, as instituições de ensino superior deverão adotar formas específicas e alternativas de avaliação, internas e externas, sistemáticas, envolvendo todos quantos se contenham no processo do curso, centradas em aspectos considerados fundamentais para a identificação do perfil do formando, destacando-se, de logo, a exigência legal no sentido de que os planos de ensino, a serem fornecidos aos alunos antes do início do período letivo, deverão conter, além dos conteúdos e das atividades, a metodologia do processo de ensinoaprendizagem, os critérios de avaliação a que serão submetidos e a bibliografia básica. ?? Monografia/Projetos/Trabalho de Conclusão de Curso
Ainda como componente curricular e mecanismo de avaliação, é necessário que o Projeto Pedagógico do Curso de Turismo contenha a clara opção de cada instituição de ensino superior sobre a inclusão de Trabalho de Conclusão de Curso, sob a modalidade de monografia ou de projetos, para efeito de avaliação final e definitiva do aluno. Desta maneira, o Trabalho de Conclusão de Curso – TCC deve ser entendido como um componente curricular opcional da instituição que, se o adotar, poderá ser desenvolvido nas modalidades de monografia, projeto de iniciação científica ou projetos de atividades centrados em determinada área teórico-prática ou de formação profissional do curso, na forma disposta em regulamento próprio.
Optando a Instituição por incluir no currículo do curso de graduação em Turismo Trabalho de Conclusão de Curso – TCC, nas modalidades referidas, deverá emitir regulamentação própria, aprovada pelo seu Conselho Superior Acadêmico, contendo, obrigatoriamente, critérios, procedimentos e mecanismos de avaliação, além das diretrizes técnicas relacionadas com a sua elaboração.
II – VOTO DO(A) RELATOR(A)
Voto favoravelmente à aprovação das Diretrizes Curriculares Nacionais para o curso de Graduação em Turismo, na forma deste Parecer e do Projeto de Resolução em anexo, do qual é parte integrante.
Brasília-DF, 6 de novembro de 2003. Conselheiro José Carlos Almeida da Silva - Relator
Conselheiro Lauro Ribas Zimmer - Relator IV – DECISÃO DA CÂMARA A Câmara de Educação Superior acompanha o voto da Comissão.
Sala das Sessões, 6 de novembro de 2003. Conselheiro Éfrem de Aguiar Maranhão - Presidente
Conselheiro Edson de Oliveira Nunes - Vice-Presidente
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MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO CONSELHO NACIONAL DE EDUCAÇÃO CÂMARA DE EDUCAÇÃO SUPERIOR RESOLUÇÃO Nº DE DE 2003. Institui as Diretrizes Curriculares Nacionais do Curso de Graduação em Turismo e dá outras providências. O PRESIDENTE DA CÂMARA DE EDUCAÇÃO SUPERIOR DO CONSELHO NACIONAL DE EDUCAÇÃO, no uso de suas atribuições legais, com fundamento no art. 9º, § 2º, alínea “c”, da Lei nº 4.024, de 20 de dezembro de 1961, com a redação dada pela Lei nº 9.131, de 25 de novembro de 1995, tendo em vista as diretrizes e os princípios fixados pelos Pareceres CES/CNE nºs. 776/97, de 03/12/97, e 583/2001, de 04/04/2001, e as Diretrizes Curriculares Nacionais elaboradas pela Comissão de Especialistas de Ensino de Administração – CEETur/DEPES, propostas ao CNE pela SESu/MEC, considerando o que consta dos Pareceres CES/CNE nº 067/2003, de 11/3/2003, e /2003, de / / , homologados pelo Senhor Ministro de Estado da Educação, respectivamente, em / /2003 e em / /2003. RESOLVE:
Art. 1º. A presente Resolução institui as Diretrizes Curriculares Nacionais do Curso de Graduação em Turismo, Bacharelado, a serem observadas pelas Instituições de Ensino Superior em sua organização curricular.
Art. 2º. A organização do curso de que trata esta Resolução se expressa através do seu Projeto Pedagógico, abrangendo o perfil do formando, as competências e habilidades, os componentes curriculares, o estágio curricular supervisionado, as atividades complementares, o sistema de avaliação, a monografia, o projeto de iniciação científica ou o projeto de atividade como Trabalho de Conclusão de Curso – TCC, como componente opcional da instituição, além do regime acadêmico de oferta e de outros aspectos que tornem consistente o referido projeto pedagógico. § 1º. O projeto pedagógico do curso, além da clara concepção do curso de graduação em Turismo, com suas peculiaridades, seu currículo pleno e sua operacionalização, abrangerá, sem prejuízo de outros, os seguintes elementos estruturais: I - objetivos gerais do curso, contextualizados em relação às suas inserções institucional, política, geográfica e social; II - condições objetivas de oferta e a vocação do curso; III - cargas horárias das atividades didáticas e da integralização do curso; IV - formas de realização da interdisciplinaridade; V - modos de integração entre teoria e prática; VI - formas de avaliação do ensino e da aprendizagem; VII - modos da integração entre graduação e pós-graduação, quando houver; VIII - cursos de pós-graduação lato sensu, nas modalidades especialização integrada e/ou subseqüente à graduação, de acordo com o surgimento das diferentes manifestações teórico-práticas e tecnológicas aplicadas à área da graduação, e de aperfeiçoamento, de acordo com as efetivas demandas do desempenho profissional. IX - incentivo à pesquisa, como necessário prolongamento da atividade de ensino e como instrumento para a iniciação científica; X - concepção e composição das atividades de estágio curricular supervisionado, suas diferentes formas e condições de realização, observado o respectivo regulamento; XI - concepção e composição das atividades complementares.
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§ 2º. Os Projetos Pedagógicos do curso de graduação em Turismo poderão admitir Linhas de Formação Específicas, direcionadas para diferentes áreas ocupacionais relacionadas com o turismo, abrangendo os segmentos ecológicos e ambientais, econômicos, culturais, de lazer, de intercâmbio de negócios e promoção de eventos e serviços, para melhor atender as necessidades do perfil profissiográfico que o mercado ou a região exigirem.
Art. 3º. O curso de graduação em Turismo deve ensejar, como perfil desejado do graduando, capacitado e aptidão para compreender as questões científicas, técnicas, sociais, econômicas e culturais relacionadas com o mercado turístico, sua expansão e seu gerenciamento, observados os níveis graduais do processo de tomada de decisão, apresentando flexibilidade intelectual e adaptabilidade contextualizada no trato de situações diversas, presentes ou emergentes, nos vários segmentos do campo de atuação profissional.
Art. 4º. O curso de graduação em Turismo deve possibilitar a formação profissional que revele, pelo menos, as seguintes competências e habilidades: I – compreensão das políticas nacionais e regionais sobre turismo; II – utilização de metodologia adequada para o planejamento das ações turísticas, abrangendo projetos, planos e programas, com os eventos locais, regionais, nacionais e internacionais; III – positiva contribuição na elaboração dos planos municipais e estaduais de turismo; IV - domínio das técnicas indispensáveis ao planejamento e à operacionalização do Inventário Turístico, detectando áreas de novos negócios e de novos campos turísticos e de permutas culturais; V - domínio e técnicas de planejamento e operacionalização de estudos de viabilidade econômico- financeira para os empreendimentos e projetos turísticos; VI - adequada aplicação da legislação pertinente; VII - planejamento e execução de projetos e programas estratégicos relacionados com empreendimentos turísticos e seu gerenciamento; VIII – intervenção positiva no mercado turístico com sua inserção em espaços novos, emergentes ou inventariados; IX – classificação, sobre critérios prévios e adequados, de estabelecimentos prestadores de serviços turísticos, incluindo meios de hospedagens, transportadoras, agências de turismo, empresas promotoras de eventos e outras áreas, postas com segurança à disposição do mercado turístico e de sua expansão; X - domínios de técnicas relacionadas com a seleção e avaliação de informações geográficas, históricas, artísticas, esportivas, recreativas e de entretenimento, folclóricas, artesanais, gastronômicas, religiosas, políticas e outros traços culturais, como diversas formas de manifestação da comunidade humana; XI - domínio de métodos e técnicas indispensáveis ao estudo dos diferentes mercados turísticos, identificando os prioritários, inclusive para efeito de oferta adequada a cada perfil do turista ; XII - comunicação interpessoal, intercultural e expressão correta e precisa sobre aspectos técnicos específicos e da interpretação da realidade das organizações e dos traços culturais de cada comunidade ou segmento social; XIII - utilização de recursos turísticos como forma de educar, orientar, assessorar, planejar e administrar a satisfação das necessidades dos turistas e das empresas, instituições públicas ou privadas, e dos demais segmentos populacionais; XIV - domínio de diferentes idiomas que ensejem a satisfação do turista em sua intervenção nos traços culturais de uma comunidade ainda não conhecida; XV - habilidade no manejo com a informática e com outros recursos tecnológicos; XVI – integração nas ações de equipes interdisciplinares e multidisciplinares, interagindo criativamente face aos diferentes contextos organizacionais e sociais;
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XVII - compreensão da complexidade do mundo globalizado e das sociedades pós-industriais, onde os setores de turismo e entretenimento encontram ambientes propícios para se desenvolverem; XVIII - profunda vivência e conhecimento das relações humanas, de relações públicas, das articulações interpessoais, com posturas estratégicas do êxito de qualquer evento turístico; XIX - conhecimentos específicos e adequado desempenho técnico-profissional, com humanismo, simplicidade, segurança, empatia e ética.
Art. 5º. Os cursos de graduação em Turismo deverão contemplar, em seus projetos pedagógicos e em sua organização curricular, os seguintes campos interligados de formação: I – Conteúdos Básicos: estudos relacionados com os aspectos sociológicos, antropológicos, históricos, filosóficos, geográficos, culturais e artísticos, que conformam as sociedades e suas diferentes culturas; II – Conteúdos Específicos: estudos relacionados com a Teoria Geral do Turismo, Teoria da Informação e da Comunicação, estabelecendo ainda as relações do turismo com a administração, o direito, a economia, a estatística e a contabilidade, além do domínio de, pelo menos, uma língua estrangeira; III – Conteúdos Teórico-Práticos: estudos localizados nos respectivos espaços de fluxo turístico, compreendendo visitas técnicas, inventário turístico, laboratórios de aprendizagem e de estágios.
Art. 6º A organização curricular do curso de graduação em Turismo estabelecerá expressamente as condições para a sua efetiva conclusão e integralização curricular, de acordo com os seguintes regimes acadêmicos que as Instituições de Ensino Superior adotarem: regime seriado anual; regime seriado semestral; sistema de créditos com matrícula por disciplina ou por módulos acadêmicos, com a adoção de pré-requisitos, atendido o disposto nesta Resolução.
Art. 7º. O Estágio Curricular Supervisionado é um componente curricular obrigatório, indispensável à consolidação dos desempenhos profissionais desejados, inerentes ao perfil do formando, devendo cada instituição, por seus colegiados superiores acadêmicos, aprovar o respectivo regulamento de estágio, com suas diferentes modalidades de operacionalização. § 1º. O estágio de que trata este artigo poderá ser realizado na própria instituição de ensino, mediante laboratórios especializados, sem prejuízo das atividades de campo, nos diversos espaços onde possam ser inventariados e coligidos traços significativos do acervo turístico, segundo as diferentes áreas ocupacionais de que trata o § 2º do art. 2º desta Resolução, abrangendo as diversas ações teórico-práticas, desde que seja estruturado e operacionalizado de acordo com a regulamentação própria prevista no caput deste artigo. § 2º. As atividades de estágio poderão ser reprogramadas e reorientadas de acordo com os resultados teórico-práticos gradualmente revelados pelo aluno, até que os responsáveis pelo estágio curricular possam considerá-lo concluído, resguardando, como padrão de qualidade, os domínios indispensáveis ao exercício da profissão.
Art. 8º. As Atividades Complementares são componentes curriculares que possibilitam o reconhecimento, por avaliação, de habilidades, conhecimentos e competências do aluno, inclusive adquiridas fora do ambiente escolar, abrangendo a prática de estudos e atividades independentes, transversais, opcionais, de interdisciplinaridade, especialmente nas relações com o mundo do trabalho, com as peculiaridades das diversas áreas ocupacionais que integram os segmentos do mercado do turismo, bem assim com as ações culturais de extensão junto à comunidade.
Parágrafo único. As Atividades Complementares se constituem componentes curriculares enriquecedores e implementadores do próprio perfil do formando, sem que se confundam com estágio curricular supervisionado.
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Art. 9º. O Trabalho de Conclusão de Curso – TCC é um componente curricular opcional da instituição que, se o adotar, poderá ser desenvolvido nas modalidades de monografia, projeto de iniciação científica ou projetos de atividades centrados em áreas teórico-práticas e de formação profissional relacionadas com o curso, na forma disposta em regulamento próprio.
Parágrafo único. Optando a Instituição por incluir, no currículo do curso de graduação em Turismo, Trabalho de Conclusão de Curso – TCC, nas modalidades referidas no caput deste artigo, deverá emitir regulamentação própria, aprovada pelo seu Conselho Superior Acadêmico, contendo, obrigatoriamente, critérios, procedimentos e mecanismos de avaliação, além das diretrizes técnicas relacionadas com a sua elaboração.
Art. 10. As instituições de ensino superior deverão adotar formas específicas e alternativas de avaliação, internas e externas, sistemáticas, envolvendo todos quantos se contenham no processo do curso, observados os aspectos considerados fundamentais para a identificação do perfil do formando.
Parágrafo único. Os planos de ensino, a serem fornecidos aos alunos antes do início do período letivo, deverão conter, além dos conteúdos e das atividades, a metodologia do processo de ensino-aprendizagem, os critérios de avaliação a que serão submetidos e a bibliografia básica.
Art. 11. A duração do curso de graduação em Turismo será estabelecida em Resolução específica da Câmara de Educação Superior.
Art. 12. Tratando-se de curso de graduação, licenciatura plena, destinada a formação de docentes para atuação na educação básica, os projetos pedagógicos observarão as Diretrizes Curriculares Nacionais próprias.
Art. 13. Esta Resolução entrará em vigor na data de sua publicação, revogadas as disposições em contrário.
Fonte: <http//www.mec.gov.br/cne/diretrizes.shtm#Turismo
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9. APÊNDICES
APÊNDICE 1
UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA MARIA PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM GEOGRAFIA E GEOCIÊNCIAS MESTRADO EM GEOGRAFIA
Caro (a) Coordenador (a) do Curso de Turismo, Prof. FULANO DE TAL
Venho por meio desta apresentar-lhe Dione Rossi Farias, do Programa de Pós-
Graduação em Geociências e Geografia da Universidade Federal de Santa Maria, aluna do
Mestrado em Geografia. A mestranda está realizando uma pesquisa acerca das disciplinas de
Geografia, ministradas nos Cursos de Turismo – Bacharelado – do Estado do Rio Grande do
Sul, cuja Dissertação intitula-se “Reflexões sobre o Ensino de Geografia no Currículo dos
Cursos de Graduação em Turismo”.
Em um primeiro momento, para que se realize a metodologia de análise de conteúdo a
que se propõe a dissertação, lhe informamos, novamente, ser de suma importância que se
tenha em mãos o Plano de Ensino da(s) disciplina(s) do atual currículo, o qual trabalha com o
conteúdo referente à Geografia. Posteriormente, no decorrer dos resultados, poderá haver a
necessidade de estabelecermos um novo contato para coleta de outros materiais
complementares.
Ressaltamos que esta pesquisa não pretende julgar os conteúdos trabalhados em sua
instituição acadêmica, somente realizar uma discussão e um levantamento sobre tais
disciplinas, considerando o Estado do RS, pretendendo, com isso, acrescentar informações
úteis à comunidade do Turismo. A pesquisadora aguarda contato com Vossa Senhoria para
receber o resultado deste pedido via endereço eletrônico: [email protected], ou se
preferir, via telefone: (55) 9918 1599. Quaisquer dúvidas, estamos à disposição e contamos
com sua compreensão.
Atenciosamente, ______________________________________________
Prof. Dr. Waterloo Pereira Filho – Orientador
______________________________________________
Dione Rossi Farias – Mestranda – Matrícula: 2460617
Santa Maria, 18 de outubro de 2005.
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APÊNDICE 2
As unidades de contexto sofrem novo desmembramento que pode ser visto no Quadro 23:
CATEGORIAS TEMÁTICAS UNIDADES DE CONTEXTO DESMEMBRADAS
1. Cartografia
1. Cartografia e Turismo: mapas: emprego conceitos elementos mapas temáticos: turísticos regionais 2. Cartografia: cartas: leitura mapas: mapeamento de roteiros 3. Representações Gráficas e Espaciais: mapas: classificações tipos elementos leitura interpretação análise mapa base elaboração mapas turísticos fonte de dados 4. Instrumentos Cartográficos: aplicações: turismo cartografia: noções coordenadas geográficas escala projeções cartográficas fusos horários mapas temáticos: leitura interpretação bússola GPS usos 5. Cartografia: escalas: noções tipos cálculos
Quadro 21 – Documentos recortados em unidades de contexto desmembradas, com respectivas categorias temáticas.
Fonte: elaborado pela autora.
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1. Cartografia
mapas temáticos: elaboração mapeamento leitura interpretação 6.Cartografia e Turismo: espacialidade: fusos horários noções: escala projeções cartográficas confecção de folder 7. Cartografia: introdução mapas temáticos 8. Cartografia: noções básicas coordenadas geográficas: noções mapas: leitura interpretação escala cartografia turística 9. Cartografia: noções 10. Cartografia: representações: gráficas espaciais cartográficas: elaboração: turismo mapas: tipos classificação elementos leitura interpretação roteiros turísticos GPS SIG noções fuso horário
2. Espaço Geográfico
1. Espaço: uso representação domínio morfoclimático 2. Espaços Públicos: usos abusos
Quadro 21 – Documentos recortados em unidades de contexto desmembradas, com respectivas categorias
temáticas. Fonte: elaborado pela autora.
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2. Espaço Geográfico
3. Espaço Geográfico Natural: espaço natural: clima: turismo
fatores elementos
ecossistemas: características recursos hídricos recursos naturais potencialidades turísticas
4. Organização do Espaço Mundial: continentes: países: aspectos econômicos
aspectos políticos indicadores sociais
paisagens: valores 5. Espaço: espaço geográfico: importância atrativos turísticos 6. Espaço: noções orientação agentes da dinâmica: interna
externa crosta terrestre: formas
origem clima: fenômenos hidrosfera paisagens 7. Espaço Geográfico: desequilíbrios: países: centrais
periféricos áreas de tensão: turismo dinâmicas: sociais
econômicas políticas
culturais
Quadro 21 – Documentos recortados em unidades de contexto desmembradas, com respectivas categorias temáticas.
Fonte: elaborado pela autora.
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2. Espaço Geográfico
8. Espaço: planejamento turístico: conceitos
características território: infra-estrutura condicionamento turismo: impactos: zona urbana arquitetura ecologia espaço urbano espaço rural transformações
zonas terrestres: deslocamento turístico
3. Brasil
1. Geografia do Brasil e o Turismo: Brasil: localização
situação relações com o turismo natureza parques naturais reservas naturais
região: conceito processo de regionalização território: ocupação
espaço urbano espaço rural formação
paisagens turísticas 2. Brasil: turismo: pólos: localização
potenciais atrativos naturais contexto internacional fluxos
população urbanização formação territorial industria meio ambiente espaço agrário organização política 3. Geografia do Brasil: aspectos: sociais
econômicos naturais
regiões brasileiras espaço brasileiro: potencial turístico: local
regional mundial
Quadro 21 – Documentos recortados em unidades de contexto desmembradas, com respectivas categorias temáticas.
Fonte: elaborado pela autora.
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3. Brasil
4. Brasil: ocupação territorial sociedade: colonial política
imperialista economia republicana cultura
litoral 5. Brasil: organização territorial: espaço turístico: aspectos essenciais
regiões: potencialidades turísticas extensão posição astronômica fusos horários
aspectos naturais: vegetação
drenagem relevo clima
aspectos humanos: vida humana aspectos econômicos: atividades econômicas 6. Brasil: território: fronteiras
divisão política aspectos naturais regiões: características 7. Brasil: aspectos sociais aspectos econômicos aspectos naturais regiões espaço: potencial turístico
4. Aspectos Físicos da Geografia
1. Geografia Física: paisagens naturais 2. Elementos Físicos e Naturais: espaço: conceito paisagem: conceito formação elementos físicos e naturais: recursos hídricos formas de relevo clima: fatores elementos turismo: paisagem turística: formação patrimônio natural inventário: oferta
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temáticas. Fonte: elaborado pela autora.
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4. Aspectos Físicos da Geografia
3. Evolução da Terra: estrutura da Terra deriva continental tectônica de placas relevo: formas geomorfologia paisagem: valores naturais 4. Aspectos Físico-Geográficos: tectônica de placas: dinâmicas turismo paleoclima hidrografia: potencialidades turísticas Vegetação: diversidade 5. Geologia Geral: histórico evolução: conhecimento geológico rochas: estrutura formação intemperismo minerais escala geológica do tempo 6. Geomorfologia: dinâmicas: biológicas inter-relações geográficas solo clima inter-relação biota geomorfologia: conceito
5. Geografia para o Turismo
1. Turismo: aspectos geográficos: relação importância sustentabilidade 2. Geografia como Base para o Turismo: atividade turística: desenvolvimento espaço geográfico: potencial diagnóstico atrativos roteiros textos informação mapas organização
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Fonte: elaborado pela autora.
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5. Geografia para o Turismo
3. Geografia no Turismo: importância 4. Turismo: educação meio ambiente espaços urbanos: lazer arqueologia 5. Geografia, Planejamento e Desenvolvimento da Atividade Turística: espaço turístico: potencialidades turísticas atrativos turísticos urbano rural ecoturismo Rio Grande do Sul desenvolvimento local impacto ambiental geografia e turismo: relação
6. Rio Grande do Sul
1. Geografia do RS e o Turismo: RS: localização situação metrópole regional: Porto Alegre a natureza origens étnicas ocupação movimento democrático espaço urbano espaço rural turismo 2. RS: turismo: pólos: localização roteiros produtos potenciais: locais regionais aspectos: físicos sociais econômicos correntes migratórias colonização 3. RS: faixas geofísicas
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Fonte: elaborado pela autora.
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6. Rio Grande do Sul
4. RS: localização geográfica limites fronteiras aspectos econômicos aspectos humanos: atividades geografia física: unidades morfoestruturais clima vegetação hidrografia 5. RS: região geografia: noções básicas
7. Globalização
1. Globalização: ordem mundial 2. Globalização: nova ordem mundial fragmentação meio técnico-científico-informacional espaço mundial: organização: turismo 3. Globalização: geopolítica
8. Região
1. Blocos Regionais: divisão contrastes 2. Regionalização: economias regionais: integração 3. Regiões: diversidades: abordagem caracterização
9. Continentes
1. Continentes: divisão características etnias 2. América Latina: aspectos sociais aspectos econômicos aspectos naturais
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temáticas. Fonte: elaborado pela autora.
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10. Meio Ambiente
1. Meio Ambiente: desenvolvimento problemas 2. Biogeografia: conceito regiões
11. Geografia
1. Geografia: geografia do turismo geografia econômica aspectos geografia cultural geografia humana aspectos naturais 2. Introdução a Geografia: espaço geográfico geografia: métodos técnicas
12. Paisagem 1. Paisagem: valores paisagem valorizada
13. Aspectos Humanos da Geografia
1. Aspectos Humano-Geográficos: ação humana: turismo população: turismo dinâmicas heterogeneidades
14. Território
1.Territorialidades: organização fronteiras natureza história modernidade
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temáticas. Fonte: elaborado pela autora.