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Felipe Gregório Castelo Branco Alves
“Uma linguagem, um sentido-NATUREZA”,
uma imagem, um fazer – ARTE.
Uma união, Contemplação.”“.
Trabalho apresentado como conclusão do curso de
bacharelado em artes plásticas, sobre a orientação do Prfº
Antônio Valentim Lino.
2005
3
Em especial à minha família e
meus amigos. Ao amigo e mestre
LINO, e todos aqueles que me
ajudaram, pois as palavras não
traduzem o meu tamanho
agradecimento.
4
ÍNDICE:
Introdução
Caminho/Iniciação
Memórias do olhar
Á jornada.
Da pesquisa...
Do material...
Da simbologia...
Trabalho final
Conclusão
Bibliografia Geral.
5
“_Não só dominar à vida na pràtica, uma visão de mundo se
transformará por si mesma, à direção da pista mais clara a ser seguida não
depende apenas da vontade”,
Parte da intuição da regularidade, expandir até que o horizonte do
pensamento se articule e a complicação se ordene automaticamente de acordo
com tal articulação tornando-se simples.”“.
(Paul Klee)
6
“Do desenho a pintura, sobre gestos e impressões.
Matéria e Materiais”.
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Um certo começo...
Alguns trabalhos de pintura do início do curso eram dotados de uma carga gestual
expressionista, com muitas cores e manchas que originavam uma estrutura, á composição
do desenho.Á necessidade de existir uma figura já existia, sendo ela clara ou inerente ao
tema, eram configurados de forma intuitiva onde prevalecia á cor, e figuras abstratas como
símbolos que eram representados em fragmentos.
Á busca ou o caminho para estas pinturas se desdobrou em algumas técnicas e uso
de matérias como: esmalte sintético e látex sobre madeira. O contato e a forma de praticar
estas pinturas eram algumas vezes num estado de satisfação da técnica, ou seja: me
confortava ver ali manchas que derivavam de gestos rápidos (influências –expressionismo
Abstrato).O processo do desenho gestual era decorrente da técnica, e do suporte
ocasionando assim em diversos resultados, (relacionando os materiais e os suportes: como
brilho, decorrente da tinta sintética de acabamento mais rápido, e um esfacelamento em
virtude do uso de uma tinta menos brilhosa como o látex que valorizava a madeira e o
desenho de grafite integral, onde comecei á procurar perceber mais a importância e
significados da matéria prima.).
Corpo dos Sons, esmalte sintético d/madeira. 160cm x 055cm.2003
8
Em seguida á estas primeiras descobertas, meus desenhos e pinturas partiam sempre
da prática (do agora), não era necessário fazer um esboço; á prática direta me contentava,
pois não sabia por onde começar, e o resultado era sempre uma surpresa.
Estes desenhos surgiram com á mesma voracidade das primeiras experiências de
pintura sobre madeira (retangular).Os desenhos eram organizados por traços simples, e
direcionado por formas rígidas, orgânicas e geométricas, dialogando com uma linguagem
que reflete entre figuração e abstração; e uma identificação primitiva como interesse por
materiais que remetem esta necessidade dos meios e suportes, como síntese de um trabalho
de arte.
Essa leitura, e estas referências de identificação passaram á ser importante para
meus desenhos/pinturas, que espontaneamente foram adicionadas por esta linguagem e
valores em que aprecio.
A princípio não existia uma ligação entre a imagem e uma narrativa, os desenhos
surgiram livremente; a preocupação e a direção do trabalho eram com o espaço, o
preenchimento e sobreposição de linhas que se uniam numa ordem, distribuindo as cores e
definindo qual signo-desenho queria enfatizar. Assim uma série de dez desenhos e guaches
foram feitos e fui percebendo a necessidade de um esvaziamento da imagem; comecei
então á observar cada detalhe que aparecia freqüentemente na construção dos desenhos.
9
Série Quadriculados.Guache s/papel. 2003
Alguns pensamentos se tornaram mais claros sobre a maneira como desenhava,
relacionando ornamentos, e grafismos como aspectos principais do meu trabalho
identificando nestes ou buscando a mesma percepção e referência étnica ancestral.
Sem título.Guache s/ papel craft. 2003
10
Licata.tavole a colori. 1975
Neste ponto, os desenhos foram ampliados
numa série de dez pinturas sobre algodão cru, daí numa
outra escala, os desenhos começaram á se tornar mais
definidos criando relações entre si, na sua estruturação,
composição e simetria; e ainda mais relações com um
tema decorrente do próprio processo do fazer e
experimentar arte.Este processo para mim se
fundamenta nesta mesma concepção primitiva de
perceber á arte em sua totalidade, no valor simbólico e
preciso á cada gesto e no valor que está intrínseco em
como realizar o trabalho.
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1
Grafismo1-Seguimento.Urucum s/ tecido 170cm x 060cm - 2003
12
2
Grafismo-2Dualidade.Urucum s/ tecido. 170cm x 065cm. 2003
Grafismo-3 Brujo. Urucum s/ tecido. 170cm x 055cm. 2003
13
Grafismo-4. Caballero.Urucum s/ tecido. 160cm x 050cm.2003
Grafismo-5. Vestimenta.Urucum s/ tecido. 160cm x 055cm.2003
14
.Tendo encontrado um “motivo”, material e linguagem; descobri uma base por onde
começar a pensar sobre o próprio trabalho. Essas pinturas foram fundamentais no processo
de descoberta do meu fazer-arte, e como também de mim mesmo.
Comecei então, a relacionar esses desenhos/ grafismos numa significação pessoal de
entendimento e diálogo com o próprio trabalho. Da mesma maneira como já experimentava
fazer pintura com outros materiais e associações, também com estes a maneira de pensar o
espaço da pintura era a mesma, só que o que ressaltava aos meus olhos era o motivo pela
qual organizava esses desenhos, pelo qual contemplava–os depois de prontos, buscando um
entendimento que, ao intitula-los, fui associando imagem (“como o motivo que sustenta o
trabalho”), e a técnica (“como o material que conduz ao tema”), que faz parte do estudo
onde procuro pensar e refletir a procura por uma linguagem, uma identidade pictórica...
Imagens que somam um processo de passagem, considero que são signos de um tempo;
lembranças e memória arquetípica remetem a uma pintura AFRO-INDÍGENA-
BRASILEIRA. Usei este termo, pois é onde mais me identifico:ritos, músicas e
ancestralidade africana. Um povo, uma tribo e cores indígenas.Um traço, uma marca e uma
raiz Brasileira.
Roda do tempo.
Carburundum s/ tecido.03
Comfirmeação
Carburundum s/ tecido 03
Estrela
Carburundum s/ tecido.03
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Memórias do Olhar:
Num paralelo á pintura, sempre apreciei á fotografia antes mesmo da
faculdade.Mas foi graças às pinturas e minha relação e atração pelos materiais naturais que
comecei utilizar deste artifício, como complemento que dialogam com minha pesquisa em
pintura. Caminhava em algumas viagens sempre com uma máquina fotográfica nas mãos,
esperando algo que me levasse á realizar uma ação; como uma pintura ou desenho. Pois o
que buscava quando interferia de certa maneira na ordem das coisas era perceber as
relações do que estava á meu alcance, meu redor e o que gostaria de fazer enquanto
imagem fotográfica que pudesse refletir sobre á ação do tempo, dos materiais naturais sobre
o conceito e associações dos materiais distintos, e á ordem das coisas que modifiquei
criando paralelos com o que estaria lá.
Laranjeiras, Rio de janeiro (praia do sono).
2003
S.Paulo, Ubatuba (praia brava).
2004
Essas fotografias fazem parte de minha formação, pois pensando sobre á fotografia:
A imagem determina um pensamento que na ação no processo da foto é capaz de formatar
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algo á mais, que se trata do fotógrafo; pois ele é o filtro da imagem até chegar ao
observador.
S.Paulo, Ubatuba (praia brava)2004.
Assim o intuito de fotografar implica o próprio “olhar”, que conduz ao gesto por
uma reação introspectiva, que busco transmitir por imagens e pensar não só na luz, mais na
elaboração da imagem (sentido) de um lugar, e um direcionamento temático, onde apenas
um recorte pudesse dar conta do que se trata, para assim também o observador fazer parte
do trabalho.Passos largos ou estreitos formam um caminho que conduz o olhar, sensível ou
não, às informações que estão ao redor.Não há dúvida para mim que o olhar de cada um
prevalece sobre o artifício automático.
17
.
. Laranjeiras,Rio de Janeiro.(sono).2003
São Paulo,Ubatuba.(conchas).2003
18
.
. São Paulo.(parque água branca.2005
19
S.Paulo, interior.(Jales). 2003
S.Paulo.(parque água branca). 2005
Também tendo a oportunidade de entrar em contato com alguns artistas específicos
da Land-art, e alguns trabalhos referentes à arte póvera; dois artistas cujos trabalhos
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aprecio são referências deste tipo de trabalho artístico voltado para apreciação da Natureza
como um todo.
Um deles é Andy Goldsworthy; um artista com quem me identifico pelo
pensamento artístico; em um comentário seu: “Agrada-me a liberdade de utilizar apenas as
minhas mãos e descobrir as ferramentas, uma pedra aguçada, o eixo de uma pedra,
espinhos. Eu aproveito a oportunidade que cada novo dia me oferece: está-se a nevar
trabalho com a neve, no outono com as folhas, uma árvore caída é uma fonte de pequenos
galhos e ramos. Detenho-me num local ou escolho determinado material porque sinto que
está ali alguma coisa para descobrir. Aqui é onde poderei aprender “. (GOLDSWORTHY,
ANDY-1987 pg.1).
Brokenpebles, scratched White with another stone.1985
21
Em seus trabalhos, a fotografia aparece como parte integrante da obra. As relações
existentes entre o observador e a fotografia são intermediárias a um processo de caráter
apreciativo, oferecendo ao observador uma visualização atemporal do espaço em
transformação.O observador, ao contemplar um trabalho da Land-art , fica na dúvida se
realmente o que ele está olhando corresponde ás mudanças possíveis no ambiente.
Paralelo à obra de Andy Goldsworthy, outro artista de grande contribuição para a
história da arte é Robert Smithson, com a obra Spiral Jetty.Aspectos em comum e também
a própria natureza como matéria prima, dão sentido às suas obras.
Robert Smithson.Spiral Jetty, -Quebra-mar espiral.Utah(1970)
Estes são pontos convergentes que se separam quando analisamos o processo de
cada artista.No caso de Smithson, que interfere num espaço natural, modificando a
concepção e a estrutura do local.Mas que se observarmos pela própria realização da obra,
os pontos que deram partida a este trabalho, que tem raízes na história do lago, as origens e
os fenômenos do local.O artista se apropria de um espaço na sua total
concepção.Novamente apenas o que difere é o papel do artista, como se coloca e interioriza
o ambiente natural. Um na simples redundância micro das formas, outro macro como
processo e pensamento da obra.Andy Goldsworth se apropria destes elementos criando um
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vocabulário único, próprio á Land-art, pois também interfere na natureza, quando se
posiciona e cria uma configuração própria.
As relações entre estes artistas com a fotografia, ocorrem de maneiras específicas:
no caso de Goldsworthy sendo importante como registro e fundamental como obra
fotográfica.Para Smithson além de ser integrante á sua obra (como apreciação), é também a
maneira pelo qual o artista projeta e mapeia os locais para futuras intervenções.
Esses artistas que estão envolvidos diretamente com um espaço aberto, ou melhor,
dizendo, em seu espaço de construção e reflexão de uma nova conduta para a arte, nos
mostram de maneira muito especial e inovadora o que é arte.Num sentido da arte ser uma
contribuição do artista que enxerga além de sua auto-realização uma forma primária de
interagir e fazer parte das experiências que envolvem o ser na sua completa e vasta
sensibilização de natureza física e emocional.
Que diz respeito em como o indivíduo “artista” concebe estas grandezas, a arte e a
natureza, como causa primeira antes de qualquer categoria que represente tais
manifestações.
23
Aquarela: A mais sucinta e amorosa das artes.
Perceber o desenho e pensar com o desenho é tarefa que cabe a todos que se
dedicam á esta jornada...
Pela aquarela me reconheci na linha e manchas, num estado de apreciação e
entendimento da técnica.Que se absorve quando se a tem como aliada.Pude perceber o que
muitos já perceberam, quando se pensa na disciplina como o principal fator que dá origem á
um trabalho de artes.
Casulo/transformação
2004
Fogo Interior
2004
24
Graduação
2004
Navegador
2004
Sem Título
2004
Caçador
2004
E pude aprender com maestria de quem vivencia isto, que é como valorizar cada
parte de um trabalho sendo componente de inúmeros aprendizados.
25
Além da técnica que é mérito de muitos anos de estudo (não no meu caso), o que
mais me impressionou como ferramenta de trabalho foi o pincel oriental, e todo
pensamento que está em como conceber tal prática.Refiro-me em como praticar, pensar seu
gesto, cor, espaço, ao mesmo tempo em que se traça uma linha, pois cada cor quando é
lançada na superfície do papel tornam-se importante para a pintura.
Pescador
2004
Mateiro
2004
Esta prática me abriu outras formas de compreender o desenho, partindo da
figuração para a abstração sem perder o próprio traço, considero isto a etapa mais
empolgante da descoberta em aquarela, com a escrita oriental que exige todo um
conhecimento e um respeito nesta prática que é herança desta cultura.
26
Fig(01)
Fig(02
Olhando para estes desenhos, que é a parte mais difícil do aprendizado em arte, pois
é rever e ver se o que está feito, corresponde ao processo do fazer.É igualmente importante
para mim a correspondência de outros olhares sobre esta apreciação.
.
. 01- Sinal./ 2004
02- Mastro e Caracol/2004
27
.
. Mensageiro / 2004
28
Assim:
1ª) etapa: À Cor Intuitiva, a escolha da primeira cor, me parece que direciona todo
o trabalho; o primeiro espaço preenchido e as primeiras formas irão organizar ás seguintes
cores.É só então quando começo a definir o desenho.
2ª) etapa: À Cor predominante consecutiva é variante tonal da primeira cor que
uso, como sobreposição, no desenho, quando se define a figura. Pois cada traço sobreposto
sobre outra cor corresponde à parte da figura principal.
3ª) etapa: Manchas, Nuances e formas inesperadas como finalização, e harmonia
do desenho.E todo um movimento de composição do espaço á própria cor.
29
“Uma linguagem, um sentido... NATUREZA
Uma Imagem, um fazer ARTE,
Uma união,
C o n t e m p l a ç ã o .”
A realização e conclusão deste trabalho, bem como as pesquisas e referências que
contribuíram para este processo enriquecedor de descobertas, integram e definem uma linha
de pensamento referente ao meu trabalho artístico.
De forma que utilizo materiais naturais e incorporo-os num sentido de apreciação
artística, integrando e interpretando os diálogos entre desenho e pintura, na construção e
elaboração desta linguagem.
Para mim, é neste espaço que percebo as relações que busco num trabalho de artes.
Relações nas quais procuro perceber e valorizar o mesmo fazer de etnias primitivas.O
encontro entre arte e artesanato, o valor das pequenas coisas como os materiais degenerados
pela natureza, buscando nestas formas e cores, uma manifestação de beleza e um conforto
para o olhar.
Desenvolvo e pesquiso sobre possibilidades de suportes e pigmentos extraídos da
natureza, esta pesquisa é associada a uma reflexão artística, incorporando os grafismos das
culturas afro-indígena-brasileira, Busco assim às possibilidades de uma produção ligada a
uma prática e manifestação artística resgatando nossa memória arquetípica.
Então á linguagem é a natureza, sua imagem no seu ensinamento macro e micro-
cosmos. Sendo a arte como imagem do fazer. Como os significados e simbologias artísticas
dos povos, ditos primitivos.
A união é o estado de agir e contemplar nesta harmonia, a arte como algo que seja
verdadeiro e produtivo.
É ainda neste espaço que percebo a funcionalidade da arte, que seja ao menos na sua
apreciação estética.
30
.
. Peixe, Coruja e Beija-Flor.Encáustica s/ madeira entalhada. 160cm x 055cm.2005
Alicerce-2 Intuição.Encáustica s/ madeira entalhada. 160cm x 055cm.2005
Menino e Maracá.Encáustica s/ madeira entalhada. 160cm x 055cm.2005
31
DO MATERIAL:
O Contato com um determinado material, as escolhas e relações que possam servir
de base para uma pesquisa no trabalho artístico, exige um determinado cuidado; que vai de
encontro ao resultado plástico.
Numa visão contemporânea que desse ponto de vista, possibilita a procura de novos
meios de expressão, me faz buscar razões pelas quais utilizo estes materiais naturais.
Primeiramente penso na beleza, (deste material, da casca de bambu) que é uma
matéria rígida, de cor dourada, com variações tonais existentes do seu próprio tempo, e das
variações climáticas exteriores. A casca é uma película que envolve o bambu, na sua parte
exterior, sua simplicidade e elegância, conduzem a um estado de encantamento e
aprimoramento do olhar.
Neste momento, é que me pergunto sobre a arte, especificamente com meu trabalho,
pois utilizando materiais naturais como suporte para a pintura, além das questões formais
evidentes na escolha (romper com suportes tradicionais, relações com a arte póvera), penso
nas formas (materiais naturais), cor-pigmento, como algo que está ao nosso alcance,
segundo Andy Godswoorthy, mas que acabamos por não perceber. Por estarmos
condicionados a rotulações e modelos que nos são impostos, como os valores de
determinadas culturas, deixamos de perceber o que estas belezas orgânicas, simples e puras,
nos oferecem.
Quando se pode escolher, no caso da arte, ou optar por um determinado estilo, o que
determina as qualidades de um trabalho, o que torna um trabalho importante, é o motivo,
sua função e lugar específico.
Essa escolha por elementos orgânicos que já cumpriram seu tempo de vida é
também um resgate e uma procura por uma arte, um fazer artesanal; buscando neste estado
contemplativo de trabalho; uma manifestação da beleza, num entendimento do material e
agir com ele. “O que se pode definir igualmente como natureza destas coisas o seu
32
substrato ou sua matéria prima; ou ainda a sua “forma” a qual é mais natureza do que
matéria. A natureza entendida como geração, é uma via para a verdadeira natureza...
efetivamente aquilo que nasce, porquanto nasce, e vai de qualquer coisa para qualquer
coisa...” (CASINI, PAOLO-1987. Pg.42) Que de certa forma é também valorizar e ir de
encontro ao mesmo pensamento de origem “primitiva”, o primeiro contato, á descoberta; o
contato e o respeito que os povos étnicos exprimiam em sua arte.Ou seja: o aspecto
ornamental, artesanal e funcional que une e faz desta expressão tão complexa e requintada.
Da mesma forma como me interessava encontrar um suporte, um chão, uma base
para pintura, que sintetizasse estas características orgânicas e naturais, igualmente, busco
uma estética e valor primitivo de concepção e execução artística; que com a casca de
bambu pude encontrar a primeira porta do sentido-arte; partindo de suas características
próprias para conduzir o trabalho.
Também era importante o conjunto ser igualmente orgânico, com utilização da
encáustica: cera de abelha, cera de carnaúba, terebentina, resina damar e pigmento natural:
(urucum vermelho alaranjado), carvão (preto) e açafrão (amarelo). O resultado foi muito
satisfatório considerando sobre diversas possibilidades em cada trabalho, onde buscava
sobreposições e preparo de tinta, tonalidades em conseqüência do próprio material, sendo o
suporte de maneira diferente ao anterior.
Por ser adequada para suportes rígidos, á encáustica aplicada sobre a casca de
bambu, exerce um certo equilíbrio; um contrapeso entre a leveza da casca com á matéria
pastosa da encáustica. Em determinados pontos da matéria menos rígida, depois de alguns
dias, pela minha inexperiência com o material; estas pinceladas se descolaram, alterando a
pintura. O próprio aspecto de esfacelamento da pintura se relaciona e dialoga com o
suporte, alterando e transformando a leitura da obra. Considero fundamental a forma
(suporte), e a cor como elemento simbólico realçada pela qualidade da técnica, que me
fornecera um resultado enriquecedor: o brilho da cera de abelha e o brilho da casca.
33
De maneira Igualmente satisfatória, este processo se converte num resultado mais
rústico: percebe-se os aspectos do próprio material, sua tonalidade e sua forma, ambas
alteradas pela própria natureza. As pinceladas integram ao trabalho esta mesma
característica natural, isto se dá em como a pincelada deixa os rastros do pigmento,
lembrando meu primeiro encontro com o material, no seu lugar de origem, ainda manchado
pela terra e molhado pela chuva.
“Que a arte seja o revelador da natureza ao mesmo tempo em que se gera dentro
dela, é a idéia que pretendemos levar adiante: que a arte não seja uma forma de dominação
da natureza, mas uma imitação de seus gestos. Que a obra de arte possa elaborar a relação
entre natureza e cultura, mostrando a intimidade, a circularidade, o ciclo do eterno retorno,
da eterna devolução, do nascimento e da morte da natureza e da cultura como lados e uma
mesma e única realidade”.(http: //vanet. Com.br/users/to/jag-artenatureza. htm).
Raíz de urucum. carvão e pigmentos.2005
34
.
.
. Iguará mitã nhamandú. Encáustica s/ casca de bambu. 170cm x 100.2005
35
.
. AÊ .Encáustica s/ casca de bambu.210cm x 070cm.2005
36
.
. Galo Imperial.Encáustica s/ casca de bambu.
37
DA SIMBOLOGIA:
Como representação, desta simbologia, buscava um sentido que expresse algumas
reflexões sobre meu fazer artístico. As opções por materiais naturais como suportes e cores,
num processo artesanal natural, são referências que me levaram a buscar uma origem; seja
na arte, como no meu próprio processo de aprendizado.
Foi tentando entender um pouco, e apreciando as culturas ancestrais e os valores dos
povos antigos, e partindo no que acredito como essencial para o desenvolvimento de nossas
capacidades de aprimoramento artístico, que me decidi por este motivo. Que é dedicado a
estas preciosas manifestações: a pureza dos índios com suas crianças, a ingenuidade e
brandura dos povos africanos, em seus toques que expressam à celebração da vida; o
oriental semelhante ao vento calmo da paciência e resignação. Força de uma cultura
milenar. Como ocidental que sou, dizendo assim, pretendo honrar com estes trabalhos, o
valor de suas culturas, resgatando e demonstrando de alguma forma estes ensinamentos... a
mim, no que acredito como de mais importante, como nossas capacidades, faculdades em
aprimoramento; que parti para este “motivo” que já disse agora dedico e aprecio como ás
mais belas e preciosas manifestações.
38
. Assim...
Como suporte penso no chão, meu sustento.
á cama o berço...
Da terra, o alimento.
De aconchego,
Percebo-me
No sussurrar dos ventos.... o silêncio.
.
Na leveza, e sutileza.
do desabrochar á vida.
Como o sol à semeadura do fogo, o “amor”; quentura.
Ah. Mudança,
Oh. Esperança...
Das águas puras, fluidez... sensatez,
“Resgatando nossas” cascas ““.
Replantando em nossas almas
O brilho pequenino de matéria estelar...
A natureza e suas cores
Seu brilho de esplendores. Com sua forma e seus louvores. Do luar amanhecido
39
Como a pintura de cor vermelha, representa “o amor”, a celebração da
vida; a alegria de viver; também me identifico pensando como os índios
Wayana com suas pinturas corporais (urucum) “dos pés á cabeça, representam
a pele social, a própria humanidade pode ser entendida como uma obra em
aberto. Á pintura com pigmentos reforça ás representações encarnadas na
memória enquanto temporalidade possibilidade de mudanças, condição social
dos corpos e artefatos. Encerra ainda significados outros que ultrapassam, nos
objetos a contemplação estética do desenvolvimento tecnológico e funcional”
(VIDAL, LUX - 2000. pg.64).
Assim, as outras cores são: o amarelo (oriental), o preto (africano) e o
branco (ocidental) que é o próprio vazado recortado no suporte (casca de
bambu) dando visibilidade ao espaço real da parede branca.
A escolha das cores como representação das quatro raças humana, que
também entendo que uma “Unidade cultura que, é diferente de Unidade de
raças, pois acredito na individualidade de cada um, assim no que é existente
nas manifestações culturais em cada povo”. A obra de arte, por sua vez,
enquanto tentativa de interpretação e resposta a esses questionamentos
fundamentais da humanidade, a esses enigmas universais, tanto maior valor
terá quanto mais for reflexo da cultura a qual se encontra inserida, quanto mais
estiver vinculada ao seu meio social, ao seu contexto histórico específico,
quanto mais verdadeiramente expressar seu chão e o seu povo, ou, em síntese,
quanto mais nacional ela for “. (LIMA JÚNIOR. Carlos Newton de Souza.
1990. pg.76.)”.
Desta forma, buscar uma identidade pictórica, não é acreditar nesta no
sentido em que seja única e desprovida de singularidades. Pensando na arte
como reflexo das potencialidades e qualidades espirituais do ser humano, é
imprescindível que seja (a arte) exclusa, ou separada de quem á produz.
“Algo se liberta quando tudo se transforma”
40
Assim, também considero a arte como algo que paira sobre a humanidade, em cada
época como em cada homem de maneira específica, como uma forma de inconsciente
coletivo, nossos arquétipos, que aproximam significados, que unem ideais, e que talvez
justifiquem o fato de existirem coincidências.
“É essa a função primeira do arquétipo e do mito, ensinar-nos sobre nós mesmos,
sobre á condição humana, sobre nosso processo de vida, os mitos vindo em forma de
expressão daquilo que nos é incognoscível em si mesmo”.(CAMPBELL, JOSEPL. pg.54).
41
Rito de passagem, AUM-União dos povos, Motivo indígena,
Cantos de trabalho/Corpo Semente.
Optei por escrever sobre os trabalhos apresentados como conclusão do curso, pois
estes são a meu ver a síntese que resume da diversidade entre dez trabalhos executados
como processos de investigação em artes plásticas no período de outubro de 2005.
PROCESSOS DO FAZER:
(s e r – e s t a r – a g i r – c o p e r a r – s e r)
INDIVÍDUO-Na luz o clarão, do sentimento a ação – emissão e recepção à
declaração.
DECLARAÇÃO-A vontade se move sobre o relembrar, o desejo do bem
estar.determinar.
DETERMINAR-Fixar no fazer imaginar – comunicar.
COMUNICAR-Ao ser eu, sinto, estou; e agora sou.
O tempo e o espaço da criação são como fragmentos reluzentes no espaço que
conduz o pensamento á ação.Assim como nosso próprio tempo, em relação ao que está a
nossa volta, quando se pode pensar que o homem é a medida do universo; deve-se respeitar
nossa própria condição (nosso tempo interno).E foi assim de uma maneira inesperada que
parti mais adiante, e o universo conspirou á favor...
Numa necessidade básica, de segurança, e a firmeza que me faltava para entrar em
contato com meu processo interno artístico, posso dizer que concluí um ciclo.Assim
começo dizendo deste trabalho que representa este momento, esta mudança. “Rito de
passagem”.
42
.
. Rito de Passagem. Encáustica s/ casca de bambu. 190cm x 150cm.2005
43
Na descoberta do suporte, deste trabalho que ainda experimentava os vazados
(desenhos recortados). Este suporte para pintura remete com outros trabalhos á um animal.
Isto não era esperado, o que buscava era uma base orgânica volumosa que ressaltasse os
ornamentos equilibrados nas duas extremidades pelos cortes nas cascas de bambu. Mas esta
associação com o animal me forneceu uma amplitude maior quando penso nesta
visualidade do animal. (que deixo aqui em aberto para interpretações).
Em seguida, como pensando já neste trabalho para exposição final, os signos-
desenhos foram estruturados e dispostos de maneira que se representa a figura central de
um homem entre duas linhas verticais a cada lado. A pintura e a geometrização das
pinceladas deviam se integrar com a forma orgânica ao fundo. Esta já é outra associação
que aprecio neste trabalho, pois o suporte recortado também é desenho, assim como todos
elementos que ali estão.
Neste trabalho, encontram-se vazados de círculos acompanhados por uma meia lua,
valorizando e enfatizando a cor branca (aqui não discuto á possibilidade de ser cor ou
ausência de cor, mais a utilizo e denomino-a como cor para representar o homem branco.).
A maior potencialidade deste trabalho, em minha opinião, foi de tentar enfatizar e
definir uma narrativa expressada através dos elementos estruturados na composição; que
dizem sobre o ser humano.
Os desenhos são simplesmente grafismos, formas geométricas simples, pois busco á
simplicidade nas linhas e formas, e tento organizá-las num sentido conotativo referente ao
resultado do trabalho.
Assim, outro trabalho já pensando para uma série de três pinturas, automaticamente
foi levado ao entendimento do material, pois buscando ornar, requintar a forma do suporte
em outras associações, me esqueci de sua “forma pura”. Onde oito cascas apenas formam
um círculo em perfeito equilíbrio.
44
A Geometria, e os grafismos presentes nas mandalas e em outras simbologias,
mostram ou me fazem questionar e buscar mais sobre arte. Neste trabalho, como
representação, partindo do seu título: AUM-União dos povos pensei á princípio na união
sendo o mantra; o primeiro som. Também como êxtase e harmonia de paz entre os povos.
45
As cores são dispostas do centro para fora. Em seguida, alguns desenhos
distribuídos com formas de grafismos mais orgânicos, que utilizo, mais que não foram
projetados antes, foram se encaixando no espaço circular do trabalho.
Este trabalho integra a instalação que denominei: “Cantos de trabalho/Corpo
semente”, que comentarei mais adiante...
A pintura “Motivo indígena’’, tem este título em homenagem ao artista Vicente do
Rego Monteiro, que neste ano, estive em contato com seu trabalho. E pude perceber sua
importância, como desenhista, pesquisador, pintor, além de expoente da cultura indígena no
cenário artístico brasileiro e mundial.
Vicente do Rego Monteiro, 1922.
O “motivo” aqui, como em toda parte que me refiro, é à vontade, o fazer, o
“resgate”... a arte. Como nos outros trabalhos, sua base (casca de bambu) e a maneira de
dispor as cores eram diferentes. No rito de passagem, tem sua composição simétrica.
Busquei á princípio as qualidades do desenho, ponto, linha e forma... Na obra anterior
recoberta com pigmento em pó, já são outras preocupações com a superfície da pintura,
relacionada com o material.
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No trabalho Motivo indígena, o aspecto artesanal, vai de encontro à percepção da
matéria, lembrando as cestarias, vasos, e artefatos indígenas.
Sua representação é direta entre cor e forma. A forma é o triângulo, a unidade
distinta encontrada em infinitas associações, uma delas do mais alto nível e sublime, é
também o diagrama do homem: corpo mente e espírito. Assim, também foi importante
representar esta forma geométrica na cor natural do material.
A instalação Cantos de trabalho/Corpo semente foi uma maneira de apresentar o
resultado de uma pesquisa com música, devido ao meu interesse pela percussão rítmica e
hipnótica do tambor: os toques sagrados de várias culturas, que estão presentes em várias
celebrações e atividades da vida humana. Como os cantos de trabalho dos escravos, que
com músicas e palavras, cantassem com devoção e alegria para aliviar a carga pesada do
trabalho diário.
A gravação dos ruídos que compõem este trabalho derivam do som emitido pelo
pilão utilizado no preparo do pigmento com urucum. E da casca de bambu sendo recortada
com estilete.
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.
.
. Motivo Indígena.Encáustica s/ casca de bambu.210cm x 215cm.2005
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Sua representação é direta entre cor e forma, a forma é o triângulo; a unidade
distinta encontradas em infinitas associações, sendo do mais alto nível de “sublime”, é
também o diagrama do homem: Corpo mente e espírito. Assim também foi importante de
representar esta forma geométrica na cor natural do material; apresentando o valor artesanal
e as qualidades do material.
Cantos de trabalho/Corpo semente foi uma solução em apresentar uma pesquisa,
uma experiência com música em que devido ao meu interesse pela percussão rítmica e
hipnótica do tambor, os toques sagrados de várias culturas que se fundamenta em várias
celebrações e atividades humanas. É também de maneira muito tímida mais buscando
perceber a importância e o mesmo significado enraizado nesta manifestação folclórica, que
são os cantos de trabalho; de origem dos escravos em que cultuavam e celebravam com
músicas e palavras que dizem respeito ao trabalho em que se realiza colheita, plantio... O
fazer que com devoção e alegria, cantassem em função, e para o trabalho; pois assim
aliviasse a carga pesada do trabalho diário.
A gravação destes ruídos que parte do som emitido do “pilão” em que utilizei para
preparar o pigmento com urucum, e da casca de bambu sendo recortada com estilete.
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Detalhe da instalação, Cantos de Trabalho...
Tentei encontrar uma frase musical, um ritmo, uma pisada traduzissem estes ritmos
dos materiais sendo preparados na construção do trabalho.
Assim como num despertar, encontrei um resultado em que desse conta de algumas
questões significativas na apreciação da arte.O trabalho corpo semente se integra com a
pintura AUM...,pois nesta, existe o mesmo desenho que está na altura do espaço vazio para
os olho, buscando neste espaço um conforto, e percebendo os detalhes da pintura, e
relacionando estes materiais, que traduzissem estes ritmos na feitura do trabalho.
Ao mesmo tempo, estaria percebendo o cheiro do urucum, a textura da palha,
tomando consciência do natural.
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Detalhe da obra Corpo semente, ao fundo à pintura AUM...
O que defino com esta instalação, é sua relação com a pintura AUM... , que a
complementa.Pensei num trabalho que pudesse unir várias expressões artísticas como a
pintura, música, escultura e instalação.(também uma interatividade do observador com o
som produzido pelos materiais).
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.
. Cantos de Trabalho/Corpo semente.instalação sonora.casca de bambu e pigmentos.200cmx050cm.2005
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Conclusão:
“Um ideal em arte se constrói”,
na medida de nossas ações,
quando se percebe neste
nosso próprio tempo, no tempo da arte.”“.
_____________________________________________
Sempre me questionei sobre a arte, e sobre o que pretendo com ela; pensando em
buscar em mim as necessidades e fundamentos que me fazem acreditar no que faço.
Em relação às artes plásticas, o conhecimento de certos pensamentos me parece
essencial ao meu crescimento moral e intelectual. Isto porque penso também numa arte
transcendental que necessita de uma harmonia interior.“Cego para a” forma “,
reconhecida ou não; deve o artista ser surdo aos ensinamentos de seu tempo. Os olhos
abertos para a sua vida interior. Este é o único meio de exprimir as qualidades místicas
que é o elemento essencial duma obra. (KANDYNSKY, WASSALY. -1996- Pg.85,86)”.
É esta maneira que me faz acreditar, ou me identificar mais com a arte e as suas
manifestações primitivas como sendo a causa primeira dessa forma de expressão.
Olhando para alguns trabalhos de hoje, em relação às manifestações primitivas:
“... suas criações culturais inclusive as artes, não foram refeitas para servir e honrar
a dominação classista tendo por isto uma genuinidade e generalidade que as nossas
perderam”.(RIBEIRO, DARCY-1983-pg. 52).
“Uma sociedade tecnicamente atrasada, não corresponde necessariamente, numa
produção artística inferior”.(LIMA,JÚNIOR.Carlos Newton de Souza.1990-pg.42)
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Como em todos os tempos existiam as simbologias, representações gráficas de cada
civilização.Nestas civilizações tais códigos eram feitos e empregados como valores de
conhecimento para celebrações da vida humana, falar a respeito de uma manifestação que
em si, e por si representa e revela toda nobreza de um sentido maior, em minha opinião é
um erro.Não se pode compreende-las em sua total relevância.Pode-se apenas intuir e pensar
em como e porque essas manifestações eram realizadas.
Esses valores simbólicos que ligam nossa memória a interpretar essa bagagem
histórica, não está apenas no processo visual com que nos deparamos; mas pela forma e
pelo contexto em que se encontra e se experimenta ou se vivência esta arte, que diz respeito
às necessidades e às manifestações culturais de cada povo em sua época em sua época.
“(...) a despeito das situações sociais diferentes, há alguma coisa na arte que
expressa uma verdade permanente. E é essa coisa que nos possibilita –nós, que vivemos no
século xx-o comovermo-nos com as pinturas pré-históricas das cavernas e com
antiqüíssimas canções. (FISCHER, ERNEST. 1977pg. 16)”.
Deste modo, são os valores associados à funcionalidade da arte, que implicam sobre
esta questão na citação anterior. “Qualquer forma de expressão sem fins estéticos não pode
estar inclusa no conceito de arte. A arte é, fundamentalmente, uma atividade criadora de
objetos belos, no sentido de que procura efetivar a beleza. A procura da beleza-uma
finalidade estética, portanto –é imprescindível ao próprio conceito filosófico de arte. Esta
procura, no entanto, pode predominar ou não sobre a finalidade prática, a utilidade ou
funcionalidade de determinado objeto”.(LIMA, JÚNIOR. Carlos Newton de Souza. -1990-
pg. 76).
Em relação a esta função da arte, posso dizer desta prática, como algo que
possibilita grandes conquistas de entendimento das coisas e dos objetos, como também da
harmonia em se perceber e dialogar com o tempo...(Caminhando em beleza.).
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Neste espaço de estudos, que nos transforma a todo o momento, as referências e
identificações em torno deste caminho, são sementes de uma vida, na esperança de
germinar.
Como conclusão para este trabalho de graduação no qual acredito, busco
compreender também estas palavras: ““.
“... O naturalismo assim concebido implica não somente uma disciplina maior da
percepção, mas também a abertura humana. No final das contas a natureza é, e ela nos
ultrapassa dentro da percepção de sua própria duração. Porém no espaço-tempo da vida de
um homem, a natureza é a medida de sua consciência e de sua sensibilidade”.(RESTANY,
PIERERE. -1978-pg. 10).
Assim, tanto esta percepção a qual Restam sugere, e como a afirmação: “A tradição
verdadeira compreende a percepção do passado em nossa
contemporaneidade”.(in.Suassuna-Tríptico:No reino da ave dos três punhais.1999)
.Correspondem a algumas questões nas quais acredito, e que me motivaram no
desenvolvimento deste trabalho, como algo que está em nossa ‘formação pessoal’; também
para resgatar, e replantar em nossas ações.
De forma que:
“É neste tempo, e espaço que me faço presente”.
No desembaraçar do traço, persistente...
No entanto, a pausa á apenas o bom, e leve retorno...
De um velho e novo caminhar...”“.
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56
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...Acesso em 15 de outubro de 2005