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UniSALESIANO LINS CENTRO UNIVERSITÁRIO CATÓLICO SALESIANO AUXILIUM CURSO DE DIREITO ISADORA BORSATO SILVA SANTOS A RESPONSABILIDADE CIVIL DA GESTANTE PELO RECEBIMENTO INDEVIDO DE ALIMENTOS GRAVÍDICOS LINS/SP 2019

UniSALESIANO LINS CENTRO UNIVERSITÁRIO CATÓLICO … · contribuição mútua para seu desenvolvimento. Por conseguinte, a Carta Magna, como já mencionada, elenca em seu artigo

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UniSALESIANO LINS

CENTRO UNIVERSITÁRIO CATÓLICO SALESIANO AUXILIUM

CURSO DE DIREITO

ISADORA BORSATO SILVA SANTOS

A RESPONSABILIDADE CIVIL DA GESTANTE

PELO RECEBIMENTO INDEVIDO DE ALIMENTOS GRAVÍDICOS

LINS/SP

2019

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ISADORA BORSATO SILVA SANTOS

A RESPONSABILIDADE CIVIL DA GESTANTE

PELO RECEBIMENTO INDEVIDO DE ALIMENTOS GRAVÍDICOS

Monografia apresentada ao curso de Direito do

UniSALESIANO, Centro Universitário Católico Salesiano

Auxilium, sob a orientação do Professor,Mestre, Cristian

Von Rondow como um dos requisitos para obtenção do

título de bacharel em Direito.

LINS/SP

2019

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Santos, Isadora Borsato Silva Responsabilidade civil da gestante pelo recebimento indevido

de alimentos gravídicos /Isadora Borsato Silva Santos – – Lins, 2019. 51p. il. 31cm.

Monografia apresentada ao Centro Universitário Católico Salesiano Auxilium – UniSALESIANO, Lins-SP, para graduação em Direito, 2019. Orientadores: Cristian Von Rondow

1. Alimentos gravídicos. 2. Responsabilidade civil. 3. Negativa de paternidade. I Título. CDU 34

S235r

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ISADORA BORSATO SILVA SANTOS

A RESPONSABILIDADE CIVIL DA GESTANTE

PELO RECEBIMENTO INDEVIDO DE ALIMENTOS GRAVÍDICOS

Monografia apresentada ao curso de Direito do

UniSALESIANO, Centro Universitário Católico Salesiano

Auxilium, sob a orientação do(a) Professor,

MestreCristian Von Rondow como um dos requisitos

para obtenção do título de bacharel em Direito.

Lins/SP, 20 de maio de 2019.

Prof. Mestre.Cristian de Sales Von Rondow (Orientador)

Prof.Doutor.Vinicius Roberto Priori de Souza

Prof.Especialista Dorival Fernandes Queiroz

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Dedico este trabalho a todos que me apoiaram e, principalmente, para aqueles que não me apoiaram, visto serem minha

maior motivação.

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AGRADECIMENTOS

Gostaria de tecer meus agradecimentos, primeiramente, a minha mãe, por dar

tudo de sí para que eu pudesse concluir essa graduação e a minha avó, que sempre

me incentivou a me esforçar e terminar tudo aquilo que começo independente do

obstaculo, embora, as vezes, eu não consiga.

Agradeço a Thiago Ferreira Marcheti, meu chefe, por estar sempre disposto a

me ensinar e explicar as matérias que eu já deveria saber, e também a Estela

Virginia Bertoni, minha chefe, por me inspirar na advogada que almejo um dia

conseguir ser.

Ainda, meu sincero e humilde reconhecimento ao Professor Marcelo

Zellerhoff, que com suas citaçoes e aspiraçoes filosóficas fizeram com que eu me

encatasse pelo curso de Direito.

Agradeço a Daneska do Carmo Mello, minha melhor amiga, que sempre

esteve presente nos momentos em que essa graduação e esse trabalho foram

realmente um desafio.

Por fim, agradeço ao meu orientador, não só pela ajuda e influência positiva

sobre meu trabalho, mas também pelas melhores aulas do curso, as quais já levo

para a minha vida profissional.

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Aqui não se fala ou se discute o amar e, sim, a imposição biológica e legal de cuidar, que é dever jurídico, corolário da

liberdade das pessoas de gerarem ou adotarem filhos.

Ministra Nancy Andrighi

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RESUMO

O referido trabalho trata da responsabilização civil da gestante pelo recebimento indevido de alimentos gravídicos, encarando a problemática do sujeito que se vê obrigado por meio de meros indícios a pagar alimentos para a gestante sem ter a certeza de sua responsabilidade perante aquele nascituro e que, após o nascimento, se obtendo a negativa de paternidade por meio do exame de DNA, o mesmo não poderia ter reembolsado o valor despendido, haja vista, o princípio da irrepetibilidade dos alimentos. Nesse sentido, a presente pesquisa teve como missão viabilizar o caminho desse indigitado genitor que restou prejudicado depois da prova de não paternidade, podendo assim pleitear indenização em face da genitora, mesmo diante do citado princípio. A hipótese testada se resume, em suma, na aplicação dos dispositivos da responsabilidade civil nessa seara, possibilitando que o não genitor possa ser reparado pelo dano material e até mesmo moral sofrido por ter pago indevidamente os alimentos.

Palavras-chave: ALIMENTOS GRAVÍDICOS. RESPONSABILIDADE CIVIL.

IRREPETIBILIDADE DOS ALIMENTOS. NEGATIVA DE PATERNIDADE.

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ABSTRACT

This search deals with the civil responsibility of pregnant for receiving indebt

alimentary pension, facing the subject problem who is forced by mere clue to pay the

alimentary without sure about his responsibility over the unborn and that, after the

birth, obtaining paternity negative DNA test, the subject could not be reimbursed the

paid value because of the alimentary’s unreapetable principle. In this sense, the

present research had the mission to make feasible the way for this nominated parent

that is impaired after the no paternity prove, being able to demand restitution by the

pregnant, even with the principle. The tested hipothesis is resumed, in short, by the

civil responsibility devices application in this field, allowing the no- parent to be

restored for the material and moral damage suffered by the alimentary pension

paying.

Keywords: PREGNANT ALIMENTARY. CIVIL RESPONSIBILITY.

ALIMENTARY UNREAPETABLE. PATERNITY NEGATIVE.

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................... 9

2 DA EXCLUSÃO DA PATERNIDADE ........................................................................................ 12

2.1 Da efetividade do princípio da paternidade responsável ....................................... 12

2.2 Do conjunto probatório e a irrepetibilidade dos alimentos .................................. 14

2.3 Do dano material ............................................................................................................................. 17 2.4 Do dano moral................................................................................................................................... 19

3 DAS POSSIBILIDADES DE PLEITEAR REPARAÇÃO DE DANOS MORAIS E MATERIAIS .................................................................................................................................................. 21 3.1 Da responsabilidade subjetiva da gestante pelos danos causados depois de excluída a paternidade .................................................................................................................. 21 3.2 Da mitigação do princípio da irrepetibilidade dos alimentos ............................... 24

3.3 Da ação "in rem verso" ................................................................................................................ 27

4 DA DISPARIDADE DO TRATAMENTO LEGAL ENTRE O SUPOSTO PAI E A GESTANTE ................................................................................................................................................... 32 4.1 Da defesa do suposto genitor .................................................................................................. 32

4.2 Do veto parcial da lei 11.804/08 e da proteção desmedida da gestante ........ 36

5 CONCLUSÃO .......................................................................................................................................... 42

REFERENCIAS ........................................................................................................................................... 44

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1 INTRODUÇÃO

A Lei 11.804 de fevereiro de 2008, que disciplina sobre o direito a alimentos

gravídicos, estabelece em seus preceitos que estando o magistrado convencido por

meio de meros indícios de paternidade, haja a vista a impossibilidade do exame de

DNA nesse momento devido ao risco da gravidez, fixará alimentos que perdurarão

até nascimento.

Essa previsão legal encontra-se intimamente ligada aos ditames

constitucionais, notadamente a proteção dos direitos do nascituro e a preocupação

com a efetivação de direitos básicos como a vida e a saúde, não só daquele ainda

não nascido, mas também da gestante.

Os referidos alimentos buscam, em suma, a concretização da ideia de

obrigação mútua entre os pais, evidenciado pelo princípio da paternidade

responsável e pelo planejamento familiar, onde busca dar respaldo ao feto resultado

de uma relação que por vezes foi fugaz, não o deixando assim sem as mantenças

mínimas para o seu desenvolvimento, bem como amparo a mulher gestante que se

vê, em regra, sozinha nessa situação, elementos esses que foram melhor

esmiuçados no segundo capitulo.

Embora seja nobre o objetivo do legislador, o mesmo deixou muitas lacunas

ao promulgar a citada legislação, se esquecendo da posição insegura que se

encontra a parte contrária nessa lide, isto é, o suposto genitor.

Se faz pertinente mencionar, primeiramente, situação abordada no capítulo

seguinte, que perpassa entre os alimentos o princípio da irrepetibilidade, ou seja,

uma vez pagos não poderiam, em regra, serem restituídos.

Esse é, senão, o ponto crucial e a problemática não só tratada nesse trabalho,

mas também enfrentada pelo sujeito que se vê condenado ao pagamento de

alimentos sem ter a certeza de ser o verdadeiro genitor, pois tal princípio apesar de

não estar expressamente previsto no ordenamento jurídico, é levado em

consideração como um dogma o qual ninguém questiona, visto seu objetivo máster

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ser a garantia dos direitos mais básicos que garantem a preservação da dignidade

da pessoa.

Nesse sentido, se verifica um cenário temerário para quem se vê com esse

encargo, de modo que, caso o suposto genitor consiga comprovar a ausência de

vínculo parental entre ele e a criança, os alimentos, os quais já foram pagos, não

poderiam ser restituídos.

Diante disso, evidente a bifurcação proporcionada pela legislação, onde de

um lado busca tutelar os direitos básicos de alguém ainda não nascido, todavia, do

outro, invade o direito patrimonial de outrem, causando danos não só pecuniários,

mas também extrapatrimoniais, atingindo direitos da personalidade, ambos

resguardados pela mesma codificação que possibilita essa invasão, a qual seja, a

Constituição Federal. Visto isso, a vertente metodológica utilizada foi a jurídica-

sociológica, pois a norma positivada, no que pese a referida lei, não levou em

consideração as questões socioeconômicas daquele que demonstra não ser o pai,

mas arcou com os alimentos.

Nesse sentido, em último capítulo, demonstrou-se que, caso o sujeito ainda

contestasse a presunção de paternidade, buscando evitar a configuração dos danos,

o juízo apurador da demanda tenderá a compadecer para o lado da gestante, pois

nos momentos da ponderação entre saúde e a vida, e o direito patrimonial, o

primeiro acabará sendo favorecido em detrimento do segundo.

Desta feita, a presente pesquisa buscou viabilizar o caminho daquele que

pagou os alimentos poder pleitear reparação após a descoberta da não paternidade.

Embora existam entendimentos diversos, é certo que a doutrina e a

jurisprudência vêm caminhando na busca de uma solução que resguarde e restaure

o patrimônio daquele que viu sua redução indevidamente, tendo em vista, a

legislação não aprova enriquecimento ilícito.

Não obstante, importante salientar que a lei de alimentos gravídicos

atualmente, depois de inúmeros vetos, tornou-se uma concessão de liberdade

processual sem limites a gestante, pois pode a qualquer momento intentar contra um

sujeito, condená-lo a pagar alimentos, todavia, após demonstração da falta do

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vínculo parental, a mesma sairia ilesa, ficando notório a possibilidade de

instrumentalização do judiciário como ferramenta de vingança ou locupletamento

ilícito.

Nesse sentido, a hipótese aqui testada, em resumo, foi a possibilidade da

aplicação dos dispositivos da responsabilidade civil, tendo por base a

responsabilidade subjetiva da gestante, como um meio de pleitear ressarcimento por

parte do sujeito prejudicado, ao passo que, como diria DINIZ (2006) “o direito não

pode tolerar que ofensas fiquem sem reparação.”.

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2 Da exclusão da paternidade 2.1 Da efetividade do princípio da paternidade responsável

O ordenamento jurídico brasileiro, desde a Constituição de 1988, vem

demonstrando maior preocupação com a dignidade da pessoa humana, colocando-a

como pilar fundamental. Assim sendo, muitos de seus dispositivos buscam trazer

mecanismos para garantir sua proteção e funcionalidade.

No que pese aos direitos do nascituro, a legislação resguarda sua proteção

desde a concepção;diante disso, a lei dos Alimentos Gravídicos, com base nessa

preocupação constitucional buscou assegurar a efetividade dos direitos básicos,

como a vida e a saúde, para aquele ainda não nascido. (ALMO, AZEVEDO,

CAVALLI, LEVY, PASOLINE, SOUZA, 2015).

Por muito tempo, os encargos da gestação eram suportados somente pela

gestante, principalmente nos casos em que a gravidez era resultado de um

envolvimento sexual casual. (ALMO, AZEVEDO, CAVALLI, LEVY, PASOLINE,

SOUZA, 2015). Tendo isso em vista, é indiscutível que além da responsabilidade da

genitora, deveria ser levado em consideração a responsabilidade do genitor; haja

vista, ter contribuído para a ocorrência dessa situação, sem mencionar, por óbvio,

que “pai é pai desde a concepção do filho”. [...] O simples fato de não assumir a

responsabilidade parental não o desonera da obrigação. (DIAS, 2010).

Foi exatamente nesta vertente que o legislador se apoiou para fundamentar

os alimentos concedidos ainda em fase gestacional e com mera presunção de

paternidade, pois se constatou ser direito do nascituro e dever de ambos os pais, a

contribuição mútua para seu desenvolvimento.

Por conseguinte, a Carta Magna, como já mencionada, elenca em seu artigo

227, §7º, a obrigação familiar em assegurar para sua prole os direitos à vida e à

saúde, fundados no princípio da dignidade da pessoa e na paternidade responsável.

Art. 227. É dever da família, da sociedade e do Estado assegurar à criança, ao adolescente e ao jovem, com absoluta prioridade, o direito à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao lazer, à profissionalização, à cultura,

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à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária, além de colocá-los a salvo de toda forma de negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão.

§ 7º Fundado nos princípios da dignidade da pessoa humana e da paternidade responsável, o planejamento familiar é livre decisão do casal, competindo ao Estado propiciar recursos educacionais e científicos para o exercício desse direito, vedada qualquer forma coercitiva por parte de instituições oficiais ou privadas.(GRIFO NOSSO).

Por consequência, recaiu a aceitação perante as decisões judiciais a

condenação do suposto pai a pagar alimentos à gestante para suprir as despesas

decorrentes dessa condição, o que acarreta também benefícios ao nascituro e maior

probabilidade de nascimento com vida.

É nítido que, como já explanado, a legislação atual prevalece com maior

importância à proteção da pessoa, o que leva o direito patrimonial desse suposto pai

a ficar prejudicado perante a fragilidade das provas que o obrigam. Nessa mesma

perspectiva, o doutrinador CHAVES (2015, p.671) corrobora o exposto, com o

seguinte ensinamento:

Exatamente nessa linha de entendimento, também assegura a Carta Fundamental (art. 3º) ser objetivo fundamental da República “promover o bem de todos”, explicitando uma nítida preocupação com a dignidade da pessoa humana.Ora, a afirmação de uma sociedade livre, justa e solidária (solidariedade social) afirma, sem dúvida, a supremacia da proteção da pessoa humana em detrimento da desmedida proteção patrimonial que sempre norteou o Direito Civil (antes da Carta Magna).

Sendo assim, perante essa obrigação de garantir a sobrevivência e

crescimento digno ao nascituro, o suposto genitor deverá suportar esse ônus e

inevitável redução patrimonial, mesmo com base em meros indícios que

demonstrem a paternidade; já que se trata de situação emergencial e iminente,

sendo passível de riscos ao feto de árdua reparação. (ALMO, AZEVEDO, CAVALLI,

LEVY, PASOLINE, SOUZA, 2015).

Em razão disso, está claro que a lei 11.804 de fevereiro de 2008 busca, por

meio da concessão dos alimentos antecedidos ao nascimento, dar real efetividade

ao princípio da paternidade responsável. Embora seja impossível despertar de

imediato ao suposto genitor o sentimento paterno, é suficiente, por enquanto, fazer

crescer a obrigação de cuidar de sua prole ainda não nascida, garantido a esse

indivíduo, em desenvolvimento, respeito à sua dignidade. (DIAS,2008).

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Contudo, tal situação enseja em um dilema angustiante ao suposto genitor

que fica entre a redução patrimonial irreversível, que mais tarde pode se mostrar

indevida perante a negativa de paternidade, e o não pagamento de alimentos para

provimento de um nascituro, que pode ser realmente seu descendente legítimo.

Portanto, resta evidente a insegurança proporcionada pela referida lei que se

atentou somente à concretização da obrigação paterna de cuidar, pautando-se

sempre pela boa-fé da gestante. Todavia, não contemplou suficientemente os

reflexos da concessão desses alimentos, omitindo-se em apresentar uma resposta

nos casos de negativa de paternidade posterior ao pagamento e aos danos

decorridos disso.

Não obstante, é imprescindível suscitar que perpassa entre as prestações

alimentares a impossibilidade de restituição, conforme será melhor discutido a

frente, corroborando ainda mais o temor desse suposto genitor que, perante um

conjunto probatório pouco substancial, ver-se-á obrigado a arcar com esse ônus.

2.2 Do Conjunto Probatório e a Irrepetibilidade dos Alimentos

Devido à inexistência de meios comprobatórios eficazes no Brasil que possam

demonstrar a paternidade de um ser ainda não nascido com segurança, a referida lei

determina em seu artigo 6° que, estando convencido de indícios da paternidade, e

levando em consideração a necessidade fetal e materna, o juiz poderá fixar

alimentos gravídicos que perdurarão até depois do nascimento da criança.

(ALMO,AZEVEDO, CAVALLI, LEVY, PASOLINE, SOUZA, 2015).

Nesse sentido, o entendimento jurisprudencial emando pelo Tribunal de

Justiça do Rio Grande do Sul e do Distrito federal abaixo ilustra a aplicabilidade

efetiva do dispositivo legal explanado:

AGRAVO DE INSTRUMENTO. ALIMENTOS GRAVÍDICOS. LEI Nº 11.804/08 ART. 6º. POSSIBILIDADE DIANTE DE INDÍCIOS DA PATERNIDADE. REDUÇÃO DO VALOR DO ENCARGO. DESCABIMENTO. AUSÊNCIA DE PROVA DA ALEGADA IMPOSSIBILIDADE FINANCEIRA. DECISÃO AGRAVADA MANTIDA. 1. Diante da existência de indícios da paternidade apontada, mostra-se cabível a fixação de alimentos em favor do nascituro, destinados à

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mantença da gestante, até que seja possível a realização do exame de DNA. 2. Descabe a redução dos alimentos, vez que inexistente prova cujo encargo cumpria ao alimentante de que o cumprimento da obrigação se mostra impossível, inviabilizando o sustento próprio. AGRAVO DE INSTRUMENTO DESPROVIDO. (Agravo de Instrumento Nº 70076350792, Sétima Câmara Cível, Tribunal de Justiça do RS, Relator: Sandra Brisolara Medeiros, Julgado em 28/03/2018).(TJ-RS - AI: 70076350792 RS, Relator: Sandra Brisolara Medeiros, Data de Julgamento: 28/03/2018, Sétima Câmara Cível, Data de Publicação: Diário da Justiça do dia 02/04/2018)(GRIFO NOSSO).

ALIMENTOS GRAVÍDICOS. LEI Nº 11.804/08. DIREITO DO NASCITURO. PROVA. PEDIDO DE REDUÇÃO. CABIMENTO. 1. Havendo fortes indícios da paternidade apontada, tanto que o próprio alimentante a admite em várias conversas de WhatsApp com a autora, é cabível a fixação de alimentos em favor do nascituro, que são destinados à gestante, até que seja possível a realização do exame de DNA. 2. Os alimentos devem ser fixados de forma a contribuir para a mantença da gestante, mas dentro das possibilidades do alimentante e sem sobrecarregá-lo em demasia, motivo pelo qual se justifica a redução do valor estabelecido. Recurso provido, em parte. (Agravo de Instrumento Nº 70077104701, Sétima Câmara Cível, Tribunal de Justiça do RS, Relator: Sérgio Fernando de Vasconcellos Chaves, Julgado em 29/08/2018).(TJ-RS - AI: 70077104701 RS, Relator: Sérgio Fernando de Vasconcellos Chaves, Data de Julgamento: 29/08/2018, Sétima Câmara Cível, Data de Publicação: Diário da Justiça do dia 31/08/2018) (GRIFO NOSSO).

AGRAVO DE INSTRUMENTO. DIREITO PROCESSUAL CIVIL. ALIMENTOS GRAVÍDICOS. INDÍCIOS DE PATERNIDADE. EXISTÊNCIA. ALIMENTOS PROVISÓRIOS. VALOR. REDUÇÃO. IMPOSSIBILIDADE. I - Os alimentos gravídicos compreenderão os valores suficientes para cobrir as despesas adicionais do período de gravidez e que sejam dela decorrentes, da concepção ao parto, inclusive as referentes a alimentação especial, assistência médica e psicológica, exames complementares, internações, parto, medicamentos e demais prescrições preventivas e terapêuticas indispensáveis, a juízo do médico, além de outras que o juiz considere pertinentes (Lei n.º 11.804/08, art. 2º). II - Convencido da existência de indícios da paternidade, o juiz fixará alimentos gravídicos que perdurarão até o nascimento da criança, sopesando as necessidades da parte autora e as possibilidades da parte ré. III - Negou-se provimento ao recurso.(TJ-DF 20160020259737 - Segredo de Justiça 0027843-12.2016.8.07.0000, Relator: JOSÉ DIVINO, Data de Julgamento: 23/11/2016, 6ª TURMA CÍVEL, Data de Publicação: Publicado no DJE : 06/12/2016 . Pág.: 624/665 (GRIFO NOSSO).

Visto isso, eis a questão mais preocupante, pois tendo ocorrido a fixação por

meio de “meros indícios”, ficará esse sujeito obrigado a pagar alimentos para um

nascituro sem saber ao certo se é seu filho ou não.

Ocorre que, nesse momento gestacional, a produção de provas é muito fraca,

haja vista, conforme mencionado no tópico anterior, devido às relações

extraconjugais efêmeras, a gravidez pode advir de um relacionamento amoroso

curto, o que obsta, em muito, a genitora demonstrar cabalmente quem realmente é o

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genitor, causando assim uma insegurança para quem se vê obrigado a dispor de

parte de seu patrimônio em prol de uma gestação que, por vezes, nem deu causa.

Deve-se observar com suma importância a redução financeira que irá

acometer o suposto genitor, acorrentado a uma sentença proferida por

verossimilhanças de provas que pode se mostrar, mais tarde, estar equivocada

perante a negativa de paternidade.

Torna-se imprescindível salientar que, partindo do pressuposto que os

alimentos têm caráter personalíssimo, caminha juntamente com essas prestações, o

princípio da irrepetibilidadedos alimentos, ou seja, não há restituição de valores

pagos quando fica demonstrado posteriormente que a obrigação não era daquele

que pagou. (PEREIRA, 2016; SOUZA, 2013).

Nesse seguimento, a jurista DIAS (2007) leciona no seguinte sentido:

Em sede de alimentos há dogmas que ninguém questiona. Talvez um dos mais salientes seja o princípio da irrepetibilidade. Como os alimentos servem para garantir a vida e se destinam à aquisição de bens de consumo para assegurar a sobrevivência é inimaginável pretender que sejam devolvidos. Esta verdade é tão evidente que até é difícil sustentá-la. Não há como argumentar o óbvio. Provavelmente por esta lógica ser inquestionável é que o legislador sequer preocupou-se em inseri-la na lei. Daí que o princípio da irrepetibilidade é por todos aceito mesmo não constando do ordenamento jurídico.

Não obstante, SOUZA (2013) também conceitua:

[...] tem-se que, uma vez pagos, os alimentos não mais serão restituídos, independente do motivo que tenha dado causa à cessação do dever de prestá-los. Quem satisfaz obrigação alimentar, portanto, não desembolsa soma passível de reembolso.

Desse modo, é indiscutível, perante a impossibilidade de restituição, que os

alimentos gravídicos que foram fixados por meio de um conjunto probatório

questionável acarretarão por fim em dano significativo ao suposto genitor que

demonstra não ser o verdadeiro pai. Extinguindo, assim, por consequência, qualquer

encargo alimentar, contudo restando ainda a violação patrimonial e moral que o

assolou por meses, estando à deriva perante a incerteza da paternidade.

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2.3 – Do dano material

O ilustre doutrinador GONÇALVES (2012) entende que, em sentido estrito, o

dano é de cunho primordialmente patrimonial, lesão a direito apreciável em pecúnia,

logo seria indenizável.

Conforme explicado anteriormente, devido à característica irrepetível dos

alimentos, mesmo se demonstrando a percepção indevida de prestações que não

deveriam ter sido pagas, a restituição é uma impossibilidade por consequência.

Restando, portanto, ao comprovado não genitor, a redução patrimonial significativa.

(SOUZA, 2013).

Embora os alimentos pagos indevidamente não possam ser restituídos, há

quem entenda que eles possam ser indenizados a fim de evitar o enriquecimento

sem causa, em casos em que haja dolo, culpa ou abuso de direito por parte da

gestante.

Partindo do pressuposto que nenhum direito é absoluto, seria uma hipótese

de relativização do princípio da irrepetibilidade, dando ensejo à obrigação da

genitora pagar, ao suposto genitor, indenização equitativa ao dano material sofrido

por ele.

Nesse sentido, DIAS (2016, p.950), reforça esse entendimento com o

seguinte esclarecimento:

Admite-se a devolução exclusivamente quando comprovado que houve má-fé ou postura maliciosa do autor. Em nome da irrepetibilidade, não se pode dar ensejo ao enriquecimento injustificado. É o que se vem chamando de relativização da não restituição.

Não obstante, é fato que o ordenamento jurídico vigênte repudia a má-fé,

trazendo por meio da codificação civil formas de reprimir o abuso de direito, punindo

a conduta desleal. (SOUZA, 2013).

Nessa sequência, o artigo 927 do Código Civil, traz nos casos em que exista

ato ilícito, a obrigação de reparar os danos decorridos dessa conduta, ou seja,

agindo a gestante com clara má-fé, pois podendo saber quem é realmente o pai, ou

nos casos em que cria indícios de uma relação que não ocorreu, por exemplo; possa

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sofrer os reflexos desse abuso de direito e seja obrigada a indenizar o suposto

genitor, que demonstra mais tarde não o ser.

Trata-se, assim, de uma responsabilidade subjetiva diferente daquela

anteriormente prevista no artigo 10 (vetado), da lei 11.804 de fevereiro de 2008, que

trazia a incidência da responsabilidade objetiva; sendo necessário, neste caso, a

comprovação da litigância de má-fé e o dano material existente.

É evidente que o legislador ao promulgar a lei que regula os alimentos

gravídicos somente pensou na boa-fé da gestante, não levando em consideração as

possibilidades de enriquecimento ilícito e a redução patrimonial sofrida pelo suposto

genitor que comprova não o ser.

Nessa vertente, SOUZA (2013) corrobora o exposto:

Em verdade, as condutas humanas deveriam revestir-se de princípios éticos e do dever de probidade. O fato de alguém se beneficiar dos rendimentos do trabalho do outro sem justa causa, constitui enriquecimento ilícito, impondo-se a restituição, ainda que se trate de relações familiares, pois, é importante que se diga das relações familiares também emerge a necessidade ímpar de justiça, licitude e bom senso. Assim, caso fique demonstrado o dolo, a má-fé ou o exercício abusivo do direito por parte da gestante na ação de alimentos gravídicos, pode o réu, considerando a ausência do vínculo de paternidade e a existência de dano por ele sofrido, pleitear indenização contra a mãe da criança.(GRIFO NOSSO).

Fica evidenciado, desse modo, que a aplicação impensada e de maneira

generalizada do princípio da irrepetibilidade dos alimentos, inclusive para casos

onde está nítida a conduta desleal da gestante, é o mesmo que admitir que o

ordenamento jurídico brasileiro compadece com o enriquecimento sem causa, ou

seja, ainda que a verba alimentar tenha sido paga indevidamente, não geraria a

obrigação da gestante em indenizar; causando, portanto, uma notável desigualdade

patrimonial.(SOUZA, 2013).

Outrossim, faz-se necessário ser levado em consideração que a má-fé da

gestante pode repercutir em danos extrapatrimoniais também, isto é, morais; visto

que, não tendo a genitora tomado todas as precauções devidas antes de ingressar

com demanda, gerou ao suposto genitor imensurável dano psicológico devido à

dúvida estarrecedora de ser ou não o genitor daquela prole.

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2.4 – Do dano moral

Diferente do dano em sentido estrito demonstrado anteriormente, há também

o dono em sentido amplo que, em regra, contemplaria qualquer lesão a bem jurídico.

Nesse sentido, não afrontaria só o patrimônio, mas a honra, a saúde e a vida

também, configurando, em suma, o dano moral. (GONÇALVES, 2012).

Igualmente ao dano material, o dano moral também é uma possibilidade nos

casos em que haja má-fé da gestante ao pleitear esses alimentos.

A Constituição Federal de 1988, em seu artigo 5º, inciso V e X, expressa

importante preocupação com a violação de direitos que ensejam em dano moral,

como a honra, a dignidade, a intimidade, a imagem; além de trazer a possibilidade

do direito de reposta e obrigação de indenizar.

Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes: V - é assegurado o direito de resposta, proporcional ao agravo, além da indenização por dano material, moral ou à imagem; X - são invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das pessoas, assegurado o direito a indenização pelo dano material ou moral decorrente de sua violação; (GRIFO NOSSO).

Não obstante, o Código Civil também demonstra as mesmas possibilidades:

Art. 186. Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou imprudência, violar direito e causar dano a outrem, ainda que exclusivamente moral, comete ato ilícito.

Art. 927. Aquele que, por ato ilícito (arts. 186 e 187),causar dano a outrem, fica obrigado a repará-lo. (GRIFO NOSSO).

Em compêndio, o dano moral trata-se de uma pretensão que busca satisfação

de bem extrapatrimonial infiltrado nos direitos da personalidade. (GONÇALVES,

2012).

Dessa maneira, existe a possbilidade do suposto genitor sofrer dano moral,

após ficar demonstrado não ser o verdadeiro pai, corroborado com a conduta faltosa

da gestante. Não se tratando de mero dissabor ou situação corriqueira, pois o sujeito

que provou não ser o genitor sofreu severa redução patrimonial, foi submetido ao

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desgaste processual, a angústia da dúvida, passou pelo julgamento familiar e social,

principalmente em casos onde já existia uma família constituída

À vista disso, GONÇALVES (2012, apud, CAVALIERI), preleciona as

situações tuteladas pelo instituto do dano moral, o que se demonstra claramente as

variáveis em que pode ficar submetido o então não genitor.

Para evitar excessos e abusos, recomenda Sérgio Cavalieri, com razão, que só se deve reputar como dano moral “a dor, vexame, sofrimento ou humilhação que, fugindo à normalidade, interfira intensamente no comportamento psicológico do indivíduo, causando-lhe aflições, angústia e desequilíbrio em seu bem-estar.

No mais, vem o entendimento jurisprudencial abaixo, clarificar ainda mais em

um plano fático situações onde possam existir a conduta ilícita da mãe, que não

tomando todas as precauções devidas, gera a um sujeito indiferente aquela

gestação, extremo embaraço e danos ao seu íntimo quase impossíveis de

retornarem ao seu estado quo ante. Todavia, podem ser indenizados,

proporcionando assim um mínimo de reparação e dignidade a esse ser flagelado

pela atitude desleal da gestante.

DIREITO CIVIL. AÇÃO DE INDENIZAÇÃO POR DANOS MATERIAIS E MORAIS. FALSA PATERNIDADE. DESPESAS DECORRENTES DO MATRIMÔNIO. IMPROCEDÊNCIA. RECURSO DO REQUERENTE. RECONHECIMENTO DA PRÁTICA DE ATO ILÍCITO PELA REQUERIDA. INVERSÃO DO ÔNUS DE SUCUMBÊNCIA. ALTERNATIVAMENTE. MINORAÇÃO DOS HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS. 1. A parte requerente ajuizou ação negatória de paternidade, com procedência do pedido e já transitada em julgada. Logo, a reparação por danos morais é dever que se impõe. Vale ressaltar que o dano moral resta devidamente configurado sempre que uma pessoa sofrer abalo em sua esfera subjetiva, causando-lhe vexames, humilhações, entre outros sentimentos negativos que são capazes de abalar a sua honra subjetiva e objetiva. 2. Importante frisar, ainda, que, conforme bem argumentado na peça contestatória, não há relação direta e imediata entre os danos materiais mencionados na inicial e a paternidade biológica alegada nos autos. 3. Havendo o provimento parcial do recurso interposto, faz-se necessário o redimensionamento do ônus sucumbenciais, proporcionalmente. 4. Apelação conhecida e parcialmente provida. (TJ-DF 20161610068736 DF 0004204-02.2016.8.07.0020, Relator: SILVA LEMOS, Data de Julgamento: 14/03/2018, 5ª TURMA CÍVEL, Data de Publicação: Publicado no DJE : 12/04/2018 . Pág.: 185/188).(GRIFO NOSSO).

RESPONSABILIDADE CIVIL. INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS. IMPUTAÇÃO DE FALSA PATERNIDADE BIOLÓGICA. Sentença de procedência – Inconformismo da ré – Dano moral caracterizado pela inequívoca frustração do autor da paternidade negada após década – Indenização mantida – Precedentes jurisprudenciais do Col. STJ e Eg. TJSP – "Quantum" fixado em observância aos princípios da razoabilidade

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e proporcionalidade – Sentença mantida – Aplicação do art. 252 do Regimento Interno deste Eg. Tribunal – Recurso não provido. (TJ-SP - APL: 00029308520148260297 SP 0002930-85.2014.8.26.0297, Relator: Fábio Quadros, Data de Julgamento: 02/06/2016, 4ª Câmara de Direito Privado, Data de Publicação: 08/06/2016).(GRIFO NOSSO).

DANOS MORAIS. ACUSAÇÃO DE FALSA PATERNIDADE. Ré que imputou paternidade ao autor, sendo que manteve relação com outro homem no mesmo período. Autor que, posteriormente, descobriu não ser pai do menor por exame de DNA. Culpa da ré configurada. Não cumprimento do dever de cuidado, decorrente da ciência de que outro homem poderia ser o pai da criança. Danos morais caracterizados. Situação que gerou transtorno emocional, e abalo anímico. Configuração de todos os elementos da responsabilidade civil. Sentença mantida. Recurso desprovido. (TJ-SP - APL: 00288300920108260007 SP 0028830-09.2010.8.26.0007, Relator: Ana Lucia RomanholeMartucci, Data de Julgamento: 03/04/2014, 6ª Câmara de Direito Privado, Data de Publicação: 04/04/2014).(GRIFO NOSSO).

Nesse sentido, é certo que o suposto genitor ao se deparar com a imputação

falsa de paternidade terá não só danos matérias, mas também morais perante a

frustração; assim como, abalo à sua honra e a humilhação de ter sido obrigado a

manter-se contribuindo com proventos para um nascituro que mais tarde mostrou

não ser de sua responsabilidade.

3. Das possibilidades de pleitear reparação de danos morais e materiais

3.1 Da responsabilidade subjetiva da gestante pelos danos causados depois

de excluída a paternidade

Em consonância com o já demonstrado em tópicos anteriores, o suposto

genitor, obrigado às prestações alimentares fixadas no período gestacional, pode

sofrer tanto danos materiais quanto morais, à medida que se prova a negativa de

paternidade e então a quebra do vínculo obrigacional de pagá-los.(DIAS, 2016,

p.973).

Isto posto, assevera DIAS (2016, p.973), ainda nesse contexto, a observância

também da conduta tomada pela autora da demanda, levando em consideração

caso esta tenha agido de má-fé.

Mesmo que os alimentos sejam irrepetíveis, em caso de improcedência da ação cabe identificar a postura da autora. Restando comprovado que ela agiu de má-fé ao imputar ao réu a paternidade, tal gera o dever de indenizar, cabendo, inclusive, a imposição de danos morais.(GRIFO NOSSO).

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Nesse sentido, evidente a omissão legislativa no corpo da lei nº 11.804, de 5

de novembro de 2008 no que tange a hipótese de pagamento equivocado. Diante

disso a doutrina e a jurisprudência vem posicionando-se na busca de proporcionar

suporte legal em face daquele que de alguma forma veio a sofrer um dano nesse

cenário.

Contudo, embora as possibilidades contempladas pelos institutos doutrinários

ainda estejam em amadurecimento, essa vertente vislumbra três possibilidades de

fornecer auxílio ao suposto genitor que veio a executar o pagamento de prestação

alimentícia, mas não os devia, os quais sejam: a responsabilidade subjetiva da

genitora; a relativização da repetição de indébito; e a ação in rem verso. (CRUZ,

2013).

Já havia sido minimamente mencionado que, a referida legislação mantinha

em seu artigo 10º a previsão da responsabilidade objetiva da genitora pelo

recebimento de prestações alimentares diante do exame negativo da paternidade,

porém o mesmo foi vetado, à medida que poderia trazer possível insegurança às

futuras gestantes, que ingressassem com demanda que versasse sobre o mesmo

tema.

Dessa forma, visando à ponderação de direitos entre a gestante e o suposto

genitor, que obteve prejuízos pecuniários significativos, constatou-se a possibilidade

do ingresso de ação reparadora de danos fundada na responsabilidade subjetiva da

autora.

É certo que, se a sentença fixada por meio de meros indícios impõe o

encargo de prestar alimentos, e tem o condão de obrigar o indivíduo a dispor de seu

patrimônio em prol de uma prole que pode não ser sua, fica evidente a existência do

dano quando excluída a paternidade. Desse modo, indiscutível o que a legislação

civil atual traduz, no tocante a responsabilidade de indenizar daquele que causa

dano a outrem.

Assim, de acordo com o Código Civil, notadamente artigos 186, 187 e 927, já

destacados anteriormente, atestam em seus preceitos a responsabilidade subjetiva

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como cláusula geral, desde que comprovada à culpa, dolo ou abuso de direito

(CRUZ, 2013).

Destarte, acrescenta o entendimento jurisprudencial do Egrégio Tribunal de

Justiça do Distrito Federal acerca disso:

DIREITO CIVIL. DIREITO PROCESSUAL CIVIL. PRELIMINAR DE NÃO CONHECIMENTO DO RECURSO ADESIVO. AUSÊNCIA DE INTERESSE EM RECORRER. MANIFESTAÇÃO EXPRESSA. PRECLUSÃO LÓGICA. DANOS MORAIS. FALSA PATERNIDADE BIOLÓGICA. VIOLAÇÃO A DIREITO DE PERSONALIDADE. SENTENÇA MANTIDA. A manifestação expressa quanto à ausência de interesse em recorrer da r. sentença impede o conhecimento do recurso adesivo posteriormente interposto pelo autor, diante da ocorrência da preclusão lógica, art. 1000 do CPC. Não conhecimento do recurso adesivo. O período em que o autor permaneceu acreditando ser o pai biológico da menor, em razão da conduta omissiva voluntariamente praticada pela parte apelante, seguida do dano advindo à parte apelada, além do nexo de causalidade entre eles caracterizam a responsabilidade civil ensejadora do dever de indenizar. Apelação não provida.(TJ-DF - APC: 20130111344964, Relator: HECTOR VALVERDE SANTANNA, Data de Julgamento: 11/05/2016, 5ª Turma Cível, Data de Publicação: Publicado no DJE : 17/05/2016 . Pág.: 239).(GRIFO NOSSO).

Deveras, nessa sequência, que as condutas ilícitas que circulam na

imputação da paternidade, podem ensejar danos tanto morais quanto materiais, à

medida que poderia a genitora ter conhecimento da não paternidade, ou ao menos

duvidasse minimamente acerca do legítimo genitor.

Portanto, em resumo, estando apurado um dos critérios por ora expostos,

bem como demonstrado o dano causado, pode-se responsabilizar subjetivamente a

genitora pela demanda proposta em face desse suposto pai. (CRUZ, 2013).

Nesses termos, vem o entendimento doutrinário de DINIZ(2006) corroborar

ainda mais essa possibilidade que visa reestruturar o equilíbrio patrimonial entre

aquele que se depara com sua redução financeira, em regra, irreversível, e aquela

que se beneficiou de seus proventos indevidamente.

Deveras, a todo instante surge o problema da responsabilidade civil, pois cada atentado sofrido pelo homem, relativamente à sua pessoa ou ao seu patrimônio, constitui um desequilíbrio de ordem moral ou patrimonial, tornando imprescindível a criação de soluções ou remédios - que nem sempre se apresentam facilmente, implicando indagações maiores – que sanem tais lesões, pois o direito não poderá tolerar que ofensas fiquem sem reparação.(GRIFO NOSSO).

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Não obstante, imperioso ressaltar que, diferentemente de outros ramos do

Direito, a legislação que cuida da responsabilidade civil subjetiva, assegura a

indenização pela extensão do dano sofrido e não pelo grau da culpa. Assim sendo,

mesmo a culpa levíssima mereceria apreciação judiciária e consequente obrigação

da gestante em indenizar. (SOUZA, 2013).

Então, conclui-se que, estando devidamente comprovada a culpa, dolo ou

abuso de direito, entende-se pela responsabilização da gestante, visto ter dado

causa e assim tornado o recebimento daqueles alimentos indevidos, permitindo

assim, a possibilidade do suposto genitor pleitear reparação de danos, com

fundamento na responsabilidade subjetiva, para que seja amparado e ocorra o

devido ressarcimento perante os direitos e garantias violados.

3.2 Da mitigação do princípio da irrepetibilidade dos alimentos

Partindo do pressuposto que nenhum direito é absoluto, como já demonstrado

em capítulo anterior, o presente tópico visa conduzir a possibilidade da relativização

da repetição do indébito, como mais um mecanismo no arsenal do suposto genitor

que teve seu patrimônio lesado e almeja restaurá-lo.

De modo que, já havia sido evocado no presente trabalho, que no âmbito dos

alimentos persiste o princípio da irrepetibilidade dos alimentos, isto é, uma vez

adimplidos não poderiam ser restituídos. (SOUZA, 2013).

Contudo, há entendimentos diversos onde cogita-se a viabilidade de

restituição dos alimentos pagos indevidamente, quando o sujeito que foi obrigado a

pagá-los se depara com a litigância de má-fé da gestante.

Por conseguinte, havendo culpa, dolo ou abuso de direito, o princípio da

irrepetibilidade restar-se-ia mitigado, visto que, se a legislação civil não compadece

com tais condutas, é indiscutível o direito do suposto pai em reaver parte do seu

patrimônio que foi subtraído injustamente pela gestante.

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Nesse sentido, GONÇALVES (2011, p.523) faz sua contribuição, para com a

vertente que entende pela mitigação do referido preceito, conceituado que “o

princípio da irrepetibilidade não é, todavia absoluto e encontra limites no dolo em sua

obtenção, bem como na hipótese de erro no pagamento dos alimentos.”

Inobstante, leciona Maria Berenice Dias (2016, p. 950) na mesma perspectiva,

contemplando a admissibilidade da restituição do indébito, mesmo nos casos em se

tratando de alimentos, em situações de nítida postura desonrosa do credor, no caso,

da genitora.

Admite-se a devolução exclusivamente quando comprovado que houve má-fé ou postura maliciosa do credor. Em nome da irrepetibilidade, não é possível dar ensejo ao enriquecimento injustificado (CC 884). É o que se vem chamando de relatividade da não restituição. Conforme Rolf Madaleno, soa sobremaneira injusto não restituir alimentos claramente indevidos, em notória infração ao princípio do não enriquecimento sem causa. A boa-fé é um princípio agasalhado pelo direito (CC 113 e 422), a assegurar a repetição do indébito.

Desta feita, de grande relevância se faz incluir também que, se o legislador

suprimiu direitos constitucionais do suposto genitor, ou melhor, os relativizou, no que

pese a dignidade da pessoa e severa redução patrimonial, para que com base em

indícios, o mesmo fosse obrigado a prestar alimentos em prol de um nascituro, sem

a certeza de ser seu descendente. Nesse sentido, não seria razoável que obtendo a

negativa de paternidade, houvesse a aplicação do princípio da irrepetibilidade de

maneira irrestrita e absoluta, pois assim o judiciário estaria corroborando com a

disparidade entre as partes. (CRUZ, 2013).

Nesse contexto, CRUZ (2013) preleciona no seguinte sentido:

Em suma, seria possível a repetição de indébito nas ações de alimentos gravídicos, visto que o réu é condenado à prestação alimentícia baseado em meros indícios o que possibilita o cometimento de erros, assim, não se poderia cogitar a irrepetibilidade como regra absoluta, sob pena de se cometer injustiças e atentar contra o princípio norteador das decisões judiciais que é a razoabilidade, bem como implicaria em afronta à justiça entender em sentido diverso.(GRIFO NOSSO).

Portanto, nessa ótica, se há fixação de alimentos gravídicos com base em

verossimilhança de provas, nada mais plausível que o não genitor fizesse jus a

flexibilização do referido princípio, ensejando assim a possibilidade de ter devolvido

todos os proventos que lhe foram retirados. (CRUZ, 2013).

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Destarte, elucida ainda o entendimento jurisprudencial emanado pelo Tribunal

de Justiça de São Paulo e do Rio Grande do Sul em discussoes que se assemelham

ao presente caso, onde destacam a possibilidade da relativização do citado principio

quando se observa o auferimento indevido de prestações alimentares:

APELAÇÃO CÍVEL Pensão Concessão do benefício em razão de declaração falsa firmada pela requerida Repetição de indébito Possibilidade Verbas de caráter alimentar que não estão sujeitas à repetição, salvo nos casos de dolo ou má-fé Vedação ao enriquecimento ilícito Manutenção da r. sentença Recurso não provido. (TJ-SP - APL: 9205064392009826 SP 9205064-39.2009.8.26.0000, Relator: Osvaldo de Oliveira, Data de Julgamento: 31/08/2011, 12ª Câmara de Direito Público, Data de Publicação: 03/09/2011).(GRIFO NOSSO).

REPETIÇÃO DE INDÉBITO - Pensão alimentícia descontada indevidamente do auxílio doença do alimentante, a pedido da alimentanda - Procedência do pedido - Inconformismo da ré - Acolhimento parcial - Aplicação do disposto no art. 252 do RITJSP - Ratificação da maioria dos fundamentos da sentença - Acordo judicial prevendo a incidência da pensão apenas sobre os proventos da aposentadoria do alimentante, quando concedida - Requerimento do implemento dos descontos, pela alimentanda, antes da concessão do benefício, recaindo sobre o auxílio doença - Inaplicabilidade do princípio da irrepetibilidade dos alimentos - Restituição devida - Danos morais configurados - Autor que se viu privado de recursos financeiros indevidamente - Redução da indenização de R$ 7.000,00 para R$ 2.811,00, equivalente a três salários mínimos, valor que foi requerido na petição inicial - Sentença parcialmente reformada - Recurso provido em parte. (TJ-SP 10024568620168260084 SP 1002456-86.2016.8.26.0084, Relator: J.L. Mônaco da Silva, Data de Julgamento: 13/09/2017, 5ª Câmara de Direito Privado, Data de Publicação: 14/09/2017).(GRIFO NOSSO).

AGRAVO DE INSTRUMENTO. EXONERAÇÃO DE ALIMENTOS. PEDIDO DE RESTITUIÇÃO DE PRESTAÇÃO ALIMENTAR. POSSIBILIDADE. Sabido do caráter da incompensabilidade e da irrepetibilidade dos alimentos, porém, a fim de evitar o enriquecimento ilícito do alimentando, possível a devolução dos valores pagos a maior. Assim, se efetivamente houve o pagamento da verba alimentar a maior, impõe -se a restituição destes valores. RECURSO PARCIALMENTE PROVIDO. (Agravo de Instrumento Nº 70076617877, Sétima Câmara Cível, Tribunal de Justiça do RS, Relator: LiselenaSchifino Robles Ribeiro, Julgado em 07/02/2018). (TJ-RS - AI: 70076617877 RS, Relator: LiselenaSchifino Robles Ribeiro, Data de Julgamento: 07/02/2018, Sétima Câmara Cível, Data de Publicação: Diário da Justiça do dia 09/02/2018).(GRIFO NOSSO).

Nota-se, portanto, que o judiciário vem estabelecendo a argumentação que os

alimentos são irrepetiveis sim, desde que, sejam auferidos de boa-fé. Havendo

resquícios de locupletamento ilícito, esses alimentos passariam a não possuir mais

tal característica.

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Desse modo, fica clarificado a existência da possibilidade de pleitear a

restituição dos alimentos pela mitigação da repetição do indébito, quando se tratar

de situação onde os mesmos foram auferidos mediante conduta de má-fé por parte

da genitora, evitando assim o enriquecimento sem causa.

Conquanto, embora tenha sido exposto um admissível meio de restaurar o

patrimônio do suposto genitor, deve-se levar em consideração, como outrora

exposto, que os alimentos são elementos essenciais ao desenvolvimento do feto, e

restituí-los poderia vir a ferir os direitos mais relevantes, como a vida e a saúde.

Desta feita, há entendimentos no sentido contrário, que mantém como

prevalência a imutabilidade e o absolutismo do princípio da irrepetibilidade das

verbas alimentares, esses então, trazem outra provável solução para não deixar

desamparado aquele que sofreu com sua redução patrimonial.

Trata-se de ação “in rem verso”, ou seja, uma ação regressiva contra o

terceiro que consequentemente obteve benefício financeiro indiretamente, a partir do

pagamento equivocado das prestações alimentares por outrem, o então verdadeiro

genitor.

3.3 Da ação “in rem verso”

Por fim, além das possibilidades apresentadas de reparação de danos, há

ainda mais um meio de reaver o que foi despendido a título de verbas alimentícias

após demonstração da não paternidade, visando assim impedir o enriquecimento

sem causa.

Conforme já explanado, há quem entenda pela prevalência do princípio da

irrepetibilidade dos alimentos, haja vista, o alimentando que necessitava e utilizou-se

dos alimentos pagos de maneira indevida, não teria, em teoria, se enriquecido

ilicitamente tendo por base a objetivação dos alimentos outrora mencionados.

(CRUZ,2013).

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Assim, a restituição do indébito então recairia sobre o terceiro que se

beneficiou com o pagamento desses alimentos, ou seja, o verdadeiro pai, ao passo

que, este se aproveitou da redução patrimonial de outrem, a qual, em tese, deveria

ter sido sua, se a obrigação judicial tivesse lhe alcançado como deveria. (CRUZ,

2013).

Nessa vertente, GAGLIANO E PAMPLONA FILHO (2017, p.1328), entendem

que a ação que melhor se aplica e objetiva desfazer o enriquecimento ilícito seria a

“actio in rem verso”. Em resumo, trata-se de uma demanda movida em face do

verdadeiro genitor, buscando que este restitua o valor da obrigação adimplida pelo

anteriormente suposto pai.

Note-se que, para efeito de fixação da verba, são suficientes “indícios da paternidade”, não se exigindo prova cabal pré-constituída. Por óbvio, se a paternidade, posteriormente, foroficialmente negada, poderá o suposto pai voltar-se, em sede de ação de regresso, contra o verdadeiro genitor, para evitar o seu enriquecimento sem causa.

Nesse diapasão, extrai-se daí que a finalidade da ação “in rem verso” ou ação

de regresso, é o reequilíbrio de dois patrimônios: o patrimônio do suposto pai que

pagou indevidamente os alimentos gravídicos e o reembolso por meio da redução

patrimonial daquele que competia suportá-los desde o início, no caso, o verdadeiro

genitor.

O Código Civil traz em seu art. 884,a responsabilidade daquele que obtém

vantagem econômica injustificada através do esforço de outrem, onde fica obrigado

a restituir o sujeito prejudicado.

Art. 884. Aquele que, sem justa causa, se enriquecer à custa de outrem, será obrigado a restituir o indevidamente auferido, feita a atualização dos valores monetários. (GRIFO NOSSO).

No caso, a referida ação não teria por base os valores indevidamente

auferidos, pois, notadamente, a demanda seria em face do verdadeiro genitor, e não

em face da prole ou gestante que auferiram os alimentos.

Contudo, em tese, a ação de regresso ainda assim teria como fundamento o

enriquecimento ilícito, haja vista, o comprovado genitor ter se beneficiado, mesmo

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que a princípio de forma indireta, com o pagamento indevido dos alimentos

gravídicos por um terceiro.

Nota-se que, o fato de não ter ocorrido à redução patrimonial do verdadeiro

responsável por aquele nascituro, estaria o mesmo se enriquecendo ilicitamente, ao

passo que, manteve seus proventos inalteráveis mediante o adimplemento da dívida

efetuada por outro.

Trata-se, então, de uma vantagem de cunho patrimonial para o verdadeiro

pai, mesmo não tendo auferido qualquer valor. Bastando, portanto, não tê-lo

reduzido quando deveria, deixando o débito alimentar ser pago erroneamente por

outro que se viu obrigado, configurando assim em pagamento indevido.

Para DINIZ (2005, p.806), pagamento indevido também é uma forma de

enriquecimento ilícito, e corrobora o todo exposto com seu ensinamento:

O pagamento indevido é uma das formas de enriquecimento ilícito, por decorrer de uma prestação feita por alguém com o intuito de extinguir uma obrigação erroneamente pressuposta, gerando ao accipiens, por imposição legal, o dever de restituir, uma vez estabelecido que a relação obrigacional não existia, tinha cessado de existir ou que o devedor não era o solvens ou o accipiens não era o credor.

Ainda nesse entendimento, vem a jurisprudência do Tribunal de Justiça do Rio

Grande do Sul e Santa Catarina enaltecer a aplicabilidade da ação “in rem verso” em

casos semelhantes ao ilustrado no presente trabalhado. Exemplificando, dessa

forma, a viabilidade da referida demanda judicial no que tange a cobrança dirigida a

quem realmente deveria ter suportado a redução patrimonial, pois sempre fora o

verdadeiro responsável.

Haja vista, mesmo que a descoberta da paternidade tenha se demonstrada

tardia, a obrigação de pai persistia desde a concepção.

APELAÇÃO CÍVEL. DIREITO PRIVADO NÃO ESPECIFICADO. AÇÃO DE COBRANÇA. ADIMPLEMENTO REALIZADO POR TERCEIRO. DIREITO DE REGRESSO. CHEQUE. PRESCRIÇÃO. INOCORRÊNCIA. ILEGITIMIDADE PASSIVA. PREFACIAIS AFASTADAS. COMPENSAÇÃO DÍVIDAS. DESCABIMENTO. Conforme dispõe o artigo 305, do Código Civil, O terceiro não interessado, que paga a dívida em seu próprio nome, tem direito a reembolsar-se do que pagar. Demonstrado o desembolso de valores para adimplemento de débito de responsabilidade do réu, a manutenção da sentença é medida que se impõe. PRELIMINARES AFASTADAS. NEGARAM PROVIMENTO AO RECURSO. (Apelação Cível

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Nº 70054241575, Décima Quinta Câmara Cível, Tribunal de Justiça do RS, Relator: Alex Gonzalez Custodio, Julgado em 26/08/2015).(TJ-RS - AC: 70054241575 RS, Relator: Alex Gonzalez Custodio, Data de Julgamento: 26/08/2015, Décima Quinta Câmara Cível, Data de Publicação: Diário da Justiça do dia 04/09/2015).(GRIFO NOSSO).

APELAÇÃO CÍVEL. AÇÃO DE RESSARCIMENTO DE VALORES. SENTENÇA DE PROCEDÊNCIA. RECURSO DO RÉU. CERCEAMENTO DE DEFESA. PROVAS ORAIS. DESNECESSIDADE. ELEMENTOS SUFICIENTES À CONVICÇÃO DO JULGADOR. NULIDADE NÃO CARACTERIZADA. Pode ser dispensada a produção de outros meios de provas quando convencido o Magistrado de que o conjunto probatório é suficiente à elucidação da matéria, já que se encontra na posição de destinatário final das mesmas e, assim, viabilizando o julgamento antecipado da lide. MÉRITO. DEVOLUÇÃO DE QUANTIA REFERENTE A NEGÓCIO QUE NÃO SE CONCRETIZOU. ALEGADO ADIMPLEMENTO DE DÍVIDA DE TERCEIRO. ENRIQUECIMENTO INDEVIDO E MÁ-FÉ DA APELANTE EVIDENCIADOS. RESTITUIÇÃO DEVIDA. Aquele que, sem justa causa, alcançar indevido enriquecimento através de outrem, será obrigado a restituir o indevidamente auferido, com a atualização dos valores monetários, nos termos do art. 884, do Código Civil. RECURSO DESPROVIDO.(TJ-SC - AC: 00246570720168240000 Blumenau 0024657-07.2016.8.24.0000, Relator: João Batista Góes Ulysséa, Data de Julgamento: 25/05/2017, Segunda Câmara de Direito Civil).(GRIFO NOSSO).

APELAÇÃO CÍVEL. TRANSPORTE MARÍTIMO. SOBRE-ESTADIA (DEMURRAGE). AÇÃO DE REGRESSO. ILEGITIMIDADE PASSIVA. Se a autora, agente de carga, efetuou o pagamento da sobre-estadia ao armador, tem direito de regresso contra a responsável pela dívida, que é a importadora dos produtos, e não a exportadora. Ilegitimidade passiva confirmada. APELAÇÃO DESPROVIDA. (Apelação Cível Nº 70077671790, Décima Primeira Câmara Cível, Tribunal de Justiça do RS, Relator: Antônio Maria Rodrigues de Freitas Iserhard, Julgado em 29/08/2018).(TJ-RS - AC: 70077671790 RS, Relator: Antônio Maria Rodrigues de Freitas Iserhard, Data de Julgamento: 29/08/2018, Décima Primeira Câmara Cível, Data de Publicação: Diário da Justiça do dia 05/09/2018). (GRIFO NOSSO).

Embora existam entendimentos diversos, é certo que a doutrina e

jurisprudência vêm caminhando em busca de uma solução que possa resguardar e

restaurar o patrimônio daquele que viu sua redução indevidamente, tendo em vista,

conforme elencado, a codificação civil não compadecer com condutas pautadas pela

má-fé.

Nesta oportunidade, resta evidente, diante das citações e ementas

apresentadas, que o sujeito prejudicado tem direito a reparação de seu patrimônio e

pode pleitear justiça, seja em face da gestante pela via indenizatória ou repetição do

indébito nos casos de culpa, dolo, ou abuso de direito, seja em face do verdadeiro

genitor em sede de ação “in rem verso”.

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Portanto, está clara a existência de uma centelha que demonstra, de acordo

com a hipótese exercitada nesse trabalho, a possibilidade da responsabilização da

gestante por meio da aplicação dos dispositivos da responsabilidade civil, quando,

no mais tardar, a verdade se mostra equivocada fazendo emergir na relação

processual outro indivíduo que será intitulado como o verdadeiro pai, e então o

verdadeiro responsável pelos débitos da referida prestação alimentícia.

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4 Da disparidade do tratamento legal entre o suposto pai e a gestante

4.1 Da defesa do suposto genitor

Diante do explanado, decerto ficou claro a posição temerária que se encontra

o suposto genitor no que pese afastar a presunção de paternidade quando existem

indícios que possam condená-lo como o verdadeiro pai, bem como a tutela dos

direitos concernentes à saúde e à vida que são sempre elucidados em detrimento

dos direitos patrimoniais.

No entanto, embora a Lei dos alimentos gravídicos transpareça sua proteção

demasiada em face da gestante e total relapso em face do possível genitor, a

Constituição Federal, em seu artigo 5º, inciso LV, garante para aquele que é

acusado o direito ao contraditório e a ampla defesa.

Desta feita, mesmo que a referida lei tenha lhe negado tantas oportunidades

de se defender, ainda assim é possível ao indigitado pai contestar a presunção de

vínculo parental até que seja viável o exame de DNA para fixação dos alimentos

com mais segurança.

O artigo 7º da mencionada lei, determina o prazo de 05 (cinco) dias, a contar

da citação, para que o réu apresente resposta na ação de alimentos gravídicos.

Salvo casos específicos, como impotência e esterilidade, a contestação a ser

apresentada no prazo mencionado, provavelmente, não conterá fundamentos

suficientes para convencer o magistrado. (CALDEIRA, 2010).

Todavia, ainda resta ao possível genitor meios de ilidir a suposição da

gestante por, talvez, não ser realmente o pai, adiando a obrigação alimentar

somente para depois do nascimento da prole.

Nesse sentido, o requerido em sede de resposta poderia alegar que a relação

sexual com a gestante ocorrera antes do período conceptivo. (CALDEIRA, 2010).

Ademais, pode ainda negar que conhece a genitora ou que com ela manteve

alguma relação; contudo é necessário cautela nessa argumentação, visto a

possibilidade de oitiva de testemunhas e outras provas documentais que possam

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derrubar essa suposição, sendo viável que utilize apenas se estiver declarando a

verdade. (CALDEIRA, 2010).

Existe ainda a alegação de que a genitora manteve relações com outro ou

outros parceiros no mesmo período que esteve com o suposto genitor. Trata-se de

um meio de defesa que fora muito utilizado em ações de investigação de

paternidade antes da existência do exame de DNA; busca em suma causar dúvidas

no magistrado quanto à verdadeira paternidade, protelando, assim, a fixação dos

alimentos, ou causando a extinção da ação até que seja possível a verificação da

paternidade. (CALDEIRA, 2010; DIAS, 2016, p.717).

A jurista DIAS (2016, p.742), embora não seja totalmente adapta dessa

vertente de defesa, leciona com o seguinte conceito:

[...] o meio de defesa utilizado para negarem a paternidade é uma expressão latina: exceptio plurium concubentium. Sob o fundamento de a mãe ter mantido relacionamentos afetivos com outros homens ao tempo presumível da concepção, corria a exclusão da responsabilidade do investigado. A simples possibilidade de o filho provir de outrem autorizava a exoneração de qualquer responsabilidade. [...] Na contestação, o demandado, apesar de confessar a mantença de contatos sexuais com a mãe do investigante, buscava evidenciar a concomitância de relações com outros parceiros. Com isso se estabelecia a dúvida, inseria-se um elemento de incerteza, que levava à improcedência da ação. (GRIFO NOSSO).

Faz-se pertinente mencionar que a exceptio plurium concubentium ou

exceção do concubinato plúrimo não busca, de maneira alguma, atingir ou tão pouco

ofender a gestante no que diz respeito à sua intimidade; mas sim, visa incutir – no

magistrado – a dúvida sobre a paternidade pleiteada, o que por consequência

vedaria o ingresso da ação de alimentos gravídicos ou causaria sua extinção. Haja

vista, não poder ser intentada em face de mais de um provável genitor, conforme

ilustra o entendimento a seguir emanado pelo Tribunal de Justiça de Sergipe e pelo

Superior Tribunal de Justiça em casos semelhantes aos trazidos aqui. (DIAS, 2016,

p. 971).

APELAÇÃO CÍVEL – INVESTIGAÇÃO DE PATERNIDADE – EXAME DE DNA COM RESULTADO POSITIVO – NEGATIVA DE PATERNIDADE DO INVESTIGANDO – PEDIDO PARA REALIZAÇÃO DE NOVO EXAME – INDEFERIMENTO NO PRIMEIRO GRAU – INSURGÊNCIA DOS APELANTES DURANTE TODO O PROCESSO, PROTESTANDO POR NOVO EXAME – AUSÊNCIA DE PREJUÍZO – DEFERIMENTO – EXCEPTIO PLURIUM CONCUBENTIUM – CERCEAMENTO DE DEFESA

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– POSSIBILIDADE DA REALIZAÇÃO DE UM SEGUNDO EXAME, EM CLÍNICA DA CONFIANÇA DO JUÍZO – REPETIÇÃO DA PROVA PERICIAL – ADMISSIBILIDADE – SENTENÇA ANULADA EXCLUSIVAMENTE PARA REPETIR O EXAME – SEM NECESSIDADE DE PRODUÇÃO DE OUTRAS PROVAS – INVERSÃO DO ÔNUS SUCUMBENCIAL – RECURSO CONHECIDO E PROVIDO – À UNANIMIDADE. (Apelação Cível nº 201800817577 nº único0015547-64.2014.8.25.0084 - 2ª CÂMARA CÍVEL, Tribunal de Justiça de Sergipe - Relator (a): Alberto Romeu Gouveia Leite - Julgado em 19/02/2019) (TJ-SE - AC: 00155476420148250084, Relator: Alberto Romeu Gouveia Leite, Data de Julgamento: 19/02/2019, 2ª CÂMARA CÍVEL).(GRIFO NOSSO).

RECURSO ESPECIAL Nº 1.525.243 - DF (2014/0275296-7) RELATOR : MINISTRO ANTONIO CARLOS FERREIRA RECORRENTE : A G DA S ADVOGADO : DEFENSORIA PÚBLICA DO DISTRITO FEDERAL RECORRIDO : T P DA S ADVOGADO : ZULÉIA VITAL - DF011137 DECISÃO Trata-se de recurso especial, interposto com fundamento no art. 105, III, alíneas a, da CF, contra acórdão do TJDFT assim ementado (e-STJ fl. 268): INVESTIGAÇÃO DE PATERNIDADE. CURADORIA. PREPARO. CITAÇÃO POR HORA CERTA. PROVAS DOS AUTOS. I – [...]CERTIDÃO - HORA CERTAI Certifico que, em cumprimento ao respeitável mandado retro, dirigi-me ao endereço, onde compareci as 08:00 horas e, ali sendo, não se achando presente o requerido, com fulcro no art. 228, §§ 1o e 2o. do CPC, citei A.G. da S., na pessoa de R. F. S. a quem dei ciência do presente mandado e entreguei-lhe a contrafé, que aceitou, exarando sua nota de ciência e aceitando a contrafé. A citação por hora certa, pelo que se depreende da certidão acima transcrita, foi realizada conforme o determinado pelos arts. 227 e 228 do CPC. Os dias e horários em que o réu foi procurado foram devidamente registrados, bem como a suspeita de ocultação foi devidamente declinada na certidão. Acrescente-se, ainda, que também foi enviada carta de cientificação (fls. 87/8), nos termos do art. 229 do CPC. Dito isto, é de se considerar que o recorrente, apesar de ocultar-se para não ser citado pessoalmente, teve ciência dos fatos através da citação por hora certa. Entretanto, manteve-se inerte, revelando seu desinteresse na causa. Devido à impossibilidade de realização do exame de DNA, o juízo monocrático utilizou-se das demais provas existentes para declarar a paternidade (e-STJ fls. 204):Assim, admitido como verdadeiro o fato de que o réu manteve relações sexuais com a genetriz da autora, ao tempo da sua concepção, presume-se que aquele é o seu pai. Tal presunção somente poderia ser elidida pelo demandado com a utilização da 'exceptio plurium concubentium", ou seja, pela demonstração de que a genitora da demandante lhe era desleal, levava uma vida desregrada e mantinha relações sexuais com outros homens, fazendo incidir dúvida a respeito da paternidade. Neste sentido, nota-se que não houve qualquer menção ao fato de que a genitora mantinha relações sexuais com outros homens. Ao revés, a prova oral evidenciou que. à época do nascimento de TATIANA, sua mãe somente mantinha contato amoroso com o requerido. Soma-se a isso a similitude de traços físicos entre a autora e o demandado, como deflui dos depoimentos coletados em audiência, às fls. 114/115, os quais exteriorizam, inclusive, o fato de que se referia á autora como sua filha. [...]. Diante do exposto, NÃO CONHEÇO do recurso especial. Publique-se. Intimem-se. Brasília (DF), 16 de março de 2018. Ministro ANTONIO CARLOS FERREIRA Relator(STJ - REsp: 1525243 DF 2014/0275296-7, Relator: Ministro ANTONIO CARLOS FERREIRA, Data de Publicação: DJ 02/04/2018).(GRIFO NOSSO).

Não obstante, mesmo que a existência do exame de DNA tenha, em tese,

feito cair em desuso a referida defesa nas ações de investigação de paternidade,

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ainda é plausível sua utilização nas ações de alimentos gravídicos, tendo em vista o

risco que o elencado exame traria ao feto e a mãe no período gestacional,

postergando, assim, a aferição do vínculo parental somente após o nascimento,

conforme esclarece LOPES; ZALCMAN (2014):

Porém, mesmo com o avanço da ciência, os exames para a averiguação da paternidade durante o período gestacional exigem a colheita de material através de métodos invasivos, o que acaba por colocar em risco a vida do feto e, portanto, não é realizado de forma corriqueira através de

demandas judiciais.(GRIFO NOSSO).

Ainda nessa seara, corrobora ASSIS (2011) com a mesma preocupação:

Até mesmo porque as provas seriam palavra (mãe) por palavra (suposto pai), tendo este 5 dias para produzir impossível prova negativa da paternidade, porque foi vetado no Projeto de Lei original exame pericial intra-uterino, por acarretar risco à gestação, na ciência hodierna. (GRIFO NOSSO).

Portanto, fica demonstrado que o genitor – mesmo estando em situação

desfavorável – ainda poderá se valer dos mecanismos acima elencados, buscando

evitar ser obrigado a adimplir valores que não são de sua responsabilidade.

De todo modo, o citado pai encontra-se em um cenário cujo ônus probatório é

muito difícil, senão impossível de alcançar, já que necessita comprovar um fato

negativo; isto é, ratificar sua contestação com provas de que não se relacionou com

a gestante, algo muito difícil de se atingir. A doutrina denomina esse tipo de prova

como “probatio diabólica”, ou melhor, prova diabólica, sendo aquela que busca “a

veracidade da alegação a respeito de um fato extremamente difícil de ser produzida.

Ou seja, nenhum meio de prova possível é capaz de permitir tal demonstração”.

(CABRAL; CANGUSSU, 2012). Quadro este que só salienta ainda mais a posição

injusta que o suposto genitor se depara. (CALDEIRA, 2010).

Conquanto, conforme já mencionado em capítulos anteriores, mesmo que o

sujeito conteste a paternidade, o juízo apurador da demanda tende a compadecer

para o lado da gestante, pois no momento da ponderação entre direito a saúde e a

vida, e o direito ao patrimônio, o primeiro acaba sendo favorecido em detrimento do

segundo. (CALDEIRA, 2010; LOPES; ZALCMAN, 2014).

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De fato, processualmente falando, a posição de ambas as partes – no caso da

gestante e do suposto pai – encontra-se nitidamente desequilibradas, obtendo maior

peso o lado da gestante. Isso é ainda mais verificável quando observa-se o texto

legal com seus inúmeros vetos, em que o legislador, na busca de tutelar os direitos

já mencionados, relativizou totalmente os direitos do indigitado pai. Dessa forma, a

problemática a seguir abordada estudou os equívocos cometidos em decorrência

dos vetos e como esse cenário corroborou com mais força para a ocorrência da

imputação falta de paternidade.

4.2 Do veto parcial da Lei 11.804/08 e da proteção desmedida da gestante

Já minimamente tratado em tópico anterior, a legislação que versa sobre os

alimentos gravídicos demonstra uma proteção exacerbada em prol da gestante e

nítido desmazelo em face do genitor, ao passo que, foi vetada em vários de seus

dispositivos que proporcionavam algum respaldo ao suposto pai.

Mormente, cumpre rememorar a redação original da lei que foi aprovada

inicialmente com doze artigos sem qualquer emenda; onde, atualmente, restam

apena seis vigentes visto os vetos sofridos no decorrer de sua trajetória. Dentre os

artigos vetados, são pertinentes a esse trabalho os artigos 5º e 10º que serão melhor

apreciados à frente.

No que pese ao dispositivo 5º da supracitada lei, era previsto antes do veto

presidencial a obrigatoriedade de designação de audiência de justificação para a

fixação dos alimentos, conforme se verifica in verbis:

Art. 5o Recebida a petição inicial, o juiz designará audiência de justificação

onde ouvirá a parte autora e apreciará as provas da paternidade em cognição sumária, podendo tomar depoimento da parte ré e de testemunhas e requisitar documentos.

A referida audiência tinha por finalidade o convencimento com mais afinco do

magistrado, buscando evitar a imputação de paternidade de maneira impensada ou

mal corroborada pela gestante; visto que o juiz ouviria a autora e avaliaria as provas

apresentadas, podendo inclusive colher o depoimento do suposto genitor.

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Contudo, o mesmo foi vetado, pois poderia prolongar o processo mais do que

o necessário; além disso, trata-se de um procedimento que inexiste em outras ações

de alimentos, sendo, portanto, inviável sua previsão na lei de alimentos gravídicos,

conforme demonstra as razões do veto em sequência:

O art. 5o ao estabelecer o procedimento a ser adotado, determina que será

obrigatória a designação de audiência de justificação, procedimento que não é obrigatório para nenhuma outra ação de alimentos e que causará retardamento, por vezes, desnecessário para o processo.

De fato, a audiência de justificativa não é utilizada em demandas de pleito

alimentício; entretanto, a ação de alimentos gravídicos trata-se de um procedimento

bem mais delicado, visto a impossibilidade de averiguação da paternidade e sua

imputação por mera presunção de provas apresentadas na inicial pela gestante.

De acordo com o já apresentado em capítulos anteriores, o juiz fixa os

alimentos gravídicos avaliando um conjunto probatório pouco substancial, como

fotos e mensagens a título de exemplo, o que pode acarretar que mulheres mal

intencionadas possam utilizar essa lacuna legislativa para auferirem benefícios

indevidamente.

Nesse sentido, evidente que a audiência de justificação serviria como

instrumento para melhor apreciação do juiz sobre as reais intenções da autora da

demanda, buscando por meio de interrogatório, encontrar a verdade dos pedidos

elencados na inicial, evitando, desse modo, falsa imputação de paternidade e

prejudicando de maneira, em regra, irreversível o patrimônio e a moral de alguém e,

também, podendo conceder a oportunidade ao réu de ser ouvido, bem como de

testemunhas que poderiam contribuir para uma decisão mais justa do judiciário.

À vista disso, é certo que o veto da audiência de justificação trouxe ainda

mais perigo a uma lide já bastante temerária para quem é condenado diante dela;

inobstante, a prolongação que acarretaria ao processo de maneira alguma seria

desnecessária, haja vista, tratar-se de uma demanda consubstanciada por provas de

baixa força de convicção sendo viável sua verificação com mais atenção, o que a

referida audiência buscava proporcionar.

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Pertinente salientar que, embora a justificação prévia não seja utilizada em

outras ações de alimentos, a mesma encontra previsão no código de processo civil

alocada na Tutela de Urgência, artigo 300, §2º, permitindo ao magistrado a

averiguação com mais cautela do fumus boni iuris e periculum in mora apresentados

pela parte autora de uma ação, clarificando ainda mais o equívoco do legislador ao

vetar essa possibilidade na lei 11.804/08.

Art. 300. A tutela de urgência será concedida quando houver elementos que evidenciem a probabilidade do direito e o perigo de dano ou o risco ao resultado útil do processo. § 2

o A tutela de urgência pode ser concedida liminarmente ou após

justificação prévia.(GRIFO NOSSO).

Ainda nesse cenário, elucida a doutrina no mesmo sentido, trazendo à tona a

viabilidade da audiência de justificação, que embora seja uma possibilidade no

processo civil, era obrigatório na lei de alimentos gravídicos, visto a aferição das

provas serem muito debilitadas, sendo necessário, por proteção a justiça, que o

magistrado utilizasse todos os instrumentos ao seu alcance para assegurar que não

ocorresse a imputação falsa de paternidade e a instrumentalização do judiciário

como ferramenta de vingança ou enriquecimento ilícito por parte da gestante.

A tutela de urgência pode ser deferida antes da oitiva da parte contrária (inaudita altera parte), liminarmente ou após a realização de uma audiência de justificação prévia (em que se permita ao demandante produzir prova oral destinada a demonstrar a presença dos requisitos de sua concessão). (CAMÂRA, 2018).

Nessa toada, o entendimento jurisprudencial, emanado pelo Tribunal de

Justiça do Distrito Federal e do Tribunal de Justiça de Tocantins, em casos que

possuem similaridades com a problemática discutida, asseveraram a importância da

audiência de justificação, a qual não foi levada em consideração no momento do

veto.

AGRAVO DE INSTRUMENTO. AÇÃO DE EXONERAÇÃO DE ALIMENTOS. BINÔMIO NECESSIDADE-POSSIBILIDADE. REDUÇÃO DA CAPACIDADE FINANCEIRA DO ALIMENTANTE. INSUFICIÊNCIA DE PROVAS. DECISÃO MANTIDA. 1. O § 1º do Art. 1.694 do Código Civil estabelece que os alimentos devem ser fixados na proporção das necessidades do reclamante e dos recursos da pessoa obrigada. 2. O Agravo de Instrumento foi interposto em momento no qual ainda não havia manifestação nos autos do Alimentando que possibilitasse a análise da minoração de sua necessidade; ademais, o Alimentante também não demonstrou a redução na sua capacidade financeira entre o período atual e aquele em que foi condenado ao pagamento de dois salários mínimos a título de pensão. 3. À míngua de elementos probatórios, não é possível dar guarida ao pleito de

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suspensão ou, subsidiariamente, redução da obrigação alimentícia. 4. Diante da informação de composição amigável entre as partes, bem como da iminência de audiência de justificação perante o Juízo a quo, na qual as partes poderão confirmar ou dar novos contornos ao acordo já celebrado, o magistrado de primeira instância terá melhores condições de analisar o binômio necessidade-possibilidade que rege a obrigação de prestar alimentos. 5. Agravo conhecido e não provido. (TJ-DF 07026083120188070000 - Segredo de Justiça 0702608-31.2018.8.07.0000, Relator: ROBERTO FREITAS, Data de Julgamento: 31/10/2018, 1ª Turma Cível, Data de Publicação: Publicado no DJE : 09/11/2018 . Pág.: Sem Página Cadastrada.).(GRIFO NOSSO).

AGRAVO DE INSTRUMENTO. AÇÃO REVISIONAL DE ALIMENTOS. PEDIDO LIMINAR. REDUÇÃO. APRECIAÇÃO POSTERGADA APÓS AUDIÊNCIA DE JUSTIFICAÇÃO. POSSIBILIDADE. DILAÇÃO PROBÁTORIA. NECESSIDADE. Mostra-se prudente a apreciação do pedido liminar, em sede de ação revisional de alimentos, para momento posterior à realização da audiência de justificação, sendo imprescindível o estabelecimento do contraditório para se aferir as reais modificações nas possibilidades do alimentante e as necessidades da parte alimentada. (AI No 0001081-98.2016.827.0000, Rel. Des. JOÃO RIGO, 2ª Câmara Cível, julgado em 16/03/2016). (TJ-TO - AI: 00010819820168270000, Relator: MARCO ANTHONY STEVESON VILLAS BOAS).(GRIFO NOSSO).

No tocante ao artigo 10º da mesma legislação, trazia em seu teor a

responsabilização objetiva da gestante pelo recebimento dos alimentos depois que

ficasse demonstrada a negativa de paternidade.

Art. 10. Em caso de resultado negativo do exame pericial de paternidade, o autor responderá, objetivamente, pelos danos materiais e morais causados ao réu. Parágrafo único. A indenização será liquidada nos próprios autos.

Contudo, o mesmo sofreu veto devido à suposta característica de ser uma

norma intimidadora, pressupondo que o mero exercício de um direito não poderia

condenar a autora a indenizar o suposto pai.

Art. 10. Trata-se de norma intimidadora, pois cria hipótese de responsabilidade objetiva pelo simples fato de se ingressar em juízo e não obter êxito. O dispositivo pressupõe que o simples exercício do direito de ação pode causar dano a terceiros, impondo ao autor o dever de indenizar, independentemente da existência de culpa, medida que atenta contra o livre exercício do direito de ação

Embora o legislador assim tenha entendido, o mesmo não considerou as

repercussões negativas que o referido veto poderia acarretar. Trata-se de uma

concessão de liberdade processual sem limites à gestante, pois pode a qualquer

momento intentar contra um sujeito, condená-lo a pagar alimentos. Todavia, após

demonstração da falta do vínculo parental, a mesma sairia ilesa, tendo o sujeito

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prejudicado o encargo de demandar em face dela na expectativa de reparar seu

dano patrimonial e moral sofrido.

Pacífico é que desde os primórdios a responsabilidade civil é adotada,

“proclamando, sem contradita e sem rebuços, que a vítima de uma ofensa a seus

direitos e interesses receberá reparação por parte do ofensor.”. (PEREIRA, 2016).

Nesse sentido, o ilustre doutrinador TARTUCE (2018, p.99), adota corrente

diversa da escolhida para fundamentar o veto, partindo do pressuposto que a

violação do princípio da boa-fé objetiva, o qual rege as relações obrigacionais e

processuais, e o abuso de condão do direito de ação da gestante, geraria, à mãe, a

obrigação de maneira objetiva a reparar o dano causado.

Com o devido respeito à posição em contrário, por todo o raciocínio aqui exposto, o veto presidencial em nada muda a solução que deve ser dada aos casos de enganos cientes na gravidez, mormente das esposas com relação aos seus maridos e companheiros. Pela violação da boa-fé objetiva e pelo flagrante abuso de direito, haverá o seu dever de indenizar. E, conforme antes mencionado, segundo a melhor doutrina, o abuso de direito gera uma responsabilidade objetiva, sem culpa do agente abusador, pois essa deve ser a consequência quando a boa-fé objetiva não é atendida ou respeitada.(GRIFO NOSSO).

O entendimento jurisprudencial do Tribunal de Justiça do Rio Grande do

Sulvem também abraça a vertente acima no que pese ao exercício irregular de um

direito, em que o poder de ação é utilizado de forma impensada e com o intuito de

causar dano.

APELAÇÃO CÍVEL. DIREITO PRIVADO NÃO ESPECIFICADO. AÇÃO DECLARATÓRIA. ABUSO NO DIREITO DE DEMANDAR. VIOLAÇÃO AO PRINCÍPIO DA BOA-FÉ OBJETIVA PROCESSUAL. EXTINÇÃO. EXPEDIÇÃO DE OFÍCIO À OAB MANTIDA. Direito à ação. O direito fundamental à ação é a faculdade garantida constitucionalmente de deduzir uma pretensão em juízo e, em virtude dessa pretensão, receber uma resposta satisfatória (sentença de mérito) e justa, respeitando os princípios constitucionais do processo como o contraditório, a ampla defesa, a motivação dos atos decisórios, o juiz natural. Abuso de direito.Todo e qualquer abuso de direito e, em especial, o abuso do direito de demandar, não é senão espécie de ilicitude. Caso. Ajuizamento de forma abusiva de inúmeras ações individuais em face de uma mesma inscrição para diversos órgãos arquivistas. Oficiamento à OAB. Mantida a determinação de expedição de ofício ao órgão competente (OAB) para apuração de eventual conduta temerária dos procuradores. NEGARAM PROVIMENTO AO APELO E, DE OFÍCIO, JULGARAM EXTINTO O PROCESSO. UNÂNIME. (Apelação Cível Nº 70077514404, Décima Sétima Câmara Cível, Tribunal de Justiça do RS, Relator: Giovanni Conti, Julgado em 28/06/2018).(TJ-RS - AC: 70077514404 RS, Relator: Giovanni Conti, Data de Julgamento:

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28/06/2018, Décima Sétima Câmara Cível, Data de Publicação: Diário da Justiça do dia 11/07/2018).(GRIFO NOSSO).

Desta feita, existindo as situações apresentadas, decerto que a gestante

deva ser responsabilizada. Não obstante, em decorrência do veto, apenas dificultou

o caminho do sujeito prejudicado em reaver seu patrimônio reduzido.

Conforme já discutido anteriormente, diante do conjunto probatório fragilizado,

da ausência de audiência de justificação e da inclinação judiciária a compadecer

com o pleito da gestante, resta evidente que a lei 11.804/08 da forma como se

encontra atualmente perdeu seu objetivo principal, o qual era a objetivação e

proteção dos direitos à saúde, vida e paternidade responsável e, deu azo a possíveis

oportunistas, ou mesmo, mulheres descuidadas que ajuízam a ação de alimentos

gravídicos sem qualquer cautela ou preocupação.

Visto isso, é fato que embora o legislador tenha vetado a aplicabilidade da

teoria objetiva ou do risco nessa relação processual, percebe-se nítido o erro aqui

ocasionado, ficando notória a necessidade da aplicação da responsabilidade objetiva

no que tange ao recebimento indevido de alimentos, visto que, de acordo com

referida teoria [...] todo dano é indenizável, e deve ser reparado por quem a ele se

liga por um nexo de causalidade, independentemente de culpa. (GONÇALVES,

2018, p.48).

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5 CONCLUSÃO

Pacífico é que desde os primórdios a vítima de uma ofensa receberá

reparação por parte do ofensor, nesse sentido, ante todo os exposto, conclui-se que,

visando a ponderação de direitos entre a gestante e o suposto genitor, se faz

necessário construir um caminho para o sujeito que comprovou não ser realmente o

genitor poder pleitear reparação.

Visto isso, a hipótese testada foi a aplicação dos dispositivos da

responsabilidade civil, no caso, artigo 186, 187 e 928 do Código Civil, visando a

condenação da gestante pela via subjetiva evidenciada por uma postura maliciosa

da autora, bem como corroborada pela culpa, dolo e abuso de direito.

Isto posto, mesmo que em regra, sejam os alimentos irrepetiveis, em caso de

procedência da demanda de alimentos gravídicos, se faz necessário verificar a

conduta da gestante. Estando nitida a litigância de má-fé ao imputar falsamente a

paternidade e o dano sofrido, tal situação daria origem a obrigação de indenizar

tanto patrimonial como moralmente.

Importante mencionar também que, partindo do pressuposto que nenhum

direito é absoluto, a relativização do principio da irrepetibilidade também seria uma

consequência da conduta da gestante, visto que, em nome do referido principio não

se pode permitir o enriquecimento injustificado.

Não obstante, fica evidente que, em uma situação onde está nítida a conduta

faltosa da gestante, o principio que norteia os alimentos, mesmo diante de sua

objetivação, não poderia ser aplicado de maneira irrestrita sob pena de admitir que o

ordenamento jurídico brasileiro acolhe o enriquecimento sem causa.

Pertinente mencionar também que se o legislador relativizou direitos

constitucionais do suposto genitor, no que pese a dignidade da pessoa e severa

redução patrimonial, para que com base em indícios, o mesmo fosse obrigado a

prestar alimentos em prol de um nascituro, sem a certeza de ser sua prole, não seria

razoável que obtendo a negativa de paternidade, houvesse a aplicação do princípio

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da irrepetibilidade de maneira restrita e absoluta, pois assim o judiciário estaria

corroborando com a disparidade entre as partes.

Portanto, nessa ótica, se há fixação de alimentos gravídicos com base em

verossimilhança de provas, nada mais plausível, que fizesse jus a flexibilização do

referido princípio, ensejando assim a possibilidade do não genitor de ter devolvido

todos os proventos que lhe foram retirados, hava vista, que havendo resquícios de

locupletamento ilícito, esses alimentos passariam a não possuir mais a característica

da irrepetibilidade.

Portanto, resta evidente, diante das citações e ementas apresentadas, que o

sujeito prejudicado tem direito a reparação de seu patrimônio e pode ingressar seja

em face da gestante pela via indenizatória ou repetição do indébito nos casos de

culpa, dolo, ou abuso de direito, seja em face do verdadeiro genitor em sede de ação

“in rem verso”.

Resta demonstrando assim que, de acordo com a hipótese exercitada, existe

a possibilidade da responsabilização da gestante de maneira subjetiva, visto que,

conforme exposto, não se pode dar azo, tão pouco fomentar condutas que visem

auferir qualquer tipo de ganho ou vantagem as custas do pedecimento financeiro de

outrem.

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