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1 UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU” AVM FACULDADE INTEGRADA ECONOMIA BRASILEIRA: SAGA BRASILEIRA Por: Jaqueline Pereira Mões Orientador Prof.ª Ana Claudia Morrisy Rio de Janeiro 2012

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

AVM FACULDADE INTEGRADA

ECONOMIA BRASILEIRA: SAGA BRASILEIRA

Por: Jaqueline Pereira Mões

Orientador

Prof.ª Ana Claudia Morrisy

Rio de Janeiro

2012

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

AVM FACULDADE INTEGRADA

ECONOMIA BRASILEIRA: SAGA BRASILEIRA

Apresentação de monografia à AVM Faculdade Integrada

como requisito parcial para obtenção do grau de

especialista em Finanças e Gestão Corporativa.

Por: Jaqueline Pereira Mões

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AGRADECIMENTOS

Aos mestres da AVM, através dos

quais puder compreender e interpretar

a área de finanças e aplicá-la no dia-a-

dia do meu trabalho.

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DEDICATÓRIA

Aos meus Pais, Acácio e Elena, ao meu

esposo que sempre me apoiaram.

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RESUMO

Falaremos nos capítulos a seguir, a importância da Economia na

vida brasileira, um breve e objetivo histórico sobre as várias moedas e planos

que antecederam o Real, focando na inflação e o que o brasileiro fez para

conseguir driblar a crise.

As pessoas não criaram o hábito de se planejar financeiramente,

pois as escolas não ensinaram, assim como as famílias também não

ensinaram e muito menos o governo, com isso eles são e continuam muitas

vezes sendo analfabetos financeiros, se endividando constantemente e não

sabendo como sair das dívidas que adquiriram.

Como será que o Brasil vem combatendo a inflação e suas

oscilações do mercado financeiro, no cenário sócio - econômico- cultural de um

país vitorioso.

O trabalho teve como base uma pesquisa bibliográfica, cujos livros

foram escritos por autores de alta referência nos cursos de administração de

empresas.

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METODOLOGIA

O que deu margem para o início deste trabalho monográfico foi com

a leitura de livros de Economia, revistas, pesquisa em internet, e incentivada

após a leitura do livro “A saga Brasileira” de Miriam Leitão. Aonde foi exposto

todo um cenário de como começou a história da inflação, da economia

brasileira, negociações e oscilações da moeda, seguido nos dias de hoje.

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO 8

CAPÍTULO I

A Ponderação dos Planos Econômicos e Inflação 9

CAPÍTULO II

Nosso Vício, Desde Início 14

CAPÍTULO III

Combate a Inflação 16

CAPITULO IV

Atuação do Banco Central para evitar Riscos 19

CAPÍTULO V

A Importância do SPB e o Risco Sistêmico 22

CAPÍTULO VI

Definições de Risco Sistêmico Segundo o

Comitê de Basiléia 24

CAPÍTULO VII

Crises Financeiras Mundiais 28

CAPÍTULO VIII

Crise Financeira na Europa 34

CONCLUSÃO 41

BIBLIOGRAFIA CONSULTADA 42

BIBLIOGRAFIA CITADA 43

ÍNDICE 44

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INTRODUÇÃO

Segundo Miriam Leitão (2011) “A economia não é só, uma coisa que

pertence aos empresários, aos economistas, ou aos grandes financistas e sim

uma coisa que interfere diretamente na vida da gente”.

A estabilização financeira, não se faz por decreto e sim pelo

envolvimento da população, é contar com os brasileiros pela luta da

estabilização da moeda ao exemplo do plano real onde os brasileiros estavam

abertos a lutar e resolver ao combate a inflação.

Até meados de 1990 o brasileiro estava acostumado com as

elevadas taxas de inflação, cujos preços subiam quase que diariamente, com

isso o brasileiro não criou hábitos de planejamento financeiro. Com a

implantação do Plano Real no Brasil, em 1994, iniciou-se um processo de

estabilização econômica, possibilitando assim que as pessoas passassem a

consumir mais, porém devido à falta de hábito de planejar as finanças

pessoais, a população brasileira se endividou.

As pessoas endividadas, sem dinheiro para cumprir com os seus

compromissos passaram a ter problemas de relacionamento pessoal e familiar.

Após a estabilização financeira, as pessoas continuaram sendo

analfabetas financeiras, pois as famílias, as escolas e o governo não

ensinaram as crianças a se educarem financeiramente.

Com a estabilização econômica também se tornou possível efetuar

projeções quanto ao valor do dinheiro no futuro, assim aos poucos o

planejamento financeiro familiar e pessoal passou a fazer parte da vida das

pessoas brasileiras.

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CAPITULO I

A PONDERAÇÃO DOS PLANOS ECONÔMICOS

E INFLAÇÃO.

Os planos econômicos criados no Brasil, forma destinados a

arrancar o país de crises imediatas. Foi assim no ciclo de pacotes anti-inflação

da década de 80, nas colisões de juros que reagiram às grandes distúrbios

internacionais na década de 1990 e até no segundo turno da eleição

presidencial de 2002, quando a cotação do dólar chegou a atingir quatro reais.

Em 1986, foi criado o plano cruzado, criado por Governo de José

Sarney. No começo ele teve grande apoio populacional, até mesmo os

opositores do governo começaram a apoiá-lo, porém os acontecimentos

começaram a não dar certo, os preços concernentes da economia estavam

desequilibrados, com isso, muitos produtores não puderam reajustar seus

preços e acabaram perdendo rentabilidade no negócio ou, em alguns eventos,

ficando com preços mais baixos que os custos o que levou à queda na

qualidade de vários produtos, além do congelamento, que não permitiu que os

preços que variam de acordo com a época do ano se ajustassem, o que levou

ao desabastecimento de alguns bens e o surgimento da especulação para a

compra de produtos como carne, leite e automóveis. Esses problemas todos

ocorreram, pois as principais medidas desse plano eram o congelamento de

preços de bens e serviços, reforma monetária, onde a moeda passou a ser

chamado cruzado, congelamento dos salários, entre outras medidas que

acabaram tornando esse plano econômico bastante desastroso, onde a

inflação ao ano era 363%, onde levou os brasileiros da alegria a decepção. O

fracasso desse plano econômico não deixou de gerir outros dois planos, o

Plano Bresser e o Plano Verão, onde os dois estavam baseados em

congelamentos e também não tiveram o fim desejado.

O Plano Bresser foi criado para conter o déficit público, onde o Brasil

gastava mais do que arrecadava, com isso a estratégia criada pelo governo de

José Sarney, pelo ministro da Fazenda Luiz Carlos Bresser, foi o congelamento

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dos preços, dos aluguéis e dos salários, além de desativar o reajuste dos

salários pela inflação, aumentar os impostos e adiamento de obras de grande

porte já planejadas, porém todas essas estratégias adotadas pelo Plano

Bresser, não impediu que a inflação atingiu-se 366% em dezembro de 1987. O

Plano Bresser foi substituído pelo Plano Verão, onde novamente promovia o

congelamento de preços e salários, além da troca da moeda do Cruzado pelo

Cruzado Novo, determinando assim o corte de três zeros na moeda. Esse

Plano foi desastroso para quem possuía caderneta de poupança, pois as

desajustou, já que foi criada uma lei que modificava o índice de rendimento da

poupança, em que as perdas chegaram a 20,37%. Um dos priores planos

econômicos que tivemos no Brasil, foi o plano Collor onde Fernando Collor de

Mello, confiscou a poupança e a conta corrente das pessoas. Durante o

governo de Collor de Mello, foi iniciado o processo para retenção da inflação,

essas medidas econômicas introduzidas foram chamadas: Plano Collor, onde o

objetivo era por fim a crise, ajustar a economia e elevar o país do terceiro para

o Primeiro Mundo. Esse plano adotou medidas muito drásticas para acabar

com o mostro da inflação no Brasil, no inicio do Plano Collor, a inflação foi

diminuída porque o plano era ousado e radical, extraia o dinheiro de circulação,

porém com a redução da inflação iniciava-se a maior recessão da história no

Brasil, houve aumento de desemprego, muitas empresas fecharam as portas e

a produção diminui consideravelmente. As empresas foram obrigadas a

reduzirem a produção, jornada de trabalho e salários, ou demitir funcionários. O

Produto Interno Bruto diminui de US$ 453 bilhões em 1989 para US$ 433

bilhões em 1990. A era Collor deixou consequências na vida das pessoas, pois

houve aumento do desemprego, retenção de poupanças, redução de salários,

porém apesar das medidas drásticas adotadas por esse governo, foi esse

plano que deu início à atualização da economia e à modernização da indústria

e comércio no Brasil. Ele é o responsável pela inclusão do Brasil no plano

mundial. O ano de 1992 foi marcado pela ação da CPI do caso PC; Denúncias

de corrupção e de tráfico de influências acabando aos poucos com o poder do

presidente, com as crescentes denúncias de corrupção, acabaram por causar

impeachment do presidente Collor.

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O programa de estabilização econômica foi divulgado em 1993, e ele

tinha duas diretrizes principais: o equilíbrio orçamentário e a criação da

Unidade Real de Valor (URV). A URV serviu como transição para a introdução

de uma nova moeda. O Real foi introduzido no Brasil em junho de 1994. As

medidas do plano Real interferiram diretamente da vida das pessoas, foi

mudança na unidade monetária, conversão de todos os contratos pré-fixados

em URV para Reais e limitações da correção monetária. O Plano Real foi um

pacote econômico, sem os erros dos pacotes anteriores, o Plano Real acabou

com o reajuste da economia brasileira, liberou o Brasil do vício da "correção

monetária" e abriu caminho para a estabilização, Conforme OLIVEIRA, PIRES,

SANTOS (p. 123) a política de sobrevalorização adotada após o Plano Real foi

um artifício eficaz para a abertura da economia.

Segundo OLIVEIRA, PIRES, SANTOS (p. 99), as mudanças

monetárias refletiram o fracasso de vários planos econômicos de controlar a

inflação. Quando instalado o processo inflacionário, que foi o foco dos Planos

Econômicos criados no Brasil, eles foram de difícil controle, eles funcionavam

como um círculo vicioso, obrigando o governo à realização de reajustes

periódicos de preços e salários, ocorrendo assim o agravamento da situação

no país. Conforme OLIVEIRA, PIRES, SANTOS, 2005, a inflação é um

aumento no nível geral de preços, ou seja, a inflação representa o aumento dos

preços dos produtos num determinado país ou região, durante um período,

onde num processo inflacionário o poder de compra da moeda cai, entre as

causa da inflação estão, a emissão exagerada e descontrolada de dinheiro por

parte do governo, aumento do consumo maior do que a capacidade de

produção do país, além do aumento dos custos de produção dos produtos, no

Brasil a inflação é medida por vários índices, que segundo OLIVEIRA, PIRES,

SANTOS, 2005, índice de preços é uma medida do custo de uma cesta de

bens e serviços expressa em porcentagem do custo da cesta em um ano-base.

Para medir quanto os preços aumentaram os economistas utilizam índices de

preços, segundo WESSELS, 2003, e eles são medidos por vários órgãos

especializados, entre eles como, o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e

Estatística), a FGV e a FIPE. A inflação no Brasil levou à criação de muitos

índices diferentes, para avaliar a inflação e corrigir a desvalorização da moeda,

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atualmente os índices principais é, o IPC FIPE (Índice de Preços ao

Consumidor), IGP-M (Índice Geral dos Preços do Mercado), IPC (Índice de

Preços ao Consumidor), IPA (Índice de Preços no Atacado), INCC (Índice

Nacional do Custo da Construção), IGP-DI (Índice Geral de Preços), INPC

(Índice Nacional de Preços ao Consumidor), IPCA (Índice de Preços ao

Consumidor Ampliado), ICV (Índice do Custo de Vida), ICVM (Índice do Custo

de Vida da Classe Média).

1.1 Conceituar dinheiro, educação financeira

e fornecer justificativa.

Para praticar a gestão das finanças pessoais e governamentais o

conceito de dinheiro pode ser definido com um elemento de troca, pois sem o

dinheiro estaríamos andando de um lado para outro, procurando alguém para

fazer uma troca direta, ela pode ser na forma de moeda, papel e plástico,

utilizado na compra de bens, serviços, força de trabalho e nas transações

financeiras, ele é controlado e emitido por cada país, onde somente o próprio

país pode emiti-lo e fixar o seu valor, ele também é usado como unidade de

conta, a unidade com que medimos o valor das coisas. O dinheiro é também

uma forma de guardar um valor para o futuro. Desta forma, por exemplo,

podemos guardar dinheiro para comprar um bem de alto valor no futuro. A

aceitação generalizada do dinheiro como meio de pagamento é um fator

indispensável para o funcionamento dos mercados. Sem a existência do

dinheiro e do seu consentimento por todos os agentes econômicos, seria

extremamente difícil a troca de produtos e serviços, além de simplificar em

muito a vida econômica.

Muitos fatos ocorreram, mudaram em termos de planejamento

financeiro pessoal desde o lançamento do Plano Real. Mas ainda falta no

brasileiro o hábito do planejamento de uma forma geral e, no particular, do

planejamento financeiro visando à formação de uma poupança financeira.

Antes da era Collor os brasileiros já estavam acostumados a não fazerem

planejamentos financeiros, com a redução de dinheiro nas mãos dos

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brasileiros, essa falta de planejamento aumentou, e com isso o agravamentos

das dívidas pessoais aumentaram em muito nessa época. Com a estabilidade

econômica, o salário do trabalhador de classe média ganhou poder de compra

e a inflação controlada favoreceu os planos de compra de bens, como carros,

ou mesmo a casa própria. Até meados de 1990 os brasileiros estavam

acostumados com as elevadas taxas de inflação, cujos preços subiam quase

que diariamente, com isso os brasileiros não criaram hábitos de planejamentos

financeiros. Com a implantação do Plano Real no Brasil em 1994, iniciou-se um

processo de estabilização econômica, possibilitando assim que as pessoas

passassem a consumir mais através das grandes facilidades encontradas, o

que gerou grandes endividamentos, causando uma epidemia de dívidas por

não terem educação financeira, não sabendo assim fazer planejamento

financeiro pessoal nem familiar.

Através da estabilização econômica, também se tornou possível

efetuar estimativas quanto ao valor do dinheiro no futuro, assim aos poucos o

planejamento financeiro, familiar e pessoal passou a fazer parte da vida dos

brasileiros. Para sairmos da corrida dos ratos devemos tentar equilibrar os

gastos e investir em algo que faça nosso dinheiro trabalhar por nós, gerando

assim lucro.

(...) A classe média se encontra em um estado de constantes dificuldades financeiras. Sua renda principal é gerada por salários e quando seus salários aumentam os impostos também aumentam. Suas despesas tendem a crescer, no mesmo montante de seus salários, daí a expressão “corrida dos ratos”. (KIYOSAKI, 2005).

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CAPITULO II NOSSO VÍCIO, DESDE INÍCIO

Segundo o livro “Saga Brasileira” de Miriam Leitão, durante quase

todo século XX a inflação subiu. Como o vírus traiçoeiro que se infiltra e se

esconde e confunde para melhor crescer e dominar. Às vezes, parecia ceder:

pequenas quedas e depois novas escaladas. Alguns combatiam, outros

desfaziam. O país teve várias atitudes diante desse desconforto. Até que ele

deixou de ser apenas um desconforto para ser a mais perigosa ameaça

econômica enfrentada pelos pais em sua história republicana. Se recuarmos

mais na história a tendência será concluir que a inflação é velha como o Brasil

D. João VI cunhando moedas para financiar gasto da Corte que desembarcou

em crise; D. Pedro fabricando dinheiro para financiar a Independência

proclamada na penúria foram fatos fundadores da velha sina do tormento

monetário.

A República produziu ao nascer uma crise inflacionária que o país

jamais esqueceria: o encilhamento. O primeiro ministro da Fazenda, Rui

Barbosa, permitiu o aumento descontrolado da emissão de moeda.

O trabalho assalariado exigia mais dinheiro em circulação.

Chegavam imigrantes. A nova ordem política tinha pressa. A convicção era de

que melhor seria soltar os cavalos de corrida para o sucesso republicano. Uma

proposta que já tinha sido considerada no Império foi adotada com radicalismo

que o momento incentivava. Vários bancos ganharam direito de emissão

monetária. Muito dinheiro circulando produziu euforia na Bolsa, fortunas

instantâneas se formaram, explodiu a especulação financeira. Nas ruas da

Alfândega e Candelária no Rio todos negociavam freneticamente. Parecia

maravilhoso até que a bolha estourou em crise, falência e altíssima inflação.

Isso marcaria os primeiros anos do novo regime.

A República começou a produzindo uma crise inflacionária e

completou 100 anos, no alvorecer da redemocratização, na pior crise

inflacionária de sua história.

No meio houve tréguas, soluções temporárias, e depois descuidos

que nos levaram às velhas armadilhas.

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Nesses 100 anos do encilhamento à hiperinflação o país aprendeu

dolorosamente, a lição de que a ordem monetária é a única base do progresso

duradouro.

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CAPÍTULO III

COMBATE A INFLAÇÃO

Se formos procurar quais são os remédios que estão à disposição

para o combate à inflação, iremos encontrar quatro fórmulas diferentes, que,

por sua vez, refletem quatro Escolas de Pensamentos diferentes: Monetarismo,

Keynesianismo, Institusionalismo e Marxismo.

A primeira e mais antiga, forma de combate é o Monetarismo

(roupagem moderna das Teorias de Adams Smiths e seus sucessores),

segundo o qual basta controlar a quantidade de dinheiro em circulação (o

dinheiro saldo no Banco) que a inflação desaparece.

A segunda da época do crack de 1929 preconiza a redução dos

gastos públicos, o aumento dos impostos e a intervenção do Estado na

Economia e na sociedade, em total oposição ao monetarismo. Entretanto, em

rigor, Keynes não chegou a considerar a inflação em sues estudos.

Segundo Galbraith, (9, p.20):

Keynes se preocupava com o desemprego e a depressão.

Praticamente, ele não se preocupava com a inflação, a qual, nos anos em que

fez a sua maior contribuição, não causava nenhum problema. Seu sistema não

aborda inflação. E já que a inflação tem sido problema central dos países

industrializados há uma década ou mais, qualquer análise econômica que não

aborde efetivamente esta questão, pode com toda justiça ser considerada

obsoleta. Como primeira tentativa como explanação de nossas atuais

dificuldades, especialmente nos EUA, pode-se dizer que somos governados

por pessoas que adotaram as ideias de Keynes, mas que não foram muito

além. Por coseguintes, nossos dirigentes não tem nenhum remédio para

inflação. Acho o sistema neoclássico e keynessiano devem ser remedandos,

embora estes remendos, não devam ser pequenos. Os livros-textos tradicionais

devem ser postos de lado. E, igualmente, homens e mulheres acomodados,

que acreditam que uma repartição pública ligados à economia. Pode ser um

recanto de paz e descanso, um lugar para viver com antigas verdades.

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Esses dois remédios convencionais para inflação, são, na prática,

implementados através das Políticas Monetárias (monetarista) e Fiscal

(Keynesiana).

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3.1 Política Monetária

Abolição de todos os controles governamentais tais como salário

mínimo, câmbio oficial e tabelamentos, tanto dos juros como dos preços; não

permitir que a moeda em circulação cresça mais de 5% ao ano. O controle da

moeda é exercido por três instrumentos:

• Redescontos Bancário: Quando o Banco central empresta sob

garantia aos Bancos, a uma dada taxa de juros;

• Depósito Compulsórios (encaixe legal ou recolhimentos

obrigatórios), onde os bancos são obrigados a recolher para o Banco Central

28 a 50% (Dependendo do porte do Banco) os depósitos feitos pelo seus

clientes;

• Operação de Open-Market, o governo vende ou compra títulos

(papéis) da dívida pública.

3.2 Política Fiscal

Aumento dos impostos para reduzir as vendas e baixar a produção;

redução de gastos do governo (diminuição ou paralisação das obras públicas

dispensa de funcionários públicos, etc...).

3.3 Objetivo da Política Monetária

Assegurar:

Nível de Emprego;

Crescimento Econômico (Desenvolvimento)

Estabilidade de Preços

Estabilidade da taxa de juros

Estabilidade Mercado Financeiro (Mercado Atrativo)

Estabilidade Câmbio

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CAPÍTULO IV

ATUAÇÃO DO BANCO CENTRAL PARA EVITAR

RISCOS

O Banco Central do Brasil tem como missão institucional a

estabilidade do poder de compra da moeda e a solidez do sistema financeiro.

No que diz respeito ao sistema de pagamentos, nos termos da

Resolução 2.882, cumpre-lhe atuar no sentido de promover sua solidez, normal

funcionamento e contínuo aperfeiçoamento. Para funcionamento, os sistemas

de liquidação estão sujeitos à autorização e à supervisão do Banco Central do

Brasil, inclusive aqueles que liquidam operações com títulos, valores

mobiliários, moeda estrangeira e derivativos financeiros.

Os sistemas que liquidam operações com títulos e valores

mobiliários estão sujeitos também à autorização da CVM, competindo ao

Banco Central do Brasil, nesse caso, com exclusividade, a análise dos

aspectos relacionados com o controle do risco sistêmico.

Os sistemas que liquidam títulos públicos e títulos emitidos por

bancos estão sujeitos à supervisão exclusiva do Banco Central do Brasil.

Como previsto na Lei 10.214, compete também à instituição à

definição de quais são os sistemas de liquidação sistemicamente importantes.

O Banco Central do Brasil é também provedor de serviços de

liquidação nesse papel ele opera o Sistema de Transferências de Reservas

(STR) e o Sistema Especial de Liquidação e de Custódia (Selic),

respectivamente um sistema de transferência de fundos e um sistema de

liquidação de operações com títulos públicos.

Para operacionalização de algumas de suas atribuições, o Banco

Central do Brasil oferece contas denominadas “reservas bancárias”, à vista

exceto cooperativas de créditos, e opcional para os bancos de investimentos,

bancos de câmbio e bancos múltiplos sem carteira comercial. Por intermédio

dessas contas, as instituições financeiras cumprem os recolhimentos

compulsórios/ encaixes obrigatórios sobre recursos à vista, sendo que elas

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funcionam também como contas de liquidação. Cada instituição é titular de

uma única conta, centralizada, identificada por um código numérico.

No Brasil, por disposição legal, uma instituição bancária não pode

manter conta em outra instituição bancária. Por isso exceto aqueles efetuados

em espécie e os que se completam no ambiente de um único banco, isto é,

quando o pagador e o recebedor são clientes do mesmo banco, todos os

pagamentos têm liquidação final nas contas de reservas bancárias.

Por determinação constitucional, o Banco Central do Brasil é o único

depositário das disponibilidades do Tesouro Nacional. Também as entidades

operadoras de sistemas de liquidação defasada, se considerados

sistemicamente importantes, são obrigadas a manter conta no BACEN, para

liquidação dos resultados líquidos por elas apurados.

O BACEN é um órgão responsável pela execução de normas que

regulam o Sistema Financeiro Nacional (SFN). Suas atribuições são agir como:

Bancos dos Bancos, Gestor do SFN, Executor da Política Monetária, Banco

Emissor e Banqueiro do Governo.

Na função “Banco dos Bancos”, o BACEN, recebe depósitos

(reservas) dos bancos, é pretamista de última instância. Regula, monitora e

fornece sistema de transferência de fundos e de liquidações de obrigações.

Na sua relação com as instituições financeiras, o BACEN presta

serviço e realiza operações tais como:

a) Manter contas nas quais são depositadas as reservas voluntárias

e compulsórias do sistema bancário (Contas de Resevas Bancárias);

b) Fornecer crédito a instituições com necessidade transitória de

liquidez;

c) Intervir, em casos de problemas maiores, como prestamista de

ultimam instância;

d) Administrar câmaras de compensação; e.

e) Supervisionar e gerir sistema de pagamentos.

Pela resolução 2.882, de 30/08/2001, do CMN, BCB deve promover

a solidez, o normal funcionamento e o contínuo aperfeiçoamento do sistema de

pagamentos. O funcionamento dos sistemas de liquidação está sujeito à

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autorização e à supervisão do BCB, inclusive aqueles que liquidam operações

com títulos, valores mobiliários, moeda estrangeira e transferência de fundos.

O sistema que liquida operações com valores mobiliários (CVM),

caso em que compete ao BCB, com exclusividade, a análise dos aspectos

relacionados ao controle do risco sistêmico. Como previsto na Lei 10.214/01,

compete também ao BCB definir quais os sistemas de liquidação

sistemicamente importantes.

O BCB, além de responsável pela regulamentação e pela supervisão

dos sistemas de liquidação, é também provedor de serviços de transferência de

fundos e de liquidação de obrigações, operando o STR e o Selic.

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CAPÍTULO V

A IMPORTÂNCIA DO SPB E O RISCO

SISTÊMICO

Até meados dos anos 90, as mudanças no Sistema de Pagamentos

Brasileiro (SPB) foram motivadas pela necessidade de se lidar com altas taxas

de inflação e, por isso, o progresso tecnológico então alcançado visou

principalmente o aumento da velocidade de processamento das transações

financeiras. Na reforma conduzida pelo Banco Central do Brasil em 2001 e

2002, o foco foi redirecionado para a administração de riscos. Nessa linha, a

entrada em funcionamento do Sistema de Transferência de Reservas (STR),

em 22 de abril daquele ano, marca o início de uma nova fase do SPB.

Com esse sistema, de principal importância, operado pelo Banco Central

do Brasil, o Pais ingressou no grupo de países em que transferência de fundos

interbancários podem ser liquidados em tempo real, em caráter irrevogável e

incondicional. Esse fato, por si só, possibilita redução dos riscos de liquidação

nas operações interbancárias, com consequente redução também no risco

sistêmico, isto é, o risco de que quebra de um banco provoque quebra em

cadeia de outros bancos, no chamado “efeito dominó”.

Outra alteração importante ocorreu no regime de operação das contas

de reservas bancárias. A partir de 24 de junho de 2002, depois de observada

uma regra de transição, qualquer transferência de fundos entre contas da

espécie, passou a ser condicionada à existência de saldo suficiente de

recursos na conta do participante emitente da correspondente ordem. Com isso

houve significativa redução de risco de crédito incorrido pelo Banco Central do

Brasil.

A liquidação em tempo real, operação por operação, a partir de 22 de

abril de 2002, passou a ser utilizada também nas operações com títulos

públicos federais no Sistema Especial de Liquidação e de Custódia – Selic, o

que se tornou possível com a interconexão entre sistema e o STR. A liquidação

dessas operações agora observa o chamado modelo de entrega contra

pagamento.

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23

A reforma de 2002, entretanto, foi além da implantação do STR e da

alteração do modus operandi do Selic. Para redução de riscos sistêmica, que

era o objetivo maior da reforma, foram igualmente importantes algumas

alterações legais. Nesse sentido, a Lei 10.2143, de março de 2001, reconheceu

a compensação multilateral nos sistemas de compensação e de liquidação e

estabeleceu que, em todo sistema de compensação multilateral considerado

sistemicamente importante, a correspondente entidade de todas as operações

cursadas.

Todas essas alterações tiveram o propósito de fortalecer o sistema

financeiro, dando, assim, continuidade à reestruturação iniciada, em 1995, com

o Programa de Estímulo à Reestruturação e ao Fortalecimento do Sistema

Financeiro Nacional – Proer e mais adiante, com o Programa de Incentivo à

Redução da Participação do Setor Público Estadual na Atividade Bancária –

Proer. Com início do processo o foco esteve direcionado para o fortalecimento

das instituições financeiras, via fusões e transferências de controle, e para

redução da presença do setor público na atividade bancária.

Mais recentemente, o Banco Central do Brasil tem procurado atuar

de forma mais intensiva também no sentido de promover o desenvolvimento

dos sistemas de pagamentos de varejo, visando, sobretudo, ganhos de

eficiência relacionados, por exemplo, com maior uso de instrumentos

eletrônicos de pagamentos, com a melhor utilização das redes de máquinas de

atendimento automático (ATM) e de transferências de crédito a partir do ponto

de venda (PDV), bem como com a maior integração entre os pertinentes

sistemas de compensação e de liquidação.

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CAPÍTULO VI

DEFINIÇÕES DE RISCO SISTÊMICO, SEGUNDO

O COMITÊ DA BASILÉIA

O Comitê de Bancos da Basiléia definiu risco sistêmico como sendo

aquele em que a inadimplência de uma instituição para honrar seus

compromissos contratuais pode gerar uma reação em cadeia, atingindo grande

parte do sistema financeiro. Esta definição pressupõe elevada exposição direta

entre as instituições, de modo que a falência de qualquer uma instituição

desencadeie um “efeito cascata” sobre o sistema.

A “estratégia” do Comitê da Basiléia responde a percepção de

obsolescência da regulação prudencial definida em reação à grande depressão

da década de 1930. As principais características da crise financeira de 1931 a

1933 nos Estados Unidos foram às corridas aos bancos que paralisaram o

sistema bancário do país, levando a uma sucessão de falências e feriados

bancários. O resultado da interrupção do funcionamento do sistema bancário

foi a paralisia da economia como um todo, dada a importância do uso de

depósitos bancários como meio de pagamentos. Na impossibilidade de acesso

adequado a esses meios de pagamentos, uma economia moderna não pode

funcionar.

A expansão da área geográfica de operação das instituições

bancárias, concomitantemente ao processo de desregulamentação financeira

característico das décadas de 1970 e 1980, criou um vácuo em termos de

regulação e supervisão financeiras, funções tradicionalmente exercidas por

estados nacionais em sua jurisdição. No início da década de 1980, consolidou-

se a percepção de que bancos de atuação internacional, sujeitos a diferentes

aparatos regulatórios em seus países de origem, poderiam estar usufruindo de

vantagens competitivas devidas, exatamente a diferença de regras a que cada

grupo nacional estaria submetido. Mais particularmente, bancos sediados nos

Estados Unidos apontavam a existência de vantagens a favor de bancos

europeus e asiáticos não a uma superior capacidade de competição, mas a

menores custos de enquadramento e obediência à regulação financeira.

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O Comitê da Basiléia para Supervisão Bancária não é propriamente

uma instituição, nem tampouco um fórum internacional oficial. O Comitê é uma

instância de discussão e coordenação informais entre reguladores bancários,

originalmente apenas de países mais avançados. O Comitê é patrocinado pelo

Banco de Compensação Internacional (BIS), o que significa que o BIS é

responsável por sua secretaria e pelos meios materiais necessários ao seu

funcionamento.

Assim, para que as sugestões do Comitê se transformem em

regulação financeira efetiva é preciso que cada país se decida adotá-las, mas

tendo a liberdade não apenas de recusá-las, como também de adaptá-las da

forma que cada regulador nacional julgar conveniente.

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6.1 O primeiro Acordo de Basiléia (conhecido como

Basiléia I), em 1988

A emenda de 1996, com a formulação dos 25 Princípios Nucleares

de Supervisão Bancária e, mais recentemente, o segundo Acordo de Basiléia,

em 2004.

6.2 O segundo Acordo de Basiléia (conhecido

como a Basiléia II), em 2004

Este acordo ainda estava em implementação em muitos países

quando se iniciou, em 2007, a recente crise financeira, que ainda persiste em

diferentes formas. A princípio vista como apenas mais um episódio da

instabilidade que periodicamente afeta mercados financeiros, sua gravidade foi

subestimada por algum tempo.

O processo de pânico e instabilidade financeira que se seguiu

mostrou ao Comitê de Basiléia que ajustes teriam de ser feitos no Acordo de

2004.

A necessidade de ajustes se deveu a que, embora o acordo ainda

estivesse em implantação mesmo em economias mais avançadas, um dos

seus principais pilares era diretamente inspirado no que era então visto como

as “melhores práticas” do setor financeiro privado. Essas melhores práticas,

porém, não tinham sido capazes de evitar a derrocada do sistema, detida,

afinal pela intervenção maciça das autoridades monetárias e dos Tesouros

Nacionais.

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6.3 O Terceiro Acordo de Basiléia (conhecido

como Basiléia III), em 2008

Ainda em 2008, o G-20, agrupamento de países avançados e

emergentes, despontou do anonimato para assumir a função de principal fórum

de coordenação de políticas e estratégias entre países considerados

“sistemicamente importantes”.

O Comitê passou a reexaminar suas propostas contidas tanto no

Acordo de 2004, quando algumas medidas a ele posteriores, tendo sido

determinado, pelo G-20, que suas conclusões deveriam ser apresentadas ao

final de 2010, na reunião dos chefes de estado realizada em Seul, República

da Coréia um. São exatamente essas conclusões, as propostas de mudança

efetiva, que são conhecidas como a Basiléia III.

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CAPÍTULO VII

CRISES FINANCEIRAS MUNDIAIS

O atual movimento das bolsas de valores, que vêm despencando

nos últimos meses, é resultado da crise nos mercados de crédito mundiais. A

preocupação com a viabilidade das hipotecas de alto risco nos Estados Unidos

– as chamadas subprimes – se espalhou pelo sistema financeiro, e os bancos

centrais foram obrigados a investir bilhões de dólares para garantir que os

bancos mantivessem a capacidade de emprestar.

Mas o que ocorreu em crises financeiras passadas, e quais as lições

podem ser aplicada na atual? Segundo o Fundo Monetário Internacional, houve

uma série de crises financeiras no mundo.

A globalização aumentou a frequência e o alcance das crises

financeiras, mas não necessariamente sua severidade. A intervenção dos

bancos centrais no início da crise é mais efetiva para limitar o alcance do que

quando a crise já em andamento. É difícil prever – em meio à crise financeira –

se ela terá consequências econômicas mais amplas. Reguladoras

normalmente não conseguem acompanhar o ritmo das inovações financeiras

que podem deflagrar a crise.

No fim dos anos 90, os mercados foram iludidos pelo crescimento de

empresas de internet como Amazon e AOL, que pareciam anunciar uma nova

era para economia. O preço das ações destas empresas disparou quando

houve foram lançadas na nova bolsa de valores a Nasdaq, que compôs um

índice especial formado apenas por indústrias de tecnologia, apesar de apenas

poucas delas terem apresentado algum lucro.

O ápice ocorreu quando a AOL comprou a empresa de mídia Time

Warner por quase US$ 200 bilhões em janeiro de 2000, mas em março do

mesmo ano, a bolha estourou e em outubro o índice Nasdaq havia acumulado

queda de 78%. A queda teve ampla repercussão, com redução de

investimentos e desaceleração da economia americana no ano seguinte um

processo exacerbado pelos atentados de 11 de setembro que levaram ao

fechamento temporário os mercados financeiros. Mas o Federal Reserve, o

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Banco Central Americano, cortou gradualmente as taxas de juros ao longo de

2001, baixando-as de 6,25% ao ano para 1%, para estimular o crescimento

econômico.

O colapso do fundo de investimentos Long-Term Capital

Management (LTCM) ocorreu na fase final da crise mundial que começou na

Ásia, em 1997 e acabou atingindo a Rússia e o Brasil em 1998. O LTCM era

um dos maiores fundos de hedge do mundo, criado pelos vencedores do

Prêmio Nobel de Economia, Myron Scholes e Robert Merton.

Os economistas acreditavam que, à longo prazo, as diversas taxas

de juros de títulos de governos de diferentes países iriam convergir e o fundo

negociava na pequena diferença existente entre taxas. Mas quando a Rússia

não honrou o pagamento de seus títulos em 1998, os investidores fugiram de

outros papéis governamentais, procurado refúgio nos seguintes títulos do

governo americano, e a diferença entre taxas de juros dos títulos aumentou

rapidamente.

O LTCM, que havia pego muito dinheiro emprestado com outras

empresas, estava prestes a perder bilhões de dólares e para liquidar suas

posições teria que vender títulos do tesouro dos Estados Unidos, derrubando

os mercados de crédito americanos e forçando o aumento das taxas de juros.

Então, o Fed decidiu que era necessário intervir no mercado. A

instituição convocou os principais bancos americanos, muitos dos quais haviam

investido no LTCM, e convenceu-os a colocar US$ 3,65 bilhões para salvar a

empresa do iminente colapso. O próprio Fed fez um corte emergencial de juros

em Outubro de 1998 e os mercados voltaram logo à estabilidade. O LTCM foi

liquidado em 2000.

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7.1 A queda de 1987

Os mercados americanos sofreram sua maior queda em um único

dia em tempos de paz no dia 19 de outubro de 1987, quando o índice Dow

Jones da Bolsa de Nova Iorque, sofreu quede 22%, arrastando os mercados da

Europa e do Japão. A disseminação da crença de que informações

privilegiadas e a compra de empresas com dinheiro emprestado estavam

dominando os mercados, enquanto a economia americana estava entrando em

desaceleração, acabou provocando a crise e gerando grandes prejuízos.

Também havia preocupação quanto a cotação do dólar, que vinha

caindo nos mercados internacionais. Os temores aumentaram quando a

Alemanha aumentou a taxa de juros, elevando o valor de sua moeda. O

sistema eletrônico de compra e venda de ações, recentemente introduzido,

exacerbou ainda mais as quedas nos mercados, já que as ordens de compra e

venda passaram a ser executadas imediatamente.

A preocupação de que os grandes bancos poderiam quebrar levou o

Fed e outros bancos centrais a cortar radicalmente as taxas de juros. Também

foram introduzidos dispositivos de segurança que interrompiam

automaticamente os pregões quando os mercados alcançavam determinado

patamar de queda, permitindo as autoridades suspender o comércio de ações

por curtos períodos. A quebra pareceu ter pouco efeito direto sobre a economia

e os mercados se recuperaram rapidamente. Mas, taxas de juros mais baixas,

principalmente na Grã-Bretanha, podem ter contribuído para a bolha do

mercado imobiliário de 1988-89 e para as pressões sobre a libra esterlina que

levaram à desvalorização em 1992.

A quebra também mostrou que os mercados globais agora estão

proximamente ligados, e que mudanças na política econômica de um podem

afetar outros. As leis sobre informações privilegiadas também foram

endurecidas nos Estados Unidos e na Grã-Bretanha.

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7.2 Escândalo americano no setor de poupança e

empréstimos, 1985

Instituições de poupança e empréstimos eram bancos locais que

emprestavam dinheiro com garantia de hipotecas e aceitavam depósitos de

investidores, semelhantes às empresas de crédito imobiliário no Brasil. Com a

desregulamentação financeira dos anos 80, elas foram autorizadas a realizar

transações financeiras mais complexas competindo com os grandes bancos

comerciais. Em1985, muitas dessas instituições estavam à beira da falência, e

os consumidores começaram a retirar seu dinheiro.

O governo americano garantiu muitos dos depósitos individuais nas

instituições de poupança e empréstimos, e por conta disso teve grande

responsabilidade financeira quando elas quebraram. O governo criou uma

empresa para assumir o controle e vender o máximo possível de ativos desses

pequenos bancos falidos, como imóveis de devedores, por exemplo.

O custo da operação-resgate chegou a US$ 150 bilhões, mas a crise,

provavelmente, fortaleceu os grandes bancos ao diminuir a concorrência

representada pelos pequenos, e abriu o caminho para a onda de fusões e

consolidações no setor bancário dos anos 90.

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7.3 A Quebra de 1929

A quebra de Wall Street em 1929, a “quinta-feira negra”, foi um

evento que levou a economia americana e global a despencar, contribuindo

para a Grande Depressão dos anos 30. Depois de um imenso crescimento

especulativo no fim dos anos 20, baseado parcialmente no surgimento de

novas indústrias, como o rádio e a automobilística, as ações caíram 13% na

quinta-feira, dia 24 de outubro. Apesar dos esforços das autoridades do

mercado de ações para estabilizar o mercado, os papéis caíram mais 11% na

terça-feira seguinte, 29 de Outubro.

Quando o mercado chegou ao fundo do poço, em 1932, as ações

tinham perdido 90% de seu valor. Foram necessários 25 anos para que Dow

Jones recuperasse o nível de 1929. O efeito na economia formal foi severo, já

que a aquisição ampla de ações entre a população fez com que o prejuízo

atingisse um grande setor da classe média, que perdeu a capacidade de

consumo. Os consumidores deixaram de comprar carros e casas, enquanto as

adiaram seus investimentos e fecharam fábricas. Em 1932, a economia

americana tinha diminuído pela metade e um terço da força de trabalho estava

desempregada.

Todo o sistema financeiro americano também entrou em colapso,

com o fechamento do sistema bancário, em Março de 1933, quando o novo

presidente Franklin Roosevelt assumiu o governo e lançou o New Deal – uma

série de programas implementados para recuperar e reformar a economia e

assistir os prejudicados pela crise. Muitos economistas, de direita e de

esquerda, criticaram as respostas das autoridades, considerando-as

inadequadas. O Banco Central americano aumentou a taxa de juros para

proteger a cotação do dólar e preservar o valor do outro, enquanto o governo

elevou impostos o que gerou superávit orçamentário.

As medidas do New Deal aliviaram alguns dos piores problemas da

Depressão, mas a economia americana só foi se recuperar totalmente na

Segunda Guerra Mundial, quando os gastos militares maciços eliminaram o

desemprego e impulsionaram o crescimento.

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7.4 Overend and Guerney, 1866; Barings, 1890

A quebra de um importante banco de Londres, em 1866 levou a uma

mudança chave no papel dos bancos centrais na administração de crises

financeiras.

Overend and Guerney era um banco de descontos que oferecia

empréstimos a bancos comerciais e bancos de correntistas em Londres, na

época, o centro financeiro mundial. Quando a instituição teve a falência

decretada em maio de 1866, muitos bancos menores não conseguiram obter

recursos e acabaram quebrando, apesar de continuarem honrando seus

compromissos.

Como resultado, reformadores como Walter Begehot defenderam

um novo papel para o Banco da Inglaterra como “emprestador de último

recurso” para garantir a liquidez ( dinheiro disponível) ao sistema financeiro

crises, em uma tentativa de evitar que a quebra de um banco afetasse outros.

A nova doutrina foi implementada em 1890, quando um dos

principais bancos britânicos - Barings – teve os grandes prejuízos realizados

em investimentos na Argentina cobertos pelo Banco da Inglaterra para evitar

um colapso sistemático dos sistemas bancários britânicos.

Em novembro de 1890, negociações secretas entre o Banco da

Inglaterra e financistas de Londres levaram à criação de um fundo de resgate

de 18 milhões de libras esterlinas, antes que a extensão do prejuízo do Barings

fosse conhecida publicamente.

Os banqueiros ainda organizaram um comitê para renegociar os

grandes débitos da Argentina, mas a crise bancária se alastrou e os

empréstimos para o país secaram por uma década.

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CAPÍTULO VIII

CRISE FINANCEIRA NA EUROPA

A Europa, sempre lembrada como uma região de altíssimo

desenvolvimento econômico e bem-estar social, agora tem sua imagem

associada a turbulências de mercado. Entenda como o descontrole das contas

públicas e as particularidades políticas do continente conduziram a zona do

euro uma crise financeira que levará anos para ser totalmente superada.

A formatação de uma crise financeira na zona do euro deu-se,

fundamentalmente por problemas fiscais. Alguns países, como a Grécia,

gastaram mais dinheiro do que conseguiram arrecadar por meio de impostos

nos últimos anos. Para se financiar, passaram a acumular dívidas. Assim, a

relação do endividamento sobre o PIB de muitas nações do continente

ultrapassou significativamente o limite de 60% estabelecido no Tratado de

Maastricht, de 1992, que criou a zona do euro. No caso da economia grega,

exemplo mais grave de descontrole das contas públicas, a razão dívida/PIB é

mais que o dobro deste limite. A desconfiança de que os governos da região

teriam dificuldade para honrar suas dívidas fez com que os investidores

passassem a temer possuir ações, bem como títulos públicos e privados

europeus.

Os primeiros temores remota 2007 quando existiam suspeitas de

que o mercado imobiliário dos Estados Unidos vivia uma bolha. Temia-se que

bancos americanos e também europeus possuíam ativos altamente arriscados,

lastreados em hipotecas de baixa qualidade. A crise de 2008 confirmou as

suspeitas e levou os governos a injetarem trilhões de dólares nas economias

dos países mais afetados. No caso da Europa, a iniciativa agravou os déficits

nacionais, já muito elevados. Em fevereiro de 2010, uma reportagem do The

New York Times revelou que a Grécia teria fechado acordos com o banco

Goldman Sachs com o objetivo de esconder parte de sua dívida pública. A

notícia levou a Comissão Europeia a investigar o assunto e desencadeou uma

onda de desconfiança nos mercados. O clima de pessimismo foi agravado em

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abril pelo rebaixamento, por parte das agências de classificação de risco, das

notas dos títulos soberanos de Grécia, Espanha e Portugal.

Portugal, Irlanda, Itália, Grécia e Espanha – que formam o chamado

grupo dos PIIGS – são os que se encontram em posição mais delicada dentro

da zona do euro, pois foram os que atuaram de forma mais indisciplicinada nos

gastos públicos e se endividaram excessivamente. Além de possuírem elevada

relação dívida/PIB, estes países possuem pesados déficits orçamentários ante

o tamanho de suas economias.

Apesar de ter um órgão responsável pela política monetária, o

Banco Central Europeu (BCE), que estabelece metas de inflação e controla a

emissão de euros, a União Europeia não dispõe de uma instituição única que

monitora e regula os gastos públicos dos 16 países-membro. Dessa maneira,

demora a descobrir os desleixos governamentais e, quando isso acontece,

inexistem mecanismos austeros de punição. Em 1999, os países da região

encerraram um ciclo de discussões chamado Pacto de Estabilidade e

Crescimento. Em resumo, as nações comprometeram-se com a questão do

equilíbrio fiscal. Àquelas altamente endividadas ficou a imposição de

apresentar “ planos de convergência” para patamares de dívida mais

aceitáveis. As sanções seriam recolhimentos compulsórios e multas. Contudo,

sua aplicação não seria automática, ficando na dependência de uma avaliação

pelo Conselho Europeu. A política mostrou-se insuficiente para controlar os

gastos públicos dos PIIGS.

A desconfiança em relação à Europa pode disseminar pânico no

mercado e fazer com que bancos fiquem excessivamente cautelosos ou até

parem de liberar crédito para empresas e clientes. Os investidores, ao

venderem ações e títulos europeus, provocam fuga de capitais da região. Sem

poder provocar uma maxidesvalorização do euro, haja vista que isso

prejudicaria aqueles países que tem as contas controladas, a opção é impor

sacrifícios à população, como corte de salários e congelamento de benefícios

sociais. Tudo isso implica menos dinheiro para fazer a economia girar - justo

num momento em que a zona do euro precisa crescer e aumentar sua

arrecadação para diminuir o endividamento. O risco é a criação de um círculo

viciosos de ajuste fiscal – o que levaria a medida de austeridade ainda mais

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severas, mais recessão, e assim por diante. Num segundo momento, a Europa,

como um dos maiores mercados do mundo, diminuiria o ritmo de importação de

bens e serviços e prejudicaria a dinâmica econômica global.

A possibilidade de que governos e empresas da região tornem-se

insolventes faz com boa parte dos investidores simplesmente não queria ficar

exposta ao risco de ações e títulos do Tesouro norte-americano. Tal

movimento, de procura por dólares e abandono do euro, fez com que a cotação

da moeda europeia atingisse valores historicamente baixos. As moedas

também refletem o vigor das economias. Assim, argumentam os analistas, a

tendência de longo prazo é de fortalecimento do dólar e das moedas dos

países emergentes (real inclusive), enquanto a Europa não conseguir resolver

seus problemas fiscais e criar condições para um crescimento econômico mais

acentuado.

Dois pacotes de socorro foram aprovados com o intuito de ganhar

tempo para a tarefa de reorganizar as contas dos países mais endividados e

restabelecer a confiança dos investidores na região. O primeiro voltava-se

exclusivamente à Grécia e somou cerca de 110 bilhões de euros. O montante,

levantado pelo Fundo Monetário Internacional (30 bilhões) e pelos governos

dos países da zona do euro (80 bilhões), deve ser liberados de forma

progressiva num prazo de três anos. O Segundo foi a constituição de um fundo

emergencial de 750 bilhões de euros para situações de crise na União

Europeia. Qualquer país da região estaria apto a recorrer a ele. A maior parte,

500 bilhões, virá de países europeus e o restante, 250 bilhões, do FMI.

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8.1 Entenda a crise na Grécia

A Grécia tem enfrentado dificuldades para refinanciar suas dívidas e

despertando preocupações entre investidores de todo o mundo sobre sua

situação econômica. Mesmo com seguidos pacotes de ajuste e ainda financeira

externa, o futuro da Grécia ainda é incerto.

O país tem hoje uma dívida equivalente a cerca de 142% do Produto

Interno Bruto (PIB) do país, a maior relação entre os países da zona do euro. O

volume de dívida supera, em muito, o limite de 60% do PIB estabelecido pelo

pacto de estabilidade assinado pelo país para fazer parte do euro.

A Grécia gastou muito mais do que podia na última década, pedindo

empréstimos pesados e deixando sua economia refém da crescente dívida.

Nesse período, os gastos públicos foram às alturas, e os salários do

funcionalismo praticamente dobraram.

Enquanto cofres públicos eram esvaziados pelos gastos, a receita

era afetada pela evasão de impostos – deixando o país totalmente vulnerável

quando foi afetado pela crise de crédito de 2008.

Em abril de 2010, após intensa pressão externa, o governo grego

aceitou um primeiro pacote de ajuda dos países europeus e do Fundo

Monetário Internacional (FMI), de 110 bilhões de euros ao longo de três anos.

Em contrapartida, o governo grego aprova um plano de austeridade

fiscal que inclui alta no imposto de valor agregado (IVA), um aumento de 10%

nos impostos de combustíveis, álcool, e tabaco, além de uma redução de

salários no setor público, o que sofre forte rejeição da população. Apesar da

ajuda, a Grécia segue com problemas. Em meados de 2011, foi aprovado um

segundo pacote de ajuda, em recursos da União Europeia, do Fundo Monetário

Internacional (FMI) e do setor privado. A contribuição do setor privado foi

estimada em 37 bilhões de euros. Um programa de recompra de dívidas deve

somar outros 12,6 bilhões vindos do setor privado, chegando a cerca de 50

bilhões de euros.

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Em outubro, ainda com o país à beira do colapso financeiro, os

líderes da zona do euro alcançaram um acordo com os bancos credores, que

reduz em 50% a dívida da Grécia, eliminando o último obstáculo para um

ambicioso plano de resposta à crise. Com o plano, a dívida grega terá um alívio

de 100 bilhões de euros após a aceitação, pela maior parte dos bancos, de

uma redução superior a 50% do valor dos títulos da dívida.

No mesmo mês, o país enfrentou violentos protestos nas ruas. A

população se revoltou contra um novo plano de cortes, previdência e mais

impostos, demissões de funcionalismo públicos e redução de salários no setor

privado, pré-requisito exigido pela União Europeia e pelo FMI para liberar uma

nova parcela do plano de resgate, de oito bilhões de euros.

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8.2 Plebiscito e turbulência no mercado

Em 1º de Novembro, o então primeiro-ministro da Grécia, George

Papandreu, provocou novas turbulências nos mercados e na zona do euro ao

anunciar que convocaria um referendo sobre o novo pacote de ajuda da União

Europeia, perguntando aos eleitores se querem adotá-lo ou não.

A expectativa do premiê era que o plebiscito “validasse” as medidas

de austeridade necessárias para receber a ajuda financeira. Uma pesquisa, no

entanto, mostrou que aproximadamente 60 % dos gregos enxergam a cúpula

dos líderes europeus, que acertaram um novo pacote de ajuda de 130 bilhões

de euros, como negativa ou provavelmente negativa.

A convocação de plebiscito enfrentou rejeição da oposição e dos

membros do próprio partido de Papandreu. Com isso, o governo ficou

enfraquecido, Papandreu terminou deixando o cargo, sendo substituído por

Lucas Papandreu.

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8.3 Calote

Como membro da zona do euro, a Grécia enfrenta pressão dos

demais membros para colocar suas contas em ordem e evitar a declaração de

moratória- o que significaria deixar de pagar os juros das dívidas ou pressionar

os credores a aceitar pagamentos menores e perdoar parte da dívida.

No caso da Grécia, isso traria enormes dificuldades. As taxas de

juros pagas pelos governos as zona do euro tem sido mantidas baixas ante a

presunção de que a EU e o Banco Central Europeu proveriam assistência a

países da região, justamente para evitar calotes.

Uma moratória grega, além de estimular países como Irlanda e

Portugal a fazerem o mesmo, significaria um aumento de custo para

empréstimos tomados pelos países menores da EU, sendo que alguns deles já

sofrem para manter seus pagamentos em dia.

Se a Irlanda e Portugal seguissem o caminho do calote, os bancos

que lhes emprestaram dinheiro seriam afetados, o que levaria a demanda por

fundos do Banco Central Europeu.

Um calote grego pode fazer com que investidores questionem se a

Irlanda e Portugal não seguirão o mesmo caminho. O problema real diz

respeito ao que acontecerá com a Espanha, que só tem conseguido obter

dinheiro no mercado a custos crescentes.

A economia espanhola equivale à soma das economias grega,

irlandesa e portuguesa. Seria muito mais difícil para a EU estruturar, caso seja

necessário, em pacote de resgate para um país dessa dimensão.

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CONCLUSÃO

Certos fatos da política desanimam como os fracassos dos planos

econômicos. O desânimo pode nos levar a considerar que o Brasil é “assim

mesmo”, frase muito ouvida na era da bagunça econômica. O Brasil não é

assim; será apenas se quisermos que ele seja. Na política são necessário

aperfeiçoamentos na forma de representação, nas regras partidárias, na

transparência do financiamento das campanhas. Há muito a fazer. Mas de

nada adianta despejar um conjunto de normas num projeto e aprová-lo no

Congresso. A chance de virarem letra morta é grande. Não há uma revolução

política possível, um dado momento de libertação do clientelismo; não há uma

pessoa que encarne sozinha a mudança. De novo será um processo de

avanços, de construção de valores, de mudanças sucessivas que levem a mais

legitimidade, mais transparência nos gastos públicos, e ao hábito da prestação

de contas.

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BIBLIOGRAFIA CONSULTADA

CAOUETE, J. B. ALTMN, E. I. NARAYANAN, P. Gestão do Risco de Crédito: o

próximo grande desafio financeiro. Rio de Janeiro: Qualitymark. 1999.

CROUHY, M. GALAI, D.; MARK, R. Gerenciamento de Risco: abordagem

conceitual e prática. Tradução de Carlos Henrique Trieschmann e Luiz Fazão

Filho e supervisão de João Carlos Douat. Rio de janeiro: Qualitymark. São

Paulo: SERASA, 2004.

SECURATO, J. R. Decisões financeiras em condições de risco. São Paulo:

Atlas, 1996.

PIRES, Marcos Cordeiro, DOS SANTOS, Sergio Antonio, DE OLIVEIRA, Jayr

Figueiredo. Economia para Administradores, 1º Ed. São Paulo: Saraiva.

KIYOSAKI, Robert T. LESTER, Sharon L. Pai Rico, Pai Pobre, 57º Ed. São

Paulo: Campus, 2005.

LEITÃO, Miriam. Saga Brasileira, 5º Ed. Rio de janeiro: Record, 2011.

Revista VEJA

Jornal do Brasil

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BIBLIOGRAFIA CITADA

www.amattos.eng.br

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ÍNDICE

FOLHA DE ROSTO 2

AGRADECIMENTO 3

DEDICATÓRIA 4

RESUMO 5

METODOLOGIA 6

SUMÁRIO 7

INTRODUÇÃO 8

CAPÍTULO I

A Ponderação dos Planos Econômicos e Inflação 9

1.1 Conceituar Dinheiro, Educação Financeira

e fornecer justificativas 12

CAPÍTULO II

Nosso Vício, Desde Início 14

CAPÍTULO III

Combate a Inflação 16

3.1- Política Monetária 18

3.2 – Política Fiscal 18

3.3- Objetivo da Política Monetária 18

CAPÍTULO IV

Atuação do Banco Central Para Evitar Riscos 19

CAPÍTULO V

A Importância do SPB e o Risco Sistêmico 22

CAPÍTULO VI

Definições de Risco Sistêmico

segundo o Comitê de Basiléia 24

6.1 O primeiro Acordo de Basiléia (conhecido como

Basiléia I), em 1988 . 26

6.2 O segundo Acordo de Basiléia (conhecido como

Basiléia II), em 2004. 26

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6.3 O terceiro Acordo de Basiléia (conhecido como

Basiléia III), em 2008. 27

CAPÍTULO VII

Crises Financeiras Mundiais 28

7.1 A queda de 1987. 30

7.2 Escândalo americano no setor de poupança

e empréstimos, 1985. 31

7.3 A quebra de 1929. 32

7.4 Overend and Guerney, 1866; Barings, 1890 33

CAPÍTULO VIII

Crise financeira na Europa 34

8.1 Entenda a Crise na Grécia 37

8.2 Plebiscito e turbulência no mercado 39

8.3 Calote 40

CONCLUSÃO 41

BIBLIOGRAFIA CONSULTADA 42

BIBLIOGRAFIA CITADA 43

ÍNDICE 44

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