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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO EM PSICOMOTRICIDADE PROJETO A VEZ DO MESTRE O USO DA PSICOMOTRICIDADE NAS AULAS DE NATAÇÃO PRA ALUNOS NA 3ª IDADE Por: Thiago Corrêa da Silva Orientador Prof: Celso Sanches RIO DE JANEIRO 2007

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO EM PSICOMOTRICIDADE

PROJETO A VEZ DO MESTRE

O USO DA PSICOMOTRICIDADE NAS AULAS DE NATAÇÃO

PRA ALUNOS NA 3ª IDADE

Por: Thiago Corrêa da Silva

Orientador

Prof: Celso Sanches

RIO DE JANEIRO

2007

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UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO EM PSICOMOTRICIDADE

PROJETO A VEZ DO MESTRE

O USO DA PSICOMOTRICIDADE NAS AULAS DE NATAÇÃO PRA ALUNOS NA 3ª IDADE

Apresentação de monografia à Universidade

Candido Mendes como requisito parcial para

obtenção do grau de especialista em

Psicomotricidade.

Por: Thiago Corrêa da Silva.

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AGRADECIMENTOS

Agradeço primeiramente a Deus por toda força que me

deu ao longo nessa nova jornada na minha vida.

Agradeço a minha família principalmente a minha mãe

que sempre esteve ao meu lado até nos momentos

mais difíceis que passei.

Agradeço a minha namorada Fernanda que me apoiou

em todos os momentos e que faz dos meus dias cada

vez mais especiais. Te amo.

Agradeço também aos professores principalmente a

Chisti que me ensinou como realmente devemos amar,

defender a nossa profissão. Obrigado de coração.

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DEDICATÓRIA

Dedico essa vitória a minha família

que sempre me ajudou, me apoiou e

sempre esteve ao meu lado nos

momentos mais difíceis,

principalmente a minha mãe e dedico

a minha futura esposa e mãe dos

meus filhos a minha namorada

Fernanda.

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RESUMO

O trabalho vem a investigar o uso da psicomotricidade nas de natação

para alunos na terceira idade, vem também fazendo uma revisão bibliográfica

falando sobre o envelhecimento e suas etapas, sobre a natação no Brasil,

sobre a psicomotricidade, os conceitos psicomotores, sobre Gerontologia e

sobre a Gerontomotricidade. Após a revisão bibliográfica, foi desenvolvido um

questionário para descobrir junto aos professores de natação para alunos na

terceira idade, como e com que freqüência é utilizada a psicomotricidade

dentro das aulas, procura descobrir qual o principal aspecto psicomotor que

eles trabalham e qual é o mais difícil de ser trabalhado com seu alunos idosos

e tem também o interesse em descobrir o conhecimento desses profissionais

sobre a Gerontologia e sobre a Gerontomotricidade. Tenta também incentivar

ainda mais o uso da psicomotricidade por esses profissionais dentro das suas

aulas tentando assim gerar um bem-estar ainda maior para seus alunos na

terceira idade e para gerar uma maior vontade nesses profissionais em interar-

se ainda mais nos estudos que venham a melhorar e auxiliar o padrão de vida

dos idosos. Os resultados encontrados com o questionário é que para os

profissionais a psicomotricidade age como um facilitador para o

desenvolvimento dos movimentos e das atividades durante as aulas e sendo

utilizada em vários momentos no decorrer do trabalho com os alunos na

terceira idade. Quando questionados sobre o conhecimento sobre os termos:

Gerontologia e Gerontomotricidade, alguns despertaram um conhecimento

ainda breve sobre os termos e outros mostraram um conhecimento maior,

todos ao término do questionário apontaram após a pesquisa um interesse em

conhecer melhor e aprofundar-se um pouco mais no assunto.

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METODOLOGIA

O primeiro instrumento metodológico que foi utilizado foi a pesquisa de

campo: A pesquisa de campo se detém na observação do contexto no qual é

detectado um fato social (problema), que a princípio passa a ser examinado e,

posteriormente, é encaminhado para explicações por meio dos métodos e das

técnicas específicas. (BELLO 2004)

E na pesquisa de campo para se obter os dados das pessoas afim de

atingir o resultado desejado foi utilizado o questionário: O Questionário, numa

pesquisa, é um instrumento ou programa de coleta de dados. Se sua

confecção é feita pelo pesquisador, seu preenchimento é realizado pelo

informante. A linguagem utilizada no questionário deve ser simples e direta

para que o respondente compreenda com clareza o que está sendo

perguntado. Não é recomendado o uso de gírias, a não ser que se faça

necessário por necessidade de características de linguagem do grupo (grupo

de surfistas, por exemplo). Todo questionário a ser enviado deve passar por

uma etapa de pré-teste, num universo reduzido, para que se possam corrigir

eventuais erros de formulação. (BELLO 2004)

Segundo Caulley (1981), a análise documental busca identificar informações

factuais nos documentos a partir de questões ou hipóteses de interesse.

Os documentos constituem também uma fonte poderosa de onde podem ser

retiradas evidências que fundamentem a afirmações e declarações do

pesquisador. representam ainda uma fonte "natural" de informação. não são

apenas uma fonte de informações contextualizada, mas surgem num

determinado contexto e fornecem informações sobre esse mesmo contexto.

Dentro da análise de conteúdo foi utilizado a unidade de contexto, pois

explora o contexto em que uma determinada unidade ocorre, e não apenas a

sua freqüência. (LUDKE1986).

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SUMÁRIO

Introdução 08

Capítulo I - Revisão de literatura 11

Capítulo II – Apresentação dos resultados 49

Capítulo III – Análises dos resultados e considerações finais 57

Anexos 58

Bibliografia consultada 60

Índice 62

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INTRODUÇÃO

A população mundial vem crescendo cada dia mais e mais, e junto com

ela o número de idosos. No Brasil o aumento desse grupo é ainda maior.

Segundo Neves (2005) certamente se está vivendo por mais tempo. A

população de idosos aumenta em todo o mundo. O Brasil já possui cerca de 15

milhões de idosos. Até 1900 a expectativa de era em torno de 40 anos de

idade, atualmente 68 anos com tendência a aumentar. Espera-se que em 2020

o Brasil seja a 6ª maior população idosa do mundo. Segundo a projeção

estatística da Organização Mundial de Saúde, entre 1950 e 2025 a população

de na terceira idade crescerá dezesseis vezes contra cinco vezes da população

total. A proporção de idosos passará de 7,5% em 1991 para cerca de 15% em

2025, que é a mesma proporção dos países europeus.

As pessoas ao atingirem o envelhecimento estão propícias ao

surgimento de alguma doença e começam a se isolar e não quer fazer nada,

para muitos deles uma simples caminhada até uma venda, ou uma pequena

saída se torna um tormento ou um grande sacrifício, muitos não procuram as

atividades físicas por pensarem que é cansativo e que não vai ajudar em nada,

mais a prática de atividades físicas é cada vez mais indicadas por médicos,

psicólogos, fisioterapeutas e professores de educação física.

Então para os profissionais de educação física faz-se necessário que o

professor fique atento em seguintes detalhes tais como: quais são as

expectativas e o que o levou a iniciar a prática da atividade física. Segundo

(MASSAUD E CORRÊA 2001) afirmam que para o professor elaborar um

programa de aulas que vá ao encontro expectativas, necessidades e

capacidade do aluno de terceira idade ele, necessita saber as mudanças

estruturais no processo de envelhecimento, conseqüências sociais e

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psicológicas, grau de intensidade de esforço adequado para terceira idade,

como também os benefícios para a saúde e melhora na qualidade de vida,

facilitando, assim a ação pedagógica.

Existe na literatura diversas formas de tratamento para as pessoas que

já passaram dos quarenta anos e têm uma vida ativa ou já gozam do seu

direito de aposentado, como: idoso, velho, adulto, terceira idade. Observa-se

que os indivíduos não gostam de serem taxados como idosos, porque o

problema da idade só existe para os inativos: é psicossocial para os

especialistas. (LONG apud MASSAUD e CORRÊA 2001).

O idoso com o processo de envelhecimento tem o efeito da perda da

capacidade física minimizado ou retardado com a prática das atividades físicas.

O idoso que pratica atividade física tem aumento da qualidade de vida.

A atividade física regular traz várias melhoras na saúde, dentre essas

melhorias estão: fortalecimento dos ossos, alívio dos distúrbios mentais, ajuda

à conciliação do sono, aumento do fluxo sanguíneo na pele, proporcionando

uma aparência mais saudável, aumento da capacidade pulmonar, melhorando

a captação de oxigênio, redução do risco de dores e a falta de flexibilidade,

mantendo a mobilidade articular.

Aumento da eficiência dos músculos, permitindo a multiplicação dos

pequenos vasos sanguíneos que fornecem oxigênio aos músculos,

aumentando também o número de mitocôndrias (unidade produtoras de

energia) das células musculares. As mitocôndrias usam esse oxigênio extra

para produzir energia.

A natação é um exercício muito completo que trabalha em uma

totalidade do corpo e o número de alunos está crescendo muito, a procura nas

academias está cada vez maior.

No ano de 1976 o SESC em São Paulo começou timidamente um

trabalho pioneiro no Brasil de natação para idosos que nunca tiveram a

oportunidade de praticar a natação.

Com alunos na 3ª idade o resgate do prazer, da auto-estima e da

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capacidade de realizar algo passa a ser fundamental.

Na vivência psicomotora aquática o indivíduo idoso lida diretamente com

o movimento corporal por meio do jogo e da brincadeira em grupos, ampliando

seu círculo de relações, propiciando sua existência autônoma, ativa e

fisicamente capaz. Pessoas fisicamente capazes têm um sentimento positivo

sobre si mesmas, tornam-se mais descontraídas, seguras e possuem a

confiança de solucionar as intempéries da vida, a qual devolve a sensação de

juventude que se encontra muito mais em nossas mentes e que, com um corpo

trabalhado, é favorecida e aflorada à superfície, por meio da modulação tônica

na relação com o meio e com os outros.

A proposta dividi-se em três partes sendo a primeira um aquecimento na

água, com atividades recreativas e lúdicas, visando aumentar o metabolismo,

alongamento, mobilidade das partes do corpo e flexibilidade. Numa segunda

parte a prática da natação e da psicomotricidade aquática, com a consciência e

domínio do corpo. Num terceiro momento sugere-se um relaxamento individual,

em dupla, com ou sem objetos, visando retomar o ritmo respiratório inicial.

Entretanto, independentemente da divisão, devemos ter em mente a

oportunidade de convívio e de vida social. (BUENO 1998).

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CAPÍTULO I

REVISÃO DE LITERATURA

“Analisar de forma sucinta, os conhecimentos existentes (estado da arte) sobre

o problema ou oportunidade focalizada e destacar o(s) elemento(s) do projeto,

com base em revisão de literatura atual, relevante e ligada diretamente às

questões técnico-científicas colocadas pelo projeto”.

1.1 – Aspectos do envelhecimento

Para iniciar esse capítulo nada melhor do que se retirar a definição de

envelhecer de onde a maioria das pessoas retirar o significado das palavras

quando não a conhecem que é o dicionário. No dicionário Aurélio, significado

sobre envelhecer: “Tornar-se velho” (FERREIRA 1999 PÁGINA 774).

O envelhecimento pode ser definido como uma série de processos que

ocorrem nos organismos vivos e que ocorrem nos organismos vivos e que com

o passar do tempo leva à perda da adaptabilidade, à alteração funcional e

eventualmente à morte. A taxa de envelhecimento é a mudança na função dos

órgãos e sistemas por unidade de tempo, sendo que apresenta um crescimento

exponencial após os 40 anos de idade. Essa taxa com que o homem envelhece

é baixa com o tempo, enquanto as mulheres envelhecem a uma taxa menor

entre 45 e 60 anos do que entre 70 e 80 anos (SPIRDUSO apud MATSUDO

1997).

Estudos conduzidos em idosos (OYAMA e OLIVEIRA 1997 e

BURKHARDT e ESCOBAR 1985), mostraram que acontece uma série de

mudanças, de ordem biológica, psicológica e social durante o processo de

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envelhecimento. Considerando os fatores psicológico e social, (BURKHARDT e

ESCOBAR 1985 e VELASCO 1994 e NORONHA 1985), chamam atenção para

o fato de os professores serem atenciosos, ajudando o idoso a aceitar as

transformações do seu corpo, aceitar o corpo (apesar das dificuldades) e fazer

com que eles redescubram a auto-estima. O processo de envelhecimento traz

conseqüências fisiológicas importantes para a vida do idoso.

As transformações nos aspectos psicológicos, sociais e, principalmente,

físicos, com referência ao aumento da idade cronológica, são indiscutíveis. O

envelhecimento é um fenômeno que acontece durante a vida do ser humano,

sendo mais uma etapa do processo de desenvolvimento e se caracteriza por

uma série de mudanças de ordem biológica, psicológica e social. As mudanças

mais importantes na terceira idade levam em conta os óbitos de amigos e

familiares, ficando com a impressão de perder bruscamente a base de sua

razão de ser social (MASSAUD E CORRÊA 2001).

A terceira idade é considerada a partir de sessenta anos, quando então

há necessidade da pessoa receber mais atenção, antes as transformações

fisiológicas que começam a se acentuar. A legislação brasileira acompanhou a

orientação da citada entidade estipulando o mesmo limite inicial de idade

(art.2º, Lei 8.842, de 04.01.94).

O envelhecimento é descobrir-se com experiências de vida, encarando

tudo de uma forma, onde não há complicações, é não ter pressa, por que o

futuro já é certo, viver como se esta vida fosse plena e que sempre tem algo

novo para aprender, ensinar, descobrir. Viver com moderação, mas, sem medo

da felicidade, acreditar na bondade das pessoas, não ter medo do que a vida

pode proporcionar.

Para alguns o envelhecimento passou a ser um bom negócio, daí busca-

se prolongar a inserção dos idosos e aposentados no circuito do consumo,

para isso é necessário mantê-los independentes o maior tempo possível. De

maneira voluntarista, busca-se modificar a percepção da velhice: tenta-se

passar da deteriorização a conservação (MADUREIRA apud BOURDELAIS

1993).

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O discurso de doenças, do envelhecer negativamente, é substituído por

uma nova higiene de vida. Enfatiza-se novas formas de vida específico, que

tem como pretensão ser extensiva a toda população, mas que na prática não

se reproduz desta forma. Ao se falar do envelhecimento de uma população não

devemos restringi-lo ao seleto grupo que ainda pode usufruir um modo de vida

que encara a velhice como uma fase da vida só de lazeres e de prazeres,

muitas vezes não consumamos no tempo da vida ativa. No decorrer deste novo

século estaremos no deparando com novas invenções sociais com a quarta

idade e até mesmo uma quinta idade, constituído de centenários (DRUMMOND

1998).

1.1.1 – Fisiologia do envelhecimento e envelhecimento

biológico

O que pode ser feito para minimizar ou bloquear a perda de massa

muscular?

O envelhecimento desafia a definição, pelo menos, o envelhecimento

biológico.

O envelhecimento não é somente uma passagem pelo tempo, mais do

que isto, é o acúmulo de eventos biológicos que ocorrem ao longo do tempo.

Se nós definirmos envelhecimento como a perda das habilidades de adaptação

ao meio, então a idade biológica e funcional torna-se a forma mais adequada

de se medir o envelhecimento e suas adaptações.

Até o início do século XX, aproximadamente 4% da população dos USA

vivia em média até 65 anos, hoje, o percentual subiu para 13%. A expectativa

de vida nos USA tem aumentado para 76 anos e é esperado o aumento para

83 anos em 2050.

Hoje a população idosa soma quase 36 milhões, sendo considerada

uma grande parte da população do USA. Dessa forma, se faz necessário o

crescimento de atendimento especializado para pessoas com mais de 85 anos

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de idade para o desenvolvimento de suas atividades diárias. Assim, indivíduos

de vida longa, nós determinamos aqueles os quais participam de atividades

físicas, as quais, melhoram a saúde, a capacidade funcional, qualidade de vida

e independência funcional.

O relato mais freqüente como conseqüência do processo normal de

envelhecimento é a perda de massa muscular ou sarcopenia. A sarcopenia não

pode ser exemplificada por um simples fator, mas sim, um duplo complexo

relacionamento entre o músculo (miopatia) e o nervo (neuropatia) e suas

alterações e declínios para estes dois sistemas fisiológicos decorrentes da

diminuição das atividades físicas.

Com o aumento da idade, ocorrem mudanças nas fibras dos músculos e

no número de fibras, sendo estas, prováveis razões para a diminuição da

massa muscular. As fibras do Tipo I (contração lenta, aeróbica) são resistentes

a atrofia pelo menos até a idade 60 e 70 anos, enquanto as fibras do Tipo II

(contrações rápidas, anaeróbicas), declinam com a idade. A perda das fibras

musculares ocorre tanto em homens como em mulheres e corresponde uma

idade crítica ao redor dos 50 anos, quando a atrofia dos músculos torna-se

mais evidente.

Uma das mais perceptíveis manifestações da perda de massa muscular

é a diminuição da habilidade da produção de força. No entanto, esta perda não

é universal. Deve se referir ao tipo de contração muscular que está sendo

exigida e o tipo de grupo muscular que está sendo examinado.

Pesquisas que verificam as características da produção da força

isométrica durante o processo de envelhecimento declinam mais cedo nos

extensores do antebraço e nos músculos da perna (dorsoflexores e flexores

plantares) ao redor dos 40 anos.

Talvez mais importante do que a manutenção da produção da força nos

idoso é a manutenção da resistência. No entanto, esta literatura é um pouco

equivocada. Os idosos são capazes de manter voluntariamente contrações

musculares isométricas e dinâmicas por mais de 60 segundos, tanto quanto

comparados com indivíduos mais jovens na performance das contrações para

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uma porcentagem relativa de força. Outros, todavia, tem relatado que o idoso

tem significativa perda da produção de força após 30 segundos quando um

fator potencial de motivação for removido a partir de estimulação elétrica. A

diminuição da habilidade da manutenção da produção de força não está

somente relacionado a idade como vem sendo relatado, na localização dos

grupos musculares; grupo musculares da parte inferior dos membros perdem

massa muscular antes que os grupos da parte superior.

Para resumir os fatores associados a atrofia dos músculos relativos ao

envelhecimento, devemos considerar sempre que diferentes mudanças

ocorrem de indivíduos para indivíduos e também entre diferentes grupos

musculares. Um outro fator também a considerar nas alterações observadas

músculo-esquelética, de cunho secundário, mas que, nos dá considerável

desequilíbrio nos resultados, são os fatores externos: deficiência nutricional,

mudanças endócrinas e a ausência regular de atividade física.

Se o aumento da idade resulta em declínio da massa muscular e sua

função, pode um adequado programa de treinamento de resistência trazer

benefícios para o envelhecimento do indivíduo?

O sistema músculo-esquelético de um indivíduo idoso é capaz de se

adaptar em um curto período de treinamento (12 semanas), no aumento da

força através da hipertrofia das fibras e na melhora da capacidade funcional.

Um treinamento de peso em mulheres idosas na pós-menopausa,

geralmente na década de 50, obteve significativo aumento na força dos grupos

musculares concomitantemente com o aumento da tonicidade.

É importante salientar que o grau de hipertrofia muscular seguido de

treinamento depende da idade. Alguns estudos tem relatado que jovens (22 a

31 anos) homens e mulheres, tem significativo aumento na tonicidade do

músculo após 3 meses de treinamento quando comparado com idoso entre 62

a 72 anos, no entanto, eles concluíram que não obstante, existe um efeito

relacionado a idade na receptividade dos exercícios e que não pode ser

generalizado para todos os grupos musculares.

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Ainda existe pouca informação disponível com relação ao sistema

músculo-esquelético dos indivíduos em processo de envelhecimento a partir de

um período de treinamento. Num período de dois anos, realizou um controle de

treinamento de peso em 113 homens e mulheres em idades entre 60 a 80

anos. O programa de treinamento consistiu de duas sessões por semana por

um período de 42 semanas, seguidos por 10 semanas de testes e período de

descanso. E então, outras 42 semanas de treinamento. Cada sessão consistiu

de 3 séries de exercícios com 10-12 repetições em 80% da resistência

muscular. Determinou-se que, a musculatura masculina tornou-se mais forte do

que a feminina e de 60 a 70 anos a musculatura apresentou-se mais forte do

que 70 a 80 anos. Em adição, a resistência aumentou continuamente em cada

grupo (homens e mulheres) no total do período de dois anos.

Para finalizar, a musculatura do idoso pode adaptar positivamente, tanto

quanto a musculatura jovem para os exercícios de resistência.

Significativamente, os benefícios na força que ocorre da hipertrofia dos

músculos, pode ser resultado de um sensível aumento dos hormônios -

receptores androgenos, tais como, testosterona, hormônio do crescimento,

responsáveis pelo aumento dos níveis dos fatores de circulação do

crescimento muscular (VERDERI 2001).

As mutações de ordem biológica verificável no declínio do organismo

humano decorrem fundamentalmente, responsáveis pelas perdas orgânicas e

funcionais, tais modificações são caracterizadas por uma tendência geral a

atrofia e por diminuição da eficiência funcional. Entretanto um organismo pode

até decair, em sua força e função, por moléstias, por uma utilização

inadequada de sua capacidade, ou mesmo por má nutrição (RAUCHBACH

1990).

1.1.2 – Envelhecimento social

Dentro de grupamentos sociais o estado de velhice foi tomado como

elemento de valorização, graduado conforme a condição social, desde o

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simples anonimato até a posição mais dignificante. As sociedades da

Antiguidade, em geral, consideravam o estado de velhice altamente dignificante

e atacavam como a um sábio todo aquele que atingia essa etapa. Para

entender a questão social dos idosos no Brasil, é preciso conhece-los nos dois

(brasis): o do nordeste e do sul. No nordeste ainda predomina a família

patriarcal, onde é muito forte a presença da cultura indígena, em que o velho

desempenha o papel de destaque, de transferir para os jovens a cultura da

tribo, seu folclore, suas crenças, suas histórias, sendo o mais respeitado, no

sul, predomina a sociedade industrial, marcada pelo acirramento da

competição entre duas pessoas, na busca, de promoção social e humana,

resultante direta da estrutura de produção, onde os inabilitados são reduzidos

socialmente (RAUCHBACH 1990).

Os velhos em nossa sociedade, rendem-se à opinião dos outros, que

determinam e classificam, negativamente, pelo corpo, o que é ser velho.

Mas, esse conceito errôneo está mudando já que os idosos estão

buscando socializar-se e mostrar que tem muito para oferecer também e que

um corpo pode ser o que a sociedade atual estipula, mas, a saúde mental é

muito importante também, a interação com o outro meio em que vive.

Em muitas cidades, onde estão formando grupos organizados de idosos,

com programas, que incluem diferentes programas sociais, culturais e

esportivas, tem sido observado que a atividade física é um excelente caminho

para que as pessoas se libertem se preconceitos, percam complexos e

redescubram a alegria e a espontaneidade, reintegrando-se à sociedade

(MONTEIRO 2001).

1.1.3 – Envelhecimento psicológico

Na velhice, o equilíbrio psicológico se torna mais difícil, pois a longa

história de vida acentua as diferenças individuais, que pela aquisição de um

sistema de reivindicações e desejos pessoais, que pela fixação de estratégias

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de comportamento. Atrás de uma barreira de isolamento social, pessimismo

face à existência, passividade e queixas somáticas, que tem sido erroneamente

considerado como parte do processo normal de envelhecimento, mascaram-se

a ansiedade, a depressão, e a insônia, precursoras comuns de enfarte do

miocárdio.

Modificações neste processo de envelhecimento ocorrem, levando a

mudar valores e atitudes. Os entusiasmos são menores, a motivação tende a

diminuir e são necessários ao idoso, estímulos bem maiores para faze-lo

empreender ma nova ação. Perdendo o diálogo harmonioso com seu corpo

apresentam problemas de postura, rigidez, coordenação motora comprometida

e medo de caminhar, aumentando desta forma as alterações psíquicas. Por

isso a importância da atividade física onde estimula o indivíduo a conviver com

o outro som suas limitações e questionamentos.

Entretanto, a motivação para a atividade física depende muito de

características comportamentais e de experiências vivenciais.

No Brasil, onde as pessoas, das classes desfavorecidas são em menor

número, observa-se, nos ambulatórios de hospitais e postos de saúde, a

manifestação dos sentimentos desagradáveis acumulados, através de saúde, a

manifestação dos sentimentos desagradáveis acumulados, através de uma

linguagem física (RAUCHBACH 1990).

1.2 – Alterações causadas pelo envelhecimento

Os idosos com o processo de envelhecimento deparam-se com

modificações em vários aspectos psico-sociais, cognitivos, entre outros ao

decorrer do processo de envelhecimento também em destaque:

Capacidades físicas: há diminuição de coordenação motora grossa e

fina, habilidades, equilíbrio, esquema corporal, visão e audição.

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A função cognitiva é expressa pela velocidade de processamento das

informações, assim influenciada pela quantidade de motivação e estimulação.

Portanto, só sofrerá alterações negativas se não estimuladas.

Nas alterações psico-sociais ocorrem a diminuição da sociabilidade, a

depressão, mudanças no controle emocional, isolamento social e baixa auto-

estima, ocasionadas pela aposentadoria, pela dificuldade aditiva, visual e

motora, pela síndrome do ninho vazio (saída dos filhos de casa), pela

impotência sexual, entre outras(RAUCHBACH 1990).

1.3 – Etapas do envelhecimento

Existem quatro etapas de envelhecimento, diferenciadas da seguinte

forma:

Idade do meio ou crítica é 45 anos aos 60 anos, aproximadamente é

onde encontram-se os primeiros sinais de envelhecimento, que representam

freqüentemente uma tendência ou predisposição ao aparecimento de doenças.

Senescencia gradual é dos 60 aos 70 anos, aproximadamente, é caracterizada

pelo aparecimento de alterações fisiológicas e funcionais instaladas, típicas da

idade avançada. Velhice é a idade, que se inicia por volta dos 70 anos, está-se

frente ao velho ou ancião no sentido estrito. Longevo ou grande velho é aquele

com mais de 90 anos (MADUREIRA apud NICOLA 1986).

1.4 – Natação no Brasil

“Os índios foram os primeiros habitantes do Brasil a praticar a natação,

no século XVI. Não era por esporte, mas por sobrevivência! Nadar era uma

forma de fugir dos ataques de animais ferozes. A natação esportiva no país só

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surgiu no final do século XIX, por influência do remo, o esporte mais praticado

no Rio de Janeiro e em São Paulo.”

A natação foi introduzida no Brasil, oficialmente, no dia 31 de julho de

1987, quando os clubes Botafogo, Gragoatá, Icaraí e Flamengo fundaram, no

Rio de Janeiro, a União de Regatas Fluminense, mais tarde chamada de

Conselho Superior de Regatas e Federação Brasileira das Sociedades de

Remo. Em 1898, o clube de Natação e Regatas promoveu o primeiro

campeonato brasileiro. O percurso escolhido foi de aproximadamente 1500

metros, entre a Fortaleza Villegaignon até a praia de Santa Luzia. Essa prova

repetiu-se até 1912. Em 1913 as provas (chamadas de concursos aquáticos)

são organizadas pela Federação Brasileira das Sociedades de Remo e

realizadas na enseada de Botafogo, Rio de Janeiro. Abraão Saliture foi o

campeão dos 1500 metros nada livre, tendo sido disputadas também as provas

de 100 metros para estreantes, 600 metros para seniores e 200 metros para

juniores (MASSAUD E CORRÊA 2005).

1.5 – Histórico da natação na 3ª idade

É difícil de acreditar; mas a fantástica história do filme Cocoon, que narra

as aventuras de um grupo de simpáticos velhinhos que se utiliza de uma

piscina habitada por seres alienígenas, cujas águas revigoram suas forças (dos

velhinhos), tornando-os novamente saudáveis e bem dispostos, não é tão

ficção, nem tão impossível assim. Muito pelo contrário. Para assistir a algumas

cenas que poderiam perfeitamente fazer parte de Cocoon, basta dar uma

chegadinha numa das piscinas das diversas unidades do Sesc - Serviço Social

do Comércio durante as aulas de natação para idosos: passando poucos

minutos, você tem a certeza de que o mito da juventude eterna vai se tornando

realidade bem debaixo do seu nariz.

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É gratificante ver senhoras e senhores, com idade variando entre 60 e

80 anos, correndo, nadando, mergulhando, sorrindo, rindo, gargalhando.

Senhores e senhoras que alguns meses atrás tinhas problemas ortopédicos,

respiratórios, cardiovasculares etc. Tinham solidão, marginalização, ociosidade

e desesperada sensação de inutilidade. É gratificante perceber que a imagem

da velhice sentada num banco de jardim não é uma regra, e que pode, um dia,

vir tornar-se uma exceção.

A natação para idosos, como todo trabalho relacionado à 3ª idade no

Brasil, é recente. O Sesc começou timidamente, lançando, em 1976, o Centro

de Convivência da 3ª Idade, uma iniciativa pioneira voltada para a área social

da questão. O sucesso alcançado levou a entidade a iniciar, dois anos após, o

Programa de Atividades Físicas da 3ª Idade, do qual a natação vira fazer parte

a partir de 1979.

Sem muita literatura ou subsídios a respeito do assunto, os professores

de Educação física do Sesc, com a colaboração dos próprios idosos,

desenvolveram um programa de atividades físicas totalmente adaptado às

exigências e às limitações dos seus alunos, que além da natação, inclui

ginástica, yoga, dança, vôlei e basquete. Edson Correa da Silva, é professor e

coordenador de Atividade Física para a 3ª Idade do Sesc, o comentário é dele:

" Nosso objetivo, aqui, não é formar campeões. Queremos possibilitar, aos

idosos que nos procuraram, um atividade física saudável e benéfica,

fornecendo, também, uma compensação para os problemas sociais e íntimos

que a velhice acarreta".

Apesar de algumas outras instituições manterem programas de

atividades físicas voltadas a terceira idade, o Sesc é o único a oferecer

natação, o que, normalmente, obriga que a grande maioria dos alunos

comecem pelo bê-a-bá. Por isso, o primeiro estágio é dado na piscina rasa. Aí

os idosos criam intimidade com o meio líquido, perdem o medo da água,

aprendem as técnicas de respiração, movimentos de pernas e braços etc. Esse

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estágio não tem duração pré-determinada, o aluno só passa para a piscina

funda (estágio seguinte) quando sentir que tem condições ou, antes, quando

tiver coragem de encará-la. "Às vezes", conta Edson, "o professor sabe que o

aluno está apto para mudar de estágio, mas ele próprio (o aluno) não tem

segurança para isso. Nossa filosofia é não forçar. Tentamos convencer,

conversar. Mas, se ele não quiser, esperamos".

Passando para a piscina funda, o aluno começa a aprender diversos

estilos e praticá-los, tentando nadar o mais próximo possível do correto. "A

perfeição nunca é exigida", explica Edson, "estar ali, nadando, movimentando

os músculos (quase todos, pois a natação assim o exige), melhorando a

capacidade respiratória, aumentando a freqüência cardíaca e ativando a

circulação sanguínea, aprimorando a coordenação motora e o equilíbrio,

exercitando as articulações; isso já é uma grande vitória, um prêmio que nem

um troféu ou título pode representar à altura'. Mesmo assim, o Sesc promove,

duas vezes por ano, um Festival de Natação para Idosos, onde todos os

participantes são premiados.

Antes de se iniciarem em qualquer atividade física, todos os idosos são

submetidos a um rigoroso exame médico para que, levando em consideração

as condições físicas de cada um, se possa recomendar com segurança o tipo

adequado de atividade. Se a atividade indicada for a natação, ele será incluído

numa das turmas - que nunca excedem 25 alunos - , terá aulas de 45 minutos,

duas vezes por semana, de manhã, ou à tarde, e não poderá ter mais de duas

faltas, sob pena de perder a vaga.

Dos mais de 640 inscritos no Programa de Atividades Físicas da 3ª

Idade do Sesc, 200 estão na natação e, destes, 90% são mulheres: os homens

quase não aparecem. "O brasileiro desta faixa etária", diz Edson, "não foi

acostumado à uma atividade física mista e, mesmo depois de aposentados

muitos deles mantêm algum tipo de vínculo empregatício, ficando com menos

tempo livre. Já tentamos abrir uma turma exclusivamente masculina, mas a

procura foi tão pequena que tornou o projeto inviável."

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Esse quadro não se observa, por exemplo, no Centro de Convivência,

hoje desvinculado da atividade física por sugestão dos próprios idosos que ,

apesar da existência de uma gerência específica para a 3ª idade, se auto

gerem através de comissões compostas pelos mesmos.

Apesar da democrática e competente organização que o Sesc impõe ao

programa da 3ª idade, do pioneirismo, importância e alcance que esta iniciativa

representa, dos benefícios decorrentes da prática da natação; é o lado humano

da coisa que marca mais. Para Edson, "as aulas com idosos são uma lição de

vida. Nós professores, sentimos nisso mais que um trabalho. É impossível não

se emocionar, por exemplo, ao ver a reação quando um deles atravessa a

piscina funda pela primeira vez ou a ver a surpresa estampada no rosto de uma

senhora com artrose no joelho ao perceber que dentro da água o seu problema

a afeta muito menos. E tem mais! Eles não admitem que nós o chamemos de

senhor ou senhora, tem de ser de você. O que acaba sendo coerente, pois às

vezes, eles se portam realmente como crianças e a gente tem que dar brinca,

ralhar, essas coisas”. (REVISTA DA PISCINA 1987).

1.6 – Histórico da Psicomotricidade

Na evolução da psicomotricidade percebemos que as civilizações

americanas e européia foram as mais marcantes nesse processo evolutivo,

destacando-se a escola francesa, a qual teve incisiva influência nos rumos que

a psicomotricidade vem tomando.

Em se falando de corpo, alguns filósofos do corpo se destacaram por

suas colocações nessa área. Platão já afirmava haver uma separação distinta

entre corpo e alma, colocando o corpo apenas como lugar de transição da

existência no mundo de uma alma imortal. Aristóteles já via o homem como

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certa quantidade de matéria, o corpo, moldada numa forma, a alma,

estabelecendo a essa última diferentes funções, e dentre elas a paixão.

Descartes também falava desse dualismo entre corpo e alma, acrescentando

ainda à existência do ser o ato de pensar: “Eu sou uma coisa que pensa, uma

coisa da qual toda a essência decorre de pensar; entretanto, eu possuo um

corpo ao qual estou estreitamente vinculado, mas que é somente uma coisa

extensa e que não pensa. Por conseguinte, parece certo que a minha alma é

inteiramente distinta do meu corpo, mas não pode existir sem ele” (1641).

Seguindo-se essa evolução corporal encontramos a influência do

americano Bérgson, no século XIX, começando a unir essas duas esferas

(alma e corpo) quando afirma que “o cérebro imprime ao corpo esses

movimentos e atitudes que desempenham o que o espírito pensa”.

Charcot, psiquiatra famoso na época, é quem aponta as evidências do

psiquismo sobre o corpo e vice-versa, quando estuda o fenômeno membro

fantasma”, referindo-se a um indivíduo amputado que conserva a impressão da

existência do membro que perdeu, mas ainda negligenciando os conceitos de

inconsciente e imagem do corpo, os quais eclodem com a influência da

psicanálise, onde Freud passa a analisar que papel desempenha o corpo nas

formações inconscientes, considerando esse corpo o provedor de todas as

pulsões e o centro das relações com a figura materna que se acham

“matrizadas” nesse corpo mas nem sempre chegam à consciência e à palavra.

É claro que houve a influência da neurologia e da motricidade, mas essas

influências passam a ficar claras e serão citadas de forma abrangente

posteriormente.

Porém a palavra psicomotricidade só veio a ser criada, segundo vários

autores, por Ernest Dupré, em 1907, quando descreve a síndrome da

debilidade motora e relaciona-a com a debilidade mental, isolando

perturbações como os tiques, as sincinesias e as paratonias, afirmando: “Entre

certas alterações mentais e as alterações motoras correspondentes existe uma

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união tão íntima que parecem constituir verdadeiras paralelas psicomotoras”

(1909).

Essas pesquisas pouco a pouco evoluíram do eixo neurológico e

psiquiátrico para o fisiológico (1911) em que Head aborda o esquema postural,

ou ainda psicanalítico com SCHILDER (1923) – uma das primeiras influências

– sobre a imagem do corpo e o eixo psicológico, em que receberam a

influência marcante, visto que até hoje seus estudos são a base da

psicomotricidade, de WALLON (apud LE CAMUS 1986), se interessa pela

correlação entre caráter e motricidade, classificando as síndromes e os tipos

psicomotores, mas ainda na visão mais neurológica da época.

Ao mesmo tempo a área da educação física Tissié, no início do mesmo

século, esboçava timidamente as relações entre pensamento e movimento,

visando usar um pouco da “massificação física” da época. Posteriormente a

Tissié surge o chamado “Pai da Reeducação Psicomotora”, GUILMAIN (1935)

que, no convívio com crianças portadoras de “distúrbios de caráter”, assume

publicamente a necessidade de um exame não apenas mensurável, mas de

diagnóstico, indicação terapêutica e prognóstico, construindo um método

apoiado nos conceitos anteriormente abordados aqui, e que serviu de modelo a

muitos psicomotricistas sucessores. Em torno de 1930 surgiram vários testes

motores, entre eles os de Gourevitch e Ozeretski, Ozeretski-Vayer (idade

motora), testes de performance-bateria de Walter, testes Heuyer Bailler, testes

de imitação de gestos de Bergès e Lèzine, perfil psicomotor de Picq e Vayer

etc. Contudo, a visão da psicomotricidade nessa época encerrava-se no olhar

através da habilidade motora, onde o ser se comunica com o mundo por meio

do motor. O limite corporal vinha de fora do indivíduo. Os objetivos da prática

eram prioritariamente reeducar a atividade tônica com exercícios de inibição e

desinibição e desenvolver atividades de relaxação com exercícios de

dissociação e coordenação motora associados.

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No prosseguimento dessa trajetória, a influência de psicólogos

gestaltistas como Lewin, dos fenomenólogos como Merleau Ponty e dos

desenvolvimentistas Gesell, Wallon, Piaget aliados a neurobiólogos como

Diatkine e Ajuriaguerra traziam à tona a constatação de um corpo que possui

afeto, mais ainda um corpo mudo, um corpo que recebia as informações e

movimentos e executava-os conforme seu entendimento, mas sem expressão.

A trajetória psicológica sobressaia-se e a emoção começava a entrar no

movimento. É o período que abrange a época do final da Segunda Guerra

Mundial até meados da década de 70. A psicomotricidade passa a tomar um

novo rumo na qual as práticas aproximam-se da visão global do indivíduo e se

organizam, com a utilização do exame psicomotor e da reeducação

psicomotora aplicadas por profissionais com Ajuriaguerra, Diatkine, Lebovici,

Jovilet, Bèrges e Desobeau. Surgem os sindicatos de reeducação psicomotora

e algumas instituições, como a Instituto Superior de Reeducação Psicomotora

fundado em 1967 por Gisele Soubiran. Práticos se sobressaem e até hoje são

considerados como Théa Bugnet, do método Bom Depàrt, Simone Ramain.

Na profissionalização da psicomotricidade torna-se importante comentar

que em 1952 Jean Lê Bouch, instrutor de educação física descontente com a

incompleta formação da mesma, defende a educação psicomotora em todas as

idades, sendo que em 1967, graças à luta desse e de outros educadores, se

consegue na França o decreto ministral de 07/08/67, o qual coloca o horário

semanal de 6 horas de educação psicomotora na prática escolar. A partir daí o

reconhecimento oficial da psicomotricidade evolui, mas a heterogeneidade das

linhas de atuação prejudicava o seu concreto reconhecimento.

Segue-se a caminhada da psicomotricidade, na qual enfatiza-se aqui a

influência decisiva da psicanálise de autores como Dolto, Reich, Lowen, Perls e

dos etiólogos infantis como Zazzo, Lèzine e Brunele. Passa-se a investir num

corpo expressivo, que fala, emite significados, dando-se espaço para a

harmonia entre a expressão do corpo e da afetividade. Sua prática envolve

técnicas corporais diversificadas como a eutonia, a antiginástica, a

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psicomotricidade relacional, e expressão corporal, dentre outros, e entre

profissionais destacam-se Jovilet, Gerda Alexander, Aucouturier, Lapierre,

Samí-Ali etc.

No Brasil, a história da psicomotricidade vem acontecendo de maneira

semelhante à história mundial, como nomes de pessoas, locais e fatos que a

caracterizam. Os primeiros documentos registram seu “nascimento” na década

de 50.

Alguns profissionais ligados às áreas da deficiência começavam a

valorizar o corpo e o movimento como elementos interligados, mesmo sem

relacioná-los ao termo psicomotricidade. Em São Paulo surgiram trabalhos

utilizando as técnicas de Michaux em tratamentos motores, como o psiquiatra

infantil Haim Grünspun sobressaindo-se com suas obras enfocando os

distúrbios de conduta, motores e psicossomáticos relacionados ao

desenvolvimento infantil, e o professor Levèvre nos seus trabalhos terapêuticos

enfocando o movimento associados com a avaliação neurológica do indivíduo.

A base da terapêuticas vinha da ginástica infantil, dos exercícios naturais e da

rítmica, campos até então exclusivos da educação física. No Rio de Janeiro os

trabalhos iniciavam em hospitais e com deficientes físicos em instituições.

No final da década de 50, conforme citação de MORIZOT (1985),

Grünspun já mencionava atividades psicomotoras indicadas no trabalho de

distúrbios de aprendizagem: “Nos distúrbios de aprendizagem por lesão

cerebral mínima, caracterizando os distúrbios psiconeurológicos, além da

educação das funções intelectuais isoladamente, devemos realizar exercícios

psicomotores, de coordenação, de ritmo e de relaxamento capazes de atuar

sobre as vias de integração”.

No Rio de Janeiro eram criados cursos de formação de professores na

área do ensino especial, sendo o ritmo um dos caminhos encontrados para a

estimulação dos deficientes.

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Na década de 60 começaram a aparecer as primeiras técnicas

reeducativas no país, em que os pontos de vista acerca da psicomotricidade se

diferenciavam em cada região, sendo alguns até antagônicos. Surgia então o

questionamento sobre qual era a área profissional da psicomotricidade: a

psicologia, a educação física, o ensino especial, a fonoaudiologia etc. Escolas

e métodos diferentes chegavam de outros países por intermédios de

profissionais que realizavam cursos no exterior (Quirós, Le Bon Départ, Ramain

Borel-Maisonny).

Em Curitiba uma das primeiras influências datam de 1969, quando

Relindes de Oliveira traz a formação de Simone Ramain para cá, formação que

fez com a própria profissional mencionada.

Contudo, foi na década de 70 que realmente eclodiu a psicomotricidade

no Brasil, com duas correntes distintas: a dos profissionais que aplicavam os

métodos vindos do exterior, ou pelas bibliografias estrangeiras existentes, de

forma rígida e copiada (Quirós, Ramain, Picq e Vayer, Le Bouch, Costallat,

Khèpart, H. Bucher, Orlic, Le Bom Dèpart, avaliações de Ozeretski, Bucher,

Bergès e Lèzine) e a dos profissionais que, por meio da prática corporal na

reeducação e educação, generalizavam tudo como psicomotricidade. Aos

poucos foram surgindo profissionais que mesclavam as contribuições de vários

métodos com a prática corporal, visando estabelecer uma linha de trabalho

mais aplicável à nossa realidade. Contudo, percebia-se ainda a tendência de

ligação entre a psicomotricidade e os distúrbios neurológicos, citando como

exemplo o professor Lefèvre.

Alguns cursos eram divulgados e outras cadeiras eram implantadas nos

currículos de algumas faculdades na Brasil.

Só em 1977, com a vinda de Françoise Desobeau, é que se começou a

ver a psicomotricidade também como terapia, revelando a partir daí o jogo, a

espontaneidade e o simbolismo corporal do indivíduo. Surgia com isso a

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necessidade de fundamentar a formação do psicomotricista e fortalecer essa

nova linha de atuação, a qual culminou com a criação da Sociedade Brasileira

de Terapia Psicomotora em abril de 1980, mudando-se posteriormente seu

nome para Sociedade Brasileira de Psicomotricidade (SBP).

A partir da década de 80 a psicomotricidade multiplica-se em vários

pontos do país e surgem numerosos trabalhos, palestras e seminários sobre o

assunto.

Em 1982 é realizado o I Congresso Brasileiro de Psicomotricidade,

promovido pela SBP, e entre os convidados internacionais destaca-se Lapierre,

trazendo a sua linha de trabalho – a psicomotricidade relacional -, o qual vem

inovar e revolucionar os métodos até então trazidos ao nosso conhecimento,

sendo iniciado naquele ano o primeiro curso de formação em psicomotricidade

relacional no Rio de Janeiro. É uma nova etapa na história da psicomotricidade,

com a integração de profissionais de várias áreas pensando da mesma forma e

buscando o mesmo objetivo. Outros profissionais visitam o Brasil nessa

década, entre eles Françoise Desobeau, Estèn Levin, Alfredo Jerusalinski,

Bernard Aucouturier e Vítor da Fonseca.

Em 1989 Lapierre publica na Somatothérapie (nº 2, maio/1989) a

ramificação de seus estudos em duas linhas, uma terapêutica – análise

corporal da relação – e outra educativa e profilática – psicomotricidade

relacional.

Surgem pouco a pouco os capítulos regionais em diversos estados,

citando-se entre eles São Paulo, Bahia, Brasília, Rio Grande do Sul, Minas

Gerais, Rio de Janeiro, Ceará e Paraná, visando ao fortalecimento dessa área.

Surgem também cursos de pós-graduação em psicomotricidade em alguns

estados, entre eles Rio de Janeiro e Paraná. Em 1989 é aberto no Instituto

Brasileiro de Medicina de Reabilitação (IBMR) o primeiro curso de graduação,

com duração de quatro anos.

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Hoje, na década de 90, caminhamos para o VIII Congresso Brasileiro de

Psicomotricidade. Muito há que se caminhar, mas algumas conquistas já foram

efetuadas. A partir de 1992, a SBP passou a conferir a título de psicomotricista

a profissionais que mediante dossiê e comprovantes provassem possuir

conhecimento teórico-científico na área e ciências afins, que tivessem alguma

formação pessoal a nível corporal e que tivessem uma graduação a nível

superior nas áreas de educação e saúde. Lutasse por um reconhecimento da

profissão, visto já existir a formação universitária a nível de graduação (Rio de

Janeiro) e pós-graduação em vários estados, além de formações como

Ramain, desenvolvida por Germain Farjardo, Ramain-Thiers por Solange

Thiers, psicomotricidade relacional por Lapierre, Leopoldo Vieira, Daniel Silva,

Carla Guedes e Ibrahim Danvalgil Junior, Dentre outros.

Portanto, pode-se constatar que a evolução da psicomotricidade no

Brasil de forma geral vem acompanhando o desenvolvimento geral da ciência.

Ela também vem passando pelas correntes de tendências organicistas

primeiramente e depois afetivas e sociais. Vários profissionais, e nos incluímos

aí a abordagem da psicomotricidade aquática, passam a seguir, após estudo

incansável, sua própria orientação, conforme postura profissional assumida e

pela percepção da necessidade de aperfeiçoar a qualidade da relação

profissional-cliente. A psicomotricidade, assim, precisa ser vista com bons

olhos por todos os profissionais das áreas de educação e saúde e, para sua

efetivação como profissão, precisa ser reconhecida como ciência do

movimento, cabendo apenas a nós, profissionais dessas áreas, lutar para seu

fortalecimento com visão multidisciplinar, em que ela possa continuar fazendo

parte do currículo de outras ciências como a Psicologia, a Fonoaudiologia, a

Educação Física, a Fisioterapia, a fim de que os profissionais possam utilizar-

se dessa importantíssima ferramenta nos seus tratamentos e atendimentos,

tornando-se também psicomotricistas. Há espaço para todos e a troca entre

áreas só deve enriquecer e fortalecer a identidade da psicomotricidade.

(BUENO 1998).

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1.7 – Aspectos psicomotores

1.7.1 – Imagem corporal e ou esquema corporal

O conhecimento e a representação do próprio corpo, denominado de

esquema corporal, tem um papel fundamental nas relações entre EU e o

mundo exterior. A consciência do próprio corpo e de suas mobilizações é

associada a toda educação psicomotora.

Na construção do esquema corporal não bastam, no entanto, a

maturação neurológica e sensorial nem o exercício e a experimentação que

ocasionam essa maturação. Como em tantos outros aspectos evolutivos, é

decisiva aqui também a experiência social.

O conceito de imagem corporal refere-se às relações que existem entre

a percepção que o indivíduo tem de seu corpo e o conceito que faz de si

mesmo. (FERREIRA apud THOMPSON 2000).

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1.7.2 – Tônus

O tônus muscular pode ser definido como um estado de tensão

permanente dos músculos, de origem essencialmente reflexa, variável em sua

intensidade, que segue as diferentes ações sinérgicas ou sincinéticas, que a

reforçam ou inibem e tem por função o ajuste das posturas, sendo possível

distinguir e forma semiológica, diferentes propriedades. (FERREIRA apud

THOMPSON 2000).

1.7.3 – Percepção

Percepção é um processo ativo que classifica informações novas em

categorias conhecidas, sendo um evento intimamente ligado às funções de

abstração e generalização da linguagem. De um momento a outro todos os

sentidos, visão, audição, tato, olfato, dor e propriocepção recolhem

informações do mundo que nos rodeia e do interior de nosso corpo. A

percepção é o processamento no encéfalo que transforma toda essa

informação em nossa experiência imediata do mundo. (FERREIRA apud

THOMPSON 2000).

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1.7.4 – Ritmo

O ritmo é força criada que está presente em todas as atividades

humanas e se manifesta em todos os fenômenos da natureza. (BUENO 1998).

1.7.5 – Coordenação motora global

A coordenação motora global ou geral é considerada como a

possibilidade de controle dos movimentos amplos de nosso corpo. Ela permite

a possibilidade de contrair grupos musculares diferentes de uma forma

independente, inibindo os movimentos parasitas, como as paratonias e

sincinesias. (BUENO 1998).

1.7.6 – Estruturação e organização espacial

É a tomada de consciência da situação das coisas entre si. É a

possibilidade, para a pessoa, de organizar-se perante o mundo que a cerca, de

organizar as coisas entre si, de coloca-las em um lugar, de movimentá-las. É

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ter a noção de direção (acima, abaixo, à frente, atrás, ao lado), e de distância

(longe, perto, curto, comprido) em interação. (BUENO 1998).

1.7.7 – Estruturação e organização temporal

As noções temporais são muito abstratas e muitas vezes bem difíceis de

ser adquiridas, motivo pelo qual, a fim de facilitar seu reconhecimento, é

preciso fornecer os diferentes elementos que entram no conceito de tempo

(velocidade, duração, sucessão). As relações temporais somente existem pelas

conexões que a criança estabelece mentalmente entre suas atividades. Para a

compreensão do tempo é fundamental a ação da memória, que desempenha

um papel importantíssimo nesse processo. (FERREIRA apud THOMPSON

2000).

1.7.8 – Lateralidade

O desenvolvimento da lateralidade é extremamente importante, já que

permite fazermos uma relação correta entre as coisas do mundo que nos

cerca. Se não existe esquerda e direita dentro do organismo, não pode haver

projeção desda esquerda e dessa direita para fora do mesmo. A lateralidade se

refere ao espaço interno do indivíduo, capacitando-o a utilizar um lado do corpo

com maior desembaraço do que o outro, em atividades que requeiram

habilidade, caracterizando-se por uma assimetria funcional. (FERREIRA apud

THOMPSON 2000).

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1.7.9 – Equilíbrio

O equilíbrio reúne um conjunto de aptidões estáticas e dinâmicas. O

equilíbrio estático apresenta maior dificuldade, sendo mais abstrato e exigindo

muita concentração. Seu controle é essencial para a aprendizagem. O

equilíbrio dinâmico está em estreita relação com a constituição estato-ponderal,

com as funções tônico-motoras, com os membros e os órgãos, tanto os

sensóriais como os motores. (FERREIRA apud THOMPSON 2000).

1.7.10 – Relaxamento

É uma forma de atividade psicomotora na qual se objetiva a redução das

tensões psíquicas, levando à descontração muscular. O relaxamento

proporciona melhor conhecimento do esquema corporal, melhor estruturação

espaço-temporal e equilíbrio, contração e descontração. É a noção do tenso,

relaxado, duro, mole, e a pessoa transpõe essas noções para seu próprio

corpo.

O relaxamento é considerado o contrário de tonicidade e contração e

procura ocasionar uma regulação dos ritmos orgânicos (respiração, circulação

etc.). (BUENO 1998).

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1.7.11 – Coordenação motora fina

É considerada como a capacidade de controlar os pequenos músculos

para exercícios refinados como: recorte, perfuração, colagem, encaixes etc. e

envolve a coordenação viso-manual ou oculomanual e a coordenação

musculofacial.(BUENO 1998).

1.7.12 – Respiração

O ato respiratório compreende duas fases: uma ativa, a inspiração, e

outra passiva, a expiração. Se a primeira é importante porque se trata de

admissão de ar para a oxigenação do sangue e para a geração da energia na

realização dos movimentos, a segunda deverá ser encarada ainda como mais

importante, dado que é através dela que o corpo elimina o dióxido de carbono,

veneno e excitante do sistema respiratório. (BUENO 1998).

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1.8 – A gerontomotricidade e as condutas psicomotoras

Desde o início da década de 60 o mundo inteiro começou a tomar

consciência de um “novo” fenômeno de expansão do envelhecimento

populacional que crescia progressivamente diante do aumento populacional

geral. Esse movimento demográfico fez gerar mudanças de atitudes da

sociedade, a fim de proporcionar meios, os mais variados, para atender às

necessidades e solucionar os problemas cotidianos de vida das pessoas

idosas.

Mário Fillizzola em seu livro A Velhice no Brasil examinou o problema do

idoso em nosso país dos tempos coloniais até 1972.

No Brasil, até os dias de hoje, existe uma espécie de preconceito contra

as possibilidades de o homem de mais de 40 anos integrar-se ao mercado de

trabalho. Significava, simplesmente, a perda de seu direito de ganhar a vida.

Sabe-se que o problema se agrava tendo em vista que as pessoas na faixa

gerontológica contam, em média, 18 milhões.

O preconceito de idade contra a velhice é denominado “etarismo”. Há

anos os etaristas não aceitavam a Gerontologia como disciplina ou ciência a

ser cultivada no Brasil. Afirmavam que o Brasil era um país onde o problema do

idoso praticamente não existia, por possuir apenas 5,3% de pessoas em idade

superior a 60 anos. Para a Organização Mundial de Saúde – OMS – o país que

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apresenta o índice percentual de mais de 7% de idosos em sua população é

considerado um país idoso.

O percentual de idoso no Brasil em 1983 era de 6,7%, segundo o IBGE.

Por projeção, KRÜGER (1986) apresentou um índice acima de 8% em 1986 e

no ano 2000 acima de 10%. Atualmente o percentual de idosos é de cerca de

10,2%.

Projeções dos especialistas e pesquisas divulgadas pelos jornais do Rio

de Janeiro (Tribuna da Imprensa, 23.3.2000), indicam que 12,5% da população

atual do Estado do Rio de Janeiro é formada por idosos, estimando para o ano

de 2020 que cerce de 50% da população brasileira será de idosos. O município

do Rio de Janeiro já apresenta 800 mil pessoas classificadas como na 3ª idade.

Classifica a OMS como Etapas da vida de ambos os sexos:

1. Meia-idade: período que abrange o início dos 45 aos 64 anos de

vida.

2. Pessoas idosas: dos 65 aos 79 anos.

3. Velhice: faixa etária dos 80 aos 90 anos.

4. Grande velhice: pessoas que ultrapassam 90 anos.

Na ex-URSS, BRIKINA (1978) apresentou um estudo sobre a “ginástica

geriátrica”, em que estabelece a divisão em dois grupos de idade: masculino e

feminino, a fim de classificar as etapas do envelhecimento.

Para o masculino:

1. Meia-idade: de 40 a 55 anos.

2. Idade madura: de 55 a 65 anos.

3. Idade avançada: acima dos 75 anos.

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A autora considera as diferenças de sexos no processo de

envelhecimento, enquanto a OMS estabelece não haver diferenças

significativas no critério de classificação das etapas da vida.

A população acima dos 79 anos, fase de idade considerada OMS como

a velhice, tem crescido rapidamente. Essa tendência cada vez mais tem

aumentado em curto prazo, provocando uma série de efeitos socioeconômicos

de maior importância para o País. Sem dúvida que a atitude da família em

relação ao ancião apresenta constante crise que oscila entre o respeito, a

proteção e a intolerância, por vezes, conduzindo à separação do grupo familiar.

Embora o processo de envelhecimento seja uma conseqüência natural

da vida, não se pode evitá-lo; o que se deve fazer, no entanto, é procurar

estabelecer as bases para que, nesse período, o idoso possa viver nas

melhores condições possível.

Nas culturas e civilizações antigas, a velhice era uma etapa da vida

respeitada e venerada, pois representava a prudência, a reflexão, a experiência

e o saber acumulado no transcorrer dos anos.

A Revolução Industrial é um período histórico recente que influi

consideravelmente na vida do ser humano. Modificou não somente a estrutura

econômica global, como também a estrutura de valores, ocasionando na vida

atual profunda repercussão na população de idosos.

A partir desse período, a sociedade tende a inclinar-se para o material,

privilegiando a maquinaria sobre as atividades manuais do homem; da procura

da mão-de-obra do jovem em detrimento da mão-de-obra da meia-idade e do

idoso.

Na sociedade contemporânea essa percepção não mudou. A atividade e

o ritmo acelerado de vida condenam o idoso à marginalidade, como um castigo

às pessoas que alcançaram a última etapa de sua existência.

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Atualmente no auge da terceira revolução industrial vivemos uma era de

suma importância na acumulação de riquezas e na rapidez de produção. O

principal risco é o surgimento de uma “sociedade dissociada” que aumente as

desigualdades, provocando a origem de grandes diferenças nos setores mais

débeis da sociedade, entre eles o do idoso.

Desde o século passado os políticos buscam a criação de movimentos

de conscientização da problemática da velhice, para levar ao grande público as

teses debatidas com seriedade. Consideravam a “Gerontologia uma ciência

médico-social que estuda o futuro das próximas gerações”. Era preciso que

fosse adotada uma política visando ao verdadeiro Estatuto Social da Velhice.

Somente no ano de 1994, porém, o governo brasileiro, apoiado pela sua

própria comunidade, criou a lei que determinou com precisão a Política

Nacional do Idoso, assegurando-lhe os direitos sociais e criando condições

para promover sua autonomia, integração e participação efetiva na sociedade.

A Lei nº 4.882 de 4 de janeiro de 1994, aprovada pelo Congresso

Nacional e sancionada pelo presidente da República, dispõe sobre a Política

Nacional do Idoso, cria o Conselho Nacional do Idoso bem como estabelece

suas diretrizes. Segundo essa lei, é considerada idosa a pessoa maior de 60

anos. Entretanto, esse limite vem sendo refutado cotidianamente pelos meios

de prestação de serviços à população, como ônibus, metrô, bancos, etc., que

consideram idoso o maior de 65 anos para atendimentos prioritários.

1.8.1 – Gerontologia de intervenção e a gerontomotricidade

Considera-se a Gerontologia, atualmente, uma ciência aplicada moderna

que estuda o idoso, isto é, estuda os fenômenos biológicos, psicológicos,

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neuropsicossomáticos, sócio-culturais e econômicos decorrentes do

envelhecimento, bem como suas conseqüências. Procura desfazer os mitos e

preconceitos que marcam a marginalização social do idoso, desencadeando

processos e meios que facilitem viver o presente com perspectiva futura. A

Saúde e o bem-estar do idoso são dois imperativos da Gerontologia, numa das

fases do processo de desenvolvimento do ser humano que, em constante

integração com o meio ambiente, sofre contínua transformação. A

Gerontologia, intimamente inter-relacionada com a Medicina e a Educação

Física e as demais subáreas da Saúde, é vista nesse processo sob nova

dimensão, de forma eminentemente interdisciplinar e objetiva.

Assim, a Gerontologia é o conjunto de disciplinas integradas que

estudam o processo de envelhecimento. Fundamenta-se na concepção

biopsicossociofisológica, na qual as questões concernentes à prevenção,

saúde e qualidade de vida do idoso levam à Gerontologia de Intervenção.

A Gerontologia de Intervenção é o estudo integrado da Gerontologia que

analisa e observa, de forma interdisciplinar, os fenômenos

biopsicossociofisológicos decorrentes do processo de desenvolvimento do ser

humano. Trata da conservação das diferentes funções físicas, intelectuais e

dos órgãos dos sentidos, numa abordagem holística.

A Gerontologia de Intervenção observa e analisa, também, numa visão

crítica, as funções reintegradoras; atua, por meio de gestos e movimentos

adequados em cada nível de desenvolvimento do idoso, na tentativa de

recuperar, de forma adaptada, as habilidades parcialmente perdidas.

Fundamenta-se essencialmente na individualidade, de acordo com o processo

de envelhecimento e da situação particular de cada pessoa idosa.

Como um conjunto de disciplinas inter-relacionadas, interatuantes e

interdependentes, a Gerontologia de Intervenção atua por meio de tarefas

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preventiva, assistencial, de reabilitação e de reeducação psicomotora, numa

concepção holística do ser.

KRÜGER (apud LEHER,1997), apresenta quatro mensões diferenciadas

em que pode ser desenvolvida a Gerontologia de Intervenção:

1. Otimização: Por meio das atividades intelectuais e afetiva, da prática

de exercícios físicos, tendo como base as habilidades ainda disponíveis o

idoso.

2. Prevenção: Pelo contínuo processo de manutenção de cuidados

pessoais.

3. Reabilitação: Caracterizada pelas tentativas de recuperação, ainda

que parcial de habilidades perdidas.

4. Gerenciamento de situações irreversíveis: Com o objetivo de

favorecer mudanças de atitudes e crenças, bem como aceitação de fatos

consumados, complementado por iniciativas de mudança ambiental.

A Gerontologia de Intervenção e a Psicomotricidade, integradas, numa

perspectiva constante de renovação, estão estreitamente inter-relacionadas e

vão ao encontro dos anseios da necessidade de movimento, característica

intrínseca do ser humano. Utiliza como meio a gerontomotricidade. Visa a

recuperar e conservar, de forma funcional, as condutas psicomotoras; a

melhorar e aprimorar o conhecimento de si e a eficácia das ações, sobretudo

das atividades de vida diária – AVD.

Repousa sobre as premissas de trabalho individualizado, nas quais

observa cada etapa do processo de envelhecimento. Favorece o

desenvolvimento integral do idoso, estabelecendo, de forma equilibrada e

harmônica, a inter-relação entre a motricidade e psiquismo. Propicia o equilíbrio

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e a noção do corpo no espaço, em sua totalidade, e contribui para a

preservação da saúde.

1.8.2 – As atividades propostas

Diversas concepções e práticas das atividades voltadas para o bem-

estar físico e psíquico podem interagir, em busca da melhoria da qualidade de

vida, em todo o transcurso do desenvolvimento do ser humano. A gerontologia

de Intervenção é um processo ativo e contínuo de intervenção, em que se

aplicam as atividades psicomotoras sob o enfoque da reeducação neurológica,

na qual se utilizam variadas formas de atividades físicas com movimentos

conscientes, intencionais e sensíveis.

Com base em experimentos vivenciados com Idosos que,

continuamente, por deficiência do equilíbrio no ato de deambular caiam em

casa ou na rua, tem-se aplicado técnicas de educação e reeducação

neurológica fundamentadas nas idéias de Dolman & Delacato adaptadas a

cada Idoso. Tem-se conseguido total recuperação da perda de equilíbrio,

ajustamento postural e tonicidade dos grupos musculares antigravitacionais

dessas pessoas implicadas.

A aplicação de exercícios psicomotores às pessoas idosas ou a

reeducação psicomotora é uma ciência artesanal. Trabalha-se com a pessoa. É

uma nova dimensão particular, individual, em que está em jogo o aspecto

qualitativo da relação humana, vinculada aos estímulos externos que

determinam os comportamentos surgidos ao longo da vida do ser humano.

A estimulação e orientação às práticas de atividades de reeducação

psicomotora, propiciam a criação de uma atmosfera saudável, atuante e

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existencial, de elevado valor psicológico, sob forma de tarefas e de movimentos

lúdicos.

Os movimentos são realizados de forma lenta, integrados aos exercícios

respiratórios e aplicados de maneira contigencial, adequados às necessidades

e as capacidades funcionais de cada idoso. Controlados pelo ritmo individual,

sem esforço, os exercícios devem obedecer à execução máxima de cinco

vezes cada, com intervalo de um para outro, aumentando gradativamente, de

acordo com as possibilidades individuais.

Efetuados diariamente ou três vezes por semana, as consignes não

possuem caráter de obrigatoriedade, mas encaradas como organicamente

necessárias, por minimizar as tensões. Estimulam a circulação e aumentam o

interesse em realizar movimentos conscientes, intencionais e sensíveis.

Propiciam num clima de cordialidade, o alcance de objetivos imediatos de

preservação da saúde, bem estar e alegria de viver.

Nos Programas e Planejamentos de Saúde para o próximo milênio, a

OMS considerou como uma das metas mínimas o aumento de tempo de vida

dos humanos. O principal enfoque dessa meta, em sua amplitude, é considerar

a saúde como um dos componentes do bem estar de cada comunidade.

1.8.2.1 - Aplicações

A Reeducação Neurológica consiste na repetição sistemática dos

movimentos, sob a forma de recapitulação de algumas fases do

desenvolvimento natural da criança. Esses movimentos, sob forma de

exercícios repetitivos e sistemáticos são significativamente importantes na

definição da Organização Neurológica.

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No caso de pessoas idosas, portadoras de problemas psiconeurológicos

ou mesmo com dificuldades posturais e de locomoção, deve-se realizar os

movimentos de forma sistemática, porém como condutas psicomotoras, que

são sucessões de movimentos especificamente humanos, cuja característica

essencial é serem realizados de forma consciente, intencional e sensível.

A grande maioria das pessoas têm capacidade de absorver todas as

condutas psicomotoras, em gradientes progressivos da mais simples a mais

complexa. São habilidades essenciais, praticadas e aperfeiçoadas por meio da

aprendizagem de movimentos nas sessões individuais ou coletivas de

Reeducação psicomotora. Estimulam o raciocínio criativo e possibilitam

recursos ilimitados de ações. Esses movimentos, considerados movimentos

naturais e espontâneos da criança são apresentados em seguida, sob forma de

exercícios ou de praxias andrológicas, que são uma sucessão de movimentos

especificamente humanos, cuja característica essencial é a finalidade e a

intencionalidade. Podem, entretanto, ser transformados em jogos de

movimentos ou psicomotores, dependendo da forma de aplicação.

A fim de tornar os jogos mais interessantes e estimular maior

envolvimento dos Idosos, deve-se planejar os mesmos em formas de ações em

grupos na solução de determinados problemas, compartilhando idéias e

colaborando na criação de estratégias, estimulando assim o desenvolvimento

das habilidades mentais essenciais à memorização e ao pensamento criativo.

A Educação Física e Medicina, integradas numa perspectiva de

constante renovação, proporcionam profunda inter-relação entre a

psicomotricidade do idoso – Gerontomotricidade – e a Gerontologia de

Intervenção. Delas surgem diversas concepções das práticas das atividades

psicomotoras voltadas para o bem-estar físico, psíquico e espiritual, que podem

interagir em busca da melhoria da qualidade de vida. (FERREIRA apud

BARROS 2000).

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1.9 – Atividades aquáticas na 3ª idade

Com alunos na 3ª idade o resgate do prazer, da auto-estima e da

capacidade de realizar algo passa a ser fundamental.

Há muitas formas de enfocar o movimento, seja pela atividade física

como a natação, a ginástica, caminhadas, ioga ou da psicomotricidade, mas é

importante que em todas elas intervenham fatores físicos, psíquicos e sociais.

A atividade deve ser um meio imprescindível para poder lutar contra a

dependência e contra uma série de hábitos posturais e físicos que situam o

idoso num marco de inatividade.

O bom exercício não é aquele que impõe movimentos forçados no ritmo,

intensidade e duração. O bom exercício é aquele em que se desenvolve a

consciência do próprio limite de esforço e movimento. O objetivo da prática

física nessa idade consiste em melhorar o estado geral do indivíduo.

Se o indivíduo idoso não aprendeu a nadar, a atividade aquática com

exercícios psicomotores e de alongamento será uma excelente opção.

Esta atividade deve ocorrer preferencialmente em grupos, facilitando a

sociabilização e a comunicação e permitindo um espaço onde o mesmo possa

expressar suas idéias, trocar suas experiências, criar, escolher o que deseja e

aprecia, valorizando acima de tudo sua qualidade de vida. Se possível, deve

ainda buscar integrar o idoso com outras idades.

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Deve objetivar fundamentalmente superar o modo de vida inativo e

sedentário que faz diminuir suas funções orgânicas. A prática baseada na

psicomotricidade de ser objeto de saúde e bem-estar e servir para que os

idosos abandonem sua solidão e se incorporem à sociedade. Deve envolver no

aspecto físico uma melhora na sua flexibilidade, na tonicidade muscular, na

resistência cardiorrespiratória, na circulação, na postura e na mobilidade das

articulações. Qualquer exercício será bom se a pessoa estiver atenta a si

mesma, percebendo se seu modo de fazer força é adequado e se o movimento

é harmonioso.

Deve considerar o indivíduo de uma forma global, utilizando-se do

movimento e da prática aquática como um meio e como uma finalidade em si

mesma. A prática deve facilitar ao indivíduo reencontrar segurança e confiança

em seus movimentos e atitudes.

Deve ter fundamentalmente um caráter recreativo, lúdico, e de

manutenção da qualidade e reeducação corporal. A atividade deve privilegiar a

relação, dando ao idoso a oportunidade de se sentir aceito, confirmado pelos

colegas de grupo. Estabelecer relações afetivas é outra das grandes maneiras

de sentir-se vivo e jovem. Se o idoso não cuidar das relações familiares,

amistosas e amorosas, acabará sentindo-se só, abandonado.

A abordagem da psicomotricidade aquática para a terceira idade parte

do princípio do movimento do corpo. Se pensar que viver é movimentar-se, e

se a vida é movimento, é necessário e fundamental que, para transcorrer este

processo com prazer e satisfação, haja movimento sempre, o que não quer

dizer mover-se apenas em atividades caseiras e rotineiras, mas amplia-lo com

um proposta corporal.

O corpo é a nossa casa, o instrumento de vida do indivíduo e é com ele

que se estabelecem as relações emocionais, amorosas, de amizade, de pais e

filhos, de irmãos etc. Renovar as energias desse corpo nos impulsiona para a

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vida. E, para que suas energias sejam abastecidas, torna-se necessário trocar,

trocar com os outros à sua volta, ao seu lado, na rua, na vizinhança, no clube,

nas sessões de atividades aquáticas e nas sessões de psicomotricidade. Na

visão fenomenológica, o movimento e a corporeidade têm função de revelar

integradamente tudo o que o homem é e pode manifestar neste mundo:

espírito, alma, mente e corpo. Para a terceira idade respeitar o todo deste ser

humano é o essencial.

Na vivência psicomotora aquática o indivíduo lida diretamente com o

movimento corporal por meio do jogo e da brincadeira em grupos, ampliando

seu círculo de relações, propiciando sua existência autônoma, ativa e

fisicamente capaz. Pessoas fisicamente capazes têm um sentimento positivo

sobre si mesmas, tornam-se mais descontraídas, seguras e possuem a

confiança de solucionar as intempéries da vida, a qual devolve a sensação de

juventude que se encontra muito mais em nossas mentes e que, com um corpo

trabalhado, é favorecida e aflorada à superfície, por meio da modulação tônica

na relação com o meio e com os outros.

A proposta dividi-se em três partes sendo a primeira um aquecimento na água,

com atividades recreativas e lúdicas, visando aumentar o metabolismo,

alongamento, mobilidade das partes do corpo e flexibilidade. Numa segunda

parte a prática da natação e da psicomotricidade aquática, com a consciência e

domínio do corpo. Num terceiro momento sugere-se um relaxamento individual,

em dupla, com ou sem objetos, visando retomar o ritmo respiratório inicial.

Entretanto, independentemente da divisão, devemos ter em mente a

oportunidade de convívio e de vida social. (BUENO 1998).

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CAPÍTULO II

APRESENTAÇÃO DOS RESULTADOS

Responderam ao questionário 10 professores de natação, que tem

alunos na terceira idade, que trabalham na Estilo escola de natação, na

Academia Corpo e Água Tirol e na Academia Gaudium Fitness Center, locais

onde eu também trabalho.

Este questionário foi desenvolvido a fim de conhecer e verificar qual era

o conhecimento desses profissionais sobre a psicomotricidade e como era

implementada dentro das aulas de natação para alunos na terceira idade,

outros pontos que foram descoberto com o questionário era o conhecimento de

termos como a Gerontologia e a Gerontomotricidade. Os resultados foram bem

diversificados e serão mostradas abaixo as respostas de todos os informantes

em cada pergunta.

A pergunta inicial do questionário foi no intuito de identificar a quanto

tempo cada profissional ministra aulas para alunos na terceira idade.

“4 anos”.

“2 anos e 10 meses”.

“7 anos”.

“18 anos”.

“2 anos”.

“Aproximadamente 3 anos”.

“1 ano”.

“3 anos”.

“1 ano”.

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“15 anos”.

Quando questionados como a psicomotricidade era introduzida nas

aulas. Eles apontaram para determinados pontos como: educativos,

movimentos simples, através da afetividade, da ludicidade, no trabalho de

equilíbrio do aluno, no trabalho de relaxamento, na adaptação ao meio

líquido e na individualidade de cada um.

Os informantes que disseram que a introdução é feita através de

educativos relataram.

“Através de educativos. Dependendo da turma, aluno, piscina e

conteúdo programático, os educativos são adaptados”.

“Utilizando educativos que englobem os diversos aspectos

psicomotores, dando ênfase aos aspectos onde o indivíduo tenha maior

dificuldade e que sejam fundamentais para o ensino da natação”.

Outro relatou que a introdução é feita através de movimentos simples.

“A introdução é feita através de movimentos mais simples e de fácil

realização para que seja adquirida uma segurança para realização de

movimentos futuros”.

Outro horizonte de resposta foi a afetividade.

“Começando com diálogo e afetividade buscando a auto-estima do

aluno”.

Encontramos também a introdução da psicomotricidade com atividades

direcionadas para determinado aspecto psicomotor como: Equilíbrio,

organização espacial e relaxamento.

“Começo com o reconhecimento do aluno ao meio líquido através do

equilíbrio e da organização espacial para melhor adaptação do aluno”.

“Em todos os momentos do início até o relaxamento”.

“No trabalho de equilíbrio”.

Outros informantes mencionaram a utilização da ludicidade e o respeito

ao desenvolvimento de cada aluno.

“A introdução é feita conforme a individualidade do aluno, em uma

forma bem lúdica”.

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“De acordo com a fase de desenvolvimento que o aluno se encontra”.

“Coloco em alguns momentos da aula com ajuda de material e

atividades lúdicas”.

Na terceira pergunta do questionário os professores deviam ordenar

em importância os aspectos psicomotores que utilizavam em suas aulas. E em

6 dos 10 foram apontado o equilíbrio como aspecto psicomotor mais utilizado,

3 priorizavam em suas aulas a respiração e 1 priorizava o relaxamento.

Na pergunta seguinte investigava-se qual era a importância nas aulas do

primeiro item selecionado por eles. Os informantes que apontaram o equilíbrio

como o principal aspecto deram as seguintes respostas.

“O equilíbrio traz segurança, auto-confiança.”

“Para a terceira idade, principalmente na água é um dos aspectos

psicomotores que mais da confiança, segurança e conforto.”

“Trabalhar a capacidade de se manter sobre uma base reduzida de

sustentação do corpo, utilizando uma combinação adequada de ações

musculares.”

“A importância é que o equilíbrio é a base para execução das aulas,

começando com auxílio passando para a autonomia na água.”

“O aluno precisa de equilíbrio para se manter na água na vertical, na

horizontal, respirar e deslizar”.

“Pois o equilíbrio da base a aula.”

Outras respostas apontaram como principal aspecto psicomotor a

respiração, com os seguintes relatos.

“Para que o indivíduo faça a respiração, consequentemente deverá

colocar o rosto na água, trabalhando também a descontração facial, com isso o

aluno terá um costume, terá descontração em fazer a imersão. Algumas

pessoas afogam-se com pequena quantidade de água, como no chuveiro na

hora de tomar banho. Por isso a respiração, é um dos princípios para aprender

a nadar.”

“Quando o aluno consegue dominar sua respiração no meio aquático

fará com que ele fique mais seguro no mesmo.”

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“A respiração é o item principal para o início de qualquer atividade

aquática dando mais controle e segurança para as aulas.”

Um informante apontou o relaxamento dando a seguinte explicação.

“É de suma importância, pois nas minhas experiências, a maioria dos

alunos nunca haviam tido contato com a natação e chegavam extremamente

tensos na piscina, dificultando a aula.”

Como acima foi detectado o aspecto psicomotor mais utilizado, a seguir

sanamos as dúvidas ao saber qual era o aspecto psicomotor mais difícil de ser

implementado nas aulas e obtive os seguintes resultados:

O aspecto mais apontado foi a coordenação motora seja ela fina ou

global, a seguir as respostas dos informantes.

“A coordenação motora global, pois o ato da coordenação entre a

braçada e a respiração se torna muito difícil para eles.”

“Coordenação motora global, porque se deve trabalhar quando se esta

na infância por diversos fatores e quando atinge-se a terceira idade o cérebro

não consegue mandar tantas informações. Quando estamos ensinando a fazer

movimentos do braço do nado de crawl é que percebemos a grande

dificuldade.”

“Coordenação motora fina, pois seus movimentos e tonicidade

muscular já estão comprometidos, dificultando movimentos finos.”

“Coordenação motora fina, por ser tratar de pequenos detalhes,

correções mínimas, acabam muitas vezes não sendo retificadas e percebidas

pelo aluno. Por mais que sejam notificados.”

“Coordenação. Com a idade, vivência ao longo de muitos anos, se o

indivíduo não pratica exercícios ou atividades que exijam coordenação dos

membros, fica mais difícil de evoluir o aprendizado.”

“Dependendo das experiências vivenciadas por esses alunos, o aspecto

mais difícil é a coordenação motora global, desde que esse aluno jamais

tenha sido estimulado e então não desenvolveu nada nesse aspecto.”

Outras opiniões apontaram também para a respiração e para o ritmo.

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“A respiração é bem difícil pela necessidade de ter de elevar a cabeça

para executar a mesma.”

“A respiração tendo em vista o aluno que nunca tenha feito aula

anteriormente.”

“O ritmo, porque nem todos fizeram atividade física quando novos e isso

torna mais difícil o trabalho com o passar do tempo.”

Na sexta pergunta investigava-se a freqüência do uso da

psicomotricidade durante as aulas, afim de investigar se a psicomotricidade

era apresentada em poucas atividades ou se é utilizada em vários momentos,

tentando incentivar um maior uso da psicomotricidade nas aulas, tendo como

resultado as seguintes respostas.

“A psicomotricidade está presente praticamente em todos os

momentos das aulas, porém algumas atividades não apresentam conteúdos

psicomotores como item principal.”

“Em vários momentos da aula.”

“É dividido e direcionado junto com os objetivos da natação.”

“Pode ser usado durante toda a aula.”

“É utilizado em diversos momentos da aula.”

“Apenas em algumas atividades.”

“Em todos os momentos da aula.”

“Em vários momentos da aula.”

“Vários momentos.”

“Em vários momentos da aula.”

A sétima pergunta norteia na importância da psicomotricidade para a

natação. Essas respostas são o que cada profissional acha de como a

psicomotricidade importa, auxilia e a finalidade para o desenvolvimento do

trabalho na natação.

“Na minha opinião é indispensável tanto no aprendizado quanto no nível

competitivo já que o domínio dos principais aspectos psicomotores acarretam

em um melhor desempenho e maior facilidade no aprendizado.”

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“Visa oportunizar através de diferentes experiências vivenciadas, uma

estimulação que enriquece o desenvolvimento harmônico das partes, sua

integração com o meio, suas relações com o outro e com os objetos,

favorecendo a conquista da autonomia e facilitando seus deslocamentos

natatórios de forma cada vez mais fluente e organizada. Respeitando

naturalmente a fase do indivíduo (cognitivo, sócio-cultural e motor).”

“Acho que a psicomotricidade faz parte de todo o aprendizado da

natação. Sem o auxílio psicomotor a mesma seria impossível de ser

ministrada.”

“Favorece para que o aluno adquira mais auto-confiança no meio

líquido, proporcionando um grande desenvolvimento.”

“Não só para a natação a psicomotricidade é importante, mais também

para o ensino de qualquer atividade física, pois através da mesma utilizamos

meios para atingir fins.”

“Com a psicomotricidade o professor pode trabalhar de um modo

diferente vários aspectos da natação de uma forma mais simples.”

“Para que o indivíduo consiga ter estímulos diferentes direcionados ao

objetivo.”

“Facilitar o aprendizado da técnica.”

“Auxilia em todo o aprendizado. Sem a psicomotricidade as aulas ficam

na mesmice e sem estímulos.”

“A importância é que o aluno conhece e respeita o seu corpo para a sua

atividade. Hoje é indispensável a psicomotricidade na natação.”

Na pergunta seguinte o interesse era em saber a importância da

psicomotricidade para os indivíduos na terceira idade, nessa pergunta o

direcionamento era a terceira idade obtendo respostas com a finalidade da

psicomotricidade voltada diretamente apontada para esse público, veja os

resultados a seguir.

“É muito importante, tanto para indivíduos que já foram estimulados,

mas principalmente para os que nunca praticaram uma atividade, atuando para

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a melhoria da qualidade de vida, prevenção de acidentes e muitos outros

valores.”

“É um trabalho de resgate das formas básicas de movimento, do ritmo,

dos gestos espontâneos, da criatividade e do lúdico.”

“Proporciona ao idoso um equilíbrio entre a motricidade, a sociedade e

ao intelecto, fazendo com que ele se sinta mais dinâmico.”

“Ajuda o profissional ter um olhar global do aluno, respeitando seus

limites e sua individualidade.”

“É importante pois a psicomotricidade trabalha separadamente os

movimentos, a questão de tempo-espaço e a conscientização do aluno para

que ele possa realizar o movimento desejado de forma completa.”

“Ajuda a melhorar a qualidade de vida.”

“Estimula os alunos nas aulas facilitando o aprendizado.”

No momento em que entramos para o reconhecimento do termo

Gerontologia, a ótica dos informantes foi a seguinte.

“É uma área voltada para os idosos, já tive interesse em fazer uma

especificação na área já que gostaria muito de aprender mais a respeito da

terceira idade.”

“É a ciência que estuda os fenômenos biológicos, psicológicos,

neuropsicossomáticos, socioculturais e econômicos decorrentes do

envelhecimento, bem como suas consequências.”

“É o estudo do envelhecimento.”

Dois informantes disseram o que ouviram falar sobre o termo.

“Já ouvi falar que área de estudo destinada a rotina e as etapas do

idoso.”

“Área especializada para idosos.”

Outros dois falam do pouco que sabem sobre o assunto.

“Muito pouco. Hoje em dia sei apenas alguns conteúdos.”

“Nunca estudei e nem me aprofundei meus conhecimentos no assunto,

porém sei que se trata de estudos sobre o envelhecimento.”

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Três alegaram não conhecer e nem ter ouvido falar nada a respeito

sobre o termo Gerontologia.

Na parte final do questionário, explora-se o conhecimento dos

informantes sobre o termo Gerontomotricidade, tendo os seguintes relatos.

“Visa recuperar e conservar, de forma funcional as condutas

psicomotoras do idoso.”

“É o processo que visa recuperar a melhora da psicomotricidade ou

fazer com que o idoso em muitos casos conquiste os aspectos psicomotores

nunca antes estimulados.”

Alguns informantes relataram apenas um conhecimento breve.

“Já ouvi falar que são atividades psicomotoras para terceira idade.”

“Significa motricidade para idosos.”

“Ouvi falar sobre o assunto apenas durante a pós-graduação.”

“Não estudei nem tive acesso a algum tipo de artigo, porém acredito que

se trata sobre o estudo de movimentos na terceira idade.”

“Acredito que seja um trabalho psicomotor voltado exclusivamente para

a terceira idade.”

“É a psicomotricidade na terceira idade.”

Dois alegaram nunca terem ouvido falar nada sobre o termo.

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CAPÍTULO III

ANÁLISE DOS RESULTADOS E CONSIDERAÇÕES

FINAIS

Os profissionais que responderam ao questionário são de três

academias diferentes sendo uma na Freguesia, uma na Tijuca e uma na

Taquara e todos eles ministram ou ministraram aulas de natação para alunos

na terceira idade.

O intuito da pesquisa era coletar dados e informações de como era

utilizada a psicomotricidade dentro do trabalho desenvolvido por eles, qual era

o conhecimento dos profissionais sobre a Gerontologia e a Gerontomotricidade

e incentivar os profissionais a interar-se e aprofundar-se mais nos fatores que

possam auxiliar ou trazer um bem estar ainda maior para os idosos. Na

pesquisa foi descoberto que a psicomotricidade é utilizada em vários

momentos da aula e que o principal aspecto psicomotor introduzido nas aulas

pela maioria dos profissionais foi o equilíbrio, seguido pela respiração. Outras

investigações foram a utilização da psicomotricidade nas aulas de natação e no

trabalho com idosos e o resultado apontado por grande parte dos informantes

foi que a utilização da mesma tanto auxilia bastante como é de suma

importância no desenvolvimento do trabalho como os seus alunos. Na parte

final do questionário quando foi apresentado termos como a Gerontologia e a

Gerontomotricidade os profissionais mostraram seus pontos de vistas a

respeito do mesmo e manifestaram a intenção de querer conhecer e

aprofundar-se mais no assunto, afim de gerar e desenvolver um trabalho ainda

mais satisfatório para o bem estar dos seus alunos que tem e os que poderão

vir a aparecer em seus locais de trabalho.

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ANEXO A

QUESTIONÁRIO

Este questionário visa coletar dados para a pesquisa: O uso da

psicomotricidade nas aulas de natação pra alunos na 3ª idade. Sua ajuda é

de extrema importância. Não precisa se identificar.

Desde já agradeço pela atenção e compreensão.

1. A quanto tempo você ministra aulas de natação para alunos na 3ª

idade?

_____________________________________________________________

2. Como você introduz a psicomotricidade nas aulas de natação para

alunos na 3ª idade?

_____________________________________________________________

_____________________________________________________________

_____________________________________________________________

3. Ordene em importância os aspectos psicomotores que você utiliza

nas suas aulas:

( ) Esquema ou imagem corporal ( ) Tônus ( ) Percepções ( ) Ritmo

( ) Coordenação motora global ( ) Estruturação e organização

espacial ( ) Estruturação e organização temporal ( ) Lateralidade

( ) Equilíbrio ( ) Relaxamento ( ) Coordenação motora fina

( ) Respiração

4. Qual a importância nas aulas de natação para os alunos na 3ª idade

do primeiro item que você marcou na pergunta anterior?

_____________________________________________________________

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5. Para você qual é o aspecto psicomotor mais difícil de ser

trabalhado com alunos na 3ª idade? Por quê?

_____________________________________________________________ 6. O uso da psicomotricidade é utilizado em apenas algumas

atividades ou você a introduz em vários momentos na sua aula?

7. Qual a importância da psicomotricidade para a natação?

8. Qual a importância da psicomotricidade para alunos na 3ª idade?

9. Você já ouviu falar, leu ou estudou algo sobre Gerontologia? O que

você sabe sobre o assunto?

10. Você já ouviu falar, leu ou estudou algo sobre Gerontomotricidade?

O que você sabe sobre o assunto?

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BIBLIOGRAFIA CONSULTADA

BELLO, disponível em: http://www.pedagogiaemfoco.pro.br/met01.htm

Acessado em março de 2007.

BUENO, Jocian Machado. Psicomotricidade teoria e pratica: Estimulação,

educação e reeducação psicomotora com atividades aquáticas. São Paulo:

Lovise, 1998.

BURKARDT, Roberto. Natação para portadores de deficiência. São Paulo,

Summus, 1985.

DRUMMOND, Alves Júnior. Artigo apresentado a Semana da E. Física da

Universidade Gama Filho. Educação Física e Saúde: Um desafio para

realidade brasileira, UGF, 2002.

FERREIRA, Aurélio Buarque de Holanda. Novo Aurélio século XXI: O

dicionário da língua portuguesa. Rio de janeiro: Nova fronteira, 3ª edição

totalmente revisto e ampliada, 1999.

FERREIRA, Carlos Alberto Mattos. Psicomotricidade da educação infantil à

gerontologia, São Paulo: Lovise, 2000.

LÜDKE; MENGA. Pesquisa em educação: abordagens qualitativas. São

Paulo: EPU, 1986.

MADUREIRA, Magda Verônica Gomes. Motivos que levam os idosos

permanecerem na hidroginástica, monografia apresentada na Universidade

Gama Filho, Rio de Janeiro: 2003.

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MASSAUD, Marcelo Garcia e CORRÊA, Célia Regina Fernandes. Natação

para adultos, Rio de Janeiro: Sprint, 2001.

MATSUDO, Sandra Marcela Mahecha. Atividades físicas para a terceira

idade. Brasília: Sesi-DN, 1997.

MONTEIRO, P.P. Envelhecer: histórias, encontros, transformações. Belo

Horizonte: Autêntica, 2001.

NORONHA, R. Nadar é preciso. Rio de Janeiro, Marco Sero, 1985.

RAUCHBACH, Rosemary de. A atividade física para terceira idade. Rio de

Janeiro: 1ª edição, 1990.

REVISTA DA PISCINA, OUTUBRO DE 1987 Nº16.

VERDERI, disponível em: http://www.cdof.com.br/acsm8.htm Acessado março

de 2007.

VELASCO, C.G. Habilitações e reabilitações psicomotoras na água. São

Paulo, Harbra, 1994.

VELASCO, C.G. Natação segundo a psicomotricidade. Rio de Janeiro,

Sprint, 1994.

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ÍNDICE

FOLHA DE ROSTA 2

AGRADECIMENTOS 3

DEDICATÓRIA 4

RESUMO 5

METODOLOGIA 6

SUMÁRIO 7

INTRODUÇÃO 8

CAPÍTULO I

REVISÃO DE LITERATURA 11

1.1 – Aspectos do envelhecimento 11

1.1.1 – Fisiologia do envelhecimento e

envelhecimento biológico 13

1.1.2 – Envelhecimento social 16

1.1.3 – Envelhecimento psicológico 17

1.2 – Alterações causadas pelo envelhecimento 18

1.3 – Etapas do envelhecimento 19

1.4 – Natação no Brasil 19

1.5 – Histórico da natação na 3ª idade 20

1.6 – Histórico da Psicomotricidade 23

1.7 – Aspectos psicomotores 31

1.7.1 – Imagem corporal e ou esquema corporal 31

1.7.2 – Tônus 32

1.7.3 – Percepção 32

1.7.4 – Ritmo 33

1.7.5 – Coordenação motora global 33

1.7.6 – Estruturação e organização espacial 33

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1.7.7 – Estruturação e organização temporal 34

1.7.8 – Lateralidade 34

1.7.9 – Equilíbrio 35

1.7.10 – Relaxamento 35

1.7.11 – Coordenação motora fina 36

1.7.12 – Respiração 36

1.8 – A gerontomotricidade e as condutas psicomotoras 37

1.8.1 – Gerontologia de intervenção e

a gerontomotricidade 40

1.8.2 – As atividades propostas 43

1.8.2.1 – Aplicações 44

1.9 – Atividades aquáticas na 3ª idade 46

CAPÍTULO II

APRESENTAÇÃO DOS RESULTADOS 49

CAPÍTULO III

ANÁLISE DOS RESULTADOS E CONSIDERAÇÕES

FINAIS 57

ANEXOS 58

BIBLIOGRAFIA CONSULTADA 60