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UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES PÓS GRADUAÇÃO “LATO SENSU” INSTITUTO A VEZ DO MESTRE TRANSPORTE MARÍTIMO DE PETRÓLEO E DERIVADOS Constituintes do transporte marítimo de petróleo e derivados – uma abordagem acerca dos riscos do derramamento de petróleo Por: Sérgio de Lima Maya Orientador Prof. Luis Cláudio Lopes Alves D.Sc. Rio de Janeiro 2010

UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES PÓS GRADUAÇÃO … · Já quanto aos procedimentos técnicos, a pesquisa é bibliográfica, pois, ... surgiu o transporte de cargas, com tração humana

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  • UNIVERSIDADE CNDIDO MENDES

    PS GRADUAO LATO SENSU

    INSTITUTO A VEZ DO MESTRE

    TRANSPORTE MARTIMO DE PETRLEO E DERIVADOS

    Constituintes do transporte martimo de petrleo e derivados uma

    abordagem acerca dos riscos do derramamento de petrleo

    Por: Srgio de Lima Maya

    Orientador

    Prof. Luis Cludio Lopes Alves D.Sc.

    Rio de Janeiro 2010

  • 2UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

    PS-GRADUAO LATO SENSU

    INSTITUTO A VEZ DO MESTRE

    TRANSPORTE MARTIMO DE PETRLEO E DERIVADOS

    Constituintes do transporte martimo de petrleo e derivados uma

    abordagem acerca dos riscos do derramamento de petrleo

    Apresentao de monografia Universidade

    Cndido Mendes como requisito parcial para

    obteno do grau de especialista em Engenharia de

    Produo.

    Por: Srgio de Lima Maya

  • 3

    AGRADECIMENTOS

    ....aos amigos, parentes, professores e

    colegas do Curso de Engenharia de

    Produo.

  • 4

    DEDICATRIA

    Ao meu pai Cbele, minha me

    Adezuita, minha filha Gabriela, minha

    esposa Maria Rita e, principalmente, a

    Deus.

  • 5

    RESUMO

    Este trabalho apresenta uma sntese dos elementos constitutivos do

    modal martimo no transporte de petrleo e derivados e finaliza com uma

    descrio dos riscos do derramamento de petrleo.

  • 6

    METODOLOGIA

    A metodologia utilizada neste trabalho constituiu-se da pesquisa

    bibliogrfica sobre assuntos concernentes ao Transporte Martimo de Petrleo

    e Derivados, sobre a legislao ambiental, alm do estudo do modelo de

    desenvolvimento do Transporte Martimo de Petrleo e Derivados aplicado pela

    Transpetro.

    Quanto abordagem do problema, qualitativa, pois, seu contedo vem

    diretamente de dados pesquisados, no contendo dados quantitativos como

    nmeros estatsticos. Do ponto de vista dos seus objetivos, a pesquisa pode

    ser considerada exploratria, pois, prope um conhecimento mais profundo do

    problema, o tornado explcito e causando interesse em solucion-lo.

    J quanto aos procedimentos tcnicos, a pesquisa bibliogrfica, pois,

    foi elaborada utilizando-se livros, artigo publicado e sites de rgos

    relacionados transporte martimos.

  • 7

    SUMRIO

    INTRODUO 10

    CAPTULO I - TRANSPORTES MARTIMOS 15

    CAPTULO II - TRANSPORTE MARTIMO DE PETRLEO E DERIVADOS 38

    CAPTULO III - NAVIOS PETROLEIROS 51

    CAPTULO IV - A TRANSPETRO 66

    CAPTULO V - RISCOS DO TRANSPORTE MARTIMO 84

    CONCLUSO 95

    REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS 96

  • 8

    LISTA DE FIGURAS

    Figura 1 Cadeia Logstica da Indstria do Petrleo 15

    Figura 2 Percentual de participao dos modais no transporte de petrleo e

    derivados no Brasil (1995 e 2000) e EUA (1995). 16

    Figura 3 Navio frigorfico Alberto Cocozza 20

    Figura 4 Porta Continer (Box ships) 21

    Figura 5 Navios Ro/ro (roll-on/roll-off) 22

    Figura 6 Navio de carga Botafogo 22

    Figura 7 Navio petroleiro - ao petroleiro Jahre Viking (ex-Seawise Giant) 24

    Figura 8 - Navio tanque especializado em transporte de gases liquefeitos

    GUARUJ 24

    Figura 9 Navio qumico 26

    Figura 10 Rtulos de segurana. 30

    Figura 11 Identificao do produto 35

    Figura 12 Hidrocarbonetos 39

    Figura 13 Reservatrios. A) Gs associado; B) Gs no-associado. 48

    Figura 14 - Praa de Mquinas do NT CANDIOTA 62

    Figura 15 Vista frontal do motor 63

    Figura 16 Vista do cabeote do motor 64

    Figura 17 Eixo de cames 64

    Figura 18 Evoluo histrica da frota mundial de petroleiros 65

    Figura 19 Organograma da TRANSPETRO 81

    Figura 20 Principais rotas de importao de petrleo 83

  • 9

    LISTA DE TABELAS

    Tabela 1 Normas Internacionais para Transporte de Cargas Perigosas 29

    Tabela 2 Nmeros de risco 32

    Tabela 3 Risco de petrleo 37

    Tabela 4 Propriedades fsicas de alguns gases liquefeitos 42

    Tabela 5 Propriedades qumicas 43

    Tabela 6 Classificao dos Navios de leo Cru Quanto ao Porte 53

  • 10

    INTRODUO

    Transporte o conjunto de meios que permitem o deslocamento fsico

    de pessoas e bens de um local de origem para outro de destino. No transporte

    de cargas, o deslocamento de pesos limitado pelo volume disponvel, ou seja:

    em uma caixa de um metro cbico que sustente - em teoria - qualquer peso,

    possvel transportar uma tonelada de gua, pois tal peso corresponde a um

    metro cbico. Entretanto, no se pode transportar, naquela caixa, uma tonelada

    de algodo, j que o peso dessa mercadoria necessitaria de muitas caixas de

    um metro cbico cada para ser transportada.

    A importncia do transporte, todavia, transcende sua capacidade de

    movimentar pesos e volumes. Hoje, o transporte um fator preponderante para

    a integrao entre as naes do mundo globalizado.

    A evoluo do transporte se deu em duas frentes: a evoluo da

    capacidade transportada e a evoluo da trao utilizada. Essas duas frentes,

    entretanto, desenvolveram-se de forma integrada, acompanhando o

    desenvolvimento tecnolgico.

    As primeiras cargas foram transportadas pela mo do homem. A

    capacidade era ditada pela fora das mos humanas e a distncia que o

    homem era capaz de andar suportando o peso transportado. Os homens mais

    fortes podiam percorrer maiores distncias carregando, sozinhos, maiores

    pesos. Artefatos artesanais como, por exemplo, os cestos, foram formas

    primitivas de unitizao de cargas, otimizando a capacidade humana de

  • 11transporte. Unidos, em pares ou quadrilhas, carregavam nos ombros estrados

    capazes de transportar mais carga do que o permitido nos cestos. Assim

    surgiu o transporte de cargas, com trao humana e limitada capacidade de

    mover cargas.

    medida que a humanidade evolua, o transporte acompanhava tal

    evoluo. Ao domesticar animais, fossem esses cavalos, burros, camelos ou

    elefantes, o homem passou a contar com a trao animal, que permitia a

    movimentao de pesos e volumes maiores em distncias mais longas. Esse

    passo evolutivo marcou o incio da real importncia do transporte no

    comrcio, pois favoreceu bastante o escambo de produtos produzidos em

    regies distantes uma da outra.

    A inveno da roda foi um marco na evoluo do transporte: o

    aparecimento de carroas permitiu o aumento da capacidade de transporte

    seja por trao humana ou animal. At hoje, nas regies menos

    desenvolvidas do mundo, esse primitivo meio de transporte persiste,

    representado por carros de boi, carroas puxadas por muares ou eqinos, ou

    pelos singelos "burrinhos sem rabo". Durante sculos a trao animal foi a

    matriz do transporte terrestre. As primeiras carroas evoluram, foram

    aperfeioadas e modificadas, permitindo o transporte de cargas maiores a

    velocidades tambm maiores.

    Ao mesmo tempo em que o transporte terrestre evolua, a necessidade

    de transpor obstculos geogrficos levava o homem a criar novos meios de

    transporte. Para atravessar rios, lagos e at mesmo mares, o homem passou

    a utilizar troncos, os quais, amarrados, originaram as balsas, um arranjo

  • 12primitivo bastante similar s jangadas at hoje usadas no litoral do Nordeste

    brasileiro. Tal amarrao poderia ser considerada o marco inicial da

    construo naval. O desenvolvimento tecnolgico permitiu a construo de

    canoas e outras embarcaes rudimentares maiores, utilizando a fora, nos

    remos (trao humana), ou o vento, nas velas (trao elica). A prpria

    evoluo no formato das velas, de retangulares a triangulares, permitiu que

    os navios no mais dependessem somente do vento de popa para navegar.

    Com tais traes, o homem logrou transportar cargas - algumas at ento

    desconhecidas dos distantes destinatrios - entre pases e, at, entre

    continentes.

    A revoluo industrial, no sculo XVIII, trouxe um novo panorama aos

    transportes. A mquina a vapor revolucionou a propulso (trao) no

    transporte martimo e permitiu o surgimento de um novo modal no transporte

    terrestre: o ferrovirio. A substituio da madeira por ferro - e por ao, no final

    do sculo XIX - na construo de embarcaes permitiu constru-Ias maiores.

    O custo de transporte sofreu considervel reduo nesse perodo e a

    velocidade dos servios cresceu sobremaneira. O transporte passou a

    experimentar, desde ento, um ritmo evolutivo frentico.

    No final do sculo XIX, ocorreu outra revoluo de peso: o surgimento

    da indstria automobilstica e a inveno do caminho trouxeram maior

    velocidade e flexibilidade ao transporte terrestre. Os trens, trafegando a baixa

    velocidade dentro das rotas limitadas pela existncia de trilhos, passaram a

    conviver com os velozes caminhes, capazes de ir onde houvesse uma

    simples estrada de terra. Naquele momento, o transporte terrestre deixava de

  • 13depender dos pesados investimentos em construes de ferrovias para

    crescer.

    Finalmente, no incio do sculo XX, a Era do Petrleo permitiu maior

    velocidade s embarcaes, que passaram a queimar leo em vez de carvo.

    Mais que isso, surgiu o transporte areo, utilizando aquelas maravilhosas

    mquinas voadoras que j haviam mostrado seu valor blico na Primeira

    Guerra Mundial. A utilizao de avies no transporte de cargas trouxe uma

    nova realidade: a rapidez sobreps-se ao custo x beneficio o que solucionou

    certos problemas seculares, como o transporte de cargas perecveis.

    Em resumo, a evoluo do transporte pode ser vista sob dois prismas:

    Pela trao: a evoluo se deu desde a humana, passando pela

    trao animal, pela elica, pela mecnica a vapor, pela mecnica a

    leo e pela eletro-mecnica, chegando, hoje, a contar com a

    eletrnica e com a energia nuclear (esta atualmente restrita a

    embarcaes militares).

    Pela capacidade transportada: o aperfeioamento dos modais

    terrestres, o surgimento dos modais ferrovirio e rodovirio e a

    evoluo dos modais aquavirios permitiram o crescimento da

    carga transportada por um nico veculo, diminuindo, assim, os

    custos de transporte. Por outro lado, o ltimo passo evolutivo - o

    modal areo - relegou a capacidade e o custo de transporte em

    favor da velocidade.

    Esse processo evolutivo foi tanto o embrio como o corpo do que hoje

    chamada de logstica de transporte. A variedade de modais desenvolvidos

  • 14para transporte terrestre, aquavirio e areo permitiram ao homem escolher

    qual utilizar, de acordo com suas necessidades no trinmio do transporte, o

    qual seja, qualidade custo e tempo.

    Esta considerao introdutria nos conduz a reunio de informaes

    para o conhecimento das nuances que compem o transporte martimo de

    petrleo e derivados, dos quais, do ponto de vista da logstica, se aplicam os

    mesmos conceitos relativos a uma carga que, partindo de um ponto de

    origem, necessita chegar a seu destino no prazo estipulado e com

    observncia do melhor custo-benefcio e satisfao, minimizando os riscos

    para o cliente.

  • 15

    CAPTULO I

    TRANSPORTES MARTIMOS

    1.1- A estrutura do transporte de hidrocarbonetos

    Segundo Oliveira (1993), o transporte de hidrocarbonetos no pas

    vincula-se a trs funes: o escoamento da produo dos campos de

    explorao para instalaes de armazenamento e de processamento, a

    importao e exportao de petrleo bruto e derivados e a distribuio dos

    produtos processados. Para que tais objetivos sejam atendidos torna-se

    imprescindvel a combinao de meios de transporte e instalaes. Tem-se,

    ento, a integrao de dutos, terminais e navios petroleiros e, de forma

    complementar os transportes ferrovirio e rodovirio.

    Figura 1 Cadeia Logstica da Indstria do Petrleo

    Cada modal, com suas caractersticas prprias, atende da melhor

    maneira interesses distintos. Por exemplo, para pequenas distncias o

  • 16

    14,8

    34

    55,2

    45,845

    35,5

    23,4

    11

    3

    16

    106,3

    0

    10

    20

    30

    40

    50

    60

    %

    Dutovirio Aquavirio Ferrovirio Rodovirio

    modal

    Brasil 1995

    Brasil 2000

    EUA 1995

    transporte rodovirio imbatvel. Da mesma forma, o modal ferrovirio mostra-

    se o mais adequado em distncias mdias e o navio o mais indicado para o

    transporte a longas distncias (Trade and Transport, 2001).

    Tratando-se especificamente do transporte de petrleo e derivados, o

    percentual de participao dos modais nos anos de 1995 e 2000 no Brasil e no

    ano de 1995 nos EUA pode ser verificado na Figura 2 (Portos e Navios, 2001).

    Figura 2 Percentual de participao dos modais no transporte de petrleo e

    derivados no Brasil (1995 e 2000) e EUA (1995).

    Fonte: Portos e Navios (2001).

    Diferentemente da tendncia de transporte de cargas nos EUA,

    conforme observado na figura acima, o modal com menor participao no

    transporte de petrleo e derivados no Brasil o rodovirio seguido pelos

    modais ferrovirio, dutovirio e aquavirio, sendo este ltimo o de maior

    participao visto a grande produo de petrleo no pas estar concentrada na

    explorao offshore. Como exemplo da grande importncia do modal

    aquavirio no transporte de hidrocarbonetos no Brasil podemos citar a Bacia de

    Campos que, em 2002, foi responsvel por 82,5% (438.292 mil barris) da

    produo nacional de petrleo (ANP, 2003) e tem 80% de sua produo total

    escoada por navios e o restante (20%) via dutos (Brasil Energia, 2002).

  • 17Referindo-se ainda ao mesmo grfico, observa-se um aumento na

    participao dos dutos, que em 1995 respondiam por 14,8% da movimentao

    de petrleo e derivados passando a 34% em 2000. Inversamente tendncia

    de crescimento do referido modal, houve uma reduo na utilizao dos

    transportes ferrovirio e rodovirio.

    1.2- Elementos componentes do transporte martimo (shipping)

    A principal vantagem do modal martimo a sua capacidade individual -

    maior que qualquer outro modal - de transportar, em grandes quantidades,

    quaisquer cargas, slidas ou liquidas, sejam essas embaladas, a granel, o que

    proporciona elevada economia de escala quando so cobertas grandes

    distncias. Isso se deve ao fato da indstria naval ter desenvolvido navios

    especializados para o transporte de cada tipo de carga, otimizando sua

    operao na cadeia logstica. Alm disso, o modal apresenta alta eficincia

    energtica.

    Considerando-se as frotas dos diversos tipos de navios cargueiros,

    pode-se dizer que o modal apresenta no somente inigualvel capacidade

    individual de transporte, mas tambm, no agregado de suas diversas frotas; a

    maior capacidade total entre todos os modais existentes.

    Existem, tambm, as desvantagens. A utilizao do modal martimo

    pressupe a existncia (ou a construo) de dispendiosos portos e/ou terminais

    especializados. Outra desvantagem, essa existente no transporte de carga

    geral e embalada, mas irrelevante na movimentao de granis lquidos, a

    lentido do servio e sua submisso a um grande nmero de manuseios, o que

    eleva o risco de perdas, avarias e contaminao da carga.

    O perfil da indstria do petrleo, na qual as fontes de petrleo esto

    geralmente muito distantes dos centros de consumo, muitas vezes em outro

    continente, restringe a possibilidade de transporte utilizao de dois modais

    capazes de interligar continentes: martimo e areo. Os grandes volumes

  • 18movimentados, o valor agregado relativamente baixo do leo e a utilizao de

    aeronaves capazes de transport-lo a granel quase que exclusivamente por

    foras armadas, por sua vez, obrigam, por necessidade e economicidade, o

    uso comercial de um nico modal: o martimo.

    Os navios cargueiros podem ser classificados de diversas maneiras:

    Classificao quanto Disponibilidade

    Chamadas regulares (liners) - so rotas preestabelecidas e atendidas

    com regularidade por navios de um armador ou grupo de armadores

    (pool). Os servios regulares so atendidos tanto por conferncias de

    fretes como por outsiders (navios de armadores sem vnculos com as

    conferncias).

    Conferncia de Frete a associao privada de armadores com

    interesses e direitos comuns, que operam no mesmo trfego, em

    transporte regular e de programao conhecida pelo mercado,

    obedecendo a tarifas de fretes e regras operativas preestabelecidas.

    Rotas irregulares (tramps) - denominao aplicvel aos navios que

    operam fora de rotas regulares, buscando cargas de oportunidade.

    No transporte de granis comum a predominncia de navios

    tramps.

    Afretamento - o afretamento de uma embarcao recomendado

    quando a quantidade de carga a ser transportada suficiente para

    ocup-la totalmente ou em grande parte.

    Classificao quanto Rota

    (De acordo com a Lei 9.432, de 8 de janeiro de 1997)

  • 19 Navegao de Longo Curso a navegao entre portos

    brasileiros e estrangeiros.

    Navegao de Cabotagem a navegao entre portos ou

    pontos do territrio brasileiro, utilizando a via martima ou esta e

    as vias navegveis interiores.

    Navegao lnterior a navegao realizada em hidrovias

    interiores, em percurso nacional ou internacional.

    Navegao de Apoio Porturio a navegao realizada

    exclusivamente nos portos e terminais aquavirios, para

    atendimento a embarcaes e instalaes porturias.

    Navegao de Apoio Martimo a navegao realizada para o

    apoio logstico a embarcaes e instalaes em guas territoriais

    nacionais e na Zona Econmica Exclusiva1, que atuem nas

    atividades de pesquisa e lavra de minerais e hidrocarbonetos.

    A classificao acima comum maioria dos pases e vale lembrar que

    a cabotagem ocorre apenas entre portos e/ou pontos de um mesmo pas,

    jamais atingindo pontos de outra nao mesmo no caso de blocos comerciais,

    reas de livre comrcio ou unies aduaneiras. No caso dos Estados Unidos,

    ocorre o caso singular onde a cabotagem passa por guas de outro pas

    (Canad), quando do transporte de ou para o Alasca.

    Classificao quanto Quantidade de Embarcaes Utilizadas

    Linhas Diretas aquelas onde a carga embarcada em um navio no

    porto de origem e s descarregada no porto de destino final,

    1 A zona econmica exclusiva brasileira compreende uma faixa que se estende das doze s duzentas milhas martimas, contadas a partir das de base que servem para medir a largura do mar territorial (Lei 8.617/1993).

  • 20conforme estabelecido no Bill of Lading (conhecimento de embarque

    martimo).

    Transbordos A carga sofre transferncia de um navio para outro

    antes da descarga no porto de destino final. Em se tratando de

    granis lquidos, os riscos de contaminao, perdas e avarias

    aumentam de acordo com a quantidade de transbordos e manuseios.

    Classificao quanto Carga Transportada

    Carga Geral adequada ao transporte de cargas embaladas e soltas

    (sacas, caixas e tambores). Com o advento dos containeres eles tm

    se tornado obsoletos, apesar de ainda serem usados em certas rotas

    regulares.

    Frigorificados (Reefer ships) - navios com pores frigorficos, capa-

    zes de transportar cargas perecveis (carnes, frutas frescas etc.) e

    outras cargas sujeitas a controle de temperatura mediante a maiores

    distncias, figura 3.

    Figura 3 Navio frigorfico Alberto Cocozza.

  • 21 Porta Continer (Box ships) - navios de alta velocidade que tm po-

    res dispostos em clulas apropriadas ao armazenamento de

    continer (slots), que so estivados por meio de guias verticais. So

    operados pelo sistema lift-on/lift-of (lo/lo), usando-se equipamentos

    de bordo (geared ships) ou de terra, se no os possurem (gearless

    ships). So os navios mais modernos e versteis ora existentes, pois

    h contineres especializados para acondicionamento dos mais

    diversos tipos de carga e somente limitados pelo seu prprio

    tamanho. A localizao de cada continer nos pores ou no convs

    da embarcao dada por trs coordenadas: bay (poro); row

    (coluna); e tier (camada), figura 4.

    Figura 4 Porta Continer (Box ships)

    Ro/ro (roll-on/roll-off) - navios para o transporte de veculos

    automotores, carretas e trailers, que so carregados e descarregados

    por meios prprios, atravs da rampa do navio. Possuem rampas

    e/ou elevadores ligando os diversos conveses, figura 5.

  • 22

    Figura 5 Navios Ro/ro (roll-on/roll-off)

    Navios graneleiros (granel slido)

    So navios simples, figura 6, com pores de formas abauladas e sem

    divises, baixa velocidade e consumo menor que os Portas-continer. So

    utilizados para o transporte de cargas a granel, como gros, minrios, carvo,

    fertilizantes, coque de petrleo etc.

    Figura 6 Navio de carga Botafogo

  • 23Navios-tanque (granel lquido)

    So navios projetados para o transporte de cargas liquidas a granel, de

    acordo com as normas internacionais de segurana. A carga bombeada de

    terra para dentro dos tanques do navio atravs de mangotes no carregamento

    e bombeada, pelo navio, em sentido inverso, na descarga. Os navios-tanque2

    podem ser:

    Petroleiros3 - navios para o transporte de leo cru e seus derivados.

    Dependendo da carga a ser transportada, podem ter seus tanques

    revestidos com materiais especiais (epxi, silicato de zinco etc.) e

    sistemas de aquecimento (serpentinas ou trocadores de calor). Os

    navios petroleiros, com cerca de 48 por cento do porte da frota

    mundial, constituem o maior segmento do mercado e aquele em que

    se encontram os maiores navios em existncia, do tipo ULCC (ultra

    large crude carrier). O ttulo de maior navio do mundo pertence

    desde 1976 ao petroleiro Jahre Viking (ex-Seawise Giant) com

    564.739 dwt, retratado na Figura X. Antes dos choques petrolferos

    dos anos 70 chegaram a ser projetados petroleiros com 1 milho de

    toneladas de porte que nunca chegaram a ser construdos, figura 7.

    2 A NORMAM 01/2000 da DOC considera como embarcao-tanque aquela construda ou adaptada para o transporte a granel de cargas liquidas de natureza inflamvel. Os demais navios que transportam granis lquidos so considerados navios de carga. 3 A Conveno MARPOL-73 da IMO e a NORMAM 01/2000 da DPC definem navio petroleiro como navio construdo ou adaptado principalmente para o transporte de leo a granel nos seus compartimentos de carga ou navio tanque qumico, quando estiver transportando uma carga total ou parcial de leo a granel.

  • 24

    Figura 7 Navio petroleiro - ao petroleiro Jahre Viking (ex-Seawise Giant)

    Gaseiros - navios capazes de transportar gases em seu estado

    liquefeito, atravs de pressurizao, refrigerao ou pela combinao

    de ambos os processos. Podem transportar GLP (gs liquefeito de

    petrleo), figura 7, GNL (gs natural liquefeito) ou gases

    petroqumicos (eteno, butadieno, propeno, amnia anidra etc.),

    dependendo de suas caractersticas e capacidades.

    Figura 8 - Navio tanque especializado em transporte de gases liquefeitos GUARUJ

  • 25 Navios Qumicos4 - navios geralmente compostos de muitos tanques

    de pequenas dimenses individuais so chamados de parcel-tankers.

    Tal caracterstica permite o transporte de muitas cargas diferentes na

    mesma viagem, otimizando o custo de transporte. Dadas s

    caractersticas especiais dos produtos transportados, esses navios

    so bastante sofisticados, podendo, por exemplo, ser equipados com

    tanques de ao inoxidvel. Alguns navios qumicos, figura 8 so

    apropriados, tambm, ao transporte de leos vegetais a granel. O

    Chemical Carrier Code da IMO divide os produtos qumicos em trs

    categorias, em funo do perigo que representam para o meio

    ambiente, estipulando critrios de arranjo e proteo dos tanques

    para os correspondentes tipos de navios:

    Tipo I: substncias perigosas com efeitos graves para alm da

    vizinhana imediata do navio (ex: fsforo bruto, cido

    clorosulfnico).

    Tipo II: substncias perigosas que no tm efeitos graves para

    alm da vizinhana imediata do navio (ex: anilina, cloropreno)

    Tipo III: substncias menos perigosas para o meio ambiente (ex:

    cido sulfrico, isopreno).

    Quanto ao porte bruto, raramente os navios qumicos excedem

    5000 t.

    4 A Conveno MARPOL-73 da IMO e a NORMAM 01/2000 da DOC definem navio tanque qumico como navio construdo ou adaptado principalmente para transportar substncias

  • 26

    Figura 9 Navio qumico

    1.3- Cargas perigosas

    Os produtos derivados de petrleo so por natureza, potencialmente

    poluidores e perigosos, por que representarem srios riscos, independente do

    modal que utilizado para transporte. O International Maritime Dangerous

    Goods Code (IMDG 1965), da IMO (Organizao Martima Internacional),

    define como carga perigosa, as cargas capazes de provocar acidentes,

    danificar outras cargas ou os meios de transporte e gerar riscos s pessoas ou

    ao meio ambiente devido sua natureza.

    A seguir, a classificao das cargas perigosa, de acordo com a IMO:

    Classe 1: Explosivos

    As mercadorias mais perigosas que podem ser transportadas. Os

    explosivos so divididos em seis subclasses:

    nocivas liquidas a granel nos seus compartimentos de carga ou navio tanque, quando estiver transportando uma carga total ou parcial de substancia nocivas a granel.

  • 27

    Subclasse 1.1 Substncias e artefatos com risco de exploso em massa

    Subclasse 1.2 Substncias e artefatos com risco de projeo

    Subclasse 1.3 Substncias e artefatos com risco predominante de fogo

    Subclasse 1.4 Substncias e artefatos que no apresentam risco

    significativo

    Subclasse 1.5 Substncias pouco sensveis

    Subclasse 1.6 Substncias extremamente insensveis

    Classe 2: Gases

    Comprimidos, liquefeitos ou dissolvidos sob presso:

    Subclasse 2.1 Gases Inflamveis

    Subclasse 2.2 Gases no inflamveis, no txicos.

    Subclasse 2.3 Gases txicos

    Classe 3: Lquidos Inflamveis

    Lquidos, misturas de lquidos ou lquidos contendo slidos em soluo

    ou suspenso que desprendem vapores inflamveis em temperaturas inferiores

    a 60 Celsius:

    Lquidos com ponto de fulgor baixo: inferior a -18C;

    Lquidos com ponto de fulgor mdio: entre -18C e 23C;

    Lquidos com ponto de fulgor alto: entre 23C e 61C.

  • 28Classe 4: Slidos Inflamveis

    1. Slidos inflamveis (facilmente combustveis);

    2. Substncias sujeitas combusto espontnea;

    3. Substncias que, em contato com a gua, emitem gases inflamveis.

    Subclasse 4.1 Slidos Inflamveis

    Subclasse 4.2 Substncias Sujeitas Combusto Espontnea

    Subclasse 4.3 Substncias que, em contato com a gua, emitem

    Gases Inflamveis.

    Classe 5 Substncias Oxidantes; Perxidos Orgnicos.

    Subclasse 5.1 Substncias Oxidantes

    Subclasse 5.2 Perxidos Orgnicos

    Classe 6: Substncias Txicas; Substncias Infectantes

    Subclasse 6.1 Substncias Txicas (venenosas)

    Subclasse 6.2 Substncias Infectantes

    Classe 7: Materiais Radioativos

    Substncias que emitem radiao.5

    5 No Brasil, o transporte de substncias radioativas dever ser executado de acordo comas normas da Comisso Nacional de Energia Nuclear (CNEN).

  • 29Classe 8: Corrosivos

    Substncias que, por ao qumica, causam danos quando em contato

    com tecido vivo ou, quando derramadas, causam danos ao navio ou a outras

    cargas.

    Classe 9: Substncias Perigosas Diversas

    Substncias e materiais perigosos que no se enquadrem nas classes

    1 a 8.

    O transporte de cargas perigosas deve sempre ser realizado de acordo

    com as normas internacionais. A NORMAM6 01/2000 da Diretoria de Portos e

    Costas define que "as embarcaes destinadas ao transporte de cargas

    perigosas de vero cumprir os requisitos estabelecidos pelas normas

    internacionais, considerando-se a aplicao de acordo com a data de

    construo e o tipo de mercadoria a ser transportada, mesmo que no

    efetuem viagens internacionais", conforme a tabela 1.

    Tabela 1 Normas Internacionais para Transporte de Cargas Perigosas

    Tipo de Carga Perigosa Norma Internacional

    1. Embaladas Intemational Maritime Dangerous Goods Code (IMDG Code)

    2. Cargas Slidas a Granel Cdigos de Prticas e Segurana relativas s Cargas Slidas a Granel (BC Code)

    3. Produtos Qumicos Lquidos a Granel

    Cdigo de Construo e Equipamento de Navios que Transportem Produtos Qumicos Perigosos a Granel (BCH Code)

    Cdigo Internacional para Construo e Equipamento de Navios que Transportem Produtos Qumicos a Granel (IBC Code)

    6 Norma da Autoridade Martima, emitida pela Diretoria de Portos e Costas (DPC) da Marinha do Brasil.

  • 304. Gases Liquefeitos a Granel Cdigo Internacional para Construo e

    Equipamento de Navios que Transportem Gases Liquefeitos a Granel (IGC Code)

    Cdigo para Construo e Equipamento de Navios que Transportem Gases Liquefeitos a Granel (Gas Carrier Code)

    Cdigo para Navios Existentes que Transportem Gases Liquefeitos a Granel (Existing Ships Code)

    Fonte: NORMAM 01/2000.

    1.3.1- Rtulos de Riscos

    De acordo com a portaria n 204/97 do Ministrio do Transporte e a NBR

    7500 da ABNT, revisada, em maro de 2000 os rtulos de riscos devem

    conter em sua parte inferior, os nmeros das classes as quais as substncias

    pertencem, figura 10.

    Figura 10 Rtulos de segurana.

  • 311.3.2- Nmeros de riscos

    Os nmeros que indicam o tipo e a intensidade do risco, so formados

    por dois ou trs algarismos. A importncia do risco registrada da esquerda

    para a direita.Os algarismos que compem os nmeros de risco tm o seguinte

    significado:

    2 Emisso de gs devido a presso ou a reao qumica;

    3 Inflamabilidade de lquidos (vapores) e gases, ou lquido sujeito a

    auto-aquecimento

    4 Inflamabilidade de slidos, ou slidos sujeitos a auto-

    aquecimento;

    5 Efeito oxidante (favorece incndio);

    6 Toxicidade;

    7 Radioatividade;

    8 Corrosividade;

    9 Risco de violenta reao espontnea.

    A letra "X" antes dos algarismos significa que a substncia reage

    perigosamente com gua.

    A repetio de um nmero indica, em geral, aumento da itensidade

    daquele risco especfico.

    Quando o risco associado a uma substncia puder ser adequadamente

    indicado por um nico nmero, este ser seguido por zero (0).

    As combinaes de nmeros a seguir tm significado especial: 22, 323, 333,

    362, X362, 382, X382, 423, 44, 462, 482, 539 e 90, tabela 2.

  • 32Tabela 2 Nmeros de risco

    20 Gs inerte

    22 Gs refrigerado

    223 Gs inflamvel refrigerado

    225 Gs oxidante (favorece incndios), refrigerado

    23 Gs inflamvel

    236 Gs inflamvel, txico

    239 Gs inflamvel, sujeito a violenta reao espontnea

    25 Gs oxidante (favorece incndios)

    26 Gs txico

    265 Gs txico, oxidante (favorece incndios)

    266 Gs muito txico

    268 Gs txico, corrosivo

    286 Gs corrosivo, txico

    30 Lquido inflamvel (PFg entre 23C e 60,5C), ou lquido sujeito a auto-aquecimento

    323 Lquido inflamvel, que reage com gua, desprendendo gases inflamveis

    X323 Lquido inflamvel, que reage perigosamente com gua, desprendendo gases inflamveis (*)

    33 Lquido muito inflamvel (PFg < 23C )

    333 Lquido pirofrico

    X333 Lquido pirofrico, que reage perigosamente com gua (*)

    336 Lquido muito inflamvel, txico

    338 Lquido muito inflamvel, corrosivo

    X338 Lquido muito inflamvel, corrosivo, que reage perigosamente com gua (*)

    339 Lquido muito inflamvel, sujeito a violenta reao espontnea

    36 Lquido sujeito a auto-aquecimento, txico

  • 33

    362 Lquido inflamvel, txico, que reage com gua, desprendendo gases inflamveis

    X362 Lquido inflamvel, txico, que reage perigosamente com gua, desprendendo gases inflamveis (*)

    38 Lquido sujeito a auto-aquecimento, corrosivo

    382 Lquido inflamvel, corrosivo, que reage com gua, desprendendo gases inflamveis

    X382 Lquido inflamvel, corrosivo, que reage perigosamente com gua, desprendendo gases inflamveis(*)

    39 Lquido inflamvel, sujeito a violenta reao espontnea

    40 Slido inflamvel, ou slido sujeito a auto-aquecimento

    423 Slido que reage com gua, desprendendo gases inflamveis

    X423 Slido inflamvel, que reage perigosamente com gua, desprendendo gases inflamveis (*)

    44 Slido inflamvel, que a uma temperatura elevada se encontra em estado fundido

    446 Slido inflamvel, txico, que a uma temperatura elevada se encontra em estado fundido

    46 Slido inflamvel, ou slido sujeito a auto-aquecimento, txico

    462 Slido txico, que reage com gua, desprendendo gases inflamveis

    48 Slido inflamvel, ou slido sujeito a auto-aquecimento, corrosivo

    482 Slido corrosivo, que reage com gua, desprendendo gases inflamveis

    50 Produto oxidante (favorece incndios)

    539 Perxido orgnico, inflamvel

    55 Produto muito oxidante (favorece incndios)

    556 Produto muito oxidante (favorece incndios), txico

    558 Produto muito oxidante (favorece incndios), corrosivo

    559 Produto muito oxidante (favorece incndios), sujeito a violenta reao espontnea

    56 Produto oxidante (favorece incndios), txico

  • 34

    568 Produto oxidante (favorece incndios), txico, corrosivo

    58 Produto oxidante (favorece incndios), corrosivo

    59 Produto oxidante (favorece incndios), sujeito a violenta reao espontnea

    60 Produto txico ou nocivo

    63 Produto txico ou nocivo, inflamvel (PFg entre 23C e 60,5C)

    638 Produto txico ou nocivo, inflamvel (PFg entre 23C e 60,5C), corrosivo

    639 Produto txico ou nocivo, inflamvel (PFg entre 23C e 60,5C), sujeito a violenta reao espontnea

    66 Produto muito txico

    663 Produto muito txico, inflamvel (PFg at 60,5C)

    68 Produto txico ou nocivo, corrosivo

    69 Produto txico ou nocivo, sujeito a violenta reao espontnea

    70 Material radioativo

    72 Gs radioativo

    723 Gs radioativo, inflamvel

    73 Lquido radioativo, inflamvel (PFg at 60,5C)

    74 Slido radioativo, inflamvel

    75 Material radioativo, oxidante

    76 Material radioativo, txico

    78 Material radioativo, corrosivo

    80 Produto corrosivo

    X80 Produto corrosivo, que reage perigosamente com gua(*)

    83 Produto corrosivo, inflamvel (PFg entre 23C e 60,5C)

    X83 Produto corrosivo, inflamvel (PFg entre 23C e 60,5C), que reage perigosamente com gua(*)

    839 Produto corrosivo, inflamvel (PFg entre 23C e 60,5C), sujeito a violenta reao espontnea

  • 35

    X839 Produto corrosivo, inflamvel (PFg entre 23C e 60,5C), sujeito a violenta reao espontnea e que reage perigosamente com gua(*)

    85 Produto corrosivo, oxidante (favorece incndios)

    856 Produto corrosivo, oxidante (favorece incndios), txico

    86 Produto corrosivo, txico

    88 Produto muito corrosivo

    X88 Produto muito corrosivo, que reage perigosamente com gua(*)

    883 Produto muito corrosivo, inflamvel (PFg entre 23C e 60,5C)

    885 Produto muito corrosivo, oxidante (favorece incndios)

    886 Produto muito corrosivo, txico

    X886 Produto muito corrosivo, txico, que reage perigosamente com gua(*)

    89 Produto corrosivo, sujeito a violenta reao espontnea

    90 Produtos perigosos diversos (*) No usar gua, exceto com a aprovao de um especialista

    No caso do modal rodovirio, o produto identificado pelo nmero de

    quatro algarismos (nmero da ONU), existente no painel de segurana (placa

    laranja) afixada nas laterais, traseira e dianteira do veculo, figura 11.

    Figura 11 Identificao do produto

  • 36Independente do modal utilizado, a Ficha de Emergncia, caracterstica

    do produto transportado tm a seguinte configurao:

    1.3.3- Risco do petrleo incndios

    No transporte e armazenamento de petrleo e derivados os riscos so

    potenciais, principalmente quanto sua amplitude.

    A observao rigorosa das normas de segurana estabelecidas de

    fundamental importncia.

    Nas instalaes a preveno contra incndios vital, no sendo

    admitido fontes de ignio prximas a lquidos ou vapores inflamveis.

    Uma observao de especial importncia diz respeito ao ponto de fulgor

    dos produtos; este ponto corresponde a menor temperatura na qual um

    combustvel despende vapores inflamveis que, em mistura com o ar, se

    Rtulo de risco

    Nmero de risco

    9 Numero de risco

    90 Nmero da ONU

    3082

  • 37inflamam na presena de uma fonte externa de calor, sem, contudo, manter a

    chama.

    A norma PNB -216, da ABNT (Associao Brasileira de Normas

    Tcnicas), classifica os produtos de acordo com a tabela 3:

    Tabela 3 Risco de petrleo

    Classe Ponto de fulgor

    (flash- point)

    Produtos

    I Abaixo de 37,8 C Gs liquefeito, gasolina para aviao, gasolina automotiva, solventes, etc.

    II Igual ou superior a 37,8 C mas inferior a 60 C

    Solventes, querosene, combustveis para turbinas de aviao, leos para vaporizao, etc.

    III Igual ou superior a 60 C leo diesel, leo combustvel, leo lubrificante, etc

    Quanto mais baixo for o ponto de fulgor, maior o risco de incndio, razo

    pela qual so mais rigorosas as precaues prescritas para os produtos das

    classes I e II.

  • 38

    CAPTULO II

    TRANSPORTE MARTIMO DE PETRLEO E

    DERIVADOS

    2.1- As cargas de petrleo e derivados

    2.1.1- Petrleo

    As cargas de petrleo dividem-se em: leos crus sem aquecimento; leo

    cru com aquecimento; e condensados. Os petrleos mais viscosos requerem

    aquecimento para evitar sedimentao e mant-los bombeveis. Portanto, para

    ser transportados, esses leos requerem navios equipados com serpentinas de

    aquecimento ou trocadores de calor.

    Derivados Escuros de Petrleo

    So as cargas derivadas do leo cru que, aps serem estocadas e%ou

    transportadas em tanques, deixam borras dou sedimentos nas paredes e no

    fundo desses. Por isso, em ingls so chamados de produtos sujos de petrleo

    (dirty petroleum products). So resduos de operaes de refino, tais como

    leos combustveis, gasleo de vcuo, resduos atmosfricos, SRFO - Straight

    Run Fuel Oil e asfaltos. Necessitam, geralmente, de aquecimento para ser

    transportados em navios-tanque. So produtos cuja densidade equivale ou

    excede a do leo cru.

    Derivados Claros de Petrleo

    So os destilados mdios e leves do petrleo, como a nafta, o diesel,

    querosenes, gasolinas e solventes, que no deixam borras ou sedimentos nos

    tanques em que so estocados e/ou transportados. Tambm se inclui nessa

  • 39categoria a gasolina natural7. Em ingls, so tratados como produtos limpos de

    petrleo (clean petroleum products) e devem ser estocados e/ou transportados

    em tanques revestidos (p.ex. com epxi, silicato de zinco, ao inoxidvel) para

    evitar contaminao do produto e desgaste do ao. Alguns usurios requerem

    que o querosene de aviao no seja transportado em contato com alumnio,

    cobre ou ligas de cobre.

    Gs Liquefeito de Petrleo

    conhecido por milhes de brasileiros como o famoso gs de cozinha.

    Seu uso, no entanto, est longe de se restringir ao mbito residencial.

    Encontramos o G.L.P, hoje nos mais diversos setores de produo e servios,

    de padarias a industrias automotivas, passando por hotis e grandes fazendas,

    por exemplo. O G.L.P. a mistura de dois Hidrocarbonetos existentes no

    petrleo: o propano e o butano, figura 12.

    Figura 12 Hidrocarbonetos

    O refino do petrleo resulta em uma seqncia de produtos derivados.

    Entre eles esto, em ordem: leos combustveis, gasolina, querosene, diesel,

    nafta e finalmente o G.L.P. Ele o derivado mais leve e puro.

    Nas condies normais de temperatura e presso (CNTP) o G.L.P est

    em estado gasoso. Quando submetido a presses relativamente baixas ou

    7 Jet Fuel. Combustvel para turbina de avies e helicpteros.

  • 40quando resfriado, ele assume o estado lquido (forma de engarrafamento). Em

    contato com o ar, ele volta ao estado gasoso (forma de uso).

    Os gases Propano e Butano so inodoros. Porm, uma substncia

    orgnica (etil mercapta) adicionada sua frmula para produzir odor. Assim

    possvel sua deteco em caso de vazamento.

    O G.L. P um combustvel de alto poder calorfico. Poder calorfico a

    quantidade de calor que um determinado corpo desprende por unidade de

    massa (Kcal / kg).

    Vantagens de uso:

    O G.L.P uma fonte de energia com excelentes atrativos econmicos:

    Por seu fcil manuseio, transporte e armazenagem, o G.L.P reduz

    custos operacionais;

    Com combusto limpa e controlada, o G.L.P proporciona maior

    qualidade ao produto final e maior durabilidade dos equipamentos

    industriais;

    Amplitude mercadolgica. Por ser abundante, o G.L.P vem sendo

    consumido em vrios pases ao redor do mundo, residencial e

    industrialmente.

    O Brasil representa o quinto maior mercado de G.L.P do mundo. Os

    quatro primeiros so, em ordem: EUA, Japo, Mxico e China.

    O consumo de Gs LP no Brasil aumentou consideravelmente nas

    ltimas dcadas. Passando de 7,184 milhes de m3, em 1986, para 12, 676

    milhes de m3, em 2001. Em 1986, as residncias e estabelecimentos

    comerciais correspondiam a 95% do consumo final, restando 4% para o setor

    industrial e 1% para agro negcios /outros.8

    8 Fonte: Boletim analtico de consumo da revista Gs Brasil www.gasbrasil.com.br.

    http://www.gasbrasil.com.br/

  • 41Em 2001, as residncias e estabelecimentos comerciais representaram

    85% do consumo final, as indstrias elevaram seu consumo para 10% do total

    final, sobrando 5% para agro negcios / outros.9

    2.1.2- Propriedades fsicas do G.L. P.

    Em termos gerais, um gs liquefeito a forma, liquida de uma

    substancia que seria um gs em temperatura ambiente normal e na presso

    atmosfrica. A propriedade mais simples de um gs liquefeito em relao ao

    seu manuseio comercial a sua presso de vapor saturado, que aquela

    presso absoluta exercida quando o liquido est em equilbrio com seu prprio

    vapor numa dada temperatura. Por esta razo, uma definio mais especifica

    de gs liquefeito relaciona presso de vapor temperatura, o que levou a IMO

    a ter adotado uma definio de "LQUIDOS TENDO UMA PRESSO DE

    VAPOR EXCEDENDO A 2.8 BAR ABSULUTOS NA TEMPERATURA DE

    37.8C". Uma maneira alternativa de relacionar a presso de vapor

    temperatura, no caso de um gs liquefeito particular, citar a temperatura na

    qual a presso de vapor igual presso atmosfrica (seu ponto de ebulio

    atmosfrico).

    Na tabela 4, os gases liquefeitos comuns so comparados em termos de

    presso de vapor a 37.8C e ponto de ebulio atmosfrico de cada um deles.

    9 Fonte: Boletim analtico de consumo da revista Gs Brasil www.gasbrasil.com.br.

    http://www.gasbrasil.com.br/

  • 42Tabela 4 Propriedades fsicas de alguns gases liquefeitos

    GS LIQUEFEITO PRESSO DE VAPOR A 37.8C

    PTO DE EBULIO NA PRESSO ATM (OC)

    Propane-C3H8 12.9 bars abs. - 43

    n-Butane-C4H10 3.6 bars abs. - 0,5

    Ammonia-NH3 14.7 bars abs. - 33

    Vinyl Chloride-C2H3CL 5.7 bars abs. - 14

    Butadiene-C4H6 4.0 bars abs. - 5

    Ethylene Oxide-C2H40 2.7 bars abs. + 10.7

    Methane-CH4 Gs * -161

    * A temperatura crtica do Methane 82.5C, enquanto que a presso crtica 44.72 bars.

    Em funo da rigorosa definio da IMO (ETHYLENE OXIDE) no seria

    completamente qualificado para ser descrito como um gs liquefeito. Ele est

    includo no Cdigo de Gs da IMO e no Guia de Segurana para Navio Tanque

    (Gs Liquefeito), porque seu ponto de ebulio na presso atmosfrica muito

    baixo e seria difcil transportar a substancia por quaisquer outro mtodos que

    no aqueles estipulados para os gases liquefeitos.

    2.1.3- Propriedades qumicas

    Compostos qumicos com a mesma a mesma estrutura qumica so

    frequentemente conhecidos por nomes diferentes. A tabela 5 nos d uma

    relao de sinnimos dos gases liquefeitos diante de cada nome comum e da

    sua frmula simples. Os compostos mais complexos tendem a ter uma

    variedade maior de sinnimos do que os compostos simples.

  • 43Tabela 5 Propriedades qumicas

    NOME COMUM FRMULA SIMPLES SINNIMOS Methane CH4 Fire damp; marsh gs;natural

    gs; LNG Ethane C2H6 Bimethyl; dimethyl;methyl

    methane Propane C3H8 - N -Butane C4H10 Normal butane

    i-Butane C4H10 Iso-butane; 2 methypropane Ethylene C2H4 Ethene Ethylene Propylene -Butylene -Butylene -Butylene

    C3H6 Propene C4H8 C4H8 C4H8

    Propylene But-1-ene; ethyl ethylene But-2-ene;dimethyl ethyle ne; pseudo butylenes Isobutene;methylprop- 2 - ene.

    Butadiene C4H6 b.d.; bivinyl; 1,3 butadi :ene; butadiene 1,3; divi nyl; biethylene; erythre ne; vinyl ethylene.

    Isoprene C5H8 3-methyl--1,3 butadiene; 2-methyl--1,3 butadiene; 2-methylbutadiene--1,3.

    Vinyl chloride monomer C2H3CL Chloroethene;Chloroethy; lene; VCM.

    Ethylene Oxide C2H40 Dimethylene oxide; E0; 1,2 epoxyethane;oxirane.

    Propylene Oxide C3H60 1,2 epoxy propane; methyl oxirane; propene oxide

    Ammonia NH3 Anhydrous ammonia; amuro-na gs; liquefied ammonia; liquid ammonia.

    Nota: Propano comercial contem algum butano, similarmente butano comercial

    contem algum propano. Ambos podem conter impurezas tais como etano e pentano, dependendo de suas especificaes comerciais permitidas.

    2.1.4- Transporte martimo do gs liquefeito

    A importncia do transporte na condio do liquido, gerar uma reduo

    de volume muito grande, e assim propiciar um ganho de espao nos tanques

    de carga de embarcao. Desta forma, o gs liquido transportado em uma

    das trs condies:

  • 44

    37,8C

    18Bar

    12,9 Bar

    PROPANO

    v2 v v1

    - A temperatura ambiente, a presso de 18 Bar.

    - Totalmente refrigerado (- 30 C at 48C) presso ambiente.

    - Semi-refrigerados sob presso de 5 a 8 Bars.

    No caso do transporte sob presso, para fazer com que na temperatura

    ambiente o G.L.P. (no caso o propano) seja liquido, o propano alcanar os 18

    Bar, porque, como visto na tabela da relao presso 37,8C , a presso do

    propano de 12,9 Bar, e assim sendo, a presso de 18 Bar relativo a uma

    temperatura de 45C, o que promove a necessidade do G.L.P. ser comprimido

    para reduzir seu volume, mantendo-se como lquido na temperatura ambiente e

    ainda assim operar em nvel de presso seguro.

    No enfoque termodinmico, o diagrama a seguir explica o exposto no

    pargrafo anterior.

    De uma forma simplificada, pode-se dizer que as cargas mais comuns

    transportadas pelos navios gaseiros ou propaneiros so alm do G.L.P.

    (propano, butano e misturas dos dois): BUTADIENO, BUTENO, PROPILENO

    ETILENO E MONMERO DE CLORETO DE VINILA (VCM). O etileno possui

    T

    45C

    v

  • 45um ponto de vaporizao de 104C, por isso, exige refrigerao especial e

    ainda, tanques de ao inoxidvel ou de liga de nquel.

    2.1.5- Gases qumicos

    Os gases qumicos normalmente transportados em navio de gs

    liquefeito so: Amnia, Monmero de Cloreto de Vinila (VCM), xido de

    Etileno, xido de Propileno e Cloro. Visto que estes gases no pertencem a

    uma famlia particular, suas propriedades qumicas variam.

    AMONIA LIQUIDA um lquido alcalino incolor com um odor acre. Os

    vapores da Amonia so inflamveis e queimam com uma chama amarela

    formando vapor d gua e nitrognio, entretanto o vapor no ar requer uma

    concentrao alta (16 a 25%) para ser inflamvel, tem necessidade de energia

    alta de ignio (600 vezes aquela para o propano) e queima com baixa energia

    de combusto. Por estas razes, os Cdigos da IMO, embora exigindo total

    ateno para evitar fontes de ignio, no exigem deteco de gs inflamvel

    nos pores ou espaos entre barreiras dos navios transportadores desta carga.

    Ainda assim, a Amnia deve sempre ser respeitada como uma carga

    inflamvel.

    A Amnia tambm txica e altamente reativa. Ela pode formar

    compostos explosivos com mercrio, cloro, iodo, bromo, clcio, xido de prata

    e hipoclorito de prata. O vapor da Amnia e extremamente solvel na gua e

    ser absorvido rpida e exotermicamente para produzir uma soluo

    fortemente alcalina de hidrxido de Amnia. Um volume de gua absorver

    aproximadamente 200 volumes de vapor de Amnia. Por esta razo

    extremamente indesejvel introduzir gua dentro de um tanque contendo vapor

    de Amnia, pois isto pode resultar numa condio de vcuo rapidamente

    desenvolvida dentro do tanque.

  • 46Uma vez que a Amnia alcalina, as misturas de ar com vapor de

    Amnia podem causar corroso por fadiga. Por causa de sua natureza

    altamente reativa, as ligas de cobre, ligas de alumnio, superfcies

    galvanizadas, resinas fenlicas, cloreto de polivinilo, polister e borracha de

    viton, so inadequados para servio com Amnia. Ao doce, ao inoxidvel,

    borracha de neoprene e polietileno, entretanto, so adequados.

    MONOMERO DE CLORETO DE VINILO (VCM) um liquido incolor com

    um odor de caracterstica doce. Ele altamente reativo, embora no seja com

    a gua, e pode polimerizar na presena de oxignio, de calor e da luz. Seus

    vapores so tanto txicos quanto inflamveis.

    Ligas de alumnio, cobre, prata, mercrio e magnsio so inadequados

    para o servio com Cloreto de Vinilo. Os aos so entretanto, quimicamente

    compatveis.

    OXIDO DE ETILENO e OXIDO DE PROPILENO so lquidos incolores

    com um odor semelhante ao do ter. Eles so inflamveis, txicos e altamente

    reativos. Ambos polimerizam, porm o Oxido de Etileno polimeriza mais

    facilmente do que o xido de Propileno, particularmente na presena de ar ou

    impurezas. Ambos podem reagir perigosamente com Amnia. Ferro fundido,

    mercrio, ligas de alumnio, cobre e ligas de cobre, prata e suas ligas,

    magnsio e alguns aos inoxidveis, so inadequados para manuseio do Oxido

    de Etileno. Ao doce e certos aos inoxidveis so apropriados como materiais

    de construo para navios que transportem xidos de Etileno e Propileno.

    CLORO um liquido amarelo que desenvolve um vapor verde. Tem um

    odor acre e irritante. E altamente txico porm no inflamvel embora possa

    ser notado que o Cloro pode suportar combusto de outros materiais

    inflamveis quase da mesma maneira que o oxignio. E solvel na gua

    formando uma soluo cida altamente corrosiva e pode formar reaes

    perigosas com todos os outros gases liquefeitos. Em condies de umidade,

    por causa de sua corrosibilidade, difcil control-lo. O Cloro seco compatvel

    com ao doce, ao inoxidvel, monel e cobre. O Cloro muito solvel quando

  • 47em soluo de Soda Custica, a qual pode ser usada para absorver o vapor do

    mesmo.

    2.2- Gs natural

    Define-se como mistura de hidrocarbonetos leves que, temperatura

    ambiente e presso atmosfrica, permanece no estado gasoso; encontrado

    no subsolo, em rochas porosas, podendo estar ou no associado ao petrleo.

    O gs associado aquele que, no reservatrio, est dissolvido no leo

    ou sob a forma de capa de gs, caso em que a produo de gs determinada

    pela produo do leo.

    O gs no associado o que est livre no reservatrio, ou em presena

    de quantidades muito pequenas de leo; neste caso s se justifica produzir

    comercialmente o gs.

    A cada dia o gs natural vem ocupando papel de destaque como

    componente da matriz energtica brasileira.

    Antes desprezado, hoje percebe-se as inmeras vantagens econmicas

    auferidas pelo seu uso, principalmente numa poca em que a preservao

    ambiental est na pauta do dia, j que representa no momento a melhor

    alternativa - versatilidade, queima mais limpa, substituio lenha

    (desmatamento) e a outros combustveis.

    Como a demanda de energia crescente, mister se faz a pesquisa por

    novas tecnologias, que permitam o desenvolvimento sustentvel do pas,

    minimizando os impactos ambientais.

    neste conceito que se insere sua utilizao, cada vez mais crescente,

    no setor automotivo, industrial, domiciliar e mais recentemente, nas

    termeltricas; para gerar eletricidade.

  • 48A composio do gs natural varia, conforme ele esteja ou no

    associado. Basicamente composto de metano, etano e propano, e em

    menores propores , por outros hidrocarbonetos de maior peso molecular.

    Pelo fato de ser inodoro, incolor, inflamvel e asfixiante (se aspirado em

    grandes concentraes), requer cuidados especiais no manuseio. comum

    adicionar-se compostos a base de enxofre para conferir-lhe um cheiro forte e

    caracterstico (odorizao), o que permite a identificao de vazamentos.

    No estado gasoso o transporte feito por meio de dutos, e em casos

    especficos, em cilindros de alta presso, como GNC - Gs Natural

    Comprimido; em estado lquido, como GNL - Gs Natural Liquefeito, pode ser

    transportado por meio de navios, barcaas e caminhes criognicos, a -160 C,

    figura 8.

    Figura 13 Reservatrios. A) Gs associado; B) Gs no-associado.

    O processamento de gs se faz em unidade industrial prpria, conhecida

    como UPGN - Unidade de Processamento de Gs Natural. Fracionado, gera as

    seguintes correntes: metano e etano, que formam o gs processado; propano e

    butano, que formam o GLP; e um tipo de gasolina, conhecido como gasolina

    natural (produto situado na faixa da gasolina, com caractersticas

    semelhantes). O GLP mais conhecido como "gs de cozinha", devido ser

    esta sua principal aplicao (90%). A forma mais comum de comercializao

    em botijes de 13 kg, a uma presso aproximada de 15 atm, presso em que,

    A B

  • 49 temperatura ambiente, 85% de seu volume est em estado lquido e 15% no

    estado vapor.

    O gs natural, quando utilizado em veculos (GNV - Gs Natural

    Veicular) vendido nos postos com a presso em torno de 200 atm, que a

    presso final especificada para o cilindro do veculo. Nestas condies a

    quantidade acumulada fica em torno de 30 kg. A presso mdia de 200 atm

    atingida nos postos de venda, utilizando compresso por estgios, tendo em

    vista que a presso do GN que chega aos postos ser de 5 a 8 atm a

    temperatura ambiente.

    2.2.1- Consideraes acerca de capacidade dos navios gaseiros

    Quanto capacidade, os navios de GLP variam de 100 m3 at 100.000

    m3. Os navios pressurizados chegam a ter 10.000 m3 de capacidade. Os semi-

    refrigerados alcanam, geralmente, 20.000 m3, podendo chegar a 30.000 m3.

    Acima dessa capacidade, os navios de GLP so totalmente refrigerados. Os

    navios de GLP com capacidade entre 75.000 e 100.000 rn3 so chamados de

    VLGCs (very large gas carriers).

    Os navios de GNL so refrigerados e transportam a carga a

    temperaturas abaixo de -165C. Sua capacidade chega a 150.000 m3.

    Os LNGRVs10 tm porte similar aos grandes navios de GNL e

    transportam a carga a temperatura semelhante. Sua peculiaridade consiste na

    presena de uma planta de re-gaseificao a bordo e na capacidade de

    descarregar o gs amarrado a uma bia atravs de uma torre receptora (turret)

    conectada ao casco do navio. O gs , ento, bombeado para terra atravs de

    dutos submarinos. Os navios de GNC ora projetados propem-se a transportar

    o gs em tanques cilndricos diretamente do local de produo ao local de

    destino, sem necessidade de plantas de liquefao e re-gaseificao. Esses

    10 Liquefied Natural Gs Regasifcation Vessels.

  • 50navios tero capacidade de carga inferior dos navios de GNL e sero

    apropriados a rotas relativamente curtas (entre 500 e 2.500 milhas nuticas).

  • 51

    CAPTULO III

    NAVIOS PETROLEIROS

    3.1- Histrico

    Em meados do sculo XIX, navios a vela transportavam suas cargas de

    petrleo em barris de madeira. Esses barris, cada um com capacidade de 42

    gales, no so mais utilizados no transporte de petrleo, mas sua

    denominao medida padro da indstria permanece inalterada.

    A evoluo dos barris aos tanques de carga ocorreu, claro, de forma

    gradual. Em 1886, o Gluckauf (Boa Sorte, em alemo), uma embarcao de

    3.300 TPB com casco de ferro e movida a vapor com o auxlio de velas, foi

    lanada ao mar nos Estados Unidos. O petrleo era carregado em

    compartimentos separados no casco, num arranjo bastante similar ao atual.

    O porte dos petroleiros no cresceu muito at a 2 Guerra Mundial,

    quando os vagarosos navios de at 16.000 TPB que cruzavam o atlntico norte

    eram alvos fceis para os submarinos alemes. Aps o trmino do conflito,

    entretanto, a velocidade de crescimento do porte dos petroleiros foi

    impulsionada pelo aumento na demanda mundial de leo e pelo descobrimento

    de novas jazidas no Golfo Prsico. Ambos os fatores geraram a necessidade

    de navios maiores e mais velozes, aptos ao transporte de petrleo atravs de

    longas distncias a um custo razovel.

    Assim, em meados da dcada de 1950, enquanto petroleiros de 45.000

    TPB j singravam os mares, foi construdo o primeiro navio desse tipo com

    porte bruto de 100.000 toneladas. Seguiram-se os lanamentos de navios

    maiores, os VLCCs (Very Large Crude Carriers), com TPB entre 200.000 e

    250.000 toneladas. Em 1973, ano da primeira crise do petrleo, foi lanado o

  • 52maior petroleiro at ento construdo, com 476.292 TPB, o Globtik Tokyo,

    projetado para transportar petrleo entre o Golfo Prsico e o Japo.

    Mais rpidos e com capacidades de carga maximizadas, esses

    supertankers, por outro lado, apresentavam desvantagens: eram incapazes de

    cruzar o Canal de Suez; os mais profundos freqentemente raspavam a quilha

    no fundo do mar no estreito de Malaca, durante viagens para o Extremo

    Oriente; e exigiriam portos com imensa profundidade e capacidade de

    armazenamento para operar (no incio da dcada de 1980, existiam apenas 65

    terminais para VLCCs e ULCCs - Ultra Large Crude Carriers no mundo). .

    A supresso dessas desvantagens foi mais fcil do que o inicialmente

    esperado a velocidade e a capacidade dos superpetroleiros possibilitaram a

    viabilidade econmica do contorno do Cabo da Boa Esperana, frente

    passagem pelo Canal de Suez, e a falta de superports foi superada por

    operaes de alvio dos superpetroleiros por navios menores. Tecnicamente

    perfeita, a evoluo do porte dos petroleiros trouxe tona maior preocupao

    com o risco de poluio. Acidentes com superpetroleiros como o Torrey

    Canyon (Canal da Mancha, 1967), o Amoco Cadiz (Costa da Frana, 1978) e o

    Exxon Valdez (Alasca, 1989), alm de inesquecveis, mostraram os riscos que

    esses gigantescos navios podem apresentar ao meio-ambiente. Por outro lado,

    o uso de navios de menor porte para transportar o mesmo volume de petrleo

    carregado num VLCC envolve uma quantidade maior de viagens, operaes de

    carga e descarga e lavagens dos tanques, o que, estatisticamente, apresenta

    um risco de poluio ainda maior.

    Em relao ao porte bruto, os navios petroleiros se dividem nas

    categorias exibidas na tabela 6.

  • 53Tabela 6 Classificao dos Navios de leo Cru Quanto ao Porte

    ULCC Ultra Large Crude Carries TPB > 320.000

    VLCC - Very Large Crude Caniers Entre 200.000 e 319.999 TPB

    SUEZMAX Entre 120.000 e 199.999 TPB .

    AFRAMAX Entre 80.000 e 119.999 TPB

    POST PANAMAX Entre 60.000 e 79.999 TBP com Boca > 32,2 metros

    PANAMAX Entre 60.000 e 79.999 TBP com Boca < 32,2 metros

    HANDYSIZE TPB < 59.999

    Originalmente, o terno PANAMAX se refere ao tamanho mximo para

    passagem. Pelo Canal do Panam (que comporta navios com a largura

    mxima de 32,2 metros) e o termo SUEZMAX, ao tamanho para passagem

    pelo Canal de Suez. Mas AFRAMAX no se refere a nenhuma local geogrfico.

    O London Tanker Brokers Panel (Painel de Corretores de Navios Petroleiros de

    Londres) h muitos anos determina a mdia das taxas de frete do mercado

    (AFRA - Average Freight Rate Assessment). Essa mdia levava em conta os

    fretes de navios at 80.000 TPB, que era, ento, o tamanho mximo do AFRA.

    importante lembrar que, at meados dos anos 1980, os navios PANAMAX

    geralmente tinham at 60.000 TPB e o termo AFRAMAX, ento, designava os

    navios entre 60.000 e 80.000 TPB.

    De acordo com o Protocolo MARPOL de 1978 e suas emendas

    posteriores, os navios novos de leo cru com porte bruto superior a 20.000

    TPB e os existentes com mais de 40.000 TPB devem ser construdos e

    equipados com sistemas de IGS, SBT, PL e COW

    IGS (lnert gas system) - Sistema de gs inerte, que permite ao navio

    manter uma atmosfera inerte, ou seja, no-inflamvel, no interior dos

    tanques de carga. O gs das caldeiras limpo, resfriado e bombeado

    para os tanques. Apesar da possvel presena de vapores de

  • 54hidrocarbonetos nos tanques, os baixos nveis de oxignio no gs

    inerte no permitem que ocorra combusto.

    SBT (segregated baliast system) - O sistema de lastro segregado

    composto por tanques designados para carregar somente gua de

    lastro. A gua carregada e descarregada atravs de bombas e

    linhas de lastro completamente isoladas dos sistemas de carga. O

    SBT evita que o navio, em condies normais, lastre seus tanques de

    carga.

    A Conveno MARPOL-73/78 da IMO define lastro segregado como

    gua de lastro, introduzida num tanque o qual completamente

    separado da carga de leo e do sistema de leo combustvel e

    permanentemente destinado ao transporte de lastro ou de lastro e

    outras cargas que no sejam leo ou substncias nocivas.

    PL (Protective location) - Pelo conceito de localizao protegida, os

    tanques de lastro segregado devem estar localizados em reas

    selecionadas do navio, otimizando a proteo aos tripulantes e

    tanques de carga em caso de encalhe ou coliso.

    COW (crede oil washing) - sistema de limpeza dos tanques por jatea-

    mento a alta presso de petrleo aquecido durante a descarga. As

    boinas retiradas pelos jatos de leo so descarregadas juntamente

    com a carga.

    Os navios de derivados escuros devem ser dotados de serpentinas de

    aquecimento ou trocadores de calor capazes de aquecer a carga at, ou

    manter sua temperatura a 57,2C (135F). Caso no sejam utilizados para o

    transporte de petrleo, no necessitam possuir sistema de COW. So

    segmentados tais quais os navios de leo cru, entretanto, so raros os casos

    de ULCCs, VLCCs e SUEZMAXES apropriados ao transporte de derivados

    escuros. Via de regra, esses navios, quanto ao porte bruto, variam de

    HANDYSIZE at AFRAMAX.

  • 55Os navios de derivados claros costumam ter seus tanques revestidos,

    para evitar contaminao da carga. Os revestimentos tpicos so epxi e

    silicato de zinco. Se forem equipados com serpentinas de aquecimento ou

    trocadores de calor podem, tambm, ser utilizados no transporte de derivados

    escuros. Caso as serpentinas de carga sejam de alumnio, lato ou cobre, o

    transporte de querosene de aviao no recomendado, pois alguns usurios

    requerem que essa carga no tenha contato com esses materiais.

    A Conveno MARPOL-73n8 determina que todo navio novo de deriva-

    dos (escuros ou claros) com porte bruto acima de 30.000 TPB e todo existente

    com mais de 40.000 TPB devem ser dotados de SBT.

    Quanto ao porte bruto, os navios de derivados claros chegam a 120.000

    TPB. Muitos navios de GLP tambm podem transportar derivados claros e se

    engajam nesse trfego quando o mercado de gs est desaquecido.

    Os navios de asfalto e leos de alto aquecimento so similares aos

    navios de derivados escuros, entretanto, seus sistemas de aquecimento devem

    ser capazes de aquecer a carga at, ou manter sua temperatura em cerca de

    65C.

    Os navios combinados se destinam ao transporte de petrleo, derivados

    e granis slidos. Pelo risco considervel de poluio que apresentam, esses

    navios esto entrando em desuso. Os ltimos quatro navios combinados

    encomendados foram entregues pelo estaleiro construtor em 1999. Em 1 de

    janeiro de 2002, havia, no mercado, 136 navios desse tipo, o equivalente a 4%

    da frota de petroleiros. Um ano depois, a frota existente estava reduzida a 120

    navios.

  • 563.2. OPERAES EM PETROLEIROS

    3.2.1- Operao de carregamento

    Antes de se iniciar uma operao de carga ou descarga de navio,

    necessrio a elaborao de um plano de carga.

    Este plano elaborado pelo comandante ou pelo imediato do navio, e

    segue um modelo preestabelecido pelo Sistema de Gerenciamento de

    Segurana e Preveno de Poluio da Fronape (Transpetro) SSPP. Sua

    finalidade planejar as instrues que sero dadas aos envolvidos na

    operao e seu sequenciamento, bem como os aspectos de distribuio de

    carga e lastro nos tanques do navio, necessidade de aquecimento da carga,

    limpeza de tanques, enfim, tudo o que se fizer necessrio para desenvolver a

    operao de maneira segura.

    Aps sua aprovao pelo comandante levado ao conhecimento dos

    envolvidos, para que todos saibam suas atribuies antecipadamente.

    No plano devero constar as ulagens de cada tanque, correspondentes

    s quantidades que se deseja carregar. A bordo do navio existe a tabela de

    ulagens, usadas para se calcular as quantidades volumtricas existentes em

    cada tanque.

    Chama-se ulagem a medida do espao vazio entre um ponto de

    referncia no convs e o nvel superior do liquido no interior do tanque. J o

    termo inagem, se refere medida entre a parte inferior (piso) do tanque e o

    nvel superior do lquido sendo usado para tanques de lastro e para se

    determinar a quantidade de gua existente no produto.

    Ao atracar, o navio ser inspecionado quanto s condies de

    segurana operacional.

  • 57Existem portos em que so lotados inspetores de segurana do GIAONT

    (Grupo de Inspeo e Acompanhamento Operacional de Navios em Terminais),

    que fazem a inspeo de segurana segundo os critrios do check-list do

    ISGOTT (International Safety Guide for Oil Tankers and Terminals - Guia de

    Segurana para Operao de Navios-Tanque em Terminais Petrolferos).

    A seguir, o representante do terminal e o do navio preenchem a Carta

    Inicial (documento que contm as informaes do navio e do terminal), em que

    so acertadas as condies operacionais da operao, tais como

    vazo/presso, tanques a serem usados.

    Para calcular essas quantidades se utiliza a tabela de ulagens, como

    tambm se aplicam as correes aplicveis s condies de estabilidade do

    navio, como trim (diferena de calado entre proa e popa) e adernamento

    (inclinao lateral em graus).

    Aps essas providncias dado o pronto a operar, sinalizando que o

    navio j est em condies de iniciar a operao.

    Caso haja alguma condio que configure anormalidade que possa

    resultar em danos para o navio, para a tripulao ou para a carga, o navio

    emite uma "Carta Protesto", evidenciando tais condies, que podem ser, entre

    outras: ms condies de amarrao, vazo menor que a contratual, etc.

    Havendo condies seguras conecta-se os braos de carregamento, que

    podem ser fixos (chick-sans) ou portteis (mangotes) e inicia-se a operao.

    A vazo no incio deve ser reduzida, aumentando-a gradualmente,

    sempre observando se no h vazamentos nas conexes do manifold e

    alinhamento de carga do navio.

    Para prevenir transbordamento do tanque, todo navio deve possuir

    alarmes de nvel alto, de 95% e 98% de sua capacidade; muitos acidentes j

    ocorreram, ocasionando transbordamentos, principalmente por falha humana,

    em particular no que se refere s medies das ulagens dos tanques.

  • 58Navios mais modernos possuem a indicao do alarme diretamente no

    Centro de Controle de Carga (CCC) e no convs, emitindo alarmes visuais,

    alm dos sonoros. Em navios qumicos, o alarme de 98% conjugado como

    fechamento automtico da vlvula de admisso ao tanque.

    O SGI (Sistema de Gs Inerte) do navio, evita que a atmosfera se torne

    inflamvel, bem como evitar o vcuo, ou seja, ele ocupa o lugar do oxignio no

    interior do tanque. A grande maioria dos navios utiliza os gases oriundos da

    queima de leo nas caldeiras para inertizar os tanques de carga.

    Durante a operao de carregamento (bem como da descarga)

    mantido um controle horrio da vazo e da presso no manifold, que

    informado ao terminal para comparao. Em alguns terminais, se a diferena

    ultrapassar 5% a operao paralisada, os clculos refeitos, e uma

    observao da vizinhana do terminal feita, de modo a se certificar que no

    est ocorrendo vazamento para o mar.

    No trmino do carregamento a vazo deve ser novamente reduzida,

    porque a carga finalizada em apenas um tanque do navio, de modo que, se a

    vazo for excessiva, poder haver arrastamento de leo pelo sistema de alvio

    de gases.

    3.2.2- Operaes de descarga

    A descarga exige mais dos equipamentos do navio (por isso mais

    complexa), sendo por isso mais complexa, envolvendo o sistema de gs inerte

    (se houver), bombas de carga e de dreno (para descarregar o produto para o

    terminal), bombas de lastro (para lastrear o navio medida que o produto vai

    sendo descarregado), etc.

    A finalidade do gs inerte na descarga suprir o espao deixado pelo

    lquido descarregado e manter uma presso positiva nos tanques de carga do

    navio, o que inclusive auxilia no aumento da vazo de descarga. A capacidade

  • 59do SGI deve ser pelo menos 25% maior que a capacidade de

    descarregamento; sempre que a capacidade de descarga exceder a

    capacidade do gs inerte, a vazo de descarga dever ser diminuda, a fim de

    se manter a presso positiva de gs inerte no interior do tanque.

    Tal como no carregamento, na descarga os procedimentos relativos

    medio dos tanques, amostragens e eventuais anlises do produto so os

    mesmos. Estando tudo em conformidade, o terminal prepara o pronto a operar

    para o recebimento da carga.

    Com os mangotes ou braos de carregamento conectados aciona-se as

    bombas para iniciar a operao.

    Vale lembrar que a vazo e a presso mxima permitida j foram

    acertadas entre terminal e navio, de modo a no advir nenhum acidente

    surpresa.

    As bombas de carga existentes a bordo dos navios-tanque so rotativas,

    sendo o controle destes equipamentos de fundamental importncia para a

    descarga.

    Nos navios de produtos escuros as bombas so localizadas na casa de

    bombas, no piso inferior, para receber a presso hidrosttica do lquido contido

    nos tanques de carga, sendo chamadas bombas de submergncia positiva;

    quando a bomba estiver localizada em um nvel superior ao do nvel do lquido

    no tanque, diz-se que uma bomba de submergncia negativa.

    Quando o tanque j estiver com o nvel baixo e a bomba comear a

    cavitar, para se aspirar o lquido at o final, utiliza-se as bombas de dreno

    alternativas, aps o que encerra-se a operao de descarga.

    Em sntese, os processos no modal navios so os seguintes:

    1. O navio aliviador se aproxima da plataforma a uma baixa

    velocidade (de manobra);

  • 602. Conexo do navio plataforma pela passagem dos cabos guias e

    dos mangotes;

    3. Conexo do mangote de carregamento e teste hidrosttico do

    mangote;

    4. Transferncia do leo. O comando desse processo da

    plataforma, atravs dos equipamentos de bombeio e do sistema de

    gerao de energia;

    5. Desconexo e vedao do mangote;

    6. Retirada do mangote e do cabo, e partida do navio aliviador;

    7. Viagem at a regio do terminal martimo determinado para

    descarga;

    8. Definio de atracao direta no terminal ou fundeio antes da

    atracao;

    9. Aproximao at o cais de atracao com apoio de rebocadores e

    do prtico;

    10. Atracao no cais;

    11. Conexo dos mangotes e testes de presso;

    12. Transferncia do leo para os tanques do terminal, cuja operao

    de comando do navio, que possui para isso possui um sistema

    de bombeio (consumo de combustvel);

    13. Terminado a descarga, o navio retirado do porto pelos

    rebocadores;

    14. Viagem de retorno Bacia de Campos em lastro para outro

    carregamento.

  • 613.2.3. Dados de um petroleiro.

    Utilizando como exemplo o NT CANDIOTA, de 18000 tbp, pertencente

    a FRONAPE (TRANSPETRO), citamos os dados dos tanques de carga.

    Quadro 1 - As dimenses dos tanques de carga do NT CANDIOTA

    TANQUES DE CARGA 1 2793 m3

    TANQUES DE CARGA 2 4390 m3

    TANQUES DE CARGA 3 4390 m3

    TANQUES DE CARGA 4 4390 m3

    TANQUES DE CARGA 5 3659 m3

    TANQUES SLOP(BB/BE) 1436 m3

    Com relao propulso, temos um motor de alta potencia, sendo

    6.400HP de potencia mxima e 5690 HP de potencia a velocidade de servio

    que de 13,7 ns.11

    A rotao baixa (60 a 100 rpm), conseguida atravs de uma caixa

    redutora. A hlice (propulsor) possui 4 ps e o motor principal (MCP) suporta a

    queima de leo combustvel grosso, o que diminui os custos por viagem.

    O navio possui seis MCAs, com seja motores de combusto auxiliares

    para gerar energia para o navio e assim atender aos navios motores eltricos

    dos diversos equipamentos como bombas de carga, bombas de transferncia

    de gua e leos, compressores, purificados, que atuam nos vrios segmentos

    do maquinrios do petroleiro.

    A praa de mquinas fica localizada a r embaixo da superestrutura e

    normalmente ocupa vrios andares.

    O motor principal ocupa a maior rea de Praa de Mquinas, onde ficam

    instalados as vlvulas, mostradores de nvel e presso, e sistema de

    11 Nos = 1 milha / hora. 1 milha = 1852 m.

  • 62segurana contra incndio. Todos os motores so controlados no CCM, ou

    seja, o Centro de Controle de Mquinas, onde as informaes dos motores so

    passadas ao passadio eletronicamente.

    Basicamente todo o maquinrio do navio fica a r, abaixo da

    superstrutura, facilitando o controle por parte da tripulao e assim toda a vante

    da superestrutura fica liberada para a carga.

    A figura 14 mostra a Praa de Mquinas do NT Candiota, destacando os

    motores de combusto auxiliar, assim como parte do MCP.

    Figura 14 - Praa de Mquinas do NT CANDIOTA

    A ttulo de ilustrao, mostraremos trs fotos, em ngulos diferentes do

    maior motor de navio do mundo na atualidade.

    Fabricado pela Wartsila Sulzer e instalado no Japo.

  • 63Este motor possui sesses de 10, 12 ou 14 cilindros, a diesel com turbo-

    compressores.

    Ficha tcnica

    Cilindros em linha cilindrada total: 25 mil e 480 litros.

    Peso: 2.300 toneladas. Sendo que o virabequim (Eixo de

    Manivelas) pesa 300 toneladas.

    Potencia: 108.920 HP

    Torque a 102 rpm, 5.608.312 linhas. ft a 102 rpm.

    Comprimento: 27 metros

    Largura: 14 metros.

    Preo: U$ 2,540,000,00

    Garantia: Dois anos sem limite de milhas nuticas percorridas.

    Figura 15 Vista frontal do motor

  • 64

    Figura 16 Vista do cabeote do motor

    Figura 17 Eixo de cames

  • 653.3- Evoluo da frota de petroleiros

    A frota mundial de navios petroleiros acima de 10.000 TPB era

    composta, em 1dejaneiro de 2003, de 3.458 navios, montando a um total de

    295.233.000 toneladas de porte bruto, de acordo com a Clarkson Reseach

    Studies.

    A figura 18, referente ao perodo 1975/2003, mostra uma reduo na

    quantidade de navios de pequeno porte (at 30.000 TPB) e um aumento nos

    navios entre 30.000 e 45.000 TPB, que proporcionam maior economia de

    escala. Nos outros segmentos, notamos um crescimento de 87% na

    quantidade de navios AFRAMAX/LR2 e de 99% nos navios SUEZMAX,

    enquanto os navios PANAMAX, VLCCs e ULCCs apresentaram reduo.

    Figura 18 Evoluo histrica da frota mundial de petroleiros

    Fonte: Clarkson Research Studies.

  • 66

    CAPTULO IV

    A TRANSPETRO

    4.1- Legislao

    Em novembro de 1995, a Emenda Constitucional n 9 mudou o setor

    petrolfero brasileiro, permitindo que atividades, at ento sob explorao

    exclusiva da Unio (esclarecimento: o monoplio continua previsto no artigo

    177 da Constituio Federal), pudessem ser exercidas por outras empresas

    alm da Petrobras. Essa flexibilizao comeou a ser regulamentada pela Lei

    n 9.478/97, conhecida como Lei do Petrleo. A partir de ento, qualquer

    empresa, independentemente da origem de seu capital, desde que constituda

    sob as leis brasileiras, pode realizar atividades de explorao, produo,

    transporte, refino, importao e exportao do petrleo.

    A Lei n 9.478 estabeleceu que a Petrobras permanecer sob o controle

    acionrio da Unio e vinculada ao Ministrio de Minas e Energia, podendo criar

    subsidirias ou se associar a outras empresas nacionais e estrangeiras,

    majoritria ou minoritariamente, para exercer suas atividades dentro e fora do

    Pas.

    A Lei do Petrleo determinou, ainda, Petrobras, que fosse constituda

    subsidiria para operar e construir seus dutos, terminais martimos e

    embarcaes para transporte de petrleo, seus derivados e gs natural.

    Assim, em 1998, em cumprimento ao artigo especfico da Lei do

    Petrleo, a Petrobras criou a Petrobras Transporte S.A. - Transpetro. As

    atividades previstas para a subsidiria incluem o transporte e o

    armazenamento de granis, petrleo, derivados e gs utilizando dutos,

    terminais ou embarcaes prprias ou de terceiros; o transporte de sinais,

  • 67dados, voz e imagem associados as suas atividades; e a construo e a

    operao de novos dutos, terminais e embarcaes.

    4.2- Atividades

    Transpetro armazena e transporta petrleo e derivados, biocombustveis

    e gs natural aos pontos mais remotos do Brasil. A Companhia considerada

    tambm a maior processadora de gs natural do Pas, com capacidade de

    processamento de quase 15 milhes m/dia. Essas operaes gigantescas

    fazem da Transpetro a maior empresa de navegao da Amrica Latina, lder

    no setor de logstica de transporte de combustveis.

    So bilhes de litros de combustveis que passam anualmente por uma

    rede de 7 mil km de oleodutos, 4 mil km de gasodutos, 20 terminais terrestres,

    26 terminais aquavirios e uma frota de 54 navios-petroleiros.

    A Transpetro movimenta a energia indispensvel ao desenvolvimento do

    Brasil e contribui tambm com sua experincia em outros pases. Na Argentina,

    por exemplo, presta consultoria em transportes martimos, dutos e terminais

    por meio de acordo firmado com a Petrobras Energia S.A. (Pesa). Ainda no

    mercado internacional, a Transpetro atua por meio da Fronape International

    Company (FIC) no transporte e armazenamento de combustveis.

    4.2.1- Terminais e oleodutos

    Os oleodutos so o meio de transporte preferencial tanto para atender o

    abastecimento das refinarias como para suprir a necessidade dos grandes

    centros consumidores de derivados. A rede de oleodutos da Transpetro est

    dividida em quatro Gerncias Regionais, responsveis tambm pelos terminais

    terrestres da Companhia e pelas estaes de bombeamento.

  • 68Gerncia Sul Inclui os terminais de Guaramirim, Itaja e Biguau e o

    Oleoduto Santa Catarina-Paran (Ospar) que abastece a Refinaria do Paran

    (Repar) e distribui produtos para os estados de Paran e Santa Catarina. Sob

    sua responsabilidade esto ainda os polidutos Araucria-Paranagu (Olapa);

    Paran-Santa Catarina (Opasc); Osrio-Canoas (Oscan); Refap-Copesul

    (Orsul) e Refap-Niteri (Ornit), alm da estao intermediria de Itarar.

    Gerncia So Paulo Abrange os terminais de Barueri, Cubato,

    Guararema, Guarulhos e So Caetano do Sul, e as estaes intermedirias de

    Guaratuba e Rio Pardo. Gerencia tambm os oleodutos So Sebastio-

    Guararema (Osvat); Barueri-Utinga (Obati); Paulnia-Barueri (Opasa); Santos-

    So Sebastio (Osbat); Guararema-Paulnia (Osplan); Santos-So Paulo

    (OSSP) Linha A; OSSP Linha B, OSSP Linha C, OSSP Linha Tronco, RC08,

    RCES e ramais de interligao com consumidores finais de grande porte ou

    companhias distribuidoras.

    Gerncia Centro-Oeste Compreende os terminais de Ribeiro Preto,

    Uberaba, Uberlndia, Senador Canedo e Braslia, e as estaes intermedirias

    de Pirassununga e Buriti Alegre. Alm deles, h o Oleoduto So Paulo-Braslia

    (Osbra), que atravessa o estado de So Paulo, indo at Ribeiro Preto,

    passando por Minas Gerais at Gois e Distrito Federal.

    Gerncia Norte/Nordeste/Sudeste Abrange o Oleoduto Rio Solimes

    (Orsol); Gasoduto Rio Solimes (Garsol); Oleoduto Pilar-Macei (Opmac);

    Oleoduto Recncavo-Sul da Bahia (Orsub); Oleoduto Cabinas-Barra do

    Furado (Ocab); Oleoduto Rio de Janeiro-Belo Horizonte (Orbel I, Orbel II);

    Oleoduto Rio-Baa de Ilha Grande (Orbig); Oleoduto So Paulo-Rio de Janeiro

    (Osrio); Oleoduto Japeri-Volta Redonda (Osvol); Oleoduto Cabinas-Duque de

    Caxias (Osduc I, Osduc II); QAV duto. Sob sua responsabilidade esto os

    terminais de Cabinas, Campos Elseos, Itabuna, Jequi, Volta Redonda e as

    estaes intermedirias de Tapinho, Mantiqueira, Ipia. A malha dutoviria

    dessa Regional tem papel importante no estado do Rio de Janeiro, por fazer o

    transporte da Refinaria Duque de Caxias (Reduc) ao Terminal Aquavirio de

    Ilha D'gua, na Baa de Guanabara, alm dos 15 dutos aos seus dois peres.

  • 69Estaes de bombamento

    A Transpetro possui oito estaes de bombeamento situadas ao longo

    dos oleodutos da Companhia. Como as distncias entre os pontos de entrada e

    de entrega dos produtos so longas e, em alguns casos, os dutos passam por

    regies de grande inclinao, as estaes de bombeamento ajudam a dar mais

    potncia, empurrando os produtos at o seu destino. Buriti; Alegre; Guratuba

    Ipia; Itarar; Mantiqueira; Pirassununga; Rio Pardo; Tapinho

    4.2.2- Gs natural

    O transporte do gs natural, que move usinas termeltricas, indstrias e

    automveis, tambm atividade da Transpetro. Cerca de 75% de todo o gs

    natural movimentado e consumido diariamente no Brasil passa pelos

    gasodutos operados pela Companhia, numa malha de 4 mil km. So em torno

    de 50 milhes de metros cbicos que chegam todos os dias s distribuidoras

    para abastecer mais de 1 milho de residncias, 17 mil pontos comerciais, mil

    indstrias, mais de mil postos de gs natural veicular e 12 termeltricas.

    Com as novas perspectivas do uso do combustvel, a Transpetro traou

    metas especficas em seu Plano Estratgico 2015, em conformidade com o

    Sistema Petrobras. At 2010, quando a produo atingir 75 milhes de m/dia,

    o gs natural responder por 12% da matriz energtica do Pas.

    Esto previstos grandes investimentos para atender o plano do Governo

    Federal de aumentar a participao do gs natural na matriz energtica

    nacional. A expectativa de que o fornecimento de gs natural chegue aos 134

    milhes de m/dia at 2012, sendo 114 milhes m3 movimentados pelos

    gasodutos da Transpetro.

    http://www.transpetro.com.br/TranspetroSite/appmanager/transpPortal/transpInternet?_nfpb=true&_windowLabel=barraMenu_3&_nffvid=%2FTranspetroSite%2Fportlets%2FbarraMenu%2FbarraMenu.faces&_pageLabel=pagina_base##http://www.transpetro.com.br/TranspetroSite/appm