UNIVERSIDADE CNDIDO MENDES
PS GRADUAO LATO SENSU
INSTITUTO A VEZ DO MESTRE
TRANSPORTE MARTIMO DE PETRLEO E DERIVADOS
Constituintes do transporte martimo de petrleo e derivados uma
abordagem acerca dos riscos do derramamento de petrleo
Por: Srgio de Lima Maya
Orientador
Prof. Luis Cludio Lopes Alves D.Sc.
Rio de Janeiro 2010
2UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PS-GRADUAO LATO SENSU
INSTITUTO A VEZ DO MESTRE
TRANSPORTE MARTIMO DE PETRLEO E DERIVADOS
Constituintes do transporte martimo de petrleo e derivados uma
abordagem acerca dos riscos do derramamento de petrleo
Apresentao de monografia Universidade
Cndido Mendes como requisito parcial para
obteno do grau de especialista em Engenharia de
Produo.
Por: Srgio de Lima Maya
3
AGRADECIMENTOS
....aos amigos, parentes, professores e
colegas do Curso de Engenharia de
Produo.
4
DEDICATRIA
Ao meu pai Cbele, minha me
Adezuita, minha filha Gabriela, minha
esposa Maria Rita e, principalmente, a
Deus.
5
RESUMO
Este trabalho apresenta uma sntese dos elementos constitutivos do
modal martimo no transporte de petrleo e derivados e finaliza com uma
descrio dos riscos do derramamento de petrleo.
6
METODOLOGIA
A metodologia utilizada neste trabalho constituiu-se da pesquisa
bibliogrfica sobre assuntos concernentes ao Transporte Martimo de Petrleo
e Derivados, sobre a legislao ambiental, alm do estudo do modelo de
desenvolvimento do Transporte Martimo de Petrleo e Derivados aplicado pela
Transpetro.
Quanto abordagem do problema, qualitativa, pois, seu contedo vem
diretamente de dados pesquisados, no contendo dados quantitativos como
nmeros estatsticos. Do ponto de vista dos seus objetivos, a pesquisa pode
ser considerada exploratria, pois, prope um conhecimento mais profundo do
problema, o tornado explcito e causando interesse em solucion-lo.
J quanto aos procedimentos tcnicos, a pesquisa bibliogrfica, pois,
foi elaborada utilizando-se livros, artigo publicado e sites de rgos
relacionados transporte martimos.
7
SUMRIO
INTRODUO 10
CAPTULO I - TRANSPORTES MARTIMOS 15
CAPTULO II - TRANSPORTE MARTIMO DE PETRLEO E DERIVADOS 38
CAPTULO III - NAVIOS PETROLEIROS 51
CAPTULO IV - A TRANSPETRO 66
CAPTULO V - RISCOS DO TRANSPORTE MARTIMO 84
CONCLUSO 95
REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS 96
8
LISTA DE FIGURAS
Figura 1 Cadeia Logstica da Indstria do Petrleo 15
Figura 2 Percentual de participao dos modais no transporte de petrleo e
derivados no Brasil (1995 e 2000) e EUA (1995). 16
Figura 3 Navio frigorfico Alberto Cocozza 20
Figura 4 Porta Continer (Box ships) 21
Figura 5 Navios Ro/ro (roll-on/roll-off) 22
Figura 6 Navio de carga Botafogo 22
Figura 7 Navio petroleiro - ao petroleiro Jahre Viking (ex-Seawise Giant) 24
Figura 8 - Navio tanque especializado em transporte de gases liquefeitos
GUARUJ 24
Figura 9 Navio qumico 26
Figura 10 Rtulos de segurana. 30
Figura 11 Identificao do produto 35
Figura 12 Hidrocarbonetos 39
Figura 13 Reservatrios. A) Gs associado; B) Gs no-associado. 48
Figura 14 - Praa de Mquinas do NT CANDIOTA 62
Figura 15 Vista frontal do motor 63
Figura 16 Vista do cabeote do motor 64
Figura 17 Eixo de cames 64
Figura 18 Evoluo histrica da frota mundial de petroleiros 65
Figura 19 Organograma da TRANSPETRO 81
Figura 20 Principais rotas de importao de petrleo 83
9
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 Normas Internacionais para Transporte de Cargas Perigosas 29
Tabela 2 Nmeros de risco 32
Tabela 3 Risco de petrleo 37
Tabela 4 Propriedades fsicas de alguns gases liquefeitos 42
Tabela 5 Propriedades qumicas 43
Tabela 6 Classificao dos Navios de leo Cru Quanto ao Porte 53
10
INTRODUO
Transporte o conjunto de meios que permitem o deslocamento fsico
de pessoas e bens de um local de origem para outro de destino. No transporte
de cargas, o deslocamento de pesos limitado pelo volume disponvel, ou seja:
em uma caixa de um metro cbico que sustente - em teoria - qualquer peso,
possvel transportar uma tonelada de gua, pois tal peso corresponde a um
metro cbico. Entretanto, no se pode transportar, naquela caixa, uma tonelada
de algodo, j que o peso dessa mercadoria necessitaria de muitas caixas de
um metro cbico cada para ser transportada.
A importncia do transporte, todavia, transcende sua capacidade de
movimentar pesos e volumes. Hoje, o transporte um fator preponderante para
a integrao entre as naes do mundo globalizado.
A evoluo do transporte se deu em duas frentes: a evoluo da
capacidade transportada e a evoluo da trao utilizada. Essas duas frentes,
entretanto, desenvolveram-se de forma integrada, acompanhando o
desenvolvimento tecnolgico.
As primeiras cargas foram transportadas pela mo do homem. A
capacidade era ditada pela fora das mos humanas e a distncia que o
homem era capaz de andar suportando o peso transportado. Os homens mais
fortes podiam percorrer maiores distncias carregando, sozinhos, maiores
pesos. Artefatos artesanais como, por exemplo, os cestos, foram formas
primitivas de unitizao de cargas, otimizando a capacidade humana de
11transporte. Unidos, em pares ou quadrilhas, carregavam nos ombros estrados
capazes de transportar mais carga do que o permitido nos cestos. Assim
surgiu o transporte de cargas, com trao humana e limitada capacidade de
mover cargas.
medida que a humanidade evolua, o transporte acompanhava tal
evoluo. Ao domesticar animais, fossem esses cavalos, burros, camelos ou
elefantes, o homem passou a contar com a trao animal, que permitia a
movimentao de pesos e volumes maiores em distncias mais longas. Esse
passo evolutivo marcou o incio da real importncia do transporte no
comrcio, pois favoreceu bastante o escambo de produtos produzidos em
regies distantes uma da outra.
A inveno da roda foi um marco na evoluo do transporte: o
aparecimento de carroas permitiu o aumento da capacidade de transporte
seja por trao humana ou animal. At hoje, nas regies menos
desenvolvidas do mundo, esse primitivo meio de transporte persiste,
representado por carros de boi, carroas puxadas por muares ou eqinos, ou
pelos singelos "burrinhos sem rabo". Durante sculos a trao animal foi a
matriz do transporte terrestre. As primeiras carroas evoluram, foram
aperfeioadas e modificadas, permitindo o transporte de cargas maiores a
velocidades tambm maiores.
Ao mesmo tempo em que o transporte terrestre evolua, a necessidade
de transpor obstculos geogrficos levava o homem a criar novos meios de
transporte. Para atravessar rios, lagos e at mesmo mares, o homem passou
a utilizar troncos, os quais, amarrados, originaram as balsas, um arranjo
12primitivo bastante similar s jangadas at hoje usadas no litoral do Nordeste
brasileiro. Tal amarrao poderia ser considerada o marco inicial da
construo naval. O desenvolvimento tecnolgico permitiu a construo de
canoas e outras embarcaes rudimentares maiores, utilizando a fora, nos
remos (trao humana), ou o vento, nas velas (trao elica). A prpria
evoluo no formato das velas, de retangulares a triangulares, permitiu que
os navios no mais dependessem somente do vento de popa para navegar.
Com tais traes, o homem logrou transportar cargas - algumas at ento
desconhecidas dos distantes destinatrios - entre pases e, at, entre
continentes.
A revoluo industrial, no sculo XVIII, trouxe um novo panorama aos
transportes. A mquina a vapor revolucionou a propulso (trao) no
transporte martimo e permitiu o surgimento de um novo modal no transporte
terrestre: o ferrovirio. A substituio da madeira por ferro - e por ao, no final
do sculo XIX - na construo de embarcaes permitiu constru-Ias maiores.
O custo de transporte sofreu considervel reduo nesse perodo e a
velocidade dos servios cresceu sobremaneira. O transporte passou a
experimentar, desde ento, um ritmo evolutivo frentico.
No final do sculo XIX, ocorreu outra revoluo de peso: o surgimento
da indstria automobilstica e a inveno do caminho trouxeram maior
velocidade e flexibilidade ao transporte terrestre. Os trens, trafegando a baixa
velocidade dentro das rotas limitadas pela existncia de trilhos, passaram a
conviver com os velozes caminhes, capazes de ir onde houvesse uma
simples estrada de terra. Naquele momento, o transporte terrestre deixava de
13depender dos pesados investimentos em construes de ferrovias para
crescer.
Finalmente, no incio do sculo XX, a Era do Petrleo permitiu maior
velocidade s embarcaes, que passaram a queimar leo em vez de carvo.
Mais que isso, surgiu o transporte areo, utilizando aquelas maravilhosas
mquinas voadoras que j haviam mostrado seu valor blico na Primeira
Guerra Mundial. A utilizao de avies no transporte de cargas trouxe uma
nova realidade: a rapidez sobreps-se ao custo x beneficio o que solucionou
certos problemas seculares, como o transporte de cargas perecveis.
Em resumo, a evoluo do transporte pode ser vista sob dois prismas:
Pela trao: a evoluo se deu desde a humana, passando pela
trao animal, pela elica, pela mecnica a vapor, pela mecnica a
leo e pela eletro-mecnica, chegando, hoje, a contar com a
eletrnica e com a energia nuclear (esta atualmente restrita a
embarcaes militares).
Pela capacidade transportada: o aperfeioamento dos modais
terrestres, o surgimento dos modais ferrovirio e rodovirio e a
evoluo dos modais aquavirios permitiram o crescimento da
carga transportada por um nico veculo, diminuindo, assim, os
custos de transporte. Por outro lado, o ltimo passo evolutivo - o
modal areo - relegou a capacidade e o custo de transporte em
favor da velocidade.
Esse processo evolutivo foi tanto o embrio como o corpo do que hoje
chamada de logstica de transporte. A variedade de modais desenvolvidos
14para transporte terrestre, aquavirio e areo permitiram ao homem escolher
qual utilizar, de acordo com suas necessidades no trinmio do transporte, o
qual seja, qualidade custo e tempo.
Esta considerao introdutria nos conduz a reunio de informaes
para o conhecimento das nuances que compem o transporte martimo de
petrleo e derivados, dos quais, do ponto de vista da logstica, se aplicam os
mesmos conceitos relativos a uma carga que, partindo de um ponto de
origem, necessita chegar a seu destino no prazo estipulado e com
observncia do melhor custo-benefcio e satisfao, minimizando os riscos
para o cliente.
15
CAPTULO I
TRANSPORTES MARTIMOS
1.1- A estrutura do transporte de hidrocarbonetos
Segundo Oliveira (1993), o transporte de hidrocarbonetos no pas
vincula-se a trs funes: o escoamento da produo dos campos de
explorao para instalaes de armazenamento e de processamento, a
importao e exportao de petrleo bruto e derivados e a distribuio dos
produtos processados. Para que tais objetivos sejam atendidos torna-se
imprescindvel a combinao de meios de transporte e instalaes. Tem-se,
ento, a integrao de dutos, terminais e navios petroleiros e, de forma
complementar os transportes ferrovirio e rodovirio.
Figura 1 Cadeia Logstica da Indstria do Petrleo
Cada modal, com suas caractersticas prprias, atende da melhor
maneira interesses distintos. Por exemplo, para pequenas distncias o
16
14,8
34
55,2
45,845
35,5
23,4
11
3
16
106,3
0
10
20
30
40
50
60
%
Dutovirio Aquavirio Ferrovirio Rodovirio
modal
Brasil 1995
Brasil 2000
EUA 1995
transporte rodovirio imbatvel. Da mesma forma, o modal ferrovirio mostra-
se o mais adequado em distncias mdias e o navio o mais indicado para o
transporte a longas distncias (Trade and Transport, 2001).
Tratando-se especificamente do transporte de petrleo e derivados, o
percentual de participao dos modais nos anos de 1995 e 2000 no Brasil e no
ano de 1995 nos EUA pode ser verificado na Figura 2 (Portos e Navios, 2001).
Figura 2 Percentual de participao dos modais no transporte de petrleo e
derivados no Brasil (1995 e 2000) e EUA (1995).
Fonte: Portos e Navios (2001).
Diferentemente da tendncia de transporte de cargas nos EUA,
conforme observado na figura acima, o modal com menor participao no
transporte de petrleo e derivados no Brasil o rodovirio seguido pelos
modais ferrovirio, dutovirio e aquavirio, sendo este ltimo o de maior
participao visto a grande produo de petrleo no pas estar concentrada na
explorao offshore. Como exemplo da grande importncia do modal
aquavirio no transporte de hidrocarbonetos no Brasil podemos citar a Bacia de
Campos que, em 2002, foi responsvel por 82,5% (438.292 mil barris) da
produo nacional de petrleo (ANP, 2003) e tem 80% de sua produo total
escoada por navios e o restante (20%) via dutos (Brasil Energia, 2002).
17Referindo-se ainda ao mesmo grfico, observa-se um aumento na
participao dos dutos, que em 1995 respondiam por 14,8% da movimentao
de petrleo e derivados passando a 34% em 2000. Inversamente tendncia
de crescimento do referido modal, houve uma reduo na utilizao dos
transportes ferrovirio e rodovirio.
1.2- Elementos componentes do transporte martimo (shipping)
A principal vantagem do modal martimo a sua capacidade individual -
maior que qualquer outro modal - de transportar, em grandes quantidades,
quaisquer cargas, slidas ou liquidas, sejam essas embaladas, a granel, o que
proporciona elevada economia de escala quando so cobertas grandes
distncias. Isso se deve ao fato da indstria naval ter desenvolvido navios
especializados para o transporte de cada tipo de carga, otimizando sua
operao na cadeia logstica. Alm disso, o modal apresenta alta eficincia
energtica.
Considerando-se as frotas dos diversos tipos de navios cargueiros,
pode-se dizer que o modal apresenta no somente inigualvel capacidade
individual de transporte, mas tambm, no agregado de suas diversas frotas; a
maior capacidade total entre todos os modais existentes.
Existem, tambm, as desvantagens. A utilizao do modal martimo
pressupe a existncia (ou a construo) de dispendiosos portos e/ou terminais
especializados. Outra desvantagem, essa existente no transporte de carga
geral e embalada, mas irrelevante na movimentao de granis lquidos, a
lentido do servio e sua submisso a um grande nmero de manuseios, o que
eleva o risco de perdas, avarias e contaminao da carga.
O perfil da indstria do petrleo, na qual as fontes de petrleo esto
geralmente muito distantes dos centros de consumo, muitas vezes em outro
continente, restringe a possibilidade de transporte utilizao de dois modais
capazes de interligar continentes: martimo e areo. Os grandes volumes
18movimentados, o valor agregado relativamente baixo do leo e a utilizao de
aeronaves capazes de transport-lo a granel quase que exclusivamente por
foras armadas, por sua vez, obrigam, por necessidade e economicidade, o
uso comercial de um nico modal: o martimo.
Os navios cargueiros podem ser classificados de diversas maneiras:
Classificao quanto Disponibilidade
Chamadas regulares (liners) - so rotas preestabelecidas e atendidas
com regularidade por navios de um armador ou grupo de armadores
(pool). Os servios regulares so atendidos tanto por conferncias de
fretes como por outsiders (navios de armadores sem vnculos com as
conferncias).
Conferncia de Frete a associao privada de armadores com
interesses e direitos comuns, que operam no mesmo trfego, em
transporte regular e de programao conhecida pelo mercado,
obedecendo a tarifas de fretes e regras operativas preestabelecidas.
Rotas irregulares (tramps) - denominao aplicvel aos navios que
operam fora de rotas regulares, buscando cargas de oportunidade.
No transporte de granis comum a predominncia de navios
tramps.
Afretamento - o afretamento de uma embarcao recomendado
quando a quantidade de carga a ser transportada suficiente para
ocup-la totalmente ou em grande parte.
Classificao quanto Rota
(De acordo com a Lei 9.432, de 8 de janeiro de 1997)
19 Navegao de Longo Curso a navegao entre portos
brasileiros e estrangeiros.
Navegao de Cabotagem a navegao entre portos ou
pontos do territrio brasileiro, utilizando a via martima ou esta e
as vias navegveis interiores.
Navegao lnterior a navegao realizada em hidrovias
interiores, em percurso nacional ou internacional.
Navegao de Apoio Porturio a navegao realizada
exclusivamente nos portos e terminais aquavirios, para
atendimento a embarcaes e instalaes porturias.
Navegao de Apoio Martimo a navegao realizada para o
apoio logstico a embarcaes e instalaes em guas territoriais
nacionais e na Zona Econmica Exclusiva1, que atuem nas
atividades de pesquisa e lavra de minerais e hidrocarbonetos.
A classificao acima comum maioria dos pases e vale lembrar que
a cabotagem ocorre apenas entre portos e/ou pontos de um mesmo pas,
jamais atingindo pontos de outra nao mesmo no caso de blocos comerciais,
reas de livre comrcio ou unies aduaneiras. No caso dos Estados Unidos,
ocorre o caso singular onde a cabotagem passa por guas de outro pas
(Canad), quando do transporte de ou para o Alasca.
Classificao quanto Quantidade de Embarcaes Utilizadas
Linhas Diretas aquelas onde a carga embarcada em um navio no
porto de origem e s descarregada no porto de destino final,
1 A zona econmica exclusiva brasileira compreende uma faixa que se estende das doze s duzentas milhas martimas, contadas a partir das de base que servem para medir a largura do mar territorial (Lei 8.617/1993).
20conforme estabelecido no Bill of Lading (conhecimento de embarque
martimo).
Transbordos A carga sofre transferncia de um navio para outro
antes da descarga no porto de destino final. Em se tratando de
granis lquidos, os riscos de contaminao, perdas e avarias
aumentam de acordo com a quantidade de transbordos e manuseios.
Classificao quanto Carga Transportada
Carga Geral adequada ao transporte de cargas embaladas e soltas
(sacas, caixas e tambores). Com o advento dos containeres eles tm
se tornado obsoletos, apesar de ainda serem usados em certas rotas
regulares.
Frigorificados (Reefer ships) - navios com pores frigorficos, capa-
zes de transportar cargas perecveis (carnes, frutas frescas etc.) e
outras cargas sujeitas a controle de temperatura mediante a maiores
distncias, figura 3.
Figura 3 Navio frigorfico Alberto Cocozza.
21 Porta Continer (Box ships) - navios de alta velocidade que tm po-
res dispostos em clulas apropriadas ao armazenamento de
continer (slots), que so estivados por meio de guias verticais. So
operados pelo sistema lift-on/lift-of (lo/lo), usando-se equipamentos
de bordo (geared ships) ou de terra, se no os possurem (gearless
ships). So os navios mais modernos e versteis ora existentes, pois
h contineres especializados para acondicionamento dos mais
diversos tipos de carga e somente limitados pelo seu prprio
tamanho. A localizao de cada continer nos pores ou no convs
da embarcao dada por trs coordenadas: bay (poro); row
(coluna); e tier (camada), figura 4.
Figura 4 Porta Continer (Box ships)
Ro/ro (roll-on/roll-off) - navios para o transporte de veculos
automotores, carretas e trailers, que so carregados e descarregados
por meios prprios, atravs da rampa do navio. Possuem rampas
e/ou elevadores ligando os diversos conveses, figura 5.
22
Figura 5 Navios Ro/ro (roll-on/roll-off)
Navios graneleiros (granel slido)
So navios simples, figura 6, com pores de formas abauladas e sem
divises, baixa velocidade e consumo menor que os Portas-continer. So
utilizados para o transporte de cargas a granel, como gros, minrios, carvo,
fertilizantes, coque de petrleo etc.
Figura 6 Navio de carga Botafogo
23Navios-tanque (granel lquido)
So navios projetados para o transporte de cargas liquidas a granel, de
acordo com as normas internacionais de segurana. A carga bombeada de
terra para dentro dos tanques do navio atravs de mangotes no carregamento
e bombeada, pelo navio, em sentido inverso, na descarga. Os navios-tanque2
podem ser:
Petroleiros3 - navios para o transporte de leo cru e seus derivados.
Dependendo da carga a ser transportada, podem ter seus tanques
revestidos com materiais especiais (epxi, silicato de zinco etc.) e
sistemas de aquecimento (serpentinas ou trocadores de calor). Os
navios petroleiros, com cerca de 48 por cento do porte da frota
mundial, constituem o maior segmento do mercado e aquele em que
se encontram os maiores navios em existncia, do tipo ULCC (ultra
large crude carrier). O ttulo de maior navio do mundo pertence
desde 1976 ao petroleiro Jahre Viking (ex-Seawise Giant) com
564.739 dwt, retratado na Figura X. Antes dos choques petrolferos
dos anos 70 chegaram a ser projetados petroleiros com 1 milho de
toneladas de porte que nunca chegaram a ser construdos, figura 7.
2 A NORMAM 01/2000 da DOC considera como embarcao-tanque aquela construda ou adaptada para o transporte a granel de cargas liquidas de natureza inflamvel. Os demais navios que transportam granis lquidos so considerados navios de carga. 3 A Conveno MARPOL-73 da IMO e a NORMAM 01/2000 da DPC definem navio petroleiro como navio construdo ou adaptado principalmente para o transporte de leo a granel nos seus compartimentos de carga ou navio tanque qumico, quando estiver transportando uma carga total ou parcial de leo a granel.
24
Figura 7 Navio petroleiro - ao petroleiro Jahre Viking (ex-Seawise Giant)
Gaseiros - navios capazes de transportar gases em seu estado
liquefeito, atravs de pressurizao, refrigerao ou pela combinao
de ambos os processos. Podem transportar GLP (gs liquefeito de
petrleo), figura 7, GNL (gs natural liquefeito) ou gases
petroqumicos (eteno, butadieno, propeno, amnia anidra etc.),
dependendo de suas caractersticas e capacidades.
Figura 8 - Navio tanque especializado em transporte de gases liquefeitos GUARUJ
25 Navios Qumicos4 - navios geralmente compostos de muitos tanques
de pequenas dimenses individuais so chamados de parcel-tankers.
Tal caracterstica permite o transporte de muitas cargas diferentes na
mesma viagem, otimizando o custo de transporte. Dadas s
caractersticas especiais dos produtos transportados, esses navios
so bastante sofisticados, podendo, por exemplo, ser equipados com
tanques de ao inoxidvel. Alguns navios qumicos, figura 8 so
apropriados, tambm, ao transporte de leos vegetais a granel. O
Chemical Carrier Code da IMO divide os produtos qumicos em trs
categorias, em funo do perigo que representam para o meio
ambiente, estipulando critrios de arranjo e proteo dos tanques
para os correspondentes tipos de navios:
Tipo I: substncias perigosas com efeitos graves para alm da
vizinhana imediata do navio (ex: fsforo bruto, cido
clorosulfnico).
Tipo II: substncias perigosas que no tm efeitos graves para
alm da vizinhana imediata do navio (ex: anilina, cloropreno)
Tipo III: substncias menos perigosas para o meio ambiente (ex:
cido sulfrico, isopreno).
Quanto ao porte bruto, raramente os navios qumicos excedem
5000 t.
4 A Conveno MARPOL-73 da IMO e a NORMAM 01/2000 da DOC definem navio tanque qumico como navio construdo ou adaptado principalmente para transportar substncias
26
Figura 9 Navio qumico
1.3- Cargas perigosas
Os produtos derivados de petrleo so por natureza, potencialmente
poluidores e perigosos, por que representarem srios riscos, independente do
modal que utilizado para transporte. O International Maritime Dangerous
Goods Code (IMDG 1965), da IMO (Organizao Martima Internacional),
define como carga perigosa, as cargas capazes de provocar acidentes,
danificar outras cargas ou os meios de transporte e gerar riscos s pessoas ou
ao meio ambiente devido sua natureza.
A seguir, a classificao das cargas perigosa, de acordo com a IMO:
Classe 1: Explosivos
As mercadorias mais perigosas que podem ser transportadas. Os
explosivos so divididos em seis subclasses:
nocivas liquidas a granel nos seus compartimentos de carga ou navio tanque, quando estiver transportando uma carga total ou parcial de substancia nocivas a granel.
27
Subclasse 1.1 Substncias e artefatos com risco de exploso em massa
Subclasse 1.2 Substncias e artefatos com risco de projeo
Subclasse 1.3 Substncias e artefatos com risco predominante de fogo
Subclasse 1.4 Substncias e artefatos que no apresentam risco
significativo
Subclasse 1.5 Substncias pouco sensveis
Subclasse 1.6 Substncias extremamente insensveis
Classe 2: Gases
Comprimidos, liquefeitos ou dissolvidos sob presso:
Subclasse 2.1 Gases Inflamveis
Subclasse 2.2 Gases no inflamveis, no txicos.
Subclasse 2.3 Gases txicos
Classe 3: Lquidos Inflamveis
Lquidos, misturas de lquidos ou lquidos contendo slidos em soluo
ou suspenso que desprendem vapores inflamveis em temperaturas inferiores
a 60 Celsius:
Lquidos com ponto de fulgor baixo: inferior a -18C;
Lquidos com ponto de fulgor mdio: entre -18C e 23C;
Lquidos com ponto de fulgor alto: entre 23C e 61C.
28Classe 4: Slidos Inflamveis
1. Slidos inflamveis (facilmente combustveis);
2. Substncias sujeitas combusto espontnea;
3. Substncias que, em contato com a gua, emitem gases inflamveis.
Subclasse 4.1 Slidos Inflamveis
Subclasse 4.2 Substncias Sujeitas Combusto Espontnea
Subclasse 4.3 Substncias que, em contato com a gua, emitem
Gases Inflamveis.
Classe 5 Substncias Oxidantes; Perxidos Orgnicos.
Subclasse 5.1 Substncias Oxidantes
Subclasse 5.2 Perxidos Orgnicos
Classe 6: Substncias Txicas; Substncias Infectantes
Subclasse 6.1 Substncias Txicas (venenosas)
Subclasse 6.2 Substncias Infectantes
Classe 7: Materiais Radioativos
Substncias que emitem radiao.5
5 No Brasil, o transporte de substncias radioativas dever ser executado de acordo comas normas da Comisso Nacional de Energia Nuclear (CNEN).
29Classe 8: Corrosivos
Substncias que, por ao qumica, causam danos quando em contato
com tecido vivo ou, quando derramadas, causam danos ao navio ou a outras
cargas.
Classe 9: Substncias Perigosas Diversas
Substncias e materiais perigosos que no se enquadrem nas classes
1 a 8.
O transporte de cargas perigosas deve sempre ser realizado de acordo
com as normas internacionais. A NORMAM6 01/2000 da Diretoria de Portos e
Costas define que "as embarcaes destinadas ao transporte de cargas
perigosas de vero cumprir os requisitos estabelecidos pelas normas
internacionais, considerando-se a aplicao de acordo com a data de
construo e o tipo de mercadoria a ser transportada, mesmo que no
efetuem viagens internacionais", conforme a tabela 1.
Tabela 1 Normas Internacionais para Transporte de Cargas Perigosas
Tipo de Carga Perigosa Norma Internacional
1. Embaladas Intemational Maritime Dangerous Goods Code (IMDG Code)
2. Cargas Slidas a Granel Cdigos de Prticas e Segurana relativas s Cargas Slidas a Granel (BC Code)
3. Produtos Qumicos Lquidos a Granel
Cdigo de Construo e Equipamento de Navios que Transportem Produtos Qumicos Perigosos a Granel (BCH Code)
Cdigo Internacional para Construo e Equipamento de Navios que Transportem Produtos Qumicos a Granel (IBC Code)
6 Norma da Autoridade Martima, emitida pela Diretoria de Portos e Costas (DPC) da Marinha do Brasil.
304. Gases Liquefeitos a Granel Cdigo Internacional para Construo e
Equipamento de Navios que Transportem Gases Liquefeitos a Granel (IGC Code)
Cdigo para Construo e Equipamento de Navios que Transportem Gases Liquefeitos a Granel (Gas Carrier Code)
Cdigo para Navios Existentes que Transportem Gases Liquefeitos a Granel (Existing Ships Code)
Fonte: NORMAM 01/2000.
1.3.1- Rtulos de Riscos
De acordo com a portaria n 204/97 do Ministrio do Transporte e a NBR
7500 da ABNT, revisada, em maro de 2000 os rtulos de riscos devem
conter em sua parte inferior, os nmeros das classes as quais as substncias
pertencem, figura 10.
Figura 10 Rtulos de segurana.
311.3.2- Nmeros de riscos
Os nmeros que indicam o tipo e a intensidade do risco, so formados
por dois ou trs algarismos. A importncia do risco registrada da esquerda
para a direita.Os algarismos que compem os nmeros de risco tm o seguinte
significado:
2 Emisso de gs devido a presso ou a reao qumica;
3 Inflamabilidade de lquidos (vapores) e gases, ou lquido sujeito a
auto-aquecimento
4 Inflamabilidade de slidos, ou slidos sujeitos a auto-
aquecimento;
5 Efeito oxidante (favorece incndio);
6 Toxicidade;
7 Radioatividade;
8 Corrosividade;
9 Risco de violenta reao espontnea.
A letra "X" antes dos algarismos significa que a substncia reage
perigosamente com gua.
A repetio de um nmero indica, em geral, aumento da itensidade
daquele risco especfico.
Quando o risco associado a uma substncia puder ser adequadamente
indicado por um nico nmero, este ser seguido por zero (0).
As combinaes de nmeros a seguir tm significado especial: 22, 323, 333,
362, X362, 382, X382, 423, 44, 462, 482, 539 e 90, tabela 2.
32Tabela 2 Nmeros de risco
20 Gs inerte
22 Gs refrigerado
223 Gs inflamvel refrigerado
225 Gs oxidante (favorece incndios), refrigerado
23 Gs inflamvel
236 Gs inflamvel, txico
239 Gs inflamvel, sujeito a violenta reao espontnea
25 Gs oxidante (favorece incndios)
26 Gs txico
265 Gs txico, oxidante (favorece incndios)
266 Gs muito txico
268 Gs txico, corrosivo
286 Gs corrosivo, txico
30 Lquido inflamvel (PFg entre 23C e 60,5C), ou lquido sujeito a auto-aquecimento
323 Lquido inflamvel, que reage com gua, desprendendo gases inflamveis
X323 Lquido inflamvel, que reage perigosamente com gua, desprendendo gases inflamveis (*)
33 Lquido muito inflamvel (PFg < 23C )
333 Lquido pirofrico
X333 Lquido pirofrico, que reage perigosamente com gua (*)
336 Lquido muito inflamvel, txico
338 Lquido muito inflamvel, corrosivo
X338 Lquido muito inflamvel, corrosivo, que reage perigosamente com gua (*)
339 Lquido muito inflamvel, sujeito a violenta reao espontnea
36 Lquido sujeito a auto-aquecimento, txico
33
362 Lquido inflamvel, txico, que reage com gua, desprendendo gases inflamveis
X362 Lquido inflamvel, txico, que reage perigosamente com gua, desprendendo gases inflamveis (*)
38 Lquido sujeito a auto-aquecimento, corrosivo
382 Lquido inflamvel, corrosivo, que reage com gua, desprendendo gases inflamveis
X382 Lquido inflamvel, corrosivo, que reage perigosamente com gua, desprendendo gases inflamveis(*)
39 Lquido inflamvel, sujeito a violenta reao espontnea
40 Slido inflamvel, ou slido sujeito a auto-aquecimento
423 Slido que reage com gua, desprendendo gases inflamveis
X423 Slido inflamvel, que reage perigosamente com gua, desprendendo gases inflamveis (*)
44 Slido inflamvel, que a uma temperatura elevada se encontra em estado fundido
446 Slido inflamvel, txico, que a uma temperatura elevada se encontra em estado fundido
46 Slido inflamvel, ou slido sujeito a auto-aquecimento, txico
462 Slido txico, que reage com gua, desprendendo gases inflamveis
48 Slido inflamvel, ou slido sujeito a auto-aquecimento, corrosivo
482 Slido corrosivo, que reage com gua, desprendendo gases inflamveis
50 Produto oxidante (favorece incndios)
539 Perxido orgnico, inflamvel
55 Produto muito oxidante (favorece incndios)
556 Produto muito oxidante (favorece incndios), txico
558 Produto muito oxidante (favorece incndios), corrosivo
559 Produto muito oxidante (favorece incndios), sujeito a violenta reao espontnea
56 Produto oxidante (favorece incndios), txico
34
568 Produto oxidante (favorece incndios), txico, corrosivo
58 Produto oxidante (favorece incndios), corrosivo
59 Produto oxidante (favorece incndios), sujeito a violenta reao espontnea
60 Produto txico ou nocivo
63 Produto txico ou nocivo, inflamvel (PFg entre 23C e 60,5C)
638 Produto txico ou nocivo, inflamvel (PFg entre 23C e 60,5C), corrosivo
639 Produto txico ou nocivo, inflamvel (PFg entre 23C e 60,5C), sujeito a violenta reao espontnea
66 Produto muito txico
663 Produto muito txico, inflamvel (PFg at 60,5C)
68 Produto txico ou nocivo, corrosivo
69 Produto txico ou nocivo, sujeito a violenta reao espontnea
70 Material radioativo
72 Gs radioativo
723 Gs radioativo, inflamvel
73 Lquido radioativo, inflamvel (PFg at 60,5C)
74 Slido radioativo, inflamvel
75 Material radioativo, oxidante
76 Material radioativo, txico
78 Material radioativo, corrosivo
80 Produto corrosivo
X80 Produto corrosivo, que reage perigosamente com gua(*)
83 Produto corrosivo, inflamvel (PFg entre 23C e 60,5C)
X83 Produto corrosivo, inflamvel (PFg entre 23C e 60,5C), que reage perigosamente com gua(*)
839 Produto corrosivo, inflamvel (PFg entre 23C e 60,5C), sujeito a violenta reao espontnea
35
X839 Produto corrosivo, inflamvel (PFg entre 23C e 60,5C), sujeito a violenta reao espontnea e que reage perigosamente com gua(*)
85 Produto corrosivo, oxidante (favorece incndios)
856 Produto corrosivo, oxidante (favorece incndios), txico
86 Produto corrosivo, txico
88 Produto muito corrosivo
X88 Produto muito corrosivo, que reage perigosamente com gua(*)
883 Produto muito corrosivo, inflamvel (PFg entre 23C e 60,5C)
885 Produto muito corrosivo, oxidante (favorece incndios)
886 Produto muito corrosivo, txico
X886 Produto muito corrosivo, txico, que reage perigosamente com gua(*)
89 Produto corrosivo, sujeito a violenta reao espontnea
90 Produtos perigosos diversos (*) No usar gua, exceto com a aprovao de um especialista
No caso do modal rodovirio, o produto identificado pelo nmero de
quatro algarismos (nmero da ONU), existente no painel de segurana (placa
laranja) afixada nas laterais, traseira e dianteira do veculo, figura 11.
Figura 11 Identificao do produto
36Independente do modal utilizado, a Ficha de Emergncia, caracterstica
do produto transportado tm a seguinte configurao:
1.3.3- Risco do petrleo incndios
No transporte e armazenamento de petrleo e derivados os riscos so
potenciais, principalmente quanto sua amplitude.
A observao rigorosa das normas de segurana estabelecidas de
fundamental importncia.
Nas instalaes a preveno contra incndios vital, no sendo
admitido fontes de ignio prximas a lquidos ou vapores inflamveis.
Uma observao de especial importncia diz respeito ao ponto de fulgor
dos produtos; este ponto corresponde a menor temperatura na qual um
combustvel despende vapores inflamveis que, em mistura com o ar, se
Rtulo de risco
Nmero de risco
9 Numero de risco
90 Nmero da ONU
3082
37inflamam na presena de uma fonte externa de calor, sem, contudo, manter a
chama.
A norma PNB -216, da ABNT (Associao Brasileira de Normas
Tcnicas), classifica os produtos de acordo com a tabela 3:
Tabela 3 Risco de petrleo
Classe Ponto de fulgor
(flash- point)
Produtos
I Abaixo de 37,8 C Gs liquefeito, gasolina para aviao, gasolina automotiva, solventes, etc.
II Igual ou superior a 37,8 C mas inferior a 60 C
Solventes, querosene, combustveis para turbinas de aviao, leos para vaporizao, etc.
III Igual ou superior a 60 C leo diesel, leo combustvel, leo lubrificante, etc
Quanto mais baixo for o ponto de fulgor, maior o risco de incndio, razo
pela qual so mais rigorosas as precaues prescritas para os produtos das
classes I e II.
38
CAPTULO II
TRANSPORTE MARTIMO DE PETRLEO E
DERIVADOS
2.1- As cargas de petrleo e derivados
2.1.1- Petrleo
As cargas de petrleo dividem-se em: leos crus sem aquecimento; leo
cru com aquecimento; e condensados. Os petrleos mais viscosos requerem
aquecimento para evitar sedimentao e mant-los bombeveis. Portanto, para
ser transportados, esses leos requerem navios equipados com serpentinas de
aquecimento ou trocadores de calor.
Derivados Escuros de Petrleo
So as cargas derivadas do leo cru que, aps serem estocadas e%ou
transportadas em tanques, deixam borras dou sedimentos nas paredes e no
fundo desses. Por isso, em ingls so chamados de produtos sujos de petrleo
(dirty petroleum products). So resduos de operaes de refino, tais como
leos combustveis, gasleo de vcuo, resduos atmosfricos, SRFO - Straight
Run Fuel Oil e asfaltos. Necessitam, geralmente, de aquecimento para ser
transportados em navios-tanque. So produtos cuja densidade equivale ou
excede a do leo cru.
Derivados Claros de Petrleo
So os destilados mdios e leves do petrleo, como a nafta, o diesel,
querosenes, gasolinas e solventes, que no deixam borras ou sedimentos nos
tanques em que so estocados e/ou transportados. Tambm se inclui nessa
39categoria a gasolina natural7. Em ingls, so tratados como produtos limpos de
petrleo (clean petroleum products) e devem ser estocados e/ou transportados
em tanques revestidos (p.ex. com epxi, silicato de zinco, ao inoxidvel) para
evitar contaminao do produto e desgaste do ao. Alguns usurios requerem
que o querosene de aviao no seja transportado em contato com alumnio,
cobre ou ligas de cobre.
Gs Liquefeito de Petrleo
conhecido por milhes de brasileiros como o famoso gs de cozinha.
Seu uso, no entanto, est longe de se restringir ao mbito residencial.
Encontramos o G.L.P, hoje nos mais diversos setores de produo e servios,
de padarias a industrias automotivas, passando por hotis e grandes fazendas,
por exemplo. O G.L.P. a mistura de dois Hidrocarbonetos existentes no
petrleo: o propano e o butano, figura 12.
Figura 12 Hidrocarbonetos
O refino do petrleo resulta em uma seqncia de produtos derivados.
Entre eles esto, em ordem: leos combustveis, gasolina, querosene, diesel,
nafta e finalmente o G.L.P. Ele o derivado mais leve e puro.
Nas condies normais de temperatura e presso (CNTP) o G.L.P est
em estado gasoso. Quando submetido a presses relativamente baixas ou
7 Jet Fuel. Combustvel para turbina de avies e helicpteros.
40quando resfriado, ele assume o estado lquido (forma de engarrafamento). Em
contato com o ar, ele volta ao estado gasoso (forma de uso).
Os gases Propano e Butano so inodoros. Porm, uma substncia
orgnica (etil mercapta) adicionada sua frmula para produzir odor. Assim
possvel sua deteco em caso de vazamento.
O G.L. P um combustvel de alto poder calorfico. Poder calorfico a
quantidade de calor que um determinado corpo desprende por unidade de
massa (Kcal / kg).
Vantagens de uso:
O G.L.P uma fonte de energia com excelentes atrativos econmicos:
Por seu fcil manuseio, transporte e armazenagem, o G.L.P reduz
custos operacionais;
Com combusto limpa e controlada, o G.L.P proporciona maior
qualidade ao produto final e maior durabilidade dos equipamentos
industriais;
Amplitude mercadolgica. Por ser abundante, o G.L.P vem sendo
consumido em vrios pases ao redor do mundo, residencial e
industrialmente.
O Brasil representa o quinto maior mercado de G.L.P do mundo. Os
quatro primeiros so, em ordem: EUA, Japo, Mxico e China.
O consumo de Gs LP no Brasil aumentou consideravelmente nas
ltimas dcadas. Passando de 7,184 milhes de m3, em 1986, para 12, 676
milhes de m3, em 2001. Em 1986, as residncias e estabelecimentos
comerciais correspondiam a 95% do consumo final, restando 4% para o setor
industrial e 1% para agro negcios /outros.8
8 Fonte: Boletim analtico de consumo da revista Gs Brasil www.gasbrasil.com.br.
http://www.gasbrasil.com.br/
41Em 2001, as residncias e estabelecimentos comerciais representaram
85% do consumo final, as indstrias elevaram seu consumo para 10% do total
final, sobrando 5% para agro negcios / outros.9
2.1.2- Propriedades fsicas do G.L. P.
Em termos gerais, um gs liquefeito a forma, liquida de uma
substancia que seria um gs em temperatura ambiente normal e na presso
atmosfrica. A propriedade mais simples de um gs liquefeito em relao ao
seu manuseio comercial a sua presso de vapor saturado, que aquela
presso absoluta exercida quando o liquido est em equilbrio com seu prprio
vapor numa dada temperatura. Por esta razo, uma definio mais especifica
de gs liquefeito relaciona presso de vapor temperatura, o que levou a IMO
a ter adotado uma definio de "LQUIDOS TENDO UMA PRESSO DE
VAPOR EXCEDENDO A 2.8 BAR ABSULUTOS NA TEMPERATURA DE
37.8C". Uma maneira alternativa de relacionar a presso de vapor
temperatura, no caso de um gs liquefeito particular, citar a temperatura na
qual a presso de vapor igual presso atmosfrica (seu ponto de ebulio
atmosfrico).
Na tabela 4, os gases liquefeitos comuns so comparados em termos de
presso de vapor a 37.8C e ponto de ebulio atmosfrico de cada um deles.
9 Fonte: Boletim analtico de consumo da revista Gs Brasil www.gasbrasil.com.br.
http://www.gasbrasil.com.br/
42Tabela 4 Propriedades fsicas de alguns gases liquefeitos
GS LIQUEFEITO PRESSO DE VAPOR A 37.8C
PTO DE EBULIO NA PRESSO ATM (OC)
Propane-C3H8 12.9 bars abs. - 43
n-Butane-C4H10 3.6 bars abs. - 0,5
Ammonia-NH3 14.7 bars abs. - 33
Vinyl Chloride-C2H3CL 5.7 bars abs. - 14
Butadiene-C4H6 4.0 bars abs. - 5
Ethylene Oxide-C2H40 2.7 bars abs. + 10.7
Methane-CH4 Gs * -161
* A temperatura crtica do Methane 82.5C, enquanto que a presso crtica 44.72 bars.
Em funo da rigorosa definio da IMO (ETHYLENE OXIDE) no seria
completamente qualificado para ser descrito como um gs liquefeito. Ele est
includo no Cdigo de Gs da IMO e no Guia de Segurana para Navio Tanque
(Gs Liquefeito), porque seu ponto de ebulio na presso atmosfrica muito
baixo e seria difcil transportar a substancia por quaisquer outro mtodos que
no aqueles estipulados para os gases liquefeitos.
2.1.3- Propriedades qumicas
Compostos qumicos com a mesma a mesma estrutura qumica so
frequentemente conhecidos por nomes diferentes. A tabela 5 nos d uma
relao de sinnimos dos gases liquefeitos diante de cada nome comum e da
sua frmula simples. Os compostos mais complexos tendem a ter uma
variedade maior de sinnimos do que os compostos simples.
43Tabela 5 Propriedades qumicas
NOME COMUM FRMULA SIMPLES SINNIMOS Methane CH4 Fire damp; marsh gs;natural
gs; LNG Ethane C2H6 Bimethyl; dimethyl;methyl
methane Propane C3H8 - N -Butane C4H10 Normal butane
i-Butane C4H10 Iso-butane; 2 methypropane Ethylene C2H4 Ethene Ethylene Propylene -Butylene -Butylene -Butylene
C3H6 Propene C4H8 C4H8 C4H8
Propylene But-1-ene; ethyl ethylene But-2-ene;dimethyl ethyle ne; pseudo butylenes Isobutene;methylprop- 2 - ene.
Butadiene C4H6 b.d.; bivinyl; 1,3 butadi :ene; butadiene 1,3; divi nyl; biethylene; erythre ne; vinyl ethylene.
Isoprene C5H8 3-methyl--1,3 butadiene; 2-methyl--1,3 butadiene; 2-methylbutadiene--1,3.
Vinyl chloride monomer C2H3CL Chloroethene;Chloroethy; lene; VCM.
Ethylene Oxide C2H40 Dimethylene oxide; E0; 1,2 epoxyethane;oxirane.
Propylene Oxide C3H60 1,2 epoxy propane; methyl oxirane; propene oxide
Ammonia NH3 Anhydrous ammonia; amuro-na gs; liquefied ammonia; liquid ammonia.
Nota: Propano comercial contem algum butano, similarmente butano comercial
contem algum propano. Ambos podem conter impurezas tais como etano e pentano, dependendo de suas especificaes comerciais permitidas.
2.1.4- Transporte martimo do gs liquefeito
A importncia do transporte na condio do liquido, gerar uma reduo
de volume muito grande, e assim propiciar um ganho de espao nos tanques
de carga de embarcao. Desta forma, o gs liquido transportado em uma
das trs condies:
44
37,8C
18Bar
12,9 Bar
PROPANO
v2 v v1
- A temperatura ambiente, a presso de 18 Bar.
- Totalmente refrigerado (- 30 C at 48C) presso ambiente.
- Semi-refrigerados sob presso de 5 a 8 Bars.
No caso do transporte sob presso, para fazer com que na temperatura
ambiente o G.L.P. (no caso o propano) seja liquido, o propano alcanar os 18
Bar, porque, como visto na tabela da relao presso 37,8C , a presso do
propano de 12,9 Bar, e assim sendo, a presso de 18 Bar relativo a uma
temperatura de 45C, o que promove a necessidade do G.L.P. ser comprimido
para reduzir seu volume, mantendo-se como lquido na temperatura ambiente e
ainda assim operar em nvel de presso seguro.
No enfoque termodinmico, o diagrama a seguir explica o exposto no
pargrafo anterior.
De uma forma simplificada, pode-se dizer que as cargas mais comuns
transportadas pelos navios gaseiros ou propaneiros so alm do G.L.P.
(propano, butano e misturas dos dois): BUTADIENO, BUTENO, PROPILENO
ETILENO E MONMERO DE CLORETO DE VINILA (VCM). O etileno possui
T
45C
v
45um ponto de vaporizao de 104C, por isso, exige refrigerao especial e
ainda, tanques de ao inoxidvel ou de liga de nquel.
2.1.5- Gases qumicos
Os gases qumicos normalmente transportados em navio de gs
liquefeito so: Amnia, Monmero de Cloreto de Vinila (VCM), xido de
Etileno, xido de Propileno e Cloro. Visto que estes gases no pertencem a
uma famlia particular, suas propriedades qumicas variam.
AMONIA LIQUIDA um lquido alcalino incolor com um odor acre. Os
vapores da Amonia so inflamveis e queimam com uma chama amarela
formando vapor d gua e nitrognio, entretanto o vapor no ar requer uma
concentrao alta (16 a 25%) para ser inflamvel, tem necessidade de energia
alta de ignio (600 vezes aquela para o propano) e queima com baixa energia
de combusto. Por estas razes, os Cdigos da IMO, embora exigindo total
ateno para evitar fontes de ignio, no exigem deteco de gs inflamvel
nos pores ou espaos entre barreiras dos navios transportadores desta carga.
Ainda assim, a Amnia deve sempre ser respeitada como uma carga
inflamvel.
A Amnia tambm txica e altamente reativa. Ela pode formar
compostos explosivos com mercrio, cloro, iodo, bromo, clcio, xido de prata
e hipoclorito de prata. O vapor da Amnia e extremamente solvel na gua e
ser absorvido rpida e exotermicamente para produzir uma soluo
fortemente alcalina de hidrxido de Amnia. Um volume de gua absorver
aproximadamente 200 volumes de vapor de Amnia. Por esta razo
extremamente indesejvel introduzir gua dentro de um tanque contendo vapor
de Amnia, pois isto pode resultar numa condio de vcuo rapidamente
desenvolvida dentro do tanque.
46Uma vez que a Amnia alcalina, as misturas de ar com vapor de
Amnia podem causar corroso por fadiga. Por causa de sua natureza
altamente reativa, as ligas de cobre, ligas de alumnio, superfcies
galvanizadas, resinas fenlicas, cloreto de polivinilo, polister e borracha de
viton, so inadequados para servio com Amnia. Ao doce, ao inoxidvel,
borracha de neoprene e polietileno, entretanto, so adequados.
MONOMERO DE CLORETO DE VINILO (VCM) um liquido incolor com
um odor de caracterstica doce. Ele altamente reativo, embora no seja com
a gua, e pode polimerizar na presena de oxignio, de calor e da luz. Seus
vapores so tanto txicos quanto inflamveis.
Ligas de alumnio, cobre, prata, mercrio e magnsio so inadequados
para o servio com Cloreto de Vinilo. Os aos so entretanto, quimicamente
compatveis.
OXIDO DE ETILENO e OXIDO DE PROPILENO so lquidos incolores
com um odor semelhante ao do ter. Eles so inflamveis, txicos e altamente
reativos. Ambos polimerizam, porm o Oxido de Etileno polimeriza mais
facilmente do que o xido de Propileno, particularmente na presena de ar ou
impurezas. Ambos podem reagir perigosamente com Amnia. Ferro fundido,
mercrio, ligas de alumnio, cobre e ligas de cobre, prata e suas ligas,
magnsio e alguns aos inoxidveis, so inadequados para manuseio do Oxido
de Etileno. Ao doce e certos aos inoxidveis so apropriados como materiais
de construo para navios que transportem xidos de Etileno e Propileno.
CLORO um liquido amarelo que desenvolve um vapor verde. Tem um
odor acre e irritante. E altamente txico porm no inflamvel embora possa
ser notado que o Cloro pode suportar combusto de outros materiais
inflamveis quase da mesma maneira que o oxignio. E solvel na gua
formando uma soluo cida altamente corrosiva e pode formar reaes
perigosas com todos os outros gases liquefeitos. Em condies de umidade,
por causa de sua corrosibilidade, difcil control-lo. O Cloro seco compatvel
com ao doce, ao inoxidvel, monel e cobre. O Cloro muito solvel quando
47em soluo de Soda Custica, a qual pode ser usada para absorver o vapor do
mesmo.
2.2- Gs natural
Define-se como mistura de hidrocarbonetos leves que, temperatura
ambiente e presso atmosfrica, permanece no estado gasoso; encontrado
no subsolo, em rochas porosas, podendo estar ou no associado ao petrleo.
O gs associado aquele que, no reservatrio, est dissolvido no leo
ou sob a forma de capa de gs, caso em que a produo de gs determinada
pela produo do leo.
O gs no associado o que est livre no reservatrio, ou em presena
de quantidades muito pequenas de leo; neste caso s se justifica produzir
comercialmente o gs.
A cada dia o gs natural vem ocupando papel de destaque como
componente da matriz energtica brasileira.
Antes desprezado, hoje percebe-se as inmeras vantagens econmicas
auferidas pelo seu uso, principalmente numa poca em que a preservao
ambiental est na pauta do dia, j que representa no momento a melhor
alternativa - versatilidade, queima mais limpa, substituio lenha
(desmatamento) e a outros combustveis.
Como a demanda de energia crescente, mister se faz a pesquisa por
novas tecnologias, que permitam o desenvolvimento sustentvel do pas,
minimizando os impactos ambientais.
neste conceito que se insere sua utilizao, cada vez mais crescente,
no setor automotivo, industrial, domiciliar e mais recentemente, nas
termeltricas; para gerar eletricidade.
48A composio do gs natural varia, conforme ele esteja ou no
associado. Basicamente composto de metano, etano e propano, e em
menores propores , por outros hidrocarbonetos de maior peso molecular.
Pelo fato de ser inodoro, incolor, inflamvel e asfixiante (se aspirado em
grandes concentraes), requer cuidados especiais no manuseio. comum
adicionar-se compostos a base de enxofre para conferir-lhe um cheiro forte e
caracterstico (odorizao), o que permite a identificao de vazamentos.
No estado gasoso o transporte feito por meio de dutos, e em casos
especficos, em cilindros de alta presso, como GNC - Gs Natural
Comprimido; em estado lquido, como GNL - Gs Natural Liquefeito, pode ser
transportado por meio de navios, barcaas e caminhes criognicos, a -160 C,
figura 8.
Figura 13 Reservatrios. A) Gs associado; B) Gs no-associado.
O processamento de gs se faz em unidade industrial prpria, conhecida
como UPGN - Unidade de Processamento de Gs Natural. Fracionado, gera as
seguintes correntes: metano e etano, que formam o gs processado; propano e
butano, que formam o GLP; e um tipo de gasolina, conhecido como gasolina
natural (produto situado na faixa da gasolina, com caractersticas
semelhantes). O GLP mais conhecido como "gs de cozinha", devido ser
esta sua principal aplicao (90%). A forma mais comum de comercializao
em botijes de 13 kg, a uma presso aproximada de 15 atm, presso em que,
A B
49 temperatura ambiente, 85% de seu volume est em estado lquido e 15% no
estado vapor.
O gs natural, quando utilizado em veculos (GNV - Gs Natural
Veicular) vendido nos postos com a presso em torno de 200 atm, que a
presso final especificada para o cilindro do veculo. Nestas condies a
quantidade acumulada fica em torno de 30 kg. A presso mdia de 200 atm
atingida nos postos de venda, utilizando compresso por estgios, tendo em
vista que a presso do GN que chega aos postos ser de 5 a 8 atm a
temperatura ambiente.
2.2.1- Consideraes acerca de capacidade dos navios gaseiros
Quanto capacidade, os navios de GLP variam de 100 m3 at 100.000
m3. Os navios pressurizados chegam a ter 10.000 m3 de capacidade. Os semi-
refrigerados alcanam, geralmente, 20.000 m3, podendo chegar a 30.000 m3.
Acima dessa capacidade, os navios de GLP so totalmente refrigerados. Os
navios de GLP com capacidade entre 75.000 e 100.000 rn3 so chamados de
VLGCs (very large gas carriers).
Os navios de GNL so refrigerados e transportam a carga a
temperaturas abaixo de -165C. Sua capacidade chega a 150.000 m3.
Os LNGRVs10 tm porte similar aos grandes navios de GNL e
transportam a carga a temperatura semelhante. Sua peculiaridade consiste na
presena de uma planta de re-gaseificao a bordo e na capacidade de
descarregar o gs amarrado a uma bia atravs de uma torre receptora (turret)
conectada ao casco do navio. O gs , ento, bombeado para terra atravs de
dutos submarinos. Os navios de GNC ora projetados propem-se a transportar
o gs em tanques cilndricos diretamente do local de produo ao local de
destino, sem necessidade de plantas de liquefao e re-gaseificao. Esses
10 Liquefied Natural Gs Regasifcation Vessels.
50navios tero capacidade de carga inferior dos navios de GNL e sero
apropriados a rotas relativamente curtas (entre 500 e 2.500 milhas nuticas).
51
CAPTULO III
NAVIOS PETROLEIROS
3.1- Histrico
Em meados do sculo XIX, navios a vela transportavam suas cargas de
petrleo em barris de madeira. Esses barris, cada um com capacidade de 42
gales, no so mais utilizados no transporte de petrleo, mas sua
denominao medida padro da indstria permanece inalterada.
A evoluo dos barris aos tanques de carga ocorreu, claro, de forma
gradual. Em 1886, o Gluckauf (Boa Sorte, em alemo), uma embarcao de
3.300 TPB com casco de ferro e movida a vapor com o auxlio de velas, foi
lanada ao mar nos Estados Unidos. O petrleo era carregado em
compartimentos separados no casco, num arranjo bastante similar ao atual.
O porte dos petroleiros no cresceu muito at a 2 Guerra Mundial,
quando os vagarosos navios de at 16.000 TPB que cruzavam o atlntico norte
eram alvos fceis para os submarinos alemes. Aps o trmino do conflito,
entretanto, a velocidade de crescimento do porte dos petroleiros foi
impulsionada pelo aumento na demanda mundial de leo e pelo descobrimento
de novas jazidas no Golfo Prsico. Ambos os fatores geraram a necessidade
de navios maiores e mais velozes, aptos ao transporte de petrleo atravs de
longas distncias a um custo razovel.
Assim, em meados da dcada de 1950, enquanto petroleiros de 45.000
TPB j singravam os mares, foi construdo o primeiro navio desse tipo com
porte bruto de 100.000 toneladas. Seguiram-se os lanamentos de navios
maiores, os VLCCs (Very Large Crude Carriers), com TPB entre 200.000 e
250.000 toneladas. Em 1973, ano da primeira crise do petrleo, foi lanado o
52maior petroleiro at ento construdo, com 476.292 TPB, o Globtik Tokyo,
projetado para transportar petrleo entre o Golfo Prsico e o Japo.
Mais rpidos e com capacidades de carga maximizadas, esses
supertankers, por outro lado, apresentavam desvantagens: eram incapazes de
cruzar o Canal de Suez; os mais profundos freqentemente raspavam a quilha
no fundo do mar no estreito de Malaca, durante viagens para o Extremo
Oriente; e exigiriam portos com imensa profundidade e capacidade de
armazenamento para operar (no incio da dcada de 1980, existiam apenas 65
terminais para VLCCs e ULCCs - Ultra Large Crude Carriers no mundo). .
A supresso dessas desvantagens foi mais fcil do que o inicialmente
esperado a velocidade e a capacidade dos superpetroleiros possibilitaram a
viabilidade econmica do contorno do Cabo da Boa Esperana, frente
passagem pelo Canal de Suez, e a falta de superports foi superada por
operaes de alvio dos superpetroleiros por navios menores. Tecnicamente
perfeita, a evoluo do porte dos petroleiros trouxe tona maior preocupao
com o risco de poluio. Acidentes com superpetroleiros como o Torrey
Canyon (Canal da Mancha, 1967), o Amoco Cadiz (Costa da Frana, 1978) e o
Exxon Valdez (Alasca, 1989), alm de inesquecveis, mostraram os riscos que
esses gigantescos navios podem apresentar ao meio-ambiente. Por outro lado,
o uso de navios de menor porte para transportar o mesmo volume de petrleo
carregado num VLCC envolve uma quantidade maior de viagens, operaes de
carga e descarga e lavagens dos tanques, o que, estatisticamente, apresenta
um risco de poluio ainda maior.
Em relao ao porte bruto, os navios petroleiros se dividem nas
categorias exibidas na tabela 6.
53Tabela 6 Classificao dos Navios de leo Cru Quanto ao Porte
ULCC Ultra Large Crude Carries TPB > 320.000
VLCC - Very Large Crude Caniers Entre 200.000 e 319.999 TPB
SUEZMAX Entre 120.000 e 199.999 TPB .
AFRAMAX Entre 80.000 e 119.999 TPB
POST PANAMAX Entre 60.000 e 79.999 TBP com Boca > 32,2 metros
PANAMAX Entre 60.000 e 79.999 TBP com Boca < 32,2 metros
HANDYSIZE TPB < 59.999
Originalmente, o terno PANAMAX se refere ao tamanho mximo para
passagem. Pelo Canal do Panam (que comporta navios com a largura
mxima de 32,2 metros) e o termo SUEZMAX, ao tamanho para passagem
pelo Canal de Suez. Mas AFRAMAX no se refere a nenhuma local geogrfico.
O London Tanker Brokers Panel (Painel de Corretores de Navios Petroleiros de
Londres) h muitos anos determina a mdia das taxas de frete do mercado
(AFRA - Average Freight Rate Assessment). Essa mdia levava em conta os
fretes de navios at 80.000 TPB, que era, ento, o tamanho mximo do AFRA.
importante lembrar que, at meados dos anos 1980, os navios PANAMAX
geralmente tinham at 60.000 TPB e o termo AFRAMAX, ento, designava os
navios entre 60.000 e 80.000 TPB.
De acordo com o Protocolo MARPOL de 1978 e suas emendas
posteriores, os navios novos de leo cru com porte bruto superior a 20.000
TPB e os existentes com mais de 40.000 TPB devem ser construdos e
equipados com sistemas de IGS, SBT, PL e COW
IGS (lnert gas system) - Sistema de gs inerte, que permite ao navio
manter uma atmosfera inerte, ou seja, no-inflamvel, no interior dos
tanques de carga. O gs das caldeiras limpo, resfriado e bombeado
para os tanques. Apesar da possvel presena de vapores de
54hidrocarbonetos nos tanques, os baixos nveis de oxignio no gs
inerte no permitem que ocorra combusto.
SBT (segregated baliast system) - O sistema de lastro segregado
composto por tanques designados para carregar somente gua de
lastro. A gua carregada e descarregada atravs de bombas e
linhas de lastro completamente isoladas dos sistemas de carga. O
SBT evita que o navio, em condies normais, lastre seus tanques de
carga.
A Conveno MARPOL-73/78 da IMO define lastro segregado como
gua de lastro, introduzida num tanque o qual completamente
separado da carga de leo e do sistema de leo combustvel e
permanentemente destinado ao transporte de lastro ou de lastro e
outras cargas que no sejam leo ou substncias nocivas.
PL (Protective location) - Pelo conceito de localizao protegida, os
tanques de lastro segregado devem estar localizados em reas
selecionadas do navio, otimizando a proteo aos tripulantes e
tanques de carga em caso de encalhe ou coliso.
COW (crede oil washing) - sistema de limpeza dos tanques por jatea-
mento a alta presso de petrleo aquecido durante a descarga. As
boinas retiradas pelos jatos de leo so descarregadas juntamente
com a carga.
Os navios de derivados escuros devem ser dotados de serpentinas de
aquecimento ou trocadores de calor capazes de aquecer a carga at, ou
manter sua temperatura a 57,2C (135F). Caso no sejam utilizados para o
transporte de petrleo, no necessitam possuir sistema de COW. So
segmentados tais quais os navios de leo cru, entretanto, so raros os casos
de ULCCs, VLCCs e SUEZMAXES apropriados ao transporte de derivados
escuros. Via de regra, esses navios, quanto ao porte bruto, variam de
HANDYSIZE at AFRAMAX.
55Os navios de derivados claros costumam ter seus tanques revestidos,
para evitar contaminao da carga. Os revestimentos tpicos so epxi e
silicato de zinco. Se forem equipados com serpentinas de aquecimento ou
trocadores de calor podem, tambm, ser utilizados no transporte de derivados
escuros. Caso as serpentinas de carga sejam de alumnio, lato ou cobre, o
transporte de querosene de aviao no recomendado, pois alguns usurios
requerem que essa carga no tenha contato com esses materiais.
A Conveno MARPOL-73n8 determina que todo navio novo de deriva-
dos (escuros ou claros) com porte bruto acima de 30.000 TPB e todo existente
com mais de 40.000 TPB devem ser dotados de SBT.
Quanto ao porte bruto, os navios de derivados claros chegam a 120.000
TPB. Muitos navios de GLP tambm podem transportar derivados claros e se
engajam nesse trfego quando o mercado de gs est desaquecido.
Os navios de asfalto e leos de alto aquecimento so similares aos
navios de derivados escuros, entretanto, seus sistemas de aquecimento devem
ser capazes de aquecer a carga at, ou manter sua temperatura em cerca de
65C.
Os navios combinados se destinam ao transporte de petrleo, derivados
e granis slidos. Pelo risco considervel de poluio que apresentam, esses
navios esto entrando em desuso. Os ltimos quatro navios combinados
encomendados foram entregues pelo estaleiro construtor em 1999. Em 1 de
janeiro de 2002, havia, no mercado, 136 navios desse tipo, o equivalente a 4%
da frota de petroleiros. Um ano depois, a frota existente estava reduzida a 120
navios.
563.2. OPERAES EM PETROLEIROS
3.2.1- Operao de carregamento
Antes de se iniciar uma operao de carga ou descarga de navio,
necessrio a elaborao de um plano de carga.
Este plano elaborado pelo comandante ou pelo imediato do navio, e
segue um modelo preestabelecido pelo Sistema de Gerenciamento de
Segurana e Preveno de Poluio da Fronape (Transpetro) SSPP. Sua
finalidade planejar as instrues que sero dadas aos envolvidos na
operao e seu sequenciamento, bem como os aspectos de distribuio de
carga e lastro nos tanques do navio, necessidade de aquecimento da carga,
limpeza de tanques, enfim, tudo o que se fizer necessrio para desenvolver a
operao de maneira segura.
Aps sua aprovao pelo comandante levado ao conhecimento dos
envolvidos, para que todos saibam suas atribuies antecipadamente.
No plano devero constar as ulagens de cada tanque, correspondentes
s quantidades que se deseja carregar. A bordo do navio existe a tabela de
ulagens, usadas para se calcular as quantidades volumtricas existentes em
cada tanque.
Chama-se ulagem a medida do espao vazio entre um ponto de
referncia no convs e o nvel superior do liquido no interior do tanque. J o
termo inagem, se refere medida entre a parte inferior (piso) do tanque e o
nvel superior do lquido sendo usado para tanques de lastro e para se
determinar a quantidade de gua existente no produto.
Ao atracar, o navio ser inspecionado quanto s condies de
segurana operacional.
57Existem portos em que so lotados inspetores de segurana do GIAONT
(Grupo de Inspeo e Acompanhamento Operacional de Navios em Terminais),
que fazem a inspeo de segurana segundo os critrios do check-list do
ISGOTT (International Safety Guide for Oil Tankers and Terminals - Guia de
Segurana para Operao de Navios-Tanque em Terminais Petrolferos).
A seguir, o representante do terminal e o do navio preenchem a Carta
Inicial (documento que contm as informaes do navio e do terminal), em que
so acertadas as condies operacionais da operao, tais como
vazo/presso, tanques a serem usados.
Para calcular essas quantidades se utiliza a tabela de ulagens, como
tambm se aplicam as correes aplicveis s condies de estabilidade do
navio, como trim (diferena de calado entre proa e popa) e adernamento
(inclinao lateral em graus).
Aps essas providncias dado o pronto a operar, sinalizando que o
navio j est em condies de iniciar a operao.
Caso haja alguma condio que configure anormalidade que possa
resultar em danos para o navio, para a tripulao ou para a carga, o navio
emite uma "Carta Protesto", evidenciando tais condies, que podem ser, entre
outras: ms condies de amarrao, vazo menor que a contratual, etc.
Havendo condies seguras conecta-se os braos de carregamento, que
podem ser fixos (chick-sans) ou portteis (mangotes) e inicia-se a operao.
A vazo no incio deve ser reduzida, aumentando-a gradualmente,
sempre observando se no h vazamentos nas conexes do manifold e
alinhamento de carga do navio.
Para prevenir transbordamento do tanque, todo navio deve possuir
alarmes de nvel alto, de 95% e 98% de sua capacidade; muitos acidentes j
ocorreram, ocasionando transbordamentos, principalmente por falha humana,
em particular no que se refere s medies das ulagens dos tanques.
58Navios mais modernos possuem a indicao do alarme diretamente no
Centro de Controle de Carga (CCC) e no convs, emitindo alarmes visuais,
alm dos sonoros. Em navios qumicos, o alarme de 98% conjugado como
fechamento automtico da vlvula de admisso ao tanque.
O SGI (Sistema de Gs Inerte) do navio, evita que a atmosfera se torne
inflamvel, bem como evitar o vcuo, ou seja, ele ocupa o lugar do oxignio no
interior do tanque. A grande maioria dos navios utiliza os gases oriundos da
queima de leo nas caldeiras para inertizar os tanques de carga.
Durante a operao de carregamento (bem como da descarga)
mantido um controle horrio da vazo e da presso no manifold, que
informado ao terminal para comparao. Em alguns terminais, se a diferena
ultrapassar 5% a operao paralisada, os clculos refeitos, e uma
observao da vizinhana do terminal feita, de modo a se certificar que no
est ocorrendo vazamento para o mar.
No trmino do carregamento a vazo deve ser novamente reduzida,
porque a carga finalizada em apenas um tanque do navio, de modo que, se a
vazo for excessiva, poder haver arrastamento de leo pelo sistema de alvio
de gases.
3.2.2- Operaes de descarga
A descarga exige mais dos equipamentos do navio (por isso mais
complexa), sendo por isso mais complexa, envolvendo o sistema de gs inerte
(se houver), bombas de carga e de dreno (para descarregar o produto para o
terminal), bombas de lastro (para lastrear o navio medida que o produto vai
sendo descarregado), etc.
A finalidade do gs inerte na descarga suprir o espao deixado pelo
lquido descarregado e manter uma presso positiva nos tanques de carga do
navio, o que inclusive auxilia no aumento da vazo de descarga. A capacidade
59do SGI deve ser pelo menos 25% maior que a capacidade de
descarregamento; sempre que a capacidade de descarga exceder a
capacidade do gs inerte, a vazo de descarga dever ser diminuda, a fim de
se manter a presso positiva de gs inerte no interior do tanque.
Tal como no carregamento, na descarga os procedimentos relativos
medio dos tanques, amostragens e eventuais anlises do produto so os
mesmos. Estando tudo em conformidade, o terminal prepara o pronto a operar
para o recebimento da carga.
Com os mangotes ou braos de carregamento conectados aciona-se as
bombas para iniciar a operao.
Vale lembrar que a vazo e a presso mxima permitida j foram
acertadas entre terminal e navio, de modo a no advir nenhum acidente
surpresa.
As bombas de carga existentes a bordo dos navios-tanque so rotativas,
sendo o controle destes equipamentos de fundamental importncia para a
descarga.
Nos navios de produtos escuros as bombas so localizadas na casa de
bombas, no piso inferior, para receber a presso hidrosttica do lquido contido
nos tanques de carga, sendo chamadas bombas de submergncia positiva;
quando a bomba estiver localizada em um nvel superior ao do nvel do lquido
no tanque, diz-se que uma bomba de submergncia negativa.
Quando o tanque j estiver com o nvel baixo e a bomba comear a
cavitar, para se aspirar o lquido at o final, utiliza-se as bombas de dreno
alternativas, aps o que encerra-se a operao de descarga.
Em sntese, os processos no modal navios so os seguintes:
1. O navio aliviador se aproxima da plataforma a uma baixa
velocidade (de manobra);
602. Conexo do navio plataforma pela passagem dos cabos guias e
dos mangotes;
3. Conexo do mangote de carregamento e teste hidrosttico do
mangote;
4. Transferncia do leo. O comando desse processo da
plataforma, atravs dos equipamentos de bombeio e do sistema de
gerao de energia;
5. Desconexo e vedao do mangote;
6. Retirada do mangote e do cabo, e partida do navio aliviador;
7. Viagem at a regio do terminal martimo determinado para
descarga;
8. Definio de atracao direta no terminal ou fundeio antes da
atracao;
9. Aproximao at o cais de atracao com apoio de rebocadores e
do prtico;
10. Atracao no cais;
11. Conexo dos mangotes e testes de presso;
12. Transferncia do leo para os tanques do terminal, cuja operao
de comando do navio, que possui para isso possui um sistema
de bombeio (consumo de combustvel);
13. Terminado a descarga, o navio retirado do porto pelos
rebocadores;
14. Viagem de retorno Bacia de Campos em lastro para outro
carregamento.
613.2.3. Dados de um petroleiro.
Utilizando como exemplo o NT CANDIOTA, de 18000 tbp, pertencente
a FRONAPE (TRANSPETRO), citamos os dados dos tanques de carga.
Quadro 1 - As dimenses dos tanques de carga do NT CANDIOTA
TANQUES DE CARGA 1 2793 m3
TANQUES DE CARGA 2 4390 m3
TANQUES DE CARGA 3 4390 m3
TANQUES DE CARGA 4 4390 m3
TANQUES DE CARGA 5 3659 m3
TANQUES SLOP(BB/BE) 1436 m3
Com relao propulso, temos um motor de alta potencia, sendo
6.400HP de potencia mxima e 5690 HP de potencia a velocidade de servio
que de 13,7 ns.11
A rotao baixa (60 a 100 rpm), conseguida atravs de uma caixa
redutora. A hlice (propulsor) possui 4 ps e o motor principal (MCP) suporta a
queima de leo combustvel grosso, o que diminui os custos por viagem.
O navio possui seis MCAs, com seja motores de combusto auxiliares
para gerar energia para o navio e assim atender aos navios motores eltricos
dos diversos equipamentos como bombas de carga, bombas de transferncia
de gua e leos, compressores, purificados, que atuam nos vrios segmentos
do maquinrios do petroleiro.
A praa de mquinas fica localizada a r embaixo da superestrutura e
normalmente ocupa vrios andares.
O motor principal ocupa a maior rea de Praa de Mquinas, onde ficam
instalados as vlvulas, mostradores de nvel e presso, e sistema de
11 Nos = 1 milha / hora. 1 milha = 1852 m.
62segurana contra incndio. Todos os motores so controlados no CCM, ou
seja, o Centro de Controle de Mquinas, onde as informaes dos motores so
passadas ao passadio eletronicamente.
Basicamente todo o maquinrio do navio fica a r, abaixo da
superstrutura, facilitando o controle por parte da tripulao e assim toda a vante
da superestrutura fica liberada para a carga.
A figura 14 mostra a Praa de Mquinas do NT Candiota, destacando os
motores de combusto auxiliar, assim como parte do MCP.
Figura 14 - Praa de Mquinas do NT CANDIOTA
A ttulo de ilustrao, mostraremos trs fotos, em ngulos diferentes do
maior motor de navio do mundo na atualidade.
Fabricado pela Wartsila Sulzer e instalado no Japo.
63Este motor possui sesses de 10, 12 ou 14 cilindros, a diesel com turbo-
compressores.
Ficha tcnica
Cilindros em linha cilindrada total: 25 mil e 480 litros.
Peso: 2.300 toneladas. Sendo que o virabequim (Eixo de
Manivelas) pesa 300 toneladas.
Potencia: 108.920 HP
Torque a 102 rpm, 5.608.312 linhas. ft a 102 rpm.
Comprimento: 27 metros
Largura: 14 metros.
Preo: U$ 2,540,000,00
Garantia: Dois anos sem limite de milhas nuticas percorridas.
Figura 15 Vista frontal do motor
64
Figura 16 Vista do cabeote do motor
Figura 17 Eixo de cames
653.3- Evoluo da frota de petroleiros
A frota mundial de navios petroleiros acima de 10.000 TPB era
composta, em 1dejaneiro de 2003, de 3.458 navios, montando a um total de
295.233.000 toneladas de porte bruto, de acordo com a Clarkson Reseach
Studies.
A figura 18, referente ao perodo 1975/2003, mostra uma reduo na
quantidade de navios de pequeno porte (at 30.000 TPB) e um aumento nos
navios entre 30.000 e 45.000 TPB, que proporcionam maior economia de
escala. Nos outros segmentos, notamos um crescimento de 87% na
quantidade de navios AFRAMAX/LR2 e de 99% nos navios SUEZMAX,
enquanto os navios PANAMAX, VLCCs e ULCCs apresentaram reduo.
Figura 18 Evoluo histrica da frota mundial de petroleiros
Fonte: Clarkson Research Studies.
66
CAPTULO IV
A TRANSPETRO
4.1- Legislao
Em novembro de 1995, a Emenda Constitucional n 9 mudou o setor
petrolfero brasileiro, permitindo que atividades, at ento sob explorao
exclusiva da Unio (esclarecimento: o monoplio continua previsto no artigo
177 da Constituio Federal), pudessem ser exercidas por outras empresas
alm da Petrobras. Essa flexibilizao comeou a ser regulamentada pela Lei
n 9.478/97, conhecida como Lei do Petrleo. A partir de ento, qualquer
empresa, independentemente da origem de seu capital, desde que constituda
sob as leis brasileiras, pode realizar atividades de explorao, produo,
transporte, refino, importao e exportao do petrleo.
A Lei n 9.478 estabeleceu que a Petrobras permanecer sob o controle
acionrio da Unio e vinculada ao Ministrio de Minas e Energia, podendo criar
subsidirias ou se associar a outras empresas nacionais e estrangeiras,
majoritria ou minoritariamente, para exercer suas atividades dentro e fora do
Pas.
A Lei do Petrleo determinou, ainda, Petrobras, que fosse constituda
subsidiria para operar e construir seus dutos, terminais martimos e
embarcaes para transporte de petrleo, seus derivados e gs natural.
Assim, em 1998, em cumprimento ao artigo especfico da Lei do
Petrleo, a Petrobras criou a Petrobras Transporte S.A. - Transpetro. As
atividades previstas para a subsidiria incluem o transporte e o
armazenamento de granis, petrleo, derivados e gs utilizando dutos,
terminais ou embarcaes prprias ou de terceiros; o transporte de sinais,
67dados, voz e imagem associados as suas atividades; e a construo e a
operao de novos dutos, terminais e embarcaes.
4.2- Atividades
Transpetro armazena e transporta petrleo e derivados, biocombustveis
e gs natural aos pontos mais remotos do Brasil. A Companhia considerada
tambm a maior processadora de gs natural do Pas, com capacidade de
processamento de quase 15 milhes m/dia. Essas operaes gigantescas
fazem da Transpetro a maior empresa de navegao da Amrica Latina, lder
no setor de logstica de transporte de combustveis.
So bilhes de litros de combustveis que passam anualmente por uma
rede de 7 mil km de oleodutos, 4 mil km de gasodutos, 20 terminais terrestres,
26 terminais aquavirios e uma frota de 54 navios-petroleiros.
A Transpetro movimenta a energia indispensvel ao desenvolvimento do
Brasil e contribui tambm com sua experincia em outros pases. Na Argentina,
por exemplo, presta consultoria em transportes martimos, dutos e terminais
por meio de acordo firmado com a Petrobras Energia S.A. (Pesa). Ainda no
mercado internacional, a Transpetro atua por meio da Fronape International
Company (FIC) no transporte e armazenamento de combustveis.
4.2.1- Terminais e oleodutos
Os oleodutos so o meio de transporte preferencial tanto para atender o
abastecimento das refinarias como para suprir a necessidade dos grandes
centros consumidores de derivados. A rede de oleodutos da Transpetro est
dividida em quatro Gerncias Regionais, responsveis tambm pelos terminais
terrestres da Companhia e pelas estaes de bombeamento.
68Gerncia Sul Inclui os terminais de Guaramirim, Itaja e Biguau e o
Oleoduto Santa Catarina-Paran (Ospar) que abastece a Refinaria do Paran
(Repar) e distribui produtos para os estados de Paran e Santa Catarina. Sob
sua responsabilidade esto ainda os polidutos Araucria-Paranagu (Olapa);
Paran-Santa Catarina (Opasc); Osrio-Canoas (Oscan); Refap-Copesul
(Orsul) e Refap-Niteri (Ornit), alm da estao intermediria de Itarar.
Gerncia So Paulo Abrange os terminais de Barueri, Cubato,
Guararema, Guarulhos e So Caetano do Sul, e as estaes intermedirias de
Guaratuba e Rio Pardo. Gerencia tambm os oleodutos So Sebastio-
Guararema (Osvat); Barueri-Utinga (Obati); Paulnia-Barueri (Opasa); Santos-
So Sebastio (Osbat); Guararema-Paulnia (Osplan); Santos-So Paulo
(OSSP) Linha A; OSSP Linha B, OSSP Linha C, OSSP Linha Tronco, RC08,
RCES e ramais de interligao com consumidores finais de grande porte ou
companhias distribuidoras.
Gerncia Centro-Oeste Compreende os terminais de Ribeiro Preto,
Uberaba, Uberlndia, Senador Canedo e Braslia, e as estaes intermedirias
de Pirassununga e Buriti Alegre. Alm deles, h o Oleoduto So Paulo-Braslia
(Osbra), que atravessa o estado de So Paulo, indo at Ribeiro Preto,
passando por Minas Gerais at Gois e Distrito Federal.
Gerncia Norte/Nordeste/Sudeste Abrange o Oleoduto Rio Solimes
(Orsol); Gasoduto Rio Solimes (Garsol); Oleoduto Pilar-Macei (Opmac);
Oleoduto Recncavo-Sul da Bahia (Orsub); Oleoduto Cabinas-Barra do
Furado (Ocab); Oleoduto Rio de Janeiro-Belo Horizonte (Orbel I, Orbel II);
Oleoduto Rio-Baa de Ilha Grande (Orbig); Oleoduto So Paulo-Rio de Janeiro
(Osrio); Oleoduto Japeri-Volta Redonda (Osvol); Oleoduto Cabinas-Duque de
Caxias (Osduc I, Osduc II); QAV duto. Sob sua responsabilidade esto os
terminais de Cabinas, Campos Elseos, Itabuna, Jequi, Volta Redonda e as
estaes intermedirias de Tapinho, Mantiqueira, Ipia. A malha dutoviria
dessa Regional tem papel importante no estado do Rio de Janeiro, por fazer o
transporte da Refinaria Duque de Caxias (Reduc) ao Terminal Aquavirio de
Ilha D'gua, na Baa de Guanabara, alm dos 15 dutos aos seus dois peres.
69Estaes de bombamento
A Transpetro possui oito estaes de bombeamento situadas ao longo
dos oleodutos da Companhia. Como as distncias entre os pontos de entrada e
de entrega dos produtos so longas e, em alguns casos, os dutos passam por
regies de grande inclinao, as estaes de bombeamento ajudam a dar mais
potncia, empurrando os produtos at o seu destino. Buriti; Alegre; Guratuba
Ipia; Itarar; Mantiqueira; Pirassununga; Rio Pardo; Tapinho
4.2.2- Gs natural
O transporte do gs natural, que move usinas termeltricas, indstrias e
automveis, tambm atividade da Transpetro. Cerca de 75% de todo o gs
natural movimentado e consumido diariamente no Brasil passa pelos
gasodutos operados pela Companhia, numa malha de 4 mil km. So em torno
de 50 milhes de metros cbicos que chegam todos os dias s distribuidoras
para abastecer mais de 1 milho de residncias, 17 mil pontos comerciais, mil
indstrias, mais de mil postos de gs natural veicular e 12 termeltricas.
Com as novas perspectivas do uso do combustvel, a Transpetro traou
metas especficas em seu Plano Estratgico 2015, em conformidade com o
Sistema Petrobras. At 2010, quando a produo atingir 75 milhes de m/dia,
o gs natural responder por 12% da matriz energtica do Pas.
Esto previstos grandes investimentos para atender o plano do Governo
Federal de aumentar a participao do gs natural na matriz energtica
nacional. A expectativa de que o fornecimento de gs natural chegue aos 134
milhes de m/dia at 2012, sendo 114 milhes m3 movimentados pelos
gasodutos da Transpetro.
http://www.transpetro.com.br/TranspetroSite/appmanager/transpPortal/transpInternet?_nfpb=true&_windowLabel=barraMenu_3&_nffvid=%2FTranspetroSite%2Fportlets%2FbarraMenu%2FbarraMenu.faces&_pageLabel=pagina_base##http://www.transpetro.com.br/TranspetroSite/appm