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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU INSTITUTO A VEZ DO MESTRE DIREITOS E DEVERES DAS PESSOAS PORTADORAS DE NECESSIDADES ESPECIAIS NO BRASIL Helena Queiroz de Campos Orientador: Prof. William Rocha Niterói Janeiro / 2009

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU

INSTITUTO A VEZ DO MESTRE

DIREITOS E DEVERES DAS PESSOAS PORTADORAS DE NECESSIDADES ESPECIAIS NO BRASIL

Helena Queiroz de Campos

Orientador:

Prof. William Rocha

Niterói Janeiro / 2009

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU

INSTITUTO A VEZ DO MESTRE

DIREITOS E DEVERES DAS PESSOAS PORTADORAS DE NECESSIDADES ESPECIAIS NO BRASIL

Apresentação de monografia ao Instituto A Vez do

Mestre – Universidade Candido Mendes como

requisito parcial para obtenção do grau de

especialista em Direito e Processo do Trabalho.

Por: Helena Queiroz de Campos

Niterói Janeiro / 2008

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AGRADECIMENTOS

A minha querida família

que em todos os momentos

incentiva-me a continuar

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DEDICATÓRIA

Dedica-se a todos que de qualquer forma, até por

uma simples palavra, colaboraram para minha

formação.

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RESUMO

Esta pesquisa tem como objetivo apresentar informações sobre os

direitos das pessoas deficientes no Brasil, quem são os diferentes tipos de

deficiências, levando em consideração as suas necessidades especiais. Em

grande parte do Brasil, são divulgados alguns direitos inerentes às pessoas

portadoras de necessidades especiais, porém o preconceito e a desinformação

ainda são muito grandes. A pessoa portadora de deficiência desde o início da

civilização é considerada à parte pela sociedade. Hoje em dia, já é possível

diminuir o preconceito, já que, estas pessoas não têm que ficar a margem da

sociedade, são pessoas com direitos e deveres como qualquer cidadão

“normal”. Dependerá de cada um, do estado, da família a integração e inclusão

de fato destes cidadãos em todos os meios de nossa sociedade.

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METODOLOGIA

A pesquisa a ser apresentada, quanto aos objetivos que se propõe, será

do tipo descritiva e bibliográfica sobre o tema Direitos e Deveres das pessoas

portadoras de necessidades especiais no Brasil, bem como a definição do tema

e como ele é utilizado como ferramenta para a formação e desenvolvimento de

uma pessoa deficiente, quais são suas necessidades, seus direitos, deveres

enfim suas necessidades para sobrevivência. As fontes de pesquisa serão a

partir dos livros citados na bibliografia. As coletas de dados transcorrerão

durante os meses de novembro a janeiro de 2009, com visitas a Biblioteca

Nacional, no Centro do Rio de Janeiro e livros adquiridos na minha vida

acadêmica.

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO 8

Capítulo 1 – Entendendo o conceito de PNES 9

1.1 – Quem são os considerados PNES? 9

1.2 – Os tipos de deficiências existentes 10

1.3 – A inclusão e integração das PNES 11

1.4 – Ações preventivas 12

Capítulo 2 – Evolução histórica de PNES 14

2.1 – Os deficientes na Antiguidade 14

2.2 – Os deficientes na Idade Média 16

2.3 – No início da era Moderna 17

2.4 – Os deficientes a partir do século XX 18

Capítulo 3 – Leis e Políticas Públicas 21

3.1 – Constituição da República Federativa do Brasil 21

3.2 – Direito Internacional e Comparado 21

3.3 – Política Nacional para integração de PNES 23

3.4 – Fiscalização no cumprimento da Lei 24

Conclusão 26

Bibliografia 27

Índice 28

Folha de Avaliação 30

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INTRODUÇÃO

Algumas pessoas nascem com algum tipo de deficiência e outras, por

diferentes motivos, tornam-se deficientes ao longo de suas vidas. Dentre as

deficiências mais conhecidas, temos a mental, a física, as sensoriais – cegueira

e surdez- , e as deficiências múltiplas.

A discriminação e o preconceito estiveram sempre presentes no convívio

das pessoas com deficiências. Vários autores mostram, em suas obras,

diversas formas de tratamento que cada época dispensou aos deficientes.

Quem são as pessoas portadoras de necessidades especiais? Existem

leis específicas que as protejam? Quais são seus direitos e deveres? No Brasil

estão com todos os seus direitos garantidos?

O presente estudo tem como finalidades enumerar as respostas para

estas perguntas.

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CAPÍTULO I

ENTENDENDO O CONCEITO DE PORTADORES DE

NECESSIDADES ESPECIAIS

1.1. Quem são os considerados PNES?

No Brasil existem duas normas internacionais ratificadas, o que lhes

confere status de leis nacionais, que são a Convenção nº. 159/83 da OIT e a

Convenção Interamericana para a Eliminação de Todas as Formas de

Discriminação Contra as Pessoas Portadoras de Deficiência, também

conhecida como Convenção de Guatemala, de 1999. Ambas conceituam

deficiência, para fins de proteção legal, como uma limitação física, mental,

sensorial ou múltipla, que incapacite a pessoa para o exercício de atividades

normais da vida e que, em razão dessa incapacitação, a pessoa tenha

dificuldades de inserção social. Desta forma, pessoas com visão monocular,

surdez em um ouvido, com deficiência mental leve, ou deficiência física que

não implique impossibilidade de execução normal das atividades do corpo, não

são consideradas portadoras de deficiência.

Segundo o Decreto nº 3.298/99, artigo 3º considera-se:

I - deficiência – toda perda ou anormalidade de uma estrutura ou função psicológica, fisiológica ou anatômica que gere incapacidade para o desempenho de atividade, dentro do padrão considerado normal para o ser humano;

II - deficiência permanente – aquela que ocorreu ou se estabilizou durante um período de tempo suficiente para não permitir recuperação ou ter probabilidade de que se altere, apesar de novos tratamentos; e

III - incapacidade – uma redução efetiva e acentuada da capacidade de integração social, com necessidade de equipamentos, adaptações, meios ou recursos especiais para que a pessoa portadora de deficiência possa receber ou transmitir informações necessárias ao seu bem-estar pessoal e ao desempenho de função ou atividade a ser exercida.

A denominação utilizada para se referir as pessoas com alguma limitação

física, mental ou sensorial assume diferentes nomes ao longo dos anos. Eram

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usadas expressões como “inválidos”, “incapazes”, “excepcionais” e “pessoas

deficientes”, até que na Constituição de 1988, por influência do Movimento

Internacional de Pessoas com Deficiência, passou-se a denominar “pessoa

portadora de deficiência”. Hoje adota-se a expressão “pessoas com

necessidades especiais” ou “pessoa especial”. Quando falamos em “pessoas

com necessidades especiais” incluímos os idosos, as gestantes, enfim,

qualquer situação que implique em tratamento diferenciado.

A comprovação de pessoa com deficiência pode ser comprovada por

meio de laudo médico, que deverá especificar o tipo de deficiência ou

certificado de reabilitação profissional emitido pelo INSS.

1.2 Os tipos de deficiências existentes

As deficiências podem ser físicas, auditivas, visuais, mentais e

múltiplas. Dentre elas podemos encontrar as condutas típicas, dislexia, altas

habilidades e a paralisia cerebral.

Deficiência física são as diferentes condições motoras que acometem

as pessoas comprometendo a mobilidade, a coordenação motora geral e da

fala em conseqüência de lesões: neurológicas, neuromusculares, ortopédicas,

ou má-formações congênitas ou adquiridas. No Brasil não sabemos

exatamente o número certo de pessoas com deficiência física, certamente é

um grande número e a tendência é aumentar devido aos acidentes e a

violência que assola o país.

Podemos conceituar deficiência auditiva como as pessoas que

apresentam perda da audição em grau que impeça a percepção da voz

humana, necessitando de métodos, recursos didáticos e equipamentos

especiais para aquisição, correção e desenvolvimento da fala e da linguagem.

A surdez poderá ser severa ou profunda.

A deficiência visual caracteriza-se pela acuidade visual igual ou menor

que 20/200 no melhor olho, após a melhor correção, campo visual inferior a 20,

ou ocorrência simultânea de ambas as situações (Decreto 3.298/2001). A

cegueira poderá ser total ou subnormal, reduzida.

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Os deficientes mentais são aqueles que têm uma limitação da

capacidade de aprendizagem do indivíduo e de suas habilidades relativas á

vida diária, há uma déficit de inteligência conceitual, prática e social.

As deficiências múltiplas são as associações, no mesmo indivíduo, de

duas ou mais deficiências primárias (mental, visual, auditiva e física), com

comprometimentos que acarretam atrasos no desenvolvimento global e na

capacidade adaptativa.

As condutas típicas são os distúrbios de aprendizagem, são as

manifestações de comportamentos típicas de portadores de síndromes e

quadro psicológicos, neurológicos ou psiquiátricos que ocasionam atrasos no

desenvolvimento e prejuízos no relacionamento social, como exemplo o

autismo.

1.3 A inclusão e a integração das PNES

Durante quase um século, a escolarização do deficiente foi separada

dos demais. Neste período a sociedade convivia de forma pacífica com as

pessoas com necessidades especiais desde que elas ficassem segregadas. O

preconceito era generalizado. Heller (1989, p. 57), quando fala sobre o assunto

afirma que “o homem predisposto ao preconceito rotula o que tem diante de si

e enquadra. (...) Ao fazer isso habitualmente , passa por cima das propriedades

do indivíduo (...) o homem predisposto não se deixa impressionar sequer pelas

qualidades éticas do indivíduo.

No caso das pessoas com necessidades especiais, a deficiência se

sobrepõe à pessoa e ela deixa de ser considerada possuidora de qualidades,

atributos e defeitos próprios da natureza humana e passa a ser simplesmente

um deficiente ou um aleijado, desprovido de possibilidades e potencialidades.

Na década de 80 a tentativa de integração estava baseada no princípio

predominante da Educação Especial – o mainstreaming -, que significa levar os

alunos para serviços educacionais disponíveis na comunidade. Esses serviços

poderiam ser em classes regulares e/ou em aulas de disciplinas como Artes,

Educação Física, Música ou atividades extracurriculares.

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Neste tipo de integração o deficiente não pertence a nenhum grupo,

desta forma é criticado, no início dos anos 90 essas críticas eram feitas

dizendo que esta integração inseria o deficiente na sociedade, porém era

necessário que ele estivesse preparado para superar os vários tipos de

barreiras que surgiriam.

Para este modelo de integração o deficiente deveria se esforçar para

obter sucesso. A sociedade, fazia muito pouco ou quase nada em termos de

mudanças simples de atitudes, adaptações físicas e práticas menos

segregativas, está é a diferença de integração e inclusão. Enquanto na

integração a pessoa deficiente era preparada para viver com os outros na

sociedade, na inclusão, a sociedade precisa se modificar para receber a

pessoa com necessidades especiais para que ela possa se desenvolver.

A atitude de preconceito está na direção oposta do que se quer para a

existência de uma sociedade democrática e plural. As relações entre os

indivíduos devem estar sustentadas por atitudes de respeito mútuo. O respeito

traduz-se pela valorização de cada indivíduo em sua singularidade, nas

características que o constituem. O respeito mútuo tem sua significação

ampliada no conceito de solidariedade.

O principal marco deste movimento foi a Declaração de Salamanca

(1994), que proclamava, entre outras coisas, o direito de todos à educação; o

respeito às características individuais, aos interesses, às capacidades, às

necessidades e a indicação de que a escola regular, com orientação

integradora, é o meio mais eficaz de combater as atitudes discriminatórias.

1.4 Ações preventivas

Quando se fala em deficiências, prevenir significa poder evitar,

principalmente o nascimento de crianças com seqüelas físicas e/ou

neurológicas previsíveis ou a instalação destas após o parto.

A prevenção de doenças tem ocupado, uma grande preocupação por

parte das autoridades o que tem refletido nos planos governamentais.

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Pode-se perceber que prevenir não é uma tarefa fácil, principalmente no

Brasil, um país com dimensões continentais e com uma imensa diversidade de

regiões.

A falta de informação e a ignorância agravada pela pobreza e pelas

formas de viver da maioria da população afetam diretamente no quadro de

doenças e seu agravamento. Também as condições econômicas, o nível de

desenvolvimento e a infra-estrutura determinam os níveis de escolarização, de

saúde, de acesso a bens e serviços da população.

O êxodo rural o processo de urbanização, a atividade econômica, o

acesso a novas tecnologias, a distribuição de renda, a produtividade e o nível

de emprego são outros fatores que também favorecem as condições de vida

das pessoas. Estes acabam por influenciar nas ações preventivas necessárias

a cada grupo da população.

Quando a pessoa vive com boa alimentação, conforto e segurança, o

resultado é sempre um bom estado de saúde. Ao contrário, as pessoas que

tentam sobreviver em condições adversas de absoluta pobreza têm uma saúde

mais frágil e sujeita a doenças.

Quanto maior a pobreza, maiores as dificuldades, menor a escolarização

e menor a informação. As inter-relações desses fatores são mais facilmente

observadas nas áreas rurais, periferias e favelas dos grandes centros urbanos.

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Capítulo 2

Evolução histórica das pessoas portadoras de

necessidades especiais

2.1 Os deficientes na Antiguidade

Estudos mostram que Roma deixou um grande legado em vários

campos, principalmente quanto as leis, aos avanços praticados na medicina,

aos progressos em termos de saúde pública, por exemplo, a farta quantidade

de água potável, as latrinas públicas, a rede de esgoto, que garantiram a

prevenção de muitas deficiências ou males que poderiam ser incapacitantes

(Silva, 1987).

As leis romanas daquela época, proibiam a morte intencional de crianças

com menos de três anos de idade, exceto nos casos da criança ter nascido

com alguma mutilação ou ser considerada monstruosa. Para casos come este

a lei previa morte ao nascer.

Nem todas as crianças deficientes foram mortas. Muitas que nasceram

com má-formação, doentes ou aquelas consideradas anormais eram

abandonadas em cestas com flores às margens do rio Tibre. Escravos e

pessoas pobres viviam de esmolas, ficavam à espera dessas crianças para

criá-las e mais tarde, utiliza-las como meio de exploração dos romanos, por

meio de esmolas significativas.

Na Roma Antiga, a esmola chegou a ser um negócio muito rendoso, a

tal ponto que houve épocas em que muitas crianças foram raptadas ainda

muito pequenas para serem mutiladas e servirem como pedintes em templos,

praças e ruas de Roma.

Na Roma do tempo dos Césares, que foram séculos menos bárbaros,

enquanto alguns deficientes mentais eram tratados como bobos, os outros

eram muitas vezes usados para o trabalho em circos romanos, fazendo tarefas

simples e às vezes humilhantes (Silva, 1987).

Na Grécia Antiga, o culto ao corpo, à perfeição e aos ideais atléticos

levavam os deficientes a serem sacrificados ou escondidos. Na República de

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Platão estava registrado: “Quanto aos filhos de sujeito sem valor e aos que

foram mal constituídos de nascença, as autoridades esconderão, como

convém, num lugar secreto que não deve ser divulgado”(Brasil/Seesp, 1977

apud Jannuzzi, 1985).

Em Atenas, quando uma criança nascia, o pai festejava fazia uma

grande festa e ao nascer era levantada nos braços do pai, para mostrá-la aos

parentes e amigos e iniciá-la no culto aos deuses. A festa terminava com um

banquete. Quando esta comemoração não acontecia, era sinal de que aquela

criança não sobreviveria. Cabia ao próprio pai o extermínio do seu filho.

Aquelas que porventura escapassem a esses costumes eram abandonadas e

sujeitas à própria sorte.

Em Esparta, as crianças com deficiências física ou mental eram

consideradas subumanas e, por isso, abandonas ou eliminadas. Antes do

cristianismo, havia certo costume espartano de lançar as crianças defeituosas

em um precipício.

Quando nascia um bebê em famílias importantes de Esparta, pelas leis

da época, o pai era obrigado a levar a criança, ainda bem pequena, para que

fosse apresentada e examinada por uma comissão oficial, formada por

anciãos, que se reunia para conhecer o novo cidadão.

O local onde ocorria a reunião era desconhecido e os anciãos anotavam

todos os dados que identificavam a criança. Se ela fosse forte e saudável, era

devolvida aos pais para que ficassem com ela até por volta dos sete anos,

quando o Estado tomava para si a tarefa de educa-la e transforma-la em um

guerreiro.

Quando a criança parecia franzina e feia, esses mesmos anciãos

ficavam com a criança e levavam-na a um lugar chamado Apothetai, que

significava depósito. Era um abismo, em uma cadeia de montanhas próxima a

Esparta, e lá a criança era lançada e acabava por encontrar a morte.

Havia também nesta época, divergências na forma de se tratar as

pessoas com deficiências. Enquanto em alguns lugares elas eram mortas, em

outros, eram consideradas “possuídas pelo demônio”, necessitando de

purificação.

Os sentimentos em relação aos deficientes se tornaram, durante um

longo tempo, muitas vezes ambivalente, misturando piedade e rejeição,

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cuidados e abandono, perseguição e proteção. Para alguns, os deficientes

possuíam alma, mas sem virtudes, demonstrando a grande dificuldade que as

culturas da época tinham para entender as diferenças entre as pessoas e,

principalmente, para lidar com elas.

No fim da Antiguidade, essa visão começa a mudar. Com o cristianismo,

o deficiente passou a ter alma e, assim, não podia ser eliminado, abandonado

ou maltratado porque isso seria inaceitável á moral cristã. Agora eles eram

filhos de Deus e seres humanos como todos os outros.

2.2 Os deficientes na Idade Média

Neste período, o mundo europeu viu decrescer muito os cuidados

básicos com a saúde e com a higiene na maioria das cidades, um pouco em

função do constante crescimento urbano. As populações dessas áreas, sem

infra-estrutura e sem recurso para a saúde viveram por muitos séculos o receio

das epidemias e doenças mais sérias.

Devido a ignorância, todas as doenças mais graves – as incapacidades

físicas e as más-formações congênitas – eram consideradas sinais da ira

celeste ou castigo de Deus.

A crença em magias e feitiços, o fato de se atribuírem a existência de

doenças e deformidades físicas à ira de Deus ou presença do demônio

tornaram a benzedura e os ritos misteriosos de exorcismo uma prática

constante na vida das camadas mais pobres da população. Isso tudo,

acrescido da utilização de medicamentos de produtos naturais, favorecia o

misticismo que cercava as deficiências.

Nesse ambiente sem qualquer garantia de meios para sobreviver, o

deficiente físico ou sensorial passou a viver à margem da sociedade e com

recursos das esmolas que recebia.

Segundo Pessoti (1984), a primeira instituição para abrigar deficientes

mentais que se tem notícia surgiu na Bélgina, no século XIII, e tratava-se de

uma colônia agrícola. Até então, eles eram acolhidos em igrejas ou conventos,

onde ganhavam a sobrevivência em troca de pequenos favores à instituição.

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Por volta de 1300, apareceu a primeira legislação sobre os cuidados a

serem tomados com a sobrevivência e principalmente com os bens dos

deficientes mentais, a “De Praerogativa regis” baixada por Eduardo II da

Inglaterra. Esta lei era uma espécie de guia para proteger os direitos e

propriedades daqueles considerados “idiotas”. Com esta lei, o rei zelaria para

que fossem satisfeitas as necessidades dos deficientes, apropriando-se de

todos os bens e utilizando somente uma parte para custear as despesas e os

cuidados necessários.

Com essa visão o deficiente merecia sobreviver e ter condições

confortáveis de vida porque tinha alma e bens ou direitos à herança.

Nesta época não havia qualquer distinção entre aqueles que eram

considerados loucos e os deficientes mentais.

O Cristianismo deu novos valores éticos às pessoas, estabelecendo

certa tolerância, uma conduta caritativa e, até mesmo, cautelosa com o

deficiente em nome do amor ao próximo (Pessoti, 1984).

Há ainda atitudes ambivalentes em relação aos deficientes – a caridade

e o castigo estão presentes. Ao mesmo tempo que o deficiente ganhou abrigo,

alimento e proteção, ela passou a merecer castigo quando incorria em

condutas imorais. Muitos chegavam a admitir que o deficiente era possuído

pelo demônio, o que permitia o exorcismo com flagelação para expulsa-lo.

Com a ética cristã, o deficiente não podia mais ser assassinado. Ele

tinha que ser mantido e cuidado. Assim, a rejeição da Antiguidade se

transformou na Idade Média, na ambigüidade proteção-segregação, graças ao

Cristianismo.

2.3 No início da era Moderna

No início da era Moderna a Inquisição Católica sacrificou centenas de

milhares de pessoas entre loucos, adivinhos, deficientes mentais ou

considerados endemoniados. A visão supersticiosa do deficiente é a marca

desse período.

No século XVI, principalmente durante a Reforma, a rigidez ética,

acrescida da noção de culpa e responsabilidade, conduzia a uma grande

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intolerância. Com uma visão pessimista, o homem, quando lhe faltava a razão

era visto como uma besta demoníaca ou como um ser do mal.

A teologia de Martin Lutero concebeu o deficiente de forma igualmente

primária e tendenciosa – “afogá-lo” ou “orar por ele” foram utilizados como

práticas eficazes e morais. Esse era o modelo medieval do problema.

Em todos os tempos e em diferentes sociedades, a despeito dos

avanços alcançados e dos novos conhecimentos com o advento da ciência a

partir do século XVIII, a grande maioria da população ainda não tinha acesso

às informações e às novas concepções acerca da deficiência, suas causas e

os tipos de escolarização mais adequados. Acresça-se a isso o consenso

pessimista, como chamou Mazzotta (1999), fundamentado principalmente na

idéia de que a condição de “incapacitado”, “invalidado” e “deficiente” era uma

condição imutável. Essa concepção levou à completa omissão da sociedade

em relação ao atendimento das necessidades individuais específicas dessa

população.

Segundo Mazzota (1999), somente quando a mudança no quadro social

ou no clima social apresentou condições mais favoráveis, depois do século

XVIII, é que as iniciativas de homens, mulheres, profissionais e deficientes

começaram a aparecer, organizando medidas e propondo ações, visando ao

atendimento das pessoas portadoras de deficiências, bem como sensibilizando

a sociedade para o problema.

2.4 Os deficientes a partir do século XX

A trajetória das pessoas portadoras de necessidades especiais da Idade

Média até os dias de hoje mostra que, apesar do desconhecimento e do

preconceito, iniciativas isoladas de estudiosos, que acreditaram na

potencialidade do indivíduo deficiente como uma pessoa com direitos e

singularidade que precisava ser educado, favoreceram as conquistas neste

campo.

Na área jurídica, a primeira constituição do Brasil de 1824, privava o

incapacitado físico ou moral do direito político, muito embora a referida

Constituição previsse a instrução primária e gratuita para todos. Antes mesmo

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de qualquer esforço para o atendimento aos deficientes, a sociedade já se

protegia do adulto deficiente.

A organização de serviços para os deficientes cegos, mentais, surdos ou

físicos começou ainda no século XIX. Alguns brasileiros inspirados na

experiência de países da Europa e dos Estados Unidos e também por iniciativa

própria, uma vez que as iniciativas oficiais eram mínimas, começaram a ter

interesse pelo atendimento aos deficientes.

A evolução na forma de atender as diferentes necessidades especiais e

a inclusão dessa educação na política brasileira ocorreram por volta de 1950,

observadas as suas peculiaridades.

Foram criados o Instituto Benjamim Constant (IBC), que logo foi

equiparado a curso ginasial através de uma Portaria ministerial em 1946. Em

1947 a Fundação Getulio Vargas juntamente com o IBC realizou o primeiro

Curso de Especialização de Professores na Didática de Cegos e no período

entre 1951 e 1973 o curso foi realizado em convênio com o Instituto Nacional

de Estudos Pedagógicos (INEP). Essas instituições foram voltadas para

atendimentos a deficientes visuais.

Para os deficientes auditivos em 1957 foi criado o Instituto Nacional de

Educação de Surdos (INES). Desde o início, o INES caracterizou-se como um

estabelecimento educacional voltado para a educação literária e o ensino

profissionalizante de meninos “surdos-mudos” de 7 a 14 anos de idade

(Mazzotta, 1999).

Tanto no IBC quanto no INES foram instaladas oficinas para a

aprendizagem de ofícios. No primeiro eram oferecidos cursos de tipografia e

encadernação para os meninos e tricô para as meninas. No segundo sapataria

e encadernação, pautação e douração.

Em 1929 foi fundado o Instituto Santa Terezinha em Campinas, por

iniciativa de duas freiras brasileiras. Em 1933 o Instituto foi transferido para a

cidade de São Paulo. O instituto hoje é reconhecido como de utilidade pública

federal, estadual e municipal, sendo mantido por uma Congregação de Irmãs,

tendo Convênios com órgãos federais, estaduais e municipais.

Já em 1935 foi criada em Belo Horizonte o Instituto Pestalozzi

especializada em deficientes auditivos e mentais. Em 1952 foi criada a Escola

para deficientes auditivos Helen Keller.

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Datam de 1931/1932 as primeiras iniciativas com propósitos

especializados no atendimento para deficientes físicos com a criação de uma

classe especial na Escola Mista do Pavilhão da Santa Casa de Misericórdia,

em 1948, 1950 e 1969 foram criadas outras classes de atendimento.

O Lar-Escola São Francisco é uma importante instituição especializada

na reabilitação de deficientes físicos e foi fundado por Maria Helcida Campos

Salgado em 1943, uma obra pioneira no Brasil no campo de reabilitação dos

incapacitados, sendo reconhecida como de utilidade pública estadual em 1956.

A Associação de Assistência á Criança Defeituosa (AACD), um dos mais

importantes centros de reabilitação do Brasil foi fundada em 1950. Hoje esta

associação complementa o atendimento a pacientes em reabilitação que estão

em idade escolar. Funcionando em regime de externato, semi-internato e

internato, a AACD atende crianças e jovens deficientes físicos.

Para os deficientes mentais o Instituto Pestalozzi atua profundamente no

atendimento desde 1926. A Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais

data de 1954 fundada no Rio de Janeiro.

O atendimento aos deficientes visuais, auditivos, físicos e mentais teve

significativo avanço a partir da criação de instituições especializadas,

principalmente a partir do século XX.

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Capítulo 3 – Leis e Políticas Públicas

3.1 – Constituição da República Federativa do Brasil

As reformas constitucionais no Brasil aconteceram nos anos de 1824,

1891, 1934, 1937 e 1988.

A Constituição de 1988, além dos princípios de igualdade e da dignidade

da pessoa humana, trata diretamente das pessoas portadoras de deficiência,

nos seguintes artigos: Artigo 7º, XXXI, onde é mencionada sobre a proibição de

qualquer discriminação, sobre salário e critérios de admissão do trabalhador

portador de necessidades especiais.

O artigo 37, VIII trata do percentual dos cargos e empregos públicos e

defini os critérios de admissão, no artigo 203 fala-se da assistência social que

será prestada independentemente da contribuição a previdência social.

No artigo 227, no parágrafo 1º relata nos inciso II a intervenção do

Estado que promoverá programas de assistência integral a saúde da criança e

do adolescente e o atendimento especializado para os portadores de

deficiência física, sensorial ou mental.

A Constituição Federal (1988) tem ainda outros dispositivos que tratam

das pessoas com deficiência e podem ser encontradas nos seguintes títulos:

Dos Direitos e Garantias Fundamentais (Artigo 7º); Da Organização do Estado

(Artigo 24); Da Administração Pública (Artigo 37); Da Ordem Social (Artigo

203); Das Disposições Gerais (Artigo 244).

3.2 – Direito Internacional e Comparado

A Convenção número 159/83, da Organização Internacional do Trabalho, foi

ratificada pelo Brasil por meio do Decreto Legislativo número 51, de 28 de

agosto de 1989, o que lhe outorgou força de lei. Assumiu, por isso, importância

primordial. Representa a posição mais atual da OIT. Seu princípio baseia-se na

garantia de um emprego adequado e na possibilidade de integração ou

reintegração das pessoas com deficiência na sociedade.

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Em razão das condições práticas e das possibilidades nacionais, todo

Estado que ratificar a Convenção deve formular e aplicar uma política nacional

sobre readaptação profissional e emprego de pessoas com deficiência e

garantir que as medidas, beneficiem todos que se encontrem nessas

condições. Essa política deve basear-se no princípio da igualdade de

oportunidades entre os trabalhadores com deficiência, de um ou de outro sexo,

e os demais trabalhadores. As pessoas com deficiência devem dispor de

serviços de orientação, de formação, de colocação, de emprego ou de outras

finalidades, bem adaptados as suas necessidades. Tais serviços devem

promover-se igualmente nas zonas rurais e nas comunidades apartadas. O

Convênio prevê, além disso, medidas em favor do desenvolvimento da

formação e da disponibilidade de assessores especializados.

Em 2006, a Assembléia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU)

aprovou a Convenção Internacional de Direitos da Pessoa com Deficiência,

primeiro documento de direitos humanos do século XXI e o oitavo da ONU.

Trata-se de importantíssimo instrumento de aprimoramento dos direitos

humanos, não apenas porque atende às necessidades específicas desse

grupo, mas acima de tudo, porque revigora os direitos humanos, hoje

ameaçados por guerras consideradas ilegais pela ONU e pelo avanço do

mercado global em detrimento de direitos sociais antes consolidados.

O conceito de “pessoa com deficiência” que se contempla no artigo 2º da

Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência implica grande

reversão paradigmática na concepção jurídica do sujeito a quem se destina o

referido instrumento internacional. É que, além do aspecto clínico comumente

utilizado para a definição em apreço, concernente à limitação física, intelectual

ou sensorial, inclui-se a questão social, para estabelecer-se o alcance da maior

ou menor possibilidade de participação dessas pessoas em sociedade.

A Convenção estabelece, assim, direitos quanto à saúde, educação

inclusiva nas escolas comuns, transporte, crianças e mulheres com deficiência,

atendimentos em caso de calamidade, lazer, cultura, esporte, habilitação e

reabilitação, trabalho e formação profissional, etc. No que concerne ao

trabalho, reafirma a idéia de inclusão de todas as pessoas com deficiência no

mundo do trabalho, de forma digna e integral, reforçando as ações afirmativas

para tanto, conforme o artigo 27 do instrumento.

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As políticas internacionais de incentivo ao trabalho das pessoas com

deficiência envolvem providências que vão desde a reserva obrigatória de

vagas até incentivos fiscais e contribuições em favor de fundos públicos

destinados ao custeio de programas de formação profissional, no âmbito

público e privado.

3.3 – Política Nacional para integração das PNES

O Decreto de número 3.2896/99 regulamente a Lei número 7.853 de 24

de outubro de 1989, que dispõe sobre a Política Nacional para a Integração da

Pessoa Portadora de Deficiência, consolida as normas de proteção e dá outras

providências sobre o tema.

A Política Nacional para a Integração da Pessoa Portadora de

Deficiência é um conjunto de orientações que tem como objetivo assegurar o

pleno exercício dos direitos individuais e sociais das pessoas portadoras de

deficiência.

Segundo a Lei, cabe aos órgãos e entidades do Poder Público

assegurarem à pessoa portadora de deficiência o pleno exercício de seus

direitos básicos, inclusive o direito à saúde, à educação, ao trabalho, ao

desporto, ao turismo, ao lazer, à previdência social, ao acesso à edificação

pública, à habitação, ao transporte, à cultura, ao amparo à infância e à

maternidade e outros que propiciem o bem estar pessoal, social e econômico.

Os objetivos da Política Nacional para Integração da Pessoa Portadora

de Deficiência são: o acesso, o ingresso e permanência das pessoas com

deficiência em todos os serviços à comunidade; a integração dos órgãos e das

entidades públicas e privadas nas diversas áreas da saúde, educação,

transporte, assistência social, previdência, entre outros, visando à prevenção

das deficiências, à eliminação das diversas causas e à inclusão social;

desenvolver programas setoriais para atendimento das necessidades especiais

das pessoas com deficiência; formar recursos humanos para o atendimento

das pessoas com deficiência; garantir a efetividade aos programas de

prevenção, de atendimento especializado e de integração social.

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Este Decreto define os diferentes tipos de deficiência, estabelece os

instrumentos a serem utilizados pela Política, define a competência do

Conselho Nacional dos Direitos da Pessoa Portadora de Deficiência (Conad),

define a competência da Coordenadoria Nacional para a Integração da Pessoa

Portadora de Deficiência (Corde), entre outras orientações.

3.4 – Fiscalização no cumprimento da Lei

Compete ao Ministério do Trabalho, aos seus auditores fiscais do

trabalho a fiscalização das empresas no que se refere ao cumprimento da

legislação referente ao trabalho das pessoas portadoras de deficiência.

O não cumprimento da Lei pode ser lavrado auto de infração com a

conseqüente imposição de multa administrativa. Igualmente é possível o

encaminhamento de relatório ao Ministério Público do Trabalho para as

medidas legais cabíveis.

A multa é a prevista no artigo 133 da Lei 8.213, de 24 de julho de 1991,

calculada na seguinte proporção, conforme estabelece a Portaria nº 1.199, de

28 de outubro de 2003:

I – para empresas com cem a duzentos empregados, multiplicar-se-à o número de trabalhadores portadores de deficiência ou beneficiários reabilitados que deixaram de ser contratados pelo valor mínimo legal, acrescido de zero a vinte por cento; II – para empresas com duzentos e um a quinhentos empregados, multiplicar-se-à o número de trabalhadores portadores de deficiência ou beneficiários reabilitados que deixaram de ser contratados pelo valor mínimo legal, acrescido de vinte a trinta por cento; III – para empresas com quinhentos e um a mil empregados, multiplicar-se-à o número de trabalhadores portadores de deficiência ou beneficiários reabilitados que deixaram de ser contratados pelo valor mínimo legal, acrescido de trinta a quarenta por cento; IV - para empresas com mais de mil empregados, multiplicar-se-à o número de trabalhadores portadores de deficiência ou beneficiários reabilitados que deixaram de ser contratados pelo valor mínimo legal, acrescido de quarenta a cinquenta por cento; $ 1º O valor mínimo legal a que se referem os incisos I a IV deste artigo é o previsto no artigo 133 da Lei nº 8.213, de 1991. $ 2º O valor resultante da aplicação dos parâmetros previstos neste artigo não poderá ultrapassar o máximo estabelecido no artigo 133 da Lei nº 8.213, de 1991.

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O Ministério Público do Trabalho (MPT) atua em estreita parceria com o

Ministério do Trabalho e Emprego para o cumprimento das normas de

incremento do trabalho das pessoas com deficiência. Tem sido a tônica da

atuação do MPT a adoção de medidas de aproximação de empresários,

autoridades públicas e organizações não-governamentais envolvidas com a

matéria. Visa-se, dessa forma, alterar o paradigma cultural de exclusão das

pessoas com deficiência.

Parte-se do pressuposto de que o desconhecimento das capacidades

das pessoas com deficiência é o maior impedimento ao cumprimento da lei.

Audiências públicas com os atores sociais mencionados e dirigidas pelo

Ministério Público do Trabalho e Ministério do Trabalho e Emprego têm sido

realizadas com sucesso, revelando mitos e esclarecimento da realidade dos

fatos.

Caso se frustrem as conversações e remanescendo descumprida a lei, o

Ministério Público do Trabalho tentará compor a situação por meio de Termo de

Ajuste de Conduta ( que não exime a empresa infratora do descumprimento da

lei), que estipulará prazo para sua adequação. Sendo impossível, ainda mais

uma vez, o entendimento, ajuíza-se Ação Civil Pública, que fixará multa

inerente à obrigação de contratar, até que a cota se preencha, bem como

indenização social pelo descumprimento pretérito da lei.

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Conclusão

A história das pessoas com necessidades especiais da Antiguidade até

a Idade Média, mostra que o extermínio, a discriminação e o preconceito

marcaram profundamente a vida destas pessoas que, quando sobreviviam, não

tinham outra alternativa senão a vida à margem da sociedade. Mesmo que isso

acontecesse sob a proteção do abrigo e da caridade, a exclusão era o caminho

naturalmente praticado.

A trajetória da Idade Média até os dias de hoje mostra que, apesar do

desconhecimento e do preconceito, iniciativas isoladas de estudiosos, que

acreditaram na potencialidade do indivíduo deficiente com direitos e deveres

que precisava ser educado, favoreceram as conquistas no mundo atual.

Hoje em nosso país com a Constituição Federal, decretos e também

atuação da família com portadores de necessidades especais, já há garantias

de direitos e deveres também para estes brasileiros, que já contam até mesmo

com garantias de emprego, educação e saúde. Os próprios portadores de

necessidades especiais como cidadãos conscientes, reivindicam seus direitos

e garantias constitucionais.

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INDICE

FOLHA DE ROSTO 2 AGRADECIMENTO 3 DEDICATÓRIA 4 RESUMO 5 METODOLOGIA 6 SUMÁRIO 7 INTRODUÇÃO 8 CAPÍTULO I Entendendo o conceito de PNES 9

1.1– Quem são as pessoas consideradas PNES? 9

1.2– Os tipos de deficiências existentes 10

1.3– A inclusão e integração das pessoas PNES 11

1.4– Ações preventivas 12

CAPÍTULO II Evolução histórica das pessoas portadoras de necessidades especiais 14

2.1– Os deficientes na Antiguidade 14

2.2– Os deficientes na Idade Média 16

2.3– No início da era Moderna 17

2.4– Os deficientes a partir do século XX 18

CAPÍTULO III Leis e Políticas Públicas 21

3.1 – Constituição da República Federativa do Brasil 21

3.2 – Direito Internacional e Comparado 21

3.3 – Política Nacional para integração das PNES 23

3.4 – Fiscalização no cumprimento da Lei 24

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Conclusão 26

Bibliografia 27

Índice 29

Folha de Avaliação 31

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FOLHA DE AVALIAÇÃO

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