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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU
INSTITUTO A VEZ DO MESTRE
MARKETING DE RELACIONAMENTO: A UTILIZAÇÃO DE
CONCEITOS PARA FIDELIZAÇÃO DE CLIENTES
Por: Daniele Ramiro de Souza
Orientador
Prof. Mary Sue
Rio de Janeiro
2009
2
UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU
INSTITUTO A VEZ DO MESTRE
MARKETING DE RELACIONAMENTO: A UTILIZAÇÃO DE
CONCEITOS PARA FIDELIZAÇÃO DE CLIENTES
Apresentação de monografia ao Instituto A Vez do
Mestre – Universidade Candido Mendes como
requisito parcial para obtenção do grau de
especialista em Comunicação Empresarial.
Por: Daniele Ramiro de Souza
3
AGRADECIMENTOS
Aos colegas de trabalho da Assessoria
de Imprensa da Prefeitura de Mesquita,
por contribuírem de forma ativa e
incentivadora para a conclusão deste
curso.
4
DEDICATÓRIA
A minha querida avó, Orania Maria de
Souza e ao meu noivo, Anderson Lopes
Ferreira. Ambos com seu carinho e
confiança, apoiaram de forma
fundamental para que eu pudesse
concluir mais esta etapa da minha vida.
RESUMO
5
Este trabalho foi elaborado a partir do enfoque sobre a prática do
marketing de relacionamento. Para isso, o estudo de caso se voltou em
relação a uma análise sobre a prática, que também é definida como pós
marketing, como sendo o processo contínuo de identificação e criação de
valores e o compartilhamento de seus benefícios com clientes individuais,
durante todo o tempo de vigência da parceria.
Antes de traçar um estudo sobre a prática do marketing de
relacionamento, a pesquisa se volta para a questão da introdução ao
marketing. Autores como Raimar Richers e a agência a American Marketing
Association (AMA), umas das mais respeitadas sobre o assunto em todo o
mundo, foram fundamentais para a realização da formulação desta definição
que abre o campo de estudo deste trabalho. Observações sobre o surgimento
da prática do marketing, seu desenvolvimento a partir da década de 50, e sua
aplicação no mercado brasileiro foram abordadas nesta pesquisa.
Para se construir um trabalho que se enfoque o marketing de
relacionamento, é fundamental criar uma pesquisa sobre o comportamento do
público alvo. Com isso, a identificação do público através de suas
necessidades, como se abordar um público para identificação de seus desejos,
e o comportamento dos consumidores brasileiros, foram traçados através de
um estudo de diversos autores, como Armando Sant’Anna, em seu livro,
Propaganda: teoria, técnica e prática.
Após conceituar marketing e esclarecer o lado dos clientes, é feito uma
abordagem sobre o marketing de relacionamento. Sua aplicação e diversas
formas de atuação foram analisadas e inseridas neste trabalho. Após a
descrição da prática, esta monografia pretende mostrar como o pós marketing
é utilizado no Brasil e no mundo.
6
METODOLOGIA
Através de experiências pessoais e de estudos de casos durante o curso de
pós graduação em Comunicação Empresarial, pode-se identificar que cada vez
mais as empresas criam métodos diferentes para fidelizar seus clientes. Dessa
7
forma, o marketing de relacionamento foi um bom exemplo de método a ser
analisado, já que por sua vez consiste no trabalho de marketing voltado
especialmente para o relacionamento da empresa com seus clientes e
fornecedores.
Atualmente existe uma série de estudos voltados para essa prática, que
também é chamada de pós-marketing por alguns autores. Em geral, o
marketing de relacionamento consiste em uma estratégia de negócios que visa
construir de forma pró-ativa, relacionamentos duradouros entre a organização
e seus clientes, o que consequentemente irá contribuir para o aumento do
desempenho da empresa para resultados sustentáveis.
Para a composição deste trabalho acadêmico, foram pesquisados em
livros, sites e artigos, diferentes conceitos e possíveis explicações para a
aplicação do pós-marketing nas empresas que visam um melhor desempenho
lucrativo. Para isso, a origem do marketing, seu início no Brasil, além de um
estudo aprofundado sobre o público alvo, através do comportamento dos
consumidores, foram abordados anteriormente para uma composição mais
completa desta obra.
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO 09
CAPÍTULO I - O QUE É MARKETING? 11
1.1 - A História do Marketing 13
1.2 - A administração do marketing a partir da década de 50 14
1.3 - O desenvolvimento do marketing no Brasil 17
8
CAPÍTULO II - ANÁLISE DO PÚBLICO ALVO
21
2.1 – A identificação do público através de suas necessidades 22
2.2 – O modelo 5 Ws 24
2.3 – O comportamento dos consumidores brasileiros 25
CAPÍTULO III – O CONCEITO DE MARKETING DE RELACIONAMETO 29
3.1 – Marketing de relacionamento pessoal 32
3.2 – As empresas no Brasil e a tecnologia da informação 33
3.3 – O relacionamento pessoal no Brasil 34
CONCLUSÃO 48
BIBLIOGRAFIA 40
ÍNDICE 42
INTRODUÇÃO
Este trabalho é um estudo da relação entre o uso de ferramentas do
marketing de relacionamento e a satisfação do cliente. Seu objetivo é verificar
se a satisfação é diretamente proporcional à implementação de tais
ferramentas e isso acontece, de forma mais evidente no Brasil, porque está
9
altamente vinculado à cultura que preza pelo relacionamento e pela
proximidade com as pessoas.
O tema central é o marketing de relacionamento, que tem sua aplicação
através das vantagens que apresenta para as instituições e para os clientes.
No caso da empresa em termos de fidelização e diferencial frente à
concorrência, pois sua atuação é baseada no conhecimento que adquire sobre
o cliente e na confiança estabelecida, podendo oferecer produtos de maneira
única. O comportamento do cliente ensina à empresa sobre os produtos
apropriados às suas demandas e sobre o atendimento personalizado que
busca.
O marketing de relacionamento significa construir e sustentar a infra-
estrutura dos relacionamentos com clientes. É uma integração dos clientes
com a instituição, que é iniciada desde o projeto, desenvolvimento de
processos industriais e até as vendas. O processo de marketing de
relacionamento deve se iniciar com a escolha certa do cliente, a identificação
de suas necessidades, a definição dos serviços prestados e agregados, a
busca da melhor relação entre custo e benefício, além de ter funcionários
motivados e capacitados para atender estes clientes de forma adequada. O
contexto de administrar o relacionamento com o cliente serve para que a
empresa conquiste uma vantagem competitiva e assim que se destaque
perante a concorrência.
Nesta monografia é realizada uma análise sobre a utilização de
ferramentas do marketing de relacionamento com clientes. Para isso, é
possível afirmar que o marketing de relacionamento é uma ação proposta por
cargos de diretoria das empresas, orientada pela interação necessária com os
clientes, que visam proporcionar satisfação, que é identificada como uma
espécie de contentamento do cliente com o produto que adquire.
Para a composição desta obra, foram utilizadas diversas pesquisas
como base, onde unem relatos desde a introdução, definição e início do
10
marketing no Brasil, passando por uma análise minuciosa do comportamento
dos clientes, até a chegada e aplicação do conceito de marketing de
relacionamento com objetivo de se conquistar a fidelização dos clientes a partir
do conceito.
CAPÍTULO I
O QUE É MARKETING?
São várias as definições que se encontra sobre a prática do marketing.
Uma das mais comuns entre autores de todo o mundo que definem marketing,
é que o mesmo é uma parte do processo de produção e de troca que se
preocupa com o fluxo de bens e serviços do produtor ao consumidor.
Popularmente, o marketing se define como a distribuição e venda de
mercadorias. O marketing inclui atividades de todos que se dedicam em
transferir mercadorias.
11
Existem muitas definições técnicas e algumas tentativas de tradução
da palavra “marketing” para o português como "Mercadologia" (RICHERS,
2000). No uso diário, o marketing significa: "comercialização", o que dessa
forma engloba todo o conjunto de atividades de planejamento, concepção e
concretização, que visam à satisfação das necessidades dos clientes,
presentes e futuras, através de produtos e serviços já existentes ou que ainda
serão lançados. O Marketing é uma ferramenta que identifica a necessidade e
cria a oportunidade. Na literatura mundial são encontradas diversas definições
para marketing.
De acordo com a American Marketing Association (AMA), que é uma
das maiores organizações entendidas sobre o assunto:
Marketing é uma função organizacional e um conjunto de
processos que envolvem a criação, a comunicação e a
entrega de valor para os clientes, bem como a
administração do relacionamento com eles, de modo que
beneficie a organização e seu público interessado. (AMA -
American Marketing Association - Nova definição de
2005).
Muitos conceitos acabam confundindo o marketing com propaganda.
Marketing, definitivamente, não é propaganda, ou pelo menos, não somente. A
Propaganda é uma sub-parte do marketing. E, para o marketing, a propaganda
tem sua importância reduzida, pois a melhor propaganda, nessa área de
serviços, é a divulgação através do popularmente conhecido como “boca a
boca”.
O marketing, originalmente, é oriundo da economia, e se desligou
quando foi constatado que a base de conhecimento para uso do marketing
precisava ser maior, mais abrangente, a partir da compreensão de várias
ciências como a sociologia, antropologia, estatística e psicologia. Com o
12
objetivo de melhor esclarecer, abaixo será abordado a questão da origem da
prática do marketing.
Segundo o livro de Armando Sant’Anna, Propaganda, Teoria, Técnica e
Prática, publicado em 1998, o moderno conceito de marketing engloba todas
as atividades comerciais relacionadas com a movimentação de mercadorias e
serviços desde a sua produção até o consumo final. A realização da prática
consiste conhecer o que o consumidor necessita ou deseja. Sendo assim, se
faz necessário estudar a produção da necessidade do cliente, produzí-la,
distribuí-la para os consumidores, e ensiná-los de modo simultâneo, como se
deve utilizar esse produto.
Armando Sant’Anna cita que:
Marketing não compreende a produção nos seus
aspectos técnicos, isto é merchandising, mas a inclui no
seu aspecto comercial, ou seja, na orientação que lhe dá
no sentido de produzir artigos vendáveis, desejados pelos
consumidores, úteis e de custo acessível ao maior
número deles. (SANT’ANNA, 1998, p. 17).
1.1 - A história do marketing
Apesar de encontrarmos suas "raízes" ao longo da história da
humanidade, o marketing é um campo de estudo novo se comparado com os
demais campos de estudo. Com a necessidade dos industriais em administrar
a nova realidade oriunda a partir da Revolução Industrial, que causou uma
transformação de um mercado de vendedores para um mercado de
compradores, surgiu o estudo do mercado.
A partir dessa fase o marketing se apresenta de forma inseparável da
economia e da administração clássica, pois inicialmente sua preocupação era
13
somente com a logística e com a produtividade, além do objetivo de
maximização dos lucros. Os consumidores não tinham qualquer poder de
barganha e a concorrência era quase que um fator inexistente. Essa realidade
foi mantida até o final da Segunda Guerra Mundial quando, então, reagindo ao
crescimento da concorrência, lojistas começaram a teorizar sobre como atrair e
lidar com seus consumidores, onde se iniciou a cultura de “vender a qualquer
preço”.
Neste período as técnicas existentes se baseavam mais na intuição do
que na prática, já que as técnicas utilizadas eram ingênuas com um pouco de
teor malicioso que se misturava com ferramentas eficientes. Um dos fatores
mais atuais de marketing é encontrado na parte das ações coordenadas, onde
a questão ética é fundamentada em fatores básicos. A ação de marketing é
coordenada através de um planos estratégicos.
Durante a década de 40 os primeiros estudos sobre o marketing
vieram através de trabalhos como o de Walter Scott, através da aplicação da
psicologia na propaganda.
A questão central era saber se as teorias de mercado poderiam
mesmo se desenvolver ou se eram apenas especulações. Autores como
Roland Vaile afirmavam que jamais seria possível desenvolver uma teoria
mercadológica genuína, pois consideravam a mesma como algo extremamente
subjetivo, sendo comparada a uma forma de se fazer arte. Por outro lado,
outros estudiosos começavam a admitir a possibilidade de que existia uma
potencialidade para a teoria de mercado se tornar uma ciência.
Foi no ano de 1954 que o filósofo Peter Drucker lançou seu livro “A
Prática da Administração”, onde o marketing foi colocado como uma força
poderosa a ser considerada sua prática como forma de alavancar os negócios,
pelos administradores.
1.2 - A administração do marketing a partir da década de 50
14
Como abordado anteriormente, os primeiros passos para o
desenvolvimento do Marketing foram dados por Peter Drucker, ainda que
implicitamente no ano de 1954, com o lançamento do livro "A Prática da
Administração". A obra não se tratava de um estudo detalhado sobre
marketing, mas foi o primeiro registro escrito que cita esta ferramenta como
uma força potente a ser considerada por administradores focados no mercado
e em consumidores.
A primeira grande mudança no cenário teve início em 1960 por
Theodore Levitt, onde mais tarde foi intitulado como “o pai do marketing”. O
filósofo foi professor da Harvard Business School e publicou em seu artigo na
revista Harvard Business Review, que levava o título "Miopia de Marketing".
O veículo abordava uma série de erros de percepções, e mostrava a
importância da satisfação dos clientes, e o que transformou definitivamente o
mundo dos negócios. O vendedor que lutava para vender seu produto a
qualquer custo passou a dar importância à satisfação do cliente. A partir dessa
fase pode ser notado um renascimento de grandes marcas mundialmente
conhecidas como Coca-Cola, Malboro, Pepsi e Nestlé, por exemplo.
A ferramenta do marketing começou a se popularizar a partir da década
de 60 onde diversos artigos científicos foram escritos e várias pesquisas foram
realizadas, o que deu margem para que dados estatísticos relevantes fossem
traçados. Dessa forma foi possível separar as estratégias eficientes e com
isso, a necessidade de um estudo sério sobre o mercado foi identificada.
Este conhecimento adquirido ficou espalhado, difuso, muitas vezes
restrito ao mundo acadêmico. Em 1999, o estudioso Philip Kotler, lançou a
15
primeira edição de seu livro "Administração de Marketing", onde teve início a
reunião, revisão, teste e consolidação das bases do que até os dias de hoje
formam a aplicação do marketing.
Já nos anos 70 que começaram a surgir os departamentos e diretorias
de marketing em todas as grandes empresas no mundo. Um fato importante é
que nesta época que se multiplicaram os supermercados e shoppings centers.
A contribuição do marketing no meio empresarial passa rapidamente a
ser adotada em outros setores como governo, organizações civis, entidades
religiosas e partidos políticos, que adaptaram os conceitos às suas realidades
e necessidades.
Em 1982, Tom Peters e Bob Waterman lançaram a “era dos gurus” de
marketing. Num golpe de sorte editorial, produziram o livro de marketing mais
vendido de todos os tempos (Em Busca da Excelência), ao focarem a atenção
para o cliente. O fenômeno dos “gurus” levou o marketing para as pequenas e
médias empresas. Um dos motivos foi por causa da necessidade de mercado
que o marketing passou a ser uma preocupação direta da alta direção de todas
as grandes indústrias, e não estando mais restrita a uma diretoria ou
departamento.
O conceito dos gurus foi responsável pelo descuido com o rigor da
investigação científica e uma tendência ao modismo. Nesta época surgiram
incontáveis autores que logo caíram no anonimato, e outros como Al Ries por
definir o conceito de posicionamento, ganhando reconhecimento no mundo
dos negócios e reputação por suas idéias originais.
16
O avanço tecnológico dos anos 90 teve um forte impacto para o
marketing. O comércio eletrônico foi uma revolução na logística, distribuição e
formas de pagamento. O Customer Relationship Management (CRM) e os
serviços de atendimento ao consumidor, tornaram possível uma gestão de
relacionamento com clientes em grande escala. A Internet também foi um
veículo de comunicação que impulsionou a prática, o que caracterizou esta
época pela busca da personalização em massa.
Outra tendência do período foi o fortalecimento de questões que
exigissem que o mercado tivesse preocupações voltadas para o bem-estar da
sociedade. A satisfação do consumidor e a opinião pública passaram a estar
diretamente ligada a participação das empresas e de seus envolvimentos
direto em causas sociais, o que tornou a responsabilidade social em uma
vantagem que também estimula a competição.
De acordo com Armando Sant’Anna, antigamente eram comuns
anúncios que mostravam o produto, a fábrica, e até mesmo o dono dos
estabelecimentos. Esses tipos de anúncios eram típicos de uma concepção de
propaganda que era geral, onde o anunciante dizia ao consumidor sobre o que
deveria gostar. Nenhum tipo de esforço era realizado para saber quais eram as
reais necessidades e preferências dos clientes, assim como fazer um produto
e criar, da mesma forma, a propaganda que estivesse de acordo com tais
necessidades, preferências e desejos.
Armando Sant’Anna afirma que:
Hoje tudo mudou. O consumo, mais do que a produção, é
o mais importante objetivo. Em conseqüência, podemos
afirmar que, na economia de hoje, é o consumidor que se
encontra no ponto central, absoluto do universo
comercial. São as companhias que giram em torno do
consumidor, e não o inverso. (SANT’ANNA, 1998, p. 17).
17
1.3 - O desenvolvimento do marketing no Brasil
A prática de marketing no Brasil, através de uma análise histórica,
sugere que sua formação tem base e influência do marketing americano,
alicerçada fundamentalmente em uma visão gerencialista, técnica e planejada.
Esse trabalho procura mostrar como tal influência compõe o estágio
atual do marketing brasileiro, no ambiente acadêmico e das organizações,
refletido na sala de aula, na produção científica e na gestão das empresas.
Descreve sua origem, formação e desenvolvimento, considerando as
instituições de ensino e as empresas nacionais e transnacionais estabelecidas
em nosso país.
A partir de uma análise e abordagem de caráter historiográfico, procura
mostrar o pensamento e a ação de marketing por meio de questões como
adotadas na última metade do século passado, o comportamento dos
consumidores brasileiros, além da produção acadêmica que muito contribuiu
para desenvolver o pensamento de marketing no Brasil.
As diversas influências decorrentes das abordagens apontam para a
manutenção do pensamento brasileiro a partir do modelo americano, contudo
revela variações típicas de características e eventos ambientais próprios.
Segundo Gilbert A. Churchil Jr e J. Paul Peter, na publicação Marketing:
criando valor para os clientes, em 2003, o marketing é considerado
fundamental nas corporações já há algum tempo, dada sua importância na
relação das organizações com o mercado, mas seu entendimento não tem sido
fácil no Brasil, devido a aspectos relacionados à história de sua origem e
formação. Como vários outros elementos da prática e do pensamento em
administração no país, o marketing também foi importado de conhecimentos e
18
ações externas, especialmente do estudo dos professores e praticantes dos
Estados Unidos.
No livro de Raimar Richers, publicado no ano de 2000, desde o ano de
1954, quando a primeira instituição de ensino brasileira deu início aos estudos
que tinham como objetivo a formação profissional na área, muito se
desenvolveu em termos de pesquisa, publicações cientificas e pedagógicas.
No entanto, a influência originária americana no pensamento administrativo no
marketing, demonstrada por Maria Covre, no livro, A formação ideológica do
administrador de empresa, lançado no ano de 1981, sofre intervenientes
políticos, econômicos e sociais. Essas interferências influenciam a formação
do pensamento brasileiro e estabeleceram uma nova organização intelectual e
da prática de marketing nas organizações.
Um modelo de marketing nacional, não pode ser considerado incomum,
visto que todo o pensamento, mesmo que importado, automaticamente se
adapta às condições estabelecidas no local de atuação que copiou a prática.
Um novo contexto se configurou, influenciado por algumas condições
ambientais, como comportamento do consumidor, aspectos macroeconômicos
e desenvolvimento de pesquisas no ambiente acadêmico e das instituições.
Tal afirmação pode ser encontrada na literatura de Francisco Gracioso, em
Marketing: uma experiência brasileira, em 1973.
De acordo com a literatura de Richers (2000) e Cobra (2003), os
estudos sobre o marketing no Brasil tiveram início juntamente com o ensino e
as pesquisas no campo da administração. Com isso, duas instituições de
ensino superior foram as pioneiras no campo, sendo a Universidade de São
Paulo (USP), e a Fundação Getulio Vargas (FGV), que inicialmente abrigou o
Departamento de Administração do Serviço Público (DASP), no ano de 1938.
Com a FGV consolidada, surgiram no Rio de Janeiro, no ano de 1952 a
Escola Brasileira de Administração Pública (EBAP), e em São Paulo, em 54, a
19
Escola de Administração de Empresas de São Paulo (EAESP). Ambas tinham
como objetivo formar técnicos de nível superior em administração. Ainda,
considerando exclusivamente o estudo de marketing, como relata Cobra
(2003), é necessário ressaltar a Escola Superior de Propaganda, que
posteriormente passou a ser chamada de Escola Superior de Propaganda e
Marketing (ESPM), que foi fundada por um grupo de profissionais ligados a
propaganda em 1951, na cidade de São Paulo, ressaltando a sua importância
no contexto originário do marketing brasileiro, por oferecer os primeiros cursos,
especificamente na área de marketing.
Martins cita em sua publicação no ano de 1989 que várias foram as
iniciativas que deram origem ao marketing brasileiro, porém a Escola de
Administração de Empresas de São Paulo foi considerada introdutória do
pensamento de marketing no Brasil, por ter associação com a Michigan States
University (MSU), devido a um projeto governamental de formação dos cursos
de administração de empresas no Brasil.
De acordo com relatos de Martins (1989), a USP iniciou a sua
importância no ensino e pesquisa de marketing a partir da fundação da
Faculdade de Economia e Administração (FEA), a partir de 1946, que apesar
de dar início aos cursos de Economia e Ciências Contábeis, envolviam na sua
grade acadêmica diversos temas que se interligavam com a prática da
administração, onde o marketing também era estudado com certo destaque.
20
CAPÍTULO II
ANÁLISE DO PÚLICO ALVO
Este capítulo pretende definir o público alvo do marketing, ou seja, os
clientes. Os primeiros fundamentos estratégicos que seguem uma ordem
lógica que se aproxima do pressuposto fundamental de qualquer tipo de
comunicação é a identificação do alvo das mensagens. As pesquisas
necessárias para constatar um problema e a sua contextualização, determinam
objetivos e levantam restrições que se convergem para uma das mais
relevantes elaborações estratégicas, que se resume em quem se quer atingir
através de esforços comunicativos. Sem público não haveria marketing, e sem
o marketing, não existiria o marketing de relacionamento, que é o estudo
central desta monografia.
São diversas as áreas de aplicação do planejamento que permitem
óticas diversas relativas a identificação do público-alvo. Na comunicação
interpessoal, este problema se mostra banal e extremamente fácil de ser
solucionado, pois o público-alvo (cliente) é uma parte integrante do problema.
Sendo assim, quando se pretende transmitir uma mensagem para uma pessoa
ou grupo, já se parte do princípio de que o receptor já esteja identificado.
21
Nas áreas da comunicação, os problemas sociais e as questões
mercadológicas exigem que os públicos-alvos sejam definidos para que o
problema seja identificado e resolvido. A delimitação de um foco é necessária
quando o objetivo é realizar um plano de comunicação. Dessa forma, a
dimensão que não se pode perder de foco é a que se refere ao público alvo.
Para finalizar esta parte do estudo, foi elaborada uma pesquisa que
tentará através de literaturas de diversos autores, buscar identificar o público
através de suas intenções, necessidades, comportamento e estilo de vida, por
exemplo.
2.1 - A identificação do público através de suas necessidades
São inúmeros os aspectos que podem surgir na discussão sobre público
alvo na atmosfera do marketing. No entanto, um ponto em comum aos
esforços de comunicação em qualquer área do conhecimento é que o
entendimento e a aceitação das mensagens serão facilitadas no caso do
cliente identificado consiga estabelecer um canal entre as intenções do
emissor e suas próprias intenções, necessidades e desejos.
Carlos Sigelmann afirma que:
Esta “complementaridade de intenções” é assunto tão
antigo que deu origem ao sistema da trocas de
mercadorias e, consequentemente, a todo o sistema
econômico de mercado que conhecemos hoje. Nos
primórdios do escambo comercial, um sujeito A produzia
trigo e um sujeito B criava bois. A troca só era possível se
quem produzia trigo quisesse comer carne, e quem criava
22
bois quisesse comer pão. As necessidades tinham que se
complementar para se estabelecesse a “comunicação”
entre mercadorias. (SIGELMANN, 2005, p.38).
Atualmente pode-se afirmar que definir idade, sexo e classe social de
um público alvo não seja suficiente, antes que suas intenções e anseios sejam
atendidos. Ainda dessa forma, se partir do pressuposto de que se consiga
identificar as necessidades de um cliente específico, mesmo que não sejam
suficientes, as dimensões de análise demográficas, geográficas, psicográficas
e de estilo de vida são necessárias para que seja focado de maneira mais
nítida o cliente que se quer atingir.
Em recente estudo Silgemann explica:
As dimensões demográficas mais genéricas referem-se a
sexo, faixa etária, classe social, nível de renda e
escolaridade, enquanto dimensões mais específicas
como tamanho e tipo de família, religião e origem étnica
podem ser adequadas a alguns tipos de problema. Outras
classificações relativas à conformidade física também
podem ser convenientes para algumas situações ou
produtos segmentados: peso, altura, tipo (ou ausência) de
cabelos, etc. (SIGELMANN, 2005, p.38).
Esclarecer um grupo de pessoas é uma tarefa complexa, pois a
psicografia refere-se aos tipos de personalidade, sendo que generalizações
nesta área deixam de fora uma grande parte da população. Entretanto, mesmo
que os traços de personalidade, como as características que identificam e
influenciam o comportamento do indivíduo, seus métodos de percepção,
maneiras de agir e de pensar, possam ser tão variados quanto os profissionais
23
de marketing pesquisam a correlação entre tipos genéricos de personalidade
com determinados comportamentos de compra de produtos.
Caso o consumidor seja introvertido ou extrovertido, se compra por
impulso ou calcula custos e benefícios em suas aquisições, se compra um
determinado produto com freqüência ou esporadicamente, se compra para
satisfazer necessidades materiais ou para adquirir status social, todas estas
possibilidades se enquadram no estudo das dimensões psicográficas do
público alvo.
2.2 - O modelo 5 Ws
Saber identificar um público alvo é algo complexo e que permite uma
extensa pesquisa, além de grandes investigações. Visando simplificar este
tópico, o modelo dos 5 Ws, de origem do jornalismo, se faz adequado a
situação em estudo. O autor do 5 Ws, que em inglês significa “who, what,
where, when, why”, instrue os jornalistas para que toda reportagem possa
responder as seguintes perguntas, que traduzindo para o português significam:
“quem, o que, onde, quando e por que”.
Na linguagem do marketing, as perguntas são adaptadas da seguinte
forma:
a) quem fez o fato noticiado – o que o marketing adaptou
para “quem são nossos consumidores atuais e
potenciais?”
b) o que é o fato noticiado – adaptado para o marketing
como “o que os consumidores fazem com o produto?”
c) onde o fato aconteceu – ou “onde os consumidores
compram o produto?”
d) quando o fato aconteceu – ou “quando os
consumidores compram o produto?”
24
por que o fato aconteceu – ou “por que os consumidores
escolhem o produto?”. (SIGELMANN, 2005, p.40).
Da mesma forma que as notícias jornalísticas transmitem valores de
conhecimento quando buscadas, de maneira completa, informar o leitor a
respeito de um fato ou acontecimento, a compreensão no que se refere ao
público alvo somente será valiosa para a tomada de decisão de um
planejamento, caso seja ultrapassado o limite das dimensões demográficas
básicas em relação ao sexo, idade e classe social do cliente.
2.3 - O comportamento dos consumidores brasileiros
As políticas governamentais, refletidas em medidas econômicas e
sociais, determinaram diversas variáveis intervenientes em todo o mercado.
Também é possível destacar uma forte alteração de comportamento dos
consumidores brasileiros a partir do último meio século, medida essa que foi
influenciada por mudanças entorno da economia mundial. Diversos autores
como Gracioso, em seu livro Marketing: uma experiência brasileira, publicado
em 1973, é presente a afirmação de que os consumidores foram alterando seu
perfil de comportamento, o que ocasionou a criação do pensamento de
marketing.
O estudioso Richers (2000) também estabeleceu uma classificação do
comportamento dos consumidores levando em conta uma linha do tempo em
que foram consideradas as alterações ambientais do país. Nessa classificação
Richers (2000) faz uma ligação sobre o comportamento do consumidor em seis
perfis distintos: despretensioso, ávido, judicioso, aflito, revoltado e ponderado.
O Consumidor despretensioso é aquele que viveu
na década de 1960, quando segundo Guerreiro (1982),
Gracioso (1973) e Simões (1980), o consumo era provido
de satisfação das necessidades a partir da oferta de
produtos importados. O nível de exigência deste
25
consumidor era praticamente inexistente, na medida em
que havia pouquíssimas alternativas e por isso não se
observam aspectos essenciais tais como preço,
qualidade, concorrência. O único aspecto importante é
que o produto substituísse as alternativas arcaicas
apresentadas por produtores nacionais (RICHERS, 1994).
O consumidor ávido, em função das novas condições
econômicas do país e dos trabalhadores, caracterizou-se
pelo aumento do poder de compra e o desejo de melhora
da qualidade de vida. Os “anos dourados” incutem na
população uma vontade excessiva de adquirir produtos
que proporcionassem status, como automóveis, o
aparelho de televisor preto e branco e vestuário, entre
outros (RICHERS, 1994). O consumidor Judicioso surge
no fim dos “anos dourados” e com a crise energética. Há
uma mudança radical de perfil, o que o torna mais crítico
na hora da escolha e da compra dos 45 produtos de
maneira geral. Esse perfil judicioso também se estabelece
por conta das características sociais do país e, segundo
Richers (1994) e Oliveira (2004), ele está posicionado
entre as classes A, B e C. Sua faixa etária é um pouco
mais elevada que os jovens consumidores da década dos
“anos dourados” em função de uma redução na taxa de
natalidade, típica de momentos de crise e estimulada por
políticas governamentais da época. Já o consumidor aflito
surge no inicio da década de oitenta, ainda com
resquícios do “milagre econômico”, mas a crise provoca
restrições de consumo, imposta por políticas
governamentais que procuram reduzir o risco de
“explosão” da economia. Com o aumento crescente da
classe média urbana o consumo é propício, mas o
consumidor é mais influente nos mercados porque
pesquisa e busca vantagens o tempo todo. O consumidor
26
revoltado vive um tempo de crises constantes, apesar do
fim da crise institucional poder ser vislumbrado no inicio
da década de 1990. O consumidor, porém, agora é cético
com as inúmeras tentativas governamentais de sair da
crise, que parece não ter fim. Compra com muita restrição
e desconfiança, pois se sente traído pelo estado, por
conta de eventos como a recessão, a inflação e o
descontrole dos políticos, os quais julgam culpados por
seus problemas (OLIVEIRA, 2004; RICHERS, 2000).
O consumidor ponderado, segundo Richers (2000) e
Oliveira (2004), é identificado como o consumidor de
nossos dias. Observa melhorias na qualidade de vida, e
retoma um espírito nacionalista, apesar de compras
cautelosas de bens duráveis. Por uma contingência do
mercado como um todo espera receber algo agregado
aos produtos, especialmente serviço e informação.
(COSTA E VIEIRA, 2007, p.44 e 45).
Armando Sant’Anna cita que os padrões de vida, o modo habitual de
fazer as coisas estão mudando. A rotina diária vem apresentando novas
vertentes, onde na última década os hábitos de compra se modificaram
radicalmente. Atualmente se pode ser notado um maior planejamento nos
padrões de compra e os hábitos de gasto da economia são únicos. Os hábitos
são o que tornam a vida mais fácil e segura.
A classe média está perdendo seu poder de compra. E isso gera mais
do que cortes nos gastos, faz com que os hábitos do consumidor médio sejam
mudados. Isso não significa que o consumidor está comendo menos, mas em
geral, faz com que os produtos mais baratos tenham prioridade no ato da
compra. Em suma, a qualidade das refeições é sacrificada para que a
quantidade possa ser mantida. Esta fase está sendo marcada por um
momento de maior intimidade dos meios de comunicação, que por sua vez
27
estão dedicando espaços significativos para os consumidores definidos como
diretos, que são aqueles que pertencem economicamente a classe média.
Já em relação ás classes altas, em pesquisa realizada na cidade de São
Paulo, foi estudado o comportamento de homens e mulheres entre 20 a 45 a
nos em relação a 15 bens de consumo duráveis, do refrigerador ao automóvel,
da máquina fotográfica à lava-louças. Alguns dos produtos são encontrados
em todas as casas de classe A e são desejados na classe B. Estes dados
mostram de forma superficial que o desafio do futuro é grande. Um dos
maiores problemas da sociedade moderna é a comunicação. Comunicar de
forma correta é um dos grandes desafios do êxito de uma sociedade.
Na atual fase da evolução social do Brasil, poucas
atividades poderiam dar uma contribuição mais decisiva
para a ampliação do mercado interno, para a criação de
novos métodos de vida, para difundir o conhecimento
necessário à produção agrícola, para promover reformas
sociais e renovar estruturas arcaicas, para desenvolver a
alfabetização e a tecnologia, para retificar e atualizar a
imagem do País, para ampliar nossa participação nos
mercados mundiais, para desenvolver o sentimento de
empatia nacional sem o qual nenhuma nação pode
vencer a barreira da economia. (SANT’ANNA, 1998,
p.11).
28
CAPÍTULO III
O CONCEITO DO MARKETING DE RELACIONAMENTO
O marketing passou a ser visto durante seu período de definição como
um apanhado de conceitos de outras áreas. No entanto, os estudiosos
continuam avançando seus estudos com o intuito de dar sustentação ás
necessidades do mercado e aos decorrentes lançamentos, subdividindo-se em
vários grupos de estudo.
Uma dessas vertentes se transformou no marketing de relacionamento,
que seu conceito e sua efetivação nas empresas surgiram no início dos anos
90. O pós marketing se dirige a instituição pela interação constante e atuação
colaborativa na relação com clientes.
Estudar e entender cada cliente, e não somente o mercado, como era
realizado anteriormente, passa então a ser o diferencial de cada negócio, o
que possibilita atender da melhor forma as necessidades, desejos e
expectativas identificadas dos consumidores. Através de ideologias modernas
de marketing, só essa mudança pode garantir a repetição da compra que é o
fundamento de qualquer negócio de sucesso.
O vendedor fornecendo todas as informações necessárias à tomada de
decisão e tendo papel ativo junto ao comprador já não é mais um mero
anotador de pedidos, tornou-se um agente a serviço do cliente. O marketing é
o responsável por avaliar as oportunidades de satisfação de desejos e de
atividades que estimulem a troca. Em definição mais elaborada o filósofo Kotler
no ano de 1998 define marketing como um processo social e gerencial pelo
qual indivíduos e grupos obtêm o que necessitam e desejam através da
criação, oferta e troca de produtos de valor com outros. Entendendo essa
percepção do cliente antecipada ao consumo, o marketing passa a integrá-lo
sistematicamente.
29
Uma relação valorizada é aquela na qual o cliente encontra valor porque
os benefícios recebidos da entrega do serviço superam significativamente os
custos associados à sua obtenção. Para a empresa, é uma relação
financeiramente lucrativa ao longo do tempo e na qual os benefícios de
atender os clientes podem ir além das receitas e incluir intangíveis como o
conhecimento e o prazer obtidos de se trabalhar com eles. A proposta de valor
de uma empresa é muito mais do que se posicionar em um único atributo. É
uma declaração sobre a experiência que os clientes obterão com a oferta e
seu relacionamento com o fornecedor.
A marca deverá representar uma promessa relativa à experiência total
resultante que os clientes podem esperar. Além de criar valor, é importante
conseguir entregá-lo para os clientes. Isto resulta da excelência em gestão de
entrega de valor, o que exige da empresa uma estratégia alinhada e um
esforço conjunto de todos os departamentos.
Foi a partir da busca da satisfação dos clientes que surge o conceito de
pós-marketing. Segundo Vavra (1993), pós-marketing é o processo de
proporcionar satisfação contínua e reforço aos indivíduos, que são clientes
atuais ou que já foram clientes. Os clientes devem ser identificados,
reconhecidos como indivíduos, comunicados de acordo com suas
necessidades e expectativas, auditados em relação à satisfação e
respondidos.
O objetivo principal do marketing de relacionamento é construir
relacionamentos duradouros com todos os clientes, conforme definem Stone e
Woodcock.
O marketing de relacionamento é como nós:
Achamos você, passamos a conhecê-lo; mantemos
contato com você, tentamos assegurar que você obtenha
de nós aquilo que quer – não apenas em termos de
30
produtos, mas em todos os aspectos de nosso
relacionamento com você e verificamos se você está
obtendo aquilo que lhe prometemos, desde que,
naturalmente, isso também seja vantajoso para nós.
(STONE E WOODCOCK, 1998, p.3).
Entender e atender às necessidades dos consumidores, e ainda,
conseguir proporcionar satisfação, demanda tempo, dedicação e uma visão de
mercado futuro. Decidir corretamente o que tem de ser feito e como fazê-lo
requer dispor de bons dados a respeito de clientes, concorrentes e mercados.
Para isso, é necessário ter à disposição algum recurso financeiro, a fim de
comunicar com o público alvo o produto ou serviço oferecido pela empresa,
realizar pesquisa de marketing, e manter um banco de dados com informações
dos clientes.
O que é de difícil compreensão para os empresários são os valores
financeiros direcionados à realização do marketing. As empresas se
concentram mais no que gastam do que em como é gerada a renda.
Normalmente, os recursos financeiros gastos com o marketing são
direcionados a ações que provocam um impacto limitado nos clientes, e o
marketing é visto apenas como um gerador de despesas, e isso para o
empresário não é interessante. O marketing de relacionamento é uma
oportunidade de fazer com que o marketing seja relevante para os
proprietários, para a gerência e para os clientes. Posto que o marketing de
relacionamento possibilita uma mudança de visão do marketing, percebida
antes como gasto, e vista agora, como investimento nos clientes com uma
previsão de retorno futuro. Os empresários precisam deixar de lado a visão
imediatista e concentrar seus esforços em ações que lhe proporcionarão um
retorno futuramente, visto que o marketing de relacionamento pretende criar
em longo prazo.
Com uma visão voltada a resultados futuros, algumas empresas sem
utilizam de cadastros informatizados com dados de clientes, a fim de terem
31
acesso a informações relevantes que possam auxiliá-los no desenvolvimento
das ações de marketing da empresa. Contudo, a maioria das micro e
pequenas empresas, não são informatizadas, e ainda, alguns gerentes ou
empresários, não sabem o que fazer com os dados arquivados.
3.1 - Marketing de relacionamento pessoal Seguindo a afirmação do ramo da psicologia que os brasileiros agem de
acordo com suas experiências de socialização e de seu processo motivacional
pessoal, é válido apresentar a efetivação e as implicações do marketing de
relacionamento pessoal. Uma metodologia utilizada para compreender a
mecânica da criação, acompanhamento e manutenção de um relacionamento
com o cliente é poder identificar seus clientes, em seguida diferenciá-los
segundo seu valor e suas necessidades, interagir com eles de forma
compreensiva, e finalmente, personalizar o produto ou serviço.
O estudioso Robert Lauterborn recomenda o uso dos 4Cs, substituindo
dos 4Ps criado por Jerome McCarthy e popularizado por Philip Kotler, que para
o presente estudo parece mais adequado por seu foco exclusivo no cliente,
que seria: Cliente em lugar de Produto: estudar vontades e necessidades.
Custo possível para o cliente em lugar de Preço: o preço é apenas um dos
componentes do custo, que envolve deslocamento para compra, pesquisa de
preço, trade-off com outros produtos que poderia consumir e com outros
relacionamentos que poderia escolher. Conveniência em lugar de Praça
(distribuição): no lugar, no horário e na quantidade adequada ou
relacionamento que é interessante. Comunicação em lugar de Promoção, já
que é importante manter um banco de dados do cliente pronto para ser usado
no atendimento.
Registrar necessidades, preferências e histórico de vendas do
comprador, como afirmam Peppers e Roger, consolida o relacionamento. A
capacidade de coletar, armazenar, acessar e manipular dados, de transformar
esses dados em informações e aplica-las, mudou tudo. Todo esse aparato
32
proposto para satisfazer e fidelizar o cliente só é possível mediante
planejamento, que trabalha informações de forma antecipada. Adquiri-las,
trata-las e interpretá-las permite a programação de novos cursos de ações, a
idealização de novos patamares de efetividade, o balizamento das estratégias
para minimizar impacto de mudanças desfavoráveis do mercado e a
preparação para aproveitamento de oportunidades de negócios, como é o caso
de encontrar novos produtos para os mesmos clientes.
Essa idéia permite pensar uma ação do consumidor brasileiro, orientada
predominantemente por outras maneiras que não somente a avaliação custo
benefício. A existência desses valores nas relações de troca no Brasil permite
indagar sobre a eficácia do relacionamento pessoal em alterar a satisfação do
cliente.
3.2 – As empresas no Brasil e a tecnologia da informação
Os instrumentos de marketing da mesma forma que são utilizados nos
EUA podem ser usados também no Brasil, no entanto, necessitam serem
adaptados ao meio cultural brasileiro, segundo RICHERS, 2000, mediante as
condições financeiras da empresa. A justificativa para a escolha do porte das
empresas a serem pesquisadas é pelo fato de que o total de organizações
empresariais em atividade no Brasil, somente no ano de 2002, de acordo com
estatísticas do Intituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), alcançava
4.918.370 de unidades, nos setores da indústria, construção, comércio e
serviços, sendo que as microempresas representavam 93,6% do total de
empresas, tendo como o setor mais representativo o do comércio, com 95,4%
de empresas desse porte. O conjunto das micro e pequenas empresas
alcançam 99,2% do total (SEBRAE, online, 2005) de empresas. De acordo
com o IBGE (SEBRAE online, 2005) no ano de 2002, no Brasil, das empresas
que exerciam a atividade de comércio, cerca de 95%, eram micro e pequenas
empresas.
33
A Tecnologia da Informação (TI) é uma aliada no desenvolvimento dos
relacionamentos, por meio da elaboração de programas especificamente
criados para a interação das empresas com seus clientes. Para Christopher e
Payne (2003), um dos fatores que faz com que haja um aumento no interesse
em relacionamento de marketing, em todas as suas formas, é a nova
tecnologia de informação, que tem possibilitado melhor e mais rápida interação
entre empresa e banco de dados. Recurso comum utilizado no CRM, que é
responsável por gerenciar o relacionamento com os clientes. O Gerenciamento
de relacionamento do cliente é uma ampla estratégia de negócio. O problema
é que muitas companhias utilizam o CRM sem uma estratégia coerente de
negócio focada no cliente.
Além de ser necessário possuir equipamento e software adequados, a
empresa deve ter certa habilidade na manipulação dos dados arquivados, a fim
de usá-los de forma correta. Um arquivo de dados deve ser usado com
responsabilidade, para que as informações dos clientes não sejam utilizadas
de forma inadequada e sem ética. Recursos como à tecnologia da informação
poucas vezes estão disponíveis em empresas de porte pequeno, e não são
utilizados com freqüência pelas micro e pequenas empresas. No entanto, isso
não significa que o gerenciamento de relacionamentos não possa estar
presente.
3.3 – O relacionamento pessoal no Brasil Como os fatores culturais são influenciadores do processo de compra
eles precisam ser entendidos. Com isso, os produtos, serviços e atendimento
também devem ser adaptados a eles. McKenna (1992) coloca que as
tendências sociais redefinem o produto e o marketing, como influência
condutora das empresas, orientam a adaptação, a mudança e a resposta
rápida às necessidades dos consumidores. No Brasil, a naturalidade e a
franqueza são valores culturais apreciados e por isso o marketing de
relacionamento que aqui está sendo analisado, cabe tão bem aos moldes de
34
expectativas dos brasileiros. Pesquisas com empresas brasileiras mostram
exemplos dessa importância dada aos relacionamentos.
Uma determinada pesquisa que investigou as dimensões culturais da
indústria madeireira em Blumenau, Santa Catarina (CARVALHO, 2004), pode
servir como exemplo para esta prática. Os resultados demonstram que as
empresas participantes possuem um processo mais pessoal do que impessoal.
A análise nos permite considerar que os traços culturais se comportam como
uma variável independente em relação aos produtos e atividades que são
desenvolvidos pelas empresas. Sendo assim pode-se concluir que não houve
nenhum tipo de comprovação estatística da dependência dos traços culturais
em relação ao tamanho das empresas, e ainda que não há dependência da
cultura em relação à demografia, nas empresas pesquisadas.
A apresentação de traços marcadamente propensos à pessoalidade
permitiu a afirmação de que a cultura organizacional da indústria madeireira da
região pesquisa está fortemente influenciada por aspectos da cultura regional.
Outro exemplo que se encaixa nesse estudo é em relação ao mercado
de varejo farmacêutico, pois é um setor que tem seus resultados dependentes
do desempenho do balconista, por ser um segmento em que o cliente
necessita sentir segurança em quem o atende. Estudos apontam que a
fidelidade está intimamente ligada ao sentimento de segurança. Existem casos
de clientes que preferem esperar, quando a pessoa em que ele confia está
ocupada atendendo outros clientes. A análise dos dados da pesquisa sustenta
que o sucesso de uma farmácia está diretamente ligado ao atendimento e não
a preços baixos.
Em estudo realizado no ano de 2000 com empresas que atuam no
segmento de obras residenciais, no Centro de Florianópolis, notou-se que o
percentual de fonte de informação pessoal é bastante elevado, sendo 30,63%
dos condôminos pesquisados responderam que possuem conhecimento da
oferta do apartamento que residem, através de amigos ou conhecidos.
35
Em pesquisa feita por Carvalho (2001) com supermercados e
hipermercados, utilizadores do Efficient Consumer Response (ERC), ou
Resposta Eficiente ao Consumidor, uma estratégia genérica em que se
compartilham informações sobre negócios de venda e cooperam entre si para
administrar a cadeia de suprimentos. A preocupação foi permitir os processos
mais eficientes, reduzindo desperdício de tempo e principalmente, gerar a
economia de dinheiro. A pesquisa delimitou as mais importantes características
do processo de compras, segundo os entrevistados: escolha de fornecedores,
negociação de preços, condições e prazos de pagamento, negociação de
quantidades, responsabilidades por devoluções, definição de
responsabilidades de entrega, armazenamento, critérios de exposição em
gôndola, tempo de negociação, variedade de produtos, negociação de novas
marcas, estabelecimento de bonificações sobre vendas, promoções, inclusão
dos produtos em folhetos e jornais próprios dos varejistas.
Contudo, os compradores percebem que a utilização de Um sistema de
compra pautado pela eficiência, como o ECR, ainda não apresenta os
resultados esperados. Um dos argumentos que sustenta essa posição é a
constatação da quantidade de visitas que os vendedores das indústrias ainda
necessitam fazer, mesmo os hipermercados já realizando alguns pedidos
eletronicamente. Um dos entrevistados acrescentou que no longo prazo os
beneficiados serão os supermercados regionais, por contar com a negociação
pessoal com o vendedor e com utilização das habilidades vivenciadas e
aprimoradas com o tempo que proporcionam melhoras nas condições de
compra.
Para McKenna afirma que:
A comunicação “ajustada a cada ouvido, (...)
alterada, simplificada, modificada, embelezada e
verificada de acordo com cada pessoa (...) tem feedback
instantâneo”. (MCKENNA, 1992, p. 92).
36
37
CONCLUSÃO
A estratégia da pesquisa de usar o relacionamento pessoal como
ferramenta para a conquista de bons resultados se alinha ao entendimento de
que esse é um critério de compra importante para os clientes brasileiros. Ela se
concretiza no cultivo desses relacionamentos para conhecer melhor a pessoa
indicada das empresas e clientes, fornecendo atendimento mais adequado às
suas necessidades. Essa diferenciação pode se estender com ajustes com
valores das parcelas, descontos, prazos e acréscimos de serviços ao que o
cliente deseja, a depender de cada cliente.
Os dados coletados fortalecem a idéia de que a aplicação do marketing
de relacionamento aumenta a satisfação, visto que em análise geral do perfil
de clientes além de preferências de determinados públicos, como os
consumidores de remédios e supermercados, por exemplo. Mais que isso, a
satisfação com o atendimento de forma pessoal e com o relacionamento com
os donos tiveram apontam para maiores índices de satisfação.
De forma geral, a adaptação a essa cultura de valorização de
relacionamentos pessoais dos clientes se constrói através da credibilidade e da
fidelidade à marca. A fim de se adaptarem melhor e efetivar melhores vendas,
é primordial que as instituições adotem o marketing de relacionamento como
fundamento para um planejamento em que se possa prever o alinhamento das
ações anteriores e posteriores aos serviços prestados, monitoramento do
relacionamento com as pessoas indicadas nas empresas, além da utilização
do uso efetivo de um cadastro atualizado constantemente, avaliação contínua
da satisfação e apontamento de métodos de investigação e acompanhamento
das necessidades de cada grupo de clientes.
Ainda nesta monografia foi apresentado em pesquisa que, são ainda
importantes estudos que façam levantamentos sobre como se processa o
relacionamento pessoal, para inquirir a eficácia de distintas ferramentas de
marketing de relacionamento e para aprofundar o entendimento sobre a
38
influência dos aspectos culturais no comportamento de compra de
compradores organizacionais.
Por fim, esse projeto indica que a relação entre a característica cultural
brasileira de considerar a proximidade pessoal um valor predominante nas
relações que estabelece, inclusive nas relações comerciais, e a satisfação com
as escolhas que os clientes fazem, justifica a atenção da empresa aos
relacionamentos pessoais com seus clientes e o uso de ferramentas de
marketing que manifestem a importância desses relacionamentos.
BIBLIOGRAFIA
39
CARVALHO, Carlos Eduardo. Dimensões Culturais das Empresas Madereiras da Região de Curitibanos. Blumenau, Universidade Regional de Blumenau. Dissertação de Mercado, 2004. CHRISTOPHER, Martin; PAYNE, Adrian. Integração entre gerenciamento do relacionamento e gerenciamento da cadeia de suprimento. In: BAKER, Michael J. Administração de marketing. Rio de Janeiro: Elsevier, 2005. CHURCHIL, JR. Gilbert A.; PETER, J. Paul. Marketing: criando valor para os clientes. São Paulo: Saraiva, 2003. COBRA, Marcos. Um resumo do percurso do marketing brasileiro. Revista FAE BUSINESS, Curitiba, n. 4, 2003. COSTA, C. R. F. e VIEIRA F. G. D. Marketing no Brasil: pensamento e ação sob uma perspectiva historiográfica. In: CADERNO DE ADMINISTRAÇÃO. V. 15, N.2, p. 39-48, 2007. COVRE, Maria de L. M. A formação ideológica do administrador de empresa. Petrópolis: Vozes, 1981. DRUKER, Peter. A prática da administração. Rio de Janeiro: Eldorado, 1954. GRACIOSO, Francisco. Marketing: uma experiência brasileira. São Paulo: Cultrix, 1973. KOTLER, Philip. Administração de marketing. 10. ed. São Paulo: Prentice Hall, 1999. MCKENNA, Regis. Marketing de Relacionamento. Rio de Janeiro: Campus, 1992. MARTINS, C. B. Surgimento e expansão dos cursos de administração no Brasil. São Paulo: Ciência e Cultura, 1989. PEPPERS, Don; ROGER, Martha. One to One - B2B. Rio de Janeiro: Campus, 2001. RICHERS, Raimar. Marketing: uma visão brasileira. São Paulo: Negócios, 2000. SANT’ANNA, Armando. Propaganda: teoria, técnica e prática. São Paulo: Biblioteca Pioneira de arte, comunicação, arquitetura e urbanismo, 1998.
SCHULTZ, Don E.; TANNENBAUM, Stanley I.; LAUNTERBORN, Robert F. O novo paradigma do marketing. São Paulo: Makron Books, 1994.
40
SIGELMANN, Carlos. Estratégia e Planejamento de Comunicação. Rio de Janeiro: Versão Compacta, 2005. STONE, Merlin. & WOODCOCK, Neil. Marketing de relacionamento. São Paulo: Littera Mundi, 1998.
VAVRA, Terry G. Marketing de relacionamento. São Paulo: Atlas, 1994.
41
ÍNDICE
FOLHA DE ROSTO
2
AGRADECIMENTO
3
DEDICATÓRIA 4
RESUMO 5
METODOLOGIA 7
SUMÁRIO 8
INTRODUÇÃO 9
CAPÍTULO I
O QUE É MARKETING? 11
1.1 – A história do marketing 13
1.2 – A administração do marketing a partir da década de 50 14
1.3 – O desenvolvimento do marketing no Brasil 17
CAPÍTULO II
ANÁLISE DO PÚBLICO ALVO
21
2.1 – A identificação o público através de suas necessidades 22
2.2 – O modelo 5 Ws 24
2.3 – O comportamento dos consumidores brasileiros 25
CAPÍTULOIII
O CONCEITO DE MARKETING DE RELACIONAMENTO 29
3.1 – Marketing de relacionamento pessoal 32
3.2 – As empresas no Brasil e a tecnologia da informação 33
3.3 – O relacionamento pessoal no Brasil 34
CONCLUSÃO 38
42
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA 40
ÍNDICE 42