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UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU
INSTITUTO A VEZ DO MESTRE
A Atuação da Gestão Ambiental como Medida Profilática no Controle dos
Escorregamentos Urbanos e dos Processos Erosivos Hídricos no Rio de
Janeiro
Por: ROSA VALÉRIA COMUCCI RODRIGUES
Orientador: Francisco Carrera
Rio de Janeiro – 2010
2
UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU
INSTITUTO A VEZ DO MESTRE
A Atuação da Gestão Ambiental como Medida Profilática no Controle dos
Escorregamentos Urbanos e dos Processos Erosivos Hídricos no Rio de
Janeiro
Apresentação de monografia à Universidade
Cândido Mendes como requisito parcial para
obtenção do grau de especialista em Gestão
Ambiental.
Por: Rosa Valéria Comucci Rodrigues
4
DEDICATÓRIA
Deus que sempre me deu forças para continuar a
jornada da vida mediante tantas situações agradáveis ou
não.
5
RESUMO
O Rio de Janeiro em termos hídricos é bem peculiar no que confere a ação das
precipitações. Como então fazer para identificar cada particularidade territorial
em se tratando de diferentes bairros e municípios do Rio de Janeiro? Quais são
as informações e os recursos necessários que devem ser utilizados na
tentativa de minorar os agravantes advindos dos processos erosivos e também
os escorregamentos ocorridos em áreas urbanas?
A erosão dos solos tem causas relacionadas à própria natureza, como a
quantidade e distribuição das chuvas, a declividade, o comprimento, a forma
das encostas, o tipo de cobertura vegetal e também a ação do homem, como o
uso e o manejo da terra que na maioria das vezes, tende a acelerar os
processos erosivos (GUERRA e MENDONÇA, 2004).
As principais causas para a ocorrência desses processos de erosão são o
desmatamento e posterior uso do solo para a agricultura e pecuária, mas a
construção civil, o crescimento das cidades, a mineração e outras atividades
econômicas são significativas na erosão acelerada, GUERRA (2004) apud
GOUDIE (1995).
O termo erosão provém do latin (erodere) e significa corroer. Nos estudos
ligados às Ciências da Terra, o termo é aplicado aos processos de desgaste da
superfície terrestre (solo ou rocha) pela ação da água, vento, gelo e de
organismos vivos, além da ação do homem. O processo erosivo depende de
fatores externos, como o potencial de erosividade da chuva, as condições de
infiltração, escoamento superficial, declividade e comprimento do talude ou
encosta e desagregabilidade e erodibilidade do solo. A evolução da erosão ao
longo do tempo depende de fatores como as características geológicas e
geomorfológicas do local, presença de trincas de origem tectônica e evolução
físico-química e mineralógica do solo (GUERRA e MENDONÇA, 2004).
6
METODOLOGIA
A concepção teórico-metodológica adotada para o desenvolvimento desse
trabalho cujo tema é Processos Erosivos, refere-se a uma abordagem
científica, tendo como origem os pressupostos teóricos de CUNHA e GUERRA
(1999, 2000, 2001 e 2004) em suas bibliografias: Geomorfologia do Brasil;
Geomorfologia e Meio Ambiente; Erosão e Conservação dos Solos –
Conceitos, Temas e Aplicações e Geomorfologia – Uma Atualização de Bases
e Conceitos.
As bibliografias citadas acima foram as mais utilizadas, tendo assim maior
contribuição na elaboração deste artigo.
Nessa mesma linha, a metodologia fundamenta-se também nas propostas de
Carlos Antônio Vitte (2004), em seu livro Reflexões Sobre a Geografia Física
no Brasil, onde o mesmo possibilita a compreensão determos geomorfológicos;
David Drew (2002), em seu livro Processos Interativos Homem-Meio
Ambiente, contribuiu para o esclarecimento de solos e paisagens como
sistemas abertos; Rosangela Garrido Machado Botelho (1998) e Jane
Karina Silva Mendonça (2004) com os respectivos textos: Erosão dos solos e
Erosão dos Solos e a Questão Ambiental enfatizaram os impactos ambientais
causados pelos processos erosivos.
A contribuição das argumentações e definições do Museu Histórico Nacional
(1999), CPRM - Serviço Geológico do Brasil (2000) e Geo/RJ possibilitou
maior compreensão da história do Rio de Janeiro, dinâmica geomorfológica de
algumas áreas do estado já mencionado acima, como também alguns eventos
de movimentação de massa.
7
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO................................................................................PÁG. 08
CAPÍTULO 1 SIGNIFICADO E ALGUNS CONDICIONANTES DE PROCESSOS
EROSIVOS........................................................................................... PÁGS.: 10 – 14
CAPÍTULO 2 TIPOS DE EROSÃO E CONSEQUÊNCIAS..........PÁGS.: 15 – 19
CAPÍTULO 3 ESCORREGAMENTOS URBANOS OU MOVIMENTOS DE
MASSA EM ÁREA URBANA SUA DEFINIÇÃO, ALGUMAS CAUSAS,
CONSEQUÊNCIAS E TIPOLOGIA.............................................PÁGS.: 20- 26
CAPÍTULO 4 RIO DE JANEIRO, HISTÓRICO, ALGUNS DOMÍNIOS
GEOAMBIENTAIS E ALGUMAS INCIDÊNCIAS DE ESCORREGAMENTOS DE
MASSA..................................................................................PÁGS.: 27 – 34
CAPÍTULO 5 GESTÃO AMBIENTAL COMO PROFILAXIA........PÁGS.: 35 – 39
CAPÍTULO 6 RESOLUÇÕES DO CONAMA E O CÓDIGO FLORESTAL E AS
ÁREAS DE PROTEÇÃO PERMANENTES URBANAS ............ PÁGS.: 40-50
CONCLUSÃO.................................................................................PÁG.: 51
BIBLIOGRAFIA E WEBGRAFIA CONSULTADAS....................PÁGS.: 52-53
BIBLIOGRAFIA E WEBGRAFIA CITADAS...............................PÁGS.: 54-55
ÍNDICE..................................................................................PÁGS.: 56-59
FOLHA DE AVALIAÇÃO ...............................................................PÁG.: 60
8
INTRODUÇÃO
Os processos erosivos constituem-se numa forma natural de modelagem do
relevo e atuam de modo conjugado aos processos pedogenéticos. A erosão
natural ou geológica atua, de maneira geral, equilibradamente, havendo certa
equivalência entre a quantidade de solo erodida e de solo produzida. Já a
erosão antrópica esta diretamente ligada aos fatores de ocupação e uso do
solo que causam alterações nas paisagens. Grande parte dos processos
erosivos ocorre de modo direto e previsível, como conseqüência da intervenção
antrópica no meio ambiente. São exemplos dessa situação no meio rural, o
plantio e manejo do solo de modo inapropriado, como a não observância de
curvas de nível ou o desmatamento de matas ciliares. Em meio urbano, tem-se
a impermeabilização de superfícies com concentração de fluxo superficial e
lançamento inapropriado de drenagens de águas pluviais (GUERRA e
MENDONÇA, 2004).
A erosão destrói os solos e as águas e é um problema muito sério em todo o
mundo. Devem ser adaptadas práticas de conservação de solo para minimizar
o problema.
Em solos cobertos por floresta a erosão é muito pequena e quase inexistente,
mas é um processo natural sempre presente e importante para a formação dos
relevos. O problema ocorre quando o homem destrói as florestas, para uso
agrícola e deixa o solo exposto, porque a erosão torna-se severa, e pode levar
a desertificação(GUERRA e MENDONÇA, 2004).
A erosão é a perda de solo. Ao atingirem a superfície, as gotas de chuva fazem
soltar partículas de solo. A amplitude deste processo depende da dimensão e
da velocidade das gotas de chuva. As partículas de solo que se soltam são
posteriormente transportadas por escoamento superficial. Algumas partículas
preenchem vazios no solo, impermeabilizando a superfície. A erosão ocorre
quando os valores de precipitação excedem a capacidade de infiltração do solo
GUERRA (1998) apud MAFRA e BOTELHO (1991); OLIVEIRA et al., (1995).
9
A erosão hídrica é um processo natural; os seus principais fatores são a
intensidade pluviométrica, a topografia, o baixo teor de matéria orgânica do
solo, a percentagem e o tipo de cobertura vegetal. A erosão é, contudo,
intensificada e acelerada pelas atividades humanas, nomeadamente o uso de
técnicas e práticas de cultivo inadequadas, a alteração das condições
hidrológicas, a deflorestação, a marginalização e o abandono das terras.
A gestão inadequada das terras é a principal causa da compactação dos solos.
A ocupação de uma determinada superfície por um número excessivo de
cabeças de gado, a utilização indevida de máquinas agrícolas pesadas e a
mobilização de solos demasiado úmidos constituem exemplos dessa
inadequação. Os solos úmidos não são suficientemente fortes para resistirem
ao peso, compactando-se (GUERRA e MENDONÇA, 2004).
.
10
CAPÍTULO 1
SIGNIFICADO E ALGUNS CONDICIONANTES DE PROCESSOS
EROSIVOS
Processos erosivos têm como sinônimo, erosão dos solos refere-se à retirada,
remoção ou transporte do solo em uma determinada área.
Quando nos referimos aos condicionantes dos processos erosivos, estamos
falando dos vetores que irão desencadear esses processos.
Podemos citar os fatores exógenos clima – com a atuação direta da água das
chuvas – gravidade (relevo / encostas íngremes), tipo de cobertura vegetal,
erodibilidade dos solos (ou vulnerabilidade dos mesmos em sofrer erosão) e
ação antrópica.
“... a inadequação de nossos preceitos urbanísticos e
também de nossa sensibilidade social ficam mais
claramente desmascarados nas encostas.”
(MENDONÇA, 2004).
1.1.Significado:
O conceito de tolerância de perda de solo por erosão tem sido modificado ao
longo do tempo. Inicialmente, ele foi relacionado com a taxa média de
intemperização do solo, tendo sido estabelecido, pela primeira vez,
provavelmente o primeiro estudioso de erosão a estabelecer um conceito para
a tolerância de perda de solo. Segundo o autor, a taxa máxima de perda de
solo permitida seria aquela que garantisse a manutenção da fertilidade do solo
no tempo. O objetivo final da conservação do solo era manter indefinidamente
sua fertilidade e capacidade produtiva. A tolerância de perda de solo por
erosão pode referir-se a um limite de perda que ainda mantenha alto nível de
produtividade das culturas e economia.
11
A erosão é a forma mais prejudicial de degradação do solo. Além de reduzir
sua capacidade produtiva para as culturas, ela pode causar sérios danos
ambientais, como assoreamento e poluição das fontes de água. Contudo,
usando adequados sistemas de manejo do solo e bem planejadas práticas
conservacionistas de suporte, os problemas de erosão podem ser
satisfatoriamente resolvidos.
Aliado a isso, não há ainda um consenso entre os pesquisadores sobre o nível
de tolerância de perda de solo. Assim, torna-se importante definir a tolerância
para diferentes classes de solo, mesmo por métodos empíricos, com vistas em
monitorar a eficácia dos sistemas de manejo do solo na redução da erosão.
Considerando a inexistência de dados sobre os valores de tolerância de perda
de solo por erosão.
Processos erosivos ocorrem de forma moderada em um solo coberto, sendo
esta erosão chamada de geológica ou normal. De acordo com especialistas, a
erosão é um fenômeno geológico natural e planetário, sem a qual dificilmente a
vida teria se instalado na Terra. Esse fenômeno rebaixa superfícies, libera
elementos e possibilita os surgimentos de organismos. O problema da erosão
conduzido para a desertificação se torna sério e preocupante quando temos a
erosão acelerada provocada por ações antrópicas, ou seja, de fora do
ambiente, às feitas pelo homem, como o uso incorreto do solo, sem precaução,
que resulta em áreas degradadas por excessivo cultivo, contrariando assim as
recomendações das boas técnicas agronômicas.
1.2.Condicionantes:
Quando nos referimos aos condicionantes dos processos erosivos, estamos
falando dos vetores que irão desencadear esses processos.
Podemos citar os fatores exógenos clima – com a atuação direta da água das
chuvas – gravidade (relevo /encostas íngremes), tipo de cobertura vegetal,
erodibilidade dos solos (ou vulnerabilidade dos mesmos em sofrer erosão)
ação antrópica GUERRA (1998) apud MAFRA e BOTELHO (1991); OLIVEIRA
et al., (1995).
12
1.2.a.Chuvas
A distribuição das chuvas em uma região é dependente de fatores estáticos
(latitude, distância do oceano, efeito orográfico) e dinâmicos (movimentação
das massas de ar) que, associados entre si, caracterizam os índices
pluviométricos nessa região. O Estado do Rio de Janeiro caracteriza-se por alta
variabilidade pluviométrica em decorrência dos fatores mencionados.
O potencial da chuva em causar erosão pode ser avaliado por meio de índices
de erosividade que se baseiam nas características físicas das chuvas de
cada região.
Tendo em vista ser a chuva um dos principais agentes ativos no processo da
erosão hídrica, é de extrema importância avaliar a resposta do solo às
diferentes precipitações, tanto em termos do volume precipitado quanto pela
duração e característica do evento. A chuva tem o potencial erosivo
quantificado a partir de suas características físicas (volume total, duração e
intensidade), sendo os índices de erosividade EI30 e KE > 25 os mais
utilizados. Associado ao potencial erosivo, o perfil dessas precipitações se
torna elemento fundamental nos estudos de perda de solo, uma vez que as
características das chuvas mudam de região para região (GUERRA e
MENDONÇA, 2004).
1.2.b. Ação da Gravidade
Os colúvios são, em geral, melhor selecionados e recobrem muitas das
encostas em ambientes de menor energia.
Muitos depósitos de encostas repousam diretamente sobre a rocha sã,
gerando uma descontinuidade mecânica e hidrológica ao longo desse contato.
A drástica diminuição da condutividade hidráulica nesse contato favorece a
geração de fluxos d'água subsuperficiais, com forte componente lateral
(GUERRA, 1999 e 2001).
1.2.c. Erodibilidade dos solos
Segundo GUERRA, (1999 e 2001),erodibilidade relativa dos solos é estimada
com base na classificação pedológica destes. Nesta estimativa são levados em
13
conta com as principais características físicas, químicas e morfológicas que
influem na resistência à erosão dos solos:
1.3 Textura – influi na capacidade de infiltração e absorção da água da chuva
e na coesão do solo, interferindo na erosividade das enxurradas e na
resistência a remoção das partículas;
1.4 Gradiência textural – influi na capacidade de infiltração e no fluxo das
águas superficiais e subsuperficiais;
1.5 Estrutura – influi na capacidade de infiltração e absorção das águas das
chuvas e na capacidade de remoção das partículas, podendo, em certas
situações, favorecer a concentração do escoamento superficial;
1.6 Espessura do solo – influi na capacidade de infiltração e no fluxo das
águas superficiais e subsuperficiais;
1.7 Permeabilidade- densidade e porosidade – determinam a maior ou menor
capacidade de infiltração das águas das chuvas;
1.8 Propriedades químicas, biológicas e mineralógicas – influem no estado
de agregação e coesão entre as partículas do solo, interferindo na estruturação
do solo e na resistência a remoção das partículas por ação da água.
1.9. Cobertura do Solo
Baseando-se em experiências e observações, denota-se a grande eficiência
contra a erosão em solos cobertos por vegetação, a qual permite melhor
absorção de águas pelo solo, reduzindo tanto as enxurradas como a
possibilidade de erosão. Em áreas adaptadas à agricultura, onde o equilíbrio
natural - solo x vegetação - foi rompido sem uma preocupação de contenção
erosiva, seus efeitos são mais ¨sentidos¨. Em uma área com cultura cujo solo
é mantido descoberto, perde-se por ano cerca de 3 a 6 vezes mais solo do
14
que em área idêntica com vegetação densa, ocorrendo também perdas
consideráveis de água no solo GUERRA (2004) apud PALMIERI E LARACH
(2000).
1.10 Manejo do Solo
Dependendo da cultura a ser praticada, fazem-se necessárias algumas
medidas de precaução para que se controle o efeito erosivo do solo. Por
exemplo, em uma cultura de cana-de-açúcar os danos podem ser minimizados
preparando-se o solo e realizando-se o plantio em linhas de nível. Porém,
como cada cultura requer um tratamento específico, utiliza-se também o plantio
de faixas de cultura com alguns níveis de vegetação densa ou nativa
intercaladas, sendo de grande eficiência contra enxurradas e erosão. Outra
opção, já bastante difundida principalmente para que os nutrientes do solo se
recomponham, é a rotação de culturas. Propicia uma maior cobertura,
melhora as condições físicas do solo, reduz a erosão e enxurrada desde que
esta área em descanso esteja recoberta por uma vegetação rasteira para que a
água da chuva não impacte o solo desnudo. O plantio direto na palha também
é outra técnica importante de controle da erosão.
1.11 Topografia – declividade e comprimento da rampa
Declividade e perda de solo estão interligadas entre si. Quanto maior for a
declividade, maior será a velocidade com que a água irá escorrer,
conseqüentemente, maior será o volume carreado devido à força erosiva.
O comprimento da rampa tem forte ligação com o aumento ou não da erosão.
A medida que aumenta o comprimento da rampa, maior será o volume de
água, aumentando também a velocidade de escoamento. Em alguns casos o
comprimento da rampa diminui o efeito erosivo, considerando-se que a
capacidade de infiltração e a permealibidade do solo reduz o efeito.
15
CAPÍTULO 2
TIPOS DE EROSÃO E CONSEQUÊNCIAS
O arraste de partículas constituintes do solo se dá pela ação de fatores naturais
como água, vento, ondas que são tipos de erosão, além da própria erosão
geológica ou normal que tem por conseqüência o nivelamento da superfície
terrestre.
Os ecologistas protestam contra a poluição do ar, dos rios e dos mares,
defendem a flora e a fauna, mas raramente se preocupam com um tema da
maior importância, a defesa do solo. É nele que as raízes se fixam para que os
vegetais possam crescer, à custa da água e dos nutrientes disponíveis. Existe
uma dependência recíproca.
“A erosão severa se instala em poucas horas e
gera grandes perdas econômicas (demolição de
dezenas de casas em uma mesma rua,
destruição de vias públicas e mesmo de obras de
contenção, inadequadas ao processo geológico
atuante). Destrói moradias e inviabiliza o uso de
terrenos antes adequados, bem como induz
solapamentos e deslizamentos dos solos
saturados.”
( 11º Congresso Brasileiro de Geologia de
Engenharia e Ambiental ABGE, 13 a 16 de
novembro de 2005)
2.1.Erosão pela Água
Segundo GUERRA (2004) apud GOUDIE (1995), também chamada de erosão
hídrica, é o tipo de erosão mais importante e preocupante no Brasil, pois
desagrega e transporta o material erodido com grande facilidade,
principalmente em regiões de clima úmido onde seus resultados são mais
drásticos.
16
Gotas de chuva ao impactarem um solo desprovido de vegetação desagregam
partículas que, conforme seu tamanho são facilmente carregadas pela
enxurrada. Usando o exemplo da agricultura, quando o agricultor se dá conta
de que este processo está acontecendo, o solo já está improdutivo.
A erosão pela água apresenta-se em seis diferentes formas, a seguir:
2.2.Lençol:
Poder ser superficial ou laminar; desgasta de forma uniforme o solo. Em seu
estágio inicial é quase imperceptível, já quando avançado o solo torna-se mais
claro (coloração), a água de enxurrada é lodosa, raízes de plantas perenes
afloram e há decréscimo na colheita GUERRA (2004) apud PALMIERI E
LARACH (2000).
2.3.Sulcos:
São canais ou ravinas; apresenta sulcos sinuosos ao longo dos declives, estes
formados pelo escorrimento das águas das chuvas no terreno. Uma erosão em
lençol pode evoluir para uma erosão em sulcos, o que não indica que uma
iniciou em virtude da outra. Vários fatores influem para o seu surgimento, um
deles é a aração que acompanha o declive, resultando em desgaste,
empobrecimento do solo e posterior dificuldade para manejo com sulcos já
formados GUERRA (2004) apud GOUDIE (1995).
2.4.Embate:
Ocorre pelo impacto das gotas de chuva no solo, estando este desprovido de
vegetação; partículas são desagregadas sendo facilmente arrastadas pelas
enxurradas. Já as partículas mais finas que permanecem em suspensão,
atingem camadas mais profundas do solo por eluviação, pode acontecer destas
partículas encontrarem um horizonte que as impeça de passar provocando
danos ainda maiores GUERRA (2004) apud GOUDIE (1995).
17
2.5 Desabamento:
Têm sua principal ocorrência em terrenos arenosos, regossóis em particular.
Sulcos deixados pelas chuvas sofrem novos atritos de correntes d'água vinda a
desmoronar, aumentando suas dimensões com o passar do tempo, formando
voçorocas (GUERRA e MENDONÇA, 2004).
2.6 Queda:
Dá-se com a precipitação da água por um barranco, formando uma queda
d''água e provocando o solapamento de sua base com desmoronamentos
periódicos originando sulcos. É de pequena importância agrícola (GUERRA e
MENDONÇA, 2004).
2.7 Vertical:
É a eluviação, o transporte de partículas e materiais solubilizados através do
solo. A porosidade e agregação do solo influenciam na natureza e intensidade
do processo podendo formar horizontes de impedimento ou deslocar nutrientes
para e pelas raízes das plantas (GUERRA 1999).
2.8. Erosão pelo Vento
Consiste no transporte aéreo ou por rolamento das partículas erodidas do solo,
sua importância é grande onde são comuns os ventos fortes. Esta ação é
melhor notada em regiões planas principalmente do planalto central e em
alguns pontos do litoral. Em regiões onde o teor de umidade do solo é mais
elevado o evento ocorre em menor intensidade.
Um dos principais danos causados pela erosão eólica é o enterramento de
solos férteis; os materiais transportados mesmo de longas distâncias
sedimentam-se recobrindo camadas férteis.
18
2.9. Erosão pelas Ondas
Ondas são formadas pela ação conjunta de vento e água, seus efeitos são
notados em ambientes lacustres, litorâneos e margens de rios.
O embate das águas (fluxo e refluxo), (GUERRA 1999) nas margens provoca o
desagregamento de material, permanecendo este suspenso sendo depositado
posteriormente no fundo dos rios, lagos, mares etc.
2.10. Erosão Química
Envolve todos os processos químicos que ocorrem nas rochas. Há intervenção
de fatores como calor, frio, água, compostos biológicos e reações químicas da
água nas rochas. Este tipo de erosão depende do clima, em climas polares e
secos, as rochas se destroem pela troca de temperatura e, em climas tropicais
quentes e temperados, a umidade, a água e os dejetos orgânicos reagem
com as rochas e as destroem.
2.11. Erosão Glacial
As geleiras (glaciares) deslocam-se lentamente, no sentido descendente,
provocando erosão e sedimentação glacial. Ao longo dos anos, o gelo pode
desaparecer das geleiras, deixando um vale em forma de U ou um fiorde,se
junto ao mar. Pode também ocorrer devido à susceptibilidade das glaciações
em locais com predominância de rochas porosas. No verão, a água acumula-se
nas cavidades dessas rochas.
No inverno, essa água congela e sofre dilatação, pressionando as paredes dos
poros. Terminado o inverno, o gelo funde, e congela novamente no inverno
seguinte. Esse processo ocorrendo sucessivamente desagregará, aos poucos,
a rocha, após certo tempo, causando o desmoronamento de parte da rocha,
e conseqüentemente, levando à formação dos grandes paredões ou fiordes
(GUERRA 1999).
2.12. Conseqüências
19
Segundo (GUERRA, 1999 e 2001), os arrastamentos podem encobrir porções
de terrenos férteis e sepultá-los com materiais áridos; Morte da fauna e flora do
fundo dos rios e lagos por soterramento; Turgidez nas águas, dificultando a
ação da luz solar na realização da fotossíntese, importante para a purificação
e oxigenação das águas; Arraste de biocidas e adubos até os corpos d'água
causando com isso, desequilíbrio na fauna e flora nesses corpos d'água
(processo de eutrofização por exemplo).
Assoreamento que preenche o volume original dos rios e lagos e como
conseqüência, vindas as grandes chuvas, esses corpos d'água extravasam,
causando as enchentes; Instabilidade causada nas partes mais elevadas
podem levar a deslocamentos repentinos de grandes massas de terra e
rochas que desabam talude abaixo, causando, no geral, grandes tragédias
20
CAPÍTULO 3
ESCORREGAMENTOS URBANOS OU MOVIMENTOS DE MASSA EM
ÁREA URBANA SUA DEFINIÇÃO, ALGUMAS CAUSAS, CONSEQUÊNCIAS
E TIPOLOGIA
Dentre os processos causadores de catástrofes em áreas urbanas podemos
destacar os movimentos gravitacionais de massa, inseridos no âmbito da
geomorfologia, podendo ser definida, de forma simplificada, como a ciência que
estuda as formas do relevo do nosso planeta, preocupando-se não somente
com as formas regionais, como também, com escalas maiores, como bacias
hidrográficas e encostas.
“Tal realidade encontra justificativa, no campo
eminentemente técnico, na grande dificuldade que é
reunir conhecimento profundo sobre a fenomenologia
dos escorregamentos ou movimentos de massa em
áreas urbanas.” (Cláudio Amaral)
3.1 Movimentos de Massa
As encostas compõem grande parte da superfície terrestre, sendo parte
integrante do relevo, onde ocorrem processos que atuam constantemente em
sua dinâmica (GUERRA e MENDONÇA, 2004).
O estudo destes processos ajuda na compreensão desta dinâmica,
destacando-se os movimentos de massa, que são fenômenos erosivos de larga
envergadura que ocorrem no regolito, podendo ser provocados por diversos
fatores e especialmente no Brasil, as chuvas possuem grande significância na
deflagração dos mesmos. (GUERRA e MENDONÇA, 2004) atestam também,
que estes são contínuos, de dinâmica externa, e que modelam a paisagem da
21
superfície da terra, e ainda, a ação antrópica também pode acelerar sua
deflagração.
De acordo com GUERRA (2004) apud GOUDIE (1995) popularmente o termo
deslizamento tem sido utilizado para designar qualquer evento gravitacional ou
mesmo movimentos de massa ocorridos nas encostas brasileiras. Contudo,
temos que nos atentar para o uso correto da nomenclatura. Sendo assim, os
deslizamentos podem ser definidos pelo movimento gravitacional e
descendente, para fora da encosta, do material desagregado sem a ajuda da
água corrente como um agente de transporte GUERRA (2004) apud PALMIERI
E LARACH (2000).
Os deslizamentos são, assim como os processos de intemperismo e erosão,
fenômenos naturais e contínuos de dinâmica externa, que modelam a
superfície terrestre
3.2 Algumas Causas
Dentre as várias formas e processos de movimentos de massa, destacando-se
os deslizamentos nas encostas em função da sua interferência grande e
persistente com as atividades do homem, da extrema variância de sua escala,
da complexidade de causas e mecanismos, além da variabilidade de materiais
envolvidos.
O Rio de Janeiro, por suas condições climáticas e grandes extensões de
maciços montanhosas, está sujeito aos desastres associados aos movimentos
de massa nas encostas. Além da freqüência elevada daqueles de origem
natural, ocorre no estado, também, um grande número de acidentes induzidos
pela ação antrópica. As metrópoles brasileiras convivem com acentuada
incidência de deslizamentos induzidos por cortes para implantação de
moradias e de estradas, desmatamentos, atividades de pedreiras, disposição
final do lixo e das águas servidas, com grandes danos associados.
O número de incidentes em encostas urbanas tem aumentado a cada ano de
forma alarmante devido ao crescimento desordenado das cidades e à
22
conseqüente ocupação, promovida geralmente pela população mais carente,
de novas áreas irregulares.
Os deslizamentos são provocados pelo escorregamento de materiais sólidos,
como rochas, vegetação ou materiais de construção, ao longo de terrenos
inclinados as chamadas encostas.
A época de ocorrência dos deslizamentos coincide com o período das chuvas,
intensas e prolongadas, já que as águas escoadas e infiltradas desestabilizam
essas encostas. Como terrenos nos morros são inclinados, a água entra na
terra e provoca deslizamento e destruição de casas. O problema é comum em
áreas de adensamento populacional (GUERRA 1999).
Um bom exemplo desta readaptação, desta busca de equilíbrio é o caso da
transformação da rocha em solo. Os diversos tipos de rochas são formados em
subsuperfície sob condições de temperatura e pressão muito maiores dos que
as existentes à superfície do planeta. Como o planeta é dinâmico, está sempre
em movimento, as rochas migram para a superfície devido às forças internas
do planeta e, ao encontrar temperatura e pressão menores, fraturam-se em
resposta ao novo ambiente. Ao mesmo tempo entram em contato com o ar, a
água e os seres vivos. A água, mais uma vez, é um importante agente
transformador, principalmente nas regiões de clima tropical. A água em
contato com os componentes das rochas, seus minerais, vai favorecer o
desenvolvimento de reações, transformando alguns desses minerais em outros
(intemperismo químico). Além de reagir quimicamente, a água infiltrada vai
também remover íons. Esta região da superfície rochosa que está se
transformando é chamada de manto de alteração. À medida que o processo
evolui, o manto de alteração vai se tornando mais espesso e se diferenciando
em subcamadas distintas.
Segundo VITTE (2004), o solo é heterogêneo e constituído, entre outros
elementos, de partículas de tamanho variável e poros preenchidos com ar e
água. Existe uma série de tensões, de forças, que mantém estes materiais
juntos e coesos. Além disso, há propriedades que determinam a sua
23
resistência ao movimento, a se deslocar para regiões mais baixas, medida por
um índice chamado coeficiente de atrito. Estas propriedades (coesão e atrito)
variam de acordo com o tipo dos solos e nas diferentes subcamadas do mesmo
solo.
Assim, diferentes solos e rochas em diversas situações possuem diferentes
coeficientes de atrito e coesão, possibilitando o levantamento dos locais mais
propensos aos deslizamentos.
Uma série de fatores que predispõe aos fenômenos de estabilização: regime
de chuvas, geometria das encostas e características e propriedades do solo e
rocha. Outro fator interferente é a profundidade da região saturada com água
(GUERRA, 1999).
Parte da água da chuva escoa pela superfície e parte infiltra no solo. A água
que infiltra no solo percorre os espaços vazios entre as partículas (poros) até
encontrar uma superfície que interrompa seu fluxo descendente, por exemplo
uma camada mais impermeável. À medida que a água se acumula,
preenchendo os poros define uma região saturada. O quanto esta varia nos
períodos chuvosos influencia na suscetibilidade ao deslizamento: em geral,
quanto mais próxima à superfície, maior a instabilidade do talude.
Segundo GUERRA (1999), um outro fator interferente é a vegetação. De modo
geral, a existência da vegetação favorece a estabilidade do talude nos
seguintes aspectos: o entrelaçamento das raízes aumenta a agregação das
partículas de solo; a retenção de água de chuva pelas folhas e a absorção
pelas raízes diminui ou retarda a infiltração; e a folhagem é um anteparo,
diminuindo o impacto das gotas de chuva no solo. No entanto, em algumas
situações, a vegetação pode também promover a instabilidade da encosta. Por
exemplo, o peso das árvores pode em alguns casos favorecer a instabilidade
do talude, dependendo da declividade da encosta e das características do solo.
Outro caso, refere-se a bananais em encostas. Estas plantas coletam muita
água em seu tronco, mantendo o solo permanentemente saturado de água,
diminuindo assim a sua resistência.
24
3.3 Algumas conseqüências
Segundo GUERRA (2004), a erosão urbana no Brasil, está relacionada à falta
de um planejamento adequado, que leve em conta não só o meio físico, mas
também condições socioeconômicas. Por isso mesmo, a erosão urbana é um
fenômeno típico dos países em desenvolvimento.
Dentre as modificações geradas pela ocupação do espaço urbano, e que são
responsáveis por importantes alterações no ciclo hidrológico nessas áreas,
destaca-se a impermeabilização do terreno, através das edificações e da
pavimentação das vias de circulação (BOTELHO, 2002).
Uma intervenção humana que pode manter o solo permanentemente
encharcado é a existência de um excesso de fossas sanitárias. Com o passar
do tempo, o contínuo aporte de água satura o solo, deixando-o
permanentemente úmido. Da mesma forma, podem encharcar os solos, os
vazamentos ou rompimentos na rede de abastecimento de água e os canos
que despejam sobre as encostas águas usadas na lavagem.
Acontece que, quando estes movimentos acontecem em locais onde ocorre a
ocupação humana os resultados podem ser desastrosos. Em uma situação de
deslizamento, casas inteiras, rodovias e tudo o que estiver no caminho pode
ser levado encosta abaixo ou acabar soterrado. O problema é que na maioria
das vezes a situação poderia ser evitada (BOTELHO, 2002).
Segundo VITTE (2004), vários são os problemas ambientais pelos quais o
planeta Terra passa atualmente, e, sem dúvida, a erosão é um deles,
comprometendo a qualidade e quantidade da produção de alimentos.
No que diz respeito à produtividade, nas áreas agrícolas, a erosão dos solos
implica a sua diminuição, e, dependendo da extensão e gravidade do processo
erosivo, é muito comum no caso brasileiro, a agricultura cessar a sua atividade
ou dar lugar a pecuária extensiva.
25
A cobertura vegetal protege os solos do impacto direto das gotas de chuva,
além do que a presença do húmus, produzido pelas plantas e animais,
proporciona maior estabilidade dos agregados, sob essas condições, evitando
os efeitos da erosão acelerada. Dessa forma, à medida que grandes extensões
de terra são desmatadas para a agricultura, ou pecuária, as taxas de erosão
começam a aumentar quase que imediatamente (GUERRA, 1999).
3.4 Tipologia
3.4a) Corridas (Flows) As corridas (ou fluxos) são movimentos rápidos nos
quais os materiais se comportam como fluidos altamente viscosos (GUERRA,
1999 e 2001).
As corridas simples estão geralmente associadas à concentração excessiva
dos fluxos d'água superficiais em algum ponto da encosta e deflagração de um
processo de fluxo contínuo de material terroso.
3.4b) Escorregamentos (GUERRA, 1999 e 2001), Existe na literatura uma
enorme confusão decorrente das diversas definições de escorregamentos
(slides).
Estes se caracterizam como movimentos rápidos, de curta duração, com plano
de ruptura bem definido, permitindo a distinção entre o material deslizado e
aquele não movimentado.
Escorregamentos Rotacionais (Slumps) Estes movimentos possuem uma
superfície de ruptura curva, côncava para cima, ao longo se dá u movimento
rotacional de massa de solo. Dentre as condições que mais favorecem à
geração desses movimentos destaca-se a existência de solos espessos e
homogêneos, sendo comuns em encostas compostas por material de alteração
originado de rochas argilosas como argilitos e folhelhos (GUERRA, 1999 e
2001).
26
Escorregamentos Translacionais Estes representam a forma mais freqüente
entre todos os tipos de movimentos de massa. Possuem superfície de ruptura
com forma planar a qual acompanha, de modo geral, descontinuidades
mecânicas e/ou hidrológicas existentes no intero do material. Tais planos de
fraqueza podem ser resultantes das atividades de processos geológicos
(acamamentos fraturas, entre outros), geomorfológicos (depósitos de encostas)
ou pedológicos (contatos entre os horizontes, contato solum-saprolito),
(GUERRA, 1999).
3.4c) Quedas de Blocos São movimentos rápidos de blocos e/ou lascas de
rocha caindo pela ação da gravidade sem a presença de uma superfície de
deslizamento, na forma de queda livre. A ocorrência de quedas de blocos é
favorecida pela presença de descontinuidades na rocha, tais como fraturas e
bandamentos composicionais, assim como pelo avanço dos processos de
intemperismo químico e físico.
27
CAPÍTULO 4
RIO DE JANEIRO, HISTÓRICO, ALGUNS DOMÍNIOS
GEOAMBIENTAIS E ALGUMAS INCIDÊNCIAS DE ESCORREGAMENTOS
DE MASSA
O litoral fluminense atraiu colonizadores portugueses e corsários franceses em
razão do rendoso comércio de pau-brasil.
Combatendo os franceses instalados na Baía de Guanabara, Estácio de Sá,
sobrinho do governador geral Mem de Sá, funda a cidade de São Sebastião do
Rio de Janeiro, em 1º de março de 1565.
A cidade do Rio de Janeiro mantém-se como importante zona comercial,
industrial e financeira, mas com a mudança da capital federal para Brasília, em
1960, o declínio do novo estado da Guanabara é inevitável. Em 1974 os
estados do Rio de Janeiro e Guanabara fundem-se por determinação do
Regime Militar, constituindo o atual estado do Rio de Janeiro. Com o objetivo
de recuperar a sua importância política e econômica os governos militares
fazem grandes investimentos no estado, como a construção de Angra I e Angra
II, no município de Angra dos Reis, e a implantação do pólo petrolífero na bacia
de Campos, a mais produtiva do país.
“Esta cidade é um lugar paradisíaco, com essas
montanhas, essas matas, esse céu azul lavado, esse
sol, essas garotas e até essas águas de março, que já
começam a chegar. Mas meu amigo Oscar Niemeyer
estava com a razão quando me disse que uma cidade
só é cidade até 800 000 habitantes. Obs.: Sobre o Rio
de Janeiro.” (Tom Jobim, 1985)
28
4.1 História
No dia 1º de janeiro de 1502, navegadores portugueses avistaram a Baía de
Guanabara. Acreditando que se tratava da foz de um grande rio, deram-lhe o
nome de Rio de Janeiro, dando origem ao nome da cidade. O município em si
foi fundado em 1565 por Estácio de Sá, com o nome de São Sebastião do Rio
de Janeiro, em homenagem ao então Rei de Portugal, D. Sebastião (MUSEU
HISTÓRICO NACIONAL, 1999).
Duzentos anos adiante, em 1763 o Rio de Janeiro tornou-se a capital do Brasil,
título que manteve até 1960, quando foi inaugurada Brasília, a atual capital do
país (MUSEU HISTÓRICO NACIONAL, 1999).
Devido às guerras napoleônicas, a família real portuguesa transferiu-se, em
1808, para o Rio de Janeiro, onde em 1815 o Príncipe Regente D. João VI foi
coroado Rei do Reino Unido do Brasil, Portugal e Algarves, um fato histórico
que foi da maior importância para os rumos da Nação Brasileira (MUSEU
HISTÓRICO NACIONAL, 1999).
A economia da cidade foi impulsionada a partir do século XVII pelos ciclos da
cana de açúcar, do ouro e do café. Hoje, o Estado do Rio de Janeiro é, após
São Paulo, o segundo pólo industrial do Brasil, está entre os primeiros do
turismo, além de ser o principal centro cultural do país e importante centro
político (MUSEU HISTÓRICO NACIONAL, 1999).
Povos europeus, principalmente portugueses, misturando-se com escravos
africanos e índios brasileiros, deram origem a um povo gentil, alegre e bonito
que compõem a população de mais de 6 milhões de CARIOCAS, como são
chamados os habitantes da cidade.
Situada em meio a uma paisagem privilegiada pela natureza, entre o mar e as
montanhas, a cidade do Rio de Janeiro é uma das mais belas do mundo o que
lhe valeu o título de Cidade Maravilhosa.
29
4.2 Alguns Domínios Geoambientais
4.2a Domínio Geoambiental I – Faixa Litorânea
Corresponde ao mais extenso domínio Geoambiental do estado, estendendo-
se ao longo da linha de costa, desde a baixada de Sepetiba até a divisa com o
Estado do Espírito Santo. Trata-se também, do domínio mais heterogêneo,
abrangendo desde extensas áreas inundáveis, tais como mangues, brejos e
baixadas até alinhamentos serranos isolados e maciços montanhosos que
podem atingir cotas de até 1.000m de altitude (CPRM - Serviço Geológico do
Brasil, 2000).
Apesar de todas as diferenças internas, o fato desses terrenos estarem
embutidos entre o litoral e sopé da escarpa da serra do Mar, permitiu agrupar
todas as unidades relacionadas acima no Domínio Faixa Litorâneas (CPRM -
Serviço Geológico do Brasil, 2000).
A Região Metropolitana abrange as baixadas de Sepetiba, Guanabara e
Jacarepaguá, de onde se sobressaem maciços montanhosos, tais como os
maciços costeiros da Pedra Branca,
Tijuca e Região dos Lagos ou o maciço intrusivo alcalino do Mendanha.
Na região metropolitana, situa-se o maior aglomerado urbano do estado e o
segundo maior do país, com uma população superior a 10 milhões de
habitantes. Os problemas ambientais decorrentes dessa concentração
populacional são evidentes, sendo muitos terrenos urbanizados, inadequados
para tal tipo de uso, tais como mangues e brejos, principalmente no entorno da
baía de Guanabara.
Entretanto, foram as baixadas mais bem drenadas e as planícies costeiras que
sofreram expansão acelerada da malha urbano-industrial. Apesar desses tipos
de terrenos serem mais apropriados a essa ocupação, os problemas
ambientais também se sucedem, destacando-se a contaminação de rios, do
lençol freático pouco profundo das lagunas costeiras e das baías.
30
Da mesma forma que a população de baixa renda foi “empurrada” para as
áreas mais alagadas, também foi compelida a galgar as baixas vertentes de
alta declividade dos alinhamentos serranos isolados e dos maciços
montanhosos. Este cenário demonstra, de forma marcante, o crescimento
acelerado e desordenado da metrópole nas últimas décadas, traduzido pelas
“favelas cariocas”, e a ocupação urbana de terrenos claramente inadequados
para tal uso CPRM - Serviço Geológico do Brasil, 2000).
Assim sendo, tanto os mangues e os brejos, quanto os terrenos montanhosos
devem ser destinados prioritariamente para preservação ambiental dos
ecossistemas remanescentes da mata atlântica e a recuperação das áreas
degradadas. Como exemplo, o maciço da Tijuca, que abriga um Parque
Nacional, está submetido a uma intensa pressão urbana sob todas as direções,
devido ao processo de favelização de suas baixas encostas. Um processo
difícil de ser revertido, mas de importância capital para a melhoria da qualidade
vida para a população que habita a Região Metropolitana.
Os terrenos colinosos de gradientes suaves e baixas amplitudes de relevo,
situados à retaguarda dos cordões arenosos e das lagunas costeiras abrangem
uma grande extensão da denominada “baixada Fluminense”, e possuem baixa
suscetibilidade à erosão, sendo aproveitados apenas por pastagem, após a
derrocada da citricultura na região nos anos 80. Estes terrenos, em grande
parte constituída por solos profundos e bem drenada (Latossolos e Argissolos
Vermelho-Amarelos), são indicados para a introdução de sistemas
agropastoris, associado com a recomposição florestal das cabeceiras de
drenagem, visando um melhor aproveitamento econômico da região (CPRM -
Serviço Geológico do Brasil, 2000).
A exploração de areia para construção civil com controle ambiental também é
recomendada. Destacam-se também, contrafortes isolados evidenciados pelos
maciços de Macaé e de Conceição de Macabu e pelo maciço de Itaoca, que
devem ser destinados à preservação ambiental e recomposição florestal
(CPRM - Serviço Geológico do Brasil, 2000).
31
4.2b Domínio Geoambiental II – Região Serrana
A escarpa da serra da Mantiqueira ocupa, em território fluminense, apenas um
pequeno trecho, junto ao maciço alcalino do Itatiaia, separando o médio vale do
rio Paraíba do Sul do planalto do Alto rio Grande, este em território mineiro
(CPRM - Serviço Geológico do Brasil, 2000).
Os escarpamentos, devido aos elevados gradientes de suas vertentes,
amplitudes topográficas expressivas e ocorrência freqüente de depósitos de
tálus, com baixa capacidade de carga, apresentam sérias limitações frente à
ocupação humana. Devido a este fato, boa parte dos escarpamentos serranos
apresenta ainda extensas áreas de mata atlântica ainda preservada, sendo
algumas, protegidas por lei, como é o caso dos Parques Nacionais do Itatiaia;
da Serra da Bocaina; da Serra dos Órgãos e do Desengano. Apenas nas suas
baixas vertentes e em patamares estruturais, verifica-se uma efetiva ocupação
desse tipo de terreno, por se tratarem, localmente, de áreas um pouco mais
apropriadas (CPRM - Serviço Geológico do Brasil, 2000).
Todos esses terrenos, devido às características mencionadas acima,
apresentam um alto potencial de ocorrência de movimentos de massa. Desta
forma, estas áreas devem ser destinadas, salvo situações locais e específicas,
à preservação ambiental e ao ecoturismo. Em trechos da serra do Mar, tais
como a escarpa da serra das Araras, recomenda-se um esforço de
recomposição da mata atlântica.
As zonas mais elevadas das escarpas serranas e das zonas montanhosas,
constituídas por solos rasos ou paredões subverticais rochosos,
evidentemente, devem ser mantidos preservados.
4.3 Algumas incidências (Dados da Geo/RJ)
Na Rocinha, houve um deslizamento de gravidade alta e uma rua está abrindo,
colocando casas em risco. Uma empresa já foi contratada para atuar no local.
32
Técnicos estão definindo as ações e o número de remoções que serão
necessárias.
Na Avenida Niemeyer, a empresa já tinha obras em andamento e mais um
ponto de deslizamento foi incluído. Pista está aberta ao trânsito.
No Morro dos Prazeres, em Santa Teresa, uma empresa já atua na limpeza do
local e técnicos da Geo-Rio estão definindo as ações e o número de remoções
que serão necessárias.
Na Estrada da Grota Funda, na Zona Oeste, há 10 pontos de deslizamento ao
longo da via, tanto na subida, quanto na descida. A Estrada da Grota Funda foi
reaberta ao trânsito na manhã de hoje. No entanto, por medida de precaução, a
via voltará a ser fechadas em caso de chuvas que, na avaliação de técnicos da
Geo-Rio, possam provocar novos deslizamentos. A estrada ficará fechada de
meia-noite de hoje até as 6h de amanhã.
Na Estrada Grajaú-Jacarepaguá, está sendo feita a limpeza da via, que tem 15
pontos de deslizamento. Técnicos estão realizando vistorias para determinar a
melhor solução para cada um deles. A via ainda está interditada e será liberada
quando não houver mais risco de deslizamento.
Na Avenida Edson Passos, no Alto da Boa Vista: "A via está sendo limpa e
uma empresa foi acionada para atuar em três pontos de deslizamento. A área
ainda está interditada e a previsão é que seja liberada na segunda-feira.
Na Rua Cândido das Neves, Vila Kosmos, foi coordenado o desmonte de um
bloco rochoso e feita limpeza do local para que obras sejam iniciadas.
Na Comunidade Santa Maria: Técnicos já fizeram avaliação do local e estão
estudando que ações são necessárias.
Em fevereiro de 1988, particularmente entre os dias 18 e 21 daquele mês, um
novo evento de chuvas torrenciais ocorreu na Cidade. Somente naquele curto
período, precipitações pluviométricas de até 449 mm em quatro dias e de
177mm em 24h foram registradas em diferentes pontos do Município, em
especial nos bairros que abrangem e circunvizinham o Maciço Montanhoso da
33
Tijuca. Como conseqüências, centenas de acidentes geológicos ocorreram nas
encostas cariocas e 58 vítimas fatais foram contabilizadas. Dentre os acidentes
mais graves com vítimas fatais, destacaram-se as ocorrências no Morro da
Formiga no bairro da Tijuca, no Morro Santa Marta, em Botafogo e em Santa
Tereza, onde um deslizamento catastrófico atingiu a Clínica Santa Genoveva.
Uma vez mais a “Geotécnica”, nome popular do órgão naquela época, foi
convocada a atuar diuturnamente para atender os mais de 1200 pedidos de
vistorias de encostas solicitados pela população. A partir daquele evento, o
Instituto de Geotécnica iniciou um período de grande desenvolvimento, com a
execução de um número elevado de obras e a ampliação de seu quadro de
funcionários técnicos. Junto ao “sangue novo” vieram as novas tecnologias. O
órgão, concomitantemente à execução de dezenas de obras de estabilização e
drenagem, iniciou seu processo de informatização, elaborou o primeiro mapa
de risco do Município e implantou programas pilotos de monitoramento
automático, geotécnico e pluviométrico, nas encostas.
O ano de 1996 também correspondeu a um importante marco na história do
órgão. Durante mais um período de intensas chuvas, registradas nos dias 13 e
14 de fevereiro, um grande número de acidentes aconteceu, em particular nas
zonas sul e oeste da Cidade. Precipitações superiores a 190mm em 7 horas
foram registradas nos bairros do Alto da Boa Vista e do Jardim Botânico.
Corridas de massa - que constituem o tipo de escorregamento com maior
potencial destrutivo – ocorreram em vários trechos dos maciços montanhosos
da Tijuca e da Pedra Branca, destruindo centenas de moradias e ceifando a
vida de 52 pessoas. Como conseqüência direta da catástrofe, um novo afluxo
de técnicos e de investimentos se verificou na já, então, Fundação Instituto de
Geotécnica do Município do Rio de Janeiro, ou, simplesmente, GEO-RIO como
passou a ser conhecida. Nos anos que se seguiram a 1996, a GEO-RIO, além
de suas atribuições cotidianas, experimentou uma nova fase de
desenvolvimento: novas técnicas de contenção, utilizando materiais
alternativos como pneus e fibras vegetais, foram testadas e aplicadas;
metodologias para mapeamentos geológico-geotécnicos e de risco em escalas
de detalhe foram desenvolvidas e executadas em dezenas de encostas
34
ocupadas; delimitações físicas de áreas de risco foram implementadas e a
Cidade passou a contar com um pioneiro sistema de alerta de chuvas intensas
e de deslizamentos em encostas, o Sistema Alerta Rio, hoje referência nacional
e internacional em termos de sistema de alerta (Geo/RJ, 2009).
35
CAPÍTULO 5
GESTÃO AMBIENTAL COMO PROFILAXIA
A gestão ambiental (GA) é uma prática muito recente, que vem ganhando
espaço nas instituições públicas e privadas. Através dela é possível a
mobilização das organizações para se adequar à promoção de um meio
ambiente ecologicamente equilibrado.
Seu objetivo é a busca de melhoria constante dos produtos, serviços e
ambiente de trabalho, em toda organização, levando-se em conta o fator
ambiental.
Atualmente ela começa a ser encarada como um assunto estratégico, porque
além de estimular a qualidade ambiental também possibilita a redução de
custos diretos (redução de desperdícios com água, energia e matérias-primas)
e indiretos (por exemplo, indenizações por danos ambientais).
“Todos têm direito ao meio ambiente
ecologicamente equilibrado, bem de uso comum
do povo e essencial à sadia qualidade de vida,
impondo-se ao poder público e à coletividade
o dever de defendê-lo e preservá-lo para as
presentes e futuras gerações.” (Constituição
Federal - Art. 225.)
Atualmente, em todo o planeta fala-se muito sobre ecologia, meio ambiente e
manejo sustentado dos recursos naturais renováveis. Porém, somente uma
pequena parte da população possui conhecimento suficiente para entender a
dinâmica e as inter-relações que ocorrem entre os diferentes ecossistemas que
existem no mundo. É preciso trabalhar no sentido de levar informações sobre o
36
ambiente a todas as camadas sociais, na expectativa de que cada indivíduo
seja atingido por uma consciência ecológica possível de reverter o processo de
degradação assustadora que estamos vivendo.
BACKER (1995), já destacava que os problemas ambientais com que nos
defrontamos não são novos, no entanto, sua complexidade começou a ser
entendida apenas recentemente. Antes, nossas preocupações voltavam-se
para os efeitos do desenvolvimento sobre o meio ambiente. Hoje, temos de nos
preocupar também com o modo como a deterioração ambiental pode impedir
ou reverter o desenvolvimento econômico.
Surge, então, a necessidade de intensificar estudos, pesquisas e debates
sobre esses temas, procurando uma abrangência maior, inclusive atingindo a
comunidade em geral, através do envolvimento das administrações municipais,
estatuais e federais, a fim de que todos possam ter acesso a estes
conhecimentos.
Somente através do uso de práticas de manejo, que não agridam o meio
ambiente, pode-se assegurar a perpetuidade da produtividade dos
ecossistemas para as futuras gerações. Por isso precisamos desenvolver junto
às administrações públicas, um modelo de gestão que assegure a preservação
ambiental.
O meio ambiente, nos últimos anos, vem sendo exaustivamente discutido em
função da degradação da natureza e conseqüente decadência da qualidade de
vida, tanto nas cidades, como no campo. Essa situação decorre, entre outras
razões, do mau gerenciamento ambiental advindo do setor público e privado.
Faz-se necessário que a Administração Municipal crie unidades específicas
para o trato das questões envolvendo o meio ambiente, a fim de verificar a
quantidade de problemas causados pela falta de um planejamento adequado,
ou seja, de políticas que contemplem o impacto ambiental gerado pelos seus
projetos.
37
Satisfazer as necessidades e as aspirações humanas é o principal objetivo do
desenvolvimento. Muitas vezes, as necessidades básicas de um grande
número de pessoas, como alimento, roupas, habitação, emprego, saúde, não
estão sendo atendidas. Além dessas necessidades básicas, as pessoas
também aspiram a uma melhor qualidade de vida. Num mundo onde a pobreza
e a injustiça são freqüentes, sempre poderão ocorrer crises ecológicas e de
outros tipos. Para que haja um desenvolvimento sustentável é preciso que
todos tenham atendidas as suas necessidades básicas e lhes sejam
proporcionadas oportunidades de concretizar suas aspirações para uma vida
melhor.
Em essência, o desenvolvimento sustentável é um processo de transformação
no qual a exploração dos recursos, a direção dos investimentos, a orientação
do desenvolvimento tecnológico e a mudança institucional se harmonizam e
reforçam o potencial presente e futuro, a fim de atender às necessidades e
aspirações humanas.
A política de modernização pela Qualidade Total parte da premissa de que o
meio ambiente deve ser considerado não somente como uma precondição de
crescimento em longo prazo, mas como um bem a ser valorizado na política
global da qualidade, em todos os seus níveis: econômico, social e ecológico.
Visa utilizar o meio ambiente como elemento dinâmico da concorrência e de
imagem internacional, de redução das desigualdades sociais e de segurança.
Comparando com a realidade praticada na maioria dos países ou regiões,
BACKER (1995) diz que na prática os principais instrumentos de política
ambiental são os de comando e controle, que podem ser definidos como um
conjunto de regulamentos e normas impostos pelo governo, com o objetivo de
influenciar diretamente as atitudes do poluidor, limitando ou determinando seus
efluentes, sua localização, hora de atuação, etc..
Segundo BACKER (1995), as macropolíticas com interface ambiental são
predominantemente estratégias de ecodesenvolvimento, destacando as
seguintes: Desenvolvimento tecnológico; planejamento energético;
38
planejamento regional e urbano; educação ambiental. Desta forma,
destacamos a seguir os principais aspectos a serem considerados na
elaboração de políticas de Gestão Ambiental.
No caso do setor público, a Gestão Ambiental apresenta algumas
características diferenciadas. O governo tem papel fundamental na
consolidação do desenvolvimento sustentável, porque ele é o responsável pelo
estabelecimento das leis e normas que estabelecem os critérios ambientais
que devem ser seguidos por todos, em especial o setor privado que, em seus
processos de produção de bens e serviços, se utiliza dos recursos naturais e
produz resíduos poluentes. Por isso mesmo, além de definir as leis e fiscalizar
seu cumprimento, o poder público precisa ter uma atitude coerente,
responsabilizando-se também por ajustar seu comportamento ao princípio da
sustentabilidade, tornando-se exemplo de mudança de padrões de consumo e
produção, adequando suas ações à ética socioambiental.
O Plano Diretor é o instrumento básico da política municipal de
desenvolvimento e expansão urbana, que tem como objetivo ordenar o pleno
desenvolvimento das funções sociais da cidade e garantir o bem-estar de seus
habitantes.
Embora a expressão “desenvolvimento e expansão urbana” possam ser
entendidas de diversas formas, o Plano Diretor tem se constituído basicamente
em instrumento definidor das diretrizes de planejamento e gestão territorial
urbana, ou seja, do controle do uso, ocupação, parcelamento e expansão do
solo urbano. Além desse conteúdo básico, é freqüente a inclusão de diretrizes
sobre habitação, saneamento, sistema viário e transportes urbanos (BACKER,
1995).
O Plano Diretor é um instrumento eminentemente político, cujo objetivo
precípuo deverá ser o de dar transparência e democratizar a política urbana, ou
seja, o plano diretor seve ser, antes de tudo, um instrumento de gestão
democrática da cidade. Nesse sentido, é importante salientar esses dois
aspectos do Plano: a transparência e a participação democrática.
39
A transparência é um atributo fundamental em qualquer política pública. Desse
modo, um objetivo essencial do plano diretor deve ser o de dar transparência à
política urbana, na medida em que esta é explicitada num documento público,
em uma lei. Tornar públicas as diretrizes e prioridades do crescimento da
cidade, de forma transparente, para a crítica e avaliação dos agentes sociais,
esta é uma virtude básica de um bom plano diretor. Diretrizes e prioridades
para o crescimento e expansão urbana, sempre existiram, com plano ou sem
plano, a diferença é que com um plano, estas se tornam públicas. O plano
diretor deve ter o papel de livro de regras no jogo da cidadania, que até hoje
tem obedecido à lei do mais forte.
O aspecto da democratização é fundamental, pois só ele garante a
transparência necessária das regras do jogo. A democratização efetiva do
planejamento se dá pela participação da sociedade no processo, o que, pelo
menos em tese, é garantido pela Constituição Federal (no Artigo 29) e, como
se verificou, pelo Estatuto da Cidade (BACKER, 1995).
Só a participação ativa das entidades representativas da sociedade na
elaboração do plano diretor garante sua legitimidade e propicia condições para
sua efetiva implementação.
40
CAPÍTULO 6
RESOLUÇÕES DO CONAMA E O CÓDIGO FLORESTAL E AS ÁREAS DE
PROTEÇÃO PERMANENTES URBANAS
A utilização e a transformação deste meio ambiente levaram a atividades
lesivas, refletindo em uma maior degradação da qualidade ambiental urbana,
onde áreas que deveriam ser protegidas por lei, são ocupadas
indiscriminadamente, como as, marginais de cursos d’água, que tem como
função ambiental a preservação dos recursos hídricos, a paisagem, a
estabilidade geológica, a biodiversidade.
O último século foi um período de acelerado crescimento das cidades causado
pela explosão demográfica e grande êxodo rural. O adensamento populacional
aconteceu de forma totalmente desordenada, ocasionando sérios problemas
nas cidades, principalmente no que se refere aos impactos ambientais
causados pela urbanização de novas áreas.
O processo de expansão dos aglomerados urbanos no Brasil tem sido
marcado pela falta de planejamento. O crescimento disperso e desordenado
das cidades acarreta problemas de diversas ordens, principalmente para o
meio ambiente, o que torna o modelo atual inviável sob o ponto de vista da
sustentabilidade.
"Sentimos dentro de nós uma preocupação constante não só
pela nossa casa, como também pela nossa cidade. Embora
estejamos voltados para ocupações diferentes, todos nós
temos uma opinião própria acerca dos problemas da cidade.
Todo aquele que não participa de questões desta natureza é
considerado, entre nós, um mau cidadão, não um cidadão
silencioso. Somos nós que decidimos sobre tais assuntos ou
pelo menos refletimos sobre eles profundamente." (Péricles,
Ano 430 a.C.)
41
1. Conama:
As leis ambientais servem para garantir a integridade física, ecológica, social e
urbanística de áreas.
O Conama foi criado com objetivo de possibilitar melhorias ambientais.
O Conselho Nacional do Meio Ambiente - CONAMA é o órgão consultivo e
deliberativo do Sistema Nacional do Meio Ambiente-SISNAMA, foi instituído
pela Lei 6.938/81, que dispõe sobre a Política Nacional do Meio Ambiente,
regulamentada pelo Decreto 99.274/90.
Abaixo segue algumas funções do Conama imprescindíveis para o controle
ambiental:
ü Estabelecer, mediante proposta do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente
e dos Recursos Naturais Renováveis-IBAMA, dos demais órgãos
integrantes do SISNAMA e de Conselheiros do CONAMA, normas e
critérios para o licenciamento de atividades efetiva ou potencialmente
poluidoras, a ser concedido pela União, pelos Estados, pelo Distrito
Federal e Municípios e supervisionado pelo referido Instituto;
ü Estabelecer, privativamente, normas e padrões nacionais de controle da
poluição causada por veículos automotores, aeronaves e embarcações,
mediante audiência dos Ministérios competentes;
ü Estabelecer normas, critérios e padrões relativos ao controle e à
manutenção da qualidade do meio ambiente, com vistas ao uso racional
dos recursos ambientais, principalmente os hídricos;
ü Estabelecer normas, critérios e padrões relativos ao controle e à
manutenção da qualidade do meio ambiente, com vistas ao uso racional
dos recursos ambientais, principalmente os hídricos;
ü Deliberar, sob a forma de resoluções, proposições, recomendações e
moções, visando o cumprimento dos objetivos da Política Nacional de
Meio Ambiente.
42
Dentre alguns atos do Conama podemos destacar:
ü Resoluções: quando se tratar de deliberação vinculada a diretrizes e
normas técnicas, critérios e padrões relativos à proteção ambiental e ao
uso sustentável dos recursos ambientais;
ü Moções: quando se tratar de manifestação, de qualquer natureza,
relacionada com a temática ambiental;
ü Recomendações: quando se tratar de manifestação acerca da
implementação de políticas, programas públicos e normas com
repercussão na área ambiental, inclusive sobre os termos de parceria de
que trata a Lei no 9.790, de 23 de março de 1999.
1.1. Resoluções:
Segue abaixo algumas resoluções do Conama que são de suma importância
para a compreensão da aplicabilidade do Direito Ambiental e a Gestão em
áreas de preservação permanente. Vejamos abaixo as seguintes resoluções:
RESOLUÇÃO CONAMA nº. 302/02, 303/02 e 369/06.
Vale a pena ressaltar que foram separadas as partes mais importantes de cada
resolução citada acima no intuito de maior entendimento do trabalho proposto.
1.1,a RESOLUÇÃO CONAMA nº. 302, de 20 de março de 2002 – Definições
de Áreas de Preservação Permanente em Reservatórios Artificiais. Publicada
no DOU nº. 90, de 13 de maio de 2002, Seção 1, páginas 67-68
Considerando que as Áreas de Preservação Permanente e outros espaços
territoriais especialmente protegidos, como instrumento de relevante interesse
ambiental, integram o desenvolvimento sustentável, objetivo das presentes e
futuras gerações; Considerando a função ambiental das Áreas de Preservação
Permanente de preservar os recursos hídricos, a paisagem, a estabilidade
geológica, a biodiversidade, o fluxo gênico de fauna e flora, proteger o solo e
assegurar o bem estar das populações humanas, resolve:
43
Art. 1º Constitui objeto da presente Resolução o estabelecimento de
parâmetros, definições e limites para as Áreas de Preservação Permanente de
reservatório artificial e a instituição da elaboração obrigatória de plano
ambiental de conservação e uso do seu entorno.
Art. 2º Para efeito desta Resolução são adotadas as seguintes definições:
I - Reservatório artificial: acumulação não natural de água destinada a
quaisquer de seus múltiplos usos;
II - Área de Preservação Permanente: a área marginal ao redor do reservatório
artificial e suas ilhas, com a função ambiental de preservar os recursos
hídricos, a paisagem, a estabilidade geológica, a biodiversidade, o fluxo gênico
de fauna e flora, proteger o solo e assegurar o bem estar das populações
humanas;
III - Plano Ambiental de Conservação e Uso do Entorno de Reservatório
Artificial: conjunto de diretrizes e proposições com o objetivo de disciplinar a
conservação, recuperação, o uso e ocupação do entorno do reservatório
artificial, respeitados os parâmetros estabelecidos nesta Resolução e em
outras normas aplicáveis;
IV - Nível Máximo Normal: é a cota máxima normal de operação do
reservatório;
V - Área Urbana Consolidada: aquela que atende aos seguintes critérios:
a) definição legal pelo poder público;
b) existência de, no mínimo, quatro dos seguintes equipamentos de infra-
estrutura urbana:
1. malha viária com canalização de águas pluviais,
2. rede de abastecimento de água;
3. rede de esgoto;
4. distribuição de energia elétrica e iluminação pública;
44
5. recolhimento de resíduos sólidos urbanos;
6. tratamento de resíduos sólidos urbanos.
Art 3º Constitui Área de Preservação Permanente a área com largura mínima,
em projeção horizontal, no entorno dos reservatórios artificiais, medida a partir
do nível máximo normal de:
I - trinta metros para os reservatórios artificiais situados em áreas urbanas
consolidadas e cem metros para áreas rurais;
II - quinze metros, no mínimo, para os reservatórios artificiais de geração de
energia elétrica com até dez hectares, sem prejuízo da compensação
ambiental.
§ 4o A ampliação ou redução do limite das Áreas de Preservação Permanente,
a que
se refere o § 1º, deverá ser estabelecida considerando, no mínimo, os
seguintes critérios:
I - características ambientais da bacia hidrográfica;
II - geologia, geomorfologia, hidrogeologia e fisiografia da bacia hidrográfica;
III - tipologia vegetal;
IV - representatividade ecológica da área no bioma presente dentro da bacia
hidrográfica em que está inserido, notadamente a existência de espécie
ameaçada de extinção
e a importância da área como corredor de biodiversidade;
V - finalidade do uso da água;
VI - uso e ocupação do solo no entorno;
VII - o impacto ambiental causado pela implantação do reservatório e no
entorno da Área de Preservação Permanente até a faixa de cem metros.
45
§ 5º Na hipótese de redução, a ocupação urbana, mesmo com parcelamento
do solo através de loteamento ou subdivisão em partes ideais, dentre outros
mecanismos, não poderá exceder a dez por cento dessa área, ressalvadas as
benfeitorias existentes na área urbana consolidada, à época da solicitação da
licença prévia ambiental.
1.1,b RESOLUÇÃO CONAMA nº. 303, dispõe sobre parâmetros, definições e
limites de Áreas de Preservação Permanente.
Considerando que as Áreas de Preservação Permanente e outros espaços
territoriais especialmente protegidos, como instrumentos de relevante interesse
ambiental, integram o desenvolvimento sustentável, objetivo das presentes e
futuras gerações, resolve:
Art. 1º Constitui objeto da presente Resolução o estabelecimento de
parâmetros, definições e limites referentes às Áreas de Preservação
Permanente.
Art. 2º Para os efeitos desta Resolução, são adotadas as seguintes definições:
I - nível mais alto: nível alcançado por ocasião da cheia sazonal do curso
d`água perene ou intermitente;
II - nascente ou olho d`água: local onde aflora naturalmente, mesmo que de
forma intermitente, a água subterrânea;
III - vereda: espaço brejoso ou encharcado, que contém nascentes ou
cabeceiras de cursos d`água, onde há ocorrência de solos hidromórficos,
caracterizado predominantemente por renques de buritis do brejo (Mauritia
flexuosa) e outras formas de vegetação típica;
IV - morro: elevação do terreno com cota do topo em relação a base entre
cinqüenta e trezentos metros e encostas com declividade superior a trinta por
cento (aproximadamente dezessete graus) na linha de maior declividade;
V - montanha: elevação do terreno com cota em relação a base superior a
trezentos metros;
46
VI - base de morro ou montanha: plano horizontal definido por planície ou
superfície de lençol d`água adjacente ou, nos relevos ondulados, pela cota da
depressão mais baixa ao seu redor;
VII - linha de cumeada: linha que une os pontos mais altos de uma seqüência
de morros ou de montanhas, constituindo-se no divisor de águas.
XIII - área urbana consolidada: aquela que atende aos seguintes critérios:
a) definição legal pelo poder público;
b) existência de, no mínimo, quatro dos seguintes equipamentos de infra-
estrutura urbana:
1. malha viária com canalização de águas pluviais,
2. rede de abastecimento de água;
3. rede de esgoto;
4. distribuição de energia elétrica e iluminação pública ;
5. recolhimento de resíduos sólidos urbanos;
6. tratamento de resíduos sólidos urbanos; e
c) densidade demográfica superior a cinco mil habitantes por km2.
Art. 3º Constitui Área de Preservação Permanente a área situada:
I - em faixa marginal, medida a partir do nível mais alto, em projeção horizontal,
com largura mínima, de:
a) trinta metros, para o curso d água com menos de dez metros de largura;
b) cinqüenta metros, para o curso d água com dez a cinqüenta metros de
largura.
1.1,c RESOLUÇÃO CONAMA nº. 369/06, dispõe sobre os casos excepcionais,
de utilidade pública, interesse social ou baixo impacto ambiental, que
47
possibilitam a intervenção ou supressão de vegetação em Área de Preservação
Permanente- APP.
Seção I
Das Disposições Gerais
Art. 1º Esta Resolução define os casos excepcionais em que o órgão ambiental
competente pode autorizar a intervenção ou supressão de vegetação em Área
de Preservação Permanente- APP para a implantação de obras, planos,
atividades ou projetos de utilidade pública ou interesse social, ou para a
realização de ações consideradas eventuais e de baixo impacto ambiental.
Art. 2º O órgão ambiental competente somente poderá autorizar a intervenção
ou supressão de vegetação em APP, devidamente caracterizada e motivada
mediante procedimento administrativo autônomo e prévio, e atendidos os
requisitos previstos nesta resolução e noutras normas federais, estaduais e
municipais aplicáveis, bem como no Plano Diretor, Zoneamento Ecológico-
Econômico e Plano de Manejo das Unidades de Conservação, se existentes,
nos seguintes casos:
I - utilidade pública:
a) as atividades de segurança nacional e proteção sanitária;
b) as obras essenciais de infra-estrutura destinadas aos serviços públicos de
transporte, saneamento e energia;
c) as atividades de pesquisa e extração de substâncias minerais, outorgadas
pela autoridade competente, exceto areia, argila, saibro e cascalho;
d) a implantação de área verde pública em área urbana;
e) pesquisa arqueológica;
f) obras públicas para implantação de instalações necessárias à captação e
condução de água e de efluentes tratados;
48
g) implantação de instalações necessárias à captação e condução de água e
de efluentes tratados para projetos privados de aqüicultura, obedecidos os
critérios e requisitos previstos nos §§ 1º e 2º do art. 11, desta Resolução.
II - interesse social:
a) as atividades imprescindíveis à proteção da integridade da vegetação nativa,
tais como prevenção, combate e controle do fogo, controle da erosão,
erradicação de invasoras e proteção de plantios com espécies nativas, de
acordo com o estabelecido pelo órgão ambiental competente;
b) o manejo agroflorestal, ambientalmente sustentável, praticado na pequena
propriedade ou posse rural familiar, que não descaracterize a cobertura vegetal
nativa, ou impeça sua recuperação, e não prejudique a função ecológica da
área;
c) a regularização fundiária sustentável de área urbana;
d) as atividades de pesquisa e extração de areia, argila, saibro e cascalho,
outorgadas pela autoridade competente;
III - intervenção ou supressão de vegetação eventual e de baixo impacto
ambiental, observados os parâmetros desta Resolução.
2. CÓDIGO FLORESTAL:
O conteúdo normativo Código Florestal Brasileiro reflete uma política intervencionista
do Estado sobre a propriedade imóvel agrária privada na medida em que Argumenta-
se que, em sua proposição originária o Código Florestal normatizou a proteção e o uso
das florestas com o propósito maior de proteger os solos, as águas e a estabilidade
dos mercados de madeira.
A existência do Código Florestal, cujo conteúdo tem sido tão criticado, e apesar
do freqüente descumprimento de seus dispositivos, tem sido essencial para
proteger o pouco que restou da cobertura florística brasileira. A julgar pelas
reiteradas preocupações documentadas por diversos autores ao longo da
primeira metade do século XX (ver Pereira, 1929; Pereira, 1950), muito pouco
49
teria restado da cobertura florestal natural do País, neste início do século XXI,
caso aquele diploma legal não existisse. Em verdade, pouca vegetação
florestal teria restado até mesmo para possibilitar o atual debate! As discussões
em torno da pretendida atualização do Código Florestal devem
obrigatoriamente incorporar a dimensão da sustentabilidade ambiental do
desenvolvimento sócio-econômico. Nesse sentido, os interesses das futuras
gerações, e os seus (atuais) direitos positivados na forma de norma
constitucional, não poderiam ser ignorados do debate contemporâneo. O
debate tem suas raízes também no fato de que o Estado Econômico é regulado
pelo Estado Político que impõe o seu poder de soberania interna, conforme os
poderes que a sociedade lhe transferiu.
O não tão “novo” Código Florestal brasileiro foi editado há 38 anos; seu
anteprojeto foi proposto há 53 anos! Na atualidade, muitos sabem de sua
existência, alguns lhe conhecem (parcialmente) o conteúdo; mas poucos
proprietários (de terras), em pleno século XXI, aceitam-no como instrumento
válido e legítimo para a proteção do patrimônio florestal brasileiro, o que
representa um evidente retrocesso. Nesse sentido, há que se reconhecer que,
em resultado às novas percepções da sociedade, o tratamento jurídico-legal da
propriedade rural sofreu profundas, legítimas e positivas transformações. Em
síntese, o debate, por vezes realizado com argumentos extemporâneos e
equivocado, focaliza figuras jurídicas muito relevantes do Código Florestal, mas
que lhe são secundárias, na medida em que estão vinculadas (e subordinadas)
a um valor imensamente mais importante para a sociedade brasileira: a
natureza jurídica difusa das “florestas e as demais formas de vegetação”, e que
foram instituídas, há quase 70 anos, como “bens de interesse comum a todos
os habitantes do País.” Por esse motivo, especialmente, depreende-se que o
Código Florestal poderá restar, no devido tempo, prestigiado e fortalecido.
50
3. ARBORIZAÇÃO:
A arborização é uma ação importante para melhorar a qualidade ambiental da
cidade e contribuir com a redução do impacto das mudanças climáticas.
O plantio de árvores é um ato de cidadania muito importante e contribui para
melhorar nossa qualidade de vida, por isso é fundamental o planejamento da
arborização urbana. O plantio realizado sem planejamento, com espécies não
indicadas ao meio urbano, ou feito com técnica inadequada, pode acarretar em
diversas situações de transtornos futuros ao cidadão, como casas com trincas,
infiltrações, calçadas quebradas, ou até mesmo o comprometimento da saúde
da árvore.
A manutenção das árvores urbanas é outro ponto fundamental. Se não for
realizada de maneira adequada pode causar sérios problemas, como a queda
do exemplar arbóreo. Infelizmente, um dos exemplos mais encontrados de
manutenção inadequada é a utilização da poda drástica e da poda de
rebaixamento, que acabam com o formato da copa e comprometem a
estabilidade do exemplar arbóreo. Hoje este tipo de poda é considerado um
crime contra as árvores, passível inclusive de multa. A poda de raiz deve ser
evitada, pois quando realizada sem acompanhamento compromete a
estabilidade da árvore, levando à queda. Muitas árvores na cidade sofrem com
este tipo de ação. Outro aspecto importante é a adequação do canteiro da
árvore, que melhora a permeabilidade do solo e acesso à água pelas raízes. O
compromisso da população com os cuidados e manutenção das mudas é
fundamental para que tenhamos árvores adultas saudáveis.
51
CONCLUSÃO
Meio ambiente e desenvolvimento não constituem desafios separados; estão
inevitavelmente interligados. O desenvolvimento não se mantém se a base de
recursos naturais se deteriora; o meio ambiente não pode ser protegido se o
crescimento não leva em conta as conseqüências da destruição ambiental.
Esses problemas não podem ser tratados separadamente por instituições e
políticas fragmentadas. Eles fazem parte de um sistema complexo de causa e
efeito.
O conceito de desenvolvimento sustentável fornece uma estrutura para a
integração de políticas ambientais e estratégias de desenvolvimento,
procurando atender as necessidades e aspirações do presente sem
comprometer a possibilidade de atendê-las no futuro, lembrando que sempre
há o riso de que o crescimento econômico prejudique o meio ambiente, uma
vez que ele aumenta a pressão sobre os recursos ambientais.
No entanto, as administrações municipais que se orientarem pelo conceito de
desenvolvimento sustentável terão de trabalhar para que as economias em
crescimento permaneçam firmemente ligadas as suas raízes ecológicas e que
estas raízes sejam protegidas e nutridas para que possam dar apoio ao
crescimento do município em longo prazo. Portanto, a proteção ao meio
ambiente é inerente ao conceito de desenvolvimento sustentável, na medida
em que visa mais as causas que os sintomas dos problemas do meio
ambiente.
É importante salientar que não existe um único esquema para o
desenvolvimento sustentável, já que os sistemas econômicos e sociais diferem
de uma região para outra. Cada município terá de avaliar as implicações
concretas de suas políticas. Mas, apesar dessas diferenças, o desenvolvimento
sustentável deve ser encarado como um objetivo de todo mundo.
52
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA
BACKER, Paul de. Gestão ambiental: a administração verde. Tradução de
Heloísa Martins Costa. Rio de janeiro: Qualitymark Ed., 1995.
CUNHA, S. B. e GUERRA, A. J. T. Degradação Ambiental. In: Geomorfologia e
Meio Ambiente. Rio de Janeiro, Ed. Bertrand Brasil, 2000, 3ª edição, pp.337-
379.
CUNHA, S. B. e GUERRA, A. J. T. Geomorfologia do Brasil. Rio de Janeiro,
Editora Bertrand Brasil, 1998, 388p.
DREW, David. Processos Interativos Homem-Meio Ambiente. Rio de Janeiro,
Ed. Bertrand Brasil, 2002, 5ª edição, 206p.
GUERRA, A. J. T. e BOTELHO, Rosangela Garrido Machado. Erosão dos
solos. In: Geomorfologia do Brasil. S. B. da CUNHA e A. J. T. GUERRA (orgs.).
Bertrand Brasil, Rio de Janeiro, 1998, pp. 181-227.
GUERRA, A. J. T. O início do Processo Erosivo. In: Erosão e Conservação dos
Solos - Conceitos, Temas e Aplicações. A. J. T. GUERRA; SILVA, Antônio
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53
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MENDONÇA, Jane Karina Silva e GUERRA, A. J. T. Erosão dos Solos e a
Questão Ambiental. In: Reflexões sobre a Geografia Física no Brasil. GUERRA,
A. J. T. e VITTE, Carlos Antônio (orgs.). Ed. Bertrand Brasil, Rio de Janeiro,
2004, pp. 225-251.
VITTE, Carlos Antônio e GUERRA, A. J. T. Reflexões Sobre a Geografia Física
no Brasil. Ed. Bertrand Brasil, Rio de Janeiro, 2004, 280p.
WEBGRAFIA CONSULTADA
www.museuhistoriconacional.com.br
CPRM.gov.br
geo.rio.rj.gov.br
www.mma.gov.br
www.licenciamentoambiental.eng.br/novas-resolucoes-conama
54
BIBLIOGRAFIA CITADA
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Heloísa Martins Costa. Rio de janeiro: Qualitymark Ed., 1995.
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379.
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55
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Questão Ambiental. In: Reflexões sobre a Geografia Física no Brasil. GUERRA,
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VITTE, Carlos Antônio e GUERRA, A. J. T. Reflexões Sobre a Geografia Física
no Brasil. Ed. Bertrand Brasil, Rio de Janeiro, 2004, 280p.
WEBGRAFIA CITADA
www.museuhistoriconacional.com.br
cprm.gov.br
geo.rio.rj.gov.br
56
ÍNDICE
FOLHA DE ROSTO .................................................................02
AGRADECIMENTO......................................................................03
DEDICATÓRIA........................................................................04
RESUMO................................................................................05
METODOLOGIA......................................................................06
SUMÁRIO................................................................................07
INTRODUÇÃO...........................................................................08
CAPÍTULO 1 .........................................................................10
SIGNIFICADO E ALGUNS CONDICIONANTES DE PROCESSOS EROSIVOS
1.1.Significado......................................................................10
1.2.Condicionantes................................................................11
1.2.a.Chuvas.........................................................................12
1.2.b. Ação da Gravidade......................................................12
1.2.c. Erodibilidade dos solos...............................................12
1.3 Textura............................................................................13
1.4 Gradiência textural...........................................................13
1.5 Estrutura..........................................................................13
1.6 Espessura do solo...........................................................13
1.7 Permeabilidade................................................................13
1.8 Propriedades químicas, biológicas e mineralógicas...........13
1.9. Cobertura do Solo...........................................................13
1.10 Manejo do Solo ............................................................14
1.11 Topografia.....................................................................14
57
CAPÍTULO 2..........................................................................15
TIPOS DE EROSÃO E CONSEQUÊNCIAS
2.1.Erosão pela Água............................................................15
2.2.Lençol.............................................................................16
2.3.Sulcos.............................................................................16
2.4.Embate............................................................................16
2.5 Desabamento..................................................................17
2.6 Queda.............................................................................17
2.7 Vertical...........................................................................17
2.8. Erosão pelo Vento.........................................................17
2.9. Erosão pelas Ondas.......................................................18
2.10. Erosão Química...........................................................18
2.11. Erosão Glacial.............................................................18
2.12. Conseqüências.............................................................19
CAPÍTULO 3..........................................................................20
ESCORREGAMENTOS URBANOS OU MOVIMENTOS DE MASSA EM ÁREA
URBANA SUA DEFINIÇÃO, ALGUMAS CAUSAS, CONSEQUÊNCIAS E
TIPOLOGIA
3.1 Movimentos de Massa........................................................20
3.2 Algumas Causas.............................................................21
3.3 Algumas conseqüências.................................................24
3.4 Tipologia........................................................................25
58
CAPÍTULO 4.........................................................................27
RIO DE JANEIRO, HISTÓRICO, ALGUNS DOMÍNIOS GEOAMBIENTAIS E
ALGUMAS INCIDÊNCIAS DE ESCORREGAMENTOS DE MASSA
4.1 História...........................................................................28
4.2 Alguns Domínios Geoambientais.....................................29
4.2.a Domínio Geoambiental I – Faixa Litorânea.....................29
4.2.b Domínio Geoambiental II – Região Serrana....................31
4.3 Algumas incidências (Dados da Geo/RJ).........................31
CAPÍTULO 5........................................................................35
GESTÃO AMBIENTAL COMO PROFILAXIA
CAPÍTULO 6
RESOLUÇÕES DO CONAMA E O CÓDIGO FLORESTAL E AS ÁREAS DE PROTEÇÃO
PERMANENTES URBANAS............................................................................40
1. Conama............................................................................41
1.1. Resoluções...................................................................42
1.1,a RESOLUÇÃO CONAMA nº. 302...................................42
1.1,b RESOLUÇÃO CONAMA nº. 303...................................45
1.1,c RESOLUÇÃO CONAMA nº. 369/06..............................46
2. CÓDIGO FLORESTAL.....................................................48
3. ARBORIZAÇÃO...............................................................49
CONCLUSÃO......................................................................50
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA............................................52
WEBGRAFIA CONSULTADA...............................................53
59
BIBLIOGRAFIA CITADA........................................................54
WEBGRAFIA CITADA...........................................................55
ÍNDICE.................................................................................56
FOLHA DE AVALIAÇÃO........................................................ 60
60
FOLHA DE AVALIAÇÃO
Nome da Instituição: Universidade Cândido Mendes
Título da Monografia: A Atuação da Gestão Ambiental como Medida
Profilática no Controle dos Escorregamentos Urbanos e dos Processos
Erosivos Hídricos no Rio de Janeiro
Autor: Rosa Valéria Comucci Rodrigues
Data da entrega: 19/07/2010
Avaliado por: Francisco Carrera Conceito: