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UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES
PÓS GRADUAÇÃO LATU SENSU
PROJETO A VEZ DO MESTRE
VULNERABILIDADE NA ADOLESCÊNCIA PARA O USO DE DROGAS
Cleane Maria dos Santos
Orientadora: Fabiane Muniz
Rio de Janeiro, março de 2003.
UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES
PÓS GRADUAÇÃO LATU SENSU
PROJETO A VEZ DO MESTRE
VULNERABILIDADE NA ADOLESCÊNCIA PARA O USO DE DROGAS
Apresentação de monografia à
Universidade Cândido Mendes como condição prévia para
a conclusão do Curso de PósGraduação em Psicologia
Jurídica.
Por Cleane Maria dos Santos
AGRADECIMENTOS
Agradeço aos professores e as minhas
colegas de turma, Dilma Seabra e Patrícia Patrasso pela
possibilidade do convívio durante este curso, que muito
acrescentou a minha vida pessoal e profissional.
DEDICATÓRIA
Dedico este trabalho à minha família que
sempre me incentivou na luta pelos meus ideais pessoais
e profissionais.
RESUMO
No presente trabalho foram abordadas as diversas características
da fase da adolescência sob a ótica de Arminda Aberastury, John Conger e Tania
Zagury. Foram apontadas também as características do processo de drogadição a
substâncias psicoativas lícitas e ilícitas, expondo sobre os efeitos destas drogas no
organismo humano, dando ênfase às conseqüências deste uso para a vida do
adolescente. Utilizou-se como referência os autores Eduardo Kalina e Milton Santos
Lambert. Analisou-se de que forma as características da fase da adolescência
vulnerabilizam o jovem para o consumo de substâncias tóxicas. Entatizou-se nesta
análise a forma como a família, a cultura e a sociedade contribuem para o processo
drogaditivo do adolescente, de forma que possamos visualizar claramente o problema,
com seus múltiplos aspectos. Faz-se importante ressaltar a possibilidade de prevenir o
envolvimento do adolescente com o uso de drogas, a partir da compreensão sobre os
fatores que o vulnerabilizam. Desta forma, foram evidenciados alguns trabalhos já
realizados que visam prevenir este envolvimento do adolescente com a drogadição,
tanto no nível primário, quanto secundário. Encontra-se exposto também neste
trabalho, idéias sobre quais fatores devem ser enfatizados em um projeto de prevenção
ao uso de drogas, visando a oferecer ao adolescente condições satisfatórias para um
desenvolvimento biopsicossocial saudável.
Palavras-chaves: Adolescência – Drogas – Vulnerabilidade
METODOLOGIA
Para a realização deste trabalho, foi utilizada a coleta de dados
bibliográficos, visando a obter informações atuais sobre o tema central exposto.
Foi utilizada ainda, a experiência da autora no contato com instituições
de atendimento em nível de internação, ao adolescente envolvido com o uso de drogas
no Rio de Janeiro, visando expor estes trabalhos.
Realizou-se também pesquisa na internet sobre projetos de trabalho
que visam a prevenir o envolvimento do adolescente com a prática drogaditiva, além de
outros trabalhos realizados com indivíduos já envolvidos com a prática drogaditiva.
SUMÁRIO:
INTRODUÇÃO 8
CAPÍTULO 1 – Adolescência 11
CAPÍTULO 2 - Drogadição 18
CAPÍTULO 3 – Vulnerabilidade na adolescência para o uso de drogas 27
CAPÍTULO 4 – Qual o caminho para a prevenção? 34
CONCLUSÃO 42
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 47
ANEXOS 48
- INTRODUÇÃO:
Este trabalho abordará o tema do uso e/ou abuso de drogas entre os
adolescentes, procurando compreender quais as características da fase da
adolescência tornam esta população vulnerável a este envolvimento. Este trabalho
abordará questões de cunho psicossocial, visando a compreensão dos aspectos gerais
do desenvolvimento do adolescente e da forma como a família e a sociedade o
percebem e lidam com ele.
O problema central consiste em analisar as peculiaridades desta fase
do desenvolvimento humano, de forma a responder se a mesma é a mais vulnerável ao
uso de drogas. Temos como hipótese que, neste momento de sua vida, o jovem
encontra-se fragilizado sob diversos aspectos, tendo em vista todas as tensões internas
e externas com que o mesmo tem que lidar. Considera-se ainda, as mudanças
pessoais com as quais ele se depara, físicas, biológicas e emocionais e a mudança de
percepção e expectativas dos outros a respeito dele, o que exige do mesmo mudanças
comportamentais. Torna-se importante ressaltar que nesta fase de transição da
infância para a adolescência, o jovem dispõe de poucos recursos internos para lidar
com as tensões cotidianas e as adversidades, considerando sua fase peculiar de
desenvolvimento. Por essas e outras razões, as quais serão mencionadas ao longo
deste trabalho, o uso de drogas pode aparecer como solução para seus problemas ou
pelo menos como alívio temporário do sofrimento psíquico.
As drogas psicoativas são discriminadas quanto as que são legalmente
aceitas e recomendadas e as que são consideradas ilícitas, sendo seu uso reprimido e
punido legalmente. Neste trabalho, será realizada uma reflexão sobre a forma como a
cultura, a família e a sociedade incentivam o consumo de substâncias tóxicas e sobre
as conseqüências deste uso para a vida dos adolescentes. Será analisada também,
qual a função do uso de drogas ilícitas sobre o aspecto emocional, familiar e social do
adolescente e quais as conseqüências deste uso para sua vida.
Faz-se importante ressaltar que haverá uma ênfase no estudo da
família, tendo em vista que esta é o primeiro contato do ser humano com o mundo,
podendo favorecer ou desfavorecer um desenvolvimento global saudável.
Considerando ainda, a inserção do adolescente no meio social extra-
familiar, o qual é composto por mensagens verbais e não verbais, será analisada
também a forma como a cultura e as estruturas sociais repercutem sobre as escolhas
do adolescente.
O objetivo deste trabalho é desvelar de que forma as transformações
ocorridas com o indivíduo neste momento de sua vida, podem torná-lo mais vulnerável
a este consumo. Como exposto acima, estudaremos ainda de que forma as estruturas,
familiar e social, influenciam no consumo de drogas por parte dos adolescentes.
Objetiva-se, desta forma, fomentar a discussão sobre que recursos e procedimentos
poderiam ser usados para prevenir o uso de drogas nesta fase do desenvolvimento
humano.
Face ao tema deste trabalho que aborda a fase da adolescência, a
população a ser estudada é de jovens na faixa de 12 a 18 anos, segundo estipula a lei
8.069/90 (Estatuto da Criança e do Adolescente). Este estudo será realizado através
de pesquisa bibliográfica e de coleta de dados estatísticos de pesquisas sobre
drogadição, visando revelar qual a porcentagem de adolescentes que se utilizam de
substâncias tóxicas e ainda qual a porcentagem de adultos que usam estas mesmas
substâncias iniciaram seu uso na adolescência.
Considero este tema de máxima relevância, tendo em vista o caos
social que nos atinge, no qual a droga aparece como um participante ativo, gerando
violência e destruição psicossocial. Sabe-se porém, que o uso de drogas deve-se a
fatores psicossociais e portanto, são estes a serem compreendidos e combatidos. Em
Drogadição Hoje, Eduardo Kalina diz: “o que combatemos na prática drogaditiva é o
mesmo que combatemos na sociedade que induz ao desenvolvimento desta prática”.
Portanto, objetiva-se levantar que fatores psicossociais tornam o adolescente
vulnerável ao uso de drogas, visto que este é um ser em desenvolvimento e sua
inserção na sociedade está intimamente ligada a forma como esta se organiza.
No primeiro capítulo deste trabalho, estão apontadas as características
da fase da adolescência e sobre como a família, a cultura e a sociedade lidam com o
jovem adolescente.
No segundo capítulo, será abordado o processo de drogadição, os
vários tipos de drogas psicoativas, lícitas e ilícitas, seus efeitos no organismo humano e
suas conseqüências psicossociais para a vida do jovem.
No terceiro capítulo, será realizada uma análise a partir dos dados
colhidos sobre o tema da adolescência e do uso de drogas, procurando desvelar de que
forma este indivíduo encontra-se mais vulnerável a este consumo.
No quarto capítulo, estará exposto uma reflexão sobre os fatores que
devem ser abordados em um trabalho preventivo quanto ao uso de drogas. Menciona-
se, ainda, alguns projetos e trabalhos que visam prevenir tanto no nível primário quanto
secundário esta problemática.
I – ADOLESCÊNCIA
A adolescência é uma fase do desenvolvimento humano em que muitas
mudanças ocorrem, exigindo do indivíduo comportamentos que respondam a nova
configuração que sua vida adquire. O cenário pode ser o mesmo, mas o principal
personagem da peça, o adolescente, está mudando assustadoramente, tanto física,
quanto biológica, quanto psicologicamente, completamente independente de sua
vontade. Acrescenta-se a isso, o fato de que os personagens a seu redor, seus pais e
a sociedade, também mudam sua forma de lidar com ele, levantando expectativas e
exigindo novos comportamentos por parte do mesmo.
Segundo diz Conger:
“As mudanças da puberdade dão à adolescência uma certa universalidade como estádio específico do desenvolvimento. Mas as “tarefas evolutivas”, que se espera que os jovens dominem, podem variar, e algumas vezes amplamente, de uma sociedade para outra, tanto no que se refere ao tipo quanto ao grau de dificuldade a enfrentar”. (...) “Em sociedades industrializadas como a nossa, espera-se que o adolescente domine tarefas evolutivas mais numerosas e complexas.” (CONGER, 1979, pag. 6)
São observadas mudanças no aspecto físico, como o notável
crescimento físico do adolescente e sua conseqüente conquista de maior força física; o
surgimento de pelos no corpo; maturação sexual, em que nas meninas ocorre a
menarca e nos meninos ocorre a primeira ejaculação.
Segundo Conger, adolescência “é um período de rápida mudança – de
mudanças físicas, sexuais e intelectuais no adolescente e de mudanças ambientais
quanto à natureza das demandas externas impostas pela sociedade a seus membros
em desenvolvimento.” (1979, página 6) O adolescente tem que lidar com suas perdas e
elaborar o luto por elas em um momento em que ainda está amadurecendo
psicologicamente. (ABERASTURY E KNOBEL, 1981)
Estas mudanças físicas provocam mudanças no aspecto emocional e
social, na medida em que vão demandar do adolescente uma nova forma de lidar com
o corpo, o que muitas vezes é ditado pela família e pela sociedade e não negociado.
Conger afirma que:
“Durante os anos que se estendem da puberdade à chamada idade adulta, espera-se que o adolescente contemporâneo passe a ser independente de seus pais, estabeleça um novo tipo de relacionamento social e ocupacional com os companheiros de ambos os sexos e com os adultos, e se ajuste a uma maturidade sexual crescente e a papéis que se modificam. (...) “Além disso, ele ou ela estarão sob pressão para tomar decisões sobre seus próprios objetivos em matéria de educação e profissão e para se preparar para as novas responsabilidades exigidas de um cidadão ativo”. (CONGER, 1979, pagina 8)
Observa-se uma série de expectativas e demandas da sociedade com
relação ao adolescente, o que somente vem a contribuir para confundi-lo e angustiá-lo
ainda mais neste momento tão complicado de sua vida. Tantas transformações em sua
vida para processar mentalmente e ainda se somam as pressões da sociedade para
que ele corresponda a tudo o que a família e a cultura esperam dele.
Quanto a sexualidade, segundo Sigmund Freud, o adolescente entra na
fase genital do desenvolvimento, em que começa a definir este aspecto de sua vida. A
sexualidade como parte constitutiva da personalidade desde os primórdios da
existência do indivíduo, neste momento vai pressionando-o a busca pela satisfação de
suas necessidades genitais. (BEE, 1984)
Ocorre também uma pressão externa que manifesta-se nas
expectativas dos pais e pessoas ao redor do adolescente com relação às
manifestações relativas a sua sexualidade, o que contribui para sua preocupação sobre
como viver sua sexualidade. Embora haja muita discussão sobre a necessidade de
uma maior liberdade para viver a sexualidade, muitos padrões ainda aprisionam o
indivíduo, levando-o a conflitos internos diante do receio de ser discriminado caso faça
uma opção fora do padrão cultural e social. O adolescente como ser que está
amadurecendo tantas idéias em sua mente, sofre com mais este aspecto a ser definido.
O aspecto social também se modifica na medida em que o adolescente
começa a olhar para fora da família com mais intensidade, procurando e encontrando
novas respostas para seus questionamentos. Desta forma, o grupo de amigos passa a
ter maior importância na vida do adolescente, que busca ser aceito neste meio social,
valendo-se da aprendizagem de novos comportamentos compartilhados pelo grupo. A
tendência a imitação ocorre nesta fase, na medida em que o adolescente busca ser
aceito e valorizado pelo grupo.
“É um período de contradições, confuso, ambivalente, doloroso,
caracterizado por fricções com o meio familiar e social”. (ABERASTURY E KNOBEL,
1981, pagina 13) A família perde seu lugar original de principal referência para o
adolescente, visto que este começa a perceber que para aprender, precisa de mais
informações e experiências do que a família pode lhe oferecer. Caso o adolescente se
depare com uma estrutura familiar fechada e autoritária, que lhe impeça o crescimento,
este pode ter maior necessidade de se contrapor as regras familiares, podendo
apresentar rebeldia, insubordinação e até comportamentos delinqüentes.
A “crise da adolescência” inicia com a fuga de seus parceiros habituais,
a começar pela família, procurando refúgio em si mesmo ou refugiando-se em grupos
pares (...)” (LAMBERT, 2001, pagina 8) O adolescente está em um momento de busca
de novos ideais e de figuras ideais para identificar-se, porém depara-se com a violência
e também a utiliza. “A violência dos estudantes não é mais do que a resposta à
violência institucionalizada das forças da ordem familiar e social.” (...) “A
desidealização das figuras parentais o afunda no mais profundo desamparo”
(ABERASTURY E KNOBEL, pagina 16 e 19)
Aberastury e Knobel colocam que:
“Não só o adolescente padece este longo processo, mas também os pais têm dificuldades para aceitar o crescimento como conseqüência do sentimento de rejeição que experimentam frente a genitalidade e à livre manifestação da personalidade que surge dela. Esta incompreensão e rejeição se encontram, muitas vezes, mascaradas debaixo da concessão de uma excessiva liberdade que o adolescente vive como abandono, e que o é na realidade” (ABERASTURY E KNOBEL, 1981, pagina 14)
Os pais também podem reagir a este momento, negando as
repercussões destas transformações para a vida de seu filho, impedindo-o de vivenciar
experiências fundamentais para o seu crescimento e amadurecimento. Os mesmos
podem fechar-se “numa atitude de ressentimento e reforço da autoridade, atitude que
dificulta ainda mais este processo”. (ABERASTURY E KNOBEL, 1981). Ainda
acrescentam:
“À maior pressão familiar, à maior incompreensão frente à mudança, o adolescente reage com mais violência por desespero e, desgraçadamente, é neste momento decisivo de crise que os pais recorrem geralmente a dois meios de coação: o dinheiro e a liberdade.” (ABERASTURY E KNOBEL, 1981, pagina 20)
Segundo Tania Zagury (1996), este é um período em que os pais e os
adolescentes devem aprender a estabelecer novos tipos de relacionamento entre si.
Os primeiros devem ser capazes de reconhecer e encorajar as necessidades
crescentes de independência por parte dos filhos. Caso permaneçam pensando nos
filhos adolescentes como “criancinhas”, poderão enfrentar problemas, quer seja uma
rebelião da parte destes, quer seja o reforço de uma atitude de dependência cada vez
maior. Entretanto, isso não significa que os mesmos já não precisam mais dos pais,
pois já sabem viver independentemente. Faz-se importante frisar que o adolescente
está em fase de desenvolvimento e as necessidades de independência e dependência
se intercalam em diversos momentos, onde os mesmos também percebem até que
ponto e de que forma podem contar com seus pais.
Todas estas mudanças acarretam conflitos e ansiedades, o que reforça
a idéia de Aberastury da “síndrome normal da adolescência”. Como o supracitado, o
comportamento do adolescente será influenciado pela forma como a família lidará com
essa fase em que o mesmo sente-se confuso quanto a manter-se dentro da família ou
desprender-se em busca do desconhecido.
“Os filhos precisam de pais amorosos e interessados, em quem possam
confiar e encontrar segurança.” Sem isso tem poucas possibilidades de desenvolver
auto-estima, de estabelecer relações construtivas e compensadoras com os outros e
um sentimento de confiança na própria identidade. (ZAGURY, 1996) A confiança que
os filhos sentem sobre sua importância para a vida dos pais e do amor de que os
mesmos lhe dirigem é influência decisiva em seu sentimento de valor pessoal, que
interfere diretamente em sua auto estima e sentido de identidade.
A mudança no aspecto cognitivo também tem reflexos no
comportamento social do adolescente. Segundo Piaget, inicia-se na adolescência o
período das operações formais, onde o adolescente adquire a capacidade do raciocínio
hipotético-dedutivo, passando a compreender conceitos abstratos (SEMINERIO, 1996),
podendo refletir sobre várias possibilidades, mesmo que não as tenha experimentado.
Com seu horizonte mental se expandindo, o adolescente percebe que os valores e a
forma de vida de sua família não são os únicos possíveis. Desta forma, os conflitos
entre pais e filhos são comuns e se resolverão bem ou mal, dependendo de como esta
relação se transformará a partir das mudanças ocorridas em função da adolescência.
A transgressão é comum nesta época do desenvolvimento, tendo em
vista que o adolescente necessita buscar suas próprias experiências, mesmo sendo
contrário às recomendações familiares ou sociais.
O ser singular do adolescente traz consigo idéias e sentimentos novos,
particulares e esta nova capacidade que ele adquire de compreender e expressar suas
idéias lhe estimula a questionar as antigas verdades absolutas, expondo as novas
verdades que ele está descobrindo com suas experiências.
O adolescente passa por desequilíbrios e instabilidades extremas, que
é perturbada e perturbadora para o mundo adulto, mas absolutamente necessária para
o adolescente, que neste processo vai estabelecendo sua identidade. Segundo a
autora, a busca por uma identidade é o objetivo principal desta fase, através da qual ele
possa se reconhecer como ser independente intelectual e emocionalmente. Esta é uma
busca que lhe gera angústia e medo, já que estão em jogo as perdas da infância e o
desconhecido que é a fase adulta. Desta forma, embora nesta fase haja maior
sociabilidade por parte do adolescente, esta pode sofrer oscilações, tornando-o mais ou
menos sociável, dependendo do seu momento. (ABERASTURY E KNOBEL, 1981)
A idealização e o desejo de mudança são características marcantes no
adolescente que o faz questionar e sentir-se angustiado com tudo aquilo que não
consegue compreender. “O adolescente sente que deve planejar sua vida, controlar as
mudanças; precisa adaptar o mundo externo às suas necessidades imperiosas, o que
explica seus desejos e necessidades de reformas sociais”. (ABERASTURY E
KNOBEL, 1981, pagina 17) Neste momento o papel dos pais novamente será de
fundamental importância no estabelecimento de limites adequados, que não inibam o
potencial criador do adolescente, mas que o faça refletir sobre como poderá realizar
seus desejos adequadamente.
Aberastury e Knobel expõem:
“Quando o adolescente se inclui no mundo com este corpo já maduro, a imagem que tem do seu corpo mudou também sua identidade, e precisa então adquirir uma ideologia que lhe permita sua adaptação ao mundo e/ou sal ação sobre ele para mudá-lo.” (ABERASTURY E KNOBEL, 1981, pagina 13)
Sua ideologia dependerá dos modelos de identificação que ele escolher
seguir, o que é fortemente influenciado por suas características de personalidade e
temperamento. A possibilidade de estabelecer uma ideologia própria de vida também
dependerá de suas características de personalidade e dos recursos emocionais de que
dispuser.
A busca pela auto-afirmação também é uma característica que vem
seguida da busca de identidade, na medida em que o adolescente necessita conquistar
sua autonomia no mundo, amenizando influências que obstruem seu caminho rumo a
descoberta de si mesmo. Segundo Lambert (2001) há dificuldade no estabelecimento
de uma identidade segura e estável e convincente para o adolescente e os outros.
Porém se o processo de identificação com as figuras parentais foi bem sucedido, o
adolescente poderá passar por estas crises sem maiores problemas.
Segundo Conger, (1979, pagina 8), “o adolescente, ou adulto, que
possua um forte sentido de identidade vê a si mesmo como um indivíduo distinto”.
Desta forma provavelmente não estará tão fortemente sujeito às influências maléficas
do grupo ou do meio onde vive, podendo fazer suas escolhas baseadas em suas idéias
e desejos. A possibilidade de estabelecer um sentido de identidade seguro e estável
influenciará na auto estima do adolescente, podendo fortalecê-lo no sentido de
defender suas idéias. O adolescente que não estabelece este sentido de identidade ou
que o tem enfraquecido, está mais vulnerável a adoção de comportamentos alheios, já
que não consegue integrar suas próprias idéias e desejos. Aberastury e Knobel
colocam:
“O adolescente apresenta uma vulnerabilidade especial para assimilar os impactos projetivos de pais, irmãos, amigos e de toda a sociedade. Ou seja, é um receptáculo propício para encarregar-se dos conflitos dos outros e assumir os aspectos mais doentios do meio em que vive.” (ABERASTURY E KNOBEL, 1981, pagina 11)
Esta característica do adolescente o coloca em uma situação de risco,
na medida em que ao sofrer pelos conflitos dos outros e não tendo ainda desenvolvido
recursos internos que o auxiliem, pode desenvolver comportamentos inadequados
como forma de reagir ao sofrimento que lhe acomete.
1.2 – DROGADIÇÃO
As substâncias psicoativas sempre estiveram em nosso meio desde os
primórdios da humanidade e sempre foram usadas para diversos fins, sejam religiosos,
recreativos, para o enfrentamento de guerras, etc. “A humanidade sempre usou tóxicos
para aliviar suas ansiedades ou para proporcionar-se uma gratificação compensatória
em situações de frustrações intensas.” (OSÓRIO, 1989, pagina 45) Entretanto, foi a
partir de 1960 que este consumo se tornou uma preocupação mundial, em vista das
conseqüências do abuso neste consumo.
Dependência é uma condição do humano, que necessita e depende de
pessoas, recursos naturais, objetos para sobreviver. Depender “ainda das estruturas
humanas em suas mais variadas configurações simbólicas, às quais a criança aprende
a se submeter.” Entretanto, segundo Lambert, (2001, pagina 17), “o toxicômano é um
sujeito que se revolta contra as contingências que, existencialmente, vêm limitar a
expansão humana”. Acrescenta que: “a desmedida das ânsias e desejos humanos
pode, pela baixa descontrolada que a caracteriza, sem dúvida aumentar a dependência,
transformando-a em algo patológico.”
Com o intuito de tornar a leitura deste tópico esclarecedora para o leitor,
faz-se necessário definir inicialmente a diferença entre adição e dependência, citada
por Lambert (2001). O autor relata que adição é um padrão de comportamento de
abuso de drogas caracterizado pelo uso compulsivo, com alta tendência a recidiva
após a interrupção. Quanto a dependência, o mesmo expôs que se refere ao estado
psicológico de neuroadaptação produzida pela administração repetida da droga,
necessitando de administração continuada para prevenir a síndrome de abstinência.
A drogadição ou dependência química é um fenômeno causado pelo
uso abusivo e descontrolado de substâncias psicoativas, as quais promovem alterações
no organismo. A dependência química se produz na falta que o organismo sente da
droga, o que gera a necessidade de nova ingestão desta. A abstinência da droga induz
o organismo a sinalizar através de sintomas fisiológicos e psicológicos que necessita de
uma nova dose daquela substância. Esta é a síndrome de abstinência, a qual impede
que o drogadito escolha quanto a usar ou não a droga, visto que estes sintomas são
normalmente severos. O termo addictum remete ao latim e nos tempos da República
era o termo associado ao escravo. Desta forma, o dependente químico, ou o adicto,
“nada mais é do que um escravo de sua própria vontade, amordaçado pelo
desequilíbrio emocional.” (LAMBERT, 2001, pagina 21)
Kalina expõe:
“O drogadito está a beira da desintegração. A droga para ele – segundo esta perspectiva – é um instrumento de preservação. Mas só segundo esta perspectiva porque na verdade a desintegração sobrevem, justamente, por ingestão sistemática da droga.” (KALINA, 1999, pagina 33)
O mesmo percebe na droga uma possibilidade de se integrar no caos
psicológico em que vive, pressionado por todos os lados, inclusive por si mesmo.
Porém o que recebe da droga é a escravização de sua pessoa, tornando-a
completamente submissa e subserviente às suas demandas.
Kalina diz:
“Vendo a questão deste angulo, deve-se reconhecer que o adito é um suicida: tem que escolher entre uma morte que o invade e outra na qual se pode jogar evitando a realidade de sua situação, isto é, acreditando que está a procura da vida e não da autodestruição. É adito na medida em que adota esta segunda alternativa, que, para sua percepção consciente, não encerra os perigos da primeira possibilidade. Para o adito a morte atingida através da droga tem um significado qualitativo diferente: trata-se de sua última possibilidade na luta contra a desintegração. Seu maior inimigo é a vivência de morte, mas a morte em si é sua grande aliada, a droga arquetípica.” (KALINA, 1999, pagina 33).
Como relata Kalina, o adito está convicto de que está procurando uma
vida melhor ao se drogar, o que se deve a sua falta de esperanças em outros recursos
que pudessem lhe proporcionar satisfação e bem estar psicológico. Entretanto, o que
encontra é a sua destruição gradual e progressiva ou mesmo rápida, dependendo da
substância tóxica que utilize.
2.1 Fases da adição:
Fase da pré-adição:
Enquadram-se nesta fase os indivíduos que utilizaram a droga um
número reduzido de vezes, sendo usuários ocasionais e sociais. Entretanto, indivíduos
que conhecem a droga e as utilizam para obter o efeito que ela proporciona, já podem
ser considerados adictos. (LAMBERT, 2001)
Fase do reforço positivo:
É a fase na qual o indivíduo percebe que seu organismo e sua
percepção de realidade podem ser manipulados quimicamente e aparentemente a seu
favor, promovendo-lhe bem estar. (LAMBERT, 2001)
Fase da discriminação da droga:
Lambert explica:
“Esta é a fase em que o indivíduo encontra sua droga de eleição e passa a usá-la de forma progressiva, nem que tenha de usar outras substâncias para os efeitos indesejáveis que surgem. É a fase intermediária entre a dependência psicológica para a dependência orgânica.” (LAMBERT, 2001, pagina 20)
Fase da dependência ou craving:
Nesta fase o indivíduo dificilmente conseguirá se livrar sozinho do uso
de drogas devido a síndrome de abstinência. O paciente já não tem mais domínio
sobre sua vontade e os efeitos da droga não são mais aqueles que sentia quando
utilizou a droga pela primeira vez. (LAMBERT, 2001)
2.2 - Tipos de drogas:
Lícitas:
No grupo das drogas lícitas, encontram-se dois tipos: as que são
prescritas pelos médicos, mas que são vendidas com certa restrição; e as que tem o
seu consumo popularizado e relativamente liberado. (LAMBERT, 2001)
No sentido de ser mais específico nesta explanação, nos deteremos no
segundo grupo, pesquisando os efeitos e as conseqüências do uso do tabaco e do
álcool, visto serem drogas mais populares entre os adolescentes.
Tabaco:
“O “cigarro” é extraído das folhas de mais de sessenta espécies de
Nicotiana, sendo o a tabacum a mais usada por seu aroma e sabor agradáveis.”
(LAMBERT, 2001, pagina 96)
Lambert diz:
“A nicotina é a substancia capaz de classificar o cigarro como droga, porque ela causa dependência química. (...) Ela atua como estimulante do sistema nervoso central. No início aumenta a vivacidade, reduz a ansiedade, expande a concentração e diminui o apetite. A longo prazo estes efeitos não são mais sentidos pelo fumante, mas o mesmo sofre com a falta de nicotina, necessitando fumar, onde o mesmo se intoxica com as substâncias contidas no cigarro”. (LAMBERT, 2001, pagina 98)
Lambert afirma também que o cigarro é a droga mais perigosa do
planeta, pois mata mais do que todas as outras juntas. “De acordo com a Organização
Mundial de Saúde, 3 milhões de morte por ano são causadas por doenças relacionadas
com o tabaco”. (2001, pagina 96)
Álcool:
“O álcool etílico é depressor do sistema nervoso central.” (...) Este fato
influi nos efeitos do álcool, o qual inicialmente age como um desinibidor, porém
posteriormente seu efeito é inibidor. (LAMBERT, 2001, pagina 103)
A sua ingestão pode ser agradável a saúde e promover bem estar, já
que promove desinibição e segurança. Entretanto, algumas pessoas têm dificuldade de
se limitar quanto ao seu consumo e de estimulante o álcool passa a depressivo, de
recreação torna-se doença.
Após a ingestão, “os primeiros efeitos psicológicos são: labilidade de
humor, desinibição dos impulsos sexuais dos impulsos sexuais (entorpecimento moral)
e agressivos, irritabilidade e loquacidade” Entre os efeitos neurológicos estão a fala
enrolada, a descoordenação, andar vacilante, prejuízo da atenção e da memória.
(LAMBERT, 2001, paginas 103 e 104) O mesmo acrescenta:
“A maioria das vítimas do álcool se recusa a admitir o problema”. (...) O mal não é uma fraqueza moral, e sim uma enfermidade crônica (...)” (...) É ou está se tornando alcoólatra quem consome álcool compulsivamente, acorda nervoso, com náuseas e melhora depois de um trago, (...) sente-se mais seguro e apto depois de um copo ou esquece o que faz na bebedeira (...) se não beber, o alcoólatra entra em crise de abstinência.” (LAMBERT, 2001, pagina 101)
Sobre o uso de álcool por crianças e adolescentes, o diretor geral da
OMS destaca:
"As crianças estão crescendo num ambiente onde são bombardeadas com imagens positivas do álcool e nossos jovens são alvos das campanhas de marketing dos grandes fabricantes de bebidas alcoólicas", destaca Gro Harlem Brundtland, diretora geral da OMS. (site ANDI)
Entre os determinantes para o abuso no consumo do álcool, estão os
“fatores hereditários, os costumes sociais e o estresse”.
Ilícitas:
Alucinógenos:
Estes alteram os sentidos e os estados de consciência, provocando
ilusões com sons e imagens irreais, acompanhadas as vezes de náuseas e vômitos.
Deste grupo, a mais conhecida e poderosa é o LSD, conhecido também
como ácido lisérgico. Com a ingestão da droga, uma série de alucinações iniciam,
podendo se repetir meses depois, devido ao resíduo da droga que permanece no
organismo. (LAMBERT, 2001)
Cocaínicos:
Lambert coloca que:
“A cocaína costuma causar um efeito de euforia e agitação intensa. Seus usuários se sentem auto confiantes, com vontade de falar e de se movimentar. Com o uso freqüente seus usuários passam a necessitar de doses cada vez maiores para reviver as sensações agradáveis do início. Surgem sintomas de distúrbios mentais, como mania de perseguição e irritabilidade, e lesões cerebrais graves podem aparecer com poucos anos de uso. O dependente de cocaína tem insônia e falta de apetite.” (LAMBERT, 2001, pagina 43)
Uma variante da cocaína é o crack, o qual provoca um efeito
praticamente instantâneo e devastador para o organismo. Entre os seus efeitos
psicossoais estão o isolamento social, o descuido com o próprio corpo, a quebra dos
relacionamentos afetivos e familiares, a paranóia e os atos anti-sociais praticados,
acabam por levar o indivíduo a marginalização. Causa também uma dependência após
poucos episódios do seu consumo. (LAMBERT, 2001)
Ópio, opiáceos e opióides:
São drogas originadas do ópio ou algum derivado narcótico sintético
que se assemelha ao opiáceo em sua ação. (LAMBERT, 2001, página 49)
Deste grupo, a heroína é a mais consumida no primeiro mundo e nos
países asiáticos e a que mais provoca problemas de saúde. Mais poderosa do que o
ópio, a heroína também vicia muito depressa e conduzem seus usuários inicialmente a
um prazer intenso. Entretanto, estes se tornam escravos de doses cada vez maiores e
de tormentos quase insuportáveis quando tentam parar depois de cada picada.
(LAMBERT, 2001)
Maconha:
A maconha é a droga ilícita mais consumida no mundo. Ela é extraída
das plantas fêmeas da Cannabis, espécies sativa e indica. (LAMBERT, 2001, pagina
55)
O uso da droga leva a uma diminuição difusa das funções cognitivas,
com especial acometimento da memória, da atenção, da crítica e do julgamento.
Provoca diminuição também na atividade impulsiva e seus componentes de
agressividade e ansiedade. “O uso contínuo gera perda da noção do tempo,
velocidade, distância, retardo de reações e outros déficits que têm o potencial de levar
a danos e morte acidental.” (LAMBERT, 2001, paginas 60 e 61)
Lambert ainda cita Eduardo Kalina, o qual “postula que a maconha
causa dependência caracterizada por irritabilidade, nervosismo, angústia, hiper ou
hipofagia, alteração do sono (...)”.
Anfetaminas:
“Anfetaminas e ansiolíticos têm efeitos opostos, mas muito em comum:
são medicamentos viciantes, de venda oficialmente controlada, mas de uso
indiscriminado, fáceis de se encontrar em farmácias (...)”. (LAMBERT, 2001, pagina 63)
Entre os medicamentos a base de anfetamina estão os anorexígenos,
usados com o intuito de inibir a sensação de fome e obter o emagrecimento; o chamado
“rebite”, droga usada por caminhoneiros que precisam dirigir por horas sem cansar; e
as “bolinhas”, utilizadas por estudantes para passar a noite inteira estudando.
(LAMBERT, 2001) Os anorexígenos são drogas normalmente consumidas com
prescrição médica.
Outra droga a base de anfetamina, é o Ecstasy. O Ecstasy parece
quimicamente com as anfetaminas e com o LSD ao mesmo tempo, ou seja, é
estimulante e alucinógeno. (LAMBERT, 2001, pagina 67)
As anfetaminas típicas são utilizadas para aumentar o desempenho e a
sensação de euforia. São drogas que provocam adição, embora não tanto quanto a
cocaína. (LAMBERT, 2001, pagina 63)Entre as possíveis conseqüências advindas
deste uso está a “irritabilidade, a inquietude, a confusão mental e até psicoses
paranóides”. (LAMBERT, 2001, pagina 66)
Solventes ou inalantes:
Solvente indica substância capaz de dissolver coisas e inalante é toda
substância que pode ser inalada.
Produtos como esmaltes, thiner, gasolina, colas, tintas, vernizes, possui
solventes. Na prática drogativa estes produtos são inalados e provocam uma série de
efeitos no organismo humano.
Os efeitos da inalação dos produtos a base de solventes foram
divididos em quatro fases: a fase de excitação, desejada pelos consumidores, onde a
pessoa fica eufórica, porém pode apresentar também tosse, náuseas e espirros; na
fase da depressão, a pessoa fica confusa, desorientada, visão embaçada, dor de
cabeça, podendo ter alucinações auditivas e visuais; na fase da depressão profunda, há
acentuada redução do alerta, incoordenação ocular e motora, com marcha vacilante,
fala enrolada, reflexos deprimidos, além de já tornar-se evidente o processo
alucinatório; na depressão tardia, há inconsciência, queda de pressão, sonhos
estranhos, podendo a pessoa apresentar surtos de convulsões. Esta última fase
“ocorre com freqüência entre os cheiradores que usam saco plástico e após certo
tempo já não conseguem afastá-lo do nariz e, assim a intoxicação torna-se muito
perigosa, podendo mesmo levar ao coma e à morte”. (LAMBERT, 2001)
Após a inalação o efeito surge rápido, porém também desaparece
rápido, o que faz o consumidor repetir as aspirações várias vezes para que as
sensações durem mais tempo.
“Os solventes, quando inalados cronicamente, podem levar a lesões da
medula óssea, dos rins, do fígado e dos nervos periféricos eu controlam os nossos
músculos.” (LAMBERT, 2001, pagina 73)
1.3 - VULNERABILIDADE NA ADOLESCÊNCIA PARA O USO
DE DROGAS
Em face do levantamento realizado com relação as características da
fase da adolescência e das características e peculiaridades envolvidas na prática
toxicômana, vamos neste capítulo fazer um cruzamento destes dados, acrescido de
novos levantamentos bibliográficos sobre esta questão, de forma a visualizar de que
forma o adolescente está vulnerável a este consumo abusivo.
Lambert expõe em seu livro sobre as três fases da adolescência, sendo
estas: a fase inicial que abarca o período dos 12 aos 15 anos; a fase média, que vai
dos 14 aos 18 anos; e a fase tardia, que compreende o período dos 17 aos 21 anos.
Segundo sua análise a partir de estudos epidemiológicos, a fase média é o período de
maior risco para o envolvimento do adolescente com drogas, visto que este sente
curiosidade e sofre influências de amigos e parentes que utilizam drogas. Entretanto, a
fase tardia também é um período de risco, tendo em vista que o autor sinaliza a crise de
identidade que acomete o adolescente e a coesão com o grupo extrafamiliar numa
procura de dar sentido a suas idealizações. Acrescenta que o envolvimento com
drogas nesta fase “pode prejudicar profundamente o futuro do indivíduo, pois o prazer
das drogas pode enfraquecer seus ideais, perdendo a motivação e a competitividade no
desenvolvimento profissional.” (2001)
Observa-se que o consumo de drogas ilícitas induz a uma sensação de
transgressão e de desafio que muitas vezes o adolescente deseja experimentar como
uma forma de auto afirmação e reafirmação de seu sentimento de onipotência, o que o
faz acreditar que pode tudo o que quiser, pois está livre dos riscos.
Em geral, as drogas não são a causa de problemas, mas sim as
conseqüências deles, embora gerem novos problemas. Os principais fatores que
contribuem para o envolvimento com as drogas, segundo Tania Zagury, são: as
características pessoais do adolescente; o meio em que se vive; e o grupo, a escola e
os locais que o adolescente freqüenta. (1996)) É possível inferir então que nenhuma
condição isolada é determinante do ingresso do adolescente no uso de drogas. O
adolescente com suas características pessoais, modelos de identificação, etc, fará suas
escolhas e moldará suas atitudes a partir de suas experiências e de como as vivenciou
e assimilou.
Uma publicação do Ministério da Saúde desmistifica dois conceitos
muito populares, mas sem qualquer base científica: a) o de que haveria uma gradação
no qual o usuário de drogas ingressaria, sem retorno: começaria pela maconha e,
seguindo uma escala crescente, inevitavelmente chegaria às drogas mais pesadas; b) o
de que a droga, em si mesma, induz ações criminosas ou atitudes perversas. "O caráter
qualitativo, destrutivo ou não, da ação praticada por alguém sob o efeito de uma
substância psicoativa depende essencialmente de sua personalidade e das
circunstâncias emocionais e sociais que induzem ao consumo", aponta o texto. (site
ANDI) 1 Mais uma vez observa-se que não é possível ter uma visão determinista e
esquemática sobre o processo da drogadição.
1.3.1 – A influência da família
A forma como a família se relaciona é um dos fatores que contribui para
a prática aditiva. Segundo Kalina, “atitudes como fazer “vista grossa” por parte do pai
que para manter-se como figura “grandiosa” , permite tudo o que for, desde que não o
solicitem”, influenciam na conduta drogativa do filho. Tudo isso pode chegar a uma
tensão muito grande ao advir da adolescência, onde a falta de limites e as condutas
impulsivas e drogaditivas ocorrem, podendo levar a morte por overdose. (1999)
O autor Milton Santos Lambert, também sinaliza sobre a influência dos
pais na toxicomania dos filhos. O mesmo afirma que 35% de setecentos jovens
pesquisados afirmaram que usavam drogas para se afastarem dos problemas
familiares. Acrescenta porém, que tanto pais repressores e agressivos quanto os pais
permissivos acabam por aproximar os filhos das mãos dos traficantes de drogas. Os
1 www.andi.org.br
pais permissivos acabam por criar “filhos com baixo limiar de frustração, onde o desejo
deve se transformar em realidade imediatamente”.
As atitudes e comportamentos dos pais também são percebidos e
muitas vezes imitados por seus filhos, embora os mesmos aparentem se opor a tudo e
desejar se diferenciar dos pais completamente. A drogadição também é um
comportamento que pode vir em conseqüência da convivência com pais dependentes
químicos. Osório nos diz que os pais acreditam que seus filhos estão desafiando a
moral doméstica e “protestando” contra seus hábitos de vida, quando na verdade os
estão imitando e acrescenta: “pode, de sã consciência um pai que fuma vários cigarros
por dia ou a mãe que consome vários tranqüilizantes ou pílulas para dormir, censurar
seu filho adolescente porque está se “intoxicando” com maconhas. (OSÓRIO, 1989,
pag.45)
Neste período os pais e os adolescentes devem aprender a estabelecer
novos tipos de relacionamento entre si. Os pais devem ser capazes de reconhecer e
encorajar as necessidades de independência por parte dos filhos. Caso permaneçam
encarando seus filhos adolescentes como crianças, pode ser danoso para a relação
familiar, quer seja provocando uma rebelião do adolescente contra a superproteção
oferecida pelos pais, quer seja tornando este adolescente um ser dependente e
inseguro pelo resto da vida. Isto não significa que os filhos não necessitam da atenção
e do amparo dos pais, pois neste momento o mesmo oscila entre o desejo de desbravar
o mundo e o medo do desconhecido. Desta forma, uma boa referência familiar fará
grande diferença em relação as escolhas e atitudes do adolescente em sua vida.
(ZAGURY, 1996)
1.3.2 – A influência da sociedade e da cultura.
Atualmente vivemos uma cultura neoliberal, disseminadora da
mensagem de que é preciso ser competitivo e individualista para sobreviver e ter
sucesso e esta também pode ser considerada responsável pelo consumo
indiscriminado de substâncias tóxicas. A mesma cultura e sociedade que discrimina o
uso de drogas, o fomenta através de suas formas violentas de exercer o poder sobre os
mais fracos. Estes últimos sentindo-se impotentes diante da realidade que enfrentam e
estimulados a produzir cada vez mais, procuram nas drogas o último recurso para
resgatar uma possibilidade de sobrevivência no mundo. Acreditam desta forma que se
contrapõem ao sistema e o enfrentam, quando na verdade ratificam e colaboram com a
manutenção do status quo. Como diz Kalina, o que buscam de fato é a própria morte;
morte que vem lentamente, como uma celebração da morbidez e do caos em que se
encontram.
As pressões sociais podem impelir o indivíduo frágil psicologicamente
ao uso de substâncias psicoativas, como uma forma de suportar e enfrentar os desafios
de uma sociedade cada vez mais perversa e desumana. Osório diz:
“As drogas são consumidas indistintamente em todos os extratos sócio-econômicos, mas é notória sua maior incidência nos grandes centros urbanos em comparação com os pequenos núcleos populacionais interioranos ou o meio rural. Isto nos leva incontineti à conclusão de que os indivíduos mais expostos à sua utilização são os que dispõem de uma precária estrutura do ego para fazer frente à carga ansiogênica da vida urbana contemporânea, organizada sob a égide do desrespeito ao humano, em favor do produto material (...)” (OSÓRIO, 1989, pagina 45)
A inversão de valores vivenciada na atualidade também contribui para o
envolvimento do adolescente com a droga. Mensagens são proferidas proclamando o
sucesso e a riqueza como grandes conquistas da humanidade, enquanto que nem
todos podem alcançá-lo, o que gera angústia e sentimento de exclusão nos
desfavorecidos.
No aspecto afetivo, vemos que o amor “saiu de moda” e a mensagem
agora é “vamos ficar” como uma forma de descompromisso e ganho de tempo e espaço
pessoal. Nega-se a necessidade de amar e ser amado, em prol de uma vida de plena
liberdade e desvalorização dos vínculos afetivos. O que se percebe é o vazio afetivo
imperando com a pseudo valorização da individualidade, em detrimento da coletividade
e da afetividade. A individualidade se converteu em individualismo e o adolescente não
se sente acolhido afetivamente por seu grupo a não ser que acolha suas regras de
conduta.
Considerando ainda, a extrema valorização das conquistas materiais e
sociais e a desvalorização constante da ética e do sentimento de solidariedade na
relação com o próximo, surge a competição a qualquer custo por mais ganhos
econômicos, o que torna o próximo um inimigo em potencial neste objetivo de alcançar
status econômico e social. A exclusão social como temor constante na mente do
indivíduo o impele a atitudes hetero e auto destrutivas, sendo um exemplo a violência
social e a adição a substâncias toxicas. Os efeitos do uso de drogas auxilia o indivíduo
a fugir de suas angústias e frustrações, experienciando sensações que lhe
proporcionam maior prazer e bem estar emocional. O indivíduo tem o desejo de manter
aquela sensação de bem estar, mas o que vai percebendo gradualmente é que
somente com a substância química se sente bem, tornando-se dependente da mesma.
O adolescente é uma frágil vítima desta ilusão, visto ansiar por novas e desafiantes
experiências, como se pudesse dominá-las.
No prefácio do livro de Lambert, este nos fala que a cultura incentiva o
consumo de objetos, como uma promessa de bem estar e felicidade advinda deste
consumo. Observa-se uma valorização excessiva de objetos em detrimento das
relações interpessoais, tornando o homem um ser isolado com seus bens materiais. A
partir desta citação, podemos avaliar como as drogas lícitas e ilícitas tornaram-se mais
um objeto de consumo para os indivíduos, que ratificando o poder dos objetos em
detrimento do valor das relações humanas, os utilizam para se sentirem felizes.
Comparando o dependente de drogas adolescente ao toxicômano
adulto, observamos que o adolescente sofre mais dificuldades em recuperar-se das
mazelas envolvidas no processo de drogadição. “Ao contrário do adulto, que pode ser
levado a reconectar um sendo de identidade perdido ao longo do período de
dependência, o jovem tem que, além de enfrentar a adição, trabalhar pela definição
dessa identidade própria.” (site ANDI)
Estimativas da Organização Mundial de Saúde (OMS) mostram que ¾
de todos os fumantes da América Latina experimentaram o primeiro cigarro entre 14 e
17 anos. No Brasil, 90% dos fumantes se tornam dependentes da nicotina quando
ainda são crianças e adolescentes, com idade que varia de 5 a 19 anos. Estudos da
OMS mostra ainda que um adolescente demora até 7 anos para se livrar dos efeitos da
nicotina. (site ANDI)
Já uma pessoa que começa a fumar aos 30 anos, consegue “limpar” a
substância do seu cérebro em seis meses de abstinência. A diretora do Programa de
Controle do Tabagismo do Instituto Nacional do Câncer nos EUA, Cathy L. Backinger,
assegura que, entre os adolescentes que fumam mais de 10 cigarros por dia, menos de
20% conseguirão largar a dependência, mesmo que se esforcem para tanto. (site ANDI)
Segundo o Instituto Nacional do Câncer (INCA) existem hoje no país
2,4 milhões de fumantes nessa faixa etária. A entidade aponta que os jovens
experimentaram o cigarro, principalmente, por curiosidade, por imitação do
comportamento adulto, por necessidade de auto-afirmação e pelo forte impacto das
propagandas. (site ANDI)
Quanto ao consumo de álcool, os jovens brasileiros estão começando a
beber cada vez mais cedo. Levantamento realizado pelo Centro Brasileiro de
Informações sobre Drogas Psicotrópicas (Cebrid/1997), com 15.503 estudantes de 1º e
2º graus, em dez capitais brasileiras, revelou que 51% das crianças de 10 a 12 anos já
haviam consumido álcool e outras 15% já faziam uso freqüente de bebidas alcóolicas.
(site ANDI)
Estudos mostram que, quanto mais precoce o consumo de bebidas
alcóolicas, maiores as chances do usuário se tornar dependente. Em todo o mundo,
5% das mortes de jovens são atribuídas ao álcool. (OMS – site ANDI)
O tema da toxicomania e do combate ao uso de drogas nos remete a
reflexão sobre as diversas mensagens incoerentes que o jovem se depara
cotidianamente e que tem que processar, de forma a estar em conformidade com as
expectativas de seus familiares e de sua sociedade. Não seria impossível percebê-lo
contestador e agressivo diante de tantas demandas incompreensíveis e incoerentes, já
que a mesma sociedade que combate o consumo de drogas, o estimula
constantemente com a promessa de uma vida mais prazerosa através do consumo de
substancias psicoativas. “A televisão e o rádio bombardeiam as pessoas com
mensagens insistentes de que o alívio para quase tudo – ansiedade, depressão,
excitamento – depende “exatamente de engolir mais um comprimido”. (OSÓRIO, 1989,
pagina 45) Osório acrescenta:
“Por parte dos adolescentes, a ilusão de que as drogas os “libertam”, quando na verdade os “submetem” ou “escravizam”; para escapar ao jugo dos pais ou dos “valores burgueses da sociedade de consumo, como apregoam, deixam-se dominar pelos tóxicos e acabam manipulados pelos interesses escusos dos traficantes.” (OSÓRIO, 1989, pag.45)
“A circunstância da sociedade atual privilegiar o desempenho e a competição em detrimento do prazer lúdico da atividade laborativa predispõe a transformação da ocupação em emprego, à valorização do capital em detrimento da utilidade social do produto do trabalho, ao surgimento da ideologia do lucro fácil e todas as mazelas que infernizam as relações de produção em nossa sociedade” (OSÓRIO, 1989, pagina 40)
Relacionando esta idéia ao cotidiano do adolescente, pode-se inferir
que o mesmo está inserido em uma sociedade que procura moldar seus membros
quanto a seus propósitos de vida, transformando-os em seres obsessivos por dinheiro,
status e poder. Esta realidade pressiona o adolescente para a busca do que tem valor
na sociedade de consumo, mesmo porque se não funcionar de acordo com estas
expectativas estará excluído das relações de que tanto necessita. A alienação a que
adolescente se impõe, ao mesmo tempo que o mantém funcional, procurando atender a
estas expectativas, também o destrói, quando o mesmo não suporta tamanha pressão
e inicia um processo de auto destruição através das drogas.
1.5 - QUAL O CAMINHO PARA A PREVENÇÃO?
Considerando a fase crítica da adolescência e o conseqüente risco do
envolvimento do adolescente com situações danosas a sua vida, incluindo o uso de
drogas, observamos que algumas estratégias podem ser levantadas no sentido de
garantir o seu afastamento deste uso. Considera-se desta forma, algumas situações
que podem ser prejudiciais e facilitadoras para o envolvimento do adolescente em
situações danosas ao seu desenvolvimento saudável.
1.5.1 – A importância da família
Diante da importância da família no desenvolvimento do indivíduo,
torna-se importante ressaltar que este é o primeiro foco a ser analisado e trabalhado.
Objetiva-se desta forma que os vínculos familiares mantenham-se fortalecidos,
proporcionando ao adolescente um sentimento de segurança emocional, que poderá
minimizar influências externas que possam desviá-lo de um desenvolvimento saudável.
Um dos aspectos que devem merecer grande atenção no trabalho com
famílias é sobre a relação de pais e filhos, visando evitar a violência intrafamiliar contra
crianças e adolescentes como uma forma de resolver os conflitos familiares. Esta
prática é algo que deve ser evitado por meio de um trabalho preventivo e esclarecedor
sobre as conseqüências deste tipo de experiência para o desenvolvimento humano. A
atenção e a preocupação a respeito da relação pais e filhos deveria ocorrer
primariamente, no sentido de evitar os transtornos e conseqüências advindas de
comportamentos patológicos e anti-sociais de adolescentes que sofreram violência
intrafamiliar.
Em face da dificuldade normalmente sentida por pais de lidar com as
manifestações infantis de busca por autonomia e independência, estes deveriam Ter
como recurso básico e fundamental a assistência psicossocial para suas famílias. Este
recurso deveria constar na pauta do serviço de saúde brasileiro, tendo em vista a
importância da família para a formação psicossocial de novos cidadãos. Desta forma,
sofrimentos emocionais seriam evitados, prevenindo com isso transtornos e problemas
sociais que advém de uma convivência familiar tumultuada e vitimizadora.
Os adolescentes que possuem na família sua referência de autoridade,
carinho e amparo serão alvos mais difíceis das influências externas negativas, podendo
ser de amigos ou mesmo traficantes. Estes últimos têm nos jovens desamparados por
suas famílias, presas fáceis para disseminar o uso de drogas, visto que estes, em
virtude da violência intrafamiliar que sofrem, costumam se sentir frágeis
emocionalmente e com baixa auto estima. A droga aparece como uma forma de
camuflar as dificuldades emocionais sentidas pelo adolescente, tendo em vista o prazer
físico temporário que ela proporciona, além de possibilitar a ilusão da conquistar status
de destemido, transgressor, etc, diante do grupo de amigos. Os pais devem ser
esclarecidos sobre como suas ações e atitudes no seio familiar contribuem para o
envolvimento dos filhos com a toxicomania e de que os traficantes muitas vezes
somente ocupam o lugar vago deixado pelos pais.
Outro aspecto da relação familiar que contribui para o não envolvimento
do adolescente com a droga é o fato da família percebê-lo como uma pessoa que
possui capacidades e desta forma, oferecer-lhe possibilidades de colocá-las em prática.
O adolescente que amadurece e se sente, de certa forma, um adulto e é tratado como
criança pela família, encontra-se em maiores riscos de envolvimento com a droga, visto
que esta pode funcionar como um recurso para sua auto-afirmação.
1.5.2 – A importância da escola
A escola, sendo um espaço em que o adolescente passa considerável
parte de seu tempo instruindo-se para enfrentar os desafios de seu futuro, também
deve atuar neste trabalho de prevenção. Já não é mais possível ignorar o risco de que
os alunos se envolvam com a toxicomania, detendo-se no ensino dos conteúdos
curriculares básicos.
Os traficantes de drogas muitas vezes estão nas portas das escolas,
vendendo drogas para os alunos ou mesmo captando adolescentes para a venda e
consumo dentro das instituições de ensino, o que obriga a equipe escolar a enfrentar o
problema sem disfarces.
Um recurso que pode ser utilizado na escola são as aulas expositivas
que visam esclarecer o adolescente sobre os tipos de drogas existentes e as
conseqüências psicossociais deste uso. Paralelamente a estas aulas expositivas, a
escola deve promover oficinas de arte, sendo artes plásticas ou cênicas, de forma que
o adolescente possa vivenciar as situações que envolvem a toxicomania, o que
facilitará sua assimilação dos conteúdos apresentados pela escola sobre esta
problemática.
1.5.3 – A importância do trabalho grupal
Tendo em vista a necessidade do adolescente de se perceber
pertencente a um grupo, compartilhando das regras de conduta deste, faz-se
indispensável usar de trabalhos com grupos de adolescentes na prevenção e no
combate a drogadição. No momento em que o adolescente percebe que suas
angústias também são vividas por outros adolescentes, que outrora julgavam-se
onipotentes, pode sentir-se mais fortalecido tanto em suas necessidades quanto
possibilidades de receber e oferecer ajuda e compreensão.
O trabalho grupal atua na auto-estima e na necessidade de auto-
afirmaçao do adolescente, que pode perceber que prescinde da droga para obter
prestígio e admiração social. O mesmo pode perceber no trabalho em grupo, que é
através deste que desenvolve e realiza suas potencialidades, motivo de orgulho
pessoal, que alimenta sua auto-confiança quanto a elaborar e concretizar seus projetos
de futuro. Falta de perspectiva para o futuro é um dos vazios que sente o adolescente
drogadito, o que torna este aspecto crucial num trabalho de prevenção da drogadição.
Os trabalhos grupais podem variar desde grupos de debate até grupos
de arte, onde o adolescente vai adquirindo novos conhecimentos para manifestar suas
idéias e sentimentos.
O teatro é um forte recurso para o trabalho com jovens, visto que
engloba vários tipos de atividades que exigem habilidades diversas, desde o cenário, a
iluminação, a direção, até a própria encenação, possibilitando ao adolescente dar vazão
a toda a sua imaginação, adequando-a as condições reais de trabalho. Na atividade
cênica são estimulados primariamente o senso de participação e cooperação grupal,
além da auto confiança e desembaraço, da criatividade, da atitude persistente no
sentido de desenvolver e aprimorar o projeto, etc.
“Pintura, desenho, dança, música, circo, teatro... É por meio de
expressões artístico-culturais que acontece o encontro do prazer com a consciência de
sensibilidade. Vivendo e expondo em conjunto a experiência da arte-educação, a
criança vai construindo uma nova identidade, o que propicia o sentido de pertencimento
na sociedade. A socióloga Marle de Oliveira Macedo, coordenadora pedagógica do
Projeto Axé, um dos mais reconhecidos na área, afirma que as atividades artísticas
representam a satisfação que o ser humano tem de criar, afirmar-se, sentir validada sua
existência e saber-se querido. Nessa perspectivia, segundo a coordenadora, "a
participação em atividades artísticas oferece à criança uma outra inserção na sociedade
- diferente daquela determinada pela condição de classe - porque promove, pela
conquista da visibilidade (a exposição do conhecimento adquirido) um novo
reconhecimento social". “ (site da ANDI – Jornalista Amigo da Criança)
1.5.4 – A importância das atividades esportivas
A criação e manutenção de programas esportivos comunitários também
é fator essencial no combate a pratica toxicômana, visto que o adolescente que
participa de alguma atividade esportiva é incentivado a cuidar de sua saúde a qual
influirá no atingimento de suas metas esportivas. Acrescenta-se a isso o fato de que o
adolescente sente-se valorizado em suas capacidades físicas e, ao ser incentivado a
desenvolvê-las, vai descobrindo novas habilidades gradualmente, fortalecendo sua
auto-estima.
A participação no grupo esportivo promove a sensação de
pertencimento de que o adolescente tanto necessita, extinguindo o risco do sentimento
de exclusão social, responsável muitas vezes por atitudes rebeldes por parte dos
adolescentes e jovens em geral. O sentimento de cooperação e mobilização da
comunidade para a implementação de outros projetos para o bem estar de todos pode
se iniciar a partir do esporte, visto que este é fomentador de uma atitude dinâmica e
mobilizadora.
Além do benefício psicossocial, a prática de exercícios físicos é forte
estimulante na liberação de endorfina, substancia neuroquímica responsável pela
sensação de bem estar físico e emocional. Entretanto, mesmo com estes benefícios, a
prática esportiva deve ser regulada no sentido de evitar os efeitos indesejáveis da
excessiva liberação da endorfina, sendo eles a agitação, a insônia, a irritabilidade, entre
outros. (LAMBERT, 2001)
Kelly expõe que s estatísticas revelam que a causa de numerosos
delitos foi a ociosidade em que se encontravam os seus praticantes. E acrescenta
que as horas de lazer impõe uma necessidade de seu aproveitamento, como condição
de equilíbrio social, de convívio normal e de consolidação dos grandes atributos morais
que devem cercar qualquer educando. (KELLY, 1973)
1.5.5 – A importância da profissionalização
Além dos trabalhos grupais e do incentivo à prática esportiva, o
adolescente também deve ter a oportunidade de se profissionalizar, tendo em vista que
esta é uma de suas preocupações, já que se encontra em uma fase intermediária entre
a infância e a idade adulta. O adolescente que é iniciado em uma atividade que lhe
exige atitudes de compromisso e de responsabilidade tem fortes chances de elaborar
metas e ideais para toda a sua vida. Esta atividade deve ser aliada à possibilidade de
um estágio remunerado, o que poderá fortalecer o desejo de independência do
adolescente, o qual terá que se organizar social e emocionalmente para administrar
seus ganhos financeiros.
A valorização das habilidades físicas e intelectuais do adolescente por
parte da família e da sociedade, o estimula ao seu próprio desenvolvimento
biopsicossocial, em que o mesmo pode adquirir novas habilidades que lhe renderão
maior prestígio e reconhecimento familiar e social, proporcionando-lhe mais entusiasmo
e auto confiança. Além disso, poderá experienciar também um sentimento de maior
segurança quanto ao seu preparo para o mercado de trabalho na idade adulta.
Faz-se importante também, neste trabalho de profissionalização,
desenvolver no jovem uma idéia de valorização do trabalho como meio de realização
pessoal, auxiliando-o a descobrir seus desejos e potencialidades.
1.5.7 – A necessidade do combate ao tráfico de drogas
Faz-se necessário citar também a importância da implementação de
uma política de segurança eficaz para reprimir o tráfico de entorpecentes, visto que este
encontra-se em toda parte, seduzindo jovens para o consumo de substâncias
entorpecentes.
O envolvimento com o uso de drogas pode aproximar o adolescente do
tráfico destas substâncias, o que acaba acarretando um círculo vicioso onde o
adolescente pode se envolver em várias atividades criminosas, tudo começado pelo
uso de drogas.
Em entrevista na internet, no site do NEPAD, a Dra. Maria Thereza
Aquino, responde sobre a relação entre drogas e violência:
“O consumo de drogas é uma questão social a medida que aumenta os índices de violência. Mas o que as pessoas precisam entender é que não são os viciados que alimentam o tráfico de drogas, pois estes geralmente não têm dinheiro para pagar as dívidas e acabam dando prejuízo aos traficantes. O problema está nos chamados esporádicos, que têm poder aquisitivo para comprar e estimulam o tráfico.” 2
A partir desta afirmação, pode-se inferir que os traficantes de drogas
estão a todo momento investindo na busca por novos usuários, pois são estes
juntamente com os usuários esporádicos, que garantem seus ganhos econômicos e a
manutenção de sua atividade criminosa.
1.5.6 – Exemplos de projetos que trabalham na prevenção primária
e secundária
A clínica Reviva localiza-se em Barra Mansa e oferece atendimento
psicossocial ao adolescente e sua família, visando resgatar no adolescente a
possibilidade do investimento em si mesmo e da espera pela satisfação dos seus
desejos. A Clínica AMAI, localiza-se em Campos e também oferece atendimento
psicossocial ao adolescente e sua família e por ter cunho religioso, suas atividades
também giram em torno do estímulo ao resgate da religiosidade dos adolescentes.
“Entidades espalhadas pelo país já começam a desenvolver bons projetos de prevenção ao uso de álcool por adolescentes. Destaca-se o Projeto Conhecer, realizado pela Universidade Estadual de São Paulo em seis cidades paulistas. O objetivo é prevenir o uso do álcool entre alunos do ensino médio das escolas públicas e particulares. Para isso, o projeto oferece capacitação aos profissionais de educação para que atuem como agentes multiplicadores de informação em suas respectivas escolas. (...) Outro exemplo é o Programa Cuidar, que se baseia nos conceitos da Educação para Valores: não cabe ao professor só a função de transmitir conhecimento, ele deve assumir papel ativo, junto com pais e escola, na formação cidadã do indivíduo. A proposta é preparar o adolescente para evitar e superar situações de risco presentes em seu cotidiano, como álcool, tabaco, drogas e sexo sem proteção.” (site ANDI; março/2003)
2 www.lampada.uerj.br/nepad
Feizi Milani, presidente do Instituto Nacional de Educação para a Paz,
em entrevista concedida ao site ANDI diz:
“O paradigma da Cultura de Paz permite analisar a questão da violência por um prisma muito mais amplo. Um exemplo prático do que precisa ser feito é a Educação para a Paz, um campo de experiências sociais e estratégias pedagógicas que podem ser aplicadas em famílias, escolas, empresas e comunidades. É importante pensar a cultura da paz nos níveis micro e macro. O primeiro refere-se ao campo de atuação e relações do indivíduo: sua família, bairro, profissão e amizades. As possibilidades de ação nesse nível são infinitas - toda pessoa pode fazer algo simples como sua parcela de contribuição.”
Estes exemplos nos mostram que atualmente o combate as drogas está
estreitamente relacionado a uma cultura de prevenção à violência, o que se dá
principalmente pela inclusão de crianças e adolescentes numa vida participativa e
cidadã.
CONCLUSÃO:
A partir das leituras realizadas, observamos que realmente na fase da
adolescência o indivíduo está mais vulnerável ao consumo de drogas do que em
qualquer outra fase, tendo em vista as crises por que ele passa e as demandas sociais
e familiares que ele tem que enfrentar, não estando ainda amadurecido para tanto.
Esta constatação não significa que todos os adolescentes, em função da crise da
adolescência, se envolverão com o uso de drogas lícitas ou ilícitas, mas somente que
eles estão mais fragilizados para tanto.
As estatísticas revelam que muitos adolescentes estão iniciando o
consumo de drogas psicoativas ditas lícitas na mais tenra idade, o que além de
provocar-lhes graves danos a sua saúde física, incorre em grande risco do
envolvimento com o uso de substancias tóxicas ilegais.
O que deve ser colocado em discussão permanentemente são as
causas desta procura pelo tóxico e de que maneira o meio social e familiar induz a este
consumo. Pela pesquisa bibliográfica pudemos observar que a família, embora muitas
vezes recomendando ao jovem que não use drogas, nega esta recomendação em seus
hábitos, se utilizando de substâncias tóxicas, numa clara referência a expressão: “faça
o que eu digo, não faça o que eu faço.” O uso de drogas psicoativas por parte dos pais
revela obviamente a ânsia de minimizar ansiedades ou sofrimentos emocionais, o que o
adolescente assimila como sendo um recurso para enfrentar suas dificuldades.
O meio social, com suas claras e constantes mensagens de
uniformização das atitudes, numa desvalorização do ser humano enquanto ser original;
de incentivo a busca por prazer e aventura a qualquer custo, impulsiona o adolescente
ao uso de substâncias psicoativas no sentido de ser incluído neste grupo dos
destemidos e poderosos. O adolescente com sua urgente necessidade de fazer parte
de um grupo extrafamiliar, caso ainda não possua um senso de identidade formado,
corre grande risco de ser captado por essa mensagem de uniformização das atitudes.
A mídia ainda faz o seu papel de disseminadora do uso de drogas ditas
lícitas, com a proliferação de propagandas de substâncias tóxicas, cada uma
prometendo mais status social, charme e ascensão social para o jovem que as
utilizarem. Paralelamente a propagandas anti-drogas (ilícitas), temos propagandas que
incentivam o consumo de álcool e cigarro, substâncias lícitas, embora reconhecidas
como extremamente danosas a saúde. As mesmas necessidades que impelem ao uso
de álcool e cigarro podem levar ao uso de substâncias tóxicas ilícitas, o que, entretanto,
não é uma regra.
Estudiosos do assunto defendem que limitar radicalmente essa
publicidade seria o início de um sério trabalho de prevenção. A medida não proibiria o
consumo, mas evitaria seu estimulo ao regular a veiculação de mensagens que
apresentam o álcool como fonte de realização para os indivíduos.
Face a fragilidade deste ser em desenvolvimento e as grandes
pressões externas e internas com que ele começa a se deparar, o mesmo pode se
utilizar de substâncias psicoativas para minimizar o mal estar psicológico sentido,
proporcionando-lhe ainda uma sensação de transgressão e de desafio.
Considerando que na adolescência o jovem começa a buscar um
número maior de experiências fora da família e que as drogas atualmente estão
inseridas a todo momento em nosso cotidiano, vemos que o adolescente está
constantemente exposto a estas substâncias que prometem várias sensações
diferentes e desafiantes.
Uma das características da adolescência que pode contribuir
significativamente para o consumo de drogas é o desejo de transgressão das normas
familiares e sociais. O sentimento de onipotência e desejo de conhecer novas
possibilidades em sua vida, mesmo contrárias as ordens familiares e sociais, leva o
indivíduo ao contato com a droga. Entretanto, numa aparente tentativa de se opor e de
transformar o “status quo”, produto da idealização de um mundo diferente, o
adolescente se aliena no prazer sentido através desta substâncias, aprisionando-se
num mundo no qual ele não tem nenhum domínio.
A busca pelo prazer é outra razão que leva o adolescente ao consumo
de drogas, amortizando o mal estar sentido por ele neste momento de crise.
Entretanto, esta o aliena de todo o processo de auto destruição que o mesmo está se
infligindo.
Como já citamos anteriormente, a carência sócio econômica da família,
aliada a um sentimento de onipotência e desejo de transgressão das normas sociais,
são algumas das causas que levam o jovem ao envolvimento com o tráfico de drogas.
Desta forma, as propostas supracitadas deverão vir acompanhadas de projetos que
atendam às necessidades da família como um todo, proporcionando condições de uma
vida digna e cidadã. Desta forma os pais poderão ter mais condições de estimular e
colaborar com os ideais de futuro de seus filhos. Uma família que não se sente
valorizada e acolhida pelas políticas públicas e que não tenha condições de gerir suas
necessidades básicas, pode não se sentir fortalecida física e emocionalmente para
incentivar seus filhos na busca de ideais de vida honestos. Este fato pode enfraquecer
todo o trabalho sócio educativo elaborado por profissionais que visam a adequada
socialização do adolescente, os quais podem sentir-se inclinados ao envolvimento com
o tráfico de drogas, para promover melhores condições de vida para sua família.
Já não é mais possível ignorar a necessidade de uma política
preventiva, que passa primariamente pela atenção à família, o que não significa uma
política assistencialista, que amortece o desejo de realização de seus membros e os
torna dependentes do Estado. Precisamos de uma política que ofereça oportunidades
à família e a mobilize no sentido de realizar seus ideais. Isto passa pela criação de
serviços de educação para adultos e da criação de atividades geradoras de renda, onde
os mesmos possam novamente acreditar na força e no valor de seu trabalho.
Desta forma, os adolescentes poderão se valer do exemplo de vida de
seus pais, os quais o mobilizarão para o desenvolvimento de habilidades que permitirão
sua inserção adequada no meio social.
Faz-se urgente a implementação de uma política de combate a esta
problemática, tendo em vista os graves prejuízos biopsicossociais sofridos pelo
adolescente que se envolve com o uso de drogas. A sociedade sente profundamente
as conseqüências do envolvimento do jovem com a toxicomania, pois em virtude da
grave dependência sofrida por alguns, estes passam a cometer crimes para sustentar
seu vício, tornando-se pessoas completamente marginais.
No capítulo 5 do livro “Drogas, Mitos e Realidade”, de Milton Santos
Lambert, este diz que as drogas são o maior problema de saúde pública no mundo,
matando cada vez mais gente ou transformando os sobreviventes em farrapos
humanos, encontrando-se ainda por trás de boa parte da criminalidade que aterroriza
as grandes cidades. Desta forma, torna-se evidente que o combate a drogadição não
diz respeito a preservação de atitudes morais e éticas, mas diz respeito a preservação
da saúde pública e do bem estar social.
O tema da toxicomania e do combate ao uso de drogas nos remete a
reflexão sobre as diversas mensagens incoerentes que o jovem se depara
cotidianamente e que tem que processar, de forma a estar em conformidade com as
expectativas de seus familiares e de sua sociedade. Não seria impossível percebê-lo
contestador e agressivo diante de tantas demandas incompreensíveis e incoerentes, já
que a mesma sociedade que combate o consumo de drogas, o estimula
constantemente com a promessa de uma vida mais prazerosa através do consumo de
substancias psicoativas.
O combate a toxicomania deve ser realizado através da reflexão sobre
as inúmeras formas de se estimular o consumo de drogas ditas lícitas e mesmo de
objetos em geral. Sem esta reflexão, as drogas lícitas ou ilícitas continuarão sendo
utilizadas como forma do indivíduo obter alguma satisfação física e emocional em um
mundo tão violento e perverso. Se considerarmos a fragilidade psicológica do
adolescente, tendo em vista sua fase peculiar de desenvolvimento, constatamos que o
mesmo é a grande vítima deste contexto social que estimula o consumo desenfreado
de objetos e substâncias.
A partir de todas essas considerações supracitadas, confirma-se o risco
que o adolescente sofre de envolver-se em situações danosas a sua vida, visto ter que
administrar seus conflitos internos, refletindo sobre novos valores para sua vida, lidando
continuamente com pais que têm dificuldades de aceitar seu crescimento e
amadurecimento. Além de lidar com uma organização social violenta e injusta, à qual
ele tenta se opor e modificar, mas se depara com estruturas rígidas e impenetráveis.
O efeito das drogas no organismo e psique humana permitem a
consolidação de uma cultura de alienação e exploração do homem por ele mesmo. A
cultura e a sociedade que fomenta o uso de substâncias tóxicas entre seus membros
com o objetivo de aliená-lo e explorá-lo, o violenta barbaramente, retirando suas forças
de intervir e viver plenamente. Faz-se importante pensar a questão do fomento à
prática drogaditiva como um fomento a violência social, visto que indivíduos que não se
sentem valorizados e estimados por sua sociedade, se rebelam de uma forma ou de
outra, realizando outras manifestações talvez mais evidentes de violência, embora tão
cruéis quanto a primeira.
Precisamos então, pensar a cultura sob o prisma da paz e da harmonia,
onde as pessoas sintam-se acolhidas e estimuladas a desenvolver seus potenciais. Se
percebermos que a violência, que possui entre suas causas, o uso ou tráfico de drogas,
é manifestação de desigualdades sociais e exclusões sucessivas dos menos
favorecidos pelos meios financeiros, vamos perceber que não há outra forma de se
evitar a violência, que não seja pela inclusão destas pessoas neste sistema de
oportunidades.
Tendo em vista a seriedade e a gravidade desta problemática, no que
concerne às conseqüências negativas que este envolvimento traz para a vida dos
indivíduos, suas famílias e a sociedade em geral, faz-se necessária a realização de
pesquisas sistemáticas ligadas a este tema, de forma que se alcance uma
compreensão cada vez mais clara sobre esta problemática, o que facilitará a
elaboração de programas preventivos sérios e eficazes.
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CONSULTAS PELA INTERNET:
Agência de Notícias dos Direitos da Infância – www.andi.org.br (março/2003)
Núcleo de Estudos e Pesquisas em Atenção ao uso de drogas – www.lampada.uerj.br/nepad
(março/2003)
ANEXOS: