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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”
PROJETO A VEZ DO MESTRE
A PERCEPÇÃO DA POPULAÇÃO DE ITAIPUAÇÚ PERANTE A
DEGRADAÇÃO AMBIENTAL E POLUIÇÃO DAS ÁGUAS
SUBTERRÂNEAS.
Por: Margarida Maria Marins Pessanha
Orientador
Prof. Ms. Fabiane Muniz
Niterói
2007
2
UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”
PROJETO A VEZ DO MESTRE
A PERCEPÇÃO DA POPULAÇÃO DE ITAIPUAÇÚ PERANTE A
DEGRADAÇÃO AMBIENTAL E POLUIÇÃO DAS ÁGUAS
SUBTERRÂNEAS.
Apresentação de monografia à Universidade Candido
Mendes como requisito parcial para obtenção do grau
de especialista em Planejamento e Educação
Ambiental.
Por: Margarida Maria Marins Pessanha.
3
AGRADECIMENTOS
...Primeiramente a Deus pelo simples fato de
eu existir e ter conquistado a felicidade que está
em minha volta.
Aos meus amigos Ana Cristina, Cristiane, Neiva
e a Valcir que tive a imensa alegria de conviver
neste curso. Ao meu grande amigo de longas
jornadas Peter.
Ao professor Eraldo Brandão que me fez
perceber o real motivo de estar neste curso.
A professora Fabiane Muniz pela paciência para
auxiliar na confecção deste trabalho.
4
DEDICATÓRIA
Dedico este trabalho monográfico primeiramente
aos meus pais por terem me ensinado a agir de
maneira simples e fazer acontecer o meu futuro,
respeitando os meus semelhantes.
Ao meu marido Abú pela força, compreensão e
dedicação de todos os dias, que muito favoreceu
ao término de mais esta etapa de minha vida
profissional.
5
ÁGUA
“A água é submissa, mas tudo conquista
A água extingue o fogo ou, diante de uma provável
Derrota escapa como vapor e se refaz.
A água carrega a terra macia, ou quando se defronta com rochedos, procura um caminho ao
redor.
A água corrói o ferro até que ele se desintegra em poeira;
Satura tanto a atmosfera que leva á morte o vento.
A água dá lugar aos obstáculos com aparente humildade, pois nenhuma força pode impedi-
la de seguir seu curso traçado para o mar.
A água conquista pela submissão; jamais ataca, mas sempre ganha a última batalha.”
Tao Ching de Nan Yeo, séc. XI
6
RESUMO
Observado o aumento populacional de Itaipuaçú, Distrito de Maricá, foi Atentado
ao problema da degradação ambiental principalmente a poluição das águas subterrâneas por
via de esgoto domiciliar. Desenvolveu-se a pesquisa mediante a realização de entrevistas e
da própria percepção das pessoas que estão envolvidas com este meio, sendo moradores e/
ou veranistas. Através de pesquisas históricas foi constatado que na década de 40 houve o
primeiro grande movimento imobiliário, porém não houve investimentos na infra-estrutura,
como até hoje em dia na há. Com esta pesquisa foi constatado que o lençol freático é o
meio mais viável que a população possui para ter acesso à água e está sendo contaminada, e
devido ao aumento populacional está causando uma grande mudança sócio-ambiental. A
melhor forma de se evitar uma grande degradação ambiental, e principalmente das águas
subterrâneas seria uma atuação profilática de conscientização da população e uma pressão
para que as autoridades intensifiquem a atuação em relação ao saneamento básico.
7
METODOLOGIA: Para que este trabalho monográfico pudesse ser produzido foram utilizadas
pesquisas históricas e cientificas, entrevistas com moradores, representantes de ONGs,
representantes de associações e a utilização de alguns exames de água feitas por um
laboratório móvel da CEDAE. Assim teremos as informações dos problemas causados pela
população que está aumentando sem que haja um planejamento para a instalação de uma
infra-estrutura eficiente.
Foram feitas pesquisas em bibliotecas de várias faculdades, consultas monográficas
e em teses, além de livros que proporcionasse maiores informações sobre o assunto
trabalhado. Foram pesquisadas em sites informações sobre o local, assim como os mapas
utilizados.
Em campo foi pesquisada a principal problemática da expansão demográfica que
está acontecendo em Itaipuaçú, à poluição do lençol freático que alimenta todo o distrito.
Foram aplicados 100 questionários fechados em diversas localidades de Itaipuaçú para que
se pudesse ter uma amplitude maior de dados e, assim, sabermos qual a percepção dos
moradores sobre a qualidade da água de seus poços. Em meio às respostas do questionário
fechado, as pessoas se sentiram a vontade para informar a respeito da percepção que
possuíam em relação ao local, meio ambiente, limpeza, segurança entre outras questões que
foram abordadas. Os entrevistados, escolhidos aleatoriamente, demonstraram variações de
reações perante esta proposta de pesquisa. Muitos que foram abordados não quiseram
cooperar, diziam não gostar de política, sem
aceitarem argumentações.
Os dados colhidos através dos questionários fechado foi estudado e transformado
em gráficos para melhor entendimento. Estes questionários priorizam a qualidade da água
subterrânea, as outras características do local foram descritas no trabalho.
8
Resultados:
A aplicação do questionário, que se encontra em anexo neste trabalho monográfico,
consistiu numa forma de conhecer a situação desta população. Foi aplicado um total de 100
questionários, abrangendo 100 residências numa média de 3 pessoas por família.
As primeiras indagações do questionário visavam traçar um pequeno perfil da
população (residente ou veranista). Percebeu-se que a maioria dos entrevistados tinha em
Itaipuaçú a moradia fixa (75%).
9
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO 10
CAPÍTULO I – A água; do seu Aparecimento a sua Degradação 13
CAPÍTULO II – Sistemas Hidrogeológicos 21
CAPÍTULO III – Caracterização da Área de Estudo 26
CAPÍTULO IV – O Processo Histórico de Ocupação de Maricá 33
CAPÍTULO V – Os Problemas Acelerados pela superpopulação 41 CAPÍTULO VI – Interpretação dos questionários 51 CONCLUSÃO 57 BIBLIOGRAFIA CONSULTADA 59 WEBGRAFIA 61 ANEXO 1 62 ÍNDICE 64 ÍNDICE DE FIGURAS 66 FOLHA DE AVALIAÇÃO 67
10
INTRODUÇÃO: Este trabalho visa realizar um estudo na região de Itaipuaçu, distrito do município
de Maricá estado do Rio de Janeiro, pois tendo em vista uma aceleração de construções no
local despertou a preocupação pela conservação da natureza e pelo próprio bem estar da
população. Levando em conta a inexistência de saneamento básico e a falta de uma rede de
distribuição de água potável deixa bem visível a necessidade de ser construídos poços pela
população.
A água circula na natureza num equilibrado ciclo, ou seja, as águas estão em todas
as partes, sejam na superfície da Terra ou na atmosfera. Sofrem um processo de
evaporação, são transportadas para outros lugares, as partículas se aglomeram e se
precipitam, formando as chuvas alimentando rios, lagos, enfim todo tipo de reservatório do
planeta.
Todavia a água doce (águas que possuem sais minerais dissolvidos em quantidades
insuficientes para apresentar sabor amargo) está cada vez mais escassa, devido à má
utilização da mesma pelo Homem e pela própria distribuição no Planeta. Esta distribuição
varia de acordo com várias características locais como o relevo, o clima entre outros.
Portanto é de extrema necessidade que saibamos como utilizar este bem e conservá-lo para
que as próximas gerações não sofram mais que esta.
Segundo a Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL ), estima-se que mais de
1 bilhão de pessoas vivem em condições insuficientes de disponibilidade de água para
consumo e que em 25 anos cerca de 5,5 bilhões de pessoas estarão vivendo em áreas com
moderada ou séria falta de água. No Brasil há uma melhor disponibilidade hídrica, porém
cerca de 70% da água doce do país encontra-se na região amazônica, que é habitada por
menos de 5% da população.
Todavia os problemas de escassez hídrica no Brasil decorrem, fundamentalmente,
da combinação entre o crescimento exagerado das demandas localizadas e da degradação
da qualidade das águas. Em geral a demanda de água cresce de acordo com o
melhoramento do nível de vida da população e com o desenvolvimento do núcleo urbano.
Para que os problemas com a água no Brasil fossem controlados, em 08 de janeiro
de 1997 foi sancionada a Lei nº. 9.433, que instituiu a Política Nacional de Recursos
Hídricos e estabeleceu o Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos, e a Lei
11
nº 9.984, de 17 de julho de 2000, que criou a Agência Nacional de Águas – ANA, entidade
federal encarregada da implementação dessa política e da coordenação desse sistema.
Foi plausível a criação da Agência Nacional de Águas (ANA) que visou
principalmente à implantação da Política Nacional dos Recursos Hídricos, que por sua vez,
se mostra empenhados na gerência dos Comitês de Gestão de Bacias Hidrográficas, mesmo
que este trabalho não seja tão simples de se lidar. A implementação da ANA tem como
importante ação, a de preservação dos recursos hídricos, já que uma bacia hidrográfica
pode alcançar uma extensa área.
O Homem só percebe a real necessidade de conservar algo quando este começa a
faltar, não é muito diferente com a água. Faz-se necessário que o ser Humano comece a dar
mais importância a conservação das águas dos mananciais, subterrâneas, enfim, todas que
possam ser utilizadas para que a vida no planeta Terra seja preservada.
Entretanto, a poluição está dificultando cada vez mais o acesso às águas potáveis do
planeta, onde o Homem terá que investir muito mais em recursos para tratá-la e deixa-la
apropriada para o seu consumo. Seria muito melhor se o ser Humano agisse
profilaticamente, ou seja, evitasse a poluição das águas ao invés de tentar trata-la
posteriormente.
É notório quando acontece algum desastre ambiental envolvendo rios, lagos e
mares. A população fica alardeada pela mídia e os que moram próximos ou dependem
diretamente como pescadores e ribeirinhos sentem o problema em imediato. Porém, há o
problema invisível aos olhos das comunidades, principalmente as que possuem água
encanada e recursos. Esse problema afeta diretamente as pessoas que moram em lugares
que não há saneamento básico e por sua vez, também não se dispõem de água encanada.
Esta população depende de águas subterrâneas, estas águas são derivadas de chuvas que
percolam pelo solo e se acumulam no subsolo preenchendo cavidades, fissuras, poros,
falhas e fraturas que constituem o perfil geológico das rochas. As águas subterrâneas estão
sendo poluídas de várias formas, entre elas está principalmente o despejo de esgoto
residencial não tratado em sumidouros e até mesmo a céu aberto.
No local onde foi escolhido para a produção deste trabalho, Itaipuaçú, distrito da
cidade de Maricá – RJ tem-se percebido uma grande expansão populacional. É notório que
não há investimentos em infra-estrutura, a especulação imobiliária está em grande ascensão
12
causando grandes transformações neste espaço. Pelo fato de não haver infra-estrutura este
aumento populacional pode causar muitos danos à biota, principalmente as águas
subterrâneas tão necessárias ao desenvolvimento e a vida local.
Assim, veremos neste, um aspecto histórico e político que dará andamento a
constituição deste território. Enfocaremos interesses de fazendeiros e outros poderes
regionais, as quais nos permitirão entender o porquê dos principais problemas vividos pela
população atualmente, e que a tendência é que venha a piorar com o passar dos tempos.
Tem-se percebido um aumento estrondoso da população de Itaipuaçu, a aceleração deste
processo está ligada diretamente a vários fatores, a saber: duplicação de rodovias,
financiamentos de imóveis através da Caixa Econômica Federal, a necessidade de fuga dos
grandes centros urbanos entre outros.
Em sua maior parte, esses novos imóveis estão sendo construídos para moradia fixa
e não como era mais comum, para o veraneio. Muitos construtores estão dividindo lotes e
construindo duas ou mais casas para a venda. Por tanto, sendo constante a habitação local, a
quantidade de emissão de esgoto para o subsolo se torna muito maior.
Assim, o aumento populacional e a falta de infra-estrutura vêm ocasionando sérios
problemas à natureza e por conseqüência para o próprio ser humano, já que o mesmo faz
parte dela. Como não há uma infra-estrutura com rede de distribuição de água e rede de
coleta de esgoto, a água a ser utilizada pela população é a do lençol freático e seus esgotos
são jogados para o subsolo (na sua maioria) sem nenhum tipo de tratamento. Estes dejetos
também são direcionados para canais que foram abertos antrópicamente devido à
necessidade de escoamento de águas pluviais de áreas alagadiças. Por sua vez estes canais
vão levar para o mar os efluentes domésticos.
A poluição disseminada pela população está contaminando o ambiente a ponto de
acabar com a vida aquática que antes habitavam nos canais que são interligados ao mar.
Este fato está acelerando, também, a produção de plantas aquáticas como as Gigogas, que dificultam a absorção de oxigênio pelos peixes. Estes canais servem como berçário para
várias espécies de peixes e crustáceos, ou seja, estão perdendo esta função, devido à
extrema agressão à biota local através da poluição.
13
CAPÍTULO I –
A ÁGUA; DO SEU APARECIMENTO A SUA
DEGRADAÇÃO. A água é um bem essencial para a vida na Terra, porém o ser humano há muito
tempo vem se utilizando, da mesma sem uso racional. É pela água que os homens acharam
de jogar os seus dejetos, a utilizando para se livrar do que não deseja mais (esgoto). Assim,
rios, lagos e até mesmo, águas que não podemos visualizar (subterrâneas) estão sendo
poluídas a todo tempo.
Segundo Karmann (2000) a água surgiu na Terra com a formação da atmosfera,
com a degaseificação do planeta. Este processo teve início na fase de resfriamento geral da
Terra, após a fase de fusão parcial. Neste resfriamento e formação de rochas ígneas, foram
liberados gases e principalmente vapor d’água e gás carbônico, entre vários outros, como
subprodutos voláteis da cristalização do magma.
Em nosso planeta a água participa de sua modelagem, pela dissolução de materiais e
do transporte de partículas, é considerado o solvente universal disponível na natureza, e
provoca grandes modificações na paisagem, já que se constitui num dos mais importantes
agentes mineralógicos da gênese das jazidas naturais.
Segundo Vaitsman (2005) a capacidade da água de solubilizar compostos iônicos,
substâncias polares e algumas outras de baixa polaridade que, conforme o caso, pode ser
aumentada pela temperatura, pressão, ácidos como carbônico (H²CO³) e ações mecânicas
deve-se, principalmente, ao elevado valor da constante dielétrica (D = 82), solvatação e à
sua propriedade de formar ligações do tipo pontes de hidrogênio.
A existência da água nos estados: sólido, líquido e gasoso na Terra, envolve o
gigantesco fenômeno denominado Ciclo Hidrológico, a contínua circulação entre os
oceanos, a atmosfera e os continentes, responsável pela renovação da água doce, há pelo
menos 3,8 bilhões de anos. Entretanto em nosso planeta a disponibilidade de água potável
não se faz suficiente, apesar de ser constituído em sua maior parte de água.
14
A distribuição da mesma pelo Planeta é muito desigual “Cerca de 97,5% de toda a água na Terra são salgadas. Menos de 2,5% são doces e estão distribuídos entre as calotas polares (68,9%), os aqüíferos (29,9%), rios e lagos (0,3%) e outros reservatórios (0,9%). Desta forma, apenas 1% da água doce é um recurso aproveitável pela humanidade, o que representa 0,007% de toda a água do planeta”. (Hirata, et al, pág.422, 2000)
Figura 1: Distribuição da água no planeta num dado instante. Fonte: Hirata, 2000
Mesmo este 1% de água doce sendo um recurso aproveitável pela humanidade ela
não é bem distribuída em nosso planeta em relação à população, e os conflitos pelo seu uso
também é um aspecto preocupante.
Segundo Albuquerque e Oliveira (1999) alguns países apresentam escassez hídrica
absoluta, tais como Kuwait, Egito, Arábia Saudita, Barbados, Singapura e Cabo Verde;
outros como Burundi, Argélia e Bélgica padecem de seca crônica; em regiões como o semi-
árido nordestino há o alerta de escassez e em vários outros locais afloram conflitos
decorrentes de desequilíbrios entre demanda e disponibilidade, tais como Madrid e Lisboa
15
pelo Rio Tejo, Síria e Israel pelo Rio Gola, Síria e Turquia, pelo Rio Eufrates, Tailândia e
Laos pelo Rio Mekong, Barcelona e Alicante pelo Rio Ebro, entre outros.
Diante desse cenário turbulento, a água subterrânea vem assumindo uma
importância cada vez mais relevante como fonte de abastecimento devido a uma série de
fatores que restringem a utilização das águas superficiais, bem como o crescente aumento
dos custos da sua captação, adução e tratamento.
Brasil detém um terço de toda água doce disponível no Planeta. Pensando nesse
volume e talvez o considerando inesgotável, parcela da população, de empresários, donos
de indústrias e até de entidades públicas, continuam poluindo os rios o mar, sem dar a
devida importância aos malefícios que tais ações acarretam ao meio ambiente e ao próprio
ser humano. Uma das maiores reserva de água subterrânea do mundo está no aqüífero
Guarani, com ocorrência em oito estados brasileiros. Segundo o Projeto Planágua as
reservas brasileiras, até uma profundidade de mil metros, estão avaliadas em 192.000
quilômetros cúbicos, com um volume de reabastecimento de 3.500 km³ /ano. Do total de
água armazenada no Brasil, 97 por cento situam-se nas bacias sedimentares do Paraná
(1.000.000 km²), Amazonas (1.300.000 km²) e Piauí/Maranhão (700.000 km²).
Figura 2: Potencialidades médias de água subterrânea no Brasil (Rebouças, 1978).
16
Segundo Branco (1930), a quantidade de água que cai em diferentes regiões do
globo varia de acordo com as condições climáticas e topográficas. Em geral, regiões com
precipitações inferiores a 100 milímetros por ano são consideradas áridas. Entretanto não é
apenas a quantidade de chuvas que determinam à disponibilidade de água numa região. Nas
regiões mais secas do Nordeste brasileiro, chega a chover mais de 400 milímetros por ano,
porém, como a evapotranspiração é muito alta, pode-se dizer que sobra pouca água
disponível para os rios e para os lençóis subterrâneos.
Dependendo da topografia as águas subterrâneas são as mais utilizadas em
comunidades onde não existe uma prestação de serviço de tratamento e distribuição de água. Geralmente nestes lugares a água subterrânea vai sendo usada para todos os usos
domésticos, inclusive para o consumo e os dejetos vão sendo jogados sem tratamento no
solo que se infiltra e provoca a contaminação.
1.1 – O ciclo da água
Aristóteles que viveu três séculos antes de Cristo já tinha as suas teorias em relação
ao ciclo da água, já que ele não acreditava na existência de enormes lagos subterrâneos que
os Deuses pegavam as águas para alimentar os rios.
“Se a palavra oceano que os antigos empregavam é ambígua, ela
pode designar esse rio de umidade que circula ao redor da Terra. A
umidade se eleva, sem cessar , pelo poder do calor e desce
novamente para a Terra sob influência do resfriamento.”
(Aristóteles – Appud Branco, 2003)
As reservas naturais de águas no planeta Terra, encontram-se na litosfera, nos
continentes, no gelo das calotas polares que representam a criosfera e, ainda, na atmosfera.
As imensas reservas de águas existentes na natureza, estão em constante movimento
provocado por fatores climáticos, físicos, químicos e pela transpiração da cobertura vegetal
num processo dinâmico complexo denominado ciclo da água ou ciclo hidrológico,
representado pela figura 3.
17
Assim, por ser um ciclo não teria um ponto de partida em específico, mas vamos
partir da evaporação da água. Devido o aquecimento que em sua maior parte é proveniente
da radiação solar e sob a ação dos ventos, as águas dos mares, rios e lagos evaporam-se.
Através da dinâmica das massas de ar, ou baixas pressões atmosféricas, condensam-se e
precipita-se sob forma de chuvas, granizo ou neve. Da água precipitada, uma parte evapora-
se antes mesmo de atingir o próprio solo sendo interceptadas pelas folhas dos vegetais, ou
pode reprecipitar para o solo, caso o volume exceda a capacidade de armazenagem da
superfície dos vegetais. Outra forma de haver a perda d’água para o ambiente é através da
transpiração e respiração das plantas e dos animais. A junção da evaporação das folhas e da
transpiração é denominada de evapotranspiração que movimenta cerca de 70 a 75% da água
precipitada da crosta terrestre (Vaitsman 2005).
A água que atinge o solo sofre infiltração ou escoamento superficial. A partir do
momento da saturação do solo, a infiltração decresce e o excesso não infiltrado da
precipitação gera o escoamento superficial. Parte da água infiltrada é aproveitada pelos
vegetais e uma outra parte percola para os reservatórios naturais de água subterrânea ou
aqüíferos. O escoamento superficial é impulsionado pela força da gravidade para as cotas
mais baixas do relevo atingindo a rede de drenagem estável formada por rios, lagos e mares
ou emerge a superfície, formando fontes. A água dos mares, lagos, rios evaporam-se
novamente e o ciclo é reiniciado.
18
Figura nº 3: Ciclo HidrológicoFonte: Karmann,2000
Segundo NETTO (1998), O escoamento pluvial inclui os chamados fluxos da
chuva, os quais são gerados depois de determinado tempo de chuva e, ao atingir o canal da
drenagem, aumentam sua descarga ou vazão. Os fluxos de base são definidos por Hewlett e
Nutter (1969) como parte componente do fluxo canalizado que se mantém durante os
períodos secos e são alimentados pela descarga da água subterrânea residente nas rochas e
solos.
A infiltração das águas pluviais no solo vai variar de acordo com a vegetação,
relevo, intensidade das chuvas, formação do solo entre outros, que formará diversas
retenções de água no subsolo. Estas retenções podem ser aqüíferos confinados, aqüíferos de
superfície livres, aqüíclude e aqüidarde. Estas diferentes formas de retenção de água
tornarão a sua utilização com maior ou menor grau de dificuldades em serem extraídas. No
lençol freático, por exemplo, onde o nível superior da água está bem próximo à faixa da
superfície do solo a extração será feita com muito mais facilidade que em aqüíferos
confinados, cuja suas águas ficam retidas entre rochas e se faz necessário máquinas
potentes para que se perfure a rocha.
1.2 – A influencia do homem na recarga das águas subterrâneas
O espaço é constantemente modificado pelo ser humano e pela própria natureza. O
ser humano transforma o espaço para melhor se adaptar ao ambiente, para isso ele provoca
desmatamentos, promove construções e destruições (remoção de pequenas elevações de
terra). Nestas modificações o ser humano intervem na natureza de forma implacável, e,
geralmente sem se importar com as conseqüências futuras. Quando o homem retira a
vegetação acaba com o húmus derivado da decomposição das folhas, que funcionam como
material aglutinante, gelatinoso, que produz a agregação das pequenas partículas de argila e
levam á formação de grumos ou grãos maiores de terra, com maiores espaços entre eles
facilitando a percolação da água. A construção de cidades permite que o solo seja
impermeabilizado aumentando o escoamento superficial, dificultando a infiltração e,
conseqüentemente a não alimentação dos lençóis freáticos favorecendo assim as grandes
inundações. Na questão dos desmatamentos todo o seu processo faz com que a água das
19
chuvas também não infiltre no solo. Pois, a vegetação tem um importante papel de aerar o
solo através de suas raízes retendo também sais minerais que podem, eventualmente, poluir
as águas. Quando a árvore não é muito alta, ameniza o impacto da força da chuva ao tocar o
solo, já que a água também desliza pelo tronco alcançando a terra. Este escoamento
superficial pode provocar muitos problemas como: erosão, assoreamento dos rios,
desabamento de encostas etc. Por tanto, o solo sendo impermeabilizado impede que as
águas subterrâneas sejam repostas, gerando um desequilíbrio hídrico.
Essas águas subterrâneas representam chuvas passadas estocadas no solo, cujo
tempo de residência pode variar amplamente: enquanto as águas rasas (menos de 750m)
residem por curtos períodos (meses, anos), as águas profundas (entre 750 e 4000m) podem
residir até milhares de anos. Levando em conta o fluxo de base das águas rasas é necessário
que haja reposição constante.
Considerando que, em determinadas comunidades, como o único meio de se
conseguir água é por via subterrânea (poços), é necessária extrema cautela, pois do
contrário poderá ocasionar sérios problemas de abastecimento. Se a quantidade de
reposição da água não for equivalente à extração da mesma, poderá haver um desequilíbrio
hídrico. Se houver tal desequilíbrio, os poços da localidade poderão ficar extremamente
prejudicados, assim como o rebaixamento das águas dos rios por falta da “alimentação” do
lençol. Os poços e rios, após o advento do fluxo de chuvas são alimentados através do fluxo
de base.
Outros problemas que podem ser ocasionados pelo consumo de água subterrânea
pelo Homem são em áreas costeiras. Esses aqüíferos geralmente têm seus limites em
contato com corpos de água salgada, que podem ser invadidos formando cunhas
subjacentes à água subterrânea de origem terrestre, muito menos mineralizada. Ao serem
utilizadas, sem que haja a devida reposição (águas pluviais ou esgoto devidamente tratado),
faz com que não haja oposição para as águas do mar ocasionando uma intrusão salina, ou em qualquer outro lugar uma subsidência do terreno (rebaixamento).
Segundo Hirata (2000), a intrusão salina ocorre com o desequilíbrio hidrostático
causado pela retirada de água (doce) dos poços, assim a água salina não sofre oposição e
penetra no aqüífero. A água do poço sofre modificações em seu sabor se tornando salobra e
ruim para o consumo humano, assim como também para irrigação.
20
A formação dos aqüíferos ocorre com a infiltração da água das chuvas que depende
principalmente das características do material de cobertura da superfície. Esta infiltração
pode ocorrer através da porosidade do solo, assim como por fraturas em rochas cristalinas.
A água de infiltração guiada pela força gravitacional, tende a preencher vazios no subsolo,
seguindo em profundidade, onde abastece o corpo de água subterrânea. Além da força
gravitacional, a água no subsolo também é controlada pela força de atração molecular e de
tensão superficial.
A variação da infiltração ocorrerá de acordo com o tipo de solo o qual a água irá
percolar até encontrar um solo impermeável, que a bloqueie. Acontecerá também a retenção
de água quando o solo saturar e não permitir que a água ultrapasse este limite. Além disso,
a infiltração do solo depende de várias características do mesmo. O solo que mais facilita a
percolação das águas é o que oferece mais “caminhos”, ou seja, solo arenoso, poroso e
permeável (figura 4).
Assim, o solo que não facilita a percolação da água seria o rico em argila e de
rochas cristalinas pouco fraturadas. Outros itens que favorecem a infiltração das águas são:
a cobertura vegetal, a topografia, a precipitação e a ocupação do solo.
Figura 4: Distribuição da água no subsolo
21
Karmann (2000)
CAPÍTULO II
SISTEMAS HIDROGEOLÓGICOS Segundo Karmann (2000), os sistemas hidrogeológicos podem ser classificados em:
- Aqüífero quando esta formação geológica que armazena e transmite volumes
significativos de água subterrânea for passível de ser explorada pela sociedade.
- Aqüiclude quando a formação geológica pode estar saturada, e com grandes
quantidades de água absorvida lentamente, são incapazes de transmitir um volume
significativo de água com velocidade suficiente para abastecer poços ou nascentes;
- Aqüitarde que é uma formação geológica de natureza semipermeável na qual a água
se movimenta lentamente. Seu aproveitamento econômico, a partir de poços, não é
rentável.
Segundo Pinto (1976) denomina-se lençol freático o lençol subterrâneo que
apresenta a superfície livre e lençol artesiano, confinado ou cativo quando a água estiver
contida entre duas rochas impermeáveis e mantido sob pressão.
De acordo com Vaitsman (2005), Lençol freático é um aqüífero onde o nível
superior da água superficial encontra-se localizado na faixa próxima da superfície do solo e
o inferior na camada impermeável. É também chamado de lençol de superfície livre ou
simplesmente de aqüífero livre porque, na superfície deste aqüífero, a água nos poros das
partículas encontra-se sob pressão atmosférica como num reservatório ao ar livre.
Geralmente os poços para a retirada de água não ultrapassam a 20 metros de profundidade.
O aqüífero confinado, limitado pelas camadas superior e inferior do solo e que
contém água sob pressão, é chamado de “poço artesiano”. A palavra artesiano origina-se de
Artesi, cidade francesa, onde, pela primeira vez, se abriu um poço profundo em meio
rochoso. Dependendo da pressão hidrostática no aqüífero a água poderá elevar-se acima da
superfície do poço depois de aberto, constituindo o que se chama de poço jorrante.
22
A formação de lençóis artesianos, confinados ou cativos, torna a utilização das
águas, muitas vezes inviável, pois para a sua retirada é necessária uma potente máquina
perfuradora que possa cavar a rocha e criar um caminho para alcançar a água.
2.1 – A QUALIDADE DAS ÁGUAS SUBTERRÂNEAS SEM A
INTERVENÇÃO ANTRÓPICA.
Água pura não existe na natureza. Devido à enorme capacidade que possui, de
dissolver quase todos os elementos e compostos químicos, a que encontramos nas fontes,
nos rios ou em poços profundos contém várias substâncias dissolvidas. Mesmo a água da
chuva ou destilada nos laboratórios apresenta gases que absorvem da atmosfera, como
oxigênio, gás carbônico, nitrogênio etc. É a presença desses gases bem como de sais e
outros compostos que torna a água apta a sustentar a vida aquática – os peixes e outros
seres não poderiam viver em água pura.
A água possui várias qualidades intrínsecas, próprias da substância: é transparente,
líquida às temperaturas e pressões normais etc. Além disso, ela pode apresentar qualidades
variáveis, dependendo do local e das condições de sua origem. Assim, mesmo as águas que
não foram alteradas pela ação do homem podem ser sulfurosas, carbonatadas, magnesianas
etc., já na sua origem. Devido ao maior contato com os materiais geológicos, baixa
velocidade de fluxo e maiores pressões e temperaturas, as águas subterrâneas são
geralmente mais mineralizadas do que as águas superficiais. Pelas mesmas razões, possui
menores teores de matérias em suspensão e matéria orgânica, esta última devido também à
ação dos microorganismos presentes no solo. Também, devido as suas condições de
circulação, as águas subterrâneas tendem a possuir menor teor de oxigênio dissolvido do
que as superficiais.
Assim, quando não há interferência antrópica a qualidade da água vai variar de
acordo com o tipo de solo que ela percolar, pois como solvente universal tende a incorporar
novos elementos, como por ação das comunidades vivas.
“... A composição química reflete a percolação em camadas
geológicas, isto é, em seu percurso descendente, a água fica
23
submetida a temperaturas e pressões elevadas, solubilizando rochas
e minerais, porém resfriando-se no caminho da emergência.” (Águas Minerais do Estado do Rio de Janeiro, pág. 19, 2002)
2.2 – FORMAS DE CONTAMINAÇÕES DAS ÁGUAS.
Não é novidade que o Homem vem degradando a natureza através de seus
experimentos químicos, falta de zelo, inexperiência para com o novo e até mesmo com a
falta de escrúpulo diante de um bem comum a toda a Humanidade. É notório quando um
grande rio é poluído por uma carga de produtos químicos, temos o exemplo do
acidente ambiental ocorrido em abril de 2003 no Rio Pomba, que foi extremamente
atingido por rejeitos químicos da empresa Cataguases de papéis em Minas Gerais.
“O vazamento de 1,5 bilhões de litros de produtos químicos,
produzidos por uma fábrica de celulose em Minas, literalmente
matou o Rio Pomba e ameaça o abastecimento de grande parte do
Rio de Janeiro...”
(Jornal do Brasil – ano 112 nº. 359 RJ- 02/04/2003)
Porém, a poluição que chega ao subsolo se torna imperceptível, mas é de extrema
importância que fiquemos mais atentos sobre esta problemática, pois dificilmente o Homem
poderá despoluir um lençol freático. A poluição das águas subterrâneas é geralmente difícil
de detectar, de monitoramento dispendioso e muito prolongado. Na maioria das vezes, a
contaminação só é descoberta no momento em que substâncias nocivas aparecem nos
reservatórios de água potável, quando a poluição já se espalhou sobre uma grande área.
Portanto, a despoluição da água subterrânea é particularmente demorada e cara, através de
sofisticadas tecnologias. A seguir veremos várias maneiras de como problemas invisíveis
ao olhar cotidiano pode acabar com este bem tão precioso à vida na Terra.
As áreas que sofrem um intenso aumento populacional, muitas vezes não possuem
um sistema de saneamento básico que possa dar condição de uma vida mais propícia ao
convívio coletivo. Não tendo água encanada, a população terá que suprir suas necessidades
através de poços, muitas vezes artesianos e sem o seu devido cuidado diante da sua
24
construção. Muitos poços são construídos sem respeitar a necessária distância de fossas
sépticas ou até mesmo de canis ou outros ambientes para criação de animais.
Sem o saneamento básico, não tem água e, muito menos, rede de esgoto. Os
moradores optam pela maneira que acarretará menores custos como: fossas sépticas,
latrinas, fossas ventiladas e secas, ou simplesmente diretas em sumidouros. Os dejetos
destas casas não passam por estações de tratamento, portanto possuem vários elementos
químicos, e os que mais podem prejudicar as águas subterrâneas são os microorganismos
patogênicos (seres que causam doenças quando ingeridos pelo ser humano) e o nitrogênio.
A maior parte dos seres patogênicos não se multiplica na água e, não se origina nela por
geração espontânea. Os organismos patogênicos normalmente se reproduzem no interior do
parasitado. Assim as bactérias causadoras da febre tifóide e de vários tipos de diarréias
intestinais, bem como os vírus causadores de hepatite infecciosa, reproduzem-se somente
no interior do aparelho digestivo humano. Se eles aparecem na água é porque ela está
contaminada com produtos do aparelho digestivo de uma pessoa doente. É obrigatória a
presença de matéria fecal na água (proveniente de esgotos por exemplo) para que esta
possa conter germes causadores de doenças gastrointestinais normalmente transmitidas por
águas de má qualidade.
Segundo Branco (2003), para se constatar a existência de matérias fecais na água é
verificado se há a presença de bactérias pertencentes ao grupo denominados coliformes
fecais. Os coliformes fecais são bactérias que vivem normalmente nos intestinos de todas as
pessoas. Eles não causam doenças; pelo contrário, ajudam a nossa digestão e se alimentam,
simplesmente, de alguns subprodutos desta. A presença de coliformes fecais na água indica,
sempre, a presença de esgotos, e esta, por sua vez, significa a possibilidade da presença de
patogênicos, dada a provável existência de pessoas doentes ou portadoras em meio à
população que deu origem àqueles esgotos.
O esgoto destas casas, que não possuem um sistema apropriado de tratamento e
canalização, pode entrar em contato com o lençol freático levando a contaminação por
microorganismos danosos à saúde humana e ambiental. Com o movimento ascendente o
esgoto não tratado pode ir de encontro com o lençol, ou mesmo em tempo de chuva
(fluxos de chuva) o lençol freático pode subir de nível indo de encontro com o esgoto.
25
Segundo Hirata (2000), a poluição das águas subterrâneas pode acontecer de várias
maneiras e terem as suas proporcionais agressões ao meio ambiente.
- Nas atividades industriais pode haver a contaminação das águas subterrâneas e do
solo se a estocagem de seus dejetos químicos for ineficaz. Por sua vez, as grandes
indústrias despejam efluentes com altos valores de DBO (Demanda Bioquímica de
Oxigênio) nos rios que causa a mortandade de peixes, porém esta poluição não apresenta
agressão aos aqüíferos.
- Os resíduos sólidos podem poluir as águas subterrâneas de maneira que,
substâncias químicas perigosas, presentes em resíduos industriais são depositadas em locais
destinados aos lixos domésticos. Estes compostos químicos infiltram-se no solo na forma
de chorume. Para que não haja esse tipo de poluição o lixo deve ser tratado de forma que
não tenha contato diretamente com o solo, o destino final deveria de ser em aterros
sanitários controlado.
- Nas atividades agrícolas foi detectada a poluição das águas subterrâneas através
dos fertilizantes nitrogenados que são levados a percolar pelo solo com a infiltração da
água. As enormes quantidades de agrotóxicos e fertilizantes de uso agrícola podem
acarretar aos corpos receptores – rios, lagoas e lagunas – a proliferação de algas que se
alimentam dos fertilizantes trazidos dos campos pelas chuvas. As algas produzem
substâncias tóxicas, podendo tornar a água imprópria ao consumo humano e à fauna
aquática.
- Os materiais utilizados nas explorações de petróleo, de gás e algumas substâncias
não-metálicas muito solúveis representam perigo para os aqüíferos devido ás suas
características de solubilidade e toxidade ou por estarem associados a processos de
beneficiamento que podem gerar substâncias perigosas. Também pode ocorrer impactos
sobre a água subterrânea devido a perturbações hidráulicas, diretas ou indiretas, deposição
de líquidos com alto conteúdo salino ou lixiviação do material estéril removido durante a
extração.
- O risco maior está relacionado à remoção do solo e da camada não saturada,
expondo muitas vezes o nível freático, o que não só reduz a capacidade de degradação dos
contaminantes no perfil geológico como aumenta à vulnerabilidade do aqüífero a poluição.
26
Um dos mais freqüentes casos de contaminação de aqüíferos em centros urbanos
refere-se a tanques enterrados contendo líquidos perigosos, incluindo os combustíveis. O
grande número de contaminações por postos de serviço decorre da quantidade de
empreendimentos, da estocagem de produtos perigosos e altamente tóxicos. A poluição pode ocorrer também através de vazamento de tanques e tubulações, choques de caminhões
transportando compostos perigosos.
CAPÍTULO III –
CARACTERIZAÇÃO DA ÁREA DE ESTUDO
Este trabalho foi realizado no Distrito de Itaipuaçú no município de Maricá na
Região dos Lagos no Estado do Rio de Janeiro. Este local está delimitado geograficamente
pelos municípios de:
A Oeste: Niterói e São Gonçalo;
Ao Norte: Itaboraí e Tanguá;
A Leste: Saquarema.
Ao Sul: Oceano Atlântico
MAPA COM A LOCALIZAÇÃO DE MARICÁ
27
Figura 5: Mapa do Rio de Janeiro com destaque para Maricá.
A área de estudo está localizada entre a Pedra do elefante e a Ponta do Francês. A
Pedra do Elefante possui feição cristalina de idade Pré-Cambriana, constituída por rocha
gnáissica, do tipo facoidal, pertencente a Serra da Tiririca1.
(Santos ,2000, appud Pereira, Alípio José 2001 ).
Figura 6: Pedra do Elefante
3.1 – Meio físico-biótico
¹ O Parque Estadual da Serra da Tiririca compreende vinte quatro mil metros quadrados, com uma extensão de 12,5 quilômetros e meio na divisa de Maricá com Niterói.
28
O clima da região segundo a classificação de Thorntwhaite é do tipo sub-úmido, a
precipitação anual varia entre 1100 e 1300 mm, e a temperatura média da região é da ordem
de 23ºC. (Bernardes, 1952 – Appud Lins, Sérgio,1998 ).
Segundo Azevedo (1998), o relevo encontra-se compartimentado, com alternância
de blocos soerguidos com forma íngreme, e blocos afundados, de formas planas a
levemente onduladas. Neste último compartimento foram acumulados aluviões, sedimentos
de espraiamentos, depósitos palustres e lacustres, numa seqüência em direção ao oceano.
De acordo com a Fundação CIDE, IQM-Verde II, de maio de 2003, Maricá possuía,
em 1994, 25% de florestas ombrófila densa, 6% de formação pioneira, 18% de vegetação
secundária, 14% de área urbana, 24% de pastagens e 11% de corpos d’água.
Em 2001, houve redução de formações florestais e pioneiras, bem como
secundárias, respectivamente, para 6%, 2% e 16% do território de Maricá. No mesmo
período, a área urbana cresceu para 19% e campo/pastagem quase dobrou, para 46%
(TCE,2003).
A hidrografia se apresenta por pouquíssimos rios, onde o que prevalece são
pequenos canais construídos pelo homem. Há um rio próximo à área de estudo denominado
Itaocaia (figura 7). Sua nascente aflora próxima a um vale com o mesmo nome, pode-se
perceber a quantidade de Gigogas (plantas aquáticas) em sua superfície. A presença de
Gigogas em um ambiente é um forte indício de poluição por efluentes domésticos.
29
Figura 7: Foto do Rio Itaocaia.
Para a maior parte dos entrevistados, na região não existe rio, apenas canais abertos
para a drenagem de áreas alagadas e/ou valões.
As encostas, apesar de se encontrarem protegidas por florestas em sua maior parte,
em vários trechos podem observar paredões expostos. Tais vertentes são talhadas por
pequenos cursos responsáveis pelo escoamento superficial durante as chuvas, e que nos
períodos secos desaparecem.
Nota-se a influência dos fatores eustáticos do Quaternário, através da geomorfologia
costeira da região, onde as falésias foram geradas na última transgressão marinha
holocênica, quando o mar se estendia até a rocha aflorante durante o ótimo climático. Em
seguida houve uma regressão marinha, onde extensas áreas de plataforma continental foram
expostas e a enseada entre a ponta de Itaipuaçú e a saliência de São Bento foi totalmente
preenchida. Esta transgressão holocênica apresentou dois episódios que originaram os
cordões arenosos, que represaram as lagunas e interromperam o escoamento das águas
fluviais, transformando a planície de Itaipuaçú num pântano, que só foi drenado após a
escavação do Canal da Costa (PERRIN, 1984a Appud. Lins, Paulo 1999).
3.2 – Meio Sócio-econômico:
A maior parte da população mais recente de Itaipuaçú trabalha em outras cidades
como Rio de Janeiro, Niterói e São Gonçalo. Porém muitas pessoas se ocupam no comércio
local, onde, geralmente trabalham em dobro na época de feriados prolongados e no verão
devido ao turismo. Com o crescimento acirrado de construções civis, esta área, é onde
apresenta a maior quantidade de serviços, atraindo, também trabalhadores de outras
cidades.
Há muitas escolas particulares que atuam no ensino infantil e creche, duas escolas
que atuam desde a creche ao ensino médio oferecendo também aulas extra curriculares
como balé e artes marciais. Portanto o mercado está se abrindo para outros profissionais.
30
Apesar de muitas pessoas saírem de Itaipuaçú para trabalhar em outras cidades, o
meio de transporte público se faz muito deficiente. Apenas uma empresa circula em
Itaipuaçú (Nossa Senhora do Amparo). Geralmente o intervalo de um ônibus para outro é
de 40 minutos e na hora de maior movimento os ônibus circulam sempre lotados. Uma
segunda opção seria a de pedir carona para chegar ao outro lado da Serra da Tiririca
(Niterói), ou se utilizar do transporte alternativo (Vans ou Moto Táxi), fato que pesa muito
no orçamento da população.
A população também sofre para tentar se comunicar, pois as cartas comuns do
correio não chegam aos seus devidos destinos (o órgão responsável alega que os endereços
não estão organizados pela prefeitura), mas o SEDEX, contas de energia elétrica e multas
chegam. Ligações feitas para cidades visinhas são necessário que se faça o DDD (apesar de
ter o mesmo prefixo 21), nem mesmo a INTERNET pode-se conectar sem o DDD.
3.3 - A construção do canal da Costa
Segundo Guichard (2001), no início dos anos 40 aconteceram obras de saneamento
das lagoas de Maricá, sendo abertos dois grandes canais em direção ao mar (Canal da Costa
de Itaipuaçu e o Canal de Ponta Negra). Estes canais serviram como grandes drenos
permanentes, o que diminuiu o nível de base do sistema e impediu as cheias periódicas.
Permitindo assim, vários loteamentos de terras que antes alagavam.
O Canal da Costa passa muito próximo à área de estudo, provavelmente influencia
na qualidade da água estudada, já que na margem próxima à praia a água se apresenta
ferruginosa e salobra mais constantemente (variando a intensidade de acordo com sua
localidade). No lado oposto, raramente apresenta estas características. Muitos moradores
da margem da praia instalam bombas de água do outro lado do canal para conseguirem uma
água de melhor qualidade para o seu consumo.
Com exceção da localidade do Recanto onde moradores afirmam que a água dos
poços tanto do lado direito quanto do esquerdo estão em péssima qualidade, principalmente
quando o canal está fechado. Muitos moradores asseguram que a água de seus poços não
está boa para ser consumida e vem piorando a cada dia. Afirmam que o solo está
extremamente saturado devido à emissão de esgoto sem tratamento das residências.
31
Devido às variações da dinâmica das ondas (mar aberto), este Canal está
constantemente fechado (para o mar) no sopé da Pedra do Elefante. Ainda possui peixes
(Parati, Tilápia, Acará e outros), resquício de manguezal e várias espécies de caranguejos.
Porém está sendo poluído através de esgotos clandestinos e sofrendo assoreamento por
causa da quantidade de plantas aquáticas mortas devido ao desequilíbrio ambiental e até
mesmo do próprio ciclo de vida. Como conseqüência, aos poucos a vida marítima está se
esvaindo. Há relatos de pescadores que há cerca de dez anos atrás pescavam muito neste
canal, e a quantidade de camarões era satisfatória. Hoje em dia não conseguem pescar neste
local, algumas pessoas ainda se arriscam em pegar siri, por pura diversão.
Figura9: Trecho do Canal da Costa tendo ao fundo a Serra da Tiririca
Para que se possa analisar a problemática degradação ambiental faz-se necessário à
observação da transformação do espaço em face da promoção imobiliária em Maricá nas
décadas de 1940 a 2004.
Segundo Milton Santos (1985), o espaço constitui uma realidade objetiva, um
produto social em permanente processo de transformação. O espaço impõe sua própria
32
realidade; e por isso a sociedade não pode operar fora dele. Conseqüentemente, para
estudar o espaço, cumpre aprender sua relação com a sociedade, pois é esta que dita a
abrangência dos efeitos dos processos (tempo e mudanças) e especificam as noções de
forma, função e estrutura, elementos fundamentais para a nossa compreensão da produção
de espaço.
Do ponto de vista social e ecológico, tal estudo visa trazer uma contribuição crítica
da transformação do espaço, para fins de projetos e políticas que envolvam moradores e
ambientalistas que se preocupa com uma melhor qualidade de vida dos cidadãos, sendo
assim, a água se torna o maior objeto de preocupação.
33
CAPÍTULO IV
O PROCESSO HISTÓRICO DE OCUPAÇÃO DE MARICÁ.
O povoamento de Maricá começou no final do século XVI, efetivado pelos
portugueses, que haviam recebido terras em doação (as sesmarias) na faixa do litoral
compreendido entre Itaipuaçú e a Lagoa de Maricá.
Quando o Padre José de Anchieta chegou ás margens da Lagoa, em 1584,
encontrou diversos núcleos de povoamento em plena atividade, destacando-se as sesmarias
de Antônio Mariz, na região de são José de Imbassaí, e a de Manoel Teixeira, localizada
junto à Lagoa (TCE, 2003).
O primeiro centro efetivo de população se localizou no povoado de São José de
Imbassaí e na Fazenda de São Bento, fundada em 1635 pelos frades beneditinos. Neste
mesmo lugar, foi construída a primeira capela de região, dedicada a Nossa Senhora do
Amparo e reconhecida como paróquia perpétua em 12 de janeiro de 1755. As febres
palustres, que então existiam ali, forçaram os colonos a mudar para o outro lado da lagoa,
onde estabeleceu as bases da Vila de Santa Maria de Maricá, elevada a essa categoria em
1814 (TCE, 2003).
Ao longo dos primeiros séculos de ocupação, o cultivo da cana-de-açúcar foi uma
das mais importantes atividades envolvidas com a re-estruturação do espaço nas terras
maricaenses.
Em 1889, logo após a Proclamação da República, a Vila de Maricá apresentava um
progresso intenso que o governo resolveu elevá-la à categoria de cidade
(www.maricá.rj.gov.br/historia). A Lei Áurea, por outro lado, prejudicou bastante a
atividade agrícola, fazendo com que a nova cidade sofresse algumas dificuldades no seu
desenvolvimento; pois os produtores perdem sua mão-de-obra nas lavouras.
34
A atividade econômica em geral acabou por fixarem-se em atividades agro-pastoris,
indústrias de pequeno porte, exploração mineral, construção civil, pesca e turismo (TCE,
2003).
Em 1887, surgiu em Maricá à idéia de se construir uma Estrada de Ferro. Criou-se
uma comissão idealista, filhos de Maricá ou membros atuantes da comunidade,
entusiasmados com os frutos da execução de tal idéia. Em 1889 foi inaugurado o trecho que
ligara até Itapeba e, posteriormente, até Manoel Ribeiro. Através do Governo Federal tal
projeto foi prolongado até Cabo Frio, fazendo-se o entrosamento com a Central do Brasil
(TCE, 1997-2001).
Naquela época, o trem já era um dos meios de transportes mais utilizados,
principalmente pela comunidade de baixa renda. Através dele, os pescadores de Niterói e
São Gonçalo comercializavam o seu pescado. Desta forma, o município também escoava
sua produção de banana e laranja (TCE, 1997-2001).
Portanto, no século XVI, até os anos 30 do século XX, Maricá era eminentemente
rural; e com o crescimento da Corte no século XIX, passou também a fornecer produtos
agrícolas e pescado para abastecimento das cidades de Niterói e do Rio de Janeiro (TCE,
2003).
A partir dos anos 40, a crise do comércio internacional, devido à Segunda Guerra
Mundial, fez cair a exportação de laranja, provocando o desmantelamento da estrutura
produtiva. A solução não veio no cultivo de outro produto, que trouxesse novamente
dinamismo para o setor agrícola, mas numa nova inserção de Maricá no território
fluminense; adotando um novo contexto do desenvolvimento urbano-industrial que o Brasil
implantou a partir do Governo de Getúlio Vargas (Guichard, 2001,p.24).
A proximidade da elite local com o influente interventor do Governo 2Amaral
Peixoto (genro de Vargas) foi de fundamental importância para alocação de investimentos
na melhoria do acesso a Maricá e no saneamento das lagoas, no início dos anos 40.
Atualmente as principais atividades econômicas do município de Maricá são: o
comércio, construção civil, pecuária, agricultura, pesca, artesanato, turismo e atividades
secundárias como indústrias de pequeno porte.
2 Informações sobre a trajetória política de Amaral Peixoto vê: ABREU, Alzira Alves £ BELOCH, Israel (org.) Dicionário Histórico – biográfico brasileiro, Rio de Janeiro, Forense, 1984.
35
Essas transformações na economia e as ações de integração física de Maricá à
economia metropolitana podem ser uma das razões para o acelerado crescimento
populacional verificado no período de 1940 a 2000 (Gráfico 1 ).
A forte urbanização e a proximidade da metrópole são alguns dos indicadores de
um processo de fragmentação territorial via loteamento. A expansão do tecido urbano sobre
áreas rurais é uma das grafias registradas nesse período.
Porém, o parcelamento da periferia metropolitana realizou-se sem qualquer
planejamento ou investimentos em equipamentos e serviços de infra-estrutura básica que
pudessem acompanhar o crescimento da ocupação e do parcelamento fundiário verificado
no período.
Gráfico 1
Taxa Média Geométrica de crescimento anual da população de Maricá, Região Metropolitana do RJ e Região dos Lagos.
Fonte: IBGE
Décadas
Figura 9: Taxa de crescimento populacional
A partir de 1940, o domínio rural de Maricá começou a declinar, pois se
implantaram as primeiras indústrias não agrícolas no local. A indústria extrativa de minério,
especialmente as de feldspato, quartzo e argila refratária aparecem nesta época e desde
40/50 50/60 60/70 70/80 80/91 91/96 96/2000 0
1
2
3
4
5
6
R. Metropolitana R. Lagos
Maricá
36
1944, funcionavam mais de cinco estabelecimentos de cerâmica e uma fábrica de louças em
Calaboca. A pesca continuou como uma das principais atividades do local, sendo o
município de Maricá um dos maiores produtores de camarão nesta época. A agricultura era
baseada nos frutos cítricos, como a laranja e o abacaxi, mas sofreu grande colapso
decorrente da II Guerra Mundial, com a perda do mercado externo de seus produtos; por
conseqüência, alguns fazendeiros abandonaram por completo seus laranjais ou optaram
pela criação de gado. Outros instalaram destilarias para o aproveitamento do óleo de
laranja, aguardando a reabilitação da exportação destes frutos, o que começou timidamente
a partir de 1950 (Bernardes, 1961 appud Martins, 1986 p. 21-22).
Este primeiro período corresponde ao início do parcelamento de terras de Maricá
para a especulação imobiliária, que vai de 1943 a 1949, e cresce até o 1º grande “booom”
imobiliário, situado entre os anos de 1950 a 1955 (Gráfico 2).
Figura 10: Empreendimento imobiliário
O que favoreceu este “boom” imobiliário foi à melhoria da acessibilidade e o fato
de que a população de classe média começou a aceitar os padrões formulados pela
diversificação do parque industrial, principalmente no que concerne aos bens de consumo
duráveis ou investimento seguro. Assim, começou o processo de ocupação da Região dos
37
Lagos Fluminense e a especulação de terras nestes locais. Toda esta região foi destinada,
desde então, à população de melhores recursos da metrópole vizinha, que ansiava por
possuir uma casa de veraneio relativamente próxima ao Rio e com condições paisagísticas
agradáveis, a fim de passar seus fins de semana e suas férias (Martins, 1986, p.21).
As transformações da rede de transporte provocaram uma maior polarização do
espaço próximo às cidades de maior porte (Rio de Janeiro e Niterói), alterando o alcance
espacial de suas áreas de influência e, conseqüentemente, a dimensão dos mercados
mínimos de consumo de seus produtos, unificando o Estado ao redor das mesmas e
esvaziando as urbes de menor porte que lhe são adjacentes (Martins, 1996, p.24).
Em 1968, também foram incentivados os novos sistemas de créditos que permitiram
este segundo crescimento imobiliário em Maricá. Desse modo, promoveu-se a planificação
que possibilitou uma maior integração deste município no espaço polarizado pela
Metrópole do Rio de Janeiro, passando o mesmo a pertencer à Região Metropolitana
(Martins, 1986, p. 38).
A terra em Maricá sofreu, mesmo com a crise, uma valorização de até 2000%, a
partir de 1974. Tal valorização foi devido à abertura da Ponte Rio - Niterói, em 04 de
março de 1974, vindo reforçar o processo de ocupação de toda Região dos Lagos e Maricá,
tornando-se um lugar de fácil acesso ao Rio de Janeiro, o que contribuiu para atrair novos
turistas e novos habitantes. A especulação, no período de 1974 a 1976, foi de tal forma
intensa que despertou uma série de protestos da população residente no local contra a
destruição do meio ambiente, especialmente dos aterros indiscriminados das lagoas para a
construção de novos loteamentos, em particular localizados na restinga de Maricá (Martins,
1986, p.44).
4.1 - A formação da população de Itaipuaçú e a degradação ambiental:
Neste capítulo vamos ver como a população de Itaipuaçu foi formada e os
problemas sócio-ambientais criados. Como já pudemos observar, o processo urbano de
Maricá se concentrou em quatro distritos: o de Maricá, Ponta negra (Antigo Manuel
Ribeiro), de Inoã e Itaipuaçu, que pertencia, até 1988, a Inoã.
38
Itaipuaçu se escrevia “Itaipu-Açu”, o que significava Itaipu Grande. A tradução de
ITAIPUAÇU é ITA = pedra, IG = água, POC = arrebentar, AÇU = grande, formando a
frase “Pedra grande onde arrebenta a água” (www.marica.com.br).
Itaipuaçu foi um dos primeiros núcleos populacionais da Região dos Lagos,
formando, posteriormente, a Vila de Santa Maria de Maricá, atualmente município de
Maricá. Em 1635, a Coroa Portuguesa doou as terras da Fazenda de São Bento aos frades
da Ordem dos Beneditinos. As terras ocupavam um território de 36 quilômetros de faixa
litorânea, começando em Itaipuaçu (Alto Mourão) indo até Ponta Negra (antiga Mariatiba).
No período entre 1950 a 1955, a atuação das empresas imobiliárias se concentrou
mais em Inoã e Itaipuaçu. Neste local havia mais áreas disponíveis para o parcelamento
com menor custo, compensando os investimentos a serem feitos, embora tenham esses
agentes investido também no 1º distrito (Maricá), mas de uma maneira menos intensa do
que nos outros dois. (Martins, 1986 p. 60).
A maior parte dos moradores ou veranistas de Itaipuaçu foi atraída pela beleza
natural, calma, o ar puro e a presente sensação de estar longe da violência urbana. A
acessibilidade melhorou após a construção da Ponte Costa e Silva em 1974 e a implantação
da rodovia Amaral Peixoto, a Rj-106 que fora duplicada há pouco tempo (reinaugurada no
início de setembro de 2005).
Itaipuaçu é o distrito de Maricá que fica mais próximo à Niterói, pela Rj - 106 têm acesso
rápido à cidade de São Gonçalo e consecutivamente à Niterói e ao Rio de Janeiro. Esta
proximidade viabiliza a locomoção das pessoas que desejam morar longe dos Centros
Urbanos, mas necessitam continuar trabalhando neles.
O Estado pressionado por outros poderes foi forçado a instalar uma infra-estrutura
para que se pudessem fracionar as fazendas. Devido o grande colapso causado pela II
Guerra Mundial, com a perda do mercado externo para os seus produtos, vários fazendeiros
resolveram desfazer-se de parte de suas terras. Porém esta infra-estrutura se concretizava
apenas nos arruamentos, e por sua vez, a prefeitura começava a ter os seus lucros mais
elevados com a cobrança dos impostos (IPTU) já que estas terras passavam de área rural
para urbana.
O Estado foi obrigado, através da pressão dos agentes que trabalhavam nos ramos ligados à exploração da terra e imóveis, a
39
atuar nas despesas improdutivas ligadas à urbanização e na estrutura do consumo, principalmente das classes médias urbanas, propiciando novos investimentos, em particular de infra-estrutura viária. (Martins, 1986 p.42).
O Estado deixou como responsabilidade das grandes empreendedoras que quisesse
construir condomínios toda a sua infra-estrutura como tratamento de esgoto, luz etc., porém
nada disso ele próprio fez, ou exigiu que os empreendedores de loteamentos fizessem para
os lotes fora de condomínios.
Finalizando este capítulo vale destacar que a viabilidade da construção da Ponte
Costa e Silva, a implantação da RJ 106, e as facilidades de financiamento de habitação pela
Caixa Econômica Federal fizeram com que muitas pessoas começassem a comprar terrenos
e casas para veraneio ou até mesmo para moradia em Itaipuaçu. Esta vontade de muitos em
estar longe das metrópoles e perto da natureza sem violência vai mudar totalmente o
aspecto local.
Pode-se verificar a evolução, ou aumento de construções no intervalo de 9 anos
entre 1993 e 2002. As fotos (figuras 8 e 9) foram tiradas de cima da Pedra do Elefante,
mostrando boa parte de Itaipuaçu a começar pela localidade do Recanto. Nota-se que a área
verde diminuiu consideravelmente provocada pela exploração imobiliária.
40
Figura 11: Itaipuaçú 1993
41
Figura 12: Itaipuaçú 2002
42
CAPÍTULO V –
OS PROBLEMAS ACELERADOS PELA
SUPERPOPULAÇÃO: Os problemas das grandes cidades são facilmente transportados para as que estão
em fase de estruturação. A quantidade de pessoas que se muda para determinados lugares e
carregam com sigo seus temores, sua necessidade por liberdade, suas esperanças e as suas
ignorâncias em relação ao meio em que quer viver é muito comum. Assim sendo, acabam
por transformar o ambiente que tanto almejava em outro que queria se ver bem longe. A
percepção de Itaipuaçú por parte dos moradores apresenta algumas contradições, porém a
tranqüilidade e a beleza natural estão sempre presentes nos relatos.
5.1 - A violência urbana
As pessoas de um modo geral, quando podem, procuram lugares mais calmos
fugindo da violência dos grandes centros para conseguirem descansar. Porém nem sempre
esses lugares estão preparados para receber tantas pessoas. Quando há mais atrativos,
aparecem outros para tentar usufruir, ou seja, para onde vai uma maior quantidade de
pessoas vão também os seus problemas.
Em Itaipuaçú há pouco policiamento, em quilômetros podemos encontrar uma DPO
(Departamento de Polícia) muito mal equipada e com poucos policiais. Já aparecem
registros de roubo de carro e de residências com mais freqüência.
Segundo uma moradora que fora entrevistada:
Morava na Urca (RJ) e se mudou para Itaipuaçu, com dois meses residindo foi
abordada em frente a sua garagem e o assaltante muito nervoso, mas com jeito de falar
respeitoso levou o seu carro. Esta moradora ficou indignada, pois apesar de ter morado
mais de 40 anos no bairro da Urca ela foi assaltada pela primeira vez justamente onde
menos esperava.
Muitos moradores contratam empresas de segurança particular, onde vigilantes
circulam durante toda á noite pelo bairro, visitando periodicamente essas residências que
solicitaram tais serviços. Porém nem mesmo este tipo de prestação de serviço impede que
imóveis possam ser assaltados. Alguns moradores antigos que foram entrevistados
43
alegaram que, de um tempo para cá a violência aumentou muito. Antes eles podiam dormir
com as janelas abertas que não havia perigo. Hoje em dia muitos estão elevando os muros
de suas casas para se sentirem mais protegidos. Levantam a problemática que Itaipuaçú não
tem estrutura para a grande quantidade de pessoas que estão “invadindo” os arredores.
Indagaram que a maior parte destas pessoas é atraída por anúncios de terrenos e casas com
preços baixos e financiadas pela Caixa Econômica Federal.
Segundo o senhor Jacinto:
“Estas pessoas vem da baixada fluminense, do Centro do Rio e de
outros lugares. Muitos deles vêm fugidos de richas com traficantes,
e acontece de serem encontrados aqui...”.
Um outro agravante levantado pelas pessoas que foram entrevistadas é a quantidade
de invasão que está ocorrendo em Itaipuaçú, são pequenas casas construídas em lugares
impróprios como beira de rio, “APA” e outros lugares que não há fiscalização. Estas casas
são construídas, geralmente, sem que haja alguma forma de proteção às águas. Jogam seus
esgotos tanto em canais a céu aberto quanto diretamente em sumidouros, sem contar com
os perigos que estes moradores estão correndo em caso de enchentes e doenças transmitidas
por mosquitos e outros animais.
Figura 13: Casas construídas na margem do rio Itaocaia.
44
5.2 – A Bela Natureza
Levando em conta que a percepção do espaço é individual, e está condicionada a
fatores sócio-culturais podemos observar que, a maior parte dos moradores veio atrás do ar
puro, da beleza incontida da esplendorosa natureza, que fica entre as montanhas (Serra da
Tiririca) e a praia bravia. Outros vieram atrás de um lugar que pudesse comprar e assim
fugir do aluguel. Itaipuaçu tem uma beleza inigualável, isso todos que a conhecem há de
convir. Porém muitos desses não sabem o que é conviver com o belo sem destruir, jogam
lixo em áreas de reserva, como se pudessem estabelecer novos “lixões” pelo bairro, nem
mesmo uma placa avisando os dias da coleta de lixo faz com que estas pessoas reflitam no
que estão fazendo. Além disso, segundo o relato de alguns moradores revoltados, há
pessoas que aprisionam animais silvestres para vender, quando não morrem de fome ou de
sede. Nestas matas há pássaros cujo seu canto é apreciado por muitos como canários entre
outros, sem contar com os micos que fazem dos fios que conduzem a energia elétrica os
seus caminhos. Estes animais são resquícios da mata atlântica e que são alvos desses ditos
amantes da natureza.
Há quem constrói sua casa humilde ou não, sem ter noção de que o esgoto precisa
passar por um sistema de tratamento antes de ser jogado num sumidouro. Este sistema
consiste em que o esgoto do vaso sanitário precisa passar por uma fossa para que separe a
parte líquida da parte sólida, posteriormente esta parte líquida precisa passar por outra fossa
com sistema de filtragem onde bactérias que ali se formam deixam a água menos poluída e
podendo ser jogada em sumidouro. As ligações das águas do chuveiro, da pia da cozinha e
da lavanderia devem ser levadas para um outro sistema de filtragem, pois o sabão pode
acabar com as bactérias que se alimentam dos coliformes fecais que estão nas fezes
humanas.
Segundo moradores da Rua Marte (Loteamento São Bento da Lagoa), um vizinho
ao mandar limpar o seu sumidouro, utilizaram para isso uma quantidade muito grande de
ácido sulfúrico. O sumidouro desta residência tem as características da maioria das casas
das redondezas, ou seja, todo o esgoto da casa vai para uma caixa vasada e entra em contato
com o solo. Com a junção de todo esgoto é bem provável que o solo tenha se tornado
impermeável causando retorno no esgoto da residência.
45
ÁGUA
DESMATAMENTO RESÍDUO SÓLIDO TERRAPLANAGEM IMPERMEABILIZAÇÃO URBANA
POLUIÇÃO DIMINUIÇÃO DE QUANTIDADE E QUALIDADE ASSOREAMENTO
VEGETAÇÃO
DESMATAMENTO RESÍDUOS TÓXICOS IMPERMEABILIZAÇÃO URBANA
DESTRUIÇÃO DO ECOSISTEMA DIMINUIÇÃO DE O²
SOLO
DESMATAMENTO TERRAPLANEGEM RESÍDUOS TÓXICOS IMPERMEABILIZAÇÃO URBANA
POLUIÇÃO, EROSÃO EMPOBRECIMENTO DO SOLO COMPACTAÇÃO DE SOLOS AGRÍCOLAS REBAIXAMENTO DO LENÇOL FREÁTICO
INTERFERENCIA DIRETA
COMPONENTE DA PAISAGEM
FONTES DE IMPACTOS
IMPACTO
AR
INDÚSTRIA QUEIMADAS
POLUIÇÃO
Apesar de este fato ter ocorrido a mais de dez dias (do momento da entrevista), os
visinhos ainda estão impossibilitados de utilizar da água dos poços para beber, pois a
mesma passou a apresentar um forte cheiro. A falta de informação faz com que a população
torne inviável a utilização das águas subterrâneas para o consumo humano. Não se sabe por
quanto tempo a água destes poços continuará inviabilizada de ser consumida.
Conforme pode ser observado nas tabelas I e II, são várias as formas de impacto ao
meio ambiente que o Homem pode causar. Esses impactos resultam na alteração rápida e, muitas vezes irreversível dos componentes ambientais e das suas alterações.
Figura 14: Tabela interferência direta TABELA I
46
CLIMA DESMATAMENTO CRESCIMENTO URBANO POLUIÇÃO DO AR
MODIFICAÇÃO DO RITMO CLIMÁTICO UMIDADE EXCESSIVA TEMPERATURAS MAIS ALTAS E/OU MAIS BAIXAS
FAUNA
POLUIÇÃO DO AR, ÁGUA E SOLO CAÇADAS DESMATAMENTO PERDA DA FONTE DE ALIMENTO
DESAPARECIMENTO DE ESPÉCIES AUMENTO DE ESPÉCIES DANINHAS AO HOMEM
HOMEM PERDA DA QUALIDADE DE VIDA DESEQUILÍBRIO SÓCIO- ECONÔMICO
COMPONENTE DA PAISAGEM
FONTES DE IMPACTOS IMPACTO
INTERFERENCIA INDIRETA
RESPONSÁVEL PELAS FONTES DE IMPACTO
PERDA DA QUALIDADE DE VIDA DESEQUILÍBRIO SÓCIO-ECONÔMICO
HOMEM
Figura 15: Tabela de interferência indireta. TABELA II
(Gowdak e Mattos,1990)
As construções vêm aumentando a cada dia, construtoras compram lotes e
constroem várias residências, desmembrando estes terrenos. Estas casas são postas à venda
antes mesmo de serem terminadas e, geralmente, são financiadas pela Caixa Econômica
Federal. Sendo assim, nos lugares onde teria que haver apenas uma residência constrói-se
várias, aumentando a possibilidade de mais moradores no bairro.
No histórico de povoamento de Maricá, o Estado não deu importância à infra-
estrutura quando permitiu que fazendas fossem loteadas para venda. Algumas estradas
foram abertas, e houve algumas obras de saneamento das lagoas devido à infestação de
Malária no local. O Estado viabilizou estas obras devido às exigências dos órgãos
imobiliárias especuladores e dos grandes fazendeiros que pretendiam fracionar suas terras.
Em Itaipuaçú não aconteceu diferente, as obras de infra-estrutura viabilizaram
apenas a construção e a péssima manutenção de algumas estradas. Obras maquiadoras são
feitas para enfeitar o bairro na época de verão para atrair turistas e prósperos moradores,
quando o verão acaba a fina camada de asfalto também se foi. Enquanto isso a principal
infra-estrutura não é instalada, como uma rede de tratamento dos esgotos domésticos.
47
Além disso, não há nenhuma forma de distribuição de água via CEDAE, nas casas é
consumida água de poços artesianos que nem sempre está apropriada para o consumo. Estes
poços são chamados de artesianos comercialmente, na verdade se caracterizam por poços
em lençóis freáticos já que em sua maioria são rasos com menos de 20 metros de
profundidade. São abertos artesanalmente por pessoas que moram nas proximidades,
utilizam uma ferramenta especial chamada de “trado”. A maior parte dos entrevistados
alega que não puderam fazer análises de água por não terem condições ou não terem
acesso. Estas pessoas ou se arriscam em consumir a água que saem de seus poços ou
compram vasilhames de água mineral (que nem sempre é confiável). A maioria dos
entrevistados têm o cuidado de ferver ou filtrar a água que bebem mesmo quando a água
não apresenta cheiro, cor ou sabor.
O distrito de Itaipuaçu é muito grande por isso os moradores foram denominando
partes dele, seja por alguém importante na localidade (Barroco), um aspecto físico como o
Recanto que fica no sopé da Pedra do Elefante ou por loteamentos como o Jardim Atlântico
(primeiro loteamento de Itaipuaçú).
Será citada neste trabalho a localização chamada de Recanto devido o seu alto
índice de poluição nas águas subterrâneas já constatadas pela CEDAE e por investimentos
dos próprios moradores. Esta área começou a ser povoado devido sua localização que
facilita o acesso à cidade de Niterói, já que fica no sopé da Serra da Tiririca e a calma de
um cantinho protegido por rochas numa praia de mar aberto. Muitos moradores têm a sua
vida economicamente ativa na cidade de Niterói, e fazem de sua moradia no Recanto o seu
refúgio e lazer. Segundo o senhor Paulo (Presidente da Associação de Moradores
AMISTA), o primeiro loteamento que ocorreu nesta localidade foi na década de 40, e hoje
em dia é um local muito valorizado e intensamente povoado.
Ao entrevistar a senhora Regina Rabelo (Presidente da ONG MEI em exercício),
pode-se perceber o amor e a revolta do descaso político por Itaipuaçu. Esta senhora foi uma
das primeiras moradoras do Recanto, a princípio a residência seria apenas para veraneio,
mas pouco tempo depois ela e sua família vieram a se estabelecer no local. Segundo a
senhora Regina Rabelo a água que possuía em seu poço era de muito boa qualidade, mas de
uns anos para cá foi detectado um nível altíssimo de coliformes fecais nos poços da região.
Relatando também que a água de seu poço serve apenas para molhar plantas.
48
As águas subterrâneas desta localidade já estão saturadas, a poluição é tanta que não
pode ser utilizada para o consumo humano. O índice de coliformes fecais está além do
permitido pelo Ministério da Saúde.
Segundo análises de água feitas através do laboratório móvel da CEDAE
(Companhia Estadual de Águas e Esgoto) em abril de 2002, foi constatado um alto índice
de poluição por coliformes fecais em uma área que abrangeu o loteamento Recanto até o
loteamento Jardim Atlântico. Havendo também intrusão salina devido o extremo uso da
água sem significativa reposição, deixando-a salobra e conseqüentemente ruim para o
consumo humano, e até mesmo para irrigação.
5.3 - Análises das águas dos poços:
Durante dois dias os técnicos da CEDAE percorreram vários endereços dos cinco
loteamentos do 4° Distrito de Maricá (Itaipuaçú). O relatório com os resultados das análises
de 38 poços, individuais ou coletivos, em diversos pontos revela que cinco poços
apresentam coliformes totais; e mais nove impróprios segundo a “Reação de Nessler”, que
detecta a existência de impurezas orgânicas ou inorgânicas ou contaminação do próprio
solo por vias naturais, que tornam a água imprópria para o consumo humano.
De acordo com a quantidade de chuva e o número de pessoas no local da pesquisa
(veranistas) as análises da água do subsolo podem variar, portanto a escolha dos dias 6 e 7
de março de 2002 eram propícias para uma boa análise. Havia 20 dias de estiagem, era dia
de semana (quarta e quinta-feira) e, conseqüentemente, a freqüência de veranistas na região
era pequena. Os resultados comprovam que pelo menos 65% dos poços analisados estão
com algum tipo de contaminação.
O poço na casa da presidente (em exercício) do MEI, Regina Rabello, se encaixa
nas três categorias de contaminação com 100% de impurezas. Outros dois locais, onde a
contaminação está forte são: Itaocaia Valley, com 100% para coliformes totais e positivos
para coliformes fecais; e São Bento da Lagoa,com o mesmo padrão.
A água da escola Rita Sampaio Cartaxo, Itaocaia Valley, está fora do padrão,
conforme portaria 036/90 do Ministério da Saúde, pois apresenta impureza em coliformes
totais, embora tenha sido negativo para coliformes fecais e Reação de Nessler. N a mesma
situação encontram-se os poços da Rua 20 (nº6 e 24) do Vale da Penha. (tabela 3).
49
Tabela nº3: análise de água feita pela CEDAE
LOCAL REAÇÃO NESSLER COLIFORMES COLIFORMES Col/100ml Fecais Cond. Floresta Elefante Positiva Zero Negativo Cond. Serramar Negativa Zero Negativo Cond. Gulart II poços A/B Positiva Zero Negativo MEl Positiva >100 Positivo Morada das Águias Negativa 31 Negativo M. das Águias (poço manilha) Negativa 16 Negativo Amari R7 qd 14 lt 197 Negativa 16 Negativo Amari R 17 qd 9 Negativa Zero Negativo Amari pç Pescador Hipólito Negativa 06 Negativo Amista R15 qd31 lt35 Negativa Zero Negativo Amista R14 Negativa 100 Positivo Amista sede Negativa Zero Negativo Amista R 1 qd 16 lt 5 Negativa Zero Negativo Amista R12 qd 33 lt 12 Negativa Zero Negativo Amavape sede Negativa Zero Negativo Amavape R 20 n2 Negativa 13 Positivo Amavape R 20 n6 Negativa 12 Positivo Amavape R 8 lt 14 Positiva 04 Negativo Amavape R 23 qd 31 lt2 Negativa Zero Negativo Apimiv Sítio Kaporé Negativa Zero Negativo Av. Tocantins qd 8 lt 16 Negativa 100 Positivo Av. Tocantins qd 10 lt 17 Negativa Zero Negativo E. M. Rita R. Cartaxo Negativa 08 Negativo Apmiv sede Negativa 03 Negativo Est. Itaipuaçú qd 1 lt 1 Negativa Zero Negativo Amaja sede Negativa Zero Negativo AmajaAv. 2 qd 572 lt 2 Negativa Zero Negativo
Amaja R 3 qd 12 lt 36 A/B Negativa Zero Negativo Amaja Av 2 qd 135 lt 30 Negativa Zero Negativo R47 qd 142 lt 29 Positiva Zero Negativo Av. 4 qd 30 lt 18 Negativa Zero Negativo CEI (Lot. Costa Verde) Negativa Zero Negativo Rua 2 – 3 poços Traços Zero Negativo
Figura 16: Análises da água
Os exames feitos pela CEDAE em 6 e 7 de maço o ano de 2002 comprovou um alto
índice de poluição. Não temos análises recentes destas localidades, mas como nada foi
50
feito para melhorar ou diminuir a emissão de esgoto e com o aumento de construções,
acredita-se que tenha piorado a qualidade das águas.
5.4 – Soluções paliativas dos moradores:
Diante das entrevistas realizadas pôde se perceber que as pessoas já chegam a
Itaipuaçú desacreditadas no poder público e buscam soluções individualizadas, ou através
de Ongs e associações para resolverem o problema do abastecimento de água. Na verdade
as pessoas não sabem, ou não conseguem lutar pelos seus direitos. Segundo a FUNASA
(2001) o fornecimento de água potável para a população é de responsabilidade total dos
órgãos públicos do governo, devendo a água destinada a consumo humano estar em
conformidade com o padrão de potabilidade, cujos parâmetros microbiológicos, físicos,
químicos e radioativos não ofereçam riscos à saúde.
A ONG (MEI) juntamente com a Associação de Moradores (AMISTA) conseguiu,
através da prefeitura, que fosse furado um poço para que a comunidade pudesse fazer uso.
A Associação de moradores possui vários poços perfurados estrategicamente para facilitar a
distribuição da água, estes poços ficam muito próximos a Serra da Tiririca. Esta água é
utilizada pelos moradores do Recanto que pagam a Associação uma quantia pela
prestação de serviço, já que é necessária a utilização de bombas para levar a água às
residências.
Segundo o Presidente da Associação, senhor Paulo, o primeiro destes poços foi
furado em 1940 na ocasião do loteamento. Na verdade era um chamariz criado pela
imobiliária para que os futuros compradores tivessem a comodidade de não precisarem
furar poços em suas residências. A água, neste caso, se transformou em um elemento que
interferiu diretamente na organização e territorialização do espaço, sendo caracterizado
como um fator econômico e social. Hoje em dia se tornou uma solução para os moradores
que não possuem água com boa qualidade em seus poços. A associação precisa fazer
análises de “sua” água constantemente para não por em dúvida o bem estar de seus
associados.
Quando a água deixa de ser caracterizada simplesmente como matéria ou substância existente na superfície terrestre e passa a ser concebida como um recurso transforma-se em um
51
produto de uma relação sócio-econômica resultante de um processo de produção, caracterizando-se, desta forma, como fator econômico.
(RAFFESTIN, 1993).
Dando Continuidade a entrevista com o senhor Paulo, foi lhe perguntado se haveria possibilidade da CEDAE abastecer Itaipuaçú futuramente. O senhor Paulo respondeu rápido e rispidamente:
“Não é de interesse da CEDAE uma obra deste tamanho, já que só lhes causaria prejuízos, levando em conta o alto índice de inadimplência local. A quantidade de “gato” seria muito grande, e a água não chegaria tão longe”.
Além disso, ainda afirmou que não existe poluição das águas subterrâneas em
Itaipuaçú e que seria tudo invenção. Quando fora citado as análises de água produzidas pela
CEDAE e por diversos moradores ele deu a entrevista como encerrada afirmando que pode
acontecer variação nas águas dos poços próximos ao canal quando a maré está cheia, e fim
de assunto.
CAPÍTULO VI
52
10%
INTERPRETAÇÃO DOS FORMULÁRIOS (ENTREVISTA): A obtenção dos dados se deu por meio de preenchimento de formulários entregues à
moradores e veranistas de Itaipuaçú (Jardim Atlântico, São Bento da Lagoa, Itaocaia e
Recanto), escolhidos aleatoriamente, porém com prévia aceitação dos mesmos, mediante
explicação da proposta deste trabalho.
Durante o período de novembro a junho de 2007, foram coletados os dados, em
especial através de visitas a estabelecimentos comerciais que possibilitaram uma investida
mais eficaz, evitando assim as dificuldades de se percorrer longos percursos e o
constrangimento de abordagens de pessoas em suas residências. Houve também a ajuda de
amigos que moram na redondeza.
Ao término do período de coleta,constatou-se a existência de 100 formulários
válidos, constituintes desta amostragem como universo da pesquisa aqui realizada.
6.1 Resultados e discussão:
As primeiras indagações do questionário visavam traçar um pequeno perfil da população em relação ao tipo de residência (figura 18) e tempo de moradia (figura 19). A
necessidade de se obter estas informações é devido à quantidade de água que é utilizada e
conseqüentemente a quantidade de esgoto que é produzido, pois se leva em conta que, se a
pessoa mora no local passa mais tempo que os veranistas. A maior parte dos entrevistados
(90%) possui residência fixa no local restando os (10%) para os veranistas.
HABITAÇÃO
53
Moradores Veranistas
Mais de 10 anos Menos de 5 anos Entre 10 e 5 anos
28%
32%
40%
Figura 16: Tipo de habitação
Em quanto ao tempo de moradia dos entrevistados ficou 35% com mais de 10 anos,
32% entre 10 e 5 anos e 33% com menos de 5 anos. Com os residentes mais antigos pôde-
se ter mais informações em relação às transformações do local, e aos mais recentes a
principal razão de terem se mudado para Itaipuaçú (informações já citadas no trabalho).
TEMPO DE MORADIA
Figura 17: Tempo de moradia
Em relação à quantidade de pessoas que residem na mesma casa (figura 20), houve
a seguinte variação. Com mais de três pessoas por residência 40%, com três pessoas 32% e
com duas pessoas 28%. A quantidade de pessoas por casa é importante ser levado em conta
devido à quantidade de esgoto que será produzido. As pessoas que
foram entrevistadas, em sua maioria tinham família grande, e os pais já moravam em
Itaipuaçú, eles se casando construíram casas nos terrenos de seus pais.
54
33%
32%
35% Com 2 pessoas Com 3 pessoas Mais de 3 pessoas
23%
77%
PESSOAS POR RESIDÊNCIA
Figura 18: Quantidade de pessoas por residência.
A maior parte dos poços abertos tinha mais de cinco anos 77% e com menos de
cinco anos 23% (Figura 21). Segundo a maior parte dos entrevistados as águas destes poços
não apresentam variação significativa em relação ao nível da água. Porém, não confiavam
mais na pureza das mesmas.
TEMPO DE ABERTURA DOS POÇOS
Figura 19:Tempo de abertura dos poços
Um outro aspecto importante levantado pelos questionários está relacionado à
profundidade total dos poços. Foi constatado que a maior parte dos poços tinha menos de
Mais de 5 anos Menos de 5 anos
55
52%
48%
10% 90%
vinte metros de profundidade, sendo que a água é encontrada em média entre 10 e 15
metros de profundidade. Os casos de poços mais profundos foram devido à necessidade de
se encontrar águas de melhor qualidade. Todos os poços pesquisados são característicos de
lençol freático (poços superficiais), por serem pouco profundos e, terem sido feitos
manualmente, sem o auxílio de grandes máquinas perfuradoras.
PROFUNDIDADE
Figura 20: Profundidade dos poços
Em relação à utilização da água dos poços, a maioria dos entrevistados 52% usam
para todas as finalidades, inclusive para beber, 48% preferem beber a água que compram
em vasilhames, uns não querem arriscar em beber a água de seus poços com medo de
adquirir alguma doença outros não gostam do sabor da água.
UTILIZAÇÃO DA ÁGUA
Figura 21: utilização da água dos poços
Compra água para beber Todas as atividades
Mais de 20 metros Menos de 20 metros
56
52%
48%
47%
14%
19%
20%
Mesmo considerando a importância de se conhecer a qualidade da água dos poços
de suas residências, 65% dos entrevistados nunca realizaram algum tipo de análise
(químico/física). Alguns alegaram que, como não à utilizavam para beber não sentiam tal
necessidade. Outros alegaram que antes de utiliza - la têm o cuidado de fazer o tratamento
seja clorado (20%), filtrado (19%), ou fervendo (14%). Estes tratamentos são importantes
para que se evitem vários tipos de doenças que são transmitidas pela água. Os (47%) que
não fazem tratamento estão contidos nos que não a utilizam para beber.
TRATAMENTO
Figura 22: Tratamento da água dos poços
Enquanto a qualidade da água, ela se apresenta com as seguintes características:
52% apresentam cor, aspecto ferruginoso, sabor e cheiro forte. Todos esses aspecto
provavelmente, derivam de turfa3; 48% não apresentam nenhuma destas características.
Quanto a variação da qualidade em relação a algum evento (chuvas fortes ou estiagens) um
número muito pequeno de entrevistados perceberam alguma mudança. Dos 100
entrevistados apenas dois notaram que, ao chover muito a água de seus poços ficavam com
a cor mais acentuada “barrenta”, e eles deixavam de bebê-las até que voltasse ao normal.
QUALIDADE
Figura 23: Qualidade da água.
3 Tipo mais recente dos carvões fósseis resultantes da decomposição de musgos e plantas aquáticas no seio das e de temperatura relativamente baixa.
Cor, cheiro e sabor. Cristalina e inodoro
Ferve Filtra Clora Não Trata
57
Um dos itens do questionário era para a verificação do tratamento dado ao esgoto
produzido nas residências e como era descartado. Isso se torna imprescindível para
execução deste trabalho, pois o esgoto é um dos maiores contaminantes das águas
subterrâneas (figura 26). Através dos questionários notou-se que a principal forma de
descarte era através de fossa-sumidouro 75%; seguida de fossa-solo 19% onde todo o
esgoto da casa é jogado em uma caixa de concreto vasado, não ocorrendo a retenção para
que posteriormente haja a decomposição orgânica; 6% ocorre diretamente no solo ou em
valas abertas.
Um agravante destas fossas é que em quase 100% delas, todo o esgoto da casa é
retido nelas. As águas provenientes do chuveiro, vasos sanitários, pia e lavanderia. Estas
águas que são misturadas a sabão podem combater as bactérias capazes de decompor
microorganismos patogênicos.
58
CONCLUSÃO
Neste trabalho, analisou-se o processo de expansão e de fragmentação do espaço
urbano de Maricá, sobretudo na localidade de Itaipuaçú, a fim de responder a questão
central. Levantaram-se as questões sócio-ambientais para nos possibilitar a compreensão e
a preocupação futura diante do bem mais precioso para a vida na Terra... a ÁGUA.
No momento de conclusão deste trabalho pode-se constatar que ainda há poços que
possuem água de boa qualidade para o consumo humano. Porém está havendo
modificações, e estas poderão acarretar sérios danos à água subterrânea. Seria ideal que a
população se atentasse a essa problemática e investisse mais nos sistemas de tratamento dos
esgotos de suas residências para que não aconteça o pior, ou seja, a total degradação do
lençol freático. Geralmente, no Brasil não se costuma agir profilaticamente, mas é a melhor
forma de preservar este bem maior.
De um modo geral, a expansão urbana não em acompanhada de investimentos em
infra-estrutura. Muitas casas estão sendo construídas sem que haja um sistema que dê um
tratamento ideal para o esgoto. Verificam-se invasões de terras, principalmente as margens
do rio Itaocaia causando uma grande degradação ambiental, pois estão acabando com as
matas ciliares e despejando o esgoto inatura em suas águas.
A devastação ambiental está sendo acentuada, muitos animais silvestres que se
encontrava com facilidade entre as matas, as áreas alagadas e a própria restinga a cerca de
dez anos como lagartos, cobras, micos, diversos tipos de pássaros entre outros estão sendo
cada vez mais difíceis de serem encontrados.
Com o aumento populacional todo o sistema está sendo modificado, não há
investimentos governamentais que acompanhem este crescimento, sendo precário em infra-
estrutura, áreas de lazer como praças, por exemplo, e em transporte.
As modificações antrópicas que estão acontecendo poderão causar um dano, a curto
prazo, irreversível para o lençol freático que é praticamente o mais viável meio de obtenção
de água do local. Apesar de terem sido abertos dois canais para que as águas pluviais
fossem drenadas, muitos lugares continuam acumulando água. Nestas áreas o solo satura
com muita facilidade, porém, boa parte de Itaipuaçú possui o solo arenoso e as águas
59
conseguem percolar sem dificuldade. Da mesma forma o esgoto das casas vai se infiltrando
no solo e com a variação da quantidade de águas pluviais infiltradas e/ou a cheia das marés
faz com que o esgoto se misture com as águas dos poços.
Há localidades citadas no trabalho que está praticamente inviável o consumo direto
da água dos poços. Muitos moradores mais antigos estão perfurando poços mais profundos
a procura de água com melhor qualidade. A população apresenta desconfiança perante as
águas de seus poços procurando ter cuidados básicos como fervura, filtragem, e/ou cloração
evitando assim, diversos tipos de problemas de saúde.
Assim, podemos crer que, o grande aumento populacional sem regras de construção
a serem seguidas em relação ao tratamento do esgoto irá acabar com a “pureza” das águas
subterrâneas de Itaipuaçú.
60
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http://www.marica.rj.gov.br/história
(acessado em 19/07/2007 às 22h30min horas)
63
Anexo 1
Questionário de campo - Itaipuaçú - Data:_____/_______/______ - local: ________________________________________ 1- Esta casa é para veraneio ou par moradia?
a - veraneio ( ) b - moradia ( )
2- Há quanto tempo vocês residem aqui? a - Mais de 10 anos ( ) b - Entre 10 e 5 anos ( ) c - Menos de 5 anos ( )
3- Quantas pessoas moram nesta residência? a - 2 pessoas ( ) b - 3 pessoas ( ) c- Mais pessoas ( )
4-Possui algum animal de estimação que fique solto no quintal? a - cachorro ( )
b - gato ( ) c - outro animal. _______________.
5- Sua casa possui poço?
a - sim ( ) b - não ( ) 6- Quando o poço foi aberto? _____________________________________. 7- Qual a profundidade total do poço? _____ metros. 8- A qual profundidade foi encontrada a água?___________ metros. 9- Para que finalidade é usada à água do poço?
a - beber ( ) b - cozinhar ( ) c - Jardim ( ) d - banho ( )
64
e - limpeza geral ( ) F - todas ( ) 10- Já fizeram alguma análise da água de seu poço? Quando? Qual foi o resultado? a - sim ( ) b - não ( ) _______________________ anos __________________________________. 11- Qual a água que utilizam para beber? a - poço ( ) b - compram pipa de água ( ) c - compram vasilhames de água mineral ( ). 12- Qual a qualidade desta água?
a - tem cor ( ) b - tem sabor ( ) c - tem cheiro ( ) d - não apresenta nenhuma das características citadas ( ).
13- É empregado algum cuidado antes de consumir a água?
a - sim ( ) b - não ( ) Qual ? _____________________________
14-Você já percebeu alguma alteração na água do poço (cor, gosto etc.)?
a - sim ( ) b - não ( )
15- Essas alterações estão relacionadas com algum período (épocas de muita chuva ou de seca)?
a - sim ( ) não ( ) . Qual?______________________________________________.
16- Para onde é jogado o esgoto da casa? Todas as vias são direcionadas para o mesmo lugar?
a - fossa-sumidouro ( ) b - fossa-solo ( ) c - diretamente no solo ( ) d - vala aberta ( )
17- Qual a distância aproximada entre a fossa e o poço? ______________metros 18 - Entre os residentes da casa, houve alguma ocorrência de doença? Quais?
65
a - sim ( ) b - não ( ) 1- Diarréia ( ) 2 - Hepatite ( ) 3 - Gastrenterite ( )
4- Ânsia de vômito ( ) 5 - Doenças de pele ( ) 6- verme ( ) 7 - cólera ( )
ÍNDICE
CAPA 01 FOLHA DE ROSTO 02 AGRADECIMENTOS 03 DEDICATÓRIA 04 EPÍGRAFE 05 RESUMO 06 METODOLOGIA 07 SUMÁRIO 09 INTRODUÇÃO 10 CAPÍTULO I 13 A ÁGUA;DO SEU APARECIMENTO A SUA DEGRADAÇÃO 1.1. O ciclo da água 16 1.2 A influencia do homem na recarga das águas subterrâneas 18 CAPÍTULO II 21 SISTEMAS HIDROGEOLÓGICOS 2.1 A qualidade das águas subterrâneas sem a intervenção antrópica 22 2.2 Formas de contaminação das águas 23 CAPÍTULO III 26 CARACTERIZAÇÃO DA ÁREA DE ESTUDO
66
3.1 Meio físico biótico 27 3.2 Meio sócio-econômico 29 3.3 A construção do canal da costa 30 CAPÍTULO IV O PROCESSO HISTÓRICO DE OCUPAÇÃO DE MARICÁ 33 CAPÍTULO V OS PROBLEMAS ACELERADOS PELA POPULAÇÃO 41 5.1 A violência urbana 41 5.2 A BELA Natureza 43 5.3 Análise das águas dos poços 47 5.4 Soluções paliativas dos moradores 49 CAPÍTULO VI INTERPRETAÇÃO DOS QUESTIONÁRIOS 51 6.1 Resultados e discussão 51 CONCLUSÃO 57 BIBLIOGRAFIA 59
WEBGRAFIA 61
ANEXO 1 62
ÍNDICE 64
ÍNDICE DE FIGURAS 66
67
ÍNDICE DE FIGURAS FIGURA 1 – DISTRIBUIÇÃO DA ÁGUA NO PLANETA 14
FIGURA 2 – POTENCIALIDADES MÉDIAS DE ÁGUAS SUBTERRÂNEAS
NO BRASIL. 15
FIGURA 3 – CICLO HIDROGEOLÓGICO 17
FIGURA 4 – DISTRIBUIÇÃO DA ÁGUA NO SUBSOLO 20
FIGURA 5 – MAPA DO RJ C/ DESTAQUE PARA MARICÁ 26
FIGURA 6 - FOTO: PEDRA DO ELEFANTE 27
FIGURA 7 – FOTO: RIO ITAOCAIA 28
FIGURA 8 – FOTO: CANAL DA COSTA, AO FUNDO SERA DA TIRIRICA 31
FIGURA 9- GRÁFICO 1: TAXA DE CRESCIMENTO ANUAL DE MARICÁ
ENTRE 1940 À 2000. 35
FIGURA 10 – GRÁFICO 2: EMPREENDIMENTOS IMOBILIÁRIOS APROVA-
DOS EM MARICÁ ENTRE 1940 Á 2004. 36
FIGURA 11 - FOTO ITAIPUAÇÚ, VISTA DE CIMA DA PEDRA DO
ELEFANTE 1993 40
FIGURA 12 – FOTO: ITAIPUAÇÚ, VISTA DE CIMA DA PEDRA DO
ELEFANTE 2002. 40
FIGURA 13 – FOTO: CASAS CONSTRUÍDAS NA MARGEM DO RIO 42
ITAOCAIA.
FIGURA 14 – TABELA DE INTERFERÊNCIA DIRETA 44
68
FIGURA 15 – TABELA DE INTERFERÊNCIA INDIRETA 45
FIGURA 16 – TABELA DE ANÁLISES DE ÁGUA 48
FIGURA 17 – GRÁFICO: TIPO DE HABITAÇÃO 52
FIGURA 18 – GRÁFICO: TEMPO DE MORADIA 52
FIGURA 19 – GRÁFICO: PESSOAS POR RESIDÊNCIA 53
FIGURA 20 – GRÁFICO: TEMPO DE ABERTURA DOS POÇOS 53
FIGURA 21 – GRÁFICO: UTILIZAÇÃO DA ÁGUA DOS POÇOS 54
FIGURA 22 – GRÁFICO: TRATAMENTO DA ÁGUA 55
FIGURA 23 – GRÁFICO: QUALIDADE DA ÁGUA 55
FOLHA DE AVALIAÇÃO
Nome da Instituição: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
INSTITUTO A VEZ DO MESTRE
PÓS-GRADUAÇÃO “LATO-SENSU”
Título da Monografia: A PERCEPÇÃO DA POPULAÇÃO DE ITAIPUAÇÚ
PERANTE A DEGRADAÇÃO AMBIENTAL E POLUIÇÃO DAS ÁGUAS
SUBTERRÂNEAS
Autor: MARGARIDA MARIA MARINS PESSANHA
Data da entrega: 28/07/07
Avaliado por: FABIANE MUNIZ Conceito:
69
ATIVIDADES CULTURAIS